Modernidade e civilização na imprensa francesa oitocentista

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Modernidade e civilização na imprensa francesa oitocentista
Modernidade e civilização na imprensa
francesa oitocentista: o romance-folhetim
Máira de Souza Nunes
Professora no Curso de Comunicação Social do Centro Universitário Interncional - UNINTER
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Linguagens – Universidade Tuiuti
do Paraná
Resumo
O presente artigo pretende analisar as relações existentes entre o romance de folhetim publicado nos jornais
franceses, e o processo de modernização da sociedade parisiense ocorrido durante o século XIX. Enquanto
resultado das transformações políticas, econômicas e sociais sofridas a partir da grande Revolução de 1789, esse
processo caracterizou-se pela ascensão da burguesia ao poder, o avanço do capitalismo, mudanças nas esferas
pública e privada. Este trabalho pretende perceber de que maneiras essas contradições presentes neste período
permitem compreender características do processo civilizador, da experiência burguesa, moderna e urbana, e
sua influência sobre a sociedade oitocentista.
Palavras-chave: França. Modernidade. Imprensa. Folhetim. Civilização.
Resultado das transformações políticas, econômicas
e sociais sofridas a partir da grande Revolução de
1789, a consolidação da modernidade oitocentista
caracterizou-se pela ascensão da burguesia ao poder, o
avanço do capitalismo, mudanças nas esferas pública e
privada, as quais criaram uma série de contradições que
estiveram presentes durante todo o século e marcaram a
sociedade francesa do século XIX. O desenvolvimento
capitalista promoveu a transformação da cidade e da
sociedade e criou novas demandas de produção. Os
meios de comunicação e de transporte participaram
deste desenvolvimento geral. Nesse período, a
expansão da imprensa deveu-se à industrialização que
atingiu a cidade e o campo e os jornais inseriram-se
“cada vez mais na vida cotidiana das populações menos
disseminadas e cada vez mais ávidas por conhecer o
mundo.” (MEYER, 1996, p. 91).
Entendendo o desenvolvimento da imprensa
francesa oitocentista como parte integrante da
consolidação da modernidade, esta pesquisa pretende
analisar as relações entre a imprensa folhetinesca
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francesa e o processo civilizador moderno durante
o período e, em especial, no II Império de Napoleão
III; identificar as relações entre o projeto político e a
imprensa burguesa.
O folhetim, espaço de rodapé do jornal diário,
foi inaugurado em 1800 pelo Journal des Débats
com a proposta de ser um espaço de comunicação
cultural presente em um veículo conhecido como
essencialmente político, característica adquirida devido
à explosão de publicações desta natureza no período
revolucionário francês. Acredita-se que o estudo do
folhetim enquanto espaço cultural permite analisar a
cultura francesa oitocentista, mundana oscilando entre
a herança aristocrática e a nova mentalidade burguesa,
parte do projeto civilizador da modernidade. Segundo
Lise Dumasy-Queffélec (2011, p. 926) o folhetim está
presente na vida cultural francesa, bem como nas
transformações da sociabilidade que marcaram não
apenas a vida cotidiana dos parisienses, mas a própria
rotina jornalística. Principalmente a partir da segunda
metade do século XIX, durante o II Império, o café
e a sala de redação se misturam e a classe jornalística
transfere os seus espaços de sociabilidade e atuação,
na esfera pública, dos salões aristocráticos para o café
e o bulevar.
Como afirma Roger Chartier (1992, p. 236), após
Gutenberg toda a cultura ocidental pode ser chamada
de uma “cultura da impressão”, pois o produto das
impressões e da corporação tipográfica influenciou a
totalidade das práticas e das relações durante a época
moderna. Dessa forma, estudar as práticas de impressão
das sociedades do passado permite uma via de acesso à
cultura europeia do século XIX, pois estas práticas, ao
fixarem ou transmitirem a fala, consolidam sociabilidades
e determinam comportamentos, atravessam as esferas
pública e privada e subvertem a cultura, estabelecendo
um acordo com as formas tradicionais de comunicação
e criando novas diferenciações.
O projeto civilizador oitocentista
A sociedade burguesa da primeira metade
século dezenove buscava libertar-se da hierarquia
tradicional aristocrática. A Revolução Francesa de
1789 possibilitou a instauração da igualdade civil,
responsável pela emancipação das classes médias
e populares; no entanto, a abolição dos direitos
políticos, administrativos e jurídicos remanescentes
do feudalismo não significou o fim da sociedade
do Antigo Regime. A permanência de interesses
materiais, costumes, tradições e estruturas mentais que
provinham do passado permeou o desenvolvimento
da sociedade burguesa e foi responsável por imprimir
um caráter contraditório à sua estrutura. Aliado a esses
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fatores, a substituição dos antigos privilégios de classe
pelo privilégio do capital frustrou as expectativas de
construção de um mundo igualitário e justo.
A ascensão da burguesia ao poder resultou na
Revolução de 1830 e o governo do rei Luís Filipe foi
estabelecido de acordo com os interesses burgueses;
uma monarquia constitucional censitária que excluiu a
maioria da população da participação na vida política.
A máxima “Enriquecei-vos”1 entrou na ordem do dia
e transformou-se na mola propulsora da sociedade
francesa. Segundo Alexis de Tocqueville (1991), o
resultado deste processo foi a transformação do espírito
particular burguês no espírito geral do governo. A
classe média, assumindo uma postura egoísta enquanto
detentora do poder, “adquiriu um ar de indústria
privada, onde cada um de seus membros quase só
pensava em assuntos públicos para canalizá-los em
benefício de seus interesses privados, esquecendo
facilmente em seu pequeno bem estar as pessoas do
povo.” (TOQUEVILLE, 1991, p. 35).
O novo governo burguês sinalizava a consolidação
política dos interesses econômicos e a oportunidade
de impor uma nova organização social, baseada
nos méritos individuais e não mais em estruturas
pré-existentes. A idealização do progresso burguês
permitiu que o conceito de civilização, formulado a
partir do século XVIII, representasse um movimento
com destino a um futuro melhor, a partir do avanço
moral, intelectual e sócio-político. Dessa forma, o
ideal civilizador transformou-se em um pressuposto
filosófico-político burguês, no qual o antigo projeto de
civilização dos costumes foi ampliado para um projeto
de organização social.
Nesse sentido, a constituição da chamada “França
burguesa” não representava apenas o controle
político, mas o predomínio de uma visão de mundo,
baseada em regras de conduta e formas de pensar que
visavam a criação de um mundo moderno, aberto ao
desenvolvimento individual. Durante todo o século
XIX surgiram muitas teorias sobre o ideal que a França
deveria representar, sendo a mais influente delas,
a que versava sobre a França como “vanguarda da
civilização”. Ser francês significava ser civilizado, o que
exigia que fossem adotados os modos de pensamento,
comportamento e expressão que estavam na moda em
Paris. (ZELDIN, 2003).
Jean Starobinski (2008, p. 38-39) afirma que François
Guizot (1787-1874) foi um dos que contribuíram para
a disseminação deste ideal, pois segundo a sua proposta
a civilização permitiria a melhoria na relação entre os
1 “Enrichissez-vous et vous deviendrez électeurs”. A frase atribuída a François Guizot, ministro de Luís Filipe, referia-se ao regime censitário e
pressupunha a necessidade de encontrar na vida privada um meio de capacitar-se à vida pública. Marcou principalmente a substituição da antiga
ordem jurídica do Antigo Regime pela ordem financeira burguesa. (TOQUEVILLE, 1991, p. 35).
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homens e a elevação na condição moral e intelectual
dos indivíduos. Associado à ideia de progresso, o
processo civilizador permitiria que o homem se
tornasse mais educado e polido e que o país fosse
um lugar mais agradável para viver, com mais justiça,
liberdade e prosperidade.
A palavra civilização pôde ser adotada tanto mais rapidamente
quanto constituía um vocábulo sintético para um conceito
preexistente, formulado anteriormente de maneira múltipla e
variada: abrandamento dos costumes, educação dos espíritos,
desenvolvimento da polidez, cultura das artes e das ciências,
crescimento do comércio e da indústria, aquisição das comodidades
materiais e do luxo. Para os indivíduos, os povos, a humanidade
inteira, ela designa em primeiro lugar o processo que faz deles
civilizados (termo preexistente), e depois o resultado cumulativo
desse processo. (STAROBINSKI, 2001, p. 14, grifo do
autor).
Baseada em todo um programa político, econômico
e social, a concretização desse projeto civilizador
dependia, principalmente da educação como forma de
alcançar o aperfeiçoamento interior e o desenvolvimento
das qualidades afetivas e intelectuais do homem. Desta
forma, acreditava-se que não bastava instruir os
indivíduos e desenvolver suas aptidões instrumentais,
mas era preciso, de maneira complementar, educá-los
para que se tornassem livres e racionais, capazes de não
se deixar dominar pela exclusiva preocupação com a
produção material. Segundo Zeldin (2003, p. 13-14),
era necessário que a escola assumisse essa função
doutrinadora das massas, e ensinasse o respeito às leis
e à ordem, fomentando a submissão necessária para
que aceitassem o seu destino. O avanço da educação
formal e do processo de alfabetização da maioria da
população iletrada foi implementado pela Lei Guizot,
de 1833, que tornava obrigatório o ensino primário e
previa a criação de escolas em todas as comunas.
No entanto, o projeto civilizador parecia não chegar
às massas e a ampliação da educação não trouxe os
resultados esperados. A tentativa de implementar
uma educação moralizante inseria a questão da
instrução popular no projeto de regeneração das
classes trabalhadoras, devido à ameaça do aumento da
criminalidade em consequência do avanço da sociedade
industrial e da condição deplorável do proletariado. A
escola deveria não apenas proporcionar conhecimento,
mas “purificar os sentimentos” e dar ao pobre alguma
dignidade. Essa motivação filantrópica e humanista
escondia a preocupação social de manter o equilíbrio
popular, e controlar as chamadas “classes perigosas”.
(STORA-LAMARE, 1990, p. 79).
Porém, os membros das classes populares não
compartilhavam desta visão da educação como solução
para os problemas sociais. Essa descrença generalizada
sobre os benefícios que a escola traria aos trabalhadores
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e camponeses, explicava-se pelo fato de que havia
uma série de problemas cotidianos mais importantes
a serem resolvidos. A visão burguesa de que o acesso à
educação significava a possibilidade do estabelecimento
de uma igualdade verdadeira e o fim de distinções
individuais não encontrava respaldo, a não ser em
algumas lideranças operárias parisienses. Mesmo as
supostas ideias democráticas de que todas as crianças
deveriam ter a oportunidade de desenvolver seus
talentos individuais não receberam completa aceitação.
As grandes questões da educação encontravam-se
distantes do universo popular: o ensino secundário,
a educação burguesa, as universidades e a ação dos
professores não estavam nas suas preocupações.
(ZELDIN, 2003, p. 206).
Nesse contexto, a mudança nos hábitos populares
possibilitou o surgimento de uma cultura popular
citadina, que se afastava do mundo burguês ordenado
e racional. As massas passaram a desenvolver novos
hábitos de leitura e a não mais se contentar com os
livros que recebiam das escolas, tiravam suas ideias dos
jornais, dos escritos populares e dos romances, este lado
da atividade burguesa que era oficialmente desprezado.
O surgimento desta nova população letrada resultou
na demanda por uma literatura popular, adequada ao
gosto das massas e a preços mais acessíveis. (ZELDIN,
2003).
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Segundo Norbert Elias (1994, p. 229), o aumento
da demanda de livros é indicador de um avanço no
processo civilizador, pois compreende a transformação
e regulação de paixões necessária tanto para escrevêlos quanto para lê-los. A sociedade burguesa soube dar
continuidade à herança da corte, como representante da
“boa sociedade” parisiense, beneficiária e aprimoradora
dos instrumentos de prestígio. Os retratos sociais, as
descrições e representações da “alta sociedade” ou
das classes mais amplas representam uma tradição de
observação, a capacidade de ver a pessoa em, todo
seu contexto social e compreendê-la através dele. A
figura individual jamais é artificialmente isolada do
tecido de sua existência social e por isso a atmosfera
e a plasticidade da experiência real nunca se perdem
nessas descrições.
O folhetim civilizador
Um dos fatores relacionados à ampliação do público
leitor, durante todo o século XIX, foi o barateamento
do preço dos impressos, responsável pelo aumento
da publicação de jornais e da tiragem de livros. Um
conjunto de variáveis tornou essa expansão possível. As
inovações técnicas no ramo tipográfico favoreceram o
processo de fabricação e a introdução do uso de prensas
mais modernas permitiu o aumento da produtividade
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dos jornais2. A ampliação dos espaços de leitura foi
favorecida pelo gabinete de leitura, surgido durante a
Restauração, que oferecia o aluguel de livros e jornais
mediante uma assinatura a preço acessível. As formas
de divulgação também foram melhoradas através da
literatura de colportage, composta por volumes baratos
vendidos por mascates.
Neste processo de expansão, Émile de Girardin
(1806-81), influente figura da história da moderna
imprensa francesa, teve um papel fundamental. Visando,
ampliar o número de assinaturas, implementou o uso
dos anúncios publicitários e diminuiu o custo do jornal.
Fundou os periódicos Le Voleur (1828 ), La Mode (1829)
e Journal des Connaissances Utiles (1831) e, em julho de
1836, o jornal La Presse, primeiro a publicar obras de
ficção seriadas.
O feuilleton representava um lugar específico do jornal,
o rodapé de primeira página. Inicialmente utilizado
como espaço de entretenimento, onde se publicavam
variedades, contos e novelas curtas, passou a ser espaço
de publicação de romances, com o lançamento da obra
O Lazarilho de Tormes, em agosto de 1836. No final
deste mesmo ano, Girardin publicou La Vieille Fille, de
Honoré de Balzac, especialmente encomendado para ser
publicado em série. (MEYER, 1996, p. 60).
O folhetim se tornou um novo formato para
a publicação de romances, em um novo suporte,
tendo sido Alexandre Dumas o primeiro escritor a
desenvolver uma técnica de escrita específica para o
folhetim, ao lançar, em 1838, a obra Capitaine Paul. A
partir da década de 1840, praticamente todas as obras
passaram a ser publicadas nesse formato e a fórmula
de produção folhetinesca, a partir da noção de corte
de capítulo, se consolidou. Este modo de publicação
influenciou a estrutura dos romances a partir de então
e renomados escritores colaboraram nos suplementos
de jornais como Journal de Débats, La Presse, Le Siècle e
Constitutionnel. (MEYER, 1996).
A realidade social estampada nos jornais tornouse tema para o romance de folhetim e, em 1842, o
Journal de Débats iniciou a publicação dos Mistérios
de Paris, de Eugène Sue. Representante do chamado
“folhetim romântico ou democrático”, a história
do personagem Rodolfo de Gerolstein se passa nos
submundos da capital e representa a dinâmica da vida
dos trabalhadores e os males que afligem a sociedade
parisiense. Sua principal característica é a presença
de uma ideologia de forte caráter reformista, a qual
“consiste em desejar que alguma coisa mude afim de
que tudo continue como está”. (ECO, 1970, p. 189).
2 1807 – Prensa Stanhope: imprimia 3000 páginas por dia; 1814 – Prensa König/Bauer: imprimia 800 páginas por hora. 1846 – Prensa Hoe: imprimia
8000 páginas por hora; 1866 – Prensa Marinoni : 10000 jornais de quatro páginas por hora. (DRYE, 1999).
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A iniciativa de barateamento do jornal e a introdução
dos romances no espaço destinado ao entretenimento
atendia não apenas à demanda de mercado, mas à
necessidade de informação e “distração” do novo
público leitor. A conformidade de alguns editores com
a iniciativa do governo burguês de manter a paz social
através do processo civilizador pode ser percebida no
texto do prospecto de lançamento do jornal Le Siécle,
de 1836:
Considerando a extrema modicidade do preço como base de seu
empreendimento, os fundadores de Le Siécle tiveram em vista
sobretudo estender os úteis ensinamentos da imprensa ao maior
número possível de leitores. Não se trata portanto unicamente
de uma missão industrial que devem cumprir os Senhores
correspondentes, ao contribuírem com todos os seus esforços para a
propagação do jornal. Trata-se também de uma missão altamente
civilizadora. (apud MEYER, 1996, p. 58).
Missão que se mostrou, na prática, mais difícil
de ser realizada do que previram os partidários da
civilização. A ideia de que a educação, a arte, a literatura
e a imprensa seriam capazes de atenuar os conflitos
sociais estava ameaçada pelos problemas concretos
que a França enfrentava durante a Monarquia de Julho.
O governo burguês, ao explorar o endividamento
do Estado, deixou de lado a difícil situação dos
trabalhadores, constantemente assolados por crises
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agrícolas e períodos de carestia, e não foi capaz de
solucionar os diversos problemas políticos e as graves
dificuldades econômicas e sociais. A partir da metade de
1847, as manifestações contrárias ao governo ganharam
força e, burlando a proibição de reunião política, os
banquetes concentraram os opositores que lutavam
pela reforma eleitoral. A proibição de um destes
banquetes, em 21 de fevereiro de 1848 levou a uma
nova onda revolucionária que resultou na deposição do
rei Luís Filipe e a instauração da II República.
Para Duby e Mandrou (1984, p. 235) a “revolução
romântica” deve ser compreendida como resultado
do processo de reorganização da sociedade francesa.
A tarefa de construir uma sociedade justa para um
indivíduo novo ainda não fora concretizada. A longa
disputa entre os últimos partidários da tradição e a classe
média liberal cedeu lugar a diferentes projetos políticos.
O ideal republicano e o socialismo apresentavam-se
como solução para a crise francesa, a partir do resgate
dos ideais da Revolução Francesa, e várias medidas
foram tomadas para garantir a democracia, liberdade,
igualdade e fraternidade.
Porém, os problemas herdados da Monarquia de
Julho ainda estavam presentes e agravaram-se durante
o governo provisório. A República foi proclamada
em um momento de grave depressão econômica e
somada aos antigos problemas agrários, não resolvidos,
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havia a presença do problema moderno dos operários
parisienses. O fechamento das Oficinas Nacionais
precipitou as “jornadas de junho” (disputa entre os
trabalhadores demitidos e a Assembleia Legislativa)
e uma nova onda de manifestações e barricadas. O
movimento foi reprimido com violência pela Guarda
Nacional e as Guardas Móveis, resultando em um
banho de sangue, um número enorme de execuções,
prisões e deportações, além do fechamento de clubes
e jornais. (AGULHON, 1991).
Os representantes da burguesia e dos grupos
conser vadores das províncias desejavam o
restabelecimento da ordem, pois não viam legitimidade
no desorganizado movimento operário parisiense e
sim, na Assembleia que haviam elegido. A consequência
imediata das jornadas de junho foi a crença de que os
movimentos populares eram uma ameaça que deveria
ser contida a qualquer preço. Os “bárbaros do século
XIX” eram tidos como a principal ameaça à civilização,
pois a ação motivada por instintos e paixões levaria
à deterioração social. Após as Jornadas de Junho,
as referências à bestialidade das massas povoaram a
imprensa e a opinião pública e trouxeram à tona a
consciência de que o mundo selvagem estava localizado
no próprio interior da sociedade e não mais em uma
fronteira distante. O perigo interior que assumiu a face
da “massa” urbana foi percebido como a consequência
do individualismo que, ao colocar o interesse pessoal
em primeiro plano, autoriza o crime e a luta de todos
contra todos e pode ser encontrado em todas as
camadas sociais. (STAROBINSKI, 2001, p. 52).
A modernização do II Império
O caos político e o temor de novas manifestações
criaram a necessidade de uma autoridade política
que garantisse a ordem e a segurança da nação. O
príncipe Luís Napoleão (1808-1873), sobrinho do
imperador Napoleão Bonaparte, apresentou-se como
candidato à presidência, prometendo atender as
esperanças dos eleitores. Defendia uma concepção
social que incorporava as principais ideias de seu
tempo: carreiras abertas ao talento, fusão das classes
sociais, fim dos privilégios, exceto aqueles baseados no
mérito, emprego e benefícios sociais aos trabalhadores,
melhores condições para os financiamentos dos
camponeses, grandes obras públicas, aperfeiçoamento
das comunicações, prosperidade para todos. (ZELDIN,
2003, p. 52).
Entre 1848 e 1852, o governo conseguiu resolver
os problemas econômicos mais urgentes e conter
a crise comercial e industrial. No campo político, o
príncipe-presidente explorou habilmente o atrativo do
bonapartismo (ZELDIN, 2003, p. 509), aproveitando-se
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da confusão e divisão de seus adversários, para perseguir
seu objetivo de restabelecer o regime napoleônico
imperial na França. Todas as formas de atuação política
oposicionistas foram alvo de perseguição. Líderes
radicais, jornais esquerdistas, clubes e associações de
trabalhadores, comícios e banquetes políticos sofreram
hostilização por meios policiais e jurídicos. Bares e cafés
seriam fechados caso se convertessem em centros de
reunião, debates e propaganda esquerdistas, ao mesmo
tempo em que bailes e festejos carnavalescos podiam
ser proibidos. (FORTESCUE, 1992, p. 140).
Napoleão III promoveu durante o II Império o
avanço do país através da educação, o aumento das
populações citadinas, o desenvolvimento urbano,
a expansão da atividade bancária e o progresso das
comunicações, dos transportes e da indústria. A
cidade de Paris foi reurbanizada e a França restaurou
seu prestígio como grande potência. Seu governo
representou para a imprensa uma época de grande
expansão, apesar da censura e perseguições, com o
surgimento da “imprensa de massa”. Ao adquirir um
caráter de indústria, a publicação de jornais tornou-se
um grande negócio, que exigia um largo montante
de capitalização e necessitava de grande circulação
para garantir lucro ao investidor. Um novo ritmo
de produção foi estabelecido a partir do avanço
tecnológico. (BELLET, 1967).
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Napoleão III, sempre preocupado com a opinião
pública, dedicou especial atenção à mídia de seu
tempo. Seu governo subsidiou ativamente os jornais,
procurando preservar a ilusão de diversidade na
imprensa, ansioso em criar uma opinião bonapartista
e restringir a oposição à uma que não questionasse
a existência do regime. A administração favoreceu
em muito os jornais aliados, ao oferecer matérias e
documentos exclusivos e utilizá-los como veículo para
a propaganda pública. Os jornais de oposição não eram
apenas permitidos, mas até encorajados, desde que suas
opiniões não fossem muito radicais ou polêmicas e não
contivessem críticas ao Império. Garantir que essas
restrições fossem observadas era a principal função da
legislação sobre imprensa, a qual visava principalmente
os periódicos de caráter político. (ECHARD, 1985).
Estabeleceu-se um controle efetivo sobre a
literatura de colportage, pois esta era considerada como
um canal de divulgação de folhetos de oposição ao
governo e à pessoa do imperador. Esta censura acabou
por favorecer o folhetim, pois o mundo rural instruído
perdeu o seu principal acesso à literatura popular, com
a fiscalização da atuação dos mascates, e voltou-se à
leitura dos jornais. (GAILLARD, 2001, p. 133).
As regras de funcionamento da imprensa foram
determinadas pelo decreto de 17 de fevereiro de 1852.
Os jornais necessitavam de permissão do governo
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para serem criados e a autorização de funcionamento
deveria ser renovada a cada mudança de proprietário
ou editor, cujos nomes deveriam ser aprovados
pelo governo. Todos os jornais estavam sujeitos a
uma taxação postal e o governo poderia negar a
permissão para a venda do jornal na vias públicas.
O controle governamental incluía a proibição da
publicação de matérias ou documentos falsos, artigos
sem assinatura, registros dos debates parlamentares
e discussões sobre a constituição. Os editores que
desobedecem à censura estavam sujeitos à demissão
e aos avertissements, advertências que permitiam o
fechamento do jornal no caso de reincidência. As
considerações financeiras acabaram por temperar
as opiniões políticas e moderar o tom dos jornais
e foram responsáveis pelo estabelecimento de uma
autocensura dos editores. (ECHARD, 1985).
Deve-se somar a este papel da imprensa, da
indústria e das cidades o do público, que cresceu
e aumentou as suas exigências, fazendo com que
empresários passassem a construir uma diferenciação
de classes entre o público burguês e o público popular.
Cada camada social, seja burguesa ou popular,
procurou o jornal mais adequado à sua condição.
O jornal sofreu a influência da vida material que
o cercava, seja financeira, através dos bancos, ou
industrial, com o surgimento de novas prensas e
máquinas de imprimir. A imprensa alimentou-se
também dos novos espaços de sociabilidade criados
na cidade. Segundo Walter Benjamim (1989, p. 25)
a atividade dos cafés treinou os redatores no novo
ritmo informativo antes mesmo que a sua maquinaria
estivesse desenvolvida, tornando o espaço público o
principal local de produção.
Assim, a assimilação do literato à sociedade em que se encontrava
se consumou no bulevar. Era no bulevar que ele tinha à disposição
o primeiro incidente, chiste ou boato. No bulevar, desdobrava os
ornamentos de suas relações com colegas e boas-vidas, e estava tão
dependente de seus efeitos quanto as coquetes de sua arte de se
transvestir. No bulevar, passava suas horas ociosas, exibindo-as
às pessoas como parcela de seu horário de trabalho. Portava-se com
se tivesse aprendido de Marx que o valor de cada bem é definido
pelo tempo de trabalho socialmente necessário para a sua produção.
Dessa forma o valor de sua própria força de trabalho adquire
alguma coisa próxima ao fantástico em face do dilatado ócio que,
aos olhos do público, é necessário para o seu aperfeiçoamento.
(BENJAMIN, 1989, p.25).
Os cafés literários, a imprensa sensacionalista, o
telégrafo elétrico, na metrópole do século XIX, eram
os sinais de um ritmo cada vez mais acelerado da
indústria de informação. Para a literatura, como para
o jornalismo, passaram a valer as mesmas condições
de produção das demais mercadorias: era fabricada em
ritmo industrial.
Tuiuti: Ciência e Cultura, n. 48, p. 33-49, Curitiba, 2014.
Máira de Souza Nunes
Imprensa, Civilização, Modernidade
O espetáculo do Império possuía inicialmente
um caráter político focado no populismo da lenda
napoleônica e na representação do poder imperial.
A transformação da cidade de Paris foi fundamental
para a vida urbana e o seu aspecto político teve um
papel importante na construção da legitimidade e
do controle social. A meta do controle festivo era a
de transformar os atores ativos, como em 1848, em
expectadores passivos. Mas o espetáculo do II Império
ia além da pompa imperial, celebrava o nascimento do
“moderno” caracterizado pelas exposições universais
de 1855 e 1867 e pela modernização da cidade. Paris
era o centro da vida política e intelectual da França e
a vida social compreendia os cafés, concertos, bailes,
L’Ópera, o entretenimento e a vida pulsante nas
ruas. Havia ainda também a vida mais discreta dos
círculos aristocráticos ou da alta burguesia, reunida
de acordo com suas afinidades. O desejo de viver uma
vida despreocupada de prazeres criou um turbilhão
na sociedade da moda. Artistas e pessoas públicas
frequentavam as casas das cortesãs, o que levou à
denominação de Paris como a “cidade-babilônia”.
(HARVEY, 2006, 210-212).
A construção dos novos bulevares, além de gerar
empregos, facilitava a circulação de mercadorias,
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dinheiro e pessoas. O surgimento de novas lojas de
departamento e cafés que avançavam sobre as calçadas,
proporcionavam a união dos espaços público e privado.
A proliferação de cabarés, circos, concertos e teatros
e as óperas populares ofereceu a possibilidade do
entretenimento popular. A transformação de parques
e avenidas em espaços de sociabilidade e prazer
enfatizou uma forma de urbanização que pretendia
ser a mostra pública da opulência privada. (HARVEY,
2006, 210-212).
Neste contexto, a burguesia passou a perder a sua
força transformadora e a preocupar-se cada vez mais
com sua vida material. As melhorias implementadas
pelo avanço tecnológico geraram um novo ideal de
civilização, definido pela crença no progresso resultante
da industrialização; um movimento contínuo que
conduziria ao desenvolvimento da humanidade. No
entanto, a crença de que todos os problemas humanos
seriam resolvidos a partir de uma quantia ilimitada
de bens materiais não levou em consideração as
consequências sociais desse processo. Os ricos passaram
a negar sua responsabilidade em relação às condições
de seus semelhantes e o progresso econômico foi
implementado à custa da desarticulação nas vidas das
pessoas comuns. (POLANYI, 1980, p. 52).
Este processo de modernização da sociedade
francesa gerou um esvaziamento momentâneo das
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paixões sociais e políticas, no entanto esta sociedade
“livre” que criava oportunidades e distrações, continha
ainda inúmeros problemas sociais a serem resolvidos.
O surgimento de novas subdivisões dentro das classes
médias possibilitou a emergência de uma nova classe
média baixa, formada por trabalhadores que não
se confundiam com o sofrimento do proletariado.
Mas, embora esses trabalhadores tivessem melhores
condições de vida, a exploração do trabalho aliada à
destruição da antiga teia de relações sociais resultou
na desarticulação da vida operária. A expulsão para
os subúrbios, resultante da nova urbanização de Paris,
gerou o rompimento dos laços de solidariedade que
se estabeleciam entre seus próximos, como vizinhos
e parentes.
A cidade em processo de reconstrução, a vida
operária, os crimes, as epidemias e a deterioração
social representam uma série de consequências sociais
e psicológicas para a população das classes baixas,
que não se beneficiou da modernização parisiense.
Os operários eram frequentemente explorados
e mal pagos, encontravam-se mal alojados na
periferia, desacostumados com a nova vida urbana.
Esses trabalhadores “assustavam as classes mais
estabelecidas e mais ricas, às quais pareciam estranhos
e diferentes, e foram rapidamente encarados como
uma ameaça à ordem pública e à estabilidade política,
uma moderna ‘invasão bárbara’”. (SEIGEL, 1992,
p. 30).
Para Tinhorão (1994, p. 14) o interesse das
classes populares pelas situações melodramáticas
e fantásticas é explicado pelo fato do folhetim
ter-se constituído como “expressão literária da
frustração das novas camadas da classe média
urbana da era industrial, após a consolidação da
burguesia no poder.” Essa frustração teria resultado
da incapacidade da sociedade burguesa em cumprir
as muitas promessas feitas em nome do “ideal da
civilização” e transformar-se em uma ordem social
diferente.
A falência do processo civilizador burguês e
as transformações da modernidade geraram uma
sociedade desestruturada, na qual o indivíduo não
sabe mais como se comportar. Segundo Antonio
Gramsci (1978, p. 120) a crescente racionalização da
vida moderna gerou uma espécie de “revolta contra a
mecanicidade e a estandizartização da vida moderna,
um modo de evasão da vulgaridade cotidiana.”
A disputa social tornou-se ferrenha; a existência
tornou-se, por imposição, racional, organizada, e
previsível. Diante da incapacidade de empreender
uma oposição à precariedade da existência, restava a
aspiração à uma “aventura bela e interessante, devida
à própria livre iniciativa, em oposição à aventura feia
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e revoltante, devida às condições impostas por outros
e não escolhidas.” (GRAMSCI, 1978, p. 122).
Entende-se, desta forma que o folhetim passou a
absorver a tendência à alienação do homem moderno,
assumindo a função de diminuir a dor da existência,
pois os capítulos diários se apresentariam como uma
dose necessária de ilusão, para que o indivíduo não
sucumbisse à força brutal moderna. Surgiram novos
heróis e o modelo francês foi marcado pela figura do
homem comum que prova, a si mesmo e aos leitores,
que pode vencer na sua fraqueza; uma figura um pouco
antissocial, um fora-da-lei que pode ser admirado apesar
de seus erros. A principal função do enredo desses
romances não era a de desafiar a ordem estabelecida,
mas desviar a atenção dos problemas sociais.
O mundo do Segundo Império foi ele mesmo
folhetinesco. A realidade apresentada pela imprensa
fornecia o enredo completo: mortes, execuções,
assassinatos, sociedades secretas, chantagens, sequestros,
duelos. (BELLET, 1967; MEYER, 1996). Os leitores
queriam saber sobre o mundo, mas ao mesmo tempo
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necessitavam libertar-se dele. Desejavam utilizar a
leitura como instrumento de satisfação dos desejos,
fonte de sonhos e emoções, e identificar-se com os
heróis criminosos que quebram as regras às quais os
próprios leitores estavam sujeitos na vida real.
A consolidação da civilização moderna oitocentista
implicou não apenas mudanças sociais, mas em uma
reorganização dos relacionamentos humanos e em
novas maneiras e costumes, bem como na estrutura
de personalidade. Isso fez com que o indivíduo
tivesse que descobrir uma forma diferente de ser
feliz; colocou-se a questão de quanta satisfação real
ele poderia obter do mundo externo, de quanta força
ele tinha à sua disposição para alterar o mundo, a fim
de adaptá-lo aos seus desejos. (FREUD, 1997, p. 103).
Para suportar a existência nesse mundo regrado pela
contenção dos instintos, o indivíduo passou a buscar
satisfações substitutivas, a necessidade de fantasia como
fuga. O sucesso do romance de folhetim como estilo
literário demonstra o quanto essa ilusão de felicidade
foi perseguida pelo homem moderno.
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