MAgronegócios - Revista Mercado
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MAgronegócios - Revista Mercado
R$ 8,50 Entrevista exclusiva com Dicesar, ex BBB 10: ele fala de homossexualismo, preconceito e outras coisas mais ano 4 número 32 Julho 2010 Especial Diabetes: 70% das amputações no Brasil ocorrem por causa dessa doença Quem vai ocupar o lugar dele? Eleição 2010. Dos candidatos que disputam a presidência da república, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) são os que têm mais chances de sair na próxima foto oficial. A Mercado mostra o perfil de cada um deles e suas primeiras declarações assim que suas candidaturas foram oficializadas Bons Negócios A partir deste mês, o especialista em Franchising e ex-articulista do Estado de Minas, Carlos Ruben Pinto, participa mensalmente na Mercado dando dicas sobre franquias GB 134 milhões de “técnicos” e quase 21 mil “selecionáveis” Editorial R$ 8,50 Entrevista exclusiva com Dicesar, ex BBB 10: ele fala de homossexualismo, preconceito e outras coisas mais ano 4 número 32 Julho 2010 Especial Diabetes: 70% das amputações no Brasil ocorrem por causa dessa doença Quem vai ocupar o lugar dele? Eleição 2010. Dos candidatos que disputam a presidência da república, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) são os que têm mais chances de sair na próxima foto oficial. A Mercado mostra o perfil de cada um deles e suas primeiras declarações assim que suas candidaturas foram oficializadas Bons Negócios A partir deste mês, o especialista em Franchising e ex-articulista do Estado de Minas, Carlos Ruben Pinto, participa mensalmente na Mercado dando dicas sobre franquias Passada a euforia da Copa do Mundo de Futebol - competição em que a seleção brasileira foi eliminada precocemente -, que vinha tomando conta de todos os noticiários e assuntos nas rodas de amigos, o povo brasileiro finalmente volta à sua rotina e deve começar já a se preocupar com as eleições que vêm por aí. É bom ressaltar que junho, além de ter copa do mundo, foi também o mês das convenções partidárias que definiram oficialmente quais seriam os candidatos de cada legenda ou coligação na disputa eleitoral. Afinal, agora é o futuro do nosso país que está em jogo. Nas eleições deste ano o eleitor deverá escolher presidente, governadores, senadores e deputados estaduais e federais, uma decisão bem mais importante do que torcer pela seleção brasileira. Na África no Sul nós perdemos, mas a vida segue: é bola para frente. No entanto, nessa próxima disputa - desta vez no campo eleitoral - que começa agora e se prolonga até outubro e, em caso de prorrogação, até novembro, o técnico que vai escalar quem entra em campo somos todos “nós”, eleitores, uma escalação que vai recair sobre quase 21 mil “selecionáveis”. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), exatamente 20.839 candidatos se registraram para a disputa em 2010, um número 15% superior a 2006, quando 18.112 políticos se inscreveram para a eleição. Assim, os 134 milhões de eleitores em condições de irem às urnas terão mais opções, principalmente, no que se refere ao cargo de deputado federal e distrital. Há que se perceber aí que, nessa disputa eleitoral, o número de técnicos digo, eleitores - é infinitamente maior que o de selecionáveis - digo, políticos -, mesmo havendo aumento no número de candidatos desta para a eleição passada. Portanto, o eleitor tem tudo para selecionar - digo, votar - bem, decidindo os melhores em cada posição para que possa comemorar o “título” daqui a quatro anos. Além disso, e “até que enfim”, o número de candidatos das eleições de 3 de outubro pode ser alterado devido à lei da Ficha Limpa, que, pela primeira vez, proíbe políticos condenados em segunda instância (decisão de mais de um juiz) de participar do processo eleitoral. Essa sim, é uma grande vitória no campo eleitoral, mas ainda há de se manter os pés atrás, pois, afinal, estamos no Brasil, onde nada pode, mas tudo pode. Só para se ter ideia, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o TSE já permitiram que três políticos com condenações por órgão colegiado de juízes concorram nas próximas eleições. São eles: o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), a deputada estadual Isaura Lemos (PTB-GO) e o ex-governador Anthony Garotinho (PR-RJ), que estão elegíveis novamente. Por outro lado, cerca de dez pré-candidatos tiveram negados seus pedidos para derrubar inelegibilidade imposta pela legislação. Dentro desse panorama, a Mercado traz a partir desta e nas próximas edições um perfil detalhado de cada candidato em nível regional, estadual e nacional, para facilitar ao eleitor escalar bem a sua “seleção”, ou seja, aqueles políticos que o irão representar, decidir por ele e fazer o melhor para a sua região, estado e país. Assim sendo, nesta edição, começamos pelos candidatos à presidência, aqueles que segundo as pesquisas eleitorais se apresentam com mais chances de chegar ao Palácio do Planalto. Começamos com Dilma Roussef (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV). Então, que o eleitor fique atento aos perfis apresentados e de olho nos programas de cada candidato, assim como na propaganda eleitoral gratuita, que neste ano começa no dia 17 de agosto, avaliando detalhe por detalhe para que saiba escalar bem a sua “seleção”... Evaldo Pighini Editor Índice Julho 2010 38Capa Eleições 2010. Quem vai ocupar o lugar de Lula? Como era esperado, Dilma, Serra e Marina são os nomes mais expressivos na corrida presidencial. A Mercado mostra o perfil de cada um e suas primeiras manifestações assim que suas candidaturas foram oficializadas 14Agronegócios 52Especial 72Esporte Há quatro anos, um produtor de Patrocínio, no Triângulo Mineiro, decidiu investir no cultivo sustentável de café orgânico e gourmet tipo exportação. A iniciativa deu certo e hoje a sua produção ultrapassa fronteiras brasileiras e consquista mercados europeus e americanos A FIFA excluiu o Morumbi da lista de estádios brasileiros da Copa de 2014, o que provocou um abalo na candidatura de São Paulo, que pleiteava ser sede a abertura da competição. Com isso, Minas entra de vez na briga por esse direito com o projeto Mineirão A diabetes é atualmente responsável por sete em cada 10 amputações das pernas em todo o mundo, sendo que a cada ano este procedimento é realizado um milhão de vezes, 85% devido a úlceras nos pés. No Brasil, a doença é causa de 70% das amputações 32 76Turismo Situada entre montanhas, cercada pela Mata Atlântica, Angra dos Reis atrai turistas, incluindo “gringos” de vários partes do mundo, não apenas em períodos de férias e feriados, mas durante o ano todo. E, de fato, Angra é sempre um convite ao lazer e ao descanso 102Entrevista Conhecido no Brasil como Dicesar e no mundo GLS como a drag queen Dimmy Kieer, esse ex-BBB conta um pouco de sua vida e fala de shows, homossexualidade e preconceito, de sua participação no BBB 10 e ainda de planos para o futuro Canal Livre 6 Artigo 8 Conversa 10 Franchising 12 Economia 20 Negócios 22 Indústria 30 Política 34 Saúde 46 Meio Ambiente 58 62 Marketing 66 Comportamento 70 Evento 86 Veículos 92 Literatura 94 Profissões em Filme 96 Sustentabilidade 98 Dica de leitura 100 Bazar 106 Geral canal livre Sexo, Amor, Endorfinas e Bobagens Como leitor da revista Mercado, na última edição (Ano 4 - número 31 - Junho/2010) fiquei muito interessado na entrevista com a Dra. Cibele Fabichak. Gostaria de saber de vocês como faço para adquirir o livro de autoria dessa médica, “Sexo, Amor, Endorfinas & Bobagens”, ou talvez o site para contato. José Carlos de S. Martins - Enc. de Rotinas Trabalhistas Hospital Santa Genoveva Resposta: O livro pode ser comprado em todas as livrarias ou pelo site da editora, www.novoseculo.com.br Entrevista Cibele Fabichak Simplesmente maravilhosa a entrevista veiculada na última edição desta revista com a médica e escritora Dra. Cibele Fabichak. Num primeiro momento, o tema pode até parecer comum e mesmo fútil, mas a abordagem e as consequentes respostas da entrevistada foram muito bem colocadas e esclarecedoras, assim, ao meu ver, tenho certeza de que serviram para esclarecer muitos problemas que surgem no relacionamento entre casais. Parabéns aos jornalistas que fazem a Mercado. É esse o nível de conteúdo de que nós, leitores uberlandenses, precisamos. Luíza F. Silva Bitencourt - Professora Quero só estacionar meu carro A região central de Uberlândia é cada vez mais um grande labirinto quando a questão envolve principalmente a necessidade de o motorista estacionar o seu carro. Tem de tudo, menos vagas para estacionar e a culpa não é falta de espaço. Tem muita área de carga e descarga, algumas chegam ao cúmulo de estar a menos de 20 metros umas das outras; tem cones colocados em todos os lados por lojistas e até moradores; tem gente colocando marcas e placas de proibido estacionar em frente de suas casas por conta própria. Enfim, são muitos e notórios os problemas para o motorista que precisa circular ou parar o seu carro na região central da cidade. Literalmente falta melhor fiscalização e planejamento por parte da Settran. E eu só quero estacionar meu carro, como é de direito de qualquer cidadão que paga seus impostos em dia. Simone Arantes - Dona de casa Mercado Julho 2010 ∞ 6 Sucesso nos Negócios Parabenizo toda a equipe da Mercado pelo belo trabalho que vem desenvolvendo em nossa cidade, trabalho este pautado em uma linha editorial séria tão necessária para a formação e informação de nossa sociedade. Em especial, destaco a reportagem “Sucesso nos negócios: o segredo começa na liderança”, veiculada na edição de maio, em que a repórter Priscilla Mundim conseguiu retratar fielmente todas as considerações a respeito de como estamos construindo o futuro da empresa Junco. Conforme descrito na própria reportagem, o Brasil precisa de pessoas que tenham coragem de empreender e de colocar no papel aquilo que pensam e vejo que a direção desta revista está neste caminho. Sucesso à Mercado e parabéns pelo trabalho desenvolvido. Paulo Romes Junqueira - Diretor presidente da Junco Geração Y Achei muito conveniente a matéria publicada na última edição que fala da Geração Y - aquelas pessoas nascidas na década de 1980, que estão chegando agora de forma mais contundente ao mercado de trabalho. Realmente essa é uma geração diferente, que igualmente precisa ser vista de forma diferente. São pessoas que se formaram profissionais durante período de franca explosão tecnológica, o que trouxe mais dinamismo e velocidade às relações trabalhistas. Para as empresas que ainda não enxergaram isso, melhor então já irem se preparando para os profissionais da Geração Z, que logo logo começarão a chegar ao mercado ainda com mais manias e novas posturas. Dionísio Tavares Assumpção - Estudante de Engenharia Parabéns pela reportagem sobre a Geração Y. Já tinha lido algo a respeito, mas a forma com que esse tema foi tratado pela revista cai como luva para descrever determinadas situações que já experimentei no meu dia a dia, eu que faço parte dessa geração. Valeu!!! Edevaldo Gonçalves Neto Técnico em Informática MArtigo O pecado original de empregar POR João Francisco Salomão* Como se sabe, um dos itens mais significativos na composição do elevado custo Brasil, este algoz da competitividade empresarial, refere-se aos tributos e taxas incidentes sobre a folha de pagamento. A contratação de um funcionário com carteira assinada, como deve ser, pois a informalidade é prejudicial a todos, impõe ao empregador recolhimento equivalente a 67,53% dos vencimentos, referentes aos encargos trabalhistas e previdenciários sobre o salário, além de adicionais e benefícios garantidos pela CLT e as convenções coletivas. Esse absurdo percentual é composto de férias e 1/3 (11,11%), décimo terceiro (8,33%), INSS - por sua alíquota máxima (28,8%), INSS sobre férias e décimo terceiro (5,6%), FGTS (8,5%), FGTS sobre férias e décimo terceiro salário (0,94%) e FGTS calculado sobre a rescisão (4,25%). Se considerarmos um trabalhador que ganhe mensalmente R$ 1,5 mil, o custo para a empresa será de, no mínimo, R$ 1.013,00, além do valor nominal do salário. Há, ainda, em numerosos casos, o pagamento de horas extras, adicional noturno, insalubridade e periculosidade, com seus respectivos encargos previdenciários e do FGTS. Ademais, em caso de acidente de trabalho, embora a empresa contribua para o INSS e cumpra todas as normas de segurança, muitas vezes recai sobre ela todo o ônus e indenizações, que podem chegar a alguns milhões de reais. Como se não bastassem todos esses custos, os empresários ainda enfrentam a permanente ameaça dos processos na Justiça do Trabalho, grande parte deles movida sem razão concreta, na esteira de uma cultura paternalista que se desenvolveu e se tornou arraigada no país. É grande o número de trabalhadores que, ao sair da empresa, recorre à justiça, mesmo tendo recebido sempre todos os seus vencimentos e direitos de modo absolutamente correto. Advogados especializados estruturam a causa com argumentos nem sempre correspondentes à verdade, e as causas são sempre acolhidas pelos tribunais, sujeitando as empresas às mais descabidas e exageradas sentenças indenizatórias, que vão de danos morais jamais cometidos até horas nunca trabalhadas. Não há parâmetros para a decisão dos magistrados ante o depoimento de testemunhas e à tendência à proteção do lado considerado mais frágil. O problema é que, dependendo do valor da ação e do porte da empresa, tais sentenças indenizatórias podem comprometer de modo agudo a saúde financeira da organização, ameaçando até mesmo a sua sobrevivência. Defendemos com veemência a Justiça do Trabalho, na qual, doa a quem doer, deve ser privilegiado e protegido o direito de quem verdadeiramente foi lesado. Entretanto, não se podem transformar os tribunais em fábricas de sentenças injustas, em que parece prevalecer uma espécie de “pecado original” de quem gera empregos, paga salários e distribui renda. A Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), preocupada com os crescentes ônus referentes à contratação de funcionários, encargos financeiros e processos, realiza um abrangente Seminário de Relações Trabalhistas. É preciso debater esse tema no meio empresarial, no contexto da sociedade e das instituições. Legisladores, que transformam o custo do emprego em um ônus insustentável, e o Judiciário parecem instigar o antagonismo entre capital e trabalho. Entretanto, essa é uma relação que precisa ser harmônica e sinérgica, pois empresas e trabalhadores constituem as mesmas unidades produtivas. Um precisa do outro e o Brasil precisa de ambos para o seu crescimento e prosperidade. Assim, é urgente rever os problemas anacrônicos que deterioram as relações trabalhistas, reduzem a competitividade das empresas e limitam a sua capacidade de empregar, em detrimento da economia e de quem precisa trabalhar. B * João Francisco Salomão é presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre - FIEAC (salomã[email protected]) Mercado Julho 2010 ∞ 8 CONVERSA DEMERCADO Caro leitor, Muita gente pensa que criatividade é algo distante, presente somente na vida dos publicitários, roteiristas, diretores de cinema, gerentes de novos produtos, designers, estilistas, arquitetos, ou seja, profissionais cujas atividades exigem que “façam diferente” todos os dias. Isso não é verdade. Mesmo os profissionais citados correm o risco de se desmotivar e não usar a criatividade - combustível que alimenta nossas mentes e promove transformação em diversos aspectos. A mesmice é como um vírus. Se a gente não se vacinar contra ela, pode pegar. Dizem que o profissional de criação trabalha com inspiração e transpiração. Isso é verdade. Especialmente para nós, publicitários, a criatividade deve ser usada para gerar resultados. Não basta uma campanha criativa, visualmente perfeita, com textos interessantes, se ela não gerar resultados expressivos para os clientes. A maioria dos publicitários pratica isso e sabe que ganhar prêmios é muito importante, motiva toda a equipe e incentiva os colaboradores das agências a oferecer o que têm de melhor. Portanto, prêmios são consequências merecidas pelo esforço e por um trabalho sério e competente. Mas o que importa, realmente, é que nossos clientes superem suas expectativas e atinjam resultados positivos com seus conMercado Julho 2010 ∞ 10 sumidores. E que a criatividade seja usada para ampliar as oportunidades de nosso cliente sair na frente e se diferenciar. Extrapolando o meio publicitário, vamos analisar o nosso dia a dia e ver se realmente somos pessoas criativas. Sentamos sempre no mesmo lugar da mesa? Fazemos todos os dias os mesmos caminhos? Vestimo-nos sem mudar o visual? Agimos sempre da maneira que os outros esperam de nós? Vamos sempre aos mesmos restaurantes, sem experimentar novidades ou comidas exóticas? Por que não inovar, fazer diferente e fazer a diferença? Por que não mudar de atitude, de hábitos, transformar a nossa vida e a dos que estão ao nosso lado? Por que não reunir a família para assistir a um bom filme e comer pipoca em plena terça-feira à noite? Convidar para um teatro ou concerto, sem que os outros esperem. Pintar uma parede e renovar uma sala de jantar. Sorrir mais. Fazer exercícios físicos todos os dias. Reclamar menos. Aumentar o círculo de amigos. Iniciar um trabalho voluntário. Investir em um novo negócio sem modificar sua essência. Aprender a dançar. Não precisamos de grandes fortunas para transformar e motivar as pessoas que convivem conosco. Quem se beneficia dessas mudanças, em primeiro lugar, somos nós mesmos. Voltando ao mercado, a criatividade é ferramenta de diferenciação das empresas. O maior bem que uma empresa pode ter são os seus talentos. Essas mentes brilhantes estão a serviço da logística, do planejamento estratégico, da economia nos processos, da comunicação com os clientes, da atualização dos sistemas de informação, da forma como praticam a responsabilidade socioambiental, da maneira como se posicionam e estabelecem seus ativos tangíveis e intangíveis. É preciso diferenciar-se, e a melhor maneira é com criatividade, inovação e competência. Os consumidores estão informados, querem mais, exigem que suas expectativas sejam atendidas e superadas, querem participar, opinar. Uma queixa no twitter pode gerar dor de cabeça aguda às empresas que não estão preparadas para responder imediatamente, de forma criativa e responsável, à opinião do cliente. O poder da internet e a mudança nos padrões de comportamento dos consumidores exigem postura transparente, rápida e precisa. Enfim, agora falando especificamente aos empresários, acredito que eles devam ter criatividade em todas as áreas de atuação, de uma simples apresentação até a sofisticação - ou simplificação - dos produtos e serviços, de acordo com o mercado, a fim de se diferenciar, sobreviver e crescer. E, preferencialmente, além de crescer, criar valor, transformar, motivar e promover o desenvolvimento sustentável. B Paulo Fernando Borges é publicitário e diretor da Agência de Publicidade Fórmula P de Uberlândia MFranchising&Negócios A evolução do franchising POR Carlos Ruben Pinto* A evolução do franchising no Brasil e no mundo nesta década vem mostrando números surpreendentes. Segundo dados estatísticos divulgados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), em 2001 havia no Brasil 600 redes de franquias, hoje já temos o registro de mais de 1.600 redes franqueadas. Surgem novas marcas a cada ano, e gradualmente elas vão conquistando um lugar no mercado. Isso faz com que o Brasil seja hoje o quinto maior mercado de franquias em nível global. Mas de onde vem esse crescimento? Vem da estabilidade de nossa economia e do aumento do consumo, como consequência da melhoria de renda e poder de compra das classes C e D. Para atender a demanda desse mercado, muitos empresários estão buscando novos canais de distribuição para seus produtos e serviços. E nesse cenário, o franchising desponta como um dos mais promissores canais de venda, pois desenvolve redes fidelizadas, tendo na ponta franqueados devidamente treinados para promover uma administração mais eficiente de cada unidade. Muitas marcas estão deixando o eixo São Paulo-Rio e buscando clientes em cidades do interior do país, onde conseguem ter um crescimento mais rápido. Por outro lado, há também no interior empresários que têm negócios e marcas bem-sucedidas, produtos e serviços de qualidade e inovadores, empresas bem estruturadas e com bom planejamento, prontas para conquistar o país. presas bem estruturadas e com uma franquia devidamente formatada encontram um crescente mercado de potenciais franqueados nas mais diversas regiões. A estabilidade da economia e o maior acesso a informações, sobretudo com o advento da internet, tornaram o consumidor mais exigente quanto à qualidade e aos preços dos produtos, serviços e atendimento. Isso demanda maior especialização do varejo, para atender com mais eficiência as necessidades específicas do consumidor e para aumentar a satisfação e fidelidade do cliente. O franqueador precisa hoje, mais que nunca, concentrar esforços para manter a credibilidade e reputação que o sistema já conquistou. A concorrência acirrada no mercado torna a situação mais difícil para todos. Portanto, a evolução e desenvolvimento do negócio têm que ser constantes. As receitas das taxas de franquia e de royalties precisam ser reinvestidas no aprimoramento dos produtos, dos processos e na divulgação da marca. Investir, também, em treinamentos, assistência e motivação dos franqueados é fundamental. A franquia bem estruturada deve fornecer aos seus franqueados modelos de gestão alicerçados na experiência e vivência prática do franqueador, no registro sistematizado de seu conhecimento e nos princípios básicos do sistema. Um número cada vez maior de potenciais franqueados está procurando melhor se preparar, participando de palestras e cursos, buscando constantemente informações sobre Há também no interior empresários que têm negócios e marcas bemsucedidas, produtos e serviços de qualidade e inovadores, empresas bem estruturadas e com bom planejamento, prontas para conquistar o país Outro ponto importante a ser considerado é a segurança gerada pela lei que regulamentou o franchising no Brasil em 1994, favorecendo as redes que estavam preparadas e sintonizadas com uma gestão mais moderna. Hoje as em- o sistema. Isso torna o mercado mais seletivo, ou seja, as marcas mais bem preparadas, com plano de expansão e divulgação da franquia corretamente estruturado, para que possam se destacar frente à concorrência. B * Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, Consultor de Varejo e Franquias [email protected] - www.guiadofranchising.com.br/mds Mercado Julho 2010 ∞ 12 MPrincipais Ofertantes Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sala 14 Bairro Aparecida Uberlândia/Minas Gerais Tel/Fax: 34 3236-6112 [email protected] - www.gmbc.com.br 13 ∞ Mercado Julho 2010 MAgronegócios Cafezinho com sabor de sustentabilidade Café com selo orgânico e gourmet produzido no Triângulo Mineiro conquista paladares na Europa, Estados Unidos e Japão POR Janaína Moura - Especial para a Mercado D esde os tempos da Colônia Portuguesa, o café brasileiro tem um gostinho especial para o paladar estrangeiro. Mas, de uns anos pra cá, tanto os consumidores nacionais quanto os internacionais passaram a ter mais critério na escolha do que levam para suas mesas, fruto da conscientização em torno das questões socioambientais. Atualmente, em se tratanto de alimentos, o mercado cobra cada vez mais marcas de produção saudável, politicamente correta e que respeitem o meio ambiente. Atento a essa tendência, em Patrocínio, município do Triângulo Mineiro, há o exemplo de um produtor que decidiu investir no cultivo sustentável de café orgânico e gourmet tipo exportação. Uma iniciativa que deu certo. Tanto que, em quatro anos, a sua Julho 2010 Mercado Julho ∞ 14 2010 ∞ 14 produção transcendeu as fronteiras brasileiras e agora consquista também o exigente gosto de europeus e americanos. Reconhecidamente, as exportações de cafés especiais brasileiros (orgânicos, gourmets e socialmente justos) crescem em ritmo acelerado. Devido ao seu alto valor agregado, os produtores brasileiros estão ganhando espaço no mercado internacional, especialmente na Europa, Japão e Estados Unidos. Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic) confirmam isso, mostrando que a produção de café gourmet cresce de 15% a 20% ao ano, sendo que 90% dessa produção é destinada à exportação. Nesse contexto, segundo a Embrapa, os cafés orgânicos apresentam aumento anual de produção próximo aos 100%. Foto: Studio JL O café da Fazenda Colina provém todo ele de uma produção orgânica e sustentável do gestor uma mudança de foco sobre a lavoura. Nesse tipo de gestão é preciso ter uma visão mais geral da propriedade, pois se trabalha a integração da lavoura com o meio ambiente”, explica o agrônomo. Na Fazenda Colina não é usado nenhum tipo de fertilizante ou pesticida sintético, apenas produtos naturais (estercos) orindos da propriedade. O controle de pragas é feito por Foto: Studio JL E os consumidores estão dispostos a pagar por esse quê a mais. Uma saca de 60 quilos de grão convencional custa em torno de R$ 320,00, enquanto uma saca de grão orgânico e gourmet custa cerca de R$ 600,00. Porém, para garantir boas exportações, os cafés especiais devem receber certificações focadas na qualidade do produto, gestão socioambiental, princípios e fundamentos do comércio justo (fair trade). Há quatro anos, a Fazenda Colina, no município de Patrocínio, em Minas Gerais, tem investido na produção agrícola orgânica e sustentável de café gourmet para exportação. Nessa propriedade, os grãos são produzidos de acordo com as exigências dos padrões internacionais para esse tipo de produto, certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD). Essa certificação abriu as portas para que os grãos torrados de café na Fazenda Colina ganhassem projeção internacional, seduzindo os paladares europeus e norte-americanos. De acordo com o engenheiro agrônomo Fernando Maia, a produção de café orgânico e gourmet diferenciase da produção de café convencional. Os cuidados com o manejo da lavoura para garantir a qualidade do produto são mais criteriosos, exigindo do produtor uma gestão diferenciada da propriedade. “Esse tipo de produção é mais trabalhoso e exige meio do controle biológico. “Por isso é tão importante manter o equilíbrio ambiental, pois a própria natureza se responsabiliza por manter a lavoura saudável”, afirma Fernando Maia. Outro fato importante é que além dos cuidados ambientais existe a preocupação social com a equipe de trabalhadores da fazenda. Todos os funcionários são registrados, possuem moradia e os filhos devem estar matriculados regularmente em escolas. Mais que um princípio dos proprietários, cuidar do lado humano e social nesse tipo de produção é uma exigência das empresas certificadoras aplicadas às propriedades que trabalham com orgânicos. A O engenheiro agrônomo Fernando Maia está satisfeito com os resultados do cultivo do café orgânico, no qual não é usado nenhum tipo de fertilizante ou pesticida sintético MAgronegócios O diretor comercial da Fazenda Colina, Renato Maia, que depois de investir na produçao do café orgânico e gourmet decidiu também apostar no lançamento de marca própria, que recebeu o sugestivo nome de Biocoffee O agricultor Gilmar Alves Trindade mora há três anos com esposa e quatros filhos na fazenda. Ele considera que trabalhar com produtos orgânicos é mais vantajoso, pois não prejudica a saúde. “Com o orgânico é bem melhor, não preciso lidar com agrotóxicos, que atrapalhavam muito a minha saúde”, afirma o agricultor. Trindade ressalta ainda que, na fazenda, tem moradia e a possibilidade de manter os seus filhos na escola. Há dois anos, o diretor comercial da Fazenda Colina, Renato Maia, resolveu investir no mercado inter- no, no seguimento de varejo, com o lançamento da marca Biocoffee, um café que, além de orgânico, tem como característica o rótulo gourmet. Ele diz que a ideia de produzir um café orgânico e gourmet teve como intuito atender uma fatia do mercado consumidor que não abre mão da saúde, está atenta a questões ambientais e ainda exige produtos requintados e agradáveis ao paladar. “Há um grande público consumidor em busca de produtos saudáveis e ao mesmo tempo sustentáveis, o que não significa que esse tipo de consumidor abra mão da qualidade”, explica Maia. Além disso, como o nível de exigência está cada vez mais alto entre os consumidores, Renato Maia conta que para melhor atender ao mercado disponibilizou uma loja virtual no site do Biocoffee, onde os consumidores brasileiros podem adquirir os produtos da marca. “Hoje atendo uma fatia de mercado que exige também qualidade no atendimento. Com a loja virtual, consigo oferecer produtos para os clientes em qualquer parte do país. Futuramente, essa venda virtual se estenderá em nível global para o mundo todo”, informa. B Fique por dentro de algumas características peculiares do café: Café gourmet: grãos de café arábica de alta qualidade, com quantidade irrisória de grãos com defeito. Café certificado: café cuja produção é monitorada para rotulagem. Café orgânico: café cultivado sem o uso de fertilizantes e pesticidades de origem sintética. O controle de pragas é feito por meio de controle biológico. Para ser comercializado como orgânico, o produto é monitorado e certificado por agência credenciada. Café fair trade: geralmente são cafés produzidos em países em desenvolvimento e consumidos em países desenvolvidos. A prioridade desse tipo de café é garantir um comércio justo (fair trade), de forma que o produto seja sustentável aos pequenos produtores. Mercado Julho 2010 ∞ 16 MAgronegócios Minas preparada para o vazio sanitário da soja e do algodão POR Evaldo Pighini com Agência Estado De 1º de julho a 30 de setembro é proibido o plantio de soja em Minas O s produtores mineiros de soja e algodão devem ficar atentos para o chamado Vazio Sanitário que está em vigor em todo o estado desde o início de julho, para a soja, e a partir de 20 de agosto, para o algodão. Por causa disso, profissionais da área de Defesa Sanitária Vegetal do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) foram submetidos a um treinamento de quatro dias, entre 28 de junho e 1º de julho, com a finalidade de serem preparados para a fiscalização das 80 propriedades de algodão e 655 de soja em Minas Gerais. Eles devem verificar se os produtores cumprem a legislação vigente, que prevê a guarda do Vazio Sanitário. Mercado Julho 2010 ∞ 18 O treinamento aconteceu em Patos de Minas, região de grande concentração de lavouras de soja e algodão. Desde 1º de julho e até 30 de setembro está proibido o plantio de soja em território mineiro, a não ser nas áreas de pesquisa científica e de produção de sementes genéticas autorizadas pelo IMA. O objetivo é evitar que o fungo causador da ferrugem da soja se multiplique durante o final da entressafra. Num período de 90 dias os produtores não poderão manter plantas de soja vivas. Todos os estados produtores de soja e algodão são obrigados a estabelecer o Vazio Sanitário, pois é uma exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Já o período do Vazio Sanitá- rio do Algodão acontece de 20 de agosto a 20 de outubro e é uma das medidas fitossanitárias para a prevenção e controle do bicudo do algodoeiro (espécie de besouro). Este é o primeiro ano em que vai ocorrer o vazio do algodão. Em setembro de 2009, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG), através da resolução nº 1.021, estabeleceu a medida, que entra em vigor no segundo semestre de 2010. A finalidade é proteger a produção de algodão para prevenir possíveis prejuízos ocasionados pela praga. Nesse período também não pode existir nenhuma planta viva de algodão em todo o estado. Segundo o diretor-geral do IMA, Altino Rodrigues Neto, o período do Vazio Sanitário é de extrema importância, pois Minas, assim como outros estados, tem se destacado na produção de soja e algodão. “O controle preventivo e o combate às pragas são essenciais para garantir a competitividade desses produtos nos mercados nacional e internacional”, informa. Além disso, Rodrigues Neto avalia que o Vazio Sanitário é um aliado do produtor, já que visa à prevenção de pragas e possíveis perdas nas lavouras além de uma diminuição do uso de agrotóxicos. Soja e Algodão De acordo com dados (referentes a maio de 2010) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Minas há 15.619 hectares de área destinada ao cultivo Vazio Sanitário do Algodão acontece de 20 de agosto a 20 de outubro de algodão, com uma produção estimada de 57.456 toneladas. A maior parte da produção do algodão está concentrada nas regiões Norte, Noroeste e Alto Paranaíba. Quanto à produção de soja, Minas Gerais é um dos maiores produtores nacionais, com uma área de 1.020.281 hectares e produção de 2.926.410 milhões de toneladas (dados informados pelo IBGE - maio/2010). As principais regiões produtoras no estado são Alto Paranaíba, Noroeste, Norte e Triângulo Mineiro. B Minas Gerais é um dos maiores produtores nacionais, com uma área de 1.020.281 hectares e produção de 2.926.410 milhões de toneladas MEconomia Aperto monetário já afeta expectativa empresarial Pesquisa com 1.015 executivos de todos os setores, em todo o Brasil, realizada de 31 de maio a 4 de junho, mostra o empresário mais cauteloso - diante da elevação da Selic e da perspectiva de novas correções - no que diz respeito a vários aspectos de seu negócio, como emprego, investimentos e crédito. Pequenas e médias empresas estão mais otimistas DA Redação A Pesquisa Serasa Experian de Expectativa Empresarial para o 3º trimestre de 2010 mostra que 59% dos empresários entrevistados, em todo o país, vão rever suas estimativas de faturamento para o período, com base no 2º trimestre, e 41% vão mantê-las conforme o planejado. Dos que promoverão a revisão de seu faturamento, Mercado Julho 2010 ∞ 20 84% o farão para cima e apenas 16% para baixo. O setor de serviços concentra 86% das empresas que acreditam em um faturamento superior no 3º trimestre e reveem suas estimativas. Na sequência está o comércio (84%) e a indústria (79%). Na análise por porte, as médias e pequenas empresas lideram o otimismo no período, com 85% e 84% de seus empresários, respectivamente, acreditando em um faturamento maior. Nas grandes empresas, são 74% compartilhando a mesma opinião. Na expectativa regional, o nordeste (91%) e o norte (90%) congregam a maior parcela de empresários que consideram um faturamento superior no 3º trimestre em relação ao período anterior. A seguir estão o centro-oeste (88%), o sudeste (86%) e o sul (74%). Faturamento para o ano De forma geral, 73% dos empresários entrevistados percebem um faturamento maior de seu negócio em 2010, na comparação com o ano passado. 19% acham que esse faturamento se repetirá e apenas 8% que cairá. Na abordagem setorial, os serviços (75%), a indústria (74%) e o comércio (71%) aguardam um faturamento melhor para o ano. Por porte, as grandes empresas, com 78% de seus executivos; as médias, com 75%; e as pequenas, com 72% de seus entrevistados concordam que 2010 encerrará com um faturamento superior ao verificado no ano passado. Nessa direção, na análise regional estão o norte, de acordo com 87% de suas empresas, o nordeste (84%), o sudeste (73%), o sul (67%) e o centro-oeste (65%). Investimentos No 3º trimestre de 2010, 33% das empresas nacionais vão ampliar seus investimentos, 54% vão mantê-los conforme o planejado, 3% promoverão cortes e 10% vão postergá-los. Mesmo tendo 57% de seus executivos respondendo que vão manter os investimentos programados, as instituições financeiras têm outros 40% dizendo que vão ampliá-los no período. O comércio tem 34% de seus empresários com intenção de investir mais e 55% mantêm os seus planos. A indústria tem 33% dos empresários elevando os investimentos e 54% preservando seu planejamento. Os serviços têm a menor parce- la de empresários com expectativa de aumentar seus investimentos no 3º trimestre, 31%; já 54% vão seguir suas metas. Por porte, as médias e grandes empresas, com 36% e 35%, respectivamente, possuem a maior parcela de empresários dispostos a aumentar seus investimentos no 3º trimestre do ano. Os que vão mantê-los são 54% e 55%, na mesma ordem. As pequenas empresas têm 32% de seus empresários pretendendo aumentar os investimentos e 53% seguindo seus planos. A região norte tem uma relação mais equilibrada entre ampliar os investimentos (44%) no 3º trimestre de 2010 e mantê-los (49%). O nordeste e o centro-oeste têm 37%, cada um, de seus empresários com expectativa de aumentar os investimentos. Na mesma ordem, os que planejam mantê-los são 55% e 50%. No sudeste e sul são 32% e 30% para a evolução dos investimentos, respectivamente, e 53% e 57% preservando o planejado. Análise A Pesquisa Serasa Experian de Expectativa Empresarial mostra que o empresário brasileiro está otimista em relação ao faturamento do seu negócio no 3º trimestre do ano. A maior parte não pensa em ampliar a contratação de mão de obra, aproveitando mais os recursos presentes. Do lado dos investimentos, a parcela mais representativa opta por manter os recursos planejados. Mesmo otimista em relação ao seu negócio, o empresariado nacional está mais cauteloso em relação aos demais aspectos. O atual aperto monetário, com elevação da Selic Os serviços têm a menor parcela de empresários com expectativa de aumentar seus investimentos no 3º trimestre, 31%; já 54% vão seguir suas metas e perspectiva de novas correções, com impactos diretos nos juros e na redução do nível da atividade econômica, deixa o empresário brasileiro mais atento às questões de investimento, crédito e geração de empregos. No caso dos investimentos, os resultados apurados no 3º trimestre de 2010, quando comparados com os do 2º, mostram que houve uma ligeira migração para as expectativas mais negativas. Os 33% que pretendiam aumentar seus investimentos no 2º trimestre permanecem no 3º, não houve crescimento. Os que iriam manter seus investimentos no 2º período, que eram 59% dos entrevistados, caíram para 54% no 3º. Na opinião de promover cortes, era 1% no 2º e evoluiu para 3% no 3º trimestre. Os que vão postergar os investimentos passaram de 7% do empresariado, no 2º trimestre, para 10% no período seguinte, que é o motivo de avaliação desta pesquisa. No que diz respeito às condições de crédito (prazos, encargos e limites), no 2º trimestre do ano 31% dos empresários achavam que iriam melhorar. Para o 3º, são 29%. Os que achavam que as condições iriam continuar as mesmas no crédito eram 54% no trimestre anterior e no 3º eram 52%. Essas mudanças promoveram aumento na parcela dos empresários que acham que as condições de crédito vão piorar. Eram 15% no 2º trimestre e passaram para 19% nos próximos três meses. Considerando o quadro de funcionários, no 2º trimestre eram 38% dos entrevistados que pretendiam ampliá-lo e 56% mantê-lo como está. Para o 3º, caiu para 32% os que vão aumentar a oferta de empregos e subiu para 62% os que vão permanecer com o quadro de funcionários que têm. Dessa forma, são reduzidas as expectativas de novas contratações. O objetivo da Pesquisa Serasa Experian de Expectativa Empresarial é identificar as principais tendências dos negócios para o trimestre, a partir do levantamento das perspectivas dos empresários, indo além da confiança desses agentes. B 21 ∞ Mercado Julho 2010 MNegócios Auditório lotado na abertura do evento, que contou com a presença de empresários brasileiros e estrangeiros, autoridades e expositores, entre outros convidados Encontro do Sebrae se supera e expectativas de negócios ultrapassam meio bilhão POR Evaldo Pighini com AI Sebrae Mercado Julho 2010 ∞ 22 S ucesso. Foi essa a melhor expressão encontrada pela consultora técnica do Sebrae, Fabiana Queiroz, para definir objetivamente o que foi a primeira edição do Encontro de Negócios do Brasil Central. “Superamos todas as metas e expectativas, dobrando a capacidade de atendimento a empresários e empreendedores da região através dos serviços do Sebrae, e conseguimos aperfeiçoar a qualidade nos encontros da rodada além de trazer oportunidades de informação, conhecimento e atualização através das palestras, seminários e clínicas aos participantes”, comemora Fabiana. Ainda sem conseguir disfarçar a satisfação com os resultados do encontro, ela destaca também os vários depoimentos elogiando o evento, ao mesmo tempo em que demonstra consciência de que o desafio será ainda maior na organização da próxima edição do evento. “Já estamos - desde já - trabalhando na construção da segunda edição do Encontro de Negócios do Brasil Central, focados numa programação ainda melhor”. Isso, não bastasse o fato de a Rodada de Negócios ter alcançado a incrível marca de R$ 539 milhões em expectativas de negócios, superando em quase R$ 190 milhões a previsão inicial, que era de R$ 350 milhões. Mais de 700 pessoas participaram do primeiro dia do Encontro de Negócios do Brasil Central no Center Convention, em Uberlândia (MG). Entre os presentes na cerimônia de abertura, estavam o prefeito da cidade, Odelmo Leão; o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Roberto Simões; e o secretário Adjunto de Desenvolvimento Econômico, Rafael Andrade. “Este é o maior evento empresarial do interior de Minas Gerais. O Sebrae e a Prefeitura de Uberlândia mais uma vez não mediram esforços para criar um ambiente favorável para as micro e pequenas empresas desenvolverem seus negócios”, frisou em seu discurso Roberto Simões. O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas deu ênfase ainda para a realização da maior Rodada de Negócios do Brasil, que este ano teve como novidade o Fomenta Minas e mais seminários e capacitações gratuitas direcionados a empresários. “Este é o maior evento empresarial do interior de Minas Gerais”, ratificou Roberto Simões, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, em seu discurso de abertura Após a abertura, o consultor Carlos Alberto Júlio ministrou a palestra “A Arte da Estratégia”, em que abordou temas como tomadas de decisões e planejamento e estratégias para desenvolvimento de negócios. Acima de seis mil pessoas participaram do Encontro de Negócios do Brasil Central em Uberlândia. A novidade deste ano foi a ampliação dos serviços de orientação, como palestras, seminários, clínicas tecnológicas, consultorias gerenciais e oficinas. Seminário discute políticas públicas no desenvolvimento de pequenos negócios Durante o Encontro de Negócios do Brasil Central em Uberlândia, empresários e prefeitos de Minas Gerais se reuniram para discutir as políticas públicas no desenvolvimento de pequenos negócios. O evento foi realizado durante o seminário “Os Pequenos Negócios na Liderança do Desenvolvimento”. Segundo a gerente de Políticas Públicas do Sebrae Minas Gerais, Nair Andrade, o objetivo do seminário foi instigar o poder público a pensar e agir estrategicamente no desenvolvimento dos negócios. “É preciso criar oportunidades para as micro e pequenas empresas participarem de compras públicas, com incentivo e desburocratização de crédito e acesso à tecnologia”, destacou. De acordo com dados do Sebrae, 65% dos impostos são destinados à União, 22% ao estado e 13% aos municípios. “Os recursos ainda são reduzidos e dificultam o crescimento e o desenvolvimento sustentável; falta visão integrada”, afirmou João de Paula, consultor do Sistema Sebrae. Um bom exemplo de apoio aos pequenos negócios foi mostrado pelo prefeito de Miradouro, na região da Zona da Mata de Minas Gerais, Wagner Dutra, ganhador do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor. Dutra apresentou o projeto Ouro Branco, criado em 2005, com o propósito de melhorar os métodos de produção de leite e diminuir o êxodo rural. A 23 ∞ Mercado Julho 2010 MAgronegócios MNegócios O prefeito de Miradouro, Wagner Dutra, no dia do recebimento do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor. Ele esteve presente no seminário que discutiu as políticas públicas no desenvolvimento de pequenos negócios Os produtores do município armazenavam e transportavam o leite em latas. O produto permanecia em temperatura ambiente até chegar à indústria, comprometendo a qualidade. O leite era considerado de baixa qualidade pelos compradores, que pagavam apenas R$ 0,40 por litro. Para mudar essa realidade a prefeitura dividiu os produtores em núcleos, formou associações e construiu 23 galpões para instalação de tanques de resfriamento. A qualidade aumentou e o leite passou a ser vendido a R$ 0,75/litro. Empresários aprendem como participar de compras públicas Outro destaque do Encontro do Sebrae em Uberlândia foi a realização do Fomenta Minas, seminário que possibilitou a micro e pequenos empresários a oportunidade de participar de atividades de capacitação e oficinas sobre os principais instrumentos jurídicos para acesso às compras governamentais e informações sobre as regras estabelecidas pela Lei Geral que asseguram vantagens das MPEs. “As empresas têm interesse em vender para o poder público, mas não sabem como”, Mercado Julho 2010 ∞ 24 explicou o analista da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae-MG, Felipe Ansaloni. Para facilitar o acesso às informações, empresas como Cemig, Copasa, Conab e Correios, habituadas a negociar com órgãos governamen- tais, demonstraram como funciona o processo de compras e licitações. Para o administrador Alex Charles, as orientações irão facilitar a participação de sua empresa de alimentos nas concorrências públicas. “Vou usar o que aprendi nas próximas vendas que farei”, conta Alex. Valores Empresas como Cemig, Copasa, Conab e Correios apresentaram cases de como funciona o processo de compras e licitações O mercado de compras governamentais no Brasil movimenta R$260 bilhões por ano. Em 2009, o Governo Federal efetivou compras no valor de R$15 bilhões das MPEs. De acordo com o assistente técnico da diretoria regional de Minas Gerais dos Correios, Henrique José Afonso, os pequenos negócios representam 15% do volume das compras do governo. A expectativa é que em 2012 este percentual dobre. “As compras regionais das MPEs chegam a 17%. O problema é a falta de informação dos empreendedores de como vender”, comentou. Cultura também é negócio Mais um evento de destaque no encontro colocou em discussão o crescimento e as oportunidades do setor cultural. Foi a oportunidade de Saulo Laranjeira: “Cultura é um negócio que a gente aplaude de pé artistas, produtores e empresários debateram o cenário e perspectivas do setor para os próximos anos, durante o seminário “Nosso Negócio é Cultura”, que contou com a participação do humorista Saulo Laranjeira e a apresentação de grupos culturais de Uberlândia. Durante a palestra “Cultura: um negócio que a gente aplaude de pé”, Laranjeira relatou sua trajetória profissional e destacou a importância do incentivo aos pequenos empreendedores culturais. “Os empresários devem estimular a cultura e ajudar na disseminação da arte”, disse o humorista. Segundo o levantamento Sebrae realizado com base em dados do IBGE, do Ministério da Cultura e de entidades e especialistas ligados ao setor, as atividades de criação, produção, difusão e consumo de bens e serviços culturais representam, hoje, o setor mais dinâmico da economia mundial. Apesar de não haver informações totalmente sistematizadas sobre o impacto da cultura na economia brasileira, esse segmento é responsável por aproximadamente 4% do PIB. Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Cultura tem anunciado investimentos em políticas que visam a contemplar toda a diversidade cultural do estado, por meio de ações como a Lei Estadual de Incentivo e o Fundo Estadual de Cultura. Evolução da Rodada de Negócios Brasil Central Rodada bate recorde em Uberlândia Resultado confirma o evento como o maior do Brasil; expectativa de negócios ultrapassa meio bilhão de reais Um dos grandes eventos do Encontro de Negócios do Brasil Central realizado em Uberlândia neste ano foi sem dúvida a Rodada de Negócios, que superou a última edição e chegou a mais de R$ 539 milhões em expectativas de negócios. O evento proporcionou uma agenda de 2.894 reuniões entre 455 empresas fornecedoras e 78 compradoras nacionais e internacionais. Diante dos números apresentados, a Rodada atingiu plenamente o seu principal objetivo, que é estimular as relações comerciais entre empresas de diferentes portes e segmentos e impulsionar a economia regional. Durante dois dias, as empresas ofertantes puderam negociar com grandes compradores públicos, privados e até internacionais. Para a artesã Cláudia Menhdes, a Rodada foi uma grande vitrine. “Fechei negócio com o representante de Portugal e estou em negociação com compradores da Suíça e Alemanha. Se não fosse este encontro não teria a oportunidade de comercializar para outros países”, disse a artesã. De acordo com a representante da empresa suíça Tucanexport, os produtos brasileiros são muito valorizados internacionalmente. “São produtos que demonstram alegria nas cores e na diversidade das matérias-primas, além da qualidade. Coisa que os chineses não conseguem copiar”, admitiu. B Em 2010 •2.894 agendamentos •455 empresas fornecedoras •78 compradoras (âncoras) •R$ 539 milhões em expectativa de negócios Em 2008 •2.539 agendamentos •460 empresas fornecedoras •61 compradoras (âncoras) •R$ 333 milhões em expectativa de negócios Em 2007 •2.147 agendamentos •356 empresas fornecedoras •47 compradoras (âncoras) •R$ 242 milhões em expectativa de negócios *Em 2009 o evento foi cancelado por causa da gripe suína 25 ∞ Mercado Julho 2010 MNegócios Delivery com tempero e jeitinho mineiros POR Alitéia Milagres Luiz Fernando de Almeida, da Crock! Box: negócio certo na hora certa U ma boa e bem localizada instalação, profissionais gabaritados, um cardápio variado e uma boa administração. Essa é a receita de um negócio que, aliado a pitadas de ousadia e estratégia, fez com que o empresário Luiz Fernando de Almeida vendesse em pouco mais de três semanas cerca de três mil refeições em box por meio de sistema delivery. Satisfeito com o resultado inicial do negócio, o empresário já almeja voos mais altos: “Minha intenção é expandir em pelo menos mais seis lojas nos pró- Mercado Julho 2010 ∞ 26 O negócio é novo, mas as mais de três mil refeições entregues em menos de um mês já anima empresário a planejar a abertura de novas lojas em Uberlândia ainda este ano ximos meses”, revela. Inaugurada em Uberlândia no início de maio, a Crock! Box, nome da empresa de refeição delivery de Luiz Fernando, é especializada em receitas a base de arroz. Segundo o proprietário, apenas nas três primeiras semanas após a inauguração a Crock! Box vendeu mais do que o esperado. “Muitos clientes experimentaram e não largaram mais. É uma refeição barata, completa, com gostinho de comida caseira e feita na hora”, diz. Ele reitera que o sucesso inicial das vendas ultrapassou as expectativas e que o desafio agora é cumprir a meta imposta de vender acima de seis mil unidades por mês. O mercado de comida delivery, que envolve aquela refeição pronta, pedida e recebida em casa, no trabalho ou noutro tipo de ambiente, vem ganhando espaço a cada dia. Muitas pessoas, algumas por comodidade, outras por falta de tempo, têm deixado até mesmo a compra de alimentos em supermercados para investir nesse tipo de refeição. O sistema é simples, basta pegar o telefone ou acessar o site para efetuar e programar o pedido. Para o publicitário Bruno Figueredo, o sistema delivery é uma boa alternativa para quem precisa comer fora de casa com frequência. “Faço compras no supermercado, mas costumo comer fora sempre porque a vida é corrida demais, tanto pra mim quanto para a minha esposa. Trabalhamos e estudamos, então pedimos comida para poder aproveitar o tempo que temos para ficar juntos e não na cozinha”, diz. Luiz Fernando acredita que o grande interesse pela refeição delivery contribui para que esse segmento se profissionalize cada vez mais. “A praticidade, comodidade e preço acessível são a base do delivery. Quando a pessoa percebe que o comerciante tem um padrão de controle de qualidade, passa a adquirir o produto e acaba economizando em casa, sem contar que comprar tempo é sinônimo de resultados. Hoje em dia ninguém quer ficar na cozinha”, ressalta. O negócio A refeição pelo sistema delivery não é novidade no mercado, mas a ideia de Luiz Fernando sim. O projeto da Crock! Box levou anos para sair do papel. “Queríamos criar um fast food de comida tipicamente brasileira, com uma pitada do tempero mineiro. Foi aí que surgiu a ideia do arroz mexido com carne, legumes e o cereal, tudo misturado e picadinho. A embalagem vem com um garfo. Não suja nada. É só comer e jogar no lixo”, conclui. O empresário informa que iniciou o negócio com um cardápio de 12 opções de box diferentes. “Um dia, ligou um cliente perguntando se tínhamos um prato à base de arroz vegetariano. Prontamente disse que sim e esse novo sabor foi criado na hora e lançado à base de proteína de champig- nons e lentilhas. Ficou realmente uma delícia. Não vamos parar de enriquecer nosso cardápio. Estamos aqui para atender o gosto do cliente”, reitera. No Crock! Box o arroz é preparado com carne de frango, porco, carne moída, linguiça, bacalhau ou camarão e leva alho, cebola, pimenta, ervas finas e um toque final de azeite que, segundo Luiz Fernando, veio para conquistar o paladar do uberlandense. Além destes, também são oferecidos pratos feitos a base de peixes e saladas. Alface, rúcula, tomate seco, champignon, cenoura, uva passa, manga, brócolis são outros ingredientes que, misturados ao arroz, podem dar um toque especial às receitas. “O box vem numa embalagem de 480 ml acompanhado de um sachê com raspa de arroz. O nome crock surgiu da ideia de misturar raspa soltinha e crocante”, explica. A 27 ∞ Mercado Julho 2010 MNegócios A estudante Ludimila Rodrigues é outra cliente que aprovou a novidade. “Minha família toda já experimentou. Já pedimos o arroz carreteiro, feito com carne de sol, cebola, ovo mexido, bacon e tomate, e o arroz caseiro, outra receita que mistura carne moída, ovo mexido, banana frita, bacon, cebola, ervilha e milho verde. A comida é muito gostosa e o suficiente para um adulto”, comenta. Luiz Fernando acrescenta que essa flexibilidade no serviço proporciona ao consumidor maior aceitação da marca, além de uma refeição saudável disponível a qualquer hora. “O box possui ótima aceitação no mercado, porque além de apresentar várias opções ao cliente, não é uma comida industrializada. Com o delivery, a pessoa tem o conforto e a praticidade para degustar uma refeição com gostinho caseiro, sem sair de casa ou do trabalho”, conta. O empresário atribui o retorno rápido do negócio ao investimento. “Prezamos pela qualidade e higiene dos alimentos, e a busca por produtos diferenciados. Tudo isso aliado a uma estratégia de marketing criativa e ao delivery, sistema de entrega em domicílio com venda pela internet ou telefone”, avalia. A entrega da refeição em casa e no ambiente de trabalho é uma tendência de mercado cada vez mais comum. “Por causa do ritmo acelerado do dia a dia, as pessoas buscam comodidade e praticidade. Por isso optamos pelo delivery. Nossos funcionários estão preparados para atender a demanda. Após o preparo, a refeição vai para uma embalagem térmica e chega quentinha na mão do cliente, sem perder o sabor do tempero”, acrescenta. Para fazer o pedido no sistema delivery da Crock! Box basta aces- O crock de camarão é uma das opções do cardápio: medida certa que dá para alimentar bem uma pessoa adulta Mercado Julho 2010 ∞ 28 A estudante Ludimila Rodrigues aprovou e virou freguesa da novidade sar www.crockbox.com.br ou ligar (34) 3216-0666. O preço atual de cada refeição “in box” varia entre R$ 6,99 e R$ 13,99 - esse último valor é de um prato mais sofisticado que leva até camarão -, valores sobre os quais incide taxa de entrega que vai de R$ 3,50 até R$ 5,00; essa diferença depende da distância. O cardápio de produtos contempla também refrigerantes e sucos, e ainda trufas de brigadeiro e coco, pão de mel, mousses de maracujá e chocolate para sobremesa. Atualmente, a Crock! Box emprega mais de 17 funcionários, entre atendentes, cozinheiros e motoboys. Franquia Luiz Fernando informa que a Crock! Box é um projeto que apesar de piloto já está dando certo. “É a primeira unidade. Adquiri todo o know-how para uma operação consistente do negócio, experiência que vai garantir a expansão através do sistema de franquia”, diz. Otimista, ele acredita que em breve começa a arregimentar parceiros para estender o negócio. “Pretendemos crescer mais. Vamos trabalhar para ser franquia em loja de centro e shopping. Empreendedorismo e experiência comercial serão as chaves para concretizar o projeto com os novos parceiros”, destaca. B Cerâmica Cruzado MIndústria Vista parcial de Monte Carmelo, tendo ao fundo algumas indústrias cerâmicas que operam na região. A cidade agora é o maior polo cerâmico certificado do país Monte Carmelo conquista o posto de maior polo cerâmico certificado do país POR Evaldo Pighini H á aproximadamente um ano, em junho de 2009, o Laboratório de Ensaios de Monte Carmelo (Lemc), que faz análises de qualidade da argila e de produtos de cerâmica vermelha, principalmente telhas, rece- Mercado Julho 2010 ∞ 30 bia a visita de três auditores do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), que tinham como objetivo realizar as avaliações conclusivas e a documentação daquele laboratório de ensaios. Na época, o coordenador administra- tivo do Lemc, Kleiber Côrtes, afirmou otimista que a possibilidade de êxito era muito grande para a conquista da creditação do Inmetro, o que faria do Lemc o primeiro de Minas Gerais e quinto no Brasil a ostentar essa certificação. A conquista prevista A MIndústria por Kleiber não se concretizou, mas o trabalho realizado pelo Lemc, com o apoio da Associação dos Ceramistas de Monte Carmelo (Acemc), já começa a dar resultados. No mês passado, cerca de um ano depois, grande parte das indústrias cerâmicas da região foi contemplada com duas importantes certificações: a Certificação acabou por envolver toda a cadeia produtiva. Assim fizeram e hoje, com a participação do Lemc, os resultados dessa união e luta começam a aparecer com as duas certificações - ISO 9001 e CCB/Inmetro - recentemente conquistadas por várias indústrias da região monte carmelitana. Com relação à certi- ções conquistadas pelas cerâmicas de Monte Carmelo e que não é por acaso que a cidade assumiu a liderança no cenário nacional em produção com qualidade no setor de telhas cerâmicas. “Acredito que juntos, CCB e região de Monte Carmelo, podemos explorar nossa sinergia visando à evolução do setor”. ressaltou. B No Brasil, das 52 empresas que detêm a Certificação de Produtos CCB/Inmetro, 13 estão na região de Monte Carmelo, o que representa 25% do total, ou seja, uma em cada quatro cerâmicas certificadas faz parte da Acemc. Quanto a Certificação ISO 9001/2008, entre 12 cerâmicas que têm esse certificado, 8 também são da Associação dos Ceramistas de Monte Carmelo, 66,67% do total, ou duas a cada três indústrias fabricantes de telhas vermelhas no país. ISO 9001/2008 e a Certificação de Produtos CCB/Inmetro. Estas foram conquistas que colocaram Monte Carmelo no posto de maior Polo de Cerâmica Vermelha Certificado do Brasil. Tais conquistas têm um sabor especial para os empresários que operam nesse setor na região de Monte Carmelo. Afinal, nos últimos anos, o parque cerâmico de Monte Carmelo passou por mudanças significativas. Muitas cerâmicas da região tiveram que encerrar suas atividades, principalmente entre os anos de 2003 e 2005. Os motivos foram muitos, como, por exemplo, a concorrência com produtos similares, políticas econômicas inadequadas do governo e também políticas ambientais contrárias à exploração da matéria-prima. Mas, ao contrário do que se esperava (uma debandada geral e consequente abandono da atividade), os empresários que se mantiveram “de pé” uniram-se em torno da Acemc e partiram para a luta, envolvidos numa batalha que tinha como norte agregar mais qualidade aos seus produtos, objetivo este que Mercado Julho 2010 ∞ 32 ficação CCB (Centro cerâmico do Brasil), das 52 empresas certificadas no país 13 estão na região de Monte Carmelo, o que representa 25% do total, ou seja, uma em cada quatro cerâmicas certificadas em território brasileiro faz parte da Acemc. Por outro lado, no que diz respeito ao sistema de gestão da qualidade ISO 9001/2008, os números são ainda mais impressionantes: atualmente, de 12 fabricantes de telhas certificados no país, 8 também são da Acemc, 66,67% do total - duas em cada três indústrias certificadas na ISO 9001 estão na Associação dos Ceramistas de Monte Carmelo. Para oficializar a entrega dos certificados aos empresários representantes das cerâmicas que conseguiram as certificações ISO e CCB, foi realizada na Câmara Municipal de Monte Carmelo uma solenidade pública que contou com a presença de diversas autoridades e empresários do setor. Sobre o atual momento, o presidente do Centro Cerâmico do Brasil (CCB), José Octavio Armani Paschoal, disse - em carta - não ter se surpreendido com as certifica- MPolítica Um ano depois de prometer enxugamento administrativo, Senado ainda tem 214 diretorias Senado mantém 214 cargos de diretoria DO Congresso em Foco Um ano depois de prometer enxugamento e extinção de diretorias como a de garagem, Casa manteve os postos de chefia. Dos 50 diretores que seriam exonerados, só saíram 17 U m ano e três meses depois de chocar o país ao admitir ter mais de 180 diretores, o Senado mantém atualmente 214 servidores que ocupam cargos de direção, e ainda resiste a enxugar o quadro. Dos 50 diretores cuja exoneração foi anunciada em março de 2009, apenas 17 perderam as funções de comando. Quinze meses depois, 33 deles continuam em posição de chefia, sem redução no salá- Mercado Julho 2010 ∞ 34 rio. Desses, 26 seguem exatamente nos mesmos postos, e sete trocaram apenas de diretoria. Apenas uma servidora, a única comissionada da lista, não consta mais do quadro de servidores da Casa. Entre os órgãos que seriam atingidos, somente quatro foram de fato extintos: as subsecretarias de Planejamento e Execução de Convênios e de Apoio Técnico e as coordenações de Análise de Notícias e de Pesquisas e Apoio Técnico. Também foi extinta a função de diretor adjunto do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB). O Senado anunciou na época que os cortes atingiriam diretorias de “menor conteúdo de competência” e resultariam numa economia mensal de R$ 400 mil aos cofres públicos. Se todos esses cargos tivessem sido eliminados, conforme foi anunciado, a Casa teria economizado cerca de R$ 6 milhões de lá pra cá, apenas no período compreendido em pouco mais de um ano. O Senado deixou de extinguir, por exemplo, as funções de coordenador de “check-in” (Coordenação de Apoio Aeroportuário) e de “garagem” (Coordenação de Administração de Residências), cargos cuja existência pegou de surpresa até os senadores e virou um dos símbolos da falta de controle sobre as diretorias mais”, porque não têm autonomia e nem subordinados ou orçamento próprio à sua disposição. A reportagem tentou contato com o diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, mas não obteve retorno. “Enxugamento” A lista dos cargos que seriam extintos e dos diretores e coordenadores que seriam exonerados foi divulgada, na ocasião, pelo próprio Senado. O anúncio das exonerações e das extinções das funções foi feito pelo primeiro-secretário, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), em março do ano passado. Segundo ele, os cortes eram “o primeiro elenco de medidas” para enxugar a megaestrutura do Senado. “Tínhamos que começar, e não podíamos adiar por muito tempo. Então, esse é o primeiro, e vamos continuar procurando não cometer injustiças, principalmente com os servidores desta Casa”, explicou Heráclito na época. A Foto: Divulgação O Senado deixou de extinguir, por exemplo, as funções de coordenador de “check-in” (Coordenação de Apoio Aeroportuário) e de “garagem” (Coordenação de Administração de Residências). A descoberta de uma coordenadoria que ajuda os senadores no aeroporto e de outra que funciona numa garagem de um prédio funcional pegou de surpresa até os senadores e virou um dos símbolos da falta de controle sobre as diretorias. A reportagem entrou em contato com as diretorias e confirmou que na de “check-in”, por exemplo, o nome à frente das atividades é o mesmo. Os coordenadores de “check-in” e “garagem” estão entre os 19 que, na hierarquia do Senado, exercem funções equivalentes às dos 126 servidores que respondem por diretorias, como diretor geral ou adjunto, de secretaria ou subsecretaria. Na mesma situação, estão outros 69 servidores, como consultores gerais, coordenadores adjuntos, assessores jurídicos, secretários de comissão, chefe de cerimonial, entre outros, também equiparados a diretores por suas respectivas remunerações. A relação dos 214 servidores que ocupam postos de direção ou equivalentes é composta por funcionários que recebem as mais elevadas funções comissionadas (FC 8, FC 9 e FC 10). Isso significa que, além do salário, esses servidores recebem entre R$ 4.128,02 e R$ 4.953,63 a mais apenas para exercer a função. O Senado ressalta que nem todos são diretores “for- O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), primeirosecretário do Senado, anunciou em março do ano passado as exonerações e as extinções das funções que, segundo ele, eram “o primeiro elenco de medidas” para enxugar a megaestrutura da casa 35 ∞ Mercado Julho 2010 MPolítica Procurado pela reportagem para explicar por que a Casa não fez as alterações anunciadas, o primeirosecretário disse que não pretende falar sobre o assunto até que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresente seu parecer à proposta de reforma administrativa da Casa. O relator não deu retorno ao contato feito pelo site com seu gabinete no Ceará. A 2ª vice-presidente do Senado, Serys Slhessarenko (PT-MT), falou à reportagem sobre o assunto. “Ave Maria!”, exclamou a senadora, ao saber da não extinção dos cargos de diretoria. Mas a petista não quis acreditar que a estrutura da Casa ainda não tenha sido devidamente reduzida, como foi anunciado pela Primeira Secretaria em março. “Eu acredito que tudo isso foi extinto. Eu não conferi isso, faz muito tempo que a gente trabalhou nessa reformulação”, admitiu. Única integrante da Mesa Diretora a se opor ao plano de carreira de quase meio bilhão aprovado no dia 23 de junho, Serys disse que precisa ter mais detalhes sobre as diretorias para se manifestar com mais propriedade sobre a questão. Mas cobrou os resultados anunciados pela Primeira Secretaria. “Se eles anunciam 50 diretorias de corte, esses cortes têm de aparecer.” Foto: Divulgação Mas o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) disse à reportagem que algumas diretorias devem mesmo ser mantidas. “Às vezes, a gente sai do Senado faltando cinco minutos para pegar um avião. É importante que exista um encarregado para emitir um bilhete, fazer um checkin”, declarou o tucano, lamentando que a Mesa Diretora ainda não tenha resolvido a contento a questão do excesso de diretorias. “A Mesa é um colegiado responsável por isso. Eu lamento.” Eu acredito que tudo isso foi extinto. Eu não conferi isso, faz muito tempo que a gente trabalhou nessa reformulação Flexa contestou a ênfase que a imprensa dá às funções de direção no Senado. “O problema é a nomenclatura. Falam em diretor de check-in... Isso não existe”, ponderou o senador paraense. Os senadores evitam falar sobre o enxugamento da estrutura administrativa do Senado antes que fique pronto o relatório de Tasso Jereissati. “Estou esperando chegar ao plenário para que possamos discutir”, resumiu Lúcia Vânia (PSDB-GO). O prazo para a realização de convenções partidárias, que acabou no dia 30, e os festejos de São João provocaram um esvaziamento do Congresso no mês de junho - a ponto de Serys, na ausência do presidente do Senado (e do Congresso), José Sarney (PMDB-AP), e do vice, Marconi Perillo (PSDB-GO), ter encerrado no final de junho uma sessão do Congresso por falta de quórum. Apenas quatro senadores compareceram à sessão que analisaria liberação de créditos extraordinários. Em análise Por meio da Secretaria de Comunicação Social do Senado, a Secretaria de Recursos Humanos admitiu que os 50 cargos não foram extintos e que as mudanças serão feitas por meio do Projeto de Resolução 96/2009 relatado por Tasso. A proposta, baseada em estudo encomendado pela Casa à Fundação Getúlio Vargas, aguarda análise de uma subcomissão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. “Os cargos e funções decorrem diretamente da estrutura administrativa e, portanto, a resolução que resultará do citado projeto constitui o instrumento normativo adequado para versar sobre a extinção de cargos e funções (art. 52, XIII, da Constituição). Tão logo aprovada a nova estrutura, serão baixados os atos administrativos consequentes”, informou o Senado. A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) foi a única integrante da Mesa Diretora do Senado a se opor ao plano de carreira de quase meio bilhão aprovado no último dia 23 de junho www.revistamercado.com.br Revista MERCADO, a opção correta em conteúdo... ...até o polvo sabe disso! dereço Novo En veira, 345 Sala 14 lt de Oli eve Rua Roos irro Aparecida Ba dia-MG Uberlân 3236.6112 [email protected] 34 MCapa Mercado Julho 2010 ∞ 38 Raio X dos principais candidatos à presidência POR Evaldo Pighini com Agência Brasil O correram em junho as convenções nacionais e estaduais envolvendo os 27 partidos políticos brasileiros com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com intenção de lançar candidato a algum cargo eletivo ou fazer coligação com outra legenda visando às eleições de 2010. Encerradas as convenções e definidos os nomes, foi a vez de - até 5 de julho - os partidos ou coligações apresentarem à Justiça Eleitoral o pedido de registro de seus candidatos à Presi- dência e à Vice-Presidência da República, aos governos estaduais, ao Senado, à Câmara dos Deputados e às assembleias legislativas. O registro das candidaturas para presidente e vice ocorreu diretamente no TSE. Só foi aceito o pedido de registro com chapa completa (presidente e vice), isso porque uma resolução do Tribunal disciplinando o registro de candidaturas estabelece que a “chapa é única e indivisível”. Já os registros para os cargos de governador e vice, senadores, deputados fede- rais e estaduais ou distritais foram feitos nos tribunais regionais eleitorais (TREs) de cada estado, mas seguindo as mesmas regras dos registros de chapa para presidente e vice-presidente da República. A Mercado traz a seguir os nomes e um breve currículo de cada um dos três principais candidatos à Presidência - definidos com base nas últimas pesquisas de intenção de voto divulgadas pela mídia. São eles, por ordem alfabética: Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV). A 39 ∞ Mercado Julho 2010 MCapa PT vai de Dilma com Temer do PMDB para vice “Eu tenho uma missão: continuar. Não é repetir, é seguir em frente, avançando” Em votação apenas simbólica, o Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou durante a sua convenção nacional, em Brasília, a formalização da candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República e a indicação do deputado Michel Temer (PMDBSP) para vice na chapa. A votação ocorreu logo após discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, sob clima de festa e homenagem às mulheres, Dilma foi aplaudida pelos presentes. Em seu discurso, Lula ressaltou as habilidades de Dilma e sua capacidade em administrar. “Ficarei muito feliz de poder entregar a faixa presidencial para uma mulher. Eleger a Dilma significa que é possível dar continuidade às coisas que fizemos neste país”, disse o presidente. “Eu não tenho dúvida de que posso ir para Boa Viagem (praia localizada em Recife, Pernambuco) e tomar água de coco porque ela (Dilma) estará governando este país na maior tranquilidade. O milagre da governança é montar a equipe. E Dilma sabe montar equipe”. “Vocês achavam que o Lula era duro, agora vocês vão ver o que é (ser duro)”, brincou o presidente. Por sua vez, após ter seu nome oficializado pelo PT, Dilma tem procurado reforçar a comparação entre a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva e a dos tucanos. “Parar é um pouco como voltar para trás.” Além disso, ela tem apregoado que se eleita fará ainda mais que Lula. “Eu tenho uma missão: continuar. Não é repetir, é seguir em frente, avançando.” Foto: José Cruz/ABr Trajetória marcada pela militância e atuação no serviço público A mineira Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República, tem uma trajetória marcada pela militância contra o regime autoritário e por sua atuação no serviço público. Mercado Julho 2010 ∞ 40 Na juventude, foi presa e torturada por fazer oposição à ditadura militar. Depois de passar três anos na prisão, mudou-se para o Rio Grande do Sul. Lá, chegou ao primeiro escalão da ad- ministração estadual, comandando a Secretaria de Minas e Energia nos governos de Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT). Graças ao seu conhecimento na área, foi convidada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério de Minas e Energia em 2003. Dois anos depois passou a comandar a Casa Civil, tornando-se uma das principais executivas da gestão Lula. Seu desempenho levou Lula e o PT a lançá-la para presidente. Essa é a primeira vez que Dilma disputa uma eleição. Filha de um empresário búlgaro e de uma brasileira, a universitária Dilma deixou a família de classe média em Minas Gerais para ingressar na luta contra a ditadura militar como militante do Comando de Libertação Nacional (Colina) e da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares). Foi presa pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e torturada na cadeia. Na década de 70, depois de quase três anos presa, passou a viver no Rio Grande do Sul, onde engajou-se na campanha pela anistia e ajudou a fundar o PDT junto com o advogado e ex-deputado Carlos Araújo, com quem ficou casada por 25 anos. No PDT, participou da candidatura de Leonel Brizola à Presidência da República. Foi também no sul do país que começou a carreira de gestora pública. Em 1986 foi nomeada Secretária da Fazenda de Porto Alegre na administração de Alceu Collares. Nos anos 90 assumiu a presidência da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Posteriormente, comandou a Secretaria Estadual de Minas e Energia. Em 2001 integrou o grupo que saiu do PDT para se filiar ao PT, partido pelo qual disputará, em outubro, a Presidência da República. “Dilma ingressou no governo Lula no primeiro mandato, quando assumiu o Ministério de Minas e Energia. Entre outras ações, implantou um novo modelo para o setor. Dois anos depois, passou a chefiar a Casa Civil, no lugar de José Dirceu, que renunciou devido ao escândalo do mensalão” Dilma ingressou no governo Lula no primeiro mandato, quando assumiu o Ministério de Minas e Energia. Entre outras ações, implantou um novo modelo para o setor. Dois anos depois passou a chefiar a Casa Civil no lugar de José Dirceu, que renunciou devido ao escândalo do mensalão. No comando da pasta, gerenciou o Programa de Aceleração do Cres- cimento (PAC) - o que lhe rendeu o título de “mãe do PAC” - e se tornou uma das ministras mais importantes do governo Lula. Em abril deste ano saiu da Casa Civil para tentar ser a sucessora de Lula no Palácio do Planalto. Antes disso, em 2009, passou por um tratamento para combater um câncer no sistema linfático. Dilma é economista e tem uma filha e um neto. Dilma quer parcerias para ampliar avanços do governo Lula Ao ser formalizada candidata do PT à presidência, a ex-ministra Dilma Rousseff defendeu que os governos estaduais e municipais trabalhem em conjunto com a União. Segundo ela, apenas um governo de integração será capaz de promover melhorias nas áreas de educação, saúde, segurança, emprego, ciência e tecnologia, além de estimular o desenvolvimento agrícola e industrial no país. Comparando o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o dos antecessores, Dilma destacou os avanços obtidos. “Quebramos o tabu e provamos que incluir os mais fracos e necessitados é um avanço”, disse a ex-ministra, citando conquistas em diversos setores a partir da estabilidade e do desenvolvimento econômicos. “É um caminho indispensável e, sobretudo, um caminho que leva ao desenvolvimento”, afirmou. A candidata reiterou que, se eleita, fará uma gestão de coalizão. “É preciso somar forças hoje para alargar ainda mais o caminho aberto pelo presidente Lula. Estamos juntos para seguir mudando. Vamos debater, vamos esclarecer ao povo que somos “É preciso somar forças hoje para alargar ainda mais o caminho aberto pelo presidente Lula” diferentes dos outros candidatos. Depois de eleitos, vamos governar para todos os brasileiros”, afirmou. Dilma disse ainda que, caso vença a disputa presidencial, o seu governo será semelhante ao de Lula, mas com características femininas. “Uma mulher que fará um Brasil de Lula, mas com alma e coração de mulher. O nos- so presidente Lula mudou o Brasil. A continuidade que o Brasil deseja é a continuidade da mudança”, disse. “É seguir com a mudança para diminuir as desigualdades entre as pessoas. A distância entre o sonhar e o fazer pode ser bem mais curta do que a gente imagina, desde que tenha coragem e competência”, finalizou. A 41 ∞ Mercado Julho 2010 MCapa José Serra é o candidato da “oposição” pelo PSDB “Eu sou o que sou. Sem disfarces e sem truques. Tenho uma cara só e uma só biografia. E é assim que eu sou, é assim que eu vou me expor ao Brasil” Da mesma forma como aconteceu com sua adversária Dilma, do PT, a votação na convenção do PSDB para escolha do candidato tucano na corrida pela Presidência da República, ocorrida em Salvador, foi simbólica, uma vez que a indicação de José Serra já era uma certeza. Em seu discurso, após ter seu nome confirmado oficialmente pelo partido, do qual foi um dos fundadores, Serra procurou valorizar a sua origem pobre, e até mesmo ao falar de sua história pessoal adotou um tom de crítica ao presidente Lula. “Venho de uma família pobre. Vim de baixo. Sempre falei pouco disso, e nunca com o objetivo de legitimar meus atos ou de inflar o mérito eventual dos meus progressos pessoais ou de minhas ações como político. Eu sou o que sou. Sem disfarces e sem truques. Tenho uma cara só e uma só biografia. E é assim que eu sou, é assim que eu vou me expor ao Brasil”, disse. Serra ainda lembrou que foi perseguido politicamente durante a ditadura militar e fez questão de enfatizar que não tem “mal-entendidos” em seu passado. “O que eu vivi na minha infância, na minha adolescência, no movimento estudantil, no exílio, nas perseguições que sofri, nas universidades, no Congresso, nos governos de que participei ou chefiei, carrego comigo cotidianamente. Não tenho malentendidos com meu passado. Nada me subiu à cabeça, nada tenho a disfarçar”. No começo da convenção, após a apresentação do coral da Igreja Senhor do Bonfim, que cantou o Hino Nacional, foi exibida uma mensagem do ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (FHC), que está em viagem ao exterior e não compareceu ao evento. Fernando Henrique conclamou os tucanos a acreditarem na candidatura de José Serra. “Temos tudo para ganhar. Serra sempre esteve ao lado dos pobres, sempre esteve ao lado dos mais necessitados. Sabemos que o Brasil pode mais e, com as mãos do Serra, este Brasil pode crescer muito mais”, disse FHC na mensagem gravada em vídeo e exibida em dois telões montados no Clube Espanhol, em Salvador. Para vice de José Serra foi escolhido o deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ), de 39 anos, um dos relatores do Projeto Ficha Limpa. Sobre essa escolha, Serra afirmou que vai trazer juventude para a campanha. Serra entra na disputa presidencial pela segunda vez A carreira política de José Serra, que pela segunda vez entra na corrida pela Presidência da República - mas agora como oposição - como candidato do PSDB, começou na militância estudantil nos anos 60, quando estava na universidade e foi eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Com o golpe militar, deixou o país e ficou exilado no Chile e nos Estados Unidos. Depois de 14 anos no exílio, Serra retornou ao Brasil e passou a lecionar no curso de economia da Universidade de Campinas (Unicamp). Nos anos 80 tornou-se Secretário Estadual de Planejamento no governo do Mercado Julho 2010 ∞ 42 peemedebista Franco Montoro (que morreu em 1999). Em 1986 foi eleito deputado federal por São Paulo pelo PMDB e participou da Assembleia Nacional Constituinte. Dois anos depois ajudou a fundar o PSDB. Em 1990 conquistou o segundo mandato na Câmara dos Deputados. Na eleição seguinte assumiu a vaga de senador. Licenciado do Senado, Serra comandou o ministério do Planejamento (em 1995 e 1996) e da Saúde (de 1998 a 2002) na gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Na primeira pasta, desenvolveu programa de execução de obras do governo federal em parceria com estados e prefeituras. No Ministério da Saúde, a administração de Serra foi marcada pela implantação do programa de combate à AIDS - que serviu de modelo para outros países e teve reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 2002 concorreu ao posto mais alto do país, o de presidente da República. Porém, perdeu a disputa para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno. Após dois anos foi eleito prefeito de São Paulo. Serra concorreu a esse cargo três vezes e nos pleitos anteriores, em 1988 e 1996, havia sido derrotado. Em 2006 assumiu o governo es- “No Ministério da Saúde, a administração de Serra foi marcada pela implantação do programa de combate à AIDS - que serviu de modelo para outros países e teve reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU)” tadual, único cargo para o qual foi eleito em primeiro turno. No início deste ano renunciou ao posto para ser pré-candidato dos tucanos à Presidência da República nas eleições de outubro. Filho de imigrantes italianos, Serra nasceu em 19 de março de 1945 na capital paulista. É economista e casado. Tem filhos e netos. Tucano defende diminuição dos juros e da carga tributária Logo após ter a sua candidatura à Presidência da República formalizada na convenção nacional do PSDB, o exgovernador de São Paulo, José Serra, defendeu uma política econômica de mais investimento do Estado e de redução dos juros e da carga tributária como forma de garantir melhores condições de vida para a população. “Temos de nos afastar de três recordes internacionais que em nada nos ajuda a satisfazer nossas necessidades e preencher nossas esperanças. O Brasil, hoje, tem uma taxa de investimento governamental das menores do mundo, a maior taxa de juros reais do mundo e a maior carga tributária de todo o mundo em desenvolvimento”, disse. Serra não detalhou como conduzirá a política econômica, disse apenas que a sua intenção é fazer o Brasil virar um grande canteiro de obras. “Na economia, meu compromisso é fazer o Brasil crescer mais e mais rapidamente. Vamos abrir um grande canteiro de obras pelo Brasil inteiro, como fizemos em São Paulo. Estradas, portos, aeroportos, trens urbanos, metrôs, as mais variadas carências na infraestrutura serão enfrentadas sem os empecilhos das ideologias que nos impedem de dotar o Brasil do capital social básico necessário. É a falta de infraestrutura que cria gargalos para o crescimento futuro e ameaça acelerar a inflação no presente”, afirmou. “Vamos abrir um grande canteiro de obras pelo Brasil inteiro, como fizemos em São Paulo. (...) É a falta de infraestrutura que cria gargalos para o crescimento futuro e ameaça acelerar a inflação no presente” O tom do discurso de Serra foi de crítica ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT. O candidato deu destaque às críticas feitas por Lula à atuação do Tribunal de Contas da União (TCU), que embargou obras com suspeitas de irregularidades. “Acredito no valor da Justiça independente, que obedece, mas não faz as leis e é guardiã do nosso Estado de Direito. E prezo as instituições que controlam o Poder Executivo, como os tribunais de contas e o Ministério Público, que nunca vão ser aprimoradas por ataques sistemáticos de governos que, na verdade, não querem ser controlados”, disse. Outra crítica feita pelo tucano foi em referência aos cargos de confiança do governo que chamou de “loteamento político”. “Eu acredito nos servidores públicos e nos técnicos e trabalhadores de empresas estatais, que são vítimas do loteamento político, de chefias nomeadas por partidos ou frações de partidos, por motivos pouco confessáveis, males esses que chegaram até às agências reguladoras”. A 43 ∞ Mercado Julho 2010 MCapa PV lança Marina com Guilherme Leal (dono da Natura) como vice “Lutar pelos que não são, pelos que não sabem, pelos que não podem, pelos que não têm, para que um dia saibam, possam e tenham” Uma banda de frevo e uma boneca gigante de Olinda com a cara da candidata verde davam as boas vindas aos participantes da Convenção Nacional do Partido Verde (PV), realizada em Brasília, para o lançamento oficial do nome de Marina Silva para concorrer à Presidência da República. O empresário Guilherme Leal, dono da Natura, é o candidato a vice. O partido decidiu se lançar em voo solo. Não fez alianças com nenhuma legenda e sabe que enfrentará como maior obstáculo diante dos demais candidatos os míseros um minuto e meio de tempo no horário eleitoral gratuito. “A menos que haja uma posição contrária ao que já foi conversado, nós vamos seguir em voo solo. Não vamos buscar nos coligar. Seremos chapa pura. O que temos para mostrar é uma candidata excelente, que tem uma história de vida que permi- te a ela falar sobre todas as dificuldades que o povo brasileiro enfrenta com propriedade. Não só com a propriedade de quem viveu, mas também de quem estudou”, destacou o deputado Marcelo Ortiz (PV-SP). O PV oficializou o nome de Marina com o “compromisso” de não assumir uma postura de denuncismo durante a campanha. “Vamos pautar o período de campanha pelo debate de ideias e propostas sobre o Brasil, evitando factóides, embates vazios e consensos ocos”, destaca o programa da candidata. Em seu discurso, entre muitos agradecimentos, Marina Silva lembrou um dos referenciais que a norteiam, segundo ela aprendido com o Bispo Dom Mauro Morelli: “Lutar pelos que não são, pelos que não sabem, pelos que não podem, pelos que não têm, para que um dia saibam, possam e tenham”. Do trabalho nos seringais acreanos à disputa pela Presidência A senadora licenciada pelo Acre, Marina Silva, é a candidata à Presidência da República do Partido Verde Mercado Julho 2010 ∞ 44 (PV) nas eleições de outubro. Ela deu os primeiros passos nos movimentos social e sindical ao lado de Chico Mendes, líder seringueiro assassinado em Xapuri em 1988. Antes de chegar ao Senado, em 1994, foi vereadora por Rio Branco e deputada estadual pelo PT. Alfabetizada apenas na adolescência, é formada em história pela Universidade Federal do Acre e pós-graduada em psicopedagogia. Marina começou a carreira política em seu estado em 1984. Sua trajetória é marcada por defender o crescimento sustentável, com proteção ao meio ambiente. No Acre, foi uma das fundadoras da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Chegou ao Senado com 36 anos como a mais jovem senadora do país. Agora, parte para um desafio maior: disputar a Presidência da República pela primeira vez. A hoje candidata do PV assumiu o Ministério do Meio Ambiente no governo do presidente Lula - primeiro cargo a ocupar no Poder Executivo - em janeiro de 2003. Como ministra, Marina conseguiu reduzir os índices de desmatamento da Floresta Amazônica e criou o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade - autarquia responsável por administrar as unidades de conservação, atividade antes desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em 13 de maio de 2008 Marina se demitiu do comando do ministério, alegando enfrentar resistência de outros membros do governo para implantar a política ambiental. No ano passado, depois de quase 30 anos, desfiliou-se do PT. À época, argumentou discordar da proposta do partido de priorizar o desenvolvimento em detrimento da preservação ambiental. Casada, Marina tem quatro filhos. Nasceu em Breu Velho, um seringal localizado a 70 quilômetros da capital acreana. É a segunda mais velha de uma família de sete mulheres e um homem. Aprendeu a ler e escrever somente na adolescência, quando foi morar em Rio Branco e entrou em contato com religiosos. Até hoje ela sofre problemas de “Como ministra, Marina conseguiu reduzir os índices de desmatamento da Floresta Amazônica e criou o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (...). Em 2007 integrou a lista das 50 pessoas mais influentes para ajudar a salvar o planeta, feita pelo jornal britânico The Guardian saúde em consequência do seu trabalho nos seringais. Frequentemente Marina é submetida a tratamento por causa de uma contaminação por me- tais pesados. Em 2007 integrou a lista das 50 pessoas mais influentes para ajudar a salvar o planeta, feita pelo jornal britânico The Guardian. Marina quer ser a primeira negra a presidir o país A candidata do Partido Verde (PV) à Presidência da República, Marina Silva, disse em discurso na convenção do partido que quer ser a primeira mulher negra e de origem pobre eleita presidente do Brasil. Em um discurso emocionado, Marina lembrou a própria trajetória e defendeu a necessidade de investimento estratégico em educação como forma de distribuir renda no Brasil. Analfabeta até os 17 anos, Marina lembrou que chegou a Rio Branco, capital do Acre, sem saber ler nem escrever. “Ainda há erros a serem corrigidos. Eu sei o que é ver pela metade, eu sei o que é ouvir pela metade. Me lembro do que senti ao chegar a Rio Branco com 16 anos e ficar cerca de 15 minutos olhando para o lado para perguntar onde é que eu pegava um ônibus para a Estação Experimental. Havia uma placa lá, mas, para quem é analfabeto, placa e nada é a mesma coisa”, disse Marina em tom emocionado. “Hoje eu estou aqui, graças a Deus, aos que me ajudaram e à educação”, afirmou a candidata. Ela ressaltou que o Brasil ainda tem 18% de jovens analfabetos e que, além disso, 40% das crianças que entram no ensino fundamental não conseguem chegar à 8ª série. A candidata do PV emocionou-se em vários momentos do discurso. Ao se referir ao pai, de 82 anos, presente na plateia, Marina agradeceu o apoio dele quando a deixou sair de casa aos 16 anos para estudar. Ela contou ter pedido ao pai que a deixasse ir para a cidade porque queria estudar e sonhava em ser freira. Segundo Marina, o pai, que trabalhava nos seringais acreanos, respondeu: “Você quer Marina, sobre os problemas enfrentados pela população devido às enchentes: “Não é um problema natural, ligado ao meio ambiente. Isso é falta de estratégia, de visão, de comportamento ético dos dirigentes” ir agora ou na semana que vem, quando a gente vender a borracha para você levar o dinheiro?” De acordo com Marina, se o pai não tivesse essa visão, ela não teria chegado onde chegou. Em seu discurso, Marina classificou como resultado da falta de compromisso ético dos governantes os problemas enfrentados pelos moradores das grandes cidades devido às enchentes. “Não é um problema natural, ligado ao meio ambiente. Isso é falta de estratégia, de visão, de comportamento ético dos dirigentes.” A candidata verde evitou fazer críticas ao presidente Lula, a quem agradeceu por deixá-la fazer parte do governo. Ao falar das conquistas do Brasil no último ano, enfatizou que hoje o país não deve esquecer os avanços, mas também não precisa fazer apologia deles, pois tem de avançar mais. Evangélica, ela fez questão de ressaltar a defesa do princípio do Estado laico. “Esse país laico é para que possamos respeitar todos os que têm crença diferente da nossa e os que não têm crença”, disse. Antes de finalizar seu discurso, a candidata do PV criticou o projeto de revisão do Código Florestal em discussão na Câmara dos Deputados sob a relatoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). “As pessoas estão discutindo como flexibilizar o Código Florestal para perdoar 40 milhões de áreas degradadas ilegalmente”, afirmou. B 45 ∞ Mercado Julho 2010 MSaúde HIV avança sobre a população masculina gay no Brasil POR Evaldo Pighini com Agência Brasil Pesquisa mostra que o vírus da AIDS já infectou 10,5% da população homossexual brasileira maior de idade A contaminação pelo vírus HIV já atinge 10,5% da população homossexual masculina brasileira com mais de 18 anos. É o que mostra um estudo do Ministério da Saúde (MS), divulgado em junho, durante o 8º Congresso Brasileiro de Prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e AIDS ocorrido em Brasília. Os números da pesquisa, realizada nas dez das maiores cidades brasileiras, apontam ainda que o risco de transmissão da Aids entre homens gays maiores de Mercado Julho 2010 ∞ 46 idade é muito maior do que no restante da população, por exemplo, entre os homens brasileiros de todas as faixas etárias e orientações sexuais, com idade entre 15 e 49 anos, em que o índice de soropositivos é estimada em 0,8%. O levantamento também mostra que os gays fazem mais sexo casual, no entanto, usam camisinha na mesma proporção que os heterossexuais, o que ajuda a explicar o maior risco de transmissão entre esse grupo. Outro dado preocupante da pesquisa aponta ainda que 53,5% do público homossexual masculino com mais de 18 anos disseram que já foram discriminados, xingados, humilhados ou agredidos por causa da opção sexual. Os ambientes em que há mais discriminação, de acordo com os entrevistados, são o trabalho (51,3%), a escola (28,1%) e a igreja ou outro local de culto religioso (13%). Além disso, pelo menos 14% confessaram terem sido forçados a manter relações sexuais contra a sua vontade. Diante disso, o MS defende a necessidade de reforçar as políticas de combate à homofobia. A Foto: Elza Fiúza/ABr MSaúde O 8º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids e o 1º Congresso Brasileiro das Hepatites Virais, onde o Ministério da Saúde lançou os resultados da pesquisa realizada com mais de 3 mil homossexuais em dez cidades brasileiras Durante o 8º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids e o 1º Congresso Brasileiro das Hepatites Virais, no mesmo dia da divulgação dos resultados do estudo, a diretora do departamento DST, Aids e Hepatites Virais do MS, Mariângela Simão, chamou a atenção para a necessidade de que seja intensificada a prevenção ente jovens gays e homens que fazem sexo com homens (HSH). Segundo a pesquisa do ministério, esse grupo mantém mais relações sexuais sem preservativo em comparação à população masculina em geral. Conforme o estudo, 34,6% dos homens em geral usaram preservativo em relações sexuais com parceiros fixos nos últimos 12 meses, contra 29,3% dos jovens gays e HSH. Nas relações com parceiros casuais pelo mesmo período, o percentual de uso da camisinha também é menor entre os jovens homossexuais, 54,3%, contra 57% entre a população masculina em geral. Dados epidemiológicos anteriores do ministério revelam aumento crescente de casos da doença entre adolescentes homossexuais. Entre garotos de 13 a 19 anos de idade, a transmissão homossexual (33,5%) supera a heterossexual (28,3%). Mercado Julho 2010 ∞ 48 Para Mariângela Simão, o pouco uso do preservativo pelos jovens gays é um alerta para intensificar as ações de prevenção. “O jovem se sente mais protegido. Não vê a aids Entre garotos de 13 a 19 anos de idade, a transmissão homossexual (33,5%) do vírus HIV supera a heterossexual (28,3%) como face da morte”, disse. Ela citou como iniciativa do ministério o lançamento de uma revista em quadrinhos com orientações sobre sexo seguro. Outro dado revela que os gays e HSH mantêm relações sexuais com mais parceiros casuais. Quase 80% das pessoas ouvidas revelaram ter mantido esse tipo de relação nos últimos 12 meses, contra 34,1% dos homens em geral. O percentual de gays e HSH que usaram o preservativo em todas as relações com parceiros casuais no último ano é praticamente o mesmo em comparação com a população masculina em geral - 50,3% no primeiro grupo e 50,2% no segundo. Em contrapartida, 66% dos gays e HSH buscam o preservativo em postos de saúde ou outro serviço público, contra 33,9% da população masculina em geral. A pesquisa constata que os gays e HSH têm maior nível de escolaridade e são mais bem informados sobre a doença. Sobre a procura pelo teste de HIV, 53,9% dos gays e HSH fizeram o teste por curiosidade ou por acharem que tinham o risco de contrair a doença. Entre os homens em geral, o percentual cai para 32,7%. No entanto, 16,7% dos gays e HSH fazem o teste como rotina. A Foto: Elza Fiúza/ABr MSaúde Para Mariângela, apesar de serem mais escolarizados e terem mais conhecimento a respeito da Aids, os gays e HSH estão fazendo mais sexo sem preservativo. Ela aponta como dado de alerta o percentual de entrevistados que realiza o teste de HIV como rotina. “Isso significa que não estão fazendo sexo seguro e usando o teste como prevenção”, disse. A pesquisa do ministério foi realizada nas cidades de Manaus, Recife, Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campo Grande, Brasília, Itajaí e Santos - as duas últimas registraram por anos os maiores índices de Aids do país. Os entrevistados têm mais de 18 anos e tiveram pelo menos uma relação sexual com homem nos últimos 12 meses. Risco também entre as mulheres Outro alerta dado foi o da diretora da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Kátia Guimarães, para quem uma das prioridades da pasta é estimular o uso do Mercado Julho 2010 ∞ 50 preservativo feminino como forma de reduzir o número de casos de aids entre as brasileiras. Em debate durante o congresso de Brasília, ela admitiu que o plano de enfrentamento da feminização da epidemia de DST e Aids, lançado em 2007, ainda não está institucionalizado no país. “É um plano mais no desejo”, reconheceu Kátia Guimarães, que coordena o programa de combate à violência contra a mulher na secretaria. A diretora do Programa Nacional DST/Aids, Mariângela Simão, faz palestra durante o 8º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids e o 1º Congresso Brasileiro das Hepatites Virais De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, o número de mulheres infectadas cresce em maior proporção quando comparado ao de homens em todas as faixas etárias. Em 1986, eram 15 casos de AIDS em homens contra um em mulher. A partir de 2002, a relação passou a ser de 15 casos em homens para dez em mulheres. Entre os jovens, o público feminino é a principal vítima da doença. De 2000 a 2009, foram registrados no país 3.713 casos entre meninas de 13 a 19 anos de idade contra 2.448 casos entre meninos. O diretor adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Eduardo Barbosa, disse que existe dificuldade de incluir e justificar no orçamento a compra de preservativos femininos e um dos motivos é a falta de demanda e articulação dos movimentos de representação das mulheres. B O número de mulheres infectadas cresce em maior proporção quando comparado ao de homens em todas as faixas etárias MEspecial Mercado Julho 2010 ∞ 52 Diabetes é causa de 70% das amputações no Brasil POR Margareth Castro A doença, previsível e tratável, provoca 55 mil cirurgias para retiradas de membros por ano no país; no mundo, a cada 30 segundos um indivíduo sofre uma amputação “H oje eu poderia estar bem melhor se não tivesse ignorado a doença.” É assim que o aposentado Felismino Rodrigues Pereira, 68 anos e diabético há 30, justifica o seu atual estado físico e de saúde. Amputado na altura do joelho há 11 anos, ele está cego desde 2002 e faz hemodiálise três vezes por semana há quase um ano. Infelizmente, o caso de Felismino é mais um entre milhares de pessoas que têm diabetes no mundo. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (FID), por ano, 7 milhões de pessoas desenvolvem a doença, outros 4 milhões morrem e a cada 30 segundos um indivíduo sofre alguma amputação de membros inferiores como dedo do pé, pé ou perna. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a FID calculam que sete em cada 10 amputações das pernas se deve ao diabetes. A cada ano são realizadas no mundo um milhão de amputações, das quais 85% procedem de úlceras no pé. No Brasil, o diabetes é a maior causa de amputações. Segundo o Ministério da Saúde, 70% das cirurgias para retirada de membros são por causa da doença. No País, são 55 mil amputações por ano de pacientes diabéticos. A retirada de parte da perna esquerda de Felismino Pereira começou com um machucado no pé. Ele conta que vinha de um bar próximo de sua casa, quando cortou o pé. Dias depois, tropeçou em casa e arrancou a cabeça de um dedo, que foi operado, mas teve rejeição e acabou tendo que ser amputado. Com o passar do tempo começaram as deformidades no pé, provocando desgastes na parte óssea e prejuízos na circulação, fazendo com que Felismino Pereira tivesse a perna amputada. “É uma vida so- frida, limitada. Fico em casa ouvindo rádio, futebol e quase não saio”, disse. Mesmo não sofrendo da doença, a mulher de Felismino Pereira, Meire Maria Rodrigues, tem o mesmo sentimento de limitação. É ela quem cuida dele e teve que parar de trabalhar para se dedicar ao marido. “É cansativo, mas ele requer cuidados e acompanhamentos, principalmente agora, com a hemodiálise. Ele precisa tomar medicamentos no horário”, disse. O casal tem quatro filhos e um é diabético. Meire Rodrigues comprova a hereditariedade da doença e diz que na família de Felismino Pereira há muitos casos. Para conhecer mais sobre a doença e os cuidados com o diabético, uma vez por mês a esposa frequenta um grupo familiar na Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do Bairro Luizote, em Uberlândia, Minas Gerais. A Ao lado da esposa Meire e praticamente um refém da própria casa onde vive, o aposentado Felismino Pereira é infelizmente apenas mais um entre milhares de pessoas que todos os anos são vitimas da amputação de membros no Brasil por causa da Diabetes 53 ∞ Mercado Julho 2010 MEspecial Prevenção Apesar de toda a gravidade e perigos que pode acarretar, felizmente o diabetes é uma doença previsível e tratável. De acordo com o médico e cirurgião vascular Marcondes Figueiredo, que também atende no Programa Municipal de Hipertensão e Diabetes, a atenção primária à saúde é fundamental, só que requer atenção e investimentos. A FID estima em US$ 376 bilhões o custo deste mal crônico para a economia mundial neste ano, o que equivale a 11,6% da despesa com saúde no mundo. E o alto custo do diabetes impacta principalmente os países mais pobres, onde as despesas médicas acabam sendo de responsabilidade das próprias famílias. A FID trabalha na prevenção. Entre as recomendações estão exames periódicos para identificar a doença e principalmente exercícios regulares, como caminhada diária de 30 minutos, que segundo estudos reduzem o diabetes tipo 2 entre 35% e 40%. O cirurgião vascular Marcondes Figueiredo: “A doença é crônica e o custo de seu tratamento é alto, por isso requer acompanhamento diário” Entre as recomendações estão exames periódicos para identificar a doença e principalmente exercícios regulares De acordo com Marcondes Figueiredo, no geral os médicos não estão preparados para diagnosticar o diabetes, que apresenta sintomas parecidos aos de outras doenças. “A doMercado Julho 2010 ∞ 54 ença é crônica e o custo de seu tratamento é alto, por isso requer acompanhamento diário”, enfatizou. Segundo Marcondes Figueiredo, 75% das doenças são tratadas no consultório. Ele diz que a maioria das amputações, no caso do pé diabético, poderia ser evitada se houvesse um acompanhamento preventivo do paciente. “O pé diabético requer tratamento agressivo”, disse. Pé diabético Os pés de um diabético devem ser o centro das atenções. Eles requerem cuidados especiais por causa do “pé diabético”, caracterizado por uma complicação crônica do diabetes mellitus, provocada por uma variedade de anormalidades como neuropatia (adormecimento nos pés) e/ou vasculopatias (diminuição da circulação nas pernas), que podem causar ulcerações. Essas podem ser portas de entrada para infecções, geralmente graves. E se não houver tratamento, pode evoluir para amputações e intervenções prolongadas. (...) ferimentos e amputações ocorrem porque o diabético perde a sensibilidade nos pés e ainda sofre de dormências e queimações, provocadas pelo déficit circulatório De acordo com Marcondes Figueiredo, os ferimentos e amputações ocorrem porque o diabético perde a sensibilidade nos pés e ainda sofre de dormências e queimações, provocadas pelo déficit circulatório. “Muitos chegam aos consultórios com as úlceras em estado avançado, o que acaba evoluindo para amputações de um dedo, do pé ou da perna”, disse. Para o especialista, o que determina como será a amputação são o nível de circulação e a gravidade da infecção. “Tem pacientes em que conseguimos fazer o debridamento (limpeza das feridas) e tratar com antibióticos e outros procedimentos até a completa cicatrização. Há outros em que o quadro evolui”, explicou. O caso da professora aposentada Anésia Borges Vieira, de 60 anos e há 12 diabética, começou ainda na infância. Hoje ela está se recuperando da sexta cirurgia no pé esquerdo, desde que surgiu a primeira infecção nesse membro aos 7 anos de idade, após um corte. Segundo ela, uma gase teria sido esquecida pelos médicos dentro do machucado, o que só foi descoberto tempos mais tarde com o surgimento de um tumor no local. “Nessa época eu ainda não era diabética, portanto, o tumor nada tinha a ver com a doença”, ressaltou. A primeira cirurgia a que Anésia Vieira foi submetida aconteceu em Uberaba, realizada pelo então cirurgião Hélio Angotti. Porém, um ano depois o tumor reapareceu, havendo a necessidade de nova intervenção cirúrgica. Anos depois, a professora aposentada passou a apresentar sin- tomas do diabetes e como na família já havia casos, fez um exame clínico que comprovou o diagnóstico. Como era professora e passava quase o tempo todo de pé, o caroço voltou a incomodar e logo veio a infeccionar, provocando o escurecimento do pé. “Fui para Uberlândia, onde me submeti a uma perícia médica que diagnosticou a gravidade do caso com necessidade até de amputação”, contou Anésia Vieira, que reside em Ituiutaba, a 134 quilômetros de distância. Naquela época, em Uberlândia, ela disse ter se consultado com o cirurgião vascular Marcondes Figueiredo, que decidiu por operá-la novamente, mas conseguindo evitar a amputação do pé. Anésia Vieira lembrou ter sido aconselhada pelo especialista a usar uma sandália especial para pé diabético, fabricada em São Paulo. “Comprei a sandália, que tem validade de seis meses e custa em torno de R$ 800”. Dezoito meses depois, uma veia em- baixo dos dedos do pé estourou e ela teve que fazer outra cirurgia. E agora, no dia 26 de maio, ela se submeteu a mais um procedimento. Segundo Anésia Vieira, da quinta para esta última cirurgia, o intervalo foi de 7 meses. “Agora o ferimento, que ocupa todo o peito do pé, está cicatrizando. Mas causa muito sofrimento e requer cuidados na higienização. Preciso secar bem o pé e entre os dedos e ainda fazer curativos duas vezes ao dia”, explicou. Anésia Vieira diz que já foi informada pelo médico de que o tumor deve voltar, porque isso acontece normalmente, mas a esperança dela agora é que o retorno do caroço e uma possível nova cirurgia demorem muito tempo. “Os intervalos entre uma intervenção e outra têm diminuído, mas graças a Deus ainda conservo o meu pé e estou me recuperando bem. Espero que demore muito para passar por outro procedimento, ou melhor, que nem precise mais disso”. A Para ilustrar, as imagens ao lado retratam um quadro de pré e pós tratamento de um pé diabético, só que nesse caso, diferente de Anésia Vieira, verificou-se a necessidade de enxerto tardio e até mesmo a amputação de um dos dedos 55 ∞ Mercado Julho 2010 MEspecial Uberlândia tem programa municipal de prevenção à doença do que 50% dos diabéticos também são hipertensos. O atendimento é feito em todas as unidades de saúde do município, mas existe um centro de referência que funciona na Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do Bairro Martins. Maria Luiza Mendonça diz que o município não tem registros de quantas amputações são realizadas por ano em função do pé diabético. Segundo ela, muitos pacientes evoluem para a amputação e não há o que fazer, pois já chegam ao atendimento médico com a situação comprometida. “Segundo uma tese defendida na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) entre 2007 e 2008 foram realizadas 124 amputações, sendo 50% de diabéticos”, disse. No caso da rede pública de saú- acaba tendo que se aposentar”, disse a endocrinologista. Para preparar e conscientizar os profissionais de saúde sobre a importância do pé diabético, foi realizado no final de abril um curso para enfermeiros e médicos sobre o cuidados e os testes que devem ser realizados no paciente diabético, como o da sensibilidade e o de toque do pulso. O atendimento também está sendo ampliado. Em maio entrou em funcionamento na UAI Martins o Ambulatório do Pé Diabético, onde serão tratados e acompanhados os casos de pacientes cadastrados no Programa Municipal de Hipertensão e Diabetes. Como os pés requerem cuidados especiais, foi firmada uma parceria com a Maria Luiza Mendonça é endocrinologista e coordenadora do Programa Municipal de Hipertensão e Diabetes desenvolvido em Uberlândia Em Uberlândia, segundo estimativas da Secretaria de Saúde, existem entre 20 e 25 mil diabéticos. Há cerca de 20 anos é desenvolvido na cidade o Programa Municipal de Hipertensão e Diabetes, que tem como objetivo a prevenção da doença. As atividades são focadas no combate aos principais fatores de risco: sedentarismo, obesidade e tabagismo. De acordo com a endocrinologista e coordenadora do Programa, Maria Luiza Mendonça Pereira Jorge, os portadores da doença também são cadastrados, visando ao controle das complicações. Hoje estão cadastrados no Programa Municipal de Hipertensão e Diabetes cerca de 35 mil hipertensos e quase 13 mil diabéticos, senMercado Julho 2010 ∞ 56 de, os pacientes diabéticos acompanhados pelo Programa e que precisam passar por amputações são encaminhados para o Hospital de Clínicas (HC) da UFU ou, às vezes, para o Hospital Santa Marta, conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ampliação no atendimento Maria Luiza Mendonça reforça que os cuidados com os pés dos diabéticos são fundamentais, porque podem evitar cirurgias de amputação, que, geralmente, acometem pessoas na faixa etária de 45 anos. “São pessoas que estão em idade produtiva. Mais que o custo financeiro para o sistema de saúde, é o custo social que incomoda. O paciente Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jaraguá, que é referência em Hanseníase, e onde são confeccionadas palmilhas. Além de atender os portadores de hanseníase, a UBS vai fabricar palmilhas para o pé diabético. Segundo a coordenadora do programa, Maria Luiza Mendonça, o próximo passo é trabalhar a reabilitação dos pacientes, já que após a amputação há a necessidade do uso de próteses. “Como o custo da prótese é alto e também é preciso fisioterapia para adaptação, muitos amputados acabam ficando na cadeira de rodas. Estamos estudando uma parceria com a AACD para viabilizar o acesso à prótese e também à adaptação”, revelou. Números do diabetes: • A cada 10 segundos uma pessoa contrai a doença no mundo • Por ano, 7 milhões de pessoas desenvolvem a doença e outras 4 milhões morrem em consequência dela • A cada 30 segundos um indivíduo no mundo sofre uma amputação. No Brasil, são 55 mil amputações de pacientes diabéticos por ano • No ano passado, os casos de diabetes no mundo chegaram a 285 milhões • De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, no Brasil existem de 10 a 12 milhões de pessoas com a doença • Estima-se que em Uberlândia existam entre 20 e 25 mil diabéticos • O Programa Municipal de Hipertensão e Diabetes tem cadastrados quase 13 mil diabéticos Principais sintomas do diabetes: Dicas para evitar o diabetes: • Sede e fome exageradas • Vontade constante de urinar • Cansaço • Perda de peso • Visão embaçada • Dificuldade de cicatrização de machucados 1.Evite totalmente o consumo de alimentos refinados como pão, massas, pizza, arroz branco e açúcar branco 2.Não consuma sucos ou frutas desidratadas. Evite todos os doces. Consuma duas ou três frutas no desjejum, uma depois do almoço e uma depois do jantar. As melhores são: laranja, kiwi, morango, maça verde e as frutas pequenas, portanto, frutas ácidas 3.Evite todo óleo e coma 30 gramas de nozes por dia, sem sal 4.Coma dois pratos grandes de salada por dia e vitamina verde feita no liquidificador. Coma legumes crus e cozidos à vontade, mas modere nos que têm muito carboidrato, como batata, mandioca, cará, inhame e milho verde 5.Coma 220 gramas de leguminosas por dia, como feijão, ervilha, lentilhas, grão de bico e vagem 6.Coma peixe só duas vezes por semana e nada de carnes 7.Faça bastante exercício: queimar 8 mil calorias é igual a perder 1 kg de peso e tome sol sem protetor solar e sem queimar a pele, para fornecimento de vitamina D Causas do diabetes: • A doença é provocada pelo excesso do nível de açúcar no sangue devido a um mau funcionamento do pâncreas • Má alimentação • Sedentarismo • Obesidade Complicações provocadas pelo diabetes: • Retinopatia - doenças degenerativas da retina • Nefropatia - lesão ou doença dos rins • Neuropatia - doença do sistema nervoso • Vasculopatia - doença que acomete os vasos sanguíneos Fonte: Dr. Joel Fuhrman - autor do livro “Eat to live” (Comer para viver) e “Proteja a saúde de seu filho” MMeio Ambiente No Paraná, um convênio entre o município de Medianeira e a Itaipu possibilitou uma faxina na bacia do Rio Alegria, de onde foram retirados nada menos que oito toneladas de embalagens e restos de agrotóxicos Ministério quer padronizar fiscalização de agrotóxicos no país DA Agência Brasil O Ministério da Agricultura pretende harmonizar os procedimentos de fiscalização sobre agrotóxicos no Brasil. Esse foi inclusive um dos objetivos do 8º Encontro de Fiscalização e Seminário Nacional sobre Agrotóxicos (Enfisa) realizado em junho em São Luís, no Maranhão. Nos últimos oito anos, os avanços Mercado Julho 2010 ∞ 58 têm sido significativos, segundo o coordenador-geral de Agrotóxicos da pasta, Luís Rangel. “A gente saiu de uma situação em que cada estado tinha um entendimento de como fazer o seu trabalho, para ter agora situações bem mais harmonizadas em estados similares”, disse em entrevista à Agência Brasil. Para isso, o Brasil foi dividido em três regiões. A norte abrange os estados de agricultura incipiente, mais extrativista, enquanto a nordeste engloba aqueles com similaridades socioeconômicas. Já na centro-oeste/sul/ sudeste estão os estados de agricultura mais desenvolvida, com mais tecnologias e recursos para a fiscalização. Sudeste: fiscais do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) em combate contra a presença de embalagens de agrotóxicos vazias no campo No seminário, os estados participantes vão firmar um protocolo de intenções no qual se comprometem a cumprir as metas e os objetivos no próximo ano. Há cerca de 20 anos, o ministério vem se dedicando à questão dos agrotóxicos. O trabalho é feito com a colaboração da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que têm uma visão mais específica sobre os impactos na saúde e no meio ambiente. Além do trabalho de rotina, a agenda inclui a reavaliação de agrotóxicos. Luís Rangel disse que o debate envolve as preocupações que as áreas de agricultura, saúde e meio ambiente têm sobre alguns produtos. “O debate é acalorado, mas, no final, eu acho que a gente vai poder ter um resultado favorável para todo mundo”. Para o coordenador-geral, não há competição ou divergência entre os dois modelos de agricultura - tradicional e orgânica - em relação ao uso de agrotóxicos. “A gente não acredita que exista o bem e o mal na discussão dos agrotóxicos e produtos orgânicos. Até porque a agricultura orgânica está registrando produtos conosco para poder controlar suas pragas. E muitos deles são usados na agricultura tradicional”. Segundo ele, é preciso vencer barreiras tecnológicas a fim de substituir produtos antigos por substâncias mais modernas e menos perigosas. “É neste enfoque que o ministério se encaixa”, disse Rangel, ao destacar que a agricultura brasileira necessita de insumos para controle de pragas. De acordo com o coordenadorgeral, o ministério está instituindo uma proposta nacional para que o sistema de defesa agropecuária “de fato cumpra o seu papel, que é fiscalizar a gestão do risco”. Rangel destacou que um dos problemas é o desvio do uso de agrotóxicos, como no caso de produtos específicos para soja e cana-de-açúcar, que podem ser usados de forma segura nessas lavouras, mas são utilizados em culturas menores, como de hortaliças. “Neste caso o risco é maior.” Para coibir esses desvios, o ministério incentiva os estados a intensificar a fiscalização. A Rio de Janeiro: o estado comemora avanços no controle da poluição por agrotóxicos através do recolhimento de várias toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos, o que trouxe ganhos ambientais para a zona rural 59 ∞ Mercado Julho 2010 MMeio Ambiente Luiz Rangel disse que nos últimos cinco a dez anos, a agricultura brasileira ampliou de maneira considerável a produção. Como se trata de uma agricultura tropical, há necessidade de utilização de defensivo para controle de pragas. O uso de agrotóxicos no Brasil é similar ao de países com o mesmo porte de agricultura, como os Estados Unidos e a Austrália, informou o coordenador-geral. Em termos de valor, os dados disponíveis, referentes a 2008, mostram que o mercado brasileiro de agrotóxicos atingiu US$ 7 bilhões, valor “praticamente igual ao dos Estados Unidos”. biental palpável, como resultado do trabalho e esforço de toda a cadeia [produtiva]”, disse à Agência Brasil o presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InPev), João Cesar Rando, que esteve presente ao evento em São Luís. O Brasil é atualmente líder no processo de descarte correto desse tipo de embalagens em todo o mundo. Já é considerado um centro de excelência e está se tornando uma referência no assunto, afirmou Rando. “O país tem uma lei inteligente que distribui responsabilidades a gens até a destinação final, por meio da reciclagem ou da incineração, utilizando o processo de transporte reverso, em que os caminhões que entregam os produtos cheios retornam trazendo as embalagens vazias. “São alguns pontos que fizeram com que o Brasil progredisse e avançasse muito na gestão desse sistema”. De acordo com dados do InPev, até o fim de abril de 2010 foram corretamente destinadas para reciclagem 10 mil toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos. O presidente da entidade estima que até maio esse número deve ter se elevado em 20%, em comparação com o mesmo Embalagens de agrotóxicos retiradas do meio ambiente no município de Alto Alegre dos Parecis (a 550 quilômetros de Porto Velho), fruto de uma coleta volante promovida em conjunto com a prefeitura, a Secretaria Municipal de Agricultura, revendedores de defensivos agrícolas, cooperativas de produtores de tomate, Câmara de Vereadores e a Emater/RO Quase 110 mil toneladas de embalagens de agrotóxicos são retiradas do meio ambiente No período de 2002 a 2008, a cadeia produtiva agrícola nacional retirou do meio ambiente 108 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas. “Isso significa que ajudamos a reduzir a emissão de mais de 160 mil toneladas de dióxido de carbono. A gente tem um benefício amMercado Julho 2010 ∞ 60 todos os elos da cadeia produtiva. Acho que a integração de todo o sistema é importante. Todos os atores da cadeia produtiva, sejam agricultores, revendedores, cooperativas ou fabricantes estão comprometidos com o sistema”.Segundo o presidente do InPev, o elevado investimento realizado no país nessa área permitiu a existência, hoje, de infraestrutura e logística adequadas. Isso envolve desde a coleta das embala- período de 2009, atingindo 13,8 mil toneladas retiradas do meio ambiente. A projeção para o ano de 2010 é alcançar 31 mil toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos. João Cesar Rando avaliou que a situação é bastante homogênea entre os estados que dão destinação correta a esse tipo de embalagem. O Paraná, Mato Grosso e a Bahia estão acima da média nacional de 95%. Outros, como o Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e o Maranhão, este em função da nova fronteira agrícola, também mostram bom desempenho. “A situação está harmonizada. Hoje não tem estados que não estejam fazendo um trabalho bom”. B MMarketing O segredo do sucesso de slogans inesquecíveis Marcas como Bombril, Itaú, 51, Natura e Casas Bahia mostram que a estratégia vem antes de uma boa ideia DO Mundo do Marketing “Feito para você”, “1001 utilidades”, “Uma boa ideia”, “Bem estar Bem” e “Dedicação Total a Você”... Qualquer brasileiro que escute uma dessas frases pensa - rapidamente e sem se confundir - em Itaú, Bombril, 51, Natura e Casas Bahia. Não são poucos os casos de sucesso de slogans no Brasil Mercado Julho 2010 ∞ 62 e no mundo, mas para alcançar esse objetivo, uma marca precisa de muito estudo e, principalmente, de valores e gestão bem definidos. Seguindo esses passos, a receita para o sucesso está quase pronta. Com mais uma pitada de criatividade, o slogan pode tornar a marca inesquecível, gerar publicidade espontânea e, em alguns casos, entrar para a cultura do país de origem. “Alguns inclusive ultrapassam as barreiras das marcas, como a Brastemp, que virou sinônimo de qualidade”, garante Mario Mattos, Diretor de Marketing da GfK Brasil. Foto: Arquivo Mário Mattos é diretor de Marketing da GfK Brasil Segundo informações da GfK, o slogan foi uma palavra criada pelos celtas e era utilizado como um grito de guerra, com a finalidade de motivar os guerreiros para a luta a partir do estímulo a vínculos racionais e afetivos com seu povo. A definição de slogan hoje tem muito a ver com a sua origem, pois mobiliza as pessoas para consumir e é responsável pela construção de relações emocionais do público com as marcas. Momento ideal Para Gilson Nunes, sócio da Brand Finance e Superbrands, a fase emocional, com o uso do slogan, tem que ser realizada após a fase de consolidação dos produtos da marca. “Geralmente, o slogan é colocado dentro de uma estratégia. É usado em momentos de grande expansão, quando há extensão de linhas de produtos ou novas categorias”, afirma o executivo em entrevista ao site. Foi num momento estratégico que a Nike criou o “Just do it”. “A marca estava entrando no início da segunda fase de sua gestão e precisava definir seu posicionamento. O slogan mostrou o que a Nike tinha como objetivo”, afirma Nunes. A estratégia deu tão certo que hoje a marca não usa mais a frase, pois apenas com o seu símbolo consegue levar o consumidor a fazer a associação entre a Nike, a imagem e a sua estratégia. Mas não basta ter criatividade e esperar o momento de consolidação dos produtos para que o planejamento seja concluído de forma perfeita. Um slogan tem que ser criado de acordo com a essência da marca. Caso contrário, causa frustração no cliente. “O slogan tem que ser consistente em termos de ação e atitudes da empresa, senão a inconsistência traz disfunção no relacionamento do público com o seu produto”, afirma o sócio da Brand Finance. Transmissão de posicionamento e valores Entre as empresas que conseguem conciliar transparência e ética nas atitudes com um slogan que transmite tudo isso de forma coerente está a Natura. O “Bem estar Bem” reflete os valores e as ações da marca. “A empresa acredita nesses valores e os pratica em suas ações internas e externas”, diz Gilson Nunes, referindose ao tratamento que a Natura dá aos seus funcionários e aos cuidados que tem com a natureza. A Unimed também busca traduzir sua cultura por meio de um slogan. “Ele é a tangibilização de nosso posicionamento. É como queremos estar presentes na cabeça e no coração das pessoas”, conta Stephan Dualibi Younes, Gerente de Marca da Unimed-Rio, primeira unidade da rede de planos de saúde a utilizar o “O melhor plano de saúde é viver, o segundo melhor é Unimed”. O sucesso do slogan foi tanto que a Unimed Brasil o adotou e replicou para outras cooperativas. “Não queremos que nossos clientes lembrem de nós apenas no hospital ou na hora de pagar. A Unimed preza pela qualidade de vida, o que se confirma com nossos projetos que focam em levar isso às pessoas”, explica Stephan, em entrevista ao Mundo do Marketing. Para confirmar essa posição, a Unimed-Rio investe em programas de relacionamento com o cliente, dá dicas de saúde e bem-estar em seu site e no Twitter, promove a prática de esportes em áreas verdes do Rio de Janeiro e inaugura em breve na cidade o “Espaço qualidade de vida”, onde haverá aulas gratuitas de culinária destinadas a pessoas com problemas de saúde específicos. A preocupação com a qualidade de vida foi um posicionamento que mudou antes do slogan da Unimed. “O melhor plano de saúde é viver, o segundo melhor é Unimed” veio substituir o “Criado e dirigido por médicos”, utilizado em 2003. Nesse caso, houve sucesso na mudança porque ela foi realizada em conjunto com o reposicionamento da empresa. “Muitas marcas mudam de slogan, mas ele sempre tem que refletir uma mudança de posicionamento”, comprova Mário Mattos, da GfK. Mudar e manter Slogans que refletem valores bem definidos costumam durar de cinco a 10 anos. Já os que têm apelo comercial, destacando produtos e serviços, têm um ciclo de vida menor, durando de um a três anos. “O mais importante é que o slogan deve se adequar ao consumidor e ser alterado de acordo com as mudanças desse público. Por isso é necessário analisar o mercado antes de qualquer atitude”, garante Gilson Nunes. A “O melhor plano de saúde é viver, o segundo melhor é Unimed”: esse slogan da Unimed-Rio deu tão certo que a Unimed Brasil o adotou para outras cooperativas do país 63 ∞ Mercado Julho 2010 Foto: Arquivo MMarketing Gilson Nunes, da Brand Finance e da Superbrands: “O mais importante é que o slogan deve se adequar ao consumidor e ser alterado de acordo com as mudanças desse público. Por isso é necessário analisar o mercado antes de qualquer atitude” O Itaú é um exemplo de empresa que conseguiu adequar a sua mudança de slogan às necessidades do mercado. “Quando eles começaram a usar o ‘Feito para você’ conseguiram passar a ideia do banco digital próximo do consumidor. A mudan- ça foi grande, mas se adaptou ao mercado, que também havia mudado muito”, explica Nunes. “As transformações do Itaú foram feitas sem que se perdesse a característica da marca”, confirma Mário Mattos. Embora algumas marcas tenham alterado seus slogans, outras construíram uma ligação tão forte com eles que se tornou impossível dissociar o produto da frase. É o caso do slogan da cachaça Pirassununga 51, que, segundo Mattos, deve muito do seu sucesso ao fato de ser simples, de fácil compreensão, forte e impactante, voltado para um público amplo. “Não conseguimos separar o slogan do nosso produto. Isso tiraria a nossa identidade”, garante Paula Videira, gerente de Marketing da Cia. Müller de Bebidas, detentora da marca 51. O slogan utilizado com sucesso desde 1978 já virou parte da cultura popular brasileira. “Isso é muito bom, principalmente pela quantidade de marketing espontâneo que é gerado. Sempre que alguém fala o número 51, outra pessoa sempre completa com “uma boa ideia”, comenta a gerente de marketing sobre a marca que faz 51 anos em 2010. B MComportamento Colegas de trabalho, do setor de Educação da UFU, em mais um happy hour: relações cada vez mais otimizadas Muito mais que um happy hour Além de lazer e descontração, pessoas descobrem no happy hour um momento para otimizar relações profissionais e até mesmo fazer uma reunião de negócios POR Camila Lemes/Isabella Peixoto (Ares) C riado nos Estados Unidos, o happy hour - ou hora feliz, na tradução literal - é um termo inventado por marinheiros da década de 1920 para designar não só o momento de lazer nos navios, mas também uma pessoa ligeiramente embriagada. A expressão chegou ao Mercado Julho 2010 ∞ 66 Brasil e ganhou fama dando nome exatamente àquele momento de descontração que normalmente acontece depois do expediente de trabalho. Assim como acontece no restante do mundo, em terras brasileiras o happy hour está cada vez mais associado à produção e ao trabalho em equipe. A ideia é fazer com que os funcionários convivam melhor para assim aumentar a tolerância e a vontade de cooperação mútua. Seguindo a tendência, agências publicitárias de Uberlândia já perceberam o valor desse momento de descontração e vêm buscando incorporá-lo às suas relações, envolvendo até mesmo empresas clientes e parceiras. Thales Schmidt, publicitário: “Usamos o happy hour como função estratégica para integrar uma equipe que precisa trabalhar em harmonia para conseguir produzir melhor” Para o diretor de criação da agência publicitária Sic, Thales Schmidt, a ocasião reforça os laços entre os funcionários. “Na publicidade, o trabalho sempre precisa ser feito em equipe. Obrigatoriamente. Não funciona se não for assim. Por isso, usamos o happy hour como função estratégica para integrar uma equipe que precisa trabalhar em harmonia para conseguir produzir melhor”, explica. Luciana Ribeiro, do Grupo Creative, pensa quase da mesma forma. Na sua opinião, o momento é bom para relaxar e sair um pouco da rotina. “São momentos de descontração para comemorar as jornadas de trabalho bem-sucedidas”, explica. A equipe também realiza, além do happy hour, outras atividades, como pedaladas nos fins de semana. “Elas promovem integração com nossos parceiros, que acabam fazendo parte dos momentos de felicidade e descontração”, conclui. Um estudo realizado na Universidade de Sterling, na Escócia, Luciana Ribeiro, sobre o happy hour: “São momentos de descontração para comemorar as jornadas de trabalho bem-sucedidas” mostra que o happy hour não é uma boa opção apenas para diretores e empresários que desejam resultados produtivos. Segundo a pesquisa, as pessoas que saem depois do trabalho para beber com os amigos têm mais chances de serem promovidas no emprego. Ou seja, o fato constatado pelos pesquisadores é que as pessoas que saem com os colegas de trabalho estreitam mais suas relações e tornam o dia a dia mais descontraído, aspecto positivo para o futuro da carreira. Bebida moderada entre profissionais faz bem O estudo mostra ainda que os trabalhadores que ingerem bebidas alcoólicas com moderação ganham em média 17% mais que os colegas que não bebem. Por outro lado, os grandes bebedores, aqueles que tomam mais de 12 litros de álcool por semana, para homens, e 9 litros, para mu- lheres, ganham em média 6% a menos que seus colegas que bebem moderadamente. Mas, ainda assim, continuam recebendo 5% mais que os que não bebem de forma alguma. O estudo, que contou com 17 mil entrevistados nascidos no Reino Unido, foi iniciado pelo governo escocês em 1958. O progresso dessas pessoas na carreira foi avaliado a partir de entrevistas regulares. Mas só em 2003 os pesquisadores da Universidade de Sterling concluíram a análise dos últimos resultados, levantados em 2000. Com ou sem pesquisa, bares e restaurantes, atentos à rentabilidade proporcionada pelo happy hour, costumam oferecer aos apreciadores desse momento toda a comodidade e atendimento necessários. Marco Soares, chefe de cozinha do Oliva Restaurante, conta que o ideal para agradar é servir bebidas geladas e comidas que sejam simples, sem perder o sabor especial. “Procuramos A 67 ∞ Mercado Julho 2010 MComportamento O chefe de cozinha do Oliva Restaurante diz que muitos de seus fregueses são também empresários que levam clientes para conversar num ambiente diferente e com menos pressão, para assim sacramentar negócios com mais facilidade servir a bebida bem gelada e um cardápio saboroso e simples de degustar. As bebidas mais procuradas são a cerveja e a caipirinha, clássicas no Brasil. Por outro lado, os pratos mais pedidos são as carnes e a tábua de frios”, informa. Marco conta ainda que muitos de seus fregueses são também empresários que levam seus clientes para conversar num ambiente diferente e com menos pressão, para assim sacramentar negócios com mais facilidade. “Muita gente ainda não percebeu esse potencial do happy hour, mas quem já descobriu encontrou uma forma excelente até mesmo de atenuar a pressão dos últimos acertos do contrato de negócios”, explica. B Dicas para um happy hour empresarial produtivo •Ao se vestir escolha roupas elegantes, mas ao mesmo tempo discretas e confortáveis. Assim, você evita estar mais chique ou formal do que os seus colegas, o que pode causar desconforto e fazer com que você se sinta deslocado. •Para as mulheres, as roupas adequadas devem evitar decotes e transparências. A maquiagem deve ser leve, afinal você estará acompanhada de seus colegas de trabalho, mesmo que fora da rotina do escritório. •O importante no happy hour é a interação. Converse bastante e aproveite para sugerir, e ouvir, ideias interessantes. •Beba com moderação. É o ideal para evitar constrangimento futuro e uma ressaca desagradável no dia seguinte. •Não utilize a oportunidade para puxar o saco do chefe. Lembrese de que ele também precisa relaxar! Foto: Divulgação MEvento Organizadores do Triângulo Music durante o lançamento do festival para a imprensa Mais um Triângulo Music para agitar o público - e o comércio Organização da festa anuncia mais uma edição para setembro. Além do público que começa a se agitar, o comércio também já vive a expectativa dos lucros gerados pelo evento POR Evaldo Pighini N os dias 24 e 25 de setembro, o Parque do Sabiá em Uberlândia, Minas Gerais, será mais uma vez palco de um dos maiores festivais de música do Brasil: o Triângulo Music. A edição deste ano - a sexta em sua história - tem como principais atrações artísticas nomes como os de Cláudia Leitte, Ivete Sangalo, as bandas Jota Quest e NX Zero, e as duplas sertanejas Victor e Leo, e João Bosco e Vinícius. No entanto, não é só o grande público que costuma Mercado Julho 2010 ∞ 70 aguardar com ansiedade o evento, o comercio da cidade também vê na realização do Triângulo Music uma excelente alternativa para faturar mais, tendo em vista as milhares de pessoas que se deslocam de outras cidades até Uberlândia para assistir aos shows. “Estamos preparando um belo evento para o público. Sabemos o quanto as pessoas aguardam o Triângulo Music. Queremos que este ano fique na história”, comenta Ari Ribeiro, executivo da Camarote Marketing e Promoções, organiza- dor do evento. Esta é a 6º edição da festa que se consolida como um dos maiores festivais de música do país. Nas primeiras cinco edições, o Parque do Sabiá recebeu aproximadamente 260 mil pessoas durante os shows. Mas, além do seu poder de entretenimento, o Triângulo Music também tem se consolidado como um grande aliado da economia local no que diz respeito à movimentação do comércio em variados setores, por causa da quantidade de visitantes que “invadem” Uberlândia para participar da festa. Foto: Divulgação Só para se ter ideia, no ano passado, a quinta edição do festival atraiu ao Parque do Sabiá cerca de 40 mil pessoas. Boa parte desse público, assim como os artistas e comitivas que os acompanham (em cinco anos de evento, 36 bandas passaram pelo palco do evento), vêm de fora, situação que proporciona alta na ocupação da rede hoteleira da cidade. Têm sido comum, inclusive, a organização de excursões de outras cidades constituídas por amantes do Triângulo Music, como aconteceu, em 2009, quando chegaram e se acomodaram em Uberlândia grupos de pessoas vindos de cidades como Araxá, Uberaba, Ituiutaba e Itumbiara, só para citar algumas. Além da rede hoteleira, outros setores também faturam. No ano passado, por exemplo, a Associação dos Recicladores e Catadores Autônomos (Arca) computou a coleta de 1.400 kg de matérias para reciclagem, dos quais 1.353 kg de O executivo Ari Ribeiro, da Camarote Marketing e Promoções, empresa organizadora do evento latinhas de alumínio. Por outro lado, foram gerados em torno de 2.500 empregos, dos quais 1.500 diretos e 1.000 indiretos, e outros 170 fornecedores foram contratados como prestadores de serviços. No que diz respeito ao setor da alimentação, foram consumidas 105.452 latas de bebidas, 2.500 espetinhos, 5.300 sanduíches e 16.000 salgados. Já o setor de segurança mobilizou o trabalho de 1.500 profissionais, incluindo segurança privada, policiais militares e corpo de bombeiros. Há de se contabilizar o aumento no faturamento das empresas de ônibus que atendem as excursões, das empresas de táxis e também dos bares e restaurantes. Enfim, o Triângulo Music atualmente disputa não somente o interesse do público amante de eventos desse gênero, mas também de uma grande fatia do comércio que, como dito, vislumbra no festival a oportunidade de realizar bons negócios. B Triângulo Music: mais de 260 mil pessoas em cinco edições do evento, público que cresce gradativamente a cada ano 71 ∞ Mercado Julho 2010 MEsporte Minas na briga para sediar a abertura da Copa 2014 POR Evaldo Pighini com Agência Minas Mercado Julho 2010 ∞ 72 Imagem em perspectiva: Gustavo Penna Arquitetos & Associados Principal “estrela” do projeto mineiro para a Copa de 2014, o Mineirão em dois tempos: como ficará depois das obras de modernização e em seu estado atual (foto menor), antes da reforma 73 ∞ Mercado Julho 2010 MEsporte A exclusão definitiva pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) do Estádio do Morumbi como uma das sedes brasileiras na Copa de 2014 enfraqueceu muito a possibilidade da cidade de São Paulo, uma das mais fortes concorrentes, de receber a abertura da Copa do Mundo de Futebol daqui a quatro anos. Assim, aumentou a chance de outras cidades brasileiras que também querem para a si a abertura da maior competição esportiva do planeta. E Belo Horizonte, capital mineira, é uma delas. Sobre isso, o presidente do Núcleo Gestor das Copas, Tadeu Barreto, afirmou que o governo de Minas continua cumprindo todos os requisitos exigidos pela entidade máxima do futebol para sediar a abertura da Copa. Segundo Tadeu Barreto, o Governo de Minas tem executado o cronograma previsto de obras e trabalhado para exercer um papel de destaque na Copa de 2014. “Entende-se por um papel relevante a abertura do evento ou receber um dos jogos da semifinal da Copa. Sediar a abertura é um sonho e Minas está trabalhando por isso”, destacou Barreto. Foto: Arquivo Comissão técnica da FIFA durante vistoria no Mineirão realizada em maio: tudo conforme planejamento O presidente do Núcleo Gestor das Copas, Tadeu Barreto Mercado Julho 2010 ∞ 74 O presidente do Núcleo Gestor das Copas ressaltou que o governo de Minas vai continuar mantendo o mesmo ritmo na execução do projeto, seja cumprindo o cronograma de obras de modernização do Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão), que está em dia, seja à frente dos projetos de mobilidade e hotelaria que compõem o Planejamento Estratégico Integrado. O Mineirão já está sendo preparado para o início da 2ª etapa das obras, que consiste no rebaixamento do gramado em cerca de três metros e na demolição da geral do estádio. A 1ª etapa de modernização, a ser finalizada até o final de junho, teve início em janeiro deste ano, atendendo ao cronograma apresentado à FIFA no ano passado. Antes de embarcar para a África do Sul, onde está em missão de observação da organização do mundial de futebol naquele país, Tadeu Barreto adiantou que “nos próximos dias será liberado o edital da 3ª etapa de obras e da gestão compartilhada do estádio e também será iniciada a 2ª etapa das obras de modernização do Mineirão. O objetivo do Governo de Minas é finalizar a obra até dezembro de 2012, para pleitear ser uma das sedes da Copa das Confederações em 2013. Assim poderemos realizar testes operacionais no Mineirão e nos prepararmos ainda mais para sediarmos a Copa 2014”. Sobre as outras cidades sede que também pleiteiam a abertura da Copa, Tadeu Barreto vê como candidatas potenciais as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, mas confia na força de Belo Horizonte. “Acredito que Belo Horizonte tem como diferencial o andamento do planejamento estratégico integrado, o cumprimento do cronograma de obras, a excelente localização e o acesso ao Mineirão, mas não podemos fechar os olhos para a força econômica do estado de São Paulo”, disse o presidente do Núcleo Gestor das Copas. Planejamento O Governo de Minas e a Prefeitura de Belo Horizonte apresentaram, no mês de abril, o Planejamento Estratégico Integrado para a Copa 2014. O documento irá orientar o trabalho das equipes do Governo de Minas e da Prefeitura de Belo Horizonte, responsáveis pela implantação de 54 projetos nas áreas de infraestrutura esportiva, mobilidade, turismo, comunicação e marketing, entre outras, que irão preparar a capital mineira para a realização do mundial de futebol. Tadeu Barreto e o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, apresentaram, no dia 24 de maio, o Planejamento Estratégico Integrado ao presidente do Comitê Organizador Local da Copa 2014 e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. Na ocasião, também foi formalizada a intenção de que Belo Horizonte se- die a abertura do mundial. Após a reunião, Ricardo Teixeira se disse surpreendido positivamente com o projeto mineiro. Mineirão já totalmente fechado para obras Com o fechamento do Mineirão, que entrará em reformas visando a receber a Copa do Mundo de 2014, as equipes mineiras que estão na série A do brasileirão correm atrás de estádios para realizar seus jogos. O Cruzeiro já decidiu onde irá atuar como mandante na sequência do Campeonato Brasileiro, escolhendo “migrar” para o interior de Minas Gerais, optando por atuar no Parque do Sabiá, em Uberlândia, e no Ipatingão (Epaminondas Brito), em Ipatinga. A decisão, tomada após reunião entre o presidente Zezé Perrella, o diretor de futebol Dimas Fonseca e o técnico Cuca, já consta no site oficial do clube celeste. A Raposa alternará seus jogos nas duas praças, mas ainda não divulgou quais partidas serão realizadas em cada um dos estádios. O Cruzeiro ainda terá 16 jogos como mandante neste Brasileirão, devendo realizar oito em cada estádio, mas a diretoria celeste ainda não especificou quais partidas serão disputadas em Ipatinga e Uberlândia. Para jogar em Uberlândia, Zezé Perrela teve uma conversa com o prefeito da cidade, Odelmo Leão. Já em Ipatinga, as coisas foram facilitadas pelo bom relacionamento entre o Cruzeiro e o time local. O Parque do Sabiá pertence à prefeitura de Uberlândia e é o segundo maior estádio de Minas Gerais, com capacidade para 50 mil pessoas, enquanto o Ipatingão é o quarto maior, tendo capacidade para 20.500, de acordo com a CBF. B O estádio Parque do Sabiá, em Uberlândia, será uma das sedes do Cruzeiro no restante do brasileirão, enquanto o Mineirão fecha para reformas 75 ∞ Mercado Julho 2010 MTurismo Angra dos Reis: convite ao lazer e ao descanso Férias de julho, férias de final de ano, feriados... Que nada, independente da época, os encantos e belezas naturais da cidade atraem turistas durante o ano todo POR Margareth Castro - Especial para a Mercado Mercado Julho 2010 ∞ 76 MAgronegócios MTurismo As férias de julho estão aí e o litoral fluminense é um convite ao lazer e ao descanso. Entre as opções, destaca-se Angra dos Reis, a 157 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro. Angra fica espalhada por uma extensa área ao longo da BR-101, conhecida como Rio-Santos, e o seu núcleo principal fica próximo ao local da fundação da cidade, numa península que abriga diversas praias. A região é conhecida como Contorno Turístico ou Estrada do Contorno. Com seus 508 anos de existência e 164,2 mil habitantes, segundo dados do IBGE de 2008, o município chama a atenção por suas belezas naturais. En- tre montanhas, cercado pela Mata Atlântica, Angra dos Reis atrai turistas não apenas em períodos de férias e feriados, mas durante o ano inteiro. E em época de alta temporada é ainda mais comum ver “gringos” de todas as partes do planeta, principalmente argentinos. As praias, sem grandes ondas, chamam a atenção pela cor das águas e da areia. Por trilhas, é possível descobrir praias praticamente desertas, que escondem paisagens de encher os olhos, como pedras no meio da praia que parecem terem sido esculpidas pelo homem, mas que são verdadeiros caprichos da natureza. Vista da famosa Ilha de Caras, um dos atrativos de Angra É em Angra que está a “Ilha de Caras”, que artistas e personalidades costumam frequentar, e outras 364 ilhas. Aliás, é possível conhecer uma ilha por dia durante um ano. Angra possui ainda mais de duas mil praias e os passeios podem ser feitos em lanchas ou escunas. As empresas náuticas da cidade exploMercado Julho 2010 ∞ 78 ram essas belezas e oferecem aos turistas passeios com duração de três horas por um preço médio de R$ 50,00 por pessoa. Nas embarcações geralmente há bebidas, vendidas pelo marinheiro. A programação inclui visitas a três ilhas e a algumas praias. Há momentos para banhos, fotos e filmagens. As belezas naturais de Angra atraíram uma ocupação imobiliária desordenada nas encostas dos morros que, não fossem as recentes tragédias provocadas por deslizamentos, seriam um atrativo a mais para os turistas Tragédia Infelizmente, Angra dos Reis é marcada também por algumas tragédias. No início deste ano, um deslizamento provocou a morte de pelo menos 50 pessoas e deixou centenas de feridos e desabrigados. Por sua geografia, a cidade cresceu de forma desordenada e seus morros foram sendo habitados. As construções parecem caixotes amontoados um em cima do outro. A forma de habitação acaba sendo uma curiosidade a mais para o turista. Para os que estão acostumados com lotes demarcados e quintal, a sensação é de que em Angra não há loteamentos e as moradias são feitas em qualquer espaço. A queda de barreiras na região é comum. Em cada trecho da BR-101 - rodovia Rio-Santos -, na região de Mangaratiba e nas ruas de Angra percebe-se o trânsito interditado, com passagem em faixa única e placas de sinalização, indicando “queda de barreiras” a alguns quilômetros. Tratores, retroescavadeiras, caminhões, pás e lonas estão por todos os lados, em um trabalho contínuo, tentando remover a terra e as imensas pedras que descem das encostas, que às vezes requerem o uso de explosivos para serem removidas. A 79 ∞ Mercado Julho 2010 MAgronegócios MTurismo Centro O centro de Angra dos Reis fica numa área estreita entre a montanha e o mar. No coração da cidade percebe-se que ela já é uma “senho- ra” de mais de 500 anos. As construções são antigas e as ruas estreitas parecem calçadões, com o charme dos paralelepípedos. O comércio é variado e tem preços atrativos para uma cidade turística. “O centro de Angra dos Reis fica numa área estreita entre a montanha e o mar.” Próximos ao centro ficam a praia do Anil, com diversos bares à beira-mar; o Colégio Naval, na primeira praia da Estrada do Contorno; o tradicional Iate Clube Aquidabã e o Shopping e Marina Pirata´s, que trouxeram os frequentadores das ilhas para a cidade; e o porto de Angra. Na parte plana encontram-se os belos casarios coloniais, construções importantes como os conventos do Carmo e de São Bernardino, diversas igrejas centenárias, fontes e monumentos históricos. Encostada ao porto de Angra está a Praça Lopes Trovão, onde há um coreto que de vez em quando abriga pequenos eventos musicais e ainda uma feira Mercado Julho 2010 ∞ 80 permanente. No espaço, os turistas encontram souvenirs, como artesanato em madeira e em conchas, camisetas, imãs e outras lembrancinhas. O local é ponto certo para aqueles que querem guardar para si ou dar a alguém pequenas recordações de Angra. A praça possui ainda um pequeno parque onde as crianças podem brincar. A polícia é presença constante nas ruas, garantindo aos turistas mais segurança. Carros elétricos utilizados como viaturas ficam estacionados em pontos estratégicos do centro, em uma ação preventiva. Outras viaturas circulam pelas ruas mais movimentadas. Transporte público Na volta para casa no fim de um dia de trabalho, o que em muitas cidades é um caos, em Angra dos Reis é algo que chama a atenção. Os angrenses são educados e mostram civilidade, em atitudes como esperar pelo transporte público. Em fila indiana nos pontos, os passageiros aguardam a saída dos ônibus e respeitam a ordem de chegada até a entrada nos veículos. A passagem custa R$ 1,85 e o transporte é feito por uma única empresa, a Senhor do Bonfim. Dependendo do motorista, a viagem pode ser uma aventura com direito a muita adrenalina. Confiantes em suas habilidades, muitos motoristas abusam da velocidade e parecem não se importar com as curvas e ruas estreitas da região. “Parece que estamos em uma montanha russa. É uma aventura, mas perigosa”: esse é um comentário comum entre turistas que usam o transporte coletivo na cidade. Atrativos Culturais Entre as muitas belezas desse paraíso chamado Angra dos Reis, destacam-se os imponentes conventos, igrejas, monumentos e ermidas, inclusive nas ilhas, o que dá um charme muito especial ao lugar. Imagine um casamento em que a noiva, o noivo e os convidados chegam de barco. É o caso da Ermida do Senhor do Bonfim. A igreja, construída por Manoel Francisco Gomes, em 1970, localiza-se em frente à praia do Bonfim e fica em cima de uma ilhota. Para chegar até lá só mesmo por barco ou a nado. A igrejinha da Piedade é uma das mais charmosas da Baía, situada na Praia da Piedade, na Ilha da Gipóia. Pintada por vários artistas plásticos, é passagem obrigatória no roteiro turístico da região. A A Ermida do Senhor do Bonfim dispensa comentários Monumentos históricos de Angra que vale a pena visitar: • • • • • • • • • • • • • Forte do Leme Cais de Santa Luzia Vila de Mambucada Colégio Naval Mercado de Peixe Chafariz da Chácara da Carioca Monumento aos Náufragos do Aquidabã Monumento de Lopes Mendes Câmara e Antiga Cadeia Municipal Edifício do Paço Municipal Praça Lopes Trovão Casa da Cultura Casario da Rua do Comércio MAgronegócios MTurismo Hospedagem Com pousadas, hotéis e resorts espalhados por todos os pontos, é possível se hospedar no centro, próximo ao comércio e ao agito da cidade, ou em locais mais afastados. Os resorts oferecem praias privativas, o verde da Mata Atlântica como cenário e recreação com equipe de lazer, sendo que alguns trabalham com o sistema “all inclusive”, no qual os gastos com alimentação e bebidas estão incluídos no pacote. Os preços variam de acordo com a localização, estrutura e serviços oferecidos, e ainda de acordo com a época. Em baixa temporada, o mesmo perío- do de hospedagem pode sair até 40% mais barato, sem contar a tranquilidade de se ter melhor atendimento, já que nesse período os hotéis e praias não ficam superlotados. O Vila Galé Eco Resort é uma dessas opções. Cercado por uma paisagem paradisíaca, o resort fica junto à baía da Ilha Grande, também conhecida como Costa Verde, a apenas 13 quilômetros do centro da cidade. Construído na antiga Fazenda Tanguá, o Vila Galé ainda preserva algumas de suas construções originais e palmeiras imperiais, além de estar localizado entre a Mata atlântica e o mar de águas calmas e cristalinas de Angra. O resort, que já pertenceu ao grupo Blue Tree Park, foi adquirido pelo Vila Galé, o segundo maior grupo hoteleiro de Portugal, e está no ranking das maiores empresas hoteleiras do mundo. Com 169 mil metros quadrados de área em frente à Praia do Tanguá, dispõe de uma das mais completas infraestruturas de lazer, com destaque para o complexo aquático de 1,5 mil metros quadrados, SPA, bares e restaurantes, além de uma área especialmente dedicada às crianças. (www.vilagale.pt) Além do Vila Galé, Angra conta com várias outras excelentes opções de hospedagem que são sinônimo de requinte e conforto, entre as quais o Meliá Angra Marina & Convention Resort, considerado o maior complexo hoteleiro com marina integrada no litoral brasileiro. São 200 confortáveis apartamentos para você aproveitar as belezas de Angra com a excelência internacional da rede Sol Meliá. O Vila Galé Eco Resort, em Angra dos Reis Localizado bem em frente à Ilha do Pimenta, o Sol Meliá Angra conta com uma completa estrutura de lazer, com grande piscina, quadra de tênis e poliesportiva, Kid’s Club, salão de jogos, Spa, moderno fitness center, serviços de massagens, salão de beleza, saunas seca e a vapor. O complexo oferece ainda uma marina com capacidade para 320 embarcações em vagas secas e molhadas e um grande centro de convenções. O Meliá Angra é a opção perfeita para quem quer aproveitar a região em um clima de tranquilidade, com serviços de alta qualidade, excelente gastronomia e pretende dormir em camas de sonho. Possui estilo oriental (bali), com decoração assinada por Sig Bergamin e paisagismo de Benedito Abbud. Inclusive, para este mês de julho, o Meliá Angra está com uma oferta de ampla programação de lazer com muita diversão para os seus hóspedes, além de uma promoção que consiste em cortesia de hospedagem para duas crianças de até oito anos, e o sistema all inclusive: café da manhã, snacks variados, almoço, jantar e bebidas diversas (alcoólicas e não alcoólicas). A diária por pessoa sai por R$ 303,00 (com all inclusive). Às tarifas deverão ser acrescidas a taxa de ISS de 2%. (www.melia-angra-marina.com). Ilha Grande Um roteiro turístico que merece capítulo à parte é a Ilha Grande, localizada no município de Angra dos Reis e reconhecida por sua exuberante beleza tropical e pelo fato de a maior parte de sua área ser coberta por mata atlântica. A mata é preservada pela população local e por lei, estando assim grande parte dela dividida entre o “Parque Estadual da Ilha Grande” e o “Parque Marinho do Aventureiro”. O clima e a paisagem instigam ao total ócio, no entanto, há muito o que fazer na Ilha Grande, com opções para todos os níveis de aventura. A estrutura para isso O Sol Meliá Angra é um dos mais luxuosos e completos destinations resorts instalados no estado do Rio de Janeiro é bem organizada, fazendo do ecoturismo a grande vocação desse paraíso. Para percorrer as trilhas, por exemplo, há sinalização e placas de orientação ao longo do caminho. Existem desde trajetos curtos e fáceis a opções para quem busca aventura de verdade, como a trilha que dá a volta na ilha e pode ser feita em até cinco dias. Sem falar nos redutos para a prática de mergulho profissional (a baía é famosa pelos naufrágios visitados por mergulhadores do mundo todo) e nos muitos recantos onde os iniciantes podem vislumbrar grandes e vermelhas estrelas do mar e peixes coloridos. A A Ilha Grande, que faz parte do município de Angra dos Reis, é um destino turístico à parte para quem visita a cidade MTurismo MAgronegócios Panorâmica da Ilha Grande Os passeios de escuna ou lancha levam turistas para conhecer praias e outros pontos turísticos. É a atração que mais movimenta o comércio na região, pois garante ao visitante conhecer lugares que só poderiam ser alcançados de barco ou por trilha. Hoje, a ilha ganha fama por conta de suas belezas naturais, mas num passado recente ficou nacionalmente conhecida por abrigar dois presídios destiMercado Julho 2010 ∞ 84 nados a condenados por crimes comuns e também para presos políticos, como Graciliano Ramos e Fernando Gabeira. Chegou a ser apelidada de “Alcatraz brasileiro“. Por sorte, a beleza falou mais alto e, atualmente, os sinais desse passado estão em ruínas e suas lembranças fomentam as histórias que o povo conta. As ruínas são também uma excelente opção para se visitar. História de Angra •Após o descobrimento do Brasil por Cabral, em 1500, a coroa portuguesa enviou ao Brasil uma esquadra para mapear e desbravar o litoral do novo continente; •A esquadra comandada pelo navegador português Gonçalo Coelho entrou na baía da Ilha Grande no dia 6 de janeiro de 1502. Como era dia de Reis, batizou-a de Angra dos Reis; •Na época, a região era habitada pelos índios goianases chefiados pelo cacique Cunhambebe. O núcleo inicial formou-se no local conhecido atualmente como Vila Velha, em frente à Ilha da Gipóia; •Angra era habitada pelos silvícolas, escravos e exploradores deixados pelos navegadores. As atividades locais eram voltadas para a caça, a pesca e a pequena lavoura; •Como a maioria dos povoados brasileiros, Angra teve forte influência da Igreja Católica; •No século XVIII, a cidade fez parte da rota do ouro, um caminho criado e amplamente utilizado pelos exploradores do ouro de Minas Gerais; •A mesma rota foi utilizada posteriormente para escoar a produção de café do Vale do Paraíba. Nessa época, Angra investia na produção de cana-de-açúcar; Vista atual do Frade, um dos bairros famosos de Angra dos Reis (RJ), 508 anos após ser descoberta pelo navegador português Coelho Neto, que foi quem deu nome ao lugar •No início do século XX houve uma retomada no crescimento econômico com a cultura da banana e a construção da ferrovia que ligava Angra à estrada ferroviária principal, o que proporcionou o incremento da atividade portuária; •A construção do Estaleiro Verolme, na década de 50, e a instalação de um terminal de desembarque pela Petrobrás impulsionaram a atividade operária na região e mantiveram a economia da cidade por décadas. O estaleiro fechou na década de 90 e foi reativado recentemente; •Nos anos 70, com o programa nuclear brasileiro, Angra foi escolhida como berço das oito usinas do projeto inicial. Até hoje só existem Angra I e II; •Angra também abrigava o Instituto Penal Cândido Mendes, construído na Ilha Grande (praia de Dois Rios); •A inauguração da estrada Rio-Santos, no ano de 1976, impulsionou de vez a atividade turística no lugar. B A Angra dos Reis de hoje é um cartão postal do Brasil 85 ∞ Mercado Julho 2010 MVeículos O Palio Attractive 1.4 Flex, modelo 2011, que sai por R$ 33.320 Fiat apresenta novidades em sua linha 2011 P ara aumentar ainda mais a sua competitividade no mercado, a Fiat Automóveis lança novas versões Attractive 1.4 Flex para os veículos Palio, Palio Weekend e Punto, já como modelo 2011, a preços competitivos. O Palio Attractive 1.4 Flex vai custar R$ 33.320; a Palio Weekend Attractive 1.4 Flex, R$ 40.960; e o Punto Attractive 1.4 Flex, R$ 38.940. Essa nova versão oferece detalhes de acabamento que deixam o carro ainda mais confortável e sofisticado. A Attractive 1.4 ganha na parte central do painel de instrumentos uma nova cor, agora cinza, e também novas calotas, além das novas siglas. Os modelos Palio e Palio Weekend trazem ainda novo tecido nos bancos. Bem equipadas e oferecendo excelente relação custo-benefício, todas as versões Attractive 1.4 dos modelos Palio, Palio Weekend e Punto trazem de série itens importantes e bastante procurados, como direção hidráulica, brake light, follow me home, My Car Fiat, porta-luvas duplo e para-choque na cor do veículo, entre outros. Com a versão Attractive 1.4, veja como fica a nova gama de modelos Modelo Versões Fiat Palio Fire Economy 1.0 Flex 2p, Fire Economy 1.0 Flex 4p, ELX 1.0 Flex 2p, ELX 1.0 Flex 4p, Attractive 1.4, ELX 1.8 Flex, ELX 1.8 Flex Dualogic, 1.8R 2p e 1.8R 4p Fiat Palio Weekend Attractive 1.4 Flex, Trekking 1.4 Flex, Trekking 1.8 Flex, Adventure Locker 1.8 Flex e Adventure Locker 1.8 Flex Dualogic Fiat Punto Attractive 1.4 Flex, HLX 1.8 Flex, Sporting 1.8 Flex e T-Jet 1.4 16V Outra boa novidade é que o Palio ELX 1.0, duas e quatro portas, agora modelo 2011, ganha direção hidráulica de série - um item bem prestigiado que chega para ampliar a bem equipada lista de série deste modelo -, com um aumento de apenas 1% comparado ao modelo anterior. As versões do Fiat Strada Mercado Julho 2010 ∞ 86 Working 1.4 cabine simples, estendida e dupla e as Trekking 1.4 cabine simples e estendida também passam a ser modelo 2011. Já a versão de entrada do modelo Strada Fire 1.4, cabine simples e estendida, ganha em sua linha 2011 uma nova grade dianteira, agora pintada na cor do veículo, mas com a parte central na cor prata ace- tinada, o que confere ao veículo mais elegância. O preço continua o mesmo em todas as versões do Fiat Strada. Também as versões Doblò 1.4, Doblò ELX 1.4, Doblò Cargo 1.4, Siena Tretafuel 1.4, Palio Weekend Trekking 1.4 e Siena EL já chegam ao mercado como modelo 2011 e sem alteração de preços. B 87 ∞ Mercado Julho 2010 Foto: Divulgação MVeículos Ford apresenta novo Mondeo POR Rodrigo Mora (Fast Driver) O Ford Fusion vem cumprindo bem o papel do Mondeo aqui no Brasil, mas seria interessante imaginar quem faria mais sucesso hoje em dia. Ainda mais agora, que a montadora deu uma leve retocada no visual do sedã. A principal diferença está na parte frontal, com nova grade, para-choque redesenhado e faróis com LEDs de funcionamento permanente. A estreia oficial do novo Mondeo será no Salão de Moscou, no final de agosto. Os preços não foram divulgados, mas existe a previsão de que as vendas no mercado europeu tenham início entre setembro e outubro deste ano. Mercado Julho 2010 ∞ 88 Foto: Divulgação Com reestilização concentrada na frente, sedã renova também motorização Ford Mondeo sedã Foto: Divulgação Ford Mondeo perua Mas o Mondeo 2011 não concentrou as novidades apenas na estética. A Ford aproveitou para renovar a motorização do sedã, que agora conta com um bloco 2.0 EcoBoost de 237 cv, ante 200 cv do antigo propulsor. Outras mudanças ocorrem nos motores a diesel, com uma melhora no rendimento das versões 2.2 (197 cv) e 2.0 (113 cv, 138 cv e 161 cv). Pela primeira vez o Mondeo ganha a transmissão powershift de dupla embreagem - de série nos carros com motor EcoBoost e opcional nos demais. Entre as novas tecnologias, está o indicador de ponto cego, similar ao Blis da Volvo, mas na Ford chamado de Active Grille Shutter. Ainda não há imagens do interior, que também passou por mudanças não muito radicais. As novidades ficam por conta das luzes de cortesia com LEDs, um renovado sistema de navegação e o sistema de som de 256W, ligado a um subwoofer de 17 litros. B 89 ∞ Mercado Julho 2010 MVeículos Foto: Arquivo Revisão de férias: checagem regular de itens evita desgaste prematuro A manutenção preventiva do veículo pode evitar desgaste prematuro das peças e gerar economia no custo do reparo em até 30%, bem como reduzir a emissão de poluentes. A revisão de férias em uma oficina de confiança é a melhor forma de garantir uma viagem tranquila. Para garantir o bom funcionamento do veículo, o programa Carro 100%/Caminhão 100%/ Moto 100%, da GMA, que visa a conscientizar motoristas sobre a importância de cuidar do veículo preventivamente, recomenda a checagem dos seguintes itens: Mercado Julho 2010 ∞ 90 • Correia dentada, que deve ser trocada conforme indicação do manual do fabricante do veículo. Essa peça é fundamental para garantir o funcionamento do motor; • Filtros de ar, óleo e combustível; • Velas e cabos, que sofrem desgaste com o uso e podem comprometer o desempenho do motor; • Amortecedor: item de segurança que garante a estabilidade do veículo em curvas e deve ser trocado quando apresentar sinais de desgaste; • Freios: verificação do estado do disco, lonas e pastilhas e troca de acordo com a recomendação do fabricante; • Bateria: checagem, para evitar panes inesperadas; • Palhetas do para-brisa: quando a borracha resseca pode riscar o vidro e dificultar a visibilidade do motorista em caso de chuva. É importante que o motorista faça a revisão em um mecânico de sua confiança, que já conhece o veículo e as condições que este enfrenta, lembrando que aqueles que trafegam a maior parte do tempo em grandes centros urbanos em baixa velocidade apresentam maior desgaste em peças como embreagem, freios e sistema de arrefecimento. Por outro lado, os veículos que circulam grande parte do tempo em rodovias e percorrem longas distâncias sofrem maior desgaste em outras peças (correia dentada, suspensão e pneus). B MColunaLiteratura Crônica em homenagem ao Jorge Amado de todos os santos POR Kenia Maria Eu sempre gostei muito de Jorge Amado. Houve uma época em que eu gostava, principalmente, daquele Jorge inventado pela rede Globo e pelo cinema. Na adolescência, na década de 1970, por exemplo, como a maioria dos brasileiros me deliciava com as aventuras impetuosas e eróticas da nordestina Gabriela e do árabe Nacib. O tempo passou, já adulta, me peguei sonhando, nos anos 1990, desta vez com o romance incendiário de Betty Faria no papel de Tieta e como José Mayer fazendo Osnar. Mas antes, em 1976, eu já tinha me divertido e dado boas risadas no cinema com o filme “Dona Flor e seus dois maridos”: a bela e cômica história dirigida por Bruno Barreto. O tempo passou, virei professora de literatura brasileira na universidade, fiquei um pouco mais chata, mas nunca abandonei Jorge Amado. Desta vez, minha atenção se voltou para aquele Jorge mais elaborado esteticamente e mais preocupado com as desventuras humanas e com nossas crises de identidade. Assim, sempre sugiro aos meus alunos que leiam um dos contos mais intrigantes e inteligentes desse autor: “A morte e a morte de Quincas Berro D´água”. A força principal dessa narrativa está no personagem Quincas: o pacato funcionário público que resolve “chutar o balde” depois que se aposenta. Quincas abandona a vida pacata e burguesa que levava junto à família para viver uma vida desregrada de bar Mercado Julho 2010 ∞ 92 em bar, de prostíbulo em prostíbulo. Essa mudança radical é uma metáfora da ambiguidade da alma humana, alegoria de nossos desejos mais secretos que nem sempre podemos ou temos coragem de experimentar. E além de ler o livro, agora também podemos ver o filme, que estreou no cinema em maio deste ano, com o talentoso ator Paulo José no papel do trágico-hilário Quincas Berro D’água. Outra coisa que me encanta em Jorge Amado é sua diversidade de temas e de enfoques literários. Em 1930, com apenas 18 anos de idade, publica seu primeiro romance: “O país do carnaval”. Nessa obra já encontramos as sementes das primeiras discussões de viés políticoideológico de esquerda: críticas ao governo Vargas, às classes sociais abandonadas, aos desmandos do capitalismo e aos sonhos deteriorados da elite. Todos esses ingredientes acompanharão direta ou metaforicamente outros de seus principais romances engajados: “Cacau”, “Suor”, “Jubiabá” e “Mar Morto”. Dia desses, bisbilhotando as estantes de uma livraria aqui de Uberlândia, me encantei com um livro de crônicas de Jorge Amado. Eu não sabia, mas de 1942 a 1945, quando ele voltou do exílio no Uruguai e Argentina, foi cronista do jornal baiano “O imparcial”. Nesse período, Jorge se engajara na luta contra o nazi-fascismo e começara a redigir textos em protesto contra a estupidez da Segunda Guerra Mundial. As principais temáticas das crônicas estão relacionadas com os abusos e as atrocidades de Hitler. Jorge Amado protesta principalmente contra a perseguição aos intelectuais judeus e contra o fechamento das universidades dirigidas pelos semitas. Podemos ler também críticas contra a perseguição de escritores de esquerda, a queima de livros em praça pública, o fuzilamento de Lorca, o suicídio de Zweig, dentre outros assuntos sombrios. O autor deixa claro, em muitas destas crônicas, que o fascismo é a Idade Média reeditada: um ódio explícito à inteligência e à diversidade de ideias, em que poucos detêm o saber para que poucos detenham o poder. Todas essas reflexões podem ser lidas em “A hora da guerra”, que traz 103 crônicas, organizadas e selecionadas por Myriam Fraga e Ilana Goldstein. O livro foi publicado pela Companhia das Letras em 2008. Se Jorge Amado cronista me encantou principalmente pela sua coragem de se posicionar objetivamente na imprensa em plena ditadura Vargas a favor dos judeus e dos intelectuais de esquerda, o que mais me surpreendeu foi o Jorge Amado poeta. Sim, poeta. Creio que são pouquíssimas as pessoas que saibem desse Jorge dos versos. Jorge de estrofes e rimas. Em 1938, o autor de “Jubiabá” publicou também um livrinho de poesias intitulado “A estrada do mar”. Descobri isso por acaso, num desses passeios labirínticos e virtuais pela Internet. Depois de visitar vários sites sobre Jorge Amado, caí na interessante página de Antônio Miranda no endereço http://www.antoniomiranda.com.br/ poesia_brasis/bahia/jorge_amado.html. Neste site, Miranda comenta que “Estrada do mar” é livro raríssimo e que com certeza deve ainda existir um exemplar nos arquivos da Fundação Casa de Jorge Amado, na Bahia. Confesso que fiquei com uma curiosidade danada de poder ver, tocar, cheirar e ler esse livrinho raro. Fiquei pensando no que eu encontraria nas estrofes: os conflitos do amor ou da política? A exaltação à pátria em sonetos ou a crítica ferrenha destilada em versos irregulares? Mas o que atualmente se conhece de Jorge Amado como poeta e que corre na rede virtual é a bela poesia intitulada “A canção da judia de Varsóvia”. É um longo poema em que o autor dá voz ao desespero de uma bela moça judia, que, durante a Segunda Guerra, foi covardemente arrastada para um campo de concentração nazista, em Varsóvia, capital da Polônia. O autor intitula seus versos de “Canção”. Uma canção fúnebre em que a personagem, depois de perder seu noivo, seus pais, sua pátria, perde também a dignidade, já que pertence a uma massa informe: aos judeus sem nome. Mas talvez o que mais nos desespere seja que, como ela, foram dezenas, centenas, milhares de belas garotas que terminaram seus dias sem nunca mais ver a primavera, exterminadas pela fome, pelo fuzilamento ou nas câmeras de gás, num dia de inverno qualquer da gelada Varsóvia. Mais uma vez, o autor denuncia as insanidades de Hitler. O poema é extenso, mas merece ser lido na íntegra, afinal, não se deve mutilar uma obra de arte, principalmente uma preciosidade estética de Jorge Amado, o Jorge de todos os santos, de todas as falas, de todas as lutas. Um Jorge de que gosto cada vez mais. Boa leitura: Canção da Judia de Varsóvia Meu nome, já não o sei... Só de Judia me chamam. Meu rosto já foi bonito, na primavera em Varsóvia. Um dia, chegou o inverno, Trazido pelos nazistas; E nunca mais quis ir embora. Um dia já fui bonita, Tive noivo, e tive sonhos. Trazido pelos nazistas Veio o terror, veio a morte. As flores se acabaram... As criancinhas também. Meu noivo foi fuzilado na madrugada do inverno. Alegres jardins de outrora hoje já não existem. Nunca mais verei as flores. As criancinhas morreram de fome, pelas sarjetas, Furadas de baionetas, nas diversões dos nazistas... Morreram as flores também. As aves, para onde foram? Cadê Varsóvia sorrindo? Está Varsóvia gemendo... Está Varsóvia morrendo... Tão lindo era meu nome, poema para o meu noivo! Riu o nazi junto a mim: “Judia que és bonita” - Judia não tem beleza, judia nem nome tem... Tomou da minha beleza nas suas mãos assassinas, Quem me dera ter morrido na madrugada do inverno! Sou pobre moça judia na cidade de Varsóvia... Ontem mataram meu pai na vista de minha mãe. Em campo de concentração minha beleza acabou. Meu nome, já não o sei - só de judia me chamam. Nunca fiz mal a ninguém, E tanto mal que me fizeram! Coração não têm os nazis... São feras que se soltaram pelas ruas de Varsóvia. Inverno que não acaba, só há desgraça e tristeza, Soluços de toda a gente e as gargalhadas dos nazis! Antes, nas tardes alegres, Meu noivo vinha à rua, Seus olhos nos meus pousavam, Meus lábios só tinham risos. Mas um dia.... Eles chegaram. Vestiam camisas pardas. Coração? Eles não tinham. Meu noivo havia partido, tão belo, com o seu fuzil! Mataram-no de madrugada, nesse inverno que chegava... Esse campo não tem flores... Mais parece um cemitério... Em campo de concentração São mil judias comigo, mas nenhuma nome tem. Só, sobre o peito, uma marca feita com ferro em brasa, Como um rebanho de gado Para os açougues dos nazis. Minha beleza se foi... Meus lábios já não sorriem. Ontem mataram meu pai na vista de minha mãe; Meus olhos são secos, secos não restou nenhuma lágrima. Uma coisa me disseram - quem dera fosse verdade... Disseram que em outras terras, Judias e não judias, moças que nem nome têm, Em armas se levantaram, Que guerrilheiras se chamam, que matam nazis nas noites, Que vingam os noivos e a honra! Quem dera fosse verdade! Porque... Se fosse verdade, mulheres matando nazis, Nesse campo desgraçado uma alegria eu teria, uma esperança também. Dizem que em outras terras lutam mulheres em armas... Quem dera fosse verdade porque... Se fosse verdade, Um dia para Varsóvia, com certeza chegaria, em que o Inverno se fosse e os nazistas se acabassem. E a primavera encheria de cantos Varsóvia inteira, Nas ruas de criancinhas, nos alegres jardins de flores, Nos olhos dos namorados... Tudo seria uma canção! E, moça judia então, nome de novo eu teria! Kenia Maria de Almeida Pereira - doutora em Literatura Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre literatura brasileira, dentre eles, Machado de Assis: outras faces, publicado pela editora Aspecttus ([email protected]) 93 ∞ Mercado Julho 2010 MProfissões em Filme Um sonho possível POR Kelson Venâncio Nesta edição resolvi comentar um filme que fala de dois temas importantes que podem ser discutidos em esferas diferentes. Primeiro, é ideal para empresas ou instituições que querem mostrar a seus funcionários um exemplo de superação e força de vontade. É uma história que pode ser usada para incentivar, motivar as pessoas. E segundo, porque fala de algo bastante debatido atualmente na sociedade e, nesse caso, ainda mais polêmico, por se tratar da adoção de um negro pobre por uma família de brancos ricos. Sem contar que a adoção não é de uma criança e sim de um jovem aos 17 anos. Mercado Julho 2010 ∞ 94 Apesar do título original dessa produção ser “O lado cego” (The blind side), a escolha pelo título brasileiro “Um sonho possível” foi um acerto. É que o filme mostra que qualquer sonho pode se tornar possível, desde que para isso se tenha muita força de vontade, perseverança e incentivo. É claro que para muitas pessoas os sonhos nem sempre se realizam, mas no caminho das tentativas fica pelo menos o aprendizado. O filme conta a história de Michael Oher (Quinton Aaron), um jovem negro vindo de um lar destruído, ajudado por uma família branca liderada por Leigh Anne (Sandra Bullock), que acredita no potencial do rapaz. Com a ajuda do treinador de futebol, de sua escola e de sua nova família, Oher terá de superar diversos desafios, o que mudará também a vida de todos a sua volta. Esse tipo de história já foi contado várias vezes no cinema. Entretanto, sempre que nos deparamos com produções assim saímos do cinema acreditando num mundo melhor, em que as nossas vontades podem se tornar realidade. É uma fórmula que sempre funciona no mundo da sétima arte. E mais uma vez deu certo. Simples, o roteiro é inspirado em uma história real, dirigido e escrito por John Lee Hancock a partir do livro “The blind side: evolution of a game”, de Michael Lewis. É um filme gostoso de assistir, com uma história forte, mas ao mesmo tempo divertida pelos personagens que a constituem. As atuações do elenco são, sem dúvida, um dos grandes atrativos dessa produção. Todos os atores apresentam um bom desempenho, pois, mesmo em pequenas aparições, conseguem dar seu recado e nos conquistam. Entretanto, quatro interpretações são fantásticas. A começar pela sempre excelente Kathy Bates, que aparece apenas na segunda metade do filme e se mostra uma excelente professora particular para o jovem Oher. Por falar em jovem, Quinton Aaron, apesar da pouca idade e dos poucos filmes em seu currículo, convence num dos principais papéis ao representar com perfeição seu personagem: uma pessoa simples, inocente e humilde, mas cheia de vontade de dar uma reviravolta na vida. Outro destaque é o garotinho Jae Head, que participa da parte engraçada do filme. O menino é um verdadeiro show à parte. Mas o grande atrativo da produção é, com certeza, a mãe do protagonista, interpretada por Sandra Bulock. A atriz faz, neste filme, sua melhor atuação até hoje no cinema. Sua personagem, Leigh Anne, é uma mulher que gosta de ajudar o próximo, independentemente de quem quer que este seja e de qual posição social ocupe. Essa mãe se mostra ao mesmo tempo amorosa, incentivadora, esperançosa, educadora e protetora. Tudo isso com aquela velha e sempre boa pitada de humor muito bem feita por Sandra Bulock. Mesmo tendo sido uma de suas melhores interpretações, ainda não acho que foi merecedora do Oscar de melhor atriz; não por ela, mas pelas suas concorrentes, que acredito terem se saído melhor. “Um sonho possível” é, sim, mais um filme que mostra a triste história de superação de um negro obeso e filho de mãe viciada, que encontra abrigo e amor em uma família de brancos ricos. Além de divertir, o filme serve como lição para muita gente e gera uma grande discussão em torno da adoção, principalmente de pessoas como o Big Mike, que já tem uma formação complicada imposta pelos problemas enfrentados na sociedade e que possui traumas difíceis de serem esquecidos. B Ficha Técnica Um sonho possível Gênero: Drama Direção: John Lee Hancock Elenco: Sandra Bullock, Tim McGraw, Kathy Bates, Quinton Aaron, Lily Collins, Jae Head, Rhoda Griffis, Ray McKinnon. Roteiro: John Lee Hancock, baseado em livro de Michael Lewis Duração: 128 min. Nota 8 Kelson Venâncio - jornalista e diretor do Cinema e Vídeo www.cinemaevideo.com.br 95 ∞ Mercado Julho 2010 MSustentabilidade A coordenadora do Programa Cerrado e Letras, Marta Pannunzio: “Finalmente o bioma Cerrado ganha um aliado poderoso: o jovem estudante, assessorado por professores, palestrantes especializados e por mim, que sou escritora e educadora ambiental.” Programa Cerrado e Letras - Literatura, Meio Ambiente e Resgate Cultural. O Programa Cerrado e Letras é um projeto do Instituto de Artes do Triângulo (IAT), idealizado e coordenado pela escritora Martha Pannunzio, em uma proposta inovadora que envolve educação, cultura e meio ambiente. O projeto é desenvolvido com o apoio de escolas da rede pública, empresas, institutos - entre eles, o Eco Instituto INDERC - e órgãos como a FIEMG e o DMAE. O papel das escolas é desenvolver um programa de leitura em que os alunos tenham um contato efetivo com a obra escolhida. Um programa que contemple a leitura, reflexão e discussões a respeito do conteúdo do livro. Depois da leitura, o passo seguinte é visitar a fazenda da escritora Martha Pannunzio, para conhecer de perto detalhes do ambiente do Cerrado, tirar as dúvidas e trocar impressões. A atividade envolve também um almoço na fazenda, uma trilha ecológica e a produção artística com materiais coletados na propriedade. Mercado Julho 2010 ∞ 96 Informando assim, parece ser uma ação muito simples, mas o projeto é grandioso. Grandioso no sentido de resgatar a identidade cultural das nossas crianças, trazer informações sobre a nossa origem, nossas tradições e riquezas humanas e culturais do cerrado. Também grandiosa é a oportunidade que a criança tem de se aproximar de um autor, que normalmente é alguém que o estudante vê na capa do livro e imagina estar muito longe da sua realidade. Edição da vez, o livro “Bicho do Mato” é uma obra peculiar, escrita em linguagem coloquial com as palavras faladas pelo homem do cerrado desde sempre, coisa que o estudante, em um primeiro momento, estranha. Segundo a autora, já houve casos em que estudantes perguntaram se ela era mesmo formada, pois tinha escrito as palavras todas erradas. Em um segundo momento é que o aluno descobre que a coisa mais interessante da obra é justamente essa: brincar com as palavras e escrever em uma obra literária com o linguajar que o povo do cerrado fala. A proposta é que o projeto, que já está sendo desenvolvido há alguns tempo, tenha a duração de quinze anos, com a meta de envolver 10.000 estudantes. Segundo sua idealizadora, Martha Pannunzio, esse é um projeto que trata da vida e que trouxe vida para todos os que participaram dele até agora. UTILIZAÇÃO DE INCENTIVOS FISCAIS POR EMPRESAS PARA FINANCIAR PROJETOS Definição: relação entre o fisco e o contribuinte mais renúncia de determinado tributo. Aplicação: Uma ótima oportunidade de investir em projetos sociais, esportivos, culturais e ambientais, utilizando recursos oriundos de renúncia fiscal por parte do governo O presidente do CINTAP e da Fiemg Regional VP, Pedro Lacerda, ao lado da escritora Martha Azevedo Pannunzio, em momento de homenagem que a instituição fez à coordenadora no dia do lançamento do Programa Cerrado e Letras, no final de junho, na sede da regional federal, estadual e municipal. Complicação: o processo é burocrático e é necessária uma boa dose de disposição para lidar com ela e para selecionar bem os projetos a serem contemplados. Solução: As empresas precisam se informar mais a respeito das possibilidades de financiamento de projetos por incentivo fiscal, entender como uma oportunidade para aquecer o mercado, fortalecer a econo- mia local e regional e, principalmente, fazer marketing socioambiental, já que o consumidor expressa cada vez mais consciência e preferência por empresas que figuram no grupo das socialmente responsáveis. B Soluções Empresariais CINTAP “O Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo e Alto Paranaíba - CINTAP - é uma entidade empresarial da classe produtiva da indústria que abrange os setores de serviços, tecnologia e comércio em geral, tendo como missão fomentar negócios entre empresas de todos os ramos de atividade em nossa região, fortalecendo sua gestão com transparência, excelência, dinamismo e promoção da sustentabilidade socioambiental.” gens Vanta specializado e RH CINTAP Tecnologia CINTAP ados imento Atend s personaliz s Recrutamento e Seleção Softwares e Equipamentos de gestão o n de a a l d p i e cess a as ne presa r a p Estágio Empresarial CINTAP Inovação Tecnológica CINTAP Em de sua Desenvolvimento de Projetos, Idéias e Contabilidade CINTAP pesquisas na área de Inovação Tecnológica. Responsabilidade Socioambiental CINTAP Projetos de Educação Ambiental; Orientações sobre Licenciamento Ambiental; Programa de Implementação da Responsabilidade Socioambiental nas empresas. Comunicação CINTAP Assessoria de Comunicação, Agência de Publicidade, Marketing Digital e Jornal Informação Estratégica Excelência Empresarial CINTAP Programas de Desenvolvimento de Equipes e Processos, Treinamentos, Palestras, Consultorias e Atuação in company. Saúde CINTAP Planos de Saúde e Planos Oftalmológicos Seguros CINTAP Vida, Automóvel, Previdência e Imóveis Educação CINTAP Ensino Básico, Ensino Profissionalizante/Técnico, Graduação, Pós-Graduação e Extensão Crédito CINTAP Crédito Consignado, Linhas de Crédito Especiais e Assessoria de Crédito CINTAP Turismo CINTAP (Lazer e Empresarial) Passagens Aéreas, Hospedagem, Locação de Veículos e Pacotes Turísticos Convenções CINTAP Auditórios, Salas de aula, Salas de reunião e Espaços para eventos Este espaço se reserva a notícias e/ou projetos socioambientais. O conteúdo aqui publicado é de responsabilidade do CINTAP, através do INDERC, mas está aberto também para outras pessoas, empresas ou instituições que queiram divulgar assuntos pertinentes ao seu propósito. Informações com Daniela Dias, coordenadora de Projetos do INDERC, através do telefone 34 3230 5200 ou do e-mail [email protected]. 97 ∞ Mercado Julho 2010 MDica de Leitura Dermatologia ganha seu primeiro dicionário Mercado Julho 2010 ∞ 98 A pesar do grande desenvolvimento da dermatologia, não há, no Brasil, dicionários especializados nessa área do saber produzidos com base em modelos científicos linguísticos. Agora, o “Dicionário de Dermatologia”, lançado pelo selo Cultura Acadêmica, cumpre essa função, ao apresentar 3.697 verbetes acompanhados de seus sinônimos, registrando nomes populares, regionais, siglas e ainda termos utilizados preferencialmente por uma ou outra corrente teórica da dermatologia. Isso facilita a comunicação entre leigos e especialistas, pois permite que se encontrem os significados de termos ligados à dermatologia, possibilitando o acesso à informação ao maior número de pessoas possível. A primeira parte da obra é formada por um conjunto de termos organizado em ordem sistemática (sistema conceptual). A segunda, por verbetes ordenados alfabeticamente. Desse modo, o termo procurado pode ser encontrado facilmente (seguindo a ordem alfabética) e se tem uma visão clara do lugar que ocupa dentro do conjunto das unidades terminológicas tratadas na obra (seguindo a ordem sistemática). Resultado de seis anos de pesquisa realizada no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Universidade Estadual Paulista, campus de São José do Rio Preto, sob a coordenação da professora Lídia Almeida Barros, o “Dicionário de Dermatologia” é o primeiro trabalho especializado nesta área a ser produzido com base em modelos científicos linguísticos. A ordenação conceptual que estrutura termos e conceitos é construída com base nas relações estabelecidas entre estes, em que cada termo é determinado por sua posição dentro do conjunto. B Sobre a coordenadora Lídia Almeida Barros possui graduação em Letras pela Universidade de São Paulo (1986), mestrado em Línguas Românicas pela Université Lumière Lyon2 (1992) e doutorado em Ciências da Linguagem pela Université Lumière Lyon2 (1997). É professora adjunta da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Terminologia, atuando principalmente nos seguintes temas: terminologia, terminografia, tradução e tradução juramentada. O “Dicionário de Dermatologia”, a exemplo de outros livros da Coleção PROPG-Digital, é resultado de pesquisas desenvolvidas pelos Programas de Pós-Graduação da Unesp e está disponível para download gratuito no site: www. culturaacademica.com.br Título: Dicionário de Dermatologia Editora: Fundação Editora Unesp Coordenadora: Lídia Almeida Barros Número de páginas: 438 ISBN: 978-85-7983-034-1 Coleção: PROPG-Digital Programa de Pós-Graduação: Estudos Linguísticos 99 ∞ Mercado Julho 2010 MBazar Câmeras IP para intensificar segurança doméstica A D-Link, líder mundial no fornecimento de soluções de redes, segurança, armazenamento de dados e vigilância IP, intensifica sua atuação no segmento de segurança doméstica e lança no mercado brasileiro quatro câmeras IP para monitoramento remoto: DCS-910 e DCS-2102 (cabeada), DCS-920 e DCS2121 (wireless). As quatro câmeras IP da D-Link, de fácil instalação, oferecem vigilância completa, uma vez que as imagens podem ser acessadas remotamente em qualquer computador conectado à Internet. A linha composta pelas câmeras DCS-910 e DCS-920 consiste em um sistema completo com CPU integrada e um servidor web que transmite ima- gens de vídeo de alta qualidade. Por sua vez, a linha composta pelas câmeras DCS-2102 (cabeada) e DCS2121 (sem fio) apresenta como diferencial permitir que as imagens também sejam acessadas em qualquer telefone celular com tecnologia 3G, além da Internet. As câmeras estarão disponíveis nas grandes redes varejistas, lojas especializadas em informática e nos parceiros regionais da D-Link. Os preços sugeridos das câmeras IP são R$ 365,00 para a DCS-910, R$ 419,00 para a DCS-920, R$ 559,00 para a DCS-2102 e R$ 739,00 para a DCS2121. Mais informações e detalhes desses produtos em www.dlink.com.br Corra para as pistas com o novo game para PS3 Os gamers brasileiros já podem sentar ao volante e acelerar pelas pistas do novo título para PlayStation 3, o ModNation Racers. Inspirado nos jogos de kart clássico, mas com diferenciais interativos, o game chegou às lojas no início de junho. O lançamento comporta um ou dois jogadores offline e de dois a 12 jogadores online. O jogo é voltado tanto para adultos quanto para crianças, entretendo desde os mais inexperientes até os tradicionais corredores do mundo virtual. Cada um pode criar seu personagem, carros e as pistas em que deseja correr. As crianças criam configurações simples em apenas alguns minutos, enquanto os adultos podem escolher diversas adaptações mais complexas. Essas personalizações podem ser Mercado Julho 2010 ∞ 100 compartilhadas com outros usuários, sendo possível usar adaptações criativas que outros já realizaram. O ModNation oferece ainda recursos para pulos, impulsos e mini-turbos nos carros de corrida, deixando o ambiente muito mais dinâmico. O consumidor conta com sete temas diferentes para as pistas, incluindo deserto, praia e selva. Os que quiserem se tornar corredores de elite podem usar o Modo Carreira, em que é possível participar de uma competição para atingir o topo da dificuldade do jogo e testar seus próprios limites. O ModNation Racers chega ao mercado nacional pelo preço sugerido de R$ 199,00. Mais informações no site www.sonystyle.com.br. A MBazar By Samia Aromaterapia lança Skin A aplicação de Skin na pele permite tratamento para males como ressecamento, escamação, alergias, dermatites, eczemas e psoríase. E, por meio da aromaterapia, os benefícios vão além, já que a sinergia combate o estresse negativo A By Samia Aromaterapia - empresa da conceituada aromaterapeuta e aromatóloga Sâmia Maluf - está lançando, dentro de sua linha de produtos naturais Natural Healing, o Skin, sinergia de óleos vegetais e essenciais puros indicada para rosto e corpo de mulheres, homens e crianças. A combinação de 95% de óleos vegetais puros de calêndula, abacate e germe de trigo e de 5% dos óleos essenciais de lavanda, cedro e bergamota dá à pele um aspecto liso, relaxado e macio. O produto foi lançado com base na experiência de Sâmia como terapeuta para amenizar o maior mal do mundo moderno, o estresse negativo, que se reflete nos mais diversos problemas de pele: ressecamento, escamação, alergia, dermatite atópica, eczema e psoríase. “É um antibiótico natural altamente eficaz e um fitofilático potente para a área emocional. Seu aroma trabalha diretamente no sistema límbico, levando ao relaxamento contra o estresse do dia a dia. Pode ser usado inclusive para alergia a metais, picadas de insetos, queimaduras, escaras e assaduras, sem contraindicações para bebês”, garante Sâmia. Vendido em embalagem pet âmbar com válvula dosadora de 110 ml, ao preço de R$ 56,60, o Skin pode ser utilizado na esponja durante o banho e também como óleo pós-banho, ainda no chuveiro. Ameniza a vermelhidão causada por queimaduras de sol, mas não pode ser usado antes da exposição a ele. Outros produtos da linha Natural Healing no site www.bysamia.com.br. Novo tablet da Genius i405 EasyPen Modelo que custa a partir de R$ 132,99 permite desenhar, escrever, assinar documentos e retocar fotos e imagens digitais facilmente O novo i405 EasyPen da Genius (uma das fabricantes líderes mundiais em acessórios para PCs, imagem, som e games) permite ao usuário expressar livremente suas ideias, seja por meio de desenhos ou anotações, podendo usá-lo para trabalhar ou fechar negócios, como a assinatura de um contrato, por exemplo. E o melhor: o novo tablet da Genius EasyPen i405 custa a partir de R$ 132,99. Essa é a proposta do i405 EasyPen: ser fácil e divertido de usar. Basta tocar a ponta da caneta (que vem junto com o tablet) na área de trabalho de 4 “x 5.5” para escrever, desenhar ou cadastrar emails, por exemplo. O EasyPen i405 oferece maior comodidade a usuários de Windows (desde a versão 2000 até a 7) e MAC se comparado ao mouse, porque seu cursor se move exatamente onde a caneta é posicionada. Mercado Julho 2010 ∞ 102 Essa caneta tem 1024 níveis de sensibilidade à pressão, o que permite total controle da espessura da linha e do desenho. Em adicional, o EasyPen i405 vem com 28 teclas de atalho programáveis (para acesso imediato às funções do Microsoft Office e Internet) e conexão com o micro pela USB. Toda a linha de produtos da Genius está à venda em magazines e distribuidores, revendas de informática e em Web Stores do país. Outros detalhes estão disponíveis no site www.geniusnet.com. B MEntrevista “O mundo é gay, mas com preconceitos” POR Margareth Castro O ex-BBB Dicesar fala da vida, do homossexualimo, do preconceito e de sua participação no reality show da Globo que lhe rendeu fama Conhecida no mundo GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) do Brasil e de alguns países, a drag queen Dimmy Kieer está com a agenda cheia. O artista que dá vida a essa personagem, Dicesar Ferreira dos Santos, se tornou popular agora, após participar do Big Brother Brasil (BBB) 10 da Rede Globo. E ele garante que está sabendo aproveitar a fama, sem, contudo, deixar de ser ele mesmo. “Mudou o assédio, mas eu continuo sendo o mesmo, cumprimentando e tirando foto com todo mundo”, disse. Segundo ele, o mundo é gay, mas com preconceitos, embora de 10 anos para cá tenha havido uma mudança. “Achei louco a Globo colocar um cara como o Dourado no BBB. Em pleno século XXI, em 2010, mostrar esse tipo de homem, que arrota à mesa, cospe no chão e quando conta uma piada faz piada do deficiente físico, do gago. Muita coisa mudou, mas ainda há muito o que melhorar em relação ao preconceito”, disse. Natural de Londrina, no Paraná, Dicesar Ferreira mora há 22 anos em São Paulo, para onde se mudou depois de trabalhar como vitrinista das Lojas Riachuelo para fazer um curso de display (visual merchandising). Nessa mesma área, trabalhou também na Mesbla, época em que fez amizades com cabeleireiros e maquiadores que faziam teatro. “Eu me identifiquei como maquiador e passei a maquiar todos os meus amigos. Daí fui para o mundo gay, onde conheci os Mercado Julho 2010 ∞ 104 clubes, saunas e boates GLS”, contou. Dicesar já participou como Dimmy Kieer quatro vezes da Parada Gay em Uberlândia, sendo a última em outubro de 2008. No dia 26 do mês passado, ele voltou à cidade para sua primeira apresentação depois do BBB. O evento aconteceu em uma boate, onde Dimmy Kieer fez o show “Metamorfose”. “Eu entro de drag, brinco, fervo, dou pinta para o povo e me troco em cena. Vou mudando o visual durante a apresentação e tem um momento em que faço um monólogo sobre a arte da maquiagem. Começa a música ‘I will survive’ e eu vou retirando a maquiagem e viro o Dicesar”, explicou. Antes de se preparar para o show e mesmo cansado da viagem e da apresentação da noite anterior, recebeu a reportagem da Mercado para um bate papo descontraído no hotel onde estava hospedado. Com uma simpatia natural, Dicesar Ferreira apareceu no lobby do hotel com calça jeans, camiseta preta estampada, boina preta cheia de bottons, maquiagem discreta e perfeita e um sorriso estampado no rosto. A única diferença depois de ter participado do programa são os cabelos, em que ele revelou ter feito interlace. Já no terraço, onde aconteceu a entrevista, o ex-BBB falou de sua vida, do show, sobre homossexualidade e preconceito, da participação no programa global e também dos planos para o futuro. Mercado: Quem é o Dicesar Ferreira? Dicesar Ferreira: Sou natural de Londrina, no Paraná, e moro há 22 anos em São Paulo. Minha família é simples, tranquila. Minha mãe criou os três filhos sozinha, após ser abandonada pelo meu pai. Aos 5 anos fui estudar em um seminário, onde fiquei por 12 anos. Nesse tempo via minha mãe, Aline Ribeiro (nome que tatuou no braço direito no BBB10), uma vez por ano. Como ela trabalhava e estudava, nas férias eu ficava com meus tios. Minha irmã morava com minha avó e o meu irmão também foi para o seminário em Curitiba. Sempre fui o filho emprestado para os tios. Com quase 18 anos, voltei a morar com a minha mãe e sempre fui considerado o bonzinho, meiguinho e atencioso. Dentro do colégio eu já estava me descobrindo gay, mas eu não conhecia esse mundo. Mercado: Quando se tornou maquiador e como surgiu a Dimmy Kieer? Dicesar: Sempre trabalhei com decoração como vitrinista em magazines. Conheci vários cabeleireiros e maquiadores. Eu me identifiquei com a maquiagem e passei a maquiar todos os meus amigos. Nessa época, conheci o Celso Nakamura, que estava abrindo vários salões em São Paulo e tinha sido convidado para montar uma equipe de cabeleireiros e maquiadores para trabalhar com a Angélica, no SBT. Ele me chamou e eu fui para o SBT. Daí me deslumbrei de vez. Não me deslumbrei como pessoa, conheci o show business e comecei a maquiar famosos. Fiquei quatro anos com a Angélica. Estavam entrando os anos 90, era o auge do movimento clubber e eu comecei a me maquiar de drag queen e a participar do mundo GLS. Fiz programas de TV e me destaquei, porque quem é do interior tem essa A pessoa nasce gay e descobre sua tribo depois coisa de cumprimentar e falar com todo mundo. Mercado: Você disse que sempre foi tido como o bonzinho e que depois descobriu ser gay. Minha pergunta é: a pessoa nasce ou torna-se gay? Dicesar: Acredito que a pessoa nasce gay e descobre sua tribo depois. Você vai se descobrindo o artista, o deslumbrado, o cabeleireiro ou maquiador afetado ou ainda o reprimido. Vai se identificando, porque hoje existem milhares de tipos de gays. Eu fui me descobrindo e graças a Deus me encaixando no meio da arte. Mercado: Quem é a sua personagem, Dimmy Kieer? Dicesar: Ela surgiu no auge dos anos 90 e do grupo psicodélico Dee Lite, e quando eu me maquiava, eu pegava como imagem esse grupo da vocalista Lady Miss Kieer. Quando eu vi, as pessoas falavam que eu me parecia com ela e aí passei a fazer show cover da banda. O Dimmy é apelido em família e o Kieer é inspirado na vocalista da banda Dee Lite. A 105 ∞ Mercado Julho 2010 MEntrevista Mercado: Você disse que em seu show você canta. A maioria das apresentações de drags são dublagens. Como surgiu isso? Dicesar: Eu tenho muitos amigos DJs e eles faziam a sua batida. Por exemplo, eles pegavam “I will survive”, da Gloria Gaynor, e davam uma roupagem nova a ela. Um dia, um menino DJ de Campinas falou: “Di, fala umas frases aí”, e eu falei: “Parou tudo luxo”, e ele fez uma música. Eu comecei a fazer uma música com os termos e a imagem que a gente usa no mundo gay e quando eu vi, estava brincando de cantar. Daí comecei a fazer as minhas músicas. Tem “Look my hair”, com 37 mil downloads na época, isso há 15 anos atrás, “Mais glitter” e outras. Agora, de quatro anos para cá, eu faço Marina Lima, Ana Carolina, Gloria Gaynor, Frenéticas, Ivete Sangalo, cantoras que eu gosto, mas com a minha voz. Não é para vender, é para cantar no show com um remix atual. Mercado: Porque as drags usam o termo “montar” e não apenas vestir? Dicesar: Mulher passa um rímel e um batom e está pronta. Nós somos massa corrida, cimento, cal... A gente põe uma peruca, uma roupa pesada, quatro ou cinco meias e uma plataforma. Então, a drag sobe em cima de alguma coisa, por isso ela se monta. E é muito mais divertido se montar do que se vestir; se vestir é pôr uma roupa, e se montar é brincar de ser uma personagem. Mercado: Você sofre muito preconceito por ser gay? Dicesar: Já sofri muito. Quando cheguei em São Paulo, com as sobrancelhas arqueadas e com os cabelos com gel, as pessoas olhavam. Eu falo que gay tem manias, pode estar com a geladeira vazia, mas o perfume e o modelo estão em dia. A gente não consegue, adora um supérfluo. Nossa vaidade vai além do limite do homem e a gente chama muito mais atenção. Somos vítimas da moda. Nossa postura é outra e eu não gosto de falar que somos diferentes, porque não temos quatro braços e cinco cabeças. Somos especiais, únicos. O hétero que tem um amigo gay tem um amigo para a vida inteira. Tem pessoas que têm o preconceito besta de achar que se cumprimentar ou falar um oi para um gay vão falar que ele também é gay. Quem é homem de verdade, já está com Nossa vaidade vai além do limite do homem e a gente chama muito mais atenção Mercado Julho 2010 ∞ 106 a sexualidade dele feita. Não precisa ter medo. Quem tem medo ou fala muito que não gosta, tem o rabo preso. Tem algo enrustido dentro dele. Ele ainda não se descobriu. Minha mãe sempre foi minha amiga e minha plateia Mercado: E a família? Como vê o seu trabalho? Dicesar: No começo foi difícil, mas falei com minha mãe sobre o trabalho e ela entendeu que não era promiscuidade, prostituição. Minha mãe sempre foi minha amiga e minha plateia. Ela sempre me incentivou. Minha irmã é neutra, nunca falou sobre o tema. Meu irmão eu não vejo há 25 anos, porque ele sumiu e nunca mais tivemos notícias. Mercado: O que mudou no Dicesar com o BBB? Dicesar: Sou a mesma pessoa. Agora, eu só sei administrar melhor a minha agenda e ter novos valores. Antes eu fazia shows em troca de lanches, porque eu me preocupava com todo mundo. Depois do BBB eu vi que precisava ter os pés no chão. Lógico que tem trabalhos beneficentes e em prol de alguma comunidade bacana para os quais eu vou de coração, mas agora eu tenho que aproveitar essa fama do programa. O cachê melhorou, mas eu sou a mesma pessoa. O que acrescentou é que o Dicesar se tornou popular. Mercado: E o coração? Como está sua vida amorosa? Dicesar: Eu estava ficando com uma pessoa, mas não tenho tempo para namorar. Estou procurando, quero casar. Gosto de gay, sou “lésbicha” (isso mesmo, ele se autodenomina lésbicha). Na verdade o gay não tem tipo, tem pressa. Mas eu gosto de magrelo, alto, moreno e de olhos azuis, e pode ser um mineirinho (risos). Eu não bebo, não me drogo e não fumo. Meu vício é o mundo da arte, da maquiagem e do show Mercado: Você posou para a G Magazine e foi o primeiro drag na capa. O que achou desse trabalho? Dicesar: Achei muito boa a abertura da arte. Foi um ensaio sensual, sexy. Acompanhei dois meninos que iam se expor na revista da maneira como vieram ao mundo, mas eu fiz uma coisa mais clean, glamourosa. Eu me preocupei em ser uma diva, uma artista. O BBB me proporcionou voltar para o mundo da maquiagem. Eu faço maquiagens em mulheres, estou lançando uma linha de maquiagens e não posso ter o meu nome vinculado a algo vulgar. Eu já me expus da maneira como eu sou dentro do BBB, mas tive que ter muita postura lá dentro para não brigar e não passar uma imagem negativa. Porque o gay tem aquela imagem, que é lindo, um amor, mas é barraqueiro, drogado ou colocado. Eu não bebo, não me drogo e não fumo. Meu vício é o mundo da arte, da maquiagem e do show. E eu acho que consegui passar uma imagem boa. Mercado: Como você foi parar no BBB? Dicesar: Foi o terceiro ano que eu mandei o vídeo e que preenchi o questionário. Desde outubro eu soube que haveria uma lésbica no programa. Sabia que seria um BBB bem diversificado. Mercado: Qual a avaliação que você faz do programa? A Globo quis usar os homossexuais para quebrar preconceitos ou foi pensando no ibope? Dicesar: O programa ajudou muito a quebrar o preconceito. Achei legal a Globo colocar três gays bem diferentes no programa: um de 20 anos, outro de 40 e uma lésbica com a imagem bem feminina, como é a Morango. Mercado: A amizade e os relacionamentos que se criam em reallity shows são verdadeiros? Dicesar: Os relacionamentos são exagerados, mas são verdadeiros. Lá dentro tudo é muito intenso. Você ama e odeia. Lá era um casamento sem sexo. Mercado: Você se apaixonou por alguém lá dentro? Dicesar: Não me apaixonei por sexo. Mas na primeira semana eu gostei do Dourado como pessoa. Não vi o BBB depois que saí. Não quis ver, porque achei que a Globo queria mostrar que eu estava apaixonado pelo Dourado e isso era coisa de edição. O que senti por ele foi: na primeira semana, curiosidade pela pessoa; dó na segunda semana e em seguida ódio. Hoje passou. Ele é indiferente para mim. Tudo que tenho na vida foi o mundo gay que me deu Mercado: Você voltaria ao BBB? O que faria de diferente se tivesse a chance de voltar? Dicesar: Sim. Seria o mesmo, mas dessa vez eu entraria no jogo. Não me arrependo de ter feito nada. Mercado: Para finalizar, em todas as suas entrevistas você diz que tudo o que tem na vida você deve ao mundo gay. O que é esse tudo? Dicesar: Fama, nome, postura, amigos, a casa que a minha mãe mora, o carro que está na garagem na casa da minha mãe e que estou acabando de pagar e a quitinete que paguei por oito anos, financiada pela Caixa. O mundo gay me deu a oportunidade de conhecer a Europa e países como o Chile, Panamá, Equador e praticamente todo o Brasil. Nunca tive a oportunidade de estudar, de ter uma vida estável e segura. Nunca tirei férias. Tudo que tenho na vida foi o mundo gay que me deu. B 107 ∞ Mercado Julho 2010 MGeral Mais lojas chegam ao Center Shopping Mr. Kitsch e Gelateria Parmalat estão entre as novidades que serão inauguradas na expansão Marcas de diversos segmentos do varejo chegam ao Center Shopping nos próximos dias. São empresas que irão ocupar a área da expansão, que recebeu nos últimos dois meses 28 novas lojas, além das reinaugurações com novo layout e dos estabelecimentos abertos na Alameda de Serviços. Só no mês de julho, serão abertas na expansão as lojas: Brasil Cacau (chocolates), Catuaí Café (cafeteria), Gelateria Parmalat (sorvetes) e Mr. Kitsch (moda masculina). A maioria das inaugurações é inédita no Triângulo Mineiro, sendo que algumas dessas empresas escolheram a cidade de Uberlândia para iniciar suas atividades em Minas Gerais. Cerca de 40 novos negócios ainda serão abertos na expansão, ampliando o mix de lojas do Center Shopping, que passará de 221 para 287 estabelecimentos em operação. Eleitor que deixar de votar não será mais punido DA Agência Brasil O Senado aprovou em junho projeto que acaba com as punições para eleitores que não votarem ou não justificarem a ausência à urna para votar. Pela proposta, fica mantida a multa apenas aos eleitores que não apresentarem prova de alistamento eleitoral. Atualmente, quem não justificar a falta do voto ou deixar de apresentar prova de votação na última eleição está proibido, por exemplo, de se inscrever em concurso público, tomar posse em cargo ou função pública, participar de licitações e obter carteira de identidade ou passaporte. “As restrições são de constitucionalidade duvidosa, em razão de violarem princípios fundamentais, em especial, o da cidadania”, alega o relator do projeto, senador Antônio Carlos Júnior (DEM-BA). O projeto, que segue agora para a Câmara dos Deputados, determina o pagamento de multa - hoje em torno de R$ 3,50 - para eleitores que não provarem alistamento eleitoral. “O comparecimento à seção eleitoral para votar torna-se menos embaraçoso que o pagamento de multa - ainda que irrisória - para regularização da situação na Justiça Eleitoral”, observou o relator. Brasil receberá US$ 13 milhões para conservação do Cerrado DA Agência Brasil A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, participa em junho da assinatura de acordo de doação de U$ 13 milhões entre o Banco Mundial, o ministério, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e os governos de Goiás e do Tocantins para quatro projetos de preservação do Cerrado. O recurso será doado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, sigla em inglês) ao Programa Iniciativa Cerrado Sustentável, do ministério. Os projetos devem ser executados em um período de quatro anos. Estiveram presentes na solenidade de assinatura do acordo os governadores do Tocantins, Carlos Henrique Gaguim; de Goiás, Alcides Rodrigues Filho; o diretor do Banco Mundial no Brasil, Makhtar Diop; o presidente do ICMBio, Rômulo Melo; e a secretária-geral do Funbio, Rosa Lemos de Sá. Imagem do Cerrado Brasileiro, que não cansa de sofrer agressões Contran cria curso obrigatório para mototaxistas e motoboys A resolução é nova e torna obrigatória a realização de um curso especializado para o exercício das atividades profissionais de motofretistas e mototaxistas Mototaxistas e Motoboys terão que fazer curso para melhorar suas atitudes no trânsito Os mototaxistas e os motoboys terão que fazer um curso obrigatório para exercer suas atividades. A obrigatoriedade do curso está determinada na Resolução 350 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), publicada na edição de 18 de junho do Diário Oficial da União, que tem prazo de até 180 dias para entrar em vigor. O curso terá duração de 30 horas e, de acordo com a resolução, o objetivo é garantir aos motociclistas profissionais a aquisição de conhecimentos, a padronização de ações e, consequentemente, atitudes de segurança no trânsito. As aulas teóricas e práticas serão ministradas pelos Detrans ou por instituições autorizadas. Os mototaxistas e motoboys vão aprender noções básicas de legislação de trânsito, a importância do uso dos equipamentos de segurança e prudência no trânsito. Haverá módulos específicos para quem transporta pessoas e para quem transporta mercadorias. Para se matricular no curso é preciso ter completado 21 anos e estar habilitado há, no mínimo, dois anos para a condução de motos. Não poderá se matricular quem estiver cumprindo pena de suspensão do direito de dirigir, cassação da carteira de habilitação ou estiver impedido judicialmente de exercer seus direitos. Pela resolução, mototaxistas e motoboys também serão obrigados a usar equipamentos especiais de segurança como o protetor de pernas (mata-cachorro), colete e capacete dotados de dispositivos retrorrefletivos e antena corta-pipa. 109 ∞ Mercado Julho 2010 MGeral “Imprimir é dar Vida” Entidades lançam Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação Impressa Com o mote “Imprimir é dar Vida”, a Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação Impressa, realizada em ação dos representantes da cadeia produtiva do papel e da comunicação impressa, foi oficialmente lançada no dia 24 de junho, durante solenidade na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A iniciativa objetiva informar corretamente à opinião pública sobre a origem do papel usado para impressão. O objetivo da campanha é esclarecer que o uso de papel para impressão não provoca desmatamento no Brasil. Isto porque, no país, a produção da celulose e do papel são originários de florestas plantadas em áreas destinadas exclusivamente para este fim, ou seja, culturas como tantas outras destinadas à agricultura. Por diversas razões - desconhecimento da realidade, intenção de valorizar as mídias, marketing comercial e social, dentre outras -, há empresas, instituições e ONGs instrumentalizando a opinião pública contra a comunicação impressa. Assim, a meta da campanha é difundir, de modo amplo, os conceitos corretos da produção de papel destinado à impressão, mostrando que esse insumo não tem relação com a destruição de florestas e devastação ambiental, mas, sim, com o plantio de árvores para esse fim. Além disso, o plantio de árvores para finalidade de uso industrial proporciona um ganho adicional para o meio ambiente: as florestas cultivadas com o propósito de produzir madeira para a fabricação de papel e celulose são absolutamente sustentáveis, e seu manejo permite manter grandes áreas plantadas que, sobretudo na fase inicial de seu desenvolvimento, retiram significativa quantidade de CO2 (maior causador do chamado efeito estufa) da atmosfera - no Brasil, por exemplo, essas florestas absorvem 1 bilhão de toneladas de carbono da atmosfera por ano, de acordo com a Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel). No Brasil, a cadeia produtiva do papel e da comunicação impressa é composta por cerca de 83 mil empresas, que empregam juntas 588 mil pessoas, representando um faturamento bruto de 85 bilhões de reais. Reportagens Evaldo Pighini, Isabella Peixoto, Janaina Depiné, Maristela Gramacho, Paula Carvalho, expediente Lídia Vilela, Rosiane Magalhães, Layla Tavares, Carolina Ikeda Jonatas Willians Revisão Lúcia Amaral Fotografia Mauro Marques (exceto as creditadas) Capa Eugênio Pacelli Portraits Beto Oliveira Colaboradora Márcia Amaral Diretor Comercial Fernando Martini - comercial@revistamercado. com.br Coordenador de Vendas Maurício Ribeiro - [email protected] Secretaria Kárita Barbosa dos Santos [email protected] Consultoria Jurídica Thiago Alves OAB 107.533 Projeto Gráfico RedHouse Comunicação Ltda. 34 3235-6021 Capa, Direção de Arte e Finalização Humpormil Pré-impressão Registro Digital Impressão Gráfica Brasil Para Anúncios Diretor e Assinaturas [email protected] Redação Artigos, comentários, sugestões e Eduardo Nascimento [email protected] críticas sobre o conteúdo editorial da Revista MERCADO e mensagens para o Canal Livre: redacao@ revistamercado.com.br Cartas Av. 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