religiões comparadas da ásia
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religiões comparadas da ásia
religiões comparadas da ásia Carlos João Correia Philadelphia: Temple University Press. 1978 daśāvatāra viṣṇu viṣ O primeiro ser humano, de nome Manu, estava a lavar as mãos nas águas do rio Ganges, quando um peixe muito pequenino lhe pediu ajuda. Manu ajudou-o e o peixe prometeu-lhe, por sua vez, auxiliá-lo quando um dilúvio iminente acontecesse. Manu, num primeiro momento, não acreditou muito naquela história, mas, por compaixão, recolheu aquele peixinho num pequeno recipiente com água. Só que o peixe, de nome Matsya, não parava de crescer. Manu colocou-o num tanque, mas, passados poucos dias, o peixe mal cabia nele. Por maior que fosse o recipiente, Matsya não parava de aumentar de tamanho. Colocou-o no rio, mas o peixe rapidamente ocupou toda a sua extensão. Manu assustou-se e, num primeiro momento, pensou que estava em face de um demónio (āsura), mas depois apercebeu-se, por causa do tamanho, que só podia ser Viṣṇu. Este “grande deus” cumprimentou-o pela sua intuição e aconselhou-o a preparar-se rapidamente para o dilúvio. Ordenou a Manu que levasse todos os seres vivos para o interior de uma arca. Nalgumas versões desta história, Matsya diz a Manu para prender a arca na árvore mais elevada que encontrasse; noutras, o barco é preso ao próprio Matsya que, assim, o guia. E o dilúvio desaba sobre os mundos... mas a vida salva-se. No final, Matsya ensinou o que era o Brahman a Manu. Numa versão bem diferente deste mito, um demónio, de nome Hayagrīva, roubou os Veda do deus Brahmā, levando-os para o fundo do oceano primitivo. Logo que se apercebeu disso, Viṣṇu transformou-se num peixe (Matsya), derrotou o demónio e, deste modo, o deus Brahmā pôde continuar o seu trabalho criador olhando para os quatro confins dos mundos. Śatapatha Brāhmaṇa; Matsya Purāṇa; Mahābhārata “Disse Utnapishtim a Gilgamesh: «vou revelar-te um mistério, vou contar-te um segredo dos deuses. (...) Naqueles dias o mundo pululava, o povo multiplicava-se, o mundo mugia como como um touro selvagem e o grande deus foi despertado pelo clamor. (...) “O tumulto da humanidade é intolerável e já não é possível dormir com esta confusão”. E assim os deuses concordaram em exterminar a humanidade. (...) Ea [Enki] (...) avisou-me num sonho. Murmurou as suas palavras para a minha casa feita de canas: (...) “ destrói a tua casa e constrói um barco, abandona o que possuis e procura a vida, despreza dos bens do mundo e conserva viva a tua alma. (...) Depois leva para dentro do barco a semente de todas as criaturas vivas.” (...) Então surgiu o deus do abismo (... ) Durante todo o dia grassou a tempestade, aumentando sempre a sua cólera (...) Até os deuses estavam aterrorizados pela inundação e fugiram para o mais alto céu; agachavam-se contra as paredes, encolhidos como cães. (...) Durante seis dias e seis noites os ventos sopraram, torrente e tempestade e inundação submergiram o mundo, tempestade e inundação enfureceramse juntos como hostes guerreiras. Quando o sétimo dia despontou, amainou a tempestade do Sul, o mar tornou-se calmo, a cheia sossegou; olhei para o resto do mundo e havia silêncio. (...) Então inclinei-me profundamente, sentei-me e chorei; as lágrimas corriam-me pelo rosto, porque por todos os lados havia o deserto de água. (...) Quando o sétimo dia despontou, soltei uma pomba e deixei-a ir. Ela voou, mas não encontrando lugar onde pousar, voltou. Então soltei uma andorinha, e ela voou, mas, não encontrando lugar onde poisar, voltou. Então soltei um corvo, ele viu que as águas se tinham retirado, comeu, voou à sua volta, grasnou e não voltou.»” Gilgamesh. Versão de Pedro Tamen. Lisboa:Vega. 1989, 64-69 Ponyo - Miyazaki daśāvatāra viṣṇu viṣ kūrma avatāra - kaśyapa + aditī = ādityas Durvāsa - Indra - Lakṣmī - Viṣṇu - samudra [oceano]-manthan(a) - amṛta Vāsuki [Ananta/Śeṣa] - Mand(h)āra - Kūrma - halāhala - Dhanvantari - Mohinī 1. "Um conhecido homem de ciência (segundo as más línguas, Bertrand Russell) deu uma vez uma conferência sobre astronomia. (...) No fim da conferência, uma velhinha, no fundo da sala, levantou-se e disse: "O que o senhor nos disse é um disparate. O mundo não passa de um prato achatado equilibrado nas costas de uma tartaruga gigante." O cientista sorriu com ar superior e retorquiu com outra pergunta: "E onde se apoia a tartaruga?" A velhinha então exclamou: "Você é um jovem inteligente, mas são tudo tartarugas por aí abaixo!" Stephen Hawking. Breve História do Tempo 2. “Se o pobre filósofo hindu (que imaginava que a Terra também precisava de apoio) se tivesse lembrado desta palavra substância, não se teria visto em apuros para procurar um elefante que sustentasse a Terra e uma tartaruga que sustentasse o seu elefante." Locke. Um Ensaio sobre o Entendimento Humano 2.13.19 Varāha - Pṛthvī - Kaśyapa + Diti = Daityas Narasiṃha [Narasingh] - Hiranyakaśipu - Brahmā - Prahlada Vāmana - Mahābāli Paraśurāma - Kārtavīrya Arjuna Kalki Rāmāyaṇa Buddha Kṛṣṇa