M quinas_13 new - Grupo Cultivar

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M quinas_13 new - Grupo Cultivar
Trator
Fotos Charles Echer
Teste
Gigante
Gigante
sobre
sobre aa terra
terra
Testamos o novo integrante da família AGCO, o Challenger MT 765.
Veja quais são as nossas impressões sobre o gigante de esteiras
I
mpressionante! Essa talvez seja a palavra que melhor define as impressões de quem se atém a observar com
um pouco mais de atenção essa máquina
amarela.
Fomos conhecer um gigante da família
Challenger. No Brasil, a AGCO está oferecendo os quatro modelos do grupo 700, que
variam de 235 a 306 HP (175 a 228 kW).
Avaliamos o MT 765. E podemos dizer que
foi uma missão muito agradável. A empresa
enfatiza que o projeto revolucionário é baseado em tecnologia, velocidade e conforto
com tração superior, flutuação e confiabilidade. E isso é facilmente comprovável, conforme se verá a seguir.
o amarelo, os detalhes do grafismo, o sublinhado, em vermelho.
No aspecto “design”, não se pode considerar apenas o visual, embora importante, mas principalmente o funcional e a ergonomia. Novamente somos surpreendidos
por acessos fáceis, como na escada da cabi-
SISTEMA DE ROLAMENTO
DESIGN
Ao aproximar-se do trator, não se pode
deixar de notar o desenho externo, extremamente moderno, de formas “aerodinâmicas”, muito embora a aerodinâmica não seja
relevante nas faixas de velocidade em que
esse tipo de máquina opera. As linhas da
carenagem são harmoniosas e as cores muito bem ajustadas: o preto contrastando com
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Máquinas
ne, com guardas de proteção na região superior.
A manutenção é facilitada pelo fácil e
amplo acesso aos componentes, especialmente os de inspeção diária. A lubrificação
(engraxar) não é diária, os prazos são estendidos, o que favorece o tempo do trator em
operação, aumentando a eficiência operacional. Aliás, máquinas desse porte não são
concebidas para estar paradas. Há que se
prover área para trabalhar...
Escada de acesso à cabine
com guardas de proteção
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O ponto forte do sistema de rolamento, ou
da rodagem, desse trator são as esteiras de borracha, que dão uma mobilidade incrível, e um
conforto inimaginável quando comparado com
tratores de esteiras metálicas. O conjunto principal é acoplado ao trator através de molas helicoidais e braços com amortecimento de borracha. Uma barra estabilizadora interliga os dois
conjuntos, permitindo uma inclinação de 8
graus. Os roletes de apoio também estão montados em suspensão. O conjunto apóia as esteiras em cinco eixos, o que dá uma boa distribuição de cargas e esforços. Com seis opções de
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“Embora não seja habitual no Brasil o uso de tratores de grande potência para
operações de cultivo, essa máquina traz essa função em seu projeto”
de 52%. Esse nível de reserva permite operação
em uma faixa flexível de rotação, evitando muitas trocas de marcha. A alimentação com sobrealimentador (turbo) agregado a um pós-resfriador ar-ar melhora o desempenho do motor
com diminuição de consumo. A curva de potência bastante plana na gama de utilização
(1400 a 2100 rpm) possui uma elevação da altura de 1600 rpm, permitindo um “ganho” de
potência de até 13%, facilitando a superação
de condições difíceis momentâneas.
A transmissão servo-assistida tipo Powershift de 16 marchas à frente e 4 à ré é eletronicamente programável e permite velocidades de
0 a 39,7 km/h. A programação da transmissão
permite trocas contínuas, seqüenciais, pré-programadas ou faixas de velocidade fixas. Nove
marchas encontram-se na faixa de velocidade
operacional, o que permite seleção adequada,
menor consumo de combustível e maximização de eficiência operacional.
Existe a opção de uma super-redução (Creeper), com redução 4:1 para usos que exigem
velocidades baixas de operação.
O diferencial agrega o sistema de direcionamento (por frenagem). Seu controle eletrônico permite resposta de direção proporcional
à velocidade de deslocamento.
Rodado com seis opções de esteiras e bitolas ajustáveis
com variações de 1524 mm até 4064 mm
largura de esteira, variando de 356 a 762 mm e
comprimento de 2438 mm permite grande área
de contato com o solo, trazendo por conseqüência baixa pressão específica, minimizando
o adensamento e reduzindo a resistência ao rolamento. São três os tipos de esteiras disponíveis: uso agrícola padrão, garras de perfil baixo
e para aplicações severas.
Com o peso do trator variando de 12270
kg em ordem de marcha a 16330 kg com o
máximo de lastro, são de se esperar pressões
específicas teóricas sobre o solo na ordem de
0,66 (0,88) kgf/cm2 a 1,24 (1,65) kgf/cm2. Evidentemente que sob o efeito dos roletes podem
ocorrer picos um pouco mais elevados, mas de
qualquer forma, são valores excelentes para uso
agrícola, causando baixo impacto sobre a estrutura e a compactação do solo.
O blocos-guia internos das esteiras estão
mais altos (+26%) que no modelo anterior, o
que permite maior aderência à roda motriz e
mais durabilidade à esteira. A roda motriz (disponível em três larguras, conforme o tipo de
esteira escolhida) é estriada em ângulo lateral
duplo, o que lhe confere aderência também à
região lisa da face interna da esteira. Ademais,
o conjunto é suportado por três conjuntos duplos de roletes, melhorando a distribuição da
carga sobre o solo. O desenho e o arranjo das
garras da esteira permitem boa capacidade de
auto-limpeza.
Embora não seja habitual no Brasil o uso
de tratores de grande potência para operações
de cultivo, essa máquina traz essa função em
seu projeto. Para tanto, as bitolas são ajustáveis
(variação contínua) em três gamas: básica, de
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Máquinas
1524 a 2235 mm; larga, de 2032 a 3048 mm; e
extralarga, de 3048 a 4064 mm. O ajuste é simples e não exige desmontagem de componentes, nem sequer o alívio de tensão das esteiras.
Basta soltar a fixação ao eixo motriz e deslocar
o conjunto lateralmente.
ACOPLAMENTOS
O sistema hidráulico de levantamento em
UNIDADE MOTRIZ
O motor é um Caterpillar C9 de 8,8 litros
de cilindrada, com camisas úmidas, gerando
228 kW (306 HP) com uma reserva de torque
Motor Caterpillar C9 com 306 CV e
reserva de torque de 52%
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três pontos é, provavelmente, o engate mais utilizado atualmente em tratores agrícolas. O do
Challenger tem capacidade de levante de 7256
kgf, operando à vazão de até 166 litros por minuto. A elevada pressão do sistema permite que
várias funções sejam atendidas simultaneamente, como levantamento e atendimento de válvulas de controle remoto (quatro, com extensão de até seis).
Um dispositivo inovador é o engate em 3
pontos dirigível. Consiste em um comando do
acoplamento ligado ao sistema de direção. Extremamente útil em operações de precisão em
trajetórias não lineares, como cultivo, aplicação de agroquímicos ou preparo do solo. O controle está interligado à rede eletrônica específica, denominada IntellitronicsTM.
A barra de tração, de construção reforçada,
pode mover-se lateralmente em 9 graus a partir da linha de centro do trator. Opcionalmente
pode vir equipado com uma barra de tração
oscilante, roletada, e que oscila em 32 graus.
Essa opção é oferecida para operações extrapesadas.
CABINA ( = CONFORTO)
Definitivamente “O” ponto alto do
Challenger é a cabine. O trator é projetado
para suas funções básicas, mas principalmente pensando no operador. Certamente
o operador não é um sujeito qualquer. Em
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Engate com 3 pontos dirigível,
ligado ao sistema de direção
função do nível de exigência dos comandos
e controles deve ter uma boa formação não
só em mecânica e operações agrícolas, mas
em eletrônica e automação.
Ao entrar na cabine, o que chama a atenção é o espaço e a ampla área envidraçada
(6,2 m2) com vidros escurecidos, dando um
campo de visão muito grande e com poucos
obstáculos. O limpador de pára-brisas dianteiro é pantográfico com lavador, o traseiro é convencional. Ao lado esquerdo do
assento do operador existe um assento menor, destinado ao instrutor (que, conforme
vimos, se faz necessário) do operador.
Ao lado direito está posicionado o console de comando, denominado pela empresa de TMC (Tractor Management Center).
Todos os comandos e controles estão fixados nele, e estão ao alcance da mão direita.
O console é solidário ao assento, de modo
que, quando este for movimentado, ele o
acompanha. Existe um ajuste prévio de altura separado, mas o giro e todas as movimentações (avanço, altura) são acompanhados pelo console.
Na parte mais frontal, está um mostrador
(“display”) de quartzo líquido, onde são visualizadas as funções (em número de 16 possibilidades) selecionadas em uma chave à direita do
mostrador. As funções visualizáveis são: o índice geral, o monitor de desempenho, o consumo de combustível, a eficiência, informações
do produto, tela de manutenção, eventos, ajustes, direção, comando por um toque, comando
de força, tomada de potência, engate em 3 pontos dirigível, engate em 3 pontos e válvulas hidráulicas de controle remoto (1–3 e 4-6). O
sistema de comando por um toque registra uma
série de eventos (posições) e a repete ao toque
de um botão. Na segunda parte do console es-
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Cabine ampla, com área
envidraçada de 6,2 m2
TMC, com todos os controles
e comandos da máquina
tão as alavancas e os botões do comando. O
controle da transmissão, por exemplo, é feito
em uma única alavanca, à semelhança de um
“joystick”, chamada de comando da potência.
O acelerador é uma pequena alavanca que pode
ser acionada pelo polegar direito.
Falando em conforto, ainda, existem vários espaços para acondicionar objetos, e
compartimentos de temperatura controlada para guardar bebidas. Um cabide para o
casaco, local para o telefone celular, compartimento para literatura (manuais). Até
uma barra lateral para fixação de monitores
de equipamentos é fornecida, posicionada
à direita da cabine. Na parte frontal superior está o controle do condicionador de ar e
do som. Som? Sim, um tocador de CDs para
6 discos, tocando em 4 alto-falantes, inclusive com efeito subwoofer. Opcionalmente,
o controle do som pode estar no volante de
direção.
Vamos andar? A climatização do ambiente
tem várias saídas de ar, e um fluxo envolvente
ao operador, evitando as regiões excessivamente frias ou quentes que ocorrem quando a cliMáquinas
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“Opcionalmente, para completar, o Challenger pode vir equipado com o Auto-GuideTM, sistema de
direcionamento por satélite que repete trajetórias em linha reta, sem a interferência do operador”
matização tem apenas saída frontal. Ligado o
motor, tem-se a impressão de estar em um automóvel de luxo, pelo baixo nível de ruído interno. O volante de direção de um raio só é
regulável em várias posições, inclusive distância. Atrás do volante está o painel convencional, analógico, com as informações básicas de
rotação, combustível, pressão e temperatura do
óleo e as luzes indicadoras. Não esqueça de ajustar os espelhos interno e externo, que opcionalmente podem ser elétricos.
As pequenas imperfeições do solo são absorvidas com facilidade pelo sistema de rolamento, e os desníveis maiores galgados com
valentia pelas esteiras. A cabina montada sobre
amortecedores de borracha e com forração acolchoada absorve bem as vibrações.
A ELETRÔNICA
Se você já se impressionou com a cabine, aguarde um pouco para a eletrônica. A
máquina possui um sistema de gerenciamento de dados de alta velocidade denominado IntellitronicsTM que integra todos os
sensores, comandos eletrônicos e processadores para otimizar seu desempenho. Mostra os dados de desempenho, manutenção,
diagnóstico e produtividade no TMC (Centro de Gerenciamento do Trator). A conexão aos implementos é feita através do protocolo ISO11783.
Opcionalmente, para completar, o Challenger pode vir equipado com o Auto-GuideTM, sistema de direcionamento por satélite que repete trajetórias em linha reta, sem
a interferência do operador.
MANUTENÇÃO
Conforme já mencionado, o acesso aos
pontos de manutenção e inspeção diária é
facilitado. Os tempos das rotinas são estendidos, com o objetivo de minimizar o tempo parado e maximizar os tempos operacionais. O filtro de ar, por exemplo, é trocado
anualmente.
IMPRESSÕES GERAIS
Depois do tempo que passamos interagindo com essa máquina, e de examinar cada
um dos detalhes relatados, não mudamos
de opinião com relação à palavra de abertura deste material: impressionante!
Um trator moderno, com todos os recursos tecnológicos possíveis, confortável
em vários sentidos, capaz de realizar as tarefas mais pesadas e as mais rápidas com a
mesma performance.
O preço? Consulte seu concessionário.
Pode ser mais um impacto, mas certamente,
e em pouco tempo, você se convencerá que a
M
relação custo-benefício vale à pena.
Arno Dallmeyer,
Cultivar Máquinas
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