INTRODUÇÃO - SIT - Sistema de Informações Territoriais
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INTRODUÇÃO - SIT - Sistema de Informações Territoriais
INTRODUÇÃO Ao longo dos anos o Brasil vinha redirecionando os recursos da agricultura para a urbanização e industrialização, tendo o custo dessas políticas acarretado grandes seqüelas sociais, dentre elas a miséria e a fome instaladas nas cidades para onde a população rural se deslocou e, principalmente, a criação de valores anti-rurais. Segundo esses valores a agricultura foi associada a um setor retardatário, culturalmente atrasado, contrário aos valores modernos, influenciando na auto-estima das populações rurais. Políticas de crédito subsidiado e de preços mínimos permitiram o surgimento de uma agricultura dicotomizada no país: de um lado uma agricultura tradicional, pobre e continuamente em processo de empobrecimento; de outro, uma agricultura moderna e capitalizada, mas altamente concentrada e elitista. Nesse contexto, fez-se necessária uma política pautada em um novo modelo de desenvolvimento rural sustentável, fundamentado em novas relações entre Estado e Sociedade. O desenvolvimento sustentável incorpora as diversas dimensões da realização pessoal dos membros dos diferentes grupos populacionais, vai muito além do crescimento econômico, inclui a liberdade de expressão e direitos às diversas formas de dignidade nas relações sociais, associadas a um acesso mínimo aos bens e serviços necessários, e a agressão mínima à natureza, garantindo estes mesmos direitos às gerações futuras. O desenvolvimento pressupõe o crescimento econômico, porém este deve estar associado aos demais, pois o foco do desenvolvimento é o indivíduo, e o estoque de capital social é extremamente importante para aumentar a capacidade de uma região, de gerar crescimento econômico, e conseqüentemente permitir o desenvolvimento. Diante disso, o governo brasileiro, atendendo a reivindicações de setores públicos e organizações da sociedade civil, propõe o estabelecimento de políticas públicas duradouras e abrangentes, que estimulem o desenvolvimento descentralizado e a autogestão dos territórios rurais, através de instrumentos focados nas transformações pretendidas e na articulação de políticas nacionais com iniciativas locais, segundo uma abordagem inovadora. Esta decisão concretiza-se com a criação, em 2003, da SDT (Secretaria de Desenvolvimento Territorial), na estrutura do MDA (Ministério do 21 Desenvolvimento Agrário), que, juntamente com os demais órgãos da administração pública com ações para o desenvolvimento sustentável, governos estaduais e municipais, organizações da sociedade civil, movimentos sociais e populações dos territórios rurais, formam a base política, institucional e humana da proposta. Tendo como missão “apoiar a organização e o fortalecimento institucional dos atores sociais locais na gestão participativa do desenvolvimento sustentável dos territórios rurais e promover a implementação e integração das políticas públicas” a SDT inicia, em todo país, um processo de participação de atores e atrizes territoriais, na definição de ações integradas para o desenvolvimento, como também a articulação dessas ações e das ofertas de políticas públicas, despertando a criatividade e potencialidades dos territórios, observando as dimensões socioeconômica, sociocultural, ambiental e político-institucional do desenvolvimento. Como estratégia para concretizar essa proposta, a SDT reconhece o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS), o Comitê Gestor do Território Médio Sertão e o Colegiado como um todo, como bases dos instrumentos sociais para a discussão e implantação das estratégias e ações que poderão contribuir com o desenvolvimento Sustentável do Médio Sertão. 22 BASES METODOLÓGICAS Este documento é constituído de várias e múltiplas interpretações conceituais e intervenções ideológicas, porque foi construído num processo densamente participativo e plural. O que se poderia alegar como perda na homogeneidade de pensamento, característica necessária para trabalhos exclusivamente acadêmicos – que não é o caso – pode-se também declarar como ganho na representação da diversidade de abordagens, próprias do turbilhão de subjetividades que todo projeto de desenvolvimento sustentável preza como indispensável e que é o ganho também na percepção de que a organicidade inerente a um território nasce nas brechas entre um consenso tácito e os microconflitos localizados, tanto do ponto de vista das concepções e terminologias quanto das práxis que não lhe são descoladas. A presente versão, sendo uma requalificação adaptada aos novos contextos, é devedora em grande quantidade à versão anterior, de 2006. Além desse, temos como pontos de partida as concepções teóricas que orientaram o início do processo e as escolhas propriamente metodológicas, assim como o grau de articulação dos atores e atrizes envolvidos na dinâmica de desenvolvimento territorial sustentável no Médio Sertão. A concepção orientadora acerca das nuances e diferenças teóricas entre espaço físico, lugar e território foi primeiramente oferecida pelo Programa de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais, do MDA, segundo o qual o território é um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo cidades e campos caracterizados por critérios multidimensionais, tais como o ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, a política e as instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e territorial (MDA, 2005: 11) A abrangência e aparente generalidade na conceitualização do Programa se devem ao fato de esta ser uma política pública de âmbito federal e de ter como princípio deixar-se adaptar de forma minimamente eqüitativa às diversas realidades geográficas e político-discursivas que constituem o país. Ainda assim, a essa conceitualização é possível 23 e legítimo acrescentarmos as abordagens acadêmicas mais recentes sobre a noção de território, que têm confluído para a sua percepção como um espaço de relações de poder, uma realidade que é antes de tudo discursiva. Isso provoca um salto da concepção naturalista do território como apenas o lugar físico, cujo mapa seria considerado natural, e apresenta o território como um espaço político realizado pela correlação de forças sociais sobre um lugar físico, que engendra de forma dinâmica e ininterrupta estruturas sociais e interfere diretamente na produção da paisagem e das subjetividades. Em miúdos, o território não é só um espaço físico, mas as relações de poder que se estabelecem sobre esse espaço e que produz as representações desse espaço. Segundo o pesquisador Marcelo Lopes de Souza, O território (...) é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder. A questão primordial, aqui, não é, na realidade, quais são as características geoecológicas e os recursos naturais de uma certa área, o que se produz ou quem produz em um dado espaço, ou ainda quais as ligações afetivas e de identidade entre um grupo social e seu espaço. Estes aspectos podem ser de crucial importância para a compreensão da gênese de um território ou do interesse por tomá-lo ou mantê-lo (...), mas o verdadeiro Leitmotiv é o seguinte: quem domina ou influencia e como domina ou influencia esse espaço? (SOUZA, 1995: 78 Grifos do autor) E em outro texto: A questão central, de um ponto de vista conceitual, porém, é a seguinte: o que é um processo de territorialização ou desterritorialização, em sentido forte? Um tal processo pode ter a ver com o desenraizamento (menos ou mais traumático culturalmente) de indivíduos e grupos; e pode implicar a privação do acesso a recursos e riquezas; mas é sempre e em primeiro lugar um processo que envolve o exercício de relações de poder e a projeção dessas relações no espaço (...) Nenhuma dimensão das relações sociais (...) é, por conta dessa compreensão, excluída ou negligenciada. (“Território” da divergência (e da confusão): em torno das imprecisas fronteiras de um conceito fundamental. In SAQUET e SPOSATI, 2009: 60 Grifos do autor) Adotado esse campo de visão, o processo de construção do PTDRS foi sendo realizado tendo em vista o empoderamento, a efetiva participação e a apropriação conceitual e metodológica dos maiores contingente e diversidade possíveis dos atores e atrizes do território. Metodologicamente, existiram quatro etapas distintas que, em alguns instantes, ocorriam simultaneamente ou em caráter dialogal. Depois do 24 nivelamento com a equipe de articulação estadual da SDT, a primeira etapa consistiu na constituição de um corpo volumoso de dados sobre (os municípios d)o território, denominados durante o processo de dados secundários, advindos de institutos oficiais, órgãos governamentais, estudos e pesquisas legitimados, conseguidos por meio da internet ou solicitados diretamente às institucionalidades que detinham as informações. Note-se que em alguns momentos a solicitação foi atendida a muito custo ou não foi atendida. Ainda nesta primeira etapa, foi necessário um trabalho de comparação entre alguns dados conflitantes e uma seleção das informações realmente relevantes para o documento. Obviamente essa seleção não foi arbitrária, mas obedeceu a três critérios, o da pertinência à temática do desenvolvimento sustentável, o da confiabilidade da fonte e o da orientação dada pelas oficinas de autodiagnóstico, que a essa altura já estavam ocorrendo. Essas oficinas compõem a segunda etapa do processo. Foram três encontros entre lideranças comunitárias, gestores públicos e diversos atores da sociedade civil, em três microrregiões do território, autoconstituídas por proximidade geográfica: Vale do Sabugi, Pólo da Farinha e Serra de Teixeira. Nestas oficinas os atores e atrizes representando diversos segmentos fizeram uma análise da realidade do território, a partir de eixos temáticos definidos durante a oficina e distribuídos nas quatro grandes dimensões do desenvolvimento sustentável sugeridas pelo documento. Foram elencados para cada eixo aglutinador os processos internos que impulsionam ou obstaculizam o desenvolvimento territorial e os fatores externos que o facilitam ou o dificultam. Esses dados levantados foram denominados de dados primários. Nessas oficinas, em eventos específicos e em consultas especializadas, foi sendo construído o plano propriamente dito, isto é, foram sendo aglutinados e transformados em texto os programas, projetos, ações, estratégias e visões de futuro, distribuídos nas manifestações, falas e intervenções dos atores e atrizes participantes do processo. A equipe de consultores, a partir desse momento, se encarregou de tabular dados, agregar as reflexões das oficinas de autodiagnóstico e planificação e compor um texto minimamente orgânico e coerente com o desenrolar do processo, tudo com o acompanhamento sistemático da equipe de articulação estadual da SDT e em diálogo 25 permanente com os outros territórios vizinhos que também se encontravam em processo de requalificação dos Planos. A terceira etapa foi a realização da Oficina de Gestão, com a Coordenação Territorial, na qual foram apresentados os projetos que emergiram das reflexões coletivas, e suas principais ações, aglutinados em programas mais abrangentes, que, por sua vez, fazem parte de eixos temáticos (cujas estratégias são tomadas em conjunto) e integrados nas quatro grandes dimensões do desenvolvimento sustentável. Nesta oficina foram discutidos e definidos os projetos estratégicos (isto é, aqueles que podem desencadear de modo mais consistente e sistemático o desenvolvimento sustentável) e o modelo de gestão do Plano. O último momento foi a plenária de homologação, para a qual foi convocado todo o Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Médio Sertão. Nesse evento, foi apresentado todo o processo de construção do documento, sua estrutura e seus tópicos principais. A ênfase foi dada aos textos dos Princípios e Diretrizes, da Visão de Futuro e dos Projetos Estratégicos que, com poucas emendas, foram aprovados. Todo processo de elaboração e requalificação do PTDRS foi executado pela Cooperativa Vínculus com o apoio da SDT. Em todas as fases da construção do PTDRS, a participação da SDT e do Comitê Gestor do Médio Sertão foi fundamental para nortear as ações e facilitar a percepção da realidade do Território. 26 DIAGNÓSTICO 27 28 1. DIMENSÃO SOCIOCULTURAL EDUCACIONAL 1.1. Contexto histórico O processo de colonização do sertão Paraibano teve início ainda no século XVIII. Centrado em Pombal, terceiro município mais antigo do Estado, alcançou os vales dos Rios Piancó e Piranhas, nos sertões desses nomes, Catolé do Rocha, a noroeste, Patos, na entrada do sertão, Souza e Cajazeiras, a oeste, e completou-se com a chegada da colonização dos Cariris de Princesa, para além da Serra do Teixeira, na passagem do século XVIII para o XIX. A ocupação foi propiciada por fazendas de gado ativadas por colonos anônimos, que se apossaram das terras ribeirinhas outrora pertencentes aos grupos indígenas Cariri e Tarairiú, massacrados pelos bandeirantes de Domingos Jorge Velho e entradistas de Teodósio de Oliveira Ledo, que acabaram com a Confederação dos Cariris, entre os anos de 1680 e 1730. A fácil obtenção de terras, arrebatadas dos índios, gerou a grande propriedade pecuária, bastante pronunciada no sertão. A economia sertaneja, baseada na seqüência bandeira/curral/fazenda/arraial, valorizou as comunidades próximas da serra da Borborema, paredão a noventa quilômetros da costa, responsável pela divisão do território paraibano em Litoral, Brejo e Sertão, que fez o papel de ponte entre as sociedades açucareiras do litoral e o criatório sertanejo. No sertão, a atividade pecuária resultava basicamente na produção de leite utilizado na fabricação de queijos e doces e de couro, destinado à exportação ou para o ensacamento de fumo no litoral, como também para a fabricação de calçados, utensílios e até para cobertura de latadas. A carne era consumida imediatamente ao abate, pois o processo de salga demorou a ser introduzido na região. Além do criatório plantavam-se gêneros alimentícios e o algodão, que logo se impôs na região, particularmente nas áreas consideradas áridas (sertão e seridó), por conta da proximidade do Rio Grande do Norte. No século XIX a Paraíba destacou-se internacionalmente como produtora de algodão, capaz de se favorecer da Guerra de Secessão, dos Estados Unidos. A cotonicultura desempenhou historicamente um importante papel na organização econômico-social do Território do Médio Sertão, principalmente pelo fato 29 desse produto ser cultivado em associação com lavouras de ciclo curto e por ser explorado em todos os padrões de propriedade, por produtores proprietários e não proprietários, como os parceiros e arrendatários. Além disso, a cotonicultura se constituiu, ao longo do tempo, numa atividade complementar da pecuária, contribuindo para a formação da renda familiar das camadas mais pobres da população, notadamente dos pequenos produtores rurais, tendo sido também responsável pela viabilização das relações de produção na região. A importância econômica do algodão relaciona-se também à sua contribuição na formação da receita do Estado. Nas áreas agrestinas e sertanejas, o peso do algodão na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadoria (ICMS) foi sempre mais alto que o da policultura alimentar, por ser aquela uma cultura de mercado. Entretanto, a partir de 1983, a praga do bicudo e a seca afetaram pesadamente a agricultura sertaneja e estadual. Esta situação teve fortes repercussões sobre as relações de trabalho rural nas regiões sertanejas, já que se alicerçavam, historicamente, na combinação gado/algodão/policultura alimentar. Leve-se ainda em conta que sendo o algodão a principal fonte de renda monetária do pequeno produtor rural, a sua decadência provocou forte deterioração na condição de vida na região. Por sua vez, a alternativa encontrada pela grande propriedade para a crise do algodão foi a expansão das áreas de pastagens, reduzindo drasticamente as oportunidades de ocupação alternativa do parceiro e do arrendatário. Desse modo, a quase que completa extinção da cotonicultura modifica profundamente as formas tradicionais de organização econômica e social do semiárido paraibano, contribuindo, de modo particular, para o êxodo rural, já que estas relações de trabalho, bem ou mal, mantinham a base da reprodução de um número significativo de unidades de produção familiar sertanejas. No sertão residem os maiores desafios, pois a desestruturação sócio-produtiva descrita ainda não foi superada, em decorrência dos fracos resultados em termos da revitalização da cultura do algodão e dos produtos regionais e extrativistas, bem como do insuficiente desenvolvimento e difusão de alternativas de renda. Esta difícil situação geral, entretanto, é pontuada por numerosas situações localizadas que se diferenciam pela emergência de processos de reestruturação produtiva, por meio da incorporação da agricultura irrigada de pequena escala aos sistemas existentes, bem como pela própria 30 modernização de atividades tradicionais, em especial da ovinocaprinocultura e da bovinocultura leiteira. Nesse contexto geral, as atividades agrícolas e pecuárias devem estar inseridas na conjuntura do manejo da agrobiodiversidade para a construção de uma cultura de convivência no semiárido, possibilitando o renascimento e o rejuvenescimento de vertentes de conhecimento e de proposições tecnológicas, que tinham sido ceifadas pela concepção químico-mecânica, estabelecidas em universidades, centros de pesquisa, instituições de créditos e empresas de assistência técnica e extensão rural. 1.2. Características geográficas estratégicas MAPA 1. LOCALIZAÇÃO DO TERRITÓRIO MÉDIO SERTÃO 31 O Território Médio Sertão, definido pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS), com o apoio técnico e metodológico da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT), é composto por 24 (vinte e quatro) municípios inseridos em duas Mesorregiões Geográficas (Sertão Paraibano e Borborema) e, dentro delas, em cinco Microrregiões Geográficas do Estado da Paraíba, segundo a divisão geográfica definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. O Território está localizado na área delimitada do semiárido brasileiro. Os municípios da Mesorregião Geográfica Sertão Paraibano são: a) Na Microrregião Geográfica de Patos: Areia de Baraúnas, Cacimba de Areia, Mãe d´Água, Passagem, Patos, Quixaba, Santa Teresinha, São José de Espinharas e São José do Bonfim; b) Na Microrregião do Piancó: Catingueira; c) Na Microrregião de Sousa: Condado, Malta e Vista Serrana e d) Na Microrregião Serra do Teixeira: Cacimbas, Desterro, Imaculada, Maturéia e Teixeira. Na Mesorregião Geográfica da Borborema, estão localizados os seguintes municípios: a) Microrregião Goegráfica Seridó Ocidental Paraibano: Junco do Seridó, Salgadinho, Santa Luzia, São José do Sabugí, São Mamede e Várzea. Dos 24 municípios do Território, 21 fazem parte da 6ª Região Geoadministrativa, divisão geográfica utilizada pelo Governo do Estado para fins de concepção e implementação das políticas públicas estaduais, cuja sede está em Patos. Os municípios de Vista Serrana e Condado pertencem à 13ª Região, com sede em Pombal, e o município de Imaculada à 13ª Região, de Princesa Isabel. Em Patos, estão concentradas várias representações setoriais do governo estadual, a exemplo das áreas de saúde, educação, agricultura, além de representações do Governo Federal. Patos, que abrigava 42,7% da população do Território em 2007, estão localizados a uma distância de 305 km de João Pessoa, capital do Estado, e a 180 km de Campina Grande, segundo maior centro urbano da Paraíba. O Território fica situado na parte central do Estado, na região mais estreita, onde é menor a distância entre as divisas com os Estados do Rio Grande do Norte (ao Norte) e 32 Pernambuco (ao Sul). A sede do município de Junco do Seridó é a que fica mais próxima da Capital do Estado (235,4 km); a mais distante, Condado, fica a 340,8 km. Dois municípios foram emancipados no século XIX: Patos (1832) e Santa Luzia (1871). Mais recentemente (1997) foram criados os municípios Areia de Baraúnas, Cacimbas e Maturéia. Quanto à extensão territorial, o tamanho dos municípios varia de 61,4 km 2 (Vista Serrana) a 725,6 km2 (São José de Espinharas). A maioria dos municípios é eminentemente rural, no entanto de 2000 para 2007 subiu de três para cinco o número de municípios que apresentam taxas de urbanização acima de 70%: Patos, Santa Luzia, São Mamede, Várzea e Malta. 33 MAPA 2. DIVISÃO POLÍTICA. TERRITÓRIO MÉDIO SERTÃO. 1.3. Características Demográficas 1.3.1. População Em 2007, segundo a Contagem da População (IBGE), a população do Médio Sertão era de 227.613 habitantes. Residiam na área urbana, à época, 168.336 pessoas e na rural 59.277, o que significa uma taxa de urbanização de 74%, muito próxima à taxa estadual no mesmo período. Em 1970, esta taxa era de 41,2%, como se pode observar na tabela seguinte, que apresenta, para os períodos censitários, desde 1970 até 2007, a população do Território segundo a localização. TABELA 1. TAXA DE URBANIZAÇÃO ENTRE OS PERÍODOS CENSITÁRIOS 1970-2007. IBGE. ANO 1970 1980 1991 2000 2007 TOTAL 160.492 193.037 206.220 216.936 227.613 URBANA 66.195 95.571 127.667 155.060 168.336 RURAL 94.297 97.466 78.553 61.876 59.277 URBANIZAÇÃO 41,2% 49,5% 61,9% 71,5% 73,9% A dinâmica da população do Território segue basicamente a tendência observada para o Estado: a) aumento da população urbana que, apesar de crescente em todos os períodos, ocorre a taxas cada vez menores; b) e paulatino esvaziamento populacional no campo, sendo que, para o Médio Sertão, as taxas, comparadas às do Estado, são bem menores, como se pode observar na Tabela que se segue, apresentando o comparativo das taxas de variação dos contingentes populacionais para Paraíba e Médio Sertão, segundo a localização, entre os anos de 1970 e 2007. TABELA 2. TAXA DE CRESCIMENTO GEOMÉTRICO ANUAL ENTRE OS CENSOS (SÉRIES 1970-2007). IBGE. 1970-80 PARAÍBA 1980-91 1991-2000 2000-2007 MÉDIO MÉDIO MÉDIO PARAÍBA MÉDIO PARAÍBA PARAÍBA SERTÃO SERTÃO SERTÃO SERTÃO TOTAL 1,52 1,86 1,32 0,60 0,82 0,56 0,8 0,7 URBANA 3,75 3,74 3,21 2,67 1,98 2,18 1,28 1,1 RURAL -0,44 0,33 -1,26 -1,72 -1,57 -2,89 -0,58 -0,54 Fonte:Censo Demográfico-IBGE 1970 Contagem Populacional -2007 35 Apesar das mudanças ocorridas, a região abrigou, entre 2000 e 2007, em média, 6% da população do estado. Dentre os municípios mais populosos, estão Patos, que abriga 42,7% da população do Território, seguido de Santa Luzia (6,3%) e Teixeira (6%). Os dados demonstram que alguns municípios apresentam taxas de urbanização acima da média estadual e territorial (cerca de 74%), a exemplo de Patos (96,2%), Santa Luzia (90,16%) e Malta (87%). De qualquer forma, observa-se que algumas características tipicamente rurais, especialmente na dimensão produtiva, têm passado por mudanças significativas. Um exemplo evidente é o surgimento de redes de supermercados, inclusive nas menores cidades, minimizando o espaço de feiras livres municipais como oportunidade de comercialização direta da produção da zona rural. Além disso, o acesso mais rápido a tecnologias de informação, como telefonia móvel e internet (lan-houses e telecentros), e opções de entretenimento cada vez mais alinhadas a um padrão hegemônico desterritorializado, são indícios de uma modificação substancial no modo de vida da população, destacadamente nas áreas urbanas, em detrimento de outras características tradicionais. Neste quadro, pode-se realçar a significativa parcela de 26% da população que ainda reside na zona rural, especialmente comparando-a com o índice nacional (16,5%) e com o paraibano (21,7%), e a baixa taxa de urbanização de muitos dos municípios. De fato, no período de 2000-2007, de acordo com os dados do IBGE, observa-se que a maioria dos municípios obteve uma taxa média de crescimento anual inferior à do Estado da Paraíba, ou mesmo negativa – destacando-se, neste quesito, os municípios de São José de Espinharas (-3,8%) e São Mamede (-2,9%). Dos vinte e quatro municípios do Território, treze tiveram taxas de variação negativa no período 1991-2000, enquanto no período 2000-2007 foram oito. No mesmo período, no entanto, todas as áreas urbanas cresceram, o que sugere que os fenômenos de migração seguem dois movimentos: persiste a migração para o exterior do Território e internamente os deslocamentos populacionais tendem ao esvaziamento da zona rural e à centralização em áreas urbanas. O agravamento da degradação ambiental no campo, as condições climáticas adversas e a insuficiência de políticas apropriadas para o semiárido resultaram na redução da produção e da renda, fomentando a migração para as zonas urbanas.1 1 Ver anexo 1. VARIAÇÃO POPULACIONAL ENTRE 2000 E 2007, POR ZONA DE MORADIA. IBGE. 36 Quanto à distribuição da população por faixa etária, observa-se também no Território a tendência geral no país de envelhecimento da população, decorrência da queda de natalidade observada nas últimas décadas, da migração mais acentuada entre a faixa mais jovem da população e do aumento da expectativa de vida da população. O índice da faixa etária de 0 a 6 anos caiu de 17,9% em 1991 para 14,1% em 2000 2, o mesmo ocorrendo para a faixa de 7 a 14 anos. A partir de 15 a 17 anos, começa lentamente uma elevação no número de pessoas, chegando a ser bastante acentuada a elevação percentual na faixa de 25 a 64 anos (passou de 34,8% para 41,3%). 1.3.2. Ocupação Em 20001 a População Economicamente Ativa (a população que está ocupada mais a que está desempregada) do território era de 88.829 pessoas, das quais 55.957 eram homens e 32.873 mulheres. No entanto, os ocupados, ou seja, efetivamente inseridos no mercado de trabalho, correspondiam a 77.879, em 20002. A taxa de desemprego era, portanto, de 12,3 % para a população total do território. Em relação ao sexo, a taxa de desemprego dos homens era de 10,3% e a das mulheres mais que o dobro: 15,7%. O setor de atividade que mais emprega no Território é a agropecuária e a pesca, que juntas equivalem a 31,1% do total ocupado no território; em segundo lugar, o comércio emprega 14,1%, a indústria de transformação 9,2%, a administração pública 6,9%. Embora contribua com apenas 8,9% do PIB paraibano, a agropecuária ocupa ainda 31% da mão-de-obra do Território. Em três municípios, 82,5% dos trabalhadores desenvolvem atividades na indústria extrativa: Junco do Seridó, Patos e Santa Luzia, onde a extração de minerais ocorre em maior volume no território. Ainda segundo o mesmo censo, à época o contingente de mulheres representa 35,55% da população ocupada, índice compatível com a proporção de mulheres em idade ativa, 37%. A agropecuária é o setor de atividade que mais ocupa a mão-de-obra feminina no território, 22,8% do total. Os demais setores que ocupam mulheres em maior proporção são: serviços domésticos (16,4%), educação (15,5%), comércio (10,2%) e 2 As estatísticas populacionais de gênero e geração por município são obtidas pelo Censo Demográfico, cuja última edição pelo IBGE é de 2000, sendo a próxima edição realizada em 2010. 37 administração pública. Reproduz-se, na região, a estrutura de ocupação feminina tradicional, resultado da divisão social do trabalho estabelecida historicamente: os serviços domésticos, as atividades relacionadas à educação e à saúde. 1.3.3. O estágio de desenvolvimento humano O estágio de desenvolvimento humano é medido pelo IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, para o conjunto dos municípios brasileiros. O IDH-M é construído a partir de variáveis de educação, longevidade/saúde e renda, medindo o nível de desenvolvimento humano com os índices de 0 a 1. A informação mais recente referese ao ano de 20003, data do último censo demográfico, cuja reedição ocorrerá ainda em 2010. Segundo a classificação do PNUD em 2000, apenas o município de Cacimbas estava classificado como de baixo nível de desenvolvimento (índice inferior a 0,50). Todos os demais municípios encontravam-se, pelas informações referentes ao ano de 2000, no estágio de “médio desenvolvimento humano” (aqueles cujo IDH-M situa-se entre 0,500 e 0,800). Os municípios do Território têm IDH-M muito próximos do limite inferior do intervalo de médio desenvolvimento (0,500). No entanto, no âmbito estadual, onze dos vinte e quatro municípios do Médio Sertão estão entre os 100 (cem) maiores IDH-M. Dentre eles, Várzea detém o quarto melhor do Estado, Patos está no nono lugar, Santa Luzia no décimo, São José do Sabugí em vigésimo e, em vigésimo segundo, São Mamede. No desmembramento do IDH-M entre os sub-índices educação, longevidade e renda, o que apresenta situação relativamente menos desfavorável nos municípios do Território é o de educação; no outro extremo, o componente renda se mostra significativamente menor para todo o universo das unidades territoriais, estando doze deles abaixo de 0, 500. No mapa abaixo, pode-se visualizar a distribuição dos níveis de desenvolvimento humano pelo Território. Um flagrante captado pela imagem do mapa abaixo para as zonas de maiores indicadores de desenvolvimento no Território – as áreas em azul – é a coincidência destas 3 Ver Nota 1 38 áreas com as rotas convencionais de escoamento de produção e de melhores condições de tráfego – a BR 230 (o cinturão azul horizontal, que vai de Santa Luzia a Condado) e a PB 110 (a faixa azul vertical de Patos a Teixeira). Se isso não indica um vínculo necessário entre desenvolvimento econômico e desenvolvimento humano, pelo menos deixa claro que, no arranjo econômico do território, a dependência de produção e a deficiência em infraestruturas sociais oferecem menores possibilidades de desenvolvimento das potencialidades locais. Embora façam parte da mesma realidade e sofram influências múltiplas comuns, os componentes de que nos valemos para medir o estágio de desenvolvimento do Território têm suas particularidades. No âmbito da educação, por exemplo, embora este seja o componente menos desfavorável, quando se mede o desenvolvimento do Território, observa-se que ainda existem elevados déficits quando se mede o nível educacional da população. E, no entanto, para alguns municípios, o índice para educação está próximo e 0,7, ou até ultrapassa, como é o caso do município de Várzea (0,835). No componente longevidade, as variáveis estão relacionadas àquelas do setor saúde, que expressam fatores que pesam substancialmente para a sobrevida das pessoas. Para tanto, o acesso à alimentação e à moradia em boas condições de habitabilidade são fundamentais. No Território este índice se apresenta como o segundo mais elevado, embora as condições de saúde nesses municípios ainda tenham indicadores muito desfavoráveis. É no componente renda, no entanto, que o índice mostra maior precariedade das condições de sobrevivência na região. Dos vinte e quatro municípios do território, doze estão abaixo do valor referência (0,500) da linha de baixo desenvolvimento. Tomando-se como referência os indicadores do município de São Caetano do Sul, em São Paulo, maior IDH-M do país em 2000, percebe-se a precariedade das 39 MAPA 3. IDH-M MÉDIO SERTÃO, SEGUNDO SEUS COMPONENTES. A PARTIR DOS DADOS DO PNUD 2003. condições de sobrevivência da população do Território. Quando se toma como referência a taxa de mortalidade infantil até um ano, de 5,4/1.000 para o município de São Caetano do Sul, observa-se que as mesmas taxas para os municípios do Território estão de seis a quatorze vezes maiores. O mesmo vale para as taxas de mortalidade na faixa etária de até cinco anos, que estão de 8 a 20 vezes maiores. 1.4. Tecido Social A estrutura social na região do Médio Sertão é constituída dos elementos identificados exaustivamente nos principais estudos sociológicos sobre a formação da sociedade brasileira e o papel dos interiores nessa construção: a realidade eminentemente rural – que recentemente vem passando por transformações substanciais – possibilitou a formação de comunidades onde as famílias camponesas eram articuladas em torno do pivô que era a propriedade concentrada da terra e dos meios de trabalho. As forças políticas se aglutinaram em volta das forças de comando dos proprietários e os movimentos emancipatórios de autonomia produtiva e gestão participativa só muito recentemente vêm ganhando fôlego. Embora a Paraíba tenha sido cenário de alguns dos movimentos populares mais expressivos na história da construção da democracia no Brasil, no Médio Sertão esses movimentos não conseguiram articulação sólida nem se consolidaram com estratégia de luta das classes desfavorecidas. Até mesmo da perspectiva que seria a mais mobilizadora do povo da região – a da agricultura e do acesso à terra – os movimentos camponeses que foram fomentados na Paraíba nas décadas de ’60 não encontraram solo fértil no sertão. Nas décadas de ’80 e ’90 o primeiro sinal de organização popular foi a emergência de Comunidades Eclesiais de Base, acompanhando a tendência nacional e latinoamericana das igrejas cristãs. Daí surgiram muitas das lideranças de comunidades, associações e sindicatos que estão se fortalecendo. O movimento estudantil veio na esteira da criação do campus da UFPB, em Patos, a partir de 1980. Teve grande impacto na transição da década de ’80 para ’90, mas perdeu consistência e está em declínio. Os movimentos camponeses por reforma agrária só começaram a ganhar corpo a partir de meados da década de ’90, acompanhando a potencialização da articulação dos movimentos camponeses no Brasil. 41 Existe atualmente, no Território Médio Sertão da Paraíba, uma grande e diversa quantidade de entidades da Sociedade Civil, representativas de segmentos ou categorias ou com caráter de assessoria. São Sindicatos, Associações, Pastorais, Cooperativas, ONG’s além do Movimento de Luta pela Terra/MST. Todo este potencial de organizações, porém, ainda não se reflete numa organicidade plenamente articulada, que possibilite a construção de um projeto político emancipatório comum ou mesmo de um projeto de desenvolvimento que atenda às expectativas e aos desafios da atualidade, tendo ao centro a sustentabilidade. A desarticulação entre grande parte das associações e sindicatos acentua a fragilidade. Merece destaque, no entanto, um processo crescente de tomada de consciência sobre a necessidade de articulação entre várias organizações, grupos comunitários e famílias, em vista da construção de experiências que alimentem a perspectiva de um projeto de desenvolvimento baseado em princípios como a democracia participativa, a agroecologia, a convivência com a realidade semiárida e o controle social. Como exemplo desse processo o Coletivo de Mobilização Social do Médio Sertão é fruto e parte dinamizadora da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA-PB) e da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA-Brasil). O coletivo é na verdade um fórum importante de debates sobre desenvolvimento, de geração de demandas e de intercâmbio de experiências concretas que resultam na melhoria da vida do povo. Entre as ações e avanços que merecem destaque pode-se citar a implantação de tecnologias adaptadas para a captação e manejo da água da chuva (cisternas, tanques em pedra, barragens subterrâneas), além de varias experiências como núcleos, quintais e roçados produtivos agroecológicos, bancos de sementes, apicultores, beneficiamento de frutas e Fundos Rotativos Solidários. Outro elemento importante a ser considerado como processo organizativo é o fato de essas experiências exitosas começarem a ganhar amplitude e corpo próprio, na medida em que vão se organizando em várias redes temáticas (rede abelha, rede sementes e num futuro próximo na rede de comercialização solidária). Um dos desafios do Colegiado Territorial continua sendo o de valorizar essas e outras experiências concretas como indicativos para a construção de uma política de 42 desenvolvimento sustentável priorizando um dos seus princípios básicos: de dentro para fora – do local para o global, sem exclusão social. 1.5. Saúde Os dados da vigilância epidemiológica para o Território Médio Sertão referentes ao ano de 2009 mostram que as variáveis da hepatite, foram as doenças de notificação compulsória mais freqüentes naquele ano, alcançando o índice de 59%, seguida da doença de Chagas (9,8%) e da meningite (6,55%). Quanto às internações pagas pelo SUS, na rede pública de saúde do Território, os dados referentes ao ano de 2005 constatam que as doenças infecciosas e parasitárias foram responsáveis por 29,7%, as doenças do aparelho circulatório por 17,0%, as doenças do aparelho digestivo por 13,1% e as doenças do aparelho respiratório por 11,4%. As doenças infecciosas e parasitárias afetam com mais freqüência as pessoas que moram em habitações precárias. As condições das habitações são outro problema de saúde pública no Território, sobretudo na zona rural, onde são elevados os déficits de saneamento básico. Muitos domicílios sequer têm banheiro ou água encanada.4 Esta situação refere-se ao universo dos domicílios, certamente a condição da zona rural é bem mais grave. No entanto, vale salientar que estes dados são relativos ao ano de 20005, únicos disponíveis. Desde então, os investimentos em saneamento básico foram significativos e atenderam muitos municípios do Estado. Entretanto, os investimentos nessa área ainda se concentram nas áreas urbanas, embora muitas ações tenham contemplado comunidades rurais. Outro problema de saúde pública relacionada à habitação, no Território, é a presença da doença de Chagas, cuja área endêmica afeta todos os municípios de sua circunscrição. As más condições de habitação favorecem o aparecimento e a disseminação dessa enfermidade. No que se refere à vacinação, a cobertura é praticamente total, pois as taxas de aplicação das diversas vacinas variam de 98,5% a 100,0%. O Programa de Saúde da Família tem sido um instrumento importante na melhoria dos serviços de atenção básica 4 5 Ver anexo 3 PERCENTUAL DE PESSOAS QUE VIVEM EM DOMICÍLIOS COM ACESSO A ALGUNS SERVIÇOS BÁSICOS. Ver Nota 1. 43 à saúde, bem como à extensão dos níveis de cobertura de atendimento. A taxa de cobertura da população, no Território, já é quase de 100,0%. Em 2008, a assistência médico-hospitalar credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Território era prestada por 19 estabelecimentos de saúde governamentais, privados e filantrópicos, com 508 leitos distribuídos em dez municípios6. Patos concentra 21% dos estabelecimentos hospitalares e 42% dos leitos. Mesmo diante das melhorias no controle epidemiológico – melhorias acentuadas pela implementação de políticas sociais, como a construção de sistemas familiares de abastecimento de água potável de qualidade – algumas questões de saúde pública na região, vinculadas a fatores sócio-econômicos, necessitam de uma reflexão aprofundada e de ações mais efetivas. Exemplos são as enfermidades decorrentes das atividades minerais que, exercidas sem o devido cumprimento das normas de segurança do trabalho, têm afetado a vida do trabalhador extrativista e das mineradoras7, principalmente na faixa que abrange Várzea, São José do Sabugi, Junco do Seridó e Salgadinho. Outro exemplo são as conseqüências ainda pouco abordadas do contato direto e constante com agrotóxicos. 1.6. Educação Nos últimos anos, as estratégias utilizadas para implantação das políticas públicas em educação no país trouxeram significativos resultados na educação básica. Os recursos investidos em educação foram utilizados, no geral, de forma mais bem direcionada de modo que resultaram em significativa elevação do acesso à escola das crianças em idade escolar. Os indicadores de educação no país ainda são inaceitáveis na perspectiva do capital humano como fator de desenvolvimento. Isso quando se trata de indicadores globais, pois quando a referência é a população do meio rural, sobretudo no Nordeste, a situação se mostra ainda mais grave. São mais elevadas as taxas de analfabetismo, a cobertura no ensino infantil era quase inexistente no campo para a quase totalidade dos municípios, até bem pouco tempo, e a inadequação idade-série muito mais grave pelas próprias condições de vida e 6 7 Houve redução do número de leitos desde 2005, quando havia 14 estabelecimentos com 513 leitos. Esta questão será abordada no item sobre exploração dos recursos minerais. 44 conseqüentes estratégias de sobrevivência desenvolvidas por estas populações, como a do trabalho infantil. O mais completo acervo de indicadores na área de educação em nível municipal, para todo país, do Atlas de Desenvolvimento Humano (PNUD), não desagrega os dados por localização. Além disso, os únicos referenciais disponíveis são do ano 2000. No entanto, foram selecionados indicadores de alfabetização da população, mais como uma referência, para a região, dos déficits históricos nesta área8. Durante o processo de autodiagnóstico as lideranças locais identificaram os principais desafios em políticas de educação, dos quais se destacam a infraestrutura inadequada, desde as condições de transporte até as instalações escolares, incluindo a deficiência em equipamentos modernos ou no seu manuseio; a má qualidade do ensino, devido a fatores diversos que vão desde a formação e à postura do docente até as situações sociais em que se encontram os educandos; o desaparelhamento da escola técnica de Patos; a pouca interação entre as Instituições de Ensino Superior e comunidade e a falta de vínculo entre os conhecimentos construídos na escola e os conhecimentos gerados no cotidiano dos alunos, desperdiçando todo o potencial de contextualização do ensino no semiárido. Analisando a série histórica dos indicadores, nota-se que o atendimento à população em idade escolar elevou-se significativamente, seguindo uma tendência nacional. No entanto, cotejando os dados do Censo Escolar de 20099 com os dados presentes na edição anterior deste documento, percebe-se um paradoxo no número de matrículas do nível pré-escolar. Segundo o diagnóstico anterior, em 2006 teriam sido ofertadas nas creches 1.219 matrículas, em 15 municípios, e na pré-escola 8.560 matrículas, em 23 deles. Já em 2009 as creches registraram 1.431 matrículas, em 17 municípios, e as matrículas pré-escolares somaram 5.537, em todos os municípios. Isto é, enquanto as matrículas pré-escolares diminuíram em relação aos números anteriores, mesmo sendo acessíveis em todos os municípios do Território, as matrículas para creches cresceram 17,4%, ainda que 30% dos municípios não ofereçam esse serviço. 8 Ver Anexo 4. TAXA DE ANALFABETISMO, POR FAIXA ETÁRIA, PARA OS MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO MÉDIO SERTÃO. (% DA POPULAÇÃO TOTAL POR FAIXA ETÁRIA) 2000. PNUD 2003. 9 Ver anexo 5. DADOS DO CENSO ESCOLAR. INEP. 2009. 45 MAPA 4. TAXA DE ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS. A PARTIR DOS DADOS DO PNUD 2000. Vale destacar que a creche é uma dinâmica predominantemente urbana, já que apenas 4,7% das matrículas estão situadas na zona rural. No ensino fundamental, além das séries regulares, há também turmas especiais, atendendo às políticas de inclusão na educação; ao todo, no campo, em 2009, foram registradas 7.132 matrículas, enquanto nas escolas urbanas esse número era 30.815. O ensino médio regular já está sendo ofertado em todos os municípios, tendo matriculado 7.515 pessoas em 2009, todas na zona urbana. A modalidade Educação para Jovens e Adultos é oferecida também em todos os municípios, sendo que em 12 deles esse formato está presente no campo. Em 2009 foram 4.271 matrículas na EJA-Fundamental (sendo 13,5% delas na zona rural) e 2.425 matrículas na EJA-Ensino Médio (todas na zona urbana). A melhoria da qualidade ainda é um desafio na educação como um todo e particularmente na zona rural, onde se enfrentam dificuldades na interação entre educadores e comunidades, e onde é mais urgente a construção de um projeto políticopedagógico que valorize o saber do campo, que possibilite que os conteúdos programáticos sejam uma emergência das realidades locais sem, contudo, deixar de abordar e integrar o aluno ao contexto global. Nos últimos anos, a política nacional de incentivo à educação superior tem despertado interesse renovado na população e isso reflete também no crescimento da oferta e da procura de cursos técnicos e de nível superior no território. Em 2006 foi implantado o campus da UEPB, com cursos nas áreas de Administração, Ciências Exatas e Computação. Houve também ampliação e melhoria nas instalações do campus da antiga UFPB, agora UFCG, oferecendo cursos na área de Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Ciências Biológicas e Odontologia. Cresceram vertiginosamente, também, as instalações da maior IES privada do interior do Nordeste – as Faculdades Integradas de Patos – ampliando a oferta de cursos como Direito, Educação Física e Odontologia, cujos preços são direcionados para a faixa da população com maior poder de consumo. Ainda assim, programas de incentivo e financiamento como o ProUni e o FIES têm permitido ampliar o acesso. Está sendo implantado em Patos campus do Instituto Federal da Paraíba de Ensino Técnico (anteriormente chamado de CEFET). 47 Em todos os casos, o sistema educacional promove um modelo de construção de conhecimentos que privilegia apenas uma aparelhagem técnica e tecnológica, com pouquíssima ênfase nos aspectos vocacionais ou éticos. O pivô desse sistema é o mecanismo de ingresso no ensino superior. De fato, há um movimento de demanda das recentes gerações universitárias por um ensino técnico e pouca ou nenhuma mobilização das instituições educacionais em se contrapor a este processo, reforçando a tendência de qualificação dos cursos cujas carreiras profissionais são supervalorizadas e o desgaste da qualidade dos cursos menos legitimados socialmente, como as licenciaturas, o que tem refletido na falta de envolvimento e entusiasmo de profissionais ligados à educação – dimensão essencial para o desenvolvimento humano e das potencialidades locais – e na baixa qualidade do ensino básico. O surgimento e a disseminação no Território de Instituições privadas de Educação à Distância e a possibilidade de implantação de núcleos de Educação à Distância de Instituições Públicas são, simultânea e paradoxalmente, um reforço dessa tendência e uma possibilidade a ser bem explorada a abertura para a melhoria dessa situação. 1.7. Cultura 1.7.1. Cultura e Lazer As manifestações culturais e as possibilidades de lazer no Território do Médio Sertão são bastante diversificadas. O potencial artístico e cultural da região se encontra tanto nas manifestações religiosas e nas festas ligadas ao ciclo produtivo (como festas juninas e vaquejadas), como na literatura, no artesanato, na culinária e no folclore local, permeados na vida cotidiana. No Médio Sertão surgiram muitos grupos de danças tradicionais – tais como xaxado (São José do Sabugi) e quadrilhas (em todas as localidades, e em especial no município de Patos) – e também de danças modernas. Os programas sociais que facilitam interação comunitária, a exemplo do Peti, do ProJovem e de algumas iniciativas localizadas com idosos e gestantes, são espaços privilegiados para a promoção de expressões culturais variadas e criativas. Os grupos de música popular também têm se destacado no interior do Território, inclusive com projeções em outras regiões. A grande maioria desses grupos é ligada aos 48 estilos tradicionais – como o forró, embora também haja manifestações de estilos mesclados com expressões tradicionais e contemporâneas. Um das grandes potencialidades, ainda pouco dinamizadas, é o artesanato local. Espalhados por todo o Território, muitos (as) artesãos (ãs) exibem com criatividade as expressões vivas da cultura do território e ganham destaque os (as) já articulados em grupo, como em São Mamede, Maturéia, Cacimbas e Santa Luzia. As festas religiosas, em todas as localidades do Território, são elementos de identificação cultural e de agregação social. O catolicismo foi, historicamente, a base cultural e o ambiente dessas manifestações, no entanto, o recente crescimento da diversidade de denominações cristãs no território, não só não coibiu as festas religiosas tradicionais, como contribuiu para a sua diversificação. As festas juninas tradicionais, que se caracterizam pelas danças, músicas, comidas típicas, fogos de artifício, fogueiras, adivinhações, permanecem vigorosas nas comunidades, embora tenham perdido visibilidade nas zonas urbanas, por conta da promoção, nessa época, de eventos cada vez mais bem elaborados, inclusive proporcionando a estruturação em grande parte dos municípios de espaços públicos amplos para a sua realização. Para isso tem sido investido um volume considerável de recursos públicos. Entre 2007 e 2009, apenas os convênios realizados com o Ministério do Turismo para o financiamento das festividades mais tradicionais nos municípios beiram os R$ 10.000.000,0010. Estes eventos, embora atraiam um público muito grande e façam parte dos roteiros turísticos da região, têm se descaracterizado nos últimos anos pela adoção de um modelo massificador, desvirtuando sua finalidade de promover a cultura popular, pela supervalorização de estilos musicais e artistas hegemônicos, em detrimento dos artistas e das produções culturais locais. Nesse aspecto, são evidentes o desgaste, o paulatino desparecimento de costumes locais e a fragilização das relações sociais por eles garantidas. A urbanização, o advento de tecnologias, a influência dos diversos meios de comunicação e os novos padrões de produção, comercialização e consumo são elementos que estão engendrando novas 10 relações sociais e, portanto, novas modalidades de expressões Ver Anexo 6. REPASSES DO MINISTÉRIO DO TURISMO PARA FESTIVIDADES REGIONAIS NOS MUNICÍPIOS, MEDIANTE CONVÊNIO. SÉRIE 2007-2009. PORTAL DA TRANSPARÊNCIA 49 MAPA 5. ASPECTOS CULTURAIS. A PARTIR DE DADOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS DO DIAGNÓSTICO. culturais. Este potencial de criação e manifestação de novas expressões e de interação com outros contextos pode se tornar problemático na medida em que desvaloriza as expressões históricas e adota posturas exóticas sem um estágio de apropriação e adaptação. Uma avaliação meramente qualitativa e informal pode fazer perceber diferenças acentuadas, do ponto de vista geracional, por exemplo, nas inclinações musicais, nos trajes, nos costumes comerciais, nas relações familiares e na interação comunitária. Os investimentos públicos na área da cultura, na maioria dos casos, fortalecem este movimento de desconstrução das expressões culturais locais ou não são impactantes o bastante para refreá-lo ou modulá-lo com a promoção de uma postura crítica, que principia pela valorização da história e da geografia do semiárido e permite uma interação saudável com outras expressões culturais, que não está entre os extremos da sua negação total ou da sua adoção indiscriminada. Além do múltiplo acervo das manifestações artísticas, o território abriga também um vasto patrimônio histórico. Em São Mamede está localizado um dos principais sítios arqueológicos do Estado da Paraíba (arte pré-histórica), formações rochosas com gravuras rupestres da Tradição Ingá11. Para a devida proteção destes bens e para a sua promoção como potencialidade política, é urgente a realização de ações de preservação, valorização pela população local e divulgação externa, a fim de provocar o crescimento do interesse de estudiosos e visitantes. Além disso, algumas localidades no território guardam acervos arquitetônicos e outros artigos valiosos para cuja conservação e valorização são urgentes ações enfáticas. Existem no Território dois Museus: em Santa Luzia, a Fundação Museu Comunitário de Santa Luzia, com acervo de “várias coleções representativas da cultura local, como mobiliários, documentos, iconografia, armaria, numismática, entre outros” (Mapeamento, 2000). Em Patos, o Museu Ernani Sátiro, ex-governador da Paraíba, cujo acervo busca divulgar e preservar a memória do ex-governador da Paraíba. Faltam, entretanto, implementações públicas, como museus e casas de cultura de maior porte e visibilidade, e com maior possibilidade de ser um acervo autêntico dos costumes e tradições locais. 11 Existem também sítios arqueológicos em Condado, Patos, Santa Luzia, São José do Sabugi e Salgadinho. 51 -Diversidades de pontos com potencial turístico (Sítios arqueológicos, açudes, barragens, cruzeiros religiosos, ponte para rapel, pedra rajada, ambientes naturais e engenhos. - Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Religioso (Igrejas, Santuários, museus). -Ponto Turístico; (Pico do Jabre, Pedra do Tendó, Viaduto da Linha-férrea, construções antigas). Fraquezas/Entraves - Falta de preservação; -Falta uma política de mapeamento, conservação e divulgação dos sítios arqueológicos bem como estruturação para receber visitantes; - Falta de divulgação e incentivo de preservação nas escolas da região; -Falta de divulgação nos meios de comunicação (imprensa falada e escrita); -Ausência de material informativo que contemple esta temática para informação a população em geral; -Falta de museus públicos. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades - Geração de emprego e renda; -Programas e políticas de incentivo à cultura. Ameaças - Extinção de sítios arqueológicos; -Ausência de tombamento de prédios antigos nos municípios; -Aplicação incorreta da lei de desapropriação das áreas onde ficam localizados os sítios arqueológicos; - Expansão comercial e imobiliária destruindo o patrimônio histórico nos centros urbanos. AMBIENTE EXTERNO Oportunidades Eixo Aglutinador: Patrimônio Histórico-Cultural AUTODIAGNÓSTICO - Manifestações culturais regionais, expressões musicais autênticas (violeiros, bandas de música, pífanos), literatura (cordel, poesia, contos), cavalhadas, vaquejadas, corridas de jegue, prados, danças folclóricas, grupos de teatro, entre outros; -Artesanatos diversos (sisal, argila, pedras e outros); - Festa do caju, da castanha e da mandioca; - Parque religioso Cruz da Menina; - Fundação Ernani Sátiro; - Instituto Histórico e Geográfico de Patos; - Projetos Pilotos de resgate cultural; - Grupos de dança folclóricos - Comunidades quilombolas; - Festejos juninos; - Festas religiosas; - Valorização do Esporte (campeonatos, gincanas culturais e outras atividades). - Falta de divulgação e valorização das potencialidades regionais; - Desvalorização dos artistas locais; - Faltam centros de lazer e cultura; - Perda pela população de alguns costumes culturais autênticos/memória cultural; - Falta mapeamento, sistematização e divulgação do patrimônio artístico-cultural; - Falta de investimento de cultura; - Capacitação; - Comercialização; - Difícil acesso; - O mercado é restrito e inconstante; - Falta de conscientização dos grupos envolvidos; - Falta de apoio de um ponto turístico e de comercialização; - Falta de programas para desenvolvimento dos artesãos; - Ausência do Conselho de Cultura, exceto em Santa Luzia-PB; -Falta de organização e articulação dos grupos culturais em geral. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves - Lei estadual de incentivo à cultura; - Forró Fest; - Festivais de Violeiros; - Encontros de bandas marciais e filarmônicas; - Festas religiosas; - Editais para projetos de cultura; - Mercado consumidor nos demais municípios; - Em S. José do Sabugi existe dossiê de ambiência; - Estudo da Casa José Américo em São Mamede. Ameaças - Falta de políticas de incentivo à cultura e/ou resgate cultural; - A massificação e o consumismo incentivados pelos veículos de comunicação e sistema vigente, que afeta principalmente os jovens; - Falta comprometimento dos políticos da região para com o resgate e fortalecimento da cultura local; - A falta da pavimentação do acesso aos municípios; - Não existe diagnóstico para os artesãos; - Desvalorização dos artistas locais. - Massificação Cultural; - A cultura como comércio. AMBIENTE EXTERNO Oportunidades Eixo Aglutinador: Cultura, Lazer e Artesanato Fraquezas/Entraves - Má qualidade do ensino; - A educação não interage com a organização dos produtores; - Falta de estrutura / equipamentos nas escolas; - Falta uma melhor capacitação para os professores; - Classes multiseriadas; - Pouca interação entre UFCG-comunidade; - Desconsideração do conhecimento empírico do agricultor; - A inadequação do conhecimento científico à realidade cultural rural do semiárido; - Falta de acesso dos filhos de agricultores à universidade pública; - Falta de infraestrutura para acesso eletrônico à informação; - Educação não é contextualizada com a realidade do Semiárido; - A freqüência da escola está vinculada aos programas governamentais *; - Falta de recursos materiais para acompanhamento dos programas; - Diminuição dos repasses governamentais; - Baixa per capita para distribuição dos programas; - Estrelismo do docente; - Ausência de núcleos de ensino à distância da UFPB em municípios do Território. Forças/Potencialidades - Programas de educação no campo (destaque para as iniciativas em assentamentos, assessoradas pelo MST); - Valorização das escolas no campo; - Escolas estruturadas, com merenda e transporte adequado; -Instituto Federal de Educação Técnica; - Alfabetização de jovens e adultos na Zona Rural (alfabetização solidária, EJA entre outros); - Intercâmbios entre agricultores com trocas de experiências; - Incentivo a educação de jovens rurais; - Capacitação técnica (professores, jovens, agricultores familiares e outros); - Valorização dos profissionais de educação; - Formação e capacitação de professores a partir da discussão de Educação no Campo; - Campus da UFCG; - Ampliação de cursos que venham a beneficiar as famílias do campo; - Outras Faculdades, Escolas de nível técnico em várias áreas; - Estratégia metodológica da Escola Ativa; - Fortalecimento dos Conselhos escolares; - Experiências localizadas de educação contextualizada no semiárido; - Reconhecimento/certificação das comunidades quilombolas – resgate da cultura; - Campanhas, programas e projetos de combate à violência contra as mulheres. - Existência do FUNDEB; - Oferta de cursos profissionalizantes por órgãos governamentais; - Programas de Extensão Rural; -Criação de bolsas de incentivo à educação de jovens da zona rural com sistema e metodologia embasados na realidade local; - ONG´s e instituições que trabalham com capacitação dos produtores rurais; - Instituto do Semiárido Brasileiro (INSA); Experiências de Educação Contextualizada no Alto Sertão, Universidade Camponesa no Cariri; - Expansão do PROINFO e telecentros – Territórios Digitais; - Assistência das Prefeituras às escolas; - Monitoramento e acompanhamento dos professores com a coordenação pedagógica; - Planos Municipais de Educação; - Programas governamentais: estruturação, inclusão digital, inclusão de necessidades especiais, livros didáticos, Conselhos, gestão; - Presença de núcleos de ensino à distância da UFPB em municípios do entorno do Território, como Taperoá, Livramento e Pombal; - Abordagem construtivista da educação; - ProUni; - Expansão dos pólos superior e técnico de educação. Oportunidades Ameaças - A abordagem comercial da educação; - Preocupação com a formação técnica em detrimento da formação integral; - Descaso do poder público; - Falta de programas de educação popular; - Falta de programas de incentivo (crédito estudantil) para acesso dos jovens a escolas agrícolas; - Falta de estrutura nas escolas públicas dificultando o ingresso do jovem do campo na Universidade; - Pequeno número de vagas nas Universidades; -Implantação de cursos que não condizem com a realidade do Médio Sertão; - Falta educação direcionada à convivência com o semiárido principalmente em nível superior; - Falta infraestrutura para formação técnica ou profissional de filhos de agricultores na zona urbana; - Falta de oportunidade de geração de renda acarretando abandono precoce da escola; - Pequeno número de alunos nas escolas do campo; - Êxodo rural; - Falta de equipes multidisciplinares; - Falta de profissionais habilitados; - Falta de integração com outras Secretarias; - Transporte escolar inadequado; - Modelo curricular; - Educação bancária. AMBIENTE EXTERNO Eixo Aglutinador: Educação (com enfoque para o Campo) AMBIENTE INTERNO - PSF implantado; - Farmácias básicas; - Rica diversidade das plantas medicinais e sua utilização pela população; - Ação preventiva da Pastoral da Criança; - Programas de assistência à saúde; - Experiência da Prefeitura de São Mamede, com o Programa Saúde na Feira, onde os produtores rurais têm atendimento básico e são encaminhados para o SUS; - Visitas domiciliares dos ACS; - Atendimento odontológico móvel (Santa Luzia-PB) ; - Ponto de apoio para atendimento médico; - Programa de Saúde na Escola (Santa Luzia e São José do Sabugi) ; - Campanha de Calazar e Chagas contempladas; - Presença do SAMU em Patos; - P1MC garantindo água para consumo humano e evitando, prevenindo e diminuindo os índices de enfermidades ligadas à qualidade da água; - Farmácias Básicas e populares em alguns municípios. Forças/Potencialidades - Médicos atendendo em diversos municípios; -Número insuficiente de equipes do PSF para atender a demanda de alguns municípios; - Deficiências do PSF em atendimento domiciliar; - Falta divulgação massiva do PSF; - Dificuldade na distribuição do leite na zona rural; - Dificuldade na implantação de programas de prevenção de doenças; - Profissionais atendendo no PSF em áreas fora de sua especialização; - Pouca diversidade no estoque de remédios das farmácias públicas, padronizando o receituário para todos os pacientes; - Falta de medicamentos e equipamentos nos postos de saúde; - Conselhos Municipais de Saúde muito vinculados às Prefeituras, perdendo autonomia; - Monopólio nas farmácias básicas; - Perda do uso das plantas medicinais por desconhecimento; - Falta de infraestrutura para os programas de assistência básica à saúde; - Postos de saúde desativados; - Falta de acesso aos programas de saúde; - Falta de programas mais abrangentes de saúde pública, incluindo a saúde animal; - Falta de hábito da população de consumir alimentação alternativa saudável; - Ausência do Programa de Saúde na Escola nas cidades que não são prioritárias pela política do MEC; - Falta de continuidade dos programas nas comunidades rurais; - Critérios para implantação de Farmácias Populares excluem a maioria dos municípios do Território. AMBIENTE INTERNO Fraquezas/Entraves - Programa do leite; - Bolsa-Família; - Pastoral da Criança; - PROFAE; - Programa de Atenção Integral as Famílias – PAIF; - PNAE; - Cisternas para acesso a água potável pelas famílias rurais; - PAA; - Parceria com a Pastoral da Criança - Programa Brasil Sorridente; - Programa Olhar Brasil; - Programas específicos a ESF: homem, mulher, crianças, idosos e portadores de necessidades especiais; -Aquisição de ambulâncias e novos equipamentos. - Falta de comprometimento de muitos gestores públicos; - Desaparecimento de algumas plantas medicinais; - Falta de compromisso do poder público com a zona rural; - Falta de programas de saúde popular; - Falta conhecimento do funcionamento da máquina administrativa municipal e os programas direcionados à saúde; - Fragilidade no controle de endemias; - Falta de equipamentos e de manutenção; - Falta de técnicos capacitados; - Falta de capacitação sistemática dos profissionais de saúde na área de humanização ao usuário. AMBIENTE EXTERNO Oportunidades Ameaças Eixo Aglutinador: Saúde (com enfoque para o Campo) - Matéria prima alternativa para a construção civil; - Disponibilidade de espaço físico para a construção civil; - Mão-de-obra capacitada disponível; - Localização geográfica; - Eletrificação da maioria das comunidades rurais; - Rádios comerciais, alternativas e comunitárias; - Rodovia estadual Patos-Princesa Isabel; - Rede ferroviária; - Base aeroviária; - Boa cobertura pela Malha Viária do Território; - Agrocentro de Patos; - Shopping SEBRAE; - Cobertura de serviços de telecomunicação em quase todo território; - Construção de cisternas; - Unidades Escolares em todas as comunidades; - Poços artesianos e amazonas. - Falta de saneamento básico; - Baixo poder aquisitivo dos agricultores; - Condições das habitações propícias a infestações de barbeiros; - Falta de banheiro e/ou de instalações sanitárias; - Alto preço da energia para a produção agrícola; - Rodovia PB 228 não asfaltada (Patos/Assunção); - Má qualidade das estradas vicinais no território; - Falta Pavimentação asfáltica na maioria das Estradas Estaduais dos municípios que compõem o território, a exemplo de: Cacimbas a Cacimba de Areia, Mãe D’água a S. José do Bonfim,Vista Serrana a Malta, Patos a São José de Espinharas; - Falta de moradia digna; - Deficiência nos transportes públicos específicos (educação, saúde); - Acessibilidade dos prédios escolares; - Construção de bibliotecas escolares; - Falta de estrutura das estradas; - Reformas de cisternas; - Falta de sistema de telefonia em algumas localidades; - Priorização da construção de casas populares na zona urbana, fomentando o abandono da zona rural; -Falta de estruturação do aeroporto Brigadeiro Firmino Aires da cidade Patos-PB. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves - Utilização de materiais alternativos na construção civil; - Disponibilização de recursos específicos para programas de habitação; - Programas da FUNASA para saneamento básico; - Programa Social de Habitação (PSH); - Programas de abastecimento singelo; - Programas Luz no Campo e a Casa Sua; - Ações do Programa de Combate à Pobreza Rural (COOPERAR); - Programas do Ministério das Cidades; - Ação conjunta do Território e das Lideranças Políticas com atuação no Território; -Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). Ameaças - Falta de uma política pública de habitação no campo; - Falta de controle das obras, tanto pelos órgãos públicos como pela população; - Má utilização dos recursos públicos (desvios, superfaturamento); - Falta controle social na aplicação dos recursos; - Interferência dos políticos nas organizações comunitárias. AMBIENTE EXTERNO Oportunidades Eixo Aglutinador: Infraestruturas - Delegacia da Mulher (em Patos); - Associação das Mulheres (em Patos); - Escola Profissionalizante da Mulher (em Patos); - Pequenas Criadoras; - “Casa da Família” em alguns municípios; - Existência de um Projeto de Centro de Apoio à Mulher (em Patos); - Cursos de trabalhos manuais, dança, culinária, entre outros; - Programa de Saúde da Mulher; - Organismo para mulheres na estrutura do governo; - Grupos de produção (artesanato em argila, sisal, beneficiamento de frutas e outros); - Gestoras em setores públicos; - Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (em Santa Luzia); - Mulheres liderando a produção familiar em algumas localidades. - Falta de lideranças compromissadas; - Alto índice de violência contra a mulher (física e psicológica); - Altos índices de violência contra a mulher no campo; - Falta de registro documental das mulheres (CPF, RG, título da terra etc); - Falta capacitação, formação básica, continuada e profissional, geração de emprego e renda; - Falta de formação continuada para as famílias a exemplo de palestras e cursos (ou ausência de uma perspectiva de gênero nesses momentos); - Falta de incentivo financeiro para repassar nas localidades as formações e informações e experiências; - Comprometimento da auto-estima por parte de algumas mulheres pertencentes a diversos grupos sociais; - Alto índice de exploração sexual, sendo a cidade de Patos rota da exploração de crianças e adolescentes; - Faltam entidades/organizações que discutam a questão de gênero no Território; - Falta de conhecimento das políticas públicas; - Pouca mobilização/organização; - Aumento da violência contra as mulheres; -Necessidade de fortalecimento da comercialização dos produtos de grupos produtivos de mulheres. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves Ameaças - Falta de informações oficiais mais amplas (diagnósticos, planos) sobre a situação da mulher no território; - Falta divulgação sobre os direitos das mulheres; - Ausência de profissionais no PSF especializados em prestar assistência psicológica especial para mulher; - Pouca compreensão do tema pelos técnicos que prestam assistência no campo; - Não existe um Centro de Apoio a mulheres vítimas de violência; - Falta de reconhecimento da força de trabalho da mulher; - Falta efetivação das leis em prol das mulheres em específico a Lei Maria da Penha; - Ausência de profissionais das áreas de ginecologia e psicologia nas Unidades de Saúde da Família em todo o Território; - Ausência de unidades municipais da Delegacia da Mulher e fechamento das Delegacias da Mulher – onde estão presentes – no fim de semana; - Má gestão dos recursos de programas e projetos específicos; - Aumento do tráfico de drogas e o envolvimento das mulheres; - Falta de organismos para as mulheresAusência do Conselho dos Direitos da Mulher, exceto em Santa Luzia. AMBIENTE EXTERNO - PRONAF Mulher; - ASA P1MC, Fundos Rotativos; - Justiça Itinerante e Casas da Cidadania; - PSF e PAIF; - Parceria com movimentos sociais; - Experiências de comercialização dos produtos fabricados por mulheres; -Projeto Mulheres e Autonomia; -Lei Maria da Penha. Oportunidades Eixo Aglutinador: Políticas de Gênero - Museus particulares; - Comunidades Negras (Santa Luzia e Catingueira); - Grupos de Capoeira; - Comunidades Remanescentes de quilombos certificadas/reconhecidas oficialmente. Fraquezas/Entraves - Universidades e faculdades no Território não têm o sistema de cotas para negros; - Não existem espaços nem programas locais que possam resgatar e valorizar essas culturas; - Falta acesso a projetos/políticas específicas. Fraquezas/Entraves Ameaças - Falta de resgate e incentivo às várias culturas no Território; - Falta de reconhecimento e valorização das culturas índia e negra na sociedade brasileira. AMBIENTE EXTERNO Oportunidades - Programas e políticas públicas com enfoque às questões étnicas. Ameaças - Seleção feita pelo MDS e definição de metas para os beneficiários do Bolsa-Família; - A falta de estrutura para implantar e organizar as oficinas e atividades de lazer e recreação, pela falta de espaço físico do Programa Projovem Adolescente. AMBIENTE EXTERNO Oportunidades -Programas do governo federal (Projovem e PETI) ; - Benefício do Auxílio-Maternidade. Eixo Aglutinador: Etnia - Falta de um cronograma específico para a zona rural da equipe do CRAS; - Falta de valorização do BPC. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades - Atenção ao Idoso; - Visita domiciliar na zona rural da equipe CRAS; -Assistência aos idosos (abrigos). AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Eixo Aglutinador: Assistência Social ELEMENTOS GERADORES DE CRISE Infraestruturas deficientes em abastecimento, moradia, saneamento e estradas, com grande impacto negativo sobre as áreas rurais, obstaculizando o desenvolvimento social e humano. Fragilidade das políticas de segurança e autonomia alimentar e nutricional, impedindo a erradicação de enfermidades relacionadas aos hábitos alimentares e dificultando a dinamização econômica estratégica da agricultura familiar, além da imposição de uma agenda não atendida de ampliação de estruturas e aprofundamento das políticas de atenção integral em saúde Educação descontextualizada das realidades do Território, especialmente no que se refere à didática e aos currículos escolares, levando à negligência com infraestrutura das escolas do campo e desvinculação das gerações mais jovens em relação ao mundo rural e suas potencialidades Dificuldade da inserção e autonomia política e econômica das mulheres Ausência de políticas públicas duradouras de preservação do patrimônio histórico e de difusão das expressões culturais enraizadas do Território Perda difusa e acrítica de costumes e tradições locais e abandono sistemático das expressões culturais ligadas à vida e ao cotidiano do Território, acarretando o surgimento de bolhas urbanas, separadas ou indiferentes à realidade do campo, o que dificulta a integração geracional (entre grupos jovens e população idosa) e entre populações tradicionais (especialmente das zonas rurais) e zonas em processo de urbanização. DIMENSÃO SOCIOCULTURALEDUCACIONAL 2. DIMENSÃO AMBIENTAL 2.1 O contexto Semiárido O Nordeste oficialmente delimitado compreende uma área de 1.561.177,8km 2, abrangendo 09 estados e uma porção de Minas Gerais. Grande porção desta região constitui o chamado Polígono das Secas, havendo também dentro dele uma expressiva área onde os climatologistas admitem dominar um clima semiárido, ou até mesmo alguns trechos áridos. O total da área semiárida do Brasil é de aproximadamente 900.000km2, sendo superior à da maioria de alguns países da América do Sul e equivalente ao tamanho da Venezuela. Levando-se em conta as condições climáticas, a região é densamente povoada e tem uma expressiva densidade demográfica. Segundo o professor Manoel Correia de Andrade12, o quadro social se agrava pelo fato de não ter havido, no correr dos cinco séculos de exploração, uma melhor adaptação do povoamento e da exploração do território às condições naturais e de também não ter havido maior preocupação com os impactos que a exploração dos recursos naturais pudesse provocar sobre o meioambiente. Segundo Manoel Bomfim Ribeiro (Engenheiro civil e ex-diretor do DNOCS), o empobrecimento da população tem também relação direta com a degradação ambiental do semiárido.13 A maioria da literatura sobre o semiárido brasileiro destaca a concentração de chuvas em apenas quatro meses do ano, a sua irregularidade espacial, as elevadas temperaturas e a evapotranspiração, como fenômenos naturais desafiadores para a região. Numa perspectiva de sustentabilidade, no entanto, o professor J. W. Bautista Vidal14 destaca que o sol pode ser também um dos principais aliados do desenvolvimento. É dele que provém a energia infinitamente superior a todas as fontes de energia existentes. No caso do semiárido brasileiro, são cerca de 2.800 horas de radiação solar incidente por ano. Toda a energia solar que incide sobre o semiárido transforma-se, pela fotossíntese das plantas, em grande quantidade de energia química renovável. Ainda segundo Vidal, nunca houve nenhuma estratégia na região que privilegiasse este imenso 12 A Terra e o Homem no Nordeste. 1963. A potencialidade do semi-árido brasileiro. 2007. 14 In: ANDRADE, A Terra e o Homem no Nordeste. 1963. 13 60 potencial energético de origem solar, a não ser, indiretamente, pelo uso das grandes plantações de cana-de-açúcar. Segundo Manoel Bomfim, esta potencialidade da energia solar, precisa ser mais bem aproveitada nestes tempos de crise dos combustíveis fósseis e de despertar para outras fontes de energia limpa. 2.1.1 O Bioma Caatinga A caatinga, que na língua indígena quer dizer mata branca, é um dos sete biomas brasileiros e ocupa aproximadamente 10% do território nacional. Trata-se de uma vegetação adaptada à seca, com caules suculentos e raízes espalhadas para capturar o máximo de água durante as chuvas e cujas folhas pequenas e caducas reduzem a transpiração. A estes mecanismos de adaptação das plantas denomina-se de xeromorfismo. É uma vegetação diversificada que gera um cenário de contrastes. Além das cactáceas, destacam-se espécies arbóreas, herbáceas e arbustivas. Entre as plantas da caatinga, há cerca de 380 espécies endêmicas, ou seja, não acontecem em nenhuma outra parte. Ao caírem as primeiras chuvas, a caatinga perde seu aspecto rude e torna-se verde e florida. Quanto à fauna, estudos recentes mostram que várias espécies animais são endêmicas. Das 185 espécies de peixes identificadas, 106 (57%) são endêmicas. Das 06 espécies de felinos registradas na caatinga, algumas estão em ameaçadas de extinção, como é o caso do gato-do-mato. Apesar das características gerais, o bioma caatinga apresenta grande diversidade de ambientes, tanto nos aspectos geofísicos quanto da ocupação humana. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, são conhecidas pelo menos 12 tipologias diferentes de caatinga. Segundo Roberto Marinho Alves da Silva15, foi o desconhecimento dessa complexidade que levou à introdução de práticas agropecuárias inadequadas. A ocupação da caatinga no período colonial ocorreu com a formação de grandes fazendas de gado, base do latifúndio e do poder dos coronéis. Já a agricultura de subsistência, base do minifúndio, foi sendo desenvolvida através das “roças de matutos”, fator determinante 15 SILVA, Roberto Marinho A. Entre o Combate à Seca e a Convivência com o Semi-Árido. Série: BNB Teses e Dissertações nº 12. Ed. BNB. 2008 61 para a sobrevivência da população sertaneja. O processo violento de ocupação destruiu o conhecimento das populações primitivas locais, resultando em elevada pressão antrópica nas áreas frágeis da caatinga. O bioma caatinga tem sido também um cenário de enormes contradições e injustiças sociais que assumem proporções de calamidade, agravada pelas freqüentes estiagens prolongadas. A seca, porém, não se resume a conseqüências de fenômenos climáticos, ela é também fruto de uma construção política histórica que gera dependência e manutenção de uma relação estrutural de poder. Ainda hoje, o semiárido comporta a população mais pobre do Nordeste e uma das mais pobres do Brasil. A taxa de analfabetismo para maiores de 15 anos é bastante elevada em quase todos os municípios; a esperança de vida ao nascer é a mais baixa do país. O semiárido brasileiro e o bioma caatinga merecem também ser olhados do ponto de vista das suas potencialidades. Uma delas é a sua rica biodiversidade bem adaptada ao clima, que embora ainda pouco pesquisada, representa indicativos referenciais importantes ao desenvolvimento da região, caso sejam empregadas políticas e práticas baseadas em princípios de sustentabilidade. Olhando a flora da região no seu contexto, uma das manifestações que assumem aspecto admirável de quase milagre, é a “ressurreição” da flora aparentemente morta. Ao cair das primeiras chuvas, numa velocidade silenciosa e imensurável, a caatinga logo se veste de um colorido diverso e como que em uma grande festa da vida, animais de variadas formas e tamanhos também explodem em alegria. É nesta flora magistral que também se encontram as diversas utilidades para a permanência da vida: plantas forrageiras, melíferas, medicinais, frutíferas, adubadeiras e de tantas outras qualidades. Além das utilidades concretas para a reprodução da vida, a caatinga guarda profundos conhecimentos, sabedoria e solidariedade na sua relação com a terra. 2.2 Características Geo-ambientais 2.2.1. Clima No Território em estudo, o clima é caracterizado por temperaturas médias elevadas e precipitações médias anuais inferiores a 800mm, extremamente concentradas, 62 acarretando períodos de chuvas e estiagens. O período chuvoso concentra-se, historicamente, entre três e cinco meses no ano, podendo, em alguns anos, ocasionar os transtornos denominados de secas regionais, devido às irregularidades em termos de quantidade e distribuição no tempo e no espaço. A escassez de água nessa região resulta da convergência de vários aspectos: chuvas predominantemente de origem convectiva-orográfica16, concentradas numa única estação úmida de 3 a 5 meses e com uma média histórica muito irregular, orbitando em torno dos 750mm e apresentando coeficiente de variação de 30%. As temperaturas médias anuais são muito elevadas, entre 23°C e 27°C, com amplitudes térmicas diárias – isto é, a variação em apenas um dia entre a temperatura mínima e a máxima – de 10°C, amplitudes mensais de 5°C a 10°C e anual de 1°C a 5°C. A radiação solar incidente é muito intensa, registrando a média de 2800 horas por ano. Este componente ambiental, aliado à aridez acentuada, favorece o aumento da evapotranspiração das águas de superfície, fazendo com que somente 8% da chuva sejam escoados. De 2004 a 2009, um fenômeno de precipitações volumosas e constantes entre os 5 primeiros meses do ano, alterou a média pluviométrica obtida com as séries históricas. Em 2009, conforme se pode observar na tabela abaixo, registrou-se um desvio de até 174%, por exemplo, no município de Vista Serrana, com relação à média advinda dos índices anteriores. Esse volume favoreceu ao longo do período o acúmulo de água nos reservatórios, amenizando as dificuldades nos períodos de estiagem nas áreas urbanas, devido aos açudes e barragens, e nas zonas rurais, devido em grande parte às políticas de aplicação de tecnologias sociais adequadas junto a ações de educação cidadã para a boa gestão familiar de recursos hídricos, como as cisternas familiares, que agrega mobilizações comunitárias e cursos de gerenciamento da água. Mesmo assim, é ainda desafiadora a assistência à produção nos períodos entre-chuvas, faltando tecnologias adequadas para amenizar a alta taxa de evapotranspiração e garantindo água para a produção da agricultura familiar. 16 Chuvas convectivas são provocadas por altas temperaturas e evaporação intensa em períodos úmidos, comumente chamadas de chuvas de verão ou pancadas-de-chuva. Já as chuvas orográficas se originam do encontro de massas frias com regiões bruscamente montanhosas, são comuns em áreas montanhosas, como é o caso, no interior do Território, do paredão da Borborema, entre Junco do Seridó e Imaculada. 63 TABELA 3. VARIAÇÃO PLUVIOMÉTRICA (EM MM) NOS MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO MÉDIO SERTÃO, CONFORME DISPONIBILIDADE. 2004-2009. AESA. Índice Médio Desvio 2009 - - - - - - - 125,7 - - - - 957,9 501,9 1150,7 1305,3 914,8 42,7% 755,3 963,6 617,2 1530,6 1275,6 724,9 76% 941,2 596,3 800,7 604,6 924,8 1220,3 452 170% Imaculada 987,4 669,9 781,7 576,9 1046,5 768,5 597,8 28,6% Junco do Seridó 983,8 692 797,4 453,4 840,1 1069,4 - - Mãe d`Água 947,4 520 589,8 612 1010,2 925,2 705,6 31,1% Malta 957,4 558,9 803,9 510,4 1499,4 1276,9 700,5 82,3% Maturéia - 629,9 - - - - - - Passagem 978,5 607,9 968,2 503,1 871,3 1106,3 661 67,4% Patos 746,5 771,3 867,5 594,2 1363,5 1500,9 660,3 127,3% Quixaba 704,5 513,7 738,9 - - - - - Salgadinho 805,3 544,1 571,8 - - - - - Santa Luzia 816,2 445,4 637,8 433,4 815,1 798,3 507,8 57,2% 1061,4 928 1046,4 642,5 1248,2 1449,3 822,3 76,2% 966,7 659,5 688,1 - - - - - São José do Bonfim 1085,8 762,2 974,6 648,5 1022,5 1591,5 - - São José do Sabugi 909,9 387,3 731,2 532,6 1104,8 855,1 - - São Mamede 770,5 539,2 693,9 560,4 1024 938,6 759,3 23,6% Teixeira 1090 810,8 1142,8 694,6 1131 1491,6 688,3 116,7% Várzea 671,4 516 786,2 571,7 1090,8 699,9 - - Vista Serrana 1237,2 380,2 1031,6 643 1287,2 1250,9 456,1 174,3% MÉDIA TERRITÓRIO 933,55 593,3 831,1 545,89 1115,34 1148,45 665,44 82,57% MUNICÍPIO 2004 2005 2006 - 303,1 790,4 - - 814,4 552,4 879,6 - - 565,5 871,2 Catingueira 1082,8 530,2 Condado 1046,3 Desterro Areia de Baraúnas Cacimba de Areia Cacimbas Santa Teresinha São José de Espinharas 2007 2008 2009 Até o fechamento deste diagnóstico, o nível de precipitação de 2010 estava 25,8% abaixo da média anual. 2.2.2. Solos Depois dos recursos hídricos, os solos do semiárido constituem o segundo conjunto de recursos mais escassos, tanto para agricultura de sequeiro como para a irrigada. Nas áreas mais afetadas pelas secas, os solos são geralmente ondulados, rasos, pedregosos na sua maioria, erodidos e de fertilidade mediana, com exceção dos solos de 64 baixadas ao longo das margens dos rios e riachos, e os de chapadas, nem sempre de topografia suave. Segundo o Levantamento Exploratório – Reconhecimento de solos do Estado da Paraíba (1972), predominam no Território Médio Sertão, os solos Bruno Não-Cálcico de fase pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado associados aos Litólicos Eutróficos com A fraco, textura arenosa e/ou média fase pedregosa e rochosa caatinga hiperxerófila, relevo ondulado substrato gnaisse e granito. Estes solos apresentam fertilidade natural alta, porém os teores de Matéria Orgânica e Fósforo são limitados, o uso agrícola se restringe devido à pequena profundidade, susceptibilidade à erosão, pedregosidade superficial e à falta d’água. São mais indicados à pecuária. Outra combinação, porém com ocorrência menos freqüente, associa solos Litólicos Eutróficos com A fraco, textura arenosa e/ou média, fase pedregosa e rochosa, caatinga hiperxerófila, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato gnaisse e granito e Afloramento de Rochas. São solos que apresentam fortes limitações à exploração agrícola devido ao relevo acidentado, pedregosidade e rochosidade, susceptibilidade à erosão e falta d’água. Em alguns trechos, quando apresentam vales mais abertos e topos abatidos, podem ser explorados por sistemas agrícolas ou pecuários. Dentro do predomínio deste tipo de associação estão os municípios da Serra do Teixeira e o município de Junco do Seridó. Esses solos apresentam alta susceptibilidade à erosão, sobretudo à laminar, pouco perceptível e conseqüentemente mais problemática, pois remove a camada superficial do solo, mais rica em matéria orgânica. A maior parte destes solos foi explorada com o algodão-mocó e pecuária bovina de corte. Também foram utilizados, secundariamente, pela criação de caprinos, porém sua exploração com atividades alternativas está cada vez mais reduzida. Com a diminuição da produção algodoeira, estes solos foram tendo seu uso restrito ao desenvolvimento extensivo da caatinga, cujas espécies são utilizadas na extração de madeira para a produção de lenha e carvão, para diversas finalidades. As atividades agrícolas e pecuárias atualmente conduzidas no Território diagnosticado, quase sempre são encontradas nas faixas aluviais de alguns rios e riachos, ou às margens de açudes. Os solos de melhor fertilidade física e química 65 MAPA 6. SOLOS. MÉDIO SERTÃO. IBGE. têm sido utilizados para a produção de lavouras alimentares, de frutas e forrageiras, sendo esta última crescente na região para atender a produção do gado leiteiro. 2.2.3 Vegetação A região semi-árida (ou domínio da Caatinga) compreende 925.043 km2, ou seja, 55,6% do Nordeste brasileiro. Com base na interação entre vegetação e solo, a região pode ser dividida nas seguintes zonas: domínio da vegetação hiperxerófila (34,3%); domínio da vegetação xerófila (43,2%); ilhas úmidas (9,0%), agreste e área de transição (13,4%). A vegetação predominante é a caatinga, mas são observadas outras formações florestais nos microclimas existentes na região. Atualmente, há dificuldade em se encontrar remanescentes da vegetação nativa em estágio clímax, porém, vários vestígios indicam que no passado estas áreas eram cobertas por uma mata seca de alto porte, dominada por baraúnas, aroeiras, pereiros e catingueiras. A vegetação da região encontra-se num estado de degradação acentuado, a mata foi reduzida a uma vegetação rala de juremas sobre uma relva de capim-panasco, conseqüência da expressiva dependência dos setores industrial e residencial pelos recursos florestais numa região com características naturais de semiárido, explorando exaustivamente uma região com baixos rendimentos volumétricos obtidos por unidade de área e que necessita de longo tempo necessário para a regeneração total da mata nativa. O fato de as estacas de cerca, muito usadas nos estabelecimentos rurais, na Paraíba, já serem importadas de outros estados, é um exemplo que ilustra bem a agregação desses dois fatores. Dentre as formações vegetais da caatinga hiperxerófila, a vegetação dos relevos é, de modo geral, a menos degradada. Porém nos relevos residuais que apresentam condições climáticas mais amenas, a vegetação sofre mais intensamente a ação dos cultivos. Nessas áreas desenvolve-se uma mata seca dominada pelo angico bravo. As outras espécies ocorrentes são, às vezes, esparsas, em função dos desmatamentos seletivos. Sob a mata residual fechada, o estrato arbustivo é inexpressivo, contudo, qualquer tipo de degradação acarreta o aparecimento do marmeleiro-preto, que se torna invasor quando diminui o estrato lenhoso alto, e multiplicam-se os angicos, as favelas, e principalmente, a catingueira. 67 O território apresenta uma realidade econômico-florestal caracterizada por elevada dependência energética em relação à lenha e carvão vegetal, utilizados tanto para consumo domiciliar quanto para o setor industrial. Essa realidade é agravada pelas características edafoclimáticas da região e pelo baixo nível tecnológico das indústrias. 2.2.4 Preservação da Biodiversidade Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2004), foram identificadas no Território três áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade da Caatinga: PATOS/SANTA TERESINHA (abrangendo os municípios de Patos, Santa Teresinha, São José do Bonfim e Mãe d´Água), SERRA DO CARIRI (no município de Imaculada) e SERIDÓ/BORBOREMA, área composta principalmente por municípios do Rio Grande do Norte, mas que ainda abrange os municípios de Patos, São Mamede, Santa Luzia, São José do Sabugí e São José de Espinharas, no Território Médio Sertão. São áreas de extrema importância para a conservação do Bioma Caatinga, pois contém espécies endêmicas da flora e fauna ameaçadas de extinção e sítios de reprodução de avoantes. Contudo no Território existem apenas três áreas de preservação: o Parque do Pico do Jabre, localizado nos municípios de Maturéia e Mãe d´Água (com extensão de 500ha); junto a uma Unidade de Conservação Estadual, que circunda o Pico do Jabre, ponto de relevo mais alto da Paraíba, no município de Maturéia, com 1.197,0 m de altitude; e a Fazenda Tamanduá, no município de Santa Terezinha, que é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). 68 MAPA 7. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. IBGE. 2.2.5 Recursos Hídricos O Território está localizado na sua maior parte nos terrenos de origem cristalina com baixa capacidade de retenção, inibindo a formação de aqüíferos subterrâneos e agravando os desafios de otimização no manejo dos recursos hídricos. Localizado no interior da Bacia do Rio Piranhas, o principal rio do Médio Sertão é o Piranhas, que drena toda a região sertaneja e deságua no Estado do Rio Grande do Norte. Os principais componentes de sua bacia são os rios Piancó, Peixe e Espinharas. Todos estes rios são temporários. Os municípios do Território, quanto à localização hidrográfica, estão assim distribuídos, dentro da Bacia do Rio Piranhas: Bacia do Rio Piranhas 1.1. Sub-bacia Piancó – Catingueira e Imaculada 1.2. Sub-bacia do Médio Piranhas – Condado e Vista Serrana 1.3. Sub-bacia Espinharas – Areia de Baraúnas, Cacimba de Areia, Cacimbas, Desterro, Junco do Seridó, Mãe d’Água, Malta, Maturéia, Passagem, Patos, Quixaba, Salgadinho, Santa Teresinha, São José de Espinharas, São José do Bonfim e Teixeira 1.4. Sub-bacia Seridó – Santa Luzia, São José do Sabugi, São Mamede e Várzea. Um estudo do Ministério do Meio Ambiente (MMA) (2004) sobre fatores abióticos do semiárido nordestino indica que o potencial hidrogeológico é baixo na maior parte da área que compõe o Território, com predominância de águas salinas, terrenos cristalinos impermeáveis, ocupando 50% de toda área, solos pouco desenvolvidos, rasos, pedrosos e de baixa capacidade de armazenamento de água, cursos de água que atingem um ponto de esgotamento no mês seguinte ao período das chuvas, além de uma densidade demográfica considerada alta. Nesse contexto, levanta-se como hipótese de solução a adoção de políticas mais destacadas que privilegiem a captação e o armazenamento de águas de superfície, por meio da açudagem e da perenização de rios. O território conta com quinze grandes reservatórios hidrográficos, com capacidade total de armazenar 255.915.143m 3 e que, segundo a leitura de novembro de 2009, tinham acumulados 201.032.006m 3 (74,89%). Estes mananciais, entretanto, suprem apenas parcialmente as necessidades da população 70 das áreas urbanas, ocasionando, nas épocas mais críticas de estiagem, crises de falta de água e racionamentos. A agricultura e pecuária são abastecidos por pequenos açudes e barreiros, porém é comum a perda total de lavouras e rebanhos, já que a água captada por esses mananciais não supre suas necessidades e são inexpressivos os empreendimentos familiares que utilizam algum sistema de irrigação sustentável. TABELA 4. VOLUMES DE ÁGUA NOS RESERVATÓRIOS MÉDIO SERTÃO. NOVEMBRO/2009. AESA. PÚBLICOS (EM METROS CÚBICOS) DO CAPACIDADE MÁX. VOLUME ATUAL TERRITÓRIO % VOLUME TOTAL MUNICÍPIO RESERVATÓRIO Catingueira Condado Desterro Imaculada Cachoeira dos Cegos Engenheiro Arcoverde Jeremias Albino 71.887.047 36.834.375 4.658.430 1.833.955 58.421.408 31.967.345 4.007.197 1.507.824 81,3 86,8 86 82,2 Patos Farinha 25.738.500 19.036.625 74 Patos Jatobá I 17.516.000 13.664.175 78 Santa Luzia Santa Luzia 11.960.250 9.119.262 76,2 Santa Teresinha Capoeira 53.450.000 38.937.323 72,8 São José do Sabugi São José IV 554.100 160.568 29 São Mamede São Mamede 15.791.280 11.387.208 72,1 Teixeira Bastiana 1.271.560 948.268 74,6 Teixeira Riacho das Moças 6.413.411 5.290.141 82,5 Teixeira Sabonete 1.952.540 1.535.766 78,6 Teixeira São Francisco II 4.920.720 4.362.176 88,6 Várzea Várzea 1.132.975 686.720 60,6 255.915.143 201.032.006 74,89 TOTAL TERRITÓRIO Dos perímetros irrigados da Paraíba, dois estão situados no Médio Sertão: o primeiro, o Perímetro Irrigado Engenheiro Arcoverde, do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), no município de Condado, localizado na Bacia Hidrográfica do Médio Piranhas. Encontrava-se inoperante desde 1989 por insuficiência hídrica, porém, segundo a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento - SAIA, esta dificuldade foi sanada com a construção da adutora Coremas/Sabugí e o perímetro revitalizado pelo Governo Estadual e parceiros. O açude Engenheiro Arcoverde tem capacidade para cerca de 36 milhões de metros cúbicos e em novembro de 2009 acumulava um volume de 71 31.967.345m3 (86,8% da MAPA 8. RECURSOS HÍDRICOS. OBRAS DE CAPTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E PRODUÇÃO. SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS. MÉDIO SERTÃO. AESA. IBGE. capacidade total). O segundo, o Perímetro Irrigado Capoeiras, localizado na Bacia do Espinharas, está, desde 2003, abandonado por indisponibilidade hídrica do açude Capoeiras, que fica localizado nos municípios de Patos, Santa Teresinha e São José do Bonfim. A comporta da fonte foi fechada desde 1998 e, apesar da recuperação da capacidade hídrica do reservatório e por conta de dificuldades na gestão, o perímetro continua desativado. Na relação dos principais reservatórios do Estado ainda consta, no Médio Sertão, o açude Cachoeira dos Cegos, localizado no município de Catingueira, situado na Bacia Hidrográfica do Piancó. Segundo o Atlas de Obras Prioritárias do Projeto Proágua Semiárido, do Governo Federal, este é um dos reservatórios contemplados no Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional. Alternativas vêm sendo elaboradas e executadas para amenizar as conseqüências da seca para a população, como, por exemplo, a implantação de 18 Sistemas Adutores Integrados de Abastecimento de Água, no Estado da Paraíba, beneficiando municípios considerados de alto risco hídrico. Estão integrados ao Sistema Adutor Coremas/Sabugi, cuja fonte hídrica é o Açude Coremas/Mãe d’Água, dez municípios sertanejos, dos quais oito estão no Médio Sertão: Condado, Malta, São José de Espinharas, Patos, São Mamede, Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea, cujas populações do perímetro urbano têm assegurado o abastecimento inclusive nos períodos de seca. Entretanto, para as populações do campo, a ação mais efetiva é sem dúvida a construção de sistemas de captação e armazenamento da água da chuva para consumo humano. A tecnologia considerada mais adequada e a mais popularizada é a das cisternas de placas. O Programa 1 Milhão de Cisternas e outras ações parceiras (como o Projeto Raízes em Cacimbas-PB e os FRS) de 2001 a 2009 haviam instalado no território 6.200 cisternas, atendendo 49,2% do total de famílias da zona rural. Os municípios com o maior número de cisternas foram São José de Espinharas (483 cisternas), Patos (478 cisternas), Imaculada (453 cisternas) e Cacimbas (449 cisternas). 73 Em relação a outras políticas públicas, os programas de cisternas se sobressaem porque agregam às implementações usuais a mobilização social, o fortalecimento das instâncias comunitárias de decisão, a valorização do papel das famílias na manutenção e gestão do sistema e a dinâmica de participação em cirandas de economia solidária. Menos freqüentes, mas ainda assim já bastante disseminados, os sistemas de captação e armazenamento da água de chuva para a produção também têm se destacado como estratégia que alia eficiência técnica, segurança hídrica e autonomia produtiva. Dentre as alternativas, as barragens subterrâneas, os cisternões – à maneira das cisternas para consumo humano – adaptados para a roça e os tanques em pedra são os mais comumente utilizados. Entretanto, apesar de já aceitas como estratégias extremamente oportunas e de unirem sociedade civil e instâncias governamentais no processo de implantação, essas ações necessitam de consolidação como política pública prioritária, devido ao fato de serem insuperavelmente mais sustentáveis econômica, política, social e ambientalmente do que as ações consideradas de grande porte, historicamente estabelecidas em vista da manutenção de um modelo produtivo de subserviência política e patrimonialismo. As adversidades climáticas impostas à região não são tão responsabilizadas pela população como principais causas históricas quanto a ineficiência das ações nessa área, a apropriação dos recursos hídricos do Território para fins de clientelismo político e também o uso desordenado desses recursos. 2.2.6 Recursos Minerais No semiárido estão presentes as mais importantes áreas de ocorrência mineral do Nordeste e o Estado da Paraíba dispõe de grandes reservas de minerais metálicos e nãometálicos, sendo, por exemplo, o maior produtor de calcário nordestino. O Estudo Geologia e Recursos Minerais do Estado da Paraíba, realizado pelo Ministério de Minas e Energia (2002), levantou uma quantidade significativa de jazimentos minerais nos municípios do Médio Sertão. Estão catalogadas 132 ocorrências, sendo as mais freqüentes as seguintes substâncias: Tungstênio (27,3%), Turmalina (22,7%), Calcário (13,6%), Bário (6,8%), e Rocha ornamental (6,1%), entre outras. Conforme informações do estudo “Economia Mineral do Brasil” (2009: 148) do Departamento Nacional de Produção 74 Mineral (DNPM), as principais reservas do Brasil de scheelita – mineral com alta concentração de tungstênio – se encontram na região do Seridó, que abrange a parte mais a leste do Território do Médio Sertão. A exploração desse mineral, entretanto, tem estado em constante decréscimo desde 1997, conforme a perspectiva do mesmo estudo. De alguns desses minérios existem garimpos em atividade, e boa parte deles é explorada por pequenos produtores. São atividades realizadas sazonalmente, por garimpeiros, em épocas de forte estiagem, inviabilizando as condições propícias para a agricultura. As ocorrências acima citadas aparecem na grande maioria dos municípios do Território, porém constam como produtores nas estatísticas minerais do Ministério de Minas e Energia, os municípios de Imaculada, Junco do Seridó, Patos, São José de Espinharas, São Mamede e Santa Luzia, onde há recolhimento da CFEM – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais. Entretanto, a participação do território no âmbito dessa atividade para a economia estadual tem se reduzido drasticamente. Se em 2005, dos R$ 2.095.013,57 recolhidos no Estado, os municípios do Território participaram com 39,6%, (concentrando apenas o município de Junco do Seridó 36,4% do recolhimento total da CFEM no Estado), em 2008, o Estado recolheu R$ 2.153.164,11, para os quais cinco municípios do Território contribuíram com R$ 67.939,48, ou 3,15%. Os últimos dados disponibilizados pelo DNPM são de 2009 e apontam que enquanto o total arrecadado pelo Estado aumentou em 53,2%, o total dos impostos arrecadados pelos seis municípios do Território citados como produtores caiu 61%. Segundo os registros do DPNM,17 de 1962 a 2010 já foram catalogados 499 requerimentos para atividades com 32 espécies de minérios no território, sendo que 93,1% desses processos permanecem nos registros do Departamento apenas como atividades de pesquisa e os 6,9% restantes aparecem como licença, concessão (parcial) ou lavra liberadas para exploração. Dos processos registrados, 83,2% estão no cinturão que abrange os municípios de Catingueira, Santa Teresinha, Patos, São José de Espinharas, São Mamede, Santa Luzia, São José do Sabugi, Junco do Seridó e Salgadinho. Os minerais mais requisitados para pesquisa e exploração são granito (22,3%), ferro (16,34%), ouro (11,6%) 17 e caulim (11,3%), o que contrasta Os processos estão disponíveis no sítio eletrônico do DNPM apenas para a administração. 75 com a MAPA 10. JAZIMENTOS E SUBSTÂNCIAS MINERAIS. DNPM. IBGE divulgação midiática da Turmalina-Paraíba18 como grande potencialidade (ainda que depois da década de ’90 tenha declinado a sua procura, devido à possível exaustão dos jazimentos) e da comprovação em documentos oficiais de que as jazidas de tungstênio/scheelita de parte da região do território são as principais do país. No gráfico abaixo, pode-se observar a tendência de crescimento expressivo da exploração mineral no território a partir de meados da década de ’90, tendo seu auge entre os anos de 2004 e 2008, nos quais as espécies mais requisitadas tiveram altos índices de pesquisa/exploração. Outras tendências podem ser destacadas como a estabilidade na procura do granito, desde a década de ’80, e a trajetória contígua entre a turmalina e o caulim. GRÁFICO 1. EVOLUÇÃO NA PESQUISA E EXPLORAÇÃO DE MINÉRIOS NO TERRITÓRIO DO MÉDIO SERTÃO, PARAÍBA. SÉRIE 1962-2010. A PARTIR DE DADOS DO DNPM. Entretanto, esses dados, ainda dispersos, confrontados com os relatos das populações locais do território, revelam que a atividade mineradora na região pode estar sendo desenvolvida à margem da legalidade. Como atestado em muitas publicações historiográficas, e mais contundentemente no renomado “As veias abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano, a exploração das variadas riquezas minerais em toda a América Latina tem sido caracterizada, desde a época colonial, pelo controle das 18 Como em: http://www.achanoticias.com.br/noticia_pdf.kmf?noticia=1710145 77 reservas e do saber pelo capital internacional, a indiscriminada agressão ao meio ambiente, a exploração opressiva dos trabalhadores das minas e a pouca ou nenhuma atuação do Estado no sentido de modificar essas relações. No caso do Território do Médio Sertão da Paraíba, embora recente e incipiente (e em escalas menores do que as experiências da prata no século XVII, do ouro no séc. XVIII, do cobre e do petróleo no século XX, que ilustram o estudo citado), essa atividade padece das aparentes constantes históricas detectadas acima. Além dos impasses na intervenção de políticas públicas efetivas, as informações existentes são de difícil acesso e dispersas. Durante as oficinas de autodiagnóstico para a elaboração deste documento, as lideranças dos municípios implicados na mineração apontaram a disseminação de enfermidades pulmonares – associadas à exploração do caulim, à ausência de uma sistematização sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos dessa atividade na região e as dificuldades na organização dos trabalhadores (as) do minério como os principais desafios a serem superados. 2.1.7 Principais desafios do desenvolvimento com sustentabilidade ambiental Os limites do desenvolvimento sustentável resultam do próprio sistema de interação entre os atores e da utilização dos recursos naturais (água, solo, minerais e vegetação), por meio de um conjunto de processos produtivos específicos aliado aos fatores climáticos, às condições geológicas, pedológicas, hidrológicas, à cobertura florestal e aos ecossistemas naturais fragilizados e ameaçados pelas intervenções humanas locais. Estes fatores em conjunto geram restrições ao processo de desenvolvimento, agravados por condicionantes de ordem socioeconômica, cultural e político institucional. Há um acentuado estado de redução ou muitas vezes eliminação da população de espécies vegetais nativas. Segundo estudos do MMA (2004), observa-se que no Estado da Paraíba, apenas 1/4 dos seus municípios apresenta mais de 20% de cobertura de mata e quase nenhuma em mais de 40%. Esse fato é uma realidade do Estado como um todo. Esta degradação deve-se principalmente ao fato da sobrecarga das pastagens nativas que suportam grande quantidade de animais, principalmente bovinos, caprinos e ovinos. A capacidade de suporte dessas pastagens é variável e proporcional à disponibilidade de 78 água e, em quase todas, a capacidade recomendada tende a ser ultrapassada. As populações animais sofrem forte competição e muitas foram ou podem ser eliminadas. A composição das comunidades vegetais é alterada, pois, enquanto as populações das espécies mais palatáveis, que sofrem uma grande pressão, tendem a se reduzir, e as populações das espécies não consumidas pelos rebanhos podem aumentar bastante. O pisoteio e a abertura de trilhas são efeitos adicionais na vegetação. Outro fator que acelera a degradação da vegetação é conseqüência do extrativismo vegetal. O consumo de lenha e carvão, embora venha diminuindo para o uso doméstico, com a substituição do seu uso pelo gás, ocorre em níveis não suportáveis. Na indústria este fato (redução do consumo) não se repete, pois as cerâmicas, olarias e padarias são usuárias tradicionais e as indústrias de gesso e de cimento, usuárias em expansão. O extrativismo vegetal, que tradicionalmente estava ligado à abertura de áreas para plantio na agricultura itinerante, passa a ser uma fonte de renda esporádica em áreas onde não existem alternativas de exploração rentável. Por outro lado, práticas agrícolas inadequadas ainda em uso aumentam a vulnerabilidade da biodiversidade. As queimadas são ainda freqüentes e fazem parte das práxis antigas arraigadas culturalmente, acarretando o desgaste dos solos, a perda repentina das sementes e o empobrecimento da diversidade de microorganismos presentes. A destruição da cobertura vegetal, por sua vez, como resultado dos desmatamentos e queimadas, é uma causa imediata da degradação das fontes, mananciais e cursos de água, principalmente devido ao fato de as matas ciliares e a vegetação próxima às fontes de água serem extremamente vulneráveis às atividades agressivas. A erosão dos solos têm provocado o assoreamento dos cursos d´água, trazendo como conseqüência inundações e a perda da capacidade de acumulação dos reservatórios. Além disso, o uso irracional da água e o lançamento de agentes poluidores agravam o estado dos mananciais e a qualidade das águas disponíveis. Na prática, inexistem no território ações públicas de fiscalização e controle de afluentes industriais, lixo e agrotóxicos, e de um sistema de saneamento do esgoto urbano, associado à condição de intermitência dos mananciais. O principal exemplo disso é o Rio Espinharas, importante componente da bacia hidrográfica regional, que se encontra totalmente poluído em todo o seu percurso pelos municípios do território. 79 Um desafio destacado no território é a questão do lixo. O lixo doméstico ainda é o de maior quantidade, e sua medição se dá per capita, embora a presença do lixo hospitalar e do lixo industrial já sejam sentidas. Com o crescimento da urbanização esse problema se torna mais complexo e de maior abrangência. A quantidade crescente e a falta de sistemas adequados para recepção e tratamento desses resíduos tornam a situação crônica. A solução para esse problema requer procedimentos e manejos diferentes, de acordo com a natureza e fonte onde o lixo é produzido, e por requerer projetos territorializados e localizados é que surgem as principais dificuldades de se aplicar soluções eficazes. Como as Prefeituras não dispõem de estrutura e de recursos materiais para administrar este problema, que na prática se constitui na coleta e no destino final do lixo, e como a maioria dos tipos de convênio com outras instâncias depende de projetos convencionais e genéricos, torna-se urgente definir uma política estratégica para o Território que aponte soluções adequadas para esta dificuldade, que na zona rural se amplifica devido à total inexistência de infraestrutura para se relacionar com o lixo. 80 - Sistema integrado de abastecimento, para consumo humano nas comunidades urbanas e rurais; - Existência de nascentes, olhos d’água e outras fontes naturais; - Bacias hidrográficas Piranhas-Açu Subbacias do Piancó, Espinharas e rios secundários; - Grandes barragens e açudes com projetos de irrigação; - Poços amazonas e artesianos; - Cisternas de placas; - Tanques de pedra. - Uso inadequado das águas; - Apropriação das nascentes, açudes e poços públicos por particulares para clientelismo político (indústria da seca); - Falta de estudos sobre os recursos hídricos no território; - Trabalho ainda incipiente de conscientização para o uso correto da água; - Assoreamento dos rios, riachos e açudes pela exploração do solo e dos recursos florestais; - Falta de estudos sobre potencial hídrico da região; - Falta de manutenção contínua no sistema integrado de abastecimento; - Falta de monitoramento da qualidade das águas; - Falta de estudo sobre potencial hídrico da região; - Infraestrutura – pouca capacidade hídrica; - Uso desordenado e irregular dos recursos na irrigação, devido à falta de acompanhamento técnico e de aplicação de tecnologias adequadas; - Falta educação ambiental. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves Ameaças - Ciclo das secas e estiagens; - Poluição dos mananciais, mesmo na seca (irresponsabilidade); - Falta de fiscalização para o uso racional da água; - Previsão de colapso dos recursos hídricos; - Transposição do Rio São Francisco; - Rigidez excessiva da legislação ambiental referente ao uso de recursos hídricos para irrigação; - Manipulação de programas emergenciais para fins eleitoreiros. AMBIENTE EXTERNO - Implantação do Comitê Gestor da bacia Piranhas-Açu; - Tecnologias apropriadas como cisternas e barragens subterrâneas e outras iniciativas, irrigação localizada com uso racional de água; - Construção e ampliação de reservatórios familiares de captação e armazenamento de água, a partir do P1MC; - Investimento e financiamentos voltados ao uso adequado dos recursos hídricos; - Campanhas educativas com peso social (personalidades divulgando as boas práticas) de uso da água; - Aproveitamento de adutora para abastecimento na zona rural (em processo de implementação, na comunidade de Pitombeiras – Várzea); - Transposição do Rio São Francisco. Oportunidades Eixo Aglutinador: Recursos Hídricos AUTODIAGNÓSTICO - Diversidade biológica (banco genético) ; - Atração turística; - Projeto do Centro de Triagem de Animais Silvestres; - Animais domésticos nativos ou adaptados à região semi-árida. - Fauna diversificada; - Estudo da fauna e da flora para a convivência com o semiárido. - Falta de conscientização ambiental; - Processo de desertificação; - Aumento da caça predatória; - Extinção de animais silvestres; - Falta de órgãos de fiscalização dos municípios; - Pouca atuação por parte dos órgãos de fiscalização das esferas federal e estadual. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves Ameaças -Burocracia no acesso e dificuldade de gerenciamento de recursos para investimentos e incentivos à preservação; -Falta integração dos órgãos ambientais governamentais na área do meio ambiente; -Fiscalização insuficiente por parte dos órgãos competentes; - A caça e o tráfico de animais silvestres. AMBIENTE EXTERNO -Aumento do número de pesquisas sobre a fauna da caatinga; -Incentivo à expansão da piscicultura e apicultura; -Conscientização/ capacitação para manejo da fauna e da flora; - Elaboração de projetos para preservação e uso racional para alimentação; - Preservação genética das espécies; - Surgimento dos Planos Nacional e Estadual de Combate à Desertificação. Oportunidades Eixo Aglutinador: Recursos Faunísticos - Oferta de recursos florestais no Território do Médio Sertão; - Múltiplas aptidões dos recursos florestais para atender às necessidades da agricultura familiar (forragens, frutas alimentícias, apicultura, plantas medicinais e de uso industrial); - Plantas nativas agricultáveis adaptadas com sementes caboclas viáveis (sementes da paixão); - Manejo racional proporcionando oportunidade de geração de renda a partir de produtos florestais da caatinga; - Presença de ONG’s que trabalham com a dimensão ambiental; - Universidade de Engenharia Florestal e Veterinária e Mestrado em Sistemas Agrossilvopastoris; - Existência de unidades de proteção e conservação e potencial para criação de novas Unidades. - Falta de orientação e outras oportunidades de renda; - Exploração predatória de espécies nobres; - Uso de queimadas; - Tradições que incentivam uso inadequado dos recursos florestais; - Ausência de ações e programas de reflorestamento, assistência técnica e extensão florestal; - Desvalorização dos recursos florestais da caatinga; - Práticas antrópicas inadequadas acarretam o avanço da desertificação e a degradação da caatinga; - Desmatamento e degradação ambiental pela atividade mineradora; - Retirada das matas ciliares; - Falta de socialização e apropriação das pesquisas acadêmicas existentes; - As queimadas e desmatamento como hábito cultural da população; - O elevado uso da lenha e carvão para o consumo doméstico, cerâmicas, caieiras e outras atividades industriais. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves Ameaças - Desvalorização do bioma caatinga; - Poucos investimentos para manutenção do bioma; - Isolamento e atuação ineficiente dos órgãos oficiais de fiscalização; - Pouca divulgação do tema e da importância dos recursos florestais; - Tratamento nivelado de todos os biomas pela legislação ambiental, desrespeitando as particularidades. - Os pacotes do Governo para agricultura causaram degradação do meio ambiente (exemplo, antigas culturas do algodão e conseqüente desmatamento). AMBIENTE EXTERNO - Mercado consumidor com bons preços para produtos florestais da caatinga; - Exigências técnicas e legais que podem otimizar o cenário; - Rede de extensionistas florestais em formação; - Associação de reposição florestal no Território do Médio Sertão e entorno; - Áreas protegidas – RPPNS; - Curso Universitário de Engenharia Florestal no Semiárido; - Capacitação e Incentivo ao uso racional de produtos vegetais no artesanato. Oportunidades Eixo Aglutinador: Recursos Florestais - Grande quantidade de minérios (caulim, manganês, turmalina, burilo, xelita, estânio, mármore) e pedras preciosas e semi-preciosas - somente Salgadinho tem capacidade produtiva de 1.200 t/dia de caulim; - Boa qualidade dos recursos minerais nãometálicos. - Exploração inadequada; - Inexistência de controle na exploração; - Trabalho clandestino; - Evasão dos dividendos da exploração destinados aos municípios; - Alto índice de enfermidades causadas pelo trabalho nas minas; - Alto número de acidentes trabalhistas; - Falta de organização, estruturação e capacitação para extração mineral sustentável para pequenos produtores; - Modificações rápidas no meio ambiente; - Subutilização das instalações da Mina-Escola; - Pouco aproveitamento dos minerais não-metálicos; - Divulgação incipiente ou nula de estudos sobre a exploração mineral no Território; - Dificuldade de acesso às informações sobre a realidade da mineração (diagnóstico). AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves Ameaças - Exploração do trabalho (Exploração capitalista da mão-de-obra local); - Degradação ambiental na extração do caulim; - Dejetos jogados nos aqüíferos; - Exploração irracional dos recursos; - Monopólio de Empresas estrangeiras na extração, beneficiamento e comercialização das riquezas minerais; - Influência política de outras regiões; - Contaminação e extinção do lençol freático; - Condições insalubres de trabalho, provocando doenças nos trabalhadores da mineração; - Esgotamento das riquezas minerais. AMBIENTE EXTERNO - Industrialização dos minérios; - Mercado consumidor; - Receita a ser gerada; - Emprego e renda; - Fixação do homem na região; - Reestruturação da Mina-Escola. Oportunidades Eixo Aglutinador: Recursos Minerais - Potencial para o ecoturismo; - Sítios arqueológicos, cavernas, inscrições rupestres; - Produtos fitoterápicos e artesanais; - Recursos Genéticos das plantas nativas para usos múltiplos. - Falta de conscientização para a conservação e preservação dos sítios arqueológicos; - Falta de divulgação das potencialidades turísticas do território; - Falta de infraestrutura e de uma política educacional cujo eixo seja a convivência com o semiárido; - Sistemas produtivos agressivos aos recursos naturais; - Modificações agressivas do meio ambiente (degradação); - Esgotamento das riquezas minerais. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves Ameaças - Políticas públicas locais insuficientes ou inexistentes. AMBIENTE EXTERNO - Parque Estadual Pico do Jabre; - Turismo ecológico. Oportunidades Eixo Aglutinador: Outros recursos naturais ELEMENTOS GERADORES DE CRISE Falta de um estudo integrado sobre a biodiversidade do território e de instituições dedicados exclusivamente à pesquisa, à preservação da biodiversidade e à promoção de intervenções humanas (especialmente de sistemas agrícolas) ambientalmente responsáveis e economicamente sustentáveis Exploração indiscriminada e agressiva de recursos minerais, piorados pela ausência de informações públicas e consistentes sobre essa atividade, acarretando problemas generalizados de saúde humana, desorganização dos trabalhadores e trabalhadoras e danos ambientais crônicos ao entorno. Fragilidades no uso e gestão das águas, aumentadas pelo desmatamento em áreas de nascentes e pela ocupação indiscriminada das margens dos mananciais Urgência em ações de aterramento e reciclagem do lixo e de tratamento de esgotos Permanência do uso de agrotóxicos, acarretando poluição das águas e das terras e produzindo danos na saúde dos animais e da população. Ausência de instâncias locais tanto de controle governamental quanto de controle social de políticas públicas relacionadas ao meio ambiente DIMENSÃO AMBIENTAL 3. DIMENSÃO SOCIOECONÔMICA As dinâmicas socioeconômicas da região semiárida do nordeste brasileiro estiveram historicamente atreladas aos ciclos produtivos hegemônicos do país. Durante o período colonial, enquanto a zona-da-mata se dedicava à monocultura da cana-de-açúcar escravagista para exportação, no sertão a pecuária extensiva e a agricultura de subsistência serviam para subsidiar os engenhos do litoral. Com o extermínio sistemático das populações indígenas perdeu-se também os antigos saberes de convivência com a região, que passou a ser observada apenas em seu valor utilitário para o ciclo de produção vigente. Até o início do século XX havia pouquíssimas áreas urbanas no interior. Os períodos de longa estiagem e a completa ausência de políticas públicas apropriadas à convivência sustentável com a região desencadearam intensos processos de migração, sempre de acordo com os mecanismos de produção privilegiados historicamente. Ora o ciclo da borracha nas florestas do norte do país, ora a construção civil e a efervescência urbana no sudeste eram propagandeados por entre as populações do semiárido como oportunidade de fuga da seca e de uma geração de renda considerada impossível no lugar natal. Portanto, ao fator material da ausência de infraestruturas que possibilitassem o desenvolvimento local, estava agregado o fator ideológico, com um discurso que desenhava cenários mórbidos de forma a minimizar as potencialidades da região e manter a estrutura sociopolítica de concentração do poder e dos recursos. Olhando especialmente para a predominante realidade rural, a economia da zona semiárida nordestina ainda se apresenta como um complexo de pecuária extensiva e agricultura de baixo rendimento. Do ponto de vista das famílias do campo, a atividade mais importante é a agrícola; do ponto de vista do proprietário das terras, é a pecuária. Na fazenda típica da região, combinam-se criação e culturas, atividades que se destinam ao mercado e dão origem a um fluxo de renda monetária que corre em via única, concentrando a renda e as possibilidades de desenvolvimento. A renda criada pela pecuária é apropriada, em sua quase totalidade, pelo fazendeiro; a que provém das culturas divide-se, quase sempre, em partes iguais, entre o dono da terra e o cultivador. Para o trabalhador rural, importa menos a meação da cultura que a agricultura de subsistência. 87 O discurso de desvalorização das potencialidades do semiárido ainda persiste, mudando apenas seus elementos imaginários, e nos últimos tempos encontra a sua justificativa nas rendas de seguridade, como empregos públicos e subsídios governamentais. As bolsas, pensões e aposentadorias, se, por um lado, são auxílio indispensável para a autonomia da renda dos mais empobrecidos, por outro lado têm sido manipulados politicamente, de forma a arrefecer as vocações e eliminar ou minimizar o valor do trabalho e da produção autônoma, recriando, com isso, os círculos viciosos históricos de dependência econômica e política. O núcleo da economia das zonas semiáridas é a agricultura familiar, já que é a para essa agricultura que convergem os saberes e técnicas populares e é dela que depende a grande maioria da população. Como, no entanto, ao proprietário da terra interessa dispor do máximo de mão-de-obra nas atividades voltadas para o mercado (a pecuária e a cultura comercial), sua tendência é fragmentar as áreas aptas à produção de alimentos, arrendando-as e piorando, assim, as condições de vida do conjunto da população. A seca, que causa contração da produção e geralmente alcança grandes proporções, incide mais diretamente e com maior gravidade justamente sobre a antigamente denominada lavoura de subsistência. Se as repercussões diretas de uma seca na economia nordestina constituem apenas "uma crise de produção de magnitude limitada", quando analisadas do ponto de vista social, elas assumem o caráter de tragédia, porque se abatem justamente sobre a faixa populacional mais frágil, a mais desprovida de condições de defesa: a dos pequenos e médios agricultores, rendeiros e parceiros, a grande maioria sem título de propriedade, plantando em terra alheia apenas para sobreviver, sem assistência técnica e sem acesso a crédito, enfim, fora do sistema. Apesar disso, o reconhecimento das potencialidades econômicas e culturais do semiárido, as práticas populares locais que estão se articulando em rede, a efervescente presença de entidades de assessoria e apoio à agricultura familiar, as mudanças significativas dos modelos de políticas públicas (especificamente, nas altas instâncias governamentais e nos espaços locais onde a sociedade civil pode incidir diretamente) e a crescente valorização das expressões próprias da região são possibilidades de enriquecimento e aceleração do processo de desenvolvimento local sustentável e solidário. 88 3.1. Características Gerais 3.1.1. Estrutura fundiária e Reforma Agrária Historicamente a ocupação do território sertanejo se deu através da apropriação, pelos colonizadores, de grandes extensões de terra, muitas vezes arrebatadas pela luta contra os índios que foram mortos ou expulsos.19 Ao longo do território foram sendo espalhados currais pelo interior do Sertão. Na região Semiárida a fazenda foi a unidade fundamental da organização social, econômica e cultural. Nesse contexto, ainda persistem no Território Médio Sertão grandes extensões de terras improdutivas – os chamados latifúndios – pertencentes a famílias que as passam de geração em geração. Segundo o Censo Agropecuário, em 2006 havia no Território Médio Sertão 10.524 estabelecimentos rurais, ocupando uma área de 458.493 hectares. Em relação a 1996, o número de estabelecimentos rurais cresceu 16,4%, enquanto, paradoxalmente, a área ocupada regrediu em 12,7%. Dados do perfil da estrutura fundiária da região em 1996 mostram que os imóveis com até dez hectares correspondiam a 45,5% dos estabelecimentos, 3,18% da área total, ocupavam 35,43% dos trabalhadores no campo e geraram 17,72% do valor da produção agropecuária. Num outro, os imóveis com mais de mil hectares representavam 0,74% dos estabelecimentos, 22,95% da área, 3,04% do pessoal ocupado e 9,67% do valor da produção. Na divulgação do Censo Agropecuário de 2006, o IBGE passou a utilizar, para medir a concentração/distribuição fundiária, o dispositivo da Lei da Agricultura Familiar nº 11.326, de 24 de julho de 200620, que conceitua da agricultura familiar o estabelecimento rural de até 04 módulos fiscais a sua área,21 dirigido por um membro 19 MOREIRA, Emília; TARGINO, Ivan. Capítulos de Geografia Agrária da Paraíba. João Pessoa: Editora UFPB. 1997. 20 Cf. IBGE. Censo Agropecuário 2006. Agricultura Familiar. Primeiros resultados. Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. 2009. 21 O módulo fiscal, por sua vez, é mensurado pelo Incra para cada um dos municípios, de acordo com as variáveis de potencialidades, uso, ecossistema e vocação local e com a localização em áreas prioritárias. Para os municípios do Médio Sertão, todos localizados no Polígono das Secas e 12 deles localizados em áreas de Projetos de Assentamento, esse indicador varia entre 40 e 75 hectares (numa média de 51,4 ha). 89 MAPA 11. ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA. MDA/INCRA. da família, com mão-de-obra predominantemente familiar e cuja renda é composta majoritariamente por meio das atividades agrícolas. Em 2006, no Território Médio Sertão, 83,9% dos estabelecimentos rurais se enquadravam na agricultura familiar, ocupando 34,54% das terras e empregando 79,4% do pessoal ocupado no campo. Desses estabelecimentos, 6,58% eram de assentados rurais sem título definitivo e 15,1% estavam em áreas ocupadas. Os valores absolutos e relativos para o número e a área dos estabelecimentos agropecuários do Médio Sertão aproximam as dimensões da concentração da terra, situação que não é particular do Território, mas uma realidade estadual e nacional. Enquanto a área média dos estabelecimentos do Território com até dez hectares têm, em média, 4,2 hectares, aqueles com mais de mil hectares têm área média de 1.856,3 ha. Embora observada desde uma perspectiva um pouco diferenciada, a realidade da concentração fundiária permanece como uma constante estatística e como o principal eixo de conservação do modelo socioeconômico vigente desde a colonização, que impede a implementação de um modelo sustentável e solidário de desenvolvimento. Quanto à condição legal das terras, em 2006, um total de 68,62% dos estabelecimentos era próprio e suas áreas participam com 82,89% do total das áreas do Território. Em seguida, 14,8% são estabelecimentos ocupados, abrangendo 6,78% das áreas. As parcerias estavam estabelecidas em 6,85% dos estabelecimentos, 6,17% eram propriedades de assentados sem título definitivo, 2,31% dos estabelecimentos estavam arrendados e o mesmo era o índice de produtores que se declaram sem área, o que inclui apicultores/meliponicultores, pescadores e extrativistas. Quanto à exploração dos estabelecimentos segundo a atividade econômica, o gráfico abaixo demonstra que a pecuária permanece ocupando a maior parte das áreas dos estabelecimentos do território, em 47,9% delas, sendo que da agricultura nãofamiliar metade das terras é utilizada como pastagem. Cerca de 20% das terras são de matas (nativas ou plantadas). A produção mista, ou seja, a ocupação com a exploração de lavoura e pecuária, resultado da organização da fazenda típica da região, onde se combinam criação e culturas, conforme se observa, ocupavam 25,4% das áreas exploradas dos estabelecimentos agropecuários do território. As demais atividades que 91 ocupam as áreas dos estabelecimentos são: sistemas agroflorestais22 (9,03%), lavoura temporária (5,25%), lavoura permanente (1,34%), horticultura e produtos de viveiro (0,6%). GRÁFICO 2. UTILIZAÇÃO DAS TERRAS (HA), POR AGRICULTURA DADOS DO CENSO AGROPECUÁRIO 2006. IBGE. FAMILIAR E NÃO-FAMILIAR. A PARTIR DE Segundo relatos dos próprios assentados o processo de reforma agrária na região ocorre a passos muito lentos. A maioria das áreas está sendo desapropriada sem conflito – apenas algumas foram conquistadas pela luta dos agricultores, acompanhados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), como é o caso do Assentamento Patativa do Assaré. Existem no Território 21 Projetos de Assentamento de Reforma Agrária, todos realizados pelo INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, e 63 projetos contratados com financiamento do Crédito Fundiário, em 17 dos municípios do Território, beneficiando 365 famílias, de acordo com dados repassados pela consultoria do Crédito Fundiário. 22 Área cultivada com espécies florestais também usada para lavouras e pastejo por animais. 92 Existem no território 898 famílias assentadas em áreas com capacidade para assentar 981 famílias. A área total desses assentamentos é de 32.375,05 hectares. Estes assentamentos estão localizados em onze municípios: Catingueira (02), Imaculada (01), Malta (01), Maturéia (02), Patos (01), São José de Espinharas (05), São José do Bonfim (01), São Mamede (01), Santa Teresinha (01), Teixeira (01) e Várzea (01). Existem ainda nos municípios do território nove acampamentos monitorados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, localizados em sete municípios. O INCRA apóia os assentados com distribuição de cestas básicas às 375 famílias acampadas. As principais dificuldades dos assentados, vistos como entraves ao desenvolvimento estão relacionados a: infraestrutura coletiva não implantada ou necessitando de melhorias; Projetos de Desenvolvimento dos Assentamentos – PDAs não condizentes com a realidade; destruição da cobertura vegetal dos Assentamentos; pouca qualificação dos assentados para acessar o crédito do PRONAF. Ainda existem no território do Médio Sertão, bem como em todo território estadual, problemas de regularização fundiária (urbana ou rural) que remonta aos tempos coloniais. Trata-se de terras ocupadas por remanescentes de quilombos, que formam comunidades habitadas predominantemente por população negra (chamadas de comunidade quilombola). Segundo a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), no território estão localizadas quatro comunidades quilombolas, uma urbana e três rurais: em Santa Luzia, a Comunidade Urbana de Serra do Talhado (200 famílias) e a Comunidade Serra do Talhado (rural, 40 famílias); no município de Várzea, a Comunidade Pitombeira (rural, 50 famílias) e em Cacimbas, a comunidade Serra Feia (200 famílias). Todas essas comunidades estão identificadas e reconhecidas, tendo ocorrido o reconhecimento entre os anos de 2004 e 2009, resultado das ações de política pública de promoção da igualdade racial implantada pelo Governo Federal. Segundo a população local, existem outras comunidades no território formadas por população negra, mas que ainda não desencadearam o processo de auto-reconhecimento, requisito básico para a sua regularização. 93 3.2. Infraestrutura produtiva No Território Médio Sertão, ainda é bastante incipiente o acesso às infraestruturas produtivas, considerando as estratégias de desenvolvimento sustentável, que inclui a autonomia produtiva e o oferecimento de condições estruturais favoráveis. As políticas de crédito para a produção, se por um lado estão em processo de democratização do acesso, por outro não oferecem a devida segurança para a aquisição e/ou implantação de estruturas produtivas familiares. Nas oficinas de autodiagnóstico, o Pronaf A foi levantado como exemplo de apoio para a produção que falha no apoio à infraestrutura, já que estas, embora necessárias e urgentes, não garantem o imediato retorno financeiro necessário para a quitação do empréstimo. Quanto à prática da irrigação, constata-se que os grandes desafios estão ligados ainda à falta de técnicas/tecnologias apropriadas, que evitem os desperdícios de água, de energia e favoreçam a redução no desgaste do solo e dos custos. Nos perímetros irrigados, ou mesmo em roçados particulares, predominam métodos obsoletos (como inundação e aspersão), em detrimento de métodos mais modernos e econômicos, como o gotejamento e a microaspersão. Além disso, é comum verificar a prática da irrigação em horários de grande insolação e evapotranspiração. Este conjunto de procedimentos equivocados, segundo a literatura especializada, é responsável pelo maior percentual de desperdício de água em todo o mundo. O fornecimento de energia no campo tomou grande impulso nos últimos anos devido ao Programa Luz para Todos, do Governo Federal, que tem como meta a universalização da energia nos domicílios rurais até 2010. Entre os anos de 2000 e 2010 os domicílios rurais servidos com energia elétrica no Território passaram de 1.537 para 4.177, alguns deles já próximos de alcançar cem por cento de atendimento. No entanto, um novo desafio é que, segundo os produtores rurais, a carga oferecida é monofásica e, por isso, não comporta o uso para fins produtivos. A distribuição dos domicílios eletrificados segundo os municípios está no Anexo 7. No Território diagnosticado estão distribuídas pequenas comunidades fora dos centros urbanos, bem como núcleos urbanos que são sedes municipais, mantendo, porém, as características do ambiente rural. Essas comunidades se ressentem de isolamento e de falta de infraestrutura de comunicação, sobretudo para atender às 94 necessidades de emergência para atendimento médico ou outros tipos de comunicação. Ao mesmo tempo, é necessário promover a inclusão digital dessas populações, de modo a fornecer instrumentos para o exercício da cidadania. A malha de rodovias e estradas no Território ainda é bastante centralizadora, como se pode ver no mapa 10. Nesse aspecto, o Território pode ser considerado como bem dotado de infraestrutura pois é cortado pela rodovia federal BR-230, que o atravessa no sentido leste-oeste e rodovia estadual, a BR-110 (sentido Patos à cidade de Caicó-RN e sentido Teixeira a São José do Egito-PE), a BR-361 (que começa em Patos, sentido Piancó). Ao longo das estradas federais existem vários acessos, através de rodovias estaduais pavimentadas, às sedes dos municípios. Deste modo, é possível trafegar, de João Pessoa, por rodovia pavimentada, até a sede da maior parte dos municípios do Território. Constituem exceções os municípios de Passagem, Quixaba, Cacimba de Areia, Vista Serrana, São José de Espinharas e Cacimbas, onde o acesso se dá por estradas cujo projeto de pavimentação é considerado prioritário no Território. Além disso, o acesso às comunidades rurais pelas estradas vicinais, dentro dos próprios municípios, é, na maioria dos casos, extremamente difícil, em especial na época chuvosa, dificultando a dinamização das potencialidades produtivas e o oferecimento dos serviços sociais básicos. No aspecto da infraestrutura produtiva, destaca-se a ausência de estruturas/equipamentos de beneficiamento da produção, que sejam de abrangência familiar ou comunitária, e que possam ser autogestionadas pelas próprias famílias, de acordo com as potencialidades locais e habilidades que se conseguem ou se aperfeiçoam com um contínuo processo de capacitação e mobilização social. Constata-se ainda uma mentalidade que atribui às grandes estruturas uma falsa idéia de desenvolvimento e prosperidade. Com essa idéia de grandes estruturas e obras centralizadas e o incentivo de financiamentos inadequados, investiu-se no passado em experiências hoje falidas, a exemplo da Cooperativa dos Fruticultores da Serra de Teixeira (ASFRUTA), Cooperativa dos Irrigantes de Capoeira, entre outras. Por outro lado, a recente reabertura e funcionamento de um Armazém da CONAB no Território, num contexto das atuais políticas de apoio ao fortalecimento da Agricultura 95 Familiar, poderá se constituir em importante instrumento de apoio e fortalecimento da atividade agrícola na região. 3.3. Características dos sistemas produtivos agrícolas rurais Das culturas agrícolas temporárias produzidas no Território em 2008, as principais, segundo o IBGE, levando em consideração as relações entre a área colhida e o valor por unidade da produção, foram feijão, milho e batata-doce. Essas culturas representaram 93,5% da área plantada e 66,5% do valor das lavouras temporárias. A produção de castanha de caju, manga, banana e sisal foram as mais representativas das culturas permanentes do Território e responderam, em 2008, por 82,6% da área plantada e 63% da renda advinda das culturas permanentes em geral. Essas lavouras são produzidas, na sua maioria, de sequeiro para a subsistência das famílias e sua comercialização feita nas feiras livres diretamente pelo produtor. Os dados completos por produto, segundo a pesquisa Produção Agrícola Municipal, disponível na página eletrônica do Sistema IBGE de Recuperação Automática, podem ser conferidos nas tabelas abaixo. TABELA 5. PRODUÇÃO AGRÍCOLA MUNICIPAL – LAVOURAS TEMPORÁRIAS. TERRITÓRIO MÉDIO SERTÃOPB. 2008. IBGE MUNICÍPIO Área plantada (ha) Área colhida (ha) Quantidade (t) Valor (R$ 1.000,00) Algodão-herbáceo 178 165 145 250 Arroz 108 105 93 94 Batata-doce 517 517 3.702 1.926 66 66 1.928 145 530 527 327 538 Feijão 9.675 8.525 1.569 2.663 Fumo 76 76 62 544 Mandioca 288 288 2.857 484 Melancia Cana-de-açúcar Fava 82 82 1.280 391 Melão 2 2 30 18 Milho 9.745 8.710 3.206 1.545 42 21.309 42 19.105 1.298 16.497 625 9.223 Tomate TOTAL 96 O valor total das lavouras temporárias produzidas no Território é significativamente mais elevado que o das lavouras permanentes, situando-se na faixa acima de 70% ao longo dos últimos anos, enquanto a área plantada aparece acima de 90% em 2008. A produção agrícola no território mantém uma participação em torno de 2,0% do valor da produção agrícola estadual, caindo significativamente apenas nos períodos de estiagem. TABELA 6. PRODUÇÃO AGRÍCOLA MUNICIPAL – LAVOURAS PERMANENTES. TERRITÓRIO MÉDIO SERTÃOPB. 2008. IBGE MUNICÍPIO Área plantada (ha) Área colhida (ha) Quantidade (t) Valor (R$ 1.000,00) Algodão-arbóreo 48 48 37 41 Banana 58 58 1.092 442 1.453 1.453 805 864 Coco-da-Baía 95 95 335 125 Goiaba 77 77 467 216 Mamão 28 28 280 140 Manga 169 169 1.457 599 3 3 60 41 325 2.256 325 2.256 295 4.828 292 2.760 Castanha de caju Maracujá Sisal TOTAL Dentro da produção agrícola pode-se destacar ainda a produção de fibras, do algodão e do sisal. O primeiro teve destaque histórico para a região como um todo, hoje é produzido em menor quantidade e tem no algodão colorido uma boa alternativa de viabilização, que necessita passar por um processo de adaptação às vocações produtivas locais e pelo oferecimento de estruturas mínimas para a produção e o escoamento. A produção de raízes, como a macaxeira e a batata-doce, é destacada em toda a região, se não pela quantidade, ao menos pelo fato de serem produtos que portam grande importância nutritiva e simbólica. Outra atividade que, apesar de restrita às regiões com maior capacidade hídrica, mas merece destaque pelos mesmos critérios, é a produção de hortaliças, grande potencialidade a ser dinamizada para o empoderamento e a autonomia produtiva. 97 A maior parte das áreas dos estabelecimentos agropecuários do Território é utilizada para a produção pecuária, exclusiva ou mista, quando se associa a agricultura com pecuária. Em 2008, comparando-se com o ano de 2004, os principais rebanhos do Médio Sertão aumentaram a sua participação no total dos rebanhos do Estado, a exemplo dos bovinos (de 7,9% para 8,47%), caprinos (de 9,3% para 10,14%), suínos (de 7,5% para 9,21%) e galinhas (de 3,6% para 6,68%). Em termos absolutos houve expansão dos rebanhos bovinos, caprinos, galinhas, galos, frangos e pintos, e de ovinos, de 2004 a 2008. Os maiores produtores de bovinos são os municípios de São José de Espinharas (12,7% do rebanho do Território), Patos (9,0%) e São Mamede (7,1%). Na criação de caprinos, Catingueira lidera com 10,4% dos rebanhos, seguida de São José de Espinharas e Imaculada, ambos com 7%. Patos é o maior produtor de aves (11,6% dos rebanhos de galinhas, galos, frangas, frangos e pintos), seguido de São Mamede (8,1%) e Santa Terezinha (7,4%). Os maiores efetivos de ovinos estão em São José de Espinharas (18,5%), Catingueira (17,1%) e Santa Terezinha (13,2%). O programa de distribuição de leite com incentivos governamentais para sua produção e beneficiamento na pequena produção tem impulsionado o aumento dos rebanhos de caprinos e bovinos nas pequenas propriedades. TABELA 7. PECUÁRIA MUNICIPAL – EFETIVO IBGE. DOS REBANHOS. TIPO DE REBANHO TERRITÓRIO MÉDIO SERTÃO-PB. 2008. Efetivo Bovino 101.910 Eqüino 2.912 Asinino 4.361 Muar 1.931 Suíno 13.255 Caprino 63.302 Ovino 40.775 Galinhas 149.427 Galos, Frangas, Frangos e Pintos 88.085 As atividades de extração vegetal, na Paraíba, estão mais significativamente situadas na produção de lenha e de carvão. O carvão, embora com sua produção em queda, ainda é expressivo no Médio Sertão. Só em 2008, foram produzidas 293 toneladas de carvão vegetal. E a lenha, como em todo o Estado, tem o maior acento na produção 98 extrativista. A produção de lenha caiu significativamente desde 1990, tanto no Território, quanto no Estado, porém o primeiro continua mantendo uma participação com relação ao Estado entre 10% e 15% neste período. Em 2008, este índice esteve em 13,2%, representando os pouco menos de 81 mil metros cúbicos de lenha extraídos no Território nesse ano. No que diz respeito aos gêneros alimentícios, a única extração registrada pelo IBGE em 2008 foi de 35 toneladas de umbu. Expandem-se também na região, dentro do espaço rural, atividades de beneficiamento de produtos oriundos da produção no campo, a exemplo da agroindústria de leite e de frutas. Segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento existem quatro usinas de beneficiamento de leite de cabra e/ou de vaca localizadas nos municípios de Passagem, Desterro e Patos. Em Patos, Mãe d’Água e Teixeira estão instaladas agroindústrias de polpa de frutas e de doces, entre iniciativas privadas e cooperadas. O setor agropecuário ocupa a grande maioria dos trabalhadores dos municípios do Território. Quase todas as Prefeituras contemplam programas nessa área em seus Planos Plurianuais (algumas têm mais de um programa). No entanto, são insignificantes os gastos das Prefeituras Municipais com a função Agricultura, que em 2005 foi de 1,5% das suas despesas totais. Os municípios de São José do Sabugi e Vista Serrana não fizeram gastos nessa função e São José do Bonfim gastou apenas R$ 40,00. Os municípios que mais realizaram gastos proporcionalmente foram Salgadinho (13,00%), Mãe d’Água (2,51%) e Teixeira (2,10%). Com meio ambiente, os gastos municipais foram da ordem de 0,43%. Apenas nove dos vinte e quatro municípios do Médio Sertão fizeram gastos com meio ambiente, em 2005. Nenhuma Prefeitura realizou despesas com organização agrária nos seus próprios territórios, até 2005. 3.4. Principais atividades produtivas integradoras e aglutinadoras 3.4.1. Fruticultura A produção de frutas no Território é bastante diversificada: banana, melancia, castanha de caju, coco-da-baía, goiaba, mamão e manga, além das frutas nativas cajá, cajarana e umbu. Esta atividade no território caracteriza-se pela produção de abastecimento da indústria e para consumo in natura. Enquanto uma parte dela é basicamente tecnificada através de espécies melhoradas, destacando-se a goiaba e a 99 banana, permanece ainda o extrativismo como alternativo de produção, tanto de plantas nativas (como o umbu, a siriguela e a cajarana) como dos mangueirais antigos existentes em sítios localizados. A cajucultura, em especial, tem contribuído para a economia da região, pela produção de castanha. Esta atividade apresenta boa perspectiva de expansão, com áreas que podem ser ocupadas racionalmente, além do beneficiamento e da comercialização realizados com a participação dos produtores. Com relação à castanha de caju, a região produtora contava inclusive com uma Cooperativa especializada, que mesmo possuindo uma infraestrutura razoável, devido a crises no processo de mobilização e organização, está desativada. Uma potencialidade para a fruticultura da região são dois perímetros irrigados, destacando-se o Engenheiro Arcoverde, no município de Condado, que está sendo revitalizado através de várias parcerias, e o de Capoeira, entre os municípios de Patos e Santa Teresinha, que se encontra desativado. 3.4.2. Criação de peixes e pesca artesanal Segundo o geólogo piauiense Manoel Bonfim Ribeiro, “a piscicultura é o setor econômico de maior expansão no mundo das proteínas animais e um dos ramos mais importantes para a economia do semiárido brasileiro, região dotada de excelente infraestrutura hídrica, com milhares de açudes pontilhados por todos os seus quadrantes.” (2007:57) A pesca é praticada em doze dos 24 municípios onde estão localizados os principais mananciais (Catingueira, Condado, Desterro, Imaculada, Passagem, Patos, Salgadinho, Santa Luzia, Santa Teresinha, São José de Espinharas, São Mamede e Teixeira). Esta atividade emprega diretamente cerca de 1.700 pessoas organizadas em associações da categoria e no raio de abrangência da Colônia Z40. Além dos grandes açudes públicos do Território Médio Sertão, a pesca também é verificada em açudes particulares de médio porte que se prestam a tal finalidade e em outros mananciais que estão fora da localidade. Pode-se constatar também que apesar do potencial pesqueiro existente na região e de técnicas modernas já disponíveis, a pesca é ainda, em grande parte, praticada de modo artesanal. São poucas, por exemplo, as 100 experiências de tanques-rede implantadas. O Território se ressente ainda da falta de infraestrutura de apoio à atividade pesqueira como uma estação de reprodução e distribuição de alevinos para o povoamento de açudes. Em períodos de grande estiagem ou do defeso, é comum a migração de muitos pescadores para outras regiões onde a atividade permanece favorável. 3.4.3. Turismo Estima-se que o turismo seja uma das atividades que mais crescem no mundo, agregando mais de 50 segmentos. Esta atividade vem se destacando como potencialidade do Território Médio Sertão, principalmente com relação à realização de festividades típicas, a valorização da paisagem natural e a culinária diferenciada e saborosa. O Território está se organizando para fortalecer a atividade, que surge com um imenso potencial para o incremento da renda do sertanejo. Houve uma tentativa de consolidação de um consórcio intermunicipal de turismo, abrangendo quatorze municípios em parceria com o Sebrae, como resultado desta organização. Os municípios, em sua maioria, têm como principal fonte de renda a aposentadoria e o emprego público. São eles: Cacimba de Areia, Condado, Desterro, Imaculada, Junco do Seridó, Mãe d´Água, Maturéia, Patos, Santa Luzia, São José do Bonfim, São José do Sabugi, São Mamede, Teixeira e Várzea. O objetivo do consórcio seria, por meio de um levantamento dos potenciais locais, criar roteiros turísticos, elaborar calendário de eventos e produção de material de divulgação, além de organizar uma infraestrutura para incentivar novos empreendimentos que venham atender às demandas dos turistas que possam visitar a região. A partir deste ensaio, o Sebrae vem tentando articular um Fórum de Turismo do Médio Sertão. Segundo informações do autodiagnóstico, foram citadas as seguintes potencialidades para o turismo no território: comidas e festejos típicos; expressões na música e na dança; sítios arqueológicos; paisagens da Caatinga; patrimônio arquitetônico; ambientes propícios a prática de esportes radicais (rapel, trilhas); artesanato; literatura de contos, estórias e lendas locais. Como entraves foram citados: o desconhecimento desse potencial; estrutura física insuficiente ou precária; degradação do ambiente e a falta de clareza e empenho em valorizar as expressões culturais locais. 101 Vários municípios do território destacam-se por seus potenciais turísticos. Por exemplo, em Santa Luzia o Pico do Yayú, ou Pedra do Yayú, localizado a 10 Km daquela cidade, com uma latitude de 606m, é uma excelente opção para a prática de escalada e rapel, com uma belíssima paisagem para contemplação. As Serras da Talhada, dos Quintos e a do Cabaço, o Monte de São Sebastião e o Museu da Cidade, completam a rota de atrações. Em São Mamede, os adeptos do ecoturismo e do esporte de aventura encontram como forte atrativo a Serra de Picotes localizada na Vila de Picotes, excelente para a prática de escalada e rapel, além dos vários Sítios Arqueológicos, dentre eles o de Pedra Branca, no qual são encontradas inscrições rupestres supostamente feitas pelos índios Cariris. Em Maturéia se situa o ponto culminante da Paraíba, está localizado nesse município, na Serra do Teixeira, denominado Pico do Jabre, numa latitude de 1.197m, ocupando 50 hectares de mata úmida, onde se pode observar a mata serrana e de caatinga, rios e fontes de água mineral, numa região de um ecossistema exuberante e diversificado. Do alto do pico, tem-se uma visão completa do vale, com excelente visual da topografia do Sertão Paraibano. No artesanato, há uma tipologia variada de produtos, dependendo dos materiais existentes nas diversas sub-regiões do Território. O programa de apoio ao artesão, Paraíba em suas Mãos, promove os produtos de artesãos de Patos, São José de Espinharas e Várzea. São trabalhos de cerâmica, barro, fios, madeira, latas, cuja produção ocupa basicamente mão-de-obra feminina. 3.5. Estratégias de Comercialização 3.5.1. Potencialidades Feiras da Agricultura Familiar A Feira da Agricultura Familiar do Território do Médio Sertão é uma experiência emblemática e também pode ser considerada a melhor e mais efetiva ação de acesso a mercados para os produtos da agricultura familiar no Território. Implantada na fase I da Base de Serviço e Apoio à Comercialização e consolidada na fase II da BSC, a feira está formalizada através de uma associação registrada em cartório e com CNPJ ativo, o que lhe dá caráter jurídico, podendo assinar contratos e convênios para que venham apoiar e fortalecer a iniciativa de comercialização popular. 102 A feira conta com seu próprio fundo rotativo, chamado de Fundo de Feira, que serve para custear alguns investimentos necessários, como o de formação, além de suprir alguma necessidade urgente, seja na estrutura de produção ou de ordem pessoal, dos agricultores feirantes por meio de pequenos empréstimos. Outro fator positivo que se pode constatar na feira é o fato dos participantes estarem em um programa de capacitação voluntária, no qual, a cada mês, os agricultores se reúnem em uma unidade produtiva para compartilhar problemas e soluções relativos à produção que está em fase de transição agroecológica. PAA – Programa de Aquisição de Alimentos O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma ação que vem possibilitando o acesso das famílias de agricultores familiares ao mercado institucional, sendo esta a principal porta de entrada para a geração de renda, resgatando um direito que os agricultores consideram portar: vender sua própria produção e ter renda. O PAA no Território do Médio Sertão vinha sendo executado só pelas Prefeituras, até o ano de 2009, através do Compra Direta Local. Com a execução da Fase II da BSC, quando várias associações se entusiasmaram com a possibilidade de elaborar projetos e encaminhar à CONAB, a realidade mudou, e hoje, após a aprovação, elas se encarregam de contratar, receber o dinheiro em conta bancária e os executar, gerando renda e dando vazão ao excedente da produção. Outro ponto positivo deste trabalho é que estes produtos foram doados a escolas, abrigos, associações filantrópicas, centros espíritas de caridade, entre outros que tanto necessitavam. TABELA 8. PROJETOS PAA ELABORADOS. PROJETO São José do Bonfim Várzea Santa Luzia TOTAL Quantidade de produtos (Kg): 22.829 29.630 101.927 154.386 Valor total (R$): 38.470,50 62.680.65 126.780,63 227.931,78 103 Quantos beneficiários (instituições): 01 02 06 09 Quantos beneficiários (pessoas): 522 1028 943 2.493 PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar A ação que dá concretude ao PAA é o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) instituído em 2009, prevendo que, no mínimo, 30% de toda a merenda escolar do Estado e dos municípios devessem ser adquiridos de fontes provenientes da agricultura familiar. A boa vontade de algumas Prefeituras Municipais foi evidente, levantando as discussões e encaminhando as ações necessárias para a efetivação desta determinação do Governo Federal em relação à agricultura familiar. No entanto, outras andaram na contramão. Em relação ao recurso do Governo do Estado, isso se deu de maneira mais generalizada: poucas escolas ligadas ao Estado realizaram, num primeiro momento, essa aquisição. Comparando o PAA com o PNAE, o primeiro é Programa de um Governo e pode vir a sofrer modificações, enquanto o outro é uma ação instituída por Lei Federal e que dificilmente sofrerá mudanças retrógradas. CECAF João Pessoa Outra potencialidade na área de comercialização diz respeito à Central de Comercialização da Agricultura Familiar de João Pessoa (CECAF). O Território do Médio Sertão vem dando suporte financeiro na execução do projeto e vê possibilidades de acessá-lo através das cadeias produtivas mais fortes, como é o caso da fruticultura: Cajucultura (Serra do Teixeira), Pinha (Salgadinho), Mamão (Sabugi), Umbu e Cajarana, podendo ser negociadas na Central, tendo assim acesso ao maior centro consumidor do Estado, em um espaço exclusivo para os produtos da agricultura familiar. 3.5.2. Desafios Melhoria na Assistência Técnica para potencializar a produção A assistência técnica ainda é um dos maiores gargalos que a agricultura familiar tem para conseguir atingir e aproveitar todas as oportunidades que são postas à sua disposição pelas diversas políticas públicas e tendências do mercado convencional. Há famílias que possuem a terra, mesmo pequena, têm o crédito através do PRONAF, mas esbarram na capacidade técnica de enfrentar os problemas existentes na produção, principalmente aquelas que querem trabalhar de forma orgânica ou 104 agroecológica. A atual estrutura da ATER pública não atende aos anseios da agricultura familiar, mesmo com os sucessivos investimentos de grande valor que o Ministério do Desenvolvimento Agrário vem fazendo. A EMATER ainda não tem capacidade instalada e nem profissionais com qualificação suficiente para atender a demanda reprimida de assistência técnica apropriada à sua realidade. Legalização das associações O tipo de organização mais comum entre os agricultores familiares são as associações. A SENAES (Secretaria Nacional de Economia Solidária), em pesquisa realizada no Brasil inteiro, revelou que são apenas 15% de cooperativas e 85% de associações. Considerando-se que quase metade das cooperativas estão no sul do país, esta porção tende a se aprofundar em direção às associações, que podem chegar a mais de 95% e algo em torno de 5% de cooperativas na Paraíba e no Território do Médio Sertão. Esta realidade pode ser ainda pior, pois várias das poucas cooperativas existentes estão fechadas. Do ponto de vista da comercialização, a grande proporção de associações sobre as cooperativas é prejudicial, dado que as primeiras focam sua ação na organização e mobilização e as segundas têm seu foco voltado para o processo produtivo; sendo assim, as associações tendem a não ser eficientes no acesso ao mercado. Além disso, grande parte das associações se encontra numa situação de grave anacronismo social, civil, fiscal e tributário. A maioria não tem conhecimento da legislação que rege seu funcionamento; em vários municípios não se encontra uma única associação com a documentação em dia para acessar o PAA, por exemplo. Em outros, as associações são atreladas a lideranças partidárias, que as utilizam de forma eleitoreira. Essa situação corrobora a permanência das dificuldades no acesso às políticas públicas ofertadas, especialmente na área de comercialização, deixando as comunidades e grupos coletivos de produção à margem dessas oportunidades, por falta de entidades fortes e organizadas. 105 Logística em relação à capital do Estado Ao mesmo tempo em que a Central de Comercialização da Agricultura Familiar de João Pessoa (CECAF) é uma oportunidade a ser aproveitada pelos agricultores (as) familiares do Médio Sertão é também um desafio a ser vencido, pois o fato de o território estar localizado entre 300 e 400 km de distância da Capital eleva os custos de logística da produção do Território, principalmente para produtos de baixo valor agregado, como é o caso de alguns hortifrutigranjeiros. Já para produtos que não ocupam grandes volumes e que tenham o mínimo de valor agregado, será possível utilizar esta via de comercialização com um bom nível de sucesso. Outro fator que deve ser considerado é a idéia da logística solidária: somar pequenos volumes de produtos de vários grupos para compor um frete viável. E ainda há estratégia de compartilhamento de fretes, por exemplo: o mesmo caminhão que vem da Zona da Mata Sul ao Médio Sertão carregado de inhame voltará à CECAF, em João Pessoa, carregado de pinha, mamão, mel, castanha, cajarana, entre outros produtos potenciais do Território, e assim, um frete que antes custasse R$ 800,00 para o grupo da Zona da Mata Sul, passaria a ser R$ 900,00, dividido para os dois grupos, diminuindo os custos em até 50%. Quebrar o círculo vicioso do atravessador Na atual conjuntura econômica e de organização das cadeias produtivas é muito difícil quebrar os esquemas injustos e exploratórios dos atravessadores num curto e médio prazos; só com muito trabalho de organização e com a visualização prática de outras possibilidades com vantagens em relação aos atravessadores é que, aos poucos, este instrumento arcaico e injusto seria deixado de lado e os agricultores estariam livres. Um exemplo emblemático desta atuação é o caso da castanha de caju, na Serra do Teixeira. Lá existe um sistema montado para se perpetuar como único meio de comercialização da castanha dos agricultores familiares. Nas comunidades existem os “corretores”, que conhecem a todos, sabem o quantitativo da produção de cada agricultor (a) e sabe quanto cada um está precisando em dinheiro. Eles compram diretamente a castanha de cada um, reunindo um volume médio a ser coletado pelo atravessador, que a leva para a cidade de Maturéia. Ali junta com toda a castanha dos outros corretores que trabalham para ele em outras comunidades até somar a 106 quantidade mínima para um frete maior, quando o produto segue para Fortaleza-CE. Neste esquema os agricultores ficam com R$ 0,60 a R$ 0,80, o que representa 24% do valor pago ao atravessador na ponta. Uma saída, no mínimo paliativa, mas que já representaria um grande avanço para esta conjuntura, é o fato de os agricultores poderem se organizar em grupos e acessar o PAA-Estoque da CONAB, onde reuniriam uma quantidade de castanha significativa e comercializariam com a Companhia, ao preço de R$ 1,20, o que representa 30% a mais do que o produtor recebe atualmente. O estoque é guardado pela associação, que pode buscar mercados mais convenientes e assim aumentar a margem de ganho até mesmo em relação à cotação da CONAB. É uma estratégia que, se posta em prática poderá, no mínimo, forçar os atravessadores a subirem seus preços e acompanharem o valor pago pela Empresa pública. 3.5.3. Perspectivas Para que estas perspectivas sejam postas em prática e que os desafios relacionados à comercialização sejam vencidos, a estratégia de Base de Serviço e Apoio à Comercialização deverá continuar sendo apoiada pelo Território e mais do que isto: outras entidades, além da que já atua, deverão ser apoiadas para que o trabalho de organização da produção, com foco no alcance do mercado institucional e convencional, seja realizado com êxito. 107 - Vocação para produção (região da Serra); - Adaptação ao semiárido; - Diversidade de utilização; - Equipamento para beneficiamento; - Estações experimentais em Cacimbas; - Mão-de-obra familiar; - Cultura do Sisal com potencial de recuperação dos solos e combate à erosão; - Diagnóstico da cultura do sisal (SEBRAE). - Falta interesse dos produtores, pelo baixo preço e excesso de trabalho; - Topografia muito inclinada dificulta o acesso aos plantios e pode provocar acidentes; - Fragilidade organizacional dos trabalhadores; -Forte presença dos atravessadores; - Concentração dos equipamentos entre poucos produtores; -Concentração fundiária. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves Ameaças - Fibras sintéticas; - Falta renovação dos plantios; - Falta política de incentivo à cultura do sisal; -Desmatamento desordenado para implantação da cultura; -Plantio em forma de monocultura. AMBIENTE EXTERNO - Mercado europeu; - Órgão de pesquisa no território; - Mercado de artesanato; - Experiência acumulada pela estação experimental de Monteiro (Cariri Oriental). Oportunidades AUTODIAGNÓSTICO Eixo Aglutinador: Sisal - Condições climáticas satisfatórias; - Existência de Parques de Exposição no território; - Existência de órgãos que prestam assistência técnica; - Existência de muitas empresas do Setor Coureiro Calçadista; - Existência de mercado consumidor para os produtos e derivados da caprinovinocultura; - Potencial para o melhoramento genético do rebanho; - Existência de três usinas de beneficiamento de leite no Território; -Existência de entidades de pesquisa voltadas para a caprinovinocultura (UFCG, EMEPA, EMBRAPA); - Incentivo à produção de leite de cabra; - Aquisição e melhoramento genético; - Atividades para corte e leite; - Vasta extensão e potencial forrageiro da caatinga; - Animais adaptados; - Vocação da região semiárida; - Cursos presentes – UFCG; - Dupla aptidão do rebanho caprino e ovino local; - Facilidade de comercialização (carne). - Baixo nível de organização para a comercialização; - Resistência dos consumidores e produtores em explorar a caprinocultura para a produção de leite; - Falta de beneficiamento da pele; - Degradação ambiental causada pela criação ultraextensiva e de superlotação de caprinos e ovinos em pequenas áreas; - Falta de tecnificação das criações; - Falta de acompanhamento técnico sistemático adequado à agricultura familiar; - Animais com aptidões indefinidas; - Falta de capacitação para o manejo adequado dos caprinos; - Falta de qualificação/profissionalização do produtor; - Falta de preparação do suporte forrageira; - Falta infraestrutura; - Dependência do programa governamental de comercialização (Programa do Leite) ; - Falta de extensão dos cursos da UFCG direcionados à produção e meio ambiente; - Pequenas áreas produtivas; - Qualidade do rebanho/melhoramento genético da pequena produção; - Dificuldade de acesso dos agricultores familiares à tecnologia de inseminação; - Desvalorização dos animais da região; - Suporte forrageiro insuficiente; - Falta de melhoramento genético. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves - Programa Leite da Paraíba (aquisição e distribuição do produto); - Cessão de reprodutores pela EMEPA para melhoramento genético do rebanho; - Disponibilidade de crédito; - Feiras e Exposições; - Recursos do PRONAF – linha de crédito para aquisição de animais e infraestrutura; - Comercialização garantida; - Manutenção da família no campo; - Animais de pequeno porte; - Exploração da pele; - Presença de Usinas de Beneficiamento de Leite; - Mercado consumidor de carnes em expansão; - Mercado local; - Funcionamento do abatedouro do Cariri (desde que a cadeia produtiva se organize); - Paraíba possui um dos melhores rebanhos, relativo ao melhoramento genético; - Presença do Curso de Medicina Veterinária no Campus-Patos da UFCG; - PAA, Compra Direta. Ameaças - O programa Leite da Paraíba priorizou na região o leite de vaca; - Garantia de preços mínimos; - Falta de campanha de vacinação contra raiva, para caprinos; - Falta da massificação da adoção de tecnologias adaptadas à convivência com o semiárido; - Falta Assistência Técnica veterinária; - Falta de políticas de incentivo para melhoramento do rebanho para leite e corte; - O atravessador; - Escoamento da produção; - Conjuntura desfavorável das políticas governamentais; - Baixo preço do couro. AMBIENTE EXTERNO Oportunidades Eixo Aglutinador: CaprinOvinocultura Fraquezas/Entraves - Baixa utilização das tecnologias disponíveis para o armazenamento e conservação da forragem aproveitando as pastagens nativas e cultivadas no período do inverno; - Distribuição fundiária (pequenas propriedades com áreas insuficientes para a criação de animais de grande porte); - Fraco potencial forrageiro da caatinga para animais de grande porte; -Alto custo de criação; -Insuficiência de assistência técnica ao produtor; - Desvio de finalidade do crédito, causado por alguns agricultores e laudos técnicos inadequados; - Dependência do programa governamental de comercialização (Programa do Leite) ; - Animais com aptidões indefinidas; - Falta de qualificação/profissionalização do produtor; - Impossibilidade de acesso da agricultura familiar a melhoramento genético; - Falta infraestrutura; - Desvalorização dos animais da região. Forças/Potencialidades - Cultura e tradição da criação de bovinos no Território; - Existência de raças com rusticidade adequada às condições existentes no semiárido; - Presença de usinas de beneficiamento do leite; - Oferta de crédito; - Setor Coureiro Calçadista; - Existência de feiras livres e exposições; - Aquisição e melhoramento genético; - Atividades para corte e leite; - Vasta extensão da caatinga; - Animais adaptados; - Vocação da região semiárida; - Cursos presentes – UFCG; - Alta demanda pelos produtos no Território. AMBIENTE INTERNO Ameaças - Baixa precipitação pluviométrica; - Política de crédito inadequada para a bovinocultura dos agricultores familiares; - O atravessador; - Escoamento da produção; - Conjuntura desfavorável das políticas governamentais; - Baixo preço do couro; - Gado de outros estados produtores, como Tocantins, Goiás, Maranhão. AMBIENTE EXTERNO - Programa de distribuição de leite da Paraíba; - Presença de entidades de pesquisa voltadas para a bovinocultura; - Existências de linhas de crédito; - Manutenção da família no campo - Exploração da pele; - Presença de Usinas de Beneficiamento de Leite; - Mercado consumidor de carnes em expansão; - Mercado local; - Oferta de grãos para ração animal pelo armazém da CONAB ; - Paraíba possui um dos melhores rebanhos, relativo ao melhoramento genético; - Presença do Curso de Medicina Veterinária no Campus-Patos da UFCG. Oportunidades Eixo Aglutinador: Bovinocultura Fraquezas/Entraves - Falta de acesso à água para irrigação (quantidade e qualidade); - Falta de organização para comercialização; - Resistências dos produtores em expandir a produção; - Desvalorização do potencial de frutas nativas; - Concorrência das grandes indústrias; - Falta de assistência técnica; - Falta de cooperativas para comercialização dos produtos; - Perda de material genético de plantas nativas e adaptadas; - Produção de alimentação para animais em locais onde deveriam ser cultivados gêneros de alimentação humana, ameaçando a segurança alimentar dos agricultores; - Incidência de pragas e doenças; - Alta utilização de agrotóxicos nos perímetros irrigados; - Baixo controle social nos programas de comercialização institucional; - Falta de consciência para o consumo saudável (troca de produtos naturais por produtos externos e artificiais); - Deficiência na infraestrutura de escoamento da produção, especialmente estradas e transporte; - Falta profissionalização no beneficiamento da castanha; - Não-renovação das fruteiras nativas; - Falta de manejo adequado das fruteiras nativas e cultivadas; - Associações irregulares (sem certidões); - Fruticultura irrigada é degradante, por falta de manejo adequado e de inovações tecnológicas; - Baixos preços; - Falta estrutura de beneficiamento, armazenamento e de comercialização. Forças/Potencialidades - Condições edafoclimáticas satisfatórias; - Diversidade de plantas frutíferas nativas e adaptadas (destacando Umbu, Caju,Cajarana, Cajá, Manga, Pinha ); - Campus da UFCG no Território; - Existência de Associações e Cooperativas; - Agrocentro de Patos; - Existência de Micro indústrias de beneficiamento de frutas; - Solos favoráveis; - Aceitação de mercado; - Facilidade de multiplicação (produção); - No caso das raízes e tubérculos, as partes aéreas das plantas podem ser utilizadas como forragem; - Baixa utilização de agrotóxicos; - Produtos podem ser armazenados por um longo período sem perda da sua qualidade; - Cultura de alimentação baseada na farinha de mandioca; - Casas de farinha para beneficiamento da mandioca; - Cultivo diversificado de hortaliças; - Plantio de mamão e melancia; - Feira da Agricultura Familiar (já implantada em Patos, em processo em outras localidades). AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO - Produtos de fácil comercialização; - Boas condições do acesso para escoamento da produção; - Feiras de exposição das microagroindústrias; - Linhas de crédito para a produção; - Utilização da farinha de mandioca misturada à farinha de trigo para a fabricação de pães, bolachas e massas; - Espaço para comercialização; - Oferta de apoio técnico; - Possibilidade de beneficiamento para agregação de valor; - Unidade de Beneficiamento de Frutas em São José do Sabugi (a ser implementada); - Programa de Aquisição de Alimentos PAA; -Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE); - Base de Serviço e Apoio à Comercialização; - Feiras da Agricultura Familiar; - Feiras locais; - Projeto Sebrae/Parceiros (diagnóstico da fruticultura em Maturéia); - Possibilidade de parceria com Hotéis, Casas de Encontros, Restaurante Popular de Patos (em implantação), para aquisição de produtos da agricultura familiar. Oportunidades Eixo Aglutinador: Fruticultura, Raízes e Tubérculos - Presença de atravessadores na compra da produção, causando diminuição na renda familiar; - Falta de garantia de preços mínimos; - Advento de estiagem/pragas; - Importação de produtos vegetais de áreas mais tecnificadas; - Elevado índice de contaminação das hortaliças por agrotóxicos. Ameaças - Floradas durante o período invernoso e de várias espécies nativas em outras estações do ano; - Grande quantidade de espécies na região; - Utilização e comercialização dos produtos; - Projeto de Extensão da UFCG/CSTR de resgate das abelhas nativas; - Existência de Rede Estadual de Apicultores; - Flora diversificada; - Presença de grande diversidade de abelhas nativas; - Presença de técnicos capacitados para assessoramento da produção apícola. Fraquezas/Entraves - Manejo inadequado das abelhas; - Problemas no aproveitamento do produto e na qualidade do mel; - Falta estrutura para a prática destas atividades produtivas, nas dimensões externa e interna; - Falta incentivo para beneficiamento do produto; - Desmatamento; - A utilização de agrotóxicos na fruticultura; - Insuficiência de assistência técnica; - Exploração predatória, pela grande presença de meleiros; - Falta de profissionalização dos apicultores; - Não exploração racional do mel das abelhas nativas; - Baixo consumo popular do mel; - Utilização comercial apenas do mel, deixando de explorar os outros derivados. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades - Pesquisa e extensão em parceria com a UFCG; - Oferta de capacitação pelo SENAR e SEBRAE; - Oferta de financiamento oficial pelo DRS do BB; - Parceria Interinstitucional entre Banco do Brasil, SENAR, COOPERAR, UFCG, Escola Técnica de Sousa, a fim de fortalecer a atividade através do Programa de Desenvolvimento Sustentável do BB; - Criação racional; - PAA e PNAE – estratégias de popularização do consumo do mel; - Instalação do Entreposto (a ser implementado em Patos); - Cultivo do girassol para o programa de Biodiesel pode ao mesmo tempo favorecer a apicultura como a florada; - Mercado local e externo. Ameaças - Dificuldades no oferecimento de assistência técnica e espaços de comercialização; - Utilização de agrotóxicos nas culturas irrigadas e em algumas culturas de sequeiro. AMBIENTE EXTERNO Oportunidades Eixo Aglutinador: Apicultura e Meliponicultura - Terras ociosas e improdutivas com potencialidade para reforma agrária; - Técnicas de retenção de águas nas propriedades; - Instituições de assistência técnica; - Capacitação de profissionais voltada para o campo; - Existência de iniciativas para capacitações de agricultores direcionadas às potencialidades locais, na agricultura familiar; - Disponibilidade de recursos hídricos nas pequenas propriedades; - Existência de Organizações e Movimentos em defesa da Reforma Agrária; - Existe um número considerável de acampamentos e assentamentos no Território. - Elevada concentração da propriedade da terra; - Os assentamentos em sua maioria apresentam terras que não dão condições de sobrevivência das famílias, seja pela sua qualidade ou pela sua quantidade; - Falta parcelamento das terras em alguns assentamentos do Território; - Má aplicação do crédito ou o mau gerenciamento, inviabilizando o desenvolvimento da maioria das famílias assentadas; - Fragilidade na organização política social dos trabalhadores; - Falta de capacitação dirigida e continuada; - Falta de um assessoramento técnico contínuo e adequado à realidade local; - Trabalhadores autônomos residentes na zona urbana sendo assentados, tomando a vaga de quem realmente é agricultor sem-terra; - Pequenos produtores que têm as terras, mas não têm os títulos; - Desorganização comunitária; - A inexecução dos PDA’s nos assentamentos. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves - Sensibilidade do Governo Federal sobre o processo de reforma agrária; - O trabalho de organizações da sociedade civil em prol da reforma agrária e dos trabalhadores rurais; - Programa de crédito de incentivo à aquisição de terras pelos trabalhadores rurais; - Programa do Governo Federal de apoio ao associativismo no campo; - Discussão sobre um novo modelo de assistência técnica; - Programas específicos para Assentamentos da Reforma Agrária e Agricultura Familiar (PAA, PNAE e outros). Oportunidades Ameaças - Êxodo rural; - Concentração de terras; - Falta de política de consolidação de parcerias com os órgãos de assistência técnica; - Inadequado zoneamento e planejamento agrícola; - Divisão e repasse impróprios dos recursos públicos destinados à agricultura; - Existe uma cultura de que a Reforma Agrária significa apenas a posse da terra; - Organizações que trabalham com reforma agrária com outros objetivos políticos; - Excesso de burocracia dos órgãos de apoio e suporte à Reforma Agrária; - Processo inadequado da Reforma Agrária que compromete as ações em todos os níveis (municipal, estadual e federal) ; - Política inadequada do INCRA na instalação dos assentamentos; - Falta de acompanhamento do INCRA e ATER’s insuficientes; - Endividamento/ inadimplência dos (as) agricultores (as); - Morosidade e burocracia em todo processo de Reforma Agrária; -Ausência de uma política e infraestrutura em segurança nas áreas rurais. AMBIENTE EXTERNO Eixo Aglutinador: Estrutura Fundiária e Reforma Agrária - Experiências com Fundo Rotativo Solidário; - Demandas por parte dos produtores / público a ser atendido; - Recursos suficientes; - Acesso ao crédito; -Acesso às diversas Linhas de Crédito possibilitando a diversificação das atividades rurais através do AGROAMIGO e CREDIAMIGO; - Capacitação/qualificação dos (as) agricultores (as) familiares para aperfeiçoamento da produção, estimulando e oportunizando o acesso ao crédito; -Acesso às diversas Linhas de Crédito das instituições oficiais e da sociedade civil organizada; - Permanência de famílias no campo. - Falta de conhecimento sobre as possibilidades de crédito pelos agricultores; - Aplicação e gerenciamento inadequados pela maioria dos beneficiários / Desvio de finalidade do crédito, causando a inadimplência dos produtores; - Endividamento dos produtores; - A probabilidade de extinção em algumas localidades dos FRS, já que essas comunidades não internalizaram o processo; - Falta de assessoramento técnico contínuo e sistemático na execução dos projetos; - Permanência da cultura do crédito a fundo perdido; - Inexistência de experiências de cooperativas de crédito com trabalhadores rurais; - Falta de conhecimento do sistema de cooperativismo, economia solidária e consumo consciente por parte dos trabalhadores rurais; - Burocracia para acesso ao crédito; - Falta de documentação da terra; -Altos índices de analfabetismo dos trabalhadores rurais. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves Ameaças - Burocracia Excessiva ( rigidez dos pacotes de cadeia produtiva,inadequação das planilhas,excessos no check-list, rigidez nos critérios de enquadramentos ao crédito, projetos inadequados); -Insuficiência de informações sobre as diversas linhas de crédito; - Cronograma de liberação crédito incompatível com o calendário de crédito do Território do Médio Sertão; - Inadequação das ofertas à realidade do Território; - Os créditos alternativos estão sendo desvirtuados pelo próprio Governo; - Deficiência no acompanhamento técnico. AMBIENTE EXTERNO - Oferta de linhas de financiamento às atividades agrícolas com juros subsidiados; - Capacitação; - A presença de entidades governamentais e nãogovernamentais de assistência técnica tem favorecido a oportunidade de acesso ao crédito; - Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar); - FNE (Fundo de Investimento do Nordeste); - FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Ambiental). Oportunidades Eixo Aglutinador: Crédito Fraquezas/Entraves - A falta de condições de trabalho dos técnicos de ATER; - Política de assistência técnica não adaptada à realidade local; - Falta de técnicos especializados em convivência com o semiárido, agroecologia e economia solidária; -Falta de metodologias de trabalho pedagogicamente popular; -Pessoal insuficiente para prestar assistência técnica em áreas de assentamento; -Falta de compromisso de alguns técnicos com os agricultores e agricultoras familiares; - Defasagem salarial; - Ausência de infraestrutura de transporte; - Secretarias de Agricultura pouco estruturadas; - Inexistência de recursos orçamentários na Lei Orgânica de alguns municípios do Território; - Falta de equipes técnicas multidisciplinares. Forças/Potencialidades - Comprometimento e disposição de alguns técnicos que atuam no Território; - Experiência das instituições que atuam no Território; - Público a ser atendido (agricultores familiares, pescadores artesanais e quilombolas); - Agricultura familiar; - Fruticultura; - Caprinocultura/Ovinocultura. AMBIENTE INTERNO Ameaças - Falta de integração entre as instituições que prestam assistência técnica no território; - Insuficiência de pessoal nos órgãos oficiais para atender os produtores rurais; - Políticas públicas não incentivam a criação de modelos de assistência técnica local e regional, adotando a implantação de pacotes gerais; - Falta de qualificação profissional; - Número insuficiente de técnicos; - Infraestrutura deficiente nos escritórios das entidades oficiais de assistência técnica. AMBIENTE EXTERNO - Assistência técnica/transferência de tecnologias alternativas diferenciadas prestadas por algumas organizações/instituições (INCRA, ASA etc); - Atuação da UFCG/Patos, Prefeitura de Patos, EMATER, Cooperativas de trabalho; - Assistência Técnica do INCRA nas áreas de Assentamento da Reforma Agrária; - Discussão e planejamento sobre o novo modelo de assistência técnica; - Programa de ATER/ATES – Lei da ATER; - Programas governamentais de orientação específica da assistência técnica; - Criação do MDA; - Investimento do Governo Federal; - Presença da rede EMEPA/EMBRAPA/EMATER e de entidades não-governamentais no Território. Oportunidades Eixo Aglutinador: Assistência Técnica ELEMENTOS GERADORES DE CRISE Dificuldades na adequação da produção diversificada nos espaços convencionais de comercialização Dificuldades de manutenção e ampliação dos dispositivos comunitários de fundos e créditos Ausência de políticas estruturantes de infraestrutura para produção e beneficiamento da agricultura familiar e para escoamento da produção de forma economicamente sustentável e solidária. Deficiência das políticas de crédito e assistência técnica em promover a diversidade produtiva agroecológica e as formas inovadoras da economia solidária Alto índice de concentração de terra e de meios de produção aliado à fragilidade dos movimentos sociais de luta pela reforma agrária Excesso de burocracia para o acesso ao crédito, a gestão dos recursos acessados, dificultando a autonomia produtiva e o êxito da produção familiar Assistência técnica governamental ainda desvinculada das realidades localizadas, desvalorizando os saberes populares Fragilidade na formação técnica de profissionais da área de Ciências Agrárias Deficiência na apropriação de técnicas adequadas à produção ecologicamente sustentável por parte dos agricultores/as familiares DIMENSÃO SOCIOECONÔMICA 4. DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL 4.1. Gestão Pública e Territorialização das Políticas Públicas A abordagem acadêmica evocada no item Bases Metodológicas apresentada no início deste documento, serve de lastro para justificar a estratégia de territorialização das políticas públicas, também como forma de promover a autonomia e sustentabilidade no processo de desenvolvimento. Entretanto, o desafio fundamental para o sucesso dessa estratégia é provocar os atores e atrizes sociais do Território a assumirem a identidade territorial, identificando a correlação de forças que produz a estrutura social do Território a se engajarem na concepção de um projeto de desenvolvimento comum ao Território de modo a superar as fragilidades provocadas pela fragmentação (por exemplo, em municípios cujas políticas permanecem isoladas umas das outras). Desde 2003, com a criação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Secretaria de Desenvolvimento Territorial, essa estratégia foi adotada pelas instâncias governamentais como política de promoção ao desenvolvimento, nesse caso, vinculada diretamente às políticas públicas para o meio rural, com enfoque para a agricultura familiar. Por essa época, na região do Médio Sertão da Paraíba já havia algumas ações pontuais implementadas, segundo a noção de desenvolvimento local sustentável e, em algumas delas, com o estabelecimento de parcerias entre o governo e a sociedade civil. Portanto, a homologação do Território de Identidade do Médio Sertão encontrou terreno fértil para que se construísse um espaço de discussão e gestão pública das políticas de desenvolvimento rural, com intensa participação da sociedade civil. Em 2009, o Programa Territórios da Cidadania é integrado ao Território do Médio Sertão, agregando às políticas para o meio rural do MDA, os recursos de outros órgãos, ampliando com isso a pauta do desenvolvimento sustentável e incluindo as dinâmicas que estão no corolário das dinâmicas rurais como os desafios urbanos e as estratégias de comercialização que abrangem além da produção, também o consumo consciente. As políticas públicas previstas no PTC devem, na verdade, ser apropriadas pelos atores do Território e geridas segundo práticas de controle social que estejam imbuídas da visão territorial de desenvolvimento sustentável, isto inclui o fato de que na execução dessas políticas serem vislumbrados os impactos, para bem ou mal, nas outras localidades do Território, para além dos limites municipais onde se localizam as implementações. No 117 âmbito do Colegiado, permanece intensa a participação das organizações da sociedade civil em vista da realização desse controle social, embora ainda se perceba a ausência de intervenções dessas entidades que transpareçam uma unidade estratégica entre elas. Entretanto, a maior parte das ações e políticas públicas não tem passado por instâncias paritárias nem são priorizados nas estratégias de controle social, sendo implementadas segundo a visão fragmentada da municipalização, diminuindo o alcance da visão territorial de desenvolvimento e minimizando os espaços de discussão onde essa visão territorial é adotada. A exceção é a gestão coletiva no Colegiado do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Infraestrutura - Proinf, que tem obtido sucesso do ponto de vista do aproveitamento das potencialidades e da promoção da autonomia de quem o acessa. Nesse quesito, o grande desafio do Território é, a partir da presença e articulação das entidades da sociedade civil, fortalecidas num espaço comum de intervenção, construir mecanismos cada vez mais democráticos de controle social, desde a discussão das políticas públicas e sua adequação à visão de desenvolvimento sustentável e solidário para o Território, passando pela formulação, execução e fiscalização das implementações até a avaliação crítica dos impactos e resultados. Isto ocorre tendo em vista a apropriação dos rumos do desenvolvimento local por aqueles que são os que na prática o realizam, o que configura o caráter público e territorial das políticas e projetos locais. 4.2. Estrutura institucional, governabilidade e Gestão Social no Território O Médio Sertão conta com uma grande diversidade de institucionalidades trabalhando sob várias perspectivas do desenvolvimento e articulando grupos de interesses distintos. Algumas instituições governamentais estaduais e federais mantêm representação no território nas áreas de saúde, educação, agropecuária, infraestrutura, recursos hídricos. Essa diversidade é ilustrada pela composição do Colegiado do Território cuja tabela segue abaixo. 118 TABELA 9. COMPOSIÇÃO DO COLEGIADO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL DO MÉDIO SERTÃO. CODETER.2010. PLENÁRIA GOVERNO SOCIEDADE CIVIL Prefeitura Municipal Areia de Baraúnas STTR Serra Teixeira (Maturéia) Prefeitura Municipal Cacimba de Areia STTR Serra Teixeira (Teixeira) Prefeitura Municipal Cacimbas STTR Vale do Sabugí (Santa Luzia, São Mamede) Prefeitura Municipal Catingueira STTR Vale do Sabugí (Junco do Seridó, São José do Sabugí) Prefeitura Municipal Condado STTR Farinha (Cacimba de Areia, Quixaba) Prefeitura Municipal Desterro STTR Farinha (Salgadinho, Passagem) Prefeitura Municipal Imaculada STTR Vale das Espinharas (Patos, São José do Bonfim) Prefeitura Municipal Junco do Seridó STTR Vale das Espinharas (Santa Teresinha, S. J. Espinharas) Prefeitura Municipal Malta CMDRS Serra de Teixeira (Maturéia, Cacimbas) Prefeitura Municipal Maturéia CMDRS Serra de Teixeira (Teixeira, Maturéia) Prefeitura Municipal Mãe D´Água CMDRS Vale Sabugí (São Mamede) Prefeitura Municipal Patos CMDRS Vale Sabugí (São José do Sabugí) Prefeitura Municipal Passagem CMDRS Farinha (Quixaba, Passagem) Prefeitura Municipal Quixaba CMDRS Farinha (Salgadinho,Cacimba de Areia) Prefeitura Municipal Salgadinho CMDRS Vale das Espinharas (Patos, S. J. Espinharas) Prefeitura Municipal São José de Espinharas CMDRS Vale das Espinharas (Santa Teresinha, Condado) Prefeitura Municipal São José do Sabugí PROPAC Prefeitura Municipal São Mamede FETAG Prefeitura Municipal Santa Luzia Instituto Visão Sertão Prefeitura Municipal Santa Teresinha SOS Sertão Prefeitura Municipal São José do Bonfim Vínculus Prefeitura Municipal Teixeira CÁRITAS Prefeitura Municipal Várzea CAMEC Prefeitura Municipal Vista Serrana Câmara Vereadores S. Teixeira (Mãe D´Água, Teixeira) MST Câmara Vereadores V. Espinharas (Patos) Câmara Vereadores V. Sabugí (São Mamede, Santa Luzia) Câmara Vereadores Farinha (Salgadinho, Salgadinho) Sec. Mun. Saúde Serra Teixeira (Maturéia e Desterro) Sec. Mun. Educação Serra Teixeira (Maturéia e Teixeira) Sec. Mun. Agricultura e Meio Ambiente Serra Teixeira (Teixeira, Cacimbas) Sec. Mun. Ação Social Serra Teixeira (Teixeira e Maturéia) Sec. Mun. Comunicação Serra Teixeira (Teixeira, Cacimbas) Sec. Mun. Saúde Vale das Espinharas (Condado, Malta) Sec. Mun. Educação Vale das Espinharas (Santa Colônia de Pescadores Z 19 Comunidades Quilombolas/Negras (Assoc. Comunitária de Serra Feia) Comunidades Quilombolas/Negras (Assoc. de Núcleo de Integração Rural do Talhado Assentamentos Reforma Agrária Serra de Teixeira (Associação dos Agricultores Assentados de Poços de Baixo) Assentamentos Reforma Agrária Vale das Espinharas (Assoaciação dos Agricultores Assentados Patativa do Assaré/Associação dos Agricultores Assentados Campo Cumprido) Assentamentos Reforma Agrária Vale do Sabugí (Associação dos Agricultores Assentados São Vicente/ Associação dos Agricultores Assentados Mundo Novo) Assentamentos Reforma Agrária Farinha (Associação dos Colonos da Barragem da Farinha) Assentamentos de Crédito Fundiário Reforma Agrária Serra de Teixeira (Assoc. dos Agricultores Assentados Cachoeira) Assentamentos de Crédito Fundiário Vale das Espinharas (Assentamento de São José do Bonfim) Assentamentos de Crédito Fundiário Vale do Sabugí (Assentamento Santa Luzia) Assentamentos de Crédito Fundiário Farinha (Associação dos 119 Teresinha, Patos) Produtores do Pinga) Sec. Mun. Agricultura e Meio Ambiente Vale das Espinharas (Patos, Santa Teresinha) Sec. Mun. Ação Social Vale das Espinharas (São José de Espinharas, Condado) Sec. Mun. Saúde Vale do Sabugí ( Várzea, São Mamede) Sec. Mun. Educação Vale do Sabugí (Santa Luzia, São José do Sabugí) Sec. Mun. Agricultura e Meio Ambiente Vale do Sabugí ( São Mamede, Santa Luzia) Sec. Mun. Ação Social Vale do Sabugí (São Mamede, Santa Luzia) CECAP – Assoc. do Centro de Formação e Capacitação Técnica Patativa do Assaré Igreja Católica – Mitra Diocesana Igreja Evangélica – associação das Igrejas Evangélicas UAC – União das Associações Comunitárias de Patos e região Projeto COOPERAR Associação Comunitária Rural Vale das Espinharas (Associação Comunitária Rural de Mocambo) Associação Comunitária Rural Vale das Espinharas (Associação Comunitária Rural de Grossos) Associação Comunitária Rural Vale do Sabugí (Associação Comunitária Rural da Redinha) Associação Comunitária Rural Vale do Sabugí (Associação Comunitária Rural de Arraial) Associação Comunitária Rural Farinha (Associação Comunitária Urbana e Rural de Passagem) Associação Comunitária Rural Farinha (Associação de Pequenos Agricultores e Microindustriais) Associação de Criadores de Abelha (Associação dos Criadores de Abelha de São José do Bonfim/Assoc. dos Criadores de Abelha do Vale do Sabugí) Associação de Produtores de Sisal de Cacimbas e Região EMATER Associação de Produtores Leite de Patos EMEPA Associação da Feira Territorial da Agricultura Familiar IDEME – Séc. Planejamento Estado Associação dos Artesãos de São Mamede Organizações de Mulheres Teixeira (Associação de Mulheres de Maturéia, Grupo de Mulheres do Tauá) Organizações de Mulheres Vale das Espinharas (Associação das Mulheres de Patos) Organizações de Mulheres Vale do Sabugí (Grupo de Mulheres do Monte) Organizações de Mulheres Farinha (Grupo de Mulheres Artesãs de Passagem) Rádios Comunitárias Teixeira (104 FM de Teixeira) Rádios comunitárias Vale das Espinharas (Rádio Engenheiro Arco Verde de Condado/Rádio Morada do Sol de Patos) Rádios comunitárias Vale do Sabugí (102 FM de Santa Luzia) Rádios comunitárias Farinha (Salgadinho FM/ Rádio Comunitária Boa Vista FM de Cacimba de Areia) Sindicato Rural de Patos/ Sindicato Rural de Mãe D´Água Sec. Mun. Saúde Farinha (Quixaba, C. de Areia) Sec. Mun. Educação Farinha (Passagem, Salgadinho) Sec. Mun. Agricultura (Salgadinho, Passagem) Sec. Mun. Meio Ambiente Farinha (Salgadinho, Areia de Baraúnas) Sec. Mun. Ação Social Farinha (Salgadinho, Areia de Baraúnas) INTERPA – Estadual SEDAP SUDEMA – Estadual DER UEPB SEBRAE UFCG Banco do Nordeste Banco do Brasil EMBRAPA CHESF - Programa Luz para Todos Juventudes UACRI – União das Associações Comunitárias Rurais de Imaculada UNACT – União Associações Comunitárias da Serra de Teixeira INCRA UAND - União Associações Comunitárias de Desterro SINE CONSEA SDT/MDA FAEPA IBAMA GAJUC Promotoria Pública CUT – Central Única dos Trabalhadores SENAR Coletivo de Mobilização Social do Médio Sertão FUNASA Cooperativas de Produção – CAMPAL DNIT Coordenação Diocesana da Pastoral da Criança CONAB 120 Caixa Econômica Federal CEPFS – Centro de Educação Popular e Formação Social COMITÊ GESTOR GOVERNO Prefeitura Municipal Santa Teresinha Prefeitura Municipal Maturéia Prefeitura Municipal São Mamede Prefeitura Municipal Salgadinho Sec. Mun. Saúde Maturéia Sec. Mun. Saúde São Mamede Sec. Mun. Educação Santa Luzia Sec. Mun. Meio Ambiente de Salgadinho Sec. Mun. Comunicação Teixeira Sec. Mun. Agricultura e Meio Ambiente São Mamede Câmara Vereadores Mãe D´Água Câmara Vereadores São Mamede Projeto COOPERAR EMATER EMEPA UFCG Banco do Nordeste EMBRAPA SEBRAE Caixa Econômica Federal SOCIEDADE CIVIL STTR Farinha Cacimba de Areia STTR Farinha Passagem STTR Santa Teresinha STTR Santa Luzia, CMDRS Condado CMDRS São Mamede CMDRS Teixeira CMDRS Mãe D´Água GAJUC (Gabinete de Assessoria Jurídica Cidadã em Políticas Públicas Associativas de Patos e Região), CEPFS (Centro de Educação Popular e Formação Social) FETAG (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) Cooperativa Vínculus ASDP/PROPAC (Ação Social Diocesana de Patos/Programa de Promoção e Ação Comunitária) Caritas Brasileira SOS Sertão CAMEC (Central das Associações Comunitárias de Cacimbas) MST Comunidade Quilombola de Várzea Grupo de Mulheres de Santa Luzia Rádio Comunitária de Cacimba de Areia COORDENAÇÃO EXECUTIVA GOVERNO Sec. Mun. Saúde Maturéia Sec. Mun. Educação Santa Luzia Câmara Vereadores São Mamede UFCG EMATER Banco do Nordeste SOCIEDADE CIVIL Cooperativa Vínculus CMDRS São Mamede FETAG (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) Grupo de Mulheres do Município de Santa Luzia ASDP/PROPAC (Ação Social Diocesana de Patos/Programa de Promoção e Ação Comunitária) Caritas Brasileira NÚCLEO TÉCNICO GOVERNO SOCIEDADE CIVIL Projeto COOPERAR EMATER EMEPA UFCG FIP Biomedicina Banco do Nordeste EMBRAPA Caritas Brasileira CAMEC (Central das Associações Comunitárias de Cacimbas) Cooperativa Vínculus BSC CECAP – Centro de Capacitação e Formação Patativa do Assaré 121 SEBRAE CEPFS (Centro de Educação Popular e Formação Social) ASDP/PROPAC (Ação Social Diocesana de Patos/Programa de Promoção e Ação Comunitária) IDEME UEPB GAJUC (Gabinete de Assessoria Jurídica Cidadã em Políticas Públicas Associativas de Patos e Região), INTERPA SUDEMA CONAB SESC SOS Sertão Pastoral da Criança CÂMARAS TEMÁTICAS Educação e Cultura Organização Sustentável da Produção e Comercialização Formação e organização das mulheres Comunicação e Gestão Territorial Organização da Juventude Infra Estrutura Saúde, Previdência e Ação Social Assistência Técnica (ATER/ATES) Ações Fundiárias 4.2.1 Mobilização e Articulação de Forças Sociais O Coletivo de Mobilização Social do Médio Sertão, em funcionamento acerca de 10 anos, tem - se constituído em um espaço de debates sobre experiências e políticas de desenvolvimento apropriadas a realidade e baseadas em princípios como a agroecologia, a valorização do saber local, a democracia participativa e utilizando-se de métodos pedagógicos como intercâmbios e sistematização de experiências. Esta dinâmica está ligada a dinâmicas maiores como a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA PB) e a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA BRASIL). O Coletivo do Médio Sertão agrega entidades da Sociedade Civil, composto por ONG’s, Associações Comunitárias, Centrais de Associações, Sindicatos, Movimentos Sociais, Serviços e Pastorais das Igrejas, além de representações de experiências concretas dos/as agricultores/as familiares, como Bancos de Sementes, Fundos Rotativos Solidários, experiências de apicultores/as, produtores/as agroecológicos, entre outros. Várias das entidades que compõem este fórum também estão inseridas no Colegiado 122 Territorial, o que facilita o fluxo de informações, propostas e experiências em comum e aumenta o empoderamento da sociedade civil para a gestão política do Território. Além de ser um importante espaço de debates e proposição de políticas, algumas entidades do Coletivo já foram e/ou continuam sendo executoras de importantes programas e projetos com o aporte de recursos públicos, a exemplo do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido – “Programa Um Milhão de Cisternas” (P1MC) e “Programa Uma Terra e Duas Águas” (P1+ 2). Outro destaque resultante da atuação do Coletivo tem sido o resgate da solidariedade entre as famílias e comunidades. Como exemplo desse resgate destaca-se no interior do Território a existência de vários grupos autogestionários de Fundos Rotativos Solidários, baseados em poupanças financeiras, de animais ou em trocas de serviços. Como desafio, surge a necessidade de um efetivo diálogo com o conjunto dessas experiências e os seus atores/atrizes, como exemplos orientadores da identidade e dos rumos das políticas territoriais. 4.2.2. Pesquisa, Extensão e Apoio à Produção e Comercialização Da rede de assistência técnica governamental todos os municípios contam com pelo menos um escritório local da Emater/PB. Também atuam no território instituições da sociedade civil que prestam serviço de assistência técnica ligadas a programas governamentais, como é o exemplo da SOS Sertão e das cooperativas Vínculus e Coopagel. A Embrapa atua a partir de um campo experimental em Patos. As instituições do Sistema “S” contribuem no processo de capacitação e assessoria à produção familiar, a partir dos paradigmas de empreendedorismo e cooperativismo. SEBRAE, SINE e SESI têm escritórios instalados no Território. O SENAR, ainda não tendo escritório, mantém parcerias com algumas instituições e prefeituras, que apresentam demandas para cursos específicos de capacitação para produção. Várias iniciativas com apoio governamental de mobilização comunitária para produção e comercialização de produtos gerados na agricultura familiar surgiram no Território. Servem de exemplo as usinas comunitárias de beneficiamento de leite, a organização de produtores por meio de projetos desenvolvidos na cadeia produtiva da caprinoovinocultura, a organização de produtores na pequena produção do algodão e 123 mais incipiente a mobilização, por meio de um programa do Governo Federal de produtores familiares para as culturas de produção do biodíesel. Uma característica negativa a ser superada na tentativa de organização de grupos de base é a pontualização das ações e a conseqüente dependência do fluxo de atividades e projetos específicos para manter o nível básico de mobilização. Vários municípios do Território já vivenciaram experiências de mobilização para implantação de projetos de desenvolvimento local, tais como as iniciativas do Governo Federal que propunham envolver a participação da sociedade em todas as etapas da gestão do desenvolvimento dos municípios inclusive utilizando estratégia semelhante à da territorialização. Por exemplo, o Banco do Nordeste e posteriormente o BNDES estiveram à frente de projetos como esses, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Projeto de Desenvolvimento Local do Território de Patos, formado por este município e os de Santa Teresinha e São Mamede. Também a Agência de Desenvolvimento do Nordeste (ADENE) iniciou a implantação, também com o apoio do PNUD, do Projeto de Desenvolvimento local do Vale do Sabugí (abrangendo os municípios de Santa Luzia, Várzea, São Mamede, Junco do Seridó e Salgadinho). Esta iniciativa foi encerrada pelo Governo Federal ainda na fase de mobilização e sensibilização. Todas estas iniciativas de mobilização comunitária em torno de projetos e programas governamentais envolveram a realização de muitas ações de capacitação, tanto na área de associativismo como de desenvolvimento de habilidades específicas. No entanto, a participação efetiva dos diversos segmentos sociais nos processos decisórios na gestão local é praticamente inexistente. As organizações têm representação frágil decorrente não apenas das práticas clientelistas que permeiam as decisões dos gestores públicos – práticas históricas ainda muito arraigadas, mas também pela fragilidade da base produtiva que sustenta essas organizações, que terminam por deixá-las à mercê do jogo político local. Ainda assim, estas iniciativas podem significar uma contribuição para o fortalecimento e/ou a formação de capital humano e social do território. 4.2.3. Espaços de Controle Social de Políticas Públicas Há uma diversidade de organizações sociais no Território. Nos últimos anos surgiram inúmeros conselhos em decorrência do processo de descentralização da gestão 124 de políticas públicas iniciado a partir da Constituição de 1988, sendo, os primeiros nas áreas de saúde e de educação. Condição para receber recursos de transferências de outras esferas de governo, todos os municípios cuidaram de instalar os que se fizeram necessários à medida que foram implantando as ações. Atualmente, com raras exceções, os municípios têm quase os mesmos conselhos de políticas públicas, dos quais os mais destacados são os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, de Saúde, da Merenda Escolar, e, com experiências localizadas, do Turismo e da Segurança Alimentar e Nutricional Com atuação especificamente na gestão social das políticas públicas para o campo, em todos os municípios estão instalados e funcionando os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS. 4.3. Estrutura do poder local e territorial O traço mais característico das relações de poder do Território é a reprodução das estruturas políticas do interior do Brasil e consiste na insistência de práticas clientelistas e patrimonialistas, isto é, a concepção da coisa pública como propriedade privada e das políticas públicas como favores. Tomando como padrão os valores democráticos e republicanos, a justeza no trato com a coisa pública e a autonomia dos cidadãos e cidadãs, essas práticas tradicionais estão em confronto aberto com a representação ideal de um sistema de relações de poder que promova a liberdade e a justiça e proporcione as condições para um desenvolvimento sustentável e solidário. De fato, a correlação de forças políticas no estado, que inclui, além dos partidos, o aparelhamento de institucionalidades oficiais e a grande imprensa, reforça o modelo personalista, herdeiro direto do coronelismo, retirando ou ignorando a dinamicidade dos espaços coletivos de criação e articulação de idéias e práticas. Em nível estadual, há o embate de duas grandes potências aglutinadas em torno do PMDB, de um lado, e da aliança PSDB/DEM, de outro, e alimentadas por uma disputa pessoal de lideranças ligadas a esses partidos, tendo o PT como um quarto partido, oscilando entre alianças formais 125 com o PMDB e dissidências pragmáticas pontuais. No entanto, apesar da grande força que esse modelo ainda concentra, fisiologizando as políticas públicas, os últimos avanços na articulação da sociedade civil têm permitido um diálogo mais fecundo com as esferas governamentais. As experiências recentes de troca repentina dos grupos no governo foi um teste bastante para esse tipo de diálogo, que numa perspectiva ideal, não deve ser pautado por alianças momentâneas. No Território, obviamente, encontra-se essa mesma realidade, sendo os partidos e grupos de poder mais ligados aos seus aliados estaduais do que a programas conectados às necessidades concretas das populações locais. O Médio Sertão encarna uma divisão bastante característica entre aliados do eixo PMDB e os do eixo PSDB/DEM: até meados de 2010, 6 prefeituras eram governadas pelo PSDB, 6 pelo PMDB, 3 pelo DEM (no Vale do Sabugi especificamente) e as outras 9 de partidos periféricos, mas sempre em consonância com um ou outro desses eixos. Evidentemente, essas práticas estão arraigadas na própria simbologia do poder, compartilhada nos costumes, no cotidiano e na representação imagética das relações políticas; estão para além das práticas pontuais de participação democrática, que certamente vem ganhando terreno, e fazem parte da estrutura mesma das relações sociais. Entretanto, essa constatação não serve como justificativa para a inércia em relação à modificação dessa estrutura. Pelo contrário, espaços como o Colegiado Territorial e os fóruns que o compõem são sinais de que estão sendo tecidas novas relações de poder, configuradas de modo horizontal, onde o consenso não exclui a diversidade e a participação dos próprios sujeitos beneficiários de políticas públicas os tornam atores/atrizes do modelo de desenvolvimento social vislumbrado. 126 - Associações e Sindicatos; - Comitê Gestor do Médio Sertão; - Coletivo de Mobilização Social do Médio Sertão Paraibano; - Agentes financeiros instalados no Território; Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS; - Secretarias de Agricultura e de Meio Ambiente nas Prefeituras Municipais; - Melhoria na estruturação interna das Secretarias Municipais; - Existência de muitos Conselhos de Gestão Pública; - Atuação de Cooperativas de ATER (Vínculus, Associação de Cooperação Agrícola do Estado da Paraíba – ACA). - Falta pessoal capacitado para elaborar projetos; - Visão míope de alguns gestores municipais; - Representações frágeis nos Conselhos de Gestão Pública; - Funcionamento precário e fragilidade de alguns CMDRS; - Ausência de infraestrutura adequada nos municípios para oferecer a contrapartida na implementação de políticas/programas federais; - Forte partidarismo nas esferas governamentais; - Embora haja melhoria na estruturação interna dos órgãos municipais, ainda faltam mecanismos de integração entre suas ações; - Falta de capacitação de pessoal local para manutenção dos equipamentos eletrônicos, acarretando dependência da assistência técnica terceirizada que é extremamente limitada; - Baixa participação das entidades de base, sobretudo dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais do Território; - Fragilidade do Comitê Gestor. AMBIENTE INTERNO Forças/Potencialidades Fraquezas/Entraves - Programas do Governo Federal, Estadual e Municipal; - Equipe da EMATER capacitada para atuar como SUDEMA; - Projeto para a Criação do Parque Nacional Serra do Teixeira; - Parcerias entre instituições dentro dos vários eixos temáticos; - Representações de Instituições federais; - ONG´s que trabalham com difusão de tecnologias alternativas de convivência com o semiárido; - Processo de Desenvolvimento Territorial do Médio Sertão; - Programa Um Milhão de Cisternas; - Pastoral da Criança; - Políticas / programas descentralizados, includentes e com mecanismos de gestão e controle social; - Programa estadual de distribuição de sementes aos pequenos agricultores; - Programa do Biodiesel. Oportunidades Ameaças - Paternalismo na aplicação das políticas públicas; - Sistema burocrático para aprovar e elaborar projetos; - Faltam políticas públicas que incentivem a utilização racional dos recursos naturais; - Políticas governamentais sem consulta à sociedade; - Interesses partidários acima dos compromissos públicos; - Esquecimento político do território; - Falta luta política para fortalecimento territorial; - Falta de integração interinstitucional; - Grande dependência de recursos de transferências governamentais nas finanças públicas municipais; - Incompreensão do processo na ocorrência de mudanças nos cargos eletivos da gestão pública, acarretando interrupção da política de desenvolvimento territorial; - Diminuição relativa dos valores dos repasses da União para os municípios; - Falta de integração entre as ações dos órgãos federais; - Burocracia no acesso a políticas/programas; - Falta de informações sobre as políticas/programas e como acessá-las; - Sucateamento das empresas governamentais (DNOCS e DER), impedindo a execução de suas atividades; - Exigência da contrapartida no Programa Estadual de Sementes (devolução do dobro e necessidade de aval). AMBIENTE EXTERNO AUTODIAGNÓSTICO Eixo Aglutinador: Base Institucional (Serviços de apoio) - Entidades Representativas dos movimentos sociais; - Associações Comunitárias e Sindicatos em todos os municípios; - Cooperativas agropecuárias mistas; - A existência de Fóruns Municipais de Entidades de Base em alguns municípios (CAMEC, UNACT) e do Fórum Regional Coletivo Médio Sertão, ligado à ASA PB; - Facilidade na articulação entre os municípios nos pólos e na realização de reuniões; - Bom relacionamento entre os segmentos da sociedade civil e governos municipais; - Melhor articulação dos Conselhos e instâncias paritárias em nível municipal; - Bons exemplos de autonomia de algumas associações; - Maior participação dos segmentos da sociedade civil nos espaços de discussão das políticas públicas; - Comunidades quilombolas certificadas. Forças/Potencialidades - As associações e cooperativas não são suficientemente organizadas; - Fragilidade na articulação/organização intermunicipal (Associação de prefeitos, consórcios intermunicipais...); - Desarticulação e descontinuidade das ações e desorganização/fragilidade organizacional das associações de base; - Visão individualista por parte dos membros das comunidades; - Baixa participação da juventude, mulheres e comunidades quilombolas nos segmentos da sociedade civil; - Interesse de alguns participantes das associações somente nas subvenções e projetos de Governo; - Falta um Diagnóstico Rural Participativo do Território; - Inadimplência das associações junto aos órgãos governamentais; - Faltam mecanismos que efetivem nas cooperativas subvencionadas por fundos governamentais, a partilha dos lucros entre os cooperados; - Faltam capacitações para membros de Conselhos e instâncias paritárias, além da falta de autonomia financeira; - Falta de assessoria jurídica e contábil à maioria das associações de base; - Pouca autonomia das associações comunitárias, devido às ingerências de agentes políticos locais; - Amadorismo e improvisação na atuação de algumas entidades de base. AMBIENTE INTERNO Fraquezas/Entraves - Instituições (COOPERAR, SEBRAE) e ONG´s (SOS Sertão, CEPFS, CAMEC, PROPAC, CÁRITAS, VÍNCULUS), que trabalham a organicidade das comunidades; - Intercâmbio entre experiências associativas. Oportunidades Ameaças - Faltam estrutura e recursos para que os Movimentos Sociais e ONG´s atendam às demandas do Território; - Baixa credibilidade das associações nas comunidades; - Burocratização para legalização e o bom funcionamento das associações; - Falta de controle social nos projetos implantados anteriormente por meio das associações; - Desvalorização das associações durante a implementação de programas e projetos. AMBIENTE EXTERNO Eixo Aglutinador: Base Organizativa (Movimentos Sociais e organizações comunitárias) ELEMENTOS GERADORES DE CRISE Falta um movimento de empoderamento do próprio Colegiado Territorial, representado pela fragilidade no funcionamento rotineiro e processual de suas instâncias. Desinteresse nas instâncias participativas e nas modalidades de associativismo/cooperativismo por falta de informações e fragilidade na autonomia das entidades existentes. Ausência de instrumentos de diálogo e interação entre os espaços de controle social e entre as Políticas Públicas, dificultando o intercâmbio de experiências e impedindo o fortalecimento da rede de promoção do desenvolvimento sustentável e solidário. Ausência de um instrumento de comunicação eficiente que possibilite o trânsito crítico de informações Confusão conceitual entre o papel da sociedade civil e das instâncias governamentais, especialmente em espaços paritários, levando ao desentendimento ou à indiferença política Fragilidade institucional, com baixo nível organizacional e defasagem das equipes técnicas, tanto das entidades de base como dos entes governamentais, dificultando a livre-circulação de informações e a interação entre os diversos atores e atrizes do Território DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL 130 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES 131 132 PRINCÍPIOS Queremos adotar e nos engajar num modelo de desenvolvimento sustentável e solidário, que considere em sua trajetória os seguintes elementos: 1. Agroecologia e convivência sustentável com o semiárido; 2. Economia solidária, comércio justo e consumo consciente; 3. Soberania alimentar e nutricional, com base na produção da agricultura familiar; 4. Democracia participativa e controle social de políticas públicas. DIRETRIZES Apontamos os seguintes rumos a serem percorridos no processo de desenvolvimento sustentável do nosso Território: 1. Agricultura familiar diversificada e sistêmica, baseada em práticas agroecológicas adaptadas ao semiárido e assessorada por uma política de assistência técnica que una o conhecimento científico aos saberes populares; 2. Preservação da biodiversidade e cuidado com a sustentabilidade dos ecossistemas no Território; 3. Comercialização solidária e dinâmica dos produtos da agricultura familiar; 4. Universalização dos serviços de saúde, valorizando o uso de métodos alternativos na prevenção e no combate a endemias; 5. Educação democrática e contextualizada no semiárido; 6. Valorização da cultura sertaneja regional; 7. Espaços participativos de fortalecimento das organizações de base e das dinâmicas sociais e de integração com instituições e organismos empenhados no desenvolvimento sustentável do Território; 8. Garantia da circulação e do acesso às informações e saberes construídos no interior do Território; 9. Transparência no uso de recursos públicos e de organizações sociais e participação direta da sociedade organizada na elaboração e gestão das políticas públicas. 133 VISÃO DE FUTURO 134 135 VISÃO DE FUTURO Nós, aqui no Território do Médio Sertão Paraibano, comemoramos muitas conquistas que fizeram melhorar as condições de vida de nosso povo. O resultado da ampla reforma agrária, realizada com justiça e eficiência, é uma agricultura familiar forte e dinâmica, constituída por famílias organizadas, produzindo uma grande diversidade de alimentos com qualidade e quantidade suficiente para garantir sua segurança alimentar e abastecer o comércio local, participando ainda de espaços regionais de comercialização. As instituições financeiras desenvolvem uma política de crédito adequada à nossa realidade e nenhum beneficiado encontra-se inadimplente. Também os serviços de assistência técnica valorizam as experiências populares e contribuem para o seu aperfeiçoamento, de acordo com os saberes científicos. O excedente da produção está sendo negociado diretamente pelos (as) produtores (as) organizados (as) em redes solidárias, feiras agro-ecológicas e espaços desenvolvidos de acordo com as necessidades dos (as) agricultores (as) e do comércio local. Tudo isso tem contribuído para o retorno das famílias ao campo, resgatando as raízes camponesas e a auto-estima dos (as) agricultores (as). Depois de instalado o Comitê de Bacias Hidrográficas do território, houve grandes melhorias no monitoramento das nascentes, cursos d’água e mananciais e hoje há muitas iniciativas da sociedade civil e do Governo para recuperação das matas ciliares e despoluição dos rios e açudes da região. Contribuiu para isso a extinção do uso de agrotóxicos e insumos químicos na atividade agrícola. A população do Território aprendeu a aproveitar melhor a água das chuvas e evitar o desperdício. Cada residência da zona rural agora dispõe de uma cisterna de placas com água de boa qualidade para consumo durante os períodos de estiagem prolongada e também já foram implantadas várias barragens subterrâneas e poços bem instalados, utilizados para a produção de alimento humano e animal. Nas cidades, estão sendo usadas várias tecnologias que auxiliam na reciclagem e redução do consumo de água, além de terem sido universalizados os serviços de abastecimento e saneamento. 136 O desafio da moradia tem sido superado com êxito, especialmente no campo, onde todas as famílias possuem casa própria e digna. Os projetos de construção de casas populares agora são geridos pela própria população beneficiada e já não contribui para a saída das famílias do campo, onde há, além das melhorias na habitação e na dinamização econômica, serviços públicos de qualidade: postos de saúde funcionando regularmente, estradas vicinais bem conservadas, espaços de lazer e prática de esportes e escolas bem estruturadas. Já não há registro de analfabetismo em nosso território. Os processos de educação se desenvolvem segundo uma pedagogia contextualizada com o semiárido, com currículos adaptados às realidades locais e uma rede de educadores (as) atuantes e valorizados (as) em seu serviço. As escolas estão adequadas às novas metodologias e incluem em sua estrutura a criação de viveiros comunitários para plantio e reprodução das espécies nativas e da fruticultura, canteiros de plantas medicinais e hortas com economia de água para o incremento da alimentação escolar. As políticas de saúde foram democratizadas. Em todos os municípios já existem unidades de atendimento emergencial e ambulatorial; as unidades de saúde da família contam com profissionais qualificados em diversas áreas e o atendimento à população do campo é regular e universal, incluindo os serviços de assistência social. As endemias foram controladas e as zoonoses muito características da região foram abolidas. Houve significativa redução das epidemias e dos índices de doenças infecto-contagiosas. Em grande parte, os avanços da saúde foram alcançados graças às políticas preventivas e de educação popular. Os meios de comunicação, democratizados e já ao alcance da sociedade civil, oferecem a toda a população as orientações corretas quanto ao manuseio e aproveitamento dos alimentos e à higiene doméstica, servindo, ainda, como instrumento de mobilização popular e controle social. Foram criados parques e reservas em áreas com potencial faunístico e florístico. As famílias agricultoras produzem ecologicamente e nas cidades já estão consolidadas práticas como plantio de árvores nativas e o consumo consciente de produtos agroecológicos produzidos localmente. A gestão pública e a sociedade civil detêm agora informações detalhadas e atualizadas sobre as reservas de minérios do Território. Os trabalhadores e trabalhadoras 137 da extração mineral, antes explorados pelo capital estrangeiro e ignorados pelos órgãos governamentais ligados à área, hoje, organizados, exercem o controle social sobre a exploração racional, o beneficiamento e o escoamento da produção mineral, respeitando as limitações impostas pelo meio-ambiente e pela saúde humana e incrementando a renda dos municípios com as divisas geradas. Com o registro de todos esses avanços e a melhoria na qualidade da segurança pública, merece finalmente destacar um dos maiores ganhos no nosso território: a erradicação do tráfico e do uso de drogas sintéticas entre a juventude, a superação da violência extremada, a convivência saudável e a resolução pacífica dos conflitos nas comunidades. O Território vive um momento de intensa participação dos vários segmentos sociais, organizados em diversas entidades e instituições e os próprios agentes do poder público abrem espaço para intervenções diretas dos sujeitos beneficiários das políticas públicas. A parceria entre as entidades de assessoria e as organizações de base das famílias agricultoras tem empoderado as dinâmicas sociais populares nos espaços de decisão e gestão das políticas públicas que lhes afetam diretamente. Por fim, o Colegiado do Território, com participação cada vez mais ampliada e qualificada, é reconhecido como o principal fórum deliberativo de políticas públicas e de construção de um modelo sustentável e solidário de desenvolvimento. 138 PLANO Programas, Projetos e Ações 139 140 DA MULHER. INSERÇÃO PRODUTIVA AUTONOMIA E PROMOÇÃO DA ARTICULAÇÃO, PROGRAMAS Inserção das mulheres nas dinâmicas de produção e comercialização, a partir das práticas de economia solidária Implantação do Centro de Apoio às Mulheres Vítimas de Violência Mobilização e articulação de grupos de mulheres no interior do Território, em continuidade às ações do Projeto Mulheres e Autonomia. PROJETOS - Ampliar a Comissão Territorial de Mulheres e elaborar um calendário de reuniões; - Realizar oficinas no interior do colegiado sobre políticas territoriais e as relações de gêneros; - Criar Comissões Municipais de Mulheres; - Elaborar diagnóstico e fortalecer a participação das mulheres na gestão das políticas públicas de gênero; - Realizar mapeamento das áreas de maior violência contra a mulher; - Fortalecer o Programa de Documentação da Mulher Trabalhadora. - Mobilizar gestores públicos e entidades que militam no combate à violência contra a mulher para a realização da proposta; - Elaborar projeto técnico-financeiro para a construção do espaço via consórcio entre os municípios. - Difundir informações sobre política de créditos específica para a mulher, através de campanhas de divulgação, dando maior visibilidade ao PronafMulher; - Promover capacitações para mulheres da agricultura familiar em torno das temáticas de produção, gestão e comercialização; - Identificar e fortalecer as iniciativas de produção e comercialização lideradas por mulheres; - Priorizar a inserção de mulheres nos espaços de comercialização do artesanato e do campo agroecológico; - Realizar seminários (políticas públicas e elaboração de projetos de geração de renda e comercialização). AÇÕES ESTRATÉGIAS: 1. Inserção de lideranças femininas nas instâncias do Território; 2. Fortalecimento da articulação entre grupos de mulheres voltados para a produção e comercialização e aqueles voltados para a reflexão política; 3. Articulação de consórcios para viabilizar projetos intermunicipais. POLÍTICAS DE GÊNERO E GERAÇÃO EIXO AGLUTINADOR DIMENSÃO SOCIOCULTURAL E EDUCACIONAL CULTURAL DO TURISMO HISTÓRICO- POPULAR E PROMOÇÃO RESGATE DA MEMÓRIA PROGRAMAS Registro da memória histórica do TERRITÓRIO. Estruturação e promoção dos diversos pontos turísticos Resgate e valorização dos sítios arqueológicos PROJETOS AÇÕES - Articular parcerias para catalogação e sistematização de informações (Instituições de ensino e pesquisa, governos municipais, agentes culturais locais); - Identificar e cadastrar os sítios arqueológicos; - Viabilizar a produção, publicação e divulgação de informações sobre sítios arqueológicos. - Identificar os potenciais turísticos por microrregião; - Elaborar projetos estratégicos, em parceria inclusive com a iniciativa privada, para melhoria na infraestrutura de acesso e estada e na manutenção dos locais; - Formular estratégias de divulgação. - Viabilizar a implantação de museus públicos nos municípios, com a colaboração dos acervos familiares; - Promover o registro, a sistematização e a publicação de histórias populares, valorizando o caráter da oralidade. ESTRATÉGIAS: 1. Articulação entre os municípios, segundo as potencialidades de turismo; 2. Adoção do sistema de consórcio intermunicipal na implantação de projetos específicos; 3. Valorização dos saberes populares na divulgação das histórias locais. PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL EIXO AGLUTINADOR ESPORTE LOCAIS E PROMOÇÃO DO EXPRESSÕES CULTURAIS VALORIZAÇÃO DAS PROGRAMAS Incentivo à iniciação artística juvenil Incentivo à prática esportiva Diagnóstico, resgate e divulgação das expressões culturais locais PROJETOS - Promover cursos e articulação de grupos de teatro popular; - Criar escolas de música e dança para crianças, adolescentes e jovens; - Organizar Festival de Cinema do Médio Sertão - Realizar rodadas de discussões, oficinas e conferências sobre as expressões culturais locais, os impactos externos e as políticas apropriadas para o Território; - Elaborar diagnóstico das expressões culturais tradicionais e estudo sobre o seu estado de preservação; - Sistematizar e publicar estórias, contos populares, folclore local e cordéis que representem as expressões originais da memória cultural local; - Promover cursos de artesanato a partir de matérias-primas usuais como pedras, palhas, fibras, cerâmica, sementes, escamas; - Implantar e estruturar espaços referenciais de cultura nos municípios; - Realizar Festival de Cultura e Arte do Médio Sertão Paraibano. - Identificar modalidades esportivas populares e disseminadas pelo Território; - Organizar campeonatos entre os municípios do Território; - Promover gincanas culturais e esportivas intermunicipais; - Viabilizar a criação de escolinhas de esporte nos municípios. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 1. Priorização de artistas locais na realização e divulgação de eventos culturais; 2. Articulação da promoção de eventos culturais em pontos turísticos históricos, como forma de valorizar ambas as potencialidades; 3. Adoção de um modelo de realização de grandes eventos e festas mais assemelhado às expressões culturais locais, em detrimento do atual modelo massificador. 4. Estabelecer parceria com instituições de apoio a ações na área de esporte, cultura e lazer. CULTURA, LAZER E ARTESANATO EIXO AGLUTINADOR EDUCAÇÃO EIXO AGLUTINADOR SUPERIOR ACESSO AO ENSINO DEMOCRATIZAÇÃO DO CONTEXTUALIZADA E EDUCAÇÃO CAMPO Projeto demonstrativo de educação contextualizada em um município do Território. Reestruturação da rede de escolas rurais FORTALECIMENTO DA REDE DE EDUCAÇÃO NO PROJETOS PROGRAMAS - Realizar um seminário sobre educação contextualizada no semiárido no interior do colegiado; - Sensibilizar e mobilizar grupos de educadores (as) populares; - Articular instâncias de gestão pública e organizações da sociedade civil para o aprimoramento necessário do Plano Municipal de Educação, no município apto a realizar a experiência de educação contextualizada; - Adequar os currículos escolares à realidade local no município apto a realizar a experiência de educação contextualizada; - Promover a implantação de experiências demonstrativas extracurriculares, como hortas comunitárias na escola, aulas-campo, resgate da memória do lugar e participação de lideranças comunitárias nos momentos de aprendizado; - Durante o processo, promover intercâmbios entre o grupo de educadores (as) populares sensibilizados e experiências exitosas no semiárido (por exemplo, SERTA – Ibimirim/PE) e intercâmbios entre grupos de educadores (as) de outros municípios e o grupo de educadores (as) do município que realiza o projeto; - Realizar a formação continuada dos (as) educadores (as); - Registrar continuamente a experiência, monitorando os avanços e impasses no interior do colegiado e sistematizando conclusões para disseminação das experiências de educação contextualizada. - Fortalecer os processos de formação continuada dos (as) educadores (as) da rede pública, dando enfoque aos elementos de contextualização da educação; - Promover reestruturação da educação do campo, a partir das melhorias nas instalações das escolas da zona rural e sensibilização, formação e acompanhamento dos (as) educadores (as); - Fortalecer as melhorias no transporte público escolar; AÇÕES ESTRATÉGIAS: 1. Articular diálogos entre os gestores públicos para a implantação da UAB no território; 2. Integrar as discussões sobre educação contextualizada no Território à RESAB (Rede de Educação Contextualizada do Semiárido). Democratização do acesso e contextualização do ensino superior no Território - Oferecer cursos técnicos adequados à realidade do Território; - Elaborar políticas eficazes de promoção do ingresso de jovens da agricultura familiar e de comunidades quilombolas na educação superior; - Dialogar com as IES presentes no Território, especialmente as que adotam as metodologias de educação à distância, para a adequação dos currículos e métodos ao contexto do semiárido nordestino; - Ampliar linhas de pesquisa e projetos de extensão das IES presentes no Território, adequando-as ao contexto do semiárido e integrando-as às dinâmicas de construção do saber presentes no Território; - Implantar nos municípios-pólo a Universidade Aberta do Brasil. FAMÍLIA INTEGRAL À E ATENÇÃO SAÚDE PREVENTIVA Fortalecimento da rede de atenção integral à família Fortalecimento das ações de Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional Fortalecimento da medicina preventiva, através do resgate e da capacitação para o uso das plantas medicinais e da fitoterapia. PROJETOS - Socializar com as comunidades os resultados de pesquisas e estudos na área da medicina preventiva e da fitoterapia; - Implantar programa de formação continuada das equipes do PSF para o uso dos saberes populares, verificados cientificamente, na prevenção e tratamento de doenças; - Capacitar educadores (as) populares para o resgate, registro e sistematização das práticas da medicina popular e para a disseminação das boas práticas comprovadas. - Promover capacitações de famílias das comunidades empobrecidas para otimização do uso de alimentos; - Proporcionar criação de espaços comunitários de produção orgânica de alimentos; - Garantir o cumprimento das diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar, sugerindo a adoção do cardápio estritamente regional na rede pública de educação; - Aprofundar e qualificar a atuação autônoma dos Conselhos de Segurança Alimentar e dos Conselhos da Merenda Escolar nos municípios; - Implantar bancos de alimentos e restaurantes populares, como forma de garantir políticas acessíveis de segurança alimentar e nutricional; - Promover a formação continuada dos Agentes Comunitários de Saúde para acompanhamento da alimentação das famílias atendidas. - Garantir e ampliar o atendimento domiciliar das equipes do PSF; - Promover formação continuada e integração territorial entre os (as) educadores (as) dos programas de inclusão social no Território (Peti, ProJovem); - Instalar centros referenciais de saúde nas comunidades rurais; - Fortalecer e ampliar o atendimento dos CAPS, especialmente os CAPS AD, nos municípios-pólo; - Apoiar a estruturação e o funcionamento da Fazenda da Esperança, iniciativa em processo de implantação pela Diocese de Patos; - Melhorar o atendimento e o tratamento a pacientes com câncer no Território, por meio da criação de um hospital especializado. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 1. Aumento da autonomia e da atuação dos Conselhos de Saúde nos municípios; 2. Ampliação e aperfeiçoamento do atendimento dos programas de assistência à família (CRAS, CREAS, Casa da Família). SAÚDE DAS AÇÕES DE AMPLIAÇÃO E FORTALECIMENTO EIXO PROGRAMAS AGLUTINADOR INFRAESTRUTURA EIXO AGLUTINADOR ECONÔMICOS E AMBIENTAIS BENEFÍCIOS SOCIAIS, DE AGREGAÇÃO DE ESTRUTURAS ESTRATÉGICAS IMPLEMENTAÇÃO DE INFRA- PROGRAMAS Ampliação do sistema de saneamento básico Construção ou adequação normativa de abatedouros municipais Instalação de sistemas de adutoras e abastecimento singelo na zona rural - Realizar mobilizações sociais e articular lideranças do Território; - Realizar estudo comparativo de impactos socioeconômicos; - Elaborar projeto técnico e financeiro. Pavimentação asfáltica entre as cidades Patos-Assunção, São José do Bonfim-Mãe d’Água, DesterroCacimbas, Vista Serrana-Malta, São José de Espinharas-Patos e outras - Realizar estudo de necessidades hídricas na zona rural e da viabilidade econômica e social do abastecimento público; - Elaborar projetos técnicos e financeiros, de acordo com as potencialidades locais e a mobilização das populações beneficiadas, em parceria com as outras instâncias governamentais, para a instalação dos sistemas de abastecimento singelo na zona rural. - Realizar diagnóstico das formas de abatimento da produção bovina, caprina e ovina no território; - Intensificar a fiscalização nos abatedouros clandestinos e públicos; - Efetivar políticas de adequação às normas sanitárias e trabalhistas nos abatedouros públicos; - Construir abatedouros públicos municipais de acordo com as normas sanitárias e trabalhistas vigentes. - Identificar áreas não-atendidas pelos sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo; - Priorizar a instalação de redes de abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo nas áreas ainda não cobertas; - Implantar a política de coleta seletiva do lixo, conforme projetos previstos na Dimensão Ambiental deste Plano; - Instalar fossas sépticas nas residências da zona rural. AÇÕES PROJETOS - Substituição de casas de taipa por casas de alvenaria, priorizando a zona rural; - Universalizar o acesso à energia elétrica, com infraestrutura e taxas adequadas à realidade da zona rural. - Identificar as potencialidades e localidades estratégicas para a implantação de sistemas de captação e/ou transformação energética a partir de fontes alternativas (solar, eólica, biogás...). - Elaborar projetos técnicos e buscar fontes de recursos; - Estabelecer parceria com órgãos de pesquisa e intercâmbio com experiências exitosas. ESTRATÉGIAS: 1. Promoção do controle social por instâncias locais dos programas de construção de casas populares, adequando as reais necessidades aos projetos previstos; 2. Integração de organizações de base das populações diretamente beneficiadas na discussão, implementação e controle das obras de infraestrutura; 3. Intensificar divulgação do cadastro de produtores familiares junto ao armazém da CONAB, no Território, para acesso aos serviços oferecidos. Experiência localizada com fontes alternativas de energia Melhorias habitacionais, com enfoque na zona rural RECURSOS HÍDRICOS EIXO AGLUTINADOR RECURSOS HÍDRICOS MONITORAMENTO DOS POLUIÇÃO E PREVENÇÃO E COMBATE À FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL GOVERNAMENTAL DE INSTITUCIONAL DA REDE FORTALECIMENTO PROGRAMAS Monitoramento da ocupação indiscriminada das margens dos mananciais Combate ao uso de agrotóxicos nas margens dos mananciais e cursos d’água Melhoria na gestão pública dos recursos hídricos do Território Instalação de um escritório do IBAMA no Território Estruturação do escritório da AESA no Território. PROJETOS DIMENSÃO AMBIENTAL - Realizar um estudo de reconhecimento do potencial hídrico do território; - Aperfeiçoar o monitoramento do estado de conservação dos reservatórios públicos, providenciando ações efetivas de manutenção; - Dialogar no interior do colegiado para a criação de instâncias paritárias de gestão dos recursos hídricos nos municípios; - Promover ações educativas de combate ao desperdício e ao mau uso da água junto à população; - Implementar tecnologias sociais adequadas para a captação e armazenamento de água para consumo humano e produção (barragens sucessivas, barragens subterrâneas, tanques-depedra) - Promover campanhas educativas, através dos meios de comunicação disponíveis, de sensibilização da população (produtores e consumidores) contra o uso de agrotóxicos; - Capacitar educadores (as) e demais formadores (as) de opinião sobre as conseqüências do uso de agrotóxicos; - Articular as universidades locais para formação de educadores populares, agrônomos, veterinários, engenheiros florestais e biólogos no campo agroecológico. - Realizar um mapeamento geográfico e socioambiental das nascentes e cursos d’água; - Utilizando as instâncias do Território, articular o Governo Federal (MMA) para implantar e estruturar um escritório do IBAMA no interior do Território. - Utilizando as instâncias do Território, articular o Governo Estadual para realizar melhorias de infraestrutura do escritório de Patos, contratação de pessoal qualificado e intensificação das ações. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 4. Parcerias com universidades locais para aperfeiçoamento metodológico de estudos, diagnósticos e levantamentos; 5. Adoção do modelo de consórcios intermunicipais para implementação de obras e projetos que beneficiem um conjunto de municípios, tal como a construção de aterros sanitários; 6. Interação com o Comitê da Bacia Piranhas-Açu; 7. Apoio e fortalecimento aos programas de segurança hídrica para a agricultura familiar (P1MC, P1+2, entre outros), utilizando, inclusive, os dispositivos legais existentes e/ou aperfeiçoando-os. Construção de aterros sanitários Tratamento do esgotamento urbano, de resíduos sólidos e de dejetos da mineração - Realizar um estudo-diagnóstico da ocupação das áreas públicas às margens dos mananciais; - Promover, em parceria com o Comitê de Bacia Piranhas-Açu, Ministério Público e órgãos governamentais da área ambiental, rodadas de debates, conferências e audiências públicas sobre esta temática. - Implantar e/ou ampliar a rede de coleta e tratamento de esgotamento urbano nos municípios do Território; - Sensibilizar a população, através de campanhas educativas, para a seleção e separação dos resíduos antes da coleta; - Ampliar e aperfeiçoar a coleta nos municípios, observando a transição para a coleta seletiva; - Promover levantamento das áreas afetadas pelos dejetos da mineração, dos seus impactos e das soluções viáveis. - Identificar áreas estratégicas apropriadas para a construção dos aterros; - Elaborar projetos técnicos e financeiros, em parceria com os Governos Estadual e Federal e outros parceiros disponíveis, para a construção dos aterros; - Adequar as frotas municipais para coleta e transporte dos resíduos que se destinam aos aterros; - Estruturar organizações de catadores de material reciclável, para viabilizar a comercialização e/ou transformação desses materiais. PESCA SUSTENTÁVEL FORTALECIMENTO DA COM ENFOQUE NO SITUAÇÃO DE RISCO, FAUNÍSTICAS EM ESPÉCIES PRESERVAÇÃO DAS TERRITÓRIO BIODIVERSIDADE DO PESQUISA DA FOMENTO À PROGRAMAS Criação do Parque Ambiental da Serra do Teixeira Combate à pesca e caça predatória Pesquisa e reprodução de espécies nativas ameaçadas de extinção Criação do Centro Educacional de Estudos e Pesquisa Ambientais do Semiárido, em parceria com o INSA PROJETOS - Inserir a temática da preservação no cotidiano da população, especialmente através da educação formal e dos meios de comunicação disponíveis, a fim de modificar os hábitos de caça e consumo de espécies selvagens; - Realizar estudo sobre a viabilidade da instalação de uma estação de piscicultura no interior do Território; - Ampliar e fortalecer a prática da distribuição de alevinos nos açudes públicos/comunitários; - Reivindicar fiscalização mais consistente e intensa por parte dos órgãos responsáveis; - Exigir o cumprimento da legislação vigente no que se refere à observação dos períodos de defeso. - Resgatar e socializar no colegiado a situação da tramitação desse projeto; - Articular, desde o colegiado, um grupo de trabalho específico para acompanhar esse projeto; - Definir estratégia de negociação com as instâncias governamentais responsáveis pela homologação; - Realizar estudo de projeção da criação de novos parques de preservação no interior do Território; - Implantação do destacamento de Polícia Florestal na Serra do Teixeira. - Dialogar/negociar com as instituições de pesquisa do Semiárido (UFCG, INSA, Embrapa, entre outros) a viabilização de um programa de pesquisa no interior do Território; - Mobilizar educadores (as) e estudantes dos cursos afins já presentes no Território; - Realizar estudo de viabilidade do projeto, observando as dimensões políticas, financeiras e ambientais; - Articulação do Estado (União, Estados e Municípios) para fomento deste Centro. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 1. Fortalecimento das organizações de base da pesca artesanal, através de mobilizações e capacitações comunitárias; 2. Capacitação do colegiado e dos agricultores familiares em legislação ambiental; 3. Envolvimento de entidades de pesquisa na área de biodiversidade do semiárido. RECURSOS FAUNÍSTICOS EIXO AGLUTINADOR RECURSOS FLORESTAIS EIXO AGLUTINADOR CAATINGA RECURSOS FLORESTAIS DA MANEJO SUSTENTÁVEL DOS TERRITÓRIO BIODIVERSIDADE NO FOMENTO À PESQUISA DA PROGRAMAS Recomposição florestal e recuperação de solos das matas ciliares e de áreas degradadas Incentivo à implantação de sistemas agrosilvopastoris Combate ao uso indiscriminado dos recursos florestais e apoio ao manejo sustentável para fins produtivos Resgate do uso racional das espécies medicinais Criação do Jardim botânico do Médio Sertão (Museu vivo de espécies nativas) PROJETOS - Implantar um espaço aberto de preservação e amostra das espécies nativas; - Divulgar e incentivar a visitação da população; - Estabelecer parcerias com a rede de educação básica para uso do Jardim como recurso didático para ações de educação ambiental. - Realizar mapeamento das espécies medicinais; - Promover a disseminação de hortas escolares específicas para plantas medicinais; - Inserir nas aulas convencionais os conhecimentos locais sobre o uso das plantas medicinais no cotidiano. - Levantar informações sobre os laços produtivos, os impactos econômicos e os resultados ambientais da exploração predatória das espécies florestais (produção de lenha e carvão, extração de areia, argila e barro para produção oleira); - Promover capacitações para agricultores (as) familiares em técnicas adequadas do manejo da floresta da caatinga; - Implantar, em parceria com entidades de pesquisa e assessoria, viveiros comunitários de mudas de espécies florestais. - Identificar iniciativas agrosilvopastoris no Território e as potencialidades existentes para a disseminação de técnicas afins; - Implantar unidade demonstrativa de sistemas agrosilvopastoris, em parceria com instituições de pesquisa e entidades de assessoria; - Realizar seminários e conferências a partir do campo agroecológico, que integrem o saber acadêmico e os saberes populares para a disseminação de técnicas agrosilvopastoris. - Dialogar com a UFCG para a implantação de um programa institucional específico de assessoria a projetos de recomposição florestal e recuperação de solos; - Implantação de experimentos de recuperação dos solos degradados, articulando os diversos órgãos de pesquisa; AÇÕES ESTRATÉGIAS: 1. Reivindicação de fiscalização mais consistente e intensa por parte dos órgãos responsáveis; 2. Capacitação do colegiado e dos agricultores familiares em legislação ambiental; 3. Articulação entre escolas do campo e instituições de pesquisa para a implantação, manutenção e uso didático de hortas e viveiros escolares; 4. Realização de eventos comemorativos relacionados ao meio-ambiente (Dia da Água 22/03; Dia do Meio-Ambiente 05/06; Dia da Caatinga 29/04; Semana da Árvore na última semana de Março) Democratização das informações sobre a legislação ambiental e sobre técnicas apropriadas de manejo sustentável, especialmente para a agricultura - Articular famílias e comunidades do campo para a adesão a projetos de recomposição das matas ciliares e áreas degradadas; - Implantar em escolas do campo, com orientação adequada de organismos competentes, viveiros de mudas de espécias florestais. - Promover cursos rápidos de legislação ambiental e manejo adequado, em parceria com instituições de pesquisa e ensino da área; - Constituir uma rede de educadores (as) populares sensibilizados (as) para a convivência com o semiárido; - Publicar material informativo sobre a legislação ambiental e manejo sustentável, destinado a produtores e consumidores de produtos originários da exploração da floresta da caatinga. EXPLORAÇÃO SOCIOAMBIENTAIS DA ENFOQUE NOS IMPACTOS TERRITÓRIO, COM RECURSOS MINERAIS NO INFORMAÇÕES SOBRE APROPRIAÇÃO DAS PROGRAMA Apoio e incentivo aos trabalhadores (as) das minas e suas organizações de base Reestruturação da Mina-Escola da região do Vale do Sabugi (integrada ao Centro Educacional de Estudos e Pesquisa Ambientais do Semiárido) Sistematização e divulgação das informações preliminares sobre o potencial mineral da região, a situação da exploração e a legislação vigente PROJETOS AÇÕES - Constituir um grupo de trabalho específico, interno ao colegiado, para a pesquisa, o recolhimento e a sistematização das informações a respeito da mineração na área do Território e entornos; - Articular órgãos e instâncias públicas de gestão para o levantamento de informações sobre a exploração mineral e a legislação vigente; - Promover um momento de socialização do diagnóstico da mineração e diálogo interno sobre as perspectivas e soluções de curto, médio e longo prazo; - Realizar conferências, debates e audiências públicas sobre a temática, incluindo a participação das populações diretamente atingidas pela exploração desordenada dos recursos. - Dialogar com o curso de geologia da UFCG acerca do fomento a teses de mestrado e doutorado relacionados à mineração na região do Território Médio Sertão; - Articular a Reitoria da UFCG e demais órgãos competentes para viabilizar a reestruturação da Mina-Escola. - Viabilizar ação conjunta do Ministério Público e MTE para regularização das relações de trabalho nas áreas exploradas; - Promover a responsabilização das empresas exploradoras sobre os dejetos minerais acumulados e sua limpeza; - Estabelecer parcerias com a UFCG para disseminação de técnicas de reaproveitamento dos resíduos da mineração por parte dos trabalhadores (as) das minas; - Estabelecer parcerias com entidades de pesquisa para o fomento à exploração racional e regularizada do minério. ESTRATÉGIAS: 1. Ação conjunta com os demais territórios onde existe exploração de recursos minerais; 2. Inclusão das populações das áreas de exploração no processo de debate e discussões; 3. Levantamento das divisas geradas nos municípios em decorrência da exploração mineral. RECURSOS MINERAIS EIXO AGLUTINADOR TRABALHADORES (AS) ORGANIZAÇÃO DOS (AS) SISAL, COM FOCO NA CADEIA PRODUTIVA DO FORTALECIMENTO DA PROGRAMAS Aperfeiçoamento técnico dos (as) trabalhadores (as) do sisal - Mapear a presença do sisal e suas potencialidades no Território; - Realizar estudo de viabilidade da cadeia produtiva com foco na produção em unidades familiares. Diagnóstico da cadeia produtiva do sisal no Território - Promover capacitação técnica de trabalhadores (as) do sisal para melhorias na extração e no beneficiamento da matériaprima, com enfoque no artesanato realizado pelas mulheres trabalhadoras do sisal; - Realizar intercâmbios com experiências exitosas de produção, organização e comercialização; - Fomentar a criação de cooperativas de produtores de derivados do sisal com foco no beneficiamento e na comercialização. AÇÕES PROJETOS ESTRATÉGIAS: 1. Agregação de experiências de outros territórios; 2. Resgate da memória da cadeia produtiva do sisal. SISAL EIXO AGLUTINADOR DIVERSIDADE DAS CADEIAS PRODUTIVAS DIMENSÃO SOCIOECONÔMICA AGRICULTURA FAMILIAR CRIAÇÃO ANIMAL DA DIVERSIDADE DA EIXO AGLUTINADOR GALINÁCEOS E SUÍNOS CRIAÇÃO FAMILIAR DE FORTALECIMENTO DA CAPRINOVINOCULTURA NA PRODUÇÃO DA EXPERIÊNCIAS SOLIDÁRIAS BOVINOCULTURA E DAS CADEIA PRODUTIVA DA FORTALECIMENTO DA PROGRAMAS Estruturação do espaço familiar de criação de galináceos e suínos Financiamento específico para garantir a sobrevivência de rebanhos em períodos de seca prolongada Ampliação da experiência dos Fundos Rotativos de Caprinos e Ovinos Melhoramento genético e manejo adequado dos rebanhos locais PROJETOS - Adquirir matrizes melhoradas e adaptadas; - Fomentar a prática de empréstimos de reprodutores de bovinos, caprinos e ovinos; - Sensibilizar e mobilizar pequenos produtores para as potencialidades da produção e uso de forragens; - Ampliar a aquisição de kits de forragem e democratizar o seu acesso; - Promover capacitações de pequenos produtores para o uso adequado dos kits de forragem; - Ampliar a oferta e a divulgação das campanhas de vacinação e de prevenção às doenças. - Adquirir matrizes e reprodutores para incremento dos fundos rotativos; - Promover discussões comunitárias sobre as especificidades na gestão do Fundo Rotativo de Caprinos; - Estabelecer parceria com órgãos de assistência técnica para o acompanhamento dos rebanhos. - Observar dispositivos legais existentes que possibilitem esse projeto; - Mobilizar famílias da agricultura familiar, entidades de base e suas organizações representativas; - Dialogar com os Ministérios afins essa questão (MDA, MAPA, Ministério do Planejamento). - Resgatar as espécies adaptadas à região; - Capacitar os avicultores/criadores para a utilização de técnicas e insumos adaptados à realidade do semiárido como a fenação e fazer o acompanhamento técnico; - Instalar espaços adequados para a criação familiar, que atendam às exigências sanitárias e de eficiência produtiva; - Elaborar projetos técnico e financeiro para execução das ações, em parceria com órgãos governamentais e não-governamentais de financiamento e assessoria técnica. AÇÕES Fomento da demanda por produtos da caprinovino-bovinocultura nos mercados convencionais locais - Mapear experiências de beneficiamento de leite; - Inserir demandas de infraestrutura para beneficiamento da produção animal familiar na matriz de recursos do PTC; - Captar recursos junto a organizações não-governamentais de apoio à produção da agricultura familiar. - Realizar campanhas de incentivo ao consumo de leite e derivados e da carne, por meio de folhetos, panfletos, rádios comunitárias e outros meios locais de comunicação popular, enfatizando a caprinovinocultura; - Criar marcas comuns para produção local da caprinovinocultura e da agricultura familiar em geral; - Articular a criação de redes de comercialização e escoamento da produção da agricultura familiar, e, em particular, da caprinovinocultura e da pequena produção da bovinocultura. ESTRATÉGIAS: 1. Fortalecimento do acesso às linhas e serviços governamentais de apoio à produção e comercialização da agricultura familiar: CONAB, PRONAF, PROINF, PAA, PNAE, Leite da Paraíba. 2. Observação das exigências sanitárias na instalação dos apriscos 3. Articulação interterritorial e junto ao CAE para a proposição, reivindicação e execução conjunta de projetos comuns, como o de seguridade dos rebanhos. 4. Proposição de experiência de gestão e execução de projetos de infraestrutura pelas entidades da sociedade civil. COMERCIALIZAÇÃO DIVERSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO E BENEFICIAMENTO DA Estruturação de unidades familiares e comunitárias de beneficiamento da diversidade da produção animal AGRÍCOLA PRODUÇÃO DIVERSIDADE DA EIXO AGLUTINADOR AGROECOLÓGICA PRODUÇÃO E SUSTENTABILIDADE DA GARANTIA DA DIVERSIDADE FRUTICULTURA CADEIA PRODUTIVA DA FORTALECIMENTO DA PROGRAMAS Fortalecimento da rede de Bancos Comunitários de Sementes Instalação de infraestrutura para o beneficiamento da produção da fruticultura Implantação de quintais produtivos familiares e de espaços coletivos para a produção de alimentos Introdução e renovação de pomares PROJETOS - Realizar levantamento do potencial produtivo da fruticultura no território; - Implantar viveiros de mudas de frutas nativas e cultivadas; - Estimular a substituição de exemplares de frutíferas com baixa produção. - Identificar famílias com vocação e potencialidades para os quintais produtivos; - Garantir a adequação das implementações de infraestrutura às realidades das famílias; - Promover capacitações com as famílias para o manejo de frutíferas e hortaliças; - Garantir os recursos hídricos para os quintais produtivos familiares, por meio da construção de cisternas adaptadas; - Garantir os recursos hídricos para a produção coletiva de alimentos, por meio da implantação de barragens subterrâneas e outras tecnologias sociais de contenção de água; - Estimular e/ou fortalecer a criação ou ampliação de Fundos Rotativos Solidários, a partir da produção familiar e comunitária de alimentos. - Detectar as condições de produção, acesso e funcionamento das implementações de beneficiamento da produção nas comunidades do Território; - (Re)estruturar micro-agroindústrias de beneficiamento de frutas, observando as potencialidades locais e a garantia do acesso. - Identificar as famílias agricultoras que conservam sementes tradicionais para o plantio anual; - Mapear a diversidade de sementes tradicionais no Território; - Formar novos bancos comunitários de sementes; - Fortalecer a gestão do Banco-Mãe de Sementes a ser instalado no município de Maturéia; -Implantar Campos de Multiplicação de Sementes Tradicionais e AÇÕES - Realizar campanhas educativas entre agricultores (as) e consumidores (as) acerca das conseqüências do uso de agrotóxicos e transgênicos; - Sistematizar e articular as experiências já existentes de produção agroecológica. - Solicitar dos órgãos competentes a revisão do zoneamento agrícola do Território; - Designar à instância competente do Território o acompanhamento do processo de revisão e ampliação do zoneamento agrícola; - Socializar as informações com as entidades de base e as famílias da agricultura familiar. - Fomentar junto às famílias da agricultura familiar o resgate da tração animal como alternativa de sustentabilidade da produção; - Elaborar projeto técnico-financeiro para aquisição de juntas de boi com arado, de acordo com a vocação e a demanda das famílias produtoras; - Estabelecer parceria com EMATER e outras instituições de ATER para a implantação e acompanhamento das ações. ESTRATÉGIAS: 1. Fortalecimento do acesso às linhas e serviços governamentais de apoio à produção e comercialização da agricultura familiar: CONAB, PRONAF, PROINF, PAA, PNAE, Leite da Paraíba; 2. Aprofundamento do debate acerca das práticas de agroecologia e economia solidária no interior do colegiado, como princípios indispensáveis ao desenvolvimento sustentável. Resgate da tração animal para aração da terra Revisão e ampliação do zoneamento agrícola para o território Educação para a produção e consumo de alimentos agroecológicos Ensaios Comparativos dessas sementes, em parceria com instituições de pesquisa (Embrapa, UFCG etc.) FORTALECIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA DA APICULTURA E DA MELIPONICULTURA PROGRAMAS Instalação de um Entreposto de Mel no território Dinamização da produção da apicultura e da meliponicultura PROJETOS - Realizar estudo da diversidade e localização das espécies nativas de abelhas melíponas; - Identificar os (as) agricultores (as) já inseridos nas dinâmicas de produção da apicultura e da meliponicultura; - Incentivar a multiplicação de apiários e meliponários em comunidades vocacionadas à produção; - Resgatar e sistematizar os saberes populares e científicos sobre a utilidade dos produtos da apicultura e da meliponicultura. - Monitorar, através do Comitê Gestor, a tramitação e execução do projeto em andamento; - Implantar Casas de Coleta em comunidades estratégicas do território; - Adquirir uma unidade móvel adequada para o transporte da produção entre as casas de coleta e o entreposto. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 1. Articulação e inserção dos apicultores e meliponicultores na dinâmica da Rede Abelha-PB; 2. Sensibilização e capacitação dos meleiros/extrativistas para a adoção da criação racional de abelhas. MELIPONICULTURA APICULTURA/ EIXO AGLUTINADOR PISCICUTURA CADEIA PRODUTIVA DA DINAMIZAÇÃO DA PROGRAMAS Fortalecimento da rede de organizações de piscicultores (as) e pescadores (as) artesanais Apoio e estruturação da produção da piscicultura PROJETOS - Realizar o peixamento continuado e o monitoramento dos açudes do Território; - Implantar sistemas de tanque-rede para cultivo; - Implantar um centro de beneficiamento e comercialização de pescado dotado de equipamentos necessários à conservação; - Adquirir veículo isotérmico de pescado, para transporte da produção; - Promover capacitações para estruturação e gestão de organizações de base, especialmente em relação ao cooperativismo; - Viabilizar a formação de redes solidárias de produção e comercialização, incluindo os (as) pescadores (as) de áreas próximas aos médios e grandes mananciais. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 1. Ampliação do diálogo entre o Território, a SEDAP e a SFPA-PB, para integração dos planos de desenvolvimento específicos; 2. Inclusão dos (as) piscicultores (as) e pescadores (as) e suas organizações nas dinâmicas do Território. PISCICULTURA EIXO AGLUTINADOR REFORMA AGRÁRIA MOBILIZAÇÃO POPULAR PELA FORTALECIMENTO DA ASSENTADAS E APOIO ÀS FAMÍLIAS PROGRAMAS Fortalecimento da mobilização social em favor da reforma agrária Regularização fundiária de propriedades da agricultura familiar Criação do banco de dados das terras desapropriáveis no território do Médio Sertão PROJETOS - Realizar diagnóstico quantitativo das famílias agricultoras cuja posse da terra não esteja garantida pela documentação necessária; - Estabelecer parcerias entre o MDA/Incra/Interpa para a regularização desses títulos. - Realizar levantamento acerca da política de assistência técnica e crédito a assentados rurais no Território, medindo os impactos sócioeconômicos e o nível de articulação nas organizações de base; - Incentivar à participação ativa nas mobilizações populares (abaixo-assinados, plebiscitos...) em favor da aceleração do processo de reforma agrária justa. - Promover um levantamento de terras passíveis de desapropriação por município, observando o preceito de cumprimento da função social; - Articular com o MDA a criação de uma nova Superintendência Regional. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 8. Priorização das áreas de assentamento na elaboração e implementação de políticas públicas de infraestrutura social no campo (educação, saúde, saneamento, segurança) ESTRUTURA FUNDIÁRIA E REFORMA AGRÁRIA EIXO AGLUTINADOR ESTRUTURAS DE PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DIMENSÃO SOCIOECONÔMICA CRÉDITO DOS RECURSOS DO AUTONOMIA NA GESTÃO PROMOÇÃO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA EXPERIÊNCIAS DE FORTALECIMENTO DAS PROGRAMAS Capacitação dos (as) agricultores (as) familiares para o acesso às linhas de crédito e gestão dos recursos acessados Fortalecimento das redes de iniciativas da economia popular solidária Apoio e estímulo aos Fundos Rotativos Solidários PROJETOS - Propor dispositivo de regulamentação para a diferenciação entre a natureza do crédito para produção e do crédito para infraestrutura à produção no PRONAF-A; - Realizar junto às famílias agricultoras cursos populares acerca do acesso e gestão das linhas de crédito para a agricultura familiar. - Realizar mapeamento das iniciativas de FRS atuantes no Território; - Sistematizar e publicar relatos, estudos e apontamentos pedagógicos para multiplicação das experiências exitosas de FRS; - Articular a formação de uma rede de Fundos Rotativos Solidários no Território; - Identificar, em parceria com entidades de assessoria, potencialidades para a criação de instituições de fomento e apoio a finanças solidárias, tais como cooperativas populares de crédito, no Território. - Reestruturar, por meio da inclusão de novos atores e da elaboração de uma agenda comum, o Fórum de Economia Solidária do Médio Sertão, integrando-o ao Fórum Estadual de Economia Solidária; - Promover capacitações dos grupos para o acesso e a gestão de recursos públicos disponíveis e destinados às iniciativas da Economia Solidária, em parceria com o Fórum Estadual de Economia Solidária e o Centro Regional de Formação em Economia Solidária; - Criar a Feira Anual da Economia Solidária do Médio Sertão. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 4. Parceria com entidades de assessoria e apoio à agricultura familiar e economia solidária; 5. Fomento do debate em torno da criação de instituições de finanças solidárias (cooperativas de crédito, bancos populares e outras modalidades) a partir das dinâmicas de crédito solidário já existentes. ECONOMIA SOLIDÁRIA INICIATIVAS DA CRÉDITO E POLÍTICAS DE EIXO AGLUTINADOR TÉCNICA REDE DE ASSISTÊNCIA FORTALECIMENTO DA DEMOCRATIZAÇÃO E PROGRAMAS Formação Continuada de técnicos nas Ciências Agrárias em Convivência com o Semiárido, Agroecologia e Economia Solidária Ampliação da rede governamental de Assistência Técnica Constituir turma especial de Medicina Veterinária para assentados rurais, em convênio com o PRONERA/INCRA PROJETOS - Constituir um grupo de trabalho para o acompanhamento e a divulgação das negociações com a reitoria da UFCG em relação ao projeto já existente; - Mobilizar as populações diretamente beneficiadas para a aceleração do processo de implantação dos cursos. - Levantar discussão em nível estadual e nacional sobre a recriação da EMBRATER; - Reivindicar concurso público para formação de equipes técnicas multidisciplinares na EMATER, atendendo à política nacional de ATER. - Fomentar a criação de uma rede de educadores, pesquisadores e técnicos em áreas estratégicas (Agronomia, Engenharia Florestal, Ciências Biológicas, Medicina Veterinária, Educação Popular...), já sensibilizados para as temáticas do desenvolvimento local sustentável; - Firmar convênios entre organizações de base e instituições de ensino voltadas para a agroecologia, para a capacitação técnica de jovens agricultores; - Propor/solicitar junto às reitorias da UFCG, UEPB, UFPB, IFPB, a implantação de um Curso Técnico em Agroecologia no Território. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 5. Fortalecimento das organizações não-governamentais de assistência técnica, por meio da ampliação e facilitação de acesso a recursos e da adequação às realidades locais das famílias/comunidades assistidas; 6. Capacitação de quadros da militância dos movimentos sociais ligados à questão agrária para fortalecer a rede de assistência técnica não-governamental. ASSISTÊNCIA TÉCNICA EIXO AGLUTINADOR SOLIDÁRIA COMERCIALIZAÇÃO ESPAÇOS DE ESTRUTURAÇÃO DE PROGRAMAS Apoio às mobilizações populares do campo da economia solidária Viabilização do acesso a espaços referenciais de comercialização dos produtos da agricultura familiar e da economia popular solidária Instalação de feiras da agricultura familiar em outras localidades Ampliação e fortalecimento da Feira Territorial da Agricultura Familiar em Patos PROJETOS - Divulgar o abaixo-assinado em favor da Lei da Economia Solidária; - Realizar eventos regionais (feiras, fóruns de debates, seminários...) de promoção e divulgação das experiências de economia solidária. - Promover inclusão de novas famílias agricultoras e capacitação dos grupos de produção para ampliação e diversificação da oferta de produtos; - Assegurar junto às Prefeituras o transporte seguro e adequado da produção e dos (as) agricultores (as); - Campanha permanente nos meios de comunicação disponíveis (rádios, imprensa escrita, internet, publicidade) divulgando o espaço da feira e os produtos ofertados. - Mapear municípios com potencialidade para espaços de comercialização; - Estabelecer parcerias entre as Prefeituras e associações de base; - Estruturar locais de fácil acesso e transporte adequados. - Inserir a produção não-agrícola e a produção agrícola viável ou apta do Médio Sertão no CECAFES – Central Estadual de Comercialização da Agricultura Familiar e da Economia Solidária; - Instalar a Central do Artesanato do Médio Sertão em São Mamede, conforme indicação do Colegiado; - Promover seminários junto às entidades de base sobre legislação e modalidades de acesso a mercados institucionais. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 1. Divulgação de práticas do consumo consciente como instrumento de participação das iniciativas de economia solidária; 2. Articulação política para ampliar a inserção de produtos da agricultura familiar nos mercados institucionais e em espaços emergentes, como o Restaurante Popular. 3. Ampliação dos espaços de exercício do controle social nas feiras da agricultura familiar a fim de aprofundar e consolidar as práticas de economia solidária e agroecologia. ECONOMIA SOLIDÁRIA PROMOÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO E EIXO AGLUTINADOR TERRITÓRIO ATORES SOCIAIS DO INTERAÇÕES ENTRE OS FORTALECIMENTO DAS PROGRAMAS Formação continuada para gestores públicos e atores da sociedade civil sobre controle social, educação fiscal e interações municipais na realização de projetos Intercâmbios entre os Territórios Recriação das Associações de Prefeitos no Território PROJETOS - Constituir agenda de reuniões com todos os (as) prefeitos (as) do Território; - Elaborar projeto de recriação das entidades associativas de prefeitos por pólos; - Promover evento interno ao colegiado de relançamento das associações; - Promover evento público de avaliação e projeção da integração entre as Prefeituras do Território e entre as Prefeituras e o Colegiado Territorial. - Constituir equipe de articulação dos intercâmbios; - Eleger os elementos de critério para a escolha dos intercâmbios (proximidade territorial, aspectos geográficos, estruturas econômicas, desafios em comum, projetos estratégicos semelhantes, experiências exitosas de articulação...); - Elaborar projeto financeiro, arregimentando parcerias para a realização dos intercâmbios; - Identificar no interior do Colegiado os atores afins à participação em cada intercâmbio; - Organizar agenda de intercâmbios e de apresentação das experiências no interior do Colegiado. - Promover capacitação junto ao Comitê Gestor sobre Democracia Participativa, Desenvolvimento Local Sustentável e Políticas Públicas; - Realizar seminário para gestores públicos sobre modalidades das ações conjuntas entre municípios na elaboração, acompanhamento e execução de projetos em comum (consórcios, parcerias e apoios); - Promover curso para gestores públicos e atores da sociedade civil sobre Orçamento Público, Responsabilidade Fiscal e Social e Controle Social de Políticas Públicas. AÇÕES ESTRATÉGIAS: 9. Integração com as redes estadual e nacional de colegiados territoriais; 10. Criar condições para viabilizar o funcionamento efetivo de todas as instâncias de gestão do Território; 11. Criação de autarquia para gestão dos recursos de projetos de infraestrutura. INSTITUCIONAL BASE EIXO AGLUTINADOR DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL ENTIDADES DE BASE INSTITUCIONAL DAS FORTALECIMENTO PROGRAMAS Constituição de uma cooperativa dos caprinovinocultores do Território do Médio Sertão Articulação e formalização dos grupos de produtores (as) artesãos (ãs) Articulação e formação continuada das Entidades da Agricultura Familiar PROJETOS AÇÕES - Capacitação nas associações e entidades de base sobre as novas exigências legais; - Capacitação nas associações e entidades de base para a captação e gestão de recursos; - Constituir comitê permanente no interior do Colegiado para articulação e fortalecimento das Organizações de Base. - Identificar grupos informais articulados; - Promover capacitações para a melhoria técnica dos produtos, acesso aos espaços de comercialização e gestão de recursos comunitários; - Auxiliar na formalização jurídica das entidades de base. - Identificar grupos informais articulados e/ou apoiados por entidades de assessoria; - Mobilizar e capacitar caprinovinocultores (as) para o associativismo, o cooperativismo e gestão participativa; - Articular uma comissão interna ao colegiado para cadastrar os futuros sócios, identificar as potencialidades de mercado e elaborar o plano anual de trabalho; - Constituir juridicamente a Cooperativa de Caprinovicultura do Médio Sertão da Paraíba. ESTRATÉGIAS: 1. Publicação popular e de fácil circulação para a divulgação das ações no Território; 2. Criação e fortalecimento de fóruns e redes de organizações sociais, a partir de temáticas afins. ORGANIZATIVA BASE EIXO AGLUTINADOR ARTICULAÇÃO MOBILIZAÇÃO E INFRAESTRUTURAS, ACESSO AO MERCADO E ECONOMIA SOLIDÁRIA AGROBIODIVERSIDADE Combate ao uso de agrotóxicos nas margens dos mananciais e cursos d’água Criação do Centro Educacional de Estudos e Pesquisa Ambientais do Semiárido, em parceria com o INSA Criação do Parque Ambiental da Serra do Teixeira Recomposição florestal e recuperação de solos das matas ciliares e de áreas degradadas Sistematização e divulgação das informações preliminares sobre o potencial mineral da região, a situação da exploração e a legislação vigente Melhoramento genético e manejo adequado dos rebanhos locais Estruturação de unidades familiares e comunitárias de beneficiamento da diversidade da produção animal Implantação de quintais produtivos familiares e de espaços coletivos para a produção de alimentos Fortalecimento da rede de Bancos Comunitários de Sementes Dinamização da produção da apicultura e da meliponicultura Formação Continuada de técnicos nas Ciências Agrárias em Convivência com o Semiárido, Agroecologia e Economia Solidária Inserção das mulheres nas dinâmicas de produção e comercialização, a partir das práticas de economia solidária Fortalecimento das redes de iniciativas da economia popular solidária Ampliação e fortalecimento da Feira Territorial da Agricultura Familiar em Patos Viabilização do acesso a espaços referenciais de comercialização dos produtos da agricultura familiar e da economia popular solidária Implantação do Centro de Apoio às Mulheres Vítimas de Violência Incentivo à iniciação artística juvenil Fortalecimento da rede de atenção integral à família Pavimentação asfáltica entre as cidades Patos-Assunção, São José do Bonfim-Mãe d’Água, Desterro-Cacimbas, Vista Serrana-Malta, São José de Espinharas-Patos e outras Construção de aterros sanitários Fortalecimento da rede de organizações de piscicultores (as) e pescadores (as) artesanais Regularização fundiária de propriedades da agricultura familiar Fortalecimento da mobilização social em favor da reforma agrária Intercâmbios entre os Territórios Articulação e formação continuada das Entidades da Agricultura Familiar LINHAS ESTRATÉGICAS MODELO DE GESTÃO PTDRS 169 170 A gestão deste Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável foi elaborada numa oficina específica, realizada em Patos, no dia 29 de julho de 2010, com a presença de integrantes do Comitê Gestor do Colegiado Territorial. As questões levantadas circulavam em torno do método e da estruturação institucional necessária para uma gestão funcional do Plano, que considere de modo igual seus aspectos técnico-pragmáticos, isto é, a elaboração de projetos viáveis e a conseqüente articulação para sua execução, e a dimensão programático-ideológica, ou seja, se esses projetos estão vislumbrados no Plano geral e se estão afinados aos princípios, diretrizes e ideais comuns registrados nesse documento. Para tanto, o Comitê Gestor entendeu que, devido à sua relação imediata com o Colegiado Territorial, é a instância mais adequada para monitorar o PTDRS, por meio de uma instância interna denominada Grupo Gestor PTDRS, composta por 05 pessoas, de acordo com a estruturação do Plano em dimensões interconectadas. Este Grupo Gestor PTDRS, observando os elementos do Plano e suas relações com o ambiente externo, elabora sugestões de encaminhamentos para execução de Programas, Projetos e Ações, articulando-se com as Câmaras Técnicas e o Núcleo Técnico. Também a ele são atribuídas a adoção de estratégias eficazes de divulgação do Plano e a tarefa de aglutinar as reflexões dos grupos de base no processo de monitoramento do Plano e na medição dos seus resultados e impactos, levando em consideração a Visão de Futuro, os Princípios e Diretrizes. Esse arranjo institucional, ainda assim, necessita de algumas estratégias de articulação e ação para desempenhar de forma eficaz sua função: a criação de um grupo de trabalho específico para a questão da comunicação; a liberação de agentes para a execução de tarefas específicas (por órgãos do governo, entidades parceiras...); o uso do percentual destinado à elaboração do projeto, quando previsto nos editais, para custeio da elaboração, e as parcerias com agentes das instituições na liberação de pessoal para elaboração de projetos. A fim de manter uma relação produtiva com atores/atrizes do ambiente externo, o grupo sugere: a produção e divulgação de uma versão popular do PTDRS; reativação do site do Território; utilização de espaços nas rádios comunitárias e comerciais; utilização 171 dos espaços nas dinâmicas já existentes, para divulgação e monitoramento do processo de implementação do PTDRS. Logo abaixo, segue um desenho-fluxograma do arranjo institucional do Território e sua relação de gestão com a estrutura do PTDRS. Agentes Municipais Agentes Territoriais COLEGIADO TERRITORIAL DA CIDADANIA DO MÉDIO SERTÃO PARAIBANO Câmara Temáticas/Redes Núcleo Técnico Comitê Gestor CT CT CT CT CT CT CT - Redes de Colegiados Coordenação Executiva Grupo Gestor PTDRS - Conselhos - CAE - Instituições PTDRS PROGRAMAS PROJETOS AÇÕES 172 ANEXOS 173 174 TOTAL 1.979 216.936 3.121 TOTAL TERRITÓRIO Vista Serrana 8.018 São Mamede 2.051 3.903 São José do Sabugi 11.953 2.838 Várzea 5.109 São José do Bonfim Teixeira 4.728 Santa Luzia São José de Espinharas 2.823 14.012 Salgadinho Santa Teresinha 1.308 Quixabá 91.761 5.032 Passagem Patos 5.692 Maturéia 11.577 Imaculada Malta 7.701 Desterro 3.459 6.495 Condado 5.968 4.748 Catingueira Mãe d`Água 6.979 Junco do Seridó 3.577 Cacimbas 2000 2.104 Cacimba de Areia Areia de Baraúnas MUNICÍPIOS 227.613 3.253 2.457 13.685 7.782 3.986 3.180 4.913 4.644 14.292 3.367 1.433 97.276 2.124 5.785 5.634 4.017 6.486 1.451 7.929 6.702 4.849 6.787 3.485 2007 2.096 866 URBANA 155.211 1.220 1.408 7.948 5.569 2.221 964 1.475 1.608 12.459 505 503 87.918 807 2.459 4.717 1.302 3.478 4.181 4.153 4.128 2.542 1.499 1.281 2000 168.336 1.361 1.744 8.908 5.712 2.514 1.192 1.604 2.019 12.885 570 574 93.605 1.045 3.516 4.902 1.518 4.102 4.989 4.500 4.361 2.775 1.659 1.281 2007 1.000 61.620 1.900 648 4.006 2.451 1.692 1.873 3.627 3.111 1.546 2.318 805 3.811 1.142 2.566 973 2.156 2.500 7.386 3.548 2.371 2.211 5.484 2.287 2000 1.208 RURAL 1. VARIAÇÃO POPULACIONAL ENTRE 2000 E 2007, POR ZONA DE MORADIA. IBGE. 59.277 1.892 713 4.777 2.070 1.472 1.988 3.309 2.625 1.407 2.797 859 3.671 1.079 2.269 732 2.499 2.384 6.462 3.429 2.341 2.074 5.128 2.204 2007 1.096 4,9 4,2 19,8 14,5 -2,9 2,1 12,1 -3,8 -1,8 2,0 19,3 9,6 6,0 7,3 15,0 -1,0 16,1 8,7 -1,1 3,0 3,2 2,1 -2,8 -2,6 7,7 10,4 19,3 10,8 2,5 11,7 19,1 8,0 20,4 3,3 11,4 12,4 6,1 22,8 30,1 3,8 14,2 15,2 16,2 7,7 5,3 8,4 9,6 0,0 URBANA 13,4 -3,8 -0,4 9,1 16,1 -18,4 -14,9 5,8 -9,6 -18,5 -9,9 17,1 6,3 -3,8 -5,8 -13,1 -32,9 13,7 -4,9 -14,3 -3,5 -1,3 -6,6 -6,9 -3,8 RURAL -10,2 % DE VARIAÇÃO POPULACIONAL TOTAL -0,4 73,9 41,8 70,1 65 73,4 63 37,5 32,6 43,4 90 17 40,05 96,2 49,2 60,7 87 37,8 63,2 43,5 56,7 65 57,2 24,4 36,7 47,7 TAXA URB. 2007 2. IDH-M MÉDIO SERTÃO, SEGUNDO SEUS COMPONENTES. PNUD. 2003. MUNICÍPIOS Areia de Baraúnas Cacimba de Areia Cacimbas Catingueira Condado Desterro Imaculada Junco do Seridó Mãe d`Água Malta Maturéia Passagem Patos Quixabá Salgadinho Santa Luzia Santa Teresinha São José de Espinharas São José do Bonfim São José do Sabugi São Mamede Teixeira Várzea Vista Serrana LONGEVIDADE EDUCAÇÃO RENDA IDH-M 0,591 0,524 0,628 0,548 0,609 0,560 0,524 0,565 0,599 0,613 0,524 0,642 0,642 0,604 0,594 0,705 0,591 0,672 0,562 0,651 0,630 0,695 0,686 0,669 0,718 0,678 0,685 0,675 0,713 0,768 0,704 0,642 0,755 0,682 0,451 0,327 0,485 0,486 0,505 0,480 0,432 0,500 0,462 0,542 0,460 0,529 0,623 0,489 0,457 0,568 0,586 0,571 0,581 0,494 0,555 0,603 0,576 0,542 0,594 0,580 0,613 0,553 0,628 0,678 0,599 0,564 0,676 0,586 0,591 0,702 0,487 0,593 0,541 0,705 0,657 0,626 0,705 0,718 0,658 0,740 0,727 0,727 0,835 0,698 0,486 0,522 0,555 0,518 0,550 0,534 0,562 0,656 0,646 0,624 0,696 0,650 176 3. PERCENTUAL DE PESSOAS QUE VIVEM EM DOMICÍLIOS COM ACESSO A ALGUNS SERVIÇOS BÁSICOS. IBGE. 2000 MUNICÍPIOS Areia de Baraúnas Cacimba de Areia Cacimbas Catingueira Condado Desterro Imaculada Junco do Seridó Mãe d`Água Malta Maturéia Passagem Patos Quixabá Salgadinho Santa Luzia Santa Teresinha São José de Espinharas São José do Bonfim São José do Sabugi São Mamede Teixeira Várzea Vista Serrana Água Encanada 27,02 46,74 25,00 41,00 67,49 54,19 29,38 59,35 48,45 81,37 50,17 70,09 91,45 42,14 38,71 70,95 50,24 47,08 37,59 41,79 48,64 50,29 67,58 23,64 177 Banheiro/Água Encanada 24,65 36,52 19,23 29,45 55,40 49,03 21,01 53,25 37,02 66,75 35,03 68,07 87,25 42,14 32,94 68,62 42,54 41,55 26,50 37,34 46,74 47,48 63,58 17,01 Coleta de lixo 35,68 78,45 78,62 69,64 88,12 82,12 64,52 90,69 95,32 96,00 82,38 95,18 86,88 78,18 30,45 92,61 90,02 16,35 84,41 95,93 93,84 72,22 96,47 69,29 4. TAXA DE ANALFABETISMO, POR FAIXA ETÁRIA, PARA OS MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO MÉDIO SERTÃO. (% DA POPULAÇÃO TOTAL POR FAIXA ETÁRIA) 2000. PNUD 2003. MUNICÍPIOS Areia de Baraúnas Cacimba de Areia Cacimbas Catingueira Condado Desterro Imaculada Junco do Seridó Mãe d`Água Malta Maturéia Passagem Patos Quixabá Salgadinho Santa Luzia Santa Teresinha São José de Espinharas São José do Bonfim São José do Sabugi São Mamede Teixeira Várzea Vista Serrana 7 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 24 anos Mais de 25 27,02 46,74 25,00 41,00 67,49 54,19 29,38 59,35 48,45 81,37 50,17 70,09 91,45 42,14 47,08 37,59 41,79 38,71 24,65 36,52 19,23 29,45 55,40 49,03 21,01 53,25 37,02 66,75 35,03 68,07 87,25 42,14 41,55 26,50 37,34 32,94 35,68 78,45 78,62 69,64 88,12 82,12 64,52 90,69 95,32 96,00 82,38 95,18 86,88 78,18 16,35 84,41 95,93 30,45 48,10 47,90 61,62 52,05 45,72 45,82 48,05 30,09 46,90 42,67 49,64 40,34 29,55 42,86 40,40 47,19 36,08 50,66 70,95 50,24 48,64 50,29 67,58 23,64 68,62 42,54 46,74 47,48 63,58 17,01 92,61 90,02 93,84 72,22 96,47 69,29 30,47 42,90 35,12 37,69 22,48 38,36 178 AREIA DE BARAUNAS CACIMBA DE AREIA CACIMBAS CATINGUEIRA CONDADO DESTERRO IMACULADA JUNCO DO SERIDO MAE D'AGUA MALTA MATUREIA PASSAGEM PATOS QUIXABA SALGADINHO SANTA LUZIA SANTA TERESINHA SAO JOSE DE ESPINHARAS SAO JOSE DO BONFIM SAO JOSE DO SABUGI SAO MAMEDE TEIXEIRA VARZEA VISTA SERRANA TERRITÓRIO MUNICÍPIOS MATRÍCULA INICIAL Ensino Regular EJA Educação Infantil Ensino Fundamental EJA Presencial Médio Creche Pré- escola Anos Iniciais Anos Finais Fundamental Médio Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano 0 0 9 24 261 12 0 179 0 67 6 30 0 0 0 28 28 61 92 191 0 248 0 133 0 74 0 56 0 0 146 162 898 205 454 430 0 193 54 14 0 0 0 0 37 100 176 393 0 373 0 161 19 43 0 53 0 0 88 219 123 428 0 539 0 184 0 135 0 0 0 101 136 220 392 546 64 628 0 344 20 182 0 172 0 53 189 132 752 520 273 775 0 297 0 57 0 71 0 0 59 171 186 745 47 576 0 338 0 97 0 78 0 29 0 96 206 183 0 304 0 129 36 65 0 0 0 36 17 103 64 604 0 431 0 145 0 83 0 49 3 84 30 114 174 542 0 689 0 183 17 33 0 37 0 0 21 30 148 93 0 183 0 62 0 23 0 42 22 388 149 1.509 318 6.193 132 6.073 0 3.230 15 1.560 0 1.134 0 11 46 30 139 57 0 151 0 57 18 45 0 52 25 23 110 20 288 100 0 260 0 84 0 45 0 32 0 90 26 342 78 1.113 0 1.073 0 471 123 393 0 199 0 90 36 27 185 258 0 448 0 137 0 147 0 86 0 39 66 31 227 218 168 254 0 156 0 51 0 69 14 24 42 57 143 167 0 280 0 127 0 71 0 0 1 34 25 94 97 264 0 302 0 137 0 36 0 0 3 137 22 209 67 593 0 469 0 213 20 181 0 86 0 132 203 269 578 979 1 1.151 0 499 173 216 0 152 0 64 21 56 56 140 0 129 0 95 76 73 0 57 0 0 73 0 312 62 33 264 0 73 0 40 0 0 68 1.363 1.579 4.076 5.960 14.606 1.172 16.209 0 7.515 577 3.694 0 2.425 5. DADOS DO CENSO ESCOLAR. INEP. 2009 6. REPASSES DO MINISTÉRIO DO TURISMO PARA FESTIVIDADES REGIONAIS NOS MUNICÍPIOS, MEDIANTE CONVÊNIO. SÉRIE 2007-2009. PORTAL DA TRANSPARÊNCIA. MUNICÍPIO 2007 Areia de Baraúnas 2008 2009 0,00 0,00 0,00 360.000,00 0,00 200.000,00 Cacimbas 50.000,00 0,00 0,00 Catingueira 50.000,00 300.000,00 96.384,85 Condado 0,00 100.000,00 0,00 Desterro 50.000,00 280.000,00 280.000,00 Cacimba de Areia Imaculada 100.000,00 100.000,00 300.000,00 Junco do Seridó 0,00 150.000,00 0,00 Mãe d`Água 0,00 0,00 200.000,00 Malta 0,00 100.000,00 0,00 Maturéia 50.000,00 100.000,00 100.000,00 Passagem 0,00 0,00 0,00 500.000,00 1.000.000,00 970.000,00 Quixaba 0,00 0,00 100.000,00 Salgadinho 0,00 0,00 0,00 Santa Luzia 200.000,00 200.000,00 700.000,00 50.000,00 150.000,00 200.000,00 100.000,00 100.000,00 200.000,00 0,00 0,00 100.000,00 Patos Santa Teresinha São José de Espinharas São José do Bonfim São José do Sabugi 0,00 200.000,00 300.000,00 291.388,00 500.000,00 400.000,00 Teixeira 0,00 100.000,00 300.000,00 Várzea 0,00 120.000,00 200.000,00 Vista Serrana 0,00 0,00 0,00 1.803.395 3.502.008 4.648.393,85 TOTAL 9.953.796.85 São Mamede TOTAL TERRITÓRIO 180 7. ÍNDICE DE ELETRIFICAÇÃO LUZ PARA TODOS. 2010. MUNICÍPIO Areia de Baraúnas Cacimba de Areia Cacimbas Catingueira Condado Desterro Imaculada Junco do Seridó Mãe d`Água Malta Maturéia Passagem Patos Quixaba Salgadinho Santa Luzia Santa Teresinha São José de Espinharas São José do Bonfim São José do Sabugi São Mamede Teixeira Várzea Vista Serrana TOTAL TERRITÓRIO DOS MUNICÍPIOS. Demand as Cadastro TERRITÓRIO MÉDIO SERTÃO. PROGRAMA Concluído Execução % Realizado Projeto 33 55 484 197 192 118 580 297 389 89 248 92 457 53 68 105 95 267 158 168 168 354 113 51 0 3 4 2 4 3 5 1 1 24 7 4 8 5 1 23 2 18 0 2 3 2 1 2 31 43 440 146 186 63 560 288 387 64 218 80 315 42 60 76 86 227 140 130 154 326 73 42 0 5 11 29 2 4 3 0 0 0 5 8 26 1 0 4 0 0 2 11 3 4 28 6 48 12 8 1 1 18 0 108 5 7 2 7 22 16 25 8 22 11 1 93,94% 78,18% 90,91% 74,11% 96,88% 53,39% 96,55% 96,97% 99,49% 71,91% 87,90% 86,96% 68,93% 79,25% 88,24% 72,38% 90,53% 85,02% 88,61% 77,38% 91,67% 92,09% 64,60% 82,35% 4831 125 4177 152 377 86,46% 181 2 4 29 20 182 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 183 184 Bibliografia ANDRADE, Manoel Correia de. A Terra e o Homem no Nordeste. 4ª ed., São Paulo: Livraria Ed. Ciências Humanas, 1980. BATISTA FILHO, Malaquias (org.) Viabilização do Semi-árido Nordestino. s/e. Recife: IMIP. 2001. BRASIL. IBGE. Censo Agropecuário 2006. Agricultura Familiar. Primeiros resultados. Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. 2009. BRASIL. IBGE. 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