césar lombroso
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CÉSAR LOMBROSO João Paulo Bittencourt Cardozo, Promotor de Justiça, 1° Vice-Presidente da Associação Jurídico-Espírita do Rio Grande do Sul - AJERS Este dia 19 de Outubro marca os cem anos da morte do médico italiano César Lombroso, evento a ser lembrado para muito além de empoeirados bancos acadêmicos de Criminologia. Nascido em Verona, Itália, em 1835, e formado médico pela Real Universidade de Pavia em 1858, Lombroso notabilizou-se como um dos maiores cientistas da segunda metade do Século XIX. Em 1876, publicou a obra que estenderia a sua fama aos quatro cantos do mundo: O Homem Delinquente. Deu à luz a Antropologia Criminal, identificando no delinquente um conjunto de características biológicas, funcionais e morfológicas, e trazendo a concepção original do “criminoso nato”, ser humano nascido com necessária predestinação ao crime. Viu no delinquente antes um doente que necessita de tratamento e, no crime, um mal que pode ser prevenido. Levantou contra a sua pessoa, por tudo isso, grande hostilidade, seja dos defensores de concepções penais arcaicas, seja de ignorantes que temiam que seu ideário acabasse com as prisões. Mas foi em seus últimos anos que César Lombroso rompeu as derradeiras amarras de sua vida científica. Em outubro de 1909, dias antes de morrer, assinou o prefácio da obra Hipnotismo e Mediunidade, em que mandou às favas preconceitos que a classe científica lamentavelmente conserva até hoje e tornou pública a convicção que alcançou, após anos de experimentos, da realidade da sobrevivência do espírito à morte física. Partindo de relatos de experiências que fez com hipnotizados a partir da década de 1880, que já lhe demonstraram a existência de fenômenos que simplesmente não seguiam as leis até então conhecidas pela psico-fisiologia, passou a descrever as centenas de experimentos que realizou, com todas as cautelas científicas, com a médium Eusápia Paladino, capaz de produzir diversos efeitos físicos e intelectuais claramente indicativos da co-participação de espíritos. Em consistente apanhado histórico, provou que os fenômenos que observou já eram conhecidos da maioria dos povos nas mais variadas épocas. Finalmente, fez minuciosa análise dos limites à influência dos médiuns, concluindo não ser aceitável a tese que atribui a eles a causa de todos os fenômenos, especialmente diante daqueles que sugestionam a participação de uma inteligência distinta e muito superior à do médium. O livro faz refletir sobre qual a postura correta do verdadeiro cientista. Será a de admitir conceitos preconcebidos como verdades absolutas, negandose, a priori, a perscrutar qualquer coisa que possa ir além do método experimental, ou a de se curvar diante do fato que está ali, à sua frente, mesmo contrário às leis materiais até então conhecidas? A importância de Lombroso não se limita a haver traçado caminhos que até hoje são seguidos por geneticistas, endocrinologistas e outros que se dedicam a erigir o paradigma biológico da delinquência. No centenário de sua morte, nossas homenagens a um verdadeiro cientista que, escravo dos fatos, não titubeou em empenhar seu nome na defesa de ideia espírita. “Diálogo Espírita”, jornal da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, Edição n° 81 Setembro/Outubro de 2009
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