candelaria de la homilias
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C anta e aminha AGOSTINIANOS RECOLETOS B O L E T I M DE AMIZADE AGOSTINIANOS RECOLETOS: O FUTURO T oda instituição lembra períodos chave de sua história. Os Agostinianos Recoletos, com mais de quatro séculos de vida, preparam-se para comemorar uma de suas datas emblemáticas: 16 de setembro de 1912, quando São Pio X publicou o Breve Religiosas Famílias pelo qual concedia aos Agostinianos Recoletos a plena autonomia jurídica, a patente de Ordem Religiosa. Atrás ficavam, mais de três séculos de serviço fiel à Igreja, nos lugares mais difíceis das Ilhas Filipinas. Após a revolução filipina de 1898, para sobreviver, os Recoletos foram para vários países latino americanos. Os Recoletos da época olharam para o futuro. O amanhã lhes preparou surpresas incríveis: revigoramento do espírito comunitário e apostólico; florescimento das vocações; edificação de novas casas; criação de uma nova Província; celebração do Capítulo Geral de San Millán de la Cogolla, reconhecendo como Ordem Religiosa, por parte da Igreja. Esta confirmação eclesial despertou as energias humanas e espirituais mais nobres. O Governo da nova Ordem se encarregou de toda estrutura jurídica, sobretudo com a renovação das Constituições. Os freis, com o tempo, se espalharam pelas frentes missionárias mais nobres: Filipinas, China, Brasil, Colômbia, Venezuela, Peru, Inglaterra, Estados Unidos, México, América Central… Os Recoletos seguiram olhando o futuro de modo que, em 1962, ao celebrar o cinqüentenário do Religiosas Famílias, o sentir da Ordem era de otimismo e esperança. Os escritos comemorativos contemplam o passado com agradecimento a Deus, pela chamada e à Igreja, à que se certifica, serem fiéis. 2012, ano do I Centenário. As circunstâncias da Ordem têm mudado muito. Suas preocupações são outras, respirando o ar da mesma Igreja, que tenta despertar a consciência dos fiéis e comprometê-los na nova Evangelização, que exige a conversão e leva à renovação de pessoas e estruturas. Em 1962, num artigo, com motivo do cinqüentenário do Religiosas familias, o Agostiniano Recoleto Serafín Prado escreveu: “Já ficou dito que a Recoleção não foi uma ruptura com o passado; tentou ser uma revitalização com esse passado”. O propósito da revitalização que fez brotar a Recoleção, é neste momento o projeto esperançado, onde está embarcada toda a Ordem, por decisão do 54º Capítulo geral celebrado em 2010. Apostar pela revitalização é apostar pelo futuro; aposta que significa potenciar a vida do Espírito; vivificar os tecidos de relações fraternas, partilhando com toda a família Agostiniana Recoleta, iniciativas e projetos, e introduzir os leigos em todo este processo. A efeméride do I Centenário do Religiosas Famílias, tem de fortalecer o desejo de revitalização de pessoas e estruturas da Ordem, pois é uma questão eclesial, uma graça dinâmica oferecida à Ordem, a qual tem que agradecer a seu Doador. NA CAPA: O Breve “Religiosas família O O desenhista Santiago Bellido sintetiza no cartaz oficial do I Centenário o que significou o Religiosas familias. O filho cresce e deixa a casa paterna. Começa seu caminho, mas não vai vazio nem carrega riquezas egoístas. Na sacola leva, para partilhar, o tesouro do pão e o amor, amassados na casa de Agostinho. O santo o despede com orgulho e alegria. C anta e aminha Agostinianos Recoletos Boletim de Amizade Direção: Marciano Santervás Redação: Rafael Mediavilla Javier Marcilla Roberto Sayalero Edição: Agostinianos Recoletos Província de São Nicolau de Tolentino Comissão de Publicações www.agostinianosrecoletos.org Desenho gráfico: Fot•jomar’d — Saragoça, Espanha C anta e aminha s Agostinianos Recoletos no início do século XX, já não se sentiam parte da Ordem de Santo Agostinho, mais conhecidos como “Agostinianos”. Mesmo que nascidos no seio da Província Agostiniana de Castilla em 1588, em 1621 os Recoletos haviam conseguido da Santa Sé sua caracterização como “congregação”, como haviam pedido, já que seu estilo de vida os distinguia da Ordem de Santo Agostinho; haviam fundado uns vinte conventos e viam como outros freis reformados como eles –carmelitas, trinitários, mercedários– já tinham conseguido. Organização da Congregação até a revolução filipina A nova Congregação se organiza em Províncias e publica suas Constituições, seu cerimonial, seu ritual e escrevem sua própria história, reforçando assim sua consciência de comunidade. Com estas estruturas jurídicas e espirituais viverão até que a catástrofe da desamortização de 1835 suprima os conventos da Espanha e anos depois, os da Colômbia. Durante o século XIX somente a Província Missionária de Filipinas, subsiste, devido o interesse do governo por manter aqueles territórios. Na Espanha só ficou o convento de Monteagudo, de onde em 1888, saiu para Colômbia um grupo de missionários, comandados por Santo Ezequiel Moreno, para restaurar a antiga Província de Nossa Senhora da Candelária, que estava desaparecendo. No ano de 1898, Espanha perde seu poder sobre Filipinas. Os Agostinianos Recoletos, que haviam crescido notavelmente em número, se sentem imersos nas tragédias; tudo parecia afundar-se, pois lá havia con- (…) Abraçando por particular benevolência aos Agostinianos Recoletos ou Descalços da Congregação de Espanha e Índias, e desejando fomentar o incremento e prosperidade dos mesmos, quanto podemos no Senhor, pelo teor das presentes, por nossa autoridade apostólica, concedemos e decidimos de um modo perpétuo, que daqui em diante o Superior supremo da mesma Congregação, o qual até agora se tem chamado Vigário Geral, possa e deva chamar-se, Prior Geral da Ordem de Eremitas Recoletos de Santo Agostinho. Com a mesma autoridade nossa concedemos que, tanto a este Prior Geral como ao Procurador Geral da mencionada Congregação, se lhes designe um lugar na Capela papal, e respectivamente, nas funções a que por concisão pontifícia, assistem aos demais Superiores Gerais das Ordens (…) (SÃO PIO X, Religiosas familias) centrado seu pessoal e esforços apostólicos. Mas providencialmente foi a oportunidade de expandir-se ao obrigá-los a buscar novos campos missionários: Colômbia, Panamá, Venezuela e Brasil foram territórios de novos desvelos apostólicos. As brasas moribundas pegaram fogo A restauração da antiga Província da Colômbia e a criação de uma terceira, Nossa Senhora do Pilar, possibilita a celebração em 1908, do primeiro Capítulo Geral da Congregação, após a desamortização. Nesse capítulo se percebe o desejo que ia florescendo, de romper os anacrônicos laços jurídicos com a Ordem Agostiniana. Três séculos de história, Logotipo do I Centenário da publicação do Religiosas Familias. C 3 lias”: um fato histórico diferencial julho de 1911, Pio X aprovou definitivamente a independência completa dos Recoletos do Geral dos Agostinianos e concedeu vários privilégios ao superior dos Agostinianos Recoletos, por meio de um rescrito pontifício que levava o título, De speciali benevolencia, sobre o qual se mandava de momento, guardar silêncio. A alegria entre os responsáveis foi grande e íntima, conscientes de sua transcendência. Os três protagonistas do processo de autonomia dos Agostinianos Recoletos: São Pio X (18351914), pintura ao óleo de Juan Barba; Enrique Pérez (1854-1927), pintura ao óleo de Juan Barba, e Francisco Sádaba (1871-1925). os separavam um gênero de vida diferente e um governo na prática, totalmente autônomo. Muito cedo, já em julho do ano seguinte, de novo os superiores Recoletos começaram a trabalhar para ver coroadas as graças papais, com a concessão do título de Ordem dos Agostinianos Recoletos, o título mais alto para as famílias religiosas. Sádaba, com prudência e constância, realizou as gestões até que no dia 28 de agosto de 1912, solenidade de Santo Agostinho, foi recebido por Pio X com o Vigário Geral, Enrique Pérez, e o superior da Província de Filipinas. Pediam que o Vigário Geral pudesse já ser chamado Prior Geral da Ordem de Agostinianos Recoletos, com os mesmos direi- tos dos outros gerais e do próprio geral dos Agostinianos, na participação nos atos da Santa Sé. Pio X lhes concedeu ali mesmo, de palavra, pelo qual a alegria dos peticionários foi imensa. Que longa e intensa se lhes fez a espera até que no dia 19 de setembro, se recebeu a notícia; esta se estendeu com júbilo por todas as comunidades e cantou-se um solene Te Deum em ação de graças. A concessão da autonomia avivou o interesse da Ordem pelos seus valores espirituais próprios: modernizou suas Constituições com um perfil mais apostólico; nomeou um postulador para as causas de canonização; imprimiu livros litúrgicos próprios; fomentou as associações e fraternidades leigas; reforçou os vínculos com as Agostinianas Recoletas. Foi o apoio solene da Igreja a um estilo de vida e a uma história. A bênção de um Papa santo lançou a Ordem para horizontes mais universais. Assim foi cumprindo, crescendo numericamente, estendendo-se desde então, até as dezenove nações em que trabalha atualmente e ampliando os seus campos de apostolado. Frei Francisco Sádaba era o encarregado dos negócios dos Recoletos ante a Santa Sé. Já em 1906 havia sugerido aos responsáveis da Congregação que pedissem à Santa Sé a autonomia total, e a categoria de Ordem. Sádaba, animado pelo vigário geral Enrique Pérez, começou em 1910 as gestões com o cardeal capuchinho e espanhol, Vives e Tutó, quem favoreceu em todo momento, com delicadeza e prudência, o processo de autonomia. Os três, junto com São Pio X, foram os protagonistas desta história. O projeto demorou um ano de gestação minuciosa e discreta, até que chegou o momento de apresentar ao Papa a petição. Por fim, no dia 18 de Grupo de religiosos de diversos países num curso de formação própria. C anta e aminha 4 C Vida de comunhão mais missão Renovação para uma evangelização “hoje” Esta determinação que vai ser potenciada com a celebração do I Centenário do breve Religiosas familias, assinado por São Pio X em 1912, pelo qual desde aquele momento a Congregação dos Agostinianos Recoletos se converte em Ordem religiosa, com plena autonomia a respeito da Ordem de Santo Agostinho. Os agostinianos recoletos já tinham três séculos de história diferenciada. Miguel Miró, Prior Geral da Ordem dos Agostinianos Recoletos. renovar-se ou morrer” é uma “ Oufrase muito utilizada, tanto pelas pessoas individualmente como pelos responsáveis de qualquer instituição. Se a renovação tem sido sempre sinal de vitalidade para as pessoas e as sociedades, num momento de mudanças tão rápidas e intensas como as que se encontra nosso mundo, a renovação vem inclusive imposta por estas mesmas transformações. Nesta comemoração, como afirma o atual Prior Geral dos Recoletos, Miguel Miró, “não podemos ficar somente lembrando o passado; também hoje estamos chamados a reviver aquela experiência do Espírito dos primeiros Recoletos e, como em outras etapas de nossa história, temos que contemplar o futuro com realismo e renovada esperança. À luz da Palavra de Deus e guiados pelo Espírito, os Agostinianos Recoletos temos uma missão a cumprir na Igreja e no mundo de hoje.” Igreja e mundo: dois nomes, duas realidades, que tem seu natural e comum complemento no “de hoje”. Para saber responder as exigências de ambas as realidades “hoje”, a Ordem tem entrado nesse processo de revitalização que implica a fidelidade carismática e um renovado ardor pela missão, que no sentir da Igreja neste momento, recebe o nome de nova evangelização. A proposta de reflexão tem um caminho próprio. Em 2012 o tema nuclear será “Renovação, carisma e constituições”; em 2013 o olhar dos Recoletos vão se fixar na “Revitalização e nova evangelização”. Sobre este ponto escreve Miguel Miró: “Estamos em Por outra parte, o inevitável passar do tempo deixa suas pegadas em todas as realidades humanas; daí a necessidade de revisão e renovação que sentem, tanto as pessoas como as sociedades, se quiserem manter vida e significado no contexto histórico em que vivem. A Ordem dos Agostinianos Recoletos, com mais de quatro séculos de história, é consciente de que sua força interior renovadora, que deve se espalhar, para o bem da Igreja e do mundo, como o bom perfume, com o passar do tempo se tem impregnado; por isso é que agora se encontra num processo de revisão e renovação, que o último Capítulo Geral, celebrado em 2010, denominou revitalização, e que vai afetar pessoas, comunidades, ministérios e presença da Ordem. C anta e aminha Detalhe do quadro de cerâmica decorada, onde se representa a entrega do breve Religiosas Familias por parte de São Pio X aos Recoletos [Paróquia de Santa Rita, em Madri, obra de Arcadio Blasco]. C 5 ão partilhada = revitalização ram em seu momento Santo Agostinho, os santos da Ordem, Santo Ezequiel Moreno, nossos missionários e tantos outros religiosos.” Renovação do “ser” “fazer” da família Agostiniano Recoleta A Fraternidade Secular de Santa Rita de Fortaleza (CE), acompanhada pelo atual delegado da Província de São Nicolau de Tolentino no Brasil, frei Santiago Sánchez. Família Agostiniana Recoleta Institutos eclesiásticos Ano de fundação Freis Agostinianos Recoletos 1588 Monjas Agostinianas Recoletas 1588 Monjas Agostinianas Descalças de São João Ribera 1597 Augustinian Recollect Sisters 1719 Agostinianas Recoletas do Sagrado Coração 1927 Missionárias Agostinianas Recoletas 1947 Agostinanas Recoletas dos Enfermos 1996 Fraternidades OAR As duas marcas peculiares da Ordem são: a insistência nos valores comunitários e a importância da vida interior. Em ambos os pilares se sustenta o ardor pela evangelização. A comemoração deste Centenário é uma excelente oportunidade, como disse o Prior Geral, para “crescer na fé e no amor, isto é, viver num processo de conversão e sentir-nos chamados à santidade. Este acontecimento será importante na medida em que seja um incentivo para encontrarmo-nos com o Senhor na oração, assumir com espírito de fé nossa vida fraterna e ser mais capazes de fazer projetos evangelizadores desde a comunidade. É questão de deixar que circule desde nosso interior, pela ação do Espírito Santo, a vitalidade sempre perene do Evangelho que temos recebido e que se expressa no carisma”. Este desafiante processo de revitalização é uma questão que afeta a toda a Família Agostiniano-Recoleta –freis, monjas, religiosas e leigos– que vivem sua fé influenciados por um mesmo carisma do Espírito à Igreja e para a Igreja. Todos têm sua responsabilidade neste processo de revitalização: “A todos –diz o Prior Geral– se nos pede viver com renovada fidelidade e criatividade o próprio carisma e desenvolver nossa missão evangelizadora no mundo em constante transformação e em muitos lugares marcado pelo relativismo e a incredulidade. Espero –complementa– que os leigos se façam partícipes buscando a revitalização das próprias fraternidades agostiniano recoletas e que os religiosos os acompanhem neste caminho de busca, os animem a viver e transmitir a fé às novas gerações. A missão partilhada entre religiosos e leigos é complementaria e nos abre novas perspectivas evangelizadoras, e requer reforçar a própria identidade, tanto para os religiosos como para os leigos: os religiosos não são leigos e tem como referência sua comunidade, e os leigos não podem assumir o rol do religioso descuidando suas responsabilidades familiares e de trabalho”. tempos de nova evangelização, mas para sermos evangelizadores temos que ser testemunhas de Jesus Cristo e deixar-nos evangelizar. A Igreja responde aos desafios da sociedade não se resignando e fechando-se em si mesma, mas promovendo a revitalização de seu próprio corpo, colocando no centro a figura de Jesus Cristo e o encontro com Ele. A Ordem tem que responder a este desafio; de pouco servem as saudades e involuções; trata-se de trabalhar e olhar o futuro com esperança, “tal como fize- Leigos Agostinianos Recoletos de Madri, numa dinâmica. C anta e aminha 6 C Revitalização do laicato agostiniano recoleto astelhana de nascimento viveu quinze anos na França. Faz três décadas é mexicana de coração. Tem dois filhos. Como trabalho, administra uma bolsa de seguros. É uma das forças vivas da comunidade de Santa Mônica, México D. F., e membro da fraternidade leiga agostiniano recoleta. C Rosy Castaño. Certa ocasião ao escutar Miguel Miró, Prior Geral da Ordem, falar das Fraternidades OAR sobre a revitalização da Família Agostiniana Recoleta, suas palavras me despertaram a seguinte reflexão. Para renovar-nos espiritualmente, os freis e leigos necessitamos perguntar-nos, com humildade, que tipo de experiência de Deus transmitimos; que testemunho apresentamos aos seguidores de Jesus e como Igreja, que imagem projetamos; como chegamos aos que buscam, aos que estão longe, aos que incomodam a Igreja, aos que não acreditam, aos que querem acreditar, aos que já não lhes satisfaz as respostas simplistas e acríticas. Necessitamos redefinir, mudar atitudes, projetar propostas e dar novas respostas. Coloco aqui algumas propostas para revitalizar nossa espiritualidade: O leigo pode ser a voz sem voz, representa a todos… Podemos fazer a tentativa de trabalhar juntos para proclamar uma Palavra que chegue ao coração desses homens e mulheres para devolver-lhes a fé e a esperança. Temos que educar na dignidade irrenunciável de todas as pessoas, acompanhando, formando, sendo integradores; educar no valor do ser humano como tal. 3. Conselheiro leigo: Finalmente, me parece que se poderia criar a figura do Conselheiro leigo. A presença de leigos comprometidos com a Ordem e na nova evangelização, conhecedores da situação de nossos ministérios específicos, poderia ajudar os freis na implementação e animação dos processos pastorais de nossas comunidades. Corresponderia aos Conselhos –Geral ou provinciais– discernir de que forma se poderia incorporar a presença destes leigos como observadores e assessores. 1. Escolas de oração: O cristão tem que voltar e apaixonar-se por Deus. Para consegui-lo precisamos criar nas nossas comunidades “escolas de oração”, onde se inicie no mistério de Deus. Nestas escolas, poderíamos trabalhar todos, freis e leigos, acolhendo os carismas e talentos, uns dos outros. Por que não pensar, por exemplo, em abrir espaços onde os freis e leigos possam celebrar juntos a Liturgia das Horas de forma meditada, de modo que ilumine a vida e impulsione um compromisso autêntico dentro da Igreja e do mundo? Fazer uma oração que impulsione até a plenitude da vida, como filhos de Deus chamados a plenitude de nossa humanidade, desde aqui e agora? 2. Testemunho compartilhado: A função profética pertence a todos os batizados. Poderia estruturar equipes que trabalhem semanalmente com os sacerdotes e preparem a homilia dominical entre religiosos e leigos, estando atentos a perscrutar e discernir os sinais dos tempos, cada um a partir de sua própria “situação”, sem perder de vista que Cristo é o centro de nossas notícias. C anta e aminha P. Sergio Sánchez com membros das fraternidades Agostinianas Recoletas de México. C 7 A revitalização passa pela “missão” osé Luis Azcona leva 25 anos de bispo na Prelazia de Marajó, na desembocadura do rio Amazonas, no Pará. Como Agostiniano Recoleto se interessa profundamente pelas coisas da Ordem; seu horário de oração tem lugar privilegiado; ressalta a dimensão eclesial da pastoral e insiste no aspecto comunitário na formação do clero diocesano. Ele também nos oferece sua opinião sobre a revitalização da Ordem. J Como Agostiniano Recoleto, que opina sobre a revitalização? A tarefa da revitalização da Ordem é urgente. Não se pode esperar mais, dado o ritmo do desenvolvimento múltiple e trepidante que tem a humanidade. Acho que o risco desafiante que leva consigo o “ver” a realidade do mundo, ao que pertencemos sem ser dele, tem criado um medo, quase pânico, para afrontar os desafios que se apresentam. Uma falsa confiança na providência divina nos tem impedido perceber a desafiante realidade que exige a vontade de mudança... Instalação, secularização, perda de identidade... são expressão da falta de coerência e coragem. As missões são lugar e exemplo para a revitalização e ao mesmo tempo desafio à criatividade dos religiosos? A missão é o lugar mais adequado para desenvolver a criatividade, o espírito apostólico, e propiciar a maturidade humana e religiosa. Por isso, se a revitalização da Ordem não passa pela missão, não haverá revitalização. Permitir que Deus use você em ambientes onde o humano, a previsão, a programação não podem dar-lhe segurança, você se dispõe a orar, estudar, investigar e organizar a partir daquele que disse: «Sem Mim, não po- deis fazer nada». Evidentemente que a missão exige cautelas e cuidados; entre outras razões, pelo fato de que escapa ao seu próprio controle, para contar com Deus José Luis Azcona. e com seu Espírito, protagonista de toda missão. Não deixa de ser difícil e ao mesmo tempo apaixonante. Que esperam do religioso, as comunidades de um lugar como Marajó? Que mensagem pode enviar essa Igreja jovem às velhas cristandades, para que as ajude a renovar-se? Quem vive aqui, espera que o religioso seja um homem de Deus e que lhes fale Dele; que possam buscá-lo como alguém que torna Deus presente entre eles, com força e de modo imediato. Do religioso esperam que reze pelos enfermos e, por isso levam a criança que está morrendo para que reze por ela; pedem-lhe a bênção todas as vezes que o encontram; solicitam conselho para alguma atuação importante na família, no trabalho, na Igreja... O missionário é tudo; um autêntico pai. Também é quem defende as pessoas contra os abusos da polícia; o missionário, porque é justo, diz a verdade ao pequeno e, sobretudo ao grande. O testemunho desta jovem Igreja para as “velhas Igrejas” é que, quem se esquece de si mesmo por causa de Jesus e do evangelho se encontra consigo mesmo, se reconcilia com o futuro, sempre misterioso, e se encontra com Jesus e com o homem. José Luis Azcona com algumas jovens de sua Prelazia. Aqui vivemos “em direto” o “novo pentecostes”; sabemos que com Ele tudo se renova, tudo parece recém estreado, tudo se abre; a surpresa é a notícia de cada dia e a sensação de que esta onda do Espírito nos está levando longe... Pedimos que esta juventude, renovação ou revitalização seja para todos, para toda a Igreja. C anta e aminha A presença da família agostiniano-recoleta no Brasil Ministérios da Família Agostiniano-Recoleta no Brasil Paróquias: 18 Colégios: 3 Missões/centros missionários: 7 Casas de Formação – Seminários: 8 Mosteiros: 1 Agostinianos Recoletos: 27 comunidades. Missionárias Agostinianas Recoletas: 6 comunidades. Monjas Agostinianas Recoletas: 1 mosteiro. Bispos: 5 prelados. Fraternidades Leigas: 10 comunidades, 375 pessoas. Aos 19 de fevereiro de 1899, doze agostinianos recoletos desembarcaram do navio Aquitane no porto de Santos, SP. Nesse mesmo ano, Minas Gerais, São Paulo, Pará e Espírito Santo já contavam com comunidades recoletas; em 1920 chegaram ao Rio de Janeiro e em 1925 no Amazonas. O surgimento das vocações e a expansão da Ordem têm-lhe dado a atual configuração no Brasil: a Província de São Nicolau de Tolentino tem comunidades no Amazonas e no Ceará; a de Santo Tomás de Vilanova está no Pará, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná; e a de Santa Rita em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Atualmente há 95 religiosos agostinianos recoletos brasileiros. No Brasil, trabalham 122 religiosos agostinianos recoletos entre brasileiros, espanhóis, mexicanos, filipinos e costarriquenhos. As fundadoras da vida contemplativa recoleta no Brasil são mexicanas. É todo um canto à Igreja Universal. As Missionárias Agostinianas Recoletas, congregação feminina de apoio às missões, tem se estabelecido no Amazonas, Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais. As Monjas Agostinianas Recoletas tem o primeiro mosteiro de vida contemplativa recoleta no município de Guaraciaba do Norte, Ceará. Além disso, os bispos de Rio Branco (AC), Lábrea (AM), Marajó (PA), Cametá (PA) e Tianguá (CE) também são agostinianos recoletos. As Constituições renovadas, base da revitalização Um livro; e pequeno, porém que contem todo o carisma da Ordem dos Agostinianos Recoletos. As Constituições expressam a forma ideal da vida e ação que os agostinianos recoletos assumem pessoal e comunitariamente, ideal com que comprometem-se após a profissão religiosa dessas regras que todo frei faz vida. Depois de mais de seis anos de estudos, o Capítulo Geral do 2010 validou as mudanças introduzidas no texto antigo, vigente desde o ano 1987. Após a aprovação da Santa Sé, o prior geral promulgou esse novo texto constitucional aos 28 de agosto de 2011. Agora são já o instrumento de obrigada referência no processo de revitalização e restruturação da Ordem. www.agostinianosrecoletos.org