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Preserve sua cidade. Não jogue papel no chão. ENTRETENIMENTO, ESPORTE E INFORMAÇÃO foto: divulgação Ano 1 • Número 2 • Distribuição Gratuita • 16 a 22 DE março de 2007 ‘O Bom Pastor’, filme de Robert de Niro, chega às telas nesta sexta-feira P.08 Zezé Di Camargo VO SI U L C EX Zezé Di Camargo abre o coração e mostra que é possível contribuir com um Brasil melhor. Ao lado do irmão Luciano, ele já doou mais de 40 casas populares. Os mais novos felizardos são os garotos Deivison e Rômulo, cuja trajetória lembra a dos cantores. A doação foi feita durante um programa de Raul Gil, na TV Bandeirantes, e a casa será entregue no começo do segundo semestre. P.04 e 05 Deivison e Rômulo aguardam a entrega da tão sonhada casa Moda Como, quando e onde usar a minissaia? A saia curta dá um toque feminino, mas evite usá-la em ambiente de trabalho. Veja essa e outras dicas de estilistas e consultoras de moda. F-1, um esporte de O índice de audiência da Fórmula 1 já não é mais o mesmo. Com o fim da Era Ayrton Senna, a F-1 perdeu força no Brasil. Bernie Ecclestone, no entanto, pretende virar o jogo e transformar o circo em esporte de massa. Ao mesmo tempo um brasileiro promete brigar pelo título. Como diria Galvão Bueno, vai que é sua, Massa! P.04 Leia também a coluna Negócios Esportivos de Bruno Frizzo Toque de Bola, com Sérgio Carvalho Colunista revela com exclusividade que Eduardo José Farah, ex-presidente da FPF, tem projeto para unificar as administrações dos dois clubes de Campinas, Guarani e Ponte Preta. P.02 Dá para imaginar um atacante do Corinthians ou do Palmeiras passar 9 jogos sem marcar um gol? Na certa seria sacado do time ou até mesmo mandado embora. No São Paulo, isso acontece e todos (treinador, dirigentes e torcedores) acham normal. Há exatamente 9 jogos, o “matador” Aloisio não sabe o que é comemorar um gol. P.01 foto: bruno miani / vipcomm 9 e j massa? m og br os an co P.06 Foto: divulgação Foto: Gilberto Haider / Look Bomb Girl foto: bruno miani doa casas aos pobres P. 16 a 22 DE março de 2007 Inicial editorial Participe do jornal! André Pascowitch diretor executivo [email protected] É de grande importância que você nos mostre qual caminho deveremos seguir, sinalizando se o desenho do jornal está de seu agrado, se os assuntos abordados são relevantes ou, até mesmo, sugerindo temas e matérias. Precisamos compartilhar com você, caro leitor, a receptividade que tivemos com o lançamento do Jornal GIRO SP. Foi um verdadeiro sucesso! Recebemos muitas mensagens de congratulações pela iniciativa de montar um jornal gratuito dirigido a um público que pouco tem acesso à informação. Sabemos que o preço do jornal é uma barreira para os baixos salários do paulistano e, conseqüentemente, do brasileiro. Por isso, não se pode cobrar para se criar o hábito da leitura. E não é por ser grátis que o jornal não é de qualidade. Pelo contrário: estamos oferecendo um semanário com reportagens exclusivas e notícias com temas importantes a serem comentados. Volto a bater nesta tecla porque assim vamos mudar este País. Por falar em comentários, é de grande importância que você nos mostre qual caminho deveremos seguir, sinalizando se o desenho do jornal está de seu agrado, se os assuntos abordados são relevantes ou, até mesmo, sugerindo temas e matérias. Vale lembrar que o jornal é para você, e só você poderá nos ajudar a melhorálo cada vez mais. Ao lado, na seção de cartas, já trazemos alguns exemplos de leitores que estão contribuindo. Este espaço está reservado para a sua mensagem. Envie-a, pois valorizamos o leitor e sua análise. Tenha certeza de que leremos e responderemos todas as mensagens. Contamos com a sua participação. Boa leitura! Entre em contato com o Carlos Alexandre Lopes - São Paulo (SP) Achei muito legal !!! D+!!! Com certeza em pouco tempo terão grande sucesso. Inaiá Correia - São Paulo (SP) Parabéns pela iniciativa. São Paulo precisa ter acesso à informação. São corajosos como vocês que influenciam no desenvolvimento de nossa cidade! Vera Lucia Rodrigues - São Paulo (SP) Parabéns pela iniciativa. Que o sucesso seja um parceiro eterno. Jean Pierre - São Paulo (SP) Parabéns pelo Giro. Desejo sucesso e longa vida a este jornal. Carlos Cruz - Belém (PA) Parabenizo equipe editorial e administrativa do Giro SP, ao mesmo tempo em que aguardo para conhecer mais esta publicação que é sinônimo de arrojo e iniciativa escrita. Maria José Rodrigues - Goiânia (GO) Parabéns pelo lançamento deste projeto. Iniciativas como essa democratizam, de fato, o acesso da população à informação. Boa sorte! Lucielle Melo - Uberlândia (MG) Olá, adorei o jornal e gostaria de saber mais sobre esse novo periódico. Nota Redação: O GIRO SP circula todas as sextas-feiras, com distribuição gratuita na cidade de São Paulo. Você poderá acompanhálo on-line através do site www.jornalgiro.com.br Marcos André Araújo - São Vicente (SP) Parabéns pelo novo veículo e sucesso nesta nova jornada. Abraços. Giovana Perozzo - Caxias do Sul (RS) Quero me cadastrar e receber novidades. Thierry Rimond - Paris (França) Moro fora do Brasil e acompanhei o lançamento do jornal pela Internet. Gostei muito da programação visual. e de seu conteúdo editorial. Parabéns Atenção, leitor: mande seu comentário, critica ou sugestão para [email protected] Nós fazemos o jornal para você! Atenção, assessorias de imprensa e comunicação: mandem seu release ou sugestão de pauta para [email protected] www.jornalgiro.com.br bronca do branco Arnaldo Branco Filho [email protected] A assessoria de Imprensa tem um papel fundamental no relacionamento entre os veículos de comunicação e entrevistados, facilitando o acesso e municiando o jornalista com informações precisas e verdadeiras. O que seria do Jornal GIRO SP, por exemplo, se não pudéssemos contar com a colaboração destes profissionais, que muito nos auxiliam no dia-a-dia, ora com sugestões de pautas, ora favorecendo o caminho da informação. Infelizmente, alguns ‘profissionais’ atuam na contramão dos fatos, procurando - num primeiro momento - filtrar as informações, avaliá-las (como se fossem donos da verdade) e, ao sentir que a mesma não é de seu interesse, passam a dificultar o acesso da reportagem à informação, principal objeto e motivo de sua contratação. Foi o que aconteceu com Renata Lacerda, assessora de Raul Gil. Vale esclarecer que a pauta que originou nossa matéria de capa surgiu durante um programa de Raul Gil (dia 18/02/2007), oportunidade em que Zezé Di Camargo - após se identificar com a história dos garotos Deivison e Rômulo, Jornal Giro SP Propriedade TP Comunicação Ltda. ME Diretor Executivo André Pascowitch (MTB 46.512/SP) Diretor de Redação Arnaldo Branco Filho (MTB 11.896/SP) Editor Chefe Arnaud Pierre Courtadon (MTB 23.932/SP) que deixaram o Estado do Amazonas com uma mão na frente e outra atrás para se aventurarem na carreira artística aqui em São Paulo - emocionou o Brasil ao doar uma casa própria aos jovens talentos. Muito mais bonito que o gesto de Zezé foi o seu discurso, digno de uma pauta jornalística. Segundo o cantor, ele chegou, num bate-papo com Hebe Camargo, à conclusão que se cada brasileiro doasse seis casas (ele calcula que existem 1 milhão de pessoas com esse poder financeiro), o problema dos sem-tetos no Brasil seria eliminado. A seguir, revelou durante o programa que já havia doado 46 casas populares. Isso estimulou nossa equipe a entrar em contato com o cantor. Ouvimos Zezé, o seu pai, Francisco, e seus irmãos Luciano, Wellington e Emanoel. Seguindo a ética jornalística, ouvimos também Raul Gil (afinal nossa pauta teve como base o seu programa) e partimos atrás dos garotos Deivison e Rômulo. Tudo caminhava bem até que surgiu Renata Lacerda. Ela simplesmente não gostou da pauta e começou a dificultar nosso caminho. Vale citar que, nas universidades em que lecionei ou Edição de Arte Rodrigo EBA! Reportagem Bruno Ceccon Fagner Branco Colunistas Bruna Ancheschi Bruno Frizzo Sérgio Carvalho Colaboradores Agência Estado, Diogo Salles, Juliana Branco, Leandro Giometti, Marco Antonio Gazel Junior, Paulo Sérgio Rodrigues e Tércio Silveira. Tiragem: 10 mil exemplares auditada pela proferi palestras, sempre procurei orientar os alunos sobre a profissão. Digo sempre que, acima de qualquer coisa, somos jornalistas. Ora exercendo cargos de editor, de repórter, de assessor, ora desempregados (uma triste realidade!). Explico que o mercado de trabalho é muito pequeno, que vivemos sempre em função da troca de informações e que nós, jornalistas, temos sempre de ser solidários uns com os outros. Hoje eu preciso de você, amanhã será a sua vez. Prefiro não acreditar que Raul Gil, que tão bem atendeu nossa reportagem, tenha dado ordens para que Renata ocultasse informações sobre os garotos. Mas, como o jornalismo nunca depende de uma única fonte, cercamos a notícia por outro lado e conseguimos finalizar nossa matéria. À Renata Lacerda fica um aviso: caso precise de um telefone para contato com Deivison e Rômulo ou ainda informações sobre alguma outra pauta que queira fazer, é só nos procurar. Tudo que a equipe do Jornal GIRO SP puder fazer para ajudá-la, será feito. Afinal, o jornalista sempre merecerá nosso respeito. Periodicidade: Semanal Circulação: Capital e Grande São Paulo • Distribuição: Gratuita Endereço Comercial: Rua Dr.Alceu de Campos Rodrigues, 46 - cj. 37 Telefone 11 3048-8905 Email: [email protected] - www.jornalgiro.com.br Gráfica: Grupo OESP S.A. A tiragem desta edição é comprovada pela BDO Trevisan Auditores Independentes. A carta-relatório encontra-se em poder do jornal. Telefone da Redação: 11 3586-0066 16 a 22 DE março de 2007 Emprego DURANTE A ENTREVISTA Chegue com antecedência Leve um currículo atualizado Pesquise mais informações sobre a empresa Procure mais detalhes sobre o cargo pretendido Cumprimente com firmeza AS PERGUNTAS MAIS FEITAS Demonstre otimismo Por que você se acha capaz de assumir o cargo? Baseado em quais de suas experiências você se acha capaz de trabalhar conosco? Qual ou quais de suas habilidades podem ajudar no crescimento da empresa? Por que você aceitaria este cargo? Fale um pouco sobre você Dê respostas objetivas O QUE VOCÊ DEVE PERGUNTAR Quais serão minhas responsabilidades? Qual o nível hierárquico para o qual responderei? Quando será o início do trabalho? Condições da contratação (salário, jornada de trabalho e benefícios) o entrevistador Juliana Portugal / AE Converse olhando nos olhos Mantenha o tom de voz adequado Incline-se na interlocutor direção Como se comportar na entrevista do Não pergunte aspectos pessoais do entrevistador nem dos objetos e fotos da sala Não fale gírias Apresente-se de forma polida Roupas e maquiagem devem ser o mais neutras possível Passar por diversas fases, concorrer com centenas de candidatos e ficar na espera de uma aprovação são motivos de ansiedade ou até angústia na procura por um emprego. Mesmo assim, é na hora da entrevista que o coração dispara de vez. A professora de redação e português empresarial do Programa de Cursos Especiais de Aprimoramento e Desenvolvimento (Cead), Rosangela Grigoletto, dá uma primeira dica básica para esse momento determinante: manter a naturalidade. “O entrevistador tem que confiar no candidato, por isso, é preciso controlar o nervosismo.” O psiquiatra Leonard F. Verea afirma que, ao depositar todas as suas expectativas em torno da entrevista, o candidato se torna mais frágil. “Na pior das hipóteses o que pode acontecer é não conseguir a vaga e ele tem de estar preparado para isso.” Verea ainda explica que, para o resultado não ser negativo, o entrevistado tem que criar na empresa o desejo de tê-lo como parte da equipe. E só irá conseguir mostrar que é necessário por meio das competências, expostas com naturalidade. Rosangela enfatiza que, para sentir-se melhor preparado, o candidato deve buscar várias informações da empresa em que pretende ingressar. “Hoje, a maioria tem sites, uma boa ferramenta para conhecer mais a história da companhia.” Além de causar boa impressão, conhecer mais a empresa irá ajudar o candidato a saber se ele quer realmente trabalhar nela. “Verificar o mapa de localização, qual o trajeto que ele fará todos os dias, que meio de transporte ele usará também são perguntas importantes a fazer.” foto: sérgio castro / ae antes da entrevista Não cruze os braços Não balance as pernas Não bata os dedos na mesa Não gesticule demais Não exagere na maquiagem Não fale demais Cuidado com as ‘pegadinhas’ A diretora de Recursos Humanos da Master Target, Carla Vecci, sabe muito bem como o nervosismo pode prejudicar o candidato no momento da entrevista. “Analiso o perfil profissional e também emocional.” Carla diz que é importante o candidato estar bem preparado para a entrevista. Ela afirma que é muito comum os entrevistadores fazerem ‘pegadinhas’ e, com isso, eles analisam como o candidato reage a essas perguntas. “Se o entrevistado olhar para cima, ele está pensando, se olhar para baixo é porque não sabe”, explica Carla. Alguns gestos também ajudam a diretora a identificar se a pessoa tem realmente interesse naquela vaga. Um deles é sentar-se mais próximo à mesa. Para Carla, estes sinais fazem parte de um processo inconsciente. P. A diretora de Recursos Humanos da Master Target, Carla Vecci, com o entrevistado Éder Prado P. Cidadania VO SI CLU EX À espera da casa de Zezé Di Camargo Zezé se emocionou com a história de Deivison e Rômulo - que lembra a sua - e resolveu presenteá-los com uma casa própria Bruno Ceccon (Textos) Bruno Miani (Fotos) Da Reportagem Antes de faturar milhões com a venda de discos no Brasil e no exterior, Mirosmar e Welson viviam em uma casa humilde na periferia de Goiânia. No começo da década de 90, já com os nomes de Zezé Di Camargo e Luciano, a dupla virou fenômeno na música nacional. Nascidos no Amazonas, os garotos Deivison e Rômulo já começaram a trilhar o mesmo caminho dos ídolos. Enquanto se espremem em uma casa no bairro de Guaianases, ambos sonham em repetir a trajetória dos cantores de Pirenópolis. Os pequenos irmãos conheceram Zezé durante um quadro do programa Raul Gil. Deivison e Rômulo subiram ao palco para cantar “No dia em que eu saí de casa”, música tema do filme “2 Filhos de Francisco”, que conta a saga dos Camargo. Ao olhar para os dois garotos amazonenses, o cantor goiano viu um reflexo da própria história. Sensibilizado, ele resolveu presenteá-los com uma casa própria, que será entregue no começo do segundo semestre. Ansiosa para se mudar, a família recebeu a reportagem do GIRO SP. Com os pais desempregados, os meninos são responsáveis pelo sustento da família. “É difícil ficar mudando de casa toda hora e pagando aluguel”, afirmou Deivison, de apenas 12 anos, obrigado a assumir responsabilidades de um adulto. Ao lado do irmão de 8 anos, ele ganha cerca de R$ 800 mensais cantando no centro da cidade todos os dias. O dinheiro arrecadado pelos garotos serve para manter sete pessoas dentro da pequena casa na periferia da capital. Identificado com os meninos, Zezé Di Camargo torce pelo sucesso da dupla. “Eles têm muito a ver com o que aconteceu com a gente. Esses garotos possuem valor e, com força de vontade, vão conseguir chegar lá”, apostou o artista. Assim como os irmãos do Amazonas, ele deixou Goiânia para viajar a São Paulo e tentar a sorte na música. Luciano aprovou a atitude do irmão. “Isso é uma obrigação do ser humano que tem oportunidade”, afirmou. Odinaldo Marques Soares, 35 anos, pai dos garotos, guarda o filme “2 Filhos de Francisco” com carinho. A produção cinematográfica que retrata como os Camargo venceram a pobreza e a falta de oportunidades serve de incentivo para a família nos momentos de dúvida e descrença no futuro. “Eu sempre assisto e lembro que estamos passando pelas mesmas coisas que eles passaram, ou até pior. Já batalhamos muito e continuamos acreditando na música dos nossos meninos”, declarou. Enquanto apronta os garotos para mais um dia de escola e trabalho, Rosânia da Silva, 33 anos, agradece o gesto do cantor. “Esse teto para os meus filhos é a primeira porta para o sucesso deles. O mais importante é que eles tenham um lar. Viver sem uma casa, sem uma direção é muito difícil”, afirmou. Acanhado, Rômulo apenas balbuciou palavras de gratidão ao astro e maior ídolo. “Foi pura emoção. Muito obrigado por tudo, Zezé”. Deivison e Rômulo sonham em seguir a mesma trajetória de Zezé Di Camargo e Luciano: também querem vencer com a música Viagem até São Paulo durou seis meses A viagem da família do Amazonas até São Paulo durou seis meses. Na bagagem, Rosânia (foto) e Odinaldo levaram apenas o sonho de ver os filhos triunfarem na música e R$ 200,00. Sem dinheiro para pagar a passagem de barco para completar um trecho da excursão, eles adotaram uma estratégia inusitada. “Escondemos nosso filho mais novo dentro de uma rede. Quando contaram os passageiros, ele estava lá embrulhado e ninguém viu”, lembrou Rosânia. Durante os cerca de 180 dias de viagem, a família parava de cidade em cidade para arrecadar dinheiro com exibições dos garotos e seguir o caminho. “Chegamos a dormir na rua e fomos assaltados. Tomaram todo o nosso dinheiro, mas pelos menos deixaram as passagens”, relatou a mãe dos meninos. “Chegamos em São Paulo todos sujos. Quando pedíamos informações, as pessoas ficavam com medo de nós. Foi tudo muito difícil”, completou. 16 a 22 DE março de 2007 P. A casa oferecida aos cantores mirins é apenas mais uma dentre as dezenas já doadas pela dupla. Desde 1996, Zezé Di Camargo e Luciano tocam um programa de distribuição de moradias populares. No entanto, a família prefere manter este tipo de ação longe dos olhos da mídia. Durante os últimos 11 anos, os cantores estabeleceram uma logística para trabalhar neste sentido. O primeiro passo é procurar uma empresa de material de construção disposta a colaborar. A firma ganha o direito de explorar a imagem da dupla em peças publicitárias e, ao invés de pagar o cachê, faz o acerto em material de construção. A mão de obra fica por conta de Zezé Di Camargo e Luciano, que contam com colaboradores para cuidar de outros detalhes, como a parte elétrica, hidráulica e arquitetônica. A escolha dos beneficiados é minuciosa. Depois de identificar uma área com moradias comprometidas, assistentes sociais fazem uma triagem entre a população. Posteriormente, as pessoas selecionadas ainda passam pelo crivo de Marlene Camargo, mais uma filha de Francisco. “Priorizamos deficientes físicos, pessoas idosas e pais de família que não têm condições de trabalhar”, explicou Emanoel Camargo, irmão responsável pelo setor. Até o ano passado, a dupla entregou aproximadamente 46 casas em estados como Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. As casas geminadas são construídas em lotes de 12 unidades e têm um custo médio de R$ 22 mil. Em parceria com um grupo de empresários, Zezé Di Camargo e Luciano estudam a possibilidade de urbanizar uma favela com cerca de 62 famílias em Goiânia. Além do projeto envolvendo as moradias populares, a dupla também apóia algumas instituições de caridade em todo o Brasil. O dinheiro arrecadado com a venda de produtos licenciados é empregado neste tipo de ação, prioridade em 2007. “Fazemos tudo de forma completamente independente, sem qualquer tipo de vínculo político”, declarou Emanoel Camargo. Apesar de considerar a questão da moradia um problema do governo federal, o apresentador Raul Gil faz contribuições neste sentido. Ele revelou com exclusividade que já presenteou um de seus jovens talentos com uma casa. “Eu e o Daniel (cantor) nos unimos para dar uma casa para o Cristian (Fernandes). Eu não gosto de ficar citando nomes, é a primeira vez que falo sobre isso”, afirmou. foto: DIVULGAÇÃO / LucianoTrevisan-Fotomídia Dupla já doou mais de 40 casas Zezé Di Camargo e Luciano abraçaram as causas sociais Lair Krahenbuhl, secretário da Habitação Secretário de Estado da Habitação e presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), Lair Krahenbuhl afirma que a doação de moradias populares é insignificante no universo de 7,5 milhões de pessoas com déficit habitacional no Brasil. Para aumentar a eficiência da medida, ele sugere incentivos aos doadores. “Na prática, não consigo ver a experiência de doação de casas acontecendo. Mas se você Para Zezé Di Camargo, a boa von tade da elite brasileira seria suficiente para acabar com os problemas de moradia no País, marcado pela péssima distribuição de renda. Na visão do cantor, a resolução deste tipo de problema passa diretamente pela tomada de posição da camada mais bem favorecida da sociedade. “Não adianta ficar só reclamando e falando do governo. Se cada um conseguisse uma legislação que privilegiasse, através do imposto de renda, a construção de casas para doação às famílias de mais baixa renda, o caminho seria correto”, declarou o secretário. Krahenbuhl quer atrair os investimentos da iniciativa privada para as classes de baixa renda. “A gente sente que as iniciativas estão voltadas somente para a classe média. É muito difícil. Precisamos desatar alguns nós para fazer com que a iniciativa privada possa migrar para a baixa renda”, declarou o secretário. A Secretaria da Habitação, por meio da CDHU, tem hoje mais de 68 mil unidades habitacionais em construção e nesta gestão está dando ênfase à regularização fundiária e à urbanização. Os alvos são as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Santos. Por orientação do governador José Serra, cerca de 60% dos esforços e recursos da Secretaria serão voltados para esse trabalho. Francisco, pai de Zezé fizesse sua parte, não teríamos esse problema no Brasil. Se você pegar um grupo de empresários, escolher uma favela e falar: vamos urbanizar essa favela, resolveria o problema no Brasil, com certeza”, declarou o artista, que acredita ter a fórmula para acabar com a falta de moradia no País. “Se conseguirmos reunir 1 milhão de pessoas e cada uma delas doar seis casas populares eliminaremos o problema dos semtetos no Brasil”. Zezé Di Camargo contou que já tentou, sem sucesso, mobilizar outras personalidades em torno da causa. “É impressionante como as pessoas são: falam, falam e, quando você liga, parece que está pedindo um baita de um favor. É muito complicado. Acho que falta um pouquinho de empenho”, lamentou. Francisco: ‘Eles aprenderam comigo’ foto: DIVULGAÇÃO / LucianoTrevisan-Fotomídia foto: DIVULGAÇÃO Secretário sugere Zezé lamenta falta de mobilização incentivo a doadores Maior incentivador da carreira musical de seus filhos, Francisco Camargo era chamado de louco pelos próprios parentes em função da confiança inabalável depositada no sucesso dos filhos. Satisfeito, o pai garante que seus herdeiros aprenderam a serem solidários ainda dentro de casa. “Isso tudo foi eu que ensinei. Muitas vezes, dividia minha despesa para dar cestas básicas a outras pessoas. O dinheiro que eu compraria só uma cesta, dividia para conseguir comprar duas e ajudar os meus semelhantes”, explicou Francisco, que costuma participar da entrega das casas. Questionado sobre o critério adotado para escolher os ganhadores das moradias populares, Francisco mostrou toda sua simplicidade. “Eles dão as casas conforme o merecimento da pessoa. Mereceu, ganhou”, explicou. “Eles não ajudam só os familiares, é a gente que não mostra na televisão nem no jornal”, completou.