Os Cinco Pontos do Calvinismo - Igreja Presbiteriana Itatiaia

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Os Cinco Pontos do Calvinismo - Igreja Presbiteriana Itatiaia
Os Cinco Pontos do Calvinismo
Durante o século XVII se firmou a doutrina reformada, calvinista. Dois documentos surgiram
como mais fiel expressão do Calvinismo: A Assembleia de WESTMINSTER (1643-1649), e o
Sínodo de DORT (1618-1619). Veja que este Sínodo de DORT (Dordrecht) se reuniu antes da
assembléia de Westminster. Com que propósito? Gostaria de falar sobre os resultados deste
Sínodo e porque foi realizado.
Bem, até mais ou menos 1610, as igrejas da Holanda e outras igrejas da Europa aceitaram o
que subscrevia a Confissão de Fé Belga e de Heidelgerg, ambas baseadas nos ensinos da
Reforma Protestante.
No ano de 1609 morreu um homem chamado Jacobus Arminius, nascido em Oudewater,
Holanda. Era pastor e distinto professor da Univerdade de Leiden, em Amsterdan. Sua
formação teológica era profundamente Calvinista, visto que estudou em Genebra sob a
orientação de Teodoro Beza, que foi o sucessor de Calvino naquela cidade. Quando voltou de
Genebra para Amsterdã, assumiu o púlpito de uma igreja reformada e logo sua fama se
espalhou, pois era um estudioso da Bíblia e da Teologia. Sendo assim, foi convidado pelos
dirigentes da Igreja de Amsterdã para refutar as opiniões inovadoras de um teólogo chamado
Dirck Koornhert, que atacava algumas das doutrinas calvinistas especialmente a questão da
predestinação.
Armínio começou a estudar as posições teológicas de Koonhert e chegou a conclusão de que
ele estava certo. Dessa forma o “tiro saiu pela culatra”. Como Armínio era professor de
renome, suas opiniões foram publicadas e difundidas. O ponto principal do pensamento
Arminiano, contrário ao Calvinismo, era com relação à ELEIÇÃO. Segundo ele, Deus
predestinou os eleitos porque sabia de antemão que eles teriam fé em Jesus Cristo e não que
os elegera para que pudessem ter fé. No restante da doutrina, era Calvinista (Batismo, Santa
Ceia).
Ele Morreu em 1609, mas os conflitos por causa das suas posições teológicas continuaram. No
ano seguinte à sua morte, 1610, os arminianos redigiram um documento - REMONSTRANTIA
(demonstração) - que incluia cinco artigos que tratavam das principais questões em disputa.
Resumidamente são estes cinco pontos:
1) - Capacidade humana - Livre arbítrio. Ensinava que o homem, mesmo caído, era capaz de
exercer fé em Deus e receber o Evangelho, tomando assim, posse da salvação para si mesmo.
Não eram, portanto, totalmente caídos e incapazes de escolher o bem espiritual.
2) - Eleição Condicional - Deus sabia quem haveria de crer e por isso os elegeu. Ou seja, uma
eleição condicionada a fé que o homem teria como fruto do seu arbítrio. Condicionada a sua
capacidade de ter fé.
3) - Expiação Geral ou Universal - Cristo morreu para salvar todos os homens, ou seja,
potencialmente morreu por todos, mas sob a condição de crerem. Assim, só alguns seriam
salvos. Então esta expiação é só para os que crêem. Para os que têm capacidade de crer.
4) - A obra do Espírito Santo na regeneração é limitada pela vontade humana. Assim, quando
os Espírito Santo fala ao coração humano para trazê-lo a Cristo, este homem pode resistir e
frustrar os propósitos do Espírito Santo.
5) - Cair da graça - Perder a Salvação. Veja que esta é uma dedução lógica de todo o sistema
apresentado. Se o homem é que toma a iniciativa de aceitar ou rejeitar a salvação, então tem
que assumir a responsabilidade de ficar fiel e perseverar até o fim. Depende dele. Portanto,
por falta, descuido e falta de fé e perseverança, pode perder a salvação. O regenerado
poderia serdesregenerado.
Ora, por causa desses ensinos estranhos e inovadores foi que os Estados Gerais dos Países
Baixos (Holanda) convocaram uma grande Assembléia Eclesiástica - O Sínodo de Dort (16181619). Era composto de trinta e cinco pastores e um grupo de presbíteros das igrejas
holandesas, cinco catedráticos de teologia dos Países Baixos, dezoito deputados dos Estados
Gerais e vinte e sete delegados estrangeiros. Foram 154 sessões. As primeiras trataram de
problemas administrativos. Decretaram que se produziria uma nova Bíblia em Holandês. Mas o
propósito principal era combater o arminianismo com seus cinco pontos estranhos à Palavra
de Deus. O resultado foram os chamados cinco pontos do Calvinismo que reafirmaram a
posição sustentada pela Reforma e formulada pelo teólogo francês João Calvino. O teólogo
puritano Richard Baxter assim se expressou a respeito da Assembléia de Westminster e deste
Sínodo de Dort: “Segundo informações de toda história a esse respeito e de outras fontes de
evidência, o mundo cristão nunca teve, desde os dias apóstólicos um Sínodo de teólogos mais
excelentes do que este e o Sínodo de Dort”.
Às vezes esses pontos são colocados em forma de Acróstico baseado na palavra TULIP, ou
seja: T= total depravação; U= Uma eleição incondicional; L= limitada expiação; I= Irresistível
graça; P= perseverança dos santos.
São pontos dependentes um do outro. São opostos aos pontos arminianos. A queda do homem
no Edem foi total e não pode por isso salvar-se a si mesmo. Se não pode salvar-se, então Deus
é que tem de salvá-lo. Se é Deus que Salva, Ele tem de ser livre para salvar a quem quer. Se
foi Ele que determinou quem seria salvo, Cristo então morreu na cruz fazendo expiação só por
estes (os eleitos). Se Cristo morreu por eles, então o Espírito Santo os chamará
irresistivelmente para a salvação. Ora, se a salvação é um ato de Deus desde o princípio,
então o fim será de Deus, e os crentes perseverarão até o fim.
DEPRAVAÇÃO TOTAL
Este ponto é fundamental. Ele nos mostra o que o pecado fez com o homem. Se tivermos uma
perspectiva correta deste ponto, teremos uma conclusão correta do que Deus fez por este
homem. Caso contrário se imaginarmos que a queda foi apena parcial, concluiremos que a
salvaão é algo atribuido parcialmente ao homem e parcialmente a Deus. Por isso disse
J.C.Ryle:“Perspectivas erradas sobre a corrupção da natureza humana sempre trarão consigo
perspectivas erradas sobre o grande antídoto e cura daquela corrupção”. Mas o homem é
totalmente depravado e incapaz de obter ou mesmo contribuir em favor de sua própria
salvação. Ele está morto.
O homem é totalmente depravado. Isto não quer dizer que ele não seja capaz de realizar atos
de bondade, mas quando assim afirmamos estamos querendo dizer que a personalidade do
homem foi afetada como um todo pela queda e todas as suas faculdades, toda sua natureza
foi corrompida. A graça comum é a explicação para a capacidade deste homem corrompido
praticar atos de bondade. Mas mesmo assim são atos imperfeitos. Romanos 3 e 8. Até os atos
de bondade que ímpio pratica são pecados aos olhos de Deus, pois são praticados com
propósitos soberbos.
Por natureza o homem está MORTO. “Portanto, assim como por um só homem entrou o
pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens,
porque todos pecaram”. (Rm.5.12) “Ele vos deu vida estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados...” (Ef.2.1).
Está CEGO. “...obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância
em que vivem, pela dureza de seus corações”. (Ef.4.18).
Está CORROMPIDO na sua consciência, “...porque tanto a mente como a consciência deles
estão corrompidas... são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa
obra”.(Tt.1.15,16) ; Gn.6.5; Gn.8.21; Ec.9.3; Jr.17.9; Tt.1.15).
Estão ESCRAVIZADO AO PECADO. “Todo o que comete pecado é escravo do pecado”.(Jo.8.34) ;
Ef.2.12; Rm.6.17; e Ef.2.1-3).
São INIMIGO DE DEUS. “O pendor da carne é inimizade contra Deus” (Rm.8.7 e Rm.3.18).
Estão SEM DESEJO POR DEUS. “...não há quem busque a Deus”. (Rm.3.11)
Não têm SEM TEMOR A DEUS. “Não há temor de Deus diante de seus olhos”. (Rm.3.18)
Já nascemos assim, diz o salmista no Salmo 51, “Eis que em iniquidade fui formado, e em
pecado me concebeu minha mãe”. Não veja um nenezinho como um anjinho, mas como um
pecadorzinho. (J.C.Ryle).
O apóstolo Pedro afirma em II Pedro 2.22 que o homem é como “O Cão que volta ao seu
próprio vômito; e: a porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal.”
Em Jeremias 13.23 lemos - “Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas
manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal”. Esta é a
situação do homem. está de mãos e pés atados como Lázaro antes da ressurreição. Morto,
preso, cego, sem nenhuma possibilidade de “ver o Reino de Deus” e buscar este Deus. É o
oposto do que ensinava Armínio e Pelágio no século VI. O livre arbítrio do homem natural só o
leva para longe de Deus. George Whitefielde, o maior pregador inglês do século XVIII disse
que o livre arbítrio do homem só o leva para o inferno. Jó pergunta em Jó 144: “...quem do
imundo tirará o puro?”; ele mesmo responde: “Ninguém!”. Só Deus pode oprrar este milagre
da ressurreição espiritual. Só Deus pode dar nova vida. “Ele vos deu vida estando vós mortos
em vossos delitos e pecados” (Ef.2:1). A compreensão deste ponto é fundamental para que
entendamos o ponto seguinte. Este ponto nos mostra a inabilidade do homem para se salvar.
ELEIÇÃO INCONDICIONAL
Se o homem, que está morto, não pode levantar-se de sua morte espiritual, como pode então
sair desta situação. Como pode “nascer de novo”? A resposta maravilhosa é: Deus e só Deus o
pode levantar, só Ele o faz nascer de novo. Mas nem todos serão salvos. Se é Deus que salva e
se todos não são salvos, concluímos que Deus não escolheu salvar a todos. Esta não é uma
filosofia cega e absurda. É a Palavra de Deus que nos diz isso. Lembre-se que Deus não
escolheu todos os povos para ser o “seu povo”. Mas chamou a Abraão de Ur dos Caldeus para
dele constituir um povo especial seu. Ele mesmo diz em Deuteronômio 7.7, que não escolheu
aquele povo porque eram maior do que os outros povos, mas porque os amava. Lembre-se que
Deus escolheu antes a Jacó, o mais novo em lugar do primogênito Esaú e isso antes deles
nasceram. “Amei a Jacó e me aborreci de Esaú”(Rm.9.13). Lembre-se que havia muitos
leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas Deus purificou apenas a Naamã o siro.
Havia muitas viúvas em Isarel mas Deus pelo profeta só escolheu a uma em Sidon, a viúva de
Serepta (I Reis 17.8-24).
Lembre-se que Ele disse “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e
compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Rm.9:14). Ele tem misericórdia do
seu povo escolhido antes da fundação do mundo. Não foi isso que disse o apóstolo
Paulo? “...nos escolheu nEle antes da fundação do mundo...” (Ef.1.4); “nos predestinou para
Ele para a adoção de filhos por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua
vontade”(Ef.1.5); “aos que de antemão conheceu, também os predestinou...e aos que
predestinou a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou e aos que
justificou, a esses também glorificou” (Rm.8.28,29). Independentemente de nossas obras,
Deus nos escolheu. Lembra-se do que Ele disse através do profeta Amós: “De todas as famílias
da terra somente a vós outros vos escolhi” (Amós 3.2). Não foi pelo que fazemos de boas
obras que Ele nos escolheu, visto que até estas obras foram preparadas pôr Ele para que
andássemos nelas. (Ef.2.10).
“Não fostes vós que me escolhestes a mim: pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos
designei para que vades e deis frutos...” (Jo.15.16).
Você poderia dizer que o homem é salvo pela fé (Atos 13.48; Hb.12.2; Tt.1.1). É verdade. Mas
até esta fé é um dom de Deus. “Pela graça sois salvos mediante a fé, isso não vem de vós é
dom de Deus, não de obras, para que ninguém se glorie”(Ef.2.8). A fé é dos eleitos de Deus
(Tito 1:1; Atos 13:48 - “Creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”;
Hb.12:2). Que coisa tremenda, nada somos sem Deus. Ele nos amou antes que o sol brilhasse.
Vamos cantar a estrofe do hino 87.
Com respeito a eleição quero citar o que Spurgeon falou:
“Eu sei que foi Deus que me escolheu, porque se Ele não me escolhesse eu jamais o
escolheria”.
“Ele me escolheu antes de eu nascer, porque depois que eu nasci, Ele jamais me escolheria”.
“Deus me escolheu por razões que eu desconheço, porque eu não conheço nenhuma razão
para Ele me escolher e não escolher outros”.
A ELEIÇÃO REQUER A EVANGELIZAÇÃO
Muitos perguntam: Se a Bíblia diz que os eleitos serão salvos inevitavelmente, por que pregar
o Evangelho?
Esta pergunta revela total incompreensão da doutrina da Soberania de Deus na salvação. A
Eleição é feita na eternidade, mas sua concretização é um processo que se dá no tempo,
dentro da história. Muitos fatores participam desse processo. E o mais importante é a
pregação do Evangelho. Não esqueçamos que o decreto soberano e eterno de Deus não só visa
o fim, e exclui os meios. Não; antes, Deus preordenou tudo de forma que o homem eleito
para a salvação, só a receberá através da fé em Cristo, e esta fé vem pela pregação do
Evangelho. A fé salvadora vem pela Palavra de Deus.
O pregador do Evangelho tem de dizer ao pecador, não apenas que a salvação é pela graça
soberana, mas também que, para ser salvo, ele precisa CRER em Cristo como salvador e
Senhor. E como eles são eleitos, crerão e serão salvos com toda segurança. Mas também
temos de dizer que aqueles que não crerem, a ira de Deus permanecerá sobre eles. Porém o
método de salvação dos eleitos é a pregação da Palavra de Deus.
A eleição requer a evangelização. Todos os eleitos de Deus têm de ser salvos. Nenhum poderá
perecer e o evangelho é o meio pelo qual Deus comunica a fé salvadora. A fé vem pelo ouvir e
ouvir e, o ouvir pela Palavra de Deus. (Rm.10.17).
Deus tem seus eleitos em todas as nações da terra. Deus quer que o Evangelho seja pregado
no mundo todo e em todo o tempo para que seja congregada a soma dos eleitos. Por isso
dizemos novamente: a eleição exige evangelização. (II Tessalonicensses 2.13-14).
EXPIAÇÃO LIMITADA
Se eu entendi o ponto anterior entenderei bem este próximo. Aliás, este é âmago do
Evangelho: O propósito da morte de Cristo na cruz. Por quem morreu Jesus? Spurgeon disse
que a ELEIÇÃO “marca somente a casa para onde viaja a salvação”.Lembre-se de que Deus
escolheu para si um povo seu. Acho que a pergunta importante é esta: Na cruz do Calvário,
Jesus suportou o castigo de quem? Pagou para salvar a quem?
Vou dar três opções para você escolher.
1 - Cristo teria morrido para salvar a todos os homens.
2 - Para salvar a ninguém em especial, ninguém particular.
3 - Para salvar a alguns apenas. Um povo em particular.
1. Se você acha que ele morreu para salvar todos, você é universalista. Acredita que todos
serão salvos. Ou que pelo menos Jesus falhou no seu propósito visto que não são todos os que
são salvos. Jesus teria morrido, coitado, em vão; pelo menos pela maioria.
2. Se você acha que Ele morreu para salvar ninguém em especial, você é defensor do
arminianismo (lembra-se de Armínio?). Ele achava que Cristo obteve em “potencial” a
salvação para todos, mas eficientemente só para aqueles que se decidissem, por livre e
expontânea vontade, ao lado de Cristo. O problema é que ele achava que o homem tinha
capacidade em si mesmo de aceitar a Cristo. Ou seja, Cristo teria morrido para aqueles que
tivessem capacidades em si mesmos de crer em Cristo. Não teria morrido pôr ninguém
especial, visto que as pessoas é que decidem escolhê-lo. Seria mais ou menos assim: Jesus fez
a sua parte, agora depende de você! Depende de mim? Oh meu Deus, quem é o homem para
que possa escolher a Cristo. Ele mesmo disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo
contrário, eu vos escolhi a vós outros...” (Jo.15.16).
Meus irmãos, não há outra saída, você tem de aceitar o que a Palavra de Deus diz. Jesus
morreu positiva e eficazmente pelos seus eleitos e escolhidos. Por eles satisfez a justiça do
Pai. Por isso Ele disse: “...isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado em
favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt.26.28). O que foi que disse o anjo a José em
sonho, anunciando o nascimento do Messias: “... lhe porás o nome de Jesus, porque Ele
salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt.1.21). Oh, irmãos, Cristo amou a Igreja e por ela se
entregou (Ef.5.25); pela Igreja, a reunião dos eleitos, dos escolhidos. Todas as vezes que você
ler que Jesus morreu por “todos”, amou o “mundo” está se referindo aos eleitos. De fato
Deus não faz acepção de pessoas, todo tipo de pessoas são salvas: judeus e gregos, pretos e
brancos, ricos e pobres. É por isso que devo evangelizar, para ir salvar, pela palavra, os
eleitos.
Ele morreu por você e por mim, povo seu. Isso nos humilha ao pó. Quem somos nós para que
Te lembres de miseráveis criaturas. Oh glória a ti Senhor, por Tua graça especial e salvadora.
Nenhuma gota do Teu sangue foi perdida!!! Vamos cantar a 2. estrofe do 87.
GRAÇA IRRESISTÍVEL
(aplicação da obra redentora pelo E.S.)
Veja a correlação deste ponto com os demais.
Se o homem é depravado e incapaz de salvar-se. Se Deus o escolheu e propôs salvá-lo, então
é lógico se pensar que este mesmo Deus promoverá os meios para efetuar esta salvação. É
assim que se manifesta a providência divina. Os eleitos virão pela providência e ação
irresistível do Espírito Santo. Ele é que nos convence do pecado da justiça e do juízo. Ele não
pode ser frustrado. Jó disse que nenhum dos planos de Deus pode ser frustrado. Quando Ele
chama e convence o homem, este ato é irresistível. Só agora pude entender com mais
profundidade a expressão Bíblica de que a Palavra de Deus nunca volta vazia. De fato ela é
irresistível para os eleitos. Vejamos alguns versículos que falam por si só:
“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo algum o
lançarei fora”(Jo.6.37). Deus dá, e este virá sem dúvida. E ao virem não serão lançados fora.
“Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer”.(Jo.6.44). É o Pai quem os
traz, quem os atrai. Ninguém resiste a atração de Deus.
“...todo aquele que do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim”. (Jo.6.45). É Deus quem
fala e ensina. O Espírito Santo não é mau professor.
“...vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.(I Pe.2.9)”.
“Mas aprouve a Deus que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua
graça”.(Gl.1.15). Aprouve revelar seu Filho em mim.
Eu pergunto: Quando Deus chama mesmo, quem é que prevalece? O homem ou Deus? O Diabo
ou Deus? Thomas Watson, um puritano do século XVII disse: “É Deus que segue em frente
conquistando na carruagem de Seu Evangelho...”.
“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação”(II TM.1.9).
Eu quero dizer uma coisa muito importante com respeito a isso. Todas as vezes que vejo um
crucifixo, com um Cristo esquelético, anêmico, enfraquecido, morto, creio que estou vendo o
que as pessoas vêm. Um Cristo sem poder. (Lembrar de Jesus caminhando para o calvário
Lc.23.27-30) Um Cristo que está querendo salvar mas as pessoas são mais fortes que Ele.
Creio que as pessoas estão imaginando um Cristo, coitado, que implora, como muitos
evangelistas fazem, para que estas pessoas aceitem a Jesus e assim usam de todo tipo de
artifício para convencê-los a receberem a Cristo. Esta é uma visão distorcida do Senhor da
Glória, o todo poderoso Senhor. Quando Ele chama a seus escolhidos, eles virão; e virão
convencidos, arrependidos, transformados pelo poder deste grandioso Deus. Glória a Ele.
Amém!!! (3.estrofe do hino 87).
PERSEVERANÇA DOS SANTOS
Este é o último ponto. Todas as vezes que penso neste ponto, lembro-me de um fato
interessante que ocorreu quando estávamos examinando uma irmã (no Conselho da Igreja)
que vinha de uma outra igreja, de outra denominação sabidamente arminiana. O Conselho a
interrogava. O Pr. perguntou se ela agora aceitava a nossa doutrina calvinista. Ela disse que
sim. Um dos nossos presbíteros de espírito irrequieto e brincalhão de repente perguntou à
jovem: “Então você deixou mesmo de acreditar na existência do “anjo borrachudo”? Ela ficou
surpresa e respondeu que não sabia de fato do que se tratava. Ele então explicou. Eu sei que
na igreja onde você freqüentava eles ensinavam que existem dois anjos importantes. São
eles, o “anjo escrivão” e o “anjo borrachudo”. O escrivão, na hora que o crente se converte,
assina o seu nome no livro da vida. Mas se ele cair em pecado, então entra em cena o anjo
borrachudo que com uma borracha apaga o nome do ex-cristão do livro da vida. É sem dúvida
uma brincadeira, mas que no fundo tem algo de verdade. O arminianismo ensina que o crente
pode perder a sua salvação. Isso não pode ser segundo as Escrituras. Porque? Porque os que
Deus escolheu antes da fundação do mundo para a salvação, para serem conforme a imagem
do seu Filho, foram eficazmente santificados, regenerados, justificados e não podem
apostatar. Não se perdem. Seria necessário esquecer tudo o que dissemos até agora. Ler
“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à
imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”(Rm.8.29);
“Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor...”(Ef.1.4); “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a
mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”. (Jo.6.37).
Lembre-se que Paulo afirma que “aos que predestinou, a estes também justificou, e aos que
justificou, a estes também glorificou” Disse mais: “se Deus é por nós, quem será contra nós...
porque estou certo de que nem a morte nem a vida... nem alguma outra cousa poderá nos
separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. Ler (Rm.8.31-39).
Pense bem, se Deus salva os seus escolhidos antes da fundação do mundo como poderiam
estes se perder? Se Deus determina salvar, se Jesus morre para salvar e chama exatamente os
escolhidos, os eleitos para esta salvação, perguntamos: como poderão se perder? Pelo
contrário, serão preservados para a vida eterna, para a glória do seu nome.
Assim entendemos a palavra do apóstolo Paulo; “...aquele que começou a boa obra em vós há
de completá-la até o dia de Cristo Jesus”. (Fp.1.6).
Como negar o que o próprio Jesus disse: “E a vontade do Pai que me enviou é esta: que
nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia” (Jo.6.39).
Disse mais: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da
minha mão”. (Jo. 10.28). Quando Jeremias fala na Nova aliança que Deus faria com seu povo,
se referindo à Igreja ao sangue da Nova aliança citado por Cristo, em Jeremias 32. Ele se
expressa da seguinte forma: “Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de
lhes fazer o bem; porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim”.
(Jeremias 32.40). Percebeu? Na Nova aliança, o povo de Deus, os eleitos, nunca se apartarão.
Nunca!!! “Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.
(Rm.8.1)
Não irmão, a obra de Cristo é total, o que Ele começa, certamente completará. Paulo disse:
“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la”. E
Pedro arrematou: “Sois guardados pelo poder de Deus mediante a fé, para a salvação” (I
Pe.1.5). Sim somos guardados pelo poder de Deus. Nunca nos apartaremos do Senhor. Glória,
Aleluia, amém,!!! Vamos cantar última estrofe do hino 87.
Isto não foi Calvino que inventou, mas é o que a Palavra Santa de Deus nos ensina
claramente. Este foi o ensino dos grandes missionários que o mundo conheceu - Willian Carey,
David Brainerd. Os grandes evangelistas do passado como George Whitefield, Daniel Holland,
Asael Netleton; pastores puritanos; escritores e teólogos piedosos, como Agostinho, Lutero,
Calvino, Tyndale, Latimer, John Knox, John Bunyan, John Owen, Flavel, Jonathan Edwards,
Newton, Spurgeon. Por falar em Spurgeon, gostaria de citar o que ele disse com respeito ao
Calvinismo, ele disse: “É um apelido chamar isso Calvinimo; pois o Calvinismo é o Evangelho,
e nada mais. Não creio que possamos pregar o Evangelho... a menos que preguemos a
SOBERANIA de Deus em sua dispensação da GRAÇA.” Disse mais: “A antiga verdade pregada
por Calvino a qual Agostinho pregou, assim como Paulo, é a verdade que tenho de pregar
hoje, ou serei falso para com a minha consciência e meu Deus. Não posso moldar a verdade,
não conheço algo como tirar as arestas de uma doutrina. O Evangelho de John Knox é o meu
Evangelho; aquilo que trovejou pala Escóciar deve trovejar pela Inglaterra de novo”. E eu
completo deve trovejar também pelo Brasil. Assim seja.
Pr. Josafá Vasconcelos
http://www.ospuritanos.org/