Outubro - Adventist World

Transcrição

Outubro - Adventist World
Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Ou t u b ro 2 0 0 9
celebrando
rıação
C
a
8 Por que
Eles Saem?
14
O Adventismo
na Albânia
27
A Igreja do
Tempo do Fim no
Apocalipse
Out ubro 2009
IGREJA
EM
AÇÃO
Editorial............................. 3
Notícias do Mundo
3 Notícias & Imagens
Janela
7 A Dinamarca por Dentro
Visão Mundial
N A S A / H U B B L E
A R T I G O
D E
H E R I TA G E T E A M / M O D I F I C A D A
D I G I TA L M E N T E
C A P A
Celebrando a Criação
Por George T. Javor ..................................................................... 16
Quanto mais conhecemos sobre a Criação, tanto mais
apreciamos seu Criador.
DEVOCIONAL
8 Por que Eles Saem?
SAÚDE
Crescente
Preocupação com
Alergia a Alimentos .... 11
Por Allan R. Handysides e
Peter N. Landless
Jornada à Nossa Frente Por Armon Tolentino .................. 12
Nosso futuro está garantido pelo modo com que
fomos guiados no passado.
VIDA
ADVENTISTA
O Adventismo na Albânia Pós-Comunista ................ 14
Claude Richli, editor associado, entrevista Sylvain Romain,
presidente da Missão da Albânia.
CRENÇAS
FUNDAMENTAIS
Por que Não Bebo Bebida Alcoólica
Por Tom Shepherd ...................................................................... 20
A razão é tanto bíblica como social.
ESPÍRITO
DE
PROFECIA
Entre as Nações e o Reino Por Ellen G. White .................. 22
Construímos pontes ao derrubar barreiras.
SERVIÇO
PERGUNTAS
BÍBLICAS
Salvação por Dar
à Luz Filhos? ................... 26
Por Angel Manuel Rodríguez
ESTUDO
BÍBLICO
A Igreja do Tempo
do Fim no
Apocalipse ...................... 27
Por Mark A. Finley
INTERCÂMBIO
MUNDIAL
29 Cartas
30 O Lugar de Oração
31 Intercâmbio de Ideias
ADVENTISTA
Missão para Muitos Por Daniel Weber ............................... 24
Os adventistas no Sul do Pacífico evangelizam
diversas populações.
O Lugar das
Pessoas ............................. 32
Tradução: Sonete Magalhães Costa
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 5, nº 10, outubro de 2009.
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Adventist World | Outubro 2009
www.portuguese.adventistworld.org
A Igreja em Ação
EDITORIAL
No Mundo Inteiro
T
odo mês, antes de escrever as palavras para esta página, paro e penso
em alguns dos lugares onde, provavelmente, elas serão lidas.
Em Bombaim, Índia, um jovem fatigado abre seu laptop,
após doze horas de trabalho e entra no site da Adventist
World, ávido por uma mensagem e pela sensação de estar
ligado a milhões de irmãos e irmãs que não pode ver.
Em São Paulo, Brasil, uma dona de casa aposentada repete
seu ritual de todas as sextas-feiras à noite: uma poltrona confortável, um CD com seus hinos preferidos, o gato ao seu lado,
no sofá, uma cópia desta revista aberta no seu artigo favorito.
Em algum lugar ao norte de Calgary, Canadá, uma
professora adventista abre estas páginas procurando algo
que unirá sua pequena comunidade de alunos da escola fundamental a um movimento que envolve o globo. Ela procura
algo do interesse de seus alunos: geografia, estudo bíblico,
história e fé.
Num povoado a três horas de distância de Nairóbi, Quênia, o nono leitor destas palavras herda uma cópia amassada
e marcada por muito manuseio. Mesmo embaixo das impressões digitais e das manchas, as palavras estão vivas e ainda se
movem e reúnem o rebanho que está disperso.
Mais de 1.500.000 cópias desta revista são distribuídas
todos os meses e impressas em seis idiomas (inglês, coreano,
francês, português, espanhol e bahasa/indonésio). Milhares de
pessoas – e quem sabe ao certo quantas? – acessam cinco desses
idiomas na Internet ou quatro outros idiomas só traduzidos
para a Web (chinês, russo, alemão e, neste mês, vietnamita).
Agora, no seu 160º aniversário, uma publicação adventista
do sétimo dia alcança um marco sem precedentes entre as
revistas de uma religião mundial. Cerca de dois terços dos
17 milhões de adventistas do mundo são alcançados pelas
notícias, inspiração, ensinos bíblicos e esperança transmitidos
pela Adventist World. Desde a década de 1870 quando os
membros da recém-nascida Igreja Adventista do Sétimo Dia
não eram muito diferentes dos assinantes da revista Review
and Herald (Revista Adventista em inglês), que ajudou a
consolidar o movimento, não houve tal oportunidade para a
família adventista do sétimo dia mundial unir-se em estudo
comum, devoção e foco na segunda vinda de Jesus.
Querido amigo, você é parte vital dessa grande e unida
família de leitores e crentes, para os quais esta revista existe. E
por você, agora, levanto minha voz para agradecer ao Senhor
a mensagem e a revista que nos unem.
— Bill Knott
NOTÍCIAS DO MUNDO
Governo Australiano
Libera Expressiva Quantia
de Dólares Para Escolas
Adventistas
Governo dá impulso inicial
para projeto de construção
■ As escolas adventistas do sétimo dia,
na Austrália, receberam 83 milhões de
dólares como parte do programa de
modernização educacional do governo.
“É de inestimável valor o que o
sistema educacional recebeu”, disse
John Hammond, diretor das escolas
adventistas da Austrália, que pertencem
à União/Associação Australiana. “É uma
RECURSOS DO GOVERNO: Início de novas construções no Colégio Adventista
Mountain View, a oeste de Sidnei, New South Wales, Austrália.
F O T O :
A R Q U I V O S
D A
D S P
Outubro 2009 | Adventist World
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
grande soma de dinheiro e estamos
muito felizes de poder ajudar o governo a gastá-lo.”
As escolas adventistas estão usando
o dinheiro para financiar uma série
de projetos que incluem a construção
de bibliotecas, centros de aprendizado
e centros multifuncionais; reformas
em algumas áreas, assim como vários
trabalhos de paisagismo e reparo.
“Nossas escolas estão crescendo
e não têm salas de reuniões, centros
multifuncionais, ginásios de esportes
ou um local para encenação. Tudo isso
são ‘coisinhas’ que sempre deixamos
para fazer ‘mais tarde’”, diz Hammond.
“Esse recurso extra deu bom impulso
ao sistema escolar.”
O projeto Construindo a Revolução Educacional (CRE) – parte da
estratégia de estímulo econômico do
governo da Austrália – de 14,7 bilhões
de dólares australianos por três anos,
beneficiará todas as 9.540 escolas públicas e privadas do país.
O CRE é composto de três elementos: “Escolas Primárias para o século
XXI” (EP21), que oferece 12,4 bilhões
de dólares americanos em financiamento para todas as escolas primárias
australianas, do jardim à 12ª série de
nível fundamental, e escolas especiais
para construir novas instalações ou
atualizar as que já existem; 1 bilhão
de dólares para “Centros de Idiomas e
Ciências para Escolas de Ensino Médio
do Século XXI”; e 1,2 bilhão para o
projeto “Orgulho da Escola Nacional”
(OEN), que financiará pequenas
obras e projetos de manutenção. Sob
o programa OEN, algumas escolas
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Adventist World | Outubro 2009
serão elegíveis para receber até 200 mil
dólares para manutenção e obras de
construção.
Há 55 escolas adventistas na Austrália, com um total de mais de onze
mil alunos.
Na Associação South Queensland,
os projetos incluem um ginásio de
esportes e a extensão da biblioteca,
com um custo de 3 milhões de dólares,
no Northpine Christian College; novas
salas de aulas e renovação da biblioteca no Brisbane Adventist College
e novas bibliotecas para as seguintes
escolas: Noosa Christian College,
Gold Coast Christian College, Darling
Downs Christian School, Coral Coast
Christian School e Escola Adventista
Ipswich.
Todas as escolas receberão recursos
adicionais para cobrir uma gama de
pequenos projetos. Na Associação Australiana Ocidental, os projetos incluem
a reforma da biblioteca do Carmel
Adventist College (de ensino médio) e
a extensão do playground do pré-primário da Escola Adventista Brookdale,
e Escola Primária Cristã Esperança.
A Escola Secundária Carmel planeja enviar proposta para a construção de
um centro de Idiomas e Ciências, segundo Hammond. A Escola Avondale,
na Associação North New South Wales,
construirá uma nova biblioteca para o
fundamental e um centro de aprendizado para substituir a atual biblioteca.
O Macquarie College também construirá uma nova biblioteca, bem como
a Escola Adventista Port Macquarie.
Com o recurso que receberá, a Escola
Adventista Kempsey substituirá algumas de suas salas de aulas provisórias
por estruturas definitivas.
A Escola Primária Prescott do
Norte, no sul da Austrália, obteve
com sucesso o valor de 2,5 milhões, o
que possibilitará a construção de um
centro de informação tecnológica e o
acréscimo de quatro salas de aulas.
Um bom número de escolas das
Associações da Grande Sydney e Nova
Wales do Sul realizará vários projetos
de manutenção. Em muitas escolas,
serão construídos novos prédios e
estão planejadas várias reformas em
estruturas já existentes.
—Reportagem de Melody Tan, da equipe de comunicação da Divisão do Sul
do Pacífico; reeditado por cortesia dos
arquivos da DSP.
Israel: Primeiro Festival de Liberdade
Religiosa Reúne Centenas de Pessoas
■ Centenas de defensores da liberdade religiosa em Israel e nos territórios
palestinos reuniram-se em Jerusalém,
no dia 26 de julho, para o primeiro e já
histórico festival de liberdade religiosa.
O evento gerou um “bom clima de
compreensão” que incentivará, esperam os organizadores, a tolerância na
região, disse John Graz, secretário geral
da Associação Internacional de Liberdade Religiosa (IRLA), que patrocina
os festivais em todo o mundo, para
incentivar a liberdade religiosa.
Organizar o evento na cidade
sagrada para as três principais religiões
do mundo – judaísmo, islamismo e
cristianismo − foi gratificante, disse
Graz, que também dirige o Departamento de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Igreja Adventista do
Sétimo Dia (PARL).
Embora os cristãos desfrutem de
liberdade dentro de certos limites, a
realização de evangelismo na maior
parte da região judaico-ortodoxa de
LIBERDADE RELIGIOSA: Da esquerda para direita: Eugene Hsu, vice-presidente
da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia; John Graz, diretor de
Relações Públicas e Liberdade Religiosa; Richard Elofer, presidente da Igreja
Adventista em Israel; rabi James M. Lebeau, diretor do Centro de Judaísmo
Conservador Fuchsberg e Harold Wollan, da Divisão Transeuropeia dos
Adventistas do Sétimo Dia, durante o festival de liberdade religiosa realizado
em Jerusalém, no dia 26 de julho de 2009.
F O T O :
Israel, o tratamento com os muçulmanos é um assunto controvertido
internacionalmente, segundo Relatório
da Liberdade Religiosa Mundial, publicação da PARL.
Os judeus conservadores, que abraçam a interpretação não fundamentalista da fé judaica, também enfrentam
dificuldades com restrições à liberdade
religiosa, disse o Rabi Yaacov Lebeau,
que falou no evento. Devido à predominância do judaísmo ortodoxo, casamentos e outras cerimônias realizadas
em sinagogas conservadoras não são
plenamente reconhecidos, disse ele.
“É muito fácil ser influenciado por
grupos extremistas e cair no exclusivismo”, disse o presidente adventista
C O R T E S I A
D O
C A M P O
E M
I S R A E L
da região, Richard Elofer. Devido à
maquiagem “multicultural e multirregional” de Israel, defender liberdades
inclusivas é prioridade para assegurar
que isso não aconteça, acrescentou
Richard Elofer.
Cerca de 300 delegados de liberdade religiosa das comunidades judaicas
e cristãs compareceram ao evento.
—Equipe da Rede Adventista de Notícias
Suíça: Paulsen Dedica Novo Prédio
de Escola Adventista em Zurique
■ Mais de 350 pessoas compareceram
à cerimônia de dedicação da nova
Escola Wolfswinkel e dos escritórios da
Igreja em Zurique, Suíça, no dia 4 de
julho de 2009. Os convidados gostaram
do discurso do pastor Jan Paulsen,
presidente da Associação Geral da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, além de boa
música, coquetel e outras festividades.
Localizado perto do centro da cidade de
Zurique, em área privilegiada, o novo
Centro de Wolfswinkel abriga a escola
particular “AZ”, a Igreja Adventista do
Sétimo Dia Oerlikon e os escritórios
da Associação Suíço-Alemã da Igreja
Adventista do Sétimo Dia.
A escola particular denominacional
“A-Z” foi fundada em Zurique há 55
anos. Entretanto, sua localização no
centro da cidade não era mais condizente com o conceito da educação
cristã adventista. Há vinte anos, a
comissão diretiva da escola sentiu que
ela deveria ser transferida para um
ambiente mais natural, fora do ambiente urbano. Essa visão encorajou os
pioneiros (Heinrich Walder, Ivan
Fagioli e outros) a convencer a comissão
executiva e as igrejas da União Suíça a
apoiar a ideia da transferência.
Ao longo dos últimos vinte anos,
a comissão de planejamento visitou
trinta locais com potencial. Entretanto,
mesmo após encontrar um local ideal,
fora da cidade, parecia que o sonho de
uma nova escola teria de ser abandonado, pois começaram a surgir vários
outros problemas. Dessa vez, os problemas vieram na forma de requisitos
oficiais de construção e um vizinho
que queria impedir a construção.
Esses problemas permitiram que
Deus realizasse um milagre. Primeiro,
o departamento de construção do governo deu autorização para que a escola
fosse construída numa área com 90%
de ocupação. Segundo, conseguiram
chegar a um consenso com as autoridades sobre a construção de um prédio
com salas quadradas e multifuncionais.
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
F O T O :
M I C H A E L
U R B AT Z K A / C D
D E A
EDUQUE BEM SEUS FILHOS: O presidente da Associação Geral, Jan Paulsen,
e o tradutor, Ivan Fagioli, em seu discurso na cerimônia de inauguração de
uma nova escola adventista em Zurique, Suíça.
Finalmente, fizeram um acordo com o
vizinho. A construção foi concluída na
primavera de 2009.
Em seu discurso, o pastor Paulsen
enfatizou que a humanidade tem problemas que só Deus pode solucionar.
Todo aquele que se reconcilia com
Deus é chamado para compartilhar
essa mensagem com outros. “Fale sobre
sua experiência com Deus para os seus
filhos”, disse Paulsen, encorajando os
presentes.
—Reportagem de Michael Urbatzka,
Divisão Euro-Africana
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Adventist World | Outubro 2009
Gana: Igreja Realiza Primeiro
Encontro Sobre Mordomia
■ O primeiro encontro sobre mordomia da Divisão Africana Centro
Ocidental foi realizado em Gana, na
Universidade Valley View, campus
de Techiman. A Divisão Africana
Centro Ocidental, em colaboração
com a União/Associação de Gana,
organizou o evento, ao qual
compareceram 300 pessoas.
O objetivo foi apresentar aos
delegados as novas estratégias de
promoção da mordomia.
Segundo Armando Miranda,
vice-presidente mundial da Igreja
Adventista, “mordomia é o estilo de
vida de quem tem uma relação viva
com Jesus Cristo, aceita o Seu senhorio, vive uma parceria com Deus e
atua como Seu agente na gestão de Sua
obra na Terra. Isso transcende a gestão
financeira, que (por muito tempo) foi
nossa ênfase.”
Para o diretor de mordomia da
igreja mundial, Erika Puni, o encontro
reuniu a liderança da igreja, pastores
distritais e membros leigos para aprender juntos sobre mordomia integral.
“Tem-se dado muita atenção à
mordomia financeira na igreja, ao
passo que a mordomia é total; deve
haver um relacionamento com Cristo,
o que gera uma resposta a Deus. Os
delegados precisam compreender os
princípios da nova abordagem para
que, ao voltarem, sejam aplicados e
adaptados à sua realidade,” disse Puni.
O privilégio de sediar o encontro
foi tanto uma oportunidade como
um desafio para a União/Associação
de Gana (UAG), disse seu presidente,
Samuel A. Larmie. “Foi uma oportunidade ímpar sediar o evento,” ele disse.
“Foi também um desafio, pois, após
esse evento, a UAG deverá mostrar
bons resultados”, acrescentou.
Cerca de trezentos delegados,
incluindo líderes da igreja, pastores
e membros leigos, compareceram ao
evento de cinco dias, com o tema:
“Fidelidade na Missão de Esperança”.
Segundo Emmanuel Odenke
Abbey, diretor de mordomia da União/
Associação de Gana, “a participação
nas reuniões foi muito boa. Esse é o
primeiro encontro de mordomia da
divisão e estou grato a Deus pelo fato
de ter sido realizado em Gana.”
—Reportagem de Solace Asafo, da
União de Gana, e de Gilbert Weeh, da
Divisão Africana Centro Ocidental, com
equipe da Adventist World.
JANELA
Por
,
Dporinamarca
Dentro
Hans Olson
A
SUÉCIA
DINAMARCA
Copenhagen
Mar do Norte
Baltic
DINAMARCA
E
mbora pequeno em tamanho, o
Reino da Dinamarca, durante sua
longa história, tem criado um
grande impacto na Europa e no resto
do mundo. Conhecido na Idade Média
como a terra dos guerreiros Vikings,
que chegaram de várias partes da
Europa, a Dinamarca de hoje usa seus
militares para empreendimentos pacíficos. Como membro fundador tanto das
Nações Unidas (ONU) como da North
Atlantic Treaty Organization (NATO),
a Dinamarca afirma ter enviado, desde
1948, mais equipes para missões de paz
que qualquer outro país do mundo.
A Dinamarca é o país mais ao sul
entre os países escandinavos do norte
europeu. É constituída de um território
principal, Jutlândia, que se estende desde o norte da Alemanha, e uma série de
arquipélagos no lado oriental, no Mar
Báltico. A Dinamarca também tem duas
colônias principais, a Groenlândia e as
Ilhas Faroé.
Sua civilização data de pelo menos
1800 a.C. Embora não haja nenhum
registro desse período, incrustações nas
rochas mostram que os antigos dinamarqueses eram agricultores e que adoravam o Sol. Durante o século XII d.C.,
o cristianismo chegou à Dinamarca em
parte pela influência de reis tribais que
queriam fechar acordos comerciais com
o Santo Império Romano.
A Reforma Protestante Luterana
causou grande impacto na Dinamarca. Quando o Novo Testamento foi
publicado pela primeira vez na língua
dinamarquesa em 1524, rapidamente
tornou-se um best-seller. A essa altura, o
catolicismo romano havia se integrado
em muitos aspectos do cotidiano dos
ALEMANHA
Capital:
Copenhagen
Língua Oficial:
Dinamarquês
Religião:
Luterana, 95%; outras cristãs, 3% e muçulmana, 2%
População:
5.45 milhões*
Adventistas:
2.523*
Adventistas per capta:
1:2.161*
* 145° Relatório Estatístico Anual, Arquivos Estatísticos da Sede da Associação Geral
dinamarqueses e impôs vários impostos
sobre a população em geral.
Os dinamarqueses acolheram a independência da ideologia católica romana.
Em 1536, o rei dinamarquês Christian
III fundou a Igreja Evangélica Luterana
da Dinamarca. Hoje, quase todos os
dinamarqueses são membros dessa fé,
apoiada pelo estado. A monarca, atualmente a Rainha Margarete II, atua como
chefe da igreja, tendo um ministro para
assuntos eclesiásticos, que é a mais alta
autoridade administrativa da igreja.
Adventistas na Dinamarca
O adventismo chegou à Dinamarca
em 1872 por meio de uma revista
dinamarquesa mensal chamada Advent
Tidende, publicada por John Matteson,
um dinamarquês, que a criou para
alcançar os imigrantes escandinavos
que moravam nos Estados Unidos.
Matteson enviou a revista para a
Dinamarca em resposta a cartas de
pessoas interessadas na guarda do
sábado. Lá por 1874, já haviam sido
enviadas cerca de mil cópias da Advent
Tidende. Em 1875 uma editora dinamarquesa, a M. A. Soomer, pediu permissão
a Matteson para incluir os artigos da
Advent Tidende em sua revista mensal.
Matteson concordou prontamente.
Como resultado, Matteson recebeu
muito mais cartas vindas da Dinamarca
em resposta às duas revistas. Em 1877
ele escreveu para o presidente da Associação Geral, Tiago White, pedindo para
ser enviado como missionário para o
seu país. Assim, ele se tornou o primeiro
missionário adventista a chegar ao norte
europeu, apenas três anos após J. N. Andrews ter chegado à Suíça. Poucos meses
depois de sua chegada, Matteson batizou
nove pessoas. Um ano mais tarde ele
organizou a Igreja Adventista Alstrup,
em Vendsyssel, com 27 membros. Em
1880, Matteson ajudou a organizar a
Associação da Dinamarca com sete igrejas e 120 adeptos – a primeira associação
adventista fora da América do Norte.
Embora a maioria dos dinamarqueses
sejam membros da Igreja Luterana, não
são necessariamente religiosos. A maior
parte é secular e pós-moderna e tem
pouca ou nenhuma experiência religiosa.
Alguns registros mostram que menos de
4% frequenta regularmente a igreja. Os
jovens, especialmente, são seculares. O
número de membros da Igreja Adventista
na Dinamarca caiu 9% ao logo da década
anterior até 2007. Por favor, ore pela
Dinamarca e por aqueles que procuram
maneiras criativas de falar aos outros
sobre Jesus Cristo.
Para saber mais sobre o trabalho
da Igreja Adventista do Sétimo Dia
na Dinamarca, visite www.Adventist
Mission.org.
Outubro 2009 | Adventist World
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A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
Por que
Eles
Manter adolescentes e jovens
engajados na igreja deve
ser uma de nossas prioridades
Saem?
Por
Jan Paulsen
8
Adventist World | Outubro 2009
Q
uando consideramos o rumo que nossa vida tomou,
é fácil olhar para trás e descobrir certo grau de “inevitabilidade” – o caminho que seguimos em nossos
estudos e profissão, o companheiro que escolhemos para a
vida, a família que formamos. Mesmo assim, essa sensação de
inevitabilidade é uma ilusão. Nessa primeira fase crítica do
processo de decisão – na adolescência e início da vida profissional – quando grande número de nossas decisões é de longa
duração e as consequências desconhecidas, o que será nosso
futuro é mais que incerto. Ele se equilibra precariamente
sobre uma infinidade de variáveis, tomando seu rumo pelas
circunstâncias, oportunidades ou escolhas.
Olho para trás, para minha própria adolescência, e penso:
Como os limites eram estreitos! Quão facilmente uma decisão
errada, ou uma circunstância poderia ter empurrado as coisas
para uma direção totalmente diferente.
Olho para a família de nossa igreja – membros abaixo de
35 – que estão no processo de fazer essas mesmas decisões
para a vida. Eles não mais refletem meramente as atitudes e
crenças de seus pais ou professores. Estão testando esses valores por eles mesmos – “provando se são para seu tamanho”,
decidindo se vão mantê-los, modificá-los ou trocá-los por
algo totalmente diferente.
Considero, então, o êxodo dos jovens de nossa igreja e isso
me angustia profundamente.
Por que tantos deixam a igreja? Arriscando-me a simplificar demais algo de tão grave importância para a igreja,
gostaria de apresentar algumas reflexões que tomaram forma
em minha mente ao longo dos anos, mas que, recentemente,
ganharam um crescente senso e peso de urgência.
Falando sobre esse assunto, temos que diferenciar dois
grupos extensos: adolescentes e jovens ou jovens profissionais.
Embora algumas questões sobreponham entre si, suas lutas e
experiências são essencialmente diferentes, pois as razões para
abandonar a igreja também serão distintas.
Adolescentes
Há muitos anos, aconteceu algo com um jovem que era
muito próximo de mim. Ele estava lutando contra várias
coisas ao mesmo tempo e não era fácil para ele levantar e ir
para a igreja todos os sábados. Certo sábado de manhã, ele
chegou à porta da igreja um pouco atrasado, vestido com um
jeans. O primeiro ancião, quando o viu, disse: “Você não está
vestido apropriadamente. Vá para casa e troque de roupa.” Ele
foi para casa e não voltou. Ali começou uma longa jornada
pelo deserto em que ele gastou muito, muito tempo. Mais
tarde, ele saiu daquele deserto, porém mais por uma questão
de amor aos seus pais e pela certeza do imenso amor que eles
tinham por ele.
Foi esse incidente o único motivo para ele deixar a igreja?
Não. Mas, para ele, foi o exato momento em que a igreja lhe
disse: “Você, realmente, não se encaixa entre as pessoas que
adoram aqui. Vá para casa e coloque roupas mais adequadas.”
Muitos adolescentes decidem deixar a igreja por se sentirem “marcados”. Eles se sentem indignos; sentem-se inúteis;
não se sentem à vontade dentro da igreja para abordar questões conflitantes de padrões e comportamento que eles e seus
amigos estão enfrentando. Poderíamos fazer uma longa lista
dessas questões: atividades sociais, escolhas musicais e entretenimento, relacionamentos e sexualidade, a necessidade
que têm de expressar seu crescente senso de individualidade
e independência. Eles falam sobre essas coisas entre si, em
segredo, com o sentimento de que serão condenados se
alguém ouvir.
Como podemos compreender nossos adolescentes mais
adequadamente?
■ Faça-o de modo pessoal. Pense na sua própria família, em
seus filhos. É difícil seu filho ou sua filha “merecerem” algo de
você? Claro que não! Eles são sangue do seu sangue, carne de
sua carne.
Se tomarmos tempo para considerar cada jovem de nossa
congregação como nossos próprios filhos e filhas, haveria
uma incrível mudança de perspectiva. Somente quando o
adolescente sente na comunidade da igreja o mesmo tipo de
calor que uma criança sente na intimidade da família, poderemos oferecer direção e correção.
■ Deve ser pessoal. Essa não é uma tarefa que deve ser
delegada para o pastor dos jovens, Desbravadores ou Escola
Sabatina. É a minha atitude para com os membros jovens de
minha congregação que faz a diferença. Como eles reagem às
minhas palavras e atitude para com eles?
■ Contextualize. Os adolescentes falam e fazem loucuras;
simplesmente fazem. São adolescentes e falar e fazer loucuras
está dentro da normalidade. É da natureza dos adolescentes
testar as águas, fazer escolhas, perturbar e abalar os “anciãos”.
Pode ser pela pressão do grupo, por um ato de rebeldia ou
simplesmente pelo fato de que cresceram em um mundo, o
mundo adventista, e querem experimentar, sentir o cheiro
e o sabor do “outro mundo”. Muito simples, os valores dos
pais não são transmitidos geneticamente, o adolescente está
ativamente testando e questionando – esse é um processo
característico e natural a essa etapa da jornada. Portanto,
vamos estender a tolerância e paciência e estar disposto a
alargar a visão.
■ Lembre-se: Eu já passei por isso e também cometi erros.
Muitos erros! Você consegue se lembrar de quando era
adolescente? Às vezes, você não estava satisfeito consigo
mesmo. Você tinha consciência de tudo o que acontecia:
percebia cada espinha no seu rosto, cada falha no modo de
Jan Paulsen é presidente mundial da Igreja
Adventista do Sétimo Dia.
Outubro 2009 | Adventist World
9
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
agir, e que era excepcionalmente vulnerável à opinião
dos outros.
Uma palavra leviana falada por um membro mais velho
da congregação pode ter enormes consequências para
um jovem cuja autoimagem é facilmente danificada. Do
mesmo modo, algumas palavras de incentivo podem ter um
impacto positivo.
Jovens Adultos e Jovens Profissionais
Há os que sobrevivem à adolescência e ainda estão nos
bancos da igreja, pelo menos na maioria dos sábados. Estão
terminando os estudos, embarcando na carreira profissional
e formando suas famílias. O que faz a diferença entre os que
criam fortes e duradouras raízes em uma comunidade de
crentes e os que derivam vagarosamente em direção à porta?
porque sabe que será amado e compreendidos? Ou a igreja é
o último lugar “seguro” para alguém se abrir e pedir ajuda?
Geralmente, é a última opção.”
Para gerações de jovens moldados por um mundo pósmoderno, estar “certo” vai levá-lo até certo ponto. Você pode
falar a verdade sempre com eloquência, pode estar correto
em cada detalhe, pode citar capítulos e versos, e mesmo assim
eles vão sair da igreja se não sentirem uma profunda e calorosa aceitação.
■ Propósito e confiança. Os jovens adultos e profissionais
também deixam a igreja porque estão cheios de ideias,
opiniões e energia, mas não encontram lugar para compartilhá-las dentro da igreja. Não que creiam que a igreja não seja
importante para eles; ao contrário, creem que eles não são
importantes para a igreja! Assim, podem permanecer dentro
Na prática, que diferença realmente
faz o rótulo de “adventista”?
Importância. Há um grupo de amigos, jovens profissionais que, ocasionalmente, se reúnem socialmente. Elem vêm
de diferentes países, mas a profissão os trouxe, junto com a
família, para a mesma cidade no oeste europeu. Alguns ainda
têm fortes laços com a comunidade adventista; outros já perderam a conexão ao longo do caminho, mas todos galgaram
basicamente o mesmo caminho de estudos e experiência de
vida até ali. Às vezes, conversam sobre a igreja. Perguntam:
Quão relevante é o adventismo? Será que tem algo importante a
dizer sobre questões como a vida cotidiana, justiça social, pobreza e direitos humanos, meio ambiente, ética, economia ou sobre
as comunidades nas quais vivemos? Na prática, que diferença
realmente faz o rótulo de “adventista”?
Para muitos jovens adultos, a percepção de quão bem
essas perguntas são respondidas pela igreja pode determinar
se eles ficam ou saem. Estão desencantados com a religião
centralizada apenas no futuro e que negligencia completamente o presente. Não que eles tenham deixado de crer no
que a igreja ensina, mas perderam a fé na sua habilidade de
falar da vida com significado para sua experiência diária.
Estão frustrados ao perceber a falta de vontade da igreja em
dar o mesmo peso moral e teológico aos assuntos que mais
afetam a sociedade.
■ Comunidade. Ainda mais importante é que, para esse
grupo etário, a igreja não propicia os laços comunitários
apropriados à sua expectativa. Um jovem profissional me
escreveu recentemente: “Quando alguém está enfrentando
uma luta, será que pensa imediatamente em procurar a igreja
■
10
Adventist World | Outubro 2009
por um tempo, por uma questão familiar ou social, mas, no
fundo, já estão “fora”.
Chamado Para a Ação
Não tenho palavras para expressar a profundidade de
minha convicção de que devemos dar aos jovens adultos
papéis significativos na igreja. Não deve ser apenas “mantêlos ocupados”, mas devemos votar cargos substanciais que
signifiquem um alto nível de confiança, incluindo-os nos
processos decisórios, procurar envolvê-los de um modo que
soe: “Queremos ouvir sua voz.”
Tanto para os adolescentes, como para os jovem profissionais, “confiança” é o pivô sobre o qual giram muitas dessas
questões. Não o tipo de confiança que diz: “Vou lhe dar tal
responsabilidade e, após um tempo, vamos avaliar sua capacidade.” Ao contrário, falo de um tipo de confiança que liberta e
capacita os jovens a ser companheiros ativos no planejamento
do culto e do testemunho de sua congregação; uma confiança
que reconhece que alguém não precisa ter 40, 50 ou 60 anos
de idade para ter um fervoroso desejo de servir a Deus; uma
confiança que reconhece que seu amor pela igreja é tão
profundo quanto o meu, e que eles, também, escolheram esse
lugar como seu lar espiritual.
Será que a atitude deles em relação a essas coisas, às vezes,
pode ser diferente da minha expectativa? Sim, talvez. Corremos algum risco? Pode ser. Porém, o risco de não confiar em
nossos jovens é muito maior, pois, se não confiarmos neles
em algum nível, eles simplesmente irão embora.
S A Ú D E
N O
M U N D O
Crescente Preocupação
Alergia a
Alimentos
com
Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless
Minha neta foi diagnosticada por seu
médico como portadora de alergia a
alimentos. Estou muito preocupada. O
que isso significa? Ela já não gosta de
se alimentar e minha preocupação é
que fique desnutrida.
A
verdadeira alergia a alimentos,
ao contrário da intolerância a
alimentos, é uma resposta alérgica a certos alimentos (não a todos).
Isso envolve uma ativação do sistema
imunológico do corpo de tal forma
que provoca uma reação inflamatória
conhecida como imunoglobulina E
mediana (IgE) por resposta imune.
Dos mais de 25% dos adultos que
reclamam de sintomas relacionados
a certo tipo de alimento, apenas 3%
realmente apresentam alergia a alimentos, que é mais frequente nas crianças.
Calcula-se que de 6 a 8% das crianças
do Reino Unido e dos Estados Unidos
sofrem de alergia a alimentos. Leite
de vaca, ovos de galinha, amendoim,
castanhas e semente de gergelim estão
entre as principais causas de alergia
nas crianças, sendo o kiwi o mais novo
membro do grupo. Alergias a ovos e
amendoim são as mais frequentes na
infância; no caso da alergia a ovos, cerca
de 66% desaparece antes dos 5 anos de
idade, e 75% entre os 7 e 8 anos.
Os sintomas da alergia a alimentos
varia de uma simples urticária (coceira,
vermelhidão e vergões) à anafilaxia,
colocando a vida em risco (constrição
da garganta, dificuldade respiratória e
colapso). Pessoas com alergia alimentar
geralmente têm eczema, doença crônica
da pele caracterizada pela inflamação
R O B B I E
O W E N - W A H L
e, às vezes, bolhas que, com frequência,
afetam os cotovelos e os joelhos, sobre
as superfícies flexoras.
A asma e a rinite alérgica são mais
comuns em crianças com alergia de
alimentos.
É óbvio que, ao evitar os alimentos
específicos, os sintomas diminuem.
O problema é quando se tem alergia
a múltiplos tipos de alimentos. É
aconselhável uma consulta com um
nutricionista para obter ajuda. Os
nutricionistas são treinados para orientar sobre o que assegurará nutrição
adequada e para prevenir deficiências
secundárias. Crianças com alergia
alimentar múltipla, se tratadas por uma
equipe de nutricionistas, enfermeiros
e médicos, crescem e se desenvolvem
satisfatoriamente. Problemas potenciais
como o raquitismo, anemia, crescimento insuficiente e a osteoporose na fase
adulta podem ser evitados.
Ocasionalmente, podem surgir sintomas agudos. Se houver reação anafilática,
é necessário o atendimento rápido e
específico, que incluirá administração
rápida de anti-histamínicos e epinefrina
intramuscular; inalação de brônquiodilatadores e corticóides. A anafilaxia
não deve ser menosprezada, pois pode
ser muito séria. A epinefrina intramuscular deve ser administrada na lateral da
coxa. O retardo no uso da epinefrina tem
sido fatal. Uma criança com história de
anafilaxia deve ter acesso instantâneo à
epinefrina, que está disponível em dose
especial única, produzida especialmente
para tais eventualidades.
Embora seja interessante pensar que
a amamentação exclusiva possa reduzir
a imunoglobulina E mediana, a alergia a
alimento, isso não foi provado em estudos. Notou-se a redução de eczema, mas
não da alergia ao alimento. Em contraste,
em experiência com ratos, a exposição
precoce a antígenos de alimentos reduziu a intolerância a alimentos.
Felizmente, a maioria das crianças
com tal alergia descobre que ela desaparece ou é reduzida quando alcançam
idade adulta.
O problema é delineado por um teste
cutâneo e história detalhada; reações agudas são controladas por um kit de emergência, e o atendimento de uma equipe de
saúde conseguirá bons resultados.
Há recursos disponíveis online para
quem lida com a alergia alimentar,
tais como o da revista ABC da Saúde:
(www.abcdasaude.com.br/artigo.
php?679), da Enciclopédia Ilustrada
da Saúde (adam.sertaoggi.com.br/
encyclopedia/.../000844), da Associação
Brasileira de Alergia e Imunopatologia
do Rio de Janeiro (www.asbairj.org.
br/comunidade/artigos/home.asp) e
muitos outros.
Allan R. Handysides, M.B.,
Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG,
é diretor do Departamento de
Saúde da Associação Geral.
Peter N. Landless, M.B., B.Ch.,
M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C.,
é diretor-executivo da ICPA e
diretor-associado do
Departamento de Saúde.
Outubro 2009 | Adventist World
11
D E V O C I O N A L
J
á passei por muitas noites de angústia, sentindo-me como
um Jó moderno. Desde meu batismo, até hoje, sou tentado a pensar que meu futuro promissor foi roubado. Se
tudo isso for uma prova, por favor, “quando vai acabar?”
Mesmo nas minhas mais determinadas tentativas de ser
otimista, ainda me lembrava de como não tirei o primeiro
lugar na escola fundamental, pelo qual tanto me esforcei; como
comecei tão bem o ensino médio, para acabar fazendo os
exames finais num hospital, tirando, talvez, a nota mais baixa
na disciplina de pilotagem e perdendo a tão sonhada bolsa de
estudos; ou como os meus sonhos de um futuro na faculdade
se frustraram por causa de uma catástrofe financeira e questões
familiares tão traumáticas que marcaram minha vida e prejudicaram minha coragem. Embora no íntimo estivesse totalmente
perdido, em público eu exibia uma aura de compostura. Enquanto todos esperavam que eu recebesse a medalha de ouro,
fui o único da diretoria da classe a me formar sem honras.
Cheguei à conclusão de que não poderia cursar medicina.
Embora tenha estudado com tanto afinco, no final faltaram cinco pontos para receber a bolsa, por conta de meus
sintomas psicossomáticos de uma mente atribulada pelos
problemas familiares. Em todos empregos que eu conseguia,
era considerado como tendo grande potencial, para logo ser
derrotado por políticas. Tentei voltar a estudar. Consegui uma
bolsa de estudos para a faculdade de direito, que me foi negada assim que descobriram que eu era adventista do sétimo
dia. Tentei outra escola e fui aceito, para logo descobrir que
havia aulas aos sábados. Tentei e tentei, só para descobrir que
as faculdades de direito, que não têm aulas aos sábados, eram
muito caras em meu país e totalmente além de minhas possibilidades financeiras. Com meu sonho ficando mais e mais
distante, perguntei a Deus: “Que plano o Senhor tem para
minha vida?” Em outras palavras, que caminho o Senhor traçou para mim? Mas meu coração foi tocado com as palavras
(como vindas de Deus): “O que você deveria ter percebido?”
Foi quando aprendi que devo perceber quatro coisas:
1. Necessitamos de um coração agradecido
“Dando graças constantemente a Deus Pai por todas as
coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5:20).*
O ar que respiramos é um presente que somente o milagre de
Deus pode conceder. E junto com o “não importa quão imenso
seja o desafio”, há incontáveis bênçãos que não percebemos.
O nosso problema é falta de gratidão.
Quando aprendemos a apreciar as pequenas bênçãos,
perceberemos como são frequentes e podemos ver o grande
quadro da maravilhosa providência de Deus. Quando, porém,
escolhemos ver o lado feio das coisas, morremos sem esperança, envoltos na escuridão do tipo de vida que escolhemos viver.
Eu me lembro de Ronalyn, uma menina de 7 anos de
idade, que não ia à escola, para quem dei aula no trabalho
comunitário da minha universidade. Eu a vi comendo um
punhado de arroz, que cabia na palma de sua mãozinha, e
12
Adventist World | Outubro 2009
Jornada
à
Nossa Frente
Aprendendo a confiar na
direção de Deus
Por
Armon Perez
Tolentino
ainda dividindo com seus irmãos. Ela veio para a aula com
um uniforme da escola pública, muito maior do que ela (provavelmente doado), para que pudesse sentir que, finalmente,
estava indo à escola. Pedi a ela que orasse e, apesar de sua
situação, ela ainda disse claramente: “Muito obrigada, Senhor.
O Senhor nunca Se esquece de nós.”
Eu estava lá para ensiná-la, mas, ao contrário, eu aprendi
com ela. Ela escolheu dar graças mesmo tendo tão pouco.
Transmitia uma profunda alegria, calma e felicidade para
todos naquele lugar.
2. A pressão é frequentemente auto-imposta
“Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois
aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância” (Fl 4:11).
cansada de viver, correndo em busca de cura para sua filha
doente. Ela falava zangada com Deus, até que reconheceu que,
“quando a noite era mais sombria, a alvorada chegava a tempo;
e após as chuvas fortes ... as flores (sempre) começam a crescer”.
4. Deus está no controle
“Agora, eu os entrego a Deus e à palavra da Sua graça,
que pode edificá-los e dar-lhes herança entre todos os que são
santificados” (At 20:32).
Por que nos afundar no pântano, preocupando-nos com o
lugar em que estamos e a que altura chegamos, baseados em
escalas terrenas? Se realmente confiamos em Deus, devemos
compreender que Ele está no controle. Assim, podemos seguir
em frente e viver em paz.
Se realmente confiamos em Deus, devemos
compreender que Ele está no controle. Assim,
podemos ir em frente e viver em paz.
As pessoas podem sofrer com pressões impostas por si
mesmas. Contudo, não importa o que aconteça ao nosso
redor, podemos decidir ser contentes.
Isso é tão verdade que, embora meu círculo de amigos já
tenha uma carreira profissional de sucesso e eu ainda esteja
esperando por uma chance, não posso negar o fato do quanto
sou abençoado. Por exemplo, estou vivo e ainda posso sonhar.
Mas foi tentador pegar um “atalho” só para realizar meu sonho.
Nosso problema é falta de contentamento. Quando não
estamos contentes, falhamos em cumprir nosso dever do dia
de hoje, ignorando a verdade de que isso nos prepara para o
futuro. Quando nos concentramos demais no quadro geral
do futuro, ignoramos a grandeza do presente. O segredo é
aprender a aceitar o que acontece.
3. Paciência vale a pena
“Mas as que caíram em boa terra são os que, com coração
bom e generoso, ouvem a palavra, a retêm e dão fruto, com
perseverança” (Lc 8:15).
Vivemos em uma sociedade imediatista. Gostamos de fast
food, de ação rápida e de quase tudo que requer controle remoto.
Queremos que tudo aconteça no estalar do dedo; e se não acontece, ficamos desapontados e começamos a reclamar. Não aprendemos com o que aconteceu com Abraão, quando foi à frente de
Deus, na sua pressa para se tornar o pai de muitas nações?
Nosso problema é falta de paciência.
Certa vez, escrevi um artigo sobre uma mulher que estava
R Ø N N I N G
A U S TA D / T H O M A S
N O R S T E D /
D I G I TA L M E N T E
M O D I F I C A D A
Nosso problema é falta de fé na providência de Deus.
Muitas histórias bíblicas atestam do cuidado de Deus. José
tornou-se governador; os israelitas foram libertos; o mau tornou-se bom; o fraco tornou-se forte. Depois, há o fenômeno
da profecia, cujo cumprimento não pode ser evitado por seres
humanos. Do que mais precisamos em face das evidências da
onipotência divina?
Preciso apenas submeter-me à Sua vontade e ir aonde Ele
me guiar, em Seu tempo e do Seu modo. É assim que alcanço
a vitória sobre as provações da vida.
Alegria – Porto de Inspiração
Quando tudo isso vai acabar? Quando eu decidir que acabe. Que jornada Deus planejou para mim? Uma jornada de
gratidão, contentamento, paciência e fé na Sua providência.
Essa é uma emocionante viagem! A alegria está ao longo
de todo o caminho – ela é porto de inspiração onde posso
encontrar abrigo.
*Todas as referências bíblicas são da Nova Versão Internacional.
Armon Perez Tolentino é assistente do
presidente e diretor do Departamento de
Publicações da Associação Luzon Central,
nas Filipinas.
Outubro 2009 | Adventist World
13
V I D A
A D V E N T I S T A
S
ylvain Romain, ex-presidente da
Missão Albanesa dos Adventistas do
Sétimo Dia, conversou recentemente com o editor associado da Adventist
World, Claude Richli, sobre as alegrias e
desafios da vida adventista na Albânia.
RICHLI: Conte-me um pouco de sua
história como adventista.
ROMAIN: Sou a sexta geração de pastores
adventistas e missionários em minha
família. Por isso, fui criado com a Palavra
de Deus, estudando as profecias sobre o
tempo do fim e alimentando forte paixão por Jesus e Sua missão. Essa é uma
imensa graça e privilégio. Morei e trabalhei em três continentes, e minha vida
sempre foi impulsionada por um desejo
ardente de compartilhar o evangelho.
O Adventismo na
A
lbânia
ós- omunısta
P C
Os desafios são
diferentes, mas
ainda são desafios
Você já morou e trabalhou em muitos
países e , se não me engano, fala
várias línguas. Sua última nomeação
foi para dirigir a Missão Albanesa.
Fale sobre os desafios que você
enfrentou nessa região.
A Albânia é um país europeu onde
mulheres idosas, usando roupa preta,
puxam suas vacas por estradas de terra,
enquanto os homens ficam sentados,
bebendo café. Por 45 anos, recebeu
a fama de ser o país comunista mais
restrito do globo. O povo era completamente isolado do resto do mundo
e as proibições em relação à religião
chegavam a tal ponto que o simples
fato de desejar “Feliz Natal” a alguém
poderia custar seis anos de prisão. Mas
isso acabou há 18 anos, em 1991. Desde
então, os albaneses sofrem de uma sede
insaciável de se equiparar ao mundo
ocidental. Rapidamente aprenderam as
regras do mercado livre − e talvez rápido demais. Tirana, a cidade mais populosa da Europa, é a capital do estado
cuja economia é baseada na corrupção,
tráfico de droga e tráfico humano.
Mesmo que a situação econômica
tenha melhorado consideravelmente,
os residentes ainda lutam contra a
falta diária de energia elétrica e contra
o tráfico caótico. O maior desafio,
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Adventist World | Outubro 2009
CENTRO EVANGELÍSTICO: Sylvain Romain, presidente da Missão Albanesa,
auxilia alunas universitárias num projeto de pesquisa no Centro Evangelístico
Adventista, em Tirana.
entretanto, é levar estrutura para a vida
desse povo extremamente amigável,
que começou a perder sua visão de fé
e esperança numa vida melhor devido
aos efeitos colaterais da liberdade e
crescimento descontrolados. Anseiam
por uma vida mais significativa e um
estilo de vida melhor. Assim, a solução
de seus dilemas é uma oportunidade e,
ao mesmo tempo, um desafio.
Descreva como está a situação religiosa.
Setenta por cento dos albaneses são
muçulmanos; do restante, a maior parte é
greco-ortodoxa ou católico-romana, embora a maioria não tenha conexão alguma
F O T O S :
C O R T E S I A
D E
S Y LVA I N
R O M A I N
com a religião de seus ancestrais. O período de duas gerações sem Deus resultou
na falta de religião para ser ensinada aos
seus filhos. Com a ausência de livros
religiosos e prédios de igrejas, os valores
da sociedade foram baseados em superstições e costumes antigos como feudos
sanguíneos e casamentos forçados.
como primeira ONG (organização não
governamental) presente na Albânia,
tem sido cuidadosa na distinção entre
ajuda prática e evangelismo.
Os adventistas na Albânia são também conhecidos pela coragem durante
o tempo de perseguição.
Em que aspectos?
Qual foi sua primeira ação assim
que chegou?
Cheguei a um país que, por 15 anos, estava desfrutando de completa liberdade religiosa. No início, essa liberdade e abertura
geraram muita euforia. Todos queriam
saber sobre Deus, sobre o ocidente e sobre
o resto do mundo. As igrejas, inclusive as
nossas, cresceram rapidamente.
O problema é que, com o fim do
comunismo, a necessidade de ajuda
material do país era tal que os primeiros
visitantes estrangeiros tinham que se
concentrar nos cuidados básicos. Por isso,
o cristianismo foi apresentado principalmente em sua dimensão social. Desse
modo, tornou-se impossível pregar sobre
Jesus sem prometer vantagens materiais.
Assim, os grupos evangélicos que haviam
chegado fazia pouco tempo apelavam
para as classes sociais menos favorecidas.
Todas as igrejas precisavam de
membros. Havia também a necessidade
de formar pastores locais, mas era
difícil encontrar pessoas dispostas e
qualificadas. Ao mesmo tempo, as circunstâncias tão favoráveis contribuíram
para a chegada de estrangeiros que nem
sempre tinham a melhor formação ou
motivação. O resultado foi que muitos
albaneses educados e influentes desprezaram o cristianismo como uma religião
que tenta “comprar” as pessoas e ignora
as verdadeiras razões de sua existência.
A resposta da Igreja Adventista
foi diferente?
Em alguns aspectos, sim, devido principalmente às suas normas teológicas excepcionais. Desde o início, causou forte
impressão, inclusive, nos funcionários
do governo do mais alto escalão. Nossa
igreja é conhecida por seu alto nível
intelectual e tem atraído personalidades
tanto políticas como sociais.
Outra força da igreja é a ADRA
(Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais), que,
Antes da instalação do comunismo, em
1944, um jovem albanês viajou para
os Estados Unidos para estudar na
Universidade Harvard. Lá, ele se tornou
adventista e decidiu retornar ao seu
país para proclamar as boas novas sobre
Jesus, sabendo que teria de enfrentar
dificuldades e perseguições. Ele se
tornou um verdadeiro mártir. Até sua
morte, como resultado de tortura, sua
vida heróica na Albânia impressionou
muitos de seus companheiros na prisão.
Durante um tempo em que a maioria
dos albaneses sonhava em ir para os
Estados Unidos, ele se formou na
Universidade de Harvard, deixou tudo e
voltou para morrer por sua fé.
Outro exemplo muito conhecido é o
de uma mulher adventista que guardou
seu dízimo em uma caixa por mais de
quatro décadas, esperando pelo dia em
que pudesse entregar o santo dinheiro
para o corpo de Cristo mundial.
Quer dizer que a Igreja Adventista do
Sétimo Dia é conhecida na Albânia?
Bem, trezentos membros, cinco igrejas e
uns poucos grupos, não é muito. Nossos
pastores trabalham arduamente, mas
ainda há muito que fazer. A Comissão
da Missão Adventista e os membros de
igreja têm trabalhado numa estratégia
para desenvolver uma imagem atrativa
de nossa igreja na sociedade albanesa.
Poderia explicar isso?
Primeiro, tentamos criar um sentimento de apropriação entre os membros da
igreja, para envolvê-los nos programas
de testemunho. Depois, começamos a
estabelecer contatos com autoridades,
funcionários públicos, líderes religiosos
e outras personalidades.
E o que dizer da abordagem de totalidade defendida pelos adventistas?
Esse tem sido um dos meus objetivos.
Os albaneses estão pedindo cursos em
estilo de vida saudável e vida familiar;
estão dispostos a gastar muito dinheiro
com isso. Assim, considero a Albânia
um país de oportunidades ilimitadas
para o evangelismo da saúde e para
instituições educacionais. Há uma grande necessidade de obreiros dedicados
nessas duas áreas.
Meu sonho é dar aos albaneses
adventistas a chance de desenvolver
oportunidades de testemunhar em seu
local de trabalho. Os albaneses não
aceitam facilmente o conceito de que os
missionários precisam receber dinheiro
para pregar, mas respeitam os cidadãos
com quem podem se relacionar no mesmo nível. Esse é um aspecto importante
para alcançar tanto os pós-modernos
como os albaneses de cultura islâmica.
Ao olhar para trás, após três anos na
Albânia, como o senhor analisa os
resultados?
Durante o primeiro ano, cortamos pela
metade as despesas administrativas da
Missão Albanesa e dobramos o orçamento para o evangelismo. Meu esforço
para motivar os membros da igreja e
pastores a fazer evangelismo resultou
em um acréscimo de 47% nos dízimos
no primeiro ano e, em dois anos, a
frequência à igreja triplicou.
E os batismos?
Deus nos abençoou com um grande
número de preciosas almas.
Qual é a sua visão de futuro?
Membros arraigados e dedicados, árduo
trabalho da equipe pastoral, contínuo
esforço nas relações públicas e foco na
saúde e educação que certamente ajudará a tornar nossa igreja mais e mais
forte até que a tarefa de compartilhar
a mensagem do evangelho por toda a
Albânia seja concluída. Contribuir
para a realização do plano de Deus na
Albânia é constante fonte de alegria,
força e, certamente, uma motivação em
minha nova função.
Claude Richli é editor
associado da Adventist
World.
Outubro 2009 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
celebrando
As obras de Deus
são fantásticas e
incríveis
Crıação
a
Por
George T. Javor
S
e Deus quisesse, poderia ter criado um universo virtual,
seguro, habitado por seres virtuais; poderia ter gasto
a eternidade observando as vidas virtuais de Sua
criação virtual.
Isso, porém, não aconteceu. Ao contrário, Deus criou um
universo real, de incrível complexidade, tendo total conhecimento das possíveis consequências. Espaço, matéria e tempo
foram trazidos à existência, juntamente (e mais surpreendente) com as criaturas vivas. O estudo sobre os propósitos de
Deus ao criar o Universo é emocionante e gratificante, digno
de contemplação por toda a eternidade. Contudo, algo fica
em evidência: a manifestação do infinito amor levou a Divindade a compartilhar a felicidade e alegria da existência com
os seres criados (Is 45:18).
Energia de uma Mente Fantástica
O assunto da Criação exigiu tremenda liberação de energia de uma mente fantástica e engenhosa, que, até hoje, vai
além da capacidade de compreensão humana.
Tudo que aconteceu no mundo físico, em seguida – a
gravidade, a radiação eletromagnética, a eletricidade, as poderosas forças entre as partículas subatômicas, as leis da física
e da química, a formação de estrelas e planetas, a criação de
organismos vivos – tudo resultou do modo como a energia
foi compactada, estabilizada e acondicionada em cerca de
cem diferentes tipos de núcleos atômicos.
16
Adventist World | Outubro 2009
É estimado que haja entre 1050 a 1080 átomos no universo
observável. Se houvesse apenas átomos de hidrogênio (o
elemento mais leve da natureza), teria sido necessário um
mínimo de 3,6 x 1039 a 3,6 x 1069 de energia calórica para
sua criação.1 (Em termos de comparação, o consumo de
eletricidade total do mundo no ano de 2005 foi de 1,4 x 1019
calorias)
Toda matéria veio das mãos do Criador e também é um
presente para Suas criaturas. Deus não é matéria.
O Criador, entretanto, conhece todos os aspectos de Sua
criação, do nível microscópico ao subatômico. O Senhor sabe
a localização e a função de cada um dos Seus 1080 átomos. Isso
pode muito bem inferir a menção que Jesus fez sobre Deus ter
ciência das mais ínfimas entidades do reino físico.
“Não se vendem dois pardais por uma moedinha?” disse
Ele. “Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos da cabeça de vocês
estão todos contados” (Mt 10:29, 30).*
Após criar bilhões de galáxias diferentes, cada uma com
bilhões de estrelas e um grande número de planetas habitados, Deus decidiu trazer à existência uma nova classe de seres,
criados à Sua imagem e semelhança (Gn 1:26, 27). Tal semelhança, como Ellen G. White sugere, foi externa e de caráter.2
Com essa característica, os seres humanos podiam servir
como nova ligação entre o Criador e Suas outras criaturas.
O espaço para uma estrela (o Sol) e planetas foi determinado na galáxia denominada “Via Láctea”, onde cerca de 300
bilhões de estrelas já giravam no formato de um disco chato,
com 100 mil anos luz de diâmetro. Se fizéssemos uma réplica
circular da Via Láctea, com 128 quilômetros de diâmetro, o
sistema solar da Terra ocuparia meros dois milímetros.
Nossos Vizinhos
No centro do sistema solar, o Criador colocou essa grande estrela a que chamamos Sol, formado de aproximadamente 2 x 1027 toneladas de hidrogênio aquecido, submetido
à fusão termonuclear do hélio. Esse processo resulta numa
perda de 685 toneladas de matéria por segundo, liberando
energia luminosa e emitindo partículas carregadas. (Para
comparação, a explosão atômica de Hiroshima foi o resultado da destruição de apenas 1 grama de plutônio.) Com a
taxa de queima atual, o Sol tem combustível suficiente para
durar bilhões de anos.
Mais próximo ao Sol, Deus colocou quatro planetas
“terrestres”: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, sendo a Terra o
maior. Estes foram feitos, principalmente, de rocha de silicato.
Os quatro planetas “exteriores”, muito maiores do que os
terrestres, foram compostos principalmente de gases. Júpiter
e Saturno foram formados principalmente de hidrogênio
gelado e hélio, enquanto Netuno e Urânio foram formados
de gelo, metano e amônia. Orbitando ao redor dos planetas
externos, há cerca de 150 luas, sendo algumas quase do tamanho dos planetas terrestres.
A soma da massa de todos os planetas e suas luas é menos
de 1% da massa do Sol, que mantém todos esses corpos sob
seu controle gravitacional.
Quando o relato bíblico sobre a criação da Terra é associado aos dados astronômicos atuais, emerge um cenário
plausível em que o Criador trouxe à existência todo o sistema
solar durante a semana da Criação (junto com a Terra, Sol e
Lua). Sendo assim, pode-se supor que o que aconteceu aqui,
durante a semana da Criação, foi apenas o primeiro passo para
tornar todo o sistema solar habitável para os seres humanos.
N A S A / H U B B L E
H E R I TA G E T E A M
/
M O D I F I C A D A
D I G I TA L M E N T E
O texto: “Assim foram concluídos os céus e a Terra,
e tudo o que neles há” (Gn 2:1) refere-se provavelmente ao
planeta Terra e suas imediações.
A atmosfera da Terra recém-criada devia ser bem
diferente do que é hoje (veja Gn 2:5, 6). Talvez fosse substancialmente mais rica em dióxido de carbono, para que o
luxuoso verde que cobria o planeta antediluviano pudesse ser
adequadamente mantido pela fotossíntese.
A superfície da Terra recém-criada era diversificada com
suaves colinas e montanhas, cortadas por rios e lagos. Não
havia penhascos, pântanos ou desertos. A paisagem de todos
os lugares da Terra se equiparava aos jardins dos palácios
mais sofisticadamente decorados.3
De Tirar o Fôlego
O que aconteceu após a formação da Terra é algo de tirar
o fôlego. Usando principalmente elementos como hidrogênio,
oxigênio, azoto, carbono, fósforo e enxofre, o Criador trouxe
à existência estruturas de complexidade quase inimaginável,
capazes de absorver energia solar ou outras formas de energia; que podiam crescer, dividir-se, mover-se ao seu redor e
sentir o habitat. Em resumo: criou os organismos vivos.
George T. Javor foi professor do Departamento
de Bioquímica da Escola de Medicina da
Universidade de Loma Linda até aposentar-se,
em 2006. Atualmente mora em New Leipzig,
Dakota do Norte, EUA.
Outubro 2009 | Adventist World
17
A engenhosidade, desenvoltura e pura
elegância do funcionamento do mundo
vivo é tal que o descrevê-lo está além
da capacidade humana.
Para criar a menor unidade viva, a célula, foi necessária a
construção de milhares de diferentes tipos de requintados e
gigantes conglomerados de átomos dentro das macromoléculas de proteína, ácidos nucleicos, polissacarídeos e lipídeos.
Algumas dessas formações foram utilizadas como elementos
estruturais, outras se tornaram máquinas especializadas,
facilitando reações químicas específicas.
O fenômeno da vida é o resultado de uma rede de centenas
ou de até milhares de reações químicas dentro das células. A
alteração química é o rearranjo de grupos específicos de átomos
(moléculas) em novos grupos. Reações em cadeia de transformações químicas ocorrem continuamente nas células vivas. Isso é
o que distingue a matéria viva das inertes, ou seres inanimados.
Embora os cientistas sejam capazes de produzir algumas
das macromoléculas indispensáveis à matéria viva, são incapazes de iniciar ou reiniciar as centenas de reações em cadeia,
isoladas ou contínuas, que acontecem em cada célula. Esse
fenômeno biológico é uma prova irrefutável de que a vida
foi criada e nunca poderia começar espontaneamente.4 As
reações bioquímicas em cadeia, iniciadas em todas as células
de cada organismo na Criação, continuam ininterruptas ao
longo de centenas de gerações até os dias de hoje. Os biólogos
identificaram essa lei declarando que “vida só vem da vida”.
O Senhor criou dois reinos de organismos vivos. Algumas
criaturas foram dotadas de um sistema nervoso, dando-lhes
mobilidade e memória, permitindo-lhes sentir o seu habitat
através da visão, som e toque. Além dos humanos, o Criador
trouxe à existência inúmeros tipos de criaturas (animais
grandes, pássaros, peixes, insetos, etc.).
A segunda categoria de criaturas recém-criadas foi a biorobótica – isto é, sem um sistema nervoso e sem percepção da
18
Adventist World | Outubro 2009
própria existência. Tais organismos servem como receptores
de energia solar, alimento, material de construção e “decoração”. Eles também servem como elementos integrantes da
biosfera e incluem plantas, flores, árvores e microorganismos.
Interdependência
Todos os organismos vivos na Terra pertencem a uma
biosfera integrada. A relação entre os organismos pode ser
mais bem caracterizada como de suporte mútuo. Nenhuma
das criaturas foi projetada para viver independentemente.
Para as plantas crescerem, precisam capturar o nitrogênio
em estado gasoso do ar, auxiliado pelo nitrogênio, fixando os
micro-organismos vivos em suas raízes.
A abundante energia solar que banha a Terra é capturada
pelas plantas e algas, por meio da fotossíntese. As plantas
usam a energia solar para produzir carboidrato proveniente
do dióxido de carbono do ar e da água. Essa interdependência
entre os organismos é ilustrada na figura ao lado.
O Jardim do Éden deveria ser um modelo a ser imitado
pelas gerações que iriam povoar a Terra. Em lugar de cidades,
a maior parte da porção habitável do planeta deveria ser
coberta por jardins, onde a natureza falaria continuamente à
humanidade sobre a sabedoria e amor de Deus.5
No centro do Éden, havia uma árvore muito especial,
cujos frutos eram necessários para que a raça humana
continuasse a existir. Nenhum organismo foi criado imortal
(embora os micro-organismos se aproximem disso). Os seres
humanos deveriam se alimentar ocasionalmente com o fruto
da árvore da vida para manter a vida. A Bíblia não revela
como os animais, peixes, pássaros e insetos se preveniam
contra a morte.
Interdependência dos
Organısmos
Biosfera
na
Nitrogênio do ar
Micro-organismos
Oxigênio,
alimento
Nitrato, amônia
Plantas
Luz solar
Oxigênio,
alimento,
vitaminas
Dióxido de carbono
Humanos, animais
Vitaminas
Experiências realizadas com cultura de tecido indicam
que células saudáveis, humanas e de animais, são capazes
de se dividir apenas um determinado número de vezes. O
número máximo de divisões de uma célula humana é o
equivalente a aproximadamente 120 anos de vida. A razão
para que o número de divisão celular seja finito está no
encurtamento das extremidades dos cromossomos, chamada
região telomérica, depois de cada divisão.
Curiosamente, temos uma enzima chamada telomerase,
que pode restaurar os telômeros para seu tamanho original.
Infelizmente, essa enzima torna-se inativa pouco depois do
nascimento. Apenas as células cancerígenas, que possuem a
capacidade de divisão ilimitada, contêm a enzima telomerase
ativa. A telomerase ativa não causa câncer, mas permite que
o aparato genético corrompido da célula afetada seja reproduzido.
Os micro-organismos contêm cromossomos circulares e
suas divisões celulares não provocam nenhum encurtamento
do material genético. Teoricamente podem se dividir
um infinito número de vezes. Mas quando uma célula se
divide em duas células filhas, estritamente falando, ao
transformar-se na prole, a existência da célula-mãe acaba
ali. A possível ação biológica do fruto da árvore da vida
poderia ter sido a manutenção da atividade da telomerase
indefinidamente nos adultos. A longevidade dos
antediluvianos pode ter sido, em grande medida, devido a
uma atividade residual da telomerase herdada de Adão
e Eva.
Uma lógica molecular semelhante acontece em incontáveis milhares de diferentes tipos de organismos vivos,
contendo, no entanto, diferenças suficientes para preservar
Dióxido de carbono
suas identidades individuais. Isso resulta da natureza estreitamente integrada da biosfera, como ilustrado na figura.
Se fosse possível catalogar o número de invenções
patenteáveis necessárias para a criação de nossa biosfera,
excederia, em muitas ordens de grandeza, o número de todas
as invenções já patenteadas em todas as agências de patentes
do mundo.
A engenhosidade, desenvoltura e pura elegância do
funcionamento do mundo vivo é tal que o descrevê-lo está
além da capacidade humana.
Sua contemplação força o espectador a colocar a mão
sobre a boca (Jó 40:4), pois qualquer coisa que possa ser dita
seria indigna e resultaria em banalização desse importante
assunto. Silêncio aqui é eloquência.6
É possível duvidar da bondade, amor e sabedoria do Ser
responsável por tal criação vasta, magnificente e “muito boa”?
A resposta só pode ser um sonoro NÃO!
Unimo-nos ao salmista quando diz: “Como são grandes
as Tuas obras, Senhor, como são profundos os Teus
propósitos!”(Sl 92:5).
“Senhor meu Deus! Quantas maravilhas tens feito! Não
se pode relatar os planos que preparaste para nós! Eu queria
proclamá-los e anunciá-los, mas são por demais numerosos!”
(Sl 40:5).
*Todas as referências bíblicas são da Nova Versão Internacional.
3.6 x 1039 é uma abreviação científica de 36 seguido de 38 zeros: 3.600.000.000.000.000.000.000.00
0.000.000.000.000.000.Igualmente, 3.6 x 1069 é 36 seguido de 69 zeros.
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 45.
3
Ibid., p. 44.
4
G. Javor, Evidences for Creation (Hagerstown, Md.: Review and Herald, 2005).
5
Ellen G. White, Educação, p. 22.
6
Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p. 179, 180.
1
2
Outubro 2009 | Adventist World
19
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
D
e tempos em tempos, a imprensa popular divulga que
uma taça de vinho diariamente ajuda na prevenção de doenças.
Para muitas pessoas, isso confirma a
crença comum de que a Bíblia aprova
o uso moderado de bebidas alcoólicas.
Não entendem por que os adventistitas
do sétimo dia são totalmente contra
o seu uso. Escrevo para explicar o
porquê, tanto da perspectiva bíblica
como da saúde.
Por que
referências como a de Números 18:12:
“Todo o melhor do azeite, do mosto e
dos cereais, as suas primícias que derem
ao Senhor, dei-as a ti.” Geralmente os
comentários positivos sobre o vinho
referem-se à abundância dos alimentos
produzidos na Palestina – óleo de oliva,
grãos e vinho (Dt 7:13; Jr 31:12).
Mesmo assim, os comentários
negativos persistem: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora;
todo aquele que por eles é vencido não
Por Tom Shepherd
Não Bebo Bebida
NÚMERO 22
O Vinho e a Cerveja no
Antigo Testamento
Vários termos hebraicos e gregos
que se referem ao vinho e à cerveja são
usados nas Escrituras. Fazem-se comentários, tanto positivos como negativos,
sobre essas bebidas. Grande parte das
referências sobre o vinho no Gênesis
fala sobre eventos negativos – Noé fica
bêbado em Gênesis 9, as duas filhas de
Ló praticam incesto com seu pai após
embriagá-lo com vinho (Gn 19) e Jacó
engana Isaque com comida e vinho
(Gn 27). Entretanto, podem-se encontrar
Tom Shepherd, Ph.D.,
Dr.P.H., é professor de
interpretação do
Novo Testamento no
Seminário Teológico Adventista do Sétimo
Dia na Universidade Andrews.
20
Adventist World | Outubro 2009
Alcoólica
é sábio” (Pv 20:1). Provérbios 23:29-35
descreve as desgraças causadas pelo
alcoolismo.
O Que Dizer de Jesus em
Relação ao Vinho?
Alguns podem responder que isso
é aplicável apenas nos casos de abuso
do álcool. Jesus não produziu uma
abundância de vinho no casamento de
Caná?(João 2). Realmente, Ele fez cerca
de 600 litros de vinho (do grego oinos)
para a festa. Entretanto, como muitas
referências positivas sobre o vinho no
Antigo Testamento, a referência a oinos
está num contexto em que descreve um
evento festivo em que a abundância de
comida e bebida é o ponto alto dessa
alegre ocasião. Além disso, note que
as palavras do mestre-sala soam como
um provérbio: “Todos costumam pôr
primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior.” E
R E N E A
continua falando: “Tu, porém, guardaste
o bom vinho até agora.”1
Esse “dito popular” é visto por
muitos como um comentário astuto de
alguém sob o efeito entorpecente do
álcool. Quando as pessoas começam a
beber, têm condições de perceber a qualidade do vinho. Porém, após ficarem
bêbadas, tudo parece igual; assim, para
que gastar o bom vinho com quem já
está bêbado?2
Entretanto, omitem o elemento-chave do texto e interpretam
erroneamente o significado da comida
e da bebida num ambiente festivo. O
elemento-chave ignorado é o fato de
que o mestre-sala da festa ainda podia
perceber a diferença entre o bom vinho
e o inferior. Obviamente, ele não estava
bêbado e era também óbvio que havia
bebido o vinho servido anteriormente,
de modo que percebeu a diferença. O
significado de comida e bebida numa
L E AT H E R S / M A X W E L L D E A R A Ú J O R O D R I G U E S /
J E A N S C H E I J E N / M O D I F I C A D A D I G I TA L M E N T E
festa é que a abundância fazia parte
da alegria. Intimamente ligado a isso,
estava a tradicional e profunda ênfase
na hospitalidade. Em tal cenário de
normas sociais, servir o “bom vinho”
aos convidados no início da festa seria
uma forma de honrá-los.
Além disso, há ocasiões na literatura
grega onde oinos é claramente de natureza não alcoólica, sendo razoável crer que,
nesse contexto, esse foi exatamente o tipo
de bebida providenciado por Jesus.3
Abstinência é um
Imperativo Moral?
Alguns podem admitir que, após
essa explicação, pode-se apoiar o valor
de uma vida sem bebidas alcoólicas.
Mas isso é um imperativo moral? Várias
linhas de evidências sugerem que sim.
Primeiro, as estatísticas da Organização
Mundial da Saúde (OMS) mostram
as pesadas perdas provocadas pelo
álcool.4 Elas representam cerca de 1,8
milhões de mortes, por ano, em todo
o mundo (3,2% do total de mortes) e
58,3 milhões de anos de vida, incluindo
incapacidades (4,0 por cento do total).
O álcool é responsável também, em
todo o mundo, por 20 a 30% das mortes
por câncer de esôfago, câncer de fígado,
cirrose hepática, homicídio, epilepsia
e acidentes automobilísticos. Seu consumo está aumentando nos países em
desenvolvimento, com quase nenhuma
infra-estrutura para prevenção e tratamento dos problemas associados aos
efeitos do álcool. Se não for por outra
razão, além da preocupação que devemos ter com o nosso semelhante, temos
a responsabilidade de pregar e ensinar
total abstinência do álcool.
Estar Prontos para o
Retorno de Jesus
Há uma razão ainda mais importante que apoia a total abstinência. É o
breve retorno de Jesus Cristo! O Novo
Testamento está repleto de advertências
para permanecermos sóbrios à luz do
breve retorno do Senhor (Lc 21:34-36;
1Pe 1:13). A esse conceito dou o nome
de temperança escatológica. Em contraste, o álcool adormece a mente! Seu uso
conflita com as instruções de Jesus para
permanecermos alerta todo o tempo.
Às vezes, as pessoas perguntam
se esse ou aquele mandamento ainda
se aplica a nós hoje. Com frequência,
questionam se ainda é válido. Raramente consideram a possibilidade de
que alguns mandamentos podem ser
aplicados muito mais a nossos dias do
que ao passado. Creio que é o caso da
abstinência do álcool. No antigo mundo
mediterrâneo, as bebidas alcoólicas já
existiam, mas não eram disponíveis em
abundância para a maioria do povo.
Além disso, seu teor alcoólico não era
maior que 10 a 15%, no caso do vinho
(apenas 4 a 6% na cerveja), e o vinho,
geralmente, era diluído em até três partes de água para uso normal.5 A situação
é completamente diferente no mundo
de hoje, no qual o álcool é muito mais
facilmente acessível e em concentrações
muito mais altas nas bebidas destiladas
(comumente 40 a 60%). As estatísticas
da OMS mostram uma triste história de
desgraças causadas pelo álcool e como
sua sombra está se espalhando ao redor
do globo.
Sou um adventista do sétimo dia e
aguardo a vinda de Jesus! À luz desse
grande evento, creio que devo manter
minha mente e corpo prontos e alerta
para agir o tempo todo. Creio que
tenho a responsabilidade de ajudar meu
próximo a se preparar para o retorno
do nosso Senhor e que um estilo de
vida saudável é coerente com as Escrituras e um dever do cristão. É por isso
que não uso bebida alcoólica.
João 2:10.
O verbo grego é methusko, que significa “ficar bêbado” ou
“beber à vontade”.
3
Veja Aristóteles, Meteorologica 384.a.4-5 e 388.b.9-13 para o
uso genérico do termo oinos.
4
Estatísticas do Web site da Organização Mundial de Saúde,
www.who.int/substance_abuse/facts/alcohol/en/index.html.
5
“Vinho sem mistura” de Apocalipse 14:10 seria o vinho sem
a adição de água. Na dramática advertência de Apocalipse 14,
a ira de Deus é revelada, sem misturar-se à misericórdia. Para
referências sobre a diluição do vinho, veja David E. Aune,
Revelation 6-16, Word Biblical Commentary, vol. 52b (Nashville:
Thomas Nelson, 1998), p. 833.
1
2
Conduta
cristã
Somos chamados para ser um povo piedoso, que pensa, sente e age de acordo
com os princípios do Céu. Para que o Espírito recrie em nós o caráter de nosso
Senhor, só nos envolvemos naquelas coisas que produzem em nossa vida pureza,
saúde e alegria semelhantes às de Cristo. Isso significa que nossas diversões e
entretenimentos devem corresponder aos mais altos padrões do gosto e beleza
cristãos. Embora reconheçamos diferenças culturais, nosso vestuário deve ser
simples, modesto e de bom gosto, apropriado àqueles cuja verdadeira beleza não
consiste no adorno exterior, mas no ornamento imperecível de um espírito manso
e tranquilo. Significa também que, sendo o nosso corpo o templo do Espírito Santo,
devemos cuidar dele inteligentemente. Junto com adequado exercício e repouso,
devemos adotar a alimentação mais saudável possível e abster-nos dos alimentos
imundos identificados nas Escrituras. Visto que as bebidas alcoólicas, o fumo e o
uso irresponsável de medicamentos e narcóticos são prejudiciais ao nosso corpo,
também devemos abster-nos dessas coisas. Em vez disso, devemos empenhar-nos
em tudo que submeta nossos pensamentos e nosso corpo à disciplina de Cristo,
o qual deseja nossa integridade, alegria e bem-estar. (Rm 12:1, 2; 1Jo 2:6; Ef 5:1-21;
Fl 4:8; 2Co 10:5; 6:14–7:1; 1Pe 3:1-4; 1Co 6:19, 20; 10:31; Lv 11:1-47; 3Jo 2.)
Outubro 2009 | Adventist World
21
E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
Unidade, apesar
das diferenças de
nacionalidade e raça
Entre as
e
o
ações
N
rein
Por Ellen G. White
S
e alguém tem sede, venha a Mim e
beba.” “Aquele, porém, que beber
da água que Eu lhe der nunca mais terá
sede; pelo contrário, a água que Eu lhe
der será nele uma fonte a jorrar para a
vida eternal”(Jo 7:37; 4:14).
Se, apesar dessas promessas, preferirmos permanecer abrasados e ressecados
por falta da água viva, a culpa será tão
somente nossa. Se formos a Cristo com
a simplicidade da criança que se dirige
aos pais terrestres, e Lhe pedirmos as
coisas que nos prometeu, crendo que as
receberemos, nós as teremos. Se todos
exercêssemos fé como deveríamos, seríamos abençoados com o Espírito de Deus
em medida muito maior do que a por
nós recebida em nossas reuniões. Alegrame que ainda nos restam alguns dias
para o término dessas reuniões. Porque
esta é a pergunta que surge: Iremos nós
à fonte para beber? Darão o exemplo os
que ensinam a Verdade? Deus por nós
fará grandes coisas se, com fé, nos apegarmos à Sua Palavra. Que possamos ver
aqui todos os corações se humilhando
perante Deus!
“
22
Adventist World | Outubro 2009
Deus Compreende Diferentes
Grupos de Pessoas
Desde o início dessas reuniões,
senti-me fortemente inclinada a
abordar assuntos do amor e da fé.
E procedo assim porque vocês
necessitam desse testemunho. Alguns
dos que foram trabalhar nesses
territórios missionários dizem: “A
senhora não compreende o povo
francês; não compreende os alemães.
Eles precisam ser tratados dessa ou
daquela maneira.”
Mas pergunto: Será que Deus não
os entenderá? Não é Ele que a Seus
servos dá uma mensagem destinada
às pessoas? Ele sabe exatamente aquilo
de que necessitam; e se a mensagem
vem diretamente dEle, por intermédio
de Seus servos para o povo, ela
cumprirá a obra que lhe foi designada;
todos serão unificados em Cristo.
Embora alguns sejam arraigadamente
franceses, outros entranhadamente
alemães e outros profundamente
americanos, todos chegarão a ser
identicamente semelhantes a Cristo.
Unidade na Diversidade
O templo israelita foi construído de
pedras lavradas e extraídas das montanhas; e cada pedra era preparada para
seu respectivo lugar no templo, lavrada,
polida e provada antes de ser transportada para Jerusalém. E quando todas
estavam no terreno, a edificação foi
erguida sem que houvesse ruído de um
único machado ou martelo. Essa construção representa o templo espiritual de
Deus, composto de material trazido de
todas as nações, línguas, povos e classes
sociais, elevadas e humildes, ricos e pobres, sábios e iletrados. Não se trata de
substâncias inertes que devem ser trabalhadas com martelo e cinzel. São pedras
vivas, tiradas da pedreira do mundo por
meio da verdade, e o grande Arquiteto
principal, o Senhor do templo, as está
agora lavrando, polindo e preparando
para seu respectivo lugar no templo
espiritual. Uma vez terminado, esse
templo será perfeito em todas as suas
partes e causará a admiração dos anjos
e dos homens; porque o seu arquiteto e
construtor é Deus.
o
“Embora alguns sejam arraigadamente
franceses, outros entranhadamente
alemães e outros profundamente
americanos, todos chegarão a ser
identicamente semelhantes a Cristo.”
Ninguém pense que não tem necessidade de correção alguma. Não existe
pessoa nem nação que seja perfeita em
todos os seus costumes e pensamentos.
Uma precisa aprender da outra. Por
isso, Deus quer que as diversas nacionalidades se coordenem para chegar a ser
um só povo em sua visão e propósitos.
Desse modo, será exemplificada a união
que há em Cristo.
Eu estava quase com medo de vir
a esse país pelo muito que ouvira das
peculiaridades das diferentes nacionalidades europeias e dos meios a serem
empregados para alcançá-los. Mas a
sabedoria divina é prometida aos que
dela sentem necessidade e a pedem.
Deus pode levar as pessoas aonde hão
de receber a verdade. Permitamos que
o Senhor Se aposse de nossa mente e a
molde, assim como o barro é moldado
pelas mãos do oleiro, e essas diferenças
deixarão de existir.
Irmãos, contemplem Jesus: imitem-Lhe as maneiras e o espírito, e
não terão dificuldade alguma para
alcançar esses diferentes tipos de
pessoas. Não temos seis modelos para
copiar, nem cinco, temos apenas um:
Jesus Cristo. Se os irmãos italianos,
franceses e alemães tentarem ser iguais
a Ele, colocarão os pés sobre o mesmo
fundamento da verdade; o mesmo
espírito que anima um, animará o
outro – Cristo neles, a esperança da
glória. Eu os exorto, irmãos e irmãs,
a não erguer um muro de separação
entre as diferentes nacionalidades. Ao
contrário, tratem de derribá-lo, onde
existir. Devemos esforçar-nos por levar
todos à harmonia que há em Jesus,
trabalhando em prol do objetivo único
– a salvação dos nossos semelhantes.
Deixem Deus Trabalhar
Irão meus irmãos no ministério
apossar-se das ricas promessas de
Deus? Porão de parte o eu e deixarão
que Jesus apareça? Antes que Deus
possa atuar por meio de vocês, o eu
precisa morrer. Fico alarmada ao ver
o eu manifestar-se num e noutro, aqui
e ali. Em nome de Jesus de Nazaré, eu
lhes declaro que a vontade de vocês
tem de morrer; ela deve se transformar
na vontade de Deus. Ele lhes quer
depurar e purificar de toda mácula.
Existe uma grande obra para ser feita
em favor de vocês antes de serem
revestidos do poder de Deus. Rogolhes que se aproximem dEle, a fim de
reconhecer Suas ricas bênçãos, antes de
findar esta reunião.
Há aqui pessoas sobre quem brilhou muita luz na forma de advertências e repreensões. Sempre que surgem
repreensões, o inimigo tenta criar nos
repreendidos o desejo de simpatia humana. Eu quisera, portanto, advertirlos para terem cuidado; não aconteça
que, ao apelarem para a simpatia alheia
e rememorarem suas provas passadas,
repitam o erro da exaltação própria. O
Senhor conduz repetidas vezes ao mesmo lugar os Seus filhos extraviados;
mas se continuamente deixarem de
escutar as advertências de Seu Espírito,
e não resolverem todos os seus erros,
Ele os deixará, por fim, entregues à
própria fraqueza....
Cada qual tem uma luta intensa
para vencer o pecado no próprio
coração. Às vezes, essa obra é muito
penosa e desanimadora; pois, ao
vermos nossos defeitos de caráter,
passamos a considerá-los, em vez de
olhar para Jesus e revestir-nos das
vestes de Sua justiça....
Irmãos e irmãs, como coobreiros
de Deus, apoiemo-nos com firmeza no
braço do Todo-poderoso. Esforcemonos por abraçar a união e o amor, e
seremos uma potência no mundo.
Esse artigo foi extraído do nono volume
dos Testemunhos para a Igreja (pp 179183) e foi originalmente apresentado no
Concílio da União Europeia, em Basel,
Suíça, no dia 24 de setembro de 1885. Os
adventistas do sétimo dia creem que Ellen
G. White exerceu o dom profético bíblico
durante mais de 70 anos de ministério
público.
Outubro 2009 | Adventist World
23
S E R V I Ç O
Missão
para
Muıtos
Por
Daniel
Weber
Os desafios no Sul do Pacífico fazem o evangelho avançar
D
as ilhas banhadas de sol até o interior selvagem e
arenoso da Austrália, a Divisão do Sul do Pacífico
é uma maravilhosa região do mundo. Mais de 400
mil adventistas vivem em seu território. A proporção é de
um adventista para cada 86 pessoas. À primeira vista, pode
Parecer que a igreja está indo muito bem; contudo, mais de
34 milhões de pessoas ainda precisam ser alcançadas pela
mensagem adventista de esperança – pessoas que necessitam
saber que Jesus as ama.
Força Aérea
A última vez que as ofertas do décimo terceiro sábado
beneficiaram a Divisão do Sul do Pacífico, foi em 2006. Essa
oferta quebrou um recorde como a maior oferta na história
da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Muitos adventistas souberam de Papua-Nova Guiné por
meio do filme de Eric Were, Cry of New Guinea (O Clamor
da Nova Guiné). O missionário Len Barnard seguiu, durante
quarenta dias, por trilhas difíceis no meio das montanhas,
selvas quentes e úmidas, rios impetuosos, até a região
montanhosa onde encontrou os canibais de karimui. Ali,
ajudou a tratar dos doentes e, mais importante, os ensinou
sobre Jesus. Hoje, os frutos do seu trabalho podem ser vistos
na vida dos mais de 235 mil adventistas que vivem em
Papua-Nova Guiné.
Atualmente, a mesma viagem feita pelos missionários
pioneiros pode ser realizada em cerca de trinta minutos pelo
novo avião da Missão. A base desse avião está em Goroka, no
hangar do Serviço de Aviação Adventista. Roger Millist está
no seu segundo período de trabalho como piloto missionário.
Ele retornou a Goroka em 2005 e transformou o serviço
de aviação da Missão numa operação de alto nível. O avião
de Millst transporta os missionários locais que vivem e
Daniel Weber é produtor de vídeo para a
sede da Missão Adventista.
24
Adventist World | Outubro 2009
trabalham entre as pequenas aldeias que pontilham as montanhas ao redor de Goroka. Esses missionários dedicam pelo menos um ano de sua vida para falar do amor e perdão de Jesus.
O avião também é usado para transportar professores,
líderes da igreja e profissionais de saúde para os vilarejos e
comunidades espalhados pelas ilhas de Papua-Nova Guiné.
O avião da Missão destaca-se ao voar em torno dessas
aldeias, nas montanhas. Poucos aviões podem aterrisar e
decolar de uma pista de voo com apenas algumas centenas de
metros de comprimento. Além do fato de que algumas pistas
têm inclinação de cerca de 14 graus, é fácil descobrir por que
nem todos têm a habilidade de realizar esse perigoso trabalho.
O avião da Missão – um PAC XL – tem capacidade de
transportar grandes quantidades de carga e doze pessoas por
viagem. Transporta telhado para as novas igrejas em construção no meio da selva, assim como a produção da população
local, que é transportada para as cidades grandes, a fim de
ser vendida e fornecer meios para o sustento dessas pessoas
que vivem em aldeias remotas. Para transportar essa carga, é
cobrada uma pequena taxa, que ajuda a cobrir os custos que o
Serviço de Aviação Adventista tem para transportar missionários e materiais por toda a ilha.
A aviação adventista está cumprindo o chamado para
levar o evangelho aos confins da Terra.
“A aquisição dessa nova aeronave com turbinas foi muito
importante para nós”, diz Millist. “Nossos níveis de segurança
e desempenho, tanto dos pilotos como dos passageiros,
aumentaram significativamente. Recebo e-mails, quase
diariamente, de pessoas dizendo: ‘Oramos por você, todos os
dias.” Trabalhamos numa área de muitos desafios e é muito
bom saber que há pessoas, membros da igreja de todo o
mundo, assim como os membros da igreja daqui da Divisão
do Sul do Pacífico, que têm apoiado a nós e aos membros de
Papua-Nova Guiné, todos unidos com a aviação adventista.…
Sabemos que não estamos sozinhos em nosso trabalho.“
Mudando um Colégio
A oferta do décimo terceiro sábado de 2006 também ajudou
a construir uma capela no Colégio Fulton, na ilha Fiji. A escola
tem mais de 200 alunos de teologia, artes e administração.
Direita: NOVO CAMPUS: Colégio Fulton, assim chamado em honra
ao missionário adventista pioneiro John Edwin Fulton, brevemente
será transferido para um local mais conveniente, em Fiji.
Abaixo: OBSERVE: Rolos de Figuras facilitam a pregação
do evangelho em lugares remotos.
Serve como centro de treinamento para
a União/Missão Transpacífico, que tem
mais de 93 mil membros e está localizada em local pitoresco, no nordeste de
Fiji. Foi fundada no início dos anos 1940
e forma jovens adventistas para servir
à Igreja, não apenas do Sul do Pacifico,
mas em todo o mundo.
Nemani Tausere, ex-diretor do Colégio
Fulton, fala sobre a influência da escola:
“A contribuição que os formandos e
outros que simplesmente passaram por
Fulton prestam à comunidade, ao governo e à igreja durante os anos de estudo,
é significativa.”
O colégio está localizado perto da
capital, Suva. Recentemente, a Suprema
Corte da nação, em
Suva, decretou que a propriedade da escola retornasse aos
seus proprietários originais.
Respondendo à decisão da corte, a Divisão do Sul do
Pacífico usará uma parte da oferta do décimo terceiro sábado
deste trimestre para começar a mudança para um novo
local. Encontraram uma linda área próxima à cidade de Nadi
(Nandi), onde está localizado o aeroporto internacional. A
mudança da escola para o novo endereço facilitará o acesso
dos estudantes internacionais. Até agora, eles tinham que viajar mais de doze horas de ônibus para chegar ao lugar atual. A
nova propriedade está a quinze minutos de carro do aeroporto, sendo muito mais conveniente para os alunos e visitantes.
A área é denominada Sabeta (Sembeto) e é servida por estradas, serviço de ônibus, clínicas médicas, correio e telefone.
Waisea Vuniwa, presidente da União/Missão Transpacífico,
garantiu, com os proprietários, um arrendamento renovável
de 99 anos, e eles estão satisfeitos por ter uma escola cristã em
sua propriedade.
Vuniwa descreve o papel que a nova escola desempenhará
no âmbito da missão da Igreja: “Formaremos jovens que
sairão para servir à comunidade e levar as pessoas a conhecer
melhor o Senhor Jesus Cristo. Esse lugar também vai se transformar num centro evangelístico”, diz ele, “onde as pessoas
não alcançadas de nossa comunidade serão alcançadas.”
F O T O S
C E D I D A S
P E L A
M I S S Ã O
A D V E N T I S TA
Evangelho Portátil
A Igreja Adventista do Sétimo Dia experimentou expressivo crescimento entre a população das ilhas do Sul do Pacífico.
Ali, pequenos grupos se reúnem, em cabanas dentro da selva,
até que possam construir novas igrejas. Uma das maiores
necessidades nessas áreas de crescimento rápido é de material
para ensinar as crianças pequenas que vão, com os pais, à
igreja todas as semanas. Parte da oferta do décimo terceiro
sábado deste trimestre também preverá Rolos de Figuras para
as Escolas Sabatinas das ilhas. Essas ferramentas ajudarão a
formar uma nova geração para comprir a missão da igreja no
Sul do Pacífico.
Por muitos anos, os membros da Igreja Adventista do Sétimo
Dia têm ajudado a manter o trabalho nos campos missionários
do Sul do Pacífico que, hoje, é um dos maiores provedores de
missionários para o resto do mundo. Contudo, há ainda muito
trabalho a fazer, muitas pessoas para serem evangelizados.
Muito obrigado por suas orações e apoio às missões
adventistas. Suas ofertas ajudarão a formar jovens para ministrar aos que vivem nas ilhas do Sul do Pacífico. Elas também
ajudarão a educar crianças que estão aprendendo de um Deus
que as ama e quer levá-las para o Céu.
Para saber sobre a missão adventista, visite: www.
AdventistMission.org.
Outubro 2009 | Adventist World
25
P E R G U N TA S B Í B L I C A S
O que Paulo quis dizer quando
escreveu: “a mulher será salva dando à luz filhos”
(1Tm 2:15, NVI)?
P E R G U N TA :
C
omo costumo dizer, algumas passagens se prestam
a diferentes interpretações. Nesses casos, temos que
analisar o contexto imediato, bem como o contexto
geral bíblico e oferecer aquilo que consideramos a melhor
opção, sem ser dogmático. Parto do princípio de que o que
perturba nesse texto é o fato de sugerir que a salvação não é
pela fé, e que revela uma visão restritiva das mulheres (por
exemplo, seu lugar é em casa criando as crianças).
1. Comentando a Terminologia: Note esses três
termos. O primeiro é o verbo “salvar” (no grego, sozo),
usado nas Epístolas Pastorais
(1 e 2 Timóteo e Tito), para
se referir à salvação espiritual concedida por Deus
por meio de Jesus (e.g., 1Tm
1:15; 2:4; 2 Tm 1:9). Essa salvação sempre é recebida pela
fé. O segundo termo é a preposição “através” (do grego,
dia). Tem-se a impressão de
que ela introduz um significado para a salvação como,
por exemplo, em 1 Coríntios
15:2. O terceiro termo é o
substantivo “gravidez” (do
grego teknogonia), cuja forma verbal significa “dar à luz filhos”, estando implícita a dor
que acompanha o fato (1Tm 5:14).
2. Variedade de Interpretações: Essas palavras são interpretadas de maneiras diferentes. O verbo “salvar” é usado por
alguns com o significado de “manter seguro/preservar”, no
sentido de que a vida da mulher será preservada durante o
nascimento da criança. Isso dificilmente é defendido, uma vez
que muitas mulheres cristãs morreram ao dar à luz.
Outros introduzem ideias não encontradas no texto.
O substantivo “gravidez” tem sido usado para designar o
nascimento do Messias. As mulheres serão salvas por meio do
nascimento do Filho prometido a Eva. Isso, porém, embora
possível, vai muito além do texto.
Muitos retêm a leitura tradicional (“a mulher será salva
dando à luz filhos”), mas interpretam o advérbio “através”
de maneiras diferentes. Uma delas é que a mulher é salva,
“apesar de dar à luz com dores” (i.e., é a circunstância que
acompanha a salvação, não o motivo), ou que elas serão salvas
pela virtude de cumprir seu papel de mãe.
3. Cosiderações Contextuais: Em 1 Timóteo 2:11-14,
Paulo instrui as mulheres em relação à atitude apropriada
durante a instrução na igreja. Esse processo de aprendizado
não deveria apresentar dissensões e sim submissão ao professor. Esse conselho era necessário porque falsos mestres
usavam as mulheres para promover seus ensinos. Paulo
queria que as mulheres aprendessem e não agissem independentemente dos outros. Ele ilustra essa situação usando
a experiência de Adão e Eva. Eva agiu independentemente
de Adão em sua busca por conhecimento; como resultado,
caiu em pecado e tornou-se instrumento do inimigo. Paulo
não queria que isso acontecesse na igreja. Queria que as
mulheres experimentassem a salvação e a preservassem.
4. Interpretação Sugestiva: Por que o fato de
dar à luz é mencionado e
a que se refere? Primeiro,
note que o sujeito do verbo
está no singular: “a mulher
será salva”. No contexto, a
referência é para Eva como a
representante dos membros
Por
femininos da igreja. Segundo, dar à luz parece aludir
Angel Manuel
à experiência de Eva após a
Rodríguez
queda. O Senhor disse a ela
que “em meio de dores darás
à luz filhos”(Gn 3:16). Essa
era uma das consequências
da sua queda. Observa-se
também que falsos professores desencorajavam o
casamento e a procriação, e
Paulo parece opor-se a eles(cf. 1Tm 4:3). Terceiro, se essa leitura do texto for correta, é melhor assumir que o significado
do advérbio “através” seja “apesar”, descrevendo as circunstâncias sob as quais a salvação é realizada (cf. 1Co 3:15). A
mulher será salva, apesar de continuar a experimentar dor ao
dar à luz – que é uma lembrança do seu pecado. O fato de que
a salvação não é pelo ato de dar à luz é indicado pelo uso do
tempo passivo do verbo (“a mulher será salva”), implicando
que Deus é quem salva (o sujeito implícito da ação). Quarto,
a última parte do verso declara que “elas” serão salvas “se
permanecerem [perseverarem] na fé, no amor e na santidade,
com bom senso” (1Tm 2:15, NVI).
A salvação requer perseverança, não gravidez. A memória
de nossas falhas não deve perturbar nossa certeza da salvação,
mas deve nos motivar à fé, amor e santidade.
Salvação por
Dar à Luz Filhos?
26
Adventist World | Outubro 2009
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas
Bíblicas da Associação Geral.
E S T U D O
B Í B L I C O
Por Mark A. Finley
A Igreja do Tempo do Fim
no apocalipse
O livro do Apocalipse, na Bíblia, descreve a batalha milenar entre Cristo e Satanás.
O inimigo desafiou o caráter de Deus ao declarar que Deus é injusto.
A vida, morte e ressurreição de Jesus derrubaram as acusações de Satanás. A vida
de amor de Cristo, Sua perfeita obediência, morte sacrifical e gloriosa ressurreição
revelam um Deus que nos ama supremamente.
O Apocalipse descreve a igreja do tempo do fim como um corpo de crentes totalmente
comprometido com Cristo, refletindo Seu amor para com os que estão ao redor, enquanto
esperam pelo Seu retorno.
1. O que Jesus disse sobre conhecer a verdade? Leia os textos abaixo e resuma os
ensinos de Jesus sobre o assunto na linha em branco.
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8:32).
“Se alguém quiser fazer a vontade dEle, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se Eu falo por
Mim mesmo” (Jo 7:17).
“Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (Jo 17:17).
Conhecer a verdade é:
2. Que duas palavras de ação refletem a comissão que Deus deu à Sua igreja do tempo
do fim?
“Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis” (Ap 10:11).
“Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a
terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo” (Ap 14:6).
As duas palavras são de ação e são elas:
e
.
A igreja de Deus, no tempo do fim, será um movimento mundial com uma paixão para
compartilhar o evangelho eterno.
3. Em que grande evento a igreja de Deus do tempo do fim estará concentrada?
“Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a Filho de homem, tendo na cabeça
uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada. Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para
Aquele que se achava sentado sobre a nuvem: Toma a Tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que
a seara da terra já amadureceu!” (Ap 14:14, 15).
“O inimigo que o semeou é o diabo; a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os anjos” (Mt 13:39).
O objetivo da igreja de Deus no tempo do fim é:
.
4. Por que o inimigo está irado contra o povo de Deus no tempo do fim?
“Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os
mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17).
Satanás está irado contra a igreja de Deus no tempo do fim porque ela:
a. Guarda os
de
b. E tem o
de
Outubro 2009 | Adventist World
27
Deus sempre teve um povo que guardou os Seus mandamentos e que foi leal a Ele.
No tempo do fim, Seu povo fiel também é guiado pelo “testemunho de Jesus Cristo”.
O testemunho é o dom profético que tem guiado o povo de Deus através dos séculos.
(Ap 19:10; 22:6; 1Co 1:4-7, 1Pe 1:10-12).
5. Que características específicas da última mensagem de Deus para o mundo
encontram-se na primeira mensagem angélica de Apocalipse 14?
“Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a terra,
e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7).
A igreja de Deus do tempo do fim irá convidar a humanidade a:
a.
a Deus,
b. Dar-Lhe
,
c. E a
o Deus criador.
Temer a Deus é respeitá-Lo em tudo o que Ele faz. Glorificar a Deus é honrá-Lo com seu
estilo de vida. Adorá-Lo como Criador é cultuá-Lo nos Seus sábados, memorial do Seu
poder criativo.
6.
Por que a última mensagem de Deus para o tempo do fim é tão urgente?
“Pois é chegada a hora do Seu juízo” (Ap 14:7).
A igreja de Deus no tempo do fim proclamará a mensagem do
de Deus.
A mensagem sobre o juízo de Deus é um chamado ao despertamento. É o Céu apelando
para que nos preparemos para a vinda de Cristo.
7.
Qual é o resultado de aceitar a mensagem do tempo do fim?
“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14:12).
A igreja de Deus no tempo do fim irá:
a. Guardar os
de
b. E a
de
O Apocalipse descreve o povo de Deus dos últimos dias como profundamente apaixonado
por Jesus. Ele é glorificado por seu estilo de vida e honrado como Criador ao Seu povo
observar o sábado e aceitar a Sua direção por meio do dom de profecia. Eles proclamam,
com entusiasmo, ao mundo a mensagem de Seu amor redentor.
Deus suscitou a Igreja Adventista do Sétimo Dia para proclamar Sua verdade para
esses momentos críticos da história da Terra. Se você já é parte da igreja de Deus, por que
não se compromete a levar Seu amor e verdade aos outros? Se você ainda não é membro
batizado da Igreja Adventista do Sétimo Dia, quero convidá-lo a unir-se a esse movimento
do tempo do fim, com cerca de 25 milhões de pessoas, em mais de 200 países, que
esperam pelo retorno de Jesus.
O estudo bíblico do próximo mês
examinará “O Último Apelo
do Apocalipse”.
28
Adventist World | Outubro 2009
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Memórias
Que inspiração
é ver o rosto
de chineses
dedicados em
“Encontrando Fé
na China” (agosto
2009). Vimos Hau
Xajie pela última
vez em janeiro
de 1997, quando ela, com facilidade,
passou nossas quatro malas pesadas
pela janela de um trem extremamente
lotado, na estação ferroviária de
Shenyang. Tivemos a impressão de
que ela apareceu do nada, do meio da
multidão, explicando que estávamos no
vagão errado e que deveríamos ir para o
que estava no fim do comboio.
No sábado, fomos à igreja de Beishi,
conduzidos por dois amigos num carro
do governo, por uma ruela lotada de
bicicletas e quase impossível de ser
trafegada. Ali encontramos Xajie e também ficamos impressionados com sua
“força interior”.
Durante os anos em que lecionamos
inglês na Universidade Politécnica
Shenyang, em 1992-1993, procuramos
várias vezes uma igreja em Shenyang,
cidade agitada com seis milhões de habitantes, e nunca encontramos. Assim,
formamos um grupo de estudantes
interessados no culto aos sábados e até
visitamos o consulado americano em
vários domingos para participar do
culto com um grupo de conterrâneos
americanos. Xajie nos disse que, se
tivéssemos encontrado a igreja naquela
época, certamente teríamos provocado
problemas políticos para a igreja. A
lei, como era interpretada pelos líderes
comunistas locais, dizia: “Nenhum
estrangeiro deve adorar a Deus com
os chineses.”
Que Deus continue a guiar os fiéis
na China.
Nick e Claudia Parks
Bennet, Nebraska,
Estados Unidos
Honrando o Criador
Muito obrigado pela explicação de Angel
Manuel Rodríguez, no artigo “Honrando
o Deus Criador” (julho de 2009), salientando as dificuldades que alguns teólogos
enfrentam com o relato de Gênesis sobre
“como” aconteceu a criação. Posso encorajar aqueles que desejam ser teólogos
adventistas do sétimo dia a não desistir
de estudar a Bíblia? Se continuarem lendo, encontrarão inevitavelmente uma
passagem que diz: “Porque falou, e foi
feito; mandou, e logo apareceu” (Sl 33:9).
Tim Matsis
Invercargill, Nova Zelândia
Igreja e Meio Ambiente
Com surpresa e grande apreciação, li
“Um Planeta Poluído pelo Plástico”
(abril de 2009). Muito obrigado, Allan
R. Handysides, por nos lembrar da
responsabilidade que nosso Criador
colocou sobre nós em relação ao meio
ambiente. Infelizmente, esse assunto
não é considerado como fundamental
nas atividades de nossa igreja mundial,
tal como a saúde, educação e serviço
social. Tanto quanto
eu saiba, não há ainda
nenhuma organização
adventista em prol do
meio ambiente.
“Jesus em breve
voltará; para que se
preocupar em proteger a natureza?”
Geralmente, essa é
Deus ama não apenas
a humanidade, mas também Sua
criação! Gostaria muito de ver
minha igreja fazendo maior esforço
para alertar o mundo sobre nossa
responsabilidade em relação ao meio
ambiente.
— Olaf Berger, Kirchheim Teck, Alemanha
Outubro 2009 | Adventist World
29
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
a atitude adventista. Chocado com essa
indiferença, pergunto: Como honramos
a obra das mãos divinas? Como podemos colocar isso em prática em nosso
cotidiano (além de dar graças e discutir
calorosamente sobre criação versus
evolução)? Enquanto o mundo está um
passo à frente, ainda estamos hesitando
para compreender a missão de Deus.
Deus ama não apenas a humanidade,
mas também Sua criação! Gostaria muito de ver minha igreja fazendo maior
esforço para alertar o mundo sobre
nossa responsabilidade em relação ao
meio ambiente.
Olaf Berger
Kirchheim Teck, Alemanha
Assinatura
Sempre gostei de ler a Adventist World,
mas só neste mês nossa igreja recebeu o
exemplar de janeiro de 2009. Isso é bom,
mas a revista já está um pouco desatualizada. Seria possível fazer uma assinatura
para recebê-la mensalmente e pagar o
correio? Poderiam me avisar se isso for
possível? Também assinaria para os meus
três filhos que moram em Quebec e
minha filha que mora no Texas.
Obrigada por sua resposta. Que
Deus os abençoe pelo bom trabalho.
Christiane Hermans
Granby, Quebec, Canadá
A Adventist World é enviada gratuitamente para os membros da igreja de todo
o mundo. Muitos locais recebem a revista
em quantidade para ser distribuída entre
as igrejas da área. Os sistemas de entrega
variam, tornando difícil estimar quando
chega e quando é distribuída. As assinaturas não estão disponíveis, e embora você
a esteja recebendo após a data da edição,
a maioria dos artigos resiste ao tempo.
Encorajamos os membros da Divisão
Norte-Americana a entrar em contato
com os escritórios da sua união local para
ser adicionado à lista de endereços.
Gosto Disso
Recebi a Adventist World de agosto de
2009 alguns dias atrás e li de capa a
capa. Foi a primeira vez que achei todos
os artigos interessantes! Espero que
mantenham a qualidade nas edições
futuras.
W. R. Van Artsdalen
Waycross, Georgia,
Estados Unidos
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
O LUGAR DE ORAÇÃO
Por favor, orem por meu tio, no Peru.
Ele sofre de diabetes e, como consequência, está perdendo a visão; brevemente,
passará por uma cirurgia nos olhos para
tentar recuperá-la.
Miguel, Estados Unidos
Por favor, orem pela saúde de minha tia
que, há poucos dias, foi diagnosticada
com câncer. Os médicos dizem que ela
está em estado terminal e somente um
milagre pode salvá-la. Minha mãe caiu
em depressão por causa das notícias
sobre sua irmã. Por favor, orem por
minha família.
Etelvina, Guatemala
Por favor, orem pelo Projeto “Em Frente
por Cristo”, um ministério evangelístico
em Malavi, que tem como objetivo alcançar áreas ainda não penetradas pela
30
Adventist World | Outubro 2009
mensagem adventista. Orem para que
mais pessoas conheçam a Cristo por
meio desse ministério.
Paul, Malavi
Solicito orações por meu genro, que
mora no Havaí. Ele está ajudando o
projeto de uma igreja e o evangelismo
nas Filipinas. O projeto aqui foi afetado
pela crise econômica. Por favor, orem
para que ele encontre emprego e continue a ajudar a missão.
Ruth, Filipinas
Por favor, orem pela saúde de minha
mãe. Também peço orações pela saúde
de minha esposa, para que o Senhor
aumente nossa alegria com a bênção de
um bebê. Finalmente, orem pela solução de um problema em meu trabalho.
Emílio, Chile
Muito obrigado por orar por todos os
pedidos anteriores. Vejo como Deus
respondeu minhas orações. Por
favor, orem para que eu consiga um
emprego de meio período; pela
mensalidade escolar; pelas necessidades de minha família; por minhas
responsabilidades como líder dos
desbravadores e na igreja; e por minha
vida espiritual.
Robert, Vanuatu
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem
todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome
e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material:
envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio
Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring,
Maryland 20904-6600 EUA.
INTERCÂMBIO DE IDEIAS
Representado
esus
J
por uma erpente?
S
Neste mês, um leitor
compartilha seus pensamentos
sobre a crucifixão de Cristo
F
oi um momento traumático para os
discípulos. O corpo sem vida de seu
Mestre ainda pendia da cruz e o Sol
estava se pondo. Eles sabiam que, se
não agissem rápido, as autoridades arrancariam o corpo da cruz e o jogariam no
chão. Então, O arrastariam por uma colina rochosa até o local onde enterravam os
criminosos. Mesmo com a esperança quebrada em um milhão de pedaços, ainda
respeitavam o corpo do seu Mestre e queriam oferecer-Lhe um funeral digno.
Como, porém, conseguiriam a permissão de Pilatos? Entre eles, ninguém tinha
qualquer conexão com alguém do governo. Sabiam, também, que se tentassem consegui-la, poderiam levantar suspeitas e eles mesmos acabariam dependurados numa
cruz. Então, choraram e esperaram, em suspense, que as coisas seguissem seu curso.
Foi quando viram dois membros importantes do gabinete de Israel aproximar-se
da cruz (Jo 19:38, 39). Os dois homens eram ricos e muito influentes. Os discípulos
conheciam um deles, o que consultara seu Mestre à noite. Seu nome era Nicodemos.
Quando o Mestre morreu, a fé dos discípulos nas declarações de Jesus afirmando ser o Messias e o Filho de Deus, foi terrivelmente abalada. Será que tinham
desperdiçado os três anos e meio em que O seguiram de aldeia em aldeia? “E nós
esperávamos que era Ele que ia trazer a redenção a Israel” (Lc 24:21). Desperdício?
Humilhação? Eles se questionavam.
Entretanto, quando Nicodemos olhou para aquele corpo inerte, coberto de
sangue, em silhueta contra o céu do entardecer, sua fé no jovem Mestre que afirmava ser o Filho de Deus cresceu ainda mais. Suas dúvidas foram completamente
apagadas. Sua mente voltou-se para aquela entrevista no meio da noite. Jesus lhe
disse: “Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nEle
crê tenha a vida eterna” (Jo 3:14, 15). Agora, ao contemplar aquele corpo sem vida
sobre a cruz, o significado dessas palavras caiu como uma cascata sobre Nicodemos.
A serpente de cobre levantada por Moisés sobre a areia do deserto se assemelhava à
serpente que trouxera terrível dor e morte. No mesmo dia, o corpo desnudo levantado no Calvário assemelhava-se ao destino de um terrível pecador. Os romanos
reservavam a crucifixão apenas para os piores criminosos. Nicodemos podia ver o
que os discípulos não podiam: “Deus tornou-Se pecado por nós. Aquele que não
tinha pecado, para que nEle nos tornássemos justiça de Deus” (2Co 5:21). Aleluia!
—Darius Matupit, Papua-Nova Guiné
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Editor
Adventist World é uma publicação internacional da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela
Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte.
Editor Administrativo
Bill Knott
Editor Associado
Claude Richli
Gerente Internacional de Publicação
Chun, Pyung Duk
Comissão Editorial
Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente;
Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K.
Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C.
Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith;
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Comissão Coordenadora da Adventist World
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Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk
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Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados
voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser
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A menos que indicado de outra forma, todas as referências
bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida,
Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do
Brasil, 1993.
Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente
na Coréia, Argentina, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos.
Vol. 5, No. 10
M I K E T H O R N
Outubro 2009 | Adventist World
31
L U G A R
É
E S S E ?
Z A W I L I N S K I
Q U E
O Lugar Das
AS
CON H E Ç A S E U
VI Z I N H O
Edwin Banerjee, de Gazipur,
Bangladesh, é leitor assíduo da
Adventist World. Ele nos enviou essa
foto com alunos do Seminário e
Colégio Adventista de Bangladesh.
A cada sábado, Edwin e seus colegas
visitam pessoas da vizinhança para
falar do evangelho. Muitos muçulmanos e hindus vivem ao redor do
colégio. Essas pessoas não conhecem
Jesus e o grupo de Edwin procura,
por meios criativos, compartilhar
sua mensagem. Essa foto foi tirada
quando os alunos oravam, ao ar
livre, em uma comunidade muçulmana. Todos os alunos são membros
do grupo de Trabalho Missionário
de Bangladesh.
I N
E D W
M E L O J E A N E
PESS
V I DA A D VE NT ISTA
Recentemente, eu estava assistindo a um programa do Amazing
Facts (programa de tevevisão
adventista) pela Internet. O pastor
Doug Batchelor falava sobre uma
das lições da Escola Sabatina
do trimestre. Bem no meio do
programa, decidi mudar para outro
F R AS E
D O
programa. Escolhi um sobre o Céu.
Por alguma razão, algo deu
errado e aparceu a seguinte mensagem na tela: “Ocorreu um erro.
Erro: O céu está indisponível no
momento.”
Que bênção que isso só acontece
na Internet!
—Veslemay Hogganvik, Royse, Noruega.
MÊ S
“Em toda parte, nós [os adventistas] fundamos escolas e nos
esforçamos para ter boas relações com outras religiões. Somos
fortes defensores da liberdade de consciência e de culto.”
—Pastor Jan Paulsen, líder mundial da Igreja Adventista, durante visita ao Seminário
Teológico Yanjing, em Pequim, como parte de sua histórica viagem à China, em julho de 2009.
C O M PA RT ILH E CO NO SCO !
O Lugar das Pessoas é um relicário com itens de leitores de todo o mundo. São
pequenas fatias da vida que incentivam os leitores a pensar, sorrir e apreciar ainda
mais sua família adventista. Pequenos textos, nessa categoria, são bem-vindos.
FRASES (profundas e espontâneas)
VIDA ADVENTISTA (anedotas, cômico ou profundo)
CONHEÇA SEU VIZINHO (fotos em alta qualidade, com biografia concisa, de
membros recém-batizados, adventistas que estejam ativamente envolvidos no
trabalho comunitário, pequenos grupos ou responsáveis por novas iniciativas
na obra de compartilhar o evangelho (máximo de 75 palavras).
Envie um e-mail para [email protected]; ou envie fax para
301-680-6638 (nos Estados Unidos) ou envie para World Exchange, Adventist
World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600, EUA
R J E E
B A N E
RES PO S TA : Melojeane Zawilinski posa com seus alunos no campus do Colégio Adventista de Taiwan e Academia
Adventista de Taiwan (escola de ensino médio), em Yu Chih, Nantou County, Taiwan. Zawilinski trabalha na
Escola Adventista Internacional localizada no mesmo campus das outras duas escolas.

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