Edição n.º 73 do JA - Associação Académica da UMa
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Edição n.º 73 do JA - Associação Académica da UMa
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DA UNIVERSIDADE DA MADEIRA EDIÇÃO N.º 73 03 NESTA EDIÇÃO AS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA ASSOCIADAS À PRODUÇÃO DA REVISTA JA SÃO NEUTRALIZADAS PELA GRÁFICA PELO QUE ESTA REVISTA É CARBONFREE®. A ABRIR COM JOÃO BAPTISTA 04 SÉ DO FUNCHAL 500 ANOS 06 SELVAGENS - AFINAL A QUEM PERTENCEM 08 DESPORTO - CONFIRMAR AS EXPECTATIVAS 10 BOAS NOTÍCIAS 12 REAL CAIXA DE APOSENTAÇÕES 14 VIVA A ALIMENTAÇÃO 16 UMa - REINVENTANDO A LOJA DO CIDADÃO 18 AS VAGAS NO ENSINO SUPERIOR 20 ANAPLASMA SPP 22 ENTRE LIVROS E FILMES 24 AMIZADE E PRESSÃO DE GRUPO 26 PALAVRAS E NÚMEROS 28 RECEPÇÃO AO CALOIRO 2013/14 30 25 ANOS DA UNIVERSIDADE DA MADEIRA 34 PRAXE 36 UMA PASSAPORTE PARA O SUCESSO - SCP UMa 38 IPSIS VERBIS 40 EVENTO DESERTAS…25 ANOS 42 AS ACTIVIDADES DA AAUMa 44 EM PORTUGUÊS ESCORREITO 48 DE MOCHILA ÀS COSTAS 50 TRANGULAÇÃO NA INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA 52 ESTÁGIO NA AAUMa 56 PAUTA FINAL 58 FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE: Associação Académica da UMa · DIRECTORA: Andreia Nascimento · EDITOR: Rúben Castro · REVISÃO: Carlos Diogo Pereira · DESIGN GRÁFICO: Pedro Pessoa · FOTOGRAFIA E EDIÇÃO: Pedro Pessoa · CAPA: Recepção ao Caloiro 2013/14 · EDIÇÃO E PUBLICIDADE: Departamento de Comunicação da AAUMa [email protected] · DISTRIBUIÇÃO: Gratuita · VERSÃO ON-LINE: www.aauma.pt · TIRAGEM: 1000 exemplares · EXECUÇÃO GRÁFICA: Nova Gráfica, Lda. · DEPÓSITO LEGAL: 321302/10 · ISSN: 1647-8975 O conteúdo desta publicação não pode ser reproduzido no todo ou em parte sem autorização escrita da AAUMa. As opiniões expressas na revista são as dos autores e não necessariamente as da AAUMa. A Revista JA é escrita com a antiga ortografia, salvo algumas excepções assinaladas. 04 A ABRIR _ Em primeiro lugar gostaria de dar as boas-vindas aos novos estudantes da Universidade da Madeira (UMa). É importante assinalar esta etapa que marca o início de uma fase completamente inovadora para a grande maioria daqueles que estão a começar as suas vidas académicas. A Associação Académica da UMa (AAUMa) não pode deixar de convidar todos os estudantes a participarem nas actividades que, com muita dedicação e empenho, organizamos, pensadas, em primeiro lugar, para os estudantes. Esta iniciativa, a Revista JA, é um dos nossos grandes projectos e tem como principal objectivo dar a conhecer os temas que interessam ao estudante madeirense e as suas preocupações. Desafiamos-te a dar um contributo à revista que é elaborada por estudantes, para estudantes. Os novos estudantes chegam à UMa num ano em que esta instituição faz os seus 25 anos. Trata-se dum importante marco na história da academia madeirense que todos nós, como parte dela, devemos saber valorizar. O enriquecimento de conhecimento de tudo o que diz respeito à nossa academia deverá ser imperativo e nós, como estudantes, devemos conhecer e valorizar o património da nossa academia. Uma das iniciativas que mostra o nosso empenho nesse sentido é o Colégio dos Jesuítas que tem como principal objectivo dar a conhecer a toda a comunidade a história deste edifício e, como tal, o início da nossa academia. Um excelente início de ano lectivo e que cumpram todos os vossos objectivos académicos. _ JOÃO BAPTISTA Presidente da Direcção da AAUMa REDESCOBRIR A MADEIRA _ 06 07 SÉ DO FUNCHAL 500 ANOS A Sé do Funchal comemora em 2014 cinco séculos como sede do bispado dos Descobrimentos, sendo a maior diocese alguma vez instituída e correspondente a quase metade do mundo então conhecido e por conhecer. Fundada na época áurea dos Descobrimentos Portugueses e do apogeu da cultura açucareira, foi dotada com o que de melhor o rei de Portugal pôde enviar para a Madeira. Acresce ainda que, por contingências várias, conseguisse chegar aos nossos dias com o principal equipamento com que foi inicialmente dotada por D. Manuel I, como o retábulo, o cadeiral e o pequeno altar, o que não aconteceu com as suas congéneres continentais. A instituição da Diocese visava reorganizar o vasto território entregue aos portugueses para evangelização pelo Papa Alexandre VI, nascido Rodrigo de Borja, através do Tratado de Torde- silhas de 1494. Até então, mercê da transformação da antiga Ordem dos Templários na de Cristo e do papel fulcral do infante D. Henrique na génese dos descobrimentos e conquistas, a evangelização dos novos domínios portugueses era da responsabilidade daquela Ordem. Com a entrega da sua administração ao duque D. Manuel, logo foi reconhecida a necessidade de se proceder a uma restruturação geral da situação. As negociações com Roma para a instituição de uma Diocese no Funchal devem ter começado logo nos primeiros anos do século XVI e, com as paredes benzidas da nova igreja do Funchal, em 1508, o rei D. Manuel I elevou a vila a cidade, pressionando a criação da nova Diocese. Em finais de 1513, enviou uma faustosa embaixada a Roma, que entraria na cidade a 12 de março de 1514 e seria recebida a 20. Na sequência desta, o Papa Leão X, por bula de 12 de junho, criaria a Diocese do Funchal, elevando a igreja nova, ainda não terminada, a catedral. Se o exemplo da Madeira serviu de modelo ao povoamento atlântico português, quer institucional (como foram os documentos fundacionais das capitanias, o regimento das alfândegas, das vigias, das companhias militares, etc.), quer mesmo na formação de quadros ultramarinos (com o envio do pessoal ali formado para o restante espaço atlântico), também a organização religiosa e, muito especialmente, o regime de bens utilizado na Madeira serviu de quadro de referência para toda a expansão portuguesa. Pelos motivos apontados e com a investigação desenvolvida nos últimos anos, ao se celebrarem os 500 anos de fundação da Diocese do Funchal, pensamos que a melhor forma com que nos podemos associar a esta data é a publicação de pequenos artigos sobre a Sé Catedral. Sendo um edifício patrimonial e culturalmente notável, mas longe de ser um museu morto, parado no espaço e no tempo, é um conjunto vivo onde se espelham e se vivem 500 anos de devoção e de vida religiosa de uma comunidade. Como só amamos verdadeiramente o que conhecemos, abordar os principais conjuntos de peças da Sé do Funchal parece a melhor maneira de homenagearmos os 500 anos da nossa Diocese. _ RUI CARITA Historiador e professor catedrático da UMa NOTA: Texto escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico 1990. 08 Afinal, a quem pertencem? As Selvagens, as Ilhas Falkland (ou Ilhas Malvinas) e Gibraltar têm muito em comum. Estão perto de determinados territórios, mas dependem de poderes longínquos. As Selvagens são constituídas por duas ilhas principais - Selvagem Grande e Selvagem Pequena - e por pequenos ilhéus. São consideradas território português, mas estão mais perto das ilhas Canárias (a 165 km) do que da Região Autónoma da Madeira (a 250 km). As Ilhas Falkland estão situadas no Atlântico Sul e dividem-se em duas principais - Falkland Ocidental e Falkland Oriental. Embora estejam próximas da Argentina, estão subordinadas ao poder britânico. Gibraltar é um território peninsular ladeado pelo Mar Mediterrâneo, pelo Estreito de Gibraltar e pela Baía de Algeciras. Os seus 6,5 km2 de superfície albergam cerca de vinte e nove mil habitantes. Embora faça fronteira (a Norte) com Espanha, depende, tal como as Ilhas Falkland, do poder britânico. No caso das Selvagens, Espanha não reclama qualquer poder sobre elas, querendo que estas representem, apenas, um ponto com uma extensão de mar territorial. Nuestros hermanos enviaram uma missiva à ONU, em Julho, contestando o facto deste sub-arquipélago dar a Portugal a maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Europa. Caso perdessem o estatuto de ilhas e fossem consideradas meros rochedos, Portugal perderia parte da sua ZEE. No que diz respeito às Ilhas Falkland e a Gibraltar, é o Reino Unido quem tem hegemonia sobre eles. Gibraltar foi legitimado através do Tratado de Utrecht, em 1713. Embora os britânicos continuem a considerá-lo como seu território, as Nações Unidas entendem-no como non-self-governing territory, ou seja, um território para o qual não foi, ainda, encontrada qualquer solução de descolonização. São dezasseis, ao todo, as regiões que partilham desta situação. O governo do Reino Unido está proibido, pela Constituição, de negociar a soberania de Gibraltar e os próprios habitantes, nos referendos realizados, rejeitaram essa hipótese. No entanto, Espanha tem tentando disputar o território. Aliás, a chama reacendeu-se quando, há algumas semanas, o Governo da colónia lançou 70 blocos de cimento em aterros à volta de Gibraltar. A resposta espanhola foi o estreito controlo das fronteiras. Para os castelhanos, Gibraltar é, foi e será uma prioridade nacional. Quanto às Ilhas Falkland, têm um historial idêntico ao do “rochedo”, representando, também, uma colónia conquistada pelos britânicos. A Argentina tem tentado batalhar por este território, muito por causa da exploração do petróleo, usando diversos argumentos (entre eles um pedido de ajuda ao Papa Francisco), mas até então nenhuma solução foi encontrada. Os dicionários dizem que a soberania é “autoridade suprema”, o “poder político, de que dispõe o Estado, de exercer o comando e o controle, sem submissão aos interesses de outro Estado”. Ainda assim, esta autoridade tem sido posta em causa muito pelos interesses de outros Estados. Afinal, a quem pertencem estes territórios? _ VERA DUARTE 10 11 Confirmar as expectativas desportivas Para o ano lectivo que agora se inicia, estão programadas as actividades que nos passados anos têm-se destacado, com o compromisso de melhorar sempre. Levadas, Troféu do Reitor, Futebol de 7, Torneio de Matraquilhos e Karting são exemplos de actividades que serão novamente realizadas tendo em conta a procura e satisfação dos participantes. Há também um compromisso de inovar e oferecer mais actividades na época de Verão, altura em que, até agora, apenas realizamos o torneio de Futebol de 7. Achamos que iniciativas desportivas realizadas na praia serão boas iniciativas para o aumento de eventos com sucesso. Os percursos das levadas prometem ser inovadores e diferentes dos percursos aconselhados pelas entidades oficiais. Os nossos experientes guias irão, com certeza, surpreender os participantes nos passeios deste ano, prevendo a visi- ta a todos os concelhos da Região durante o ano lectivo. A 5.ª edição do Troféu do Reitor já está nos seus preparativos e promete emoção, competitividade e muito espírito académico nas instalações desportivas da Quinta de São Roque, situada a apenas 300 metros do Campus da Penteada. Professores, funcionários e todos os alunos da UMa são os principais interessados nesta competição que proporciona momentos de convívio e boa disposição entre os participantes. Mas a AAUMa não fecha a porta à população em geral e permite que cada equipa possa inscrever 2 elementos que não pertençam à Universidade. Desde a edição passada, existe a possibilidade dos ex-alunos da UMa poderem também participar neste evento, continuando assim ligados, de alguma forma, a um passado recente e muitas vezes saudoso. Algumas actividades pontuais, como os torneios de Matraquilhos e Playstation, prometem animar algumas tardes de quarta-feira. Também as corridas de Karting têm proporcionado alguma emoção e existe um projecto de uma competição mais alargada, com a possibilidade de realização de um campeonato ao bom estilo da Fórmula 1. Dentro das actividades pontuais que a Académica madeirense pretende organizar, os eventos na natureza não são esquecidos. Assim, após o mergulho de iniciação que ocorreu no ano passado, pretendemos agora providenciar um baptismo de mergulho no mar. A floresta Laurissilva também será palco de uma actividade de Canyoning, onde a emoção e a adrenalina estarão presentes do início ao fim, num evento conduzido por monitores especializados e formados neste tipo de desporto de aventura. A inexistência de apoios públicos diminuiu con- sideravelmente as nossas comitivas nos Campeonatos Nacionais Universitários. A AAUMa irá tentar, junto das entidades competentes, verbas que possam levar os nossos atletas/estudantes a competirem e a voltarem a mostrar a qualidade dos desportistas da UMa. Finalmente, mas não menos importante, a aposta na formação contínua dos estudantes da UMa, como nos profissionais de Educação Física e Desporto, será uma realidade. Pretendemos organizar algumas formações e conferências que possam complementar a formação já adquirida e oferecer mais instrumentos e competências aos nossos formandos, para enfrentarem o difícil mercado de trabalho que se nos apresenta actualmente. _ ARLINDO SILVA 12 13 Boas notícias GESTÃO: MESTRADOS PORTUGUESES ENTRE OS MELHORES. A oferta formativa portuguesa em mestrados está novamente em destaque a nível internacional. Os mestrados em gestão da Universidade Católica Portuguesa e da Universidade Nova de Lisboa fazem parte do ranking de 2013 do jornal Financial Times que, todos os anos, lista as 70 melhores opções nesta área. Este ano, a tabela é liderada pela Universidade de St. Gallen, na Suíça, que manteve o primeiro lugar alcançado em 2012. No segundo lugar do pódio aparece o mestrado ESCP Europe Master in Management, organizado, de forma conjunta, por França, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália, ao passo que a terceira posição pertence ao Master of Science in Management da WHU Beisheim, na Alemanha. A Universidade Católica toma as rédeas da representação portuguesa no ranking de mestrados em gestão criados de raiz, ocupando a 52.ª posição, enquanto a Nova School of Business & Economics (Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa) surge no 54.º posto. RYANAIR COM VOOS A PARTIR DE LISBOA CURA PARA A SURDEZ PODE ESTAR PRÓXIMA A companhia aérea de baixo custo Ryanair anunciou que vai começar a operar no aeroporto de Lisboa já a partir do dia 26 de Novembro, com rotas para Londres, Bruxelas, Paris e Frankfurt. O anúncio foi feito esta segunda-feira, em conferência de imprensa, pelo Vice-Presidente Executivo da empresa irlandesa, Michael Cawley, que lembrou que a companhia se encontrava em conversações com a ANA no sentido de arrancar com as operações a partir do aeroporto da Portela, em Lisboa. A companhia, já presente em Faro e no Porto, opera 70 rotas internacionais a partir de Portugal, além de uma rota doméstica com a ligação entre Faro e Porto. Um investigador argentino prevê que a surdez tenha uma cura dentro dos próximos dez anos, graças ao uso de células estaminais. O anúncio foi feito na sequência dos resultados conseguidos com um rato surdo que começou a ouvir depois do transplante de neurónios auditivos produzidos em laboratório. A pesquisa já começou há mais de quatro anos, mas Marcelo Rivolta, chefe do grupo de investigação de problemas auditivos da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, calcula que seja preciso uma década de testes em animais antes de avançar com a intervenção para os humanos. À margem de um congresso mundial de patologias do ouvido, que decorreu este mês em Alcalá de Henares, nos arredores de Madrid, Rivolta revelou que o projecto está a ser levado a cabo na Universidade de Sheffiled e que a produção de células auditivas é feita a partir de células embrionárias. Para o especialista há ainda um longo caminho a percorrer para tratar a surdez provocada por envelhecimento, que afecta já 40% da população europeia com mais de 65 anos. _ RÚBEN CASTRO 14 15 Real Caixa de Aposentações Faltam 3 meses para que 2013 termine e no espaço europeu houve 3 monarcas a abdicarem. Não havia tantas abdicações num ano desde 1918, quando o fizeram 5 soberanos, na sequência da reestruturação política da Europa após a Primeira Grande Guerra. O Currier Internacional apresentou, em Setembro, várias monarquias como instituições paradas no tempo e que pouco dizem aos povos que representam. A excepção, segundo a fonte, é a Família Real Britânica, por os Windsor serem populares, terem enorme importância económica para o Reino Unido, custarem pouco ao contribuinte, serem próximos do Povo, serem glamourosos e por beneficiarem da impopularidade dos políticos eleitos para a Câmara dos Comuns (o mais próximo do sistema republicano que os ingleses têm). Vista como obsoleta aos olhos de muitos, a realeza esforça-se para merecer o espaço que ocupa. Gastam menos que muitas presidências republicanas e facturam milhões em tudo o que lhes diga respeito, dando um toque de charme actual às glórias dos tempos passados. Mas para evitarem tornarem-se dispensáveis, apostam no marketing e na promoção das gerações mais jovens em detrimento dos patriarcas. Este ano, foram três os monarcas a abdicarem: o Papa Bento XVI, a Rainha Beatriz dos Países Baixos e o Rei Alberto II dos Belgas. Bento XVI, embora jogue numa liga diferente, foi o Papa a reconhecer-se demasiado cansando e doente para satisfazer as necessidades da Igreja. Quando ninguém o esperava, anunciou a renúncia ao Papado, deixando o Mundo boquiaberto com a sua abnegação, especialmente por não ter goza- do da mesma popularidade de que João Paulo II. Beatriz dos Países Baixos, por seu lado, seguiu o exemplo da avó Guilhermina e da mãe Juliana. Numa nação que viu a república como época áurea, manter o trono é uma tarefa de grande esforço. Para a Rainha pesou ainda o apoio ao filho, o Príncipe João Friso, hospitalizado devido a um acidente de esqui que o vitimaria mortalmente. No final, Guilherme sucedeu a mais de 120 anos de monarquia feminina. Apesar de acolher importantes instituições da União Europeia, a Bélgica é um país culturalmente dividido em francófonos, germânicos (alemães e holandeses) e flamengos, com frequentes crises políticas. Cansado de mediar um país tão heterogéneo, Alberto II abdicou a favor de Filipe, um homem de meia-idade na primeira geração de monarcas do século XXI. Bento, Beatriz e Alberto, juntaram-se a Hans-Adam II do Liechtenstein e a João do Luxemburgo como reais aposentados (sem contar com Simeão da Bulgária e Constantino da Grécia, por exemplo, cujos reinados terminaram com repúblicas). Abdicar, na Europa do século XXI, é passagem de testemunho para que velhas instituições acompanhem os tempos, mas em Portugal e, à luz da nossa história, o conceito tem, quase sempre, interpretação negativa. 2013 continua a registar mudanças no panorama político português, mas quantos dos nossos republicanos é que realmente abdicam? _ CARLOS DIOGO PEREIRA 16 VIVA A ALIMENTAÇÃO! A 16 de outubro comemora-se o DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO. Nesta data, é sempre importante relembrar o quanto é determinante a alimentação. Se não nos alimentarmos colocamos em causa a nossa sobrevivência, e aquilo que comemos é crucial para a nossa sobrevivência e qualidade de vida. Nas crianças e jovens, pode promover um bom crescimento e um bom desenvolvimento, e nos adultos até é capaz de retardar o envelhecimento e prolongar a vida, evitando inúmeras doenças que atualmente são responsáveis por tantas mortes. A Ciência tem evoluído tanto nos últimos anos, que é cada vez mais evidente o efeito positivo da alimentação a muitos níveis do nosso dia a dia. Por isso, vale a pena investir numa alimentação saudável e equilibrada!!! E nunca é tarde... pois em qualquer etapa da vida acaba sempre por trazer os seus benefícios. Contudo, é certo que as vantagens serão maiores se as escolhas alimentares forem adequadas desde tenra idade. Assim, vale a pena optar pela conjugação de alimentos saudáveis, evitando os produtos industrializados, tendo sempre em atenção a correta manipulação culinária, que preserve as características nutricionais dos alimentos, sem nunca esquecer aqueles desejados paladares que nos fazem salivar que se enquadram perfeitamente na alimentação e que pode trazer-nos tantos benefícios. Agora, só me resta desejar... um bom apetite e muita saúde! BRUNO SOUSA Nutricionista NOTA: Texto escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico 1990 19 18 Universidade da Madeira reinventando a Loja do Cidadão Em 1997, foi promovida a criação de uma equipa cujo objetivo, segundo o Conselho Directivo da Agência para a Modernização Administrativa, seria o de “implementar e pôr em funcionamento serviços de atendimento ao cidadão, tendo em vista a prestação célere e personalizada, num único local público, de um conjunto de serviços de atendimento ao cidadão”. Dois anos mais tarde, e em Abril de 1999, abriu ao público a primeira Loja do Cidadão. Aqui mesmo ao lado, no Porto Santo, sob a tutela da Direcção Regional para a Administração Pública do Porto Santo (DRAPS), foi criado, em 2006, o Posto de Atendimento ao Cidadão (PAC), uma aproximação correspondente à 2.ª Geração de Lojas, com balcões multi-serviços, onde os mesmos funcionários representam entidades diversas. Com o uso das novas tecnologias da informação e comunicação, Carlos Rebolo (in memoriam), conhecido por estar sempre muito à frente de seu tempo, visionou o futuro destas lojas e, com o apoio de Jocelino Velosa, Director Regional da DRAPS, colocou em marcha o projecto [email protected]. Este projecto de governo electrónico (aka e-gov) visa permitir a interacção entre o Estado, os cidadãos e as empresas, recriando e evoluindo o conceito de Loja do Cidadão através do uso facilitador das TIC. De forma inovadora, este projecto, facultou a interligação das diversas entidades governamentais por meio de uma rede em estrela de fibra óptica de última geração, cujo nó central é a sede da DRAPS, onde se comporta um poderoso Data Center. Aqui residem três imperiosos servidores que asseguram uma rede de postos de trabalho virtuais, proporcionando aos intervenientes as diversas vantagens concernentes à virtualização. Esta fase inicial permitiu uma expressiva redução de custos, designadamente em consumo de papel (26%), comunicações móveis (34%) e comunicações de voz (36%), dados de 2012. Logo, ciente da perspectiva de Alfred North Whitehead, de que a civilização avança à medida que amplia o número de operações importantes que consegue realizar sem pensar nelas, a DRAPS partiu para uma nova fase do projecto contratando uma equipa de experts formada por um consórcio entre a Universidade da Madeira e a Universidade de Aveiro, com vista a analisar os processos administrativos internos e externos. Permitirá assim agilizá-los de forma transparente e desmaterializada, bem como aos servi- ços que esta suporta. Além disso, este consórcio tem ainda a incumbência de realizar o caderno de encargos destinado à adjudicação de serviços inerentes à próxima fase do projecto. Assim, este projecto, que já tem cativado e atraído académicos, políticos e executivos, tanto no meio nacional como internacional, pretende funcionar inicialmente, como piloto, no Porto Santo, mirando sempre a expansão ao panorama regional (e quem sabe maior), provocando uma colossal modernização da Administração Pública. _ FRANCISCO CAPELO Coordenador do Projecto electronicgovernment@e-island. RAM na DRAPS 20 As vagas NO Ensino Superior O menor número de vagas abertas ao Ensino Superior público mostra ter havido uma mudança de prioridades nas famílias portuguesas, em tempos de grandes dificuldades económicas para a classe média. Como lidaram as universidades com esta realidade? Os dados divulgados pelo Ministério da Educação e Ciência apontaram para uma descida de 1,6% na oferta das universidades e politécnicos públicos em relação ao ano lectivo 2012/2013. Esta descida torna o número de vagas abertas neste ano equiparável ao das de 2009/2010 (51 352 vagas a licenciaturas), sendo que, às vagas disponíveis na primeira fase do concurso geral de acesso, acresceram ainda as dos concursos locais, as da Universidade Aberta, de instituições de Ensino Superior militar e policial, cursos de especialização tecnológica e do concurso destinado a estudantes com mais de 23 anos. Para a situação contribuíram medidas importantes na redução da enorme despesa que o Estado tem com este nível de ensino. Do governo central deixou de sair dinheiro para financiar cursos com menos de 10 alunos inscritos, levando ao fecho de primeiros anos, com progressivo desaparecimento dessas licenciaturas. Várias instituições de Ensino Superior optaram por medidas de reestruturação da sua oferta formativa, com muitos cursos fechados por não estarem de acordo com as imposições ministeriais, bem como os de regimes pós-laborais a darem lugar a nova aposta nos formatos diurnos, direccionando-se mais aos concursos para os jovens graduados do Ensino Secundário e seus equivalentes. 21 Ao todo cerca de 40 cursos, que funcionaram em 2012/2013, não abriram vagas este ano. Das áreas mais afectadas, as que estão ligadas aos serviços de segurança (com fecho de 28% da oferta, em relação a 2012/2013) e à construção (da ordem dos 16%). Classe profissional na vanguarda da contestação política, por ser das mais sensíveis a reformas governamentais, os professores viram reduzida a oferta dos seus cursos profissionalizantes ou ligados à educação. Na sequência do corte de 20% imposto pelo governo às universidades, como medida preventiva do desemprego associado à Educação, abriram menos 16% de cursos de formação de professores e educadores e de Ciências da Educação. Acrescem às preocupações do MEC, de universidades e de politécnicos públicos, a diminuição da procura de futuro no Ensino Superior. Os alunos que acabam o Secundário ponderam, cada vez mais, em tirarem uma licenciatura, muito devido ao factor económico. Mesmo aqueles que já se encontram a frequentar o Ensino Superior tentam superar dificuldades hercúleas para se manterem na universidade, obrigando estas instituições a intervirem com novas medidas de apoio aos mais carenciados. As perspectivas não são as ideais e só uma melhoria na conjuntura económica do País irá atrair um maior número de estudantes para o ensino universitário. _ RUI SANTOS 22 23 Anaplasma spp O Anaplasma spp é um hemoparasita intracelular transmitido pelas carraças, sendo responsável pelo aparecimento de um quadro clínico de trombocitopenia. Os sinais clínicos mais comuns são anorexia, letargia, perda de peso, hipertermia, anemia e depressão. Outros menos comuns incluem vómitos, diarreia, tosse e dificuldade respiratória. São também possíveis infecções sem sinais clínicos. As espécies que são patogénicas para cães incluem Anaplasma phagocytophila (anteriormente nomeada Ehrlichia phagocytophila), Anaplasma bovis e Anaplasma platys. O diagnóstico só é possível pela identificação microscópica de parasitas em esfregaços de sangue do animal infectado, por ELISA ou por PCR. Cães com anaplasmose apresentam, frequentemente, os mesmos sintomas que aqueles com doença de Lyme (também chamada febre da carraça), e a infecção com ambos os agentes (co-infecção) não é incomum. Tanto os parasitas da doença de Lyme como da anaplasmose são normalmente encontrados na mesma localização geográfica e são transmitidos pelas mesmas espécies de carraças. No caso da anaplasmose o tratamento envolve a utilização de um antibiótico (a doxiciclina), ou de um antiparasitário (o imidocarbe) e tem um bom prognóstico. Apesar de ser considerada uma zoonose, a transmissão é feita apenas pela carraça e não directamente pelo animal de companhia. A prevenção é fundamental para a erradicação de doenças transmitidas por carraças em regiões endémicas, através do controle de populações, em cães com a aplicação de desparasitantes externos específicos. _ RAQUEL ESTUDANTE SPAD - Funchal 25 Entre livros e filmes Desde a concepção do primeiro filme que muitas obras literárias foram passadas para o formato de película. Muitas delas foram bem-sucedidas e marcaram gerações, tornando-se ícones do cinema, tais como Frankenstein (1931) ou até Bram Stocker’s Dracula (1992). No género de aventura, os heróis britânicos James Bond e Sherlock Holmes tornaram-se boas adaptações ao cinema ou televisão, embora diferentes versões tenham tido diferentes aceitações. Grandes desvios à história original, orçamentos demasiado baixos, entre outros, fizeram muitos passarem despercebidos aos olhos do público. O que torna interessante é a mudança de atitude das massas levam filmes e livros a venderem-se mutuamente, como que se complementando. Os melhores exemplos para demonstrá-lo são as bem-sucedidas sagas, tanto nas bilheteiras, como nas estantes das livrarias, da trilogia de J. R. R. Tolkien O Senhor dos Anéis e da enorme saga Harry Potter, da autora britânica J. R. Rowling. Qualquer uma delas já contava com um número considerável de fãs, porém, com o lançamento dos respectivos filmes, algo inesperado (ou não) aconteceu. Em 2001, o Mundo viu e deslumbrou-se com estes mundos de fantasia nos cinemas, dando a essas histórias o estatuto de livros mais vendidos de todos os tempos. O sucesso foi tão elevado, que é difícil haver alguém que não conheça os seus títulos. Com tais sucessos começou-se a apostar em projectos cada vez mais ambiciosos e um pouco fora do comum. Os filmes de super-heróis estão em moda em Hollywood. O primeiro gran- de projecto deste género deu-se em 2002 com o lançamento de Spiderman e, desde então, cada vez mais heróis entram nas salas de cinema. Em 2005 alcançou o auge, quando Christopher Nolan abordou Batman de uma forma completamente nova, retratando-o mais realisticamente e distanciando-se das versões da década de 90. O resultado foi muito maior do que se esperava e o Mundo começou a olhar os super-heróis de uma forma muito diferente, deixando meros protagonistas de banda desenhada. Tanto a Marvel como a DC Comics começaram a passar os seus heróis para o cinema e para a televisão e prevê-se que continuem a fazê-lo nos próximos anos. Ambas as empresas têm planos para juntar vários heróis num só filme, dando origem a uma ligação entre todos os seus filmes e séries. Da película para o papel, algumas séries e filmes como LOST, Star Wars e Supernatural, são exemplos de livros nascidos das artes cinematográficas e não o contrário. Chegámos a uma Era onde todos os meios de entretenimento estão a conectar-se uns aos outros, completando-se e que por fim acaba beneficiando todos. Mesmo que a conversão para um filme não seja bem executada, ou simplesmente não seja bem recebida por aqueles que vêm o produto final, o público ficará ao menos a saber que existe algures por aí um livro que relata uma determinada história que, de outra forma, não lhes chamaria a atenção. _ JOÃO ANDRADE 26 27 Amizade e pressão de grupo A amizade, provavelmente, surgiu no início de tudo, quando o mundo era um lugar inóspito e repleto de perigos. Nessa época cooperar na defesa das tribos era essencial para sobreviver. Ser expulso dessas comunidades era o mesmo que ser condenado à morte. Atualmente, as relações de amizade são mais complexas e apesar de não serem tão diretamente essenciais para a nossa sobrevivência, é fundamental nos rodearmos de pessoas que nos possam dar suporte social, adicional à família, contribuindo imenso para a nossa saúde mental e tornando os nossos dias mais risonhos. Desta forma, não é de estranhar que nos diversos estudos sobre a felicidade, um dos preditores seja as relações positivas que estabelecemos com os outros, incluindo a amizade (Ryff 1989; Argyle 1987, Myers 2000). Sheldon et al (2001) vai mais longe, demonstrando no seu estudo que as relações sociais, a auto-estima e a autonomia, são competências mais importantes para o bem-estar das pessoas, do que a saúde, a segurança, o dinheiro ou a popularidade. A amizade também tem dado origem a diversos estudos, concluindo-se que ela pode surgir rapidamente ou demorar anos a se desenvolver, que tendemos a criar relações de amizade com pessoas com as quais partilhamos interesses, valores e identidades, com quem partilhamos espaços e com quem estamos continuamente a nos cruzar. Para mantê-la é necessário existir expressividade emocional e o apoio incondicional, seguidos por aceitação, lealdade e confiança, (Fehr) proximidade geral, contato e apoio (Weisz & Wood). No entanto, os amigos tanto influenciam de “A melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizades.” Abraham Lincoln modo positivo como de modo negativo. Desta forma, por vezes eles também nos arrastam para situações problemáticas, onde o risco convive de mãos dadas com a amizade. É o caso do consumo de drogas, sendo a pressão de grupo um dos principais motivos apontados para a experimentação das referidas substâncias, principalmente em jovens e adolescentes. Hawkins et al (1992) evidenciaram um risco acrescido quando o jovem ou adolescente tem amigos que tenham atitudes favoráveis face às drogas ou que as consumam. Desta forma, é necessário apostar na formação do jovem, dotando-o de competências pessoais e sociais que o ajudem a lidar com os amigos, decidindo positivamente nos momentos capitais, em prol da sua saúde, catapultando-o para a vida adulta e para relações de amizade positivas. Ao longo das nossas vidas, com estes e outros amigos, descobriremos novos mundos, trazendo outros valores aos nossos dias, ajudando-nos a crescer, a partilhar alegrias e tristezas e correndo tudo na melhor forma, olharemos para elas e saberemos com toda a certeza, que seguiremos mais felizes e completos por aquele caminho que nos aproxima dos nossos sonhos e objetivos. _ SÉRGIO CUNHA Psicólogo do Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais, IP-RAM Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências - UCAD NOTA: Texto escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico1990 28 PALAVRAS E NÚMEROS 30 37 285 10 000 000 É a percentagem necessária ser reduzida no número de vagas a cursos de Medicina, segundo o relatório da Evolução Prospectiva de Médicos no Sistema Nacional de Saúde, elaborado pela Universidade de Coimbra, a pedido da Ordem dos Médicos, correspondendo a 550 vagas. Apresentada ao Ministério da Saúde, a investigação alerta para a necessidade de se “ajustar a capacidade do sistema de formação pré-graduada”, de forma a evitar um excedente de especialistas em 2025, que pode ir de 3500 novos médicos a quase 9 mil profissionais. _ In Canal Superior de 17 de Setembro de 2013. Foram os candidatos colocados no Ensino Superior na 1.ª fase do concurso nacional, conforme dados da Direcção Geral do Ensino Superior (DGES), no presente ano lectivo. Rondando os 93%, o sucesso de colocação da 1.ª fase no presente ano lectivo registou um ligeiro aumento face aos 90% de colocações relativo a 2012. Das 51.461 vagas abertas inicialmente, só sobraram a concurso, na 2.ª fase, 14.176 vagas. _ In Diário Económico de 8 de Setembro de 2013. É a quantia que algumas universidades irão ter de cativação. Este ano vai haver mais «uma cativação de 2,5%, que não incide sobre todas as universidades», contou à Lusa o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Rendas, após uma reunião com dois secretários de estado do Ministério da Educação e Ciência. _ In Diário Económico de 20 de Setembro de 2013. PRAXE 2013 25 Anos da Universidade da Madeira 32 Do ponto de vista institucional, podemos distinguir quatro grandes períodos nesta, ainda curta, história da Universidade da Madeira. O primeiro período respeita à fase da instalação, que vai até à homologação dos primeiros Estatutos da Universidade, a 13 de maio de 1996, e a eleição do seu primeiro reitor, o professor José Manuel Nunes Castanheira da Costa, em julho de 1996. O segundo período diz respeito ao chamado (nos próprios Estatutos) de regime de transição, que termina em finais de 2000 com a eleição como reitor de um professor catedrático, o professor Rúben Antunes Capela. Finalmente, considero que as alterações profundas na forma de governo das universidades decorrentes da entrada em vigor, em 2007, do novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), e consequente alteração dos Estatutos da Universidade (em outubro de 2008), dão origem ao que eu denomino de quarto período, onde nos encontramos atualmente. Apesar de colaborar com a Universidade da Madeira desde o ano letivo de 1992/93, não participei ativamente nos tempos agitados, mas certamente empolgantes, da sua construção inicial , uma vez que só passei a fazer parte do seu quadro docente em abril de 2000, altura a partir da qual passei, então, a estar envolvido em intensa atividade de gestão académica, nomeadamente como presidente de unidades orgânicas . Nestes 25 anos, a Universidade da Madeira deu um salto enorme, em múltiplos aspetos. De seguida, abordarei, muito sucintamente, alguns deles e terminarei com uma breve referência ao que penso serem os atuais desafios da Universidade. As universidades não são as suas instalações, mas sem instalações minimamente condignas e adequadas, dificilmente se desenvolvem. Apesar da beleza do espaço em causa, o edifício do Colégio (onde agora se situa a Reitoria e parte da Administração) não dispunha de condições para albergar toda a Universidade e, com o crescimento do seu número de alunos, a instituição viu-se obrigada a arrendar outros espaços, chegando a estar dispersa por cinco edifícios. Facilmente se percebe, assim, a importância que teve a construção de um edifício de raiz para a Universidade. A construção do atual edifício da Penteada, com cerca de 24000 m2, com espaço para gabinetes dos seus docentes e capacidade para 3500 estudantes, e a mudança para lá de toda a atividade académica (que se processa de 1998 a 2000), constituiu, na minha opinião, um marco fundamental na história da Universidade da Madeira. Do ponto de vista das instalações, merece também realce a construção e entrada em funcionamento da residência universitária, que, com 209 camas, é uma estrutura fundamental para apoiar a estadia quer de alunos madeirenses residentes longe do Funchal, quer de alunos de fora da Madeira. Igualmente se justifica uma referência à quinta que a Universidade adquiriu e cujo aproveitamento total aguarda por maiores folgas financeiras. Deixando as instalações e indo à essência da Universidade, alguns comentários sobre a evolução da sua oferta educativa e do seu corpo docente. Como seria de esperar, o número de alunos cresceu imenso. A Universidade que em 1988 tinha 121 alunos, em 1994 já tinha 1681 alunos, em 2002 tinha 2385 alunos e em 2012 cerca de 3636 alunos. Apesar da redução do número de estudantes que ocorreu no presente ano letivo, o edifício da Penteada já se encontra a ser utilizado na sua capacidade máxima, ou perto disso. Este incremento do número de alunos tem sido acompanhado de um ajustar da oferta educativa, 33 que tenta ter em conta a procura dos alunos e as necessidades da Região. Este ajustar da oferta é particularmente relevante entre 2001 e 2005. Nomeadamente, toda a oferta na área das Humanidades é reformulada nesse período, com os vários cursos de Línguas e Literaturas a deixarem de abrir vagas, em 2001/02, e com o surgimento de novos cursos a partir de 2002/03. Igualmente, nas áreas das Ciências e das Engenharias, se registam alterações profundas, com o surgimento de novos cursos (como Engenharia Informática, em 2001/02, e Bioquímica e Engenharia Civil, em 2004/05) e o encerramento ou reestruturação de outros. 35 34 Particularmente relevante é a evolução em número e, acima de tudo, em qualificação do corpo docente. O aumento do número de mestres e doutorados era absolutamente essencial para a qualidade e avaliação dos cursos e foi obtido por contratação de doutorados e com um grande esforço de formação do corpo docente jovem, nomeadamente dispensando de serviço docente, em simultâneo, vários assistentes, para realização do seu doutoramento. A título ilustrativo, pode observar-se, no quadro a seguir, a evolução das qualificações do corpo docente de carreira, das áreas do Departamento de Matemática e Engenharias, entre 1996 e 2006. Embora só disponha dos dados referentes a esse Departamento (que compilei quando era seu presidente), julgo que eles espelham o que se terá passado genericamente na Universidade. Naturalmente esta evolução tem continuado e atualmente cerca de 85% dos cerca de 75 docentes do Centro de Competência de Ciências Exatas e da Engenharia (oriundo da junção dos Departamentos de Física, Matemática e Engenharias, e Química) são doutorados e o mesmo se verifica com cerca de 70% dos docentes da Universidade. No fim destes 25 anos, 17 se não contarmos com a fase de instalação, a Universidade continua a deparar-se com grandes problemas e desafios, que vão desde manter a estabilidade do corpo docente e dos funcionários não docentes e minimizar o abandono escolar motivado pela crise, no contexto financeiro mais difícil de sempre, à criação das condições para que os vários cursos da Universidade, de 1.º, 2.º e 3.º ciclos, sejam acreditados pela Agência de Acreditação e Avaliação do Ensino Superior (A3ES), ao alargamento da formação ao longo da vida e a uma cada vez maior internacionalização. Finalmente, julgo que o desenvolvimento de investigação e formação avançada na área do Turismo constitui também um importante desafio para a Universidade e sua contribuição para o desenvolvimento regional. Universidade da Madeira, 12 de março de 2013 _ JOSÉ CARMO, REITOR DA UMa NOTA: Texto escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico 1990 1 O professor Rúben Capela já tinha sido eleito reitor em meados de 2000, mas ainda como professor associado. Com a realização, em outubro e novembro, dos primeiros concursos para professor catedrático, de acordo com os estatutos são convocadas novas eleições para reitor, às quais concorre, agora já como catedrático, sendo eleito. Sobre toda esta fase inicial da Universidade, que decorre até 2000, pode ler-se o livro O desafio de decidir o próprio futuro, onde os professores José Manuel Nunes Castanheira da Costa e Maria Alexandra de Freitas Branco apresentam a sua visão sobre os acontecimentos e ao qual fui recolher alguns dos dados referidos neste artigo. 2 Recorde-se, por exemplo, que, na fase da instalação, a Universidade chega a conhecer três comissões instaladoras: a primeira, presidida pelo professor Raul Sardinha, nomeada em dezembro de 1988; a segunda, presidida pelo professor Fernando Henriques, que toma posse em meados de 1991; e a terceira, presidida pelo professor Pinto Correia, nomeada em maio de 1993 (e na vigência da qual ocorre a passagem da tutela da Universidade para o Governo Central). Momento em que, após ter sido finalmente publicado o quadro da Universidade da Madeira, me transferi do Instituto Superior Técnico, ainda como professor associado. Até aí a minha colaboração traduzia-se na lecionação de várias disciplinas, ao abrigo de um protocolo estabelecido entre as duas instituições. 3 Concretamente, do Departamento de Matemática, de agosto de 2000 a janeiro de 2003, do Departamento de Matemática e Engenharias, de fevereiro de 2003 a maio de 2006, e do Centro de Competência de Ciências Exatas e da Engenharia, de dezembro de 2009 a novembro de 2011. 4 Não só em termos financeiros, uma vez que a Universidade tinha de despender avultadas quantias em rendas, mas também em termos da disponibilização de convenientes estruturas de apoio e da criação de um espírito de corpo na instituição. 5 6 A título de comparação, tenha-se presente que uma das maiores salas de aulas da Universidade, a então sala 4, hoje não é mais do que a chamada sala de reuniões da Reitoria, onde ocorrem reuniões com cerca de 20 pessoas, como as do Conselho Geral. Como outro exemplo, houve uma altura em que aos vários docentes da matemática e da engenharia estavam reservadas no edifício do Colégio apenas 3 salas contíguas, sendo necessário atravessar as duas primeiras salas para se aceder à terceira. De entre vários episódios que aí vivi, recordo-me bem do dia em que tivemos a visita de um pequeno rato, que lançou um certo pânico entre vários dos ocupantes (ia dizer femininos, mas é melhor omitir essa informação, para evitar problemas com as minhas colegas), o qual, apesar dos nossos vários esforços no sentido de o capturar, conseguiu escapulir-se de nós com vida, tendo vindo, contudo, a soçobrar às mãos (ou pés) sanguinários dos nossos vizinhos do Departamento de Física (pelo menos apareceu morto nas suas instalações no dia seguinte, embora, segundo alguns, tenha sido devido a ter ingerido do nosso veneno). 7 Inaugurada ainda durante o mandato do reitor Pedro Telhado Pereira. 37 36 O processo de integração dos recém-chegados, caloiros, no Ensino Superior é normalmente a primeira definição que surge quando se pensa em praxe. Não obstante a ajuda na transição do Ensino Secundário para o Superior ser uma base fundamental em torno daquilo que se entende por praxe, esta ultrapassa largamente esse conceito. No seu sentido mais amplo a praxe académica é um conjunto de usos e costumes existentes entre os estudantes de uma determinada universidade. Um caminho que se inicia com a vida de caloiro, evolui para a vida de praxista e para muitos acaba de forma aparente com o Corte ou com a Queima das Fitas. Diferentes fases são assim assinaláveis, e em todas elas se obtêm diferentes ensinamentos, se adquirem diferentes posturas e competên- PRAXE cias mas em comum têm um sentimento, o espírito académico. É este espírito académico que esta tradição tende a fomentar: o espírito de companheirismo, solidariedade, interajuda e de fraternidade, presente logo nos rituais iniciáticos, entre os bichos que se agrupam em manadas nos seus cursos, gritando com orgulho pela Universidade enquanto passam pela bênção, sobre forma de praxe, dos seus vilões, doutores e veteranos. Estes e muitos outros valores são transmitidos dos mais velhos para os mais novos, numa constante e dinâmica partilha de experiências que acabam por criar laços de amizade transversais a estas actividades. Ainda nesta linha de transmissão de valores também se assistem às chamadas praxes solidárias. Iniciativas como a Cadeados Pela Vida, da luta Portuguesa Contra o Cancro, realizada no ano anterior e que contou com a colaboração de praxistas e caloiros de vários cursos, são apenas um dos muitos e cada vez mais frequentes exemplos dos princípios de responsabilidade social existentes entre a comunidade académica e que a praxe pretende incutir. Nunca podendo ser uma forma de libertação de frustrações ou de qualquer acto que possa ferir física e psicologicamente, esta possui regras bem definidas e órgãos para as fazer cumprir. A sua actividade é organizada por uma comissão composta por todos os elementos da academia a esta vinculados, regulada por um código onde estão estabelecidos direitos e deveres dos quais todos, sem excepção, devem cumprir, para manter viva a tradição, o bom funcionamento e, por fim, monitorizada por um órgão máximo, o Con- selho de Veteranos (CV). Ao cuidado do CV não estão apenas caloiros, estão todos os praxistas. Este órgão tem, assim, o papel de fazer cumprir o código, de impedir excessos durante a praxe e, se necessário, sancionar praxistas e caloiros com o objectivo de a tornar o mais divertida e segura possível para todos. Em suma, a praxe é uma herança de valores em torno de um estilo de vida cultivado num percurso de caloiro a finalista, que no fundo é ad eternum, ficando para sempre gravada nas fitas as memórias, risos e histórias da época de estudante para mais tarde recordar com saudade. _ DAVID FREITAS Membro do Conselho de Veteranos 39 38 Um passaporte para o sucesso... A construção começa aqui... Eis que é chegado o início de mais um ano letivo! Saudamos, por isso, todos aqueles que pela primeira vez ingressam no Ensino Superior e todos os que se aventuram em mais este ano, preparados para abraçarem novos desafios. Nestes primeiros contactos, como de resto acontece noutras áreas da vida, criam-se as primeiras impressões. Estudos do psicólogo americano Albert Mehrabian, indicam que a primeira impressão é formada em apenas 30 segundos, sendo que 55% corresponde à postura ou comu- nicação não-verbal, 38% ao tom de voz e apenas 7% ao conteúdo, ou seja, à mensagem propriamente dita. Desta forma, a imagem assume-se como fulcral na comunicação. Entenda-se por imagem, todo o conjunto de componentes que a formam, como a postura, os gestos e o vestuário. Já lá diz o velho ditado popular “Uma imagem vale mais do que mil palavras”. Assim, no âmbito das relações estabelecidas (pessoais ou profissionais), a imagem é uma verdadeira porta, sendo necessário refletir qual a imagem que passamos e que mensagem esta transmite. No meio profissional, em particular, a imagem constitui um dos passaportes para o sucesso, se for usada de forma positiva e em prol dos conceitos e valores da organização. Não se pode falar de imagem profissional sem nos referirmos à importância da etiqueta, pois esta representa um conjunto de regras previamente estabelecidas e características do grupo social e da cultura. Tendo consciência deste conjunto de regras, mais capazes seremos de passar uma imagem positiva e, desta forma, maiores serão as hipó- teses de sermos bem-sucedidos. A regra básica do protocolo de etiqueta consiste em ser sincero e atencioso, pois desta forma estará a ganhar respeito e confiança. Existem ainda símbolos que são importantes e que devem ser tidos em conta num primeiro contacto profissional. Note-se que não é necessário conhecer os valores de uma empresa para saber que um aperto de mão pode revelar confiança ou insegurança, dependendo da forma como é estabelecido. Já o vestuário assume uma linguagem própria, sendo fulcral conhecer a simbologia que transmite. A título de exemplo, uma gravata associa-se a uma imagem de respeito e credibilidade, pelo que o uso deste símbolo ajudará a transmitir a mensagem pretendida, como acontece no caso de determinadas profissões, como advogados ou bancários. Nesta ordem de ideias, o psicólogo, que atua em temáticas subordinadas à Psicologia da Imagem, endereça o equilíbrio entre a imagem real e a imagem desejada, ajudando os indivíduos a projetarem uma imagem adequada ao meio e à organização a que pertencem, mas que seja consistente com o seu próprio conteúdo. Por tudo isto, convidamo-lo a apostar no seu autoconhecimento, reconhecendo a sua singularidade e integrando o vestuário de forma positiva na construção da sua identidade e imagem profissional, aliando o seu estilo ao dress code profissional, algo que constitui um dos passaportes para o sucesso, e cuja construção se inicia desde o ingresso no Ensino Superior. Serviço de Consulta Psicológica da UMa NOTA: Texto escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico 1990 40 “Los Estados deben dictar una legislación (mejor a nivel constitucional) en que se garanticen los derechos sociales mínimos en todo caso, sobre todo, cuando hay crisis económico-financiera, porque es en ese momento cuando son más necesarios, cuando hay más personas en situación de necesidad grave por el incremento de los niveles paro. ¿De dónde obtener los medios económicos? Eso ya está inventado. Es un logro clásico de la socialdemocracia. Sobre todo, de los impuestos. Y, especialmente, de los impuestos de las grandes fortunas y las grandes compañías, cuyos ingresos se incrementan exponencialmente cada año.” _ Encarna Carmona Cuenca, Professora Titular de Direito Constitucional da Universidade Alcalá, em entrevista ao El País de 18 de Setembro de 2013 IPSIS VERBIS “Temos que repensar o que se passa nos casos em que não existem candidaturas. Já tomámos medidas para que os cursos com apenas dez alunos não reabrissem e agora, depois de conhecer resultados da 2.ª e 3.ª fase, vamos ter que voltar a tomar medidas” _ Declarações do Ministro Nuno Crato ao jornal Público de 9 de Setembro de 2013. “Desde que os governos começaram a fazer aumentar o desemprego dos professores e desvalorizaram as carreiras, criaram um clima de instabilidade e precariedade enormes.” _ Declarações de Mário Nogueira, líder da Fenprof, ao jornal Público de 8 de Setembro de 2013. 43 42 EVENTO DESERTAS…25 ANOS DIÁRIO DE UM PARTICIPANTE “Dia 7 de Setembro de 2013, 08h:00m Logo pela manhã, e já a bordo, estávamos ansiosos sobre como iria correr o dia… Tudo tinha sido organizado e preparado para que não houvessem falhas, mas imprevistos acontecem, e as expectativas eram grandes pois estávamos a comemorar uma data importante! O dia amanheceu cinzento e chuvoso mas lá fomos nós rumo às Ilhas Desertas, e ao fim da manhã, após algumas horas de viagem, começaram a chegar as diversas embarcações. O entusiasmo era grande dado que muitos ainda não conheciam esta Reserva Natural. A Baía da Doca, na Deserta Grande, nunca fora vis- ta com tantas embarcações, e em som de fundo, ouvíamos uma melodia vinda de uma gaita-de-foles. Estas eram as boas-vindas. Após transbordo para o bote, finalmente os convidados estavam a poucos metros de pisar o solo e, na baía, alguns elementos da equipa do SPNM os recebiam calorosamente. Havia chegado o momento de dar a conhecer aquele paraíso natural. Conforme iam chegando, formavam-se grupos para que fossem feitas visitas guiadas ao longo dos trilhos existentes, dando a conhecer as especificidades e riquezas daquela Reserva. Logo de início tivemos o Momento Eco, onde ficamos a conhecer o projeto Life Eco Compatível, ge- rido pelo SPNM em pareceria com a SPEA, que já conta com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República. Este projecto pretende incentivar o desenvolvimento de actividades económicas e de lazer, promovendo a biodiversidade em áreas protegidas. As boas práticas também foram relembradas, e muitos dos visitantes, acreditando na causa, inscreveram-se como stakeholders assumindo o compromisso de repassarem a mensagem. A Antena 1 Madeira, com reportagens e entrevistas das 12 às 16h, realizou a primeira comunicação em directo da Reserva Natural das Ilhas Desertas! Esta iniciativa permitiu que todos ficassem a saber um pouco mais sobre as Ilhas Desertas e a história deste projecto. Ao longo do dia os mais atentos descobriram a discreta curiosidade do lobo-marinho que não resistiu a investigar a azáfama que lá decorria. No final da tarde o grupo Ecomusicalis presenteou-nos com belas melodias provenientes dos diferentes instrumentos musicais em várias zonas da reserva. O dia terminou com uma chuva repentina dando lugar a uma partida sob um Sol radioso, de regresso à ilha da Madeira. Com certeza que este será um dia que ficará na memória de cada um dos cerca de 400 participantes…” Veja as fotos e vídeos deste evento em www.facebook.com/parquenaturaldamadeira Fotos: SPNM e Joel Pereira 45 44 AS ACTIVIDADES DA AAUMa A Associação Académica da Universidade da Madeira (AAUMa) nasceu em 1991 com o intuito de responder às necessidades dos estudantes, sendo a estrutura representativa e comunitária dos estudantes da Universidade da Madeira. É uma instituição privada, sem fins lucrativos, regendo-se por Estatutos próprios, por legislação geral e específica aplicável e pelos princípios gerais básicos do movimento associativo, ou seja, a Democraticidade, a Independência e a Representatividade. Reconhecida pelo Ministério da Educação e Ciência, está inscrita no Registo Nacional do Associativismo Jovem do Instituto Português do Desporto e Juventude e possui, ainda, o estatuto de Instituição de Utilidade Pública, através do reconhecimento que o Governo Regional da Madeira fez da sua missão. Ao longo de 23 anos de existência, a AAUMa tem procurado defender os interesses da Academia cumprindo, assim, as suas atribuições e os objectivos fundamentais que nortearam a sua origem. Aqui, os estudantes e demais comunidade académica podem encontrar vários projectos onde qualquer interessado pode participar e contribuir com o seu trabalho, ideias, vontade e fulgor. Uma parceria entre a AAUMa e a TSF VOZ NA MATÉRIA EXAME SEMESTRAL REVISTA JA PÁTIO DOS ESTUDANTES Resultante da parceria entre a AAUMa e a TSFMadeira o programa radiofónico ‘Voz na Matéria’ potencializou cerca de 2 160 minutos de transmissão radiofónica em 2013. Diariamente, pelas 9 horas, um estudante da UMa tem espaço para ter opinião, para ter Voz na Matéria. Discutidos por um painel de cerca de 12 estudantes temas como a docência, a empregabilidade, a eficiência no mundo universitário, os desafios, as aspirações e os planos para os próximos tempos são analisados, em directo, trimestralmente, num espaço radiofónico cedido com base na parceria entre a AAUMa e a TSF-Madeira. Com oito anos de existência a revista JA é totalmente idealizada e produzida por estudantes. É de edição mensal e nela participam, entidades como o Serviço de Prevenção de Toxicodependência, o Serviço de Consulta Psicológica, o Parque Natural da Madeira, a Quercus, o Nutricionista e a Sociedade Protectora dos Animais Domésticos. É uma edição com número de Depósito Legal e ISSN e com versão digital em www.aauma.pt. A AAUMa deu, em 2013, continuidade ao programa na RTP-Madeira, Pátio dos Estudantes, desta feita de periodicidade quinzenal e, desde o mês de Setembro de 2012, com transmissão em directo. O Pátio dos Estudantes continuará a abordar temáticas diversas do quotidiano académico, dividido pelas diferentes linhas de acção da AAUMa, com base numa grelha dinâmica e séria com entrevistas, debates, reportagens de exteriores e animação. 46 GRUPO DE FADOS (FATUM) SARAU DE FADO DE COIMBRA A AAUMa criou, em Janeiro de 2010, um grupo de Fados de Coimbra próprio que, desde então, tem vindo a apresentar-se em vários espectáculos e efemérides. Constituído por 8 elementos, os Fatum vão, em 2014, gravar o seu primeiro álbum. O dia 21 de Dezembro de 2012 marcou o início dos Saraus mensais de Fado de Coimbra no edifício da Reitoria da UMa. De acesso livre, este evento tem tido grande receptividade por parte do público que se faz representar em grande número. A criação do grupo de fados da AAUMa foi, neste âmbito, uma vantagem decisiva. FORMAÇÃO CONTÍNUA DESPORTO Face às profundas transformações sentidas no Ensino Superior português, a formação complementar representa um papel essencial na valorização dos estudantes. Assim sendo, consideramos ser importante desenvolver actividades e projectos que auxiliem os estudantes a investirem no enriquecimento de aptidões pessoais que permitam uma preparação útil e válida, e que representem uma vantagem decisiva numa selecção futura. No primeiro semestre de 2013 foram disponibilizados cursos livres em Iniciação ao Autocad, Desenho e Organização de Projecto, Curso Avançado de Microsoft Word, Liderança no sucesso das organizações, Como fazer um currículo e carta de apresentação, o Futuro dos futuros gestores e economistas. A Associação Académica da UMa considera que a vertente desportiva do dia-a-dia do estudante deverá ser reforçada ano após ano, querendo também deixar passar a mensagem da importância do desporto para uma vida saudável. Aos longos dos últimos anos a AAUMa tem variado as suas actividades desportivas conforme a adesão dos estudantes. Aparece e participa nesta Académica que também é tua. _ ANDREIA NASCIMENTO 49 48 EM PORTUGUÊS ESCORREITO · Encidia 0% · Ensidia 0% Incidia · Ensinerar 0% Insidia Insinerar 3% Encinerar 6% 3% 97% Incinerar 91% _ HELENA REBELO Linguísta e Docente da UMa Perguntava-me alguém que pontuação devemos usar para apresentar tópicos, esquematicamente, na escrita de um texto. Fazia-lhe confusão ver tantas formas de fazer. Tinha motivos para isso porque há quem confunda tudo. Por norma, no fim das alíneas que nos servem para elencar elementos, devemos colocar sinais que dependerão do tipo de dados alinhados por números ou letras. Assim, sinteticamente, poderemos empregar a vírgula, o ponto e vírgula ou o ponto. Deveríamos ter em conta diversos pormenores, para não errar. Se listamos vocábulos ou expressões, teremos de os separar com vírgulas. Entre o penúltimo e o último, deveria haver a conjunção “e”, que anula a vírgula final. Se forem orações ou proposições, o sinal a colocar é o ponto e vírgula, sucedendo o mesmo com a ocorrência da conjunção. Em contrapartida, se redigirmos frases, teremos de as finalizar com um ponto, deixando, em princípio, de fazer sentido a conjunção, na posição anteriormente indicada. Está, isto, relacionado com a escrita textual e a noção de “alínea” que vem do Latim (“a linea”), significando, na origem, a mudança de linha na estruturação de um texto. Saber é indispensável para não errar e, para ter o conhecimento, é necessário estudar, mesmo a nossa língua materna, cujas especificidades, muitas vezes, ignoramos. Acontece o mesmo com a escrita em geral e, em particular, a Ortografia, nomeadamente a de termos como “incidir” e “incinerar”. Por que se escrevem assim e não de outra maneira? É devido à Etimologia e à cristalização ortográfica legitimada pela comunidade linguística. A luz .................... sobre a mesa e incomodava-me. Preencher o espaço com a forma certa: encidia/ insidia/ ensidia/ incidia. Solução: A luz incidia sobre a mesa e incomodava-me. Explicação: O verbo “incidir” tem origem no Latim (“incido, is, cidi, casum, ere”) com o sentido de “cair sobre, cair em”, formando-se com o elemento prepositivo “in” e o verbo “cadere” (cair). Possui outras acepções como “acontecer, suceder por um acaso, apresentar-se, vir, encontrar, vir por coincidência” (cf. HOUAISS). Está, então, relacionado com “incidente”. Logo, “i” e “c” devem-se a razões etimológicas e, por isso, “incidia” distingue-se de “insidia” (do verbo “insidiar”, sinónimo de “armar ciladas, trair, enganar”). ……………… detritos é um processo perigoso, se não for controlado. Preencher o espaço com a forma certa: insinerar/ encinerar/ incinerar/ ensinerar. Solução: Incinerar detritos é um processo perigoso, se não for controlado. Explicação: O verbo “incinerar” (“incinero, as, avi, atum, are”) – com o sentido de “reduzir a cinzas”, ou seja, “queimar” – provém do Latim, mas da época medieval. Terá, segundo se crê, sido “copiado” de “incinérer” (Francês). Portanto, “i” e “c” de “incinerar” são etimológicos. DE MOCHILA ÀS COSTAS AMESTERDÃO Cidade onde a maioria dos edifícios tem mais de duzentos anos e que já foi reconstruída, pelo menos, uma vez, convido-vos a visitarem a capital dos Países Baixos, Amesterdão. Com uma temperatura, em Agosto, a rondar os 20 graus centígrados, é o lugar ideal para fugir ao sufocante Verão da Madeira. É uma cidade para todos os gostos e idades, com museus e palácios muito interessantes para visitar. Um dos mais notáveis edifícios a conhecer é o Palácio Real que em tempos esteve aberto a todos os holandeses, inclusive à classe camponesa. Este fica localizado em Dam Square, praça que o visitante de Amesterdão não pode deixar de ver, sendo o local mais movimentado da cidade. Ligada à nossa história, encontramos a belíssima sinagoga portuguesa. Trata-se de um testemunho do acolhimento que os protestantes liberais holandeses deram aos judeus após a sua expulsão de Portugal, há quinhentos anos. A sinagoga portuguesa conta com uma vasta colecção de obras de arte, incluindo belos exemplares do Tanach, as sagradas escrituras judaicas. Para os mais boémios, outro local a visitar é a fábrica da Heineken. Este é um museu que conta a história de um homem de família que criou a sua cerveja na sua pequena fábrica. Hoje, é uma marca conhecida em todo o Mundo. Para finalizar, podem sempre fazer um belo passeio de barco pelos inúmeros canais desta Veneza do Norte. _ DIOGO CRÓ 53 52 «TRIANGULAÇÃO» NA INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA “Procedimentos múltiplos de validação” (Becker, 1959) Enquanto na análise quantitativa podemos aplicar métodos estatísticos que determinam a confiabilidade e a validade do estudo, na análise qualitativa não são utilizados coeficientes nem testes estatísticos. Assim, na análise qualitativa devemos efetuar uma valorização do processo de análise. Uma das formas de valorizar esse processo é a técnica de investigação denominada triangulação. Triangulação é um método de verificação dos dados, consistindo em empregar várias fontes de informação ou vários métodos de recolha de dados, ou vários investigadores, no mesmo estudo. A origem deste termo vem das áreas da navegação e da topografia nas quais são necessários três pontos para se obter uma localização precisa. Por exemplo, num triângulo (A B C), se o observador tiver informação exata da distância en- De acordo com Sousa (2005), “As investigações qualitativas permitem uma maior compreensão do funcionamento fenomenológico dos atos educativos. As investigações quantitativas apenas abordam o estudo de pequenas partes daqueles fenómenos, não permitindo uma compreensão tão lata, mas conferindo maior confiança aos resultados obtidos” (p. 174). tre dois lados (A e B) pode obter as distâncias entre B e C e A e C: . A triangulação possui o mérito de conferir robustez e consistência à validade de uma investigação de carácter qualitativo, identificando inconsistências e contradições. Denzin (1994), citado por Fortin (2003, p. 322), descreve quatro tipos de triangulação: 1) Triangulação de dados, que comporta três aspetos: o tempo, o espaço e a pessoa, o que representa três patamares de análise, ou seja a agregação, a interatividade e a comunidade; 2) Triangulação de investigadores; 3) Triangulação de teorias; 4) Triangulação dos métodos, que compreende a triangulação intramétodos e a triangulação intermétodos. Triangulação envolve o uso de métodos múltiplos e múltiplas fontes de dados que apoiam a robustez de interpretação e conclusões na investigação qualitativa. Como Guban e Lincoln (1989) notam, triangulação não deve ser usada para encobrir diferenças legítimas na interpretação dos dados. Tal diversidade deve ser preservada no relatório de modo a que as vozes dos menos empoderados não sejam perdidas. Ver: Bento, A. (2011). Etapas do processo de investigação: Do título às referências bibliográficas (ISBN: 978-98997490-0-9) (p. 52) Idem (p. 65) 54 A análise dos dados é um dos aspetos mais interessantes da investigação etnográfica. Começa desde o primeiro momento em que o investigador escolhe o problema para estudar continuando, até à redação do relatório final. Muitas técnicas, incluindo análise de conteúdo, são envolvidas na análise de dados etnográficos. Uma das mais importantes é a triangulação. Assim, a triangulação é fundamental na investigação etnográfica; Essencialmente, estabelece a validade das observações do investigador. Envolve verificar o que uma pessoa ouve e vê comparando as várias fontes de informação – há acordo ou discrepância? Por exemplo: Um investigador pode comparar as afirmações orais de um aluno de que ele é um bom aluno com as notas que ele teve no registo de avaliação, os comentários dos seus professores e, talvez, alguns comentários não solicitados de colegas seus. A triangulação, aqui neste exemplo, pode verificar – ou não - a autoavaliação do aluno. Aumenta a qualidade de dados que são recolhidos e a exatidão das interpretações dos investigadores. A triangulação pretende ser uma ferramenta heurística para o investigador. Impede que o investigador aceite facilmente a validade de impressões iniciais; reforça o escopo, a densidade e a clareza de construtos desenvolvidos durante o curso da investigação. Além disso, ajuda a corrigir preconceitos que ocorrem quando o investigador é o único observador do fenómeno a ser investigado. Finalmente, triangulação não se refere apenas a três aspetos na análise dos dados, como um aluno perguntou numa aula: – “Só se podem usar três fontes de dados na investigação?” Não! Quantas mais fontes de dados usarmos, maior o intervalo de confiança podemos obter. Para além disso, a triangulação permite que o investigador seja mais crítico e mesmo cético, face aos dados recolhidos. Referências Fortin, M. (2003). O processo de investigação: Da conceção à realização (3.ª ed.). Loures: Lusociência - Edições Técnicas e Científicas, Lda. Guba, E. & Lincoln, Y. (1989). Fourtth generation evaluation. Newbury Park, CA: Sage Publications. Sousa, A. (2005). Investigação em educação. Lisboa: Livros Horizonte (pp. 172-176). SUGESTÕES DE LEITURA Denzin, N. & Lincoln, Y. (1994). (Eds). Handbook of qualitative research. Thousand Oaks, CA: Sage Publications, Inc. (pp. 214-215). Fortin, M. (2003). O processo de investigação: Da conceção à realização (3.ª ed.). Loures: Lusociência - Edições Técnicas e Científicas, Lda. (pp. 322-326). Sousa, A. (2005). Investigação em educação. Lisboa: Livros Horizonte (pp. 172-176). Stake, R. (2007). vv Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian (pp. 121-134). _ ANTÓNIO V. BENTO Centro de Investigação em Educação NOTA: Texto escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico 1990 56 57 ESTÁGIO NA AAUMa Actualmente, a educação e a formação representam duas vertentes importantes na determinação do sucesso profissional do ser humano e das próprias empresas. Com a crescente taxa de desemprego jovem, os estágios profissionais são um dos melhores meios para os recém-licenciados terem o primeiro contacto com a realidade do mercado de trabalho. Sabendo das possibilidades e dos programas disponibilizados pelo Instituto de Emprego da Madeira, que me permitissem um primeiro contacto com o mundo do trabalho, decidi apresentar o meu projecto à Associação Académica da Universidade da Madeira (AAUMa). Consciente das potencialidades dos projectos desenvolvidos pela AAUMa, após finalizar a minha licenciatura, apercebi-me de que esta seria uma óptima oportunidade para adquirir competências e co- nhecimentos junto de uma equipa de bons profissionais. Passados 9 meses, não me arrependo e tenho consciência de que este estágio foi muito benéfico. Os primeiros dois meses foram os mais complicados pois, além de serem os meses de choque com o mundo do trabalho, foram aqueles tempos em que procurei integrar-me nos diferentes projectos da AAUMa. Foram muitas as vezes em que me senti perdido e que, apesar de toda a atenção e do apoio que me foi disponibilizado, tudo parecia um novo obstáculo. Quando me considerava preparado para pôr em prática o que aprendera, aparecia algo novo que me impedia de avançar com a velocidade e com a eficácia que ambicionava. Comecei por integrar o Departamento de Comunicação, onde desenvolvi as competências teóri- cas adquiridas na minha licenciatura em Economia, procurando encontrar novas parcerias que proporcionassem à AAUMa os apoios necessários para o desenvolvimento dos seus diversos projectos. Sem abandonar o Departamento de Comunicação, integrei o Departamento Académico, onde estive ligado a diversos projectos da AAUMa, nomeadamente, à Bolsa de Alimentação, à Secção de Formações (de que fui o responsável), ao Doutorecos (cuja organização integrei), ao Espaço Opinião (escrevendo mensalmente para o Diário de Notícias), ao Exame Semestral, ao Troféu do Reitor, à Gaudeamus e ao projecto de divulgação do Colégio dos Jesuítas do Funchal. Estive ainda envolvido no desenvolvimento de projectos que envolveram a angariação de apoios para essas iniciativas desenvolvidas por e para os estudantes da UMa. Nos últimos meses do meu estágio, integrei o Departamento Financeiro, colocando em prática muito do que aprendi na minha licenciatura. Em suma, durante os 9 meses consegui integrar diferentes Departamentos, permitindo-me assim, trabalhar com profissionais de diversificadas áreas da AAUMa, que procuraram diariamente partilhar comigo o seu conhecimento e experiência. Bem hajam todos os que me auxiliaram neste meu projecto, por me terem recebido da melhor forma e por me terem tratado como parte integrante da excelente equipa que é a da AAUMa. _ GONÇALO QUINTAL 58 PAUTA FINAL A praxe, com as suas críticas e com os seus elogios, continua a desempenhar um papel único e inatingível na união e na partilha de experiências entre os estudantes. Ela agrega estudantes e antigos estudantes e deixa as melhores recordações do período vivido na UMa. Já diz a música “Quero, ficar sempre estudante / P’ra eternizar / A ilusão de um instante...”. EXCELENTE Os 25 anos da Universidade, com mais de 10 anos de utilização do Campus Universitário da Penteada, pesam muito na estrutura do edifício. A intervenção, a manutenção e a recuperação são urgentes naquele que é o coração da Academia. Recursos físicos e financeiros devem ser disponibilizados para que a missão da Instituição não seja interrompida, da pior forma. PÉSSIMO A reorganização das vias circundantes era um problema constantemente adiado, e que agora está em marcha. O corte de mais de cem lugares de estacionamento, sem uma alternativa adequada, não irá provocar a utilização dos transportes públicos. Os condutores devem ser mais cívicos e a edilidade deve proporcionar meios adequados à procura que o Campus possui. PÉSSIMO Todos os anos a cena repete-se. A sessão de boasvindas aos novos alunos regista lotação máxima. Apesar da organização só se valer da Praxe Académica para os momentos necessários, é certo que a sala não enche pela curiosidade em conhecer a responsável da nossa Biblioteca ou sobre o sistema de correio electrónico que permite armazenar até 60 megabytes. PÉSSIMO MECENAS: APOIOS:
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