confira a versão digital da revista do ciee - CIEE-RS

Transcrição

confira a versão digital da revista do ciee - CIEE-RS
Revista
do
Centro
de
Integração
Empresa
Escola
–
RS
Número
73
Dezembro
Reportagem especial: Programas como Estágio e Aprendizagem favorecem
a inserção ao mundo do trabalho| páginas 5 a 9
2015
Editorial
A hora e a vez do Estágio
e da Aprendizagem
Por Luiz Carlos Eymael
Sede:
Rua Dom Pedro II, 861 – Porto Alegre RS
CEP 90550-141 – (51) 3363-1000
Superintendente Executivo
Veja os endereços das Unidades de Atendimento
em www.cieers.org.br - Facebook.com/cieers.org
www.twitter.com/cieers - Youtube.com/cieers
Vivenciamos um dos períodos mais desafiadores da história recente do Brasil. Para nós, do
Expediente
CIEE, que convivemos com a juventude sem-
Diretoria
pre esperançosa de um mundo melhor, cabe a
Presidente:
missão de olhar adiante e apresentar alterna-
Otto Walther Beiser
Gestor de Relações
Institucionais
1º Vice-presidente:
Lizete Guerra Pocos
Conselho Editorial
Cláudio Inácio Bins
tivas que contemplem os diferentes interesses
Alécio Lângaro Ughini
dos nossos diversos públicos e usuários.
Marivaldo Antônio Tumelero
Gestor de Operações
3º Vice-presidente:
José Carlos Hruby
Assessora de Gestão
de Pessoas e Qualidade
cendo nosso portfólio de ações, programas e serviços sintoniza-
Superintendente Executivo:
Marco Antônio Rödel
Gestor de Programas Sociais
dos com as demandas sociais das nossas comunidades.
Luiz Carlos Eymael
Conselho Deliberativo
Controller
​Independentemente dos sobressaltos, seguimos em frente ofere-
2º Vice-presidente:
Para muitos adolescentes e jovens, o estágio e o programa
Presidente: Aprendiz Legal são o primeiro passo na construção de seus
Vice-presidente: projetos de vida. Legalmente amparados e desenvolvendo suas
atividades em um ambiente favorável, eles têm condições de
contribuir para dias melhores, gerando um ciclo virtuoso em
que todos são beneficiados. Além disso, com a formação e a
orientação adequadas, esses estudantes têm muito mais chances
de, no futuro, trilhar uma carreira bem-sucedida e com impacto
positivo para toda a sociedade.
Aos nossos parceiros do meio empresarial e institucional queremos reforçar que os programas de inserção ao mundo do trabalho pelo estágio e aprendizagem são importantes fontes de inclusão produtiva e que contribuem com a prosperidade da nação,
sem descuidar do seu caráter de formação profissional. Investir
na contratação de estagiários e aprendizes é dar oportunidades a
cidadãos em desenvolvimento para que também possam colaborar para o crescimento sustentável do País.
É esse o papel do CIEE, contribuir para que histórias de sucesso
continuem sendo contadas e que tenham como protagonistas
aqueles que efetivamente querem, com empenho e responsabilidade, viver em um mundo melhor.
Sérgio Silveira Saraiva
Assessora Executiva
Lucas Baldisserotto
Lucia Vian
Newton Sergio Piantá Corrêa
Nilson Ayala Queiróz
Gestor de Tecnologia da
Informação
Renato Malcon
Produção Executiva
Membros:
fróes, berlato associadas
www.froesberlato.com.br
Alécio Lângaro Ughini
André Buneder
Antônio Newton Correa da Luz
Carlos Alexandre Geyer
Dante Betanin
Helena Willhelm de Oliveira
José Carlos Hruby
Leri José Martini
Luiz Fernando Cirne Lima
Margaret Tse
Marivaldo Antônio Tumelero
Oswaldo Sérgio Beck
Otto Walther Beiser
Renato Malcon
Renato Turk Faria
Ricardo Russowsky
Roberto Brenol de Andrade
Sergio Luiz de Gusmão
Sérgio Silveira Saraiva
Conselho Fiscal
Levino Luiz Crestani
Marcos Oderich
Nelson Lídio Nunes
Wagner Lenhart
Walter Otto Bing
Edição e Reportagem
Angela Caporal
(Reg.Prof 4320)
Gladis Berlato
(Reg.Prof. 5278)
Revisão
fróes, berlato associadas
Relações Institucionais CIEE-RS
Projeto Gráfico
Letraria
Edição de Arte
Rosana Pozzobon
Fotografia
Adriano Leal
Antares Martins
Antonio Paz/Nano
Arquivo CIEE
Comunicação e Eventos
Cristina Gomes
Daniel Martins
Divulgação Faculdade da Serra
Gaúcha (FSG)
Divulgação URI Frederico
Westphalen
Leandro Duarte
Magrão Scalco
Emanuel
Tiragem
6.000 exemplares
Gráfica
Odisséia
Boa leitura.
2
dezembro de 2015
estágio vencedor
WALTER LÍDIO NUNES,
diretor-presidente da Celulose Riograndense
De estagiário a
presidente
Aos 66 anos, o diretor-presidente da
Celulose Riograndense, Walter Lídio
Nunes, não esquece o início de sua
trajetória profissional como estagiário
do CIEE-RS, entre 1974 e 1976, na Borregaard. Este era o nome da fábrica de
celulose, instalada em Guaíba, que foi
Riocell, Aracruz, Fíbria e, agora, Celulose Riograndense. Walter Lídio Nunes é
um desses casos de quem ocupou muitos
cargos na mesma empresa. Depois de
formado em Engenharia Mecânica pela
PUCRS, subiu posições como engenheiro mecânico, engenheiro de manutenção, gerente de planejamento, gerente de
manutenção, gerente industrial, gerente
de operações industriais, gerente florestal e gerente de desenvolvimento de
tecnologia, até ocupar o posto mais alto.
Um ano e meio de estágio foi suficiente
para deixar várias lições. “A faculdade ensina a teoria, os métodos, as linhas de atuação, mas não ensina o que é, efetivamente,
esse organismo vivo que é uma empresa”,
observa Walter Nunes, fascinado por
descobrir, na prática, como a empresa era
organizada, as relações internas, a opera-
cionalidade, as pessoas, suas demandas,
seus diferentes níveis hierárquicos, as
formas de agir e de pensar. Observador,
como estagiário teve a oportunidade de
conviver com o pessoal de turno, do chão
de fábrica mesmo.
–‑ Eu era mais um entre eles, não tinha
limitações, me integrava, tinha uma vida
social com todos e ouvia o que os colegas
diziam porque eram pessoas experientes,
com 20 anos de empresa. Sabia como os
chefes se comportavam, como reagiam e
como era essa dinâmica. Recomendo aos
estagiários que aproveitem muito este
momento único, porque depois subimos
na organização e começamos a nos afastar
da base da pirâmide.
O diretor-presidente da Celulose Riograndense comenta que no topo de uma
organização, é preciso tomar decisões
de grande impacto. Uma coisa é o que
precisa ser feito outra coisa é como fazer.
O sucesso está na combinação dos dois
fatores. Essa visão - entender as pessoas
porque são elas que fazem a diferença - é
muito importante. Para ele, é necessário
saber como agir para efetivar as decisões
e como essas serão recebidas pelos funcionários. “Só quem vive o dia a dia de
uma empresa ao lado dos trabalhadores
tem noção de como isso deve ser feito”,
afirma ele, acrescentando que desenvolveu uma sensibilidade social fundamental para alcançar postos mais altos.
Fruto desta vivência, o ex-estagiário
do CIEE-RS sabe que o perfil do profissional que o mercado necessita hoje é
aquele que, independentemente da sua
formação, tenha capacidade de aprender
diariamente porque é impossível, na
sociedade do conhecimento, ter treinamento específico para cada função.
“Muitas vezes, uma função não tem uma
correlação direta com a formação porque
demanda outras coisas. O espaço que tu
ocupas na organização não é somente
aquele que ela te dá, mas aquele que tu
enxergas para fazer o negócio evoluir.
Outro ponto fundamental para o bom
profissional é trabalhar e interagir com
pessoas, seja administrando, seja trabalhando em grupo. Ter capacidade de
socializar dentro dos princípios e da visão
de negócio da organização”, finaliza.
“Recomendo a todos os
estagiários que aproveitem
muito este momento único”
dezembro
dezembro
de 2015
de 2015
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Fazendo da arte um empreendimento
“Voe cada vez mais alto e busque um trabalho legal. Existem ótimas
oportunidades, mas elas não chegam de graça. Acredite nos sonhos!”
Ex-integrante do Programa Aprendiz Legal do CIEE-RS, César Augusto
Sander Machado, aos 24 anos, colhe os
frutos da experiência que teve durante os
anos de 2008 a 2010 quando participou
do programa e onde muito aprendeu
sobre postura profissional, e sobre como
trabalhar formalmente. “Meu maior
aprendizado foi sobre a importância da
comunicação, que deve ser bem clara e
objetiva, acessível a todos, para evitar
erros de compreensão da equipe”, diz ele.
Bailarino, ator, coreógrafo, acrobata,
circense e diretor artístico e geral de
espetáculos, atualmente dirige a Culto
Artes – Escola de Artes, a Máxima
Produtora e o Grupo Circo de Palco.
O empreendedor recorda que também
descobriu no Aprendiz Legal a importância de manter a paixão pela arte,
ao mesmo tempo em que se preparava
para enfrentar os desafios das rotinas de
uma empresa. Entre viagens regulares
levando seus espetáculos como bailarino há 15 anos, professor de dança há
oito e circense há três anos, ele também
se capacitou para ser empresário, buscando noções de organização, logística,
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pagamento de pessoal, recebimento de
cachês, fechamentos de contratos e toda
a legislação inerente ao negócio.
– Fazer parte e integrante da primeira
turma de Aprendiz Legal de Novo Hamburgo foi marcante. Com conhecimentos, conquistei independência financeira
e vivo do que sempre quis: da arte e dos
meus sonhos que se tornaram reais.
Quebrei o paradigma que tanto ouvi de
que a arte não tem futuro como profissão.
No comando de sua própria escola
e da produtora de eventos, ele se sente
orgulhoso de ver que tudo que cria é levado para o Brasil todo, onde apresenta
dança, circo e teatro. César conta que
a situação financeira começa a se estabilizar, o que abre espaço para realizar
novos sonhos, como a casa própria, o
automóvel e até um novo empreendimento, agora na área da alimentação.
Mais ele ainda não conta.
Um projeto: consolidar sua empresa
com uma estruturada equipe, capaz de
liberá-lo para fazer o que mais gosta:
dançar pelo mundo.
Portfólio
Bailarino 6 vezes selecionado para
integrar o Natal Luz de Gramado
Ex-bailarino de Maria da Graça Xuxa
Meneguel – Especial de 2009 da Rede
Globo
Melhor Bailarino e Bailarino Destaque
em alguns festivais e competições de dança
Integrante do elenco do Circo Tholl
Participação na criação das coreografias
do DVD Par ou Ímpar da dupla Kleiton
e Kledir
Arquivo pessoal
ser aprendiz
CÉSAR MACHADO,
ex-Aprendiz e atual empreendedor na área cultural
reportagem especial
Geração de oportunidades para
garantir direitos e deveres da
cidadania: a contribuição do CIEE
Atendimento aos jovens em uma das unidades da Organização
Cidadãos em
desenvolvimento,
adolescentes e jovens ao
mesmo tempo em que
vivenciam diariamente o
desafio de construir a sua
identidade, são compelidos
a pensar no futuro
pessoal e profissional.
Porém, para que possam
desempenhar plenamente
o papel de protagonistas
de suas trajetórias, é
preciso estar capacitado
para refletir e decidir. É
nessa fase de construção
de conhecimentos e
competências que
organizações como o
CIEE têm um papel
importante ao gerar
oportunidades para
que tenham condições
de exercer os direitos
da cidadania e, assim,
estarem preparados para
o cumprimento de deveres.
Os programas de
integração ao mundo
do trabalho por meio de
estágio e aprendizagem
são portas abertas
às conquistas do
universo juvenil, mas
a transformação de
realidades não para aí
e, por meio de outras
iniciativas próprias ou
articuladas em rede, o
CIEE também provoca a
reflexão de usuários e
estimula um processo de
trocas de saberes com
impacto positivo em toda a
comunidade.
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reportagem especial
Acesso a todos
A contribuição do CIEE-RS para a
geração de oportunidades se revela em
diferentes programas e serviços à disposição da comunidade. Há o Programa
de Integração ao Mundo do Trabalho
– Estágio e Aprendiz Legal, o Serviço de
Desenvolvimento Socioeducativo com
oficinas para auxiliar na preparação dos
usuários, o programa de inclusão digital
Cidadania e Talento.com, o Programa
de Assessoramento contribuindo para
integração das redes que trabalham
com assistência social, além do Núcleo
de Assistência Social, do Serviço de Alfabetização e do Grupo de Convivência
de Idosos. Cada um abriga inúmeras
e diferentes histórias de superações e
conquistas e alcança ainda o reconhecimento daqueles que têm expertise nas
respectivas áreas.
O papel do CIEE
tem sido
determinante na
trajetória de muitos
adolescentes
e jovens.
Ao completar 18 anos, Caroline
Hahn da Silva ganhou um presente
inesquecível, a contratação pela empresa
(GJP Administradora de Hotéis Ltda)
na qual já havia cumprido a etapa do
Programa Aprendiz Legal. “É meu primeiro emprego”, afirma a assistente do
Departamento de Pessoal. Moradora de
Canela, a jovem, que agora tem 20 anos e
está cursando Administração de Empre-
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sas, conta que o período de
aprendizagem foi importante
nas descobertas do mundo do
trabalho e, principalmente,
para saber buscar soluções
para os desafios.
O professor Fernando
Schuller destaca que há um
momento na vida de qualquer pessoa em que a palavra
oportunidade se torna a mais
importante. “Muito frequentemente, o estágio representa
a primeira chance.” Ele revela que ainda tem a lembrança da primeira visita
ao CIEE, em Porto Alegre, no prédio da Borges
de Medeiros, no Centro,
na busca de um estágio.
“Muitos anos depois, pude reencontrar
o CIEE muitas vezes. Pude testemunhar os programas de aprendizagem,
o empenho em inúmeros programas
sociais, e a construção de seu belíssimo
teatro, que considero um presente para
Porto Alegre.”
O papel do CIEE tem sido determinante na trajetória de muitos adolescentes e jovens. Foi o que aconteceu
com Thaynã Peronio, de 21 anos, que,
por conta própria, decidiu procurar a
instituição para compartilhar os resultados da sua dupla experiência, como
aprendiz e estagiário. Ele foi aprendiz
do CIEE em Santo Ângelo, em 2011.
“Fui efetivado na empresa em questão
de cinco meses.” Mas, como estava cursando Administração, resolveu buscar
uma vaga para estágio na sua área. Novamente, o CIEE foi o responsável pela
inserção, desta vez em uma empresa
dezembro de 2015
aynã Peronio
Estagiário Th
Diretor
do MDS
, Luiz M
uller
terceirizada dos Correios.
“O CIEE contribuiu muito com
meu crescimento profissional, não só
com as oportunidades, mas também o
conhecimento adquirido enquanto era
aprendiz.” Atualmente, ele faz estágio
na empresa Universo dos Móveis. “Essas oportunidades são imprescindíveis
para milhares de jovens como eu, que
além da maior facilidade de iniciar no
mundo do trabalho, tem o suporte ideal
da instituição”, complementa.
Luiz Muller, diretor da Secretaria
Extraordinária para Superação da
Extrema Pobreza, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, considera que “a
aprendizagem profissional é o melhor
programa para possibilitar aos jovens
unir educação e experiência no trabalho, incentivando a permanência na
escola. Já para as empresas, na medida
em que a metodologia possibilite
a customização, é a oportunidade
de formar quadros profissionais de
qualidade, comprometidos com a
cultura de sua empresa e de seu setor
econômico.”
Programas e serviços
interligados
O cientista político e diretor da
Cooperativa Mãos Verdes, Léo Voigt,
salienta que conquistar e acessar direitos resulta de um complexo esforço.
“Esforço das sociedades em assegurar
a cidadania pela lei; esforço dos governos em construir políticas que dão
exigibilidade aos direitos; esforço do
cidadão em conhecer, envolver-se e
se legitimar perante as conquistas.”
Ele acrescenta que, para isto, “a formação e o engajamento produtivo
são condições necessárias, embora
não exclusivas. A cidadania é menos
nu Wi
Estagiária Nyau
a
Senna de Souz
Cientista p
olítico Léo
violada em sociedades desenvolvidas,
cuja população está protegida pela
educação e pelo trabalho.”
O CIEE integra-se a esse esforço
com seus programas e serviços. Gustavo
Soares Santana, de 17 anos, e a irmã
Michelle, de 20 anos, começaram pelas
oficinas do programa de inclusão digital
Cidadania e talento.com a trilhar um
novo caminho de conquistas. Primeiro
foi Gustavo que, com os conhecimentos adquiridos nos módulos, ficou melhor preparado para alcançar a vaga
Voigt
de aprendiz no Shopping Iguatemi.
Ele influenciou a irmã e o resultado
também foi a posterior inserção no
mundo do trabalho por meio do Programa Aprendiz Legal, desta vez no
Hospital de Clínicas.
Nyaunu Wi Senna de Souza, de
22 anos, tem uma trajetória parecida.
Ela decidiu aproveitar as oficinas
gratuitas do serviço de desenvolvimento socioeducativo para aprimo-
O exercício da ética
Nas empresas, o Código
A participação em programas de
de Ética tem que ser seguiaprendizagem e de estágio dá ao adodo
e respeitado, da mesma
lescente e jovem a chance não apenas
forma que valem as regras
de vivenciar as rotinas de uma emsimples
de convívio na sala
presa, mas, principalmente, exercitar
de aula, na relação respeitosa
desde cedo conceitos de ética. Daniel
entre
aluno e professor, em
Randon – vice-presidente de Admicasa, entre pais e filhos, e
nistração e Finanças das Empresas
na
sociedade em geral, entre
Em
Randon e presidente da Fras-le respresário D
aniel Rand
on
amigos, entre governantes e gosalta que “como agentes ativos – cada
vernados,
entre empregadores e
um na sua área – temos o compromisso de garantir
empregados, entre políticos e eleitores, entre a natureza e o
que nossos filhos, alunos e jovens que ingressam no
progresso. Não há espaço para ser diferente. Vamos refletir
mercado de trabalho preservem e exercitem estes
a respeito e sermos nós mesmos os primeiros protagonistas
conceitos como única forma de viver em harmonia
da moral e da ética que queremos para o nosso País.”
numa sociedade ímpar.
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reportagem especial
rar competências e, assim, ter mais
chances de inclusão produtiva. “Uma
das oficinas que mais me ajudou foi
a de Autoconhecimento Profissional, pois aprendi a ter um sonho e
não desistir. Além disso, na hora
da entrevista, quando perguntavam
quais meus objetivos, eu já sabia o
que responder”. Com essa postura,
ela tornou-se estagiária pelo CIEE
no WMS Supermercados do Brasil.
Às vezes, porém, é preciso ter a
coragem de recomeçar, como fez
Edivan Ribeiro, de 42 anos. Morador
de Cachoeirinha, há dois anos ele
deixou o receio de lado e inscreveuse no programa de alfabetização.
Descobriu as letras e uma nova profissão, a de eletricista. Ele também é
cantor, compositor e toca violão em
uma banda. O ritmo da vida mudou
para melhor. “O programa ajudou
muito”, reconhece.
Em outros casos, recomeçar é preciso. Iara Maria Dutra de Souza, de 57
anos, mora na Lomba do Pinheiro e
decidiu fazer cursos para complemen-
Mães sociais participaram do
programa de assessoramento.
tação de renda. Procurou o CIEE e por
meio do programa de assessoramento
aos usuários foi encaminhada à Fundação Gaúcha de Bancos Sociais, onde
já fez vários cursos na área de corte e
costura. “Sou perfeccionista e sempre
quero aprender mais, fazer melhor
e mais bonito”, conta entusiasmada.
Recomeço também é a marca de Jair
Tadeu Gonçalves da Rosa, de 67 anos.
Militar da reserva e ex-paraquedista,
ele participa ativamente do Grupo de
Momento de integração
e fortalecimento de vínculos
do Grupo de Convivência
para Idosos
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2015
Convivência para Idosos. “Gosto das
amizades, das atividades, não podemos parar”, ensina.
A vez de quem cuida
O CIEE também tem programas
voltados à qualificação e aperfeiçoamento de profissionais que atuam nos
equipamentos de assistência social. As
oficinas são elaboradas de acordo com
a temática e a duração demandadas
pela própria entidade que solicitou a
ação. O objetivo principal é o fortalecimento da rede socioassistencial.
Assistente de Desenvolvimento Familiar, Maria Fajardo do Nascimento
atua nas Aldeias Infantis e afirma que a
parceria com o CIEE “veio a dar corpo
ao acompanhamento que as mães sociais já estavam solicitando”. Ela considera que um dos pontos relevantes do
programa é a possibilidade de “pensar
em conjunto sobre as necessidades da
entidade. A equipe do CIEE veio até
aqui, conversaram e conheceram a
nossa realidade”. A assistente diz que
a participação nas oficinas “provocou
mudanças de atitudes, ampliou a visão
e nos permitiu sair para outro espaço”.
Direito e dever consolidados
Coordenadora do Fórum Gaúcho
de Aprendizagem Profissional no
Rio Grande do Sul, a auditora Denise
Brambilla González reforça que todos
os adolescente e jovens têm direito à
profissionalização. “É um Direito Constitucional”, complementa. Ela considera
que é dever da família, da sociedade
e do Estado assegurar ao adolescente
e jovem, com absoluta prioridade, o
direito à profissionalização.
“Como sociedade (CIEE) e Estado
(Auditores Fiscais do Trabalho) todos
lutamos para que todo adolescente e
jovem do RS tenha a oportunidade
da profissionalização através da Lei
da Aprendizagem”, complementa.
Apesar de estar na Consolidação das
Leis do Trabalho, a obrigação para
que todas as empresas contratem, no
mínimo, cinco por cento (5%) da totalidade de seus empregados, que demandem formação profissional, desde
1943, verificamos que somente hoje
esse direito e dever se consolidam.
Auditora Fiscal De
nise
Brambilla Gonzále
z
É dever da
família, da
sociedade e do
Estado assegurar
o direito à
profissionalização.
É legal
Ministra Tereza Campello
De acordo com a legislação, os estabelecimentos de
qualquer natureza e que tenham pelo menos sete empregados são obrigados a contratar aprendizes – entre
14 e 24 anos incompletos – de acordo com o percentual
exigido por lei. É facultativa a contratação no caso de
microempresas, empresas de pequeno porte, inclusive
as que fazem parte do Simples.
Para esclarecer as dúvidas dos parceiros sobre o que
estabelece a legislação, o CIEE tem promovido e apoiado
seminários e difundido a campanha Legalize. No dia 16 de
outubro, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome, Tereza Campello, participou, no Teatro CIEE, do
evento Aprendizagem Profissional: promovendo o direito
à educação e ao trabalho, realizado pelos Ministérios
do Trabalho e Emprego e do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome. Na ocasião, ela destacou o papel do CIEE
e a importância desse programa como fator de inclusão
social produtiva.
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eventos em rede
Ações diferenciadas
mobilizam diversos públicos
O CIEE tem proporcionado acesso a iniciativas que debatem oportunidades
de inserção e a construção de projetos de vida
#DiaE
Estágio e CIEE viraram quase sinônimo para milhares de estudantes,
tanto que, em 46 anos de atividades,
a instituição conseguiu a inserção de
cerca de 1,6 milhão de adolescentes e
jovens no mundo do trabalho. Mensalmente, o Indicador de Vagas de Estágio
sinaliza a oferta disponível a fim de
facilitar a procura e, atualmente, são
aproximadamente 130 mil inscritos à
espera de uma oportunidade.
O CIEE promove ações gratuitas
para incentivar os estudantes a saírem da zona de conforto e fazer uma
reflexão sobre a construção de seus
projetos de vida. Uma das iniciativas
Levar os jovens a refletir sobre o futuro é um dos objetivos do CIEE
Fórum CIEE Band de Ideias
Já o Fórum CIEE Band de Ideias
mostrou que para ser bem-sucedido no
mundo do trabalho não importa muito
o perfil das diferentes gerações – baby
boomers, X, Y ou Z – mas o conjunto
de valores perenes que carregam. O
convidado especial, jornalista e apresentador Ricardo Boechat lembrou aos
jovens que “aprender a pensar não está
no currículo”, por isto é importante
buscar qualificação e preservar valores
como ética e cidadania. O evento tam-
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bém focou as expectativas dos empresários para o preenchimento de vagas.
Para evitar que as gerações se tornem cada vez mais conectadas, mas
pouco informadas, Boechat destacou a
importância da busca do conhecimento
e da educação.
O tema em debate no dia 08 de agosto foi “O perfil dos novos profissionais
x Expectativa do mercado” e teve a presença também do professor da ESPM
Christian Tudesco e de Sérgio Stock
como mestre de cerimônias. Tudesco
apresentou as características dessas
dezembro de 2015
já consolidadas é o #DiaE, realizado
para comemorar o Dia do Estudante e
que, em sua quinta edição, ocorreu em
25 de agosto, lotando o Teatro CIEE.
O #DiaE levou para o palco jovens
empreendedores que relataram suas
trajetórias e destacaram que é possível ir atrás de seus sonhos, pois tem
vaga para quem não desiste. Entre os
convidados estavam Mari Camardelli,
CEO da Altos Eventos; Rafael Chanin
e Flávio Steffens que realizam o evento FailCon no Brasil, que incentiva o
aprendizado através dos erros do mundo empresarial; Gabriel Bastos que atua
na Smile Flame, empresa de inovação
social; o publicitário e ativista Luciano
Braga e o jornalista Duda Garbi. O
gestor de Relações Institucionais do
CIEE, Cláudio Inácio Bins, apresentou
o tema “Mercado de Trabalho: Você
está preparado?”. A cobertura foi do
programa Mas Bah, do SBT, e a condução do comunicador Capu.
Ricardo Boechat e Christian Tudesco
gerações e disse que as empresas que
conseguirem entender as necessidades
desses diferentes perfis terão condições
de conquistar mais talentos.
Desafios do mundo do trabalho
em debate no Interior
Como parte das ações sobre o mundo do trabalho, o CIEE-RS promoveu
eventos gratuitos também no Interior
do Estado para divulgação da importância da aprendizagem e do estágio para
proporcionar ao público a possibilidade
de debater com convidados de renome
nacional temas como a importância do
trabalho em equipe, foco, aceitação de
mudanças e convívio de gerações.
Marcos Cobra e Márcio Ballas foram
os convidados em 2015 e, em todas
as ocasiões, o público formado por
estudantes, empresários e lideranças
locais reagiu com interesse às provocações para reflexão. A rodada de encontros começou em 14 de maio, na
Câmara de Comércio em Rio Grande,
com o Seminário Cultura Organizacional e Aprendizagem Profissional,
que teve a participação do professor
e consultor de administração e mar­
keting Marcos Cobra.
Houve, ainda, três edições neste
Marcos Cobra foi um
dos palestrantes no Interior
ano do Conexão criado especialmente para trocar ideias com os jovens
sobre as oportunidades e os desafios
do mundo do trabalho. Nestas três
edições, Ballas foi o palestrante com
suas intervenções e cenas coletivas de
improvisação. Formado em Marketing
pela ESPM e com pós- graduação
em Psicodrama pela PUC, ele foi
integrante dos Doutores da Alegria
e é um dos criadores do Jogando no
Quintal, espetáculo de improvisação.
É também orientador artístico do espetáculo Improvável, com mais de 100
milhões de visualizações na Internet,
e apresentador do programa É tudo
Improviso, na Band.
Frederico Westphalen recebeu o
último Conexão de 2015, em 23 de
setembro, com uma plateia de 800
pessoas. O evento também foi levado
a Caxias do Sul, na Faculdade da Serra
Gaúcha, em 17 de agosto, e a Osório,
na FACOS – Faculdade Cenecista de
Osório, em 29 de junho.
Marcio Ballas levou
o público a refletir sobre
trabalho em equipe,
mudanças com interação
e novas ideias.
dezembro
dezembro
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por dentro do ciee
Arbitragem
O desembargador Ney Wiedmann
Neto, coordenador-geral do Centro de
Estudos do Tribunal de Justiça do RS, e
o advogado André Jobim de Azevedo,
presidente da Câmara de Arbitragem da
Federasul e membro do conselho superior
da Câmara de Arbitragem da OAB/RS,
consideraram as seis Câmaras de Mediação e Arbitragem em operação no Estado
como o caminho mais eficiente para a
solução de conflitos empresariais. O tema
foi debatido no dia 09 de julho, em café da
manhã no Centro de Integração Empresa
Escola do Rio Grande do Sul (CIEE-RS).
Consultor Eutichiano Davi Neto, desembargador
Ney Wiedmann Neto, advogado André Jobim
de Azevedo e gestor Cláudio Inácio Bins
participaram do evento
Café com RH debateu o novo perfil do colaborador
Café com RH
A psicóloga e mestre em gestão empresarial, Denise Casagrande
afirmou que há um novo perfil de colaborador e as novas gerações
que estão ingressando no mundo do trabalho vão mudar o perfil
das corporações, o que requer coragem para se reinventar, cabendo
aos gestores de RH a missão de fortalecer a autoestima dos colaboradores e o resgate de valores. As colocações foram feitas durante
o V Café com RH promovido em 22 de julho pelo CIEE-RS em
parceria com a Junior Achievement Brasil e com a participação
de dois especialistas da área. Na mesma ocasião, o especialista em
RH e mestre em administração, Paulo Amorim, destacou que há
uma nova realidade corporativa com a diminuição de níveis hierárquicos e a convivência de diferentes gerações e perfis.
Agenda 2020
Ética e gestão pública em foco no Fórum da Agenda 2020
12
dezembro de 2015
O secretário estadual de Justiça e Direitos
Humanos, César Luís de Araújo Faccioli, defendeu a urgência de criar um espaço ético
de convivência, durante o Fórum Temático
de Cidadania e Responsabilidade Social da
Agenda 2020, realizado no Centro de Eventos CIEE no dia 06 de agosto. Igualmente, o
tema foi abordado pelo professor Fernando
Luiz Schuller, para quem o princípio da
eficiência da gestão pública passa pela ética.
O Fórum teve o apoio do CIEE-RS.
Novo Centro de Convivência
Adolescentes e jovens a partir de 14 anos já contam
com um novo Centro de Convivência e Capacitação para
as oficinas do programa gratuito de inclusão digital Cidadania e Talento.com do CIEE-RS. Localizado no bairro
Glória, no Ceneamm 2, foi inaugurado em 03 de junho,
na presença de representantes da comunidade, do Rotary
Club Glória Teresópolis e do CIEE-RS. Outros três Centros para oficinas gratuitas voltadas ao universo juvenil
funcionam nos bairros Centro, Higienópolis e Restinga.
Superintendente do CIEE Luiz Carlos Eymael, diretora
do Ceneanmm 2 Monica Volez e vice-presidente do Rotary
Glória Teresópolis Josué Durand
O consultor Joaquim Sigaud debateu com gestores e educadores
ECA 25 anos
Assessor da Farsul Eduardo Condorelli, presidente do Ilades
Marcino Rodrigues e promotor Daniel Martini em reunião no CIEE
Diálogos Sustentáveis/Ilades
A construção conjunta de soluções e a busca permanente de um debate positivo foram a tônica do café
Diálogos Sustentáveis promovido em 24 de junho, pelo
Instituto Latino-Americano de Desenvolvimento Sustentável (Ilades) em parceria com CIEE-RS e que tratou
de mudanças climáticas, crise hídrica e o agronegócio.
O promotor de Justiça Daniel Martini, coordenador
do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio
Ambiente, defendeu a construção de mecanismos inteligentes para que o cumprimento da legislação ambiental
valha a pena. O assessor de desenvolvimento sustentável
do Sistema Farsul, Eduardo Condorelli, ponderou que o
diálogo é a melhor saída para os problemas envolvendo
agronegócio e impacto ambiental. Presidente do Ilades
e moderador do debate, o advogado Marcino Fernandes
Rodrigues Junior ressaltou que o encontro mostrou que
é possível construir soluções conjuntas.
A Escola Especial para Surdos Frei Pacífico comemorou os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) durante seminário com a participação
do CIEE-RS sobre o tema Avanços e Desafios, no dia
25 de agosto. O consultor de Assistência Social do
CIEE, Joaquim Proença Sigaud, debateu com gestores
e educadores sociais a relação de direitos e deveres
na perspectiva da Garantia da Promoção, Proteção
e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Futebol digital
Apaixonados por jogos
eletrônicos, Matheus Mazuco, de Porto Alegre, e
Cassius Antunes, de Bagé, Gamers em ação
foram os vencedores do Campeonato Gaúcho de
Futebol Digital 2015 que aconteceu nos dias 12 e 13
de setembro, no The Soccer Point, na Zona Sul de
Porto Alegre. Foi a oportunidade de aproximação ao
vivo dos 128 gamers inscritos que só se conheciam
via on line. O evento foi realizado pela Federação
Gaúcha de Futebol Digital e Virtual junto com outras
entidades e contou com apoiadores como o CIEE-RS.
dezembro de 2015
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cultura
Agenda cheia
Com quase 180 eventos e um público
superior a 18 mil pessoas atendidas somente no primeiro semestre de 2015, entre
espetáculos culturais e promoções corporativas, o Centro de Eventos e o Teatro
CIEE encerraram o ano com agenda cheia
por conta também de variados projetos
sociais. Fruto de parceria de longa data
com o CIEE-RS, o destaque do segundo
semestre ficou por conta das manifestações
artísticas de escolas municipais e estaduais
como Pepita de Leão, José Loureiro da Silva, General Daltro Filho e América, além
da tradicional apresentação da Orquestra
Villa Lobos, que fechou com chave de
ouro o calendário do ano. Em setembro,
o espaço também acolheu 1200 mesários
que receberam capacitação para as eleições
do Conselho Tutelar, além de sediar o
Projeto Expressar, da Escola Municipal
Vereador Martim Aranha, ocorrido em
17 de setembro e o FestiPoaLiterária, que
teve como show de abertura o Délibáb,
com Vitor Ramil e Moscardini (foto).
clore regional, mas sim elaborações criativas
e originais, nos diferentes estilos de cada
compositor. Adiciona-se a isto, a reconhecida performance da pianista que também é
professora e pesquisadora musical brasileira.
Com repertório que vai do barroco
ao contemporâneo, Olinda Allessandrini
possui CDs inteiramente dedicados a obras
de Heitor Villa-Lobos, Radamés Gnattali e
Araújo Vianna, além dos CDs “Panorama
Brasileiro”, “Valsas”, “Ébano e Marfim”, “Um
piano na Esquina”, com obras de diversos
compositores. Participou também de vários
CDs como pianista convidada. Em um deles
está registrada a gravação ao vivo do concerto
de 24 de março de 1999, na Filarmônia de
Berlim, como solista com a Orquestra Sinfônica Jovem de Charlottenburg, sob a regência
de E. Mentges. Também participa do CD da
Orquestra de Câmara Sesi-Fundarte, como
solista na obra “Las Cuatro Estaciones Porteñas”, de Astor Piazzolla.
Tributo ao Pampa
O Teatro CIEE foi palco de mais um
marco para a cultura rio-grandense. A consagrada pianista gaúcha, Olinda Allessandrini, usou o espaço para o lançamento do seu
primeiro DVD, na noite de domingo (27/09),
durante o Recital da Primavera, que integra
as ações do Centro de Integração Empresa
Escola (CIEE-RS) para difusão da cultura
junto à comunidade. O DVD PamPiano
é um verdadeiro tributo ao Pampa sendo
integrado por uma seleção de obras para o
piano inspiradas nas tradições e representam
as estilizações do folclore musical da região.
Dirigido pelo compositor, produtor musical e diretor artístico, Caio Amon, o DVD
é composto por 14 videoclipes. As cenas
capturadas pela equipe de filmagem durante
roteiro feito pela fronteira do Brasil com
o Uruguai levam os gaúchos de diferentes
origens a viajarem no imaginário das paisagens e cenas do cotidiano como o armazém
campeiro e a boutique de indumentárias
gauchescas. As obras escolhidas não são
apenas harmonizações de melodias do fol-
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dezembro
dezembro
2015
de 2015
artigo
ANABEL LORENZI, Professora e Coordenadora
da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da ALRGS
Práticas de
transformação social
Vivemos tempos paradoxais. Enquanto a legislação brasileira avançou
no sentido de garantir aos jovens brasileiros acesso à educação independentemente de cor, idade, credo ou gênero,
na prática, o que vemos é uma sociedade
onde as desigualdades são marcantes e
onde a educação oferecida à juventude
não reponde aos desafios próprios desta
fase da vida. Pesquisas mostram que
o Ensino Médio é cursado até o seu
final por apenas 54,3% dos jovens até
19 anos, segundo a ONG Todos pela
Educação. Já no Ensino Superior, o
percentual de jovens entre 18 e 24 anos
pulou de 10,5%, em 2004, para 16,5%,
em 2013. Porém, se comparado com
outros países como Argentina (40%),
nosso índice é pífio, apesar dos avanços.
O quadro aponta dois gargalos. Primeiro, está o tema da permanência dos
jovens no Ensino Médio. Praticamente
os que evadem e não concluem este
nível de ensino são os mesmos que
procuram no mercado de trabalho uma
forma de colaborar com o sustento
da família ou que são enredados pelo
crime. A maioria dos jovens mortos
nas periferias das grandes capitais é
composta por jovens negros e pobres
que não concluíram nem o ensino
fundamental. O Mapa da Violência diz
que, das 56.337 vítimas de homicídio
no Brasil, em 2012, 30.072 eram jovens
de 15 a 29 anos.
O segundo aspecto remete à qualidade do Ensino Superior e à carência
“Enfim, o mundo
do trabalho se constituirá
para os jovens como
uma oportunidade
de desenvolvimento
pessoal e de práticas de
transformação social”.
de oferta de educação crítica e voltada
para formação de cidadãos e cidadãs.
Diante deste quadro, evidencia-se a
necessidade de um novo sistema que
garanta não só o acesso, mas a permanência dos jovens através da priorização da qualidade. O próprio conceito
de qualidade precisará, também, ser
revigorado a partir da articulação com
a realidade brasileira, com o setor empresarial e com a construção de valores
que estejam a serviço da cidadania.
Neste novo cenário, a inserção do
jovem no mercado de trabalho se caracterizará como uma oportunidade de
inclusão social que potencializa a cidadania, ou seja, a prática de deveres e a
garantia de direitos, e não apenas uma
inserção como sujeito consumidor. Enfim, o mundo do trabalho se constituirá
para os jovens que estão ingressando
neste novo ambiente como uma oportunidade de desenvolvimento pessoal
e de práticas de transformação social
que colaborarão com a construção de
uma sociedade justa e plena de direitos.
Cidadania e trabalho andarão juntos.
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