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Elástica Filmes apresenta
a lista
documentário - 70 minutos
D itad ur a M ilitar perío d o d ur aç ão Argentina
1976 – 1982
6 anos
30.000
434
mor tos e d e saparecid os
Brasil
1964 – 1985
21 anos
Chile
1973 – 1990
17 anos
3.225
Paraguai
1954 – 1989
35 anos
2.000
Uruguai
1973 – 1985
12 anos
290
Quando tinha 9 anos, minha irmã gêmea e
eu, fizemos uma investigação na rua Botafogo que
ficava à três quadras da nossa casa em Porto Alegre. Queríamos descobrir o prédio onde um casal
de uruguaios e duas crianças tinham desaparecido.
Como éramos vizinhos, tentávamos lembrar, na
nossa imaginação infantil, se alguma vez teríamos
cruzado com Camilo, 8 anos ou Francesca 3 anos –
filhos de Lilian Celiberti – em alguma pracinha, na
feira, na rua ou na escola.
Anos mais tarde, conheci Jan Rocha e a história
do grupo Clamor – Comitê de Defesa dos Direitos
Humanos para os países do Cone Sul – foi quando
constatei que o prédio que observávamos, de tocaia, do outro lado da calçada, não era exatamente
onde Camilo e Francesca tinham morado.
Erramos por uma quadra. Descobri, também,
que os sequestradores faziam parte de uma rede
terrorista de Estado – da qual participavam vários
países, inclusive o Brasil – a Operação Condor e que
essa foi combatida por uma outra rede. Uma rede
anônima de solidariedade e resistência que eu precisava urgentemente contar.
A rede anti-Condor.
Uma história de resistência.
o Clamor
O Comitê pelos Direitos Humanos no Cone Sul atuou entre 1977 e
1991. O grupo de caráter ecumênico
foi fundado pela jornalista Jan Rocha, o
pastor Jaime Wright e o advogado Luiz
Eduardo Greenhalgh e agia sob a proteção institucional de Dom Paulo Evaristo Arns prestando ajuda aos refugiados
do Cone Sul.
Sediado em São Paulo, o CLAMOR teve papel central na articulação
de uma rede internacional de solidariedade – que conectava pessoas e
entidades de vários países – e que foi
capaz de se opor e revelar ao mundo
a expansão de uma outra rede, uma
rede clandestina e criminosa de Estado, a Operação Condor. Esquema
de cooperação entre as polícias políticas da Argentina, Uruguai, Paraguai,
Chile, Brasil e Bolívia que passaram a
atuar em conjunto na captura e elimi-
nação de seus opositores políticos no
contexto da Guerra Fria.
Toda a extensa atividade do grupo
gerou milhares documentos que formam, hoje, um grande arquivo: o fundo “Clamor”. Correspondências, fichas
de descrições de desaparecimentos,
relatos de refugiados, boletins, fotos,
cartazes de campanhas, recortes de
jornais, relatórios e, inclusive, depoimento de militares desertores, entre
outros, foram doados para o CEDIC/
PUC-SP onde vêm sendo consultado
por pesquisadores, advogados e familiares em busca de provas contra torturadores ou alguma pista sobre desaparecidos.
Em 2007, o arquivo foi considerado Memória do Mundo pela Unesco.
A LISTA
Em 1983, o Papa Dom Paulo II recebeu das mãos de Dom Paulo Evaristo Arns,
um documento inédito. Um dossiê com 427
páginas e 7.291 nomes de pessoas, de diferentes nacionalidades, desaparecidas na
Argentina – incluindo mulheres grávidas,
crianças e bebês – e que mapeava, pela primeira vez, a existência de 61 campos clandestinos de detenção naquele país.
A Lista foi um projeto secreto, preparado ao longo de vários anos pelo CLAMOR.
Na época, cada grupo ou entidade tinha
sua própria lista de desaparecidos. A lista
era uma forma de manter a lembrança da
pessoa viva e reivindicar informações sobre
seu paradeiro. Eram inúmeras as listas que
as entidades trocavam entre si. Muitos tentaram unificá-las mas desistiram pois, sem
computador, parecia um trabalho infinito.
Até que Gustavo Piérola e Marisa Magni,
um casal de refugiados argentinos, colaboradores do Clamor, finalmente conseguiram. A lista do Clamor serviu de base para a
primeira lista do CONADEP – Comisión Nacional sobre la Desaparición de Personas,
criada pelo Presidente Raúl Alfonsin logo
após o fim da ditadura na Argentina.
SINOPSE
A Lista é um filme documentário que vai acompanhar a investigação da jornalista Jan Rocha por diversos lugares no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e
Paraguai a fim de recolher e checar dados para seu
novo livro que vai contar a história do grupo Clamor.
A Lista tem o privilégio de acompanhar Jan de perto
nesta busca.
Foram os próprios refugiados que buscaram e
uniram Jan, Luiz e Jaime na busca por denunciar o
que vinha ocorrendo na Argentina. Muito assustados, eles relatavam inúmeros assassinatos, centros
clandestinos de tortura e desaparecimentos, inclusive, de mulheres grávidas e crianças.
Dois aspectos pesaram bastante para orientar
os refugiados na escolha do Brasil como rota de fuga:
o fato de não ser exigido o passaporte de estrangeiro
e a dimensão territorial brasileira que passava a ideia
de dificuldade de ser encontrado.
A Lista é um road movie que intercala momentos onde seguimos Jan nesta sua jornada pessoal
e emocional recolhendo fragmentos, investigando
o passado, visitando antigos companheiros e retomando vínculos que se formaram em um momento
extremo e violento da América Latina. Com outros
momentos que trazem documentos históricos, fotos,
filmes e relatos da época.
Jan investiga como esta rede de pessoas comuns foi capaz de driblar o repressivo aparato militar e agir dentro do território inimigo solucionando
casos e se tranformando em um farol de esperança
para milhares de famílias que, ainda hoje, buscam
por informações sobre seus filhos e netos.
Através de Jan o documentário, também, resgata e põe luz na atuação do grupo Clamor e, principalmente, de Dom Paulo Evaristo Arns no movimento de resistência e luta pelos direitos humanos
no Cone Sul. Jan atualiza esta história para construir
um filme que, apesar de falar do passado, caminha
no tempo presente.
Os personagens
Chicha – Maria Isabel Chorobick de Mariani – foi
fundadora e presidente das Abuelas de Plaza de Mayo até
1989. Trabalhou junto ao Clamor na denúncia dos desaparecidos, na restituição de várias crianças e na busca de
um marcador genético que ajudase a identificação dos
netos, visto que o reconhecimento fisionômico era impossível. Esteve 18 vezes no Vaticano tentando ser recebida pelo Papa. Chicha, aos 92 anos, segue buscando sua
neta, Clara Anahí, desparecida aos 3 meses de idade em
24 de novembro de 1976.
Gustavo Piérola e Marisa Magni. O casal ar-
Lilian Celiberti, uruguaia, membro do PVP,
vivia clandestina em Porto Alegre, foi seqüestrada
com os dois filhos pequenos e seu colega, hoje falecido, Universindo Dias. Ela foi forçada a retornar ao
Uruguai, numa operação conjunta das polícias e dos
Exércitos brasileiro e uruguaio. O plano era capturar
Hugo Cores, lider do PVP, marido de María (codinome de Mariela Salaberry). Lilian era a isca. Mas,
quando ela faltou a um encontro previamente agendado com Hugo, María entrou em contato com Jan
Rocha que, através de seu marido Plauto, contatou o
advogado gaúcho Omar Ferri. Simultaneamente um
telefonema anônimo era dado por Mariela à sucursal
da revista Veja. Toda esta articulação trouxe à tona o
desaparecimento do trio. Lilian foi levada à fronteira
onde os militares simularam que ela estaria tentando entrar ilegalmente com armas no Uruguai. Lilian
foi presa. As crianças, inicialmente desaparecidas,
devido à forte pressão da imprensa foram entregues
para a avó. Depois descobriu-se que elas haviam ficado mais de uma semana dentro das dependências do
DOPS em Porto Alegre e, a funcionária que cuidou
deles durante este período, apareceu morta no banheiro de sua casa. Segundo a polícia, ela se suicidou.
Mariana Zaffaroni, filha de uruguaios,
desapareceu na Argentina quando foi apropriada e
gentino, ele militante do ERP, fugiram da Argentina após
o desaparecimento de Fernando, irmão mais velho de
Gustavo. Vieram para São Paulo e logo ficaram sabendo
da existência do Clamor com quem passaram a colaborar.
Os dois, por 3 anos, preencheram suas horas vagas, trabalhando na unificação das listas de diversas entidades
de direitos humanos, familiares e sindicatos e foram os
autores da Lista. Gustavo ainda busca pelo corpo desaparecido de seu irmão que foi fusilado no Masacre de Margarita Belém.
Caso Anatole e Vicky (número 3.155 da Lista). O
caso tornou o Clamor bastante conhecido na época e envolveu o sequestro de um casal de irmãos: Anatole Boris,
4 anos e Victoria Eva Julien Grisonas, 1 ano. Os irmãos
eram filhos de Roger Julien Cáceres e de Victoria Grisonas
de Julien, casal de militantes do PVP uruguaio. Exilados
em Buenos Aires tiveram sua casa invadida por agentes
da repressão na noite de 26 de setembro de 1976. O casal
foi assassinado e as crianças entregues à militares uruguaios. Sem saber o que fazer, esses os levaram a Montevidéu e, logo depois de uma viagem de carro através
da Cordilheira, os largaram sozinhos em uma praça no
centro de Valparaíso. As crianças foram localizadas pelo
Clamor em 78.
criada como filha legítima por um membro da polícia de Inteligência Argentina. Tinha 1 ano. O caso
foi emblemático. Sua foto, ainda bebê com enormes
olhos azuis, virou símbolo do movimentos das Avós
na busca pelas crianças. Quando Mariana foi localizada pelo Clamor, seu apropriador que era militar
fugiu com a família para o Paraguai. Iniciou-se uma
perseguição que duraria alguns anos. Quando Mariana foi, finalmente, redescoberta, já adolescente,
ficou ao lado de Furci, seu pai apropriador. Ela se
negou a ter contato com os familiares que, por anos,
dedicaram suas vidas à procurá-la. Mariana só iria
se reconciliar com sua história alguns anos depois,
quando teve seu primeiro filho. Felizmente à tempo
de que sua avó, Maria Esther, pudesse compartilhar
com ela alguns momentos de sua vida.
Hugo Rivas trabalhava no serviço de inteligência uruguaia, órgão responsável pala operação do
sequestro de Lilian e Universindo. Ele decidiu desertar e procurou o Advogado Omar Ferri para contatar o
que sabia. Omar acionou o Clamor, entidade que teria
condições de de tirá-los do Brasil e conseguir algum
país que os aceitasse o pedido de asilo. Jan procurou
o consulado da Noruega que aceitou o pedido. Ela
foi responsável também tramites burocráticos para a
emissão de um novo passaporte que permitiu a viagem de Rivas e sua família para a Noruega.
Jan Rocha
Jan Rocha é jornalista e escritora, nascida na Inglaterra,
correspondente da BBC de Londres e do The Guardian
no Brasil entre 1974-1994. Pesquisadora e produtora para
BBCTV entre 1993 e 1999. Contribui para vários veículos da
imprensa estrangeira até hoje. Publicou vários livros sobre
Brasil, incluindo Rompendo a Cerca (Casa Amarela 2004)
Haximu - o massacre dos Yanomami e as suas consequencias
(Casa Amarela 2006). O ultimo livro foi Brazil Inside Out People, Politics and Culture, Londres 2014.
Prêmios: ganhou o Vladimir Herzog para Jornalismo
e Direitos Humanos em 1980 com uma reportagem sobre a
resistência dos mineiros ao golpe militar na Bolivia, para o radio
BBC de Londres, e em 2004 pelo livro Rompendo a Cerca,
sobre o MST.
Foi coordenadora de uma pesquisa sobre trabalho
escravo no Brasil para o OIT em 2003, e consultora da
Comissão Nacional da Verdade, 2013-2014.
Foi membro-fundadora do CLAMOR em 1978 e
atualmente escreve a sua história. A pesquisa em 2014 foi
parcialmente financiada pela FAPESP.
Elástica filmes
Elástica Filmes é uma produtora audiovisual que cria, desenvolve, produz e finaliza
documentários e ficção para diferentes jane-
Dainara Toffoli
Formada em jornalismo é roteirista e diretora.
Dirigiu o episódio “Sábado, as quatro” da série de ficção
“Antônia”, Rede Globo/O2Filmes, finalista no INTERNATIONAL EMMY AWARDS, categoria Melhor Minissérie.
Dona Helena, prêmio de Melhor Documentário do
FEMINAFEST, selecionado para Mostra Competitiva do
11º É TUDO VERDADE e para festivais na Espanha, EUA,
Finlândia, Holanda, Bélgica, entre outros. Divagações num
quarto de hotel, vídeo-dança produzido para a TV Franco
-Alemã ARTE, co-dirigido com Philippe Barcinski.
O curta Um Homem Sério, Melhor Filme pelo Juri
Popular, Melhor Roteiro e Melhor Ator no Festival de Gramado e Menção Especial no 16° Festival Cinematográfico
Internacional del Uruguay (Montevidéu), em 1998, entre
outros prêmios. Foi selecionado para o International Short
Film Festival de Clermont-Ferrant, França e para o International Film Festival de Rotterdam, Holanda. É sócia de
Tatiana Toffoli na Elástica Filmes.
las de exibição. Produziu para o SESCTV o
documentário Baré, Povo do Rio, que recebeu
o prêmio de Realização Artística no TELAS
– Festival Internacional de Televisão de São
Paulo em 2015; o curta Chapa, documentário
que estreou no Festival É Tudo Verdade em
2009 e participou de diversos festivais nacionais e internacionais, como DOCSDF (México), 22º èmes Rencontres Cinémas d’Amérique Latine de Toulouse (França), 38º Festival
de Cine de Huesca (Espanha). Co-produziu o
premiado documentário Dona Helena, veiculado em cinema e em televisão (TV Cultura,
GNT, Canal Brasil) e selecionado para diversos festivais internacionais entre eles: 15th
Festival Hot Springs Documentary Film Festival (USA), 9th Festival of Visual Culture (Finlândia), Festival de Jazz de Madrid (Espanha),
Beeld vor Beeld Documentary Film Festival
(Holanda e Bélgica). Produziu os documentários Alemanha Groove, Berço do Samba de São
Mateus, Poussin Descoberto, A Linha e o Passo
e o episódio A Produção e o Cocô de Minhoca,
da série Somos Um Só, em parceria com a TV
Cultura. Para o Selo SESC produziu o DVD
Infinito Movimento - Método Bertazzo. Atualmente está desenvolvendo o primeiro longa
de ficção, Para Francisco.
lei do audiovisual
artigo 1º a
Através do art 1º a, sua empresa pode destinar até 4% do
imposto de renda para a produção do filme e se tornar
patrocinador. 100% do valor do patrocínio é a abatido do
imposto de renda devido. ou seja, é uma oportunidade de
participar de um projeto cultural a custo zero.
artigo 1º
Através do art 1º, sua empresa pode destinar até 3% do imposto
de renda para a produção do filme e ficar sócio dele.
O investimento pode ser deduzido como despesa operacional,
reduzindo o tributável e consequentemente, diminuindo os
valores da contribuição social e do imposto de renda.
Os investidores pelo art 1º participam da renda líquida do
produtor no resultado comercial do filme no brasil por 2 anos.
Tatiana Toffoli
[email protected]
(11) 99953-4380 // (11) 2364-1046
PROJETO APOIADO PELO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO,
SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA - PROGRAMA DE AÇÃO CULTURAL

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