Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea

Transcrição

Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea
Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte
Contemporânea
Apresentação
O Museu do Chiado – Museu Nacional de
Arte Contemporânea, situado no centro
histórico de Lisboa, reúne uma vasta coleção
de arte portuguesa que se inicia por volta de
1850 e se prolonga até à atualidade. Através
desta coleção é possível observar e estudar
algumas das obras mais significativas dos
artistas nacionais, bem como a diversidade
dos movimentos e práticas artísticas
desenvolvidas no curso de um século e meio.
Este site, que apresenta informações sobre a coleção e a própria história do museu, foi
concebido de forma a complementar a visita ao espaço físico do museu, fornecendo
conteúdos sobre a natureza das obras da coleção e sua receção pelos investigadores e
público das várias épocas. O Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte
Contemporânea durante meio século foi o único museu
dedicado à arte contemporânea e um dos primeiros, em todo
o mundo, a ser fundado com esse propósito, em 1911.
O edifício foi renovado em 1994 pelo arquiteto francês JeanMichel Wilmotte. Dada a exiguidade e insuficiência de
espaço do edifício, as coleções são mostradas parcelarmente,
muitas vezes como complemento das exposições
temporárias. O programa de exposições temporárias assume
uma grande relevância no conjunto das atividades do museu,
que incluem ainda visitas guiadas e mesas redondas, a par de
um vasto conjunto de atividades pedagógicas desenvolvidas
pelo serviço educativo. As exposições temporárias são
acompanhadas por publicações que desenvolvem profundas investigações e que têm
conferido um perfil muito próprio ao museu. A tipologia de exposições que o visitante
pode encontrar é diversa e parte dos diversos segmentos temporais da coleção, mas não
se cinge à arte portuguesa, dando grande relevância a artistas internacionais e a
coproduções com outros museus e centros de arte internacionais.
História do Museu
O Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte
Contemporânea foi fundado por decreto da República em
26 de Maio de 1911. Nasce assim da divisão do antigo
Museu Nacional de Belas-Artes em Museu Nacional de
Arte Antiga, que herdou daquele as obras realizadas até
1850 e continuou instalado no Palácio das Janelas Verdes, e
em Museu Nacional de Arte Contemporânea, constituído
por todas as obras posteriores a esta data, tendo sido instalado no Convento de S.
Francisco, num espaço vizinho da Academia de Belas Artes. Ao organizar-se uma rede
museológica, articulada ao longo do país, cumpria-se um projeto de modernidade
desenvolvido pelo ideário oitocentista de livre esclarecimento dos cidadãos, dotando o
país com os instrumentos necessários à salvaguarda e revelação da arte nacional. Inédita
e pioneira, no contexto internacional, terá sido a criação de um museu de arte
contemporânea.
A instalação, ainda que a título provisório, do Museu Nacional de Arte Contemporânea
no Convento de S. Francisco vinha simbólica e oportunamente situá-lo na zona
frequentada pelas tertúlias das gerações representadas no museu. Ocupava os antigos
salões onde as exposições dos românticos e naturalistas haviam tido lugar, em espaços
anexos ao convento.
O primeiro diretor, o pintor Carlos Reis, teve uma atuação discreta. A sua nomeação
vinha inesperadamente consolidar uma opção conservadora em relação aos jovens
artistas radicados em Paris. O museu ocupava então três salas do atual espaço e a sua
entrada fazia-se pela Academia de Belas-Artes. Em 1914, o pintor Columbano Bordalo
Pinheiro assumiu a direção dando continuidade e amplo desenvolvimento à linha
tradicionalista anteriormente iniciada, resistindo às manifestações de desagrado que a
geração modernista então sediada na Brasileira do Chiado exprimia. Durante a sua
direção, até 1929, o museu foi ampliado em mais algumas salas, sendo uma delas
dedicada à escultura. Foi o pintor Adriano de Sousa Lopes, indicado por Columbano
como o único, de entre as jovens gerações, capaz de lhe suceder, a dar continuidade ao
seu projeto e introduzir moderadamente algumas situações modernas que ele mesmo
não poderia aceitar. Até 1944 Sousa Lopes revelar-se-ia um diretor mais ousado do que
seria previsível. É neste período que finalmente a geração modernista começa a ter
entrada nas coleções do museu e que são adquiridas importantes esculturas de Rodin,
Bourdelle e Joseph Bernard. Também neste período o museu cresceu incorporando o
contíguo atelier de Columbano Bordalo Pinheiro na Escola de Belas-Artes, abrindo
assim uma nova sala dedicada ao pintor.
Será o escultor Diogo Macedo que, como diretor, depois de
profundas obras de remodelação de estrutura e interiores, em
1945, abre diariamente o museu ao público, com entrada
independente pela Rua Serpa Pinto. Tendo sido um
participante no movimento modernista e posteriormente um
historiador de arte, seria de esperar uma nova atitude na
direção. Um programa de exposições temporárias é posto em
marcha, bem como investigações sobre artistas
representativos da coleção através de pequenas monografias
que o museu edita. Todavia uma clara definição de opções
modernistas não é assumida, mantendo-se um compromisso
pernicioso com o tardo-naturalismo descontextualizado do
seu tempo. Alguns artistas revelados na segunda metade da
década de 1940 vêm algumas das suas obras adquiridas,
ainda que de forma pouco esclarecida e sem programa específico. Assim, até 1959, o
museu apresentava um perfil desatualizado e conservador pouco comum a outros
museus espalhados pela Europa. A nomeação política do pintor Eduardo Malta, nesse
ano, apesar dos protestos generalizados por parte da comunidade de artistas plásticos e
críticos, veio, contudo, repor um modelo passadista que se revelaria catastrófico para as
opções modernistas das coleções e o respetivo acerto, necessário, com a situação
internacional. Um catálogo foi ainda realizado mas os fundamentos nazis, onde os
critérios de apresentação da coleção se alicerçavam, impuseram a sua censura por parte
das autoridades do próprio regime político que nomeara este mesmo diretor. Em 1970,
Maria de Lourdes Bártholo, conservadora de formação, foi nomeada diretora do museu,
que se encontrava em avançado estado de degradação. Durante os 17 anos seguintes o
edifício sofreu apenas algumas obras de arranjo muito superficiais. As coleções
prolongaram-se até à contemporaneidade sem que os critérios de representatividade dos
diversos movimentos, tendências e individualidades da arte portuguesa, que a partir da
década anterior haviam sofrido profundas transformações quantitativas e qualitativas,
fossem minimamente equacionados e as aquisições definissem um entendimento
consistente e porventura amplo da contemporaneidade.
Com o incêndio do Chiado, em Agosto de 1988,
ainda que o fogo não tenha atingido o museu, as
obras de arte foram retiradas como medida cautelar.
Decidiu a então Secretaria de Estado da Cultura,
Teresa Gouveia, que o destino das instalações
deveria ser repensado. O governo francês ofereceu
um projeto de renovação dos espaços da autoria do
arquiteto Jean-Michel Wilmotte que, com uma
equipa dirigida pela historiadora de arte Raquel
Henriques da Silva, redefiniu o museu tal como se
apresenta desde a sua reinauguração em 12 de Julho
de 1994.
O projeto arquitetónico procurou integrar os espaços existentes de relevância histórica
com uma linguagem neomoderna, valorizadora da autonomia dos planos que constituem
as passagens suspensas, o próprio chão e os tetos ou as súbitas paredes que definem
grandes verticalidades. Com uma original e económica paleta de materiais e cor, a sua
sobriedade discreta dialoga plenamente com as funções do edifício.
Quando o museu reabriu um catálogo intitulado Museu do
Chiado, Arte Portuguesa 1850-1950, da autoria de Pedro
Lapa, Raquel Henriques da Silva e Maria de Aires Silveira,
apresentava os núcleos mais consistentes e coerentes da
extensa coleção, superior a duas mil espécies, com estudos
individualizados de cada obra, bem como as respetivas
bibliografia e historial. Dada a ineficácia do acervo em
representar condignamente a segunda metade do século XX,
a atenção da política de aquisições centrou-se nas obras
seminais dos movimentos desse período. Um programa de
exposições temporárias sistemático e organizado em torno
dos artistas nacionais revelados nas décadas menos bem representadas na coleção foi
posto em prática a par de uma grande ênfase nos estudos e investigações apresentados
nos respetivos catálogos. Um programa de arte contemporânea dirigido aos artistas em
fase de revelação, que realizaram os seus trabalhos a partir de interpretações da coleção
do museu, foi ativado e permitiu a aquisição de variadas obras que iniciaram uma
atualização da coleção relativamente à contemporaneidade. Desde a reabertura a
insuficiência de espaço, quer para a coleção, quer para as exposições temporárias foi um
facto notório.
Em final de 1998 Pedro Lapa, que integrara a equipa de reorganização do museu,
assumiu a sua direção. O programa de exposições temporárias ganhou maior destaque e
passou a articular-se em quatro áreas específicas, direta ou indiretamente relacionadas
com o âmbito cronológico da coleção. Assim deu-se início a um conjunto de exposições
de carácter retrospetivo sobre artistas portugueses do século XIX; foram também
continuadas as grandes retrospetivas de movimentos ou artistas modernistas
portugueses, tendo sido realizado o primeiro catálogo raisonné sobre um artista
português, Joaquim Rodrigo; paralelamente os nomes e movimentos que formaram as
vanguardas históricas foram objeto de exposições amplas em coprodução com outros
prestigiados museus internacionais; o programa Interferências (1998-2002) corria
paralelamente às referidas exposições e apresentava trabalhos especificamente
produzidos para o efeito por artistas contemporâneos nacionais e internacionais. Outro
aspeto a que este programa dava especial relevância era a natureza das publicações que
acompanhavam as exposições e que apresentavam um profundo desenvolvimento
científico e ensaístico.
A política de aquisições tem-se desenvolvido em dois sentidos de forma a colmatar as
referidas lacunas da coleção, sendo que as décadas de 1950 e 1960 encontram já muito
significativas representações, bem como a década de 1990. Foi também dado início à
integração na coleção de outros géneros artísticos, como sejam a fotografia e o vídeo,
que constituem suportes de grande recorrência nas práticas artísticas contemporâneas.
Para este efeito em muito contribuíram as participações de alguns mecenas mais
empenhados neste processo de devolver ao Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte
Contemporânea a propriedade da sua designação.
A ausência de espaço tem-se revelado como um dos fatores mais constrangedores de
toda a diversidade de atividades que o museu procura desenvolver, seja a possibilidade
de apresentar com carácter de continuidade as suas coleções, seja a de desenvolver
exposições temporárias com a escala desejada ou ainda atividades pedagógicas, todas
estas dimensões da atividade museográfica encontram limitações cuja resolução tem
tardado.
O Edifício
Instalado desde 1911 no espaço do secular
convento de São Francisco da Cidade,
conjunto seriamente afetado pelo terramoto
de 1755, o atual Museu do Chiado – Museu
Nacional de Arte Contemporânea foi, após o
trágico incêndio que em 1988 afetou a zona,
reinaugurado em 1994 sob projeto de
renovação da autoria do consagrado arquiteto
francês
Jean-Michel
Wilmotte.
Descendo a Rua Serpa Pinto, passando a
antiga placa mural em pedra que anuncia o
«Museu Nacional de Arte Contemporânea»,
chega-se ao grande Hall do atual Museu do
Chiado que serve de entrada e acolhimento
aos visitantes e apresenta as linhas gerais que
presidiram ao risco do complexo, de uma
arquitetura neomoderna que respeitou os
vestígios históricos pré-existentes: imóvel
monástico datável do período da reconstrução pós-terramoto, posteriormente adquirido,
após a extinção das Ordens Religiosas pela lei liberal de 1834, pelo negociante inglês
Abraham Wheelhouse. O espaço do hall era originalmente dotado de dois pisos, como o
atestam os roços nas paredes para suporte de barrotes, ostentando dois imponentes
pilares de lioz que suportam uma abóbada de tijolo de seis panos, numa austeridade de
linhas construtivas inserível na tradição da arquitetura chã portuguesa. A renovação
empreendida respeitou e valorizou estes vestígios, tomando partido do elevado pédireito através de uma plataforma suspensa que permite um nível de visita intermédio e
a apresentação de escultura portuguesa dos séculos XIX e XX, sem percurso
cronológico específico. Passerelle e escadaria de acesso, balcão de atendimento, painéis
de sinalética, guardas envidraçadas, mobiliário, sistemas de iluminação e suportes de
obras de arte foram integralmente desenhados por Wilmotte, que se socorreu de
materiais como a pedra, o metal e as madeiras bem como de uma paleta cromática
contida de cinzas, valorizada pela pedra de azulina de Cascais polida que reveste o
pavimento.
Os cinzas predominam na sala subsequente e superior da
Escultura Francesa, cujo elevado rasgamento vertical amplia
ilusionisticamente o reduzido espaço de exposição do
Museu. Através de uma escadaria empedrada o visitante
acede ao segundo piso do edifício. Aqui se abre a Sala dos
Fornos, espaço de exposições temporárias erguido
originalmente cerca de 1830-40 por Abraham Wheelhouse
que então o dotou de um importante conjunto de fornos em
tijolo reforçado por tecnologicamente inovadoras vigas
metálicas em «L» de provável fatura inglesa, destinando-se
certamente a abertura quadrangular no piso que comunica
com o Hall inferior, atualmente coberta por vidro-rocha, para elevação e transporte de
farinhas e bolachas.
Novo lance de escadas conduz a uma galeria quadrangular que deita para a Sala da
Escultura Francesa e permite o acesso quer aos gabinetes da direção e terraço
descoberto superiores, donde se vislumbra o Tejo, quer a outra zona de exposições,
longo espaço de duas galerias longitudinais e comunicantes em «L» entrecortado por
estreitas frestas de iluminação natural e pontuado por painéis suspensos amovíveis,
destinados à apresentação de pintura.
Da galeria posterior acede-se, através de dois vãos envidraçados, a uma sala anexa,
também designada como Módulo de Exposições. Espaço experimental revestido a
madeiras onde alternam a iluminação natural e artificial, ele recupera, na sua traça, a
memória de um antigo barracão implantado num dos pátios da Escola de Belas-Artes
por Columbano Bordalo Pinheiro (1914-1929), sob traça de José Luís Monteiro.
Posteriormente, sob a direção de Diogo de Macedo (1944-1959), ali foram apresentados
pela primeira vez trabalhos dos artistas modernistas seus contemporâneos.
Anexos a este módulo assinalam-se os espaços da Biblioteca
e do Gabinete de Desenhos, porventura as zonas onde a
memória conventual é mais visível quer nas coberturas
abobadadas como na presença de áreas revestidas a lagedos
antigos em lioz que alternam com mármore branco da Grécia
ou, sobretudo, na existência do singular par de antigos
pilares truncados na urgência da reconstrução que se
destacam entre o requintadamente desenhado equipamento
do Gabinete de Desenhos.
Findo este percurso, o visitante desce através de uma
escadaria suspensa ao espaço de Cafetaria e acede à esplanada e Jardim exterior com
esculturas em bronze dos séculos XIX e XX, espaço cuja suave modulação geométrica
se estende do desenho dos canteiros relvados e dos pequenos maciços floridos ao
espelho de água refrescante, destacando-se entre as grelhas metálicas das janelas a
presença de antigas pilastras murais em lioz ou o longo muro com óculos gradeados,
este igualmente mandado executar nos projetos de renovação empreendidos por Diogo
de Macedo desde 1944.
Do Jardim o visitante acede novamente por uma porta envidraçada à passerelle do
grande Hall, descendo à Receção e podendo ainda, perto dela, vislumbrar o discreto
espaço longitudinal da Sala Polivalente, zona onde têm sido apresentadas exposições
multimédia de arte contemporânea a cargo de artistas visuais portugueses e
internacionais.
Informações Úteis
Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea
Rua Serpa Pinto, 4
1200 - 444 Lisboa
telefone +351 213432148
fax +351 213432151
e-mail geral
[email protected]
Site www.museudochiadoipmuseus.pt
Horário
Segunda-feira: encerrado
Terça-feira a Domingo: 10.0018.00 h
Admissão
4€
Descontos
(Mediante comprovação
documental)
- 50% Indivíduos com mais de 65
anos ou portadores de deficiência
- 60% - Portadores do Cartão Jovem
Entrada gratuita
(Mediante comprovação documental)
- Crianças até aos 14 anos
- Estudantes da F.B.A.U.L.
- Portadores do Lisboa Card
- Portadores de cartões de crédito Millenium ( gold ou superior)
- Membros da APOM/ICOM, Academia Nacional de Belas Artes, Academia Portuguesa
de História e Academia Internacional da Cultura Portuguesa
- Investigadores credenciados
- Jornalistas e profissionais do turismo no desempenho das suas funções
- Mecenas institucionais do museu
- Funcionários do IPM e serviços dependentes
- Funcionários do Millenium e seus familiares
- Domingo e feriados, até às 14.00 h
Passe do Instituto Português de Museus
2 dias: 7 €
5 dias: 11 €
7 dias: 14 €
Descontos
20% - Portadores do Cartão FNAC
Bilhete de Família
(Famílias com dois ou mais filhos)
50% de desconto sobre o preço do ingresso de um dos pais
Proibido
Fotografias com flash ou tripé
Falar ao telemóvel
Acessibilidades para deficientes
Elevador
Percurso táctil para invisuais à escultura dos séculos XIX e XX
Acessos
Autocarros 58 e 100
Elétrico 28
Estação de Metro Baixa-Chiado
Estacionamento Público
Cais do Sodré
Largo do Corpo Santo
Praça Luís de Camões

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