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AMAZÔNIA
Apresentação
Apresentação
Produzido pela brasileira Gullane e pela francesa Biloba, “Amazônia” é uma fantástica
odisseia que se passa no coração da Floresta Amazônica. O filme retrata a saga de Castanha,
um macaco-prego criado em cativeiro que, após sobreviver a um acidente de avião, se vê
sozinho na maior floresta tropical do planeta. De volta à natureza, nosso pequeno herói precisa
aprender a vencer as adversidades, enfrentando desde a sua falta de habilidade em conseguir
comida até a necessidade de fugir de ferozes predadores, como a onça pintada e o gavião-real.
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“Amazônia” é um projeto de grande complexidade, filmado na Floresta Amazônica
com a mais avançada tecnologia 3D – contando com câmeras de alta resolução digital e
unidades de gerenciamento de imagem e processador de backup de alta precisão – e com
99% das cenas realizadas com animais. Dirigido pelo francês Thierry Ragobert (“O Planeta
Branco”), o longa é uma das maiores produções já realizadas na Floresta Amazônica e
reuniu durante anos uma equipe numerosa e multinacional. Para registrar os animais em
seu habitat natural foram necessárias 45 toneladas de equipamentos, que seguiram de avião
para Manaus e, de lá, em barcos e caminhões, para o meio da selva.
O longa-metragem, que chega aos cinemas brasileiros no dia 26 de junho, já estreou na
França, foi o filme de abertura no último Festival do Rio e participou dos festivais de
Veneza – onde recebeu o prêmio WWF de Ambiente – e Toronto. O grupo brasileiro de
“Amazônia” é liderado pela Gullane e o bloco francês, pela Biloba. No Brasil, o filme conta
com coprodução e distribuição da Imovision, coprodução da Globo Filmes, da RioFilme
e do Telecine e participação do Fundo Setorial do Audiovisual e da Ancine, além de
patrocínio da Tetra Pak, patrocínio master da Natura e apresentação da Natura Ekos. O
grupo francês conta ainda com coprodução com a Gedeon Programmes e France 2 Cinema
e associação com o Canal+ e distribuição da Le Pacte.
Fotos de Araquém Alcântara
AMAZÔNIA
Índice
6 - Sinopse
7 - Ficha Técnica
Entrevistas:
9 - Direção: Thierry Ragobert
13 - Produção: Caio Gullane, Fabiano Gullane e Debora Ivanov
19 - Roteiro: Luiz Bolognesi
23 - Direção de fotografia: Gustavo Hadba
24 - Consultor artístico e fotos still: Araquém Alcântara
26 - Narração e texto: Lúcio Mauro Filho, Isabelle Drummond e José Roberto Torero
31 - Adestramento: Pascal Tréguy
33 - Desafios
34 - Financiamento
36 - Produção / Distribuição / Coprodução
AMAZÔNIA
sinopse
Sinopse
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“Amazônia” é uma aventura em 3D no interior da maior floresta tropical do
planeta: a Floresta Amazônica. Castanha é um macaco-prego domesticado
que sobrevive a um acidente de avião e se vê sozinho na mata fechada.
O macaquinho precisa aprender a viver em liberdade, num novo mundo
onde há animais de todos os tipos: onças, jacarés, cobras, antas, gaviões. Aos
poucos, Castanha aprende a viver na floresta, fazendo novos amigos, em
especial a macaquinha Gaia, sua companheira de espécie.​
ficha técnica
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Direção: Thierry Ragobert
Baseado na ideia original de Stéphane Millière e Luc Marescot
Roteiristas: Johanne Bernard, Luiz Bolognesi, Louis-Paul Desanges, Luc
Marescot e Thierry Ragobert
Direção de Fotografia: Gustavo Hadba, Manuel Teran, Jérôme Bouvier
Estereografia: Jeanne Guillot
Consultor Artístico E FOTOS DE STILL: Araquém Alcântara
Animalier: Pascal Tréguy
Primeiro Assistente Direção: Martin Blum e Vincent Steiger
Som: Eric Boisteau e Miqueias Motta
Edição: Nadine Verdier e Thierry Ragobert
Edição de Som: Francis Wargnier
Mixagem: Olivier Conard
Música Original: Bruno Coulais
Produtores: Fabiano Gullane, Caio Gullane, Debora Ivanov, Gabriel Lacerda,
Stéphane Milliere e Laurent Baujard
Coprodutores: Lúcia Seabra e Suzana Villas Boas
Em associação com: Thierry Peronne, Pablo Torrecillas, Chicão Fill (Amazon
Film), Jean Labadie e Anne Laure Labadie.
Produção: Gullane (Brasil) e Biloba Films (França)
Coprodução Brasil: Globo Filmes, RioFilme e Telecine
Coprodução e Distribuição Brasil: Imovision
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Entrevistas
Direção: Thierry Ragobert
Thierry Ragobert iniciou sua carreira em 1978 como editor na televisão
francesa. Entre 1982 a 1994, trabalhou com a missão do explorador
Jacques Cousteau em “Calypso”, “Missão Caribe”, “Missão Amazônia”
e “Redescobrindo o Mundo” (vencedora de três Emmys). Em 2006,
codirigiu, ao lado de Thierry Plantanida, o documentário “O Planeta
Branco”, um vasto panorama da região do Ártico, mostrando as
diferenças na paisagem provocadas pelas estações do ano. Rodado ao
longo de três anos em locais que variam do Alasca à Groenlândia,
custou U$ 12 milhões para ser rodado. AMAZÔNIA
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Como surgiu este audacioso projeto?
Depois que filmei “O Planeta Branco” em 2006, Stéphane Millière, da
Gédéon, e eu dissemos para nós mesmos: “Porque não o Planeta Verde?”.
Nascia então a ideia de filmar na Floresta Amazônica. Já de início, a grande
dificuldade seria equilibrar ficção e documentário, e atrair emocionalmente
o espectador para este ambiente extremamente peculiar. No total, foram
mais de seis anos desde a concepção e a realização deste projeto que agora
estará disponível nas grandes salas.
Amazônia é uma produção franco-brasileira.
Completamente. Na verdade, os brasileiros tinham uma ideia similar
e pensamos: porque não juntar forças? Nós poderíamos aproveitar o
conhecimento brasileiro do lugar, enquanto eles enxergavam a vasta tradição
francesa na cinematografia da vida selvagem em trabalhos como
o de Cousteau, Perrin e Cluzaud e Rossif.
Como se iniciou a fase de estudos e pesquisas?
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No momento em que o projeto se transformou em coprodução
franco-brasileira, nós colocamos nossos especialistas em
documentários, biólogos e ambientalistas juntamente com
os brasileiros que tinham a expertise do conhecimento de seu
país. Contamos com a contribuição de Araquém Alcântara,
o fotógrafo brasileiro que há um quarto de século explora a
Amazônia e tem inúmeras publicações deste seu trabalho. Ele é,
sem dúvida, a pessoa que mais conhece aquela região. Tivemos
um sem número de conversas e ele pôde nos dizer quais zonas
explorar, além de ter contribuído com a estruturação do projeto.
Como você se preparou para esta grande filmagem?
Foi um grande processo preparatório, em que mergulhamos
em todas as possibilidades e montamos um plano de trabalho.
A prioridade inicial era, fora do set, chegar perto dos animais:
seria possível nos aproximarmos deles? Como? E, em particular,
como nos aproximarmos do nosso macaco-prego? Nossa equipe
especialista em vida selvagem passou a fazer uma espécie de
mapeamento das locações onde poderia se imaginar a presença
dos animais. Contamos com o trabalho de dois assistentes de
direção, Vincent Steiger e Martin Blum, para selecionar as
locações. Foi a combinação das contingências da vida selvagem
com as contingências das possibilidades de filmagem que nos
fizeram chegar à melhor solução encontrada. Fiz parte de
metade das viagens, o que me possibilitou tomar contato com
as locações e me permitiu fazer escolhas para desenhar como se
daria o começo, incluindo planos de sequências.
Uma vez em ação, você foi surpreendido com situações
inusitadas ou não planejadas?
Pelo menos 98% da equipe! O que acontece e o que vislumbramos
nunca está em comum acordo. O material que obtivemos está
recheado de momentos milagrosos de vida real onde os animais
nos mostram comportamentos atípicos e improváveis e a
emoção que passamos a colocar com a convivência com estes
“personagens”. Quando você vai para a Amazônia, é preciso
manter-se constantemente humilde, porque mesmo quando você
está muito bem preparado, você é confrontado com situações que
lhe fazem rever tudo. Você tem que se manter constantemente
flexível e aberto para qualquer coisa que a natureza venha a lhe
oferecer. O resultado disto é a constante observação às condições
climáticas, o mau tempo, a disponibilidade dos animais e os
infortúnios, que com certeza os especialistas em vida selvagem
já estão acostumados.
O 3D fez parte do projeto desde o início?
Foi a coincidência entre a flexibilidade adquirida, a alta evidência
desta tecnologia e o objeto em questão. Filmar na floresta era
perfeitamente convidativo para o 3D: a imensidão das paisagens,
a enorme presença de imensas árvores e todas as suas perspectivas
ou a proximidade dos animais. Percebemos que poderíamos
redescobrir através do 3D o que a TV e o cinema já estavam nos
mostrando. Este era um canal que deveria ser explorado.
Como foi lidar com o “casting” de macacos-prego?
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Não foi um problema atrair nossos heróis primatas. Nós
encontramos os macacos num santuário para animais selvagens
que estava sendo protegido do tráfico. Nós os colocamos
juntos em grupos. Quando eles se acostumaram com a nossa
presença, ao longo de nove meses, nos foi permitido iniciar a
filmagem de algumas sequências. Depois filmamos imagens
complementares usando o zoom em reservas de vida selvagem.
E uma vez que nossos “astros” estavam acostumados com nossa
presença, mas não treinados, isto significava que teríamos que
filmá-los o máximo possível para obter os elementos necessários
para contar a nossa história. Em raras ocasiões, nós intervimos
com pequenas estratégias para obter o que necessitávamos,
alimentando-os ou simplesmente nos divertindo com eles.
Fale-nos sobre a música.
Tinha de ser Bruno Coulais. Trabalhei com ele em “O Planeta
Branco” e sou fã de seu trabalho. E, mais uma vez, acreditei que
ele era a pessoa perfeita para a ocasião, que exigia um forte apelo
emocional, apoiado nas imagens 3D. Ele realizou isto dando ao
filme a trilha necessária para construir a narrativa.
A música casa-se perfeitamente com os sons da floresta...
Nós tínhamos que encontrar um especialista aberto o suficiente
para concordar em trabalhar em conjunto com nosso editor de
som. O sucesso do filme dependia da junção dos efeitos de som
e música, sem que um subtraísse a necessidade da presença do
outro. Durante a mixagem tivemos inúmeras discussões sobre
como encontrar a perfeita harmonia entre ambos, para o bem
maior do filme. Era o caso, por exemplo, da cena da tempestade,
que inclui a presença grandiosa da orquestra e da intensidade
da chuva: você se depara com um momento de pura emoção. E
com a ajuda do 3D completamos o desejo de proporcionar ao
público uma atmosfera sublime e única.
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Produtores
Produção: fabiano gullane, Caio gullane
e Debora Ivanov
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Os irmãos Caio e Fabiano Gullane dedicam-se ao audiovisual desde o
início da década de 90, produzindo conteúdo para cinema e televisão.
Desde então, foram mais de 35 longas-metragens, além de curtas,
médias e programas para a TV. A dupla chamou a atenção da crítica
logo no primeiro longa-metragem com a sua assinatura, “Bicho de Sete
Cabeças” (2000), dirigido por Laís Bodanzky, que conquistou mais de 40
prêmios no Brasil e no exterior. Três anos depois, assinaram a produçãoexecutiva da superprodução “Carandiru”, de Hector Babenco. Já ao
lado de Debora Ivanov e Gabriel Lacerda foram responsáveis também
pelo aclamado “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” (2008),
de Cao Hamburger, vendido para mais de 30 países e escolhido para
representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro,
e pela franquia “Até que a Sorte nos Separe”, vista por mais de 7 milhões
de espectadores somente nos cinemas. Engajados na causa ambiental há
décadas, conheciam profundamente a Floresta Amazônica antes mesmo
de se associar à produtora francesa Biloba para filmar “Amazônia”.
Antes mesmo de surgir ‘Amazônia’, vocês já conheciam bem a região
e tinham o desejo de filmar lá. A que se deve esse contato e o interesse
pela floresta?
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Eu e Caio sempre tivemos interesse pela questão ambiental.
Desde muito jovens, militamos em associações, Organizações
Não Governamentais e campanhas de defesa do meio ambiente.
No início dos anos 1990, pensamos em um projeto sobre os
parques nacionais. Fizemos uma série de viagens e passamos
por quase todos eles. Na época, eram 27. Entre eles estava um
dos mais longínquos, o Parque Nacional do Pico da Neblina (no
norte do Amazonas). Então, resolvemos estender o trajeto para
conhecer bem a Amazônia. Fizemos uma viagem incrível, um
mergulho profundo na floresta. Subimos o Rio Negro partindo
de Manaus e, dele, partimos em expedição até o pico. Depois
seguimos até o Rio Solimões e descemos até Manaus. De lá,
navegamos pelo Rio Amazonas até Belém. Foram mais de
três meses para percorrer milhares de quilômetros. Voltamos
transformados. A Floresta Amazônica entrou para sempre nas
nossas vidas e, desde então, buscamos um projeto ambicioso
sobre ela. Em 2007, encontramos o Stéphane Milliére, que
revelou o desejo de contar a história deste macaquinho. O
projeto dialogava com o que pretendíamos, então, trabalhamos
a quatro mãos para levá-lo para as telas.
Essa preocupação ecológica se reflete de maneira geral no
trabalho da Gullane?
Temos um compromisso com o cinema e procuramos fazer com
que os nossos filmes sejam relevantes e levem conhecimento às
pessoas, contribuindo para o acesso à informação. Gostamos
de trazer questões importantes do país para o debate público,
como fizemos com a questão da saúde mental em “Bicho de
Sete Cabeças”, com o problema dos menores abandonados em
“Querô”, com a preservação da cultura indígena em “Terra
Vermelha” e com a violência e a falência do sistema carcerário
em “Carandiru”. “Amazônia” é mais um passo nesse sentido.
Todos sabem o que é a Floresta Amazônica, mas pouquíssima
gente foi lá. Sem usar o discurso ecológico, tentamos mostrar um
pouco do poder da Amazônia para que as pessoas compreendam
quão bonita e importante é ter a floresta de pé. Mais de cem
espécies de animais são mostradas no filme.
De que forma a experiência da Gullane e o fato de ser uma
produtora brasileira contribuíram para a concretização desse
projeto?
Foi fundamental. O projeto não aconteceria ou seria
completamente diferente se fosse feito por estrangeiros.
A produtora brasileira traz consigo os talentos nacionais.
Recorremos, por exemplo, ao Araquém Alcântara, uma pessoa
incrível e um grande fotógrafo, que nos ajudou muito, pois visita
a floresta há 40 anos. É dele o livro de fotografia mais vendido
do país, o “Terra Brasil”. Outro foi o Luiz Bolognesi, um dos
roteiristas mais talentosos do país, que deu outra dimensão à
dramaturgia do filme. Ele tem um olhar muito apurado para
contar histórias. E ainda temos o Gustavo Hadba, diretor de
fotografia, e toda a equipe técnica. Através deles, trouxemos
o olhar brasileiro para “Amazônia”. Além disso, financiamos
parte do projeto e, junto com a Biloba, produtora francesa,
demos importância a ele.
Vocês passaram meses filmando dentro da floresta, um
ambiente hostil. O que foi feito em termos de logística para
viabilizar isso e que tipo de desafios, esperados e inesperados,
a fauna e a flora da região impuseram a vocês?
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Filmamos ao longo de três anos. Em 2011, ficamos seis meses
filmando o momento da seca. Em 2012, foram mais três
filmando a cheia dos rios. No ano seguinte, fizemos as filmagens
aéreas e complementos que julgamos necessários em dois meses.
Tínhamos duas equipes independentes. Uma, a principal, tinha
duas unidades de câmera 3D, grua, equipamentos de iluminação
e som, ou seja, uma unidade pesada, com 45 toneladas de
equipamento e quase 200 pessoas. Para ela, montamos uma
grande estrutura no meio da floresta com cozinha industrial,
comunicação via satélite, geradores, entre outros. A outra
equipe era formada por cinco pessoas que sumiam pela floresta
com apenas uma unidade de câmera. Partiam pela mata e, 20
dias depois, nos encontrávamos em um ponto pré-determinado.
Dormiam em pontos de apoio usados em expedições pela
Amazônia e até em plataformas montadas sobre árvores para
conseguir registrar o que a natureza nos proporciona. Nosso
maior acerto foi ter estabelecido um bom entrosamento com a
população local, que conhece bem a região, e instituições que
atuam ali como o Ibama, o Exército, o Instituto Chico Mendes
e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Eles nos orientaram para que tudo fosse feito minimizando ao
máximo o impacto sobre a natureza.
Quais foram as histórias ocorridas neste período de filmagem
que mais ficaram marcadas para você?
Houve um dia em que apareceu em um dos nossos barracões
uma cobra Bico de Jaca, uma das mais perigosas do mundo. Foi
um momento de tensão. Esvaziamos todo o set e os animaliers
tiveram de agir para contornar a situação.
As chuvas frequentes e a umidade da região chegaram a
atrapalhar?
Trabalhamos com 80% a 90% de umidade relativa do ar, 35ºC
a 40ºC de temperatura e, pelo menos, duas ou três chuvas por
dia. Nossos equipamentos eram de altíssima tecnologia e muito
sensíveis, então protegê-los foi um tremendo desafio logístico.
Andávamos com dezenas de barracas vedadas e pisos de
madeira para suspender o equipamento. Ainda assim, tivemos
muitos problemas técnicos. Como muitas vezes as máquinas
não funcionavam, precisávamos ter reservas de todas.
Vocês usaram animais adestrados ou captaram imagens apenas
dos animais da floresta? Como fizeram para seguir o roteiro
se não tinham controle sobre o comportamento dos animais?
Só recorremos a especialistas nos casos dos macacos, da onça e
do gavião-real. Esses não eram adestrados, apenas acostumados
à presença humana. Mas a maior parte dos animais era da
floresta. Por isso, eles foram os responsáveis pelas maiores
surpresas durante as filmagens. O que queríamos filmar nunca
acontecia no momento em que esperávamos. Lidar com eles e
filmá-los na natureza não foi fácil. Mesmo com os macacos.
Tivemos de buscar soluções criativas para contar a história da
mesma forma. Se é difícil fazer filmes que tenham animais,
imagine um apenas com animais.
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A equipe foi composta por franceses e brasileiros. Como se
deu a comunicação entre eles?
Três idiomas eram usados no set: francês, inglês e português.
Muitas vezes, isso resultava em uma grande confusão e
proporcionava momentos engraçados. Em outros, havia
dificuldades que faziam com que as equipes precisassem dar as
mãos para vencê-las. O estresse emocional foi grande já que as
pessoas ficaram meses longe das suas famílias e sem o conforto
da vida urbana. Era preciso conviver com muitos insetos e com
a sensação de estar sempre molhado. Para chegar ao final, foi
preciso muita superação.
importante amadurecê-lo internamente mesmo, estabelecendo
um bom volume de produção anual e a continuidade dela. Agora,
passamos a olhar com mais interesse para as possibilidades
do mercado internacional. Acho, realmente, que o Brasil só
vai se tornar um ator importante nesse cenário estabelecendo
coproduções e vendendo seus filmes lá fora. Apostar apenas em
filmes que funcionem aqui não basta. Por isso, a Gullane vem
buscando isso há mais de dez anos. Já tivemos filmes selecionados
14 vezes para os festivais de Cannes, Veneza e Berlim. Boa parte
deles foi vendida para o mercado internacional. “Amazônia” é
a nossa sétima coprodução internacional, com orçamento 56%
francês e 44% brasileiro. Fizemos também “Plastic City” com
chineses e japoneses; “Terra Vermelha” e “Meu País”, com
italianos; “Tabu” com portugueses, franceses e alemães; “A
Sorte em suas Mãos”, com argentinos e espanhóis; e “Chega de
Saudade”, com franceses.
O filme que chegará aos cinemas no Brasil não será exatamente
igual ao exibido na França. Quais são as diferenças
fundamentais e a que elas se devem?
No exterior, é muito comum o estabelecimento de coproduções
internacionais. ‘Amazônia’ não é a primeira da Gullane. Você
diria que esta é uma possibilidade a ser mais explorada pelas
produtoras nacionais?
É o mesmo filme, mas, no Brasil, há uma narração em que o
macaquinho conta a sua história. Criamos esse texto para
que as pessoas e especialmente as crianças, a quem queremos
apresentar a Amazônia, compreendam melhor a trama. Para
isso, percebemos que essa narração era importante.
Nesses primeiros 20 anos após a retomada do cinema nacional, foi
O lançamento do filme ocorrerá durante o período da Copa
do Mundo. A que se deve essa escolha?
Como se trata de um filme para a família, queríamos lançar em um
período de férias. Como, no início do ano, o calendário cinematográfico
estava muito apertado, decidimos pelas férias do meio do ano. De cara,
tivemos receio de fazer isso no momento em que as atenções estarão
voltadas para a Copa do Mundo, mas mudamos de ideia. Achamos
que pode ser bom lançar um filme com essa temática no período em
que o país estará em destaque e haverá milhares de turistas e feriados
em dias de jogos. Mães e filhos não devem ficar em casa assistindo ao
jogo entre Irã e México. Além disso, não serão lançados muitos filmes
americanos nessa época.
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Além do filme, o trabalho na floresta deu origem a dois livros. Que
livros são esses? Eles serão lançados junto com o filme?
A La Martinière, uma importante editora francesa, conhecendo o
trabalho fotográfico do Araquém Alcântara, nos propôs a produção de
dois belos livros, pois fizeram uma pesquisa e descobriram que não há
um livro importante sobre a Amazônia sendo editado atualmente. Um
é para os adultos e o outro, uma versão reduzida para o público infantil.
Eles trazem fotos belíssimas e conhecimentos básicos sobre a fauna e a
flora; a vida terrestre, marinha e aérea; os ciclos naturais e os habitantes
da floresta. O texto é de um jornalista e pesquisador francês importante
por lá chamado Thierry Piantanida. Os livros foram lançados em
francês, alemão e inglês em vários países europeus. Estamos negociando
com uma editora brasileira para lançá-los aqui também.
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Roteiro
Roteiro: Luiz Bolognesi
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Roteirista premiado, Luiz Bolognesi é formado em Jornalismo pela
PUC São Paulo. Dirigiu o curta “Pedro e o Senhor” (1995) e os
documentários “Cine Mambembe, O Cinema Descobre o Brasil” (1999)
e “A Guerra dos Paulistas” (2002). Como roteirista, escreveu os filmes
“Bicho de Sete Cabeças” (2001); “O Mundo em Duas Voltas” (2006) e
“Chega de Saudade” (2007), que receberam prêmios de melhor roteiro
da Academia Brasileira de Cinema, Associação Paulista dos Críticos
de Arte (APCA) e nos Festivais de Recife e Brasília. Escreveu com
Marco Bechis o roteiro de “Terra Vermelha” (2008), que competiu no
Festival de Veneza. Em 2013, assinou roteiro e direção da animação
“Uma História de Amor e Fúria”, que, entre outros prêmios, foi eleito
Melhor Animação Internacional no Festival de Annecy, um dos mais
importantes do gênero.
Em que etapa da realização do filme você entrou?
Quando entrei no projeto, já havia um tratamento de roteiro pronto, feito na
Europa. Mas o diretor e os produtores, tanto brasileiros quanto franceses,
ainda achavam que ele poderia ser melhorado, que precisava de um toque
brasileiro. Então, fiz dois ou três novos tratamentos ao lado do Thierry
(Ragobert, diretor), que participou ativamente desse processo. Na primeira
versão, os roteiristas optaram por retratar o macaco de uma forma mais
apolínea, quando, na minha visão, trata-se de um bicho dionisíaco.
Na construção desse personagem, eu me baseei no aspecto
científico, no comportamento animal dessa espécie, a partir
da orientação de especialistas. Mas aproveitei, sobretudo,
o folclore brasileiro em torno do macaco. Não é à toa que as
histórias populares comumente retratam o bicho como um tipo
de trickster, um malandro. Ele não é o mais forte da floresta, é
quem engana os outros bichos, trapaceia a onça, por exemplo.
Outro aspecto que eu achava que poderia ser melhorado era
referente à motivação do personagem. Procurei trabalhar todas
as tramas tendo como base o conceito de fome e sede.
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Já havia cenas filmadas da floresta, que você teve que
aproveitar para a narrativa, ou a história que você imaginou
orientou as filmagens?
As filmagens foram feitas com o roteiro pronto e seguiram
rigorosamente o que estava no papel. É claro que houve algumas
mudanças, mas foram detalhes. Na cena em que o macaco
encontra a fêmea, por exemplo, ela estava em cima de uma
árvore que eu já tinha visto na Amazônia, cheia de espinho,
de cerca de 10 centímetros cada. No roteiro, ele não conseguia
subir e ficava olhando pra cima. Quando chegou ao set, para a
surpresa de todos, foi escalando lentamente a árvore e chegou
até ela. O resultado foi uma cena linda, dessas que o público
reage suspirando: “Ohhhh”.
O Stéphane Milliére e o Luc Marescot propuseram que o
protagonista fosse um macaco-prego que tivesse se separado
da mãe por uma enchente, o que foi modificado para cativeiro.
Que autonomia você teve para sugerir personagens e ações?
Total autonomia. Além da carta branca para explorar o lado mais
malandro do macaco, a parte final, com a floresta devastada,
por exemplo, fui eu quem criou. Mas a ideia de que o macaco
caía de avião na floresta já chegou pronta para mim.
Como é uma história para ser interpretada por animais,
portanto não-atores, toda a emoção e evolução da narrativa
deveriam ser construídas através das imagens. Houve alguma
tentativa de humanizar o macaco-prego protagonista na
construção das emoções?
Não. Houve um cuidado para não antropomorfizar o animal,
para manter as características biológicas de fato do macaco –
que não voa, não solta teia – e, ao mesmo tempo, traduzi-las em
um sentimento perceptível para a condição humana. Esse fator
amarraria a narrativa e essa era a nossa grande dificuldade.
Para tanto, a gente entrou com recursos narrativos, expositivos
e dramatúrgicos e criou obstáculos que ele teria que vencer,
para envolver o espectador. Essa era a regra do jogo. Em relação
ao fato de o personagem não ter fala – e esse é um filme de
personagem – procurei me inspirar no Chaplin. A estrutura
desse personagem é muito parecida com a dos personagens dele,
na medida em que o macaco era um desadaptado da floresta,
assim como os personagens do Chaplin são desadaptados da
metrópole, como o vagabundo. O macaco é o “perdedor”,
sempre em busca de uma fêmea, de uma paixão, e tem que
enfrentar um macho alfa.
Em se tratando de uma produção filmada em 3D, em que a
tecnologia é fundamental, você escreveu pensando nessa
visualização em três dimensões (havia marcações ou sugestões
no roteiro do quê deveria ser filmado em 3D)?
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A indicação do 3D vinha do diretor. Quando eu lia o roteiro para
o Thierry, ele apontava os trechos que deveriam ser aproveitados
em 3D. E aí nós criávamos certos dispositivos para isso. Numa
determinada cena, por exemplo, em que o macaco atravessava um
tronco em cima de um rio, ele pedia para eu colocá-lo em primeiro
plano, porque era um movimento bom para o 3D, para deslocar
mais claramente o fundo. Então, o Thierry também me dirigia.
Seus últimos três projetos envolvem, de alguma maneira,
a floresta. Além do ‘Amazônia’, há o ‘Uma História de
Amor e Fúria’, que tem a floresta como pano de fundo, e
o documentário ‘Amazônia Desconhecida’. Já conhecia a
floresta Amazônica e a vida animal?
Quando entrei no “Amazônia”, já tinha feito o “Amazônia
Desconhecida”, para o qual visitei a floresta e já tinha entrevistado
muitos cientistas. Eu não estava muito familiarizado com
a parte da fauna, mas já tinha estudado muito sobre bacias
hídricas, sistemas de chuvas, a questão agrária e das fronteiras
–esse último aspecto eu até trouxe para o “Amazônia”. Para o
“Amazônia”, voltei à floresta duas vezes com o Thierry antes
de começarem as filmagens. Havia uma equipe de biólogos
contratados, que escreveram um dossiê, com fotos e análises de
comportamento para nos auxiliar. Assim, descobrimos quais
animais interagiam com os macacos, quem são os principais
predadores naquele ambiente. Houve muita pesquisa. Por isso
que, evidentemente, as pessoas acham que é um documentário,
mas é um filme de ficção.
Tem algum “ator” preferido?
Ah, o macaquinho, né? Aquele personagem existe e eu tenho
o maior orgulho dele. Às vezes, ele é um covarde, um “bunda
mole”. Mas ele é alguém de quem você gosta e que você
compreende. Esse é um mérito do Thierry, que interpretou as
sintaxes de fisionomias do macaco, as caras que ele faz, muito
bem. Acho até que, no Festival de Veneza (onde o filme foi
apresentado pela primeira vez), o macaco poderia ter ganhado o
prêmio de Melhor Ator.
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FOTOGRAFIA
Diretor de Fotografia: Gustavo Hadba
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Nascido no Rio de Janeiro, Gustavo Hadba atua como diretor de fotografia desde o
final da década de 1980. Desde então, já trabalhou com alguns dos mais renomados
diretores do cinema nacional, como Cacá Diegues, Bruno Barreto, Vicente Amorim
e Evaldo Mocarzel, e acumulou prêmios. Foi também diretor de segunda unidade e
operador de câmera de produções internacionais como “Hulk”, de Louis Leterrier,
e “O Amor nos Tempos do Cólera”, de Mike Newell. Seus trabalhos mais recentes
como diretor de fotografia são “Bróder”, de Jefferson De; “Jorge Mautner, o Filho
do Holocausto”, de Pedro Bial e Heitor D’Alincourt; “Faroeste Caboclo”, de René
Sampaio; e “Mato sem Cachorro”, de Pedro Amorim, além de “Amazônia”.
“A Amazônia é um lugar muito desafiador para se filmar. Você não consegue enxergar
tudo porque a luz penetra com dificuldade a floresta, e quando isto acontece, não
há claridade o suficiente. Existem também os contrastes ofuscantes na imagem,
ou ainda uma luz verde que faz tudo parecer péssimo. Mas não podemos brigar
contra ela, então o desafio é fazê-la trabalhar a seu favor. E isto sem mencionar os
mosquitos que adoram o sangue da equipe, o calor, a chuva, a umidade e o suor que
ofusca sua visão. E se você tem algum problema com o seu equipamento, terá que
esperar por dias por um troca. E quanto aos animais, você pode ouvi-los, mas não
consegue enxergá-los. E quando finalmente consegue se posicionar atrás das lentes,
você nunca sabe o que eles irão fazer ou o que irá acontecer. Você simplesmente não
consegue ter controle algum. Então, a única coisa que você pode fazer é controlar
sua frustração e ser paciente e deixar nas mãos dos especialistas, porque sem a
ajuda deles você não consegue fazer nada. Você tem que manter a calma, porque
se a equipe estiver estressada os animais irão perceber instantaneamente. Mas às
vezes um milagre acontece e você consegue a cena exatamente como planejou. E às
vezes, algo muito especial pode acontecer: um movimento, uma graça, um raio de
luz. Então a beleza se apresenta como uma mágica. Um momento de graça e toda a
equipe se beneficia disto.
Araquém Alcântara – Consultor Artístico e Foto Still
AMAZÔNIA
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Jornalista de formação, com passagens pelas redações de O Estado de São Paulo e
da Folha da Tarde, o paulista Araquém Alcântara dedica-se desde 1985 à fotografia,
consagrando-se como um dos maiores documentadores da natureza no Brasil e no
mundo. Já participou de cerca de 80 exposições – mais de 50 delas individuais – e
lançou dezenas de livros, entre os quais “Terra Brasil”, que se tornou o mais bemsucedido livro de fotografia do Brasil nas últimas décadas ao vender mais de 100 mil
cópias. O livro é resultado da viagem em que Araquém percorreu todos os parques
ecológicos nacionais. Por esse e outros trabalhos, já acumula mais de 40 prêmios
no país e no exterior. Suas fotografias são regularmente incluídas em prestigiados
espaços como UCC Cofffee Museum, em Kobe; Centro Pompidou, em Paris; e o
British Museum em Londres.
Qual foi a sua reação quando lhe convidaram para este projeto?
Fabiano Gullane me contatou quando o projeto já havia começado há uns dois anos.
Há mais de 30 anos venho trabalhando para ajudar as pessoas a descobrir a natureza
e as pessoas da Floresta Amazônica.
Qual foi o seu envolvimento na preparação do filme?
Eu estive em muitas reuniões com muitos dos roteiristas e algumas das minhas ideias
foram incluídas no filme. Eu estava totalmente envolvido no projeto. Inicialmente eu
mostrei o mapa da Amazônia para o diretor e produtores e indiquei várias locações
em potencial onde o projeto poderia ser realizado. Tivemos muitas reuniões para
discutir os lugares de filmagem, finanças e logística sob vários pontos-de-vista.
Você foi também o fotógrafo de set?
A experiência de ser o Fotógrafo de Set deste projeto foi muito gratificante, uma vez
que eu tive livre acesso ao diretor e toda a equipe e pude expor o olhar de quem “vive”
a floresta.
AMAZÔNIA
narração
Narração – Lúcio Mauro Filho
Lúcio Mauro Filho tem uma vasta carreira em teatro, cinema e televisão.
Na televisão, participou de inúmeros programas como “Zorra Total”,
“A Grande Família”, e “Sob Nova Direção”. No cinema, marcou
presença em “O Coronel e o Lobisomem”, “Saneamento Básico – O
Filme” e nas comédias “Vai que dá Certo” e “Muita Calma Nessa
Hora”. Como dublador, Lúcio emprestou sua voz para o panda Po, em
“Kung Fu Panda” e “Kung Fu Panda 2”. Lúcio agora dá a voz para o
macaquinho Castanha em “Amazônia”.
AMAZÔNIA
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Você tem uma experiência pessoal com a Amazônia?
Eu tenho uma origem amazônica, pelo lado do meu pai, que é paraense.
Tive essa sorte de ser apresentado à Amazônia, de certa forma, pelo lado
de dentro. Tenho uma história maravilhosa no Rio Negro. Fizemos um
passeio no barco de um amigo. Minha irmã e eu subimos no último andar
da lancha com uma câmera. Falei para ela: “Vou pular no rio, dê dois cliques
para pegar o salto e eu caindo”. E ela conseguiu! Mas a gente não avisou a
ninguém, nenhum adulto. Com certeza foi a vez em que cheguei mais perto
da morte. Quando vi, já estava a mais de 200 metros do barco, e ele não
podia retornar no rio. Eu via o barco sumindo, e troncos, cipós, tudo vindo
em cima de mim. Só o barulho da correnteza já é assustador. Durou uns seis
minutos até eu vir alguém voltando com um bote me pegar. Depois tive a
oportunidade de viajar pelas reservas indígenas. E isso muda a vida de uma
pessoa para sempre. Nesse sentido, fazer um projeto como esse, ultrapassa
a função da arte. Nós vivemos o reflexo do descaso com a Amazônia.
Estar num projeto que tem a floresta como protagonista, junto do nosso
querido Castanha, é de uma importância fundamental, um orgulho fazer
parte disso.
Qual é a importância do filme para as famílias e para a formação das
novas gerações?
AMAZÔNIA
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É importante para promover este diálogo com a geração dos nossos filhos,
que é muito mais consciente. Eles vão indagar: “Por que está assim?
Quem deixou isso acontecer?”. Estamos falando de história também, de
como a gente lida com o progresso e o avanço, sem pensar nesse outro
lado. É um bom puxão de orelha em nós, pais.
Da onde veio a inspiração para criar o pensamento e voz do Castanha?
O processo foi muito diferente, porque eu já havia dublado e colocado
vozes em personagens, mas aqui, especificamente, o filme já existia. Li
o texto antes de ver as imagens. Sem as imagens, nos apegamos muito
às palavras. Fui descobrindo a história e observando a potência dela
através da leitura. Quando terminou a primeira leitura é que percebi o
tamanho da responsabilidade. É um filme diferente, não dá para ficar
fazendo palhaçada. O nosso personagem fala de coisas muito reais, está
contando uma história da relação dos seres humanos com a Amazônia.
O macaco é de um carisma espetacular, estava tudo lá, eu queria servir
àquele macaco, e não o contrário. Meu trabalho foi respeitar tudo o que
já existia, sem inventar.
Narração – Isabelle Drummond
Na televisão desde 2001, com a novela “Os Maias”, Isabelle
Drummond fez inúmeros personagens marcantes. Ficou conhecida
ao interpretar a personagem Emília por 5 anos em “O Sítio do Picapau Amarelo”. Sua participação no cinema passou por “Xuxa Pop
Star” e “Se eu Fosse Você 2”. Em “Amazônia”, Isabelle dá voz a
Gaia, macaquinha da floresta que conquista o coração de Castanha,
protagonista desta grande odisseia.
Já conhecia a Amazônia? Como é sua relação com a floresta?
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Já estive na Amazônia, gravei por lá. Gosto muito de lá, adoro ambientes
naturais. A Amazônia traz isso muito forte em mim, de estar perto de
animais, de plantas. É um lugar vivo, que respira. Os brasileiros, de forma
geral, deviam prestar mais atenção à Amazônia. Ficar atento e preservar,
isso é essencial na nossa vida, na nossa saúde.
Como foi ter emprestado sua voz para Gaia?
Eu achei lindo e curti demais fazer a Gaia, foi muito legal sentir as
emoções dos animais. É muito sutil e verdadeiro. Quando fazemos junto
deles, da imagem já filmada, parece que entramos nos pensamentos dos
animais. Foi uma experiência única.
Você fez algum tipo de preparação?
Antes de qualquer coisa, para criar um personagem precisamos enxergá-lo.
Precisamos sentir o que estamos vendo. O texto em si traz muita coisa, a essência
do personagem, mas, neste caso, as expressões, ações e atitudes me deram um pouco
do que estavam sentindo, da relação entre os dois macacos. Isso foi o mais bonito.
Texto – José Roberto Torero
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Um autor versátil, com projetos em cinema, televisão, literatura, teatro,
entre outros, Torero é o ganhador do prêmio Jabuti pelo livro “O
Chalaça”. Roteirizou os filmes “Pelé Eterno”, “Memórias Póstumas”, a
série da HBO “FDP”, entre outros. Sua habilidade em diversos terrenos
o trouxe para escrever a voz de macaco-prego Castanha e todos outros
habitantes em um dos maiores terrenos do planeta em “Amazônia”.
AMAZÔNIA
ADESTRAMENTO
Adestrador: Pascal Tréguy
Pascal Tréguy foi um dos pilares do projeto. Ele viajou ao Brasil
para selecionar 150 macacos-prego que foram escolhidos por suas
características físicas e perfil.
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“Nós finalmente completamos o cast com 10 animais que seriam nossos ‘atores
profissionais’ e que atuariam com os demais macacos-prego completamente
selvagens. Foram vários meses no exercício de aclimatação entre eles, para que
pudessem desenvolver um relacionamento de confiança entre eles mesmos
e também no convívio com nossa equipe. Finalmente estávamos prontos
para trabalhar com nossos macacos-prego e eu amei a inteligência deles, a
vivacidade e profundo senso de observação. Mas trabalhar com um grupo
deles foi uma tarefa difícil, que necessitou muita paciência e diplomacia e
precisou contar com alguns truques para lidar com estas criaturas que apesar
de selvagens, também possuem suas emoções. Um pequeno truque ou um
brinquedinho e eles estavam contentes. Os macacos-prego têm uma natureza
adorável e os membros da equipe eram constantemente surpreendidos”.
AMAZÔNIA
DESAFIOS - FINANCIAMENTO - PRODUÇÃO
O desafio de filmar na floresta
AMAZÔNIA
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•
Mais de cem espécies de animais aparecem no filme;
•
A maior parte das 45 toneladas de equipamentos foi transportada do Rio e
de São Paulo por avião até Manaus. De lá, seguiu em barcos e caminhões
para a base e os locais de filmagem na floresta;
•
A cozinha da base de filmagem na floresta funcionava quase que
ininterruptamente e era o ponto de socialização entre franceses e brasileiros.
Havia cinco turnos apenas para o café da manhã, começando às 3h30.
Habitantes locais formavam a equipe, comandada por um chef carioca. A
especialidade era a cozinha típica amazonense. No final do dia, havia um
happy hour;
•
O filme contou com a consultoria de vários grupos de cientistas, entre eles
especialistas em primatas, animais grandes, crocodilos, insetos, jaguar e
gaviões-reais, além de apoio e acompanhamento na filmagem do Ibama;
•
O macaco-prego se move de árvore em árvore, percorrendo uma distância de
2 km por dia em uma área de 30 km², em grupos entre cinco e 40 membros.
Entre 18 e 24 meses é a fase mais fácil de se aproximar deles, já que, quando
atingem a maturidade sexual, tornam-se mais selvagens;
•
Durante a produção, duas equipes se dividiram na floresta. Uma
acompanhou o adestrador Pascal Tréguy e e outros especialistas em animais,
que acostumaram os animais com a presença humana. Outra equipe,
comandada por Jérome Bouvier, chefe dos operadores de câmera, seguiu em
expedições pela floresta, para capturar o comportamento de vários animais
e rodar cenas de background.
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Financiamento
Coprodução internacional que une Brasil e França em sua realização, “Amazônia” é um dos
maiores filmes já rodados no Brasil. A participação patrimonial corresponde a 56% do Grupo
Francês liderado pela Biloba e 44% pertencente ao Grupo Brasileiro, liderado pela Gullane.
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Para financiar e compor a parte brasileira, a Gullane buscou importantes empresas do
mercado audiovisual: Imovision, Globo Filmes, RioFilme e Telecine se associaram ao projeto
e se tornaram coprodutoras da obra. O filme também contou com a participação do Fundo
Setorial do Audiovisual, com apresentação da Natura EKOS, patrocínio master da Natura e
patrocínio da Tetra Pak. E apoio da Tractebel Energia GDF SUEZ, da Cisa Trading e do Banco
da Amazônia.
Primeira empresa a patrocinar o projeto, a parceria com a Natura foi fundamental para o
financiamento inicial do longa-metragem. O filme tem grande sinergia com as diretrizes da
empresa, especialmente da linha Natura Ekos, que utiliza recursos da biodiversidade brasileira
de maneira sustentável e estimulando o desenvolvimento das comunidades locais.
“A busca de financiamento para o filme ‘Amazônia’ teve um diferencial em relação aos nossos
demais projetos. Queríamos trazer para o filme empresas realmente comprometidas com
a sustentabilidade e preservação de nossa floresta, cuja preocupação com o meio ambiente
estivesse no dia a dia das ações da empresa. Assim, para nós foi um grande orgulho ter como
apresentadores dessa obra a Natura e Natura Ekos e como patrocinador a Tetra Pak. A aposta
dessas empresas no projeto já representou uma chancela de qualidade em relação ao tema
abordado”, afirma o produtor Fabiano Gullane.
Fundada em 1969, a Natura é uma multinacional brasileira que fabrica cosméticos e produtos
de higiene e beleza. É líder no setor de venda direta no Brasil e registrou R$ 7 bilhões de
receita líquida em 2013. Possui 30 linhas de produtos, sete mil colaboradores, 1,6 milhão de
consultoras e operações na Argentina, Bolívia, Chile, México, Peru, Colômbia e França. A
estrutura da Natura é composta por fábricas em Cajamar (SP) e Benevides (PA), oito centros
de distribuição no Brasil, além de centros de Pesquisa e Tecnologia em São Paulo (SP), Manaus
(AM) e Nova Iorque (EUA). Em dezembro de 2012, a empresa adquiriu de 65% da fabricante
australiana de cosméticos australiana Aesop, a qual atua em países da Oceania, Ásia, Europa
e América do Norte.
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Para mais informações sobre a Natura, visite
www.natura.com.br
Confira nossos perfis nas redes sociais:
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A Tetra Pak® é líder mundial em soluções para processamento e envase de alimentos. Atuando
próximo aos clientes e fornecedores, oferece produtos seguros, inovadores e ambientalmente
corretos, que a cada dia satisfazem as necessidades de centenas de milhões de pessoas em
mais de 170 países ao redor do mundo. Com quase 22.000 funcionários em mais de 85 países,
a Tetra Pak® acredita na liderança da indústria responsável e em uma abordagem sustentável
dos negócios. O slogan “Protege o que é bom™”, reflete a visão de disponibilizar alimentos de
forma segura onde quer que seja.
PRODUTORES
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Fundada em 1996, a Gullane é uma produtora de conteúdo para cinema e televisão que mantém participação ativa
no crescimento do audiovisual brasileiro. Suas obras conquistaram reconhecimento da crítica e de um público cada
vez maior. A qualidade técnica e artística identificada em cada produção tornou-se referência, garantindo à Gullane
um espaço conceituado no mercado cinematográfico. Sua dedicação na produção é igualmente aplicada nas etapas
de lançamento em festivais e no circuito comercial. Esse empenho permitiu à Gullane acumular mais de 100 prêmios
em sua carreira, além de ter seus filmes nas seleções oficiais dos mais importantes festivais de cinema do mundo,
como os de Cannes, Veneza e Berlim.
Além de produções próprias, a Gullane amplia a carteira de projetos com
parcerias importantes no Brasil e no exterior, com a busca de financiamento e venda de filmes brasileiros junto ao
mercado estrangeiro e com a realização de coproduções internacionais. Essas ações se refletem na ampla divulgação
das obras e em uma rede formada por talentos de diversas partes do mundo.
Por seu perfil empresarial, seu histórico
criativo e seu expressivo volume de realizações audiovisuais, a Gullane está posicionada hoje entre as principais
produtoras de conteúdo do Brasil.
Criada pelo grupo Gedeon Programmes, referência na produção audiovisual internacional, a Biloba é uma produtora
de conteúdo para cinema.
Sua primeira produção foi o filme “Planeta Branco”, dirigido por Thierry Ragobert. O
documentário apresenta um vasto panorama da região do Ártico, registrando o esplendor da paisagem e a força e
habilidade dos animais em sua luta pela sobrevivência em contraponto a sua vulnerabilidade diante das mudanças
agressivas provocadas no meio-ambiente pelo fenômeno do aquecimento global.
Desde então, a Biloba desenvolve
diversos filmes, entre eles, “Amazônia”.
COPRODUÇÃO
Desde 1998, a Globo Filmes já participou de mais de 140 filmes, levando ao público o que há de melhor no cinema brasileiro.
Com a missão de contribuir para o fortalecimento da indústria audiovisual nacional, a filmografia contempla vários gêneros,
como comédias, infantis, romances, dramas e aventuras, apostando em obras que valorizam a cultura brasileira. A Globo
Filmes participou de alguns dos maiores sucessos de público e de crítica como “Tropa de Elite 2”, “Se Eu Fosse Você 2”, “2
Filhos de Francisco”, “O Palhaço”, “Xingu”, “Carandiru”, “Nosso Lar” e “Cidade de Deus” – com quatro indicações ao
Oscar. Suas atividades se baseiam em uma associação de excelência com produtores independentes e distribuidores nacionais
e internacionais.
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A RioFilme é uma empresa pública de investimento em audiovisual, vinculada à Prefeitura do Rio de Janeiro. Fundada
em 1992 para apoiar a produção e distribuição de cinema na cidade, foi revitalizada em 2009 com a missão de promover o
desenvolvimento da indústria audiovisual carioca, levando em conta seus impactos econômicos e sociais.
Em 20 anos de
atuação, foi fundamental para a revitalização do cinema brasileiro a partir dos anos 90, investindo no desenvolvimento, na
produção e no lançamento de longas, na produção de curtas e na realização de eventos. Com a revitalização, deixou de ser
apenas distribuidora e tornou-se uma investidora em produção, distribuição, exibição, infraestrutura, difusão e capacitação,
atuando também em parceria com a iniciativa privada.
Desde então, a Prefeitura investiu, por meio da RioFilme, cerca de R$
150 milhões em 350 projetos de filmes, eventos, ampliação do acesso e capacitação. A empresa também elevou sua receita,
de cerca de R$ 1,5 milhão em 2008, para cerca de R$ 24 milhões em 2012, dinheiro que está sendo totalmente reinvestido
no setor de audiovisual carioca através de novos programas de financiamento em Cinema e TV, capacitação de profissionais
do setor, implantação de novas salas do Cine Carioca, do Programa Cinema na Escola e do Programa de Investimentos Não
Reembolsáveis, que em 2013 contemplou 70 projetos em seis linhas de investimento: Desenvolvimento de Projetos de Longametragem, Desenvolvimento de Projetos de Série de TV, Produção de Curta-metragem, Produção e Finalização de Longametragem, Produção de Mostras e Eventos e Produção de Documentário para TV por Assinatura, em parceria com o Canal
Brasil. A empresa tem diversificado os investimentos e ampliado o seu alcance, multiplicou o número de projetos apoiados
e de empresas beneficiadas, assim como o público impactado. A capacidade de investimento foi elevada e os resultados
tornaram-se mais significativos, beneficiando a indústria audiovisual carioca e a população da cidade.
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Há 22 anos, a Rede Telecine estreia na TV brasileira o melhor do cinema mundial, cada vez mais rápido. Joint-venture
entre a Globosat e os quatro maiores estúdios de Hollywood – Paramount, MGM, Universal e Fox – também exibe
com exclusividade as produções da Disney, além de sucessos do mercado independente. Visando investir cada vez mais
na produção cinematográfica nacional, a Rede Telecine lançou em 2008 o Telecine Productions, selo de coprodução
de títulos em parceria com grandes produtoras brasileiras. Além de estimular a criação de novos filmes e garantir sua
exibição com exclusividade nos canais da Rede, em algumas produções o Telecine exibe versões exclusivas. A Rede
Telecine é líder absoluta entre os canais de filmes da TV por assinatura. Em 2013, pelo oitavo ano consecutivo, exibiu
o filme mais assistido na TV paga brasileira. Com o menor índice de repetição e os maiores e mais recentes longas do
mercado brasileiro, o Telecine reúne sete das 10 maiores bilheterias do cinema em 2012. Nos últimos 20 anos, estreou
com exclusividade 13 vencedores do Oscar de Melhor Filme.
DISTRIBUIÇÃO e COPRODUÇÃO
Distribuidora presente no Brasil há 25 anos, a Imovision vem se consolidando como uma das maiores incentivadoras do
melhor cinema, tendo lançado mais de 300 filmes no Brasil. Criada pelo empresário francês Jean Thomas Bernardini,
a empresa trabalha com produções independentes nacionais e internacionais, que alcançaram consagração nos mais
prestigiados festivais de cinema do mundo, como Cannes, Veneza, Toronto e Berlim.
Mantendo seu foco em títulos
independentes de qualidade, a Imovision foi a responsável por introduzir no Brasil movimentos cinematográficos
internacionais expressivos, como o Movimento Dogma, o cinema iraniano e o cinema chinês.
Desde 2003, a Imovision
distribui filmes brasileiros, tendo em sua carteira filmes como “Cinemas, Aspirinas e Urubus”, “Baixio das Bestas”, “A
Casa de Alice”, “O Prisioneiro da Grade de Ferro”, “Nossa Vida Não Cabe num Opala”, “Alô, Alô, Terezinha!”, “Dzi
Croquettes”, “Meu Pé de Laranja Lima”, “Tatuagem”, entre outros, e agora aposta todas as suas fichas na odisseia de
Castanha, no longa-metragem “Amazônia”.
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