baixa - Veracel

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baixa - Veracel
PLANO DE MANEJO
RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL
ESTAÇÃO VERACEL
MARÇO DE 2007
PLANO DE MANEJO
RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL
Realização
Apoio
ii
EQUIPE TÉCNICA
Coordenação Geral
Alexandre Schiavetti – UESC
Mônica Fonseca – CI-Brasil
Lúcio Bedê – CI-Brasil
Luiz Paulo Pinto – CI-Brasil
Equipe Técnica
Adriana Paese – Sistema de Informação Geográfica
Adriano Paglia – Biodiversidade
Alexandre Prado – Uso Público
André Amorim – Flora
Anna Júlia Passold – Uso Público
Carlos Alberto Mesquita – Uso Público e Monitoramento
José Vicente Ortiz – Fauna
Mariza Silva – Educação Ambiental
Oldair Del´Arco Vinhas Costa – Atributos Físicos
Viviane Junqueira – Educação Ambiental
Equipe RPPN Estação Veracel
Carlos André Gaspar dos Santos - Coordenador da RPPN Estação Veracel
Ligia Gallozzi Mendes - Assistente Técnico e Responsável pelo PEA
Gildevânio Pinheiro dos Santos - Técnico Ambiental e Responsável pelo PPF
Gestores Veracel
Renato Guéron – Presidente
Cristina Maria Amorim Moreno - Gerente Geral de Sustentabilidade
David Evandro Fernandes - Gerente de Tecnologia Florestal
Livia da Rocha Sacramento - Coordenadora de Responsabilidade Social
iii
APRESENTAÇÃO
A RPPN Estação Veracel, com seus 6.069 hectares, é um dos
maiores patrimônios ecológicos da Bahia e a maior reserva particular da
Mata Atlântica, que é um dos biomas de maior diversidade, mas
também dos mais ameaçados do planeta.
Os números e características que quantificam e qualificam a
Estação, também reconhecida pela Unesco como parte do Sítio do
Patrimônio
Mundial
Natural,
são
dos
mais
impressionantes.
A
incidência de espécies da flora, apresentada em um dos levantamentos,
identificou 308 espécies arbóreas em uma área inventariada de apenas
dois mil metros quadrados, fato que a coloca entre as vinte áreas do
mundo e entre as dez do Brasil com maior número de indivíduos e
elevado número de espécies arbóreas.
A fauna registra 38 espécies de mamíferos, entre primatas,
roedores, felinos, canídeos e outros, bem como 52 tipos de anfíbios, 53
de répteis e 302 espécies de aves, incluindo a harpia ou gavião real,
maior ave de rapina das Américas. Foi na Estação que se identificou,
pela primeira vez na Bahia, um ninho desse animal, raro na Mata
Atlântica. Além da harpia, várias das espécies encontradas na reserva
estão entre as consideradas ameaçadas de extinção.
Outros ativos importantes da Estação Veracel são a sua geologia –
relevos e solos - e a grande riqueza de recursos hídricos. Em sua área,
se encontram nascentes de importantes rios da região, inclusive o
Jardim e o Mutari, este último relatado como o que teria abastecido a
frota de Pedro Álvares Cabral. Outros, como o Rio dos Mangues, que
abastece Porto Seguro, passam pela Estação e são alimentados por
vários córregos que ali nascem.
Por todos esses fatores, em associação com a Agenda de
Sustentabilidade que norteia as atividades da Veracel, consideramos de
fundamental importância o presente Plano de Manejo. O uso adequado
da Estação será agora orientado por meio de duas grandes vertentes:
iv
uma,
para
a
comunidade
científica,
universidades
e
entidades
correlatas, disponibilizando a reserva para estudo e pesquisa dos
diversos aspectos da Mata Atlântica. Outra, para ações junto às
comunidades da região, escolas, centros comunitários e outros,
instruindo e disseminando conceitos conservacionistas e de educação
ambiental, grandes lacunas na educação do país.
A Estação situa-se também como o centro de desenvolvimento de
programas de preservação e regeneração de vegetação nativa nas terras
de propriedade da Veracel que, ao tê-las adquirido, encontrou grandes
parcelas em diversos estágios de degeneração. Hoje, a configuração
típica das florestas da Veracel apresenta plantações de eucaliptos para
fins industriais, entremeadas por florestas nativas preservadas ou
regeneradas, através de formações denominadas mosaicos. Isso tem se
mostrado altamente positivo, tanto na proteção das plantações como
das matas nativas, formando corredores que unem os fragmentos
destas, permitindo o trânsito de diversas espécies biológicas. Com este
sistema, mais da metade do total das propriedades da Veracel é
constituído por áreas preservadas.
Como grandes parceiros e executores deste Plano de Manejo, não
podemos deixar de citar a ONG Conservação Internacional-Brasil e seus
parceiros UESC e outras entidades, as quais, com equipes altamente
qualificadas de cientistas e técnicos, elaboraram o trabalho, com a
colaboração da área de Sustentabilidade da Veracel.
Com a implantação do Plano, a Veracel espera oferecer de forma
estruturada, às comunidades científicas, às entidades estudiosas da
preservação e às comunidades vizinhas, os benefícios deste magnífico
patrimônio, para que represente uma coluna mestra de atividades
conservacionistas e educacionais, contribuindo para a preservação da
tão fragilizada Mata Atlântica.
Renato Guéron
Presidente
Veracel Celulose S.A.
v
SUMÁRIO
Apresentação ------------------------------------------------------------------------iv
Sumário ------------------------------------------------------------------------------vi
Lista de Figuras, Fotos e Tabelas ---------------------------------------------- viii
Lista de Siglas --------------------------------------------------------------------- xiii
Introdução --------------------------------------------------------------------------- 1
•
Contextualização da RPPN-----------------------------------------------2
Informações Gerais ----------------------------------------------------------------15
•
Acesso- -- ---------------------------------------------------------------- 15
•
Histórico------------------------------------------------------------------15
Ficha-Resumo ----------------------------------------------------------------------22
Diagnóstico -------------------------------------------------------------------------23
1- Apresentação ----------------------------------------------------------------23
2 - Metodologia do Diagnóstico ----------------------------------------------24
3 – Caracterização da Área ---------------------------------------------------32
3.1 - Meio Físico ------------------------------------------------------------32
3.2 - Flora e Fauna---------------------------------------------------------52
3.3 - Caracterização do Uso Público-------------------------------------70
4 - Significância da Unidade e Conectividade --------------------------- 107
Planejamento --------------------------------------------------------------------- 113
1 - Objetivos Específicos de Manejo -------------------------------------- -113
2 – Zonas de Fragilidade-----------------------------------------------------114
3 - Zoneamento --------------------------------------------------------------- 119
3.1 - Zona Silvestre------------------------------------------------------- 121
2.2 - Zona de Proteção --------------------------------------------------- 122
3.3 - Zona de Recuperação---------------------------------------------- 122
3.4 - Zona de Visitação -------------------------------------------------- 124
3.5 - Zona de Uso Conflitante ------------------------------------------ 125
vi
3.6 - Zona de Administração-------------------------------------------- 126
3 - Programas de Manejo---------------------------------------------------- 130
3.1 - Programa de Proteção --------------------------------------------- 130
3.2 - Programa de Pesquisa --------------------------------------------- 137
3.3 - Programa de Uso Público ----------------------------------------- 146
3.4 - Programa de Administração -------------------------------------- 162
Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------ 171
Anexos I --------------------------------------------------------------------------- 184
I.1 - Lista de publicações utilizadas no levantamento bibliográfico
para compilação das espécies de vertebrados ocorrentes na RPPN
Estação Veracel--------------------------------------------------------------- 185
I.2 - Lista das espécies da flora registradas no levantamento
fitossociológico na RPPN Estação Veracel -------------------------------- 188
I.3 - Amostras de plantas coletadas aleatoriamente na RPPN Estação
Veracel e que se encontram depositadas no Herbário do CEPEC ---- 193
I.4 - Lista de espécies de vertebrados registradas para a RPPN
Estação Veracel--------------------------------------------------------------- 203
I.5 - Fotos da fauna da RPPN Estação Veracel -------------------------- 213
Anexos II--------------------------------------------------------------------------- 216
Projetos Específicos ---------------------------------------------------------- 217
•
Monitoramento de mamíferos de médio e grande porte através
de armadilhas fotográficas na RPPN Estação Veracel----------- 217
•
Manejo e conservação do gavião real na RPPN Estação Veracel227
•
Novas proposta de uso público para a RPPN Estação Veracel -235
Oficinas Participativas------------------------------------------------------- 253
•
Oficina de Elaboração do Programa de Pesquisa da RPPN
Estação Veracel ------------------------------------------------------- 253
•
Oficina de Planejamento Participativo em Comunicação e
Educação Ambiental para o Entorno da RPPN EVC ------------ 268
Anexo III --------------------------------------------------------------------------- 287
• Sumário Executivo-----------------------------------------------------288
vii
LISTA DE FIGURAS, FOTOS E TABELAS
Figura 1 – Sítio do Patrimônio Natural “Costa do Descobrimento” ------------------5
Figura 2 – Corredor Central da Mata Atlântica, conforme o projeto Corredores
Ecológicos do Ministério do Meio Ambiente --------------------------------------- 13
Figura 3 – Unidades de Conservação existentes na porção baiana do Corredor
Central da Mata Atlântica ------------------------------------------------------------ 14
Figura 4 – Localização geográfica e acesso à RPPN Estação Veracel--------------- 18
Tabela 1 – Ficha-Resumo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação
Veracel (Bahia)------------------------------------------------------------------------- 22
Figura 5 – Mapa com limites da RPPN EVC com os pontos visitados para o
diagnóstico do meio físico------------------------------------------------------------- 27
Tabela 2 - Período, local e integrantes da equipe no diagnóstico das atividades
de uso público na RPPN Estação Veracel ------------------------------------------ 31
Figura 6 – Área de Tabuleiro Costeiro na região do Extremo Sul da Bahia------- 36
Figura 7 – Mapa de elevação da RPPN Estação Veracel------------------------------ 38
Figura 8 – Mapa de declividade da RPPN Estação Veracel -------------------------- 39
Figura 9 – Mapa esquemático de domínios pedológicos da RPPN Estação
Veracel ----------------------------------------------------------------------------------- 42
Figura 10 – Solos dominantes na área da RPPN Estação Veracel ------------------ 43
Figura 11 – Degradação das áreas de mussununga ao longo das estradas que
cortam a RPPN Estação Veracel ----------------------------------------------------- 45
Figura 12 – Erosão ao longo das estradas da RPPN Estação Veracel alocadas
em áreas com relevo ondulado------------------------------------------------------- 47
Figura 13 – Antiga cascalheira na RPPN Estação Veracel --------------------------- 49
Figura 14 – Córrego de águas barrentas devido à erosão na RPPN Estação
Veracel ----------------------------------------------------------------------------------- 49
Figura 15 – Árvores tombadas naturalmente na RPPN Estação Veracel ---------- 50
Figura 16 – Erosão acentuada em horizonte C do Barreiras nas margens das
estradas que cortam a RPPN Estação Veracel------------------------------------- 51
Figura 17 – Famílias com maior número de espécies arbóreas nas duas áreas
inventariadas da RPPN Estação Veracel-------------------------------------------- 55
Figura 18 – Espécies que apresentaram os maiores valores de importância na
área 1 da RPPN Estação Veracel----------------------------------------------------- 56
Figura 19 – Espécies que apresentaram os maiores valores de importância na
área 2 da RPPN Estação Veracel-----------------------------------------------------57
Tabela 3 – Comparação das 10 espécies com maior IVI (índice de valor de
importância) da RPPN Estação Veracel com aquelas de áreas próximas ----- 58
viii
Tabela 4 – Número de indivíduos e espécies arbóreas acima de 5cm de DAP em
diferentes localidades no mundo, amostradas segundo o método proposto
por Gentry (1982) ---------------------------------------------------------------------- 60
Tabela 5 – Riqueza, número de espécies ameaçadas e espécies endêmicas da
Mata Atlântica registradas na RPPN Estação Veracel---------------------------- 63
Tabela 6 – Espécies de mamíferos da Estação Veracel endêmicas da Mata
Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes
na lista da CITES de regulamentação para o comércio internacional --------- 65
Tabela 7– Espécies de aves da RPPN Estação Veracel endêmicas da Mata
Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes
na lista da CITES de regulamentação para o comércio internacional --------- 68
Tabela 8 – Espécies da herpetofauna da RPPN Estação Veracel endêmicas da
Mata Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou
presentes na lista da CITES de regulamentação para o comércio
internacional---------------------------------------------------------------------------- 69
Tabela 9 – Trilhas propostas pela Bioma Educação e Assessoria Ambiental em
1996 e correspondência com as atividades atuais-------------------------------- 75
Figura 20 – Número total de visitantes por ano na RPPN Estação Veracel no
período de 1996 a maio de 2006 ---------------------------------------------------- 77
Figura 21(a) – Palestra para grupo de estudante; (b) Palestra para representantes
de instituições florestais nacionais e internacionais na RPPN Estação Veracel—78
Figura 22(a) – Dinâmica de grupo “Encadeamento”; (b) Brincadeira “Que
animal sou eu” na RPPN Estação Veracel------------------------------------------ 79
Figura 23(a) – Livro de Registros e Livro de Mensagens; (b) Visitante
registrando dados no livro disponibilizado no Centro de Visitantes da RPPN
Estação Veracel ------------------------------------------------------------------------ 80
Figura 24 – Perfil dos visitantes na RPPN Estação Veracel durante o período de
1996 e 2004----------------------------------------------------------------------------- 81
Figura 25 – Média de visitação mensal da RPPN Estação Veracel entre 1998 e
2005-------------------------------------------------------------------------------------- 82
Figura 26 – Total de visitantes brasileiros e estrangeiros na RPPN Estação
Veracel de 1996 a 2004 --------------------------------------------------------------- 83
Figura 27(a) – Ponte suspensa; (b) Cabana indígena – Kijeme na RPPN Estação
Veracel ----------------------------------------------------------------------------------- 84
Figura 28(a) – Troncos e galhos caídos na trilha provocando desvios; (b) Raízes
soltas que devem ser retiradas das trilhas na RPPN Estação Veracel --------- 85
ix
Figura 29(a) – Ponte suspensa na Trilha do Pau-brasil na RPPN Estação
Veracel; (b) Exemplares pouco significativos da espécie que nomeia a trilha:
pau-brasil ------------------------------------------------------------------------------- 86
Figura 30(a) – Plataforma de acesso a copa da árvore na RPPN Estação
Veracel; (b) Bancos que devem ser reformados ----------------------------------- 87
Figura 31(a) – Um dos poucos exemplares de orquídea encontrado na trilha;
(b) Vestígio de pesquisa em trilhas na RPPN Estação Veracel ------------------ 88
Figura 32(a) – Raro exemplar de bromélia na trilha; (b) Travessia de córrego
onde deve-se estudar intervenção com estruturas na RPPN EVC-------------- 90
Figura 33(a) – Entrada restrita a funcionários; (b) Portão de entrada de
visitantes para acesso ao Centro de Visitantes na RPPN Estação Veracel---- 91
Figura 34(a) – Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel; (b) Mesas de
apoio à exposição de animais conservados em vidros---------------------------- 93
Figura 35(a) – Cantina com abertura para a área aberta; (b) Estacionamento
(ônibus no lado direito ao fundo) na RPPN Estação Veracel -------------------- 92
Figura 36(a) – Quiosque construído em 2006; (b) Bancos e mesa na área em
frente ao Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel------------------------ 93
Figura 37(a) – Casa da Administração; (b) Gramado marcado por pisoteio, no
atalho para chegar à administração na RPPN Estação Veracel----------------- 93
Figura 38(a) – Casa dos funcionários na RPPN Estação Veracel (vista dos
fundos); (b) Conjunto de mesas e cadeiras feitos de eucalipto, bom exemplo
de outros usos da madeira ----------------------------------------------------------- 94
Figura 39(a) – Alojamento de pesquisadores e laboratório na RPPN Estação
Veracel; (b) Viveiro da harpia, atualmente fechado à visitação ----------------- 95
Figura 40(a) – Placa antiga com fundo verde e letras brancas; (b) Placa nova,
padrão para a Costa do Descobrimento -------------------------------------------- 96
Figura 41(a) – Placa indicando a RPPN Estação Veracel e a Estação Ecológica
do Pau-Brasil; (b) Placa de indicação do Centro de Visitantes da RPPN
Estação Veracel ------------------------------------------------------------------------ 96
Figura 42(a) – Placa em língua inglesa voltada ao visitante estrangeiro; (b)
Única placa indicando limite de velocidade na estrada para a RPPN Estação
Veracel ----------------------------------------------------------------------------------- 97
Figura 43(a) – Identificação da unidade de conservação como Sítio do
Patrimônio Mundial Natural; (b) Terceira placa apontando a distância do
Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel ----------------------------------- 98
Figura 44(a) – Placa informando que a RPPN Estação Veracel é uma unidade
de conservação; (b) Placa informando que se trata de área particular e
alerta contra crime ambientais ------------------------------------------------------ 98
x
Figura 45(a) – Placas educativas alertando o visitante a ter cuidado em não ser
causador de incêndios; (b) Placa de respeito à fauna silvestre na estrada
para a RPPN Estação Veracel -------------------------------------------------------- 99
Figura 46(a) – Placa de conscientização para não jogar o lixo na área da RPPN
Estação Veracel; (b) Placa educativa antiga --------------------------------------- 99
Figura 47(a) – Placa identificando a área como propriedade particular,
encontrada em área de divisa da RPPN Estação Veracel; (b) Conteúdo da
placa com enfoque na lei de crimes ambientais----------------------------------100
Figura 48(a) – Placa de identificação da RPPN Estação Veracel; (b) Placa
indicativa bilíngüe do Centro de Visitantes ---------------------------------------101
Figura 49(a) – Placa identificando o Centro de Visitantes; (b) Adesivos
identificam tipo de resíduo nas lixeiras de coleta seletiva próximo ao centro
de Visitantes da RPPN Estação Veracel -------------------------------------------101
Figura 50(a) – Placa informativa de material em exposição; (b) Placa-marco de
criação da RPPN Estação Veracel --------------------------------------------------102
Figura 51(a) – Placa identificando sanitários e quadro de avisos; (b) Placa
identificando a casa da administração na RPPN Estação Veracel-------------103
Figura 52(a) – Placa identificando o Centro de Pesquisas da RPPN Estação
Veracel; (b) Placa identificando a sala do ambulatório veterinário ------------104
Figura 53(a) – Placas de aviso alertando a entrada exclusiva somente com
guias nos viveiros de animais silvestres hoje desativado; (b) Placa de
identificação do pau-brasil na RPPN Estação Veracel --------------------------104
Figura 54(a) – Placa alertando que a entrada é restrita a funcionários; (b) Placa
indicando local para estacionamento de visitantes na RPPN Estação
Veracel ----------------------------------------------------------------------------------105
Figura 55(a) – Placas que identificam palmeiras nativas do Brasil; (b) Placa
para as trilhas da Floresta Tropical e Pau-Brasil na RPPN EVC --------------106
Figura 56 – Rede de remanescentes florestais na circunvizinhança da RPPN
Estação Veracel------------------------------------------------------------------------110
Figura 57- Rede de remanescentes florestais na circunvizinhança da RPPN
Estação Veracel------------------------------------------------------------------------111
Tabela 10 – Zonas e sub-zonas de fragilidade na RPPN Estação Veracel---------115
Figura 58 – Zonas de fragilidade na RPPN Estação Veracel ------------------------117
Figura 59 – Proposta de zoneamento para a RPPN Estação Veracel --------------120
Figura 60- Detalhe da Zona Administrativa ------------------------------------------128
Tabela 11– Área total das zonas de manejo propostas para a Reserva
Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel ------------------------------129
xi
Figura 61 - Mapa de vegetação com os 17 blocos definidos para a fiscalização e
monitoramento da RPPN Estação Veracel-----------------------------------------131
Tabela 12 – Diretrizes para os projetos que contemplem inventário da Biota
dentro da RPPN Estação Veracel ---------------------------------------------------143
Tabela 13 – Datas comemorativas sugeridas para atividades especiais da RPPN
Estação Veracel------------------------------------------------------------------------152
Tabela 14 - Implementação de projetos a curto, médio e longo prazos, por
subprograma do Programa de Uso Público da RPPN Estação Veracel--------160
Tabela 15 – Situação atual dos Recursos Humanos na RPPN Estação Veracel--164
Figura 62 – Organograma funcional proposto para a RPPN Estação Veracel ---165
Tabela 16 – Ações de curto (2007) e médio prazo (2008-2009) para a RPPN
Estação Veracel------------------------------------------------------------------------166
Tabela 17 – Matriz de Âmbitos, Variáveis e Sub-Variáveis para a avaliação de
efetividade de manejo da unidade de conservação ------------------------------168
Tabela 18 – Efetividade de Manejo da RPPN Estação Veracel por âmbitos, em
1999 -----------------------------------------------------------------------------------------170
Foto 1 – Beija-flor balança-rabo canela (Glaucis dorhnii) ---------------------------213
Foto 2 – Papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) ----------------------------------213
Foto 3 – Sagüi-da-cara-branca (Callithrix geoffroyi) ---------------------------------213
Foto 4 – Macaco-preto (Cebus robustus)-----------------------------------------------213
Foto 5 – Perereca (Hylomantis áspera) -------------------------------------------------214
Foto 6 – Perereca (Hyla gr. albosignata sp. n.)----------------------------------------214
Foto 7 – Indíviduo de gavião-real (Harpia harpyja) próximo ao viveiro e um
ninho da espécie identificado na RPPN Estação Veracel ---------------------------- 214
Foto 8 – Equipamento utilizado na metodologia de armadilha fotográfica e uma
foto de anta (Tapirus terrestres) registrada em pesquisa utilizando esse tipo
de ferramenta na RPPN Estação Veracel ------------------------------------------215
xii
LISTA DE SIGLAS
CBPM
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral
CEMAVE
Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestres
CEPEC
Centro de Pesquisa da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
CEPLAC
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
CEU
Centro Excursionista Universitário
CI-BRASIL
Conservação Internacional
CITES
Convention on International Trade in Endangered Species (Convenção sobre
o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Ameaçadas de
Extinção)
CRA
Centro de Recursos Ambientais
DNPM
Departamento Nacional de Produção Mineral
Embasa
Empresa Baiana de Águas e Saneamento
EPI
Equipamento de Proteção Individual
ESPAB
Estação Ecológica do Pau Brasil
FAPESB
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
FLONIBRA
Floresta Nipo Brasileira S.A.
FNMA
Fundo Nacional do Meio Ambiente
FUNAI
Fundação Nacional do Índio
IAR
Índice de Abundância Relativa
IBA
Important Bird Área (Áreas Importantes para Aves)
IBAMA
Instituto Brasileiro do meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBio
Instituto BioAtlântica
IUCN
União Mundial pela Natureza
KBA
Key Biodiversity Area (Área chave para biodiversidade)
KfW
German Development Bank
LAC
Limits of Acceptable Change (Limite Aceitável de Câmbio)
xiii
MAB
Man and Biosphere (Homem e a Biosfera)
MMA
Ministério do Meio Ambiente
MZUSP
Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo
ONG
Organização não governamental
PP-EVC
Programa de pesquisa da Estação Veracel
PPG-7
Programa-Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais
PROBIO
Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica
Brasileira
RBMA
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
ROS
Recreation Oportunity Spectrum (Espectro de Oportunidade de Recreação)
RPPN
Reserva Particular do Patrimônio Natural
RPPN EVC
Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel
SEMARH
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia
SNUC
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
TAC
Termo de Ajustamento de Conduta
TNC
The Nature Conservancy
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura
UNESP
Universidade Estadual Paulista
UESC
Universidade Estadual de Santa Cruz
UFBA
Universidade Federal da Bahia
UFMG
Universidade Federal de Minas Gerais
VAMP
VERP
Visitor Activities Management Process (Processo de Manejo das Atividades
do Visitante)
Visitor Experience and Resource Protection (Experiência do Visitante e a
Proteção dos Recursos)
VIM
Visitor Impact Management (Manejo do Impacto do Visitante)
WWF
World Wildlife Fund
xiv
INTRODUÇÃO
Devido às limitações do sistema público de unidades de
conservação, tem aumentado a importância da participação do setor
privado na estratégia de conservação in situ da biodiversidade
brasileira, particularmente através da criação de RPPNs (Pinto et al.,
2004; Vieira & Mesquita, 2004; Costa, 2006). De acordo com a Lei do
SNUC, datada de 18 de julho de 2000, as RPPNs sejam elas nacionais
ou estaduais são unidades de conservação em áreas privadas, gravada
com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica,
conforme estabelece o Artigo 21 da citada Lei (MMA, 2000).
Uma RPPN é geralmente reconhecida em função de sua
importância para proteção da biodiversidade, seu valor paisagístico, ou
outras variáveis que dependam de proteção ou restauração do habitat
natural. As RPPN têm, cada vez mais, servido como um instrumento
adicional para o fortalecimento do sistema de unidade de conservação
existente,
permitindo
o
aumento
de
áreas
sob
proteção
legal;
promovendo a proteção e o apoio a pesquisa sobre a biodiversidade de
forma complementar à rede de áreas protegidas públicas; possibilitando
o aumento da conectividade da paisagem natural; e a proteção de áreas
chave ao longo dos biomas brasileiros.
O Brasil é o único país da América Latina a incluir as reservas
privadas no seu sistema oficial de áreas protegidas, reconhecida na Lei
que instituiu o SNUC (Mesquita & Leopoldino, 2002). As RPPN foram
incluídas no SNUC no grupo de unidades de conservação de uso
sustentável. Entretanto, devido ao veto presidencial a um dos itens do
artigo 21 da referida Lei, que possibilitava a extração de recursos
naturais em uma RPPN, essas unidades de conservação tornam-se de
fato unidades de proteção integral. Sendo assim, as RPPN são tratadas
nas estratégias de conservação como unidades de conservação de
proteção
integral
(parques
e
reservas),
especificamente
aquelas
consideradas de uso restrito e com o objetivo principal de conservar a
1
biodiversidade
e
aumentar
o
nível
de
conhecimento
sobre
as
comunidades florísticas e faunísticas nelas representadas.
Assim como as unidades de conservação públicas, as RPPNs
também necessitam estabelecer um planejamento, na forma de plano de
manejo, para alcançar os objetivos para os quais a unidade de
conservação foi criada. De acordo com o artigo segundo da Lei 9.985,
que instituiu o SNUC, um plano de manejo é um documento técnico
mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade
de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem
presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a
implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade
(MMA, 2000). Dourojeanni (2003) ressalta que um plano de manejo deve
ser baseado na realidade da unidade de conservação para se escolher,
entre as opções disponíveis, as decisões que tática e estrategicamente
melhor viabilizem o cumprimento dos objetivos que a legislação prevê
para a categoria.
Este documento apresenta o Plano de Manejo da Reserva
Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel (RPPN EVC), maior
RPPN da Mata Atlântica. O Plano foi elaborado sob a coordenação da
empresa Veracel Celulose S/A, proprietária da unidade, visando a
efetiva proteção da área em questão, bem como a identificação dos
cenários referentes ao manejo no curto, médio e longo prazos. A
metodologia utilizada para a elaboração deste plano de manejo está
descrita no roteiro metodológico de planejamento para RPPNs elaborado
pelo IBAMA (Ferreira et al., 2004), que apresenta três fases para sua
elaboração: informações gerais, diagnóstico e planejamento.
Contextualização da RPPN
Enfoque Internacional
A criação da RBMA, que abriga os principais remanescentes de
Mata Atlântica e ecossistemas associados do Ceará ao Rio Grande do
Sul, foi reconhecida pela Unesco em várias fases consecutivas, entre
1991 e 1993 (Corrêa, 1995).
2
O Sistema de Reservas da Biosfera do Programa “Man and the
Biosphere” MAB - Unesco foi consolidado na década de 70, sob a
influência da Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente. As
Reservas da Biosfera têm três prioridades como base em todos os
trabalhos a serem nelas desenvolvidos: a conservação da natureza e de
sua
biodiversidade,
o
desenvolvimento
social
sustentado
das
populações que vivem na área, com ênfase para as comunidades
tradicionais, e o aprofundamento da educação ambiental e do
conhecimento científico. Para viabilizar esses objetivos, elas devem
obedecer a um zoneamento que está centrado em três áreas principais:
- a zona núcleo, que deve ser uma unidade de conservação de
proteção integral ou uma RPPN. A RPPN EVC é uma das zonas núcleo
da RBMA na região do Extremo Sul do Estado da Bahia.
- a zona de amortecimento, que circunda completamente a zona
núcleo. Sua função principal é protegê-la. Aí podem ser desenvolvidas,
entre outras, atividades econômicas sustentadas e experimentos
científicos. Nelas devem se localizar, preferencialmente, as comunidades
de cultura tradicional.
- a zona de transição está ao redor da zona de amortecimento. Nela
são feitas, com flexibilidade, as atividades que acomodam a Reserva da
Biosfera com as suas áreas de entorno.
A razão pela qual o Brasil aderiu ao Sistema de Reservas da
Biosfera é que este é o mais alto reconhecimento internacional que se
pode almejar para a proteção de um ecossistema. A declaração da
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica endossa a sua situação como
uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo, sendo, em
conseqüência, uma das prioridades mundiais para a conservação da
biodiversidade.
Nos termos da Convenção para a Proteção dos Patrimônios
Culturais e Naturais Mundiais adotada pela Conferência Mundial da
UNESCO de 1972, o Comitê Intergovernamental para a Proteção do
Patrimônio Mundial Cultural e Natural, denominado "Comitê do
Patrimônio Mundial", incluiu, em dezembro de 1999, as áreas Sul e
3
Leste da Mata Atlântica na "Lista de Patrimônio Mundial" como “Bem
Natural de Valor Universal”. A RPPN EVC faz parte do grupo de 7 áreas
protegidas, sendo 6 unidades de conservação localizadas na Costa do
Descobrimento, região entre os rios Jequitinhonha e Doce, no extremo
sul da Bahia e norte do Espírito Santo, que foram reconhecidas pela
UNESCO em 2000 como Sítios do Patrimônio Natural Mundial
(Schenkel, 2006; Figura 1). Além da RPPN EVC estão inseridas no Sítio
do Descobrimento a Reserva Biológica de Una; o Parque Nacional do
Pau-Brasil; o Parque Nacional de Monte Pascoal; o Parque Nacional do
Descobrimento; a Reserva Biológica de Sooretama; e uma área privada,
a Reserva Florestal de Linhares.
Os sítios do patrimônio natural são formações físicas, biológicas e
geológicas excepcionais, locais de ocorrência de espécies animais e
vegetais ameaçadas e áreas de alto valor científico, de conservação ou
estético. As atividades previstas para os sítios envolvem ações
estruturais como proteção de espécies e ecossistemas, conscientização
pública e educação ambiental, treinamento e promoção de ecoturismo
ou outras iniciativas de desenvolvimento socioeconômico sustentável. O
Programa Sítios do Patrimônio Mundial no Brasil constitui uma ampla
parceria envolvendo o MMA, a UNESCO, a Fundação das Nações
Unidas, o WWF, a TNC e a CI-Brasil.
Por se tratar de uma região com alto grau de ameaça, a Mata
Atlântica vem recebendo investimentos para sua conservação de
diversos organismos governamentais internacionais, tais como o Banco
Mundial e a agência alemã KfW, através do Projeto Corredores
Ecológicos, bem como de ações de conservação de organizações nãogovernamentais, como a CI-Brasil e TNC. Para a RPPN EVC estes
parceiros poderão viabilizar os estudos bases e aplicados à gestão da
área, colaborando para sua definitiva implantação.
4
Figura 1 – Sítio do Patrimônio Natural “Costa do Descobrimento”.
5
Enfoque Nacional
A Mata Atlântica é, desde a promulgação da Constituição Federal
de 1988, patrimônio nacional da população brasileira. Sua conservação
deve ser estimulada pelo poder público, cabendo, ainda segundo a
Constituição da República, artigo 225, parágrafo 1o, inciso III “definir,
em todas as Unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos”.
A Mata Atlântica brasileira, hoje reduzida a menos de 8% de sua
extensão original, perfazia cerca de 1.400.000 km2 do território
nacional, e estende-se desde o Nordeste Brasileiro até o Rio Grande do
Sul (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2002).
Essa região é de
grande importância para o país, pois abriga mais de 60% da população
brasileira e é responsável por quase 70% do PIB nacional (CI-Brasil et
al., 2000). A devastação da Mata Atlântica é um reflexo da ocupação
territorial
e
exploração
desordenada
dos
recursos
naturais.
Os
sucessivos impactos resultantes de diferentes ciclos de exploração, da
concentração da população e dos maiores núcleos urbanos e industriais
levaram a uma drástica redução na cobertura vegetal natural, que
resultou em paisagens hoje fortemente dominadas pelo homem
(Fonseca, 1985; Dean, 1996; Câmara, 2003; Hirota, 2003; Mittermeier
et al., 2004).
A Mata Atlântica possui hoje mais de 800 unidades de
conservação públicas e privadas, federais e estaduais, totalizando cerca
de 13.000.000ha (Pinto et al., 2006). Considerando somente as
unidades de conservação de proteção integral, menos de 2% (cerca de
2,5 milhões de hectares) da extensão do bioma se encontra oficialmente
dedicado a esse objetivo.
Na Mata Atlântica, devido ao elevado custo para criação de
unidades de conservação públicas, tem aumentado a importância da
participação do setor privado nas estratégias de conservação in situ da
biodiversidade, principalmente através das RPPNs. Além de promover a
proteção e apoio à pesquisa sobre biodiversidade, as RPPNs também
6
contribuem para o aumento da conectividade da paisagem e a proteção
de áreas-chave (Pinto et al., 2004; Vieira & Mesquita, 2004).
A RPPN EVC é uma das 450 RPPNs da Mata Atlântica. A unidade
possui uma área de 6.069ha de cobertura florestal praticamente
contínua. Devido ao estado atual de fragmentação do bioma Mata
Atlântica, este pode ser considerado um remanescente de grande porte,
uma vez que predomina em todo o bioma, remanescentes de menos de
100ha, e o tamanho médio das unidades de conservação públicas é em
torno de 10.000ha (Pinto et al., 2004)
Pela sua importância a RPPN EVC compõe um conjunto de
remanescentes florestais que forma uma das áreas prioritárias para
conservação da biodiversidade na avaliação do PROBIO (CI-Brasil,
2000). As áreas prioritárias foram identificadas por dezenas de
especialistas como áreas de grande importância biológica, de acordo
com
a
existência
de
espécies
endêmicas,
raras
e
ameaçadas,
comunidades biológicas únicas, e com as características especiais dos
elementos determinantes da biodiversidade (clima, rios, solos etc.). As
áreas foram examinadas também segundo a necessidade de ações
urgentes em função da avaliação da pressão antrópica, considerando-se
diversos fatores, como as pressões demográficas e a vulnerabilidade das
áreas naturais aos diversos tipos de exploração econômica.
Enfoque Estadual
Apesar da extensa área abrangida pelas unidades de conservação
do estado da Bahia, com pouco mais de 3 milhões e 300 mil hectares, a
superfície total destas áreas representa apenas 5,8% do território
baiano. Esse nível de proteção está abaixo do preconizado pela IUCN
que, por ocasião do III Congresso Mundial de Parques e outras Áreas
Protegidas, recomendou pelo menos 10% da superfície territorial do
Estado, do País ou do bioma sob proteção. São 36 unidades de
conservação, distribuídas nos biomas do Estado: a caatinga, o cerrado
e a mata atlântica. Em análise realizada recentemente para a
representatividade da cobertura de unidades de conservação do sul da
7
Bahia (Timmers et al., 2002), verificou-se que existem grandes lacunas
no sistema de proteção da região. Essa limitação é agravada pela alta
diversidade biológica contida nos seus limites territoriais.
O programa de conservação da diversidade biológica do Estado
possui a característica de priorizar o estabelecimento de unidades de
conservação de uso sustentável, com um total de 31 Áreas de Proteção
Ambiental (5.972.871ha) e 2 Áreas de Relevante Interesse Ecológico
(12.168ha). As unidades de conservação de proteção integral perfazem
somente uma área de 58.068ha, ou 1,9% do território do Estado.
Há ainda no estado da Bahia algumas unidades de conservação
federais de proteção integral, sendo cinco Parques Nacionais (Chapada
Diamantina,
22.500ha;
152.105ha;
Descobrimento,
Pau-Brasil,
21.129ha;
11.538ha;
e
Monte
Marinho
dos
Pascoal,
Abrolhos,
88.249ha); uma Reserva Biológica (Una, 11.400ha); um Refúgio de Vida
Silvestre (Veredas do Oeste Baiano, 128.521ha); e uma Estação
Ecológica (Raso da Catarina, 99.772ha).
Quanto às unidades de conservação de uso sustentável federais o
estado da Bahia possui três Reservas Extrativistas Marinhas (Barra do
Iguape, 8.117ha; Ponta do Corumbau, 38.174ha; e Canavieiras,
100.000ha), uma Área de Relevante Interesse (Cocorobó, 7.504 ha) e
duas
Florestas
Nacionais
(Contendas
do
Sincorá,
11.031ha;
e
Cristópolis, 12.839ha). Dada a relevância da região para a conservação
da biodiversidade da Mata Atlântica, está em curso uma iniciativa do
Ministério do Meio Ambiente, em parceria com IBAMA, órgãos estaduais
de meio ambiente da Bahia e Minas Gerais e diversas entidades
ambientalistas, visando um incremento expressivo da área protegida na
região, através da criação de novas unidades de conservação e expansão
de outras já existentes.
A Bahia conta com o segundo maior número de RPPNs federais do
País, havendo 54 áreas reconhecidas e diversas em processo de criação,
atrás apenas de Minas Gerais. Porém quando se contabiliza o número
total de RPPN criadas nos estados da federação o estado da Bahia
aparece em terceiro lugar no ranking, após os estados do Paraná e de
8
Minas Gerais, pois estes estados possuem programas estaduais de
reconhecimento destas unidades de conservação, o que tem permitido
maior agilidade no processo de criação (Costa, 2006). Um ponto positivo
é que em 2003 houve a sanção do Decreto Estadual n° 8851, de 22 de
dezembro de 2003, que permite o Estado da Bahia criar RPPN
diretamente vinculada ao órgão estadual de proteção ao meio ambiente.
A importância biológica do sul da Bahia e da Mata Atlântica do
Espírito Santo e a necessidade de estabelecer mecanismos inovadores
de gestão integrada das unidades de conservação levaram a indicação
dessa região como um dos Corredores de Biodiversidade no Brasil
(Ayres et al., 2005).
Um corredor de biodiversidade compreende uma rede de áreas
protegidas entremeada por áreas com diferentes graus de interferência
humana, no qual o manejo é integrado para ampliar a possibilidade de
permanência de todas as espécies, a manutenção de processos
ecológicos e evolutivos e o desenvolvimento de uma economia regional
baseada no uso sustentável dos recursos naturais (Sanderson et al.,
2003). A abordagem dos corredores de biodiversidade é utilizada para
contemplar a proteção ambiental em diferentes escalas, desde a local
até a regional, e buscar a representação de diferentes ecossistemas, o
manejo sistêmico da rede de unidades de conservação e a manutenção
ou incremento da conectividade entre as diferentes áreas (Fonseca et
al., 2004; Ayres et al., 2005).
Nesse contexto, a Mata Atlântica tem sido uma das regiões
pioneiras, com o uso do melhor conhecimento científico para a definição
de áreas e estratégias de conservação. Através de um processo de
identificação de corredores de biodiversidade, utilizando critérios
biológicos, além da análise das principais ameaças, alguns exercícios
foram conduzidos para a Mata Atlântica e para outras regiões do país
(CI & IESB, 2000; Fonseca et al., 2004; Ayres et al., 2005). O Corrredor
Central da Mata Atlântica é uma das regiões escolhidas pelo Ministério
do Meio Ambiente para o desenvolvimento dessa estratégia de
conservação no projeto Parques e Reservas, no âmbito do Programa
9
Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras, conhecido
como PPG-7 (MMA, 2006; Figura 2).
Por meio dos corredores de biodiversidade busca-se enfrentar um
dos
principais
desafios
para
a
conservação
da
biodiversidade,
especialmente dos hotspots, que é o crescente isolamento das áreas
naturais. Como a conservação da diversidade biológica envolve não
somente a preservação das espécies, mas também da diversidade
genética contida em diferentes populações, é essencial proteger
múltiplas populações da mesma espécie, que nos hotspots estão cada
vez mais isoladas e susceptíveis a eventos estocásticos de natureza
genética ou demográfica, portanto com maiores probabilidades de se
extinguirem localmente (Brooks et al., 2002). As estratégias de
conservação devem, portanto abordar a dinâmica da paisagem e as
inter-relações entre unidades de conservação, além dos aspectos
relacionados às áreas isoladas.
A porção sul-baiana, onde está inserida a RPPN EVC, é um
exemplo desse cenário, apresentando forte fragmentação dos ambientes
naturais. Fotos aéreas datadas de 1945 permitiram registrar que
naquela época mais de 85% da área total do Extremo Sul da Bahia
ainda encontrava-se coberto por florestas (Rezende Mendonça, 1994).
As avaliações mais atuais são alarmantes. Landau (2003) estimou a
situação da Mata Atlântica no Sudeste da Bahia, determinando a área
relativa ocupada por diferentes categorias de cobertura vegetal e uso do
solo em 107 municípios das regiões econômicas Litoral Sul, Extremo
Sul e Sudoeste e observou que as Florestas em estágio avançado de
regeneração ocuparam 6,5% da área estudada. No Extremo Sul da
Bahia, onde está localizada a RPPN EVC, apenas 7,6% é coberto por
florestas em estágio avançado de regeneração, sendo que apenas 6,9%
dos fragmentos apresentaram área acima que 100ha e, 0,7%, área
superior a 1.000ha.
Além do Sul da Bahia, o Corredor Central da Mata Atlântica
abrange quase todo o Espírito Santo. Este corredor de biodiversidade
abrange os maiores remanescentes florestais de Mata Atlântica do
10
Nordeste e abrange atualmente 25 unidades de conservação de proteção
integral, 19 unidades de uso sustentável e 41 RPPNs, totalizando
aproximadamente 520.000 hectares sob diversas formas de proteção
(Figura 3), sendo a RPPN EVC uma das áreas protegidas chave do
Corredor. Embora seja uma quantidade considerável de espaços
legalmente protegidos, é evidente que só o fato de terem sido criados
não é garantia de efetiva implementação e proteção.
O Corredor Central da Mata Atlântica compreende dois centros de
endemismo da Mata Atlântica, conforme estudos disponíveis sobre
vertebrados terrestres, borboletas e plantas (Mori et al., 1981; Kinzey,
1982; Thomas et al., 1998; Silva & Casteleti, 2004). A porção baiana do
Corredor Central apresenta uma das maiores diversidades de aves do
Brasil, abrigando mais de 50% das espécies de aves endêmicas da Mata
Atlântica
(Cordeiro,
2003a).
A
diversidade
da
flora
também
é
excepcional. Em estudos realizados em uma reserva particular ainda
não reconhecida como RPPN e no Parque Estadual da Serra do
Conduru, em Serra Grande, município de Uruçuca, ao norte de Ilhéus,
foram encontradas 458 espécies de árvores em um único hectare de
floresta, número considerado um dos recordes mundiais de riqueza de
plantas lenhosas (Thomas & Carvalho, 1997; A. Amorim, com.pess).
A região é importante também por abrigar 57% da fauna de
vertebrados da Mata Atlântica ameaçada de extinção, como o mico-leãoda-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) e o macaco-prego-depeito-amarelo (Cebus xanthosternos). A RPPN EVC abriga espécies
ameaçadas de extinção como o macaco-preto (Cebus robustus); o
papagaio-chauá (Amazona rhodochorytha), e o beija-flor balança-rabocanela (Glaucis dohrnii), dentre outras.
Nesse contexto descrito para o Corredor Central da Mata
Atlântica, as unidades de conservação desempenharão um papel
extremamente importante para garantir a proteção da biodiversidade a
longo prazo. A estratégia dos espaços protegidos associados à
construção de corredores ecológicos (ou corredores de fauna e flora),
será fundamental para a manutenção dos processos evolutivos e
11
ecossistêmicos da região. A Lei Federal no 9.985/00, que institui o
SNUC, ampara a criação de corredores ecológicos de conservação,
definindo-os como porções de ecossistemas naturais ou semi-naturais
que ligam unidades de conservação.
Para isso será importante também a integração e maior eficiência
do manejo das unidades de conservação. A RPPN EVC está inserida no
mosaico de áreas protegidas do Extremo Sul da Bahia, uma nova
iniciativa que conta com o apoio do FNMA e envolve várias instituições
como o IBAMA, com a Superintendência de Desenvolvimento Florestal e
Unidades de Conservação da SEMARH, Estação Ecológica Pau- Brasil
(ESPAB/CEPLAC) e a FUNAI. O principal objetivo do projeto é
implementar a gestão em mosaico visando fortalecer e integrar a rede de
áreas protegidas do Extremo Sul da Bahia, através de um desenho
estratégico fundamentado em três componentes principais: mobilização
social; manejo integrado de áreas protegidas e desenvolvimento
territorial em bases conservacionistas.
12
Figura 2 – Corredor Central da Mata Atlântica, conforme o projeto Corredores
Ecológicos do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2006).
13
Figura 3 – Unidades de Conservação existentes na porção baiana do
Corredor Central da Mata Atlântica.
14
INFORMAÇÕES GERAIS
Acesso
A Estação Veracel está situada na mesorregião geográfica Sul
Baiano, microrregião Porto Seguro (IBGE, 2006) e de acordo com SEI
(2006) faz parte da região econômica Extremo Sul da Bahia. A mesma
localiza-se a 15 Km do centro histórico de Porto Seguro, às margens da
BR 367, estrada que liga os municípios de Eunápolis e Porto Seguro. A
Estação ocupa 6.069 hectares que se estendem pelos municípios de
Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, entre as coordenadas 8199228 /
8186195 N e 481290 / 488301 E (Figura 4).
A microrregião de Porto Seguro está localizada ao longo da costa
atlântica brasileira e faz parte do bioma Mata Atlântica que é considerado
um dos ambientes mais ameaçados de extinção do mundo. No decorrer de
mais de 500 anos de uso e ocupação, este ambiente foi e continua sendo
amplamente explorado, certamente por estar inserido no núcleo de
povoamento mais antigo do país. Dados de IBGE (2006) mostram que em
1996 do total da área da microrregião Porto Seguro, 72% era ocupado
por pastagens, 12% por cultivos diversos e apenas 9,7% da área
permanecia ocupada por matas e florestas naturais.
Histórico
Histórico de criação e Aspectos Legais da RPPN
A antiga Capitania de Porto Seguro estendia-se do Espírito Santo
(sul) aos Ilhéus (Norte) e toda essa extensão caracterizava-se por um
contínuo de florestas densas, do qual a área da RPPN EVC é um
exemplo, testemunha e prova cabal do tipo de cobertura vegetal
encontrada pelos colonizadores europeus. Na região Extremo Sul da
Bahia, a construção da BR-101 e o incentivo do governo do Estado à
atividade madeireira, que atingiu nível de destaque na região de Porto
Seguro, foram os principais responsáveis pela redução da Mata Atlântica.
A Veracel Celulose S/A, proprietária da RPPN EVC instalou-se na
região em 1992, com o propósito de implantar uma unidade industrial
para
fabricação
de
celulose
branqueada
15
de
eucalipto.
O
empreendimento engloba 88.000ha de plantio de eucalipto e infraestrutura e aproximadamente 85.000ha de áreas destinadas à proteção,
recuperação e manejo de Mata Atlântica, dentre as quais está a RPPN
EVC.
A história da RPPN EVC remete-nos a um processo histórico mais
abrangente, que diz respeito à exploração da floresta motivada pelo
interesse pela madeira, uma importante riqueza. Tal exploração teve
início já no século XVI, imediatamente após a descoberta do Brasil, e
avançou até o presente século com consequências desastrosas e
praticamente irreversíveis para algumas áreas da Mata Atlântica. A
seguir são mencionadas algumas informações históricas de ocupação
da área de influência da reserva, conforme descrito pelo Plano de
Manejo da RPPN Veracel elaborado em 1998 (ver Veracruz Celulose
S.A., 1998).
Um olhar para o passado
A chegada do colonizador português à costa litorânea do atual
extremo sul da Bahia oficializou a incorporação de um extenso território
ao já vasto império colonial português no ultramar. A partir de 1534 a
divisão da Colônia em Capitanias Hereditárias pretendeu organizá-la de
uma
forma
mais
sistemática
do
ponto
de
vista
geográfico
e
administrativo. Esta medida foi provocada, em grande parte, pela
exploração da madeira por comerciantes não autorizados. Portugal
sempre foi ávido por madeiras nobres e explorou largamente as florestas
das Ilhas dos Açores, da Madeira, da Ásia e da África portuguesas.
Já naquele período foram estabelecidos os entrepostos comerciais
(feitorias) na costa litorânea, por onde era escoada a madeira retirada
pelos índios, especialmente o pau-brasil, que por volta de 1511
representava 90% das exportações da Colônia.
A introdução da monocultura da cana-de-açúcar desviou a
atenção de Lisboa para as Capitanias de Pernambuco e São Vicente. A
Capitania de Porto Seguro caracterizou-se por uma economia precária e
complementar, que abastecia as zonas açucareiras da Capitania da
Bahia com algodão, cereais e pescados e a exploração das florestas
16
através da retirada de piaçava e de madeira era prática corrente. O
corte de madeira ocorria em diferentes localidades da Capitania e
regiões vizinhas: Cairu, Camamu, Barra do Rio de Contas, Maraú,
Ilhéus, Prado, Alcobaça e Mucuri, com destino a Salvador e Lisboa.
A introdução das culturas do cacau e do café no final do século
XVIII e a expansão da pecuária no século XX dinamizaram a região,
expandindo o povoamento, provocando o crescimento demográfico e
estimulando a economia. Aos poucos as pequenas roças de subsistência
familiar foram cedendo espaço e/ou partilhando uma maior ocupação
do solo. Todavia, as áreas de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália
permaneciam isoladas justamente pela floresta e ali prevalecia uma
realidade bastante similar à do século XIX: viviam de pesca e poucas
roças e dependiam da importação de produtos oriundos de Salvador,
que chegavam por via marítima.
A segunda metade do século XX pode ser apontada como a
grande “vilã” da floresta ainda existente. A partir dos anos 70 a
paisagem começa a se desintegrar. A oferta de terras a preços baixos
atrai uma população ávida de lucros fáceis. A abertura das rodovias
facilita o acesso dos madeireiros. Inúmeras serrarias se instalam,
surgem grandes áreas de pastagens. O problema das invasões de terras
ainda cobertas de mata torna-se uma preocupação e graças a elas
surgem povoados miseráveis, reduzindo cada vez mais a floresta
atlântica. Dentre os poucos remanescentes está a Estação Veracel.
Histórico da Propriedade: a “Fazenda Americana”
A
RPPN
EVC
é
considerada
uma
das
mais
importantes
concentração de Mata Atlântica da Bahia. A área pertenceu a uma
antiga propriedade cuja cadeia sucessória perde-se no tempo e remonta
há cerca de 300 anos. Em 1961 a propriedade atingia 12.000ha,
estendendo-se do Rio Buranhém (Porto Seguro) ao Rio João de Tiba
(Santa Cruz Cabrália). A área, totalmente coberta de matas, era
praticamente
inexplorada
e
compreendia
três
áreas
contíguas:
Tucundupi, São Miguel e Imbirussú de Dentro. Naquele ano foi vendida
a um grupo de condôminos norte-americanos, dos quais dois eram
17
majoritários: Iva Lee Hartman e Louis Woodson Hartman. Daí a
denominação “Fazenda Americana” ou “Fazenda da Gringa”.
Figura 4 – Localização geográfica e acesso à RPPN Estação Veracel.
Os anos 70 e 80
A abertura das rodovias trouxe os turistas e os madeireiros. A
BR367 foi construída sobre o traçado da antiga estrada de terra.
Inaugurada em 73 deu início ao grande desflorestamento e a partir de
76/77 a atenção dos madeireiros se volta para a “Fazenda Americana”,
pois a madeira de outras áreas começa a escassear. Inicia-se um
confronto entre o ideal de conservação e o interesse dos madeireiros.
Em 1976 parte da área foi vendida para a Empreendimentos
Florestais Flonibra. Os Hartman permaneceram com uma área entre a
reserva e o Rio João de Tiba (São Miguel) e uma outra entre a reserva e
a beira da estrada (Imbirussú de Dentro). A parte central, adquirida
pela Flonibra, corresponde à RPPN EVC. Segundo depoimento de um
ex-Técnico Agrícola da Flonibra, a empresa extraiu madeira em pequena
quantidade. A madeira destinava-se à construção de currais, casas para
18
vigilantes, estacas e mourões. Havia muitos problemas com caçadores e
posseiros. Gente que entrava para retirar piaçava e roubar madeira. Em
razão disso 130 vigilantes atuavam na área.
Segundo informações locais, a Flonibra teria desmatado, nos anos
70, cerca de 500ha da área total. A empresa possuía uma serraria
própria, localizada no Km 45, na qual eram preparados os dormentes.
Parte da madeira retirada foi também destinada às serrarias locais. O
corte de madeira, que foi efetuado nos trechos próximos à estrada,
prosseguiu até o final dos anos 70, quando mudanças nos planos
originais da empresa deslocaram seu foco de atenção para outras
atividades, como a pecuária.
Em 1977 a Flonibra elaborou um Inventário Florestal referente à
área de 6.069ha, adquiridos de Iva Hartmann e nele foram identificadas
e quantificadas mais de 80 espécies. Tal Inventário é um importante
indicativo para a conservação da RPPN EVC, para que se tenha uma
idéia da riqueza vegetal existente na região.
Sete anos mais tarde a paisagem já estava bastante modificada
em torno da antiga “Fazenda Americana”. As serrarias atuavam em
grande escala, existindo cerca de 30 em Eunápolis, 2 em Pindorama, 3
em Vera Cruz, 20 em Itabela, 20 em Barrolândia. Com a redução das
áreas as serrarias tentaram convencer a Flonibra a vender as terras.
Naquele ano de 1984 querelas políticas locais, relativas à
emancipação de Eunápolis, desencadeou uma grande invasão nas áreas
pertencentes à Iva Hartman, exatamente nas áreas conhecidas como os
povoados de Imbirussú de Dentro e São Miguel. Com o apoio político e
numa ação conjunta com madeireiros, centenas de pessoas ocuparam a
área. Nessa época uma grande quantidade de jacarandá ainda foi
retirada, além de outras madeiras nobres.
Quando o jacarandá praticamente desapareceu, as madeiras
brancas foram as mais procuradas. Dentre elas foram mencionadas
Parajú, Juerana, Pequi (amarelo e preto), Massaranduba e Louro com
várias espécies: Louro Batata, Louro São José, Louro Uruçuca, Louro
Branco, Louro Casca Preta, Louro Caraíva e Louro Cipó. O roubo de
19
madeira era comum, principalmente quando se tratavam de madeiras
especiais, muito procuradas, como a Sucupira pele-de-sapo.
Os Anos 90
Em poucos anos a floresta da região foi reduzida drasticamente.
As serrarias atuaram até cerca de 93-94. Com a escassez da floresta, as
poucas que restam serram madeira de pequenos proprietários e de
alguns projetos que possuíam aprovação do IBAMA.
A área da atual Estação Veracel não foi totalmente atingida por
esse fenômeno que mesclou interesses políticos, econômicos, corrupção,
fiscalização inexistente e/ou insuficiente. A transmissão da posse antes
que a pressão se tornasse insustentável e a sua conservação como área
protegida, foram ações decisivas. Entretanto, há indícios de explorações
anteriores, sobretudo de madeira. Os chamados “arrastões” ou
“arrastos”, que são estradas internas abertas para o arrastamento da
madeira, mostram isso.
Sabe-se também que há muitos anos retirava-se madeira com a
ajuda de junta de bois, que transportavam as toras até a beira dos rios.
Segundo consta, juntas de até 24 bois arrancavam as árvores do chão,
que eram puxadas através dos arrastões e saíam em diferentes pontos,
um deles o Rio dos Mangues, próximo ao atual complexo turístico
Barramares.
Em 1994 foi estabelecida a Estação Veracruz pela Veracruz
Celulose S/A, hoje Veracel Celulose S/A, e inicia-se a implantação de
infra-estrutura para visitação na área. Muitas histórias marcam a
Estação Veracel e seu valor histórico, na condição de paisagem natural
com status de documento, ganha mais relevo quando se sabe que o Rio
Mutari, que desemboca na Coroa Vermelha e onde Pedro Álvares Cabral
abasteceu sua esquadra com água doce, nasce no interior da RPPN
EVC. Além do Rio Mutari, outros rios ou seus tributários que são
essenciais às comunidades locais nascem no seu interior: Rio dos
Mangues, Rio Jardim, Ronca Água e Camuruji.
20
A partir de 1998 a área da atual Estação Veracel, antiga sesmaria
no território da Capitania de Porto Seguro, antiga “Fazenda Americana”,
foi declarada Reserva Particular do Patrimônio Natural, reconhecida
oficialmente pelo Governo Federal, através do IBAMA. As características
da RPPN EVC estão apresentadas na Tabela 1.
21
Tabela 1 – Ficha-Resumo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação
Veracel, Bahia.
Nome da RPPN
Estação Veracel
Nome do proprietário
Veracel Celulose S.A.
Carlos André Gaspar dos Santos ou Ligia
Gallozzi Mendes Andrade
(73) 3166-1535 ou (73) 9985 1808
[email protected] ou
[email protected]
Localizada a 15 km do centro histórico de
Porto Seguro, às margens da BR 367 km 37,
no Extremo Sul da Bahia.
Nome do representante
Contato
Endereço da Sede
Endereço para correspondência
Fazenda Brasilandia, BA 275 km 24
Caixa Postal 21 - Eunápolis Bahia.
CEP: 45820-970.
Telefone/fax/e-mail/página na internet
73 3166-1535 ou 73 3166-1536/
[email protected]
www.veracel.com.br
Superfície da Unidade de Conservação
6.069 hectares
Principal município de acesso à RPPN
Porto Seguro
Município e estado abrangido
Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, Bahia
Coordenadas Geográficas Extremas
8199228 / 8186195 N e 481290 / 488301 E
05 de novembro de 1998. Portaria IBAMA
149/98-N
Ao sul, assentamento do INCRA Projeto
Imbiruçu de Dentro;
Ao leste, assentamento do INCRA Projeto
Imbiruçu de Dentro e 3 fazendas particulares;
Ao norte, assentamento do INCRA Projeto São
Miguel e Projeto Inhaiba III de plantio de
eucalipto.
À oeste, Reserva Legal do Projeto Inhaiba III,
Estação Ecológica Pau-Brasil e 2 fazendas
particulares.
Data da criação e Número da Portaria
Marcos e referências importantes nos
limites e confrontantes
Bioma
Mata Atlântica – Floresta Ombrófila Densa
Distância dos centros urbanos mais
próximos
15 km de Porto Seguro e 50 km de Eunápolis
Meio principal de chegada à UC
BR 367.
Atividades ocorrentes
- Proteção Física;
- Pesquisas científicas;
- Atividades de relacionamento com as
comunidades do entorno da Reserva.
- Interface com o PEACOR:
- Visitas de recreação e interpretação
ambiental;
- Cursos e treinamentos;
22
DIAGNÓSTICO
1. Apresentação
Os conhecimentos detalhados sobre os potenciais ecológicos dos
ambientes possibilitam a geração de estratégias para a proteção, gestão e
uso sustentável dos recursos naturais. Deste modo, tem-se, por exemplo, o
reconhecimento e a proteção dos ecossistemas mais frágeis, a identificação
de áreas com maior potencialidade agrícola, bem como um eficiente
monitoramento regionalizado das formas de ocupações antrópicas das
terras.
A RPPN EVC representa um dos principais remanescentes de floresta
atlântica no extremo sul da Bahia, inserido no Corredor Central da Mata
Atlântica e no Sítio do Patrimônio Natural do Descobrimento. A grande
importância biológica da RPPN EVC aliada ao seu tamanho e a inserção
regional fazem com que seja premente a revisão do seu plano de manejo e
um planejamento que utilizem técnicas modernas e participativas que
incorporem conhecimentos atuais de biologia da conservação, como o
conceito de corredores de biodiversidade e gestão em mosaicos.
A revisão do plano de manejo, conforme novo roteiro metodológico
proposto em Ferreira et al. (2004) deverá nortear as ações de pesquisa,
visitação, segurança e recuperação dessa área protegida. É fundamental
também que o planejamento produza um zoneamento de toda a extensão
da
reserva
e
entorno
imediato.
Para
isso
torna-se
essencial
o
fortalecimento da RPPN EVC, destacando que seu planejamento e gestão
deverão prever a integração com as demais unidades de conservação da
região, tanto públicas quanto privadas, seu papel no Programa Mata
Atlântica da Veracel e no Projeto Conservar (Conservação e Restauração
em Terras Privadas no Corredor Central da Mata Atlântica), as relações com
as comunidades e as interações com os fragmentos florestais na
circunvizinhança.
23
2. Metodologia do Diagnóstico
A RPPN EVC já possui um plano de manejo elaborado logo que a
unidade foi transformada em RPPN (Veracruz Celulose S/A, 1998).
Portanto, para o desenvolvimento da revisão do plano de manejo,
considerou-se o planejamento de 1998 e as informações produzidas sobre
a área nos últimos anos. Sendo assim, optou-se por fortalecer, no
diagnóstico, as informações e avaliações em temas importantes que foram
pouco contemplados ou que necessitavam uma melhor avaliação para o
planejamento da unidade.
A avaliação dos atributos físicos e do uso público, o melhor
conhecimento da flora através de dados primários e a compilação e análise
do conhecimento sobre a fauna da unidade foram os temas definidos como
prioritários na revisão do plano de manejo da RPPN EVC.
2.1. Meio físico
O diagnóstico do meio físico foi elaborado através da compilação de
dados secundários, da utilização de imagens de satélite e investigações com
reconhecimento em campo. Os temas abordados no meio físico incluem:
clima, geologia, hidrogeologia, recursos minerais, geomorfologia e solos.
Foram enfatizados aspectos relacionados à fragilidade morfodinâmica e às
limitações e potencialidades de uso dos solos, processos erosivos, aspectos
geológicos regionais e locais.
A primeira etapa do trabalho consistiu na avaliação do material
bibliográfico e cartográfico gerado no primeiro plano de manejo para a
RPPN EVC. Neste material foi identificado um levantamento sobre o meio
físico que aborda questões relativas a clima, vegetação, geologia e
geomorfologia da área. Não foi localizado um levantamento dos solos da
área, mas nas discussões relativas à geologia e à geomorfologia foram
abordadas algumas questões sobre o tema que fala sobre os principais
processos de formação dos solos na área e quais as classes que
predominam na região como um todo.
24
Após
avaliação
do
plano
de
manejo
anterior,
procedeu-se
levantamento, interpretação e síntese das informações obtidas das
análises de mapas planialtimétricos, vegetação, geomorfologia, geologia e
solos, disponíveis na região, bem como de dados fornecidos pela empresa
Veracel e por órgãos tais como do IBGE, CEPLAC, dentre outros. Além de
trabalhos de tese de mestrado e doutorado e trabalhos publicados em
revistas especializadas, desenvolvidos na região.
Em seguida a área foi intensamente percorrida (Figura 5) visando
identificar as principais unidades de solo, sua distribuição na paisagem e
seus inter-relacionamentos com a geologia, a geomorfologia e a hidrologia.
Os resultados dessas observações, associados às interpretações e às
sínteses das informações obtidas das análises de fotografias aéreas,
imagens de satélite e mapas, permitiram a elaboração de perfis
esquemáticos e novos mapas, complementares às cartas já existentes.
A partir das observações de campo foram detectadas características da
paisagem equivocadamente representadas no mapa base existente para a
reserva, tais como nascentes de rios que estavam indicadas na área da RPPN
EVC e na realidade encontram-se na Estação Pau-Brasil e áreas de
mussunungas e de lagoa com vegetação característica que não estão no
mapa.
Após organização de todo o material bibliográfico e cartográfico,
referentes
à
Estação,
procedeu-se
a
análise
crítica
desse
material
levantando-se as potencialidades e limitações do ambiente, que norteou a
execução do zoneamento ambiental para a RPPN EVC.
Os mapas de caracterização do meio físico da RPPN EVC foram
confeccionados a partir de mapas base planialtimétricos fornecidos pela
empresa Veracel e de mapas confeccionados no plano de manejo da RPPN
EVC. Além disso, todas as informações foram checadas e detalhadas em
campo.
A partir do mapa de hidrografia da RPPN EVC procedeu-se a
classificação de ordem de cursos d’água para o entendimento da dinâmica
global do sistema hidrográfico presente na área, para a identificação das
unidades que compõem esse sistema, bem como para auxiliar no
entendimento dos padrões de dissecação da paisagem local.
25
Uma vez que não foram descritos perfis característicos a cada classe
de solo dominante na área da RPPN EVC, nem foram coletadas amostras
para caracterização dos mesmos, optou-se pela representação dos solos
dominantes na área a partir de um mapa esquemático. Este mapa foi
elaborado com base em informações de levantamentos de solos realizados
em áreas vizinhas da RPPN EVC, da checagem em campo dos solos
dominantes em cada segmento da paisagem, via análise de perfis em
barranco de estrada e por tradagem, bem como pela interpretação dos
mapas de elevação e declividade da área.
26
Figura 5 – Mapa com limites da RPPN EVC com os pontos visitados para o
diagnóstico do meio físico.
27
Para estudos que careçam de informações mais detalhadas a respeito
dos solos da RPPN EVC será necessária realização de um levantamento e
classificação de solos em nível de detalhe. As informações contidas nos
mapas de declividade e de solos foram cruzadas e delas foram extraídas as
diferentes zonas de fragilidade na área da RPPN EVC.
2.2. Flora
As
amostragens
florísticas
realizadas
na
RPPN
EVC
foram
conduzidas entre agosto a dezembro de 2006, totalizando seis expedições.
Conforme metodologia original proposta foram instalados 10 transectos de
2 m x 50 m, distribuídos aleatoriamente ou de maneira uniforme, gerando
uma área amostral de 0,1 ha. Dentro desses transectos, todas as plantas
lenhosas com DAP (diâmetro a altura do peito) acima de 2,5cm foram
amostradas. Os 10 transectos foram instalados paralelamente a uma
distância uniforme de 20 m entre si. Os indivíduos amostrados tiveram o
DAP medido e a altura total estimada. Foram coletadas amostras da maior
parte dos indivíduos, com exceção daqueles pertencentes a espécies muito
comuns e de fácil reconhecimento no campo. Os materiais coletados foram
depositados no Herbário do CEPEC localizado em Itabuna e as espécies
foram classificadas em família segundo o sistema do APG (2003).
As duas áreas amostradas são semelhantes em relação ao estágio
sucessional e em relação ao mosaico em que estão inseridas sendo áreas
representativas
da
vegetação
original
em
seu
melhor
estado
de
conservação, sem indícios recentes de perturbação.
A iniciativa do Missouri Botanical Garden de disponibilizar o banco
de dados (www.mobot.org/mobot/research/gentry/data.shtml) contendo
todos os levantamentos disponíveis que utilizaram o método proposto por
Gentry (1982), permitiu comparar os resultados do presente estudo com
os dados dos 25 “sites” com mais alta riqueza de espécies no mundo,
segundo este método de amostragem (Phillips et al., 2003) e com os
demais “sites” localizados no Brasil, baseando-se em metodologia descrita
28
em Martini et al. (no prelo). Entretanto, conforme citado acima, a
amostragem do presente estudo diferiu daquela originalmente proposta
por Gentry (1982), uma vez que não amostramos as lianas lenhosas.
Paralelamente a essa amostragem, procedeu-se documentação das
espécies vegetais em estágio fértil, através do método de coletas aleatórias
nas principais trilhas de acesso aos blocos florestais. Nessas coletas, deuse prioridade as áreas de mussununga e trechos mais antropizados da
RPPN
EVC.
Todo
o
material
coletado
encontra-se
depositado
prioritariamente no Herbário do CEPEC numa coleção específica criada
para a RPPN EVC. Duplicatas, quando possível, foram distribuídas aos
especialistas em diversos grupos, objetivando a obtenção de uma
identificação mais acurada das amostras.
2.3. Fauna
Não foram realizadas amostragens de campo para o diagnóstico da
fauna de vertebrados da RPPN EVC, tendo em vista o pouco tempo
disponível e a existência de informações para diversos grupos de
vertebrados. Para a organização das informações existentes foi realizado
amplo levantamento bibliográfico (ver em Anexo I.1 a listagem da
bibliografia consultada). Os dados de trabalhos de campo de diversos
estudos foram compilados e armazenados em um banco de dados. A partir
da análise das informações do banco de dados foi elaborada a lista das
espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios da RPPN EVC. A análise do
status de ameaça de cada espécie foi realizada a partir da avaliação da
presença da espécie na Lista Oficial de espécies ameaçadas do Brasil
(Machado et al., 2005) ou na Lista Vermelha de espécies globalmente
ameaçadas (IUCN, 2006).
Algumas espécies citadas pelas fontes consultadas foram retiradas
do diagnóstico por serem consideradas "registros duvidosos" enquanto
outras foram agrupadas em uma única espécie. A nomenclatura das aves
seguiu aquela proposta pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos CBRO (www.cbro.org.br) e a de anfíbios segue lista de espécies do Brasil
29
segundo a Sociedade Brasileira de Herpetologia - SBH (www.sbh.org.br) e
não inclui a revisão de Faivovich et al., (2005).
2.4. Uso Público
Durante o levantamento das características da RPPN Estação
Veracel
(RPPN-EV),
foram
colhidas
em
campo
informações
que
possibilitaram a realização do diagnóstico da situação atual do uso
recreativo, servindo como base para o planejamento da estrutura física e
administrativa que atenda às atividades de uso público da unidade.
Os levantamentos de campo, realizados de 22 a 27 de maio e em 29
de julho de 2006, ocorreram em áreas identificadas durante a pesquisa a
documentos e consulta aos funcionários da RPPN. As trilhas percorridas
pela equipe, atividades acompanhadas e o período dos levantamentos são
apresentados na Tabela 2.
30
Tabela 2. Período, local e integrantes da equipe no diagnóstico das
atividades de uso público na RPPN Estação Veracel.
DATA
LOCAIS
INTEGRANTES
• Trilha da Floresta Tropical,
22/05
acompanhamento de visita de
funcionários da Veracel Celulose
23/05
• Anna, Lígia, Sandro, três
visitantes
• Trilha da Floresta Tropical
• Anna, Sandro
• Trilha do Pau-Brasil
• Anna, Katão
• Trilha das Orquídeas
• Anna, Katão
• Entorno: Projeto São Miguel,
25/05
Imbiruçu
• Anna, Gil
• Estradas internas
• Trilha das Bromélias
• Anna, Sandro
• Trilha da Plataforma
26/05
• Acompanhamento de visita de
empresários, com visitantes
estrangeiros, palestra e guiagem em
• Anna, Denise (chefe),
Sandro, visitantes
inglês.
• Acompanhamento de visita de escola
27/05
de Itamarajú, estudantes 3º Ano - 2º
Grau
29/07
• Confirmação GPS Trilha da
Mussununga
• Anna, Lígia, Sandro,
Katão
• Anna, Agrício
A extensão das trilhas, identificação de pontos atrativos e locais que
requerem ações de manejo foram medidos utilizando-se o instrumento de
medição Precimeter, e o Nível de Abney para medição da declividade.
Para a definição das atividades de uso público na RPPN Estação
Veracel, foram utilizados conceitos do método ROS – Recreational
31
Opportunity
Spectrum
(Clark
&
Stankey,
1979)
ou
Espectro
de
Oportunidades Recreativas.
De acordo com as expectativas daqueles que buscam uma variedade
de ambientes e atividades ao ar livre, no método ROS a experiência da
visitação pode ser separada em quatro cenários no qual: (1) o visitante se
ocupa de certa
ATIVIDADE;
(2) em um determinado
AMBIENTE
(com
componentes físicos, biofísicos e sociais); (3) buscando alcançar certo tipo
de
EXPERIÊNCIA;
pessoa
e (4) por algum
caminha
até
uma
MOTIVO
cachoeira
particular. Por exemplo, uma
(ATIVIDADE)
em
uma
área
completamente natural (AMBIENTE) pela satisfação de estar ao ar livre
(EXPERIÊNCIA) para relaxar e aprender sobre a natureza (MOTIVO). O bom
planejamento de infra-estrutura oferece oportunidade para que ocorram
experiências semelhantes.
Neste trabalho é apontada a necessidade de projetos específicos, que
devem ser implementados a curto, médio e longo prazos, e sua
classificação refere-se ao planejamento anual de recursos humanos e
financeiros.
3. Caracterização da Área
3.1. Meio Físico
3.1.1. Clima
A RPPN EVC está inserida em uma região que apresenta clima Af –
chuvoso, quente e úmido, sem estação seca, segundo a classificação de
Köppen. A região caracteriza-se por apresentar temperaturas elevadas, com
baixa amplitude de variação. De acordo com dados fornecidos pela
CEPLAC, medidos na Estação Pau-Brasil, a temperatura média é de 22,6ºC
com média máxima de 27,9ºC e mínima de 18,9ºC.
Segundo dados da CEPLAC, relativos ao período de 1972 a 1996, a
precipitação média é de 1.620mm anuais, com 183 dias chuvosos por ano,
sendo os meses mais chuvosos os de julho, setembro e outubro. No período
de 1997 a 2004 dados coletados na RPPN EVC mostram uma precipitação
média anual de 1.680mm. Considerando-se os dois períodos (33 anos)
observa-se na região uma precipitação média de 1.635mm anuais.
32
A umidade relativa do ar é sempre elevada, apresentando médias
anuais de 86,3% e o potencial de evaporação é de médio a alto (748,8mm).
A região não apresenta déficit hídrico, possuindo excedentes de 1050,4mm
por ano (método de Thornthwaite-Mather).
3.1.2. Recursos Hídricos
A drenagem na região onde a RPPN EVC está inserida é densa e
configura padrão paralelo, tanto localmente, quanto em relação aos canais
principais. A mesma segue as linhas estruturais e a inclinação geral dos
tabuleiros para o mar.
Na área da RPPN EVC todos os cursos d’água drenam sobre os
depósitos sedimentares do grupo Barreiras que são intensamente modelados
pelos processos erosivos. As sub-bacias são, em geral, estreitas e
alongadas, isso permite que as águas de chuvas, em excesso, drenem
mais rapidamente reduzindo os riscos de inundação.
Aproximadamente
77%
da
área
da
RPPN
EVC
(Figura
6)
corresponde aos setores SW, centro W, N e NE, são drenados por córregos
que formam os rios Camurugi e Ronca Água, afluentes do rio João de
Tiba, também conhecido como rio Santa Cruz. Os outros 23% (setores
S/SE) são drenados na sua maioria pelo rio Jardim e, em menor
proporção, pelos rios dos Mangues e Mutari. Estes rios correm paralelos
em direção ao mar, sendo que os rios Mutari e Jardim se encontram no
município de Porto Seguro, 300m antes de desaguar no mar.
Os rios Ronca Água, Camurugi e dos Mangues têm suas nascentes
localizadas fora da área da RPPN EVC, mas muitos córregos que
contribuem para a formação destes rios nascem dentro da área. Vale
ressaltar que no mapa de hidrografia da RPPN EVC a nascente do rio dos
Mangues, que abastece o município de Porto Seguro, está localizada
dentro da Estação, mas avaliações de campo mostram que o mesmo nasce
em área vizinha (Estação Pau-Brasil - CEPLAC), o que não diminui a
importância da RPPN EVC para a proteção desse rio. Já os rios Mutari e
Jardim tem suas nascentes localizadas na área da RPPN EVC. Os rios
33
Ronca Água e Camurugi nascem em regiões mais distantes da RPPN EVC
a, aproximadamente, 5 e 16 km, respectivamente, às margens da BR 367.
De acordo com Valente & Gomes (2005), nascentes são manifestações
superficiais de lençóis subterrâneos, dando origem a cursos d’água. Ainda
segundo os autores, cada curso d’água tem sua nascente e portanto o
número de cursos d’água de uma bacia é igual ao seu número de nascentes.
Partindo-se deste pressuposto, pode-se afirmar que a RPPN EVC conta com,
aproximadamente, 115 nascentes, espalhadas ao longo de toda a sua área.
A hierarquização dos rios que cortam a RPPN EVC mostra que na
porção sul da área os cursos são de 1º e 2º ordens e apresentam um
menor volume de água, enquanto que a porção norte, onde o relevo
encontra-se
mais
dissecado,
apresenta
cursos
de
3º
ordem,
conseqüentemente com maior volume. Por nascerem em áreas mais
afastadas os rios Ronca Água e Camurugi já adentram a área da RPPN
EVC com maior volume, sendo rios de 3º ordem.
Além dos córregos e rios que cortam a RPPN EVC, a área conta com
lagoas que se localizam em áreas abaciadas dos topos. Estas lagoas se
formam
devido
à
convergência
das
águas
pluviais
que
escoam
preferencialmente para pontos abaciados do relevo e se acumulam por não
conseguirem infiltrar livremente, devido às camadas impeditivas localizadas
na sub-superfície dos solos aí encontrados. Muitas destas lagoas secam nos
períodos de menor precipitação, mas algumas permanecem cheias por
longo período, o que determina, muitas vezes, as características do solo e,
conseqüentemente, da vegetação local. Freqüentemente estas lagoas estão
associadas às áreas de vegetação denominadas mussunungas.
3.1.3. Geologia
A geologia da área é constituída por apenas uma unidade geológica:
material sedimentar Tércio-Quaternário da formação Barreiras. De acordo
com Bigarella & Andrade (1964) e DNPM (1984), esta unidade é constituída
por sedimentos provenientes do intemperismo de rochas granito-gnáissicas
leucocráticas.
Estes
sedimentos
formavam
antigas
superfícies
de
aplainamento que sofreram desmonte desde o Oligoceno até o Holoceno. O
34
desmonte se deu em razão de processos tectônicos, oscilações climáticas e
glaciações. O transporte foi de origem fluvial, sendo os sedimentos
depositados discordantemente sobre as rochas do Pré-Cambriano Superior,
formando unidades geomorfológicas denominadas Tabuleiros Costeiros.
Os tabuleiros costeiros coincidem com os sedimentos cenozóicos do
Grupo Barreiras, de textura argilosa, argilo-arenosa ou arenosa, tipicamente
cauliníticos
e
quartzosos,
pobres
em
ferro,
com
eventuais
níveis
conglomeráticos, depositados em camadas, com espessura que varia em
conformidade com as ondulações do substrato rochoso, que ocasionalmente
aflora, influenciando nas formas do modelado (Bittencourt, 1996).
Na área da RPPN EVC predominam os sedimentos argilosos que
recobrem as rochas do embasamento cristalino em toda a sua extensão.
Apesar de na região serem encontrados afloramentos destas rochas, na
área da RPPN EVC não foram registradas tais ocorrências.
De acordo com dados de CBPM (2006) os principais recursos
minerais explorados nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz
Cabrália são: água mineral, areia, argila, terras raras (monazitas) e titânio
que são explorados em áreas de depósitos sedimentares arenosos e
argilosos; calcários, explorados em áreas de recifes de corais e depósitos
de pântanos e mangues atuais. Além disso, são exploradas água marinha,
água mineral, grafita, mica e pedra para construção, em unidades
geológicas do cristalino. Dentre os recursos explorados a argila é o que
mais se destaca em ambos os municípios.
Além
dos
recursos
minerais
citados
anteriormente,
pode-se
mencionar a exploração de cascalhos para utilização na construção de
estradas. Estes cascalhos são encontrados em determinados pontos da
região, onde houve a possibilidade de concentração de material quartzoso
e
concreções
ferruginosas,
presentes
nas
frações
(geralmente cascalhos) dos depósitos sedimentares.
35
mais
grosseiras
3.1.4. Geomorfologia
A área da RPPN EVC insere-se no domínio morfoestrutural dos
Piemontes Costeiros, que se caracteriza por feições predominantemente
conservadas, com interflúvios tabulares representados pela unidade
geomorfológica denominada de Tabuleiros Costeiros (Figura 6).
Figura 6 – Área de Tabuleiro Costeiro na região do Extremo Sul da Bahia.
As faixas de relevo encontram-se submetidas a uma dissecação
intensa
e
uniforme,
caracterizadas
por
topos
concordantes,
vales
profundos com encostas em forma de longos planos inclinados, suaves ou
com forte declividade. A presença de fundo plano, ou planícies estreitas,
constitui zonas de acumulação de depósitos aluvionares.
No reconhecimento de campo observou-se que na área da RPPN EVC
existem padrões de drenagem diferenciados, sendo que nos setores onde a
rede de drenagem tem início o relevo é menos dissecado, os vales são mais
rasos e apresentam rampas com menor declividade. À medida que o volume
da água nos córregos vai aumentando, o relevo mostra-se mais dissecado e
os vales tornam-se mais profundos, apresentando rampas com maior
declividade.
Na área estudada pode-se observar uma variação de altitude que vai
de 10m a 80m (Figura 7). Os topos tabulares, em função da inclinação em
36
direção ao mar e da dissecação esculpida, aparecem de forma escalonada
nas altitudes de 80m a 50m, em relação ao nível do mar. Os topos com
80m aparecem em pontos restritos no setor sudoeste da área. Seguindo na
direção sudoeste – nordeste aparecem topos nas cotas de 70m, 60m e
finalmente na cota de 50m, setor mais dissecado da área.
A análise da Figura 7 revela que o processo de dissecação dos
tabuleiros nas faces nordeste e leste da RPPN EVC, encontra-se em estado
avançado, provavelmente pela maior proximidade do litoral onde as
declividades das rampas são maiores e o clima é mais chuvoso, o que
favorece os processos erosivos.
Associadas as áreas de topo, são encontradas com frequência regiões
abaciadas (depressionais), onde são desenvolvidos solos com características
próprias, que condicionam a formação de vegetação, também característica
e por vezes a formação de pequenos lagos. Os valores inferiores à cota de
50m estão distribuídos entre a encosta, representados pelos terços
superiores, médios e inferiores e aos fundos de vales, geralmente estreitos.
As classes de declividade (Figura 8) predominantes na área da RPPN
EVC foram classificadas como planas e suave ondulada (0–8%), ondulada
(8–20%), forte ondulada (20–45%) e montanhosa/escarpada (> 45%). Os
relevos plano e suave ondulado predominam nos topos dos tabuleiros e nos
fundos de vales. As outras classes ocorrem nas áreas de encosta e varia
com o padrão de dissecação da área, sendo as classes mais declivosas
encontradas em terços médio e inferior das regiões mais dissecadas.
37
Figura 7 – Mapa de elevação da RPPN Estação Veracel.
38
Figura 8 – Mapa de declividade da RPPN Estação Veracel.
39
3.1.5. Solos
Em geral, os solos presentes na área da RPPN EVC seguem o padrão
de predomínio de solos encontrados na região dos Tabuleiros Costeiros já
amplamente divulgado na literatura (Ministério da Agricultura, 1976;
Jacomine, 1996; Ribeiro, 1996; Moreau, 2001; Corrêa, 2005). Segundo estes
autores, nesta região, predominam, principalmente, os Latossolos e
Argissolos Amarelos e, em menor expressão, os Espodossolos, Argissolos
Acinzentados, Neossolos Quartzarênicos e Plintossolos. A depender da região
e da posição do relevo, pode-se ter maior ou menor representatividade de
cada um ou mesmo ausência de cada uma dessas classes, em determinada
parte do relevo. Todos se apresentam dentro de uma faixa de semelhança
muito grande com baixa fertilidade natural, em razão de sua origem a partir
de sedimentos pré-intemperizados, com baixa reserva em nutrientes e podem
apresentar-se coesos em subsuperfície.
Com base em dados da literatura, relacionada ao tema, e nas
análises de campo pode-se constatar que os solos encontrados na área da
RPPN EVC foram originados a partir dos sedimentos do Grupo Barreiras.
Uma vez que o material de origem é semelhante e que as condições
bioclimáticas (clima e organismos) apresentam pequenas variações na área,
acredita-se que a diferenciação entre as classes de solos encontradas ocorra
devido a variações no fator tempo e principalmente no fator relevo.
Na escala de 1:55.000, foram identificados quatro domínios /
associações de solos na área da RPPN EVC (Figura 9). Estes domínios são
representados pela classe dos Argissolos Amarelos, Latossolos Amarelos,
Cambissolos Háplicos e Espodossolo Ferrocárbico (Figura 10)
Nos segmentos da paisagem com declividade de 0-8%, referentes ao
topo e ao terço superior de encosta, predominam os Argissolos Amarelos
Distrófico com textura arenosa/argilosa e arenosa/média/argilosa.
Os Argissolos mais arenosos são encontrados nas bordas das áreas
abaciadas onde o processo de arenização, mais intenso, tem início. Na
seqüência, seguindo em direção ao centro dos abaciados (área de
40
ocorrência das mussunungas e lagoas), são encontrados os Argissolos
Acinzentados, onde o processo de hidromorfismo começa a predominar. Nos
abaciados onde o processo de arenização é intenso e a água sai do sistema
com certa facilidade, predominam os Espodossolos Ferrocárbicos que
apresentam com frequência horizontes endurecidos, com presença de
argilopãs, fragipãs ou duripãs. Nos sistemas mais fechados, onde a água
permanece por longos períodos, formando as lagoas, são encontrados os
Gleissolos Háplicos e Organossolos. Este último devido ao acúmulo de
matéria orgânica que provavelmente não se decompõe devido à presença
constante da água, que reduz a ação dos microorganismos decompositores
e à pobreza química do ambiente em questão.
Além das áreas de topo e do terço superior os Argissolos Amarelos
avançam ao longo da encosta até o terço inferior, nas áreas onde a
declividade é mais suave e os processos erosivos foram menos intensos,
geralmente estas áreas estão próximas às cabeceiras de drenagem. Nas
encostas mais íngremes onde os processos erosivos são mais intensos, o
horizonte A, mais arenoso, dos Argissolos são perdidos e passam a
predominar na paisagem os Latossolos Amarelos, solos formados a partir do
horizonte B argiloso dos sedimentos Barreiras. Em geral, na base do terço
médio e no terço inferior das áreas mais íngremes, onde os processos
erosivos são intensos o Horizonte B vai se tornando cada vez mais delgado e
o horizonte C aflora, dando origem aos Cambissolos Háplicos. Vale ressaltar
que o avanço ou recuo de cada um destes solos ao longo dos diferentes
segmentos da encosta, está diretamente ligado à declividade da área e,
conseqüentemente, aos processos erosivos.
Na base do terço inferior e nas áreas planas nos fundos dos vales são
encontrados solos originados do próprio Barreiras, muitas vezes a partir do
Horizonte C que aflora devido aos processos erosivos ou de materiais
aluvionares ou coluvionares em diferentes processos de hidromorfismo.
Neste caso, a hidromorfia vai depender das características dos vales, tais
como profundidade, largura e perenicidade dos córregos, que imprimem
nos solos uma maior ou menor influência da água. Desta forma,
41
predominam neste ambiente os Argissolos Acizentados, Planossoslos,
Cambissolos hidromórficos e Gleissolos.
Figura 9 – Mapa esquemático de domínios pedológicos da RPPN Estação Veracel.
42
Argissolo Amarelo
Latossolo Amarelo
Cambissolo Háplico
Espodossolo
Ferrocárbico
Figura 10 – Solos dominantes na área da RPPN Estação Veracel.
43
Ameaças ao meio físico
Durante o levantamento do meio físico realizado, notou-se a grande
importância da RPPN EVC na manutenção das características do
ambiente, tais como da biodiversidade local, dos mananciais que contribui
com água de melhor qualidade para vários rios da região e na manutenção
de solos que apresentam fortes limitações naturais e por isso são
altamente passíveis de degradação, principalmente se mal utilizados. Mas,
apesar destas características, o ambiente onde a RPPN EVC está inserida
apresenta uma série de limitações, listadas a seguir, referentes ao meio
físico que precisam ser considerados no seu plano de gestão para que a
mesma cumpra, efetivamente, o seu papel como área de preservação.
- Estradas e acessos
Por estar localizada em área de fácil acesso e próxima a grandes
centros urbanos a RPPN EVC sofre fortes pressões de caçadores e pessoas
interessadas em extrair material vegetal de forma indevida. Além de estar às
margens da BR 367, a área é cortada por uma estrada municipal que liga os
municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália.
O fácil acesso promove a ação de caçadores e mateiros no interior da
RPPN EVC que, além de degradar o ambiente, coloca em risco os
funcionários que atuam na fiscalização da área, não só pelo uso de
armadilhas e armas de fogo, mas, por ameaça e agressões físicas contra os
mesmos. O risco a que passam os funcionários é ainda maior uma vez que
pessoas interessadas em burlar as fiscalizações das estradas principais ou
ocultar atos ilícitos circulam livremente por esta via.
Nas visitas de campo realizadas com funcionários da RPPN EVC
foram identificados alguns pontos mais vulneráveis a ações de pessoas
estranhas na área. Estes pontos localizam-se no setor SW (pontos 7 e 45,
Figura 5), NW (pontos 102 e 139, Figura 5) e SE (ponto 120, Figura 5).
Nestes pontos foram encontrados indícios de caça e de retirada de
madeira, além de árvores mortas por pessoas que retiram a casca para
comercialização.
44
Além dos fatos já mencionados, o grande fluxo de veículos na área
impacta negativamente o ambiente por danificar os solos (compactação e
erosão) e a vegetação (supressão).
Nas áreas de mussunungas este tipo de degradação é maior uma
vez que devido às características dos solos, as estradas aí localizadas vão
abaciando pelo fluxo de veículos e nos períodos mais chuvosos alagam
formando várias poças que dificultam o trânsito (Figura 11). Para evitar
estas áreas os veículos avançam nas mussunungas, por sobre a vegetação
mais graminosa, e neste processo as estradas vão alargando e ao mesmo
tempo degradando a vegetação local.
Figura 11 – Degradação das áreas de mussununga ao longo das estradas.
Vale ressaltar que nas estradas localizadas nos topos planos, onde
predominam os Argissolos Amarelos, o abaciamento também ocorre, mas
em menor freqüência. Neste local, o alargamento das estradas è
dificultado pela presença de vegetação mais densa.
Devido às características do material geológico e, conseqüentemente,
dos solos da área, ao longo das estradas que cortam a RPPN EVC, os
problemas de maior destaque dizem respeito a processos erosivos naturais,
potencializados pela falta de sistemas de drenagem ao longo das estradas e
pela falta de sistematização dos taludes que, por se apresentarem
verticalizados ou côncavos, facilitam a queda de barreiras e de árvores
45
(Figura 12). O setor da RPPN EVC que apresenta estes problemas com
maior frequência localiza-se na porção N - NE, exatamente onde o relevo
apresenta-se mais dissecado por processos naturais.
Para solução de muitos dos problemas que afetam a área da reserva
a medida ideal, mas também mais complexa, seria uma negociação com
as prefeituras das cidades de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália para o
desvio da estrada que liga estes municípios, no trecho que corta a RPPN
EVC. Na impossibilidade desta medida, sugere-se a avaliação de
mecanismos de controle do acesso à área o que poderia reduzir o fluxo de
pessoas.
No caso das estradas são necessárias obras de drenagem que
reduzam
a
velocidade
de
escoamento
superficial
da
água
e,
conseqüentemente, os processos erosivos intensos. Além disso, faz-se
necessário proceder a sistematização de taludes e sua revegetação com
espécies nativas. Nas áreas de mussununga sugere-se a perenização das
estradas para evitar que as mesmas se alargem.
- Geologia e Solos
Por se tratar, geologicamente, de uma área de sedimentos terciários,
os solos predominantes formados na área, apresentam características
peculiares. Segundo Ribeiro (1996), em geral, são solos de baixa
fertilidade, baixos teores de matéria orgânica, ácidos e com teores elevados
de alumínio, elemento tóxico à maioria das plantas. Apresentam
horizontes superficiais arenosos (que dificulta a retenção de água e
nutrientes) e sujeitos a erosão natural, geralmente acelerada, quando se
retira a cobertura vegetal nativa. Além disso, muitos destes solos
apresentam horizontes coesos que dificultam a circulação de água e ar,
bem como a penetração das raízes e promove a formação de um lençol
suspenso provocando a desoxigenação do meio. Estes problemas são, até
certo ponto, fatores que geram alguma limitação a boa evolução da planta,
já que as raízes se desenvolvem em um pequeno volume de solo.
Por se tratar de uma área de reserva, os problemas relacionados à
fertilidade dos solos são minorados na RPPN EVC, pois em ambientes de
floresta nativa o ciclo biogeoquímico dos elementos é fechado, o que mantém o
46
Figura 12 – Erosão ao longo das estradas que cortam a RPPN Estação Veracel
alocadas em áreas com relevo ondulado.
47
equilíbrio dinâmico do sistema, mesmo em condições de solos pobres em
nutrientes. Neste caso, os nutrientes consumidos por plantas e animais são
devolvidos ao sistema quando eles morrem o que mantém o ciclo.
Mas, apesar disso, os solos das áreas já degradadas (a exemplo de
uma área no setor NE da RPPN EVC, onde foi retirado material
cascalhento para recuperação de estrada – Figura 13) deverão ser
corrigidos no processo de recuperação, uma vez que os solos encontrados
neste ambiente não possuem reservas nutritivas suficientes para permitir
o desenvolvimento natural das plantas. Estas práticas farão com que as
plantas tenham condições de crescer e produzir biomassa suficiente para
estabelecer um novo ciclo biogeoquímico.
Com relação aos problemas de ordem física, observações de campo
mostraram que mesmo em áreas de mata, devido às características dos
solos e do relevo da área os processos erosivos são intensos, fato que pode
ser observado ao longo das estradas e em alguns córregos que mesmo
drenando em áreas florestadas apresentavam-se, em dias chuvosos, turvos
devido à presença de sedimentos em suspensão (Figura 14).
48
Figura 13 – Antiga cascalheira na RPPN Estação Veracel.
Figura 14 – Córrego de águas barrentas devido à erosão na RPPN Estação
Veracel.
49
Além dos aspectos anteriormente mencionados, o problema de coesão
dos solos que dificulta a penetração das raízes das plantas traz como
conseqüências problemas de tombamento de árvores (Figura 15) que por
sua vez podem dar início aos processos erosivos.
Figura 15 – Árvores tombadas naturalmente na RPPN Estação Veracel.
De acordo com Resende (2002) solos com horizonte B argiloso estreito
e com horizonte C muito profundo, pouco coerente, muito siltoso e
caulinítico, tendem a apresentar problemas de deslizamentos. Solos com
estas características são encontrados com frequência na RPPN EVC em
encostas mais íngremes, principalmente, nas regiões mais dissecadas da
paisagem. Nestes locais é comum encontrar estradas que cortam o horizonte
C do Barreiras, em processo de erosão intensa (Figura 16). Desta forma, no
processo de construção e recuperação de estradas deve evitar ao máximo
alocá-las nos segmentos da paisagem onde o horizonte C está exposto, ou,
caso seja inevitável, os cuidados nestas áreas devem ser redobrados.
Nas áreas onde predominam os Espodossolos as limitações são
ainda maiores, pois, de acordo com Jacomine (1996), estes solos são
muito pobres em bases, tipicamente ácidos a fortemente ácidos e com alta
saturação por alumínio. A presença de horizonte de impedimento (fragipã
e duripã) mantém o lençol freático alto na época chuvosa o que leva, como
visto anteriormente, a desoxigenação do meio.
50
Além disso, por serem
arenosos, estes solos apresentam uma capacidade de armazenamento de
água muito pequena, nas épocas mais secas. Todas estas características
se configuram em fatores de estresse para a maioria das plantas e, por
isso, nestes ambientes, o desenvolvimento das plantas é muito dificultado.
Figura 16 – Erosão acentuada em horizonte C do Barreiras nas margens das
estradas que cortam a RPPN Estação Veracel.
Apesar de arenosos, fato que permite uma maior infiltração da água
no solo e conseqüentemente reduz os processos erosivos, a pouca coerência
entre as partículas de areia dos Espodossolos faz com que os mesmos
sejam suscetíveis à erosão, tanto eólica, quanto hídrica. Este problema é
51
ainda agravado devido ao fato de a vegetação, que recobre este ambiente,
ser menos densa que a vegetação em volta, o que confere menor proteção
ao solo. Vale ressaltar que apesar de presentes em relevo plano e suave
ondulado estes solos localizam-se, em geral, em áreas próximas a
cabeceiras de drenagem, áreas onde o fluxo de água é elevado o que leva à
intensificação dos processos erosivos no local.
- Hidrologia
A avaliação da qualidade da água em bacias hidrográficas da Bahia
pelo CRA revelou que dois dos principais impactos causados pelos usos
dos recursos hídricos nos compartimentos ambientais nas bacias da
região extremo sul está ligado ao favorecimento da erosão dos solos que
leva ao assoreamento e turbidez de cursos d’água e à poluição dos
mesmos, provocada pelo uso de pesticidas nas áreas agrícolas (CRA,
2001).
Os fatores anteriormente citados constituem risco para a EVC uma
vez que a mesma apresenta problemas de perda de solo, principalmente
ao longo das estradas e, além disso, é cortada por rios (Camurugi e Ronca
Água) que nascem fora dos seus limites e passam por áreas de usos
diversos, principalmente ligados à agropecuária. Estes rios podem trazer
consigo poluentes, tais como sólidos em suspensão, gerados nos
processos erosivos dos solos de áreas degradadas ou pesticidas utilizadas
em áreas agrícolas. Estes poluentes podem contaminar determinados
sítios dentro da EVC, uma vez que ambientes florestais podem servir como
filtro dentro de um ecossistema. Pesquisas futuras poderiam avaliar a
qualidade da água que entra e a que sai da EVC, via os dois rios
mencionados, com o objetivo de avaliar possíveis problemas trazidos por
eles.
3.2. Flora e Fauna
3.2.1. Vegetação
A RPPN EVC esta localizada dentro da região fitoecológica
denominada Floresta Ombrofila Densa. Estrutural e fisionomicamente
esta mata muito se assemelha à Amazônica. Apresenta-se, via de regra,
52
alta, densa, latifoliada, sempre-verde, com poucas formas biológicas e
muitas
espécies,
com
estratificação
bem
definida
e
com
epífitos
vasculares. A floresta apresenta-se com estrutura pluriestratificada,
sendo o sub-bosque e o estrato arbóreo os mais altos, com árvores altas
freqüentemente salientes. Estas, de fuste reto e cilíndrico, não se
distribuem uniformemente na floresta, mas rareiam em certos pontos e se
adensam em outros locais, atingindo muitas vezes mais de 30m (CEPLAC,
1976).
De modo geral essa mata está presente na faixa costeira onde a
temperatura média é de 24,2 ºC com precipitação média variando de mais
de 1.100mm a acima de 2.000mm anuais, distribuída mais ou menos
regularmente durante os meses do ano. É preciso salientar que fatores
edafo-climáticos diversos propiciam o aparecimento de variações dentro do
ecossistema, constituindo fáceis.
Na região ocorre também a pouco conhecida, segundo Meira Neto et
al. (2005), vegetação de mussununga, geralmente associadas a Florestas
Ombrófilas Densas de Terras Baixas no norte do Espírito Santo e Sul da
Bahia, em locais de solo arenoso, úmido e fofo (geralmente, Espodossolos).
A Mussununga constitui importante ecossistema. Segundo Meira
Neto et al. (2005), este tipo de vegetação apresenta fitofisionomia, estrutura
e
composição
florística
diferentes
das
porções
florestadas
que
as
circundam. Além disso, segundo os mesmos autores, caracteriza-se por
possuir um componente arbóreo pouco denso e o componente herbáceoarbustivo
predominante.
Entretanto,
a
variação
fitofisionômica
das
mussunungas é tão grande quanto aquela em vegetação de Cerrado. São
observadas fisionomias desde campestres até florestais, em solo arenoso e
úmido, sendo as fisionomias campestres mais relacionadas floristicamente
às
restingas
e
as
fisionomias
florestais,
circundantes.
53
às
Florestas
Ombrófilas
Levantamento florístico
As duas áreas analisadas no presente estudo apresentaram uma
elevada densidade e riqueza de espécies. Na área 1 numa amostragem de
429 indivíduos foram encontradas 171 espécies arbóreas. Na área 2 numa
amostragem de 415 indivíduos foram encontradas 177 espécies arbóreas.
Nessas duas análises foram incluídas as amostras ainda não identificadas
ou não coletadas tratando-as como táxons distintos devido à dificuldade
de determinação das amostras e ao tempo relativamente curto para essa
atividade. As duas áreas juntas (totalizando 0,2 ha) apresentaram 308
espécies arbóreas e as famílias com maior número de espécies são
apresentadas na Figura 17.
Estas famílias têm sido freqüentemente constatadas como as mais
ricas em espécies em áreas de floresta ombrófila densa do sul da Bahia e
norte do Espírito Santo (Mori et al., 1983a, 1983b, Peixoto & Gentry 1990,
Martini et al., 2004, Thomas et al., no prelo). Os resultados aqui obtidos
não indicam grandes diferenças em nível de famílias para outras áreas de
florestas no sul da Bahia, mas diferem de maneira marcante das florestas
ombrófilas de terras baixas da Amazônia, onde predominam as famílias
Lecythidaceae, Fabaceae, Moraceae e Burseraceae (Prance et al., 1976).
Myrtaceae e Sapotaceae, duas famílias que mais contribuem em
número de espécies com a flora arbórea da RPPN EVC, são grupos cuja
taxonomia é ainda insuficientemente conhecida no sul da Bahia, situação
que torna análises de similaridade entre as diversas áreas do Corredor
Central da Mata Atlântica ainda bastante especulativas. Thomas et al. (no
prelo) constataram que aproximadamente 40% das espécies amostradas
em outras áreas no sul da Bahia não foram incluídas na classe de
diâmetro superior a 10cm, dado que ressalta a grande contribuição das
espécies de subdossel para a diversidade florística das florestas da região.
Apesar da área amostrada na RPPN EVC ter sido 10 vezes menor que a
estudada em Serra Grande por Thomas et al. (no prelo), nossos dados
corroboram esta afirmação, uma vez que muitas das espécies não
apresentaram indivíduos acima 10 de cm DAP.
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Figura 17 – Famílias com maior número de espécies arbóreas nas duas áreas
inventariadas da RPPN Estação Veracel. As colunas indicam o número de
espécies encontradas em cada família.
A similaridade em composição de espécies foi bastante alta e pode
ainda estar relacionada à proximidade entre as áreas amostradas na RPPN
EVC.
Paypayrola
blanchetiana,
Stephanopodium
blanchetianum
e
Myrtaceae sp. 2 estiveram entre as espécies com maior IVI (índice de valor
de importância).
Outras espécies também foram encontradas nas duas
áreas, mas com índice de importância bastante variáveis, por exemplo
Lauraceae sp. 1, Eriotheca macrophylla e Chrysophyllum splendens. Por
outro lado, algumas espécies abundantes foram praticamente exclusivas
de determinadas áreas, como Manilkara sp. 2 e Arapatiella psilophylla. A
lista das espécies amostradas nas duas áreas e seus respectivos
parâmetros fitossociológicos podem ser encontrados no Anexo I.2.
55
As espécies com maior número de indivíduos em ordem crescente
na Área 1 foram Paypayrola blanchetiana, Myrtaceae sp. 2, Arapatiella
psilophylla, Myrcia acuminatissima e Faramea sp. 1 (Figura 18). Já na
área 2 podemos citar Myrtaceae sp. 2, Paypayrola blanchetiana,
Chrysophyllum splendens, Guapira sp. 1 e Myrtaceae sp. 5 (Figura 19).
Interessante é verificar que Parkia pendula, uma das árvores emergentes
na estrutura da floresta, é uma espécie com muitos indivíduos na
primeira área e que praticamente torna-se escassa no outro trecho
estudado. Parkia pendula, Guapira sp. 1, Manilkara sp. 2, Lauraceae sp. 1
e Sloanea sp. 1 foram algumas das espécies que apresentaram indivíduos
com os maiores DAPs e alturas.
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Figura 18 – Espécies que apresentaram os maiores valores de importância na
área 1 da RPPN Estação Veracel.
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Figura 19 – Espécies que apresentaram os maiores valores de importância na
área 2 da RPPN Estação Veracel.
As porções periféricas das áreas florestais mais bem estruturadas
são caracterizadas por capoeiras semelhantes àquelas verificadas em
outras áreas de floresta ombrófila no sul da Bahia. É comum nessas
florestas degradadas a ocorrência de Schefflera morototoni (“matataúba”),
Miconia mirabilis (“mundururu”), Henriettea succosa (“mundururu-ferro”),
Himatanthus
phagedaenicus
(“janaúba”),
Cordia
ecalyculata,
Tabernaemontana salzmanni , entre outras.
As florestas ombrófilas densas do sul da Bahia caracterizam-se
estruturalmente
pela
estratificação
do
componente
arbóreo
e
a
abundância de espífitas (Mori & Silva, 1979). A estrutura das florestas da
RPPN EVC varia de acordo com o estádio sucessional em que se
encontram. Assim, florestas em estádio sucessionais iniciais (“capoeiras”)
tendem a possuir um número mais elevado de indivíduos de menor porte.
Florestas em estádios sucessionais mais avançados, ao contrário, tendem
a possuir um número maior de indivíduos de maior porte.
Associada às diferenças estruturais verificadas entre os estádios
sucessionais, a composição florística também varia de modo notável.
Florestas mais degradadas tendem a possuir menor diversidade de
57
espécies do que florestas em estágios sucessionais mais avançados, que
possuem diversidade mais elevada.
A
caracterização
estrutural
desta
floresta
revelou
atributos
semelhantes ao de florestas próximas, como as estudadas por Jardim
(2003), Martini et al. (2004), Thomas et al. (no prelo) e Martini et. al. (no
prelo) (Tabela 3). Embora a estratificação da floresta não seja muito
evidente, é possível reconhecer dois estratos: sub-dossel e dossel. Dos 844
indivíduos amostrados, 691 (ca. 81%) possuem até 10m e constituem o
que podemos considerar como o sub-bosque da floresta. O sub-bosque
conta com uma grande quantidade de indivíduos jovens das espécies
árboreas, assim como muitos indivíduos de espécies arbustivas e
pequenas arvoretas. Famílias muito comuns neste estrato incluem as
Myrtaceae, Rubiaceae, Sapotaceae (principalmente indivíduos jovens) e
Euphorbiaceae. Espécies incomuns no estrato do dossel e freqüentes no
sub-dossel incluem Euterpe edulis (Arecaceae), Discophora guianensis
(Icacinaceae), Mouriri spp. (Melastomataceae), Cordia spp. (Boraginaceae),
Tovomita
spp.
(Clusiaceae)
e
Stephanopodium
blanchetianum
(Dichapetalaceae).
Tabela 3 – Comparação das 10 espécies com maior IVI (índice de valor de
importância) da RPPN Estação Veracel com aquelas de áreas próximas. Espécies
em negrito são aquelas compartilhadas pelas cinco áreas.
Fazenda Capitão
(PESC)- Martini et
al. (2004)
Serra Grande Thomas et al.
(ined.)
RPPN Salto
Apepique
Mata da Torre
(PESC) – Martini
et al. (2004)
Paypayrola
blanchetiana
Rinorea guianensis*
Helicostylis tomentosa
Manilkara maxima
Eriotheca
macrophylla
Parkia pendula
Euterpe edulis
Euterpe edulis
Pausandra morisiana
Ecclinusa ramiflora
Myrtac sp. 2
Virola officinalis*
Vochysia riedeliana
Euterpe edulis
Neea sp. 1
N/C 6
Maytenus cf.
distichophylla
Coussapoa
pachyphylla
Virola gardneri
Eriotheca globosa
Manilkara sp. 2
Discophora
guianensis
Virola gardneri
Garcinia gardneriana
Swartzia reticulata
N/C 3
Stephanopodium
magnifolium
Ecclinusa ramiflora
Gomidesia sp. 1
Aspidosperma
thomasii
Ecclinusa
ramiflora*
Macrolobium
latifolium
Eschweilera ovata
Rinorea guianensis
Eschweilera ovata
RPPN Estação
Veracel
58
RPPN Estação
Veracel
RPPN Salto
Apepique
Mata da Torre
(PESC) – Martini
et al. (2004)
Fazenda Capitão
(PESC)- Martini et
al. (2004)
Serra Grande Thomas et al.
(ined.)
Arapatiella
psilophylla
Diploon cuspidatum
Pradosia aff.
subverticillata
Myrtaceae sp. 9
Almeidea coerulea
Euterpe edulis
Tovomita choisyana
Eugenia sp. 3
Guapira nitida
Virola officinalis
Macrolobium
latifolium
Tovomita mangle
Buchenavia capitata
Rudgea sp. 1
Euterpe edulis
* espécies da RPPN EVC que ocorrem em pelo menos uma das demais áreas (tabela preparada a
partir dos dados modificados de Martini et al.no prelo)
O estrato superior, denominado dossel, constitui a “cobertura” da
floresta e é composto pela sobreposição das copas das árvores. Como nem
todas as árvores do dossel possuem o mesmo porte, este muitas vezes não
é contínuo, tornando sua delimitação bastante difícil e subjetiva (como
verificado nas áreas amostradas). As árvores que podem ser consideradas
como componentes do dossel (mais de 11metros de altura) totalizaram
153 indivíduos (ca. 19%) e são em sua maioria indivíduos de maior porte
das espécies encontradas como indivíduos jovens no sub-dossel. Algumas
das espécies mais comuns do dossel são: Parkia pendula (Fabaceae),
Guapira sp. 1 (Nyctaginaceae), Eriotheca macrophylla (Bombacaceae) e
Sloanea sp. 1 (Elaeocarpaceae).
Os resultados desse estudo confirmam a posição de destaque da
região sul da Bahia entre as áreas com o maior número de espécies
arbóreas do mundo, sendo exclusivo do presente estudo a utilização de
uma base comparativa padronizada. Apesar do pequeno tamanho
amostral das áreas analisadas, essa afirmação tem suporte em estudos
anteriores (Thomas et al., no prelo; Martini et al., no prelo). No estudo de
Thomas et al. (no prelo) foram amostradas 405 espécies arbóreas e 53
espécies de lianas lenhosas. Esses números, apesar da dificuldade de
comparação direta com outros estudos em função de métodos de
amostragem não padronizados, revelam uma altíssima riqueza de espécies
arbóreas na região. Nos estudos de Martini et al. (no prelo) adotou-se
metodologia semelhante à empregada na RPPN EVC.
As duas áreas amostradas apresentaram valores bastante similares
de densidade de espécies, número de famílias e número de indivíduos.
59
Apesar de diferenças no nível de perturbação entre as áreas, elas
poderiam ser consideradas “réplicas” dentro da área da RPPN EVC,
confirmando
uma
alta
densidade
de
espécies
arbóreas.
Outra
característica interessante a ser salientada refere-se à alta similaridade
entre as duas áreas analisadas, com um grande número de espécies em
comum. Sugerimos que para o futuro, seja realizado outras amostragens
especialmente nas áreas de floresta próximas a mussununga.
Dados levantados a partir da análise fitossociológica utilizando a
metodologia discutida acima indicam que a área da RPPN EVC se situa
entre as vinte áreas do mundo com maior número de indivíduos e elevado
número de espécies arbóreas. Analisando os dados a partir de outras
áreas já estudadas no Brasil, a RPPN EVC permanece entre as dez
primeiras áreas (Tabela 4). Os dados provenientes de coletas aleatórias
realizadas ao longo de trilhas resultaram numa lista preliminar composta
por 221 espécimes plantas vasculares na RPPN EVC. Os espécimes
depositados no herbário do CEPEC/CEPLAC estão descritos no Anexo I.
Apesar do elevado número de espécies amostradas, é provável que esta
diversidade represente apenas uma pequena parcela da diversidade
florística total da área, o que sugere a importância da continuidade de
levantamentos, especialmente numa melhor documentação das espécies
arbóreas.
Tabela 4 – Número de indivíduos e espécies arbóreas acima de 5cm de DAP em
diferentes localidades no mundo, amostradas segundo o método proposto por
Gentry (1982). Em destaque as duas áreas estudadas (tabela preparada a partir
dos dados modificados de Martini et al. no prelo)
Área
País
Indivíduos
Espécies
CALIMA
Colômbia
230
148
OGFCONDU
Brasil
253
144
MISHNFL
Peru
233
141
OLFCONDU
Brasil
263
137
SEMENGOH
Malásia
235
136
RLFCONDU
Brasil
253
134
RPPN EVC - 1 Brasil
198
108
RPPN EVC - 2 Brasil
195
103
ALLPAHUA
166
133
Peru
60
Área
País
Indivíduos
Espécies
ARARACUA
Colômbia
287
133
CONSTANC
Peru
179
132
TUTUNEND
Colômbia
244
132
NOSYMANG
Madagascar
356
129
JENAROHE
Peru
175
127
CANDAMO
Peru
213
126
LINHARES
Brasil
216
125
DUCKE
Brasil
186
123
PERINET
Madagascar
399
121
JATUNSAC
Equador
189
115
VARIRATA
Papua New Guinea
216
111
YANAM2
Peru
134
110
RIOTAVAR
Peru
158
105
YANAM1
Peru
135
105
INDIANA
Peru
156
101
RIOMANSO
Colombia
179
96
PASOH30
Malásia
130
92
PASOH40
Malásia
128
90
CARLOSBO
Brasil
290
98
CAMORIN
Brasil
176
83
BORACEIA
Brasil
258
79
Ameaças à vegetação
As visitas em campo mostraram alguns problemas relacionados à
cobertura vegetal da EVC. Estes problemas referem-se à supressão de
vegetação para lenha e para fins medicinais detectados por funcionários
da estação em pontos isolados da área, citados anteriormente. Além disso,
destaca-se a área, também citada anteriormente, onde a vegetação e o solo
foram suprimidos para a retirada de cascalho.
Vale
ressaltar
a
ocorrência de
vegetações
características
de
determinadas áreas, como as lagoas e mussunungas, que merecem
atenção especial por causa da fragilidade e do pouco conhecimento a
respeito destes ambientes.
No setor SW da EVC foi encontrado uma área de lagoa que, segundo
os funcionários da estação, possui uma vegetação “diferente” com
características próprias (plantas homogêneas), onde predominam plantas
61
vulgarmente conhecidas como Piã e Ingá Feijão. Este tipo de vegetação,
provavelmente, ocorre devido às características dos solos presentes
(Planossolos, Gleissolos e Organossolos), impressas, principalmente, pela
condição de alagamento da área. Devido às peculiaridades deste ambiente
o mesmo merece estudos mais aprofundados.
As
características
condicionam
o
dos
desenvolvimento
Espodossolos,
de
vegetações
vistas
típicas
anteriormente,
denominadas
mussununga. Este tipo de vegetação se desenvolve em um ambiente que
imprime condições de estresse às plantas o que faz com que a mesma seja
menos densa e mais suscetível aos processos de degradação.
62
3.2.2. Fauna
A RPPN EVC abriga uma rica fauna de vertebrados (Tabela 5), e
ainda mantêm grande parte da biodiversidade original apesar do intenso
desmatamento já ocorrido na região.
Tabela 5 - Riqueza, número de espécies ameaçadas* e espécies endêmicas da
Mata Atlântica registradas na RPPN Estação Veracel.
Grupo
Número de Espécies Espécies Ameaçadas Espécies Endêmicas
Mamíferos
38
12
4
Aves
302
21
32
Anfíbios
52
3
10
Répteis
53
2
8
Total
445
37
54
*Machado et al., 2005; IUCN (2006).
A fauna de vertebrados da RPPN EVC é relativamente bem
conhecida, porém existem lacunas no conhecimento de diversos grupos,
há carência de inventários biológicos de invertebrados, e entre os
vertebrados, morcegos, pequenos mamíferos, peixes e lagartos arborícolas
são praticamente desconhecidos na área.
Atualmente estão sendo conduzidos na RPPN EVC três projetos de
pesquisas em biodiversidade: Monitoramento de mamíferos de médio e
grande porte através de armadilhas fotográficas (Anexos I – Fotos; Anexos
II – projetos específicos; parceria Veracel-Conservação Internacional;
Paglia & Santos, 2005); Levantamento de avifauna e mirmecofauna
(Veracel-Instituto Driades); Monitoramento e ecologia do gavião-real
(Anexos II – projetos específicos; parceria Veracel-INPA).
São registradas, para a RPPN EVC, 38 espécies de médios e grandes
mamíferos (Anexo I-4), 86 % das espécies registradas por Moura (2003)
para toda a porção baiana do Corredor Central da Mata Atlântica. Destas
espécies, 12 constam das listas de espécies ameaçadas e 4 são endêmicas
da Mata Atlântica (Tabela 6).
Ainda persistem na RPPN EVC algumas espécies localmente extintas
em outras regiões da Mata Atlântica, tais como a anta (Tapirus terrestris),
63
a onça-pintada (Panthera onca) e o ouriço-preto (Chaetomys subspinosus).
As duas espécies de grandes felinos brasileiros são registradas na RPPN
EVC, a onça-parda foi avistada recentemente (2005, Denise Oliveira, com.
pes.), entretanto os registros de onça-pintada na RPPN EVC são antigos e
indiretos. Porém, Moura (2003) registrou a espécie em três fazendas da
região, o que torna possível que esta espécie ainda ocorra na área. O
projeto de monitoramento de mamíferos de médio e grande porte através
de armadilhas fotográficas poderá responder se a onça-pintada e outras
espécies também reportadas para a RPPN EVC, porém sem confirmação
direta, como o cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus) e o tatucanastra (Priodontes maximus), realmente ocorrem na área.
Todas as espécies de primatas com ocorrência na RPPN EVC
[Callithrix geoffroyi (sagüi-da-cara-branca), Cebus robustus (macaco-preto)
e Callicebus melanochir (guigó)] são consideradas ameaçadas de extinção.
Duas outras espécies de primatas com ocorrência potencial para a região
são consideradas como regionalmente extintas, o bugio (Alouatta guariba
guariba) e o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) (Moura, 2003;
Melo, 2004).
A RPPN EVC é citada por moradores locais como um dos últimos
refúgios de muitas espécies de mamíferos da região. Ainda são
encontradas na área diversas espécies apreciadas por caçadores (veados,
antas, pacas, catetos, tatus) o que torna a caça uma das principais
ameaça à mastofauna local.
A RPPN EVC possui 302 espécies de aves (Anexo I.4). Destas, 21
estão nas categorias, ameaçadas, vulneráveis ou quase ameaçadas da
IUCN e/ou IBAMA e 32 são endêmicas da Mata Atlântica (Cordeiro,
2003a, 2003b, 2003c, Bencke et al., 2006) (Tabela 7). Quatro espécies são
consideradas
extintas
na
região,
Ara chloroptera
(Arara-vermelha),
Neomorphus geoffroy (jacu-de-estalo), Pipile jacutinga (jacutinga) e o Crax
blumenbachii (mutum-de-bico-vermelho) (Bencke et al., 2006).
Algumas espécies que, originalmente, ocupavam ambientes mais
secos
do
interior
do
estado
já
são
registradas
na
RPPN
EVC.
Provavelmente essas espécies estão expandindo sua área de ocorrência
64
devido ao desmatamento da região. Entre as espécies que se enquadram
nesta categoria e são registradas na RPPN EVC estão: Buteo albicaudatus
(gavião-do-rabo-branco), Scardafella squammata (fogo-apagou), Speotyto
cunicularia (coruja-buraqueira), Furnarius rufus (joão-de-barro), Synallaxis
frontalis (petrim), Tachyphonus rufus (pipira-preta), Paroaria dominicana
(galo-da-campina), Icterus jamacaii (sofrê). A situação é semelhante à da
REBIO de Una na região de Ilhéus (Rudi Laps, não publicado).
Tabela 6 – Espécies de mamíferos da RPPN Estação Veracel endêmicas da Mata
Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes na lista
da CITES de regulamentação para o comércio internacional. NT = quaseameaçada, VU = Vulnerável, EN = Em Perigo e CR = Criticamente em Perigo.
Ordem
Carnivora
Familia
Espécie
Nome vulgar
IUCN IBAMA CITES Endemismo
Canidae
Cerdocyon thous
Raposa
Felidae
Herpailurus yaguarondi
gato-lontra
Leopardus pardalis
jaguatiri
Leopardus tigrinus
gato-do-mato
Leopardus wiedii
gato-maracajá
Panthera onca
onça-pintada
Puma concolor
onça-parda
Eira barbara
irara
Lontra longicaudis
lontra
I
Potos flavus
jupará
III
Mustelidae
Procyonidae
II
I
VU
I
VU
I
VU
I
NT
VU
I
NT
VU
NT
III
Tapirus terrestris
anta
VU
Perissodactyla Tapiridae
Callithrix geoffroyi
soim
VU
Primates
Callitrichidae
Cebus robustus
macaco-preto
VU
VU
Cebidae
Callicebus melanochir
guigó
VU
VU
Pitheciidae
Agouti paca
paca
Agoutidae
Chaetomys subspinosus
ouriço-preto
VU
VU
Erethizontidae
Bradypus torquatus
preguiça-de-coleira
EN
VU
Bradypodidae
Bradypus variegatus
preguiça
Rodentia
Pilosa
BirdLife/SAVE-Brasil
considera
Endêmica
Endêmica
III
a
Endêmica
Endêmica
II
Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira NT
A
II
RPPN
VU
EVC
II
uma
"Área
importante para a Conservação de Aves no Brasil" (IBAs, sigla de
Important Birds Areas). A RPPN EVC (citada com o nome de Estação
Veracruz) foi incluída entre as IBA's por abrigar significativas populações
de espécies globalmente ameaçadas e outras espécies de interesse para
conservação (critério A1- Bencke & Maurício, 2006). A RPPN EVC abriga
espécies pouco representadas nas IBA's no Brasil, como é o caso do
Herpsilochmus pileatus (corozinho-de-boné, encontrado em 3 IBAs),
65
Cotinga maculata (creoá, encontrada em 5 IBAs) e o balança-rabo canela
(Glaucis dorhnii presente em 6 IBAs) (Bencke et al., 2006).
O gavião-real (Harpia harpyja), citado como "de possível ocorrência
na Estação" e com nenhuma ocorrência confirmada nas IBA's baianas
(Bencke et al., 2006), foi registrado na RPPN EVC por diversas fontes e um
adulto e um filhote foram avistados por funcionários da RPPN EVC. Em
2005 um ninho da espécie foi localizado. Atualmente esta espécie é o
objeto de um projeto de pesquisa em parceria com o INPA-Manaus que,
entre outros objetivos, prevê o monitoramento do ninho e estudos sobre a
ecologia desta ave na reserva (Anexo II – Projetos Específicos).
A RPPN EVC ainda possui uma grande riqueza de psitacídeos. Doze
das 19 espécies esperadas para a área do Corredor Central da Mata
Atlântica são encontradas na RPPN EVC (Cordeiro, 2003c). Destas, quatro
são endêmicas do bioma e cinco constam nas listas de ameaçadas de
extinção (Amazona rhodocorytha, Aratinga auricapillus, Pyrrhura leucotis,
Pyrrhura cruentata e Touit surdus) (Tabela 7). As espécies Amazona
amazonica e A. rhodocorytha são fortemente associadas a florestas com
árvores altas, grossas com copas densas (Marsden et al., 2000).
A pressão de caça sobre a avifauna da reserva é muito grande. A
área possui grande número de espécies cinegéticas (ex.: tinamídeos),
espécies apreciadas para criação em gaiolas (ex.: passeriformes) e espécies
utilizadas para obtenção de penas para adornos (psitacídeos).
A fauna de anfíbios da RPPN EVC é considerada bem conhecida
(Bruno Pimenta com. pes.). A descoberta recente de espécies novas e
registros que aumentam a distribuição geográfica de algumas espécies
tornam a RPPN EVC uma peça-chave na conservação dos anfíbios no
extremo sul baiano. A RPPN EVC foi o remanescente que apresentou
maior riqueza de anfíbios (39 espécies) entre os vinte e um remanescentes
investigados por Silvano & Pimenta (2003) na porção baiana do Corredor
Central da Mata Atlântica.
O desmatamento é a principal ameaça à herpetofauna da região. A
RPPN EVC é um dos grandes remanescentes florestais e um dos últimos
66
refúgios para estas espécies. Até o momento são registradas para a RPPN
EVC 67 morfo-espécies de anfíbios, das quais 52 tiveram sua identificação
confirmada (Anexo I.4). Pelo menos dez espécies de anfíbios podem ser
consideradas de especial interesse para a conservação, por serem
ameaçadas de extinção e/ou endêmicas da Mata Atlântica (Tabela 8).
Duas espécies recentemente descritas são encontradas na Estação Veracel
- Aplastodiscus (Hyla) ibirapitanga (Cruz et al., 2003) e Aplastodiscus
(Hyla) pombali (Caramaschi et al ., 2004).
A fauna de répteis da RPPN EVC apresenta 53 espécies (Anexo I.4),
sendo oito endêmicas do Bioma (7 serpentes e 1 lagarto) (Tabela 8).
Apenas duas espécies constam das listas de espécies ameaçadas (o lagarto
Cnemidophorus nativo e o jabuti Geochelone denticulata). A maioria das
serpentes registradas para a RPPN EVC é características de florestas (26
das 33 espécies, Anexo 1.4) e apenas 6 são peçonhentas (Argolo, 2005).
67
Tabela 7 – Espécies de aves da RPPN Estação Veracel endêmicas da Mata
Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes na lista
da CITES de regulamentação para o comércio internacional. NT = quaseameaçada, VU = Vulnerável, EN = Em Perigo e CR = Criticamente em Perigo.
Ordem
Familia
Espécie
Nome vulgar
IUCN IBAMA CITES Endemismo
Glaucis dohrnii
balança-rabo-canela
Thalurania glaucopis
beija-flor-de-fronte-violeta
Thalurania watertonii
beija-flor-de-costas-violetas
Cathartiformes Cathartidae
Sarcoramphus papa
urubu-rei
Ciconiiformes
Bubulcus ibis
garça-vaqueira
III
Columbiformes Columbidae
Columba livia
pombo-doméstico
III
Coraciiformes
Momotidae
Baryphthengus ruficapillus
juruva-verde
Falconiformes
Accipitridae
Chondrohierax uncinatus
Caracoleiro
Harpia harpyja
gavião-real
NT
Leucopternis lacernulatus
gavião-pombo-pequeno
VU
Apodiformes
Trochilidae
Ardeidae
EN
EN
NT
VU
I
Endêmica
Endêmica
III
Endêmica
I
I
VU
Endêmica
Galbuliformes
Bucconidae
Malacoptila striata
barbudo-rajado
Passeriformes
Conopophagidae
Conopophaga melanops
cuspidor-de-máscara-preta
Cotingidae
Carpornis melanocephala
sabiá-pimenta
VU
VU
Cotinga maculata
Crejoá
EN
EN
I
Procnias nudicollis
Araponga
VU
Xipholena atropurpurea
anambé-de-asa-branca
EN
EN
I
Endêmica
Endêmica
Endêmica
Dendrocolaptidae Campylorhamphus falcularius arapaçu-de-bico-torto
Furnariidae
Thamnophilidae
Piciformes
Picidae
Ramphastidae
Psittaciformes
Psittacidae
Endêmica
Automolus leucophthalmus
barranqueiro-de-olho-branco
Philydor atricapillus
limpa-folha-coroado
Thripophaga macroura
rabo-amarelo
VU
Drymophila ochropyga
choquinha-de-dorso-vermelho
NT
Drymophila squamata
Pintadinho
Dysithamnus stictothorax
choquinha-de-peito-pintado
NT
Herpsilochmus pileatus
corozinho-de-boné
VU
VU
Myrmotherula urosticta
choquinha-de-rabo-cintado
VU
VU
Pyriglena leucoptera
papa-taoca-do-sul
Terenura maculata
Zidedê
Endêmica
Thamnophilus ambiguus
choca-de-sooretama
Endêmica
Campephilus robustus
pica-pau-rei
Endêmica
Melanerpes flavifrons
benedito-de-testa-amarela
Endêmica
Veniliornis maculifrons
picapauzinho-de-testa-pintada
Pteroglossus aracari
araçari-de-bico-branco
Ramphastos vitellinus
tucano-de-bico-preto
II
Selenidera maculirostris
araçari-poca
III
Amazona rhodocorytha
Chauá
Brotogeris tirica
periquito-rico
Pyrrhura cruentata
tiriba-grande
Pyrrhura leucotis
tiriba-de-orelha-branca
Endêmica
Endêmica
Endêmica
Endêmica
Endêmica
Endêmica
Endêmica
II
EN
EN
I
Endêmica
Endêmica
Endêmica
VU
VU
I
VU
Touit surdus
apuim-de-cauda-amarela
Glaucidium minutissimum
caburé-miudinho
Tinamiformes
Tinamidae
Crypturellus noctivagus
jaó-do-sul
NT
Tinamus solitarius
Macuco
NT
Trogon surrucura
surucuá-variado
68
Endêmica
Endêmica
Strigidae
Trogonidae
VU
Endêmica
Strigiformes
Trogoniformes
Endêmica
Endêmica
Endêmica
VU
Endêmica
Endêmica
VU
Endêmica
I
Endêmica
Tabela 8 – Espécies da herpetofauna da RPPN Estação Veracel endêmicas da
Mata Atlântica, ameaçadas de extinção segundo IUCN ou IBAMA ou presentes na
lista da CITES de regulamentação para o comércio internacional. NT = quaseameaçada, VU = Vulnerável, EN = Em Perigo e DD = Deficiente em Dados.
Classe
Amphibia
Ordem
Anura
Familia
Hylidae
Espécie
Aplastodiscus (Hyla)
ibirapitanga
IUCN IBAMA CITES Endemismo
Endêmica
Aplastodiscus (Hyla) pombali
Endêmica
Hylomantis aspera
Endêmica
Scinax argyreornatus
Endêmica
Leptodactylidae Eleutherodactylus bilineatus
Endêmica
Eleutherodactylus paulodutrai
Leptodactylus viridis
Endêmica
DD
Endêmica
Leptodactylidae Proceratophrys laticeps
Microhylidae
Chiasmocleis carvalhoi
Endêmica
EN
Chiasmocleis schubarti
Repitilia
Lacertilia
Serpente
Endêmica
Leiosauridae
Enyalius catenatus
Teiidae
Cnemidophorus nativo
Colubridae
Chironius bicarinatus
Endêmica
Chironius laevicollis
Endêmica
Dipsas neivai
Endêmica
Micrurus corallinus
Endêmica
Micrurus ibiboboca
Endêmica
Bothrops jararaca
Endêmica
Bothrops leucurus
Endêmica
Elapidae
Viperidae
Testudine Chelidae
Testudinidae
Endêmica
VU
Acanthochelys radiolata
NT
Geochelone denticulata
VU
Principais Ameaças à fauna
As fontes principais de ameaça à fauna da RPPN EVC são o
desmatamento do seu entorno e a caça. A RPPN EVC é uma "ilha" de
floresta circundada por áreas abertas e cultura de eucalipto. A
insularização da reserva pode impedir que animais de grande porte
mantenham populações viáveis em longo prazo, restringindo o fluxo
gênico entre as populações. São extremamente urgentes ações de manejo
integrado das unidades de conservação da região (RPPN EVC, PARNA PauBrasil e PARNA do Descobrimento) com a implantação de corredores
ecológicos ligando estes tratos de florestas.
A caça, a outra grande ameaça à fauna, é potencializada pela
presença de dois grandes núcleos urbanos na proximidade da RPPN EVC
(o Bairro Baianão em Porto Seguro e o Bairro Tânia em Santa Cruz
Cabrália) e pela existência de uma estrada municipal dentro dos limites da
Reserva. Somente durante o ano de 2005 houve 183 observações da
69
presença de caçadores e 163 armadilhas foram destruídas dentro da RPPN
EVC (Relatório de Atividades EVC 2005, não publicado). A caça na região
se dá principalmente para a obtenção de carne para o consumo, aquisição
de penas para adornos e captura de aves de gaiola.
O artesanato com penas de aves silvestres (principalmente, mas não
exclusivamente de psitacídeos) é super valorizado pelos consumidores.
São
necessárias
campanhas
permanentes
de
esclarecimento
e
conscientização, em locais de grande afluxo de turistas, sobre o profundo
impacto que a aquisição deste tipo de artesanato tem sobre a
biodiversidade.
Na RPPN EVC ainda persistem várias espécies apreciadas como
alimento (veados, antas, pacas, tatus, tinamídeos entre outros). A
educação ambiental e a fiscalização são as principais formas de minimizar
esta ameaça. Devem ser formadas parcerias com o poder público para
aperfeiçoar o sistema de vigilância e buscar formas de coibir e punir a
prática da caça na sua área.
A supressão da caça e a promoção de pesquisas científicas que
avaliem o estado atual das populações, principalmente daquelas de
especial interesse para a conservação e monitorem a dinâmica destas
populações em longo prazo são as duas ações fundamentais para que a
RPPN
EVC
continue
a
cumprir
seu
objetivo
de
conservação
da
biodiversidade de fauna da região.
Numa região onde as áreas de floresta foram intensamente
devastadas ao longo dos anos de ocupação, a RPPN EVC representa, não
só pela sua extensão, mas pelo estado de conservação biológica, um dos
principais remanescentes de floresta atlântica no extremo sul da Bahia.
3.3 Uso Público
Histórico das Atividades de Uso Público
O principal instrumento de planejamento de uma unidade de
conservação é o seu Plano de Manejo, e no caso específico da atividade de
visitação, o Programa de Uso Público contido nele ou um Plano de Uso
70
Público realizado à parte são os que forneceriam o suporte para direcionar
o manejo da visitação.
O Plano de Manejo da Estação Veracruz elaborado em 1998
(Veracruz Celulose S.A., 1998) não contempla o escopo mínimo de
abordagem referente à visitação apresentado no Roteiro Metodológico para
elaboração de plano de manejo (Ferreira et al., 2004), e ao que tudo indica
outros documentos anteriores ao Plano fundamentaram a implantação de
ações de manejo da visitação na unidade.
Provavelmente na tentativa de definir linhas de ação para o uso da
área, a empresa contratou, antes da elaboração do Plano de Manejo de
1998, estudos que apresentassem potencialidades de cunho turístico,
educacional e conservacionista para a Estação Veracruz. No tocante ao
tema uso público foram identificados projetos de duas consultorias, sendo
uma de autoria de R.M.F. Mourão em 1994 e 1995, e outra da empresa
Bioma Educação e Assessoria Ambiental (Carcheti & Wilke1996).
No
breve
histórico
de
educação
ambiental
e
ecoturismo
apresentados no Plano de Manejo, são mencionados dois estudos
realizados entre 1994 e 1995, sem, no entanto utilizar de citação no texto
ou referência bibliográfica, os quais podem ser:
•
Mourão, R.M.F. Estação Veracruz – Porto Seguro. Ecoturismo e
Turismo Participativo. Rio de Janeiro: Instituto Iguaçu de Pesquisa
Ambiental, Eco Brasil – Associação Brasileira de Ecoturismo. Dez.
1994. 52p. (Relatório de Vistoria Preliminar);
•
Mourão, R.M.F. Estação Veracruz – Porto Seguro. Plano de Ação
95/96. Ecoturismo e Turismo Participativo. Rio de Janeiro: Instituto
Iguaçu de Pesquisa Ambiental, Expeditours – The Natural Way to
Discover Brazil. Ago. 1995. 6p. (Proposta).
O primeiro estudo em 1994, propõe o desenvolvimento de um
Centro de Ecodesenvolvimento Regional, em área privada da Veracruz
Florestal, cedida em regime de comodato ou outro instrumento legal, e
seria constituído pelas seguintes unidades:
71
•
Administração e Serviços Gerais – administração, contabilidade,
almoxarifado,
cozinha,
refeitório,
alojamento
de
funcionários,
depósito, loja de artesanato e produtos naturais da região. Parte dos
serviços seria executada pela estrutura administrativa da Veracruz
Florestal em Eunápolis, pelo Instituto Iguaçu no Rio de Janeiro ou
por parceiros e contratados;
•
Educação Ambiental – cursos e informação ambiental para adultos
e crianças da região, visitantes e convidados;
•
Capacitação Técnica – comunidades locais e/ou tradicionais em
práticas
voltadas
a
formas
sustentáveis
de
desenvolvimento
(recursos não madeireiros, sistemas agroflorestais, piscicultura,
apicultura, plantas medicinais e ornamentais, ecoturismo, etc);
•
Produção e Desenvolvimento – escola de artesanato, viveiros,
apicultura, desenvolvimento agroflorestal;
•
Estudos, Pesquisa e Documentação – base de operação de
programas de pesquisa, banco de dados;
•
Alojamento
para
Estudantes
e
Pesquisadores
Brasileiros
e
Estrangeiros Conveniados – estudantes e pesquisadores, que
deverão desempenhar
especializados
e
sua
atividades de guias ecoturísticos e/ou
remuneração
ser
revertida
total
ou
parcialmente ao Centro ou ao projeto que este fizer parte;
•
Casa de Hóspedes – hospedagem paga e revertida ao Centro e aos
parceiros, voltada a estudantes, técnicos, pesquisadores, bem como
ecoturistas,
cientistas
visitantes,
patrocinadores,
autoridades
interessadas.
O segundo estudo realizado em 1995, apresenta em seis páginas um
Plano de Ação, que em linhas gerais propõe a instalação de placas, guarita
de controle e informações, centro de educação ambiental e ecoturismo,
implantação de trilhas e programa pedagógico, viveiro educacional e minimuseu de história natural da mata atlântica.
72
Não se tem informações suficientes para afirmar se a implantação
de infra-estruturas ou mesmo ações na RPPN EVC foram resultados dos
dois estudos acima mencionados. No entanto, o Plano de Manejo de 1998
(Veracruz Celulose S.A., 1998) cita que as primeiras providências tomadas
na chamada Estação Veracruz seriam:
•
instalação de um Centro de Visitantes, com um parque com
brinquedos para crianças;
•
instalação de trilhas interpretativas, “Pau-Brasil”, “Mata Atlântica” e
“Orquídeas”, com roteiros pedagógicos, uma plataforma na copa de
uma árvore e duas pontes suspensas atravessando vales;
•
treinamento de cinco guias;
•
desenvolvimento de um roteiro pedagógico para visitação, incluindo
um viveiro de mudas de espécies nativas, permitindo que cada
visitante plante uma árvore.
Apesar de também não haver menção direta ao trabalho de
consultoria da empresa Bioma Educação e Assessoria Ambiental no Plano
de Manejo, comparando-o com a situação atual de visitação na RPPN
EVC, fica claro que ações propostas neste estudo foram realmente
implementadas. Foram consultados os seguintes documentos desta
consultoria, no relatório Pacote Pedagógico e Trilhas, de 1996, divididos
em encartes de 1ª e 2ª etapas:
•
1ª Etapa: Levantamento, definição e orientação para implantação de
trilhas;
•
2ª Etapa: Texto da Mata Atlântica;
•
2ª Etapa: Texto para confecção de folheto dirigido ao visitante
convencional;
•
2ª Etapa: Texto para confecção de folheto dirigido à escola, para
alunos de 1ª – 4ª série do 1º grau;
73
•
2ª Etapa: Texto para confecção de folheto dirigido à escola, para
alunos de 5ª – 8ª série do 1º grau;
•
2ª Etapa: Texto para confecção de folheto dirigido à escola, para
alunos de 1ª – 3ª série do 2º grau.
Analisando o documento da 1ª Etapa: Levantamento, definição e
orientação para implantação de trilhas, pôde-se observar que, por
exemplo, a atual Trilha da Plataforma corresponde à Trilha do Mata-Pau
proposta em 1996, que prevê a edificação de um mirante sobre um grande
exemplar de Mata-Pau, possibilitando a observação panorâmica da área
de entorno. Mas nos relatórios da 2ª Etapa, também de 1996, o mirante é
citado como um equipamento facilitador já implantado, levando à
interpretação de que é fruto desta consultoria.
Na Tabela 9 são
apresentadas as trilhas propostas pela Bioma em 1996, e onde se
encaixam na RPPN hoje.
O Centro de Visitantes também é citado nesta época, onde o
visitante encontrava uma sala de aula, um mini-museu, lanchonete com
muitos quiosques, uma loja para venda de lembranças e artesanatos,
viveiro de plantas nativas, uma horta, um viveiro de orquídeas e aluguel
de cavalos e bicicleta para passeios. Outras proposições para a área de
entorno do Centro de Visitantes, como o mini-museu da Mata Atlântica e
viveiro parecem considerar os trabalhos realizado por Mourão em 1994 e
1995.
Ainda segundo o Plano de Manejo, até o final de 1997 foram
organizados
cinco
eventos
com
enfoque
ambiental/cultural,
onde
participaram 150 pessoas, citando como exemplo cursos de recuperação
ambiental. Não são citados os organizadores e ministradores destes
cursos, no entanto, o texto de abertura dos dois manuais de treinamento
elaborados pela Bioma Educação e Assessoria Ambiental indicam que
tiveram participação nestes eventos:
•
Manual de Treinamento para monitores da Estação Veracruz e guias
de empresas cadastradas;
74
•
Manual de Treinamento para monitores da Estação Veracruz e guias
de empresas cadastradas: noções de primeiros socorros.
Aparentemente, estes cursos auxiliaram no processo de visitação
através do acompanhamento de guias nas áreas da RPPN. O Plano cita
que em novembro de 1997 o programa de ecoturismo foi terceirizado, e a
empresa contratou a Ypê Turismo Ecológico e The Best, sediadas em Porto
Seguro, para operar o que o Plano chama de negócio. Assim, a citada
interação comunitária contava com três principais vertentes:
• Educação Ambiental - principalmente direcionada para escolas
regionais, onde até o final de 1997 aproximadamente 2.000 alunos
visitaram a reserva;
• Ecoturismo – direcionado para visitantes do litoral e população
regional, sendo que aproximadamente 1.000 visitantes conheceram
a Estação durante 1994 a 1997;
• Eventos – com enfoque ambiental/cultural, até final de 1997 foram
organizados cinco eventos onde participaram 150 pessoas.
Tabela 9 – Trilhas propostas pela Bioma Educação e Assessoria Ambiental em
1996 e correspondência com as atividades atuais.
Trilhas Propostas (1996)
Trilha das Árvores Gigantes – Opção
longa
Trilha das Árvores Gigantes – Opção
curta
Trilhas Atuais (2006)
Trilha Pau-brasil
Trilha da Floresta
Tropical
Trilha do Mata-Pau
Trilha da Plataforma
Trilha das Bromélias Gigantes
Trilha das Bromélias
Atrativos citados em 1996
• Pontes suspensas
• Passarelas suspensas
• Exemplares de grandes árvores
• Grandes bromélias, orquídeas
• Trepadeiras
• Formigueiros
• Relações entre seres vivos
• Lagoa
• Grandes mata-paus
• Pássaros
• Mirante
• Plataforma de madeira com
grande quiosque
Percurso eqüestre ciclístico
Não implantado
75
• Lagoa
• Ducha
• Grandes árvores, pássaros
• Cavalos
• Bicicletas
Com relação ao fluxo de visitação da RPPN EVC, na Figura 20 podese observar uma ampla variação quantitativa nos dados de visita durante
o período de 1996 a maio de 2006.
Mesmo
se
por
um
lado
o
estabelecimento
desta
atividade
terceirizada pudesse estar mais voltado ao interesse econômico, ao que
tudo indica, foi neste período que a visitação na RPPN EVC atingiu seu
pico máximo, em 1998, com a marca dos 8.010 visitantes/ano.
De acordo com informações de uma funcionária1 que presta serviços
à RPPN EVC desde setembro de 1997, a Ypê Turismo Ecológico operou
durante um ano e oito meses na unidade. Cobrava-se R$ 15,00 por
pessoa, incluindo a caminhada com acompanhamento de um guia. As
refeições ficavam por conta do visitante, e na época vendiam-se almoços,
lanches, salgados e bebidas no Centro de Visitantes.
Ainda de acordo com relatos da funcionária foram adquiridas
bicicletas para locação, e iniciariam também passeios a cavalo, mas não
chegaram a operar estas atividades porque em maio de 1998 a Veracel
Celulose cancelou o contrato com a Ypê Turismo Ecológico. A partir de
então a Veracel assumiu o gerenciamento destas atividades, contratando
alguns dos funcionários que já prestavam serviços, como é o caso da
funcionária supracitada, e posteriormente outros serviços vieram a ser
terceirizados.
Pelos dados da Figura 21 observa-se que após a saída do
concessionário, a visitação na RPPN EVC diminuiu aproximadamente 43%
num primeiro momento, entre 1998 e 1999, e continuou diminuindo até
chegar a quase cinco vezes menos em 2005.
1
Sara, atualmente exercendo função de cozinheira na RPPN EVC, contratada pela Empresa Lemos Passos.
76
Número Total de visitantes na RPPN Estação Veracel
9.000
8.010
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.630
3.437
3.000
2.171
2.000
1.766
2.247
2.181
1.493
1.527
1.000
0
164
1996
1997
129
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Figura 20 – Número total de visitantes por ano na RPPN Estação Veracel no
período de 1996 a maio de 2006.
Situação da Visitação Atual
Atualmente apenas a coordenadora da RPPN EVC tem contrato pela
Veracel Celulose, sendo os demais serviços de monitoramento de
visitantes, manutenção (jardinagem, limpeza) e vigilância prestados por
três empresas terceirizadas:
•
Lemos Passos – três prestadores (cozinha, jardinagem e limpeza);
•
Equilíbrio Florestal – onze prestadores (assistente de coordenação,
seis monitores, quatro vigias);
•
Visel – quatro prestadores que se revezam em serviços de vigilância
24 horas, concentrados na portaria.
Entre estes dezoito funcionários, o número total dos que fazem parte
da rotina diária da RPPN é de quatorze pessoas, contando com a chefe da
unidade, três prestadores de serviços da Lemos Passos, nove da Equilíbrio
Florestal e um vigia da Visel.
Quanto ao atendimento ao público, diariamente a unidade dispõe de
quatro dos seis monitores contratados pela empresa Equilíbrio Florestal,
77
que quando não estão exercendo esta função auxiliam em outras tarefas
relacionadas ao uso público, como manutenção das trilhas, dos jardins, e
serviços gerais em torno do Centro de Visitantes.
As atividades de uso público na RPPN EVC concentram-se
principalmente no Centro de Visitantes e nas trilhas. A visitação é
realizada com acompanhamento de monitores, mediante agendamento por
telefone junto à administração, não havendo cobrança de ingresso.
Eventualmente grupos pequenos que não agendam a visita são atendidos
durante a semana, quando há disponibilidade de monitores.
As visitas iniciam-se no Centro de Visitantes, com atividades que
podem variar de acordo com o perfil da visita, mas quase sempre incluem
uma palestra com auxílio de data show, que dura entre trinta e quarenta
minutos. O espaço comporta grupos de aproximadamente 30 pessoas
sentadas, e quando excede este número alguns costumam ficar em pé nos
fundos, conforme demonstrado na Figura 21a, na palestra para um grupo
de estudantes da região.
O conteúdo da palestra não muda muito quando o público alvo é
um grupo de estudantes ou um grupo de técnicos, o que varia mais é o
tempo de exposição de cada slide, conforme o interesse e o horário de
visita do grupo. A palestra pode ainda ser ministrada na língua inglesa,
neste caso geralmente pela chefe da RPPN EVC, quando atende grupos
técnicos de estrangeiros (Figura 21b).
(a)
(b)
Figura 21(a) – Palestra para grupo de estudante; (b) Palestra para representantes
de instituições florestais nacionais e internacionais na RPPN Estação Veracel.
78
Com relação à ergonomia dos bancos, observa-se pelas duas figuras
acima, que não se mostram muito adequados principalmente para
palestras mais longas, que podem durar entre quarenta minutos a quase
uma hora.
No Centro de Visitantes acontecem atividades organizadas para os
grupos de escolas da região, de acordo com a faixa etária, clima no dia da
visita e tempo de permanência na unidade. Dinâmicas de grupos e
brincadeiras
fazem
parte
da
programação
(Anexo
II
–
Oficinas
Participativas), podendo ser realizadas tanto dentro do Centro de
Visitantes em dias chuvosos (Figuras 22a e 22b), como no jardim em
frente em dias ensolarados.
(a)
(b)
Figura 22(a) – Dinâmica de grupo “Encadeamento”; (b) Brincadeira “Que animal
sou eu” na RPPN Estação Veracel.
Em seguida os grupos costumam visitar uma das trilhas, com
orientação de um guia para cada grupo de 15 pessoas. As visitas duram
aproximadamente entre duas e três horas, contabilizando o tempo de
palestra e interpretação na trilha.
Perfil do Visitante
Com o objetivo de levantar o histórico do uso e perfil do visitante na
RPPN EVC, foi solicitada aos funcionários a sistematização de dados
contidos em diversos livros de registros, como este apresentado na Figura
23a, que é disponibilizado no Centro de Visitantes juntamente com uma
79
caneta embutida em uma pena (Figura 23b), onde ficam registrados a
data, o nome e procedência dos visitantes. Ao lado do livro de registros
fica ainda o livro de mensagens (Figura 23b), onde o visitante pode deixar
suas impressões sobre a visita à unidade.
No livro de mensagens foram encontrados registros de brasileiros e
estrangeiros, sendo o conteúdo em geral de:
•
Elogio ao trabalho de conservação;
•
Agradecimento e elogio da visita e funcionários pelo treinamento e
preparo;
•
Sugestão para que os guias façam cursos de inglês;
•
Encorajamento da continuidade de iniciativas conservacionistas; e,
•
Registro de observação de fauna nas trilhas.
(a)
(b)
Figura 23(a) – Livro de Registros e Livro de Mensagens; (b) Visitante registrando
dados no livro disponibilizado no Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel.
Dentre os principais tipos de visita identificados na unidade estão a
visita com perfil educacional, que atende grupos de escolas e a visita com
perfil técnico, voltada a profissionais da área ambiental, acionistas da
empresa e funcionários. De acordo com os dados de visitação analisados,
o perfil de visitante que freqüenta a RPPN pode ser classificado em:
•
Estudantes (regionais e outros);
•
Ecoturistas brasileiros (regionais e outros);
•
Ecoturistas estrangeiros (EUA, Europa e outros); e
80
•
Visitantes da Veracel, sendo do Programa de Integração ou Visita
Institucional.
O principal grupo visitante da RPPN é o com perfil educacional
(Figura 24), responsável por 74% do total das médias anuais do período
entre 1996 e 2004, e em segundo colocado encontram-se os ecoturistas
brasileiros com 18% da freqüência.
A demanda de visitação é sazonal e mais intensa no final do ano
(Figura 26), e não parece estar relacionada ao fluxo turístico de Porto
Seguro,
cuja
característica
de
destino
tem
sua
maior
visitação,
culminando invariavelmente no período de verão e feriados como o de
carnaval.
Perfil dos visitantes na RPPN Estação Veracel
Estudantes
3% 3% 2%
Ecoturistas brasileiros
18%
Ecoturistas estrangeiros
74%
Programa de integração
Visitas institucionais
Figura 24 – Perfil dos visitantes na RPPN Estação Veracel durante o período de
1996 e 2004.
A data comemorativa que mais influenciou no aumento da demanda
de visitação na RPPN EVC foi a semana da árvore, de 20 a 24 de setembro
de 2004, quando foram recebidos 13 grupos de escolas da região,
totalizando 672 visitantes em um só dia, bem superior à média mensal
observada na Figura 25. Foram observados alguns picos de visitação em
comemorações especiais da empresa, como no mês de dezembro de 2001,
quando a Veracel comemorou seus 10 anos, recebendo na RPPN EVC 193
visitantes classificados no Programa de Integração.
81
A
forte
sazonalidade
pode
ser
causa
e
conseqüência
da
informalidade na divulgação da RPPN EVC, e também do não estímulo ao
trabalho com agências e operadoras de prestação de serviços turísticos.
Mesmo com um número significativo de visitantes estrangeiros na
RPPN, a grande maioria dos visitantes procede do Brasil e região (Figura
26).
Média mensal de visitação na RPPN Estação Veracel
500
450
410,5
400
359,4
336,3
350
300
248,1
267,5
248,3
235,5
250
173,4
200
150
427,9
132,1
104,6
92,9
100
50
0
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Figura 25 – Média de visitação mensal da RPPN Estação Veracel entre 1998 e
2005.
82
Total de visitantes brasileiros e estrangeiros na RPPN
Estação Veracel
9000
8000
7000
6000
5000
Bras ileiros
4000
Es trangeiros
3000
2000
1000
0
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Figura 26 – Total de visitantes brasileiros e estrangeiros na RPPN Estação
Veracel de 1996 a 2004.
A intensidade da visitação também é muito variável. Se excluirmos
as visitas de escolas (atividade voltada à educação ambiental formal) o
fluxo de visitantes varia pouco ao longo do ano. Em termos gerais, a RPPN
é pouco conhecida da população, dos turistas e veranistas. Em alguns
casos, os atrativos podem ter sido divulgados de forma dissociada da
unidade de conservação, como na época do funcionamento dos viveiros de
animais silvestres que era visto como um mini-zoológico, e isso resulta em
desconhecimento da existência da unidade e de suas funções e
importância.
Sistema de Trilhas
Atualmente, o sistema de trilhas da RPPN EVC é composto por cinco
trilhas, que serão descritas na spróximas páginas:
•
Trilha da Floresta Tropical
•
Trilha do Pau-Brasil
•
Trilha das Orquídeas
•
Trilha da Plataforma
•
Trilhas das Bromélias
83
Trilha da Floresta Tropical
Especificações técnicas da trilha
Extensão da trilha: 1.404,4m
Percurso total (ida e volta): 2.808,8m.
Tipo: circular e em oito.
Tempo de caminhada: uma hora e meia.
Grau de dificuldade: baixo.
Formação vegetacional: floresta secundária.
Atrativos: floresta exuberante, exemplares arbóreos de grande porte, ponte
suspensa (Figura 27a), cabana indígena (Figura 27b), armadilhas
indígenas de caça e observação de avifauna.
(a)
(b)
Figura 27(a) – Ponte suspensa; (b) Cabana indígena – Kijeme na RPPN Estação
Veracel.
Atividades: caminhada, contemplação, interpretação, fotografia, filmagem.
Pontos de interpretação: biodiversidade da Floresta Atlântica, sucessão
vegetacional, importância da conservação das florestas.
Limitantes e riscos (incluindo sazonalidade): a trilha requer a checagem e
manutenção constante da ponte.
Avaliação biofísica do traçado preliminar da trilha:
•
Foram observados obstáculos naturais na trilha, como galhos,
troncos caídos que acabam criando diversos desvios laterais (Figura
84
28a), raízes soltas (Figura 28b) e tocos de arbustos, que devem ser
retirados;
(a)
(b)
Figura 28(a) – Troncos e galhos caídos na trilha provocando desvios; (b) Raízes
soltas que devem ser retiradas das trilhas na RPPN Estação Veracel.
•
Não foram observados indícios de fogo, lixo e vandalismo em
equipamentos facilitadores;
•
Presença intensa de carrapatos e micuins.
Trilha do Pau–Brasil
Especificações técnicas da trilha
Extensão da trilha: 1.809,6m
Percurso total (ida e volta): 3.241,0m.
Tipo: circular, linear e em oito.
Tempo de caminhada: duas horas e meia.
Grau de dificuldade: baixo a moderado.
Formação vegetacional: floresta secundária.
Atrativos: floresta exuberante, exemplares arbóreos de grande porte,
avifauna, ponte (Figura 29a).
Atividades: caminhada, contemplação, interpretação, fotografia, filmagem.
Pontos de interpretação: biodiversidade da Floresta Atlântica, sucessão
vegetacional, importância da conservação das florestas.
85
Limitantes e riscos (incluindo sazonalidade): a trilha requer a checagem e
manutenção constante da ponte.
Avaliação biofísica do traçado preliminar da trilha:
•
Foram observados obstáculos naturais na trilha, como galhos,
troncos caídos, raízes soltas e tocos de arbustos, que devem ser
retirados;
•
Não foram observados indícios de fogo, lixo e vandalismo em
equipamentos facilitadores;
•
Faltam exemplares significativos da espécie que nomeou a trilha:
pau-brasil (Figura 29b);
•
Presença intensa de carrapatos e micuins.
(a)
(b)
Figura 29(a) – Ponte suspensa na Trilha do Pau-Brasil na RPPN Estação Veracel;
(b) Exemplares pouco significativos da espécie que nomeia a trilha: pau-brasil.
Trilha da Plataforma
Especificações técnicas da trilha
Extensão da trilha: 193,20m
Percurso total (ida e volta): 307,8m (193,2m de trilha + 114,6m de
estrada).
Tipo: circular.
Tempo de caminhada: meia hora.
86
Grau de dificuldade: baixo.
Formação vegetacional: floresta secundária.
Atrativos: exemplar arbóreo de grande porte de figueira Mata-Pau,
plataforma sob árvores (Figura 30a).
Atividades: caminhada, contemplação, interpretação, fotografia, filmagem.
Pontos de interpretação: vista do dossel da Floresta Atlântica.
Limitantes e riscos (incluindo sazonalidade): a plataforma não está em uso
e requer manutenção. Os bancos devem ser revitalizados (Figura 30b).
Avaliação biofísica do traçado preliminar da trilha:
•
Foram observados obstáculos naturais na trilha, como galhos,
troncos caídos, raízes soltas e tocos de arbustos, que devem ser
retirados;
•
Não foram observados indícios de fogo, lixo e vandalismo nos
equipamentos facilitadores.
(a)
(b)
Figura 30(a) – Plataforma de acesso a copa da árvore na RPPN Estação Veracel;
(b) Bancos que devem ser reformados.
Trilha das Orquídeas
Especificações técnicas da trilha
Extensão da trilha: 214,9m
Percurso total (ida e volta): 429,8m.
87
Tipo: circular.
Tempo de caminhada: meia hora.
Grau de dificuldade: baixo.
Formação vegetacional: floresta secundária.
Atrativos: poucos exemplares de orquidácea, caminhada na floresta.
Atividades: caminhada, contemplação, interpretação, fotografia, filmagem.
Pontos de interpretação: biodiversidade da Floresta Atlântica, sucessão
vegetacional, importância da conservação das florestas.
Limitantes e riscos (incluindo sazonalidade): a trilha requer manutenção.
Baixíssima densidade de exemplares de orquídeas nesta trilha (Figura
31a) para que justifique seu nome.
Avaliação biofísica do traçado preliminar da trilha:
•
Foram observados obstáculos naturais na trilha, como galhos,
troncos caídos, raízes soltas e tocos de arbustos, que devem ser
retirados;
•
Não foram observados indícios de fogo, lixo e vandalismo em
equipamentos facilitadores;
(a)
•
Foi observado vestígio de pesquisa, como fitas coloridas (Figura 31b);
•
Presença intensa de carrapatos e micuins.
(b)
Figura 31(a) – Um dos poucos exemplares de orquídea encontrado na trilha; (b)
Vestígio de pesquisa em trilhas na RPPN Estação Veracel.
88
Trilha das Bromélias
Especificações técnicas da trilha
Extensão da trilha: 403,7m
Percurso total (ida e volta): 1.225,1m (410,7m Trecho de ida e volta em
estrada + 403,7m Trecho em trilha).
Tipo: circular.
Tempo de caminhada: quarenta minutos.
Grau de dificuldade: baixo.
Formação vegetacional: floresta secundária.
Atrativos: floresta, gradiente topográfico, exemplares arbóreos de grande
porte.
Atividades: caminhada, contemplação, interpretação, fotografia, filmagem.
Pontos de interpretação: biodiversidade da Floresta Atlântica, sucessão
vegetacional, importância da conservação das florestas.
Limitantes e riscos (incluindo sazonalidade): a trilha requer manutenção.
Avaliação biofísica do traçado preliminar da trilha:
•
Foram observados obstáculos naturais na trilha, como galhos,
troncos caídos, raízes soltas e tocos de arbustos, que devem ser
retirados;
•
Não foram observados indícios de fogo, lixo e vandalismo em
equipamentos facilitadores;
•
Raros exemplares de bromélias (Figura 32a);
•
Na travessia de um córrego deve-se estudar a implantação de uma
pequena estrutura para não ocorrer problema com drenagem (Figura
32b);
•
Presença de carrapatos e micuins.
89
(a)
(b)
Figura 32(a) – Raro exemplar de bromélia na trilha; (b) Travessia de córrego onde
deve-se estudar intervenção com estruturas na RPPN Estação Veracel.
Infra-estrutura
A necessidade de planejar os espaços e atividades de uso público é
um fator primordial para ordenar a visitação nas áreas naturais
protegidas. De um modo geral, a infra-estrutura existente na RPPN EVC
vem atendendo a atual demanda de visitação na unidade de conservação.
Todas as atividades realizadas na RPPN EVC sejam administrativas,
de pesquisa ou de visitação estão concentradas em uma mesma área, de
onde se tem acesso através de três entradas principais:
•
Portão
de
entrada
particular
ao
Centro
de
Visitantes
e
Administração (Figura 33a);
•
Portão de entrada de visitantes para o Centro de Visitantes (Figura
33b);
•
Portão de acesso à Casa dos Funcionários e Casas de Apoio à
Pesquisa.
90
(a)
(b)
Figura 33(a) – Entrada restrita a funcionários; (b) Portão de entrada de visitantes
para acesso ao Centro de Visitantes na RPPN Estação Veracel.
O Centro de Visitantes (Figura 34a) é o ponto de referência de todas
as atividades de uso público que ocorrem na unidade de conservação, pois
é neste espaço que o visitante tem o primeiro contato com os monitores,
assiste às palestras, de lá parte para a caminhada nas trilhas e retorna. O
Centro de Visitantes da RPPN EVC conta com um amplo espaço composto
por:
•
uma área aberta utilizada para recepção e palestras, ocupado de um
lado por bancos e uma pequena mesa para projeção de data show, e
do outro por mesas para apoio (atividades diversas, livro de
registros, livro de mensagens, pequenos animais conservados em
vidros – Figura 34b). Algumas mesas eram utilizadas para as
refeições
dos
funcionários,
mas
agora
são
realizadas
numa
edificação nova construída para refeições, descanso e alojamento;
•
um conjunto de lixeiras para coleta seletiva;
•
uma cantina com abertura para a área aberta (Figura 35a);
•
uma cozinha, era utilizada para preparar principalmente as
refeições dos funcionários, mas esta atividade foi transferida para a
casa nova dos funcionários;
•
dois banheiros, sendo um masculino e um feminino, com placas e
adesivos também na língua inglesa;
•
um almoxarifado;
•
um dormitório com duas camas para funcionários.
91
•
um estacionamento, ao lado esquerdo do portão de entrada para o
visitante, com capacidade para aproximadamente três ônibus
(Figura 35b).
(a)
(b)
Figura 34(a) – Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel; (b) Mesas de apoio
à exposição de animais conservados em vidros.
(a)
(b)
Figura 35(a) – Cantina com abertura para a área aberta; (b) Estacionamento
(ônibus no lado direito ao fundo) na RPPN Estação Veracel.
Ao longo do caminho até o Centro de Visitantes são encontradas
algumas estruturas como um quiosque construído em 2006 (Figura 36a) e
bancos com mesa (Figura 36b).
92
(a)
(b)
Figura 36(a) – Quiosque construído em 2006; (b) Bancos e mesa na área em
frente ao Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel.
Um dos acessos à Casa Administrativa (Figura 37a) parte do Centro
de Visitantes por um caminho de pedriscos e bordaduras de pingo-de-ouro
(Duranta repens L. var. aurea Hort.), um arbusto lenhosos obtidos por
trabalhos de seleção hortícola sobre a espécie típica que origina-se do
México até o Brasil. Na Figura 37b observa-se que apesar dos caminhos
estabelecidos, alguns funcionários utilizam atalhos para chegar à
administração, um sinal de que estes percursos estabelecidos podem não
ser os mais adequados, pois geralmente são mais longos.
(a)
(b)
Figura 37(a) – Casa da Administração; (b) Gramado marcado por pisoteio, no
atalho para chegar à administração na RPPN Estação Veracel.
Próximo
edificações,
à
casa
algumas
da
administração
construídas
estão
recentemente
localizadas
como
a
outras
casa
dos
funcionários (Figura 38a), com uma parte em alvenaria e outra em
93
madeira, aproveitando o material que veio de uma casa de madeira da
empresa, que foi desmontada. Antes as refeições dos funcionários eram
preparadas e servidas no Centro de visitantes, onde eles também
permaneciam para um breve descanso.
Mesmo que a freqüência de visitação na RPPN EVC não fosse muito
alta na maior parte do tempo, foi observado certo desconforto quanto aos
usos diferenciados do Centro de Visitantes, pois a presença do visitante no
horário de almoço, por exemplo, acabava por tirar a privacidade dos
funcionários acostumados com o dia-a-dia no espaço, ao mesmo tempo
que o ótimo aroma no momento do preparo dos alimentos e um pouco de
barulho na cozinha distraia os visitantes da palestra.
Um ótimo exemplo de uso da madeira de eucalipto é demonstrado
na Figura 38b, pelas mesas e cadeiras que foram adquiridas para a casa
dos funcionários, produzidos na região. Em futuras reformas no Centro de
Visitantes este material também deve ser utilizado, já que pode ser muito
didático no incentivo às práticas sustentáveis, por não utilizar-se de
matéria prima de florestas nativas.
(a)
(b)
Figura 38(a) – Casa dos funcionários na RPPN Estação Veracel (vista dos fundos);
(b) Conjunto de mesas e cadeiras feitas de eucalipto, bom exemplo de outros
usos da madeira.
Com estas novas edificações atendendo atividades que antes tinham
seu apoio no Centro de Visitantes, está prevista uma reforma visando
94
atender melhor o visitante, com uma nova sala de projeção e palestras e
reformulação de painéis para exposição no Centro de Visitantes.
Outras edificações próximas à administração são o alojamento de
pesquisadores e laboratório (Figura 39a) e o viveiro da harpia (Figura 39b),
atualmente fechado à visitação para prevenir o animal à exposição ao
stress.
(a)
(b)
Figura 39(a) – Alojamento de pesquisadores e laboratório na RPPN Estação
Veracel; (b) Viveiro da harpia, atualmente fechado à visitação.
Sistema de Sinalização
Estradas
Na estrada chegando à RPPN EVC pela BR-367, no sentido Porto
Seguro – Eunápolis são observados dois tipos de placas indicativas:
•
placa mais antiga em fundo verde e letras brancas, citando a área
como Patrimônio Mundial Natural da UNESCO (Figura 40a);
•
placa mais nova, padronizada para a Costa do Descobrimento, em
fundo marrom e letra branca, fazendo referência a um roteiro que
inclui outras unidades de conservação em destaque (40b).
95
(a)
(b)
Figura 40(a) – Placa antiga com fundo verde e letras brancas; (b) Placa nova,
padrão para a Costa do Descobrimento.
Mais próximo à entrada para a RPPN EVC encontra-se outra placa
(Figura 41a) indicando a entrada também para a Estação Ecológica do
Pau-Brasil e CEPLAC – Centro de Pesquisa do Cacau, cuja entrada está
localizada à esquerda da estrada de terra que passa pela RPPN EVC e que
vai até o município de Santa Cruz Cabrália. Já na estrada de terra foi
instalada uma placa, do tamanho de outdoor, apontando a distância do
Centro de Visitantes da RPPN EVC (Figura 41b), localizado a 1.500m da
BR367.
(a)
(b)
Figura 41(a) – Placa indicando a RPPN Estação Veracel e a Estação Ecológica do
Pau-Brasil; (b) Placa de indicação do Centro de Visitantes da RPPN Estação
Veracel.
96
Bem próximo, também ao lado direito da estrada de terra é
encontrada uma placa menor de mesmo conteúdo, em língua inglesa,
voltada ao visitante estrangeiro (Figura 42a).
A única placa de limite de velocidade (40 Km/h) encontrada na
estrada de terra municipal, desde o acesso pela BR376 até o final da área
da RPPN EVC, fica localizada no trecho inicial logo depois das placas que
indicam a distância do Centro de Visitantes. Além de deteriorada, esta
placa não se encontra afixada ao chão, mas apenas apoiada em um poste
(Figura 42b).
Sua substituição, assim como instalação de outras placas com
limite de velocidade ao longo da estrada municipal devem ser solicitadas
junto aos órgãos responsáveis. Para diminuir a velocidade, em alguns
trechos até chegar à entrada da sede da RPPN EVC, foram instaladas
lombadas com terra, sendo que algumas já estão muito baixas e não
cumprem mais sua função.
(a)
(b)
Figura 42(a) – Placa em língua inglesa voltada ao visitante estrangeiro; (b) Única
placa indicando limite de velocidade na estrada para a RPPN Estação Veracel.
O ponto seguinte onde foram observadas placas da RPPN EVC fica
localizado aproximadamente à 300m da sede, com uma placa à direita
identificando a RPPN como Sítio do Patrimônio Mundial Natural (Figura
43a) e mais adiante à esquerda, a terceira placa apontando a distância do
Centro de Visitantes, mas esta é bilíngüe português/inglês, dá as boas
vindas e informa o telefone para agendamento de visitas (Figura 43b).
97
(a)
(b)
Figura 43(a) – Identificação da unidade de conservação como Sítio do Patrimônio
Mundial Natural; (b) Terceira placa apontando a distância do Centro de
Visitantes da RPPN Estação Veracel.
Ao longo da estrada, passando o Centro de Visitantes são
encontradas placas informando que a área é uma unidade de conservação
(Figura 44a), informando que se trata de área particular e alerta contra
crime ambientais (Figura 44b), e diversas placas educativas alertando o
visitante a ter cuidado em não ser causador de incêndios (Figura 45a),
impactos à fauna (Figura 45b) e não jogar lixo (Figura 46 a e b).
(a)
(b)
Figura 44(a) – Placa informando que a RPPN Estação Veracel é uma unidade de
conservação; (b) Placa informando que se trata de área particular e alerta contra
crime ambientais.
98
(a)
(b)
Figura 45(a) – Placas educativas alertando o visitante a ter cuidado em não ser
causador de incêndios; (b) Placa de respeito à fauna silvestre na estrada para a
RPPN Estação Veracel.
Na Figura 46b pode ser observada uma placa mais antiga, de mesmo
conteúdo das demais, e observa-se deterioração leve na chapa metálica e
na base estrutural, pois foram encontradas placas outras similares tortas
ou com pouca fixação devido a apodrecimento do mourão de madeira.
(a)
(b)
Figura 46(a) – Placa de conscientização para não jogar o lixo na área da RPPN
Estação Veracel; (b) Placa educativa antiga.
Placas identificando a área como propriedade particular são
encontradas em áreas de divisa, geralmente nas bordas da floresta, como
esta demonstrada nas Figuras 47a e 47b, localizada nos fundos de um
pátio com carros apreendidos, junto ao Posto de Fiscalização da Polícia
Federal na BR367. A placa adverte proibições como caça, destruição da
mata e incêndio, com base em crimes previstos na lei de crimes
ambientais no 9.605/98.
99
(a)
(b)
Figura 47(a) – Placa identificando a área como propriedade particular,
encontrada em área de divisa da RPPN Estação Veracel; (b) Conteúdo da placa
com enfoque na lei de crimes ambientais.
No conjunto todas as placas seguem um padrão de layout e estão
em boas condições de conservação, tanto suas bases de fixação como as
chapas metálicas e mensagens.
Infra-estrutura e áreas de circulação interna
O layout das placas que indicam a localização das estruturas nas
áreas de circulação interna é mais variado. A placa que identifica a RPPN
EVC (Figura 48a) está localizada à direita de quem vem da BR-367, em
frente à sede administrativa da unidade de conservação. Feita em madeira
com as letras entalhadas e pintadas em branco, a placa encontra-se em
bom estado de conservação. Apenas com a ressalva do nome Estação
Veracruz que deve ser atualizado, podendo ser substituída por Estação
Veracel somente a parte inferior da placa, caso não seja realizado um
projeto de comunicação visual geral, o que ao menos em curto/médio
prazo não se faz necessário.
Ao cruzar o portão de entrada o visitante encontra à esquerda uma
placa bilíngüe português/inglês (Figura 48b) na primeira bifurcação do
caminho, sendo à esquerda o acesso a área administrativa, de pesquisa,
funcionários e viveiro e seguindo em frente está o Centro de Visitantes.
100
(a)
(b)
Figura 48(a) – Placa de identificação da RPPN Estação Veracel; (b) Placa
indicativa bilíngüe do Centro de Visitantes.
Chegando próximo ao Centro de Visitantes, uma placa bilíngüe
português/inglês (Figura 49a), com base em eucalipto tratado roliço e
placa metálica encaixada, com a mesma diagramação das placas
encontradas na estrada, identificam a edificação. Um conjunto de lixeiras
de
coleta
seletiva
está
identificado
com
adesivos
(Figura
49b)
diferenciando o lixo como papel, plástico, outros e uma pequena lixeira à
esquerda que serve como cinzeiro. Estes adesivos encontram-se um pouco
desbotados, mas estão ainda bem visíveis.
(a)
(b)
Figura 49(a) – Placa identificando o Centro de Visitantes; (b) Adesivos identificam
tipo de resíduo nas lixeiras de coleta seletiva próximo ao centro de Visitantes da
RPPN Estação Veracel.
No espaço interno do Centro de Visitantes são encontrados outros
tipos de placas, como uma placa informativa de material em exposição
101
(Figura 50a), também bilíngüe português/inglês, fixada em um tronco de
árvore, com a seguinte mensagem: “Madeira de pau-brasil apreendida pelo
IBAMA em maio de 2000 no município de Camacã, sul da Bahia”. A placa
apresenta uma das pontas quebrada e uma das letras adesivadas
faltando, talvez causada por vandalismo em local de uso intensivo, já que
foi a única placa com este caso.
Fixada entre pilares de sustentação do Centro de Visitantes, no
caminho para a cantina e os sanitários, encontra-se a placa que
testemunha o evento da criação da RPPN (Figura 50b), com a seguinte
mensagem: “Na presença do Governador da Bahia, Dr. César Borges e do
Ministro do Meio Ambiente Deputado José Sarney Filho, formalizou-se a
criação desta RPPN – Reserva do Patrimônio Natural – Estação Veracruz,
que perpetua para as gerações futuras a paisagem e a biodiversidade da
Mata Atlântica da região onde nasceu o Brasil”.
(a)
(b)
Figura 50(a) – Placa informativa de material em exposição; (b) Placa-marco de
criação da RPPN Estação Veracel.
Esta placa que é um marco da criação da RPPN EVC merece um
lugar de maior destaque, devendo, portanto ser estudado outro local no
Centro de Visitantes para sua fixação.
Outras placas encontradas são as que identificam os sanitários
(Figura 51a), fixadas nas portas, bilíngüe português/inglês, apenas no
102
masculino falta uma placa. Até mesmo as lixeiras internas dos banheiros
são identificadas com adesivos com texto em português e inglês. Na
mesma Figura 51a pode ser observado um quadro de avisos, entre os dois
banheiros, com informes gerais sendo alguns identificados por “fique por
dentro” e outro “agendas”.
A idéia do quadro de informes deve ser mantida, aproveitando o
espaço para divulgar informações atuais, com renovação mensal de suas
mensagens, mas sugere-se que seja estudado local mais adequado, pois se
trata de uma área de circulação. No lugar do quadro de avisos pode-se
colocar um quadro temático de artista local.
Com a construção da casa dos funcionários, as informações de
caráter administrativo como, por exemplo, as agendas, devem ser afixadas
neste espaço ou na casa administrativa, ou ainda no próprio Centro de
Visitantes, mas em local separado da área de circulação dos visitantes.
Todas as edificações estão bem identificadas com placas, todas
bilíngües português/inglês, como a casa da Administração (Figura 51b), o
Centro de pesquisas (Figura 52a) e a sala do ambulatório veterinário
(Figura 52b).
(a)
(b)
Figura 51(a) – Placa identificando sanitários e quadro de avisos; (b) Placa
identificando a casa da administração na RPPN Estação Veracel.
103
(a)
(b)
Figura 52(a) – Placa identificando o Centro de Pesquisas da RPPN Estação
Veracel; (b) Placa identificando a sala do ambulatório veterinário.
O antigo uso de uma área anexa à administração ainda se encontra
refletido nas placas, quando um dos atrativos da RPPN EVC era a vista
aos viveiros de animais silvestres, do qual ainda resta o do Projeto Harpia.
Assim, podem ser encontradas no caminho até a casa dos funcionários,
placas de aviso alertando a entrada exclusiva somente com guias (Figura
53a) e placa de identificação de espécies arbóreas representativas da mata
atlântica, como o pau-brasil (Figura 53b), informando o nome científico, a
família botânica, áreas de ocorrência e curiosidades.
(a)
(b)
Figura 53(a) – Placas de aviso alertando a entrada exclusiva somente com guias
nos viveiros de animais silvestres hoje desativado; (b) Placa de identificação do
pau-brasil na RPPN Estação Veracel.
104
Ainda no portão de entrada ao Centro de Visitantes é encontrada
uma placa (Figura 54a) informando a entrada restrita a funcionários,
seguindo a mesma diagramação das placas encontradas na estrada e
edificações.
Uma
placa
em
madeira
informando
o
local
para
estacionamento (Figura 54b), com a mesma diagramação da placa que
sinaliza o caminho para o Centro de Visitantes, é encontrada próxima ao
portão de entrada dos visitantes.
(a)
(b)
Figura 54(a) – Placa alertando que a entrada é restrita a funcionários; (b) Placa
indicando local para estacionamento de visitantes na RPPN Estação Veracel.
De forma geral, a área sede da RPPN EVC está muito bem
sinalizada, com a grande maioria das placas em língua portuguesa e
inglesa, sendo identificados três diagramações e formatos, que indicam
concepções em épocas e autores distintos, mas que não justificam, pelo
menos a curto prazo, a substituição de todas as placas. Deve-se sim
realizar em médio prazo um estudo identificando a necessidade de novas
placas, e a substituição das demais, criando uma identidade visual em
todo o conjunto.
Trilhas
Antes mesmo de iniciar o passeio pelas trilhas, no caminho para o
Centro de Visitantes, o visitante é entretido com informações encontradas
nas placas (Figura 55a) que identificam uma diversidade de palmeiras
nativas
do
Brasil.
Uma
proposta
105
para
a
organização
e
melhor
aproveitamento
destas
placas
é
apresentada
no
componente
“Planejamento – Programa de Uso Público”.
As placas instaladas no início das trilhas seguem o estilo de
diagramação de uma das placas de acesso ao Centro de Visitantes e da
placa de estacionamento para visitantes, em madeira envernizada, com
letras adesivadas. Na Figura 55b é apresentada a placa do trecho de
comum acesso às trilhas da Floresta Tropical e Pau-Brasil, ambas
bilíngües português/inglês. Neste conjunto pode ainda ser observada uma
pequena placa de aviso, no mesmo padrão das placas instaladas na
estrada e infra-estruturas, informando que a área é propriedade particular
e que a trilha é realizada somente com guias.
Quanto às trilhas da Plataforma e das Orquídeas, apesar de
iniciarem no mesmo local, somente a da Plataforma é identificada com
uma placa. O estado geral de conservação das placas de orientação das
trilhas é bom, assim como a quantidade e localização. Uma vez que os
passeios continuarão sendo acompanhados por monitores, não devem ser
instaladas placas ao longo do percurso, mantendo somente as placas já
existentes.
(a)
(b)
Figura 55(a) – Placas que identificam palmeiras nativas do Brasil; (b) Placa para
as trilhas da Floresta Tropical e Pau-Brasil na RPPN Estação Veracel.
106
4. Significância da Unidade e Conectividade
4.1 Conservação do Patrimônio Natural e Conectividade com outras
Unidades de Conservação
A RPPN EVC está inserida no Sítio do Descobrimento, um dos sítios
do
patrimônio
natural
do
Brasil.
O
reconhecimento
nacional
e
internacional das áreas que compõem o Sítio do Descobrimento ocorreu
devido ao alto valor natural para a humanidade. Além disso, a RPPN EVC
é a maior reserva privada da Mata Atlântica, oficialmente reconhecida pelo
Governo Brasileiro, contribuindo para a proteção de um dos trechos mais
bem conservados de floresta de tabuleiros na Mata Atlântica e de várias
espécies ameaçadas de extinção como o macaco-preto (Cebus robustus) e o
beia-flor balança-rabo-canela (Glaucis dohrnii). Por isso, a RPPN EVC é
reconhecida como “Key Biodiversity Áreas” (KBAs) ou áreas chave para a
biodiversidade (ver Eken et al., 2004). As KBAs são áreas definidas,
passíveis de delimitação e, potencialmente, de manejo para conservação,
destinadas à proteção de espécies que se enquadram em um ou mais dos
seguintes critérios: a) espécies globalmente ameaçadas; b) espécies de
distribuição restrita; c) espécies que formam agregações em áreas
específicas em algum estágio de seu ciclo vital; d) assembléias de espécies
restritas ao bioma (Eken et al., 2004).
Durante o levantamento do meio físico realizado, notou-se a grande
importância da RPPN EVC na manutenção das características do
ambiente, tais como os mananciais que contribui com água de melhor
qualidade para vários rios da região e na manutenção de solos que
apresentam fortes limitações naturais e, por isso, são altamente passíveis
de degradação. Os cursos d’água da RPPN EVC drenam sobre os depósitos
sedimentares do grupo Barreiras que são intensamente modelados pelos
processos erosivos. Em geral os solos são de baixa fertilidade, baixos teores
de matéria orgânica, ácidos e com teores elevados de alumínio.
Apresentam horizontes superficiais arenosos (que dificulta a retenção de
água e nutrientes) e sujeitos a erosão natural, geralmente acelerada,
quando se retira a cobertura vegetal nativa. Diante dessas peculiaridades
107
foram determinadas três zonas de fragilidade e as respectivas sub-zonas,
baseadas nos padrões de drenagem e características do relevo, solos, erosão
e da vegetação da área.
A biodiversidade da RPPN EVC é bastante elevada, sendo uma das
áreas mais representativas e íntegras das florestas de tabuleiro do sul da
Bahia, uma tipologia vegetacional da Mata Atlântica muito ameaçada. As
áreas analisadas no levantamento florístico permitem afirmar que a RPPN
EVC se situa entre as 20 áreas do mundo com maior número de
indivíduos e elevado número de espécies arbóreas. A reserva é também
um importante repositório da fauna regional, ainda persistem na RPPN
EVC algumas espécies localmente extintas em outras regiões da Mata
Atlântica, tais como a anta (Tapirus terrestris) e o gavião-real (Harpia
harpyja). As principais ameaças à fauna local são a caça predatória e o
isolamento da reserva. Pela importância biológica da reserva e pela sua
localização estratégica, pretende-se fortalecer a atividade de pesquisa na
RPPN EVC, para que esta se transforme em referência regional, nacional e
internacional na geração de conhecimento sobre a biodiversidade da Mata
Atlântica.
Sendo assim, a RPPN EVC assume importância ainda maior no
contexto ambiental da região, principalmente quando se busca a
conectividade entre estas áreas, com o objetivo de garantir a manutenção
dos processos ecológicos e a própria sobrevivência de inúmeras espécies
de fauna e flora. Existem hoje na região diversas iniciativas que têm como
objetivo a implantação de corredores ecológicos a partir de ações de
restauração florestal e recomposição de áreas de preservação permanentes
em bacias hidrográficas.
Dentre estas ações, podemos destacar o projeto Conservação e
Restauração em Terras Privadas, executado desde 2003 pela parceria
entre o Instituto BioAtlântica, Conservação Internacional, The Nature
Conservancy, Veracel Celulose e Aracruz Celulose (Mesquita et al., 2006).
Este
projeto
é
responsável
pela
implantação
de
duas
unidades
experimentais de restauração, localizadas no município de Santa Cruz
Cabrália, onde estão sendo monitorados diversos parâmetros referentes ao
crescimento das espécies florestais nativas plantadas e seu papel como
108
corredores para elementos da fauna no contexto da paisagem local. O
projeto tem como meta a restauração de cerca de 2.500ha ao longo de
cinco anos, além da proteção efetiva de cerca de 1.600ha de trechos de
florestas nativas, sob diferentes modalidades de proteção em terras
privadas (e.g. reservas legais de propriedades rurais demarcadas e
averbadas). Através destas intervenções estrategicamente localizadas na
paisagem
local,
a
expectativa
é
que
tais
ações
permitam
o
restabelecimento da conectividade ecológica em mais de 35 mil hectares
contínuos de florestas nativas, incluindo a RPPN EVC, o Parque Nacional
Pau Brasil e todo um conjunto de remanescentes florestais localizados nas
propriedades da Veracel Celulose (Figuras 56 e 57).
4.2 Potencial para Visitação
O potencial de visitação é um dos critérios para definir a vocação de
uso, que diz respeito ao uso possível nas unidades de conservação, seja
para recreação, lazer ou educação ambiental. A RPPN EVC, situada
apenas a 25 minutos de Porto Seguro, oferece oportunidades para atender
diversos tipos de atividades de uso público, como educação ambiental,
recreação ao ar livre e pesquisa científica.
A inclusão de uma visita a áreas naturais protegidas já é um hábito
crescente no Brasil, o que faz da RPPN EVC, uma unidade de conservação
com potencial desenvolver e contribuir para o desenvolvimento local de
atividades compatíveis com a conservação da natureza, relacionadas
direta ou indiretamente ao turismo.
Inserido dentro do Pólo da Costa do Descobrimento, que divulga um
conjunto de atividades que vão desde o turismo ecológico até a
“badalação” da noite, a atividade turística, nos moldes com que foram
criadas em Porto Seguro e região, certamente representaria um vetor de
pressão sobre a RPPN EVC ao demandar infra-estrutura, recursos
humanos, serviços e práticas de gestão e manejo que colaborem com a
conservação dos recursos naturais.
109
Figura 56 – Rede de remanescentes florestais na região da RPPN Estação Veracel.
110
Figura 57 – Rede de remanescentes florestais na circunvizinhança da RPPN
Estação
Veracel.
Este vetor de pressão pode criar condições favoráveis em momentos
futuros, se algum dia houver mudanças na forma de gerenciar a RPPN
EVC, objetivando a visitação de forma ordenada e regulamentada,
proporcionando
oportunidades
aos
visitantes
e
também
buscando
mecanismos de consolidação da unidade de conservação como vetor de
desenvolvimento das comunidades vizinhas.
111
4.3 Potencial para Conscientização Ambiental
Frente aos objetivos conservacionistas da RPPN EVC, a facilidade de
acesso oferece a vantagem de alcance mais efetivo de diversos grupos e
atores sociais, inserindo-os em atividades educativas e sensibilizadoras.
Estas atividades poderiam abordar à presença de situações impactantes
na unidade, que conflitem com seus objetivos de criação, como a caça,
bem como contribuir para o esclarecimento de questões relativas ao
manejo do eucalipto na região.
112
PLANEJAMENTO
1 Objetivos Específicos do Manejo
O
planejamento
de
uma
unidade
de
conservação
envolve
o
estabelecimento dos objetivos de manejo, ou seja, dos motivos pelos
quais se deseja atuar sobre aquele ambiente. Em função destes objetivos
se faz o zoneamento, que define as possibilidades e restrições de uso para
cada espaço da unidade, e as propostas de ação, especificadas nos
programas e subprogramas.
O manejo da RPPN EVC foi definido para cumprir objetivos análogos
aos de uma Reserva Biológica, que têm a proteção integral de seus
recursos como objetivo primário. Para que este seja alcançado, deve ser
dada ênfase à geração de conhecimento sobre a Mata Atlântica e a ações
de educação ambiental no entorno da unidade de conservação. Para
tanto os objetivos específicos definido para a RPPN EVC são:
•
preservar a biodiversidade contida na RPPN EVC;
•
propiciar a manutenção dos recursos hídricos existentes na área
da RPPN EVC;
•
proteger espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção, tais
como a Glaucis dohrnii (balança-rabo-canela);
•
propiciar atividades de pesquisa e monitoramento condizentes com
a categoria de manejo e o zoneamento existente;
•
promover a educação e a interpretação ambiental;
•
ampliar a proteção de remanescentes da Mata Atlântica na área do
entorno do Parque Nacional do Pau-Brasil;
•
integrar o manejo da RPPN EVC aos objetivos do Programa
Corredores Ecológicos e outros projetos de conservação em âmbito
regional/global.
Algumas normas gerais para o manejo da RPPN EVC são propostas,
visando orientar a administração:
113
•
são proibidos o ingresso e a permanência, na unidade, de pessoas
portando armas, materiais ou instrumentos destinados ao corte,
caça, pesca ou a quaisquer outras atividades prejudiciais à fauna e
à flora;
•
a infra-estrutura a ser instalada na unidade limitar-se-á àquela
necessária para o seu manejo;
•
é vedada a construção de quaisquer obras de engenharia que não
sejam de interesse da unidade, tais como rodovias, barragens,
aquedutos, oleodutos, linhas de transmissão, entre outras;
•
a fiscalização da unidade deverá ser permanente e sistemática;
•
o uso do fogo será regulamentado pelas recomendações do manejo,
sendo estritamente proibido quando possa colocar em risco a
integridade dos recursos naturais da unidade;
•
as pesquisas a serem realizadas na unidade, deverão ser
autorizadas pelo conselho de pesquisa da RPPN EVC, sempre em
consonância com os objetivos da unidade de conservação e com as
determinações da legislação vigente;
•
são proibidas a caça, a pesca, a coleta e a apanha de espécimes da
fauna e da flora, em todas as zonas de manejo, ressalvadas aquelas
com finalidades científicas;
•
a introdução ou a re-introdução de espécies da flora ou da fauna
somente será permitida quando fizer parte de um projeto de
pesquisa e com a devida autorização da empresa poprietária e do
Órgão Gestor ambiental;
•
o monitoramento dos processos naturais e antrópicos deve fazer
parte da rotina de trabalho da RPPN EVC.
2. Zonas de Fragilidade
As zonas de fragilidade podem ser conceituadas como sendo
regiões ecodinâmicas em equilíbrio bioclimático/físico/químico, que
podem ser desestabilizadas em maior ou menor grau, mediante
processos de intervenção antrópicos ou não.
114
Para a área da RPPN EVC foram determinadas três zonas de
fragilidade (Figura 58), em um nível mais macro, baseadas nos padrões de
drenagem e relevo da região. Detalhando mais as informações, dentro de
cada uma destas zonas (Tabela 10), foram delimitadas quatro sub-zonas,
baseadas nas características dos solos, do relevo, dos padrões de
drenagem e erosão e da vegetação da área. Esta estratégia permitiu uma
maior hierarquização do ambiente, gerando níveis que indicam uma
limitação dentro de cada Zona.
Tabela 10 – Zonas e sub-zonas de fragilidade na RPPN Estação
Veracel.
Macro Zonas
Zona 1
Zona 2
Zona 3
Sub-zonas
ƒ
Sub-Zona 1 = poucas restrições para uso
ƒ
Sub-Zona 2 = restrição moderada a forte para
uso
ƒ
Sub-Zona 3 = restrição forte ao uso
ƒ
Sub-Zona 4.1 = restrição quase total ao uso
ƒ
Sub-Zona 4.2 = Restrição total ao uso
ƒ
Sub-Zona 1 = poucas restrições para uso
ƒ
Sub-Zona 2 = restrição moderada a forte para
uso
ƒ
Sub-Zona 3 = restrição forte ao uso
ƒ
Sub-Zona 4.1 = restrição quase total ao uso
ƒ
Sub-Zona 4.2 = Restrição total ao uso
ƒ
Sub-Zona 1 = poucas restrições para uso
ƒ
Sub-Zona 2 = restrição moderada a forte para
uso
ƒ
Sub-Zona 3 = restrição forte ao uso
ƒ
Sub-Zona 4.1 = restrição quase total ao uso
ƒ
Sub-Zona 4.2 = Restrição total ao uso
115
Zona 1 – Região com predomínio de relevo com cotas acima de 70m de
altitude, com predomínio de formas mais suaves e ligeiramente
dissecado. Neste ambiente os rios apresentam-se com menor volume
de água e o afloramento do horizonte C, mais instável, do material do
Barreiras ocorre com menor frequência o que reduz os riscos de
erosão. Apresenta baixo risco à degradação.
Zona 2 - Região com predomínio de relevo com cotas entre 60 e 70m
de altitude e moderadamente dissecados. Neste ambiente os rios
apresentam-se com volume de água mediano e o afloramento do
horizonte C, mais instável, do material do Barreiras ocorre com
frequência moderada, sendo também moderado os riscos de erosão.
Zona 3 - Região com predomínio de relevo em cotas inferiores a 60m
de altitude, com predomínio de formas mais movimentadas e
fortemente dissecados. Neste ambiente os rios apresentam-se com
maior volume de água e o afloramento do horizonte C, mais instável,
do material do Barreiras ocorre com maior frequência, aumentando os
riscos de erosão. Apresenta alto risco à degradação.
116
Figura 58 – Zonas de fragilidade na RPPN Estação Veracel.
117
Sub-Zona 1 – Áreas localizadas em ambiente de floresta com relevo
plano e suave ondulado (declividade de 0–8%), com predomínio de
solos quimicamente pobres (Argissolos Amarelos), geralmente coesos,
de bem a moderadamente drenados, e suscetíveis a erosão laminar
não aparente a ligeira. Apresenta poucas restrições para o seu uso /
ocupação, bem como para a sua manutenção em condições naturais.
Sub-Zona 2 – Áreas localizadas em ambiente de floresta com relevo
ondulado e forte ondulado (declividade de 8–45%), com predomínio de
solos quimicamente pobres (Latossolos Amarelos), geralmente coesos,
bem drenados e suscetíveis à erosão laminar ligeira a forte. Apresenta
restrição moderada a forte requerendo cuidados para a manutenção de
equilíbrio eco-dinâmico.
Sub-Zona 3 - Áreas localizadas em ambiente de floresta com relevo
montanhoso a escarpado (declividade >45%), com predomínio de solos
quimicamente
pobres
(Cambissolos
Háplicos),
bem
drenados
e
suscetíveis à erosão laminar forte a muito forte. Apresenta restrição forte
quanto à intervenção humana.
Sub-Zona 4.1 – Áreas localizadas em ambiente de mussununga,
apresentando relevo plano e suave ondulado (declividade de 0–8%), com
predomínio de solos quimicamente muito pobres (Argissolos Amarelos),
arenosos, geralmente com camada endurecida (fragipã ou duripã) em
sub-superfície, que restringe a livre movimentação da água no perfil, e
suscetíveis à erosão tanto eólica quanto hídrica em grau ligeiro.
Apresenta fragilidade muito alta em condições naturais, podendo ser
agravada por intervenção antrópica. Restrição quase total ao uso.
Sub-Zona 4.2 - Áreas localizadas em ambiente de mussununga,
apresentando relevo ondulado (declividade >8%), com predomínio de
solos quimicamente muito pobres (Argissolos Amarelos), arenosos,
118
geralmente com camada endurecida (fragipã ou duripã) em subsuperfície, que restringe a livre movimentação da água no perfil, e
suscetíveis à erosão tanto eólica quanto hídrica em grau forte a muito
forte. Apresenta fragilidade extremamente alta em condições naturais,
podendo ser agravada por intervenção antrópica. Restrição total ao uso.
3. Zoneamento
O zoneamento é uma técnica de ordenamento territorial, usada
para atingir melhores resultados no manejo da unidade de conservação,
pois estabelece usos diferenciados para cada espaço, segundo os
objetivos,
potencialidades
e
características
encontradas
no
local.
Identificando e agrupando áreas com as qualificações citadas, estas irão
constituir zonas específicas, que terão normas próprias. Dessa forma, o
zoneamento torna-se uma ferramenta que vai contribuir para uma maior
efetividade na gestão da unidade de conservação (Ferreira et al., 2004).
O zoneamento foi definido através do cruzamento de informações
sobre a fauna, a integridade da floresta, os atributos e elementos físicos
da
reserva,
a
infra-estrutura
instalada,
a
interação
com
a
circunvizinhança e os objetivos de manejo primários e secundários
definidos para a RPPN EVC. A orientação das bacias hidrográficas dentro
da unidade de conservação foi também um importante subsídio para a
delimitação das zonas.
Conforme seus objetivos e usos permitidos, para a RPPN EVC
foram determinadas seis zonas de manejo: vida silvestre, primitiva,
recuperação, administrativa, educação ambiental e uso conflitante
(Figura 59). A extensão de cada uma das zonas de manejo estão
apresentadas na Tabela 11.
119
Figura 59 – Proposta de zoneamento para a RPPN Estação Veracel.
120
3.1. Zona silvestre
A Zona Silvestre é aquela que contém áreas inalteradas e destinamse à conservação da biodiversidade. Podem ocorrer pesquisas, estudos,
monitoramento, proteção e fiscalização. Essas atividades podem exigir
alguma infra-estrutura destinada à proteção e a fiscalização (Ferreira et
al., 2004).
A Zona Silvestre da RPPN EVC possui 1.712ha (28,21% da área
total) e está localizada ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio João de
Tiba, que drena a área central da RPPN no sentido Oeste-Nordeste. A
divisa Oeste da Zona silvestre é confrontante com a Estação Ecológica
Pau-Brasil (ESPAB), área administrada pela CEPLAC e que tem seu
manejo
como
uma
reserva
privada
destinada
à
conservação
do
remanescente florestal.
De acordo com o manejo estabelecido para a RPPN EVC, as
pesquisas autorizadas nesta área terão necessariamente que contribuir
para o manejo da unidade de conservação. Nesta zona de manejo serão
implantadas armadilhas fotográficas para monitoramento da fauna e
uma parcela permanente, para monitoramento da dinâmica vegetacional,
de acordo com o estabelecido no programa de pesquisa.
Normas de de Uso da Zona silvestre
•
as
únicas
intervenções
permitidas
serão
aquelas
atividades
indispensáveis à proteção da área a às investigações científicas e
monitoramento
ambiental
de
baixo
impacto
e
devidamente
autorizadas;
•
atividades de fiscalização serão permanentes e sistemáticas nesta
zona;
•
o uso de veículos deverá se restringir às atividades de fiscalização;
•
devem ser observadas as normas gerais da Unidade.
121
3.2. Zona de Proteção
A Zona de Proteção é aquela que contém áreas naturais ou que
tenham recebido grau mínimo de intervenção humana, onde podem
ocorrer pesquisa, estudos, monitoramento, proteção, fiscalização e
formas de visitação de baixo impacto. Poderá conter infra-estrutura
estritamente voltadção a às atividades de proteção (Ferreira et al., 2004).
A Zona de proteção da RPPN EVC tem área total de 2.643ha
(43,55% da área total) e está dividida em três blocos, um no limite OesteNoroeste, com 1.074ha; o segundo tem o sentido da drenagem OesteLeste, com 1.103ha, separando o limite Sul da Zona silvestre da Zona de
Recuperação e o menor bloco, com 466ha, localiza-se no limite Sudeste
da unidade de conservação. Estas áreas têm como característica o
excelente estado de conservação da vegetação, mas devido a sua
localização há indícios da incidência de atividades de caça.
As pesquisas poderão ser realizadas independente de terem relação
com o manejo das áreas, porém devem seguir as normas apresentadas no
programa de pequisa. Nesta zona serão implantadas armadilhas
fotográficas para monitoramento da fauna, de acordo com o estabelecido
no programa de pesquisa.
Normas de Uso da Zona de Proteção
•
fiscalização permanente, buscando eliminar a exploração indevida
dos recursos naturais desta área;
•
permitir e incentivar atividades científicas com as autorizações
necessárias;
•
coibir a introdução de espécies exóticas;
•
monitorar a integridade dos recursos naturais;
3.3. Zona de Recuperação
É aquela que contêm áreas consideravelmente antropizadas. Essa
zona é provisória, uma vez restaurada, será incorporada novamente a
uma das Zonas Permanentes. As espécies exóticas introduzidas deverão
122
ser removidas e a restauração deverá ser natural ou induzida. O objetivo
geral de manejo é deter a degradação dos recursos e restaurar a área.
Esta Zona permite uso público somente para a educação (Ferreira et al.,
2004).
A Zona de Recuperação da RPPN EVC possui 1.670ha (27,52% da
área total) e está delimitada entre os blocos 2 e 3 da zona primitiva, bem
como duas pequenas áreas ao Norte (2,13ha) e Nordeste (0,8ha) da
unidade de conservação.
As áreas que se encontram ao longo das estradas e as áreas
situadas nos limites Norte e Nordeste terão sua regeneração incentivada.
O restante da área deverá ser recuperado através da regeneração natural
via banco e chuva de sementes.
Nesta zona de manejo serão implantadas armadilhas fotográficas
para monitoramento da fauna e uma parcela permanente, para
monitoramento da dinâmica vegetacional, de acordo com o estabelecido
no programa de pesquisa.
Normas de uso da Zona de Recuperação
•
fiscalização periódica, buscando eliminar a utilização dos recursos
naturais desta área;
•
implantar sistema de monitoramento para avaliar a recuperação
das áreas;
•
permitir a realização de pesquisas sobre recuperação de áreas
degradadas;
•
incentivar as atividades de recuperação com espécies nativas das
áreas de preservação permanentes;
•
estabelecer os pontos em que haja necessidade de aceleração do
processo de recomposição, tendo como critérios o monitoramento
das áreas.
123
3.4. Zona de Visitação
Esta zona é constituída de áreas naturais, permitindo alguma
forma de alteração humana. Destina-se à conservação a às atividades de
visitação. Deve conter potencialidades, atrativos e outros atributos que
justifiquem a visitação. As atividades abragem educação ambiental,
conscientização ambiental, turismo científico, ecoturismo, recreação,
interpretação, lazer e outros. Esta zona permite a instalação de infraestrutura, equipamentos e facilidades, como centro de visatantes, trilhas,
painéis, mirantes, pousadas, torres, trilhas suspensas, lanchonete,
alojamentos e hotel, para os quais deve-se buscar adotar alternativas e
tecnologias de baixo impacto ambiental (Ferreira et al., 2004).
A Zona de visitação tem área total de 33ha (0,54% da área total) e
está localizada à Sudeste da RPPN EVC. Nesta zona estão implantadas as
quatro (4) trilhas interpretativas (Trilha da Floresta Tropical, Trilha das
Orquideas, Trilha da Plataforma e Trilha do Pau-Brasil) e a infraestrutura para as visitas estabelecidas pelo programa de Educação
Ambiental.
Nesta zona de manejo serão implantadas armadilhas fotográficas,
para monitoramento da fauna. Deve ser também estabelecido uma rotina
de o monitoramento das instalações existentes, de acordo com o
estabelecido no programa de uso público.
Normas de uso da Zona de Visitação
•
todas as atividades deverão necessariamente ser coerentes com os
objetivos de manejo da RPPN EVC;
•
os visitantes, ao chegarem à RPPN EVC, serão cadastrados e
informados dos procedimentos e normas de visitação e segurança;
•
as visitas de grupos deverão ser agendadas com antecedência;
•
a visitação de escolas deverá ser agendada previamente, onde
devem ser fornecidas informações sobre as normas de conduta e
vestuário mais adequado (calça e sapato fechado).
•
evitar a realização de atividades de manutenção em períodos
chuvosos e em épocas de grande visitação;
124
•
nos períodos de visitação intensa a manutenção será restrita aos
casos emergenciais, que coloquem em risco a segurança dos
visitantes, condutores ou a integridade da trilha.
3.5. Zona de Uso Conflitante
Constituem espaços localizados dentro de uma unidade de
conservação, cujos usos e finalidades, estabelecidos antes da criação da
unidade, conflitam com os objetivos de conservação da área protegida.
São áreas ocupadas por empreendimentos de utilidade pública, como
gasodutos, oleodutos, linhas de transmissão, antenas, captação de água,
barragens, estradas, cabos óticos e outros. Seu objetivo de manejo é
contemporizar a situação existente, estabelecendo procedimentos que
minimizem os impactos sobre a Unidades de Conservação.
A zona de uso conflitante da RPPN EVC é coincidente com o
traçado da Estrada Velha de Cabrália, que corta a Unidade de
Conservação no sentido Sul-Nordeste. Sua área é de 10ha (0,17% da área
total) e tem trânsito de veículos tanto de passeio como utilitários, sem
controle de velocidade e horário de passagem. Por ser uma antiga estrada
de acesso ao município de Santa Cruz Cabrália, portanto considerada
Estrada de Servidão, não pode ser controlada pela empresa proprietária.
Seu uso atual, portanto, conflita com o manejo sugerido para a área.
Nesta zona de manejo serão implantadas armadilhas fotográficas
para monitoramento da fauna e haverá a recuperação de taludes, de
acordo com o estabelecido nos programas de pesquisa e proteção,
respectivamente.
Normas de Uso da Zona de Uso Conflitante
•
a fiscalização será intensiva e abrangerá técnicas e rotinas de
monitoramento;
•
os serviços de manutenção da estrada deverão evitar que incidam
sobre trechos de maior vulnerabilidade como no caso das
mussunungas (observar mapa de fragilidade);
125
•
no caso de atropelamentos de animais, a administração deverá
efetuar o respectivo Boletim de Ocorrência;
•
deverá ser realizado monitoramento dos registros de atropelamento
da fauna;
•
deverão ser instaladas placas de sinalização em trechos da estrada
alertando sobre a existência da unidade de conservação;
•
a velocidade máxima permitida no trecho da estrada que corta a
reserva deverá ser de 40 km/h e deverá ser sinalizada.
3.6. Zona de Administração
Preferencialmente localizadas em áreas alteradas e na periferia da
unidade de conservação, conterá todos os serviços e infra-estrutura
admnistrativa. As atividades pertinentes e a infra-estrutura poderão estar
localizadas fora dos limites da RPPN e, nesse caso, não constituirão zona
de administração. Neste Plano de Manejo optamos, portanto, para o uso
do termo Zona de administração, pois grande parte de sua área está fora
da RPPN EVC, o detalhe dessa zona pode na figura 60.
A Zona de administração ocupa somente 6,2ha e está situada, na
sua maior parte, fora da unidade de conservação. Apenas 1ha da Zona de
administração são internos à RPPN que correspondem às estradas
internas, limites da RPPN e as picadas internas dos blocos de fiscalização
(ver Programa de Proteção). As estradas limítrofes foram consideradas
largas o suficiente para justificar a não criação de uma zona de transição
neste plano de manejo, pois estarão servindo como área tampão das
atividades externas.
Na área da Zona de administração externa à RPPN estão
localizadas as infra-estruturas existentes para o manejo da RPPN EVC,
que são: casa dos pesquisadores, laboratório de pesquisa, centro de
visitantes, centro de apoio e o escritório. Nesta área também deverá ser
construída, quando oportuno, a infra-estrutura destinada à recepção de
visitantes e eventos.
Há ainda a presença do harpiário nesta zona, estrutura que foi
implantada quando a área ainda não era uma unidade de conservação e
126
que abriga um indivíduo de Harpia harpyja confiado à antiga Estação
Veracuz após ter sido apreendido pelo IBAMA.
Normas de uso da Zona de Administração
•
a fiscalização será permanente em toda esta zona;
•
não deverão ser abertas novas estradas;
•
não serão permitidos o uso de buzina e o tráfego em velocidade
acima de 40 km/h;
•
as construções, reformas e outras atividades nesta zona deverão
causar o mínimo impacto possível e devem seguir um planejamento
global para a unidade (master-plan);
•
evitar a introdução de espécies exóticas;
•
incentivar as atividades de recuperação com espécies nativas das
áreas em áreas que assim necessitarem.
127
Figura 60 – Detalhe da Zona de Administração
128
Tabela 11 – Área total das zonas de manejo propostas para a Reserva Particular
do Patrimônio Natural Estação Veracel.
Zona de Manejo
Área em Hectares
% da área da RPPN
Zona de Administração
1
0,01
Zona de Uso Conflitante
10
0,17
Zona de Visitação
33
0,54
Zona Recuperação
1.670
27,52
Zona Silvestre
1.712
28,21
Zona de Proteção
2.643
43,55
Total
6.069
100
*(6.069ha da RPPN e 5,2ha do setor administrativo não inseridos na reserva).
129
4. Programas de Manejo
4.1 Programa de Proteção
Objetivo
O Programa visa a conservação da biodiversidade e manutenção
da dinâmica dos ecossistemas, a proteção do patrimônio históricocultural e a segurança dos visitantes, do patrimônio imobiliário e dos
equipamentos existentes na RPPN EVC.
Resultados Esperados
•
Rotinas de rondas estabelecidas e implantadas;
•
Responsáveis equipados e capacitados;
•
Sistema de prevenção e combate aos incêndios implementado;
•
Ações de controle e prevenção de erosões implementadas;
•
Ações
para
supressão
de
caça
e
coleta
ilegal
de
plantas
implementadas;
•
Trilhas e acessos em constante manutenção;
•
Estrada municipal causando menor impacto possível;
•
Cercas em constante manutenção;
•
Placas em pontos limítrofes estratégicos da RPPN instaladas;
•
Manejo adequado da infra-estrutura conflitante; e
•
Manejo de resíduos sólidos na área da RPPN EVC definido e
implantado.
Atividades e Normas
1. Realizar rondas de fiscalização
•
As rondas de fiscalização deverão ser realizadas com ênfase nos
dezessete blocos estipulados para a proteção da RPPN EVC (Figura
61) e ao longo dos limites da RPPN EVC;
130
•
Os
responsáveis
pela
realização
das
rondas
deverão
ser
capacitados para o desempenho das atividades que se seguem,
conforme citado no Programa de Administração;
•
A periodicidade das rondas será diária, com a realização semanal
de atividades mais detalhadas nos blocos onde forem identificadas
ocorrências de irregularidades.
Figura 61 – Mapa de vegetação com os 17 blocos definidos para a
fiscalização e monitoramento da RPPN Estação Veracel.
131
2. Equipar e preparar as pessoas para as atividades de proteção e
fiscalização
•
Os responsáveis deverão receber treinamento específico, conforme
citado no Programa de Administração;
•
É recomendável a adoção de uniformes e equipamentos de
segurança para cada atividade, conforme descrito no Subprograma
de Infra-estrutura e Equipamentos.
3. Implementar um sistema de prevenção e combate a incêndios
florestais
3.1
Abrir e manter aceiros nos limites da propriedade e da
RPPN EVC
•
As estradas nos limites da propriedade podem servir como aceiros,
facilitando as ações de fiscalização;
•
Os aceiros deverão ter, no mímino, três metros de largura, abertos
preferencialmente com roçadeira e ferramentas manuais, tomando
os cuidados necessários para evitar erosões;
•
Os aceiros deverão receber manutenção anual, antes do período de
queimadas na região.
3.2
Capacitar o gestor da RPPN EVC e a equipe de
fiscalização para atuar na brigada de incêndios
•
Todo o pessoal que for atuar no combate aos incêndios deverá
receber treinamento específico já realizado em outras divisões da
Empresa;
•
É importante também capacitar pessoal de apoio à brigada para o
transporte de água, alimentos, ferramentas, entre outros;
•
Recomenda-se o estímulo à formação de uma brigada de incêndio
composta por funcionários da empresa e moradores das fazendas
vizinhas visando o controle e combate a incêndios, não só da RPPN
EVC como na região.
132
3.3 Adquirir e manter em bom estado os equipamentos de
combate a incêndios, bem como os equipamentos individuais
dos brigadistas
•
Os
equipamentos
devem
ser
de
boa
qualidade
e
receber
manutenção periódica.
3.4 Registrar as ocorrências de incêndios em relatórios
específicos,
para
o
permanente
aprimoramento
das
estratégias e acompanhamento dos impactos causados
•
A ocorrência de incêndio deverá ser registrada no sistema digital
dos palm-tops utilizados na fiscalização da RPPN EVC, gerando
relatórios mensais que indiquem as áreas mais vulneráveis;
•
É importante comunicar ao Ibama as ocorrências de incêndios,
descrevendo de onde surgiram, as possíveis causas e as áreas
atingidas.
3.5 Buscar parcerias com instituições ambientais
•
O Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios
Florestais (PREVFOGO/IBAMA) poderá orientar a confecção dos
aceiros, bem como apoiar na capacitação dos brigadistas;
•
As queimadas não autorizadas deverão ser denunciadas;
•
Estratégias conjuntas com a Prefeitura Municipal, Associação
locais de produtores rurais, proprietários vizinhos e outros
parceiros poderão otimizar as ações.
3.6 Torres para observação de focos de incêndios
•
Verificar se o sistema de vigilância da empresa já contempla a
RPPN EVC de forma satisfatória. Caso contrário deve-se realizar
levantamento para instalação de torres para observação de focos de
incêndio,
estando
preferencialmente
nos
estes
limites
equipamentos
externos
ou
recuperação e/ou administrativa da RPPN EVC;
133
nas
localizados
zonas
de
•
As torres deverão ser usadas pelos responsáveis pelas rondas, em
alguns períodos do dia e nas épocas de maior incidência de
incêndios.
4. Implementar ações de prevenção e controle de erosões nas
estradas internas e trilhas da RPPN EVC
•
A abertura de novas estradas ou trilhas deverá ocorrer em locais
estáveis. Quando alagados, recomenda-se a construção de pontes
rústicas, passarelas suspensas ou similares;
•
Deverão ser adotadas ações de redução da velocidade de águas
pluviais a fim de diminuir sua capacidade de carrear o solo. O
manejo de troncos e galhos caídos constitui ótima barreira tanto
para diminuir a velocidade da água, como para fechar atalhos e
caminhos paralelos;
•
No caso das trilhas o material orgânico do solo não deve ser
retirado totalmente, pois forma uma camada natural de proteção
ao impacto mecânico da chuva, prevenindo erosões;
•
A drenagem deverá ser feita por meio de canais laterais, em sentido
perpendicular ou diagonal (tanto em nível, quanto subterrâneo);
•
Valas e barreiras oblíquas à superfície das estradas internas
deverão ser adotadas facilitando o escoamento e diminuindo a
velocidade da água;
•
A largura das estradas e trilhas deve ser planejada conforme o tipo
de solo e declividade do terreno e afunção das mesmas. Quanto
menor a largura, menor a área impactada, conseqüentemente,
menor o impacto ambiental;
•
Todas as trilhas e estradas internas deverão receber constante
manutenção quanto às medidas de contenção de erosões.
4.1. Realizar um levantamento e monitoramento permanente
de áreas suscetíveis à erosão
•
Deverá ser feito um levantamento de áreas mais vulneráveis aos
focos de erosões;
134
•
Deverão receber especial atenção as áreas onde foram instalados
equipamentos de apoio;
•
Deverá haver um acompanhamento dos pontos de erosão que já
sofreram intervenções.
5. Realizar ações de proteção e recuperação das Áreas com
Problemas de Regeneração Natural
•
Deverão ser estudadas ações para recompor a área onde houve
retirada de cascalho próxima ao limite Nordeste da RPPN EVC;
•
As espécies a serem utilizadas no processo de regeneração deverão
ser indicadas por um especialista na flora da RPPN EVC, além do
uso
de
técnicas
específicas
para
auxiliar
o
processo
de
regeneração, como a hidrosemeadura;
•
Estas intervenções deverão ser feitas sob orientação de um
especialista.
6. Implementar ações para supressão da caça, pesca e coleta
ilegal de plantas
•
As rondas devem ser intensificadas nos limites da RPPN, bem como
nos blocos localizados nas zonas de manejo de recuperação e
primitivas da RPPN EVC;
•
A pesca deverá ser proibida na RPPN;
•
Intensificar
as
atividades
de
educação
ambiental
com
a
comunidade vizinha.
6.1. Registrar as ocorrências em um relatório de ronda
•
Toda ocorrência deverá ser registrada no sistema de fiscalização
através do uso dos palm-tops, a fim de gerar um relatório semanal,
apontando os pontos críticos e reincidentes e as ações que devam
ser implementadas.
6.2.
Encaminhar
denúncias
competentes
135
aos
órgãos
governamentais
•
As ocorrências registradas deverão ser encaminhadas ao Ibama,
conforme legislação vigente.
7. Realizar a permanente manutenção das trilhas
•
Identificar os pontos com possibilidade de acidentes com visitantes
nas trilhas do Programa de Uso Público, realizando manutenção e
monitoramento dos mesmos para evitá-los.
8. Implementar mudança no traçado da Estrada Velha de Cabrália
•
Apresentar para a comunidade e tomadores de decisão locais o
estudo realizado para mudança do traçado da Estrada Velha de
Cabrália;
•
Implementar ações discutidas na apresentação para fechamento da
estrada junto ao Ibama e as comunidades locais.
9. Realizar a instalação e manutenção das cercas
•
As áreas de pastoreio limítrofes à propriedade deverão ser
cercadas, impedindo a dispersão dos animais e evitando o pisoteio,
a disseminação de espécies de capim exótico e de parasitas;
•
É proibida a permanência de gado e demais animais domésticos na
área da RPPN EVC.
10. Instalar placas de identificação da RPPN em pontos limítrofes
e/ou estratégicos.
•
Conforme descrito no Programa de Uso Público.
11. Retirada de infra-estrutura conflitante com uso atual da RPPN
EVC
•
Demolir todas as infra-estruturas anteriormente utilizadas para a
manutenção
da
fauna
silvestre
(antigo
Criadouro
Conservacionista), retirando da região os escombros, bem como as
guaritas/casas abandonadas e/ou em ruínas existentes na área da
RPPN EVC.
136
12. Realizar retirada dos resíduos sólidos da área da RPPN EVC
•
Os resíduos sólidos deverão ser dispostos separadamente, através
de um programa de coleta seletiva em todas as instalações
existentes e, semanalmente, retirados da área da RPPN EVC;
•
O programa de Educação Ambiental da RPPN EVC deverá elaborar
material explicativo sobre o programa para ser divulgado no Centro de
Visitantes e na casa dos pesquisadores.
3.2 Programa de Pesquisa
O conhecimento sobre os ecossistemas e os processos que os
influenciam é uma condição necessária para a preservação da
biodiversidade em longo prazo. A compreensão dos processos
ecológicos permite que as ações de manejo sejam adequadas às
características da biota local. As RPPN's possuem como objetivo
principal a conservação da diversidade biológica (MMA, 2000) e,
dentro das atividades legalmente permitidas nas RPPN's, a Veracel
Celulose decidiu privilegiar a realização de pesquisas científicas em
biodiversidade e ações de Educação Ambiental.
Para cumprir este objetivo de Conservação da Biodiversidade a
Estação Veracel delineou um Programa de Pesquisa (PP-EVC) a ser
desenvolvido dentro de sua área e entorno.
Objetivos
O objetivo do Programa é estimular a geração de conhecimentos
sobre processos biológicos relacionados à Biodiversidade da Mata
Atlântica, aproveitando-os como subsídio aos instrumentos de manejo
da unidade de conservação e às ações de educação ambiental. Além
disso, pretende-se fortalecer a atividade de pesquisa na RPPN EVC,
para que esta se transforme em referência regional, nacional e
internacional na geração de conhecimento sobre a biodiversidade da
Mata Atlântica.
137
Para atender a demanda de pesquisas em biodiversidade na
RPPN EVC foi realizada uma oficina no dia 17 de agosto de 2006 no
centro de visitantes da Estação Veracel (Anexos II – Oficina para
Elaboração do Programa de Pesquisa da RPPN Estação Veracel). O
intuito da oficina, que contou com a participaçao de 20 profissionais,
foi consultar a comunidade científica para que o PP-EVC seja uma
ferramenta eficiente na execução de estudos que contribuam para o
conhecimento e a conservação da Mata Atlântica.
Diretrizes gerais do Programa de Pesquisa da Estação Veracel
A RPPN EVC procura viabilizar a realização de estudos em sua
área e espera, em contrapartida, que os pesquisadores se empenhem e
contribuam de forma efetiva no cumprimento das metas da Estação.
Os pesquisadores participantes do PP-EVC deverão incluir nos seus
projetos atividades de comunicação para divulgação das pesquisas e
de seus resultados ao público em geral e disponibilizar algum tempo,
durante sua estadia em campo, para auxiliar em atividades de
educação
ambiental
desenvolvidas
na
reserva
(detalhes
no
Regulamento do Programa de Pesquisa).
Os estudos a serem realizados dentro da RPPN EVC serão
regidos por normas próprias, visando a convivência harmônica entre
diferentes grupos de pesquisa e o retorno das pesquisas científicas
como subsídio para a conservação da biodiversidade. O Programa de
Pesquisa contará com um conselho técnico que auxiliará na
administração e na definição de prioridades de pesquisa.
A captura e coleta de material biológico são fundamentais para
elucidar algumas questões científicas, porém a necessidade e a
conveniência das mesmas nos projetos a serem desenvolvidos dentro
da RPPN será alvo de análise rigorosa.
138
Apoios, incentivos e facilidades para Pesquisas Científicas na
RPPN Estação Veracel
Será dada especial ênfase ao estímulo e facilidades para
impulsionar a realização de pesquisas na RPPN EVC, espcialmente
com envolvimento de estudantes e jovens pesquisadores. Com esta
aproximação espera-se criar uma associação profissional-afetiva entre
os estudantes/pesquisadores e a reserva, buscando estimular a
continuidade
dos
estudos
ao
longo
de
sua
carreira
como
pesquisadores. É de grande interesse que sejam desenvolvidos na
Estação projetos de iniciação científica, monografias, dissertações,
teses, cursos e disciplinas e serão incentivados grupos de pesquisas
que se proponham a desenvolver estudos de longo prazo.
Para atingir seus objetivos o PP-EVC tem como meta tornar-se
parceira das instituições de pesquisa e ensino, com forte ênfase
àquelas de âmbito regional e aos seus programas de pós-graduação. A
Veracel Celulose disponibilizará em seu orçamento anual recursos
para a realização de estudos considerados prioritários na Estação
Veracel e buscará firmar convênios com instituições de fomento de
pesquisa, visando atrair aportes adicionais de recursos para esta
finalidade.
Para estimular o uso de sua área, a RPPN EVC disponibiliza aos
pesquisadores um alojamento com estrutura completa. Atualmente o
alojamento comporta confortavelmente 12 pessoas e possui acesso à
rede mundial de computadores e, para contribuir na elaboração das
pesquisas, a RPPN disponibilizará para consulta um banco de dados
com os resultados dos estudos (ex. relatórios, artigos, listas de
espécies) e outras informações básicas sobre a área (material
cartográfico e séries temporais de clima, entre outras).
A RPPN EVC entende que a publicação dos resultados de
pesquisas em periódicos e eventos reconhecidos é parte integrante e
fundamental do método científico, portanto apoiará a divulgação de
resultados de pesquisas desenvolvidas dentro de sua área.
139
Linhas Preferenciais para pesquisas
A RPPN EVC reconhece que todo o conhecimento científico é
importante, porém em seu Programa de Pesquisa serão incentivadas,
prioritariamente, linhas de pesquisa relacionadas a lacunas de
conhecimento sobre a bodiversidade regional (Tabela 11) e/ou que
contribuam para orientar o manejo da unidade. Como linhas de
pesquisa de especial interesse constam:
(a) Inventários biológicos
A Estação Veracel prioriza inventários de grupos biológicos
menos conhecidos na área, que contribuam para o aperfeiçoamento
das listagens taxonômicas existentes, que produzam registros georeferenciados e que gerem informações sobre a ecologia e biologia das
espécies (ver Diagnósticos de fauna e flora), sua distribuição espacial
e estimativas de abundância (Tabela 12). Os projetos de inventário da
biota devem apresentar diretrizes que garantam a qualidade dos
resultados, evitando-se a coleta desnecessária de espécimes.
Os grupos taxonômicos prioritários para inventários são:
pequenos
mamíferos,
incluindo
morcegos,
peixes,
répteis
(principalmente serpentes e lagartos arborícolas) e invertebrados (ver
Diagnóstico da fauna), os outros grupos de vertebrados necessitam de
estudos mais específicos para confirmação de registros e quantificação
das populações.
Além de inventários biológicos sistemáticos, uma sugestão é
testar a utilização de registros de espécies pelos funcionários da
unidade por meio do sistema digital dos palm-tops utilizados na
fiscalização da RPPN EVC. Para isso seria necessário o treinamento
dos funcionários.
(b) Auto-ecologia de espécies ameaçadas
A maioria das iniciativas conservacionistas é baseada em
inferências sobre as necessidades das espécies em foco. Para diminuir
140
as incertezas sobre os requisitos das espécies e tornar as iniciativas
conservacionistas eficazes, a RPPN incentiva estudos que contemplem
a biologia básica e transformem tais conhecimentos em subsídios /
ações para conservação (ex:. avaliação da qualidade do habitat,
análise de viabilidade populacional, implementação de corredores,
estudos de dinâmica populacional, entre outros).
(c) Influências Antrópicas sobre a Biodiversidade
A RPPN é uma "ilha" de Mata Atlântica rodeada por áreas
abertas e silvicultura de eucalipto. A RPPN possui na sua proximidade
dois núcleos urbanos que exercem uma intensa pressão de caça e
extrativismo sobre a biota. Além disso, a reserva é atravessada por
uma estrada municipal que potencializa tais ameaças. O PP-EVC
estimula a realização de estudos que avaliem, quantifiquem, ofereçam
alternativas para a minimização e/ou a eliminação dos fatores
prejudiciais ao desenvolvimento dos processos biológicos naturais ou
ameacem as espécies presentes.
(d) Ecologia de Populações e Comunidades
O
conhecimento
da
dinâmica
das
populações
e
das
comunidades biológicas é fundamental para a compreensão dos
mecanismos que afetam a biodiversidade nos âmbitos local e regional.
Para melhor elucidar estes processos o PP-EVC apoiará estudos que
enfoquem dinâmica e estrutura de populações e comunidades,
especialmente de espécies ameaçadas, endêmicas e espécies-chave.
(e) Ecologia de Paisagem
Tendo em vista a importância da RPPN no contexto da paisagem
fragmentada da região, o PP-EVC incentivará estudos que avaliem os
efeitos da insularização sobre elementos da biota, considerando-se de
forma explícita a sua estrutura e contextualização espacial e a
interação espaço-temporal nos processos ecológicos.
141
(f) Interações ecológicas
A RPPN possui carência em estudos que contemplem interações
ecológicas. A investigação das interações é incentivada dentro da área
da
Estação
Veracel,
especialmente
com
referência
a
espécies
ameaçadas. Estudos avaliando dispersão, competição, predação,
mutualismos e relações com meio físico são importantes linhas
temáticas dentro do PP-EVC.
(g) Monitoramento
Estudos
que
avaliem
o
comportamento
e
dinâmica
dos
ecossistemas, em longo prazo, são fortemente incentivados pela RPPN
EVC. Programas dessa natureza já estão sendo propostos através do
monitoramento com armadilhas fotógraficas e pelo estabelecimento de
parcelas pemanentes de amostragem de vegetação. A Estação Veracel
está avaliando a exeqüibilidade da montagem, em sua propriedade, de
uma parcela de estudos de longo prazo. A instalação deste tipo de
parcelas requer aporte significativo de recursos e equipes técnicas
com treinamento especializado. A criação, manutenção e utilização de
parcelas permanente são procedimentos complexos e só poderá ser
efetuado através de parceria entre a RPPN e instituições/programas
de pesquisa que atuem nessa linha.
142
Tabela 12 – Diretrizes para os projetos que contemplem a Biota dentro da
RPPN Estação Veracel.
Linhas
Exemplo de
preferenciais
temas de
Diretrizes, Observações e Tópicos
interesse
Geo-referenciamento dos registros. Os
registros das espécies devem possuir
coordenadas geográficas (seguindo as normas e
o Datum previsto no regulamento do PP-EVC).
Na impossibilidade deste procedimento o
registro deve ser realizado utilizando-se os
blocos previamente demarcados e outros
pontos referenciais que permitam sua
localização aproximada (ver figura 60).
Inventários
Biológicos
Grupos pouco
Representatividade espacial. As coletas
estudados e
devem, idealmente, serem distribuídas
complementação
espacialmente de forma a representar a
de listas de
heterogeneidade da área (suas diferentes
espécies
tipologias / hábitats). Nos casos em que o
objetivo do estudo seja o de investigar uma
tipologia em especial, os pontos de coleta
devem ser alocados de forma a retratar a
distribuição das espécies dentro da referida
tipologia e uso do hábitat.
Suficiência amostral. O esforço amostral
deve ser suficiente para permitir estimativas
robustas de densidade ou abundâncias
relativas das espécies
Impactos
Caça
Quantificação e espacialização da pressão de
caça e avaliação do seu impacto sobre a fauna
Antrópicos
da RPPN;
Extrativismo
Quantificação e espacialização do extrativismo
vegetal e avaliação do seu impacto sobre as
espécies, populações e comunidades;
143
Linhas
Exemplo de
preferenciais
temas de
Diretrizes, Observações e Tópicos
interesse
Espécies
Identificação, quantificação, avaliação da
Invasoras
agressividade, mensuração dos impactos sobre
espécies nativas, determinação dos fatores que
facilitam o estabelecimento e indicação de
estratégias e ações para a
erradicação/controle.
Recuperação e
Desenvolvimento e aplicação de estratégias
restauração
eficientes de recuperação e/ou restauração das
florestal
áreas perturbadas dentro da RPPN.
Espécies de uso
Identificação e manejo sustentável de espécies
econômico
com potencial econômico.
Espécies exóticas Avaliação do impacto da predação sobre
espécies nativas por animais domésticos
Efeitos de fogo
Quantificação, periodicidade e facilitadores de
fogo sobre a biota e avaliação de medidas
mitigadoras.
Auto ecologia
Efeitos de
Quantificação, origem e impactos de
agrotóxicos
Agrotóxicos sobre a biota.
Impacto das
Quantificação de atropelamentos, erosão,
estradas
efeitos sobre a vegetação e medidas mitigadoras
Biologia
Com especial ênfase em espécies ameaçadas,
reprodutiva
espécies-chave e espécies indicadoras
Uso do espaço
Dinâmica
populacional
Hábitos
Ecologia de
Regeneração
Com especial ênfase em espécies ameaçadas,
Populações
natural
espécies-chave e espécies indicadoras.
Dinâmica
Populacional
Estrutura
Populacional
Ecologia de
Estrutura de
Ênfase em predadores, grupos de espécies
Comunidades
comunidades
bandeira e/ou indicadoras
Comunidades de água doce
144
Linhas
Exemplo de
preferenciais
temas de
Diretrizes, Observações e Tópicos
interesse
Investigação de processos sucessionais
Dinâmica de clareiras
Relação água-floresta
Fatores de manutenção , geração e/ou declínio
da diversidade
Ecologia de
Efeitos de borda
Avaliar como os padrões e os processos
Paisagem
Insularização e
ecológicos interagem com a composição e
Conectividade
configuração da paisagem.
Relação com
outro fragmentos
Interação solo e
paisagem
Interações
Polinização
Buscar a compreensão de interações inter-
entre espécies
Frugivoria
específicas e seu papel na manutenção dos
Predação e
padrões e processos ecológicos
Dispersão de
sementes
Predação
Resultados Esperados
•
RPPN EVC reconhecida como Centro de Referência em pesquisa
sobre a biodiversidade da Mata Atlântica;
•
Atividades de pesquisa constante dentro e na zona de influência da
unidade;
•
Estabelecimento de parcerias e cooperação com universidades,
centros de pesquisa e órgãos públicos para o desenvolvimento de
projetos de pesquisa;
•
Utilização da infra-estrutura da RPPN EVC para o treinamento e
realização de cursos de campo pelas universidades;
•
A
RPPN
EVC
como
parte
integrante
de
um
sistema
de
monitoramento da biodiversidade na região;
•
Elaboração e implantação de um banco de dados sobre a
biodiversidade da RPPN EVC e um banco de dados para o controle
145
de pesquisas desenvolvidas na reserva;
•
Criação e estabelecimento de um Comitê de Pesquisa para auxiliar
a implementação do PP-EVC.
3.3 Programa de Uso Público
O Programa de Uso Público da RPPN EVC pretende ordenar,
orientar e direcionar o uso da unidade pelo público, sem alterar
significativamente os recursos naturais.
Objetivos
•
Desenvolver no público o entendimento sobre os princípios e
valores da conservação;
•
Enriquecer a experiência do visitante com programas de educação
e interpretação;
•
Promover oportunidades apropriadas e infra-estrutura para o
desenvolvimento de atividades educacionais;
•
Desenvolver, através da pesquisa, um melhor entendimento dos
valores naturais e culturais, processos e impactos;
•
Aperfeiçoar o manejo através da análise das expectativas e
satisfação do visitante em relação ao uso público;
•
Minimizar os impactos negativos dos programas de manejo,
controlando o uso, acessos e as facilidades oferecidas através da
infra-estrutura;
•
Implantar rotinas que garantam a segurança do visitante durante
sua estada na RPPN EVC;
•
Estimular na comunidade local a consciência e o entendimento
sobre os valores naturais da RPPN Estação EVC;
•
Assegurar que os objetivos de manejo sejam alcançados através da
efetivação das normas e ações propostas e com o melhor custobenefício.
146
O Programa de Uso Público é composto pelos seguintes Subprogramas, que serão descritos nas próximas páginas:
1. Subprograma de Interpretação e Recreação
2. Subprograma de Educação Ambiental
3. Subprograma de Capacitação
4. Subprograma de Monitoramento do Uso Público
5. Subprograma de Manutenção de Trilhas
Sub-programa de Interpretação e Recreação
Objetivos
•
Proporcionar aos visitantes oportunidades de interpretação e
recreação em ambiente natural, compatíveis com os objetivos de
manejo e recursos da RPPN EVC, associadas à informação e
interpretação ambientais;
•
Atingir um público-alvo voltado, principalmente, à atividade
educacional, com oferta de opções de educação e recreação em
contato com o ambiente natural;
•
Garantir a segurança dos visitantes e condutores, através da
presença institucional em todas as áreas de uso público e da
disponibilização de equipamentos e normas de segurança.
Atividades
•
As atividades interpretativas e recreacionais que podem ser
realizadas na RPPN EVC incluem: caminhadas de um dia,
experiências sensoriais diretas (colocar o ouvido em árvores,
escutar o canto dos diferentes pássaros, apalpar folhas, sentir
diferentes texturas etc), contemplação, fotografia, observação da
fauna e flora;
•
As atividades interpretativas podem ser contempladas no centro de
visitantes; durante o percurso pelas trilhas, através de monitores,
guarda-parques
e/ou
folhetos;
147
e
através
de
uma
trilha
interpretativa;
•
Para garantir a proteção do recurso e a qualidade da experiência do
visitante, deverá ser realizado o monitoramento do uso público,
através de indicadores que refletem o impacto no ambiente natural,
na infra-estrutura disponibilizada para o visitante, e na satisfação
do mesmo em relação à qualidade da visitação (percepção de
lotação, reclamações, número de encontros entre grupos nas
trilhas etc.).
Normas
•
Todas as atividades deverão necessariamente ser coerentes com os
objetivos de manejo da RPPN EVC;
•
A visitação ocorrerá de segunda à sábado, das 08h00 às 17h00, e a
médio prazo as visitas poderão ocorrer também aos domingos;
•
Apenas poderão permanecer na RPPN EVC, fora do horário de
visitação (08:00 às 17:00), pessoas autorizadas pela administração;
•
Os visitantes, ao chegarem à RPPN EVC, serão cadastrados e
informados dos procedimentos e normas de visitação e segurança;
•
As visitas de grupos deverão ser agendadas com antecedência;
•
O sistema de sinalização e interpretação deve propiciar o
enriquecimento da experiência ambiental do visitante, além de
integrar-se à paisagem;
•
Atividades de terceiros deverão ser cadastradas e autorizadas pela
administração da RPPN EVC, como comércio de alimentos,
artesãos, serviços regulares de transporte, guias autônomos etc.;
•
Para garantir que as atividades de uso público sejam benéficas
tanto ao visitante como à unidade, os funcionários deverão receber
treinamento específico para cada caso (manejo de visitantes;
primeiros-socorros).
148
Sub-programa de Educação Ambiental
Objetivos
O
Sub-programa
visa
formar
cidadãos
com
uma
visão
conservacionista, por meio de atividades que reforcem a visão da
RPPN EVC como área núcleo do Corredor Central da Mata Atlântica e
como área relevante para a proteção de espécies e ecossistemas
ameaçados da Mata Atlântica.
Resultados Esperados
•
Adoção pelos visitantes de técnicas de mínimo impacto e o
desenvolvimento de ações que possibilitem a manutenção dos
recursos naturais;
•
Diminuição das atividades conflitantes com o entorno da RPPN
EVC;
•
RPPN EVC reconhecida como Centro de Referência em Educação
Ambiental para a região;
•
Escolas do entorno da RPPN EVC atendidas integralmente pelo
Sub-programa de Educação Ambiental;
•
Reconhecimento
da
Harpia
(Harpya
harpyja)
como
espécie
ameaçada pela comunidade local e que necessita de proteção
especial para sua manutenção.
Normas Gerais para as atividades de Educação Ambiental
•
A RPPN será aberta para visitação das 8h às 18h, exceto em casos
especiais, como a prática de observação de fauna e observação
astronômica;
•
Os visitantes que realizarão atividades diferenciadas, necessitando
de
horários distintos de
visitação, deverão
ser autorizados
previamente pela administração;
•
Todos os visitantes deverão necessariamente passar pelo Centro de
Visitantes e receber instruções sobre as atividades oferecidas e as
condutas obrigatórias para o uso da área;
149
•
Os visitantes deverão ser advertidos de que somente poderão
desfrutar das áreas destinadas à Educação Ambiental, evitando
assim comprometer a integridade e recuperação das áreas
naturais, o exercício dos programas de pesquisa e sua própria
segurança.
Atividades
1. Sistematizar as visitas das escolas
•
O contato com as escolas do entorno da RPPN EVC deverá ser
realizado
pelo
coordenador
do
programa,
visando
elaborar
calendário de visitas;
•
No primeiro ano de implementação do Plano de Manejo será
atendida uma escola por semana, atingindo, ao final de cinco (5)
anos, três visitas por semana;
•
As escolas que agendarem visitas à RPPN EVC deverão preencher
cadastro antes da realização das atividades, identificando a
importância da visita para os trabalhos escolares.
2. Produzir e distribuir materiais educativos
•
Os materiais a serem produzidos pelo Sub-programa de Educação
Ambiental terão como tema a RPPN EVC, suas espécies e
características
que
a
tornam
uma
área
prioritária
para
a
conservação da Mata Atlântica;
•
Para a elaboração dos materiais educativos a RPPN EVC deverá
contratar especialistas na área;
•
Disponibilizar informações sobre as técnicas de mínimo impacto,
por meio de folhetos ou cartazes;
•
Os materiais serão distribuídos gratuitamente para os visitantes do
programa;
•
Criar e atualizar página na Internet sobre a RPPN EVC.
150
3. Instalar material ilustrativo
•
Painéis ilustrados, contendo informações sobre a região, atrativos e
atividades desenvolvidas deverão ser instalados no Centro de
Visitantes;
•
Os mapas devem conter informações sobre a RPPN e a região da
Mata Atlântica do Sul da Bahia.
4. Formar educadores
•
A coordenação do Sub-programa de Educação Ambiental da RPPN
EVC organizará, em conjunto com as Secretarias Municipais de
Educação, o cronograma anual do programa de formação de
educadores;
•
A atividade de formação de educadores contará com visitas
orientadas, atividades educativas e recreativas, utilizando-se dos
recursos audiovisuais disponíveis no centro de visitantes e também
dos atrativos naturais acessados por trilhas abertas à visitação;
•
Nos dois primeiros anos de implantação do Plano de Manejo este
Sub-programa dará prioridade para os educadores da área de
entorno da RPPN EVC;
•
Assessorar municípios para inclusão da Educação Ambiental no
currículo formal;
•
Estabelecer parcerias com as diversas organizações locais (ONGs,
Associações, Poder Público) para o desenvolvimento das atividades
de educação ambiental com a comunidade localizada na zona de
influência da RPPN EVC.
5. Organizar eventos em datas comemorativas
•
Sugere-se, para estas ocasiões, a divulgação e celebração de datas
especiais ligadas ao meio ambiente e cultura, aniversário das
cidades do entorno aproveitando as datas que já são comemoradas
na região ou sugerindo novas, como as citadas na Tabela 13.
151
Tabela 13 – Datas comemorativas sugeridas para atividades especiais da
RPPN Estação Veracel.
Mês
Dia
Comemoração
Janeiro
6
Dia de Reis
Março
1
Dia do Ecoturismo
19
Dia do Artesão
21
Dia Mundial das Florestas
21
Dia Nacional da Terra
22
Dia Mundial da Água
Maio
22
Dia da Biodiversidade
Abril
15
Dia Nacional da Conservação do Solo
Junho
05
Dia Mundial do Meio Ambiente
17
Dia de Proteção Florestal
Agosto
14
Dia do Combate à Poluição
Setembro
21
Dia da Árvore
22
Dia da Defesa da Fauna
04
Dia da Natureza e Dia de São Francisco de Assis – patrono da Ecologia
Outubro
Novembro
Dezembro
05
Dia das Aves
12
Dia das Crianças
15
Dia do Educador Ambiental
05
Dia da Cultura e da Ciência
20
Dia da Consciência Negra
22
Dia da Música
30
Dia do Estatuto da Terra
05
Dia Internacional do Voluntário
6. Implementar cursos de capacitação
•
Todo o pessoal técnico contratado para atuar no programa de
Educação Ambiental deverá receber treinamento específico;
•
O
Sub-programa
de
Educação
Ambiental
promoverá
semestralmente cursos de capacitação para estagiários, estudantes
universitários e voluntários para aplicação de técnicas de mínimo
impacto e orientação ao visitante.
152
Públicos prioritários
•
Educadores e estudantes das escolas públicas rurais do entorno
da RPPN EVC e, posteriormente, dos municípios da área de
influência do empreendimento Veracel;
•
Lideranças comunitárias do entorno da RPPN EVC;
•
Funcionários da Veracel, prestadores de serviço e familiares;
•
Estudantes universitários em graduação nos temas educação,
turismo e meio ambiente.
Metodologia
A implantação de um Programa de Educação Ambiental requer
uma compreensão básica sobre vários aspectos das decisões que são
tomadas, por que, e por quem. A educação ambiental pode apoiar
esses
processos,
ajudando
atores
chaves
a
entenderem
e
a
valorizarem a biodiversidade, traduzindo conceitos sobre ciência,
economia, e planos de gestão para diversos públicos, tais como
educadores, proprietários, fazendeiros ou políticos. Todo processo
participativo requer parceiros que compartilhem uma linguagem
básica sobre a conservação e o meio ambiente e a educação ambiental
pode e deve ajudar a igualar o terreno para que todos integrantes dos
processos de conservação possam saber o que se espera deles e o que
podem ganhar com a participação na conservação.
Na RPPN EVC dentre as espécies raras registradas a de maior
destaque no cenário da conservação da biodiversidade é a presença da
Harpia harpyja. O marco conceitual para a construção do Subprograma de Educação Ambiental deverá levar em consideração o
conhecimento e as pesquisas realizadas sobre esta e outras espécies
endêmicas e/ou raras presentes na unidade estabelecendo uma
relação direta entre a condição atual de ameaça destas espécies com
as condições de fragmentação do bioma Mata Atlântica. A espéciebandeira selecionada e suas interações ecológicas serão o temagerador do conhecimento e aprimoramento do conhecimento sobre a
conservação da biodiversidade.
153
No processo de elaboração dos materiais didáticos e de
divulgação, na construção e aplicação das atividades educativas e de
recreação
será
considerada
a
realidade
local,
respeitando,
incorporando e valorizando o conhecimento dos públicos sobre estas
espécies e sobre a própria Mata Atlântica. Por essa razão, a partir dos
resultados do levantamento do perfil dos públicos prioritários da
RPPN EVC deverão ser discutidas as perspectivas tanto na elaboração
dos materiais de apoio, bem como das metodologias mais apropriadas
para a capacitação desses públicos.
Monitoramento e avaliação
O objetivo do monitoramento e avaliação de um Programa de
Educação Ambiental numa área protegida é compreender as relações
que se estabelecem entre os visitantes e as áreas naturais para
melhorar o manejo do uso público dessas unidades de conservação e
de que forma o que foi apreendido durante a visitação poderá ser
aplicado na vida cotidiana dos visitantes.
Ao conhecer as características básicas dos visitantes podemos
compreender melhor quem, quantos, quando, onde e de que modo
essas pessoas recebem/percebem os benefícios das áreas silvestres.
Estas
informações
ajudam
os
políticos,
administradores
e
pesquisadores a compreenderem o comportamento dos usuários, bem
como as causas e potenciais soluções dos impactos ecológicos e
recreativos causados pelos visitantes.
A diversificação das atividades educativas e recreativas, a
divulgação da área protegida e outros fatores geram o aumento da
visitação nas unidades de conservação, tornando necessário que os
métodos de avaliação do uso público sejam testados e melhorados no
que se refere ao uso de indicadores que possam realmente avaliar os
efeitos sociais da visitação.
O valor ecológico e a integridade dos ecossistemas naturais têm
recebido maior atenção, na avaliação e seleção de indicadores. No
caso das experiências humanas, no que se refere às atividades de
154
recreação e educação ambiental, não existem indicações do que
poderia ser considerada uma experiência de qualidade. Devido à falta
de clareza do que se deseja com as condições sociais nas áreas
naturais protegidas brasileiras, a experiência do visitante é avaliada
de forma diversificada, desde a satisfação pelos serviços oferecidos no
local, denotando uma relação mais comercial, até abordagens mais
adequadas, onde se avalia a experiência no local, como oportunidades
para a privacidade.
Para avaliar a qualidade da experiência do visitante numa
unidade de conservação é proposto que sejam utilizadas entrevistas,
dando um enfoque quanti-qualitativo na análise dos dados. O
conhecimento adquirido sobre os visitantes, como suas motivações,
expectativas, desejos, informações sobre o local e outras referências
tornaram possível a identificação de potenciais indicadores dos
impactos do uso público que poderão ser utilizados na avaliação do
Sub-programa de Educação Ambiental.
•
Diminuição do número de agressões ao entorno da RPPN;
•
Número de capacitações ofertadas;
•
Diminuição de espécies ameaçadas;
•
Número
de
participantes
nas
atividades
educativas
desenvolvidas;
•
Projetos de educação ambiental executados no entorno da
RPPN;
•
Instituições educativas envolvidas;
•
Material didático produzido.
Perfil do educador ambiental
O educador ambiental responsável pelas ações educativas na
Estação Veracel deverá estar apto a:
•
Desenvolver e implementar o Centro de Referência em Educação
Ambiental da RPPN EVC;
155
•
Planejar e realizar atividades de capacitação para educadores,
lideranças locais e estudantes nos temas previstos no Programa
de Educação Ambiental da RPPN EVC;
•
Desenvolver e implementar, em articulação com instituições
parceiras, indicadores de monitoramento e avaliação das ações
de educação ambiental para a RPPN EVC;
•
Desenvolver,
aplicar
e
avaliar
processos
e
materiais
de
comunicação e educação ambiental no contexto do Programa;
•
Articular o Programa de Educação Ambiental da RPPN EVC de
modo integrado ao calendário escolar junto às Secretarias
Municipais de Educação e Universidades locais;
•
Estimular e fortalecer o desenvolvimento de pequenas ações
voltadas para a conservação, especialmente as atividades de
educação ambiental nas escolas do entorno da RPPN EVC.
Subprograma de Capacitação
Objetivos
•
Implementar
a
capacitação
dos
funcionários,
estagiários
e
voluntários, em diversos temas de interesse (manejo da visitação,
administração, manutenção da infra-estrutura, primeiros-socorros,
busca e salvamento, operação de equipamentos meteorológicos,
identificação
botânica,
escalada
em
árvores
para
auxílio
à
pesquisa, fotografia da natureza, identificação de fauna, navegação
territorial), para o pleno cumprimento das funções destas pessoas
na RPPN EVC;
•
Assegurar
a
melhoria
no
atendimento
às
atividades
administrativas, de uso público e pesquisa;
•
Estimular o aprendizado dos funcionários e contribuir para a
formação de uma equipe pró-ativa e multifuncional (diversos
funcionários aptos a executar uma mesma função, o que impede a
interrupção de atividades devido à ausência de algum funcionário);
•
Contribuir, através do envolvimento dos monitores, estagiários e
156
voluntários da RPPN EVC, para um melhor desenvolvimento das
pesquisas a serem efetivadas na área;
•
Possibilitar uma maior integração entre os funcionários, os
estagiários e os voluntários, com os pesquisadores, agregando
conhecimentos específicos àqueles e contribuindo para o melhor
manejo do parque.
Atividades
•
Identificar os temas prioritários para a capacitação da equipe;
•
Prospectar
locais,
instituições,
instrutores
que
ofereçam
capacitação nos temas identificados;
•
Organizar cursos quando estes não forem oferecidos por outras
instituições, ou quando o custo x benefício for maior se realizados
na própria RPPN EVC;
•
Realizar a capacitação e monitorar a necessidade de reciclar
conhecimentos já adquiridos;
•
Instituir um sistema de acompanhamento para todas as pesquisas
a serem realizadas;
•
Promover
palestras
com
os
pesquisadores,
para
que
os
funcionários possam entender e contribuir efetivamente com a
realização das pesquisas;
•
Capacitar os funcionários, estagiários e voluntários sobre os
procedimentos
adotados
pela
RPPN
EVC
em
relação
ao
comportamento esperado dos pesquisadores quando no transcorrer
ou no término das pesquisas
–
coleta
de
fauna
ou
botânica
apenas
com
licença
ambiental; abertura de picadas restringida ao mínimo
necessário; informar à administração local, durante as
saídas de campo, em qual região da RPPN EVC estará e
qual o horário previsto para retorno; retirada de toda e
qualquer marcação de campo, tais como fitas, coletores,
redes de neblina, após o término da pesquisa.
157
Normas
•
Os cursos e oficinas deverão levar em consideração o orçamento
disponível para sua realização, e os temas prioritários para a
melhoria do manejo da RPPN EVC;
•
Os cursos e oficinas realizados na RPPN EVC deverão considerar a
capacidade do alojamento, limitando-se o número de vagas ao
mesmo número de lugares disponíveis, para cursos onde seja
necessária a pernoite.
•
As
pesquisas
deverão
contar
com
o
acompanhamento
dos
funcionários da unidade durante o maior período de tempo
possível;
•
Por motivo de segurança serão proibidas as saídas de campo de
pesquisador sozinho, sendo necessário uma equipe de no mínimo
dois pesquisadores, ou de um pesquisador e um auxiliar de campo
ou funcionário da RPPN EVC.
Subprograma de Monitoramento do Uso Público
Objetivos
•
Proporcionar meios para que a visitação ocorra em consonância
com os objetivos da RPPN EVC;
•
Implementar um sistema de monitoramento periódico do uso
público, verificar as causas dos impactos da visitação, e propor
estratégias de manejo para controlar ou minimizar os impactos.
Atividades
•
Selecionar e testar em campo os indicadores de monitoramento de
uso público, criar fichas de monitoramento e um banco de dados,
para ser alimentado com as informações de todas as atividades
pesquisadas através do monitoramento;
•
Capacitar os funcionários da RPPN EVC para a realização de
atividades de monitoramento;
•
Implementar o monitoramento do uso público.
158
Normas
•
As
atividades
de
monitoramento
serão
realizadas
pela
administração local com o auxílio dos funcionários, ou mesmo de
estagiários e voluntários, quando esses existirem.
Sub-programa de Manutenção de trilhas
Objetivos
•
Garantir o adequado uso das trilhas da RPPN EVC, e assim
contribuir para o cumprimento dos objetivos do Programa de Uso
Público;
•
Viabilizar a diminuição dos impactos causados pela visitação
através do uso de técnicas corretas para a manutenção de trilhas;
•
Proporcionar maior segurança aos usuários das trilhas, garantindo
o aumento na qualidade dos passeios por parte dos visitantes e
melhorando o trabalho de condutores e funcionários.
Atividades
•
Capacitar os funcionários, estagiários e voluntários da RPPN EVC
para a manutenção de trilhas;
•
Diminuir ou erradicar os impactos causados pelas atividades de
uso público ao recurso natural (erosão, drenagem, etc.) e os riscos
aos visitantes (ferimentos, fraturas, contusões, etc.);
•
Sistematizar a manutenção das trilhas, baseando-se em critérios
meteorológicos, para diminuir os custos de manutenção a médio e
longo prazo.
Normas
•
Evitar a realização de atividades de manutenção em períodos
chuvosos e em épocas de grande visitação;
•
Nos períodos de visitação intensa a manutenção será restrita aos
casos emergenciais, que coloquem em risco a segurança dos
159
visitantes, condutores ou a integridade da trilha.
Na Tabela 14 é apresentado um resumo dos projetos propostos
para implementação a curto, médio e longo prazo, dentro de cada
subprograma.
Tabela 14 - Implementação de projetos a curto, médio e longo prazos, por
subprograma do Programa de Uso Público da RPPN Estação Veracel.
PRAZOS
CURTO
MÉDIO
LONGO
SUBPROGRAMA
1.Sistema de trilhas
• Trilha da Floresta
1. Sistema de trilhas
Trilha da
Mussununga
Tropical
1. Sistema de trilhas
• Trilha em Floresta
Conservada
• Trilha do Pau-Brasil
RECREAÇÃO E
INTERPRETAÇÃO
• Trilha da
Plataforma
• Trilha das
Orquídeas
• Trilha das
Palmeiras
1. Escola na RPPN
1. Sistema de trilhas
1. Sistema de trilhas
2. Educação para o
• Trilha da
• Trilha em Floresta
mínimo impacto
Mussununga
Conservada
3. Sistema de trilhas
• Trilha da Floresta
EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Tropical
• Trilha do Pau-Brasil
• Trilha da
Plataforma
• Trilha das
Orquídeas
• Trilha das
Palmeiras
CAPACITAÇÃO
1. Treinamento
1. Treinamento
1. Treinamento temático
temático
temático
2. Acompanhamento de
2. Acompanhamento
2. Acompanhamento
pesquisas
de pesquisas
de pesquisas
1. Monitoramento do
1. Monitoramento do
160
1. Monitoramento do uso
PRAZOS
CURTO
MÉDIO
LONGO
SUBPROGRAMA
MONITORAMENTO DO
uso público
uso público
público
1. Manutenção de
1. Manutenção de
1. Manutenção de trilhas
trilhas
trilhas
2. Sistema de trilhas
2. Sistema de trilhas
2. Sistema de trilhas
USO PÚBLICO
MANUTENÇÃO DE
TRILHAS
Normas e Regulamentos para Visitação
Normas, regras e regulamentos formam a base do manejo de
visitantes e definem as ações e atividades permitidas a eles, que por
sua vez devem ser fundamentadas nos objetivos de conservação da
área e na capacidade da equipe para administrar tais atividades.
Podem ser desenvolvidos folhetos que descrevam as atividades
permitidas, as regras e os regulamentos, de forma que os visitantes
saibam claramente o que eles podem ou não fazer. A visitação na
RPPN EVC deverá inicialmente continuar nas áreas já utilizadas,
como o Centro de Visitantes e as trilhas da Floresta Tropical, PauBrasil, das Orquídeas e da Plataforma. Em médio prazo deverão ser
utilizadas também as trilhas propostas no item “Novas propostas de
Uso Público”, quando uma nova rotina de manejo da visitação estiver
estabelecida, com implementação de infra-estrutura e outras ações
propostas, como monitoramento de impactos e nova capacitação de
monitores.
Dados os objetivos de conservação da biodiversidade, os serviços
e infra-estruturas oferecidos aos visitantes serão limitados ao mais
natural possível, o que resulta em uma experiência de visitação que
tende para o natural/primitivo, dentro do espectro de oportunidades
de recreação (ROS).
Assim, normas e regulamentos serão fundamentados em
técnicas atuais de mínimo impacto, como o programa "Leave no
161
Trace”, desenvolvido pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos, e
adaptado pelo MMA, que contém os princípios do programa de
“Excursionismo de Mínimo Impacto” .
A última versão do programa recebeu o nome de “Pega Leve”,
lançado pelo CEU-Centro Excurcionista Universitário e o WWF-Brasil,
lançado 2003. Para obter mais informações sobre o Programa Pega
Leve e sobre a ética e as práticas de mínimo impacto, acesse o site
www.pegaleve.org.br
O
estabelecimento
destas
normas
será
especialmente
importante quando tratar-se de caminhadas de um dia, manejo do
lixo etc.
3.4 Programa de Administração
Este Programa trata das atividades e normas relacionadas à
organização, administração e recursos humanos necessários para o
funcionamento efetivo da unidade de conservação, bem como do
monitoramento das atividades de manejo da unidade.
Para
consecução
dos
objetivos
e
execução
dos
demais
programas da RPPN EVC, deverão ser definidos os recursos humanos
necessários e de que maneira estes deverão ser capacitados.
Objetivo
•
Dotar a RPPN EVC de estrutura administrativa para garantir a
implementação deste plano;
•
Adequar os recursos humanos alocados na Reserva.
Resultados esperados:
•
Funcionamento da unidade de conservação adequado, conforme
seus objetivos de criação;
•
Pessoal
necessário
à
Reserva,
devidamente
capacitado
alocado;
•
Rotinas de serviço estabelecidas;
•
Sistema de monitoramento das atividades implantado.
162
e
Atividades e Normas
•
Elaborar uma agenda de trabalho conforme o planejamento;
•
Acompanhar
o
desenvolvimento
dos
Programas
compatibilizando as atividades relativas aos mesmos;
•
Elaborar um programa de capacitação e reciclagem dos recursos
humanos da unidade;
•
Estabelecer o conselho de pesquisa da unidade de conservação
para o qual deverá ser enviado todas as solicitação de pesquisa
da unidade;
•
Integrar a RPPN EVC à outros projetos e programas existentes
na região.
Recursos Humanos
Atualmente
as
atividades
realizadas
na
RPPN
EVC
são
executadas por 19 pessoas, distribuídas em sete cargos (Tabela 15).
Somente dois cargos têm como exigência nível superior, a de
coordenação e de assistente de coordenação. Há um profissional de
nível médio na equipe e os demais cargos ocupados por profissionais
com ensino médio ou fundamental.
A Veracel Celulose terceriza os contratos da equipe através de
três empresas distintas, tendo como funcionário direto somente o
ocupante do Cargo de Coordenação. Os funcionários dos cargos de
Assistente de Coordenação, Técnico, Monitores e Vigias Ambientais
tem contrato com a empresa Equilíbrio Florestal. Os funcionários que
fazem a vigilância patrimonial são contratados pela Empresa Visel e
os funcionários da Limpeza e Higienização são prestadores de serviça
da Empresa Lemos Passos.
Existem três esquemas de trabalho na RPPN EVC, sendo que o
esquema de escala ainda possui duas divisões, as escalas em horas e
em dias. Os funcionários que têm o esquema de trabalho em escalas
trabalham na fiscalização ou proteção do patrimônio da unidade de
conservação.
163
Somente o cargo da coordenação estará envolvida com todos os
programas de manejo propostos. O Programa de Proteção é o
programa que tem o maior número de profissionais envolvidos (15),
evidenciando a importância que este programa tem para o bom
funcionamento da RPPN EVC e consequentemente para a implantação
deste Plano de Manejo.
Propõe-se que a médio prazo haja uma re-estruturação do
quadro de pessoal da RPPN EVC, tendo como modelo o organograma
funcional apresentado na Figura 62. O cargo proposto de Auxiliar
Administrativo poderá ser de nível médio e deverá ter contrato
diretamente com a Veracel Celulose, para poder efetuar as rotinas no
sistema interno da empresa. O cargo de responsável pela Proteção
Física poderá ser de nível médio e ter contrato com a Empresa
Equilíbrio Florestal ou similar.
Tabela 15 – Situação atual dos Recursos Humanos na RPPN Estação
Veracel.
Empresa
Número
Coordenador
Assistente de
coordenação
Veracel
Equilíbrio
1
1
Esquema de
Trabalho
Administrativo
Administrativo
Técnico
ambiental
Monitores
ambientais
Equilíbrio
1
44h
Equilíbrio
3
44h
Vigias
ambientais
Vigilantes
patrimoniais
Limpeza e
higienização
Equilíbrio
6
Visel
4
Lemos
Passos
3
Escalas
(4/2dias)
Escalas
(12/36h)
44h
164
Programa de
Manejo
Todos
Administração
Educação
Ambiental
Proteção
Pesquisa
Educação
Ambiental
Proteção
Pesquisa
Proteção
Proteção
Administração
Figura 62 Organograma funcional proposto para a RPPN Estação Veracel.
Recursos Financeiros
Para a execução física da proposta de manejo para a RPPN EVC
serão
necessários
investimentos
e
reforma
de
infra-estrutura,
aquisição de equipamentos, contratação de consultoria de pessoa
jurídica e os serviços de pessoal fixo.
Na Tabela 16 estão apresentadas as ações de curto e médio
prazo. O orçamento de longo prazo irá depender do sucesso da
implantação das ações a curto e médio prazo, mas há um tendência
para a diminuição dos custos após o terceiro ano de implantação do
Plano de Manejo.
O custo médio por hectare manejado após a implantação do
Plano de Manejo da RPPN EVC será de R$374,69 no primeiro ano e de
R$264,68 nos dois anos subseqüentes.
165
Tabela 16 – Ações de curto (2007) e médio prazo (2008-2009) para a RPPN
Estação Veracel.
Programas de
Manejo
Educação Ambiental
Pesquisa
Proteção Física
Administração
Investimento
2007
2008-2009
• 1 visita/semana
• Consultoria CI
• Materiais didáticos
• Cursos de capacitação
• Adequação do Laboratório
• Consultoria CI
• Apoio financeiro a projetos
• Fapesb
• Projeto gavião real e
armadilhas fotográficas
• Controle de erosão das
estradas internas
• Reforma das cercas vivas
• Melhoria das trilhas
interpretativas
• Palm-tops e software
• Custos com mão de obra,
serviços e materiais
• Comunicação visual
• Másterplan
• Auditório
• Paisagismo
• Guarita vigilância
• 2 visitas/semana
• Materiais didáticos
• Cursos de capacitação
•
•
•
•
Apoio financeiro a projetos
Incentivos
Fapesb
Projeto gavião real e
armadilhas fotográficas
• Controle da erosão das
estradas internas
• Custos com mão de obra,
serviços e materiais
*Dependerá da revisão do quadro de pessoal proposto no ítem acima
O único programa de manejo que terá os custos aumentados até
o final da implementação de Plano de Manejo será o de Educação
Ambiental, pois está previsto o aumento do número de visitas
semanais de uma para quatro visitas até o ano de 2011.
Os
investimentos
e
reformas
na
infra-estrutura
estão
concentrados no curto prazo de implantação do Plano de Manejo,
sendo que somente o controle das erosões nas estradas internas serão
executadas no médio prazo de implementação.
166
Monitoramento da Efetividade de Manejo da RPPN Estação
Veracel
Muitas atividades relacionadas com o uso dos recursos naturais
têm melhorado sua gestão após ter identificado, através de processos
de avaliação, critérios de medição e padrões de qualidade (Izurieta et
al., 1999). O mesmo se aplica para o caso da gestão de áreas naturais
protegidas, as quais, ao contarem com um sistema de avaliação
testado e validado, têm à sua disposição uma valiosa ferramenta, que
pode levar à melhoria de suas condições de manejo e cumprimento
dos seus objetivos.
Segundo Cifuentes (1998), o manejo de uma área protegida pode
ser definido como “o conjunto de ações que resultam em um melhor
aproveitamento e permanência de uma área protegida, permitindo que
os objetivos para os quais foi estabecida se cumpram.” Izurieta (1997)
define efetividade de manejo como “o conjunto de características,
ações,
atitudes,
capacidades
e
competências
particulares
que
permitam à uma área protegida cumprir satisfatoriamente a função e
os objetivos para os quais foi criada.” No caso das reservas naturais
privadas,
Alderman
(1994)
e
Langholz
(1999),
expressaram
a
necessidade de se estabelecer sistemas de avaliação do manejo dessas
reservas. Entretanto, é importante ressaltar que a avaliação do
manejo de uma reserva não deve ser vista como um fim em si mesma,
mas como um importante passo para determinar suas fortalezas e
debilidades,
com
vistas
ao
monitoramento
contínuo
e
ao
aprimoramento da sua gestão.
A matriz de avaliação da efetividade de manejo se baseia na
construção de cenários de manejo (parâmetros) para cada variável (ou
sub-variável, quando ocorrer), que correspondem à valores específicos,
que variam entre 0 (zero) e 4 (quatro), onde a situação com pontuação
máxima equivale ao “ótimo de manejo” para aquela variável ou
subvariável específica. A construção de cenários claros e objetivos,
com o maior nível de detalhamento possível, é fundamental para a
redução da subjetividade, comum nestes tipos de avaliações. A Tabela
167
17 apresenta a lista de âmbitos, e suas respectivas variáveis,
considerados neste estudo.
Tabela 17 – Matriz de Âmbitos, Variáveis e Sub-Variáveis para a avaliação de
efetividade de manejo da unidade de conservação.
Âmbitos
Variáveis
Sub-variáveis
Apoio e participação comunitária
Claridade de jurisdição e atribuições
Coordenação para solução de
Apoio interinstitucional
problemas
Intercâmbio de informação e recursos
Alcance
Político
Estabilidade
Apoio intra-institucional
Incentivos ao bom rendimento
Recursos humanos
Salários
Capacitação
Autoridade dos funcionários
Posse e domínio da terra
Legal
Domínio legal
Conflitos pela posse
Legislação ambiental
Lei específica de proteção
Quantidade
Nível de instrução
Pessoal
Experiência na função
Motivação
Quantidade
Administrativo
Estado de conservação
Infra-estrutura
Localização
Funcionalidade
Quantidade
Estado de conservação
Equipamentos
Disponibilidade
Funcionalidade
Existência e atualização
Equipe de elaboração
Planejamento
Plano de manejo
Nível de implantação
Nível do planejamento
Zoneamento
Programas de manejo
(cada um dos programas
necessários)
168
Existência e atualização
Nível de implantação
Âmbitos
Variáveis
Sub-variáveis
Existência e atualização
Informação biofísica
Organização e disponibilidade
Informação cartográfica
Informação
Informação sócio-econômica
Existência e atualização
Organização e disponibilidade
Existência e atualização
Organização e disponibilidade
Monitoramento e
retroalimentação
Usos atuais
(cada um dos usos da área)
Compatibilidade com objetivos
Manejo do uso
Tamanho
Biogeografia
Forma
Conectividade
Outra característica importante na hora de avaliar a gestão de
áreas protegidas é respeitar-se as características específicas de cada
área. Desse modo, é preciso que a matriz de avaliação seja própria
para cada unidade, respeitando o “ótimo de manejo” de cada uma. Ou
seja, não é concebível que se adote como “ótimo” um determinado
cenário padrão, contra o qual todas as áreas serão comparadas.
Mesquita (1999) propõe uma matriz genérica, que foi utilizada neste
estudo, adaptada para cada um dos casos relatados aqui.
No caso da RPPN EVC, para a qual se identificou 69,8% de
efetividade de manejo em estudo realizado em 1999, valor que
corresponde a um manejo classificado como “regular”, foi possível
identificar que os âmbitos “político” e “biogeografia” são os que
necessitam maiores cuidados, com os resultados de 53,8% e apenas
8,3%, respectivamente. A reduzida efetividade de manejo com relação
às características biogeográficas desta RPPN se explica pelo fato de ser
uma área quase que completamente isolada em uma paisagem
transformada, mesmo que seu tamanho seja considerável. No âmbito
político, os problemas, na época da avaliação (Abril de 1999), se
concentravam sobretudo na falta de vínculo com as comunidades
circunvizinhas e no pequeno suporte financeiro e técnico que a
169
empresa proprietária oferecia à reserva. Entretanto, cabe ressaltar que
este valor provavelmente seria maior atualmente, pois houve diversas
mudanças
nos
últimos
dois
anos,
com
a
adoção
de
uma
administração mais profissional e maiores investimentos, inclusive
para a construção do Centro de Pesquis e outras melhorias. A Tabela
18 apresenta o resultado obtido na determinação da efetividade de
manejo da RPPN EVC em 1999.
Desta forma propõe-se que esta metodologia seja adotada como
estratégia de monitoramento da qualidade da gestão desta unidade de
conservação, com avaliações periódicas (período não inferior a dois
anos e não superior a cinco anos). O plano de manejo recomenda
ainda que seja feita uma avaliação antes do início de sua implantação.
Esta avaliação terá como objetivos identificar as alterações na
efetividade de manejo desta RPPN de 1999 até o presente momento e
servir como linha de base para o monitoramento da adoção do próprio
plano, estabelecendo o cenário atual de manejo no momento do início
de sua implantação.
Tabela 18 – Efetividade de Manejo da RPPN Estação Veracel por âmbitos, em
1999.
Âmbitos
RPPN Veracel
Político
53,8%
100,0%
Legal
Planejamento
80,0%
Informação
81,3%
Programas de manejo
78,1%
Usos atuais
75,0%
Características biogeográficas
8,3%
Administrativo
81,7%
Fonte: Mesquita (1999).
170
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183
ANEXOS I
I.1 – Lista de publicações utilizadas no levantamento bibliográfico
para compilação das espécies de vertebrados ocorrentes na
RPPN Estação Veracel
I.2 – Lista das espécies da flora registradas no levantamento
fitossociológico na RPPN Estação Veracel
I.3 – Amostras de plantas coletadas aleatoriamente na RPPN
Estação Veracel e que se encontram depositadas no Herbário do
CEPEC
I.4 – Lista de espécies de vertebrados registradas para a Reserva
do Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel
I.5 – Fotos da fauna da RPPN Estação Veracel
184
ANEXO I.1 – Lista de publicações utilizadas no
levantamento bibliográfico para compilação das espécies
de vertebrados ocorrentes na RPPN Estação Veracel
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Relatório final. Instituto Iguaçu de Pesquisa e Preservação Ambiental.
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Estação Ecológica Veracruz Relatório técnico não publicado. Instituto
Iguaçu de Pesquisa e Preservação Ambiental. Relatório técnico não
publicado. Rio de Janeiro.
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Iguaçu de Pesquisa e Preservação Ambiental. Rio de Janeiro.
Silvano, D.L. & B.V.S. Pimenta. (2003). Diversidade e distribuição de
anfíbios na Mata Atlântica do Sul da Bahia. Em: Prado P.I., Landau
E.C., Moura R.T., Pinto L.P.S., Fonseca G.A.B. & Alger K.N. (orgs.).
2003. Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia.
Publicação em CD-ROM. IESB, CI, CABS, UFMG & UNICAMP. Ilhéus.
187
ANEXO I.2 – Lista das espécies da flora registradas no
levantamento fitossociológico na RPPN Estação Veracel
Espécies e respectivos parâmetros fitossociológiocos (agrupadas em
ordem descrescente do índice de valor de importância – IVI). DA (n/ha)
= Densidade absoluta em nº. de indivíduos por Hectare, DR (%) =
Densidade relativa, DoA (m2/ha) = Dominância absoluta, DoR (%) =
Dominância relativa, FA (ui/ut) = Freqüência absoluta (nº. de
unidades amostrais da i-ésima espécie divido pelo nº. total de
unidades amostrais), FR (%) = Freqüência relativa, VI = Valor de
importância.
Espécie
Paypayrola blanchetiana
Parkia pendula
Myrtac sp. 2
N/C 6
Manilkara sp. 2
N/C 3
Ecclinusa ramiflora
Arapatiella psilophylla
Euterpe edulis
Macrolobium latifolium
Stephanopodium blanchetianum
Guapira sp. 1
Chrysophyllum splendens
Eriotheca macrophylla
Laurac sp. 1
Indeterminada 35
Indeterminada 9
N/C 28
Pouteria sp. 3
N/C 40
Sloanea sp. 1
Malvac sp. 1
Myrtac sp. 5
Indeterminada 17
Inga sp. 2
N/C 46
Discophora guianensis
Guapira opposite
Euphorbiac sp. 3
Sorocea guilleminiana
Faramea sp. 1
N/C 39
Myrcia acuminatissima
Sterculia excelsa
Pouteria sp. 2
N/C 34
Inga sp. 4
Ocotea sp. 2
Manilkara sp. 1
N/C 43
Guarea kunthiana
Ficus sp. 1
Ocotea indecora
Laurac sp. 4
Heisteria sp. 1
Mabea piriri
Indeterminada 10
N/C 1
Pouteria sp. 4
Myrcia sp. 2
N/C 7
Psychotria sp. 2
DA
(n/ha)
340
25
195
5
60
5
55
80
80
55
75
80
90
30
30
5
5
5
45
5
20
5
55
5
30
5
45
50
40
35
40
5
40
25
15
5
35
35
30
5
25
15
30
35
25
20
5
5
30
25
5
30
DR (%)
8,0760
0,5938
4,6318
0,1188
1,4252
0,1188
1,3064
1,9002
1,9002
1,3064
1,7815
1,9002
2,1378
0,7126
0,7126
0,1188
0,1188
0,1188
1,0689
0,1188
0,4751
0,1188
1,3064
0,1188
0,7126
0,1188
1,0689
1,1876
0,9501
0,8314
0,9501
0,1188
0,9501
0,5938
0,3563
0,1188
0,8314
0,8314
0,7126
0,1188
0,5938
0,3563
0,7126
0,8314
0,5938
0,4751
0,1188
0,1188
0,7126
0,5938
0,1188
0,7126
DoA
(m2/ha)
0,4412
4,0478
0,7498
3,0411
1,6088
2,2682
0,9607
0,2835
0,1603
0,6717
0,2208
0,2944
0,4346
1,0665
1,0331
1,6186
1,5735
1,5389
0,6986
1,4090
0,9228
1,2759
0,3253
1,0659
0,2733
1,0375
0,0626
0,0771
0,1199
0,0495
0,0815
0,7846
0,1614
0,2324
0,4242
0,7194
0,0639
0,0414
0,2770
0,6763
0,1244
0,3123
0,1248
0,0615
0,0887
0,1387
0,6034
0,5851
0,0820
0,2323
0,5671
0,0711
188
DoR
(%)
0,8563
7,8560
1,4551
5,9022
3,1223
4,4022
1,8645
0,5502
0,3112
1,3036
0,4285
0,5714
0,8436
2,0699
2,0051
3,1414
3,0539
2,9867
1,3558
2,7346
1,7910
2,4763
0,6314
2,0688
0,5305
2,0136
0,1214
0,1496
0,2327
0,0960
0,1581
1,5229
0,3132
0,4511
0,8234
1,3962
0,1240
0,0804
0,5376
1,3126
0,2415
0,6062
0,2422
0,1193
0,1721
0,2693
1,1712
1,1356
0,1591
0,4508
1,1006
0,1380
FA (ui/ut)
90
20
35
5
30
5
30
45
50
35
45
35
20
20
20
5
5
5
20
5
15
5
20
5
30
5
30
25
25
30
20
5
15
20
15
5
20
20
10
5
20
15
15
15
20
20
5
5
15
10
5
15
FR (%)
3,3028
0,7339
1,2844
0,1835
1,1009
0,1835
1,1009
1,6514
1,8349
1,2844
1,6514
1,2844
0,7339
0,7339
0,7339
0,1835
0,1835
0,1835
0,7339
0,1835
0,5505
0,1835
0,7339
0,1835
1,1009
0,1835
1,1009
0,9174
0,9174
1,1009
0,7339
0,1835
0,5505
0,7339
0,5505
0,1835
0,7339
0,7339
0,3670
0,1835
0,7339
0,5505
0,5505
0,5505
0,7339
0,7339
0,1835
0,1835
0,5505
0,3670
0,1835
0,5505
VI
12,2350
9,1838
7,3714
6,2044
5,6484
4,7045
4,2718
4,1018
4,0463
3,8944
3,8614
3,7560
3,7153
3,5165
3,4516
3,4436
3,3561
3,2890
3,1586
3,0369
2,8165
2,7785
2,6717
2,3711
2,3440
2,3159
2,2912
2,2547
2,1002
2,0283
1,8422
1,8251
1,8138
1,7789
1,7301
1,6984
1,6893
1,6457
1,6172
1,6149
1,5693
1,5129
1,5053
1,5011
1,4999
1,4783
1,4734
1,4378
1,4221
1,4116
1,4028
1,4010
VI%
4,0783
3,0613
2,4571
2,0681
1,8828
1,5682
1,4239
1,3673
1,3488
1,2981
1,2871
1,2520
1,2384
1,1722
1,1505
1,1479
1,1187
1,0963
1,0529
1,0123
0,9388
0,9262
0,8906
0,7904
0,7813
0,7720
0,7637
0,7516
0,7001
0,6761
0,6141
0,6084
0,6046
0,5930
0,5767
0,5661
0,5631
0,5486
0,5391
0,5383
0,5231
0,5043
0,5018
0,5004
0,5000
0,4928
0,4911
0,4793
0,4740
0,4705
0,4676
0,4670
Espécie
Gomidesia sp. 1
Simphonia globulifera
Virola sp. 1
Eschweilera ovata
Guatteria sp. 1
Myrcia sp. 1
Pouteria sp. 12
Pouteria sp. 1
Psychotria sp. 1
Pouroma sp. 1
Faramea sp. 2
Pogonophora schomburgkiana
Licania sp. 1
Eriotheca sp. 1
Kielmeyera sp. 1
Annonac sp. 1
Zantoxyllum sp. 1
N/C 12
N/C 9
Pouroma velutina
Syagrus botryophora
Inga sp. 3
Laurac sp. 2
Inga sp. 5
N/C 29
N/C 5
Balizia pedicellaris
Euphorbiac sp. 2
Myrtac sp. 7
Sloanea guianensis
Olacac sp. 1
Trichilia sp. 1
Pouteria sp. 9
Fabaceae sp. 1
Plinia sp. 1
Protium warmingianum
N/C 30
Eugenia sp. 3
N/C 36
Euphorbiac sp. 1
Guatteria sp. 2
Himatanthus sp. 1
Pterocarpus sp. 1
Fabac sp. 1
Myrtac sp. 1
Ocotea sp. 1
Nectandra sp. 1
Sccheflera morototoni
Indeterminada 36
N/C 37
N/C 44
N/C 4
N/C 35
Garcinia sp. 1
Qualea
Indeterminada 20
Aspidosperma discolor
Rubiac sp. 1
Buchenavia sp. 1
Plinia callosa
Lacistema robustum
N/C 15
Bauhinia sp. 1
Inga sp. 1
N/C 32
N/C 41
Copaifera sp. 1
Indeterminada 57
N/C 42
DA
(n/ha)
30
30
10
20
20
30
30
25
25
20
20
25
20
20
15
25
25
5
5
20
20
15
15
20
5
5
20
20
25
20
20
20
5
5
25
15
5
20
5
15
15
15
25
15
25
20
25
10
5
5
5
5
5
15
15
5
10
15
15
20
10
5
15
15
5
5
15
5
5
DR (%)
0,7126
0,7126
0,2375
0,4751
0,4751
0,7126
0,7126
0,5938
0,5938
0,4751
0,4751
0,5938
0,4751
0,4751
0,3563
0,5938
0,5938
0,1188
0,1188
0,4751
0,4751
0,3563
0,3563
0,4751
0,1188
0,1188
0,4751
0,4751
0,5938
0,4751
0,4751
0,4751
0,1188
0,1188
0,5938
0,3563
0,1188
0,4751
0,1188
0,3563
0,3563
0,3563
0,5938
0,3563
0,5938
0,4751
0,5938
0,2375
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,3563
0,3563
0,1188
0,2375
0,3563
0,3563
0,4751
0,2375
0,1188
0,3563
0,3563
0,1188
0,1188
0,3563
0,1188
0,1188
DoA
(m2/ha)
0,2533
0,0528
0,3917
0,0799
0,0550
0,1169
0,1032
0,0693
0,0674
0,0284
0,0273
0,0460
0,1964
0,0956
0,2504
0,1231
0,0267
0,4486
0,4460
0,0733
0,1620
0,1137
0,1121
0,0402
0,4122
0,4097
0,0358
0,0291
0,0608
0,0266
0,0236
0,0226
0,3921
0,3798
0,1268
0,0590
0,3701
0,1613
0,3371
0,0143
0,0142
0,0131
0,0743
0,1929
0,0690
0,0247
0,0552
0,1386
0,2905
0,2905
0,2716
0,2655
0,2634
0,0431
0,0294
0,2435
0,0875
0,0233
0,0195
0,0528
0,0765
0,2319
0,0131
0,0127
0,2281
0,2262
0,0089
0,2206
0,2095
189
DoR
(%)
0,4917
0,1025
0,7602
0,1551
0,1067
0,2268
0,2003
0,1346
0,1308
0,0551
0,0529
0,0893
0,3812
0,1856
0,4859
0,2390
0,0519
0,8707
0,8656
0,1423
0,3144
0,2208
0,2176
0,0780
0,8001
0,7952
0,0695
0,0566
0,1181
0,0517
0,0458
0,0439
0,7611
0,7372
0,2462
0,1146
0,7183
0,3130
0,6543
0,0277
0,0275
0,0255
0,1441
0,3743
0,1340
0,0480
0,1071
0,2690
0,5639
0,5639
0,5272
0,5152
0,5113
0,0836
0,0571
0,4725
0,1698
0,0452
0,0378
0,1024
0,1484
0,4500
0,0254
0,0247
0,4427
0,4390
0,0172
0,4281
0,4067
FA (ui/ut)
5
15
10
20
20
10
10
15
15
20
20
15
10
15
10
10
15
5
5
15
10
15
15
15
5
5
15
15
10
15
15
15
5
5
5
15
5
5
5
15
15
15
5
5
5
10
5
10
5
5
5
5
5
10
10
5
10
10
10
5
10
5
10
10
5
5
10
5
5
FR (%)
0,1835
0,5505
0,3670
0,7339
0,7339
0,3670
0,3670
0,5505
0,5505
0,7339
0,7339
0,5505
0,3670
0,5505
0,3670
0,3670
0,5505
0,1835
0,1835
0,5505
0,3670
0,5505
0,5505
0,5505
0,1835
0,1835
0,5505
0,5505
0,3670
0,5505
0,5505
0,5505
0,1835
0,1835
0,1835
0,5505
0,1835
0,1835
0,1835
0,5505
0,5505
0,5505
0,1835
0,1835
0,1835
0,3670
0,1835
0,3670
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,3670
0,3670
0,1835
0,3670
0,3670
0,3670
0,1835
0,3670
0,1835
0,3670
0,3670
0,1835
0,1835
0,3670
0,1835
0,1835
VI
1,3877
1,3656
1,3647
1,3641
1,3157
1,3064
1,2798
1,2789
1,2751
1,2641
1,2619
1,2335
1,2233
1,2112
1,2092
1,1998
1,1962
1,1730
1,1678
1,1678
1,1564
1,1275
1,1243
1,1035
1,1023
1,0974
1,0950
1,0821
1,0789
1,0772
1,0714
1,0694
1,0633
1,0394
1,0235
1,0213
1,0206
0,9716
0,9566
0,9345
0,9343
0,9322
0,9214
0,9141
0,9113
0,8900
0,8844
0,8735
0,8661
0,8661
0,8294
0,8175
0,8135
0,8068
0,7803
0,7748
0,7743
0,7684
0,7610
0,7610
0,7529
0,7523
0,7487
0,7480
0,7449
0,7413
0,7405
0,7303
0,7089
VI%
0,4626
0,4552
0,4549
0,4547
0,4386
0,4355
0,4266
0,4263
0,4250
0,4214
0,4206
0,4112
0,4078
0,4037
0,4031
0,3999
0,3987
0,3910
0,3893
0,3893
0,3855
0,3758
0,3748
0,3678
0,3674
0,3658
0,3650
0,3607
0,3596
0,3591
0,3571
0,3565
0,3544
0,3465
0,3412
0,3404
0,3402
0,3239
0,3189
0,3115
0,3114
0,3107
0,3071
0,3047
0,3038
0,2967
0,2948
0,2912
0,2887
0,2887
0,2765
0,2725
0,2712
0,2689
0,2601
0,2583
0,2581
0,2561
0,2537
0,2537
0,2510
0,2508
0,2496
0,2493
0,2483
0,2471
0,2468
0,2434
0,2363
Espécie
Randia armata
Diploon cuspidatum
Indeterminada 23
Indeterminada 2
Indeterminada 66
N/C 19
N/C 20
Sapotac sp. 3
Tapirira guianensis
Indeterminada 71
Jacaratia heptaphylla
Inga sp. 6
Vochysia sp. 1
N/C 21
Brosimum sp. 1
Pouteria sp. 5
Cecropia sp. 1
Swartzia simplex
Miconia sp. 1
Pausandra morisiana
Rubiac sp. 2
Sorocea hilarii
Licania sp. 2
Rudgea sp. 1
Celastrac sp. 2
Coussarea contracta
Henriettea succosa
N/C 27
Alseis floribunda
Guapira laxiflora
Indeterminada 27
Laurac sp. 7
N/C 14
N/C 26
N/C 33
Pouroma mollis
Indeterminada 24
Tibouchina sp. 1
Sebastiania sp. 1
Indeterminada 65
Indeterminada 14
N/C 24
N/C 25
Mendoncia sp. 1
N/C 45
Indeterminada 18
N/C 16
N/C 18
Rubiac sp. 3
Pithecellobium sp. 1
Eugenia sp. 4
Rinorea guianensis
Indeterminada 38
Talisia sp. 1
N/C 48
Indeterminada 70
Indeterminada 78
N/C 23
Indeterminada 34
Indeterminada 4
N/C 31
N/C 17
Indeterminada 11
N/C 22
Sapotac sp. 4
N/C 11
N/C 2
Sapotac sp. 2
N/C 8
DA
(n/ha)
10
10
5
5
5
5
5
5
10
5
10
10
10
5
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
5
15
15
5
15
5
5
5
10
5
10
10
5
5
5
5
5
5
5
5
5
10
10
10
10
5
10
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
DR (%)
0,2375
0,2375
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,2375
0,1188
0,2375
0,2375
0,2375
0,1188
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,1188
0,3563
0,3563
0,1188
0,3563
0,1188
0,1188
0,1188
0,2375
0,1188
0,2375
0,2375
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,2375
0,2375
0,2375
0,2375
0,1188
0,2375
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
DoA
(m2/ha)
0,0527
0,0496
0,2041
0,1988
0,1988
0,1970
0,1935
0,1901
0,0324
0,1849
0,0286
0,0273
0,0263
0,1815
0,0235
0,0223
0,0214
0,0187
0,0181
0,0159
0,0158
0,0132
0,0113
0,0105
0,0099
0,0079
0,0078
0,1509
0,0242
0,0113
0,1330
0,0096
0,1301
0,1258
0,1244
0,0603
0,1043
0,0414
0,0407
0,0907
0,0895
0,0837
0,0837
0,0792
0,0759
0,0748
0,0748
0,0748
0,0133
0,0111
0,0088
0,0083
0,0695
0,0062
0,0664
0,0594
0,0575
0,0556
0,0547
0,0538
0,0519
0,0510
0,0493
0,0493
0,0493
0,0467
0,0467
0,0467
0,0393
190
DoR
(%)
0,1023
0,0963
0,3962
0,3858
0,3858
0,3824
0,3756
0,3689
0,0629
0,3589
0,0556
0,0530
0,0511
0,3523
0,0456
0,0433
0,0415
0,0364
0,0351
0,0308
0,0306
0,0256
0,0220
0,0203
0,0193
0,0153
0,0152
0,2928
0,0469
0,0218
0,2580
0,0186
0,2525
0,2442
0,2415
0,1171
0,2025
0,0803
0,0789
0,1761
0,1738
0,1625
0,1625
0,1537
0,1473
0,1451
0,1451
0,1451
0,0258
0,0215
0,0171
0,0162
0,1348
0,0120
0,1288
0,1153
0,1116
0,1079
0,1061
0,1043
0,1008
0,0991
0,0956
0,0956
0,0956
0,0906
0,0906
0,0906
0,0762
FA (ui/ut)
10
10
5
5
5
5
5
5
10
5
10
10
10
5
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
FR (%)
0,3670
0,3670
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,3670
0,1835
0,3670
0,3670
0,3670
0,1835
0,3670
0,3670
0,3670
0,3670
0,3670
0,3670
0,3670
0,3670
0,3670
0,3670
0,3670
0,3670
0,3670
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
VI
0,7068
0,7008
0,6985
0,6881
0,6881
0,6847
0,6779
0,6711
0,6674
0,6611
0,6601
0,6575
0,6556
0,6546
0,6501
0,6478
0,6460
0,6409
0,6396
0,6353
0,6351
0,6301
0,6265
0,6248
0,6238
0,6198
0,6197
0,5950
0,5867
0,5616
0,5603
0,5584
0,5547
0,5465
0,5437
0,5381
0,5047
0,5013
0,5000
0,4783
0,4760
0,4647
0,4647
0,4559
0,4495
0,4474
0,4474
0,4474
0,4468
0,4425
0,4381
0,4372
0,4371
0,4330
0,4311
0,4176
0,4138
0,4102
0,4084
0,4066
0,4030
0,4013
0,3979
0,3979
0,3979
0,3928
0,3928
0,3928
0,3785
VI%
0,2356
0,2336
0,2328
0,2294
0,2294
0,2282
0,2260
0,2237
0,2225
0,2204
0,2200
0,2192
0,2185
0,2182
0,2167
0,2159
0,2153
0,2136
0,2132
0,2118
0,2117
0,2100
0,2088
0,2083
0,2079
0,2066
0,2066
0,1983
0,1956
0,1872
0,1868
0,1861
0,1849
0,1822
0,1812
0,1794
0,1682
0,1671
0,1667
0,1594
0,1587
0,1549
0,1549
0,1520
0,1498
0,1491
0,1491
0,1491
0,1489
0,1475
0,1460
0,1457
0,1457
0,1443
0,1437
0,1392
0,1379
0,1367
0,1361
0,1355
0,1343
0,1338
0,1326
0,1326
0,1326
0,1309
0,1309
0,1309
0,1262
Espécie
Myrtac sp. 6
Xylopia sp. 1
Indeterminada 22
Indeterminada 30
N/C 10
Euphorbiac sp. 4
N/C 38
Apeiba tibourbon
Indeterminada 52
Indeterminada 26
Indeterminada 37
Annonac sp. 2
Indeterminada 28
Gomidesia sp. 2
Indeterminada 74
Indeterminada 79
Eugenia sp. 1
Fabac sp. 3
N/C 47
N/C 13
Pouteria sp. 7
Pouteria sp. 10
Indeterminada 39
Indeterminada 44
Pouteria sp. 6
Indeterminada 60
Pouteria sp. 11
Indeterminada 49
Alchornea sp. 1
Laurac sp. 5
Sapotac sp. 5
Exostyles sp. 1
Indeterminada 50
Indeterminada 72
Cordia sp. 1
Indeterminada 81
Euphorbiac sp. 6
Ocotea sp. 3
Indeterminada 42
Indeterminada 7
Laurac sp. 3
Indeterminada 59
Mollinedia sp. 1
Indeterminada 76
Indeterminada 8
Trichilia sp. 2
Indeterminada 58
Sapotac sp. 1
Indeterminada 19
Margaritaria sp. 1
Euphorbiac sp. 7
Fabac sp. 2
Indeterminada 45
Indeterminada 46
Myrtac sp. 3
Eschweilera sp. 1
Indeterminada 5
Manilkara sp. 3
Pouteria sp. 8
Guarea sp. 1
Indeterminada 3
Indeterminada 64
Indeterminada 67
Indeterminada 31
Indeterminada 51
Indeterminada 75
Rauwolfia bahiensis
Cordia sp. 2
Indeterminada 16
DA
(n/ha)
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
DR (%)
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
DoA
(m2/ha)
0,0385
0,0377
0,0347
0,0347
0,0340
0,0318
0,0304
0,0297
0,0297
0,0290
0,0290
0,0284
0,0277
0,0245
0,0239
0,0227
0,0221
0,0215
0,0215
0,0209
0,0204
0,0198
0,0192
0,0187
0,0176
0,0161
0,0156
0,0151
0,0146
0,0137
0,0137
0,0132
0,0128
0,0128
0,0123
0,0119
0,0115
0,0115
0,0110
0,0106
0,0106
0,0098
0,0098
0,0094
0,0094
0,0094
0,0090
0,0090
0,0087
0,0087
0,0080
0,0080
0,0080
0,0080
0,0080
0,0076
0,0073
0,0073
0,0073
0,0066
0,0066
0,0060
0,0060
0,0057
0,0057
0,0057
0,0057
0,0054
0,0054
191
DoR
(%)
0,0747
0,0732
0,0673
0,0673
0,0659
0,0617
0,0590
0,0577
0,0577
0,0564
0,0564
0,0551
0,0538
0,0476
0,0464
0,0440
0,0429
0,0417
0,0417
0,0406
0,0395
0,0384
0,0373
0,0363
0,0342
0,0312
0,0303
0,0293
0,0284
0,0265
0,0265
0,0256
0,0248
0,0248
0,0239
0,0231
0,0222
0,0222
0,0214
0,0206
0,0206
0,0191
0,0191
0,0183
0,0183
0,0183
0,0176
0,0176
0,0168
0,0168
0,0154
0,0154
0,0154
0,0154
0,0154
0,0148
0,0141
0,0141
0,0141
0,0128
0,0128
0,0116
0,0116
0,0110
0,0110
0,0110
0,0110
0,0104
0,0104
FA (ui/ut)
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
FR (%)
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
VI
0,3770
0,3754
0,3696
0,3696
0,3682
0,3640
0,3613
0,3599
0,3599
0,3586
0,3586
0,3573
0,3560
0,3498
0,3486
0,3463
0,3451
0,3440
0,3440
0,3429
0,3418
0,3407
0,3396
0,3385
0,3365
0,3335
0,3325
0,3315
0,3306
0,3288
0,3288
0,3279
0,3270
0,3270
0,3262
0,3253
0,3245
0,3245
0,3237
0,3229
0,3229
0,3213
0,3213
0,3206
0,3206
0,3206
0,3198
0,3198
0,3191
0,3191
0,3177
0,3177
0,3177
0,3177
0,3177
0,3170
0,3163
0,3163
0,3163
0,3151
0,3151
0,3138
0,3138
0,3133
0,3133
0,3133
0,3133
0,3127
0,3127
VI%
0,1257
0,1251
0,1232
0,1232
0,1227
0,1213
0,1204
0,1200
0,1200
0,1195
0,1195
0,1191
0,1187
0,1166
0,1162
0,1154
0,1150
0,1147
0,1147
0,1143
0,1139
0,1136
0,1132
0,1128
0,1122
0,1112
0,1108
0,1105
0,1102
0,1096
0,1096
0,1093
0,1090
0,1090
0,1087
0,1084
0,1082
0,1082
0,1079
0,1076
0,1076
0,1071
0,1071
0,1069
0,1069
0,1069
0,1066
0,1066
0,1064
0,1064
0,1059
0,1059
0,1059
0,1059
0,1059
0,1057
0,1054
0,1054
0,1054
0,1050
0,1050
0,1046
0,1046
0,1044
0,1044
0,1044
0,1044
0,1042
0,1042
Espécie
Indeterminada 69
Plinia sp. 2
Eugenia sp. 2
Euphorbiac sp. 5
Indeterminada 33
Indeterminada 62
Eriotheca sp. 2
Indeterminada 25
Myrtac sp. 4
Celastrac sp. 1
Coccoloba sp. 1
Indeterminada 80
Indeterminada 83
Margaritaria sp. 2
Indeterminada 1
Indeterminada 13
Indeterminada 43
Indeterminada 47
Indeterminada 48
Indeterminada 68
Ocotea sp. 4
Plinia sp. 3
Indeterminada 6
Peutogyne sp. 1
Apocynac sp. 1
Chionanthus sp. 1
Indeterminada 41
Indeterminada 54
Indeterminada 21
Indeterminada 40
Laurac sp. 6
Indeterminada 29
Indeterminada 12
Indeterminada 55
Indeterminada 61
Daphnopsis sp. 1
Indeterminada 15
Indeterminada 63
Indeterminada 73
Indeterminada 77
Siparuna guianensis
Brunfelsia sp. 1
Flacourtiaceae sp. 1
Indeterminada 53
Indeterminada 56
Indeterminada 82
Licania sp. 3
Olacac sp. 2
DA
(n/ha)
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
DR (%)
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
0,1188
DoA
(m2/ha)
0,0054
0,0054
0,0051
0,0051
0,0051
0,0051
0,0048
0,0048
0,0048
0,0045
0,0045
0,0045
0,0045
0,0045
0,0043
0,0043
0,0043
0,0043
0,0043
0,0043
0,0043
0,0043
0,0040
0,0040
0,0038
0,0038
0,0038
0,0038
0,0035
0,0035
0,0035
0,0033
0,0031
0,0031
0,0031
0,0029
0,0029
0,0029
0,0029
0,0029
0,0029
0,0027
0,0027
0,0027
0,0025
0,0025
0,0025
0,0025
192
DoR
(%)
0,0104
0,0104
0,0099
0,0099
0,0099
0,0099
0,0093
0,0093
0,0093
0,0088
0,0088
0,0088
0,0088
0,0088
0,0083
0,0083
0,0083
0,0083
0,0083
0,0083
0,0083
0,0083
0,0078
0,0078
0,0073
0,0073
0,0073
0,0073
0,0069
0,0069
0,0069
0,0064
0,0060
0,0060
0,0060
0,0056
0,0056
0,0056
0,0056
0,0056
0,0056
0,0052
0,0052
0,0052
0,0048
0,0048
0,0048
0,0048
FA (ui/ut)
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
FR (%)
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
0,1835
VI
0,3127
0,3127
0,3121
0,3121
0,3121
0,3121
0,3116
0,3116
0,3116
0,3111
0,3111
0,3111
0,3111
0,3111
0,3106
0,3106
0,3106
0,3106
0,3106
0,3106
0,3106
0,3106
0,3101
0,3101
0,3096
0,3096
0,3096
0,3096
0,3091
0,3091
0,3091
0,3087
0,3082
0,3082
0,3082
0,3078
0,3078
0,3078
0,3078
0,3078
0,3078
0,3074
0,3074
0,3074
0,3070
0,3070
0,3070
0,3070
VI%
0,1042
0,1042
0,1040
0,1040
0,1040
0,1040
0,1039
0,1039
0,1039
0,1037
0,1037
0,1037
0,1037
0,1037
0,1035
0,1035
0,1035
0,1035
0,1035
0,1035
0,1035
0,1035
0,1034
0,1034
0,1032
0,1032
0,1032
0,1032
0,1030
0,1030
0,1030
0,1029
0,1027
0,1027
0,1027
0,1026
0,1026
0,1026
0,1026
0,1026
0,1026
0,1025
0,1025
0,1025
0,1023
0,1023
0,1023
0,1023
ANEXO I.3 – Amostras de plantas coletadas
aleatoriamente na RPPN Estação Veracel e que se
encontram depositadas no Herbário do CEPEC.
Nº
Herbário
Coleto
r principal
1068
65
Amori
1068
Amori
Família
4403
m, A. M. A.
66
Gênero
EUPHORBIACEA
E
4404
BROMELIACEAE
Aechmea
Amori
6102
RUBIACEAE
Amori
6103
SMILACACEAE
Smilax
Amori
6104
BORAGINACEAE
Cordia
Amori
6105
ANNONACEAE
m, A. M. A.
1123
48
m, A. M.
1123
49
m, A. M.
1123
50
m, A. M.
1123
51
m, A. M.
1123
52
Anaxagor
ea
Amori
6106
Amori
6107
MELIACEAE
m, A. M.
1123
53
m, A. M.
1123
54
Amori
1123
MELASTOMATAC
Leandra
EAE
6108
m, A. M.
55
HIPPOCRATEACE
AE
Amori
6109
CYPERACEAE
Amori
6110
OCHNACEAE
Ouratea
Amori
6111
FABACEAE
Bauhinia
Amori
6112
MYRTACEAE
Amori
6113
m, A. M.
1123
56
m, A. M.
1123
57
m, A. M.
1123
58
m, A. M.
1123
59
m, A. M.
1123
60
61
Amori
6114
Amori
6115
1123
PASSIFLORACEA
Passiflora
E
m, A. M.
62
MELASTOMATAC
EAE
m, A. M.
1123
MELASTOMATAC
EAE
Amori
6116
SCHIZAEACEAE
Anemia
Amori
6117
BORAGINACEAE
Cordia
Amori
6118
MALPIGHIACEAE
Amori
6119
m, A. M.
1123
63
m, A. M.
1123
64
m, A. M.
1123
65
m, A. M.
1123
66
Número
de coleta
FLACOURTIACEA
E
Amori
6120
m, A. M.
193
CYATHEACEAE
Casearia
Nº
Herbário
Coleto
r principal
1123
67
Família
Gênero
de coleta
Amori
6121
ARALIACEAE
Amori
6122
MALPIGHIACEAE
m, A. M.
1123
68
m, A. M.
1123
69
Heteropter
ys
Amori
6123
PIPERACEAE
Amori
6124
ARECACEAE
Amori
6125
m, A. M.
1123
70
m, A. M.
1123
71
m, A. M.
1123
72
EUPHORBIACEA
E
Amori
6126
Amori
6127
FABACEAE
m, A. M.
1123
73
m, A. M.
1123
74
75
Amori
6128
Amori
6129
1123
DIOSCOREACEA
E
m, A. M.
76
EUPHORBIACEA
E
m, A. M.
1123
FLACOURTIACEA
Casearia
E
Amori
6130
Amori
6131
RUBIACEAE
m, A. M.
1123
77
m, A. M.
1123
78
MELASTOMATAC
Miconia
Tournefort
EAE
Amori
6132
BORAGINACEAE
Amori
6133
SOLANACEAE
Amori
6134
APOCYNACEAE
Amori
6135
SOLANACEAE
Amori
6136
Lopes,
837
Lopes,
838
m, A. M.
1123
79
ia
m, A. M.
1123
80
m, A. M.
1123
81
m, A. M.
1123
82
m, A. M.
1123
83
M. M. M.
1123
84
M. M. M.
1123
85
MELASTOMATAC
EAE
Lopes,
839
RUBIACEAE
Lopes,
840
ASTERACEAE
Lopes,
841
ACANTHACEAE
Lopes,
842
RUBIACEAE
Chiococca
Lopes,
843
MELASTOMATAC
Miconia
M. M. M.
1123
86
M. M. M.
1123
87
M. M. M.
1123
88
M. M. M.
1123
89
Número
M. M. M.
EAE
194
Nº
Herbário
Coleto
r principal
1123
90
Família
Gênero
de coleta
Lopes,
844
FABACEAE
Bauhinia
Lopes,
845
DILLENIACEAE
Davilla
Lopes,
846
ASTERACEAE
Baccharis
Lopes,
847
POLYGONACEAE
Coccoloba
Lopes,
848
LORANTHACEAE
Lopes,
849
M. M. M.
1123
91
M. M. M.
1123
92
M. M. M.
1123
93
M. M. M.
1123
94
M. M. M.
1123
95
M. M. M.
1123
96
97
MELASTOMATAC
EAE
Lopes,
850
M. M. M.
1123
MELASTOMATAC
EAE
Lopes,
851
LECYTHIDACEAE
Lopes,
852
MELASTOMATAC
M. M. M.
1123
98
1123
EAE
Lopes,
853
M. M. M.
1124
00
SIMAROUBACEA
01
Lopes,
854
MALPIGHIACEAE
02
Byrsonim
a
Lopes,
855
BIGNONIACEAE
Lopes,
856
BIGNONIACEAE
Lopes,
857
BIGNONIACEAE
Lopes,
858
APOCYNACEAE
Lopes,
859
MELASTOMATAC
Lopes,
860
M. M. M.
1124
Simaba
E
M. M. M.
1124
Eschweile
ra
M. M. M.
99
Pleonotom
a
Lundia
M. M. M.
1124
03
M. M. M.
1124
04
M. M. M.
1124
05
06
EAE
M. M. M.
1124
07
EUPHORBIACEA
E
Lopes,
861
08
Sebastiani
a
POLYGALACEAE
M. M. M.
1124
Himatant
hus
M. M. M.
1124
Bredemey
era
Lopes,
862
FABACEAE
Lopes,
863
SOLANACEAE
Lopes,
864
SMILACACEAE
Lopes,
865
LAURACEAE
Lopes,
866
DILLENIACEAE
M. M. M.
1124
09
M. M. M.
1124
10
M. M. M.
1124
11
M. M. M.
1124
12
Número
M. M. M.
195
Smilax
Nº
Herbário
Coleto
r principal
1124
13
Família
Gênero
Vismia
de coleta
Lopes,
867
CLUSIACEAE
Lopes,
868
LORANTHACEAE
Lopes,
869
M. M. M.
1124
14
M. M. M.
1124
15
M. M. M.
1124
16
MELASTOMATAC
EAE
Lopes,
870
RUBIACEAE
Lopes,
871
MYRTACEAE
Lopes,
872
SALICACEAE
Lopes,
873
ANNONACEAE
Lopes,
874
SAPINDACEAE
Lopes,
875
Lopes,
876
MYRTACEAE
Lopes,
877
NYCTAGINACEAE
Lopes,
878
SCROPHULARIAC
Lopes,
879
Psychotria
M. M. M.
1124
17
M. M. M.
1124
18
M. M. M.
1124
19
M. M. M.
1124
20
M. M. M.
1124
21
M. M. M.
1124
22
M. M. M.
1124
23
M. M. M.
1124
24
M. M. M.
1124
25
EAE
M. M. M.
1124
26
LENTIBULARIAC
Utricularia
EAE
Lopes,
880
BROMELIACEAE
Lopes,
881
MYRTACEAE
Lopes,
882
HUMIRIACEAE
Lopes,
883
RUBIACEAE
Lopes,
884
FABACEAE
Swartzia
Lopes,
885
Lopes,
886
FABACEAE
Bauhinia
Lopes,
887
M. M. M.
1124
27
M. M. M.
1124
28
Humiria
M. M. M.
1124
29
M. M. M.
1124
30
M. M. M.
1124
31
M. M. M.
1124
32
M. M. M.
1124
33
M. M. M.
1124
34
MELASTOMATAC
EAE
Lopes,
888
AQUIFOLIACEAE
Lopes,
889
ACANTHACEAE
M. M. M.
1124
35
Número
M. M. M.
196
Ilex
Nº
Herbário
Coleto
r principal
1124
36
Família
Gênero
DILLENIACEAE
Davilla
de coleta
Lopes,
890
Lopes,
891
M. M. M.
1124
37
M. M. M.
1124
38
MELASTOMATAC
EAE
Lopes,
892
DILLENIACEAE
M. M. M.
1124
39
Doliocarpu
s
Lopes,
893
MYRTACEAE
Lopes,
894
CLUSIACEAE
Lopes,
895
CLUSIACEAE
Lopes,
896
Lopes,
897
RUBIACEAE
Lopes,
898
LYTHRACEAE
Lopes,
899
Lopes,
900
RUBIACEAE
Lopes,
901
RUBIACEAE
Lopes,
902
ORCHIDACEAE
Lopes,
903
MYRTACEAE
Lopes,
904
FABACEAE
Lopes,
905
Lopes,
906
XYRIDACEAE
Lopes,
907
MALVACEAE
Lopes,
908
ARALIACEAE
Lopes,
909
VERBENACEAE
Lopes,
910
FABACEAE
Lopes,
911
FABACEAE
Lopes,
912
MYRTACEAE
M. M. M.
1124
40
M. M. M.
1124
41
Clusia
M. M. M.
1124
42
M. M. M.
1124
43
M. M. M.
1124
44
M. M. M.
1124
45
M. M. M.
1124
46
M. M. M.
1124
47
M. M. M.
1124
48
Denscanti
a
M. M. M.
1124
49
M. M. M.
1124
50
M. M. M.
1124
51
M. M. M.
1124
52
Xyris
M. M. M.
1124
53
M. M. M.
1124
54
M. M. M.
1124
55
M. M. M.
1124
56
M. M. M.
1124
57
M. M. M.
1124
58
Número
M. M. M.
197
Schefflera
Nº
Herbário
Coleto
r principal
1124
59
Família
Gênero
Lundia
de coleta
Lopes,
913
BIGNONIACEAE
Lopes,
914
BROMELIACEAE
Lopes,
915
BROMELIACEAE
Lopes,
916
RUBIACEAE
Lopes,
917
M. M. M.
1124
60
M. M. M.
1124
61
Guzmania
M. M. M.
1124
62
M. M. M.
1124
63
M. M. M.
1124
64
MELASTOMATAC
Bertolonia
EAE
Lopes,
918
SAPOTACEAE
Lopes,
919
RUBIACEAE
Lopes,
920
MYRTACEAE
Lopes,
921
ICACINACEAE
M. M. M.
1124
65
M. M. M.
1124
66
M. M. M.
1124
67
M. M. M.
1124
68
Discophor
a
Lopes,
922
CLUSIACEAE
Vismia
Lopes,
923
LORANTHACEAE
Lopes,
924
APOCYNACEAE
Lopes,
925
TRIGONIACEAE
Lopes,
926
SAPINDACEAE
Serjania
Lopes,
927
ANNONACEAE
Guatteria
Lopes,
928
BIGNONIACEAE
Lopes,
929
FABACEAE
Lopes,
930
M. M. M.
1124
69
M. M. M.
1124
70
M. M. M.
1124
71
M. M. M.
1124
72
M. M. M.
1124
73
M. M. M.
1124
74
M. M. M.
1124
75
M. M. M.
1124
76
M. M. M.
1124
77
MELASTOMATAC
EAE
Lopes,
931
RUBIACEAE
Lopes,
932
PASSIFLORACEA
Passiflora
Lopes,
933
DILLENIACEAE
Davilla
Lopes,
934
BROMELIACEAE
Aechmea
Lopes,
935
MELASTOMATAC
M. M. M.
1124
78
79
Denscanti
a
M. M. M.
1124
E
M. M. M.
1124
80
M. M. M.
1124
81
Número
M. M. M.
EAE
198
Nº
Herbário
Coleto
r principal
1124
82
Família
Gênero
de coleta
Lopes,
936
SAPINDACEAE
Lopes,
937
APOCYNACEAE
Peltastes
Lopes,
938
DILLENIACEAE
Davilla
Lopes,
939
MALVACEAE
Lopes,
940
TILIACEAE
Apeiba
Lopes,
941
MORACEAE
Ficus
Lopes,
942
POACEAE
Lopes,
943
FABACEAE
Inga
Lopes,
944
Lopes,
945
CHRYSOBALANA
Hirtella
M. M. M.
1124
83
M. M. M.
1124
84
M. M. M.
1124
85
M. M. M.
1124
86
M. M. M.
1124
87
M. M. M.
1124
88
M. M. M.
1124
89
M. M. M.
1124
90
M. M. M.
1124
91
M. M. M.
1124
92
CEAE
Lopes,
946
MYRTACEAE
Lopes,
947
MYRSINACEAE
Sant'A
1291
M. M. M.
1124
93
M. M. M.
1141
93
na, S. C. de
1141
94
Sant'A
EUPHORBIACEA
E
1292
MALPIGHIACEAE
1293
MALPIGHIACEAE
Amori
6417
FABACEAE
Amori
6418
MARANTACEAE
Amori
6419
POLYGALACEAE
Amori
6420
BOMBACACEAE
Amori
6421
ANNONACEAE
Amori
6422
VITACEAE
Cissus
Amori
6423
FABACEAE
Bauhinia
Amori
6424
ORCHIDACEAE
na, S. C. de
1141
95
Sant'A
na, S. C. de
1145
37
m, A. M.
1145
38
Arapatiell
a
m, A. M.
1145
39
Polygala
m, A. M.
1145
40
m, A. M.
1145
41
m, A. M.
1145
42
m, A. M.
1145
43
m, A. M.
1145
44
Número
m, A. M.
199
Nº
Herbário
Coleto
r principal
1145
45
Amori
1145
Família
Gênero
de coleta
6425
m, A. M.
46
EUPHORBIACEA
E
Amori
6426
POACEAE
Amori
6427
SAPOTACEAE
Amori
6428
DILLENIACEAE
Amori
6429
ASTERACEAE
Amori
6430
RUBIACEAE
Amori
6431
PIPERACEAE
Amori
6432
ANNONACEAE
Amori
6433
RUBIACEAE
Amori
6434
m, A. M.
1145
47
m, A. M.
1145
48
Davilla
m, A. M.
1145
49
m, A. M.
1145
50
m, A. M.
1145
51
Piper
m, A. M.
1145
52
m, A. M.
1145
53
m, A. M.
1145
54
m, A. M.
1145
55
56
COMMELINACEA
E
Amori
6435
m, A. M.
1145
Dichorisa
ndra
EUPHORBIACEA
E
Amori
6436
MYRTACEAE
Amori
6437
VIOLACEAE
m, A. M.
1145
57
m, A. M.
1145
58
59
Paypayrol
a
Amori
6438
m, A. M.
1145
CYCLANTHACEA
E
Evodianth
us
Amori
6439
LAURACEAE
Amori
6440
POACEAE
Amori
6441
LAURACEAE
Amori
6442
RUBIACEAE
Amori
6443
IRIDACEAE
Amori
6444
GRAMMITIDACEA
Amori
6445
MELIACEAE
Amori
6446
POACEAE
Amori
6447
OXALIDACEAE
m, A. M.
1145
60
m, A. M.
1145
61
m, A. M.
1145
62
m, A. M.
1145
63
m, A. M.
1145
64
m, A. M.
1145
65
E
m, A. M.
1145
66
m, A. M.
1145
67
Número
m, A. M.
200
Oxalis
Nº
Herbário
Coleto
r principal
1145
68
Amori
1145
Família
Gênero
de coleta
6448
m, A. M.
69
HIPPOCRATEACE
AE
Amori
6449
MELIACEAE
Amori
6450
ARECACEAE
Amori
6451
CLUSIACEAE
Amori
6452
RUBIACEAE
Amori
6453
DILLENIACEAE
Amori
6454
SOLANACEAE
Amori
6455
MYRTACEAE
Amori
6456
MELIACEAE
Amori
6457
SAPOTACEAE
Amori
6458
LAURACEAE
Amori
6459
NYCTAGINACEAE
Amori
6460
RUBIACEAE
Amori
6461
m, A. M.
1145
70
m, A. M.
1145
71
m, A. M.
1145
72
m, A. M.
1145
73
Davilla
m, A. M.
1145
74
m, A. M.
1145
75
m, A. M.
1145
76
m, A. M.
1145
77
m, A. M.
1145
78
m, A. M.
1145
79
m, A. M.
1145
80
m, A. M.
1145
81
m, A. M.
1145
82
83
CHRYSOBALANA
CEAE
Amori
6462
Amori
6463
CLUSIACEAE
Amori
6464
MARANTACEAE
Amori
6465
ASTERACEAE
Amori
6466
MARANTACEAE
Amori
6467
MIMOSACEAE
Amori
6468
m, A. M.
1145
CHRYSOBALANA
CEAE
m, A. M.
1145
84
m, A. M.
1145
85
m, A. M.
1145
86
m, A. M.
1145
87
m, A. M.
1145
88
m, A. M.
1145
89
EUPHORBIACEA
E
Amori
6469
Amori
6470
m, A. M.
1145
90
Número
m, A. M.
201
BIGNONIACEAE
Parkia
Nº
Herbário
Coleto
r principal
1145
91
Família
Gênero
de coleta
Amori
6471
MYRTACEAE
Amori
6472
SAPINDACEAE
Amori
6473
MIMOSACEAE
Amori
6474
SAPINDACEAE
Amori
6475
BIGNONIACEAE
m, A. M.
1145
92
m, A. M.
1145
93
Inga
m, A. M.
1145
94
m, A. M.
1145
95
m, A. M.
1145
96
Jacarand
a
Amori
6476
SMILACACEAE
Smilax
Amori
6477
ORCHIDACEAE
Amori
6478
APOCYNACEAE
Amori
6479
BIGNONIACEAE
Amori
6480
OCHNACEAE
Ouratea
Amori
6481
CLUSIACEAE
Vismia
Amori
6482
MELASTOMATAC
Miconia
Amori
6483
RUTACEAE
Amori
6484
GENTIANACEAE
Voyria
Amori
6485
GENTIANACEAE
Voyria
Amori
6486
GENTIANACEAE
Voyria
m, A. M.
1145
97
m, A. M.
1145
98
m, A. M.
1145
99
m, A. M.
1146
00
m, A. M.
1146
01
m, A. M.
1146
02
m, A. M.
1146
03
EAE
m, A. M.
1146
04
m, A. M.
1146
05
m, A. M.
1146
06
Número
m, A. M.
202
ANEXO I.4 – Lista de espécies de vertebrados registradas
para a RPPN Estação Veracel
As espécies Cebus nigritus robustus, Cebus robustus, Cebus apella e
Cebus apella robustus foram agrupadas, no diagnóstico da fauna, em Cebus
robustus seguindo Silva Jr. (2001 apud Melo, 2004). Os primatas Callicebus
personatus, Callithrix kuhlii e Callitrix penicilata foram excluídos da lista de
espécies da RPPN EVC. A distribuição destas espécies não inclui a região
(Hirsch, 2003; Roosmalen et al., 2002), sendo pouco provável sua ocorrência
na RPPN EVC,, porém existem registros de introduções de outras espécies de
primayas calitriquídeos na região, havendo a possibilidade da existência de
híbridos ou de espécies não originais na área (Moura, 2003; P. Gouveia com.
pes.).
O cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus) e a raposinha-docampo (Pseudalopex vetulus) também foram excluídos. A primeira espécie é
muito rara e o registro pode ser fruto do engano entre as pegadas do cão
doméstico e do cachorro-vinagre (Zuercher et al., 2004), e a segunda é típica
do
Cerrado
que
pode
estar
ampliando
sua
distribuição
devido
ao
desmatamento (Moura 2003), porém a autora recomenda estudos mais
aprofundados para confirmar a presença desta espécie.
Existe um registro para o tatu-canastra (Priodontes maximus) na
RPPN EVC e é pouco plausível a ocorrência atual desta espécie na área
(Prado et al., 2003). Importante registrar que em novembro de 2006 um
morador local afirmou que esta espécie ocorria na região e atualmente se
encontra extinta (C. Gatto com. pes.).
Três espécies incluídas no diagnóstico necessitam ser confirmadas na
EVC, a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) o tamandua-bandeira
(Myrmecopahga tridactyla) e a onça-pintada (Panthera onca). As espécies de
vertebrados da RPPN Estação Veracel estão listadas abaixo. O número de
registros ser refere a quantidade de fontes que citaram a espécie.
203
Classe
Ordem
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Amphibia
Anura
Amphibia
Anura
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Anura
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Anura
Anura
Anura
Familia
Bufonidae
Bufonidae
Bufonidae
Bufonidae
Bufonidae
Bufonidae
Bufonidae
Dendrobatidae
Dendrobatidae
Dendrobatidae
Dendrobatidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Hylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
204
Espécie
Bufo aff. Crucifer
Bufo aff. typhonius
Bufo crucifer
Bufo gr. margaritifer
Bufo granulosus
Bufo margaritifer
Bufo paracnemis
Aparasphenodon brunoi
Colostethus capixaba
Colostethus sp.
Dscypops schirchi
Aparasphenodon brunoi
Hyla albomarginata
Hyla albopunctata
Hyla anceps
Hyla bipunctata
Hyla branneri
Hyla crepitans
Hyla decipiens
Hyla elegans
Hyla faber
Hyla gr. albosignata sp. n.
1
Hyla gr. albosignata sp. n.
2
Hyla gr. albosignata sp. n.
3
Hyla ibiraptanga
Hyla microps
Hyla minuta
Hyla pombali
Hyla scinax sp
Hyla semilineata
Hyla senicula
Hyla sp. n. 1
Hyla sp. n. 2
Hyla sp. n.1
Hylomantis aspera
Osteocephalus langsdorffii
Phrynohyas luteolus
Phrynohyas mesophaea
Phyllodytes luteolus
Phyllodytes melanomystax
Phyllomedusa burmeisteri
Scinax aff. altera
Scinax aff. aurydice
Scinax aff. catharinae
Scinax agilis
Scinax alter
Scinax argyreornatus
Scinax cuspidatus
Scinax eurydice
Scinax gr. catharinae
Scinax gr. ruber
Scinax ruber
Scinax sp.
Scinax sp.
Sphaenorhynchus
palustris
Adenomera hylaedactyla
Adenomera marmorata
No. de
registros
1
1
5
2
2
2
1
1
2
2
1
5
3
1
3
5
1
2
3
5
3
1
1
1
1
5
5
1
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Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Amphibia
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Amphibia
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Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Anura
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Amphibia
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Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
Amphibia
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Aves
Aves
Aves
Aves
Aves
Aves
Aves
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Leptodactylidae
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Leptodactylidae
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Anseriformes
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CaprimulgiformesCaprimulgidae
CaprimulgiformesCaprimulgidae
CaprimulgiformesCaprimulgidae
CaprimulgiformesCaprimulgidae
CaprimulgiformesCaprimulgidae
CaprimulgiformesNyctibiidae
Caprimulgiformes Nyctibiidae
Cathartiformes Cathartidae
Cathartiformes Cathartidae
Cathartiformes Cathartidae
Cathartiformes Cathartidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
Leptodactylidae
205
Espécie
Adenomera sp.
Ceratophrys aurita
Eleutherodactylus
bilineatus
Eleutherodactylus
binotatus
Eleutherodactylus gr.
guentheri
Eleutherodactylus
paulodutrai
Leptodactylus aff.
ocellatus
Leptodactylus fuscus
Leptodactylus gr. fuscus
Leptodactylus mystacinus
Leptodactylus ocellatus
Leptodactylus viridis
Physalaemus cuvieri
Physalaemus gr. cuvieri
Physalaemus gr. cuvieri
sp. n.
Physalaemus gr.signifer
Physalaemus signifer
Proceratophrys boiei
Proceratophrys laticeps
Chiasmocleis carvalhoi
Chiasmocleis schubarti
Stereocyclops incrassatus
Anas bahamensis
Chaetura cinereiventris
Cypseloides fumigatus
Panyptila cayennensis
Streptoprocne zonaris
Tachornis squamata
Amazilia fimbriata
Amazilia leucogaster
Anthracothorax nigricollis
Aphantochroa cirrochloris
Chlorestes notata
Chlorostilbon lucidus
Chrysolampis mosquitus
Eupetomena macroura
Florisuga fusca
Glaucis dohrnii
Glaucis hirsutus
Hylocharis cyanus
Hylocharis sapphirina
Phaethornis pretrei
Phaethornis ruber
Thalurania glaucopis
Thalurania sp
Thalurania watertonii
Caprimulgus cf. parvulus
Caprimulgus parvulus
Lurocalis semitorquatus
Nyctidromus albicollis
Nyctiphrynus ocellatus
Nyctibius aethereus
Nyctibius griseus
Cathartes aura
Cathartes burrovianus
Coragyps atratus
Sarcoramphus papa
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Gruiformes
Momotidae
Cuculidae
Cuculidae
Cuculidae
Cuculidae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Accipitridae
Falconidae
Falconidae
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Falconidae
Falconidae
Bucconidae
Bucconidae
Bucconidae
Bucconidae
Galbulidae
Cracidae
Cracidae
Cariamidae
Pardirallus
Rallidae
Rallidae
Rallidae
Passeriformes
Passeriformes
Cardinalidae
Cardinalidae
Aves
Charadriidae
Jacanidae
Scolopacidae
Ardeidae
Ardeidae
Ardeidae
Columbidae
Columbidae
Columbidae
Columbidae
Columbidae
Columbidae
Columbidae
Columbidae
Columbidae
Columbidae
Alcedinidae
Alcedinidae
Alcedinidae
206
Espécie
Vanellus chilensis
Jacana jacana
Actitis macularius
Bubulcus ibis
Butorides striata
Claravis pretiosa
Columba cayennensis
Columba livia
Columbina minuta
Columbina squammata
Columbina talpacoti
Geotrygon montana
Leptotila rufaxilla
Leptotila sp.
Leptotila verreauxi
Ceryle torquatus
Chloroceryle amazona
Chloroceryle americana
Baryphthengus
ruficapillus
Crotophaga ani
Guira guira
Piaya cayana
Tapera naevia
Buteo albicaudatus
Buteo nitidus
Chondrohierax uncinatus
Elanoides forficatus
Elanus leucurus
Gampsonyx swainsonii
Geranospiza caerulescens
Harpagus bidentatus
Harpagus diodon
Harpia harpyja
Ictinia plumbea
Leptodon cayanensis
Leucopternis lacernulatus
Rupornis magnirostris
Spizaetus ornatus
Spizaetus tyrannus
Caracara plancus
Falco femoralis
Falco sparverius
Herpetotheres cachinnans
Micrastur semitorquatus
Milvago chimachima
Milvago chimango
Chelidoptera tenebrosa
Malacoptila striata
Monasa morphoeus
Nonnula rubecula
Galbula ruficauda
Penelope superciliaris
Ortalis motmot
Cariama cristata
Gallinula chloropus
Amaurolimnas concolor
Pardirallus nigricans
Porzana albicollis
Caryothraustes
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Saltator maximus
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Dendrocolaptidae
Dendrocolaptidae
Donacobiidae
Emberizidae
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Emberizidae
Emberizidae
Emberizidae
Formicariidae
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Fringillidae
Fringillidae
Fringillidae
Furnariidae
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Furnariidae
Furnariidae
Furnariidae
Furnariidae
Furnariidae
Grallariidae
Hirundinidae
Hirundinidae
Hirundinidae
Hirundinidae
Hirundinidae
Icteridae
Icteridae
Icteridae
Icteridae
Icteridae
Icteridae
Icteridae
Mimidae
Motacillidae
Parulidae
207
Espécie
Coereba flaveola
Conopophaga melanops
Carpornis melanocephala
Cotinga maculata
Lipaugus vociferans
Procnias nudicollis
Xipholena atropurpurea
Campylorhamphus
falcularius
Dendrocincla turdina
Dendrocolaptes
platyrostris
Glyphorynchus spirurus
Lepidocolaptes squamatus
Sittasomus griseicapillus
Xiphocolaptes albicollis
Xiphorhynchus fuscus
Xiphorhynchus guttatus
Donacobius atricapilla
Ammodramus humeralis
Arremon taciturnus
Emberizoides herbicola
Paroaria dominicana
Sicalis flaveola
Sporophila angolensis
Sporophila bouvreuil
Sporophila caerulescens
Sporophila leucoptera
Sporophila nigricollis
Volatinia jacarina
Zonotrichia capensis
Formicarius colma
Chlorophonia cyanea
Euphonia chlorotica
Euphonia pectoralis
Euphonia violacea
Euphonia xanthogaster
Automolus leucophthalmus
Certhiaxis cinnamomeus
Furnarius rufus
Phacellodomus rufifrons
Philydor atricapillus
Synallaxis frontalis
Synallaxis spixi
Thripophaga macroura
Xenops minutus
Xenops rutilans
Grallaria varia
Progne chalybea
Progne tapera
Pygochelidon cyanoleuca
Stelgidopteryx ruficollis
Tachycineta albiventer
Cacicus cela
Cacicus haemorrhous
Gnorimopsar chopi
Icterus jamacaii
Molothrus bonariensis
Psarocolius decumanus
Sturnella superciliaris
Mimus saturninus
Anthus lutescens
Basileuterus flaveolus
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Parulidae
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Pipridae
Pipridae
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Pipridae
Pipridae
Polioptilidae
Thamnophilidae
Thamnophilidae
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Thamnophilidae
Thamnophilidae
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Thamnophilidae
Thamnophilidae
Thamnophilidae
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Thraupidae
Thraupidae
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Thraupidae
Thraupidae
Thraupidae
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Tityridae
Tityridae
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Tityridae
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Tityridae
Tityridae
Tityridae
Tityridae
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Troglodytidae
Troglodytidae
Troglodytidae
Troglodytidae
Turdidae
208
Espécie
Parula pitiayumi
Phaeothlypis rivularis
Passer domesticus
Chiroxiphia pareola
Dixiphia pipra
Machaeropterus regulus
Manacus manacus
Pipra rubrocapilla
Schiffornis virescens
Ramphocaenus melanurus
Drymophila ochropyga
Drymophila squamata
Dysithamnus stictothorax
Formicivora grisea
Herpsilochmus pileatus
Herpsilochmus
rufimarginatus
Myrmotherula axillaris
Myrmotherula urosticta
Pyriglena leucoptera
Taraba major
Terenura maculata
Thamnomanes caesius
Thamnophilus ambiguus
Thamnophilus
caerulescens
Thamnophilus punctatus
Chlorophanes spiza
Conirostrum speciosum
Cyanerpes cyaneus
Dacnis cayana
Habia rubica
Hemithraupis flavicollis
Hemithraupis ruficapilla
Nemosia pileata
Ramphocelus bresilius
Tachyphonus cristatus
Tachyphonus rufus
Tangara brasiliensis
Tangara cayana
Tangara cyanocephala
Tangara cyanoventris
Tangara mexicana
Tangara seledon
Tangara velia
Thlypopsis sordida
Thraupis palmarum
Thraupis sayaca
Laniocera hypopyrra
Pachyramphus castaneus
Pachyramphus marginatus
Pachyramphus
polychopterus
Pachyramphus viridis
Schiffornis turdina
Schiffornis virescens
Tityra cayana
Campylorhynchus
turdinus
Thryothorus genibarbis
Thryothorus longirostris
Troglodytes musculus
Cichlopsis leucogenys
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Passeriformes
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Passeriformes
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Pelecaniformes
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Psittaciformes
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Vireonidae
Vireonidae
Anhingidae
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Picidae
Ramphastidae
Ramphastidae
Ramphastidae
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
209
Espécie
Turdus albicollis
Turdus amaurochalinus
Turdus fumigatus
Turdus leucomelas
Turdus rufiventris
Ardea alba
Arundinicola leucocephala
Attila rufus
Attila spadiceus
Camptostoma obsoletum
Colonia colonus
Elaenia flavogaster
Elaenia sp
Fluvicola nengeta
Hemitriccus nidipendulus
Lathrotriccus euleri
Legatus leucophaius
Leptopogon
amaurocephalus
Machetornis rixosa
Megarynchus pitangua
Mionectes oleagineus
Myiarchus ferox
Myiarchus sp.
Myiarchus tuberculifer
Myiarchus tyrannulus
Myiobius barbatus
Myiodynastes maculatus
Myiophobus fasciatus
Myiornis auricularis
Myiozetetes similis
Ornithion inerme
Phyllomyias fasciatus
Pitangus sulphuratus
Rhynchocyclus olivaceus
Rhytipterna simplex
Todirostrum cinereum
Tolmomyias flaviventris
Tolmomyias poliocephalus
Tolmomyias sulphurescens
Tyrannus melancholicus
Tyrannus savana
Xolmis irupero
Cyclarhis gujanensis
Vireo olivaceus
Anhinga anhinga
Campephilus robustus
Celeus flavescens
Celeus flavus
Celeus torquatus
Colaptes campestris
Dryocopus lineatus
Melanerpes flavifrons
Piculus flavigula
Picumnus exilis
Veniliornis affinis
Veniliornis maculifrons
Pteroglossus aracari
Ramphastos vitellinus
Selenidera maculirostris
Amazona amazonica
Amazona farinosa
Amazona rhodocorytha
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Ordem
Psittaciformes
Psittaciformes
Psittaciformes
Psittaciformes
Psittaciformes
Psittaciformes
Psittaciformes
Psittaciformes
Psittaciformes
Psittaciformes
Psittaciformes
Psittaciformes
Strigiformes
Strigiformes
Strigiformes
Strigiformes
Strigiformes
Strigiformes
Strigiformes
Tinamiformes
Tinamiformes
Tinamiformes
Tinamiformes
Tinamiformes
Tinamiformes
Tinamiformes
Trogoniformes
Trogoniformes
Trogoniformes
Trogoniformes
Artiodactyla
Artiodactyla
Artiodactyla
Artiodactyla
Artiodactyla
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Carnivora
Didelphimorphia
Didelphimorphia
Didelphimorphia
Logomorpha
Marsupialia
Perissodactyla
Primates
Primates
Primates
Primates
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Familia
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
Psittacidae
Strigidae
Strigidae
Strigidae
Strigidae
Strigidae
Strigidae
Tytonidae
Tinamidae
Tinamidae
Tinamidae
Tinamidae
Tinamidae
Tinamidae
Tinamidae
Trogonidae
Trogonidae
Trogonidae
Trogonidae
Cervidae
Cervidae
Cervidae
Tayassuidae
Canidae
Felidae
Felidae
Felidae
Felidae
Felidae
Felidae
Felidae
Mustelidae
Mustelidae
Mustelidae
Mustelidae
Procyonidae
Procyonidae
Procyonidae
Didelphidae
Didelphidae
Didelphidae
Leporidae
Didelphidae
Tapiridae
Callitrichidae
Cebidae
Pitheciidae
Pitheciidae
Agoutidae
Caviidae
Cricetidae
210
Espécie
Aratinga aurea
Aratinga auricapillus
Aratinga leucophthalma
Brotogeris tirica
Forpus xanthopterygius
Pionus maximiliani
Pionus menstruus
Pionus sp.
Primolius maracana
Pyrrhura cruentata
Pyrrhura leucotis
Touit surdus
Athene cunicularia
Glaucidium brasilianum
Glaucidium minutissimum
Megascops atricapilla
Pulsatrix perspicillata
Strix virgata
Tyto alba
Crypturellus noctivagus
Crypturellus parvirostris
Crypturellus soui
Crypturellus tataupa
Crypturellus variegatus
Rhynchotus rufescens
Tinamus solitarius
Trogon curucui
Trogon rufus
Trogon surrucura
Trogon viridis
Tayassu pecari
Mazama americana
Mazama gouazoubira
Mazama sp.
Pecari tajacu
Cerdocyon thous
Herpailurus yaguarondi
Leopardus cf. pardalis
Leopardus pardalis
Leopardus tigrinus
Leopardus wiedii
Panthera onca
Puma concolor
Conepatus sp.
Eira barbara
Galictis sp.
Lontra longicaudis
Nasua nasua
Potos flavus
Procyon cancrivorus
Didelphis aurita
Metachirus nudicaudatus
Philander frenata
Sylvilagus brasiliensis
Philander opossum
Tapirus terrestris
Callithrix geoffroyi
Cebus robustus
Callicebus melanochir
Callicebus sp.
Agouti paca
Cavia welsi
Oryzomys sp
No. de
registros
5
4
1
7
6
1
6
1
1
6
2
7
2
4
1
2
2
1
2
2
2
6
2
6
3
6
1
7
2
6
2
4
2
1
6
4
4
1
3
4
3
2
6
1
3
1
4
4
2
3
1
1
1
4
1
6
7
1
1
1
3
1
1
Classe
Ordem
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Mammalia
Repitilia
Repitilia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Rodentia
Xenarthra
Xenarthra
Xenarthra
Xenarthra
Xenarthra
Xenarthra
Xenarthra
Xenarthra
Xenarthra
Amphisbenia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Amphisbenia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Lacertilia
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Familia
Dasyproctidae
Dasyproctidae
Echimyidae
Erethizontidae
Erethizontidae
Erethizontidae
Erethizontidae
Espécie
Dasyprocta agouti
Dasyprocta sp.
Nelomys sp
Chaetomys subspinosus
Coendou prehensilis
Sphiggurus sp.
Sphigurus insidiosus
Hydrochaeris
Hydrochaeridae
hydrochaeris
Muridae
Calomys sp.
Muridae
Mus musculus
Muridae
Nectomys squamipes
Muridae
Rattus norvegicus
Muridae
Rattus rattus
Sciuridae
Sciurus aestuans ingrami
Sciuridae
Sciurus cf.aestuans
Bradypodidae
Bradypus torquatus
Bradypodidae
Bradypus variegatus
Dasypodidae
Cabassous unicinctus
Dasypodidae
Dasypus novemcinctus
Dasypodidae
Dasypus septemcinctus
Dasypodidae
Dasypus sp.
Dasypodidae
Euphractus sexcinctus
Myrmecophagidae
Myrmecophaga tridactyla
Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla
Amphisbaenidae
Amphisbaena alba
Leposternon
Rhineuridae
microcephalum
Anguidae
Diploglossus fasciatus
Gekkonidae
Gymnodactylus darwinii
Gekkonidae
Phyllopezus pollicaris
Gymnophthalmidae Colobosaura sp.
Gymnophthalmidae Leposoma scincoides
Leiosauridae
Enyalius catenatus
Polychrotidae
Anolis fuscoauratus
Polychrotidae
Anolis ortonii
Polychrotidae
Anolis punctatus
Polychrotidae
Enyalius catenatus
Polychrotidae
Polychrus marmoratus
Scincidae
Mabuya heathi
Scincidae
Mabuya macrorhyncha
Teiidae
Ameiva ameiva
Teiidae
Cnemidophorus nativo
Teiidae
Kentropyx calcarata
Teiidae
Tupinambis merianae
Tropiduridae
Tropidurus strobilurus
Tropiduridae
Tropidurus torquatus
Boidae
Corallus hortulanus
Boidae
Epicrates cenchria
Colubridae
Atractus maculatus
Colubridae
Chironius bicarinatus
Colubridae
Chironius exoletus
Colubridae
Chironius fuscus
Colubridae
Chironius laevicollis
Colubridae
Chironius multiventris
Colubridae
Clelia plumbea
Colubridae
Dipsas catesbyi
Colubridae
Dipsas neivai
Colubridae
Drymoluber dichrous
Colubridae
Leptodeira annulata
Colubridae
Leptophis ahaetulla
Colubridae
Liophis cobella
Colubridae
Liophis frenatus
211
No. de
registros
1
3
1
5
1
1
5
2
1
1
1
1
2
1
1
3
3
2
3
2
1
3
3
2
1
1
1
4
1
1
4
3
4
2
1
1
3
1
4
4
3
4
3
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Classe
Ordem
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Serpente
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Repitilia
Total
Serpente
Serpente
Serpente
Testudine
Testudine
Familia
Colubridae
Colubridae
Colubridae
Colubridae
Colubridae
Colubridae
Colubridae
Colubridae
Colubridae
Colubridae
Colubridae
Elapidae
Elapidae
Viperidae
Viperidae
Viperidae
Viperidae
Chelidae
Testudinidae
212
Espécie
Liophis miliaris
Liophis poecilogyrus
Liophis reginae
Oxybelis aeneus
Oxyrhopus petola
Philodryas olfersii
Philodryas viridissima
Pseudoboa nigra
Pseustes sulphureus
Waglerophis merremii
Xenodon rhabdocephalus
Micrurus corallinus
Micrurus ibiboboca
Bothrios bilienatus
bilienatus
Bothrops jararaca
Bothrops leucurus
Lachesis muta
Acanthochelys radiolata
Geochelone denticulata
No. de
registros
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1518
ANEXO I.5 – Fotos da fauna da RPPN Estação Veracel
Dante Buzzetti
Foto 1 – Beija-flor balança-rabo canela
(Glaucis dorhnii).
Aristides Alves
Foto 2 – Papagaio chauá
(Amazona rhodocorytha).
Gleison Rezende
Foto 3 – Sagüi-da-cara-branca
(Callithrix geoffroyi).
213
Katão
Foto 4 – Macaco-preto
(Cebus robustus).
Bruno Pimenta
Bruno Pimenta
Foto 5 – Perereca (Hylomantis aspera).
Foto 6 – Perereca (Hyla gr.
albosignata sp. n.).
João Marcos Rosa
Foto 7 – Indíviduo de gavião-real (Harpia harpyja) próximo ao viveiro e um
ninho da espécie identificado na RPPN Estação Veracel.
214
Alexandre Dias Ribeiro
Foto 8 – Equipamento utilizado na metodologia de armadilha fotográfica e
uma foto de anta (Tapirus terrestris) registrada em pesquisa utilizando esse
tipo de ferramenta na RPPN Estação Veracel.
215
ANEXOS II
1.
Projetos Específicos
• Monitoramento de mamíferos de médio e grande porte
através de armadilhas fotográficas na RPPN Estação
Veracel
• Manejo e conservação do gavião-real na RPPN
Estação Veracel
• Novas propostas de uso público na RPPN Estação
Veracel
2.
Oficinas Participativas
• Oficina de Elaboração do Programa de Pesquisa da
RPPN Estação Veracel
• Oficina de Planejamento Participativo em
Comunicação e Educação Ambiental para o Entorno
da RPPN Estação Veracel
216
Projetos Específicos
Nesse item estão descritos projetos que já se encontram em
desenvolvimento na RPPN EVC ou em fase de implantação. Novos projetos
serão incorporados quando da revisão do plano de manejo.
Monitoramento de mamíferos de médio e grande porte
através de armadilhas fotográficas na RPPN Estação Veracel
Resumo
Em uma amostragem preliminar na RPPN Estação Veracel foram
registradas 8 espécies de mamíferos através da metodologia de armadilhasfotográficas. Tal metodologia caracteriza-se por ser um método relativamente
não intrusivo. Permite realizar o monitoramento de grandes extensões de
área, não sendo necessária uma constante vigilância do sítio de estudo além
de
não
ocorrer
a
captura
dos
animais,
livrando-os
do
stress
de
aprisionamento. É também ideal para o registro efetivo da riqueza de
espécies, uma vez que a grande maioria dos animais é arredia à presença
humana. O objetivo do presente projeto de pesquisa é estabelecer um
programa de monitoramento da fauna de mamíferos de médio e grande porte
presentes na RPPN Estação Veracel. Serão estabelecidas 18 pontos de
amostragem utilizando armadilhas-fotográficas dispostas nas diferentes
Zonas de Manejo definidas pelo zoneamento no Plano de Manejo da reserva.
Em cada ponto de amostragem será instalada uma armadilha-fotográfica
modelo Tigrinus Convencional v4.0c. As armadilhas serão vistoriadas em
intervalos mensais, quando serão verificados o número de fotos tiradas e a
carga das baterias, que serão substituídas caso seja necessário. A cada seis
meses, ou em intervalos menores dependendo dos resultados obtidos, as
armadilhas serão trocadas de lugar, mantendo a distribuição pelas Zonas de
manejo. Pretende-se com o projeto avaliar a importância da RPPN Estação
Veracel na manutenção de populações viáveis de elementos da fauna de
mamíferos característicos da região sul da Bahia.
217
Introdução
Restando menos de 8% da cobertura original do bioma (Fundação
SOS Mata Atlântica & INPE, 2000) e altamente rica em endemismo de
plantas e animais, a Mata Atlântica é um dos cinco mais importantes
hotspots mundiais de biodiversidade (Myers et al., 2000). De um total
estimado
em
mais
de
1800
espécies
de
vertebrados
terrestres,
aproximadamente 660 (36%) são endêmicos ao bioma. Entre os mamíferos,
18 (80%) das 24 espécies e sub-espécies de primatas e 57 (64%) dos 87
táxons de roedores são exclusivos do bioma. Elevado também são os número
de espécies de mamíferos ameaçados de extinção na Mata Atlântica. Dos 69
mamíferos ameaçados de extinção no Brasil pela lista oficial do IBAMA
(Machado et al., 2005) nada menos que 41 espécies (59,4%) ocorrem na
Mata Atlântica, muitas delas no sul do estado da Bahia.
A fauna de mamíferos do sul da Bahia tem sido alvo de diferentes
estudos em anos recentes. Moura (1999) e Pardini (2001, 2004) estudaram a
comunidade de pequenos mamíferos na Reserva Biológica de Una e em
fragmentos na região. Moura (2003) analisou também a fauna de mamíferos
em geral em fragmentos florestais em um trabalho com maior amplitude
geográfica, abrangendo áreas no Baixo Sul ao Extremo Sul do estado. A
região Sul da Bahia é também rica em espécies de mamíferos ameaçados de
extinção, e diversos trabalhos vêm sendo desenvolvidos com muitas dessas
espécies,
tais
como
o
mico-leão-da-cara-dourada
(Leontopithecus
chrysomelas), o macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos), a
preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), o rato-do-cacau (Callistomys
pictus) e o rato-de-espinho (Phyllomys unicolor), entre outros. Muito se
espera desses estudos para confirmar a importância dos remanescentes
florestais nessa região para a preservação de espécies ameaçadas de
extinção no Brasil.
Nesse contexto, a RPPN Estação Veracel, junto com a área de floresta
da Reserva Biológica Pau-Brasil, da CEPLAC, constitui um importante
remanescente florestal. Diversos estudos com mamíferos foram realizados na
RPPN. Teixeira et al. (1994) indicam a presença de várias espécies
ameaçadas de extinção na área, porém, muitas delas com ocorrência
presumida.
Martuscelli
(1999),
em
um
relatório
preliminar
de
três
expedições de coleta aponta 14 espécies de mamíferos, desconsiderando
218
espécies registradas em entrevistas. Para pequenos mamíferos, considerando
a área conjunta da RPPN com a Rebio Pau-Brasil, Moura (2003) capturou 6
espécies em uma única campanha de campo, além de ter registrado 33
espécies de mamíferos de médio e grande porte, 13 dessas espécies com
registros diretos (pegadas e visualizações) e o restante por meio de
entrevistas. Mais recentemente, Melo (2004) relata a ocorrência de 25
espécies de mamíferos na Estação, 16 delas por meio de entrevistas. Paglia
& Santos (2005) realizaram um rápido inventário da fauna de mamíferos de
médio e grande porte na Estação Veracel utilizando armadilhas-fotográficas.
A amostragem da fauna através de armadilhas fotográficas (Cam Trap)
caracteriza-se por ser um método relativamente não intrusivo. Permite
realizar o monitoramento de grandes extensões de área, não sendo
necessária uma constante vigilância do sítio de estudo além de não ocorrer a
captura dos animais, livrando-os do stress de aprisionamento. É também
ideal para o registro efetivo da riqueza de espécies, uma vez que a grande
maioria dos animais é arredia à presença humana. Entretanto, o método
apresenta algumas limitações para o inventariamento da fauna silvestre em
decorrência da diferença de detecção entre os grupos (grande homeotérmicos
e pequenos homeotérmicos) e devido os diferentes hábitos locomotores entre
as espécies (Wemmer et al., 1996).
Objetivos
Apesar de úteis para a caracterização da fauna de mamíferos,
nenhum dos projetos voltados para esse grupo na RPPN Estação Veracel
possui uma grande amplitude temporal. Sendo assim, o objetivo do presente
estudo é iniciar um protocolo de monitoramento da fauna de mamíferos de
médio e grande porte na RPPN Estação Veracel. Pretende-se também
relacionar a variação sazonal nos parâmetros biológicos de riqueza e
diversidade com variáveis ambientais, além de comparar tais parâmetros
entre as diferentes zonas de manejo e entre áreas submetidas a diferentes
níveis de pressão antrópica externa. O projeto também se insere como
componente do Programa de Monitoramento das áreas de influência da
Veracel, por se tratar da RPPN uma dos sítios do programa.
219
Metodologia
Área de estudo
A
amostragem
será
realizada
na
RPPN
Estação
Veracel,
de
propriedade da empresa Veracel. A RPPN está localizada nos municípios de
Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, e possui uma área de 6069 hectares de
floresta, boa parte dela (cerca de 76% da estação) em estágio avançado
(Teixeira et al., 1994). A vegetação predominante na Estação Veracel é a
chamada Mata de Tabuleiro, com matas de galeria ao longo dos cursos
d’água e uma área brejosa ao sul da estação e uma pequena área coberta
por formações arbustivas e/ou arbóreas de terrenos arenosos, chamados
“mussunungas” (Figura 1).
Coleta de Dados
Para levantamento dos dados serão utilizadas inicialmente 20
armadilhas fotográficas modelo Tigrinus Convencional v4.0c, fabricadas pela
Tigrinus
(http://www.tigrinus.com.br).
O
modelo
possui
uma
câmera
fotográfica analógica automática 35mm modelo Canon BF10 date com filme
Fuji Pro Value 200 ASA, 36 poses. A câmera fotográfica é alimentada com
duas pilhas tamanho AA recarregáveis. A armadilha possui um sensor de
movimento que detecta a presença de organismos que se desloquem em
frente ao equipamento, e um sensor de ambiente, com a função de reduzir
disparos em falso. A armadilha é alimentada por 4 pilhas tamanho AA
recarregáveis. O equipamento pode ser ajustado através de um programador
externo, que também indica o número de fotos batidas e ao nível de carga
das pilhas.
As armadilhas serão instaladas em árvores com diâmetro superior a
15 cm, e os pontos de amostragem escolhidos de acordo com o Zoneamento
ambiental realizado para o Plano de Manejo da Estação Veracel. Foram
definidas 6 Zonas de manejo, sendo três zonas principais para a instalação
das armadilhas fotográficas: Vida Silvestre (ZVS), Proteção (duas ZP1 e ZP2)
e Recuperação (ZR). Armadilhas serão inseridas também na Zona de
Educação Ambiental (ZEA), Zona Administrativa (ZA) e na Zona Conflitante
(ZC). Um total de 17 armadilhas-fotográficas serão distribuídas em cada
zona de manejo (Tabela 1). Três armadilhas serão reservadas para eventuais
substituições de equipamento estragado.
220
Figura 1 – Mapa de cobertura vegetal da Reserva Particular do Patrimônio Natural
Estação Veracel, Porto Seguro, Bahia.
221
Tabela 1 – Número de armadilhas-fotográficas instaladas em cada zona de manejo
na RPPN Estação Veracel
Zona de manejo
Tamanho
Sigla
(ha)
No. de
armadilhas
Zona de Proteção
2.643
ZP
5
Zona Silvestre
1.712
ZVS
4
Zona de Recuperação
1.670
ZR
4
Zona de Visitação
33
ZEA
2
Zona de Uso Conflitante
10
ZC
1
Zona de Administração
1
ZA
1
Total
6.069
17
Serão escolhidos pontos próximos de corpos d'água, de trilhas
naturais, de árvores com frutos e de evidências diretas ou indiretas da
presença de mamíferos. O equipamento será programado para disparos em
intervalos mínimos de 30 segundos entre as fotografias e funcionamento
contínuo (24 horas). As câmeras serão vistoriadas em intervalos de
aproximadamente
quatro
semanas,
para
troca
do
filme
e,
quando
necessária, renovação das baterias e pilhas além da limpeza e verificação do
funcionamento do equipamento. As armadilhas ficarão em operação por pelo
menos 4 anos, devendo ser substituídas por equipamentos novos quando
estragadas e sem possibilidade de reposição, para que o esforço amostral
permaneça constante ao longo desse período.
Para os cálculos de sucesso de captura e do índice de abundância
relativa (IAR) consideraremos um registro efetivo como sendo uma foto de
uma espécie em uma armadilha-fotográfica num período de 24 horas,
excluindo da estimativa os registros seqüenciais de um mesmo indivíduo.
Para a estimativa do IAR de cada espécie divide-se o número de registros
efetivos de cada espécie pelo número total de registros efetivos (Sanderson,
2005; Sanderson & Trolle, 2005). A diversidade será comparada entre as
zonas de manejo utilizando as estimativas de riqueza calculadas a partir de
técnicas de re-amostragem como o Jackniffe. A variação sazonal na riqueza
222
de espécies e no IAR será relacionada com parâmetros ambientais, como
pluviosidade e temperatura através da análise de regressão.
223
Literatura citada
Fundação SOS Mata Atlântica & INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais). (2000). Atlas dos Remanescentes Florestais e Ecossistemas
Associados no Domínio da Mata Atlântica. São Paulo.
Machado, A.B., Martins, C.S. & Drummond, G.M. (2005). Lista da Fauna
Brasileira Ameaçada de Extinção – incluindo as listas das espécies quase
ameaçadas e deficientes em dados. Fundação Biodiversitas. Belo
Horizonte.
Martuscelli, P. (1999). Levantamento de aves e mamíferos da Estação
Veracruz, Porto Seguro, Bahia. Relatório Preliminar (não publicado).
Veracel Celulose. Eunápolis.
Melo, F.R. (2004). Levantamento de primatas na Reserva Particular do
Patrimônio Natural Estação Veracruz, Eunápolis, Bahia. Relatório técnico
(não publicado). Veracel Celulose. Eunápolis.
Moura R.T. (1999). Análise comparativa da estrutura da comunidade de
pequenos mamíferos em remanescentes de Mata Atlântica e plantio de
cacau em sistema de cabruca no Sul da Bahia. Tese de Mestrado.
Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte.
Moura, R.T. (2003). Distribuição e ocorrência de mamíferos na Mata
Atlântica do sul da Bahia. Em: Prado P.I., Landau E.C., Moura R.T.,
Pinto
L.P.S.,
Fonseca
G.A.B.
&
Alger
K.N.
(orgs.)
Corredor
de
Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia. Publicação em CDROM. IESB, CI, CABS, UFMG & UNICAMP. Ilhéus.
Myers, N., Mittermeyer, R.A., Fonseca, G.A.B., & Kent, J. (2000). Biodiversity
hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853-858
Paglia, A.P. & Santos, G. (2005). Amostragem de mamíferos de médio e
grande porte através de armadilhas fotográficas na RPPN Estação
Veracruz. Relatório Técnico não-publicado. Veracel Celulose. Eunápolis.
Pardini R. (2001). Pequenos mamíferos e a fragmentação da Mata Atlântica
de Una, Sul da Bahia – Processos e Conservação. Tese de Doutorado,
Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade de São
Paulo. São Paulo.
224
Pardini, R. (2004). Efects of forest fragmentation on small mammals in an
Atlantic Forest landscape. Biodiversity and Conservation 13: 2567–2586.
Sanderson, J. (2005). Camera Phototrapping Monitoring Protocol Version 2.1
-Tropical
Disponível
Ecology,
em:
Assessment,
and
Monitoring
(TEAM)
Initiative.
www.teaminitiative.org/application/resources/index.hmtl#camera
(download em setembro de 2005)
Sanderson, J.G. & M. Trolle. (2005). Monitoring elusive mammals. American
Scientist 93: 148-155.
Teixeira, D. M., Porto, M., Lorini, M. L. & Persson, V. G. (1994). Vertebrados
ameaçados de extinção na Estação Veracruz. Relatório Técnico (não
publicado). Veracel Celulose. Eunápolis.
Wemmer, C., Kunz, T.H., Lundie-Jenkins, G. & Mcshea, W.J. (1996).
Mammalian singn. In: D.E. Wilson, F.R. Cole. J.D. Nichols, R. Rudrarn &
M.S. Foster (eds.). Measuring and Monitoring Biological Diversity.
Standart Methods for Mammals. Smithsonian Institution. Washington
D.C.
225
Cronograma de Atividades
ATIVIDADES
BIMESTRES
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Seleção e contratação de biólogo
Aquisição de equipamento
Instalação das armadilhas
Coletas de dados
Tabulação dos dados
Recolocação das armadilhas
Análise dos dados
Relatório parcial
Relatório Final
226
Manejo e Conservação do Gavião-Real na RPPN Estação
Veracel*
*em colaboração com a pesquisadora Dra. Tânia Sanaiotti (INPA)
Introdução
O Gavião-real, Harpia harpyja, habita as florestas do Novo Mundo
desde o sul do México até o nordeste da Argentina (Aparício, 2001, Sick,
1993) e aparentemente nunca foi muito abundante, o que pode criar uma
sensação de absoluta ausência desta espécie em florestas que mostram
condições ótimas para sua existência (Garcia, 1996).
Esta espécie, o maior predador voador das Américas, esteve antes
listada como ameaçada de extinção (Bernardes et al., 1990) e recentemente
foi retirada da nova Lista Oficial de Espécies Brasileiras Ameaçadas de
Extinção (web site do MMA, 2003).
Na mata Atlântica, o Gavião-real era regularmente avistado até a
década de 40 (Pacheco et al., 2003). Entretanto a população declinou
drasticamente, e os avistamentos entre 1980 e 2002 para esta região,
tornaram-se raros, provavelmente devido à fragmentação de habitat e ao
processo histórico de caça da espécie como troféu.
Na Amazônia Legal Brasileira, as evidências nos últimos 6 anos
(Sanaiotti et. al., 2001) indicam que a espécie seja ainda abundante devido
às grandes extensões de floresta contínua. Porém as novas fronteiras do
desmatamento decorrentes de expansões agrícola e pecuária, assentamentos
rurais
e
exploração
madeireira,
estão
desencadeando
processos
de
transformação daquela paisagem.
Retting (1995) afirma que sabendo melhor a respeito das presas de
Harpias poderemos indicar qual o tamanho e tipo de habitat para
salvaguardar a população destas águias. Em suas pesquisas detectou que
até os seis meses, os jovens treinam o uso das asas, e depois do primeiro
vôo, ainda se manterão próximos à árvore do ninho por mais de um ano,
sendo alimentados pelos pais. Pela dificuldade de acompanhar as atividades
deste animal em campo, este período de nidificação é a melhor alternativa de
registrar a dieta da espécie.
A dieta de um casal em período reprodutivo foi composta por 19
espécies de mamíferos, mais de 30% dos indivíduos eram preguiças e menos
227
de 30% eram macacos; 86% das presas eram arborícolas, mas um cervídeo,
Mazama americana, foi identificado nos itens de dieta (Retting, 1995). Em
outro registro de presas, avaliado através de restos encontrados em 7 ninhos
no Peru, a dieta foi composta por 11 espécies de mamíferos (destacando
Coendou bicolor, Choloeupus hoffmanni, Potus flavus, Bradyipus variegatus e
Tamanduá tetradactyla em maior número) e 3 espécies de aves (Piana,
2001).
Alvarez-Cordero (1996) estudou 29 ninhos na Venezuela e 10 no
Panamá, e estimou que os casais usam cerca de 3-7km da área de entorno
aos ninhos, mantendo área de uso circular com o ninho no centro. A
dispersão destes casais podia ser em até 80km2. No Peru, próximo a Puerto
Maldonato, na comunidade nativa de “Infierno”, Piana (1997) encontrou
harpias
sobrevivendo
e
reproduzindo
em
florestas
secundárias
ou
fragmentadas.
O hábito de retornar às árvores dos ninhos em diferentes ciclos de
reprodução foi apontado em dois diferentes trabalhos. Retting (1978)
registrou ciclos de reutilização de ninhos com cerca de três anos.
Muitos estudos fazem referências à nidificação de harpias em árvores
emergentes. Retting (1995) estudando ninhos de harpia na Guiana
encontrou 9 ninhos, maioria deles em Ceiba pentandra (Samaúma). Na
Venezuela Martinez et al. (1996) descrevem que os ninhos ocorreram em
Lecythidaceae
(“Capa
tabaco”),
Chrysobalanaceae
(“el
Merecurillo”),
Leguminosae (“el Algarrobo”) e Bombacaceae (“el Barbarán” e ocasinalmente
em Ceibas). No Peru, dos 7 ninhos estudados 4 estavam em castanheiras,
Bertholletia excelsa e 2 em Dipteryx micranta e 1 não identificada (Piana,
2001). Os trabalhos não indicam dados de preferência por espécies, mas
sempre
citam
nidificações
em
árvores
emergentes,
que
variam
aparentemente conforme a região abordada.
A localização e o monitoramento de ninhos próximos à Manaus foi um
ponto de partida ao estudo da dieta da espécie na Amazônia central
(Sanaiotti et al., 2001). Com base na idéia de preservação ligada à árvore do
ninho, a exemplo de trabalho semelhante realizado por Alvarez-Cordero &
Küng (1998) na Venezuela, foi iniciado um Programa de Conservação da
espécie Gavião-real para a Amazônia Brasileira (Sanaiotti, 2001, 2002).
228
Justificativa
A coexistência de espécies com o homem é um desafio deste novo
século, e para isso faz-se necessário que muitas informações estejam
disponíveis aos tomadores de decisão, nos momentos de argumentação e
estabelecimento de ações de conservação.
Determinar padrões de uso do habitat, tamanho e forma do território,
e compreender a dieta de espécies ameaçadas podem ser ferramentas úteis
para fornecer subsídios às tomadas de decisão quanto ao estabelecimento de
áreas de conservação e orientação em planos de manejo. O mesmo vale para
casos de restrição de uso de habitat em áreas de extrativismo e estimativas
de viabilidade de reintrodução da espécie em áreas a priori de ocorrência
natural.
Na Mata Atlântica a fragmentação do habitat criou um mosaico de
“pequenas florestas” que dificulta a manutenção da fauna. No Extremo Sul
da Bahia, a descaracterização do ambiente natural e a derrubada
indiscriminada das florestas são responsáveis pela raridade de várias
espécies de aves nos dias atuais, principalmente espécies florestais, que
sobrevivem apenas nos raros remanescentes florestais existentes na região.
As principais reservas florestais existentes no sul da Bahia, com capacidade
para abrigar as espécies de aves mais raras e exigentes ecologicamente, são
a RPPN Estação Veracel, de propriedade da Veracel Celulose S/A e os três
parques nacionais na porção terrestre dessa região, em função de sua
extensão e grau de conservação.
No caso específico deste Projeto, há registros de avistamentos de
Harpia harpyia com regularidade por pesquisadores visitantes (Paulo
Cordeiro, Mauro Galetti) na RPPN Estação Veracel, e por vários funcionários
da Reserva e vigias da CEPLAC na divisa da RPPN/CEPLAC, desde 1998.
O(s)
indivíduo(s)
avistado(s)
entre
1998-2004
na
RPPN,
remanescente(s) ao processo de fragmentação, pode estar utilizando também
o entorno da unidade de conservação como área de forrageio. Não existem
dados publicados a respeito da dimensão dos territórios em áreas
fragmentadas, nem estudos prévios sobre área de vida de harpias para a
Mata Atlântica.
Atualmente,
existe
uma
harpia
em
cativeiro
no
Criadouro
Conservacionista da Veracel Celulose S/A, localizado na RPPN Estação
Veracel, que tem atraído a presença de um indivíduo de vida livre observado
229
desde junho de 2003. O animal hoje em cativeiro é proveniente de apreensão
do IBAMA em área próxima a Reserva em 1997 e já era adulto na época.
Uma vez que o referido Criadouro será desativado e os animais devidamente
encaminhados, propõe-se no caso da harpia a realização de um estudo do
indivíduo de vida livre e a partir deste a possível reabilitação e soltura do
indivíduo em cativeiro, na região.
Objetivos
1. Capturar a harpia de vida livre que visita o indivíduo em cativeiro, no
recinto do Criadouro Conservacionista da Veracel Celulose S/A
localizado na RPPN Estação Veracel, para anilhamento de registro no
CEMAVE/IBAMA
e
implantação
de
rádios
transmissores
para
receptação de dados em VHS e via Satélite;
2. Determinar se o indivíduo marcado desloca-se somente na área da
RPPN Estação Veracel e qual ou quais outras matas contíguas ou
fragmentos estão sendo visitados, e determinação de área de vida;
3. Identificar que áreas dentro da RPPN Estação Veracel não são
ocupadas pela Harpia monitorada ou outro indivíduo livre;
4. Investigar se existe ninho de Harpia dentro da RPPN Estação Veracel
e/ou florestas adjacentes;
5. Verificar a presença de indivíduos de Harpia, através de sistema de
Play-Back em diferentes pontos da RPPN Estação Veracel;
6. Iniciar programa de reabilitação para o indivíduo em cativeiro,
visando reintrodução;
7. Buscar reserva florestal ou conjunto de fragmentos com área
suficiente para comportar a reintrodução, baseando-se em dados a
serem obtidos pelo monitoramento do indivíduo de vida livre.
Área de Estudo
O estudo será desenvolvido na RPPN Estação Veracel, onde há
registros de avistamentos de indivíduo(s) de Harpia adulto, e por surpresa a
visita de um indivíduo adulto sobre o recinto de outro indivíduo de Harpia
em cativeiro.
A vegetação das RPPN Estação Veracel (6.069 ha) e Estação Pau Brasil
(1.230 ha) são de Floresta Atlântica, pouco impactadas, remanescentes ao
processo de ocupação humana.
230
Métodos
1. Captura e marcação com anel do CEMAVE/IBAMA e soltura do
indivíduo livre que visita o recinto na RPPN Estação Veracel;
2. Determinar o tamanho da área usada pelo indivíduo livre através da
implantação de um rádio transmissor via satélite;
3. Acompanhar as atividades de animais na área do ninho de harpia dentro
da RPPN Estação Veracel;
4. Determinar se existe parte da Estação Veracel que não esteja sendo
ocupada pela Harpia monitorada;
5. Reintroduzir o segundo indivíduo, hoje em cativeiro no Criadouro
Conservacionista da Veracel Celulose S/A, em área de reserva na Bahia.
Captura por armadilha de laço
A técnica de captura por armadilha de laço foi desenvolvida na tese de
doutorado de Álvares-Cordero (1996), com captura e marcação de 16
Harpias na Venezuela, e ainda não foi patenteada.
A arapuca consiste de uma base de tela onde se fixam quatro guias
para o laço e uma isca, e a estrutura é presa a um galho próximo ao ninho.
O laço, uma corda de polipropileno de 5mm, é controlado pôr um operador
em terra e no momento que a ave pisa na isca, dispara o dispositivo.
Nesta situação em especial, os avistamentos mais constantes têm sido
sobre o recinto do indivíduo em cativeiro, sobre o qual será instalado o
dispositivo de captura.
Marcação e implantação de transmissores VHS e satélite
No
mesmo
esforço
de
captura
para
o
anilhamento,
serão
implementados sistemas de transmissão de sinais VHS Wildlife Materials e
transmissor de sinais via satélite TELONICS, em sistema de mochila, fixa às
costas da ave.
A receptação dos dados será realizada em parceria com o Instituto
Nacional
de
Pesquisas
da
Amazônia
-
INPA.
Após
a
receptação,
procederemos com as análises dos dados e determinação da área utilizada
pelo indivíduo. Além da marcação também será feita coleta de sangue para
fins de análise de DNA.
231
Técnicas de acesso às copas
Para instalação de armadilhas, verificação de ninhos, buscas por
avistamentos ou quando necessário, as árvores emergentes serão escaladas
através de técnicas verticais em “single rope” com “back-up”, com técnica
“sapo”. As cordas estáticas são passadas nas forquilhas principais da árvore,
previamente à escalada, através do uso de atiradeira esportiva, com
chumbos esféricos de pesca de 50g, presos a um fio de nylon de 0,35mm.
Após a passagem deste fio, por ele será recolhido um cordim de 0,6mm,
chamado monofil, com o qual é possível recolher à corda. As cordas de
“back-up”, dinâmicas, partirão de uma segunda pessoa que dispõe de um
dispositivo blocante, que liberará corda á medida que o escalador sobe.
Presa ao escalador, a corda dinâmica será passada por pontos de fixação,
que sustentarão a queda do escalador em caso de falha do sistema principal.
Caracterização da dieta
Ossadas serão recolhidas mensalmente no ninho dentro da reserva,
durante o período do monitoramento por um integrante do Programa Gaviãoreal. Para caracterizar e quantificar a dieta dos filhotes, analisaremos as
ossadas recolhidas, seja no chão sob o ninho ou no interior do ninho
(quando da limpeza final antes da queda do ninho, ou nos momentos de
captura para o anilhamento). As ossadas serão analisadas individualizando
cada item de presa para quantificação. Consideraremos indivíduo, cada
crânio ou bacia completa. Em uma mesma coleta, quando não for possível
individualizar ossos pertencentes a um mesmo esqueleto, para cada crânio
uma bacia será descartada do registro de número de indivíduos.
Métodos para reabilitação de indivíduo de Harpia adulto trazido
para o Criadouro Conservacionista em 1998 (microship AID
0451133090).
Um programa de reabilitação deverá ser moldado conforme avaliação
da capacidade de vôo, habilidade de captura de presas e manutenção de
instinto de caça, e estado de saúde do indivíduo em cativeiro. O
planejamento do programa de reabilitação deverá ser desenvolvido e
detalhado em parceria com a RPPN Estação Veracel. Além disso, deverão ser
232
considerados os dados a serem obtidos pelo monitoramento do indivíduo de
vida livre a fim de identificar a existência de área suficiente para comportar a
reintrodução na região. No caso de soltura, este indivíduo também receberá
anilha e rádios transmissores para acompanhamento.
Método de Play-back para atração de indivíduos.
Serão acessados diferentes pontos da RPPN Estação Veracel, a serem
determinados de acordo com acesso e divisão da área em blocos de
abordagem. Nesses pontos selecionados, uma árvore emergente será
escalada,
e
procederemos
utilizando
com
gravações
play-back
de
das
vocalizações
vocalizações
e
em
aparelho
aguardaremos
MD,
por
vocalizações de resposta ou avistamento de indivíduos.
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Cronograma
ANO 1
1. Harpia vida livre
Aquisição de equipamentos e
transmissor
Escaladores instalar
armadilha
Gravação de vocalizações
Captura e implantação rádio
Monitoramento INPE
Escalador busca por ninho
Primeira estimativa da área
Segunda estimativa da área
2. Harpia em cativeiro
Reabilitação em cativeiro
Captura e marcação
Soltura
1
2
3
4
5
6
7
ANO 2
8
9
1
0
1
1
12 1
2
3
4
X X
X
X X
X
X
X
X
X
X
X X X X X X X X X X X X
X
X
X
X
X
X
X
X
X X X
X
X
X X X X X X X X
X
X X X
X
X
234
Novas Propostas de Uso Público para a RPPN Estação
Veracel
(a) Trilha Autoguiada das Palmeiras e Paisagismo
Os
belíssimos
conjuntos
de
espécies
arbóreas
plantados
defronte ao Centro de Visitantes poderiam ser ainda mais ressaltados
com uma reforma no jardim, transformando-o em uma área melhor
aproveitada e de maior circulação de visitantes.
Ao mesmo tempo em que as sebes formadas pelo pingo-de-ouro
(Duranta repens) ressaltam os caminhos (Figura 1a), os elementos
dispostos no jardim, como um quiosque, bancos e placas adquirem
um caráter de isolamento. Além disso, algumas placas que identificam
espécies arbóreas, no caminho para a administração, acabam ficando
um pouco escondidas atrás da bordadura de pingo-de-ouro (Figura
1b).
(a)
(b)
Figura 1(a) – Sebes formadas pelo pingo-de-ouro (Duranta repens) ressaltam
os caminhos internos da RPPN Estação Veracel; (b) Placas escondidas atrás
da bordadura de pingo-de-ouro.
235
Em uma situação destas deve-se decidir o que deverá chamar
mais a atenção, se o caminho que vem em primeiro plano, ou a vista
além dele. Pode-se alterar a composição com a eliminação das
bordaduras de pingo-de-ouro, proporcionando maior contato com as
plantas do jardim, buscando com a remoção dos detalhes unir todos
os
componentes.
Aproveitando
os
conjuntos
de
palmeiras,
principalmente no caminho para a administração (Figura 2a), sugerese a implantação da Trilha das Palmeiras, definindo o percurso com
um novo traçado, com beiradas de sustentação (pedras, tijolos) e
pavimentação (seixos rolados, pedras britadas). As atuais placas
apenas informam o nome popular, científico e a família botânica a que
pertence (Figura 2b).
(a)
(b)
Figura 2(a) – Palmeiras no caminho para a administração na RPPN Estação
Veracel; (b) Placas atuais informam nome comum, científico e família
botânica a que pertence.
236
Um novo conjunto de placas deve ser projetado, com caráter
mais educativo, dando destaque aos usos da espécie e criando textos
integrativos
e
ilustrações
de
uma
placa
para
a
outra,
seja
relacionando o cotidiano de uma comunidade, por exemplo, indígena,
ou relacionando espécies da fauna local. Pode-se usar um personagem
“mascote” como interlocutor da história na Trilha das Palmeiras, sem
com isso deixar de atingir os públicos distintos.
Com relação a toda a área do jardim, parte da grande forração
gramada, que requer constante manutenção (Figura 3a), pode ser aos
poucos substituída por forrações nativas de porte arbustivo, que não
precisam ser cortadas ou podadas, principalmente na lateral oposta
ao estacionamento de funcionários, no fundo do Centro de Visitantes.
Deve ser estudado um caminho diferenciado de acesso à
administração, que pode sair da parte lateral direita ou fundo do
Centro de Visitantes. O caminho de acesso ao Centro de Visitantes a
partir do portão de entrada para visitantes (Figura 3b) deve
permanecer, podendo sofrer adequações ao contexto do projeto
paisagístico como um todo.
237
(a)
(b)
Figura 3(a) – Grande forração gramada requer constante manutenção; (b)
Caminho de acesso ao Centro de Visitantes da RPPN Estação Veracel.
No planejamento do jardim, deve ser mantida uma área
gramada
aberta
para
realização
de
atividades
educativas,
principalmente com grupos de escolas. Alguns recantos do jardim
podem ainda ser valorizados e enfatizados como local de descanso,
contemplação e relaxamento, realocando os bancos e quiosque.
(b) Trilha em Floresta Conservada
Um passeio com grande potencial para ser estudado seria um
roteiro com o ponto de partida no Centro de Visitantes, onde ouviriam
uma breve palestra sobre a RPPN EVC e princípios de conduta e
mínimo impacto, a primeira parada em trilha da Mussununga, e a
volta passando por um trecho de estrada interna do Parque, com
visita à trilha em floresta conservada.
238
Deve ser estudado um trecho de trilha circular, com início e
final no mesmo ponto, que é mais utilizado para trilhas curtas,
oferecendo fácil acesso além de estacionamento próximo (Figura 4). Os
visitantes não precisam retornar pelo mesmo caminho, o que torna o
percurso mais interessante.
Acesso à trilha
ESTRADA
Figura 4 - Trilha em formato circular.
Neste trecho de floresta, na bordadura da estrada interna, foram
observados sub-bosques com grande diversidade de bromélias (Figura
5a e b), o que não foi encontrado próximo à área da sede.
Seria necessário uma van ou micro-ônibus para o transporte de
visitantes nesta trilha, ou em caso de acionistas da empresa poderiam
ir com carro próprio ou alugado. A logística de transporte pode ser
ainda realizada por concessionários, que devem seguir as normas
definidas pela administração. Deve-se fazer um estudo para verificar
as responsabilidades legais e penalidades, prevendo o acontecimento
de acidentes que envolvem veículos, lembrando que se trata de uma
via municipal, e não particular da Empresa Veracel. Placas de limite
de velocidade devem ser instaladas ao longo das estradas, requeridas
junto aos órgãos responsáveis.
239
(a)
(b)
Figura 5(a e b) – Bromélias observadas no sub-bosque da área com potencial
para implantação da trilha em floresta conservada da RPPN Estação Veracel.
(d) Necessidade de Projetos Específicos
Manejo e Monitoramento do Uso Público
Os métodos de planejamento da visitação atualmente utilizados
caracterizam-se por serem dinâmicos e sua ênfase está na condição
desejada, utilizando-se indicadores que descrevem as condições
atuais, fazendo com que os padrões desejáveis dos recursos naturais
ou da experiência do visitante sejam alcançados através de ações
administrativas. A base de todo o processo está na realização do
monitoramento contínuo das condições físicas e sociais da área
natural, conforme demonstrado na Figura 6.
240
Revisar objetivos de manejo
existentes para a área
Selecionar indicadores das
condições do recurso e sociais
Estabelecer padrões para os indicadores
Monitorar as condições
Comparar as condições existentes com os padrões
Padrão
excedido
Padrão não
excedido
Avaliar e identificar as causas do excesso
Selecionar e implementar
ações de manejo
Figura 6 – Diagrama ilustrando objetivos pré-determinados dos sistemas de
planejamento.
Os impactos decorrentes do uso público são complexos e
envolvem diversas variáveis, sendo que apenas algumas podem ser
analisadas com precisão. O período, tipo e duração do uso, assim
como o comportamento do visitante e o nível de experiência
determinam a severidade dos impactos.
O aumento da visitação em áreas naturais e o fato destas áreas,
por vezes, coincidirem com ecossistemas frágeis, causam impactos
negativos sobre o ambiente, que poderiam ser evitados ou diminuídos
com algumas propostas de manejo (Passold, 2002). Os programas de
monitoramento
de
impacto
do
uso
público
oferecem
aos
administradores uma ferramenta objetiva para acompanhar as
241
condições naturais do meio, e verificar a amplitude do impacto
causado pelos visitantes.
Na RPPN EVC, a definição de padrões de qualidade desejável dos
recursos naturais e da experiência da visitação será definida após a
implementação de um programa de monitoramento contínuo.
Atualmente os métodos mais utilizados para planejamento da
visitação são: ROS (Recreation Opportunity Spectrum), LAC (Limits of
Acceptable Change), VIM (Visitor Impact Management), VAMP (Visitor
Activities Management Process) e VERP (Visitor Experience and
Resource Protection).
Estes
métodos
se
utilizam
de
indicadores
que
refletem
alterações ecológicas representativas ocasionadas pelo uso público.
Deverá ser elaborado um estudo específico para seleção e teste de
indicadores para então definir o Plano de Monitoramento do Uso
Público da RPPN EVC.
A exemplo do teste com indicadores de monitoramento de uso
público realizado por Passold (2002) e Passold et al. (2004), nas trilhas
do Parque Estadual Intervales, também nesta unidade deve ser feito o
teste comparativo entre indivíduos diferentes para a seleção dos
indicadores mais adequados (Tabela 1).
242
Tabela 1 – Lista de possíveis indicadores de impactos ecológicos e sociais
para o monitoramento do Programa de Uso Público da RPPN Estação
Veracel.
IMPACTOS FÍSICOS
Densidade do solo
Drenagem do solo
Compactação do solo
Química do solo
pH do solo
Produtividade do solo
Quantidade de serrapilheira
Área de solo nu
Profundidade de serrapilheira
No de fogueiras
Área sem vegetação
Tamanho das áreas das fogueiras
Área total de camping
No de trilhas não oficiais
Erosão visível
IMPACTOS BIOLÓGICOS
Fauna do solo e micro flora
Densidade de cobertura do solo
% de perda de cobertura vegetal
Composição de espécies de plantas
Diversidade de espécies de plantas
Proporção de espécies exóticas
Altura das plantas
Vigor das espécies selecionadas
Extensão de vegetação danificada
Extensão dos danos às árvores
No de plântulas
Exposição das raízes das árvores
Abundância de espécies silvestres
Presença/Ausência de fauna silvestre
Freqüência de observação de fauna silvestre
selecionada
Sucesso na reprodução da fauna silvestre
Diversidade de fauna silvestre
IMPACTOS SOCIAIS
No
No de encontros por tipo de atividade
de encontros com outros indivíduos/dia
No de encontros por meio de transporte
No de encontros por tamanho de grupo
No de encontros com outros grupos por dia
Percepção do visitante sobre lotação
No de encontros por local de encontro
No de reclamações dos visitantes
Percepção do visitante sobre o impacto no
Quantidade de lixo na área
ambiente
Satisfação do visitante
Relatos de visitantes sobre comportamento
indesejável de outros visitantes
Logotipo da RPPN Estação Veracel
O atual logotipo da RPPN EVC (Figura 8), tem um design
agradável e já incorporu a mudança do nome Estação Veracel.
243
Figura 8 – Logotipo atual da RPPN Estação Veracel.
Sistema de Sinalização e Identidade Visual
Deve-se prever o planejamento de um sistema de sinalização e
identidade visual integrado, para orientar o visitante na localização
das vias de acesso externas e internas da RPPN, e também nas trilhas.
O projeto específico de sinalização das trilhas novas deverá
ocorrer preferencialmente após a implementação das ações de manejo,
definindo a real necessidade de instalação, o local mais apropriado e o
conteúdo das placas. As placas devem ser simples, objetivas, visíveis e
integradas ao ambiente. A sinalização sempre deve estar de acordo
com os objetivos e o zoneamento da área. Em Hawes (1998) encontrase um exemplo da utilização de variados tipos de sinalização,
apropriada para cada zona de uso. A Tabela 2 apresenta as políticas
de sinalização adotadas nos Parque da Tasmânia, Austrália.
Tabela 2 – Sinalização e manejo apropriados para cada zona de uso em
parques.
ZONAS
MANEJO
Primitivo
Extensivo
Intensivo
Sim*
Sim**
Sim
PLACAS DE
INTERPRETAÇÃO
Não
Não#
Sim
PLACAS DE
ORIENTAÇÃO
Não
Não
Sim
Fonte: Adaptado de Hawes (1998). *Estritamente para propósitos de manejo e proteção ambiental. Não
deve ser obstrutivo; **Mínimo de sinalização. Em geral apenas para propósitos de manejo e proteção
ambiental. Não deve ser obstrutivo; # Somente em áreas de uso intensivo e apenas onde houver
equipamentos facilitadores (ex. Salas com equipamentos interpretativos). Não devem ser instaladas em
áreas semi-primitivas.
Ao longo das trilhas deve-se evitar a instalação de placas e não
devem ser instaladas placas nos locais onde se encontram os
244
atrativos, resguardando assim sua característica primitiva. Somente
no início dos trajetos ou em bifurcações poderão ser utilizadas placas
que deverão informar sobre os pontos de interesse, a distância a
percorrer, o tempo estimado de caminhada e eventuais perigos. As
placas no início das trilhas devem conter a indicação do atrativo a ser
visitado, a distância do percurso e o tempo necessário para sua
realização.
Faz-se necessário incluir no monitoramento de equipamentos
facilitadores a verificação de possíveis danos causados ao sistema de
sinalização e providenciar sua imediata manutenção ou troca, de
acordo com a necessidade verificada.
Divulgação
O projeto que tratar da divulgação da RPPN EVC nas escolas da
região, na empresa e para o público em geral, deve procurar enfatizar
os atrativos e atividades permitidas na unidade de conservação. A
divulgação poderá ser realizada junto às prefeituras dos Municípios de
Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro, Eunápolis e nas comunidades do
entorno e bairros, bem como em escolas e outras instituições de
ensino.
A divulgação nos municípios e comunidades do entorno podem
ter influência tanto positiva como negativa sobre a unidade. A
influência positiva da divulgação pode se dar através da expectativa de
que a fiscalização e circulação de visitantes na área, sendo
intensificadas, coíbam as entradas clandestinas.
No entanto, a divulgação pode despertar um interesse latente de
que estes recursos protegidos pela Federação poderão ser utilizados
como um estoque abundante e disponível, mesmo cientes da
ilegalidade do uso destes recursos. A divulgação dos atrativos
existentes na RPPN EVC deve restringir-se aos locais oficialmente
abertos à visitação, evitando assim a pressão sobre locais onde a
administração ainda não consegue ter um controle efetivo sobre as
atividades de uso público.
245
Este projeto específico deve ser desenvolvido através da
contratação
de
serviços
especializados,
sob
a
supervisão
da
administração da RPPN, para a elaboração do material de divulgação,
onde devem ser estudadas as formas mais efetivas de propaganda.
Dentre as causas da ineficiência da propaganda identificadas
por McKercher (2002) está a falta de direcionamento, qualidade
inadequada da produção, falta de distinção, campanhas desprovidas
de uma estratégia claramente definida e falta de profissionalismo no
texto e no layout. Os objetivos da visitação na Estação Veracel, assim
como metas a curto, médio e longo prazo devem estar claramente
definidos quando do desenvolvimento das estratégias de divulgação.
Quanto à produção de folheteria sobre a RPPN, McKercher
(2002) aponta que os folhetos são uma das formas de propaganda
mais importantes, embora sejam também uma das ferramentas
promocionais mais mal-usadas. O layout, as cores selecionadas, a
qualidade do papel, as ilustrações, as fotos escolhidas e o texto do
anúncio são, na maioria das vezes, insatisfatória.
Hodgson, (citado por McKercher, 2002), aponta que o índice de
desperdício dos folhetos está acima dos 90%. O autor ainda lembra
que as pessoas não pagam nem um centavo para adquirir os folhetos;
portanto, os mesmos têm pouco valor para o leitor.
Informações gerais sobre o período e horários de visitação,
acessos, distâncias e mapa de localização, atividades recreacionais,
infra-estrutura
existente,
normas
e
regulamentos,
equipamento
desejável para o melhor aproveitamento do passeio (calçados e
vestimentas adequadas) e contato para informações devem ser
disponibilizados também através de serviço online.
Ativação da Plataforma
A estrutura construída para chegar a copa de uma árvore deve
ser reativada, sendo necessário a contratação de um técnico para
avaliação do estado de conservação da estrutura, seja a parte metálica
246
como a madeira, e estudar os equipamentos e procedimentos para
oferecer segurança ao visitante.
Capacitação e Acompanhamento de Pesquisa
Para a realização de atividades de visitação, a RPPN EVC
necessita, além da infra-estrutura adequada a este fim, de pessoas
capazes
de
atender
aos
visitantes,
orientando-os
sobre
as
oportunidades recreacionais e educativas existentes da unidade de
conservação e garantir sua segurança e integridade física.
Neste sentido, devem ser desenvolvidos com os funcionários da
RPPN treinamentos temáticos, direcionados tanto para uma atitude
conservacionista, como para o manejo da visitação.
Após a avaliação do potencial recreativo RPPN EVC foram
identificados
alguns
temas
necessários
para
as
fases
de
implementação das atividades de uso público, como manejo de
visitantes; monitoramento do uso público; manejo e manutenção de
trilhas; manutenção da infra-estrutura; primeiros socorros, busca e
salvamento; navegação territorial; legislação aplicada a unidade de
conservação; identificação de fauna e flora; fotografia na natureza; e
línguas estrangeiras (inglês, espanhol).
A aplicação de novos cursos e treinamentos, além da reciclagem
de conhecimentos já adquiridos, deve ser uma prática contínua.
O desenvolvimento de um maior número de pesquisas gera
conseqüentemente a necessidade de assistentes de campo e, a
utilização dos funcionários para suprir esta demanda apresenta-se
como uma alternativa bastante viável. Além de monitorarem as
atividades desenvolvidas e absorverem conhecimentos, os funcionários
poderão efetivamente
colaborar com
a realização
dos
estudos
científicos, através de indicações, referências e auxílio no campo.
Educação Ambiental Vinculada ao Uso Público
Em todo o histórico de uso público da RPPN EVC, o principal
grupo visitante são os estudantes, merecendo assim atenção especial
no planejamento da visitação, mais ainda após definido o perfil de uso
247
público da unidade de conservação voltada a fins educacionais. A
visitação na RPPN EVC deve estar associada aos princípios e
atividades definidas pelo Sub-programa de Educação Ambiental.
Para que sejam atingidos os objetivos de uma visita de
qualidade é recomendável que um monitor acompanhe grupos de até
10 pessoas. A programação da visita nas trilhas deve ser organizada
de forma a evitar encontro de grupos e congestionamento na trilha,
conforme observado em um dia de visita com um grupo de
aproximadamente 30 alunos (Figura 9a).
O local de explanação do monitor antes de iniciar a trilha
(Figura 9b) deve ser revisto quando se tratar de grupos de crianças
menores que 10 anos, e também se houver um aumento no fluxo de
veículos na estrada para Santa Cruz Cabrália.
(a)
(b)
Figura 9(a) – Encontro de grupos na Trilha da Floresta Tropical na RPPN
Estação Veracel; (b) Explanação do monitor antes de iniciar a trilha.
248
Tabela 3 – Lista de potenciais escolas para inclusão no Programa de
Visitação/Educação Ambiental na RPPN Estação Veracel.
Instituição de Ensino
Colégio Frei Calixo
Escola Municipal Gov.
Paulo Souto
Escola Oscar Oliveira
Silva
Escola Albertina Fiorotti
Moreira
Categorias de Ensino
Ensinos: Fundamental (5ª a 8ª)
Educação de Jovens e Adultos
Ensinos: Fundamental (5ª a 8ª)
Educação de Jovens e Adultos.
Ensinos: Fundamental (1ª a 8ª)
Educação de Jovens e Adultos.
Ensinos: Fundamental (1ª a 4ª)
Educação de Jovens e Adultos.
Colégio Municipal Profª
Maria Lucia W. Santana
Ensinos: Fundamental (1ª a 8ª) e
Educação de Jovens e Adultos.
Escola Menino Francisco
Ensinos:Fundamental (1ª a 4ª) e
Educação de Jovens e Adultos.
Ensino: Fundamental (1ª a 4ª).
Escola Conceição
Valiense.
Escola Profª Raydahlia
Bittencourt Oliveira
Escola União dos
Posseiros
e
e
e
e
Ensinos: Pré-escola, Fundamental
(1ª a 8ª) e Educação de Jovens e
Adultos.
Ensinos: Fundamentla (1ª a 8ª) e
Educação de Jovens e Adultos.
Porto Seguro/ Bairro/ endereço
Baianão
R. Peireira, nº 2.
Baianão
Rua Valdivio Costa S/ nº.
Paraguai
Rua 18 ou Jorge Valience s/ nº.
Porto Alegre II / Ubaldinão
Salão da Igreja Batista.
Obs.: 2ª etapa do Porto Alegre.
Agrovila
Br 367, Km 51. Ao lado da
Padaria.
Fazenda Imbiruçu de Dentro.
Fazenda Imbiruçu de Dentro.
Pindorama
Rua Santa Rita, S/ nº.
Projeto São Miguel
As escolas deverão agendar a visita, permitindo à administração
efetuar os procedimentos necessários ao pleno desenvolvimento dos
objetivos de educação e interpretação ambiental. Algumas escolas que
deverão ser contepladas pelo programa de educação ambiental estão
listadas na Tabela 3.
Recuperação e Manutenção de Trilhas
A manutenção das trilhas e estruturas de apoio nas trilhas da
RPPN EVC, se tornam pré-requisitos para garantir a qualidade do
recurso natural, aprimorar o nível de satisfação dos visitantes e
valorizar
o
desempenho da
administração
junto
às
ações
de
responsabilidade social de caráter educativo e cultural.
O Plano de Manutenção apresentará três etapas distintas, como
mostra a Figura 10, sendo:
•
Diagnóstico – Consiste da observação das condições encontradas
na trilha e nos equipamentos facilitadores, realizada pelos
funcionários e monitores, e preenchimento de uma Ficha de
249
Registro de Visitação e Ocorrências, onde constam informações
referentes ao estado de conservação;
•
Planejamento
–
Avalia-se
as
informações
e
estabelecem-se
prioridades de ação, conforme a gravidade da situação apresentada
e os próximos agendamentos de visita;
•
Execução – São selecionadas datas de execução dos serviços de
manutenção junto à administração da RPPN, e preparado o
material e ferramentas.
Para se fazer uma manutenção eficiente deve-se reconhecer as
principais causas dos danos à trilha, e o fator mais importante a ser
considerado na manutenção de trilhas refere-se à eficiência do
sistema de drenagem. A inclinação longitudinal da trilha aumenta a
velocidade
de
escoamento
da
água,
causando
remoção
da
serrapilheira, erosão do solo, assoreamento de material e problemas
de drenagem. Associado ao pisoteio, surgem problemas como: erosão
lateral à trilha, erosão longitudinal à trilha, formação de trilhas
paralelas, alargamento da trilha original, poças d’água e pontos com
lama.
DIAGNÓSTICO
PLANEJAMENTO
CAMPO
Atividade: Observar
situação no campo
ESCRITÓRIO
Atividade: Articular
execução de serviços de
manutenção
Responsável: Monitor
Responsável: Chefia
ESCRITÓRIO
Atividade: Preencher
Ficha de Registro
EXECUÇÃO
Responsável: Monitor
CAMPO
Atividade: Execução de
serviços de manutenção
Responsável: Monitor
Figura 10 – Etapas do Plano de manutenção de trilhas e equipamentos
facilitadores.
250
As atividades devem ser executadas com a presença de um
funcionário que tenha sido orientado para a tarefa, para evitar que
ocorra, por exemplo, a manutenção exagerada da trilha, com corte da
vegetação lateral muito além do necessário.
Manejo de Risco
Dentre os sistemas necessários ao turismo de natureza está a
administração de riscos. Uma vez que RPPN EVC oferece as atividades
de visitação em suas áreas naturais, ela é responsável moral e
juridicamente por garantir que as atividades sejam oferecidas com a
máxima segurança. Segundo McKercher (2002), adotar políticas
operacionais que evitam riscos não interfere negativamente na
qualidade da experiência turística; ao contrário, se isso for feito
corretamente, essa medida pode ser considerada um benefício a mais
para o visitante.
Assim, para que o Gerenciamento de Riscos das Trilhas da
RPPN, algumas sugestões são fundamentais para qualquer atividade
de visitação nas trilhas:
•
Os monitores devem saber prestar primeiros socorros e ter
habilidades para oferecer segurança quando necessário;
•
Os monitores devem fazer cursos de socorrismo em áreas
remotas;
•
O monitor capacitado no curso deverá levar na mochila um kit
básico que deve conter: EPI (luvas, óculos, etc), Suporte Básico
à Vida (máscara
indicados
sob
respiratória), e
orientação
médica,
medicamentos a
durante
o
serem
curso
de
capacitação.
•
Materiais para lesões em tecidos moles, lesões ortopédicas e
medicamentos devem ser discutidos e definidos no Curso de
Capacitação de Socorrismo em Áreas Remotas, sob orientação
de especialistas.
251
•
A RPPN oferecerá um carro de apoio equipado com rádiocomunicação, que tomará as devidas providências para remoção
da vítima no caso de um acidente.
Uma maneira de minimizar riscos é fazer com que todos os
clientes leiam e assinem um termo de isenção de responsabilidade,
que deverá ser elaborado junto ao setor jurídico da Empresa. Da
mesma forma, poderá ser encaminhada aos grupos antes da visitação
agendada, uma ficha com dados médicos dos integrantes do grupo.
Referências Bibliográficas
Hawes, M. (1998). Walking track management strategy for the
Tasmanian Wilderness World Heritage Area.
Parks and Wildlife
Service. Hobart.
McKercher,
B.
(2002).
Turismo
de
Natureza:
planejamento
e
sustentabilidade. Editora Contexto. São Paulo.
Passold, A.J. (2002). Seleção de indicadores para o monitoramento do
uso público em áreas naturais. Dissertação de Mestrado. Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São
Paulo. Piracicaba.
Passold, A.J., Magro, T.C. & Couto, H.T.Z. (2004). Comparing
Indicators Effectiveness for Monitoring Visitor Impact in Intervales
State Park, Brazil: Park Ranger-Measured Versus SpecialistMeasured Experience. The Second International Conference on
Monitoring and Management of Visitor Flows in Recreational and
Protected Areas, Rovaniemi, Finland.
252
OFICINA DE ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE
PESQUISA DA RPPN ESTAÇÃO VERACEL
Dia 17 de agosto, 2006
RPPN Estação Veracel - Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, BA
Coordenação
José Vicente Ortiz
253
Introdução
A RPPN Estação Veracel (RPPN EVC) elegeu entre seus objetivos o
desenvolvimento
de
pesquisas
sobre
biodiversidade.
A
geração
de
conhecimento biológico é o pilar mestre para iniciativas em Conservação da
Biodiversidade. Apesar dos avanços nesta área, ainda existem grandes
lacunas na compreensão do funcionamento dos processos ecológicos e das
dinâmicas das populações e comunidades de animais e plantas. A RPPN
EVC possui uma área de ca. 6.000 ha em bom estado de conservação em
uma das áreas com maior riqueza, diversidade da Mata Atlântica e é um
reconhecido centro de endemismos de diversas espécies, o que faz dela uma
área de extrema importância para a biodiversidade regional.
Para atender a demanda de pesquisas em biodiversidade na estação,
está sendo elaborado um Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PP-EVC)
dentro da Revisão do Plano de Manejo da RPPN EVC. Para que o PP-EVC
seja adequado às reais necessidades das pesquisas na Mata Atlântica e,
contribua de forma eficiente para a geração de conhecimento foi realizada
uma oficina no dia 17 de agosto de 2007 no centro de visitantes da Estação
Veracel. O intuito da oficina foi consultar a comunidade científica para que o
PP-EVC seja uma ferramenta eficiente para a execução de estudos que
contribuam para a conservação da Mata Atlântica. O encontro contou com a
participação de 20 técnicos e pesquisadores que desenvolvem ou já
desenvolveram atividades na RPPN EVC (Tabela 1).
O presente documento é o memorial da Oficina, e servirá de base pra
a elaboração do texto do Programa de Pesquisa da RPPN EVC.
254
Tabela 1 – Participantes da Oficina sobre o Programa de Pesquisa da Estação
Veracel.
Pesquisador
Instituição
Adriana Martini
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
Adriana Paese
Conservação Internacional
Adriano Paglia
Conservação Internacional
André Amorim
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) & Centro de Pesquisas do
cacau (CEPEC)
Alexandre Schiavetti
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
Bruno Pimenta
Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ)
Carlos Alberto Mesquita Instituto BioAtlântica
Denise Balbao Oliveira
RPPN Estação Veracel
Eduardo Mariano Neto
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
Fabiano Melo
Universidade Federal de Goiás
Fabio Falcão
Instituto Driades
José Vicente Ortiz
Consultor
Ligia Gallozi Mendes
RPPN Estação Veracel
Lucio Bede
Conservação Internacional
Luiz Paulo Pinto
Conservação Internacional
Maurício Cetra
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
Monica Fonseca
Conservação Internacional
Pedro Rocha
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Raquel Moura
Universidade federal de Minas Gerais (UFMG)
Sofia Campiolo
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) & Instituto Driades
Dinâmica da Oficina
A oficina se realizou no sistema de mesa redonda, onde o tema em
foco foi debatido pelos participantes, com a mediação do coordenador,
seguindo um roteiro preestabelecido (Anexo).
Antes do começo dos trabalhos, foi realizada uma apresentação pela
administradora da RPPN EVC - Denise Oliveira - para contextualizar a RPPN
no organograma da Veracel Celulose, a forma de administração e a estrutura
já existente.
O coordenador da oficina - Zeca Ortiz - apresentou o documento base
e discutiu os itens com os participantes, esclarecendo as dúvidas e colhendo
sugestões de pontos que não constavam no documento para serem incluídos
na discussão. Os itens estabelecidos para o debate foram: (a) linhas
preferenciais de pesquisa; (b) infra-estrutura para pesquisa; (c) público alvo;
255
(d) formas de apoio a pesquisa; (e) parcerias e convênios; (f) destino do
material biológico coletado; e (g) mecanismos de avaliação do Programa.
Resultados
Definição das Linhas de Pesquisas Preferenciais
Com o objetivo de alcançar sua meta de conservar a biodiversidade,
gerar conhecimentos biológicos e otimizar os recursos destinados ao apoio à
pesquisa científica dentro da RPPN, a Estação Veracel decidiu elencar linhas
temáticas
de
preferenciais,
pesquisas
contando
para
isso com as sugestões do grupo
de pesquisadores. Para definir
as
linhas
temáticas
fornecidas
fichas,
aos
para
serem
participantes,
registradas
foram
as
pesquisas
linhas
de
consideradas
prioritárias dentro da RPPN. As
fichas foram afixadas em um quadro para a visualização do conjunto pelo
grupo.
A partir da visualização do panorama geral foram abertas as
discussões para agrupar as sugestões em linhas gerais e priorizar as linhas
temáticas.
Como resultado das discussões foram elencadas sete linhas
temáticas e alguns temas preferenciais dentro destas linhas (Tabela 2). A
discussão enfatizou a preocupação com a qualidade dos resultados do PPEVC e com a garantia do retorno das informações para a Estação e para a
comunidade científica e leiga. Houve também a preocupação para que os
estudos
apoiados
fossem
relevantes
para
embasar
as
iniciativas
conservacionistas na Mata Atlântica e direcionar as ações de implementação
do plano de manejo da RPPN EVC.
A linha de no. 7, "Instalação de Parcelas Permanentes", foi considerada
uma "meta", pois engloba um planejamento de longo prazo. Atualmente
existem alguns programas, em escala global, de investigação em parcelas
permanentes reconhecidos pela qualidade. A conclusão dos pesquisadores é
256
que a instalação de parcelas permanente dentro da RPPN deve estar ligada,
de alguma forma, a protocolos estabelecidos para agregar informações e
possibilitar maior conhecimento das florestas tropicais. A possibilidade e a
forma de implementação deverão ser investigadas ao longo do ano de 2007.
Durante este período serão contatados programas existentes para avaliar as
condições,
dificuldades
e
possibilidades
da
instalação
de
parcelas
permanentes.
Como diretriz geral sugeriu-se que os estudos que englobarem mais
de uma linha, previrem continuidade em longo prazo, e/ou que gerem
estudos complementares e correlatos devem merecer atenção especial.
Tabela 2 – Linhas de pesquisas, diretrizes e temas referenciais sugeridos
durante a Oficina sobre o Programa de Pesquisas da RPPN Estação Veracel.
Nome Provisório
Diretrizes
Temas Preferenciais para Pesquisa
1. Inventários de fauna e
ƒ Caracterização espacial
flora
ƒ Representatividade espacial
ƒ Quantificação
ƒ Ampliar o conhecimento da
biodiversidade da área
ƒ Levantamento rápido de grupos nunca
estudados
ƒ Levantamento de grupos nunca
estudado
ƒ Levantamento fauna Dossel
ƒ Checar grandes dúvidas listas de
espécies do plano de manejo
ƒ Caracterização de fauna de
invertebrados e vertebrados
ƒ Mapeamento das fisionomias
ƒ Inventário de grupos biológicos (fauna
e flora)
ƒ Inventário objetivando reconhecimento
de grupo de espécies indicadoras
ƒ Estrato arbustivo-herbáceo
2. Influências antrópica
sobre a biodiversidade
ƒ Deve ser considerado,
preferencialmente, quando
possível, envolver o entorno.
ƒ Como o resultado de sua
pesquisa pode contribuir para
ƒ Avaliação de impacto de caça sobre a
biodiversidade
ƒ Estudo de espécies invasoras
ƒ Recuperação florestal e espécies de uso
econômico
ƒ Predação por animais domésticos
o manejo.
ƒ Pesquisador deverá traduzir a
linguagem cientifica e para a
comunidade (normatização)
ƒ Os trabalhos devem envolver
o entorno da unidade
ƒ Eficácia das atividades de educação
ambiental
ƒ Elaboração de IIB com base em peixes
de riachos
ƒ Fogo
ƒ Agrotóxicos
ƒ Atropelamentos
257
Nome Provisório
Diretrizes
Temas Preferenciais para Pesquisa
3. Ecologia de Populações e
ƒ Caracterização da fauna de
Comunidades
vertebrados;
ƒ Regeneração natural
ƒ Auto-ecologia de espécies ameaçadas
de extinção, indicadoras, espécieschave etc.
ƒ Dinâmica de vegetação
ƒ Dinâmica estrutura de comunidades
4. Ecologia de Paisagem
ƒ Mapeamento das fitofisionomias;
ƒ Caracterizaçao de gradientes
ambientais
ƒ Efeitos de borda
ƒ processos ecológicos;distribuicão de
espécies
ƒ Levantamentos comparativos entre
núcleo (RPPN) e fragmentos da
paisagem;
ƒ Fragmentação e conectividade
5. Interações ecológicas
ƒ Polinizacão
ƒ Relação água florestas;
ƒ Dispersão de sementes
ƒ Interação animal-planta
ƒ Fisionomias e fauna associada
ƒ Predacão
6. Monitoramento de
ƒ Levantamento de informações básicas
sistemas naturais
em comunidades de peixes de água
doce
ƒ Bioindicadores
ƒ Processos relacionados com a
manutenção da biodiversidade e suas
funções
ƒ qualidade de água
ƒ Monitoramento da biodiversidade
terrestre e aquática
ƒ Monitoramento de populações
7. Estudos em longo prazo
Instalação de parcelas
(ex: Programa Global de
permanentes
Monitoramento de
Biodiversidade - TEAM)
Infra-estrutura de Laboratório e Alojamento
O bom desempenho de um estudo está intimamente ligado ás
condições de trabalho dos pesquisadores. A RPPN já possui um alojamento
para 12 pessoas e dois laboratórios. Foram solicitados aos pesquisadores
258
sugestões de pequenos equipamentos para aperfeiçoar as instalações
existentes. Após os debates foi elaborada uma lista com os materiais que
devem estar presentes nos laboratórios (Tabela 3).
Tabela 3 – Lista bruta das sugestões de equipamentos e estrutura para o
laboratório da RPPN Estação Veracel.
Sugestão
Observações
Estufa para secagem plantas
Geladeira
Laboratório de triagem (para material sujo)
Já existente
(formol, etc.)
Exaustor
Lupa simples
Armários com chave
Vidraria (placa de petri)
Podão
Material fundamental para pesquisas
botânica mas relativamente frágil para ser
disponibilizado pela RPPN.
Bússola, clinômetro, gps, trena
Foi decidido que este é um tipo de material
Bancada com luminária
Já existente
individual
Banco para bancada
Mesas e cadeiras para estudo
Ventilador
Já existente
Bandejas plásticas
Computador no laboratório
Ponto de rede no laboratório
Dispenser (papel toalha)
Armário para reagentes (fechado)
Prateleiras
Equipamentos de segurança
A
conclusão
geral
foi
que
a
montagem
do
laboratório
deve
acompanhar as demandas de pesquisas mais comuns. Algumas das
sugestões são de implementação em curto prazo (2006-2007), outras serão
implementadas
à
medida que
a
demanda
pelo
material
for
sendo
apresentada. Foi chamada a atenção para que o manuseio de reagentes
259
(formol, acetato, éter, clorofórmio, etanol) siga as regras de segurança
adotadas pela empresa e permita o descarte correto deste material.
Público Alvo
Os pesquisadores foram instados a indicar qual seria o público a
merecer uma atenção especial da RPPN para o apoio. Sugeriu-se o a alunos
de graduação e pós- graduação, onde o incentivo de infra-estrutura mínima
durante os trabalhos de campo, muitas vezes, viabiliza a realização de suas
monografias, dissertação e teses. Estes tipos de estudo possuem garantia de
qualidade, pois são requisitos necessários para a obtenção dos seus títulos
(bacharel, mestre, doutor etc.).
Também deve haver incentivos especiais para as instituições de
pesquisas regionais, de modo que elas considerem a Estação Veracel como
uma área preferencial para a realização de disciplinas, cursos de campo e
pesquisas. A realização de parcerias com estas instituições também é uma
maneira de atrair o público alvo para a reserva (ver Parcerias Institucionais).
Formas de Apoio à Pesquisa
As formas de apoio debatidas levaram em consideração que, apesar da
Veracel Celulose achar prioritária a pesquisa na sua RPPN, ela não é uma
instituição de fomento e nem
possui uma estrutura voltada
pra
este
tipo
de
ação.
Foi
consenso entre os participantes
que
formas,
simples,
aparentemente
de
contrapartida
podem ser fundamentais para
aumentar
o
pesquisadores
realização
qualidade,
afluxo
à
de
tais
área
pesquisas
como:
de
e
a
de
(a)
recursos para pequenas despesas; convênios com instituições de fomento à
pesquisa; (c) documento de apoio ao pesquisadors e/ou pesquisa; (d)
disponibilidade de informações básicas sobre a área; (e) banco de dados
sobre a biodiversidade local; (f) transporte dentro da RPPN e outros.
260
Um exemplo é o fornecimento de um documento pela RPPN reafirmando o apoio ao estudo e explicitando as formas de apoio que será
oferecido ao projeto. A maioria dos órgãos de fomento incentiva a obtenção
de recursos de várias fontes, o apoio oferecido pela Estação Veracel pode
servir como uma contrapartida para facilitar obtenção de recursos de outras
fontes de financiamentos. Este documento mostraria aos órgãos de fomento
que o projeto é de interesse da unidade de conservação e que a Estação
atesta a qualidade do projeto a ponto de investir na sua realização.
A proprietária da reserva deve buscar firmar convênios com instituições de
fomento à pesquisa para a obtenção de financiamentos para os estudos de
interesses (ver Parcerias institucionais). A disponibilização de recursos,
dentro do orçamento da RPPN, é uma iniciativa simples e perfeitamente
factível.
Estes recursos podem ser utilizados para pequenas despesas (ex.:
aquisição de passagens, pequenos equipamentos, aluguel de veículo) sem
repasse direto aos pesquisadores.
A existência de informações sobre
a área da RPPN permite aos
pesquisadores,
relacionar
resultados
com
parâmetros
não
seus
outros
investigados
diretamente no seu estudo. Isto
diminui os custos dos projetos e
fornece robustez às conclusões e
inferências das pesquisas.
Entre as informações que
devem ser providenciadas e disponibilizadas pela Estação estão: Imagens de
satélite ou fotografias aéreas da área e entorno; informações meteorológicas;
mapa de solos; mapa das fito-fisionomias; um banco de dados que permita
resgate de resultados de outros estudos e o acesso aos textos e publicações
geradas pelo Programa de pesquisa.
Uma ferramenta de extrema valia para pesquisas ecológicas é a
existência de guias de campo de qualidade com as espécies na área de
estudo. Com o estabelecimento do programa de pesquisa e conseqüente
aumento de pesquisas na área a RPPN devem ser estabelecidas práticas para
fomentar e incentivar este tipo de publicação. Estas publicações, além de ser
261
uma excelente ferramenta de pesquisas, são formas de divulgar as
características biológicas da área e o programa de pesquisa.
A
possibilidade
de
transporte
dentro
da
reserva
aumenta
a
atratividade para o público de interesse (ver item “Público Alvo”). O aluguel
de veículos é um dos itens com maior peso dentro do orçamento de projetos
de pesquisa (juntamente com o pessoal). A RPPN pode facilitar o transporte
dos pesquisadores até seus sítios de estudo, dentro da reserva, no seu
veículo. Esta forma de apoio não deve entrar em choque com as atividades
rotineiras da Estação, mas é possível conciliar estas duas atividades de
forma simples.
Parcerias Institucionais
O estabelecimento de parcerias é uma das formas mais eficiente de
fomentar a pesquisa dentro da Estação Veracel. As parcerias e convênios
devem ser celebrados entre a Veracel Celulose e instituições de pesquisa que
também estejam engajadas na conservação da biodiversidade. A união
destes esforços entre os parceiros aumenta o número e a qualidade das
pesquisas sobre biodiversidade dentro da área da RPPN e a conservação da
Biodiversidade da Mata Atlântica do Extremo-Sul Baiano. Dentre as
instituições
sugeridas
estão
Universidades,
Centros
de
pesquisas
e
Organizações Não-governamentais. Uma parceria fortemente indicada é com
a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia.
Foi sugerido que a Veracel Celulose estabeleça parceria com a FAPEB
para o repasse de recursos ao fomento de pesquisas em biodiversidade no
âmbito do Programa de Pesquisa da RPPN Estação Veracel. Este convênio
envolve uma instituição de cunho privado e uma instituição governamental
e, por este motivo, os participantes sugeriram que comecem a ser feitos os
primeiros contatos entre a Veracel Celulose e FAPESB durante o ano de
2006-2007 para que as parceiras possam avaliar o interesse e a viabilidade
deste tipo de convênio. Entretanto, fica a ênfase que este tipo de associação
é de suma importância para a Conservação da Biodiversidade e se constitui
uma iniciativa pioneira e que contribuirá de maneira significativa para o
sucesso do PP-EVC.
As universidades regionais (ex.: UESC) devem merecer atenção
especial, pois são as formadoras de novos pesquisadores e as principais
geradoras de conhecimento. Elas possuem a estrutura necessária para
262
capitanear os esforços de pesquisas na RPPN. A realização de disciplinas,
cursos, monografias, dissertações e teses, na área da RPPN, ajuda a divulgar
a excelência da área e atrair pesquisadores a realizarem outros estudos na
Estação Veracel.
Normatização do Depósito do Material Biológico
Foi exposto aos pesquisadores que "...Embora o Brasil possua alguns
museus de história natural estabelecidos, geralmente os espécimes coletados
são depositados em museus de escolha dos pesquisadores, dificultando
trabalhos de consulta posteriores...". Foi avaliado a possibilidade da RPPN
EVC estabelecer um acordo com os pesquisadores para designar o local de
depósito do material biológico, conferindo maior aproveitando e acesso do
material pela comunidade científica. Por exemplo, o material botânico deve,
preferencialmente, ser depositado no Herbário do CEPEC/CEPLAC em
Ilhéus, onde já existe uma coleção específica da RPPN EVC. Além disso, esta
instituição abriga a melhor coleção de plantas da região Sul-baiana e é
reconhecida internacionalmente por sua qualidade.
Para o material zoológico foi mencionado que esta prática se mostraria
contraproducente podendo, inclusive, afastar pesquisas de interesse.
Portanto, decidiu-se que o pesquisador designará, quando do pedido de
apoio e licença dos órgãos competentes, o local a ser depositados os
espécimes. O pesquisador se comprometerá com a RPPN de tão logo o
material receber o número de tombo do museu, este será repassado à RPPN
para incorporação no Banco de Dados de Biodiversidade.
Entretanto, algumas instituições de excelência reconhecida e onde já
existe material zoológico da RPPN EVC já podem ser mencionadas: Anfíbios –
Museu Nacional do Rio de Janeiro, Museu de Zoologia da Universidade de
São Paulo (MZUSP), Unesp-Rio Claro e UFBA; Mamíferos - MZUSP, UFMG,
Museu Nacional do Rio de Janeiro; Formigas - Laboratório de Mirmecologia
CEPEC/UESC.
Avaliação do Programa de Pesquisa
Ficou acordado que a equipe de revisão do plano de manejo ficará
responsável pela elaboração do método de avaliação do PP-EVC. Esta
avaliação deve ser feita em dois anos a partir da implementação do programa
e, após a primeira avaliação ela pode ter periodicidade anual.
263
Deve ser avaliada a viabilidade de se criar um conselho consultivo e
um comitê científico com a incumbência de avaliar e fazer sugestões para o
aperfeiçoamento do Programa de Manejo da RPPN EVC.
A avaliação e a seleção dos estudos dentro da RPPN EVC devem ser
feitas com base no "julgamento por pares", onde um corpo de pareceristas
indicará quais os projetos de melhor qualidade, que melhor se enquadram
nas linhas de pesquisa do programa e de maior relevância técnico-científica.
Foi sugerida a participação da equipe da Conservação Internacional,
no período de implementação e de fortalecimento do PP-EVC, para a
elaboração de pareceres dos projetos de pesquisa. Os próprios pesquisadores
que
realizarem
pesquisas
na
estação
podem formar
um
grupo
de
pareceristas ad hoc.
Considerações Finais
Foi reforçada pelos participantes a importância da área da RPPN EVC
para a biodiversidade regional por sua conservação, alta diversidade de
fauna e flora e seu tamanho. Durante a oficina foram feitas diversas
sugestões para a normatização dos projetos e apresentação dos resultados.
Foi enfatizada a necessidade de a RPPN possuir um acompanhamento
permanente dos projetos e exigir dos pesquisadores o cumprimento dos
prazos e normas estabelecidos. Também foi sugerido que dentro dos
produtos exigidos dos estudos esteja uma "tradução" dos resultados em uma
linguagem acessível à comunidade em geral.
Todos os presentes se disponililizaram a contribuir para a elaboração
do Programa de Pesquisa da RPPN EVC.
Após o encerramento foi realizada a solenidade de inauguração da
"Casa do Pesquisador" com a participação dos pesquisadores, técnicos da
Veracel Celulose e convidados.
Agradecimentos
A equipe de revisão do Plano de Manejo da RPPN EVC agradece aos
pesquisadores pelas sugestões e disposição em participar da Oficina. O
coordenador agradece especialmente à Denise Balbão Oliveira (RPPN EVC),
Mônica Fonseca (CI-Brasil) e Lígia Gallozi Mendes (RPPN EVC) pelas
sugestões, ajuda e o empenho em tornar a Oficina um evento produtivo e
264
divertido. Agradecemos também a Lígia Gallozi Mendes e Raquel Moura que
se disponibilizaram a fazer os registros durante a reunião.
265
Documento Base para a Oficina do Programa de Pesquisa
da RPPN Estação Veracel
(Porto seguro, 17 de agosto de 2006)
A Reunião sobre o Programa de Pesquisa da RPPN EVC visa angariar
contribuições de profissionais engajados em pesquisa com biodiversidade.
Estes pesquisadores devem estabelecer diretrizes que possibilitem a RPPN
contribuir, de maneira significativa, para o aumento do conhecimento da
Biodiversidade da Mata Atlântica e conseqüente conservação da mesma.
O Programa de Pesquisa deve ser delineado de forma que a
administração seja conduzida pela gestora com a estrutura da RPPN, e
maleável para abranger a complexidade da pesquisa em biodiversidade.
Os objetivos principais listados abaixo são apresentados para o debate
e espera-se que ao final do encontro, os convidados gerem um documento
que será a base para o texto final do Programa de Pesquisa em
Biodiversidade do Plano de Manejo da RPPN EVC.
Objetivos
(a) Linhas Preferenciais de Pesquisa: Definir linhas temáticas científicas,
cujos projetos a serem desenvolvido dentro da RPPN mereçam a atenção
especial da empresa sob a forma de estímulo, apoio e/ou incentivo. O fato de
existirem Linhas Temáticas Preferenciais não deve excluir o apoio a outras
linhas de pesquisa. As linhas preferenciais devem ser selecionadas com base
nas necessidades de pesquisas na Mata Atlântica e temas relevantes em
biologia/ecologia.
(b) Público Alvo: Apontar o tipo de pesquisador ou tipo de instituições que
devam merecer uma atenção especial nas diversas formas de apoio.
(c) Estrutura Básica para Pesquisa: Indicar à RPPN EVC a infra-estrutura
básica que permita a melhor condução dos trabalhos durante os períodos
de campo. Sugerir o tipo de acomodação que alojem confortavelmente os
pesquisadores durante os trabalhos de campo
266
(d) Tipos de Apoio à Pesquisa: O Programa de Pesquisa deve indicar como
a Veracel Celulose pode incentivar a realização de projetos de pesquisa na
sua área. As formas de apoio podem ser durante a realização da pesquisa
ou após o término dela (ex.: apoio para publicação). Também devem ser
indicadas formas de atrair apoios de instituições públicas de fomento que
possam contribuir com recursos para as pesquisas na RPPN.
(e) Parcerias Institucionais: O grupo deve identificar as instituições de
pesquisa e de fomento cuja parceria com a Veracel Celulose ajude a atrair
e
apoiar
pesquisadores.
Devem
ser
sugeridas
formas
de
parcerias/convênios e listar quais objetivos das parcerias e formas de
celebrá-los.
(f) Normatização do Depósito do Material biológico: O grupo deve analisar
a possibilidade e a utilidade de constar nas regras de normatização do
Plano de Pesquisa, os locais onde os exemplares que, porventura, forem
coletados na reserva devam ser depositados.
(g) Mecanismos de Avaliação do Programa: Devem ser sugeridas maneiras
para a gestora da RPPN EVC avaliar o Programa de Pesquisa, identificar
lacunas e indicar a periodicidade das avaliações. Os mecanismos devem
avaliar o Programa e não deve ser confundido com avaliação dos
pesquisadores que participam do programa (embora sejam assuntos
correlacionados).
267
Oficina de Planejamento Participativo em Comunicação e
Educação Ambiental para o Entorno da RPPN Estação Veracel
Dia 16 de agosto, 2006
RPPN Estação Veracel - Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, BA
Coordenação:
MARIZA SILVA
Articulação Social – Conservação Internacional (CI-Brasil)
268
Lista de Participantes
Agenda
8h00
Chegada dos participantes
Café da manhã
08h30
Abertura & Boas vindas – Veracel –Denise Oliveira
Apresentações participantes
09h00
Mariza Silva - Objetivos da reunião:
(i)
Envolver a comunidade do entorno da Reserva Particular
do Patrimônio Natural Estação Veracel (EVC) no
processo de construção do plano de manejo
269
(ii)
Buscar informações para subsidiar a elaboração do
plano de manejo da estação Veracel –
Atividade em grupo
A Reserva Particular do Patrimônio Natural – Estação Veracel &
o Plano de Manejo – Alexandre Schiavetti
12h00
Almoço & trilha interpretativa na EVC
13h30
Trabalho em grupo
Apresentação dos trabalhos
17h00
Encerramento das atividades &
Lanche seguido de retorno dos participantes
Abertura e Objetivos
Denise Oliveira, chefe da Reserva Particular do Patrimônio Natural
Estação Veracel (RPPN EVC) deu as boas vindas ao grupo em nome da EVC e
da Gerência de Meio Ambiente da Veracel. Denise comentou sobre o porquê
de todos serem convidados, a importância da EVC na conservação da
biodiversidade e a importância da comunidade no processo de construção do
Plano de Manejo.
Dinâmica de apresentações
Cada participante se levanta e diz seu nome, instituição a qual
pertence, sua função e expectativas para a reunião.
Nome
Alexandro
Toni
Instituição/função
EVC - Guia Ambiental
Sec MA Sta Cruz Cabrália
Edivaldo
Glisia
Carla
Colégio Mun Gov Paulo Souto – Professor
CEPLAC/ ESPAB – Pedagoga
Sec Educação Porto Seguro – Projetos
pedagógicos
Agente Comunitário de saúde do Projeto
São Miguel.
Projeto São Miguel – Professora
Josué
Simone
Ubirajara
Sergio
Javson
Delgado
Valdemir
Presidente da associação de moradores e
Tesoureiro da escola do Projeto.
EVC – Vigia ambiental
EVC – Vigia ambiental
EVC – Vigia ambiental
EVC – Vigia ambiental
270
Expectativa
Eco-chato multiplicador das questões da
luta social.
Pretende trabalhar com EA
Adquirir novos conhecimentos e
transmitir conhecimento.
Nome
Elaine
Terezinha
Experidião
Gildevanio
Rafael
Agrício
Durvalino
Priscila
Margareth
Márcia
Julia
Nivandi
Neiva
Any
Brito
Katão
Maralice
Eliane
Alexandre
Raquel
Instituição/função
Veracel – Resp Social
Escola Municipal Ray Dahlia Bittencourt
Oliveira
EVC – Vigia ambiental
EVC – Monitor Ambiental, fiscalização
EVC – Vigia ambiental
EVC – Monitor e Guia ambiental
Tesoureiro da associação de Moradores do
Projeto São Miguel
UESC – Estudante e estagiaria do
Alexandre
Escola Albertina Fiorotti Moreira –
Coordenadora
Expectativa
Questão do lixo
Proteger com carinho
Escola Albertina Fiorotti Moreira –
Secretária
Escola Oscar Oliveira Silva – Diretora
Adquirir conhecimento
Colégio Mun Gov Paulo Souto - Diretora
Aprender e ser multiplicadora
Colégio Mun Frei Calixto – Diretora
Escola núcleo da BR (Agrovila) –
Coordenadora
Escola núcleo da BR (Agrovila) –
Coordenadora.
EVC – Monitor e Guia ambiental
Escola núcleo da BR (Agrovila) – Diretora
Escola Albertina Fiorotti Moreira – Diretora
UESC – elaborador do plano de manejo
Agradeceu a presença e colocou a
importância deles no processo de
elaboração do plano de manejo
Parque Nacional Pau-Brasil
Comunicações/Apresentações e Plenária de Discussões
Num momento/atividade de nivelamento do conhecimento dos temas
chaves da reunião, foram conceituados os termos: reserva particular do
patrimônio natural (e outras categorias de unidades de conservação), e plano
de manejo.
Aberta a discussão, respondendo a pergunta feita a plenária – O que é
um plano de Manejo? - Toni explicou ao grupo que plano de manejo é uma
ferramenta para organizar o uso sustentável da área. Exemplificou ele: se vc
tem uma área, você estuda qual o melhor lugar para retirar a água, plantar o
pomar!
Na seqüência, partimos para uma atividade prática “MEU MAPA” - Os
participantes divididos em grupos geraram um mapa da região em que
vivem, discutindo sobre suas principais características e realidade.
271
GRUPO 1
Josué apresentou o trabalho do grupo que considerou:
-
a contextualização da região: Rodovia BR 367, Eunápolis, Veracruz,
Pindorama, Vale Verde, EVC, CEPLAC, Cambolo, Ubaldinão, Baianão,
Paraguai, Porto Seguro, Coroa Vermelha, Santa Cruz Cabrália, Projeto
São Miguel e o Rio Buranhém.
-
Porto Seguro apresenta dificuldade em função de o rio Buranhém ser
poluído. Pindorama sofre com a poluição pelo aterro sanitário. Paraguai e
Cambolo também têm poluição e todos são vinculados a Porto.
-
O Paraguai tem poluição, violência e as casas são construídas perto das
encostas.
-
Cabrália e Porto não têm saneamento básico, nem tratamento de esgoto.
Existe ainda o problema do desmatamento. O ser humano tem que ser
consciente, se não tivermos cuidado não poderemos mais usar os
recursos.
-
O curso d’água no projeto São Miguel está poluído e não se pode mais
tomar água nem lavar a roupa. As crianças identificam no próprio copo
272
d’água os vermes. Todos temos que ter muito cuidado com o rio, não
podemos permitir que as pessoas joguem o lixo no rio. Inclusive no mar
encontramos sujeira.
Considerações da plenária:
Julia complementou que por ser um assentamento, as pessoas que vivem no
Paraguai, vieram de outras regiões. A violência no bairro do Paraguai é
causada por motivo da pouca formação das pessoas do bairro, desemprego,
drogas e desestruturação familiar. A escola tenta minimizar este problema
através do trabalho com as crianças.
Toni ressaltou que a violência acontece em função da falta de trabalho, de
condições dignas de viver. É preciso reeducar as pessoas, formar uma mão
de obra mais qualificada - esta responsabilidade é das 03 esferas (municipal,
estadual e federal).
GRUPO 2
273
Elaine apresentou o trabalho do grupo que considerou:
-
Hidrografia: Costa, Rio Buranhém, Jequitinhonha, rio dos mangues
(abastece Porto), João de Tiba, Rio Mogiquicaba...
-
Relevo: Planície (costa) e encosta (falésia)
-
Vegetação: restinga, mangue (costa) e Mata Atlântica (suprimida pela
urbanização).
-
Ao longo da BR 367 (entorno da EVC) existem áreas de preservação, mata
atlântica, cidades, assentamentos, floresta de Eucalipto, cultivo do
mamão
-
Ação do homem: As barracas de praia suprimiram a vegetação costeira,
existe ainda um pouco de mangue próximo a barraca de praia
Barramares.
-
A ocupação humana desordenada gera problemas de água, construções
inapropriadas (ilegais), falta de saneamento básico e Lixo.
-
Sócio-econômicos: Atividade econômica - Turismo formal (hotelaria e
comércio), informal (ambulantes), pesca, agricultura de subsistência e
setor de serviços (trabalhos temporários em função da temporada).
-
Conflitos: Turismo desenfreado em detrimento do turismo ecológico,
cultural e folclórico.
-
Falta de cadeia produtiva, falta de cinturão verde para abastecer a
população da cidade. Produção de matéria prima e com isso torna-se alto
o custo para adquirir o produto manufaturado.
-
Escola: Pouco se fala sobre Meio Ambiente, existem poucos projetos de
educação ambiental.
-
Falta de preparo da mão de obra, falta de cursos profissionalizantes.
-
Falta de industrias de beneficiamentos, os produtos chegam aqui a altos
custos.
-
Problemas da RPPN: Caçadores, armadilhas, roubo de cipós e lenha.
Considerações da plenária:
Toni falou da falta de planejamento gera outras favelas. Tiraram uma
comunidade que vivia em uma região de mangue, levaram para um outro
local e não deram as condições adequadas para a estruturação do bairro. A
indústria de celulose está trazendo novas indústrias, o eucalipto veio para
ficar! Precisamos aprender a conviver com ele e ele conosco!
274
GRUPO 3
Gil apresentou o trabalho do grupo que considerou:
-
Imagem da região: Porto seguro e Cabrália. Tudo tem um marco final e
inicial.
-
O maior problema ambiental da região começou com a inauguração da
BR, que viabilizou a exploração de madeira. A problemática de Porto
começou pela crise do cacau e o êxodo rural.
-
As áreas em vermelho oferecem risco ambiental e as pretas são
teoricamente legalmente construídas. Um exemplo de uma construção
legal, mas inadequada foi o aterramento da região das lagoas das
marrecas.
-
O Mangue de Porto (bairro Campinho) era favela, uma parte das pessoas
foi retirada deste local e enviada para quaisquer outros lugares sem a
menor condição e planejamento.
-
O aterro sanitário do Ubaldinão derramava seu chorume no rio ‘X’. Então
foi transferido do local inicial para um outro local para o chorume ser
destinado ao rio ‘Y’.
275
-
O Complexo Baianão é uma ameaça em função do crescimento
desenfreado e não planejado. A cada eleição acontece um loteamento,
cada prefeito quer um loteamento com seu nome, por exemplo, Baianão,
Ubaldinão, João Carlos e etc.
-
A problemática da caça na EVC ocorre principalmente próxima a esses
bairros. Para os moradores destes locais, que vieram da região cacaueira,
a caça é um habito cultural.
-
A população dobrou em pouco mais de 10 anos.
-
Aspectos de Cabrália - Reserva indígena da Jaqueira - logo abaixo da
falésia há uma APA de restinga que está sofrendo a pressão das pessoas.
A lei é linda, perfeita, mas não é aplicada. Um exemplo da destruição
desta restinga é o campo de pouso de ultraleve que a principio
comportava 1 avião e agora comporta 4. Em coroa Vermelha está
acontecendo a ocupação de uma área de restinga próxima à Faculdade
do Descobrimento (FACDESCO) pelos índios, para liberação de uma
outra área próxima a reserva da Jaqueira. Existe ainda, a utilização do
rio pela comunidade para lavar roupa e louças.
GRUPO 4
276
Edivaldo apresentou o trabalho do grupo que considerou:
-
Os conflitos e problemas são todos iguais.
-
Como educador eles estão trabalhando para reverter o quadro de risco do
Baianão.
-
Contextualização do local: BR 367 -
Belmonte, Santa Cruz Cabrália e
Porto Seguro.
-
Rios João Ditiba, Comuruji e Rio dos Mangues.
-
Os principais problemas de todos os municípios (Porto Seguro, Santa
Cruz Cabrália e Baianão) são o lixo, o lixão e a questão dos rios. A
comunidade escolar reconhece a falta de trabalhos de educação
ambiental. Fala-se de Meio Ambiente somente no dia 5 de junho!
-
Outros problemas citados foram: o paisagismo das cidades, a falta de
árvores, falta de coleta seletiva do lixo e o lixo jogado na rua dos bairros.
Considerações da plenária:
Terezinha falou sobre a necessidade de resgate cultural. Citou o exemplo do
trabalho de resgate do folclore desenvolvido em Caravelas e Alcobaça, para o
qual os professores de Ilhéus e Porto Seguro também formam convidados.
Comentou ainda sobre a problemática da poluição do rio, contou que a
população sofreu problemas de saúde como xistose, toxoplasmose e doenças
de pele. Com a chegada da EMBASA o problema da água se amenizou, mas
muitos da comunidade ainda não têm acesso em função do custo. Existe
ainda a problemática do lixão próximo a Pindorama.
Ubirajara comentou que a Secretaria de Meio Ambiente de Porto proibiu a
abertura de uma pista (BA) que facilitaria o escoamento do lixão do
Baianão...
Toni complementou que esta estrada é uma BA que foi feita sem as devidas
licenças. Esta está sujeita a um TAC e este lixão vai tornar-se um aterro
sanitário.
Brito destacou a necessidade de pensarmos a multi-disciplinaridade. Esta
clara a falta de formação dos educadores. O professor não pode ser apenas
um transmissor de informação, e finalizou dizendo que espera que este
277
projeto não tenha o mesmo destino do instituto Veracel, que ele não sirva
somente para falar os pontos positivos da empresa.
Dando encaminhamento à discussão, Mariza explicitou que no
período da tarde a questão da Educação Ambiental seria amplamente
discutida, em termos do contexto de trabalho e do que está sendo realizado
atualmente nesta área na região.
Josué comentou que desde que ele chegou a esta região ele observa o
desmatamento. Que o homem é quem desmata, ou seja, o agricultor, os
madeireiros, e também a Veracel. Que a empresa comprou áreas que já
haviam sido desmatas para o plantio de eucalipto. E que ele questionava as
coisas que diziam pra ele, que sempre ele buscava informações consistentes.
Citou o exemplo do consumo de água do eucalipto e constatou que na
verdade a água dos rios da região estava diminuindo em função do
desflorestamento das cabeceiras, provocado pelo próprio homem.
Na seqüência, Mariza explicou a proposta de trabalho da Veracel, no
que se refere aos Programas de Educação Ambiental para 1) a área de
influência do empreendimento; e 2) para a área de entorno da Reserva da
Veracel. Mariza também falou rapidamente das etapas do trabalho já
desenvolvidas e da relação de inter-dependência das mesmas (parcerias,
ecomapeamento e oficinas); ilustrando sua fala com os mapas a seguir.
278
279
Informações sobre a Revisão do Plano de Manejo da RPPN Estação
Veracel
O Prof. Dr. Alexandre Schiavetti apresentou o processo de construção
do plano de manejo, a saber:
Equipe da Revisão do Plano de Manejo
-
Coordenação – Alexandre Schiavetti (UESC);
-
Meio Físico – Oldair Vinhas (UESC);
-
Fauna – José Vicente Ortiz (Consultor);
-
Flora – André Amorim (UESC);
-
Uso Público – Anna Julia Passold (Consultora);
-
Uso Público & Monitoramento – Carlos Alberto Mesquita (IBio);
-
Equipe Conservação Internacional (CI-Brasil)
Síntese dos resultados parciais do processo de revisão do plano de manejo
(a) Meio Físico
-
Identificação das áreas impactadas e com processo erosivo nos
taludes e estradas que cortam a reserva (ex.: mussunungas, áreas de
declive etc.);
-
Identificação de áreas para recuperação onde houve retirada de
cascalho para melhoria de estradas (setor nordeste da reserva);
-
Identificação da dinâmica de carreamento de sedimentos para os
corpos d’água da reserva com situação distinta nos setores da reserva
(essa constatação tem influência sobre o sistema de monitoramento
da água, hoje situado apenas na porção sudeste da reserva).
(b) Fauna e Flora
-
Ênfase na sistematização das informações já existentes sobre a fauna
para avaliar as ações futuras (ocorrência de espécies ameaçadas,
endêmicas e bandeira, e identificação de lacunas de conhecimento):
-
Registro da ocorrência de espécies ameaçadas da fauna e espécies
endêmicas da Mata Atlântica
280
-
Implantação de parcelas em ambientes florestais distintos para coleta
de dados e criação de uma coleção de referência das plantas da RPPN
no Herbário da CEPLAC:
-
Indicativo de elevada riqueza de espécies da flora e bom estado de
conservação da estrutura da floresta, mesmo em áreas de borda.
-
Criação de um banco de dados com 02 componentes:
o
componente científico, com informações sobre as espécies que
ocorrem na RPPN
o
componente
de
controle
de
pesquisas,
visando
o
monitoramento de projetos de pesquisa na unidade
(c) Programa de Pesquisa
-
Definição de pesquisas prioritárias (dinâmica populacional de espécies
ameaçadas,
raras,
endêmicas
e
bandeira;
conectividade
com
remanescentes vizinhos; monitoramento físico e biológico etc.)
-
Definição das normas para realização de pesquisas na RPPN
(d) Uso Público
A estratégia do uso público depende do modelo de gestão estabelecido
para a RPPN. A categoria recomendada para a RPPN Estação Veracel é de
Reserva Biológica Particular.
-
Reserva Biológica - Uma reserva biológica teria seu planejamento e
manejo focado na pesquisa científica (este seria seu objetivo primário).
Educação Ambiental seria um objetivo secundário no manejo. Lazer e
turismo seriam objetivos incompatíveis.
-
Alojamento para pesquisadores, laboratórios, alguns equipamentos e
funcionários treinados para atuarem como auxiliares de campo de
pesquisas.
-
Com Educação Ambiental, serão necessários investimentos em infraestrutura, alguns equipamentos e treinamento do pessoal.
-
Sem geração de receitas próprias. Todos os custos – fixos e
operacionais – devem ser cobertos pelo proprietário. Uma alternativa
para geração de receita seria a cobrança de serviços prestados aos
pesquisadores (estadia; aluguel de equipamentos; diárias de mateiros,
etc.).
281
-
Menor visibilidade social da RPPN, da Mata Atlântica e da empresa
proprietária. Foco na sociedade local.
-
Necessidade de avaliação do uso do espaço na área do Centro de
Visitantes;
-
Adequação do sistema de trilhas para visitação (ex.: fechamento da
Trilha das Orquídeas, limpeza e manutenção das trilhas etc.);
-
Definição de um sistema de monitoramento das trilhas.
-
Estabelecimento de um programa de voluntariado interno, envolvendo
funcionários da Veracel e os acionistas (Aracruz Celulose e Stora
Enzo);
-
Ecomapeamento do entorno da RPPN para identificação das relações
existentes
(e) Gestão
-
Início da revisão do cenário ótimo para a gestão da RPPN Estação
Veracruz, conforme avaliação de efetividade de manejo realizada em
1999:
-
Aplicação da avaliação da efetividade de manejo da RPPN em agosto
Atividade Prática – Meu entorno
Os participantes novamente foram divididos em grupos para responder
as seguintes perguntas:
i)
em que a presença da Estação Veracel ajuda ?
ii)
em que a presença da Estação Veracel atrapalha ?
iii)
como posso interagir com a Estação Veracel ?
* As colunas não estão relacionadas em níveis de linhas
Pontos fortes
Grupo 1
Preservação ambiental
Pontos fracos
O não entendimento entre
fábrica / EVC.
Falta de recurso para vir à
estação: transporte e
alimentação
Possibilidades de parcerias
Trazendo as diferentes salas,
todas as turmas
Grupo de pais virem visitar a
EVC
Oficinas envolvendo a
reciclagem
Oficinas para professores
tanto de capacitação em
282
Pontos fortes
Pontos fracos
Possibilidades de parcerias
assuntos ambientais quanto
cultivo de hortaliças
Grupo 2
Difundir a pesquisa
Qualidade do meio ambiente,
garante a água em função de
nascentes na reserva
Animais da reserva se
alimentam de animais dos
vizinhos
Atrapalha por não orientar os
vizinhos quanto ao manejo de
animais
Não proporcionar o transporte
para as escolas do entorno da
Estação.
Parcerias de capacitação de
professores e para
fiscalização. Formação de
fiscais voluntários
Desenvolver uma atividades
para formar consciência nos
vizinhos para protegerem e
preservarem estas áreas
Trabalhar nas comunidades,
nas associações para
capacitar estes fiscais
Falta de conhecimento sobre
esses princípios ativos.
(devemos valorizar os
pesquisadores brasileiros. Os
gringos vêm para o Brasil,
levam os princípios ativos e
depois compramos os
medicamentos) Ex: óleo de
pau - cicatrizante
Falta do livre acesso dos
moradores da região para
transitar de um local para
outro
Controle de ações
Deve haver encontros
periódicos (semestrais) entre a
comunidade (vizinhos) e
pesquisadores para troca de
informações e conhecimentos
Preservação de fauna e flora
Programa de EA / visita das
escolas
Promove oficinas como a de
vivências com a natureza
Grupo 3
Informação, aprendizado e
conscientização
Preservação e conservação
ambiental
Ação dos pesquisadores
(questão dos princípios ativos
das florestas - os
medicamentos são oriundos
da floresta)
Profissionais e materiais
didáticos para palestras nas
escolas
Alguém da Estação Veracel
que estivesse em contato com
a comunidade (como era o Sr.
Jonas que tomava café, comia
aipim com eles), convivendo
com ela
Falta de comunicação
(proximidade) dos
funcionários da EVC e os
proprietários rurais
Grupo 4
Preservação do meio
ambiente, 6069 ha que tem
um mundo de seres vivos
entre fauna e flora
Falta de divulgação e
integração da EVC com as
comunidades, com a
sociedade (secretarias
municipais)
Qualificação de pessoas
Qualificação das pessoas,
prepará-las para explorar a
EVC de forma racional
Ensinar as pessoas a viverem
bem
Oficinas de reciclagem e
reutilização do lixo - O que
fazer com o lixo separado?
Vamos ser criativos na forma
de utilizar este espaço
Capacitação de professores,
alunos e funcionários da
escola
Geração de emprego
283
Josué diz ao grupo que graças a Veracel, esta área ainda é Mata Atlântica,
caso contrário, seria o loteamento “Janinho” (Prefeito Jânio Natal). Diz ainda
que as atividades/oficinas podem ser 2 vezes no ano. “Acontece uma oficina
hoje e depois esquecem que a comunidade existe.”
Toni agrega a discussão “deve haver monitoramento nas estradas, mas não
vigilância armada; e sim, algo participativo.”
Luiz Paulo comentou sobre a polícia que está sendo criada para proteção da
Mata Atlântica e ressaltou a importância da participação da sociedade.
Katão explicou como era o trabalho do Sr Jonas, comentou sobre um
sistema de sinalização por ‘atos e símbolos’, ou seja, o vizinho deixava uma
embalagem e o Sr Jonas procurava da comunidade quem queria utilizar o
fogo.
Avaliações, Encaminhamentos e Encerramento
A avaliação do evento foi feita oral e individualmente, de forma que
todos os participantes tiveram a oportunidade de externar o que mais
gostaram da reunião (ponto forte) e o que menos gostaram da reunião (ponto
fraco).
Pontos Fortes
Oportunidade e riqueza de informações
Variedade de idéias, opiniões e conceitos
Surpresa positivamente pelas contribuições,
foi muito legal atingirmos o objetivo
Mudança de paradigma, incorporação de
novos
atores,
envolvimento
dos
assentamentos e das comunidades das
favelas. Mudança de postura da empresa em
querer se abrir para comunicação. CI é uma
organização imparcial, procura dar a vara de
pescar e não o peixe. É preciso um ONG que
entenda a angústia da comunidade com
relação ao empreendimento. A comunidade e
a Veracel estão podendo se conhecer e vendo
que não existe bicho papão entre elas.
Aprendizado, foi interessante. Passou a
conhecer
algumas
características
da
comunidade do projeto São Miguel
Gostou de tudo. Os elogios foram maiores que
as críticas/ é essencial continuar visitando a
EVC e devemos desenvolver mais trabalhos
com a Veracel/ ponte (trilha) foi tudo na
Pontos Fracos
Reunião curta
Reunião curta
Pouco tempo, algumas pessoas saíram mais
cedo
Representatividade,
mais
pessoas
pelo
universo que abrange. Falta de reforço
institucional para participação do evento/
reunião curta
Representatividade, secretaria de MA./ Curta
/ poucas pessoas por escola
284
Pontos Fortes
minha vida !
Abertura de poder estar junto trocando
experiências/ começar pelo anzol e não com o
peixe pronto/ nos dar respostas de tudo isso
que aconteceu (relatório)
Tempo ideal / valorização da comunidade ao
participar da elaboração de um plano de
manejo
Troca de informações
Apresentação, conhecer as pessoas e suas
profissões.
Acabar
com
a
vergonha/
compartilhar a alimentação e alimentação
saudável / as fotos na hora do café - será que
sou celebridade?
Conhecimento de cada um /o que realmente é
a Estação / fábrica
Participação de todos na construção do
trabalho/ saber que a EVC está preocupada
em envolver a comunidade na elaboração do
plano
Quantidade de idéias que surgiram e cumprir
um dos objetivos da reunião
Equipe maravilhosa, Mariza foi ótima/
trabalhar com a comunidade / espera que
todos estejam envolvidos nos projetos e que o
plano atenda a comunidade
Participação das pessoas / interação da
equipe com a comunidade/ todos estarem
participando do plano de manejo
Desde o primeiro contato/ acredita que a
Veracel quer ajudar as comunidades no
sentido do meio ambiente/ participação de
todos
Agradece a todos - Só de estar aqui já é um
ponto forte /somos uma família/ aprender
muito / conhecer pessoas novas e inteligentes
Parceria da empresa com a comunidade
Novidade/ trouxe conhecimento
Todos os momentos foram fortes / integração
empresa comunidade
Adorei participar/ aprendi muito/ troca entre
a equipe e a comunidade/ expectativa
positiva
Feliz pelo dia especial / aprender
Participação da comunidade/ desmistificação
da Veracel pela CI / variedade de convidados
Pontos Fracos
Reunião curta, tempo corrido
Não consigo ver pontos fracos/ não poder ir a
trilha em função de não esta de calça
comprida.
Tempo
Vergonha dos colegas de apresentarem os
trabalhos
Poucas escolas de Cabrália/ não volto na
ponte
Nenhum
Estar por trás da reunião ... não poder sentar
e trabalhar junto com os grupos
Tempo foi curto / almoço / saladinha ....
Representatividade, mais pessoas por colégio
Vir mais pessoas da comunidade
Obs.: que a vigilância da EVC esteja em
contato com a comunidade
Pouco tempo
Nenhum
Não convidaram as associações de Pindorama
/ mais representantes da escola
Receio – distância da teoria com a prática. /
medo de perdermos o contato e não
conseguirmos
Apresentar a comunidade como é o trabalho Tempo curto
da Veracel. / Prazer em participar
Muitas cabeças pensando na forma de Mais instituições/ tempo curto
utilização deste espaço/ o público atingido
com esta reunião é muito grande e é um fato
histórico
Vontade desejo e iniciativa: da empresa que Pé atrás de alguns convidados/ espera que a
quer construir um diálogo transparente, ativo comunidade se sinta segura para construir
com a comunidade e da comunidade de vir junto./ O porque de cada um ser chamado
colaborar com este processo de construção/ poderia minimizar este sentimento/ construir
todos são parte do programa/ sentiu a a confiança
vontade de todos
Oportunidade de conhecer as pessoas/ ouvir Falta de interatividade/ diálogo, corpo a corpo
a riqueza do conhecimento de cada um
Agradecer a oportunidade/ conhecer a Não poder estar aqui o tempo todo
realidade da região / parabenizar a todos
285
Pontos Fortes
Conhecer um pouco mais da realidade da Nenhum
estação/ da comunidade/ dos atores. Hoje se
sente mais apta para trabalhar no plano de
manejo
Pontos Fracos
Denise Balbao Oliveira fez o encerramento oficial agradecendo a
presença de todos e propondo que quando o plano estiver pronto possamos
programar um novo encontro para discutirmos novamente as propostas para
o trabalho. Denise informou ainda, que o relatório da reunião seria enviado a
todos os participantes da mesma.
286
ANEXOS III
• SUMÁRIO EXECUTIVO
287
SUMÁRIO EXECUTIVO
Uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) é
reconhecida devido à sua importância para proteção da biodiversidade,
ao seu valor paisagístico, ou a outras variáveis que dependem de
proteção ou restauração do habitat natural. Assim como as unidades
de conservação públicas, as RPPNs são obrigadas a estabelecer um
planejamento na forma de documento técnico que defina o zoneamento
e as normas que devem presidir as ações de pesquisa, visitação,
segurança e recuperação, bem como o manejo dos recursos naturais.
Levando-se em conta essas recomendações, a organização nãogovernamental Conservação Internacional (CI-Brasil), tendo como
parceiros a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), de Ilhéus, e
o Instituto BioAtlântica (IBio), elaboraram o plano de manejo da RPPN
Estação Veracel (RPPN EVC). Todo o trabalho foi realizado sob
coordenação da empresa proprietária Veracel Celulose S/A.
Com 6.069 hectares de Mata Atlântica, classificada como área de
floresta ombrófila densa de terras baixas, a RPPN EVC situa-se nos
municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, a aproximadamente
15 km do centro histórico desta cidade e às margens da BR 367, no km
46. O reconhecimento da área como RPPN ocorreu em 5 de novembro
de 1998, por meio da portaria 149/98N do Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Em função da
excepcionalidade de suas formações físicas, biológicas e geológicas, e
do alto valor científico e de conservação, a RPPN EVC constitui parte do
Sítio do Patrimônio Natural Mundial – Sítio do Descobrimento, e
integra uma das zonas-núcleo da Reserva da Biosfera da Mata
Atlântica e do Corredor Central da Mata Atlântica, na região do
Extremo Sul-baiano.
Maior
reserva
privada
de
Mata
Atlântica
oficialmente
reconhecida pelo governo brasileiro, a RPPN EVC é reconhecida
também como Key Biodiversity Area,
288
ou
área
chave
para a
biodiversidade, em função da importância que assume pela proteção
de espécies ameaçadas de extinção. Torna-se essencial também o
fortalecimento da RPPN EVC, pela importância da integração com as
demais unidades de conservação da região, tanto públicas quanto
privadas, as relações com as comunidades e as interações com os
fragmentos florestais na circunvizinhança. Atualmente, existem nesta
região diversas iniciativas que objetivam a implantação de corredores
ecológicos.
Dentre
elas,
destaca-se
o
projeto
Conservação
e
Restauração em Terras Privadas, executado desde 2003 por meio de
parceria entre o IBio, CI-Brasil, TNC, Veracel Celulose e Aracruz
Celulose. A expectativa dos idealizadores do projeto é promover o
restabelecimento da conectividade ecológica em mais de 35 mil
hectares contínuos de florestas nativas na região.
Os métodos utilizados para a elaboração do plano de manejo da
RPPN EVC estão descritos no roteiro metodológico de planejamento
para RPPNs elaborado pelo Ibama em 2004. Os temas definidos como
prioritários foram a avaliação dos atributos físicos (clima, hidrologia,
geologia, geomorfologia e solos), a avaliação do uso público e o melhor
conhecimento da flora através de dados primários, além da compilação
e análise do conhecimento existente sobre a fauna local. Como parte da
construção coletiva do Plano de Manejo, foram realizadas várias
reuniões técnicas com membros da empresa Veracel Celulose,
parceiros não-governamentais, especialistas de diversas áreas do
conhecimento, e reuniões e oficinas com representantes das
comunidades na área de influência da RPPN.
Durante o levantamento do meio físico realizado, notou-se a
grande importância da RPPN EVC na manutenção das características
do ambiente, tais como os mananciais que contribui com água de
melhor qualidade para vários rios da região e na manutenção de solos
que apresentam fortes limitações naturais e, por isso, são altamente
passíveis de degradação. Os cursos d’água da RPPN EVC drenam sobre
os depósitos sedimentares do grupo Barreiras que são intensamente
modelados pelos processos erosivos. Em geral os solos são de baixa
289
fertilidade, baixos teores de matéria orgânica, ácidos e com teores
elevados de alumínio. Apresentam horizontes superficiais arenosos
(que dificulta a retenção de água e nutrientes) e sujeitos a erosão
natural, geralmente acelerada, quando se retira a cobertura vegetal
nativa. Diante dessas peculiaridades foram determinadas três zonas de
fragilidade e as respectivas sub-zonas, baseadas nos padrões de
drenagem e características do relevo, solos, erosão e da vegetação da
área.
A biodiversidade da RPPN EVC é bastante rica, sendo uma das
áreas mais representativas e íntegras das florestas de tabuleiro do sul
da Bahia, uma tipologia vegetacional da Mata Atlântica muito
ameaçada. As áreas analisadas no levantamento florístico permitem
afirmar que a RPPN EVC se situa entre as 20 áreas do mundo com
maior número de indivíduos e elevado número de espécies arbóreas. A
reserva é também um importante repositório da fauna regional,
abrigando espécies ameaçadas como o macaco-preto (Cebus robustus)
e o beija-flor balança-rabo canela (Glaucis dorhnii). Ainda persistem na
RPPN EVC algumas espécies localmente extintas em outras regiões da
Mata Atlântica, tais como a anta (Tapirus terrestris) e o gavião-real
(Harpia harpyja). As principais ameaças à fauna local são a caça
predatória e o isolamento da reserva. Pela importância biológica da
reserva e pela sua localização estratégica, pretende-se fortalecer a
atividade de pesquisa na RPPN EVC, para que esta se transforme em
referência
regional,
nacional
e
internacional
na
geração
de
conhecimento sobre a biodiversidade da Mata Atlântica.
O potencial de visitação é um dos critérios para definir a
vocação de uso da unidade de conservação. Como a RPPN EVC situase a 25 minutos de Porto Seguro, oferece oportunidades para atender
a diversos tipos de atividades de uso público, como educação
ambiental, recreação ao ar livre e pesquisa científica. O principal
grupo de visitantes da RPPN tem perfil educacional (escolas e
universidades), sendo responsável por 74% das médias anuais do
período entre 1996 e 2004. Por esta razão, foi discutida a infra-
290
estrutura
da
RPPN
EVC
para
melhor
atender
ao
público,
especialmente a recepção para atividades de educação ambiental. As
atividades
de
educação
ambiental
na
RPPN
EVC
terão
uma
importância muito grande para o uso e integração da reserva e da
empresa Veracel com o setor educacional dos municípios no extremo
sul da Bahia e com as comunidades vizinhas à unidade. A visitação
deve ser realizada com acompanhamento de educadores, mediante
agendamento, não havendo cobrança de ingresso.
O planejamento de uma unidade de conservação envolve o
estabelecimento dos objetivos do manejo. Por esta razão, foram
definidos para a RPPN EVC objetivos análogos aos de uma reserva
biológica. São eles: preservar a biodiversidade e proteger espécies da
fauna e flora ameaçadas de extinção, manter os recursos hídricos
existentes em sua área, promover educação e a interpretação
ambiental. Outro objetivo é integrar o manejo da reserva aos objetivos
do Projeto Corredores Ecológicos e a outros projetos de conservação em
âmbito regional e global.
O zoneamento é uma técnica de ordenamento territorial, usada
para
atingir
melhores
resultados
no
manejo
da
unidade
de
conservação. Foram determinadas seis zonas de manejo para a RPPN
EVC, que são descritas a seguir: (a) Zona de Vida Silvestre (1712ha) –
contém
áreas
biodiversidade.
inalteradas
Podem
e
destina-se
ocorrer
pesquisas,
à
conservação
estudos,
proteção
da
e
fiscalização; (b) Zona Primitiva (2643ha) – zona de proteção ou
primitiva é aquela que apresenta áreas naturais que tenham recebido
grau mínimo de intervenção humana, onde podem ocorrer pesquisa,
estudos, monitoramento, proteção, fiscalização e formas de visitação
de baixo impacto; (c) Zona de Recuperação (1670ha) – aquela com
áreas consideravelmente antropizadas. Esta é uma zona provisória,
pois, quando restaurada, será incorporada às zonas permanentes. As
espécies exóticas introduzidas deverão ser removidas e a restauração
deverá ser natural ou induzida; (d) Zona de Educação Ambiental
(33ha) – constituída de áreas naturais, permitindo alguma forma de
291
alteração humana. Destina-se à conservação e a atividades que
abrangem educação ambiental, conscientização ambiental, turismo
científico, ecoturismo, recreação, interpretação, lazer e outros. Nesta
zona permite-se a instalação de infra-estrutura, equipamentos e
facilidades; (e) Zona de Uso Conflitante (10ha) – constituem espaços
cujos usos e finalidades, estabelecidos antes da criação da unidade,
conflitam com os objetivos de conservação da área protegida. A zona
de uso conflitante é coincidente com o traçado da estrada velha de
Cabrália, que corta a unidade de conservação no sentido SulNordeste; (f) Zona Administrativa (6,2ha) – área fora da RPPN que
contém todos os serviços e infra-estrutura administrativa, ou seja, é a
região da sede da RPPN EVC.
Com base no diagnóstico e com o objetivo definido para a
reserva, o plano de manejo compõe-se de quatro programas de
manejo: (a)
Programa
conservação
da
de
Proteção e Fiscalização – visa à
biodiversidade e
à
manutenção
dinâmica
dos
ecossistemas, além da proteção do patrimônio histórico-cultural e da
segurança do patrimônio imobiliário e equipamentos existentes na
RPPN EVC; (b) Programa de Pesquisa – visa a estimular a geração de
conhecimentos
sobre
processos
biológicos
relacionados
à
biodiversidade da Mata Atlântica, aproveitando-os como subsídio aos
instrumentos de manejo da unidade de conservação e às ações de
educação ambiental; (c) Programa de Uso Público – composto por
cinco subprogramas (interpretação e recreação, educação ambiental,
capacitação, monitoramento do uso público e manutenção de trilhas),
visa a ordenar, a orientar e a direcionar o uso da unidade pelo
público, sem alterar significativamente os recursos naturais; (d)
Programa de Administração – trata das atividades e normas
relacionadas à organização, administração e recursos humanos
necessários para o funcionamento ideal da RPPN, bem como do
monitoramento das atividades de manejo da unidade.
Em workshop realizado no dia 19 de abril de 2007, o plano de
manejo da RPPN EVC foi debatido por representantes da Veracel
292
Celulose, CI-Brasil, UESC e IBio, ficando assim definida sua versão
final, com o consenso do que representa a utilização ideal da unidade.
Em maio de 2007, o plano foi submetido à apreciação da diretoria da
Veracel Celulose, que deu parecer positivo, com orientações para
protocolá-lo junto ao Ibama e, após as aprovações desta entidade,
executá-lo.
293