tony carreira salvaram idosa «verdadeira formação é nos quartéis

Transcrição

tony carreira salvaram idosa «verdadeira formação é nos quartéis
OITO MORTOS EM COMBATE
António Ferreira
Ana Rita Pereira
Cátia Pereira
Bernardo Cardoso
Bernardo Figueiredo
Daniel Falcão
Fernando Reis
Foto: Sérgio Santos
Pedro M. Rodrigues
Setembro de 2013
E dição : 324
A no : XXXI
1,25€
D irector : R ui R ama da S ilva
TONY CARREIRA
ONDA DE
SOLIDARIEDADE
Páginas
16, 17, 18
SALVARAM
IDOSA
Presidente da ENB
Página 19
«VERDADEIRA FORMAÇÃO
É NOS QUARTÉIS»
Página 10, 11 e 12
Foto: Marques Valentim
Foto: Marques Valentim
PEDROUÇOS
2
SETEMBRO 2013
[email protected]
Que a onda não perca força
O
O mundo não foi
sempre assim
projecto legislativo, em fase de debate,
sobre a hipótese de constituição de agrupamentos apresenta-se como, “alargar a esfera de liberdade dos corpos de bombeiros,
esperando com isso obter resultados positivos no sentido de maior eficiência operacional”.
Ao longo dos anos, de modo gradual e consistente, os corpos de bombeiros associativos, privativos, sapadores e municipais, têm
sabido intervir em conjunto obviando uma lógica de triangulação operacional eficiente e
eficaz. Isto aconteceu sem que tivesse havido, à partida, qualquer necessidade de alterar
o normativo legal que gere o universo dos
bombeiros. Partiu de uma simples demonstração de vontade, começada de forma informal, desenvolvida e consolidada em articulação entre todos, com os CDOS e com outros
parceiros da protecção civil. Da experiência,
depois, nasceram as regras construídas por
todos.
A meu ver, para já, essa articulação está
feita e agilizada ao minuto, sem que para tal,
como sabemos, tivesse sido necessário, previamente, por exemplo, constituir qualquer
outra estrutura, nomeadamente, um agrupamento. Isso quer dizer que a lógica da partilha e do cruzamento de meios operacionais
está há muito rodada, sem outras ferramentas que não sejam as já existentes.
Á partida, mesmo assim, como mera tese
de trabalho, não ponho em causa esta nova
hipótese, esta eventual solução ou caminho
para alguns casos, situações, ou zonas geográficas, caso as associações e corpos de
bombeiros locais a escolham livremente trilhar. Mas a sua novidade, e a ênfase com que
tem vindo a ser referida, porém, não poderá
esgotar o recurso a outras soluções ou às
mesmas que, com resultados, têm vindo a
utilizar até informalmente.
É saudável que, reforço, ainda apenas em
tese e por que defendo que haja sempre debate, não se ponha em causa essa eventual
saída, porventura operacional ou, até, administrativa. Mas, também, como é comum dizer-se, de tanto querer fazer, não se corra o
risco de afogar o bebé na água do banho. Ou,
dito de outra maneira, nem toda a terapêutica é a aconselhável para muitos, ou até para
o todo, sem descriminação positiva na prescrição e na sua aplicação na dose e no tempo.
E, sempre, apenas quando o caminho é o escolhido livre e exclusivamente pelos interessados.
Mas também sabemos que vivemos tempos difíceis, marcados pela tirania da economia e em que outras facetas igualmente importantes, ou são esquecidas, ou saem desvalorizadas.
As dificuldades não são indiferentes às associações de bombeiros. Aliás, ao longo das
suas histórias, de uma maneira ou de outra,
conviveram sempre com elas. Mas, hoje,
quando se constata uma crise significativa na
sustentabilidade das associações será que
isso se fica a dever à sua deficiente gestão,
como alguns parecem fazer crer a justificar
outras medidas e soluções? Ou, pelo contrário, fica a dever-se às restrições impostas
pelo Estado e às sucessivas mudanças de opções, estilo catavento, nas relações do mesmo Estado com os bombeiros?
Hoje, como sempre, sem preconceitos,
mas também sem falsas certezas, importa
que os bombeiros e os seus dirigentes saibam
avaliar as vantagens e os riscos das propostas que lhes são apresentadas. Agora, são os
agrupamentos mas, no futuro, poderão ser
outros modelos ou soluções. Por que, no caso
dos agrupamentos, não chegámos ao fim de
nenhum caminho mas apenas ao seu anúncio
virtual. E é precisamente com esse sentimento e essa lógica que devemos encará-los. De
forma livre, aberta e descomprometida.
Com base nisso, como compatibilizar o modelo agrupamento, por exemplo, na lógica
municipal, intermunicipal ou até regional a
continuidade ou sobrevivência de outras actividades das associações fora do âmbito do
corpo de bombeiros mas cuja identidade e
prática só tem sentido num bloco, num conjunto em que só a interligação de todas as
secções, com especial incidência para o corpo
de bombeiros, preenchem o puzzle coerente
e sólido da instituição, criada e desenvolvida
na lógica e sentido de uma comunidade local.
Não foram as associações de bombeiros
que quiseram extravasar as respectivas
áreas de actuação. Foi, em primeiro lugar, a
solidariedade local e regional na lógica da
atrás citada triangulação, e, em segundo lugar, com maior peso e custos, a pedido do
Estado, na lógica nacional. E a situação vivida este ano, mais uma vez, tem sido bom
exemplo disso. Grupos de meios operacionais de muitas zonas do país a convergirem
para outras zonas no apoio ao combate aos
incêndios florestais.
Em todo o caso, incontornavelmente, a decisão de participar em agrupamento tem que
ser um acto livre. E, só assim, terá cabimento
encará-la. Não vão alguns espíritos pensar
que as dificuldades sentidas por muitas associações possam vir a ser encaradas como boleia para o agrupamento. Ou, dito de outra
forma, possa alguém pensar ser possível virem a ser assumidas do lado de fora, na lógica da cenoura e do pau, como uma hipotética
única solução para a garantia de eventuais
apoios oficiais ao seu funcionamento. Não
acredito que seja essa a intenção nem a postura dos governantes. Tenho-os na conta de
pessoas de bem e baseio-me, também, no
sentido e no conteúdo das suas atitudes anteriores. Mas, para que não subsista qualquer
dúvida e não surjam no ar nesse domínio
poeiras indesejáveis, quereria ficar sossegado com uma eventual declaração deles sobre
a impossibilidade de alguma vez poder vir a
ser equacionado esse procedimento.
Se não o fizerem, apesar da eventual bondade da proposta, subsistirá a dúvida e fundada suspeita sobre as consequências a partir
da sua não-aceitação.
O mundo, como todos sabemos, não foi
sempre assim. Os bombeiros e as suas associações são prova cabal disso. Ao longo do
tempo, as mudanças e os desafios que entenderam assumir foi sempre na lógica da defesa
das pessoas e bens da sua comunidade. Nunca o fizeram na lógica redutora da mudança
pela mudança, mas sim dos ganhos efectivos
para as suas comunidades e para as suas associações. E, nesse sentido, continuam despertos e disponíveis para continuarem a fazer
rodar o mundo.
Artigo escrito de acordo
com a antiga ortografia
U
ma gigantesca onda de solidariedade “varreu” Portugal, um fenómeno sem precedentes que todos, sobretudo os bombeiros, esperam deixar marcas, que não esmoreça logo
que extinto o derradeiro foco de incêndio.
Nos quartéis de Miranda do Douro, de Alcabideche, do Estoril, de Carregal do Sal, da Covilhã e de Valença, o luto continua por cumprir,
porque na voragem dos acontecimentos ainda
não houve espaço ao recolhimento que, também, importa cumprir. Os fogos ainda lavram,
o mediatismo não perdeu força e as demonstrações de respeito, e afeto pelos bombeiros
de Portugal não cessam, mitigando a dor da
partida inesperada de um filho, de um marido,
de um amigo ou de um camarada.
Só no mês de agosto perderam a vida oito
bombeiros, homens e mulheres, voluntários,
que trocaram o conforto do lar, o convívio com
a família, oportunidades profissionais para ingressar, sem reservas, nas fileiras dos bravos
soldados da paz.
E quando as chamas deixarem de consumir
floresta, será que o nome de cada um destes
heróis será recordado? Será que os portugueses se vão lembrar que outros operacionais
continuam a cumprir a missão de salvar vidas?
Os bombeiros, otimistas céticos, encaram o
futuro da forma que sempre o fizerem: com a
certeza que nada fará desanimar a vontade
férrea de ajudar o próximo, de salvaguardar
bens e de salvar vidas, ainda que vivam o presente com a emoção de quem pela primeira
vez se sente bafejado pelo reconhecimento público.
Para além dos muitos cidadãos anónimos
que, como puderam, colaboraram nas várias
iniciativas de cariz solidário, importa sublinhar
o gesto, a atitude, a ação, o exemplo de Tony
Carreira que se colocou na linha da frente no
apoio às vítimas dos incêndios deste verão.
O artista e a sua equipa foram incansáveis e
inexcedíveis na dinamização de uma “campanha relâmpago”, que permitiu, em meia dúzia
de dias, esgotar o Pavilhão Rosa Mota, no Porto, e fortalecer o Fundo de Proteção Social do
Bombeiro com uma verba de cerca de 70 mil
euros.
Tony Carreira, Fernanda Antunes, os músicos e todos os colaboradores da RegiConcerto,
bem como as equipas da “Tour dos Sorrisos” e
do Continente, deram pois uma enorme lição
de cidadania, de respeito pelo próximo, assumindo, sem procurar protagonismo ou exibir
vedetismo, o papel do “bombeiro sem farda”,
que afinal deveria ser o de todos os portugueses.
Sofia Ribeiro
PEDIDO DE DESCULPAS
Tragédia atrasou reportagens
A
tragédia que se abateu no
seio dos bombeiros com a
morte de oito bombeiros e ferimentos em duas dezenas deles,
alguns com gravidade, fez com
que nos víssemos obrigados a
alterar a programação das nossas duas últimas edições.
Apesar de perfeitamente justificadas essas alterações, não
queremos deixar de apresentar
um pedido de desculpas aos comandos, bombeiros e direções
das Associações de Alfândega
da Fé, Cabanas de Viriato, Linda-a-Pastora, Santiago do Cacém, Moimenta da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Viana do Castelo e Vila Real de
Santo António pelo facto de ainda não termos divulgado as reportagens que nos proporcionaram fazer no seu seio. Contamos poder incluí-las na próxima
edição, a par de outras notícias.
3
SETEMBRO 2013
Foto: Marques Valentim
Os mundos do ter e do ser
O celebrante espanhol que oficiava
a missa de corpo presente do bombeiro dos Voluntários do Estoril, Bernardo Figueiredo, durante a prática
enunciou a satisfação que os portugueses devem ter, ao contrário do
seu país, em dispor de tantos bombeiros voluntários que denodadamente se entregam ao objectivo
“vida por vida”. De seguida, estabelecendo a comparação entre a sociedade em geral e os bombeiros lembrou
que o objectivo genérico da primeira
é o ter e, no caso dos segundos, o
seu mundo é diferente, é o mundo do
ser. No seu entender, com muita simplicidade mas também clareza, até
crua, isso explica perfeitamente a in-
tenção daquela missa, bem como de
todas as outras celebradas por estes
dias em memória dos restantes bombeiros falecidos no cumprimento do
dever.
No fundo, aquilo que o celebrante
pretendeu demonstrar, e a meu ver
conseguiu eloquentemente, foi demonstrar a existência de dois mundos
que, apesar de estarem quase interligados ou muito próximos um do outro, acabam por definir e distinguir
lógicas diferentes de encarar a vida e
de vivê-la, de facto.
O mundo do ter é um domínio muito comum na sociedade moderna,
medido pelo sucesso, pelo êxito, pelos proventos, pelas vantagens, pelo
usufruto de bens materiais, pela facilidade na sua obtenção e longevidade, pela mera realização pessoal
mesquinha e fechada em si mesma.
O mundo do ser é uma área diametralmente oposta. Inclusive, sem necessidade de demonstração, para
além dos próprios actos em que concretamente se afirma e se demonstra
com evidência e clareza.
Todos os dias, morrem muitas pessoas em Portugal. Mesmo assim, a
ciência tem conseguido estabelecer
novos patamares de longevidade. Séculos atrás as pessoas eram consideradas idosas aos 40 ou 50 anos. Nos
dias de hoje, os avanços científicos,
pode dizer-se, permitiram que se
chegasse ao dobro dessa idade para
considerar uma pessoa idosa. Hoje,
as pessoas, em média duram mais
tempo. E, por isso, a morte prematura de alguém, nomeadamente jovem,
por maioria de razão, suscita perplexidade, espanto, surpresa e até raiva.
Especialmente, se a causa de morte
não fica a dever-se a doença grave ou
a outras razões específicas.
A maioria dos bombeiros falecidos
em serviço insere-se precisamente
nesse grupo de mortes prematuras e
difíceis de explicar. Mortes brutais,
inesperadas, chocantes, “gratuitas”,
que violentam as consciências dos
que vivem noutro mundo, onde apenas o ter ocupa o lugar dos sonhos.
A lógica de vida da Ana Rita, do
António, do Pedro, do Bernardo Figueiredo, da Cátia, do Bernardo Cardoso , do Daniel e do Fernando era
outra. Também tinham sonhos, também desejavam ou tinham já constituído família, tinham empregos ou
buscavam-nos com afinco, tinham
acabado há dias cursos universitários, queriam viver, em suma. E,
como cada um demonstrou durante a
sua mais ou menos longa vida, e carreira de bombeira ou bombeiro, à
parte o mundo do ter, preferiram
realizar-se especialmente pelo ser,
pelo ser pelos outros, pelo ser para
os outros.
Paz à sua alma.
4
SETEMBRO 2013
2013 É O SEGUNDO PIOR ANO
Só a chuva faz parar
Oito mortos, cinco dos quais na casa dos
vinte anos. Mais do que as perdas
económicas ou ambientais decorrentes dos
incêndios, o país dos bombeiros não se
resigna de ter perdido tantos dos seus.
Jovens com uma vida pela frente que o fogo
teimou em fazer tombar num ano em que
os incêndios tiveram comportamentos
“inexplicáveis” e “explosivos”. Até 15 de
setembro arderam 121 mil hectares. Mas
não é por isto certamente que 2013
figurará na lista dos anos mais dramáticos
em termos de incêndios florestais. Á data
de fecho desta edição, estava tudo calmo.
Chegaram as primeiras chuvas de outono.
Texto: Patrícia Cerdeira
Fotos: Marques Valentim
S
ó a chuva travou a progressão do negro. Dias
antes das primeiras chuvas de outono, os bombeiros
continuavam a lutar contra uma
média de 150 a 200 ignições
por dia.
As duas últimas semanas de
agosto e a primeira de setembro foram semanas de horror.
Acidentes mortais, bombeiros
internados com queimaduras
graves, alguns dos quais acabando por sucumbir. Os funerais sucederam-se e os bombeiros, obrigados a continuar a
combater o fogo, nem tempo
tinham para fazer o luto.
A lista dos mártires é longa e
penosa. António Ferreira, 45
anos; Pedro Rodrigues, 41; Ana
Rita Pereira, 24 anos. Bernardo
Figueiredo, 23. Cátia Pereira
Dias, 21 anos. Bernardo Cardoso, 19 anos. Fernando Reis, 50.
E Por último, um dos primeiros
a ficar ferido, Daniel Falcão, 25
anos. Mas se estas são as marcas mais profundas que o fogo
pode infligir, há outras não menos dramáticas que só são atenuadas pela presença dos feridos entre nós.
Depois de perderem dois
operacionais, os Bombeiros Voluntários de Carregal do Sal esperam pelas melhoras de Nuno
Filipe Pereira, o bombeiro ainda
internado no Hospital de Santa
Maria, em Lisboa, com queimaduras extensas e prognóstico
reservado. Já José Sabino, da
mesma associação, teve alta
médica mas continua a fazer
tratamentos aos membros inferiores que ficaram queimados
no fogo.
Também os Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra
foram atingidos pelo infortúnio.
Albano Romano continua a
recuperar Hospital da Guarda.
Acácio Esteves e Joaquim Ruano também continuam internados, estes em Coimbra, a tentarem recuperar das queimaduras.
Já Tiago Carvalho, bombeiro
dos voluntários de Celorico de
Basto continua internado mas a
evoluir bem dos ferimentos que
sofreu na sequência de um
atropelamento no teatro de
operações.
Daniel Falcão, o voluntário de
Miranda do Douro, é o 109.º
bombeiro a perder a vida no
combate a incêndios florestais
desde 1980. O ano de 2013 é já
o segundo pior ano da última
década a nível de vítimas mortais nos fogos. Desde 2003,
apenas 2005 superou este número: morreram nesse ano 12
bombeiros nos fogos florestais,
dos quais sete no combate direto às chamas.
A morte de bombeiros tão jovens desencadeou, para além
da normal onda de revolta, entre familiares, colegas e amigo,
uma discussão sem preceden-
tes. Entre acusações de falta de
formação, de coordenação ou
condições de trabalho, foram
muitos os que questionaram a
forma como os bombeiros são
colocados nos teatros de operação. O Ministério público abriu
inquéritos a estas oito mortes,
bem como, a Autoridade Nacional de Proteção civil, numa altura em que ainda não é conhecida qualquer conclusão. Por
várias vezes, José Ferreira, presidente da Escola Nacional de
Bombeiros, veio a público contestar todos os que acusam o
sistema de “não dar formação
suficiente” aos soldados da paz.
Lutamos contra os
criminosos, contra o fogo
e contra a floresta
É uma luta “desigual”, refere
Jaime Marta Soares para quem
a morte de um bombeiro é uma
“machadada” na classe. O presidente da Liga dos Bombeiros
Portugueses diz que a morte
dos bombeiros em combate é
“difícil” de ser evitada, explicando que “o inimigo é traiçoeiro”. “Os bombeiros têm uma
preocupação muito grande de
debelar e combater o inimigo,
ACIDENTE COM GRUPO DE PENALVA DO CASTELO
A
Jovem apresenta melhorias
pesar de reservado, o estado de José Carvalho, bombeiros de 27 anos dos voluntários de Penalva do Castelo, apresenta já algumas “melhorias”, segundo um dos responsáveis clínicos do Hospital de Coimbra. O jovem
bombeiro sofreu queimaduras nos pés, nas
mãos e na cara, quando tentava salvar das
chamas uma das viaturas da associação que
acabou por ficar completamente queimada.
O jovem bombeiro que fazia parte do grupo
que foi mobilizado para combater um incêndio
na freguesia viseense de Povolide, no passado
dia 22 de setembro, foi surpreendido por uma
mudança de vento e acabou por sofrer queimaduras de segundo e terceiro grau em 40
por cento do corpo. Deste acidente resultaram
ainda ferimentos ligeiros em dois outros bombeiros.
mas este inimigo é muito forte,
é traiçoeiro e tem todas as armas à sua disposição, mesmo a
negligência da floresta”, sublinha. Jaime Marta Soares acrescenta que os incêndios contam
com causas como o “clima extremamente alterado” e os fogos postos. O número crescente de ignições “é uma coisa inacreditável”, lembra, referindo
que “chega a haver 300 incêndios ao mesmo tempo, chegam
a ser lançados fogos seguidos,
cinco, dez, quinze, num raio de
20 a 30 quilómetros”.
Perante esta situação, que
considera “terrorista”, o presidente da LPB defendeu que ninguém deve duvidar de que “são
fogos criminosos” e adiantou
que “por muita competência
que haja, por muito profissionalismo que haja - e há -, há
situações em que o fogo tem
mais força que o ser humano”.
Jaime Marta Soares lembrou
que os bombeiros que morreram em combate tinham conhecimento do perigo que corriam
“pela formação que recebem” e
essa não pode ”ser posta em
acusa”, muito menos por “treinadores de bancada”. Jaime
Marta Soares considera que os
meios são adequados, mas sublinha como grande problema o
facto de “existirem fogos a
mais”. Fogos cujas consequências têm sido particularmente
pesadas este ano, as quais não
são alheias a alterações de vária ordem, que vieram complicar a ação dos bombeiros.”
Mesmo em 2003 e 2005, que
foram anos terríveis, não se registaram temperaturas tão altas e ventos atípicos como enfrentamos agora, capazes criar
focos secundários e dezenas ou
centenas de metros dos bombeiros, encurralando-os”, explica Jaime Marta Soares. A isto
se alia “uma floresta em piores
condições”, abandonada, “sem
as infraestruturas necessárias”
e onde crescem espécies arbóreas como não se viam há muito tempo, “que inflamam rapidamente”, acrescenta o presi-
dente da Liga dos Bombeiros
Portugueses.
Em 30 anos ardeu mais de
um terço do país
O maior incêndio do ano, registado até à data, começou a 9
de julho no concelho de Alfândega da Fé (Bragança) e estima-se que terá consumido uma
área de 14.912 hectares
A área ardida aumentou este
ano 13 por cento em relação a
2012, tendo os incêndios florestais consumido, até 15 de setembro, um total de 121.168
hectares, segundo dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
(ICNF).
Em contrapartida, as ocorrências de fogo diminuíram este
ano 11,4 por cento, tendo-se
registado, até 15 de setembro,
16.924 ignições, menos 2.184
do que no mesmo período de
2012, adianta o último relatório
provisório de incêndios florestais do ICNF.
5
SETEMBRO 2013
PARA OS BOMBEIROS PORTUGUESES
a tragédia dos incêndios
O documento refere também
que, entre 1 de janeiro e 15 de
setembro, as 16.924 ocorrências de fogo resultaram em
cerca de 120.000 hectares de
área ardida, mais 14.657 do
que em 2012.
Segundo os dados do ICNF,
em 2003, 2005 e 2010 a área
ardida até 15 de setembro foi
superior aos valores registados
este ano.
Os dados permitem concluir
que só no mês de agosto arderam 85.663 hectares de florestas, aproximadamente 70 por
cento da área consumida pelas
chamas até à data, e registaram-se 7.031 ocorrências de
fogo, cerca de 41 por cento do
total.
O documento refere igualmente que o maior número de
ocorrências se verificou no distrito do Porto (5.321), seguido
de Braga (1.767) e Viseu
(1.722), sendo a maioria fogachos, ou seja, incêndios que
não ultrapassaram um hectare
de área ardida.
Viseu é o distrito com mais
área ardida consumida pelas
chamas, registando, até 15 de
setembro, 33.806 hectares de
espaços florestais ardidos, seguindo-se Vila Real e Bragança, com 22.059 e 20.565 hectares ardidos, respetivamente.
Além do incêndio no distrito
de Bragança, registaram-se
este ano mais 159 grandes incêndios, com área ardida em
espaço florestal maior ou igual
a 100 hectares.
Apenas seis por cento dos
condenados estão presos
À data de fecho desta edição, a Polícia Judiciária já tinha procedido à identificação e
detenção de 71 pessoas pela
autoria do crime de incêndio
florestal. Destes 71 indivíduos,
45 estão em prisão preventiva.
Os números do Ministério
Público mostram que somente
seis por cento dos condenados
pelo crime de fogo doloso, en-
tre 2007 e 2011, se encontram
a cumprir prisão efetiva.
Os números mais recentes do
Ministério da Justiça mostram
um total de 280 condenações,
mas somente em 233 os condenados têm, penas aplicadas.
O perfil habitual do incendiário, traçado pela Policia Judiciária, não tem sofrido grandes alterações. É alguém desempregado, ou de um trabalhador
precário, “solteiro ou com situação familiar disfuncional e por
vezes com hábitos de alcoolismo”.
De referir no entanto que o
fogo doloso constitui uma pequena parcela dos incêndios
que se registam todos os anos.
A maioria das ocorrências tem
origem em acidentes, muitas
vezes provocados por negligência.
6
SETEMBRO 2013
BOMBEIROS INVESTIGADOS PELA GNR POR CONTRAFOGO
Liga e federação não aceitam
postura da GNR
Foto: Sérgio Santos
O caso não é novo, e ano
após ano repete-se.
Desta vez, o Serviço de
Proteção da Natureza e
do Ambiente da GNR,
(SEPNA) está a
investigar vários
bombeiros do distrito de
Viseu, por eventual uso
indevido de (fogo de
supressão ou fogo tático)
no combate aos
incêndios florestais.
Joaquim Marinho,
presidente da Federação
recusa ver os bombeiros
a serem tratados como
“criminosos”. Já o
presidente da Liga
garante que a situação
está a ser tratada junto
da tutela e passa por
formação aos quadros de
comando.
Texto: Patrícia Cerdeira
J
á foram ouvidos em sede de inquérito bombeiros das associações humanitárias de Moimenta,
Castro d’Aire, Farejinhas e Vila Nova
de Paiva. A denúncia foi feita por Rebelo Marinho, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Viseu: “O SEPNA tem identificado uma
série de bombeiros do distrito de Viseu que estão a ser perseguidos por
causa do uso de contrafogo nos incêndios florestais. Os bombeiros não
são criminosos. É uma humilhação
estarem sujeitos a interrogatórios, a
serem confrontados com fotografias
tiradas nos incêndios, com o objetivo
de serem conduzidos processos para
os tribunais contra os bombeiros”,
afirmou indignado o dirigente.
O recurso ao contrafogo está definido no Despacho n.º 14031/2009. O
Despacho define quem o pode realizar, com que habilitações e ainda sob
a tutela de quem. Também a DON 2
de 2013 refere que cabe ao CODIS a
validação da técnica de contrafogo,
depois de autorização prévia por parte do Comando Nacional.
Joaquim Marinho é da opinião de
que a atual legislação deve ser alterada. A utilização de técnicas de contrafogo deve ter bom base o “bom
senso”, a “experiência” e a “formação” necessária, condições que os
bombeiros portugueses reúnem e
que por isso a lei deve ser “alterada”
para que seja permitido aos bombeiros utilizar o fogo em igualdade de
circunstâncias com as equipas GAUF.
Em declarações ao Bombeiros de Portugal, o presidente da Federação sublinha que os bombeiros não são “irresponsáveis”, são “cumpridores das
leis”, mas não aceitam discricionariedades.
A par da mudança da legislação,
sob tutela do Ministério da Agricultura, Joaquim Marinho defende que o
SEPNA da GNR deveria ter outra atitude: “É inaceitável a forma e o tom
policial como a GNR entrou pelos cor-
pos de bombeiros, sem respeitar nem
hierarquias de comando, nem a própria da ANPC. Considero que a GNR
devia ter uma função pedagógica e
quem sabe promover uma reunião
com o CODIS e com os comandante
dos corpos de bombeiros para debater estes casos. Agora, entrarem pela
casa dos outros em tom intimidatório
como se os bombeiros fossem criminosos, isso não podemos aceitar”,
concluiu o dirigente.
Formação para quadros
de comando
A Liga dos Bombeiros Portugueses
já fez saber junto do Governo que não
aceita atitudes “prepotentes”, nem
tão pouco ver os bombeiros a serem
tratados como “criminosos”. Jaime
Marta Soares lembra que “ninguém
está acima da lei”, mas há formas de
tratar as coisas. Segundo o presidente da Liga, o executivo já foi sensibilizado para a necessidade de “mudar”
as regras que definem a realização de
contrafogo, porque a realidade dos incêndios a isso exige. Noutro âmbito,
Jaime Marta Soares anuncia que está
já a ser elaborado com a Escola Nacional de Bombeiros um esquema de
formação destinado a quadros de comando em matéria de contrafogo.
GIPS PROCESSA COMANDANTE DE NELAS
A
LBP exige pedido público de desculpas
confirmar-se a versão do comandante dos
Bombeiros Voluntários de Nelas, distrito de
Viseu, Jaime Marta Soares, presidente da Liga
dos Bombeiros Portugueses (LBP) exige um “pedido de desculpas público” dirigido a “todos” os
bombeiros portugueses. Em causa está o litígio
que opõe o responsável operacional e um elemento do Grupo de Intervenção de Proteção e
Socorro da GNR (GIPS).
O diferendo está agora nas mãos da justiça,
depois do elemento do GIPS ter entregue em tri-
bunal uma queixa por injúrias contra o comandante dos voluntários de Nelas que terá reagido
na sequência de uma afirmação desse mesmo
elemento dos GIPS que terá chamado “bombeiros
de merda” aos voluntários.
A situação terá ocorrido no passado dia 16 de
agosto, num incêndio que deflagrou em Vilar
Seco. O comandante Filipe Guilherme, diz que solicitou uma descarga de água a uma brigada de
GIPS, e foi aqui que as coisas não terão corrido
bem. “O chefe da brigada, mal chegou ao pé de
mim, perguntou porque não tinha apagado o
fogo, já que tinha lá uma viatura, recorda, lembrando que se tratava do carro de comando, que
não está preparado para apagar incêndios.
Na resposta, o operacional do GIPS terá afirmado: “É por isso que o nosso país não vai para a
frente e está pobre, a gastar milhões com estes
bombeiros de merda e os incêndios ardem o que
ardem”, cita o comandante, que se sentiu insultado, informando que iria participar o caso ao Comandante Operacional Distrital de Viseu. Segun-
do Filipe Guilherme a informação ao CODIS não
era uma “queixinha”, apenas um apelo ao bom
senso. “Esperava um pedido de desculpas”, afirma o responsável que três dias depois foi informado pelo CODIS que sobre ele recai uma queixa
em tribunal por injúrias.
A Liga dos Bombeiros Portugueses já fez saber
que está a “acompanhar o caso” e fazendo fé nas
declarações de Filipe Guilherme, exige um pedido
de desculpas por parte do GIPS aos bombeiros.
Patrícia Cerdeira
O BES É O PRIMEIRO
BANCO PORTUGUÊS
A INTEGRAR O DOW JONES
SUSTAINABILITY WORLD INDEX.
O Banco Espírito Santo passou a integrar o Dow Jones Sustainability
World Index, o mais exigente índice de sustentabilidade a nível
mundial, composto por apenas 23 bancos.
Este é o reconhecimento de que o BES atingiu um patamar superior de
práticas de sustentabilidade, posicionando-se entre os melhores
neste domínio a nível internacional e comprova, uma vez mais, que
a sua estratégia, aprofundada nas três dimensões relevantes – social,
económica e ambiental, é um elemento fundamental do modelo de
negócio do banco e representa o seu compromisso firme num futuro mais
sustentável.
8
SETEMBRO 2013
LBP 1930-2013/INCÊNDIO DO CHIADO, 25 ANOS
Salvé, bombeiros de Portugal
Pesquisa/Texto: Luís Miguel Baptista
A
expressão que dá título ao
presente artigo tem 75
anos e foi inscrita, conforme é possível identificar, na primeira imagem que aqui reproduzimos. Falamos, concretamente, da capa de um número
especial do jornal “A Voz do
Concelho”, periódico defensor
dos interesses do concelho de
Loures, publicado por ocasião
do VI Congresso dos Bombeiros
Portugueses, reunido em Portalegre entre 8 e 12 de Junho de
1938.
Do ponto de vista etimológico, “salvé” é uma palavra de origem latina que significa saudação ou cumprimento.
Escolhemo-la para introdução
a esta abordagem histórica, em
associação ao modo justo e dignificante como o país tem sabido homenagear os seus bombeiros, pela bravura demonstrada no combate aos incêndios
florestais, qualidade humana
cujo íntimo encontrou, um dia,
na fluidez do pensamento e da
palavra do comandante Álvaro
Valente (na foto), dos Bombeiros Voluntários do Montijo, a
mais expressiva interpretação
de pendor filosófico e doutrinário.
“A função espiritual do Bombeiro” (1936), “Porque me orgulho de ser Bombeiro” (1937)
e “Espiritualismo e Consciência”
(1940) são os títulos de três raridades bibliográficas, da autoria da referida personalidade,
que se encontram consultáveis
no arquivo do Núcleo de História
e Património Museológico.
Logicamente, por limitação
de espaço, não é possível determo-nos, em profundidade, no
conteúdo de cada um dos estudos a que Álvaro Valente se dedicou e onde são dadas respostas a muitas das interrogações
que, regra geral, se colocam sobre a conduta dos bombeiros
portugueses.
Num dos seus trabalhos, o
prestigiado comandante, também autor da “Legenda do Bombeiro”, ainda hoje detectável
nas paredes dos nossos quartéis, apresenta uma interessante definição do sentimento do
bombeiro, que apelida de “sentimento inato da solidariedade”.
Considerando estar na presença
de uma função espiritual, transversal “aos impulsos instintivos
dos pseudo-bombeiros da idade
média”, refere:
“Quando essa solidariedade
se pratica para interêsse comum de momento, chama-se
instinto de defesa; mas quando
ela se pratica por uns tantos em
socorro doutros tantos, e a ainda com despreso da própria
vida, chama-se abnegação. No
primeiro caso pode ser um sentimento materialista, mas humano; no segundo é um sentimento fundado no Bem, é mais
humano, é quási Divino.”
A definição em apreço, espalhada, de Norte de Sul do país,
através das muitas preleções
realizadas por Álvaro Valente,
enquanto co-fundador e repre-
sentante da Liga dos Bombeiros
Portugueses, numa fase de organização e coordenação da
vida desta, elenca um vasto
conjunto de considerações que,
apesar de produzidas no distante ano de 1936, não deixam de
ser curiosas quando comparadas com alguns factos da história recente. A este propósito,
disse, então, por exemplo, vezes sem conta, o comandante e
pensador:
“De que servirá um bombeiro
exemplar, cheio de virtudes,
cônscio dos seus deveres morais, se não lhe fornecerem os
meios de tornar a sua intervenção mais eficaz?
Não é com as nossas virtudes
e com a nossa consciência que
havemos de atacar os fogos e
prestar os nossos socorros nas
aflições alheias.
Por isso, embora cuidemos
permanentemente da preparação moral do Bombeiro, transformando os nossos quartéis em
verdadeiras escolas de educação cívica, esperamos que,
como reconhecimento dos nos-
COJA
FILATELIA
Meio século de história
A
Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coja
apresentou mais um livro que retrata a sua história ao longo
de meio século de existência, uma obra da autoria do prof. Nuno
Mata intitulada “50 anos de bombeiros em Coja”.
Com intuito de não deixar perder a história da instituição, o
autor desta obra que também integra os órgãos sociais, relembra as datas, momentos e pessoas para que nunca sejam esquecidos os seus feitos a bem do próximo. Assim todos os artigos publicados em “A Comarca de Arganil” ao longo de mais de
um ano foram compilados e passados a livro, enriquecidos com
ilustrações, fotografias, artigos de jornal numa interação que
também contou com a participação da comunidade com o seu
interesse, lembranças e entusiasmo.
Sérgio Santos
sos desejos, nos dêem o que
com tanta insistência vimos a
pedir há longos tempos.”
Palavras sentidas e vividas de
um bombeiro apologista do “espiritualismo consciente”, por via
do qual acreditava que “acordaremos a indiferença às sacudidelas, esmagaremos os egoístas
e os positivos com a essência da
nossa idealidade, e assim melhoraremos a vida colectiva e
criaremos novas células dum
mundo novo, mais equitativo,
mais fraterno, mais humano e,
principalmente, com mais alma
e coração”.
É, de resto, neste mesmo
contexto, que se insere o perfil
da publicação que começámos
por recordar, onde o respectivo
verso de capa apela: “Auxiliai os
Bombeiros Portugueses”. Fá-lo
através de uma emblemática
ilustração, que damos a conhecer como documento susceptível de figurar na história do movimento de solidariedade protagonizado pela sociedade civil,
no apoio aos bombeiros de Portugal, desde há 75 e mais anos.
“O
Importante
participação
s Bombeiros na Filatelia Portuguesa” é um livro
escrito por Francisco Matoso Galveias que faz
um levantamento de tudo o que foi feito no âmbito da
filatelia associada direta ou indiretamente aos bombeiros portugueses.
O livro faz uma resenha histórica dessa temática e
aborda questões específicas, como as fórmulas de
franquia, as oliterações, os santos padroeiros, as peças
filatélicas, a montagem de uma e os grupos de filatelia
em associações de bombeiros.
Qualquer informação sobre o livro poderá ser obtida
através do endereço eletrónico [email protected].
“A comemorar também se
aprende”, assim se intitula um
livro editado pela Associação
para a Pesquisa e Acção Pedagógica. Portanto, reflictemos
sobre tal ensinamento, que é
comum ao objecto da história, e
centremo-nos nas palavras sábias de Álvaro Valente bem
como no apelo lançado em
1938. Segundo ainda o mencionando livro, “não se procure
numa comemoração outros resultados além dos que ela em si
mesma pode dar: alertar, sensibilizar, pôr em marcha corações
e mãos, atitudes e projectos”.
Ou seja, entendemos nós, contributos válidos sob a forma de
doutrina que ao longo do tempo
têm impulsionado a existência
das nossas instituições, afirmando-as no seio do povo português que, repetidamente e
sempre, tem exclamado: “Salvé, Bombeiros de Portugal!”
Artigo escrito de acordo
com a antiga ortografia
Site do NHPM da LBP:
www.lbpmemoria.wix.com/
nucleomuseologico
9
SETEMBRO 2013
PLANO DE REORGANIZAÇÃO E CRESCIMENTO DOS MEIOS DE EMERGÊNCIA
Fotos: Marques Valentim
Mais 15 PEM em 2014
S
atão, Ponte da Barca e ainda
uma outra associação do
distrito de Lisboa, que o INEM
não quer avançar identificar.
Estas são as últimas três apostas do Instituto ao nível da criação de postos PEM, num altura
em que se sabe que o INEM se
prepara para abrir já durante o
próximo ano mais 15 novos
postos PEM espalhados pelo
país. Ao que conseguimos apurar, há ainda outros meios de
emergência na lista de investimentos do Estado. A saber:
uma ambulância de SBV em
Guimarães; uma ambulância
SIV em Arouca e uma viatura
de SBV ou SIV, ainda está por
decidir, a instalar no Seixal,
eventualmente para operar no
período diurno. Estas são algumas das apostas anunciadas
pelo INEM e que integram o
novo Plano de Reorganização e
Crescimento dos Meios de
Emergência Médica.
BARREIRO
N
Câmara aprova moção
a reunião pública de 4 de setembro, a Câmara Municipal do Barreiro (CMB) aprovou a
Moção “Defesa da Floresta/Homenagem aos
Bombeiros”.
“Assistimos nos últimos dois meses a um
sem número de incêndios florestais que têm
destruído milhares de hectares de flora e fauna,
colocando em perigo a vida de pessoas e destruindo bens. No combate a estes incêndios
têm estado diversas entidades de proteção civil, com especial relevo para os bombeiros», refere o texto, acrescentando: serem “necessárias políticas que promovam o ordenamento da
floresta, tornando-a económica e ambientalmente sustentável. É urgente cadastrar todos
os espaços florestais e promover a sua acessibilidade”.
“A defesa da floresta tem que ser feita de forma efetiva, com a existência de pessoal especializado, com a existência de estruturas de
apoio contra incêndios, nomeadamente, faixas
e mosaicos de gestão de combustível, rede de
pontos de água, entre outros. É necessário dotar os bombeiros com equipamentos de proteção individual adequado ao combate de incêndios florestais e com melhores carros de combate aos incêndios», regista a moção.
Desta forma a Câmara Municipal do Barreiro
“solidariza-se com todos os bombeiros portugueses e, endereça o seu mais profundo pesar
às famílias e corporações dos bombeiros que
perderam a vida no combate aos incêndios, expressando, ao mesmo tempo, a todos aqueles
que ainda se encontram a recuperar das consequências dos ferimentos sofridos no combate
às chamas, a sua total e rápida recuperação”.
Da mesma forma a autarquia “agradece aos
bombeiros voluntários do concelho do Barreiro,
pela sua determinação, empenho e disponibilidade para o combate aos incêndios florestais no
País, no âmbito do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais”.
CASCAIS
A
Homenagem a bombeiros falecidos
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cascais vão atribuir os nomes da
Ana Rita e do Bernardo, os dois bombeiros do
concelho recentemente falecidos no combate a
um incêndio florestal no Caramulo, ao novo veículo de comando (VCOT) oferecido pela Junta de
Freguesia de Cascais.
A inauguração da viatura deverá decorrer até
final do ano, durante a comemoração do 127.º
aniversário da Associação. A comemoração tardia
dessa efeméride, que habitualmente ocorre entre
junho e julho de cada ano, deve-se à dificuldade
surgida na obtenção atempada da viatura, já que
a decisão da autarquia havia sido tomada muito
antes.
Entretanto, em reunião realizada recentemente, a direção e o comando da instituição decidiram arrancar com o processo de candidatura aos
fundos comunitários (QREN) para substituição de
um veículo florestal de combate a incêndios
(VFCI) e um autotanque (VTTU) no próximo ano.
As duas viaturas deverão substituir outras já
com mais de duas décadas de serviço e sucessivas intervenções de recuperação para, apesar
disso, garantirem a operacionalidade possível.
Entretanto, o INEM anunciou
também a aquisição de 75 novas ambulâncias de emergência
que vão servir para “renovar” a
frota de viaturas existente no
país, incluindo o parceiro bombeiros, no âmbito dos “protocolos” de Posto de Emergência
Médica já celebrados.
Estas ambulâncias vão também ser utilizadas para dar
“continuidade” ao plano do Instituto para melhorar a eficiência
e a capacidade de resposta do
Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), apostando
no “reforço da cobertura” de
meios de emergência pré-hospitalar no território de Portugal
continental.
Sobre a forma como vai ser
feita esta distribuição, o INEM
prefere para já não adiantar
mais pormenores. Ao que o “BP”
apurou, O concurso para a aquisição das novas 75 ambulâncias
só deverá estar concluído no segundo trimestre de 2014 Atual-
mente o INEM tem 262 Postos
de Emergência Médica em corporações de bombeiros no território de Portugal continental,
aos quais estão atribuídas 272
ambulâncias do Instituto. Já no
que diz respeito a meios operados diretamente pelo INEM contam-se, atualmente, 51 ambulâncias de emergência e 36 ambulâncias de Suporte Imediato
de Vida (SIV).
Patrícia Cerdeira
10
SETEMBRO 2013
JOSÉ FERREIRA, PRESIDENTE
“A Escola vai deixar de ter
O presidente da Escola Nacional de Bombeiros (ENB), José
Ferreira, foi membro do conselho executivo da Liga dos Bombeiros
Portugueses (LBP), presidente da Federação de Bombeiros do
Distrito de Leiria, antigo presidente da direção e atual presidente
da assembleia geral da Associação Humanitária dos Bombeiros
Voluntários de Porto de Mós. Foi ainda docente e autarca.
Em entrevista ao “BP” traça novos rumos para a ENB, como
defende, em sintonia com a LBP e a ANPC. Desde logo, defende
que “a Escola vai deixar de ter horário de repartição pública”, ou
seja, “para que possamos alargar o horário de funcionamento de
domingo a domingo, se necessário ao sábado e domingo”.
“A Escola serve para dar resposta ao bombeiro que aqui vem,
principalmente, à noite e aos fins de semana”, precisa o presidente
da ENB.
Entrevista: Patrícia Cerdeira
Fotos: Marques Valentim
Bombeiros de Portugal
(BP) – E incontornável começar com o tema da formação dos bombeiros em matéria de fogo florestal. Têm
surgido muitas críticas relativamente a esta matéria. A
realidade contraria as afirmações de que os bombeiros
não têm formação?
José Ferreira (JF) – Sim.
Os bombeiros têm a formação
adequada para desempenhar
todas as suas funções. Sobre
isto, vale a pena lembrar que
existem requisitos indispensáveis e obrigatórios para que seja
possível progredir nessa mesma
carreira: desde logo, formação
inicial para que possa ser bombeiro. Já no momento em que o
bombeiro pode desempenhar
funções de outra responsabilidade, nomeadamente a tarefa
de chefe de equipa ou de grupo
de combate, ele tem de vir à Escola atualizar e aprofundar os
conhecimentos. Mas há uma
questão que eu gostaria de realçar. Formação é saber. Instrução
é treinar. Não adianta saber
muito se não se exercitar o saber e este binómio não pode ser
negligenciado.
BP – É um recado para os
corpos de bombeiros?
JF – Não é um recado para
ninguém e entendam as minhas
palavras como quiserem. Reafirmo que a formação que ministramos, nomeadamente quando
assumem postos de chefia na
área do combate, é a adequada
mas se o saber não for exercitado não estará agilizado no momento de ser aplicado. Por tudo
isto, teremos que, para além da
formação, dedicarmos mais
atenção à instrução. E porque é
tarefa pedagógica da Escola,
vamos elaborar um conjunto de
fichas orientadoras sobre como
deve ser ministrada a instrução,
fichas que estarão disponíveis a
todos os quadros de comando
dos bombeiros portugueses.
BP – Insisto. Da realidade
que a Escola conhece, há falta de instrução nos quartéis?
JF – Certamente que existem
corpos de bombeiros onde a
instrução é exemplar e outros
onde é mais deficitária mas não
vou entrar por aí. Sublinho apenas que o saber é diferente do
fazer.
Na minha opinião devemos
refletir mais, e nomeadamente
em matéria de fogos florestais.
Talvez num futuro próximo,
seja possível sentar à mesma
mesa a Autoridade Nacional de
Proteção Civil (ANPC), a ENB, a
Liga, as associações e corpos
de bombeiros e as autarquias
para que essa mesma instrução
possa ser planeada de forma
atempada e organizada com o
objetivo de prevenirmos as situações mais perigosas das florestas e, em simultâneo, podermos contribuir com formação
em fogo real, nas épocas em
que isto possa ser feito.
BP – Mas não admite que
os corpos de bombeiros possam ver nessa medida uma
intromissão naquela que é a
gestão operacional de cada
cb?
JF – Situações excecionais
implicam medidas excecionais e
é preciso corrigir alguma coisa.
Não estou a dizer com isto que
está tudo mal, que falta tudo,
que nada é feito… essa é a política de quem não quer contribuir para a discussão.
Participar é, de forma fria,
serena e com conhecimento,
colocar no prato da balança
tudo o que aconteceu e avaliar
o que pode ser melhorado. Se
concluímos que esta medida
que envolve todos é melhor
para o sucesso dos bombeiros,
então há que avançar.
A ideia é poder fazer prevenção nas zonas mais criticas na
Denominação N.º de ações
realizadas em 2013 N.º de formandos N.º de horas de
formação Volume de
formação Organização de Postos de Comando 6 100 300 30000 Gestão de Operações de IF - QC 5 84 125 10500 Chefe de Grupo de CIF Comandante de Sector 4 2 64 33 280 100 17920 3300 Chefe de Equipa de Combate IF 14 224 350 78400 Gestão Inicial de Operações de IF 5 80 250 20000 Combate Incêndios Florestais para
Equipas de 1ª intervenção 2 32 100 3200 Treino Operacional 1º COS 40 800 840 672000 Treino Operacional de Trabalhos com
Ferramentas Manuais 72 1440 1008 1451520 Treino Operacional Utilização de
Maquinas de Rasto 3 60 42 2520 Treino Operacional de COPAR 2 60 28 1680 Treino Operacional de Equipas de
Posto de Comando 36 720 504 362880 1 192 ações 16 3713 formandos 21 3948 horas 336 2654256 Práticas de CIF TOTAL área de atuação de cada CB e
poder contribuir para a formação de combate em cenário
real.
Na formação dos incêndios
industriais, os bombeiros enfrentam cenário reais dentro
dos contentores onde percebem
como esse mesmo fogo se desenvolve. Nos incêndios florestais não temos isso e julgo que
esta formação deve ser o mais
real possível.
BP – Temos visto pelas
imagens das televisões
combatentes e viaturas a
meia encosta, a tentar travar frentes de fogo que se
sabe não é possível travar. A
pressão mediática, social e
operacional exercida sobre
estes homens leva-os de alguma forma a fazerem coisas que a própria formação
desaconselha?
JF – Concordo quando diz
que a própria formação desaconselha.
Aqueles homens e mulheres
estão claramente sujeitos a
uma pressão enorme e nós temos consciência que no âmbito
da formação que tem vindo a
ser ministrada, esta componente do comportamento, da motivação e da liderança têm vindo
a ser transmitida na área da
formação que a Escola ministra.
Agora, estamos há semanas
com este tema na comunicação
social, o dispositivo está des-
gastado, e naturalmente a situação de stresse tem tendência a aumentar.
BP – Começa a faltar lucidez?
JF – Admito que sim e por
isso acho que é urgente sentarmo-nos à mesa para refletir sobre o que se está a passar e
para que adotemos as medidas
necessárias.
BP – Nos últimos dias tornou pública a intenção de
criar um curso específico
para a segurança na frente
de fogo? Era residual o ensinamento nesta vertente?
Qual a razão desta necessidade?
JF – Essa matéria já é ministrada nos cursos mas há que fazer ajustes. Como sabe está em
revisão o Despacho 713 (documento enquadrador da formação) e o futuro texto aponta
para algumas mudanças na metodologia a que estávamos habituados. Nesse diploma, introduzimos, em matéria de ações
de aperfeiçoamento técnico,
um novo módulo designado por
“Segurança e Comportamento
do Incêndio Florestal”. Não é o
comportamento do bombeiro
que está em causa, mas antes a
necessidade de perceber como
é que o fogo se está a comportar para que cada bombeiro
possa atuar em segurança. A
lógica desse novo módulo, que
está a ser trabalhado por uma
11
SETEMBRO 2013
DA ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS
horário de repartição pública”
equipa específica para o efeito,
deverá começar a ser ministrado para os quadros de comando, chefes de equipa e chefes
de combate.
BP – A ANPC já pediu cursos para os novos elementos
da estrutura que tomaram
posse recentemente, sendo
que alguns deles têm origem em área completamente diferentes?
JF – Os elementos da estrutura operacional da ANPC tem
longos anos de experiência...
BP – A maioria tem, mas
há exceções. Não acha que
eles também deviam vir à
Escola para atualizar conhecimentos?
JF – Diria isto. Tal como ainda hoje é exigido a um elemento, com determinadas características, que tenha de fazer o
curso de quadros de comando
para que possa ser comandante, talvez a frequência de um
curso de quadros de comando
dirigida a alguns elementos da
estrutura da ANPC não fosse
desajustada. Não digo mais.
BP – O trabalho dos bombeiros assenta muito em vários lemas: “Vida por viva”,
“Podemos não voltar mas
vamos”… Não haverá aqui
também uma questão de
cultura que carece de mudança?
JF – Infelizmente a história
mostra-nos que não é a primeira vez que acontecem tragédias
destas.
BP – Mas a história também existe para tirar lições
e continuam a morrer bombeiros…
JF – Exatamente, e hoje as
condições até são outras, bem
melhores. Nesta problemática
há que pensar que há um fator
que eu domino – os recursos
humanos e matérias. Há outro
que não dominado mas que conheço-o razoavelmente, o péssimo estado da nossa floresta.
Por último, há um fator, o pior
de todos, que não domino e
desconheço – as oscilações
constantes dos fatores meteorológicos.
Julgo que tudo isto deve ser
levado em conta e devemos
servirmo-nos de quem tem esses conhecimentos científicos
para que possamos lidar melhor
com esse grande ‘inimigo’.
BP – Mas não acha que os
bombeiros deviam pensar
duas vezes antes de enfrentar situações que se percebe
podem por a vida deles em
risco por meia dúzia de árvores?
JF – (sorrisos) Há uns dias
disse isso mesmo a um colega
seu e ele não aceitou bem. Mas
eu repito. Mais metro quadrado,
menos metro quadrado, há situações em que não se justiça o
combate direto a não ser em situações limite que possam colocar vidas em risco.
BP – Enquanto dirigente
da Liga foi sempre muito crítico relativamente à formação ministrada aos bombeiros. Ao tomar contacto direto com os diferentes dossiês
mudou de alguma forma a
sua opinião? Que Escola encontrou?
JF – Gostaria de realçar que
a equipa que me antecedeu fez
um bom trabalho em alguns aspetos.
Encontrei uma casa que do
ponto de vista administrativo e
financeiro e ao nível dos recursos humanos, é uma casa bem
gerida, mas ao nível da formação, que é a razão da sua existência, encontrei uma casa um
pouco anárquica.
BP – Mas como isto não é
uma repartição de finanças,
pergunto-lhe se a Escola
está a cumprir o seu objetivo?
JF – Cumpria com imensas
insuficiências. Sempre defendi,
e continuarei a defender, que só
deve vir à Escola quem precisa
mesmo de vir. A verdadeira formação tem de estar no local
próprio, ou seja nos quartéis
mas disso falaremos mais à
frente.
Encontrei um sistema informático que não dá as respostas
que precisamos que, por exemplo, não cruza dados com o Recenseamento Nacional de Bombeiros. Este mesmo sistema
não permitia que os comandantes distritais pudessem organizar as turmas, evitando burocracia e papelada.
Encontrei um sistema de levantamento dos recursos humanos, manifestamente desatualizado. Algum caos burocrático instalado e sobre isto digo-lhe que temos dossiês
técnico-pedagógicos que vêm
de 2010. Temos mais de três
mil processos por encerrar o
que justifica as muitas queixas
dos bombeiros que denunciam
que não recebem os certificados. Temos 30 mil certificados
por emitir o que é inconcebível.
Tudo isto está a ser tratado e
vai mudar.
BP – E sobre aquela que é
a razão de existência desta
casa, a formação?
JF – Tenho um conjunto de
formadores bastante interessante, com excelentes profissionais. A nossa postura vai no
sentido de pedir a colaboração
com os melhores especialistas
em determinadas áreas e por
isso contratamos o homem que
mais sabe de matérias perigosas no nosso país. Recrutei
também recentemente um formador para a área de salvamento em grande ângulo, outro
para a área dos incêndios industriais e urbanos, entre outros que vamos contratar.
BP – É uma Escola mais
real?
JF – É e vou dar-lhe um
exemplo. A Escola vai deixar d
ter horário de repartição pública. Já entreguei, há cerca de
um mês, na Autoridade para as
Condições de Trabalho, um dossiê para que possamos alargar
o horário de funcionamento
desta casa. Esta casa vai trabalhar de domingo a domingo, se
necessário ao sábado e domingo, e até depois das 22 horas
para poder servir os seus clientes.
A Escola serve para dar resposta, não ao funcionário que
trabalha das 9h00 às 17h00,
mas sim ao bombeiro que aqui
vem, principalmente, à noite e
aos fins de semana.
Também já alteramos o regulamento de recrutamento de
formadores para a ENB. Os formadores não são formadores
da Escola, em primeiro lugar
são formadores dos corpos de
bombeiros e têm de dar formação gratuita ao seu corpo de
bombeiros. Não aceito que
deem formação fora do seu CB
à revelia do comandante ou da
Escola.
BP – Havia casos desses?
JF – Havia mas vão acabar
porque quem continuar a fazer
isso será suspenso da bolsa de
formadores da Escola, ponto final parágrafo, nem há discussão.
Também o Código Deontológico dos formadores foi alterado porque não basta ter direitos, também há deveres.
Ou seja, há aqui todo um
processo de mudança. Dou-lhe
outro exemplo. Esta Escola estava organizada em três departamentos: assuntos financeiros, recursos humanos e
formação. De acordo com o
novo organigrama já aprovado, a Escola passará a ter três
direções, sendo que o presidente coordena todas, obviamente.
Os assuntos financeiros e recursos humanos ficam comigo.
Foi criada uma Direção de
Planeamento que tratará das
turmas, horários, emissão de
certificados, etc. Ou seja, mecânica de formação.
Terceira, Direção Pedagógica
que não existia e destina-se a
‘pensar bombeiros’: estruturação da formação, cursos, conteúdos, entre outras matérias.
Pretendo ainda retomar o
Conselho Técnico Pedagógico,
que reuniu pela última vez em
2008. Precisamos de ter cidadãos de áreas e saberes diversos, os melhores, que possam
ajudar a melhorar o que se faz
aqui.
BP – Na tomada de posse,
assumiu a elaboração de um
Plano Estratégico até outubro. Como está a decorrer
(continua na página seguinte)
12
(continuação da página anterior)
este trabalho. O que é mais
premente na sua opinião?
JF – Tal como anunciei no
discurso de posse, já foi apresentada uma Carta de Missão
aos nossos parceiros (ANPC e
LBP), na última reunião da Assembleia Geral. O Plano Estratégico que refere estará concluído até ao final do ano. Não
poderá ser em outubro porque
a situação que encontrei é mais
complexa do que imaginava
quando assumi funções.
De referir também que este
Plano Estratégico só poderá
vingar se for republicado o mais
rápido possível o Despacho 713
(documento enquadrador da
formação de bombeiros) com
as alterações que se pretendem.
Dou-lhe um exemplo, a formação de um elemento do quadro de comando, que não venha
de carreira. Ele tem de ter a formação inicial, básica, para poder assumir o mínimo de responsabilidades dentro da sua
área de atuação, e todos têm
de estar preparados para isso.
O que nós pretendemos é que
qualquer preponente a quadro
de comando seja obrigado a
partir da estaca zero, através
de ações de aperfeiçoamento
técnico as quais lhe permitam
ter conhecimentos para desempenhar funções de maior responsabilidade.
BP – Há aqui uma revolução?
JF – E é precisa. Até aqui os
comandantes comunicavam até
30 de outubro aos CODIS as
suas necessidades de formação. Os CODIS comunicavam á
Direção Nacional de Bombeiros
a qual comunicava depois à Escola que via como podia responder. Depois o circuito era retomado em sentido inverso.
Ou seja, quando todo este
processo chegava ao fim já a
Escola tinha aprovado o seu orçamento e plano de atividades.
Com tudo isto, começávamos a
trabalhar num plano de ativida-
SETEMBRO 2013
des sem ter resposta financeira
e organizacional correspondente. Isto vai ter de ser alterado e
quando os processos chegarem
à Escola têm de estar previamente validados e filtrados
para que se travem alguns excessos dos que têm ‘mais olhos
que barriga’.
Outra questão, a plataforma
de inscrições deixará de estar
constantemente aberta, pois
haverá períodos certos para essas inscrições.
Espero que a partir de janeiro tudo comece a funcionar em
moldes completamente diferentes.
BP – Falou também na necessidade de descentralização máxima da formação,
uma realidade que já acontece segundo os seus antecessores. O que está ser
praticado é insuficiente?
JF – Antes de mais digo-lhe
que na minha opinião a estrutura que mais e melhor foi assumida pelo subconsciente dos
bombeiros portugueses foi a
da divisão das zonas operacionais.
A minha ideia é retomar essa
mesma estrutura para efeitos
de formação, designando-a por
zonas formativas pois ninguém
me impede de o fazer.
E com base nesta geografia,
o meu objetivo é o de que cada
zona formativa tenha pelo menos em cada área um formador
por cada 150 homens. Se esses
formadores estiverem nos corpos de bombeiros, melhor.
BP – É um dado adquirido
que há excessos em alguns
lados e défices noutros.
Como se compensa isto?
JF – Muito simples. Vamos
abrir um recrutamento de formadores para diversas áreas
em função do levantamento
que foi entretanto feito e das
necessidades detetadas. Reforço o objetivo, um formador por
cada 150 homens.
Depois, há obviamente momentos em que é conveniente
e necessário vir à Escola, seja a
Sintra, a Lousã ou São João da
Madeira.
BP – Está preocupado
com as fontes de financiamento. A Escola é viável financeiramente ao dia de
hoje?
JF – Esta casa não existe
para dar lucro e o apelo que
faço ao dia de hoje é que não
nos retirem orçamento, um pedido que aliás já fiz ao ministro
da Administração Interna. No
que concerne à formação o
POPH (programa comunitário)
tem sido um excelente auxiliar
e os recursos que advêm da
nossa gestão são também importantes. Esta Escola dinamiza uma área, que é um excelente contributo financeiro, a
formação de empresas e agentes de proteção civil. Até julho,
faturamos mais de 340 mil euros em formação a empresas.
Esta verba, que será reinvestida cá dentro, é realizada com
formadores que nada têm a ver
com a formação que é ministrada aos bombeiros. Que fique
bem claro que os bombeiros
não são prejudicados em nada
com esta nossa função exterior.
Dos 19 milhões de euros que
constituem o orçamento anual
da Escola, cerca de 12 milhões
servem para pagar a parceria
que temos com a ANPC relativamente às denominadas unidades orgânicas, nomeadamente a FEB, operadores e Gabinete
Técnico-Operacional.
Em termos práticos, ficamos
com seis a sete milhões.
Tudo isto para lhe dizer que
do ponto de vista financeiro, a
casa está estabilizada.
BP – E a apresentação de
projetos ao POVT para melhoramentos das infraestruturas? Conseguiu que a tutela lhe abrisse essa porta?
JF – Sim, posso dizer-lhe
que estão já programados melhoramento no polo da Lousã e
em São João da Madeira. Já
quanto à sede, a situação é
mais complicada pois este edifício é muito interessante mas
requer muita manutenção. A
isto temos de associar ainda a
construção do tão falado campo de treinos. O projeto que
existia foi por nós questionado
por entendermos que a sua dimensão para a realidade portuguesa não era de alguma forma
razoável, era excessivo a nosso
ver e por isso e resolvemos por
isso reavaliar o projeto.
No total precisamos de um
milhão de euros e vamos ver
como é possível já que o atual
quadro comunitário está a chegar ao fim e aguardamos a
abertura de um novo quadro de
apoio.
BP – O MAI garante que
está a tratar da situação laboral dos elementos da
ANPC que estão vinculados
à ENB. Quando tomou posse
assumiu que este seria um
dos seus temas de rutura.
Qual é o prazo que dá?
JF – Se dependesse de mim
terminaria hoje. Como sabe na
Lei Orgânica da ANPC consta
um artigo que permite encontrar uma solução própria para a
FEB. Mas, relativamente Às outras duas áreas a situação é
bem mais complicada. Inicialmente estava previsto que a escola pudesse fazer a migração
legal desses elementos para as
estruturas da ANPC mas, como
também sabe, terá havido problemas com o Ministério das Finanças o que faz com que tenha
ficado tudo na mesma.
Teremos que pensar bem
nesta questão e por exemplo
perceber como podermos rentabilizar melhor estas estruturas.
Em jeito de conclusão, digo-lhe que enquanto for presidente desta casa a Escola servirá o objetivo único para o
qual foi criada, a formação até
porque esta casa tem dois sócios perante os quais teremos
de responder num trabalho
conjunto.
BP – Há uma opinião recorrente, a de que a Escola
tem funcionários a mais. É
verdade?
JF – Perante o caos informático que encontrei, garanto-lhe
que a Escola não tem funcionários a mais. Posso dizer-lhe
que, enquanto a situação informática não estiver resolvida,
porque vai demorar algum
tempo, tenho aqui sete funcionários que contratei através do
Instituto de Emprego e Formação Profissional. Esta é a única
forma de limpar três anos de
atraso. A isto, junta-se o trabalho administrativo que a Escola
tem com os cerca de 600 funcionários da ANP e os 79 funcionários da Escola, sendo que
todo este trabalho é assegurado por apenas três pessoas.
Por outro lado, há áreas
como a dos formadores onde é
preciso investir e recrutar pessoas, um processo que aliás já
começou na lógica da descentralização.
BP – A Escola vai entrar
em processo de Certificação
de Qualidade. Como é que
isto está a ser feito?
JF – Como não se pode fazer
tudo ao mesmo, a partir de outubro iniciaremos a certificação
de qualidade do departamento
de formação e para recrutámos
um técnico para nos ajudar a
perceber onde podemos melhorar e o que precisamos de
fazer para corrigir eventuais erros. Já agora gostaria de lhe dizer que todas as pessoas que
temos contratado são pessoas
ligadas aos bombeiros.
BP – Qual o ponto de situação da auditoria das finanças à ENB?
JF – Sei que auditoria está
em curso e mais do que isto
não sei.
13
SETEMBRO 2013
TIMOR-LESTE
Liga denuncia falha de compromisso
Apoio aos
bombeiros
portugueses
o contrário do que foi anunciado
em maio, altura em que o Governo apresentou a estratégia de prevenção e combate aos incêndios, a
intenção colocar reclusos em ações
de prevenção e limpeza das florestas
não passou disso mesmo, de uma intenção. No início deste mês, o Ministério da Agricultura e do Mar (MAM)
veio a público explicar que a medida
obrigaria à adoção de “medidas de
segurança excecionais”, com “custos
associados”, para os quais não houve
verba.
O Dispositivo Especial de Combate
a Incêndios Florestais (DECIF) 2013
previa a participação de cerca de 900
reclusos em ações de prevenção e vigilância dos fogos florestais, após terem frequentado um período de formação na Escola Nacional de Bombeiros (ENB). Em declarações públicas,
Paula Teixeira da Cruz, a ministra da
Justiça revelou que “razões burocráticas” impediram a participação dos reclusos no DECIF.
Já o Ministério da Agricultura diz
que “os trabalhos de prevenção estrutural na floresta são trabalhos qualificados que envolvem especialização e
têm riscos associados”, e que uma
“eventual colaboração de reclusos
obrigaria sempre a formação específica, quer em operações de silvicultura
preventiva, quer em segurança, higiene e saúde no trabalho”.
“Tratando-se de trabalho, como não
poderia deixar de ser, este teria de
ser pago. Mais, a colaboração de re-
O
Foto: Marques Valentim
A
FALTA DE DINHEIRO AFASTOU RECLUSOS DA FLORESTA
clusos obrigaria à adoção de medidas
de segurança excecionais, com custos
associados”, alega o ministério de
Assunção Cristas. Assim, adianta o
Ministério da Agricultura, foram
“quantificados os custos e meios adicionais para que os trabalhos de prevenção estrutural pudessem ser assegurados com a colaboração de reclu-
sos”, tendo sido decidido “não ser
esta a melhor forma de executar as
ações de prevenção estrutural na floresta sob gestão do Estado”.
Numa primeira reação, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses
(LBP), Jaime Marta Soares, reconheceu que houve uma “falha” na
aplicação do DECIF, tendo em conta
que a colaboração dos reclusos na
prevenção e vigilância das matas estava prevista no programa.
“Isso é uma falha que terá responsáveis”, disse Jaime Marta Soares,
adiantando que é difícil avaliar quais
os resultados que esta medida teria
na prevenção de incêndios.
Patrícia Cerdeira
presidente de Timor-Leste, Taur
Matan Ruak, manifestou a intenção de entregar um cheque no valor de
1 milhão de dólares para a ajuda aos
bombeiros portugueses. O anúncio foi
feito durante a visita oficial que fez a
Portugal.
A entrega do donativo para apoio
aos bombeiros e famílias enlutadas
será feita através da embaixada de Timor-Leste em Portugal que irá contactar o Ministério da Administração Interna para o efeito. Durante a visita de
três dias a Portugal, Taur Ruak declarou querer, “ aproveitar esta oportunidade para transmitir o nosso obrigado
ao povo português pela sua generosidade e também ao Estado”.” Timor-Leste está preparado para reforçar a
nossa parceria na medida em que os
desafios ainda não terminaram”, disse
o chefe de Estado timorense.
14
SETEMBRO 2013
ALCABIDECHE
Ana Rita e Bernardo
Só no mês de agosto oito bravos guerreiros pereceram na primeira
linha do combate aos grandes incêndios florestais que pintaram de
negro o nosso País e enlutaram os corações dos portugueses que,
numa atitude sem precedentes, se uniram aos seus bombeiros,
tentando na solidariedade encontrar consolo para as inesperadas e
trágicas mortes que a todos chocaram.
Nos quartéis de Alcabideche e do Estoril os camaradas e amigos de
Ana Rita Pereira e Bernardo Figueiredo não escondem a tristeza e
a revolta pelas prematuras perdas, contudo o exemplo e a
coragem destes dois jovens ajudam a mitigar a dor, ao mesmo
tempo que sevem de alento e de estimulo para que a missão de
salvar vidas continue a nortear a vida destes homens e mulheres.
Texto: Sofia Ribeiro
Fotos: Marques Valentim
U
m mês volvido sobre o inferno que se instalou a
norte do país e que ceifou
a vida a oito bombeiros e provocou ferimentos em muitos
outros, a mágoa e a desgosto
ainda moram nos quartéis de
todo o país, até porque os incêndios continuaram a não dar
tréguas, tal como o mediatismo
que envolveu as mortes, não
permitindo que o luto se cumprisse.
Nos Voluntários de Alcabideche e do Estoril, o exemplo, a
coragem, a determinação de
Ana Rita Pereira e de Bernardo
Figueiredo ajudam a atenuar a
pesar, e a seguir em frente,
porque um bombeiro não se resigna, não desiste, não hipoteca o lema “vida por vida” que o
guia.
Em Alcabideche ainda se vivem dias difíceis, ninguém esquece Ana Rita Pereira, a menina que cresceu e se fez mulher
no seio daquela grande família,
a operacional destemida, determinada e muito bem-disposta.
A chefe Sónia Almeida fala-nos de uma jovem trabalhadora “afoita”, que envergava com
grande vaidade a farda. Recorda o empenho da jovem de 22
anos para progredir na carreira
e o orgulho que sentiu quando
há poucos meses foi promovida
a bombeira de 2.ª.
“Estava feliz lembrou-me,
lembramo-nos todos, da alegria e do entusiasmo e orgulho
com que exibia as divisas”, recorda Sónia Almeida.
Entre muitos sorrisos, mas
também algumas lágrimas a
chefe dos Bombeiros de Alcabideche e as bombeiras de 2.ª
Ana Costa e Ana Paula Jerónimo recordam a camarada mas
também a amiga, que entrou
pela mão do pai no quartel aos
14 anos e de onde não mais
quis sair, crescendo amparada
pela experiência de vida, mas
também pelos afetos dos outros bombeiros.
Dizem, sobretudo as operacionais, que nos quartéis não
existem homens e mulheres,
são todos bombeiros, contudo
Ana Rita, fazia questão de levar
para os teatros de operações
um completo estojo de maquilhagem, a que recorria finda
cada missão para recuperar a
(boa) imagem exigida a uma
mulher.
“Era muito vaidosa” recorda
Sónia Almeida contanto que,
horas antes da partida da coluna de Lisboa para o fatídico incêndio da Serra do Caramulo,
Ana Rita tinha tratado de apetrechar o seu estojo com mais
alguns coloridos vernizes.
Sónia Almeida acompanhava
Ana Rita Pereira no combate às
chamas no Carvalhal das Velhas
e, por isso mesmo, durante a
conversa com os jornalistas
deixa-se levar pela emoção, re-
volta-se, indigna-se com a exposição mediática deste acidente, mas garante que nada a demoverá de continuar a dar a
sua vida pelo próximo.
“Nunca pensei em deixar os
bombeiros!”, diz-nos, embora
confesse ter fraquejado, mas
uma conversa com o comandante e o retomar da atividade
operacional permitiram repor os
níveis de coragem, bravura e
adrenalina que sustentam um
bombeiro.
O comandante José Palha dos
Voluntários de Alcabideche re-
conhece que ninguém está preparado para uma tragédia desta
natureza, que não é fácil gerir a
situação, tendo em conta que a
atividade dos bombeiros não
pode cessar.
“O importante é deixar claro
que os bombeiros estão preparados e sabem fazer bem o seu
trabalho” refere o comandante,
incentivando os mais de 120
operacionais que servem os Voluntários de Alcabideche, a
atender ao exemplo deixado
por Ana Rita Pereira, uma operacional sempre pronta, sempre
S. PEDRO
João Martins sonha
João Martins, um dos bombeiros feridos no
incêndio da Serra do Caramulo, já teve alta
médica. Depois de 22 dias de internamento,
já teve alta e sonha, agora, com o regresso
ao ativo.
Texto: Sofia Ribeiro
Fotos: Marques Valentim
J
oão Martins integrava a coluna de Lisboa que, no dia 22
de agosto, no combate ao incêndio no lugar do Carvalhal de
Velhas que vitimou Ana Rita Pereira e Bernardo Figueiredo, e
lhe provocou queimaduras graves nos membros inferiores.
Depois de quase um mês de
internamento João Martins está
de regresso à família e à sua segunda casa: o quartel dos Voluntários de São Pedro de Sintra,
onde na passada semana recebeu o jornal “Bombeiros de Portugal”.
Operacional experiente, com
“mais de 30 anos de bombeiro”
João Martins são consegue encontrar explicação para o grave
acidente que matou os seus camaradas e lhe provocou ferimentos graves.
Garante que o fogo esta “praticamente morto” e só por isso o
grupo avançou. Revela ainda que
foram cumpridos todos os procedimentos, e que assim a água
atingiu as chamas o fogo voltou a
ganhar força, o que levou o grupo
a fugir para o queimado, que “estranhamente” voltou a arder.
“Com tantos anos de bombeiro, nunca tinha visto nada assim… tentamos tirar toda a gente
dali, mas infelizmente…”, conta
João Martins deixando correr-lhe
pela face as lágrimas que denunciam o cenário de horror vivido
por aqueles bombeiros.
Depois de recuperar o folego e
tentar afastar memórias que
queria esquecer, João Martins
ganha força para contar que, no
momento nem se apercebeu da
gravidade das suas queimaduras. e que só quando o último
homem foi retirado daquele inferno começou a sentir dores e a
perder forças.
Em jeito de desabafo garante
15
SETEMBRO 2013
E ESTORIL
deixam exemplo
disponível, uma lutadora na
vida e nos mais distintos teatros de operações.
Foram muito exigentes, duríssimos os dias que se seguiram ao acidente que ceifou a
vida de Ana Rita e deixou Bernardo Figueiredo em estado
muito crítico.
No quartel do Estoril todos
esperavam por um “milagre”,
mas dias após o internamento o
jovem de 23 anos acabou não
resistir às queimaduras e aos
danos internos causados pela
inalação de monóxido de carbono.
Também por aqui o luto só
agora se começou a fazer, porque as circunstâncias, o mediatismo que envolveu a morte deste jovem voluntário não permitiram que fosse cumprido logo
após as cerimónias fúnebres.
Ainda assim, e muito pela
ajuda da família de Bernardo,
incansável no apoio ao corpo de
bombeiros, no Estoril já se consegue, enganar a dor, com o
exemplo deixado a todos como
herança pelo estudante de Engenharia de Telecomunicações
e Informática, no Instituto Superior Técnico.
Bernardo era, aos olhos de
quem com ele privou nos últimos anos, um ser muito especial, que todos contagiava com
a sua alegria, com um sorriso
franco aberto que só as pessoas
felizes exibem.
Aliás o sorriso era mesmo a
imagem de marca deste jovem,
conforme nos revela o comandante Carlos Coelho.
Numa sala do quartel o chefe
Bruno Felício e os bombeiros
João Félix e Beatriz Augusto recordam muitas e muitas histórias partilhadas com um camarada e amigo sempre disponível, disposto a ouvir e ajudar,
mas também o operacional bem
formado e preparado.
Divertido por natureza Bernardo “não dava sossego a ninguém”, nem espaço para que a
tristeza entrasse no corpo de
bombeiros.
Revelam que o camarada ti-
nha o dom de fazer esquecer
ou minimizar qualquer problema pessoal que os companheiros levassem para o quartel.
Porém o “brincalhão” Bernardo era um crédulo, que por isso
facilmente “caia” nas partidas
dos outros, mas sinal inteligência, sabia rir-se de si próprio e
aceitar, sempre com um sorriso
– o tal sorriso – as tropelias dos
camaradas.
Competente nas missões
que desempenhava, Bernardo
distinguia-se pelo bom aproveitamento nas várias formações
que fez ao longo de cinco anos
ao serviço dos bombeiros.
Quando confrontados com
pergunta “como se reage a
uma tragédia desta natureza?”
, o grupo responde a uma só
voz “seguindo o exemplo que o
Bernardo nos deixou, dando
mais e melhor, todos os dias,
em todas as missões e na vida”.
Mais à frente, questionados
se esta morte não lhes faz repensar a opção que tomaram,
Beatriz Augusto prova de que
matéria é feito um bombeiro:
“Estava afastada dos bombeiros há já algum tempo, logo
que o Bernardo morreu, voltei
a vestir a farda e a apresentar-me ao serviço… Era o mínimo
que podia fazer para honrar a
sua memória”.
Após as mortes destes dois
bombeiros, a que entretanto se
seguiram outras, Portugal uniu-se à causa dos soldados da
paz e soube ser solidário. Apanhados de surpresa os mulheres e homens que servem os
quartéis de todo o país, ainda
têm dificuldade em reagir às
homenagens aos ajudas financeiras, à chegada de novos voluntários.
Tanto em Alcabideche como
DE SINTRA
no Estoril os operacionais esperam que este apoio não esmoreça logo que se extinga o último incêndio florestal, que a li-
com o regresso ao ativo
que os meios aéreos de combate
pedidos para o local não chegaram, defendendo que com esse
apoio a tragédia, talvez, pudesse
ter sido minimizada.
Apesar do pesadelo vivido naquela tarde a agosto na Serra do
Caramulo, o bombeiro diz que
pensou em muita coisa – “nestas
situações pensamos em tudo” –
mas nunca em desistir, aliás no
hospital “só sonhava em regressar ao quartel”.
João Martins devendo dentro
em breve iniciar os tratamentos
que visam a total recuperação do
pé direito.
Até lá, este operacional experimentado vai “alimentando o
bichinho” com visitas diárias ao
quartel, onde, aliás, os filhos
gémeos de 15 anos integram a
escola de cadetes, certamente
a imaginar o dia, para orgulho
do pai, possam também servir
nos mais variados cenários os
Bombeiros de S. Pedro de Sintra.
gação perdure, provando que
nesta vertente, como noutras
“estas oito mortes não foram
em vão”.
16
SETEMBRO 2013
SOLIDAR
Tony Carreira homenageia
No passado dia 13 de setembro, o Pavilhão
Rosa Mota esgotou para receber Tony
Carreira num concerto de homenagem
bombeiros de Portugal, tendo o valor de
bilheteira revertido, integralmente, para o
Fundo de Proteção Social do Bombeiro.
Num gesto abnegado, o artista decidiu
apoiar as vítimas dos incêndios deste
verão, entregando ao presidente da Liga
dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta
Soares, um cheque no valor de 70 mil
euros.
Texto: Sofia Ribeiro
Fotos: Sérgio Santos
C
erca de sete mil pessoas
assistiram no dia 13 de
setembro, no lotado Pavilhão Rosa Mota, ao concerto
que Tony Carreira fez questão
de dedicar os bombeiros, alertando assim o País para o trabalho dos milhares de homens e
mulheres que cumprem o lema
“vida por vida”.
Este espetáculo, promovido
em tempo recorde, esgotou rapidamente, “mesmo em tempos
difíceis”, conforme fez questão
de salientar o cantor ao jornal
Bombeiros de Portugal (BP),
garantindo que a “causa tocou
os portugueses”.
Poucas horas antes do concerto, Tony Carreira deslocou-se ao quartel dos Bombeiros
de Matosinhos e Leça Palmeira,
uma instituição que serve a comunidade e o Pais há 140 anos,
com uma longa e rica história
que está, aliás, devidamente
preservada e documentada
num museu que o artista teve a
oportunidade de conhecer.
Para além dos responsáveis
associativos e operacionais dos
Voluntários de Matosinhos Leça,
acompanharam o cantor nesta
visita o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito
do Porto, José Miranda e o pre-
sidente da Liga dos Bombeiros
Portugueses (LBP), Jaime Marta
Soares.
Em declarações ao nosso jornal, Tony Carreira falou do dia
em que confrontado com a
morte “de mais um bombeiro”
decidiu então que era fundamental “fazer alguma coisa”, e,
depois de trocar impressões
com alguns elementos da sua
equipa, avançou de imediato,
contando desde logo com o
apoio do Continente.
Um punhado de boas vontades foi, assim, suficiente para
organizar este concerto.
“A bilheteira não esgotou só
por causa de mim! Quero acreditar que os portugueses se
uniram a esta causa pelos bombeiros. Na internet muitas foram as pessoas que manifestaram a intenção de comprar o
bilhete, ainda que impossibilitadas de assistir ao espetáculo,
apenas por solidariedade e isto
é extraordinário”, referiu o cantor.
Importa destacar que já por
diversas vezes Tony Carreira se
associou a causas desta natureza e usou a sua popularidade
para publicamente “louvar a coragem dos homens e mulheres
que morrem pela vontade e de-
“UM EURO PARA OS BOMBEIROS”
P
Começou com uma conversa na rede
edro Fonseca arrancou com a ideia
a partir de “uma conversa na rede”,
foi juntando amigos, cada vez, contou
ainda com a adesão do blogue “bombeirosparasempre” e em cerca de 48
horas antes da data proposta foi possível abrir e criar o evento no “Facebook” (FB).
A ideia era que, em 31 de agosto,
sábado, cada cidadão fosse ao quartel
dos bombeiros da sua área de residência entregar simbolicamente 1
euro. A partir do dia 28, segundo o
Pedro Fonseca, “o evento é criado por
volta da meia-noite, estava-se a 48
horas, havia que queimar algumas
pestanas por forma a que a informação chegasse ao maior número de
pessoas e corporações”.
Sobre o impacto da ideia, o autor
reconhece estar admirado com ele.
“Seria mentir se não dissesse que o
objetivo de criar o evento era o de
chegar da mensagem ao maior número de pessoas através das redes sociais, mas imaginar que um simples
gesto tivesse o alcance que teve,
nunca”, admite Pedro Fonseca sublinhando que “é claro que a comunicação social e os muitos irmãos fraternos e escuteiros de todo o país deram
uma ajuda acrescida”.
Sobre os resultados da iniciativa,
Pedro Fonseca conclui que, no seu entender correu bem, não só pela recolha dos donativos mas também, em
seu entender, “pela presença das pessoas nos quartéis, pelas palavras e
pelos gestos de reconhecimento pelo
seu trabalho, para mais numa altura
em que a perca de vidas humanas no
teatro de operações estava a deixar
fragilizado todo o efetivo”.
Pedro António Correia da Fonseca é
casado, pai de uma universitária finalista e de um jovem estudante do ensino básico, ambos escuteiros. Pedro
Fonseca também é escuteiro, delegado de proteção do Agrupamento 36
do Corpo Nacional de Escutas (CNE)
da Marinha Grande, pertence ao Núcleo da Marina Grande da Fraternidade Nuno Álvares (Associação Nacional
de Antigos Escuteiros do CNE) e ao
Departamento Regional de Proteção
Civil da Região de Leiria/Fátima do
CNE.
“A minha ligação aos bombeiros
vem de há muito, pela amizade que
tenho para com alguns antigos e
atuais efetivos” dos Voluntários da
Marinha Grande e Vieira de Leiria.
17
SETEMBRO 2013
RIEDADE
a os bombeiros de Portugal
terminação de ajudar o próximo”.
”Não acho normal que seja
necessário dinamizar ações de
solidariedade para apoiar os
nossos bombeiros. O Estado
deveria apoiar muito mais, mas
não o faz infelizmente”, declarou, em tom crítico.
Por sua vez, Jaime Marta
Soares mostrou-se muito sensibilizado com esta “iniciativa solidária e humanista de enorme
dimensão que surge da preocupação de um homem e de uma
entidade como o Continente
que entenderam apoiar a causa
dos bombeiros portugueses”.
“Este momento é único na
P
vida dos bombeiros” considerou
o presidente da LBP reconhecendo ainda, que de alguma
forma a tragédia que se bateu
sobre os quartéis do nosso país,
permitiu “alertar os portugueses para realidade dos nossos
soldados da paz” .
Contudo, Jaime Marta Soares
aproveitou a ocasião para relembrar que “os fogos florestais
correspondem apenas a 8 por
cento da atividade destes homens e mulheres que fazem
muitas outras coisas, que estão
sempre disponíveis, sempre
presentes nos momentos mais
críticos”.
“É preciso que este povo es-
teja atento e sempre ao lado
dos seus bombeiros”, acrescentou.
“A verba apurada neste concerto solidário destina-se ao
Fundo de Proteção Social do
Bombeiro que tendo como prioridade apoiar as famílias das vítimas e também os operacionais internados ou em tratamento. Queremos garantir celeridade à resolução de todos os
problemas, para que nada falte
a estas pessoas, para que não
sofram de qualquer tipo de necessidade”, esclareceu o presidente.
Também o presidente da Federação dos Bombeiros do Dis-
Continente oferece cinco mil euros
ara além do valor total da bilheteira do
concerto do Pavilhão Rosa Mota, no âmbito da “Tour dos Sorrisos” o Continente ofereceu, ainda, cinco mil euros em produtos alimentares de primeira necessidade aos Bombeiros de Matosinhos Leça.
Foi em festa que o quartel deu as boas vindas a Tony Carreira, que visitou as instalações, trocou impressões com bombeiros e
dirigentes e espalhou simplicidade e simpatia.
Refira-se que a “Tour dos Sorrisos” é uma
iniciativa de cariz social do Continente que
permite apoiar de 10 de instituições de outras tantas localidades onde o artista atua.
Ao associar-se a esta causa, a Missão Sorriso reconhece o trabalho de “todos os soldados da paz que diariamente têm dado o melhor de si no combate às chamas, de norte a
sul do país e ilhas, reforçando a sua promessa de apoiar aqueles que levam ao extremo a
missão de salvar os bens nacionais”.
Mais de uma centena integram dispositivo
R
efira-se todos os 16 Corpos de Bombeiros do distrito do Porto se associaram esta grande
iniciativa, integrando o dispositivo de prevenção que envolveu 122 operacionais, 24 viaturas,
e ainda elementos Batalhão de Sapadores do Porto e da Polícia de Segurança Pública.
Registe-se que a noite terminou em festa, até porque foi reduzido o número de ocorrências,
o que permitiu dar algum descanso aos bombeiros, conforme nos referiu o comandante José
Júlio Pereira, comandante dos Voluntários de Felgueiras.
trito do Porto, sublinhou a nobreza do gesto de Tony Carreira, salientando que estas ações
permitem confirmar que “a sociedade está com os seus bombeiros”
“Não sei se estas mortes, se
tantas perdas serviram para
mudar mentalidades, mas pelo
menos permitiram despertar
consciências” sublinhou o presidente da federação, considerando contudo que os bombeiros, aconteça o que acontecer,
continuarão “no lugar certo, a
cumprir o que o destino e a história lhes determinaram, à altura do seu povo, sem nunca desanimar”.
Pelas 22 horas, Tony Carreira
subiu ao palco para gáudio de
milhares de fãs, muitas nas
imediações do recinto desde o
dia anterior, para um concerto
diferente, marcado por alguma
emoção, no qual cada um dos
bombeiros falecidos foi, certamente, dignamente homenageado. No início do espetáculo,
Jaime Marta Soares subiu ao
palco para receber de Tony Carreira um cheque no valor 70 594
euros. Em jeito de profundo reconhecimento a Federação dos
Bombeiros do Distrito do Porto
presenteou o artista com um capacete, símbolo maior da ação e
da missão dos soldados da paz.
Cumpridas as formalidades,
o público rendeu-se ao charme
do cantor, num concerto animado por muitos dos grandes sucessos do artista.
18
SETEMBRO 2013
FUNDO DE PROTEÇÃO SOCIAL
Portugueses manifestam apoio
A
s várias iniciativas de apoio
aos bombeiros realizadas
recentemente permitem concluir que, apesar de tudo, os
portugueses são sensíveis aos
seus problemas e, em especial,
ao drama vivido com a morte
em combate de 8 deles num
tão curto espaço de tempo e
de forma tão brutal.
Neste momento, não é possível saber com rigor o montante obtido dado que está ainda a decorrer o apuro final de
todas as iniciativas a favor do
Fundo de Proteção Social do
Bombeiro. É sabido, porém,
que esse valor deverá atingir
várias centenas de milhar de
euros. A esse propósito, o presidente do conselho executivo
da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), comandante Jaime Marta Soares, sublinha
que, “depois do apuro será divulgado o total de apoios até
ao cêntimo, para que todos
possam saber com exatidão o
montante que entrou no Fundo”. Segundo aquele dirigente,
“importa sublinhar, para que
todos saibam, que a verba em
causa destina-se exclusivamente ao Fundo de Proteção
Social do Bombeiro, como foi
anunciado e agora reforço, e
será empregue segundo o regulamento existente”.
O comandante Marta Soares
renova, “ o agradecimento a
todos os que participaram nas
iniciativas, desde as várias entidades já referidas, RTP, BES,
Correio da Manhã, PT, Tony
Carreira, os vários clubes desportivos, até aos colaboradores e profissionais das mesmas
que fizeram questão de participar de forma anónima e graciosa”.
A iniciativa com mais visibilidade e impacto foi, sem dúvida, a mega emissão da RTP do
passado dia 15, “Heróis de
Portugal”. Durante 10 horas de
emissão contínua, a partir do
“Meo Arena” cedido para o
efeito, a RTP levou a todo o
país e ao mundo o testemunho
dos bombeiros e prestou homenagem a todos os que este
verão lutaram contra as chamas que assolaram mais uma
vez a floresta portuguesa e,
em particular, à memória dos
que tombaram em combate.
Durante a emissão, através
de chamadas telefónicas de
valor acrescentado e outras,
feitas para a central instalada
no recinto, foi possível receber
700 mil chamadas e o apoio de
muitos portugueses. O apoio
do BES na iniciativa teve a ver,
desde logo, com um depósito
inicial do próprio banco e também a recolha da participação
dos telespetadores. Na mesma
emissão, o apoio da PT traduziu-se na montagem da central
e na participação graciosa de
todos os seus funcionários presentes.
Os artistas que participaram
na emissão do “Heróis de Portugal” fizeram-no também graciosamente.
Desejando agradecer à RTP
a iniciativa, o comandante Jaime Soares defende que é importante personalizar também
esse agradecimento, “quer ao
presidente da empresa, Alberto da Ponte, ao diretor de conteúdos, António Luís Marinho,
ao diretor de programas Nuno
Andrade, bem como a todos os
jornalistas e técnicos da Informação e Produção da RTP que
proporcionaram aquela jornada única em favor dos bombeiros”.
A participação do artista Tony
Carreira no esforço alargado de
apoio aos bombeiros portugueses, neste caso com um concerto oferecido no Pavilhão Rosa
Mota, no Porto, é motivo de
uma local na presente edição.
A campanha para a entrega
de 1 euro nos bombeiros da
área de residência de cada ci-
dadão foi outra iniciativa de
destacar, abordada também
noutra local desta edição.
Destaque, ainda, para a participação do “Correio da
Manhã”no apoio aos bombeiros
ao destinar 5 por cento da receita líquida das vendas daquele jornal em 7 do corrente, sábado. O montante em causa
será conhecido no final do corrente mês.
Por último, será também de
referir as inúmeras iniciativas
de homenagem aos bombeiros
falecidos, promovidas, quer
pela Federação Portuguesa de
Futebol, quer por muitos clubes
desportivos, Sport Lisboa e
Benfica, Académica e Estoril-
-Praia, entre outros, com um
minuto de silêncio e outras
ações no início dos jogos oficiais realizados nos seus campos. No caso concreto da Académica, o clube também entregou aos Voluntários de Coimbra
e Brasfemes 7 mil euros provenientes das receitas do último
jogo disputado.
19
SETEMBRO 2013
PEDROUÇOS
“Não é por 1.70 euros que vou
para o mato apagar incêndios”
Os Voluntários de Pedrouços, Maia,
resgataram com sucesso, de uma casa em
chamas, uma idosa acamada que se
encontrava sozinha, numa operação que
envolveu sete bombeiros e que se pautou
pela rapidez e eficaz coordenação de meios.
Esta intervenção, uma de muitas, prova,
uma vez mais, que a satisfação de dever
cumprido não tem preço.
Texto: Sofia Ribeiro
Fotos: Marques Valentim
D
ias depois do aparatoso
salvamento de uma idosa é a bombeira de 1.ª
Rosa Oliveira que recebe a
equipa do jornal “Bombeiros
de Portugal” e assume o papel
de anfitriã dos Voluntários de
Pedrouços, uma associação
pequena em dimensão, mas
gigante na entrega dos seus
operacionais.
Depois de uma visita às instalações, Rosa Oliveira dispõe-se, então, a contar o episódio
que ainda está bem presente
na memória de todos, diz-nos
que no dia 22 do passado mês
de agosto enquanto tratavam
da manutenção das viaturas foram alertados por muito fumo
e, perceberam, de imediato,
tratar-se de um fogo urbano
nas imediações do quartel.
Não perderam tempo e depressa chegaram à Avenida
Nossa Senhora da Natividade,
onde as chamas nas traseiras
começavam a progredir para a
pequena casa já tomada por
muito fumo.
“No local tivemos a indicação
que estariam lá dentro duas
pessoas, não tivemos tempo
para mais nada arrombamos a
janela e entrámos” conta-nos a
bombeira, adiando que depois
de vistoriado o interior da habitação verificaram que “só se
encontrava uma senhora acamada ligada a um ventilador e
um cão”, que foram rapidamente retirados do local.
Dois dos operacionais transportaram a mulher ao hospital
e os restantes elementos da
equipa asseguraram o combate às chamas.
“É gratificante poder salvar
alguém”, revela-nos a bombeira de 1.ª, que diz ainda que
cumpre todas as missões com
o mesmo empenho.
“É preciso gostar-se disto,
pois não é por 1.70 euros que
vou para mato apagar incêndios. Vou porque quero porque
gosto deste trabalho”, afiança.
Participaram nesta ocorrência Rosa Oliveira, Miguel Nogueira, Rui Pacheco, Pedro
Barreto, Mário Rodrigues, Filipe Ribeiro e o 2.º comandante,
Vítor Santos, apoiados por um
VLCI e VSAT de Pedrouços e
ainda uma viatura de transporte de água dos Voluntários de
Areosa-Rio Tinto.
PERFIL
A
Uma mulher de armas
bombeira de 1.ª Rosa Oliveira fala com o
mesmo entusiasmo desta missão como de
todas as outras que desempenho ao serviço
dos bombeiros, e ainda que o seu sonho fosse
ser militar.
“Os meus pais não permitiam que eu seguisse a carreira militar, então decidi ir para os
bombeiros, mas eles também não deixaram.
Conheci o meu marido que era bombeiro e
nunca mais saí desta casa. Até casar fui bombeira transportar um doente ao hospital perto de casa pedia os colegas que saíssem da
ambulância, e ficava na ambulância com medo
de ser descoberta”
Depois de casada, ingressou “na primeira
escola deste corpo de bombeiros desta associação”, e desde então que assume com orgulho essa opção de vida, que a família “acabou
por aceitar”.
Fala com orgulho do seu percurso e sublinha o facto de ser “umas das primeiras mulheres nos bombeiros a conduzir pesados” e
vou para o terreno.
Esta é uma mulher de armas que nos tea-
tros de operações, não há homens e mulheres, apenas bombeiros.
20
B
SETEMBRO 2013
CARCAVELOS
PENELA
Bombeiros parteiros
Incêndio na Cumieira
ombeiros de Carcavelos
cumpriram com êxito mais
uma missão, depois de terem
sido acionados pelo CODU para
uma situação de parto eminente na localidade de Sassoeiros,
para onde foi também enviada
a VMER.
À chegada ao local, as equipas decidiram avançar com o
parto. Poucos minutos depois
nasceu o Pedro. Mãe e filho foram depois encaminhados ao
hospital de Cascais.
Integraram este grupo de
parteiros as bombeira de 2.ª
Paula Antunes e Cláudia Carvalho e a estagiária Rute Monteiro.
A
lertados para incêndio florestal na localidade de
Cumieira, no passado dia 30, os
Bombeiros de Penela acorreram
com prontidão e “em força”.
Para o local foram enviados
três veículos de combate a incêndios florestais, um autotanque e um veículo de comando.
No combate, os operacionais
de Penela, contaram com o
apoio de dois veículos dos Bombeiros de Ansião, um veículo
dos sapadores florestais, uma
equipa terrestre dos GIPS e um
helicóptero e respetiva tripulação, num total de 32 homens.
INCÊNDIOS FLORESTAIS
AVEIRO
Operacionais ajudam o Dinis a nascer
A
tripulação destacada para a ambulância PEM/
INEM dos Bombeiros de Aveiro - Velhos,
constituída pelo adjunto de comando António Vinagre, e pelo subchefe Ricardo Guerra, em conjunto com a equipa da VMER do Centro Hospitalar do Baixo-Vouga (CHBV), Aveiro, assistiram ao
parto do Dinis. O alerta desta ocorrência deu-se
esta semana, ao princípio da madrugada, quando já estávamos a fechar a presente edição. Para
o local foram accionados a ambulância PEM/
INEM e o veículo de socorro e assistência tática
(VSAT 01) para proceder à abertura da porta da
habitação, uma vez que o estado da parturiente
não o permitia.
Perante a iminência do nascimento da criança,
a opção da equipa foi de efectuar o parto no local.
Mãe e criança encontram-se bem e após o
parto foram conduzidos ao CHBV.
A rematar a informação posta a circular na
rede social, “Os Bombeiros de Aveiro - Velhos
desejam as maiores felicidades ao Dinis e à mãe”
U
Sapadores de Setúbal com o GIPS
ma delegação de 8 elementos da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal
(CBSS), integrou entre 2 e 4 de
setembro, o dispositivo do GIPS
da GNR no combate aos incêndios florestais no norte de Portugal, mais concretamente nos
incêndios de Vale de Cambra,
Baltar e no Parque Natural Peneda-Gerês.
Segundo o comandante do
CBSS, Paulo Lamego,”este intercâmbio de atuação entre as
duas forças constituídas só por
elementos profissionais, permitiu uma troca de experiência e
uma mais-valia na prestação do
socorro, beneficiando com isso
todos os intervenientes”.
“Destaco ainda, que esta integração permitiu satisfazer o
desejo demonstrado pelos
bombeiros sapadores da CBSS,
em dar o seu contributo ao forte dispositivo que combateu o
flagelo dos incêndios florestais
na zona norte do País, que custou a vida a 8 Bombeiros Portugueses, e que ninguém conseguiu ficar indiferente”.
Prescindir dos dias de folga, e
ajudar com o seu saber e competência,
segundo
Paulo
Lamego,”foi uma honra para estes bombeiros, e como comandante de companhia, só lamento não ter permitido a mais elementos darem também o seu
contributo, mas, a responsabilidade de ter o Parque Natural da
Arrábida para proteger, obriga-
ram-se a não atender a esse
pedido”.
Os relatos são unânimes,
para o comandante do CBSS,
com “a excelente preparação
física e a disciplina na atuação
de ambas as forças, possibilitou
o trabalho como se de uma só
força se tratasse, não fosse a
cor diferente das fardas e ninguém notaria a diferença”.
A propósito, Paulo Lamego,
endereça, “o meu voto de apreço aos militares do GIPS, que
comprovaram os excelentes
profissionais que o País dispõe
no socorro, a minha gratidão
aos Bombeiros Sapadores de
Setúbal, que com esta forma de
atuar facilitam qualquer ação
de Comando, mas acima de
tudo, todos guardamos o grande sentimento de gratidão das
populações afetadas”.
ENB
AVEIRO – VELHOS
U
Troca de experiências na Madeira
ma comitiva do Corpo de Bombeiros de
Aveiro – Velhos composta por nove elementos esteve na Ilha da Madeira, onde tomou contacto com a realidade dos serviços de
proteção civil locais e ainda fomentar laços
com os Municipais de Machico e os Voluntários
de Santana..
Do programa desta viagem constou visita
ao SANAS, Associação Madeirense para o Socorro no Mar que permitiu tomar contacto com
a complexidade do socorro marítimo.
O grupo esteve, ainda, no quartel dos Voluntários Madeirenses e também Bombeiros
do Aeroporto do Funchal, onde “foi exposto o
modus operandi na intervenção em acidentes
com aeronaves.
Ainda no âmbito desta visita, os Municipais
de Machico e os s Voluntários de Santana organizaram um exercício conjunto de resgaste
em montanha, uma realidade operacional
bem diferente daquela a que os Bombeiros de
Aveiro - Velhos estão habituados.
Um torneio de futsal, que envolveu equipas
de Santana, Machico e Aveiro, encerrou este
encontro marcado por uma profícua troca de
experiências, “importante para alargar horizontes em matéria de atuação nos diferentes
teatros de operações”.
A
Curso de Patrão Local
Escola Nacional de Bombeiros (ENB) deu início ao processo de qualificação dos formadores de Condutor de Embarcações de Socorro (CES).
Neste âmbito, foram ministrados dois cursos de patrão local
a 15 elementos especializados
desta área de socorro náutico.
As 35 horas de formação teórica cumpriram-se nas instalações da escola, em Sintra, enquanto as 15 horas de práticas
decorreram na barra do rio
Tejo, em estreita colaboração
dos Bombeiros Voluntários da
Trafaria.
21
SETEMBRO 2013
ILHA TERCEIRA
ENB
Exercício testa equipas de resgate
Formação em combate florestal
C
om o intuito de avaliar a capacidade de resposta e articulação das equipas de salvamento em grande ângulo dos
bombeiros da ilha Terceira, nos
Açores e a equipa cinotécnica
da GNR realizou-se, no dia 14
setembro, o exercício “Livex
Chambre 2013”.
O Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores levou a efeito este treino
conjunto na Rocha do Chambre,
no interior daquela ilha, tendo
como cenário o salvamento de
dois turistas de uma arriba com
cerca de 50 metros que num
percurso pedestre ficaram impossibilitados de regressar devido ao mau tempo.
Na presença de várias entidades da proteção civil regional
e dos corpos de bombeiros de
Angra do Heroísmo e Praia da
N
Vitória, o secretário regional da
saúde, Luís Cabral, referiu que
o aproveitamento “das sinergias de diferentes corporações
e forças de segurança, permitem que numa eventual neces-
sidade todos possam trabalhar
em conjunto, pois todos tem a
mesma formação, base de trabalho e sabem operar da mesma forma”.
Sérgio Santos
o primeiro semestre deste ano, a Escola Nacional de Bombeiros (ENB) ministrou formação
em combate a incêndios florestais a cerca de 4100
bombeiros. Das 267 ações concretizadas, 159 foram especificamente desenvolvidas, em conjunto
com a Autoridade Nacional de Proteção Civil
(ANPC), para a preparação do Dispositivo Especial
de Combate a Incêndios Florestais (DECIF). Neste
domínio específico, segundo informação prestada
pela ENB, de janeiro a junho último, 3177 formandos participaram em ações de treino operacional
ou de gestão de operações. A preparação para o
DECIF 2013 teve ainda uma novidade formativa,
o módulo de “Comandante de Setor”.
BARREIRO
A
M
Sul e Sueste acolheu com reconhecido sucesso e a partici-
pação de 19 equipas de todo o
país,
BARREIRO
C
MALVEIRA
Sul e Sueste em Barcelona
Equipa de Salvamento e
Desencarceramento
do
Corpo de Bombeiros do Sul e
Sueste participou no IX Encuentro Nacional de Rescate en
Accidentes de Tráfico, que realizou no Circuito Automóvel da
Catalunha, em Montmeló (Barcelona), nos dias 15 a 18 de
setembro, a convite da Associación Profesional de Rescate
en Accidentes de Trafico
(APRAT) na sequência do I
Campeonato Nacional de Salvamento e Desencarceramento
que o Corpo de Bombeiros do
Emergência pré-hospitalar
omo resultado da aposta estratégica em formação no domínio da saúde, o Corpo de Bombeiros do Sul e Sueste (Barreiro) conta presentemente com 22 bombeiros do Quadro de Comando
e do Quadro Ativo com a qualificação de Tripulante de Ambulância de Socorro (TAS) válida e certificada pelo INEM, segundo refere um comunicado
enviado às redações.
“Em menos de 12 meses foi possível quadriplicar o número de elementos com a qualificação
TAS, na sua esmagadora maioria com um esforço
de investimento financeiro e pessoal muito elevado, concorrendo assim para o forte incremento
da qualidade do socorro prestado pelo Corpo de
Bombeiros, em primeira instância ao serviço do
Barreiro e dos barreirenses, mas também ao serviço dos concelhos vizinhos, já que os dados estatísticos demonstram que cerca de 25 % dos
serviços de emergência pré-hospitalar são efetuados para fora dos limites do concelho do Barreiro”, pode ler-se no documento.
Atualmente, o Corpo de Bombeiros do Sul e
Sueste conta ainda com 35 elementos formados
Para além da formação específica no âmbito do
DECIF, a ENB garantiu, no primeiro semestre
deste ano, formação em combate a incêndios florestais e gestão de operações a 922 bombeiros.
No âmbito da revisão do Despacho n.º
713/2012, de 18 de janeiro, a ENB está a preparar formação específica para chefes de equipa,
chefes de grupo, oficiais bombeiros e elementos
do quadro de comando. O módulo “Segurança e
Comportamento do Incêndio Florestal” será uma
formação de aperfeiçoamento técnico e envolverá os cuidados a ter com a segurança, mediante
os comportamentos variados que o incêndio pode
assumir no terreno.
CB promove workshop
ais de meia centena de
participantes confirmam
o sucesso do workshop promovido, recentemente, pelos
Bombeiros da Malveira, dirigido às empresas e versando
temas como medidas de autoproteção, a sinalização e
equipamentos de segurança e
sua manutenção e ainda formação e organização de segurança.
Segundo os promotores “o
incêndio que ocorreu, no dia
15 de novembro de 2011, nas
instalações da Sicasal revelou-se um alerta para todos os agentes empresariais” que devem encarar “a formação e
a prevenção como um investimento de futuro”.
Assim sendo, o corpo de Bombeiros Volun-
tários da Malveira, enquanto principal agente
de prevenção e formador, avançou para a organização deste workshop que captou o interessede representantes de grandes empresas
da Área Metropolitana de Lisboa.
RIBA DE AVE
O
como Operadores de Desfibrilhador Automático
Externo (ODAE), número que rapidamente se
aproximará de 60 atendendo à formação adicional já programada que se realizará em breve.
Para além do esforço de formação diferenciada
de TAS, a associação destaca ainda a aposta na
recertificação dos restantes bombeiros do Quadro
de Comando e do Quadro Ativo com a qualificação de Tripulante de Ambulância de Transporte
(TAT).
De igual modo, já foram realizados ou estão
programados para breve e estágios no INEM para
Operadores de Central de Emergência e para Tripulantes de Ambulância de Socorro.
Bombeiros investem na sensibilização
s Bombeiros de Riba de Ave
iniciaram o seu ciclo de
workshops, tendo recentemente promovido uma destas sessões sobre Condução em Emergência, reunindo uma centenas
de profissionais da Cruz Vermelha Portuguesa, da Polícia de
Segurança Pública e da Guarda
Nacional Republica e também
bombeiros e alguns civis.
“Foram três horas bastante
produtivas sempre com o foco
na redução da sinistralidade e
melhoria de procedimentos associados a condução em emergência”, conforme sublinha a
organização deste workshop
que teve como orador Leonel
Alves formador INEM do Núcleo
de Condução em Emergência.
22
SETEMBRO 2013
SIMULACRO MOSTRA DEBILIDADES NAS COMUNICAÇÕES
N
Fotos: Marques Valentim
Chiado 25 anos depois
o dia em que se assinalaram os 25 anos do devastador incêndio do
Chiado, a Câmara Municipal de
Lisboa realizou um simulacro
para testar a capacidade de
resposta dos agentes de proteção civil da cidade. Durante
cerca de duas horas, a zona da
baixa lisboeta relembrou o incêndio que, há 25 anos, destruiu vários edifícios históricos
e provocou dois mortos e cerca
de 50 feridos. O simulacro
contou com 321 bombeiros,
apoiados por 81 veículos, e 36
figurantes.
Em declarações aos jornalistas no final do exercício, o vereador da Proteção Civil de Lisboa, Manuel Brito, admitiu que
se verificaram algumas dificul-
dades nas comunicações entre
os bombeiros da cidade e as
corporações de outros concelhos, esclarecendo que os
Bombeiros Sapadores Bombeiros (RSB) e os Bombeiros Voluntários de Lisboa usam o sistema de comunicações SIRESP
(Sistema Integrado das Redes
de Emergência e Segurança de
Portugal), mas há ainda corporações que não dispõem deste
equipamento.
“A Câmara de Lisboa integra
o SIRESP porque quis integrar.
Há cerca de dois anos comprámos cerca de 700 rádios para
o Regimento de Sapadores
Bombeiros, que os distribuiu
também por todas as corporações de bombeiros voluntários
da cidade. Por isso, os bombei-
ros voluntários e os sapadores
estão integrados no mesmo
sistema mas há corporações
que ainda não aderiram a este
sistema”, explicou o responsável.
Já o presidente da Câmara
de Lisboa, António Costa, congratulou-se com os resultados
do simulacro de incêndio, mas
alertou que “nunca ninguém
está preparado inteiramente”
para responder a situações
reais, que têm grande “imprevisibilidade”, recordando que o
incêndio de 1988 “deixou marcas irreversíveis na cidade”,
como a perda de lojas históricas da cidade, vários objetos
de Fernando Pessoa e a partitura original do hino nacional.
Em conferência, o autarca
explicou que o simulacro demonstrou que a cidade está
hoje mais preparada para responder a uma situação de incêndio do que há 25 anos, mas
alertou para a existência de
outros riscos, “designadamente o risco sísmico” e para a imprevisibilidade de situações
reais. “É importante lembrar o
que se passou porque, ao recordarmos, estamos a criar as
melhores condições para que
nos equipemos, para que os
comerciantes se protejam,
para que os residentes estejam atentos e para que a construção seja diferente de forma
a sermos mais resistentes a
uma tragédia desta natureza”,
acrescentou António Costa.
Durante o simulacro, que
PORTO
O
Sensibilização nas praias
Departamento Municipal de Proteção Civil e o Batalhão
Sapadores de Bombeiros realizaram várias ações de
sensibilização nas praias do Porto, no decorrer da época
balnear, ações desenvolvidas em estreita colaboração com
o campo de férias de verão da PortoLazer e com o Instituto
de Socorros Náufragos, com o intuito de incutir nos mais
novos, noções básicas de cultura de segurança, investindo
na abordagem de técnicas de salvamento aquático e também na demonstração de procedimentos de suporte básico
de vida.
decorreu na manhã do dia 25
de agosto, os mais de 320
operacionais envolvidos testaram meios e técnicas em várias ruas daquela zona histórica da capital, incluindo na Rua
do Carmo e na Rua Garrett. No
balanço final fictício, o Regimento dos Sapadores Bombeiros de Lisboa deu conta de
uma vítima mortal, cuja morte
foi investigada pela Polícia Judiciária, de 35 feridos civis e
de 4 bombeiros também feridos, além de três detenções
por roubo a estabelecimentos
comerciais.
Em declarações aos jornalistas, o comandante, Joaquim
Sintrão, dos Bombeiros Voluntários da Pontinha, recordou o
“cenário de destruição” que vi-
veu há 25 anos nas ruas do
Chiado, lembrando que hoje
seria mais fácil combater as
chamas naquele local. “Fomos
para a Calçada do Sacramento. Chegámos às 6h45 e saímos daqui eram 11 da noite.
Era um cenário de destruição,
parecia que estávamos numa
situação de guerra”, conta.
Para este bombeiro, na altura,
o principal problema foi “a falta de água”, porque “o fogo era
de dimensões gigantescas e
estava toda a gente a tirar
água das bocas-de-incêndio”.
“Hoje os meios são mais modernos” e, por isso, “era capaz
de ser um bocadinho mais fácil” enfrentar esta ocorrência,
concluiu.
Patrícia Cerdeira
23
SETEMBRO 2013
VIATODOS
Herói vencido pela doença
caiu da varanda de um quarto
andar, a sensivelmente 15 metros do solo, e foi salva por um
bombeiro dos Voluntários de
Viatodos. Fernando Rodrigues
amparou a queda e é considerado um herói”. Foi assim que,
na edição do nosso jornal de
outubro de 2010, começava o
relato do feito, na reportagem
de João Paulo Teixeira (texto) e
Rui Tomás (fotos).
Fernando Rodrigues negou
sempre a designação de herói,
mesmo quando utilizada enfaticamente pela mãe da menina.
O então bombeiro de 3ª,
conforme o próprio relatou, “
tinha acabado de deixar um
doente na clínica para fazer
hemodiálise e regressava a
Viatodos para realizar outros
serviços agendados quando ao
A
Comissão Permanente da Assembleia da República (AR) aprovou um voto de pesar pelo falecimento de oito bombeiros no combate aos incêndios
florestais deste verão.
“Eles foram à luta numa dádiva generosa e sem
limites” lembra o teor do voto da AR sublinhando
que “foi o sentido sublime desta síntese entre amor
aos outros e agir o que eles em suprema dor e sacrifício carregaram”.
Ao referir Shakespeare e a obra “Pescador de Pérolas” os deputados lembram que “ele dizia que os
heróis se transformam em insólitos tesouros que havemos de transportar em exemplo para que participem do mundo dos vivos”. A esse propósito, a AR
lembra os oitos bombeiros falecidos este ano mas,
também, as tragédias de Armamar (1985), Caramulo (1986), Nisa (2003), Sabugal (2009), S. Pedro do
Sul (2010), Tavira e S. Brás de Alportel (2012).
“A dor que se expressa neste lugar de representação e decisão envolve um propósito político firme de
agir”, expressa o voto da AR sublinhando que “aqui,
venerar e não esquecer é fazer!”.
O
dendo a criança de vista a partir daí. Ajudou-o um comerciante. João Lamelas, que também se tinha apercebido da
situação.
Terá passado, no máximo,
um minuto até ao momento
em que a criança, não aguentando mais a permanência naquela posição se precipitou, felizmente, para os braços do
Fernando Rodrigues.
Segundo o próprio, “assim
que a ambulância dos Bombeiros de Barcelos chegou retomei
o meu trabalho, tinha a viatura
a dificultar o trânsito e tinha de
continuar o meu serviço”. Que
dizer deste herói que, após concluído o salvamento, apenas
pensava nos doentes que ainda
tinha para transportar. Paz à
sua alma, depois do enorme
exemplo que nos deixou.
FUNDÃO
BOMBEIROS FALECIDOS
AR aprova
voto de pesar
contornar a rotunda na Avenida Nossa Senhora de Fátima vi
pessoas a olhar para um edifício”. De imediato, Fernando
Rodrigues pensou tratar-se de
um incêndio urbano mas, de
seguida, viu tratar-se de uma
criança pendurada do lado exterior das grades de uma varanda. Estancou de imediato a
viatura que conduzia e deslocou-se para o local nunca per-
Faleceu o comandante Antunes
O
comandante dos Bombeiros
Voluntários do Fundão, António dos Santos Antunes, foi vencido pela doença prolongada que o
consumiu nos últimos tempos, e a
que deu luta com a mesma convicção com que lutou em vida
pela causa dos bombeiros e do
voluntariado.
Na despedida ao, também, antigo presidente da Federação de
Bombeiros do Distrito de Castelo
Branco e conselheiro nacional da
Liga dos Bombeiros Portugueses
(LBP), o presidente da confederação, comandante Jaime Marta
Soares, sublinhou que
“com o António Antunes, tive
um tratamento muito próximo e
amigo, mesmo tendo pontos de
vista divergentes”.
Segundo o comandante Jaime
Soares, “o comandante Antunes
era um lutador apaixonado pelos
bombeiros, um interventor, distrital e nacional, nos órgãos dos sol-
dados da paz com fervor e preocupação e às vezes com propostas inovadoras, é uma perda muito grande como amigo, como
homem dos bombeiros que sabia
do que falava, Os bombeiros perdem um dos seus melhores”.
“Se, na verdade, as instituições
são mais importantes do que as
pessoas, o certo é que não há instituições sem pessoas às quais é
devido o reconhecimento, quando
as servem com dedicação e seriedade”, comentou, a propósito do
falecimento do comandante Antunes, o vice-presidente dos Voluntários do Fundão, Manuel Milheiro.
Desejando demonstrar esse reconhecimento, a direção da Associação propôs à Liga dos Bombeiros Portugueses a atribuição do
crachá de ouro ao comandante
Antunes, o que veio a concretizar-se em 26 de maio último, por
ocasião do 86º aniversário da Associação.
António dos Santos Antunes
iniciou o seu percurso como dirigente nos órgãos sociais dos
Bombeiros do Fundão em 1990
como vogal da direção e, em
1993, como vice-presidente, em-
penhou-se na ampliação do quartel-sede e na edificação das secções destacadas de Silvares, Três
Povos e Soalheira.
Em 1997, António Antunes entrou para o quadro de comando,
como segundo-comandante, tendo sido comandante de zona operacional do distrito de Castelo
Branco, além de, como atrás se
disse, presidente federativo e
conselheiro nacional da LBP.
“Ao longo dos últimos 23 anos,
como homem sensível e corajoso
que era, participou ativamente
em todos os congressos e conselhos nacionais em que foi delegado do comando desta Associação,
colocando sempre ao serviço dos
Bombeiros do Fundão e de Portugal tudo o que aprendeu na vida e
na sua formação como Bombeiro
Voluntário” sublinhou-nos o vice-presidente Manuel Malheiro, para
terminar com um “até um dia
destes, Comandante Antunes”.
LISBOA
HOMENAGEM
Associação mais pobre
Morre um companheiro de luta
s Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique, Lisboa, perderam no passado dia 20
o comandante do Quadro de Honra Luís Alberto
Gomes Fernandes, falecido no Hospital de Santa Maria, onde se encontrava internado.
O comandante Luís Alberto Gomes Fernandes foi velado em câmara ardente no quartel
da Associação e, no dia seguinte, o cortejo fúnebre, após a celebração de missa, dirigiu-se
para o cemitério dos Olivais onde o extinto foi
cremado. Aos dirigentes, comando, bombeiros
e familiares do comandante do QH Luís Fernandes a Redação do BP dirige sentidos pêsames.
U
m dinâmico autarca tornou-se nos
últimos dias na nona vítima mortal
do combate aos incêndios florestais.
Joaquim Mendes, presidente da Junta
de Freguesia de Queirã, Vouzela, foi
surpreendido pelas chamas quando se
deslocava para a linha da frente em
apoio aos bombeiros. O acidente ocorreu em 23 de agosto e, desde então, o
autarca lutava pela recuperação, que
até parecia estar numa fase positiva,
quando foi surpreendido pela morte.
Neste jornal, em nome dos bombei-
ros, não podemos deixar de prestar
homenagem a este cidadão, e nele a
muitos outros, que os acompanharam
e apoiaram na difícil e perigosa missão
de combate aos incêndios florestais.
Foto: Vladimiro Silva
ernando Rodrigues, bombeiro dos Voluntários de Viatodos, ficou conhecido em 2010
por ter salvo uma criança que
caiu do quarto andar de um
edifício situado no centro de
Alcozelo, Barcelos. Apesar de
herói, infelizmente, agora não
conseguiu resistir à doença e
faleceu na Suíça, para onde
entretanto havia emigrado.
“Uma menina de quatro anos
Foto: Notícias de Vouzela
F
24
A
SETEMBRO 2013
MEALHADA
ÓBIDOS
Festas da cidade
entregam lucro aos bombeiros
Figurante faz doação aos bombeiros
mordomia da Festa de SantAna de 2013, decidiu - com
os lucros da festa que se realizou na última semana de julho
- oferecer aos Bombeiros Voluntários da Mealhada equipamento necessário ao trabalho
operacional. A escolha dos festeiros recaiu sobre duas perneiras de proteção para utilização
com motosserras e ferramentas
cortantes. A entrega do equipamento teve lugar no dia 9 de
agosto, ao fim da tarde. A direção dos Bombeiros da Mealhada
agradece aos mordomos o gesto de simpatia, altruísmo e solidariedade.
Nuno Castela Canilho
À
semelhança do ano anterior, Américo Barros, de 78 anos, reformado e residente em
Caldas da Rainha, doou à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Concelho de
Óbidos cerca de 574 euros, produto da sua
prestação de mendigo leproso no Mercado Medieval de Óbidos.
Há nove anos que Américo assume o papel
MACEDO DE CAVALEIROS
A
Emigrante oferece pesado
Associação Humanitária dos
Bombeiros Voluntários de
Macedo de Cavaleiros acaba de
receber a oferta de um pesado
oferecido por um emigrante local, Tomé Afonso, de 45 anos,
natural da Cernadela, a residir
em Espanha há três décadas.
“Os bombeiros estavam com
dificuldades, eu tinha o camião
parado e por isso decidi oferecê-lo”, explica Tomé Afonso,
precisando que “a doação é feita em nome da aldeia.” O doador justifica que “se tivesse
mais dinheiro oferecia um camião novo mas como não tenho
ofereci o que tinha, uma Renault 4/40, com baixo consumo
de gasóleo, em bom estado e
sem perdas de óleo”.
A decoração da viatura foi
oferecida pela empresa de publicidade e arte gráfica, Midoel.
Para o comando e direção
dos Voluntários de Macedo de
Cavaleiros trata-se de “um
gesto que os bombeiros agradecem, é muito gratificante ver
de figurante no certame oferecendo a verba
amealhada a instituições do concelho de Óbidos.
Receberam este donativo das mãos de Américo Barros, a adjunto de comando Patrícia Reis
e Rui Vargas, presidente direção da Associação
Humanitária dos Bombeiros Voluntários de
Concelho de Óbidos.
PÓVOA DE VARZIM
Quartel com novo autotanque
A
o reconhecimento da população pelo trabalho desenvolvido
nesta associação e fazê-lo
dando-nos meios para que o
nosso trabalho seja desenvolvido com cada vez mais qualidade é ainda mais gratificante”.
comandante Ilda Cadilhe, dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, expressou a sua
enorme satisfação pelo facto do seu apelo e da direção tem tido resultado quase imediato para a reposição de um autotanque perdido durante o combate
aos incêndios florestais que assolaram de novo o
país.
O novo autotanque, anteriormente utilizado no
transporte de leite, foi oferecido aos bombeiros pela
Associação de Produtores de Leite e Carne, Leicar. A
entrega simbólica foi acompanhada pelo vice-presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, e presidente da Leicar, José Oliveira, e saudada pelo presi-
ESPOSENDE
PENACOVA
E
Fão recebe apoio
Comunidade
portuguesa
quer ajudar
lementos da comunidade portuguesa radicada nos Estados Unidos da
América, em Newark, estão a organizar uma recolha de fundos que permita apoiar os Bombeiros Voluntários de
Penacova na substituição de duas viaturas de combate a incêndios que ficaram destruídas.
A recolha de fundos deverá decorrer
em outubro, graças à participação de
muitas empresas locais e da própria
comunidade, segundo informou o presidente do Sport Clube Português de
Newark, Bruno Costa.
Esta será mais uma iniciativa daquela instituição e dos seus dirigentes
em prol dos bombeiros portugueses,
neste caso em especial, para apoiar a
reposição de viaturas perdidas durante o combate.
dente da direção, a par de um lamento sobre as responsabilidades por satisfazer pelos hospitais da
zona, devedores de mais de 100 mil euros à sua Associação.
A recolha de fundos para os Voluntários da Póvoa
de Varzim prossegue, já que importa adequar a nova
viatura às funções específicas dos bombeiros como
também prosseguir com a intenção da aquisição de
outro veículo de combate a incêndios, para o qual a
autarquia já se comprometeu a custear metade .
A nova viatura autotanque, que se encontrava
ainda ao serviço, dispõe de uma capacidade de 16
mil litros, o dobro do veículo perdido.
A
Câmara Municipal de Esposende vai
apoiar a Associação Humanitária dos
Bombeiros Voluntários de Fão na aquisição
de duas novas ambulâncias e na realização
de obras de requalificação do seu quartel,
segundo foi noticiado. A Autarquia foi assim
sensível ao apelo dos bombeiros para ajudar
a suportar o investimento previsto de 110
mil euros.
A Câmara Municipal decidiu doar à Associação o terreno onde está edificada a antiga
Escola das Pedreiras, em Fão, com o objeti-
vo de que possa ser vendido e com essa verba se torne possível a aquisição das duas
ambulâncias. Estas deverão substituir outras, de uma frota de cinco, com mais de 15
anos de atividade.
A ajuda municipal enquadra-se no apoio
que tem vindo a prestar às duas associações
de bombeiros voluntários do concelho (Esposende e Fão) materializado na atribuição
de um subsídio anual de 14 mil euros e na
comparticipação na aquisição de equipamento, entre outros.
25
SETEMBRO 2013
R
RÉGUA
ESMORIZ
Quartel recebe nova ambulância
Centro de formação a “crescer”
ealizou-se, no passado dia
31 de agosto, no quartel do
Bombeiros da Régua, a inauguração e bênção de uma nova
ambulância doada pela Symington produtora de vinhos na Região Demarcada do Douro,
numa cerimónia presidida pelo
padre Luís Marçal que, depois de
umas breves palavras alusivas
ao momento, pediu um minuto
de silêncio em homenagem pela
morte trágica dos bombeiros
nos combates aos fogos florestais deste verão.
Já no salão nobre do quartel
Delfim Ferreira, o presidente da
direção José Alfredo Almeida,
anunciou a presença de uma figura importante e eis que os
convidados são supreendidos
com a entrada em cena da associado n.º 1 dos Voluntários da
Régua, a lendária D. Antónia
Adelaide Ferreira, a Ferreirinha,
interpretada pela atriz Olga Alves, numa direção de Maria José
Garcia, que ali representavam a
Universidade Sénior do Peso da
Régua.
Intervieram nesta sessão de
agradecimento à família Symingtom, presente no Douro,
desde o ano 1882, o presidente
da assembleia geral da associação, José Alberto Marques que,
salientou o gesto do benemérito
homenageado, sublinhando “o
singular exemplo num momento
difícil em que vivemos”.
Antes de receber um capacete
de bombeiro, das mãos de pequeno soldado da paz, Paul Symington usou da palavra para
dizer que estava satisfeito não
apenas com os lucros da sua empresa, mas também por poder
ajudar os bombeiros e participar
no desenvolvimento das instituições que trabalham para o bem
coletivo da região do Douro.
A cerimónia culminou com
uma palestra proferida pelo
Duarte Caldeira, sobrodinada à
N
o Centro de Formação dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz ainda faltam algumas estruturas, contudo já está ao serviço do corpo de
bombeiros, numa clara aposta na preparação dos
operacionais.
Este equipamento surge muito da boa vontade
e trabalho dos bombeiros, que sem descurar o
socorro às populações aproveitam os momentos
mais calmos para trabalhar no crescimento desta
estrutura.
Refira-se que, no mês de julho chegou um con-
ALGÉS
O
temática dos desafios das associações de bombeiros no contexto atual.
Para além de Paul Symington,
seis administradores e ainda alguns trabalhadores da empresa,
entre outras individualidades o
evento o presidente da Câmara
Municipal do Peso da Régua,
Nuno Gonçalves, e dirigentes
dos Voluntários do Pinhão e de
Palmela.
LORIGA
O
CB tem novo equipamento
s Voluntários de Loriga adquiram recentemente um Desfibrilhador Automático Externo
(DAE), um investimento só possível mercê do
apoio de várias entidades da área de atuação
deste corpo de bombeiros, marcada por inúmeras
ocorrências de paragens cardiorrespiratórias.
“Até aqui os bombeiros não estavam habilitados trabalhar com certos equipamentos, como é
o caso do DAE, apenas podiam usar os meios manobras e insuflação manual”, mas atualmente o
quartel de Loriga já conta “com 15 elementos formados em DAE, o que permite “efetuar um socorro eficaz”.
Refira-se que contribuíram para a compra deste equipamento a Casa do Povo de Vide,
A Assembleia de Compartes dos Baldios de
Gondufo e Balocas, juntas de freguesia de Alvoco
da Serra, de Loriga e Vide, Casa de Repouso de
Nossa Senhora da Guia, juntas de Freguesia de
Loriga e o Lar de 3ª Idade de Vide e ainda os beneméritos António Moreira Luís, António Gil Baptista de Sousa (Vide), Adelino Lopes Ribeiro, João
Arlindo Marques, Maria Mirea Brito Figueiredo,
Joaquim Mendes, Carlos Neves Lopes, Joaquim
Augusto Santos, Adélia Marques da Silva, Henrique Santos e Mário Nunes da Silva.
FIGUEIRA DA FOZ
O
tentor marítimo oferecido por um benemérito e
que já está a ser utilizado, depois de pintado pelos bombeiros apostados ainda em mitigar o impacto negativo que este complexo possa ter na
paisagem.
Bombeiros recebem DAE
s Voluntários da Figueira da Foz apresentaram, recentemente, “Programa DAE”
que permitiu equipar os bombeiros com um
Desfibrador Automático Externo, que pode ser
usado no quartel ou em qualquer outro local,
contando para isso com 20 operacionais devidamente formados. .
Este programa, certificado pelo Instituto
Nacional de Emergência Médica (INEM) e o
Conselho Português de Ressuscitação (CPR), é
apresentado como “inédito e exclusivo”, pois,
segundo fonte dos Voluntários da Figueira,
“permite a utilização do equipamento em todos os locais, bastando estar presente um técnico credenciado para o operar”.
O “Programa DAE” resulta de uma parceria
entre os voluntários da figueirenses a empresa Senilife.
Recuperação de viatura em causa
s Bombeiros Voluntários de
Algés aguardam o parecer
do representante da marca do
veículo acidentado na serra do
caramulo sobre a viabilidade ou
não da sua recuperação, conforme nos informou o comandante Carlos Carvalho.
O veículo florestal de combate a incêndios (VFCI 03) dos
Voluntários de Algés acidentou-se no dia 24 de agosto nas
operações de combate ao incêndio da Serra do Caramulo,
junto á localidade de Carvalhal
da Mulher, freguesia de Silvares, concelho de Tondela, distrito de Viseu. O acidente deveu-se ao aluimento da barreira do caminho onde circulavam.
Segundo o comandante Carvalho, “felizmente,
particularmente tendo em atenção a gravidade
do acidente, apraz-me comunicar que toda a
guarnição do veículo saiu ilesa, salvo algumas
pequenas escoriações e “nódoas negras” totalmente insignificantes, tendo todos os 5 elementos da guarnição sido transportados de imediato
a unidades hospitalares, onde após observação,
tiveram alta ainda durante a manhã do dia 24,
sem necessidade de nenhum tipo de tratamento
médico”.
“Por último, - adianta o comandante Carlos
Carvalho-, gostaria de realçar o apoio prestado
pelos Bombeiros Voluntários de Tondela, em particular na pessoa dos senhores comandante e 2º
comandante, pelo acompanhamento inexcedível
dado à guarnição acidentada no dia do acidente
depois da sua alta hospitalar e até ao seu regresso a casa, bem como no apoio à remoção do veículo do local do acidente, e guarda do mesmo nas
instalações do CB até ao seu transporte para as
instalações do carroçador”.
Nas informações que nos prestou, o comandante dos Bombeiros de Algés agradece também
“o apoio dado pelos Senhores CODIS de Lisboa e
de Viseu e pelo CADIS Sul que acompanharam
permanentemente a situação, prestando todo o
auxilio que se mostrou necessário, bem como o
senhor presidente da Câmara Municipal de Oeiras, que para além de acompanhar a situação do
pessoal, disponibilizou um veículo porta-máquinas da Autarquia para transportar o veículo acidentado desde Tondela até Lisboa.
26
SETEMBRO 2013
SESIMBRA
GONDOMAR
Fénix de honra em dia
de aniversário
Bombeiros festejam centenário
A
Associação Humanitária dos
Bombeiros Voluntários de
Gondomar comemorou este
mês o centenário. Ponto dessa
efeméride foi a cerimónia durante a qual foi distinguida com
a Fénix de Honra da Liga dos
Bombeiros Portugueses (LBP) e
com a Medalha de Mérito de
Proteção e Socorro do Ministério da Administração Interna.
Para proceder à sua entrega estiveram presentes, o secretário
de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo d´Ávila, e o
comandante José Luís Morais,
vogal do conselho executivo da
LBP.
Estiveram igualmente presentes, o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito do
Porto, comandante José Miranda, o diretor nacional de bombeiros da Autoridade Nacional
de Proteção Civil, Pedro Lopes,
e o presidente da Câmara Muni-
cipal de Gondomar, Valentim
Loureiro.
Foi no longínquo ano de 1913
que Serafim Rosas e um grupo
de outros cidadãos se reuniram
na sede social do Clube dos Caçadores de Gondomar para,
precisamente, fundar “um corpo de salvação pública e aquisição do respetivo material para
extinção de incêndios”. Depois,
sucederam-se as décadas, os
anos, e a Associação foi-se desenvolvendo até à atualidade
como uma referência importante local e regional de associativismo e dedicação à prestação
do socorro.
As intervenções do presidente da direção, Joaquim Martins,
do presidente da edilidade, do
presidente federativo, do diretor nacional de bombeiros, do
vogal da LBP e do próprio secretário de Estado convergiram
no sentido de acentuar a importante história da associação
bem como dos apoios que a Autarquia soube prestar nas últimas duas décadas.
A
Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra assinalou no passado mês de agosto o 110.º aniversário
com uma festa que teve como momento maior a homenagem a
Fernando David Costa Gato, comandante do QH e atual presidente
da direção da instituição, agraciado com a fénix de honra da Liga
dos Bombeiros Portugueses.
OLIVEIRA DE AZEMÉIS
A
inauguração e bênção de
três viaturas, constituiu o
ponto alto do programa comemorativo do 107.º aniversário
da Associação Humanitária
dos Bombeiros Voluntários de
Oliveira de Azeméis (AHBVOA), numa sessão presidida
pelo secretário de Estado da
Administração Interna, Filipe
Lobo d’Ávila.
Dois dos novos veículos foram oferecidos por Rui Paulo
Rodrigues e família, entre os
Quartel tem ambulância única no país
quais uma Ambulância de Cuidados Intensivos – é único em
Portugal e “melhor equipada
que algumas unidades hospi-
talares portuguesas”, conforme sublinha fonte da instituição.
Refira-se que na ocasião foi,
igualmente, inaugurado um
Veículo Florestal contra Incêndios, um investimento suportado por verbas do Quadro de
Referência Estratégica Nacional (QREN) e câmara municipal, e ainda uma ambulância
de socorro.
Para além dos muitos elogios aos beneméritos, direção
e comando uniram-se nos
agradecimentos ao presidente
da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Hermínio
Loureiro, “cuja vivência com
os ‘soldados da paz’ vai muito
para além do institucional”.
No decorrer da sessão solene receberam medalhas de assiduidade os bombeiros Rosa
Margarida, Daniel Oliveira,
Rita Martins Antero Oliveira e
João Pinho. Na ocasião, foram
ainda promovidos a bombeiros
de 3.ª Nuno Miguel da Costa,
Hugo Miguel da Silva, Joana
Fernandes, Ruben Carvalho,
Carla Sofia Silva, Sara Margarida Azevedo, Sara Filipa Castro e Cecília Santos. Receberam as insígnias de bombeiro
de 2.ª Ana Paula Azevedo, Andreia Bastos de Pinho, Liliana
Marques, Marco Barbosa, Rita
Martins, Sónia Silva e Vitor
Hugo Silva e de 1.ª Hélder Filipe Correia, Marco Paulo dos
Santos e João Victor Pinho.
SALVATERRA DE MAGOS
Parque automóvel ganha duas novas viaturas
A
Associação Humanitária de
Bombeiros Voluntários de
Salvaterra de Magos comemorou
o 78.º aniversário com a inauguração de duas novas viaturas de
socorro oferecidas pela junta de
freguesia daquela vila.
“Uma ajuda bastante impor-
tante” foi assim que o presidente
da direção Alirio Belchior se referiu ao da junta de freguesia, que
permitiu adquirir uma ambulância de socorro e um veículo florestal de combate a incêndios.
Consciente das dificuldades financeiras da associação, a autar-
quia ainda entregou um cheque
de 15 mil euros à associação,
apoio que o presidente da direção agradeceu e enalteceu.
Por sua vez, o comandante
José Vitorino sublinhou publicamente a entrega dos seus homens e mulheres, que, apesar
das dificuldades que a instituição
atravessou, não deixaram de
prestar voluntariamente um serviço de qualidade e de entrega
ao próximo, como é apanágio
dos bombeiros portugueses,
considerando, que os novos veículos permitem reforçar a eficá-
cia da intervenção, num corpo de
bombeiros que este responsável
operacional quer ver crescer.
Nesta cerimónia marcaram
presença o vice-presidente da
Câmara Municipal de Salvaterra
de Magos; o comandante distrital, Mário Silvestre; o comandan-
te Paulo Cardoso da Federação
dos Bombeiros do Distrito de
Santarém, o presidente da junta
de freguesia local, João Nunes e
ainda representantes da GNR e
de associações congéneres do
sul do distrito.
Sérgio Santos
27
SETEMBRO 2013
BOMBEIROS PARA SEMPRE
Ultrapassado meio milhão de visitantes
E
xpressar opiniões, divulgar
informações e melhorar a
imagem dos Bombeiros de Portugal foi o motivo da criação do
projeto “Bombeiros para Sempre” num blog que teve o seu
nascimento no ano de 2007.
Com origem numa “carolice”
de Luís Gaspar, bombeiro voluntário que fundou este importante projeto que foi ganhando dinamismo ao ponto de nos dias
de hoje estar constituído pelos
administradores Ricardo Correia
e Andreia Rodrigues que contam
com a colaboração de inúmeros
bombeiros e outras pessoas que
partilham informações, programas e eventos, ao mesmo tempo que trazem a público e a debate temas importantes do setor dos soldados da paz e da
proteção civil.
Aproveitando a dinâmica do
blog, a aposta nos melhoramentos do projeto tem sido uma
constante, nomeadamente nas
redes sociais (facebook, twitter
e youtube) e página “Obrigado
Bombeiros Portugueses” e no
próprio site, criando conteúdos
diversificados, temáticos e
numa perspetiva de promoção
do voluntariado junto dos mais
jovens, foi criado o “KIDS BPS”
que potencia a realidade dos
bombeiros para as crianças.
Ousado e dinâmico, o “Bombeiros para Sempre” pauta-se
como uma ferramenta que potencia a informação verdadeira,
correta e imparcial junto dos
seus seguidores, levando a todos uma imagem local e global
sobre o mundo dos bombeiros
de Portugal.
No passado mês de agosto,
este projeto atingiu mais de
meio milhão de visitantes, tal
fato que comprova o trabalho
deste grupo de administradores
e colaboradores para com a dinamização e promoção do trabalho dos soldados da paz do
nosso país, com um único objetivo de levar “o lema vida por
vida a outro nível”.
Sérgio Santos
ALMADA
Jovens dinâmicos
O
acampamento distrital da
Juvebombeiro de Setúbal
realizou-se nos dias 30, 31 de
agosto e 1 de setembro no parque nacional de escotismo da
Costa da Caparica, no concelho
de Almada juntando mais de
100 jovens soldados da paz de
vários corpos de bombeiros,
iniciativa que visa captar a
atenção dos mais novos para o
movimento do voluntariado.
Este projeto permite fomentar a união, o trabalho conjunto, bem como a troca de experiências entre participantes
mas também com os tutores e
formadores.
Os infantes e cadetes partici-
param em jogos de salvamento
aquático, pinturas faciais, escalada e slide, visita aos navios
de guerra da Marinha Portuguesa, bem como formação diversa.
Para os estagiários e bombeiros também a formação não
descurada nomeadamente nas
vertentes do salvamento e resgate em falésia, língua gestual
no contexto da emergência
pré-hospitalar e salvamento
aquático.
A ecologia e sensibilização
ambiental deram o mote para
trabalhos de manutenção do
espaço do acampamento, tendo os participantes realizado
SERTÃ
Juve promove
fim de semana Radical
O
Núcleo da Juvebombeiro da Sertã promove nos dias 19 e 20 de
outubro V edição do fim de semana Radical na Sertã, uma iniciativa que visa dar a conhecer a realidade do corpo de bombeiros,
bem como a gastronomia e paisagens da desta vila.
Este encontro inclui um acampamento, bem como jogos tradicionais e peddy-paper, diversão noturna e ainda uma visita ao quartel
dos bombeiros e à Vila da Sertã.
tarefas de conservação de infraestruturas.
No encerramento do acampamento, o coordenar distrital
da juvebombeiro Nuno Delicado fez um balanço positivo da
iniciativa que contou, entre outros, Federação dos Bombeiros
do distrito de Setúbal e das as
associações humanitárias do
concelho de Almada.
A comissão coordenadora
distrital da Juvebombeiro de
Setúbal promoverá, em Abril
de 2014, um intercâmbio de jovens na Capital da Eslovénia,
Liubliana, em parceira com a
Comissão Europeia, a Agência
Nacional do Programa Jovens
em Ação, a Associação Nacional de Bombeiros Eslovenos e
ainda as congéneres Catalãs e
Croatas.
Sérgio Santos
28
SETEMBRO 2013
MORA
SEIXAL
Núcleo muito ativo
A
“Airsoft” a favor dos bombeiros
equipa Black Eagles Team do Clube Recreativo da Cruz de Pau promoveu um
jogo solidário de “airsoft” a favor dos bombeiros mistos do Seixal.
As antigas instalações da fábrica da pólvora em Corroios foram o local escolhido
pela organização para realizar o jogo “Eagle
Clah II” que durou 24 horas e contou em
prova com mais de meia centena de participantes, que voluntariamente contribuíram
para um valor de 941,45 euros, verba entretanto já entregue aos bombeiros mistos do
Seixal.
Sérgio Santos
ALMADA
Fanfarras em desfile
O
Núcleo da Juvebombeiro de
Mora tem realizado, este
ano, diversas atividades lúdicas, desportivas e musicais com
o intuito de “promover o voluntariado”.
Das ações realizadas, destaque para “Paintball no parque
ecológico do Gameiro” e ainda o
baile de carnaval e o concerto
de Miguel Azevedo.
O núcleo organizou também
uma visita de estudo aos bombeiros de Mora para os pequenos utentes do Jardim de Infância da Santa Casa da Misericórdia, bem como a 3.ª edição do
‘’Fim de semana no quartel’’,
mobilizando 24 jovens, com
idades compreendidas entre os
8 e os 15 anos, que aprenderam técnicas de socorrismo e
de combate a incêndios, ordem
unida, e numa vertente mais lú-
dica, puderam ainda passear de
barco e conviver em jogos radicais, lúdicos e tradicionais.
Os responsáveis da Juve revelam que para o resto do ano
estão planeadas outras atividades, o que demonstra “a capacidade de organização e do trabalho dos delegados e dos
membros do núcleo, movidos
por um espírito de união e sacrifício”.
O
s Voluntários de Almada
promoveram o 1.º desfile
de fanfarras, iniciativa que
para além da instituição anfitriã, contou com a participação
BARCELINHOS
O
A
portante para as suas vidas e aí
está foto a testemunhá-lo. Feli-
cidades para os dois é o desejo
da nossa Redação.
tombaram no combate às chamas no passado mês de agosto foram evocados num minuto de silêncio em sua memória.
TERCEIRA
Filipe e Ana casam
Filipe António Ribeiro da
Silva, bombeiro de 3.ª dos
Voluntários de Barcelinhos e
membro da equipa de intervenção permanente (EIP) daquele
corpo de bombeiros, decidiu
com a Ana Catarina da Gama
Mendes darem o nó. E, se bem
pensaram, assim fizeram no
passado dia 14, ao meio-dia, na
igreja de S. Martinho da Gandra, concelho de Ponte de Lima.
Os noivos quiseram partilhar
connosco um momento tão im-
de músicos dos corpos de
bombeiros da Amadora, Bucelas, Cacilhas, Caneças, Queluz
e Seixal.
Os oito soldados da paz que
Bombeiros dão o nó
notícia chegou-nos recentemente através do presidente da direção dos Bombeiros
Voluntários de Praia da Vitória,
Terceira-Açores, Luis Vasco
Cunha, com “o prazer de vos
expressar o orgulho de todo o
corpo de bombeiros e dos seus
corpos sociais”.
As fotos dizem respeito ao
casamento, realizado na sede
da Associação Humanitária dos
Bombeiros Voluntários da Praia
da Vitória, ocorrido em 13 de
julho último, entre a bombeira
de 2.ª Maria Rita Costa e o chefe Alexandre Cunha. Para Luis
Cunha,”foi uma verdadeira festa de bombeiros e é um exemplo vivo do que é ser bombeiro
em Portugal”.
“O casamento civil foi abrilhantado por uma bonita actuação do “Coro Pactis”, cujas vozes ecoaram pelo quartel de
forma melodiosa, à qual se seguiu uma brilhante alocução
pelo padre Júlio Rocha que benzeu as alianças dos recém-casados” informou-nos o mesmo
dirigente. Depois, o fogo-de-artifício que encheu de luz o
quartel “fez conciliar o fogo da
paixão do jovem casal, um pelo
outro com, a paixão que sentem pela sua actividade enquanto bombeiros”. A guarda
de honra foi prestada ao som da
sirene do quartel, desta vez
com um harmonioso som que é
orgulho de todos os bombeiros
desta associação.
A festa durou, literalmente,
até de manhã e além dos muitos bombeiros locais deslocaram-se propositadamente para
esta Festa o comandante Jana,
o adjunto de Mousaco e a bombeira Andrea, todos dos Voluntários de Mação.
Entretanto, os nubentes, Rita
e Alexandre, acabaram de regressar à Terceira, depois de
mais uma missão no apoio aos
camaradas de Mação e Sardoal.
29
SETEMBRO 2013
SNB – 29 DE SETEMBRO DE 1980
P
orque recordar é viver, lembra-se
que se completam trinta e três
anos no dia 29 de setembro, data em
que em 1980 foi aprovada a lei orgânica do Serviço Nacional de Bombeiros
(SNB) como órgão de tutela dos bombeiros portugueses, através do Decreto-Lei n.º 418/80.
Foi uma data importante que marcou positivamente a evolução, em todos os aspetos, da operacionalidade,
da funcionalidade, do apetrechamento
e do re-equipamento dos corpos de
bombeiros.
Diga-se ainda que a área de formação também mereceu uma evolução
muito positiva e inclusivamente a criação da Escola Nacional de Bombeiros,
que já fazia parte do clausulado do
Decreto-Lei acima referido, acabou
por acontecer no ano de 1987.
Mas, sublinhe-se, tudo isto aconte-
ceu por pressão dos bombeiros portugueses que ao longo dos anos, determinadamente, tudo fizeram para que
o organismo, a que foi dado o nome
de SNB, fosse criado.
Nesse sentido, salientam-se os trabalhos do Congresso de Aveiro, realizado em 1970, onde a Liga foi mandatada para elaborar e apresentar superiormente um documento justificativo
dos anseios dos bombeiros e do interesse de ser criado um Organismo oficial, com autonomia e com poderes na
organização dos Bombeiros Portugueses.
O trabalho de sensibilização foi continuando porque os interesses e as
propostas dos bombeiros tardavam
em ser realizadas.
Finalmente veio o tal dia 29 de setembro de 1980 que deu vida, organização e competências ao Serviço Na-
Foto: Arquivo
Uma conquista dos bombeiros
cional de Bombeiros do qual foi seu
primeiro presidente o Padre Dr. Vítor
Melícias
Demorou tempo, mas depois de
1980 os Bombeiros viveram tempos
muito importantes pelo menos até
2003, quando muita coisa foi alterada.
É certo que nem tudo o que foi feito
terá tido sempre os melhores resultados, mas o cômputo final é francamente positivo.
A terminar só uma palavra acerca
do edifício onde foi a sede do SNB, na
Rua Júlio Andrade em Lisboa, que
também faz parte da história do Serviço. Era um palácio com valor arquitetónico significativo e dizia muito aos
bombeiros. Após a saída do Serviço
daquelas instalações, a Liga ainda
tentou candidatar-se à sua aquisição,
mas creio que nunca terá recebido
qualquer resposta. Depois o edifício
esteve anos ao abandono, desconhecendo o seu estado atual e se o património que por lá ficou chegou a ser
recuperado. Mas isso são contas de
outro rosário.
Resumindo e concluindo, o SNB foi
uma conquista dos bombeiros.
Carlos Pinheiro
Bombeiro
Onde estás Bombeiro
És Missionário, sim
Quando a sirene toca?
Quando salvas os outros
Sim, toca a sirene
Defendes a floresta
E o teu coração corre
E te dás
Corre…
Te esqueces de ti!
E corres para o desconhecido
A sirene toca
Mas não hesitas,
E o teu coração vai
Corres para o perigo
Como mola que te solta
Mas não te negas.
Para o Resgate..Afogamento..Emergência..
A sirene toca
Mas quantas vezes és tu o encarcerado
E já tuas botas estão calçadas
Se o teu poder já não pode
Prontas a galgar caminhos
E o teu querer já não consegue?
A subir escadas
Mas, não…
A salva aflitos…
Tu não desistes nunca
Nos primeiros socorros estás presente
E quando a sirene toca
No transporte de vítimas
O teu coração salta de novo
Ali vais!
E tu de novo corres
Em veículos de resgate
Para Salvar..Socorrer..Proteger..Amparar..
Estás de SERVIÇO.
E que mais?
T, sempre tu bombeiro
Que mais és capaz na hora certa?
Que todo te entregas
Talvez o decerto
E te esqueces de ti!
Dar a vida!
Partes na incerteza
OBRIGADA BOMBEIRO
Mas em Missão…
Na hora certa.
Teresa Duarte Reis
em setembro de 1993
30
SETEMBRO 2013
EM LOUVOR DOS BOMBEIROS E BOMBEIRAS
UMA SIMPLES HOMENAGEM
Foto: Sérgio Santos
a minha qualidade de presidente
da direção da Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV) tenho
tido a honra de participar nas celebrações do Dia Nacional do Bombeiro.
Emociono-me sempre no decorrer do
desfile.
São milhares, os Soldados da Paz –
e nunca estão todos – que marcham
vigorosa e alegremente, envergando
fardas de todos os tipos, existentes em
cada uma das corporações, mostrando
todo o equipamento que dispõem para
cumprir a missão que, voluntariamente, abraçaram. Perante tão grande número de bombeiros e tanta determinação, interrogo-me sempre: que ou
quem faz tantos jovens, homens e mulheres disporem-se a correr riscos de
vida para melhorar ou salvar a dos
seus semelhantes sem exigirem nada em troca?
É difícil encontrar resposta para esta pergunta, numa sociedade sustentada por um modelo civilizacional, predominantemente, monetarista, que valoriza mais o que tem preço, comercializando tudo, até os afetos. Quem se deixou
embrenhar neste modelo facilmente responderá que há
sempre interesses pessoais que se buscam, porque “não há
almoços grátis”. Compreendo que gastar e, sobretudo, dar
mesmo a vida gratuitamente possa parecer uma loucura
aos olhos dos materialistas e racionalistas. Será uma sã loucura, mas nunca um embuste. Há, de verdade, quem se
dedique aos outros de forma grátis. Basta aos mais céticos
atentar o que tem acontecido de norte a sul do país e na ilha
da Madeira. Mãos criminosas, comandadas por interesses
misteriosos ou por mentes doentias, bem como matas carregadas de sujidades naturais ou resultantes da negligência
humana, favorecidas por condições climatéricas altamente
favoráveis, têm espalhado o fogo, destruindo, sem clemência, tudo o que encontrou pela frente. Tudo há de vir a ser
regenerado ou recuperado. As florestas voltarão a florescer;
aos campos lançar-se-ão novas sementes para que surjam
pujantes searas; os criadores de gado adquirirão novos animais que alimentarão para voltar a comercializar; as casas,
no mesmo lugar ou noutro, serão (re)construídas. Não faltem os apoios financeiros, facilitem-se a os processos burocráticos e tudo renascerá das cinzas. Mas isso não acontecerá às vidas humanas ceifadas pelas chamas traiçoeiras.
Gente nova, no vigor da sua existência terrena, optaram
por vivê-la ao serviço dos outros a partir do lema “Vida por
vida”. Tiveram, de certeza, muitos momentos de alegria,
resultante da satisfação causada pelo seu generoso serviço.
Mas não faltaram também tempos de desânimo pelos apoios
não concedidos, pelas suspeições levantadas ou pelas incompreensões perante limites intransponíveis. A morte
Foto: Sérgio Santos Tondela)
N
Obrigado por tudo e por tanto
P
nunca pode ser a recompensa desejada (seria paranoico),
mas também não é rejeitada pelos verdadeiros heróis. É a
sua coroa de glória. Perante estes testemunhos de entrega
radical da própria vida, haverá alguém que ainda seja capaz
de desconfiar da gratuidade das motivações dos que se dão
aos outros?
Houve quem dissesse que os bombeiros voluntários não
estão, tecnicamente, bem capacitados. Não estou apto a
contrapor. Só sei que a Escola Nacional dos Bombeiros tem
feito um excelente trabalho e acompanho o esforço de formação técnica, humana e espiritual que muitas Corporações
têm desenvolvido para habilitar os seus soldados. Mas não
há técnica que resista a tantas horas, ininterruptas, de trabalho em condições tão adversas. Falham todas as competências perante os imprevistos da Natureza. Nem se pode
pôr em prática tudo o que se sabe quando se desconhece o
lugar onde se vai agir. Só Deus nunca falha. É óbvio que o
aumento de conhecimentos é necessário. Mas são, igualmente, importantes, a concessão dos meios necessários; a
implementação de medidas preventivas como sejam a limpeza das matas e a sensibilização das populações para as
suas responsabilidades nesta área; a maior articulação entre as forças policiais para se encontrarem os verdadeiros
criminosos e responsabilizá-los com exemplaridade; tratar,
adequadamente, da saúde mental dos que se “deleitam”
com estes fatídicos espetáculos.
Aos nossos bombeiros e bombeiras só temos que dizer:
obrigado por tudo e por tanto. Aos que deram a vida ofereçamos o nosso compromisso de sermos dignos da sua dádiva total, contribuindo para que Portugal arda, cada vez
mais, em labaredas de solidariedade e justiça fraterna.
Eugénio Fonseca
Presidente da Cáritas Diocesana
de Setúbal e da Cáritas Portuguesa
Apesar da tragédia,
não desistiremos nunca
ermitam-me desta vez que expresse algumas palavras pela trágica
morte de mais um Bombeiro de Portugal desta vez do Corpo de Bombeiros
do Estoril, do meu Corpo de Bombeiros
do Estoril, para onde entrei como cadete em 1972 e de onde saí 15 anos
depois passando ao Quadro de Honra
com Comandante.
E faço-o em homenagem ao Bernardo Figueiredo que hoje faleceu, na flor
da idade, depois de lutar pela vida durante vários dias e que obviamente me
tocou particularmente. Não o conhecia
pessoalmente mas sei que era um
Bombeiro simples, competente, dedicado, disciplinado e que no terreno desenvolveu a sua missão, todos os minutos, de todas as horas, de todos os
meses, de todos os anos, longe dos
holofotes do protagonismo fácil e de
duvidosa consistência.
Se existe medida para a grandeza
dos Homens ela revela-se na grandeza
daquilo que cada um faz ou pode fazer.
E um grande Homem é sempre aquele
que realiza coisas maiores do que ele
próprio, que se ultrapassa, que se dá
aos outros, que se dá à comunidade,
que dá a sua vida pela vida dos outros.
O Bernardo, a Rita, o Pedro e o António, nortearam sempre a sua conduta em prol do ideal de serviço à comunidade com total disponibilidade e dedicação e colocaram continuadamente
o melhor de si próprios ao serviço dos
outros, sem outra pretensão que não
fosse o gosto do dever cumprido.
Eles que tombaram no cumprimento desta exigente, perigosa e desgastante missão, simbolizam a grandeza
dos Bombeiros de Portugal e merecem o RESPEITO E O APLAUSO DE
TODOS (eu repito... Todos) OS PORTUGUESES…
Os tempos que se seguem não serão seguramente mais fáceis! Mas
apesar da tragédia, NÃO DESISTIREMOS NUNCA, porque é em momentos
como estes que a tenacidade, a determinação e a confiança não podem
esmorecer. É em momentos como estes, que nos obrigamos a um esforço
suplementar pelos valores que norteiam os Bombeiros de Portugal, continuando, sem hesitações, com firmeza mas em segurança, a proteger as
pessoas, o seu património e um bem
estratégico do país que é a nossa floresta…
Bernardo, Rita, Pedro e António,
Acompanhando o pensamento de
todos os que direta ou indiretamente
usufruíram da vossa atuação, da vossa generosidade, das vossas capacidades…
Acompanhando o pensamento de
todos os vossos companheiros que
vos acompanharam nas horas difíceis
de combate aos incêndios florestais…
Acompanhando o pensamento dos
vossos familiares e amigos… de pé e
em sentido quero dizer-vos… onde
quer que estejam…
OBRIGADO…
Paulo Gil Martins
ANIVERSÁRIOS
1 de outubro
Bombeiros Voluntários
de Póvoa de Varzim . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Bombeiros Municipais do Sardoal . . . . . . . 60
Bombeiros Privativos Vista Alegre . . . . . . . 33
2 de outubro
Bombeiros Voluntários de Queluz . . . . . . . 92
Bombeiros Voluntários de Velas . . . . . . . . 35
3 de outubro
Bombeiros Voluntários de Valbom . . . . . . . 86
Bombeiros Voluntários de Ribeira de Pena . 35
5 de outubro
Bombeiros Voluntários Torrejanos . . . . . . . 82
6 de outubro
Bombeiros Voluntários de Salto . . . . . . . . 26
7 de outubro
Bombeiros Voluntários de Oleiros . . . . . . . 65
Bombeiros Voluntários de Nespereira . . . . . 40
8 de outubro
Bombeiros Voluntários de Baião . . . . . . . . 52
Bombeiros Voluntários de Juncal . . . . . . . . 29
9 de outubro
Bombeiros Municipais de Machico . . . . . . . 53
Bombeiros Voluntários
de Castelo de Paiva . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
11 de outubro
Bombeiros Voluntários de Torres Vedras . . 110
Bombeiros Voluntários de Praia da Vitória . 29
12 de outubro
Bombeiros Voluntários de Armamar . . . . . . 82
14 de outubro
Bombeiros Voluntários de Penedono . . . . . 42
15 de outubro
Bombeiros Voluntários de Odemira . . . . . . 78
Bombeiros Voluntários de Moura . . . . . . . . 66
Bombeiros Voluntários de Sever do Vouga . 53
Bombeiros Voluntários de Lagoa . . . . . . . . 35
18 de outubro
Bombeiros Voluntários de Lisboa . . . . . . . 145
Bombeiros Voluntários de Espinho . . . . . . 118
19 de outubro
Bombeiros Voluntários de Setúbal . . . . . . 130
20 de outubro
Bombeiros Voluntários
de Santiago do Cacém . . . . . . . . . . . . . . 100
Bombeiros Voluntários
de ira de Frades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Bombeiros Voluntários de Mourão . . . . . . . 35
Bombeiros Voluntários
de Santa Marinha do Zêzere . . . . . . . . . . . 25
22 de outubro
Bombeiros Voluntários de Évora . . . . . . . 131
Bombeiros Voluntários de Campo Maior . . . 64
Bombeiros Voluntários de Sátão . . . . . . . . 35
24 de outubro
Bombeiros Voluntários de Vinhais . . . . . . . 78
Bombeiros Voluntários de Almodôvar . . . . . 36
25 de outubro
Bombeiros Voluntários de Alcácer do Sal . 102
Bombeiros Municipais de Coruche . . . . . . . 85
26 de outubro
Bombeiros Voluntários
da Marinha Grande . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Bombeiros Voluntários do Redondo . . . . . . 63
Bombeiros Voluntários de Alcanede . . . . . . 19
Bombeiros Municipais de Faro . . . . . . . . . . 92
27 de outubro
Bombeiros Voluntários de Mortágua . . . . . 90
28 de outubro
Bombeiros Voluntários Pinhelenses . . . . . 107
Bombeiros Voluntários de Borba . . . . . . . . 66
Bombeiros Voluntários do Seixal . . . . . . . . 36
Bombeiros Voluntários
da Marinha Grande . . . . . . . . . . . . . . . . 114
29 de outubro
Bombeiros Voluntários de Santarém . . . . 142
Bombeiros Municipais de Olhão . . . . . . . . . 82
Bombeiros Voluntários
de Câmara de Lobos . . . . . . . . . . . . . . . . 64
30 de outubro
Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos . 120
31 de outubro
Bombeiros Voluntários de Alcochete . . . . . 65
Bombeiros Voluntários
de Famalicão da Serra . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Fonte: Base de Dados LBP
31
SETEMBRO 2013
EVOCAÇÃO
odos os verões têm no menu
mediático a dita cobertura
da época de incêndios. As televisões esgotam-nos a atenção
com a repetição das imagens
dos incêndios, algumas até sem
correspondência geográfica ou
temporal com o fato noticiado
no momento. Dizem os entendidos que esta permanente publicidade pode ser potenciadora, junto dos pirómanos, de novas ocorrências. Sem falar na
repetição das imagens da assistência médica no “teatro de
operações”, no meu modesto
sentir, desrespeitador da privacidade dos malogrados bombeiros feridos.
Mas tudo isto se resolve mudando de canal, virando a página do jornal ou revista, ou clicando para outros destinos. A
vida desses bombeiros, essa,
não se resolve desse modo.
No dia 5 de agosto fui chamado ao Hospital da Prelada,
da Misericórdia do Porto, para
dar assistência a um jovem no
Serviço de Queimados, o Daniel.
Quando cheguei foram-me
apresentados os pais, a D. Lur-
des e o Sr. Domingos, conheci
também o Sr. Comandante dos
Bombeiros de Miranda do Douro. Passados longos minutos de
conversa conheci o Daniel e ungi-o com a Santa Unção.
Desse dia em diante o Daniel
passou a ocupar lugar especial
nas minhas orações... o tempo
foi passando e a presença na
Prelada dos pais do Daniel bem
como dos Bombeiros de Miranda era cada vez mais familiar.
Prometi um dia visitar o Santuário de Nossa Senhora do
Naso, em Póvoa, a terra natal
do Daniel, de grande devoção
da mãe Lurdes. Tudo nos parecia correr bem, até que fomos
assaltados pela notícia da morte do Daniel, no dia 6 de setembro.
Foi o oitavo a sucumbir: Fernando Reis, Bernardo Cardoso,
Cátia, Bernardo Figueiredo, Ana
Rita, Ferreira, Pedro Rodrigues
e Daniel.
Nas minhas orações sempre
pedi que Deus Pai providenciasse o melhor para o Daniel...o
Falcão está novamente livre e
regressou a Casa, à nossa Casa
comum.
terra e todos os nossos bombeiros. Acompanhamos o Daniel
até à sepultura dos seus restos
mortais... o Falcão, esse, voa...
No regresso ao Porto fui cumprir a promessa de visitar o
Santuário da Senhora do Naso e
aproveitei para visitar também
a vetusta Sé de Miranda e o celebre Menino Jesus da Cartolinha... desta vez vestido com a
farda de honra de...Bombeiro.
Este relato sobre o Daniel
Falcão quer ser homenagem a
todos os nossos bombeiros,
eles e elas, que durante todos
os dias do ano, e não só no verão, estão disponíveis para vir
em nosso auxílio. Dói muito, e
ainda mais quando conhecemos
os rostos e os nomes destes
“heróis”, ouvirmos treinadores
de bancada a comentar os incidentes e acidentes ocorridos,
no conforto das suas existências. Nada é perfeito, podemos
e devemos fazer sempre melhor, aprender uns com os outros. Mas não é necessário que
seja uns contra os outros.
Curvo-me muito respeitosamente perante estes irmãos e
irmãs que materializaram nas
suas vidas o lema VIDA POR
VIDA. Curvo-me perante todos
os portugueses e portuguesas
quando abraçam vocações das
quais faz parte, de modo muito
real, a possibilidade de não regressar a casa depois de um labor... penso nos bombeiros, nos
policias, nos militares e certamente muito outros que nem
sequer tenho noção.
Padre Américo Aguiar
Capelão-Mor da Santa Casa
da Misericórdia do Porto
melhor solução seria utilizar o
contrafogo, estava-me borrifando para GAUF’s ou lá o que
quer que fosse e utilizava-o, de
imediato.
Entre muita coisa que há
para debater passada esta época crítica, é bom não esquecer
o contra-fogo.
Repito: não tenho dúvidas de
que muitos incêndios florestais
tomaram as proporções que tomaram pela existência dessa
imposição absurda e como as
leis e regulamentos são feitos
pelos políticos, também, por
isto ser como é, têm de ser responsabilizados.
E a GNR que tem outras coisas mais importantes a fazer cumpre ordens, obviamente,
que se deixe de perseguir bombeiros. Curioso: Num dia tratam-nos como heróis, no outro
andam a persegui-los como criminosos. É este o país que temos.
Este é um texto de revolta.
P. S. Para aqueles que me
não conhecem, e possam pensar que se trata de mais um
texto de um qualquer teórico
de incêndios florestais, informo
que fui comandante dos Bombeiros de Nespereira, com muita honra, - hoje sou comandante do Quadro de Honra - Inspetor Regional Adjunto de Bombeiros do Norte e Inspetor
Distrital de Bombeiros de Aveiro.
António Salazar
Foto: Sérgio Santos (Tondela)
T
“O Falcão, esse, voa...”
Fiz questão de estar no funeral. Póvoa, Miranda do Douro, 8
de Setembro, dia da Natividade
de Nossa Senhora, dia de aniversário da nossa Mãe do Céu,
9h.
A viagem do Porto, só de
pensar, era difícil...mas tudo
correu muito bem, acompanhou-me o Diácono Fernando
Almeida, da Capelania da Prelada e lá fomos.
Chegado tomei consciência
que o funeral do Daniel aconte-
cia exatamente no dia da grande festa da terra, a Senhora do
Naso... que eu tinha prometido
visitar um dia...
A celebração decorreu com
toda a emotividade que se possa imaginar. O senhor Ministro
da Administração Interna, o
presidente da Liga de Bombeiros, as autoridades militares,
da Proteção Civil, das autarquias, muitos, muitíssimos anónimos a confortarem, dentro do
possível, aquela família, aquela
CONTRAFOGO OU FOGO TÁTICO
á há muito que ando indignado, pelas mesmas razões
que grande parte dos portugueses. Hoje fiquei ainda mais
indignado ao ler que a GNR
anda a investigar bombeiros do
distrito de Viseu, por uso indevido do contrafogo ou fogo tático. O contrafogo - deixem-me
usar este termo, que toda a
gente percebe melhor - é uma
arma poderosíssima e eficaz,
muitas vezes a única eficaz,
para proteger vidas e bens,
para mais rapidamente extinguir um incêndio. Em quase
trinta anos a combater incêndios florestais, usei-o com
enorme sucesso diversas vezes. Não tenho qualquer dúvida
que, com os bombeiros que co-
mandava, dessa forma, salvámos milhares de hectares de
floresta, nunca deixamos arder
uma habitação, salvamos vidas. Não tenho qualquer dúvida em afirmar que uma das razões que tem levado a que os
incêndios tomem as proporções
que têm tomado, com as consequências que todos conhecemos, é a não utilização oportuna do contra-fogo. Quem já esteve milhares de horas à frente
de um incêndio, como eu, sabe
muito bem que, na maioria dos
casos, não se pode esperar que
o GAUF (Grupo de Análise e
Uso do Fogo) chegue ao teatro
de operações ou alguém autorize o contrafogo. O tempo é
inimigo do combate. Há opera-
Foto: Marques Valentim
J
Indignado
ções que não se compadecem
com o cumprimento de leis e
regulamentos feitos por pessoas que podem até ser bons
teóricos, mas falta-lhes a experiência no terreno, a tal universidade da vida. Tão e mais im-
portante que legislações absurdas é o bom senso. Se ainda
hoje tivesse idade de estar em
atividade e chegasse a um incêndio florestal, depois de tomados os procedimentos adequados, se entendesse que a
REFLEXÃO
tempo de refletir... Todos os dias há
relatos dos últimos acontecimentos
em TO com intervenção dos bombeiros, contudo o grande receio será o
tempo. “Hoje” é tempo, e espero que
no tempo, não caiam no esquecimento
as lutas e desventuras que todos os
dias, não só em tempo de sol, mas em
todo os 365/6 dias por ano, centenas
de bombeiros travam o combate contra as chamas, e estão em prontidão
para o socorro, seja qual for, mesmo
para subir a uma árvore às 4 da manhã
para resgatar uma chave de casa num
porta-chaves de fita, que o menino atirou só por birra, isto já aconteceu. E
que não sejam também esquecidos todos os sacrifícios pessoais a que esses
homens e mulheres se sujeitam, longas semanas sem irem a suas casas,
sem verem a família, sem tempo para
namorar, sem tempo para serem jo-
vens, sem tempo para tirar fotos às
suas pernas na praia, sem olharem o
horizonte e vislumbrarem um cenário
estival, de águas azuis e um areal dourado. De lembrar também os sacrifícios
e necessidades que quartéis por todo o
país sofrem para manterem as suas
atividades, e que vêm o pouco que têm
ser destruído em poucos minutos, mas
lembremos acima de tudo o que de
maior valor têm esses mesmos Corpos
de Bombeiros e que é, inquestionavelmente, o seu corpo ativo, bravos elementos, homens e mulheres que todos
os dias a qualquer hora se predispõem
a dar a sua vida... por outra vida.
Chamar de anjos, não concordo, somos homens e mulheres... Lembrados
e gratificados após a morte... ou após
o infortúnio. A virtude da gratidão é
para poucos. Oito de nós perderam a
vida, a grande mágoa é a consciência,
Foto: Sérgio Santos
É
Educar para prevenir
a necessidade da perda de oito e repito
oito bombeiros em combate para haver um alerta de consciência que nós
existimos... nós somos vocês... Coloquem um post de “remember” para
não haver esquecimento.
Aproveito para lembrar a falta de
acessos das nossas florestas e das
barreiras construídas pelos homens
que obrigam os bombeiros a caminha-
rem horas a fio com ferramentas manuais até chegarem ao foco de incêndio, mas aí é que está a diferença entre o homem comum e o homem bombeiro... ele vai... não espera, ele
defende...
Aproveito para mandar um grande
abraço aos Bombeiros de Salto que
muito me ensinaram, espírito de camaradagem e de luta com muita hu-
mildade e boa disposição homens
guerreiros que pouco tem, mas albergam uma grande vontade e determinação na luta contra este flagelo. Um
obrigado à casa que me acolheu e que
é a minha casa nestes últimos meses,
dia e noite os sete dias da semana, os
Bombeiros Voluntários da Cruz Branca.
Quero seriamente acreditar que
muito se fará pela prevenção, sim e
afirmo, o combate está na prevenção,
no “educar para prevenir”. Em jeito de
despedida fica a ideia. Brincar com o
trabalho dos bombeiros, é brincar
consigo mesmo. Seja adulto e consciente dos seus atos. Porque ser bombeiro é ser humano. Ser bombeiro é
ser “tu” antes do ser “eu”. Bombeiros
Cruz Branca pela humanidade Adsumus in periculo.
Andreia Pinto
32
SETEMBRO 2013
KAMOV: METADE DA FROTA ESTÁ PARADA
MAI contrata dois aviões até 31 de outubro
N
uma altura em que a frota da Empresa de Meios Aéreos (EMA) está limitada, o Governo viu-se obrigado a contratar por ajuste direto dois aviões anfíbios que vão estar
disponíveis até ao dia 31 de outubro. O contrato foi celebrado com a Sociedade Aviación
Agrícola de Levante, com sede em Valência, e vai custar quase 700 mil euros. A decisão
tem por objetivo “salvaguardar” a capacidade do dispositivo aéreo já que metade da
frota dos helicópteros pesados Kamov continua inoperacional. Segundo informações do
Ministério da Administração Interna, um dos helicópteros não pode operar por
questões de “manutenção programada” e um outro está “a ser alvo de mudança de motor”. Para além destes, há ainda um terceiro Kamov parado há mais de um ano, depois do acidente ocorrido em Ourém.
Porque as intervenções técnicas há muito que já estavam
programadas, e perante a eventualidade do tempo quente e seco poder estender-se até final do outubro, o Governo aprovou em Conselho de Ministros,
a 14 de agosto, a locação de um helicóptero pesado que iria reforçar o dispositivo. A resolução que autorizava a despesa com o aluguer desta aeronave
foi justificada com o facto de três dos seis helicópteros do Estado se encontrarem “indisponíveis”. Esta intenção acabou por não ser viável já que a empresa contactada para o fornecimento do aparelho não tinha as “licenças
necessárias” para operar em Portugal. Desta forma, o executivo, através de
uma outra resolução decidiu não alugar um helicóptero pesado, mas antes
“dois aviões anfíbios”.
Patrícia Cerdeira
CONSELHO NACIONAL DA LBP
LOUVOR/REPREENSÃO
À RTP, com o apoio do BES e PT, aos seus profissionais pela produção do programa “Heróis de Portugal” do passado dia 15 em homenagem aos bombeiros
portugueses.
A todos aqueles que através de diversas iniciativas proporcionaram homenagens e obtenção de apoios significativos em favor do Fundo de Proteção Social
do Bombeiro, seja ao Tony Carreira, ao Pedro Fonseca promotor da campanha “1
euro”, ao jornal “Correio da Manhã” , à Federação Portuguesa de Futebol e aos
clubes, nomeadamente ao Sport Lisboa e Benfica, e tantos outros, fica também
o louvor de todos nós.
A todos os que ficaram indiferentes a essas justas homenagens e que, em
diversos momentos, têm cuidado de minimizar e até criticar o esforço e a qualidade da intervenção dos bombeiros.
A Crónica
do bombeiro Manel
A
A
Bombeiros debatem incêndios florestais
análise e discussão dos incêndios florestais e suas
consequências materiais e humanas é um dos pontos da ordem de trabalhos do Conselho
Nacional (CN) da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) que
se realiza em Campo Maior em
5 de outubro próximo, a partir
das 9.30 h.
O encontro do órgão máximo
da LBP entre congressos decorre no auditório do Centro Cultural de Campo Maior, cedido pela
câmara municipal, que também
assegura a logística.
A vigilância médica dos bombeiros é outro tema constante
da ordem de trabalhos, bem
como a candidatura a verbas
comunitárias (POPH) designada
por “Bombeiros Século XXI”, a
eventual edificação de um memorial a construir em honra dos
bombeiros falecidos e a atribuição da Fénix de Honra, no âmbito do regulamento de distinções honoríficas da LBP.
Depois das homenagens
migos, os bombeiros estão cansados do combate depois de
dias e semanas a fio no duro. E, cá
para nós, os bombeiros também ficarão cansados de tantas homenagens se não passarem disso e tudo
o resto continuar a cair em saco
roto. Há muita gente de bem a querer homenagear os bombeiros e é
bom que assim seja. É bom lembrar
os bombeiros que deram a vida por
aquilo que não é deles. É bom lembrar que, apesar do granel que
mais uma vez andou por aí, os
bombeiros mais uma vez não viraram costas, ao mesmo tempo que
outros tremiam e “cagavam” sentenças.
Quem anda no terreno, e sofre
muito, sabe que não somos baratas
tontas nem tordos apesar de haver
quem nos queira ver assim por que
lhes dá jeito.
Os bombeiros são sempre os últimos a entrar quando já ninguém consegue fazer nada. Por isso os risco são
enormes e quando algo se torna mais
difícil de fazer ou nem sempre se reúnem as melhores condições “aqui del
rei” que os bombeiros, isto e aquilo…
Quando havia fogo por todo o lado,
mais uma vez ouvi dizer uns respon-
sáveis que tudo tem o tempo próprio e
eu até estou de acordo. Diziam que
não era tempo de apontar culpados
mas tempo para combater as chamas.
A conversa é sempre a mesma. Dizem
que fica para depois e depois quando
tudo passa já ninguém se lembra. Até
ao ano seguinte em que a conversa
volta ao mesmo. Gostava de desta vez
não ter razão.
E também não percebo uma conversa que voltei a ouvir no terreno
com a pressão sobre os comandantes
para resolverem os problemas em menos de 2 horas para não irem para a
página da Autoridade. Será para que
se vejam só três ou quatro fogos
quando na verdade há trinta ou mais?
Acho que não temos nada a esconder
e por isso não fica mal por tudo no
papel ou na página. Até ajudava melhor a conhecer o real esforço dos
bombeiros.
E já agora outra coisa. Não dizem
que os meios aéreos são para os fogos
nascentes? Então por que razão isso
não tem acontecido dessa forma em
muitos casos?
E ainda mais outra coisa. Afinal há
tipificação ou não, ou há e não há só
quando dá jeito. Se cumprissem no fio
da navalha aquilo que estava dito so-
bre o tipo e o número de viaturas nos
cbs haveria viaturas para mandar para
outras zonas do país como voltou a
acontecer este ano? Todos sabemos
que não. Por isso, também temos que
dar a volta a isso.
[email protected]
FICHA TÉCNICA: Administrador: Presidente do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses – Director: Rui Rama da Silva – Redacção: Patrícia
Cerdeira, Sofia Ribeiro – Fotografia: Marques Valentim – Publicidade e Assinaturas: Maria Helena Lopes – Propriedade: Liga dos Bombeiros Portugueses –
Contribuinte: n.º 500920680 – Sede, Redacção e Publicidade: Rua Eduardo Noronha, n.º 5/7 – 1700-151 Lisboa – Telefone: 21 842 13 82 Fax: 21 842 13 83
– E-mail: [email protected] e [email protected] – Endereço WEB: http://www.bombeirosdeportugal.pt – Grafismo/Paginação: Elemento Visual – Design e Comunicação, Lda.
– Apartado 27, 2685-997 Sacavém – Telef.: 302 049 000 – Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA – Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Morelena – 2715-029 Pêro Pinheiro –
Depósito Legal N.º 1081/83 – Registo no ICS N.º 108703 – Tiragem: 11000 Exemplares – Periodicidade: Mensal

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