baixa - Veracel
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PLANO DE MANEJO RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL MARÇO DE 2007 PLANO DE MANEJO RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL Realização Apoio ii EQUIPE TÉCNICA Coordenação Geral Alexandre Schiavetti – UESC Mônica Fonseca – CI-Brasil Lúcio Bedê – CI-Brasil Luiz Paulo Pinto – CI-Brasil Equipe Técnica Adriana Paese – Sistema de Informação Geográfica Adriano Paglia – Biodiversidade Alexandre Prado – Uso Público André Amorim – Flora Anna Júlia Passold – Uso Público Carlos Alberto Mesquita – Uso Público e Monitoramento José Vicente Ortiz – Fauna Mariza Silva – Educação Ambiental Oldair Del´Arco Vinhas Costa – Atributos Físicos Viviane Junqueira – Educação Ambiental Equipe RPPN Estação Veracel Carlos André Gaspar dos Santos - Coordenador da RPPN Estação Veracel Ligia Gallozzi Mendes - Assistente Técnico e Responsável pelo PEA Gildevânio Pinheiro dos Santos - Técnico Ambiental e Responsável pelo PPF Gestores Veracel Renato Guéron – Presidente Cristina Maria Amorim Moreno - Gerente Geral de Sustentabilidade David Evandro Fernandes - Gerente de Tecnologia Florestal Livia da Rocha Sacramento - Coordenadora de Responsabilidade Social iii APRESENTAÇÃO A RPPN Estação Veracel, com seus 6.069 hectares, é um dos maiores patrimônios ecológicos da Bahia e a maior reserva particular da Mata Atlântica, que é um dos biomas de maior diversidade, mas também dos mais ameaçados do planeta. Os números e características que quantificam e qualificam a Estação, também reconhecida pela Unesco como parte do Sítio do Patrimônio Mundial Natural, são dos mais impressionantes. A incidência de espécies da flora, apresentada em um dos levantamentos, identificou 308 espécies arbóreas em uma área inventariada de apenas dois mil metros quadrados, fato que a coloca entre as vinte áreas do mundo e entre as dez do Brasil com maior número de indivíduos e elevado número de espécies arbóreas. A fauna registra 38 espécies de mamíferos, entre primatas, roedores, felinos, canídeos e outros, bem como 52 tipos de anfíbios, 53 de répteis e 302 espécies de aves, incluindo a harpia ou gavião real, maior ave de rapina das Américas. Foi na Estação que se identificou, pela primeira vez na Bahia, um ninho desse animal, raro na Mata Atlântica. Além da harpia, várias das espécies encontradas na reserva estão entre as consideradas ameaçadas de extinção. Outros ativos importantes da Estação Veracel são a sua geologia – relevos e solos - e a grande riqueza de recursos hídricos. Em sua área, se encontram nascentes de importantes rios da região, inclusive o Jardim e o Mutari, este último relatado como o que teria abastecido a frota de Pedro Álvares Cabral. Outros, como o Rio dos Mangues, que abastece Porto Seguro, passam pela Estação e são alimentados por vários córregos que ali nascem. Por todos esses fatores, em associação com a Agenda de Sustentabilidade que norteia as atividades da Veracel, consideramos de fundamental importância o presente Plano de Manejo. O uso adequado da Estação será agora orientado por meio de duas grandes vertentes: iv uma, para a comunidade científica, universidades e entidades correlatas, disponibilizando a reserva para estudo e pesquisa dos diversos aspectos da Mata Atlântica. Outra, para ações junto às comunidades da região, escolas, centros comunitários e outros, instruindo e disseminando conceitos conservacionistas e de educação ambiental, grandes lacunas na educação do país. A Estação situa-se também como o centro de desenvolvimento de programas de preservação e regeneração de vegetação nativa nas terras de propriedade da Veracel que, ao tê-las adquirido, encontrou grandes parcelas em diversos estágios de degeneração. Hoje, a configuração típica das florestas da Veracel apresenta plantações de eucaliptos para fins industriais, entremeadas por florestas nativas preservadas ou regeneradas, através de formações denominadas mosaicos. Isso tem se mostrado altamente positivo, tanto na proteção das plantações como das matas nativas, formando corredores que unem os fragmentos destas, permitindo o trânsito de diversas espécies biológicas. Com este sistema, mais da metade do total das propriedades da Veracel é constituído por áreas preservadas. Como grandes parceiros e executores deste Plano de Manejo, não podemos deixar de citar a ONG Conservação Internacional-Brasil e seus parceiros UESC e outras entidades, as quais, com equipes altamente qualificadas de cientistas e técnicos, elaboraram o trabalho, com a colaboração da área de Sustentabilidade da Veracel. Com a implantação do Plano, a Veracel espera oferecer de forma estruturada, às comunidades científicas, às entidades estudiosas da preservação e às comunidades vizinhas, os benefícios deste magnífico patrimônio, para que represente uma coluna mestra de atividades conservacionistas e educacionais, contribuindo para a preservação da tão fragilizada Mata Atlântica. Renato Guéron Presidente Veracel Celulose S.A. v SUMÁRIO Apresentação ------------------------------------------------------------------------iv Sumário ------------------------------------------------------------------------------vi Lista de Figuras, Fotos e Tabelas ---------------------------------------------- viii Lista de Siglas --------------------------------------------------------------------- xiii Introdução --------------------------------------------------------------------------- 1 • Contextualização da RPPN-----------------------------------------------2 Informações Gerais ----------------------------------------------------------------15 • Acesso- -- ---------------------------------------------------------------- 15 • Histórico------------------------------------------------------------------15 Ficha-Resumo ----------------------------------------------------------------------22 Diagnóstico -------------------------------------------------------------------------23 1- Apresentação ----------------------------------------------------------------23 2 - Metodologia do Diagnóstico ----------------------------------------------24 3 – Caracterização da Área ---------------------------------------------------32 3.1 - Meio Físico ------------------------------------------------------------32 3.2 - Flora e Fauna---------------------------------------------------------52 3.3 - Caracterização do Uso Público-------------------------------------70 4 - Significância da Unidade e Conectividade --------------------------- 107 Planejamento --------------------------------------------------------------------- 113 1 - Objetivos Específicos de Manejo -------------------------------------- -113 2 – Zonas de Fragilidade-----------------------------------------------------114 3 - Zoneamento --------------------------------------------------------------- 119 3.1 - Zona Silvestre------------------------------------------------------- 121 2.2 - Zona de Proteção --------------------------------------------------- 122 3.3 - Zona de Recuperação---------------------------------------------- 122 3.4 - Zona de Visitação -------------------------------------------------- 124 3.5 - Zona de Uso Conflitante ------------------------------------------ 125 vi 3.6 - Zona de Administração-------------------------------------------- 126 3 - Programas de Manejo---------------------------------------------------- 130 3.1 - Programa de Proteção --------------------------------------------- 130 3.2 - Programa de Pesquisa --------------------------------------------- 137 3.3 - Programa de Uso Público ----------------------------------------- 146 3.4 - Programa de Administração -------------------------------------- 162 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------ 171 Anexos I --------------------------------------------------------------------------- 184 I.1 - Lista de publicações utilizadas no levantamento bibliográfico para compilação das espécies de vertebrados ocorrentes na RPPN Estação Veracel--------------------------------------------------------------- 185 I.2 - Lista das espécies da flora registradas no levantamento fitossociológico na RPPN Estação Veracel -------------------------------- 188 I.3 - Amostras de plantas coletadas aleatoriamente na RPPN Estação Veracel e que se encontram depositadas no Herbário do CEPEC ---- 193 I.4 - Lista de espécies de vertebrados registradas para a RPPN Estação Veracel--------------------------------------------------------------- 203 I.5 - Fotos da fauna da RPPN Estação Veracel -------------------------- 213 Anexos II--------------------------------------------------------------------------- 216 Projetos Específicos ---------------------------------------------------------- 217 • Monitoramento de mamíferos de médio e grande porte através de armadilhas fotográficas na RPPN Estação Veracel----------- 217 • Manejo e conservação do gavião real na RPPN Estação Veracel227 • Novas proposta de uso público para a RPPN Estação Veracel -235 Oficinas Participativas------------------------------------------------------- 253 • Oficina de Elaboração do Programa de Pesquisa da RPPN Estação Veracel ------------------------------------------------------- 253 • Oficina de Planejamento Participativo em Comunicação e Educação Ambiental para o Entorno da RPPN EVC ------------ 268 Anexo III --------------------------------------------------------------------------- 287 • Sumário Executivo-----------------------------------------------------288 vii LISTA DE FIGURAS, FOTOS E TABELAS Figura 1 – Sítio do Patrimônio Natural “Costa do Descobrimento” ------------------5 Figura 2 – Corredor Central da Mata Atlântica, conforme o projeto Corredores Ecológicos do Ministério do Meio Ambiente --------------------------------------- 13 Figura 3 – Unidades de Conservação existentes na porção baiana do Corredor Central da Mata Atlântica ------------------------------------------------------------ 14 Figura 4 – Localização geográfica e acesso à RPPN Estação Veracel--------------- 18 Tabela 1 – Ficha-Resumo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel (Bahia)------------------------------------------------------------------------- 22 Figura 5 – Mapa com limites da RPPN EVC com os pontos visitados para o diagnóstico do meio físico------------------------------------------------------------- 27 Tabela 2 - Período, local e integrantes da equipe no diagnóstico das atividades de uso público na RPPN Estação Veracel ------------------------------------------ 31 Figura 6 – Área de Tabuleiro Costeiro na região do Extremo Sul da Bahia------- 36 Figura 7 – Mapa de elevação da RPPN Estação Veracel------------------------------ 38 Figura 8 – Mapa de declividade da RPPN Estação Veracel -------------------------- 39 Figura 9 – Mapa esquemático de domínios pedológicos da RPPN Estação Veracel ----------------------------------------------------------------------------------- 42 Figura 10 – Solos dominantes na área da RPPN Estação Veracel ------------------ 43 Figura 11 – Degradação das áreas de mussununga ao longo das estradas que cortam a RPPN Estação Veracel ----------------------------------------------------- 45 Figura 12 – Erosão ao longo das estradas da RPPN Estação Veracel alocadas em áreas com relevo ondulado------------------------------------------------------- 47 Figura 13 – Antiga cascalheira na RPPN Estação Veracel --------------------------- 49 Figura 14 – Córrego de águas barrentas devido à erosão na RPPN Estação Veracel ----------------------------------------------------------------------------------- 49 Figura 15 – Árvores tombadas naturalmente na RPPN Estação Veracel ---------- 50 Figura 16 – Erosão acentuada em horizonte C do Barreiras nas margens das estradas que cortam a RPPN Estação Veracel------------------------------------- 51 Figura 17 – Famílias com maior número de espécies arbóreas nas duas áreas inventariadas da RPPN Estação Veracel-------------------------------------------- 55 Figura 18 – Espécies que apresentaram os maiores valores de importância na área 1 da RPPN Estação Veracel----------------------------------------------------- 56 Figura 19 – Espécies que apresentaram os maiores valores de importância na área 2 da RPPN Estação Veracel-----------------------------------------------------57 Tabela 3 – Comparação das 10 espécies com maior IVI (índice de valor de importância) da RPPN Estação Veracel com aquelas de áreas próximas ----- 58 viii Tabela 4 – Número de indivíduos e espécies arbóreas acima de 5cm de DAP em diferentes localidades no mundo, amostradas segundo o método proposto por Gentry (1982) ---------------------------------------------------------------------- 60 Tabela 5 – Riqueza, número de espécies ameaçadas e espécies endêmicas da Mata Atlântica registradas na RPPN Estação Veracel---------------------------- 63 Tabela 6 – Espécies de mamíferos da Estação Veracel endêmicas da Mata Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes na lista da CITES de regulamentação para o comércio internacional --------- 65 Tabela 7– Espécies de aves da RPPN Estação Veracel endêmicas da Mata Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes na lista da CITES de regulamentação para o comércio internacional --------- 68 Tabela 8 – Espécies da herpetofauna da RPPN Estação Veracel endêmicas da Mata Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes na lista da CITES de regulamentação para o comércio internacional---------------------------------------------------------------------------- 69 Tabela 9 – Trilhas propostas pela Bioma Educação e Assessoria Ambiental em 1996 e correspondência com as atividades atuais-------------------------------- 75 Figura 20 – Número total de visitantes por ano na RPPN Estação Veracel no período de 1996 a maio de 2006 ---------------------------------------------------- 77 Figura 21(a) – Palestra para grupo de estudante; (b) Palestra para representantes de instituições florestais nacionais e internacionais na RPPN Estação Veracel—78 Figura 22(a) – Dinâmica de grupo “Encadeamento”; (b) Brincadeira “Que animal sou eu” na RPPN Estação Veracel------------------------------------------ 79 Figura 23(a) – Livro de Registros e Livro de Mensagens; (b) Visitante registrando dados no livro disponibilizado no Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel ------------------------------------------------------------------------ 80 Figura 24 – Perfil dos visitantes na RPPN Estação Veracel durante o período de 1996 e 2004----------------------------------------------------------------------------- 81 Figura 25 – Média de visitação mensal da RPPN Estação Veracel entre 1998 e 2005-------------------------------------------------------------------------------------- 82 Figura 26 – Total de visitantes brasileiros e estrangeiros na RPPN Estação Veracel de 1996 a 2004 --------------------------------------------------------------- 83 Figura 27(a) – Ponte suspensa; (b) Cabana indígena – Kijeme na RPPN Estação Veracel ----------------------------------------------------------------------------------- 84 Figura 28(a) – Troncos e galhos caídos na trilha provocando desvios; (b) Raízes soltas que devem ser retiradas das trilhas na RPPN Estação Veracel --------- 85 ix Figura 29(a) – Ponte suspensa na Trilha do Pau-brasil na RPPN Estação Veracel; (b) Exemplares pouco significativos da espécie que nomeia a trilha: pau-brasil ------------------------------------------------------------------------------- 86 Figura 30(a) – Plataforma de acesso a copa da árvore na RPPN Estação Veracel; (b) Bancos que devem ser reformados ----------------------------------- 87 Figura 31(a) – Um dos poucos exemplares de orquídea encontrado na trilha; (b) Vestígio de pesquisa em trilhas na RPPN Estação Veracel ------------------ 88 Figura 32(a) – Raro exemplar de bromélia na trilha; (b) Travessia de córrego onde deve-se estudar intervenção com estruturas na RPPN EVC-------------- 90 Figura 33(a) – Entrada restrita a funcionários; (b) Portão de entrada de visitantes para acesso ao Centro de Visitantes na RPPN Estação Veracel---- 91 Figura 34(a) – Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel; (b) Mesas de apoio à exposição de animais conservados em vidros---------------------------- 93 Figura 35(a) – Cantina com abertura para a área aberta; (b) Estacionamento (ônibus no lado direito ao fundo) na RPPN Estação Veracel -------------------- 92 Figura 36(a) – Quiosque construído em 2006; (b) Bancos e mesa na área em frente ao Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel------------------------ 93 Figura 37(a) – Casa da Administração; (b) Gramado marcado por pisoteio, no atalho para chegar à administração na RPPN Estação Veracel----------------- 93 Figura 38(a) – Casa dos funcionários na RPPN Estação Veracel (vista dos fundos); (b) Conjunto de mesas e cadeiras feitos de eucalipto, bom exemplo de outros usos da madeira ----------------------------------------------------------- 94 Figura 39(a) – Alojamento de pesquisadores e laboratório na RPPN Estação Veracel; (b) Viveiro da harpia, atualmente fechado à visitação ----------------- 95 Figura 40(a) – Placa antiga com fundo verde e letras brancas; (b) Placa nova, padrão para a Costa do Descobrimento -------------------------------------------- 96 Figura 41(a) – Placa indicando a RPPN Estação Veracel e a Estação Ecológica do Pau-Brasil; (b) Placa de indicação do Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel ------------------------------------------------------------------------ 96 Figura 42(a) – Placa em língua inglesa voltada ao visitante estrangeiro; (b) Única placa indicando limite de velocidade na estrada para a RPPN Estação Veracel ----------------------------------------------------------------------------------- 97 Figura 43(a) – Identificação da unidade de conservação como Sítio do Patrimônio Mundial Natural; (b) Terceira placa apontando a distância do Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel ----------------------------------- 98 Figura 44(a) – Placa informando que a RPPN Estação Veracel é uma unidade de conservação; (b) Placa informando que se trata de área particular e alerta contra crime ambientais ------------------------------------------------------ 98 x Figura 45(a) – Placas educativas alertando o visitante a ter cuidado em não ser causador de incêndios; (b) Placa de respeito à fauna silvestre na estrada para a RPPN Estação Veracel -------------------------------------------------------- 99 Figura 46(a) – Placa de conscientização para não jogar o lixo na área da RPPN Estação Veracel; (b) Placa educativa antiga --------------------------------------- 99 Figura 47(a) – Placa identificando a área como propriedade particular, encontrada em área de divisa da RPPN Estação Veracel; (b) Conteúdo da placa com enfoque na lei de crimes ambientais----------------------------------100 Figura 48(a) – Placa de identificação da RPPN Estação Veracel; (b) Placa indicativa bilíngüe do Centro de Visitantes ---------------------------------------101 Figura 49(a) – Placa identificando o Centro de Visitantes; (b) Adesivos identificam tipo de resíduo nas lixeiras de coleta seletiva próximo ao centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel -------------------------------------------101 Figura 50(a) – Placa informativa de material em exposição; (b) Placa-marco de criação da RPPN Estação Veracel --------------------------------------------------102 Figura 51(a) – Placa identificando sanitários e quadro de avisos; (b) Placa identificando a casa da administração na RPPN Estação Veracel-------------103 Figura 52(a) – Placa identificando o Centro de Pesquisas da RPPN Estação Veracel; (b) Placa identificando a sala do ambulatório veterinário ------------104 Figura 53(a) – Placas de aviso alertando a entrada exclusiva somente com guias nos viveiros de animais silvestres hoje desativado; (b) Placa de identificação do pau-brasil na RPPN Estação Veracel --------------------------104 Figura 54(a) – Placa alertando que a entrada é restrita a funcionários; (b) Placa indicando local para estacionamento de visitantes na RPPN Estação Veracel ----------------------------------------------------------------------------------105 Figura 55(a) – Placas que identificam palmeiras nativas do Brasil; (b) Placa para as trilhas da Floresta Tropical e Pau-Brasil na RPPN EVC --------------106 Figura 56 – Rede de remanescentes florestais na circunvizinhança da RPPN Estação Veracel------------------------------------------------------------------------110 Figura 57- Rede de remanescentes florestais na circunvizinhança da RPPN Estação Veracel------------------------------------------------------------------------111 Tabela 10 – Zonas e sub-zonas de fragilidade na RPPN Estação Veracel---------115 Figura 58 – Zonas de fragilidade na RPPN Estação Veracel ------------------------117 Figura 59 – Proposta de zoneamento para a RPPN Estação Veracel --------------120 Figura 60- Detalhe da Zona Administrativa ------------------------------------------128 Tabela 11– Área total das zonas de manejo propostas para a Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel ------------------------------129 xi Figura 61 - Mapa de vegetação com os 17 blocos definidos para a fiscalização e monitoramento da RPPN Estação Veracel-----------------------------------------131 Tabela 12 – Diretrizes para os projetos que contemplem inventário da Biota dentro da RPPN Estação Veracel ---------------------------------------------------143 Tabela 13 – Datas comemorativas sugeridas para atividades especiais da RPPN Estação Veracel------------------------------------------------------------------------152 Tabela 14 - Implementação de projetos a curto, médio e longo prazos, por subprograma do Programa de Uso Público da RPPN Estação Veracel--------160 Tabela 15 – Situação atual dos Recursos Humanos na RPPN Estação Veracel--164 Figura 62 – Organograma funcional proposto para a RPPN Estação Veracel ---165 Tabela 16 – Ações de curto (2007) e médio prazo (2008-2009) para a RPPN Estação Veracel------------------------------------------------------------------------166 Tabela 17 – Matriz de Âmbitos, Variáveis e Sub-Variáveis para a avaliação de efetividade de manejo da unidade de conservação ------------------------------168 Tabela 18 – Efetividade de Manejo da RPPN Estação Veracel por âmbitos, em 1999 -----------------------------------------------------------------------------------------170 Foto 1 – Beija-flor balança-rabo canela (Glaucis dorhnii) ---------------------------213 Foto 2 – Papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) ----------------------------------213 Foto 3 – Sagüi-da-cara-branca (Callithrix geoffroyi) ---------------------------------213 Foto 4 – Macaco-preto (Cebus robustus)-----------------------------------------------213 Foto 5 – Perereca (Hylomantis áspera) -------------------------------------------------214 Foto 6 – Perereca (Hyla gr. albosignata sp. n.)----------------------------------------214 Foto 7 – Indíviduo de gavião-real (Harpia harpyja) próximo ao viveiro e um ninho da espécie identificado na RPPN Estação Veracel ---------------------------- 214 Foto 8 – Equipamento utilizado na metodologia de armadilha fotográfica e uma foto de anta (Tapirus terrestres) registrada em pesquisa utilizando esse tipo de ferramenta na RPPN Estação Veracel ------------------------------------------215 xii LISTA DE SIGLAS CBPM Companhia Baiana de Pesquisa Mineral CEMAVE Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestres CEPEC Centro de Pesquisa da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira CEPLAC Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira CEU Centro Excursionista Universitário CI-BRASIL Conservação Internacional CITES Convention on International Trade in Endangered Species (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Ameaçadas de Extinção) CRA Centro de Recursos Ambientais DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral Embasa Empresa Baiana de Águas e Saneamento EPI Equipamento de Proteção Individual ESPAB Estação Ecológica do Pau Brasil FAPESB Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia FLONIBRA Floresta Nipo Brasileira S.A. FNMA Fundo Nacional do Meio Ambiente FUNAI Fundação Nacional do Índio IAR Índice de Abundância Relativa IBA Important Bird Área (Áreas Importantes para Aves) IBAMA Instituto Brasileiro do meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBio Instituto BioAtlântica IUCN União Mundial pela Natureza KBA Key Biodiversity Area (Área chave para biodiversidade) KfW German Development Bank LAC Limits of Acceptable Change (Limite Aceitável de Câmbio) xiii MAB Man and Biosphere (Homem e a Biosfera) MMA Ministério do Meio Ambiente MZUSP Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo ONG Organização não governamental PP-EVC Programa de pesquisa da Estação Veracel PPG-7 Programa-Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais PROBIO Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira RBMA Reserva da Biosfera da Mata Atlântica ROS Recreation Oportunity Spectrum (Espectro de Oportunidade de Recreação) RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN EVC Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza TAC Termo de Ajustamento de Conduta TNC The Nature Conservancy UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura UNESP Universidade Estadual Paulista UESC Universidade Estadual de Santa Cruz UFBA Universidade Federal da Bahia UFMG Universidade Federal de Minas Gerais VAMP VERP Visitor Activities Management Process (Processo de Manejo das Atividades do Visitante) Visitor Experience and Resource Protection (Experiência do Visitante e a Proteção dos Recursos) VIM Visitor Impact Management (Manejo do Impacto do Visitante) WWF World Wildlife Fund xiv INTRODUÇÃO Devido às limitações do sistema público de unidades de conservação, tem aumentado a importância da participação do setor privado na estratégia de conservação in situ da biodiversidade brasileira, particularmente através da criação de RPPNs (Pinto et al., 2004; Vieira & Mesquita, 2004; Costa, 2006). De acordo com a Lei do SNUC, datada de 18 de julho de 2000, as RPPNs sejam elas nacionais ou estaduais são unidades de conservação em áreas privadas, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica, conforme estabelece o Artigo 21 da citada Lei (MMA, 2000). Uma RPPN é geralmente reconhecida em função de sua importância para proteção da biodiversidade, seu valor paisagístico, ou outras variáveis que dependam de proteção ou restauração do habitat natural. As RPPN têm, cada vez mais, servido como um instrumento adicional para o fortalecimento do sistema de unidade de conservação existente, permitindo o aumento de áreas sob proteção legal; promovendo a proteção e o apoio a pesquisa sobre a biodiversidade de forma complementar à rede de áreas protegidas públicas; possibilitando o aumento da conectividade da paisagem natural; e a proteção de áreas chave ao longo dos biomas brasileiros. O Brasil é o único país da América Latina a incluir as reservas privadas no seu sistema oficial de áreas protegidas, reconhecida na Lei que instituiu o SNUC (Mesquita & Leopoldino, 2002). As RPPN foram incluídas no SNUC no grupo de unidades de conservação de uso sustentável. Entretanto, devido ao veto presidencial a um dos itens do artigo 21 da referida Lei, que possibilitava a extração de recursos naturais em uma RPPN, essas unidades de conservação tornam-se de fato unidades de proteção integral. Sendo assim, as RPPN são tratadas nas estratégias de conservação como unidades de conservação de proteção integral (parques e reservas), especificamente aquelas consideradas de uso restrito e com o objetivo principal de conservar a 1 biodiversidade e aumentar o nível de conhecimento sobre as comunidades florísticas e faunísticas nelas representadas. Assim como as unidades de conservação públicas, as RPPNs também necessitam estabelecer um planejamento, na forma de plano de manejo, para alcançar os objetivos para os quais a unidade de conservação foi criada. De acordo com o artigo segundo da Lei 9.985, que instituiu o SNUC, um plano de manejo é um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade (MMA, 2000). Dourojeanni (2003) ressalta que um plano de manejo deve ser baseado na realidade da unidade de conservação para se escolher, entre as opções disponíveis, as decisões que tática e estrategicamente melhor viabilizem o cumprimento dos objetivos que a legislação prevê para a categoria. Este documento apresenta o Plano de Manejo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel (RPPN EVC), maior RPPN da Mata Atlântica. O Plano foi elaborado sob a coordenação da empresa Veracel Celulose S/A, proprietária da unidade, visando a efetiva proteção da área em questão, bem como a identificação dos cenários referentes ao manejo no curto, médio e longo prazos. A metodologia utilizada para a elaboração deste plano de manejo está descrita no roteiro metodológico de planejamento para RPPNs elaborado pelo IBAMA (Ferreira et al., 2004), que apresenta três fases para sua elaboração: informações gerais, diagnóstico e planejamento. Contextualização da RPPN Enfoque Internacional A criação da RBMA, que abriga os principais remanescentes de Mata Atlântica e ecossistemas associados do Ceará ao Rio Grande do Sul, foi reconhecida pela Unesco em várias fases consecutivas, entre 1991 e 1993 (Corrêa, 1995). 2 O Sistema de Reservas da Biosfera do Programa “Man and the Biosphere” MAB - Unesco foi consolidado na década de 70, sob a influência da Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente. As Reservas da Biosfera têm três prioridades como base em todos os trabalhos a serem nelas desenvolvidos: a conservação da natureza e de sua biodiversidade, o desenvolvimento social sustentado das populações que vivem na área, com ênfase para as comunidades tradicionais, e o aprofundamento da educação ambiental e do conhecimento científico. Para viabilizar esses objetivos, elas devem obedecer a um zoneamento que está centrado em três áreas principais: - a zona núcleo, que deve ser uma unidade de conservação de proteção integral ou uma RPPN. A RPPN EVC é uma das zonas núcleo da RBMA na região do Extremo Sul do Estado da Bahia. - a zona de amortecimento, que circunda completamente a zona núcleo. Sua função principal é protegê-la. Aí podem ser desenvolvidas, entre outras, atividades econômicas sustentadas e experimentos científicos. Nelas devem se localizar, preferencialmente, as comunidades de cultura tradicional. - a zona de transição está ao redor da zona de amortecimento. Nela são feitas, com flexibilidade, as atividades que acomodam a Reserva da Biosfera com as suas áreas de entorno. A razão pela qual o Brasil aderiu ao Sistema de Reservas da Biosfera é que este é o mais alto reconhecimento internacional que se pode almejar para a proteção de um ecossistema. A declaração da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica endossa a sua situação como uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo, sendo, em conseqüência, uma das prioridades mundiais para a conservação da biodiversidade. Nos termos da Convenção para a Proteção dos Patrimônios Culturais e Naturais Mundiais adotada pela Conferência Mundial da UNESCO de 1972, o Comitê Intergovernamental para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, denominado "Comitê do Patrimônio Mundial", incluiu, em dezembro de 1999, as áreas Sul e 3 Leste da Mata Atlântica na "Lista de Patrimônio Mundial" como “Bem Natural de Valor Universal”. A RPPN EVC faz parte do grupo de 7 áreas protegidas, sendo 6 unidades de conservação localizadas na Costa do Descobrimento, região entre os rios Jequitinhonha e Doce, no extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo, que foram reconhecidas pela UNESCO em 2000 como Sítios do Patrimônio Natural Mundial (Schenkel, 2006; Figura 1). Além da RPPN EVC estão inseridas no Sítio do Descobrimento a Reserva Biológica de Una; o Parque Nacional do Pau-Brasil; o Parque Nacional de Monte Pascoal; o Parque Nacional do Descobrimento; a Reserva Biológica de Sooretama; e uma área privada, a Reserva Florestal de Linhares. Os sítios do patrimônio natural são formações físicas, biológicas e geológicas excepcionais, locais de ocorrência de espécies animais e vegetais ameaçadas e áreas de alto valor científico, de conservação ou estético. As atividades previstas para os sítios envolvem ações estruturais como proteção de espécies e ecossistemas, conscientização pública e educação ambiental, treinamento e promoção de ecoturismo ou outras iniciativas de desenvolvimento socioeconômico sustentável. O Programa Sítios do Patrimônio Mundial no Brasil constitui uma ampla parceria envolvendo o MMA, a UNESCO, a Fundação das Nações Unidas, o WWF, a TNC e a CI-Brasil. Por se tratar de uma região com alto grau de ameaça, a Mata Atlântica vem recebendo investimentos para sua conservação de diversos organismos governamentais internacionais, tais como o Banco Mundial e a agência alemã KfW, através do Projeto Corredores Ecológicos, bem como de ações de conservação de organizações nãogovernamentais, como a CI-Brasil e TNC. Para a RPPN EVC estes parceiros poderão viabilizar os estudos bases e aplicados à gestão da área, colaborando para sua definitiva implantação. 4 Figura 1 – Sítio do Patrimônio Natural “Costa do Descobrimento”. 5 Enfoque Nacional A Mata Atlântica é, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, patrimônio nacional da população brasileira. Sua conservação deve ser estimulada pelo poder público, cabendo, ainda segundo a Constituição da República, artigo 225, parágrafo 1o, inciso III “definir, em todas as Unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos”. A Mata Atlântica brasileira, hoje reduzida a menos de 8% de sua extensão original, perfazia cerca de 1.400.000 km2 do território nacional, e estende-se desde o Nordeste Brasileiro até o Rio Grande do Sul (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2002). Essa região é de grande importância para o país, pois abriga mais de 60% da população brasileira e é responsável por quase 70% do PIB nacional (CI-Brasil et al., 2000). A devastação da Mata Atlântica é um reflexo da ocupação territorial e exploração desordenada dos recursos naturais. Os sucessivos impactos resultantes de diferentes ciclos de exploração, da concentração da população e dos maiores núcleos urbanos e industriais levaram a uma drástica redução na cobertura vegetal natural, que resultou em paisagens hoje fortemente dominadas pelo homem (Fonseca, 1985; Dean, 1996; Câmara, 2003; Hirota, 2003; Mittermeier et al., 2004). A Mata Atlântica possui hoje mais de 800 unidades de conservação públicas e privadas, federais e estaduais, totalizando cerca de 13.000.000ha (Pinto et al., 2006). Considerando somente as unidades de conservação de proteção integral, menos de 2% (cerca de 2,5 milhões de hectares) da extensão do bioma se encontra oficialmente dedicado a esse objetivo. Na Mata Atlântica, devido ao elevado custo para criação de unidades de conservação públicas, tem aumentado a importância da participação do setor privado nas estratégias de conservação in situ da biodiversidade, principalmente através das RPPNs. Além de promover a proteção e apoio à pesquisa sobre biodiversidade, as RPPNs também 6 contribuem para o aumento da conectividade da paisagem e a proteção de áreas-chave (Pinto et al., 2004; Vieira & Mesquita, 2004). A RPPN EVC é uma das 450 RPPNs da Mata Atlântica. A unidade possui uma área de 6.069ha de cobertura florestal praticamente contínua. Devido ao estado atual de fragmentação do bioma Mata Atlântica, este pode ser considerado um remanescente de grande porte, uma vez que predomina em todo o bioma, remanescentes de menos de 100ha, e o tamanho médio das unidades de conservação públicas é em torno de 10.000ha (Pinto et al., 2004) Pela sua importância a RPPN EVC compõe um conjunto de remanescentes florestais que forma uma das áreas prioritárias para conservação da biodiversidade na avaliação do PROBIO (CI-Brasil, 2000). As áreas prioritárias foram identificadas por dezenas de especialistas como áreas de grande importância biológica, de acordo com a existência de espécies endêmicas, raras e ameaçadas, comunidades biológicas únicas, e com as características especiais dos elementos determinantes da biodiversidade (clima, rios, solos etc.). As áreas foram examinadas também segundo a necessidade de ações urgentes em função da avaliação da pressão antrópica, considerando-se diversos fatores, como as pressões demográficas e a vulnerabilidade das áreas naturais aos diversos tipos de exploração econômica. Enfoque Estadual Apesar da extensa área abrangida pelas unidades de conservação do estado da Bahia, com pouco mais de 3 milhões e 300 mil hectares, a superfície total destas áreas representa apenas 5,8% do território baiano. Esse nível de proteção está abaixo do preconizado pela IUCN que, por ocasião do III Congresso Mundial de Parques e outras Áreas Protegidas, recomendou pelo menos 10% da superfície territorial do Estado, do País ou do bioma sob proteção. São 36 unidades de conservação, distribuídas nos biomas do Estado: a caatinga, o cerrado e a mata atlântica. Em análise realizada recentemente para a representatividade da cobertura de unidades de conservação do sul da 7 Bahia (Timmers et al., 2002), verificou-se que existem grandes lacunas no sistema de proteção da região. Essa limitação é agravada pela alta diversidade biológica contida nos seus limites territoriais. O programa de conservação da diversidade biológica do Estado possui a característica de priorizar o estabelecimento de unidades de conservação de uso sustentável, com um total de 31 Áreas de Proteção Ambiental (5.972.871ha) e 2 Áreas de Relevante Interesse Ecológico (12.168ha). As unidades de conservação de proteção integral perfazem somente uma área de 58.068ha, ou 1,9% do território do Estado. Há ainda no estado da Bahia algumas unidades de conservação federais de proteção integral, sendo cinco Parques Nacionais (Chapada Diamantina, 22.500ha; 152.105ha; Descobrimento, Pau-Brasil, 21.129ha; 11.538ha; e Monte Marinho dos Pascoal, Abrolhos, 88.249ha); uma Reserva Biológica (Una, 11.400ha); um Refúgio de Vida Silvestre (Veredas do Oeste Baiano, 128.521ha); e uma Estação Ecológica (Raso da Catarina, 99.772ha). Quanto às unidades de conservação de uso sustentável federais o estado da Bahia possui três Reservas Extrativistas Marinhas (Barra do Iguape, 8.117ha; Ponta do Corumbau, 38.174ha; e Canavieiras, 100.000ha), uma Área de Relevante Interesse (Cocorobó, 7.504 ha) e duas Florestas Nacionais (Contendas do Sincorá, 11.031ha; e Cristópolis, 12.839ha). Dada a relevância da região para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica, está em curso uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com IBAMA, órgãos estaduais de meio ambiente da Bahia e Minas Gerais e diversas entidades ambientalistas, visando um incremento expressivo da área protegida na região, através da criação de novas unidades de conservação e expansão de outras já existentes. A Bahia conta com o segundo maior número de RPPNs federais do País, havendo 54 áreas reconhecidas e diversas em processo de criação, atrás apenas de Minas Gerais. Porém quando se contabiliza o número total de RPPN criadas nos estados da federação o estado da Bahia aparece em terceiro lugar no ranking, após os estados do Paraná e de 8 Minas Gerais, pois estes estados possuem programas estaduais de reconhecimento destas unidades de conservação, o que tem permitido maior agilidade no processo de criação (Costa, 2006). Um ponto positivo é que em 2003 houve a sanção do Decreto Estadual n° 8851, de 22 de dezembro de 2003, que permite o Estado da Bahia criar RPPN diretamente vinculada ao órgão estadual de proteção ao meio ambiente. A importância biológica do sul da Bahia e da Mata Atlântica do Espírito Santo e a necessidade de estabelecer mecanismos inovadores de gestão integrada das unidades de conservação levaram a indicação dessa região como um dos Corredores de Biodiversidade no Brasil (Ayres et al., 2005). Um corredor de biodiversidade compreende uma rede de áreas protegidas entremeada por áreas com diferentes graus de interferência humana, no qual o manejo é integrado para ampliar a possibilidade de permanência de todas as espécies, a manutenção de processos ecológicos e evolutivos e o desenvolvimento de uma economia regional baseada no uso sustentável dos recursos naturais (Sanderson et al., 2003). A abordagem dos corredores de biodiversidade é utilizada para contemplar a proteção ambiental em diferentes escalas, desde a local até a regional, e buscar a representação de diferentes ecossistemas, o manejo sistêmico da rede de unidades de conservação e a manutenção ou incremento da conectividade entre as diferentes áreas (Fonseca et al., 2004; Ayres et al., 2005). Nesse contexto, a Mata Atlântica tem sido uma das regiões pioneiras, com o uso do melhor conhecimento científico para a definição de áreas e estratégias de conservação. Através de um processo de identificação de corredores de biodiversidade, utilizando critérios biológicos, além da análise das principais ameaças, alguns exercícios foram conduzidos para a Mata Atlântica e para outras regiões do país (CI & IESB, 2000; Fonseca et al., 2004; Ayres et al., 2005). O Corrredor Central da Mata Atlântica é uma das regiões escolhidas pelo Ministério do Meio Ambiente para o desenvolvimento dessa estratégia de conservação no projeto Parques e Reservas, no âmbito do Programa 9 Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras, conhecido como PPG-7 (MMA, 2006; Figura 2). Por meio dos corredores de biodiversidade busca-se enfrentar um dos principais desafios para a conservação da biodiversidade, especialmente dos hotspots, que é o crescente isolamento das áreas naturais. Como a conservação da diversidade biológica envolve não somente a preservação das espécies, mas também da diversidade genética contida em diferentes populações, é essencial proteger múltiplas populações da mesma espécie, que nos hotspots estão cada vez mais isoladas e susceptíveis a eventos estocásticos de natureza genética ou demográfica, portanto com maiores probabilidades de se extinguirem localmente (Brooks et al., 2002). As estratégias de conservação devem, portanto abordar a dinâmica da paisagem e as inter-relações entre unidades de conservação, além dos aspectos relacionados às áreas isoladas. A porção sul-baiana, onde está inserida a RPPN EVC, é um exemplo desse cenário, apresentando forte fragmentação dos ambientes naturais. Fotos aéreas datadas de 1945 permitiram registrar que naquela época mais de 85% da área total do Extremo Sul da Bahia ainda encontrava-se coberto por florestas (Rezende Mendonça, 1994). As avaliações mais atuais são alarmantes. Landau (2003) estimou a situação da Mata Atlântica no Sudeste da Bahia, determinando a área relativa ocupada por diferentes categorias de cobertura vegetal e uso do solo em 107 municípios das regiões econômicas Litoral Sul, Extremo Sul e Sudoeste e observou que as Florestas em estágio avançado de regeneração ocuparam 6,5% da área estudada. No Extremo Sul da Bahia, onde está localizada a RPPN EVC, apenas 7,6% é coberto por florestas em estágio avançado de regeneração, sendo que apenas 6,9% dos fragmentos apresentaram área acima que 100ha e, 0,7%, área superior a 1.000ha. Além do Sul da Bahia, o Corredor Central da Mata Atlântica abrange quase todo o Espírito Santo. Este corredor de biodiversidade abrange os maiores remanescentes florestais de Mata Atlântica do 10 Nordeste e abrange atualmente 25 unidades de conservação de proteção integral, 19 unidades de uso sustentável e 41 RPPNs, totalizando aproximadamente 520.000 hectares sob diversas formas de proteção (Figura 3), sendo a RPPN EVC uma das áreas protegidas chave do Corredor. Embora seja uma quantidade considerável de espaços legalmente protegidos, é evidente que só o fato de terem sido criados não é garantia de efetiva implementação e proteção. O Corredor Central da Mata Atlântica compreende dois centros de endemismo da Mata Atlântica, conforme estudos disponíveis sobre vertebrados terrestres, borboletas e plantas (Mori et al., 1981; Kinzey, 1982; Thomas et al., 1998; Silva & Casteleti, 2004). A porção baiana do Corredor Central apresenta uma das maiores diversidades de aves do Brasil, abrigando mais de 50% das espécies de aves endêmicas da Mata Atlântica (Cordeiro, 2003a). A diversidade da flora também é excepcional. Em estudos realizados em uma reserva particular ainda não reconhecida como RPPN e no Parque Estadual da Serra do Conduru, em Serra Grande, município de Uruçuca, ao norte de Ilhéus, foram encontradas 458 espécies de árvores em um único hectare de floresta, número considerado um dos recordes mundiais de riqueza de plantas lenhosas (Thomas & Carvalho, 1997; A. Amorim, com.pess). A região é importante também por abrigar 57% da fauna de vertebrados da Mata Atlântica ameaçada de extinção, como o mico-leãoda-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) e o macaco-prego-depeito-amarelo (Cebus xanthosternos). A RPPN EVC abriga espécies ameaçadas de extinção como o macaco-preto (Cebus robustus); o papagaio-chauá (Amazona rhodochorytha), e o beija-flor balança-rabocanela (Glaucis dohrnii), dentre outras. Nesse contexto descrito para o Corredor Central da Mata Atlântica, as unidades de conservação desempenharão um papel extremamente importante para garantir a proteção da biodiversidade a longo prazo. A estratégia dos espaços protegidos associados à construção de corredores ecológicos (ou corredores de fauna e flora), será fundamental para a manutenção dos processos evolutivos e 11 ecossistêmicos da região. A Lei Federal no 9.985/00, que institui o SNUC, ampara a criação de corredores ecológicos de conservação, definindo-os como porções de ecossistemas naturais ou semi-naturais que ligam unidades de conservação. Para isso será importante também a integração e maior eficiência do manejo das unidades de conservação. A RPPN EVC está inserida no mosaico de áreas protegidas do Extremo Sul da Bahia, uma nova iniciativa que conta com o apoio do FNMA e envolve várias instituições como o IBAMA, com a Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidades de Conservação da SEMARH, Estação Ecológica Pau- Brasil (ESPAB/CEPLAC) e a FUNAI. O principal objetivo do projeto é implementar a gestão em mosaico visando fortalecer e integrar a rede de áreas protegidas do Extremo Sul da Bahia, através de um desenho estratégico fundamentado em três componentes principais: mobilização social; manejo integrado de áreas protegidas e desenvolvimento territorial em bases conservacionistas. 12 Figura 2 – Corredor Central da Mata Atlântica, conforme o projeto Corredores Ecológicos do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2006). 13 Figura 3 – Unidades de Conservação existentes na porção baiana do Corredor Central da Mata Atlântica. 14 INFORMAÇÕES GERAIS Acesso A Estação Veracel está situada na mesorregião geográfica Sul Baiano, microrregião Porto Seguro (IBGE, 2006) e de acordo com SEI (2006) faz parte da região econômica Extremo Sul da Bahia. A mesma localiza-se a 15 Km do centro histórico de Porto Seguro, às margens da BR 367, estrada que liga os municípios de Eunápolis e Porto Seguro. A Estação ocupa 6.069 hectares que se estendem pelos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, entre as coordenadas 8199228 / 8186195 N e 481290 / 488301 E (Figura 4). A microrregião de Porto Seguro está localizada ao longo da costa atlântica brasileira e faz parte do bioma Mata Atlântica que é considerado um dos ambientes mais ameaçados de extinção do mundo. No decorrer de mais de 500 anos de uso e ocupação, este ambiente foi e continua sendo amplamente explorado, certamente por estar inserido no núcleo de povoamento mais antigo do país. Dados de IBGE (2006) mostram que em 1996 do total da área da microrregião Porto Seguro, 72% era ocupado por pastagens, 12% por cultivos diversos e apenas 9,7% da área permanecia ocupada por matas e florestas naturais. Histórico Histórico de criação e Aspectos Legais da RPPN A antiga Capitania de Porto Seguro estendia-se do Espírito Santo (sul) aos Ilhéus (Norte) e toda essa extensão caracterizava-se por um contínuo de florestas densas, do qual a área da RPPN EVC é um exemplo, testemunha e prova cabal do tipo de cobertura vegetal encontrada pelos colonizadores europeus. Na região Extremo Sul da Bahia, a construção da BR-101 e o incentivo do governo do Estado à atividade madeireira, que atingiu nível de destaque na região de Porto Seguro, foram os principais responsáveis pela redução da Mata Atlântica. A Veracel Celulose S/A, proprietária da RPPN EVC instalou-se na região em 1992, com o propósito de implantar uma unidade industrial para fabricação de celulose branqueada 15 de eucalipto. O empreendimento engloba 88.000ha de plantio de eucalipto e infraestrutura e aproximadamente 85.000ha de áreas destinadas à proteção, recuperação e manejo de Mata Atlântica, dentre as quais está a RPPN EVC. A história da RPPN EVC remete-nos a um processo histórico mais abrangente, que diz respeito à exploração da floresta motivada pelo interesse pela madeira, uma importante riqueza. Tal exploração teve início já no século XVI, imediatamente após a descoberta do Brasil, e avançou até o presente século com consequências desastrosas e praticamente irreversíveis para algumas áreas da Mata Atlântica. A seguir são mencionadas algumas informações históricas de ocupação da área de influência da reserva, conforme descrito pelo Plano de Manejo da RPPN Veracel elaborado em 1998 (ver Veracruz Celulose S.A., 1998). Um olhar para o passado A chegada do colonizador português à costa litorânea do atual extremo sul da Bahia oficializou a incorporação de um extenso território ao já vasto império colonial português no ultramar. A partir de 1534 a divisão da Colônia em Capitanias Hereditárias pretendeu organizá-la de uma forma mais sistemática do ponto de vista geográfico e administrativo. Esta medida foi provocada, em grande parte, pela exploração da madeira por comerciantes não autorizados. Portugal sempre foi ávido por madeiras nobres e explorou largamente as florestas das Ilhas dos Açores, da Madeira, da Ásia e da África portuguesas. Já naquele período foram estabelecidos os entrepostos comerciais (feitorias) na costa litorânea, por onde era escoada a madeira retirada pelos índios, especialmente o pau-brasil, que por volta de 1511 representava 90% das exportações da Colônia. A introdução da monocultura da cana-de-açúcar desviou a atenção de Lisboa para as Capitanias de Pernambuco e São Vicente. A Capitania de Porto Seguro caracterizou-se por uma economia precária e complementar, que abastecia as zonas açucareiras da Capitania da Bahia com algodão, cereais e pescados e a exploração das florestas 16 através da retirada de piaçava e de madeira era prática corrente. O corte de madeira ocorria em diferentes localidades da Capitania e regiões vizinhas: Cairu, Camamu, Barra do Rio de Contas, Maraú, Ilhéus, Prado, Alcobaça e Mucuri, com destino a Salvador e Lisboa. A introdução das culturas do cacau e do café no final do século XVIII e a expansão da pecuária no século XX dinamizaram a região, expandindo o povoamento, provocando o crescimento demográfico e estimulando a economia. Aos poucos as pequenas roças de subsistência familiar foram cedendo espaço e/ou partilhando uma maior ocupação do solo. Todavia, as áreas de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália permaneciam isoladas justamente pela floresta e ali prevalecia uma realidade bastante similar à do século XIX: viviam de pesca e poucas roças e dependiam da importação de produtos oriundos de Salvador, que chegavam por via marítima. A segunda metade do século XX pode ser apontada como a grande “vilã” da floresta ainda existente. A partir dos anos 70 a paisagem começa a se desintegrar. A oferta de terras a preços baixos atrai uma população ávida de lucros fáceis. A abertura das rodovias facilita o acesso dos madeireiros. Inúmeras serrarias se instalam, surgem grandes áreas de pastagens. O problema das invasões de terras ainda cobertas de mata torna-se uma preocupação e graças a elas surgem povoados miseráveis, reduzindo cada vez mais a floresta atlântica. Dentre os poucos remanescentes está a Estação Veracel. Histórico da Propriedade: a “Fazenda Americana” A RPPN EVC é considerada uma das mais importantes concentração de Mata Atlântica da Bahia. A área pertenceu a uma antiga propriedade cuja cadeia sucessória perde-se no tempo e remonta há cerca de 300 anos. Em 1961 a propriedade atingia 12.000ha, estendendo-se do Rio Buranhém (Porto Seguro) ao Rio João de Tiba (Santa Cruz Cabrália). A área, totalmente coberta de matas, era praticamente inexplorada e compreendia três áreas contíguas: Tucundupi, São Miguel e Imbirussú de Dentro. Naquele ano foi vendida a um grupo de condôminos norte-americanos, dos quais dois eram 17 majoritários: Iva Lee Hartman e Louis Woodson Hartman. Daí a denominação “Fazenda Americana” ou “Fazenda da Gringa”. Figura 4 – Localização geográfica e acesso à RPPN Estação Veracel. Os anos 70 e 80 A abertura das rodovias trouxe os turistas e os madeireiros. A BR367 foi construída sobre o traçado da antiga estrada de terra. Inaugurada em 73 deu início ao grande desflorestamento e a partir de 76/77 a atenção dos madeireiros se volta para a “Fazenda Americana”, pois a madeira de outras áreas começa a escassear. Inicia-se um confronto entre o ideal de conservação e o interesse dos madeireiros. Em 1976 parte da área foi vendida para a Empreendimentos Florestais Flonibra. Os Hartman permaneceram com uma área entre a reserva e o Rio João de Tiba (São Miguel) e uma outra entre a reserva e a beira da estrada (Imbirussú de Dentro). A parte central, adquirida pela Flonibra, corresponde à RPPN EVC. Segundo depoimento de um ex-Técnico Agrícola da Flonibra, a empresa extraiu madeira em pequena quantidade. A madeira destinava-se à construção de currais, casas para 18 vigilantes, estacas e mourões. Havia muitos problemas com caçadores e posseiros. Gente que entrava para retirar piaçava e roubar madeira. Em razão disso 130 vigilantes atuavam na área. Segundo informações locais, a Flonibra teria desmatado, nos anos 70, cerca de 500ha da área total. A empresa possuía uma serraria própria, localizada no Km 45, na qual eram preparados os dormentes. Parte da madeira retirada foi também destinada às serrarias locais. O corte de madeira, que foi efetuado nos trechos próximos à estrada, prosseguiu até o final dos anos 70, quando mudanças nos planos originais da empresa deslocaram seu foco de atenção para outras atividades, como a pecuária. Em 1977 a Flonibra elaborou um Inventário Florestal referente à área de 6.069ha, adquiridos de Iva Hartmann e nele foram identificadas e quantificadas mais de 80 espécies. Tal Inventário é um importante indicativo para a conservação da RPPN EVC, para que se tenha uma idéia da riqueza vegetal existente na região. Sete anos mais tarde a paisagem já estava bastante modificada em torno da antiga “Fazenda Americana”. As serrarias atuavam em grande escala, existindo cerca de 30 em Eunápolis, 2 em Pindorama, 3 em Vera Cruz, 20 em Itabela, 20 em Barrolândia. Com a redução das áreas as serrarias tentaram convencer a Flonibra a vender as terras. Naquele ano de 1984 querelas políticas locais, relativas à emancipação de Eunápolis, desencadeou uma grande invasão nas áreas pertencentes à Iva Hartman, exatamente nas áreas conhecidas como os povoados de Imbirussú de Dentro e São Miguel. Com o apoio político e numa ação conjunta com madeireiros, centenas de pessoas ocuparam a área. Nessa época uma grande quantidade de jacarandá ainda foi retirada, além de outras madeiras nobres. Quando o jacarandá praticamente desapareceu, as madeiras brancas foram as mais procuradas. Dentre elas foram mencionadas Parajú, Juerana, Pequi (amarelo e preto), Massaranduba e Louro com várias espécies: Louro Batata, Louro São José, Louro Uruçuca, Louro Branco, Louro Casca Preta, Louro Caraíva e Louro Cipó. O roubo de 19 madeira era comum, principalmente quando se tratavam de madeiras especiais, muito procuradas, como a Sucupira pele-de-sapo. Os Anos 90 Em poucos anos a floresta da região foi reduzida drasticamente. As serrarias atuaram até cerca de 93-94. Com a escassez da floresta, as poucas que restam serram madeira de pequenos proprietários e de alguns projetos que possuíam aprovação do IBAMA. A área da atual Estação Veracel não foi totalmente atingida por esse fenômeno que mesclou interesses políticos, econômicos, corrupção, fiscalização inexistente e/ou insuficiente. A transmissão da posse antes que a pressão se tornasse insustentável e a sua conservação como área protegida, foram ações decisivas. Entretanto, há indícios de explorações anteriores, sobretudo de madeira. Os chamados “arrastões” ou “arrastos”, que são estradas internas abertas para o arrastamento da madeira, mostram isso. Sabe-se também que há muitos anos retirava-se madeira com a ajuda de junta de bois, que transportavam as toras até a beira dos rios. Segundo consta, juntas de até 24 bois arrancavam as árvores do chão, que eram puxadas através dos arrastões e saíam em diferentes pontos, um deles o Rio dos Mangues, próximo ao atual complexo turístico Barramares. Em 1994 foi estabelecida a Estação Veracruz pela Veracruz Celulose S/A, hoje Veracel Celulose S/A, e inicia-se a implantação de infra-estrutura para visitação na área. Muitas histórias marcam a Estação Veracel e seu valor histórico, na condição de paisagem natural com status de documento, ganha mais relevo quando se sabe que o Rio Mutari, que desemboca na Coroa Vermelha e onde Pedro Álvares Cabral abasteceu sua esquadra com água doce, nasce no interior da RPPN EVC. Além do Rio Mutari, outros rios ou seus tributários que são essenciais às comunidades locais nascem no seu interior: Rio dos Mangues, Rio Jardim, Ronca Água e Camuruji. 20 A partir de 1998 a área da atual Estação Veracel, antiga sesmaria no território da Capitania de Porto Seguro, antiga “Fazenda Americana”, foi declarada Reserva Particular do Patrimônio Natural, reconhecida oficialmente pelo Governo Federal, através do IBAMA. As características da RPPN EVC estão apresentadas na Tabela 1. 21 Tabela 1 – Ficha-Resumo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel, Bahia. Nome da RPPN Estação Veracel Nome do proprietário Veracel Celulose S.A. Carlos André Gaspar dos Santos ou Ligia Gallozzi Mendes Andrade (73) 3166-1535 ou (73) 9985 1808 [email protected] ou [email protected] Localizada a 15 km do centro histórico de Porto Seguro, às margens da BR 367 km 37, no Extremo Sul da Bahia. Nome do representante Contato Endereço da Sede Endereço para correspondência Fazenda Brasilandia, BA 275 km 24 Caixa Postal 21 - Eunápolis Bahia. CEP: 45820-970. Telefone/fax/e-mail/página na internet 73 3166-1535 ou 73 3166-1536/ [email protected] www.veracel.com.br Superfície da Unidade de Conservação 6.069 hectares Principal município de acesso à RPPN Porto Seguro Município e estado abrangido Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, Bahia Coordenadas Geográficas Extremas 8199228 / 8186195 N e 481290 / 488301 E 05 de novembro de 1998. Portaria IBAMA 149/98-N Ao sul, assentamento do INCRA Projeto Imbiruçu de Dentro; Ao leste, assentamento do INCRA Projeto Imbiruçu de Dentro e 3 fazendas particulares; Ao norte, assentamento do INCRA Projeto São Miguel e Projeto Inhaiba III de plantio de eucalipto. À oeste, Reserva Legal do Projeto Inhaiba III, Estação Ecológica Pau-Brasil e 2 fazendas particulares. Data da criação e Número da Portaria Marcos e referências importantes nos limites e confrontantes Bioma Mata Atlântica – Floresta Ombrófila Densa Distância dos centros urbanos mais próximos 15 km de Porto Seguro e 50 km de Eunápolis Meio principal de chegada à UC BR 367. Atividades ocorrentes - Proteção Física; - Pesquisas científicas; - Atividades de relacionamento com as comunidades do entorno da Reserva. - Interface com o PEACOR: - Visitas de recreação e interpretação ambiental; - Cursos e treinamentos; 22 DIAGNÓSTICO 1. Apresentação Os conhecimentos detalhados sobre os potenciais ecológicos dos ambientes possibilitam a geração de estratégias para a proteção, gestão e uso sustentável dos recursos naturais. Deste modo, tem-se, por exemplo, o reconhecimento e a proteção dos ecossistemas mais frágeis, a identificação de áreas com maior potencialidade agrícola, bem como um eficiente monitoramento regionalizado das formas de ocupações antrópicas das terras. A RPPN EVC representa um dos principais remanescentes de floresta atlântica no extremo sul da Bahia, inserido no Corredor Central da Mata Atlântica e no Sítio do Patrimônio Natural do Descobrimento. A grande importância biológica da RPPN EVC aliada ao seu tamanho e a inserção regional fazem com que seja premente a revisão do seu plano de manejo e um planejamento que utilizem técnicas modernas e participativas que incorporem conhecimentos atuais de biologia da conservação, como o conceito de corredores de biodiversidade e gestão em mosaicos. A revisão do plano de manejo, conforme novo roteiro metodológico proposto em Ferreira et al. (2004) deverá nortear as ações de pesquisa, visitação, segurança e recuperação dessa área protegida. É fundamental também que o planejamento produza um zoneamento de toda a extensão da reserva e entorno imediato. Para isso torna-se essencial o fortalecimento da RPPN EVC, destacando que seu planejamento e gestão deverão prever a integração com as demais unidades de conservação da região, tanto públicas quanto privadas, seu papel no Programa Mata Atlântica da Veracel e no Projeto Conservar (Conservação e Restauração em Terras Privadas no Corredor Central da Mata Atlântica), as relações com as comunidades e as interações com os fragmentos florestais na circunvizinhança. 23 2. Metodologia do Diagnóstico A RPPN EVC já possui um plano de manejo elaborado logo que a unidade foi transformada em RPPN (Veracruz Celulose S/A, 1998). Portanto, para o desenvolvimento da revisão do plano de manejo, considerou-se o planejamento de 1998 e as informações produzidas sobre a área nos últimos anos. Sendo assim, optou-se por fortalecer, no diagnóstico, as informações e avaliações em temas importantes que foram pouco contemplados ou que necessitavam uma melhor avaliação para o planejamento da unidade. A avaliação dos atributos físicos e do uso público, o melhor conhecimento da flora através de dados primários e a compilação e análise do conhecimento sobre a fauna da unidade foram os temas definidos como prioritários na revisão do plano de manejo da RPPN EVC. 2.1. Meio físico O diagnóstico do meio físico foi elaborado através da compilação de dados secundários, da utilização de imagens de satélite e investigações com reconhecimento em campo. Os temas abordados no meio físico incluem: clima, geologia, hidrogeologia, recursos minerais, geomorfologia e solos. Foram enfatizados aspectos relacionados à fragilidade morfodinâmica e às limitações e potencialidades de uso dos solos, processos erosivos, aspectos geológicos regionais e locais. A primeira etapa do trabalho consistiu na avaliação do material bibliográfico e cartográfico gerado no primeiro plano de manejo para a RPPN EVC. Neste material foi identificado um levantamento sobre o meio físico que aborda questões relativas a clima, vegetação, geologia e geomorfologia da área. Não foi localizado um levantamento dos solos da área, mas nas discussões relativas à geologia e à geomorfologia foram abordadas algumas questões sobre o tema que fala sobre os principais processos de formação dos solos na área e quais as classes que predominam na região como um todo. 24 Após avaliação do plano de manejo anterior, procedeu-se levantamento, interpretação e síntese das informações obtidas das análises de mapas planialtimétricos, vegetação, geomorfologia, geologia e solos, disponíveis na região, bem como de dados fornecidos pela empresa Veracel e por órgãos tais como do IBGE, CEPLAC, dentre outros. Além de trabalhos de tese de mestrado e doutorado e trabalhos publicados em revistas especializadas, desenvolvidos na região. Em seguida a área foi intensamente percorrida (Figura 5) visando identificar as principais unidades de solo, sua distribuição na paisagem e seus inter-relacionamentos com a geologia, a geomorfologia e a hidrologia. Os resultados dessas observações, associados às interpretações e às sínteses das informações obtidas das análises de fotografias aéreas, imagens de satélite e mapas, permitiram a elaboração de perfis esquemáticos e novos mapas, complementares às cartas já existentes. A partir das observações de campo foram detectadas características da paisagem equivocadamente representadas no mapa base existente para a reserva, tais como nascentes de rios que estavam indicadas na área da RPPN EVC e na realidade encontram-se na Estação Pau-Brasil e áreas de mussunungas e de lagoa com vegetação característica que não estão no mapa. Após organização de todo o material bibliográfico e cartográfico, referentes à Estação, procedeu-se a análise crítica desse material levantando-se as potencialidades e limitações do ambiente, que norteou a execução do zoneamento ambiental para a RPPN EVC. Os mapas de caracterização do meio físico da RPPN EVC foram confeccionados a partir de mapas base planialtimétricos fornecidos pela empresa Veracel e de mapas confeccionados no plano de manejo da RPPN EVC. Além disso, todas as informações foram checadas e detalhadas em campo. A partir do mapa de hidrografia da RPPN EVC procedeu-se a classificação de ordem de cursos d’água para o entendimento da dinâmica global do sistema hidrográfico presente na área, para a identificação das unidades que compõem esse sistema, bem como para auxiliar no entendimento dos padrões de dissecação da paisagem local. 25 Uma vez que não foram descritos perfis característicos a cada classe de solo dominante na área da RPPN EVC, nem foram coletadas amostras para caracterização dos mesmos, optou-se pela representação dos solos dominantes na área a partir de um mapa esquemático. Este mapa foi elaborado com base em informações de levantamentos de solos realizados em áreas vizinhas da RPPN EVC, da checagem em campo dos solos dominantes em cada segmento da paisagem, via análise de perfis em barranco de estrada e por tradagem, bem como pela interpretação dos mapas de elevação e declividade da área. 26 Figura 5 – Mapa com limites da RPPN EVC com os pontos visitados para o diagnóstico do meio físico. 27 Para estudos que careçam de informações mais detalhadas a respeito dos solos da RPPN EVC será necessária realização de um levantamento e classificação de solos em nível de detalhe. As informações contidas nos mapas de declividade e de solos foram cruzadas e delas foram extraídas as diferentes zonas de fragilidade na área da RPPN EVC. 2.2. Flora As amostragens florísticas realizadas na RPPN EVC foram conduzidas entre agosto a dezembro de 2006, totalizando seis expedições. Conforme metodologia original proposta foram instalados 10 transectos de 2 m x 50 m, distribuídos aleatoriamente ou de maneira uniforme, gerando uma área amostral de 0,1 ha. Dentro desses transectos, todas as plantas lenhosas com DAP (diâmetro a altura do peito) acima de 2,5cm foram amostradas. Os 10 transectos foram instalados paralelamente a uma distância uniforme de 20 m entre si. Os indivíduos amostrados tiveram o DAP medido e a altura total estimada. Foram coletadas amostras da maior parte dos indivíduos, com exceção daqueles pertencentes a espécies muito comuns e de fácil reconhecimento no campo. Os materiais coletados foram depositados no Herbário do CEPEC localizado em Itabuna e as espécies foram classificadas em família segundo o sistema do APG (2003). As duas áreas amostradas são semelhantes em relação ao estágio sucessional e em relação ao mosaico em que estão inseridas sendo áreas representativas da vegetação original em seu melhor estado de conservação, sem indícios recentes de perturbação. A iniciativa do Missouri Botanical Garden de disponibilizar o banco de dados (www.mobot.org/mobot/research/gentry/data.shtml) contendo todos os levantamentos disponíveis que utilizaram o método proposto por Gentry (1982), permitiu comparar os resultados do presente estudo com os dados dos 25 “sites” com mais alta riqueza de espécies no mundo, segundo este método de amostragem (Phillips et al., 2003) e com os demais “sites” localizados no Brasil, baseando-se em metodologia descrita 28 em Martini et al. (no prelo). Entretanto, conforme citado acima, a amostragem do presente estudo diferiu daquela originalmente proposta por Gentry (1982), uma vez que não amostramos as lianas lenhosas. Paralelamente a essa amostragem, procedeu-se documentação das espécies vegetais em estágio fértil, através do método de coletas aleatórias nas principais trilhas de acesso aos blocos florestais. Nessas coletas, deuse prioridade as áreas de mussununga e trechos mais antropizados da RPPN EVC. Todo o material coletado encontra-se depositado prioritariamente no Herbário do CEPEC numa coleção específica criada para a RPPN EVC. Duplicatas, quando possível, foram distribuídas aos especialistas em diversos grupos, objetivando a obtenção de uma identificação mais acurada das amostras. 2.3. Fauna Não foram realizadas amostragens de campo para o diagnóstico da fauna de vertebrados da RPPN EVC, tendo em vista o pouco tempo disponível e a existência de informações para diversos grupos de vertebrados. Para a organização das informações existentes foi realizado amplo levantamento bibliográfico (ver em Anexo I.1 a listagem da bibliografia consultada). Os dados de trabalhos de campo de diversos estudos foram compilados e armazenados em um banco de dados. A partir da análise das informações do banco de dados foi elaborada a lista das espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios da RPPN EVC. A análise do status de ameaça de cada espécie foi realizada a partir da avaliação da presença da espécie na Lista Oficial de espécies ameaçadas do Brasil (Machado et al., 2005) ou na Lista Vermelha de espécies globalmente ameaçadas (IUCN, 2006). Algumas espécies citadas pelas fontes consultadas foram retiradas do diagnóstico por serem consideradas "registros duvidosos" enquanto outras foram agrupadas em uma única espécie. A nomenclatura das aves seguiu aquela proposta pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos CBRO (www.cbro.org.br) e a de anfíbios segue lista de espécies do Brasil 29 segundo a Sociedade Brasileira de Herpetologia - SBH (www.sbh.org.br) e não inclui a revisão de Faivovich et al., (2005). 2.4. Uso Público Durante o levantamento das características da RPPN Estação Veracel (RPPN-EV), foram colhidas em campo informações que possibilitaram a realização do diagnóstico da situação atual do uso recreativo, servindo como base para o planejamento da estrutura física e administrativa que atenda às atividades de uso público da unidade. Os levantamentos de campo, realizados de 22 a 27 de maio e em 29 de julho de 2006, ocorreram em áreas identificadas durante a pesquisa a documentos e consulta aos funcionários da RPPN. As trilhas percorridas pela equipe, atividades acompanhadas e o período dos levantamentos são apresentados na Tabela 2. 30 Tabela 2. Período, local e integrantes da equipe no diagnóstico das atividades de uso público na RPPN Estação Veracel. DATA LOCAIS INTEGRANTES • Trilha da Floresta Tropical, 22/05 acompanhamento de visita de funcionários da Veracel Celulose 23/05 • Anna, Lígia, Sandro, três visitantes • Trilha da Floresta Tropical • Anna, Sandro • Trilha do Pau-Brasil • Anna, Katão • Trilha das Orquídeas • Anna, Katão • Entorno: Projeto São Miguel, 25/05 Imbiruçu • Anna, Gil • Estradas internas • Trilha das Bromélias • Anna, Sandro • Trilha da Plataforma 26/05 • Acompanhamento de visita de empresários, com visitantes estrangeiros, palestra e guiagem em • Anna, Denise (chefe), Sandro, visitantes inglês. • Acompanhamento de visita de escola 27/05 de Itamarajú, estudantes 3º Ano - 2º Grau 29/07 • Confirmação GPS Trilha da Mussununga • Anna, Lígia, Sandro, Katão • Anna, Agrício A extensão das trilhas, identificação de pontos atrativos e locais que requerem ações de manejo foram medidos utilizando-se o instrumento de medição Precimeter, e o Nível de Abney para medição da declividade. Para a definição das atividades de uso público na RPPN Estação Veracel, foram utilizados conceitos do método ROS – Recreational 31 Opportunity Spectrum (Clark & Stankey, 1979) ou Espectro de Oportunidades Recreativas. De acordo com as expectativas daqueles que buscam uma variedade de ambientes e atividades ao ar livre, no método ROS a experiência da visitação pode ser separada em quatro cenários no qual: (1) o visitante se ocupa de certa ATIVIDADE; (2) em um determinado AMBIENTE (com componentes físicos, biofísicos e sociais); (3) buscando alcançar certo tipo de EXPERIÊNCIA; pessoa e (4) por algum caminha até uma MOTIVO cachoeira particular. Por exemplo, uma (ATIVIDADE) em uma área completamente natural (AMBIENTE) pela satisfação de estar ao ar livre (EXPERIÊNCIA) para relaxar e aprender sobre a natureza (MOTIVO). O bom planejamento de infra-estrutura oferece oportunidade para que ocorram experiências semelhantes. Neste trabalho é apontada a necessidade de projetos específicos, que devem ser implementados a curto, médio e longo prazos, e sua classificação refere-se ao planejamento anual de recursos humanos e financeiros. 3. Caracterização da Área 3.1. Meio Físico 3.1.1. Clima A RPPN EVC está inserida em uma região que apresenta clima Af – chuvoso, quente e úmido, sem estação seca, segundo a classificação de Köppen. A região caracteriza-se por apresentar temperaturas elevadas, com baixa amplitude de variação. De acordo com dados fornecidos pela CEPLAC, medidos na Estação Pau-Brasil, a temperatura média é de 22,6ºC com média máxima de 27,9ºC e mínima de 18,9ºC. Segundo dados da CEPLAC, relativos ao período de 1972 a 1996, a precipitação média é de 1.620mm anuais, com 183 dias chuvosos por ano, sendo os meses mais chuvosos os de julho, setembro e outubro. No período de 1997 a 2004 dados coletados na RPPN EVC mostram uma precipitação média anual de 1.680mm. Considerando-se os dois períodos (33 anos) observa-se na região uma precipitação média de 1.635mm anuais. 32 A umidade relativa do ar é sempre elevada, apresentando médias anuais de 86,3% e o potencial de evaporação é de médio a alto (748,8mm). A região não apresenta déficit hídrico, possuindo excedentes de 1050,4mm por ano (método de Thornthwaite-Mather). 3.1.2. Recursos Hídricos A drenagem na região onde a RPPN EVC está inserida é densa e configura padrão paralelo, tanto localmente, quanto em relação aos canais principais. A mesma segue as linhas estruturais e a inclinação geral dos tabuleiros para o mar. Na área da RPPN EVC todos os cursos d’água drenam sobre os depósitos sedimentares do grupo Barreiras que são intensamente modelados pelos processos erosivos. As sub-bacias são, em geral, estreitas e alongadas, isso permite que as águas de chuvas, em excesso, drenem mais rapidamente reduzindo os riscos de inundação. Aproximadamente 77% da área da RPPN EVC (Figura 6) corresponde aos setores SW, centro W, N e NE, são drenados por córregos que formam os rios Camurugi e Ronca Água, afluentes do rio João de Tiba, também conhecido como rio Santa Cruz. Os outros 23% (setores S/SE) são drenados na sua maioria pelo rio Jardim e, em menor proporção, pelos rios dos Mangues e Mutari. Estes rios correm paralelos em direção ao mar, sendo que os rios Mutari e Jardim se encontram no município de Porto Seguro, 300m antes de desaguar no mar. Os rios Ronca Água, Camurugi e dos Mangues têm suas nascentes localizadas fora da área da RPPN EVC, mas muitos córregos que contribuem para a formação destes rios nascem dentro da área. Vale ressaltar que no mapa de hidrografia da RPPN EVC a nascente do rio dos Mangues, que abastece o município de Porto Seguro, está localizada dentro da Estação, mas avaliações de campo mostram que o mesmo nasce em área vizinha (Estação Pau-Brasil - CEPLAC), o que não diminui a importância da RPPN EVC para a proteção desse rio. Já os rios Mutari e Jardim tem suas nascentes localizadas na área da RPPN EVC. Os rios 33 Ronca Água e Camurugi nascem em regiões mais distantes da RPPN EVC a, aproximadamente, 5 e 16 km, respectivamente, às margens da BR 367. De acordo com Valente & Gomes (2005), nascentes são manifestações superficiais de lençóis subterrâneos, dando origem a cursos d’água. Ainda segundo os autores, cada curso d’água tem sua nascente e portanto o número de cursos d’água de uma bacia é igual ao seu número de nascentes. Partindo-se deste pressuposto, pode-se afirmar que a RPPN EVC conta com, aproximadamente, 115 nascentes, espalhadas ao longo de toda a sua área. A hierarquização dos rios que cortam a RPPN EVC mostra que na porção sul da área os cursos são de 1º e 2º ordens e apresentam um menor volume de água, enquanto que a porção norte, onde o relevo encontra-se mais dissecado, apresenta cursos de 3º ordem, conseqüentemente com maior volume. Por nascerem em áreas mais afastadas os rios Ronca Água e Camurugi já adentram a área da RPPN EVC com maior volume, sendo rios de 3º ordem. Além dos córregos e rios que cortam a RPPN EVC, a área conta com lagoas que se localizam em áreas abaciadas dos topos. Estas lagoas se formam devido à convergência das águas pluviais que escoam preferencialmente para pontos abaciados do relevo e se acumulam por não conseguirem infiltrar livremente, devido às camadas impeditivas localizadas na sub-superfície dos solos aí encontrados. Muitas destas lagoas secam nos períodos de menor precipitação, mas algumas permanecem cheias por longo período, o que determina, muitas vezes, as características do solo e, conseqüentemente, da vegetação local. Freqüentemente estas lagoas estão associadas às áreas de vegetação denominadas mussunungas. 3.1.3. Geologia A geologia da área é constituída por apenas uma unidade geológica: material sedimentar Tércio-Quaternário da formação Barreiras. De acordo com Bigarella & Andrade (1964) e DNPM (1984), esta unidade é constituída por sedimentos provenientes do intemperismo de rochas granito-gnáissicas leucocráticas. Estes sedimentos formavam antigas superfícies de aplainamento que sofreram desmonte desde o Oligoceno até o Holoceno. O 34 desmonte se deu em razão de processos tectônicos, oscilações climáticas e glaciações. O transporte foi de origem fluvial, sendo os sedimentos depositados discordantemente sobre as rochas do Pré-Cambriano Superior, formando unidades geomorfológicas denominadas Tabuleiros Costeiros. Os tabuleiros costeiros coincidem com os sedimentos cenozóicos do Grupo Barreiras, de textura argilosa, argilo-arenosa ou arenosa, tipicamente cauliníticos e quartzosos, pobres em ferro, com eventuais níveis conglomeráticos, depositados em camadas, com espessura que varia em conformidade com as ondulações do substrato rochoso, que ocasionalmente aflora, influenciando nas formas do modelado (Bittencourt, 1996). Na área da RPPN EVC predominam os sedimentos argilosos que recobrem as rochas do embasamento cristalino em toda a sua extensão. Apesar de na região serem encontrados afloramentos destas rochas, na área da RPPN EVC não foram registradas tais ocorrências. De acordo com dados de CBPM (2006) os principais recursos minerais explorados nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália são: água mineral, areia, argila, terras raras (monazitas) e titânio que são explorados em áreas de depósitos sedimentares arenosos e argilosos; calcários, explorados em áreas de recifes de corais e depósitos de pântanos e mangues atuais. Além disso, são exploradas água marinha, água mineral, grafita, mica e pedra para construção, em unidades geológicas do cristalino. Dentre os recursos explorados a argila é o que mais se destaca em ambos os municípios. Além dos recursos minerais citados anteriormente, pode-se mencionar a exploração de cascalhos para utilização na construção de estradas. Estes cascalhos são encontrados em determinados pontos da região, onde houve a possibilidade de concentração de material quartzoso e concreções ferruginosas, presentes nas frações (geralmente cascalhos) dos depósitos sedimentares. 35 mais grosseiras 3.1.4. Geomorfologia A área da RPPN EVC insere-se no domínio morfoestrutural dos Piemontes Costeiros, que se caracteriza por feições predominantemente conservadas, com interflúvios tabulares representados pela unidade geomorfológica denominada de Tabuleiros Costeiros (Figura 6). Figura 6 – Área de Tabuleiro Costeiro na região do Extremo Sul da Bahia. As faixas de relevo encontram-se submetidas a uma dissecação intensa e uniforme, caracterizadas por topos concordantes, vales profundos com encostas em forma de longos planos inclinados, suaves ou com forte declividade. A presença de fundo plano, ou planícies estreitas, constitui zonas de acumulação de depósitos aluvionares. No reconhecimento de campo observou-se que na área da RPPN EVC existem padrões de drenagem diferenciados, sendo que nos setores onde a rede de drenagem tem início o relevo é menos dissecado, os vales são mais rasos e apresentam rampas com menor declividade. À medida que o volume da água nos córregos vai aumentando, o relevo mostra-se mais dissecado e os vales tornam-se mais profundos, apresentando rampas com maior declividade. Na área estudada pode-se observar uma variação de altitude que vai de 10m a 80m (Figura 7). Os topos tabulares, em função da inclinação em 36 direção ao mar e da dissecação esculpida, aparecem de forma escalonada nas altitudes de 80m a 50m, em relação ao nível do mar. Os topos com 80m aparecem em pontos restritos no setor sudoeste da área. Seguindo na direção sudoeste – nordeste aparecem topos nas cotas de 70m, 60m e finalmente na cota de 50m, setor mais dissecado da área. A análise da Figura 7 revela que o processo de dissecação dos tabuleiros nas faces nordeste e leste da RPPN EVC, encontra-se em estado avançado, provavelmente pela maior proximidade do litoral onde as declividades das rampas são maiores e o clima é mais chuvoso, o que favorece os processos erosivos. Associadas as áreas de topo, são encontradas com frequência regiões abaciadas (depressionais), onde são desenvolvidos solos com características próprias, que condicionam a formação de vegetação, também característica e por vezes a formação de pequenos lagos. Os valores inferiores à cota de 50m estão distribuídos entre a encosta, representados pelos terços superiores, médios e inferiores e aos fundos de vales, geralmente estreitos. As classes de declividade (Figura 8) predominantes na área da RPPN EVC foram classificadas como planas e suave ondulada (0–8%), ondulada (8–20%), forte ondulada (20–45%) e montanhosa/escarpada (> 45%). Os relevos plano e suave ondulado predominam nos topos dos tabuleiros e nos fundos de vales. As outras classes ocorrem nas áreas de encosta e varia com o padrão de dissecação da área, sendo as classes mais declivosas encontradas em terços médio e inferior das regiões mais dissecadas. 37 Figura 7 – Mapa de elevação da RPPN Estação Veracel. 38 Figura 8 – Mapa de declividade da RPPN Estação Veracel. 39 3.1.5. Solos Em geral, os solos presentes na área da RPPN EVC seguem o padrão de predomínio de solos encontrados na região dos Tabuleiros Costeiros já amplamente divulgado na literatura (Ministério da Agricultura, 1976; Jacomine, 1996; Ribeiro, 1996; Moreau, 2001; Corrêa, 2005). Segundo estes autores, nesta região, predominam, principalmente, os Latossolos e Argissolos Amarelos e, em menor expressão, os Espodossolos, Argissolos Acinzentados, Neossolos Quartzarênicos e Plintossolos. A depender da região e da posição do relevo, pode-se ter maior ou menor representatividade de cada um ou mesmo ausência de cada uma dessas classes, em determinada parte do relevo. Todos se apresentam dentro de uma faixa de semelhança muito grande com baixa fertilidade natural, em razão de sua origem a partir de sedimentos pré-intemperizados, com baixa reserva em nutrientes e podem apresentar-se coesos em subsuperfície. Com base em dados da literatura, relacionada ao tema, e nas análises de campo pode-se constatar que os solos encontrados na área da RPPN EVC foram originados a partir dos sedimentos do Grupo Barreiras. Uma vez que o material de origem é semelhante e que as condições bioclimáticas (clima e organismos) apresentam pequenas variações na área, acredita-se que a diferenciação entre as classes de solos encontradas ocorra devido a variações no fator tempo e principalmente no fator relevo. Na escala de 1:55.000, foram identificados quatro domínios / associações de solos na área da RPPN EVC (Figura 9). Estes domínios são representados pela classe dos Argissolos Amarelos, Latossolos Amarelos, Cambissolos Háplicos e Espodossolo Ferrocárbico (Figura 10) Nos segmentos da paisagem com declividade de 0-8%, referentes ao topo e ao terço superior de encosta, predominam os Argissolos Amarelos Distrófico com textura arenosa/argilosa e arenosa/média/argilosa. Os Argissolos mais arenosos são encontrados nas bordas das áreas abaciadas onde o processo de arenização, mais intenso, tem início. Na seqüência, seguindo em direção ao centro dos abaciados (área de 40 ocorrência das mussunungas e lagoas), são encontrados os Argissolos Acinzentados, onde o processo de hidromorfismo começa a predominar. Nos abaciados onde o processo de arenização é intenso e a água sai do sistema com certa facilidade, predominam os Espodossolos Ferrocárbicos que apresentam com frequência horizontes endurecidos, com presença de argilopãs, fragipãs ou duripãs. Nos sistemas mais fechados, onde a água permanece por longos períodos, formando as lagoas, são encontrados os Gleissolos Háplicos e Organossolos. Este último devido ao acúmulo de matéria orgânica que provavelmente não se decompõe devido à presença constante da água, que reduz a ação dos microorganismos decompositores e à pobreza química do ambiente em questão. Além das áreas de topo e do terço superior os Argissolos Amarelos avançam ao longo da encosta até o terço inferior, nas áreas onde a declividade é mais suave e os processos erosivos foram menos intensos, geralmente estas áreas estão próximas às cabeceiras de drenagem. Nas encostas mais íngremes onde os processos erosivos são mais intensos, o horizonte A, mais arenoso, dos Argissolos são perdidos e passam a predominar na paisagem os Latossolos Amarelos, solos formados a partir do horizonte B argiloso dos sedimentos Barreiras. Em geral, na base do terço médio e no terço inferior das áreas mais íngremes, onde os processos erosivos são intensos o Horizonte B vai se tornando cada vez mais delgado e o horizonte C aflora, dando origem aos Cambissolos Háplicos. Vale ressaltar que o avanço ou recuo de cada um destes solos ao longo dos diferentes segmentos da encosta, está diretamente ligado à declividade da área e, conseqüentemente, aos processos erosivos. Na base do terço inferior e nas áreas planas nos fundos dos vales são encontrados solos originados do próprio Barreiras, muitas vezes a partir do Horizonte C que aflora devido aos processos erosivos ou de materiais aluvionares ou coluvionares em diferentes processos de hidromorfismo. Neste caso, a hidromorfia vai depender das características dos vales, tais como profundidade, largura e perenicidade dos córregos, que imprimem nos solos uma maior ou menor influência da água. Desta forma, 41 predominam neste ambiente os Argissolos Acizentados, Planossoslos, Cambissolos hidromórficos e Gleissolos. Figura 9 – Mapa esquemático de domínios pedológicos da RPPN Estação Veracel. 42 Argissolo Amarelo Latossolo Amarelo Cambissolo Háplico Espodossolo Ferrocárbico Figura 10 – Solos dominantes na área da RPPN Estação Veracel. 43 Ameaças ao meio físico Durante o levantamento do meio físico realizado, notou-se a grande importância da RPPN EVC na manutenção das características do ambiente, tais como da biodiversidade local, dos mananciais que contribui com água de melhor qualidade para vários rios da região e na manutenção de solos que apresentam fortes limitações naturais e por isso são altamente passíveis de degradação, principalmente se mal utilizados. Mas, apesar destas características, o ambiente onde a RPPN EVC está inserida apresenta uma série de limitações, listadas a seguir, referentes ao meio físico que precisam ser considerados no seu plano de gestão para que a mesma cumpra, efetivamente, o seu papel como área de preservação. - Estradas e acessos Por estar localizada em área de fácil acesso e próxima a grandes centros urbanos a RPPN EVC sofre fortes pressões de caçadores e pessoas interessadas em extrair material vegetal de forma indevida. Além de estar às margens da BR 367, a área é cortada por uma estrada municipal que liga os municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália. O fácil acesso promove a ação de caçadores e mateiros no interior da RPPN EVC que, além de degradar o ambiente, coloca em risco os funcionários que atuam na fiscalização da área, não só pelo uso de armadilhas e armas de fogo, mas, por ameaça e agressões físicas contra os mesmos. O risco a que passam os funcionários é ainda maior uma vez que pessoas interessadas em burlar as fiscalizações das estradas principais ou ocultar atos ilícitos circulam livremente por esta via. Nas visitas de campo realizadas com funcionários da RPPN EVC foram identificados alguns pontos mais vulneráveis a ações de pessoas estranhas na área. Estes pontos localizam-se no setor SW (pontos 7 e 45, Figura 5), NW (pontos 102 e 139, Figura 5) e SE (ponto 120, Figura 5). Nestes pontos foram encontrados indícios de caça e de retirada de madeira, além de árvores mortas por pessoas que retiram a casca para comercialização. 44 Além dos fatos já mencionados, o grande fluxo de veículos na área impacta negativamente o ambiente por danificar os solos (compactação e erosão) e a vegetação (supressão). Nas áreas de mussunungas este tipo de degradação é maior uma vez que devido às características dos solos, as estradas aí localizadas vão abaciando pelo fluxo de veículos e nos períodos mais chuvosos alagam formando várias poças que dificultam o trânsito (Figura 11). Para evitar estas áreas os veículos avançam nas mussunungas, por sobre a vegetação mais graminosa, e neste processo as estradas vão alargando e ao mesmo tempo degradando a vegetação local. Figura 11 – Degradação das áreas de mussununga ao longo das estradas. Vale ressaltar que nas estradas localizadas nos topos planos, onde predominam os Argissolos Amarelos, o abaciamento também ocorre, mas em menor freqüência. Neste local, o alargamento das estradas è dificultado pela presença de vegetação mais densa. Devido às características do material geológico e, conseqüentemente, dos solos da área, ao longo das estradas que cortam a RPPN EVC, os problemas de maior destaque dizem respeito a processos erosivos naturais, potencializados pela falta de sistemas de drenagem ao longo das estradas e pela falta de sistematização dos taludes que, por se apresentarem verticalizados ou côncavos, facilitam a queda de barreiras e de árvores 45 (Figura 12). O setor da RPPN EVC que apresenta estes problemas com maior frequência localiza-se na porção N - NE, exatamente onde o relevo apresenta-se mais dissecado por processos naturais. Para solução de muitos dos problemas que afetam a área da reserva a medida ideal, mas também mais complexa, seria uma negociação com as prefeituras das cidades de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália para o desvio da estrada que liga estes municípios, no trecho que corta a RPPN EVC. Na impossibilidade desta medida, sugere-se a avaliação de mecanismos de controle do acesso à área o que poderia reduzir o fluxo de pessoas. No caso das estradas são necessárias obras de drenagem que reduzam a velocidade de escoamento superficial da água e, conseqüentemente, os processos erosivos intensos. Além disso, faz-se necessário proceder a sistematização de taludes e sua revegetação com espécies nativas. Nas áreas de mussununga sugere-se a perenização das estradas para evitar que as mesmas se alargem. - Geologia e Solos Por se tratar, geologicamente, de uma área de sedimentos terciários, os solos predominantes formados na área, apresentam características peculiares. Segundo Ribeiro (1996), em geral, são solos de baixa fertilidade, baixos teores de matéria orgânica, ácidos e com teores elevados de alumínio, elemento tóxico à maioria das plantas. Apresentam horizontes superficiais arenosos (que dificulta a retenção de água e nutrientes) e sujeitos a erosão natural, geralmente acelerada, quando se retira a cobertura vegetal nativa. Além disso, muitos destes solos apresentam horizontes coesos que dificultam a circulação de água e ar, bem como a penetração das raízes e promove a formação de um lençol suspenso provocando a desoxigenação do meio. Estes problemas são, até certo ponto, fatores que geram alguma limitação a boa evolução da planta, já que as raízes se desenvolvem em um pequeno volume de solo. Por se tratar de uma área de reserva, os problemas relacionados à fertilidade dos solos são minorados na RPPN EVC, pois em ambientes de floresta nativa o ciclo biogeoquímico dos elementos é fechado, o que mantém o 46 Figura 12 – Erosão ao longo das estradas que cortam a RPPN Estação Veracel alocadas em áreas com relevo ondulado. 47 equilíbrio dinâmico do sistema, mesmo em condições de solos pobres em nutrientes. Neste caso, os nutrientes consumidos por plantas e animais são devolvidos ao sistema quando eles morrem o que mantém o ciclo. Mas, apesar disso, os solos das áreas já degradadas (a exemplo de uma área no setor NE da RPPN EVC, onde foi retirado material cascalhento para recuperação de estrada – Figura 13) deverão ser corrigidos no processo de recuperação, uma vez que os solos encontrados neste ambiente não possuem reservas nutritivas suficientes para permitir o desenvolvimento natural das plantas. Estas práticas farão com que as plantas tenham condições de crescer e produzir biomassa suficiente para estabelecer um novo ciclo biogeoquímico. Com relação aos problemas de ordem física, observações de campo mostraram que mesmo em áreas de mata, devido às características dos solos e do relevo da área os processos erosivos são intensos, fato que pode ser observado ao longo das estradas e em alguns córregos que mesmo drenando em áreas florestadas apresentavam-se, em dias chuvosos, turvos devido à presença de sedimentos em suspensão (Figura 14). 48 Figura 13 – Antiga cascalheira na RPPN Estação Veracel. Figura 14 – Córrego de águas barrentas devido à erosão na RPPN Estação Veracel. 49 Além dos aspectos anteriormente mencionados, o problema de coesão dos solos que dificulta a penetração das raízes das plantas traz como conseqüências problemas de tombamento de árvores (Figura 15) que por sua vez podem dar início aos processos erosivos. Figura 15 – Árvores tombadas naturalmente na RPPN Estação Veracel. De acordo com Resende (2002) solos com horizonte B argiloso estreito e com horizonte C muito profundo, pouco coerente, muito siltoso e caulinítico, tendem a apresentar problemas de deslizamentos. Solos com estas características são encontrados com frequência na RPPN EVC em encostas mais íngremes, principalmente, nas regiões mais dissecadas da paisagem. Nestes locais é comum encontrar estradas que cortam o horizonte C do Barreiras, em processo de erosão intensa (Figura 16). Desta forma, no processo de construção e recuperação de estradas deve evitar ao máximo alocá-las nos segmentos da paisagem onde o horizonte C está exposto, ou, caso seja inevitável, os cuidados nestas áreas devem ser redobrados. Nas áreas onde predominam os Espodossolos as limitações são ainda maiores, pois, de acordo com Jacomine (1996), estes solos são muito pobres em bases, tipicamente ácidos a fortemente ácidos e com alta saturação por alumínio. A presença de horizonte de impedimento (fragipã e duripã) mantém o lençol freático alto na época chuvosa o que leva, como visto anteriormente, a desoxigenação do meio. 50 Além disso, por serem arenosos, estes solos apresentam uma capacidade de armazenamento de água muito pequena, nas épocas mais secas. Todas estas características se configuram em fatores de estresse para a maioria das plantas e, por isso, nestes ambientes, o desenvolvimento das plantas é muito dificultado. Figura 16 – Erosão acentuada em horizonte C do Barreiras nas margens das estradas que cortam a RPPN Estação Veracel. Apesar de arenosos, fato que permite uma maior infiltração da água no solo e conseqüentemente reduz os processos erosivos, a pouca coerência entre as partículas de areia dos Espodossolos faz com que os mesmos sejam suscetíveis à erosão, tanto eólica, quanto hídrica. Este problema é 51 ainda agravado devido ao fato de a vegetação, que recobre este ambiente, ser menos densa que a vegetação em volta, o que confere menor proteção ao solo. Vale ressaltar que apesar de presentes em relevo plano e suave ondulado estes solos localizam-se, em geral, em áreas próximas a cabeceiras de drenagem, áreas onde o fluxo de água é elevado o que leva à intensificação dos processos erosivos no local. - Hidrologia A avaliação da qualidade da água em bacias hidrográficas da Bahia pelo CRA revelou que dois dos principais impactos causados pelos usos dos recursos hídricos nos compartimentos ambientais nas bacias da região extremo sul está ligado ao favorecimento da erosão dos solos que leva ao assoreamento e turbidez de cursos d’água e à poluição dos mesmos, provocada pelo uso de pesticidas nas áreas agrícolas (CRA, 2001). Os fatores anteriormente citados constituem risco para a EVC uma vez que a mesma apresenta problemas de perda de solo, principalmente ao longo das estradas e, além disso, é cortada por rios (Camurugi e Ronca Água) que nascem fora dos seus limites e passam por áreas de usos diversos, principalmente ligados à agropecuária. Estes rios podem trazer consigo poluentes, tais como sólidos em suspensão, gerados nos processos erosivos dos solos de áreas degradadas ou pesticidas utilizadas em áreas agrícolas. Estes poluentes podem contaminar determinados sítios dentro da EVC, uma vez que ambientes florestais podem servir como filtro dentro de um ecossistema. Pesquisas futuras poderiam avaliar a qualidade da água que entra e a que sai da EVC, via os dois rios mencionados, com o objetivo de avaliar possíveis problemas trazidos por eles. 3.2. Flora e Fauna 3.2.1. Vegetação A RPPN EVC esta localizada dentro da região fitoecológica denominada Floresta Ombrofila Densa. Estrutural e fisionomicamente esta mata muito se assemelha à Amazônica. Apresenta-se, via de regra, 52 alta, densa, latifoliada, sempre-verde, com poucas formas biológicas e muitas espécies, com estratificação bem definida e com epífitos vasculares. A floresta apresenta-se com estrutura pluriestratificada, sendo o sub-bosque e o estrato arbóreo os mais altos, com árvores altas freqüentemente salientes. Estas, de fuste reto e cilíndrico, não se distribuem uniformemente na floresta, mas rareiam em certos pontos e se adensam em outros locais, atingindo muitas vezes mais de 30m (CEPLAC, 1976). De modo geral essa mata está presente na faixa costeira onde a temperatura média é de 24,2 ºC com precipitação média variando de mais de 1.100mm a acima de 2.000mm anuais, distribuída mais ou menos regularmente durante os meses do ano. É preciso salientar que fatores edafo-climáticos diversos propiciam o aparecimento de variações dentro do ecossistema, constituindo fáceis. Na região ocorre também a pouco conhecida, segundo Meira Neto et al. (2005), vegetação de mussununga, geralmente associadas a Florestas Ombrófilas Densas de Terras Baixas no norte do Espírito Santo e Sul da Bahia, em locais de solo arenoso, úmido e fofo (geralmente, Espodossolos). A Mussununga constitui importante ecossistema. Segundo Meira Neto et al. (2005), este tipo de vegetação apresenta fitofisionomia, estrutura e composição florística diferentes das porções florestadas que as circundam. Além disso, segundo os mesmos autores, caracteriza-se por possuir um componente arbóreo pouco denso e o componente herbáceoarbustivo predominante. Entretanto, a variação fitofisionômica das mussunungas é tão grande quanto aquela em vegetação de Cerrado. São observadas fisionomias desde campestres até florestais, em solo arenoso e úmido, sendo as fisionomias campestres mais relacionadas floristicamente às restingas e as fisionomias florestais, circundantes. 53 às Florestas Ombrófilas Levantamento florístico As duas áreas analisadas no presente estudo apresentaram uma elevada densidade e riqueza de espécies. Na área 1 numa amostragem de 429 indivíduos foram encontradas 171 espécies arbóreas. Na área 2 numa amostragem de 415 indivíduos foram encontradas 177 espécies arbóreas. Nessas duas análises foram incluídas as amostras ainda não identificadas ou não coletadas tratando-as como táxons distintos devido à dificuldade de determinação das amostras e ao tempo relativamente curto para essa atividade. As duas áreas juntas (totalizando 0,2 ha) apresentaram 308 espécies arbóreas e as famílias com maior número de espécies são apresentadas na Figura 17. Estas famílias têm sido freqüentemente constatadas como as mais ricas em espécies em áreas de floresta ombrófila densa do sul da Bahia e norte do Espírito Santo (Mori et al., 1983a, 1983b, Peixoto & Gentry 1990, Martini et al., 2004, Thomas et al., no prelo). Os resultados aqui obtidos não indicam grandes diferenças em nível de famílias para outras áreas de florestas no sul da Bahia, mas diferem de maneira marcante das florestas ombrófilas de terras baixas da Amazônia, onde predominam as famílias Lecythidaceae, Fabaceae, Moraceae e Burseraceae (Prance et al., 1976). Myrtaceae e Sapotaceae, duas famílias que mais contribuem em número de espécies com a flora arbórea da RPPN EVC, são grupos cuja taxonomia é ainda insuficientemente conhecida no sul da Bahia, situação que torna análises de similaridade entre as diversas áreas do Corredor Central da Mata Atlântica ainda bastante especulativas. Thomas et al. (no prelo) constataram que aproximadamente 40% das espécies amostradas em outras áreas no sul da Bahia não foram incluídas na classe de diâmetro superior a 10cm, dado que ressalta a grande contribuição das espécies de subdossel para a diversidade florística das florestas da região. Apesar da área amostrada na RPPN EVC ter sido 10 vezes menor que a estudada em Serra Grande por Thomas et al. (no prelo), nossos dados corroboram esta afirmação, uma vez que muitas das espécies não apresentaram indivíduos acima 10 de cm DAP. 54 25 20 15 10 5 c ta po Sa M yr ta c c ba Fa or ph Eu La ur b ia c ac c b ia Ru c no An yn oc Ap na ac ia c us Cl Ce las t ra c 0 Figura 17 – Famílias com maior número de espécies arbóreas nas duas áreas inventariadas da RPPN Estação Veracel. As colunas indicam o número de espécies encontradas em cada família. A similaridade em composição de espécies foi bastante alta e pode ainda estar relacionada à proximidade entre as áreas amostradas na RPPN EVC. Paypayrola blanchetiana, Stephanopodium blanchetianum e Myrtaceae sp. 2 estiveram entre as espécies com maior IVI (índice de valor de importância). Outras espécies também foram encontradas nas duas áreas, mas com índice de importância bastante variáveis, por exemplo Lauraceae sp. 1, Eriotheca macrophylla e Chrysophyllum splendens. Por outro lado, algumas espécies abundantes foram praticamente exclusivas de determinadas áreas, como Manilkara sp. 2 e Arapatiella psilophylla. A lista das espécies amostradas nas duas áreas e seus respectivos parâmetros fitossociológicos podem ser encontrados no Anexo I.2. 55 As espécies com maior número de indivíduos em ordem crescente na Área 1 foram Paypayrola blanchetiana, Myrtaceae sp. 2, Arapatiella psilophylla, Myrcia acuminatissima e Faramea sp. 1 (Figura 18). Já na área 2 podemos citar Myrtaceae sp. 2, Paypayrola blanchetiana, Chrysophyllum splendens, Guapira sp. 1 e Myrtaceae sp. 5 (Figura 19). Interessante é verificar que Parkia pendula, uma das árvores emergentes na estrutura da floresta, é uma espécie com muitos indivíduos na primeira área e que praticamente torna-se escassa no outro trecho estudado. Parkia pendula, Guapira sp. 1, Manilkara sp. 2, Lauraceae sp. 1 e Sloanea sp. 1 foram algumas das espécies que apresentaram indivíduos com os maiores DAPs e alturas. 60 50 40 30 20 10 lo ph yl a lla ps i in at iss im la M Pa yr t ac yp ay sp ro .2 la bl an ch et ia na M Ar ap at ie sp .1 yr cia ac um ea sp .3 Fa ra m iflo ra Po ut er ia sp . in us a Ec cl yr cia ra m 1 1 sp . M id es ia bu life G om gl o a Si m ph on i Eu te rp e ed ul is ra 0 Figura 18 – Espécies que apresentaram os maiores valores de importância na área 1 da RPPN Estação Veracel. 56 30 25 20 15 10 5 Er io th ec a M m ac ac ro ro lo p bi u m hy lla l a O t if co ol te iu a m in Ps d ec yc or ho a tr i G a ua sp pi .2 ra op po sit In a ga sp O co .4 te Eu ph a sp or .2 bi ac M St an sp ep i lk .3 ha ar no a E po sp ut di .2 u m erp e ed bl an ul is ch et ia M nu yr m ta Ch c ry s G p. so ua 5 p pi ra Pa h yll um sp yp .1 ay sp ro le la nd bl en an s ch et M ia na yr ta c sp .2 0 Figura 19 – Espécies que apresentaram os maiores valores de importância na área 2 da RPPN Estação Veracel. As porções periféricas das áreas florestais mais bem estruturadas são caracterizadas por capoeiras semelhantes àquelas verificadas em outras áreas de floresta ombrófila no sul da Bahia. É comum nessas florestas degradadas a ocorrência de Schefflera morototoni (“matataúba”), Miconia mirabilis (“mundururu”), Henriettea succosa (“mundururu-ferro”), Himatanthus phagedaenicus (“janaúba”), Cordia ecalyculata, Tabernaemontana salzmanni , entre outras. As florestas ombrófilas densas do sul da Bahia caracterizam-se estruturalmente pela estratificação do componente arbóreo e a abundância de espífitas (Mori & Silva, 1979). A estrutura das florestas da RPPN EVC varia de acordo com o estádio sucessional em que se encontram. Assim, florestas em estádio sucessionais iniciais (“capoeiras”) tendem a possuir um número mais elevado de indivíduos de menor porte. Florestas em estádios sucessionais mais avançados, ao contrário, tendem a possuir um número maior de indivíduos de maior porte. Associada às diferenças estruturais verificadas entre os estádios sucessionais, a composição florística também varia de modo notável. Florestas mais degradadas tendem a possuir menor diversidade de 57 espécies do que florestas em estágios sucessionais mais avançados, que possuem diversidade mais elevada. A caracterização estrutural desta floresta revelou atributos semelhantes ao de florestas próximas, como as estudadas por Jardim (2003), Martini et al. (2004), Thomas et al. (no prelo) e Martini et. al. (no prelo) (Tabela 3). Embora a estratificação da floresta não seja muito evidente, é possível reconhecer dois estratos: sub-dossel e dossel. Dos 844 indivíduos amostrados, 691 (ca. 81%) possuem até 10m e constituem o que podemos considerar como o sub-bosque da floresta. O sub-bosque conta com uma grande quantidade de indivíduos jovens das espécies árboreas, assim como muitos indivíduos de espécies arbustivas e pequenas arvoretas. Famílias muito comuns neste estrato incluem as Myrtaceae, Rubiaceae, Sapotaceae (principalmente indivíduos jovens) e Euphorbiaceae. Espécies incomuns no estrato do dossel e freqüentes no sub-dossel incluem Euterpe edulis (Arecaceae), Discophora guianensis (Icacinaceae), Mouriri spp. (Melastomataceae), Cordia spp. (Boraginaceae), Tovomita spp. (Clusiaceae) e Stephanopodium blanchetianum (Dichapetalaceae). Tabela 3 – Comparação das 10 espécies com maior IVI (índice de valor de importância) da RPPN Estação Veracel com aquelas de áreas próximas. Espécies em negrito são aquelas compartilhadas pelas cinco áreas. Fazenda Capitão (PESC)- Martini et al. (2004) Serra Grande Thomas et al. (ined.) RPPN Salto Apepique Mata da Torre (PESC) – Martini et al. (2004) Paypayrola blanchetiana Rinorea guianensis* Helicostylis tomentosa Manilkara maxima Eriotheca macrophylla Parkia pendula Euterpe edulis Euterpe edulis Pausandra morisiana Ecclinusa ramiflora Myrtac sp. 2 Virola officinalis* Vochysia riedeliana Euterpe edulis Neea sp. 1 N/C 6 Maytenus cf. distichophylla Coussapoa pachyphylla Virola gardneri Eriotheca globosa Manilkara sp. 2 Discophora guianensis Virola gardneri Garcinia gardneriana Swartzia reticulata N/C 3 Stephanopodium magnifolium Ecclinusa ramiflora Gomidesia sp. 1 Aspidosperma thomasii Ecclinusa ramiflora* Macrolobium latifolium Eschweilera ovata Rinorea guianensis Eschweilera ovata RPPN Estação Veracel 58 RPPN Estação Veracel RPPN Salto Apepique Mata da Torre (PESC) – Martini et al. (2004) Fazenda Capitão (PESC)- Martini et al. (2004) Serra Grande Thomas et al. (ined.) Arapatiella psilophylla Diploon cuspidatum Pradosia aff. subverticillata Myrtaceae sp. 9 Almeidea coerulea Euterpe edulis Tovomita choisyana Eugenia sp. 3 Guapira nitida Virola officinalis Macrolobium latifolium Tovomita mangle Buchenavia capitata Rudgea sp. 1 Euterpe edulis * espécies da RPPN EVC que ocorrem em pelo menos uma das demais áreas (tabela preparada a partir dos dados modificados de Martini et al.no prelo) O estrato superior, denominado dossel, constitui a “cobertura” da floresta e é composto pela sobreposição das copas das árvores. Como nem todas as árvores do dossel possuem o mesmo porte, este muitas vezes não é contínuo, tornando sua delimitação bastante difícil e subjetiva (como verificado nas áreas amostradas). As árvores que podem ser consideradas como componentes do dossel (mais de 11metros de altura) totalizaram 153 indivíduos (ca. 19%) e são em sua maioria indivíduos de maior porte das espécies encontradas como indivíduos jovens no sub-dossel. Algumas das espécies mais comuns do dossel são: Parkia pendula (Fabaceae), Guapira sp. 1 (Nyctaginaceae), Eriotheca macrophylla (Bombacaceae) e Sloanea sp. 1 (Elaeocarpaceae). Os resultados desse estudo confirmam a posição de destaque da região sul da Bahia entre as áreas com o maior número de espécies arbóreas do mundo, sendo exclusivo do presente estudo a utilização de uma base comparativa padronizada. Apesar do pequeno tamanho amostral das áreas analisadas, essa afirmação tem suporte em estudos anteriores (Thomas et al., no prelo; Martini et al., no prelo). No estudo de Thomas et al. (no prelo) foram amostradas 405 espécies arbóreas e 53 espécies de lianas lenhosas. Esses números, apesar da dificuldade de comparação direta com outros estudos em função de métodos de amostragem não padronizados, revelam uma altíssima riqueza de espécies arbóreas na região. Nos estudos de Martini et al. (no prelo) adotou-se metodologia semelhante à empregada na RPPN EVC. As duas áreas amostradas apresentaram valores bastante similares de densidade de espécies, número de famílias e número de indivíduos. 59 Apesar de diferenças no nível de perturbação entre as áreas, elas poderiam ser consideradas “réplicas” dentro da área da RPPN EVC, confirmando uma alta densidade de espécies arbóreas. Outra característica interessante a ser salientada refere-se à alta similaridade entre as duas áreas analisadas, com um grande número de espécies em comum. Sugerimos que para o futuro, seja realizado outras amostragens especialmente nas áreas de floresta próximas a mussununga. Dados levantados a partir da análise fitossociológica utilizando a metodologia discutida acima indicam que a área da RPPN EVC se situa entre as vinte áreas do mundo com maior número de indivíduos e elevado número de espécies arbóreas. Analisando os dados a partir de outras áreas já estudadas no Brasil, a RPPN EVC permanece entre as dez primeiras áreas (Tabela 4). Os dados provenientes de coletas aleatórias realizadas ao longo de trilhas resultaram numa lista preliminar composta por 221 espécimes plantas vasculares na RPPN EVC. Os espécimes depositados no herbário do CEPEC/CEPLAC estão descritos no Anexo I. Apesar do elevado número de espécies amostradas, é provável que esta diversidade represente apenas uma pequena parcela da diversidade florística total da área, o que sugere a importância da continuidade de levantamentos, especialmente numa melhor documentação das espécies arbóreas. Tabela 4 – Número de indivíduos e espécies arbóreas acima de 5cm de DAP em diferentes localidades no mundo, amostradas segundo o método proposto por Gentry (1982). Em destaque as duas áreas estudadas (tabela preparada a partir dos dados modificados de Martini et al. no prelo) Área País Indivíduos Espécies CALIMA Colômbia 230 148 OGFCONDU Brasil 253 144 MISHNFL Peru 233 141 OLFCONDU Brasil 263 137 SEMENGOH Malásia 235 136 RLFCONDU Brasil 253 134 RPPN EVC - 1 Brasil 198 108 RPPN EVC - 2 Brasil 195 103 ALLPAHUA 166 133 Peru 60 Área País Indivíduos Espécies ARARACUA Colômbia 287 133 CONSTANC Peru 179 132 TUTUNEND Colômbia 244 132 NOSYMANG Madagascar 356 129 JENAROHE Peru 175 127 CANDAMO Peru 213 126 LINHARES Brasil 216 125 DUCKE Brasil 186 123 PERINET Madagascar 399 121 JATUNSAC Equador 189 115 VARIRATA Papua New Guinea 216 111 YANAM2 Peru 134 110 RIOTAVAR Peru 158 105 YANAM1 Peru 135 105 INDIANA Peru 156 101 RIOMANSO Colombia 179 96 PASOH30 Malásia 130 92 PASOH40 Malásia 128 90 CARLOSBO Brasil 290 98 CAMORIN Brasil 176 83 BORACEIA Brasil 258 79 Ameaças à vegetação As visitas em campo mostraram alguns problemas relacionados à cobertura vegetal da EVC. Estes problemas referem-se à supressão de vegetação para lenha e para fins medicinais detectados por funcionários da estação em pontos isolados da área, citados anteriormente. Além disso, destaca-se a área, também citada anteriormente, onde a vegetação e o solo foram suprimidos para a retirada de cascalho. Vale ressaltar a ocorrência de vegetações características de determinadas áreas, como as lagoas e mussunungas, que merecem atenção especial por causa da fragilidade e do pouco conhecimento a respeito destes ambientes. No setor SW da EVC foi encontrado uma área de lagoa que, segundo os funcionários da estação, possui uma vegetação “diferente” com características próprias (plantas homogêneas), onde predominam plantas 61 vulgarmente conhecidas como Piã e Ingá Feijão. Este tipo de vegetação, provavelmente, ocorre devido às características dos solos presentes (Planossolos, Gleissolos e Organossolos), impressas, principalmente, pela condição de alagamento da área. Devido às peculiaridades deste ambiente o mesmo merece estudos mais aprofundados. As características condicionam o dos desenvolvimento Espodossolos, de vegetações vistas típicas anteriormente, denominadas mussununga. Este tipo de vegetação se desenvolve em um ambiente que imprime condições de estresse às plantas o que faz com que a mesma seja menos densa e mais suscetível aos processos de degradação. 62 3.2.2. Fauna A RPPN EVC abriga uma rica fauna de vertebrados (Tabela 5), e ainda mantêm grande parte da biodiversidade original apesar do intenso desmatamento já ocorrido na região. Tabela 5 - Riqueza, número de espécies ameaçadas* e espécies endêmicas da Mata Atlântica registradas na RPPN Estação Veracel. Grupo Número de Espécies Espécies Ameaçadas Espécies Endêmicas Mamíferos 38 12 4 Aves 302 21 32 Anfíbios 52 3 10 Répteis 53 2 8 Total 445 37 54 *Machado et al., 2005; IUCN (2006). A fauna de vertebrados da RPPN EVC é relativamente bem conhecida, porém existem lacunas no conhecimento de diversos grupos, há carência de inventários biológicos de invertebrados, e entre os vertebrados, morcegos, pequenos mamíferos, peixes e lagartos arborícolas são praticamente desconhecidos na área. Atualmente estão sendo conduzidos na RPPN EVC três projetos de pesquisas em biodiversidade: Monitoramento de mamíferos de médio e grande porte através de armadilhas fotográficas (Anexos I – Fotos; Anexos II – projetos específicos; parceria Veracel-Conservação Internacional; Paglia & Santos, 2005); Levantamento de avifauna e mirmecofauna (Veracel-Instituto Driades); Monitoramento e ecologia do gavião-real (Anexos II – projetos específicos; parceria Veracel-INPA). São registradas, para a RPPN EVC, 38 espécies de médios e grandes mamíferos (Anexo I-4), 86 % das espécies registradas por Moura (2003) para toda a porção baiana do Corredor Central da Mata Atlântica. Destas espécies, 12 constam das listas de espécies ameaçadas e 4 são endêmicas da Mata Atlântica (Tabela 6). Ainda persistem na RPPN EVC algumas espécies localmente extintas em outras regiões da Mata Atlântica, tais como a anta (Tapirus terrestris), 63 a onça-pintada (Panthera onca) e o ouriço-preto (Chaetomys subspinosus). As duas espécies de grandes felinos brasileiros são registradas na RPPN EVC, a onça-parda foi avistada recentemente (2005, Denise Oliveira, com. pes.), entretanto os registros de onça-pintada na RPPN EVC são antigos e indiretos. Porém, Moura (2003) registrou a espécie em três fazendas da região, o que torna possível que esta espécie ainda ocorra na área. O projeto de monitoramento de mamíferos de médio e grande porte através de armadilhas fotográficas poderá responder se a onça-pintada e outras espécies também reportadas para a RPPN EVC, porém sem confirmação direta, como o cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus) e o tatucanastra (Priodontes maximus), realmente ocorrem na área. Todas as espécies de primatas com ocorrência na RPPN EVC [Callithrix geoffroyi (sagüi-da-cara-branca), Cebus robustus (macaco-preto) e Callicebus melanochir (guigó)] são consideradas ameaçadas de extinção. Duas outras espécies de primatas com ocorrência potencial para a região são consideradas como regionalmente extintas, o bugio (Alouatta guariba guariba) e o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) (Moura, 2003; Melo, 2004). A RPPN EVC é citada por moradores locais como um dos últimos refúgios de muitas espécies de mamíferos da região. Ainda são encontradas na área diversas espécies apreciadas por caçadores (veados, antas, pacas, catetos, tatus) o que torna a caça uma das principais ameaça à mastofauna local. A RPPN EVC possui 302 espécies de aves (Anexo I.4). Destas, 21 estão nas categorias, ameaçadas, vulneráveis ou quase ameaçadas da IUCN e/ou IBAMA e 32 são endêmicas da Mata Atlântica (Cordeiro, 2003a, 2003b, 2003c, Bencke et al., 2006) (Tabela 7). Quatro espécies são consideradas extintas na região, Ara chloroptera (Arara-vermelha), Neomorphus geoffroy (jacu-de-estalo), Pipile jacutinga (jacutinga) e o Crax blumenbachii (mutum-de-bico-vermelho) (Bencke et al., 2006). Algumas espécies que, originalmente, ocupavam ambientes mais secos do interior do estado já são registradas na RPPN EVC. Provavelmente essas espécies estão expandindo sua área de ocorrência 64 devido ao desmatamento da região. Entre as espécies que se enquadram nesta categoria e são registradas na RPPN EVC estão: Buteo albicaudatus (gavião-do-rabo-branco), Scardafella squammata (fogo-apagou), Speotyto cunicularia (coruja-buraqueira), Furnarius rufus (joão-de-barro), Synallaxis frontalis (petrim), Tachyphonus rufus (pipira-preta), Paroaria dominicana (galo-da-campina), Icterus jamacaii (sofrê). A situação é semelhante à da REBIO de Una na região de Ilhéus (Rudi Laps, não publicado). Tabela 6 – Espécies de mamíferos da RPPN Estação Veracel endêmicas da Mata Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes na lista da CITES de regulamentação para o comércio internacional. NT = quaseameaçada, VU = Vulnerável, EN = Em Perigo e CR = Criticamente em Perigo. Ordem Carnivora Familia Espécie Nome vulgar IUCN IBAMA CITES Endemismo Canidae Cerdocyon thous Raposa Felidae Herpailurus yaguarondi gato-lontra Leopardus pardalis jaguatiri Leopardus tigrinus gato-do-mato Leopardus wiedii gato-maracajá Panthera onca onça-pintada Puma concolor onça-parda Eira barbara irara Lontra longicaudis lontra I Potos flavus jupará III Mustelidae Procyonidae II I VU I VU I VU I NT VU I NT VU NT III Tapirus terrestris anta VU Perissodactyla Tapiridae Callithrix geoffroyi soim VU Primates Callitrichidae Cebus robustus macaco-preto VU VU Cebidae Callicebus melanochir guigó VU VU Pitheciidae Agouti paca paca Agoutidae Chaetomys subspinosus ouriço-preto VU VU Erethizontidae Bradypus torquatus preguiça-de-coleira EN VU Bradypodidae Bradypus variegatus preguiça Rodentia Pilosa BirdLife/SAVE-Brasil considera Endêmica Endêmica III a Endêmica Endêmica II Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira NT A II RPPN VU EVC II uma "Área importante para a Conservação de Aves no Brasil" (IBAs, sigla de Important Birds Areas). A RPPN EVC (citada com o nome de Estação Veracruz) foi incluída entre as IBA's por abrigar significativas populações de espécies globalmente ameaçadas e outras espécies de interesse para conservação (critério A1- Bencke & Maurício, 2006). A RPPN EVC abriga espécies pouco representadas nas IBA's no Brasil, como é o caso do Herpsilochmus pileatus (corozinho-de-boné, encontrado em 3 IBAs), 65 Cotinga maculata (creoá, encontrada em 5 IBAs) e o balança-rabo canela (Glaucis dorhnii presente em 6 IBAs) (Bencke et al., 2006). O gavião-real (Harpia harpyja), citado como "de possível ocorrência na Estação" e com nenhuma ocorrência confirmada nas IBA's baianas (Bencke et al., 2006), foi registrado na RPPN EVC por diversas fontes e um adulto e um filhote foram avistados por funcionários da RPPN EVC. Em 2005 um ninho da espécie foi localizado. Atualmente esta espécie é o objeto de um projeto de pesquisa em parceria com o INPA-Manaus que, entre outros objetivos, prevê o monitoramento do ninho e estudos sobre a ecologia desta ave na reserva (Anexo II – Projetos Específicos). A RPPN EVC ainda possui uma grande riqueza de psitacídeos. Doze das 19 espécies esperadas para a área do Corredor Central da Mata Atlântica são encontradas na RPPN EVC (Cordeiro, 2003c). Destas, quatro são endêmicas do bioma e cinco constam nas listas de ameaçadas de extinção (Amazona rhodocorytha, Aratinga auricapillus, Pyrrhura leucotis, Pyrrhura cruentata e Touit surdus) (Tabela 7). As espécies Amazona amazonica e A. rhodocorytha são fortemente associadas a florestas com árvores altas, grossas com copas densas (Marsden et al., 2000). A pressão de caça sobre a avifauna da reserva é muito grande. A área possui grande número de espécies cinegéticas (ex.: tinamídeos), espécies apreciadas para criação em gaiolas (ex.: passeriformes) e espécies utilizadas para obtenção de penas para adornos (psitacídeos). A fauna de anfíbios da RPPN EVC é considerada bem conhecida (Bruno Pimenta com. pes.). A descoberta recente de espécies novas e registros que aumentam a distribuição geográfica de algumas espécies tornam a RPPN EVC uma peça-chave na conservação dos anfíbios no extremo sul baiano. A RPPN EVC foi o remanescente que apresentou maior riqueza de anfíbios (39 espécies) entre os vinte e um remanescentes investigados por Silvano & Pimenta (2003) na porção baiana do Corredor Central da Mata Atlântica. O desmatamento é a principal ameaça à herpetofauna da região. A RPPN EVC é um dos grandes remanescentes florestais e um dos últimos 66 refúgios para estas espécies. Até o momento são registradas para a RPPN EVC 67 morfo-espécies de anfíbios, das quais 52 tiveram sua identificação confirmada (Anexo I.4). Pelo menos dez espécies de anfíbios podem ser consideradas de especial interesse para a conservação, por serem ameaçadas de extinção e/ou endêmicas da Mata Atlântica (Tabela 8). Duas espécies recentemente descritas são encontradas na Estação Veracel - Aplastodiscus (Hyla) ibirapitanga (Cruz et al., 2003) e Aplastodiscus (Hyla) pombali (Caramaschi et al ., 2004). A fauna de répteis da RPPN EVC apresenta 53 espécies (Anexo I.4), sendo oito endêmicas do Bioma (7 serpentes e 1 lagarto) (Tabela 8). Apenas duas espécies constam das listas de espécies ameaçadas (o lagarto Cnemidophorus nativo e o jabuti Geochelone denticulata). A maioria das serpentes registradas para a RPPN EVC é características de florestas (26 das 33 espécies, Anexo 1.4) e apenas 6 são peçonhentas (Argolo, 2005). 67 Tabela 7 – Espécies de aves da RPPN Estação Veracel endêmicas da Mata Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes na lista da CITES de regulamentação para o comércio internacional. NT = quaseameaçada, VU = Vulnerável, EN = Em Perigo e CR = Criticamente em Perigo. Ordem Familia Espécie Nome vulgar IUCN IBAMA CITES Endemismo Glaucis dohrnii balança-rabo-canela Thalurania glaucopis beija-flor-de-fronte-violeta Thalurania watertonii beija-flor-de-costas-violetas Cathartiformes Cathartidae Sarcoramphus papa urubu-rei Ciconiiformes Bubulcus ibis garça-vaqueira III Columbiformes Columbidae Columba livia pombo-doméstico III Coraciiformes Momotidae Baryphthengus ruficapillus juruva-verde Falconiformes Accipitridae Chondrohierax uncinatus Caracoleiro Harpia harpyja gavião-real NT Leucopternis lacernulatus gavião-pombo-pequeno VU Apodiformes Trochilidae Ardeidae EN EN NT VU I Endêmica Endêmica III Endêmica I I VU Endêmica Galbuliformes Bucconidae Malacoptila striata barbudo-rajado Passeriformes Conopophagidae Conopophaga melanops cuspidor-de-máscara-preta Cotingidae Carpornis melanocephala sabiá-pimenta VU VU Cotinga maculata Crejoá EN EN I Procnias nudicollis Araponga VU Xipholena atropurpurea anambé-de-asa-branca EN EN I Endêmica Endêmica Endêmica Dendrocolaptidae Campylorhamphus falcularius arapaçu-de-bico-torto Furnariidae Thamnophilidae Piciformes Picidae Ramphastidae Psittaciformes Psittacidae Endêmica Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco Philydor atricapillus limpa-folha-coroado Thripophaga macroura rabo-amarelo VU Drymophila ochropyga choquinha-de-dorso-vermelho NT Drymophila squamata Pintadinho Dysithamnus stictothorax choquinha-de-peito-pintado NT Herpsilochmus pileatus corozinho-de-boné VU VU Myrmotherula urosticta choquinha-de-rabo-cintado VU VU Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul Terenura maculata Zidedê Endêmica Thamnophilus ambiguus choca-de-sooretama Endêmica Campephilus robustus pica-pau-rei Endêmica Melanerpes flavifrons benedito-de-testa-amarela Endêmica Veniliornis maculifrons picapauzinho-de-testa-pintada Pteroglossus aracari araçari-de-bico-branco Ramphastos vitellinus tucano-de-bico-preto II Selenidera maculirostris araçari-poca III Amazona rhodocorytha Chauá Brotogeris tirica periquito-rico Pyrrhura cruentata tiriba-grande Pyrrhura leucotis tiriba-de-orelha-branca Endêmica Endêmica Endêmica Endêmica Endêmica Endêmica Endêmica II EN EN I Endêmica Endêmica Endêmica VU VU I VU Touit surdus apuim-de-cauda-amarela Glaucidium minutissimum caburé-miudinho Tinamiformes Tinamidae Crypturellus noctivagus jaó-do-sul NT Tinamus solitarius Macuco NT Trogon surrucura surucuá-variado 68 Endêmica Endêmica Strigidae Trogonidae VU Endêmica Strigiformes Trogoniformes Endêmica Endêmica Endêmica VU Endêmica Endêmica VU Endêmica I Endêmica Tabela 8 – Espécies da herpetofauna da RPPN Estação Veracel endêmicas da Mata Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes na lista da CITES de regulamentação para o comércio internacional. NT = quaseameaçada, VU = Vulnerável, EN = Em Perigo e DD = Deficiente em Dados. Classe Amphibia Ordem Anura Familia Hylidae Espécie Aplastodiscus (Hyla) ibirapitanga IUCN IBAMA CITES Endemismo Endêmica Aplastodiscus (Hyla) pombali Endêmica Hylomantis aspera Endêmica Scinax argyreornatus Endêmica Leptodactylidae Eleutherodactylus bilineatus Endêmica Eleutherodactylus paulodutrai Leptodactylus viridis Endêmica DD Endêmica Leptodactylidae Proceratophrys laticeps Microhylidae Chiasmocleis carvalhoi Endêmica EN Chiasmocleis schubarti Repitilia Lacertilia Serpente Endêmica Leiosauridae Enyalius catenatus Teiidae Cnemidophorus nativo Colubridae Chironius bicarinatus Endêmica Chironius laevicollis Endêmica Dipsas neivai Endêmica Micrurus corallinus Endêmica Micrurus ibiboboca Endêmica Bothrops jararaca Endêmica Bothrops leucurus Endêmica Elapidae Viperidae Testudine Chelidae Testudinidae Endêmica VU Acanthochelys radiolata NT Geochelone denticulata VU Principais Ameaças à fauna As fontes principais de ameaça à fauna da RPPN EVC são o desmatamento do seu entorno e a caça. A RPPN EVC é uma "ilha" de floresta circundada por áreas abertas e cultura de eucalipto. A insularização da reserva pode impedir que animais de grande porte mantenham populações viáveis em longo prazo, restringindo o fluxo gênico entre as populações. São extremamente urgentes ações de manejo integrado das unidades de conservação da região (RPPN EVC, PARNA PauBrasil e PARNA do Descobrimento) com a implantação de corredores ecológicos ligando estes tratos de florestas. A caça, a outra grande ameaça à fauna, é potencializada pela presença de dois grandes núcleos urbanos na proximidade da RPPN EVC (o Bairro Baianão em Porto Seguro e o Bairro Tânia em Santa Cruz Cabrália) e pela existência de uma estrada municipal dentro dos limites da Reserva. Somente durante o ano de 2005 houve 183 observações da 69 presença de caçadores e 163 armadilhas foram destruídas dentro da RPPN EVC (Relatório de Atividades EVC 2005, não publicado). A caça na região se dá principalmente para a obtenção de carne para o consumo, aquisição de penas para adornos e captura de aves de gaiola. O artesanato com penas de aves silvestres (principalmente, mas não exclusivamente de psitacídeos) é super valorizado pelos consumidores. São necessárias campanhas permanentes de esclarecimento e conscientização, em locais de grande afluxo de turistas, sobre o profundo impacto que a aquisição deste tipo de artesanato tem sobre a biodiversidade. Na RPPN EVC ainda persistem várias espécies apreciadas como alimento (veados, antas, pacas, tatus, tinamídeos entre outros). A educação ambiental e a fiscalização são as principais formas de minimizar esta ameaça. Devem ser formadas parcerias com o poder público para aperfeiçoar o sistema de vigilância e buscar formas de coibir e punir a prática da caça na sua área. A supressão da caça e a promoção de pesquisas científicas que avaliem o estado atual das populações, principalmente daquelas de especial interesse para a conservação e monitorem a dinâmica destas populações em longo prazo são as duas ações fundamentais para que a RPPN EVC continue a cumprir seu objetivo de conservação da biodiversidade de fauna da região. Numa região onde as áreas de floresta foram intensamente devastadas ao longo dos anos de ocupação, a RPPN EVC representa, não só pela sua extensão, mas pelo estado de conservação biológica, um dos principais remanescentes de floresta atlântica no extremo sul da Bahia. 3.3 Uso Público Histórico das Atividades de Uso Público O principal instrumento de planejamento de uma unidade de conservação é o seu Plano de Manejo, e no caso específico da atividade de visitação, o Programa de Uso Público contido nele ou um Plano de Uso 70 Público realizado à parte são os que forneceriam o suporte para direcionar o manejo da visitação. O Plano de Manejo da Estação Veracruz elaborado em 1998 (Veracruz Celulose S.A., 1998) não contempla o escopo mínimo de abordagem referente à visitação apresentado no Roteiro Metodológico para elaboração de plano de manejo (Ferreira et al., 2004), e ao que tudo indica outros documentos anteriores ao Plano fundamentaram a implantação de ações de manejo da visitação na unidade. Provavelmente na tentativa de definir linhas de ação para o uso da área, a empresa contratou, antes da elaboração do Plano de Manejo de 1998, estudos que apresentassem potencialidades de cunho turístico, educacional e conservacionista para a Estação Veracruz. No tocante ao tema uso público foram identificados projetos de duas consultorias, sendo uma de autoria de R.M.F. Mourão em 1994 e 1995, e outra da empresa Bioma Educação e Assessoria Ambiental (Carcheti & Wilke1996). No breve histórico de educação ambiental e ecoturismo apresentados no Plano de Manejo, são mencionados dois estudos realizados entre 1994 e 1995, sem, no entanto utilizar de citação no texto ou referência bibliográfica, os quais podem ser: • Mourão, R.M.F. Estação Veracruz – Porto Seguro. Ecoturismo e Turismo Participativo. Rio de Janeiro: Instituto Iguaçu de Pesquisa Ambiental, Eco Brasil – Associação Brasileira de Ecoturismo. Dez. 1994. 52p. (Relatório de Vistoria Preliminar); • Mourão, R.M.F. Estação Veracruz – Porto Seguro. Plano de Ação 95/96. Ecoturismo e Turismo Participativo. Rio de Janeiro: Instituto Iguaçu de Pesquisa Ambiental, Expeditours – The Natural Way to Discover Brazil. Ago. 1995. 6p. (Proposta). O primeiro estudo em 1994, propõe o desenvolvimento de um Centro de Ecodesenvolvimento Regional, em área privada da Veracruz Florestal, cedida em regime de comodato ou outro instrumento legal, e seria constituído pelas seguintes unidades: 71 • Administração e Serviços Gerais – administração, contabilidade, almoxarifado, cozinha, refeitório, alojamento de funcionários, depósito, loja de artesanato e produtos naturais da região. Parte dos serviços seria executada pela estrutura administrativa da Veracruz Florestal em Eunápolis, pelo Instituto Iguaçu no Rio de Janeiro ou por parceiros e contratados; • Educação Ambiental – cursos e informação ambiental para adultos e crianças da região, visitantes e convidados; • Capacitação Técnica – comunidades locais e/ou tradicionais em práticas voltadas a formas sustentáveis de desenvolvimento (recursos não madeireiros, sistemas agroflorestais, piscicultura, apicultura, plantas medicinais e ornamentais, ecoturismo, etc); • Produção e Desenvolvimento – escola de artesanato, viveiros, apicultura, desenvolvimento agroflorestal; • Estudos, Pesquisa e Documentação – base de operação de programas de pesquisa, banco de dados; • Alojamento para Estudantes e Pesquisadores Brasileiros e Estrangeiros Conveniados – estudantes e pesquisadores, que deverão desempenhar especializados e sua atividades de guias ecoturísticos e/ou remuneração ser revertida total ou parcialmente ao Centro ou ao projeto que este fizer parte; • Casa de Hóspedes – hospedagem paga e revertida ao Centro e aos parceiros, voltada a estudantes, técnicos, pesquisadores, bem como ecoturistas, cientistas visitantes, patrocinadores, autoridades interessadas. O segundo estudo realizado em 1995, apresenta em seis páginas um Plano de Ação, que em linhas gerais propõe a instalação de placas, guarita de controle e informações, centro de educação ambiental e ecoturismo, implantação de trilhas e programa pedagógico, viveiro educacional e minimuseu de história natural da mata atlântica. 72 Não se tem informações suficientes para afirmar se a implantação de infra-estruturas ou mesmo ações na RPPN EVC foram resultados dos dois estudos acima mencionados. No entanto, o Plano de Manejo de 1998 (Veracruz Celulose S.A., 1998) cita que as primeiras providências tomadas na chamada Estação Veracruz seriam: • instalação de um Centro de Visitantes, com um parque com brinquedos para crianças; • instalação de trilhas interpretativas, “Pau-Brasil”, “Mata Atlântica” e “Orquídeas”, com roteiros pedagógicos, uma plataforma na copa de uma árvore e duas pontes suspensas atravessando vales; • treinamento de cinco guias; • desenvolvimento de um roteiro pedagógico para visitação, incluindo um viveiro de mudas de espécies nativas, permitindo que cada visitante plante uma árvore. Apesar de também não haver menção direta ao trabalho de consultoria da empresa Bioma Educação e Assessoria Ambiental no Plano de Manejo, comparando-o com a situação atual de visitação na RPPN EVC, fica claro que ações propostas neste estudo foram realmente implementadas. Foram consultados os seguintes documentos desta consultoria, no relatório Pacote Pedagógico e Trilhas, de 1996, divididos em encartes de 1ª e 2ª etapas: • 1ª Etapa: Levantamento, definição e orientação para implantação de trilhas; • 2ª Etapa: Texto da Mata Atlântica; • 2ª Etapa: Texto para confecção de folheto dirigido ao visitante convencional; • 2ª Etapa: Texto para confecção de folheto dirigido à escola, para alunos de 1ª – 4ª série do 1º grau; 73 • 2ª Etapa: Texto para confecção de folheto dirigido à escola, para alunos de 5ª – 8ª série do 1º grau; • 2ª Etapa: Texto para confecção de folheto dirigido à escola, para alunos de 1ª – 3ª série do 2º grau. Analisando o documento da 1ª Etapa: Levantamento, definição e orientação para implantação de trilhas, pôde-se observar que, por exemplo, a atual Trilha da Plataforma corresponde à Trilha do Mata-Pau proposta em 1996, que prevê a edificação de um mirante sobre um grande exemplar de Mata-Pau, possibilitando a observação panorâmica da área de entorno. Mas nos relatórios da 2ª Etapa, também de 1996, o mirante é citado como um equipamento facilitador já implantado, levando à interpretação de que é fruto desta consultoria. Na Tabela 9 são apresentadas as trilhas propostas pela Bioma em 1996, e onde se encaixam na RPPN hoje. O Centro de Visitantes também é citado nesta época, onde o visitante encontrava uma sala de aula, um mini-museu, lanchonete com muitos quiosques, uma loja para venda de lembranças e artesanatos, viveiro de plantas nativas, uma horta, um viveiro de orquídeas e aluguel de cavalos e bicicleta para passeios. Outras proposições para a área de entorno do Centro de Visitantes, como o mini-museu da Mata Atlântica e viveiro parecem considerar os trabalhos realizado por Mourão em 1994 e 1995. Ainda segundo o Plano de Manejo, até o final de 1997 foram organizados cinco eventos com enfoque ambiental/cultural, onde participaram 150 pessoas, citando como exemplo cursos de recuperação ambiental. Não são citados os organizadores e ministradores destes cursos, no entanto, o texto de abertura dos dois manuais de treinamento elaborados pela Bioma Educação e Assessoria Ambiental indicam que tiveram participação nestes eventos: • Manual de Treinamento para monitores da Estação Veracruz e guias de empresas cadastradas; 74 • Manual de Treinamento para monitores da Estação Veracruz e guias de empresas cadastradas: noções de primeiros socorros. Aparentemente, estes cursos auxiliaram no processo de visitação através do acompanhamento de guias nas áreas da RPPN. O Plano cita que em novembro de 1997 o programa de ecoturismo foi terceirizado, e a empresa contratou a Ypê Turismo Ecológico e The Best, sediadas em Porto Seguro, para operar o que o Plano chama de negócio. Assim, a citada interação comunitária contava com três principais vertentes: • Educação Ambiental - principalmente direcionada para escolas regionais, onde até o final de 1997 aproximadamente 2.000 alunos visitaram a reserva; • Ecoturismo – direcionado para visitantes do litoral e população regional, sendo que aproximadamente 1.000 visitantes conheceram a Estação durante 1994 a 1997; • Eventos – com enfoque ambiental/cultural, até final de 1997 foram organizados cinco eventos onde participaram 150 pessoas. Tabela 9 – Trilhas propostas pela Bioma Educação e Assessoria Ambiental em 1996 e correspondência com as atividades atuais. Trilhas Propostas (1996) Trilha das Árvores Gigantes – Opção longa Trilha das Árvores Gigantes – Opção curta Trilhas Atuais (2006) Trilha Pau-brasil Trilha da Floresta Tropical Trilha do Mata-Pau Trilha da Plataforma Trilha das Bromélias Gigantes Trilha das Bromélias Atrativos citados em 1996 • Pontes suspensas • Passarelas suspensas • Exemplares de grandes árvores • Grandes bromélias, orquídeas • Trepadeiras • Formigueiros • Relações entre seres vivos • Lagoa • Grandes mata-paus • Pássaros • Mirante • Plataforma de madeira com grande quiosque Percurso eqüestre ciclístico Não implantado 75 • Lagoa • Ducha • Grandes árvores, pássaros • Cavalos • Bicicletas Com relação ao fluxo de visitação da RPPN EVC, na Figura 20 podese observar uma ampla variação quantitativa nos dados de visita durante o período de 1996 a maio de 2006. Mesmo se por um lado o estabelecimento desta atividade terceirizada pudesse estar mais voltado ao interesse econômico, ao que tudo indica, foi neste período que a visitação na RPPN EVC atingiu seu pico máximo, em 1998, com a marca dos 8.010 visitantes/ano. De acordo com informações de uma funcionária1 que presta serviços à RPPN EVC desde setembro de 1997, a Ypê Turismo Ecológico operou durante um ano e oito meses na unidade. Cobrava-se R$ 15,00 por pessoa, incluindo a caminhada com acompanhamento de um guia. As refeições ficavam por conta do visitante, e na época vendiam-se almoços, lanches, salgados e bebidas no Centro de Visitantes. Ainda de acordo com relatos da funcionária foram adquiridas bicicletas para locação, e iniciariam também passeios a cavalo, mas não chegaram a operar estas atividades porque em maio de 1998 a Veracel Celulose cancelou o contrato com a Ypê Turismo Ecológico. A partir de então a Veracel assumiu o gerenciamento destas atividades, contratando alguns dos funcionários que já prestavam serviços, como é o caso da funcionária supracitada, e posteriormente outros serviços vieram a ser terceirizados. Pelos dados da Figura 21 observa-se que após a saída do concessionário, a visitação na RPPN EVC diminuiu aproximadamente 43% num primeiro momento, entre 1998 e 1999, e continuou diminuindo até chegar a quase cinco vezes menos em 2005. 1 Sara, atualmente exercendo função de cozinheira na RPPN EVC, contratada pela Empresa Lemos Passos. 76 Número Total de visitantes na RPPN Estação Veracel 9.000 8.010 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 3.630 3.437 3.000 2.171 2.000 1.766 2.247 2.181 1.493 1.527 1.000 0 164 1996 1997 129 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Figura 20 – Número total de visitantes por ano na RPPN Estação Veracel no período de 1996 a maio de 2006. Situação da Visitação Atual Atualmente apenas a coordenadora da RPPN EVC tem contrato pela Veracel Celulose, sendo os demais serviços de monitoramento de visitantes, manutenção (jardinagem, limpeza) e vigilância prestados por três empresas terceirizadas: • Lemos Passos – três prestadores (cozinha, jardinagem e limpeza); • Equilíbrio Florestal – onze prestadores (assistente de coordenação, seis monitores, quatro vigias); • Visel – quatro prestadores que se revezam em serviços de vigilância 24 horas, concentrados na portaria. Entre estes dezoito funcionários, o número total dos que fazem parte da rotina diária da RPPN é de quatorze pessoas, contando com a chefe da unidade, três prestadores de serviços da Lemos Passos, nove da Equilíbrio Florestal e um vigia da Visel. Quanto ao atendimento ao público, diariamente a unidade dispõe de quatro dos seis monitores contratados pela empresa Equilíbrio Florestal, 77 que quando não estão exercendo esta função auxiliam em outras tarefas relacionadas ao uso público, como manutenção das trilhas, dos jardins, e serviços gerais em torno do Centro de Visitantes. As atividades de uso público na RPPN EVC concentram-se principalmente no Centro de Visitantes e nas trilhas. A visitação é realizada com acompanhamento de monitores, mediante agendamento por telefone junto à administração, não havendo cobrança de ingresso. Eventualmente grupos pequenos que não agendam a visita são atendidos durante a semana, quando há disponibilidade de monitores. As visitas iniciam-se no Centro de Visitantes, com atividades que podem variar de acordo com o perfil da visita, mas quase sempre incluem uma palestra com auxílio de data show, que dura entre trinta e quarenta minutos. O espaço comporta grupos de aproximadamente 30 pessoas sentadas, e quando excede este número alguns costumam ficar em pé nos fundos, conforme demonstrado na Figura 21a, na palestra para um grupo de estudantes da região. O conteúdo da palestra não muda muito quando o público alvo é um grupo de estudantes ou um grupo de técnicos, o que varia mais é o tempo de exposição de cada slide, conforme o interesse e o horário de visita do grupo. A palestra pode ainda ser ministrada na língua inglesa, neste caso geralmente pela chefe da RPPN EVC, quando atende grupos técnicos de estrangeiros (Figura 21b). (a) (b) Figura 21(a) – Palestra para grupo de estudante; (b) Palestra para representantes de instituições florestais nacionais e internacionais na RPPN Estação Veracel. 78 Com relação à ergonomia dos bancos, observa-se pelas duas figuras acima, que não se mostram muito adequados principalmente para palestras mais longas, que podem durar entre quarenta minutos a quase uma hora. No Centro de Visitantes acontecem atividades organizadas para os grupos de escolas da região, de acordo com a faixa etária, clima no dia da visita e tempo de permanência na unidade. Dinâmicas de grupos e brincadeiras fazem parte da programação (Anexo II – Oficinas Participativas), podendo ser realizadas tanto dentro do Centro de Visitantes em dias chuvosos (Figuras 22a e 22b), como no jardim em frente em dias ensolarados. (a) (b) Figura 22(a) – Dinâmica de grupo “Encadeamento”; (b) Brincadeira “Que animal sou eu” na RPPN Estação Veracel. Em seguida os grupos costumam visitar uma das trilhas, com orientação de um guia para cada grupo de 15 pessoas. As visitas duram aproximadamente entre duas e três horas, contabilizando o tempo de palestra e interpretação na trilha. Perfil do Visitante Com o objetivo de levantar o histórico do uso e perfil do visitante na RPPN EVC, foi solicitada aos funcionários a sistematização de dados contidos em diversos livros de registros, como este apresentado na Figura 23a, que é disponibilizado no Centro de Visitantes juntamente com uma 79 caneta embutida em uma pena (Figura 23b), onde ficam registrados a data, o nome e procedência dos visitantes. Ao lado do livro de registros fica ainda o livro de mensagens (Figura 23b), onde o visitante pode deixar suas impressões sobre a visita à unidade. No livro de mensagens foram encontrados registros de brasileiros e estrangeiros, sendo o conteúdo em geral de: • Elogio ao trabalho de conservação; • Agradecimento e elogio da visita e funcionários pelo treinamento e preparo; • Sugestão para que os guias façam cursos de inglês; • Encorajamento da continuidade de iniciativas conservacionistas; e, • Registro de observação de fauna nas trilhas. (a) (b) Figura 23(a) – Livro de Registros e Livro de Mensagens; (b) Visitante registrando dados no livro disponibilizado no Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel. Dentre os principais tipos de visita identificados na unidade estão a visita com perfil educacional, que atende grupos de escolas e a visita com perfil técnico, voltada a profissionais da área ambiental, acionistas da empresa e funcionários. De acordo com os dados de visitação analisados, o perfil de visitante que freqüenta a RPPN pode ser classificado em: • Estudantes (regionais e outros); • Ecoturistas brasileiros (regionais e outros); • Ecoturistas estrangeiros (EUA, Europa e outros); e 80 • Visitantes da Veracel, sendo do Programa de Integração ou Visita Institucional. O principal grupo visitante da RPPN é o com perfil educacional (Figura 24), responsável por 74% do total das médias anuais do período entre 1996 e 2004, e em segundo colocado encontram-se os ecoturistas brasileiros com 18% da freqüência. A demanda de visitação é sazonal e mais intensa no final do ano (Figura 26), e não parece estar relacionada ao fluxo turístico de Porto Seguro, cuja característica de destino tem sua maior visitação, culminando invariavelmente no período de verão e feriados como o de carnaval. Perfil dos visitantes na RPPN Estação Veracel Estudantes 3% 3% 2% Ecoturistas brasileiros 18% Ecoturistas estrangeiros 74% Programa de integração Visitas institucionais Figura 24 – Perfil dos visitantes na RPPN Estação Veracel durante o período de 1996 e 2004. A data comemorativa que mais influenciou no aumento da demanda de visitação na RPPN EVC foi a semana da árvore, de 20 a 24 de setembro de 2004, quando foram recebidos 13 grupos de escolas da região, totalizando 672 visitantes em um só dia, bem superior à média mensal observada na Figura 25. Foram observados alguns picos de visitação em comemorações especiais da empresa, como no mês de dezembro de 2001, quando a Veracel comemorou seus 10 anos, recebendo na RPPN EVC 193 visitantes classificados no Programa de Integração. 81 A forte sazonalidade pode ser causa e conseqüência da informalidade na divulgação da RPPN EVC, e também do não estímulo ao trabalho com agências e operadoras de prestação de serviços turísticos. Mesmo com um número significativo de visitantes estrangeiros na RPPN, a grande maioria dos visitantes procede do Brasil e região (Figura 26). Média mensal de visitação na RPPN Estação Veracel 500 450 410,5 400 359,4 336,3 350 300 248,1 267,5 248,3 235,5 250 173,4 200 150 427,9 132,1 104,6 92,9 100 50 0 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Figura 25 – Média de visitação mensal da RPPN Estação Veracel entre 1998 e 2005. 82 Total de visitantes brasileiros e estrangeiros na RPPN Estação Veracel 9000 8000 7000 6000 5000 Bras ileiros 4000 Es trangeiros 3000 2000 1000 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 26 – Total de visitantes brasileiros e estrangeiros na RPPN Estação Veracel de 1996 a 2004. A intensidade da visitação também é muito variável. Se excluirmos as visitas de escolas (atividade voltada à educação ambiental formal) o fluxo de visitantes varia pouco ao longo do ano. Em termos gerais, a RPPN é pouco conhecida da população, dos turistas e veranistas. Em alguns casos, os atrativos podem ter sido divulgados de forma dissociada da unidade de conservação, como na época do funcionamento dos viveiros de animais silvestres que era visto como um mini-zoológico, e isso resulta em desconhecimento da existência da unidade e de suas funções e importância. Sistema de Trilhas Atualmente, o sistema de trilhas da RPPN EVC é composto por cinco trilhas, que serão descritas na spróximas páginas: • Trilha da Floresta Tropical • Trilha do Pau-Brasil • Trilha das Orquídeas • Trilha da Plataforma • Trilhas das Bromélias 83 Trilha da Floresta Tropical Especificações técnicas da trilha Extensão da trilha: 1.404,4m Percurso total (ida e volta): 2.808,8m. Tipo: circular e em oito. Tempo de caminhada: uma hora e meia. Grau de dificuldade: baixo. Formação vegetacional: floresta secundária. Atrativos: floresta exuberante, exemplares arbóreos de grande porte, ponte suspensa (Figura 27a), cabana indígena (Figura 27b), armadilhas indígenas de caça e observação de avifauna. (a) (b) Figura 27(a) – Ponte suspensa; (b) Cabana indígena – Kijeme na RPPN Estação Veracel. Atividades: caminhada, contemplação, interpretação, fotografia, filmagem. Pontos de interpretação: biodiversidade da Floresta Atlântica, sucessão vegetacional, importância da conservação das florestas. Limitantes e riscos (incluindo sazonalidade): a trilha requer a checagem e manutenção constante da ponte. Avaliação biofísica do traçado preliminar da trilha: • Foram observados obstáculos naturais na trilha, como galhos, troncos caídos que acabam criando diversos desvios laterais (Figura 84 28a), raízes soltas (Figura 28b) e tocos de arbustos, que devem ser retirados; (a) (b) Figura 28(a) – Troncos e galhos caídos na trilha provocando desvios; (b) Raízes soltas que devem ser retiradas das trilhas na RPPN Estação Veracel. • Não foram observados indícios de fogo, lixo e vandalismo em equipamentos facilitadores; • Presença intensa de carrapatos e micuins. Trilha do Pau–Brasil Especificações técnicas da trilha Extensão da trilha: 1.809,6m Percurso total (ida e volta): 3.241,0m. Tipo: circular, linear e em oito. Tempo de caminhada: duas horas e meia. Grau de dificuldade: baixo a moderado. Formação vegetacional: floresta secundária. Atrativos: floresta exuberante, exemplares arbóreos de grande porte, avifauna, ponte (Figura 29a). Atividades: caminhada, contemplação, interpretação, fotografia, filmagem. Pontos de interpretação: biodiversidade da Floresta Atlântica, sucessão vegetacional, importância da conservação das florestas. 85 Limitantes e riscos (incluindo sazonalidade): a trilha requer a checagem e manutenção constante da ponte. Avaliação biofísica do traçado preliminar da trilha: • Foram observados obstáculos naturais na trilha, como galhos, troncos caídos, raízes soltas e tocos de arbustos, que devem ser retirados; • Não foram observados indícios de fogo, lixo e vandalismo em equipamentos facilitadores; • Faltam exemplares significativos da espécie que nomeou a trilha: pau-brasil (Figura 29b); • Presença intensa de carrapatos e micuins. (a) (b) Figura 29(a) – Ponte suspensa na Trilha do Pau-Brasil na RPPN Estação Veracel; (b) Exemplares pouco significativos da espécie que nomeia a trilha: pau-brasil. Trilha da Plataforma Especificações técnicas da trilha Extensão da trilha: 193,20m Percurso total (ida e volta): 307,8m (193,2m de trilha + 114,6m de estrada). Tipo: circular. Tempo de caminhada: meia hora. 86 Grau de dificuldade: baixo. Formação vegetacional: floresta secundária. Atrativos: exemplar arbóreo de grande porte de figueira Mata-Pau, plataforma sob árvores (Figura 30a). Atividades: caminhada, contemplação, interpretação, fotografia, filmagem. Pontos de interpretação: vista do dossel da Floresta Atlântica. Limitantes e riscos (incluindo sazonalidade): a plataforma não está em uso e requer manutenção. Os bancos devem ser revitalizados (Figura 30b). Avaliação biofísica do traçado preliminar da trilha: • Foram observados obstáculos naturais na trilha, como galhos, troncos caídos, raízes soltas e tocos de arbustos, que devem ser retirados; • Não foram observados indícios de fogo, lixo e vandalismo nos equipamentos facilitadores. (a) (b) Figura 30(a) – Plataforma de acesso a copa da árvore na RPPN Estação Veracel; (b) Bancos que devem ser reformados. Trilha das Orquídeas Especificações técnicas da trilha Extensão da trilha: 214,9m Percurso total (ida e volta): 429,8m. 87 Tipo: circular. Tempo de caminhada: meia hora. Grau de dificuldade: baixo. Formação vegetacional: floresta secundária. Atrativos: poucos exemplares de orquidácea, caminhada na floresta. Atividades: caminhada, contemplação, interpretação, fotografia, filmagem. Pontos de interpretação: biodiversidade da Floresta Atlântica, sucessão vegetacional, importância da conservação das florestas. Limitantes e riscos (incluindo sazonalidade): a trilha requer manutenção. Baixíssima densidade de exemplares de orquídeas nesta trilha (Figura 31a) para que justifique seu nome. Avaliação biofísica do traçado preliminar da trilha: • Foram observados obstáculos naturais na trilha, como galhos, troncos caídos, raízes soltas e tocos de arbustos, que devem ser retirados; • Não foram observados indícios de fogo, lixo e vandalismo em equipamentos facilitadores; (a) • Foi observado vestígio de pesquisa, como fitas coloridas (Figura 31b); • Presença intensa de carrapatos e micuins. (b) Figura 31(a) – Um dos poucos exemplares de orquídea encontrado na trilha; (b) Vestígio de pesquisa em trilhas na RPPN Estação Veracel. 88 Trilha das Bromélias Especificações técnicas da trilha Extensão da trilha: 403,7m Percurso total (ida e volta): 1.225,1m (410,7m Trecho de ida e volta em estrada + 403,7m Trecho em trilha). Tipo: circular. Tempo de caminhada: quarenta minutos. Grau de dificuldade: baixo. Formação vegetacional: floresta secundária. Atrativos: floresta, gradiente topográfico, exemplares arbóreos de grande porte. Atividades: caminhada, contemplação, interpretação, fotografia, filmagem. Pontos de interpretação: biodiversidade da Floresta Atlântica, sucessão vegetacional, importância da conservação das florestas. Limitantes e riscos (incluindo sazonalidade): a trilha requer manutenção. Avaliação biofísica do traçado preliminar da trilha: • Foram observados obstáculos naturais na trilha, como galhos, troncos caídos, raízes soltas e tocos de arbustos, que devem ser retirados; • Não foram observados indícios de fogo, lixo e vandalismo em equipamentos facilitadores; • Raros exemplares de bromélias (Figura 32a); • Na travessia de um córrego deve-se estudar a implantação de uma pequena estrutura para não ocorrer problema com drenagem (Figura 32b); • Presença de carrapatos e micuins. 89 (a) (b) Figura 32(a) – Raro exemplar de bromélia na trilha; (b) Travessia de córrego onde deve-se estudar intervenção com estruturas na RPPN Estação Veracel. Infra-estrutura A necessidade de planejar os espaços e atividades de uso público é um fator primordial para ordenar a visitação nas áreas naturais protegidas. De um modo geral, a infra-estrutura existente na RPPN EVC vem atendendo a atual demanda de visitação na unidade de conservação. Todas as atividades realizadas na RPPN EVC sejam administrativas, de pesquisa ou de visitação estão concentradas em uma mesma área, de onde se tem acesso através de três entradas principais: • Portão de entrada particular ao Centro de Visitantes e Administração (Figura 33a); • Portão de entrada de visitantes para o Centro de Visitantes (Figura 33b); • Portão de acesso à Casa dos Funcionários e Casas de Apoio à Pesquisa. 90 (a) (b) Figura 33(a) – Entrada restrita a funcionários; (b) Portão de entrada de visitantes para acesso ao Centro de Visitantes na RPPN Estação Veracel. O Centro de Visitantes (Figura 34a) é o ponto de referência de todas as atividades de uso público que ocorrem na unidade de conservação, pois é neste espaço que o visitante tem o primeiro contato com os monitores, assiste às palestras, de lá parte para a caminhada nas trilhas e retorna. O Centro de Visitantes da RPPN EVC conta com um amplo espaço composto por: • uma área aberta utilizada para recepção e palestras, ocupado de um lado por bancos e uma pequena mesa para projeção de data show, e do outro por mesas para apoio (atividades diversas, livro de registros, livro de mensagens, pequenos animais conservados em vidros – Figura 34b). Algumas mesas eram utilizadas para as refeições dos funcionários, mas agora são realizadas numa edificação nova construída para refeições, descanso e alojamento; • um conjunto de lixeiras para coleta seletiva; • uma cantina com abertura para a área aberta (Figura 35a); • uma cozinha, era utilizada para preparar principalmente as refeições dos funcionários, mas esta atividade foi transferida para a casa nova dos funcionários; • dois banheiros, sendo um masculino e um feminino, com placas e adesivos também na língua inglesa; • um almoxarifado; • um dormitório com duas camas para funcionários. 91 • um estacionamento, ao lado esquerdo do portão de entrada para o visitante, com capacidade para aproximadamente três ônibus (Figura 35b). (a) (b) Figura 34(a) – Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel; (b) Mesas de apoio à exposição de animais conservados em vidros. (a) (b) Figura 35(a) – Cantina com abertura para a área aberta; (b) Estacionamento (ônibus no lado direito ao fundo) na RPPN Estação Veracel. Ao longo do caminho até o Centro de Visitantes são encontradas algumas estruturas como um quiosque construído em 2006 (Figura 36a) e bancos com mesa (Figura 36b). 92 (a) (b) Figura 36(a) – Quiosque construído em 2006; (b) Bancos e mesa na área em frente ao Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel. Um dos acessos à Casa Administrativa (Figura 37a) parte do Centro de Visitantes por um caminho de pedriscos e bordaduras de pingo-de-ouro (Duranta repens L. var. aurea Hort.), um arbusto lenhosos obtidos por trabalhos de seleção hortícola sobre a espécie típica que origina-se do México até o Brasil. Na Figura 37b observa-se que apesar dos caminhos estabelecidos, alguns funcionários utilizam atalhos para chegar à administração, um sinal de que estes percursos estabelecidos podem não ser os mais adequados, pois geralmente são mais longos. (a) (b) Figura 37(a) – Casa da Administração; (b) Gramado marcado por pisoteio, no atalho para chegar à administração na RPPN Estação Veracel. Próximo edificações, à casa algumas da administração construídas estão recentemente localizadas como a outras casa dos funcionários (Figura 38a), com uma parte em alvenaria e outra em 93 madeira, aproveitando o material que veio de uma casa de madeira da empresa, que foi desmontada. Antes as refeições dos funcionários eram preparadas e servidas no Centro de visitantes, onde eles também permaneciam para um breve descanso. Mesmo que a freqüência de visitação na RPPN EVC não fosse muito alta na maior parte do tempo, foi observado certo desconforto quanto aos usos diferenciados do Centro de Visitantes, pois a presença do visitante no horário de almoço, por exemplo, acabava por tirar a privacidade dos funcionários acostumados com o dia-a-dia no espaço, ao mesmo tempo que o ótimo aroma no momento do preparo dos alimentos e um pouco de barulho na cozinha distraia os visitantes da palestra. Um ótimo exemplo de uso da madeira de eucalipto é demonstrado na Figura 38b, pelas mesas e cadeiras que foram adquiridas para a casa dos funcionários, produzidos na região. Em futuras reformas no Centro de Visitantes este material também deve ser utilizado, já que pode ser muito didático no incentivo às práticas sustentáveis, por não utilizar-se de matéria prima de florestas nativas. (a) (b) Figura 38(a) – Casa dos funcionários na RPPN Estação Veracel (vista dos fundos); (b) Conjunto de mesas e cadeiras feitas de eucalipto, bom exemplo de outros usos da madeira. Com estas novas edificações atendendo atividades que antes tinham seu apoio no Centro de Visitantes, está prevista uma reforma visando 94 atender melhor o visitante, com uma nova sala de projeção e palestras e reformulação de painéis para exposição no Centro de Visitantes. Outras edificações próximas à administração são o alojamento de pesquisadores e laboratório (Figura 39a) e o viveiro da harpia (Figura 39b), atualmente fechado à visitação para prevenir o animal à exposição ao stress. (a) (b) Figura 39(a) – Alojamento de pesquisadores e laboratório na RPPN Estação Veracel; (b) Viveiro da harpia, atualmente fechado à visitação. Sistema de Sinalização Estradas Na estrada chegando à RPPN EVC pela BR-367, no sentido Porto Seguro – Eunápolis são observados dois tipos de placas indicativas: • placa mais antiga em fundo verde e letras brancas, citando a área como Patrimônio Mundial Natural da UNESCO (Figura 40a); • placa mais nova, padronizada para a Costa do Descobrimento, em fundo marrom e letra branca, fazendo referência a um roteiro que inclui outras unidades de conservação em destaque (40b). 95 (a) (b) Figura 40(a) – Placa antiga com fundo verde e letras brancas; (b) Placa nova, padrão para a Costa do Descobrimento. Mais próximo à entrada para a RPPN EVC encontra-se outra placa (Figura 41a) indicando a entrada também para a Estação Ecológica do Pau-Brasil e CEPLAC – Centro de Pesquisa do Cacau, cuja entrada está localizada à esquerda da estrada de terra que passa pela RPPN EVC e que vai até o município de Santa Cruz Cabrália. Já na estrada de terra foi instalada uma placa, do tamanho de outdoor, apontando a distância do Centro de Visitantes da RPPN EVC (Figura 41b), localizado a 1.500m da BR367. (a) (b) Figura 41(a) – Placa indicando a RPPN Estação Veracel e a Estação Ecológica do Pau-Brasil; (b) Placa de indicação do Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel. 96 Bem próximo, também ao lado direito da estrada de terra é encontrada uma placa menor de mesmo conteúdo, em língua inglesa, voltada ao visitante estrangeiro (Figura 42a). A única placa de limite de velocidade (40 Km/h) encontrada na estrada de terra municipal, desde o acesso pela BR376 até o final da área da RPPN EVC, fica localizada no trecho inicial logo depois das placas que indicam a distância do Centro de Visitantes. Além de deteriorada, esta placa não se encontra afixada ao chão, mas apenas apoiada em um poste (Figura 42b). Sua substituição, assim como instalação de outras placas com limite de velocidade ao longo da estrada municipal devem ser solicitadas junto aos órgãos responsáveis. Para diminuir a velocidade, em alguns trechos até chegar à entrada da sede da RPPN EVC, foram instaladas lombadas com terra, sendo que algumas já estão muito baixas e não cumprem mais sua função. (a) (b) Figura 42(a) – Placa em língua inglesa voltada ao visitante estrangeiro; (b) Única placa indicando limite de velocidade na estrada para a RPPN Estação Veracel. O ponto seguinte onde foram observadas placas da RPPN EVC fica localizado aproximadamente à 300m da sede, com uma placa à direita identificando a RPPN como Sítio do Patrimônio Mundial Natural (Figura 43a) e mais adiante à esquerda, a terceira placa apontando a distância do Centro de Visitantes, mas esta é bilíngüe português/inglês, dá as boas vindas e informa o telefone para agendamento de visitas (Figura 43b). 97 (a) (b) Figura 43(a) – Identificação da unidade de conservação como Sítio do Patrimônio Mundial Natural; (b) Terceira placa apontando a distância do Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel. Ao longo da estrada, passando o Centro de Visitantes são encontradas placas informando que a área é uma unidade de conservação (Figura 44a), informando que se trata de área particular e alerta contra crime ambientais (Figura 44b), e diversas placas educativas alertando o visitante a ter cuidado em não ser causador de incêndios (Figura 45a), impactos à fauna (Figura 45b) e não jogar lixo (Figura 46 a e b). (a) (b) Figura 44(a) – Placa informando que a RPPN Estação Veracel é uma unidade de conservação; (b) Placa informando que se trata de área particular e alerta contra crime ambientais. 98 (a) (b) Figura 45(a) – Placas educativas alertando o visitante a ter cuidado em não ser causador de incêndios; (b) Placa de respeito à fauna silvestre na estrada para a RPPN Estação Veracel. Na Figura 46b pode ser observada uma placa mais antiga, de mesmo conteúdo das demais, e observa-se deterioração leve na chapa metálica e na base estrutural, pois foram encontradas placas outras similares tortas ou com pouca fixação devido a apodrecimento do mourão de madeira. (a) (b) Figura 46(a) – Placa de conscientização para não jogar o lixo na área da RPPN Estação Veracel; (b) Placa educativa antiga. Placas identificando a área como propriedade particular são encontradas em áreas de divisa, geralmente nas bordas da floresta, como esta demonstrada nas Figuras 47a e 47b, localizada nos fundos de um pátio com carros apreendidos, junto ao Posto de Fiscalização da Polícia Federal na BR367. A placa adverte proibições como caça, destruição da mata e incêndio, com base em crimes previstos na lei de crimes ambientais no 9.605/98. 99 (a) (b) Figura 47(a) – Placa identificando a área como propriedade particular, encontrada em área de divisa da RPPN Estação Veracel; (b) Conteúdo da placa com enfoque na lei de crimes ambientais. No conjunto todas as placas seguem um padrão de layout e estão em boas condições de conservação, tanto suas bases de fixação como as chapas metálicas e mensagens. Infra-estrutura e áreas de circulação interna O layout das placas que indicam a localização das estruturas nas áreas de circulação interna é mais variado. A placa que identifica a RPPN EVC (Figura 48a) está localizada à direita de quem vem da BR-367, em frente à sede administrativa da unidade de conservação. Feita em madeira com as letras entalhadas e pintadas em branco, a placa encontra-se em bom estado de conservação. Apenas com a ressalva do nome Estação Veracruz que deve ser atualizado, podendo ser substituída por Estação Veracel somente a parte inferior da placa, caso não seja realizado um projeto de comunicação visual geral, o que ao menos em curto/médio prazo não se faz necessário. Ao cruzar o portão de entrada o visitante encontra à esquerda uma placa bilíngüe português/inglês (Figura 48b) na primeira bifurcação do caminho, sendo à esquerda o acesso a área administrativa, de pesquisa, funcionários e viveiro e seguindo em frente está o Centro de Visitantes. 100 (a) (b) Figura 48(a) – Placa de identificação da RPPN Estação Veracel; (b) Placa indicativa bilíngüe do Centro de Visitantes. Chegando próximo ao Centro de Visitantes, uma placa bilíngüe português/inglês (Figura 49a), com base em eucalipto tratado roliço e placa metálica encaixada, com a mesma diagramação das placas encontradas na estrada, identificam a edificação. Um conjunto de lixeiras de coleta seletiva está identificado com adesivos (Figura 49b) diferenciando o lixo como papel, plástico, outros e uma pequena lixeira à esquerda que serve como cinzeiro. Estes adesivos encontram-se um pouco desbotados, mas estão ainda bem visíveis. (a) (b) Figura 49(a) – Placa identificando o Centro de Visitantes; (b) Adesivos identificam tipo de resíduo nas lixeiras de coleta seletiva próximo ao centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel. No espaço interno do Centro de Visitantes são encontrados outros tipos de placas, como uma placa informativa de material em exposição 101 (Figura 50a), também bilíngüe português/inglês, fixada em um tronco de árvore, com a seguinte mensagem: “Madeira de pau-brasil apreendida pelo IBAMA em maio de 2000 no município de Camacã, sul da Bahia”. A placa apresenta uma das pontas quebrada e uma das letras adesivadas faltando, talvez causada por vandalismo em local de uso intensivo, já que foi a única placa com este caso. Fixada entre pilares de sustentação do Centro de Visitantes, no caminho para a cantina e os sanitários, encontra-se a placa que testemunha o evento da criação da RPPN (Figura 50b), com a seguinte mensagem: “Na presença do Governador da Bahia, Dr. César Borges e do Ministro do Meio Ambiente Deputado José Sarney Filho, formalizou-se a criação desta RPPN – Reserva do Patrimônio Natural – Estação Veracruz, que perpetua para as gerações futuras a paisagem e a biodiversidade da Mata Atlântica da região onde nasceu o Brasil”. (a) (b) Figura 50(a) – Placa informativa de material em exposição; (b) Placa-marco de criação da RPPN Estação Veracel. Esta placa que é um marco da criação da RPPN EVC merece um lugar de maior destaque, devendo, portanto ser estudado outro local no Centro de Visitantes para sua fixação. Outras placas encontradas são as que identificam os sanitários (Figura 51a), fixadas nas portas, bilíngüe português/inglês, apenas no 102 masculino falta uma placa. Até mesmo as lixeiras internas dos banheiros são identificadas com adesivos com texto em português e inglês. Na mesma Figura 51a pode ser observado um quadro de avisos, entre os dois banheiros, com informes gerais sendo alguns identificados por “fique por dentro” e outro “agendas”. A idéia do quadro de informes deve ser mantida, aproveitando o espaço para divulgar informações atuais, com renovação mensal de suas mensagens, mas sugere-se que seja estudado local mais adequado, pois se trata de uma área de circulação. No lugar do quadro de avisos pode-se colocar um quadro temático de artista local. Com a construção da casa dos funcionários, as informações de caráter administrativo como, por exemplo, as agendas, devem ser afixadas neste espaço ou na casa administrativa, ou ainda no próprio Centro de Visitantes, mas em local separado da área de circulação dos visitantes. Todas as edificações estão bem identificadas com placas, todas bilíngües português/inglês, como a casa da Administração (Figura 51b), o Centro de pesquisas (Figura 52a) e a sala do ambulatório veterinário (Figura 52b). (a) (b) Figura 51(a) – Placa identificando sanitários e quadro de avisos; (b) Placa identificando a casa da administração na RPPN Estação Veracel. 103 (a) (b) Figura 52(a) – Placa identificando o Centro de Pesquisas da RPPN Estação Veracel; (b) Placa identificando a sala do ambulatório veterinário. O antigo uso de uma área anexa à administração ainda se encontra refletido nas placas, quando um dos atrativos da RPPN EVC era a vista aos viveiros de animais silvestres, do qual ainda resta o do Projeto Harpia. Assim, podem ser encontradas no caminho até a casa dos funcionários, placas de aviso alertando a entrada exclusiva somente com guias (Figura 53a) e placa de identificação de espécies arbóreas representativas da mata atlântica, como o pau-brasil (Figura 53b), informando o nome científico, a família botânica, áreas de ocorrência e curiosidades. (a) (b) Figura 53(a) – Placas de aviso alertando a entrada exclusiva somente com guias nos viveiros de animais silvestres hoje desativado; (b) Placa de identificação do pau-brasil na RPPN Estação Veracel. 104 Ainda no portão de entrada ao Centro de Visitantes é encontrada uma placa (Figura 54a) informando a entrada restrita a funcionários, seguindo a mesma diagramação das placas encontradas na estrada e edificações. Uma placa em madeira informando o local para estacionamento (Figura 54b), com a mesma diagramação da placa que sinaliza o caminho para o Centro de Visitantes, é encontrada próxima ao portão de entrada dos visitantes. (a) (b) Figura 54(a) – Placa alertando que a entrada é restrita a funcionários; (b) Placa indicando local para estacionamento de visitantes na RPPN Estação Veracel. De forma geral, a área sede da RPPN EVC está muito bem sinalizada, com a grande maioria das placas em língua portuguesa e inglesa, sendo identificados três diagramações e formatos, que indicam concepções em épocas e autores distintos, mas que não justificam, pelo menos a curto prazo, a substituição de todas as placas. Deve-se sim realizar em médio prazo um estudo identificando a necessidade de novas placas, e a substituição das demais, criando uma identidade visual em todo o conjunto. Trilhas Antes mesmo de iniciar o passeio pelas trilhas, no caminho para o Centro de Visitantes, o visitante é entretido com informações encontradas nas placas (Figura 55a) que identificam uma diversidade de palmeiras nativas do Brasil. Uma proposta 105 para a organização e melhor aproveitamento destas placas é apresentada no componente “Planejamento – Programa de Uso Público”. As placas instaladas no início das trilhas seguem o estilo de diagramação de uma das placas de acesso ao Centro de Visitantes e da placa de estacionamento para visitantes, em madeira envernizada, com letras adesivadas. Na Figura 55b é apresentada a placa do trecho de comum acesso às trilhas da Floresta Tropical e Pau-Brasil, ambas bilíngües português/inglês. Neste conjunto pode ainda ser observada uma pequena placa de aviso, no mesmo padrão das placas instaladas na estrada e infra-estruturas, informando que a área é propriedade particular e que a trilha é realizada somente com guias. Quanto às trilhas da Plataforma e das Orquídeas, apesar de iniciarem no mesmo local, somente a da Plataforma é identificada com uma placa. O estado geral de conservação das placas de orientação das trilhas é bom, assim como a quantidade e localização. Uma vez que os passeios continuarão sendo acompanhados por monitores, não devem ser instaladas placas ao longo do percurso, mantendo somente as placas já existentes. (a) (b) Figura 55(a) – Placas que identificam palmeiras nativas do Brasil; (b) Placa para as trilhas da Floresta Tropical e Pau-Brasil na RPPN Estação Veracel. 106 4. Significância da Unidade e Conectividade 4.1 Conservação do Patrimônio Natural e Conectividade com outras Unidades de Conservação A RPPN EVC está inserida no Sítio do Descobrimento, um dos sítios do patrimônio natural do Brasil. O reconhecimento nacional e internacional das áreas que compõem o Sítio do Descobrimento ocorreu devido ao alto valor natural para a humanidade. Além disso, a RPPN EVC é a maior reserva privada da Mata Atlântica, oficialmente reconhecida pelo Governo Brasileiro, contribuindo para a proteção de um dos trechos mais bem conservados de floresta de tabuleiros na Mata Atlântica e de várias espécies ameaçadas de extinção como o macaco-preto (Cebus robustus) e o beia-flor balança-rabo-canela (Glaucis dohrnii). Por isso, a RPPN EVC é reconhecida como “Key Biodiversity Áreas” (KBAs) ou áreas chave para a biodiversidade (ver Eken et al., 2004). As KBAs são áreas definidas, passíveis de delimitação e, potencialmente, de manejo para conservação, destinadas à proteção de espécies que se enquadram em um ou mais dos seguintes critérios: a) espécies globalmente ameaçadas; b) espécies de distribuição restrita; c) espécies que formam agregações em áreas específicas em algum estágio de seu ciclo vital; d) assembléias de espécies restritas ao bioma (Eken et al., 2004). Durante o levantamento do meio físico realizado, notou-se a grande importância da RPPN EVC na manutenção das características do ambiente, tais como os mananciais que contribui com água de melhor qualidade para vários rios da região e na manutenção de solos que apresentam fortes limitações naturais e, por isso, são altamente passíveis de degradação. Os cursos d’água da RPPN EVC drenam sobre os depósitos sedimentares do grupo Barreiras que são intensamente modelados pelos processos erosivos. Em geral os solos são de baixa fertilidade, baixos teores de matéria orgânica, ácidos e com teores elevados de alumínio. Apresentam horizontes superficiais arenosos (que dificulta a retenção de água e nutrientes) e sujeitos a erosão natural, geralmente acelerada, quando se retira a cobertura vegetal nativa. Diante dessas peculiaridades 107 foram determinadas três zonas de fragilidade e as respectivas sub-zonas, baseadas nos padrões de drenagem e características do relevo, solos, erosão e da vegetação da área. A biodiversidade da RPPN EVC é bastante elevada, sendo uma das áreas mais representativas e íntegras das florestas de tabuleiro do sul da Bahia, uma tipologia vegetacional da Mata Atlântica muito ameaçada. As áreas analisadas no levantamento florístico permitem afirmar que a RPPN EVC se situa entre as 20 áreas do mundo com maior número de indivíduos e elevado número de espécies arbóreas. A reserva é também um importante repositório da fauna regional, ainda persistem na RPPN EVC algumas espécies localmente extintas em outras regiões da Mata Atlântica, tais como a anta (Tapirus terrestris) e o gavião-real (Harpia harpyja). As principais ameaças à fauna local são a caça predatória e o isolamento da reserva. Pela importância biológica da reserva e pela sua localização estratégica, pretende-se fortalecer a atividade de pesquisa na RPPN EVC, para que esta se transforme em referência regional, nacional e internacional na geração de conhecimento sobre a biodiversidade da Mata Atlântica. Sendo assim, a RPPN EVC assume importância ainda maior no contexto ambiental da região, principalmente quando se busca a conectividade entre estas áreas, com o objetivo de garantir a manutenção dos processos ecológicos e a própria sobrevivência de inúmeras espécies de fauna e flora. Existem hoje na região diversas iniciativas que têm como objetivo a implantação de corredores ecológicos a partir de ações de restauração florestal e recomposição de áreas de preservação permanentes em bacias hidrográficas. Dentre estas ações, podemos destacar o projeto Conservação e Restauração em Terras Privadas, executado desde 2003 pela parceria entre o Instituto BioAtlântica, Conservação Internacional, The Nature Conservancy, Veracel Celulose e Aracruz Celulose (Mesquita et al., 2006). Este projeto é responsável pela implantação de duas unidades experimentais de restauração, localizadas no município de Santa Cruz Cabrália, onde estão sendo monitorados diversos parâmetros referentes ao crescimento das espécies florestais nativas plantadas e seu papel como 108 corredores para elementos da fauna no contexto da paisagem local. O projeto tem como meta a restauração de cerca de 2.500ha ao longo de cinco anos, além da proteção efetiva de cerca de 1.600ha de trechos de florestas nativas, sob diferentes modalidades de proteção em terras privadas (e.g. reservas legais de propriedades rurais demarcadas e averbadas). Através destas intervenções estrategicamente localizadas na paisagem local, a expectativa é que tais ações permitam o restabelecimento da conectividade ecológica em mais de 35 mil hectares contínuos de florestas nativas, incluindo a RPPN EVC, o Parque Nacional Pau Brasil e todo um conjunto de remanescentes florestais localizados nas propriedades da Veracel Celulose (Figuras 56 e 57). 4.2 Potencial para Visitação O potencial de visitação é um dos critérios para definir a vocação de uso, que diz respeito ao uso possível nas unidades de conservação, seja para recreação, lazer ou educação ambiental. A RPPN EVC, situada apenas a 25 minutos de Porto Seguro, oferece oportunidades para atender diversos tipos de atividades de uso público, como educação ambiental, recreação ao ar livre e pesquisa científica. A inclusão de uma visita a áreas naturais protegidas já é um hábito crescente no Brasil, o que faz da RPPN EVC, uma unidade de conservação com potencial desenvolver e contribuir para o desenvolvimento local de atividades compatíveis com a conservação da natureza, relacionadas direta ou indiretamente ao turismo. Inserido dentro do Pólo da Costa do Descobrimento, que divulga um conjunto de atividades que vão desde o turismo ecológico até a “badalação” da noite, a atividade turística, nos moldes com que foram criadas em Porto Seguro e região, certamente representaria um vetor de pressão sobre a RPPN EVC ao demandar infra-estrutura, recursos humanos, serviços e práticas de gestão e manejo que colaborem com a conservação dos recursos naturais. 109 Figura 56 – Rede de remanescentes florestais na região da RPPN Estação Veracel. 110 Figura 57 – Rede de remanescentes florestais na circunvizinhança da RPPN Estação Veracel. Este vetor de pressão pode criar condições favoráveis em momentos futuros, se algum dia houver mudanças na forma de gerenciar a RPPN EVC, objetivando a visitação de forma ordenada e regulamentada, proporcionando oportunidades aos visitantes e também buscando mecanismos de consolidação da unidade de conservação como vetor de desenvolvimento das comunidades vizinhas. 111 4.3 Potencial para Conscientização Ambiental Frente aos objetivos conservacionistas da RPPN EVC, a facilidade de acesso oferece a vantagem de alcance mais efetivo de diversos grupos e atores sociais, inserindo-os em atividades educativas e sensibilizadoras. Estas atividades poderiam abordar à presença de situações impactantes na unidade, que conflitem com seus objetivos de criação, como a caça, bem como contribuir para o esclarecimento de questões relativas ao manejo do eucalipto na região. 112 PLANEJAMENTO 1 Objetivos Específicos do Manejo O planejamento de uma unidade de conservação envolve o estabelecimento dos objetivos de manejo, ou seja, dos motivos pelos quais se deseja atuar sobre aquele ambiente. Em função destes objetivos se faz o zoneamento, que define as possibilidades e restrições de uso para cada espaço da unidade, e as propostas de ação, especificadas nos programas e subprogramas. O manejo da RPPN EVC foi definido para cumprir objetivos análogos aos de uma Reserva Biológica, que têm a proteção integral de seus recursos como objetivo primário. Para que este seja alcançado, deve ser dada ênfase à geração de conhecimento sobre a Mata Atlântica e a ações de educação ambiental no entorno da unidade de conservação. Para tanto os objetivos específicos definido para a RPPN EVC são: • preservar a biodiversidade contida na RPPN EVC; • propiciar a manutenção dos recursos hídricos existentes na área da RPPN EVC; • proteger espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção, tais como a Glaucis dohrnii (balança-rabo-canela); • propiciar atividades de pesquisa e monitoramento condizentes com a categoria de manejo e o zoneamento existente; • promover a educação e a interpretação ambiental; • ampliar a proteção de remanescentes da Mata Atlântica na área do entorno do Parque Nacional do Pau-Brasil; • integrar o manejo da RPPN EVC aos objetivos do Programa Corredores Ecológicos e outros projetos de conservação em âmbito regional/global. Algumas normas gerais para o manejo da RPPN EVC são propostas, visando orientar a administração: 113 • são proibidos o ingresso e a permanência, na unidade, de pessoas portando armas, materiais ou instrumentos destinados ao corte, caça, pesca ou a quaisquer outras atividades prejudiciais à fauna e à flora; • a infra-estrutura a ser instalada na unidade limitar-se-á àquela necessária para o seu manejo; • é vedada a construção de quaisquer obras de engenharia que não sejam de interesse da unidade, tais como rodovias, barragens, aquedutos, oleodutos, linhas de transmissão, entre outras; • a fiscalização da unidade deverá ser permanente e sistemática; • o uso do fogo será regulamentado pelas recomendações do manejo, sendo estritamente proibido quando possa colocar em risco a integridade dos recursos naturais da unidade; • as pesquisas a serem realizadas na unidade, deverão ser autorizadas pelo conselho de pesquisa da RPPN EVC, sempre em consonância com os objetivos da unidade de conservação e com as determinações da legislação vigente; • são proibidas a caça, a pesca, a coleta e a apanha de espécimes da fauna e da flora, em todas as zonas de manejo, ressalvadas aquelas com finalidades científicas; • a introdução ou a re-introdução de espécies da flora ou da fauna somente será permitida quando fizer parte de um projeto de pesquisa e com a devida autorização da empresa poprietária e do Órgão Gestor ambiental; • o monitoramento dos processos naturais e antrópicos deve fazer parte da rotina de trabalho da RPPN EVC. 2. Zonas de Fragilidade As zonas de fragilidade podem ser conceituadas como sendo regiões ecodinâmicas em equilíbrio bioclimático/físico/químico, que podem ser desestabilizadas em maior ou menor grau, mediante processos de intervenção antrópicos ou não. 114 Para a área da RPPN EVC foram determinadas três zonas de fragilidade (Figura 58), em um nível mais macro, baseadas nos padrões de drenagem e relevo da região. Detalhando mais as informações, dentro de cada uma destas zonas (Tabela 10), foram delimitadas quatro sub-zonas, baseadas nas características dos solos, do relevo, dos padrões de drenagem e erosão e da vegetação da área. Esta estratégia permitiu uma maior hierarquização do ambiente, gerando níveis que indicam uma limitação dentro de cada Zona. Tabela 10 – Zonas e sub-zonas de fragilidade na RPPN Estação Veracel. Macro Zonas Zona 1 Zona 2 Zona 3 Sub-zonas Sub-Zona 1 = poucas restrições para uso Sub-Zona 2 = restrição moderada a forte para uso Sub-Zona 3 = restrição forte ao uso Sub-Zona 4.1 = restrição quase total ao uso Sub-Zona 4.2 = Restrição total ao uso Sub-Zona 1 = poucas restrições para uso Sub-Zona 2 = restrição moderada a forte para uso Sub-Zona 3 = restrição forte ao uso Sub-Zona 4.1 = restrição quase total ao uso Sub-Zona 4.2 = Restrição total ao uso Sub-Zona 1 = poucas restrições para uso Sub-Zona 2 = restrição moderada a forte para uso Sub-Zona 3 = restrição forte ao uso Sub-Zona 4.1 = restrição quase total ao uso Sub-Zona 4.2 = Restrição total ao uso 115 Zona 1 – Região com predomínio de relevo com cotas acima de 70m de altitude, com predomínio de formas mais suaves e ligeiramente dissecado. Neste ambiente os rios apresentam-se com menor volume de água e o afloramento do horizonte C, mais instável, do material do Barreiras ocorre com menor frequência o que reduz os riscos de erosão. Apresenta baixo risco à degradação. Zona 2 - Região com predomínio de relevo com cotas entre 60 e 70m de altitude e moderadamente dissecados. Neste ambiente os rios apresentam-se com volume de água mediano e o afloramento do horizonte C, mais instável, do material do Barreiras ocorre com frequência moderada, sendo também moderado os riscos de erosão. Zona 3 - Região com predomínio de relevo em cotas inferiores a 60m de altitude, com predomínio de formas mais movimentadas e fortemente dissecados. Neste ambiente os rios apresentam-se com maior volume de água e o afloramento do horizonte C, mais instável, do material do Barreiras ocorre com maior frequência, aumentando os riscos de erosão. Apresenta alto risco à degradação. 116 Figura 58 – Zonas de fragilidade na RPPN Estação Veracel. 117 Sub-Zona 1 – Áreas localizadas em ambiente de floresta com relevo plano e suave ondulado (declividade de 0–8%), com predomínio de solos quimicamente pobres (Argissolos Amarelos), geralmente coesos, de bem a moderadamente drenados, e suscetíveis a erosão laminar não aparente a ligeira. Apresenta poucas restrições para o seu uso / ocupação, bem como para a sua manutenção em condições naturais. Sub-Zona 2 – Áreas localizadas em ambiente de floresta com relevo ondulado e forte ondulado (declividade de 8–45%), com predomínio de solos quimicamente pobres (Latossolos Amarelos), geralmente coesos, bem drenados e suscetíveis à erosão laminar ligeira a forte. Apresenta restrição moderada a forte requerendo cuidados para a manutenção de equilíbrio eco-dinâmico. Sub-Zona 3 - Áreas localizadas em ambiente de floresta com relevo montanhoso a escarpado (declividade >45%), com predomínio de solos quimicamente pobres (Cambissolos Háplicos), bem drenados e suscetíveis à erosão laminar forte a muito forte. Apresenta restrição forte quanto à intervenção humana. Sub-Zona 4.1 – Áreas localizadas em ambiente de mussununga, apresentando relevo plano e suave ondulado (declividade de 0–8%), com predomínio de solos quimicamente muito pobres (Argissolos Amarelos), arenosos, geralmente com camada endurecida (fragipã ou duripã) em sub-superfície, que restringe a livre movimentação da água no perfil, e suscetíveis à erosão tanto eólica quanto hídrica em grau ligeiro. Apresenta fragilidade muito alta em condições naturais, podendo ser agravada por intervenção antrópica. Restrição quase total ao uso. Sub-Zona 4.2 - Áreas localizadas em ambiente de mussununga, apresentando relevo ondulado (declividade >8%), com predomínio de solos quimicamente muito pobres (Argissolos Amarelos), arenosos, 118 geralmente com camada endurecida (fragipã ou duripã) em subsuperfície, que restringe a livre movimentação da água no perfil, e suscetíveis à erosão tanto eólica quanto hídrica em grau forte a muito forte. Apresenta fragilidade extremamente alta em condições naturais, podendo ser agravada por intervenção antrópica. Restrição total ao uso. 3. Zoneamento O zoneamento é uma técnica de ordenamento territorial, usada para atingir melhores resultados no manejo da unidade de conservação, pois estabelece usos diferenciados para cada espaço, segundo os objetivos, potencialidades e características encontradas no local. Identificando e agrupando áreas com as qualificações citadas, estas irão constituir zonas específicas, que terão normas próprias. Dessa forma, o zoneamento torna-se uma ferramenta que vai contribuir para uma maior efetividade na gestão da unidade de conservação (Ferreira et al., 2004). O zoneamento foi definido através do cruzamento de informações sobre a fauna, a integridade da floresta, os atributos e elementos físicos da reserva, a infra-estrutura instalada, a interação com a circunvizinhança e os objetivos de manejo primários e secundários definidos para a RPPN EVC. A orientação das bacias hidrográficas dentro da unidade de conservação foi também um importante subsídio para a delimitação das zonas. Conforme seus objetivos e usos permitidos, para a RPPN EVC foram determinadas seis zonas de manejo: vida silvestre, primitiva, recuperação, administrativa, educação ambiental e uso conflitante (Figura 59). A extensão de cada uma das zonas de manejo estão apresentadas na Tabela 11. 119 Figura 59 – Proposta de zoneamento para a RPPN Estação Veracel. 120 3.1. Zona silvestre A Zona Silvestre é aquela que contém áreas inalteradas e destinamse à conservação da biodiversidade. Podem ocorrer pesquisas, estudos, monitoramento, proteção e fiscalização. Essas atividades podem exigir alguma infra-estrutura destinada à proteção e a fiscalização (Ferreira et al., 2004). A Zona Silvestre da RPPN EVC possui 1.712ha (28,21% da área total) e está localizada ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio João de Tiba, que drena a área central da RPPN no sentido Oeste-Nordeste. A divisa Oeste da Zona silvestre é confrontante com a Estação Ecológica Pau-Brasil (ESPAB), área administrada pela CEPLAC e que tem seu manejo como uma reserva privada destinada à conservação do remanescente florestal. De acordo com o manejo estabelecido para a RPPN EVC, as pesquisas autorizadas nesta área terão necessariamente que contribuir para o manejo da unidade de conservação. Nesta zona de manejo serão implantadas armadilhas fotográficas para monitoramento da fauna e uma parcela permanente, para monitoramento da dinâmica vegetacional, de acordo com o estabelecido no programa de pesquisa. Normas de de Uso da Zona silvestre • as únicas intervenções permitidas serão aquelas atividades indispensáveis à proteção da área a às investigações científicas e monitoramento ambiental de baixo impacto e devidamente autorizadas; • atividades de fiscalização serão permanentes e sistemáticas nesta zona; • o uso de veículos deverá se restringir às atividades de fiscalização; • devem ser observadas as normas gerais da Unidade. 121 3.2. Zona de Proteção A Zona de Proteção é aquela que contém áreas naturais ou que tenham recebido grau mínimo de intervenção humana, onde podem ocorrer pesquisa, estudos, monitoramento, proteção, fiscalização e formas de visitação de baixo impacto. Poderá conter infra-estrutura estritamente voltadção a às atividades de proteção (Ferreira et al., 2004). A Zona de proteção da RPPN EVC tem área total de 2.643ha (43,55% da área total) e está dividida em três blocos, um no limite OesteNoroeste, com 1.074ha; o segundo tem o sentido da drenagem OesteLeste, com 1.103ha, separando o limite Sul da Zona silvestre da Zona de Recuperação e o menor bloco, com 466ha, localiza-se no limite Sudeste da unidade de conservação. Estas áreas têm como característica o excelente estado de conservação da vegetação, mas devido a sua localização há indícios da incidência de atividades de caça. As pesquisas poderão ser realizadas independente de terem relação com o manejo das áreas, porém devem seguir as normas apresentadas no programa de pequisa. Nesta zona serão implantadas armadilhas fotográficas para monitoramento da fauna, de acordo com o estabelecido no programa de pesquisa. Normas de Uso da Zona de Proteção • fiscalização permanente, buscando eliminar a exploração indevida dos recursos naturais desta área; • permitir e incentivar atividades científicas com as autorizações necessárias; • coibir a introdução de espécies exóticas; • monitorar a integridade dos recursos naturais; 3.3. Zona de Recuperação É aquela que contêm áreas consideravelmente antropizadas. Essa zona é provisória, uma vez restaurada, será incorporada novamente a uma das Zonas Permanentes. As espécies exóticas introduzidas deverão 122 ser removidas e a restauração deverá ser natural ou induzida. O objetivo geral de manejo é deter a degradação dos recursos e restaurar a área. Esta Zona permite uso público somente para a educação (Ferreira et al., 2004). A Zona de Recuperação da RPPN EVC possui 1.670ha (27,52% da área total) e está delimitada entre os blocos 2 e 3 da zona primitiva, bem como duas pequenas áreas ao Norte (2,13ha) e Nordeste (0,8ha) da unidade de conservação. As áreas que se encontram ao longo das estradas e as áreas situadas nos limites Norte e Nordeste terão sua regeneração incentivada. O restante da área deverá ser recuperado através da regeneração natural via banco e chuva de sementes. Nesta zona de manejo serão implantadas armadilhas fotográficas para monitoramento da fauna e uma parcela permanente, para monitoramento da dinâmica vegetacional, de acordo com o estabelecido no programa de pesquisa. Normas de uso da Zona de Recuperação • fiscalização periódica, buscando eliminar a utilização dos recursos naturais desta área; • implantar sistema de monitoramento para avaliar a recuperação das áreas; • permitir a realização de pesquisas sobre recuperação de áreas degradadas; • incentivar as atividades de recuperação com espécies nativas das áreas de preservação permanentes; • estabelecer os pontos em que haja necessidade de aceleração do processo de recomposição, tendo como critérios o monitoramento das áreas. 123 3.4. Zona de Visitação Esta zona é constituída de áreas naturais, permitindo alguma forma de alteração humana. Destina-se à conservação a às atividades de visitação. Deve conter potencialidades, atrativos e outros atributos que justifiquem a visitação. As atividades abragem educação ambiental, conscientização ambiental, turismo científico, ecoturismo, recreação, interpretação, lazer e outros. Esta zona permite a instalação de infraestrutura, equipamentos e facilidades, como centro de visatantes, trilhas, painéis, mirantes, pousadas, torres, trilhas suspensas, lanchonete, alojamentos e hotel, para os quais deve-se buscar adotar alternativas e tecnologias de baixo impacto ambiental (Ferreira et al., 2004). A Zona de visitação tem área total de 33ha (0,54% da área total) e está localizada à Sudeste da RPPN EVC. Nesta zona estão implantadas as quatro (4) trilhas interpretativas (Trilha da Floresta Tropical, Trilha das Orquideas, Trilha da Plataforma e Trilha do Pau-Brasil) e a infraestrutura para as visitas estabelecidas pelo programa de Educação Ambiental. Nesta zona de manejo serão implantadas armadilhas fotográficas, para monitoramento da fauna. Deve ser também estabelecido uma rotina de o monitoramento das instalações existentes, de acordo com o estabelecido no programa de uso público. Normas de uso da Zona de Visitação • todas as atividades deverão necessariamente ser coerentes com os objetivos de manejo da RPPN EVC; • os visitantes, ao chegarem à RPPN EVC, serão cadastrados e informados dos procedimentos e normas de visitação e segurança; • as visitas de grupos deverão ser agendadas com antecedência; • a visitação de escolas deverá ser agendada previamente, onde devem ser fornecidas informações sobre as normas de conduta e vestuário mais adequado (calça e sapato fechado). • evitar a realização de atividades de manutenção em períodos chuvosos e em épocas de grande visitação; 124 • nos períodos de visitação intensa a manutenção será restrita aos casos emergenciais, que coloquem em risco a segurança dos visitantes, condutores ou a integridade da trilha. 3.5. Zona de Uso Conflitante Constituem espaços localizados dentro de uma unidade de conservação, cujos usos e finalidades, estabelecidos antes da criação da unidade, conflitam com os objetivos de conservação da área protegida. São áreas ocupadas por empreendimentos de utilidade pública, como gasodutos, oleodutos, linhas de transmissão, antenas, captação de água, barragens, estradas, cabos óticos e outros. Seu objetivo de manejo é contemporizar a situação existente, estabelecendo procedimentos que minimizem os impactos sobre a Unidades de Conservação. A zona de uso conflitante da RPPN EVC é coincidente com o traçado da Estrada Velha de Cabrália, que corta a Unidade de Conservação no sentido Sul-Nordeste. Sua área é de 10ha (0,17% da área total) e tem trânsito de veículos tanto de passeio como utilitários, sem controle de velocidade e horário de passagem. Por ser uma antiga estrada de acesso ao município de Santa Cruz Cabrália, portanto considerada Estrada de Servidão, não pode ser controlada pela empresa proprietária. Seu uso atual, portanto, conflita com o manejo sugerido para a área. Nesta zona de manejo serão implantadas armadilhas fotográficas para monitoramento da fauna e haverá a recuperação de taludes, de acordo com o estabelecido nos programas de pesquisa e proteção, respectivamente. Normas de Uso da Zona de Uso Conflitante • a fiscalização será intensiva e abrangerá técnicas e rotinas de monitoramento; • os serviços de manutenção da estrada deverão evitar que incidam sobre trechos de maior vulnerabilidade como no caso das mussunungas (observar mapa de fragilidade); 125 • no caso de atropelamentos de animais, a administração deverá efetuar o respectivo Boletim de Ocorrência; • deverá ser realizado monitoramento dos registros de atropelamento da fauna; • deverão ser instaladas placas de sinalização em trechos da estrada alertando sobre a existência da unidade de conservação; • a velocidade máxima permitida no trecho da estrada que corta a reserva deverá ser de 40 km/h e deverá ser sinalizada. 3.6. Zona de Administração Preferencialmente localizadas em áreas alteradas e na periferia da unidade de conservação, conterá todos os serviços e infra-estrutura admnistrativa. As atividades pertinentes e a infra-estrutura poderão estar localizadas fora dos limites da RPPN e, nesse caso, não constituirão zona de administração. Neste Plano de Manejo optamos, portanto, para o uso do termo Zona de administração, pois grande parte de sua área está fora da RPPN EVC, o detalhe dessa zona pode na figura 60. A Zona de administração ocupa somente 6,2ha e está situada, na sua maior parte, fora da unidade de conservação. Apenas 1ha da Zona de administração são internos à RPPN que correspondem às estradas internas, limites da RPPN e as picadas internas dos blocos de fiscalização (ver Programa de Proteção). As estradas limítrofes foram consideradas largas o suficiente para justificar a não criação de uma zona de transição neste plano de manejo, pois estarão servindo como área tampão das atividades externas. Na área da Zona de administração externa à RPPN estão localizadas as infra-estruturas existentes para o manejo da RPPN EVC, que são: casa dos pesquisadores, laboratório de pesquisa, centro de visitantes, centro de apoio e o escritório. Nesta área também deverá ser construída, quando oportuno, a infra-estrutura destinada à recepção de visitantes e eventos. Há ainda a presença do harpiário nesta zona, estrutura que foi implantada quando a área ainda não era uma unidade de conservação e 126 que abriga um indivíduo de Harpia harpyja confiado à antiga Estação Veracuz após ter sido apreendido pelo IBAMA. Normas de uso da Zona de Administração • a fiscalização será permanente em toda esta zona; • não deverão ser abertas novas estradas; • não serão permitidos o uso de buzina e o tráfego em velocidade acima de 40 km/h; • as construções, reformas e outras atividades nesta zona deverão causar o mínimo impacto possível e devem seguir um planejamento global para a unidade (master-plan); • evitar a introdução de espécies exóticas; • incentivar as atividades de recuperação com espécies nativas das áreas em áreas que assim necessitarem. 127 Figura 60 – Detalhe da Zona de Administração 128 Tabela 11 – Área total das zonas de manejo propostas para a Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel. Zona de Manejo Área em Hectares % da área da RPPN Zona de Administração 1 0,01 Zona de Uso Conflitante 10 0,17 Zona de Visitação 33 0,54 Zona Recuperação 1.670 27,52 Zona Silvestre 1.712 28,21 Zona de Proteção 2.643 43,55 Total 6.069 100 *(6.069ha da RPPN e 5,2ha do setor administrativo não inseridos na reserva). 129 4. Programas de Manejo 4.1 Programa de Proteção Objetivo O Programa visa a conservação da biodiversidade e manutenção da dinâmica dos ecossistemas, a proteção do patrimônio históricocultural e a segurança dos visitantes, do patrimônio imobiliário e dos equipamentos existentes na RPPN EVC. Resultados Esperados • Rotinas de rondas estabelecidas e implantadas; • Responsáveis equipados e capacitados; • Sistema de prevenção e combate aos incêndios implementado; • Ações de controle e prevenção de erosões implementadas; • Ações para supressão de caça e coleta ilegal de plantas implementadas; • Trilhas e acessos em constante manutenção; • Estrada municipal causando menor impacto possível; • Cercas em constante manutenção; • Placas em pontos limítrofes estratégicos da RPPN instaladas; • Manejo adequado da infra-estrutura conflitante; e • Manejo de resíduos sólidos na área da RPPN EVC definido e implantado. Atividades e Normas 1. Realizar rondas de fiscalização • As rondas de fiscalização deverão ser realizadas com ênfase nos dezessete blocos estipulados para a proteção da RPPN EVC (Figura 61) e ao longo dos limites da RPPN EVC; 130 • Os responsáveis pela realização das rondas deverão ser capacitados para o desempenho das atividades que se seguem, conforme citado no Programa de Administração; • A periodicidade das rondas será diária, com a realização semanal de atividades mais detalhadas nos blocos onde forem identificadas ocorrências de irregularidades. Figura 61 – Mapa de vegetação com os 17 blocos definidos para a fiscalização e monitoramento da RPPN Estação Veracel. 131 2. Equipar e preparar as pessoas para as atividades de proteção e fiscalização • Os responsáveis deverão receber treinamento específico, conforme citado no Programa de Administração; • É recomendável a adoção de uniformes e equipamentos de segurança para cada atividade, conforme descrito no Subprograma de Infra-estrutura e Equipamentos. 3. Implementar um sistema de prevenção e combate a incêndios florestais 3.1 Abrir e manter aceiros nos limites da propriedade e da RPPN EVC • As estradas nos limites da propriedade podem servir como aceiros, facilitando as ações de fiscalização; • Os aceiros deverão ter, no mímino, três metros de largura, abertos preferencialmente com roçadeira e ferramentas manuais, tomando os cuidados necessários para evitar erosões; • Os aceiros deverão receber manutenção anual, antes do período de queimadas na região. 3.2 Capacitar o gestor da RPPN EVC e a equipe de fiscalização para atuar na brigada de incêndios • Todo o pessoal que for atuar no combate aos incêndios deverá receber treinamento específico já realizado em outras divisões da Empresa; • É importante também capacitar pessoal de apoio à brigada para o transporte de água, alimentos, ferramentas, entre outros; • Recomenda-se o estímulo à formação de uma brigada de incêndio composta por funcionários da empresa e moradores das fazendas vizinhas visando o controle e combate a incêndios, não só da RPPN EVC como na região. 132 3.3 Adquirir e manter em bom estado os equipamentos de combate a incêndios, bem como os equipamentos individuais dos brigadistas • Os equipamentos devem ser de boa qualidade e receber manutenção periódica. 3.4 Registrar as ocorrências de incêndios em relatórios específicos, para o permanente aprimoramento das estratégias e acompanhamento dos impactos causados • A ocorrência de incêndio deverá ser registrada no sistema digital dos palm-tops utilizados na fiscalização da RPPN EVC, gerando relatórios mensais que indiquem as áreas mais vulneráveis; • É importante comunicar ao Ibama as ocorrências de incêndios, descrevendo de onde surgiram, as possíveis causas e as áreas atingidas. 3.5 Buscar parcerias com instituições ambientais • O Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PREVFOGO/IBAMA) poderá orientar a confecção dos aceiros, bem como apoiar na capacitação dos brigadistas; • As queimadas não autorizadas deverão ser denunciadas; • Estratégias conjuntas com a Prefeitura Municipal, Associação locais de produtores rurais, proprietários vizinhos e outros parceiros poderão otimizar as ações. 3.6 Torres para observação de focos de incêndios • Verificar se o sistema de vigilância da empresa já contempla a RPPN EVC de forma satisfatória. Caso contrário deve-se realizar levantamento para instalação de torres para observação de focos de incêndio, estando preferencialmente nos estes limites equipamentos externos ou recuperação e/ou administrativa da RPPN EVC; 133 nas localizados zonas de • As torres deverão ser usadas pelos responsáveis pelas rondas, em alguns períodos do dia e nas épocas de maior incidência de incêndios. 4. Implementar ações de prevenção e controle de erosões nas estradas internas e trilhas da RPPN EVC • A abertura de novas estradas ou trilhas deverá ocorrer em locais estáveis. Quando alagados, recomenda-se a construção de pontes rústicas, passarelas suspensas ou similares; • Deverão ser adotadas ações de redução da velocidade de águas pluviais a fim de diminuir sua capacidade de carrear o solo. O manejo de troncos e galhos caídos constitui ótima barreira tanto para diminuir a velocidade da água, como para fechar atalhos e caminhos paralelos; • No caso das trilhas o material orgânico do solo não deve ser retirado totalmente, pois forma uma camada natural de proteção ao impacto mecânico da chuva, prevenindo erosões; • A drenagem deverá ser feita por meio de canais laterais, em sentido perpendicular ou diagonal (tanto em nível, quanto subterrâneo); • Valas e barreiras oblíquas à superfície das estradas internas deverão ser adotadas facilitando o escoamento e diminuindo a velocidade da água; • A largura das estradas e trilhas deve ser planejada conforme o tipo de solo e declividade do terreno e afunção das mesmas. Quanto menor a largura, menor a área impactada, conseqüentemente, menor o impacto ambiental; • Todas as trilhas e estradas internas deverão receber constante manutenção quanto às medidas de contenção de erosões. 4.1. Realizar um levantamento e monitoramento permanente de áreas suscetíveis à erosão • Deverá ser feito um levantamento de áreas mais vulneráveis aos focos de erosões; 134 • Deverão receber especial atenção as áreas onde foram instalados equipamentos de apoio; • Deverá haver um acompanhamento dos pontos de erosão que já sofreram intervenções. 5. Realizar ações de proteção e recuperação das Áreas com Problemas de Regeneração Natural • Deverão ser estudadas ações para recompor a área onde houve retirada de cascalho próxima ao limite Nordeste da RPPN EVC; • As espécies a serem utilizadas no processo de regeneração deverão ser indicadas por um especialista na flora da RPPN EVC, além do uso de técnicas específicas para auxiliar o processo de regeneração, como a hidrosemeadura; • Estas intervenções deverão ser feitas sob orientação de um especialista. 6. Implementar ações para supressão da caça, pesca e coleta ilegal de plantas • As rondas devem ser intensificadas nos limites da RPPN, bem como nos blocos localizados nas zonas de manejo de recuperação e primitivas da RPPN EVC; • A pesca deverá ser proibida na RPPN; • Intensificar as atividades de educação ambiental com a comunidade vizinha. 6.1. Registrar as ocorrências em um relatório de ronda • Toda ocorrência deverá ser registrada no sistema de fiscalização através do uso dos palm-tops, a fim de gerar um relatório semanal, apontando os pontos críticos e reincidentes e as ações que devam ser implementadas. 6.2. Encaminhar denúncias competentes 135 aos órgãos governamentais • As ocorrências registradas deverão ser encaminhadas ao Ibama, conforme legislação vigente. 7. Realizar a permanente manutenção das trilhas • Identificar os pontos com possibilidade de acidentes com visitantes nas trilhas do Programa de Uso Público, realizando manutenção e monitoramento dos mesmos para evitá-los. 8. Implementar mudança no traçado da Estrada Velha de Cabrália • Apresentar para a comunidade e tomadores de decisão locais o estudo realizado para mudança do traçado da Estrada Velha de Cabrália; • Implementar ações discutidas na apresentação para fechamento da estrada junto ao Ibama e as comunidades locais. 9. Realizar a instalação e manutenção das cercas • As áreas de pastoreio limítrofes à propriedade deverão ser cercadas, impedindo a dispersão dos animais e evitando o pisoteio, a disseminação de espécies de capim exótico e de parasitas; • É proibida a permanência de gado e demais animais domésticos na área da RPPN EVC. 10. Instalar placas de identificação da RPPN em pontos limítrofes e/ou estratégicos. • Conforme descrito no Programa de Uso Público. 11. Retirada de infra-estrutura conflitante com uso atual da RPPN EVC • Demolir todas as infra-estruturas anteriormente utilizadas para a manutenção da fauna silvestre (antigo Criadouro Conservacionista), retirando da região os escombros, bem como as guaritas/casas abandonadas e/ou em ruínas existentes na área da RPPN EVC. 136 12. Realizar retirada dos resíduos sólidos da área da RPPN EVC • Os resíduos sólidos deverão ser dispostos separadamente, através de um programa de coleta seletiva em todas as instalações existentes e, semanalmente, retirados da área da RPPN EVC; • O programa de Educação Ambiental da RPPN EVC deverá elaborar material explicativo sobre o programa para ser divulgado no Centro de Visitantes e na casa dos pesquisadores. 3.2 Programa de Pesquisa O conhecimento sobre os ecossistemas e os processos que os influenciam é uma condição necessária para a preservação da biodiversidade em longo prazo. A compreensão dos processos ecológicos permite que as ações de manejo sejam adequadas às características da biota local. As RPPN's possuem como objetivo principal a conservação da diversidade biológica (MMA, 2000) e, dentro das atividades legalmente permitidas nas RPPN's, a Veracel Celulose decidiu privilegiar a realização de pesquisas científicas em biodiversidade e ações de Educação Ambiental. Para cumprir este objetivo de Conservação da Biodiversidade a Estação Veracel delineou um Programa de Pesquisa (PP-EVC) a ser desenvolvido dentro de sua área e entorno. Objetivos O objetivo do Programa é estimular a geração de conhecimentos sobre processos biológicos relacionados à Biodiversidade da Mata Atlântica, aproveitando-os como subsídio aos instrumentos de manejo da unidade de conservação e às ações de educação ambiental. Além disso, pretende-se fortalecer a atividade de pesquisa na RPPN EVC, para que esta se transforme em referência regional, nacional e internacional na geração de conhecimento sobre a biodiversidade da Mata Atlântica. 137 Para atender a demanda de pesquisas em biodiversidade na RPPN EVC foi realizada uma oficina no dia 17 de agosto de 2006 no centro de visitantes da Estação Veracel (Anexos II – Oficina para Elaboração do Programa de Pesquisa da RPPN Estação Veracel). O intuito da oficina, que contou com a participaçao de 20 profissionais, foi consultar a comunidade científica para que o PP-EVC seja uma ferramenta eficiente na execução de estudos que contribuam para o conhecimento e a conservação da Mata Atlântica. Diretrizes gerais do Programa de Pesquisa da Estação Veracel A RPPN EVC procura viabilizar a realização de estudos em sua área e espera, em contrapartida, que os pesquisadores se empenhem e contribuam de forma efetiva no cumprimento das metas da Estação. Os pesquisadores participantes do PP-EVC deverão incluir nos seus projetos atividades de comunicação para divulgação das pesquisas e de seus resultados ao público em geral e disponibilizar algum tempo, durante sua estadia em campo, para auxiliar em atividades de educação ambiental desenvolvidas na reserva (detalhes no Regulamento do Programa de Pesquisa). Os estudos a serem realizados dentro da RPPN EVC serão regidos por normas próprias, visando a convivência harmônica entre diferentes grupos de pesquisa e o retorno das pesquisas científicas como subsídio para a conservação da biodiversidade. O Programa de Pesquisa contará com um conselho técnico que auxiliará na administração e na definição de prioridades de pesquisa. A captura e coleta de material biológico são fundamentais para elucidar algumas questões científicas, porém a necessidade e a conveniência das mesmas nos projetos a serem desenvolvidos dentro da RPPN será alvo de análise rigorosa. 138 Apoios, incentivos e facilidades para Pesquisas Científicas na RPPN Estação Veracel Será dada especial ênfase ao estímulo e facilidades para impulsionar a realização de pesquisas na RPPN EVC, espcialmente com envolvimento de estudantes e jovens pesquisadores. Com esta aproximação espera-se criar uma associação profissional-afetiva entre os estudantes/pesquisadores e a reserva, buscando estimular a continuidade dos estudos ao longo de sua carreira como pesquisadores. É de grande interesse que sejam desenvolvidos na Estação projetos de iniciação científica, monografias, dissertações, teses, cursos e disciplinas e serão incentivados grupos de pesquisas que se proponham a desenvolver estudos de longo prazo. Para atingir seus objetivos o PP-EVC tem como meta tornar-se parceira das instituições de pesquisa e ensino, com forte ênfase àquelas de âmbito regional e aos seus programas de pós-graduação. A Veracel Celulose disponibilizará em seu orçamento anual recursos para a realização de estudos considerados prioritários na Estação Veracel e buscará firmar convênios com instituições de fomento de pesquisa, visando atrair aportes adicionais de recursos para esta finalidade. Para estimular o uso de sua área, a RPPN EVC disponibiliza aos pesquisadores um alojamento com estrutura completa. Atualmente o alojamento comporta confortavelmente 12 pessoas e possui acesso à rede mundial de computadores e, para contribuir na elaboração das pesquisas, a RPPN disponibilizará para consulta um banco de dados com os resultados dos estudos (ex. relatórios, artigos, listas de espécies) e outras informações básicas sobre a área (material cartográfico e séries temporais de clima, entre outras). A RPPN EVC entende que a publicação dos resultados de pesquisas em periódicos e eventos reconhecidos é parte integrante e fundamental do método científico, portanto apoiará a divulgação de resultados de pesquisas desenvolvidas dentro de sua área. 139 Linhas Preferenciais para pesquisas A RPPN EVC reconhece que todo o conhecimento científico é importante, porém em seu Programa de Pesquisa serão incentivadas, prioritariamente, linhas de pesquisa relacionadas a lacunas de conhecimento sobre a bodiversidade regional (Tabela 11) e/ou que contribuam para orientar o manejo da unidade. Como linhas de pesquisa de especial interesse constam: (a) Inventários biológicos A Estação Veracel prioriza inventários de grupos biológicos menos conhecidos na área, que contribuam para o aperfeiçoamento das listagens taxonômicas existentes, que produzam registros georeferenciados e que gerem informações sobre a ecologia e biologia das espécies (ver Diagnósticos de fauna e flora), sua distribuição espacial e estimativas de abundância (Tabela 12). Os projetos de inventário da biota devem apresentar diretrizes que garantam a qualidade dos resultados, evitando-se a coleta desnecessária de espécimes. Os grupos taxonômicos prioritários para inventários são: pequenos mamíferos, incluindo morcegos, peixes, répteis (principalmente serpentes e lagartos arborícolas) e invertebrados (ver Diagnóstico da fauna), os outros grupos de vertebrados necessitam de estudos mais específicos para confirmação de registros e quantificação das populações. Além de inventários biológicos sistemáticos, uma sugestão é testar a utilização de registros de espécies pelos funcionários da unidade por meio do sistema digital dos palm-tops utilizados na fiscalização da RPPN EVC. Para isso seria necessário o treinamento dos funcionários. (b) Auto-ecologia de espécies ameaçadas A maioria das iniciativas conservacionistas é baseada em inferências sobre as necessidades das espécies em foco. Para diminuir 140 as incertezas sobre os requisitos das espécies e tornar as iniciativas conservacionistas eficazes, a RPPN incentiva estudos que contemplem a biologia básica e transformem tais conhecimentos em subsídios / ações para conservação (ex:. avaliação da qualidade do habitat, análise de viabilidade populacional, implementação de corredores, estudos de dinâmica populacional, entre outros). (c) Influências Antrópicas sobre a Biodiversidade A RPPN é uma "ilha" de Mata Atlântica rodeada por áreas abertas e silvicultura de eucalipto. A RPPN possui na sua proximidade dois núcleos urbanos que exercem uma intensa pressão de caça e extrativismo sobre a biota. Além disso, a reserva é atravessada por uma estrada municipal que potencializa tais ameaças. O PP-EVC estimula a realização de estudos que avaliem, quantifiquem, ofereçam alternativas para a minimização e/ou a eliminação dos fatores prejudiciais ao desenvolvimento dos processos biológicos naturais ou ameacem as espécies presentes. (d) Ecologia de Populações e Comunidades O conhecimento da dinâmica das populações e das comunidades biológicas é fundamental para a compreensão dos mecanismos que afetam a biodiversidade nos âmbitos local e regional. Para melhor elucidar estes processos o PP-EVC apoiará estudos que enfoquem dinâmica e estrutura de populações e comunidades, especialmente de espécies ameaçadas, endêmicas e espécies-chave. (e) Ecologia de Paisagem Tendo em vista a importância da RPPN no contexto da paisagem fragmentada da região, o PP-EVC incentivará estudos que avaliem os efeitos da insularização sobre elementos da biota, considerando-se de forma explícita a sua estrutura e contextualização espacial e a interação espaço-temporal nos processos ecológicos. 141 (f) Interações ecológicas A RPPN possui carência em estudos que contemplem interações ecológicas. A investigação das interações é incentivada dentro da área da Estação Veracel, especialmente com referência a espécies ameaçadas. Estudos avaliando dispersão, competição, predação, mutualismos e relações com meio físico são importantes linhas temáticas dentro do PP-EVC. (g) Monitoramento Estudos que avaliem o comportamento e dinâmica dos ecossistemas, em longo prazo, são fortemente incentivados pela RPPN EVC. Programas dessa natureza já estão sendo propostos através do monitoramento com armadilhas fotógraficas e pelo estabelecimento de parcelas pemanentes de amostragem de vegetação. A Estação Veracel está avaliando a exeqüibilidade da montagem, em sua propriedade, de uma parcela de estudos de longo prazo. A instalação deste tipo de parcelas requer aporte significativo de recursos e equipes técnicas com treinamento especializado. A criação, manutenção e utilização de parcelas permanente são procedimentos complexos e só poderá ser efetuado através de parceria entre a RPPN e instituições/programas de pesquisa que atuem nessa linha. 142 Tabela 12 – Diretrizes para os projetos que contemplem a Biota dentro da RPPN Estação Veracel. Linhas Exemplo de preferenciais temas de Diretrizes, Observações e Tópicos interesse Geo-referenciamento dos registros. Os registros das espécies devem possuir coordenadas geográficas (seguindo as normas e o Datum previsto no regulamento do PP-EVC). Na impossibilidade deste procedimento o registro deve ser realizado utilizando-se os blocos previamente demarcados e outros pontos referenciais que permitam sua localização aproximada (ver figura 60). Inventários Biológicos Grupos pouco Representatividade espacial. As coletas estudados e devem, idealmente, serem distribuídas complementação espacialmente de forma a representar a de listas de heterogeneidade da área (suas diferentes espécies tipologias / hábitats). Nos casos em que o objetivo do estudo seja o de investigar uma tipologia em especial, os pontos de coleta devem ser alocados de forma a retratar a distribuição das espécies dentro da referida tipologia e uso do hábitat. Suficiência amostral. O esforço amostral deve ser suficiente para permitir estimativas robustas de densidade ou abundâncias relativas das espécies Impactos Caça Quantificação e espacialização da pressão de caça e avaliação do seu impacto sobre a fauna Antrópicos da RPPN; Extrativismo Quantificação e espacialização do extrativismo vegetal e avaliação do seu impacto sobre as espécies, populações e comunidades; 143 Linhas Exemplo de preferenciais temas de Diretrizes, Observações e Tópicos interesse Espécies Identificação, quantificação, avaliação da Invasoras agressividade, mensuração dos impactos sobre espécies nativas, determinação dos fatores que facilitam o estabelecimento e indicação de estratégias e ações para a erradicação/controle. Recuperação e Desenvolvimento e aplicação de estratégias restauração eficientes de recuperação e/ou restauração das florestal áreas perturbadas dentro da RPPN. Espécies de uso Identificação e manejo sustentável de espécies econômico com potencial econômico. Espécies exóticas Avaliação do impacto da predação sobre espécies nativas por animais domésticos Efeitos de fogo Quantificação, periodicidade e facilitadores de fogo sobre a biota e avaliação de medidas mitigadoras. Auto ecologia Efeitos de Quantificação, origem e impactos de agrotóxicos Agrotóxicos sobre a biota. Impacto das Quantificação de atropelamentos, erosão, estradas efeitos sobre a vegetação e medidas mitigadoras Biologia Com especial ênfase em espécies ameaçadas, reprodutiva espécies-chave e espécies indicadoras Uso do espaço Dinâmica populacional Hábitos Ecologia de Regeneração Com especial ênfase em espécies ameaçadas, Populações natural espécies-chave e espécies indicadoras. Dinâmica Populacional Estrutura Populacional Ecologia de Estrutura de Ênfase em predadores, grupos de espécies Comunidades comunidades bandeira e/ou indicadoras Comunidades de água doce 144 Linhas Exemplo de preferenciais temas de Diretrizes, Observações e Tópicos interesse Investigação de processos sucessionais Dinâmica de clareiras Relação água-floresta Fatores de manutenção , geração e/ou declínio da diversidade Ecologia de Efeitos de borda Avaliar como os padrões e os processos Paisagem Insularização e ecológicos interagem com a composição e Conectividade configuração da paisagem. Relação com outro fragmentos Interação solo e paisagem Interações Polinização Buscar a compreensão de interações inter- entre espécies Frugivoria específicas e seu papel na manutenção dos Predação e padrões e processos ecológicos Dispersão de sementes Predação Resultados Esperados • RPPN EVC reconhecida como Centro de Referência em pesquisa sobre a biodiversidade da Mata Atlântica; • Atividades de pesquisa constante dentro e na zona de influência da unidade; • Estabelecimento de parcerias e cooperação com universidades, centros de pesquisa e órgãos públicos para o desenvolvimento de projetos de pesquisa; • Utilização da infra-estrutura da RPPN EVC para o treinamento e realização de cursos de campo pelas universidades; • A RPPN EVC como parte integrante de um sistema de monitoramento da biodiversidade na região; • Elaboração e implantação de um banco de dados sobre a biodiversidade da RPPN EVC e um banco de dados para o controle 145 de pesquisas desenvolvidas na reserva; • Criação e estabelecimento de um Comitê de Pesquisa para auxiliar a implementação do PP-EVC. 3.3 Programa de Uso Público O Programa de Uso Público da RPPN EVC pretende ordenar, orientar e direcionar o uso da unidade pelo público, sem alterar significativamente os recursos naturais. Objetivos • Desenvolver no público o entendimento sobre os princípios e valores da conservação; • Enriquecer a experiência do visitante com programas de educação e interpretação; • Promover oportunidades apropriadas e infra-estrutura para o desenvolvimento de atividades educacionais; • Desenvolver, através da pesquisa, um melhor entendimento dos valores naturais e culturais, processos e impactos; • Aperfeiçoar o manejo através da análise das expectativas e satisfação do visitante em relação ao uso público; • Minimizar os impactos negativos dos programas de manejo, controlando o uso, acessos e as facilidades oferecidas através da infra-estrutura; • Implantar rotinas que garantam a segurança do visitante durante sua estada na RPPN EVC; • Estimular na comunidade local a consciência e o entendimento sobre os valores naturais da RPPN Estação EVC; • Assegurar que os objetivos de manejo sejam alcançados através da efetivação das normas e ações propostas e com o melhor custobenefício. 146 O Programa de Uso Público é composto pelos seguintes Subprogramas, que serão descritos nas próximas páginas: 1. Subprograma de Interpretação e Recreação 2. Subprograma de Educação Ambiental 3. Subprograma de Capacitação 4. Subprograma de Monitoramento do Uso Público 5. Subprograma de Manutenção de Trilhas Sub-programa de Interpretação e Recreação Objetivos • Proporcionar aos visitantes oportunidades de interpretação e recreação em ambiente natural, compatíveis com os objetivos de manejo e recursos da RPPN EVC, associadas à informação e interpretação ambientais; • Atingir um público-alvo voltado, principalmente, à atividade educacional, com oferta de opções de educação e recreação em contato com o ambiente natural; • Garantir a segurança dos visitantes e condutores, através da presença institucional em todas as áreas de uso público e da disponibilização de equipamentos e normas de segurança. Atividades • As atividades interpretativas e recreacionais que podem ser realizadas na RPPN EVC incluem: caminhadas de um dia, experiências sensoriais diretas (colocar o ouvido em árvores, escutar o canto dos diferentes pássaros, apalpar folhas, sentir diferentes texturas etc), contemplação, fotografia, observação da fauna e flora; • As atividades interpretativas podem ser contempladas no centro de visitantes; durante o percurso pelas trilhas, através de monitores, guarda-parques e/ou folhetos; 147 e através de uma trilha interpretativa; • Para garantir a proteção do recurso e a qualidade da experiência do visitante, deverá ser realizado o monitoramento do uso público, através de indicadores que refletem o impacto no ambiente natural, na infra-estrutura disponibilizada para o visitante, e na satisfação do mesmo em relação à qualidade da visitação (percepção de lotação, reclamações, número de encontros entre grupos nas trilhas etc.). Normas • Todas as atividades deverão necessariamente ser coerentes com os objetivos de manejo da RPPN EVC; • A visitação ocorrerá de segunda à sábado, das 08h00 às 17h00, e a médio prazo as visitas poderão ocorrer também aos domingos; • Apenas poderão permanecer na RPPN EVC, fora do horário de visitação (08:00 às 17:00), pessoas autorizadas pela administração; • Os visitantes, ao chegarem à RPPN EVC, serão cadastrados e informados dos procedimentos e normas de visitação e segurança; • As visitas de grupos deverão ser agendadas com antecedência; • O sistema de sinalização e interpretação deve propiciar o enriquecimento da experiência ambiental do visitante, além de integrar-se à paisagem; • Atividades de terceiros deverão ser cadastradas e autorizadas pela administração da RPPN EVC, como comércio de alimentos, artesãos, serviços regulares de transporte, guias autônomos etc.; • Para garantir que as atividades de uso público sejam benéficas tanto ao visitante como à unidade, os funcionários deverão receber treinamento específico para cada caso (manejo de visitantes; primeiros-socorros). 148 Sub-programa de Educação Ambiental Objetivos O Sub-programa visa formar cidadãos com uma visão conservacionista, por meio de atividades que reforcem a visão da RPPN EVC como área núcleo do Corredor Central da Mata Atlântica e como área relevante para a proteção de espécies e ecossistemas ameaçados da Mata Atlântica. Resultados Esperados • Adoção pelos visitantes de técnicas de mínimo impacto e o desenvolvimento de ações que possibilitem a manutenção dos recursos naturais; • Diminuição das atividades conflitantes com o entorno da RPPN EVC; • RPPN EVC reconhecida como Centro de Referência em Educação Ambiental para a região; • Escolas do entorno da RPPN EVC atendidas integralmente pelo Sub-programa de Educação Ambiental; • Reconhecimento da Harpia (Harpya harpyja) como espécie ameaçada pela comunidade local e que necessita de proteção especial para sua manutenção. Normas Gerais para as atividades de Educação Ambiental • A RPPN será aberta para visitação das 8h às 18h, exceto em casos especiais, como a prática de observação de fauna e observação astronômica; • Os visitantes que realizarão atividades diferenciadas, necessitando de horários distintos de visitação, deverão ser autorizados previamente pela administração; • Todos os visitantes deverão necessariamente passar pelo Centro de Visitantes e receber instruções sobre as atividades oferecidas e as condutas obrigatórias para o uso da área; 149 • Os visitantes deverão ser advertidos de que somente poderão desfrutar das áreas destinadas à Educação Ambiental, evitando assim comprometer a integridade e recuperação das áreas naturais, o exercício dos programas de pesquisa e sua própria segurança. Atividades 1. Sistematizar as visitas das escolas • O contato com as escolas do entorno da RPPN EVC deverá ser realizado pelo coordenador do programa, visando elaborar calendário de visitas; • No primeiro ano de implementação do Plano de Manejo será atendida uma escola por semana, atingindo, ao final de cinco (5) anos, três visitas por semana; • As escolas que agendarem visitas à RPPN EVC deverão preencher cadastro antes da realização das atividades, identificando a importância da visita para os trabalhos escolares. 2. Produzir e distribuir materiais educativos • Os materiais a serem produzidos pelo Sub-programa de Educação Ambiental terão como tema a RPPN EVC, suas espécies e características que a tornam uma área prioritária para a conservação da Mata Atlântica; • Para a elaboração dos materiais educativos a RPPN EVC deverá contratar especialistas na área; • Disponibilizar informações sobre as técnicas de mínimo impacto, por meio de folhetos ou cartazes; • Os materiais serão distribuídos gratuitamente para os visitantes do programa; • Criar e atualizar página na Internet sobre a RPPN EVC. 150 3. Instalar material ilustrativo • Painéis ilustrados, contendo informações sobre a região, atrativos e atividades desenvolvidas deverão ser instalados no Centro de Visitantes; • Os mapas devem conter informações sobre a RPPN e a região da Mata Atlântica do Sul da Bahia. 4. Formar educadores • A coordenação do Sub-programa de Educação Ambiental da RPPN EVC organizará, em conjunto com as Secretarias Municipais de Educação, o cronograma anual do programa de formação de educadores; • A atividade de formação de educadores contará com visitas orientadas, atividades educativas e recreativas, utilizando-se dos recursos audiovisuais disponíveis no centro de visitantes e também dos atrativos naturais acessados por trilhas abertas à visitação; • Nos dois primeiros anos de implantação do Plano de Manejo este Sub-programa dará prioridade para os educadores da área de entorno da RPPN EVC; • Assessorar municípios para inclusão da Educação Ambiental no currículo formal; • Estabelecer parcerias com as diversas organizações locais (ONGs, Associações, Poder Público) para o desenvolvimento das atividades de educação ambiental com a comunidade localizada na zona de influência da RPPN EVC. 5. Organizar eventos em datas comemorativas • Sugere-se, para estas ocasiões, a divulgação e celebração de datas especiais ligadas ao meio ambiente e cultura, aniversário das cidades do entorno aproveitando as datas que já são comemoradas na região ou sugerindo novas, como as citadas na Tabela 13. 151 Tabela 13 – Datas comemorativas sugeridas para atividades especiais da RPPN Estação Veracel. Mês Dia Comemoração Janeiro 6 Dia de Reis Março 1 Dia do Ecoturismo 19 Dia do Artesão 21 Dia Mundial das Florestas 21 Dia Nacional da Terra 22 Dia Mundial da Água Maio 22 Dia da Biodiversidade Abril 15 Dia Nacional da Conservação do Solo Junho 05 Dia Mundial do Meio Ambiente 17 Dia de Proteção Florestal Agosto 14 Dia do Combate à Poluição Setembro 21 Dia da Árvore 22 Dia da Defesa da Fauna 04 Dia da Natureza e Dia de São Francisco de Assis – patrono da Ecologia Outubro Novembro Dezembro 05 Dia das Aves 12 Dia das Crianças 15 Dia do Educador Ambiental 05 Dia da Cultura e da Ciência 20 Dia da Consciência Negra 22 Dia da Música 30 Dia do Estatuto da Terra 05 Dia Internacional do Voluntário 6. Implementar cursos de capacitação • Todo o pessoal técnico contratado para atuar no programa de Educação Ambiental deverá receber treinamento específico; • O Sub-programa de Educação Ambiental promoverá semestralmente cursos de capacitação para estagiários, estudantes universitários e voluntários para aplicação de técnicas de mínimo impacto e orientação ao visitante. 152 Públicos prioritários • Educadores e estudantes das escolas públicas rurais do entorno da RPPN EVC e, posteriormente, dos municípios da área de influência do empreendimento Veracel; • Lideranças comunitárias do entorno da RPPN EVC; • Funcionários da Veracel, prestadores de serviço e familiares; • Estudantes universitários em graduação nos temas educação, turismo e meio ambiente. Metodologia A implantação de um Programa de Educação Ambiental requer uma compreensão básica sobre vários aspectos das decisões que são tomadas, por que, e por quem. A educação ambiental pode apoiar esses processos, ajudando atores chaves a entenderem e a valorizarem a biodiversidade, traduzindo conceitos sobre ciência, economia, e planos de gestão para diversos públicos, tais como educadores, proprietários, fazendeiros ou políticos. Todo processo participativo requer parceiros que compartilhem uma linguagem básica sobre a conservação e o meio ambiente e a educação ambiental pode e deve ajudar a igualar o terreno para que todos integrantes dos processos de conservação possam saber o que se espera deles e o que podem ganhar com a participação na conservação. Na RPPN EVC dentre as espécies raras registradas a de maior destaque no cenário da conservação da biodiversidade é a presença da Harpia harpyja. O marco conceitual para a construção do Subprograma de Educação Ambiental deverá levar em consideração o conhecimento e as pesquisas realizadas sobre esta e outras espécies endêmicas e/ou raras presentes na unidade estabelecendo uma relação direta entre a condição atual de ameaça destas espécies com as condições de fragmentação do bioma Mata Atlântica. A espéciebandeira selecionada e suas interações ecológicas serão o temagerador do conhecimento e aprimoramento do conhecimento sobre a conservação da biodiversidade. 153 No processo de elaboração dos materiais didáticos e de divulgação, na construção e aplicação das atividades educativas e de recreação será considerada a realidade local, respeitando, incorporando e valorizando o conhecimento dos públicos sobre estas espécies e sobre a própria Mata Atlântica. Por essa razão, a partir dos resultados do levantamento do perfil dos públicos prioritários da RPPN EVC deverão ser discutidas as perspectivas tanto na elaboração dos materiais de apoio, bem como das metodologias mais apropriadas para a capacitação desses públicos. Monitoramento e avaliação O objetivo do monitoramento e avaliação de um Programa de Educação Ambiental numa área protegida é compreender as relações que se estabelecem entre os visitantes e as áreas naturais para melhorar o manejo do uso público dessas unidades de conservação e de que forma o que foi apreendido durante a visitação poderá ser aplicado na vida cotidiana dos visitantes. Ao conhecer as características básicas dos visitantes podemos compreender melhor quem, quantos, quando, onde e de que modo essas pessoas recebem/percebem os benefícios das áreas silvestres. Estas informações ajudam os políticos, administradores e pesquisadores a compreenderem o comportamento dos usuários, bem como as causas e potenciais soluções dos impactos ecológicos e recreativos causados pelos visitantes. A diversificação das atividades educativas e recreativas, a divulgação da área protegida e outros fatores geram o aumento da visitação nas unidades de conservação, tornando necessário que os métodos de avaliação do uso público sejam testados e melhorados no que se refere ao uso de indicadores que possam realmente avaliar os efeitos sociais da visitação. O valor ecológico e a integridade dos ecossistemas naturais têm recebido maior atenção, na avaliação e seleção de indicadores. No caso das experiências humanas, no que se refere às atividades de 154 recreação e educação ambiental, não existem indicações do que poderia ser considerada uma experiência de qualidade. Devido à falta de clareza do que se deseja com as condições sociais nas áreas naturais protegidas brasileiras, a experiência do visitante é avaliada de forma diversificada, desde a satisfação pelos serviços oferecidos no local, denotando uma relação mais comercial, até abordagens mais adequadas, onde se avalia a experiência no local, como oportunidades para a privacidade. Para avaliar a qualidade da experiência do visitante numa unidade de conservação é proposto que sejam utilizadas entrevistas, dando um enfoque quanti-qualitativo na análise dos dados. O conhecimento adquirido sobre os visitantes, como suas motivações, expectativas, desejos, informações sobre o local e outras referências tornaram possível a identificação de potenciais indicadores dos impactos do uso público que poderão ser utilizados na avaliação do Sub-programa de Educação Ambiental. • Diminuição do número de agressões ao entorno da RPPN; • Número de capacitações ofertadas; • Diminuição de espécies ameaçadas; • Número de participantes nas atividades educativas desenvolvidas; • Projetos de educação ambiental executados no entorno da RPPN; • Instituições educativas envolvidas; • Material didático produzido. Perfil do educador ambiental O educador ambiental responsável pelas ações educativas na Estação Veracel deverá estar apto a: • Desenvolver e implementar o Centro de Referência em Educação Ambiental da RPPN EVC; 155 • Planejar e realizar atividades de capacitação para educadores, lideranças locais e estudantes nos temas previstos no Programa de Educação Ambiental da RPPN EVC; • Desenvolver e implementar, em articulação com instituições parceiras, indicadores de monitoramento e avaliação das ações de educação ambiental para a RPPN EVC; • Desenvolver, aplicar e avaliar processos e materiais de comunicação e educação ambiental no contexto do Programa; • Articular o Programa de Educação Ambiental da RPPN EVC de modo integrado ao calendário escolar junto às Secretarias Municipais de Educação e Universidades locais; • Estimular e fortalecer o desenvolvimento de pequenas ações voltadas para a conservação, especialmente as atividades de educação ambiental nas escolas do entorno da RPPN EVC. Subprograma de Capacitação Objetivos • Implementar a capacitação dos funcionários, estagiários e voluntários, em diversos temas de interesse (manejo da visitação, administração, manutenção da infra-estrutura, primeiros-socorros, busca e salvamento, operação de equipamentos meteorológicos, identificação botânica, escalada em árvores para auxílio à pesquisa, fotografia da natureza, identificação de fauna, navegação territorial), para o pleno cumprimento das funções destas pessoas na RPPN EVC; • Assegurar a melhoria no atendimento às atividades administrativas, de uso público e pesquisa; • Estimular o aprendizado dos funcionários e contribuir para a formação de uma equipe pró-ativa e multifuncional (diversos funcionários aptos a executar uma mesma função, o que impede a interrupção de atividades devido à ausência de algum funcionário); • Contribuir, através do envolvimento dos monitores, estagiários e 156 voluntários da RPPN EVC, para um melhor desenvolvimento das pesquisas a serem efetivadas na área; • Possibilitar uma maior integração entre os funcionários, os estagiários e os voluntários, com os pesquisadores, agregando conhecimentos específicos àqueles e contribuindo para o melhor manejo do parque. Atividades • Identificar os temas prioritários para a capacitação da equipe; • Prospectar locais, instituições, instrutores que ofereçam capacitação nos temas identificados; • Organizar cursos quando estes não forem oferecidos por outras instituições, ou quando o custo x benefício for maior se realizados na própria RPPN EVC; • Realizar a capacitação e monitorar a necessidade de reciclar conhecimentos já adquiridos; • Instituir um sistema de acompanhamento para todas as pesquisas a serem realizadas; • Promover palestras com os pesquisadores, para que os funcionários possam entender e contribuir efetivamente com a realização das pesquisas; • Capacitar os funcionários, estagiários e voluntários sobre os procedimentos adotados pela RPPN EVC em relação ao comportamento esperado dos pesquisadores quando no transcorrer ou no término das pesquisas – coleta de fauna ou botânica apenas com licença ambiental; abertura de picadas restringida ao mínimo necessário; informar à administração local, durante as saídas de campo, em qual região da RPPN EVC estará e qual o horário previsto para retorno; retirada de toda e qualquer marcação de campo, tais como fitas, coletores, redes de neblina, após o término da pesquisa. 157 Normas • Os cursos e oficinas deverão levar em consideração o orçamento disponível para sua realização, e os temas prioritários para a melhoria do manejo da RPPN EVC; • Os cursos e oficinas realizados na RPPN EVC deverão considerar a capacidade do alojamento, limitando-se o número de vagas ao mesmo número de lugares disponíveis, para cursos onde seja necessária a pernoite. • As pesquisas deverão contar com o acompanhamento dos funcionários da unidade durante o maior período de tempo possível; • Por motivo de segurança serão proibidas as saídas de campo de pesquisador sozinho, sendo necessário uma equipe de no mínimo dois pesquisadores, ou de um pesquisador e um auxiliar de campo ou funcionário da RPPN EVC. Subprograma de Monitoramento do Uso Público Objetivos • Proporcionar meios para que a visitação ocorra em consonância com os objetivos da RPPN EVC; • Implementar um sistema de monitoramento periódico do uso público, verificar as causas dos impactos da visitação, e propor estratégias de manejo para controlar ou minimizar os impactos. Atividades • Selecionar e testar em campo os indicadores de monitoramento de uso público, criar fichas de monitoramento e um banco de dados, para ser alimentado com as informações de todas as atividades pesquisadas através do monitoramento; • Capacitar os funcionários da RPPN EVC para a realização de atividades de monitoramento; • Implementar o monitoramento do uso público. 158 Normas • As atividades de monitoramento serão realizadas pela administração local com o auxílio dos funcionários, ou mesmo de estagiários e voluntários, quando esses existirem. Sub-programa de Manutenção de trilhas Objetivos • Garantir o adequado uso das trilhas da RPPN EVC, e assim contribuir para o cumprimento dos objetivos do Programa de Uso Público; • Viabilizar a diminuição dos impactos causados pela visitação através do uso de técnicas corretas para a manutenção de trilhas; • Proporcionar maior segurança aos usuários das trilhas, garantindo o aumento na qualidade dos passeios por parte dos visitantes e melhorando o trabalho de condutores e funcionários. Atividades • Capacitar os funcionários, estagiários e voluntários da RPPN EVC para a manutenção de trilhas; • Diminuir ou erradicar os impactos causados pelas atividades de uso público ao recurso natural (erosão, drenagem, etc.) e os riscos aos visitantes (ferimentos, fraturas, contusões, etc.); • Sistematizar a manutenção das trilhas, baseando-se em critérios meteorológicos, para diminuir os custos de manutenção a médio e longo prazo. Normas • Evitar a realização de atividades de manutenção em períodos chuvosos e em épocas de grande visitação; • Nos períodos de visitação intensa a manutenção será restrita aos casos emergenciais, que coloquem em risco a segurança dos 159 visitantes, condutores ou a integridade da trilha. Na Tabela 14 é apresentado um resumo dos projetos propostos para implementação a curto, médio e longo prazo, dentro de cada subprograma. Tabela 14 - Implementação de projetos a curto, médio e longo prazos, por subprograma do Programa de Uso Público da RPPN Estação Veracel. PRAZOS CURTO MÉDIO LONGO SUBPROGRAMA 1.Sistema de trilhas • Trilha da Floresta 1. Sistema de trilhas Trilha da Mussununga Tropical 1. Sistema de trilhas • Trilha em Floresta Conservada • Trilha do Pau-Brasil RECREAÇÃO E INTERPRETAÇÃO • Trilha da Plataforma • Trilha das Orquídeas • Trilha das Palmeiras 1. Escola na RPPN 1. Sistema de trilhas 1. Sistema de trilhas 2. Educação para o • Trilha da • Trilha em Floresta mínimo impacto Mussununga Conservada 3. Sistema de trilhas • Trilha da Floresta EDUCAÇÃO AMBIENTAL Tropical • Trilha do Pau-Brasil • Trilha da Plataforma • Trilha das Orquídeas • Trilha das Palmeiras CAPACITAÇÃO 1. Treinamento 1. Treinamento 1. Treinamento temático temático temático 2. Acompanhamento de 2. Acompanhamento 2. Acompanhamento pesquisas de pesquisas de pesquisas 1. Monitoramento do 1. Monitoramento do 160 1. Monitoramento do uso PRAZOS CURTO MÉDIO LONGO SUBPROGRAMA MONITORAMENTO DO uso público uso público público 1. Manutenção de 1. Manutenção de 1. Manutenção de trilhas trilhas trilhas 2. Sistema de trilhas 2. Sistema de trilhas 2. Sistema de trilhas USO PÚBLICO MANUTENÇÃO DE TRILHAS Normas e Regulamentos para Visitação Normas, regras e regulamentos formam a base do manejo de visitantes e definem as ações e atividades permitidas a eles, que por sua vez devem ser fundamentadas nos objetivos de conservação da área e na capacidade da equipe para administrar tais atividades. Podem ser desenvolvidos folhetos que descrevam as atividades permitidas, as regras e os regulamentos, de forma que os visitantes saibam claramente o que eles podem ou não fazer. A visitação na RPPN EVC deverá inicialmente continuar nas áreas já utilizadas, como o Centro de Visitantes e as trilhas da Floresta Tropical, PauBrasil, das Orquídeas e da Plataforma. Em médio prazo deverão ser utilizadas também as trilhas propostas no item “Novas propostas de Uso Público”, quando uma nova rotina de manejo da visitação estiver estabelecida, com implementação de infra-estrutura e outras ações propostas, como monitoramento de impactos e nova capacitação de monitores. Dados os objetivos de conservação da biodiversidade, os serviços e infra-estruturas oferecidos aos visitantes serão limitados ao mais natural possível, o que resulta em uma experiência de visitação que tende para o natural/primitivo, dentro do espectro de oportunidades de recreação (ROS). Assim, normas e regulamentos serão fundamentados em técnicas atuais de mínimo impacto, como o programa "Leave no 161 Trace”, desenvolvido pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos, e adaptado pelo MMA, que contém os princípios do programa de “Excursionismo de Mínimo Impacto” . A última versão do programa recebeu o nome de “Pega Leve”, lançado pelo CEU-Centro Excurcionista Universitário e o WWF-Brasil, lançado 2003. Para obter mais informações sobre o Programa Pega Leve e sobre a ética e as práticas de mínimo impacto, acesse o site www.pegaleve.org.br O estabelecimento destas normas será especialmente importante quando tratar-se de caminhadas de um dia, manejo do lixo etc. 3.4 Programa de Administração Este Programa trata das atividades e normas relacionadas à organização, administração e recursos humanos necessários para o funcionamento efetivo da unidade de conservação, bem como do monitoramento das atividades de manejo da unidade. Para consecução dos objetivos e execução dos demais programas da RPPN EVC, deverão ser definidos os recursos humanos necessários e de que maneira estes deverão ser capacitados. Objetivo • Dotar a RPPN EVC de estrutura administrativa para garantir a implementação deste plano; • Adequar os recursos humanos alocados na Reserva. Resultados esperados: • Funcionamento da unidade de conservação adequado, conforme seus objetivos de criação; • Pessoal necessário à Reserva, devidamente capacitado alocado; • Rotinas de serviço estabelecidas; • Sistema de monitoramento das atividades implantado. 162 e Atividades e Normas • Elaborar uma agenda de trabalho conforme o planejamento; • Acompanhar o desenvolvimento dos Programas compatibilizando as atividades relativas aos mesmos; • Elaborar um programa de capacitação e reciclagem dos recursos humanos da unidade; • Estabelecer o conselho de pesquisa da unidade de conservação para o qual deverá ser enviado todas as solicitação de pesquisa da unidade; • Integrar a RPPN EVC à outros projetos e programas existentes na região. Recursos Humanos Atualmente as atividades realizadas na RPPN EVC são executadas por 19 pessoas, distribuídas em sete cargos (Tabela 15). Somente dois cargos têm como exigência nível superior, a de coordenação e de assistente de coordenação. Há um profissional de nível médio na equipe e os demais cargos ocupados por profissionais com ensino médio ou fundamental. A Veracel Celulose terceriza os contratos da equipe através de três empresas distintas, tendo como funcionário direto somente o ocupante do Cargo de Coordenação. Os funcionários dos cargos de Assistente de Coordenação, Técnico, Monitores e Vigias Ambientais tem contrato com a empresa Equilíbrio Florestal. Os funcionários que fazem a vigilância patrimonial são contratados pela Empresa Visel e os funcionários da Limpeza e Higienização são prestadores de serviça da Empresa Lemos Passos. Existem três esquemas de trabalho na RPPN EVC, sendo que o esquema de escala ainda possui duas divisões, as escalas em horas e em dias. Os funcionários que têm o esquema de trabalho em escalas trabalham na fiscalização ou proteção do patrimônio da unidade de conservação. 163 Somente o cargo da coordenação estará envolvida com todos os programas de manejo propostos. O Programa de Proteção é o programa que tem o maior número de profissionais envolvidos (15), evidenciando a importância que este programa tem para o bom funcionamento da RPPN EVC e consequentemente para a implantação deste Plano de Manejo. Propõe-se que a médio prazo haja uma re-estruturação do quadro de pessoal da RPPN EVC, tendo como modelo o organograma funcional apresentado na Figura 62. O cargo proposto de Auxiliar Administrativo poderá ser de nível médio e deverá ter contrato diretamente com a Veracel Celulose, para poder efetuar as rotinas no sistema interno da empresa. O cargo de responsável pela Proteção Física poderá ser de nível médio e ter contrato com a Empresa Equilíbrio Florestal ou similar. Tabela 15 – Situação atual dos Recursos Humanos na RPPN Estação Veracel. Empresa Número Coordenador Assistente de coordenação Veracel Equilíbrio 1 1 Esquema de Trabalho Administrativo Administrativo Técnico ambiental Monitores ambientais Equilíbrio 1 44h Equilíbrio 3 44h Vigias ambientais Vigilantes patrimoniais Limpeza e higienização Equilíbrio 6 Visel 4 Lemos Passos 3 Escalas (4/2dias) Escalas (12/36h) 44h 164 Programa de Manejo Todos Administração Educação Ambiental Proteção Pesquisa Educação Ambiental Proteção Pesquisa Proteção Proteção Administração Figura 62 Organograma funcional proposto para a RPPN Estação Veracel. Recursos Financeiros Para a execução física da proposta de manejo para a RPPN EVC serão necessários investimentos e reforma de infra-estrutura, aquisição de equipamentos, contratação de consultoria de pessoa jurídica e os serviços de pessoal fixo. Na Tabela 16 estão apresentadas as ações de curto e médio prazo. O orçamento de longo prazo irá depender do sucesso da implantação das ações a curto e médio prazo, mas há um tendência para a diminuição dos custos após o terceiro ano de implantação do Plano de Manejo. O custo médio por hectare manejado após a implantação do Plano de Manejo da RPPN EVC será de R$374,69 no primeiro ano e de R$264,68 nos dois anos subseqüentes. 165 Tabela 16 – Ações de curto (2007) e médio prazo (2008-2009) para a RPPN Estação Veracel. Programas de Manejo Educação Ambiental Pesquisa Proteção Física Administração Investimento 2007 2008-2009 • 1 visita/semana • Consultoria CI • Materiais didáticos • Cursos de capacitação • Adequação do Laboratório • Consultoria CI • Apoio financeiro a projetos • Fapesb • Projeto gavião real e armadilhas fotográficas • Controle de erosão das estradas internas • Reforma das cercas vivas • Melhoria das trilhas interpretativas • Palm-tops e software • Custos com mão de obra, serviços e materiais • Comunicação visual • Másterplan • Auditório • Paisagismo • Guarita vigilância • 2 visitas/semana • Materiais didáticos • Cursos de capacitação • • • • Apoio financeiro a projetos Incentivos Fapesb Projeto gavião real e armadilhas fotográficas • Controle da erosão das estradas internas • Custos com mão de obra, serviços e materiais *Dependerá da revisão do quadro de pessoal proposto no ítem acima O único programa de manejo que terá os custos aumentados até o final da implementação de Plano de Manejo será o de Educação Ambiental, pois está previsto o aumento do número de visitas semanais de uma para quatro visitas até o ano de 2011. Os investimentos e reformas na infra-estrutura estão concentrados no curto prazo de implantação do Plano de Manejo, sendo que somente o controle das erosões nas estradas internas serão executadas no médio prazo de implementação. 166 Monitoramento da Efetividade de Manejo da RPPN Estação Veracel Muitas atividades relacionadas com o uso dos recursos naturais têm melhorado sua gestão após ter identificado, através de processos de avaliação, critérios de medição e padrões de qualidade (Izurieta et al., 1999). O mesmo se aplica para o caso da gestão de áreas naturais protegidas, as quais, ao contarem com um sistema de avaliação testado e validado, têm à sua disposição uma valiosa ferramenta, que pode levar à melhoria de suas condições de manejo e cumprimento dos seus objetivos. Segundo Cifuentes (1998), o manejo de uma área protegida pode ser definido como “o conjunto de ações que resultam em um melhor aproveitamento e permanência de uma área protegida, permitindo que os objetivos para os quais foi estabecida se cumpram.” Izurieta (1997) define efetividade de manejo como “o conjunto de características, ações, atitudes, capacidades e competências particulares que permitam à uma área protegida cumprir satisfatoriamente a função e os objetivos para os quais foi criada.” No caso das reservas naturais privadas, Alderman (1994) e Langholz (1999), expressaram a necessidade de se estabelecer sistemas de avaliação do manejo dessas reservas. Entretanto, é importante ressaltar que a avaliação do manejo de uma reserva não deve ser vista como um fim em si mesma, mas como um importante passo para determinar suas fortalezas e debilidades, com vistas ao monitoramento contínuo e ao aprimoramento da sua gestão. A matriz de avaliação da efetividade de manejo se baseia na construção de cenários de manejo (parâmetros) para cada variável (ou sub-variável, quando ocorrer), que correspondem à valores específicos, que variam entre 0 (zero) e 4 (quatro), onde a situação com pontuação máxima equivale ao “ótimo de manejo” para aquela variável ou subvariável específica. A construção de cenários claros e objetivos, com o maior nível de detalhamento possível, é fundamental para a redução da subjetividade, comum nestes tipos de avaliações. A Tabela 167 17 apresenta a lista de âmbitos, e suas respectivas variáveis, considerados neste estudo. Tabela 17 – Matriz de Âmbitos, Variáveis e Sub-Variáveis para a avaliação de efetividade de manejo da unidade de conservação. Âmbitos Variáveis Sub-variáveis Apoio e participação comunitária Claridade de jurisdição e atribuições Coordenação para solução de Apoio interinstitucional problemas Intercâmbio de informação e recursos Alcance Político Estabilidade Apoio intra-institucional Incentivos ao bom rendimento Recursos humanos Salários Capacitação Autoridade dos funcionários Posse e domínio da terra Legal Domínio legal Conflitos pela posse Legislação ambiental Lei específica de proteção Quantidade Nível de instrução Pessoal Experiência na função Motivação Quantidade Administrativo Estado de conservação Infra-estrutura Localização Funcionalidade Quantidade Estado de conservação Equipamentos Disponibilidade Funcionalidade Existência e atualização Equipe de elaboração Planejamento Plano de manejo Nível de implantação Nível do planejamento Zoneamento Programas de manejo (cada um dos programas necessários) 168 Existência e atualização Nível de implantação Âmbitos Variáveis Sub-variáveis Existência e atualização Informação biofísica Organização e disponibilidade Informação cartográfica Informação Informação sócio-econômica Existência e atualização Organização e disponibilidade Existência e atualização Organização e disponibilidade Monitoramento e retroalimentação Usos atuais (cada um dos usos da área) Compatibilidade com objetivos Manejo do uso Tamanho Biogeografia Forma Conectividade Outra característica importante na hora de avaliar a gestão de áreas protegidas é respeitar-se as características específicas de cada área. Desse modo, é preciso que a matriz de avaliação seja própria para cada unidade, respeitando o “ótimo de manejo” de cada uma. Ou seja, não é concebível que se adote como “ótimo” um determinado cenário padrão, contra o qual todas as áreas serão comparadas. Mesquita (1999) propõe uma matriz genérica, que foi utilizada neste estudo, adaptada para cada um dos casos relatados aqui. No caso da RPPN EVC, para a qual se identificou 69,8% de efetividade de manejo em estudo realizado em 1999, valor que corresponde a um manejo classificado como “regular”, foi possível identificar que os âmbitos “político” e “biogeografia” são os que necessitam maiores cuidados, com os resultados de 53,8% e apenas 8,3%, respectivamente. A reduzida efetividade de manejo com relação às características biogeográficas desta RPPN se explica pelo fato de ser uma área quase que completamente isolada em uma paisagem transformada, mesmo que seu tamanho seja considerável. No âmbito político, os problemas, na época da avaliação (Abril de 1999), se concentravam sobretudo na falta de vínculo com as comunidades circunvizinhas e no pequeno suporte financeiro e técnico que a 169 empresa proprietária oferecia à reserva. Entretanto, cabe ressaltar que este valor provavelmente seria maior atualmente, pois houve diversas mudanças nos últimos dois anos, com a adoção de uma administração mais profissional e maiores investimentos, inclusive para a construção do Centro de Pesquis e outras melhorias. A Tabela 18 apresenta o resultado obtido na determinação da efetividade de manejo da RPPN EVC em 1999. Desta forma propõe-se que esta metodologia seja adotada como estratégia de monitoramento da qualidade da gestão desta unidade de conservação, com avaliações periódicas (período não inferior a dois anos e não superior a cinco anos). O plano de manejo recomenda ainda que seja feita uma avaliação antes do início de sua implantação. Esta avaliação terá como objetivos identificar as alterações na efetividade de manejo desta RPPN de 1999 até o presente momento e servir como linha de base para o monitoramento da adoção do próprio plano, estabelecendo o cenário atual de manejo no momento do início de sua implantação. Tabela 18 – Efetividade de Manejo da RPPN Estação Veracel por âmbitos, em 1999. Âmbitos RPPN Veracel Político 53,8% 100,0% Legal Planejamento 80,0% Informação 81,3% Programas de manejo 78,1% Usos atuais 75,0% Características biogeográficas 8,3% Administrativo 81,7% Fonte: Mesquita (1999). 170 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aguiar, A.P., A.G Chiarello, S.L. Mendes & E.N. de Matos. (2005). Os Corredores Central e da Serra do Mar na Mata Atlântica Brasileira. Em: Mata Atlântica: Biodiversidade, ameaças e Perspectivas. C. Galindo-Leal & I.G. Câmara (eds.). pp. 119-132. Fundação SOS Mata Atlântica & Conservação Internacional. Belo Horizonte. Alderman, C.L. (1994). 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IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge, UK. 183 ANEXOS I I.1 – Lista de publicações utilizadas no levantamento bibliográfico para compilação das espécies de vertebrados ocorrentes na RPPN Estação Veracel I.2 – Lista das espécies da flora registradas no levantamento fitossociológico na RPPN Estação Veracel I.3 – Amostras de plantas coletadas aleatoriamente na RPPN Estação Veracel e que se encontram depositadas no Herbário do CEPEC I.4 – Lista de espécies de vertebrados registradas para a Reserva do Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel I.5 – Fotos da fauna da RPPN Estação Veracel 184 ANEXO I.1 – Lista de publicações utilizadas no levantamento bibliográfico para compilação das espécies de vertebrados ocorrentes na RPPN Estação Veracel Buzzetti, D.R.C (1999). Lista preliminar das aves registradas na RPPN Estação Vera Cruz - Porto Seguro - BA. Relatório não publicado. Veracel Celulose. Eunápolis. Carvalho, A.A.F. (2004). 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DA (n/ha) = Densidade absoluta em nº. de indivíduos por Hectare, DR (%) = Densidade relativa, DoA (m2/ha) = Dominância absoluta, DoR (%) = Dominância relativa, FA (ui/ut) = Freqüência absoluta (nº. de unidades amostrais da i-ésima espécie divido pelo nº. total de unidades amostrais), FR (%) = Freqüência relativa, VI = Valor de importância. Espécie Paypayrola blanchetiana Parkia pendula Myrtac sp. 2 N/C 6 Manilkara sp. 2 N/C 3 Ecclinusa ramiflora Arapatiella psilophylla Euterpe edulis Macrolobium latifolium Stephanopodium blanchetianum Guapira sp. 1 Chrysophyllum splendens Eriotheca macrophylla Laurac sp. 1 Indeterminada 35 Indeterminada 9 N/C 28 Pouteria sp. 3 N/C 40 Sloanea sp. 1 Malvac sp. 1 Myrtac sp. 5 Indeterminada 17 Inga sp. 2 N/C 46 Discophora guianensis Guapira opposite Euphorbiac sp. 3 Sorocea guilleminiana Faramea sp. 1 N/C 39 Myrcia acuminatissima Sterculia excelsa Pouteria sp. 2 N/C 34 Inga sp. 4 Ocotea sp. 2 Manilkara sp. 1 N/C 43 Guarea kunthiana Ficus sp. 1 Ocotea indecora Laurac sp. 4 Heisteria sp. 1 Mabea piriri Indeterminada 10 N/C 1 Pouteria sp. 4 Myrcia sp. 2 N/C 7 Psychotria sp. 2 DA (n/ha) 340 25 195 5 60 5 55 80 80 55 75 80 90 30 30 5 5 5 45 5 20 5 55 5 30 5 45 50 40 35 40 5 40 25 15 5 35 35 30 5 25 15 30 35 25 20 5 5 30 25 5 30 DR (%) 8,0760 0,5938 4,6318 0,1188 1,4252 0,1188 1,3064 1,9002 1,9002 1,3064 1,7815 1,9002 2,1378 0,7126 0,7126 0,1188 0,1188 0,1188 1,0689 0,1188 0,4751 0,1188 1,3064 0,1188 0,7126 0,1188 1,0689 1,1876 0,9501 0,8314 0,9501 0,1188 0,9501 0,5938 0,3563 0,1188 0,8314 0,8314 0,7126 0,1188 0,5938 0,3563 0,7126 0,8314 0,5938 0,4751 0,1188 0,1188 0,7126 0,5938 0,1188 0,7126 DoA (m2/ha) 0,4412 4,0478 0,7498 3,0411 1,6088 2,2682 0,9607 0,2835 0,1603 0,6717 0,2208 0,2944 0,4346 1,0665 1,0331 1,6186 1,5735 1,5389 0,6986 1,4090 0,9228 1,2759 0,3253 1,0659 0,2733 1,0375 0,0626 0,0771 0,1199 0,0495 0,0815 0,7846 0,1614 0,2324 0,4242 0,7194 0,0639 0,0414 0,2770 0,6763 0,1244 0,3123 0,1248 0,0615 0,0887 0,1387 0,6034 0,5851 0,0820 0,2323 0,5671 0,0711 188 DoR (%) 0,8563 7,8560 1,4551 5,9022 3,1223 4,4022 1,8645 0,5502 0,3112 1,3036 0,4285 0,5714 0,8436 2,0699 2,0051 3,1414 3,0539 2,9867 1,3558 2,7346 1,7910 2,4763 0,6314 2,0688 0,5305 2,0136 0,1214 0,1496 0,2327 0,0960 0,1581 1,5229 0,3132 0,4511 0,8234 1,3962 0,1240 0,0804 0,5376 1,3126 0,2415 0,6062 0,2422 0,1193 0,1721 0,2693 1,1712 1,1356 0,1591 0,4508 1,1006 0,1380 FA (ui/ut) 90 20 35 5 30 5 30 45 50 35 45 35 20 20 20 5 5 5 20 5 15 5 20 5 30 5 30 25 25 30 20 5 15 20 15 5 20 20 10 5 20 15 15 15 20 20 5 5 15 10 5 15 FR (%) 3,3028 0,7339 1,2844 0,1835 1,1009 0,1835 1,1009 1,6514 1,8349 1,2844 1,6514 1,2844 0,7339 0,7339 0,7339 0,1835 0,1835 0,1835 0,7339 0,1835 0,5505 0,1835 0,7339 0,1835 1,1009 0,1835 1,1009 0,9174 0,9174 1,1009 0,7339 0,1835 0,5505 0,7339 0,5505 0,1835 0,7339 0,7339 0,3670 0,1835 0,7339 0,5505 0,5505 0,5505 0,7339 0,7339 0,1835 0,1835 0,5505 0,3670 0,1835 0,5505 VI 12,2350 9,1838 7,3714 6,2044 5,6484 4,7045 4,2718 4,1018 4,0463 3,8944 3,8614 3,7560 3,7153 3,5165 3,4516 3,4436 3,3561 3,2890 3,1586 3,0369 2,8165 2,7785 2,6717 2,3711 2,3440 2,3159 2,2912 2,2547 2,1002 2,0283 1,8422 1,8251 1,8138 1,7789 1,7301 1,6984 1,6893 1,6457 1,6172 1,6149 1,5693 1,5129 1,5053 1,5011 1,4999 1,4783 1,4734 1,4378 1,4221 1,4116 1,4028 1,4010 VI% 4,0783 3,0613 2,4571 2,0681 1,8828 1,5682 1,4239 1,3673 1,3488 1,2981 1,2871 1,2520 1,2384 1,1722 1,1505 1,1479 1,1187 1,0963 1,0529 1,0123 0,9388 0,9262 0,8906 0,7904 0,7813 0,7720 0,7637 0,7516 0,7001 0,6761 0,6141 0,6084 0,6046 0,5930 0,5767 0,5661 0,5631 0,5486 0,5391 0,5383 0,5231 0,5043 0,5018 0,5004 0,5000 0,4928 0,4911 0,4793 0,4740 0,4705 0,4676 0,4670 Espécie Gomidesia sp. 1 Simphonia globulifera Virola sp. 1 Eschweilera ovata Guatteria sp. 1 Myrcia sp. 1 Pouteria sp. 12 Pouteria sp. 1 Psychotria sp. 1 Pouroma sp. 1 Faramea sp. 2 Pogonophora schomburgkiana Licania sp. 1 Eriotheca sp. 1 Kielmeyera sp. 1 Annonac sp. 1 Zantoxyllum sp. 1 N/C 12 N/C 9 Pouroma velutina Syagrus botryophora Inga sp. 3 Laurac sp. 2 Inga sp. 5 N/C 29 N/C 5 Balizia pedicellaris Euphorbiac sp. 2 Myrtac sp. 7 Sloanea guianensis Olacac sp. 1 Trichilia sp. 1 Pouteria sp. 9 Fabaceae sp. 1 Plinia sp. 1 Protium warmingianum N/C 30 Eugenia sp. 3 N/C 36 Euphorbiac sp. 1 Guatteria sp. 2 Himatanthus sp. 1 Pterocarpus sp. 1 Fabac sp. 1 Myrtac sp. 1 Ocotea sp. 1 Nectandra sp. 1 Sccheflera morototoni Indeterminada 36 N/C 37 N/C 44 N/C 4 N/C 35 Garcinia sp. 1 Qualea Indeterminada 20 Aspidosperma discolor Rubiac sp. 1 Buchenavia sp. 1 Plinia callosa Lacistema robustum N/C 15 Bauhinia sp. 1 Inga sp. 1 N/C 32 N/C 41 Copaifera sp. 1 Indeterminada 57 N/C 42 DA (n/ha) 30 30 10 20 20 30 30 25 25 20 20 25 20 20 15 25 25 5 5 20 20 15 15 20 5 5 20 20 25 20 20 20 5 5 25 15 5 20 5 15 15 15 25 15 25 20 25 10 5 5 5 5 5 15 15 5 10 15 15 20 10 5 15 15 5 5 15 5 5 DR (%) 0,7126 0,7126 0,2375 0,4751 0,4751 0,7126 0,7126 0,5938 0,5938 0,4751 0,4751 0,5938 0,4751 0,4751 0,3563 0,5938 0,5938 0,1188 0,1188 0,4751 0,4751 0,3563 0,3563 0,4751 0,1188 0,1188 0,4751 0,4751 0,5938 0,4751 0,4751 0,4751 0,1188 0,1188 0,5938 0,3563 0,1188 0,4751 0,1188 0,3563 0,3563 0,3563 0,5938 0,3563 0,5938 0,4751 0,5938 0,2375 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,3563 0,3563 0,1188 0,2375 0,3563 0,3563 0,4751 0,2375 0,1188 0,3563 0,3563 0,1188 0,1188 0,3563 0,1188 0,1188 DoA (m2/ha) 0,2533 0,0528 0,3917 0,0799 0,0550 0,1169 0,1032 0,0693 0,0674 0,0284 0,0273 0,0460 0,1964 0,0956 0,2504 0,1231 0,0267 0,4486 0,4460 0,0733 0,1620 0,1137 0,1121 0,0402 0,4122 0,4097 0,0358 0,0291 0,0608 0,0266 0,0236 0,0226 0,3921 0,3798 0,1268 0,0590 0,3701 0,1613 0,3371 0,0143 0,0142 0,0131 0,0743 0,1929 0,0690 0,0247 0,0552 0,1386 0,2905 0,2905 0,2716 0,2655 0,2634 0,0431 0,0294 0,2435 0,0875 0,0233 0,0195 0,0528 0,0765 0,2319 0,0131 0,0127 0,2281 0,2262 0,0089 0,2206 0,2095 189 DoR (%) 0,4917 0,1025 0,7602 0,1551 0,1067 0,2268 0,2003 0,1346 0,1308 0,0551 0,0529 0,0893 0,3812 0,1856 0,4859 0,2390 0,0519 0,8707 0,8656 0,1423 0,3144 0,2208 0,2176 0,0780 0,8001 0,7952 0,0695 0,0566 0,1181 0,0517 0,0458 0,0439 0,7611 0,7372 0,2462 0,1146 0,7183 0,3130 0,6543 0,0277 0,0275 0,0255 0,1441 0,3743 0,1340 0,0480 0,1071 0,2690 0,5639 0,5639 0,5272 0,5152 0,5113 0,0836 0,0571 0,4725 0,1698 0,0452 0,0378 0,1024 0,1484 0,4500 0,0254 0,0247 0,4427 0,4390 0,0172 0,4281 0,4067 FA (ui/ut) 5 15 10 20 20 10 10 15 15 20 20 15 10 15 10 10 15 5 5 15 10 15 15 15 5 5 15 15 10 15 15 15 5 5 5 15 5 5 5 15 15 15 5 5 5 10 5 10 5 5 5 5 5 10 10 5 10 10 10 5 10 5 10 10 5 5 10 5 5 FR (%) 0,1835 0,5505 0,3670 0,7339 0,7339 0,3670 0,3670 0,5505 0,5505 0,7339 0,7339 0,5505 0,3670 0,5505 0,3670 0,3670 0,5505 0,1835 0,1835 0,5505 0,3670 0,5505 0,5505 0,5505 0,1835 0,1835 0,5505 0,5505 0,3670 0,5505 0,5505 0,5505 0,1835 0,1835 0,1835 0,5505 0,1835 0,1835 0,1835 0,5505 0,5505 0,5505 0,1835 0,1835 0,1835 0,3670 0,1835 0,3670 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,3670 0,3670 0,1835 0,3670 0,3670 0,3670 0,1835 0,3670 0,1835 0,3670 0,3670 0,1835 0,1835 0,3670 0,1835 0,1835 VI 1,3877 1,3656 1,3647 1,3641 1,3157 1,3064 1,2798 1,2789 1,2751 1,2641 1,2619 1,2335 1,2233 1,2112 1,2092 1,1998 1,1962 1,1730 1,1678 1,1678 1,1564 1,1275 1,1243 1,1035 1,1023 1,0974 1,0950 1,0821 1,0789 1,0772 1,0714 1,0694 1,0633 1,0394 1,0235 1,0213 1,0206 0,9716 0,9566 0,9345 0,9343 0,9322 0,9214 0,9141 0,9113 0,8900 0,8844 0,8735 0,8661 0,8661 0,8294 0,8175 0,8135 0,8068 0,7803 0,7748 0,7743 0,7684 0,7610 0,7610 0,7529 0,7523 0,7487 0,7480 0,7449 0,7413 0,7405 0,7303 0,7089 VI% 0,4626 0,4552 0,4549 0,4547 0,4386 0,4355 0,4266 0,4263 0,4250 0,4214 0,4206 0,4112 0,4078 0,4037 0,4031 0,3999 0,3987 0,3910 0,3893 0,3893 0,3855 0,3758 0,3748 0,3678 0,3674 0,3658 0,3650 0,3607 0,3596 0,3591 0,3571 0,3565 0,3544 0,3465 0,3412 0,3404 0,3402 0,3239 0,3189 0,3115 0,3114 0,3107 0,3071 0,3047 0,3038 0,2967 0,2948 0,2912 0,2887 0,2887 0,2765 0,2725 0,2712 0,2689 0,2601 0,2583 0,2581 0,2561 0,2537 0,2537 0,2510 0,2508 0,2496 0,2493 0,2483 0,2471 0,2468 0,2434 0,2363 Espécie Randia armata Diploon cuspidatum Indeterminada 23 Indeterminada 2 Indeterminada 66 N/C 19 N/C 20 Sapotac sp. 3 Tapirira guianensis Indeterminada 71 Jacaratia heptaphylla Inga sp. 6 Vochysia sp. 1 N/C 21 Brosimum sp. 1 Pouteria sp. 5 Cecropia sp. 1 Swartzia simplex Miconia sp. 1 Pausandra morisiana Rubiac sp. 2 Sorocea hilarii Licania sp. 2 Rudgea sp. 1 Celastrac sp. 2 Coussarea contracta Henriettea succosa N/C 27 Alseis floribunda Guapira laxiflora Indeterminada 27 Laurac sp. 7 N/C 14 N/C 26 N/C 33 Pouroma mollis Indeterminada 24 Tibouchina sp. 1 Sebastiania sp. 1 Indeterminada 65 Indeterminada 14 N/C 24 N/C 25 Mendoncia sp. 1 N/C 45 Indeterminada 18 N/C 16 N/C 18 Rubiac sp. 3 Pithecellobium sp. 1 Eugenia sp. 4 Rinorea guianensis Indeterminada 38 Talisia sp. 1 N/C 48 Indeterminada 70 Indeterminada 78 N/C 23 Indeterminada 34 Indeterminada 4 N/C 31 N/C 17 Indeterminada 11 N/C 22 Sapotac sp. 4 N/C 11 N/C 2 Sapotac sp. 2 N/C 8 DA (n/ha) 10 10 5 5 5 5 5 5 10 5 10 10 10 5 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 5 15 15 5 15 5 5 5 10 5 10 10 5 5 5 5 5 5 5 5 5 10 10 10 10 5 10 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 DR (%) 0,2375 0,2375 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,2375 0,1188 0,2375 0,2375 0,2375 0,1188 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,1188 0,3563 0,3563 0,1188 0,3563 0,1188 0,1188 0,1188 0,2375 0,1188 0,2375 0,2375 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,2375 0,2375 0,2375 0,2375 0,1188 0,2375 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 DoA (m2/ha) 0,0527 0,0496 0,2041 0,1988 0,1988 0,1970 0,1935 0,1901 0,0324 0,1849 0,0286 0,0273 0,0263 0,1815 0,0235 0,0223 0,0214 0,0187 0,0181 0,0159 0,0158 0,0132 0,0113 0,0105 0,0099 0,0079 0,0078 0,1509 0,0242 0,0113 0,1330 0,0096 0,1301 0,1258 0,1244 0,0603 0,1043 0,0414 0,0407 0,0907 0,0895 0,0837 0,0837 0,0792 0,0759 0,0748 0,0748 0,0748 0,0133 0,0111 0,0088 0,0083 0,0695 0,0062 0,0664 0,0594 0,0575 0,0556 0,0547 0,0538 0,0519 0,0510 0,0493 0,0493 0,0493 0,0467 0,0467 0,0467 0,0393 190 DoR (%) 0,1023 0,0963 0,3962 0,3858 0,3858 0,3824 0,3756 0,3689 0,0629 0,3589 0,0556 0,0530 0,0511 0,3523 0,0456 0,0433 0,0415 0,0364 0,0351 0,0308 0,0306 0,0256 0,0220 0,0203 0,0193 0,0153 0,0152 0,2928 0,0469 0,0218 0,2580 0,0186 0,2525 0,2442 0,2415 0,1171 0,2025 0,0803 0,0789 0,1761 0,1738 0,1625 0,1625 0,1537 0,1473 0,1451 0,1451 0,1451 0,0258 0,0215 0,0171 0,0162 0,1348 0,0120 0,1288 0,1153 0,1116 0,1079 0,1061 0,1043 0,1008 0,0991 0,0956 0,0956 0,0956 0,0906 0,0906 0,0906 0,0762 FA (ui/ut) 10 10 5 5 5 5 5 5 10 5 10 10 10 5 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 FR (%) 0,3670 0,3670 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,3670 0,1835 0,3670 0,3670 0,3670 0,1835 0,3670 0,3670 0,3670 0,3670 0,3670 0,3670 0,3670 0,3670 0,3670 0,3670 0,3670 0,3670 0,3670 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 VI 0,7068 0,7008 0,6985 0,6881 0,6881 0,6847 0,6779 0,6711 0,6674 0,6611 0,6601 0,6575 0,6556 0,6546 0,6501 0,6478 0,6460 0,6409 0,6396 0,6353 0,6351 0,6301 0,6265 0,6248 0,6238 0,6198 0,6197 0,5950 0,5867 0,5616 0,5603 0,5584 0,5547 0,5465 0,5437 0,5381 0,5047 0,5013 0,5000 0,4783 0,4760 0,4647 0,4647 0,4559 0,4495 0,4474 0,4474 0,4474 0,4468 0,4425 0,4381 0,4372 0,4371 0,4330 0,4311 0,4176 0,4138 0,4102 0,4084 0,4066 0,4030 0,4013 0,3979 0,3979 0,3979 0,3928 0,3928 0,3928 0,3785 VI% 0,2356 0,2336 0,2328 0,2294 0,2294 0,2282 0,2260 0,2237 0,2225 0,2204 0,2200 0,2192 0,2185 0,2182 0,2167 0,2159 0,2153 0,2136 0,2132 0,2118 0,2117 0,2100 0,2088 0,2083 0,2079 0,2066 0,2066 0,1983 0,1956 0,1872 0,1868 0,1861 0,1849 0,1822 0,1812 0,1794 0,1682 0,1671 0,1667 0,1594 0,1587 0,1549 0,1549 0,1520 0,1498 0,1491 0,1491 0,1491 0,1489 0,1475 0,1460 0,1457 0,1457 0,1443 0,1437 0,1392 0,1379 0,1367 0,1361 0,1355 0,1343 0,1338 0,1326 0,1326 0,1326 0,1309 0,1309 0,1309 0,1262 Espécie Myrtac sp. 6 Xylopia sp. 1 Indeterminada 22 Indeterminada 30 N/C 10 Euphorbiac sp. 4 N/C 38 Apeiba tibourbon Indeterminada 52 Indeterminada 26 Indeterminada 37 Annonac sp. 2 Indeterminada 28 Gomidesia sp. 2 Indeterminada 74 Indeterminada 79 Eugenia sp. 1 Fabac sp. 3 N/C 47 N/C 13 Pouteria sp. 7 Pouteria sp. 10 Indeterminada 39 Indeterminada 44 Pouteria sp. 6 Indeterminada 60 Pouteria sp. 11 Indeterminada 49 Alchornea sp. 1 Laurac sp. 5 Sapotac sp. 5 Exostyles sp. 1 Indeterminada 50 Indeterminada 72 Cordia sp. 1 Indeterminada 81 Euphorbiac sp. 6 Ocotea sp. 3 Indeterminada 42 Indeterminada 7 Laurac sp. 3 Indeterminada 59 Mollinedia sp. 1 Indeterminada 76 Indeterminada 8 Trichilia sp. 2 Indeterminada 58 Sapotac sp. 1 Indeterminada 19 Margaritaria sp. 1 Euphorbiac sp. 7 Fabac sp. 2 Indeterminada 45 Indeterminada 46 Myrtac sp. 3 Eschweilera sp. 1 Indeterminada 5 Manilkara sp. 3 Pouteria sp. 8 Guarea sp. 1 Indeterminada 3 Indeterminada 64 Indeterminada 67 Indeterminada 31 Indeterminada 51 Indeterminada 75 Rauwolfia bahiensis Cordia sp. 2 Indeterminada 16 DA (n/ha) 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 DR (%) 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 DoA (m2/ha) 0,0385 0,0377 0,0347 0,0347 0,0340 0,0318 0,0304 0,0297 0,0297 0,0290 0,0290 0,0284 0,0277 0,0245 0,0239 0,0227 0,0221 0,0215 0,0215 0,0209 0,0204 0,0198 0,0192 0,0187 0,0176 0,0161 0,0156 0,0151 0,0146 0,0137 0,0137 0,0132 0,0128 0,0128 0,0123 0,0119 0,0115 0,0115 0,0110 0,0106 0,0106 0,0098 0,0098 0,0094 0,0094 0,0094 0,0090 0,0090 0,0087 0,0087 0,0080 0,0080 0,0080 0,0080 0,0080 0,0076 0,0073 0,0073 0,0073 0,0066 0,0066 0,0060 0,0060 0,0057 0,0057 0,0057 0,0057 0,0054 0,0054 191 DoR (%) 0,0747 0,0732 0,0673 0,0673 0,0659 0,0617 0,0590 0,0577 0,0577 0,0564 0,0564 0,0551 0,0538 0,0476 0,0464 0,0440 0,0429 0,0417 0,0417 0,0406 0,0395 0,0384 0,0373 0,0363 0,0342 0,0312 0,0303 0,0293 0,0284 0,0265 0,0265 0,0256 0,0248 0,0248 0,0239 0,0231 0,0222 0,0222 0,0214 0,0206 0,0206 0,0191 0,0191 0,0183 0,0183 0,0183 0,0176 0,0176 0,0168 0,0168 0,0154 0,0154 0,0154 0,0154 0,0154 0,0148 0,0141 0,0141 0,0141 0,0128 0,0128 0,0116 0,0116 0,0110 0,0110 0,0110 0,0110 0,0104 0,0104 FA (ui/ut) 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 FR (%) 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 VI 0,3770 0,3754 0,3696 0,3696 0,3682 0,3640 0,3613 0,3599 0,3599 0,3586 0,3586 0,3573 0,3560 0,3498 0,3486 0,3463 0,3451 0,3440 0,3440 0,3429 0,3418 0,3407 0,3396 0,3385 0,3365 0,3335 0,3325 0,3315 0,3306 0,3288 0,3288 0,3279 0,3270 0,3270 0,3262 0,3253 0,3245 0,3245 0,3237 0,3229 0,3229 0,3213 0,3213 0,3206 0,3206 0,3206 0,3198 0,3198 0,3191 0,3191 0,3177 0,3177 0,3177 0,3177 0,3177 0,3170 0,3163 0,3163 0,3163 0,3151 0,3151 0,3138 0,3138 0,3133 0,3133 0,3133 0,3133 0,3127 0,3127 VI% 0,1257 0,1251 0,1232 0,1232 0,1227 0,1213 0,1204 0,1200 0,1200 0,1195 0,1195 0,1191 0,1187 0,1166 0,1162 0,1154 0,1150 0,1147 0,1147 0,1143 0,1139 0,1136 0,1132 0,1128 0,1122 0,1112 0,1108 0,1105 0,1102 0,1096 0,1096 0,1093 0,1090 0,1090 0,1087 0,1084 0,1082 0,1082 0,1079 0,1076 0,1076 0,1071 0,1071 0,1069 0,1069 0,1069 0,1066 0,1066 0,1064 0,1064 0,1059 0,1059 0,1059 0,1059 0,1059 0,1057 0,1054 0,1054 0,1054 0,1050 0,1050 0,1046 0,1046 0,1044 0,1044 0,1044 0,1044 0,1042 0,1042 Espécie Indeterminada 69 Plinia sp. 2 Eugenia sp. 2 Euphorbiac sp. 5 Indeterminada 33 Indeterminada 62 Eriotheca sp. 2 Indeterminada 25 Myrtac sp. 4 Celastrac sp. 1 Coccoloba sp. 1 Indeterminada 80 Indeterminada 83 Margaritaria sp. 2 Indeterminada 1 Indeterminada 13 Indeterminada 43 Indeterminada 47 Indeterminada 48 Indeterminada 68 Ocotea sp. 4 Plinia sp. 3 Indeterminada 6 Peutogyne sp. 1 Apocynac sp. 1 Chionanthus sp. 1 Indeterminada 41 Indeterminada 54 Indeterminada 21 Indeterminada 40 Laurac sp. 6 Indeterminada 29 Indeterminada 12 Indeterminada 55 Indeterminada 61 Daphnopsis sp. 1 Indeterminada 15 Indeterminada 63 Indeterminada 73 Indeterminada 77 Siparuna guianensis Brunfelsia sp. 1 Flacourtiaceae sp. 1 Indeterminada 53 Indeterminada 56 Indeterminada 82 Licania sp. 3 Olacac sp. 2 DA (n/ha) 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 DR (%) 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 0,1188 DoA (m2/ha) 0,0054 0,0054 0,0051 0,0051 0,0051 0,0051 0,0048 0,0048 0,0048 0,0045 0,0045 0,0045 0,0045 0,0045 0,0043 0,0043 0,0043 0,0043 0,0043 0,0043 0,0043 0,0043 0,0040 0,0040 0,0038 0,0038 0,0038 0,0038 0,0035 0,0035 0,0035 0,0033 0,0031 0,0031 0,0031 0,0029 0,0029 0,0029 0,0029 0,0029 0,0029 0,0027 0,0027 0,0027 0,0025 0,0025 0,0025 0,0025 192 DoR (%) 0,0104 0,0104 0,0099 0,0099 0,0099 0,0099 0,0093 0,0093 0,0093 0,0088 0,0088 0,0088 0,0088 0,0088 0,0083 0,0083 0,0083 0,0083 0,0083 0,0083 0,0083 0,0083 0,0078 0,0078 0,0073 0,0073 0,0073 0,0073 0,0069 0,0069 0,0069 0,0064 0,0060 0,0060 0,0060 0,0056 0,0056 0,0056 0,0056 0,0056 0,0056 0,0052 0,0052 0,0052 0,0048 0,0048 0,0048 0,0048 FA (ui/ut) 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 FR (%) 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 0,1835 VI 0,3127 0,3127 0,3121 0,3121 0,3121 0,3121 0,3116 0,3116 0,3116 0,3111 0,3111 0,3111 0,3111 0,3111 0,3106 0,3106 0,3106 0,3106 0,3106 0,3106 0,3106 0,3106 0,3101 0,3101 0,3096 0,3096 0,3096 0,3096 0,3091 0,3091 0,3091 0,3087 0,3082 0,3082 0,3082 0,3078 0,3078 0,3078 0,3078 0,3078 0,3078 0,3074 0,3074 0,3074 0,3070 0,3070 0,3070 0,3070 VI% 0,1042 0,1042 0,1040 0,1040 0,1040 0,1040 0,1039 0,1039 0,1039 0,1037 0,1037 0,1037 0,1037 0,1037 0,1035 0,1035 0,1035 0,1035 0,1035 0,1035 0,1035 0,1035 0,1034 0,1034 0,1032 0,1032 0,1032 0,1032 0,1030 0,1030 0,1030 0,1029 0,1027 0,1027 0,1027 0,1026 0,1026 0,1026 0,1026 0,1026 0,1026 0,1025 0,1025 0,1025 0,1023 0,1023 0,1023 0,1023 ANEXO I.3 – Amostras de plantas coletadas aleatoriamente na RPPN Estação Veracel e que se encontram depositadas no Herbário do CEPEC. Nº Herbário Coleto r principal 1068 65 Amori 1068 Amori Família 4403 m, A. M. A. 66 Gênero EUPHORBIACEA E 4404 BROMELIACEAE Aechmea Amori 6102 RUBIACEAE Amori 6103 SMILACACEAE Smilax Amori 6104 BORAGINACEAE Cordia Amori 6105 ANNONACEAE m, A. M. A. 1123 48 m, A. M. 1123 49 m, A. M. 1123 50 m, A. M. 1123 51 m, A. M. 1123 52 Anaxagor ea Amori 6106 Amori 6107 MELIACEAE m, A. M. 1123 53 m, A. M. 1123 54 Amori 1123 MELASTOMATAC Leandra EAE 6108 m, A. M. 55 HIPPOCRATEACE AE Amori 6109 CYPERACEAE Amori 6110 OCHNACEAE Ouratea Amori 6111 FABACEAE Bauhinia Amori 6112 MYRTACEAE Amori 6113 m, A. M. 1123 56 m, A. M. 1123 57 m, A. M. 1123 58 m, A. M. 1123 59 m, A. M. 1123 60 61 Amori 6114 Amori 6115 1123 PASSIFLORACEA Passiflora E m, A. M. 62 MELASTOMATAC EAE m, A. M. 1123 MELASTOMATAC EAE Amori 6116 SCHIZAEACEAE Anemia Amori 6117 BORAGINACEAE Cordia Amori 6118 MALPIGHIACEAE Amori 6119 m, A. M. 1123 63 m, A. M. 1123 64 m, A. M. 1123 65 m, A. M. 1123 66 Número de coleta FLACOURTIACEA E Amori 6120 m, A. M. 193 CYATHEACEAE Casearia Nº Herbário Coleto r principal 1123 67 Família Gênero de coleta Amori 6121 ARALIACEAE Amori 6122 MALPIGHIACEAE m, A. M. 1123 68 m, A. M. 1123 69 Heteropter ys Amori 6123 PIPERACEAE Amori 6124 ARECACEAE Amori 6125 m, A. M. 1123 70 m, A. M. 1123 71 m, A. M. 1123 72 EUPHORBIACEA E Amori 6126 Amori 6127 FABACEAE m, A. M. 1123 73 m, A. M. 1123 74 75 Amori 6128 Amori 6129 1123 DIOSCOREACEA E m, A. M. 76 EUPHORBIACEA E m, A. M. 1123 FLACOURTIACEA Casearia E Amori 6130 Amori 6131 RUBIACEAE m, A. M. 1123 77 m, A. M. 1123 78 MELASTOMATAC Miconia Tournefort EAE Amori 6132 BORAGINACEAE Amori 6133 SOLANACEAE Amori 6134 APOCYNACEAE Amori 6135 SOLANACEAE Amori 6136 Lopes, 837 Lopes, 838 m, A. M. 1123 79 ia m, A. M. 1123 80 m, A. M. 1123 81 m, A. M. 1123 82 m, A. M. 1123 83 M. M. M. 1123 84 M. M. M. 1123 85 MELASTOMATAC EAE Lopes, 839 RUBIACEAE Lopes, 840 ASTERACEAE Lopes, 841 ACANTHACEAE Lopes, 842 RUBIACEAE Chiococca Lopes, 843 MELASTOMATAC Miconia M. M. M. 1123 86 M. M. M. 1123 87 M. M. M. 1123 88 M. M. M. 1123 89 Número M. M. M. EAE 194 Nº Herbário Coleto r principal 1123 90 Família Gênero de coleta Lopes, 844 FABACEAE Bauhinia Lopes, 845 DILLENIACEAE Davilla Lopes, 846 ASTERACEAE Baccharis Lopes, 847 POLYGONACEAE Coccoloba Lopes, 848 LORANTHACEAE Lopes, 849 M. M. M. 1123 91 M. M. M. 1123 92 M. M. M. 1123 93 M. M. M. 1123 94 M. M. M. 1123 95 M. M. M. 1123 96 97 MELASTOMATAC EAE Lopes, 850 M. M. M. 1123 MELASTOMATAC EAE Lopes, 851 LECYTHIDACEAE Lopes, 852 MELASTOMATAC M. M. M. 1123 98 1123 EAE Lopes, 853 M. M. M. 1124 00 SIMAROUBACEA 01 Lopes, 854 MALPIGHIACEAE 02 Byrsonim a Lopes, 855 BIGNONIACEAE Lopes, 856 BIGNONIACEAE Lopes, 857 BIGNONIACEAE Lopes, 858 APOCYNACEAE Lopes, 859 MELASTOMATAC Lopes, 860 M. M. M. 1124 Simaba E M. M. M. 1124 Eschweile ra M. M. M. 99 Pleonotom a Lundia M. M. M. 1124 03 M. M. M. 1124 04 M. M. M. 1124 05 06 EAE M. M. M. 1124 07 EUPHORBIACEA E Lopes, 861 08 Sebastiani a POLYGALACEAE M. M. M. 1124 Himatant hus M. M. M. 1124 Bredemey era Lopes, 862 FABACEAE Lopes, 863 SOLANACEAE Lopes, 864 SMILACACEAE Lopes, 865 LAURACEAE Lopes, 866 DILLENIACEAE M. M. M. 1124 09 M. M. M. 1124 10 M. M. M. 1124 11 M. M. M. 1124 12 Número M. M. M. 195 Smilax Nº Herbário Coleto r principal 1124 13 Família Gênero Vismia de coleta Lopes, 867 CLUSIACEAE Lopes, 868 LORANTHACEAE Lopes, 869 M. M. M. 1124 14 M. M. M. 1124 15 M. M. M. 1124 16 MELASTOMATAC EAE Lopes, 870 RUBIACEAE Lopes, 871 MYRTACEAE Lopes, 872 SALICACEAE Lopes, 873 ANNONACEAE Lopes, 874 SAPINDACEAE Lopes, 875 Lopes, 876 MYRTACEAE Lopes, 877 NYCTAGINACEAE Lopes, 878 SCROPHULARIAC Lopes, 879 Psychotria M. M. M. 1124 17 M. M. M. 1124 18 M. M. M. 1124 19 M. M. M. 1124 20 M. M. M. 1124 21 M. M. M. 1124 22 M. M. M. 1124 23 M. M. M. 1124 24 M. M. M. 1124 25 EAE M. M. M. 1124 26 LENTIBULARIAC Utricularia EAE Lopes, 880 BROMELIACEAE Lopes, 881 MYRTACEAE Lopes, 882 HUMIRIACEAE Lopes, 883 RUBIACEAE Lopes, 884 FABACEAE Swartzia Lopes, 885 Lopes, 886 FABACEAE Bauhinia Lopes, 887 M. M. M. 1124 27 M. M. M. 1124 28 Humiria M. M. M. 1124 29 M. M. M. 1124 30 M. M. M. 1124 31 M. M. M. 1124 32 M. M. M. 1124 33 M. M. M. 1124 34 MELASTOMATAC EAE Lopes, 888 AQUIFOLIACEAE Lopes, 889 ACANTHACEAE M. M. M. 1124 35 Número M. M. M. 196 Ilex Nº Herbário Coleto r principal 1124 36 Família Gênero DILLENIACEAE Davilla de coleta Lopes, 890 Lopes, 891 M. M. M. 1124 37 M. M. M. 1124 38 MELASTOMATAC EAE Lopes, 892 DILLENIACEAE M. M. M. 1124 39 Doliocarpu s Lopes, 893 MYRTACEAE Lopes, 894 CLUSIACEAE Lopes, 895 CLUSIACEAE Lopes, 896 Lopes, 897 RUBIACEAE Lopes, 898 LYTHRACEAE Lopes, 899 Lopes, 900 RUBIACEAE Lopes, 901 RUBIACEAE Lopes, 902 ORCHIDACEAE Lopes, 903 MYRTACEAE Lopes, 904 FABACEAE Lopes, 905 Lopes, 906 XYRIDACEAE Lopes, 907 MALVACEAE Lopes, 908 ARALIACEAE Lopes, 909 VERBENACEAE Lopes, 910 FABACEAE Lopes, 911 FABACEAE Lopes, 912 MYRTACEAE M. M. M. 1124 40 M. M. M. 1124 41 Clusia M. M. M. 1124 42 M. M. M. 1124 43 M. M. M. 1124 44 M. M. M. 1124 45 M. M. M. 1124 46 M. M. M. 1124 47 M. M. M. 1124 48 Denscanti a M. M. M. 1124 49 M. M. M. 1124 50 M. M. M. 1124 51 M. M. M. 1124 52 Xyris M. M. M. 1124 53 M. M. M. 1124 54 M. M. M. 1124 55 M. M. M. 1124 56 M. M. M. 1124 57 M. M. M. 1124 58 Número M. M. M. 197 Schefflera Nº Herbário Coleto r principal 1124 59 Família Gênero Lundia de coleta Lopes, 913 BIGNONIACEAE Lopes, 914 BROMELIACEAE Lopes, 915 BROMELIACEAE Lopes, 916 RUBIACEAE Lopes, 917 M. M. M. 1124 60 M. M. M. 1124 61 Guzmania M. M. M. 1124 62 M. M. M. 1124 63 M. M. M. 1124 64 MELASTOMATAC Bertolonia EAE Lopes, 918 SAPOTACEAE Lopes, 919 RUBIACEAE Lopes, 920 MYRTACEAE Lopes, 921 ICACINACEAE M. M. M. 1124 65 M. M. M. 1124 66 M. M. M. 1124 67 M. M. M. 1124 68 Discophor a Lopes, 922 CLUSIACEAE Vismia Lopes, 923 LORANTHACEAE Lopes, 924 APOCYNACEAE Lopes, 925 TRIGONIACEAE Lopes, 926 SAPINDACEAE Serjania Lopes, 927 ANNONACEAE Guatteria Lopes, 928 BIGNONIACEAE Lopes, 929 FABACEAE Lopes, 930 M. M. M. 1124 69 M. M. M. 1124 70 M. M. M. 1124 71 M. M. M. 1124 72 M. M. M. 1124 73 M. M. M. 1124 74 M. M. M. 1124 75 M. M. M. 1124 76 M. M. M. 1124 77 MELASTOMATAC EAE Lopes, 931 RUBIACEAE Lopes, 932 PASSIFLORACEA Passiflora Lopes, 933 DILLENIACEAE Davilla Lopes, 934 BROMELIACEAE Aechmea Lopes, 935 MELASTOMATAC M. M. M. 1124 78 79 Denscanti a M. M. M. 1124 E M. M. M. 1124 80 M. M. M. 1124 81 Número M. M. M. EAE 198 Nº Herbário Coleto r principal 1124 82 Família Gênero de coleta Lopes, 936 SAPINDACEAE Lopes, 937 APOCYNACEAE Peltastes Lopes, 938 DILLENIACEAE Davilla Lopes, 939 MALVACEAE Lopes, 940 TILIACEAE Apeiba Lopes, 941 MORACEAE Ficus Lopes, 942 POACEAE Lopes, 943 FABACEAE Inga Lopes, 944 Lopes, 945 CHRYSOBALANA Hirtella M. M. M. 1124 83 M. M. M. 1124 84 M. M. M. 1124 85 M. M. M. 1124 86 M. M. M. 1124 87 M. M. M. 1124 88 M. M. M. 1124 89 M. M. M. 1124 90 M. M. M. 1124 91 M. M. M. 1124 92 CEAE Lopes, 946 MYRTACEAE Lopes, 947 MYRSINACEAE Sant'A 1291 M. M. M. 1124 93 M. M. M. 1141 93 na, S. C. de 1141 94 Sant'A EUPHORBIACEA E 1292 MALPIGHIACEAE 1293 MALPIGHIACEAE Amori 6417 FABACEAE Amori 6418 MARANTACEAE Amori 6419 POLYGALACEAE Amori 6420 BOMBACACEAE Amori 6421 ANNONACEAE Amori 6422 VITACEAE Cissus Amori 6423 FABACEAE Bauhinia Amori 6424 ORCHIDACEAE na, S. C. de 1141 95 Sant'A na, S. C. de 1145 37 m, A. M. 1145 38 Arapatiell a m, A. M. 1145 39 Polygala m, A. M. 1145 40 m, A. M. 1145 41 m, A. M. 1145 42 m, A. M. 1145 43 m, A. M. 1145 44 Número m, A. M. 199 Nº Herbário Coleto r principal 1145 45 Amori 1145 Família Gênero de coleta 6425 m, A. M. 46 EUPHORBIACEA E Amori 6426 POACEAE Amori 6427 SAPOTACEAE Amori 6428 DILLENIACEAE Amori 6429 ASTERACEAE Amori 6430 RUBIACEAE Amori 6431 PIPERACEAE Amori 6432 ANNONACEAE Amori 6433 RUBIACEAE Amori 6434 m, A. M. 1145 47 m, A. M. 1145 48 Davilla m, A. M. 1145 49 m, A. M. 1145 50 m, A. M. 1145 51 Piper m, A. M. 1145 52 m, A. M. 1145 53 m, A. M. 1145 54 m, A. M. 1145 55 56 COMMELINACEA E Amori 6435 m, A. M. 1145 Dichorisa ndra EUPHORBIACEA E Amori 6436 MYRTACEAE Amori 6437 VIOLACEAE m, A. M. 1145 57 m, A. M. 1145 58 59 Paypayrol a Amori 6438 m, A. M. 1145 CYCLANTHACEA E Evodianth us Amori 6439 LAURACEAE Amori 6440 POACEAE Amori 6441 LAURACEAE Amori 6442 RUBIACEAE Amori 6443 IRIDACEAE Amori 6444 GRAMMITIDACEA Amori 6445 MELIACEAE Amori 6446 POACEAE Amori 6447 OXALIDACEAE m, A. M. 1145 60 m, A. M. 1145 61 m, A. M. 1145 62 m, A. M. 1145 63 m, A. M. 1145 64 m, A. M. 1145 65 E m, A. M. 1145 66 m, A. M. 1145 67 Número m, A. M. 200 Oxalis Nº Herbário Coleto r principal 1145 68 Amori 1145 Família Gênero de coleta 6448 m, A. M. 69 HIPPOCRATEACE AE Amori 6449 MELIACEAE Amori 6450 ARECACEAE Amori 6451 CLUSIACEAE Amori 6452 RUBIACEAE Amori 6453 DILLENIACEAE Amori 6454 SOLANACEAE Amori 6455 MYRTACEAE Amori 6456 MELIACEAE Amori 6457 SAPOTACEAE Amori 6458 LAURACEAE Amori 6459 NYCTAGINACEAE Amori 6460 RUBIACEAE Amori 6461 m, A. M. 1145 70 m, A. M. 1145 71 m, A. M. 1145 72 m, A. M. 1145 73 Davilla m, A. M. 1145 74 m, A. M. 1145 75 m, A. M. 1145 76 m, A. M. 1145 77 m, A. M. 1145 78 m, A. M. 1145 79 m, A. M. 1145 80 m, A. M. 1145 81 m, A. M. 1145 82 83 CHRYSOBALANA CEAE Amori 6462 Amori 6463 CLUSIACEAE Amori 6464 MARANTACEAE Amori 6465 ASTERACEAE Amori 6466 MARANTACEAE Amori 6467 MIMOSACEAE Amori 6468 m, A. M. 1145 CHRYSOBALANA CEAE m, A. M. 1145 84 m, A. M. 1145 85 m, A. M. 1145 86 m, A. M. 1145 87 m, A. M. 1145 88 m, A. M. 1145 89 EUPHORBIACEA E Amori 6469 Amori 6470 m, A. M. 1145 90 Número m, A. M. 201 BIGNONIACEAE Parkia Nº Herbário Coleto r principal 1145 91 Família Gênero de coleta Amori 6471 MYRTACEAE Amori 6472 SAPINDACEAE Amori 6473 MIMOSACEAE Amori 6474 SAPINDACEAE Amori 6475 BIGNONIACEAE m, A. M. 1145 92 m, A. M. 1145 93 Inga m, A. M. 1145 94 m, A. M. 1145 95 m, A. M. 1145 96 Jacarand a Amori 6476 SMILACACEAE Smilax Amori 6477 ORCHIDACEAE Amori 6478 APOCYNACEAE Amori 6479 BIGNONIACEAE Amori 6480 OCHNACEAE Ouratea Amori 6481 CLUSIACEAE Vismia Amori 6482 MELASTOMATAC Miconia Amori 6483 RUTACEAE Amori 6484 GENTIANACEAE Voyria Amori 6485 GENTIANACEAE Voyria Amori 6486 GENTIANACEAE Voyria m, A. M. 1145 97 m, A. M. 1145 98 m, A. M. 1145 99 m, A. M. 1146 00 m, A. M. 1146 01 m, A. M. 1146 02 m, A. M. 1146 03 EAE m, A. M. 1146 04 m, A. M. 1146 05 m, A. M. 1146 06 Número m, A. M. 202 ANEXO I.4 – Lista de espécies de vertebrados registradas para a RPPN Estação Veracel As espécies Cebus nigritus robustus, Cebus robustus, Cebus apella e Cebus apella robustus foram agrupadas, no diagnóstico da fauna, em Cebus robustus seguindo Silva Jr. (2001 apud Melo, 2004). Os primatas Callicebus personatus, Callithrix kuhlii e Callitrix penicilata foram excluídos da lista de espécies da RPPN EVC. A distribuição destas espécies não inclui a região (Hirsch, 2003; Roosmalen et al., 2002), sendo pouco provável sua ocorrência na RPPN EVC,, porém existem registros de introduções de outras espécies de primayas calitriquídeos na região, havendo a possibilidade da existência de híbridos ou de espécies não originais na área (Moura, 2003; P. Gouveia com. pes.). O cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus) e a raposinha-docampo (Pseudalopex vetulus) também foram excluídos. A primeira espécie é muito rara e o registro pode ser fruto do engano entre as pegadas do cão doméstico e do cachorro-vinagre (Zuercher et al., 2004), e a segunda é típica do Cerrado que pode estar ampliando sua distribuição devido ao desmatamento (Moura 2003), porém a autora recomenda estudos mais aprofundados para confirmar a presença desta espécie. Existe um registro para o tatu-canastra (Priodontes maximus) na RPPN EVC e é pouco plausível a ocorrência atual desta espécie na área (Prado et al., 2003). Importante registrar que em novembro de 2006 um morador local afirmou que esta espécie ocorria na região e atualmente se encontra extinta (C. Gatto com. pes.). Três espécies incluídas no diagnóstico necessitam ser confirmadas na EVC, a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) o tamandua-bandeira (Myrmecopahga tridactyla) e a onça-pintada (Panthera onca). As espécies de vertebrados da RPPN Estação Veracel estão listadas abaixo. O número de registros ser refere a quantidade de fontes que citaram a espécie. 203 Classe Ordem Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Amphibia Anura Amphibia Anura Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Amphibia Amphibia Amphibia Anura Anura Anura Familia Bufonidae Bufonidae Bufonidae Bufonidae Bufonidae Bufonidae Bufonidae Dendrobatidae Dendrobatidae Dendrobatidae Dendrobatidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Hylidae Leptodactylidae Leptodactylidae 204 Espécie Bufo aff. Crucifer Bufo aff. typhonius Bufo crucifer Bufo gr. margaritifer Bufo granulosus Bufo margaritifer Bufo paracnemis Aparasphenodon brunoi Colostethus capixaba Colostethus sp. Dscypops schirchi Aparasphenodon brunoi Hyla albomarginata Hyla albopunctata Hyla anceps Hyla bipunctata Hyla branneri Hyla crepitans Hyla decipiens Hyla elegans Hyla faber Hyla gr. albosignata sp. n. 1 Hyla gr. albosignata sp. n. 2 Hyla gr. albosignata sp. n. 3 Hyla ibiraptanga Hyla microps Hyla minuta Hyla pombali Hyla scinax sp Hyla semilineata Hyla senicula Hyla sp. n. 1 Hyla sp. n. 2 Hyla sp. n.1 Hylomantis aspera Osteocephalus langsdorffii Phrynohyas luteolus Phrynohyas mesophaea Phyllodytes luteolus Phyllodytes melanomystax Phyllomedusa burmeisteri Scinax aff. altera Scinax aff. aurydice Scinax aff. catharinae Scinax agilis Scinax alter Scinax argyreornatus Scinax cuspidatus Scinax eurydice Scinax gr. catharinae Scinax gr. ruber Scinax ruber Scinax sp. Scinax sp. Sphaenorhynchus palustris Adenomera hylaedactyla Adenomera marmorata No. de registros 1 1 5 2 2 2 1 1 2 2 1 5 3 1 3 5 1 2 3 5 3 1 1 1 1 5 5 1 1 5 4 1 2 1 5 3 1 4 3 3 3 1 1 1 1 5 9 8 4 2 2 1 1 1 8 1 1 Classe Ordem Amphibia Amphibia Anura Anura Amphibia Anura Amphibia Amphibia Anura Anura Familia Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae Amphibia Anura Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Anura Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Amphibia Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Anura Anura Leptodactylidae Anura Leptodactylidae Anura Leptodactylidae Anura Leptodactylidae Anura Microhylidae Anura Microhylidae Anura Microhylidae Anseriformes Anatidae Apodiformes Apodidae Apodiformes Apodidae Apodiformes Apodidae Apodiformes Apodidae Apodiformes Apodidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae Apodiformes Trochilidae CaprimulgiformesCaprimulgidae CaprimulgiformesCaprimulgidae CaprimulgiformesCaprimulgidae CaprimulgiformesCaprimulgidae CaprimulgiformesCaprimulgidae CaprimulgiformesNyctibiidae Caprimulgiformes Nyctibiidae Cathartiformes Cathartidae Cathartiformes Cathartidae Cathartiformes Cathartidae Cathartiformes Cathartidae Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae Leptodactylidae 205 Espécie Adenomera sp. Ceratophrys aurita Eleutherodactylus bilineatus Eleutherodactylus binotatus Eleutherodactylus gr. guentheri Eleutherodactylus paulodutrai Leptodactylus aff. ocellatus Leptodactylus fuscus Leptodactylus gr. fuscus Leptodactylus mystacinus Leptodactylus ocellatus Leptodactylus viridis Physalaemus cuvieri Physalaemus gr. cuvieri Physalaemus gr. cuvieri sp. n. Physalaemus gr.signifer Physalaemus signifer Proceratophrys boiei Proceratophrys laticeps Chiasmocleis carvalhoi Chiasmocleis schubarti Stereocyclops incrassatus Anas bahamensis Chaetura cinereiventris Cypseloides fumigatus Panyptila cayennensis Streptoprocne zonaris Tachornis squamata Amazilia fimbriata Amazilia leucogaster Anthracothorax nigricollis Aphantochroa cirrochloris Chlorestes notata Chlorostilbon lucidus Chrysolampis mosquitus Eupetomena macroura Florisuga fusca Glaucis dohrnii Glaucis hirsutus Hylocharis cyanus Hylocharis sapphirina Phaethornis pretrei Phaethornis ruber Thalurania glaucopis Thalurania sp Thalurania watertonii Caprimulgus cf. parvulus Caprimulgus parvulus Lurocalis semitorquatus Nyctidromus albicollis Nyctiphrynus ocellatus Nyctibius aethereus Nyctibius griseus Cathartes aura Cathartes burrovianus Coragyps atratus Sarcoramphus papa No. de registros 1 4 2 5 1 4 1 4 1 1 2 1 1 2 6 1 7 3 8 4 8 5 2 5 2 1 2 1 2 2 4 2 7 1 2 6 2 5 2 4 1 2 7 3 1 1 1 1 3 4 4 1 4 6 4 6 4 Classe Ordem Familia Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Charadriiformes Charadriiformes Charadriiformes Ciconiiformes Ciconiiformes Ciconiiformes Columbiformes Columbiformes Columbiformes Columbiformes Columbiformes Columbiformes Columbiformes Columbiformes Columbiformes Columbiformes Coraciiformes Coraciiformes Coraciiformes Coraciiformes Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Cuculiformes Cuculiformes Cuculiformes Cuculiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Falconiformes Galbuliformes Galbuliformes Galbuliformes Galbuliformes Galbuliformes Galliformes Galliformes Gruiformes Gruiformes Gruiformes Gruiformes Gruiformes Momotidae Cuculidae Cuculidae Cuculidae Cuculidae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Accipitridae Falconidae Falconidae Falconidae Falconidae Falconidae Falconidae Falconidae Bucconidae Bucconidae Bucconidae Bucconidae Galbulidae Cracidae Cracidae Cariamidae Pardirallus Rallidae Rallidae Rallidae Passeriformes Passeriformes Cardinalidae Cardinalidae Aves Charadriidae Jacanidae Scolopacidae Ardeidae Ardeidae Ardeidae Columbidae Columbidae Columbidae Columbidae Columbidae Columbidae Columbidae Columbidae Columbidae Columbidae Alcedinidae Alcedinidae Alcedinidae 206 Espécie Vanellus chilensis Jacana jacana Actitis macularius Bubulcus ibis Butorides striata Claravis pretiosa Columba cayennensis Columba livia Columbina minuta Columbina squammata Columbina talpacoti Geotrygon montana Leptotila rufaxilla Leptotila sp. Leptotila verreauxi Ceryle torquatus Chloroceryle amazona Chloroceryle americana Baryphthengus ruficapillus Crotophaga ani Guira guira Piaya cayana Tapera naevia Buteo albicaudatus Buteo nitidus Chondrohierax uncinatus Elanoides forficatus Elanus leucurus Gampsonyx swainsonii Geranospiza caerulescens Harpagus bidentatus Harpagus diodon Harpia harpyja Ictinia plumbea Leptodon cayanensis Leucopternis lacernulatus Rupornis magnirostris Spizaetus ornatus Spizaetus tyrannus Caracara plancus Falco femoralis Falco sparverius Herpetotheres cachinnans Micrastur semitorquatus Milvago chimachima Milvago chimango Chelidoptera tenebrosa Malacoptila striata Monasa morphoeus Nonnula rubecula Galbula ruficauda Penelope superciliaris Ortalis motmot Cariama cristata Gallinula chloropus Amaurolimnas concolor Pardirallus nigricans Porzana albicollis Caryothraustes canadensis Saltator maximus No. de registros 4 1 2 1 2 1 2 2 3 4 2 5 2 3 1 1 2 4 2 4 5 5 6 5 4 3 1 2 5 2 3 3 1 5 2 2 5 3 2 2 3 4 5 5 2 5 1 5 6 7 2 6 5 2 2 2 4 1 2 5 7 Classe Ordem Familia Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Coerebidae Conopophagidae Cotingidae Cotingidae Cotingidae Cotingidae Cotingidae Aves Aves Passeriformes Passeriformes Dendrocolaptidae Dendrocolaptidae Dendrocolaptidae Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Dendrocolaptidae Dendrocolaptidae Dendrocolaptidae Dendrocolaptidae Dendrocolaptidae Dendrocolaptidae Donacobiidae Emberizidae Emberizidae Emberizidae Emberizidae Emberizidae Emberizidae Emberizidae Emberizidae Emberizidae Emberizidae Emberizidae Emberizidae Formicariidae Fringillidae Fringillidae Fringillidae Fringillidae Fringillidae Furnariidae Furnariidae Furnariidae Furnariidae Furnariidae Furnariidae Furnariidae Furnariidae Furnariidae Furnariidae Grallariidae Hirundinidae Hirundinidae Hirundinidae Hirundinidae Hirundinidae Icteridae Icteridae Icteridae Icteridae Icteridae Icteridae Icteridae Mimidae Motacillidae Parulidae 207 Espécie Coereba flaveola Conopophaga melanops Carpornis melanocephala Cotinga maculata Lipaugus vociferans Procnias nudicollis Xipholena atropurpurea Campylorhamphus falcularius Dendrocincla turdina Dendrocolaptes platyrostris Glyphorynchus spirurus Lepidocolaptes squamatus Sittasomus griseicapillus Xiphocolaptes albicollis Xiphorhynchus fuscus Xiphorhynchus guttatus Donacobius atricapilla Ammodramus humeralis Arremon taciturnus Emberizoides herbicola Paroaria dominicana Sicalis flaveola Sporophila angolensis Sporophila bouvreuil Sporophila caerulescens Sporophila leucoptera Sporophila nigricollis Volatinia jacarina Zonotrichia capensis Formicarius colma Chlorophonia cyanea Euphonia chlorotica Euphonia pectoralis Euphonia violacea Euphonia xanthogaster Automolus leucophthalmus Certhiaxis cinnamomeus Furnarius rufus Phacellodomus rufifrons Philydor atricapillus Synallaxis frontalis Synallaxis spixi Thripophaga macroura Xenops minutus Xenops rutilans Grallaria varia Progne chalybea Progne tapera Pygochelidon cyanoleuca Stelgidopteryx ruficollis Tachycineta albiventer Cacicus cela Cacicus haemorrhous Gnorimopsar chopi Icterus jamacaii Molothrus bonariensis Psarocolius decumanus Sturnella superciliaris Mimus saturninus Anthus lutescens Basileuterus flaveolus No. de registros 7 4 5 4 6 3 4 2 5 2 6 2 4 2 2 7 2 3 2 3 2 4 1 4 6 6 5 6 2 7 1 5 5 7 3 4 2 6 6 6 2 2 2 7 3 3 4 1 2 7 6 2 6 5 3 2 1 2 4 4 2 Classe Ordem Familia Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Parulidae Parulidae Passeridae Pipridae Pipridae Pipridae Pipridae Pipridae Pipridae Polioptilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Thamnophilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Thamnophilidae Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Thamnophilidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Thraupidae Tityridae Tityridae Tityridae Tityridae Aves Aves Aves Aves Aves Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Tityridae Tityridae Tityridae Tityridae Aves Aves Aves Aves Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Troglodytidae Troglodytidae Troglodytidae Troglodytidae Turdidae 208 Espécie Parula pitiayumi Phaeothlypis rivularis Passer domesticus Chiroxiphia pareola Dixiphia pipra Machaeropterus regulus Manacus manacus Pipra rubrocapilla Schiffornis virescens Ramphocaenus melanurus Drymophila ochropyga Drymophila squamata Dysithamnus stictothorax Formicivora grisea Herpsilochmus pileatus Herpsilochmus rufimarginatus Myrmotherula axillaris Myrmotherula urosticta Pyriglena leucoptera Taraba major Terenura maculata Thamnomanes caesius Thamnophilus ambiguus Thamnophilus caerulescens Thamnophilus punctatus Chlorophanes spiza Conirostrum speciosum Cyanerpes cyaneus Dacnis cayana Habia rubica Hemithraupis flavicollis Hemithraupis ruficapilla Nemosia pileata Ramphocelus bresilius Tachyphonus cristatus Tachyphonus rufus Tangara brasiliensis Tangara cayana Tangara cyanocephala Tangara cyanoventris Tangara mexicana Tangara seledon Tangara velia Thlypopsis sordida Thraupis palmarum Thraupis sayaca Laniocera hypopyrra Pachyramphus castaneus Pachyramphus marginatus Pachyramphus polychopterus Pachyramphus viridis Schiffornis turdina Schiffornis virescens Tityra cayana Campylorhynchus turdinus Thryothorus genibarbis Thryothorus longirostris Troglodytes musculus Cichlopsis leucogenys No. de registros 2 2 2 2 3 4 5 5 1 4 2 6 2 4 3 3 6 7 4 4 2 2 1 3 5 5 2 5 5 5 5 2 2 7 5 2 1 6 2 2 3 4 4 2 6 6 5 1 3 6 2 5 1 5 2 5 2 2 1 Classe Ordem Familia Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Turdidae Turdidae Turdidae Turdidae Turdidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Pelecaniformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Piciformes Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Tyrannidae Vireonidae Vireonidae Anhingidae Picidae Picidae Picidae Picidae Picidae Picidae Picidae Picidae Picidae Picidae Picidae Ramphastidae Ramphastidae Ramphastidae Psittacidae Psittacidae Psittacidae 209 Espécie Turdus albicollis Turdus amaurochalinus Turdus fumigatus Turdus leucomelas Turdus rufiventris Ardea alba Arundinicola leucocephala Attila rufus Attila spadiceus Camptostoma obsoletum Colonia colonus Elaenia flavogaster Elaenia sp Fluvicola nengeta Hemitriccus nidipendulus Lathrotriccus euleri Legatus leucophaius Leptopogon amaurocephalus Machetornis rixosa Megarynchus pitangua Mionectes oleagineus Myiarchus ferox Myiarchus sp. Myiarchus tuberculifer Myiarchus tyrannulus Myiobius barbatus Myiodynastes maculatus Myiophobus fasciatus Myiornis auricularis Myiozetetes similis Ornithion inerme Phyllomyias fasciatus Pitangus sulphuratus Rhynchocyclus olivaceus Rhytipterna simplex Todirostrum cinereum Tolmomyias flaviventris Tolmomyias poliocephalus Tolmomyias sulphurescens Tyrannus melancholicus Tyrannus savana Xolmis irupero Cyclarhis gujanensis Vireo olivaceus Anhinga anhinga Campephilus robustus Celeus flavescens Celeus flavus Celeus torquatus Colaptes campestris Dryocopus lineatus Melanerpes flavifrons Piculus flavigula Picumnus exilis Veniliornis affinis Veniliornis maculifrons Pteroglossus aracari Ramphastos vitellinus Selenidera maculirostris Amazona amazonica Amazona farinosa Amazona rhodocorytha No. de registros 2 2 4 6 6 2 7 3 5 4 2 4 1 6 1 2 3 5 4 6 5 1 2 1 1 3 4 2 8 4 1 2 7 4 5 5 3 2 2 7 2 2 5 2 2 4 4 2 4 5 3 4 6 2 3 2 7 6 1 6 5 6 Classe Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Aves Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Ordem Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Psittaciformes Strigiformes Strigiformes Strigiformes Strigiformes Strigiformes Strigiformes Strigiformes Tinamiformes Tinamiformes Tinamiformes Tinamiformes Tinamiformes Tinamiformes Tinamiformes Trogoniformes Trogoniformes Trogoniformes Trogoniformes Artiodactyla Artiodactyla Artiodactyla Artiodactyla Artiodactyla Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Didelphimorphia Didelphimorphia Didelphimorphia Logomorpha Marsupialia Perissodactyla Primates Primates Primates Primates Rodentia Rodentia Rodentia Familia Psittacidae Psittacidae Psittacidae Psittacidae Psittacidae Psittacidae Psittacidae Psittacidae Psittacidae Psittacidae Psittacidae Psittacidae Strigidae Strigidae Strigidae Strigidae Strigidae Strigidae Tytonidae Tinamidae Tinamidae Tinamidae Tinamidae Tinamidae Tinamidae Tinamidae Trogonidae Trogonidae Trogonidae Trogonidae Cervidae Cervidae Cervidae Tayassuidae Canidae Felidae Felidae Felidae Felidae Felidae Felidae Felidae Mustelidae Mustelidae Mustelidae Mustelidae Procyonidae Procyonidae Procyonidae Didelphidae Didelphidae Didelphidae Leporidae Didelphidae Tapiridae Callitrichidae Cebidae Pitheciidae Pitheciidae Agoutidae Caviidae Cricetidae 210 Espécie Aratinga aurea Aratinga auricapillus Aratinga leucophthalma Brotogeris tirica Forpus xanthopterygius Pionus maximiliani Pionus menstruus Pionus sp. Primolius maracana Pyrrhura cruentata Pyrrhura leucotis Touit surdus Athene cunicularia Glaucidium brasilianum Glaucidium minutissimum Megascops atricapilla Pulsatrix perspicillata Strix virgata Tyto alba Crypturellus noctivagus Crypturellus parvirostris Crypturellus soui Crypturellus tataupa Crypturellus variegatus Rhynchotus rufescens Tinamus solitarius Trogon curucui Trogon rufus Trogon surrucura Trogon viridis Tayassu pecari Mazama americana Mazama gouazoubira Mazama sp. Pecari tajacu Cerdocyon thous Herpailurus yaguarondi Leopardus cf. pardalis Leopardus pardalis Leopardus tigrinus Leopardus wiedii Panthera onca Puma concolor Conepatus sp. Eira barbara Galictis sp. Lontra longicaudis Nasua nasua Potos flavus Procyon cancrivorus Didelphis aurita Metachirus nudicaudatus Philander frenata Sylvilagus brasiliensis Philander opossum Tapirus terrestris Callithrix geoffroyi Cebus robustus Callicebus melanochir Callicebus sp. Agouti paca Cavia welsi Oryzomys sp No. de registros 5 4 1 7 6 1 6 1 1 6 2 7 2 4 1 2 2 1 2 2 2 6 2 6 3 6 1 7 2 6 2 4 2 1 6 4 4 1 3 4 3 2 6 1 3 1 4 4 2 3 1 1 1 4 1 6 7 1 1 1 3 1 1 Classe Ordem Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Rodentia Rodentia Rodentia Rodentia Rodentia Rodentia Rodentia Rodentia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia Repitilia Repitilia Rodentia Rodentia Rodentia Rodentia Rodentia Rodentia Rodentia Xenarthra Xenarthra Xenarthra Xenarthra Xenarthra Xenarthra Xenarthra Xenarthra Xenarthra Amphisbenia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Amphisbenia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Lacertilia Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Familia Dasyproctidae Dasyproctidae Echimyidae Erethizontidae Erethizontidae Erethizontidae Erethizontidae Espécie Dasyprocta agouti Dasyprocta sp. Nelomys sp Chaetomys subspinosus Coendou prehensilis Sphiggurus sp. Sphigurus insidiosus Hydrochaeris Hydrochaeridae hydrochaeris Muridae Calomys sp. Muridae Mus musculus Muridae Nectomys squamipes Muridae Rattus norvegicus Muridae Rattus rattus Sciuridae Sciurus aestuans ingrami Sciuridae Sciurus cf.aestuans Bradypodidae Bradypus torquatus Bradypodidae Bradypus variegatus Dasypodidae Cabassous unicinctus Dasypodidae Dasypus novemcinctus Dasypodidae Dasypus septemcinctus Dasypodidae Dasypus sp. Dasypodidae Euphractus sexcinctus Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla Amphisbaenidae Amphisbaena alba Leposternon Rhineuridae microcephalum Anguidae Diploglossus fasciatus Gekkonidae Gymnodactylus darwinii Gekkonidae Phyllopezus pollicaris Gymnophthalmidae Colobosaura sp. Gymnophthalmidae Leposoma scincoides Leiosauridae Enyalius catenatus Polychrotidae Anolis fuscoauratus Polychrotidae Anolis ortonii Polychrotidae Anolis punctatus Polychrotidae Enyalius catenatus Polychrotidae Polychrus marmoratus Scincidae Mabuya heathi Scincidae Mabuya macrorhyncha Teiidae Ameiva ameiva Teiidae Cnemidophorus nativo Teiidae Kentropyx calcarata Teiidae Tupinambis merianae Tropiduridae Tropidurus strobilurus Tropiduridae Tropidurus torquatus Boidae Corallus hortulanus Boidae Epicrates cenchria Colubridae Atractus maculatus Colubridae Chironius bicarinatus Colubridae Chironius exoletus Colubridae Chironius fuscus Colubridae Chironius laevicollis Colubridae Chironius multiventris Colubridae Clelia plumbea Colubridae Dipsas catesbyi Colubridae Dipsas neivai Colubridae Drymoluber dichrous Colubridae Leptodeira annulata Colubridae Leptophis ahaetulla Colubridae Liophis cobella Colubridae Liophis frenatus 211 No. de registros 1 3 1 5 1 1 5 2 1 1 1 1 2 1 1 3 3 2 3 2 1 3 3 2 1 1 1 4 1 1 4 3 4 2 1 1 3 1 4 4 3 4 3 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Classe Ordem Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Serpente Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Repitilia Total Serpente Serpente Serpente Testudine Testudine Familia Colubridae Colubridae Colubridae Colubridae Colubridae Colubridae Colubridae Colubridae Colubridae Colubridae Colubridae Elapidae Elapidae Viperidae Viperidae Viperidae Viperidae Chelidae Testudinidae 212 Espécie Liophis miliaris Liophis poecilogyrus Liophis reginae Oxybelis aeneus Oxyrhopus petola Philodryas olfersii Philodryas viridissima Pseudoboa nigra Pseustes sulphureus Waglerophis merremii Xenodon rhabdocephalus Micrurus corallinus Micrurus ibiboboca Bothrios bilienatus bilienatus Bothrops jararaca Bothrops leucurus Lachesis muta Acanthochelys radiolata Geochelone denticulata No. de registros 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1518 ANEXO I.5 – Fotos da fauna da RPPN Estação Veracel Dante Buzzetti Foto 1 – Beija-flor balança-rabo canela (Glaucis dorhnii). Aristides Alves Foto 2 – Papagaio chauá (Amazona rhodocorytha). Gleison Rezende Foto 3 – Sagüi-da-cara-branca (Callithrix geoffroyi). 213 Katão Foto 4 – Macaco-preto (Cebus robustus). Bruno Pimenta Bruno Pimenta Foto 5 – Perereca (Hylomantis aspera). Foto 6 – Perereca (Hyla gr. albosignata sp. n.). João Marcos Rosa Foto 7 – Indíviduo de gavião-real (Harpia harpyja) próximo ao viveiro e um ninho da espécie identificado na RPPN Estação Veracel. 214 Alexandre Dias Ribeiro Foto 8 – Equipamento utilizado na metodologia de armadilha fotográfica e uma foto de anta (Tapirus terrestris) registrada em pesquisa utilizando esse tipo de ferramenta na RPPN Estação Veracel. 215 ANEXOS II 1. Projetos Específicos • Monitoramento de mamíferos de médio e grande porte através de armadilhas fotográficas na RPPN Estação Veracel • Manejo e conservação do gavião-real na RPPN Estação Veracel • Novas propostas de uso público na RPPN Estação Veracel 2. Oficinas Participativas • Oficina de Elaboração do Programa de Pesquisa da RPPN Estação Veracel • Oficina de Planejamento Participativo em Comunicação e Educação Ambiental para o Entorno da RPPN Estação Veracel 216 Projetos Específicos Nesse item estão descritos projetos que já se encontram em desenvolvimento na RPPN EVC ou em fase de implantação. Novos projetos serão incorporados quando da revisão do plano de manejo. Monitoramento de mamíferos de médio e grande porte através de armadilhas fotográficas na RPPN Estação Veracel Resumo Em uma amostragem preliminar na RPPN Estação Veracel foram registradas 8 espécies de mamíferos através da metodologia de armadilhasfotográficas. Tal metodologia caracteriza-se por ser um método relativamente não intrusivo. Permite realizar o monitoramento de grandes extensões de área, não sendo necessária uma constante vigilância do sítio de estudo além de não ocorrer a captura dos animais, livrando-os do stress de aprisionamento. É também ideal para o registro efetivo da riqueza de espécies, uma vez que a grande maioria dos animais é arredia à presença humana. O objetivo do presente projeto de pesquisa é estabelecer um programa de monitoramento da fauna de mamíferos de médio e grande porte presentes na RPPN Estação Veracel. Serão estabelecidas 18 pontos de amostragem utilizando armadilhas-fotográficas dispostas nas diferentes Zonas de Manejo definidas pelo zoneamento no Plano de Manejo da reserva. Em cada ponto de amostragem será instalada uma armadilha-fotográfica modelo Tigrinus Convencional v4.0c. As armadilhas serão vistoriadas em intervalos mensais, quando serão verificados o número de fotos tiradas e a carga das baterias, que serão substituídas caso seja necessário. A cada seis meses, ou em intervalos menores dependendo dos resultados obtidos, as armadilhas serão trocadas de lugar, mantendo a distribuição pelas Zonas de manejo. Pretende-se com o projeto avaliar a importância da RPPN Estação Veracel na manutenção de populações viáveis de elementos da fauna de mamíferos característicos da região sul da Bahia. 217 Introdução Restando menos de 8% da cobertura original do bioma (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2000) e altamente rica em endemismo de plantas e animais, a Mata Atlântica é um dos cinco mais importantes hotspots mundiais de biodiversidade (Myers et al., 2000). De um total estimado em mais de 1800 espécies de vertebrados terrestres, aproximadamente 660 (36%) são endêmicos ao bioma. Entre os mamíferos, 18 (80%) das 24 espécies e sub-espécies de primatas e 57 (64%) dos 87 táxons de roedores são exclusivos do bioma. Elevado também são os número de espécies de mamíferos ameaçados de extinção na Mata Atlântica. Dos 69 mamíferos ameaçados de extinção no Brasil pela lista oficial do IBAMA (Machado et al., 2005) nada menos que 41 espécies (59,4%) ocorrem na Mata Atlântica, muitas delas no sul do estado da Bahia. A fauna de mamíferos do sul da Bahia tem sido alvo de diferentes estudos em anos recentes. Moura (1999) e Pardini (2001, 2004) estudaram a comunidade de pequenos mamíferos na Reserva Biológica de Una e em fragmentos na região. Moura (2003) analisou também a fauna de mamíferos em geral em fragmentos florestais em um trabalho com maior amplitude geográfica, abrangendo áreas no Baixo Sul ao Extremo Sul do estado. A região Sul da Bahia é também rica em espécies de mamíferos ameaçados de extinção, e diversos trabalhos vêm sendo desenvolvidos com muitas dessas espécies, tais como o mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas), o macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos), a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), o rato-do-cacau (Callistomys pictus) e o rato-de-espinho (Phyllomys unicolor), entre outros. Muito se espera desses estudos para confirmar a importância dos remanescentes florestais nessa região para a preservação de espécies ameaçadas de extinção no Brasil. Nesse contexto, a RPPN Estação Veracel, junto com a área de floresta da Reserva Biológica Pau-Brasil, da CEPLAC, constitui um importante remanescente florestal. Diversos estudos com mamíferos foram realizados na RPPN. Teixeira et al. (1994) indicam a presença de várias espécies ameaçadas de extinção na área, porém, muitas delas com ocorrência presumida. Martuscelli (1999), em um relatório preliminar de três expedições de coleta aponta 14 espécies de mamíferos, desconsiderando 218 espécies registradas em entrevistas. Para pequenos mamíferos, considerando a área conjunta da RPPN com a Rebio Pau-Brasil, Moura (2003) capturou 6 espécies em uma única campanha de campo, além de ter registrado 33 espécies de mamíferos de médio e grande porte, 13 dessas espécies com registros diretos (pegadas e visualizações) e o restante por meio de entrevistas. Mais recentemente, Melo (2004) relata a ocorrência de 25 espécies de mamíferos na Estação, 16 delas por meio de entrevistas. Paglia & Santos (2005) realizaram um rápido inventário da fauna de mamíferos de médio e grande porte na Estação Veracel utilizando armadilhas-fotográficas. A amostragem da fauna através de armadilhas fotográficas (Cam Trap) caracteriza-se por ser um método relativamente não intrusivo. Permite realizar o monitoramento de grandes extensões de área, não sendo necessária uma constante vigilância do sítio de estudo além de não ocorrer a captura dos animais, livrando-os do stress de aprisionamento. É também ideal para o registro efetivo da riqueza de espécies, uma vez que a grande maioria dos animais é arredia à presença humana. Entretanto, o método apresenta algumas limitações para o inventariamento da fauna silvestre em decorrência da diferença de detecção entre os grupos (grande homeotérmicos e pequenos homeotérmicos) e devido os diferentes hábitos locomotores entre as espécies (Wemmer et al., 1996). Objetivos Apesar de úteis para a caracterização da fauna de mamíferos, nenhum dos projetos voltados para esse grupo na RPPN Estação Veracel possui uma grande amplitude temporal. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é iniciar um protocolo de monitoramento da fauna de mamíferos de médio e grande porte na RPPN Estação Veracel. Pretende-se também relacionar a variação sazonal nos parâmetros biológicos de riqueza e diversidade com variáveis ambientais, além de comparar tais parâmetros entre as diferentes zonas de manejo e entre áreas submetidas a diferentes níveis de pressão antrópica externa. O projeto também se insere como componente do Programa de Monitoramento das áreas de influência da Veracel, por se tratar da RPPN uma dos sítios do programa. 219 Metodologia Área de estudo A amostragem será realizada na RPPN Estação Veracel, de propriedade da empresa Veracel. A RPPN está localizada nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, e possui uma área de 6069 hectares de floresta, boa parte dela (cerca de 76% da estação) em estágio avançado (Teixeira et al., 1994). A vegetação predominante na Estação Veracel é a chamada Mata de Tabuleiro, com matas de galeria ao longo dos cursos d’água e uma área brejosa ao sul da estação e uma pequena área coberta por formações arbustivas e/ou arbóreas de terrenos arenosos, chamados “mussunungas” (Figura 1). Coleta de Dados Para levantamento dos dados serão utilizadas inicialmente 20 armadilhas fotográficas modelo Tigrinus Convencional v4.0c, fabricadas pela Tigrinus (http://www.tigrinus.com.br). O modelo possui uma câmera fotográfica analógica automática 35mm modelo Canon BF10 date com filme Fuji Pro Value 200 ASA, 36 poses. A câmera fotográfica é alimentada com duas pilhas tamanho AA recarregáveis. A armadilha possui um sensor de movimento que detecta a presença de organismos que se desloquem em frente ao equipamento, e um sensor de ambiente, com a função de reduzir disparos em falso. A armadilha é alimentada por 4 pilhas tamanho AA recarregáveis. O equipamento pode ser ajustado através de um programador externo, que também indica o número de fotos batidas e ao nível de carga das pilhas. As armadilhas serão instaladas em árvores com diâmetro superior a 15 cm, e os pontos de amostragem escolhidos de acordo com o Zoneamento ambiental realizado para o Plano de Manejo da Estação Veracel. Foram definidas 6 Zonas de manejo, sendo três zonas principais para a instalação das armadilhas fotográficas: Vida Silvestre (ZVS), Proteção (duas ZP1 e ZP2) e Recuperação (ZR). Armadilhas serão inseridas também na Zona de Educação Ambiental (ZEA), Zona Administrativa (ZA) e na Zona Conflitante (ZC). Um total de 17 armadilhas-fotográficas serão distribuídas em cada zona de manejo (Tabela 1). Três armadilhas serão reservadas para eventuais substituições de equipamento estragado. 220 Figura 1 – Mapa de cobertura vegetal da Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel, Porto Seguro, Bahia. 221 Tabela 1 – Número de armadilhas-fotográficas instaladas em cada zona de manejo na RPPN Estação Veracel Zona de manejo Tamanho Sigla (ha) No. de armadilhas Zona de Proteção 2.643 ZP 5 Zona Silvestre 1.712 ZVS 4 Zona de Recuperação 1.670 ZR 4 Zona de Visitação 33 ZEA 2 Zona de Uso Conflitante 10 ZC 1 Zona de Administração 1 ZA 1 Total 6.069 17 Serão escolhidos pontos próximos de corpos d'água, de trilhas naturais, de árvores com frutos e de evidências diretas ou indiretas da presença de mamíferos. O equipamento será programado para disparos em intervalos mínimos de 30 segundos entre as fotografias e funcionamento contínuo (24 horas). As câmeras serão vistoriadas em intervalos de aproximadamente quatro semanas, para troca do filme e, quando necessária, renovação das baterias e pilhas além da limpeza e verificação do funcionamento do equipamento. As armadilhas ficarão em operação por pelo menos 4 anos, devendo ser substituídas por equipamentos novos quando estragadas e sem possibilidade de reposição, para que o esforço amostral permaneça constante ao longo desse período. Para os cálculos de sucesso de captura e do índice de abundância relativa (IAR) consideraremos um registro efetivo como sendo uma foto de uma espécie em uma armadilha-fotográfica num período de 24 horas, excluindo da estimativa os registros seqüenciais de um mesmo indivíduo. Para a estimativa do IAR de cada espécie divide-se o número de registros efetivos de cada espécie pelo número total de registros efetivos (Sanderson, 2005; Sanderson & Trolle, 2005). A diversidade será comparada entre as zonas de manejo utilizando as estimativas de riqueza calculadas a partir de técnicas de re-amostragem como o Jackniffe. A variação sazonal na riqueza 222 de espécies e no IAR será relacionada com parâmetros ambientais, como pluviosidade e temperatura através da análise de regressão. 223 Literatura citada Fundação SOS Mata Atlântica & INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). (2000). Atlas dos Remanescentes Florestais e Ecossistemas Associados no Domínio da Mata Atlântica. São Paulo. Machado, A.B., Martins, C.S. & Drummond, G.M. (2005). Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção – incluindo as listas das espécies quase ameaçadas e deficientes em dados. Fundação Biodiversitas. Belo Horizonte. Martuscelli, P. (1999). Levantamento de aves e mamíferos da Estação Veracruz, Porto Seguro, Bahia. Relatório Preliminar (não publicado). Veracel Celulose. Eunápolis. Melo, F.R. (2004). Levantamento de primatas na Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracruz, Eunápolis, Bahia. Relatório técnico (não publicado). Veracel Celulose. Eunápolis. Moura R.T. (1999). Análise comparativa da estrutura da comunidade de pequenos mamíferos em remanescentes de Mata Atlântica e plantio de cacau em sistema de cabruca no Sul da Bahia. Tese de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. Moura, R.T. (2003). Distribuição e ocorrência de mamíferos na Mata Atlântica do sul da Bahia. Em: Prado P.I., Landau E.C., Moura R.T., Pinto L.P.S., Fonseca G.A.B. & Alger K.N. (orgs.) Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia. Publicação em CDROM. IESB, CI, CABS, UFMG & UNICAMP. Ilhéus. Myers, N., Mittermeyer, R.A., Fonseca, G.A.B., & Kent, J. (2000). Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853-858 Paglia, A.P. & Santos, G. (2005). Amostragem de mamíferos de médio e grande porte através de armadilhas fotográficas na RPPN Estação Veracruz. Relatório Técnico não-publicado. Veracel Celulose. Eunápolis. Pardini R. (2001). Pequenos mamíferos e a fragmentação da Mata Atlântica de Una, Sul da Bahia – Processos e Conservação. Tese de Doutorado, Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. São Paulo. 224 Pardini, R. (2004). Efects of forest fragmentation on small mammals in an Atlantic Forest landscape. Biodiversity and Conservation 13: 2567–2586. Sanderson, J. (2005). Camera Phototrapping Monitoring Protocol Version 2.1 -Tropical Disponível Ecology, em: Assessment, and Monitoring (TEAM) Initiative. www.teaminitiative.org/application/resources/index.hmtl#camera (download em setembro de 2005) Sanderson, J.G. & M. Trolle. (2005). Monitoring elusive mammals. American Scientist 93: 148-155. Teixeira, D. M., Porto, M., Lorini, M. L. & Persson, V. G. (1994). Vertebrados ameaçados de extinção na Estação Veracruz. Relatório Técnico (não publicado). Veracel Celulose. Eunápolis. Wemmer, C., Kunz, T.H., Lundie-Jenkins, G. & Mcshea, W.J. (1996). Mammalian singn. In: D.E. Wilson, F.R. Cole. J.D. Nichols, R. Rudrarn & M.S. Foster (eds.). Measuring and Monitoring Biological Diversity. Standart Methods for Mammals. Smithsonian Institution. Washington D.C. 225 Cronograma de Atividades ATIVIDADES BIMESTRES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Seleção e contratação de biólogo Aquisição de equipamento Instalação das armadilhas Coletas de dados Tabulação dos dados Recolocação das armadilhas Análise dos dados Relatório parcial Relatório Final 226 Manejo e Conservação do Gavião-Real na RPPN Estação Veracel* *em colaboração com a pesquisadora Dra. Tânia Sanaiotti (INPA) Introdução O Gavião-real, Harpia harpyja, habita as florestas do Novo Mundo desde o sul do México até o nordeste da Argentina (Aparício, 2001, Sick, 1993) e aparentemente nunca foi muito abundante, o que pode criar uma sensação de absoluta ausência desta espécie em florestas que mostram condições ótimas para sua existência (Garcia, 1996). Esta espécie, o maior predador voador das Américas, esteve antes listada como ameaçada de extinção (Bernardes et al., 1990) e recentemente foi retirada da nova Lista Oficial de Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção (web site do MMA, 2003). Na mata Atlântica, o Gavião-real era regularmente avistado até a década de 40 (Pacheco et al., 2003). Entretanto a população declinou drasticamente, e os avistamentos entre 1980 e 2002 para esta região, tornaram-se raros, provavelmente devido à fragmentação de habitat e ao processo histórico de caça da espécie como troféu. Na Amazônia Legal Brasileira, as evidências nos últimos 6 anos (Sanaiotti et. al., 2001) indicam que a espécie seja ainda abundante devido às grandes extensões de floresta contínua. Porém as novas fronteiras do desmatamento decorrentes de expansões agrícola e pecuária, assentamentos rurais e exploração madeireira, estão desencadeando processos de transformação daquela paisagem. Retting (1995) afirma que sabendo melhor a respeito das presas de Harpias poderemos indicar qual o tamanho e tipo de habitat para salvaguardar a população destas águias. Em suas pesquisas detectou que até os seis meses, os jovens treinam o uso das asas, e depois do primeiro vôo, ainda se manterão próximos à árvore do ninho por mais de um ano, sendo alimentados pelos pais. Pela dificuldade de acompanhar as atividades deste animal em campo, este período de nidificação é a melhor alternativa de registrar a dieta da espécie. A dieta de um casal em período reprodutivo foi composta por 19 espécies de mamíferos, mais de 30% dos indivíduos eram preguiças e menos 227 de 30% eram macacos; 86% das presas eram arborícolas, mas um cervídeo, Mazama americana, foi identificado nos itens de dieta (Retting, 1995). Em outro registro de presas, avaliado através de restos encontrados em 7 ninhos no Peru, a dieta foi composta por 11 espécies de mamíferos (destacando Coendou bicolor, Choloeupus hoffmanni, Potus flavus, Bradyipus variegatus e Tamanduá tetradactyla em maior número) e 3 espécies de aves (Piana, 2001). Alvarez-Cordero (1996) estudou 29 ninhos na Venezuela e 10 no Panamá, e estimou que os casais usam cerca de 3-7km da área de entorno aos ninhos, mantendo área de uso circular com o ninho no centro. A dispersão destes casais podia ser em até 80km2. No Peru, próximo a Puerto Maldonato, na comunidade nativa de “Infierno”, Piana (1997) encontrou harpias sobrevivendo e reproduzindo em florestas secundárias ou fragmentadas. O hábito de retornar às árvores dos ninhos em diferentes ciclos de reprodução foi apontado em dois diferentes trabalhos. Retting (1978) registrou ciclos de reutilização de ninhos com cerca de três anos. Muitos estudos fazem referências à nidificação de harpias em árvores emergentes. Retting (1995) estudando ninhos de harpia na Guiana encontrou 9 ninhos, maioria deles em Ceiba pentandra (Samaúma). Na Venezuela Martinez et al. (1996) descrevem que os ninhos ocorreram em Lecythidaceae (“Capa tabaco”), Chrysobalanaceae (“el Merecurillo”), Leguminosae (“el Algarrobo”) e Bombacaceae (“el Barbarán” e ocasinalmente em Ceibas). No Peru, dos 7 ninhos estudados 4 estavam em castanheiras, Bertholletia excelsa e 2 em Dipteryx micranta e 1 não identificada (Piana, 2001). Os trabalhos não indicam dados de preferência por espécies, mas sempre citam nidificações em árvores emergentes, que variam aparentemente conforme a região abordada. A localização e o monitoramento de ninhos próximos à Manaus foi um ponto de partida ao estudo da dieta da espécie na Amazônia central (Sanaiotti et al., 2001). Com base na idéia de preservação ligada à árvore do ninho, a exemplo de trabalho semelhante realizado por Alvarez-Cordero & Küng (1998) na Venezuela, foi iniciado um Programa de Conservação da espécie Gavião-real para a Amazônia Brasileira (Sanaiotti, 2001, 2002). 228 Justificativa A coexistência de espécies com o homem é um desafio deste novo século, e para isso faz-se necessário que muitas informações estejam disponíveis aos tomadores de decisão, nos momentos de argumentação e estabelecimento de ações de conservação. Determinar padrões de uso do habitat, tamanho e forma do território, e compreender a dieta de espécies ameaçadas podem ser ferramentas úteis para fornecer subsídios às tomadas de decisão quanto ao estabelecimento de áreas de conservação e orientação em planos de manejo. O mesmo vale para casos de restrição de uso de habitat em áreas de extrativismo e estimativas de viabilidade de reintrodução da espécie em áreas a priori de ocorrência natural. Na Mata Atlântica a fragmentação do habitat criou um mosaico de “pequenas florestas” que dificulta a manutenção da fauna. No Extremo Sul da Bahia, a descaracterização do ambiente natural e a derrubada indiscriminada das florestas são responsáveis pela raridade de várias espécies de aves nos dias atuais, principalmente espécies florestais, que sobrevivem apenas nos raros remanescentes florestais existentes na região. As principais reservas florestais existentes no sul da Bahia, com capacidade para abrigar as espécies de aves mais raras e exigentes ecologicamente, são a RPPN Estação Veracel, de propriedade da Veracel Celulose S/A e os três parques nacionais na porção terrestre dessa região, em função de sua extensão e grau de conservação. No caso específico deste Projeto, há registros de avistamentos de Harpia harpyia com regularidade por pesquisadores visitantes (Paulo Cordeiro, Mauro Galetti) na RPPN Estação Veracel, e por vários funcionários da Reserva e vigias da CEPLAC na divisa da RPPN/CEPLAC, desde 1998. O(s) indivíduo(s) avistado(s) entre 1998-2004 na RPPN, remanescente(s) ao processo de fragmentação, pode estar utilizando também o entorno da unidade de conservação como área de forrageio. Não existem dados publicados a respeito da dimensão dos territórios em áreas fragmentadas, nem estudos prévios sobre área de vida de harpias para a Mata Atlântica. Atualmente, existe uma harpia em cativeiro no Criadouro Conservacionista da Veracel Celulose S/A, localizado na RPPN Estação Veracel, que tem atraído a presença de um indivíduo de vida livre observado 229 desde junho de 2003. O animal hoje em cativeiro é proveniente de apreensão do IBAMA em área próxima a Reserva em 1997 e já era adulto na época. Uma vez que o referido Criadouro será desativado e os animais devidamente encaminhados, propõe-se no caso da harpia a realização de um estudo do indivíduo de vida livre e a partir deste a possível reabilitação e soltura do indivíduo em cativeiro, na região. Objetivos 1. Capturar a harpia de vida livre que visita o indivíduo em cativeiro, no recinto do Criadouro Conservacionista da Veracel Celulose S/A localizado na RPPN Estação Veracel, para anilhamento de registro no CEMAVE/IBAMA e implantação de rádios transmissores para receptação de dados em VHS e via Satélite; 2. Determinar se o indivíduo marcado desloca-se somente na área da RPPN Estação Veracel e qual ou quais outras matas contíguas ou fragmentos estão sendo visitados, e determinação de área de vida; 3. Identificar que áreas dentro da RPPN Estação Veracel não são ocupadas pela Harpia monitorada ou outro indivíduo livre; 4. Investigar se existe ninho de Harpia dentro da RPPN Estação Veracel e/ou florestas adjacentes; 5. Verificar a presença de indivíduos de Harpia, através de sistema de Play-Back em diferentes pontos da RPPN Estação Veracel; 6. Iniciar programa de reabilitação para o indivíduo em cativeiro, visando reintrodução; 7. Buscar reserva florestal ou conjunto de fragmentos com área suficiente para comportar a reintrodução, baseando-se em dados a serem obtidos pelo monitoramento do indivíduo de vida livre. Área de Estudo O estudo será desenvolvido na RPPN Estação Veracel, onde há registros de avistamentos de indivíduo(s) de Harpia adulto, e por surpresa a visita de um indivíduo adulto sobre o recinto de outro indivíduo de Harpia em cativeiro. A vegetação das RPPN Estação Veracel (6.069 ha) e Estação Pau Brasil (1.230 ha) são de Floresta Atlântica, pouco impactadas, remanescentes ao processo de ocupação humana. 230 Métodos 1. Captura e marcação com anel do CEMAVE/IBAMA e soltura do indivíduo livre que visita o recinto na RPPN Estação Veracel; 2. Determinar o tamanho da área usada pelo indivíduo livre através da implantação de um rádio transmissor via satélite; 3. Acompanhar as atividades de animais na área do ninho de harpia dentro da RPPN Estação Veracel; 4. Determinar se existe parte da Estação Veracel que não esteja sendo ocupada pela Harpia monitorada; 5. Reintroduzir o segundo indivíduo, hoje em cativeiro no Criadouro Conservacionista da Veracel Celulose S/A, em área de reserva na Bahia. Captura por armadilha de laço A técnica de captura por armadilha de laço foi desenvolvida na tese de doutorado de Álvares-Cordero (1996), com captura e marcação de 16 Harpias na Venezuela, e ainda não foi patenteada. A arapuca consiste de uma base de tela onde se fixam quatro guias para o laço e uma isca, e a estrutura é presa a um galho próximo ao ninho. O laço, uma corda de polipropileno de 5mm, é controlado pôr um operador em terra e no momento que a ave pisa na isca, dispara o dispositivo. Nesta situação em especial, os avistamentos mais constantes têm sido sobre o recinto do indivíduo em cativeiro, sobre o qual será instalado o dispositivo de captura. Marcação e implantação de transmissores VHS e satélite No mesmo esforço de captura para o anilhamento, serão implementados sistemas de transmissão de sinais VHS Wildlife Materials e transmissor de sinais via satélite TELONICS, em sistema de mochila, fixa às costas da ave. A receptação dos dados será realizada em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA. Após a receptação, procederemos com as análises dos dados e determinação da área utilizada pelo indivíduo. Além da marcação também será feita coleta de sangue para fins de análise de DNA. 231 Técnicas de acesso às copas Para instalação de armadilhas, verificação de ninhos, buscas por avistamentos ou quando necessário, as árvores emergentes serão escaladas através de técnicas verticais em “single rope” com “back-up”, com técnica “sapo”. As cordas estáticas são passadas nas forquilhas principais da árvore, previamente à escalada, através do uso de atiradeira esportiva, com chumbos esféricos de pesca de 50g, presos a um fio de nylon de 0,35mm. Após a passagem deste fio, por ele será recolhido um cordim de 0,6mm, chamado monofil, com o qual é possível recolher à corda. As cordas de “back-up”, dinâmicas, partirão de uma segunda pessoa que dispõe de um dispositivo blocante, que liberará corda á medida que o escalador sobe. Presa ao escalador, a corda dinâmica será passada por pontos de fixação, que sustentarão a queda do escalador em caso de falha do sistema principal. Caracterização da dieta Ossadas serão recolhidas mensalmente no ninho dentro da reserva, durante o período do monitoramento por um integrante do Programa Gaviãoreal. Para caracterizar e quantificar a dieta dos filhotes, analisaremos as ossadas recolhidas, seja no chão sob o ninho ou no interior do ninho (quando da limpeza final antes da queda do ninho, ou nos momentos de captura para o anilhamento). As ossadas serão analisadas individualizando cada item de presa para quantificação. Consideraremos indivíduo, cada crânio ou bacia completa. Em uma mesma coleta, quando não for possível individualizar ossos pertencentes a um mesmo esqueleto, para cada crânio uma bacia será descartada do registro de número de indivíduos. Métodos para reabilitação de indivíduo de Harpia adulto trazido para o Criadouro Conservacionista em 1998 (microship AID 0451133090). Um programa de reabilitação deverá ser moldado conforme avaliação da capacidade de vôo, habilidade de captura de presas e manutenção de instinto de caça, e estado de saúde do indivíduo em cativeiro. O planejamento do programa de reabilitação deverá ser desenvolvido e detalhado em parceria com a RPPN Estação Veracel. Além disso, deverão ser 232 considerados os dados a serem obtidos pelo monitoramento do indivíduo de vida livre a fim de identificar a existência de área suficiente para comportar a reintrodução na região. No caso de soltura, este indivíduo também receberá anilha e rádios transmissores para acompanhamento. Método de Play-back para atração de indivíduos. Serão acessados diferentes pontos da RPPN Estação Veracel, a serem determinados de acordo com acesso e divisão da área em blocos de abordagem. Nesses pontos selecionados, uma árvore emergente será escalada, e procederemos utilizando com gravações play-back de das vocalizações vocalizações e em aparelho aguardaremos MD, por vocalizações de resposta ou avistamento de indivíduos. Referências Bibliográficas Aparício, K. (2001). Aguila Harpía y su Conservación en Panamá. Hecradon moreno, Puente bologica Panamá STRI. pp. 169-174. Stanley Ed. Panamá. Álvares-Cordero, E. (1996). Biology and conservation of th harpy eagle in Venezuela and Panamá. Dissertation to the graduate school of the University of Florida for the degree of Doctor in Philosophy. University of Florida. Alvares-Cordero, E. & Küng, E.P. (1998). Al rescate del águila - poniendo a la Harpía en el mapa de Venezuela. GEO Conferencia, pp. 08-19. Bernardes A.T., Machado, A. B. M. & Rylands, A.B. (1990). Brasilian fauna threatened With extintion. Fundação Biodiversitas. Belo Horizonte. Garcia, M.V. (1996). El Aguila Harpia, Harpia harpyja. Natura. 105: 57-58. Martinez, G., Alvarez, E. & Alvarez, E. (1996). Aguila Harpia, Harpia harpyja. Natura 105: 50-56. MMA (Ministério do Meio ambiente e Recursos Naturais Renováveis). (2003). Lista oficial de espécies ameaçadas de extinção. Disponível em www.mma.gov.br. Pacheco, J F.; Fonseca, P.S.M.& Prini, R. (2003). Coletânea de registros recentes de Harpia harpyja (L.) para os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Atualidades Orn., Ivaiporã 111:7. Piana, P.R. (1997). Harpy Eagle in the Infierno Native Community. Proyecto de investigacion sobre la biologia del Agila Arpía (harpi hapija) en la 233 comunidad nativa de Infierno, Madre de Dios, Peru. www.perunature.com/downloads/harpia.doc . Piana, P.R. (2001). El Aguila Harpía (Harpia harpyja) en el Parque Nacional Bawaja-Sonene, la Reserva Nacional Tambopata y la Comunidad Nativa de Infierno – Reporte de campo. www.perunature.com/downloads/report.doc . Retting, N.L. (1978). Breeding behaivour of harpy eagle (Harpia harpyja). The Auk 95(4): 629-643. Retting, N.L. (1995). Remote word of the harpy eagle. National Geographic 187(2): 40-49. Sanaiotti, T.M. (2001). Monitoramento de ninhos de Gavião-real na Amazônia. Resumos do V Congresso de Ecologia do Brasil. pp. 350-350. Sanaiotti, T.M. (2002). Mapping and Monitoring nests of the Harpy eagle in the Amazon. Neotropical Raptor Conference and Harpy eagle Symposium. pp. 80. Panamá. Sanaiotti, T.M., Filho, C.R.; Luz, B.B & Soler, I.G.P. (2001). Dieta de filhotes de Harpia harpyja na região de Manaus. II Encontro de Ornitologia do Mercosul, pp. 344-345. Sick, H. (1993). Birds in Brazil. Princeton Univ. Press. Cronograma ANO 1 1. Harpia vida livre Aquisição de equipamentos e transmissor Escaladores instalar armadilha Gravação de vocalizações Captura e implantação rádio Monitoramento INPE Escalador busca por ninho Primeira estimativa da área Segunda estimativa da área 2. Harpia em cativeiro Reabilitação em cativeiro Captura e marcação Soltura 1 2 3 4 5 6 7 ANO 2 8 9 1 0 1 1 12 1 2 3 4 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 234 Novas Propostas de Uso Público para a RPPN Estação Veracel (a) Trilha Autoguiada das Palmeiras e Paisagismo Os belíssimos conjuntos de espécies arbóreas plantados defronte ao Centro de Visitantes poderiam ser ainda mais ressaltados com uma reforma no jardim, transformando-o em uma área melhor aproveitada e de maior circulação de visitantes. Ao mesmo tempo em que as sebes formadas pelo pingo-de-ouro (Duranta repens) ressaltam os caminhos (Figura 1a), os elementos dispostos no jardim, como um quiosque, bancos e placas adquirem um caráter de isolamento. Além disso, algumas placas que identificam espécies arbóreas, no caminho para a administração, acabam ficando um pouco escondidas atrás da bordadura de pingo-de-ouro (Figura 1b). (a) (b) Figura 1(a) – Sebes formadas pelo pingo-de-ouro (Duranta repens) ressaltam os caminhos internos da RPPN Estação Veracel; (b) Placas escondidas atrás da bordadura de pingo-de-ouro. 235 Em uma situação destas deve-se decidir o que deverá chamar mais a atenção, se o caminho que vem em primeiro plano, ou a vista além dele. Pode-se alterar a composição com a eliminação das bordaduras de pingo-de-ouro, proporcionando maior contato com as plantas do jardim, buscando com a remoção dos detalhes unir todos os componentes. Aproveitando os conjuntos de palmeiras, principalmente no caminho para a administração (Figura 2a), sugerese a implantação da Trilha das Palmeiras, definindo o percurso com um novo traçado, com beiradas de sustentação (pedras, tijolos) e pavimentação (seixos rolados, pedras britadas). As atuais placas apenas informam o nome popular, científico e a família botânica a que pertence (Figura 2b). (a) (b) Figura 2(a) – Palmeiras no caminho para a administração na RPPN Estação Veracel; (b) Placas atuais informam nome comum, científico e família botânica a que pertence. 236 Um novo conjunto de placas deve ser projetado, com caráter mais educativo, dando destaque aos usos da espécie e criando textos integrativos e ilustrações de uma placa para a outra, seja relacionando o cotidiano de uma comunidade, por exemplo, indígena, ou relacionando espécies da fauna local. Pode-se usar um personagem “mascote” como interlocutor da história na Trilha das Palmeiras, sem com isso deixar de atingir os públicos distintos. Com relação a toda a área do jardim, parte da grande forração gramada, que requer constante manutenção (Figura 3a), pode ser aos poucos substituída por forrações nativas de porte arbustivo, que não precisam ser cortadas ou podadas, principalmente na lateral oposta ao estacionamento de funcionários, no fundo do Centro de Visitantes. Deve ser estudado um caminho diferenciado de acesso à administração, que pode sair da parte lateral direita ou fundo do Centro de Visitantes. O caminho de acesso ao Centro de Visitantes a partir do portão de entrada para visitantes (Figura 3b) deve permanecer, podendo sofrer adequações ao contexto do projeto paisagístico como um todo. 237 (a) (b) Figura 3(a) – Grande forração gramada requer constante manutenção; (b) Caminho de acesso ao Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel. No planejamento do jardim, deve ser mantida uma área gramada aberta para realização de atividades educativas, principalmente com grupos de escolas. Alguns recantos do jardim podem ainda ser valorizados e enfatizados como local de descanso, contemplação e relaxamento, realocando os bancos e quiosque. (b) Trilha em Floresta Conservada Um passeio com grande potencial para ser estudado seria um roteiro com o ponto de partida no Centro de Visitantes, onde ouviriam uma breve palestra sobre a RPPN EVC e princípios de conduta e mínimo impacto, a primeira parada em trilha da Mussununga, e a volta passando por um trecho de estrada interna do Parque, com visita à trilha em floresta conservada. 238 Deve ser estudado um trecho de trilha circular, com início e final no mesmo ponto, que é mais utilizado para trilhas curtas, oferecendo fácil acesso além de estacionamento próximo (Figura 4). Os visitantes não precisam retornar pelo mesmo caminho, o que torna o percurso mais interessante. Acesso à trilha ESTRADA Figura 4 - Trilha em formato circular. Neste trecho de floresta, na bordadura da estrada interna, foram observados sub-bosques com grande diversidade de bromélias (Figura 5a e b), o que não foi encontrado próximo à área da sede. Seria necessário uma van ou micro-ônibus para o transporte de visitantes nesta trilha, ou em caso de acionistas da empresa poderiam ir com carro próprio ou alugado. A logística de transporte pode ser ainda realizada por concessionários, que devem seguir as normas definidas pela administração. Deve-se fazer um estudo para verificar as responsabilidades legais e penalidades, prevendo o acontecimento de acidentes que envolvem veículos, lembrando que se trata de uma via municipal, e não particular da Empresa Veracel. Placas de limite de velocidade devem ser instaladas ao longo das estradas, requeridas junto aos órgãos responsáveis. 239 (a) (b) Figura 5(a e b) – Bromélias observadas no sub-bosque da área com potencial para implantação da trilha em floresta conservada da RPPN Estação Veracel. (d) Necessidade de Projetos Específicos Manejo e Monitoramento do Uso Público Os métodos de planejamento da visitação atualmente utilizados caracterizam-se por serem dinâmicos e sua ênfase está na condição desejada, utilizando-se indicadores que descrevem as condições atuais, fazendo com que os padrões desejáveis dos recursos naturais ou da experiência do visitante sejam alcançados através de ações administrativas. A base de todo o processo está na realização do monitoramento contínuo das condições físicas e sociais da área natural, conforme demonstrado na Figura 6. 240 Revisar objetivos de manejo existentes para a área Selecionar indicadores das condições do recurso e sociais Estabelecer padrões para os indicadores Monitorar as condições Comparar as condições existentes com os padrões Padrão excedido Padrão não excedido Avaliar e identificar as causas do excesso Selecionar e implementar ações de manejo Figura 6 – Diagrama ilustrando objetivos pré-determinados dos sistemas de planejamento. Os impactos decorrentes do uso público são complexos e envolvem diversas variáveis, sendo que apenas algumas podem ser analisadas com precisão. O período, tipo e duração do uso, assim como o comportamento do visitante e o nível de experiência determinam a severidade dos impactos. O aumento da visitação em áreas naturais e o fato destas áreas, por vezes, coincidirem com ecossistemas frágeis, causam impactos negativos sobre o ambiente, que poderiam ser evitados ou diminuídos com algumas propostas de manejo (Passold, 2002). Os programas de monitoramento de impacto do uso público oferecem aos administradores uma ferramenta objetiva para acompanhar as 241 condições naturais do meio, e verificar a amplitude do impacto causado pelos visitantes. Na RPPN EVC, a definição de padrões de qualidade desejável dos recursos naturais e da experiência da visitação será definida após a implementação de um programa de monitoramento contínuo. Atualmente os métodos mais utilizados para planejamento da visitação são: ROS (Recreation Opportunity Spectrum), LAC (Limits of Acceptable Change), VIM (Visitor Impact Management), VAMP (Visitor Activities Management Process) e VERP (Visitor Experience and Resource Protection). Estes métodos se utilizam de indicadores que refletem alterações ecológicas representativas ocasionadas pelo uso público. Deverá ser elaborado um estudo específico para seleção e teste de indicadores para então definir o Plano de Monitoramento do Uso Público da RPPN EVC. A exemplo do teste com indicadores de monitoramento de uso público realizado por Passold (2002) e Passold et al. (2004), nas trilhas do Parque Estadual Intervales, também nesta unidade deve ser feito o teste comparativo entre indivíduos diferentes para a seleção dos indicadores mais adequados (Tabela 1). 242 Tabela 1 – Lista de possíveis indicadores de impactos ecológicos e sociais para o monitoramento do Programa de Uso Público da RPPN Estação Veracel. IMPACTOS FÍSICOS Densidade do solo Drenagem do solo Compactação do solo Química do solo pH do solo Produtividade do solo Quantidade de serrapilheira Área de solo nu Profundidade de serrapilheira No de fogueiras Área sem vegetação Tamanho das áreas das fogueiras Área total de camping No de trilhas não oficiais Erosão visível IMPACTOS BIOLÓGICOS Fauna do solo e micro flora Densidade de cobertura do solo % de perda de cobertura vegetal Composição de espécies de plantas Diversidade de espécies de plantas Proporção de espécies exóticas Altura das plantas Vigor das espécies selecionadas Extensão de vegetação danificada Extensão dos danos às árvores No de plântulas Exposição das raízes das árvores Abundância de espécies silvestres Presença/Ausência de fauna silvestre Freqüência de observação de fauna silvestre selecionada Sucesso na reprodução da fauna silvestre Diversidade de fauna silvestre IMPACTOS SOCIAIS No No de encontros por tipo de atividade de encontros com outros indivíduos/dia No de encontros por meio de transporte No de encontros por tamanho de grupo No de encontros com outros grupos por dia Percepção do visitante sobre lotação No de encontros por local de encontro No de reclamações dos visitantes Percepção do visitante sobre o impacto no Quantidade de lixo na área ambiente Satisfação do visitante Relatos de visitantes sobre comportamento indesejável de outros visitantes Logotipo da RPPN Estação Veracel O atual logotipo da RPPN EVC (Figura 8), tem um design agradável e já incorporu a mudança do nome Estação Veracel. 243 Figura 8 – Logotipo atual da RPPN Estação Veracel. Sistema de Sinalização e Identidade Visual Deve-se prever o planejamento de um sistema de sinalização e identidade visual integrado, para orientar o visitante na localização das vias de acesso externas e internas da RPPN, e também nas trilhas. O projeto específico de sinalização das trilhas novas deverá ocorrer preferencialmente após a implementação das ações de manejo, definindo a real necessidade de instalação, o local mais apropriado e o conteúdo das placas. As placas devem ser simples, objetivas, visíveis e integradas ao ambiente. A sinalização sempre deve estar de acordo com os objetivos e o zoneamento da área. Em Hawes (1998) encontrase um exemplo da utilização de variados tipos de sinalização, apropriada para cada zona de uso. A Tabela 2 apresenta as políticas de sinalização adotadas nos Parque da Tasmânia, Austrália. Tabela 2 – Sinalização e manejo apropriados para cada zona de uso em parques. ZONAS MANEJO Primitivo Extensivo Intensivo Sim* Sim** Sim PLACAS DE INTERPRETAÇÃO Não Não# Sim PLACAS DE ORIENTAÇÃO Não Não Sim Fonte: Adaptado de Hawes (1998). *Estritamente para propósitos de manejo e proteção ambiental. Não deve ser obstrutivo; **Mínimo de sinalização. Em geral apenas para propósitos de manejo e proteção ambiental. Não deve ser obstrutivo; # Somente em áreas de uso intensivo e apenas onde houver equipamentos facilitadores (ex. Salas com equipamentos interpretativos). Não devem ser instaladas em áreas semi-primitivas. Ao longo das trilhas deve-se evitar a instalação de placas e não devem ser instaladas placas nos locais onde se encontram os 244 atrativos, resguardando assim sua característica primitiva. Somente no início dos trajetos ou em bifurcações poderão ser utilizadas placas que deverão informar sobre os pontos de interesse, a distância a percorrer, o tempo estimado de caminhada e eventuais perigos. As placas no início das trilhas devem conter a indicação do atrativo a ser visitado, a distância do percurso e o tempo necessário para sua realização. Faz-se necessário incluir no monitoramento de equipamentos facilitadores a verificação de possíveis danos causados ao sistema de sinalização e providenciar sua imediata manutenção ou troca, de acordo com a necessidade verificada. Divulgação O projeto que tratar da divulgação da RPPN EVC nas escolas da região, na empresa e para o público em geral, deve procurar enfatizar os atrativos e atividades permitidas na unidade de conservação. A divulgação poderá ser realizada junto às prefeituras dos Municípios de Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro, Eunápolis e nas comunidades do entorno e bairros, bem como em escolas e outras instituições de ensino. A divulgação nos municípios e comunidades do entorno podem ter influência tanto positiva como negativa sobre a unidade. A influência positiva da divulgação pode se dar através da expectativa de que a fiscalização e circulação de visitantes na área, sendo intensificadas, coíbam as entradas clandestinas. No entanto, a divulgação pode despertar um interesse latente de que estes recursos protegidos pela Federação poderão ser utilizados como um estoque abundante e disponível, mesmo cientes da ilegalidade do uso destes recursos. A divulgação dos atrativos existentes na RPPN EVC deve restringir-se aos locais oficialmente abertos à visitação, evitando assim a pressão sobre locais onde a administração ainda não consegue ter um controle efetivo sobre as atividades de uso público. 245 Este projeto específico deve ser desenvolvido através da contratação de serviços especializados, sob a supervisão da administração da RPPN, para a elaboração do material de divulgação, onde devem ser estudadas as formas mais efetivas de propaganda. Dentre as causas da ineficiência da propaganda identificadas por McKercher (2002) está a falta de direcionamento, qualidade inadequada da produção, falta de distinção, campanhas desprovidas de uma estratégia claramente definida e falta de profissionalismo no texto e no layout. Os objetivos da visitação na Estação Veracel, assim como metas a curto, médio e longo prazo devem estar claramente definidos quando do desenvolvimento das estratégias de divulgação. Quanto à produção de folheteria sobre a RPPN, McKercher (2002) aponta que os folhetos são uma das formas de propaganda mais importantes, embora sejam também uma das ferramentas promocionais mais mal-usadas. O layout, as cores selecionadas, a qualidade do papel, as ilustrações, as fotos escolhidas e o texto do anúncio são, na maioria das vezes, insatisfatória. Hodgson, (citado por McKercher, 2002), aponta que o índice de desperdício dos folhetos está acima dos 90%. O autor ainda lembra que as pessoas não pagam nem um centavo para adquirir os folhetos; portanto, os mesmos têm pouco valor para o leitor. Informações gerais sobre o período e horários de visitação, acessos, distâncias e mapa de localização, atividades recreacionais, infra-estrutura existente, normas e regulamentos, equipamento desejável para o melhor aproveitamento do passeio (calçados e vestimentas adequadas) e contato para informações devem ser disponibilizados também através de serviço online. Ativação da Plataforma A estrutura construída para chegar a copa de uma árvore deve ser reativada, sendo necessário a contratação de um técnico para avaliação do estado de conservação da estrutura, seja a parte metálica 246 como a madeira, e estudar os equipamentos e procedimentos para oferecer segurança ao visitante. Capacitação e Acompanhamento de Pesquisa Para a realização de atividades de visitação, a RPPN EVC necessita, além da infra-estrutura adequada a este fim, de pessoas capazes de atender aos visitantes, orientando-os sobre as oportunidades recreacionais e educativas existentes da unidade de conservação e garantir sua segurança e integridade física. Neste sentido, devem ser desenvolvidos com os funcionários da RPPN treinamentos temáticos, direcionados tanto para uma atitude conservacionista, como para o manejo da visitação. Após a avaliação do potencial recreativo RPPN EVC foram identificados alguns temas necessários para as fases de implementação das atividades de uso público, como manejo de visitantes; monitoramento do uso público; manejo e manutenção de trilhas; manutenção da infra-estrutura; primeiros socorros, busca e salvamento; navegação territorial; legislação aplicada a unidade de conservação; identificação de fauna e flora; fotografia na natureza; e línguas estrangeiras (inglês, espanhol). A aplicação de novos cursos e treinamentos, além da reciclagem de conhecimentos já adquiridos, deve ser uma prática contínua. O desenvolvimento de um maior número de pesquisas gera conseqüentemente a necessidade de assistentes de campo e, a utilização dos funcionários para suprir esta demanda apresenta-se como uma alternativa bastante viável. Além de monitorarem as atividades desenvolvidas e absorverem conhecimentos, os funcionários poderão efetivamente colaborar com a realização dos estudos científicos, através de indicações, referências e auxílio no campo. Educação Ambiental Vinculada ao Uso Público Em todo o histórico de uso público da RPPN EVC, o principal grupo visitante são os estudantes, merecendo assim atenção especial no planejamento da visitação, mais ainda após definido o perfil de uso 247 público da unidade de conservação voltada a fins educacionais. A visitação na RPPN EVC deve estar associada aos princípios e atividades definidas pelo Sub-programa de Educação Ambiental. Para que sejam atingidos os objetivos de uma visita de qualidade é recomendável que um monitor acompanhe grupos de até 10 pessoas. A programação da visita nas trilhas deve ser organizada de forma a evitar encontro de grupos e congestionamento na trilha, conforme observado em um dia de visita com um grupo de aproximadamente 30 alunos (Figura 9a). O local de explanação do monitor antes de iniciar a trilha (Figura 9b) deve ser revisto quando se tratar de grupos de crianças menores que 10 anos, e também se houver um aumento no fluxo de veículos na estrada para Santa Cruz Cabrália. (a) (b) Figura 9(a) – Encontro de grupos na Trilha da Floresta Tropical na RPPN Estação Veracel; (b) Explanação do monitor antes de iniciar a trilha. 248 Tabela 3 – Lista de potenciais escolas para inclusão no Programa de Visitação/Educação Ambiental na RPPN Estação Veracel. Instituição de Ensino Colégio Frei Calixo Escola Municipal Gov. Paulo Souto Escola Oscar Oliveira Silva Escola Albertina Fiorotti Moreira Categorias de Ensino Ensinos: Fundamental (5ª a 8ª) Educação de Jovens e Adultos Ensinos: Fundamental (5ª a 8ª) Educação de Jovens e Adultos. Ensinos: Fundamental (1ª a 8ª) Educação de Jovens e Adultos. Ensinos: Fundamental (1ª a 4ª) Educação de Jovens e Adultos. Colégio Municipal Profª Maria Lucia W. Santana Ensinos: Fundamental (1ª a 8ª) e Educação de Jovens e Adultos. Escola Menino Francisco Ensinos:Fundamental (1ª a 4ª) e Educação de Jovens e Adultos. Ensino: Fundamental (1ª a 4ª). Escola Conceição Valiense. Escola Profª Raydahlia Bittencourt Oliveira Escola União dos Posseiros e e e e Ensinos: Pré-escola, Fundamental (1ª a 8ª) e Educação de Jovens e Adultos. Ensinos: Fundamentla (1ª a 8ª) e Educação de Jovens e Adultos. Porto Seguro/ Bairro/ endereço Baianão R. Peireira, nº 2. Baianão Rua Valdivio Costa S/ nº. Paraguai Rua 18 ou Jorge Valience s/ nº. Porto Alegre II / Ubaldinão Salão da Igreja Batista. Obs.: 2ª etapa do Porto Alegre. Agrovila Br 367, Km 51. Ao lado da Padaria. Fazenda Imbiruçu de Dentro. Fazenda Imbiruçu de Dentro. Pindorama Rua Santa Rita, S/ nº. Projeto São Miguel As escolas deverão agendar a visita, permitindo à administração efetuar os procedimentos necessários ao pleno desenvolvimento dos objetivos de educação e interpretação ambiental. Algumas escolas que deverão ser contepladas pelo programa de educação ambiental estão listadas na Tabela 3. Recuperação e Manutenção de Trilhas A manutenção das trilhas e estruturas de apoio nas trilhas da RPPN EVC, se tornam pré-requisitos para garantir a qualidade do recurso natural, aprimorar o nível de satisfação dos visitantes e valorizar o desempenho da administração junto às ações de responsabilidade social de caráter educativo e cultural. O Plano de Manutenção apresentará três etapas distintas, como mostra a Figura 10, sendo: • Diagnóstico – Consiste da observação das condições encontradas na trilha e nos equipamentos facilitadores, realizada pelos funcionários e monitores, e preenchimento de uma Ficha de 249 Registro de Visitação e Ocorrências, onde constam informações referentes ao estado de conservação; • Planejamento – Avalia-se as informações e estabelecem-se prioridades de ação, conforme a gravidade da situação apresentada e os próximos agendamentos de visita; • Execução – São selecionadas datas de execução dos serviços de manutenção junto à administração da RPPN, e preparado o material e ferramentas. Para se fazer uma manutenção eficiente deve-se reconhecer as principais causas dos danos à trilha, e o fator mais importante a ser considerado na manutenção de trilhas refere-se à eficiência do sistema de drenagem. A inclinação longitudinal da trilha aumenta a velocidade de escoamento da água, causando remoção da serrapilheira, erosão do solo, assoreamento de material e problemas de drenagem. Associado ao pisoteio, surgem problemas como: erosão lateral à trilha, erosão longitudinal à trilha, formação de trilhas paralelas, alargamento da trilha original, poças d’água e pontos com lama. DIAGNÓSTICO PLANEJAMENTO CAMPO Atividade: Observar situação no campo ESCRITÓRIO Atividade: Articular execução de serviços de manutenção Responsável: Monitor Responsável: Chefia ESCRITÓRIO Atividade: Preencher Ficha de Registro EXECUÇÃO Responsável: Monitor CAMPO Atividade: Execução de serviços de manutenção Responsável: Monitor Figura 10 – Etapas do Plano de manutenção de trilhas e equipamentos facilitadores. 250 As atividades devem ser executadas com a presença de um funcionário que tenha sido orientado para a tarefa, para evitar que ocorra, por exemplo, a manutenção exagerada da trilha, com corte da vegetação lateral muito além do necessário. Manejo de Risco Dentre os sistemas necessários ao turismo de natureza está a administração de riscos. Uma vez que RPPN EVC oferece as atividades de visitação em suas áreas naturais, ela é responsável moral e juridicamente por garantir que as atividades sejam oferecidas com a máxima segurança. Segundo McKercher (2002), adotar políticas operacionais que evitam riscos não interfere negativamente na qualidade da experiência turística; ao contrário, se isso for feito corretamente, essa medida pode ser considerada um benefício a mais para o visitante. Assim, para que o Gerenciamento de Riscos das Trilhas da RPPN, algumas sugestões são fundamentais para qualquer atividade de visitação nas trilhas: • Os monitores devem saber prestar primeiros socorros e ter habilidades para oferecer segurança quando necessário; • Os monitores devem fazer cursos de socorrismo em áreas remotas; • O monitor capacitado no curso deverá levar na mochila um kit básico que deve conter: EPI (luvas, óculos, etc), Suporte Básico à Vida (máscara indicados sob respiratória), e orientação médica, medicamentos a durante o serem curso de capacitação. • Materiais para lesões em tecidos moles, lesões ortopédicas e medicamentos devem ser discutidos e definidos no Curso de Capacitação de Socorrismo em Áreas Remotas, sob orientação de especialistas. 251 • A RPPN oferecerá um carro de apoio equipado com rádiocomunicação, que tomará as devidas providências para remoção da vítima no caso de um acidente. Uma maneira de minimizar riscos é fazer com que todos os clientes leiam e assinem um termo de isenção de responsabilidade, que deverá ser elaborado junto ao setor jurídico da Empresa. Da mesma forma, poderá ser encaminhada aos grupos antes da visitação agendada, uma ficha com dados médicos dos integrantes do grupo. Referências Bibliográficas Hawes, M. (1998). Walking track management strategy for the Tasmanian Wilderness World Heritage Area. Parks and Wildlife Service. Hobart. McKercher, B. (2002). Turismo de Natureza: planejamento e sustentabilidade. Editora Contexto. São Paulo. Passold, A.J. (2002). Seleção de indicadores para o monitoramento do uso público em áreas naturais. Dissertação de Mestrado. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. Piracicaba. Passold, A.J., Magro, T.C. & Couto, H.T.Z. (2004). Comparing Indicators Effectiveness for Monitoring Visitor Impact in Intervales State Park, Brazil: Park Ranger-Measured Versus SpecialistMeasured Experience. The Second International Conference on Monitoring and Management of Visitor Flows in Recreational and Protected Areas, Rovaniemi, Finland. 252 OFICINA DE ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE PESQUISA DA RPPN ESTAÇÃO VERACEL Dia 17 de agosto, 2006 RPPN Estação Veracel - Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, BA Coordenação José Vicente Ortiz 253 Introdução A RPPN Estação Veracel (RPPN EVC) elegeu entre seus objetivos o desenvolvimento de pesquisas sobre biodiversidade. A geração de conhecimento biológico é o pilar mestre para iniciativas em Conservação da Biodiversidade. Apesar dos avanços nesta área, ainda existem grandes lacunas na compreensão do funcionamento dos processos ecológicos e das dinâmicas das populações e comunidades de animais e plantas. A RPPN EVC possui uma área de ca. 6.000 ha em bom estado de conservação em uma das áreas com maior riqueza, diversidade da Mata Atlântica e é um reconhecido centro de endemismos de diversas espécies, o que faz dela uma área de extrema importância para a biodiversidade regional. Para atender a demanda de pesquisas em biodiversidade na estação, está sendo elaborado um Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PP-EVC) dentro da Revisão do Plano de Manejo da RPPN EVC. Para que o PP-EVC seja adequado às reais necessidades das pesquisas na Mata Atlântica e, contribua de forma eficiente para a geração de conhecimento foi realizada uma oficina no dia 17 de agosto de 2007 no centro de visitantes da Estação Veracel. O intuito da oficina foi consultar a comunidade científica para que o PP-EVC seja uma ferramenta eficiente para a execução de estudos que contribuam para a conservação da Mata Atlântica. O encontro contou com a participação de 20 técnicos e pesquisadores que desenvolvem ou já desenvolveram atividades na RPPN EVC (Tabela 1). O presente documento é o memorial da Oficina, e servirá de base pra a elaboração do texto do Programa de Pesquisa da RPPN EVC. 254 Tabela 1 – Participantes da Oficina sobre o Programa de Pesquisa da Estação Veracel. Pesquisador Instituição Adriana Martini Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) Adriana Paese Conservação Internacional Adriano Paglia Conservação Internacional André Amorim Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) & Centro de Pesquisas do cacau (CEPEC) Alexandre Schiavetti Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) Bruno Pimenta Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ) Carlos Alberto Mesquita Instituto BioAtlântica Denise Balbao Oliveira RPPN Estação Veracel Eduardo Mariano Neto Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) Fabiano Melo Universidade Federal de Goiás Fabio Falcão Instituto Driades José Vicente Ortiz Consultor Ligia Gallozi Mendes RPPN Estação Veracel Lucio Bede Conservação Internacional Luiz Paulo Pinto Conservação Internacional Maurício Cetra Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) Monica Fonseca Conservação Internacional Pedro Rocha Universidade Federal da Bahia (UFBA) Raquel Moura Universidade federal de Minas Gerais (UFMG) Sofia Campiolo Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) & Instituto Driades Dinâmica da Oficina A oficina se realizou no sistema de mesa redonda, onde o tema em foco foi debatido pelos participantes, com a mediação do coordenador, seguindo um roteiro preestabelecido (Anexo). Antes do começo dos trabalhos, foi realizada uma apresentação pela administradora da RPPN EVC - Denise Oliveira - para contextualizar a RPPN no organograma da Veracel Celulose, a forma de administração e a estrutura já existente. O coordenador da oficina - Zeca Ortiz - apresentou o documento base e discutiu os itens com os participantes, esclarecendo as dúvidas e colhendo sugestões de pontos que não constavam no documento para serem incluídos na discussão. Os itens estabelecidos para o debate foram: (a) linhas preferenciais de pesquisa; (b) infra-estrutura para pesquisa; (c) público alvo; 255 (d) formas de apoio a pesquisa; (e) parcerias e convênios; (f) destino do material biológico coletado; e (g) mecanismos de avaliação do Programa. Resultados Definição das Linhas de Pesquisas Preferenciais Com o objetivo de alcançar sua meta de conservar a biodiversidade, gerar conhecimentos biológicos e otimizar os recursos destinados ao apoio à pesquisa científica dentro da RPPN, a Estação Veracel decidiu elencar linhas temáticas de preferenciais, pesquisas contando para isso com as sugestões do grupo de pesquisadores. Para definir as linhas temáticas fornecidas fichas, aos para serem participantes, registradas foram as pesquisas linhas de consideradas prioritárias dentro da RPPN. As fichas foram afixadas em um quadro para a visualização do conjunto pelo grupo. A partir da visualização do panorama geral foram abertas as discussões para agrupar as sugestões em linhas gerais e priorizar as linhas temáticas. Como resultado das discussões foram elencadas sete linhas temáticas e alguns temas preferenciais dentro destas linhas (Tabela 2). A discussão enfatizou a preocupação com a qualidade dos resultados do PPEVC e com a garantia do retorno das informações para a Estação e para a comunidade científica e leiga. Houve também a preocupação para que os estudos apoiados fossem relevantes para embasar as iniciativas conservacionistas na Mata Atlântica e direcionar as ações de implementação do plano de manejo da RPPN EVC. A linha de no. 7, "Instalação de Parcelas Permanentes", foi considerada uma "meta", pois engloba um planejamento de longo prazo. Atualmente existem alguns programas, em escala global, de investigação em parcelas permanentes reconhecidos pela qualidade. A conclusão dos pesquisadores é 256 que a instalação de parcelas permanente dentro da RPPN deve estar ligada, de alguma forma, a protocolos estabelecidos para agregar informações e possibilitar maior conhecimento das florestas tropicais. A possibilidade e a forma de implementação deverão ser investigadas ao longo do ano de 2007. Durante este período serão contatados programas existentes para avaliar as condições, dificuldades e possibilidades da instalação de parcelas permanentes. Como diretriz geral sugeriu-se que os estudos que englobarem mais de uma linha, previrem continuidade em longo prazo, e/ou que gerem estudos complementares e correlatos devem merecer atenção especial. Tabela 2 – Linhas de pesquisas, diretrizes e temas referenciais sugeridos durante a Oficina sobre o Programa de Pesquisas da RPPN Estação Veracel. Nome Provisório Diretrizes Temas Preferenciais para Pesquisa 1. Inventários de fauna e Caracterização espacial flora Representatividade espacial Quantificação Ampliar o conhecimento da biodiversidade da área Levantamento rápido de grupos nunca estudados Levantamento de grupos nunca estudado Levantamento fauna Dossel Checar grandes dúvidas listas de espécies do plano de manejo Caracterização de fauna de invertebrados e vertebrados Mapeamento das fisionomias Inventário de grupos biológicos (fauna e flora) Inventário objetivando reconhecimento de grupo de espécies indicadoras Estrato arbustivo-herbáceo 2. Influências antrópica sobre a biodiversidade Deve ser considerado, preferencialmente, quando possível, envolver o entorno. Como o resultado de sua pesquisa pode contribuir para Avaliação de impacto de caça sobre a biodiversidade Estudo de espécies invasoras Recuperação florestal e espécies de uso econômico Predação por animais domésticos o manejo. Pesquisador deverá traduzir a linguagem cientifica e para a comunidade (normatização) Os trabalhos devem envolver o entorno da unidade Eficácia das atividades de educação ambiental Elaboração de IIB com base em peixes de riachos Fogo Agrotóxicos Atropelamentos 257 Nome Provisório Diretrizes Temas Preferenciais para Pesquisa 3. Ecologia de Populações e Caracterização da fauna de Comunidades vertebrados; Regeneração natural Auto-ecologia de espécies ameaçadas de extinção, indicadoras, espécieschave etc. Dinâmica de vegetação Dinâmica estrutura de comunidades 4. Ecologia de Paisagem Mapeamento das fitofisionomias; Caracterizaçao de gradientes ambientais Efeitos de borda processos ecológicos;distribuicão de espécies Levantamentos comparativos entre núcleo (RPPN) e fragmentos da paisagem; Fragmentação e conectividade 5. Interações ecológicas Polinizacão Relação água florestas; Dispersão de sementes Interação animal-planta Fisionomias e fauna associada Predacão 6. Monitoramento de Levantamento de informações básicas sistemas naturais em comunidades de peixes de água doce Bioindicadores Processos relacionados com a manutenção da biodiversidade e suas funções qualidade de água Monitoramento da biodiversidade terrestre e aquática Monitoramento de populações 7. Estudos em longo prazo Instalação de parcelas (ex: Programa Global de permanentes Monitoramento de Biodiversidade - TEAM) Infra-estrutura de Laboratório e Alojamento O bom desempenho de um estudo está intimamente ligado ás condições de trabalho dos pesquisadores. A RPPN já possui um alojamento para 12 pessoas e dois laboratórios. Foram solicitados aos pesquisadores 258 sugestões de pequenos equipamentos para aperfeiçoar as instalações existentes. Após os debates foi elaborada uma lista com os materiais que devem estar presentes nos laboratórios (Tabela 3). Tabela 3 – Lista bruta das sugestões de equipamentos e estrutura para o laboratório da RPPN Estação Veracel. Sugestão Observações Estufa para secagem plantas Geladeira Laboratório de triagem (para material sujo) Já existente (formol, etc.) Exaustor Lupa simples Armários com chave Vidraria (placa de petri) Podão Material fundamental para pesquisas botânica mas relativamente frágil para ser disponibilizado pela RPPN. Bússola, clinômetro, gps, trena Foi decidido que este é um tipo de material Bancada com luminária Já existente individual Banco para bancada Mesas e cadeiras para estudo Ventilador Já existente Bandejas plásticas Computador no laboratório Ponto de rede no laboratório Dispenser (papel toalha) Armário para reagentes (fechado) Prateleiras Equipamentos de segurança A conclusão geral foi que a montagem do laboratório deve acompanhar as demandas de pesquisas mais comuns. Algumas das sugestões são de implementação em curto prazo (2006-2007), outras serão implementadas à medida que a demanda pelo material for sendo apresentada. Foi chamada a atenção para que o manuseio de reagentes 259 (formol, acetato, éter, clorofórmio, etanol) siga as regras de segurança adotadas pela empresa e permita o descarte correto deste material. Público Alvo Os pesquisadores foram instados a indicar qual seria o público a merecer uma atenção especial da RPPN para o apoio. Sugeriu-se o a alunos de graduação e pós- graduação, onde o incentivo de infra-estrutura mínima durante os trabalhos de campo, muitas vezes, viabiliza a realização de suas monografias, dissertação e teses. Estes tipos de estudo possuem garantia de qualidade, pois são requisitos necessários para a obtenção dos seus títulos (bacharel, mestre, doutor etc.). Também deve haver incentivos especiais para as instituições de pesquisas regionais, de modo que elas considerem a Estação Veracel como uma área preferencial para a realização de disciplinas, cursos de campo e pesquisas. A realização de parcerias com estas instituições também é uma maneira de atrair o público alvo para a reserva (ver Parcerias Institucionais). Formas de Apoio à Pesquisa As formas de apoio debatidas levaram em consideração que, apesar da Veracel Celulose achar prioritária a pesquisa na sua RPPN, ela não é uma instituição de fomento e nem possui uma estrutura voltada pra este tipo de ação. Foi consenso entre os participantes que formas, simples, aparentemente de contrapartida podem ser fundamentais para aumentar o pesquisadores realização qualidade, afluxo à de tais área pesquisas como: de e a de (a) recursos para pequenas despesas; convênios com instituições de fomento à pesquisa; (c) documento de apoio ao pesquisadors e/ou pesquisa; (d) disponibilidade de informações básicas sobre a área; (e) banco de dados sobre a biodiversidade local; (f) transporte dentro da RPPN e outros. 260 Um exemplo é o fornecimento de um documento pela RPPN reafirmando o apoio ao estudo e explicitando as formas de apoio que será oferecido ao projeto. A maioria dos órgãos de fomento incentiva a obtenção de recursos de várias fontes, o apoio oferecido pela Estação Veracel pode servir como uma contrapartida para facilitar obtenção de recursos de outras fontes de financiamentos. Este documento mostraria aos órgãos de fomento que o projeto é de interesse da unidade de conservação e que a Estação atesta a qualidade do projeto a ponto de investir na sua realização. A proprietária da reserva deve buscar firmar convênios com instituições de fomento à pesquisa para a obtenção de financiamentos para os estudos de interesses (ver Parcerias institucionais). A disponibilização de recursos, dentro do orçamento da RPPN, é uma iniciativa simples e perfeitamente factível. Estes recursos podem ser utilizados para pequenas despesas (ex.: aquisição de passagens, pequenos equipamentos, aluguel de veículo) sem repasse direto aos pesquisadores. A existência de informações sobre a área da RPPN permite aos pesquisadores, relacionar resultados com parâmetros não seus outros investigados diretamente no seu estudo. Isto diminui os custos dos projetos e fornece robustez às conclusões e inferências das pesquisas. Entre as informações que devem ser providenciadas e disponibilizadas pela Estação estão: Imagens de satélite ou fotografias aéreas da área e entorno; informações meteorológicas; mapa de solos; mapa das fito-fisionomias; um banco de dados que permita resgate de resultados de outros estudos e o acesso aos textos e publicações geradas pelo Programa de pesquisa. Uma ferramenta de extrema valia para pesquisas ecológicas é a existência de guias de campo de qualidade com as espécies na área de estudo. Com o estabelecimento do programa de pesquisa e conseqüente aumento de pesquisas na área a RPPN devem ser estabelecidas práticas para fomentar e incentivar este tipo de publicação. Estas publicações, além de ser 261 uma excelente ferramenta de pesquisas, são formas de divulgar as características biológicas da área e o programa de pesquisa. A possibilidade de transporte dentro da reserva aumenta a atratividade para o público de interesse (ver item “Público Alvo”). O aluguel de veículos é um dos itens com maior peso dentro do orçamento de projetos de pesquisa (juntamente com o pessoal). A RPPN pode facilitar o transporte dos pesquisadores até seus sítios de estudo, dentro da reserva, no seu veículo. Esta forma de apoio não deve entrar em choque com as atividades rotineiras da Estação, mas é possível conciliar estas duas atividades de forma simples. Parcerias Institucionais O estabelecimento de parcerias é uma das formas mais eficiente de fomentar a pesquisa dentro da Estação Veracel. As parcerias e convênios devem ser celebrados entre a Veracel Celulose e instituições de pesquisa que também estejam engajadas na conservação da biodiversidade. A união destes esforços entre os parceiros aumenta o número e a qualidade das pesquisas sobre biodiversidade dentro da área da RPPN e a conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica do Extremo-Sul Baiano. Dentre as instituições sugeridas estão Universidades, Centros de pesquisas e Organizações Não-governamentais. Uma parceria fortemente indicada é com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia. Foi sugerido que a Veracel Celulose estabeleça parceria com a FAPEB para o repasse de recursos ao fomento de pesquisas em biodiversidade no âmbito do Programa de Pesquisa da RPPN Estação Veracel. Este convênio envolve uma instituição de cunho privado e uma instituição governamental e, por este motivo, os participantes sugeriram que comecem a ser feitos os primeiros contatos entre a Veracel Celulose e FAPESB durante o ano de 2006-2007 para que as parceiras possam avaliar o interesse e a viabilidade deste tipo de convênio. Entretanto, fica a ênfase que este tipo de associação é de suma importância para a Conservação da Biodiversidade e se constitui uma iniciativa pioneira e que contribuirá de maneira significativa para o sucesso do PP-EVC. As universidades regionais (ex.: UESC) devem merecer atenção especial, pois são as formadoras de novos pesquisadores e as principais geradoras de conhecimento. Elas possuem a estrutura necessária para 262 capitanear os esforços de pesquisas na RPPN. A realização de disciplinas, cursos, monografias, dissertações e teses, na área da RPPN, ajuda a divulgar a excelência da área e atrair pesquisadores a realizarem outros estudos na Estação Veracel. Normatização do Depósito do Material Biológico Foi exposto aos pesquisadores que "...Embora o Brasil possua alguns museus de história natural estabelecidos, geralmente os espécimes coletados são depositados em museus de escolha dos pesquisadores, dificultando trabalhos de consulta posteriores...". Foi avaliado a possibilidade da RPPN EVC estabelecer um acordo com os pesquisadores para designar o local de depósito do material biológico, conferindo maior aproveitando e acesso do material pela comunidade científica. Por exemplo, o material botânico deve, preferencialmente, ser depositado no Herbário do CEPEC/CEPLAC em Ilhéus, onde já existe uma coleção específica da RPPN EVC. Além disso, esta instituição abriga a melhor coleção de plantas da região Sul-baiana e é reconhecida internacionalmente por sua qualidade. Para o material zoológico foi mencionado que esta prática se mostraria contraproducente podendo, inclusive, afastar pesquisas de interesse. Portanto, decidiu-se que o pesquisador designará, quando do pedido de apoio e licença dos órgãos competentes, o local a ser depositados os espécimes. O pesquisador se comprometerá com a RPPN de tão logo o material receber o número de tombo do museu, este será repassado à RPPN para incorporação no Banco de Dados de Biodiversidade. Entretanto, algumas instituições de excelência reconhecida e onde já existe material zoológico da RPPN EVC já podem ser mencionadas: Anfíbios – Museu Nacional do Rio de Janeiro, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), Unesp-Rio Claro e UFBA; Mamíferos - MZUSP, UFMG, Museu Nacional do Rio de Janeiro; Formigas - Laboratório de Mirmecologia CEPEC/UESC. Avaliação do Programa de Pesquisa Ficou acordado que a equipe de revisão do plano de manejo ficará responsável pela elaboração do método de avaliação do PP-EVC. Esta avaliação deve ser feita em dois anos a partir da implementação do programa e, após a primeira avaliação ela pode ter periodicidade anual. 263 Deve ser avaliada a viabilidade de se criar um conselho consultivo e um comitê científico com a incumbência de avaliar e fazer sugestões para o aperfeiçoamento do Programa de Manejo da RPPN EVC. A avaliação e a seleção dos estudos dentro da RPPN EVC devem ser feitas com base no "julgamento por pares", onde um corpo de pareceristas indicará quais os projetos de melhor qualidade, que melhor se enquadram nas linhas de pesquisa do programa e de maior relevância técnico-científica. Foi sugerida a participação da equipe da Conservação Internacional, no período de implementação e de fortalecimento do PP-EVC, para a elaboração de pareceres dos projetos de pesquisa. Os próprios pesquisadores que realizarem pesquisas na estação podem formar um grupo de pareceristas ad hoc. Considerações Finais Foi reforçada pelos participantes a importância da área da RPPN EVC para a biodiversidade regional por sua conservação, alta diversidade de fauna e flora e seu tamanho. Durante a oficina foram feitas diversas sugestões para a normatização dos projetos e apresentação dos resultados. Foi enfatizada a necessidade de a RPPN possuir um acompanhamento permanente dos projetos e exigir dos pesquisadores o cumprimento dos prazos e normas estabelecidos. Também foi sugerido que dentro dos produtos exigidos dos estudos esteja uma "tradução" dos resultados em uma linguagem acessível à comunidade em geral. Todos os presentes se disponililizaram a contribuir para a elaboração do Programa de Pesquisa da RPPN EVC. Após o encerramento foi realizada a solenidade de inauguração da "Casa do Pesquisador" com a participação dos pesquisadores, técnicos da Veracel Celulose e convidados. Agradecimentos A equipe de revisão do Plano de Manejo da RPPN EVC agradece aos pesquisadores pelas sugestões e disposição em participar da Oficina. O coordenador agradece especialmente à Denise Balbão Oliveira (RPPN EVC), Mônica Fonseca (CI-Brasil) e Lígia Gallozi Mendes (RPPN EVC) pelas sugestões, ajuda e o empenho em tornar a Oficina um evento produtivo e 264 divertido. Agradecemos também a Lígia Gallozi Mendes e Raquel Moura que se disponibilizaram a fazer os registros durante a reunião. 265 Documento Base para a Oficina do Programa de Pesquisa da RPPN Estação Veracel (Porto seguro, 17 de agosto de 2006) A Reunião sobre o Programa de Pesquisa da RPPN EVC visa angariar contribuições de profissionais engajados em pesquisa com biodiversidade. Estes pesquisadores devem estabelecer diretrizes que possibilitem a RPPN contribuir, de maneira significativa, para o aumento do conhecimento da Biodiversidade da Mata Atlântica e conseqüente conservação da mesma. O Programa de Pesquisa deve ser delineado de forma que a administração seja conduzida pela gestora com a estrutura da RPPN, e maleável para abranger a complexidade da pesquisa em biodiversidade. Os objetivos principais listados abaixo são apresentados para o debate e espera-se que ao final do encontro, os convidados gerem um documento que será a base para o texto final do Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Plano de Manejo da RPPN EVC. Objetivos (a) Linhas Preferenciais de Pesquisa: Definir linhas temáticas científicas, cujos projetos a serem desenvolvido dentro da RPPN mereçam a atenção especial da empresa sob a forma de estímulo, apoio e/ou incentivo. O fato de existirem Linhas Temáticas Preferenciais não deve excluir o apoio a outras linhas de pesquisa. As linhas preferenciais devem ser selecionadas com base nas necessidades de pesquisas na Mata Atlântica e temas relevantes em biologia/ecologia. (b) Público Alvo: Apontar o tipo de pesquisador ou tipo de instituições que devam merecer uma atenção especial nas diversas formas de apoio. (c) Estrutura Básica para Pesquisa: Indicar à RPPN EVC a infra-estrutura básica que permita a melhor condução dos trabalhos durante os períodos de campo. Sugerir o tipo de acomodação que alojem confortavelmente os pesquisadores durante os trabalhos de campo 266 (d) Tipos de Apoio à Pesquisa: O Programa de Pesquisa deve indicar como a Veracel Celulose pode incentivar a realização de projetos de pesquisa na sua área. As formas de apoio podem ser durante a realização da pesquisa ou após o término dela (ex.: apoio para publicação). Também devem ser indicadas formas de atrair apoios de instituições públicas de fomento que possam contribuir com recursos para as pesquisas na RPPN. (e) Parcerias Institucionais: O grupo deve identificar as instituições de pesquisa e de fomento cuja parceria com a Veracel Celulose ajude a atrair e apoiar pesquisadores. Devem ser sugeridas formas de parcerias/convênios e listar quais objetivos das parcerias e formas de celebrá-los. (f) Normatização do Depósito do Material biológico: O grupo deve analisar a possibilidade e a utilidade de constar nas regras de normatização do Plano de Pesquisa, os locais onde os exemplares que, porventura, forem coletados na reserva devam ser depositados. (g) Mecanismos de Avaliação do Programa: Devem ser sugeridas maneiras para a gestora da RPPN EVC avaliar o Programa de Pesquisa, identificar lacunas e indicar a periodicidade das avaliações. Os mecanismos devem avaliar o Programa e não deve ser confundido com avaliação dos pesquisadores que participam do programa (embora sejam assuntos correlacionados). 267 Oficina de Planejamento Participativo em Comunicação e Educação Ambiental para o Entorno da RPPN Estação Veracel Dia 16 de agosto, 2006 RPPN Estação Veracel - Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, BA Coordenação: MARIZA SILVA Articulação Social – Conservação Internacional (CI-Brasil) 268 Lista de Participantes Agenda 8h00 Chegada dos participantes Café da manhã 08h30 Abertura & Boas vindas – Veracel –Denise Oliveira Apresentações participantes 09h00 Mariza Silva - Objetivos da reunião: (i) Envolver a comunidade do entorno da Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel (EVC) no processo de construção do plano de manejo 269 (ii) Buscar informações para subsidiar a elaboração do plano de manejo da estação Veracel – Atividade em grupo A Reserva Particular do Patrimônio Natural – Estação Veracel & o Plano de Manejo – Alexandre Schiavetti 12h00 Almoço & trilha interpretativa na EVC 13h30 Trabalho em grupo Apresentação dos trabalhos 17h00 Encerramento das atividades & Lanche seguido de retorno dos participantes Abertura e Objetivos Denise Oliveira, chefe da Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel (RPPN EVC) deu as boas vindas ao grupo em nome da EVC e da Gerência de Meio Ambiente da Veracel. Denise comentou sobre o porquê de todos serem convidados, a importância da EVC na conservação da biodiversidade e a importância da comunidade no processo de construção do Plano de Manejo. Dinâmica de apresentações Cada participante se levanta e diz seu nome, instituição a qual pertence, sua função e expectativas para a reunião. Nome Alexandro Toni Instituição/função EVC - Guia Ambiental Sec MA Sta Cruz Cabrália Edivaldo Glisia Carla Colégio Mun Gov Paulo Souto – Professor CEPLAC/ ESPAB – Pedagoga Sec Educação Porto Seguro – Projetos pedagógicos Agente Comunitário de saúde do Projeto São Miguel. Projeto São Miguel – Professora Josué Simone Ubirajara Sergio Javson Delgado Valdemir Presidente da associação de moradores e Tesoureiro da escola do Projeto. EVC – Vigia ambiental EVC – Vigia ambiental EVC – Vigia ambiental EVC – Vigia ambiental 270 Expectativa Eco-chato multiplicador das questões da luta social. Pretende trabalhar com EA Adquirir novos conhecimentos e transmitir conhecimento. Nome Elaine Terezinha Experidião Gildevanio Rafael Agrício Durvalino Priscila Margareth Márcia Julia Nivandi Neiva Any Brito Katão Maralice Eliane Alexandre Raquel Instituição/função Veracel – Resp Social Escola Municipal Ray Dahlia Bittencourt Oliveira EVC – Vigia ambiental EVC – Monitor Ambiental, fiscalização EVC – Vigia ambiental EVC – Monitor e Guia ambiental Tesoureiro da associação de Moradores do Projeto São Miguel UESC – Estudante e estagiaria do Alexandre Escola Albertina Fiorotti Moreira – Coordenadora Expectativa Questão do lixo Proteger com carinho Escola Albertina Fiorotti Moreira – Secretária Escola Oscar Oliveira Silva – Diretora Adquirir conhecimento Colégio Mun Gov Paulo Souto - Diretora Aprender e ser multiplicadora Colégio Mun Frei Calixto – Diretora Escola núcleo da BR (Agrovila) – Coordenadora Escola núcleo da BR (Agrovila) – Coordenadora. EVC – Monitor e Guia ambiental Escola núcleo da BR (Agrovila) – Diretora Escola Albertina Fiorotti Moreira – Diretora UESC – elaborador do plano de manejo Agradeceu a presença e colocou a importância deles no processo de elaboração do plano de manejo Parque Nacional Pau-Brasil Comunicações/Apresentações e Plenária de Discussões Num momento/atividade de nivelamento do conhecimento dos temas chaves da reunião, foram conceituados os termos: reserva particular do patrimônio natural (e outras categorias de unidades de conservação), e plano de manejo. Aberta a discussão, respondendo a pergunta feita a plenária – O que é um plano de Manejo? - Toni explicou ao grupo que plano de manejo é uma ferramenta para organizar o uso sustentável da área. Exemplificou ele: se vc tem uma área, você estuda qual o melhor lugar para retirar a água, plantar o pomar! Na seqüência, partimos para uma atividade prática “MEU MAPA” - Os participantes divididos em grupos geraram um mapa da região em que vivem, discutindo sobre suas principais características e realidade. 271 GRUPO 1 Josué apresentou o trabalho do grupo que considerou: - a contextualização da região: Rodovia BR 367, Eunápolis, Veracruz, Pindorama, Vale Verde, EVC, CEPLAC, Cambolo, Ubaldinão, Baianão, Paraguai, Porto Seguro, Coroa Vermelha, Santa Cruz Cabrália, Projeto São Miguel e o Rio Buranhém. - Porto Seguro apresenta dificuldade em função de o rio Buranhém ser poluído. Pindorama sofre com a poluição pelo aterro sanitário. Paraguai e Cambolo também têm poluição e todos são vinculados a Porto. - O Paraguai tem poluição, violência e as casas são construídas perto das encostas. - Cabrália e Porto não têm saneamento básico, nem tratamento de esgoto. Existe ainda o problema do desmatamento. O ser humano tem que ser consciente, se não tivermos cuidado não poderemos mais usar os recursos. - O curso d’água no projeto São Miguel está poluído e não se pode mais tomar água nem lavar a roupa. As crianças identificam no próprio copo 272 d’água os vermes. Todos temos que ter muito cuidado com o rio, não podemos permitir que as pessoas joguem o lixo no rio. Inclusive no mar encontramos sujeira. Considerações da plenária: Julia complementou que por ser um assentamento, as pessoas que vivem no Paraguai, vieram de outras regiões. A violência no bairro do Paraguai é causada por motivo da pouca formação das pessoas do bairro, desemprego, drogas e desestruturação familiar. A escola tenta minimizar este problema através do trabalho com as crianças. Toni ressaltou que a violência acontece em função da falta de trabalho, de condições dignas de viver. É preciso reeducar as pessoas, formar uma mão de obra mais qualificada - esta responsabilidade é das 03 esferas (municipal, estadual e federal). GRUPO 2 273 Elaine apresentou o trabalho do grupo que considerou: - Hidrografia: Costa, Rio Buranhém, Jequitinhonha, rio dos mangues (abastece Porto), João de Tiba, Rio Mogiquicaba... - Relevo: Planície (costa) e encosta (falésia) - Vegetação: restinga, mangue (costa) e Mata Atlântica (suprimida pela urbanização). - Ao longo da BR 367 (entorno da EVC) existem áreas de preservação, mata atlântica, cidades, assentamentos, floresta de Eucalipto, cultivo do mamão - Ação do homem: As barracas de praia suprimiram a vegetação costeira, existe ainda um pouco de mangue próximo a barraca de praia Barramares. - A ocupação humana desordenada gera problemas de água, construções inapropriadas (ilegais), falta de saneamento básico e Lixo. - Sócio-econômicos: Atividade econômica - Turismo formal (hotelaria e comércio), informal (ambulantes), pesca, agricultura de subsistência e setor de serviços (trabalhos temporários em função da temporada). - Conflitos: Turismo desenfreado em detrimento do turismo ecológico, cultural e folclórico. - Falta de cadeia produtiva, falta de cinturão verde para abastecer a população da cidade. Produção de matéria prima e com isso torna-se alto o custo para adquirir o produto manufaturado. - Escola: Pouco se fala sobre Meio Ambiente, existem poucos projetos de educação ambiental. - Falta de preparo da mão de obra, falta de cursos profissionalizantes. - Falta de industrias de beneficiamentos, os produtos chegam aqui a altos custos. - Problemas da RPPN: Caçadores, armadilhas, roubo de cipós e lenha. Considerações da plenária: Toni falou da falta de planejamento gera outras favelas. Tiraram uma comunidade que vivia em uma região de mangue, levaram para um outro local e não deram as condições adequadas para a estruturação do bairro. A indústria de celulose está trazendo novas indústrias, o eucalipto veio para ficar! Precisamos aprender a conviver com ele e ele conosco! 274 GRUPO 3 Gil apresentou o trabalho do grupo que considerou: - Imagem da região: Porto seguro e Cabrália. Tudo tem um marco final e inicial. - O maior problema ambiental da região começou com a inauguração da BR, que viabilizou a exploração de madeira. A problemática de Porto começou pela crise do cacau e o êxodo rural. - As áreas em vermelho oferecem risco ambiental e as pretas são teoricamente legalmente construídas. Um exemplo de uma construção legal, mas inadequada foi o aterramento da região das lagoas das marrecas. - O Mangue de Porto (bairro Campinho) era favela, uma parte das pessoas foi retirada deste local e enviada para quaisquer outros lugares sem a menor condição e planejamento. - O aterro sanitário do Ubaldinão derramava seu chorume no rio ‘X’. Então foi transferido do local inicial para um outro local para o chorume ser destinado ao rio ‘Y’. 275 - O Complexo Baianão é uma ameaça em função do crescimento desenfreado e não planejado. A cada eleição acontece um loteamento, cada prefeito quer um loteamento com seu nome, por exemplo, Baianão, Ubaldinão, João Carlos e etc. - A problemática da caça na EVC ocorre principalmente próxima a esses bairros. Para os moradores destes locais, que vieram da região cacaueira, a caça é um habito cultural. - A população dobrou em pouco mais de 10 anos. - Aspectos de Cabrália - Reserva indígena da Jaqueira - logo abaixo da falésia há uma APA de restinga que está sofrendo a pressão das pessoas. A lei é linda, perfeita, mas não é aplicada. Um exemplo da destruição desta restinga é o campo de pouso de ultraleve que a principio comportava 1 avião e agora comporta 4. Em coroa Vermelha está acontecendo a ocupação de uma área de restinga próxima à Faculdade do Descobrimento (FACDESCO) pelos índios, para liberação de uma outra área próxima a reserva da Jaqueira. Existe ainda, a utilização do rio pela comunidade para lavar roupa e louças. GRUPO 4 276 Edivaldo apresentou o trabalho do grupo que considerou: - Os conflitos e problemas são todos iguais. - Como educador eles estão trabalhando para reverter o quadro de risco do Baianão. - Contextualização do local: BR 367 - Belmonte, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro. - Rios João Ditiba, Comuruji e Rio dos Mangues. - Os principais problemas de todos os municípios (Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália e Baianão) são o lixo, o lixão e a questão dos rios. A comunidade escolar reconhece a falta de trabalhos de educação ambiental. Fala-se de Meio Ambiente somente no dia 5 de junho! - Outros problemas citados foram: o paisagismo das cidades, a falta de árvores, falta de coleta seletiva do lixo e o lixo jogado na rua dos bairros. Considerações da plenária: Terezinha falou sobre a necessidade de resgate cultural. Citou o exemplo do trabalho de resgate do folclore desenvolvido em Caravelas e Alcobaça, para o qual os professores de Ilhéus e Porto Seguro também formam convidados. Comentou ainda sobre a problemática da poluição do rio, contou que a população sofreu problemas de saúde como xistose, toxoplasmose e doenças de pele. Com a chegada da EMBASA o problema da água se amenizou, mas muitos da comunidade ainda não têm acesso em função do custo. Existe ainda a problemática do lixão próximo a Pindorama. Ubirajara comentou que a Secretaria de Meio Ambiente de Porto proibiu a abertura de uma pista (BA) que facilitaria o escoamento do lixão do Baianão... Toni complementou que esta estrada é uma BA que foi feita sem as devidas licenças. Esta está sujeita a um TAC e este lixão vai tornar-se um aterro sanitário. Brito destacou a necessidade de pensarmos a multi-disciplinaridade. Esta clara a falta de formação dos educadores. O professor não pode ser apenas um transmissor de informação, e finalizou dizendo que espera que este 277 projeto não tenha o mesmo destino do instituto Veracel, que ele não sirva somente para falar os pontos positivos da empresa. Dando encaminhamento à discussão, Mariza explicitou que no período da tarde a questão da Educação Ambiental seria amplamente discutida, em termos do contexto de trabalho e do que está sendo realizado atualmente nesta área na região. Josué comentou que desde que ele chegou a esta região ele observa o desmatamento. Que o homem é quem desmata, ou seja, o agricultor, os madeireiros, e também a Veracel. Que a empresa comprou áreas que já haviam sido desmatas para o plantio de eucalipto. E que ele questionava as coisas que diziam pra ele, que sempre ele buscava informações consistentes. Citou o exemplo do consumo de água do eucalipto e constatou que na verdade a água dos rios da região estava diminuindo em função do desflorestamento das cabeceiras, provocado pelo próprio homem. Na seqüência, Mariza explicou a proposta de trabalho da Veracel, no que se refere aos Programas de Educação Ambiental para 1) a área de influência do empreendimento; e 2) para a área de entorno da Reserva da Veracel. Mariza também falou rapidamente das etapas do trabalho já desenvolvidas e da relação de inter-dependência das mesmas (parcerias, ecomapeamento e oficinas); ilustrando sua fala com os mapas a seguir. 278 279 Informações sobre a Revisão do Plano de Manejo da RPPN Estação Veracel O Prof. Dr. Alexandre Schiavetti apresentou o processo de construção do plano de manejo, a saber: Equipe da Revisão do Plano de Manejo - Coordenação – Alexandre Schiavetti (UESC); - Meio Físico – Oldair Vinhas (UESC); - Fauna – José Vicente Ortiz (Consultor); - Flora – André Amorim (UESC); - Uso Público – Anna Julia Passold (Consultora); - Uso Público & Monitoramento – Carlos Alberto Mesquita (IBio); - Equipe Conservação Internacional (CI-Brasil) Síntese dos resultados parciais do processo de revisão do plano de manejo (a) Meio Físico - Identificação das áreas impactadas e com processo erosivo nos taludes e estradas que cortam a reserva (ex.: mussunungas, áreas de declive etc.); - Identificação de áreas para recuperação onde houve retirada de cascalho para melhoria de estradas (setor nordeste da reserva); - Identificação da dinâmica de carreamento de sedimentos para os corpos d’água da reserva com situação distinta nos setores da reserva (essa constatação tem influência sobre o sistema de monitoramento da água, hoje situado apenas na porção sudeste da reserva). (b) Fauna e Flora - Ênfase na sistematização das informações já existentes sobre a fauna para avaliar as ações futuras (ocorrência de espécies ameaçadas, endêmicas e bandeira, e identificação de lacunas de conhecimento): - Registro da ocorrência de espécies ameaçadas da fauna e espécies endêmicas da Mata Atlântica 280 - Implantação de parcelas em ambientes florestais distintos para coleta de dados e criação de uma coleção de referência das plantas da RPPN no Herbário da CEPLAC: - Indicativo de elevada riqueza de espécies da flora e bom estado de conservação da estrutura da floresta, mesmo em áreas de borda. - Criação de um banco de dados com 02 componentes: o componente científico, com informações sobre as espécies que ocorrem na RPPN o componente de controle de pesquisas, visando o monitoramento de projetos de pesquisa na unidade (c) Programa de Pesquisa - Definição de pesquisas prioritárias (dinâmica populacional de espécies ameaçadas, raras, endêmicas e bandeira; conectividade com remanescentes vizinhos; monitoramento físico e biológico etc.) - Definição das normas para realização de pesquisas na RPPN (d) Uso Público A estratégia do uso público depende do modelo de gestão estabelecido para a RPPN. A categoria recomendada para a RPPN Estação Veracel é de Reserva Biológica Particular. - Reserva Biológica - Uma reserva biológica teria seu planejamento e manejo focado na pesquisa científica (este seria seu objetivo primário). Educação Ambiental seria um objetivo secundário no manejo. Lazer e turismo seriam objetivos incompatíveis. - Alojamento para pesquisadores, laboratórios, alguns equipamentos e funcionários treinados para atuarem como auxiliares de campo de pesquisas. - Com Educação Ambiental, serão necessários investimentos em infraestrutura, alguns equipamentos e treinamento do pessoal. - Sem geração de receitas próprias. Todos os custos – fixos e operacionais – devem ser cobertos pelo proprietário. Uma alternativa para geração de receita seria a cobrança de serviços prestados aos pesquisadores (estadia; aluguel de equipamentos; diárias de mateiros, etc.). 281 - Menor visibilidade social da RPPN, da Mata Atlântica e da empresa proprietária. Foco na sociedade local. - Necessidade de avaliação do uso do espaço na área do Centro de Visitantes; - Adequação do sistema de trilhas para visitação (ex.: fechamento da Trilha das Orquídeas, limpeza e manutenção das trilhas etc.); - Definição de um sistema de monitoramento das trilhas. - Estabelecimento de um programa de voluntariado interno, envolvendo funcionários da Veracel e os acionistas (Aracruz Celulose e Stora Enzo); - Ecomapeamento do entorno da RPPN para identificação das relações existentes (e) Gestão - Início da revisão do cenário ótimo para a gestão da RPPN Estação Veracruz, conforme avaliação de efetividade de manejo realizada em 1999: - Aplicação da avaliação da efetividade de manejo da RPPN em agosto Atividade Prática – Meu entorno Os participantes novamente foram divididos em grupos para responder as seguintes perguntas: i) em que a presença da Estação Veracel ajuda ? ii) em que a presença da Estação Veracel atrapalha ? iii) como posso interagir com a Estação Veracel ? * As colunas não estão relacionadas em níveis de linhas Pontos fortes Grupo 1 Preservação ambiental Pontos fracos O não entendimento entre fábrica / EVC. Falta de recurso para vir à estação: transporte e alimentação Possibilidades de parcerias Trazendo as diferentes salas, todas as turmas Grupo de pais virem visitar a EVC Oficinas envolvendo a reciclagem Oficinas para professores tanto de capacitação em 282 Pontos fortes Pontos fracos Possibilidades de parcerias assuntos ambientais quanto cultivo de hortaliças Grupo 2 Difundir a pesquisa Qualidade do meio ambiente, garante a água em função de nascentes na reserva Animais da reserva se alimentam de animais dos vizinhos Atrapalha por não orientar os vizinhos quanto ao manejo de animais Não proporcionar o transporte para as escolas do entorno da Estação. Parcerias de capacitação de professores e para fiscalização. Formação de fiscais voluntários Desenvolver uma atividades para formar consciência nos vizinhos para protegerem e preservarem estas áreas Trabalhar nas comunidades, nas associações para capacitar estes fiscais Falta de conhecimento sobre esses princípios ativos. (devemos valorizar os pesquisadores brasileiros. Os gringos vêm para o Brasil, levam os princípios ativos e depois compramos os medicamentos) Ex: óleo de pau - cicatrizante Falta do livre acesso dos moradores da região para transitar de um local para outro Controle de ações Deve haver encontros periódicos (semestrais) entre a comunidade (vizinhos) e pesquisadores para troca de informações e conhecimentos Preservação de fauna e flora Programa de EA / visita das escolas Promove oficinas como a de vivências com a natureza Grupo 3 Informação, aprendizado e conscientização Preservação e conservação ambiental Ação dos pesquisadores (questão dos princípios ativos das florestas - os medicamentos são oriundos da floresta) Profissionais e materiais didáticos para palestras nas escolas Alguém da Estação Veracel que estivesse em contato com a comunidade (como era o Sr. Jonas que tomava café, comia aipim com eles), convivendo com ela Falta de comunicação (proximidade) dos funcionários da EVC e os proprietários rurais Grupo 4 Preservação do meio ambiente, 6069 ha que tem um mundo de seres vivos entre fauna e flora Falta de divulgação e integração da EVC com as comunidades, com a sociedade (secretarias municipais) Qualificação de pessoas Qualificação das pessoas, prepará-las para explorar a EVC de forma racional Ensinar as pessoas a viverem bem Oficinas de reciclagem e reutilização do lixo - O que fazer com o lixo separado? Vamos ser criativos na forma de utilizar este espaço Capacitação de professores, alunos e funcionários da escola Geração de emprego 283 Josué diz ao grupo que graças a Veracel, esta área ainda é Mata Atlântica, caso contrário, seria o loteamento “Janinho” (Prefeito Jânio Natal). Diz ainda que as atividades/oficinas podem ser 2 vezes no ano. “Acontece uma oficina hoje e depois esquecem que a comunidade existe.” Toni agrega a discussão “deve haver monitoramento nas estradas, mas não vigilância armada; e sim, algo participativo.” Luiz Paulo comentou sobre a polícia que está sendo criada para proteção da Mata Atlântica e ressaltou a importância da participação da sociedade. Katão explicou como era o trabalho do Sr Jonas, comentou sobre um sistema de sinalização por ‘atos e símbolos’, ou seja, o vizinho deixava uma embalagem e o Sr Jonas procurava da comunidade quem queria utilizar o fogo. Avaliações, Encaminhamentos e Encerramento A avaliação do evento foi feita oral e individualmente, de forma que todos os participantes tiveram a oportunidade de externar o que mais gostaram da reunião (ponto forte) e o que menos gostaram da reunião (ponto fraco). Pontos Fortes Oportunidade e riqueza de informações Variedade de idéias, opiniões e conceitos Surpresa positivamente pelas contribuições, foi muito legal atingirmos o objetivo Mudança de paradigma, incorporação de novos atores, envolvimento dos assentamentos e das comunidades das favelas. Mudança de postura da empresa em querer se abrir para comunicação. CI é uma organização imparcial, procura dar a vara de pescar e não o peixe. É preciso um ONG que entenda a angústia da comunidade com relação ao empreendimento. A comunidade e a Veracel estão podendo se conhecer e vendo que não existe bicho papão entre elas. Aprendizado, foi interessante. Passou a conhecer algumas características da comunidade do projeto São Miguel Gostou de tudo. Os elogios foram maiores que as críticas/ é essencial continuar visitando a EVC e devemos desenvolver mais trabalhos com a Veracel/ ponte (trilha) foi tudo na Pontos Fracos Reunião curta Reunião curta Pouco tempo, algumas pessoas saíram mais cedo Representatividade, mais pessoas pelo universo que abrange. Falta de reforço institucional para participação do evento/ reunião curta Representatividade, secretaria de MA./ Curta / poucas pessoas por escola 284 Pontos Fortes minha vida ! Abertura de poder estar junto trocando experiências/ começar pelo anzol e não com o peixe pronto/ nos dar respostas de tudo isso que aconteceu (relatório) Tempo ideal / valorização da comunidade ao participar da elaboração de um plano de manejo Troca de informações Apresentação, conhecer as pessoas e suas profissões. Acabar com a vergonha/ compartilhar a alimentação e alimentação saudável / as fotos na hora do café - será que sou celebridade? Conhecimento de cada um /o que realmente é a Estação / fábrica Participação de todos na construção do trabalho/ saber que a EVC está preocupada em envolver a comunidade na elaboração do plano Quantidade de idéias que surgiram e cumprir um dos objetivos da reunião Equipe maravilhosa, Mariza foi ótima/ trabalhar com a comunidade / espera que todos estejam envolvidos nos projetos e que o plano atenda a comunidade Participação das pessoas / interação da equipe com a comunidade/ todos estarem participando do plano de manejo Desde o primeiro contato/ acredita que a Veracel quer ajudar as comunidades no sentido do meio ambiente/ participação de todos Agradece a todos - Só de estar aqui já é um ponto forte /somos uma família/ aprender muito / conhecer pessoas novas e inteligentes Parceria da empresa com a comunidade Novidade/ trouxe conhecimento Todos os momentos foram fortes / integração empresa comunidade Adorei participar/ aprendi muito/ troca entre a equipe e a comunidade/ expectativa positiva Feliz pelo dia especial / aprender Participação da comunidade/ desmistificação da Veracel pela CI / variedade de convidados Pontos Fracos Reunião curta, tempo corrido Não consigo ver pontos fracos/ não poder ir a trilha em função de não esta de calça comprida. Tempo Vergonha dos colegas de apresentarem os trabalhos Poucas escolas de Cabrália/ não volto na ponte Nenhum Estar por trás da reunião ... não poder sentar e trabalhar junto com os grupos Tempo foi curto / almoço / saladinha .... Representatividade, mais pessoas por colégio Vir mais pessoas da comunidade Obs.: que a vigilância da EVC esteja em contato com a comunidade Pouco tempo Nenhum Não convidaram as associações de Pindorama / mais representantes da escola Receio – distância da teoria com a prática. / medo de perdermos o contato e não conseguirmos Apresentar a comunidade como é o trabalho Tempo curto da Veracel. / Prazer em participar Muitas cabeças pensando na forma de Mais instituições/ tempo curto utilização deste espaço/ o público atingido com esta reunião é muito grande e é um fato histórico Vontade desejo e iniciativa: da empresa que Pé atrás de alguns convidados/ espera que a quer construir um diálogo transparente, ativo comunidade se sinta segura para construir com a comunidade e da comunidade de vir junto./ O porque de cada um ser chamado colaborar com este processo de construção/ poderia minimizar este sentimento/ construir todos são parte do programa/ sentiu a a confiança vontade de todos Oportunidade de conhecer as pessoas/ ouvir Falta de interatividade/ diálogo, corpo a corpo a riqueza do conhecimento de cada um Agradecer a oportunidade/ conhecer a Não poder estar aqui o tempo todo realidade da região / parabenizar a todos 285 Pontos Fortes Conhecer um pouco mais da realidade da Nenhum estação/ da comunidade/ dos atores. Hoje se sente mais apta para trabalhar no plano de manejo Pontos Fracos Denise Balbao Oliveira fez o encerramento oficial agradecendo a presença de todos e propondo que quando o plano estiver pronto possamos programar um novo encontro para discutirmos novamente as propostas para o trabalho. Denise informou ainda, que o relatório da reunião seria enviado a todos os participantes da mesma. 286 ANEXOS III • SUMÁRIO EXECUTIVO 287 SUMÁRIO EXECUTIVO Uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) é reconhecida devido à sua importância para proteção da biodiversidade, ao seu valor paisagístico, ou a outras variáveis que dependem de proteção ou restauração do habitat natural. Assim como as unidades de conservação públicas, as RPPNs são obrigadas a estabelecer um planejamento na forma de documento técnico que defina o zoneamento e as normas que devem presidir as ações de pesquisa, visitação, segurança e recuperação, bem como o manejo dos recursos naturais. Levando-se em conta essas recomendações, a organização nãogovernamental Conservação Internacional (CI-Brasil), tendo como parceiros a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), de Ilhéus, e o Instituto BioAtlântica (IBio), elaboraram o plano de manejo da RPPN Estação Veracel (RPPN EVC). Todo o trabalho foi realizado sob coordenação da empresa proprietária Veracel Celulose S/A. Com 6.069 hectares de Mata Atlântica, classificada como área de floresta ombrófila densa de terras baixas, a RPPN EVC situa-se nos municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, a aproximadamente 15 km do centro histórico desta cidade e às margens da BR 367, no km 46. O reconhecimento da área como RPPN ocorreu em 5 de novembro de 1998, por meio da portaria 149/98N do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Em função da excepcionalidade de suas formações físicas, biológicas e geológicas, e do alto valor científico e de conservação, a RPPN EVC constitui parte do Sítio do Patrimônio Natural Mundial – Sítio do Descobrimento, e integra uma das zonas-núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e do Corredor Central da Mata Atlântica, na região do Extremo Sul-baiano. Maior reserva privada de Mata Atlântica oficialmente reconhecida pelo governo brasileiro, a RPPN EVC é reconhecida também como Key Biodiversity Area, 288 ou área chave para a biodiversidade, em função da importância que assume pela proteção de espécies ameaçadas de extinção. Torna-se essencial também o fortalecimento da RPPN EVC, pela importância da integração com as demais unidades de conservação da região, tanto públicas quanto privadas, as relações com as comunidades e as interações com os fragmentos florestais na circunvizinhança. Atualmente, existem nesta região diversas iniciativas que objetivam a implantação de corredores ecológicos. Dentre elas, destaca-se o projeto Conservação e Restauração em Terras Privadas, executado desde 2003 por meio de parceria entre o IBio, CI-Brasil, TNC, Veracel Celulose e Aracruz Celulose. A expectativa dos idealizadores do projeto é promover o restabelecimento da conectividade ecológica em mais de 35 mil hectares contínuos de florestas nativas na região. Os métodos utilizados para a elaboração do plano de manejo da RPPN EVC estão descritos no roteiro metodológico de planejamento para RPPNs elaborado pelo Ibama em 2004. Os temas definidos como prioritários foram a avaliação dos atributos físicos (clima, hidrologia, geologia, geomorfologia e solos), a avaliação do uso público e o melhor conhecimento da flora através de dados primários, além da compilação e análise do conhecimento existente sobre a fauna local. Como parte da construção coletiva do Plano de Manejo, foram realizadas várias reuniões técnicas com membros da empresa Veracel Celulose, parceiros não-governamentais, especialistas de diversas áreas do conhecimento, e reuniões e oficinas com representantes das comunidades na área de influência da RPPN. Durante o levantamento do meio físico realizado, notou-se a grande importância da RPPN EVC na manutenção das características do ambiente, tais como os mananciais que contribui com água de melhor qualidade para vários rios da região e na manutenção de solos que apresentam fortes limitações naturais e, por isso, são altamente passíveis de degradação. Os cursos d’água da RPPN EVC drenam sobre os depósitos sedimentares do grupo Barreiras que são intensamente modelados pelos processos erosivos. Em geral os solos são de baixa 289 fertilidade, baixos teores de matéria orgânica, ácidos e com teores elevados de alumínio. Apresentam horizontes superficiais arenosos (que dificulta a retenção de água e nutrientes) e sujeitos a erosão natural, geralmente acelerada, quando se retira a cobertura vegetal nativa. Diante dessas peculiaridades foram determinadas três zonas de fragilidade e as respectivas sub-zonas, baseadas nos padrões de drenagem e características do relevo, solos, erosão e da vegetação da área. A biodiversidade da RPPN EVC é bastante rica, sendo uma das áreas mais representativas e íntegras das florestas de tabuleiro do sul da Bahia, uma tipologia vegetacional da Mata Atlântica muito ameaçada. As áreas analisadas no levantamento florístico permitem afirmar que a RPPN EVC se situa entre as 20 áreas do mundo com maior número de indivíduos e elevado número de espécies arbóreas. A reserva é também um importante repositório da fauna regional, abrigando espécies ameaçadas como o macaco-preto (Cebus robustus) e o beija-flor balança-rabo canela (Glaucis dorhnii). Ainda persistem na RPPN EVC algumas espécies localmente extintas em outras regiões da Mata Atlântica, tais como a anta (Tapirus terrestris) e o gavião-real (Harpia harpyja). As principais ameaças à fauna local são a caça predatória e o isolamento da reserva. Pela importância biológica da reserva e pela sua localização estratégica, pretende-se fortalecer a atividade de pesquisa na RPPN EVC, para que esta se transforme em referência regional, nacional e internacional na geração de conhecimento sobre a biodiversidade da Mata Atlântica. O potencial de visitação é um dos critérios para definir a vocação de uso da unidade de conservação. Como a RPPN EVC situase a 25 minutos de Porto Seguro, oferece oportunidades para atender a diversos tipos de atividades de uso público, como educação ambiental, recreação ao ar livre e pesquisa científica. O principal grupo de visitantes da RPPN tem perfil educacional (escolas e universidades), sendo responsável por 74% das médias anuais do período entre 1996 e 2004. Por esta razão, foi discutida a infra- 290 estrutura da RPPN EVC para melhor atender ao público, especialmente a recepção para atividades de educação ambiental. As atividades de educação ambiental na RPPN EVC terão uma importância muito grande para o uso e integração da reserva e da empresa Veracel com o setor educacional dos municípios no extremo sul da Bahia e com as comunidades vizinhas à unidade. A visitação deve ser realizada com acompanhamento de educadores, mediante agendamento, não havendo cobrança de ingresso. O planejamento de uma unidade de conservação envolve o estabelecimento dos objetivos do manejo. Por esta razão, foram definidos para a RPPN EVC objetivos análogos aos de uma reserva biológica. São eles: preservar a biodiversidade e proteger espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção, manter os recursos hídricos existentes em sua área, promover educação e a interpretação ambiental. Outro objetivo é integrar o manejo da reserva aos objetivos do Projeto Corredores Ecológicos e a outros projetos de conservação em âmbito regional e global. O zoneamento é uma técnica de ordenamento territorial, usada para atingir melhores resultados no manejo da unidade de conservação. Foram determinadas seis zonas de manejo para a RPPN EVC, que são descritas a seguir: (a) Zona de Vida Silvestre (1712ha) – contém áreas biodiversidade. inalteradas Podem e destina-se ocorrer pesquisas, à conservação estudos, proteção da e fiscalização; (b) Zona Primitiva (2643ha) – zona de proteção ou primitiva é aquela que apresenta áreas naturais que tenham recebido grau mínimo de intervenção humana, onde podem ocorrer pesquisa, estudos, monitoramento, proteção, fiscalização e formas de visitação de baixo impacto; (c) Zona de Recuperação (1670ha) – aquela com áreas consideravelmente antropizadas. Esta é uma zona provisória, pois, quando restaurada, será incorporada às zonas permanentes. As espécies exóticas introduzidas deverão ser removidas e a restauração deverá ser natural ou induzida; (d) Zona de Educação Ambiental (33ha) – constituída de áreas naturais, permitindo alguma forma de 291 alteração humana. Destina-se à conservação e a atividades que abrangem educação ambiental, conscientização ambiental, turismo científico, ecoturismo, recreação, interpretação, lazer e outros. Nesta zona permite-se a instalação de infra-estrutura, equipamentos e facilidades; (e) Zona de Uso Conflitante (10ha) – constituem espaços cujos usos e finalidades, estabelecidos antes da criação da unidade, conflitam com os objetivos de conservação da área protegida. A zona de uso conflitante é coincidente com o traçado da estrada velha de Cabrália, que corta a unidade de conservação no sentido SulNordeste; (f) Zona Administrativa (6,2ha) – área fora da RPPN que contém todos os serviços e infra-estrutura administrativa, ou seja, é a região da sede da RPPN EVC. Com base no diagnóstico e com o objetivo definido para a reserva, o plano de manejo compõe-se de quatro programas de manejo: (a) Programa conservação da de Proteção e Fiscalização – visa à biodiversidade e à manutenção dinâmica dos ecossistemas, além da proteção do patrimônio histórico-cultural e da segurança do patrimônio imobiliário e equipamentos existentes na RPPN EVC; (b) Programa de Pesquisa – visa a estimular a geração de conhecimentos sobre processos biológicos relacionados à biodiversidade da Mata Atlântica, aproveitando-os como subsídio aos instrumentos de manejo da unidade de conservação e às ações de educação ambiental; (c) Programa de Uso Público – composto por cinco subprogramas (interpretação e recreação, educação ambiental, capacitação, monitoramento do uso público e manutenção de trilhas), visa a ordenar, a orientar e a direcionar o uso da unidade pelo público, sem alterar significativamente os recursos naturais; (d) Programa de Administração – trata das atividades e normas relacionadas à organização, administração e recursos humanos necessários para o funcionamento ideal da RPPN, bem como do monitoramento das atividades de manejo da unidade. Em workshop realizado no dia 19 de abril de 2007, o plano de manejo da RPPN EVC foi debatido por representantes da Veracel 292 Celulose, CI-Brasil, UESC e IBio, ficando assim definida sua versão final, com o consenso do que representa a utilização ideal da unidade. Em maio de 2007, o plano foi submetido à apreciação da diretoria da Veracel Celulose, que deu parecer positivo, com orientações para protocolá-lo junto ao Ibama e, após as aprovações desta entidade, executá-lo. 293