tony carreira salvaram idosa «verdadeira formação é nos quartéis
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tony carreira salvaram idosa «verdadeira formação é nos quartéis
OITO MORTOS EM COMBATE António Ferreira Ana Rita Pereira Cátia Pereira Bernardo Cardoso Bernardo Figueiredo Daniel Falcão Fernando Reis Foto: Sérgio Santos Pedro M. Rodrigues Setembro de 2013 E dição : 324 A no : XXXI 1,25€ D irector : R ui R ama da S ilva TONY CARREIRA ONDA DE SOLIDARIEDADE Páginas 16, 17, 18 SALVARAM IDOSA Presidente da ENB Página 19 «VERDADEIRA FORMAÇÃO É NOS QUARTÉIS» Página 10, 11 e 12 Foto: Marques Valentim Foto: Marques Valentim PEDROUÇOS 2 SETEMBRO 2013 [email protected] Que a onda não perca força O O mundo não foi sempre assim projecto legislativo, em fase de debate, sobre a hipótese de constituição de agrupamentos apresenta-se como, “alargar a esfera de liberdade dos corpos de bombeiros, esperando com isso obter resultados positivos no sentido de maior eficiência operacional”. Ao longo dos anos, de modo gradual e consistente, os corpos de bombeiros associativos, privativos, sapadores e municipais, têm sabido intervir em conjunto obviando uma lógica de triangulação operacional eficiente e eficaz. Isto aconteceu sem que tivesse havido, à partida, qualquer necessidade de alterar o normativo legal que gere o universo dos bombeiros. Partiu de uma simples demonstração de vontade, começada de forma informal, desenvolvida e consolidada em articulação entre todos, com os CDOS e com outros parceiros da protecção civil. Da experiência, depois, nasceram as regras construídas por todos. A meu ver, para já, essa articulação está feita e agilizada ao minuto, sem que para tal, como sabemos, tivesse sido necessário, previamente, por exemplo, constituir qualquer outra estrutura, nomeadamente, um agrupamento. Isso quer dizer que a lógica da partilha e do cruzamento de meios operacionais está há muito rodada, sem outras ferramentas que não sejam as já existentes. Á partida, mesmo assim, como mera tese de trabalho, não ponho em causa esta nova hipótese, esta eventual solução ou caminho para alguns casos, situações, ou zonas geográficas, caso as associações e corpos de bombeiros locais a escolham livremente trilhar. Mas a sua novidade, e a ênfase com que tem vindo a ser referida, porém, não poderá esgotar o recurso a outras soluções ou às mesmas que, com resultados, têm vindo a utilizar até informalmente. É saudável que, reforço, ainda apenas em tese e por que defendo que haja sempre debate, não se ponha em causa essa eventual saída, porventura operacional ou, até, administrativa. Mas, também, como é comum dizer-se, de tanto querer fazer, não se corra o risco de afogar o bebé na água do banho. Ou, dito de outra maneira, nem toda a terapêutica é a aconselhável para muitos, ou até para o todo, sem descriminação positiva na prescrição e na sua aplicação na dose e no tempo. E, sempre, apenas quando o caminho é o escolhido livre e exclusivamente pelos interessados. Mas também sabemos que vivemos tempos difíceis, marcados pela tirania da economia e em que outras facetas igualmente importantes, ou são esquecidas, ou saem desvalorizadas. As dificuldades não são indiferentes às associações de bombeiros. Aliás, ao longo das suas histórias, de uma maneira ou de outra, conviveram sempre com elas. Mas, hoje, quando se constata uma crise significativa na sustentabilidade das associações será que isso se fica a dever à sua deficiente gestão, como alguns parecem fazer crer a justificar outras medidas e soluções? Ou, pelo contrário, fica a dever-se às restrições impostas pelo Estado e às sucessivas mudanças de opções, estilo catavento, nas relações do mesmo Estado com os bombeiros? Hoje, como sempre, sem preconceitos, mas também sem falsas certezas, importa que os bombeiros e os seus dirigentes saibam avaliar as vantagens e os riscos das propostas que lhes são apresentadas. Agora, são os agrupamentos mas, no futuro, poderão ser outros modelos ou soluções. Por que, no caso dos agrupamentos, não chegámos ao fim de nenhum caminho mas apenas ao seu anúncio virtual. E é precisamente com esse sentimento e essa lógica que devemos encará-los. De forma livre, aberta e descomprometida. Com base nisso, como compatibilizar o modelo agrupamento, por exemplo, na lógica municipal, intermunicipal ou até regional a continuidade ou sobrevivência de outras actividades das associações fora do âmbito do corpo de bombeiros mas cuja identidade e prática só tem sentido num bloco, num conjunto em que só a interligação de todas as secções, com especial incidência para o corpo de bombeiros, preenchem o puzzle coerente e sólido da instituição, criada e desenvolvida na lógica e sentido de uma comunidade local. Não foram as associações de bombeiros que quiseram extravasar as respectivas áreas de actuação. Foi, em primeiro lugar, a solidariedade local e regional na lógica da atrás citada triangulação, e, em segundo lugar, com maior peso e custos, a pedido do Estado, na lógica nacional. E a situação vivida este ano, mais uma vez, tem sido bom exemplo disso. Grupos de meios operacionais de muitas zonas do país a convergirem para outras zonas no apoio ao combate aos incêndios florestais. Em todo o caso, incontornavelmente, a decisão de participar em agrupamento tem que ser um acto livre. E, só assim, terá cabimento encará-la. Não vão alguns espíritos pensar que as dificuldades sentidas por muitas associações possam vir a ser encaradas como boleia para o agrupamento. Ou, dito de outra forma, possa alguém pensar ser possível virem a ser assumidas do lado de fora, na lógica da cenoura e do pau, como uma hipotética única solução para a garantia de eventuais apoios oficiais ao seu funcionamento. Não acredito que seja essa a intenção nem a postura dos governantes. Tenho-os na conta de pessoas de bem e baseio-me, também, no sentido e no conteúdo das suas atitudes anteriores. Mas, para que não subsista qualquer dúvida e não surjam no ar nesse domínio poeiras indesejáveis, quereria ficar sossegado com uma eventual declaração deles sobre a impossibilidade de alguma vez poder vir a ser equacionado esse procedimento. Se não o fizerem, apesar da eventual bondade da proposta, subsistirá a dúvida e fundada suspeita sobre as consequências a partir da sua não-aceitação. O mundo, como todos sabemos, não foi sempre assim. Os bombeiros e as suas associações são prova cabal disso. Ao longo do tempo, as mudanças e os desafios que entenderam assumir foi sempre na lógica da defesa das pessoas e bens da sua comunidade. Nunca o fizeram na lógica redutora da mudança pela mudança, mas sim dos ganhos efectivos para as suas comunidades e para as suas associações. E, nesse sentido, continuam despertos e disponíveis para continuarem a fazer rodar o mundo. Artigo escrito de acordo com a antiga ortografia U ma gigantesca onda de solidariedade “varreu” Portugal, um fenómeno sem precedentes que todos, sobretudo os bombeiros, esperam deixar marcas, que não esmoreça logo que extinto o derradeiro foco de incêndio. Nos quartéis de Miranda do Douro, de Alcabideche, do Estoril, de Carregal do Sal, da Covilhã e de Valença, o luto continua por cumprir, porque na voragem dos acontecimentos ainda não houve espaço ao recolhimento que, também, importa cumprir. Os fogos ainda lavram, o mediatismo não perdeu força e as demonstrações de respeito, e afeto pelos bombeiros de Portugal não cessam, mitigando a dor da partida inesperada de um filho, de um marido, de um amigo ou de um camarada. Só no mês de agosto perderam a vida oito bombeiros, homens e mulheres, voluntários, que trocaram o conforto do lar, o convívio com a família, oportunidades profissionais para ingressar, sem reservas, nas fileiras dos bravos soldados da paz. E quando as chamas deixarem de consumir floresta, será que o nome de cada um destes heróis será recordado? Será que os portugueses se vão lembrar que outros operacionais continuam a cumprir a missão de salvar vidas? Os bombeiros, otimistas céticos, encaram o futuro da forma que sempre o fizerem: com a certeza que nada fará desanimar a vontade férrea de ajudar o próximo, de salvaguardar bens e de salvar vidas, ainda que vivam o presente com a emoção de quem pela primeira vez se sente bafejado pelo reconhecimento público. Para além dos muitos cidadãos anónimos que, como puderam, colaboraram nas várias iniciativas de cariz solidário, importa sublinhar o gesto, a atitude, a ação, o exemplo de Tony Carreira que se colocou na linha da frente no apoio às vítimas dos incêndios deste verão. O artista e a sua equipa foram incansáveis e inexcedíveis na dinamização de uma “campanha relâmpago”, que permitiu, em meia dúzia de dias, esgotar o Pavilhão Rosa Mota, no Porto, e fortalecer o Fundo de Proteção Social do Bombeiro com uma verba de cerca de 70 mil euros. Tony Carreira, Fernanda Antunes, os músicos e todos os colaboradores da RegiConcerto, bem como as equipas da “Tour dos Sorrisos” e do Continente, deram pois uma enorme lição de cidadania, de respeito pelo próximo, assumindo, sem procurar protagonismo ou exibir vedetismo, o papel do “bombeiro sem farda”, que afinal deveria ser o de todos os portugueses. Sofia Ribeiro PEDIDO DE DESCULPAS Tragédia atrasou reportagens A tragédia que se abateu no seio dos bombeiros com a morte de oito bombeiros e ferimentos em duas dezenas deles, alguns com gravidade, fez com que nos víssemos obrigados a alterar a programação das nossas duas últimas edições. Apesar de perfeitamente justificadas essas alterações, não queremos deixar de apresentar um pedido de desculpas aos comandos, bombeiros e direções das Associações de Alfândega da Fé, Cabanas de Viriato, Linda-a-Pastora, Santiago do Cacém, Moimenta da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Viana do Castelo e Vila Real de Santo António pelo facto de ainda não termos divulgado as reportagens que nos proporcionaram fazer no seu seio. Contamos poder incluí-las na próxima edição, a par de outras notícias. 3 SETEMBRO 2013 Foto: Marques Valentim Os mundos do ter e do ser O celebrante espanhol que oficiava a missa de corpo presente do bombeiro dos Voluntários do Estoril, Bernardo Figueiredo, durante a prática enunciou a satisfação que os portugueses devem ter, ao contrário do seu país, em dispor de tantos bombeiros voluntários que denodadamente se entregam ao objectivo “vida por vida”. De seguida, estabelecendo a comparação entre a sociedade em geral e os bombeiros lembrou que o objectivo genérico da primeira é o ter e, no caso dos segundos, o seu mundo é diferente, é o mundo do ser. No seu entender, com muita simplicidade mas também clareza, até crua, isso explica perfeitamente a in- tenção daquela missa, bem como de todas as outras celebradas por estes dias em memória dos restantes bombeiros falecidos no cumprimento do dever. No fundo, aquilo que o celebrante pretendeu demonstrar, e a meu ver conseguiu eloquentemente, foi demonstrar a existência de dois mundos que, apesar de estarem quase interligados ou muito próximos um do outro, acabam por definir e distinguir lógicas diferentes de encarar a vida e de vivê-la, de facto. O mundo do ter é um domínio muito comum na sociedade moderna, medido pelo sucesso, pelo êxito, pelos proventos, pelas vantagens, pelo usufruto de bens materiais, pela facilidade na sua obtenção e longevidade, pela mera realização pessoal mesquinha e fechada em si mesma. O mundo do ser é uma área diametralmente oposta. Inclusive, sem necessidade de demonstração, para além dos próprios actos em que concretamente se afirma e se demonstra com evidência e clareza. Todos os dias, morrem muitas pessoas em Portugal. Mesmo assim, a ciência tem conseguido estabelecer novos patamares de longevidade. Séculos atrás as pessoas eram consideradas idosas aos 40 ou 50 anos. Nos dias de hoje, os avanços científicos, pode dizer-se, permitiram que se chegasse ao dobro dessa idade para considerar uma pessoa idosa. Hoje, as pessoas, em média duram mais tempo. E, por isso, a morte prematura de alguém, nomeadamente jovem, por maioria de razão, suscita perplexidade, espanto, surpresa e até raiva. Especialmente, se a causa de morte não fica a dever-se a doença grave ou a outras razões específicas. A maioria dos bombeiros falecidos em serviço insere-se precisamente nesse grupo de mortes prematuras e difíceis de explicar. Mortes brutais, inesperadas, chocantes, “gratuitas”, que violentam as consciências dos que vivem noutro mundo, onde apenas o ter ocupa o lugar dos sonhos. A lógica de vida da Ana Rita, do António, do Pedro, do Bernardo Figueiredo, da Cátia, do Bernardo Cardoso , do Daniel e do Fernando era outra. Também tinham sonhos, também desejavam ou tinham já constituído família, tinham empregos ou buscavam-nos com afinco, tinham acabado há dias cursos universitários, queriam viver, em suma. E, como cada um demonstrou durante a sua mais ou menos longa vida, e carreira de bombeira ou bombeiro, à parte o mundo do ter, preferiram realizar-se especialmente pelo ser, pelo ser pelos outros, pelo ser para os outros. Paz à sua alma. 4 SETEMBRO 2013 2013 É O SEGUNDO PIOR ANO Só a chuva faz parar Oito mortos, cinco dos quais na casa dos vinte anos. Mais do que as perdas económicas ou ambientais decorrentes dos incêndios, o país dos bombeiros não se resigna de ter perdido tantos dos seus. Jovens com uma vida pela frente que o fogo teimou em fazer tombar num ano em que os incêndios tiveram comportamentos “inexplicáveis” e “explosivos”. Até 15 de setembro arderam 121 mil hectares. Mas não é por isto certamente que 2013 figurará na lista dos anos mais dramáticos em termos de incêndios florestais. Á data de fecho desta edição, estava tudo calmo. Chegaram as primeiras chuvas de outono. Texto: Patrícia Cerdeira Fotos: Marques Valentim S ó a chuva travou a progressão do negro. Dias antes das primeiras chuvas de outono, os bombeiros continuavam a lutar contra uma média de 150 a 200 ignições por dia. As duas últimas semanas de agosto e a primeira de setembro foram semanas de horror. Acidentes mortais, bombeiros internados com queimaduras graves, alguns dos quais acabando por sucumbir. Os funerais sucederam-se e os bombeiros, obrigados a continuar a combater o fogo, nem tempo tinham para fazer o luto. A lista dos mártires é longa e penosa. António Ferreira, 45 anos; Pedro Rodrigues, 41; Ana Rita Pereira, 24 anos. Bernardo Figueiredo, 23. Cátia Pereira Dias, 21 anos. Bernardo Cardoso, 19 anos. Fernando Reis, 50. E Por último, um dos primeiros a ficar ferido, Daniel Falcão, 25 anos. Mas se estas são as marcas mais profundas que o fogo pode infligir, há outras não menos dramáticas que só são atenuadas pela presença dos feridos entre nós. Depois de perderem dois operacionais, os Bombeiros Voluntários de Carregal do Sal esperam pelas melhoras de Nuno Filipe Pereira, o bombeiro ainda internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com queimaduras extensas e prognóstico reservado. Já José Sabino, da mesma associação, teve alta médica mas continua a fazer tratamentos aos membros inferiores que ficaram queimados no fogo. Também os Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra foram atingidos pelo infortúnio. Albano Romano continua a recuperar Hospital da Guarda. Acácio Esteves e Joaquim Ruano também continuam internados, estes em Coimbra, a tentarem recuperar das queimaduras. Já Tiago Carvalho, bombeiro dos voluntários de Celorico de Basto continua internado mas a evoluir bem dos ferimentos que sofreu na sequência de um atropelamento no teatro de operações. Daniel Falcão, o voluntário de Miranda do Douro, é o 109.º bombeiro a perder a vida no combate a incêndios florestais desde 1980. O ano de 2013 é já o segundo pior ano da última década a nível de vítimas mortais nos fogos. Desde 2003, apenas 2005 superou este número: morreram nesse ano 12 bombeiros nos fogos florestais, dos quais sete no combate direto às chamas. A morte de bombeiros tão jovens desencadeou, para além da normal onda de revolta, entre familiares, colegas e amigo, uma discussão sem preceden- tes. Entre acusações de falta de formação, de coordenação ou condições de trabalho, foram muitos os que questionaram a forma como os bombeiros são colocados nos teatros de operação. O Ministério público abriu inquéritos a estas oito mortes, bem como, a Autoridade Nacional de Proteção civil, numa altura em que ainda não é conhecida qualquer conclusão. Por várias vezes, José Ferreira, presidente da Escola Nacional de Bombeiros, veio a público contestar todos os que acusam o sistema de “não dar formação suficiente” aos soldados da paz. Lutamos contra os criminosos, contra o fogo e contra a floresta É uma luta “desigual”, refere Jaime Marta Soares para quem a morte de um bombeiro é uma “machadada” na classe. O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses diz que a morte dos bombeiros em combate é “difícil” de ser evitada, explicando que “o inimigo é traiçoeiro”. “Os bombeiros têm uma preocupação muito grande de debelar e combater o inimigo, ACIDENTE COM GRUPO DE PENALVA DO CASTELO A Jovem apresenta melhorias pesar de reservado, o estado de José Carvalho, bombeiros de 27 anos dos voluntários de Penalva do Castelo, apresenta já algumas “melhorias”, segundo um dos responsáveis clínicos do Hospital de Coimbra. O jovem bombeiro sofreu queimaduras nos pés, nas mãos e na cara, quando tentava salvar das chamas uma das viaturas da associação que acabou por ficar completamente queimada. O jovem bombeiro que fazia parte do grupo que foi mobilizado para combater um incêndio na freguesia viseense de Povolide, no passado dia 22 de setembro, foi surpreendido por uma mudança de vento e acabou por sofrer queimaduras de segundo e terceiro grau em 40 por cento do corpo. Deste acidente resultaram ainda ferimentos ligeiros em dois outros bombeiros. mas este inimigo é muito forte, é traiçoeiro e tem todas as armas à sua disposição, mesmo a negligência da floresta”, sublinha. Jaime Marta Soares acrescenta que os incêndios contam com causas como o “clima extremamente alterado” e os fogos postos. O número crescente de ignições “é uma coisa inacreditável”, lembra, referindo que “chega a haver 300 incêndios ao mesmo tempo, chegam a ser lançados fogos seguidos, cinco, dez, quinze, num raio de 20 a 30 quilómetros”. Perante esta situação, que considera “terrorista”, o presidente da LPB defendeu que ninguém deve duvidar de que “são fogos criminosos” e adiantou que “por muita competência que haja, por muito profissionalismo que haja - e há -, há situações em que o fogo tem mais força que o ser humano”. Jaime Marta Soares lembrou que os bombeiros que morreram em combate tinham conhecimento do perigo que corriam “pela formação que recebem” e essa não pode ”ser posta em acusa”, muito menos por “treinadores de bancada”. Jaime Marta Soares considera que os meios são adequados, mas sublinha como grande problema o facto de “existirem fogos a mais”. Fogos cujas consequências têm sido particularmente pesadas este ano, as quais não são alheias a alterações de vária ordem, que vieram complicar a ação dos bombeiros.” Mesmo em 2003 e 2005, que foram anos terríveis, não se registaram temperaturas tão altas e ventos atípicos como enfrentamos agora, capazes criar focos secundários e dezenas ou centenas de metros dos bombeiros, encurralando-os”, explica Jaime Marta Soares. A isto se alia “uma floresta em piores condições”, abandonada, “sem as infraestruturas necessárias” e onde crescem espécies arbóreas como não se viam há muito tempo, “que inflamam rapidamente”, acrescenta o presi- dente da Liga dos Bombeiros Portugueses. Em 30 anos ardeu mais de um terço do país O maior incêndio do ano, registado até à data, começou a 9 de julho no concelho de Alfândega da Fé (Bragança) e estima-se que terá consumido uma área de 14.912 hectares A área ardida aumentou este ano 13 por cento em relação a 2012, tendo os incêndios florestais consumido, até 15 de setembro, um total de 121.168 hectares, segundo dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Em contrapartida, as ocorrências de fogo diminuíram este ano 11,4 por cento, tendo-se registado, até 15 de setembro, 16.924 ignições, menos 2.184 do que no mesmo período de 2012, adianta o último relatório provisório de incêndios florestais do ICNF. 5 SETEMBRO 2013 PARA OS BOMBEIROS PORTUGUESES a tragédia dos incêndios O documento refere também que, entre 1 de janeiro e 15 de setembro, as 16.924 ocorrências de fogo resultaram em cerca de 120.000 hectares de área ardida, mais 14.657 do que em 2012. Segundo os dados do ICNF, em 2003, 2005 e 2010 a área ardida até 15 de setembro foi superior aos valores registados este ano. Os dados permitem concluir que só no mês de agosto arderam 85.663 hectares de florestas, aproximadamente 70 por cento da área consumida pelas chamas até à data, e registaram-se 7.031 ocorrências de fogo, cerca de 41 por cento do total. O documento refere igualmente que o maior número de ocorrências se verificou no distrito do Porto (5.321), seguido de Braga (1.767) e Viseu (1.722), sendo a maioria fogachos, ou seja, incêndios que não ultrapassaram um hectare de área ardida. Viseu é o distrito com mais área ardida consumida pelas chamas, registando, até 15 de setembro, 33.806 hectares de espaços florestais ardidos, seguindo-se Vila Real e Bragança, com 22.059 e 20.565 hectares ardidos, respetivamente. Além do incêndio no distrito de Bragança, registaram-se este ano mais 159 grandes incêndios, com área ardida em espaço florestal maior ou igual a 100 hectares. Apenas seis por cento dos condenados estão presos À data de fecho desta edição, a Polícia Judiciária já tinha procedido à identificação e detenção de 71 pessoas pela autoria do crime de incêndio florestal. Destes 71 indivíduos, 45 estão em prisão preventiva. Os números do Ministério Público mostram que somente seis por cento dos condenados pelo crime de fogo doloso, en- tre 2007 e 2011, se encontram a cumprir prisão efetiva. Os números mais recentes do Ministério da Justiça mostram um total de 280 condenações, mas somente em 233 os condenados têm, penas aplicadas. O perfil habitual do incendiário, traçado pela Policia Judiciária, não tem sofrido grandes alterações. É alguém desempregado, ou de um trabalhador precário, “solteiro ou com situação familiar disfuncional e por vezes com hábitos de alcoolismo”. De referir no entanto que o fogo doloso constitui uma pequena parcela dos incêndios que se registam todos os anos. A maioria das ocorrências tem origem em acidentes, muitas vezes provocados por negligência. 6 SETEMBRO 2013 BOMBEIROS INVESTIGADOS PELA GNR POR CONTRAFOGO Liga e federação não aceitam postura da GNR Foto: Sérgio Santos O caso não é novo, e ano após ano repete-se. Desta vez, o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR, (SEPNA) está a investigar vários bombeiros do distrito de Viseu, por eventual uso indevido de (fogo de supressão ou fogo tático) no combate aos incêndios florestais. Joaquim Marinho, presidente da Federação recusa ver os bombeiros a serem tratados como “criminosos”. Já o presidente da Liga garante que a situação está a ser tratada junto da tutela e passa por formação aos quadros de comando. Texto: Patrícia Cerdeira J á foram ouvidos em sede de inquérito bombeiros das associações humanitárias de Moimenta, Castro d’Aire, Farejinhas e Vila Nova de Paiva. A denúncia foi feita por Rebelo Marinho, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Viseu: “O SEPNA tem identificado uma série de bombeiros do distrito de Viseu que estão a ser perseguidos por causa do uso de contrafogo nos incêndios florestais. Os bombeiros não são criminosos. É uma humilhação estarem sujeitos a interrogatórios, a serem confrontados com fotografias tiradas nos incêndios, com o objetivo de serem conduzidos processos para os tribunais contra os bombeiros”, afirmou indignado o dirigente. O recurso ao contrafogo está definido no Despacho n.º 14031/2009. O Despacho define quem o pode realizar, com que habilitações e ainda sob a tutela de quem. Também a DON 2 de 2013 refere que cabe ao CODIS a validação da técnica de contrafogo, depois de autorização prévia por parte do Comando Nacional. Joaquim Marinho é da opinião de que a atual legislação deve ser alterada. A utilização de técnicas de contrafogo deve ter bom base o “bom senso”, a “experiência” e a “formação” necessária, condições que os bombeiros portugueses reúnem e que por isso a lei deve ser “alterada” para que seja permitido aos bombeiros utilizar o fogo em igualdade de circunstâncias com as equipas GAUF. Em declarações ao Bombeiros de Portugal, o presidente da Federação sublinha que os bombeiros não são “irresponsáveis”, são “cumpridores das leis”, mas não aceitam discricionariedades. A par da mudança da legislação, sob tutela do Ministério da Agricultura, Joaquim Marinho defende que o SEPNA da GNR deveria ter outra atitude: “É inaceitável a forma e o tom policial como a GNR entrou pelos cor- pos de bombeiros, sem respeitar nem hierarquias de comando, nem a própria da ANPC. Considero que a GNR devia ter uma função pedagógica e quem sabe promover uma reunião com o CODIS e com os comandante dos corpos de bombeiros para debater estes casos. Agora, entrarem pela casa dos outros em tom intimidatório como se os bombeiros fossem criminosos, isso não podemos aceitar”, concluiu o dirigente. Formação para quadros de comando A Liga dos Bombeiros Portugueses já fez saber junto do Governo que não aceita atitudes “prepotentes”, nem tão pouco ver os bombeiros a serem tratados como “criminosos”. Jaime Marta Soares lembra que “ninguém está acima da lei”, mas há formas de tratar as coisas. Segundo o presidente da Liga, o executivo já foi sensibilizado para a necessidade de “mudar” as regras que definem a realização de contrafogo, porque a realidade dos incêndios a isso exige. Noutro âmbito, Jaime Marta Soares anuncia que está já a ser elaborado com a Escola Nacional de Bombeiros um esquema de formação destinado a quadros de comando em matéria de contrafogo. GIPS PROCESSA COMANDANTE DE NELAS A LBP exige pedido público de desculpas confirmar-se a versão do comandante dos Bombeiros Voluntários de Nelas, distrito de Viseu, Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) exige um “pedido de desculpas público” dirigido a “todos” os bombeiros portugueses. Em causa está o litígio que opõe o responsável operacional e um elemento do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da GNR (GIPS). O diferendo está agora nas mãos da justiça, depois do elemento do GIPS ter entregue em tri- bunal uma queixa por injúrias contra o comandante dos voluntários de Nelas que terá reagido na sequência de uma afirmação desse mesmo elemento dos GIPS que terá chamado “bombeiros de merda” aos voluntários. A situação terá ocorrido no passado dia 16 de agosto, num incêndio que deflagrou em Vilar Seco. O comandante Filipe Guilherme, diz que solicitou uma descarga de água a uma brigada de GIPS, e foi aqui que as coisas não terão corrido bem. “O chefe da brigada, mal chegou ao pé de mim, perguntou porque não tinha apagado o fogo, já que tinha lá uma viatura, recorda, lembrando que se tratava do carro de comando, que não está preparado para apagar incêndios. Na resposta, o operacional do GIPS terá afirmado: “É por isso que o nosso país não vai para a frente e está pobre, a gastar milhões com estes bombeiros de merda e os incêndios ardem o que ardem”, cita o comandante, que se sentiu insultado, informando que iria participar o caso ao Comandante Operacional Distrital de Viseu. Segun- do Filipe Guilherme a informação ao CODIS não era uma “queixinha”, apenas um apelo ao bom senso. “Esperava um pedido de desculpas”, afirma o responsável que três dias depois foi informado pelo CODIS que sobre ele recai uma queixa em tribunal por injúrias. A Liga dos Bombeiros Portugueses já fez saber que está a “acompanhar o caso” e fazendo fé nas declarações de Filipe Guilherme, exige um pedido de desculpas por parte do GIPS aos bombeiros. Patrícia Cerdeira O BES É O PRIMEIRO BANCO PORTUGUÊS A INTEGRAR O DOW JONES SUSTAINABILITY WORLD INDEX. O Banco Espírito Santo passou a integrar o Dow Jones Sustainability World Index, o mais exigente índice de sustentabilidade a nível mundial, composto por apenas 23 bancos. Este é o reconhecimento de que o BES atingiu um patamar superior de práticas de sustentabilidade, posicionando-se entre os melhores neste domínio a nível internacional e comprova, uma vez mais, que a sua estratégia, aprofundada nas três dimensões relevantes – social, económica e ambiental, é um elemento fundamental do modelo de negócio do banco e representa o seu compromisso firme num futuro mais sustentável. 8 SETEMBRO 2013 LBP 1930-2013/INCÊNDIO DO CHIADO, 25 ANOS Salvé, bombeiros de Portugal Pesquisa/Texto: Luís Miguel Baptista A expressão que dá título ao presente artigo tem 75 anos e foi inscrita, conforme é possível identificar, na primeira imagem que aqui reproduzimos. Falamos, concretamente, da capa de um número especial do jornal “A Voz do Concelho”, periódico defensor dos interesses do concelho de Loures, publicado por ocasião do VI Congresso dos Bombeiros Portugueses, reunido em Portalegre entre 8 e 12 de Junho de 1938. Do ponto de vista etimológico, “salvé” é uma palavra de origem latina que significa saudação ou cumprimento. Escolhemo-la para introdução a esta abordagem histórica, em associação ao modo justo e dignificante como o país tem sabido homenagear os seus bombeiros, pela bravura demonstrada no combate aos incêndios florestais, qualidade humana cujo íntimo encontrou, um dia, na fluidez do pensamento e da palavra do comandante Álvaro Valente (na foto), dos Bombeiros Voluntários do Montijo, a mais expressiva interpretação de pendor filosófico e doutrinário. “A função espiritual do Bombeiro” (1936), “Porque me orgulho de ser Bombeiro” (1937) e “Espiritualismo e Consciência” (1940) são os títulos de três raridades bibliográficas, da autoria da referida personalidade, que se encontram consultáveis no arquivo do Núcleo de História e Património Museológico. Logicamente, por limitação de espaço, não é possível determo-nos, em profundidade, no conteúdo de cada um dos estudos a que Álvaro Valente se dedicou e onde são dadas respostas a muitas das interrogações que, regra geral, se colocam sobre a conduta dos bombeiros portugueses. Num dos seus trabalhos, o prestigiado comandante, também autor da “Legenda do Bombeiro”, ainda hoje detectável nas paredes dos nossos quartéis, apresenta uma interessante definição do sentimento do bombeiro, que apelida de “sentimento inato da solidariedade”. Considerando estar na presença de uma função espiritual, transversal “aos impulsos instintivos dos pseudo-bombeiros da idade média”, refere: “Quando essa solidariedade se pratica para interêsse comum de momento, chama-se instinto de defesa; mas quando ela se pratica por uns tantos em socorro doutros tantos, e a ainda com despreso da própria vida, chama-se abnegação. No primeiro caso pode ser um sentimento materialista, mas humano; no segundo é um sentimento fundado no Bem, é mais humano, é quási Divino.” A definição em apreço, espalhada, de Norte de Sul do país, através das muitas preleções realizadas por Álvaro Valente, enquanto co-fundador e repre- sentante da Liga dos Bombeiros Portugueses, numa fase de organização e coordenação da vida desta, elenca um vasto conjunto de considerações que, apesar de produzidas no distante ano de 1936, não deixam de ser curiosas quando comparadas com alguns factos da história recente. A este propósito, disse, então, por exemplo, vezes sem conta, o comandante e pensador: “De que servirá um bombeiro exemplar, cheio de virtudes, cônscio dos seus deveres morais, se não lhe fornecerem os meios de tornar a sua intervenção mais eficaz? Não é com as nossas virtudes e com a nossa consciência que havemos de atacar os fogos e prestar os nossos socorros nas aflições alheias. Por isso, embora cuidemos permanentemente da preparação moral do Bombeiro, transformando os nossos quartéis em verdadeiras escolas de educação cívica, esperamos que, como reconhecimento dos nos- COJA FILATELIA Meio século de história A Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coja apresentou mais um livro que retrata a sua história ao longo de meio século de existência, uma obra da autoria do prof. Nuno Mata intitulada “50 anos de bombeiros em Coja”. Com intuito de não deixar perder a história da instituição, o autor desta obra que também integra os órgãos sociais, relembra as datas, momentos e pessoas para que nunca sejam esquecidos os seus feitos a bem do próximo. Assim todos os artigos publicados em “A Comarca de Arganil” ao longo de mais de um ano foram compilados e passados a livro, enriquecidos com ilustrações, fotografias, artigos de jornal numa interação que também contou com a participação da comunidade com o seu interesse, lembranças e entusiasmo. Sérgio Santos sos desejos, nos dêem o que com tanta insistência vimos a pedir há longos tempos.” Palavras sentidas e vividas de um bombeiro apologista do “espiritualismo consciente”, por via do qual acreditava que “acordaremos a indiferença às sacudidelas, esmagaremos os egoístas e os positivos com a essência da nossa idealidade, e assim melhoraremos a vida colectiva e criaremos novas células dum mundo novo, mais equitativo, mais fraterno, mais humano e, principalmente, com mais alma e coração”. É, de resto, neste mesmo contexto, que se insere o perfil da publicação que começámos por recordar, onde o respectivo verso de capa apela: “Auxiliai os Bombeiros Portugueses”. Fá-lo através de uma emblemática ilustração, que damos a conhecer como documento susceptível de figurar na história do movimento de solidariedade protagonizado pela sociedade civil, no apoio aos bombeiros de Portugal, desde há 75 e mais anos. “O Importante participação s Bombeiros na Filatelia Portuguesa” é um livro escrito por Francisco Matoso Galveias que faz um levantamento de tudo o que foi feito no âmbito da filatelia associada direta ou indiretamente aos bombeiros portugueses. O livro faz uma resenha histórica dessa temática e aborda questões específicas, como as fórmulas de franquia, as oliterações, os santos padroeiros, as peças filatélicas, a montagem de uma e os grupos de filatelia em associações de bombeiros. Qualquer informação sobre o livro poderá ser obtida através do endereço eletrónico [email protected]. “A comemorar também se aprende”, assim se intitula um livro editado pela Associação para a Pesquisa e Acção Pedagógica. Portanto, reflictemos sobre tal ensinamento, que é comum ao objecto da história, e centremo-nos nas palavras sábias de Álvaro Valente bem como no apelo lançado em 1938. Segundo ainda o mencionando livro, “não se procure numa comemoração outros resultados além dos que ela em si mesma pode dar: alertar, sensibilizar, pôr em marcha corações e mãos, atitudes e projectos”. Ou seja, entendemos nós, contributos válidos sob a forma de doutrina que ao longo do tempo têm impulsionado a existência das nossas instituições, afirmando-as no seio do povo português que, repetidamente e sempre, tem exclamado: “Salvé, Bombeiros de Portugal!” Artigo escrito de acordo com a antiga ortografia Site do NHPM da LBP: www.lbpmemoria.wix.com/ nucleomuseologico 9 SETEMBRO 2013 PLANO DE REORGANIZAÇÃO E CRESCIMENTO DOS MEIOS DE EMERGÊNCIA Fotos: Marques Valentim Mais 15 PEM em 2014 S atão, Ponte da Barca e ainda uma outra associação do distrito de Lisboa, que o INEM não quer avançar identificar. Estas são as últimas três apostas do Instituto ao nível da criação de postos PEM, num altura em que se sabe que o INEM se prepara para abrir já durante o próximo ano mais 15 novos postos PEM espalhados pelo país. Ao que conseguimos apurar, há ainda outros meios de emergência na lista de investimentos do Estado. A saber: uma ambulância de SBV em Guimarães; uma ambulância SIV em Arouca e uma viatura de SBV ou SIV, ainda está por decidir, a instalar no Seixal, eventualmente para operar no período diurno. Estas são algumas das apostas anunciadas pelo INEM e que integram o novo Plano de Reorganização e Crescimento dos Meios de Emergência Médica. BARREIRO N Câmara aprova moção a reunião pública de 4 de setembro, a Câmara Municipal do Barreiro (CMB) aprovou a Moção “Defesa da Floresta/Homenagem aos Bombeiros”. “Assistimos nos últimos dois meses a um sem número de incêndios florestais que têm destruído milhares de hectares de flora e fauna, colocando em perigo a vida de pessoas e destruindo bens. No combate a estes incêndios têm estado diversas entidades de proteção civil, com especial relevo para os bombeiros», refere o texto, acrescentando: serem “necessárias políticas que promovam o ordenamento da floresta, tornando-a económica e ambientalmente sustentável. É urgente cadastrar todos os espaços florestais e promover a sua acessibilidade”. “A defesa da floresta tem que ser feita de forma efetiva, com a existência de pessoal especializado, com a existência de estruturas de apoio contra incêndios, nomeadamente, faixas e mosaicos de gestão de combustível, rede de pontos de água, entre outros. É necessário dotar os bombeiros com equipamentos de proteção individual adequado ao combate de incêndios florestais e com melhores carros de combate aos incêndios», regista a moção. Desta forma a Câmara Municipal do Barreiro “solidariza-se com todos os bombeiros portugueses e, endereça o seu mais profundo pesar às famílias e corporações dos bombeiros que perderam a vida no combate aos incêndios, expressando, ao mesmo tempo, a todos aqueles que ainda se encontram a recuperar das consequências dos ferimentos sofridos no combate às chamas, a sua total e rápida recuperação”. Da mesma forma a autarquia “agradece aos bombeiros voluntários do concelho do Barreiro, pela sua determinação, empenho e disponibilidade para o combate aos incêndios florestais no País, no âmbito do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais”. CASCAIS A Homenagem a bombeiros falecidos Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cascais vão atribuir os nomes da Ana Rita e do Bernardo, os dois bombeiros do concelho recentemente falecidos no combate a um incêndio florestal no Caramulo, ao novo veículo de comando (VCOT) oferecido pela Junta de Freguesia de Cascais. A inauguração da viatura deverá decorrer até final do ano, durante a comemoração do 127.º aniversário da Associação. A comemoração tardia dessa efeméride, que habitualmente ocorre entre junho e julho de cada ano, deve-se à dificuldade surgida na obtenção atempada da viatura, já que a decisão da autarquia havia sido tomada muito antes. Entretanto, em reunião realizada recentemente, a direção e o comando da instituição decidiram arrancar com o processo de candidatura aos fundos comunitários (QREN) para substituição de um veículo florestal de combate a incêndios (VFCI) e um autotanque (VTTU) no próximo ano. As duas viaturas deverão substituir outras já com mais de duas décadas de serviço e sucessivas intervenções de recuperação para, apesar disso, garantirem a operacionalidade possível. Entretanto, o INEM anunciou também a aquisição de 75 novas ambulâncias de emergência que vão servir para “renovar” a frota de viaturas existente no país, incluindo o parceiro bombeiros, no âmbito dos “protocolos” de Posto de Emergência Médica já celebrados. Estas ambulâncias vão também ser utilizadas para dar “continuidade” ao plano do Instituto para melhorar a eficiência e a capacidade de resposta do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), apostando no “reforço da cobertura” de meios de emergência pré-hospitalar no território de Portugal continental. Sobre a forma como vai ser feita esta distribuição, o INEM prefere para já não adiantar mais pormenores. Ao que o “BP” apurou, O concurso para a aquisição das novas 75 ambulâncias só deverá estar concluído no segundo trimestre de 2014 Atual- mente o INEM tem 262 Postos de Emergência Médica em corporações de bombeiros no território de Portugal continental, aos quais estão atribuídas 272 ambulâncias do Instituto. Já no que diz respeito a meios operados diretamente pelo INEM contam-se, atualmente, 51 ambulâncias de emergência e 36 ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV). Patrícia Cerdeira 10 SETEMBRO 2013 JOSÉ FERREIRA, PRESIDENTE “A Escola vai deixar de ter O presidente da Escola Nacional de Bombeiros (ENB), José Ferreira, foi membro do conselho executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Leiria, antigo presidente da direção e atual presidente da assembleia geral da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Porto de Mós. Foi ainda docente e autarca. Em entrevista ao “BP” traça novos rumos para a ENB, como defende, em sintonia com a LBP e a ANPC. Desde logo, defende que “a Escola vai deixar de ter horário de repartição pública”, ou seja, “para que possamos alargar o horário de funcionamento de domingo a domingo, se necessário ao sábado e domingo”. “A Escola serve para dar resposta ao bombeiro que aqui vem, principalmente, à noite e aos fins de semana”, precisa o presidente da ENB. Entrevista: Patrícia Cerdeira Fotos: Marques Valentim Bombeiros de Portugal (BP) – E incontornável começar com o tema da formação dos bombeiros em matéria de fogo florestal. Têm surgido muitas críticas relativamente a esta matéria. A realidade contraria as afirmações de que os bombeiros não têm formação? José Ferreira (JF) – Sim. Os bombeiros têm a formação adequada para desempenhar todas as suas funções. Sobre isto, vale a pena lembrar que existem requisitos indispensáveis e obrigatórios para que seja possível progredir nessa mesma carreira: desde logo, formação inicial para que possa ser bombeiro. Já no momento em que o bombeiro pode desempenhar funções de outra responsabilidade, nomeadamente a tarefa de chefe de equipa ou de grupo de combate, ele tem de vir à Escola atualizar e aprofundar os conhecimentos. Mas há uma questão que eu gostaria de realçar. Formação é saber. Instrução é treinar. Não adianta saber muito se não se exercitar o saber e este binómio não pode ser negligenciado. BP – É um recado para os corpos de bombeiros? JF – Não é um recado para ninguém e entendam as minhas palavras como quiserem. Reafirmo que a formação que ministramos, nomeadamente quando assumem postos de chefia na área do combate, é a adequada mas se o saber não for exercitado não estará agilizado no momento de ser aplicado. Por tudo isto, teremos que, para além da formação, dedicarmos mais atenção à instrução. E porque é tarefa pedagógica da Escola, vamos elaborar um conjunto de fichas orientadoras sobre como deve ser ministrada a instrução, fichas que estarão disponíveis a todos os quadros de comando dos bombeiros portugueses. BP – Insisto. Da realidade que a Escola conhece, há falta de instrução nos quartéis? JF – Certamente que existem corpos de bombeiros onde a instrução é exemplar e outros onde é mais deficitária mas não vou entrar por aí. Sublinho apenas que o saber é diferente do fazer. Na minha opinião devemos refletir mais, e nomeadamente em matéria de fogos florestais. Talvez num futuro próximo, seja possível sentar à mesma mesa a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), a ENB, a Liga, as associações e corpos de bombeiros e as autarquias para que essa mesma instrução possa ser planeada de forma atempada e organizada com o objetivo de prevenirmos as situações mais perigosas das florestas e, em simultâneo, podermos contribuir com formação em fogo real, nas épocas em que isto possa ser feito. BP – Mas não admite que os corpos de bombeiros possam ver nessa medida uma intromissão naquela que é a gestão operacional de cada cb? JF – Situações excecionais implicam medidas excecionais e é preciso corrigir alguma coisa. Não estou a dizer com isto que está tudo mal, que falta tudo, que nada é feito… essa é a política de quem não quer contribuir para a discussão. Participar é, de forma fria, serena e com conhecimento, colocar no prato da balança tudo o que aconteceu e avaliar o que pode ser melhorado. Se concluímos que esta medida que envolve todos é melhor para o sucesso dos bombeiros, então há que avançar. A ideia é poder fazer prevenção nas zonas mais criticas na Denominação N.º de ações realizadas em 2013 N.º de formandos N.º de horas de formação Volume de formação Organização de Postos de Comando 6 100 300 30000 Gestão de Operações de IF - QC 5 84 125 10500 Chefe de Grupo de CIF Comandante de Sector 4 2 64 33 280 100 17920 3300 Chefe de Equipa de Combate IF 14 224 350 78400 Gestão Inicial de Operações de IF 5 80 250 20000 Combate Incêndios Florestais para Equipas de 1ª intervenção 2 32 100 3200 Treino Operacional 1º COS 40 800 840 672000 Treino Operacional de Trabalhos com Ferramentas Manuais 72 1440 1008 1451520 Treino Operacional Utilização de Maquinas de Rasto 3 60 42 2520 Treino Operacional de COPAR 2 60 28 1680 Treino Operacional de Equipas de Posto de Comando 36 720 504 362880 1 192 ações 16 3713 formandos 21 3948 horas 336 2654256 Práticas de CIF TOTAL área de atuação de cada CB e poder contribuir para a formação de combate em cenário real. Na formação dos incêndios industriais, os bombeiros enfrentam cenário reais dentro dos contentores onde percebem como esse mesmo fogo se desenvolve. Nos incêndios florestais não temos isso e julgo que esta formação deve ser o mais real possível. BP – Temos visto pelas imagens das televisões combatentes e viaturas a meia encosta, a tentar travar frentes de fogo que se sabe não é possível travar. A pressão mediática, social e operacional exercida sobre estes homens leva-os de alguma forma a fazerem coisas que a própria formação desaconselha? JF – Concordo quando diz que a própria formação desaconselha. Aqueles homens e mulheres estão claramente sujeitos a uma pressão enorme e nós temos consciência que no âmbito da formação que tem vindo a ser ministrada, esta componente do comportamento, da motivação e da liderança têm vindo a ser transmitida na área da formação que a Escola ministra. Agora, estamos há semanas com este tema na comunicação social, o dispositivo está des- gastado, e naturalmente a situação de stresse tem tendência a aumentar. BP – Começa a faltar lucidez? JF – Admito que sim e por isso acho que é urgente sentarmo-nos à mesa para refletir sobre o que se está a passar e para que adotemos as medidas necessárias. BP – Nos últimos dias tornou pública a intenção de criar um curso específico para a segurança na frente de fogo? Era residual o ensinamento nesta vertente? Qual a razão desta necessidade? JF – Essa matéria já é ministrada nos cursos mas há que fazer ajustes. Como sabe está em revisão o Despacho 713 (documento enquadrador da formação) e o futuro texto aponta para algumas mudanças na metodologia a que estávamos habituados. Nesse diploma, introduzimos, em matéria de ações de aperfeiçoamento técnico, um novo módulo designado por “Segurança e Comportamento do Incêndio Florestal”. Não é o comportamento do bombeiro que está em causa, mas antes a necessidade de perceber como é que o fogo se está a comportar para que cada bombeiro possa atuar em segurança. A lógica desse novo módulo, que está a ser trabalhado por uma 11 SETEMBRO 2013 DA ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS horário de repartição pública” equipa específica para o efeito, deverá começar a ser ministrado para os quadros de comando, chefes de equipa e chefes de combate. BP – A ANPC já pediu cursos para os novos elementos da estrutura que tomaram posse recentemente, sendo que alguns deles têm origem em área completamente diferentes? JF – Os elementos da estrutura operacional da ANPC tem longos anos de experiência... BP – A maioria tem, mas há exceções. Não acha que eles também deviam vir à Escola para atualizar conhecimentos? JF – Diria isto. Tal como ainda hoje é exigido a um elemento, com determinadas características, que tenha de fazer o curso de quadros de comando para que possa ser comandante, talvez a frequência de um curso de quadros de comando dirigida a alguns elementos da estrutura da ANPC não fosse desajustada. Não digo mais. BP – O trabalho dos bombeiros assenta muito em vários lemas: “Vida por viva”, “Podemos não voltar mas vamos”… Não haverá aqui também uma questão de cultura que carece de mudança? JF – Infelizmente a história mostra-nos que não é a primeira vez que acontecem tragédias destas. BP – Mas a história também existe para tirar lições e continuam a morrer bombeiros… JF – Exatamente, e hoje as condições até são outras, bem melhores. Nesta problemática há que pensar que há um fator que eu domino – os recursos humanos e matérias. Há outro que não dominado mas que conheço-o razoavelmente, o péssimo estado da nossa floresta. Por último, há um fator, o pior de todos, que não domino e desconheço – as oscilações constantes dos fatores meteorológicos. Julgo que tudo isto deve ser levado em conta e devemos servirmo-nos de quem tem esses conhecimentos científicos para que possamos lidar melhor com esse grande ‘inimigo’. BP – Mas não acha que os bombeiros deviam pensar duas vezes antes de enfrentar situações que se percebe podem por a vida deles em risco por meia dúzia de árvores? JF – (sorrisos) Há uns dias disse isso mesmo a um colega seu e ele não aceitou bem. Mas eu repito. Mais metro quadrado, menos metro quadrado, há situações em que não se justiça o combate direto a não ser em situações limite que possam colocar vidas em risco. BP – Enquanto dirigente da Liga foi sempre muito crítico relativamente à formação ministrada aos bombeiros. Ao tomar contacto direto com os diferentes dossiês mudou de alguma forma a sua opinião? Que Escola encontrou? JF – Gostaria de realçar que a equipa que me antecedeu fez um bom trabalho em alguns aspetos. Encontrei uma casa que do ponto de vista administrativo e financeiro e ao nível dos recursos humanos, é uma casa bem gerida, mas ao nível da formação, que é a razão da sua existência, encontrei uma casa um pouco anárquica. BP – Mas como isto não é uma repartição de finanças, pergunto-lhe se a Escola está a cumprir o seu objetivo? JF – Cumpria com imensas insuficiências. Sempre defendi, e continuarei a defender, que só deve vir à Escola quem precisa mesmo de vir. A verdadeira formação tem de estar no local próprio, ou seja nos quartéis mas disso falaremos mais à frente. Encontrei um sistema informático que não dá as respostas que precisamos que, por exemplo, não cruza dados com o Recenseamento Nacional de Bombeiros. Este mesmo sistema não permitia que os comandantes distritais pudessem organizar as turmas, evitando burocracia e papelada. Encontrei um sistema de levantamento dos recursos humanos, manifestamente desatualizado. Algum caos burocrático instalado e sobre isto digo-lhe que temos dossiês técnico-pedagógicos que vêm de 2010. Temos mais de três mil processos por encerrar o que justifica as muitas queixas dos bombeiros que denunciam que não recebem os certificados. Temos 30 mil certificados por emitir o que é inconcebível. Tudo isto está a ser tratado e vai mudar. BP – E sobre aquela que é a razão de existência desta casa, a formação? JF – Tenho um conjunto de formadores bastante interessante, com excelentes profissionais. A nossa postura vai no sentido de pedir a colaboração com os melhores especialistas em determinadas áreas e por isso contratamos o homem que mais sabe de matérias perigosas no nosso país. Recrutei também recentemente um formador para a área de salvamento em grande ângulo, outro para a área dos incêndios industriais e urbanos, entre outros que vamos contratar. BP – É uma Escola mais real? JF – É e vou dar-lhe um exemplo. A Escola vai deixar d ter horário de repartição pública. Já entreguei, há cerca de um mês, na Autoridade para as Condições de Trabalho, um dossiê para que possamos alargar o horário de funcionamento desta casa. Esta casa vai trabalhar de domingo a domingo, se necessário ao sábado e domingo, e até depois das 22 horas para poder servir os seus clientes. A Escola serve para dar resposta, não ao funcionário que trabalha das 9h00 às 17h00, mas sim ao bombeiro que aqui vem, principalmente, à noite e aos fins de semana. Também já alteramos o regulamento de recrutamento de formadores para a ENB. Os formadores não são formadores da Escola, em primeiro lugar são formadores dos corpos de bombeiros e têm de dar formação gratuita ao seu corpo de bombeiros. Não aceito que deem formação fora do seu CB à revelia do comandante ou da Escola. BP – Havia casos desses? JF – Havia mas vão acabar porque quem continuar a fazer isso será suspenso da bolsa de formadores da Escola, ponto final parágrafo, nem há discussão. Também o Código Deontológico dos formadores foi alterado porque não basta ter direitos, também há deveres. Ou seja, há aqui todo um processo de mudança. Dou-lhe outro exemplo. Esta Escola estava organizada em três departamentos: assuntos financeiros, recursos humanos e formação. De acordo com o novo organigrama já aprovado, a Escola passará a ter três direções, sendo que o presidente coordena todas, obviamente. Os assuntos financeiros e recursos humanos ficam comigo. Foi criada uma Direção de Planeamento que tratará das turmas, horários, emissão de certificados, etc. Ou seja, mecânica de formação. Terceira, Direção Pedagógica que não existia e destina-se a ‘pensar bombeiros’: estruturação da formação, cursos, conteúdos, entre outras matérias. Pretendo ainda retomar o Conselho Técnico Pedagógico, que reuniu pela última vez em 2008. Precisamos de ter cidadãos de áreas e saberes diversos, os melhores, que possam ajudar a melhorar o que se faz aqui. BP – Na tomada de posse, assumiu a elaboração de um Plano Estratégico até outubro. Como está a decorrer (continua na página seguinte) 12 (continuação da página anterior) este trabalho. O que é mais premente na sua opinião? JF – Tal como anunciei no discurso de posse, já foi apresentada uma Carta de Missão aos nossos parceiros (ANPC e LBP), na última reunião da Assembleia Geral. O Plano Estratégico que refere estará concluído até ao final do ano. Não poderá ser em outubro porque a situação que encontrei é mais complexa do que imaginava quando assumi funções. De referir também que este Plano Estratégico só poderá vingar se for republicado o mais rápido possível o Despacho 713 (documento enquadrador da formação de bombeiros) com as alterações que se pretendem. Dou-lhe um exemplo, a formação de um elemento do quadro de comando, que não venha de carreira. Ele tem de ter a formação inicial, básica, para poder assumir o mínimo de responsabilidades dentro da sua área de atuação, e todos têm de estar preparados para isso. O que nós pretendemos é que qualquer preponente a quadro de comando seja obrigado a partir da estaca zero, através de ações de aperfeiçoamento técnico as quais lhe permitam ter conhecimentos para desempenhar funções de maior responsabilidade. BP – Há aqui uma revolução? JF – E é precisa. Até aqui os comandantes comunicavam até 30 de outubro aos CODIS as suas necessidades de formação. Os CODIS comunicavam á Direção Nacional de Bombeiros a qual comunicava depois à Escola que via como podia responder. Depois o circuito era retomado em sentido inverso. Ou seja, quando todo este processo chegava ao fim já a Escola tinha aprovado o seu orçamento e plano de atividades. Com tudo isto, começávamos a trabalhar num plano de ativida- SETEMBRO 2013 des sem ter resposta financeira e organizacional correspondente. Isto vai ter de ser alterado e quando os processos chegarem à Escola têm de estar previamente validados e filtrados para que se travem alguns excessos dos que têm ‘mais olhos que barriga’. Outra questão, a plataforma de inscrições deixará de estar constantemente aberta, pois haverá períodos certos para essas inscrições. Espero que a partir de janeiro tudo comece a funcionar em moldes completamente diferentes. BP – Falou também na necessidade de descentralização máxima da formação, uma realidade que já acontece segundo os seus antecessores. O que está ser praticado é insuficiente? JF – Antes de mais digo-lhe que na minha opinião a estrutura que mais e melhor foi assumida pelo subconsciente dos bombeiros portugueses foi a da divisão das zonas operacionais. A minha ideia é retomar essa mesma estrutura para efeitos de formação, designando-a por zonas formativas pois ninguém me impede de o fazer. E com base nesta geografia, o meu objetivo é o de que cada zona formativa tenha pelo menos em cada área um formador por cada 150 homens. Se esses formadores estiverem nos corpos de bombeiros, melhor. BP – É um dado adquirido que há excessos em alguns lados e défices noutros. Como se compensa isto? JF – Muito simples. Vamos abrir um recrutamento de formadores para diversas áreas em função do levantamento que foi entretanto feito e das necessidades detetadas. Reforço o objetivo, um formador por cada 150 homens. Depois, há obviamente momentos em que é conveniente e necessário vir à Escola, seja a Sintra, a Lousã ou São João da Madeira. BP – Está preocupado com as fontes de financiamento. A Escola é viável financeiramente ao dia de hoje? JF – Esta casa não existe para dar lucro e o apelo que faço ao dia de hoje é que não nos retirem orçamento, um pedido que aliás já fiz ao ministro da Administração Interna. No que concerne à formação o POPH (programa comunitário) tem sido um excelente auxiliar e os recursos que advêm da nossa gestão são também importantes. Esta Escola dinamiza uma área, que é um excelente contributo financeiro, a formação de empresas e agentes de proteção civil. Até julho, faturamos mais de 340 mil euros em formação a empresas. Esta verba, que será reinvestida cá dentro, é realizada com formadores que nada têm a ver com a formação que é ministrada aos bombeiros. Que fique bem claro que os bombeiros não são prejudicados em nada com esta nossa função exterior. Dos 19 milhões de euros que constituem o orçamento anual da Escola, cerca de 12 milhões servem para pagar a parceria que temos com a ANPC relativamente às denominadas unidades orgânicas, nomeadamente a FEB, operadores e Gabinete Técnico-Operacional. Em termos práticos, ficamos com seis a sete milhões. Tudo isto para lhe dizer que do ponto de vista financeiro, a casa está estabilizada. BP – E a apresentação de projetos ao POVT para melhoramentos das infraestruturas? Conseguiu que a tutela lhe abrisse essa porta? JF – Sim, posso dizer-lhe que estão já programados melhoramento no polo da Lousã e em São João da Madeira. Já quanto à sede, a situação é mais complicada pois este edifício é muito interessante mas requer muita manutenção. A isto temos de associar ainda a construção do tão falado campo de treinos. O projeto que existia foi por nós questionado por entendermos que a sua dimensão para a realidade portuguesa não era de alguma forma razoável, era excessivo a nosso ver e por isso e resolvemos por isso reavaliar o projeto. No total precisamos de um milhão de euros e vamos ver como é possível já que o atual quadro comunitário está a chegar ao fim e aguardamos a abertura de um novo quadro de apoio. BP – O MAI garante que está a tratar da situação laboral dos elementos da ANPC que estão vinculados à ENB. Quando tomou posse assumiu que este seria um dos seus temas de rutura. Qual é o prazo que dá? JF – Se dependesse de mim terminaria hoje. Como sabe na Lei Orgânica da ANPC consta um artigo que permite encontrar uma solução própria para a FEB. Mas, relativamente Às outras duas áreas a situação é bem mais complicada. Inicialmente estava previsto que a escola pudesse fazer a migração legal desses elementos para as estruturas da ANPC mas, como também sabe, terá havido problemas com o Ministério das Finanças o que faz com que tenha ficado tudo na mesma. Teremos que pensar bem nesta questão e por exemplo perceber como podermos rentabilizar melhor estas estruturas. Em jeito de conclusão, digo-lhe que enquanto for presidente desta casa a Escola servirá o objetivo único para o qual foi criada, a formação até porque esta casa tem dois sócios perante os quais teremos de responder num trabalho conjunto. BP – Há uma opinião recorrente, a de que a Escola tem funcionários a mais. É verdade? JF – Perante o caos informático que encontrei, garanto-lhe que a Escola não tem funcionários a mais. Posso dizer-lhe que, enquanto a situação informática não estiver resolvida, porque vai demorar algum tempo, tenho aqui sete funcionários que contratei através do Instituto de Emprego e Formação Profissional. Esta é a única forma de limpar três anos de atraso. A isto, junta-se o trabalho administrativo que a Escola tem com os cerca de 600 funcionários da ANP e os 79 funcionários da Escola, sendo que todo este trabalho é assegurado por apenas três pessoas. Por outro lado, há áreas como a dos formadores onde é preciso investir e recrutar pessoas, um processo que aliás já começou na lógica da descentralização. BP – A Escola vai entrar em processo de Certificação de Qualidade. Como é que isto está a ser feito? JF – Como não se pode fazer tudo ao mesmo, a partir de outubro iniciaremos a certificação de qualidade do departamento de formação e para recrutámos um técnico para nos ajudar a perceber onde podemos melhorar e o que precisamos de fazer para corrigir eventuais erros. Já agora gostaria de lhe dizer que todas as pessoas que temos contratado são pessoas ligadas aos bombeiros. BP – Qual o ponto de situação da auditoria das finanças à ENB? JF – Sei que auditoria está em curso e mais do que isto não sei. 13 SETEMBRO 2013 TIMOR-LESTE Liga denuncia falha de compromisso Apoio aos bombeiros portugueses o contrário do que foi anunciado em maio, altura em que o Governo apresentou a estratégia de prevenção e combate aos incêndios, a intenção colocar reclusos em ações de prevenção e limpeza das florestas não passou disso mesmo, de uma intenção. No início deste mês, o Ministério da Agricultura e do Mar (MAM) veio a público explicar que a medida obrigaria à adoção de “medidas de segurança excecionais”, com “custos associados”, para os quais não houve verba. O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) 2013 previa a participação de cerca de 900 reclusos em ações de prevenção e vigilância dos fogos florestais, após terem frequentado um período de formação na Escola Nacional de Bombeiros (ENB). Em declarações públicas, Paula Teixeira da Cruz, a ministra da Justiça revelou que “razões burocráticas” impediram a participação dos reclusos no DECIF. Já o Ministério da Agricultura diz que “os trabalhos de prevenção estrutural na floresta são trabalhos qualificados que envolvem especialização e têm riscos associados”, e que uma “eventual colaboração de reclusos obrigaria sempre a formação específica, quer em operações de silvicultura preventiva, quer em segurança, higiene e saúde no trabalho”. “Tratando-se de trabalho, como não poderia deixar de ser, este teria de ser pago. Mais, a colaboração de re- O Foto: Marques Valentim A FALTA DE DINHEIRO AFASTOU RECLUSOS DA FLORESTA clusos obrigaria à adoção de medidas de segurança excecionais, com custos associados”, alega o ministério de Assunção Cristas. Assim, adianta o Ministério da Agricultura, foram “quantificados os custos e meios adicionais para que os trabalhos de prevenção estrutural pudessem ser assegurados com a colaboração de reclu- sos”, tendo sido decidido “não ser esta a melhor forma de executar as ações de prevenção estrutural na floresta sob gestão do Estado”. Numa primeira reação, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, reconheceu que houve uma “falha” na aplicação do DECIF, tendo em conta que a colaboração dos reclusos na prevenção e vigilância das matas estava prevista no programa. “Isso é uma falha que terá responsáveis”, disse Jaime Marta Soares, adiantando que é difícil avaliar quais os resultados que esta medida teria na prevenção de incêndios. Patrícia Cerdeira presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, manifestou a intenção de entregar um cheque no valor de 1 milhão de dólares para a ajuda aos bombeiros portugueses. O anúncio foi feito durante a visita oficial que fez a Portugal. A entrega do donativo para apoio aos bombeiros e famílias enlutadas será feita através da embaixada de Timor-Leste em Portugal que irá contactar o Ministério da Administração Interna para o efeito. Durante a visita de três dias a Portugal, Taur Ruak declarou querer, “ aproveitar esta oportunidade para transmitir o nosso obrigado ao povo português pela sua generosidade e também ao Estado”.” Timor-Leste está preparado para reforçar a nossa parceria na medida em que os desafios ainda não terminaram”, disse o chefe de Estado timorense. 14 SETEMBRO 2013 ALCABIDECHE Ana Rita e Bernardo Só no mês de agosto oito bravos guerreiros pereceram na primeira linha do combate aos grandes incêndios florestais que pintaram de negro o nosso País e enlutaram os corações dos portugueses que, numa atitude sem precedentes, se uniram aos seus bombeiros, tentando na solidariedade encontrar consolo para as inesperadas e trágicas mortes que a todos chocaram. Nos quartéis de Alcabideche e do Estoril os camaradas e amigos de Ana Rita Pereira e Bernardo Figueiredo não escondem a tristeza e a revolta pelas prematuras perdas, contudo o exemplo e a coragem destes dois jovens ajudam a mitigar a dor, ao mesmo tempo que sevem de alento e de estimulo para que a missão de salvar vidas continue a nortear a vida destes homens e mulheres. Texto: Sofia Ribeiro Fotos: Marques Valentim U m mês volvido sobre o inferno que se instalou a norte do país e que ceifou a vida a oito bombeiros e provocou ferimentos em muitos outros, a mágoa e a desgosto ainda moram nos quartéis de todo o país, até porque os incêndios continuaram a não dar tréguas, tal como o mediatismo que envolveu as mortes, não permitindo que o luto se cumprisse. Nos Voluntários de Alcabideche e do Estoril, o exemplo, a coragem, a determinação de Ana Rita Pereira e de Bernardo Figueiredo ajudam a atenuar a pesar, e a seguir em frente, porque um bombeiro não se resigna, não desiste, não hipoteca o lema “vida por vida” que o guia. Em Alcabideche ainda se vivem dias difíceis, ninguém esquece Ana Rita Pereira, a menina que cresceu e se fez mulher no seio daquela grande família, a operacional destemida, determinada e muito bem-disposta. A chefe Sónia Almeida fala-nos de uma jovem trabalhadora “afoita”, que envergava com grande vaidade a farda. Recorda o empenho da jovem de 22 anos para progredir na carreira e o orgulho que sentiu quando há poucos meses foi promovida a bombeira de 2.ª. “Estava feliz lembrou-me, lembramo-nos todos, da alegria e do entusiasmo e orgulho com que exibia as divisas”, recorda Sónia Almeida. Entre muitos sorrisos, mas também algumas lágrimas a chefe dos Bombeiros de Alcabideche e as bombeiras de 2.ª Ana Costa e Ana Paula Jerónimo recordam a camarada mas também a amiga, que entrou pela mão do pai no quartel aos 14 anos e de onde não mais quis sair, crescendo amparada pela experiência de vida, mas também pelos afetos dos outros bombeiros. Dizem, sobretudo as operacionais, que nos quartéis não existem homens e mulheres, são todos bombeiros, contudo Ana Rita, fazia questão de levar para os teatros de operações um completo estojo de maquilhagem, a que recorria finda cada missão para recuperar a (boa) imagem exigida a uma mulher. “Era muito vaidosa” recorda Sónia Almeida contanto que, horas antes da partida da coluna de Lisboa para o fatídico incêndio da Serra do Caramulo, Ana Rita tinha tratado de apetrechar o seu estojo com mais alguns coloridos vernizes. Sónia Almeida acompanhava Ana Rita Pereira no combate às chamas no Carvalhal das Velhas e, por isso mesmo, durante a conversa com os jornalistas deixa-se levar pela emoção, re- volta-se, indigna-se com a exposição mediática deste acidente, mas garante que nada a demoverá de continuar a dar a sua vida pelo próximo. “Nunca pensei em deixar os bombeiros!”, diz-nos, embora confesse ter fraquejado, mas uma conversa com o comandante e o retomar da atividade operacional permitiram repor os níveis de coragem, bravura e adrenalina que sustentam um bombeiro. O comandante José Palha dos Voluntários de Alcabideche re- conhece que ninguém está preparado para uma tragédia desta natureza, que não é fácil gerir a situação, tendo em conta que a atividade dos bombeiros não pode cessar. “O importante é deixar claro que os bombeiros estão preparados e sabem fazer bem o seu trabalho” refere o comandante, incentivando os mais de 120 operacionais que servem os Voluntários de Alcabideche, a atender ao exemplo deixado por Ana Rita Pereira, uma operacional sempre pronta, sempre S. PEDRO João Martins sonha João Martins, um dos bombeiros feridos no incêndio da Serra do Caramulo, já teve alta médica. Depois de 22 dias de internamento, já teve alta e sonha, agora, com o regresso ao ativo. Texto: Sofia Ribeiro Fotos: Marques Valentim J oão Martins integrava a coluna de Lisboa que, no dia 22 de agosto, no combate ao incêndio no lugar do Carvalhal de Velhas que vitimou Ana Rita Pereira e Bernardo Figueiredo, e lhe provocou queimaduras graves nos membros inferiores. Depois de quase um mês de internamento João Martins está de regresso à família e à sua segunda casa: o quartel dos Voluntários de São Pedro de Sintra, onde na passada semana recebeu o jornal “Bombeiros de Portugal”. Operacional experiente, com “mais de 30 anos de bombeiro” João Martins são consegue encontrar explicação para o grave acidente que matou os seus camaradas e lhe provocou ferimentos graves. Garante que o fogo esta “praticamente morto” e só por isso o grupo avançou. Revela ainda que foram cumpridos todos os procedimentos, e que assim a água atingiu as chamas o fogo voltou a ganhar força, o que levou o grupo a fugir para o queimado, que “estranhamente” voltou a arder. “Com tantos anos de bombeiro, nunca tinha visto nada assim… tentamos tirar toda a gente dali, mas infelizmente…”, conta João Martins deixando correr-lhe pela face as lágrimas que denunciam o cenário de horror vivido por aqueles bombeiros. Depois de recuperar o folego e tentar afastar memórias que queria esquecer, João Martins ganha força para contar que, no momento nem se apercebeu da gravidade das suas queimaduras. e que só quando o último homem foi retirado daquele inferno começou a sentir dores e a perder forças. Em jeito de desabafo garante 15 SETEMBRO 2013 E ESTORIL deixam exemplo disponível, uma lutadora na vida e nos mais distintos teatros de operações. Foram muito exigentes, duríssimos os dias que se seguiram ao acidente que ceifou a vida de Ana Rita e deixou Bernardo Figueiredo em estado muito crítico. No quartel do Estoril todos esperavam por um “milagre”, mas dias após o internamento o jovem de 23 anos acabou não resistir às queimaduras e aos danos internos causados pela inalação de monóxido de carbono. Também por aqui o luto só agora se começou a fazer, porque as circunstâncias, o mediatismo que envolveu a morte deste jovem voluntário não permitiram que fosse cumprido logo após as cerimónias fúnebres. Ainda assim, e muito pela ajuda da família de Bernardo, incansável no apoio ao corpo de bombeiros, no Estoril já se consegue, enganar a dor, com o exemplo deixado a todos como herança pelo estudante de Engenharia de Telecomunicações e Informática, no Instituto Superior Técnico. Bernardo era, aos olhos de quem com ele privou nos últimos anos, um ser muito especial, que todos contagiava com a sua alegria, com um sorriso franco aberto que só as pessoas felizes exibem. Aliás o sorriso era mesmo a imagem de marca deste jovem, conforme nos revela o comandante Carlos Coelho. Numa sala do quartel o chefe Bruno Felício e os bombeiros João Félix e Beatriz Augusto recordam muitas e muitas histórias partilhadas com um camarada e amigo sempre disponível, disposto a ouvir e ajudar, mas também o operacional bem formado e preparado. Divertido por natureza Bernardo “não dava sossego a ninguém”, nem espaço para que a tristeza entrasse no corpo de bombeiros. Revelam que o camarada ti- nha o dom de fazer esquecer ou minimizar qualquer problema pessoal que os companheiros levassem para o quartel. Porém o “brincalhão” Bernardo era um crédulo, que por isso facilmente “caia” nas partidas dos outros, mas sinal inteligência, sabia rir-se de si próprio e aceitar, sempre com um sorriso – o tal sorriso – as tropelias dos camaradas. Competente nas missões que desempenhava, Bernardo distinguia-se pelo bom aproveitamento nas várias formações que fez ao longo de cinco anos ao serviço dos bombeiros. Quando confrontados com pergunta “como se reage a uma tragédia desta natureza?” , o grupo responde a uma só voz “seguindo o exemplo que o Bernardo nos deixou, dando mais e melhor, todos os dias, em todas as missões e na vida”. Mais à frente, questionados se esta morte não lhes faz repensar a opção que tomaram, Beatriz Augusto prova de que matéria é feito um bombeiro: “Estava afastada dos bombeiros há já algum tempo, logo que o Bernardo morreu, voltei a vestir a farda e a apresentar-me ao serviço… Era o mínimo que podia fazer para honrar a sua memória”. Após as mortes destes dois bombeiros, a que entretanto se seguiram outras, Portugal uniu-se à causa dos soldados da paz e soube ser solidário. Apanhados de surpresa os mulheres e homens que servem os quartéis de todo o país, ainda têm dificuldade em reagir às homenagens aos ajudas financeiras, à chegada de novos voluntários. Tanto em Alcabideche como DE SINTRA no Estoril os operacionais esperam que este apoio não esmoreça logo que se extinga o último incêndio florestal, que a li- com o regresso ao ativo que os meios aéreos de combate pedidos para o local não chegaram, defendendo que com esse apoio a tragédia, talvez, pudesse ter sido minimizada. Apesar do pesadelo vivido naquela tarde a agosto na Serra do Caramulo, o bombeiro diz que pensou em muita coisa – “nestas situações pensamos em tudo” – mas nunca em desistir, aliás no hospital “só sonhava em regressar ao quartel”. João Martins devendo dentro em breve iniciar os tratamentos que visam a total recuperação do pé direito. Até lá, este operacional experimentado vai “alimentando o bichinho” com visitas diárias ao quartel, onde, aliás, os filhos gémeos de 15 anos integram a escola de cadetes, certamente a imaginar o dia, para orgulho do pai, possam também servir nos mais variados cenários os Bombeiros de S. Pedro de Sintra. gação perdure, provando que nesta vertente, como noutras “estas oito mortes não foram em vão”. 16 SETEMBRO 2013 SOLIDAR Tony Carreira homenageia No passado dia 13 de setembro, o Pavilhão Rosa Mota esgotou para receber Tony Carreira num concerto de homenagem bombeiros de Portugal, tendo o valor de bilheteira revertido, integralmente, para o Fundo de Proteção Social do Bombeiro. Num gesto abnegado, o artista decidiu apoiar as vítimas dos incêndios deste verão, entregando ao presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, um cheque no valor de 70 mil euros. Texto: Sofia Ribeiro Fotos: Sérgio Santos C erca de sete mil pessoas assistiram no dia 13 de setembro, no lotado Pavilhão Rosa Mota, ao concerto que Tony Carreira fez questão de dedicar os bombeiros, alertando assim o País para o trabalho dos milhares de homens e mulheres que cumprem o lema “vida por vida”. Este espetáculo, promovido em tempo recorde, esgotou rapidamente, “mesmo em tempos difíceis”, conforme fez questão de salientar o cantor ao jornal Bombeiros de Portugal (BP), garantindo que a “causa tocou os portugueses”. Poucas horas antes do concerto, Tony Carreira deslocou-se ao quartel dos Bombeiros de Matosinhos e Leça Palmeira, uma instituição que serve a comunidade e o Pais há 140 anos, com uma longa e rica história que está, aliás, devidamente preservada e documentada num museu que o artista teve a oportunidade de conhecer. Para além dos responsáveis associativos e operacionais dos Voluntários de Matosinhos Leça, acompanharam o cantor nesta visita o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto, José Miranda e o pre- sidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares. Em declarações ao nosso jornal, Tony Carreira falou do dia em que confrontado com a morte “de mais um bombeiro” decidiu então que era fundamental “fazer alguma coisa”, e, depois de trocar impressões com alguns elementos da sua equipa, avançou de imediato, contando desde logo com o apoio do Continente. Um punhado de boas vontades foi, assim, suficiente para organizar este concerto. “A bilheteira não esgotou só por causa de mim! Quero acreditar que os portugueses se uniram a esta causa pelos bombeiros. Na internet muitas foram as pessoas que manifestaram a intenção de comprar o bilhete, ainda que impossibilitadas de assistir ao espetáculo, apenas por solidariedade e isto é extraordinário”, referiu o cantor. Importa destacar que já por diversas vezes Tony Carreira se associou a causas desta natureza e usou a sua popularidade para publicamente “louvar a coragem dos homens e mulheres que morrem pela vontade e de- “UM EURO PARA OS BOMBEIROS” P Começou com uma conversa na rede edro Fonseca arrancou com a ideia a partir de “uma conversa na rede”, foi juntando amigos, cada vez, contou ainda com a adesão do blogue “bombeirosparasempre” e em cerca de 48 horas antes da data proposta foi possível abrir e criar o evento no “Facebook” (FB). A ideia era que, em 31 de agosto, sábado, cada cidadão fosse ao quartel dos bombeiros da sua área de residência entregar simbolicamente 1 euro. A partir do dia 28, segundo o Pedro Fonseca, “o evento é criado por volta da meia-noite, estava-se a 48 horas, havia que queimar algumas pestanas por forma a que a informação chegasse ao maior número de pessoas e corporações”. Sobre o impacto da ideia, o autor reconhece estar admirado com ele. “Seria mentir se não dissesse que o objetivo de criar o evento era o de chegar da mensagem ao maior número de pessoas através das redes sociais, mas imaginar que um simples gesto tivesse o alcance que teve, nunca”, admite Pedro Fonseca sublinhando que “é claro que a comunicação social e os muitos irmãos fraternos e escuteiros de todo o país deram uma ajuda acrescida”. Sobre os resultados da iniciativa, Pedro Fonseca conclui que, no seu entender correu bem, não só pela recolha dos donativos mas também, em seu entender, “pela presença das pessoas nos quartéis, pelas palavras e pelos gestos de reconhecimento pelo seu trabalho, para mais numa altura em que a perca de vidas humanas no teatro de operações estava a deixar fragilizado todo o efetivo”. Pedro António Correia da Fonseca é casado, pai de uma universitária finalista e de um jovem estudante do ensino básico, ambos escuteiros. Pedro Fonseca também é escuteiro, delegado de proteção do Agrupamento 36 do Corpo Nacional de Escutas (CNE) da Marinha Grande, pertence ao Núcleo da Marina Grande da Fraternidade Nuno Álvares (Associação Nacional de Antigos Escuteiros do CNE) e ao Departamento Regional de Proteção Civil da Região de Leiria/Fátima do CNE. “A minha ligação aos bombeiros vem de há muito, pela amizade que tenho para com alguns antigos e atuais efetivos” dos Voluntários da Marinha Grande e Vieira de Leiria. 17 SETEMBRO 2013 RIEDADE a os bombeiros de Portugal terminação de ajudar o próximo”. ”Não acho normal que seja necessário dinamizar ações de solidariedade para apoiar os nossos bombeiros. O Estado deveria apoiar muito mais, mas não o faz infelizmente”, declarou, em tom crítico. Por sua vez, Jaime Marta Soares mostrou-se muito sensibilizado com esta “iniciativa solidária e humanista de enorme dimensão que surge da preocupação de um homem e de uma entidade como o Continente que entenderam apoiar a causa dos bombeiros portugueses”. “Este momento é único na P vida dos bombeiros” considerou o presidente da LBP reconhecendo ainda, que de alguma forma a tragédia que se bateu sobre os quartéis do nosso país, permitiu “alertar os portugueses para realidade dos nossos soldados da paz” . Contudo, Jaime Marta Soares aproveitou a ocasião para relembrar que “os fogos florestais correspondem apenas a 8 por cento da atividade destes homens e mulheres que fazem muitas outras coisas, que estão sempre disponíveis, sempre presentes nos momentos mais críticos”. “É preciso que este povo es- teja atento e sempre ao lado dos seus bombeiros”, acrescentou. “A verba apurada neste concerto solidário destina-se ao Fundo de Proteção Social do Bombeiro que tendo como prioridade apoiar as famílias das vítimas e também os operacionais internados ou em tratamento. Queremos garantir celeridade à resolução de todos os problemas, para que nada falte a estas pessoas, para que não sofram de qualquer tipo de necessidade”, esclareceu o presidente. Também o presidente da Federação dos Bombeiros do Dis- Continente oferece cinco mil euros ara além do valor total da bilheteira do concerto do Pavilhão Rosa Mota, no âmbito da “Tour dos Sorrisos” o Continente ofereceu, ainda, cinco mil euros em produtos alimentares de primeira necessidade aos Bombeiros de Matosinhos Leça. Foi em festa que o quartel deu as boas vindas a Tony Carreira, que visitou as instalações, trocou impressões com bombeiros e dirigentes e espalhou simplicidade e simpatia. Refira-se que a “Tour dos Sorrisos” é uma iniciativa de cariz social do Continente que permite apoiar de 10 de instituições de outras tantas localidades onde o artista atua. Ao associar-se a esta causa, a Missão Sorriso reconhece o trabalho de “todos os soldados da paz que diariamente têm dado o melhor de si no combate às chamas, de norte a sul do país e ilhas, reforçando a sua promessa de apoiar aqueles que levam ao extremo a missão de salvar os bens nacionais”. Mais de uma centena integram dispositivo R efira-se todos os 16 Corpos de Bombeiros do distrito do Porto se associaram esta grande iniciativa, integrando o dispositivo de prevenção que envolveu 122 operacionais, 24 viaturas, e ainda elementos Batalhão de Sapadores do Porto e da Polícia de Segurança Pública. Registe-se que a noite terminou em festa, até porque foi reduzido o número de ocorrências, o que permitiu dar algum descanso aos bombeiros, conforme nos referiu o comandante José Júlio Pereira, comandante dos Voluntários de Felgueiras. trito do Porto, sublinhou a nobreza do gesto de Tony Carreira, salientando que estas ações permitem confirmar que “a sociedade está com os seus bombeiros” “Não sei se estas mortes, se tantas perdas serviram para mudar mentalidades, mas pelo menos permitiram despertar consciências” sublinhou o presidente da federação, considerando contudo que os bombeiros, aconteça o que acontecer, continuarão “no lugar certo, a cumprir o que o destino e a história lhes determinaram, à altura do seu povo, sem nunca desanimar”. Pelas 22 horas, Tony Carreira subiu ao palco para gáudio de milhares de fãs, muitas nas imediações do recinto desde o dia anterior, para um concerto diferente, marcado por alguma emoção, no qual cada um dos bombeiros falecidos foi, certamente, dignamente homenageado. No início do espetáculo, Jaime Marta Soares subiu ao palco para receber de Tony Carreira um cheque no valor 70 594 euros. Em jeito de profundo reconhecimento a Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto presenteou o artista com um capacete, símbolo maior da ação e da missão dos soldados da paz. Cumpridas as formalidades, o público rendeu-se ao charme do cantor, num concerto animado por muitos dos grandes sucessos do artista. 18 SETEMBRO 2013 FUNDO DE PROTEÇÃO SOCIAL Portugueses manifestam apoio A s várias iniciativas de apoio aos bombeiros realizadas recentemente permitem concluir que, apesar de tudo, os portugueses são sensíveis aos seus problemas e, em especial, ao drama vivido com a morte em combate de 8 deles num tão curto espaço de tempo e de forma tão brutal. Neste momento, não é possível saber com rigor o montante obtido dado que está ainda a decorrer o apuro final de todas as iniciativas a favor do Fundo de Proteção Social do Bombeiro. É sabido, porém, que esse valor deverá atingir várias centenas de milhar de euros. A esse propósito, o presidente do conselho executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), comandante Jaime Marta Soares, sublinha que, “depois do apuro será divulgado o total de apoios até ao cêntimo, para que todos possam saber com exatidão o montante que entrou no Fundo”. Segundo aquele dirigente, “importa sublinhar, para que todos saibam, que a verba em causa destina-se exclusivamente ao Fundo de Proteção Social do Bombeiro, como foi anunciado e agora reforço, e será empregue segundo o regulamento existente”. O comandante Marta Soares renova, “ o agradecimento a todos os que participaram nas iniciativas, desde as várias entidades já referidas, RTP, BES, Correio da Manhã, PT, Tony Carreira, os vários clubes desportivos, até aos colaboradores e profissionais das mesmas que fizeram questão de participar de forma anónima e graciosa”. A iniciativa com mais visibilidade e impacto foi, sem dúvida, a mega emissão da RTP do passado dia 15, “Heróis de Portugal”. Durante 10 horas de emissão contínua, a partir do “Meo Arena” cedido para o efeito, a RTP levou a todo o país e ao mundo o testemunho dos bombeiros e prestou homenagem a todos os que este verão lutaram contra as chamas que assolaram mais uma vez a floresta portuguesa e, em particular, à memória dos que tombaram em combate. Durante a emissão, através de chamadas telefónicas de valor acrescentado e outras, feitas para a central instalada no recinto, foi possível receber 700 mil chamadas e o apoio de muitos portugueses. O apoio do BES na iniciativa teve a ver, desde logo, com um depósito inicial do próprio banco e também a recolha da participação dos telespetadores. Na mesma emissão, o apoio da PT traduziu-se na montagem da central e na participação graciosa de todos os seus funcionários presentes. Os artistas que participaram na emissão do “Heróis de Portugal” fizeram-no também graciosamente. Desejando agradecer à RTP a iniciativa, o comandante Jaime Soares defende que é importante personalizar também esse agradecimento, “quer ao presidente da empresa, Alberto da Ponte, ao diretor de conteúdos, António Luís Marinho, ao diretor de programas Nuno Andrade, bem como a todos os jornalistas e técnicos da Informação e Produção da RTP que proporcionaram aquela jornada única em favor dos bombeiros”. A participação do artista Tony Carreira no esforço alargado de apoio aos bombeiros portugueses, neste caso com um concerto oferecido no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, é motivo de uma local na presente edição. A campanha para a entrega de 1 euro nos bombeiros da área de residência de cada ci- dadão foi outra iniciativa de destacar, abordada também noutra local desta edição. Destaque, ainda, para a participação do “Correio da Manhã”no apoio aos bombeiros ao destinar 5 por cento da receita líquida das vendas daquele jornal em 7 do corrente, sábado. O montante em causa será conhecido no final do corrente mês. Por último, será também de referir as inúmeras iniciativas de homenagem aos bombeiros falecidos, promovidas, quer pela Federação Portuguesa de Futebol, quer por muitos clubes desportivos, Sport Lisboa e Benfica, Académica e Estoril- -Praia, entre outros, com um minuto de silêncio e outras ações no início dos jogos oficiais realizados nos seus campos. No caso concreto da Académica, o clube também entregou aos Voluntários de Coimbra e Brasfemes 7 mil euros provenientes das receitas do último jogo disputado. 19 SETEMBRO 2013 PEDROUÇOS “Não é por 1.70 euros que vou para o mato apagar incêndios” Os Voluntários de Pedrouços, Maia, resgataram com sucesso, de uma casa em chamas, uma idosa acamada que se encontrava sozinha, numa operação que envolveu sete bombeiros e que se pautou pela rapidez e eficaz coordenação de meios. Esta intervenção, uma de muitas, prova, uma vez mais, que a satisfação de dever cumprido não tem preço. Texto: Sofia Ribeiro Fotos: Marques Valentim D ias depois do aparatoso salvamento de uma idosa é a bombeira de 1.ª Rosa Oliveira que recebe a equipa do jornal “Bombeiros de Portugal” e assume o papel de anfitriã dos Voluntários de Pedrouços, uma associação pequena em dimensão, mas gigante na entrega dos seus operacionais. Depois de uma visita às instalações, Rosa Oliveira dispõe-se, então, a contar o episódio que ainda está bem presente na memória de todos, diz-nos que no dia 22 do passado mês de agosto enquanto tratavam da manutenção das viaturas foram alertados por muito fumo e, perceberam, de imediato, tratar-se de um fogo urbano nas imediações do quartel. Não perderam tempo e depressa chegaram à Avenida Nossa Senhora da Natividade, onde as chamas nas traseiras começavam a progredir para a pequena casa já tomada por muito fumo. “No local tivemos a indicação que estariam lá dentro duas pessoas, não tivemos tempo para mais nada arrombamos a janela e entrámos” conta-nos a bombeira, adiando que depois de vistoriado o interior da habitação verificaram que “só se encontrava uma senhora acamada ligada a um ventilador e um cão”, que foram rapidamente retirados do local. Dois dos operacionais transportaram a mulher ao hospital e os restantes elementos da equipa asseguraram o combate às chamas. “É gratificante poder salvar alguém”, revela-nos a bombeira de 1.ª, que diz ainda que cumpre todas as missões com o mesmo empenho. “É preciso gostar-se disto, pois não é por 1.70 euros que vou para mato apagar incêndios. Vou porque quero porque gosto deste trabalho”, afiança. Participaram nesta ocorrência Rosa Oliveira, Miguel Nogueira, Rui Pacheco, Pedro Barreto, Mário Rodrigues, Filipe Ribeiro e o 2.º comandante, Vítor Santos, apoiados por um VLCI e VSAT de Pedrouços e ainda uma viatura de transporte de água dos Voluntários de Areosa-Rio Tinto. PERFIL A Uma mulher de armas bombeira de 1.ª Rosa Oliveira fala com o mesmo entusiasmo desta missão como de todas as outras que desempenho ao serviço dos bombeiros, e ainda que o seu sonho fosse ser militar. “Os meus pais não permitiam que eu seguisse a carreira militar, então decidi ir para os bombeiros, mas eles também não deixaram. Conheci o meu marido que era bombeiro e nunca mais saí desta casa. Até casar fui bombeira transportar um doente ao hospital perto de casa pedia os colegas que saíssem da ambulância, e ficava na ambulância com medo de ser descoberta” Depois de casada, ingressou “na primeira escola deste corpo de bombeiros desta associação”, e desde então que assume com orgulho essa opção de vida, que a família “acabou por aceitar”. Fala com orgulho do seu percurso e sublinha o facto de ser “umas das primeiras mulheres nos bombeiros a conduzir pesados” e vou para o terreno. Esta é uma mulher de armas que nos tea- tros de operações, não há homens e mulheres, apenas bombeiros. 20 B SETEMBRO 2013 CARCAVELOS PENELA Bombeiros parteiros Incêndio na Cumieira ombeiros de Carcavelos cumpriram com êxito mais uma missão, depois de terem sido acionados pelo CODU para uma situação de parto eminente na localidade de Sassoeiros, para onde foi também enviada a VMER. À chegada ao local, as equipas decidiram avançar com o parto. Poucos minutos depois nasceu o Pedro. Mãe e filho foram depois encaminhados ao hospital de Cascais. Integraram este grupo de parteiros as bombeira de 2.ª Paula Antunes e Cláudia Carvalho e a estagiária Rute Monteiro. A lertados para incêndio florestal na localidade de Cumieira, no passado dia 30, os Bombeiros de Penela acorreram com prontidão e “em força”. Para o local foram enviados três veículos de combate a incêndios florestais, um autotanque e um veículo de comando. No combate, os operacionais de Penela, contaram com o apoio de dois veículos dos Bombeiros de Ansião, um veículo dos sapadores florestais, uma equipa terrestre dos GIPS e um helicóptero e respetiva tripulação, num total de 32 homens. INCÊNDIOS FLORESTAIS AVEIRO Operacionais ajudam o Dinis a nascer A tripulação destacada para a ambulância PEM/ INEM dos Bombeiros de Aveiro - Velhos, constituída pelo adjunto de comando António Vinagre, e pelo subchefe Ricardo Guerra, em conjunto com a equipa da VMER do Centro Hospitalar do Baixo-Vouga (CHBV), Aveiro, assistiram ao parto do Dinis. O alerta desta ocorrência deu-se esta semana, ao princípio da madrugada, quando já estávamos a fechar a presente edição. Para o local foram accionados a ambulância PEM/ INEM e o veículo de socorro e assistência tática (VSAT 01) para proceder à abertura da porta da habitação, uma vez que o estado da parturiente não o permitia. Perante a iminência do nascimento da criança, a opção da equipa foi de efectuar o parto no local. Mãe e criança encontram-se bem e após o parto foram conduzidos ao CHBV. A rematar a informação posta a circular na rede social, “Os Bombeiros de Aveiro - Velhos desejam as maiores felicidades ao Dinis e à mãe” U Sapadores de Setúbal com o GIPS ma delegação de 8 elementos da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal (CBSS), integrou entre 2 e 4 de setembro, o dispositivo do GIPS da GNR no combate aos incêndios florestais no norte de Portugal, mais concretamente nos incêndios de Vale de Cambra, Baltar e no Parque Natural Peneda-Gerês. Segundo o comandante do CBSS, Paulo Lamego,”este intercâmbio de atuação entre as duas forças constituídas só por elementos profissionais, permitiu uma troca de experiência e uma mais-valia na prestação do socorro, beneficiando com isso todos os intervenientes”. “Destaco ainda, que esta integração permitiu satisfazer o desejo demonstrado pelos bombeiros sapadores da CBSS, em dar o seu contributo ao forte dispositivo que combateu o flagelo dos incêndios florestais na zona norte do País, que custou a vida a 8 Bombeiros Portugueses, e que ninguém conseguiu ficar indiferente”. Prescindir dos dias de folga, e ajudar com o seu saber e competência, segundo Paulo Lamego,”foi uma honra para estes bombeiros, e como comandante de companhia, só lamento não ter permitido a mais elementos darem também o seu contributo, mas, a responsabilidade de ter o Parque Natural da Arrábida para proteger, obriga- ram-se a não atender a esse pedido”. Os relatos são unânimes, para o comandante do CBSS, com “a excelente preparação física e a disciplina na atuação de ambas as forças, possibilitou o trabalho como se de uma só força se tratasse, não fosse a cor diferente das fardas e ninguém notaria a diferença”. A propósito, Paulo Lamego, endereça, “o meu voto de apreço aos militares do GIPS, que comprovaram os excelentes profissionais que o País dispõe no socorro, a minha gratidão aos Bombeiros Sapadores de Setúbal, que com esta forma de atuar facilitam qualquer ação de Comando, mas acima de tudo, todos guardamos o grande sentimento de gratidão das populações afetadas”. ENB AVEIRO – VELHOS U Troca de experiências na Madeira ma comitiva do Corpo de Bombeiros de Aveiro – Velhos composta por nove elementos esteve na Ilha da Madeira, onde tomou contacto com a realidade dos serviços de proteção civil locais e ainda fomentar laços com os Municipais de Machico e os Voluntários de Santana.. Do programa desta viagem constou visita ao SANAS, Associação Madeirense para o Socorro no Mar que permitiu tomar contacto com a complexidade do socorro marítimo. O grupo esteve, ainda, no quartel dos Voluntários Madeirenses e também Bombeiros do Aeroporto do Funchal, onde “foi exposto o modus operandi na intervenção em acidentes com aeronaves. Ainda no âmbito desta visita, os Municipais de Machico e os s Voluntários de Santana organizaram um exercício conjunto de resgaste em montanha, uma realidade operacional bem diferente daquela a que os Bombeiros de Aveiro - Velhos estão habituados. Um torneio de futsal, que envolveu equipas de Santana, Machico e Aveiro, encerrou este encontro marcado por uma profícua troca de experiências, “importante para alargar horizontes em matéria de atuação nos diferentes teatros de operações”. A Curso de Patrão Local Escola Nacional de Bombeiros (ENB) deu início ao processo de qualificação dos formadores de Condutor de Embarcações de Socorro (CES). Neste âmbito, foram ministrados dois cursos de patrão local a 15 elementos especializados desta área de socorro náutico. As 35 horas de formação teórica cumpriram-se nas instalações da escola, em Sintra, enquanto as 15 horas de práticas decorreram na barra do rio Tejo, em estreita colaboração dos Bombeiros Voluntários da Trafaria. 21 SETEMBRO 2013 ILHA TERCEIRA ENB Exercício testa equipas de resgate Formação em combate florestal C om o intuito de avaliar a capacidade de resposta e articulação das equipas de salvamento em grande ângulo dos bombeiros da ilha Terceira, nos Açores e a equipa cinotécnica da GNR realizou-se, no dia 14 setembro, o exercício “Livex Chambre 2013”. O Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores levou a efeito este treino conjunto na Rocha do Chambre, no interior daquela ilha, tendo como cenário o salvamento de dois turistas de uma arriba com cerca de 50 metros que num percurso pedestre ficaram impossibilitados de regressar devido ao mau tempo. Na presença de várias entidades da proteção civil regional e dos corpos de bombeiros de Angra do Heroísmo e Praia da N Vitória, o secretário regional da saúde, Luís Cabral, referiu que o aproveitamento “das sinergias de diferentes corporações e forças de segurança, permitem que numa eventual neces- sidade todos possam trabalhar em conjunto, pois todos tem a mesma formação, base de trabalho e sabem operar da mesma forma”. Sérgio Santos o primeiro semestre deste ano, a Escola Nacional de Bombeiros (ENB) ministrou formação em combate a incêndios florestais a cerca de 4100 bombeiros. Das 267 ações concretizadas, 159 foram especificamente desenvolvidas, em conjunto com a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), para a preparação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF). Neste domínio específico, segundo informação prestada pela ENB, de janeiro a junho último, 3177 formandos participaram em ações de treino operacional ou de gestão de operações. A preparação para o DECIF 2013 teve ainda uma novidade formativa, o módulo de “Comandante de Setor”. BARREIRO A M Sul e Sueste acolheu com reconhecido sucesso e a partici- pação de 19 equipas de todo o país, BARREIRO C MALVEIRA Sul e Sueste em Barcelona Equipa de Salvamento e Desencarceramento do Corpo de Bombeiros do Sul e Sueste participou no IX Encuentro Nacional de Rescate en Accidentes de Tráfico, que realizou no Circuito Automóvel da Catalunha, em Montmeló (Barcelona), nos dias 15 a 18 de setembro, a convite da Associación Profesional de Rescate en Accidentes de Trafico (APRAT) na sequência do I Campeonato Nacional de Salvamento e Desencarceramento que o Corpo de Bombeiros do Emergência pré-hospitalar omo resultado da aposta estratégica em formação no domínio da saúde, o Corpo de Bombeiros do Sul e Sueste (Barreiro) conta presentemente com 22 bombeiros do Quadro de Comando e do Quadro Ativo com a qualificação de Tripulante de Ambulância de Socorro (TAS) válida e certificada pelo INEM, segundo refere um comunicado enviado às redações. “Em menos de 12 meses foi possível quadriplicar o número de elementos com a qualificação TAS, na sua esmagadora maioria com um esforço de investimento financeiro e pessoal muito elevado, concorrendo assim para o forte incremento da qualidade do socorro prestado pelo Corpo de Bombeiros, em primeira instância ao serviço do Barreiro e dos barreirenses, mas também ao serviço dos concelhos vizinhos, já que os dados estatísticos demonstram que cerca de 25 % dos serviços de emergência pré-hospitalar são efetuados para fora dos limites do concelho do Barreiro”, pode ler-se no documento. Atualmente, o Corpo de Bombeiros do Sul e Sueste conta ainda com 35 elementos formados Para além da formação específica no âmbito do DECIF, a ENB garantiu, no primeiro semestre deste ano, formação em combate a incêndios florestais e gestão de operações a 922 bombeiros. No âmbito da revisão do Despacho n.º 713/2012, de 18 de janeiro, a ENB está a preparar formação específica para chefes de equipa, chefes de grupo, oficiais bombeiros e elementos do quadro de comando. O módulo “Segurança e Comportamento do Incêndio Florestal” será uma formação de aperfeiçoamento técnico e envolverá os cuidados a ter com a segurança, mediante os comportamentos variados que o incêndio pode assumir no terreno. CB promove workshop ais de meia centena de participantes confirmam o sucesso do workshop promovido, recentemente, pelos Bombeiros da Malveira, dirigido às empresas e versando temas como medidas de autoproteção, a sinalização e equipamentos de segurança e sua manutenção e ainda formação e organização de segurança. Segundo os promotores “o incêndio que ocorreu, no dia 15 de novembro de 2011, nas instalações da Sicasal revelou-se um alerta para todos os agentes empresariais” que devem encarar “a formação e a prevenção como um investimento de futuro”. Assim sendo, o corpo de Bombeiros Volun- tários da Malveira, enquanto principal agente de prevenção e formador, avançou para a organização deste workshop que captou o interessede representantes de grandes empresas da Área Metropolitana de Lisboa. RIBA DE AVE O como Operadores de Desfibrilhador Automático Externo (ODAE), número que rapidamente se aproximará de 60 atendendo à formação adicional já programada que se realizará em breve. Para além do esforço de formação diferenciada de TAS, a associação destaca ainda a aposta na recertificação dos restantes bombeiros do Quadro de Comando e do Quadro Ativo com a qualificação de Tripulante de Ambulância de Transporte (TAT). De igual modo, já foram realizados ou estão programados para breve e estágios no INEM para Operadores de Central de Emergência e para Tripulantes de Ambulância de Socorro. Bombeiros investem na sensibilização s Bombeiros de Riba de Ave iniciaram o seu ciclo de workshops, tendo recentemente promovido uma destas sessões sobre Condução em Emergência, reunindo uma centenas de profissionais da Cruz Vermelha Portuguesa, da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republica e também bombeiros e alguns civis. “Foram três horas bastante produtivas sempre com o foco na redução da sinistralidade e melhoria de procedimentos associados a condução em emergência”, conforme sublinha a organização deste workshop que teve como orador Leonel Alves formador INEM do Núcleo de Condução em Emergência. 22 SETEMBRO 2013 SIMULACRO MOSTRA DEBILIDADES NAS COMUNICAÇÕES N Fotos: Marques Valentim Chiado 25 anos depois o dia em que se assinalaram os 25 anos do devastador incêndio do Chiado, a Câmara Municipal de Lisboa realizou um simulacro para testar a capacidade de resposta dos agentes de proteção civil da cidade. Durante cerca de duas horas, a zona da baixa lisboeta relembrou o incêndio que, há 25 anos, destruiu vários edifícios históricos e provocou dois mortos e cerca de 50 feridos. O simulacro contou com 321 bombeiros, apoiados por 81 veículos, e 36 figurantes. Em declarações aos jornalistas no final do exercício, o vereador da Proteção Civil de Lisboa, Manuel Brito, admitiu que se verificaram algumas dificul- dades nas comunicações entre os bombeiros da cidade e as corporações de outros concelhos, esclarecendo que os Bombeiros Sapadores Bombeiros (RSB) e os Bombeiros Voluntários de Lisboa usam o sistema de comunicações SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal), mas há ainda corporações que não dispõem deste equipamento. “A Câmara de Lisboa integra o SIRESP porque quis integrar. Há cerca de dois anos comprámos cerca de 700 rádios para o Regimento de Sapadores Bombeiros, que os distribuiu também por todas as corporações de bombeiros voluntários da cidade. Por isso, os bombei- ros voluntários e os sapadores estão integrados no mesmo sistema mas há corporações que ainda não aderiram a este sistema”, explicou o responsável. Já o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, congratulou-se com os resultados do simulacro de incêndio, mas alertou que “nunca ninguém está preparado inteiramente” para responder a situações reais, que têm grande “imprevisibilidade”, recordando que o incêndio de 1988 “deixou marcas irreversíveis na cidade”, como a perda de lojas históricas da cidade, vários objetos de Fernando Pessoa e a partitura original do hino nacional. Em conferência, o autarca explicou que o simulacro demonstrou que a cidade está hoje mais preparada para responder a uma situação de incêndio do que há 25 anos, mas alertou para a existência de outros riscos, “designadamente o risco sísmico” e para a imprevisibilidade de situações reais. “É importante lembrar o que se passou porque, ao recordarmos, estamos a criar as melhores condições para que nos equipemos, para que os comerciantes se protejam, para que os residentes estejam atentos e para que a construção seja diferente de forma a sermos mais resistentes a uma tragédia desta natureza”, acrescentou António Costa. Durante o simulacro, que PORTO O Sensibilização nas praias Departamento Municipal de Proteção Civil e o Batalhão Sapadores de Bombeiros realizaram várias ações de sensibilização nas praias do Porto, no decorrer da época balnear, ações desenvolvidas em estreita colaboração com o campo de férias de verão da PortoLazer e com o Instituto de Socorros Náufragos, com o intuito de incutir nos mais novos, noções básicas de cultura de segurança, investindo na abordagem de técnicas de salvamento aquático e também na demonstração de procedimentos de suporte básico de vida. decorreu na manhã do dia 25 de agosto, os mais de 320 operacionais envolvidos testaram meios e técnicas em várias ruas daquela zona histórica da capital, incluindo na Rua do Carmo e na Rua Garrett. No balanço final fictício, o Regimento dos Sapadores Bombeiros de Lisboa deu conta de uma vítima mortal, cuja morte foi investigada pela Polícia Judiciária, de 35 feridos civis e de 4 bombeiros também feridos, além de três detenções por roubo a estabelecimentos comerciais. Em declarações aos jornalistas, o comandante, Joaquim Sintrão, dos Bombeiros Voluntários da Pontinha, recordou o “cenário de destruição” que vi- veu há 25 anos nas ruas do Chiado, lembrando que hoje seria mais fácil combater as chamas naquele local. “Fomos para a Calçada do Sacramento. Chegámos às 6h45 e saímos daqui eram 11 da noite. Era um cenário de destruição, parecia que estávamos numa situação de guerra”, conta. Para este bombeiro, na altura, o principal problema foi “a falta de água”, porque “o fogo era de dimensões gigantescas e estava toda a gente a tirar água das bocas-de-incêndio”. “Hoje os meios são mais modernos” e, por isso, “era capaz de ser um bocadinho mais fácil” enfrentar esta ocorrência, concluiu. Patrícia Cerdeira 23 SETEMBRO 2013 VIATODOS Herói vencido pela doença caiu da varanda de um quarto andar, a sensivelmente 15 metros do solo, e foi salva por um bombeiro dos Voluntários de Viatodos. Fernando Rodrigues amparou a queda e é considerado um herói”. Foi assim que, na edição do nosso jornal de outubro de 2010, começava o relato do feito, na reportagem de João Paulo Teixeira (texto) e Rui Tomás (fotos). Fernando Rodrigues negou sempre a designação de herói, mesmo quando utilizada enfaticamente pela mãe da menina. O então bombeiro de 3ª, conforme o próprio relatou, “ tinha acabado de deixar um doente na clínica para fazer hemodiálise e regressava a Viatodos para realizar outros serviços agendados quando ao A Comissão Permanente da Assembleia da República (AR) aprovou um voto de pesar pelo falecimento de oito bombeiros no combate aos incêndios florestais deste verão. “Eles foram à luta numa dádiva generosa e sem limites” lembra o teor do voto da AR sublinhando que “foi o sentido sublime desta síntese entre amor aos outros e agir o que eles em suprema dor e sacrifício carregaram”. Ao referir Shakespeare e a obra “Pescador de Pérolas” os deputados lembram que “ele dizia que os heróis se transformam em insólitos tesouros que havemos de transportar em exemplo para que participem do mundo dos vivos”. A esse propósito, a AR lembra os oitos bombeiros falecidos este ano mas, também, as tragédias de Armamar (1985), Caramulo (1986), Nisa (2003), Sabugal (2009), S. Pedro do Sul (2010), Tavira e S. Brás de Alportel (2012). “A dor que se expressa neste lugar de representação e decisão envolve um propósito político firme de agir”, expressa o voto da AR sublinhando que “aqui, venerar e não esquecer é fazer!”. O dendo a criança de vista a partir daí. Ajudou-o um comerciante. João Lamelas, que também se tinha apercebido da situação. Terá passado, no máximo, um minuto até ao momento em que a criança, não aguentando mais a permanência naquela posição se precipitou, felizmente, para os braços do Fernando Rodrigues. Segundo o próprio, “assim que a ambulância dos Bombeiros de Barcelos chegou retomei o meu trabalho, tinha a viatura a dificultar o trânsito e tinha de continuar o meu serviço”. Que dizer deste herói que, após concluído o salvamento, apenas pensava nos doentes que ainda tinha para transportar. Paz à sua alma, depois do enorme exemplo que nos deixou. FUNDÃO BOMBEIROS FALECIDOS AR aprova voto de pesar contornar a rotunda na Avenida Nossa Senhora de Fátima vi pessoas a olhar para um edifício”. De imediato, Fernando Rodrigues pensou tratar-se de um incêndio urbano mas, de seguida, viu tratar-se de uma criança pendurada do lado exterior das grades de uma varanda. Estancou de imediato a viatura que conduzia e deslocou-se para o local nunca per- Faleceu o comandante Antunes O comandante dos Bombeiros Voluntários do Fundão, António dos Santos Antunes, foi vencido pela doença prolongada que o consumiu nos últimos tempos, e a que deu luta com a mesma convicção com que lutou em vida pela causa dos bombeiros e do voluntariado. Na despedida ao, também, antigo presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Castelo Branco e conselheiro nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), o presidente da confederação, comandante Jaime Marta Soares, sublinhou que “com o António Antunes, tive um tratamento muito próximo e amigo, mesmo tendo pontos de vista divergentes”. Segundo o comandante Jaime Soares, “o comandante Antunes era um lutador apaixonado pelos bombeiros, um interventor, distrital e nacional, nos órgãos dos sol- dados da paz com fervor e preocupação e às vezes com propostas inovadoras, é uma perda muito grande como amigo, como homem dos bombeiros que sabia do que falava, Os bombeiros perdem um dos seus melhores”. “Se, na verdade, as instituições são mais importantes do que as pessoas, o certo é que não há instituições sem pessoas às quais é devido o reconhecimento, quando as servem com dedicação e seriedade”, comentou, a propósito do falecimento do comandante Antunes, o vice-presidente dos Voluntários do Fundão, Manuel Milheiro. Desejando demonstrar esse reconhecimento, a direção da Associação propôs à Liga dos Bombeiros Portugueses a atribuição do crachá de ouro ao comandante Antunes, o que veio a concretizar-se em 26 de maio último, por ocasião do 86º aniversário da Associação. António dos Santos Antunes iniciou o seu percurso como dirigente nos órgãos sociais dos Bombeiros do Fundão em 1990 como vogal da direção e, em 1993, como vice-presidente, em- penhou-se na ampliação do quartel-sede e na edificação das secções destacadas de Silvares, Três Povos e Soalheira. Em 1997, António Antunes entrou para o quadro de comando, como segundo-comandante, tendo sido comandante de zona operacional do distrito de Castelo Branco, além de, como atrás se disse, presidente federativo e conselheiro nacional da LBP. “Ao longo dos últimos 23 anos, como homem sensível e corajoso que era, participou ativamente em todos os congressos e conselhos nacionais em que foi delegado do comando desta Associação, colocando sempre ao serviço dos Bombeiros do Fundão e de Portugal tudo o que aprendeu na vida e na sua formação como Bombeiro Voluntário” sublinhou-nos o vice-presidente Manuel Malheiro, para terminar com um “até um dia destes, Comandante Antunes”. LISBOA HOMENAGEM Associação mais pobre Morre um companheiro de luta s Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique, Lisboa, perderam no passado dia 20 o comandante do Quadro de Honra Luís Alberto Gomes Fernandes, falecido no Hospital de Santa Maria, onde se encontrava internado. O comandante Luís Alberto Gomes Fernandes foi velado em câmara ardente no quartel da Associação e, no dia seguinte, o cortejo fúnebre, após a celebração de missa, dirigiu-se para o cemitério dos Olivais onde o extinto foi cremado. Aos dirigentes, comando, bombeiros e familiares do comandante do QH Luís Fernandes a Redação do BP dirige sentidos pêsames. U m dinâmico autarca tornou-se nos últimos dias na nona vítima mortal do combate aos incêndios florestais. Joaquim Mendes, presidente da Junta de Freguesia de Queirã, Vouzela, foi surpreendido pelas chamas quando se deslocava para a linha da frente em apoio aos bombeiros. O acidente ocorreu em 23 de agosto e, desde então, o autarca lutava pela recuperação, que até parecia estar numa fase positiva, quando foi surpreendido pela morte. Neste jornal, em nome dos bombei- ros, não podemos deixar de prestar homenagem a este cidadão, e nele a muitos outros, que os acompanharam e apoiaram na difícil e perigosa missão de combate aos incêndios florestais. Foto: Vladimiro Silva ernando Rodrigues, bombeiro dos Voluntários de Viatodos, ficou conhecido em 2010 por ter salvo uma criança que caiu do quarto andar de um edifício situado no centro de Alcozelo, Barcelos. Apesar de herói, infelizmente, agora não conseguiu resistir à doença e faleceu na Suíça, para onde entretanto havia emigrado. “Uma menina de quatro anos Foto: Notícias de Vouzela F 24 A SETEMBRO 2013 MEALHADA ÓBIDOS Festas da cidade entregam lucro aos bombeiros Figurante faz doação aos bombeiros mordomia da Festa de SantAna de 2013, decidiu - com os lucros da festa que se realizou na última semana de julho - oferecer aos Bombeiros Voluntários da Mealhada equipamento necessário ao trabalho operacional. A escolha dos festeiros recaiu sobre duas perneiras de proteção para utilização com motosserras e ferramentas cortantes. A entrega do equipamento teve lugar no dia 9 de agosto, ao fim da tarde. A direção dos Bombeiros da Mealhada agradece aos mordomos o gesto de simpatia, altruísmo e solidariedade. Nuno Castela Canilho À semelhança do ano anterior, Américo Barros, de 78 anos, reformado e residente em Caldas da Rainha, doou à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Concelho de Óbidos cerca de 574 euros, produto da sua prestação de mendigo leproso no Mercado Medieval de Óbidos. Há nove anos que Américo assume o papel MACEDO DE CAVALEIROS A Emigrante oferece pesado Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Macedo de Cavaleiros acaba de receber a oferta de um pesado oferecido por um emigrante local, Tomé Afonso, de 45 anos, natural da Cernadela, a residir em Espanha há três décadas. “Os bombeiros estavam com dificuldades, eu tinha o camião parado e por isso decidi oferecê-lo”, explica Tomé Afonso, precisando que “a doação é feita em nome da aldeia.” O doador justifica que “se tivesse mais dinheiro oferecia um camião novo mas como não tenho ofereci o que tinha, uma Renault 4/40, com baixo consumo de gasóleo, em bom estado e sem perdas de óleo”. A decoração da viatura foi oferecida pela empresa de publicidade e arte gráfica, Midoel. Para o comando e direção dos Voluntários de Macedo de Cavaleiros trata-se de “um gesto que os bombeiros agradecem, é muito gratificante ver de figurante no certame oferecendo a verba amealhada a instituições do concelho de Óbidos. Receberam este donativo das mãos de Américo Barros, a adjunto de comando Patrícia Reis e Rui Vargas, presidente direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Concelho de Óbidos. PÓVOA DE VARZIM Quartel com novo autotanque A o reconhecimento da população pelo trabalho desenvolvido nesta associação e fazê-lo dando-nos meios para que o nosso trabalho seja desenvolvido com cada vez mais qualidade é ainda mais gratificante”. comandante Ilda Cadilhe, dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, expressou a sua enorme satisfação pelo facto do seu apelo e da direção tem tido resultado quase imediato para a reposição de um autotanque perdido durante o combate aos incêndios florestais que assolaram de novo o país. O novo autotanque, anteriormente utilizado no transporte de leite, foi oferecido aos bombeiros pela Associação de Produtores de Leite e Carne, Leicar. A entrega simbólica foi acompanhada pelo vice-presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, e presidente da Leicar, José Oliveira, e saudada pelo presi- ESPOSENDE PENACOVA E Fão recebe apoio Comunidade portuguesa quer ajudar lementos da comunidade portuguesa radicada nos Estados Unidos da América, em Newark, estão a organizar uma recolha de fundos que permita apoiar os Bombeiros Voluntários de Penacova na substituição de duas viaturas de combate a incêndios que ficaram destruídas. A recolha de fundos deverá decorrer em outubro, graças à participação de muitas empresas locais e da própria comunidade, segundo informou o presidente do Sport Clube Português de Newark, Bruno Costa. Esta será mais uma iniciativa daquela instituição e dos seus dirigentes em prol dos bombeiros portugueses, neste caso em especial, para apoiar a reposição de viaturas perdidas durante o combate. dente da direção, a par de um lamento sobre as responsabilidades por satisfazer pelos hospitais da zona, devedores de mais de 100 mil euros à sua Associação. A recolha de fundos para os Voluntários da Póvoa de Varzim prossegue, já que importa adequar a nova viatura às funções específicas dos bombeiros como também prosseguir com a intenção da aquisição de outro veículo de combate a incêndios, para o qual a autarquia já se comprometeu a custear metade . A nova viatura autotanque, que se encontrava ainda ao serviço, dispõe de uma capacidade de 16 mil litros, o dobro do veículo perdido. A Câmara Municipal de Esposende vai apoiar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Fão na aquisição de duas novas ambulâncias e na realização de obras de requalificação do seu quartel, segundo foi noticiado. A Autarquia foi assim sensível ao apelo dos bombeiros para ajudar a suportar o investimento previsto de 110 mil euros. A Câmara Municipal decidiu doar à Associação o terreno onde está edificada a antiga Escola das Pedreiras, em Fão, com o objeti- vo de que possa ser vendido e com essa verba se torne possível a aquisição das duas ambulâncias. Estas deverão substituir outras, de uma frota de cinco, com mais de 15 anos de atividade. A ajuda municipal enquadra-se no apoio que tem vindo a prestar às duas associações de bombeiros voluntários do concelho (Esposende e Fão) materializado na atribuição de um subsídio anual de 14 mil euros e na comparticipação na aquisição de equipamento, entre outros. 25 SETEMBRO 2013 R RÉGUA ESMORIZ Quartel recebe nova ambulância Centro de formação a “crescer” ealizou-se, no passado dia 31 de agosto, no quartel do Bombeiros da Régua, a inauguração e bênção de uma nova ambulância doada pela Symington produtora de vinhos na Região Demarcada do Douro, numa cerimónia presidida pelo padre Luís Marçal que, depois de umas breves palavras alusivas ao momento, pediu um minuto de silêncio em homenagem pela morte trágica dos bombeiros nos combates aos fogos florestais deste verão. Já no salão nobre do quartel Delfim Ferreira, o presidente da direção José Alfredo Almeida, anunciou a presença de uma figura importante e eis que os convidados são supreendidos com a entrada em cena da associado n.º 1 dos Voluntários da Régua, a lendária D. Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha, interpretada pela atriz Olga Alves, numa direção de Maria José Garcia, que ali representavam a Universidade Sénior do Peso da Régua. Intervieram nesta sessão de agradecimento à família Symingtom, presente no Douro, desde o ano 1882, o presidente da assembleia geral da associação, José Alberto Marques que, salientou o gesto do benemérito homenageado, sublinhando “o singular exemplo num momento difícil em que vivemos”. Antes de receber um capacete de bombeiro, das mãos de pequeno soldado da paz, Paul Symington usou da palavra para dizer que estava satisfeito não apenas com os lucros da sua empresa, mas também por poder ajudar os bombeiros e participar no desenvolvimento das instituições que trabalham para o bem coletivo da região do Douro. A cerimónia culminou com uma palestra proferida pelo Duarte Caldeira, sobrodinada à N o Centro de Formação dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz ainda faltam algumas estruturas, contudo já está ao serviço do corpo de bombeiros, numa clara aposta na preparação dos operacionais. Este equipamento surge muito da boa vontade e trabalho dos bombeiros, que sem descurar o socorro às populações aproveitam os momentos mais calmos para trabalhar no crescimento desta estrutura. Refira-se que, no mês de julho chegou um con- ALGÉS O temática dos desafios das associações de bombeiros no contexto atual. Para além de Paul Symington, seis administradores e ainda alguns trabalhadores da empresa, entre outras individualidades o evento o presidente da Câmara Municipal do Peso da Régua, Nuno Gonçalves, e dirigentes dos Voluntários do Pinhão e de Palmela. LORIGA O CB tem novo equipamento s Voluntários de Loriga adquiram recentemente um Desfibrilhador Automático Externo (DAE), um investimento só possível mercê do apoio de várias entidades da área de atuação deste corpo de bombeiros, marcada por inúmeras ocorrências de paragens cardiorrespiratórias. “Até aqui os bombeiros não estavam habilitados trabalhar com certos equipamentos, como é o caso do DAE, apenas podiam usar os meios manobras e insuflação manual”, mas atualmente o quartel de Loriga já conta “com 15 elementos formados em DAE, o que permite “efetuar um socorro eficaz”. Refira-se que contribuíram para a compra deste equipamento a Casa do Povo de Vide, A Assembleia de Compartes dos Baldios de Gondufo e Balocas, juntas de freguesia de Alvoco da Serra, de Loriga e Vide, Casa de Repouso de Nossa Senhora da Guia, juntas de Freguesia de Loriga e o Lar de 3ª Idade de Vide e ainda os beneméritos António Moreira Luís, António Gil Baptista de Sousa (Vide), Adelino Lopes Ribeiro, João Arlindo Marques, Maria Mirea Brito Figueiredo, Joaquim Mendes, Carlos Neves Lopes, Joaquim Augusto Santos, Adélia Marques da Silva, Henrique Santos e Mário Nunes da Silva. FIGUEIRA DA FOZ O tentor marítimo oferecido por um benemérito e que já está a ser utilizado, depois de pintado pelos bombeiros apostados ainda em mitigar o impacto negativo que este complexo possa ter na paisagem. Bombeiros recebem DAE s Voluntários da Figueira da Foz apresentaram, recentemente, “Programa DAE” que permitiu equipar os bombeiros com um Desfibrador Automático Externo, que pode ser usado no quartel ou em qualquer outro local, contando para isso com 20 operacionais devidamente formados. . Este programa, certificado pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e o Conselho Português de Ressuscitação (CPR), é apresentado como “inédito e exclusivo”, pois, segundo fonte dos Voluntários da Figueira, “permite a utilização do equipamento em todos os locais, bastando estar presente um técnico credenciado para o operar”. O “Programa DAE” resulta de uma parceria entre os voluntários da figueirenses a empresa Senilife. Recuperação de viatura em causa s Bombeiros Voluntários de Algés aguardam o parecer do representante da marca do veículo acidentado na serra do caramulo sobre a viabilidade ou não da sua recuperação, conforme nos informou o comandante Carlos Carvalho. O veículo florestal de combate a incêndios (VFCI 03) dos Voluntários de Algés acidentou-se no dia 24 de agosto nas operações de combate ao incêndio da Serra do Caramulo, junto á localidade de Carvalhal da Mulher, freguesia de Silvares, concelho de Tondela, distrito de Viseu. O acidente deveu-se ao aluimento da barreira do caminho onde circulavam. Segundo o comandante Carvalho, “felizmente, particularmente tendo em atenção a gravidade do acidente, apraz-me comunicar que toda a guarnição do veículo saiu ilesa, salvo algumas pequenas escoriações e “nódoas negras” totalmente insignificantes, tendo todos os 5 elementos da guarnição sido transportados de imediato a unidades hospitalares, onde após observação, tiveram alta ainda durante a manhã do dia 24, sem necessidade de nenhum tipo de tratamento médico”. “Por último, - adianta o comandante Carlos Carvalho-, gostaria de realçar o apoio prestado pelos Bombeiros Voluntários de Tondela, em particular na pessoa dos senhores comandante e 2º comandante, pelo acompanhamento inexcedível dado à guarnição acidentada no dia do acidente depois da sua alta hospitalar e até ao seu regresso a casa, bem como no apoio à remoção do veículo do local do acidente, e guarda do mesmo nas instalações do CB até ao seu transporte para as instalações do carroçador”. Nas informações que nos prestou, o comandante dos Bombeiros de Algés agradece também “o apoio dado pelos Senhores CODIS de Lisboa e de Viseu e pelo CADIS Sul que acompanharam permanentemente a situação, prestando todo o auxilio que se mostrou necessário, bem como o senhor presidente da Câmara Municipal de Oeiras, que para além de acompanhar a situação do pessoal, disponibilizou um veículo porta-máquinas da Autarquia para transportar o veículo acidentado desde Tondela até Lisboa. 26 SETEMBRO 2013 SESIMBRA GONDOMAR Fénix de honra em dia de aniversário Bombeiros festejam centenário A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Gondomar comemorou este mês o centenário. Ponto dessa efeméride foi a cerimónia durante a qual foi distinguida com a Fénix de Honra da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) e com a Medalha de Mérito de Proteção e Socorro do Ministério da Administração Interna. Para proceder à sua entrega estiveram presentes, o secretário de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo d´Ávila, e o comandante José Luís Morais, vogal do conselho executivo da LBP. Estiveram igualmente presentes, o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito do Porto, comandante José Miranda, o diretor nacional de bombeiros da Autoridade Nacional de Proteção Civil, Pedro Lopes, e o presidente da Câmara Muni- cipal de Gondomar, Valentim Loureiro. Foi no longínquo ano de 1913 que Serafim Rosas e um grupo de outros cidadãos se reuniram na sede social do Clube dos Caçadores de Gondomar para, precisamente, fundar “um corpo de salvação pública e aquisição do respetivo material para extinção de incêndios”. Depois, sucederam-se as décadas, os anos, e a Associação foi-se desenvolvendo até à atualidade como uma referência importante local e regional de associativismo e dedicação à prestação do socorro. As intervenções do presidente da direção, Joaquim Martins, do presidente da edilidade, do presidente federativo, do diretor nacional de bombeiros, do vogal da LBP e do próprio secretário de Estado convergiram no sentido de acentuar a importante história da associação bem como dos apoios que a Autarquia soube prestar nas últimas duas décadas. A Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra assinalou no passado mês de agosto o 110.º aniversário com uma festa que teve como momento maior a homenagem a Fernando David Costa Gato, comandante do QH e atual presidente da direção da instituição, agraciado com a fénix de honra da Liga dos Bombeiros Portugueses. OLIVEIRA DE AZEMÉIS A inauguração e bênção de três viaturas, constituiu o ponto alto do programa comemorativo do 107.º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis (AHBVOA), numa sessão presidida pelo secretário de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo d’Ávila. Dois dos novos veículos foram oferecidos por Rui Paulo Rodrigues e família, entre os Quartel tem ambulância única no país quais uma Ambulância de Cuidados Intensivos – é único em Portugal e “melhor equipada que algumas unidades hospi- talares portuguesas”, conforme sublinha fonte da instituição. Refira-se que na ocasião foi, igualmente, inaugurado um Veículo Florestal contra Incêndios, um investimento suportado por verbas do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) e câmara municipal, e ainda uma ambulância de socorro. Para além dos muitos elogios aos beneméritos, direção e comando uniram-se nos agradecimentos ao presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Hermínio Loureiro, “cuja vivência com os ‘soldados da paz’ vai muito para além do institucional”. No decorrer da sessão solene receberam medalhas de assiduidade os bombeiros Rosa Margarida, Daniel Oliveira, Rita Martins Antero Oliveira e João Pinho. Na ocasião, foram ainda promovidos a bombeiros de 3.ª Nuno Miguel da Costa, Hugo Miguel da Silva, Joana Fernandes, Ruben Carvalho, Carla Sofia Silva, Sara Margarida Azevedo, Sara Filipa Castro e Cecília Santos. Receberam as insígnias de bombeiro de 2.ª Ana Paula Azevedo, Andreia Bastos de Pinho, Liliana Marques, Marco Barbosa, Rita Martins, Sónia Silva e Vitor Hugo Silva e de 1.ª Hélder Filipe Correia, Marco Paulo dos Santos e João Victor Pinho. SALVATERRA DE MAGOS Parque automóvel ganha duas novas viaturas A Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos comemorou o 78.º aniversário com a inauguração de duas novas viaturas de socorro oferecidas pela junta de freguesia daquela vila. “Uma ajuda bastante impor- tante” foi assim que o presidente da direção Alirio Belchior se referiu ao da junta de freguesia, que permitiu adquirir uma ambulância de socorro e um veículo florestal de combate a incêndios. Consciente das dificuldades financeiras da associação, a autar- quia ainda entregou um cheque de 15 mil euros à associação, apoio que o presidente da direção agradeceu e enalteceu. Por sua vez, o comandante José Vitorino sublinhou publicamente a entrega dos seus homens e mulheres, que, apesar das dificuldades que a instituição atravessou, não deixaram de prestar voluntariamente um serviço de qualidade e de entrega ao próximo, como é apanágio dos bombeiros portugueses, considerando, que os novos veículos permitem reforçar a eficá- cia da intervenção, num corpo de bombeiros que este responsável operacional quer ver crescer. Nesta cerimónia marcaram presença o vice-presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos; o comandante distrital, Mário Silvestre; o comandan- te Paulo Cardoso da Federação dos Bombeiros do Distrito de Santarém, o presidente da junta de freguesia local, João Nunes e ainda representantes da GNR e de associações congéneres do sul do distrito. Sérgio Santos 27 SETEMBRO 2013 BOMBEIROS PARA SEMPRE Ultrapassado meio milhão de visitantes E xpressar opiniões, divulgar informações e melhorar a imagem dos Bombeiros de Portugal foi o motivo da criação do projeto “Bombeiros para Sempre” num blog que teve o seu nascimento no ano de 2007. Com origem numa “carolice” de Luís Gaspar, bombeiro voluntário que fundou este importante projeto que foi ganhando dinamismo ao ponto de nos dias de hoje estar constituído pelos administradores Ricardo Correia e Andreia Rodrigues que contam com a colaboração de inúmeros bombeiros e outras pessoas que partilham informações, programas e eventos, ao mesmo tempo que trazem a público e a debate temas importantes do setor dos soldados da paz e da proteção civil. Aproveitando a dinâmica do blog, a aposta nos melhoramentos do projeto tem sido uma constante, nomeadamente nas redes sociais (facebook, twitter e youtube) e página “Obrigado Bombeiros Portugueses” e no próprio site, criando conteúdos diversificados, temáticos e numa perspetiva de promoção do voluntariado junto dos mais jovens, foi criado o “KIDS BPS” que potencia a realidade dos bombeiros para as crianças. Ousado e dinâmico, o “Bombeiros para Sempre” pauta-se como uma ferramenta que potencia a informação verdadeira, correta e imparcial junto dos seus seguidores, levando a todos uma imagem local e global sobre o mundo dos bombeiros de Portugal. No passado mês de agosto, este projeto atingiu mais de meio milhão de visitantes, tal fato que comprova o trabalho deste grupo de administradores e colaboradores para com a dinamização e promoção do trabalho dos soldados da paz do nosso país, com um único objetivo de levar “o lema vida por vida a outro nível”. Sérgio Santos ALMADA Jovens dinâmicos O acampamento distrital da Juvebombeiro de Setúbal realizou-se nos dias 30, 31 de agosto e 1 de setembro no parque nacional de escotismo da Costa da Caparica, no concelho de Almada juntando mais de 100 jovens soldados da paz de vários corpos de bombeiros, iniciativa que visa captar a atenção dos mais novos para o movimento do voluntariado. Este projeto permite fomentar a união, o trabalho conjunto, bem como a troca de experiências entre participantes mas também com os tutores e formadores. Os infantes e cadetes partici- param em jogos de salvamento aquático, pinturas faciais, escalada e slide, visita aos navios de guerra da Marinha Portuguesa, bem como formação diversa. Para os estagiários e bombeiros também a formação não descurada nomeadamente nas vertentes do salvamento e resgate em falésia, língua gestual no contexto da emergência pré-hospitalar e salvamento aquático. A ecologia e sensibilização ambiental deram o mote para trabalhos de manutenção do espaço do acampamento, tendo os participantes realizado SERTà Juve promove fim de semana Radical O Núcleo da Juvebombeiro da Sertã promove nos dias 19 e 20 de outubro V edição do fim de semana Radical na Sertã, uma iniciativa que visa dar a conhecer a realidade do corpo de bombeiros, bem como a gastronomia e paisagens da desta vila. Este encontro inclui um acampamento, bem como jogos tradicionais e peddy-paper, diversão noturna e ainda uma visita ao quartel dos bombeiros e à Vila da Sertã. tarefas de conservação de infraestruturas. No encerramento do acampamento, o coordenar distrital da juvebombeiro Nuno Delicado fez um balanço positivo da iniciativa que contou, entre outros, Federação dos Bombeiros do distrito de Setúbal e das as associações humanitárias do concelho de Almada. A comissão coordenadora distrital da Juvebombeiro de Setúbal promoverá, em Abril de 2014, um intercâmbio de jovens na Capital da Eslovénia, Liubliana, em parceira com a Comissão Europeia, a Agência Nacional do Programa Jovens em Ação, a Associação Nacional de Bombeiros Eslovenos e ainda as congéneres Catalãs e Croatas. Sérgio Santos 28 SETEMBRO 2013 MORA SEIXAL Núcleo muito ativo A “Airsoft” a favor dos bombeiros equipa Black Eagles Team do Clube Recreativo da Cruz de Pau promoveu um jogo solidário de “airsoft” a favor dos bombeiros mistos do Seixal. As antigas instalações da fábrica da pólvora em Corroios foram o local escolhido pela organização para realizar o jogo “Eagle Clah II” que durou 24 horas e contou em prova com mais de meia centena de participantes, que voluntariamente contribuíram para um valor de 941,45 euros, verba entretanto já entregue aos bombeiros mistos do Seixal. Sérgio Santos ALMADA Fanfarras em desfile O Núcleo da Juvebombeiro de Mora tem realizado, este ano, diversas atividades lúdicas, desportivas e musicais com o intuito de “promover o voluntariado”. Das ações realizadas, destaque para “Paintball no parque ecológico do Gameiro” e ainda o baile de carnaval e o concerto de Miguel Azevedo. O núcleo organizou também uma visita de estudo aos bombeiros de Mora para os pequenos utentes do Jardim de Infância da Santa Casa da Misericórdia, bem como a 3.ª edição do ‘’Fim de semana no quartel’’, mobilizando 24 jovens, com idades compreendidas entre os 8 e os 15 anos, que aprenderam técnicas de socorrismo e de combate a incêndios, ordem unida, e numa vertente mais lú- dica, puderam ainda passear de barco e conviver em jogos radicais, lúdicos e tradicionais. Os responsáveis da Juve revelam que para o resto do ano estão planeadas outras atividades, o que demonstra “a capacidade de organização e do trabalho dos delegados e dos membros do núcleo, movidos por um espírito de união e sacrifício”. O s Voluntários de Almada promoveram o 1.º desfile de fanfarras, iniciativa que para além da instituição anfitriã, contou com a participação BARCELINHOS O A portante para as suas vidas e aí está foto a testemunhá-lo. Feli- cidades para os dois é o desejo da nossa Redação. tombaram no combate às chamas no passado mês de agosto foram evocados num minuto de silêncio em sua memória. TERCEIRA Filipe e Ana casam Filipe António Ribeiro da Silva, bombeiro de 3.ª dos Voluntários de Barcelinhos e membro da equipa de intervenção permanente (EIP) daquele corpo de bombeiros, decidiu com a Ana Catarina da Gama Mendes darem o nó. E, se bem pensaram, assim fizeram no passado dia 14, ao meio-dia, na igreja de S. Martinho da Gandra, concelho de Ponte de Lima. Os noivos quiseram partilhar connosco um momento tão im- de músicos dos corpos de bombeiros da Amadora, Bucelas, Cacilhas, Caneças, Queluz e Seixal. Os oito soldados da paz que Bombeiros dão o nó notícia chegou-nos recentemente através do presidente da direção dos Bombeiros Voluntários de Praia da Vitória, Terceira-Açores, Luis Vasco Cunha, com “o prazer de vos expressar o orgulho de todo o corpo de bombeiros e dos seus corpos sociais”. As fotos dizem respeito ao casamento, realizado na sede da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Praia da Vitória, ocorrido em 13 de julho último, entre a bombeira de 2.ª Maria Rita Costa e o chefe Alexandre Cunha. Para Luis Cunha,”foi uma verdadeira festa de bombeiros e é um exemplo vivo do que é ser bombeiro em Portugal”. “O casamento civil foi abrilhantado por uma bonita actuação do “Coro Pactis”, cujas vozes ecoaram pelo quartel de forma melodiosa, à qual se seguiu uma brilhante alocução pelo padre Júlio Rocha que benzeu as alianças dos recém-casados” informou-nos o mesmo dirigente. Depois, o fogo-de-artifício que encheu de luz o quartel “fez conciliar o fogo da paixão do jovem casal, um pelo outro com, a paixão que sentem pela sua actividade enquanto bombeiros”. A guarda de honra foi prestada ao som da sirene do quartel, desta vez com um harmonioso som que é orgulho de todos os bombeiros desta associação. A festa durou, literalmente, até de manhã e além dos muitos bombeiros locais deslocaram-se propositadamente para esta Festa o comandante Jana, o adjunto de Mousaco e a bombeira Andrea, todos dos Voluntários de Mação. Entretanto, os nubentes, Rita e Alexandre, acabaram de regressar à Terceira, depois de mais uma missão no apoio aos camaradas de Mação e Sardoal. 29 SETEMBRO 2013 SNB – 29 DE SETEMBRO DE 1980 P orque recordar é viver, lembra-se que se completam trinta e três anos no dia 29 de setembro, data em que em 1980 foi aprovada a lei orgânica do Serviço Nacional de Bombeiros (SNB) como órgão de tutela dos bombeiros portugueses, através do Decreto-Lei n.º 418/80. Foi uma data importante que marcou positivamente a evolução, em todos os aspetos, da operacionalidade, da funcionalidade, do apetrechamento e do re-equipamento dos corpos de bombeiros. Diga-se ainda que a área de formação também mereceu uma evolução muito positiva e inclusivamente a criação da Escola Nacional de Bombeiros, que já fazia parte do clausulado do Decreto-Lei acima referido, acabou por acontecer no ano de 1987. Mas, sublinhe-se, tudo isto aconte- ceu por pressão dos bombeiros portugueses que ao longo dos anos, determinadamente, tudo fizeram para que o organismo, a que foi dado o nome de SNB, fosse criado. Nesse sentido, salientam-se os trabalhos do Congresso de Aveiro, realizado em 1970, onde a Liga foi mandatada para elaborar e apresentar superiormente um documento justificativo dos anseios dos bombeiros e do interesse de ser criado um Organismo oficial, com autonomia e com poderes na organização dos Bombeiros Portugueses. O trabalho de sensibilização foi continuando porque os interesses e as propostas dos bombeiros tardavam em ser realizadas. Finalmente veio o tal dia 29 de setembro de 1980 que deu vida, organização e competências ao Serviço Na- Foto: Arquivo Uma conquista dos bombeiros cional de Bombeiros do qual foi seu primeiro presidente o Padre Dr. Vítor Melícias Demorou tempo, mas depois de 1980 os Bombeiros viveram tempos muito importantes pelo menos até 2003, quando muita coisa foi alterada. É certo que nem tudo o que foi feito terá tido sempre os melhores resultados, mas o cômputo final é francamente positivo. A terminar só uma palavra acerca do edifício onde foi a sede do SNB, na Rua Júlio Andrade em Lisboa, que também faz parte da história do Serviço. Era um palácio com valor arquitetónico significativo e dizia muito aos bombeiros. Após a saída do Serviço daquelas instalações, a Liga ainda tentou candidatar-se à sua aquisição, mas creio que nunca terá recebido qualquer resposta. Depois o edifício esteve anos ao abandono, desconhecendo o seu estado atual e se o património que por lá ficou chegou a ser recuperado. Mas isso são contas de outro rosário. Resumindo e concluindo, o SNB foi uma conquista dos bombeiros. Carlos Pinheiro Bombeiro Onde estás Bombeiro És Missionário, sim Quando a sirene toca? Quando salvas os outros Sim, toca a sirene Defendes a floresta E o teu coração corre E te dás Corre… Te esqueces de ti! E corres para o desconhecido A sirene toca Mas não hesitas, E o teu coração vai Corres para o perigo Como mola que te solta Mas não te negas. Para o Resgate..Afogamento..Emergência.. A sirene toca Mas quantas vezes és tu o encarcerado E já tuas botas estão calçadas Se o teu poder já não pode Prontas a galgar caminhos E o teu querer já não consegue? A subir escadas Mas, não… A salva aflitos… Tu não desistes nunca Nos primeiros socorros estás presente E quando a sirene toca No transporte de vítimas O teu coração salta de novo Ali vais! E tu de novo corres Em veículos de resgate Para Salvar..Socorrer..Proteger..Amparar.. Estás de SERVIÇO. E que mais? T, sempre tu bombeiro Que mais és capaz na hora certa? Que todo te entregas Talvez o decerto E te esqueces de ti! Dar a vida! Partes na incerteza OBRIGADA BOMBEIRO Mas em Missão… Na hora certa. Teresa Duarte Reis em setembro de 1993 30 SETEMBRO 2013 EM LOUVOR DOS BOMBEIROS E BOMBEIRAS UMA SIMPLES HOMENAGEM Foto: Sérgio Santos a minha qualidade de presidente da direção da Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV) tenho tido a honra de participar nas celebrações do Dia Nacional do Bombeiro. Emociono-me sempre no decorrer do desfile. São milhares, os Soldados da Paz – e nunca estão todos – que marcham vigorosa e alegremente, envergando fardas de todos os tipos, existentes em cada uma das corporações, mostrando todo o equipamento que dispõem para cumprir a missão que, voluntariamente, abraçaram. Perante tão grande número de bombeiros e tanta determinação, interrogo-me sempre: que ou quem faz tantos jovens, homens e mulheres disporem-se a correr riscos de vida para melhorar ou salvar a dos seus semelhantes sem exigirem nada em troca? É difícil encontrar resposta para esta pergunta, numa sociedade sustentada por um modelo civilizacional, predominantemente, monetarista, que valoriza mais o que tem preço, comercializando tudo, até os afetos. Quem se deixou embrenhar neste modelo facilmente responderá que há sempre interesses pessoais que se buscam, porque “não há almoços grátis”. Compreendo que gastar e, sobretudo, dar mesmo a vida gratuitamente possa parecer uma loucura aos olhos dos materialistas e racionalistas. Será uma sã loucura, mas nunca um embuste. Há, de verdade, quem se dedique aos outros de forma grátis. Basta aos mais céticos atentar o que tem acontecido de norte a sul do país e na ilha da Madeira. Mãos criminosas, comandadas por interesses misteriosos ou por mentes doentias, bem como matas carregadas de sujidades naturais ou resultantes da negligência humana, favorecidas por condições climatéricas altamente favoráveis, têm espalhado o fogo, destruindo, sem clemência, tudo o que encontrou pela frente. Tudo há de vir a ser regenerado ou recuperado. As florestas voltarão a florescer; aos campos lançar-se-ão novas sementes para que surjam pujantes searas; os criadores de gado adquirirão novos animais que alimentarão para voltar a comercializar; as casas, no mesmo lugar ou noutro, serão (re)construídas. Não faltem os apoios financeiros, facilitem-se a os processos burocráticos e tudo renascerá das cinzas. Mas isso não acontecerá às vidas humanas ceifadas pelas chamas traiçoeiras. Gente nova, no vigor da sua existência terrena, optaram por vivê-la ao serviço dos outros a partir do lema “Vida por vida”. Tiveram, de certeza, muitos momentos de alegria, resultante da satisfação causada pelo seu generoso serviço. Mas não faltaram também tempos de desânimo pelos apoios não concedidos, pelas suspeições levantadas ou pelas incompreensões perante limites intransponíveis. A morte Foto: Sérgio Santos Tondela) N Obrigado por tudo e por tanto P nunca pode ser a recompensa desejada (seria paranoico), mas também não é rejeitada pelos verdadeiros heróis. É a sua coroa de glória. Perante estes testemunhos de entrega radical da própria vida, haverá alguém que ainda seja capaz de desconfiar da gratuidade das motivações dos que se dão aos outros? Houve quem dissesse que os bombeiros voluntários não estão, tecnicamente, bem capacitados. Não estou apto a contrapor. Só sei que a Escola Nacional dos Bombeiros tem feito um excelente trabalho e acompanho o esforço de formação técnica, humana e espiritual que muitas Corporações têm desenvolvido para habilitar os seus soldados. Mas não há técnica que resista a tantas horas, ininterruptas, de trabalho em condições tão adversas. Falham todas as competências perante os imprevistos da Natureza. Nem se pode pôr em prática tudo o que se sabe quando se desconhece o lugar onde se vai agir. Só Deus nunca falha. É óbvio que o aumento de conhecimentos é necessário. Mas são, igualmente, importantes, a concessão dos meios necessários; a implementação de medidas preventivas como sejam a limpeza das matas e a sensibilização das populações para as suas responsabilidades nesta área; a maior articulação entre as forças policiais para se encontrarem os verdadeiros criminosos e responsabilizá-los com exemplaridade; tratar, adequadamente, da saúde mental dos que se “deleitam” com estes fatídicos espetáculos. Aos nossos bombeiros e bombeiras só temos que dizer: obrigado por tudo e por tanto. Aos que deram a vida ofereçamos o nosso compromisso de sermos dignos da sua dádiva total, contribuindo para que Portugal arda, cada vez mais, em labaredas de solidariedade e justiça fraterna. Eugénio Fonseca Presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal e da Cáritas Portuguesa Apesar da tragédia, não desistiremos nunca ermitam-me desta vez que expresse algumas palavras pela trágica morte de mais um Bombeiro de Portugal desta vez do Corpo de Bombeiros do Estoril, do meu Corpo de Bombeiros do Estoril, para onde entrei como cadete em 1972 e de onde saí 15 anos depois passando ao Quadro de Honra com Comandante. E faço-o em homenagem ao Bernardo Figueiredo que hoje faleceu, na flor da idade, depois de lutar pela vida durante vários dias e que obviamente me tocou particularmente. Não o conhecia pessoalmente mas sei que era um Bombeiro simples, competente, dedicado, disciplinado e que no terreno desenvolveu a sua missão, todos os minutos, de todas as horas, de todos os meses, de todos os anos, longe dos holofotes do protagonismo fácil e de duvidosa consistência. Se existe medida para a grandeza dos Homens ela revela-se na grandeza daquilo que cada um faz ou pode fazer. E um grande Homem é sempre aquele que realiza coisas maiores do que ele próprio, que se ultrapassa, que se dá aos outros, que se dá à comunidade, que dá a sua vida pela vida dos outros. O Bernardo, a Rita, o Pedro e o António, nortearam sempre a sua conduta em prol do ideal de serviço à comunidade com total disponibilidade e dedicação e colocaram continuadamente o melhor de si próprios ao serviço dos outros, sem outra pretensão que não fosse o gosto do dever cumprido. Eles que tombaram no cumprimento desta exigente, perigosa e desgastante missão, simbolizam a grandeza dos Bombeiros de Portugal e merecem o RESPEITO E O APLAUSO DE TODOS (eu repito... Todos) OS PORTUGUESES… Os tempos que se seguem não serão seguramente mais fáceis! Mas apesar da tragédia, NÃO DESISTIREMOS NUNCA, porque é em momentos como estes que a tenacidade, a determinação e a confiança não podem esmorecer. É em momentos como estes, que nos obrigamos a um esforço suplementar pelos valores que norteiam os Bombeiros de Portugal, continuando, sem hesitações, com firmeza mas em segurança, a proteger as pessoas, o seu património e um bem estratégico do país que é a nossa floresta… Bernardo, Rita, Pedro e António, Acompanhando o pensamento de todos os que direta ou indiretamente usufruíram da vossa atuação, da vossa generosidade, das vossas capacidades… Acompanhando o pensamento de todos os vossos companheiros que vos acompanharam nas horas difíceis de combate aos incêndios florestais… Acompanhando o pensamento dos vossos familiares e amigos… de pé e em sentido quero dizer-vos… onde quer que estejam… OBRIGADO… Paulo Gil Martins ANIVERSÁRIOS 1 de outubro Bombeiros Voluntários de Póvoa de Varzim . . . . . . . . . . . . . . . . 136 Bombeiros Municipais do Sardoal . . . . . . . 60 Bombeiros Privativos Vista Alegre . . . . . . . 33 2 de outubro Bombeiros Voluntários de Queluz . . . . . . . 92 Bombeiros Voluntários de Velas . . . . . . . . 35 3 de outubro Bombeiros Voluntários de Valbom . . . . . . . 86 Bombeiros Voluntários de Ribeira de Pena . 35 5 de outubro Bombeiros Voluntários Torrejanos . . . . . . . 82 6 de outubro Bombeiros Voluntários de Salto . . . . . . . . 26 7 de outubro Bombeiros Voluntários de Oleiros . . . . . . . 65 Bombeiros Voluntários de Nespereira . . . . . 40 8 de outubro Bombeiros Voluntários de Baião . . . . . . . . 52 Bombeiros Voluntários de Juncal . . . . . . . . 29 9 de outubro Bombeiros Municipais de Machico . . . . . . . 53 Bombeiros Voluntários de Castelo de Paiva . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 11 de outubro Bombeiros Voluntários de Torres Vedras . . 110 Bombeiros Voluntários de Praia da Vitória . 29 12 de outubro Bombeiros Voluntários de Armamar . . . . . . 82 14 de outubro Bombeiros Voluntários de Penedono . . . . . 42 15 de outubro Bombeiros Voluntários de Odemira . . . . . . 78 Bombeiros Voluntários de Moura . . . . . . . . 66 Bombeiros Voluntários de Sever do Vouga . 53 Bombeiros Voluntários de Lagoa . . . . . . . . 35 18 de outubro Bombeiros Voluntários de Lisboa . . . . . . . 145 Bombeiros Voluntários de Espinho . . . . . . 118 19 de outubro Bombeiros Voluntários de Setúbal . . . . . . 130 20 de outubro Bombeiros Voluntários de Santiago do Cacém . . . . . . . . . . . . . . 100 Bombeiros Voluntários de ira de Frades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Bombeiros Voluntários de Mourão . . . . . . . 35 Bombeiros Voluntários de Santa Marinha do Zêzere . . . . . . . . . . . 25 22 de outubro Bombeiros Voluntários de Évora . . . . . . . 131 Bombeiros Voluntários de Campo Maior . . . 64 Bombeiros Voluntários de Sátão . . . . . . . . 35 24 de outubro Bombeiros Voluntários de Vinhais . . . . . . . 78 Bombeiros Voluntários de Almodôvar . . . . . 36 25 de outubro Bombeiros Voluntários de Alcácer do Sal . 102 Bombeiros Municipais de Coruche . . . . . . . 85 26 de outubro Bombeiros Voluntários da Marinha Grande . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Bombeiros Voluntários do Redondo . . . . . . 63 Bombeiros Voluntários de Alcanede . . . . . . 19 Bombeiros Municipais de Faro . . . . . . . . . . 92 27 de outubro Bombeiros Voluntários de Mortágua . . . . . 90 28 de outubro Bombeiros Voluntários Pinhelenses . . . . . 107 Bombeiros Voluntários de Borba . . . . . . . . 66 Bombeiros Voluntários do Seixal . . . . . . . . 36 Bombeiros Voluntários da Marinha Grande . . . . . . . . . . . . . . . . 114 29 de outubro Bombeiros Voluntários de Santarém . . . . 142 Bombeiros Municipais de Olhão . . . . . . . . . 82 Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos . . . . . . . . . . . . . . . . 64 30 de outubro Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos . 120 31 de outubro Bombeiros Voluntários de Alcochete . . . . . 65 Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Fonte: Base de Dados LBP 31 SETEMBRO 2013 EVOCAÇÃO odos os verões têm no menu mediático a dita cobertura da época de incêndios. As televisões esgotam-nos a atenção com a repetição das imagens dos incêndios, algumas até sem correspondência geográfica ou temporal com o fato noticiado no momento. Dizem os entendidos que esta permanente publicidade pode ser potenciadora, junto dos pirómanos, de novas ocorrências. Sem falar na repetição das imagens da assistência médica no “teatro de operações”, no meu modesto sentir, desrespeitador da privacidade dos malogrados bombeiros feridos. Mas tudo isto se resolve mudando de canal, virando a página do jornal ou revista, ou clicando para outros destinos. A vida desses bombeiros, essa, não se resolve desse modo. No dia 5 de agosto fui chamado ao Hospital da Prelada, da Misericórdia do Porto, para dar assistência a um jovem no Serviço de Queimados, o Daniel. Quando cheguei foram-me apresentados os pais, a D. Lur- des e o Sr. Domingos, conheci também o Sr. Comandante dos Bombeiros de Miranda do Douro. Passados longos minutos de conversa conheci o Daniel e ungi-o com a Santa Unção. Desse dia em diante o Daniel passou a ocupar lugar especial nas minhas orações... o tempo foi passando e a presença na Prelada dos pais do Daniel bem como dos Bombeiros de Miranda era cada vez mais familiar. Prometi um dia visitar o Santuário de Nossa Senhora do Naso, em Póvoa, a terra natal do Daniel, de grande devoção da mãe Lurdes. Tudo nos parecia correr bem, até que fomos assaltados pela notícia da morte do Daniel, no dia 6 de setembro. Foi o oitavo a sucumbir: Fernando Reis, Bernardo Cardoso, Cátia, Bernardo Figueiredo, Ana Rita, Ferreira, Pedro Rodrigues e Daniel. Nas minhas orações sempre pedi que Deus Pai providenciasse o melhor para o Daniel...o Falcão está novamente livre e regressou a Casa, à nossa Casa comum. terra e todos os nossos bombeiros. Acompanhamos o Daniel até à sepultura dos seus restos mortais... o Falcão, esse, voa... No regresso ao Porto fui cumprir a promessa de visitar o Santuário da Senhora do Naso e aproveitei para visitar também a vetusta Sé de Miranda e o celebre Menino Jesus da Cartolinha... desta vez vestido com a farda de honra de...Bombeiro. Este relato sobre o Daniel Falcão quer ser homenagem a todos os nossos bombeiros, eles e elas, que durante todos os dias do ano, e não só no verão, estão disponíveis para vir em nosso auxílio. Dói muito, e ainda mais quando conhecemos os rostos e os nomes destes “heróis”, ouvirmos treinadores de bancada a comentar os incidentes e acidentes ocorridos, no conforto das suas existências. Nada é perfeito, podemos e devemos fazer sempre melhor, aprender uns com os outros. Mas não é necessário que seja uns contra os outros. Curvo-me muito respeitosamente perante estes irmãos e irmãs que materializaram nas suas vidas o lema VIDA POR VIDA. Curvo-me perante todos os portugueses e portuguesas quando abraçam vocações das quais faz parte, de modo muito real, a possibilidade de não regressar a casa depois de um labor... penso nos bombeiros, nos policias, nos militares e certamente muito outros que nem sequer tenho noção. Padre Américo Aguiar Capelão-Mor da Santa Casa da Misericórdia do Porto melhor solução seria utilizar o contrafogo, estava-me borrifando para GAUF’s ou lá o que quer que fosse e utilizava-o, de imediato. Entre muita coisa que há para debater passada esta época crítica, é bom não esquecer o contra-fogo. Repito: não tenho dúvidas de que muitos incêndios florestais tomaram as proporções que tomaram pela existência dessa imposição absurda e como as leis e regulamentos são feitos pelos políticos, também, por isto ser como é, têm de ser responsabilizados. E a GNR que tem outras coisas mais importantes a fazer cumpre ordens, obviamente, que se deixe de perseguir bombeiros. Curioso: Num dia tratam-nos como heróis, no outro andam a persegui-los como criminosos. É este o país que temos. Este é um texto de revolta. P. S. Para aqueles que me não conhecem, e possam pensar que se trata de mais um texto de um qualquer teórico de incêndios florestais, informo que fui comandante dos Bombeiros de Nespereira, com muita honra, - hoje sou comandante do Quadro de Honra - Inspetor Regional Adjunto de Bombeiros do Norte e Inspetor Distrital de Bombeiros de Aveiro. António Salazar Foto: Sérgio Santos (Tondela) T “O Falcão, esse, voa...” Fiz questão de estar no funeral. Póvoa, Miranda do Douro, 8 de Setembro, dia da Natividade de Nossa Senhora, dia de aniversário da nossa Mãe do Céu, 9h. A viagem do Porto, só de pensar, era difícil...mas tudo correu muito bem, acompanhou-me o Diácono Fernando Almeida, da Capelania da Prelada e lá fomos. Chegado tomei consciência que o funeral do Daniel aconte- cia exatamente no dia da grande festa da terra, a Senhora do Naso... que eu tinha prometido visitar um dia... A celebração decorreu com toda a emotividade que se possa imaginar. O senhor Ministro da Administração Interna, o presidente da Liga de Bombeiros, as autoridades militares, da Proteção Civil, das autarquias, muitos, muitíssimos anónimos a confortarem, dentro do possível, aquela família, aquela CONTRAFOGO OU FOGO TÁTICO á há muito que ando indignado, pelas mesmas razões que grande parte dos portugueses. Hoje fiquei ainda mais indignado ao ler que a GNR anda a investigar bombeiros do distrito de Viseu, por uso indevido do contrafogo ou fogo tático. O contrafogo - deixem-me usar este termo, que toda a gente percebe melhor - é uma arma poderosíssima e eficaz, muitas vezes a única eficaz, para proteger vidas e bens, para mais rapidamente extinguir um incêndio. Em quase trinta anos a combater incêndios florestais, usei-o com enorme sucesso diversas vezes. Não tenho qualquer dúvida que, com os bombeiros que co- mandava, dessa forma, salvámos milhares de hectares de floresta, nunca deixamos arder uma habitação, salvamos vidas. Não tenho qualquer dúvida em afirmar que uma das razões que tem levado a que os incêndios tomem as proporções que têm tomado, com as consequências que todos conhecemos, é a não utilização oportuna do contra-fogo. Quem já esteve milhares de horas à frente de um incêndio, como eu, sabe muito bem que, na maioria dos casos, não se pode esperar que o GAUF (Grupo de Análise e Uso do Fogo) chegue ao teatro de operações ou alguém autorize o contrafogo. O tempo é inimigo do combate. Há opera- Foto: Marques Valentim J Indignado ções que não se compadecem com o cumprimento de leis e regulamentos feitos por pessoas que podem até ser bons teóricos, mas falta-lhes a experiência no terreno, a tal universidade da vida. Tão e mais im- portante que legislações absurdas é o bom senso. Se ainda hoje tivesse idade de estar em atividade e chegasse a um incêndio florestal, depois de tomados os procedimentos adequados, se entendesse que a REFLEXÃO tempo de refletir... Todos os dias há relatos dos últimos acontecimentos em TO com intervenção dos bombeiros, contudo o grande receio será o tempo. “Hoje” é tempo, e espero que no tempo, não caiam no esquecimento as lutas e desventuras que todos os dias, não só em tempo de sol, mas em todo os 365/6 dias por ano, centenas de bombeiros travam o combate contra as chamas, e estão em prontidão para o socorro, seja qual for, mesmo para subir a uma árvore às 4 da manhã para resgatar uma chave de casa num porta-chaves de fita, que o menino atirou só por birra, isto já aconteceu. E que não sejam também esquecidos todos os sacrifícios pessoais a que esses homens e mulheres se sujeitam, longas semanas sem irem a suas casas, sem verem a família, sem tempo para namorar, sem tempo para serem jo- vens, sem tempo para tirar fotos às suas pernas na praia, sem olharem o horizonte e vislumbrarem um cenário estival, de águas azuis e um areal dourado. De lembrar também os sacrifícios e necessidades que quartéis por todo o país sofrem para manterem as suas atividades, e que vêm o pouco que têm ser destruído em poucos minutos, mas lembremos acima de tudo o que de maior valor têm esses mesmos Corpos de Bombeiros e que é, inquestionavelmente, o seu corpo ativo, bravos elementos, homens e mulheres que todos os dias a qualquer hora se predispõem a dar a sua vida... por outra vida. Chamar de anjos, não concordo, somos homens e mulheres... Lembrados e gratificados após a morte... ou após o infortúnio. A virtude da gratidão é para poucos. Oito de nós perderam a vida, a grande mágoa é a consciência, Foto: Sérgio Santos É Educar para prevenir a necessidade da perda de oito e repito oito bombeiros em combate para haver um alerta de consciência que nós existimos... nós somos vocês... Coloquem um post de “remember” para não haver esquecimento. Aproveito para lembrar a falta de acessos das nossas florestas e das barreiras construídas pelos homens que obrigam os bombeiros a caminha- rem horas a fio com ferramentas manuais até chegarem ao foco de incêndio, mas aí é que está a diferença entre o homem comum e o homem bombeiro... ele vai... não espera, ele defende... Aproveito para mandar um grande abraço aos Bombeiros de Salto que muito me ensinaram, espírito de camaradagem e de luta com muita hu- mildade e boa disposição homens guerreiros que pouco tem, mas albergam uma grande vontade e determinação na luta contra este flagelo. Um obrigado à casa que me acolheu e que é a minha casa nestes últimos meses, dia e noite os sete dias da semana, os Bombeiros Voluntários da Cruz Branca. Quero seriamente acreditar que muito se fará pela prevenção, sim e afirmo, o combate está na prevenção, no “educar para prevenir”. Em jeito de despedida fica a ideia. Brincar com o trabalho dos bombeiros, é brincar consigo mesmo. Seja adulto e consciente dos seus atos. Porque ser bombeiro é ser humano. Ser bombeiro é ser “tu” antes do ser “eu”. Bombeiros Cruz Branca pela humanidade Adsumus in periculo. Andreia Pinto 32 SETEMBRO 2013 KAMOV: METADE DA FROTA ESTÁ PARADA MAI contrata dois aviões até 31 de outubro N uma altura em que a frota da Empresa de Meios Aéreos (EMA) está limitada, o Governo viu-se obrigado a contratar por ajuste direto dois aviões anfíbios que vão estar disponíveis até ao dia 31 de outubro. O contrato foi celebrado com a Sociedade Aviación Agrícola de Levante, com sede em Valência, e vai custar quase 700 mil euros. A decisão tem por objetivo “salvaguardar” a capacidade do dispositivo aéreo já que metade da frota dos helicópteros pesados Kamov continua inoperacional. Segundo informações do Ministério da Administração Interna, um dos helicópteros não pode operar por questões de “manutenção programada” e um outro está “a ser alvo de mudança de motor”. Para além destes, há ainda um terceiro Kamov parado há mais de um ano, depois do acidente ocorrido em Ourém. Porque as intervenções técnicas há muito que já estavam programadas, e perante a eventualidade do tempo quente e seco poder estender-se até final do outubro, o Governo aprovou em Conselho de Ministros, a 14 de agosto, a locação de um helicóptero pesado que iria reforçar o dispositivo. A resolução que autorizava a despesa com o aluguer desta aeronave foi justificada com o facto de três dos seis helicópteros do Estado se encontrarem “indisponíveis”. Esta intenção acabou por não ser viável já que a empresa contactada para o fornecimento do aparelho não tinha as “licenças necessárias” para operar em Portugal. Desta forma, o executivo, através de uma outra resolução decidiu não alugar um helicóptero pesado, mas antes “dois aviões anfíbios”. Patrícia Cerdeira CONSELHO NACIONAL DA LBP LOUVOR/REPREENSÃO À RTP, com o apoio do BES e PT, aos seus profissionais pela produção do programa “Heróis de Portugal” do passado dia 15 em homenagem aos bombeiros portugueses. A todos aqueles que através de diversas iniciativas proporcionaram homenagens e obtenção de apoios significativos em favor do Fundo de Proteção Social do Bombeiro, seja ao Tony Carreira, ao Pedro Fonseca promotor da campanha “1 euro”, ao jornal “Correio da Manhã” , à Federação Portuguesa de Futebol e aos clubes, nomeadamente ao Sport Lisboa e Benfica, e tantos outros, fica também o louvor de todos nós. A todos os que ficaram indiferentes a essas justas homenagens e que, em diversos momentos, têm cuidado de minimizar e até criticar o esforço e a qualidade da intervenção dos bombeiros. A Crónica do bombeiro Manel A A Bombeiros debatem incêndios florestais análise e discussão dos incêndios florestais e suas consequências materiais e humanas é um dos pontos da ordem de trabalhos do Conselho Nacional (CN) da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) que se realiza em Campo Maior em 5 de outubro próximo, a partir das 9.30 h. O encontro do órgão máximo da LBP entre congressos decorre no auditório do Centro Cultural de Campo Maior, cedido pela câmara municipal, que também assegura a logística. A vigilância médica dos bombeiros é outro tema constante da ordem de trabalhos, bem como a candidatura a verbas comunitárias (POPH) designada por “Bombeiros Século XXI”, a eventual edificação de um memorial a construir em honra dos bombeiros falecidos e a atribuição da Fénix de Honra, no âmbito do regulamento de distinções honoríficas da LBP. Depois das homenagens migos, os bombeiros estão cansados do combate depois de dias e semanas a fio no duro. E, cá para nós, os bombeiros também ficarão cansados de tantas homenagens se não passarem disso e tudo o resto continuar a cair em saco roto. Há muita gente de bem a querer homenagear os bombeiros e é bom que assim seja. É bom lembrar os bombeiros que deram a vida por aquilo que não é deles. É bom lembrar que, apesar do granel que mais uma vez andou por aí, os bombeiros mais uma vez não viraram costas, ao mesmo tempo que outros tremiam e “cagavam” sentenças. Quem anda no terreno, e sofre muito, sabe que não somos baratas tontas nem tordos apesar de haver quem nos queira ver assim por que lhes dá jeito. Os bombeiros são sempre os últimos a entrar quando já ninguém consegue fazer nada. Por isso os risco são enormes e quando algo se torna mais difícil de fazer ou nem sempre se reúnem as melhores condições “aqui del rei” que os bombeiros, isto e aquilo… Quando havia fogo por todo o lado, mais uma vez ouvi dizer uns respon- sáveis que tudo tem o tempo próprio e eu até estou de acordo. Diziam que não era tempo de apontar culpados mas tempo para combater as chamas. A conversa é sempre a mesma. Dizem que fica para depois e depois quando tudo passa já ninguém se lembra. Até ao ano seguinte em que a conversa volta ao mesmo. Gostava de desta vez não ter razão. E também não percebo uma conversa que voltei a ouvir no terreno com a pressão sobre os comandantes para resolverem os problemas em menos de 2 horas para não irem para a página da Autoridade. Será para que se vejam só três ou quatro fogos quando na verdade há trinta ou mais? Acho que não temos nada a esconder e por isso não fica mal por tudo no papel ou na página. Até ajudava melhor a conhecer o real esforço dos bombeiros. E já agora outra coisa. Não dizem que os meios aéreos são para os fogos nascentes? Então por que razão isso não tem acontecido dessa forma em muitos casos? E ainda mais outra coisa. Afinal há tipificação ou não, ou há e não há só quando dá jeito. Se cumprissem no fio da navalha aquilo que estava dito so- bre o tipo e o número de viaturas nos cbs haveria viaturas para mandar para outras zonas do país como voltou a acontecer este ano? Todos sabemos que não. Por isso, também temos que dar a volta a isso. [email protected] FICHA TÉCNICA: Administrador: Presidente do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses – Director: Rui Rama da Silva – Redacção: Patrícia Cerdeira, Sofia Ribeiro – Fotografia: Marques Valentim – Publicidade e Assinaturas: Maria Helena Lopes – Propriedade: Liga dos Bombeiros Portugueses – Contribuinte: n.º 500920680 – Sede, Redacção e Publicidade: Rua Eduardo Noronha, n.º 5/7 – 1700-151 Lisboa – Telefone: 21 842 13 82 Fax: 21 842 13 83 – E-mail: [email protected] e [email protected] – Endereço WEB: http://www.bombeirosdeportugal.pt – Grafismo/Paginação: Elemento Visual – Design e Comunicação, Lda. – Apartado 27, 2685-997 Sacavém – Telef.: 302 049 000 – Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA – Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Morelena – 2715-029 Pêro Pinheiro – Depósito Legal N.º 1081/83 – Registo no ICS N.º 108703 – Tiragem: 11000 Exemplares – Periodicidade: Mensal
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