OGLOBO

Transcrição

OGLOBO
OGLOBO
Irineu Marinho (1876-1925)
SEGUNDA-FEIRA, 29 DE FEVEREIRO DE 2016 ANO XCI - Nº 30.156
(1904-2003) Roberto Marinho
CHRIS PIZZELLO/INVISION/AP
SEGUNDO CADERNO
Oscar 2016
‘SPOTLIGHT’,
DICAPRIO E
QUESTÃO RACIAL
RIO DE JANEIRO
oglobo.com.br
ESPORTES
Equilibrado
LÍDERES
EMPATAM
EM CLÁSSICO
O Botafogo arrancou o empate do
Vasco no fim da partida, fechando o
jogo em 1 a 1, em São Januário. O Flamengo goleou o Resende por 5 a 0.
Em noite marcada por ironias à falta de indicados
negros, ‘‘Spotlight” levou o prêmio de melhor filme.
Iñárritu e DiCaprio também venceram. O Brasil perdeu.
ALTA MORTALIDADE
CIDADE EM EVOLUÇÃO
Rio registra a
maior taxa de
mortes no SUS
desde 1984
CUSTODIO COIMBRA
_
Em 2015, foram 6,57 óbitos por 100 mil
habitantes contra média nacional de 4,2
Entre 2008 e o ano passado, índice cresceu 28% no país e
46,3% no estado, que lidera a estatística há três décadas; falta
de explicação para número alto preocupa especialistas
O Estado do Rio registrou, no ano passado, a maior taxa de mortalidade do
país no Sistema Único de Saúde (SUS)
desde 1984, quando se iniciou a série
histórica. A maioria dos óbitos de 2008
a 2015, porém, não teve causa mortis
definida. E não há explicação para o número alto, o que preocupa especialistas.
A taxa de mortalidade no estado foi de
6,57 para cada 100 mil pessoas, contra
uma média nacional de 4,2. Desde
2008, o índice cresceu 28% no Brasil,
enquanto no Rio o crescimento foi de
46,3%. Depois do estado, que sempre
teve as piores taxas do país, aparecem
Rio Grande do Sul e São Paulo. Os menores índices ficam no Maranhão, no
Pará e em Rondônia. PÁGINA 4
CHICO
Bem na foto. Participantes de uma corrida na Praça Mauá fazem selfies diante do Veículo Leve sobre Trilhos: sistema de bondes
modernos, previsto para ser inaugurado em abril, passou por testes ontem, percorrendo trecho entre a rodoviária e a Cinelândia
VLT rumo
à Zona Sul
Marina da Glória
aberta ao público
A prefeitura anunciou ontem que vai licitar no
fim do ano a expansão do VLT para a Zona Sul.
Serão 23 quilômetros até a Gávea, passando por
Humaitá e Jardim Botânico. PÁGINA 7
Revitalizada para receber as provas de vela durante
os Jogos Olímpicos, a Marina da Glória será aberta
ao público em abril. O espaço terá seis bares e restaurantes e calçadão com vista para a Baía. PÁGINA 5
Hillary e Trump podem
decolar com Super Terça
Agência do governo
estuda reduzir diárias
PÁGINA 16
PÁGINA 4
COLUNISTAS
RICARDO NOBLAT
Em que momento de sua história
o PT se perdeu? PÁGINA 2
ANCELMO GOIS
Orquestra Petrobras Sinfônica
vai gravar pagode. PÁGINA 6
JOSÉ EDUARDO AGUALUSA
Movidos por paixão, somos a
Humanidade inteira. SEGUNDO CADERNO
...e na volta às aulas,
pausa nas pilhérias:
Chico Caruso tira
férias!
Tensão marca
prévias do PSDB
em São Paulo
Ideia de mudar
leis trabalhistas
gera polêmica
Brigas tumultuaram a escolha do candidato a prefeito de São Paulo, e a PM
foi acionada. João Doria e Andrea Matarazzo irão a segundo turno. Líderes
do partido defenderam prévias também para a eleição de 2018. PÁGINA 3
Defendida pelo presidente do TST,
Ives Gandra Filho, a proposta de que
a negociação se sobreponha à lei trabalhista tem apoio dos empresários,
mas é criticada por trabalhadores e
divide parlamentares. PÁGINA 14
3ª Edição - Preço deste exemplar no Estado do Rio de Janeiro R$ 4,00 - Circulam com esta edição: Segundo Caderno e caderno Esportes
2
l O GLOBO
Segunda-feira 29 .2 .2016
Página 2
Conte algo que não sei
[email protected]
_
RICARDO
NOBLAT
‘A gente superestima nossa relevância’
_
Michel Godet, economista
Membro da Academia Francesa de Tecnologia, professor francês esteve no Rio para uma palestra na FGV
ANA BRANCO
“Sou francês, tenho quatro
filhos. Já estive três vezes no
Brasil e tenho muito
interesse em visitar uma
favela. Não gosto de prever
o futuro. Prefiro me
preparar para o que está por
ocorrer. O maior impacto
sobre o futuro vem das
ações do presente. É preciso
dar sentido aos nossos atos
do presente.”
|
|
“Se vocês entenderem que a manutenção
do projeto corre risco, estarei com 72 anos e
tesão de 30 para ser presidente.”
Lula
Basta!
_
Em que momento de sua história o PT se perdeu?
Foi quando Lula, depois de três derrotas
consecutivas, achou que para vencer em 2002
deveria “jogar o jogo”? Foi quando, a governar
com partidos, ele preferiu aliciar o apoio
individual de deputados e senadores? Ou foi
quando ele, uma vez superada a fogueira do
mensalão, convidou o PMDB para ser o principal
parceiro do PT no seu segundo governo?
_
ENTREVISTA A:
ROBERTO MALTCHIK
[email protected]
ANTONIO LUCENA
Conte algo que não sei.
Por definição, jornalista tem
dificuldade para ver boas notícias. Vocês procuram o desconhecido, a informação surpreendente. Então, a primeira
informação surpreendente é
que a expectativa de vida cresce para todo mundo, inclusive
para a África. Outra novidade:
jamais houve tantos países democráticos como existem hoje,
apesar de todo o noticiário. O
percentual de crianças na escola também é inédito. Até o
número de pessoas mortas em
conflitos é menor. Vivemos no
maior momento de paz desde
a queda do Império Romano.
l
As novas tecnologias, em especial as novas ferramentas
de comunicação, estão tornando nossa vida melhor?
Acho que não. A gente tem
cada vez mais acesso à informação, mas cada vez menos
pessoas para debater sobre ela.
Inclusive com nossos amigos,
l
é cada vez menor a chance de
falar diretamente com as pessoas. Por isso, acredito que um
dos principais mercados do futuro será o da solidão.
As pessoas estão desaprendendo a dialogar?
Hoje o debate se dá sobre informações rasas, com o tamanho de um post de Twitter.
Nesta forma de diálogo não há
espaço para o conhecimento.
Informação e tecnologia nem
sempre significam progresso.
l
O que leva ao progresso?
A educação. Ao longo da História, os problemas e as pessoas são os mesmos. O que faz a
diferença é a educação, agregada a valores. Por exemplo, o
que ocorre agora no Brasil,
com a Lava-Jato, até onde sei, é
uma forma de educar e agregar
valor à sociedade. Políticos e
empresários estão sendo presos. Não só os pobres. Isso, de
alguma forma, ajuda a mudar.
l
No caso da Europa, o que temos é a crise da imigração. O
que é possível projetar?
Antes de a crise ocorrer, os
políticos não queriam discutir
o problema. Esse é um assunto
de suma importância na França, onde 40% dos nascimentos
são de imigrantes. Nos subúrbios, este percentual vai a 80%.
E eles não se integram à sociedade porque nós os deixamos
aprisionados em guetos. Eles
não criam identidade, e a única maneira de fazer a vida ter
sentido é voltar às raízes. Então, se você considerar que a
projeção indica um aumento
brutal das populações da África, por exemplo, a manutenção desse fluxo de pessoas para a Europa se torna inviável.
l
Então, o que deve ser feito?
Acredito que o correto é o
que vem sendo feito na Austrália e no Canadá. Eles aceitam
apenas uma proporção de pessoas, conforme as demandas
l
das duas sociedades. E não
mais. Eu não sou responsável
por crianças que nascem em
outro país. De outra forma, você, enquanto país, vai desaparecer. Na Europa, há muita demagogia. Os políticos estão
agindo pensando na próxima
eleição. Eles agem para sobreviver politicamente. Não quero
ver a Europa desaparecer.
No que diz respeito às mudanças climáticas, o que podemos esperar?
Costumo duvidar quando todos concordam com uma tese.
O nível de gelo na Antártica está
crescendo. Nossa parte nas mudanças climáticas é pequena. A
Groenlândia já foi verdejante.
Algo ocorreu e não foi por causa da ação do homem. A gente
superestima nossa relevância.
l
Qual o grande tema atual?
Acredito que a grande questão hoje é como limitar o número de pessoas na Terra.
l
Imagem da semana
_
SORRISO A
CAMINHO
DA PRISÃO
FOTO
GERALDO BUBNIAK
Marqueteiro de
campanhas do
ex-presidente Lula e da
presidente Dilma, João
Santana e a mulher,
Mônica Moura, são
levados a Curitiba após
terem a prisão decretada
pelo juiz da Lava-Jato,
Sérgio Moro. Santana
teria recebido US$ 7,5
milhões ilegalmente no
exterior. “Não vou abaixar
a cabeça”, disse Mônica,
que sorriu para fotos. l
Leia também
_
Mundo
Resultados parciais em eleições legislativas no Irã
mostram reformistas à frente de conservadores
PÁGINA 17
Economia
Dinheiro que sobra no orçamento das famílias, após
pagamento das despesas fixas, caiu à metade entre
2014 e 2015. Perda foi maior entre os mais pobres
PÁGINA 13
Sociedade
Número de ataques de tubarão bateu recorde em
2015: foram 98 casos no mundo, diz relatório
Petroleiras vão ao Supremo contra leis que aumentam
os impostos sobre o setor no Rio de Janeiro
PÁGINA 18
Loterias
O leitor deve checar os resultados em agências oficiais e no
site da CEF porque, com os horários de fechamento do jornal,
os números aqui publicados, divulgados sempre no fim da
noite pela CEF, podem eventualmente estar defasados.
l
MEGA-SENA
01 l
05 l
34
l
37 l
40 l
60
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Um vencedor
1.794
PÁGINA 14
LOTOMANIA 1.637
QUINA
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49
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52 l
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65 l
66 l
67 l
70 l
76 l
88 l
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Acumulado em R$ 5,5 milhões
04 l
06 l
13
l
43 l
64
l
Acumulado em R$ 6,9 milhões
4.020
ESCOLHA O momento que lhe pareça o mais significativo. Existem outros. O meu preferido é o primeiro — aquele de “jogar o jogo”. Dirão os pragmáticos
inescrupulosos: sem jogar conforme as regras usuais, Lula e o PT jamais teriam chegado ao poder.
Pergunto: valeu a pena ter chegado desprezando os
valores e princípios que pareciam distingui-los de
outros políticos e partidos?
APENAS PARECIAM, como ficou demonstrado nos
últimos 13 anos. Lula e o PT governaram sem dispor de ideias para o país. Favorecidos por uma conjuntura econômica mundial positiva, improvisaram o quanto deu. Quando não deu mais, viram no
aparelhamento do Estado e na corrupção os únicos
meios de se sustentar no poder. Deu no que vemos.
O PT FOI inventado pela ala progressista da Igreja
Católica. Para combater a influência dos partidos
comunistas no meio operário, a Igreja imaginou
reunir em um novo partido as demais correntes de
esquerda. Conseguiu. E por muito tempo, as comunidades eclesiais de base, alimentadas pela teologia da libertação, funcionaram como células do PT.
POR MAIS que tenha radicalizado seu discurso na
tentativa de eleger Lula presidente em 1989, 1994 e
1998, o PT jamais foi criado para pregar a revolução
social. É verdade: abriga tendências de esquerda
sem compromissos com a democracia tal qual a
conhecemos. Mas foi sempre o partido da ordem.
“Nunca fui de esquerda”, uma vez comentou Lula.
“Quando cedi às pressões dela, me dei mal”.
LULA NÃO PASSA, nunca passou de um malandro
esperto e carismático que concordou em ser cavalgado por parte da esquerda — e que acabou por cavalgá-la. Não foi muito difícil para ele e seus adeptos trocarem o discurso radical pelo discurso conciliador de 2002. Quem imaginou que Lula, para se
eleger afinal, assinaria um documento como a
“Carta aos Brasileiros”?
MAIS ADEQUADO seria chamá-lo de “Carta aos Banqueiros e Empresários”. Ou “Carta ao Capitalismo Internacional”. Foi a garantia dada por Lula de que seu
governo manteria a política econômica do governo
do então presidente Fernando Henrique. Assinou e
cumpriu. A Bolsa Família, mais tarde, em nada desautorizou a carta do pai dos pobres e mãe dos ricos.
NAQUELE MOMENTO, deu-se a assimilação de Lula e do
PT pelas elites, acusadas por eles, hoje, de aliadas do
PSDB. De fato, aliaram-se a Lula e ao PT. E lucraram os
tubos com isso. Se dependesse delas, e se não existisse
a Lava-Jato, seguiriam apoiando o PT e torcendo pela
volta de Lula em 2018. Como torceram há dois anos.
Lula e o PT as espancam por puro marketing.
A OPÇÃO POR “jogar o jogo”, que empurrou Lula e o
PT rampa acima do Palácio do Planalto, empurrará
Dilma, Lula e o PT ladeira abaixo em 2018 — ou mesmo antes. Simplesmente, a maioria esmagadora dos
brasileiros quer vê-los pelas costas. A incompetência
e a corrupção exauriram o país. Ele não pode continuar mais se arrastando sem direção. Chega! Basta!
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Segunda-feira 29 .2 .2016 3ª Edição
O GLOBO
País
l 3
CRISE POLÍTICA
Uma prévia do clima eleitoral
_
Após confusão entre militantes, Doria e Matarazzo vão a 2º turno para disputar Prefeitura de SP
EDILSON DANTAS
ANA PAULA RIBEIRO, MARIANA SANCHES E
PAULO CELSO PEREIRA
[email protected]
-SÃO PAULO-.
O governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, defendeu ontem a realização de prévias,
ou eleições primárias, no processo de escolha de
candidatos do partido, inclusive no pleito de 2018
para a Presidência da República. Para Alckmin,
que disputa a vaga do partido na corrida presidencial daqui a dois anos, a realização de prévias
amplia o debate, oxigena os partidos e permite o
surgimento de novas lideranças.
— Eu sou um fã das prévias. Mais até do que
prévias, das primárias. Veja o modelo americano:
é uma coisa fantástica, permite novas lideranças,
oxigena o partido, tem debate, tem divergência, é
muito positivo. Se não existissem as prévias, primárias, não existiria um estadista como Barack
Obama — disse Alckmin, ao chegar ontem no local de votação nas prévias que o PSDB paulista realizou para a escolha do candidato do partido para a disputa da Prefeitura de São Paulo.
Na madrugada de hoje, após um dia marcado
por brigas e confusão entre militantes, o PSDB
anunciou que o empresário João Doria Júnior e o
vereador Andrea Matarazzo vão disputar o segundo turno das prévias. Doria recebeu 43,13% dos
6.216 votos, contra 32,89% de Matarazzo. O deputado federal Ricardo Tripoli, já fora da disputa, ficou com 22,31%. Há ainda 260 votos em aberto, sobre os quais o partido deliberará ainda hoje, mas
eles não alteram a posição dos pré-candidatos.
A defesa que Alckmin fez das prévias tem eco em
boa parte da cúpula do PSDB. A opinião dos tucanos ouvidos pelo GLOBO, no entanto, é que o tema
não deve ser tratado neste ano, seja por causa da
grave crise política e econômica, seja por causa das
eleições municipais. O presidente nacional da legenda Aécio Neves (PSDB-MG), que lidera hoje as
pesquisas de intenção de voto da disputa presidencial, diz manter o entendimento que tinha em
2010 de que as prévias são o melhor caminho
quando há mais de um nome.
— Sempre acreditei que, em havendo mais de
uma candidatura, as prévias são o instrumento
mais adequado para que qualquer candidatura,
em qualquer nível, seja legitimada pelas bases do
partido. Mas a prioridade do PSDB neste momento são as eleições municipais — defendeu.
O líder do partido na Câmara, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), é outro que acredita que as
prévias podem ser importantes, mas pondera
não ser este o momento de abordá-las.
— É sempre positivo você fazer avaliações para
uma decisão importante a ser tomada numa agremiação partidária, e as prévias fazem parte dessa
lógica — defende.
Membro da Executiva Nacional do partido, o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) considera que as
prévias, além de servirem para escolha do nome,
trazem contribuição positiva para o partido: a ampliação do espaço cotidiano na mídia. Ele acredita
ainda que o risco de rachar a legenda é pequeno.
AGRESSÃO E ACUSAÇÕES RECÍPROCAS
Em São Paulo, no entanto, Doria, Matarazzo e Tripoli travaram uma disputa que deixou evidente o
racha no ninho tucano paulista. Houve intensa
troca de acusações entre os candidatos ao longo
da semana passada, e o clima tenso vivido pelo
partido durante a campanha se traduziu em pancadaria entre militantes apoiadores de Tripoli e
um grupo pró Doria, durante votação no diretório
do PSDB, no Tatuapé, na Zona Leste da capital.
Cerca de 30 pessoas se envolveram na confusão, que terminou com a urna eletrônica quebrada. Parte dos envolvidos foi encaminhada à 30ª
DP, onde a polícia tenta identificar quem quebrou
o computador que armazenava os votos. Neste diretório, a votação foi encerrada mais cedo. No fim
da noite, a Secretaria de Segurança Pública abriu
inquérito policial para investigar os crimes de
ameaça, lesão corporal, dano e roubo.
Confronto. Tumulto envolvendo militantes marca as prévias do PSDB para escolha do candidato à prefeitura, disputada por Andrea Matarazzo, João Doria e Ricardo Tripoli
EDILSON DANTAS
ELIÁRIA ANDRADE /22-4-2013
Na disputa.
O empresário
João Doria :
acusação de
abuso do poder
econômico
durante
campanha
Em campo.
O vereador
Andrea
Matarazzo, um
dos candidatos
na disputa:
racha no ninho
tucano
— Mais grave do que os cavaletes (da minha
campanha) é a agressão contra cinco pessoas. Foi
uma agressão contra a minha campanha. O pessoal ligado ao Tripoli apareceu ali (no diretório) com
arma de fogo, mas a memória do computador foi
salva, é um ato pontual que não atrapalha a festa —
afirmou o candidato Doria Júnior, ao chegar à Câmara dos vereadores de São Paulo, no final da tarde, onde ocorreria a apuração dos votos.
Os cavaletes a que se referiu foram espalhados
pela cidade com propaganda a seu favor e causaram intensa reação dos adversários, que o
acusaram de abusar do poder econômico.
— Quem está perdendo a eleição reclama de
tudo — ironizou o empresário.
Essa tensão entre os candidatos se estendeu
além da votação. Na Câmara, grupos a favor de
Doria e de Matarazzo ameaçaram confronto físico na sala ao lado de onde a Executiva do PSDB
se reúne. Houve provocação de parte a parte,
com gritos de “Doria guerreiro do povo com dinheiro” e respostas de “vai pro PSD”. Militantes
tiveram que ser contidos, e a polícia da Câmara
dos Vereadores precisou intervir.
A apuração dos votos, marcada para às 17h, começou com duas horas de atraso. Houve urnas
que demoraram a chegar e uma intensa discussão
da executiva do partido sobre filiados que não estavam registrados e foram votar.
Por volta das 20h, o presidente do Instituto Teotônio Vilela José Aníbal e o ex-vice governador Alberto
Goldman, respectivamente aliados de Ricardo Tripoli e Andrea Matarazzo, entregaram uma petição
ao PSDB em que pedem “o cancelamento da inscrição do pré-candidato João Doria Jr”, além de sanções ao filiado, que pode até mesmo ser expulso caso seja condenado.
Eles acusam Doria de abuso de poder econômico, de propaganda ilegal e infração da Lei Cidade
Limpa. Ambos afirmam que na véspera da votação, dia 27, o empresário distribuiu cavaletes pela
cidade e, no dia das prévias, teria cometido “condutas ilegais, como boca de urna na fila de votação, panfletagem, utilização de camisetas e coletes nos locais de votação e de um carro de som em
frente à Câmara”. l
U
ELEIÇÃO INTERNA
UMA ESCOLHA SEM
TRADIÇÃO NO PSDB
Essa é segunda vez que o PSDB decide
levar adiante a realização de prévias
para escolher um candidato. Em 2012,
o senador José Serra venceu a disputa
interna em São Paulo, mas foi
derrotado pelo candidato do PT à
prefeitura, Fernando Haddad.
Para as últimas eleições
presidenciais, em 2014, tucanos
chegaram a cogitar a hipótese de
formalizar esse tipo de escolha, com
eleição entre filiados.
Em 2013, o então vice-presidente
nacional do PSDB, Alberto Goldman,
defendeu o estabelecimento de regras
para que Aécio Neves e José Serra
pudessem disputar a vaga de candidato
ao Planalto. Em seguida, o próprio
Aécio, que tinha apoio maior entre os
tucanos, se disse favorável às prévias.
O consenso interno de que era “a vez
de um candidato de Minas”,
entretanto, prevaleceu. As
candidaturas anteriores dos tucanos
foram as de José Serra (2002 e 2010)
e a de Geraldo Alckmin (2006), todas
do PSDB paulista e consolidadas pela
cúpula do partido.
Fundamental em alguns países,
como os Estados Unidos, o instituto
das prévias nunca foi popular no
Brasil. Em todos os anos em que o
PSDB cogitou fazer a escolha para
uma candidatura à Presidência, a
ideia de que as prévias poderiam
dividir o partido ou criar inimizades
prevaleceu.
CRÍTICA E SARCASMO
-SÃO PAULO E RIO-
U
m dia depois do discurso do expresidente Luiz Inácio Lula da
Silva no palco de comemoração
dos 36 anos do PT, no Rio, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin,
ironizou a situação de Lula, investigado
por sua relação com um sítio em Atibaia e
um tríplex no Guarujá. O ex-presidente, no
discurso, mandou recado à oposição, afirmando que não será mais “paz e amor”.
— O Lula está sitiado — disse Alckmin, fazendo um trocadilho com o caso envolvendo
o ex-presidente e o sítio.
Na festa dos petistas, Lula admitiu que espera para hoje a quebra dos seus sigilos fiscal e bancário. Irritado e com a voz rouca, o
ex-presidente ironizou as investigações sobre o seu envolvimento com empreiteiras
Alckmin usa trocadilho para
alfinetar Lula: ‘está sitiado’
Ex-presidente ironiza investigações sobre o seu envolvimento com empreiteiras
do escândalo da Operação Lava-Jato:
— Se puderem, vão exumar até minha mãe.
Se é o preço a pagar, que o façam. A única coisa
que quero, depois da investigação, é que me
deem um atestado de idoneidade. Duvido que
tenha alguém deles mais honesto do que eu.
Em sua defesa, Lula alegou que o sítio de
Atibaia foi uma surpresa oferecida pelo exprefeito de Campinas Jacó Bittar. Um espaço
para guardar os presentes que havia ganha-
do quando era presidente. Garantiu que não
sabia de nada até o dia 15 de janeiro de 2011,
quando já havia deixado a Presidência. Duas
semanas antes, no entanto, a imprensa noticiava a transferência de parte de sua mudança para o sítio. O ex-presidente contou ainda
que a propriedade foi paga com um cheque
administrativo passado por Jacó para o filho,
Fernando.
Lula garantiu à militância petista que as suspei-
tas levantadas pelas investigações seriam, na
verdade, uma tentativa de boicotar o projeto
político do PT. Apontou a mídia e setores do
Ministério Público e do Judiciário, que “temem as manchetes”, como os maiores responsáveis pelo que considera uma campanha para denegrir a sua história.
Lula disse aos presentes à festa petista que
não há razão para ficar com medo e com a
cabeça baixa.
— É importante eles saberem, olhando na
nossa casa, que, se quiserem voltar ao poder,
terão de aprender a ser democráticos, disputar o poder. Fazer sacanagem, não aceitamos.
Se quiser, preparem-se para 2018.
Ele disse que está no jogo:
— Se for necessário, se vocês entenderem
que a manutenção do projeto corre risco, estarei com 72 anos e tesão de 30 para ser presidente da República l
4
l O GLOBO
l País l
Rio tem a
maior taxa de
mortes no SUS
em 3 décadas
Entre 2008 e 2015, período em que
o índice foi mais alto, a maioria
dos óbitos não teve diagnóstico
2ª Edição Segunda-feira 29 .2 .2016
OS REGISTROS EM SEIS ESTADOS
NÚMEROS ESTÃO REPRESENTADOS EM DUAS SÉRIES HISTÓRICAS: 1984/2007 E 2008/2015
TAXA DE MORTALIDADE
De 2008 para cá, o
crescimento médio do
índice no Brasil foi de 28%.
O do Rio foi de 46,3%
(Por 100 mil habitantes)
1ª SÉRIE HISTÓRICA
2ª SÉRIE HISTÓRICA
6,57
6
Minas Gerais
Rio Grande do Sul
São Paulo
Alagoas
Rio de Janeiro
Bahia
5
4,99
4,8
4,47
4
4,18
3,52
3,79
3
2,21
EDUARDO BARRETTO
[email protected]
-BRASÍLIA - Em
2015, o estado do
Rio teve a maior taxa de mortalidade registrada no Sistema Único de Saúde desde
1984, início da série histórica
do Sistema de Informações
Hospitalares do SUS. Num
período de 31 anos, o estado
liderou as indesejáveis estatísticas por 30.
Além de ter os índices de
mortalidade mais altos do
país catalogados pelo SUS, o
Rio não sabe, ou não deixa
saber, o que determinou esses óbitos: de 2008 a 2015 —
período em que as taxas no
estado tiveram a alta mais
acentuada —, a categoria de
diagnóstico com maior proporção entre mortes e internações foi a que não tem causa mortis definida. Durante
toda a série histórica do estado, as agressões — que incluem homicídio de qualquer tipo — são as causas externas
com maior proporção entre
mortes e internações.
Praticamente todas as pessoas que procuram hospitais em
situação de emergência vão
para o SUS. É o destino de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu) ou do Corpo de Bombeiros, no caso do Rio. Além
disso, a rede pública faz procedimentos que não são cobertos pelos convênios.
O Datasus tem duas séries
históricas : uma que vai de
1984 a 2007; e outra de 2008 a
2015. As taxas representam
mortes a cada cem mil pessoas e são enviadas ao Ministério da Saúde por estados e
municípios. Nas últimas três
décadas, o movimento de todas as unidades da federação
foi de alta, mas nunca a diferença da taxa de mortalidade
no SUS no estado do Rio foi
tão grande se comparada à
média nacional: em 2015 foi
de 2,37 — 6,57 do Rio contra
4,20 nacional. De 2008 para
cá, o crescimento médio do
índice no Brasil foi de 28%; o
do Rio de 46,3%. Os estados
com as maiores taxas são Rio,
São Paulo e Rio Grande do
Sul. Maranhão, Pará e Rondônia registram as menores.
ACIDENTES E HOMICÍDIOS
Para a professora Carla Pintas,
do departamento médico de
saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB), o padrão
de mortalidade nacional se deve a uma “tripla carga de doenças” no Brasil.
— Primeiro, ainda não conseguimos acabar com as doenças
infecto-parasitárias, como dengue, malária e zika. São aquelas
de que nós falamos: não precisamos morrer disso porque temos tecnologia. Depois, vêm as
chamadas doenças da modernidade, como infarto e derrame
cerebral. E há as causas exter-
2 2,2
1,95
1,91
1,53
1
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Datasus
nas, como acidentes e homicídios — lista Carla.
A professora diz que esses
números são característicos de
países emergentes, que, mesmo com tecnologia avançada à
disposição, não conseguem erradicar doenças que se combatem com saneamento, prevenção, vacina e educação:
— Brasil, China, Índia e África do Sul têm esse padrão. A
Índia, por exemplo, é um dos
maiores produtores de vacina
do mundo, mas ainda tem gente morrendo de diarreia lá.
O principal problema, conta a médica, são as mortes
devido a causas externas, que
atingem principalmente a
população economicamente
ativa. Homens jovens negros
são os mais afetados, diz a
professora:
— O que oscila é a morte
por causa externa. Essa é a
grande preocupação da saúde pública.
De 2008 a 2015, a classificação mais constante das mortes pelo SUS no Rio foi uma
genérica, que atestava ser impossível identificá-las de fato.
Isto é, a categoria com maior
Editoria de Arte
proporção de mortes por internação teve diagnóstico indeterminado.
Quem registra a causa da
morte é o médico. Quando o
óbito vem de causas externas
(acidentes, agressões, homicídios), o responsável é um médico legista, no Instituto Médico-Legal (IML).
A Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID),
um catálogo de doenças e problemas de saúde que os médicos têm à mão, detalha possíveis causas da morte. Entretanto, um item abarca a impossibilidade da exceção: quando
é impossível identificá-la.
SECRETARIA FAZ PONDERAÇÕES
Segundo o capítulo 18 do
CID, os sintomas, sinais e
achados são definidos como
“anormais”. Além disso, o tópico ressalta que são “afecções menos bem definidas
que, sem que tenha havido o
necessário estudo do caso
para se estabelecer um diagnóstico final, podem conduzir com igual possibilidade a
duas ou mais doenças diferentes ou a dois ou mais apa-
relhos do corpo” .
— Para a estatística, esses
óbitos não querem dizer nada.
Temos encontrado muitos
preenchimentos inadequados
da declaração de óbito. É uma
responsabilidade do médico, e
esse índice costuma ser alto
nacionalmente. Como eu vou
saber do que está morrendo a
população? Não dá para saber
— avalia Carla Pintas.
O capítulo 18, no Rio de Janeiro, teve uma taxa de 12,76, a
mais alta por categoria no estado. Em seguida, vem o capítulo
1, denominado de “algumas
doenças infecciosas e parasitárias”, com índice de 12,09. Ele
inclui poliomielite, tuberculose e caxumba, por exemplo.
Em seguida vem o capítulo 4:
“doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas”, com taxa
de 11,76, que abrange desnutrição, diabetes mellitus e
transtornos metabólicos. Óbitos por tumores e por doenças
do aparelho circulatório completam a lista das cinco maiores causas de mortes no SUS
no estado do Rio desde 2008.
A Secretaria de Estado de
Saúde do Rio de Janeiro afir-
mou em nota que “no período
relatado, o crescimento da taxa acompanha a tendência de
aumento no âmbito nacional”.
Declarou ainda que a taxa,
isoladamente, não representa
a qualidade da atenção hospitalar no estado. E afirmou que
o Rio tem a segunda maior
população idosa do País.
“Não é apropriado comparar
dados de 1984 a 1995 com os
de 1996 em diante, já que utilizam classificações diferentes”, enfatizou a secretaria.
Entretanto, teve acesso à mesma compilação feita pelo
GLOBO e não se opôs a uma
análise contínua dos dados.
AVANÇOS HISTÓRICOS
Em nota, o Ministério da Saúde ressaltou as mudanças que
o Brasil teve nas últimas décadas, como estrutura etária e
um maior acesso a serviços
públicos de saúde, “que cresceram anualmente, inclusive
por faixa etária, e a melhoria
da notificação”. A pasta afirma
que se os “avanços históricos”
não forem levados em conta,
podem aparecer “interpretações equivocadas”. l
Agência estatal estuda reduzir valor de diárias em viagens
Medida acontece após
ABDI dobrar custos
e permitir voos em
classe executiva
VINICIUS SASSINE
[email protected]
-BRASÍLIA- Depois de dobrar o valor
das diárias para viagens internacionais de diretores e funcionários, apesar do ajuste fiscal promovido pelo governo federal, a diretoria da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)
decidiu revisar os procedimentos
adotados para essas viagens, o
que pode levar à anulação dos
reajustes e ao fim da permissão
de classe executiva nos voos. Caso o valor das diárias volte a patamares antigos, será um recuo da
própria diretoria executiva, que
autorizou o reajuste meses atrás.
Por meio de uma resolução sigilosa editada em junho de 2015,
o presidente da ABDI, Alessandro Golombiewski Teixeira, e os
dois diretores do órgão reajustaram o valor das diárias de US$
400 para US$ 700, no continente
americano, e de € 320 para € 700
nos demais continentes. A medida ocorreu num momento em
que o governo já se via obrigado
a cortar gastos diante da forte crise econômica e da queda generalizada da arrecadação.
O GLOBO revelou ontem que a
ABDI virou reduto para um grupo de militantes da campanha à
reeleição da presidente Dilma.
Vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a agência está praticamente oculta do
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Minas e Energia
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PE.GCM.A.00003.2016
1. FURNAS Centrais Elétricas S.A. torna público que realizará Pregão
Eletrônico para contratação da prestação de serviços de gestão do benefício
alimentação dos empregados de FURNAS, em observância ao Programa de
Alimentação do Trabalhador – PAT.
2. Tipo de Licitação: Menor Preço.
3. Obtenção do Edital: o Edital poderá ser consultado e obtido a partir desta data,
no sítio Comprasnet (www.comprasgovernamentais.gov.br - UASG 910811 - nº
da licitação 32016) e também no sítio de FURNAS (www.furnas.com.br - opção
“Fornecedores/Editais”).
4. As propostas deverão ser apresentadas até as 9h do dia 11/03/2016 no sítio
do Comprasnet - www.comprasgovernamentais.gov.br.
Luiz Fernando da Costa e Cunha
Gerência de Compras
sistema de transparência do governo, sem divulgar salários, dados e lotações de servidores, pagamentos de diárias e benefícios.
A reportagem mostrou que o
presidente da ABDI tem duas secretárias, cada uma com salário
de R$ 19,4 mil; editou a resolução reajustando os valores das
diárias internacionais; e permite
que diretores, em missões fora
do país, viajem de classe executiva, medida que se estende a assessores que acompanham a diretoria. Fontes da ABDI relatam
que a revisão dos procedimentos foi instaurada para avaliar
tanto o valor das diárias quanto
a questão da classe executiva.
A agência também vem cortando contratos com empresas
terceirizadas e técnicos admitidos por processos seletivos. Não
houve demissão entre as funções
de confiança — são 19 cargos dos
200 existentes. Integrantes da cúpula da ABDI entendem que o
órgão, apesar de se configurar legalmente como um Serviço Social Autônomo (a exemplo de outros integrantes do Sistema S, como Sesi e Sebrae), deve tornar
públicas informações sobre atos
e salários. O entendimento é que
“não há por que não disponibilizar os dados, uma vez que não há
receita privada”.
PRIVILÉGIO NÃO SÓ DA DIRETORIA
Além da diretoria, os demais
empregados tiveram o valor
das diárias reajustadas: no
continente americano, de US$
315 para US$ 500; nos demais,
de € 250 para € 500. O valor é
maior do que o pago a ministros. Eles recebem entre 220 e
460 de diária, podendo optar
por dólar ou euro e com variação de valor conforme o destino. A diária paga a um ministro
para uma viagem ao Chile, por
exemplo, é de 220 (em dólar ou
euro). Para a Alemanha, 460.
Os valores estão previstos num
decreto de 2008, vigente até
agora, segundo a Controladoria Geral da União (CGU).
Teixeira, militante do PT do Rio
Grande do Sul e coordenador do
plano de governo de Dilma em
2014, foi indicado pela presidente para o cargo na ABDI em fevereiro do ano passado. Como presidente, Teixeira tem salário de
R$ 39,3 mil. Mais três militantes
da campanha passaram a ocupar
na agência cargos de assessoramento especial da diretoria, com
remunerações de R$ 19,4 mil ou
R$ 25,9 mil. Em seus cargos de
origem, no Palácio do Planalto
ou no Ministério do Planejamento, os salários eram de R$ 8,5 mil
ou R$ 11,2 mil.
O grupo de militantes da campanha de Dilma que acabou lotado na ABDI inclui o chefe de
gabinete da agência, Charles Capella de Abreu, que atuou na coordenação do escritório da candidata em Brasília. Antes de assumir o cargo, ele foi chefe de gabinete do ministro da Secretaria da
Micro e Pequena Empresa da
Presidência, pasta hoje extinta. A
remuneração era de R$ 11,2 mil.
Hoje, tem salário de R$ 24,9 mil.
Duas funcionárias que conseguiram turbinar os salários na ABDI
estavam antes no Palácio do Planalto — uma delas atuou na
campanha de Dilma. Outro contratado, também da campanha,
migrou do Ministério do Planejamento para a agência. l
Gestão Dilma é reprovada por 64%, diz Datafolha
Pesquisa revela que
60% dos entrevistados
defendem aprovação do
impeachment pela Câmara
Pesquisa Datafolha, divulgada
pelo jornal ‘Folha de S.Paulo”
mostrou que 64% dos entrevistados avaliam o governo da
presidente Dilma Rousseff como ruim e péssimo. Os que
consideram o governo regular
somaram 25% do total, enquanto 11% o avaliam como
ótimo ou bom. Segundo o instituto, Dilma atingiu o pico de
desaprovação em agosto,
quando chegou a 71% . A avaliação negativa recuou nas últimas pesquisas — em dezembro, a reprovação era de 65%.
A aprovação, por outro lado,
caiu um ponto pertentual. Na
última pesquisa, realizada em
dezembro, 12% dos entrevistados consideravam a gestão
de Dilma ótima ou boa. O Datafolha realizou o levantamento nos dias 24 e 25 de fevereiro. As somas podem passar ou ficar abaixo dos 100%
por conta de arredondamentos, informou o instituto.
Os entrevistados também
foram questionados sobre o
impeachment. Indagados se,
com o pedido de impeachment da presidente aceito pela Câmara, os deputados deveriam votar pelo seu afastamento, 60% responderam que
sim. Para que o processo siga
para o Senado, onde o caso
será julgado, é preciso que
dois terços dos 513 deputados
votem pela abertura do impeachment.
Do total, 33% responderam
que não; 4% se disseram indiferentes e 3% responderam
que não sabem.
A pesquisa, ao sondar se os
entrevistados entendem que
Dilma deveria renunciar, constatou que 58% responderam
sim. As respostas negativas ficaram em 37%, enquanto responderam que não sabem.
O instituto também questionou os entrevistados sobre
se, na opinião deles, a situação econômica do país melhorou, piorou ou ficou como
estava nos últimos meses. Para 80% dos entrevistados, a
economia piorou e apenas 5%
consideram que houve melhoria na situação econômica
do país e 14% acham que ficou como estava. (Com G1) l
Segunda-feira 29 .2 .2016
O GLOBO
Rio
l 5
VISTA LIVRE
Privilégio para todos
_
Marina da Glória, que está em obras para as provas de vela, será aberta ao público em abril
FOTOS DE DANIEL MARENCO
Belo cenário. Com a reforma da área antes restrita a quem tinha embarcações na Marina da Glória, cariocas e turistas terão, a partir de abril, acesso livre ao espaço e poderão usufruir paisagens como a vista do Centro da cidade
ção contará com segurança privada.
A BR Marinas promete ainda revitalizar uma área utilizada como estacionamento, próxima ao Aeroporto Santos
Dumont, e que fica fora da área de concessão. Lá, deve ser instalada a rampa
pública para embarcações, conforme
acordo assinado com o Ministério Público Federal (MPF). Depois de pronto,
o acesso livre para a Baía de Guanabara
ficará sob os cuidados da prefeitura.
LUDMILLA DE LIMA
[email protected]
Idealizadora do Parque do Flamengo,
Lotta Macedo Soares queria uma grande
área de lazer aberta, sem portões e voltada para todas as idades. Mas com a Marina da Glória, que faz parte do projeto de
Lotta, não ocorreu exatamente assim. Há
mais de 30 anos que o espaço público foi
segregado do restante do parque e, inclusive, cercado. Seguranças na entrada inibiam os cariocas sem embarcações de
usufruir o local, com uma das mais belas
vistas da cidade para a Baía de Guanabara. Esse cenário, no entanto, ganha novos
contornos com a aproximação das Olimpíadas, quando a instalação receberá os
barcos das competições de vela. A conclusão das obras na marina — em fase final — marcará também o fim do seu isolamento. Em abril, ela voltará a ser integrada ao parque, com acesso livre da população à sua orla.
A data de entrega do espaço pronto pela concessionária BR Marinas será a da
abertura do Rio Boat Show — que acontece de 8 a 17 de abril. A partir do evento
náutico, os cariocas poderão circular por
uma promenade de 1,3 quilômetro à beira-mar onde antes havia barcos espalhados, sem qualquer ordenamento, e também veículos dos proprietários. Carros
não podem mais passar pelo local, e as
embarcações estão restritas às vagas molhadas nos píeres flutuantes, ou nas secas,
em um hangar de três níveis.
SEIS BARES E RESTAURANTES
Quem estiver pedalando pelo parque poderá deixar sua bicicleta em um bicicletário na entrada para o pavilhão, que será
aberta a todos. No térreo da construção,
que passou por retrofit, serão inaugurados seis bares e restaurantes, que devem
começar a funcionar no início de abril,
junto com o Boat Show. Essa área, com
mesinhas ao ar livre, de frente para o mar
e os barcos, tem tudo para virar um novo
point para cariocas e turistas.
— Havia um pátio onde se passava
com um trator para colocar as embarcações na água. Agora essa área, que era fechada, servirá como lugar de contemplação para o carioca. Vai virar passeio
público, e as pessoas poderão vir do (aeroporto) Santos Dumont andando por
ele — diz Gabriela Lobato, presidente da
concessionária BR Marinas. — Essa foi a
grande mudança: conseguir de forma
ordenada que essa promenade se torne
Melhorias. As obras iniciadas há um ano estão em ritmo acelerado: a área à beira-mar onde vão funcionar seis bares e restaurantes
“Temos uma
marina num centro
urbano, e esse
universo ficará
exposto no dia a
dia da cidade”
Pedro Guimarães
Diretor-geral da
Marina da Glória
pública, sem movimento de entra e sai
de usuários de marina.
Para retirar o movimento de embarcações, foi criado um acesso único aos píeres
flutuantes. No hangar com as vagas secas,
os barcos são movimentados por uma
empilhadeira, em uma operação com
mais segurança e duração de três minutos
e meio, dentro de uma área restrita.
Na semana passada, já dava para ver
a nova orla pronta. Cariocas que forem
conhecer o lugar vão se deparar com
uma vista para o Centro, o Monumento
aos Pracinhas e a Baía de Guanabara
com o Pão de Açúcar.
— Em 1982, foi feita a cerca separando a Marina da Glória do Parque do
Flamengo. O que a gente vê agora é o
retorno de um espaço importante do
parque, que é protegido (pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/Iphan) pelo seu conjunto. Se
não há essa unidade, não é verdadeiramente tombado — afirma Fernando
Nascimento, diretor de logística e operações do Instituto Lotta, acrescentando que, além de separada do parque, a
marina estava degradada.
No pavilhão, operários trabalham nas
obras dos novos bares e restaurantes.
São eles a churrascaria Corrientes 348,
de carnes ao estilo argentino; o Maruru
Déli, que terá lanches como sanduíches e pizzas e funcionará como mini-
mercado; o japonês Soho, que aporta
na marina direto de Salvador; o NaMarina, de comida a quilo; o Empório Celidônio, do chef José Hugo Celidônio; e
o Peter Café Sport, tradicional bar náutico português, que abre sua primeira
casa no Brasil. Antes, havia um único
restaurante, o Barracuda. Na parte interna da construção, funcionarão 25 lojas ligadas ao mundo náutico. Também
foram construídos banheiros públicos
para os visitantes.
— Com a abertura da Marina da Glória,
você também atrai o carioca e o visitante
para conhecer esse mundo náutico. Temos uma marina num centro urbano, e
esse universo ficará exposto no dia a dia
da cidade — aposta Pedro Guimarães, diretor-geral da Marina da Glória.
CICLOVIA E MIRANTE
Outra área que será voltada para o lazer da população dentro da marina é
uma esplanada de 30 mil metros quadrados, antes asfaltada e usada como
estacionamento e para eventos, como
o Fashion Rio. Durante os Jogos, o espaço servirá de apoio para a organização. Mas, depois, será integrado ao
Parque do Flamengo, com projeto paisagístico do escritório Burle Marx. O
local dá de cara para o Pão de Açúcar,
e ganhará árvores, ciclovia e um mirante. Toda essa área aberta à popula-
MAIS VAGAS PARA BARCOS
A Marina da Glória conta com 67 mil
metros quadrados de área, sendo que
pouco mais de 12 mil passaram pelas
obras de modernização, iniciadas em
dezembro de 2014 ao custo de R$ 60
milhões. O número de vagas molhadas
foi ampliado de 170 para 415, enquanto
que as secas, dentro do hangar, foram
de 70 para 240. Cada vaga molhada tem
sua ligação de água e energia. Os antigos píeres improvisados, feitos de diferentes materiais, foram substituídos
por flutuantes, fabricados em concreto,
ferro e isopor, que totalizam cerca de
950 metros. O estacionamento agora fica concentrado em um única área, e o
número de vagas para carros foi reduzido de 1.300 para 470. O total de lojas
também diminuiu, de 40 para 25. O
projeto é assinado pelo arquiteto Eduardo Mondolfo, que trabalhou com Oscar Niemeyer
As transformações sofridas pelo lugar
em pouco mais de um ano ocorreram à
sombra de polêmicas e decisões judiciais
contra e a favor. No momento, o município recorre de uma decisão da 8ª Turma
do Tribunal Regional Federal (TRF), do
começo deste mês, que mantém sentença em primeira instância de 2013, declarando nulo o contrato de concessão do
espaço, firmado entre os operadores da
área e a prefeitura. O TRF concordou que
há um desvio de finalidade da área como
marina pública, já que os projetos de
aproveitamento do espaço incluíram
eventos como feiras, exposições e shows.
Em julho do ano passado, as obras
chegaram a ser embargadas pelo superintendente do Iphan no Rio, Ivo
Barreto, em cumprimento a uma liminar judicial. Quatro dias depois, o
desembargador Marcelo Pereira da
Silva, do Tribunal Regional Federal
da 2ª Região, reconsiderou sua decisão, tornando as intervenções legais.
A ação havia sido ajuizada pela Federação das Associações de Moradores do Município do Rio (FAM-Rio),
sob o argumento de que havia irregularidades na autorização para as
obras dada pelo Iphan. l
6
l O GLOBO
Velhos companheiros
Em encontro organizado por
Roberto Amaral, antigo dirigente
socialista, Lula falou para uma plateia
de umas 150 pessoas, sexta, num
auditório na Av. Paulo de Frontin, no
Rio. A plateia em sua maioria era de
pessoas com mais de 60 anos ligadas
às lutas nacionalistas, ao brizolismo e
ao antigo PCB.
Lula, que foi muito crítico com a
política econômica de Dilma,
mostrou-se em boa forma física e
fez uma tirada bem-humorada:
— Se alguém quiser me dar um
apartamento, eu aceito.
l Rio l
2ª Edição Segunda-feira 29 .2 .2016
www.oglobo.com.br/ancelmo
ANCELMO
GOIS
ANA CLÁUDIA GUIMARÃES,
DANIEL BRUNET E TIAGO ROGERO
IMAGENS DE DIVULGAÇÃO
Outro momento de humor foi
quando o diretor Aderbal
Freire-Filho, ao explicar que
popularidade é uma coisa instável,
citou Getúlio Vargas, que, na véspera
do suicídio, em 1954, parecia isolado,
e depois o povo ficou ao seu lado.
Foi suficiente para um gaiato ao
lado mexer com Aderbal:
— Você não está induzindo o
homem ao suicídio, não?!
Vida longa para Lula.
Quem sabe, precisa
O secretário Leonardo Espíndola,
do governo Pezão, está fazendo aulas
de boxe no Posto 12, no Leblon.
Na palma da mão
O acervo histórico do CPDOC, da
FGV, poderá ser acessado agora pelo...
telefone. A FGV criou um aplicativo
gratuito (também para tablets) que
contém os verbetes do Dicionário
Histórico-Biográfico Brasileiro.
São textos e mais de 80.000
fotografias digitalizadas. O nome do
aplicativo é FGV.
Essa camiseta
em homenagem
ao juiz Sérgio
Moro caiu nas
graças do
cariocas. Ontem,
na churrascaria
Oásis, uma mesa
inteira usava
camisetas como
as da foto.
A peça, que diz, em inglês, algo
como “No Moro, nós confiamos”, foi
lançada pelo estilista paulista Sérgio K.
Por falar em óleo...
A NOVA COBAL
Está pronto o projeto para
reformar e duplicar a área
comercial da Cobal do
Humaitá, um hortomercado
com lojas, bares e
restaurantes, no Rio. Veja só.
A ideia do governo federal é
lançar, no segundo semestre,
um projeto de Parceria
Público Privada para o lugar.
Com isso, o vencedor da
concorrência investiria R$ 50
milhões na transformação da
Cobal. O projeto, desenvolvido pela AAA_Azevedo Agência de Arquitetura, é
ousado: prevê estacionamento subterrâneo, que também abrigará a área de carga
e descarga. O espaço do atual estacionamento vai virar uma grande praça pública
ligada ao Largo dos Leões e será construído um calçadão arborizado no lado da
Rua Voluntários da Pátria. Vamos torcer, vamos cobrar l
FOTO DO LEITOR
Acabou em pagode
Gustavo Figueiredo, dos quadros da
Invepar, consórcio que controla
Guarulhos, assume esta semana a
direção do aeroporto, cargo vago há
mais de um ano.
A Orquestra Petrobras Sinfônica,
uma das mais conceituadas da
América Latina, rendeu-se ao pagode.
Vai gravar uma versão instrumental de
“Coração radiante”, do grupo
Revelação.
É parte do EP “O clássico é pop”, em
parceria com a gravadora Deckdisc, só
com músicas populares. Será lançado
em 1º de abril.
‘Quem bebe...’
Xô, zika
Lembra-se do Grapette? A marca
completa 70 anos agora em 2016 e vai
ser reposicionada no mercado.
Foi adquirida por Cláudio Rodrigues
Filho, especializado em gestão de
marcas, que criou a LovBev.
Aldo Gonçalves, presidente do
CDLRio, desconfia que o medo do
Aedes aegypti tem afastado a clientela.
Será? Coincidência ou não, as vendas
do comércio varejista da cidade
caíram 11,6 % mês passado, o pior
janeiro desde de 2003, quando as
vendas haviam sofrido queda de 23%.
Sr. aeroporto
No mais...
Dilma nunca cogitou a possibilidade
de ir ao encontro do PT, no Rio.
Moro virou grife
Na cúpula da Petrobras, o debate
sobre as novas regras para o pré-sal é
visto como briga política,
desconectada da realidade atual.
Lá, não se acredita que, nesta altura
do campeonato, com a oferta mundial
de óleo em alta e os preços em baixa, o
governo faça uma rodada no pré-sal.
Será?
O que se diz é que a australiana
Karoon e as brasileiras Queiroz Galvão,
Ouro Preto e PetroRio vão disputar
Baúna, na Bacia de Santos, que produz
20 milhões de barris por ano.
A Petrobras, como se sabe, pretende
vender alguns campos maduros.
Lula e Vargas...
A Voz do Brasil
É briga política
U
Zona Franca
O dono da praia
O pré-lançamento de “Segunda-feira, a história
Uma carioca
foi à Praia do
Leblon, na
altura do Posto
12, na tarde de
ontem. Tentou
colocar sua
cadeira num
trecho das
areias, mas o
responsável
por uma barraca que aluga pranchas
de stand up paddle... não deixou.
Disse que a faixa de areia em frente à
barraca era dele!
do Samba do Trabalhador”, livro do nosso Daniel
Brunet, é hoje, às 16h30m, no Renascença.
O fotógrafo Renato Moreth celebra 40 anos de
carreira com exposição no Solar do Jambeiro.
Immi Canadá participa do Salão do Estudante
em São Paulo e no Rio.
Presidente do Departamento de Energia e Finança do Estado de Nova York, Richard Kauffman se
reuniu com o presidente do Sindicato Interestadual de Energia Elétrica, Sergio Malta.
Jesus Hortal recebeu homenagem pelos seus 89
anos, em jantar, na Pizzaria Guanabara (Leblon).
Lumini ganhou três prêmios no iF Design 2016,
com luminárias assinadas por Fernando Prado.
FOTO DO LEITOR
NÃO FOI BEM ISSO
Em briga de marido e mulher,
Pezão meteu mal a colher
GUITO MORETO 19-1-2016
Governador diz, em entrevista,
que é preciso ver o motivo pelo qual
Pedro Paulo agrediu a ex-esposa
O
governador Luiz Fernando Pezão
não levou ao pé da letra a máxima
que, em briga de marido e mulher,
não se deve meter a colher. Em entrevista à revista “Poder”, Pezão se atrapalhou
e acabou dando a entender que poderia existir algum motivo para o secretário municipal
de Coordenação de Governo, Pedro Paulo
Carvalho Teixeira, ter agredido a ex-mulher
Alexandra Marcondes Teixeira, em 2010. Segundo o governador, Pedro Paulo — principal candidato do PMDB para disputar a prefeitura do Rio — tem que “dar os argumentos
dele” para as agressões.
— É, tem de ver qual foi o motivo, sei lá. Isso
também é um problema dele, pessoal. Mas
que é ruim, isso é. Imagina! — disse o governador, na entrevista.
Procurado ontem pelo GLOBO, o governador não quis comentar a declaração que
fez. Em nota, divulgada por sua assessoria,
informou que “este assunto deve ser tratado
no fórum adequado”, e que é “contra qualquer tipo de violência”. Na semana passada,
o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal
Federal (STF), determinou abertura de inquérito contra Pedro Paulo, por lesão corporal. Conforme pedido pelo procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, Fux ordenou que seja colhido novo depoimento da
vítima “para justificar sucessivas alterações
na sua versão do ocorrido, esclarecendo o
que efetivamente ocorreu”.
PAES TEM APOIO ATÉ PARA A PRESIDÊNCIA
O governador disse ainda à revista que o
prefeito Eduardo Paes tem todo o seu
apoio até mesmo para concorrer à Presidência. Segundo Pezão, ele vai transformar as “Olimpíadas num ‘case’”. Na entrevista, o governador também falou sobre
Eduardo Cunha:
— Ele (Cunha) responde pelos atos dele,
né? Não estou no Congresso com um termômetro para ver como está a temperatura lá.
Longe de mim interferir nas decisões do Legislativo. Não interfiro nem aqui.
Defesa. Pezão diz que é contra todo tipo de violência
U
Trecho
“Não, não é assim. Eu acho que ele
(Pedro Paulo) tem de dar os
argumentos dele… É, tem de ver qual
foi o motivo, sei lá. Isso também é um
problema dele, pessoal. Mas que é
ruim, isso é. Imagina!”
Luiz Fernando Pezão
Na entrevista à revista “Poder”, ao responder
sobre o fato de o PMDB ter um candidato que já
foi acusado de ter batido na ex-mulher
O governador teve espaço ainda para fazer
comentários sobre amenidades, como sua
paixão pelo Botafogo. Ele disse que, quando
deixar o governo, será “palpiteiro” e se dedicará a dar palestras. Sobre a crise no estado, o
governador voltou a citar a queda do preço
do barril de petróleo como o principal vilão
da situação de penúria do estado. l
l Rio l
Segunda-feira 29 .2 .2016
MÁRCIO FREITAS
O GLOBO
l 7
Licitação para a expansão do VLT
até a Zona Sul sai no fim do ano
Convocação de empresas será publicada hoje no Diário Oficial
CUSTODIO COIMBRA
RENAN ALMEIDA
DANI
BEM À
VONTADE
Danielle Winits, a atriz, 42 anos, posa toda sexy — e
encarnando a sua Marilyn Monroe, da peça “Depois
do amor” — para campanha de Dia dos Namorados
da Duloren. A propaganda não terá homem para, diz
a marca, mostrar que a mulher é dona de seu corpo
DIVULGAÇÃO
‘QUASE
SURTANDO’
A formosa
ao lado é Mina
Nercessian
(sobrinha do
Stepan), atriz,
36 anos.
A talentosa
está gravando
o filme “Solteira
quase surtando”,
que ela mesma
escreveu e vai
protagonizar
O SOM DE
TOQUINHO
Toquinho,
grande artista
da nossa
música, 69
anos, recebe
Tiê, a cantora,
35, no camarim,
após show que
fez no Vivo Rio
e-mail: [email protected]
Fotos: [email protected]
CRISTINA GRANATO
[email protected]
A prefeitura anunciou ontem
que planeja licitar a expansão do
Veículo Leve Sobre Trilhos
(VLT) para a Zona Sul até o fim
do ano. Hoje será publicada, no
Diário Oficial, a Proposta de Manifestação de Interesse — uma
espécie de chamada para as empresas que queiram desenvolver
o projeto. O estudo deve ser concluído até outubro. O anúncio
da nova linha foi feito durante o
primeiro teste com passageiros
do VLT, entre a Rodoviária Novo
Rio e a Cinelândia.
— Os pré-projetos são de
uma expansão de 23 quilômetros até a Gávea. Nosso cronograma é que toda a proposta
esteja pronta até outubro —
explicou o secretário de Coordenação de Governo, Pedro
Paulo Carvalho Teixeira. —
Acreditamos que seja possível
fazer a obra em dois anos, mas
esses prazos ainda dependem
da conclusão dos estudos.
ESTÃO PREVISTAS SEIS ESTAÇÕES
O projeto inicial prevê as estações Glória, Flamengo, Botafogo, Humaitá, Jardim Botânico e
Gávea. O objetivo da prefeitura
é que os novos bondes sirvam
para levar os passageiros até
outros meios de transporte que
percorram distâncias maiores.
— Talvez, o início da tragédia
de mobilidade tenha começado
quando o Rio abandonou os
bondes. A gente espera que o
VLT seja um novo tempo na
mobilidade — disse o prefeito
Eduardo Paes, que participou
Teste. O bonde moderno passa pela Cinelândia, diante do Teatro Municipal: sistema começa a ser operado em abril
do teste do VLT no Centro.
O bonde percorreu ontem os
cinco quilômetros entre a Rodoviária Novo Rio e a Cinelândia em pouco mais de 20 minutos, passando por 16 das 18 estações previstas na primeira fase. O novo transporte parecia
uma celebridade por onde passava, e dezenas de pessoas fizeram selfies para registrar a novidade. Muito silencioso, a velocidade média do VLT foi de
15km/h, mas chegou a 40km/h
em trechos da Zona Portuária.
Cada bonde tem capacidade
para 420 passageiros e funcionará 24 horas por dia.
O prefeito Eduardo Paes aproveitou a viagem para testar o
aparelho que verifica se o usuá-
rio pagou a passagem. Trata-se
de um dispositivo semelhante
às máquinas de cartão de crédito. O fiscal solicitará ao passageiro que aproxime seu cartão
pré-pago (Riocard ou Bilhete
Único) do equipamento, e o visor exibirá mensagem informando se houve cobrança. O
cartão pré-pago será a única
forma de pagamento, pois não
há catracas ou cobradores. O
próprio passageiro deverá validar o bilhete em máquinas no
interior do veículo. A tarifa será
de R$ 3,80. O sistema aceitará o
Bilhete Único, que permite fazer duas viagens ao custo de
uma só. No caso da terceira passagem, o valor da tarifa cairá
para R$ 2,10. Quem não validar
a passagem estará sujeito a
multa de R$ 170.
— É uma mudança de paradigma, uma mudança de cultura. Temos certeza que o carioca e os visitantes vão se adaptar a essa nova mudança —
disse o secretário municipal de
Transportes, Rafael Picciani.
— Quando se oferece um serviço de qualidade, o cidadão
respeita e faz a sua parte.
O primeiro trecho do VLT começa a ser operado em abril,
com 18 estações (da Rodoviária Novo Rio ao Aeroporto Santos Dumont). O tempo estimado para o percurso é de 30 minutos. O investimento foi de R$
1,156 bilhão, sendo R$ 624 milhões da iniciativa privada. l
8
l O GLOBO
l Rio l
RIO
Previsão
A passagem de uma frente fria pela
costa do estado vai espalhar
nuvens carregadas sobre o
centro-sul fluminense. O dia
começa com muitas nuvens e risco
de chuva a qualquer momento.
HOJE
Ontem
Mínima
Máxima
23,6˚
Vila Militar
39,2˚
Santa Cruz
ZONA
SUL
ZONA
NORTE
ZONA
OESTE
SENSAÇÃO
TÉRMICA/RIO
PROBABILIDADE
DE CHUVA
22°/25°
21°/28°
22°/28°
23°/35°
Alta
20°/23°
19°/26°
20°/26°
21°/28°
Alta
36°
QUARTA
19°/22°
18°/25°
19°/25°
20°/29°
Alta
22°
Santo Antônio
22°
de Pádua
QUINTA
20°/24°
19°/27°
20°/27°
21°/30°
Alta
SEXTA
22°/29°
21°/32°
22°/32°
22°/33°
Alta
SÁBADO
26°/29°
25°/32°
26°/32°
22°/36°
Baixa
DOMINGO
26°/25°
25°/28°
26°/28°
25°/29°
Alta
21° do Sul
14° de Mauá
Praias
Impróprias (Inea): Flamengo, Botafogo,
Urca, Leme, Leblon, Vidigal, São Conrado,
Pepino e Barra (Quebra-Mar).
Marés
RIO DE JANEIRO
Alta
Hora 1h16m 6h37m 11h04m 19h11m
1,0m
0,5m
1,0m
Altura 0,5m
ANGRA DOS REIS
Alta
Baixa
Alta
Baixa
Hora 5h30m 11h33m 17h55m 5h30m
0,4m
0,9m
0,9m
Altura 0,9m
CABO FRIO
Baixa
Alta
Baixa
26°
TEMPERATURAS MÁXIMAS
37˚/40˚
Teresópolis
23°
MUNDO
22°
AMÉRICA DO SUL Mín. Máx.
Campos
20°
São João
da Barra 23°
36°
24°
24°
Macaé
BRASIL
A circulação de umidade do
São Paulo
18°/ 24°
Porto Alegre
18°/ 32°
22°
8°
21°
19°
4°
23°
16°
11°
12°
32°
19°
30°
26°
12°
30°
31°
26°
33°
Amanhã
Mín. Máx.
C
S
S
C
C
S
S
S
S
22°
8°
22°
20°
4°
22°
18°
10°
12°
0h
33°
19° -2h
0h
28°
26° -1,5h
13° -1h
29° -2h
0h
30°
28° -2h
0h
35°
AMÉRICA DO NORTE/CENTRAL
Santa Maria 29°
Madalena
21°
36°
C
S
S
C
C
S
S
S
S
Assunção
Bogotá
Buenos Aires
Caracas
La Paz
Lima
Montevidéu
Quito
Santiago
31°
35°
36°
Hoje
34°
São Francisco
de Itabapoana
NORTE
35°
Casimiro 32°
de Abreu 20°
Vento de noroeste a leste, entre
10km/h e 30km/h. Rajadas de até
50km/h. Pressão atmosférica de
1.010hPa.
Ondas de 0,5m a 1m. Ondulação
de sul/sudoeste. Melhores locais:
Recreio, Grumari e Prainha
(informações Ricosurf).
Alta
Hora 0h12m 5h46m 12h26m 18h26m
0,9m
0,5m
0,9m
Altura 0,5m
Acima
de 40˚
18°
19°
SERRANA
24°
Nova
Friburgo 16°
Bom Jesus do
Itabapoana
Redonda Barra 29°
30° Cachoeiras
36° Rio das
oceano e do interior favorece
Resende 19°
25° 18° de Macacu
do Piraí 20° Petrópolis
19°
a formação de chuva em
24° Ostras
17°
27° Barra SUL
SP, PR e sul de MS. Nessas
Silva Jardim 31°
29°
Mansa
19°
28° Duque
21°
áreas, pode chover forte. O
Búzios
19°
LAGOS
de Caxias
26°
Nordeste tem predomínio de
31°
23°
28°
Niterói 23°
Araruama
Cabo Frio 29°
tempo firme e chove pouco.
20°
22° Mangaratiba
28° Rio de
19°
30°
Janeiro
Saquarema
31°Maricá
21°
20°
Angra
28°
20°
METROPOLITANA
Macapá
Fortaleza
dos Reis
Boa Vista
22°
27°
24° / 32°
25°/ 32°
Natal
24°/ 34°
Paraty
21°
24°/ 34°
São Luís
Belém
25°/ 32°
Manaus
João
Sol
24°/ 31°
24°/ 31°
Pessoa
Nascente
Poente
25°/ 30°
Porto Velho
Teresina
5h48m
18h22m
Recife
23°/ 31°
24°/ 34°
23°/ 31°
Palmas
Rio Branco
Maceió
23°/ 37°
24°/ 30°
23°/ 32°
Aracaju
Salvador
Brasília
Cuiabá
24°/ 32°
22°/ 32°
19°/ 31°
24°/ 36°
Vitória
Campo Grande
25°/ 34°
20°/ 25°
Belo Horizonte
22°/ 29°
Goiânia
Rio de Janeiro
21°/ 32°
Ondas
Ventos
21°/ 28°
27°
Crescente Cheia Minguante Nova
15/03 23/03
1/03
8/03
Baixa
Valença
27° Volta
26°
Itaperuna
São Fidélis
31° Paraíba
22° Visconde
Alta
33°
Porciúncula 21°
AMANHÃ
Lua
Baixa
2ª Edição Segunda-feira 29 .2 .2016
Florianópolis
21°/ 29°
Cid. do México
Havana
Los Angeles
Miami
Montreal
Nova York
Orlando
Washington DC
C
S
S
S
Ne
C
S
S
9°
16°
15°
16°
-11°
6°
12°
8°
22°
30°
27°
24°
4°
12°
24°
14°
C
S
S
S
Ne
S
S
S
12°
19°
16°
18°
-20°
-1°
14°
6°
22°
32°
28°
27°
2°
11°
24°
12°
-3h
-2h
-5h
-2h
-2h
-2h
-2h
-2h
S
S
S
S
S
S
C
S
S
S
N
S
C
3°
10°
4°
-2°
0°
0°
2°
6°
0°
0°
-5°
0°
10°
7°
18°
17°
5°
7°
6°
6°
16°
8°
10°
1°
7°
14°
C
S
S
S
C
S
S
S
C
S
Ne
C
C
2°
11°
2°
-2°
-1°
-2°
-3°
6°
1°
-2°
-7°
-1°
10°
7°
20°
17°
6°
7°
7°
5°
18°
11°
14°
-1°
8°
16°
+4h
+5h
+4h
+4h
+4h
+4h
+4h
+3h
+3h
+4h
+6h
+4h
+4h
EUROPA
Amsterdã
Atenas
Barcelona
Berlim
Bruxelas
Frankfurt
Genebra
Lisboa
Londres
Madri
Moscou
Paris
Roma
ÁSIA
Jerusalém
Pequim
Tóquio
S 14° 26°
S -5° 3°
C 2° 18°
S 16° 26° +5h
S -4° 9° +11h
S 2° 7° +12h
Cairo
S 13° 31°
Johannesburgo C 13° 26°
S 16° 33° +5h
C 13° 30° +5h
ÁFRICA
OCEANIA
Sydney
S: sol
C 18° 27°
N: nublado
S 17° 28° +14h
C: chuvoso
Ne: neve
Mais informações sobre o tempo
NA INTERNET
Curitiba
17°/ 24°
oglobo.com.br/servicos/tempo/
PREVISÃO
34˚/36˚
31˚/33º
28˚/30˚
25˚/27˚
22˚/24˚
18˚/21˚
13˚/17˚
Abaixo
de 12˚
Sol
Parcialmente
nublado
Nublado
Sol com pancadas
de chuva
OBRA RARA
Uma volta ao passado
Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico, expõe livro com 451 anos e 900 gravuras,
que retratam plantas, animais e minerais, para demonstrar processos terapêuticos
DIVULGAÇÃO/RAUL RIBEIRO
GILBERTO PORCIDÔNIO
[email protected]
E
m meio às comemorações dos 451
anos da cidade do
Rio de Janeiro, o
Museu do Meio Ambiente,
no Jardim Botânico, vai
inaugurar amanhã a exposição “Natureza impressa em
livro”. Uma publicação rara,
com 451 anos, será exibida
ao público, durante três semanas. Suas páginas foram
digitalizadas e serão expostas em telas e vídeo, com
narração.
A obra exposta — uma
tradução latina feita pelo
médico e botânico italiano
Pietro Andrea Mattioli
(1501-1577) do clássico
“Commentarii in sex libros
Pedacii Dioscoridis Anazarbei, De medica materia”, do médico e farmacêutico grego Dioscórides,
fundador da farmacognosia, ramo mais antigo das
ciências farmacêuticas —
data de 1565. São 900 gravuras, muitas feitas em
aquarela, retratando plantas, animais e minerais,
para demonstrar os processos terapêuticos que
História. O livro que será exposto: obra poderá ser vista mas não manuseada
eram realizados no século
XVI e que perpassam por diversos campos das ciências,
como a biologia, a biomédica
e a farmacologia. A tipologia
de tradição veneziana presente no livro, assinada pelo
tipógrafo italiano Vincenzo
Valgrisi, reproduz o estilo da
época, com o uso de bordas e
fontes (o itálico e a redonda)
características e da mancha
de texto.
Devido à idade e à sua importância, o livro não poderá
ser tocado ou manipulado
por quem for à exposição.
Mas, mesmo protegido por
um aparato especial, poderá
ser visto.
Diretor do museu, José
do Nascimento Júnior informou que a obra, mesmo sendo tão antiga, está
em bom estado de conservação, tanto física quanto
informativa. O texto original, segundo Nascimento,
ainda é bem atual e importante para os estudos
sobre biodiversidade:
— A essência do trabalho botânico está posto
ali, e há todas essas referências do ponto de vista
técnico, com demonstrações de formas de se destilar, preparar etc. O livro
é uma referência técnica
farmacológica muito importante, que é utilizada
até hoje, da mesma forma,
em muitas farmácias de
manipulação.
A exposição — em parceria com a Biblioteca Barbosa Rodrigues, também do
Jardim Botânico — tem a
curadoria da botânica Aline Cerqueira e da historiadora Alda Heizer. A consultoria é do historiador Bruno Martins Boto Leite.
Após a exposição, a publicação retorna ao acervo e
aos cuidados da Biblioteca
Barbosa Rodrigues. l
Nublado
com chuvas
Chuvas com
trovoadas
Geada
Naturistas criticam declaração
de Bolsonaro e pedem retratação
Deputado disse, durante
sessão na Alerj, que
adeptos da prática têm
fetiche por fardas
As declarações do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP),
relacionando o pedido de mais
policiamento nas praias de nudismo a um fetiche dos naturistas por fardas militares, causou
revolta entre os adeptos da prática. A Federação Brasileira de
Naturismo vai pedir ao parlamentar que se retrate publicamente e estuda mover uma
ação na Justiça contra ele.
Durante uma sessão na Alerj,
na última quarta-feira, em que
o projeto de lei do deputado
Carlos Minc (PT) que aumenta
o policiamento nas praias de
nudismo do estado entrou em
pauta, Flávio Bolsonaro atacou
a iniciativa do colega. Minc
alega no texto que a Praia do
Abricó, onde se concentram os
naturistas, é insegura e que
seus frequentadores são constantemente assediados.
— Se estão achando que precisam de segurança, contratem
segurança privada. Por que
quem está na Praia do Abricó
tem que ter uma garantia de segurança especial e quem está
do lado, na Prainha, não precisa? — disse Bolsonaro, em plenário. — Qual é o sentido de se
garantir? É fetiche com militar?
É a farda? Querem a presença
da farda? Qual o treinamento
específico que esse policial militar vai ter que ter para fazer
um policiamento como esse? O
policial militar está na rua para
combater o crime, para prevenir o crime — disse Bolsonaro,
na sessão.
Minc defendeu o projeto,
alegando que ele não se restringe à Praia do Abricó, mas
às de todo o estado.
— Eu fui procurado por pessoas do movimento naturista,
e eles dizem que nas praias há
muitos casos. Eles me mostraram ocorrências de provocação, entre outras.
Bolsonaro disse ontem que
não teve a intenção de ofender os naturistas. Segundo
ele, seu objetivo era “ironizar” a proposta de Minc:
— É um projeto absurdo e egoísta porque a polícia tem que fazer a segurança de todo mundo.
PROJETO SAIU DE PAUTA
O projeto de Minc foi retirado
de pauta e, segundo o deputado, será transformado em indicação legislativa: perde a força
de lei e se transforma apenas
numa proposta.
— Ele tem direito de expressar a opinião dele, mas não pode depreciar a gente com palavras jocosas, como num circo,
depreciando os naturistas tanto no Abricó quanto no Brasil
inteiro. Nós trabalhamos para
que a sociedade não vincule a
imagem do naturista a essas
coisas, e um deputado que deveria ser uma pessoa esclarecida não poderia agir dessa forma — disse Pedro Ribeiro, vice-presidente da Federação
Brasileira de Naturismo. l
AUGUSTO EDUARDO ECHEVERRIA
Suas filhas, Monica, Marcela e Marcia; genros e netos
comunicam seu falecimento, agradecem as manifestações de
pesar e convidam para a Missa de 7º Dia a ser celebrada na
terça-feira, 1 de março, às 19:30h, na Capela da Paróquia da
Ressurreição, Rua Francisco Otaviano, 99, Copacabana.
OSWALDO NASSER TUMA
A Associação Comercial do Rio de Janeiro e a Dufry do
Brasil comunicam com profundo pesar o falecimento do
empresário Oswaldo Nasser Tuma, ex-Presidente da
Associação Comercial do Pará, ocorrido no dia 23 de
fevereiro e convidam para a missa de 7º dia em sufrágio
de sua boníssima alma que será celebrada hoje às 11
horas na Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens, à Rua
da Alfândega, 54 - Centro.
Avisos Fúnebres e Religiosos
2534-4333
Plantão sábado / domingo
2534-5501
Segunda-feira 29 .2 .2016
O GLOBO
Dos Leitores
|
oglobo.com.br/participe
Eu-repórter
l 9
|
Das redes sociais
facebook.com/jornaloglobo
facebook.com/jornaloglobo
ALEXANDRE CASSIANO
twitter.com/jornaloglobo
CUSTÓDIO COIMBRA
“A calçada está intransitável.
Quando preciso usar carrinho
de bebê, tenho que atravessar
a rua. Já testemunhei a
queda de várias pessoas”
ANA BRANCO
Soraya Farage,
sobre um trecho da calçada
da Rua Castro Alves, no Méier,
na altura do número 133,
onde as raízes de uma árvore
cresceram e destruíram o pavimento. A Comlurb informou
que vai enviar uma equipe
ao local para analisar o
problema e decidir que providências podem ser tomadas.
|
“Esse tá mais sujo do que
pau de galinheiro”
“E a Zona Oeste? Abandonada como sempre!”
“Pode movimentar à vontade, não deixarei de usar”
Lula nega ser dono de chácara e tríplex, ataca MP,
mídia e Judiciário
Prefeitura anuncia licitação
do VLT para a Zona Sul até o
fim do ano
Movimento contra uso de
xampu ganha força, mas
médicos fazem ressalvas
Marcelo Schellin Blödorn
Cartas e e-mails
Jair Junior
@Avgvsto
|
As cartas, contendo telefone e endereço do autor, devem ser dirigidas à seção Dos Leitores. O GLOBO, Rua Irineu Marinho 35, CEP 20233-900. Pelo fax, 2534-5535 ou pelo e-mail [email protected]
_
VIDA PÚBLICA X VIDA PRIVADA
a Fiquei chocado com a injustiça
cometida pelo meu colega cineasta
e amigo Cacá Diegues no seu artigo
de ontem. Quem é ele para dizer
que o nosso grande estadista
Fernando Henrique Cardoso “não
pode ter uma vida privada pouco
exemplar”? Parece a reação de um
filho que idealizou o pai e se sente
traído quando descobre que ele é
antes de tudo um ser humano. Ou,
se Deus é brasileiro, ele se chama
Carlos Diegues.
BRUNO BARRETO
SÃO PAULO, SP
_
DOUTORES, MAS NEM TANTO
a Ninguém discorda ser a educação
um requisito essencial ao
desenvolvimento de um povo.
Como explicar, então, ter curso
superior a maioria dos envolvidos
nas falcatruas com o dinheiro
público? A explicação só pode ser a
impunidade. Diante disso, seria
razoável afirmar que a educação
compõe-se da teórica, obtida nos
bancos escolares, e da prática,
representada pela punição aplicada
pelos pais, pela escola ou pelo
Estado, quando um agente infringe
uma norma. O juiz Sérgio Moro está
ministrando um curso completo da
educação prática.
PAULO MARQUES DE OLIVEIRA
RIO
_
O BRASIL, SAMBA QUE DÁ!
a Infelizmente, mais uma vez os
congressistas deram o seu
espetáculo pela televisão: quem
sabe uma emissora não faz uma
novela com esses senhores que
foram eleitos pelo povo? Seria um
sucesso eles se verem na telinha
brincando com um país cujo povo
os elegeu e paga todas essas
mordomias que usufruem em troca
de deboches. Que pena!
RUTH LIMA VIANNA DE CARVALHO
RIO
_
QUE CRISE?
a O vice-presidente Michel Temer
disse que não sabe onde está a
crise. De fato, quem vive no Palácio
do Planalto não corre risco de
perder o emprego, não faz compras,
não paga energia, gasolina, telefone,
passagens de avião e tem carros
com motoristas. Como vai enxergar
a crise? A crise é a política fiscal do
governo. Sem contar que a crise do
governo Dilma está no centro do
rebaixamento da nota do Brasil. País
que tem nota rebaixada é país sem
credibilidade, é mau pagador.
Chegamos ao fundo do poço, mas o
governo ainda não se deu conta.
IZABEL AVALLONE
SÃO PAULO, SP
VITÓRIA DO CINEMA ESPANHOL
Diretor ganhou dois Oscar, de Filme
Estrangeiro (2000) e Roteiro Original (2003).
Imposto de Renda
EM 1944, PRINCIPAL FONTE DA UNIÃO
Tributo perdeu o posto logo depois para o
seu rival, o Imposto sobre o Consumo.
Olimpíadas do México
‘TURISTA’ AMEAÇOU JOGOS
Em 1968, governo brasileiro criou guia para
atletas evitarem mal que causava diarreia.
acervo.oglobo.globo.com
AILTON G. MONTEIRO FILHO
RIO
_
_
CONSELHO DE ÉTICA
MUDANÇA
a A mudança é algo inexorável na
vida, tanto na das pessoas como na
das organizações. Segundo o
psicólogo alemão-americano Kurt
Lewin, a mudança ocorre em três
estágios: descongelamento,
mudança e recongelamento. A fase
que estamos vivendo no Brasil é a
do descongelamento, ou seja, não
admitimos mais um país ter um
excelente sistema de leis e órgãos de
controle e continuarmos sendo
roubados sem punição.
ELNIRO BRANDÃO
FORTALEZA, CE
a Depois de sucessivas suspensões
do Conselho de Ética para julgar o
caso do presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha, por
que este abre os trabalhos da
Câmara no mesmo horário? Não
seria lógico ou mais inteligente
passar as sessões para a parte da
manhã, para votar logo se abrem
ou não processo contra ele?
Nossos deputados já não
trabalham todos os dias. Será que
só trabalham à tarde ou à noite
para ganhar hora extra? É surreal o
que acontece no Brasil. Sinto
vergonha de tudo isso.
DORA CHRISTINA G. DE SALLES FONSECA
RIO
_
SÓ PROMESSAS
_
JUSTIÇA JUSTA
a Uma das bandalhas de Lula foi
realizada durante sua campanha
eleitoral. Prometeu que, após a
eleição, atualizaria os salários dos
aposentados, eliminaria a obrigação
do pagamento do imposto sindical e
atualizaria a tabela do Imposto de
Renda dos aposentados. Só por isso,
devido à legislação, ele deveria ter
sido demitido da Presidência.
FRANCISCO KLUJSZA
RIO
Lula — o palestrante mais bem
remunerado do mundo, que tem os
melhores amigos do mundo, que
cedem sítios e tríplex para o lazer do
“companheiro” e apartamentos para
seus filhos morarem de graça — vai
ter que se explicar ao MP e
certamente vai continuar mentindo.
O povo não aguenta mais tanta
mentira e desfaçatez, e a Lava-Jato
parece não ter fim, pois são tantos
os envolvidos que o quebra-cabeça
vai se prolongando
indefinidamente.
CARLOS JORGE CÂMARA LEÃO
RIO
_
O MESMO DISCURSO
a Os anos passam e o discurso do
PT permanece o mesmo, cheio de
ódio e, ideologicamente, dividindo
a A definição do STF de que é suficiente a condenação para o
recolhimento à prisão quando a
condenação do réu se dá ou é
confirmada em segunda instância
provoca muitas discussões. Mas
está sendo deixado de lado um
problema histórico do Judiciário: a
demora nas decisões. Há processos
importantes há longos anos na fila
de espera, em várias instâncias E
também são excessivos os recursos.
Sem esquecer que a estrutura do
Judiciário precisa de investimentos
em equipamentos e servidores.
Assim teremos uma Justiça justa.
URIEL VILLAS BOAS
SANTOS, RJ
_
FUNDOS DE PENSÃO
a Quanto mais se cava, mais lama
aparece. Finalmente veio a público
o rombo bilionário nos Fundos de
Pensão de estatais nos últimos 12
anos, decorrente da gestão
irresponsável de sindicalistas
ligados ao PT. E qual foi a
consequência dessa atividade
danosa desse grupo? Estão afetados
500 mil aposentados, que durante
anos contribuíram e continuam
contribuindo para aposentadoria
suplementar à do INSS. A maioria
da população aprendeu a conhecer
o PT. Esperamos que a minoria
renitente também o faça. Este é o
Brasil atual. Uma pena!
lixo é de uma irresponsabilidade
inominável. Por que o governo, em
vez de aumentar impostos, não
administra os recursos que tem?
CPMF para quê?
_
_
JORGE SINCORÁ DOS SANTOS
RIO
a Os fundos de previdência estatais
apresentaram déficits colossais, o
mesmo não acontecendo nos de
empresas privadas. A solução seria
a privatização das empresas
estatais. Contrariamente ao que
pensam as esquerdas, tal
providência seria a melhor forma
de preservar os direitos dos
trabalhadores.
JOÃO PEDRO COUTINHO
RIO
_
a Como tem sido noticiado, o
aparelhamento pelo PT provocou
um grande rombo nas finanças dos
fundos de pensão das estatais
(Petros, Funcef, Postalis e Previ).
Será que a indignação dos seus
funcionários, todos admitidos por
concurso, honestos, não os levaria
a fazer uma denúncia contra os
responsáveis pela debacle dos seus
patrimônios? Seria um caminho
mais rápido de condenar todos os
implicados, antes que eles forjem
um álibi ou destruam provas.
JOYCE COUTINHO
NITERÓI, RJ
_
BASTA CUMPRIR A LEI
a Se o governo quisesse, realmente,
aumentar a arrecadação, não
precisaria taxar a população com
mais impostos, como a CPMF.
Bastaria que este mesmo governo
fizesse cumprir a Constituição:
acabar com supersalários de
milhares de servidores. Com isto, o
governo economizaria bilhões por
ano. Será preciso um leigo para
mostrar ao governo como o país
pode sair desta situação, sem
necessidade de criar a CPMF?
É mais fácil taxar a população.
FRANCISCO PAIVA
NITERÓI, RJ
_
GOVERNO DO RIO
a Um governador que, a exemplo
da presidente, não sabe nomear
assessores deveria pedir o chapéu e
ir para outras paragens. Diante da
crise por que passam os hospitais e
a saúde no estado, deixar
medicamentos serem jogados no
MARCO ANTÔNIO TEIXEIRA/17-12-1995
Hoje no
Acervo O GLOBO
Pedro Almodóvar
o povo para governar. Dividem os
brancos dos negros, como se
pudessem, em um país tão
miscigenado; os ricos dos pobres,
como se não houvesse uma classe
média tão ampla e diversificada.
Peço desculpas aos petistas, mas
vermelho só na camisa do América.
Frase
“Não sou a Rosane
Collor, que pode
deixar um avião
da FAB esperando”
MAIORIDADE
a O Palace II completou 18 anos de
queda no último dia 22, e nós,
ex-moradores, ainda aguardamos
decisões para a liberação de
indenizações já depositadas em
contas da Justiça. Enquanto isso,
ex-vizinhos, envelhecidos à força
por essas quase duas décadas,
esperam por esse dinheiro para a
realização de cirurgias de risco e
aquisição de novas moradias. Que a
maioridade do Palace II
conscientize as autoridades da
importância de se resolver
rapidamente casos como esse, para
que outros grupos atingidos por
tragédias, como a de Mariana (MG),
não sejam punidos também pelo
tempo longo de espera.
SEBASTIÃO CARVALHO MURAD RODRIGUES
RIO
_
GUERRA AO MOSQUITO
a Nesta época de combate ao Aedes,
o prefeito do Rio deveria mandar
esvaziar os bueiros de águas
pluviais, plenos de folhas secas que,
quando molhadas, tornam-se
criadouros de mosquitos. Além do
mais, o acúmulo de folhas secas nos
bueiros favorece o empoçamento
das águas da chuva, levando à
disseminação deste vetor.
Aguardam-se medidas urgentes.
MARCOS SCHECHTER
RIO
_
a Uma luta inglória, pois qualquer
gota d’água é uma maternidade de
larvas. No entanto, é preciso que
proíbam o uso indiscriminado de
desinfetantes venenosos em forma
de fumacê, inócuo no combate aos
criadouros. Condomínios da Barra
usam e abusam do envenenamento
ambiental ao contratar de empresas
que espalham veneno,
prejudicando a saúde dos
moradores e aumentando a
proliferação de novas larvas imunes
ao veneno. Moradores são iludidos
psicologicamente pela fumaça, mas
que nenhum valor tem no combate
real a esta praga.
CARLOS ALBERTO DE LYRA VAZ
RIO
Tragédia aérea interrompeu, há 20
anos, a carreira dos Mamonas
Assassinas e seu ‘rock bobagem’
Provocou comoção nacional a morte dos
cinco integrantes da banda Mamonas Assassinas num acidente de avião na Serra
da Cantareira, em São Paulo, que na próxima quarta-feira completa 20 anos. Numa trajetória meteórica, o grupo vendera, em seis meses, quase dois milhões de
cópias. No dia do desastre, eles voltavam
do último show, em Brasília, da turnê nacional. O GLOBO homenageou a banda
de “rock bobagem”, sucesso entre jovens
e crianças, com dois cadernos especiais.
Ruth Cardoso
Antropóloga e primeira-dama no
governo de FH, entre 1995 e
2002, em reportagem publicada
no GLOBO em 25/6/2008, um dia
após sua morte
FERNANDO DE ARAUJO WAGNER
NITERÓI, RJ
Mamonas. Samuel (de óculos), Dinho, Júlio (cabelo laranja), Sérgio (de cavanhaque) e Bento
* Há 50 anos, o mês de fevereiro teve 28 dias
10
l O GLOBO
Segunda-feira 29 .2 .2016
OGLOBO
Tema em discussão
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O combate à corrupção nos governos do PT
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Nossa opinião
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Missão difícil
Outra opinião
|
Sem retrocesso
A
HELDER SALOMÃO
ssim que, ainda no primeiro governo subiu a rampa do Planalto com Lula, em 2003 —
Lula, começaram a se multiplicar ope- José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, João
rações da Polícia Federal contra crimi- Paulo Cunha. Só não julgou, e certamente connosos de colarinho branco — empre- denaria, o principal personagem do mensalão
sários sonegadores, por exemplo — e, em segui- mineiro, do PSDB, Eduardo Azeredo, porque ele
da, esquemas de corrupção, surgiu a discussão se renunciou ao mandato de deputado federal por
esses casos estavam se multiplicando ou era a PF Minas. Azeredo, governador do estado, tentou
e o Ministério Público que se tornavam mais ati- reeleger-se usando a tecnologia de lavagem de
vos. Os lulopetistas costumam se vangloriar de dinheiro do lobista disfarçado de publicitário
que é com eles no poder que esquemas têm sido Marcos Valério. A mesma que Valério emprestadesbaratados por organismos de Estado. Ora, ria ao PT e a aliados. O ex-deputado e ex-governão faria sentido, por ilegal, o Executivo tentar nador conseguiu o que queria: com a renúncia,
imiscuir-se no Ministério Público, cuja indepen- perdeu o foro privilegiado. Mas já foi condenado
dência está inscrita na Constituiem primeira instância. Se for em seção. Nem tampouco manipular a
gunda, será preso, como determina
A denúncia
PF para proteger companheiros
a nova regra.
de ‘golpe’
ou atacar adversários, pois a instiO PT se vitimiza, denuncia que é
não resiste às
tuição goza de autonomia operaalvo de um “golpe”, de uma bizarra
cional.
aliança entre imprensa profissional,
evidências da
O próprio ex-presidente Lula
Justiça e Ministério Público para
legalidade
não esconderia a irritação com o
derrubar a presidente Dilma. Mas a
na ação de
ministro da Justiça, José Eduardo
imprensa apenas noticia denúncias
Cardozo, ex-deputado petista, suque o MP, de forma coordenada
organismos
perior hierárquico da PF, por não
com a PF, encaminha ao juiz Sérgio
do Estado
gerenciar a atuação da polícia na
Moro. E são fatos estonteantes. SaLava-Jato e adjacências. Mas Carqueada, a Petrobras já registrou em
dozo nada pode fazer. Nem parece querer, até pa- balanço R$ 6,2 bilhões correspondentes a perdas
ra preservar a biografia. De resto, tem algo de ri- com a corrupção instalada dentro da empresa
dículo o campeonato disputado entre oposição e pelo lulopetismo. No mensalão foram “apenas”
PT para saber qual o partido mais corrupto. Esta R$ 140 milhões, e já se constituiu um ruidoso
é uma discussão inútil. O essencial é que, desde o escândalo. É tarefa inglória para o lulopetismo
escândalo do mensalão do PT, no qual a Procura- denunciar golpe quando tudo tem sido feito
doria-Geral da República deu demonstrações de dentro da lei. Mesmo recursos contra atos do
competência, as instituições republicanas têm juiz curitibano têm sido rejeitados nas instândado provas de vigor crescente. Neste caso mes- cias superiores da Justiça, quase na totalidamo, um plenário do Supremo constituído, na de. E, pelas características dos escândalos
maioria, por ministros indicados pelos dois presi- nestes 13 anos de PT no Planalto, é missão didentes petistas, condenou a cúpula do PT que fícil defender o partido. l
cresceu também a exposição do tema em todos os meios sociais. Soma-se a isso a tentaesquisa do Instituto Datafolha, divul- tiva perversa de desestabilizar o atual govergada em novembro de 2015, mostrou no. Esta ação articulada tem o protagonismo
um dado importante: pela primeira de setores importantes da mídia, de lideranvez, desde que a série histórica teve ças da direita brasileira ligadas aos partidos,
início em 1996, a corrupção superou a saúde, a órgãos de investigação e da Justiça, que
a educação e a segurança pública, e passou a trabalham para colar nas imagens do goverser o maior problema do Brasil, na percepção no e do PT toda a responsabilidade pela cordos brasileiros. Muitos se apressaram a con- rupção praticada no Brasil nos últimos anos.
cluir que houve aumento da corrupção no paPara isso, promovem vazamentos de deís. Será essa a realidade?
núncias — sem provas — contra pessoas liA corrupção está presente no Brasil desde gadas ao governo, escondem investigações e
1500. Porém, devido à omissão
denúncias contra membros da
da história oficial, a informação
oposição, além de investigaQuem teve
não chegou completa ao nosso
rem e punirem seletivamente.
envolvimento
conhecimento. No entanto, há
Embora na atualidade haja no
comprovado
pesquisas, relatos e estudos crípaís maior combate à corrupção,
ticos que revelam, por exemplo,
os erros cometidos por alguns
com práticas
o envolvimento de muitas lidemembros do governo federal e
de corrupção,
ranças políticas em escândalos
do PT serviram de combustível e
de todos os
de corrupção ao longo dos temálibi para a direita construir a
pos.
tentativa de golpe. É absurda e
partidos, deve
Na última década, as atuações
imoral a ação que tenta responpagar por isso
da Polícia Federal e do Ministésabilizar um governo, e um partirio Público passaram a ser mais
do, por todos os problemas de
vigorosas, com o aumento das investigações corrupção no Brasil.
e punições a quem pratica atos ilícitos.
Devemos admitir os erros cometidos por
Mesmo com um longo caminho a ser per- alguns membros dos governos do PT, mas
corrido, atestamos que o momento atual é não podemos permitir retrocessos e nem a
muito diferente de um passado recente, em interrupção do processo de consolidação
que os escândalos de corrupção eram joga- da democracia brasileira. Defendo com firdos para debaixo do tapete ou para dentro meza que todos os que tiverem envolvidas gavetas da impunidade. Isso explica, em mento comprovado com práticas de corcerta medida, por que a percepção dos bra- rupção, de todos os partidos, devem ser pusileiros sobre a corrupção era menor anos nidos exemplarmente. l
atrás.
Com o aumento do combate à corrupção, Helder Salomão é deputado federal (PT/ES)
P
RODRIGO BOTERO MONTOYA
A degradação da Venezuela
O
grau de deterioração ao
qual se submeteu a sociedade venezuelana está adquirindo características
dramáticas. Começam a escassear
os superlativos para descrever a
magnitude da catástrofe. Dezessete
anos de megalomania, desmedida e
desperdício levaram a Venezuela à
beira do colapso econômico e de
uma convulsão social. O que se discute já não é se haverá uma suspensão de pagamentos da dívida soberana, mas quando. A falta de alimentos e de medicamentos produziu
uma crise humanitária.
Em meio a uma atividade econômica em queda livre, com uma inflação
de três dígitos, os sinais que emitem
as autoridades são os de um regime
em fase terminal. Nicolás Maduro designou em janeiro como ministro de
Economia a um personagem pitoresco, que durou 39 dias no cargo. Uma
de suas contribuições à disciplina
econômica consiste em afirmar que a
inflação não existe. Para contribuir
com o fornecimento de alimentos, foi
criado um Ministério de Agricultura
Urbana, cuja missão seria promover o
plantio nas cidades.
Em dezembro de 2013 foi convertido em lei o Plano da Pátria, cujo grande objetivo histórico era “converter a
Venezuela em grande potência energética mundial”. Atualmente, o país
começou a importar petróleo dos
EUA e está sofrendo apagões. Exigiu
aos centros comerciais e aos grandes
hotéis que gerem sua própria eletricidade. Pouco depois do anúncio presidencial de que os militares deveriam
regressar aos quartéis, decide-se que
MARCELO
criar a Companhia Anônima Militar
das Indústrias Minerais, Petrolíferas e
de Gás, cujos dirigentes se reportam
ao ministro da Defesa. Maduro conclama pelo aumento da produção nacional, ao mesmo tempo que ameaça
intervir na empresa Polar, a principal
produtora de alimentos do país, e insulta seu presidente, Lorenzo Mendoza, chamando-o de “bandido, oligarca e ladrão.”
A falta de divisas para pagar as importações do setor privado está paralisando a produção por falta de in-
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sumos e reposições. As prateleiras
vazias se converteram na imagem
emblemática do Socialismo do Século XXI. Esta forma de governar
tem os traços de uma ópera bufa.
Mas as consequências para o povo
Esta forma de governar
tem os traços de uma ópera
bufa, mas as consequências
para o povo venezuelano
são trágicas
Geral e Redação (21) 2534-5000
Jornais de Bairro: (21) 2534-4355
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venezuelano são trágicas. As possibilidades de correção de rumo, embora subsista no governo atual, são
mínimas. Como anotava Friedrich
Schiller: “Contra a estupidez, até os
deuses lutam em vão.”
O desprezo pela autoridade legislativa da Assembleia Nacional evidencia a natureza autoritária do regime. Sua política externa foi reduzida à invocação da soberania nacional para justificar as flagrantes violações dos direitos humanos. O
desastre venezuelano tem causas
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Assinatura mensal com débito automáti-
adicionais além da inépcia de Maduro e da ignorância de Chávez. O
erro fundamental foi ter tentando
implementar na Venezuela um sistema socioeconômico fracassado,
cuja vigência, sem exceção, requer
o estabelecimento de uma ditadura
férrea. Como advertia Albert Camus, “as ideias falsas terminam em
sangue, mas em todos os casos se
trata do sangue de outros.” l
Rodrigo Botero Montoya é economista e
foi ministro da Fazenda da Colômbia
Para assinar (21) 2534-4315 ou oglobo.com.br/assine
co no cartão de crédito, ou débito em contacorrente (preço de segunda a domingo), para
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VENDA AVULSA/Estados
Dias úteis: RJ, MG e ES: R$ 4,00;
SP e DF: 4,00; demais estados: 5,50;
Domingos: RJ, MG e ES: R$ 5,00;
SP: R$ 5,50; DF: 7,00; demais estados: 10,00
Carga tributária federal aproximada de 20%
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O GLOBO
Segunda-feira 29 .2 .2016
l 11
OGLOBO
PAULO GUEDES
_
Do flagelo às
reformas
A
síndrome da ilegitimidade na política e a falta de credibilidade na economia seguem estreitando os horizontes do governo de Dilma Rousseff. Por um lado, as investigações da Lava-Jato continuam inflando a já enorme indignação da classe média com Lula, a presidente e
o PT, embrulhados todos como apenas um e
o mesmo mal. De outro lado, a aceleração inflacionária, o aprofundamento da recessão e
a escalada do desemprego em massa empur-
ram também contra o governo a opinião pública na base da pirâmide social. Forma-se a sopa
primordial do impeachment.
Na dimensão política, é concreta a ameaça de
contínuo esvaziamento da sustentação parlamentar do governo. O PMDB já estava rachado
quanto à questão, tendo ensaiado um plano
econômico alternativo para sua operação de
desembarque. Pois bem, agora o próprio PT explicita seu estranhamento com um programa
em que denuncia o afastamento de Dilma de
sua plataforma eleitoral. Pouco importa no
momento o mérito das propostas oferecidas.
Nem mesmo se tudo não passa de um “showmício” pré-eleitoral, considerando-se o inacreditavelmente hipócrita pedido de defesa da Petrobras pelo presidente do PT. O que realmente
importa é o ensaio de abandono da presidente
pelo partido. Antes mesmo desse episódio, políticos que lhe eram próximos e confiáveis já a
aconselhavam a sair do PT, patrocinar a reforma política e conduzir o necessário ajuste fiscal
para resguardar sua biografia.
Na dimensão econômica, o desemprego percorre agora uma trajetória explosiva. O colapso
da confiança em meio à disparada inflacioná-
Em meio a uma recessão sem
fundo, a indexação dos salários
e os excessivos encargos
sociais condenam o país ao
desemprego em massa
O bom exemplo de Macri
ANDRÉ MELLO
ALYSSON PAOLINELLI
O
novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, tomou posse em 10 de
dezembro passado, após décadas de
populismo naquele país irmão, sob
os aplausos da comunidade séria da América
Latina. Seu primeiro ato, prometido em campanha, foi erradicar a excrescência econômica do
imposto de exportação de até 30% sobre os produtos agrícolas. Mais uma criação dos presidentes anteriores — o casal Kirchner — que ajudou
a levar a economia argentina aos piores níveis
de desempenho, depois de terem logrado a invejável posição de quinta potência internacional, há pouco mais de 50 anos. Vale registrar que
tanto os altos quanto os baixos foram resultados
do setor agrícola.
Pois bem, apesar do exemplo nefando do que
ocorreu na Argentina, trama-se, na surdina, em
Brasília, a estarrecedora proposta de replicar este imposto sobre nossa agricultura. Ideia germinada por algumas cabeças daqui, que tanto se
identificaram com as de lá, já “decapitadas”.
Importante ressaltar que este tipo de imposto
sobre o comércio internacional é tido pela literatura econômica como o mais ineficiente e distorcido de todo o modelo de tributação. Foi usado somente por antigos governantes de séculos
passados, principalmente pela facilidade administrativa de cobrança e inspeção sobre cada
navio no porto. Caso esta mirabolante proposta
seja adotada, estaríamos retornando a práticas
tributárias do século XVIII para trás.
É regra do comércio internacional que cada
produto exportado deva ser isento de todos os
impostos locais, para ser tributado segundo as
regras do país de destino, homogeneizando assim as cargas tributárias. Caso contrário, as exportações terão dupla tributação e perda de
competitividade. Assim foi com a tributação
brasileira das exportações agrícolas até a famosa Lei Kandir, de 1996, que, a despeito de enorme resistência por parte dos governos estaduais, conseguiu remover este demônio de nossa
estrutura tributária, que agora ameaça retornar.
Nunca é pouco repetir que os ciclos de crescimento e desenvolvimento econômico do Brasil
sempre foram interrompidos, até o passado recente, por restrições externas, as chamadas crises cambiais. Assim foi em 1973 (primeiro choque do petróleo), 1979-80 (segundo choque do
petróleo), 1985-90 (crise cambial decorrente da
má administração da dívida externa) e 1999
(ruptura da política das bandas cambiais). A
partir de 1999, com a nova política de câmbio
flutuante e a inflexão para cima dos preços das
commodities agrícolas, a produção “estourou”,
aumentando em mais de 100%, em volume, até
o ano de 2015. Gerou espetacular superávit comercial — mais de US$ 70 bilhões/ano nos últimos anos —, capaz de assegurar o perfeito equilíbrio da balança de pagamentos e um saldo invejável de reservas internacionais — mais de
US$ 350 bilhões — algo jamais ocorrido na história econômica do Brasil.
D
izem que, para conhecer de verdade
uma pessoa, é preciso lhe dar algum
poder... Mas também é possível conhecer muito de muita gente pela
avaliação de suas reações quando privadas de
algum conforto ou vantagem. Ou seja, tempos
de crise são tempos de revelações. Quem viu o
filme francês “As neves do Kilimanjaro”, do diretor Robert Guédiguian, se emocionou com a generosidade de um casal que, mesmo enfrentando dificuldades pessoais importantes, abriu
mão de direitos em favor de uma ética cada vez
mais escassa na nossa sociedade, onde as regras
mais seguidas são o consumismo e o individualismo radical.
Mas, reconheça-se, o bem comum, infelizmente, não é meta da grande maioria de nós,
nem mesmo das autoridades que deveriam mediar as relações entre todos — como ficou muito
claro na ordem judicial que determinou a abertura dos cofres do Estado do Rio de Janeiro para
pagar aos servidores do Poder Judiciário. Pouco
importou se parte deste dinheiro destinava-se a
Retrocesso
autoritário
LUCIANO BANDEIRA
U
É regra do comércio internacional
que cada produto exportado deva
ser isento de todos os impostos
locais, para ser tributado segundo
as regras do país de destino
Não cremos ser necessário enfatizar o que representa este nível de reservas internacionais,
mas, sem elas, os capitais externos, principalmente de investimentos diretos, não estariam
aportando nas quantidades atuais. Capazes de
complementar nossos investimentos e empurrar o crescimento econômico do país,
compõem o saldo da balança de pagamentos,
necessário às importações dos insumos para os
setores não agrícolas.
Finalmente, a alta de preços das commodities
agrícolas, entre 2002 e 2014, teve uma reversão
de baixa nos meados deste último ano, que persiste até hoje. Embora a queda não tenha nos levado aos baixos níveis anteriores a 2002, houve
reduções entre 30% e 50% que se igualaram aos
aumentos de preços dos insumos — combustíveis, fertilizantes e defensivos —, colocando o
produtor agrícola numa situação de frágil equilíbrio. Basta aumentar seus custos com mais um
imposto para desestabilizar-se, reduzindo a
produção. É isso que o governo quer?
Temos consciência do desequilíbrio fiscal do
governo federal e torcemos por seu equacionamento. Não achamos justo, porém, que aqueles
que mais contribuíram para o nosso desenvolvimento recente — inclusive com aumentos de
arrecadação — venham pagar a conta do excesso de gastos. Que tal identificar e congelar as
despesas com as pessoas e instituições que
mais se beneficiaram com a “gastança” recente?
Em poucos anos, o equilíbrio, via inflação, estaria restabelecido. l
Alysson Paolinelli é presidente da Associação
Brasileira de Produtores de Milho e foi ministro da
Agricultura
Farinha pouca, meu pirão primeiro
JOÃO MAURO SENISE
ria mergulhou as empresas nos mares revoltos de uma recessão sem fundo. A indexação
dos salários e os excessivos encargos sociais
embutidos em obsoletas legislações trabalhista e previdenciária condenam o país ao
afogamento pelo desemprego em massa.
Os diversos nós da crise atual devem ser desatados sob a forma de aperfeiçoamentos institucionais. O tráfico de influência e a corrupção a céu aberto são um desrespeito de políticos inescrupulosos e de maus empresários à
população brasileira. O novo Poder Judiciário
está comprometido em mudar essa situação.
Espera-se ainda, para a proteção dos trabalhadores, que o flagelo do desemprego em
massa nos leve à modernização da legislação
trabalhista e do regime previdenciário. l
despesas de um dos mais importantes hospitais
públicos, o Pedro Ernesto. Também não pesou
na decisão que outra parte dos recursos era do
Corpo de Bombeiros. O essencial foi, tão somente, garantir o pirão de alguns em tempos de
pouca farinha, no caso, dos que têm o poder de
enfiar a mão na cumbuca do estado.
O mínimo que se pode esperar dos
chefes dos Três Poderes é que se
entendam e busquem minimizar
efeitos da crise nas principais
vítimas: os cidadãos fluminenses
Poucos ainda levam a sério as promessas das
campanhas eleitorais, mas quem poderia prever que num intervalo tão pequeno, desde a
reeleição do governador Pezão, fosse decretada
a falência do governo do nosso estado? E que se
entenda por governo o conjunto dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário — muito embora as duas últimas pernas do tripé se equilibrem muito melhor do que a primeira.
Mas a crise está posta, e não há quem a negue. Portanto, o mínimo que se pode esperar
dos chefes dos Três Poderes é que se entendam e busquem minimizar seus efeitos nas
principais vítimas: os milhões de cidadãos
fluminenses.
Na nossa Constituição está escrito que o poder emana do povo. E, do povo também provém
o dinheiro que paga todos os serviços públicos.
Portanto, alto lá! A crise é geral, e seus efeitos
precisam ser suportados por todos, com tratamento desigual apenas para os menos favorecidos, que, obviamente, não são os magistrados e
servidores do alto escalão do estado.
Nem sempre podemos contar com a generosidade das pessoas, mas podemos — e devemos
— cobrar das autoridades que têm o poder de
abrir o cofre do estado para garantir o pagamento de determinados servidores que exerçam este mesmo poder para fazer uma justiça mais
ampla, a quem, por exemplo, morre nas filas
dos hospitais por falta de atendimento. l
João Mauro Senise é coordenador-geral de
mobilizações da Rede Meu Rio
m atraso no processo civilizatório da sociedade brasileira. Essa é a sensação que
qualquer pessoa compromissada com as causas da Justiça e da
liberdade experimentou diante da estranha “interpretação” dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao inciso
LVII, do artigo 5º, da Constituição Federal. Como pode haver uma leitura diferente do que o poder constituinte disse expressamente ao consagrar que“ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória”?
A sanha punitiva da volúvel “opinião
pública” não pode pautar o Poder Judiciário, que existe, justamente, para
equilibrar as relações entre os poderes,
proteger minorias e pensamentos divergentes do que prega a maioria. Não
importa que a orientação dominante
esteja, momentaneamente, posicionada mais à direita ou à esquerda. O essencial é que a Corte Constitucional esteja vinculada apenas ao que diz a vontade do poder constituinte e aos princípios consolidados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, basilares
do Estado democrático.
Prender um cidadão antes que todas
as oportunidades de defesa tenham se
esgotado leva o Estado brasileiro ao retrocesso autoritário. O
A sanha
que dirá o
punitiva da
STF àquele
volúvel
que ficou vários anos pre‘opinião
so, após uma
pública’
condenação
não pode
de segundo
grau e que
pautar o
acaba por ser
Poder
absolvido,
Judiciário
após recurso
por um tribunal superior? Quem devolverá esses
anos de vida ao inocente? A justificativa do combate à impunidade não apaga tamanho retrocesso. Quando o Poder Judiciário começa a lastrear suas
decisões no clamor social — cuja
consciência é facilmente manipulada
—, passamos a viver tempos similares
aos da Inquisição.
Por outro lado, falar em impunidade
em um país com a terceira ou quarta
maior população carcerária do mundo,
e com um percentual de 41% de presos
provisórios, revela um evidente contrassenso. O fato mais relevante para o
presente debate é que 37,2% desses
presos provisórios, ao final do processo, ou são absolvidos, ou têm cominadas penas alternativas. Em resumo: milhares de brasileiros são injustamente
mantidos na prisão. A decisão do STF
agravará esse quadro e representa nítida incongruência com a afirmação
unânime de todos os seus ministros sobre o sistema penitenciário brasileiro
que “vive um estado de coisas inconstitucional”.
A prisão não é a única forma de combater a corrupção. Muito mais efetivo
para a sociedade é a condenação que
decrete a perda do patrimônio do criminoso e impeça a sua participação na
vida política e empresarial do país. Adjetivar advogados de chicaneiros, aproveitadores do número excessivo de recursos, é introduzir uma falsa questão e
agredir gratuitamente profissionais
que, muitas vezes com a própria vida,
lutaram e lutam pela democracia, liberdade e correta aplicação da justiça. Passamos por tempos difíceis, e a tentação
de soluções fáceis e rasas deve ser rechaçada. l
Luciano Bandeira é diretor da OAB-RJ
12
l O GLOBO
l Rio l
Segunda-feira 29 .2 .2016
[email protected]
A
polêmica transferência de escolas públicas para a Polícia Militar está gerando reação intensa de educadores pelo
país. A experiência começou em Goiás, e hoje
ao menos 18 estados brasileiros têm colégios
públicos administrados por PMs. Nesses locais,
impera um rígido código militar. Jovens vestem
fardas, são obrigados a bater continência para
policiais armados, cantam o Hino Nacional
perfilados e decoram gritos de guerra, tal qual
num quartel. Também não podem usar brincos, cabelos longos, ficar de mãos dadas no pátio, e por aí vai.
O modelo que tanto causa arrepio na maioria
dos educadores tem se espalhado pelo país
com a justificativa de que conta com o apoio de
pais e, principalmente, devido a bons indicadores dessas escolas nas avaliações de aprendizagem do MEC.
Esse resultado, porém, foi em grande medida
conseguido graças a práticas excludentes. Em
alguns desses colégios, governos permitiram
que a PM fizesse seleção de alunos no ingresso,
escolhendo apenas aqueles de melhores notas.
É o mesmo que acontece ainda em muitas escolas federais. É comum nesses colégios da PM
também a cobrança de uma taxa. Mesmo com
o argumento de que os pais que não podem pagar não sofrem represálias, isso cria um constrangimento e exclui as crianças mais pobres,
ANTÔNIO
GOIS
EDUCAÇÃO
Escola ou quartel?
Colégios públicos transferidos para a PM têm vantagens artificiais em relação
aos demais, mas é preciso achar soluções democráticas para a indisciplina
dando às escolas da PM outra vantagem artificial.
Outro fator que precisa ser levado em consideração é que o rígido código disciplinar acaba expulsando alunos que não se adequam à rotina de
quartel. Aqueles considerados problemáticos são
transferidos para outras escolas públicas ou, pior,
abandonam os estudos e engrossam o contingente de jovens fora da escola.
O colunista Helio Schwartsman, ao abordar essa
questão em artigo na “Folha de S. Paulo", levantou
outro ponto pertinente. Quem aprecia esse modelo
deve ser livre para escolher colégios assim. O problema é quando a oferta acontece nas redes estaduais ou municipais, especialmente quando uma escola é repassada para a polícia. Se o estado terceiriza
um estabelecimento de ensino para a PM, pode então abrir espaço para o Exército, o MST, igrejas ou
outras instituições que também poderiam querer
impor a alunos da rede pública seus valores e visões
de mundo. Trata-se, como argumentou Schwarts-
man, de uma violação à ordem republicana.
Além disso, acrescento o óbvio: gerir escolas
nunca foi atribuição da polícia.
Há, porém, um fator que não pode ser desprezado, e que apareceu em quase todas as reportagens sobre essas escolas: a maioria dos
pais ouvidos, e até mesmo os alunos, demonstram satisfação com a mudança. A razão mais
citada para demonstrar apoio ao modelo policial é que ele trouxe disciplina a escolas onde,
em muitos casos, relatos de violência e desrespeito entre alunos e professores eram constantes. Se a escolha se resume entre o caos completo e uma disciplina rígida, mesmo que autoritária, é compreensível que muitas famílias
prefiram a segunda opção.
Para impedir o avanço de escolas em mãos da
PM, é preciso capacitar e dar condições a diretores e professores para fazerem uso de instrumentos democráticos para combater a indisciplina. Há exemplos de sucesso, mesmo no Brasil. Mas eles precisam ser melhor estudados e
disseminados, antes que governos cedam à
tentação autoritária e simplista de transformar
mais escolas em quartéis.l
NA WEB
http://glo.bo/1f7L3ag
No blog, o exemplo de uma escola que
superou a indisciplina sem autoritarismo
Operação encontra irregularidades e notifica três boates na Barra
Jovens com menos de 18
anos, bebidas falsificadas e
vigilantes não habilitados
estão entre os problemas
Durante operação conjunta no
fim de semana, agentes do Ministério Público estadual, do
Corpo de Bombeiros e das polí-
cias Federal, Civil e Militar notificaram as boates Pink Elephant, Vitrinni Lounge e ZAX
Club, na Barra da Tijuca. Foram
constatadas irregularidades,
como a presença de jovens com
menos de 18 anos, bebidas falsificadas e com o prazo de validade vencido, além de seguranças não habilitados. A 16ª DP
(Barra) também deverá abrir inquérito para investigar o caso
das bebidas sem procedência.
Na ação, foram recolhidos
equipamentos do circuito interno de TV das três boates, para
que possam ser periciadas imagens recentes de brigas ocorridas nos locais. A operação
apreendeu ainda documentos
dos sócios das boates e das empresas de segurança que atuam
nos estabelecimentos.
Os agentes encontraram homens trabalhando como seguranças, sem formação profissional para exercer a atividade.
Segundo o MP, um dos vigilantes admitiu ter convidado um
amigo, não habilitado, para
atuar como “segurança velado”. A Polícia Federal vai abrir
um processo administrativo, a
fim de exigir a regularização
das equipes.
O Corpo de Bombeiros encontrou problemas em instalações elétricas e geradores. Na
Pink Elephant, havia extintores
com o prazo de validade venci-
do. Jovens com menos de 18
anos, que estavam na fila de entrada da boate, foram impedidos de entrar, após a chegada
dos agentes. Já na Vitrinni, os
agentes identificaram alteração
no projeto arquitetônico licenciado. Procurados pelo GLOBO,
representantes das três boates
não retornaram as ligações. l
Câmeras
registraram
imagens de
Rian Brito
Neto de Chico Anysio saiu
de shopping e pegou táxi
no dia do desaparecimento
Imagens de câmeras de segurança, obtidas pela Polícia Civil, mostram Rian Brito de Oliveira Paula, de 25 anos, neto de
Chico Anysio, saindo do Shopping Fashion Mall, em São
Conrado, na última terça-feira,
dia em que desapareceu. Na
cena, registrada às 13h20m, o
jovem entra num táxi, em frente à entrada principal. A polícia tenta agora identificar
quem seria o taxista.
A mãe de Rian Brito, a atriz
Márcia Brito, contou anteontem que a polícia já tem pistas
sobre o paradeiro de seu filho,
mas que as novidades ainda
não podem ser reveladas.
— Eu não posso falar tudo
porque a polícia pediu sigilo,
mas posto nas redes sociais a
cada minuto o que a gente
está vivendo. A única coisa
que eu posso dizer é que as
coisas (as informações) me
tranquilizaram. Isso me deu
uma certa alegria, uma esperança e um conforto — desabafou a atriz.
Márcia disse ainda que,
inicialmente, chegou a pensar em procurar o filho por
conta própria.
— Eu ia procurá-lo sozinha.
Comprei até um megafone para poder sair (e ir) à luta.
JOVEM FEZ SAQUE NO BANCO
A delegada Elen Souto, titular
da Delegacia de Descoberta
de Paradeiros (DDPA), disse
que foi instaurado um inquérito para apurar o caso. Agentes da unidade estão realizando diligências para localizar o
paradeiro de Rian. Testemunhas e parentes também foram ouvidos.
O pai de Rian, o ator Nizo Neto, disse que, no dia do desaparecimento, ele não chegou a ir à
aula da autoescola, como estava
previsto, e que o filho teria sacado dinheiro no banco, mas não
informou o valor. l
Segunda-feira 29 .2 .2016
O GLOBO
Economia
MICHEL FILHO
MICHEL FILHO
Legislação trabalhista
l 13
Você investe
PÁG. 14
PÁG. 15
FLEXIBILIZAÇÃO DE
DIREITOS É POLÊMICA
PETROBRAS ENTRA NO
RITMO DO MERCADO
Mudanças propostas pelo ministro Ives Gandra Filho (foto)
dividem parlamentares, trabalhadores e empresários
Acionista da estatal já pode olhar mais para preço do petróleo
do que para noticiário, analisa Raphael Figueredo (foto)
APERTO NO ORÇAMENTO
Sem sobra para gastar
_
Capacidade de as famílias realizarem novas compras caiu à metade em apenas um ano
FOTOS DE CUSTÓDIO COIMBRA
DAIANE COSTA
[email protected]
A inflação, os juros altos e o desemprego estão
corroendo os salários e fazendo sobrar cada vez
menos dinheiro no orçamento das famílias. Em
apenas um ano, esse valor caiu pela metade em
média, e o recuo foi maior nos domicílios mais
pobres, revela estudo do Santander obtido com
exclusividade pelo GLOBO. De acordo com o levantamento, nas casas com renda entre R$ 6 mil e
R$ 12 mil, a parcela mensal que sobra após o pagamento de todas as despesas fixas passou de R$
2.856,22 em 2014 para R$ 2.057,75 no ano passado, uma queda de 28%. Já entre as famílias que
ganham até R$ 1.500, essa fatia caiu de R$ 116,38
para R$ 47,86, perda de 59%. Significa dizer que
mesmo parcelando o pagamento em 36 meses,
esse lar de renda menor não poderia fazer uma
compra com valor total maior do que R$ 1.723.
Essa falta de dinheiro para novas aquisições,
também chamada de capacidade de endividamento, atingiu em cheio setores que dependem
da renda e do acesso facilitado ao crédito para
crescer, como a indústria automotiva, a construção civil e o comércio de bens duráveis, contribuindo para aprofundar ainda mais o ambiente recessivo. Não sem motivo, a produção industrial do país caiu 8,3% no ano passado, a do
setor automotivo encolheu 25,9% e a da construção civil, 13%.
— A queda na capacidade de endividamento
ocorre porque os salários têm subido menos do
que o custo de vida e, como as taxas de juros devem continuar em um patamar elevado, a tendência é que caia
ainda mais — explica o economista
Éverton Gomes,
autor do estudo.
Para Luiz Roberto
Cunha, economista
e professor da PUCRio, é um ciclo que
se retroalimenta:
— A indústria e o
comércio se programaram para atender a uma demanda
elevada, que tinha
renda em crescimento e crédito
com juros baixos e
acessível nos anos
anteriores. Agora,
são castigados por
um
movimento
contrário. Em vez
de um círculo virtuoso, temos um
círculo vicioso na
economia, com a
Luiz Roberto Cunha
recessão causando
Economista
a queda na capacidade de endividamento e essa queda aumentando a recessão e travando o crescimento.
Segundo o autor do estudo, o efeito é mais forte nas faixas de renda mais baixas porque elas
são as mais atingidas pelas demissões e queda
dos salários e, normalmente, já têm pouca sobra quando descontados os gastos essenciais
com alimentação, transporte, energia e gás:
— Qualquer aumento de custo consome um
percentual muito elevado dessa sobra.
Crédito caro. Luciano foi roubado e precisa comprar dois celulares, mas os juros altos dificultam o negócio. Seu salário depende de comissão e caiu em R$ 1 mil em 2015
PERDA DE PODER DE COMPRA
QUANTO CADA FAMÍLIA
TEM LIVRE POR MÊS (R$)
“Temos um
círculo vicioso
com a recessão
causando
queda na
capacidade de
endividamento
e essa queda
aumentando
a recessão”
PREÇO DOS ALIMENTOS PRESSIONA
Andre Braz, economista da Fundação Getulio Vargas, acrescenta que o impacto é mais forte sobre
quem ganha menos porque essas famílias comprometem a maior parte da sua renda com alimentos, que tiveram alta de 12,03% em 2015, acima da inflação média geral, que ficou em 10,67%:
— Com a inflação dos alimentos alta, o orçamento ficou comprometido com algo que já é
básico. As famílias ficam na parede e não têm de
onde tirar dinheiro porque tomar crédito está
complicado em razão dos juros altos. Acabam
perdendo qualidade de vida, optando por alimentos mais simples, comendo menos proteína
e saindo menos para atividades de lazer.
Essa é a nova realidade na casa do balconista
Luciano da Silva Souza, de 38 anos, que mora
com a mulher e o filho de 12 anos na Rocinha. No
ano passado, a queda nas vendas na drogaria onde trabalha derrubou em cerca de R$ 1 mil seu salário, que depende de comissões, para um total
Faixa salarial
0
2011
2012
2013
2014
ATÉ 1.500
114,13
113,86
116,38
2015
81,66
47,86
1.500
A 6.000
769,72
734,77
764,13
615,19
482,38
Sem supérfluos. Temendo demissão, a analista de sistemas Ana Carla Rezende cortou gastos não essenciais
de R$ 2 mil. A mulher, que não trabalhava, passou
a cuidar de idosos, e eles reduziram as refeições
fora de casa de quatro para uma por mês. Para piorar a situação, os celulares dele e do filho foram
roubados. Na última sexta-feira, Luciano tirou a
tarde para pesquisar preços de aparelhos:
— Está tudo muito caro. A maioria dos parcelamentos têm juros. Antes não era assim. Estou
vendo que vou poder comprar só o meu. O do
meu filho, só se minha esposa pagar a metade.
No mesmo dia, a copeira Geovania dos Santos
de Andrade, 43, buscava nas lojas do Centro do
Rio um home theater. Desistiu da compra depois de poucas horas de pesquisa.
— Não vai ter como comprar. Como as redes são
as mesmas, aqui ou em Cascadura (onde mora) os
preços são os mesmos. Está muito caro. Estou há
dois anos sem ganhar aumento, e meu salário tem
ido todo em aluguel, alimentação e energia — conta Geovania, que tem renda mensal de R$ 1,4 mil.
Cunha critica a forma como a maioria dos
consumidores decide pelo parcelamento:
— A pessoa que vai comprar em dez vezes se
habituou a olhar o valor da prestação e não do
total da compra. É uma lógica de consumo muito dramática, que leva a um maior endividamento quando as condições são desfavoráveis.
Por usar essa lógica, a cuidadora Adriana Fran-
ça, 57 anos, pagou mais de R$ 500 em juros ao
comprar um celular que, à vista, saía por R$ 1.500:
— Eram parcelas de R$ 150. Eu podia pagar,
mas as prestações não acabavam. Nunca mais
compro a prazo. O problema é que gente que
ganha pouco como eu (em torno de R$ 1,9 mil)
ou parcela, ou não compra. E com meu salário
indo todo no supermercado, porque está tudo
caro, não sobra mais para nada.
FREIO NAS COMPRAS
Braz diz que as famílias precisar ser educadas:
— É necessária uma política para educar as
famílias a usarem o dinheiro do seu orçamento.
Quando o crédito está barato, não dá para sair
financiando tudo. É preciso ter um plano de
gastos. Não é saudável que se endivide ao máximo porque, em qualquer tropeço, ela perde sua
capacidade de pagamento.
Apesar da renda quatro vezes maior do que a
média nas metrópoles, estimada pelo IBGE em
R$ 2.242,90 em janeiro, a analista de sistemas
Ana Carla Rezende Rodrigues, 38, também pisou no freio das compras.
— Sou separada e tenho de pagar escola para
meus dois filhos (de 8 e 11 anos). Como não sei se
estarei empregada amanhã, cortei o que é supérfluo e não parcelo nada por causa dos juros. l
6.000
A 12.000
2.854,41
2.766,63
2.856,22
2.321,58
ACIMA
DE 12.000
8.401,97
Fonte: Santander
2.057,75
10.217,77
9979,19
10.255,5
7.878,19
Editoria de Arte
14
l O GLOBO
l Economia l
Segunda-feira 29 .2 .2016
Sem consenso sobre proposta de
flexibilizar as leis trabalhistas
[email protected]
GEORGE
VIDOR
Ideia defendida pelo presidente do TST divide patrões e empregados
GIVALDO BARBOSA
ISABEL BRAGA
|
|
Alívio
O Senado surpreendeu na decisão do
pré-sal e pode ser que agora Congresso
aprove reformas
A
aprovação, pelo Senado, do projeto de lei que muda
regras de exploração de futuros campos do pré-sal –
originalmente de autoria do senador José Serra –
serviu como um pequeno sopro de esperança no quadro
confuso em que o Brasil se encontra. Se a Câmara mantiver
a essência do projeto, a Petrobras estará desobrigada de ser
operadora desses campos, e nem terá que se comprometer
com uma participação de 30% nos consórcios vencedores
dos leilões. A estatal continuará com a prerrogativa de ser
operadora e participante dos consórcios, mas se isso lhe
convier, e não mais por obrigação. O que faz todo sentido,
mesmo em um modelo intervencionista.
O alívio não é por conta da possibilidade de o Brasil vir a
receber mais investimentos na área do petróleo durante o
período — quatro, cinco, dez anos? — que a Petrobras continuará tentando se reabilitar. É também porque, mesmo
com o governo enfraquecido, e com as lideranças aparentemente desnorteadas, o Congresso demonstrou que não é
ainda uma nau sem rumo. A decisão do pré-sal no Senado
foi um pingo de ânimo em relação às reformas que estão entrando na pauta do legislativo, como a da previdência, a que
estabelece limites para expansão dos gastos públicos e a recomposição de dívidas de entes federativos com a União.
Não parece mais impossível que sejam aprovadas.
_
Meio esquecido
A produção de açúcar e álcool da região Centro-Sul deve
bater recorde na safra que começa este ano, mas não se espera que o setor venha a aumentar a sua contribuição para
a geração de eletricidade (a queima do bagaço da cana, da
palha ou o do gás de vinhaça nas caldeiras das usinas produzem um vapor excedente capaz de movimentar turbinas e geradores de eletricidade). Em 2008, trinta projetos
chegaram a ser aprovados nos leilões de energia nova. No
ano passado, apenas três. Das 355 usinas que produzem
açúcar e álcool, 180 “exportam” eletricidade excedente,
geralmente para mercados consumidores próximos, o
que não exige investimentos significativos em linhas de
transmissão. As usinas que não geram energia excedente
teriam de passar por reformas e investir em equipamentos. Presume-se que o setor como um todo poderia gerar
eletricidade equivalente a duas usinas de Itaipu. No ano
passado, a geração correspondeu a 25% de uma Itaipu.
Além de leilões regulares para entrega de energia daqui a três ou cinco anos, o governo promove leilões de
energia de reserva. Ultimamente têm sido destinados à
energia eólica ou solar. A biomassa — igualmente limpa
e renovável — ficou de fora. A bioeletricidade tem ligeira
vantagem sobre as outras. É mais previsível. Não depende
de vento ou da insolação. Durante a safra é possível estimar
o que deverá ser gerado. Mas gerar eletricidade não é o principal negócio de uma usina que produz açúcar e álcool. É
um investimento adicional que precisa ser compensador.
Porém, mais do que isso, como se trata de investimento
complementar, e em um setor que tem enfrentado problemas financeiros, o que os especialistas consideram mais importante é um arcabouço institucional que dê segurança ao
segmento. Semana passada, o grupo Cosan, um dos
maiores do setor, fechou acordo com os japoneses para
exportar bagaço e palha de cana prensados. Servirão
como
matéria-prima para termoelétricas no exterior...
_
Inovação
É pela inovação que muitas empresas têm conseguido driblar a crise, crescer e aparecer. Esse parece ser o caso da WebRadar, criada em 2008, a partir de uma ideia de Adriano Lima, que fora por dez anos diretor da engenharia da Claro.
Naquele ano, Adriano tomou uma decisão arriscada. Trocou um salário razoável por uma ideia, e em um momento
que as finanças da família precisavam de reforço, com filhos
pequenos para criar. Como executivo de uma grande operadora, percebera que o grande volume de informações gerados pelas reclamações dos clientes não chegavam aos escalões decisivos da companhia em tempo ou nas condições
que permitissem a correção apropriada. Foi assim que,
acompanhado de um sócio mais experiente, montou um
sistema que hoje permite à WebRadar processar e decodificar um bilhão de novos registros por hora. Por meio deles
é que as operadoras de telecomunicações sabem se seu sinal está sendo bem recebido em cada lugar por onde passam caminhões de diferentes frotas, por exemplo. A WebRadar mescla informações das áreas de transporte, energia e telecomunicações.
Fabricantes e empresas americanas de software do porte
da Intel, da Citrix e agora da Qualcomm se tornaram sócias.
Como a WebRadar vem se enfronhando cada vez na chamada internet das coisas (IoT), sua atividade leva a mais
contratação de equipamentos e software. 60% do faturamento da empresa são provenientes do exterior (América
do Sul, México, Estados Unidos, Canadá e Itália).
_
“Blitze”
O IPVA é, no momento, um dos tributos que tiram Estados e prefeituras do sufoco. Por isso, vêm aumentando
as batidas policiais nas ruas para verificar quem está em
dia com o imposto. l
oglobo.globo.com/
blogs/vidor
AÍLTON DE FREITAS
[email protected]
RONALDO D'ERCOLE
[email protected].
-BRASÍLIA E SÃO PAULO -A tese de que as
negociações entre patrões e empregados devem prevalecer sobre o garantido em lei, defendida
pelo presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives
Gandra Filho, em entrevista exclusiva publicada ontem no
GLOBO, encontra eco na Confederação Nacional da Indústria
(CNI), representante dos empresários, e em parlamentares da
oposição e de alguns partidos da
base aliada, mas é criticada por
dirigentes das centrais sindicais e
representantes do PT, partido da
presidente Dilma Rousseff. Na
entrevista, Gandra Filho também
afirma que a Justiça do Trabalho
é muito paternalista.
O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), diz que respeita, mas discorda.
— A solução para a crise não
pode ser precarizar o trabalho.
Discordo que a Justiça trabalhista
brasileira seja paternalista. Acho
que ela preserva direitos. Claro
que podemos ter mudanças na
lei, mas a solução não é reduzir
direitos trabalhistas e sim fazer
com que o rico pague imposto e
permitir a retomada dos investimentos públicos e privados —
disse o petista. — Discordamos
da solução que ele apresenta de
redução de direitos.
Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), a reflexão de Gandra Filho contribui
para ajudar os trabalhadores neste momento de crise econômica.
Reflexão. Antonio Imbassahy: “Mudança deve ser analisada”
— No regime presidencialista,
cabe ao governo a iniciativa do
debate e da apresentação de propostas de reformas estruturantes,
inclusive a reforma trabalhista
comentada pelo presidente do
TST. Nesse momento de crise, tudo o que for necessário para reduzir a tragédia do desemprego
deve ser examinado e aprovado,
sem atingir direitos trabalhistas
— afirmou Imbassahy.
A Confederação Nacional da
Indústria (CNI) defende a valorização da negociação coletiva entre patrões e empregados.
— A experiência de países como a Alemanha na crise de 2008
mostra que a negociação coletiva
pode ser um importante instrumento para minimizar os impactos da crise sobre o mercado de
Crítica. Afonso Florence: “Não se pode reduzir direitos”
trabalho. A negociação permite
que empresas e trabalhadores
ajustem as condições de trabalho, de acordo com a conjuntura
nacional, por tempo determinado, e contribui com a manutenção de empregos — afirma a gerente-executiva de Relações de
Trabalho da CNI, Sylvia Lorena.
Já dirigentes das centrais sindicais do país veem as propostas
com reservas, exatamente por serem apresentadas num momento difícil para os trabalhadores.
— Discutir qualquer reforma
numa crise é complicado. Essas
posições mais liberais não vão
prosperar e haverá oposição das
centrais sindicais — diz o deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira, o Paulinho.
Para o presidente da União Ge-
ral dos Trabalhadores, Ricardo
Patah, o momento é inoportuno:
— Colocar as teses que o ministro Gandra defende traz mais
vulnerabilidade e pode resultar
em perda de direitos do trabalhador. Por que não se colocou em
debate essas ideias, quando o país vivia em condição de pleno
emprego? — questiona Patah.
O senador Romero Jucá
(PMDB-RR) comenta que, na regulamentação do trabalho do
empregado doméstico, o Congresso avançou na flexibilização
de regras, como a possibilidade
de o trabalhador reduzir o horário do almoço e sair mais cedo do
trabalho e ir para sua casa:
— São ações que ajudam a
preservar a sustentabilidade do
emprego. l
Petroleiras
vão ao STF
contra novas
taxas no Rio
Para empresas, duas leis
sancionadas por Pezão
são inconstitucionais
RAMONA ORDOÑEZ
[email protected]
As multinacionais de petróleo
que atuam no Brasil estão dispostas a recorrer a todas as instâncias da Justiça contra duas novas leis estaduais que aumentam
a tributação das atividades no Estado do Rio de Janeiro. A Associação Brasileira de Exploração e
Produção de Petróleo(Abep),
que reúne as petroleiras responsáveis por 90% da produção total
do país, apresenta hoje duas
Adins (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a cobrança
do ICMS na extração de petróleo
e a criação da taxa de fiscalização
e controle ambiental. As duas leis
foram sancionadas pelo governador Luiz Fernando Pezão, em
30 de dezembro do ano passado.
— Esses tributos, além de inconstitucionais, têm um impacto tão grande na atividade que
simplesmente inviabiliza o setor
de petróleo com consequências
que vão além do Estado do Rio
— destacou Guimarães.
Semana passada, Shell/BG,
Statoil, Chevron, Repsol, Petrogal
e Sinopec já haviam entrado, juntas, com duas ações no Tribunal
de Justiça do Rio.
O escritório Sacha Calmon,
que representa a Abep, argumenta que de acordo com a
Constituição o petróleo é o único produto cuja taxação ocorre
no destino, não na origem (onde
foi produzido). E que o imposto
é cobrado sobre a circulação de
mercadorias, e o petróleo produzido não chegou a circular. As
duas devem entrar em vigor dia
30 de março, mas antes precisam ser regulamentadas. l
l Economia l
Segunda-feira 29 .2 .2016
Petrobras volta a
acompanhar
petróleo na Bolsa
O GLOBO
l 15
Você investe
FIM DO DESCASAMENTO
PAPÉIS DA COMPANIA COMEÇAM A SEGUIR OSCILAÇÃO DA ‘COMMODITY’
14,38
COTAÇÃO DO
PETRÓLEO, EM US$
AÇÕES DA
PETROBRÁS, EM R$
5/mai
90
14
80
12
10,02
70
10
60
Segundo analistas, venda de ativos e pré-sal
reaproximam estatal da curva do produto
27,88
67,77
20/jan
6/mai
50
8
35,10
57,33
40
6
RENNAN SETTI
[email protected]
As últimas semanas lembraram aos investidores da Petrobras um fato quase esquecido: a estatal é uma petrolífera. Durante
dois anos, graças ao turbilhão da Operação Lava-Jato, os papéis da companhia foram jogados em uma ciranda política, reagindo muito mais a notícias procedentes
de Brasília e Curitiba do que à geopolítica
do Oriente Médio. Embora a sensibilidade
aos trâmites do poder nunca vá abandonar a estatal por completo, analistas são
unânimes em afirmar que, nesse início de
2016, o que deu o tom ao comportamento
da Petrobras na Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa) foi a montanha-russa da
cotação da commodity.
A correlação mais acentuada entre o
comportamento da Petrobras na Bolsa e
a curva do petróleo se confirma nos números. O analista gráfico da corretora
Clear Raphael Figueredo constatou, em
estudo feito a pedido do GLOBO, um salto no nível de “relacionamento” entre as
duas variáveis este ano, na comparação
com o mesmo período de 2015. Em uma
escala de 0 a 1, a correlação entre as cotações foi de 0,52 este ano. No início do
ano passado, era de apenas 0,03. Quanto
mais próximo de 1, mais forte é a relação.
— Isso significa que 52% da variação
do preço do petróleo tiveram impacto
sobre as ações da Petrobras este ano.
Em 2015, a influência era quase nenhuma! — afirma o analista.
‘A EMPRESA ESTAVA LARGADA’
Figueredo utilizou como parâmetros a
ação preferencial da Petrobras (sem direito a voto), que é a mais negociada na Bolsa, e o barril de petróleo do tipo WTI, negociado em Nova York. Apesar de a Petrobras usar como referência o Brent, o analista ressaltou que a curva de evolução dos
dois tipos de óleo é praticamente igual. O
estudo considerou, para os dois anos, as
cotações até 23 de fevereiro e apenas dos
dias em que houve negociação tanto do
WTI como dos papéis da Petrobras.
O analista lembra que, no começo de
2015, a petrolífera se encontrava em um
grande impasse. Em primeiro lugar, a
companhia ainda não havia publicado o
CENÁRIO AINDA INCERTO PARA O BARRIL
Hoje, tanto a Petrobras como o petróleo
estão em um outro momento, o que explicaria uma correlação maior entre os dois.
Primeiro porque, este ano, a commodity se tornou o centro das ansiedades
dos investidores de todo o mundo, não
só dos acionistas da Petrobras. Em um
sintoma do crescente temor quanto à
economia global e ao excesso de oferta
de petróleo, em 20 de janeiro, o barril
do tipo Brent ficou abaixo dos US$ 28
pela primeira vez desde 2003. Thiago
Biscuola, economista da RC Consultores, observa que o fim do ciclo de incentivo monetário nos EUA no último
ano valorizou o dólar, o que também
acabou depreciando as commodities.
Em fevereiro, Arábia Saudita, Rússia,
Qatar e Venezuela concordaram em
congelar sua produção de petróleo no
patamar de janeiro, desde que outros
países façam o mesmo, o que proporcionou uma certa recuperação nos preços.
O governo russo afirmou que a medida
entraria em vigor amanhã, 1º de março.
Biscuola, no entanto, acha pouco provável que isso se concretize plenamente:
— O mercado está mais pulverizado. Se
você deixa de produzir, alguém vai vender
no seu lugar. Os EUA ainda vão virar ex-
|
HOJE - BALANÇA: O ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (Mdic) informa
às 15h os resultados da
balança comercial referentes à semana passada
23/02 0,1817% 24/02 0,1544% 25/02 0,1692%
Selic: 14,25%
Correção da Poupança
Até 03/05/12
11/03
12/03
13/03
14/03
15/03
16/03
17/03
18/03
19/03
20/03
21/03
22/03
23/03
24/03
25/03
A partir de 04/05/12
ÍNDICE
0,6918%
0,6841%
0,6456%
0,6456%
0,6678%
0,6949%
0,6612%
0,6689%
0,6702%
0,6279%
0,6279%
0,6936%
0,6826%
0,6552%
0,6700%
DIA
11/03
12/03
13/03
14/03
15/03
16/03
17/03
18/03
19/03
20/03
21/03
22/03
23/03
24/03
25/03
ÍNDICE
0,6918%
0,6841%
0,6456%
0,6456%
0,6678%
0,6949%
0,6612%
0,6689%
0,6702%
0,6279%
0,6279%
0,6936%
0,6826%
0,6552%
0,6700%
Obs: Segundo norma do Banco Central, os
rendimentos dos dias 29, 30 e 31 correspondem ao
dia 1º do mês subsequente.
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
-8,33%
-3,36%
+1,8%
-1,63%
-3,9%
-6,79%
R$ 788
R$ 788
R$ 788
R$ 788
R$ 788
R$ 880
R$ 953,47
R$ 953,47
R$ 953,47
R$ 953,47
R$ 953,47
R$ 953,47
Obs: * O valor do salário mínimo a partir de 1º de
janeiro de 2016 é de R$ 880. ** Piso para
empregado doméstico, entre outros.
IMPOSTO DE RENDA
IR NA FONTE FEVEREIRO 2016
Base de cálculo
R$ 1.903,98
De R$ 1.903,99 a 2.826,65
De R$ 2.826,66 a 3.751,05
De R$ 3.751,06 a 4.664,68
Acima de R$ 4.664,68
4,20
20
20/jan
JAN.2015
Alíquota Parcela a deduzir
Isento
7,5%
15%
22,5%
27,5%
—
R$ 142,80
R$ 354,80
R$ 636,13
R$ 869,36
Deduções: a) R$ 189,59 por dependente; b) dedução
especial para aposentados, pensionistas e
transferidos para a reserva remunerada com 65 anos
ou mais: R$ 1.903,98; c) contribuição mensal à
Previdência Social; d) pensão alimentícia paga devido
a acordo ou sentença judicial.
Obs: Para calcular o imposto a pagar, aplique a
alíquota e deduza a parcela correspondente à faixa.
Esta nova tabela só vale para o recolhimento do IRPF
este ano.
O parcelamento do IRPF de 2015 foi encerrado em 30
de novembro.
ABR.
MAI.
JUN.
JUL.
AGO.
SET.
OUT.
NOV.
Obs: Percentuais incidentes de forma não cumulativa
(artigo 22 do regulamento da Organização e do
Custeio da Seguridade Social).
Trabalhador autônomo
Para o contribuinte individual e facultativo, o valor da
contribuição deverá ser de 20% do salário-base.
Contribuição mensal mínima de R$ 176,00 (para o piso
de R$ 880,00) e máxima de R$ 1.037,96 (para o teto de
R$ 5.189,82)
UFIR/RJ
Fevereiro
R$ 3,0023
3/3 - PIB: O IBGE divulga, às
9h, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB)
do Brasil em 2015. Analistas estimam contração de
3,7% no ano e de 5,9% no
quarto trimestre
IPCA (IBGE)
(12/93=100)
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
4346,65
4370,12
4405,95
4450,45
4493,17
4550,23
Obs: A Unif foi extinta em 1996. Cada Unif vale 25,08
Ufir (também extinta). Para calcular o valor a ser
pago, multiplique o número de Unifs por 25,08 e
depois pelo último valor da Ufir (R$ 1,0641). (1 Uferj
= 44,2655 Ufir-RJ)
No mês
No ano Últ. 12meses
0,22% 7,06%
0,54% 7,64%
0,82% 8,52%
1,01% 9,62%
0,96% 10,67%
1,27% 1,27 %
9,53%
9,49%
9,93%
10,48%
10,67%
10,71%
IGP-M (FGV)
Índice Variações percentuais
(8/94=100)
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
593,606
604,832
614,051
617,044
624,060
632,114
No mês
No ano Últ. 12meses
0,95% 6,34%
1,89% 8,35%
1,52% 10,00%
0,49% 10,54%
1,14% 1,14%
1,29% 2,44%
8,35%
10,09%
10,69%
10,54%
10,95%
12,08%
IGP-DI (FGV)
Índice Variações percentuais
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
BENEFÍCIO PARA O INVESTIDOR
A questão da viabilidade é mais preponderante que o fato de a Petrobras ganhar
muito hoje com a venda de combustível
dentro do Brasil, cujo preço não foi reduzido após o tombo da commodity. Segundo
Biscuola, a gasolina pura no Brasil custa
40% a mais que nos EUA. Em meados de
2014, quando o petróleo valia mais de US$
100 e o governo não reajustava a gasolina a
fim de segurar a inflação, a Petrobras vendia mais barato do que comprava.
— Se ela se beneficia da conta do abastecimento, que agora se inverteu, por
outro lado a receita da empresa em dólar
fica prejudicada no lado das exportações
de petróleo — pondera Biscuola.
Para o investidor, diz Figueredo, da
Clear, uma maior correlação entre a Petrobras e o petróleo é benéfica. Segundo
ele, a relação atual segue as de outras petrolíferas, como Chevron e Shell. Dessa
forma, o acionista pode tomar decisões
mais baseadas no contexto petrolífero
global do que no noticiário político.
— Estar mais sensível ao petróleo é positivo até para a própria Petrobras, o que
não significa que vai resolver o problema
dela. É uma empresa extremamente endividada que precisa vender ativos. Mas
o mercado ainda enxerga muita dificuldade nisso — diz o analista. l
581,618
589,897
600,269
607,441
610,128
619,476
3/3 - EUA: O Departamento
de Trabalho dos EUA informa o número de pedidos de
seguro-desemprego no país
na última semana. A estimativa é de 270 mil, contra
272 mil na semana anterior
4/3 - INDÚSTRIA: O IBGE divulga às 9h o desempenho
da produção industrial do
país em janeiro. Em base
anual, economistas esperam uma contração de
14,8% no setor
CÂMBIO
BOLSA DE VALORES: Informações sobre
cotações diárias de ações e evolução dos
índices Ibovespa e IVBX-2 podem ser
obtidas no site da Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa), www.bovespa.com.br
CDB/CDI/TBF: As taxas de CDB e CDI
podem ser consultadas nos sites de
Anbima (www.anbima.com.br) e Cetip
(www.cetip.com.br). A Taxa Básica
Financeira (TBF) está disponível
no site do Banco Central (www.bc.gov.br).
Para visualizá-la, clicar em “Economia e
finanças” e, posteriormente, em “Séries
temporais”
FUNDOS DE INVESTIMENTO:
Informações disponíveis no site da
Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais
(Anbima), www.anbima.com.br. Clicar em
“Fundos de investimento”
IDTR: Pode ser consultado no site da
Federação Nacional das Empresas de
Seguros Privados e de Capitalização
(Fenaseg), www.fenaseg.org.br. Clicar na
barra “Serviços” e, posteriormente, em
FAJ-TR. Selecionar o ano e o mês desejados
ÍNDICE DE PREÇOS: Outros indicadores
podem ser consultados nos sites da
Fundação Getulio Vargas (FGV, www.fgv.br),
do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, www.ibge.gov.br) e da
Anbima (www.anbima.com.br)
DÓLAR
Índice Variações percentuais
(8/94=100)
UNIF
4
FEV.
|
INFLAÇÃO
Alíquota (%)
8
9
11
4,87
JAN.2016
vidamento. A pressão sobre o valor do
barril dificulta a geração de caixa com a
venda desses ativos — diz Piagentini.
Biscuola, da RC, acrescenta que também é preponderante para a Petrobras a
viabilidade dos projetos de exploração,
sobretudo os do pré-sal, que acabam sendo comprometidos pela queda da commodity. Segundo Piagentini, a exploração
do pré-sal se paga com o barril de óleo
equivalente pelo menos acima dos US$
45 (embora a tendência, no futuro, é que
esse custo diminua). Hoje, o Brent está na
casa dos US$ 35, e o WTI, na dos US$ 32.
portadores, por exemplo. O petróleo está
buscando um patamar, mas deve ficar pelos US$ 30 ou US$ 40 a médio prazo.
Para Bruno Piagentini, da Coinvalores, isso dificulta a venda de ativos pela
Petrobras. O objetivo era vender US$
15,1 bilhões entre 2015 e 2016, mas, até
agora, só foram US$ 700 milhões.
— Para a Petrobras, o preço do petróleo se tornou preponderante, porque a
venda de ativos que a companhia está
promovendo é parte central em sua estratégia para reduzir seu imenso endi-
Fique de olho
Salário de contribuição (R$)
Até 1.556,94
de 1.556,95 a 2.594,92
de 2.594,93 a 5.189,82
DEZ.
Editoria de Arte
Mudança. Raphael
Figueredo, da corretora
Clear: “Estar mais sensível
ao petróleo é positivo até
para a própria Petrobras”
Trabalhador assalariado
Fevereiro
R$ 1,0641
Obs: foi extinta
MAR.
EDILSON DANTAS
2/3 - SELIC: O Comitê de Política Monetária (Copom) informa sua decisão sobre a
taxa básica de juros, a Selic,
para os próximos 45 dias.
Economistas esperam manutenção em 14,25% ao ano
UFIR
FEV.
Fonte: Bloomberg
INSS/FEVEREIRO
BOVESPA SAL. MÍNIMO SAL. MÍNIMO
(FEDERAL)*
(RJ)**
TR
DIA
AMANHÃ - GERDAU: A maior siderúrgica brasileira divulga,
antes da abertura do mercado, balanço financeiro referente ao último trimestre de
2015, com os números fechados para o ano
ÍNDICES
Indicadores
30
balanço financeiro auditado referente ao
terceiro trimestre de 2014. Após dois adiamentos, a Petrobras frustrou o mercado ao
divulgar, no fim de janeiro, números que
não contabilizavam as perdas com corrupção e não tinham o aval da auditora
PwC (o documento auditado só viria em
abril). A então presidente da petrolífera,
Graça Foster, enfrentava diariamente rumores de que deixaria o cargo — o que
ocorreu no início de fevereiro. Alguns dias
depois, Aldemir Bendine foi recebido com
desconfiança pelos investidores por ter
vindo de outra estatal, o Banco do Brasil.
— A empresa estava largada. Isso
afastou os investidores, sobretudo os
estrangeiros. Além disso, a Petrobras tinha premissas de preço para o petróleo
congeladas, em descompasso com o
mercado — acrescenta Figueredo. —
Tudo isso fez com que a Petrobras operasse praticamente fora do contexto para o petróleo naquela época.
No mês
No ano Últ. 12meses
0,40% 5,53%
1,42% 7,03%
1,76% 8,91%
1,19% 10,21%
0,44% 10,70%
1,53% 1,53%
7,80%
9,31%
10,58%
10,64%
10,70%
11,65%
Dólar comercial (taxa Ptax)
Paralelo (São Paulo/CMA)
Diferença entre paralelo e comercial
Dólar-turismo esp. (Banco do
Brasil)
Dólar-turismo esp. (Bradesco)
EURO
Euro comercial (taxa Ptax)
Euro-turismo esp. (Banco do Brasil)
Euro-turismo esp. (Bradesco)
Compra R$
Venda R$
3,9571
3,80
-3,97%
3,91
3,9578
4,15
4,85%
4,09
3,77
4,20
Compra R$
Venda R$
4,3235
4,2677
4,15
4,3247
4,4733
4,63
OUTRAS MOEDAS
Cotações para venda ao público (em R$)
Franco suíço
Iene japonês
Libra esterlina
Peso argentino
Yuan chinês
Peso chileno
Peso mexicano
Dólar canadense
4,00486
0,0350704
5,53797
0,258997
0,610931
0,00576042
0,218973
2,95560
FONTE: MERCADO
Obs: As cotações de outras moedas estrangeiras
podem ser consultadas nos sites www.xe.com/ucc e
www.oanda.com.
16
l O GLOBO
Segunda-feira 29 .2 .2016
Mundo
PRIMÁRIAS NOS EUA
Maratona decisiva
_
Divisão de eleitores fica clara na Virgínia, um dos 12 estados que escolhem candidatos na Super Terça
HENRIQUE GOMES BATISTA
Enviado especial
[email protected]
Se as quatro primárias de fevereiro serviram de peneira e
para empolgar eleitores, apoiadores e doadores, agora é a hora de contar os delegados que votam na nomeação do candidato de cada partido, nas convenções de julho, definindo os postulantes à presidência dos EUA na eleição de novembro. Somente amanhã, quando ocorre a chamada Super Terça, eleitores de doze estados
escolhem seus candidatos. Hillary Clinton, do lado democrata, e Donald Trump,
no campo republicano, são os favoritos na
disputa. Mas questões regionais podem
afetar o voto dos eleitores e mudar a matemática dos delegados.
As diferenças ficam muito visíveis na
Virgínia, com 8,3 milhões de habitantes e
sem campo ideológico claro. Desde o ano
2000, o vencedor no estado foi à Casa
Branca, indicando a importância deste
“swing state”. Em profunda mudança demográfica, o Norte da Virgínia, vizinha de
Washington, é influenciado pela capital
americana e tende a ser democrata. O restante, culturalmente mais próximo ao Sul,
aceita melhor candidatos republicanos.
Mas, em uma distância de 50 quilômetros,
vai-se de uma cidade predominantemente democrata (Richmond, a capital) a outra que historicamente dá mais de 70%
dos votos a republicanos (Powhatan).
— Aqui somos democratas em sua
maioria, e seguimos com Hillary. O argumento de Bernie Sanders empolga
apenas na Nova Inglaterra (Noroeste).
Ainda somos gratos ao governo de Bill
Clinton e apreciamos a atuação de Hillary como secretária de Estado — afirma Ann Lloyd, voluntária da campanha democrata em Richmond.
— Até pensei em votar Sanders. Todas
as minhas colegas falavam dele, mas,
quando soube que ele é socialista, desisti. Conversei muito com minha família e
vou votar em Ted Cruz. Ele é realmente
um conservador, defende o que achamos importante — comenta Carly Gardner, de 23 anos, moradora de Powhatan.
-RICHMOND E POWHATAN (EUA)-
MUDANÇA DE ESTRATÉGIA
A campanha agora também muda de escala. Se nos quatro primeiros estados
(Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul) os candidatos dedicaram-se a
um contato direto com os eleitores, agora a tentativa é de convencimento em
massa. Nestes estados não há um engajamento da população como visto nos
que deram início ao processo político.
As casas e ruas das principais cidades
da Virgínia, por exemplo, não lembram
que a votação das primárias ocorre
amanhã, enquanto nos outros estados
a propaganda eleitoral era onipresente.
— Não me empolgo com as eleições,
sempre votamos, e nunca muda nada
— critica Remmy Montego, de Richmond, exemplificando a baixa participação nas primárias no estado, que pode chegar a 15% dos eleitores registrados, segundo estimativas locais.
Mas a força de Hillary e de Trump nas
pesquisas pode ser um motivador extra
para a ampliação da participação popular. Embora com claro clima de desânimo
ontem cedo, após a forte vitória da ex-secretária de Estado na Carolina do Sul, o
comitê de Sanders em Richmond estava
cheio de voluntários que lutavam para reverter o jogo — as pesquisas indicam vitória de Hillary por 20 pontos no estado.
No campo republicano, mesmo apoiadores do polêmico bilionário começavam a
pensar em alternativas mais viáveis:
— Gosto de Trump, acho que ele fala a
verdade, e gosto de ele ser um homem de
negócios, que não depende de ninguém, e
que defende um Estado mínimo. Mas temo que ele possa perder para Hillary, então estou pensando em votar em Marco
Rubio — pondera o empresário Evan Williams, de 67 anos, um entre as mais de cinco mil pessoas que lotavam um evento de
Rubio ontem em Richmond.
Em entrevista ao GLOBO, a cientista política Lara Brown, da George Washington
University, resume o clima de decisão.
— Tudo indica que a Super Terça, que
sempre é importante, será ainda mais decisiva este ano, que começou com incertezas e surpresas em ambos os partidos. Se
as pesquisas se confirmarem e Trump e
Hillary ganharem na maior parte dos estados, os partidos poderão ter, já no dia 15, o
nome praticamente certo do escolhido
para enfrentar as urnas em novembro. l
O QUE ESTÁ EM JOGO PARA DEMOCRATAS E REPUBLICANOS
Força concentrada
A situação dos delegados
Doze estados escolhem nesta terça-feira seus candidatos para a Presidência
dos EUA, num total maior do que qualquer outro dia do calendário eleitoral
Nas primárias, candidatos conquistam delegados, que
votam pela nomeação nas convenções de julho
NÚMERO DE DELEGADOS POR ESTADO*
Estados que participam
da Superterça
Democratas
53
Minnesota
Alaska
**
Vermont
32
Texas
Minnesota
77
38
Alabama
Geórgia
67
Oklahoma
42
38
43
Tennessee
58
Texas
222
Alasca
76
Massachusetts
91
Tennessee
Arkansas
40
37
Georgia
102
Virgínia
50
28
Arkansas
Colorado
66
Massachusetts
Colorado
Oklahoma
Republicanos
Alabama
155
Vermont
* Não inclui superdelegados
**Estes estados farão a
escolha democrata em
outra data
Obs: Alguns territórios, como
Samoa, realizam suas escolhas
nesta terça até 8 de março.
PARTIDO DEMOCRATA
16
95
16
Virginia
859 632
(18,9% do total)
49
(25,6% do total)
COMO SÃO OS DELEGADOS
Superdelegados representam 15% e podem fazer a diferença
Partido
Democrata
Delegados conquistados até o momento
NAS PRÉVIAS
SUPERDELEGADOS*** TOTAL
Hillary Clinton
91
453
544
20
85
Bernie Sanders
65
4.764
Total de delegados
2.383
Necessários para
a indicação
712
Superdelegados
***Superdelegados que já declaram seus votos. Mas eles podem mudar de posição até a convenção de julho.
PARTIDO REPUBLICANO
(14,9%
do total)
Delegados conquistados até o momento
Donald Trump
Partido
Republicano
82
Ted Cruz
17
Marco Rubio
16
2.472
Total de delegados
1.237
Necessários para
a indicação
168
John Kasich
6
Superdelegados****
d t t l)
****Neste ano, os superdelegados são obrigados a seguirem os votos dos estados que
pertencem na primeira votação da convenção nacional. Se nenhum candidato obtiver a
maioria, alguns superdelegados podem ficar livres para votar em quem quiserem,
dependendo da regra de cada estado.
Ben Carson
4
Fontes: Realclearpolitics, partidos, CNN, New York Times e George Washington University
Editoria de Arte
Hillary e Trump têm chance de consolidar suas indicações
HENRIQUE GOMES BATISTA
‘Campanha está só
começando’, rebate
democrata Sanders
-RICHMOND, EUA- Se entre os republi-
canos a outrora “zebra” Donald
Trump se firma como favorito,
no lado democrata, após um
susto inicial, a lógica parece
mais perto de se concretizar,
com a provável nomeação de
Hillary Clinton. Sua esmagadora
vitória na Carolina do Sul, no sábado, deu a ela um alívio: obteve
73,5% dos votos, ou seja, quase o
triplo do conquistado por Bernie
Sanders (26%). Desta forma, Hillary e Trump chegam à Super
Terça com três vitórias em quatro estados, cada um.
— Amanhã, esta vitória será
nacional — disse Hillary, em
discurso na Carolina do Sul.
Com esta conquista, Hillary
fica na liderança na contagem
dos delegados obtidos na votação popular: 90 a 65, desfazen-
A primeira eleição.
“Sempre apoiei Rubio. É
um conservador moderno,
com mais chances de
vencer”, afirma Daniel
Hammel, de 18 anos
do o empate com Sanders, de
51 delegados para cada, que vigorava até sexta-feira. No total,
ela amplia a vantagem, pois
tem o apoio de 453 superdelegados (políticos que votam diretamente na convenção de julho), contra 20 de Sanders.
Sanders minimizou a derrota
e disse, em comunicado, que “a
campanha está apenas come-
çando”, lembrando que já teve
grandes vitórias como em New
Hampshire, quando bateu Hillary por 28 pontos percentuais.
Porém, a maior parte dos estados que votarão no dia 1° de
março são do Sul dos EUA,
com forte presença de negros,
assim como a Carolina do Sul,
onde Hillary teve a histórica vitória por quase 50 pontos a
mais sobre Sanders.
SENADORES ATACAM MAGNATA
No lado republicano, a disputa
fica mais forte. Depois das vitórias de Trump, os ataques contra
o bilionário ficaram mais intensos. E seu principal rival, que no
começo parecia ser o senador
Ted Cruz, agora é o também senador Marco Rubio, algoz do
magnata no último debate.
— Trump está realmente
muito forte e está cada vez mais
próximo de obter a nomeação.
Só vejo Rubio com força para
combatê-lo. No lado democrata, tudo indica que as previsões
iniciais vão se confirmar, e Hillary será a candidata — analisa
Cliff Young, presidente da Ipsos
Public Affairs nos EUA.
Trump se fortalece até mesmo
no Texas, base política de Cruz —
os dois focaram os eventos da reta final de campanha no estado.
Com isso, houve margem para
que Marco Rubio, que tem crescido entre os eleitores que decidem de última hora, focasse em
outros estados. Sua agenda era a
mais exaustiva entre os principais postulantes, visitando diversos estados no mesmo dia. Esta é
a maior ameaça para Trump.
— Sou conservador e vejo que
muita gente que chegou a pensar em Trump está sendo pragmático e pensando em votar em
Rubio. Sempre apoiei Rubio.
Acho que ele é um conservador
moderno e tem mais chances
de vencer em novembro — afirmou Daniel Hammel, de 18
anos, que se mostra empolgado
com sua primeira eleição presidencial. (H.G.B.) l
l Mundo l
Segunda-feira 29 .2 .2016 2ª Edição
O GLOBO
l 17
Grécia pode ter 70 mil imigrantes
retidos em março, diz ministro
Trégua na Síria é
mantida mesmo
após acusações
Angela Merkel apela à UE para impedir que país fique ‘mergulhado no caos’
Governo e opositores trocam
denúncias de ataques isolados,
mas cenário é melhor que antes
LOUISA GOULIAMAKI/AFP
nistro das Finanças, o conservador Wolfgang
Schaeuble, de ser “parcimonioso” ao lidar com
a crise. As críticas vieram após Schaeuble classificar como “deploráveis” as propostas do Partido Social Democrata para mais gastos sociais
voltados aos migrantes.
-DAMASCO- No segundo dia de trégua na Síria, o regime do presidente Bashar al-Assad e líderes de grupos da oposição se
acusaram mutuamente de violar o acordo pelo fim das hostilidades. Aliados do
governo sírio, os russos denunciaram ataques dos rebeldes, enquanto o Alto Comitê de Negociações (HCN, na sigla em
inglês) — que reúne a maioria dos partidos e grupos insurgentes — contabilizou
24 violações do cessar-fogo. Apesar dos
relatos, os dois lados admitiram que, de
forma geral, a trégua está mantida nas zonas acordadas, que excluem as áreas controladas pelo Estado Islâmico e pela Frente al-Nusra (braço sírio da al-Qaeda).
Logo cedo, ontem, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos informou
sobre ao menos seis ataques aéreos na
província de Aleppo, no Norte do país,
e um em Hama, no Centro, mas sem
precisar os responsáveis. Uma das áreas atingidas está sob o controle da alNusra, mas as outras estariam nas
mãos de opositores ao regime.
Os rebeldes sírios confirmaram os relatos e acusaram a aliança entre os governos sírio, russo e iraniano por 24
bombardeios e cinco ações terrestres
que teriam deixado 29 mortos. Os opositores atribuem alguns dos ataques à Rússia, que havia declarado na véspera a
suspensão da ação militar. Em uma carta
à ONU, o chefe do HCN, Raid Hijab, adverte que, se a violência continuar, a trégua poderá ser comprometida.
— Isto nos preocupa porque não sabemos como lidar com qualquer violação em áreas que não deveriam ser alvo
— disse um porta-voz dos opositores,
Salim al-Muslat. — Mas, em termos gerais, o cenário é bem melhor que antes.
O ministro das Relações Exteriores saudita, Adel al Jubeir, fez coro às denúncias:
— Foram registradas violações da trégua por parte das aviação russa e síria.
SUÍÇA REJEITA EXPULSÕES
Enquanto isso, na Suíça, eleitores rejeitaram
ontem, com 58,9% dos votos em um referendo,
uma proposta que previa a deportação automática de estrangeiros que tivessem cometido um
delito, em mais uma derrota para a legenda dominante no país, o Partido Popular Suíço (SVP),
tradicionalmente contra a imigração.
Já no Vaticano, o Papa fez um apelo por uma
resposta conjunta para ajudar os que fogem da
guerra em direção à Europa.
— A Grécia e outros países na linha de frente
têm dado uma ajuda generosa a essas pessoas,
que necessitam da colaboração de todos os países. Uma resposta em uníssono poderia ser eficaz
e distribuir o fardo de forma justa — disse o Pontífice. — Para fazer isso, precisamos avançar decisivamente e sem reservas nas negociações.
As divergências diminuem as expectativas de
uma resposta concreta à crise migratória por
parte destes países na cúpula UE-Turquia, marcada para o próximo dia 7 de março. l
EUA: ‘CONTRATEMPOS INEVITÁVEIS’
Em contrapartida, o governo russo denunciou nove ataques dos rebeldes,
mas ressaltando que o cessar-fogo parcial permanece em grande parte do país. Um alto funcionário do governo
americano classificou os episódios como “contratempos inevitáveis” e indicou que confrontos continuarão ocorrendo, apostando que as ações aumentem as pressões contra o EI e possibilitem a entrega de ajuda a sírios sitiados.
Mesmo com os ataques, o clima é de
uma incomum tranquilidade na Síria,
há quase cinco anos imersa em uma
guerra civil. Nas grandes cidades, a população aproveitou a relativa calma para sair às compras e andar nas ruas.
— Há algo estranho nesse silêncio. Estávamos acostumados a acordar com o barulhos dos bombardeios — contou Abu
Omar, dono de uma padaria em Aleppo. l
Incerteza. Refugiados sírios e iraquianos protestam na fronteira com a Macedônia: limitação de entrada nos países vizinhos complicou situação grega
O número de imigrantes retidos na
Grécia pode chegar a 70 mil nas próximas semanas. A projeção foi feita ontem pelo ministro grego da Imigração, Yiannis Mouzalas, que
considera pedir ajuda do Exército para lidar
com a situação de emergência. Só até ontem,
cerca de 22 mil refugiados, em sua maioria sírios, estavam bloqueados no país — 6.500 deles no posto fronteiriço de Idomeni, no Norte,
dois dias após autoridades macedônias anunciarem que limitarão a entrada em seu território a 580 migrantes por dia.
— Segundo nossas estimativas, o número de
pessoas bloqueadas em nosso país oscilará entre
50 mil e 70 mil no próximo mês — disse Mouzalas. — Onde for necessário, o Exército vai desempenhar um papel, assim como acontece em todas
as democracias ocidentais.
Segundo o ministro, as Forças Armadas poderão ser acionadas para construir campos e centros para refugiados, distribuir alimentos ou para outros serviços. Até então, o governo grego,
de esquerda, havia resistido a uma ação militar
para lidar com a crise migratória. No entanto,
começou a considerar a medida depois de a
União Europeia deixar claro que a situação ficaria incontrolável a menos que os Estados-membros assumissem as suas responsabilidades.
A gestão europeia sobre uma das maiores crises
-ATENAS-
de refugiados da História parece, porém, estar
longe de um consenso. O ministro das Relações
Exteriores austríaco, Werner Faymann, acusou
ontem a Grécia de se comportar como uma
“agência de viagens”.
— É inaceitável que a Grécia continue agindo
como uma agência de viagens e deixe passar todos os migrantes. A Grécia acolheu, no ano passado, 11 mil solicitantes de asilo, enquanto nós
recebemos 90 mil. Isto não pode ocorrer de novo — afirmou ao jornal austríaco “Österreich”.
A tensão entre os dois países aumentou desde
que a Áustria limitou, no último dia 19, o número de migrantes que podem ter acesso a seu território, medida que foi seguida por vários países
vizinhos e que provoca a concentração de refugiados na Grécia.
Na tentativa de unir o bloco, a chanceler federal
alemã, Angela Merkel, fez um apelo ontem por
mais ajuda da União Europeia ao governo grego para lidar com a crise migratória, de modo que o país
não fique “mergulhado no caos”.
— Não mantivemos a Grécia na zona do euro para abandoná-la agora. Essa não é a minha Europa
— afirmou a uma TV pública ARD.
Mas até mesmo seu país, que apresentava políticas mais estruturadas para lidar com a crise
migratória, vê o acirramento de rixas internas. O
Partido Social Democrata acusou ontem o mi-
Reformistas têm vantagem em eleição no Irã
AFP
Coligação já conta
com 123 de 290
cadeiras; linha-dura
obteve 106
-TEERÃ- Superando suas expectativas sobre as eleições para o Legislativo iraniano, a coligação entre reformistas e moderados,
chamada Lista da Esperança, recebeu apoio contundente da população. O resultado reflete principalmente o respaldo ao presidente, o pragmático Hassan Rouhani, responsável pelo histórico
acordo nuclear com grandes potências que livrou o Irã de mais
de cinco anos de sanções comerciais, e demonstra a insatisfação
com a linha-dura, representada
na figura do líder supremo da nação, aiatolá Ali Khamenei, considerada responsável pela estagnação econômica e política do país.
Com 90% dos votos dos 55 milhões de eleitores apurados até
ontem, os reformistas haviam
conquistado 79 cadeiras das 290
do Parlamento nacional, enquanto seus aliados independentes levaram 44. Isto apesar do
veto a mais de 90% dos candidatos reformistas e moderados pelo
Conselho dos Guardiões, órgão
de clérigos e juristas diretamente
ligado a Khamenei, que controla
Expectativa. Jornalistas conferem apuração no Ministério do Interior
os pleitos no Irã. Já a linha-dura
elegeu 106 candidatos.
O resultado mais surpreendente ocorreu na capital: a coalizão reformista-moderada
conquistou todos os 30 assentos destinados a Teerã, deixando de fora o principal líder
conservador, Gholam Ali Haddad-Adel, que perdeu o posto.
— Baseado na apuração até
agora, parece que a linha-dura
vai perder a maioria no Parlamento. Os reformistas ficaram
com pouco mais de 30%, enquanto os independentes superaram 20% — afirmou o professor Foad Izadi, da Faculdade de
Relações Internacionais da Universidade de Teerã. — Na capital, foi uma vitória arrasadora.
Foi além das expectativas.
RECORDE DE MULHERES ELEITAS
Nesta última legislatura, a linha-dura controlava 65% do
Majlis, como é chamado o Parlamento iraniano. Outra prova
da ruptura com os conservadores está no fato de que cerca de
20 mulheres foram eleitas, segundo resultados parciais, um
recorde no Irã. Entre elas está a
reformista Parvaneh Salahshouri, que disse em recente
entrevista que às mulheres deve
ser opcional o uso do hijab, o
véu que cobre a cabeça das muçulmanas. A questão é assunto
tabu na república islâmica.
Já na Assembleia de Especialistas, que tem entre as principais atribuições a eleição do líder supremo, o presidente Rouhani e o aliado-chave, o ex-presidente iraniano Akbar Hashemi
Rafsanjani, lideravam a votação.
Por outro lado, dois conservadores de destaque tiveram votações menores do que o previsto
por especialistas: Ahmad Jannati estava em 11º lugar, e o atual
presidente da assembleia, Mohammad Yazdi, em 15º. Já Mohammad-Taghi Mesbah-Yazdi,
um dos conservadores mais radicais, não deve ser reeleito.
— Chama a atenção ver que figuras-chave do sistema islâmico, como o aiatolá Mesbah, não
foram eleitos para a Assembleia
de Especialistas, e que um linhadura histórico como HaddadAdel fique de fora do Parlamento — observou Luciano Zaccara,
especialista em eleições iranianas da Universidade do Qatar.
Sem comentar o resultado, o
aiatolá Khamenei elogiou o alto comparecimento às urnas:
— Agradeço à determinada e
sábia nação do Irã. E espero
que o próximo Parlamento aja
com responsabilidade. l
TSVANGIRAYI MUKWAZHI/AP
MUGABE TEM FESTA DE US$ 800 MIL
O Presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, comemorou seu aniversário
de 92 anos em uma festa de quase US$ 800 mil, organizada por
apoiadores anteontem. A celebração, que ocorreu em Masvingo,
província devastada pela seca, foi duramente criticada por opositores.
Correção
A reportagem intitulada
“Encontro frio de conterrâneos
no Vaticano” não cita Cuba ao
listar os países visitados pelo
Papa Francisco na América
Latina. O Pontífice esteve no
arquipélago em setembro do
ano passado e este mês. l
18
l O GLOBO
Segunda-feira 29 .2 .2016
Sociedade
MEIO AMBIENTE
O ano do tubarão
_
Especialistas discutem recorde de 98 ataques contra humanos em 2015 no mundo
ATAQUES
REGISTRADOS
DESDE 1581
Nº DE CASOS
1
25
1º
1301
EUA
9º
8º
23
BAHAMAS
MÉXICO
50
10º
27
40
IRÃ
6º
102
PAPUA-NOVA
GUINÉ
4º
102
BRASIL
98 INCIDENTES EM 2015
EUA
59
Austrália
18
África do Sul
8
Ilhas Reunião
4
Ilhas Canárias
2
Galápagos
2
Locais com
um ataque:
2º
7º
3º
593
41
249
AUSTRÁLIA
ILHAS
MAURÍCIO
ÁFRICA
DO SUL
5º
50
NOVA ZELÂNDIA
Brasil, Egito,
Nova Caledônia
e Tailândia
WILLIAM HELAL FILHO
[email protected]
O americano Collin Cook, de 25 anos, estava sentado sobre sua prancha, boiando
enquanto esperava pela próxima onda na
praia de Left Overs, na ilha de Oahu, no
Havaí, quando foi puxado bruscamente
para debaixo d’água. Só entendeu o que
estava acontecendo quando, submerso,
viu um tubarão tigre de mais de três metros com a sua perna esquerda na boca,
carregando-o para o fundo. Desesperado,
socou diversas vezes o nariz do bicho até
ficar livre. Chegou à praia com a ajuda de
uma pessoa que estava por perto, foi socorrido e levado a um hospital. Collin
perdeu a perna, mas está vivo e bem.
O incidente no dia 9 de outubro foi um
dos 98 ataques “não provocados” de tubarão registrados em 2015 (ataque provocado seria quando um mergulhador, por
exemplo, é mordido ao interagir com um
animal). Trata-se do maior número na
História, segundo relatório do Arquivo Internacional de Ataques de Tubarão (Isaf,
na sigla em inglês), do Museu de História
Natural da Flórida, nos EUA. Com 30 ocorrências, a própria Flórida foi a região com
mais episódios. No Brasil, foi registrado
apenas o caso do turista paranaense que
perdeu a mão e parte do antebraço direito
ao ser mordido em Fernando de Noronha,
no último dia 27 de dezembro.
Ano após ano, o número de incidentes
no mundo pode variar bastante. Em 2014,
foram 72. Em 2013, 75. Com 88 casos, o
ano de 2000 foi o segundo com mais registros. Entretanto, de acordo com o cientista
George Burgess, curador do Isaf, que contabilizou ataques registrados desde 1581,
há uma curva crescente na frequência de
episódios nas últimas décadas. Isto não
significa, diz ele, que a população de tubarões está aumentando. O que cresce é o
número de Homo sapiens se aventurando
no mar, assim como o tempo que as pessoas passam em águas salgadas.
— A frequência de encontros entre humanos e tubarões está diretamente ligada à soma de tempo que as pessoas passam no mar ao redor do mundo. Uma
vez que a população humana continua
crescendo e que o interesse por atividades marinhas está em alta, temos que esperar um aumento no número de ataques — explica o cientista, que integra o
Programa de Pesquisas sobre Tubarão
do museu na Flórida.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Burgess também acha que as mudanças
climáticas podem estar contribuindo
para essa curva ascendente de “encontros” entre pessoas e tubarões.
— As mudanças climáticas estão causando um aquecimento das águas no
mundo. Como a maioria das espécies de
tubarão gosta de água quente, assim como as pessoas em geral, aumenta a possibilidade de incidentes — explica ele.
De acordo com o pesquisador, a elevação de temperatura das águas pode também causar o deslocamento de popula-
TUBARÕES MAIS
AGRESSIVOS
ções de tubarão. Espécies que
se concentram perto da Linha do
Equador, onde as águas são naturalmente quentes, podem “esticar”
seu habitat até áreas mais ao Sul ou ao
Norte. Um estudo de cientistas das universidades de Princeton, Yale e Arizona
publicado na última quarta-feira pelo
periódico “Nature Climate Change” já
mostra uma tendência migratória dos
peixes em geral em direção aos polos, seguindo o aquecimento dos mares.
Isto, diz o coordenador da Isaf, pode ser
uma notícia importante para os banhistas
no Estado do Rio, por exemplo. Hoje, o
Nordeste é a região brasileira com maior
frequência de ataques, com uma concentração em Recife, no Pernambuco, onde
tubarões das espécies tigre e cabeça-chata
fizeram dezenas de vítimas desde os anos
90. Seguindo a linha de raciocínio de Burgess, esses animais, que já são naturalmente encontrados no Sudeste, se tornarão mais comuns nessa região.
— Mas não há motivo nenhum para
pânico. Ataques de tubarão ainda são raros. Os grandes caçadores são mesmo os
humanos. A pesca predatória mata mais
de 30 milhões de tubarões todos os anos
— destaca George Burgess.
ATAQUES OCORREM ‘POR ENGANO’
Dos 98 ataques de 2015, seis resultaram
em morte das vítimas. O biólogo Marcelo
Szpilman, diretor-presidente do Aquário
Marinho do Rio (AquaRio), com inauguração prevista para este ano, explica que
90% dos casos ocorrem devido a erros de
identificação por parte do peixe, que confunde a pessoa com animais como focas e
tartarugas, suas vítimas preferenciais.
— Em alguns locais, como o Recife, a
água turva confunde ainda mais o tubarão, que pode morder uma pessoa por
engano e depois ir embora, ao perceber
que não é uma de suas presas preferidas
— comenta Szpilman.
Foi, provavelmente, o que aconteceu
com o surfista Mick Fanning, em julho do
ano passado. Durante a final de um campeonato mundial transmitida via internet
ao vivo de Jeffrey´s Bay, na África do Sul,
um tubarão branco mordeu a cordinha
que prendia a perna do australiano à
prancha. Os dois se embolaram, mas o
atleta se desvencilhou sem sofrer qualquer dano além de um susto inesquecível.
Apesar de a maioria dos episódios não
deixar mortos, cada fatalidade gera grande
repercussão. Os surfistas da Ilha Reunião,
território francês no Oceano Índico, ficaram perturbados com a morte de Elio Canestri, de 13 anos, promessa do esporte na
região, em maio de 2015. No Oeste da Austrália, depois de dois óbitos em anos seguidos, o governo abriu uma temporada
de caça, que matou 178 tubarões e só acabou devido a críticas de ambientalistas.
— A pesca predatória de tubarões causa desequilíbrio em todo o ecossistema
— critica Szpilman. — Em Recife, as autoridades reduziram muito a frequência
de ataques orientando a população sobre áreas que devem ser evitadas. l
‘Eles respeitam
tamanho e
força’, diz
pesquisador
BRANCO
BRANCO
6,1 M
Cientista dá conselhos
sobre o que uma pessoa
deve fazer durante ataque
TIGRE
3,7 M
CABEÇA-CHATA
3,4 M
Fonte: Arquivos Internacionais de Ataques de Tubarão (Isaf)
Editoria de Arte
AFP
Ao vivo. Ataque sofrido por Mick Fannig em campeonato foi transmitido via internet
Curador do Arquivo Internacional de Ataques de Tubarão
(Isaf, na sigla em inglês), o
americano George Burgess sabe o que alguém deve fazer se
for atacado. O primeiro recurso, diz ele, é bater no focinho
do animal, de preferência com
algum objeto duro. Isto pode
repelir a abordagem. Se o peixe
morder, Burgess sugere enfiar
o dedo num dos olhos ou nas
guelras da fera.
— Eles respeitam tamanho e
força. Então, ninguém deve ficar passivo durante um ataque
de tubarão — diz o especialista.
Em locais onde há maior
possibilidade de ataques, algumas precauções são importantes. Ficar em grupo na
água afasta o risco, uma vez
que os tubarões preferem vítimas solitárias. Evitar horários
em que os animais estão mais
ativos, como o fim de tarde e a
noite, também. E, quando estiver visitando uma praia pela
primeira vez, procure se informar sobre o assunto.
Não se deve fazer o que o
próprio Burgess fez durante
uma viagem às Bahamas. Ao
ver um grupo de pequenos tubarões-limão nadando em direção à praia e voltando para
o fundo repetidamente, ele
decidiu ficar no meio do caminho, com a água na altura
da sua cintura, só para ver o
que aconteceria. Foi quando
um amigo, de longe, gritou:
“Cuidado! Tem um grande nadando na sua direção”.
— Eu me apavorei, claro,
mas reagi rapidamente. Comecei a bater os braços violentamente na água, indo
para cima dele. O tubarão,
então, ficou assustado e deu
meia volta — conta o especialista, que, depois do susto,
aprendeu a lição. — Aprendi
que cientistas também cometem atitudes idiotas de
vez em quando. (W.H.F) l
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ESPORTES
OGLOBO
SEGUNDA-FEIRA 29.2.2016 2ª EDIÇÃO
oglobo.com.br
Rodada de ‘treinos’
Fernando Calazans PÁGINA 2
FABIANA MURER
AQUECIMENTO PARA
OS JOGOS
PÁGINA 6
FOTOS DE GUILHERME PINTO
ATUAÇÕES
aa VA S C O
Martín Silva 6.
Confiou demais. Saiu bem em chance
de Ribamar, mas errou ao fazer golpe de
vista no gol de falta de Emerson.
Madson 6.
Tímido. Foi menos à linha de fundo do que
o de costume.
Luan 7.
Tranquilo. Correto na defesa, deu bom
lançamento para Eder Luis no lance do gol.
Rodrigo 5,5.
Escapuliu. Quase entregou um gol para o
Botafogo em tentativa de recuo de cabeça.
Júlio César 6.
Sem brilho. Esteve mais preocupado em
evitar riscos na defesa.
Marcelo Mattos 6.
Missão. Boa partida na marcação. Foi
substituído no segundo tempo.
Bruno Gallo 5.
Deu a chance. Entrou para dar segurança
ao time, mas derrubou Salgueiro em posição
perigosa, que resultou no gol de falta.
Julio dos Santos 5,5.
Devendo. Pouco fez no primeiro tempo e
não voltou após o intervalo.
Eder Luis 6,5.
Garçom. Entrou e usou sua arma, a
velocidade pela lateral, para encontrar
Riascos livre para marcar.
Andrezinho 5,5.
Longe. Poderia ter chegado mais perto dos
atacantes para criar jogadas.
Nenê 6,5.
Coadjuvante. Muito marcado, não
conseguiu se destacar. No fim, com mais
espaço, tentou dribles e acertou um bonito
chute na trave.
Riascos 7,5.
Protagonista. Foi o homem mais perigoso
Certeiro. Emerson solta uma bomba e empata o clássico para o Botafogo a três minutos do fim do jogo. Os dois times já estão classificados para a segunda fase do Campeonato Carioca
e mereceu sair de campo com um gol. Antes,
quase marcou em chute colocado de fora da
área. Deixou o jogo com dores musculares.
EQUILÍBRIO
Thalles 6.
Força. Entrou e tentou dar seguimento às
Tudo igual
Já classificados para a segunda fase, Vasco e Botafogo
empatam em um jogo quase amistoso em São Januário
E
m um jogo para cumprir tabela, porque ambos já entraram
em campo classificados para
a segunda fase do Carioca,
Vasco e Botafogo fizeram um
clássico equilibrado, mas em
ritmo menos intenso que o
habitual. Mesmo sem precisar correr riscos, os times se
estudaram muito. Boas chances foram criadas, mas pararam nos goleiros ou em conclusões erradas. O “pacto de não-agressão” foi quebrado por um
elétrico Riascos, que correu, deu passes,
carrinhos na linha de fundo para evitar
saída de bola e foi o autor do gol do Vasco. Do outro lado, Emerson, de falta, fez
um golaço. O 1 a 1 foi o retrato fiel de um
jogo que nada valia.
O clima amistoso em campo e fora dele
teve o ponto alto quando a torcida do
Vasco gritou o nome de Ricardo Gomes,
técnico do Botafogo. Aliados e fiéis à Federação do Rio, as equipes não pouparam titulares para prestigiar o campeonato, mas nem por isso o jogo ganhou
mais emoção para o público no estádio.
Confusão, só antes de a bola rolar, do
lado de fora de São Januário. O policiamento deixou escapar torcedores alvinegros, que acabaram indo para o lado
da torcida do Vasco no entorno do estádio. Os alvinegros teriam começado a
provocação e o tumulto. A polícia interveio com spray de pimenta e bombas de
efeito moral.
RODRIGO SURPREENDE E JOGA
Reforçado por Rodrigo, que passou por
tratamento intensivo para ajudar na recuperação de uma luxação no ombro direito, e com a volta de Nenê, o Vasco teve
força máxima em sua casa. Do lado do
Botafogo, o técnico Ricardo Gomes preferiu manter a dupla de ataque Luis Henrique e Ribamar de início. Neilton só entra-
Vasco
1
Botafogo
1
Vasco: Martín Silva, Madson, Luan, Rodrigo e Júlio
César; Marcelo Mattos (Bruno Gallo), Julio dos Santos
(Eder Luis), Andrezinho e Nenê; Jorge Henrique e
Riascos (Thales).
Botafogo: Jefferson, Luís Ricardo, Carli, Emerson Santos e
Diogo Barbosa; Airton, Bruno Silva, Rodrigo Lindoso
(Lizio) e Gegê (Salgueiro); Ribamar e Luís Henrique
(Neílton).
Gols: No 2T, Riascos, aos 15, e Emerson, aos 42.
Juiz: Mauricio Machado Coelho Júnior.
Cartões: Rodrigo, Marcelo Mattos, Andrezinho, Bruno
Gallo, Luís Ricardo, Bruno Silva, Aírton.
Público pagante: 7.921 (8.869 presentes).
Renda: R$ 291.570,00.
Local: São Januário.
jogadas ofensivas.
Jorge Henrique 6.
Vibrou pouco. O atacante poderia ter
sido mais agressivo.
Jorginho 5,5.
Mediano. O Vasco não fez sua melhor
partida no ano. No segundo tempo, o time
teve a virtude de aproveitar as deficiências
do adversário para marcar, mas não
conseguiu segurar a vitória.
aa B OTA FO G O
Jefferson 6,5.
Tranquilo. Uma partida muito segura
apesar de ter tido um choque de cabeça e
levado cinco pontos.
Luis Ricardo 5,5.
Se segurou. Controlou as subidas para
evitar riscos na defesa.
Joel Carli 6,5.
Uma mudança de Jorginho mexeu
com o jogo e com o placar. O técnico trocou um apagado Julio dos Santos pelo
veloz Eder Luis. Aos 15, ele foi lançado
por Luan, chegou à linha de fundo e cruzou rasteiro para Riascos marcar. Dos
seis gols do colombiano, artilheiro do
Carioca ao lado de Fred, Eder deu passes para três.
Comemoração. Abraçado a Nenê, Riascos, autor do gol do Vasco, aponta para Eder Luiz (17)
ria no lugar de Luis após o intervalo.
O equilíbrio marcou o primeiro tempo
do jogo, no qual ambas as equipes tiveram chances de abrir o placar. Aos 15 minutos, Riascos, em jogada individual na
entrada da área, driblou dois marcadores
antes de cruzar para Jorge Henrique cabecear para fora.
Aos 18, Riascos e Jefferson se chocaram. Pior para o goleiro, que precisou
levar cinco pontos na cabeça (no intervalo) e passou a jogar com uma touca
de natação para proteger o local.
Nem tão sólida quanto a defesa do
Botafogo, a zaga do Vasco quase entregou o gol de bandeja aos 20. Luan cabeceou para trás, Rodrigo tentou dominar, falhou, e a bola sobrou nos pés de
Ribamar, dentro da área. Mas Martín
Silva saiu e evitou o gol alvinegro.
Aos 36, inspirado, Riascos, sempre com
muita garra, limpou Airton na jogada e
bateu colocado, de perna esquerda. A bola acabou indo para fora.
Na volta do intervalo, Gomes pôs em
campo a dupla de ataque com a qual chegou a treinar na sexta-feira. E Neilton, logo em sua primeira participação, aos três,
fez boa jogada pela esquerda, passou por
Luan e chutou para a defesa de Martín.
Com os seus três volantes e a melhor
defesa do campeonato, o Botafogo começava a ganhar espaços com cautela,
sem dar chances para os contra-ataques. Enquanto Nenê não conseguia a
brecha no meio para levar o time à frente, o Vasco procurava abrir o jogo pelas
laterais, sobretudo com Madson.
RIASCOS SAI DE MACA E COM DORES
O gol de Riascos melhorou o jogo. Gomes tirou Salgueiro do banco e foi para
cima com três atacantes. E o Vasco continuava a apostar na velocidade de Eder,
agora beneficiado pelo contra-ataque.
Mas quis o destino que Riascos, o motor
do time, saísse de campo de maca, reclamando de dores na coxa esquerda, esfriando a partida. Thalles o substituiu.
Com a entrada de Bruno Gallo no lugar de Marcelo Mattos, Jorginho quis
que o Vasco ficasse mais tempo com a
bola. Ao conseguir aumentar o domínio
e gastar o tempo, o time foi se aproximando novamente da área.
Nenê, que andava meio sumido, resolveu acordar e quase leva o Vasco a
ampliar em duas jogadas seguidas. Primeiro, aos 37, ele bateu falta e obrigou
Jefferson a espalmar para escanteio.
Dois minutos depois, recebeu de Thalles e acertou a trave com um belo chute
de primeira.
Mais pontaria teve Emerson, aos 42.
Depois de perder chances sucessivas
de ampliar o placar e caminhar tranquilo para o fim do jogo, o Vasco entregou ao alvinegro uma falta na entrada
da área. Emerson soltou a bomba e empatou. Martín fez golpe de vista. Mas só
a força de vontade não tira a bola. Bom
para o Botafogo, que manteve a invencibilidade. Bom para o Vasco, que também não perdeu. Agora, ambos só
aguardam a próxima fase. l
Seriedade. O argentino fez uma partida
segura, sem firulas e levou a melhor nas
bolas levantadas na área.
Emerson Santos 7,5.
Bomba. O jovem zagueiro fez boa partida
na zaga e, ainda por cima, empatou o jogo
com um golaço de falta.
Diogo Barbosa 4,5.
Vacilo. Deixou espaço para Eder Luis no
lance do gol vascaíno.
Airton 6,5.
Correto. Foi bem na marcação e boa opção
para a saída de bola.
Rodrigo Lindoso 5,5.
Altos e baixos. Alternou bons passes
com falhas na distribuição de jogadas.
Lizio 5.
Amuleto. Entrou em campo e pouco fez,
mas, ao menos, viu o time empatar.
Bruno Silva 5,5.
Sem sal. Não teve uma tarde inspirada,
mas quase deixou sua marca de cabeça.
Gegê 5.
Burocrático. Incapaz de organizar o
meio-campo alvinegro, foi substituído.
Salgueiro 6,5.
Estrela. Entrou e tentou melhorar o
meio-campo. Foi ele quem sofreu a falta que
resultou no gol de falta de Emerson.
Luis Henrique 5,5.
Apagado. Teve poucas oportunidades para
trabalhar a bola no ataque. Saiu no intervalo.
Neílton 5,5.
Arisco. Entrou e, com três minutos, criou
boa chance de gol. Mas ficou por aí e não
apareceu mais com perigo.
Ribamar 6.
Esforçado. Perdeu uma grande chance em
vacilada de Rodrigo. Faltou habilidade.
Ricardo Gomes 6.
Limitações. O time do Botafogo mostrou
muita dificuldade para criar jogadas no
meio-campo e chegar com qualidade no
ataque. Teve o mérito de acreditar no
empate até o fim.
aa A R B I T R AG E M
Passou despercebido. O juiz Mauricio
Machado Coelho Júnior teve uma tarde sem
problemas em São Januário.
l O GLOBO
2
l Esportes l
CAMPEONATO CARIOCA
[email protected]
FERNANDO
CALAZANS
|
2ª Edição Segunda-feira 29 .2 .2016
O outro Emerson
|
Hora de acertar os times
Nesta altura do campeonato, com muita
coisa já resolvida em relação à próxima fase
da competição, o que tivemos na rodada de
ontem foram alguns “treinos", envolvendo
três clubes grandes. No primeiro, ficou clara
a imensa superioridade do Flamengo sobre o
Resende, muito bem traduzida na goleada de
5 a 0. No segundo treino, já classificados,
Vasco e Botafogo mostraram equilíbrio,
representado também no empate de 1 a 1.
GOL CELEBRADO
Empate em cobrança de falta marca bom início de temporada de zagueiro de 20
anos formado na base alvinegra. Jovem é elogiado por goleiro adversário
GUILHERME PINTO
O
jogo com o Resende teve utilidade para o
Flamengo, porque contribuiu mais ainda
para a aclimatação de Cuéllar e Mancuello,
que estão dominando o meio de campo. Na frente,
os que se destacaram foram Emerson Sheik e, para
minha surpresa, Marcelo Cirino, ambos com dois
gols. Guerrero é que não consegue marcar. O jogo
se tornou mais fácil para o Flamengo, porque o primeiro gol de Sheik saiu antes de um minuto, e o segundo, de Cirino, logo aos cinco. Daí para a frente,
foi um desfile do time em Volta Redonda, com boas
atuações até de Gabriel, que entrou no segundo
tempo, no lugar de Mancuello. Contundido, Mancuello preocupou os companheiros e a torcida.
Vasco e Botafogo só fizeram bom jogo (ou bom
treino) no segundo tempo. O primeiro foi equilibradíssimo e sem graça, chegando até a apresentar
jogadas violentas de um lado e de outro. E sem necessidade nenhuma, porque já estavam os dois
classificadíssimos para a próxima fase, como os times de melhor campanha, ambos invictos.
No Vasco, um dos destaques foi o atacante Riascos, autor do gol, mostrando que está subindo de
produção e se firmando como titular. Emendou para o gol um passe da direita, de Eder Luis, que entrara no lugar de Julio dos Santos. Por outro lado,
Nenê é que não mostrou a categoria e a criatividade de outros jogos. Mesmo assim, o Vasco foi um
pouco superior no segundo tempo e só não manteve a vitória porque o jovem zagueiro Emerson, do
Botafogo, bateu uma falta de forma magistral, nos
minutos finais, sem defesa para Martín Silva. Os
dois times, assim com o Flamengo, ainda terão que
treinar muito até o início do Brasileirão.
_
A saga dos técnicos
Cristóvão Borges, Ricardo Drubscky, Enderson
Moreira, Eduardo Baptista... e... Qual será o próximo técnico do Fluminense? Os quatro citados não
passaram pelo clube em oito ou dez anos. Não. Foi
de 2015 para cá, ou seja, em um ano, quatro treinadores. E agora? Era o Cuca. Será o Levir Culpi?
Não tenho regras particulares para julgar se o técnico deve ser mantido ou demitido. Não sou a favor
da demissão intempestiva dos treinadores, decidida apenas pelos resultados recentes, nem sou a favor da permanência obrigatória de um deles por
dez anos. Não estou entre os que, por demagogia
ou não, acham simplesmente que não se pode demitir o técnico. Em resumo, no fim das contas: cada
caso é um caso.
É lógico também que não se pode construir um
time de futebol trocando de treinador de dois em
dois meses. Nem mesmo de seis em seis meses. E é
assim que os clubes cariocas estão se comportando, não só o Fluminense. O que ocorre é que este,
com a atual diretoria, tem se tornado um especialista, uma espécie de exemplo para os outros. Mau
exemplo.
O que pode acontecer de bom, no caso tricolor, é
que os técnicos cogitados depois da recente saída
de Eduardo Baptista são reconhecidamente bons,
estudiosos, atualizados, com trabalhos excelentes
por onde passaram. Cuca e Levir Culpi. O primeiro
chega a ser obsessivo na busca ingrata da perfeição. Passa os jogos caminhando de um lado para o
outro e roendo as unhas. O outro, Culpi, é mais sereno, mas também tenta seguir os caminhos do que
se chama de “futebol moderno”
Com a hipótese de acertar com Cuca afastada, os
olhos da diretoria estão cravados em Levir Culpi, o
que pode ser benéfico não só para o Fluminense
como para o futebol carioca.
Qualquer que seja o técnico, neste ou naquele
clube, o importante é que os dois, clube e técnico,
tenham um objetivo predeterminado para executarem juntos o trabalho. O Fluminense começa tudo de novo, mais uma vez, em meio ao Campeonato do Rio e a dois meses do Campeonato Brasileiro.
_
Clubes calados
O presidente do Flamengo, Bandeira de Mello, tem
razão ao comentar a proibição pela Ferj e pela CBF
de que o clube mande seus jogos em Brasília, no
Estádio Mané Garrincha. “Pelo estatuto, a Ferj tem
direito de tudo” — disse ele. “O único direito do
Flamengo é obedecer e permanecer calado”.
E é mesmo o que acontece no futebol brasileiro:
as federações e a CBF ganhando dinheiro às custas
dos clubes, e estes, infelizmente, divididos na hora
de assumir o comando no nosso futebol. l
Disputa. Airton levanta o pé para ganhar a bola em dividida com Jorge Henrique. O volante levou o terceiro cartão amarelo e está suspenso contra o Boavista
O Botafogo tem dois zagueiros
com o mesmo nome: Emerson
(e os dois com sobrenome Santos). Um deles tem 32 anos,
passagem por Flamengo, Atlético-MG, Coritiba e Avaí. O outro é um jovem de 20 anos com
apenas dez partidas entre os
profissionais. Apesar de pouca
experiência, é o segundo
Emerson que tem sido titular
do alvinegro neste início do
ano e, de quebra, saiu de campo ontem como estrela da partida, com o gol de empate no
fim em forte cobrança de falta.
Tímido, o jogador mostrou
um sincero sorriso quando um
repórter de campo avisou que
o goleiro adversário, Martín
Silva, da seleção uruguaia, disse que a cobrança era indefen-
sável e parabenizou o zagueiro. A bola foi no ângulo superior esquerdo do goleiro, que
nem levantou o braço.
— Fico feliz. Acertar essa bela cobrança foi fruto de um trabalho. Antes de subir para os
profissionais, eu batia faltas e
tenho alguns gols na carreira
— acrescentou o zagueiro, revelado na base com Luís Henrique e Ribamar.
Logo depois de marcar, o Botafogo teve mais uma chance
de cobrar falta próximo à área.
Embora Salgueiro também seja um especialista e o lance
fosse frontal ao gol de Martín
Silva, Emerson mais uma vez
partiu para o chute. Dessa vez,
mandou em cima da barreira.
No fim, ele reconheceu que
ainda não ganhou a condição
de cobrador oficial.
— Aí, a gente vai com calma.
Eu venho trabalhando, mas
outros jogadores também treinam, como o Gegê — disse
Emerson, citando o meia que
já havia deixado o campo.
RICARDO GOMES É HOMENAGEADO
Capitão e jogador mais experiente do time, Jefferson também elogiou o companheiro.
— Foi um belo chute, tanto que
o Martín Silva achou que a bola
ia para fora. Tem que estar bem
posicionado, mas não dava para
pegar — avaliou o goleiro, que
gostou do resultado. — Foi justo
pelo o que as duas equipes demonstraram. Fomos coroados
com um belo gol.
Jefferson ainda revelou que,
após o choque com Riascos, ficou desorientado em alguns
momentos:
— Fiquei meio zonzo no
meio da partida, mas valeu a
pena. Tive virose no meio da
semana, tomei essa porrada,
mas consegui superar.
O clássico também reservou
momentos emocionantes a Ricardo Gomes que, quando o
primeiro tempo terminou, foi
homenageado pelos torcedores vascaínos. O técnico ficou
emocionado ao ouvir seu nome gritado e acenou de volta
para as arquibancadas.
Contra o Boavista, no domingo, o treinador não vai
contar com Airton, que recebeu o terceiro amarelo. l
Balanço positivo do primeiro turno no Vasco
ALEXANDRE CASSIANO
Martín Silva ressalta
campanha e já pensa
na próxima fase
da competição
Do jeito que terminou, sofrendo um golaço de falta no
fim do jogo, o empate pode ter
tido um gosto amargo para o
Vasco. Mas parte dos jogadores, como o goleiro Martín Silva, preferiram fazer um balanço positivo da primeira fase do Carioca, da qual saem,
até agora, invictos.
Na última rodada, contra o
Bonsucesso, o técnico Jorginho deverá poupar titulares e
ainda assim são imensas as
chances de o Vasco terminar a
fase invicto. Em um ano de recuperação, porque terão que
enfrentar a Série B do Brasileiro, os jogadores sabem que cada detalhe positivo trará mais
confiança.
— No geral o time foi bem,
mas agora temos que pensar
na próxima fase — declarou o
goleiro Martín Silva.
BOA IMPRESSÃO NOS CLÁSSICOS
Se o nível do Carioca não pode
ser parâmetro para o vasco testar seu elenco, ao menos fica a
boa impressão do time diante
dos grandes. Nos clássicos, con-
Dividida. Riascos disputa a bola com o goleiro Jefferson, que sai aos pés do atacante para evitar gol do Vasco
tra Flamengo e Botafogo, foram
uma vitória e um empate.
Sobre o jogo de ontem, os comentários dos jogadores foram variados. Entre o lamento
e a certeza de terem feito bom
trabalho, os jogadores mostraram opiniões distintas.
— Foi um empate com sabor
de derrota. O jogador deles
(Emerson) foi feliz na cobrança — lamentou Madson.
— Mandamos no jogo, tivemos mais oportunidades. O
Martín foi espectador — concluiu Júlio César. — Eles só tiveram a felicidade de fazer um
gol de falta indefensável.
Martín concordou com Madson e confessou que achava
que Emerson não seria tão certeiro na cobrança.
— No momento, achei que ia
para fora, mas entrou em um
lugar impossível de pegar. Só
tenho que parabenizar o
Emerson. Foi um golaço — reconheceu o goleiro.
A mesma felicidade que
Emerson teve, Nenê lamentou
não ter tido ontem.
— Aquela minha bola (na trave) poderia ter entrado, mas infelizmente não entrou. E ele teve uma felicidade incrível, um
baita gol — disse o camisa 10. l
l Esportes l
Segunda-feira 29 .2 .2016 2ª Edição
O GLOBO
l 3
CAMPEONATO CARIOCA
Goleada
GILVAN DE SOUZA/FLAMENGO
COM
SOBRAS
ATUAÇÕES
aa F L A M E N G O
Paulo Victor 6,5.
Espectador. Uma ótima defesa quando o
jogo já estava 4 a 0.
Rodinei 7.
Ofensivo. Sempre boa opção ofensiva.
Wallace 6.
Seguro. Não comprometeu.
Juan 6,5.
Na cobertura. Evitou um gol do Resende
na etapa final. No mais, se impôs.
Jorge 7.
Milimétrico. Ótimo lançamento para o gol
de Gabriel e passe preciso para Emerson
fazer o quinto.
Cuéllar 6,5.
O regresso. Após cumprir suspensão,
protegeu bem a defesa.
Flamengo vence Resende por 5 a 0 com
dois passes de Mancuello para gol. O meia
deixou o campo com dores no joelho
direito. Já Guerrero passou em branco
-VOLTA REDONDA- Guerrero afirmou
estar feliz com a possibilidade
de criar jogadas para os companheiros marcarem. Ontem,
no entanto, o peruano não
conseguiu esconder a frustração por não conseguir deixar
sua marca na goleada por 5 a 0
sobre o Resende, no Raulino
de Oliveira. Com dois gols cada, Emerson Sheik e Marcelo
Cirino foram os destaques do
jogo, que garantiu a presença
do rubro-negro na segunda fase. Gabriel completou.
— Todo jogador precisa de
confiança. Tanto de autoconfiança como da confiança dos
treinadores, dos companheiros. Graças a Deus isso vem
acontecendo comigo — disse
Marcelo Cirino.
Quem esperava uma adversário frágil acertou em cheio.
O Resende nunca chegou a
assustar o time de Muricy Ramalho. Logo aos 48 segundos,
o Flamengo abriu o placar
quando Sheik desviou para o
gol cobrança de escanteio batido por Mancuello. No meio
do caminho, o volante Willian
Arão deu um leve toque que
atrapalhou a defesa.
Não demorou para que o segundo gol chegasse, o que
aconteceu aos cinco minutos.
Mancuello virou o jogo com
categoria e encontrou Cirino
entrando na área. O atacante
limpou um zagueiro antes de
chutar cruzado e fazer 2 a 0.
O resultado esfriou a partida. Se o Resende continuava
sem força para fazer frente, a
equipe rubro-negra passou a
achar o jogo ganho. Aos 25,
após cabeçada de Guerrero,
Marcelo Cirino chegou com
boas chances de marcar, mas
mandou a bola nas mãos do
goleiro Arthur Barroso.
Com o jogo controlado, más
notícias para o Flamengo só
poderiam acontecer na parte
médica. E elas vieram em dobro. Aos 38, após pancada,
Mancuello deixou o campo
com dores no joelho direito.
Com cinco minutos em campo, o substituto Everton já colocava a mão na coxa esquerda. Após o intervalo, ele saiu
para dar lugar a Gabriel.
A entrada de Gabriel animou
Willian Arão 7.
Coadjuvante. Desvio providencial
para o primeiro gol, algumas idas
ao ataque e a segurança de sempre
na marcação.
Mancuello 7,5.
A grande aposta. Participou dos
dois primeiros gols e das principais jogadas
de ataque na etapa inicial, mas saiu
lesionado.
Everton Sem nota.
Resende
Flamengo
Azar. Entrou em seu lugar, mas se
contundiu e jogou apenas sete minutos.
5 0
Gabriel 7.
Certeiro. Substituiu Everton e deixou sua
marca ao fazer um belo gol.
Marcelo Cirino 8.
Flamengo: Paulo Victor, Rodinei, Wallace,
Oscar do jogo. Dois gols e dor de cabeça
constante à zaga adversária.
Juan e Jorge; Cuéllar, Willian Arão e
Mancuello (Everton e, depois, Gabriel);
Marcelo Cirino (Felipe Vizeu), Guerrero e
Emerson Sheik.
Resende: Arthur; Muriel, Lucas Varone,
Thiago Sales e Kim; Léo Silva, Gustavo
Moura, Robinho e Marcel (Jeff Silva);
Wandinho (Jefferson Silva) e Enrique Borja
(Jorge Báez).
Gols: 1T: Sheik, no 1º minuto, e Marcelo
Cirino, aos 5; 2T: Marcelo Cirino, aos 6,
Gabriel, aos 7, e Sheik, aos 38.
Cartões: Guerrero e Jeff Silva
Juiz: Luis Antônio Silva Santos.
Público pagante: 7.605 (9.105 presentes).
Renda: R$ 188.760,00.
Local: Raulino de Oliveira, em Volta
Redonda.
Felipe Vizeu Sem nota.
Pouco tempo. Entrou no fim.
Guerrero 7,5.
De calcanhar. Brilhou como garçom.
Emerson 7,5.
O oportunista. Muito bem colocado ao
abrir e fechar o placar.
Muricy Ramalho 8.
Fácil. Seu time dominou o jogo, mas estava
diante de um adversário fraco.
aa R ES E N D E
um time que levava a partida
com excesso de tranquilidade.
Aos 3, ele tabelou com Willian
Arão para aparecer na cara do
gol, mas recebeu em impedimento. Dois minutos depois,
Guerrero deu ótimo passe de
calcanhar para Cirino. Ele
aproveitou e marcou o seu segundo gol. No minuto seguinte, foi Jorge quem deu ótimo
passe. Gabriel ampliou.
Aos 35, Emerson saiu na cara do gol. Ele tinha Guerrero
ao seu lado, mas tentou resolver sozinho e chutou em cima do goleiro. Aos 38, em nova boa jogada de Jorge, Emerson Sheik encerrou a goleada. Na comemoração, Guerrero equilibrou a bola com a
cabeça e foi repreendido por
Jeff Silva. Os dois receberam
amarelo.
PRESIDENTE RECLAMA DE CBF
O técnico Muricy Ramalho ficou satisfeito com o resultado. E elogiou, especialmente,
a atuação de Cirino.
— É jogador que eu já queria quando eu estava no São
Paulo. Tínhamos interesse,
mas o Flamengo chegou na
frente — afirmou o treinador.
— Ele tem muita velocidade e,
quando está concentrado, é
muito difícil de ser parado.
Ele e o Sheik têm que usar o
que têm de melhor, essa velocidade pelos lados. É importante ele entender isso.
Muricy gostou também de
Cuellar.
Esforçado. Numa equipe limitada, Arthur
ainda evitou placar mais elástico, ao fazer
ótima defesa em chute de Emerson.
aa A R B I T R AG E M
Correto. Luis Antonio Silva dos Santos
Destaque. Cirino sai com a bola após disputar a bola com jogador do Resende. O atacante marcou dois gols na vitória
GOL DA RODADA
Marcelo
Cirino
Arthur
Barroso
Mancuello
— Ele vem se adaptando pouco a pouco, num ambiente muito bom. Já o Mancuello enxerga
muito bem o jogo, deu passe
lindo para o Cirino. Infelizmente, ele teve essa lesão. Mas são
coisas do futebol.
Já o presidente Eduardo Bandeira de Mello classificou como “maliciosa” e “grosseira” a
acusação do secretário-geral
CBF, Walter Feldman, de que o
clube tenta uma “canetada”
para mudar a sede do clube no
Brasileiro para Brasília. A declaração do dirigente da CBF
foi feita em debate na Rádio
CBN, ontem. Na sexta-feira, a
confederação informou ao rubro-negro que o pedido de ter
6/3
P
J
V
E
D GP GC
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
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GRUPO B
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2 9 8
2 12 12
2 7 10
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6 5 19
Vasco
Boavista
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Fluminense
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Portuguesa
Resende
Macaé
Botafogo
Flamengo
América
Madureira
Friburguense
Volta Redonda
Tigres*
Bonsucesso*
OS ARTILHEIROS
OITAVA RODADA
GRUPO A
(*) Perderam 3 pontos por escalação irregular de jogadores
P - Pontos ganhos; J - Jogos; V - Vitórias; E - Empates;
D - Derrotas; GP - Gols pró; GC - Gols contra; N - Não jogou
15 5
13 6
12 8
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8 10
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5 11
4 8
ÚLTIMOS JOGOS
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ÚLTIMOS JOGOS
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D
17:00
Fluminense
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Boavista
Flamengo
Friburguense
Volta Redonda
Bonsucesso
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x
x
x
x
x
x
América
Tigres
Madureira
Botafogo
Bangu
Portuguesa
Cabofriense
Vasco
SÉTIMA RODADA
SÁBADO
Bangu
Cabofriense
1 x 1 Madureira
2 x 0 Tigres
Bonsucesso
Portuguesa
Flamengo
Vasco
1x2
0x1
5x0
1x1
6 gols Fred (Flu) e Riascos (Vasco)
5 gols Almir (Bangu) e Tiago Amaral
(Volta Redonda)
4 gols Nenê (Vasco), João Carlos (Madureira), Leandro Aguiar (América) e
Rômulo (Friburguense)
3 gols Willian Arão, Emerson, Marcelo
Cirino e Guerrero (Fla), Matheus
Paraná, Leandrão (Boavista),
Pipico (Macaé) e Rafael Paty
(Portuguesa )
ONTEM
Boavista
América
Resende
Botafogo
HOJE
19:30
Volta Redonda
x
Macaé
Friburguense
x
Fluminense
QUARTA
21:45
Pela esquerda do
ataque, Emerson Sheik
recua a bola para
Mancuello. O argentino
vira o jogo e encontra
Marcelo Cirino entrando
na área pelo lado direito.
O atacante corta para o
pé esquerdo para sair
da marcação do
zagueiro Lucas Varone e
chuta cruzado. O goleiro
Arthur Barroso ainda
toca na bola, mas não
evita o segundo gol
rubro-negro sobre o
Resende.
Marcelo
Cirino
Campeonato Carioca - Primeira fase
CLASSIFICAÇÃO
não interferiu no resultado da partida.
Regulamento: O Carioca é dividido em quatro fases. Os quatro
melhores de cada grupo da 1º fase formam o grupo C e disputam a
Taça GB. Quem ganhar vai para as semifinais com os outros três
melhores desta fase. Os dois classificados decidem o Estadual.
6
gols
Riascos,
Vasco
uma sede alternativa ao Rio,
feito em novembro passada,
não seria aceito.
— O Flamengo não quer passar por cima dos diretos dos
clubes visitantes. Muito menos
através de uma canetada, que
aliás eu considero um termo
grosseiro, mas grosseria é algo
com que eu venho tentando
me acostumar — disse. — Essa
história toda de direito dos
clubes visitantes e “regulamento geral de competições"
nada mais é do que uma tentativa de esconder o fato de que a
CBF, nesse caso, agiu por determinação da Federação do
Rio de Janeiro. Eu espero que
seja só nesse caso. l
OUTROS ESTADUAIS
Palmeiras perde em casa de
time sensação do Paulista
-SÃO PAULO- A Ferroviária, sensação do Campeonato Paulista e
líder do grupo C, o mesmo do
São Paulo, aprontou para cima
do Palmeiras. Com gol de Rafinha no último minuto, o time
de Araraquara venceu fora de
casa por 2 a 1. A torcida do Verdão vaiou seus jogadores ao final da partida. Os outros gols
foram de Fernando Gabriel e,
para o Palmeiras, Cristaldo.
Em Minas Gerais, o clássico
de ontem terminou empatado.
Arrascaeta abriu o placar para
o Cruzeiro no Mineirão, mas
Bryan acertou uma bomba de
longe e empatou para o Améri-
ca com um golaço, aos 46 minutos do segundo tempo. O líder do campeonato é o Uberlândia, que venceu o Guarani
por 2 a 0 e chegou a 12 pontos
em cinco jogos. Em segundo
lugar está o Cruzeiro, com 11.
O Atlético-MG, de Robinho,
que perdeu no sábado para a
URT por 1 a 0, é o terceiro, com
10, mesma pontuação do quarto colocado, o América.
No Gaúcho, o Internacional
venceu o Juventude, em Caxias
do Sul: 1 a 0. O Grêmio tinha
feito 4 a 2 no Glória no sábado.
O líder é o São José, que empatou com o Aimoré por 1 a 1. l
4
l O GLOBO
l Esportes l
Segunda-feira 29 .2 .2016
CAMPEONATO CARIOCA
Artilharia
CEZAR LOUREIRO/10-2-2015
FOGO
AMIGO
Presidente do conselho fiscal do Flu diz que Peter
Siemsen sabia do estouro no orçamento. Novo
diretor de futebol chega ao clube na quarta-feira
GIAN AMATO
[email protected]
TATIANA FURTADO
[email protected]
A repercussão de uma entrevista do
presidente do Fluminense, Peter Siemsen, ao blog Panorama Esportivo, do
GLOBO, revelou como os bastidores
das Laranjeiras estão conturbados devido aos problemas em campo e após a
demissão do vice de futebol, Mário Bittencourt. Ontem, vazou na internet
uma gravação com críticas a Peter feitas pelo presidente do conselho fiscal
do tricolor, Pedro Abad.
Na tentativa de rebater a nota publicada pelo blog na última sexta-feira, na
qual Peter afirma que encontrou o orçamento do departamento de futebol
estourado após demitir o vice, Abad
acaba criticando a gestão e diz que a
culpa, na maior parte, é de Peter, que
teria travado a venda do zagueiro Gum
e antecipado o pagamento de dívidas.
— Claro que o Peter sabia. O problema é que a montagem do elenco foi feita de maneira equivocada, e eu diria aí
que tem 70% de culpa do próprio Peter
— disse Abad, revelando que o presidente teria impedido a saída de Gum e
Osvaldo, o que aliviaria a folha salarial:
— A ideia era que Gum e Osvaldo fossem embora para poder fechar com
Henrique, Richarlison e Diego Souza,
além de tentar tirar Jonathan e Magno
Alves. O problema é que a gente trouxe
os jogadores antes de se desfazer. Não
conseguimos nos desfazer, em parte
por culpa do Peter, que travou a negociação do Gum. E equacionamos despesas com Martinuccio e Walter, para pagar em dois anos, e ele resolveu antecipar o pagamento. Por isso, estamos nisso aí. Tem mais responsabilidade do
Peter no gasto do que do Mário.
A reportagem tentou contato com Pedro Abad e Peter Siemsen, mas eles não
responderam. Em entrevista à Rádio
Globo, o presidente diz ter tomado co-
Polêmica. Peter Siemsen gesticula em entrevista: presidente do Fluminense é criticado por dizer que encontrou o orçamento estourado
“Tem mais
responsabilidade
do Peter no gasto
do que do Mário”
Pedro Abad
Presidente do conselho fiscal
do Fluminense
nhecimento do áudio, publicado na página do MR21 - Movimento de Renovação 21 de Julho, no Facebook:
— Política de clube é assim. Dependendo da pergunta, do ambiente, cada
um fala uma coisa uma hora e procura
agradar um ao outro. Isso é normal.
Peter admitiu, ainda, como já havia feito, o problema em relação ao
patrocinador pr incipal, que tem
atrasado os pagamentos. E adiantou
que está em busca de uma nova empresa para patrocinar o time.
Ontem, o Fluminense anunciou a
contratação de Jorge Macedo como novo diretor de futebol. O dirigente chegará ao clube na quarta-feira para definir, com Peter, o substituto do técnico
Eduardo Baptista, demitido na última
quinta-feira.
Macedo já havia trabalhado no clube.
Entre janeiro e outubro de 2011, quando esteve à frente do cargo de coordenador técnico das categorias de base. À
época, trabalhou com Fernando Simone, quem agora vai substituir.
Levir Culpi permanece como principal opção, mas as partes ainda negociam. Um dos preferidos é Cuca, porém,
teria de aceitar baixar o alto salário —
na China, a sua comissão técnica ganhava R$ 1 milhão. O treinador tem
dinheiro a receber do Shandong Luneng. Se ele assinar contrato com algum outro clube, teria que abrir mão
desses valor. l
OLI SCARFF/AFP
1
Imagens do fim de semana
1. Guarde esse nome. Marcus Rashford
cabeceia para marcar seu segundo gol na
vitória do Manchester United sobre o Arsenal
por 3 a 2 , ontem, pelo Campeonato Inglês. O
jogador, de apenas 18 anos, fez sua segunda
partida pelo time do coração.
JOSEP LAGO/AFP
2
2. Para variar. Piqué faz o segundo gol na
vitória do Barcelona sobre o Sevilla por 2 a 1,
ontem, no Camp Nou, pelo Espanhol. O primeiro
gol do time catalão foi de Messi, que deu início
à jogada do gol do zagueiro. Mais de 79 mil
torcedores lotaram o estádio.
3. Teve até voo. Ibrahimovic
sofre falta dura ao disputar a bola
com Maxwel Cornet, do Reims. O
sueco marcou dois gols e deu o
passe para os outros dois na
goleada do PSG por 4 a 1.
LAURENT CIPRIANI/AP
3
l Esportes l
Segunda-feira 29 .2 .2016 2ª Edição
O GLOBO
MMA
l 5
BASQUETE
UFC em Londres
Flamengo se
classifica na
Liga das
Américas
SOA O GONGO
Derrotado por Michael Bisping em luta polêmica, após um ano suspenso por doping, Anderson Silva
trava agora batalha contra o tempo. A idade e a falta de ritmo são obstáculos para voltar ao topo
repertório que sempre foi a marca dele.
Após um ano de geladeira pelo doping e de outro em recuperação por ter
a perna partida ao meio, o quarentão
Anderson não tem o mesmo reflexo.
— Anderson parecia sem poder de
ação e reação — comentou Rodrigo Babi, preparador físico dos irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro.
Anderson sempre dependeu do reflexo e dos contragolpes. Quase de forma
intuitiva, ele sabia para que lado pendular o corpo e a cabeça na hora de escapar dos adversários. E revidava com
contra-ataques que lançava de todos os
ângulos. De tão ágil, era comparado a
uma aranha. Contra Bisping,
o Aranha deu sinais de
que a idade e a falta de
ação nos últimos três
anos pesaram.
O tempo longe do octógono e os 41
anos que completará em abril não podem ser subestimados. Se Anderson tivesse enfrentado, anteontem, um atleta
top e explosivo como Vitor Belfort a coisa teria ficado feia para ele. O UFC quase
casou essa luta, em vez de Bisping.
Anderson precisa derrotar ao menos
três atletas medíocres, ainda mais medíocres do que Bisping, se quiser voltar
ao ritmo de luta que o faça ser competitivo contra os melhores do peso-médio
(84kg). Isso demoraria ao menos um
ano. Aí ele beiraria os 42. Técnica, genialidade, experiência e até mesmo condicionamento físico não lhe faltam.
Mas a idade e o tempo correm contra
ele. E o marasmo de ter vencido tudo no passado pode ser maior do
que o entusiasmo de querer ser
campeão de novo. l
Ataque.
Anderson
atinge Bisping
com cruzado
de direita
VÔLEI
Rio conquista
Sul-Americano
sem perder set
/AF
P
-LA PLATA, ARGENTINA- O RexonaAdes/Rio de Janeiro, do técnico Bernardinho, tornou-se
ontem campeão sul-americano feminino de vôlei, ao
superar o San Martin, do Peru, por 3 a 0 (25/16, 25/22 e
25/17). A decisão foi em La
Plata, na Argentina.
Campeã do continente pela terceira vez, a equipe teve
campanha irrepreensível,
sem perder um set sequer. A
vitória na final garantiu vaga
no Mundial de Clubes.
— Estivemos abaixo do
que podemos. Estou feliz
pelo título, mas insatisfeito
com nossa atuação — reclamou Bernardinho, exigente
como sempre, ao analisar o
time na decisão. l
E'N
Anderson Silva pensou ter nocauteado
Michael Bisping na luta principal do
UFC em Londres, mas o relógio não o
ajudou. A buzina que marcava o fim do
terceiro round tocou no exato instante
em que a joelhada atingiu o rosto do rival. O Spider comemorou cedo demais
uma vitória que lhe escapou na decisão
unânime dos juízes, ao final de cinco
assaltos de uma luta equilibrada.
O brasileiro machucou mais e mostrou ser bem superior ao inglês, mas
mesmo assim perdeu. Apesar da polêmica em torno da decisão dos juízes,
o resultado, do qual o presidente do UFC, Dana White, discordou, foi merecido.
Anderson parecia querer
lutar só um minuto em cada round para ferir o oponente. E feriu bastante. Ele
mostrava ser mais técnico e
contundente do que Bisping,
mas depois se limitava a evitar
os ataques do inglês, com muita
firula e pouca ação.
Salvo pelo gongo, Bisping
venceu pela insistência,
ao não parar de atacar e
ao acertar mais golpes,
mesmo sem muito impacto. Ele venceu o primeiro e o segundo
rounds; Anderson, o terceiro e o quinto. O quarto
decidiu a luta a favor do inglês. Bisping ganhou o combate de raspão, na opinião dos
juízes e da maioria dos críticos.
— No momento em que o
round foi encerrado, Bisping não
estava inconsciente. Ele estava caído e machucado, mas estava olhando para Anderson em postura defensiva e, vendo isso, eu não poderia parar a luta. Se, ao invés de comemorar, Anderson tivesse continuado a atacar, aí sim, seria uma
outra história. Mas ele estava
festejando quando o gongo
soou, e só ali o round acabou — disse o árbitro
Herb Dean ao “Combate.com” sobre a
joelhada que quase virou nocaute.
Seria justo Anderson ter vencido o
terceiro round por 10 x 8, afinal ele praticamente nocauteou Bisping. Os dois
pontos de diferença levariam o resultado final a um empate (nos pontos, deu
Bisping por 48 a 47). Mas também seria
justa, como foi, a vitória do inglês. Anderson chegou a falar em “corrupção
total”, comentário lamentável para
quem foi flagrado em exame antidoping de surpresa no ano passado.
O que está claro é que Anderson, hoje,
é apenas uma sombra do que foi num
passado remoto. O Spider de 2012 usaria a esquiva do boxe e a ginga da capoeira para evitar a maioria dos 108 golpes
significativos que o atingiram no
confronto contra Bisping. E responderia com cotoveladas, joelhadas, jabs e diretos, um vasto
HA
LL
[email protected]
NIK
LA
S
GUGA NOBLAT
Não foi
do jeito que queria, mas o
Flamengo garantiu, ontem, a
classificação para o Final
Four da Liga das Américas na
primeira colocação do Grupo F. Isso porque o rubro-negro perdeu para o Guaros de
Lara, da Venezuela, por 92 a
87, na última rodada da primeira fase do torneio. JP Batista, do Flamengo, foi o cestinha, com 21 pontos.
Com o resultado, Flamengo, Guaros e Brasília terminaram empatados, com cinco pontos. No critério de desempate (saldo de cestas em
jogos entre as três equipes),
o rubro-negro levou a melhor, seguido pelo Guaros. O
Brasília acabou eliminado.
As semifinais do Final
Four serão disputadas no
dia 11 de março. O Flamengo pega o Bauru, e o Guaros
enfrenta o Mogi. A final será
no dia 12. l
-BARQUISIMETO, VENEZUELA-
INTERNACIONAL
City vence Liverpool e fica com Copa da Liga
BEN STANSALL/AFP
Brasileiros marcam
durante jogo, mas
perdem na decisão por
pênaltis em Wembley
-LONDRES- Não faltaram emoção, bolas na trave, gols feitos
e pênaltis perdidos por brasileiros na final da Copa da Liga
Inglesa. Ontem, em Wembley,
o goleiro argentino Willy Caballero, que pouco fora exigido no tempo normal e na
prorrogação, brilhou nas disputas de pênaltis, com três
defesas, e deu o título ao Manchester City, por 3 a 1, após
empate em 1 a 1 com o Liverpool no tempo normal.
— Para mim é incrível. Foi
uma semana difícil para mim,
mas agora temos o troféu. É
fantástico para nossa torcida
— festejou o herói do jogo.
Fernandinho, do Manchester City, e Philippe Coutinho, do Liverpool, marcaram os gols no tempo normal. Mas, nas cobranças, os
dois brasileiros perderam
pênalti. Caballero também
pegou as cobranças de Lucas
Neiva e de Lallana.
O primeiro tempo teve poucas oportunidades de gol. Na
melhor chance, Agüero carim-
Paredão. O goleiro Willy Caballero defende cobrança de Philippe Coutinho
O goleiro belga voltou a fazer
milagre aos 14 minutos do primeiro tempo da prorrogação,
quando Agüero entrou em velocidade, tocou, e Mignolet espalmou, com puro reflexo.
Emre Can, do Liverpool, começou as cobranças com uma
cavadinha: 1 a 0. Fernandinho
cobrou em seguida, mas acertou a trave direita. Lucas Neiva
foi na sequência, e Caballero fez
a defesa. Navas cobrou e empatou para o City: 1 a 1. Coutinho
foi para a cobrança, mas Caballero fez nova defesa. Agüero cobrou em seguida e virou: 2 a 1.
Em seguida, foi a vez de Lallana
bater e Caballero brilhar novamente. Aí foi a vez de Yaya Touré
bater e garantir a festa do City.
bou a trave do Liverpool, aos
23 minutos.
Aos 4 do segundo tempo, brilhou a estrela de Fernandinho,
com a colaboração do goleiro
belga Mignolet. O argentino
Agüero foi lançado por David
Silva e rolou para o brasileiro
ajeitar e bater cruzado, numa
falha do camisa 22 do Liverpool.
Sterling perdeu ótima chance de ampliar aos 14, quando
recebeu em contra-ataque de
David Silva, escolheu o canto,
mas mandou para fora. Um
dos melhores em campo,
UNITED BATE O ARSENAL
No Campeonato Inglês, o
Manchester United venceu o
Arsenal por 3 a 2, no Old Trafford. A estrela foi Rashford, de
18 anos, que marcou dois gols
e deu um passe para Herrera
marcar. Pelo clube de Londres,
Özil e Welbeck marcaram.
Com o resultado, o United chega aos 44 pontos e fica em
quinto colocado, a oito do líder
Leicester. O Arsenal permanece em terceiro, com 51 pontos,
e perdeu a chance de se encostar no líder Leicester (56). l
Agüero ainda reclamou de pênalti aos 18, quando foi interceptado na área por Moreno,
mas o árbitro mandou seguir.
O clássico seguia equilibrado — com o City desperdiçando as melhores chances — até
que, aos 37, em blitz do Liverpool na área rival, Milner carimbou a trave e Philippe Coutinho, de primeira, pegou o rebote, empatando a partida.
Mignolet se redimiu ao fazer
defesa à queima-roupa, em nova conclusão de Fernandinho, a
menos de cinco minutos do fim.
Infantino tenta mostrar
distância de ex-dirigentes
Novo presidente se diz
independente. Joseph
Blatter alerta suíço
sobre traidores
-ZURIQUE- O suíço Gianni Infantino teve, ontem, seu primeiro compromisso como
presidente da Fifa: inaugurar o novo museu da entidade, em Zurique. Eleito com
a promessa de recuperar a
credibilidade da Fifa, abalada após os recentes escândalos de corrupção, ele fez
questão de mostrar distanciamento em relação a Joseph Blatter, afastado de
qualquer atividade relacionada ao futebol por seis
anos por envolvimento em
corrupção.
— Sepp Blatter caracteriza uma era na Fifa. Espero
que eu signifique uma era
diferente — disse o suíço de
45 anos. — Infantino é Infantino. Blatter é Blatter.
Nono presidente da Fifa
em 112 anos da entidade,
Infantino também quis se
manter distante de Michel
Platini, que era o favorito a
sucessor de Blatter antes de
ser investigado e banido também por seis anos do futebol.
Infantino foi secretário-geral
da Uefa quando Platini presidia a entidade europeia.
— Eu sou independente. Se
não for assim, você não ganha
uma eleição. Mas eu ainda tenho um bom relacionamento
com Platini. Basicamente, eu
continuo com bom relacionamento com todo mundo —
afirmou o presidente, que tem
quatro filhas e já sabe qual será
o futuro do futebol. — O futuro
pertence às mulheres.
Mesmo sem ter contato com
o atual presidente, Blatter
mandou alguns conselhos ao
novo mandatário da Fifa. No
diário francês “Journal du Dimanche”, um artigo escrito por
ele alertou Infantino sobre
possíveis traidores.
“Te felicito, mas saibas que
também este posto não será fácil. Esperam de você milagres
no contexto atual da Fifa. Prepare-se e mantenha-se vigilante. Se todo mundo te apoia e te
diz palavras bonitas, saiba que,
uma vez na cadeira de presidente, os amigos se tornam escassos" escreveu Blatter, que
relembrou o último encontro
entre eles em dezembro. l
6
l O GLOBO
l Esportes l
Segunda-feira 29 .2 .2016
Vôlei de Praia
Marcha atlética
Tênis de mesa
APESAR DE CALOR,
PERCURSO É APROVADO
BRASILEIRAS VENCEM
ETAPA DO MUNDIAL
O forte calor de ontem no Rio de Janeiro, que
teve sensação térmica de 48°, foi o principal
obstáculo para os corredores da marcha
atlética, que participaram da Copa Brasil,
evento-teste para os Jogos do Rio. A alta
temperatura levou 11 dos 18 competidores a
abandonarem a prova de 50km — alguns
deixaram a pista de maca —, no circuito
montado na Praia do Pontal, no Recreio.
Quem conseguiu completar o percurso
aprovou o local da competição nas
Olimpíadas. Só não ganhou nota 10 por causa
da presença de um bueiro e desníveis no
trajeto, apesar de local ter recebido camada
de asfalto recentemente. Com atletas de sete
países, a prova foi vencida pelo equatoriano
Cláudio Flores, que completou o percurso em
4h23m37s, seguido pelos compatriotas
Rolando Pani (4h34m09) e Jonnathan
Cabrera (4h46m21). Os brasileiros Rudney
Nogueira, Leandro Clementino e Samir
Nascimento não completaram a prova.
Sem perder nenhum set, a dupla brasileira
Duda e Eliza comemorou ontem o primeiro
título de uma etapa do Circuito Mundial. Elas
venceram Meppelink/Van Iersel, da Holanda,
por 2 sets a 0 (21/10 e 21/13), em Maceió.
Com 17 anos e seis meses, Duda se tornou a
terceira atleta mais jovem a conquistar um
título do torneio internacional.
—Esse é o nosso primeiro ouro no Circuito
Mundial, vai ficar guardado para sempre. Foi
um momento incrível com a torcida a favor,
minha família toda na arquibancada. Eu
tinha mais é que me doar, jogar como se
tivesse três braços, três pernas, tudo que
pudéssemos fazer para não deixar escapar
esse título — comemorou a sergipana Duda.
— As holandesas são experientes, muito
fortes e habilidosas. Conseguimos impor a
nossa tática, que foi um pouco diferente do
que apresentamos antes, com mais potência
no ataque, e deu certo.
Ágatha e Bárbara Seixas completaram o
DIVULGAÇÃO/FIVB
Ouro. Duda (no chão) e Elize vencem etapa brasileira
pódio, em terceiro lugar. Elas venceram Ana
Gallay e Georgina Klug, da Argentina, por 2
sets a 0 (21/13 e 21/15). A dupla está
classificada para as Olimpíadas.
No masculino, duas duplas brasileiras
foram ao pódio. Os cariocas Pedro Solberg e
Evandro ficaram com a prata, e Guto e
Saymon levaram o bronze. O ouro foi para as
mãos do campeão olímpico em
Pequim-2008, Phil Dalhausser, e o atual
parceiro, Nick Lucena. A próxima etapa
brasileira do Circuito Mundial será o Grand
Slam do Rio, entre 8 e 13 de março.
ANTONIO SCORZA
Futuro.
A americana Demi
Payne salta com
o Museu do
Amanhã ao fundo
Salto com vara
NOVATA NO
CAMINHO
Demi Payne, de 24 anos, vê maternidade como inspiração
para vir ao Rio e disputar o pódio com Fabiana Murer
TATIANA FURTADO
[email protected]
Quando Fabiana Murer ganhou o ouro no Pan
do Rio, em 2007, Demi Payne tentava, pela primeira vez, ultrapassar um sarrafo com a vara,
no colégio. Quase uma década depois, elas se
encontraram ontem no Rio, no torneio de Super
Salto, na Praça Mauá, vencido pela brasileira
(4,63m). E esperam se encontrar novamente em
agosto, no Engenhão, como candidatas a medalha nos Jogos Olímpicos.
A americana de 24 anos e 1,82m surgiu no último ano como mais uma adversária de Fabiana,
que terá a derradeira chance de conquistar um
pódio olímpico. Há menos de 10 dias, Demi saltou 4,90m, em uma competição indoor em Nova
York, a segunda melhor marca mundial em pista
coberta. Em campo aberto, como será nos Jogos,
o maior salto foi 4,71m, obtido em maio de 2015.
— Ela está saltando super bem, é uma atleta
nova. Os Estados Unidos estão muito fortes,
com atletas em alto nível. O Mundial Indoor vai
BRASIL INICIA COM
VITÓRIA NO MASCULINO
Na segunda divisão do Mundial por equipes
de tênis de mesa, o Brasil deu passo
importante para voltar à elite. A seleção
estreou com vitória sobre a Holanda, por 3 a
1, ontem, na Malásia. Já a equipe feminina,
que está na primeira divisão, perdeu os dois
confrontos do primeiro dia de evento para o
Japão e Coreia do Norte.
No primeiro duelo com os holandeses,
Hugo Calderano derrotou Rajko Gommers.
Em seguida, Cazuo Matsumoto venceu
Laurens Tromes. Gustavo Tsuboi poderia ter
fechado o placar, mas não passou por Ewout
Oostwouder. Na quarta partida, Calderano
voltou à quadra e bateu Tromes.
A seleção masculina volta a jogar hoje
contra a Bélgica e Canadá. O grupo E ainda
conta com Irã e Tailândia. No regulamento, as
24 equipes são divididas em quatro grupos de
seis. As quatro primeiras avançam para as
oitavas de final. Os dois finalistas garantem
vaga na série A do Mundial de 2018.
ser lá dentro e será muito competitivo — disse
Fabiana, que vai disputar a competição, em Portland, mês que vem.
Sempre sorridente e solícita com todos que
lhe pediram uma selfie, antes e depois do evento, Demi aproveitou cada minuto do primeiro
contato com o Rio. Nem mesmo o sol de mais de
40° (sensação térmica de quase 50°), tirou a alegria da texana, que errou os dois últimos saltos,
assim como a outra americana, Katie Nageotte.
— Foi incrível, amei o Brasil. Eu não sabia que
a cidade era tão linda, e as pessoas são incríveis.
Eu espero voltar, é claro — disse Demi, que, assim como os demais competidores que vieram
da temporada indoor no frio no hemisfério norte, teve de superar o calor.
AMERICANA É FÃ DA BRASILEIRA
Há três anos, porém, a vinda ao Rio quase ficou
pelo caminho. Uma notícia inesperada fez a
atleta ponderar seu futuro. Aos 21 anos, Demi
descobriu que estava grávida. À época, havia
saltado 4,25m no campeonato universitário pela Universidade do Kansas. O primeiro pensamento foi: “Vou perder o campeonato e não serei mais capaz de saltar novamente”.
No entanto, dois anos depois, com Charlee a
tiracolo, alcançou a marca de 4,75m, em torneio
indoor, no Novo México. A performance a colocou em terceiro lugar no ranking americano,
atrás de Jennifer Suhr e Stacy Dragila. Hoje, cada sarrafo superado tem como inspiração a filha
de quase dois anos e meio. A maternidade deu a
ela a responsabilidade e a concentração tão necessárias a atletas de alto nível.
— Foi muito louco quando eu soube que estava
grávida. Eu tinha apenas 21 anos, pensei que minha vida tivesse acabado. Mas mudei totalmente
o meu modo de pensar. Percebi que é a melhor
motivação que alguém pode ter para fazer qualquer coisa. É incrível. Ela só me motivou ainda
mais e sou muito grata por isso — contou Demi.
Entre os cuidados com a filha, ao lado do noivo Thomas Taylor, Demi dará continuidade à
preparação para os Jogos. Ela sabe que o nível
da prova está altíssimo, inclusive na concorrência interna, e não mede elogios a Fabiana Murer,
que considera uma das favoritas.
— Ela é incrível, e eu sempre estou vendo seus
saltos. Isso é muito bom para mim, pois ela tem
uma ótima mecânica. Sigo ela nas redes sociais,
gosto de saber o que está fazendo — admitiu a
americana, que espera continuar tendo a mesma performance na temporada e ficar entre as
três melhores do Estados Unidos.
Nas outras provas da competição, os brasileiros não foram tão bem. Mauro Vinícius, o Duda,
no salto em distância, conseguiu 8,14m, um
centímetro a menos do índice olímpico, e ficou
em segundo. O alemão Markus Rehm, que tem
uma perna amputada, saltou 8,24m. No feminino, Keila Costa terminou na segundo posição
(6,39m), atrás da americana Funmi Jimoh
(6,63m). No salto com vara masculino, o argentino German Chiaraviglio chegou a 5,50m e
venceu o desafio. O brasileiro Augusto Dutra
veio em seguida, com 5,30m. l
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SEGUNDO
CADERNO
OGLOBO
A escrita por
Fernando Pessoa,
Gonçalo M.
Tavares e António
Lobo Antunes
pág. 2
JOSÉ EDUARDO AGUALUSA
SEGUNDA-FEIRA 29.2.2016 3ª EDIÇÃO
oglobo.com.br
AO VIVO
CHRISTIANE
PELAJO
ESTREIA
TELEJORNAL
VESPERTINO
pág. 5
REUTERS
Jornalismo. A equipe de “Spotlight” recebe o Oscar de melhor filme: produção narra investigação jornalística sobre os abusos sexuais cometidos por padres na arquidiocese de Boston
‘Spotlight’ vence Oscar de melhor filme e animação brasileira perde para ‘Divertida mente’,
numa noite marcada pelas ironias de Chris Rock contra a falta de diversidade em Hollywood
ACERTO DE CONTAS
[email protected]
FABIANO RISTOW
[email protected]
E
ntre uma investigação jornalística sobre abusos sexuais na Igreja
e a escassez de recursos ambientais, o grande tema do Oscar de 2016
também foi político, mas sobre o problema racial na América. Realizada na
noite de ontem, a cerimônia consagrou
“Spotlight”, de Tom McCarthy, como
melhor filme, e teve “Mad Max”, do australiano George Miller, como o maior
vencedor da noite, com seis estatuetas.
Mas o que será mesmo comentado durante semanas é a atuação do apresentador Chris Rock, abordando o principal assunto desta 88ª edição do Oscar, a
falta de diversidade em Hollywood.
Durante toda a cerimônia, Rock, em
sua segunda vez como apresentador (a
outra foi em 2005), fez o que todos esperavam e alguns temiam: brincou, por
exemplo, que uma possível solução para o prolema racial seria criar uma categoria de “melhor amigo negro”, disse
que nos anos 1960 os negros não se preocupavam tanto com quem era indicado porque “estavam ocupados em lutar
contra os linchamentos” e ainda citou a
homenagem de Hollywood aos mortos
do ano anterior, causando um certo
constrangimento na plateia:
— Neste ano as coisas serão diferentes.
O segmento in memorian vai destacar os
negros baleados por policiais no caminho para o cinema — disse Rock (seu
discurso inicial está no box ao lado).
Houve aplausos, mas também sorrisos
amarelos entre os membros da Academia
de Artes e Ciências Cinematográficas de
Hollywood, que este ano não indicaram
um único negro entre os 20 atores e atrizes. O loiro Leonardo DiCaprio, porém,
não teve do que reclamar: depois de seis
indicações, ele enfim ganhou seu primeiro Oscar, como ator por “O regresso”.
— A mudança climática é real e está
acontecendo agora. É a maior
ameaça aos seres vivos — disse DiCaprio.
No total, a produção do mexicano Alejandro G. Iñárritu
recebeu três estatuetas, repetindo o bom desempenho do
ano passado, quando o cineasta e seu diretor de fotografia
Emmanuel Lubezki foram
premiados pela direção e a fotografia de “Birdman” (é, aliás,
a terceira vitória seguida do
também mexicano Lubezki,
ganhador em 2014 por “Gravidade”). Em desempenho numérico, “O regresso” só ficou
atrás do apocalíptico “Mad
Max”, que recebeu seis estatuetas em categorias técnicas.
U
Sam Smith e Jimmy Napes,
por “Writing’s on the wall”,
de “007 contra Spectre.”
A festa começou às
22h30m (hora de Brasília).
FILME
“Spotlight: Segredos
O primeiro prêmio foi anunciado por Emily Blunt e
revelados”
Charlize Theron para o roteiro original de “Spotlight”.
DIRETOR
Em seguida, Ryan Gosling e
Alejandro G. Iñárritu
Russell Crowe apresenta(“O regresso”)
ram o prêmio para a outra
categoria de texto, a de roATRIZ
teiro adaptado, vencida por
Brie Larson
“A grande aposta”. Segundo
(“O quarto de Jack”)
os analistas, esses dois, mais
“O regresso”, disputavam caATOR
beça a cabeça para saber
Leonardo DiCaprio
quem seria escolhido como
(“O regresso”)
melhor filme, troféu que
acabou mesmo com a invesANIMAÇÃO
JOE BIDEN DISCURSA
tigação jornalística em for“Divertida mente”
A animação brasileira “O
ma de thriller de “Spotlight”.
menino e o mundo”, de Alê
— Precisamos manter o
DOCUMENTÁRIO
Abreu, perdeu o prêmio pajornalismo saudável e in“Amy”
ra o favorito “Divertida
dependente, é uma das
mente”, dos estúdios Pixar.
FILME ESTRANGEIRO funções mais importantes
O melhor filme estrangeiro
do mundo hoje — disse, no
“O filho de Saul”
foi o húngaro “O filho de
tapete vermelho antes da
Saul”, e o vencedor como documentá- festa, Mark Ruffalo, estrela do longario foi “Amy”, sobre a cantora Amy Wi- metragem.
nehouse. Brie Larson foi escolhida a
Naturalmente, o tema da falta de dimelhor atriz, por “O quarto de Jack”; versidade continuou predominando ao
Alicia Vikander, atriz coadjuvante, por longo da cerimônia. Já na segunda apa“A garota dinamarquesa”; e Mark Ry- rição de Chris Rock no palo, ele exibiu
lance, ator coadjuvante, por “Ponte um vídeo com cenas de filmes indicados espiões”.
dos, mas “levemente” alteradas para
Um dos prêmios mais aplaudidos da incluir atores negros ironizando a falta
noite foi para o italiano Ennio Morrico- de diversidade em Hollywood. Particine: um dos maiores compositores da param Whoopi Goldberg, Tracy Morhistória do cinema, ele venceu pela tri- gan, Leslie Jones e o próprio Rock. Mais
lha sonora de “Os oito odiados”, de tarde, houve uma falsa homenagem a
Quentin Tarantino. Também foi motivo um grande ator negro de Hollywood: o
de aplausos a participação do vice-pre- branco Jack Black (em inglês, black
sidente americano Joe Biden, que su- quer dizer negro). l
biu ao palco para fazer um forte discurso contra estupro, tema do documentáNA WEB
rio “The hunting ground”, pelo qual
oglobo.com.br/cultura
Lady Gaga foi indicada a melhor canVeja a lista completa de
ção — contudo, ela perdeu o Oscar para
vencedores do Oscar
OS PRINCIPAIS
PREMIADOS
U
PRINCIPAIS TRECHOS
O MONÓLOGO DE ROCK
“Estou aqui no Oscar, também conhecido
como o White People’s Choice Awards.
Muita gente disse: ‘Você deveria boicotar,
desistir’. Por que só desempregados
pedem para você pedir demissão de
alguma coisa? Eu pensei em desistir, sério
mesmo, mas percebi que o Oscar
aconteceria de qualquer forma.
A questão é: por que estamos
protestando nesse Oscar? É a 88ª edição,
o que significa que essa história de negros
não indicados aconteceu pelo menos
outras 71 vezes. Certamente já aconteceu
nos anos 1950, 60, e ninguém
protestava. Por quê? Porque tínhamos
assuntos mais sérios para protestar.
Talvez você estivesse ocupado demais
sendo estuprada para se importar com o
melhor diretor de fotografia. Quando sua
avó está pendurada numa árvore, é difícil
se importar com o melhor curta.
Mas o que aconteceu esse ano? As
pessoas ficaram irritadas. Mas eu
entendo. Esse ano as coisas serão
diferentes. O segmento in memoriam vai
destacar os negros baleados por policiais
em seu caminho para o cinema.
Acho que tem que ter categorias
para negros. Você já tem para
mulheres e homens! Se você quiser
negros todos os anos no Oscar,
melhor ter categorias para negros,
como: melhor amigo negro.
Hollywood é racista? Com
certeza. Mas é um racismo de
irmandade. A questão é: os atores
negros querem as mesmas
oportunidades. E não só uma vez,
mas todos os anos.
Vocês querem diversidade? Nós temos
diversidade. Com vocês, Emily Blunt e
outra pessoa ainda mais branca:
Charlize Theron!”
REUTERS
Destaques. Chris
Rock (ao lado) fez
piadas, enquanto
Di Caprio e
Brie Larsson
comemoraram
CHRIS PIZZELLO/INVISION/AP
ANDRÉ MIRANDA
CHRIS PIZZELLO/INVISION/AP
l O GLOBO
2
l Segundo Caderno l
[email protected]
JOSÉ
EDUARDO
AGUALUSA
|
|
Segunda-feira 29 .2 .2016
Gente
Boa
CLEO GUIMARÃES
Email: [email protected] e Blog: http://blogs.oglobo.globo.com/gente-boa/
COM MARIA FORTUNA E FERNANDA PONTES
|
Aquele preciso
instante de glória
Escutei, em duas ou três ocasiões, o escritor
português Gonçalo M. Tavares contar como,
estando a escrever, num estado de transe
profundo, não se apercebeu de que deixara
uma torneira aberta no banheiro, e de que a
água corria e tomava conta de todo o
apartamento. Foi só quando a água já lhe
subia pelos calcanhares que ele emergiu da
ficção e despertou para a realidade — e a
realidade estava encharcada.
SECOS & MOLHADOS
Show em Copacabana tem cantores em visual
andrógino e participação de Ney Matogrosso
FOTOS DE MARCOS RAMOS
JOSÉ
EDUARDO
AGUALUSA
3ª
MARCUS
FAUSTINI
4ª
5ª
6ª
FRED
FLÁVIA ZÉLIA
COELHO OLIVEIRA DUNCAN
SAB
MARCIO
TAVARES
D'AMARAL
DOM
FERNANDO
GABEIRA
Encolheram o bolo
A crise não poupa ninguém e, por causa
dela, até o “Parabéns pra você” oficial da
cidade terá uma versão bem mais
modesta este ano. A prefeitura, que ia
desembolsar R$ 108 mil para a festa da
Rua da Carioca, amanhã, enxugou o
orçamento e liberou menos da metade:
R$ 50 mil. Com isso, o bolo passou dos
quase 200 metros originais para um
quarto disso: desta vez, serão 50 metros.
Papo ‘Cannabis’
Gregorio Duvivier vai ser o mediador de
um debate sobre a descriminalização da
maconha, quarta-feira, na Casa do Saber,
em São Paulo. Ao que tudo indica, deve
contar mais vez que planta a erva em
casa, sim. Em novembro, Gregorio falou
sobre o assunto. Leia na nota abaixo.
É
uma boa história. Talvez não acreditasse nela se a tivesse escutado da boca de um outro
escritor. Conhecendo o Gonçalo, e, sobretudo, conhecendo os livros que vem produzindo,
não me surpreende tanto. Aos 45 anos, Gonçalo M.
Tavares é o escritor de língua portuguesa mais traduzido e também o mais premiado internacionalmente. Os livros de Gonçalo parecem, quase todos, escritos por uma criança muito velha. Ele olha
para as coisas mais simples — leva-nos a olhar para as coisas mais simples — como se todas elas fossem extraordinárias. Ou, melhor, leva-nos a perceber que todas elas são extraordinárias. Não surpreende que esses textos tenham sido escritos, senão num estado de transe quase místico, ao menos num estado de arrebatamento criativo durante o qual o seu autor se ausenta do mundo físico
(desse mundo físico sujeito a inundações).
Fernando Pessoa contou numa famosa carta a
Adolfo Casais Monteiro, datada de 13 de janeiro de
1935, como lhe surgiu, ou como incorporou, Alberto
Caeiro: “Lembrei-me um dia de fazer uma partida ao
Sá-Carneiro inventando um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro
como, em qualquer espécie de realidade. Levei uns
dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia
em que finalmente desistira — foi em 8 de março de
1914 — acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não
conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida,
e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título,
“O guardador de rebanhos”. E o que se seguiu foi o
aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde
logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi
essa a sensação imediata que tive.”
António Lobo Antunes não gosta muito de Fernando Pessoa (“Fernando Pessoa aborrece-me até à
morte”, disse recentemente), mas partilha com o poeta a ideia de que a escrita implica uma espécie de
surto. Repetidamente, em um sem número de entrevistas, vem insistindo na tese de que os bons livros, ou os melhores momentos de um livro, acontecem de forma inesperada, quase independente da
vontade do autor: “Eu não escrevo o que eu quero,
eu escrevo aquilo que as vozes ditam, que o livro
quer ser. (...) Num livro mau, a pessoa escreve aquilo
que quer escrever. Num livro bom a pessoa escreve
aquilo que o livro quer que seja escrito.”
Coerente com esta tese, António Lobo Antunes
chegou a defender que os livros deveriam ser publicados sem o nome dos autores. E acrescentou,
rindo: “Acho muito curioso pagarem-me por eles
porque não sei se me pertencem.”
Há quem se irrite ao ouvir Lobo Antunes. Há
quem troce dele. António Guerreiro, um dos mais
temidos críticos literários portugueses, sugere que
as declarações do escritor não são outra coisa senão uma continuidade da sua própria ficção: “É
esta concepção teológica da criação literária — em
que o escritor, possuído por um daimon, é um intermediário entre os homens e os deuses — que
António Lobo Antunes reclama desde há muito
tempo nas entrevistas. E reclama-o não apenas para si, mas para os escritores em geral, essas criaturas que ‘parece que têm contato com outra instância qualquer’. Seríamos grosseiros, ou pelo menos
ingênuos, se levássemos as suas palavras a sério e
não as lêssemos como uma enorme paródia.”
Não concordo. Nem sequer me parece que as
afirmações de Lobo Antunes sejam sinal de arrogância. Pelo contrário, acho-as uma demonstração de humildade. Lobo Antunes sabe, evidentemente, que os livros que escreve vieram de algum
lugar dentro dele. O que Lobo Antunes, Pessoa ou
Gonçalo M. Tavares nos estão a dizer é que escrevem melhor quando se esquecem de que estão escrevendo. Quando se deixam tomar pela paixão da
escrita. Isto, que é válido para a literatura, vale
também para qualquer outra atividade humana.
Quem, a determinada altura da sua vida, num preciso e irretocável instante de glória, não experimentou sentimento semelhante?
Quando a paixão nos toma, somos maiores do
que nós. Somos, de alguma forma acertada e misteriosa, a Humanidade inteira. l
2ª
|
O que ele disse
“Eu tenho pé de maconha em casa. Estou
falando isso há um ano, esperando a
polícia bater lá e não bate. Já falei com
todas as letras! Quem estiver no Rio, eu
moro no Jardim Botânico e tenho o lemon
haze — não é o purple haze (variedades da
maconha), é uma cruza. Os dois são
fêmeas, camarões grandes... Já falei isso mil
vezes. Me prendam!”. O debate faz parte do
projeto “Comunica que muda”, que discute
temas polêmicos na sociedade, e será
transmitido pela internet.
Alguma coisa mudou
Trio. Daniel Chaudon, Diego Moraes e Caio Prado: eles terminam o show vestidos de mulher
O
s ingressos para o show do trio
Não Recomendados já estavam esgotados há uma semana. Era a certeza de casa cheia na
apresentação que aconteceu dias
atrás, no Sesc Copacabana, com a
participação de Ney Matogrosso.
l
O show, performático, e com os três
músicos (Caio Prado, Daniel Chaudon e
Diego Moraes) de visual andrógino, teve
seu auge mais ou menos na metade da
apresentação, logo depois de Ney cantar
“Fala” e “Viajante”. Foi quando o trio fez
um retorno triunfal, voltando pelas escadas, no meio do público, travestidos
como seus alter egos femininos.
l
O público gostou, cantou, dançou e se
divertiu. “Maravilhosooooo!”, gritaram da plateia quando Caio começou
a cantar: “Estou fazendo amor/ Com
outra pessoa/ Mas meu coração/Vai
ser pra sempre seu/O que o corpo
faz/A alma perdoa...”, um clássico na
voz do pagodeiro Alexandre Pires, nos
anos 90. Teve também uma releitura
de “Cálice”, que deixou o público até
um pouco emocionado.
l
Ele. Ney Matogrosso levou a plateia à loucura
O show terminou de forma poética:
com os três deitados no chão, cantando “Love of my life” à capela.
MALVADA SÓ NA TV PORTUGUESA
PEDRO CASTILHO/DIVULGAÇÃO
O ano que passou não foi como os outros
para o Conar. O órgão, que fiscaliza a
ética da propaganda comercial veiculada
no Brasi, teve em 2015 o menor número
de processos instaurados desde 2001.
Foram 241 ao longo de todo o ano, com
44 anúncios sustados. É menos da
metade dos 448 casos de 2008, por
exemplo, quando 71 anúncios tiveram
que sair do ar por serem considerados
antiéticos de alguma forma.
Laços afetivos
Uma das cenas do filme “A fera na selva”, a
adaptação para o cinema da peça
encenada por Paulo Betti e Eliane
Giardini nos anos 90, terá a participação
de quatro irmãos de Paulo — José, Teresa,
Maria e Aparecida—, todos na faixa dos 80
anos. O ator é o caçula de 15 filhos, mas
oito morreram pouco depois do parto. “É
uma cena importante”, diz Paulo. “Foi
rodada no hospital Santo Antônio, em
Votorantim, (SP), onde consegui meu
primeiro emprego de carteira assinada”.
Não rolou
O cabeleireiro Tiago Parente se inspirou
no visual de Kim Kardashian para criar
o cabelo chapado e partido ao meio de
Juliana Paes em “Totalmente demais”. Só
que... “Ninguém entendeu. Não é todo
mundo que conhece a Kardashian.
Diziam: ‘Por que esse cabelo horroroso?’”,
conta Tiago. Resultado: ele teve que
mudar — a atriz apareceu nos capítulos
recentes já com o cabelo mais soltinho e
ondulado. Deu certo. Acaba de virar líder
de telefonemas na Central da Globo.
‘Personal piolho’, conhece?
Por mais estranho que
possa parecer, o Rio já
tem várias “personal
piolho” — profissionais
como Ione Nogueira
(foto), contratadas para
ir à casa das clientes catar
piolhos e lêndeas de
crianças e adultos. Ione é esteticista,
cobra R$ 100 por hora e fez toda a
clientela no boca a boca. Se ela acha ruim
esse trabalho? Que nada. “Adoro catar
piolho dos outros”, conta ela, que tem
técnicas e macetes especiais para fazer
uma “limpa” nos fios. “Sai tudo”, diz.
U
Curtinhas
Lisboa. Úrsula Corona: atriz lança blog de viagem depois de interpretar vilã em Portugal
Ú
rsula Corona posou em Lisboa
para o fotógrafo Pedro Castilho,
num ensaio que teve como inspiração a vilã Thais, interpretada pela
atriz na novela portuguesa “Sol de inverno”. Úrsula virou celebridade por lá e
chegou a apanhar na rua por causa das
maldades da personagem. De volta ao
Brasil, ela agora lança o blog “Do Rio
pra cá”, com textos de cinco brasileiras
sobre países que conhecem bem. Úrsula, adivinha? escreve sobre Portugal. “A
ideia é trocar experiências e boas dicas,
compartilhando nossas rotas”, diz.
Sob a direção da psicopedagoga Heloisa
Erlanger, a creche Bom Tempo começa a funcionar hoje em Botafogo.
Marina Ruy Barbosa é a estrela de capa da
revista “Glamour” de março.
A peça infantil “A menina do dedo torto”
continua em cartaz no Oi Futuro em Ipanema.
Já estão abertas as reservas para o almoço de
Páscoa do Assunção Restaurante. 2537-2732.
Teresa Bergher fala sobre doenças raras, hoje,
às 14h, na Câmara de Vereadores.
Restaurante Via 44 tem novidades no menu.
l Segundo Caderno l
Segunda-feira 29 .2 .2016
O GLOBO
l 3
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA NO CELULAR
OU ACESSE NO SITE: rioshow.com.br
OS DESTAQUES DE HOJE DA PROGRAMAÇÃO CULTURAL
Cinema ‘Um dia a mais para viver a cultura’
Cinema ‘Apaixonados’
Dia de cinema de graça
O Bonequinho viu
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
Amor, confete
e serpentina
DRAMA
O carnaval é o ponto
de partida da comédia
romântica de Paulo
Fontenelle, que acompanha a história de três
casais, entre eles Raphael Viana e Nanda Costa
(foto). O longa tem sessão de pré-estreia hoje.
Hoje é dia 29 de fevereiro. E daí? E daí que,
para celebrar as 24 horas extras que o ano
bissexto oferece, o Espaço Itaú de Cinema,
em Botafogo, realiza hoje o projeto “Um dia
a mais para viver a cultura”, com todas as
sessões gratuitas. Para garantir a entrada,
basta retirar o ingresso na bilheteria, uma
hora antes de cada filme. Entre os 12 longas
em cartaz nas seis salas do cinema, há opções para todos: o drama extremo “O regresso”, com Leonardo Dicaprio (foto), obras
com temática LGBT, como “A garota dinamarquesa” e “Tangerine”, o denso filme húngaro “Filho de Saul”, sobre o Holocausto, o
divertido “Deadpool” ou a bonita animação
brasileira “O menino e o mundo”.
ONDE: Cinépolis Lagoon. Av. Borges de Medeiros 1.424, Lagoa
(3029-2544). QUANDO: Seg, às 21h10m.
QUANTO: R$ 29. CLASSIFICAÇÃO: 10 anos.
Cinema ‘Arpoador, praia e democracia’
Antropologia na
areia e no mar
‘A vizinhança do
tigre’
É claustrofóbico e incômodo, a antítese do
queridinho ‘‘A vida é
bela’’, outra produção
que abordou paternidade e Holocausto. Mas,
tanto por sua originalidade quanto pela força
da história que narra,
deve ser visto por todos.
Fascina pelo modo
como constrói um
universo ficcional próprio. A direção e os
atores reinterpretam e
deliram o cotidiano para
criar um espaço lúdico
de invenção que ultrapassa tanto o documentário quanto a ficção.
André Miranda
Ruy Gardnier
DRAMA
SUSPENSE
‘Ela volta na
quinta’
Baseado em estudos
do antropólogo Roberto DaMatta, o
longa de Hamsa Wood e Helio Pitanga tem
sessão de pré-estreia seguida de debate com
o historiador Milton Teixeira, entre outros.
ONDE E QUANDO: Espaço Itaú de Cinema. Praia de Botafogo 316,
Botafogo (2559-8751). Hoje: “Boa noite, mamãe” (21h10m), “Deadpool” (13h20m, 15h30m, 17h40m, 19h50m, 22h), “Ela volta na
quinta” (19h40m), “Os dez mandamentos” (14h, 16h30m, 19h,
21h30m), “Filho de Saul” (15h50m), “A garota dinamarquesa”
(13h30m, 21h40m), “O lobo do deserto” (13h30m, 15h50m,
21h40m), “O menino e o mundo” (13h30m), “O quarto de Jack”
(13h30m, 16h, 18h30m, 21h), “O regresso” (15h10m, 18h10m),
“Tangerine” (18h) e “A vizinhança do tigre” (19h40m)
QUANTO: Grátis. CLASSIFICAÇÃO: De acordo com o filme.
DRAMA
‘Filho de
Saul’
ONDE: Cinemateca do MAM (Av. Infante Dom Henrique 85, Parque
do Flamengo (3883-5600). QUANDO: Seg, às 19h. QUANTO: R$ 8.
CLASSIFICAÇÃO: 10 anos.
‘Presságios
de um crime’
O diretor André Novais
Oliveira e integrantes de
sua família emprestam os
próprios nomes aos
personagens dessa ficção
sobre acontecimentos do
cotidiano. O longa-metragem evolui sem pressa
por meio de cenas intencionalmente longas.
A presença de Anthony Hopkins lembra
em excesso o Hannibal Lecter de “O silêncio dos inocentes”.
Mas o longa, que tem
no bom ritmo a sua
principal qualidade,
cumpre a função de
entreter.
Daniel Schenker
Daniel Schenker
Artes visuais
VALIOSO
ESPAÇO
AUTORAL
DIVULGAÇÃO
Antunes, Lucia Koch, Marilá Dardot, Nelson Leirner, Rodrigo Hernández, Roman Ondák, Tiago
Tebet e Tomás Colaço. E, caso não se leia o texto
que alinha a ideia de eles estarem ali juntos, talvez fosse possível tecer teorias mais amplas do
que aquelas que a curadora apresenta em sua
premissa escrita. Ou seja, as obras possuem mais
do que o partido curatorial sinaliza. E, como disse, esse talvez seja um bom problema. Pois a curadoria soube escolher boas obras, e lançou sobre elas um olhar que não desejou ser mais complexo do que os próprios trabalhos de arte — estes sim os protagonistas, e não a curadoria.
Luiza Teixeira de Freitas elege a porta como o
leitmotiv do conjunto apresentado. A porta e su-
OBRAS POUCO VISTAS NO BRASIL
Na fotografia de Lucia Koch que faz parte de
sua série “Amostras de arquitetura”, não é exatamente uma porta que está sendo evocada,
mas sim a ideia de espaço. Aqui vê-se como
um determinado lugar pode ser experimentado em um espaço completamente distinto.
Ao fotografar interiores de caixas e evocar arquiteturas “reais”, a artista nos dá a chance de
experimentar espaços longínquos e complexos em pequenas e prosaicas caixas de papel.
As fotografias das ações de Július Koller, típicas de uma produção derivada das práticas
experimentais da década de 1970, convivem
com trabalhos de caráter mais poético como
o da portuguesa Leonor Antunes, que em
“Looking through Anni #2, #7 and #8” lida
com a ideia de camadas transparentes e opacas que alteram a nossa percepção. Essa obra
alude sutilmente à ideia posta em grande escala por Cildo Meireles em sua instalação
“Através”, ou seja, trata-se de como lidar com
os diversos filtros que atravessam a nossa experiência de percepção do mundo ao redor.
“Sem saber quando virá o amanhecer...” é
uma mostra enxuta que traz um conjunto de
artistas de diferentes partes do mundo e distintas gerações. Com uma curadoria discreta,
traz obras pouco vistas no Brasil. O projeto
“Exposição de verão” segue, assim, cumprindo bem a sua missão de ser uma galeria de arte que destina um espaço do ano para um voo
de caráter autoral, sem ter com a venda o maior compromisso. l
Japão em SP
Japão em NY
Japan House vai difundir
o país contemporâneo
MoMA promove em março
exposição de arquitetura
São Paulo ganhará, em março de 2017, um novo
centro cultural: a Japan House, com biblioteca, local para exposições e loja de design japonês. Iniciativa do governo japonês para divulgar o Japão
contemporâneo, o instituto na Avenida Paulista
tem projeto do arquiteto Kengo Kuma e custo de
US$ 30 milhões. Outros dois centros semelhantes
serão inaugurados em Londres e Los Angeles.
Aqui, a curadoria será de Marcello Dantas. l
O MoMA, em Nova York, vai inaugurar em março
uma grande exposição de arquitetura japonesa,
com foco na influência de Toyo Ito e SANAA sobre a nova geração do país: “A Japanese constellation: Toyo Ito, SANAA, and beyond” (“Uma
constelação japonesa: Toyo Ito, SANAA e além”).
O Japão é o segundo país em número de vencedores do Pritzker, mais importante prêmio da arquitetura. Tem seis (os EUA possuem oito). l
Curadoria acerta ao colocar como
protagonista um conjunto de obras de 12
artistas de diferentes partes do mundo
Crítica
ONDE: Galeria Silvia Cintra + Box 4 — Rua das Acácias, 114, Gávea
(2521-0426). QUANDO: Seg. a sex., das 10h às 19h; e sab., das 12h
às 18h. Até 19 de março. QUANTO: Grátis. CLASSIFICAÇÃO: Livre.
LUISA DUARTE
[email protected]
V
erão 2003/2004. Começava ali a história da “Exposição de verão” da Galeria
Silvia Cintra + Box 4, que hoje abre a
sua 13ª edição. Projeto sempre organizado por
um curador com o objetivo de apresentar coletivas com jovens artistas brasileiros, este ano
ganha uma orientação diversa, trazendo para
dentro da exposição nomes de fora do país e
não necessariamente novos.
Organizada por Luiza Teixeira de Freitas, curadora brasileira baseada em Lisboa, a mostra
“Sem saber quando virá o amanhecer...” é o ca-
Július Koller. Fotografia da obra “POKR(A)COVANIA A,B (U.F.O.)”; produção derivada de práticas experimentais
so de exposição cuja força reside antes na qualidade dos trabalhos expostos do que no texto que
amarra a ideia curatorial. Se esse fato é um problema, podemos dizer que se trata de um bom
problema, além de pouso usual para os parâmetros contemporâneos. Tento explicar melhor:
ocorrem hoje em dia muitas exposições nas quais
os partidos curatoriais parecem mais complexos
e elaborados do que os trabalhos expostos. Os curadores edificam complexos universos teóricos
que só em parte se refletem nos trabalhos.
Na mostra hoje em questão ocorre o inverso.
Estamos diante de um bom conjunto de trabalhos de 12 artistas — Alek O., Eduardo T. Basualdo, Francesca Woodman, Július Koller, Leonor
Obra de artista
REPRODUÇÕES
Cristina Salgado e Wilma
Martins ganham livros
Frutos de edital da Secretaria municipal de Cultura, os livros das artistas Cristina Salgado e Wilma Martins (ao lado) acabam de ficar prontos. O
de Cristina, da Barléu, será lançado amanhã, na
Travessa do Leblon (3138-9600), com debate
com Glória Ferreira, Viviane Matesco e Marcelo
Campos; o de Wilma, publicado pela Tamanduá_Arte e com coordenação editorial de Frederico
Morais, no dia 19 de março, no Paço Imperial.l
as diversas camadas simbólicas, lugar de passagem, limite, fronteira, entrada, saída, tão
presente no cotidiano que temos com ela
uma relação de total automatismo. Apropriada pela arte elas saem desse limbo a que estão
destinadas no dia a dia, tão usadas que Julio
Cortázar as via como vírgulas, e se tornam
metáforas ricas para a imaginação.
Agenda da semana
AMANHÃ
O Museu de Arte do Rio
— MAR (3031-2741)
inaugura a mostra “O
poema infinito de Wlademir
Dias-Pino”. Com curadoria
de Evandro Salles, a
exposição revela a obra de
um dos mais significantes
artistas do Brasil. São mais
de 800 peças entre livros,
cartazes, objetos,
fotografias, desenhos,
l
vídeos e instalações. Às 16h,
Dias Pino e o curador
participam de uma conversa
de galeria com os visitantes.
l Abre ao público a partir
das 11h, no Oi Futuro
Flamengo (3131-3060), a
exposição “Outras portas
da percepção — Um
experimento em teoria da
imagem”, de Arthur Omar.
As fotografias do artista e
antropólogo vão ocupar
todas as galerias do
centro cultural. Na mesma
ocasião serão inauguradas
as obras “Barroco elétrico”,
do italiano Giancarlo Neri,
na fachada externa do
prédio, e “Stringhe #8”, do
também italiano Massimo
Rizzuto, no Projeto
Tech_nô.
l O artista carioca Dudu
Garcia inaugura individual,
às 19h, na Mais Um Galeria
de Arte (3085-3000), em
Ipanema. Com curadoria de
Fernando Cocchiarale, a
mostra “Carvão-Ouro”
apresenta pinturas inéditas,
produzidas a partir de 2015.
QUARTA, DIA 2
A galeria Mercedes
Viegas Arte Contemporânea
(2294-4305) expõe a partir
das 19h a individual
“Fragmentais”, de Luiz
l
Monken. O artista exibe 20
obras construídas a partir
de cerâmica industrializada.
QUINTA, DIA 3
O artista Dado Oliveira
inaugura às 19h, na galeria
Ateliê (2239-2262), em
Santa Teresa, a mostra
“Ignição”, com 20 telas
criadas com a utilização
de fogos de artifício,
pólvora e carvão.
l
SEXTA, DIA 4
A Escola de Artes Visuais
do Parque Lage
(3257-1800) inaugura, às
19h, a exposição “Depois do
futuro”, com curadoria de
Daniela Labra. A coletiva,
com a participação de
alunos da EAV, é a quarta
da série Curador Visitante,
idealizado por Lisette
Lagnado. São cerca de 60
trabalhos dos 39 artistas,
l
entre eles Alice Miceli,
Cristiano Lenhardt, Daniel
Escobar, Franz Manata e
Saulo Laudares, Gustavo
Speridião, Laercio
Redondo e Lia do Rio.
A mostra abrangerá
uma programação
paralela aberta ao
público com conversas e
debates com acadêmicos,
ativistas, artistas e
pensadores livres.
DOMINGO, DIA 6
Às 14h, o Museu de Arte
do Rio — MAR promove a
conversa de galeria “Entre
fios”, que parte da
exposição “Rio
Setecentista, quando o
Rio virou capital”, em
cartaz na instituição. No
mesmo horário, no pilotis
do prédio, acontece a
atividade educativa “Rio
de ontem, Rio de hoje”.
l
4
l O GLOBO
l Segundo Caderno l
Segunda-feira 29 .2 .2016
Os destaques de hoje na TV
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
History, 22h55m
Por trás do
glamour
São cinco episódios da produção nacional “Um contra
todos”, série que mistura
documentário e reality para
acompanhar a rotina de
árbitros de futebol dentro do
campo e fora dele.
Natalia Castro
[email protected]
GNT, 1h de terça
SyFy, 21h
Curta!, 22h15m
SBT, 18h
‘Tonight show’
‘Doctor Who explained’
‘Blues’
‘Meu coração é teu’
O apresentador, ator e comediante Jimmy Fallon
recebe em seu talk-show os
atores Hugh Jackman, Taron
Egerton, Audra McDonald.
A atração musical fica por
conta do dueto Hall & Oates.
O especial leva os espectadores para o universo da
série, a mais antiga de ficção
científica da TV, e exibe os
dois primeiros episódios da
oitava temporada, antes da
estreia da nona, na sexta.
Produzida por Martin Scorsese, a série apresenta sete documentários sobre o tema,
dirigidos por gente como Wim
Wenders. O primeiro deles,
“Com vontade de ir pra casa",
é do próprio Scorsese.
Silvia Navarro (à direita foto)
protagoniza a produção
mexicana que conta a história de Ana , mulher que trabalha em dois empregos—
de dia é babá, à noite é dançarina — para se sustentar.
Horóscopo
POR CLAUDIA LISBOA
(21/3 a 20/4)
Elemento: Fogo. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Libra. Regente: Marte.
Construindo uma estrutura emocional sólida você poderá investir na
durabilidade das relações sem
ferir a necessidade de ter o seu
próprio mundo. É tempo de construir relacionamentos estáveis.
LIBRA
(23/9 a 22/10)
Elemento: Ar. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Áries. Regente: Vênus.
Quando algo insiste em frear as
tentativas de ir em frente, talvez
seja a hora de parar para avaliar
melhor tal situação. É tempo de
verificar com cuidado as estratégias para dar os passos seguintes.
TOURO
(21/4 a 20/5)
Elemento: Terra. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Escorpião.
Regente: Vênus.
É preciso aproveitar o momento
de entusiasmo para fazer os
ajustes e se adaptar às mudanças.
É tempo de abrir espaço para
fazer as transformações que
podem te proporcionar benefícios.
ESCORPIÃO
(23/10 a 21/11)
Elemento: Água. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Touro.
Regente: Plutão.
Se você é compreendido ao manifestar o que sente, é porque a
pessoa entende quem você é. É
tempo de cultivar a deliciosa
sensação de viver a relação com
liberdade de expressão.
GÊMEOS
(21/5 a 20/6)
Elemento: Ar. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Sagitário.
Regente: Mercúrio.
Os encontros com pessoas diferentes são oportunidades para
que veja as coisas sob um novo
ângulo. É tempo de trocar ideias e
agregar informações que podem
ser da grande valia na sua vida.
SAGITÁRIO
(22/11 a 21/12)
Elemento: Fogo. Modalidade:
Mutável. Signo complementar:
Gêmeos. Regente: Júpiter.
A satisfação dos desejos pode ser
alcançada se respeitar os limites
da realidade. Com os pés no chão
é bem mais fácil ir atrás da flecha.
É tempo de aproveitar a experiência para ir em busca dos sonhos.
CÂNCER
(21/6 a 22/7)
Elemento: Água. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Capricórnio. Regente: Lua.
LEÃO
O sentimento de falta é sempre
um caminho para que se reconheça o valor daquilo que, durante
algum tempo, pouco teve significado. É tempo de reconhecer o valor
do que se tem.
CAPRICÓRNIO
(22/12 a 20/1)
Elemento: Terra. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Câncer. Regente: Saturno.
Ao persistir na realização de seus
objetivos, deve considerar o quanto isso pode afetar quem está à
sua volta. É tempo de rever o seu
plano de metas colocando as
pessoas importantes para você.
(23/7 a 22/8)
Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Aquário.
Regente: Sol.
Atitudes corajosas e delicadas
contribuem para construir relacionamentos saudáveis. É tempo de
saber dosar força e afeto porque
esta dupla é responsável pela
manutenção da estabilidade.
AQUÁRIO
(21/1 a 19/2)
Elemento: Ar. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Leão.
Regente: Urano.
Ao se permitir experimentar novas
emoções, é possível que se sinta
pleno. É tempo de dar vazão aos
sentimentos e seguir em frente
experimentando tudo aquilo que
tece seus sonhos de liberdade.
Logodesafio
POR SÔNIA PERDIGÃO
VIRGEM
(23/8 a 22/9)
Elemento: Terra. Modalidade:
Mutável. Signo complementar:
Peixes. Regente: Mercúrio.
Pela intuição pode-se chegar a
lugares que nunca imaginou.
Deixar-se conduzir por ela é bom.
A lógica serve ao mundano e a
inspiração ao sagrado. É tempo de
provar o que não faz sentido.
PEIXES
(20/2 a 20/3)
Elemento: Água. Modalidade:
Mutável. Signo complementar:
Virgem. Regente: Netuno.
Pode ser difícil avaliar o quanto de
loucura ou sensatez é bom. Certas
coisas pedem bom senso. Para
outras, nada melhor que ser louco
o suficiente e arriscar. É tempo de
viver novas experiências.
Foram encontradas 33 palavras: 18 de 5 letras, 8
de 6 letras, 4 de 7 letras, 3 de 8 letras,
além da palavra original. Com a sequência de letras
HA foram encontradas 16 palavras.
Instruções: Encontrar a palavra original utilizando
todas as letras contidas apenas no quadro maior.
Com estas mesmas letras formar o maior número
possível de palavras de 5 letras ou mais. Achar
outras palavras (de 4 letras ou mais) com o auxílio
da sequência de letras do quadro menor. As letras
só poderão ser usadas uma vez em cada palavra.
Não valem verbos, plurais e nomes próprios.
Solução: cinco, cisco, cólon, covil, iluso, louco, lusco, noivo, óculo, ovino, óvulo, silvo,
sócio, suíno, sulco, único, vinco, visco; cônico, cônsul, inócuo, nocivo, ocluso, óculos,
ósculo, sulino; conluio, cônscio, incluso, vínculo; concluso, convulso, oclusivo;
CONCLUSIVO. Com a sequência de letras HA : colcha, colchão, concha, conchavo,
covinha, cunha, halo, ilha, linha, linhão, novilha, sinhá, unha, unhão, vicunha, vinha.
ÁRIES
Expediente
EDITORA: FÁTIMA SÁ [email protected] l EDITORES ASSISTENTES: CRISTINA FIBE [email protected],
EDUARDO FRADKIN [email protected], EDUARDO RODRIGUES [email protected], GABRIELA GOULART
[email protected], HELENA ARAGÃO [email protected] l DIAGRAMAÇÃO: MARIANA MORGADO, PAULA
FABRIS E TOMÁS BREVES l TELEFONES: REDAÇÃO: 2534-5703 l PUBLICIDADE: 2534-4310 [email protected] l
CORRESPONDÊNCIA: Rua Irineu Marinho 35, 2º andar. CEP: 20233-900
l Segundo Caderno l
Segunda-feira 29 .2 .2016
TV GLOBO/ESTEVAM AVELLAR
[email protected]
PATRÍCIA
KOGUT
AJOELHOU,
LUTOU
COM FLORENÇA MAZZA, ANNA LUIZA SANTIAGO
E RAFAELA SANTOS
AUMENTA QUE ISSO AÍ É...
Vladimir Brichta fará sua volta às
novelas depois de dez anos longe. Sua
última participação no gênero foi
“Belíssima”, de Silvio de Abreu. O ator
protagonizará “Sonha comigo”, trama
de Maria Helena Nascimento para as
19h com direção de Dennis Carvalho.
Ele viverá um roqueiro.
10
0
Para Didi Wagner pelo “Lugar
incomum” do Multishow, que
agora mostra sua viagem à
Tailândia. Ela é boa
comunicadora, ótimo astral,
sem pose. Essa
espontaneidade tem tudo a
ver com aventura.
Para o sofrimento do
assinante que via “Bastardos
inglórios” de madrugada no
TNT. Era preciso reconfigurar
o idioma a cada volta do
intervalo. A coisa desativava
sozinha. Inglório é isso.
Fátima Bernardes topou fazer aulas de judô com Flavio
Canto no Instituto Reação. Tudo para uma série
especial do “Encontro” sobre esportes olímpicos
Ouro de mina
Tudo certo
O SBT está negociando com a
Televisa os direitos para
produzir mais uma temporada
do desenho de “Carrossel”.
Lançada em janeiro, a
animação rendeu à emissora
o licenciamento de diferentes
produtos — de brinquedos a
cadernos. Sem falar nos
índices de audiência, que têm
se mantido entre os oito e os
dez pontos em São Paulo.
Tereza Falcão e Alessandro
Marson entregarão até o fim
do mês que vem os seis
primeiros capítulos de
“Além-mar” ao Fórum de
Dramaturgia. A novela é de
época, para as 18h, e a sinopse
já foi aprovada. A produção
será dirigida por Vinícius
Coimbra e aproveitará parte
da cidade cenográfica de
“Liberdade, liberdade”.
DANIEL CASTRO
HORTA E
SERTÃO
Eis a primeira
imagem de
Marcos
Palmeira, mais
magro e usando
barba, para
Cícero, seu
personagem
em “Velho
Chico”. O ator
posa no seu
Armazém Vale
das Palmeiras
Christiane Pelajo
EDILSON DANTAS
Jornalista estreia hoje
um novo programa de
reportagens, apresentado
ao vivo na GloboNews
[email protected]
Q
uase 20 anos depois de estrear
na GloboNews, a jornalista Christiane Pelajo volta ao canal
hoje, à frente do “Jornal GloboNews
Edição das 16h”. Com uma hora e
meia de duração, o telejornal vespertino irá ao ar de segunda à sexta, com
investimento forte em reportagens
ao vivo. No programa de estreia, Pelajo apresentará uma edição especial
dedicada ao vírus zika e à microcefalia, com a presença no estúdio do médico oncologista Dráuzio Varella.
No novo for mato, a tradicional
bancada foi eliminada e ela entrevistará, ao vivo, especialistas e personagens. Dois telões mostrarão
imagens das reportagens externas
e serão usados para comunicação
com os jornalistas que forem a
campo para trazer notícias. Haverá também ao menos um quadro
fixo, “Lente de aumento”, com a
jornalista Cristina Tardáguila,
que fará checagens de dados
apresentados em discursos e
declarações de autoridades.
— Sou viciada no ao vivo. Para
mim, quando veio o convite de
voltar à GloboNews, foi uma oportunidade de retornar para o lugar
Novos rumos. Pelajo fará reportagens
l 5
MICAEL HOCHERMAN
FREGUÊS
SUMIDO
Fabiana Karla
gravou o último
episódio do
“Além da conta
verão” com
Ingrid
Guimarães. Elas
foram a um
outlet, o The
Mills at Jersey
Gardens para
conferir o que
houve com o
consumidor
brasileiro
depois da alta
do dólar
VEM
MAIS
Série no
ar na
Bandeirantes
e no TNT,
“Terminadores” ganhará
uma segunda
temporada.
A equipe
já começou
a ser
convocada.
A nova leva de
episódios está
prevista para
o segundo
semestre.
No elenco
principal,
seguem Laila
Zaid e Paulo
Tiefenthaler.
A produção
é da Hungry
Man.
onde comecei — disse ela, em um
evento de lançamento do programa,
há duas semanas, em São Paulo.
Sobre o novo formato, Pelajo disse
que a eliminação da bancada e a presença de especialistas e personagens
servem para aproximar o espectador:
— Você elimina um obstáculo e fica
mais próximo do público.
DE VOLTA
ÀS ORIGENS
ALESSANDRO GIANNINI
De São Paulo
O GLOBO
SONHO REALIZADO
A jornalista também fará reportagens
na rua, um desejo antigo, diz:
— Minha formação é de repórter.
Sempre que puder, quero fazer externas para estar mais perto da notícia.
Segundo Eugenia Moreyra, diretora-geral da GloboNews, o novo telejornal tem como principais características a agilidade, a inovação na
linguagem e o investimento na interação. A estratégia do canal de notícias, diz ela, é priorizar reportagens
ao vivo e fortalecer a presença na capital paulista, onde fica sua maior
base de assinantes.
— Não estamos inventando nada
de novo, isso tudo já se faz no mundo
inteiro. Acredito em trabalhar com
alegria. Essa é a prova dos nove —
disse a executiva, que espera atrair
ainda mais o público jovem, de 18 a
30 anos, uma das faixas que mais assiste ao canal.
Embora seja apresentado em
São Paulo, o telejornal terá ainda equipe no Rio. Foi feita
uma reciclagem no material
de trabalho, com compra
de equipamentos mais
leves e modernos.
— Sabemos que temos uma imagem
mais sisuda e nos
orgulhamos dela.
Mas uma das nossas
características é saber
falar com os jovens. Por
isso, estamos fazendo um
esforço para trazer mais leveza e agilidade com esses investimentos — complementou
o chefe de redação, Carlos Jardim.
Em outubro de 2015, Pelajo
anunciou sua saída do "Jornal da
Globo", onde dividia a bancada com
o jornalista William Waack. Em nota
assinada por Ali Kamel, diretor de
jornalismo da TV Globo, a emissora
disse que a apresentadora vinha pedindo mudança de horário e passaria
a se dedicar a um novo projeto. Ela
não foi substituída e Waack segue
apresentando o telejornal noturno
sozinho na bancada. l
Mosquito na ‘guerra’
Assunto encerrado
Com suspeita de zika, Tony
Ramos teve que se ausentar
dos estúdios de “A regra do
jogo”. O ator passou dois dias
fazendo exames. Seu
personagem na trama, Zé
Maria, tem muitas cenas
nesta reta final.
Jorge Kajuru venceu a
briga judicial que tinha
com Luciana Gimenez. A
apresentadora tinha
entrado com uma ação
contra ele em 2014, depois
de se sentir difamada pelo
jornalista no Twitter.
Acabou
Sobe
Falando em “A regra do
jogo”, João Emanuel
Carneiro já entregou o
último capítulo a Amora
Mautner. O segrdo é
grande. Nem os
colaboradores do autor
receberam a versão final
das cenas. Tudo para evitar
eventuais vazamentos.
O “Big Brother” subiu
para o segundo lugar no
ranking dos programas
mais vistos da Globo no
Rio (estava em quarto) na
semana de 8 a 17 de
fevereiro. Ficou atrás
apenas de “A regra do
jogo”. Em São Paulo, o
reality está na quarta
posição. São dados do
Ibope.
Negócio
Carlos Massa, o Ratinho,
comprou a afiliada do SBT
do Maranhão. Mas desistiu
da de Minas, depois de uma
longa negociação.
NA WEB
patriciakogut.com
O mundo da televisão passa
por aqui. Visite.
‘SPOTLIGHT’ É O
GRANDE VENCEDOR
DO SPIRIT AWARDS
Festa do cinema
independente concedeu
cinco prêmios a filme
sobre imprensa
C
onsiderado o Oscar do
cinema independente
dos Estados Unidos, o
Independent Spirit Awards
anunciou na noite do último
sábado os vencedores da sua
31ª edição, cuja cerimônia de
entrega de prêmios foi realizada na praia de Santa Mônica, no estado da Califórnia. O
filme “Spotlight — Segredos
revelados” foi o grande vencedor da noite, tendo conquistado cinco estatuetas: melhor
filme, melhor diretor (Tom
McCarthy), melhor roteiro
(Tom McCarthy e Josh Singer), melhor edição (Tom
McArdle) e também o Robert
Altman Award, que foi entregue ao diretor, ao elenco e ao
diretor de produção do filme.
O longa narra uma história
protagonizada por um grupo
de repórteres do jornal “Boston Globe”, que revelam, numa série de reportagens investigativas, um esquema em
que padres pedófilos abusavamm sexualmente de menores de idade. O escândalo, inspirado em fatos, se abateu
contra integrantes da igreja
católica de Boston em 2001.
“O quatro de Jack” conquistou dois prêmios Independent
Spirit, o de melhor roteiro de
estreia (Emma Donoghue) e o
de melhor atriz, para Brie
Larsson, que interpreta uma
mãe que cuida de seu filho numa situação de cativeiro.
O menino Abraham Attah,
de “Beasts of no nation”, ficou
com o troféu de melhor ator
em seu primeiro trabalho
profissional, realizado quando tinha apenas 14 anos. Seu
parceiro de elenco em “Beasts of no nation”, Idris Elba
conquistou o prêmio de ator
coadjuvante; e a transexual
Mya Taylor venceu o Spirit de
melhor atriz coadjuvante por
“Tangerine”.
SÓ UM TROFÉU PARA ‘CAROL’
Na disputa entre as produções internacionais, o húngaro “O filho de Saul”, de
László Nemes, foi eleito como o melhor filme estrangeiro. “The look of silence”, de
Joshua Oppenheimer, foi escolhido como melhor documentário, e “The diary of a
teenage girl”, de Mar ielle
Heller, foi considerado o melhor filme de estreia.
Estrelado por Cate Blanchett e Rooney Mara e inspirado no romance homônimo
de Patricia Highsmith, “Carol” era um dos favoritos da
noite, mas conquistou apenas
o Spirit de melhor fotografia
(Ed Lachman), enquanto o
troféu John Cassavetes, dedicado a longas-metragens realizados com orçamento abaixo de US$ 500 mil (cerca de R$
2 milhões), foi para “Krisha”,
de Trey Edward Shults. l
6
l O GLOBO
l Segundo Caderno l
C
Segunda-feira 29 .2 .2016
E-mail: [email protected]
omo comecei a tratar na
coluna anterior, importantes autores de literatura policial brasileira começaram sua série de livros nos anos 1990. Entre
eles, Patrícia Melo, que segue um estilo de romance
noir mais focado na violência social, e Jô Soares, que mescla humor e romance-enigma de
maneira inteligente. Na obra de ambos, inexiste a figura de um personagem fixo, de um detetive clássico que segue nas obras seguintes,
sempre investigando um caso misterioso.
Naturalmente, não há aí qualquer demérito:
após décadas de desenvolvimento do gênero,
me parece que a “atual” literatura de mistério
não carece da figura do investigador: é perfeitamente possível fazer um romance policial
“sem polícia”. Além disso, considerado nosso
aparato policial e a eficiência de nossa Justiça,
não é difícil concluir que talvez o melhor caminho para a literatura policial brasileira seja
mesmo aquele sem a figura da autoridade.
Contrariando este aspecto e seguindo por
uma linha mais tradicional, dois autores surgidos nos anos 1990 merecem destaque: Tony
Bellotto e Luiz Alfredo Garcia-Roza. Compositor e guitarrista dos Titãs, Bellotto lançou-se na
carreira de escritor em 1995, com “Bellini e a
esfinge”. No romance, somos apresentados ao
investigador particular Remo Bellini, típico detetive noir, morador da caótica São Paulo, apaixonado por blues, uísque e femmes fatales. Fã
de Georges Simenon, Bellotto criou um detetive à moda noir: em Bellini é possível enxergar
referências claras a Philip Marlowe, Archie Goodwin, Sam Spade e, claro, Mandrake, sobre o
qual já falamos neste espaço.
Após “Bellini e a esfinge”, adaptado para os
RAPHAEL MONTES
LITERATURA POLICIAL IV
cinemas pelo diretor Roberto Santucci em 2001
com Fábio Assunção, seguiram-se os romances
“Bellini e o demônio” (1997), também adaptado,
desta vez por Marcelo Galvão, “Bellini e os espíritos” (2005) — meu favorito — e “Bellini e o labirinto” (2014). Além das tramas surpreendentes,
repletas de tipos interessantes e diálogos secos, o
grande mérito dos livros policiais de Bellotto foi
retratar São Paulo de maneira tão viva, especialmente seu submundo. Até hoje não me esqueço
das cenas de ação na Liberdade... Incríveis!
Já Luiz Alfredo Garcia-Roza, professor universitário e psicanalista, abandonou a carreira acadêmica para se dedicar à ficção policial e criou o
delegado Espinosa, titular da 12ª DP, em Copacabana, bairro que tem força de protagonista
em suas tramas. É uma delícia ver as ruas do
bairro permeando os momentos de ação dos livros. Numa espécie de noir tropical, praiano,
Espinosa encontra mendigos, putas, gringos,
policiais corruptos, mulheres fatais e famílias
de classe média-alta. Espinosa almoça na Trattoria e no árabe da Galeria Menescal. O delegado é uma espécie de detetive Maigret brasileiro:
um sujeito ordinário, calmo, introspectivo, honesto, de hábitos simples, com gosto para boa
música e boa literatura e de uma integridade
pessoal inesperada para o leitor que traz no
imaginário a truculência da polícia carioca.
Logo em sua primeira aventura, “O silêncio da
chuva” (1996), Garcia-Roza venceu os prêmios
Nestlé e Jabuti, mostrando que literatura de gênero merece atenção da crítica e pode, sim, ser
selecionada em prêmios. Mais importante: o
autor manteve uma produção periódica com
aventuras do delegado Espinosa — atualmente
são dez os romances protagonizados pelo personagem. Com histórias adaptadas para o cine-
Numa espécie de noir
tropical, praiano, Espinosa
encontra mendigos, putas,
gringos, policiais corruptos,
mulheres fatais e famílias
de classe média-alta
ma (“O silêncio da chuva” e “Achados e perdidos”) e para a televisão (série “Espinosa”),
os livros de Garcia-Roza se destacam também por uma particularidade: rompendo as
regras do gênero, o autor opta comumente
por finais abertos, em que um ou alguns mistérios continuam sem solução.
Certa feita, em um evento literário, tive a
oportunidade de escutar Luiz Alfredo GarciaRoza explicar sua maneira de encarar a literatura policial, justificando tais finais abertos.
Por ser tão interessante, transcrevo aqui:
“Existe quem é cartesiano, cerebralista, que
acha que o romance policial é um tratado de
matemática com certa ação. Essa é a perspectiva que vê no crime um problema a ser resolvido. Uma vez resolvido, é afastada a causa do
crime e evidentemente o criminoso é o ‘whodunit’. O outro tipo de narrativa policial é
quando o crime não é um problema a ser resolvido, mas um enigma a ser decifrado. A diferença é enorme: no primeiro caso, uma vez o
problema enunciado, ele está resolvido. É só
uma questão de proceder lógico-dedutivamente. No enigma, não. O enigma não tem essa transparência, essa clareza, ele não é feito
de ideias claras e distintas como o problema. O
enigma tem uma parte da verdade que te revela, te insinua, e uma parte que ele oculta. A
parte oculta do enigma é o que faz com que o
enigma seja reinventado, ou redito, ou reeditado, em suma: o enigma é como o sonho. Você
interpreta uma vez, outra vez, outra vez...”
Assino embaixo.
Como visto, apesar dos percalços, a situação
da literatura policial brasileira começa a mudar no início dos anos 1990. Esta repercussão
influenciou a larga produção do gênero no
Brasil no final dos anos 1990 e no início dos
2000, como será tratado semana que vem.
‘Como me tornei estúpido’
BERG SILVA/DIVULGAÇÃO
ANGÚSTIA E HUMOR
COM MARTIN PAGE
Primeiro livro escrito
pelo autor francês,
best-seller é novamente
adaptado para o teatro
ALINE MACEDO
[email protected]
C
uidado com o que os escritores
dizem. O aviso vem logo na primeira resposta do autor francês
Martin Page, em uma entrevista concedida por e-mail ao GLOBO. Seu primeiro livro, “Como me tornei estúpido”, acabou de ganhar uma nova versão teatral no Brasil, com dramaturgia
de Pedro Kosovski e direção de Sérgio
Módena, que fica em cartaz no Sesc
Ginástico até 27 de março. A primeira
adaptação para os palcos foi escrita
em 2007 por Fernando Bonassi, em
uma montagem que não chegou ao
Rio, e pouco depois surgiram outras
em festivais profissionais e amadores.
Em uma entrevista ao GLOBO em
2007, quando o escritor esteve no país
para lançar “A gente se acostuma ao fim
do mundo”, Martin Page afirmou que
não se reconhecia mais no seu primei-
“É uma alegria ver
o que outros
artistas fazem com
o meu trabalho. E,
se uma adaptação
não for boa, meus
livros ainda vão
estar aqui”
Martin Page
Escritor
HE
IA
TOR
VIC
OE
O/Z
AÇÃ
G
L
U
FISC
ro livro. Questionado agora sobre a antiga declaração, sua resposta foi o aviso
que abre esta reportagem, acrescentando que talvez estivesse tentando ser
justo e gentil com seus outros “filhos”
de menos sucesso:
— “Como me tornei estúpido” é muito próximo de quem sou ainda hoje.
Sua loucura, desespero e (espero) ternura estão alinhados com o que escrevo hoje em dia.
LIBERDADE PARA MUDANÇAS
Page, que que tem cinco livros publicados no Brasil (o último deles, o terror “A
noite devorou o mundo”, sob o pseudônimo Pit Agerman) mantém o tom irônico característico de sua literatura
mesmo ao escrever um e-mail. Ao falar
sobre as perdas e os ganhos no processo de adaptação de sua obra, por exemplo, ele não tenta fazer média:
— O que mais tenho são ganhos, porque as adaptações geram dinheiro: e
dinheiro é uma maneira de poder escrever livros que não vão fazer sucesso.
O escritor diz que seus livros, assim como ele mesmo, são uma mistura de desespero e humor — e, em suas palavras, o humor é “um contra-ataque às dificuldades
da vida”. Foi essa maneira ácida de encarar
a vida que atraiu os idealizadores da montagem brasileira, Sérgio Módena e o ator
Gustavo Wabner, quando leram as agruras
do intelectual Antoine (no original) rumo
à estupidificação para finalmente conseguir se encaixar socialmente.
Os dois, que se conhecem há 18 anos,
tinham pensado em adaptar o romance
cerca de sete anos atrás, mas a ideia acabou indo para a gaveta. Em 2015, Wabner
se juntou aos atores Marino Rocha, Alexandre Barros e Pablo Sanábio pela simples vontade de compartilhar o palco,
convidando o antigo amigo para dirigilos. Com o desejo de falar sobre o mundo
em que estamos vivendo atualmente, o livro surgiu como um ponto em comum. À
trupe, se uniram posteriormente Pedro
Kosovski, vencedor do prêmio Cesgranrio de 2016 pela dramaturgia de “Caranguejo overdrive”, e Rodrigo Fagundes, que
substituiu Sanábio no elenco.
— Hoje todo mundo pode dar a sua
opinião instantaneamente nas redes
sociais, o que é maravilhoso, pois é um
processo democrático. Por outro lado,
também vemos muita estupidez, o que
pode ser perigoso, principalmente se
essa estupidez se organiza. Quem não
dirá que o nazismo é uma forma de estupidez? — questiona Módena.
Ao conceder os direitos de adaptação, Martin Page deu liberdade para os
brasileiros:
— Acho importante que eles transformem o meu enredo em uma história
deles, que coloquem seus pensamentos, medos e paixões. É uma alegria ver
o que outros artistas fazem com o meu
trabalho. E, se uma adaptação não ficar
muito boa, não tem problema. Meus livros ainda vão estar aqui, disponíveis.
Com o aval do próprio autor, Pedro
Kosovski se inspirou em uma campanha publicitária com o slogan “seja estúpido”, de 2011,para adicionar um prólogo à jornada de Antônio (todos os nomes e situações foram abrasileirados).
A partir da discussão sobre o que significa o tal “estúpido” da propaganda, a
ação se desenvolve como um passo-apasso rumo à conformidade social.
—Não existem surpresas nas relações
humanas: se você tem muito poder, vai
destruir os mais frágeis e sensíveis — diz
Page, explicitando que o mundo que
oprimiu Antoine ainda é o mesmo. l
DIV
“COMO ME TORNEI ESTÚPIDO”
ONDE: Sesc Ginástico - Av. Graça Aranha
187 (2279-4027). QUANDO: Qui. a sáb.,
às,19h, e dom., às 18h. Até 27/3. QUANTO: R$ 20. CLASSIFICAÇÃO: 12 anos.
Samba. O autor Daniel Brunet (à esquerda) com o compositor Moacyr Luz
A INUSITADA SAGA DE
UM BATUQUE CRIADO
NA SEGUNDA-FEIRA
Livro de Daniel Brunet,
com pré-lançamento
hoje, narra a história do
Samba do Trabalhador
LEONARDO LICHOTE
[email protected]
A
certa altura do 21 de
maio de 2005, numa festa de aniversário rolando
no Renascença, Moacyr Luz se
virou para Jorge Ferraz, presidente do clube, e soltou: “Jorge,
tô com vontade de fazer uma
roda aqui. Uma coisa pra reunir
os amigos, às segundas, que é a
folga dos músicos. Começando
às 14h”. O presidente retrucou,
incrédulo: “Como é que a gente
vai fazer um evento às
segundas?”. Nove dias
depois, estreava o
Samba do Trabalhador — que, contrariando as expectativas,
se tornou um fenômeno que lota regularmente o espaço e já
rendeu três CDs,
DVDs e reportagens
na imprensa internacional. Esse episódio — e outros
relativos ao encontro semanal
— está contado em “Segundafeira: A história do Samba do
Trabalhador”, do jornalista do
GLOBO Daniel Brunet. O prélançamento é hoje, na já tradicional roda (onde mais?).
O livro — com capa de Lan e
apresentação de Aldir Blanc —
procura, mais que traçar a trajetória e os grandes momentos
do Samba do Trabalhador, mapear os personagens da roda.
Sua segunda parte traz 100 ver-
betes com minibiografias de
músicos, cantores e compositores que fizeram ou fazem
parte do encontro, ou mesmo
tenham dado uma canja por lá
ao longo desses quase 11 anos.
— Tem gente famosa, como
Beth Carvalho e João Bosco, e
bambas desconhecidos do
grande público — explica Brunet, acrescentando que sua
ideia original do livro era apenas com os verbetes. — Queria
documentar a participação
dessas pessoas, que constroem
essa história que ainda está se
desenrolando, mas um dia vai
acabar. Outras rodas importantes, como o Pagode da Beira
do Rio, o Pagode do Arlindo, o
Pagode da Tia Doca e o próprio
Cacique de Ramos não tiveram
seus personagens
documentados.
As rodas de samba
citadas por Brunet
também são abordadas no livro, nessa tradição do encontro em
torno da batucada. O
autor também investiga a relação entre
samba e trabalho ao
longo das décadas,
passando pela louvação da malandragem e pela atuação de
Getúlio Vargas no sentido de incentivar que sambistas valorizassem a figura do trabalhador.
— Apesar da ironia do nome
Samba do Trabalhador para
uma roda na tarde de segundafeira, ela acabou consolidando
a figura do trabalhador do
samba. As pessoas veem os
músicos ali preparando a roda,
os instrumentos, a seriedade
com que levam aquilo. Não
tem roadie — diz Brunet. l

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