MAgronegócios - Revista Mercado

Transcrição

MAgronegócios - Revista Mercado
R$ 8,50
Entrevista exclusiva com Dicesar, ex BBB 10: ele fala
de homossexualismo, preconceito e outras coisas mais
ano 4 número 32 Julho 2010
Especial
Diabetes: 70%
das amputações
no Brasil ocorrem
por causa dessa
doença
Quem vai ocupar
o lugar dele?
Eleição 2010. Dos candidatos que disputam a presidência da
república, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva
(PV) são os que têm mais chances de sair na próxima foto oficial.
A Mercado mostra o perfil de cada um deles e suas primeiras
declarações assim que suas candidaturas foram oficializadas
Bons Negócios
A partir deste mês, o especialista em Franchising e ex-articulista do Estado de Minas,
Carlos Ruben Pinto, participa mensalmente na Mercado dando dicas sobre franquias
GB
134 milhões de “técnicos” e quase 21 mil “selecionáveis”
Editorial
R$ 8,50
Entrevista exclusiva com Dicesar, ex BBB 10: ele fala
de homossexualismo, preconceito e outras coisas mais
ano 4 número 32 Julho 2010
Especial
Diabetes: 70%
das amputações
no Brasil ocorrem
por causa dessa
doença
Quem vai ocupar
o lugar dele?
Eleição 2010. Dos candidatos que disputam a presidência da
república, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva
(PV) são os que têm mais chances de sair na próxima foto oficial.
A Mercado mostra o perfil de cada um deles e suas primeiras
declarações assim que suas candidaturas foram oficializadas
Bons Negócios
A partir deste mês, o especialista em Franchising e ex-articulista do Estado de Minas,
Carlos Ruben Pinto, participa mensalmente na Mercado dando dicas sobre franquias
Passada a euforia da Copa do Mundo de Futebol - competição em que a
seleção brasileira foi eliminada precocemente -, que vinha tomando conta
de todos os noticiários e assuntos nas rodas de amigos, o povo brasileiro
finalmente volta à sua rotina e deve começar já a se preocupar com as
eleições que vêm por aí. É bom ressaltar que junho, além de ter copa do
mundo, foi também o mês das convenções partidárias que definiram
oficialmente quais seriam os candidatos de cada legenda ou coligação na
disputa eleitoral. Afinal, agora é o futuro do nosso país que está em jogo.
Nas eleições deste ano o eleitor deverá escolher presidente, governadores,
senadores e deputados estaduais e federais, uma decisão bem mais
importante do que torcer pela seleção brasileira. Na África no Sul nós
perdemos, mas a vida segue: é bola para frente. No entanto, nessa próxima
disputa - desta vez no campo eleitoral - que começa agora e se prolonga até
outubro e, em caso de prorrogação, até novembro, o técnico que vai escalar
quem entra em campo somos todos “nós”, eleitores, uma escalação que vai
recair sobre quase 21 mil “selecionáveis”.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), exatamente 20.839
candidatos se registraram para a disputa em 2010, um número 15% superior
a 2006, quando 18.112 políticos se inscreveram para a eleição. Assim, os
134 milhões de eleitores em condições de irem às urnas terão mais opções,
principalmente, no que se refere ao cargo de deputado federal e distrital.
Há que se perceber aí que, nessa disputa eleitoral, o número de técnicos digo, eleitores - é infinitamente maior que o de selecionáveis - digo, políticos
-, mesmo havendo aumento no número de candidatos desta para a eleição
passada. Portanto, o eleitor tem tudo para selecionar - digo, votar - bem,
decidindo os melhores em cada posição para que possa comemorar o
“título” daqui a quatro anos.
Além disso, e “até que enfim”, o número de candidatos das eleições de 3
de outubro pode ser alterado devido à lei da Ficha Limpa, que, pela primeira
vez, proíbe políticos condenados em segunda instância (decisão de mais de
um juiz) de participar do processo eleitoral.
Essa sim, é uma grande vitória no campo eleitoral, mas ainda há de se
manter os pés atrás, pois, afinal, estamos no Brasil, onde nada pode, mas
tudo pode. Só para se ter ideia, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o TSE
já permitiram que três políticos com condenações por órgão colegiado de
juízes concorram nas próximas eleições. São eles: o senador Heráclito Fortes
(DEM-PI), a deputada estadual Isaura Lemos (PTB-GO) e o ex-governador
Anthony Garotinho (PR-RJ), que estão elegíveis novamente. Por outro lado,
cerca de dez pré-candidatos tiveram negados seus pedidos para derrubar
inelegibilidade imposta pela legislação.
Dentro desse panorama, a Mercado traz a partir desta e nas próximas
edições um perfil detalhado de cada candidato em nível regional, estadual
e nacional, para facilitar ao eleitor escalar bem a sua “seleção”, ou seja,
aqueles políticos que o irão representar, decidir por ele e fazer o melhor para
a sua região, estado e país.
Assim sendo, nesta edição, começamos pelos candidatos à presidência,
aqueles que segundo as pesquisas eleitorais se apresentam com mais
chances de chegar ao Palácio do Planalto. Começamos com Dilma Roussef
(PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV).
Então, que o eleitor fique atento aos perfis apresentados e de olho nos
programas de cada candidato, assim como na propaganda eleitoral gratuita,
que neste ano começa no dia 17 de agosto, avaliando detalhe por detalhe
para que saiba escalar bem a sua “seleção”...
Evaldo Pighini
Editor
Índice
Julho 2010
38Capa
Eleições 2010. Quem vai ocupar o
lugar de Lula? Como era esperado,
Dilma, Serra e Marina são os
nomes mais expressivos na corrida
presidencial. A Mercado mostra o
perfil de cada um e suas primeiras
manifestações assim que suas
candidaturas foram oficializadas
14Agronegócios 52Especial
72Esporte
Há quatro anos, um produtor de
Patrocínio, no Triângulo Mineiro,
decidiu investir no cultivo sustentável
de café orgânico e gourmet tipo
exportação. A iniciativa deu certo
e hoje a sua produção ultrapassa
fronteiras brasileiras e consquista
mercados europeus e americanos
A FIFA excluiu o Morumbi da lista
de estádios brasileiros da Copa de
2014, o que provocou um abalo
na candidatura de São Paulo, que
pleiteava ser sede a abertura da
competição. Com isso, Minas entra
de vez na briga por esse direito com
o projeto Mineirão
A diabetes é atualmente responsável
por sete em cada 10 amputações
das pernas em todo o mundo, sendo
que a cada ano este procedimento
é realizado um milhão de vezes,
85% devido a úlceras nos pés. No
Brasil, a doença é causa de 70% das
amputações
32
76Turismo
Situada entre montanhas, cercada
pela Mata Atlântica, Angra dos Reis
atrai turistas, incluindo “gringos” de
vários partes do mundo, não apenas
em períodos de férias e feriados,
mas durante o ano todo. E, de fato,
Angra é sempre um convite ao lazer
e ao descanso
102Entrevista
Conhecido no Brasil como Dicesar e
no mundo GLS como a drag queen
Dimmy Kieer, esse ex-BBB conta um
pouco de sua vida e fala de shows,
homossexualidade e preconceito, de
sua participação no BBB 10 e ainda
de planos para o futuro
Canal Livre 6
Artigo 8
Conversa 10
Franchising 12
Economia 20
Negócios 22
Indústria 30
Política 34
Saúde 46
Meio Ambiente 58
62 Marketing
66 Comportamento
70 Evento
86 Veículos
92 Literatura
94 Profissões em Filme
96 Sustentabilidade
98 Dica de leitura
100 Bazar
106 Geral
canal
livre
Sexo, Amor, Endorfinas e Bobagens
Como leitor da revista Mercado, na última edição (Ano
4 - número 31 - Junho/2010) fiquei muito interessado na
entrevista com a Dra. Cibele Fabichak. Gostaria de saber
de vocês como faço para adquirir o livro de autoria dessa
médica, “Sexo, Amor, Endorfinas & Bobagens”, ou talvez o
site para contato.
José Carlos de S. Martins - Enc. de Rotinas Trabalhistas Hospital Santa Genoveva
Resposta: O livro pode ser comprado em todas as livrarias ou pelo site da editora, www.novoseculo.com.br
Entrevista Cibele Fabichak
Simplesmente maravilhosa a entrevista veiculada na última edição desta revista com a médica e escritora Dra.
Cibele Fabichak. Num primeiro momento, o tema pode
até parecer comum e mesmo fútil, mas a abordagem e as
consequentes respostas da entrevistada foram muito bem
colocadas e esclarecedoras, assim, ao meu ver, tenho certeza de que serviram para esclarecer muitos problemas
que surgem no relacionamento entre casais.
Parabéns aos jornalistas que fazem a Mercado. É
esse o nível de conteúdo de que nós, leitores uberlandenses, precisamos.
Luíza F. Silva Bitencourt - Professora
Quero só estacionar meu carro
A região central de Uberlândia é cada vez mais um grande
labirinto quando a questão envolve principalmente a necessidade de o motorista estacionar o seu carro. Tem de
tudo, menos vagas para estacionar e a culpa não é falta
de espaço. Tem muita área de carga e descarga, algumas
chegam ao cúmulo de estar a menos de 20 metros umas
das outras; tem cones colocados em todos os lados por
lojistas e até moradores; tem gente colocando marcas e
placas de proibido estacionar em frente de suas casas por
conta própria. Enfim, são muitos e notórios os problemas
para o motorista que precisa circular ou parar o seu carro
na região central da cidade.
Literalmente falta melhor fiscalização e planejamento
por parte da Settran. E eu só quero estacionar meu carro, como é de direito de qualquer cidadão que paga seus
impostos em dia.
Simone Arantes - Dona de casa
Mercado Julho 2010 ∞ 6
Sucesso nos Negócios
Parabenizo toda a equipe da Mercado pelo belo trabalho
que vem desenvolvendo em nossa cidade, trabalho este
pautado em uma linha editorial séria tão necessária para
a formação e informação de nossa sociedade. Em especial, destaco a reportagem “Sucesso nos negócios: o segredo começa na liderança”, veiculada na edição de maio,
em que a repórter Priscilla Mundim conseguiu retratar
fielmente todas as considerações a respeito de como estamos construindo o futuro da empresa Junco.
Conforme descrito na própria reportagem, o Brasil precisa de pessoas que tenham coragem de empreender e de
colocar no papel aquilo que pensam e vejo que a direção
desta revista está neste caminho.
Sucesso à Mercado e parabéns pelo trabalho
desenvolvido.
Paulo Romes Junqueira - Diretor presidente da Junco
Geração Y
Achei muito conveniente a matéria publicada na última
edição que fala da Geração Y - aquelas pessoas nascidas
na década de 1980, que estão chegando agora de forma
mais contundente ao mercado de trabalho. Realmente
essa é uma geração diferente, que igualmente precisa
ser vista de forma diferente. São pessoas que se formaram profissionais durante período de franca explosão
tecnológica, o que trouxe mais dinamismo e velocidade
às relações trabalhistas. Para as empresas que ainda não
enxergaram isso, melhor então já irem se preparando para
os profissionais da Geração Z, que logo logo começarão a
chegar ao mercado ainda com mais manias e novas posturas.
Dionísio Tavares Assumpção - Estudante de Engenharia
Parabéns pela reportagem sobre a Geração Y. Já tinha lido
algo a respeito, mas a forma com que esse tema foi tratado pela revista cai como luva para descrever determinadas situações que já experimentei no meu dia a dia, eu
que faço parte dessa geração. Valeu!!!
Edevaldo Gonçalves Neto
Técnico em Informática
MArtigo
O pecado original
de empregar
POR João Francisco Salomão*
Como se sabe, um dos itens mais significativos na
composição do elevado custo Brasil, este algoz da competitividade empresarial, refere-se aos tributos e taxas
incidentes sobre a folha de pagamento. A contratação
de um funcionário com carteira assinada, como deve
ser, pois a informalidade é prejudicial a todos, impõe
ao empregador recolhimento equivalente a 67,53% dos
vencimentos, referentes aos encargos trabalhistas e previdenciários sobre o salário, além de adicionais e benefícios garantidos pela CLT e as convenções coletivas.
Esse absurdo percentual é composto de férias e 1/3
(11,11%), décimo terceiro (8,33%), INSS - por sua alíquota máxima (28,8%), INSS sobre férias e décimo terceiro
(5,6%), FGTS (8,5%), FGTS sobre férias e décimo terceiro salário (0,94%) e FGTS calculado sobre a rescisão
(4,25%). Se considerarmos um trabalhador que ganhe
mensalmente R$ 1,5 mil, o custo para a empresa será
de, no mínimo, R$ 1.013,00, além do valor nominal do
salário. Há, ainda, em numerosos casos, o pagamento
de horas extras, adicional noturno, insalubridade e periculosidade, com seus respectivos encargos previdenciários e do FGTS. Ademais, em caso de acidente de trabalho, embora a empresa contribua para o INSS e cumpra
todas as normas de segurança, muitas vezes recai sobre
ela todo o ônus e indenizações, que podem chegar a alguns milhões de reais.
Como se não bastassem todos esses custos, os empresários ainda enfrentam a permanente ameaça dos
processos na Justiça do Trabalho, grande parte deles
movida sem razão concreta, na esteira de uma cultura
paternalista que se desenvolveu e se tornou arraigada
no país. É grande o número de trabalhadores que, ao
sair da empresa, recorre à justiça, mesmo tendo recebido sempre todos os seus vencimentos e direitos de
modo absolutamente correto.
Advogados especializados estruturam a causa com
argumentos nem sempre correspondentes à verdade, e
as causas são sempre acolhidas pelos tribunais, sujeitando as empresas às mais descabidas e exageradas sentenças indenizatórias, que vão de danos morais jamais
cometidos até horas nunca trabalhadas. Não há parâmetros para a decisão dos magistrados ante o depoimento
de testemunhas e à tendência à proteção do lado considerado mais frágil.
O problema é que, dependendo do valor da ação e do
porte da empresa, tais sentenças indenizatórias podem
comprometer de modo agudo a saúde financeira da organização, ameaçando até mesmo a sua sobrevivência.
Defendemos com veemência a Justiça do Trabalho, na
qual, doa a quem doer, deve ser privilegiado e protegido
o direito de quem verdadeiramente foi lesado. Entretanto, não se podem transformar os tribunais em fábricas
de sentenças injustas, em que parece prevalecer uma espécie de “pecado original” de quem gera empregos, paga
salários e distribui renda.
A Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), preocupada com os crescentes ônus referentes à
contratação de funcionários, encargos financeiros e processos, realiza um abrangente Seminário de Relações
Trabalhistas. É preciso debater esse tema no meio empresarial, no contexto da sociedade e das instituições.
Legisladores, que transformam o custo do emprego em
um ônus insustentável, e o Judiciário parecem instigar o
antagonismo entre capital e trabalho. Entretanto, essa é
uma relação que precisa ser harmônica e sinérgica, pois
empresas e trabalhadores constituem as mesmas unidades produtivas. Um precisa do outro e o Brasil precisa de
ambos para o seu crescimento e prosperidade. Assim, é
urgente rever os problemas anacrônicos que deterioram
as relações trabalhistas, reduzem a competitividade das
empresas e limitam a sua capacidade de empregar, em
detrimento da economia e de quem precisa trabalhar. B
* João Francisco Salomão é presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre - FIEAC (salomã[email protected])
Mercado Julho 2010 ∞ 8
CONVERSA
DEMERCADO
Caro leitor,
Muita gente pensa que criatividade é algo distante, presente somente
na vida dos publicitários, roteiristas,
diretores de cinema, gerentes de
novos produtos, designers, estilistas, arquitetos, ou seja, profissionais
cujas atividades exigem que “façam
diferente” todos os dias. Isso não é
verdade. Mesmo os profissionais citados correm o risco de se desmotivar e não usar a criatividade - combustível que alimenta nossas mentes
e promove transformação em diversos aspectos. A mesmice é como um
vírus. Se a gente não se vacinar contra ela, pode pegar.
Dizem que o profissional de
criação trabalha com inspiração e
transpiração. Isso é verdade. Especialmente para nós, publicitários, a
criatividade deve ser usada para gerar resultados. Não basta uma campanha criativa, visualmente perfeita,
com textos interessantes, se ela não
gerar resultados expressivos para
os clientes. A maioria dos publicitários pratica isso e sabe que ganhar
prêmios é muito importante, motiva
toda a equipe e incentiva os colaboradores das agências a oferecer o
que têm de melhor. Portanto, prêmios são consequências merecidas
pelo esforço e por um trabalho sério
e competente. Mas o que importa,
realmente, é que nossos clientes superem suas expectativas e atinjam
resultados positivos com seus conMercado Julho 2010 ∞ 10
sumidores. E que a criatividade seja
usada para ampliar as oportunidades de nosso cliente sair na frente e
se diferenciar.
Extrapolando o meio publicitário, vamos analisar o nosso dia a
dia e ver se realmente somos pessoas criativas. Sentamos sempre
no mesmo lugar da mesa? Fazemos
todos os dias os mesmos caminhos?
Vestimo-nos sem mudar o visual?
Agimos sempre da maneira que os
outros esperam de nós? Vamos sempre aos mesmos restaurantes, sem
experimentar novidades ou comidas exóticas? Por que não inovar,
fazer diferente e fazer a diferença?
Por que não mudar de atitude, de
hábitos, transformar a nossa vida e
a dos que estão ao nosso lado? Por
que não reunir a família para assistir
a um bom filme e comer pipoca em
plena terça-feira à noite? Convidar
para um teatro ou concerto, sem
que os outros esperem. Pintar uma
parede e renovar uma sala de jantar.
Sorrir mais. Fazer exercícios físicos
todos os dias. Reclamar menos. Aumentar o círculo de amigos. Iniciar
um trabalho voluntário. Investir em
um novo negócio sem modificar sua
essência. Aprender a dançar. Não
precisamos de grandes fortunas
para transformar e motivar as pessoas que convivem conosco. Quem
se beneficia dessas mudanças, em
primeiro lugar, somos nós mesmos.
Voltando ao mercado, a criatividade é ferramenta de diferenciação
das empresas. O maior bem que
uma empresa pode ter são os seus
talentos. Essas mentes brilhantes
estão a serviço da logística, do planejamento estratégico, da economia
nos processos, da comunicação com
os clientes, da atualização dos sistemas de informação, da forma como
praticam a responsabilidade socioambiental, da maneira como se posicionam e estabelecem seus ativos
tangíveis e intangíveis.
É preciso diferenciar-se, e a melhor maneira é com criatividade,
inovação e competência. Os consumidores estão informados, querem
mais, exigem que suas expectativas
sejam atendidas e superadas, querem participar, opinar. Uma queixa
no twitter pode gerar dor de cabeça
aguda às empresas que não estão
preparadas para responder imediatamente, de forma criativa e responsável, à opinião do cliente. O poder
da internet e a mudança nos padrões
de comportamento dos consumidores exigem postura transparente, rápida e precisa.
Enfim, agora falando especificamente aos empresários, acredito que
eles devam ter criatividade em todas
as áreas de atuação, de uma simples
apresentação até a sofisticação - ou
simplificação - dos produtos e serviços, de acordo com o mercado, a
fim de se diferenciar, sobreviver e
crescer. E, preferencialmente, além
de crescer, criar valor, transformar,
motivar e promover o desenvolvimento sustentável. B
Paulo Fernando Borges
é publicitário e diretor da Agência de Publicidade Fórmula P
de Uberlândia
MFranchising&Negócios
A evolução do
franchising
POR Carlos Ruben Pinto*
A evolução do franchising no Brasil e no mundo nesta
década vem mostrando números surpreendentes. Segundo
dados estatísticos divulgados pela Associação Brasileira de
Franchising (ABF), em 2001 havia no Brasil 600 redes de
franquias, hoje já temos o registro de mais de 1.600 redes
franqueadas. Surgem novas marcas a cada ano, e gradualmente elas vão conquistando um lugar no mercado. Isso faz
com que o Brasil seja hoje o quinto maior mercado de franquias em nível global.
Mas de onde vem esse crescimento? Vem da estabilidade
de nossa economia e do aumento do consumo, como consequência da melhoria de renda e poder de compra das classes C e D. Para atender a demanda desse mercado, muitos
empresários estão buscando novos canais de distribuição
para seus produtos e serviços. E nesse cenário, o franchising desponta como um dos mais promissores canais de
venda, pois desenvolve redes fidelizadas, tendo na ponta
franqueados devidamente treinados para promover uma administração mais eficiente de cada unidade.
Muitas marcas estão deixando o eixo São Paulo-Rio e
buscando clientes em cidades do interior do país, onde conseguem ter um crescimento mais rápido. Por outro lado, há
também no interior empresários que têm negócios e marcas
bem-sucedidas, produtos e serviços de qualidade e inovadores, empresas bem estruturadas e com bom planejamento,
prontas para conquistar o país.
presas bem estruturadas e com uma franquia devidamente
formatada encontram um crescente mercado de potenciais
franqueados nas mais diversas regiões.
A estabilidade da economia e o maior acesso a informações, sobretudo com o advento da internet, tornaram o
consumidor mais exigente quanto à qualidade e aos preços
dos produtos, serviços e atendimento. Isso demanda maior
especialização do varejo, para atender com mais eficiência
as necessidades específicas do consumidor e para aumentar
a satisfação e fidelidade do cliente.
O franqueador precisa hoje, mais que nunca, concentrar
esforços para manter a credibilidade e reputação que o sistema já conquistou. A concorrência acirrada no mercado
torna a situação mais difícil para todos. Portanto, a evolução e desenvolvimento do negócio têm que ser constantes.
As receitas das taxas de franquia e de royalties precisam ser
reinvestidas no aprimoramento dos produtos, dos processos e na divulgação da marca. Investir, também, em treinamentos, assistência e motivação dos franqueados é fundamental. A franquia bem estruturada deve fornecer aos seus
franqueados modelos de gestão alicerçados na experiência
e vivência prática do franqueador, no registro sistematizado
de seu conhecimento e nos princípios básicos do sistema.
Um número cada vez maior de potenciais franqueados
está procurando melhor se preparar, participando de palestras e cursos, buscando constantemente informações sobre
Há também no interior empresários que têm negócios e marcas bemsucedidas, produtos e serviços de qualidade e inovadores, empresas bem
estruturadas e com bom planejamento, prontas para conquistar o país
Outro ponto importante a ser considerado é a segurança gerada pela lei que regulamentou o franchising no Brasil
em 1994, favorecendo as redes que estavam preparadas e
sintonizadas com uma gestão mais moderna. Hoje as em-
o sistema. Isso torna o mercado mais seletivo, ou seja, as
marcas mais bem preparadas, com plano de expansão e
divulgação da franquia corretamente estruturado, para que
possam se destacar frente à concorrência. B
* Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, Consultor de Varejo e Franquias [email protected] - www.guiadofranchising.com.br/mds
Mercado Julho 2010 ∞ 12
MPrincipais Ofertantes
Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sala 14
Bairro Aparecida
Uberlândia/Minas Gerais
Tel/Fax: 34 3236-6112
[email protected] - www.gmbc.com.br
13 ∞ Mercado Julho 2010
MAgronegócios
Cafezinho com sabor
de sustentabilidade
Café com selo orgânico e gourmet produzido no
Triângulo Mineiro conquista paladares na Europa,
Estados Unidos e Japão
POR Janaína Moura - Especial para a Mercado
D
esde os tempos da
Colônia Portuguesa, o
café brasileiro tem um
gostinho especial para
o paladar estrangeiro.
Mas, de uns anos pra cá, tanto os
consumidores nacionais quanto os
internacionais passaram a ter mais
critério na escolha do que levam para
suas mesas, fruto da conscientização
em torno das questões socioambientais. Atualmente, em se tratanto
de alimentos, o mercado cobra
cada vez mais marcas de produção
saudável, politicamente correta e que
respeitem o meio ambiente. Atento a
essa tendência, em Patrocínio, município do Triângulo Mineiro, há o
exemplo de um produtor que decidiu
investir no cultivo sustentável de
café orgânico e gourmet tipo exportação. Uma iniciativa que deu certo.
Tanto que, em quatro anos, a sua
Julho 2010
Mercado
Julho
∞ 14
2010 ∞ 14
produção transcendeu as fronteiras
brasileiras e agora consquista também o exigente gosto de europeus e
americanos.
Reconhecidamente, as exportações de cafés especiais brasileiros
(orgânicos, gourmets e socialmente justos) crescem em ritmo
acelerado. Devido ao seu alto valor
agregado, os produtores brasileiros
estão ganhando espaço no mercado internacional, especialmente na
Europa, Japão e Estados Unidos.
Dados da Associação Brasileira
das Indústrias de Café (Abic)
confirmam isso, mostrando que a
produção de café gourmet cresce
de 15% a 20% ao ano, sendo que
90% dessa produção é destinada
à exportação. Nesse contexto, segundo a Embrapa, os cafés orgânicos apresentam aumento anual de
produção próximo aos 100%.
Foto: Studio JL
O café da Fazenda Colina provém todo ele de uma
produção orgânica e sustentável
do gestor uma mudança de foco sobre a lavoura. Nesse tipo de gestão é
preciso ter uma visão mais geral da
propriedade, pois se trabalha a integração da lavoura com o meio ambiente”, explica o agrônomo.
Na Fazenda Colina não é usado
nenhum tipo de fertilizante ou pesticida sintético, apenas produtos naturais (estercos) orindos da propriedade. O controle de pragas é feito por
Foto: Studio JL
E os consumidores estão dispostos a pagar por esse quê a mais.
Uma saca de 60 quilos de grão convencional custa em torno de R$
320,00, enquanto uma saca de grão
orgânico e gourmet custa cerca de
R$ 600,00. Porém, para garantir boas
exportações, os cafés especiais devem receber certificações focadas na
qualidade do produto, gestão socioambiental, princípios e fundamentos
do comércio justo (fair trade).
Há quatro anos, a Fazenda Colina, no município de Patrocínio,
em Minas Gerais, tem investido na
produção agrícola orgânica e sustentável de café gourmet para exportação. Nessa propriedade, os grãos são
produzidos de acordo com as exigências dos padrões internacionais para
esse tipo de produto, certificado pelo
Instituto Biodinâmico (IBD). Essa
certificação abriu as portas para que
os grãos torrados de café na Fazenda
Colina ganhassem projeção internacional, seduzindo os paladares europeus e norte-americanos.
De acordo com o engenheiro agrônomo Fernando Maia, a produção de
café orgânico e gourmet diferenciase da produção de café convencional. Os cuidados com o manejo da
lavoura para garantir a qualidade do
produto são mais criteriosos, exigindo do produtor uma gestão diferenciada da propriedade. “Esse tipo de
produção é mais trabalhoso e exige
meio do controle biológico. “Por isso
é tão importante manter o equilíbrio
ambiental, pois a própria natureza se
responsabiliza por manter a lavoura
saudável”, afirma Fernando Maia.
Outro fato importante é que além dos
cuidados ambientais existe a preocupação social com a equipe de trabalhadores da fazenda. Todos os funcionários
são registrados, possuem moradia e os
filhos devem estar matriculados regularmente em escolas. Mais que um princípio dos proprietários, cuidar do lado
humano e social nesse tipo de produção
é uma exigência das empresas certificadoras aplicadas às propriedades que trabalham com orgânicos. A
O engenheiro agrônomo
Fernando Maia está
satisfeito com os
resultados do cultivo do
café orgânico, no qual
não é usado nenhum
tipo de fertilizante ou
pesticida sintético
MAgronegócios
O diretor comercial da
Fazenda Colina, Renato
Maia, que depois de
investir na produçao do
café orgânico e gourmet
decidiu também apostar
no lançamento de marca
própria, que recebeu
o sugestivo nome de
Biocoffee
O agricultor Gilmar Alves Trindade mora há três anos com esposa e
quatros filhos na fazenda. Ele considera que trabalhar com produtos
orgânicos é mais vantajoso, pois
não prejudica a saúde. “Com o orgânico é bem melhor, não preciso
lidar com agrotóxicos, que atrapalhavam muito a minha saúde”, afirma o agricultor. Trindade ressalta
ainda que, na fazenda, tem moradia
e a possibilidade de manter os seus
filhos na escola.
Há dois anos, o diretor comercial
da Fazenda Colina, Renato Maia,
resolveu investir no mercado inter-
no, no seguimento de varejo, com
o lançamento da marca Biocoffee,
um café que, além de orgânico, tem
como característica o rótulo gourmet. Ele diz que a ideia de produzir
um café orgânico e gourmet teve
como intuito atender uma fatia
do mercado consumidor que não
abre mão da saúde, está atenta a
questões ambientais e ainda exige
produtos requintados e agradáveis
ao paladar. “Há um grande público
consumidor em busca de produtos
saudáveis e ao mesmo tempo sustentáveis, o que não significa que
esse tipo de consumidor abra mão
da qualidade”, explica Maia.
Além disso, como o nível de exigência está cada vez mais alto entre
os consumidores, Renato Maia conta
que para melhor atender ao mercado
disponibilizou uma loja virtual no site
do Biocoffee, onde os consumidores
brasileiros podem adquirir os produtos da marca. “Hoje atendo uma fatia
de mercado que exige também qualidade no atendimento. Com a loja
virtual, consigo oferecer produtos
para os clientes em qualquer parte do
país. Futuramente, essa venda virtual
se estenderá em nível global para o
mundo todo”, informa. B
Fique por dentro de algumas características peculiares do café:
Café gourmet: grãos de café arábica de alta qualidade, com quantidade irrisória de grãos com defeito.
Café certificado: café cuja produção é monitorada para rotulagem.
Café orgânico: café cultivado sem o uso de fertilizantes e pesticidades de origem sintética. O controle
de pragas é feito por meio de controle biológico. Para ser comercializado como orgânico, o produto é
monitorado e certificado por agência credenciada.
Café fair trade: geralmente são cafés produzidos em países em desenvolvimento e consumidos em
países desenvolvidos. A prioridade desse tipo de café é garantir um comércio justo (fair trade), de forma
que o produto seja sustentável aos pequenos produtores.
Mercado Julho 2010 ∞ 16
MAgronegócios
Minas preparada para o
vazio sanitário da soja e
do algodão
POR Evaldo Pighini com Agência Estado
De 1º de julho a 30 de setembro é proibido o plantio de soja em Minas
O
s produtores mineiros de soja e algodão
devem ficar atentos
para o chamado Vazio
Sanitário que está em
vigor em todo o estado desde o início de julho, para a soja, e a partir
de 20 de agosto, para o algodão. Por
causa disso, profissionais da área de
Defesa Sanitária Vegetal do Instituto
Mineiro de Agropecuária (IMA) foram submetidos a um treinamento
de quatro dias, entre 28 de junho e
1º de julho, com a finalidade de serem preparados para a fiscalização
das 80 propriedades de algodão e
655 de soja em Minas Gerais. Eles
devem verificar se os produtores
cumprem a legislação vigente, que
prevê a guarda do Vazio Sanitário.
Mercado Julho 2010 ∞ 18
O treinamento aconteceu em Patos
de Minas, região de grande concentração de lavouras de soja e algodão.
Desde 1º de julho e até 30 de setembro está proibido o plantio de
soja em território mineiro, a não ser
nas áreas de pesquisa científica e de
produção de sementes genéticas autorizadas pelo IMA. O objetivo é evitar que o fungo causador da ferrugem da soja se multiplique durante o
final da entressafra. Num período de
90 dias os produtores não poderão
manter plantas de soja vivas. Todos
os estados produtores de soja e algodão são obrigados a estabelecer o
Vazio Sanitário, pois é uma exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Já o período do Vazio Sanitá-
rio do Algodão acontece de 20 de
agosto a 20 de outubro e é uma
das medidas fitossanitárias para a
prevenção e controle do bicudo do
algodoeiro (espécie de besouro).
Este é o primeiro ano em que vai
ocorrer o vazio do algodão. Em
setembro de 2009, a Secretaria de
Estado de Agricultura, Pecuária
e Abastecimento de Minas Gerais
(Seapa-MG), através da resolução
nº 1.021, estabeleceu a medida,
que entra em vigor no segundo
semestre de 2010. A finalidade é
proteger a produção de algodão
para prevenir possíveis prejuízos
ocasionados pela praga. Nesse período também não pode existir nenhuma planta viva de algodão em
todo o estado.
Segundo o diretor-geral do IMA,
Altino Rodrigues Neto, o período
do Vazio Sanitário é de extrema importância, pois Minas, assim como
outros estados, tem se destacado
na produção de soja e algodão. “O
controle preventivo e o combate às
pragas são essenciais para garantir
a competitividade desses produtos
nos mercados nacional e internacional”, informa.
Além disso, Rodrigues Neto avalia que o Vazio Sanitário é um aliado
do produtor, já que visa à prevenção
de pragas e possíveis perdas nas lavouras além de uma diminuição do
uso de agrotóxicos.
Soja e Algodão
De acordo com dados (referentes a maio de 2010) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em Minas há 15.619 hectares de área destinada ao cultivo
Vazio Sanitário do Algodão acontece de 20 de
agosto a 20 de outubro
de algodão, com uma produção estimada de 57.456 toneladas. A maior
parte da produção do algodão está
concentrada nas regiões Norte, Noroeste e Alto Paranaíba.
Quanto à produção de soja, Minas
Gerais é um dos maiores produtores
nacionais, com uma área de 1.020.281
hectares e produção de 2.926.410 milhões de toneladas (dados informados
pelo IBGE - maio/2010). As principais
regiões produtoras no estado são
Alto Paranaíba, Noroeste, Norte e
Triângulo Mineiro. B
Minas Gerais é um dos
maiores produtores
nacionais, com uma
área de 1.020.281
hectares e produção
de 2.926.410 milhões
de toneladas
MEconomia
Aperto monetário
já afeta expectativa
empresarial
Pesquisa com 1.015 executivos de todos os setores, em
todo o Brasil, realizada de 31 de maio a 4 de junho, mostra
o empresário mais cauteloso - diante da elevação da
Selic e da perspectiva de novas correções - no que diz
respeito a vários aspectos de seu negócio, como emprego,
investimentos e crédito. Pequenas e médias empresas estão
mais otimistas
DA Redação
A
Pesquisa Serasa Experian de Expectativa
Empresarial para o 3º
trimestre de 2010 mostra que 59% dos empresários entrevistados, em todo o país,
vão rever suas estimativas de faturamento para o período, com base no
2º trimestre, e 41% vão mantê-las conforme o planejado. Dos que promoverão a revisão de seu faturamento,
Mercado Julho 2010 ∞ 20
84% o farão para cima e apenas 16%
para baixo.
O setor de serviços concentra
86% das empresas que acreditam
em um faturamento superior no 3º
trimestre e reveem suas estimativas.
Na sequência está o comércio (84%)
e a indústria (79%).
Na análise por porte, as médias e
pequenas empresas lideram o otimismo no período, com 85% e 84% de seus
empresários, respectivamente, acreditando em um faturamento maior.
Nas grandes empresas, são 74% compartilhando a mesma opinião.
Na expectativa regional, o nordeste (91%) e o norte (90%) congregam
a maior parcela de empresários que
consideram um faturamento superior
no 3º trimestre em relação ao período
anterior. A seguir estão o centro-oeste
(88%), o sudeste (86%) e o sul (74%).
Faturamento para o ano
De forma geral, 73% dos empresários entrevistados percebem um
faturamento maior de seu negócio
em 2010, na comparação com o ano
passado. 19% acham que esse faturamento se repetirá e apenas 8%
que cairá.
Na abordagem setorial, os serviços (75%), a indústria (74%) e o comércio (71%) aguardam um faturamento melhor para o ano.
Por porte, as grandes empresas,
com 78% de seus executivos; as médias, com 75%; e as pequenas, com
72% de seus entrevistados concordam que 2010 encerrará com um faturamento superior ao verificado no
ano passado.
Nessa direção, na análise regional
estão o norte, de acordo com 87% de
suas empresas, o nordeste (84%), o
sudeste (73%), o sul (67%) e o centro-oeste (65%).
Investimentos
No 3º trimestre de 2010, 33%
das empresas nacionais vão ampliar seus investimentos, 54%
vão mantê-los conforme o planejado, 3% promoverão cortes e
10% vão postergá-los.
Mesmo tendo 57% de seus executivos respondendo que vão manter
os investimentos programados, as
instituições financeiras têm outros
40% dizendo que vão ampliá-los no
período. O comércio tem 34% de
seus empresários com intenção de
investir mais e 55% mantêm os seus
planos. A indústria tem 33% dos empresários elevando os investimentos
e 54% preservando seu planejamento. Os serviços têm a menor parce-
la de empresários com expectativa
de aumentar seus investimentos no
3º trimestre, 31%; já 54% vão seguir
suas metas.
Por porte, as médias e grandes
empresas, com 36% e 35%, respectivamente, possuem a maior parcela
de empresários dispostos a aumentar seus investimentos no 3º trimestre do ano. Os que vão mantê-los
são 54% e 55%, na mesma ordem. As
pequenas empresas têm 32% de seus
empresários pretendendo aumentar
os investimentos e 53% seguindo
seus planos.
A região norte tem uma relação
mais equilibrada entre ampliar os investimentos (44%) no 3º trimestre de
2010 e mantê-los (49%). O nordeste
e o centro-oeste têm 37%, cada um,
de seus empresários com expectativa de aumentar os investimentos.
Na mesma ordem, os que planejam
mantê-los são 55% e 50%. No sudeste
e sul são 32% e 30% para a evolução
dos investimentos, respectivamente,
e 53% e 57% preservando o planejado.
Análise
A Pesquisa Serasa Experian de
Expectativa Empresarial mostra que
o empresário brasileiro está otimista em relação ao faturamento do
seu negócio no 3º trimestre do ano.
A maior parte não pensa em ampliar a contratação de mão de obra,
aproveitando mais os recursos presentes. Do lado dos investimentos,
a parcela mais representativa opta
por manter os recursos planejados.
Mesmo otimista em relação ao
seu negócio, o empresariado nacional está mais cauteloso em relação
aos demais aspectos. O atual aperto
monetário, com elevação da Selic
Os serviços têm a menor parcela
de empresários com expectativa
de aumentar seus investimentos
no 3º trimestre, 31%; já 54% vão
seguir suas metas
e perspectiva de novas correções,
com impactos diretos nos juros e
na redução do nível da atividade
econômica, deixa o empresário
brasileiro mais atento às questões
de investimento, crédito e geração
de empregos.
No caso dos investimentos, os
resultados apurados no 3º trimestre
de 2010, quando comparados com
os do 2º, mostram que houve uma
ligeira migração para as expectativas mais negativas. Os 33% que pretendiam aumentar seus investimentos no 2º trimestre permanecem no
3º, não houve crescimento. Os que
iriam manter seus investimentos no
2º período, que eram 59% dos entrevistados, caíram para 54% no 3º. Na
opinião de promover cortes, era 1%
no 2º e evoluiu para 3% no 3º trimestre. Os que vão postergar os investimentos passaram de 7% do empresariado, no 2º trimestre, para 10% no
período seguinte, que é o motivo de
avaliação desta pesquisa.
No que diz respeito às condições
de crédito (prazos, encargos e limites), no 2º trimestre do ano 31%
dos empresários achavam que iriam
melhorar. Para o 3º, são 29%. Os que
achavam que as condições iriam
continuar as mesmas no crédito
eram 54% no trimestre anterior e no
3º eram 52%. Essas mudanças promoveram aumento na parcela dos
empresários que acham que as condições de crédito vão piorar. Eram
15% no 2º trimestre e passaram para
19% nos próximos três meses.
Considerando o quadro de funcionários, no 2º trimestre eram 38%
dos entrevistados que pretendiam
ampliá-lo e 56% mantê-lo como está.
Para o 3º, caiu para 32% os que vão
aumentar a oferta de empregos e subiu para 62% os que vão permanecer
com o quadro de funcionários que
têm. Dessa forma, são reduzidas as
expectativas de novas contratações.
O objetivo da Pesquisa Serasa Experian de Expectativa Empresarial é
identificar as principais tendências
dos negócios para o trimestre, a
partir do levantamento das perspectivas dos empresários, indo além da
confiança desses agentes. B
21 ∞ Mercado Julho 2010
MNegócios
Auditório lotado na abertura do evento, que contou com a presença de empresários
brasileiros e estrangeiros, autoridades e expositores, entre outros convidados
Encontro do
Sebrae se supera
e expectativas de
negócios ultrapassam
meio bilhão
POR Evaldo Pighini com AI Sebrae
Mercado Julho 2010 ∞ 22
S
ucesso. Foi essa a melhor
expressão encontrada pela
consultora técnica do Sebrae, Fabiana Queiroz, para
definir objetivamente o que
foi a primeira edição do Encontro de
Negócios do Brasil Central. “Superamos
todas as metas e expectativas, dobrando
a capacidade de atendimento a empresários e empreendedores da região através
dos serviços do Sebrae, e conseguimos
aperfeiçoar a qualidade nos encontros
da rodada além de trazer oportunidades
de informação, conhecimento e atualização através das palestras, seminários
e clínicas aos participantes”, comemora
Fabiana. Ainda sem conseguir disfarçar a satisfação com os resultados do
encontro, ela destaca também os vários depoimentos elogiando o evento,
ao mesmo tempo em que demonstra
consciência de que o desafio será ainda
maior na organização da próxima edição
do evento. “Já estamos - desde já - trabalhando na construção da segunda edição do Encontro de Negócios do Brasil
Central, focados numa programação
ainda melhor”. Isso, não bastasse o fato
de a Rodada de Negócios ter alcançado
a incrível marca de R$ 539 milhões em
expectativas de negócios, superando em
quase R$ 190 milhões a previsão inicial,
que era de R$ 350 milhões.
Mais de 700 pessoas participaram do
primeiro dia do Encontro de Negócios
do Brasil Central no Center Convention, em Uberlândia (MG). Entre os presentes na cerimônia de abertura, estavam o prefeito da cidade, Odelmo Leão;
o presidente do Conselho Deliberativo
do Sebrae Minas, Roberto Simões; e o
secretário Adjunto de Desenvolvimento
Econômico, Rafael Andrade.
“Este é o maior evento empresarial
do interior de Minas Gerais. O Sebrae
e a Prefeitura de Uberlândia mais uma
vez não mediram esforços para criar
um ambiente favorável para as micro
e pequenas empresas desenvolverem
seus negócios”, frisou em seu discurso
Roberto Simões. O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas deu
ênfase ainda para a realização da maior
Rodada de Negócios do Brasil, que este
ano teve como novidade o Fomenta Minas e mais seminários e capacitações
gratuitas direcionados a empresários.
“Este é o maior evento empresarial do interior
de Minas Gerais”, ratificou Roberto Simões,
presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae
Minas, em seu discurso de abertura
Após a abertura, o consultor Carlos Alberto Júlio ministrou a palestra
“A Arte da Estratégia”, em que abordou temas como tomadas de decisões e planejamento e estratégias
para desenvolvimento de negócios.
Acima de seis mil pessoas participaram do Encontro de Negócios do
Brasil Central em Uberlândia. A novidade deste ano foi a ampliação dos
serviços de orientação, como palestras, seminários, clínicas tecnológicas, consultorias gerenciais e oficinas.
Seminário discute políticas
públicas no desenvolvimento de
pequenos negócios
Durante o Encontro de Negócios
do Brasil Central em Uberlândia,
empresários e prefeitos de Minas Gerais se reuniram para discutir as políticas públicas no desenvolvimento
de pequenos negócios. O evento foi
realizado durante o seminário “Os
Pequenos Negócios na Liderança do
Desenvolvimento”.
Segundo a gerente de Políticas
Públicas do Sebrae Minas Gerais,
Nair Andrade, o objetivo do seminário foi instigar o poder público a pensar e agir estrategicamente no desenvolvimento dos negócios. “É preciso
criar oportunidades para as micro e
pequenas empresas participarem de
compras públicas, com incentivo e
desburocratização de crédito e acesso à tecnologia”, destacou.
De acordo com dados do Sebrae,
65% dos impostos são destinados à
União, 22% ao estado e 13% aos municípios. “Os recursos ainda são reduzidos e dificultam o crescimento e
o desenvolvimento sustentável; falta
visão integrada”, afirmou João de
Paula, consultor do Sistema Sebrae.
Um bom exemplo de apoio aos pequenos negócios foi mostrado pelo
prefeito de Miradouro, na região da
Zona da Mata de Minas Gerais, Wagner Dutra, ganhador do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor. Dutra
apresentou o projeto Ouro Branco,
criado em 2005, com o propósito de
melhorar os métodos de produção
de leite e diminuir o êxodo rural. A
23 ∞ Mercado Julho 2010
MAgronegócios
MNegócios
O prefeito de Miradouro,
Wagner Dutra, no dia
do recebimento do
Prêmio Sebrae Prefeito
Empreendedor. Ele
esteve presente no
seminário que discutiu
as políticas públicas no
desenvolvimento de
pequenos negócios
Os produtores do município armazenavam e transportavam o leite
em latas. O produto permanecia em
temperatura ambiente até chegar à
indústria, comprometendo a qualidade. O leite era considerado de
baixa qualidade pelos compradores,
que pagavam apenas R$ 0,40 por litro.
Para mudar essa realidade a prefeitura dividiu os produtores em
núcleos, formou associações e construiu 23 galpões para instalação de
tanques de resfriamento. A qualidade aumentou e o leite passou a ser
vendido a R$ 0,75/litro.
Empresários aprendem como
participar de compras públicas
Outro destaque do Encontro do
Sebrae em Uberlândia foi a realização do Fomenta Minas, seminário
que possibilitou a micro e pequenos empresários a oportunidade de
participar de atividades de capacitação e oficinas sobre os principais
instrumentos jurídicos para acesso
às compras governamentais e informações sobre as regras estabelecidas pela Lei Geral que asseguram
vantagens das MPEs. “As empresas
têm interesse em vender para o poder público, mas não sabem como”,
Mercado Julho 2010 ∞ 24
explicou o analista da Unidade de
Políticas Públicas do Sebrae-MG,
Felipe Ansaloni.
Para facilitar o acesso às informações, empresas como Cemig, Copasa, Conab e Correios, habituadas a
negociar com órgãos governamen-
tais, demonstraram como funciona
o processo de compras e licitações.
Para o administrador Alex Charles, as orientações irão facilitar a
participação de sua empresa de alimentos nas concorrências públicas.
“Vou usar o que aprendi nas próximas vendas que farei”, conta Alex.
Valores
Empresas
como Cemig,
Copasa, Conab
e Correios
apresentaram
cases de como
funciona o
processo de
compras e
licitações
O mercado de compras governamentais no Brasil movimenta R$260
bilhões por ano. Em 2009, o Governo Federal efetivou compras no valor de R$15 bilhões das MPEs.
De acordo com o assistente técnico da diretoria regional de Minas
Gerais dos Correios, Henrique José
Afonso, os pequenos negócios representam 15% do volume das compras do governo. A expectativa é que
em 2012 este percentual dobre. “As
compras regionais das MPEs chegam a 17%. O problema é a falta de
informação dos empreendedores de
como vender”, comentou.
Cultura também é negócio
Mais um evento de destaque no
encontro colocou em discussão o
crescimento e as oportunidades do
setor cultural. Foi a oportunidade de
Saulo Laranjeira: “Cultura
é um negócio que a
gente aplaude de pé
artistas, produtores e empresários
debateram o cenário e perspectivas
do setor para os próximos anos, durante o seminário “Nosso Negócio é
Cultura”, que contou com a participação do humorista Saulo Laranjeira e a apresentação de grupos culturais de Uberlândia.
Durante a palestra “Cultura: um
negócio que a gente aplaude de pé”,
Laranjeira relatou sua trajetória
profissional e destacou a importância do incentivo aos pequenos
empreendedores culturais. “Os empresários devem estimular a cultura
e ajudar na disseminação da arte”,
disse o humorista.
Segundo o levantamento Sebrae
realizado com base em dados do
IBGE, do Ministério da Cultura e de
entidades e especialistas ligados ao
setor, as atividades de criação, produção, difusão e consumo de bens
e serviços culturais representam,
hoje, o setor mais dinâmico da economia mundial.
Apesar de não haver informações
totalmente sistematizadas sobre o
impacto da cultura na economia brasileira, esse segmento é responsável
por aproximadamente 4% do PIB.
Em Minas Gerais, a Secretaria
de Estado de Cultura tem anunciado investimentos em políticas
que visam a contemplar toda a diversidade cultural do estado, por
meio de ações como a Lei Estadual de Incentivo e o Fundo Estadual de Cultura.
Evolução da
Rodada de Negócios
Brasil Central
Rodada bate recorde em Uberlândia
Resultado confirma o evento como o maior do Brasil;
expectativa de negócios ultrapassa meio bilhão de reais
Um dos grandes eventos do Encontro de Negócios do Brasil Central realizado em Uberlândia neste ano foi sem
dúvida a Rodada de Negócios, que superou a última edição e chegou a mais
de R$ 539 milhões em expectativas de
negócios. O evento proporcionou uma
agenda de 2.894 reuniões entre 455
empresas fornecedoras e 78 compradoras nacionais e internacionais.
Diante dos números apresentados,
a Rodada atingiu plenamente o seu
principal objetivo, que é estimular as
relações comerciais entre empresas
de diferentes portes e segmentos e impulsionar a economia regional.
Durante dois dias, as empresas
ofertantes puderam negociar com
grandes compradores públicos, privados e até internacionais. Para a artesã
Cláudia Menhdes, a Rodada foi uma
grande vitrine. “Fechei negócio com
o representante de Portugal e estou
em negociação com compradores da
Suíça e Alemanha. Se não fosse este
encontro não teria a oportunidade de
comercializar para outros países”, disse a artesã.
De acordo com a representante da
empresa suíça Tucanexport, os produtos brasileiros são muito valorizados
internacionalmente. “São produtos
que demonstram alegria nas cores e
na diversidade das matérias-primas,
além da qualidade. Coisa que os chineses não conseguem copiar”, admitiu. B
Em 2010
•2.894 agendamentos
•455 empresas
fornecedoras
•78 compradoras (âncoras)
•R$ 539 milhões em
expectativa de negócios
Em 2008
•2.539 agendamentos
•460 empresas
fornecedoras
•61 compradoras (âncoras)
•R$ 333 milhões em
expectativa de negócios
Em 2007
•2.147 agendamentos
•356 empresas
fornecedoras
•47 compradoras (âncoras)
•R$ 242 milhões em
expectativa de negócios
*Em 2009 o evento foi
cancelado por causa da gripe
suína
25 ∞ Mercado Julho 2010
MNegócios
Delivery
com
tempero
e jeitinho
mineiros
POR Alitéia Milagres
Luiz Fernando de Almeida, da Crock!
Box: negócio certo na hora certa
U
ma boa e bem localizada instalação, profissionais gabaritados,
um cardápio variado
e uma boa administração. Essa é a receita de um negócio
que, aliado a pitadas de ousadia e
estratégia, fez com que o empresário
Luiz Fernando de Almeida vendesse
em pouco mais de três semanas cerca de três mil refeições em box por
meio de sistema delivery. Satisfeito
com o resultado inicial do negócio,
o empresário já almeja voos mais altos: “Minha intenção é expandir em
pelo menos mais seis lojas nos pró-
Mercado Julho 2010 ∞ 26
O negócio é novo, mas as
mais de três mil refeições
entregues em menos de um
mês já anima empresário a
planejar a abertura de novas
lojas em Uberlândia ainda
este ano
ximos meses”, revela.
Inaugurada em Uberlândia no
início de maio, a Crock! Box, nome
da empresa de refeição delivery de
Luiz Fernando, é especializada em
receitas a base de arroz. Segundo
o proprietário, apenas nas três primeiras semanas após a inauguração a Crock! Box vendeu mais do
que o esperado. “Muitos clientes
experimentaram e não largaram
mais. É uma refeição barata, completa, com gostinho de comida caseira e feita na hora”, diz. Ele reitera que o sucesso inicial das vendas
ultrapassou as expectativas e que o
desafio agora é cumprir a meta imposta de vender acima de seis mil
unidades por mês.
O mercado de comida delivery,
que envolve aquela refeição pronta,
pedida e recebida em casa, no trabalho ou noutro tipo de ambiente,
vem ganhando espaço a cada dia.
Muitas pessoas, algumas por comodidade, outras por falta de tempo,
têm deixado até mesmo a compra
de alimentos em supermercados
para investir nesse tipo de refeição.
O sistema é simples, basta pegar o
telefone ou acessar o site para efetuar e programar o pedido.
Para o publicitário Bruno Figueredo, o sistema delivery é uma boa
alternativa para quem precisa comer fora de casa com frequência.
“Faço compras no supermercado,
mas costumo comer fora sempre
porque a vida é corrida demais,
tanto pra mim quanto para a minha
esposa. Trabalhamos e estudamos,
então pedimos comida para poder
aproveitar o tempo que temos para
ficar juntos e não na cozinha”, diz.
Luiz Fernando acredita que o grande interesse pela refeição delivery
contribui para que esse segmento se
profissionalize cada vez mais. “A praticidade, comodidade e preço acessível são a base do delivery. Quando
a pessoa percebe que o comerciante
tem um padrão de controle de qualidade, passa a adquirir o produto e
acaba economizando em casa, sem
contar que comprar tempo é sinônimo de resultados. Hoje em dia ninguém quer ficar na cozinha”, ressalta.
O negócio
A refeição pelo sistema delivery não é novidade no mercado,
mas a ideia de Luiz Fernando sim.
O projeto da Crock! Box levou
anos para sair do papel. “Queríamos criar um fast food de comida
tipicamente brasileira, com uma
pitada do tempero mineiro. Foi aí
que surgiu a ideia do arroz mexido com carne, legumes e o cereal,
tudo misturado e picadinho. A embalagem vem com um garfo. Não
suja nada. É só comer e jogar no
lixo”, conclui.
O empresário informa que iniciou o negócio com um cardápio
de 12 opções de box diferentes.
“Um dia, ligou um cliente perguntando se tínhamos um prato à
base de arroz vegetariano. Prontamente disse que sim e esse novo
sabor foi criado na hora e lançado
à base de proteína de champig-
nons e lentilhas. Ficou realmente
uma delícia. Não vamos parar de
enriquecer nosso cardápio. Estamos aqui para atender o gosto do
cliente”, reitera.
No Crock! Box o arroz é preparado com carne de frango, porco,
carne moída, linguiça, bacalhau ou
camarão e leva alho, cebola, pimenta, ervas finas e um toque final de
azeite que, segundo Luiz Fernando,
veio para conquistar o paladar do
uberlandense. Além destes, também são oferecidos pratos feitos
a base de peixes e saladas. Alface,
rúcula, tomate seco, champignon,
cenoura, uva passa, manga, brócolis são outros ingredientes que,
misturados ao arroz, podem dar
um toque especial às receitas. “O
box vem numa embalagem de 480
ml acompanhado de um sachê com
raspa de arroz. O nome crock surgiu da ideia de misturar raspa soltinha e crocante”, explica. A
27 ∞ Mercado Julho 2010
MNegócios
A estudante Ludimila Rodrigues
é outra cliente que aprovou a novidade. “Minha família toda já experimentou. Já pedimos o arroz carreteiro, feito com carne de sol, cebola,
ovo mexido, bacon e tomate, e o arroz caseiro, outra receita que mistura carne moída, ovo mexido, banana
frita, bacon, cebola, ervilha e milho
verde. A comida é muito gostosa e o
suficiente para um adulto”, comenta.
Luiz Fernando acrescenta que
essa flexibilidade no serviço proporciona ao consumidor maior aceitação da marca, além de uma refeição
saudável disponível a qualquer hora.
“O box possui ótima aceitação no
mercado, porque além de apresentar várias opções ao cliente, não é
uma comida industrializada. Com o
delivery, a pessoa tem o conforto e a
praticidade para degustar uma refeição com gostinho caseiro, sem sair
de casa ou do trabalho”, conta.
O empresário atribui o retorno
rápido do negócio ao investimento.
“Prezamos pela qualidade e higiene
dos alimentos, e a busca por produtos diferenciados. Tudo isso aliado a
uma estratégia de marketing criativa
e ao delivery, sistema de entrega em
domicílio com venda pela internet
ou telefone”, avalia.
A entrega da refeição em casa e
no ambiente de trabalho é uma tendência de mercado cada vez mais
comum. “Por causa do ritmo acelerado do dia a dia, as pessoas buscam comodidade e praticidade. Por
isso optamos pelo delivery. Nossos
funcionários estão preparados para
atender a demanda. Após o preparo,
a refeição vai para uma embalagem
térmica e chega quentinha na mão
do cliente, sem perder o sabor do
tempero”, acrescenta.
Para fazer o pedido no sistema
delivery da Crock! Box basta aces-
O crock de camarão
é uma das opções do
cardápio: medida certa
que dá para alimentar
bem uma pessoa adulta
Mercado Julho 2010 ∞ 28
A estudante Ludimila Rodrigues aprovou e virou
freguesa da novidade
sar www.crockbox.com.br ou ligar
(34) 3216-0666. O preço atual de
cada refeição “in box” varia entre
R$ 6,99 e R$ 13,99 - esse último valor
é de um prato mais sofisticado que
leva até camarão -, valores sobre os
quais incide taxa de entrega que vai
de R$ 3,50 até R$ 5,00; essa diferença depende da distância. O cardápio
de produtos contempla também refrigerantes e sucos, e ainda trufas
de brigadeiro e coco, pão de mel,
mousses de maracujá e chocolate
para sobremesa.
Atualmente, a Crock! Box
emprega mais de 17 funcionários, entre atendentes, cozinheiros e motoboys.
Franquia
Luiz Fernando informa que a Crock!
Box é um projeto que apesar de piloto
já está dando certo. “É a primeira unidade. Adquiri todo o know-how para
uma operação consistente do negócio,
experiência que vai garantir a expansão
através do sistema de franquia”, diz.
Otimista, ele acredita que em breve começa a arregimentar parceiros
para estender o negócio. “Pretendemos crescer mais. Vamos trabalhar
para ser franquia em loja de centro e
shopping. Empreendedorismo e experiência comercial serão as chaves
para concretizar o projeto com os
novos parceiros”, destaca. B
Cerâmica Cruzado
MIndústria
Vista parcial de Monte Carmelo, tendo ao fundo algumas indústrias cerâmicas que
operam na região. A cidade agora é o maior polo cerâmico certificado do país
Monte Carmelo
conquista o posto de
maior polo cerâmico
certificado do país
POR Evaldo Pighini
H
á aproximadamente
um ano, em junho de
2009, o Laboratório
de Ensaios de Monte
Carmelo (Lemc), que
faz análises de qualidade da argila
e de produtos de cerâmica vermelha, principalmente telhas, rece-
Mercado Julho 2010 ∞ 30
bia a visita de três auditores do
Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), que tinham como
objetivo realizar as avaliações
conclusivas e a documentação daquele laboratório de ensaios. Na
época, o coordenador administra-
tivo do Lemc, Kleiber Côrtes, afirmou otimista que a possibilidade
de êxito era muito grande para a
conquista da creditação do Inmetro, o que faria do Lemc o primeiro
de Minas Gerais e quinto no Brasil
a ostentar essa certificação. A conquista prevista A
MIndústria
por Kleiber não se concretizou,
mas o trabalho realizado pelo
Lemc, com o apoio da Associação
dos Ceramistas de Monte Carmelo
(Acemc), já começa a dar resultados. No mês passado, cerca de
um ano depois, grande parte das
indústrias cerâmicas da região foi
contemplada com duas importantes certificações: a Certificação
acabou por envolver toda a cadeia
produtiva.
Assim fizeram e hoje, com a
participação do Lemc, os resultados dessa união e luta começam
a aparecer com as duas certificações - ISO 9001 e CCB/Inmetro
- recentemente conquistadas por
várias indústrias da região monte
carmelitana. Com relação à certi-
ções conquistadas pelas cerâmicas de Monte Carmelo e que não é
por acaso que a cidade assumiu a
liderança no cenário nacional em
produção com qualidade no setor
de telhas cerâmicas. “Acredito
que juntos, CCB e região de Monte
Carmelo, podemos explorar nossa
sinergia visando à evolução do setor”. ressaltou. B
No Brasil, das 52 empresas que detêm a Certificação de Produtos
CCB/Inmetro, 13 estão na região de Monte Carmelo, o que representa
25% do total, ou seja, uma em cada quatro cerâmicas certificadas
faz parte da Acemc. Quanto a Certificação ISO 9001/2008, entre 12
cerâmicas que têm esse certificado, 8 também são da Associação dos
Ceramistas de Monte Carmelo, 66,67% do total, ou duas a cada três
indústrias fabricantes de telhas vermelhas no país.
ISO 9001/2008 e a Certificação
de Produtos CCB/Inmetro. Estas
foram conquistas que colocaram
Monte Carmelo no posto de maior
Polo de Cerâmica Vermelha Certificado do Brasil.
Tais conquistas têm um sabor
especial para os empresários que
operam nesse setor na região de
Monte Carmelo. Afinal, nos últimos anos, o parque cerâmico
de Monte Carmelo passou por
mudanças significativas. Muitas
cerâmicas da região tiveram que
encerrar suas atividades, principalmente entre os anos de 2003
e 2005. Os motivos foram muitos,
como, por exemplo, a concorrência com produtos similares, políticas econômicas inadequadas do
governo e também políticas ambientais contrárias à exploração
da matéria-prima. Mas, ao contrário do que se esperava (uma
debandada geral e consequente
abandono da atividade), os empresários que se mantiveram “de
pé” uniram-se em torno da Acemc
e partiram para a luta, envolvidos numa batalha que tinha como
norte agregar mais qualidade aos
seus produtos, objetivo este que
Mercado Julho 2010 ∞ 32
ficação CCB (Centro cerâmico do
Brasil), das 52 empresas certificadas no país 13 estão na região de
Monte Carmelo, o que representa
25% do total, ou seja, uma em cada
quatro cerâmicas certificadas em
território brasileiro faz parte da
Acemc. Por outro lado, no que diz
respeito ao sistema de gestão da
qualidade ISO 9001/2008, os números são ainda mais impressionantes: atualmente, de 12 fabricantes
de telhas certificados no país, 8
também são da Acemc, 66,67% do
total - duas em cada três indústrias certificadas na ISO 9001 estão na Associação dos Ceramistas
de Monte Carmelo.
Para oficializar a entrega dos
certificados aos empresários representantes das cerâmicas que
conseguiram as certificações ISO
e CCB, foi realizada na Câmara
Municipal de Monte Carmelo uma
solenidade pública que contou
com a presença de diversas autoridades e empresários do setor.
Sobre o atual momento, o presidente do Centro Cerâmico do Brasil (CCB), José Octavio Armani
Paschoal, disse - em carta - não ter
se surpreendido com as certifica-
MPolítica
Um ano depois de prometer enxugamento administrativo, Senado ainda tem
214 diretorias
Senado mantém 214
cargos de diretoria
DO Congresso em Foco
Um ano depois de prometer enxugamento e extinção de
diretorias como a de garagem, Casa manteve os postos de
chefia. Dos 50 diretores que seriam exonerados, só saíram 17
U
m ano e três meses depois de chocar o país
ao admitir ter mais de
180 diretores, o Senado mantém atualmente
214 servidores que ocupam cargos
de direção, e ainda resiste a enxugar o quadro. Dos 50 diretores cuja
exoneração foi anunciada em março de 2009, apenas 17 perderam as
funções de comando. Quinze meses
depois, 33 deles continuam em posição de chefia, sem redução no salá-
Mercado Julho 2010 ∞ 34
rio. Desses, 26 seguem exatamente
nos mesmos postos, e sete trocaram
apenas de diretoria. Apenas uma
servidora, a única comissionada da
lista, não consta mais do quadro de
servidores da Casa.
Entre os órgãos que seriam atingidos, somente quatro foram de fato
extintos: as subsecretarias de Planejamento e Execução de Convênios e
de Apoio Técnico e as coordenações
de Análise de Notícias e de Pesquisas
e Apoio Técnico. Também foi extinta
a função de diretor adjunto do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB).
O Senado anunciou na época que
os cortes atingiriam diretorias de
“menor conteúdo de competência” e
resultariam numa economia mensal
de R$ 400 mil aos cofres públicos. Se
todos esses cargos tivessem sido eliminados, conforme foi anunciado, a
Casa teria economizado cerca de R$
6 milhões de lá pra cá, apenas no período compreendido em pouco mais
de um ano.
O Senado deixou de extinguir, por exemplo,
as funções de coordenador de “check-in”
(Coordenação de Apoio Aeroportuário) e de
“garagem” (Coordenação de Administração de
Residências), cargos cuja existência pegou de
surpresa até os senadores e virou um dos símbolos
da falta de controle sobre as diretorias
mais”, porque não têm autonomia
e nem subordinados ou orçamento
próprio à sua disposição. A reportagem tentou contato com o diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra,
mas não obteve retorno.
“Enxugamento”
A lista dos cargos que seriam extintos e dos diretores e coordenadores
que seriam exonerados foi divulgada,
na ocasião, pelo próprio Senado. O
anúncio das exonerações e das extinções das funções foi feito pelo primeiro-secretário, senador Heráclito Fortes
(DEM-PI), em março do ano passado.
Segundo ele, os cortes eram “o primeiro elenco de medidas” para enxugar a
megaestrutura do Senado. “Tínhamos
que começar, e não podíamos adiar
por muito tempo. Então, esse é o primeiro, e vamos continuar procurando
não cometer injustiças, principalmente com os servidores desta Casa”, explicou Heráclito na época. A
Foto: Divulgação
O Senado deixou de extinguir,
por exemplo, as funções de coordenador de “check-in” (Coordenação
de Apoio Aeroportuário) e de “garagem” (Coordenação de Administração de Residências). A descoberta
de uma coordenadoria que ajuda os
senadores no aeroporto e de outra
que funciona numa garagem de um
prédio funcional pegou de surpresa
até os senadores e virou um dos símbolos da falta de controle sobre as
diretorias. A reportagem entrou em
contato com as diretorias e confirmou que na de “check-in”, por exemplo, o nome à frente das atividades
é o mesmo.
Os coordenadores de “check-in” e
“garagem” estão entre os 19 que, na
hierarquia do Senado, exercem funções equivalentes às dos 126 servidores que respondem por diretorias,
como diretor geral ou adjunto, de secretaria ou subsecretaria. Na mesma
situação, estão outros 69 servidores,
como consultores gerais, coordenadores adjuntos, assessores jurídicos,
secretários de comissão, chefe de cerimonial, entre outros, também equiparados a diretores por suas respectivas remunerações.
A relação dos 214 servidores
que ocupam postos de direção ou
equivalentes é composta por funcionários que recebem as mais elevadas funções comissionadas (FC
8, FC 9 e FC 10). Isso significa que,
além do salário, esses servidores
recebem entre R$ 4.128,02 e R$
4.953,63 a mais apenas para exercer a função. O Senado ressalta
que nem todos são diretores “for-
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), primeirosecretário do Senado, anunciou em março do
ano passado as exonerações e as extinções
das funções que, segundo ele, eram “o
primeiro elenco de medidas” para enxugar a
megaestrutura da casa
35 ∞ Mercado Julho 2010
MPolítica
Procurado pela reportagem para
explicar por que a Casa não fez as
alterações anunciadas, o primeirosecretário disse que não pretende
falar sobre o assunto até que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE)
apresente seu parecer à proposta
de reforma administrativa da Casa.
O relator não deu retorno ao contato feito pelo site com seu gabinete
no Ceará.
A 2ª vice-presidente do Senado,
Serys Slhessarenko (PT-MT), falou
à reportagem sobre o assunto. “Ave
Maria!”, exclamou a senadora, ao
saber da não extinção dos cargos
de diretoria. Mas a petista não quis
acreditar que a estrutura da Casa
ainda não tenha sido devidamente
reduzida, como foi anunciado pela
Primeira Secretaria em março. “Eu
acredito que tudo isso foi extinto.
Eu não conferi isso, faz muito tempo
que a gente trabalhou nessa reformulação”, admitiu.
Única integrante da Mesa Diretora a se opor ao plano de carreira de
quase meio bilhão aprovado no dia
23 de junho, Serys disse que precisa
ter mais detalhes sobre as diretorias
para se manifestar com mais propriedade sobre a questão. Mas cobrou os resultados anunciados pela
Primeira Secretaria. “Se eles anunciam 50 diretorias de corte, esses
cortes têm de aparecer.”
Foto: Divulgação
Mas o senador Flexa Ribeiro
(PSDB-PA) disse à reportagem que
algumas diretorias devem mesmo
ser mantidas. “Às vezes, a gente sai
do Senado faltando cinco minutos
para pegar um avião. É importante que exista um encarregado para
emitir um bilhete, fazer um checkin”, declarou o tucano, lamentando
que a Mesa Diretora ainda não tenha resolvido a contento a questão
do excesso de diretorias. “A Mesa é
um colegiado responsável por isso.
Eu lamento.”
Eu acredito
que tudo isso
foi extinto. Eu
não conferi
isso, faz
muito tempo
que a gente
trabalhou
nessa
reformulação
Flexa contestou a ênfase que a imprensa dá às funções de direção no
Senado. “O problema é a nomenclatura. Falam em diretor de check-in...
Isso não existe”, ponderou o senador
paraense.
Os senadores evitam falar sobre
o enxugamento da estrutura administrativa do Senado antes que fique
pronto o relatório de Tasso Jereissati. “Estou esperando chegar ao plenário para que possamos discutir”,
resumiu Lúcia Vânia (PSDB-GO).
O prazo para a realização de convenções partidárias, que acabou no
dia 30, e os festejos de São João provocaram um esvaziamento do Congresso no mês de junho - a ponto de
Serys, na ausência do presidente do
Senado (e do Congresso), José Sarney (PMDB-AP), e do vice, Marconi
Perillo (PSDB-GO), ter encerrado no
final de junho uma sessão do Congresso por falta de quórum. Apenas
quatro senadores compareceram à
sessão que analisaria liberação de
créditos extraordinários.
Em análise
Por meio da Secretaria de Comunicação Social do Senado, a Secretaria de Recursos Humanos admitiu
que os 50 cargos não foram extintos e que as mudanças serão feitas
por meio do Projeto de Resolução
96/2009 relatado por Tasso. A proposta, baseada em estudo encomendado pela Casa à Fundação Getúlio
Vargas, aguarda análise de uma subcomissão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
“Os cargos e funções decorrem
diretamente da estrutura administrativa e, portanto, a resolução que
resultará do citado projeto constitui o instrumento normativo adequado para versar sobre a extinção
de cargos e funções (art. 52, XIII,
da Constituição). Tão logo aprovada a nova estrutura, serão baixados os atos administrativos consequentes”, informou o Senado.
A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) foi a
única integrante da Mesa Diretora do Senado a se
opor ao plano de carreira de quase meio bilhão
aprovado no último dia 23 de junho
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34
MCapa
Mercado Julho 2010 ∞ 38
Raio X dos principais
candidatos à presidência
POR Evaldo Pighini com Agência Brasil
O
correram em junho as
convenções nacionais
e estaduais envolvendo os 27 partidos políticos brasileiros com
registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com intenção de lançar
candidato a algum cargo eletivo ou
fazer coligação com outra legenda
visando às eleições de 2010. Encerradas as convenções e definidos os
nomes, foi a vez de - até 5 de julho
- os partidos ou coligações apresentarem à Justiça Eleitoral o pedido de
registro de seus candidatos à Presi-
dência e à Vice-Presidência da República, aos governos estaduais, ao
Senado, à Câmara dos Deputados e
às assembleias legislativas.
O registro das candidaturas
para presidente e vice ocorreu diretamente no TSE. Só foi aceito
o pedido de registro com chapa
completa (presidente e vice), isso
porque uma resolução do Tribunal
disciplinando o registro de candidaturas estabelece que a “chapa é
única e indivisível”. Já os registros
para os cargos de governador e
vice, senadores, deputados fede-
rais e estaduais ou distritais foram
feitos nos tribunais regionais eleitorais (TREs) de cada estado, mas
seguindo as mesmas regras dos registros de chapa para presidente e
vice-presidente da República.
A Mercado traz a seguir os nomes e um breve currículo de cada
um dos três principais candidatos
à Presidência - definidos com base
nas últimas pesquisas de intenção
de voto divulgadas pela mídia. São
eles, por ordem alfabética: Dilma
Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e
Marina Silva (PV). A
39 ∞ Mercado Julho 2010
MCapa
PT vai de Dilma com Temer do PMDB para vice
“Eu tenho uma missão:
continuar. Não é
repetir, é seguir em
frente, avançando”
Em votação apenas simbólica, o Partido dos Trabalhadores
(PT) aprovou durante a sua convenção nacional, em Brasília, a
formalização da candidatura de
Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República e a indicação do
deputado Michel Temer (PMDBSP) para vice na chapa. A votação ocorreu logo após discurso
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e, sob clima de festa e homenagem às mulheres, Dilma foi
aplaudida pelos presentes.
Em seu discurso, Lula ressaltou
as habilidades de Dilma e sua capacidade em administrar. “Ficarei
muito feliz de poder entregar a faixa
presidencial para uma mulher. Eleger a Dilma significa que é possível
dar continuidade às coisas que fizemos neste país”, disse o presidente.
“Eu não tenho dúvida de que
posso ir para Boa Viagem (praia
localizada em Recife, Pernambuco) e tomar água de coco porque
ela (Dilma) estará governando
este país na maior tranquilidade. O
milagre da governança é montar a
equipe. E Dilma sabe montar equipe”. “Vocês achavam que o Lula era
duro, agora vocês vão ver o que é
(ser duro)”, brincou o presidente.
Por sua vez, após ter seu nome
oficializado pelo PT, Dilma tem
procurado reforçar a comparação
entre a gestão de Luiz Inácio Lula
da Silva e a dos tucanos. “Parar é
um pouco como voltar para trás.”
Além disso, ela tem apregoado
que se eleita fará ainda mais que
Lula. “Eu tenho uma missão: continuar. Não é repetir, é seguir em
frente, avançando.”
Foto: José Cruz/ABr
Trajetória marcada pela militância e atuação no serviço público
A mineira Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República, tem uma trajetória marcada pela
militância contra o regime autoritário
e por sua atuação no serviço público.
Mercado Julho 2010 ∞ 40
Na juventude, foi presa e torturada
por fazer oposição à ditadura militar.
Depois de passar três anos na prisão,
mudou-se para o Rio Grande do Sul.
Lá, chegou ao primeiro escalão da ad-
ministração estadual, comandando a
Secretaria de Minas e Energia nos
governos de Alceu Collares (PDT) e
Olívio Dutra (PT).
Graças ao seu conhecimento na
área, foi convidada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério de Minas e Energia
em 2003. Dois anos depois passou a
comandar a Casa Civil, tornando-se
uma das principais executivas da
gestão Lula. Seu desempenho levou
Lula e o PT a lançá-la para presidente. Essa é a primeira vez que Dilma
disputa uma eleição.
Filha de um empresário búlgaro e
de uma brasileira, a universitária Dilma deixou a família de classe média
em Minas Gerais para ingressar na
luta contra a ditadura militar como
militante do Comando de Libertação
Nacional (Colina) e da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR
Palmares). Foi presa pelo Departamento de Ordem Política e Social
(Dops) e torturada na cadeia.
Na década de 70, depois de quase três anos presa, passou a viver
no Rio Grande do Sul, onde engajou-se na campanha pela anistia e
ajudou a fundar o PDT junto com
o advogado e ex-deputado Carlos
Araújo, com quem ficou casada
por 25 anos. No PDT, participou
da candidatura de Leonel Brizola à
Presidência da República.
Foi também no sul do país que
começou a carreira de gestora
pública. Em 1986 foi nomeada
Secretária da Fazenda de Porto
Alegre na administração de Alceu
Collares. Nos anos 90 assumiu a
presidência da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Posteriormente, comandou a Secretaria
Estadual de Minas e Energia. Em
2001 integrou o grupo que saiu do
PDT para se filiar ao PT, partido
pelo qual disputará, em outubro, a
Presidência da República.
“Dilma ingressou no governo Lula no primeiro
mandato, quando assumiu o Ministério de Minas
e Energia. Entre outras ações, implantou um novo
modelo para o setor. Dois anos depois, passou a
chefiar a Casa Civil, no lugar de José Dirceu, que
renunciou devido ao escândalo do mensalão”
Dilma ingressou no governo
Lula no primeiro mandato, quando assumiu o Ministério de Minas
e Energia. Entre outras ações,
implantou um novo modelo para
o setor. Dois anos depois passou
a chefiar a Casa Civil no lugar de
José Dirceu, que renunciou devido ao escândalo do mensalão. No
comando da pasta, gerenciou o
Programa de Aceleração do Cres-
cimento (PAC) - o que lhe rendeu
o título de “mãe do PAC” - e se
tornou uma das ministras mais importantes do governo Lula.
Em abril deste ano saiu da Casa
Civil para tentar ser a sucessora de
Lula no Palácio do Planalto. Antes
disso, em 2009, passou por um tratamento para combater um câncer
no sistema linfático. Dilma é economista e tem uma filha e um neto.
Dilma quer parcerias para ampliar avanços do governo Lula
Ao ser formalizada candidata do
PT à presidência, a ex-ministra Dilma
Rousseff defendeu que os governos
estaduais e municipais trabalhem em
conjunto com a União. Segundo ela,
apenas um governo de integração
será capaz de promover melhorias
nas áreas de educação, saúde, segurança, emprego, ciência e tecnologia,
além de estimular o desenvolvimento
agrícola e industrial no país.
Comparando o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o
dos antecessores, Dilma destacou os
avanços obtidos. “Quebramos o tabu
e provamos que incluir os mais fracos
e necessitados é um avanço”, disse a
ex-ministra, citando conquistas em diversos setores a partir da estabilidade
e do desenvolvimento econômicos. “É
um caminho indispensável e, sobretudo, um caminho que leva ao desenvolvimento”, afirmou.
A candidata reiterou que, se eleita,
fará uma gestão de coalizão. “É preciso somar forças hoje para alargar
ainda mais o caminho aberto pelo
presidente Lula. Estamos juntos para
seguir mudando. Vamos debater, vamos esclarecer ao povo que somos
“É preciso somar forças hoje para alargar ainda mais
o caminho aberto pelo presidente Lula”
diferentes dos outros candidatos. Depois de eleitos, vamos governar para
todos os brasileiros”, afirmou.
Dilma disse ainda que, caso vença
a disputa presidencial, o seu governo
será semelhante ao de Lula, mas com
características femininas. “Uma mulher que fará um Brasil de Lula, mas
com alma e coração de mulher. O nos-
so presidente Lula mudou o Brasil. A
continuidade que o Brasil deseja é a
continuidade da mudança”, disse.
“É seguir com a mudança para
diminuir as desigualdades entre as
pessoas. A distância entre o sonhar
e o fazer pode ser bem mais curta do
que a gente imagina, desde que tenha
coragem e competência”, finalizou. A
41 ∞ Mercado Julho 2010
MCapa
José Serra é o candidato da “oposição” pelo PSDB
“Eu sou o que sou.
Sem disfarces e sem
truques. Tenho uma
cara só e uma só
biografia. E é assim
que eu sou, é assim
que eu vou me expor
ao Brasil”
Da mesma forma como aconteceu
com sua adversária Dilma, do PT, a
votação na convenção do PSDB para
escolha do candidato tucano na corrida pela Presidência da República,
ocorrida em Salvador, foi simbólica,
uma vez que a indicação de José Serra
já era uma certeza. Em seu discurso,
após ter seu nome confirmado oficialmente pelo partido, do qual foi um dos
fundadores, Serra procurou valorizar
a sua origem pobre, e até mesmo ao
falar de sua história pessoal adotou
um tom de crítica ao presidente Lula.
“Venho de uma família pobre. Vim
de baixo. Sempre falei pouco disso,
e nunca com o objetivo de legitimar
meus atos ou de inflar o mérito eventual dos meus progressos pessoais ou de
minhas ações como político. Eu sou o
que sou. Sem disfarces e sem truques.
Tenho uma cara só e uma só biografia.
E é assim que eu sou, é assim que eu
vou me expor ao Brasil”, disse.
Serra ainda lembrou que foi perseguido politicamente durante a ditadura militar e fez questão de enfatizar que não tem
“mal-entendidos” em seu passado. “O
que eu vivi na minha infância, na minha
adolescência, no movimento estudantil,
no exílio, nas perseguições que sofri, nas
universidades, no Congresso, nos governos de que participei ou chefiei, carrego
comigo cotidianamente. Não tenho malentendidos com meu passado. Nada me
subiu à cabeça, nada tenho a disfarçar”.
No começo da convenção, após a
apresentação do coral da Igreja Senhor do Bonfim, que cantou o Hino
Nacional, foi exibida uma mensagem
do ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (FHC), que
está em viagem ao exterior e não compareceu ao evento. Fernando Henrique conclamou os tucanos a acreditarem na candidatura de José Serra.
“Temos tudo para ganhar. Serra sempre esteve ao lado dos pobres, sempre esteve ao lado dos
mais necessitados. Sabemos que
o Brasil pode mais e, com as mãos
do Serra, este Brasil pode crescer
muito mais”, disse FHC na mensagem gravada em vídeo e exibida
em dois telões montados no Clube
Espanhol, em Salvador.
Para vice de José Serra foi escolhido o deputado federal Índio da Costa
(DEM-RJ), de 39 anos, um dos relatores do Projeto Ficha Limpa. Sobre
essa escolha, Serra afirmou que vai
trazer juventude para a campanha.
Serra entra na disputa presidencial pela segunda vez
A carreira política de José Serra,
que pela segunda vez entra na corrida pela Presidência da República
- mas agora como oposição - como
candidato do PSDB, começou na
militância estudantil nos anos 60,
quando estava na universidade e foi
eleito presidente da União Nacional
dos Estudantes (UNE). Com o golpe
militar, deixou o país e ficou exilado
no Chile e nos Estados Unidos.
Depois de 14 anos no exílio, Serra
retornou ao Brasil e passou a lecionar no curso de economia da Universidade de Campinas (Unicamp). Nos
anos 80 tornou-se Secretário Estadual de Planejamento no governo do
Mercado Julho 2010 ∞ 42
peemedebista Franco Montoro (que
morreu em 1999). Em 1986 foi eleito
deputado federal por São Paulo pelo
PMDB e participou da Assembleia
Nacional Constituinte.
Dois anos depois ajudou a fundar o PSDB. Em 1990 conquistou o
segundo mandato na Câmara dos
Deputados. Na eleição seguinte assumiu a vaga de senador.
Licenciado do Senado, Serra comandou o ministério do Planejamento (em 1995 e 1996) e da Saúde
(de 1998 a 2002) na gestão do então
presidente Fernando Henrique Cardoso. Na primeira pasta, desenvolveu programa de execução de obras
do governo federal em parceria com
estados e prefeituras. No Ministério
da Saúde, a administração de Serra
foi marcada pela implantação do
programa de combate à AIDS - que
serviu de modelo para outros países
e teve reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 2002 concorreu ao posto mais
alto do país, o de presidente da República. Porém, perdeu a disputa para
o então candidato Luiz Inácio Lula
da Silva no segundo turno. Após dois
anos foi eleito prefeito de São Paulo.
Serra concorreu a esse cargo três vezes e nos pleitos anteriores, em 1988
e 1996, havia sido derrotado.
Em 2006 assumiu o governo es-
“No Ministério da Saúde, a administração de
Serra foi marcada pela implantação do programa
de combate à AIDS - que serviu de modelo
para outros países e teve reconhecimento da
Organização das Nações Unidas (ONU)”
tadual, único cargo para o qual foi
eleito em primeiro turno. No início
deste ano renunciou ao posto para
ser pré-candidato dos tucanos à Presidência da República nas eleições
de outubro.
Filho de imigrantes italianos, Serra nasceu em 19 de março de 1945
na capital paulista. É economista e
casado. Tem filhos e netos.
Tucano defende diminuição dos juros e da carga tributária
Logo após ter a sua candidatura à
Presidência da República formalizada
na convenção nacional do PSDB, o exgovernador de São Paulo, José Serra,
defendeu uma política econômica de
mais investimento do Estado e de redução dos juros e da carga tributária
como forma de garantir melhores condições de vida para a população.
“Temos de nos afastar de três recordes internacionais que em nada nos ajuda a satisfazer nossas necessidades e
preencher nossas esperanças. O Brasil,
hoje, tem uma taxa de investimento governamental das menores do mundo, a
maior taxa de juros reais do mundo e a
maior carga tributária de todo o mundo
em desenvolvimento”, disse.
Serra não detalhou como conduzirá
a política econômica, disse apenas que
a sua intenção é fazer o Brasil virar um
grande canteiro de obras. “Na economia, meu compromisso é fazer o Brasil
crescer mais e mais rapidamente. Vamos abrir um grande canteiro de obras
pelo Brasil inteiro, como fizemos em
São Paulo. Estradas, portos, aeroportos,
trens urbanos, metrôs, as mais variadas
carências na infraestrutura serão enfrentadas sem os empecilhos das ideologias
que nos impedem de dotar o Brasil do
capital social básico necessário. É a falta
de infraestrutura que cria gargalos para
o crescimento futuro e ameaça acelerar
a inflação no presente”, afirmou.
“Vamos abrir um grande canteiro de obras pelo Brasil
inteiro, como fizemos em São Paulo. (...) É a falta de
infraestrutura que cria gargalos para o crescimento
futuro e ameaça acelerar a inflação no presente”
O tom do discurso de Serra foi de
crítica ao governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e ao PT. O candidato deu destaque às críticas feitas por
Lula à atuação do Tribunal de Contas
da União (TCU), que embargou obras
com suspeitas de irregularidades.
“Acredito no valor da Justiça independente, que obedece, mas não faz
as leis e é guardiã do nosso Estado
de Direito. E prezo as instituições que
controlam o Poder Executivo, como os
tribunais de contas e o Ministério Público, que nunca vão ser aprimoradas
por ataques sistemáticos de governos
que, na verdade, não querem ser controlados”, disse.
Outra crítica feita pelo tucano foi em
referência aos cargos de confiança do
governo que chamou de “loteamento
político”. “Eu acredito nos servidores
públicos e nos técnicos e trabalhadores de empresas estatais, que são vítimas do loteamento político, de chefias
nomeadas por partidos ou frações de
partidos, por motivos pouco confessáveis, males esses que chegaram até às
agências reguladoras”. A
43 ∞ Mercado Julho 2010
MCapa
PV lança Marina com Guilherme Leal
(dono da Natura) como vice
“Lutar pelos que não
são, pelos que não
sabem, pelos que não
podem, pelos que não
têm, para que um dia
saibam, possam e
tenham”
Uma banda de frevo e uma boneca gigante de Olinda com a cara
da candidata verde davam as boas
vindas aos participantes da Convenção Nacional do Partido Verde (PV),
realizada em Brasília, para o lançamento oficial do nome de Marina Silva para concorrer à Presidência da
República. O empresário Guilherme
Leal, dono da Natura, é o candidato
a vice. O partido decidiu se lançar
em voo solo. Não fez alianças com
nenhuma legenda e sabe que enfrentará como maior obstáculo diante
dos demais candidatos os míseros
um minuto e meio de tempo no horário eleitoral gratuito.
“A menos que haja uma posição
contrária ao que já foi conversado,
nós vamos seguir em voo solo. Não
vamos buscar nos coligar. Seremos
chapa pura. O que temos para mostrar é uma candidata excelente, que
tem uma história de vida que permi-
te a ela falar sobre todas as dificuldades que o povo brasileiro enfrenta
com propriedade. Não só com a propriedade de quem viveu, mas também de quem estudou”, destacou o
deputado Marcelo Ortiz (PV-SP).
O PV oficializou o nome de Marina com o “compromisso” de não assumir uma postura de denuncismo
durante a campanha. “Vamos pautar
o período de campanha pelo debate
de ideias e propostas sobre o Brasil,
evitando factóides, embates vazios e
consensos ocos”, destaca o programa da candidata.
Em seu discurso, entre muitos
agradecimentos, Marina Silva lembrou um dos referenciais que a norteiam, segundo ela aprendido com
o Bispo Dom Mauro Morelli: “Lutar
pelos que não são, pelos que não
sabem, pelos que não podem, pelos
que não têm, para que um dia saibam, possam e tenham”.
Do trabalho nos seringais acreanos à disputa pela Presidência
A senadora licenciada pelo Acre,
Marina Silva, é a candidata à Presidência da República do Partido Verde
Mercado Julho 2010 ∞ 44
(PV) nas eleições de outubro. Ela deu
os primeiros passos nos movimentos
social e sindical ao lado de Chico
Mendes, líder seringueiro assassinado em Xapuri em 1988. Antes de
chegar ao Senado, em 1994, foi vereadora por Rio Branco e deputada estadual pelo PT. Alfabetizada apenas na
adolescência, é formada em história
pela Universidade Federal do Acre e
pós-graduada em psicopedagogia.
Marina começou a carreira política em seu estado em 1984. Sua
trajetória é marcada por defender o
crescimento sustentável, com proteção ao meio ambiente. No Acre, foi
uma das fundadoras da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Chegou
ao Senado com 36 anos como a mais
jovem senadora do país. Agora, parte para um desafio maior: disputar
a Presidência da República pela primeira vez.
A hoje candidata do PV assumiu o
Ministério do Meio Ambiente no governo do presidente Lula - primeiro
cargo a ocupar no Poder Executivo
- em janeiro de 2003. Como ministra,
Marina conseguiu reduzir os índices
de desmatamento da Floresta Amazônica e criou o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade - autarquia responsável por administrar as unidades
de conservação, atividade antes desenvolvida pelo Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama).
Em 13 de maio de 2008 Marina se
demitiu do comando do ministério,
alegando enfrentar resistência de
outros membros do governo para
implantar a política ambiental. No
ano passado, depois de quase 30
anos, desfiliou-se do PT. À época,
argumentou discordar da proposta
do partido de priorizar o desenvolvimento em detrimento da preservação ambiental.
Casada, Marina tem quatro filhos.
Nasceu em Breu Velho, um seringal localizado a 70 quilômetros da
capital acreana. É a segunda mais
velha de uma família de sete mulheres e um homem. Aprendeu a ler e
escrever somente na adolescência,
quando foi morar em Rio Branco e
entrou em contato com religiosos.
Até hoje ela sofre problemas de
“Como ministra, Marina conseguiu reduzir os
índices de desmatamento da Floresta Amazônica
e criou o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade
(...). Em 2007 integrou a lista das 50 pessoas mais
influentes para ajudar a salvar o planeta, feita pelo
jornal britânico The Guardian
saúde em consequência do seu trabalho nos seringais. Frequentemente
Marina é submetida a tratamento por
causa de uma contaminação por me-
tais pesados. Em 2007 integrou a lista
das 50 pessoas mais influentes para
ajudar a salvar o planeta, feita pelo
jornal britânico The Guardian.
Marina quer ser a primeira negra a presidir o país
A candidata do Partido Verde (PV) à
Presidência da República, Marina Silva,
disse em discurso na convenção do partido que quer ser a primeira mulher negra e de origem pobre eleita presidente
do Brasil. Em um discurso emocionado,
Marina lembrou a própria trajetória e
defendeu a necessidade de investimento estratégico em educação como forma de distribuir renda no Brasil. Analfabeta até os 17 anos, Marina lembrou que
chegou a Rio Branco, capital do Acre,
sem saber ler nem escrever.
“Ainda há erros a serem corrigidos.
Eu sei o que é ver pela metade, eu sei
o que é ouvir pela metade. Me lembro
do que senti ao chegar a Rio Branco
com 16 anos e ficar cerca de 15 minutos olhando para o lado para perguntar
onde é que eu pegava um ônibus para a
Estação Experimental. Havia uma placa
lá, mas, para quem é analfabeto, placa e
nada é a mesma coisa”, disse Marina em
tom emocionado.
“Hoje eu estou aqui, graças a Deus,
aos que me ajudaram e à educação”,
afirmou a candidata. Ela ressaltou que
o Brasil ainda tem 18% de jovens analfabetos e que, além disso, 40% das crianças que entram no ensino fundamental
não conseguem chegar à 8ª série.
A candidata do PV emocionou-se em
vários momentos do discurso. Ao se
referir ao pai, de 82 anos, presente na
plateia, Marina agradeceu o apoio dele
quando a deixou sair de casa aos 16
anos para estudar.
Ela contou ter pedido ao pai que a
deixasse ir para a cidade porque queria
estudar e sonhava em ser freira. Segundo Marina, o pai, que trabalhava nos seringais acreanos, respondeu: “Você quer
Marina, sobre os problemas enfrentados pela
população devido às enchentes: “Não é um problema
natural, ligado ao meio ambiente. Isso é falta de
estratégia, de visão, de comportamento ético dos
dirigentes”
ir agora ou na semana que vem, quando
a gente vender a borracha para você levar o dinheiro?” De acordo com Marina,
se o pai não tivesse essa visão, ela não
teria chegado onde chegou.
Em seu discurso, Marina classificou
como resultado da falta de compromisso
ético dos governantes os problemas enfrentados pelos moradores das grandes
cidades devido às enchentes. “Não é um
problema natural, ligado ao meio ambiente. Isso é falta de estratégia, de visão,
de comportamento ético dos dirigentes.”
A candidata verde evitou fazer críticas ao presidente Lula, a quem agradeceu por deixá-la fazer parte do governo.
Ao falar das conquistas do Brasil no último ano, enfatizou que hoje o país não
deve esquecer os avanços, mas também
não precisa fazer apologia deles, pois
tem de avançar mais.
Evangélica, ela fez questão de ressaltar a defesa do princípio do Estado
laico. “Esse país laico é para que possamos respeitar todos os que têm crença
diferente da nossa e os que não têm
crença”, disse.
Antes de finalizar seu discurso, a
candidata do PV criticou o projeto de
revisão do Código Florestal em discussão na Câmara dos Deputados sob
a relatoria do deputado Aldo Rebelo
(PCdoB-SP). “As pessoas estão discutindo como flexibilizar o Código Florestal para perdoar 40 milhões de áreas
degradadas ilegalmente”, afirmou. B
45 ∞ Mercado Julho 2010
MSaúde
HIV avança
sobre a
população
masculina gay
no Brasil
POR Evaldo Pighini com Agência Brasil
Pesquisa mostra que o vírus da AIDS já infectou 10,5% da
população homossexual brasileira maior de idade
A
contaminação pelo vírus HIV já atinge 10,5%
da população homossexual masculina brasileira com mais de 18
anos. É o que mostra um estudo do
Ministério da Saúde (MS), divulgado
em junho, durante o 8º Congresso
Brasileiro de Prevenção das Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST) e
AIDS ocorrido em Brasília. Os números da pesquisa, realizada nas dez das
maiores cidades brasileiras, apontam
ainda que o risco de transmissão da
Aids entre homens gays maiores de
Mercado Julho 2010 ∞ 46
idade é muito maior do que no restante da população, por exemplo, entre os homens brasileiros de todas as
faixas etárias e orientações sexuais,
com idade entre 15 e 49 anos, em que
o índice de soropositivos é estimada
em 0,8%.
O levantamento também mostra
que os gays fazem mais sexo casual,
no entanto, usam camisinha na mesma proporção que os heterossexuais,
o que ajuda a explicar o maior risco
de transmissão entre esse grupo.
Outro dado preocupante da pesquisa aponta ainda que 53,5% do público
homossexual masculino com mais de
18 anos disseram que já foram discriminados, xingados, humilhados ou
agredidos por causa da opção sexual.
Os ambientes em que há mais discriminação, de acordo com os entrevistados, são o trabalho (51,3%), a escola
(28,1%) e a igreja ou outro local de
culto religioso (13%). Além disso, pelo
menos 14% confessaram terem sido
forçados a manter relações sexuais
contra a sua vontade.
Diante disso, o MS defende a necessidade de reforçar as políticas de
combate à homofobia. A
Foto: Elza Fiúza/ABr
MSaúde
O 8º Congresso
Brasileiro de Prevenção
das DST e Aids e o 1º
Congresso Brasileiro das
Hepatites Virais, onde
o Ministério da Saúde
lançou os resultados
da pesquisa realizada
com mais de 3 mil
homossexuais em dez
cidades brasileiras
Durante o 8º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids e o
1º Congresso Brasileiro das Hepatites Virais, no mesmo dia da divulgação dos resultados do estudo, a
diretora do departamento DST, Aids
e Hepatites Virais do MS, Mariângela Simão, chamou a atenção para a
necessidade de que seja intensificada a prevenção ente jovens gays
e homens que fazem sexo com homens (HSH). Segundo a pesquisa do
ministério, esse grupo mantém mais
relações sexuais sem preservativo
em comparação à população masculina em geral.
Conforme o estudo, 34,6% dos
homens em geral usaram preservativo em relações sexuais com
parceiros fixos nos últimos 12 meses, contra 29,3% dos jovens gays
e HSH. Nas relações com parceiros casuais pelo mesmo período,
o percentual de uso da camisinha
também é menor entre os jovens
homossexuais, 54,3%, contra 57%
entre a população masculina em
geral. Dados epidemiológicos anteriores do ministério revelam
aumento crescente de casos da
doença entre adolescentes homossexuais. Entre garotos de 13 a 19
anos de idade, a transmissão homossexual (33,5%) supera a heterossexual (28,3%).
Mercado Julho 2010 ∞ 48
Para Mariângela Simão, o pouco
uso do preservativo pelos jovens
gays é um alerta para intensificar
as ações de prevenção. “O jovem se
sente mais protegido. Não vê a aids
Entre garotos
de 13 a 19
anos de idade,
a transmissão
homossexual
(33,5%) do
vírus HIV
supera a
heterossexual
(28,3%)
como face da morte”, disse. Ela citou como iniciativa do ministério
o lançamento de uma revista em
quadrinhos com orientações sobre
sexo seguro.
Outro dado revela que os gays e
HSH mantêm relações sexuais com
mais parceiros casuais. Quase 80%
das pessoas ouvidas revelaram ter
mantido esse tipo de relação nos
últimos 12 meses, contra 34,1% dos
homens em geral. O percentual de
gays e HSH que usaram o preservativo em todas as relações com
parceiros casuais no último ano é
praticamente o mesmo em comparação com a população masculina
em geral - 50,3% no primeiro grupo
e 50,2% no segundo.
Em contrapartida, 66% dos gays e
HSH buscam o preservativo em postos de saúde ou outro serviço público, contra 33,9% da população masculina em geral. A pesquisa constata
que os gays e HSH têm maior nível
de escolaridade e são mais bem informados sobre a doença. Sobre
a procura pelo teste de HIV, 53,9%
dos gays e HSH fizeram o teste por
curiosidade ou por acharem que tinham o risco de contrair a doença.
Entre os homens em geral, o percentual cai para 32,7%. No entanto,
16,7% dos gays e HSH fazem o teste
como rotina. A
Foto: Elza Fiúza/ABr
MSaúde
Para Mariângela, apesar de serem mais escolarizados e terem
mais conhecimento a respeito da
Aids, os gays e HSH estão fazendo
mais sexo sem preservativo. Ela
aponta como dado de alerta o percentual de entrevistados que realiza
o teste de HIV como rotina. “Isso
significa que não estão fazendo
sexo seguro e usando o teste como
prevenção”, disse.
A pesquisa do ministério foi realizada nas cidades de Manaus, Recife,
Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte, Campo Grande, Brasília, Itajaí e Santos - as duas últimas
registraram por anos os maiores índices de Aids do país. Os entrevistados têm mais de 18 anos e tiveram
pelo menos uma relação sexual com
homem nos últimos 12 meses.
Risco também entre as mulheres
Outro alerta dado foi o da diretora da Secretaria de Políticas
para as Mulheres, Kátia Guimarães, para quem uma das prioridades da pasta é estimular o uso do
Mercado Julho 2010 ∞ 50
preservativo feminino como forma
de reduzir o número de casos de
aids entre as brasileiras.
Em debate durante o congresso
de Brasília, ela admitiu que o plano
de enfrentamento da feminização
da epidemia de DST e Aids, lançado em 2007, ainda não está institucionalizado no país. “É um plano
mais no desejo”, reconheceu Kátia
Guimarães, que coordena o programa de combate à violência contra a
mulher na secretaria.
A diretora do Programa
Nacional DST/Aids,
Mariângela Simão, faz
palestra durante o 8º
Congresso Brasileiro de
Prevenção das DST e
Aids e o 1º Congresso
Brasileiro das Hepatites
Virais
De acordo com os últimos dados
do Ministério da Saúde, o número
de mulheres infectadas cresce em
maior proporção quando comparado ao de homens em todas as faixas etárias. Em 1986, eram 15 casos
de AIDS em homens contra um em
mulher. A partir de 2002, a relação
passou a ser de 15 casos em homens para dez em mulheres. Entre
os jovens, o público feminino é a
principal vítima da doença. De 2000
a 2009, foram registrados no país
3.713 casos entre meninas de 13 a
19 anos de idade contra 2.448 casos
entre meninos.
O diretor adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites
Virais do Ministério da Saúde, Eduardo Barbosa, disse que existe dificuldade de incluir e justificar no
orçamento a compra de preservativos femininos e um dos motivos
é a falta de demanda e articulação
dos movimentos de representação
das mulheres. B
O número de mulheres
infectadas cresce em maior
proporção quando comparado
ao de homens em todas as
faixas etárias
MEspecial
Mercado Julho 2010 ∞ 52
Diabetes é causa de
70% das amputações
no Brasil
POR Margareth Castro
A doença, previsível e tratável, provoca 55 mil cirurgias para
retiradas de membros por ano no país; no mundo, a cada 30
segundos um indivíduo sofre uma amputação
“H
oje eu poderia
estar bem melhor se não tivesse ignorado
a doença.” É
assim que o aposentado Felismino
Rodrigues Pereira, 68 anos e diabético há 30, justifica o seu atual estado físico e de saúde. Amputado na
altura do joelho há 11 anos, ele está
cego desde 2002 e faz hemodiálise
três vezes por semana há quase um
ano. Infelizmente, o caso de Felismino é mais um entre milhares de
pessoas que têm diabetes no mundo. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (FID), por
ano, 7 milhões de pessoas desenvolvem a doença, outros 4 milhões
morrem e a cada 30 segundos um
indivíduo sofre alguma amputação
de membros inferiores como dedo
do pé, pé ou perna.
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) e a FID calculam que sete
em cada 10 amputações das pernas
se deve ao diabetes. A cada ano são
realizadas no mundo um milhão de
amputações, das quais 85% procedem de úlceras no pé.
No Brasil, o diabetes é a maior
causa de amputações. Segundo o
Ministério da Saúde, 70% das cirurgias para retirada de membros são
por causa da doença. No País, são
55 mil amputações por ano de pacientes diabéticos.
A retirada de parte da perna esquerda de Felismino Pereira começou com um machucado no pé. Ele
conta que vinha de um bar próximo
de sua casa, quando cortou o pé.
Dias depois, tropeçou em casa e arrancou a cabeça de um dedo, que foi
operado, mas teve rejeição e acabou
tendo que ser amputado.
Com o passar do tempo começaram as deformidades no pé, provocando desgastes na parte óssea
e prejuízos na circulação, fazendo
com que Felismino Pereira tivesse
a perna amputada. “É uma vida so-
frida, limitada. Fico em casa ouvindo rádio, futebol e quase não saio”,
disse.
Mesmo não sofrendo da doença,
a mulher de Felismino Pereira, Meire Maria Rodrigues, tem o mesmo
sentimento de limitação. É ela quem
cuida dele e teve que parar de trabalhar para se dedicar ao marido. “É
cansativo, mas ele requer cuidados
e acompanhamentos, principalmente agora, com a hemodiálise. Ele
precisa tomar medicamentos no horário”, disse.
O casal tem quatro filhos e um
é diabético. Meire Rodrigues comprova a hereditariedade da doença e diz que na família de Felismino Pereira há muitos casos. Para
conhecer mais sobre a doença e
os cuidados com o diabético, uma
vez por mês a esposa frequenta
um grupo familiar na Unidade de
Atendimento Integrado (UAI) do
Bairro Luizote, em Uberlândia,
Minas Gerais. A
Ao lado da esposa Meire e praticamente um refém da própria casa onde vive,
o aposentado Felismino Pereira é infelizmente apenas mais um entre milhares
de pessoas que todos os anos são vitimas da amputação de membros no
Brasil por causa da Diabetes
53 ∞ Mercado Julho 2010
MEspecial
Prevenção
Apesar de toda a gravidade e perigos que pode acarretar, felizmente
o diabetes é uma doença previsível
e tratável. De acordo com o médico e cirurgião vascular Marcondes
Figueiredo, que também atende no
Programa Municipal de Hipertensão e Diabetes, a atenção primária à
saúde é fundamental, só que requer
atenção e investimentos.
A FID estima em US$ 376 bilhões
o custo deste mal crônico para a
economia mundial neste ano, o que
equivale a 11,6% da despesa com
saúde no mundo. E o alto custo do
diabetes impacta principalmente os
países mais pobres, onde as despesas médicas acabam sendo de responsabilidade das próprias famílias.
A FID trabalha na prevenção. Entre as recomendações estão exames
periódicos para identificar a doença
e principalmente exercícios regulares, como caminhada diária de 30 minutos, que segundo estudos reduzem
o diabetes tipo 2 entre 35% e 40%.
O cirurgião vascular Marcondes Figueiredo: “A
doença é crônica e o custo de seu tratamento é
alto, por isso requer acompanhamento diário”
Entre as recomendações
estão exames periódicos
para identificar a
doença e principalmente
exercícios regulares
De acordo com Marcondes Figueiredo, no geral os médicos não estão
preparados para diagnosticar o diabetes, que apresenta sintomas parecidos aos de outras doenças. “A doMercado Julho 2010 ∞ 54
ença é crônica e o custo de seu tratamento é alto, por isso requer acompanhamento diário”, enfatizou.
Segundo Marcondes Figueiredo,
75% das doenças são tratadas no
consultório. Ele diz que a maioria
das amputações, no caso do pé
diabético, poderia ser evitada se
houvesse um acompanhamento
preventivo do paciente. “O pé diabético requer tratamento agressivo”, disse.
Pé diabético
Os pés de um diabético devem
ser o centro das atenções. Eles
requerem cuidados especiais por
causa do “pé diabético”, caracterizado por uma complicação
crônica do diabetes mellitus,
provocada por uma variedade de
anormalidades como neuropatia
(adormecimento nos pés) e/ou
vasculopatias (diminuição da circulação nas pernas), que podem
causar ulcerações. Essas podem
ser portas de entrada para infecções, geralmente graves. E
se não houver tratamento, pode
evoluir para amputações e intervenções prolongadas.
(...) ferimentos e amputações ocorrem
porque o diabético perde a sensibilidade nos
pés e ainda sofre de dormências e queimações,
provocadas pelo déficit circulatório
De acordo com Marcondes Figueiredo, os ferimentos e amputações
ocorrem porque o diabético perde a
sensibilidade nos pés e ainda sofre
de dormências e queimações, provocadas pelo déficit circulatório. “Muitos chegam aos consultórios com as
úlceras em estado avançado, o que
acaba evoluindo para amputações de
um dedo, do pé ou da perna”, disse.
Para o especialista, o que determina como será a amputação são
o nível de circulação e a gravidade
da infecção. “Tem pacientes em que
conseguimos fazer o debridamento
(limpeza das feridas) e tratar com antibióticos e outros procedimentos até
a completa cicatrização. Há outros
em que o quadro evolui”, explicou.
O caso da professora aposentada
Anésia Borges Vieira, de 60 anos e
há 12 diabética, começou ainda na
infância. Hoje ela está se recuperando da sexta cirurgia no pé esquerdo,
desde que surgiu a primeira infecção
nesse membro aos 7 anos de idade,
após um corte. Segundo ela, uma
gase teria sido esquecida pelos médicos dentro do machucado, o que
só foi descoberto tempos mais tarde
com o surgimento de um tumor no
local. “Nessa época eu ainda não era
diabética, portanto, o tumor nada tinha a ver com a doença”, ressaltou.
A primeira cirurgia a que Anésia
Vieira foi submetida aconteceu em
Uberaba, realizada pelo então cirurgião Hélio Angotti. Porém, um ano
depois o tumor reapareceu, havendo
a necessidade de nova intervenção
cirúrgica. Anos depois, a professora
aposentada passou a apresentar sin-
tomas do diabetes e como na família
já havia casos, fez um exame clínico
que comprovou o diagnóstico. Como
era professora e passava quase o tempo todo de pé, o caroço voltou a incomodar e logo veio a infeccionar, provocando o escurecimento do pé. “Fui
para Uberlândia, onde me submeti a
uma perícia médica que diagnosticou
a gravidade do caso com necessidade até de amputação”, contou Anésia
Vieira, que reside em Ituiutaba, a 134
quilômetros de distância.
Naquela época, em Uberlândia, ela
disse ter se consultado com o cirurgião vascular Marcondes Figueiredo,
que decidiu por operá-la novamente,
mas conseguindo evitar a amputação
do pé. Anésia Vieira lembrou ter sido
aconselhada pelo especialista a usar
uma sandália especial para pé diabético, fabricada em São Paulo. “Comprei
a sandália, que tem validade de seis
meses e custa em torno de R$ 800”.
Dezoito meses depois, uma veia em-
baixo dos dedos do pé estourou e ela
teve que fazer outra cirurgia. E agora,
no dia 26 de maio, ela se submeteu a
mais um procedimento. Segundo Anésia Vieira, da quinta para esta última cirurgia, o intervalo foi de 7 meses. “Agora o ferimento, que ocupa todo o peito
do pé, está cicatrizando. Mas causa
muito sofrimento e requer cuidados na
higienização. Preciso secar bem o pé e
entre os dedos e ainda fazer curativos
duas vezes ao dia”, explicou.
Anésia Vieira diz que já foi informada pelo médico de que o tumor deve
voltar, porque isso acontece normalmente, mas a esperança dela agora é
que o retorno do caroço e uma possível
nova cirurgia demorem muito tempo.
“Os intervalos entre uma intervenção
e outra têm diminuído, mas graças a
Deus ainda conservo o meu pé e estou
me recuperando bem. Espero que demore muito para passar por outro procedimento, ou melhor, que nem precise
mais disso”. A
Para ilustrar, as imagens
ao lado retratam um
quadro de pré e pós
tratamento de um pé
diabético, só que nesse
caso, diferente de Anésia
Vieira, verificou-se a
necessidade de enxerto
tardio e até mesmo a
amputação de um dos
dedos
55 ∞ Mercado Julho 2010
MEspecial
Uberlândia tem programa municipal de
prevenção à doença
do que 50% dos diabéticos também
são hipertensos. O atendimento é
feito em todas as unidades de saúde do município, mas existe um
centro de referência que funciona
na Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do Bairro Martins.
Maria Luiza Mendonça diz que
o município não tem registros
de quantas amputações são realizadas por ano em função do pé
diabético. Segundo ela, muitos
pacientes evoluem para a amputação e não há o que fazer, pois já
chegam ao atendimento médico
com a situação comprometida.
“Segundo uma tese defendida na
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) entre 2007 e 2008 foram
realizadas 124 amputações, sendo
50% de diabéticos”, disse.
No caso da rede pública de saú-
acaba tendo que se aposentar”, disse
a endocrinologista.
Para preparar e conscientizar
os profissionais de saúde sobre
a importância do pé diabético,
foi realizado no final de abril um
curso para enfermeiros e médicos
sobre o cuidados e os testes que
devem ser realizados no paciente
diabético, como o da sensibilidade e o de toque do pulso.
O atendimento também está
sendo ampliado. Em maio entrou em funcionamento na UAI
Martins o Ambulatório do Pé
Diabético, onde serão tratados
e acompanhados os casos de
pacientes cadastrados no Programa Municipal de Hipertensão e Diabetes. Como os pés
requerem cuidados especiais,
foi firmada uma parceria com a
Maria Luiza Mendonça é endocrinologista e
coordenadora do Programa Municipal de Hipertensão
e Diabetes desenvolvido em Uberlândia
Em Uberlândia, segundo estimativas da Secretaria de Saúde,
existem entre 20 e 25 mil diabéticos. Há cerca de 20 anos é desenvolvido na cidade o Programa Municipal de Hipertensão e Diabetes,
que tem como objetivo a prevenção da doença. As atividades são
focadas no combate aos principais fatores de risco: sedentarismo, obesidade e tabagismo. De
acordo com a endocrinologista e
coordenadora do Programa, Maria Luiza Mendonça Pereira Jorge,
os portadores da doença também
são cadastrados, visando ao controle das complicações.
Hoje estão cadastrados no Programa Municipal de Hipertensão e
Diabetes cerca de 35 mil hipertensos e quase 13 mil diabéticos, senMercado Julho 2010 ∞ 56
de, os pacientes diabéticos acompanhados pelo Programa e que
precisam passar por amputações
são encaminhados para o Hospital de Clínicas (HC) da UFU ou, às
vezes, para o Hospital Santa Marta, conveniado ao Sistema Único
de Saúde (SUS).
Ampliação no atendimento
Maria Luiza Mendonça reforça
que os cuidados com os pés dos diabéticos são fundamentais, porque
podem evitar cirurgias de amputação, que, geralmente, acometem
pessoas na faixa etária de 45 anos.
“São pessoas que estão em idade
produtiva. Mais que o custo financeiro para o sistema de saúde, é o custo social que incomoda. O paciente
Unidade Básica de Saúde (UBS)
do Jaraguá, que é referência em
Hanseníase, e onde são confeccionadas palmilhas. Além de
atender os portadores de hanseníase, a UBS vai fabricar palmilhas para o pé diabético.
Segundo a coordenadora do
programa, Maria Luiza Mendonça, o próximo passo é trabalhar
a reabilitação dos pacientes, já
que após a amputação há a necessidade do uso de próteses.
“Como o custo da prótese é alto
e também é preciso fisioterapia
para adaptação, muitos amputados acabam ficando na cadeira
de rodas. Estamos estudando
uma parceria com a AACD para
viabilizar o acesso à prótese e
também à adaptação”, revelou.
Números do diabetes:
• A cada 10 segundos uma pessoa contrai a doença no mundo
• Por ano, 7 milhões de pessoas desenvolvem a doença e outras 4 milhões morrem em consequência dela
• A cada 30 segundos um indivíduo no mundo sofre uma amputação. No Brasil, são 55 mil amputações de
pacientes diabéticos por ano
• No ano passado, os casos de diabetes no mundo chegaram a 285 milhões
• De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, no Brasil existem de 10 a 12 milhões de pessoas com a doença
• Estima-se que em Uberlândia existam entre 20 e 25 mil diabéticos
• O Programa Municipal de Hipertensão e Diabetes tem cadastrados quase 13 mil diabéticos
Principais sintomas do diabetes:
Dicas para evitar o diabetes:
• Sede e fome exageradas
• Vontade constante de urinar
• Cansaço
• Perda de peso
• Visão embaçada
• Dificuldade de cicatrização de machucados
1.Evite totalmente o consumo de alimentos refinados como pão, massas, pizza, arroz branco e
açúcar branco
2.Não consuma sucos ou frutas desidratadas. Evite
todos os doces. Consuma duas ou três frutas no
desjejum, uma depois do almoço e uma depois
do jantar. As melhores são: laranja, kiwi, morango,
maça verde e as frutas pequenas, portanto, frutas
ácidas
3.Evite todo óleo e coma 30 gramas de nozes por
dia, sem sal
4.Coma dois pratos grandes de salada por dia e vitamina verde feita no liquidificador. Coma legumes crus e cozidos à vontade, mas modere nos
que têm muito carboidrato, como batata, mandioca, cará, inhame e milho verde
5.Coma 220 gramas de leguminosas por dia, como
feijão, ervilha, lentilhas, grão de bico e vagem
6.Coma peixe só duas vezes por semana e nada de
carnes
7.Faça bastante exercício: queimar 8 mil calorias é
igual a perder 1 kg de peso e tome sol sem protetor solar e sem queimar a pele, para fornecimento
de vitamina D
Causas do diabetes:
• A doença é provocada pelo excesso do
nível de açúcar no sangue devido a um mau
funcionamento do pâncreas
• Má alimentação
• Sedentarismo
• Obesidade
Complicações provocadas pelo
diabetes:
• Retinopatia - doenças degenerativas da retina
• Nefropatia - lesão ou doença dos rins
• Neuropatia - doença do sistema nervoso
• Vasculopatia - doença que acomete os vasos
sanguíneos
Fonte: Dr. Joel Fuhrman - autor do livro “Eat to
live” (Comer para viver) e “Proteja a saúde de
seu filho”
MMeio Ambiente
No Paraná, um convênio entre o município de Medianeira e a Itaipu possibilitou
uma faxina na bacia do Rio Alegria, de onde foram retirados nada menos que
oito toneladas de embalagens e restos de agrotóxicos
Ministério quer padronizar
fiscalização de agrotóxicos no país
DA Agência Brasil
O Ministério da Agricultura pretende harmonizar os procedimentos de
fiscalização sobre agrotóxicos no Brasil. Esse foi inclusive um dos objetivos
do 8º Encontro de Fiscalização e Seminário Nacional sobre Agrotóxicos
(Enfisa) realizado em junho em São
Luís, no Maranhão.
Nos últimos oito anos, os avanços
Mercado Julho 2010 ∞ 58
têm sido significativos, segundo o
coordenador-geral de Agrotóxicos da
pasta, Luís Rangel. “A gente saiu de
uma situação em que cada estado tinha um entendimento de como fazer
o seu trabalho, para ter agora situações bem mais harmonizadas em estados similares”, disse em entrevista à
Agência Brasil.
Para isso, o Brasil foi dividido em
três regiões. A norte abrange os estados de agricultura incipiente, mais
extrativista, enquanto a nordeste engloba aqueles com similaridades socioeconômicas. Já na centro-oeste/sul/
sudeste estão os estados de agricultura mais desenvolvida, com mais tecnologias e recursos para a fiscalização.
Sudeste: fiscais do
Instituto de Defesa
Agropecuária e Florestal
do Espírito Santo (Idaf)
em combate contra a
presença de embalagens
de agrotóxicos vazias no
campo
No seminário, os estados participantes vão firmar um protocolo de
intenções no qual se comprometem
a cumprir as metas e os objetivos no
próximo ano.
Há cerca de 20 anos, o ministério vem se dedicando à questão dos
agrotóxicos. O trabalho é feito com
a colaboração da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que têm uma visão
mais específica sobre os impactos
na saúde e no meio ambiente.
Além do trabalho de rotina, a agenda inclui a reavaliação de agrotóxicos. Luís Rangel disse que o debate
envolve as preocupações que as áreas de agricultura, saúde e meio ambiente têm sobre alguns produtos. “O
debate é acalorado, mas, no final, eu
acho que a gente vai poder ter um resultado favorável para todo mundo”.
Para o coordenador-geral, não há
competição ou divergência entre os
dois modelos de agricultura - tradicional e orgânica - em relação ao uso
de agrotóxicos. “A gente não acredita que exista o bem e o mal na discussão dos agrotóxicos e produtos
orgânicos. Até porque a agricultura
orgânica está registrando produtos
conosco para poder controlar suas
pragas. E muitos deles são usados
na agricultura tradicional”.
Segundo ele, é preciso vencer
barreiras tecnológicas a fim de substituir produtos antigos por substâncias mais modernas e menos perigosas. “É neste enfoque que o ministério se encaixa”, disse Rangel, ao
destacar que a agricultura brasileira
necessita de insumos para controle
de pragas.
De acordo com o coordenadorgeral, o ministério está instituindo
uma proposta nacional para que o
sistema de defesa agropecuária “de
fato cumpra o seu papel, que é fiscalizar a gestão do risco”.
Rangel destacou que um dos problemas é o desvio do uso de agrotóxicos, como no caso de produtos
específicos para soja e cana-de-açúcar, que podem ser usados de forma
segura nessas lavouras, mas são utilizados em culturas menores, como
de hortaliças. “Neste caso o risco é
maior.” Para coibir esses desvios, o
ministério incentiva os estados a intensificar a fiscalização. A
Rio de Janeiro: o estado
comemora avanços no
controle da poluição
por agrotóxicos através
do recolhimento de
várias toneladas de
embalagens vazias de
agrotóxicos, o que trouxe
ganhos ambientais para
a zona rural
59 ∞ Mercado Julho 2010
MMeio Ambiente
Luiz Rangel disse que nos últimos
cinco a dez anos, a agricultura brasileira ampliou de maneira considerável a produção. Como se trata de
uma agricultura tropical, há necessidade de utilização de defensivo para
controle de pragas.
O uso de agrotóxicos no Brasil é
similar ao de países com o mesmo
porte de agricultura, como os Estados Unidos e a Austrália, informou
o coordenador-geral. Em termos de
valor, os dados disponíveis, referentes a 2008, mostram que o mercado
brasileiro de agrotóxicos atingiu
US$ 7 bilhões, valor “praticamente
igual ao dos Estados Unidos”.
biental palpável, como resultado do
trabalho e esforço de toda a cadeia
[produtiva]”, disse à Agência Brasil
o presidente do Instituto Nacional
de Processamento de Embalagens
Vazias (InPev), João Cesar Rando,
que esteve presente ao evento em
São Luís.
O Brasil é atualmente líder no
processo de descarte correto desse
tipo de embalagens em todo o mundo. Já é considerado um centro de
excelência e está se tornando uma
referência no assunto, afirmou Rando.
“O país tem uma lei inteligente
que distribui responsabilidades a
gens até a destinação final, por meio
da reciclagem ou da incineração,
utilizando o processo de transporte
reverso, em que os caminhões que
entregam os produtos cheios retornam trazendo as embalagens vazias.
“São alguns pontos que fizeram com
que o Brasil progredisse e avançasse
muito na gestão desse sistema”.
De acordo com dados do InPev,
até o fim de abril de 2010 foram corretamente destinadas para reciclagem 10 mil toneladas de embalagens
vazias de agrotóxicos. O presidente
da entidade estima que até maio
esse número deve ter se elevado em
20%, em comparação com o mesmo
Embalagens de agrotóxicos
retiradas do meio ambiente
no município de Alto
Alegre dos Parecis (a 550
quilômetros de Porto
Velho), fruto de uma coleta
volante promovida em
conjunto com a prefeitura,
a Secretaria Municipal de
Agricultura, revendedores
de defensivos agrícolas,
cooperativas de produtores
de tomate, Câmara de
Vereadores e a Emater/RO
Quase 110 mil toneladas de
embalagens de agrotóxicos são
retiradas do meio ambiente
No período de 2002 a 2008, a cadeia produtiva agrícola nacional retirou do meio ambiente 108 mil toneladas de embalagens de defensivos
agrícolas. “Isso significa que ajudamos a reduzir a emissão de mais de
160 mil toneladas de dióxido de carbono. A gente tem um benefício amMercado Julho 2010 ∞ 60
todos os elos da cadeia produtiva.
Acho que a integração de todo o sistema é importante. Todos os atores
da cadeia produtiva, sejam agricultores, revendedores, cooperativas
ou fabricantes estão comprometidos com o sistema”.Segundo o presidente do InPev, o elevado investimento realizado no país nessa área
permitiu a existência, hoje, de infraestrutura e logística adequadas. Isso
envolve desde a coleta das embala-
período de 2009, atingindo 13,8 mil
toneladas retiradas do meio ambiente. A projeção para o ano de 2010 é
alcançar 31 mil toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos.
João Cesar Rando avaliou que a
situação é bastante homogênea entre os estados que dão destinação
correta a esse tipo de embalagem. O
Paraná, Mato Grosso e a Bahia estão
acima da média nacional de 95%. Outros, como o Rio Grande do Sul, São
Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato
Grosso do Sul e o Maranhão, este
em função da nova fronteira agrícola, também mostram bom desempenho. “A situação está harmonizada.
Hoje não tem estados que não estejam fazendo um trabalho bom”. B
MMarketing
O segredo do sucesso de
slogans inesquecíveis
Marcas como Bombril, Itaú, 51, Natura e Casas Bahia
mostram que a estratégia vem antes de uma boa ideia
DO Mundo do Marketing
“Feito para você”, “1001 utilidades”,
“Uma boa ideia”, “Bem estar Bem” e
“Dedicação Total a Você”... Qualquer
brasileiro que escute uma dessas
frases pensa - rapidamente e sem se
confundir - em Itaú, Bombril, 51, Natura e Casas Bahia. Não são poucos os
casos de sucesso de slogans no Brasil
Mercado Julho 2010 ∞ 62
e no mundo, mas para alcançar esse
objetivo, uma marca precisa de muito
estudo e, principalmente, de valores e
gestão bem definidos.
Seguindo esses passos, a receita
para o sucesso está quase pronta.
Com mais uma pitada de criatividade, o slogan pode tornar a marca
inesquecível, gerar publicidade espontânea e, em alguns casos, entrar
para a cultura do país de origem.
“Alguns inclusive ultrapassam as
barreiras das marcas, como a Brastemp, que virou sinônimo de qualidade”, garante Mario Mattos, Diretor
de Marketing da GfK Brasil.
Foto: Arquivo
Mário Mattos é
diretor de Marketing
da GfK Brasil
Segundo informações da GfK, o
slogan foi uma palavra criada pelos
celtas e era utilizado como um grito
de guerra, com a finalidade de motivar os guerreiros para a luta a partir
do estímulo a vínculos racionais e
afetivos com seu povo. A definição
de slogan hoje tem muito a ver com a
sua origem, pois mobiliza as pessoas
para consumir e é responsável pela
construção de relações emocionais
do público com as marcas.
Momento ideal
Para Gilson Nunes, sócio da Brand
Finance e Superbrands, a fase emocional, com o uso do slogan, tem que
ser realizada após a fase de consolidação dos produtos da marca. “Geralmente, o slogan é colocado dentro
de uma estratégia. É usado em momentos de grande expansão, quando
há extensão de linhas de produtos ou
novas categorias”, afirma o executivo
em entrevista ao site.
Foi num momento estratégico que a Nike criou o
“Just do it”. “A marca estava
entrando no início da segunda fase de sua gestão e precisava definir seu posicionamento. O slogan mostrou
o que a Nike tinha como
objetivo”, afirma Nunes. A
estratégia deu tão certo que
hoje a marca não usa mais a
frase, pois apenas com o seu símbolo
consegue levar o consumidor a fazer
a associação entre a Nike, a imagem
e a sua estratégia.
Mas não basta ter criatividade e
esperar o momento de consolidação
dos produtos para que o planejamento seja concluído de forma perfeita. Um slogan tem que ser criado
de acordo com a essência da marca.
Caso contrário, causa frustração no
cliente. “O slogan tem que ser consistente em termos de ação e atitudes
da empresa, senão a inconsistência
traz disfunção no relacionamento do
público com o seu produto”, afirma o
sócio da Brand Finance.
Transmissão de posicionamento e valores
Entre as empresas que conseguem
conciliar transparência e ética nas
atitudes com um slogan que transmite tudo isso de forma coerente está
a Natura. O “Bem estar Bem” reflete
os valores e as ações da marca. “A
empresa acredita nesses valores e os
pratica em suas ações internas e externas”, diz Gilson Nunes, referindose ao tratamento que a Natura dá aos
seus funcionários e aos cuidados que
tem com a natureza.
A Unimed também busca traduzir
sua cultura por meio de um slogan.
“Ele é a tangibilização de nosso posicionamento. É como queremos estar
presentes na cabeça e no coração das
pessoas”, conta Stephan Dualibi Younes, Gerente de Marca da Unimed-Rio,
primeira unidade da rede de planos de
saúde a utilizar o “O melhor plano de
saúde é viver, o segundo melhor é Unimed”. O sucesso do slogan foi tanto
que a Unimed Brasil o adotou e replicou para outras cooperativas.
“Não queremos que nossos clientes lembrem de nós apenas no hospital ou na hora de pagar. A Unimed
preza pela qualidade de vida, o que se
confirma com nossos projetos que focam em levar isso às pessoas”, explica
Stephan, em entrevista ao Mundo do
Marketing. Para confirmar essa posição, a Unimed-Rio investe em programas de relacionamento com o cliente,
dá dicas de saúde e bem-estar em seu
site e no Twitter, promove a prática de
esportes em áreas verdes do Rio de
Janeiro e inaugura em breve na cidade o “Espaço qualidade de vida”, onde
haverá aulas gratuitas de culinária
destinadas a pessoas com problemas
de saúde específicos.
A preocupação com a qualidade
de vida foi um posicionamento que
mudou antes do slogan da Unimed.
“O melhor plano de saúde é viver, o
segundo melhor é Unimed” veio substituir o “Criado e dirigido por médicos”, utilizado em 2003. Nesse caso,
houve sucesso na mudança porque
ela foi realizada em conjunto com o
reposicionamento da empresa. “Muitas marcas mudam de slogan, mas ele
sempre tem que refletir uma mudança
de posicionamento”, comprova Mário
Mattos, da GfK.
Mudar e manter
Slogans que refletem valores bem
definidos costumam durar de cinco a
10 anos. Já os que têm apelo comercial,
destacando produtos e serviços, têm
um ciclo de vida menor, durando de um
a três anos. “O mais importante é que o
slogan deve se adequar ao consumidor
e ser alterado de acordo com as mudanças desse público. Por isso é necessário
analisar o mercado antes de qualquer
atitude”, garante Gilson Nunes. A
“O melhor plano de saúde
é viver, o segundo melhor
é Unimed”: esse slogan
da Unimed-Rio deu tão
certo que a Unimed Brasil
o adotou para outras
cooperativas do país
63 ∞ Mercado Julho 2010
Foto: Arquivo
MMarketing
Gilson Nunes, da
Brand Finance e da
Superbrands: “O mais
importante é que o
slogan deve se adequar
ao consumidor e ser
alterado de acordo
com as mudanças
desse público. Por isso
é necessário analisar
o mercado antes de
qualquer atitude”
O Itaú é um exemplo de empresa
que conseguiu adequar a sua mudança de slogan às necessidades do
mercado. “Quando eles começaram
a usar o ‘Feito para você’ conseguiram passar a ideia do banco digital
próximo do consumidor. A mudan-
ça foi grande, mas se adaptou ao
mercado, que também havia mudado muito”, explica Nunes. “As transformações do Itaú foram feitas sem
que se perdesse a característica da
marca”, confirma Mário Mattos.
Embora algumas marcas tenham
alterado seus slogans, outras construíram uma ligação tão forte com
eles que se tornou impossível dissociar o produto da frase. É o caso do
slogan da cachaça Pirassununga 51,
que, segundo Mattos, deve muito do
seu sucesso ao fato de ser simples,
de fácil compreensão, forte e impactante, voltado para um público
amplo. “Não conseguimos separar
o slogan do nosso produto. Isso tiraria a nossa identidade”, garante
Paula Videira, gerente de Marketing
da Cia. Müller de Bebidas, detentora da marca 51.
O slogan utilizado com sucesso
desde 1978 já virou parte da cultura popular brasileira. “Isso é muito
bom, principalmente pela quantidade de marketing espontâneo
que é gerado. Sempre que alguém
fala o número 51, outra pessoa
sempre completa com “uma boa
ideia”, comenta a gerente de marketing sobre a marca que faz 51
anos em 2010. B
MComportamento
Colegas de trabalho, do setor de Educação da UFU, em mais um happy hour: relações
cada vez mais otimizadas
Muito mais que um
happy hour
Além de lazer e descontração, pessoas descobrem no happy
hour um momento para otimizar relações profissionais e até
mesmo fazer uma reunião de negócios
POR Camila Lemes/Isabella Peixoto (Ares)
C
riado nos Estados Unidos, o happy hour - ou
hora feliz, na tradução literal - é um termo inventado por marinheiros da
década de 1920 para designar não só
o momento de lazer nos navios, mas
também uma pessoa ligeiramente
embriagada. A expressão chegou ao
Mercado Julho 2010 ∞ 66
Brasil e ganhou fama dando nome
exatamente àquele momento de descontração que normalmente acontece depois do expediente de trabalho.
Assim como acontece no restante do mundo, em terras brasileiras o
happy hour está cada vez mais associado à produção e ao trabalho em
equipe. A ideia é fazer com que os
funcionários convivam melhor para
assim aumentar a tolerância e a vontade de cooperação mútua. Seguindo
a tendência, agências publicitárias
de Uberlândia já perceberam o valor
desse momento de descontração e
vêm buscando incorporá-lo às suas
relações, envolvendo até mesmo empresas clientes e parceiras.
Thales Schmidt, publicitário:
“Usamos o happy hour como
função estratégica para integrar
uma equipe que precisa trabalhar
em harmonia para conseguir
produzir melhor”
Para o diretor de criação da
agência publicitária Sic, Thales
Schmidt, a ocasião reforça os laços
entre os funcionários. “Na publicidade, o trabalho sempre precisa ser
feito em equipe. Obrigatoriamente.
Não funciona se não for assim. Por
isso, usamos o happy hour como
função estratégica para integrar
uma equipe que precisa trabalhar
em harmonia para conseguir produzir melhor”, explica.
Luciana Ribeiro, do Grupo Creative, pensa quase da mesma forma.
Na sua opinião, o momento é bom
para relaxar e sair um pouco da
rotina. “São momentos de descontração para comemorar as jornadas
de trabalho bem-sucedidas”, explica. A equipe também realiza, além
do happy hour, outras atividades,
como pedaladas nos fins de semana. “Elas promovem integração
com nossos parceiros, que acabam
fazendo parte dos momentos de felicidade e descontração”, conclui.
Um estudo realizado na Universidade de Sterling, na Escócia,
Luciana Ribeiro, sobre o happy hour:
“São momentos de descontração
para comemorar as jornadas de
trabalho bem-sucedidas”
mostra que o happy hour não é
uma boa opção apenas para diretores e empresários que desejam
resultados produtivos. Segundo a
pesquisa, as pessoas que saem depois do trabalho para beber com
os amigos têm mais chances de
serem promovidas no emprego.
Ou seja, o fato constatado pelos
pesquisadores é que as pessoas que saem com os colegas de
trabalho estreitam mais suas relações e tornam o dia a dia mais
descontraído, aspecto positivo
para o futuro da carreira.
Bebida moderada entre
profissionais faz bem
O estudo mostra ainda que os
trabalhadores que ingerem bebidas alcoólicas com moderação
ganham em média 17% mais que
os colegas que não bebem. Por
outro lado, os grandes bebedores, aqueles que tomam mais de
12 litros de álcool por semana,
para homens, e 9 litros, para mu-
lheres, ganham em média 6% a
menos que seus colegas que bebem moderadamente. Mas, ainda
assim, continuam recebendo 5%
mais que os que não bebem de
forma alguma.
O estudo, que contou com 17
mil entrevistados nascidos no Reino Unido, foi iniciado pelo governo escocês em 1958. O progresso
dessas pessoas na carreira foi avaliado a partir de entrevistas regulares. Mas só em 2003 os pesquisadores da Universidade de Sterling
concluíram a análise dos últimos
resultados, levantados em 2000.
Com ou sem pesquisa, bares e
restaurantes, atentos à rentabilidade proporcionada pelo happy
hour, costumam oferecer aos
apreciadores desse momento toda
a comodidade e atendimento necessários. Marco Soares, chefe
de cozinha do Oliva Restaurante,
conta que o ideal para agradar é
servir bebidas geladas e comidas
que sejam simples, sem perder o
sabor especial. “Procuramos A
67 ∞ Mercado Julho 2010
MComportamento
O chefe de cozinha do
Oliva Restaurante diz
que muitos de seus
fregueses são também
empresários que levam
clientes para conversar
num ambiente diferente
e com menos pressão,
para assim sacramentar
negócios com mais
facilidade
servir a bebida bem gelada e um
cardápio saboroso e simples de
degustar. As bebidas mais procuradas são a cerveja e a caipirinha,
clássicas no Brasil. Por outro lado,
os pratos mais pedidos são as carnes e a tábua de frios”, informa.
Marco conta ainda que muitos de
seus fregueses são também empresários que levam seus clientes para conversar num ambiente diferente e com
menos pressão, para assim sacramentar negócios com mais facilidade.
“Muita gente ainda não percebeu esse
potencial do happy hour, mas quem já
descobriu encontrou uma forma excelente até mesmo de atenuar a pressão dos últimos acertos do contrato
de negócios”, explica. B
Dicas para um happy hour empresarial produtivo
•Ao se vestir escolha roupas elegantes, mas ao mesmo tempo
discretas e confortáveis. Assim, você evita estar mais chique ou
formal do que os seus colegas, o que pode causar desconforto
e fazer com que você se sinta deslocado.
•Para as mulheres, as roupas adequadas devem evitar decotes e
transparências. A maquiagem deve ser leve, afinal você estará
acompanhada de seus colegas de trabalho, mesmo que fora da
rotina do escritório.
•O importante no happy hour é a interação. Converse bastante e
aproveite para sugerir, e ouvir, ideias interessantes.
•Beba com moderação. É o ideal para evitar constrangimento
futuro e uma ressaca desagradável no dia seguinte.
•Não utilize a oportunidade para puxar o saco do chefe. Lembrese de que ele também precisa relaxar!
Foto: Divulgação
MEvento
Organizadores do Triângulo Music durante o lançamento do festival para a imprensa
Mais um Triângulo
Music para agitar o
público - e o comércio
Organização da festa anuncia mais uma edição para
setembro. Além do público que começa a se agitar, o
comércio também já vive a expectativa dos lucros gerados
pelo evento
POR Evaldo Pighini
N
os dias 24 e 25 de setembro, o Parque do
Sabiá em Uberlândia,
Minas Gerais, será
mais uma vez palco
de um dos maiores festivais de música do Brasil: o Triângulo Music. A
edição deste ano - a sexta em sua
história - tem como principais atrações artísticas nomes como os de
Cláudia Leitte, Ivete Sangalo, as bandas Jota Quest e NX Zero, e as duplas sertanejas Victor e Leo, e João
Bosco e Vinícius. No entanto, não
é só o grande público que costuma
Mercado Julho 2010 ∞ 70
aguardar com ansiedade o evento,
o comercio da cidade também vê na
realização do Triângulo Music uma
excelente alternativa para faturar
mais, tendo em vista as milhares de
pessoas que se deslocam de outras
cidades até Uberlândia para assistir
aos shows.
“Estamos preparando um belo
evento para o público. Sabemos o
quanto as pessoas aguardam o Triângulo Music. Queremos que este
ano fique na história”, comenta Ari
Ribeiro, executivo da Camarote
Marketing e Promoções, organiza-
dor do evento. Esta é a 6º edição da
festa que se consolida como um dos
maiores festivais de música do país.
Nas primeiras cinco edições, o Parque do Sabiá recebeu aproximadamente 260 mil pessoas durante os
shows. Mas, além do seu poder de
entretenimento, o Triângulo Music
também tem se consolidado como
um grande aliado da economia local
no que diz respeito à movimentação
do comércio em variados setores,
por causa da quantidade de visitantes que “invadem” Uberlândia para
participar da festa.
Foto: Divulgação
Só para se ter ideia, no ano
passado, a quinta edição do festival atraiu ao Parque do Sabiá cerca de 40 mil pessoas. Boa parte
desse público, assim como os artistas e comitivas que os acompanham (em cinco anos de evento,
36 bandas passaram pelo palco
do evento), vêm de fora, situação
que proporciona alta na ocupação da rede hoteleira da cidade.
Têm sido comum, inclusive, a organização de excursões de outras
cidades constituídas por amantes
do Triângulo Music, como aconteceu, em 2009, quando chegaram e se acomodaram em Uberlândia grupos de pessoas vindos
de cidades como Araxá, Uberaba,
Ituiutaba e Itumbiara, só para citar algumas.
Além da rede hoteleira, outros
setores também faturam. No ano
passado, por exemplo, a Associação dos Recicladores e Catadores
Autônomos (Arca) computou a coleta de 1.400 kg de matérias para
reciclagem, dos quais 1.353 kg de
O executivo Ari Ribeiro,
da Camarote Marketing
e Promoções, empresa
organizadora do
evento
latinhas de alumínio. Por outro
lado, foram gerados em torno de
2.500 empregos, dos quais 1.500
diretos e 1.000 indiretos, e outros
170 fornecedores foram contratados como prestadores de serviços.
No que diz respeito ao setor da
alimentação, foram consumidas
105.452 latas de bebidas, 2.500
espetinhos, 5.300 sanduíches e
16.000 salgados. Já o setor de segurança mobilizou o trabalho de
1.500 profissionais, incluindo segurança privada, policiais militares e corpo de bombeiros.
Há de se contabilizar o aumento no faturamento das empresas
de ônibus que atendem as excursões, das empresas de táxis e também dos bares e restaurantes.
Enfim, o Triângulo Music atualmente disputa não somente o
interesse do público amante de
eventos desse gênero, mas também de uma grande fatia do comércio que, como dito, vislumbra
no festival a oportunidade de realizar bons negócios. B
Triângulo Music: mais de 260 mil pessoas em cinco edições do evento, público que
cresce gradativamente a cada ano
71 ∞ Mercado Julho 2010
MEsporte
Minas na briga para
sediar a abertura
da Copa 2014
POR Evaldo Pighini com Agência Minas
Mercado Julho 2010 ∞ 72
Imagem em perspectiva: Gustavo Penna Arquitetos & Associados
Principal “estrela” do projeto mineiro para a
Copa de 2014, o Mineirão em dois tempos: como
ficará depois das obras de modernização e em
seu estado atual (foto menor), antes da reforma
73 ∞ Mercado Julho 2010
MEsporte
A
exclusão
definitiva
pela Federação Internacional de Futebol
(FIFA) do Estádio do
Morumbi como uma
das sedes brasileiras na Copa de
2014 enfraqueceu muito a possibilidade da cidade de São Paulo, uma
das mais fortes concorrentes, de
receber a abertura da Copa do Mundo de Futebol daqui a quatro anos.
Assim, aumentou a chance de outras cidades brasileiras que também
querem para a si a abertura da maior
competição esportiva do planeta. E
Belo Horizonte, capital mineira, é
uma delas. Sobre isso, o presidente
do Núcleo Gestor das Copas, Tadeu
Barreto, afirmou que o governo de
Minas continua cumprindo todos
os requisitos exigidos pela entidade máxima do futebol para sediar a
abertura da Copa.
Segundo Tadeu Barreto, o Governo de Minas tem executado o
cronograma previsto de obras e
trabalhado para exercer um papel
de destaque na Copa de 2014. “Entende-se por um papel relevante a
abertura do evento ou receber um
dos jogos da semifinal da Copa. Sediar a abertura é um sonho e Minas
está trabalhando por isso”, destacou Barreto.
Foto: Arquivo
Comissão técnica da FIFA durante vistoria
no Mineirão realizada em maio: tudo
conforme planejamento
O presidente do Núcleo
Gestor das Copas,
Tadeu Barreto
Mercado Julho 2010 ∞ 74
O presidente do Núcleo Gestor
das Copas ressaltou que o governo
de Minas vai continuar mantendo o
mesmo ritmo na execução do projeto, seja cumprindo o cronograma
de obras de modernização do Estádio Governador Magalhães Pinto
(Mineirão), que está em dia, seja à
frente dos projetos de mobilidade e
hotelaria que compõem o Planejamento Estratégico Integrado.
O Mineirão já está sendo preparado para o início da 2ª etapa das
obras, que consiste no rebaixamento do gramado em cerca de três metros e na demolição da geral do estádio. A 1ª etapa de modernização,
a ser finalizada até o final de junho,
teve início em janeiro deste ano,
atendendo ao cronograma apresentado à FIFA no ano passado.
Antes de embarcar para a África do Sul, onde está em missão
de observação da organização do
mundial de futebol naquele país,
Tadeu Barreto adiantou que “nos
próximos dias será liberado o edital da 3ª etapa de obras e da gestão
compartilhada do estádio e também será iniciada a 2ª etapa das
obras de modernização do Mineirão. O objetivo do Governo de Minas é finalizar a obra até dezembro
de 2012, para pleitear ser uma das
sedes da Copa das Confederações
em 2013. Assim poderemos realizar
testes operacionais no Mineirão e
nos prepararmos ainda mais para
sediarmos a Copa 2014”.
Sobre as outras cidades sede
que também pleiteiam a abertura
da Copa, Tadeu Barreto vê como
candidatas potenciais as cidades
de São Paulo, Rio de Janeiro e
Brasília, mas confia na força de
Belo Horizonte.
“Acredito que Belo Horizonte
tem como diferencial o andamento do planejamento estratégico
integrado, o cumprimento do cronograma de obras, a excelente localização e o acesso ao Mineirão,
mas não podemos fechar os olhos
para a força econômica do estado
de São Paulo”, disse o presidente
do Núcleo Gestor das Copas.
Planejamento
O Governo de Minas e a Prefeitura de Belo Horizonte apresentaram,
no mês de abril, o Planejamento
Estratégico Integrado para a Copa
2014. O documento irá orientar o
trabalho das equipes do Governo de
Minas e da Prefeitura de Belo Horizonte, responsáveis pela implantação de 54 projetos nas áreas de infraestrutura esportiva, mobilidade,
turismo, comunicação e marketing,
entre outras, que irão preparar a
capital mineira para a realização do
mundial de futebol.
Tadeu Barreto e o prefeito de
Belo Horizonte, Márcio Lacerda,
apresentaram, no dia 24 de maio,
o Planejamento Estratégico Integrado ao presidente do Comitê
Organizador Local da Copa 2014 e
da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. Na
ocasião, também foi formalizada a
intenção de que Belo Horizonte se-
die a abertura do mundial. Após a
reunião, Ricardo Teixeira se disse
surpreendido positivamente com o
projeto mineiro.
Mineirão já totalmente fechado para obras
Com o fechamento do Mineirão,
que entrará em reformas visando a
receber a Copa do Mundo de 2014,
as equipes mineiras que estão na
série A do brasileirão correm atrás
de estádios para realizar seus jogos. O Cruzeiro já decidiu onde irá
atuar como mandante na sequência
do Campeonato Brasileiro, escolhendo “migrar” para o interior de
Minas Gerais, optando por atuar no
Parque do Sabiá, em Uberlândia, e
no Ipatingão (Epaminondas Brito),
em Ipatinga.
A decisão, tomada após reunião
entre o presidente Zezé Perrella, o
diretor de futebol Dimas Fonseca
e o técnico Cuca, já consta no site
oficial do clube celeste. A Raposa
alternará seus jogos nas duas praças, mas ainda não divulgou quais
partidas serão realizadas em cada
um dos estádios.
O Cruzeiro ainda terá 16 jogos como mandante neste Brasileirão, devendo realizar oito em
cada estádio, mas a diretoria celeste ainda não especificou quais
partidas serão disputadas em Ipatinga e Uberlândia.
Para jogar em Uberlândia, Zezé
Perrela teve uma conversa com o
prefeito da cidade, Odelmo Leão.
Já em Ipatinga, as coisas foram facilitadas pelo bom relacionamento
entre o Cruzeiro e o time local.
O Parque do Sabiá pertence
à prefeitura de Uberlândia e é o
segundo maior estádio de Minas
Gerais, com capacidade para 50
mil pessoas, enquanto o Ipatingão é o quarto maior, tendo capacidade para 20.500, de acordo
com a CBF. B
O estádio Parque do Sabiá, em Uberlândia, será uma das sedes do Cruzeiro no
restante do brasileirão, enquanto o Mineirão fecha para reformas
75 ∞ Mercado Julho 2010
MTurismo
Angra dos Reis:
convite ao lazer
e ao descanso
Férias de julho, férias de final de ano, feriados... Que nada,
independente da época, os encantos e belezas naturais
da cidade atraem turistas durante o ano todo
POR Margareth Castro - Especial para a Mercado
Mercado Julho 2010 ∞ 76
MAgronegócios
MTurismo
As férias de julho estão aí e o litoral fluminense é um
convite ao lazer e ao descanso. Entre as opções, destaca-se Angra dos Reis, a 157 quilômetros da cidade do
Rio de Janeiro. Angra fica espalhada por uma extensa
área ao longo da BR-101, conhecida como Rio-Santos, e
o seu núcleo principal fica próximo ao local da fundação
da cidade, numa península que abriga diversas praias. A
região é conhecida como Contorno Turístico ou Estrada
do Contorno. Com seus 508 anos de existência e 164,2
mil habitantes, segundo dados do IBGE de 2008, o município chama a atenção por suas belezas naturais. En-
tre montanhas, cercado pela Mata Atlântica, Angra dos
Reis atrai turistas não apenas em períodos de férias e
feriados, mas durante o ano inteiro. E em época de alta
temporada é ainda mais comum ver “gringos” de todas
as partes do planeta, principalmente argentinos.
As praias, sem grandes ondas, chamam a atenção pela
cor das águas e da areia. Por trilhas, é possível descobrir praias praticamente desertas, que escondem paisagens de encher os olhos, como pedras no meio da
praia que parecem terem sido esculpidas pelo homem,
mas que são verdadeiros caprichos da natureza.
Vista da famosa Ilha de Caras,
um dos atrativos de Angra
É em Angra que está a “Ilha de Caras”, que artistas
e personalidades costumam frequentar, e outras 364
ilhas. Aliás, é possível conhecer uma ilha por dia durante um ano. Angra possui ainda mais de duas mil
praias e os passeios podem ser feitos em lanchas
ou escunas. As empresas náuticas da cidade exploMercado Julho 2010 ∞ 78
ram essas belezas e oferecem aos turistas passeios
com duração de três horas por um preço médio de
R$ 50,00 por pessoa. Nas embarcações geralmente
há bebidas, vendidas pelo marinheiro. A programação
inclui visitas a três ilhas e a algumas praias. Há momentos para banhos, fotos e filmagens.
As belezas naturais de Angra
atraíram uma ocupação imobiliária
desordenada nas encostas dos
morros que, não fossem as
recentes tragédias provocadas por
deslizamentos, seriam um atrativo
a mais para os turistas
Tragédia
Infelizmente, Angra dos Reis é marcada também
por algumas tragédias. No início deste ano, um
deslizamento provocou a morte de pelo menos 50
pessoas e deixou centenas de feridos e desabrigados. Por sua geografia, a cidade cresceu de forma
desordenada e seus morros foram sendo habitados. As construções parecem caixotes amontoados um em cima do outro. A forma de habitação
acaba sendo uma curiosidade a mais para o turista.
Para os que estão acostumados com lotes demarcados e quintal, a sensação é de que em Angra não
há loteamentos e as moradias são feitas em qualquer espaço.
A queda de barreiras na região é comum. Em cada
trecho da BR-101 - rodovia Rio-Santos -, na região
de Mangaratiba e nas ruas de Angra percebe-se o
trânsito interditado, com passagem em faixa única
e placas de sinalização, indicando “queda de barreiras” a alguns quilômetros. Tratores, retroescavadeiras, caminhões, pás e lonas estão por todos os
lados, em um trabalho contínuo, tentando remover
a terra e as imensas pedras que descem das encostas, que às vezes requerem o uso de explosivos
para serem removidas. A
79 ∞ Mercado Julho 2010
MAgronegócios
MTurismo
Centro
O centro de Angra dos Reis fica numa área estreita entre a montanha e o mar. No coração
da cidade percebe-se que ela já é uma “senho-
ra” de mais de 500 anos. As construções são
antigas e as ruas estreitas parecem calçadões,
com o charme dos paralelepípedos. O comércio é variado e tem preços atrativos para uma
cidade turística.
“O centro de Angra dos Reis
fica numa área estreita entre a
montanha e o mar.”
Próximos ao centro ficam a praia do Anil, com diversos bares à beira-mar; o Colégio Naval, na primeira praia da Estrada do Contorno; o tradicional Iate
Clube Aquidabã e o Shopping e Marina Pirata´s, que
trouxeram os frequentadores das ilhas para a cidade; e o porto de Angra.
Na parte plana encontram-se os belos casarios coloniais, construções importantes como os conventos
do Carmo e de São Bernardino, diversas igrejas centenárias, fontes e monumentos históricos.
Encostada ao porto de Angra está a Praça Lopes
Trovão, onde há um coreto que de vez em quando
abriga pequenos eventos musicais e ainda uma feira
Mercado Julho 2010 ∞ 80
permanente. No espaço, os turistas encontram souvenirs, como artesanato em madeira e em conchas,
camisetas, imãs e outras lembrancinhas. O local é
ponto certo para aqueles que querem guardar para
si ou dar a alguém pequenas recordações de Angra.
A praça possui ainda um pequeno parque onde as
crianças podem brincar.
A polícia é presença constante nas ruas, garantindo aos turistas mais segurança. Carros elétricos utilizados como viaturas ficam estacionados
em pontos estratégicos do centro, em uma ação
preventiva. Outras viaturas circulam pelas ruas
mais movimentadas.
Transporte público
Na volta para casa no fim de um dia de trabalho, o que
em muitas cidades é um caos, em Angra dos Reis é
algo que chama a atenção. Os angrenses são educados e mostram civilidade, em atitudes como esperar
pelo transporte público. Em fila indiana nos pontos, os
passageiros aguardam a saída dos ônibus e respeitam a ordem de chegada até a entrada nos veículos.
A passagem custa R$ 1,85 e o transporte é feito por
uma única empresa, a Senhor do Bonfim.
Dependendo do motorista, a viagem pode ser uma
aventura com direito a muita adrenalina. Confiantes
em suas habilidades, muitos motoristas abusam da
velocidade e parecem não se importar com as curvas
e ruas estreitas da região. “Parece que estamos em
uma montanha russa. É uma aventura, mas perigosa”: esse é um comentário comum entre turistas que
usam o transporte coletivo na cidade.
Atrativos Culturais
Entre as muitas belezas desse paraíso chamado Angra dos Reis, destacam-se os imponentes conventos,
igrejas, monumentos e ermidas, inclusive nas ilhas, o
que dá um charme muito especial ao lugar. Imagine
um casamento em que a noiva, o noivo e os convidados chegam de barco. É o caso da Ermida do Senhor
do Bonfim. A igreja, construída por Manoel Francisco Gomes, em 1970, localiza-se em frente à praia do
Bonfim e fica em cima de uma ilhota. Para chegar até
lá só mesmo por barco ou a nado.
A igrejinha da Piedade é uma das mais charmosas da
Baía, situada na Praia da Piedade, na Ilha da Gipóia.
Pintada por vários artistas plásticos, é passagem obrigatória no roteiro turístico da região. A
A Ermida do Senhor do Bonfim dispensa comentários
Monumentos históricos de Angra que vale a pena visitar:
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Forte do Leme
Cais de Santa Luzia
Vila de Mambucada
Colégio Naval
Mercado de Peixe
Chafariz da Chácara da Carioca
Monumento aos Náufragos do Aquidabã
Monumento de Lopes Mendes
Câmara e Antiga Cadeia Municipal
Edifício do Paço Municipal
Praça Lopes Trovão
Casa da Cultura
Casario da Rua do Comércio
MAgronegócios
MTurismo
Hospedagem
Com pousadas, hotéis e resorts espalhados por todos
os pontos, é possível se hospedar no centro, próximo ao comércio e ao agito da cidade, ou em locais
mais afastados. Os resorts oferecem praias privativas,
o verde da Mata Atlântica como cenário e recreação
com equipe de lazer, sendo que alguns trabalham
com o sistema “all inclusive”, no qual os gastos com
alimentação e bebidas estão incluídos no pacote.
Os preços variam de acordo com a localização, estrutura e serviços oferecidos, e ainda de acordo
com a época. Em baixa temporada, o mesmo perío-
do de hospedagem pode sair até 40% mais barato,
sem contar a tranquilidade de se ter melhor atendimento, já que nesse período os hotéis e praias não
ficam superlotados.
O Vila Galé Eco Resort é uma dessas opções. Cercado por uma paisagem paradisíaca, o resort fica junto à baía da Ilha Grande, também conhecida como
Costa Verde, a apenas 13 quilômetros do centro da
cidade. Construído na antiga Fazenda Tanguá, o Vila
Galé ainda preserva algumas de suas construções
originais e palmeiras imperiais, além de estar localizado entre a Mata atlântica e o mar de águas calmas
e cristalinas de Angra.
O resort, que já pertenceu ao grupo Blue Tree Park,
foi adquirido pelo Vila Galé, o segundo maior grupo
hoteleiro de Portugal, e está no ranking das maiores
empresas hoteleiras do mundo. Com 169 mil metros
quadrados de área em frente à Praia do Tanguá, dispõe de uma das mais completas infraestruturas de
lazer, com destaque para o complexo aquático de
1,5 mil metros quadrados, SPA, bares e restaurantes,
além de uma área especialmente dedicada às crianças. (www.vilagale.pt)
Além do Vila Galé, Angra conta com várias outras excelentes opções de hospedagem que são sinônimo
de requinte e conforto, entre as quais o Meliá Angra
Marina & Convention Resort, considerado o maior
complexo hoteleiro com marina integrada no litoral
brasileiro. São 200 confortáveis apartamentos para
você aproveitar as belezas de Angra com a excelência internacional da rede Sol Meliá.
O Vila Galé Eco Resort, em Angra dos Reis
Localizado bem em frente à Ilha do Pimenta, o Sol Meliá Angra conta com uma completa estrutura de lazer,
com grande piscina, quadra de tênis e poliesportiva,
Kid’s Club, salão de jogos, Spa, moderno fitness center, serviços de massagens, salão de beleza, saunas
seca e a vapor. O complexo oferece ainda uma marina
com capacidade para 320 embarcações em vagas secas e molhadas e um grande centro de convenções.
O Meliá Angra é a opção perfeita para quem quer
aproveitar a região em um clima de tranquilidade,
com serviços de alta qualidade, excelente gastronomia e pretende dormir em camas de sonho. Possui
estilo oriental (bali), com decoração assinada por Sig
Bergamin e paisagismo de Benedito Abbud.
Inclusive, para este mês de julho, o Meliá Angra está
com uma oferta de ampla programação de lazer com
muita diversão para os seus hóspedes, além de uma
promoção que consiste em cortesia de hospedagem
para duas crianças de até oito anos, e o sistema all inclusive: café da manhã, snacks variados, almoço, jantar e bebidas diversas (alcoólicas e não alcoólicas). A
diária por pessoa sai por R$ 303,00 (com all inclusive).
Às tarifas deverão ser acrescidas a taxa de ISS de 2%.
(www.melia-angra-marina.com).
Ilha Grande
Um roteiro turístico que merece capítulo à parte é
a Ilha Grande, localizada no município de Angra dos
Reis e reconhecida por sua exuberante beleza tropical e pelo fato de a maior parte de sua área ser coberta por mata atlântica. A mata é preservada pela
população local e por lei, estando assim grande parte
dela dividida entre o “Parque Estadual da Ilha Grande”
e o “Parque Marinho do Aventureiro”.
O clima e a paisagem instigam ao total ócio, no entanto, há muito o que fazer na Ilha Grande, com opções
para todos os níveis de aventura. A estrutura para isso
O Sol Meliá Angra é um dos mais luxuosos e
completos destinations resorts instalados no
estado do Rio de Janeiro
é bem organizada, fazendo do ecoturismo a grande
vocação desse paraíso. Para percorrer as trilhas, por
exemplo, há sinalização e placas de orientação ao
longo do caminho. Existem desde trajetos curtos e
fáceis a opções para quem busca aventura de verdade, como a trilha que dá a volta na ilha e pode ser
feita em até cinco dias. Sem falar nos redutos para a
prática de mergulho profissional (a baía é famosa pelos naufrágios visitados por mergulhadores do mundo
todo) e nos muitos recantos onde os iniciantes podem vislumbrar grandes e vermelhas estrelas do mar
e peixes coloridos. A
A Ilha Grande, que faz parte do
município de Angra dos Reis, é
um destino turístico à parte para
quem visita a cidade
MTurismo
MAgronegócios
Panorâmica da Ilha Grande
Os passeios de escuna ou lancha levam turistas para
conhecer praias e outros pontos turísticos. É a atração que mais movimenta o comércio na região, pois
garante ao visitante conhecer lugares que só poderiam ser alcançados de barco ou por trilha.
Hoje, a ilha ganha fama por conta de suas belezas
naturais, mas num passado recente ficou nacionalmente conhecida por abrigar dois presídios destiMercado Julho 2010 ∞ 84
nados a condenados por crimes comuns e também
para presos políticos, como Graciliano Ramos e Fernando Gabeira. Chegou a ser apelidada de “Alcatraz
brasileiro“. Por sorte, a beleza falou mais alto e, atualmente, os sinais desse passado estão em ruínas e
suas lembranças fomentam as histórias que o povo
conta. As ruínas são também uma excelente opção
para se visitar.
História de Angra
•Após o descobrimento do Brasil por Cabral, em 1500,
a coroa portuguesa enviou ao Brasil uma esquadra
para mapear e desbravar o litoral do novo continente;
•A esquadra comandada pelo navegador português
Gonçalo Coelho entrou na baía da Ilha Grande no dia
6 de janeiro de 1502. Como era dia de Reis, batizou-a
de Angra dos Reis;
•Na época, a região era habitada pelos índios goianases
chefiados pelo cacique Cunhambebe. O núcleo inicial
formou-se no local conhecido atualmente como Vila
Velha, em frente à Ilha da Gipóia;
•Angra era habitada pelos silvícolas, escravos e exploradores deixados pelos navegadores. As atividades locais eram voltadas para a caça, a pesca e a pequena
lavoura;
•Como a maioria dos povoados brasileiros, Angra teve
forte influência da Igreja Católica;
•No século XVIII, a cidade fez parte da rota do ouro, um
caminho criado e amplamente utilizado pelos exploradores do ouro de Minas Gerais;
•A mesma rota foi utilizada posteriormente para escoar a produção de café do Vale do Paraíba. Nessa época, Angra investia na produção de cana-de-açúcar;
Vista atual do Frade, um dos bairros famosos de
Angra dos Reis (RJ), 508 anos após ser descoberta
pelo navegador português Coelho Neto, que foi
quem deu nome ao lugar
•No início do século XX houve uma retomada no
crescimento econômico com a cultura da banana e
a construção da ferrovia que ligava Angra à estrada
ferroviária principal, o que proporcionou o incremento
da atividade portuária;
•A construção do Estaleiro Verolme, na década de 50, e
a instalação de um terminal de desembarque pela Petrobrás impulsionaram a atividade operária na região
e mantiveram a economia da cidade por décadas. O
estaleiro fechou na década de 90 e foi reativado recentemente;
•Nos anos 70, com o programa nuclear brasileiro, Angra foi escolhida como berço das oito usinas do projeto inicial. Até hoje só existem Angra I e II;
•Angra também abrigava o Instituto Penal Cândido
Mendes, construído na Ilha Grande (praia de Dois
Rios);
•A inauguração da estrada Rio-Santos, no ano de 1976,
impulsionou de vez a atividade turística no lugar. B
A Angra dos Reis de hoje é um cartão postal
do Brasil
85 ∞ Mercado Julho 2010
MVeículos
O Palio Attractive 1.4 Flex, modelo 2011, que sai por R$ 33.320
Fiat apresenta novidades
em sua linha 2011
P
ara aumentar ainda mais
a sua competitividade no
mercado, a Fiat Automóveis lança novas versões
Attractive 1.4 Flex para
os veículos Palio, Palio Weekend e
Punto, já como modelo 2011, a preços competitivos. O Palio Attractive 1.4 Flex vai custar R$ 33.320; a
Palio Weekend Attractive 1.4 Flex,
R$ 40.960; e o Punto Attractive 1.4
Flex, R$ 38.940.
Essa nova versão oferece detalhes de acabamento que deixam o
carro ainda mais confortável e sofisticado. A Attractive 1.4 ganha na
parte central do painel de instrumentos uma nova cor, agora cinza,
e também novas calotas, além das
novas siglas. Os modelos Palio e
Palio Weekend trazem ainda novo
tecido nos bancos.
Bem equipadas e oferecendo
excelente relação custo-benefício, todas as versões Attractive
1.4 dos modelos Palio, Palio Weekend e Punto trazem de série
itens importantes e bastante procurados, como direção hidráulica, brake light, follow me home,
My Car Fiat, porta-luvas duplo e
para-choque na cor do veículo,
entre outros.
Com a versão Attractive 1.4, veja como fica a nova gama de modelos
Modelo
Versões
Fiat Palio
Fire Economy 1.0 Flex 2p, Fire Economy 1.0 Flex 4p, ELX 1.0 Flex 2p, ELX 1.0 Flex 4p,
Attractive 1.4, ELX 1.8 Flex, ELX 1.8 Flex Dualogic, 1.8R 2p e 1.8R 4p
Fiat Palio Weekend
Attractive 1.4 Flex, Trekking 1.4 Flex, Trekking 1.8 Flex, Adventure Locker 1.8 Flex e
Adventure Locker 1.8 Flex Dualogic
Fiat Punto
Attractive 1.4 Flex, HLX 1.8 Flex, Sporting 1.8 Flex e T-Jet 1.4 16V
Outra boa novidade é que o Palio ELX 1.0, duas e quatro portas,
agora modelo 2011, ganha direção
hidráulica de série - um item bem
prestigiado que chega para ampliar a bem equipada lista de série
deste modelo -, com um aumento
de apenas 1% comparado ao modelo anterior.
As versões do Fiat Strada
Mercado Julho 2010 ∞ 86
Working 1.4 cabine simples, estendida e dupla e as Trekking 1.4 cabine simples e estendida também
passam a ser modelo 2011. Já a
versão de entrada do modelo Strada Fire 1.4, cabine simples e estendida, ganha em sua linha 2011 uma
nova grade dianteira, agora pintada na cor do veículo, mas com
a parte central na cor prata ace-
tinada, o que confere ao veículo
mais elegância. O preço continua
o mesmo em todas as versões do
Fiat Strada.
Também as versões Doblò 1.4,
Doblò ELX 1.4, Doblò Cargo 1.4,
Siena Tretafuel 1.4, Palio Weekend
Trekking 1.4 e Siena EL já chegam
ao mercado como modelo 2011 e
sem alteração de preços. B
87 ∞ Mercado Julho 2010
Foto: Divulgação
MVeículos
Ford apresenta
novo Mondeo
POR Rodrigo Mora (Fast Driver)
O
Ford Fusion vem cumprindo bem o papel do
Mondeo aqui no Brasil,
mas seria interessante imaginar quem faria mais sucesso hoje em dia. Ainda
mais agora, que a montadora deu
uma leve retocada no visual do sedã.
A principal diferença está na parte
frontal, com nova grade, para-choque
redesenhado e faróis com LEDs de
funcionamento permanente. A estreia oficial do novo Mondeo será no
Salão de Moscou, no final de agosto.
Os preços não foram divulgados, mas
existe a previsão de que as vendas no
mercado europeu tenham início entre setembro e outubro deste ano.
Mercado Julho 2010 ∞ 88
Foto: Divulgação
Com reestilização concentrada na frente, sedã renova
também motorização
Ford Mondeo sedã
Foto: Divulgação
Ford Mondeo perua
Mas o Mondeo 2011 não concentrou as novidades apenas na estética. A Ford aproveitou para renovar
a motorização do sedã, que agora
conta com um bloco 2.0 EcoBoost
de 237 cv, ante 200 cv do antigo propulsor. Outras mudanças ocorrem
nos motores a diesel, com uma melhora no rendimento das versões 2.2
(197 cv) e 2.0 (113 cv, 138 cv e 161
cv). Pela primeira vez o Mondeo ganha a transmissão powershift de dupla embreagem - de série nos carros
com motor EcoBoost e opcional nos
demais. Entre as novas tecnologias,
está o indicador de ponto cego, similar ao Blis da Volvo, mas na Ford
chamado de Active Grille Shutter.
Ainda não há imagens do interior, que também passou por
mudanças não muito radicais.
As novidades ficam por conta das luzes de cortesia com
LEDs, um renovado sistema de
navegação e o sistema de som
de 256W, ligado a um subwoofer de 17 litros. B
89 ∞ Mercado Julho 2010
MVeículos
Foto: Arquivo
Revisão de férias:
checagem regular de itens
evita desgaste prematuro
A
manutenção preventiva do veículo
pode evitar desgaste
prematuro
das peças e gerar
economia no custo do reparo
em até 30%, bem como reduzir
a emissão de poluentes. A revisão de férias em uma oficina de
confiança é a melhor forma de
garantir uma viagem tranquila.
Para garantir o bom funcionamento do veículo, o programa Carro 100%/Caminhão 100%/
Moto 100%, da GMA, que visa
a conscientizar motoristas sobre a importância de cuidar do
veículo preventivamente, recomenda a checagem dos seguintes itens:
Mercado Julho 2010 ∞ 90
• Correia dentada, que deve ser
trocada conforme indicação do
manual do fabricante do veículo.
Essa peça é fundamental para garantir o funcionamento do motor;
• Filtros de ar, óleo e combustível;
• Velas e cabos, que sofrem desgaste com o uso e podem comprometer o desempenho do motor;
• Amortecedor: item de segurança que garante a estabilidade
do veículo em curvas e deve ser
trocado quando apresentar sinais de desgaste;
• Freios: verificação do estado do
disco, lonas e pastilhas e troca
de acordo com a recomendação
do fabricante;
• Bateria: checagem, para evitar panes inesperadas;
• Palhetas do para-brisa: quando
a borracha resseca pode riscar o
vidro e dificultar a visibilidade do
motorista em caso de chuva.
É importante que o motorista
faça a revisão em um mecânico de
sua confiança, que já conhece o
veículo e as condições que este enfrenta, lembrando que aqueles que
trafegam a maior parte do tempo em
grandes centros urbanos em baixa
velocidade apresentam maior desgaste em peças como embreagem,
freios e sistema de arrefecimento.
Por outro lado, os veículos que circulam grande parte do tempo em
rodovias e percorrem longas distâncias sofrem maior desgaste em outras peças (correia dentada, suspensão e pneus). B
MColunaLiteratura
Crônica em
homenagem ao
Jorge Amado de
todos os santos
POR Kenia Maria
Eu sempre gostei muito de Jorge
Amado. Houve uma época em que eu
gostava, principalmente, daquele Jorge
inventado pela rede Globo e pelo cinema. Na adolescência, na década de
1970, por exemplo, como a maioria dos
brasileiros me deliciava com as aventuras impetuosas e eróticas da nordestina
Gabriela e do árabe Nacib. O tempo passou, já adulta, me peguei sonhando, nos
anos 1990, desta vez com o romance
incendiário de Betty Faria no papel de
Tieta e como José Mayer fazendo Osnar.
Mas antes, em 1976, eu já tinha me divertido e dado boas risadas no cinema
com o filme “Dona Flor e seus dois maridos”: a bela e cômica história dirigida
por Bruno Barreto.
O tempo passou, virei professora de
literatura brasileira na universidade, fiquei um pouco mais chata, mas nunca
abandonei Jorge Amado. Desta vez, minha atenção se voltou para aquele Jorge
mais elaborado esteticamente e mais
preocupado com as desventuras humanas e com nossas crises de identidade.
Assim, sempre sugiro aos meus
alunos que leiam um dos contos mais
intrigantes e inteligentes desse autor:
“A morte e a morte de Quincas Berro
D´água”. A força principal dessa narrativa está no personagem Quincas: o
pacato funcionário público que resolve
“chutar o balde” depois que se aposenta. Quincas abandona a vida pacata e
burguesa que levava junto à família
para viver uma vida desregrada de bar
Mercado Julho 2010 ∞ 92
em bar, de prostíbulo em prostíbulo.
Essa mudança radical é uma metáfora
da ambiguidade da alma humana, alegoria de nossos desejos mais secretos
que nem sempre podemos ou temos coragem de experimentar. E além de ler
o livro, agora também podemos ver o
filme, que estreou no cinema em maio
deste ano, com o talentoso ator Paulo
José no papel do trágico-hilário Quincas Berro D’água.
Outra coisa que me encanta em Jorge
Amado é sua diversidade de temas e de
enfoques literários. Em 1930, com apenas 18 anos de idade, publica seu primeiro romance: “O país do carnaval”. Nessa
obra já encontramos as sementes das
primeiras discussões de viés políticoideológico de esquerda: críticas ao governo Vargas, às classes sociais abandonadas, aos desmandos do capitalismo e
aos sonhos deteriorados da elite. Todos
esses ingredientes acompanharão direta
ou metaforicamente outros de seus principais romances engajados: “Cacau”,
“Suor”, “Jubiabá” e “Mar Morto”.
Dia desses, bisbilhotando as estantes de uma livraria aqui de Uberlândia,
me encantei com um livro de crônicas
de Jorge Amado. Eu não sabia, mas de
1942 a 1945, quando ele voltou do exílio
no Uruguai e Argentina, foi cronista do
jornal baiano “O imparcial”. Nesse período, Jorge se engajara na luta contra o
nazi-fascismo e começara a redigir textos em protesto contra a estupidez da
Segunda Guerra Mundial. As principais
temáticas das crônicas estão relacionadas com os abusos e as atrocidades de
Hitler. Jorge Amado protesta principalmente contra a perseguição aos intelectuais judeus e contra o fechamento das
universidades dirigidas pelos semitas.
Podemos ler também críticas contra a
perseguição de escritores de esquerda,
a queima de livros em praça pública,
o fuzilamento de Lorca, o suicídio de
Zweig, dentre outros assuntos sombrios. O autor deixa claro, em muitas
destas crônicas, que o fascismo é a Idade Média reeditada: um ódio explícito
à inteligência e à diversidade de ideias,
em que poucos detêm o saber para que
poucos detenham o poder. Todas essas
reflexões podem ser lidas em “A hora da
guerra”, que traz 103 crônicas, organizadas e selecionadas por Myriam Fraga
e Ilana Goldstein. O livro foi publicado
pela Companhia das Letras em 2008.
Se Jorge Amado cronista me encantou principalmente pela sua coragem
de se posicionar objetivamente na imprensa em plena ditadura Vargas a favor
dos judeus e dos intelectuais de esquerda, o que mais me surpreendeu foi o
Jorge Amado poeta. Sim, poeta. Creio
que são pouquíssimas as pessoas que
saibem desse Jorge dos versos. Jorge
de estrofes e rimas. Em 1938, o autor
de “Jubiabá” publicou também um livrinho de poesias intitulado “A estrada do
mar”. Descobri isso por acaso, num desses passeios labirínticos e virtuais pela
Internet. Depois de visitar vários sites
sobre Jorge Amado, caí na interessante
página de Antônio Miranda no endereço http://www.antoniomiranda.com.br/
poesia_brasis/bahia/jorge_amado.html.
Neste site, Miranda comenta que
“Estrada do mar” é livro raríssimo e
que com certeza deve ainda existir um
exemplar nos arquivos da Fundação
Casa de Jorge Amado, na Bahia.
Confesso que fiquei com uma curiosidade danada de poder ver, tocar,
cheirar e ler esse livrinho raro. Fiquei
pensando no que eu encontraria nas
estrofes: os conflitos do amor ou da política? A exaltação à pátria em sonetos
ou a crítica ferrenha destilada em versos irregulares?
Mas o que atualmente se conhece de
Jorge Amado como poeta e que corre
na rede virtual é a bela poesia intitulada
“A canção da judia de Varsóvia”. É um
longo poema em que o autor dá voz ao
desespero de uma bela moça judia, que,
durante a Segunda Guerra, foi covardemente arrastada para um campo de concentração nazista, em Varsóvia, capital
da Polônia. O autor intitula seus versos
de “Canção”. Uma canção fúnebre em
que a personagem, depois de perder seu
noivo, seus pais, sua pátria, perde também a dignidade, já que pertence a uma
massa informe: aos judeus sem nome.
Mas talvez o que mais nos desespere
seja que, como ela, foram dezenas, centenas, milhares de belas garotas que terminaram seus dias sem nunca mais ver
a primavera, exterminadas pela fome,
pelo fuzilamento ou nas câmeras de gás,
num dia de inverno qualquer da gelada
Varsóvia. Mais uma vez, o autor denuncia as insanidades de Hitler. O poema é
extenso, mas merece ser lido na íntegra,
afinal, não se deve mutilar uma obra de
arte, principalmente uma preciosidade
estética de Jorge Amado, o Jorge de todos os santos, de todas as falas, de todas
as lutas. Um Jorge de que gosto cada vez
mais. Boa leitura:
Canção da Judia de Varsóvia
Meu nome, já não o sei...
Só de Judia me chamam.
Meu rosto já foi bonito, na primavera
em Varsóvia.
Um dia, chegou o inverno,
Trazido pelos nazistas;
E nunca mais quis ir embora.
Um dia já fui bonita,
Tive noivo, e tive sonhos.
Trazido pelos nazistas
Veio o terror, veio a morte.
As flores se acabaram...
As criancinhas também.
Meu noivo foi fuzilado na madrugada
do inverno.
Alegres jardins de outrora hoje já não
existem.
Nunca mais verei as flores.
As criancinhas morreram de fome,
pelas sarjetas,
Furadas de baionetas, nas diversões
dos nazistas...
Morreram as flores também.
As aves, para onde foram?
Cadê Varsóvia sorrindo?
Está Varsóvia gemendo...
Está Varsóvia morrendo...
Tão lindo era meu nome, poema para
o meu noivo!
Riu o nazi junto a mim:
“Judia que és bonita”
- Judia não tem beleza, judia nem
nome tem...
Tomou da minha beleza nas suas
mãos assassinas,
Quem me dera ter morrido na madrugada do inverno!
Sou pobre moça judia na cidade de
Varsóvia...
Ontem mataram meu pai na vista de
minha mãe.
Em campo de concentração minha
beleza acabou.
Meu nome, já não o sei - só de judia
me chamam.
Nunca fiz mal a ninguém,
E tanto mal que me fizeram!
Coração não têm os nazis...
São feras que se soltaram pelas ruas
de Varsóvia.
Inverno que não acaba, só há desgraça e tristeza,
Soluços de toda a gente e as gargalhadas dos nazis!
Antes, nas tardes alegres,
Meu noivo vinha à rua,
Seus olhos nos meus pousavam,
Meus lábios só tinham risos.
Mas um dia.... Eles chegaram.
Vestiam camisas pardas.
Coração? Eles não tinham.
Meu noivo havia partido, tão belo,
com o seu fuzil!
Mataram-no de madrugada, nesse inverno que chegava...
Esse campo não tem flores...
Mais parece um cemitério...
Em campo de concentração
São mil judias comigo, mas nenhuma
nome tem.
Só, sobre o peito, uma marca feita
com ferro em brasa,
Como um rebanho de gado
Para os açougues dos nazis.
Minha beleza se foi...
Meus lábios já não sorriem.
Ontem mataram meu pai na vista de
minha mãe;
Meus olhos são secos, secos não restou nenhuma lágrima.
Uma coisa me disseram - quem dera
fosse verdade...
Disseram que em outras terras,
Judias e não judias, moças que nem
nome têm,
Em armas se levantaram,
Que guerrilheiras se chamam, que
matam nazis nas noites,
Que vingam os noivos e a honra!
Quem dera fosse verdade!
Porque... Se fosse verdade, mulheres
matando nazis,
Nesse campo desgraçado uma alegria eu teria, uma esperança também.
Dizem que em outras terras lutam
mulheres em armas...
Quem dera fosse verdade porque...
Se fosse verdade,
Um dia para Varsóvia, com certeza
chegaria,
em que o Inverno se fosse e os nazistas se acabassem.
E a primavera encheria de cantos
Varsóvia inteira,
Nas ruas de criancinhas, nos alegres
jardins de flores,
Nos olhos dos namorados...
Tudo seria uma canção!
E, moça judia então, nome de novo
eu teria!
Kenia Maria de Almeida Pereira - doutora em Literatura
Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre
literatura brasileira, dentre eles, Machado de Assis: outras faces,
publicado pela editora Aspecttus ([email protected])
93 ∞ Mercado Julho 2010
MProfissões em Filme
Um sonho possível
POR Kelson Venâncio
Nesta edição resolvi comentar um
filme que fala de dois temas importantes que podem ser discutidos em
esferas diferentes. Primeiro, é ideal
para empresas ou instituições que
querem mostrar a seus funcionários
um exemplo de superação e força
de vontade. É uma história que pode
ser usada para incentivar, motivar as
pessoas. E segundo, porque fala de
algo bastante debatido atualmente na
sociedade e, nesse caso, ainda mais
polêmico, por se tratar da adoção de
um negro pobre por uma família de
brancos ricos. Sem contar que a adoção não é de uma criança e sim de um
jovem aos 17 anos.
Mercado Julho 2010 ∞ 94
Apesar do título original dessa
produção ser “O lado cego” (The
blind side), a escolha pelo título
brasileiro “Um sonho possível” foi
um acerto. É que o filme mostra
que qualquer sonho pode se tornar
possível, desde que para isso se
tenha muita força de vontade, perseverança e incentivo. É claro que
para muitas pessoas os sonhos nem
sempre se realizam, mas no caminho das tentativas fica pelo menos
o aprendizado.
O filme conta a história de Michael Oher (Quinton Aaron), um jovem
negro vindo de um lar destruído, ajudado por uma família branca liderada por Leigh Anne (Sandra Bullock),
que acredita no potencial do rapaz.
Com a ajuda do treinador de futebol,
de sua escola e de sua nova família,
Oher terá de superar diversos desafios, o que mudará também a vida de
todos a sua volta.
Esse tipo de história já foi contado várias vezes no cinema. Entretanto, sempre que nos deparamos
com produções assim saímos do
cinema acreditando num mundo
melhor, em que as nossas vontades
podem se tornar realidade. É uma
fórmula que sempre funciona no
mundo da sétima arte. E mais uma
vez deu certo. Simples, o roteiro é
inspirado em uma história real, dirigido e escrito por John Lee Hancock
a partir do livro “The blind side: evolution of a game”, de Michael Lewis.
É um filme gostoso de assistir, com
uma história forte, mas ao mesmo
tempo divertida pelos personagens
que a constituem.
As atuações do elenco são, sem
dúvida, um dos grandes atrativos
dessa produção. Todos os atores
apresentam um bom desempenho,
pois, mesmo em pequenas aparições, conseguem dar seu recado e
nos conquistam. Entretanto, quatro
interpretações são fantásticas. A começar pela sempre excelente Kathy
Bates, que aparece apenas na segunda metade do filme e se mostra uma
excelente professora particular para
o jovem Oher. Por falar em jovem,
Quinton Aaron, apesar da pouca idade e dos poucos filmes em seu currículo, convence num dos principais
papéis ao representar com perfeição
seu personagem: uma pessoa simples, inocente e humilde, mas cheia
de vontade de dar uma reviravolta
na vida. Outro destaque é o garotinho Jae Head, que participa da parte
engraçada do filme. O menino é um
verdadeiro show à parte.
Mas o grande atrativo da produção é, com certeza, a mãe do protagonista, interpretada por Sandra
Bulock. A atriz faz, neste filme, sua
melhor atuação até hoje no cinema.
Sua personagem, Leigh Anne, é uma
mulher que gosta de ajudar o próximo, independentemente de quem
quer que este seja e de qual posição
social ocupe. Essa mãe se mostra
ao mesmo tempo amorosa, incentivadora, esperançosa, educadora
e protetora. Tudo isso com aquela
velha e sempre boa pitada de humor
muito bem feita por Sandra Bulock. Mesmo tendo sido uma de suas
melhores interpretações, ainda não
acho que foi merecedora do Oscar
de melhor atriz; não por ela, mas pelas suas concorrentes, que acredito
terem se saído melhor.
“Um sonho possível” é, sim, mais
um filme que mostra a triste história
de superação de um negro obeso e
filho de mãe viciada, que encontra
abrigo e amor em uma família de
brancos ricos. Além de divertir, o
filme serve como lição para muita
gente e gera uma grande discussão
em torno da adoção, principalmente
de pessoas como o Big Mike, que já
tem uma formação complicada imposta pelos problemas enfrentados
na sociedade e que possui traumas
difíceis de serem esquecidos. B
Ficha Técnica
Um sonho possível
Gênero: Drama
Direção: John Lee Hancock
Elenco: Sandra Bullock, Tim McGraw, Kathy Bates, Quinton Aaron,
Lily Collins, Jae Head, Rhoda Griffis,
Ray McKinnon.
Roteiro: John Lee Hancock, baseado em livro de Michael Lewis
Duração: 128 min.
Nota 8
Kelson Venâncio - jornalista e diretor do Cinema e Vídeo
www.cinemaevideo.com.br
95 ∞ Mercado Julho 2010
MSustentabilidade
A coordenadora do Programa Cerrado e Letras,
Marta Pannunzio: “Finalmente o bioma Cerrado
ganha um aliado poderoso: o jovem estudante,
assessorado por professores, palestrantes
especializados e por mim, que sou escritora e
educadora ambiental.”
Programa Cerrado e Letras -
Literatura, Meio Ambiente e Resgate Cultural.
O Programa Cerrado e Letras é um
projeto do Instituto de Artes do Triângulo (IAT), idealizado e coordenado
pela escritora Martha Pannunzio, em
uma proposta inovadora que envolve
educação, cultura e meio ambiente.
O projeto é desenvolvido com o
apoio de escolas da rede pública, empresas, institutos - entre eles, o Eco
Instituto INDERC - e órgãos como a
FIEMG e o DMAE. O papel das escolas é desenvolver um programa de
leitura em que os alunos tenham um
contato efetivo com a obra escolhida.
Um programa que contemple a leitura, reflexão e discussões a respeito
do conteúdo do livro.
Depois da leitura, o passo seguinte
é visitar a fazenda da escritora Martha
Pannunzio, para conhecer de perto
detalhes do ambiente do Cerrado, tirar as dúvidas e trocar impressões. A
atividade envolve também um almoço
na fazenda, uma trilha ecológica e a
produção artística com materiais coletados na propriedade.
Mercado Julho 2010 ∞ 96
Informando assim, parece ser uma
ação muito simples, mas o projeto é
grandioso. Grandioso no sentido de
resgatar a identidade cultural das
nossas crianças, trazer informações
sobre a nossa origem, nossas tradições e riquezas humanas e culturais
do cerrado. Também grandiosa é a
oportunidade que a criança tem de se
aproximar de um autor, que normalmente é alguém que o estudante vê
na capa do livro e imagina estar muito longe da sua realidade.
Edição da vez, o livro “Bicho do
Mato” é uma obra peculiar, escrita em linguagem coloquial com as
palavras faladas pelo homem do
cerrado desde sempre, coisa que
o estudante, em um primeiro momento, estranha. Segundo a autora,
já houve casos em que estudantes
perguntaram se ela era mesmo formada, pois tinha escrito as palavras
todas erradas. Em um segundo momento é que o aluno descobre que
a coisa mais interessante da obra é
justamente essa: brincar com as palavras e escrever em uma obra literária com o linguajar que o povo do
cerrado fala.
A proposta é que o projeto, que
já está sendo desenvolvido há alguns tempo, tenha a duração de
quinze anos, com a meta de envolver 10.000 estudantes. Segundo sua
idealizadora, Martha Pannunzio,
esse é um projeto que trata da vida
e que trouxe vida para todos os que
participaram dele até agora.
UTILIZAÇÃO DE INCENTIVOS
FISCAIS POR EMPRESAS PARA
FINANCIAR PROJETOS
Definição: relação entre o fisco e
o contribuinte mais renúncia de determinado tributo.
Aplicação: Uma ótima oportunidade de investir em projetos sociais,
esportivos, culturais e ambientais,
utilizando recursos oriundos de renúncia fiscal por parte do governo
O presidente do CINTAP
e da Fiemg Regional VP,
Pedro Lacerda, ao lado da
escritora Martha Azevedo
Pannunzio, em momento
de homenagem que
a instituição fez à
coordenadora no dia do
lançamento do Programa
Cerrado e Letras, no final
de junho, na sede da
regional
federal, estadual e municipal.
Complicação: o processo é burocrático e é necessária uma boa dose
de disposição para lidar com ela e
para selecionar bem os projetos a serem contemplados.
Solução: As empresas precisam
se informar mais a respeito das possibilidades de financiamento de projetos por incentivo fiscal, entender
como uma oportunidade para aquecer o mercado, fortalecer a econo-
mia local e regional e, principalmente, fazer marketing socioambiental,
já que o consumidor expressa cada
vez mais consciência e preferência
por empresas que figuram no grupo
das socialmente responsáveis. B
Soluções Empresariais CINTAP
“O Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo e Alto Paranaíba - CINTAP - é uma entidade empresarial da classe produtiva da indústria que abrange os setores de serviços, tecnologia e comércio em geral, tendo como
missão fomentar negócios entre empresas de todos os ramos de atividade em nossa região, fortalecendo sua
gestão com transparência, excelência, dinamismo e promoção da sustentabilidade socioambiental.”
gens
Vanta specializado
e
RH CINTAP
Tecnologia CINTAP
ados
imento
Atend s personaliz s
Recrutamento e Seleção
Softwares e Equipamentos de gestão
o
n
de
a
a
l
d
p
i
e
cess
a as ne presa
r
a
p
Estágio Empresarial CINTAP
Inovação Tecnológica CINTAP
Em
de sua
Desenvolvimento de Projetos, Idéias e
Contabilidade CINTAP
pesquisas na área de Inovação Tecnológica.
Responsabilidade Socioambiental CINTAP
Projetos de Educação Ambiental;
Orientações sobre Licenciamento Ambiental;
Programa de Implementação da Responsabilidade
Socioambiental nas empresas.
Comunicação CINTAP
Assessoria de Comunicação, Agência de
Publicidade, Marketing Digital e Jornal Informação
Estratégica
Excelência Empresarial CINTAP
Programas de Desenvolvimento de Equipes e
Processos, Treinamentos, Palestras, Consultorias e
Atuação in company.
Saúde CINTAP
Planos de Saúde e Planos Oftalmológicos
Seguros CINTAP
Vida, Automóvel, Previdência e Imóveis
Educação CINTAP
Ensino Básico, Ensino Profissionalizante/Técnico,
Graduação, Pós-Graduação e Extensão
Crédito CINTAP
Crédito Consignado, Linhas de Crédito Especiais e
Assessoria de Crédito CINTAP
Turismo CINTAP (Lazer e Empresarial)
Passagens Aéreas, Hospedagem, Locação de Veículos e
Pacotes Turísticos
Convenções CINTAP
Auditórios, Salas de aula, Salas de reunião e Espaços
para eventos
Este espaço se reserva a notícias e/ou projetos socioambientais. O conteúdo aqui publicado é de responsabilidade do CINTAP, através do
INDERC, mas está aberto também para outras pessoas, empresas ou instituições que queiram divulgar assuntos pertinentes ao seu propósito.
Informações com Daniela Dias, coordenadora de Projetos do INDERC, através do telefone 34 3230 5200 ou do e-mail [email protected].
97 ∞ Mercado Julho 2010
MDica de Leitura
Dermatologia ganha
seu primeiro dicionário
Mercado Julho 2010 ∞ 98
A
pesar do grande desenvolvimento
da
dermatologia,
não
há, no Brasil, dicionários especializados
nessa área do saber produzidos
com base em modelos científicos
linguísticos. Agora, o “Dicionário
de Dermatologia”, lançado pelo
selo Cultura Acadêmica, cumpre
essa função, ao apresentar 3.697
verbetes acompanhados de seus
sinônimos, registrando nomes populares, regionais, siglas e ainda
termos utilizados preferencialmente por uma ou outra corrente
teórica da dermatologia. Isso facilita a comunicação entre leigos e
especialistas, pois permite que se
encontrem os significados de termos ligados à dermatologia, possibilitando o acesso à informação ao
maior número de pessoas possível.
A primeira parte da obra é formada por um conjunto de termos
organizado em ordem sistemática
(sistema conceptual). A segunda,
por verbetes ordenados alfabeticamente. Desse modo, o termo
procurado pode ser encontrado
facilmente (seguindo a ordem alfabética) e se tem uma visão clara do lugar que ocupa dentro do
conjunto das unidades terminológicas tratadas na obra (seguindo a
ordem sistemática).
Resultado de seis anos de pesquisa realizada no Instituto de
Biociências, Letras e Ciências
Exatas (Ibilce) da Universidade Estadual Paulista, campus
de São José do Rio Preto, sob a
coordenação da professora Lídia
Almeida Barros, o “Dicionário de
Dermatologia” é o primeiro trabalho especializado nesta área a ser
produzido com base em modelos
científicos linguísticos. A ordenação conceptual que estrutura termos e conceitos é construída com
base nas relações estabelecidas
entre estes, em que cada termo é
determinado por sua posição dentro do conjunto. B
Sobre a coordenadora
Lídia Almeida Barros possui graduação em Letras pela
Universidade de São Paulo (1986), mestrado em Línguas
Românicas pela Université Lumière Lyon2 (1992) e
doutorado em Ciências da Linguagem pela Université
Lumière Lyon2 (1997). É professora adjunta da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência
na área de Linguística, com ênfase em Terminologia,
atuando principalmente nos seguintes temas: terminologia,
terminografia, tradução e tradução juramentada.
O “Dicionário de Dermatologia”, a exemplo de outros livros da
Coleção PROPG-Digital, é resultado de pesquisas desenvolvidas pelos Programas de Pós-Graduação
da Unesp e está disponível para
download gratuito no site: www.
culturaacademica.com.br
Título: Dicionário de Dermatologia
Editora: Fundação Editora Unesp
Coordenadora: Lídia Almeida Barros
Número de páginas: 438
ISBN: 978-85-7983-034-1
Coleção: PROPG-Digital
Programa de Pós-Graduação: Estudos Linguísticos
99 ∞ Mercado Julho 2010
MBazar
Câmeras IP para intensificar
segurança doméstica
A D-Link, líder mundial no fornecimento de soluções de redes, segurança,
armazenamento de dados e vigilância
IP, intensifica sua atuação no segmento de segurança doméstica e lança no
mercado brasileiro quatro câmeras IP
para monitoramento remoto: DCS-910
e DCS-2102 (cabeada), DCS-920 e DCS2121 (wireless).
As quatro câmeras IP da D-Link,
de fácil instalação, oferecem vigilância completa, uma vez que as imagens
podem ser acessadas remotamente em
qualquer computador conectado à Internet.
A linha composta pelas câmeras
DCS-910 e DCS-920 consiste em um
sistema completo com CPU integrada
e um servidor web que transmite ima-
gens de vídeo de alta qualidade.
Por sua vez, a linha composta pelas
câmeras DCS-2102 (cabeada) e DCS2121 (sem fio) apresenta como diferencial permitir que as imagens também
sejam acessadas em qualquer telefone
celular com tecnologia 3G, além da Internet.
As câmeras estarão disponíveis
nas grandes redes varejistas, lojas
especializadas em informática e nos
parceiros regionais da D-Link. Os
preços sugeridos das câmeras IP são
R$ 365,00 para a DCS-910, R$ 419,00
para a DCS-920, R$ 559,00 para a
DCS-2102 e R$ 739,00 para a DCS2121.
Mais informações e detalhes desses
produtos em www.dlink.com.br
Corra para as pistas com o novo
game para PS3
Os gamers brasileiros já podem
sentar ao volante e acelerar pelas pistas do novo título para PlayStation 3,
o ModNation Racers. Inspirado nos
jogos de kart clássico, mas com diferenciais interativos, o game chegou às
lojas no início de junho. O lançamento
comporta um ou dois jogadores offline e de dois a 12 jogadores online. O
jogo é voltado tanto para adultos quanto para crianças, entretendo desde os
mais inexperientes até os tradicionais
corredores do mundo virtual.
Cada um pode criar seu personagem, carros e as pistas em que deseja
correr. As crianças criam configurações simples em apenas alguns minutos, enquanto os adultos podem escolher diversas adaptações mais complexas. Essas personalizações podem ser
Mercado Julho 2010 ∞ 100
compartilhadas com outros usuários,
sendo possível usar adaptações criativas que outros já realizaram.
O ModNation oferece ainda recursos para pulos, impulsos e mini-turbos
nos carros de corrida, deixando o ambiente muito mais dinâmico. O consumidor conta com sete temas diferentes
para as pistas, incluindo deserto, praia
e selva.
Os que quiserem se tornar corredores de elite podem usar o Modo Carreira, em que é possível participar de uma
competição para atingir o topo da dificuldade do jogo e testar seus próprios
limites.
O ModNation Racers chega ao mercado nacional pelo preço sugerido de
R$ 199,00. Mais informações no site
www.sonystyle.com.br. A
MBazar
By Samia Aromaterapia lança Skin
A aplicação de Skin na pele permite tratamento para males como ressecamento, escamação,
alergias, dermatites, eczemas e psoríase. E, por meio da aromaterapia, os benefícios vão além, já
que a sinergia combate o estresse negativo
A By Samia Aromaterapia - empresa
da conceituada aromaterapeuta e aromatóloga Sâmia Maluf - está lançando,
dentro de sua linha de produtos naturais Natural Healing, o Skin, sinergia de
óleos vegetais e essenciais puros indicada para rosto e corpo de mulheres,
homens e crianças.
A combinação de 95% de óleos vegetais puros de calêndula, abacate e
germe de trigo e de 5% dos óleos essenciais de lavanda, cedro e bergamota dá
à pele um aspecto liso, relaxado e macio. O produto foi lançado com base na
experiência de Sâmia como terapeuta
para amenizar o maior mal do mundo
moderno, o estresse negativo, que se
reflete nos mais diversos problemas de
pele: ressecamento, escamação, alergia, dermatite atópica, eczema e psoríase. “É um antibiótico natural altamente
eficaz e um fitofilático potente para a
área emocional. Seu aroma trabalha diretamente no sistema límbico, levando
ao relaxamento contra o estresse do
dia a dia. Pode ser usado inclusive para
alergia a metais, picadas de insetos,
queimaduras, escaras e assaduras, sem
contraindicações para bebês”, garante
Sâmia.
Vendido em embalagem pet âmbar com válvula dosadora de 110 ml,
ao preço de R$ 56,60, o Skin pode ser
utilizado na esponja durante o banho
e também como óleo pós-banho, ainda
no chuveiro. Ameniza a vermelhidão
causada por queimaduras de sol, mas
não pode ser usado antes da exposição a ele.
Outros produtos da linha Natural
Healing no site www.bysamia.com.br.
Novo tablet da Genius i405 EasyPen
Modelo que custa a partir de R$ 132,99 permite desenhar, escrever, assinar documentos e retocar
fotos e imagens digitais facilmente
O novo i405 EasyPen da Genius
(uma das fabricantes líderes mundiais
em acessórios para PCs, imagem, som
e games) permite ao usuário expressar
livremente suas ideias, seja por meio
de desenhos ou anotações, podendo
usá-lo para trabalhar ou fechar negócios, como a assinatura de um contrato, por exemplo. E o melhor: o novo
tablet da Genius EasyPen i405 custa a
partir de R$ 132,99.
Essa é a proposta do i405
EasyPen: ser fácil e divertido de
usar. Basta tocar a ponta da caneta
(que vem junto com o tablet) na área
de trabalho de 4 “x 5.5” para escrever, desenhar ou cadastrar emails,
por exemplo. O EasyPen i405 oferece maior comodidade a usuários de
Windows (desde a versão 2000 até a
7) e MAC se comparado ao mouse,
porque seu cursor se move exatamente onde a caneta é posicionada.
Mercado Julho 2010 ∞ 102
Essa caneta tem 1024 níveis de
sensibilidade à pressão, o que permite
total controle da espessura da linha e
do desenho. Em adicional, o EasyPen
i405 vem com 28 teclas de atalho programáveis (para acesso imediato às funções do
Microsoft Office e
Internet) e conexão com o micro
pela USB.
Toda a linha de produtos da Genius está à
venda em magazines e
distribuidores, revendas
de informática e em Web
Stores do país. Outros detalhes estão disponíveis no site
www.geniusnet.com. B
MEntrevista
“O mundo é
gay, mas com
preconceitos”
POR Margareth Castro
O ex-BBB Dicesar fala da vida, do
homossexualimo, do preconceito e
de sua participação no reality show
da Globo que lhe rendeu fama
Conhecida no mundo GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) do Brasil e de alguns países, a drag queen Dimmy Kieer
está com a agenda cheia. O artista que dá vida a essa personagem, Dicesar Ferreira dos Santos, se tornou popular agora, após participar do Big Brother Brasil (BBB) 10 da Rede
Globo. E ele garante que está sabendo aproveitar a fama,
sem, contudo, deixar de ser ele mesmo. “Mudou o assédio,
mas eu continuo sendo o mesmo, cumprimentando e tirando
foto com todo mundo”, disse.
Segundo ele, o mundo é gay, mas com preconceitos, embora de 10 anos para cá tenha havido uma mudança. “Achei
louco a Globo colocar um cara como o Dourado no BBB.
Em pleno século XXI, em 2010, mostrar esse tipo de homem, que arrota à mesa, cospe no chão e quando conta uma
piada faz piada do deficiente físico, do gago. Muita coisa
mudou, mas ainda há muito o que melhorar em relação ao
preconceito”, disse.
Natural de Londrina, no Paraná, Dicesar Ferreira mora
há 22 anos em São Paulo, para onde se mudou depois de
trabalhar como vitrinista das Lojas Riachuelo para fazer um
curso de display (visual merchandising). Nessa mesma área,
trabalhou também na Mesbla, época em que fez amizades
com cabeleireiros e maquiadores que faziam teatro. “Eu me
identifiquei como maquiador e passei a maquiar todos os
meus amigos. Daí fui para o mundo gay, onde conheci os
Mercado Julho 2010 ∞ 104
clubes, saunas e boates GLS”, contou.
Dicesar já participou como Dimmy Kieer quatro vezes da
Parada Gay em Uberlândia, sendo a última em outubro de
2008. No dia 26 do mês passado, ele voltou à cidade para sua
primeira apresentação depois do BBB. O evento aconteceu
em uma boate, onde Dimmy Kieer fez o show “Metamorfose”. “Eu entro de drag, brinco, fervo, dou pinta para o povo e
me troco em cena. Vou mudando o visual durante a apresentação e tem um momento em que faço um monólogo sobre a
arte da maquiagem. Começa a música ‘I will survive’ e eu vou
retirando a maquiagem e viro o Dicesar”, explicou.
Antes de se preparar para o show e mesmo cansado da
viagem e da apresentação da noite anterior, recebeu a reportagem da Mercado para um bate papo descontraído no hotel
onde estava hospedado. Com uma simpatia natural, Dicesar
Ferreira apareceu no lobby do hotel com calça jeans, camiseta preta estampada, boina preta cheia de bottons, maquiagem discreta e perfeita e um sorriso estampado no rosto. A
única diferença depois de ter participado do programa são
os cabelos, em que ele revelou ter feito interlace.
Já no terraço, onde aconteceu a entrevista, o ex-BBB
falou de sua vida, do show, sobre homossexualidade e preconceito, da participação no programa global e também dos
planos para o futuro.
Mercado: Quem é o Dicesar Ferreira?
Dicesar Ferreira: Sou natural de Londrina, no Paraná,
e moro há 22 anos em São Paulo. Minha família é simples,
tranquila. Minha mãe criou os três filhos sozinha, após
ser abandonada pelo meu pai. Aos 5 anos fui estudar em
um seminário, onde fiquei por 12 anos. Nesse tempo via
minha mãe, Aline Ribeiro (nome que tatuou no braço direito no BBB10), uma vez por ano. Como ela trabalhava e
estudava, nas férias eu ficava com meus tios. Minha irmã
morava com minha avó e o meu irmão também foi para
o seminário em Curitiba. Sempre fui o filho emprestado
para os tios. Com quase 18 anos, voltei a morar com a minha mãe e sempre fui considerado o bonzinho, meiguinho
e atencioso. Dentro do colégio eu já estava me descobrindo gay, mas eu não conhecia esse mundo.
Mercado: Quando se tornou maquiador e como
surgiu a Dimmy Kieer?
Dicesar: Sempre trabalhei com decoração como vitrinista em magazines. Conheci vários cabeleireiros e maquiadores. Eu me identifiquei com a maquiagem e passei
a maquiar todos os meus amigos. Nessa época, conheci o
Celso Nakamura, que estava abrindo vários salões em São
Paulo e tinha sido convidado para montar uma equipe de
cabeleireiros e maquiadores para trabalhar com a Angélica, no SBT. Ele me chamou e eu fui para o SBT. Daí me deslumbrei de vez. Não me deslumbrei como pessoa, conheci
o show business e comecei a maquiar famosos. Fiquei quatro anos com a Angélica. Estavam entrando os anos 90, era
o auge do movimento clubber e eu comecei a me maquiar
de drag queen e a participar do mundo GLS. Fiz programas
de TV e me destaquei, porque quem é do interior tem essa
A pessoa nasce
gay e descobre
sua tribo depois
coisa de cumprimentar e falar com todo mundo.
Mercado: Você disse que sempre foi tido como o
bonzinho e que depois descobriu ser gay. Minha pergunta é: a pessoa nasce ou torna-se gay?
Dicesar: Acredito que a pessoa nasce gay e descobre
sua tribo depois. Você vai se descobrindo o artista, o deslumbrado, o cabeleireiro ou maquiador afetado ou ainda
o reprimido. Vai se identificando, porque hoje existem milhares de tipos de gays. Eu fui me descobrindo e graças a
Deus me encaixando no meio da arte.
Mercado: Quem é a sua personagem, Dimmy Kieer?
Dicesar: Ela surgiu no auge dos anos 90 e do grupo psicodélico Dee Lite, e quando eu me maquiava, eu pegava
como imagem esse grupo da vocalista Lady Miss Kieer.
Quando eu vi, as pessoas falavam que eu me parecia com
ela e aí passei a fazer show cover da banda. O Dimmy é
apelido em família e o Kieer é inspirado na vocalista da
banda Dee Lite. A
105 ∞ Mercado Julho 2010
MEntrevista
Mercado: Você disse que em seu show você canta.
A maioria das apresentações de drags são dublagens.
Como surgiu isso?
Dicesar: Eu tenho muitos amigos DJs e eles faziam a sua
batida. Por exemplo, eles pegavam “I will survive”, da Gloria Gaynor, e davam uma roupagem nova a ela. Um dia, um
menino DJ de Campinas falou: “Di, fala umas frases aí”, e eu
falei: “Parou tudo luxo”, e ele fez uma música. Eu comecei
a fazer uma música com os termos e a imagem que a gente
usa no mundo gay e quando eu vi, estava brincando de cantar. Daí comecei a fazer as minhas músicas. Tem “Look my
hair”, com 37 mil downloads na época, isso há 15 anos atrás,
“Mais glitter” e outras. Agora, de quatro anos para cá, eu faço
Marina Lima, Ana Carolina, Gloria Gaynor, Frenéticas, Ivete
Sangalo, cantoras que eu gosto, mas com a minha voz. Não
é para vender, é para cantar no show com um remix atual.
Mercado: Porque as drags usam o termo “montar” e
não apenas vestir?
Dicesar: Mulher passa um rímel e um batom e está pronta. Nós somos massa corrida, cimento, cal... A gente põe uma
peruca, uma roupa pesada, quatro ou cinco meias e uma plataforma. Então, a drag sobe em cima de alguma coisa, por
isso ela se monta. E é muito mais divertido se montar do que
se vestir; se vestir é pôr uma roupa, e se montar é brincar de
ser uma personagem.
Mercado: Você sofre muito preconceito por ser gay?
Dicesar: Já sofri muito. Quando cheguei em São Paulo,
com as sobrancelhas arqueadas e com os cabelos com gel,
as pessoas olhavam. Eu falo que gay tem manias, pode estar
com a geladeira vazia, mas o perfume e o modelo estão em
dia. A gente não consegue, adora um supérfluo. Nossa vaidade vai além do limite do homem e a gente chama muito mais
atenção. Somos vítimas da moda. Nossa postura é outra e eu
não gosto de falar que somos diferentes, porque não temos
quatro braços e cinco cabeças. Somos especiais, únicos. O
hétero que tem um amigo gay tem um amigo para a vida inteira. Tem pessoas que têm o preconceito besta de achar que
se cumprimentar ou falar um oi para um gay vão falar que
ele também é gay. Quem é homem de verdade, já está com
Nossa vaidade vai
além do limite do
homem e a gente
chama muito mais
atenção
Mercado Julho 2010 ∞ 106
a sexualidade dele feita. Não precisa ter medo. Quem tem
medo ou fala muito que não gosta, tem o rabo preso. Tem
algo enrustido dentro dele. Ele ainda não se descobriu.
Minha mãe
sempre foi
minha amiga e
minha plateia
Mercado: E a família? Como vê o seu trabalho?
Dicesar: No começo foi difícil, mas falei com minha mãe
sobre o trabalho e ela entendeu que não era promiscuidade,
prostituição. Minha mãe sempre foi minha amiga e minha
plateia. Ela sempre me incentivou. Minha irmã é neutra, nunca falou sobre o tema. Meu irmão eu não vejo há 25 anos,
porque ele sumiu e nunca mais tivemos notícias.
Mercado: O que mudou no Dicesar com o BBB?
Dicesar: Sou a mesma pessoa. Agora, eu só sei administrar melhor a minha agenda e ter novos valores. Antes eu fazia shows em troca de lanches, porque eu me
preocupava com todo mundo. Depois do BBB eu vi que
precisava ter os pés no chão. Lógico que tem trabalhos
beneficentes e em prol de alguma comunidade bacana
para os quais eu vou de coração, mas agora eu tenho que
aproveitar essa fama do programa. O cachê melhorou,
mas eu sou a mesma pessoa. O que acrescentou é que o
Dicesar se tornou popular.
Mercado: E o coração? Como está sua vida amorosa?
Dicesar: Eu estava ficando com uma pessoa, mas não
tenho tempo para namorar. Estou procurando, quero casar.
Gosto de gay, sou “lésbicha” (isso mesmo, ele se autodenomina lésbicha). Na verdade o gay não tem tipo, tem pressa.
Mas eu gosto de magrelo, alto, moreno e de olhos azuis, e
pode ser um mineirinho (risos).
Eu não bebo,
não me drogo e
não fumo. Meu
vício é o mundo
da arte, da
maquiagem
e do show
Mercado: Você posou para a G Magazine e foi o primeiro drag na capa. O que achou desse trabalho?
Dicesar: Achei muito boa a abertura da arte. Foi um ensaio sensual, sexy. Acompanhei dois meninos que iam se
expor na revista da maneira como vieram ao mundo, mas
eu fiz uma coisa mais clean, glamourosa. Eu me preocupei
em ser uma diva, uma artista. O BBB me proporcionou
voltar para o mundo da maquiagem. Eu faço maquiagens
em mulheres, estou lançando uma linha de maquiagens e
não posso ter o meu nome vinculado a algo vulgar. Eu já
me expus da maneira como eu sou dentro do BBB, mas
tive que ter muita postura lá dentro para não brigar e não
passar uma imagem negativa. Porque o gay tem aquela
imagem, que é lindo, um amor, mas é barraqueiro, drogado ou colocado. Eu não bebo, não me drogo e não fumo.
Meu vício é o mundo da arte, da maquiagem e do show. E
eu acho que consegui passar uma imagem boa.
Mercado: Como você foi parar no BBB?
Dicesar: Foi o terceiro ano que eu mandei o vídeo e
que preenchi o questionário. Desde outubro eu soube
que haveria uma lésbica no programa. Sabia que seria
um BBB bem diversificado.
Mercado: Qual a avaliação que você faz do programa? A Globo quis usar os homossexuais para quebrar
preconceitos ou foi pensando no ibope?
Dicesar: O programa ajudou muito a quebrar o preconceito. Achei legal a Globo colocar três gays bem diferentes no
programa: um de 20 anos, outro de 40 e uma lésbica com a
imagem bem feminina, como é a Morango.
Mercado: A amizade e os relacionamentos que se
criam em reallity shows são verdadeiros?
Dicesar: Os relacionamentos são exagerados, mas são
verdadeiros. Lá dentro tudo é muito intenso. Você ama e
odeia. Lá era um casamento sem sexo.
Mercado: Você se apaixonou por alguém lá dentro?
Dicesar: Não me apaixonei por sexo. Mas na primeira
semana eu gostei do Dourado como pessoa. Não vi o BBB
depois que saí. Não quis ver, porque achei que a Globo queria
mostrar que eu estava apaixonado pelo Dourado e isso era
coisa de edição. O que senti por ele foi: na primeira semana,
curiosidade pela pessoa; dó na segunda semana e em seguida ódio. Hoje passou. Ele é indiferente para mim.
Tudo que
tenho na vida
foi o mundo
gay que me
deu
Mercado: Você voltaria ao BBB? O que faria de diferente se tivesse a chance de voltar?
Dicesar: Sim. Seria o mesmo, mas dessa vez eu entraria
no jogo. Não me arrependo de ter feito nada.
Mercado: Para finalizar, em todas as suas entrevistas você diz que tudo o que tem na vida você deve ao
mundo gay. O que é esse tudo?
Dicesar: Fama, nome, postura, amigos, a casa que a minha mãe mora, o carro que está na garagem na casa da minha mãe e que estou acabando de pagar e a quitinete que
paguei por oito anos, financiada pela Caixa. O mundo gay me
deu a oportunidade de conhecer a Europa e países como o
Chile, Panamá, Equador e praticamente todo o Brasil. Nunca
tive a oportunidade de estudar, de ter uma vida estável e segura. Nunca tirei férias. Tudo que tenho na vida foi o mundo
gay que me deu. B
107 ∞ Mercado Julho 2010
MGeral
Mais lojas chegam ao Center Shopping
Mr. Kitsch e Gelateria Parmalat estão entre as novidades que serão
inauguradas na expansão
Marcas de diversos segmentos do varejo chegam ao Center Shopping nos próximos dias. São
empresas que irão ocupar a área da expansão, que
recebeu nos últimos dois meses 28 novas lojas,
além das reinaugurações com novo layout e dos
estabelecimentos abertos na Alameda de Serviços.
Só no mês de julho, serão abertas na expansão
as lojas: Brasil Cacau (chocolates), Catuaí Café
(cafeteria), Gelateria Parmalat (sorvetes) e Mr.
Kitsch (moda masculina). A maioria das inaugurações é inédita no Triângulo Mineiro, sendo que
algumas dessas empresas escolheram a cidade
de Uberlândia para iniciar suas atividades em Minas Gerais.
Cerca de 40 novos negócios ainda serão abertos na expansão, ampliando o mix de lojas do Center Shopping, que passará de 221 para 287 estabelecimentos em operação.
Eleitor que deixar de votar não será mais punido
DA Agência Brasil
O Senado aprovou em junho
projeto que acaba com as punições
para eleitores que não votarem ou
não justificarem a ausência à urna
para votar. Pela proposta, fica mantida a multa apenas aos eleitores
que não apresentarem prova de
alistamento eleitoral.
Atualmente, quem não justificar
a falta do voto ou deixar de apresentar prova de votação na última
eleição está proibido, por exemplo, de se inscrever em concurso
público, tomar posse em cargo ou
função pública, participar de licitações e obter carteira de identidade
ou passaporte. “As restrições são
de constitucionalidade duvidosa,
em razão de violarem princípios
fundamentais, em especial, o da
cidadania”, alega o relator do projeto, senador Antônio Carlos Júnior
(DEM-BA).
O projeto, que segue agora para
a Câmara dos Deputados, determina o pagamento de multa - hoje
em torno de R$ 3,50 - para eleitores
que não provarem alistamento eleitoral. “O comparecimento à seção
eleitoral para votar torna-se menos
embaraçoso que o pagamento de
multa - ainda que irrisória - para regularização da situação na Justiça
Eleitoral”, observou o relator.
Brasil receberá US$ 13 milhões para
conservação do Cerrado
DA Agência Brasil
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, participa em junho da assinatura de acordo
de doação de U$ 13 milhões entre o Banco Mundial, o ministério, o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e os
governos de Goiás e do Tocantins para quatro
projetos de preservação do Cerrado.
O recurso será doado pelo Fundo Global para
o Meio Ambiente (GEF, sigla em inglês) ao Programa Iniciativa Cerrado Sustentável, do ministério. Os projetos devem ser executados em um
período de quatro anos.
Estiveram presentes na solenidade de assinatura do acordo os governadores do Tocantins, Carlos Henrique Gaguim; de Goiás, Alcides
Rodrigues Filho; o diretor do Banco Mundial no
Brasil, Makhtar Diop; o presidente do ICMBio, Rômulo Melo; e a secretária-geral do Funbio, Rosa
Lemos de Sá.
Imagem do Cerrado Brasileiro, que não
cansa de sofrer agressões
Contran cria curso obrigatório para
mototaxistas e motoboys
A resolução é nova e torna obrigatória a realização de um curso especializado
para o exercício das atividades profissionais de motofretistas e mototaxistas
Mototaxistas e
Motoboys terão
que fazer curso
para melhorar suas
atitudes no trânsito
Os mototaxistas e os motoboys terão que fazer um curso obrigatório para
exercer suas atividades. A obrigatoriedade do curso está determinada na Resolução 350 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), publicada na edição
de 18 de junho do Diário Oficial da União, que tem prazo de até 180 dias para
entrar em vigor.
O curso terá duração de 30 horas e, de acordo com a resolução, o objetivo é
garantir aos motociclistas profissionais a aquisição de conhecimentos, a padronização de ações e, consequentemente, atitudes de segurança no trânsito.
As aulas teóricas e práticas serão ministradas pelos Detrans ou por instituições autorizadas. Os mototaxistas e motoboys vão aprender noções básicas de
legislação de trânsito, a importância do uso dos equipamentos de segurança e
prudência no trânsito. Haverá módulos específicos para quem transporta pessoas
e para quem transporta mercadorias.
Para se matricular no curso é preciso ter completado 21 anos e estar habilitado há, no mínimo, dois anos para a condução de motos. Não poderá se matricular
quem estiver cumprindo pena de suspensão do direito de dirigir, cassação da
carteira de habilitação ou estiver impedido judicialmente de exercer seus direitos.
Pela resolução, mototaxistas e motoboys também serão obrigados a usar equipamentos especiais de segurança como o protetor de pernas (mata-cachorro),
colete e capacete dotados de dispositivos retrorrefletivos e antena corta-pipa.
109 ∞ Mercado Julho 2010
MGeral
“Imprimir é dar Vida”
Entidades lançam Campanha de
Valorização do Papel e da Comunicação
Impressa
Com o mote “Imprimir é dar Vida”, a Campanha de
Valorização do Papel e da Comunicação Impressa, realizada em ação dos representantes da cadeia produtiva do papel e da comunicação impressa, foi oficialmente lançada no dia 24 de junho, durante solenidade
na sede da Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp).
A iniciativa objetiva informar corretamente à opinião pública sobre a origem do papel usado para impressão. O objetivo da campanha é esclarecer que o
uso de papel para impressão não provoca desmatamento no Brasil. Isto porque, no país, a produção da
celulose e do papel são originários de florestas plantadas em áreas destinadas exclusivamente para este
fim, ou seja, culturas como tantas outras destinadas
à agricultura.
Por diversas razões - desconhecimento da realidade, intenção de valorizar as mídias, marketing comercial e social, dentre outras -, há empresas, instituições
e ONGs instrumentalizando a opinião pública contra a
comunicação impressa. Assim, a meta da campanha é
difundir, de modo amplo, os conceitos corretos da produção de papel destinado à impressão, mostrando que
esse insumo não tem relação com a destruição de florestas e devastação ambiental, mas, sim, com o plantio
de árvores para esse fim.
Além disso, o plantio de árvores para finalidade de
uso industrial proporciona um ganho adicional para o
meio ambiente: as florestas cultivadas com o propósito
de produzir madeira para a fabricação de papel e celulose são absolutamente sustentáveis, e seu manejo
permite manter grandes áreas plantadas que, sobretudo na fase inicial de seu desenvolvimento, retiram significativa quantidade de CO2 (maior causador do chamado efeito estufa) da atmosfera - no Brasil, por exemplo,
essas florestas absorvem 1 bilhão de toneladas de carbono da atmosfera por ano, de acordo com a Bracelpa
(Associação Brasileira de Celulose e Papel).
No Brasil, a cadeia produtiva do papel e da comunicação impressa é composta por cerca de 83 mil
empresas, que empregam juntas 588 mil pessoas,
representando um faturamento bruto de 85 bilhões
de reais.
Reportagens Evaldo Pighini, Isabella Peixoto, Janaina Depiné, Maristela Gramacho, Paula Carvalho,
expediente
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