PEREIRA, K. Tecnologia na Educação: Projeto Jornal na Escola

Transcrição

PEREIRA, K. Tecnologia na Educação: Projeto Jornal na Escola
1
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO
KELEN CRISTINA PEREIRA
TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO: PROJETO JORNAL NA ESCOLA
UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR
LAGES
2010
2
KELEN CRISTINA PEREIRA
TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO: PROJETO JORNAL NA ESCOLA
UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR
Monografia apresentada à Universidade do Rio
Grande – URG, Programa de Formação
Continuada em Mídias na Educação – como
requisito para a obtenção do título de
Especialização em Mídias na Educação.
Orientador: Prof. Dr. Décio Bittencourt Dolci.
LAGES
2010
3
AGRADECIMENTO
A Deus,
Ao meu esposo
Aos meus pais,
A minha filha Yasmin
À Prof Dr Décio Bittencourt Dolci
A todos os professores do curso de especialização em Mídias da Educação.
Aos componentes de minha banca examinadora, por aceitarem colaborar e lançar outros
olhares sobre este trabalho, em especial à Mª Simone Ostrowski pela disponibilidade, pelo
bom senso, seriedade, pelas pontuações e observações que enriqueceram o trabalho.
Agradeço a todas sujeitos dessa pesquisa, fonte inesgotável de aprendizados múltiplos, pela
confiança e por acreditarem neste trabalho.
À Instituição
Aos colegas de trabalho, pelo estímulo e solidariedade, sempre.
A todos que, mesmo não citados aqui, foram importantes e, de uma ou outra forma,
indispensáveis para a conclusão deste trabalho.
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A informação é o primeiro passo para o conhecimento.
Conhecer é relacionar, integrar, fazer nosso o que vem de fora.
Conhecer é saber, é desvendar, é ir além da superfície, do
previsível, da exterioridade.
Conhecer é aprofundar os níveis de descoberta, é penetrar mais
fundo nas coisas, na realidade, no interior.
Conhecer é conseguir chegar a um nível da sabedoria, da
integração total, da percepção da grande síntese, que se consegue
ao comunicar-se com uma nova visão do mundo, das pessoas e
com o mergulho profundo no nosso eu. O conhecimento se dá no
processo rico de interação externo e interno.
Pela comunicação aberta e confiante desenvolvemos contínuos e
inesgotáveis processo de aprofundamento dos níveis de
conhecimento pessoal, comunitário e social.
(MORAN, 2006, p. 25)
5
RESUMO
A demanda do uso da informática está se expandindo rapidamente a ponto de representar um
dos maiores acontecimentos da época. A integração do computador ao processo educacional
depende da atuação do professor e do Projeto Pedagógico da escola. Neste sentido,
desenvolveu-se o presente trabalho de pesquisa, partindo do pressuposto de que a introdução
muito rápida do computador na escola sem uma profunda reflexão sobre sua finalidade, sem a
aquisição de um bom domínio do instrumento pelo professor acaba por provocar um efeito
contrário ao esperado (incompreensão e sobrecarga). Assim, primeiramente, realizou-se um
estudo teórico a respeito das contribuições que o computador pode trazer a prática educativa
de modo geral. Após, desenvolveu-se uma prática usando o laboratório de informática da
Escola Municipal de Educação Básica Mutirão, a elaboração de um jornal na Escola. A
abordagem de diversos conteúdos curriculares para a elaboração do jornal no laboratório de
informática revelou alguns aspectos que devem ser observados para que o computador
realmente se torne um instrumento pedagógico que possibilite ao professor mudar sua
maneira de lecionar no sentido de tornar as aulas mais agradáveis e garantir a efetivação da
aprendizagem.
Palavras-chave: Educação. Laboratório de informática. Jornal. Aprendizagem.
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ABSTRACT
Demand for information technology is expanding rapidly enough to represent one of the
biggest events of the era. The integration of the computer to the educational process depends
on the teacher's pedagogical project and school. In this sense on the assumption that the
introduction of very fast computers at school without a deep reflection on its purpose, without
acquiring a good command of the instrument by the teacher eventually cause an effect
opposite to that expected (incomprehension and overhead) through this monograph intends to
conduct a study about the contributions that the computer can bring to educational practice in
general and in the sequence, we report a practice developed in the computer lab of the School
of Basic Education Effort. In this sense, by addressing various curricula for the preparation of
a newspaper in the computer lab was possible to highlight some aspects that must be observed
so that the teacher to change their way of teaching in order to make lessons more enjoyable
and to ensure effective learning.
Key words: Education. Computer lab. Journal. Learning.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
08
1.1 Problemática
08
1.2 Objetivos da Pesquisa
10
1.3 Estrutura do trabalho
10
2REFERENCIAL TEÓRICO
11
2.1 A Tecnologia na Educação
11
2.2 Vantagem do computador e da internet em relação a outros recursos
19
3METODOLOGIA
24
3.1 Conhecendo o campo de Intervenção
25
3.1.1 Histórico
26
3.1.2 Realidade da escola no contexto social
26
3.1.3 Plano de ação da EMEB Mutirão
27
3.2 Sujeitos que participaram do projeto jornal
27
3.3 O Projeto Explorer da rede pública municipal de ensino de Lages/SC
28
4 RESULTADOS
30
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
40
REFERÊNCIAS
42
8
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, são muitas as discussões acerca do tema TECNOLOGIAS e
EDUCAÇÃO. Neste contexto, a escola torna-se muito importante para a ampliação, revisão e
reformulação das noções dos processos de construção da aprendizagem dos sujeitos que estão
inseridos em uma sociedade em que o principal eixo norteador vem sendo a informação
tecnológica. É neste enredo que suscita-se a necessidade de compreender as tecnologias e a
ação humana sobre esta, assim como Dowbor (2000) descreve o relato de uma humanidade
despreparada para as tecnologias:
Terminada a última guerra mundial foi encontrada, num campo de
concentração nazista, a seguinte mensagem dirigida aos professores: Prezado
Professor, Sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos
viram o que nenhum homem deveria ver. Câmaras de gás construídas por
engenheiros formados. Crianças envenenadas por médicos diplomados.
Recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas. Mulheres e bebês
fuzilados e queimados por graduados de colégio e universidades. Assim,
tenho minhas suspeitas sobre a Educação. Meu pedido é ajude seus alunos a
tornarem-se humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros
treinados ou psicopatas hábeis. Ler, escrever e aritmética só são importantes
para fazer nossas crianças mais humanas. As tecnologias são importantes,
mas apenas se soubermos utilizá-las. E saber utilizá-las não é apenas um
problema técnico. (DOWBOR,2000,P,45)
Contudo é necessário considerar que a sociedade está vivenciando um momento
histórico em que o ser humano descobre outras formas de interação. Essas interações têm-se
manifestado também pelo uso das tecnologias, em especial o uso do computador nas escolas,
sejam elas privadas ou públicas.
1.1 Problemática
Sabe-se que os textos escritos não são apenas o que o escritor quer dizer, mas
também a atribuição de significados por parte de quem lê. Conforme Haetinger (1998,P,23)
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“A modernização do mundo nos últimos 30 anos superou as mudanças ocorridas ao longo dos
milênios. A revolução da informação e o fenômeno da globalização tornaram-nos, realmente,
índios da mesma aldeia global”. Nossos alunos têm um volume cada vez maior de
informações à sua disposição, através da televisão, rádio, internet, vídeo, etc. Essas
informações são acompanhadas por uma tecnologia capaz de transmitir simultaneamente para
todo o mundo civilizado. Claro que nessa realidade, o professor muitas vezes não tem tempo
para acompanhar esse rápido desenvolvimento. Em alguns momentos, corre-se o risco de
estar falando outra língua na sala de aula.
Neste sentido, como na prática se constata que atualmente um dos grandes
problemas encontrados pelos professores é a falta de planejamento para o uso das tecnologias
da informação na sua prática pedagógica, questiona-se: como é utilizado o computador na
escola? os professores utilizam o computador no desenvolvimento das ? Como os professores
desenvolvem conteúdos curriculares utilizando o computador e a internet como ferramentas
pedagógicas?
No intuito de encontrar respostas para estes questionamentos, não se tem a pretensão
de contemplar todas as questões, trata-se de uma pesquisa concisa sobre o assunto. A idéia de
desenvolver o projeto jornal na escola surgiu da observação por parte de alguns professores ao
constatar a dificuldade de vários alunos na produção e reestruturação de textos, bem como na
leitura e escrita como sendo base fundamental para um bom desempenho na aprendizagem,
onde se verificou um baixo rendimento escolar. Trocou-se muitas idéias entre os professores;
e o projeto que estava no papel surgiu com força total, assim, a partir da necessidade na
elaboração de textos em diversos temas, através da realização deste projeto procurou-se
oportunizar momentos de produção e reestruturação textual em todas as disciplinas.
Percebeu-se que o cenário perfeito para atrair, estimular, motivar os alunos dentro do
contexto escolar foi as aulas de informática, onde este projeto pode se concretizar. Sabe-se
que os meios de comunicação estão ganhando espaços cada vez maiores em nossa sociedade,
é ai que entra o papel fundamental da educação: trabalhar essas novas tecnologias a favor do
aprendizado dos alunos sempre procurando atualizações que garantindo um bom desempenho
na elaboração e realização das aulas, oportunize uma aprendizagem significativa.
Diante desse conjunto de percepções, definiram-se os objetivos da pesquisa,
apresentados a seguir.
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1.2 Objetivos da Pesquisa
Apresenta-se como objetivo geral da presente pesquisa: analisar a inserção do jornal
na escola como meio de obter a interdisciplinaridade. No sentido de atingir o objetivo geral,
traçaram-se alguns objetivos específicos com vistas a ajudar a conclusão desse estudo:
•
Conhecer aspectos do projeto desenvolvido na escola com a utilização do
jornal.
•
Produzir trabalhos e textos interdisciplinares a partir das aulas de informática
•
Identificar trabalhos propiciados pelo jornal.
•
Analisar práticas vivenciadas no laboratório de informática.
1.3 Estrutura do trabalho
O estudo está estruturado em quatro capítulos, a saber: no primeiro, apresenta-se a
delimitação do tema e os objetivos; no segundo, desenvolve-se um aprofundamento teórico a
respeito da presença das tecnologias na educação destacando as contribuições da utilização do
computador e da internet como recursos didático pedagógico; no terceiro, descrevem-se
aspectos metodológicos da pesquisa; no quarto, têm-se os resultados, abordando o
desenvolvimento da produção do jornal durante as aulas de informática em parceria com as
atividades desenvolvidas na sala de aula e no quinto e último capítulo, faz-se a conclusão que
os conhecimentos adquiridos durante a pesquisa bibliográfica e as firmações obtidas através
da vivencia do projeto de produção do jornal permitiram chegar.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
No intuito de aprofundar os conhecimentos para fundamentar a execução do projeto
jornal na Escola Municipal de Educação Básica Mutirão, neste capítulo apresenta-se o estudo
teórico realizado a respeito das contribuições que as tecnologias de informação podem trazer a
prática educativa escolar, para que se tornem um instrumento pedagógico que possibilite ao
professor mudar sua maneira de lecionar no sentido de tornar as aulas mais agradáveis e
garantir a efetivação da aprendizagem.
2.1 A Tecnologia na Educação
As mudanças no processo educacional, não só no Brasil, mas em todo mundo, são
imperativas. Os processos utilizados já não atendem mais às condições de aprendizagem do
homem moderno, caracterizada pela necessidade de independência na busca de informações e
construção do conhecimento, imposta pelas rápidas mudanças sócio-culturais e tecnológicas a
que está submetido.
Não se trata de pensar o ensino da informática, mas como fazer uso do mesmo, na
educação. Na verdade todos aqueles que trabalham em educação tem opinião sobre as
conveniências ou sobre o absurdo político econômico que sua implantação traz. Muitos têm
dúvidas. Nem imaginam o que se pode fazer com o computador dentro da escola. E entre
alguns destes, estão os profissionais sem opinião formada, não questionam o que um aluno
fará com este objeto de ampla modernidade tecnológica.
De várias maneiras, a informática está reencenando a revolução causada pela
tecnologia primordial da imprensa, que teve um efeito profundo nas
sociedades humanas. Ser capaz de ler e escrever mudou o modo como as
pessoas eram capazes de pensar sobre as coisas, já que a palavra escrita
pode ser usada repetidas vezes e pode comunicar muito tempo após ter sido
produzida. Não é apenas uma questão de adquirir a habilidade de ler e
escrever. Dominar a tecnologia da escrita traz uma nova mentalidade, uma
nova maneira de considerar algo (ARMSTRONG & CASEMENT, 2001, p.
22).
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É de fundamental importância, no caminho da formação da competência do
professor, a busca do conhecimento do que já se produz em outros países nesta área para se
analisar criticamente seus resultados, não correndo nos erros e sim considerar e aproveitar
seus acertos.
A Proposta Curricular de Santa Catarina (1998) leva o professor e a escola a uma
responsabilidade que supera as barreiras da escola, não é somente um Projeto Político
Pedagógico, que modifica o sistema de ensino, mas toda uma infra-estrutura que necessita de
investimentos e projetos elaborados para instruir os educadores.
De acordo com Almeida (1988, p. 35):
O ingresso da educação na informática não se deve apenas à boa vontade
deste ou daquele educador ou do caráter progressista de determinado
governo. Desde uma ótica mais abrangente, sua utilização na educação,
como nos demais setores da sociedade, se deve a um projeto organizativo de
uma classe social, sua proprietária. É dela todo o aparato tecnológico da
informática e é dela todo o domínio de sua tecnologia.
Na verdade, a introdução da informática segundo a proposta de mudança pedagógica,
como consta no programa brasileiro, exige uma formação bastante ampla e profunda do
professor.
Quando as crianças aprendem a usar o computador, elas não estão apenas
aprendendo uma técnica, e sim mudando suas próprias relações com o
mundo ao seu redor. A maneira como as informações são acessadas, a
maneira como são apresentadas, os modos pelos quais podem ser
manipuladas, todos alteram as percepções que as crianças têm a respeito do
saber e do fazer. O uso dos computadores altera a percepção de uma forma
radicalmente diferente da escrita, pois é, de várias maneiras, diametralmente
oposto aos seus efeitos. Diferentemente da escrita, que encoraja a reflexão e
uma consideração cuidadosa de vários pontos de vista, os programas de
computador exigem ação imediata (ARMSTRONG & CASEMENT, 2001,
p.22-23).
Com o uso do computador pode-se desenvolver um conjunto de atividades com
interesse didático – pedagógico, onde exigirá uma nova postura do professor, que poderá fazer
“coisas” e pedagogicamente importantes que não se pode realizar de outras maneiras. E a
escola passa a ser um lugar mais interessante. O ensino já avançou muito em relação a anos
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passados, mas ainda existe restrição ao citarmos a educação paralela com a informática
principalmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental, porque na maioria dos
estabelecimentos de ensino público não há laboratórios de informática e os que têm não
sabem usufruir dessa tecnologia que esta ocupando lugar na sociedade. O governo não
especializa os professores para trabalharem com seus alunos, ao mesmo tempo, esses
professores ficam acomodados sem exigir das autoridades essa tecnologia que ajudaria muito
no aprendizado do aluno.
O uso da informática, de forma positiva dentro de um ambiente educacional,
irá variar de acordo com a proposta que está sendo utilizada em cada caso e
com a dedicação dos profissionais envolvidos, ..., os alunos ganham
autonomia nos trabalhos, podendo desenvolver boa parte das atividades
sozinhos, de acordo com suas características pessoais, atendendo de forma
mais nítida ao aprendizado individualizado (TAJRA, 2000, p. 45).
A incorporação do computador no contexto educacional de forma positiva oferece
vantagens sobre os demais instrumentos, porque ele é um recurso audiovisual, atraindo a
atenção do aluno, repete também a mesma explicação quantas vezes o aluno desejar, isso faz
com que ele se sinta motivado a usar este instrumento. Muitos conceitos curriculares tornamse mais visíveis quando o aluno observa na tela do computador e muito mais efetivo pela
rapidez com que o feedback é fornecido ao aluno. O computador pode ser programado para
apresentar situações cada vez mais difíceis aos alunos, isso de acordo com a capacidade dos
mesmos, sendo que muitas vezes eles mesmos conseguem descobrir novos meios de resolver
situações propostas pelo programa, e com isso se tornar uma máquina didática muito útil ao
professor, que como destaca Lévy (1997, p. 56), difere de muitos outros recursos didáticos
pelas seguintes características:
A informática não intervém apenas na ecologia cognitiva, mas também nos
processos de subjetivação individuais e coletivos (...). Há toda uma
dimensão estética ou artística na concepção das máquinas ou dos programas,
aquela que suscita o envolvimento emocional, estimula o desejo de explorar
novos territórios existenciais e cognitivos, conecta o computador a
movimentos culturais, revoltas, sonhos.
Portanto, o computador é uma máquina cotidiana, útil, apropriada e porque não dizer
motivadora? O professor deve deixar de lado seus anseios, angustias em relação ao
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computador, porque ele e seus programas são essenciais para a educação, na medida em que
pode contribuir no sentido de tornar o processo educativo mais atraente e produtivo para
alunos de todas as idades. Seus horizontes intelectuais não mais estarão limitados aos recursos
da escola ou ao conhecimento de seus professores, e na medida em que o computador oferecer
subsídios para o aluno pensar para chegar a determinado resultado, o professor perceberá que
o uso do computador é um grande recurso para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno.
Pois, a evolução tecnológica que culminou com o surgimento dos computadores e da Rede
Mundial de Computadores – Internet, assim como toda a tecnologia da informação, veio
acelerar o processo de globalização envolvendo o aprendizado. A cultura de outros países
entra na sociedade brasileira de forma rápida, da mesma forma, é possível divulgar nossa
cultura, nossa produção educacional e intelectual mais facilmente. É neste contexto, que os
educadores precisam discutir qual a importância, o impacto, e como este meio globalizado
pode influenciar e ser aproveitado na educação, onde vem ajudar a sanar as dificuldades de
aprendizagem do aluno em sala de aula e também na sociedade. Por outro lado, essa mesma
troca de informações deve acontecer entre países, permitindo saber que a informática está
sendo usada em escolas do mundo todo, o que evidenciando seus possíveis benefícios para a
educação.
Com a utilização do computador nesta sociedade da informação, é necessária a
inclusão das tecnologias educacionais no cotidiano escolar. De acordo com Litto (1993, p. 910):
O computador tem um papel importante no armazenamento das informações,
já que estamos em uma sociedade onde é preciso sobreviver com a informação
sendo o bem mais importante e nem sempre ao alcance das mãos. A escola
deve ensinar o estudante como pensar claramente, como se expressar, (seja no
papel ou no computador), como procurar as informações corretamente e como
tomar decisões inteligentemente, ou seja, saber que já acumulou informações
suficientes para tal.
A partir desta compreensão, o aprendizado da máquina ou de softwares específicos
deve ser feito ao mesmo tempo em que trabalha-se processos de raciocínio e os conteúdos no
software. Por exemplo, como ensinar alguém a obter um gráfico de barras na planilha
eletrônica, se ele não tem idéia do que seja um gráfico de freqüência como é o de barras? O
aluno estará aprendendo apenas o algoritmo de como obter o gráfico, como apertar botões,
que ele não conhece.
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Seria mais interessante, do ponto de vista educacional, se ele compreendesse o que é
um gráfico de freqüência, ao mesmo tempo em que ele aprendesse a usar a planilha. O uso da
informática como instrumento pedagógico, parece-nos uma discussão mais importante,
porque antes de nos colocarmos contra ou a favor do uso de algum material didáticotecnológico na educação, é preciso ter noção do seu potencial, assim como dos possíveis usos
como recurso pedagógico.
Quando decidimos que a tecnologia informativa vai ser incorporada em
nossa prática, temos que, necessariamente, rever a relevância da utilização
de tudo o mais que se encontra disponível. Certamente, ao fazermos nossas
opções, corremos o risco de deixar de lado certas coisas que julgávamos
importante. Mas, aqui, novamente, é preciso considerar qual é o objetivo da
atividade que queremos realizar e saber se ela não pode ser desenvolvida
com maior qualidade pelo uso, por exemplo, de um software específico. Não
significa que vamos abandonar as outras mídias, mas temos que refletir
sobre sua adequação (BORBA & PENTEADO, 2001, p. 62).
Um sentimento comum de que é preciso resolver primeiro os problemas básicos para
depois cuidar da informatização. Este pensamento perde sua validade quando se observa na
prática que dois dos maiores projetos do governo federal desenvolvidos nas últimas décadas
para a educação envolvem tecnologias da informação: Vídeo com antena parabólica em todas
as escolas, onde já foram investidos grandes recursos, e um programa ainda mais caro de
informática na Educação (Mec/Seed-1996). Alunos com três horas de atividade por semana
com computadores (alunos ativos em um grupo pequeno e ambiente confortável) podem ter
qualitativamente muito mais impacto do que períodos de tempo maiores em situação precária
de sala de aula comum.
É importante dar-se conta de que na sociedade moderna, "a pedagogia das
certezas está sendo substituída por uma pedagogia do problema", onde o saber
pré-fixado cede lugar à busca da informação para a construção contínua do
conhecimento. É nesse contexto que o computador deve ser inserido na
Educação. Uma ferramenta da sociedade tecnológica que pode ser usada para
auxiliar a condução do aluno na busca prazerosa da descoberta. E o novo
papel do professor é mostrar ao aluno que ele pode descobrir.
O objeto de aprendizagem é um instrumento que trás novas possibilidades no
desenvolvimento de material a ser usado na educação a distância. A aplicação
dos conceitos de modularização e reutilização, tornam mais fáceis a
atualização de conteúdos de materiais didáticos, reduzindo tempo e custo de
desenvolvimento, testes, documentação e manutenção. MEC (2007).
Alguns entusiasmados defensores da Informática Educativa parecem esquecer que
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Educação será sempre o substantivo e informática apenas um dos seus adjetivos, tornando-se
transparente, um elemento de fundo, que não parece muito quando funciona bem. É
importante sublinhar que as expectativas e teorias feitas no primeiro mundo, embora ensinem
algumas lições, nem sempre são bons guias para a situação da escola pública brasileira, com
necessidades, história, características culturais, econômicas e sociais bem diversas. Num país
onde muitos professores ainda possuem uma visão limitada a ponto de comparar a mídia dos
computadores como máquinas “pensantes”, com inteligência artificial, lembra as visões
ingênuas que se tinha a tempos atrás, na era inicial do cinema em que as platéias tinham medo
dos filmes de trens que se aproximavam. Mas felizmente, com o passar do tempo os mitos vão
se desfazendo e as perspectivas e horizontes se consolidando.
O computador, embora nascido de uma dada civilização e para solucionar
dados problemas, hoje é um patrimônio transcultural. A absorção crítica de
sua utilização na educação deve ser procedida de análises das questões mais
radicais que afligem esta dimensão da cultura brasileira. Como tarefa dos
educadores, cumpre desenvolver uma pedagogia do uso crítico da
informática na educação. Um desafio. (ALMEIDA, 1988, p. 52).
É nesse sentido que a discussão sobre informática na educação deve ser
compreendida. O acesso à informática deve ser visto como um direito e, portanto, nas escolas
públicas e particulares o estudante deve poder usufruir de uma educação que no momento
atual inclua, no mínimo, uma “alfabetização tecnológica”. Tal alfabetização deve ser não
como um curso de informática, mas, sim, como se aprende a ler, escrever, compreender
textos, entender gráficos, contar, desenvolver noções espaciais etc. E, nesse sentido, a
informática na escola passa a ser parte da resposta a questões ligadas à cidadania.
Enfatizam ainda Borba & Penteado:
... o acesso à informática na educação deve ser visto não apenas como um
direito, mas como parte de um projeto coletivo que prevê a democratização
de acessos a tecnologias desenvolvidas por essa mesma sociedade. É dessas
duas formas que a informática na educação deve ser justificada:
alfabetização tecnológica e direito ao acesso. (BORBA & PENTEADO.
2001, p.17)
A prática pedagógica estimula a utilização de problemas abertos, que incentivam um
processo de investigação por parte de alunos e, muitas vezes, do próprio professor. Dessa
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forma, busca-se superar práticas antigas com a chegada desse novo ator informático. Tal
prática está também em harmonia com uma visão de construção de conhecimento que
privilegia o processo e não o produto-resultado em sala de aula, e com uma postura onde a
solução sempre depende do sujeito.
De acordo com Marques, Mattos e Taille (1986), Piaget buscou compreender os
mecanismos de aquisição de conhecimentos, que ocorrem diante toda a vida. Foi a partir de
suas reflexões e de suas experiências com crianças que chegou a conclusão de que o ser
humano constrói seu conhecimento. Ou seja, o conhecimento se dá devido a uma interação de
indivíduo com o meio físico e social. Ele só acontece na medida em que o sujeito age sobre o
objeto de conhecimento (que pode ser uma coisa, uma idéia ou uma pessoa) e sofre uma ação
deste objeto, ação esta que pode ser na forma uma resistência do objeto à ação do sujeito. Esta
ação é, no caso da criança pequena, a ação prática de mexer com objetos. Já em crianças
maiores, adolescentes e adultos, esta ação passa a ser também o fato de raciocinar, duvidar,
comparar. Trata-se, neste caso, de ações mentais. E tem mais. O conhecimento objetivo só
acontece quando o sujeito enfrentar várias situações diferenciadas de interação com o seu
meio, não somente com o objeto que ele quer conhecer.
O uso de repositórios de objetos de aprendizagem, devidamente
identificados e catalogados, disponibiliza recursos didáticos, que
podem ser compartilhados em qualquer parte do mundo que tenha
acesso à Internet, usados em mais de uma situação e para objetivos
diversos, e tornam o desenvolvimento de cursos, tutoriais e outras
opções de ensino-aprendizagem, mais dinâmicos e mais simples de
serem mantidos atualizados.
Mas todas essas vantagens dependem de um adequado uso dos
instrumentos em questão.
MEC (2007).
Quando o professor passa a ter esta compreensão do ato de conhecer do aluno, sua
postura diante do fato educativo passa a ser completamente diferente, isto é, sua postura ao
currículo, à avaliação aos erros cometidos pelos alunos, às metodologias e aos recursos
empregados como auxílio na aprendizagem.
As crianças parecem, ser aprendizes inatos. Bem antes de irem à Escola elas já
apresentam uma vasta gama de conhecimentos que foram adquiridos por um processo
“aprendizado sem ensino”. Por exemplo, aprender a falar, aprendera geometria intuitiva
necessária para se deslocar no espaço, e aprender lógica e retórica suficiente para conviver
com os pais – tudo isso sem terem “assinados”.
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Marques, Mattos e Taille (1986) vêem a sala de aula como um ambiente de
aprendizado artificial e ineficiente que a sociedade foi forçada a inventar, porque este
ambiente informal de aprendizado mostra-se inadequado para a aprendizagem de domínio
importante do conhecimento, como a escrita, gramática ou matemática escolar. Ele acredita
que a presença do computador permitirá mudar, o ambiente de aprendizagem de tal forma que
todo o programa que as escolas tentam atualmente ensinar com grandes dificuldades, despesas
e limitado sucesso, será aprendido como a criança aprende a falar, menos dolorosamente, com
êxito e sem instrução organizada.
A adoção do computador como mais um instrumento na metodologia de
ensino implicará, certamente, algumas modificações neste ensino. O
conteúdo das disciplinas não será mais transmitido apenas pelo método
tradicional (entendendo tradicional como o que se fazia até então) e algumas
atividades serão transferidas ou substituídas por outras no computador.
(MARQUES, MATTOS e TAILLE, 1986, p. 40).
Isso implica, obviamente, que escolas como as que conhecemos hoje, não terão lugar
no futuro. Entretanto, se as escolas se adaptarão transformando-se em algo novo ou se
simplesmente decairão e serão substituídas, é uma questão em aberto.
A utilização do computador como enfoque social provoca um
desconhecimento por parte dos alunos em relacionar as ferramentas
tecnológicas aprendidas com suas atividades cotidianas. Por exemplo: um
aluno aprende a utilizar o sistema operacional, editor de texto, planilha
eletrônica ou outro aplicativo, entretanto não consegue relacionar essas
ferramentas com a sua vida; eles não conseguem visualizar o computador
como um aliado para suas atividades básicas e rotineiras (TAJRA, 2000, p.
44).
As vantagens do uso do computador como recurso na aprendizagem estão vinculadas
á forma como o mesmo é utilizado. No entanto, esta utilização é determinada em grande parte
pela filosofia de educação dos educadores que vão empregá-lo como um instrumento didático
no processo ensino-aprendizagem.
A prática indicada é a conciliação dos enfoques pedagógicos e social;
portanto, ao elaborar o plano de curso com a utilização da informática,
deverá ser previsto um momento em que sejam repassadas algumas
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orientações tecnológicas básicas associadas às orientações pedagógicas
(TAJRA, 2000, p. 44).
O uso do computador como instrumento de ensino traz a vantagem de possibilitar a
introdução de praticamente qualquer área do currículo, em qualquer momento do processo
ensino-aprendizagem. Além disto, o computador, por características que lhe são próprias,
apresenta algumas vantagens sobre outros instrumentos didáticos em muitas situações de
ensino, e, em cada etapa do processo ensino-aprendizagem.
2.2 Vantagem do computador e da internet em relação a outros recursos
“A revolução audiovisual foi perdida, não percamos a da Informática” (VINCENT,
1991, p. 821).
De fato, o audiovisual foi percebido inicialmente como um novo modo de ensino,
permitindo uma transmissão mais atrativa de um saber. Rapidamente, ele se tornou uma “tela
tecnológica” entre o professor e seus alunos. Por melhores que sejam as qualidades
pedagógicas do orador, um curso televisionado não pode ser interrompido para se fazer
perguntas. Claro que domínio do audiovisual não se limita a isto, mas o material utilizado é,
antes de tudo, um meio de comunicação em sentido único, salvo talvez para os cursos de
línguas.
Existe uma diferença fundamental entre informática e audiovisual. O audiovisual
mostra ao indivíduo uma dimensão do mundo que ele já conhece. O material por si só não é
autônomo. Filmar é olhar o mundo através de uma câmara, deslocando-se com ela. Praticar a
informática obriga o indivíduo a se projetar ao exterior, a imaginar.
O ganho do computador em relação aos demais recursos tecnológicos, no
âmbito educacional, está relacionado à sua característica de interatividade, à
sua grande possibilidade de ser um instrumento que pode ser utilizado para
facilitar a aprendizagem individualizada, visto que ele só executa o que
ordenamos; portanto, limita-se aos nossos potenciais e anseios. (TAJRA,
2000, p. 33).
A utilização do computador num processo de aprendizagem se caracteriza pela
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expressão “praticar a pedagogia informática”, na qual a palavra informática é apenas adjetivo.
A escolha de um sistema informático depende dos objetivos, dos alvos do professor,
e, da população que vai utilizá-lo.
Os usos do computador, precedentemente definidos em relação á palavra pedagogia,
podem ser catalogados também em função da palavra informática, distinguindo a
aprendizagem PELA e a aprendizagem DA informática.
PELA prática da informática, o aluno (o grupo) adquire métodos e técnicas que pode
transpor para outras disciplinas. PELA utilização de um sistema informático, o aluno adquire
ou verifica modelos de pensamento, num contexto de resolução de problemas, ou de
comunicação, produzida pela presença de um sistema informático motivador.
O computador é o melhor instrumento para se praticar a aprendizagem, pois o aluno
não é um utilizador passivo, ele se tornou um construtor ativo.
O computador é uma máquina que possibilita a interatividade em tempo real.
O conceito básico de diferenciação dessa máquina em ralação às demais,
também, se dá por conta do seu próprio sistema de funcionamento: entrada,
processamento e saída de informações – sistema do qual nenhuma outra
máquina dispõe (TAJRA, 2000, p. 34).
Entre as características do computador que lhe conferem vantagens sobre os demais
instrumentos, Marques, Mattos e Taille (1986, p. 35-36) citam as seguintes:
- é um recurso audiovisual superior por ser interativo. Neste sentido, pode solicitar e
responder
às
intervenções
do
aluno,
evitando
que este
permaneça
passivo
e,
conseqüentemente, que se disperse para outros aspectos não relevantes da situação;
- além de ser um recurso audiovisual interativo, o computador possui a vantagem de
poder obedecer ao ritmo próprio de cada aluno, por exemplo, repetindo uma mesma
explicação o número de vezes que o aluno desejar, ou, esperando o tempo que for necessário
por uma resposta do aluno;
- permite um ensino individualizado, ou seja, leva em consideração o fato de que as
crianças são todas diferentes uma das outras e apresentam características próprias: grau de
inteligência, manifestação de temperamento e outros;
- o aluno é autônomo, o que significa que o indivíduo é a fonte e a sede de resolução
21
de problemas de seus próprios problemas;
- outro ponto positivo a ser ressaltado é a prontidão com que o aluno recebe o
feedback às suas intervenções. Desta forma, ao trabalhar com um determinado conteúdo,
digamos, por exemplo, fixação da ortografia de determinadas palavras, o aluno tem uma
avaliação imediata sobre aquelas que precisa exercitar mais para um completo domínio do
assunto.
Estas características que fazem do computador um interlocutor totalmente diverso
daqueles com os quais o aluno se relaciona habitualmente, podem talvez ser responsabilizados
pelo alto grau de motivação, por parte dos alunos, em usar o instrumento sempre que possível.
Isto porque, mesmo já tendo tido algum contato com o computador, os alunos continuam
predispostos a novos contatos. A motivação é extremamente importante para qualquer
aprendizagem, pois, sem ela, é pouco provável que a atenção do indivíduo esteja voltada para
o que deve aprender. Portanto, a motivação aliada a outros pontos positivos do computador,
pode contribuir significativamente para o processo ensino-aprendizagem.
O computador pode ser um instrumento auxiliar extremamente útil ao
professor nas duas primeiras etapas da aprendizagem: perceber e conceituar.
Isto porque, o computador pode ser concebido como um instrumento
audiovisual. Portanto, presta-se a simulação em um sentido amplo, não
limitada a fenômenos da física e da química, sobre os quais o aluno pode
atuar alterando fórmulas ou parâmetros. Conceitos lingüísticos, matemáticos,
geográficos e muitos outros podem tornar-se mais “perceptíveis” quando são
explorados estes atributos do recurso (MARQUES, MATTOS e TAILLE,
1986, p. 36).
Em relação à generalização da aprendizagem e sua ampliação, verifica-se que o
computador oferece vantagens sobre os recursos tradicionais, pois pode ser programado para
apresentar situações cada vez mais complexas para o aluno, após ter se certificado do
conhecimento necessário por parte deste, através de questões com dificuldades específicas
sobre a matéria.
Neste sentido, quanto o recurso utilizado é a internet, já não é mais possível pensar
no ensino nos moldes tradicionais, sem correr o risco de se estar desatualizado e oferecer
“receitas” que já não funcionam. De acordo com Valente (1993, p. 41),
... a análise dos resultados do paradigma instrucionista são desoladores:
22
provocamos o êxodo do aluno da escola ou produzimos um educando
obsoleto. Os que abandonam a escola, engordam a fileira dos fracassados,
dos que não conseguem aprender. Os obsoletos não conseguem acompanhar
o desenvolvimento atual da sociedade, mais especificamente não estão
preparados para trabalhar no novo sistema de produção de bens e serviços.
O computador pode ser utilizado, então, como uma ferramenta versátil, que poderá
ser convertida naquela que o aprendiz precisa, em função de suas necessidades e
características do conteúdo que deseja construir. Pode-se usar desde processador de textos a
planilhas eletrônicas, de bancos de dados a linguagens de programação.
Um dos objetivos do uso do computador no ensino é o de ser um agente de
transformação na educação, e o professor deve descobrir o lugar didático desta tecnologia.
Pode-se afirmar que o computador por si só não melhora o ensino, apenas por estar ali
presente na sala de aula, a informatização da escola só será eficiente e com bons resultados se
for conduzida por professores preparados e que saibam quais os objetivos pretendem alcançar.
Além disso, Tajra (2000, p. 31) complementa que:
Para incorporar a tecnologia no contexto escolar, é necessário:
• Verificar quais são os pontos de vista dos docentes em relação aos
impactos das tecnologias na educação.
• Discutir com os alunos quais são os impactos que as tecnologias
provocam em suas vidas cotidianas. Como eles se dão com os diversos
instrumentos tecnológicos.
• Integrar os recursos tecnológicos de forma significativa como cotidiano
educacional.
Com a informatização da escola veio também a Internet, que é a rede global de
computadores que já tem mais de 60 milhões de usuários conectados em todo o mundo. Com
a Internet, há comunicação com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. Com este
avanço, pode-se fazer uma pesquisa, sem saber, de onde está surgindo essa informação, e
quem a escreveu de bancos de dados a linguagens de programação.
Ensinar utilizando a Internet exige muita atenção do professor. Diante de
tantas possibilidades de busca, a própria navegação torna-se mais sedutora
do que o necessário trabalho de interpretação. Os alunos tendem a
dispersar=se com as imagens e textos que se sucedem ininterruptamente.
Tendem a acumular muitos textos, que ficam gravados, impressos, anotados.
Colocam os dados em seqüência, mais do que em confronto. Copiam os
endereços, os artigos uns ao lado dos outros, sem a devida triagem (SALTO
PARA O FUTURO, 1998, p. 85-86).
23
Diante desse contexto, a presença e a atitude do professor no processo são
fundamentais. Com certezas mais importantes e cruciais do que em nossas salas de aula
tradicionais.
Com a Internet começa-se a ter que modificar a forma de ensinar, pois facilita a vida
dos cursos presenciais, como nos de educação continuada, à distância. Portanto, vem
introduzindo novas maneiras de se adquirir conhecimentos.
Com a Internet, estamos começando a ter de modificar a forma de ensinar e
de aprender, tanto nos cursos presenciais quanto nos de Educação continuada
a distância. Só vale a pena estarmos juntos fisicamente quando acontece algo
significativo, quando aprendemos mais estando juntos do que pesquisando
isoladamente nas nossas casas. Muitas formas de dar aula hoje não se
justificam mais. Perdemos tempo demais, aprendemos muito pouco, nos
desmotivamos continuamente. Tanto professores quanto alunos temos a clara
sensação de que em muitas aulas convencionais perdemos muito tempo
(SALTO PARA O FUTURO, 1998, p. 81-82).
A quebra da seqüencialidade linear é interessante, pois
pode-se fazer uma
comparação entre o livro e a Internet. Quando se tem um livro, mesmo sabendo que a teoria
de um determinado autor ainda não está acabada, a idéia que temos é que se trata de uma obra
já acabada. Têm-se os conceitos de início, meio e fim, ou introdução, desenvolvimento e
conclusão.
Já na Internet a mesma obra já não se tem a mesma idéia, pois na mesma, com a
velocidade com que as coisas acontecem prevalece a noção do inacabado, pois ao se colocar a
mesma teoria do mesmo autor, dar-se-á então o início da interatividade na rede, e o poderá se
ter então, não dependerá de uma seqüencialidade linear, dependendo do início, meio e fim.
Outra dimensão que a Internet oferece é em relação ao tempo. “Na dimensão tempo,
à medida que evoluem as tecnologias de transmissão de dados, os sujeitos interagem de forma
síncrona sem a necessidade de compartilhar o mesmo espaço físico próximo” (FAGUNDES,
1997, p. 38).
A próxima dimensão diz respeita ao espaço. “Na dimensão espaço assume relevância
a superação de fronteiras. A interação é possível tanto em espaços muito próximos quanto em
espaços muito distantes...” (FAGUNDES, 1997, p. 39).
24
Hoje, através da Internet é possível sair do individualismo e propor um ensino
cooperativo, onde a navegação através de endereços eletrônicos mantenha vivo o espírito da
pesquisa científica, com base em questões problematizadoras, onde professores e alunos
possam interpretar e fazer releituras do conhecimento estabelecido e alargar horizontes
mediante fórum virtual de discussões.
O domínio das novas tecnologias, especialmente do computador, é visto como
pressuposto para um futuro melhor. A motivação quando o computador é
utilizado no processo de ensino-aprendizagem não se explica apenas pelo
interesse no trabalho futuro, mas o uso dessa ferramenta desperta curiosidade,
melhora a concentração e permite a descontração, tornando a tarefa de
aprender mais divertida. Em síntese, a informática encontra-se presente em
nossa vida cotidiana e, incluí-la no processo ensino-aprendizagem, significa
preparar os estudantes para o mundo tecnológico e científico, inserindo a
escola nesse mundo real. MEC (2007).
3METODOLOGIA
Ao optar por um estudo de caso, na perspectiva da pesquisa qualitativa, tomou-se por
base Minayo (2001, p. 22), segundo a qual:
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se
preocupa, nas ciências sociais com um nível de realidade que não pode ser
quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis.[...] A diferença entre qualitativo
e quantitativo é de natureza. Enquanto cientistas sociais que trabalham com
estatística apreendem dos fenômenos apenas a região ‘visível, ecológica,
morfológica, e concreta’, a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo
dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e
não captável em equações, médias e estatísticas.
Partindo desta compreensão sobre as tecnologias na educação, propôs-se na pesquisa,
temáticas que envolvessem a realidade de cada educando para que a aprendizagem
acontecesse de forma significativa. Contudo, trabalhou-se em busca de construir um ambiente
interativo sobre o contexto sócio-cultural do educando.
25
Para que o projeto viesse de encontro com a realidade em que ia ser desenvolvido,
colocaram-se na balança todos os itens de abrangência bem como pontos positivos e
negativos, fatores estruturais e financeiros, em Mídia escrita e letramento: jornais e revistas na
sala de aula temos uma série de reflexões e aprofundamentos teórico-práticos realizados pela
equipe de professores da Escola Municipal Mutirão (e apoiada pela Secretaria Municipal de
Educação do Município Lages) sobre leitura e escrita e sobretudo em termos do acesso à
informação, por professores e alunos, no contexto escolar.
Apresentam-se nesta pesquisa, experiências realizadas com alunos em ambientes de
Informática pedagógica e em sala de aula, que exemplificam o acima exposto, alicerçados na
teoria histórico-cultural que contemplam a dimensão sócio-cognitiva e emocional.
As atividades foram sistematizadas e adequadas de acordo com a série, garantindo a
máxima circulação de informações promovendo leituras e pesquisas on-line que
contemplaram diversos assuntos sobre os temas pesquisados.
Estando este estudo embasado dentro de uma perspectiva histórico-cultural na
sociedade atual na qual estamos inseridos para tal buscou-se leituras que afirmassem teorias
observadas e vivenciadas no dia-a-dia do desenvolvimento deste projeto, dentro de
expectativas e análises reais.
3.1 Conhecendo o campo de Intervenção
No intuito de deixar o leitor deste estudo mais familiarizado com o local onde se
desenvolveu o projeto jornal, apresenta-se na seqüência algumas características da Escola
Municipal de Educação Básica Mutirão.
Descrevem-se o histórico desta unidade de ensino, sua realidade no contexto social
no ano em que se desenvolveu o projeto (2008), seu plano de ação para atingir o objetivo
maior das unidades de ensino da rede pública municipal de Lages/SC, ou seja, oportunizar
uma educação de qualidade a todos, delimitar os sujeitos envolvidos no projeto e descrever os
fundamentos que deram origem ao projeto Explorer, espaço onde os alunos encontrar os
subsídios necessários para a produção dos jornais.
26
3.1.1 Histórico
A Escola Municipal de Educação Básica Mutirão foi fundada em 18 de março de
1981, na administração do Prefeito Dirceu Carneiro. A escola iniciou com a população escolar
de 463 alunos, em um espaço físico que comportaria seis salas de aula, uma cozinha, dois
banheiros. Tendo em seu corpo docente 14 professores regentes, dois professores de educação
física e duas merendeiras. Atuando como diretora Ângela Maria Dall Molin Neto.
A escola tem na sua história fatos peculiares, sua construção foi feita pela
comunidade através de mutirão, contando com a participação dos pais, lideranças
comunitárias, refletindo a própria história da comunidade do Bairro Habitação, que nasceu da
necessidade de moradia da população ribeirinha da cidade de Lages.
3.1.2 Realidade da escola no contexto social
Situada na Avenida dos Pessegueiros, s/n, Bairro Habitação. A Escola Municipal de
Educação Básica Mutirão oferece ensino fundamental do 1º ano ao 9º ano.Num total de 1108
alunos.
Para compor este grupo discente, além de atender os alunos do bairro Habitação, a
escola também recebe alunos provenientes dos Bairros:Popular, Várzea, Universitário, Caça e
Tiro, Bom Jesus. Contando deste modo com uma comunidade escolar que apresenta as
seguintes características:
•
As famílias destes alunos são na minoria semi-analfabetos,
grande maioria com ensino médio e poucos com curso superior.
•
Alguns vivem dos programas sociais como por exemplo: PETI,
Bolsa Família etc.
•
Constante mudança de residência para outros bairros da cidade,
capital do estado e Rio Grande do Sul ,em busca de melhores oportunidades,
havendo retorno constante.
•
Grande desestrutura familiar.
27
•
Poucas opções de lazer, a maioria fica em casa assistindo
televisão ou sai passear nos vizinhos ou parentes.
•
Alguns são religiosos freqüentando regularmente as igrejas ou
templos.
A EMEB Mutirão, possui uma área territorial de 11.309,73m2. A área construída da
escola corresponde a 2.018,55 e do CEIM 328,63m2.
3.1.3 Plano de ação da EMEB Mutirão
A Escola Municipal de Educação Básica Mutirão apostando sempre num trabalho de
parceria entre escola, família e comunidade, busca a cada dia melhorar o desempenho
acadêmico de seus alunos, respeitando as diferenças e investindo no potencial de cada ser
humano.
Deste modo, no que se refere ao ano letivo de 2008, no Projeto Político Pedagógico
da escola destacam-se algumas metas, entre elas:
*Elevar o índice de aprovação nas disciplinas críticas;
*Elevar o índice de aprovação nas disciplinas de matemática, geografia e língua
portuguesa;
*Melhorar as práticas efetivas em sala de aula;
*Envolver os pais na aprendizagem dos alunos e ampliar a participação do colegiado.
No intuito de contribuir na concretização destas metas, que desenvolveu-se o projeto
do jornal.
3.2 Sujeitos que participaram do projeto jornal
O desenvolvimento do projeto de intervenção nas aulas de informática foram os
alunos do 4º e 5º anos do ensino fundamental. Também se envolveram neste projeto os
professores regentes das referidas turmas orientando os alunos no sentido de identificarem o
conteúdo curricular relacionado a cada tema pesquisado.
28
3.3 O Projeto Explorer da rede pública municipal de ensino de Lages/SC
A equipe administrativa da Secretaria da Educação do município de Lages/SC que
assumiu os trabalhos em 2001 verificou que os laboratórios de informática não estavam
integrados ao processo ensino-aprendizagem. Diante dessa realidade, visando trazer essa
ferramenta – tão versátil e tão pouco utilizada – para dentro do cotidiano escolar no sentido
envolver os alunos da rede pública municipal de ensino da cidade de Lages/SC nos avanços
tecnológicos da atualidade desenvolveu o Projeto Explorer – Explorando a Informática como
Ferramenta Pedagógica.
Tendo como objetivo apresentar um modelo de informática como ferramenta
pedagógica para subsidiar o processo de ensino-aprendizagem, tendo como público alvo
alunos da Educação Infantil (pré-escolar) e do Ensino Fundamental (1a a 9º ano) da rede
pública municipal de Lages/SC, para dar início a esse projeto num primeiro momento das
cinqüenta e oito unidades escolares do município foram escolhidas oito para implantação do
Projeto Explorer, onde foram ministradas aulas de reforço e apoio pedagógico a princípio só
aos alunos do pré-escolar e das séries iniciais (1a a 4a série) do ensino fundamental.
Para o desenvolvimento desse projeto foi criado o SETE (Setor Tecnológico
Educacional). Este se constitui numa estrutura que subsidia e implementa a proposta de
integração de novas ferramentas no contexto educativo e estava fundamentado nas SETE
ações propostas por Ostrowski (2002, p. 47):
•
•
•
•
•
•
•
Capacitar os professores que serão os multiplicadores na escola.
Levar as escolas a refletirem criticamente sobre a inserção das NTCIs na prática
pedagógica.
Produzir softwares customizados para os professores.
Produzir softwares educativos em parceria com entidades afins.
Acompanhar as ações desenvolvidas nas escolas.
Contribuir para o desenvolvimento de projetos interdisciplinares.
Buscar assistir os professores em suas dificuldades com o manuseio e apropriação
das NTCIs.
A equipe “do SETE” como era denominado o grupo de trabalho desse projeto na
29
Secretaria de Educação do Município de Lages, além de promover o desenvolvimento do
processo de formação continuada com os professores coodenadores, assistia os mesmos
através da elaboração dos roteiros, que são os temas e/ou conteúdos trabalhados em sala de
aula, solicitados pelo professor regente, transformados em softwares para que os alunos
possam interagir e trabalhar com o assunto que o professor está discorrendo em sala de aula.
Como as turmas são grandes, e o número de máquinas bastante limitado (apenas 10
por escola), houve a necessidade de fazer a divisão das turmas para que os alunos usassem o
laboratório. Enquanto uma parte de alunos realiza atividades com a tutora na biblioteca ou na
própria sala de aula, a outra parte dos alunos vai para o laboratório com a professora para
realizar as atividades, assim sendo, todos têm garantido seu acesso ao laboratório de
informática pedagógica.
A sistematização dos trabalhos ficava a critério de cada professor, cabendo a
coordenadora do laboratório orientar os alunos quanto à execução do trabalho no computador,
escolhendo o programa a ser utilizado para elaboração do projeto. O mesmo procedimento de
divisão de turmas é adotado também hoje no trabalho com os alunos do Ensino Fundamental
de 6º a 9º ano.
O projeto é sinônimo de planejamento e projeção. Requer registro do
trabalho, organização das ações e definição de critérios de avaliação. No
caso do professor, visa valorizar a clareza do planejamento e de seus
objetivos. No caso do aluno, intenciona criar momentos de auto organização
e participação ativa, durante a interação com o saber científico e prático,
integração da teoria e prática, e uma real cooperação entre os participantes.
(OSTROWSKI, 2002, p. 47).
Como resultado, com a implantação do Projeto Explorer, a Secretaria de Educação
do Município de Lages deu um passo significativo no que se refere a dinamização do processo
ensino-aprendizagem, através da inovação das aulas ministradas nos laboratórios,
complementando e enriquecendo os conteúdos ministrados em sala de aula.
A concretização destes objetivos puderam ser vivenciadas no desenvolvimento deste
estudo monográfico através da realização do projeto jornal.
30
4 RESULTADOS
Com o intuito de colocar em prática uma nova abordagem da incorporação das
tecnologias da informação no contexto escolar, propôs-se o desafio de elaboração de um
jornal em um ambiente tecnológico para observar a construção, ou o desenvolvimento
cognitivo - emocional dos alunos, no romper do paradigma de compreensão da sociedade
informacional. Nesse sentido:
A aprendizagem é organizada "sob medida" para cada aluno; isto é, o
aluno é responsável por muitas das decisões que envolvem sua própria
educação e a instituição maximiza o atendimento individual. MEC
(2007).
Ao apresentar os resultados obtidos com esta pesquisa, inicia-se com os relacionados
ao primeiro objetivo específico da pesquisa, que é conhecer aspectos do projeto desenvolvido
na escola com a utilização do jornal.
Outro aprendizado importante que essa nova forma de pensar traz em seu bojo é o
fato de que as experiências foram bem-sucedidas de integração incentivaram a disposição
para buscar relações de complementaridade e estabelecer parcerias. A convivência com o
outro, por sua vez, obrigatoriamente impõe a necessidade de administrar os conflitos e
desentendimentos provocados pelas diferenças; de compreender a importância de considerar
todas as colaborações possíveis; de respeitar e valorizar todos os campos de conhecimento,
apesar das divergências. Nesse sentido, não é exagerado dizer que a convivência das
disciplinas pode ser uma estratégia para desenvolver a noção de tolerância, para Raylene
(2003),... a visão parcelada do conhecimento é um obstáculo para o sujeito alcançar uma
integração interna, porque não o instrumentaliza para ver o todo.
Fazendo o caminho contrário, podemos afirmar que um ensino que conciliasse
diferentes conceitos, de diferentes áreas; que integrasse as várias disciplinas e fosse capaz de
substituir a fragmentação pela interação, daria ao sujeito a oportunidade de aprender a
relacionar conceitos e, conseqüentemente, de construir novos conhecimentos, com muito mais
autonomia e criatividade. Mais autonomia, porque ele teria aprendido a considerar fatores de
diferentes ordens na realização de seus objetivos, inclusive de aprendizagem. Mais
31
criatividade, porque a prática de relacionar implica também a arte de encontrar combinações
inéditas, ousadas, saídas novas para velhos problemas. Esse seria um ganho inestimável do
processo de ensino no novo milênio.
No desenvolvimento deste trabalho, abordou-se temáticas de interesse dos
estudantes, pela significância deste processo na realidade dos mesmos. Neste processo,
constrói-se coletivamente uma caminhada de aprendizagem em um novo ambiente.
Para tanto, as aulas de informática tiveram o objetivo e foram trabalhadas de forma
paralela com a professora regente, então procurando estabelecer um roteiro com temas que
interagissem entre si, principalmente de forma interdisciplinar, dando ênfase para a
elaboração do jornal, cada um dos assuntos pesquisados foram trabalhados, e depois digitados
em forma de textos e armazenados numa pasta para a diagramação do jornal.
Assim, na magia de viajar por um momento de representação em que todos eram
sujeitos dessa história, os alunos e professores caminharam juntos por este mundo virtual, por
pedras reais e palavras vividas. É no olhar pela máquina que percebeu-se “coisas” que nunca
esperou-se saber. Então, é na viagem entre a realidade e o virtual que os alunos expressam
palavras e sentimentos que os educadores devem compreender. É necessário olhar com outros
olhos estes alunos, como descreve Alves (2002, p. 07,08):
Não cobiço nem disputo os teus olhos. Não estou sequer à espera que me
deixes ver através dos teus olhos. Nem sei tampouco se quero ver o que
vêem e do modo como vêem os teus olhos. Nada do que possas ver me
levará a ver e a pensar contigo. Se eu não for capaz de aprender a ver pelos
meus olhos e a pensar comigo. Não me digas como se caminha e por onde é
o caminho. Deixa-me simplesmente acompanhar-te quando eu quiser
Se o caminho dos teus passos estiver iluminado. Pela mais cintilante das
estrelas que espreitam as noites e os dias. Mesmo que tu me percas e eu te
perca. [...] não me prendas as mãos. [...] deixe-me arriscar o barro talvez
impróprio e não obrigues a ler os livros que ainda não adivinhei nem queiras
que eu saiba o que ainda não sou capaz de interrogar. Protege-me das
incursões obrigatórias que sufocam o prazer da descoberta. E com o silêncio
(intimamente sábio) das tuas palavras e dos teus gestos. Ajuda-me
serenamente a ler e a escrever a minha própria vida.
Assim, contribuindo para a construção de uma aprendizagem significativa,
fundamentado nas orientações do Currículo do Programa de Desenvolvimento Infantil (1998,
p.34), quando afirma que “para que a educação tenha um significado pessoal e social para os
sujeitos nela envolvidos é imprescindível que o educador conheça o educando com o qual vai
32
trabalhar,sendo sempre o objetivo maior reinventar o saber,em parceria com sua família”,
propôs-se entender e dialogar com temáticas sobre as vivências dos alunos, sua realidade de
forma concreta e participativa , relacionando os conteúdos curriculares com o relacionamento
família e escola.
Deste modo, para a elaboração do jornal da escola durante as aulas de informática,
foram trabalhadas diversas atividades, abordando diversos conteúdos curriculares, nos casos
que vamos analisar, os componentes distintivos das disciplinas (a produção de textos, a
variedade lingüística, a noção de coesão) serviram ao objetivo comum de diminuir os erros de
ortografia,reforçou a leitura em geral como fator determinante, para construção de uma
aprendizagem positiva, com resultados reais de uma integração que repercutiu
em toda a
comunidade de uma forma elucidativa,consciente dentro do contexto social deles,onde os
alunos elaboraram fontes de conhecimento,onde a percepção tornou-se mais emocional, mais
afetiva, à medida que vem relatada por quem a experimentou na pele. Nesse caso, a entrevista
foi uma ótima escolha de gênero, porque promoveu contato direto com a forma de expressão
oral desse grupo. O reconhecimento da importância e dignidade dos escravos é reforçado,
pelos estudo dos níveis de linguagem pela compreensão de que as variações lingüísticas não
constituem erros, mas resultados de processos sociais e históricos. Assim, Geografia e Língua
Portuguesa convergem para um ponto que as ultrapassa, mas também as une: a valorização de
um grupo social que ainda hoje sofre as marcas da violência impostas nos séculos anteriores,
estendidas, hoje, em preconceito e desigualdade social. E se a área de História assinala essa
relação, suscitando a comparação entre passado e presente, a Economia Solidária oferece a
produção coletiva como uma saída renovadora para um velho padrão de violência.
Nenhuma das disciplinas citadas conseguiria, sozinha, alcançar esse resultado. Ele só foi
possível pela integração e cooperação.
Na seqüência, apresenta-se uma lista de atividades com vistas a mostrar os
resultados obtidos que se referem aos objetivos específicos: produzir trabalhos e textos
interdisciplinares a partir das aulas de informática e identificar trabalhos propiciados pelo
jornal.
DESAFIOSdentro da disciplina de matemática os alunos montavam desafios
aritméticos que trocavam entre si nas aulas,procurando resolve-los e num consenso os mais
criativos eram escolhidos para publicação no jornal.(sempre envolvendo as 4 operações) partir
daí já trabalhávamos a produção de textos escrito e digitados.
33
DATAS COMEMORATIVAS foram pesquisadas informações sobre as datas
comemorativas locais, regionais e nacionais, procurando fazer sempre um quadro
comparativo de semelhanças e diferenças de costumes e tradições, os próprios alunos
pesquisavam e registravam sua pesquisa e faziam as comparações,com a mediação de
perguntas da professora. Para o jornal era registrado as datas relacionadas do mês trabalhado e
seu significado.
METEOROLOGIA as diferenças entre o clima e o tempo foram observadas a
partir da pesquisa na internet, jornais, TV. Assim para saber sobre o clima das diferentes
regiões brasileiras, observando no mapa cada um dos estados do Brasil, trabalhou-se
paralelamente a localização, fazendo um comparativo sobre o clima, a localização e a
vegetação dos estados, municípios. Para o jornal foi elaborado textos com a meteorologia
provável para o mês.
CADEIA ALIMENTAR E EQUILIBRIO ECOLÓGICO produções de textos com
este tema, foram feitas a partir de observações e pesquisas em sites e livros na biblioteca.
CAMPANHA CONTRA O CIGARRO os alunos trouxeram suas pesquisas sobre
o assunto e foi feito um debate, a quantidade de fumantes em casa, parentes, conhecidos, no
computador foi elaborada legendas e cartazes contra o tabagismo.
IMPORTÂNCIA DA ÁGUA pesquisa sobre o abastecimento de água no
município, quantos habitantes, concurso sobre a frase mais criativa, a frase foi ”A água é o
nosso bem maior, fonte de vida, alegria, sabedoria é cuidar e saber preservar,agradecer e saber
viver.” (Felipe,12 anos).
TRADUZINDO PALAVRAS EM INGLÊS palavras sorteadas na aula eram
pesquisadas em dicionários e sites específicos e sempre 4 palavras eram escolhidas para o
jornal.
TIPOS DE POLUIÇÃO a partir da realidade dos alunos pediu-se que observassem
durante um dia sobre os tipos de poluição no trajeto de casa à escola, seus registros foram
expostos, debatidos e elucidados com explicações e mais pesquisas, buscou-se uma
conscientização e sugestões para solucionar.
PESQUISANDO A HISTÓRIA DA MINHA COMUNIDADE Pesquisando a
historia do bairro, foi resgatado o significado do nome das ruas locais. Na realização do
levantamento sobre o comércio no bairro, observou-se que o bairro da Habitação onde está
localizada a EMEB Mutirão possui 6 mercearias, 2 salões de beleza, 3 escolas municipais, 5
34
creches. No jornal foi publicado o horário de funcionamento de cada um destes
estabelecimentos, bem como dicas de beleza obtidas através da realização de uma entrevista
no salão com a cabeleireira.Pesquisou-se também sobre árvore genealógica de algumas
famílias,descendência negra e seus preconceitos.
GRAMÁTICO CERTO OU ERRADO pesquisa em vários meios escritos de
informações diversas, pediu-se para os alunos observassem possíveis erros onde os mesmos
destacavam as palavras e posteriormente a professora inseria algumas regras gramaticais.
NARRAÇÃO/DESCRIÇÃO foi realizada a montagem de historia em quadrinhos
no Word, através da produção dos alunos para esta atividade, a escola ganhou a melhor capa
no Programa Lendo e Relendo do Jornal Correio Lageano, que dedicou um espaço para relatar
o trabalho que vinha sendo desenvolvido na escola e ilustrar com a historia em quadrinhos.
ESTRUTURAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO TEXTUAL temas variáveis,
exercitando a digitação na produção dos textos dando ênfase para a estruturação e
reestruturação dos textos.
FICHÁRIO PESSOAL constituído de fichas com dados considerados importantes
pela pessoa que faz a pesquisa. (aniversariantes do mês, professores,funcionários e alunos).
As fichas mais freqüentes são as bibliográficas, que trazem o nome do autor, título do livro ou
do artigo de jornal ou de revista com indicação do nome da editora, ano e local em que foi
publicado. Pode-se fazer um pequeno resumo do conteúdo do livro, comentários a respeito
dos personagens, época e estilo, além de acrescentar citações temáticas, ou seja, frases
chamativas de autores transcritas em uma epígrafe temática. Pelo fato destes dados também
poderem ser armazenados num computador, foi feito um fichário pessoal por cada um dos
alunos no entanto somente alguns foram escolhidos para a publicação, os demais foram
expostos nos murais da escola.
GALEIRA DE FOTOS DE ARTE foi trabalhado murais todos os murais feitos na
escola era tirado fotos para a publicação, os próprios alunos tiravam as fotos (maquina da
escola,auxiliados por professora regente ou por mim)eles escolhiam num consenso entre a
turma, em outra aula foi criado na sala de informática em Power point uma galeria de fotos
dos alunos registrados na hora da pausa,e no final do ano foi apresentado a toda a comunidade
escolar em movie maker como registro do projeto.
AGENDA MENSAL os alunos fizeram levantamento de todos os acontecimentos
do mês na escola, bairro, cidade, registrando todo os eventos realizados como por exemplo
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festa do pinhão, teatro sobre a preservação do meio ambiente, visitantes, família na escola, na
agenda mensal do jornal.
OLIMPIADAS 2008 com o intuito de despertar o interesse dos alunos pelas
práticas esportivas a partir do tema em evidência na época “olimpíadas” foi pesquisada as
características presentes em cada uma das modalidades esportivas participantes das
olimpíadas destacando as curiosidades, origem destes esportes, bem como a realização de
uma olimpíada na escola, na qual foi noticiada no jornal através do registro (fotos) de sua
abertura , acompanhada de dicas de saúde e sugestão de atividades esportivas que podem ser
realizadas pelos alunos.
ORIGEM DOS NÚMEROS pesquisa, observação no contexto da escola, na
realidade dos alunos, exposição da pesquisa realizada por eles sobre o quanto dos números no
dia-a-dia.
No entender de Hernadez (2003, p.45):
(...) estamos imersos numa avalanche de imagens que é preciso aprender a
ler e interpretar para compreender e dar sentido ao mundo em que vivemos.
Assim, crianças e adolescentes serão capazes de analisar os significados da
imagem, os motivos que levaram a sua realização (...)
Assim, pensando no objetivo através das atividades descritas, apresentou-se um
trabalho de temáticas que suprissem as defasagens sobre o conhecimento sócio-cognitivo e
emocional desses jovens e das interações por eles engendradas, tornando o processo
pedagógico mais significativo para o educando e sua história. Ao se realizar a análise dessas
práticas vivenciadas no laboratório de informática, atingiu-se o quarto e último objetivo
específico da presente pesquisa,onde aconteceu a junção de várias disciplinas Português,
Matemática, História, Geografia...Nós geralmente vemos nos
exames vestibulares, nas
coleções lançadas anualmente pelas editoras, nas grades curriculares das escolas, nos cadernos
dos alunos, organizados com divisões “por matéria”, estamos acostumados a encontrar as
diferentes disciplinas sempre separadas, isoladas em compartimentos, organizadas em espaços
bem
definidos
nos
horários
e
ministradas
por
diferentes
professores.
Essa falta de comunicação entre as áreas, essa fragmentação do conhecimento – reflexo de um
complexo processo social e histórico desencadeado pela revolução industrial, que exigia mãode-obra especializada – têm deixado seqüelas profundas em nosso modo de pesquisar, de
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ensinar e, sobretudo, de pensar e ver o mundo.Enfim, parece correto concluir que, tanto
quanto a vivência da comparti mentalização incentiva o que é sectário e isolado, ou seja, a
base do individualismo, a comunhão de áreas, de conceitos, de professores pode ser uma
mensagem eloqüente sobre os benefícios da composição, da articulação de forças, da
cooperação, que são a base da postura solidária. Considerando o tamanho dos problemas
econômicos e ambientais que já enfrentamos, é de grande valia sonhar com um ensino que
parte da integração e ensina os alunos a usufruírem melhor dos conhecimentos recebidos na
escola.
Se os alunos, durante toda sua escolaridade e processo de aprendizagem, tomam contato com
as disciplinas sempre divididas em segmentos que nunca dialogam, forçosamente
desenvolvem uma percepção igualmente fragmentada dos conhecimentos de cada área. Isso,
sem dúvida, acabou moldando uma forma de pensar que dificilmente incluirá a síntese, o que
é compreensível, considerando que essa habilidade só é adquirida quando se aprende a buscar
a visão global dos fatos.
A utilização de aparelhos audiovisuais, a imagem, o fictício, dialogaram entre a
fantasia e a realidade fazendo com que o educando refletisse sobre sua própria realidade
propondo um olhar mais atento, mais crítico, voltado para sua convivência familiar.
Segundo Eisner (2003, p.45): “o ensino se torna mais abrangente quando utiliza
representações visuais, pois elas permitem a aprendizagem (...) ganham nome de cultura
visual (...)”. A representação visual se deu através de um filme que transportou o educando
para dentro de sua casa, intervindo em sua auto-análise familiar, o que em alguns casos trouxe
desconforto e dor, em outros conforto e alegria. Sentimentos estes, produzidos por ações de
rejeição, menosprezo, raiva, como também ações de carinho, afeto e valorização apresentados
no filme.
Para que o ser humano possa se relacionar é necessário o autoconhecimento e
também o conhecimento dos demais que compõe seu ambiente de convivência. Para tanto,
trabalhar o comunicar-se e ao mesmo tempo a descoberta e a compreensão do outro, através
de diálogos ou mesmo na sala de bate-papo (sala virtual) na internet, é um processo de
interação que pode ser utilizado como um modo de mediação entre a transmissão de
conhecimento e a aquisição e construção efetiva deste processo através da significação sendo
este um objetivo de conclusão da aprendizagem uma condição
afirmava Lévy (2001, p.21):
real. Neste sentido, já
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Seria a transmissão de informações a primeira função da comunicação? (...)
o ato de comunicação define a situação que vai dar sentido às mensagens
trocada (...). Através de seus atos, seu comportamento, suas palavras, cada
pessoa que participa de uma situação estabiliza ou reorienta a representação
que fazem de outros protagonistas. Sob este aspecto, ação e comunicação são
quase sinônimos.
Sendo assim, no ambiente convencional da sala de aula, o educando foi instigado a
um diálogo, numa relação de aprendizagem, tendo liberdade para expressar-se, o que tornou o
momento algo sério. No início, notou-se o receio dos alunos em se manifestar e a necessidade
de aguçá-los, a interpelar sobre sua família, o que levou a alguns apontamentos por parte do
grupo, com intuito de atingir os mesmos em relação a sua convivência familiar. Viu-se então
que era preciso impor normas para o bom andamento do diálogo.
Ostetto (2000, p.97), ao referenciar-se sobre espaços de aprendizagem, afirma:
A organização do espaço torna-se um importante aspecto a ser pensado e
previsto na rotina. O espaço exerce influência no comportamento das
pessoas que nele habitam, facilitando certas atividades ou inibindo outras,
influenciando as interações entre criança- criança, criança- adulto, criançaobjeto, possibilitando ou não a autonomia da criança em escolher as
atividade que quer realizar. (...) A sala é marcada por diferentes espaços.
Muitos deles são coletivos, do grupo. Mas para construir coletividade é
preciso individualidade.
Nos diálogos, observou-se que o educando transportava-se para o personagem e
explicitava como queria que fosse sua família. Nestas relações interpessoais, o educando foi
levado a tomar conhecimento do outro, sensibilizado a compreendê-lo.
Neste sentido, já dizia Freire apontado por Saltini (2002, p.55): “A validação de toda
educação, de todo ato educativo, deve necessariamente estar precedido de uma reflexão sobre
o homem”. Esse ato educativo aconteceu através dos diálogos, das relações interpessoais, do
conhecimento sobre si e o outro, o que notou-se através de comentários como:
A família cuida dos filhos, na falta do pai e da mãe;
Minha mãe mora na esquina, mas moro com minha tia;
Meus pais estão se separando, ficarei com meu pai;
Minha irmã não mora junto, porque minha mãe não pode cuidar de todos os
filhos. (Depoimento de um aluno).
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A interferência deu-se através de um processo de construção tanto individual quanto
coletivo, ficou nítida a sensibilização do educando ao escutarem os relatos dos colegas, o
olhar de compreensão e afeto, a emoção de cada um ao falar sobre a sua família.
Ao desenrolar do mesmo tema, agora na sala virtual, pôde-se observar que os alunos
foram mais partícipes, numa conversa mais aberta, entre brincadeira e comentários sérios.
Significando os processos de aprendizagem, também através das atividades
desenvolvidas no decorrer da intervenção nesta unidade escolar, buscou-se a valorização da
identidade sócio-cultural e emocional de cada educando. Para tanto, produziu-se junto com os
alunos crachás de identificação. Chamou à atenção a manifestação da educadora ao interpelar
sobre a condição da escrita dos deles, porém, se é um processo de construção,
conseqüentemente deve haver a valorização da produção dos mesmos, no desenvolvimento de
sua própria identidade enquanto sujeitos naquela estrutura social. Assim Hemilewski (2000,
p.16):
O texto escrito é expressão de idéias, sentimentos e experiências
internalizadas. Dizemos que a escrita manifesta o conteúdo que está na
mente da pessoa, ou seja, dá forma às idéias, torna-as visíveis (...) mesmo
que os alunos não dominem a mecânica da escrita, ou não conheçam nem
saibam traçar as letras, ainda assim é possível trabalhar a linguagem escrita.
Diante da importância da utilização desta, construiu-se uma dinâmica com o texto da
música "Estudo Errado"(Gabriel ,O Pensador), que fez os alunos refletirem sobre seu
cotidiano escolar e sua realidade. Para Filé (2002, p. 141): “(...) a linguagem audiovisual não
pressupõe nenhuma habilidade, nenhum pré-requisito para ser acessado, enquanto que as
escolas estão fortemente baseada na cultura letrada, na qual é preciso que domine um código
para que se tenha acesso ao saber”.
Com o intuito de transcender a visão do educando frente às situações escolares
vivenciadas, ou até mesmo aqueles que se omitem, oportunizou a vinda de um personagem
para interpretar as vivências dos alunos em um monólogo intitulado – Hoje sou ninguém. Em
seguida, formou-se grupos que integraram a plenária da atividade, a sala de aula neste
momento, passa a ser caracterizada pelos mesmos como atores de um Júri, apontando
situações-problemas do cotidiano escolar.
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Eles em seus fóruns discutiram e apresentaram algumas prerrogativas de suma
importância. Neste processo, o educador é o mediador da interação que se engendra, de modo
que o educando se sinta seguro e a vontade para expressar-se.
Após um complexo debate considerou-se que a escola não é culpada, pois a escola
não se constrói sozinha, mas sim sofre influencias por toda comunidade que deve contribuir
para o desenvolvimento e conseqüentemente o de todos os sujeitos que fazem parte da escola.
A síntese do desenvolvimento deste júri foi publicada no jornal, servindo o resultado
da sentença como matéria de capa de uma das edições desta produção que com certeza trouxe
uma nova cara não só para as aulas de informática, mas, para o processo ensino-aprendizagem
da escola como um todo.
Da síntese das atividades descritas, percebe-se que diante de um conjunto de
demandas tecnológicas, sócias e culturais colocadas apenas para a escola, é relevante
considerar uma transformação da sociedade, já que a educação não pode fazer tal
transformação sozinha. Neste sentido, através da elaboração do jornal, os alunos tiveram a
oportunidade de interagir em mais um meio de comunicação junto a escola, uma interação
com parcerias entre alunos, professores e comunidade em geral, foram trabalhados temas
variados e atuais na divulgação e conscientização dos mesmos.
Tinha uma idéia do que seria trabalhar com a interdisciplinaridade, pois em
Informática temos este viés para desenvolver vários tipos de projetos dentro das disciplinas
trabalhadas. No entanto, somente ao pesquisar profundamente este assunto, foi possível
perceber o quanto este tema está em nosso dia-a-dia nos softwares educativos, nas aulas
produzidas em PowerPoint.
Trabalhando desta forma buscando inovação, motivação tanto para quem ensina,
quanto para quem aprende, concretizou-se o projeto sobre jornal na escola utilizando o
laboratório de informática para a realização das pesquisas e digitação do jornal
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final do desenvolvimento deste estudo monográfico, diante da análise da proposta
trabalhada, notou-se o grau de complexidade frente a quebra do paradigma imposto sobre o
ambiente da informática nos meios educacionais. As tecnologias estão restritas a um mero
instrumento de reforço pedagógico, engessando assim, as possibilidades das relações humanas
(interações). As questões sobre a tecnologia na educação, nesta sociedade informacional,
estão restritas ao possuí-la e não torná-la tecnologia educacional. Nesta sociedade, a educação
defronta-se com uma cultura tecnológica – cibercultura - modificando, transformando os
modos de comunicação, agindo diretamente sobre o sujeito que está aprendendo. Desta
maneira, a educação deve desafiar-se a ser sujeito ativo na construção desta cibercultura. É
impossível negar a viabilidade dos fios entrelaçados de conhecimento neste novo espaço, o
qual faz com que o educando construa e reconstrua seu processo de aprendizagem.
Ponderou-se a existência desta cultura que se faz necessária para compreender e
instigar o sujeito complexo, sócio-cognitivo e emocional que está inserido na mesma,
traçando no sistema educacional, vias de acesso entre a tecnologia e o educando como sujeito
desse processo.
Considerou-se nesta pesquisa, os aspectos relevantes sobre as relações humanas e sua
possível significância junto às tecnologias educacionais, fazendo uso de um diferente
ambiente de aprendizagem - ciberespaço, no qual se conceitua e refletem-se os processos de
aprendizagem a cerca da realidade dos alunos, buscando na concepção histórico-cultural bases
para alicerçar a construção individual e coletiva dos alunos sobre sua própria aprendizagem.
Enfatiza-se que tal processo é negligenciado por alguns professores, rompendo com o
desenvolvimento do sujeito autônomo e crítico de acordo com a concepção que fundamenta o
Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal de Educação Básica Mutirão.
Há uma dicotomia entre as teorias expostas e as práticas desenvolvidas, entre os
planejamentos e as ações pedagógicas, o que salientou a importância do diálogo do educador
x educando, educando x educando, bem como as interações construídas entre esses sujeitos
frente às novas tecnologias.
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Diante de toda a problemática e pressupostos levantados no desenvolver desta
pesquisa, observou-se através dos resultados pedagógicos conquistados com a elaboração do
jornal no laboratório de informática, a contribuição do computador para suscitar preocupações
que até então não tinham a devida relevância nos processos educacionais, sendo estas, objeto
de análise do comportamento humano frente à máquina, utilizando-a como uma ferramenta
educacional, auxiliando na descoberta e prevenção de distúrbios e situações conflitantes no
ambiente escolar.
Investigou-se o processo sócio-cognitivo e emocional de cada educando na rede
telemática, através de temáticas que fazem parte do contexto histórico dos mesmos, tornandoos sujeitos ativos e participantes no processo de construção da sua aprendizagem.
Nos dados aferidos e analisados constatou-se a viabilidade das relações humanas na
rede telemática, onde o sistema educacional pode fazer o uso da mesma para minimizar ou
mesmo auxiliar novas práxis educacionais em que o sujeito será compreendido pela sua
história, sua cognicência e por seus aspectos emocionais, fazendo da máquina uma ponte entre
situações vivenciadas pelo educando em sua história x seu desenvolvimento educacional.
Em suma, o aumento do rendimento escolar observado pelos professores a partir da
confecção do jornal nas aulas de informática, permitiu concluir que no ambiente telemático, o
educando se sente desprendido para dialogar sobre seus conflitos internos e com isso, a partir
do auto-conhecimento, superar muitas de suas dificuldades de aprendizagem. São resultados
como estes que permitem evidenciar os pontos positivos da incorporação das tecnologias da
informação no contexto escolar. Permitindo, deste modo, afirmar que se o professor utilizar
propostas inovadoras de incorporação do computador e das demais tecnologias da informação
no processo ensino aprendizagem, muito ele poderá avançar na melhoria da qualidade do
processo educativo e conseqüentemente na efetivação de uma aprendizagem significativa.
No entanto esta conclusão não deve ser vista como uma verdade única, pois não
houve, neste estudo, nenhuma pretensão de esgotar o tema. Pretendeu-se, unicamente, na
condução deste trabalho, contribuir para evidenciar os aspectos positivos da incorporação do
computador como recurso pedagógico em todas as áreas, e ao mesmo tempo destacar a
necessidade de haver parcerias concretas, para que o resultado seja a soma integrada em
aprender de um jeito construtivo, motivador e prazeroso.
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