Páginas 1 a 7

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Páginas 1 a 7
Preserve sua cidade. Não jogue papel no chão.
ENTRETENIMENTO, ESPORTE E INFORMAÇÃO
foto: divulgação
Ano 1 • Número 2 • Distribuição Gratuita • 16 a 22 DE março de 2007
‘O Bom Pastor’, filme de
Robert de Niro, chega às
telas nesta sexta-feira
P.08
Zezé Di Camargo
VO
SI
U
L
C
EX
Zezé Di Camargo abre o coração e mostra que é possível
contribuir com um Brasil melhor. Ao lado do irmão
Luciano, ele já doou mais de 40 casas populares.
Os mais novos felizardos são os garotos Deivison
e Rômulo, cuja trajetória lembra a dos cantores. A
doação foi feita durante um programa de Raul Gil, na TV
Bandeirantes, e a casa será entregue no começo do
segundo semestre. P.04 e 05
Deivison e Rômulo aguardam a entrega da tão sonhada casa
Moda
Como, quando e onde usar a minissaia?
A saia curta dá um toque feminino, mas evite usá-la em ambiente de trabalho. Veja essa e outras dicas de estilistas e consultoras de moda.
F-1, um esporte de
O índice de audiência da Fórmula 1 já não é mais o mesmo. Com o fim
da Era Ayrton Senna, a F-1 perdeu força no Brasil. Bernie Ecclestone,
no entanto, pretende virar o jogo e transformar o circo em esporte
de massa. Ao mesmo tempo um brasileiro promete brigar pelo título.
Como diria Galvão Bueno, vai que é sua, Massa!
P.04
Leia também a coluna Negócios Esportivos de Bruno Frizzo
Toque de Bola, com Sérgio Carvalho
Colunista revela com exclusividade que Eduardo José Farah,
ex-presidente da FPF, tem projeto para unificar as administrações
dos dois clubes de Campinas, Guarani e Ponte Preta.
P.02
Dá para imaginar um
atacante do Corinthians ou
do Palmeiras passar 9 jogos
sem marcar um gol? Na certa
seria sacado do time ou até
mesmo mandado embora.
No São Paulo, isso acontece
e todos (treinador, dirigentes
e torcedores) acham normal.
Há exatamente 9 jogos, o
“matador” Aloisio não sabe o
que é comemorar um gol.
P.01
foto: bruno miani / vipcomm
9
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massa?
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P.06
Foto: divulgação
Foto: Gilberto Haider / Look Bomb Girl
foto: bruno miani
doa casas aos pobres
P.
16 a 22 DE março de 2007
Inicial
editorial
Participe do jornal!
André Pascowitch
diretor executivo
[email protected]
É de grande importância
que você nos mostre qual
caminho deveremos seguir,
sinalizando se o desenho do
jornal está de seu agrado, se
os assuntos abordados são
relevantes ou, até mesmo,
sugerindo temas e matérias.
Precisamos compartilhar com
você, caro leitor, a receptividade que
tivemos com o lançamento do Jornal
GIRO SP. Foi um verdadeiro sucesso!
Recebemos muitas mensagens de
congratulações pela iniciativa de
montar um jornal gratuito dirigido
a um público que pouco tem acesso
à informação. Sabemos que o preço
do jornal é uma barreira para os
baixos salários do paulistano e,
conseqüentemente, do brasileiro.
Por isso, não se pode cobrar para
se criar o hábito da leitura. E não
é por ser grátis que o jornal não
é de qualidade. Pelo contrário:
estamos oferecendo um semanário
com reportagens exclusivas e
notícias com temas importantes a
serem comentados.
Volto a bater nesta tecla porque
assim vamos mudar este País. Por
falar em comentários, é de grande
importância que você nos mostre
qual caminho deveremos seguir,
sinalizando se o desenho do jornal
está de seu agrado, se os assuntos
abordados são relevantes ou, até
mesmo, sugerindo temas e matérias.
Vale lembrar que o jornal é para você, e
só você poderá nos ajudar a melhorálo cada vez mais. Ao lado, na seção de
cartas, já trazemos alguns exemplos
de leitores que estão contribuindo.
Este espaço está reservado para a sua
mensagem. Envie-a, pois valorizamos
o leitor e sua análise. Tenha certeza
de que leremos e responderemos
todas as mensagens. Contamos
com a sua participação. Boa leitura! Entre em contato com o
Carlos Alexandre Lopes - São Paulo (SP)
Achei muito legal !!! D+!!! Com certeza em pouco tempo terão
grande sucesso.
Inaiá Correia - São Paulo (SP)
Parabéns pela iniciativa. São Paulo precisa ter acesso à informação.
São corajosos como vocês que influenciam no desenvolvimento de
nossa cidade!
Vera Lucia Rodrigues - São Paulo (SP)
Parabéns pela iniciativa. Que o sucesso seja um parceiro eterno.
Jean Pierre - São Paulo (SP)
Parabéns pelo Giro. Desejo sucesso e longa vida a este jornal.
Carlos Cruz - Belém (PA)
Parabenizo equipe editorial e administrativa do Giro SP, ao mesmo
tempo em que aguardo para conhecer mais esta publicação que é
sinônimo de arrojo e iniciativa escrita.
Maria José Rodrigues - Goiânia (GO)
Parabéns pelo lançamento deste projeto. Iniciativas como essa
democratizam, de fato, o acesso da população à informação. Boa sorte!
Lucielle Melo - Uberlândia (MG)
Olá, adorei o jornal e gostaria de saber mais sobre esse novo periódico.
Nota Redação: O GIRO SP circula todas as sextas-feiras, com
distribuição gratuita na cidade de São Paulo. Você poderá acompanhálo on-line através do site www.jornalgiro.com.br
Marcos André Araújo - São Vicente (SP)
Parabéns pelo novo veículo e sucesso nesta nova jornada. Abraços.
Giovana Perozzo - Caxias do Sul (RS)
Quero me cadastrar e receber novidades.
Thierry Rimond - Paris (França)
Moro fora do Brasil e acompanhei o lançamento do jornal pela
Internet. Gostei muito da programação visual. e de seu conteúdo
editorial. Parabéns
Atenção, leitor: mande seu comentário,
critica ou sugestão para
[email protected]
Nós fazemos o
jornal para você!
Atenção, assessorias de imprensa e
comunicação: mandem seu release ou
sugestão de pauta para
[email protected]
www.jornalgiro.com.br
bronca do branco
Arnaldo Branco Filho [email protected]
A
assessoria de Imprensa tem um papel fundamental no
relacionamento entre os veículos de comunicação e
entrevistados, facilitando o acesso e municiando o jornalista
com informações precisas e verdadeiras. O que seria do Jornal
GIRO SP, por exemplo, se não pudéssemos contar com a
colaboração destes profissionais, que muito nos auxiliam no
dia-a-dia, ora com sugestões de pautas, ora favorecendo o
caminho da informação. Infelizmente, alguns ‘profissionais’
atuam na contramão dos fatos, procurando - num primeiro
momento - filtrar as informações, avaliá-las (como se fossem
donos da verdade) e, ao sentir que a mesma não é de seu
interesse, passam a dificultar o acesso da reportagem à
informação, principal objeto e motivo de sua contratação. Foi
o que aconteceu com Renata Lacerda, assessora de Raul Gil.
Vale esclarecer que a pauta que originou nossa matéria
de capa surgiu durante um programa de Raul Gil (dia
18/02/2007), oportunidade em que Zezé Di Camargo - após
se identificar com a história dos garotos Deivison e Rômulo,
Jornal Giro SP
Propriedade
TP Comunicação Ltda. ME
Diretor Executivo
André Pascowitch (MTB 46.512/SP)
Diretor de Redação
Arnaldo Branco Filho (MTB 11.896/SP)
Editor Chefe
Arnaud Pierre Courtadon (MTB 23.932/SP)
que deixaram o Estado do Amazonas com uma mão na frente
e outra atrás para se aventurarem na carreira artística aqui em
São Paulo - emocionou o Brasil ao doar uma casa própria aos
jovens talentos. Muito mais bonito que o gesto de Zezé foi o seu
discurso, digno de uma pauta jornalística.
Segundo o cantor, ele chegou, num bate-papo com Hebe
Camargo, à conclusão que se cada brasileiro doasse seis casas (ele
calcula que existem 1 milhão de pessoas com esse poder financeiro),
o problema dos sem-tetos no Brasil seria eliminado. A seguir, revelou
durante o programa que já havia doado 46 casas populares.
Isso estimulou nossa equipe a entrar em contato com o cantor.
Ouvimos Zezé, o seu pai, Francisco, e seus irmãos Luciano,
Wellington e Emanoel. Seguindo a ética jornalística, ouvimos
também Raul Gil (afinal nossa pauta teve como base o seu
programa) e partimos atrás dos garotos Deivison e Rômulo.
Tudo caminhava bem até que surgiu Renata Lacerda. Ela
simplesmente não gostou da pauta e começou a dificultar nosso
caminho. Vale citar que, nas universidades em que lecionei ou
Edição de Arte
Rodrigo EBA!
Reportagem
Bruno Ceccon
Fagner Branco
Colunistas
Bruna Ancheschi
Bruno Frizzo
Sérgio Carvalho
Colaboradores
Agência Estado, Diogo Salles, Juliana Branco,
Leandro Giometti, Marco Antonio Gazel Junior,
Paulo Sérgio Rodrigues e Tércio Silveira.
Tiragem: 10 mil exemplares auditada pela
proferi palestras, sempre procurei orientar os alunos sobre a
profissão. Digo sempre que, acima de qualquer coisa, somos
jornalistas. Ora exercendo cargos de editor, de repórter, de
assessor, ora desempregados (uma triste realidade!). Explico que
o mercado de trabalho é muito pequeno, que vivemos sempre
em função da troca de informações e que nós, jornalistas, temos
sempre de ser solidários uns com os outros. Hoje eu preciso de
você, amanhã será a sua vez. Prefiro não acreditar que Raul Gil,
que tão bem atendeu nossa reportagem, tenha dado ordens
para que Renata ocultasse informações sobre os garotos.
Mas, como o jornalismo nunca depende de uma única
fonte, cercamos a notícia por outro lado e conseguimos
finalizar nossa matéria. À Renata Lacerda fica um aviso: caso
precise de um telefone para contato com Deivison e Rômulo
ou ainda informações sobre alguma outra pauta que queira
fazer, é só nos procurar. Tudo que a equipe do Jornal GIRO
SP puder fazer para ajudá-la, será feito. Afinal, o jornalista
sempre merecerá nosso respeito.
Periodicidade: Semanal
Circulação: Capital e Grande São Paulo • Distribuição: Gratuita
Endereço Comercial: Rua Dr.Alceu de Campos Rodrigues, 46 - cj. 37
Telefone 11 3048-8905
Email: [email protected] - www.jornalgiro.com.br
Gráfica: Grupo OESP S.A.
A tiragem desta edição é comprovada pela BDO Trevisan Auditores
Independentes. A carta-relatório encontra-se em poder do jornal.
Telefone da Redação: 11 3586-0066
16 a 22 DE março de 2007
Emprego
DURANTE A ENTREVISTA
Chegue com antecedência
Leve um currículo atualizado
Pesquise mais informações sobre
a empresa
Procure mais detalhes sobre o
cargo pretendido
Cumprimente
com firmeza
AS PERGUNTAS MAIS FEITAS
Demonstre otimismo
Por que você se acha capaz de
assumir o cargo?
Baseado em quais de suas
experiências você se acha capaz
de trabalhar conosco?
Qual ou quais de suas habilidades
podem ajudar no crescimento da
empresa?
Por que você aceitaria este cargo?
Fale um pouco sobre você
Dê respostas objetivas
O QUE VOCÊ DEVE PERGUNTAR
Quais serão minhas responsabilidades?
Qual o nível hierárquico para o
qual responderei?
Quando será o início do trabalho?
Condições da contratação (salário,
jornada de trabalho e benefícios)
o
entrevistador
Juliana Portugal / AE
Converse olhando nos olhos
Mantenha o tom de voz adequado
Incline-se
na
interlocutor
direção
Como se comportar na entrevista
do
Não pergunte aspectos pessoais
do entrevistador nem dos objetos
e fotos da sala
Não fale gírias
Apresente-se de forma polida
Roupas e maquiagem devem ser o
mais neutras possível
Passar por diversas fases, concorrer
com centenas de candidatos e ficar
na espera de uma aprovação são
motivos de ansiedade ou até angústia
na procura por um emprego. Mesmo
assim, é na hora da entrevista que o
coração dispara de vez. A professora
de redação e português empresarial
do Programa de Cursos Especiais de
Aprimoramento e Desenvolvimento
(Cead), Rosangela Grigoletto, dá
uma primeira dica básica para esse
momento determinante: manter a
naturalidade. “O entrevistador tem
que confiar no candidato, por isso,
é preciso controlar o nervosismo.”
O psiquiatra Leonard F. Verea afirma
que, ao depositar todas as suas
expectativas em torno da entrevista,
o candidato se torna mais frágil.
“Na pior das hipóteses o que pode
acontecer é não conseguir a vaga e
ele tem de estar preparado para isso.”
Verea ainda explica que, para
o resultado não ser negativo, o
entrevistado tem que criar na
empresa o desejo de tê-lo como
parte da equipe. E só irá conseguir
mostrar que é necessário por
meio das competências, expostas
com
naturalidade.
Rosangela
enfatiza que, para sentir-se melhor
preparado, o candidato deve buscar
várias informações da empresa
em
que
pretende
ingressar.
“Hoje, a maioria tem sites, uma
boa ferramenta para conhecer
mais a história da companhia.”
Além de causar boa impressão,
conhecer mais a empresa irá ajudar
o candidato a saber se ele quer
realmente trabalhar nela. “Verificar
o mapa de localização, qual o trajeto
que ele fará todos os dias, que meio
de transporte ele usará também
são perguntas importantes a fazer.”
foto: sérgio castro / ae
antes da entrevista
Não cruze os braços
Não balance as pernas
Não bata os dedos na mesa
Não gesticule demais
Não exagere na maquiagem
Não fale demais
Cuidado com as ‘pegadinhas’
A diretora de Recursos Humanos
da Master Target, Carla Vecci, sabe
muito bem como o nervosismo pode
prejudicar o candidato no momento
da entrevista. “Analiso o perfil
profissional e também emocional.”
Carla diz que é importante o
candidato estar bem preparado
para a entrevista. Ela afirma que é
muito comum os entrevistadores
fazerem ‘pegadinhas’ e, com isso,
eles analisam como o candidato
reage a essas perguntas. “Se o
entrevistado olhar para cima, ele
está pensando, se olhar para baixo
é porque não sabe”, explica Carla.
Alguns gestos também ajudam a
diretora a identificar se a pessoa tem
realmente interesse naquela vaga.
Um deles é sentar-se mais próximo à
mesa. Para Carla, estes sinais fazem
parte de um processo inconsciente.
P.
A diretora de Recursos Humanos da Master Target, Carla Vecci, com o entrevistado Éder Prado
P.
Cidadania
VO
SI
CLU
EX
À espera da casa de
Zezé Di Camargo
Zezé se emocionou com a história de Deivison e Rômulo - que lembra a sua - e resolveu presenteá-los com uma casa própria
Bruno Ceccon (Textos)
Bruno Miani (Fotos)
Da Reportagem
Antes de faturar milhões com a venda
de discos no Brasil e no exterior, Mirosmar
e Welson viviam em uma casa humilde
na periferia de Goiânia. No começo da
década de 90, já com os nomes de Zezé
Di Camargo e Luciano, a dupla virou
fenômeno na música nacional.
Nascidos no Amazonas, os garotos
Deivison e Rômulo já começaram a trilhar
o mesmo caminho dos ídolos. Enquanto
se espremem em uma casa no bairro de
Guaianases, ambos sonham em repetir a
trajetória dos cantores de Pirenópolis.
Os pequenos irmãos conheceram Zezé
durante um quadro do programa Raul Gil.
Deivison e Rômulo subiram ao palco para
cantar “No dia em que eu saí de casa”,
música tema do filme “2 Filhos de Francisco”,
que conta a saga dos Camargo. Ao olhar
para os dois garotos amazonenses, o cantor
goiano viu um reflexo da própria história.
Sensibilizado, ele resolveu presenteá-los
com uma casa própria, que será entregue
no começo do segundo semestre.
Ansiosa para se mudar, a família
recebeu a reportagem do GIRO SP. Com
os pais desempregados, os meninos são
responsáveis pelo sustento da família. “É
difícil ficar mudando de casa toda hora
e pagando aluguel”, afirmou Deivison,
de apenas 12 anos, obrigado a assumir
responsabilidades de um adulto. Ao lado
do irmão de 8 anos, ele ganha cerca
de R$ 800 mensais cantando no centro
da cidade todos os dias. O dinheiro
arrecadado pelos garotos serve para
manter sete pessoas dentro da pequena
casa na periferia da capital.
Identificado com os meninos, Zezé Di
Camargo torce pelo sucesso da dupla.
“Eles têm muito a ver com o que aconteceu
com a gente. Esses garotos possuem valor
e, com força de vontade, vão conseguir
chegar lá”, apostou o artista. Assim como
os irmãos do Amazonas, ele deixou Goiânia
para viajar a São Paulo e tentar a sorte
na música. Luciano aprovou a atitude
do irmão. “Isso é uma obrigação do ser
humano que tem oportunidade”, afirmou.
Odinaldo Marques Soares, 35 anos,
pai dos garotos, guarda o filme “2 Filhos
de Francisco” com carinho. A produção
cinematográfica que retrata como os
Camargo venceram a pobreza e a falta de
oportunidades serve de incentivo para a
família nos momentos de dúvida e descrença
no futuro. “Eu sempre assisto e lembro que
estamos passando pelas mesmas coisas que
eles passaram, ou até pior. Já batalhamos
muito e continuamos acreditando na música
dos nossos meninos”, declarou.
Enquanto apronta os garotos para
mais um dia de escola e trabalho, Rosânia
da Silva, 33 anos, agradece o gesto do
cantor. “Esse teto para os meus filhos é a
primeira porta para o sucesso deles. O mais
importante é que eles tenham um lar. Viver
sem uma casa, sem uma direção é muito
difícil”, afirmou. Acanhado, Rômulo apenas
balbuciou palavras de gratidão ao astro
e maior ídolo. “Foi pura emoção. Muito
obrigado por tudo, Zezé”.
Deivison e Rômulo sonham em seguir a mesma trajetória de Zezé Di Camargo e Luciano: também querem vencer com a música
Viagem até São Paulo durou seis meses
A viagem da família do Amazonas até São
Paulo durou seis meses. Na bagagem, Rosânia
(foto) e Odinaldo levaram apenas o sonho de ver
os filhos triunfarem na música e R$ 200,00. Sem
dinheiro para pagar a passagem de barco para
completar um trecho da excursão, eles adotaram
uma estratégia inusitada.
“Escondemos nosso filho mais novo dentro de
uma rede. Quando contaram os passageiros, ele
estava lá embrulhado e ninguém viu”, lembrou
Rosânia. Durante os cerca de 180 dias de viagem,
a família parava de cidade em cidade para
arrecadar dinheiro com exibições dos garotos e
seguir o caminho.
“Chegamos a dormir na rua e fomos
assaltados. Tomaram todo o nosso dinheiro,
mas pelos menos deixaram as passagens”,
relatou a mãe dos meninos. “Chegamos em
São Paulo todos sujos. Quando pedíamos
informações, as pessoas ficavam com medo de
nós. Foi tudo muito difícil”, completou.
16 a 22 DE março de 2007
P.
A casa oferecida aos cantores
mirins é apenas mais uma dentre as
dezenas já doadas pela dupla. Desde
1996, Zezé Di Camargo e Luciano
tocam um programa de distribuição
de moradias populares. No entanto,
a família prefere manter este tipo
de ação longe dos olhos da mídia.
Durante os últimos 11 anos, os
cantores estabeleceram uma logística
para trabalhar neste sentido.
O primeiro passo é procurar uma
empresa de material de construção
disposta a colaborar. A firma ganha o
direito de explorar a imagem da dupla
em peças publicitárias e, ao invés de
pagar o cachê, faz o acerto em material
de construção. A mão de obra fica por
conta de Zezé Di Camargo e Luciano,
que contam com colaboradores para
cuidar de outros detalhes, como a parte
elétrica, hidráulica e arquitetônica.
A escolha dos beneficiados é
minuciosa. Depois de identificar uma
área com moradias comprometidas,
assistentes sociais fazem uma triagem
entre a população. Posteriormente, as
pessoas selecionadas ainda passam
pelo crivo de Marlene Camargo, mais
uma filha de Francisco. “Priorizamos
deficientes físicos, pessoas idosas e pais
de família que não têm condições de
trabalhar”, explicou Emanoel Camargo,
irmão responsável pelo setor.
Até o ano passado, a dupla entregou
aproximadamente 46 casas em estados
como Goiás, Minas Gerais, São Paulo e
Espírito Santo. As casas geminadas são
construídas em lotes de 12 unidades e
têm um custo médio de R$ 22 mil. Em
parceria com um grupo de empresários,
Zezé Di Camargo e Luciano estudam a
possibilidade de urbanizar uma favela
com cerca de 62 famílias em Goiânia.
Além do projeto envolvendo
as moradias populares, a dupla
também apóia algumas instituições
de caridade em todo o Brasil. O
dinheiro arrecadado com a venda de
produtos licenciados é empregado
neste tipo de ação, prioridade em
2007. “Fazemos tudo de forma
completamente independente, sem
qualquer tipo de vínculo político”,
declarou Emanoel Camargo.
Apesar de considerar a questão da
moradia um problema do governo
federal, o apresentador Raul Gil faz
contribuições neste sentido. Ele
revelou com exclusividade que já
presenteou um de seus jovens talentos
com uma casa. “Eu e o Daniel (cantor)
nos unimos para dar uma casa para o
Cristian (Fernandes). Eu não gosto de
ficar citando nomes, é a primeira vez
que falo sobre isso”, afirmou.
foto: DIVULGAÇÃO / LucianoTrevisan-Fotomídia
Dupla já doou mais de 40 casas
Zezé Di Camargo e Luciano abraçaram as causas sociais
Lair Krahenbuhl, secretário da Habitação
Secretário de Estado da Habitação
e presidente da Companhia de
Desenvolvimento
Habitacional
e
Urbano (CDHU), Lair Krahenbuhl
afirma que a doação de moradias
populares é insignificante no universo
de 7,5 milhões de pessoas com déficit
habitacional no Brasil. Para aumentar
a eficiência da medida, ele sugere
incentivos aos doadores.
“Na prática, não consigo ver
a experiência de doação de
casas acontecendo. Mas se você
Para Zezé Di Camargo, a boa von­
tade da elite brasileira seria suficiente
para acabar com os problemas
de moradia no País, marcado pela
péssima distribuição de renda. Na
visão do cantor, a resolução deste tipo
de problema passa diretamente pela
tomada de posição da camada mais
bem favorecida da sociedade.
“Não adianta ficar só reclamando
e falando do governo. Se cada um
conseguisse uma legislação que
privilegiasse, através do imposto de
renda, a construção de casas para
doação às famílias de mais baixa
renda, o caminho seria correto”,
declarou o secretário.
Krahenbuhl quer atrair os investimentos da iniciativa privada para
as classes de baixa renda. “A gente
sente que as iniciativas estão voltadas
somente para a classe média. É muito
difícil. Precisamos desatar alguns nós
para fazer com que a iniciativa privada
possa migrar para a baixa renda”,
declarou o secretário.
A Secretaria da Habitação, por
meio da CDHU, tem hoje mais de
68 mil unidades habitacionais em construção e nesta gestão está dando
ênfase à regularização fundiária e
à urbanização. Os alvos são as
regiões metropolitanas de São
Paulo, Campinas e Santos.
Por orientação do governador José
Serra, cerca de 60% dos esforços e recursos da Secretaria serão voltados
para esse trabalho.
Francisco, pai de Zezé
fizesse sua parte, não teríamos esse
problema no Brasil. Se você pegar
um grupo de empresários, escolher
uma favela e falar: vamos urbanizar
essa favela, resolveria o problema
no Brasil, com certeza”, declarou o
artista, que acredita ter a fórmula
para acabar com a falta de moradia
no País. “Se conseguirmos reunir
1 milhão de pessoas e cada uma
delas doar seis casas populares
eliminaremos o problema dos semtetos no Brasil”.
Zezé Di Camargo contou que
já tentou, sem sucesso, mobilizar
outras personalidades em torno da
causa. “É impressionante como as
pessoas são: falam, falam e, quando
você liga, parece que está pedindo
um baita de um favor. É muito
complicado. Acho que falta um
pouquinho de empenho”, lamentou.
Francisco: ‘Eles aprenderam comigo’
foto: DIVULGAÇÃO / LucianoTrevisan-Fotomídia
foto: DIVULGAÇÃO
Secretário sugere Zezé lamenta falta de mobilização
incentivo a doadores
Maior incentivador da carreira
musical de seus filhos, Francisco
Camargo era chamado de louco
pelos próprios parentes em função
da confiança inabalável depositada
no sucesso dos filhos. Satisfeito,
o pai garante que seus herdeiros
aprenderam a serem solidários ainda
dentro de casa.
“Isso tudo foi eu que ensinei. Muitas
vezes, dividia minha despesa para
dar cestas básicas a outras pessoas.
O dinheiro que eu compraria só uma
cesta, dividia para conseguir comprar
duas e ajudar os meus semelhantes”,
explicou Francisco, que costuma
participar da entrega das casas.
Questionado sobre o critério
adotado para escolher os ganhadores
das moradias populares, Francisco
mostrou toda sua simplicidade. “Eles
dão as casas conforme o merecimento
da pessoa. Mereceu, ganhou”, explicou.
“Eles não ajudam só os familiares, é a
gente que não mostra na televisão
nem no jornal”, completou.

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