Como os turistas estrangeiros estão vendo o Rio

Transcrição

Como os turistas estrangeiros estão vendo o Rio
COLÉGIO OFICINA
PROJETO DE REDAÇÃO
TEXTO I
Como os turistas estrangeiros estão
vendo o Rio de Janeiro
Biquíni, caipirinha, choques linguísticos, a cultura do abraço e, acima de tudo,
simpatia: turistas contam suas experiências no Rio de Janeiro olímpico. E há quem não
consiga entender a resistência do povo aos Jogos.
Os alemães Elfi Spieler, Fabian Bergwitz e Evelin Selan nem ligaram para a dor de
barriga que tiveram nos primeiros dias de Rio de Janeiro resultado da
"experimentação" com todo tipo de comida vendida nas barraquinhas espalhadas pela
cidade. Do acarajé ao cachorro quente, a coxinha foi do que mais gostaram. "Tivemos
que aprender como se fala, porque adoramos essa comida", conta Selan.
Eles vieram ao Rio torcer pela amiga atleta Anne Haug, única representante da
Alemanha no triatlo. "Enquanto ela não compete, a gente se mistura com a torcida
brasileira. Todos aqui são muito simpáticos", conta Bergwitz. "Na Alemanha também
tem gente simpática, mas nunca vi nada igual ao Brasil."
O abraço
Com tanta simpatia e informalidade, a família holandesa Tangelder não estava
acostumada. Edwin, Sandy e a filha Nienke fizeram um tour pelo Pantanal antes de
desembarcar na cidade olímpica.
"Na hora da despedida, o dono da pousada se aproximou muito e eu estranhei. Ele me
deu um abraço! Não fazemos isso na Holanda", contou Edwin Tangelder. "Imagine a
cena: eu, um holandês de quase 2 metros sendo abraçado por um senhor de 1,50
metro. Eu não sabia o que fazer", relembra com humor a experiência.
O ônibus
Com os abraços, Thaís Peixoto já está se acostumando. A americana de 13 anos é filha
de uma brasileira e está hospedada na casa dos avós, em Penedo, a 180 quilômetros
do Rio.
"Tive que aprender a andar de ônibus. Eles são muito confortáveis aqui no Brasil, até
mais que os assentos nos aviões. Foi uma boa surpresa!", contou. "Na minha cidade,
eu nem sei onde fica o ponto de ônibus. Na maior parte dos Estados Unidos, todos só
sabem andar de carro."
A gentileza
A americana Jamie Ledford quer levar tudo o que puder do Rio de Janeiro para a
Califórnia. A camiseta com a bandeira brasileira bordada com lantejoulas, ele só
conseguiu comprar graças à ajuda de um estranho.
"Eu tentei falar com a vendedora na rua, que não me entendeu e continuou andando.
Uma outra moça brasileira, que assistiu à cena, correu atrás da vendedora e
intermediou a conversa. Nos Estados Unidos, eu acho que ninguém sairia correndo
atrás de uma outra pessoa para ajudar um estranho."
Ambulantes: um show à parte
Jamie e o namorado Chris estavam impressionados com o show que os vendedores
ambulantes fazem, ao preparar uma caipirinha.
"É maravilhoso poder beber essa bebida típica caminhando à beira mar. Nos Estados
Unidos, é proibido consumir bebida alcoólica na rua", comentou o pai de Jamie, Mark
Ledford.
O biquíni
O chileno Omar Pino Acuna se sente privilegiado por circular no Rio de Janeiro usando
apenas o transporte coletivo. Ele veio acompanhar os Jogos sem a esposa, que deu
uma missão especial ao marido: comprar um biquíni.
Acuna não imaginou que seria tão complicado atender ao pedido: "Os biquínis aqui são
muito pequenos. São bem menores que os biquínis que as argentinas usam nas nossas
praias. E todos no Chile já acham que as argentinas mostram bastante...", comentou
Acuna, que está acompanhado do pai. "Não que eu tenha ciúmes, mas se minha
esposa usar biquíni brasileiro no Chile, acho que todo o mundo vai ficar olhando."
A crítica
Em seu primeiro passeio pelo famoso calçadão de Copacabana, o chinês Jin Gan dizia
que a paisagem das montanhas tão próximas ao mar era de tirar o fôlego. Apesar de
todas as diferenças culturais entre China e Brasil, uma em especial chocou Gan: a
resistência dos brasileiros em apoiar os Jogos.
"Quando recebemos as Olimpíadas, em 2008, todos os chineses estavam em festa, foi
um sonho para o nosso país. Aqui, eu já vi bastante gente protestando, e isso foi
muito diferente para mim. Eu ainda não consigo entender", contou Gan, que minutos
antes tentava acompanhar, timidamente, o ritmo dos músicos de rua que tocavam
forró.
Texto de Nádia Pontes, do Rio de Janeiro. Disponível em:
http://www.opovo.com.br/app/maisnoticias/mundo/dw/2016/08/15/noticiasdw,3647851/como-os-turistasestrangeiros-estao-vendo-o-rio-de-janeiro.shtml
TEXTO II
TEXTO III
Mas o que seria etnocentrismo? O termo surgiu em 1906, com o sociólogo
William Summer, e pretendia definir essa tendência que o homem tem de
supervalorizar a sua própria cultura em detrimento de outras. Assim, reafirma Cuche
(1999, p. 46): “o etnocentrismo é o termo técnico para esta visão das coisas segundo
a qual nosso próprio grupo é o centro de todas as coisas e todos os outros grupos são
medidos e avaliados em relação a ele [...].” Laraia (2001, p. 74) complementa esse
pensamento ao afirmar que “comportamentos etnocêntricos resultam também em
apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros
sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais”. [...]
No entanto, a realidade mostra que é comum a tentativa de dominação de uma
cultura sobre a outra. De acordo com Cuche (1999), Karl Marx e Max Weber já
afirmavam que não é à toa que a cultura considerada socialmente supervalorizada é
sempre aquela que é mais privilegiada economicamente, demonstrando assim a
existência de hierarquias culturais, simbolicamente representadas por metáforas,
conforme se observa adiante:
Para Marx assim como para Weber, a força relativa de
diferentes culturas em competição depende diretamente da
força social relativa dos grupos que as sustentam. Falar de
cultura "dominante" ou de cultura "dominada" é então recorrer
a metáforas; na realidade o que existe são grupos sociais que
estão em relação de dominação ou de subordinação uns com os
outros. (CUCHE, 1999, p. 145)
Texto adaptado – Camila Alves Gusmão
TEXTO IV
A noção de relativismo cultural abrange três significados
a) Todo e qualquer elemento de uma cultura é relativo aos elementos que compõem
aquela cultura, só tem sentido em função do conjunto; que sua validade depende do
contexto em que está inserido, de sua posição em meio de outros níveis e conteúdos
da cultura de que faz parte.
b) As culturas são relativas; não há cultura, nem elemento dela, que tenha caráter
absoluto, que seja, em si e por si, a perfeição. Será certa e boa para a sociedade que a
vivencia e à medida que nela se realiza e em que a exprime. Não há, pois, um padrão
absoluto para julgar “a priori” o certo e o errado, o belo e o feio entre as culturas, pois
cada uma traz em si mesma seu padrão de medida.
c) As culturas são equivalentes e, portanto, não se pode fazer uma escala em que cada
cultura receba uma “nota”, de acordo com o critério que defina o que é mais ou menos
perfeito.
Disponível em: http://www.unicap.br/Pe_Paulo/documentos/etnocentrismo.pdf