Capítulo 26: A Espada Esquecida Naomy e Shoichi fizeram uma

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Capítulo 26: A Espada Esquecida Naomy e Shoichi fizeram uma
Capítulo 26: A Espada Esquecida
Naomy e Shoichi fizeram uma viagem de trem agradável até Tóquio. A garota cochilou por quase
quinze minutos. Quando chegaram até a grande metrópole japonesa, foram imediatamente ao dojo,
não muito distante da estação em que saltaram. O mestre recebeu Shoichi como Naomy previa, e
então a conversa entre os dois fluiu naturalmente.
– Quer dizer que tem treinado muito com o seu mestre, Shoichi. – disse Osuku. – Que bom! E
agora está mais forte do que nunca como um guardião.
– Espero ter alguma utilidade nesses confrontos. – disse ele, encostado à parede, de frente para
Naomy. – Sei que ainda sou inexperiente comparado aos outros, principalmente o Lexus-sama e o
Fours-kun.
– Eu mesma já fui inexperiente, Shoichi-kun. – afirmou Naomy. – Em minha opinião mais sincera, você amadureceu muito durante os séculos. É claro que ainda não é prudente deixá-lo enfrentar
um demônio da luz ou das sombras, mas certamente você tem poderes maiores e mais desenvolvidos
do que grande parte dos nossos inimigos.
– É o mínimo que posso fazer, já que sou um Guardião Sagrado. – olhou para o mestre e disse para
ele: – Osuku-sama, já é noite. Eu vou indo. Dormirei na casa dos meus pais, aquela bem perto da
casa da Naomy-kun.
– Quarenta e dois metros de distância da minha casa. – ela sorriu, simpática.
– Continua excelente com medidas. – Shoichi retribuiu o sorriso dela. – Existe alguma coisa que
você não consiga calcular todas as medidas só de bater os olhos?
– Na verdade, eu não sei dizer ao certo. – ela alargou o sorriso, claramente feliz. – Mestre – olhou
para ele. –, muito obrigada pela hospitalidade de sempre. Amanhã eu voltarei aqui, se for possível.
Farei um chá para o senhor, está bem?
– Está bem. – ele sorriu também. Gostava de ver como Naomy o considerava e o respeitava.
– Shoichi-kun, vamos indo?
– Claro. – disse ele, tranquilamente.
No Mundo dos Demônios, um demônio pesquisava em uma biblioteca sobre Naomy e Namie, à
luz de velas. Estava sozinho neste lugar fazia mais de um dia inteiro, onde lia tudo o que encontrava
sobre as duas divindades. Enquanto corria seus olhos pela página de um livro, foi acompanhando
com o pensamento:
– “... foi selada pela própria Naomy, e nenhum demônio conseguiu desfazer o seu selo, por mais
tempo que se passasse, porque...” – e as palavras terminaram aí. – Esta página foi rasgada. – disse
ele. – Pergunto-me se foi rasgada por acidente ou de propósito. Terei que procurar a continuação,
talvez em outro livro.
Era um demônio de cabelos azulados e curtos, o que indicava que ele era um meio dragão e meio
demônio. Também possuía olhos azuis e pele muito clara. Seu quimono tinha uma coloração toda
preta, apenas com alguns detalhes em branco, como a faixa amarrada na cintura. Aparentava ter apenas quinze anos, mas, na verdade, devia ter entre cinquenta e sessenta anos.
Caminhou entre as estantes de livros da biblioteca e imaginava se conseguiria mais informações
sobre o que desejava. Outro livro grosso lhe chamou a atenção por conter o nome de Naomy logo na
capa e ele imediatamente tratou de pegá-lo. Abriu e escolheu uma página para ler. Talvez tivesse que
ler o livro inteiro, ele pensou nisso.
As horas foram se passando, e o demônio continuou lendo os livros. Não tinha muita pressa para
deixar a biblioteca. Quanto mais lia sobre Naomy e Namie, e até sobre Lexus, mais se sentia com
vontade de derrotá-los. Ainda com um dos livros em suas mãos, caminhou até a porta de entrada e
sentou-se num banco de dois lugares feito de madeira, bem ao lado dela. Suas duas espadas estavam
ali: uma katana embainhada e uma espada europeia similar a aquelas de Shigeru e Tsuyoshi, com a
lâmina dentro de uma bainha de couro preto.
– Não encontro mais informações sobre a espada que a Naomy selou neste mundo. – resmungou
ele. – Ao menos sei qual é a localização dela, e assim posso vê-la com os meus próprios olhos para
tirar as minhas conclusões.
Continuou lendo o livro em total silêncio. Queria se concentrar. Depois de mais algumas horas, se
deu por satisfeito e deixou a biblioteca assim que o Sol começou a nascer. Permaneceu dentro dela
por quase dois dias inteiros, pois pesquisou bastante sobre Lexus, Namie e, principalmente, Naomy.
Seguiu para o Leste, onde a Espada Esquecida estaria selada no alto de um penhasco.
Já era uma quinta-feira em Tóquio, e Naomy estava reunida com o seu grupo em sua casa. Todos
queriam falar com Shoichi, especialmente Kaoru. Almoçaram juntos e jogaram alguns jogos de tabuleiro e de videogame para relaxar e descontrair. Ainda eram duas e meia da tarde de um dia ensolarado, Naomy notou ao olhar para o relógio localizado no seu pulso esquerdo. Ela e Namie entregaram os presentes para Satoshi, Heydo e os outros, e só restou o presente do mestre para ser entregue.
Ficaram de levar ao dojo para ele até o final da tarde.
– Um Rolex... – Satoshi sorriu, enquanto o admirava em suas mãos. Estava junto de Naomy no
sofá de dois lugares, e tanto ele como ela eram observados por Namie e os outros. – Só você mesma
para me dar algo assim.
– Eu tinha certeza de que você iria gostar. – ela sorriu com simpatia. – Que bom que não me enganei.
– É muito bonito. E é justamente o modelo que eu já pensava em comprar. Você acertou em
cheio, Naomy. Não sei como agradecer.
– Se você está feliz, já está me agradecendo como eu gostaria. – disse ela, com sinceridade. –
Comprei para deixá-lo feliz, portanto, não precisa fazer mais nada.
– O humor dela melhorou muito. – pensou Namie. Heydo fazia companhia a ela neste sofá. – Parece que ela tinha toda a razão em querer ficar sozinha. – sorriu, pois viu que Naomy olhou para ela.
– Pensando em mim, Namie-chan? – perguntou a irmã mais nova, alegre.
– Sim. Na verdade, sim. – Namie se levantou e disse mais isto: – Eu vou à cozinha para beber
água. Depois vamos ao dojo ver o mestre?
– Claro! – disse Kaoru, sentada junto de Shoichi. Todos perceberam como ela sentiu falta deste
rapaz, pois quase não saía de perto dele. Naoko dividia o sofá com os dois, e fez a seguinte pergunta:
– Hoje também vamos jantar fora?
– Creio que sim. – respondeu Satoshi. – Seria bom, não concorda, Naomy?
– Concordo. – respondeu ela, ainda sorrindo.
O demônio que estava na biblioteca chegou ao seu destino: a região onde a Espada Esquecida
estava localizada. Caminhava pelo penhasco, procurando pela antiga arma de Naomy. Olhou para
cima e viu a espada num nível superior. Saltou e caiu de pé exatamente onde queria. Foi até perto da
Espada Esquecida e a observou, percebendo que ela estava cravada no chão de pedra a apenas um
metro da beirada. O Sol ainda conseguia se refletir um pouco na lâmina parcialmente enferrujada.
– Está selada, e não é pouca energia positiva que a mantém assim. – pensou. – É uma odachi,
como descrito no livro. Então Naomy também foi capaz de lidar com uma espada maior do que ela
mesma. Mas eu, Takeda, também posso usar uma espada assim. – continuou analisando a energia
positiva que mantinha a odachi selada, e de repente sentiu uma presença se aproximando por trás.
Virou-se e viu outro demônio, e não demorou nem um pouco para percebeu que tipo de demônio era
esse.
– Também veio atrás da espada que Naomy preferiu esquecer? – perguntou ele, detendo-se ao
lado de Takeda.
– O nome dela é Dark Soul. – respondeu o jovem demônio, com calma. Olhou pelo canto dos
olhos para o outro demônio e viu que ele aparentava dezoito anos, mas deveria ter cerca de quinhentos anos. Takeda prosseguiu, dizendo enquanto voltava novamente os seus olhos para a Espada Esquecida: – Quer dizer que a alma da Naomy estava negra enquanto usava essa espada. Conhece o
fato de que o Heydo e os guardiões que vieram depois dele nem sequer sabem da existência dessa
odachi? Parece que a Naomy esconde muitas coisas dos próprios companheiros.
– Ela tem vergonha do que fez. Matou os demônios que jurou ajudar, apenas para ter mais poderes. Entretanto, devemos respeitá-la, porque ela lutou contra oito demônios da luz ao mesmo tempo e
acabou com cada um deles. A famosa Luta de Três Dias... Leu sobre isso?
– Li. Mesmo assim, enfrentarei a Naomy. Quando ela lutou contra aqueles demônios da luz que
chamava de aliados, estava com a totalidade de seus poderes. Agora, ela está como uma mera semideusa, ou seja, não tem nem quinze por cento de todo aquele poder. É a minha chance de matá-la.
– Poucos são aqueles que saem com vida depois de enfrentá-la. – disse o demônio, sempre de
olho na odachi cravada no chão. – Tome cuidado. Independente de ela estar como semideusa ou apenas com a alma dela, é perigosa. Concordo que é uma boa hora para confrontá-la, mas aquela garota
se supera de um jeito ou de outro.
– Estou ciente dos riscos. – Takeda também olhava o tempo todo para a Espada Esquecida. – Já
tomei a minha decisão. Agora, diga-me: tem algum conhecimento de como desfazer o selo dessa
odachi? Se você veio até aqui, suponho que saiba de alguma coisa. É um demônio das sombras assim
como eu, mas não tem sangue de dragão como eu tenho, não é verdade?
– Quer usar a espada da Naomy contra ela mesma?
– Responda!
O demônio sorriu de maneira um pouco maliciosa. Não gostava de receber ordens, mas decidiu
abrir uma exceção: – Eu vim até aqui apenas para verificar se a quantidade de energia positiva continuava como antes. O selo é poderoso, não teremos sucesso em desfazê-lo. Foi feito por uma Deusa
com sangue de oito demônios da luz. Não sei qual a duração desse selo, mas imagino que possa ser
eterno.
– Tocar nessa espada já é um risco de vida, portanto. – Takeda olhava para a espada de maneira
fixa. – Eu preciso dela. Preciso enchê-la com o meu sangue e com a minha energia negativa. Sei que
será de grande ajuda para mim. Aumentaria os meus poderes, sei disso, assim como você também
sabe, por isso também a quer.
– Você é jovem, mas já é muito bom para deduzir as coisas sobre os outros. Quase lê as mentes
dos outros, não é? Até mesmo isso você quer usar contra a Naomy e a Namie.
– Acho que estou exagerando um pouco em querer enfrentar alguém como a Naomy logo de cara.
Talvez seja melhor matar os guardiões primeiro. – disse Takeda, um pouco pensativo. – Mas se eu
tentar enfrentar qualquer um dos guardiões enquanto estão próximos da Namie e da Naomy, elas
acabarão lutando contra mim.
– O confronto contra elas será inevitável, caso você vá ao Mundo dos Humanos. Pode até matar
um ou dois guardiões primeiro, mas cedo ou tarde, enfrentará a Naomy e a Namie.
– Hum... Então está decidido. Acabarei com elas primeiro. Mas antes preciso dessa espada.
– Nem os demônios da luz conseguiram tirá-la daí.
– Danem-se os demônios da luz! – Takeda elevou um pouco o tom de voz, e pareceu irritado. –
Não estou nem aí para eles!
– Nesse caso, tente tirar a espada daí você.
– Tentar tirar a minha espada daí? – perguntou uma voz feminina, e os dois demônios viraram-se
para ela. – Essa espada me foi dada pela própria Naomy. A energia sagrada de uma divindade como
ela está nessa espada. Tratem de manter a devida distância. Se não puderem fazer isso, teremos problemas.
Era Satoko, com uma katana na cintura, inclusive. Estava sozinha e não parecia mais tão serena
quanto antes, naqueles momentos em que tinha a companhia de seus irmãos.
– A sua energia negativa é de demônio do fogo e de demônio do gelo ao mesmo tempo. – disse
Takeda. – Quem é você, garota? Aliada das Deusas?
– Sou amiga da Naomy e da Namie, e já faz mais de mil anos que eu as conheço. Se quiserem
tirar a espada daí, terão que me enfrentar. Dispostos a isso?
– Não, eu não farei nada com você. – disse Takeda. – É rara... Você é rara demais para morrer,
mesmo estando do lado errado.
– Lado errado? – ela sorriu. – Estou apenas fazendo o que eu devo fazer. Não quero mais do que
julgo merecer, ao contrário de vocês. Não sou gananciosa, nunca fui.
– Eu vou embora. – disse o outro demônio das sombras, e começou a se afastar. – Se a espada é
sua, garota, e ainda foi dada a você pela própria Naomy, só posso respeitar isso. Faça como achar
melhor. – abriu um portal e sumiu rapidamente nele.
– Então você rasgou a página daquele livro. – Takeda a encarou nos olhos.
– Vocês só devem ter o conhecimento que merecem, nada mais. Não deixarei que machuquem a
Naomy-chan com essa odachi selada. Agora posso chamá-la de Naomy-chan. Já basta os meus irmãos querendo arranjar encrenca com ela e com a Namie-chan. Mas, no final, tenho certeza de que
eles entenderão o que estão tentando fazer. Viva e deixe viver, não é? Quer enfrentá-las também?
Deixo avisado que não terá sucesso.
– Hum... – fez Takeda, descontente. – Provarei o contrário a você. Posso vencer, sei disso.
– Afaste-se da Dark Soul. – Satoko pediu com seriedade. – Pode fazer o que quiser, mas fique
longe da espada. A sua energia negativa não deve ficar corrompendo a energia positiva, mesmo que
de forma praticamente imperceptível. Eu mesma posso ter energia positiva, se quiser.
– Já percebi isso. Foi a outra razão que me fez dizer que você é rara. – deu mais uma olhada na
Dark Soul e tomou a sua decisão, enquanto passava a encarar Satoko nos olhos: – Muito bem, não
posso fazer nada contra você e nem remover o selo da odachi. Meu tempo aqui terminou. Você venceu, eu vou embora.
– Pense melhor antes de lutar contra seres divinos.
– Desculpe-me, mas isso já não é mais assunto seu. – passou ao lado de Satoko e continuou caminhando. – Farei apenas o que eu quero fazer.
– Pelo menos avisei. Agora é por sua própria conta e risco. – Satoko deu mais uma olhada na
Dark Soul. – Shigeru e Tsuyoshi não vencerão a Naomy-chan e a Namie-chan mesmo comigo ajudando, porque nem eu sou tão forte quanto elas. A derrota ensinará algumas coisas a eles, como
deixar tudo nas mãos de verdadeiras divindades. Sei que a Naomy-chan e a Namie-chan perceberão
que não devem matá-los, porque eles não têm um coração ruim. – pensou.

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