Jardim Selado - Centro de Capacitação de Lideres

Transcrição

Jardim Selado - Centro de Capacitação de Lideres
Jardim Selado
Uma reflexão sobre Cantares
Isabel Zwahlen
ISABEL ZWAHLEN
Jardim Selado – Uma reflexão sobre Cantares.
Direitos reservados à autora
Isabel Zwahlen
Caixa Postal 802 AC Borda do Campo
São José dos Pinhais – Curitiba
CEP 83-075-971
ÍNDICE
Capítulo 1
Nas recâmaras do Rei .................................................................................
Onde apascentas o teu rebanho? ...................................................................
Como és formosa ........................................................................................
A volta do Paganismo – Sensualidade e engano ....................................................
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Capítulo 2
O lírio entre os espinhos ..............................................................................
Cativaste meu coração ................................................................................
Confortai-me com maçãs – Desfaleço de amor ....................................................
Não desperteis o amor ................................................................................
Levanta-te amada minha e vem .....................................................................
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Capítulo 3
Já passou o inverno ...................................................................................
As chuvas cessaram e se foram .....................................................................
Aparecem as flores na terra .........................................................................
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Capítulo 4
As raposinhas .........................................................................................
Incredulidade .........................................................................................
Ilusão ...................................................................................................
Idolatria ................................................................................................
Sensualidade ..........................................................................................
Masturbação ...........................................................................................
Capítulo 5
Dependência emocional .............................................................................
Capítulo 6
Vida emocional submetida ao senhorio de Cristo ...............................................
Jardim selado .........................................................................................
Subir do deserto ......................................................................................
Tratamento de beleza – Óleo de mirra ...........................................................
Tratamento com incenso ...........................................................................
Capítulo 7
Para colher os lírios ..................................................................................
Excelentes frutos, novos e velhos ................................................................
Selo sobre o teu coração ...........................................................................
Um muro ou uma porta? ............................................................................
Conclusão ..............................................................................................
Bibliografia ............................................................................................
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Agradecimentos
À minha família, por seu incondicional amor e apoio. Às minhas queridas amigas, por seu constante incentivo e encorajamento.
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Dedicatória
Para Sônia Regina,
“Que um dia o lírio dentro de você se desperte e desabroche”
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Poema
Prenda-me com os teus olhos castanho-escuros e brilhantes.
Prenda-me com os teus olhos grandes, femininos e atraentes.
Prenda-me com os teus olhos, poços profundos e transparentes.
Prenda-me com os teus olhos, jóias vivas e resplandecentes.
Prenda-me com os teus olhos, fogo penetrante cheio de bondade.
Prenda-me com os teus olhos, brilho, gozo e ternura.
Prenda-me com os teus olhos, luz, verdade e admiração.
Prenda-me com os teus olhos, piscar que acelera meu coração.
Prenda-me com os teus olhos, olhar de perder o fôlego.
Prenda-me com os teus olhos, chamas que derretem meu ego.
Roland Zwahlen
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Sobre a Jocum
JOCUM – Jovens com uma Missão foi fundada em 1960 por Loren Cunningham, no Havaí. Trazida
para o Brasil por Jim e Pamela Stier em 1976, a Missão JOCUM enfatiza três áreas: Evangelismo
– espalhar o Evangelho de Jesus de várias maneiras, através de ministérios urbanos, impactos
evangelísticos, coreografias e dramas, em parceria com igrejas locais; Treinamento – preparar
os cristãos para que alcancem outros, multiplicar nossos esforços através de treinar e equipar
obreiros é vital se queremos ver a Grande Comissão completa. Isso é possível através de cursos
oferecidos nas diversas bases espalhadas no Brasil e em outros países; Ministérios de Misericórdia
– demonstrar o amor de Deus, através de assistência prática, só evangelismo não é suficiente.
Cremos que o Evangelho deve ser acompanhado por uma resposta prática e amorosa às necessidades dos pobres e oprimidos.
Informações sobre a Jocum: www.jocum.org.br e www.ccl.brasil.com.br
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INTRODUÇÃO
Tenho uma preocupação no coração com relação às moças em nossas igrejas. Quando eu era
criança, as moças crentes eram diferentes. Eram distinguidas num grupo devido ao cabelo, às
roupas e aos modos. Estas diferenças, que muitos chamavam de “usos e costumes”, foram pouco a pouco desaparecendo. Hoje em dia, à exceção daqueles das igrejas mais tradicionais, não
se pode diferenciar entre os jovens os que são cristãos, ou não. Não quero defender nenhuma
forma de vestir-se ou de usar o cabelo, mas um comportamento.
Para conversarmos sobre isso, vamos dar um passeio pela leitura de alguns exemplos do livro
de Cantares. Alguns estudiosos aconselham que este livro não deva ser lido pelos jovens solteiros,
porque é visto como erótico outros dizem que deve ser lido apenas como uma interpretação do
relacionamento entre Jesus e sua noiva, a Igreja. Ou que seja também uma expressão de nosso
relacionamento com o Senhor. Há ainda quem defenda que se trata de uma analogia do casamento, o tipo de amor e compromisso entre o noivo e sua noiva.
Existem ainda alguns estudiosos que dizem que a sulamita era uma moça do campo por quem
Salomão se apaixonou e escreveu esses Cânticos, verdadeiras poesias, sobre este amor. Por isso
o livro de Cantares não fazia parte do Cânon do Velho Testamento. No início da igreja, chegaram
à conclusão de que se tratava do relacionamento de Jesus com a Igreja e Cantares foi incluído
no Cânon.Para chegar a estas conclusões, é necessário saber quem é a sulamita, ou o que ela
representa:
O povo de Israel
A Igreja
Cada cristão em seu relacionamento com Jesus
Vamos abordar este livro com a última interpretação: de cada cristão em seu relacionamento
pessoal com Jesus, o que não deixará de fora totalmente que possa ser aplicado à Igreja como
um todo, nem que no Velho Testamento o povo de Israel exemplificava a Igreja, no Novo Testamento. Isto porque “toda Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para
repreender, para corrigir, para instruir em justiça (II Tm 3:16). Mas para atingir o objetivo a
que me propus ao escrever este livro, dirijo-me às mulheres, às moças, às adolescentes e aos
jovens de nossas igrejas.
A Bíblia diz que nos últimos dias sobreviriam tempos difíceis, angustiosos qual nunca houve
(Mt 24:21). Exatamente como os dias em que estamos vivendo. Tempos de angústia moral e
espiritual, de solidão e medo, para muitas pessoas. A evolução da sociedade, dos meios de comunicação e globalização fazem com que ocorram mudanças muito rápidas. Uma das grandes
mudanças desta geração está no comportamento da mulher. De mulher objeto, desvalorizada,
vemos mulheres ocupando cargos públicos, nas empresas, nos negócios e em qualquer lugar
onde ela queira estar, denunciando assédio sexual, escolhendo o aborto, o planejamento familiar, escolhendo o parceiro, terminando o relacionamento.
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O sexo frágil não é mais tão frágil assim. Mulheres no esporte, no governo, nas artes e em
todas as áreas mais expressivas da sociedade podem provar. Mas isso também traz pressão. Se
por um lado ela sai de um ostracismo que durou gerações, por outro, sofre pressões emocionais
que muitas mulheres não conseguem suportar. Nossas avós nos deixaram padrões e costumes, o
que se esperava da mulher. E o que vamos deixar para a próxima geração?
Entre mulheres médicas, executivas, operárias, mães, divorciadas, algumas bem sucedidas,
outras nem tanto, quais serão os pontos de referência da geração seguinte? Quais valores terão
para se agarrar? Foi pensando nisso, também, que olhei para o livro de Cantares. Porque tudo
pode mudar, mas a palavra do Senhor permanece eternamente. Temos que deixar para a geração
vindoura marcos claro, bem definido. Há certos valores que nem a sociedade, seja o homem ou
a mulher do século XXI, poderão mudar. Valores que têm a ver com a alma eterna, imortal do
homem e da mulher. Valores que são absolutos na palavra de Deus, e devem servir para nos dar
equilíbrio, ser o ponto de referência aos jovens.
Algum tempo atrás fui convidada para dar uma palestra para as moças da Missão com a qual
trabalho. O convite, como sempre, encheu-me de alegria porque gosto de falar a respeito da
palavra do Senhor, com a qual gasto bastante tempo diariamente em devocional e, quando posso, em estudos sobre assuntos diversos. Orei e perguntei ao Senhor sobre o que deveria falar
naquela ocasião, esperei que o Espírito Santo me dirigisse a algum texto específico sobre o qual
poderia basear minha palestra. Alguns dias depois, quando estava tomando banho, o Espírito
Santo falou comigo claramente que fizesse a palestra sobre Cantares.
Como fazer, para moças, uma palestra sobre Cantares, pensei, sendo que se trata de um livro
cuja leitura alguns pastores chegam a sugerir não ser apropriada para os jovens solteiros? Como
foi indicação do Senhor, e disso tenho certeza, logo me pus a pesquisar e a ler a respeito. Foi
assim que o Espírito Santo me dirigiu a tirar alguns versículos chaves desse livro, os quais formaram a base para a palestra. Naquela manhã, estavam reunidas no refeitório de nossa Missão,
algumas das moças mais bonitas, alegres e comprometidas com Deus que eu já tive o privilégio
de conhecer. Moças corajosas, que não hesitaram em deixar seus lares, famílias, empregos com
possibilidades de carreiras bem sucedidas, ou uma vida simples e corriqueira, para mergulharem
numa aventura com Deus, em outras nações.
Dirigi-me a elas naquela manhã com muito carinho e respeito, sabendo tratar-se de pessoas
realmente especiais para Deus. Depois da palestra, elas mesmas, deram a idéia de colocar o que
fora apenas alguns pensamentos rabiscados numa folha de papel, em forma de um livro para
outras moças pelo Brasil afora. Assim, chega às suas mãos, querida leitora: “Jardim Selado”, um
livro dedicado a moças como você, que sonha, sente, chora e tem um profundo desejo de ser
um lírio para Deus. Espero que esta leitura a edifique e a inspire.
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Capítulo 1
Nas recâmaras do Rei
Objetivos para este capítulo: Que a leitora possa identificar com clareza sua experiência
de conversão (redenção, santificação), os passos para discipulado e quem são no Senhor Jesus.
Um breve relato da influência de certos cultos e divindades pagãs que ainda hoje afetam nossa
sociedade.A leitura de Cantares requer uma certa medida de maturidade espiritual; só era permitida a leitura para os judeus depois dos trinta anos, para entrar no mistério do amor de Deus
em Cristo Jesus.
Só o amor de Deus pode tirar-nos de um poço de lama e transportar-nos para o Reino do Filho
do seu amor. Sendo transportadas pela graça e misericórdia de Deus, entramos nas recâmaras do
Rei.Conheço algumas moças cuja experiência de conversão foi algo marcante. Estou pensando
em Ruth, agora mesmo. Ruth chegou à nossa casa, certo dia, vinda da Inglaterra, para trabalhar
como voluntária em nosso Ministério com crianças em Contagem.
Meu marido foi buscá-la no aeroporto e fiquei em casa esperando, o que pensava, seria uma
jovem missionária como muitas que conheço. Quando ela chegou, cansada, com muito calor, a
primeira coisa que me chamou a atenção foram suas roupas: estava vestida como quem iria para
um safári, com botas, um leotardo, camiseta, o cabelo amarrado num rabo-de-cavalo. O rosto
meigo e amável mostrava sinais de cansaço da longa viagem, mas não deixava de sorrir, primeiro
um brilho nos olhos azuis, que depois se espalhava pelo rosto.
Servi o jantar, fiz algumas poucas perguntas, a seguir encaminhei-a para descansar. Na manhã
seguinte, após o café, conversamos um pouco e comecei a introduzi-la ao que seria seu dia a dia
nos próximos três meses.Assim que iniciei a conversa sobre os horários da Missão, que incluem
devocional pela manhã, reunião de oração para os obreiros e outras atividades semelhantes,
notei que Ruth parecia não entender o que eu estava dizendo. Perguntei-lhe se sabia o que é
devocional e reunião de oração. Ela, timidamente, mas com um sorriso brejeiro nos olhos, disseme não saber absolutamente nada do que eu estava falando.
Depois de rirmos um pouco, desfizemos alguns equívocos: Ruth viera para o Brasil, porque
vira nosso endereço na Embaixada Brasileira em Londres, então ela se ofereceu para vir como
voluntária, sem saber tratar-se de uma missão evangélica.
Em nossa correspondência, quando tentei explicar-lhe como vivíamos em nossas três casas
com crianças carentes, com meu inglês um pouco deficiente, escrevi que morávamos em casas
sobre as árvores (trees, em inglês, em vez de three – três), e jamais tinha me ocorrido perguntar-lhe se era cristã, porque pensei que se uma pessoa se oferece como voluntária para trabalhar
sem salário por três meses no ministério com crianças numa missão, certamente seria cristã.
Assim, descobri que Ruth não era cristã, estava surpreendida de ver nossas casas sobre o chão
sólido, e não tinha a menor idéia do que fosse devocional e oração. Foi meu privilégio, juntamente com outras moças de nossa missão, introduzir Ruth nas recâmaras do Rei.
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À medida que os dias foram passando ela começou a sentir-se à vontade em nosso meio, e
nossas conversas pelas manhãs foram se tornando um evangelismo pessoal. Comecei a explicar-lhe sobre a graça de Deus e a forma como ela opera em nossas vidas. Como Deus, em seu
grande amor, nos enviou Jesus para morrer na cruz por nossos pecados. Como o arrependimento
é o primeiro passo na direção de uma nova vida com Jesus.
Como Ele preenche nossa vida, dando-nos alegria, segurança e suprindo todas as nossas necessidades. Ruth ouvia atentamente minhas palavras, fazendo muitas perguntas. Conversava
também com outras pessoas da Missão, participava dos cultos, e logo começou a ler a Bíblia.
Algumas semanas depois, entregou-se completamente a Jesus, e o Espírito Santo encheu sua
vida de gozo. A primeira coisa que ela fez foi dar testemunho a outras pessoas da mudança que
Deus operara em sua vida. Como tinha vivido uma vida vazia e triste! Como tinha esperado que
nessa viagem ao Brasil encontrasse algo que preenchesse sua vida solitária e infeliz! Amizades,
bebidas, cigarro, sexo, nada disso tinha tirado a infelicidade, a dor no coração, a falta de esperança. Em sua cidade na Inglaterra, Ruth tinha amigos e uma vida social intensa. Sendo uma
moça bonita, tinha o assédio de rapazes que poderiam prover para ela toda satisfação no plano
físico, mas nada que satisfizesse a fome de seu coração sedento por um relacionamento profundo, saudável e puro. Tudo isso, ela só encontrou quando, resolutamente, entrou nas câmaras do
rei.
“Leva-me tu, corremos após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras. Em ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho”- Cantares 1:4.
Então, ela passou a ver-se com outros olhos. O que parecia normal antes, as noitadas com os
amigos, a bebida, o cigarro, o sexo, já não eram tão satisfatórios. Ruth começou a ver o quanto
tinha ficado exposta ao sol, aos maus tratos da escravidão do pecado.
Não guardei a minha vida
A sulamita de Cantares diz:
“Não olheis para o eu ser morena, porque o sol resplandeceu sobre mim. Os filhos da minha
mãe me indignaram contra mim e me puseram por guarda de vinhas; a vinha que me pertence
não guardei” (1:6). De igual modo, mulheres e moças passaram por isso; sofrimentos de relacionamentos familiares quebrados: divórcio dos pais, feridas de infância e adolescência, conflitos,
mágoas, ressentimentos, coisas enraizadas em seu coração, que tiravam todo o brilho e a beleza
de sua vinha.
Quantas moças, como Ruth, têm sua vinha estragada. Ficaram tomando conta das vinhas de
outras pessoas, trabalhando cedo para ajudar na renda familiar, cuidando de irmãos menores
enquanto os pais trabalhavam. Levaram responsabilidades em seus frágeis ombros de menina-moça, que fizeram murchar em seu coração os sonhos de menina, deixando o vazio, a tristeza e a amargura. Na busca por uma compensação, deixaram sua vinha em flor ficar exposta, com
as cercas caídas, sem proteção e qualquer pessoa da rua pôde vir e comer do seu fruto.
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Muitas vezes não houve quem se preocupasse com elas, que as orientasse sobre os perigos
que corriam. Mas que alegria quando pôde entrar nas recâmaras do rei! Como Rute quando encontrou Boaz e ele foi seu resgatador. Livre da vergonha de ser mulher viúva, desamparada e
sem filhos, Rute foi resgatada por Boaz, o dono da eira.
Da mesma forma que o amor de Deus foi suficiente para resgatar Ruth, ele pode operar na vida
de qualquer pessoa que se entregou a ele, reconhecendo que o único que pode fazer a paz entre
nós e Deus é o Senhor Jesus.
“Porque o Senhor é o grande Deus, e grande Rei acima de todos os deuses” (Sl 95:3).
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Onde Apascentas o teu rebanho ?
Desde o momento em que percebeu sua necessidade do Salvador e Senhor Jesus, Ruth passou
a empregar todo o tempo livre de que dispunha que não era muito devido ao seu trabalho com
crianças, em buscar ao Senhor, procurar conhecê-lo, conhecer a sua palavra e os seus princípios
para sua vida.
Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o recolhes pelo meio-dia. Por que razão seria eu como a que anda errante pelos rebanhos dos
teus companheiros? – Ct 1:7.
Eu observara que quando chegou à nossa missão Ruth tinha nas mãos um livro pequeno,
com uma capa escura, um tanto estranha. Como sou muito curiosa e gosto muito de livros, logo
perguntei-lhe o que estava lendo. Não me lembro bem o título nem o autor, mas era algo de
esoterismo, dessas seitas raras que são tão atrativas para os jovens hoje em dia. O misticismo
tomou conta da filosofia de vida e tornou-se uma forma de religião, que está na moda no Brasil
e no mundo todo.
Quando conheceu Jesus, Ruth deixou de lado o livro esotérico e passou a procurar onde “seu
amado apascenta o seu rebanho”. Descobriu que Ele é o Bom Pastor, Ele conduz suas ovelhas
aos “verdes pastos, guia mansamente a águas tranqüilas, refrigera a alma, guia pelas veredas da justiça, retidão e verdade” (Sl 23).
Ruth, uma ovelhinha frágil e tenra, aprendeu a seguir “pelas pisadas das ovelhas” (Ct 1:8) as
outras ovelhas do rebanho, já habituadas a confiar no Pastor e a seguí-lo pelos montes, campinas e vales da vida cristã.
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Ovelhas que são alimentadas diariamente em pastos verdes. Não da erva seca, de horóscopos, duendes, bruxas, gnomos, tarôs, e outras coisas semelhantes a essas, que confundem,
amedrontam e não dão a resposta de que precisamos. Mas alimentam-se da palavra mansa e
suave do Pastor que conhece suas ovelhas, que “vai adiante delas, e elas o seguem, porque
conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque
não reconhecem a voz dos estranhos” (Jo 10:4,5).
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Como és Formosa!
A voz de Jesus em nossas vidas é a voz do Amado, que assegura a sua amada uma beleza pura
que ele enxerga:
Como és formosa, ó amiga minha! Como és formosa! Ct 1:15
Numa sociedade consumista e hipócrita, superficial e com valores distorcidos, as mulheres
sofrem muita pressão. Enquanto algumas mulheres procuram e proclamam uma independência
financeira, social e emocional, outras estão cansadas e desiludidas com isso. Chegam a Jesus
exaustas, fracas e feridas. A vinha ficou exposta e descuidada. Algumas coisas estão perdidas
para sempre.
A mídia vende a imagem da mulher sensual, desejada, ardente, bem sucedida, bonita, que
tem a vida saudável, cheia de aventuras e com um príncipe encantado; é ainda a velha fórmula
da Cinderela. Uma série de exigências que formam um estereótipo muito longe do desejo de
Deus para as mulheres, expresso em sua palavra.
Existem moças e mulheres esmagadas debaixo do peso dessa visão da mulher tão difundida pela imprensa e pelos meios de comunicação. Moças com péssima autoimagem que não se
atribuem nenhum valor, que desmerecem suas qualidades de caráter por alguns quilos a mais
ou a menos, por algumas medidas que não são proporcionais. Deus quer que sejamos saudáveis,
que cuidemos bem do “seu templo”. Mas quer, antes de tudo, que sejamos felizes com o que
Ele fez em nós. Com as marcas indeléveis de Sua imagem e Sua semelhança que Ele quer ver
em cada uma. Seja o que for que sejamos, deve ser por meio dEle, e para Ele, porque dEle são
todas as coisas.
Li recentemente num artigo a respeito dos personagens de Disney, o que se ensina às meninas de hoje a imagem da nova mulher na personificação de Jasmim e Aurora, os personagens
dos filmes mais recentes. Tão diferente da Branca de Neve, ou da Bela Adormecida, Jasmim
desafia as ordens do pai, é desobediente, rebelde e voluntariosa, ainda mais para os costumes
muçulmanos. Aurora gosta de ler, é inteligente e viva, pronta para contestar com seu raciocínio
rápido.
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As bonecas, que antes preparavam as futuras mamães, eram bebês com fraldas, mamadeiras
e chupetas. Hoje foram substituídas pela Barbie, com guarda-roupa, toucador, piscina, carro
esporte e o namorado Bob. A Barbie tornou-se o ideal das meninas: alta, de pernas longas e bem
torneadas, seios fartos e cabelos voluptuosos. E todos sabem que a maioria das meninas não
será assim quando crescerem. As meninas crescem logo e entram na dança com os animadores
de programas de televisão, grupos de pagode, de reggae. O tempo passa depressa demais.
E agora o Brasil entrou na era do “Tchan”, das músicas cada vez mais sensuais, com letras
vulgares, induzindo meninas e jovens a exporem seus corpos em gestos e trejeitos altamente
eróticos destas músicas. É o culto do corpo, da sensualidade e do engano, o retorno do paganismo: a efemeridade.
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A volta do Paganismo: Sensualidade e Engano.
O que vemos em nossa sociedade, no Brasil e em vários outros países do mundo, é uma volta
ao paganismo.
“Deixaram ao Senhor, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás” (Is 1:4).
Esse é um sintoma da sociedade pós-moderna, que declarou que Deus está morto, e mergulhou no vazio do nada, o niilismo, sem valores, sem padrões, sem parâmetros, com uma moral
hedonista, do prazer já. Os cultos pagãos eram celebrados com orgias, prostituição, sensualidade e foram muitos condenados na Bíblia pelos profetas e mais tarde pelo apóstolo Paulo,
quando advertia à Igreja que fugisse da prostituição e da impureza (I Co 6:18).
Em Atos 18:23-41, encontramos o relato do tumulto que se formou em Éfeso “por causa do
Caminho”, quando os artífices julgaram estar perdendo seu lucro por que “esse Paulo tem
convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem
com as mãos” (v. 26).
Havia outras divindades com origens diferentes, mas com semelhanças em sua forma de culto
e na influência que criam ter sobre as pessoas. Tomemos como exemplo Afrodite, para ver as
semelhanças com o que acontece hoje em dia em nosso país e no mundo inteiro. Afrodite, talvez
seja uma das mais antigas, melhor conhecida como a deusa grega do amor sexual e beleza, também foi identificada pelos romanos como Vênus.
A figura familiar desta deusa, que se dizia “vencer todos os homens mortais e deuses imortais
com o desejo” ocorre pela primeira vez no 14º livro da Ilíada e provê o arquétipo para muitas
poesias gregas, mais tarde. Eram atribuídos a ela namorar por divertimento infantil, sorrisos,
enganos, doce prazer, amor e gentileza (Teogonia 205-206).
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Em Corinto, Chipre e Eryx na Sicília, ela era adorada com prostituição religiosa; ou todas as
mulheres se entregavam a um estranho antes do casamento ou algumas mulheres devotavam-se
continuamente aos seus serviços. A história não deixa muito clara qual era a alternativa, ou se
uma combinação de ambas.
Na mitologia, Afrodite é muitas vezes encontrada associada não ao amor humano em geral,
mas ao seu lado mais escuro: estupro, no mito de Páris e Helena; adultério, no caso de Afrodite
com Ares, enquanto ela era casada com Hefesto e incesto, nos mitos de Hipólito e Fedra. A lista
poderia ser consideravelmente mais extensa. Na maior parte da Ilíada, ela é a deusa da sedução
e do estupro.
Na cidade de Amatos, perto de Pafos, uma forma bissexual de Afrodite era adorada. Uma
figura de terra-cota do começo do século VII, mostrando a deusa de barbas, surgindo de algo que
parece testículos, foi encontrada perto de Corinto. Hesíodo conta um mito claramente relatado
a esta figura. Cronus castrou o pai Urano, jogou os genitais no mar e da espuma que se formou
dentro e ao redor, nasceu Afrodite. Quando ela pisou pela primeira vez na praia de Chipre, a
grama surgiu debaixo de seus pés. Existem representações dessa deusa, com corpo de mulher e
cauda de peixe, como a sereia.
Os traços orientais, apesar de modificados, nem sempre desaparecem: a divindade bissexual
da fertilidade torna-se a deusa nascida da espuma de Hesíodo, e logo o tipo artístico de Afrodite
Anadiomene, levantando-se das ondas.
Para Eurípedes, Afrodite representava a paixão humana, surpreendente em intensidade e potencial destrutivo, embora seja também “ela que das correntes do Céfiso sopra brisas perfumadas sobre a Ática” e que envia “os amores que estão sentados no trono da sabedoria, incansáveis
amigos de toda a virtude” (Medeia).
Ésquilo considerou-a como a representação do amor entre o Céu e a Terra, o poder universal da
procriação. E assim, ela permanece em Lucrécio como “a única regra do mundo”, sem a qual
“coisa alguma poderia alcançar as praias da luz, da alegria e do amor”.1 Esta retomada do paganismo, que assola nossa sociedade, está claramente expressa na ênfase dada ao sentimento,
ao prazer e ao corpo.
Muitas moças entregam-se ao relacionamento sexual antes do casamento, tendo experiência
com vários namorados ou noivos, vivendo em promiscuidade. Existe uma ênfase hoje em dia
nos relacionamento homossexuais. Artistas e pessoas de influência na sociedade e na política se
declaram homossexuais. Nunca houve tanto incesto e abuso sexual como atualmente. Também
os números de estupros e violência contra a mulher aumentam a cada dia.
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1º Enciclopédia Britânica
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A esposa de Baal - Astarote.
Há outra deusa mencionada na Bíblia com o nome de Astarte ou Astarote, que era a esposa
de Baal, que também inspira um desregramento no comportamento sexual.
“A origem do culto cipriota é ainda obscura, já era praticado quando os fenícios invadiram a
ilha; suas principais influências vieram da Anatólia, embora se possam também distinguir caracteres semíticos, ligados à Deusa Istar ou Astarte” (Enciclopédia Britânica).
Esta deusa Istar ou Astarte foi muito combatida nos dias do profeta Elias, no tempo dos juízes
e Salomão erigiram templos para ela, porque estava casado com mulheres estrangeiras que a
cultuavam, sendo esta uma das principais causas da divisão do reino, mais tarde.
“Astarte, a deusa semita é a principal divindade dos sidônios”. Algumas de suas imagens
mostram influência estrangeira: aquelas com uma flor de lótus nas mãos e dois longos cordões
adornando a cabeça, apontam para o Egito, onde era chamada de Ísis.
Na Septuaginta, a versão grega da Bíblia, é chamada de Astarte e no hebraico, de Astorete,
sendo também vocalizado como ‘bosheth’, vergonha, indicando o desprezo hebraico pelo culto.
Nos escritos bíblicos, Astorete era a esposa de Baal do Carmelo. O nome Baal é comum nas linguagens semíticas e significa ‘senhor’ ou ‘dono’. O culto a Baal e Astarte era caracterizado, aos
olhos de testemunhas hostis, por grosseira sensualidade e licenciosidade. No alto das montanhas
e montes, debaixo de árvores, florescia o culto com sacrifício humano, queima de incenso,
exercícios de violência e êxtase. Atos cerimoniais de prostração e beijos, tocar de tambores,
delírio, auto-castração, e o preparo de bolos místicos aparecem entre as ofensas denunciadas
pelos profetas judeus.2
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Sacerdotisas de Astarte.
Durante o ritual de iniciação a Astarte, as meninas recebiam um pequeno biscoito ou bolo
na forma da deusa. No meio do biscoito, uma lua crescente vermelha. As que recebessem o biscoito com a lua vermelha deviam ficar alegres por compartilhar a comunhão com o deus Baal.
No ritual, tornavam-se a esposa do deus possuidor. Algumas o receberiam (a Baal) por símbolo
(recebiam algo que representava o deus), outras por ritual (tinham o privilégio de serem iniciadas sexualmente pelo sacerdote do deus). As que recebessem um biscoito com uma lua verde
eram consideradas duplamente abençoadas por compartilharem a comunhão e o amor de Baal
e da deusa Astarte.
As meninas não compreendiam o que significava tornar-se a noiva do deus e da deusa. Era a
iniciação ao homossexualismo. Depois que recebiam o biscoito, o sacerdote da deusa e do deus,
um eunuco, oferecia às meninas um vinho misturado com algum tipo de droga e um bolo amargo, que fazia com que ficassem confusas letárgicas e subservientes.
2º Enciclopédia Britânica
17
Um dos símbolos da deusa era um cajado de madeira conhecido como ashera, um símbolo
antigo como a própria religião. O outro símbolo na forma de um espiral de ouro, fora uma contribuição para o templo. Descoberto no Egito, no templo de Isís, o espiral de ouro era usado para
que as sacerdotisas da deusa não engravidassem e assim os cofres recebessem mais dinheiro da
prostituição. O espiral era implantado nas meninas, através de um procedimento que chamavam
“a deusa dentro”, quando elas eram desvirginadas pelo cajado de madeira, se o sacerdote não
reclamasse para si mesmo o privilégio do desfloramento. Devido o efeito da bebida e do bolo
amargo, elas não sentiam dores, nem se lembravam com clareza do que acontecia na noite do
ritual.3
É impossível deixar de observar uma certa ligação entre estes cultos de deuses bissexuais
com o que ocorre hoje em dia, com a prostituição de meninas e meninos em bordéis, onde são
escravizados, obrigados a tomarem drogas para trabalhar mais, iniciados na mais tenra idade
no homossexualismo, com a sedução e sensualidade das roupas, do comportamento das moças,
adolescentes e mesmo de crianças que até parece um culto generalizado a Astarte. Além disso,
temos que pensar nas pessoas que freqüentam certas religiões místicas e lá recebem influências
desses deuses bissexuais, que marcam suas vidas, confundem sua identidade sexual e alteram
completamente seu comportamento.
Sereias e mãe D’Água.
“A religião Afro-Brasileira, o Candomblé tem sua divindade chamada Orixá, correspondente aos santos católicos, em sua função de intermediária entre os homens e o sobrenatural. O
ponto central do candomblé é a invocação, a chamada dos orixás, pelo canto e pelo ritmo dos
tambores, até que um deles “baixe” em algum privilegiado. Habitam essas divindades a costa
da África e vêm quando são chamadas. A possessão, fenômeno psíquico de natureza mística ,
dá-se, de preferência, em pessoas para isso já preparadas, as filhas de santo. A exaustão causada pela dança noturna e pela atenção concentrada nos cânticos e no ritmo indefinidamente
repetido provoca a descida do santo, isto é, do orixá. Reverencia-se a possuída prestando-lhe
homenagens no terreiro.
A Iemanjá, a Mãe D’água, é no Brasil a divindade associada à água salgada. Na África, associa-se apenas ao Rio Ogum que não tem nenhuma relação com o orixá Ogum que é irmão de Exu
e Oxossi. Na Bahia é considerada mãe dos outros orixás. Geralmente representada sob a forma
de sereia: cabeça, busto e tronco femininos, com apêndice caudal de peixe. Recebe oferendas
rituais, indo às embarcações até alto-mar para levar-lhe presentes. Seus alimentos sagrados são
o pombo, o milho, o galo, o bode castrado. Dança vestida de azul imitando os movimentos das
ondas do mar, com um leque branco e uma espada” .
Nessa época pós-moderna que estamos vivendo, presenciamos o reavivamento do paganismo,
não apenas nos cultos das religiões místicas ou do candomblé, mas no comportamento social das
moças, entregues à sensualidade, às paixões, ao poder destrutivo das emoções desenfreadas,
lançando mão de recursos como aborto, terapia, drogas, para manterem seu estilo de vida.
3º The Scarlet Cord – Mary Ellen Keith & Debora Elder Champagne
18
O resultado disso é uma vida estragada, solidão, medo, suicídio, escravidão e influência de
demônios.
Em Cantares, a sulamita pode ser a moça moderna de nossa sociedade, que se iguala aos irmãos,
compartilha a despesa da casa e o trabalho duro.
Ela sofre, mas não tão calada, faz uma avaliação de sua vida e tira conclusões. Apesar de
saber das dificuldades pelas quais passa, ainda tem sonhos e esperança.
A sulamita sonha ser levada à sala do banquete, e sobre ela ser colocado o estandarte, o símbolo
do verdadeiro amor do rei (2:4).
Para algumas moças, a maior dificuldade para manter a adquirida pureza após a conversão
está no controle das emoções. A pureza física é o reflexo externo da pureza mental. Já advertia
o apóstolo Paulo aos filipenses que pensassem em tudo que é puro (Fp 4:8).
As emoções desenfreadas, o deseja mal contido no coração se expressam em atividades físicas
desordenadas. As moças e mulheres de nossa sociedade e mesmo na igreja lutam contra o estímulo que recebem através da televisão, das propagandas, revistas e jornais, incentivando-as a
assumirem uma postura sedutora e perigosa, que não lhes foi intenção de Deus. Muitas adolescentes, jovens e senhoras, precisam ouvir de Jesus as palavras amorosas, encorajadoras:
Como és formosa, ó amiga minha! Como és formosa! Ct 1:15
Ele diz a verdade e não há nenhum interesse oculto em suas palavras. Ele quer estar bem perto de cada uma de nós e tranqüilizar nosso coração, dar-nos a paz e a segurança de seu esterno
amor. Se pudéssemos todas crer e confiar nas palavras de Jesus e deixar de lado os enganos de
Satanás, por uma liberdade em pureza e santidade procedentes da verdade, teríamos mais paz
e tranqüilidade no coração.
Quando vejo na televisão ou nas ruas da cidade o que está sendo feito à mulher, o que elas permitem que lhes seja feito, fico muito triste e imaginando como não sofrerá o próprio Deus que
nos criou.
A infância está ficando mais curta, porque as meninas se vestem como moças em miniatura. Eu
queria saber o que aconteceu com os vestidos, as rendas, as flores no cabelo. Por que se vestem
hoje em dia as meninas com roupas de modelos feitos para mulheres e para seduzir o sexo oposto? O resultado disso são crianças que passam da infância para a idade adulta, sem o preparo
emocional que é necessário, a transição chamada adolescência.
Em alguns raros casos onde ainda existe a adolescência, é uma fase de despreparo e permissividade, de rebeldia, na qual os adolescentes, especialmente as moças, estão aprendendo cedo
demais a seduzir os homens, a entregarem seus corpos e suas emoções a relacionamentos para
os quais ainda não estão preparadas. São incentivadas a experimentarem de tudo para depois
tomarem uma decisão a respeito de alguma coisa, sem terem parâmetros que as dirijam numa
avaliação madura. Dessa adolescência conturbada, entram para a idade adulta com valores
distorcidos, sem terem desenvolvido dentro de si mesmas conceitos saudáveis para orientarem
o resto de suas vidas.
4º Itálico da autora
5ºEnciclopédia Barsa
19
Deus não planejou para as mulheres de qualquer época ou sociedade uma vida alienada, sem
realização pessoal. Antes, seu desejo é que cada uma de nós encontre em suas habilidades, dons
e potencial, uma forma sadia de agradar a Deus, de servi-lo, servir aqueles a quem amamos
criar relacionamentos saudáveis ao nosso redor.
A realização plena da mulher não vem apenas pelo sucesso no desempenho profissional, independência financeira, relacionamentos liberais, ou igualdade aos homens na sociedade. Há
muito mais do que isso. Existe uma parte íntima da mulher que não se satisfaz apenas com essas
coisas.
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Capítulo 2
O lírio entro os Espinhos
Jesus é o lírio dos vales.
O lírio é uma flor que representa a pureza. Os artistas barrocos, quando esculpiram ou pintaram os anjos, e outros quadros sacros, colocaram em destaque em seus quadros ou esculturas,
os lírios. E é na verdade, uma flor muito bonita. Com seu caule delgado, flor de pétalas brancas
e aveludadas, não podemos deixar de pensar em algo belo e puro quando contemplamos o lírio.
A própria palavra de Deus fala de Jesus como o Lírio dos Vales, em Cantares 2:1, Ele diz:
“Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales”. E em seguida compara sua amada entre as
donzelas: “Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada”.
Meu marido é suíço. Quando estávamos noivos, levou-me, certa vez, a um lugar nos Alpes suíços
onde cresce uma flor que se chama Eidelweiss. Uma minúscula flor branca, com o formato de
um lírio, mas de pétalas mais curtas. Esta flor é muito rara, proibida de ser apanhada nas montanhas da Suíça. Os artistas já a esculpiram em forma de jóias como brincos, anéis, e outros ornamentos, das pedras mais caras a mais barata, sem perder a graça da flor. Quando encontrada
na montanha, essa flor, que às vezes fica soterrada na neve, ou cresce no meio das pedras, tem
nas pétalas uma cor um pouco acinzentada pela poluição e sujeira. Mas sua cor original é branca. Muitos jovens afoitos e apaixonados perderam a vida, arriscando-se nas montanhas e nos
penhascos tentando colher uma dessas flores, para dar à amada como símbolo ou seu amor puro.
As moças no Brasil e no mundo não pensam de si mesmas como lírios. As exigências da vida
moderna e as demandas desse fim de milênio fazem com que as moças que não tenham tido
qualquer tipo de experiência sexual, com bebidas, cigarro, drogas, música e outros tipos de
diversões profanas, sintam-se “caretas”, “quadradas”, “bobas” e outros epítetos que seguramente Satanás tem acrescentado ao vocabulário dos idiomas. -Sentem-se tentadas a comprometer seus valores morais e espirituais em troca de uma experiência passageira, para serem iguais
às outras moças. Não encontram vantagem em ser diferentes.
As moças que não têm relacionamento íntimo com rapazes até os 18 anos sentem-se velhas e
rejeitadas. Se não se casam antes dos 24 anos, considera-se “deixadas para titia”, o que é uma
catástrofe para as famílias.
Algumas, por sentirem-se desvalorizadas e rejeitadas estão pedindo conforto e consolo, e em
seu desfalecimento emocional, podem recebê-lo de forma errada.
21
Um desfalecimento de amor, de desejo de experimentar essas emoções descritas pela televisão, pelos filmes, pelos relacionamentos exagerados e impudicos que podemos ver nas ruas,
pelas esquinas e praças de nossas cidades. Mas, o Espírito Santo deixou impresso nas páginas da
Escritura Sagrada o desejo de Deus e a sua opinião sobre as moças. Ele começa descrevendo o
Senhor Jesus:
“Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales” – Cantares 2:1
Ele fala de si mesmo como uma flor pequena, sem muito esplendor, que cresce na sombra
dos vales. Uma flor, que não atrai muita atenção sobre si mesma, crescendo debaixo de outras
plantas, no meio de pedras. O que se pode ver de longe é a brancura sem par dessa flor. “Aquele
que não conheceu pecado”, completamente limpo e puro, sem jamais ter-se contaminado com
nada impuro, quer por pensamentos, por palavras ou obras, o Lírio dos Vales é o Senhor Jesus.
Ele caminhou, em seus dias, por um mundo sombrio e escuro, no meio de uma “geração incrédula e perversa”, palavras que bem descrevem a nossa geração; mas nunca se contaminou. Seu
coração não tinha rebeldia, ressentimento, inconformismo. Só o amor. O mais puro e elevado
amor. Amor que O levou a “derramar a sua vida na morte” para que pudesse declarar de nós,
frágeis mulheres, confusas e perdidas nesse mundo de hoje:
“Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as donzelas” – Ct 2:2
Talvez, minha querida leitora esteja pensando: “Essas palavras de Jesus são tão doces, queria
tanto que alguém me visse dessa maneira!” E você meneia a cabeça e pensa: “Que pena! Ele
não sabe as coisas que já fiz”. Não importa o quanto seus pecados sejam feios e sujos, porque
“se tornarão brancos como a alva lã”.
Cativaste meu Coração.
Maryann foi uma moça inglesa que conheci há alguns anos quando saí do Brasil pela primeira
vez e me juntei à Missão.
Lembro-me bem de quando a conheci. Havia uma equipe que deveria voltar de uma viagem por
algumas cidades da Espanha e compartilhariam suas experiências na reunião depois do jantar.
Assim que cheguei ao refeitório, onde acontece à maioria dos eventos da vida jocumeira, notei aquela moça miúda, de profundos olhos negros. Sua risada enchia a sala, com uma alegre
descontração. O líder da reunião pediu que alguém nos dirigisse em alguns cânticos e ela logo
pegou um violão da caixa no meio da sala.
Com os olhos fechados e a voz mais doce e melodiosa que eu já tinha ouvido, começou a cantar realmente para Deus. Quase sempre ela cantava de olhos fechados, e parecia esquecer-se
de todos e concentrar-se em Alguém muito especial para quem cantava.
Eu, novata na missão, comecei a observar Maryann. As músicas de louvor e adoração que cantava pareciam mesmo sair do fundo de seu coração, com muita gratidão por algo muito especial
que Jesus fizera em sua vida.
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Tu és o que cativaste meu coração,
És aquele que a minha alma ama.
Agora que te encontrei,
Nunca te deixarei,
Não há ninguém como tu.
Te amo Senhor, e elevo minha voz
Para adorar-te, e em minha alma gozar.
Recebe o gozo, meu Rei.
E no que ouves
Quero ser um doce, doce som.
Em Teus ouvidos!
Sempre que eu ouvia Maryann cantar essa música, não podia deixar de pensar, que sim, certamente, o Senhor receberia seu louvor como um som muitíssimo doce em Seus ouvidos!
Um dia, quando éramos companheiras de quarto, Maryann contou-me parte de sua história.
Uma história triste, de decepções, tristezas, pecados, perdição total. Até que foi encontrada,
a pobre ovelhinha desgarrada! Ferida pelos montes, longe do Pastor, maltratada, o Bom Pastor,
procurou até encontrar a errante. Tendo-a encontrado, curou-lhes as feridas, colocou-a nos ombros e a levou de volta ao aprisco.
Maryann crescera numa família típica de seu país, filha de pais trabalhadores, que se esforçaram para dar aos filhos o melhor que podiam.
A mãe, uma senhora pequenina e alegre, se desdobrava para compensar os filhos do amor do
pai, sempre ocupado com o trabalho.
Aquele homem simples pensava que se trabalhasse bastante e desse aos filhos todo conforto material, estaria cumprindo seu papel. As horas longe do lar, o cansaço quando chegava à
tarde, foram pouco a pouco, afastando-o do convívio com os filhos. Sendo a filha mais velha,
Maryann sentia mais a falta do pai. Logo começaram a ter conflitos porque sua necessidade de
afeto, carinho, contato com o pai não estava sendo suprida, e ela inconscientemente começou
a exigir atenção, como os filhos o fazem muitas vezes, com um comportamento desordenado e
rebelde. O pai não estava preparado para aquilo, não soube manejar a situação. Os problemas
se intensificaram quando Maryann começou a procurar nos amigos e em relacionamentos com
outros homens o que precisava receber do pai.
A vida de Maryann era um redemoinho de festas com muita música, bebidas, drogas e sexo.
Assim conheceu um rapaz, e depois de um romance apaixonado e intenso se casaram.
Nenhum dos dois estava preparado para a vida em comum do casamento. Buscaram-se cada um,
para tentar encontrar no outro a satisfação para suas necessidades mal supridas. O casamento fracassou. Depois dessa decepção, ela saiu pelo mundo com o violão, viajando, cantando,
procurando o que sua alma desesperadamente desejava e ainda não encontrara.
23
Até que em uma estação de trem, alguém lhe falou de Jesus. Quando entendeu que o que
buscara no pai, no marido, só quem podia dar-lhe era Jesus, Maryann entregou-se a Ele de todo
o coração, e em seguida juntou-se à Missão a qual pertenciam os jovens que lhe falaram de Jesus.
Maryann terminou de contar-me sua história, e disse naquele dia, algo mais ou menos assim:
“Agora que Jesus me lavou com seu sangue precioso, sinto-me como se essas coisas nunca me
tivessem acontecido. Sinto-me pura, limpa. Espero um dia, encontrar alguém com quem possa
me casar”.
Para ela, como para muitas outras moças, são as palavras de Jesus: “Qual o lírio entre os
espinhos, tal é a minha amada entre as donzelas”. É assim que Ele nos vê através da cruz. Não
enxerga o pecado, as impurezas. Ele vê um lírio. Mesmo cercado de espinhos, que ferem que
machucam que ameaçam sufocá-lo. Um lírio forte, como o Eidelweiss que cresce nas montanhas
suíças, e resiste ao frio, à neve, ao gelo das montanhas. Maryann realizou seu sonho dentro
da vontade de Deus. Hoje é esposa e mãe e continua fazendo parte da Missão, onde com sua
família, são pessoas chaves para mudar essa geração. Uma vez que encontram o caminho da
cruz através do Senhor Jesus, as moças começam uma caminhada de fé, que muitas vezes, sem
orientação e discipulado específico, torna-se uma vida difícil, cheia de conflitos emocionais e
desencantamentos.
A experiência de conversão, o encontrar-se com Jesus, dedicar-Lhe sua vida, não é o fim, mas
o início de uma nova vida. É necessário aprender a confiar n’Ele e entregar-Lhe todos os caminhos. Cativaste meu coração, é a expressão que podemos dizer ao Senhor Jesus, em adoração e
gratidão a Ele pela Sua preciosa obra de amor em nossas vidas.
Confortai-me com maçãs, pois desfaleço de amor.
Muitas moças não sabem como entregar a Jesus sua vida emocional. Mesmo depois de convertidas continuam com os velhos hábitos aprendidos no mundo, de uma vida emocional constantemente comprometida com relacionamentos ou sentimentos contraditórios.
A exortação amorosa vem nas palavras do sábio: “Qual a macieira entre as árvores do bosque,
tal é o meu amado entre os jovens”.
Qual a moça que de vez em quando não enxerga um rapaz alto, bonito e atraente, como a
macieira entre as árvores do bosque? Alguém que se sobressai no grupo e de repente sem menos
esperar, a moça está envolvida emocionalmente, “desejando muito assentar-se debaixo de sua
sombra e alimentar-se do seu fruto que é doce ao paladar”.
Estes versículos falam de uma esperança que brotou de um olhar. Emoções que surgem no
coração. Diz-se atualmente que ninguém pode mandar nas emoções. Que quando acontece o
amor, não se podem controlar os sentimentos. Tudo isso é parte de uma filosofia humanista, na
qual se eu quiser fortemente alguma coisa já é razão suficiente para ter.
24
O ensino bíblico não é esse. Na Bíblia, o amor é uma emoção que pode ser aprendida, escolhida, direcionada para ter um efeito mais produtivo na vida de outras pessoas. Não é apenas
amar por amar, pela emoção em si mesma, e por ela justificar todo tipo de comportamento,
mesmo as atitudes imorais. Em I Coríntios 13, o amor é descrito como paciente, benigno, não
se porta com inconveniência, não busca seus próprios interesses. Tudo isso é completamente o
oposto do que se vê nos filmes, nos livros, nos romances de hoje em dia, e naquilo que os jovens
e adolescentes crêem e buscam como amor.
O amor mostrado nos filmes e nas novelas, muitas vezes é um amor egoísta, impaciente, inconveniente, que só busca seus interesses, sua satisfação imediata. Um amor que não respeita
regras, desenfreado e ciumento. Na maioria das vezes é amor imoral, que não respeita o casamento, a família, nem as convenções sociais.
Um amor que desfalece e suspira à sombra de qualquer macieira. Amor que se entrega,
muitas vezes, à concupiscência, às paixões infames, mudando o “uso natural, no contrário à
natureza, os homens também, inflamaram-se em sua sensualidade uns para com os outros,
homens com homens, cometendo torpeza” (Rm 1:26-27).
Esse é o tipo de amor que existe no mundo de hoje, e que muitos jovens e adolescentes estão
buscando.
O amor que é paciente e benigno, que espera ser sacramentado pelo casamento, para ser
consumado dentro da aliança que Deus estabeleceu para homem e mulher, com segurança, desfrutar de sua entrega um para o outro, está caindo de moda até mesmo nas igrejas.
O mundanismo, com sua teoria de “desfaleço de amor”, convence as jovens que não vale a pena
esperar, conservar-se pura, que não faz diferença para Deus se é virgem ou não.
Não desperteis o Amor.
Mas o que Ele diz em Sua palavra é: “Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas
e corças do campo, que não acordeis nem desperteis o meu amor, até que ele o queira”.
O contexto desses versículos é a cultura oriental e a observação da natureza. Ele fala de duas
coisas: das gazelas e corças do campo, e para não acordar quem está dormindo. Essas duas
figuras nos ajudam a entender melhor qual é a vontade de Deus para as moças e como podem
manter-se puras.
Gazelas e corças são belos animais selvagens, na primavera disputadas pelos machos, para a
conservação das espécies. Animais que, apenas pelo instinto, sem consciência e sem emoções,
obedecem ao ciclo da natureza, procriando.
Os seres humanos não são como os animais. Na advertência de Cantares está implícito para as
moças a que não sejam como as gazelas e corças do campo, que são livres para seguirem seus
instintos.
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Uma das maiores dificuldades das jovens crentes é justamente deixarem de lado os “instintos” e escolher uma vida de equilíbrio emocional. Um amadurecimento que só chega com treinamento, disciplina e compromisso com os elevados ideais de Deus para a vida.
Ouvi, certa vez, um comentário sobre pessoas que têm hábito de ficarem apaixonadas apenas pelo sentimento. Acostumam-se à euforia de estar emocionalmente envolvidas com outra
pessoa como se fossem dependentes de algum tipo de droga.
Esse processo que afeta até o plano físico, que tem a ver com a química do organismo conforme
foi explicado por um psicólogo num programa de televisão.
A pessoa se entrega ao sentimento que provoca um estado geral de euforia do qual ela sente
falta quando chega a uma nova fase do relacionamento em que existe segurança, reciprocidade;
ela se desinteressa porque não sente mais as mesmas emoções do início.
Por essa razão, muitas pessoas passam de um relacionamento para outro, porque a maior
emoção é a da conquista, de expectativa, sem saber qual será a resposta da outra pessoa.
Ficam como as gazelas e corças do campo. Andando apenas pelos instintos, para agradarem a si
mesmas, sem pensar no que sente a outra pessoa que é rejeitada enquanto ela parte para novas
emoções.
A outra advertência do texto diz para não despertar, não acordar o amor até que este o queira. No oriente é falta de consideração fazer ruído se alguém está dormindo. É a mesma coisa
na área emocional. Ter a gentileza de não despertar, não acordar na outra pessoa sentimentos
para os quais não está disposto a fazer um compromisso. A maior parte das moças que vem para
aconselhamento, foram feridas por terem sido despertadas por palavras, gestos, atitudes de
alguém que não estava comprometido o suficiente para cultivar o que cativou.
Outras adquiriram o hábito de despertar emoções nos rapazes, com envolvimentos emocionais profundos, que levam para carícias e até para intimidade, antes de aprofundar as raízes,
mas não estão dispostas a dar seguimento ao relacionamento. Depois as pessoas se vêem presas
a alguém com quem não têm afinidade, que não conhecem bem, que não partilham dos mesmos
princípios e ideais.
Depois de algumas vezes, fica mais fácil passar por tudo isso novamente com outra pessoa.
E assim, numa seqüência de namorados, noivos, amigos, as moças vão ficando cada vez mais
parecidas com as gazelas e corças do campo. Deixando de lado o plano de Deus para suas vidas,
e semeando para si mesmas desilusões e desapontamento.
26
Levanta-te amada minha, e vem...
Segundo esse mesmo capítulo dois, Jesus está observando: “Olhai, ele está detrás da nossa
parede, olhando pelas janelas, lançando os olhos pelas grades”. Ele sabe que esse caminho levará a tristezas, arrependimentos, muitas mágoas e feridas.
Mesmo que pareça para as moças que são queridas, amadas, muito bonitas e desejadas, o passar
do tempo mostrará a falta que faz um relacionamento equilibrado, em que haja compromisso,
fidelidade e amor recíprocos, construindo algo junto.
Tenho encontrado muitas moças assim. Depois de vários namorados, relacionamentos os
mais diversos, com todo tipo de comprometimento emocional, entram num profundo processo
de desilusão, de falta de esperança, muitas vezes de ressentimento com Deus, raízes de ódio
e amargura no coração, falta de perdão, de expectativa para o futuro. Uma vida totalmente
destruída.
É um longo e doloroso processo levar essas moças e reconhecerem que seus antigos padrões
errados semearam todas essas desgraças em suas vidas. Levá-las a perdoar pessoas, ficarem
livres de escravidão e muitas vezes, até de influência de demônios, que entraram pela porta
escancarada de uma vida emocional desenfreada.
Os padrões estão claros e bem exemplificados na palavra de Deus. Existe uma forma de se
alcançar uma vida emocional equilibrada e segura, de ter uma vida plena, se andar de acordo
com os princípios que Deus estabeleceu. Cada uma de nós pode escolher como queremos viver.
Ou como lírios, ou como gazelas e corças do campo.
27
Capítulo 3
Já passou o inverno
Objetivos para este capítulo: que a leitora perceba que Jesus a convida para andar com
ele, através das dificuldades de sua vida emocional.Terminamos o capítulo anterior falando
das dificuldades emocionais de muitas moças hoje em dia que se deixam levar pelas emoções
desenfreadas e vivem como as corças e gazelas do campo, guiadas apenas pelo instinto.
Nos versículos que vamos analisar a seguir, o tema principal é a restauração que acontece
quando passa o inverno. Novamente é uma figura muito poética e bela do oriente. Durante o
inverno, a natureza se recolhe se fecha. Não há folhas, flores, nem frutos. Essa foi uma lição
que aprendi com meu esposo quando ainda éramos noivos.
Eu, brasileira, saíra do Brasil pela primeira vez, como missionária para a Europa, e estava estranhando muito o frio. Apesar de gostar do outono, fiquei um pouco deprimida quando chegou
o inverno na Espanha e não estava entendendo bem.
A imagem que estava diante dos meus olhos era de uma cidade cinzenta e triste. As árvores
derrubaram suas folhas que forravam o chão nos parques, nas ruas, por todo lugar. E lá ficaram seus galhos nus, solitários, espetados num céu cinzento que parecia carrancudo demais. Os
pássaros sumiram, de repente, buscando um lugar mais alegre para seu canto e também uma
temperatura um pouco mais quente.
Ficava olhando aquilo que para mim parecia muito triste e desalentador. Um dia, conversando com meu noivo, ele me disse que no inverno é como se as plantas estivessem guardando,
poupando suas forças para a primavera.
Comecei a reconciliar-me com o inverno através desse pensamento. Mas realmente, o inverno
é uma estação que nos dá esse sentimento, uma vontade grande de nos recolher dentro de nós
mesmos, de preferência numa cama com um bom cobertor e esperar passar. Ficar hibernando
como os ursos e outros animais das regiões muito frias.
Em Cantares, o que encontramos são as palavras do noivo encorajando a sua noiva. Ele lhe diz
que já passou o inverno. Esse tempo de recolhimento interior, de solidão, de frio e desamparo
terminou.
As chuvas Cessaram
A primeira imagem é a das chuvas que já cessaram. Os aguaceiros que caem sobre a natureza,
a terra, as árvores, renovando tudo, fortalecendo as profundezas da terra para que germinem
novas sementes, brotem novas plantas. A chuva que parece lavar renovar as folhas que perderam o brilho, amareladas pela poeira.
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Na região onde moro, houve uma época em que devido à falta de asfalto nas ruas, durante a
estação da seca, todas as árvores ficavam empoeiradas, sujas e secas. Quando chegava a época
da chuva, parecia uma lavagem. Podiam-se ver as folhas verdes e novas reluzindo ao sol.
A Bíblia também fala de um “lavar renovador e regenerador pela palavra de Deus”. Fala de “já
estar limpos pela Palavra”.
Depois de um tempo de seca, de estiagem, da poeira das coisas do mundo que se pega em nós,
precisamos fazer aquilo que Jesus disse: “Aquele que já está limpo precisa lavar apenas os
pés” (Jo 13:10).
E muitas vezes, conhecedores que somos de nosso estado emocional, queremos dizer como
Pedro, “lava-me também as mãos e a cabeça”. Pedir ao Senhor para purificar nossos pensamentos. Em minha adolescência, tive um relacionamento com um rapaz a quem chamarei de Sérgio.
Foi uma daquelas paixões que nos tomam de assalto e parece algo inevitável. Eu não estava
apenas apaixonada por aquele rapaz, como também por tudo que envolvia o sentimento que
tinha por ele. Dizia que o amava e amava meu amor por ele. Achava que a história de amor que
vivíamos era a mais linda, que todas as outras moças teriam inveja de mim e do relacionamento
com ele.
Mas era apenas um daqueles invernos secos e frios que a minha alma estava vivendo, longe
dos princípios de Deus que eu bem conhecia, mas conscientemente recusava a colocar em prática em minha vida. Ele era um rapaz que apesar de ser de uma família tradicionalmente católica,
dizia-se comunista, ateu e não se interessava por nada que dissesse respeito a Deus ou a Jesus.
Tínhamos pouca coisa em comum, mas eu ficara atraída por ele na escola; por vários fatores que
incluíam problemas em casa naquela época e a falta de uma vida com Deus, deixei-me envolver
e nossa amizade desenvolveu-se em namoro.
Tivemos um envolvimento emocional muito forte, que logo nos levou a carícias e a um padrão
de namoro em que apesar de evitar o ato sexual, eu bem sabia não estava certo, não era o que
Deus queria para minha vida. Mas também, não me sentia com forças para romper o relacionamento. Como já disse antes, estava apaixonada, e amava meu amor por ele. Gostava daquela
emoção, daquela sensação de estar apaixonada, de ter algo em comum com aquela outra pessoa, mesmo que fosse muito pouco.
O que mais me incomodava era saber que quanto mais me envolvia com ele, mais servia de
pedra de tropeço para que ele viesse a ter um encontro com o Senhor, e eu mesma estava me
distanciando cada vez mais dos propósitos de Deus para minha vida.
Quando comprometi meus princípios, meu testemunho e minha fé, não apenas aceitando
namorar com ele, mas insistindo para que ele o fizesse, tornei mais difícil para ele entender
porque eu não aceitava as outras imposições, as outras regras que a sociedade impõe: relacionamento sexual fora do casamento o uso de bebida, cigarro, freqüentar ambientes que eram a
moda entre nossos amigos. Por que podia comprometer algumas coisas e não cedia em outras?
29
Ao invés de me considerar firme em meus princípios, ele pensava que eu era incoerente, que
não sabia bem o que queria, e que se ele insistisse sempre um pouco mais eu acabaria cedendo
como já o fizera antes.
Assim nosso relacionamento tornava-se cada vez mais uma batalha para ver quem venceria
primeiro o outro para mudar sua idéia e seus princípios.
Minha falta de convicção criou muita confusão na mente daquele rapaz, e o afastou mais da
possibilidade de se converter a Jesus. E ao mesmo tempo, fazia da minha vida um abismo de
culpa, de medo, de falta de confiança em mim mesma.
Sabia estar vivendo uma vida dupla, enganosa, dando mau exemplo para minhas irmãs, para
os jovens da minha igreja, e não alcançando para mim a satisfação e alegria que tanto desejava.
Foi necessário que Deus falasse comigo várias vezes e de muitas maneiras, para que finalmente
tivesse força para romper aquele relacionamento. Lembro-me muito bem como foi.
Eu era professora de Escola Dominical da igreja, e estava um domingo pela manhã lecionando
na classe de jovens. Havia uma moça que nos visitava pela primeira vez, vinda de outra igreja, e
que não nos conhecia, nem nós a ela. Observei que ela me olhava fixa e intensamente enquanto
explicava, não sei como, algum trecho da Escritura.
Para mim, o estar na igreja, dar aulas na escola dominical era um verdadeiro tormento,
porque ensinava e pregava para minha própria condenação, sabendo muito bem que tudo que
estava falando não fazia parte de meu procedimento, que estava vivendo uma mentira, sendo
hipócrita diante dos irmãos, um mau exemplo para os outros jovens, e tendo que fazer calar ou
desculpar minha própria consciência.
Quando finalmente acabou o período da classe bíblica e nos despedíamos na porta da igreja,
a moça se aproximou de mim e muito trêmula me disse que o Senhor lhe revelara algo a meu
respeito que ela precisava compartilhar.
Algumas pessoas têm dificuldade de aceitar esse tipo de coisa. Parece algo místico, sobrenatural demais, mas foi o que aconteceu comigo. Se tivesse acontecido com outra pessoa e me
contassem, talvez eu também tivesse a mesma reação de dúvida. Saímos para um lugar mais
tranqüilo, longe do ruído das outras pessoas para que ela pudesse me dizer que mensagem era
aquela.
Ela disse:
- Enquanto você estava dando aula, vi uma aliança na sua mão. E o Senhor disse que você tem
uma aliança com uma pessoa, e que essa aliança é muito forte. Se você quiser, poderá casarse com esse rapaz, mas estará completamente fora do plano que Deus tem para sua vida. Você
precisa escolher o que quer. Ou esse relacionamento com ele, ou seu relacionamento com Deus.
E a palavra que o Senhor me deu foi Amós 3:3 – “Andarão dois juntos, se não estiverem de
acordo?”
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A moça até se desculpou por estar me dando uma palavra tão dura! Mas agradeço ao Senhor
pela coragem e obediência que ela teve em fazer aquilo que Deus lhe ordenou. Suas palavras
foram um fator decisivo que me levou a deixar aquele relacionamento de lado, e a me comprometer com Deus de forma total e profunda.
Depois daquele encontro com a moça desconhecida na porta da igreja, eu sabia que teria
que tomar uma decisão a respeito daquele relacionamento. Por mais que amasse, como eu supunha amar aquele rapaz, não estava disposta a sacrificar completamente meu relacionamento
com Deus por causa d’Ele.
Assim, naquele mesmo dia, quando Sérgio chegou à tarde, para passar o resto do dia comigo,
disse-lhe que não continuaria o relacionamento com ele. Sua resposta dura e ressentida foi o
que mais me marcou e entristeceu e vi o quanto fui responsável por impedir que ele viesse realmente conhecer a Deus: “Eu sabia que o seu Deus ia nos separar”. Foi uma forma de acusar a
Deus de fazê-lo infeliz, sua válvula de escape, mas foram palavras que caíram em meu coração
como pedras. Mas, havia outra conseqüência que tive que sofrer. Por muitos meses fiquei com
um inverno na alma. Fazia-me falta sua presença, sentia saudades de suas carícias, do companheirismo e intimidade que desfrutávamos juntos. Mesmo sem ter chegado a um relacionamento
sexual, estávamos profundamente envolvidos emocional e fisicamente.
O comprometimento emocional na forma de apaixonadas promessas que fazíamos um ao
outro, das declarações de amor, do controle que exercíamos um sobre o outro, manipulando as
emoções um do outro com palavras, com gestos, com atitudes. Tudo isso deixou sua marca em
minha vida. Vejo hoje moças com esse tipo de relacionamento tanto na igreja como fora dela,
e sei os danos que causam na vida emocional e espiritual.
Esse inverno é muito triste! Como demorei a desenvolver novamente a comunhão com Deus
através da leitura da palavra, da oração. Para formar novos hábitos de pensamento, de atitudes
que estavam completamente comprometidas com o mundanismo, uma maneira de pensar enganosa, que não produzia frutos de vida, mas sofismas na minha mente, fantasias, lutas interiores.
Tinha dificuldade para orar, para ficar sozinha, pois estava constantemente pensando no rapaz,
nos momentos que ficávamos juntos. Parecia que ele era minha única fonte de alegria! Sentia
falta dos amigos que tínhamos em comum, e os outros não pareciam para mim tão bons, sinceros, inteligentes e especiais como aqueles. Eram pessoas que talvez fossem realmente sinceras e boas, mas a base para sua sinceridade e bondade não era o conhecer a Jesus, ter um
compromisso com ele. Por isso me atrevo a dizer que era algo muito frágil.
Apesar de muitos jovens, tínhamos desenvolvido um relacionamento, que se não me ajudava
em minha intimidade com Deus, era forte o bastante para tornar difícil a separação.
Durante aqueles meses de inverno na alma, como me fazia falta ter alguém com quem pudesse
conversar abrir meu coração! Eu não sabia naquela época, mas o que precisava era de um momento de confissão. Precisava contar para alguém todas as coisas que tinham acontecido entre
nós, confessar minha falta de pureza, ao deixar-me abraçar, beijar e tocar por um rapaz que
alegando amar-me não me respeitava.
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Precisava confessar que me deixei levar pela luxúria, e envolvi-me num nível físico e emocional que Deus nunca permitiu fora do casamento. Fui roubada, e também entreguei voluntariamente coisas que deveria ter guardado. Coisas como a intimidade de meus sentimentos,
emoções e de meu corpo. Mas, naquela época, não se conversava como hoje sobre certos temas.
O que agora é um princípio antigo, caindo de moda, era algo que eu nem sequer podia definir
direito.
Virgindade, o que seria isso? Falávamos na escola, conversávamos entre grupos de moças,
mas ninguém podia explicar bem o que seria. Como se fosse uma chave mágica, para abrir um
mundo de prazer e encantamento num momento especial de entrega, de amor, naquilo que todas sonhávamos ter um dia a “noite de núpcias”. O deixar-se tocar por um rapaz que faz juras
de amor, lenta e persistentemente seduz, toca, explora, não era perder a virgindade.
Hoje, as modernas teorias feministas de liberação, definem virgindade como algo da mulher
que ela tem de seu e que pode dar a quem, como, e quando quiser. Tudo que precisa é estar
pronta e amar o suficiente para fazê-lo. E para estas pessoas, o mais importante e bonito, é
querer fazer.
Com isso, podemos ver nos programas de televisão, filmes e até em revistas, adolescentes e
jovens perguntando para sexólogos, psicólogos e terapeutas como saber se estão prontas para a
primeira relação sexual.
E os conselhos dados, mesmo para adolescentes de 13, 14 anos é quando você quer. Quando
você confiar na pessoa. Como se isso fosse suficiente! Não levando em consideração que quando
uma moça é tocada por um rapaz, e ele toca na moça, os dois começam a “querer”. Esse querer
lascivo, do desejo sexual despertado através das carícias, das palavras ternas que trocam não
significam que é a pessoa, o momento, o lugar ou tempo para esse tipo de intimidade, que,
aliás, pertence ao relacionamento de esposo e esposa.
A grande pergunta era: Até onde podemos ir? Qual é o limite? Hoje a pergunta é: Quando?
Com quem? Nos acampamentos e nas palestras para jovens, os preletores ou professores, colocavam essas perguntas como seu tema e nunca as respondiam de uma forma que fosse satisfatória para nós. Falavam conosco de padrões de santidade e pureza que sempre nos pareciam
elevados demais para serem alcançados.
E não nos davam um ensino prático. Apenas alguns versículos profundos, que falam do desejo
de Deus para que Seus filhos e filhas sejam puros, com uma expectativa de julgamento pelo fogo
consumidor para aqueles que não o fizessem.
Nunca ouvira sobre o temor do Senhor, dentro de um contexto de vida vitoriosa, gozosa. Temor do Senhor era algo temível, como uma espada pendente sobre nossas cabeças, que não sabíamos quando desferiria seu golpe mortal. Aprendi tudo isso mais tarde, depois que passei aquele
inverno frio que duraram alguns anos. Também aprendi sobre os animaizinhos que comem os
brotos das vinhas.
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Aparecem as flores na terra
Gosto tanto dessa expressão, porque fala de colorido, de algo belo que surge no lugar que
antes estava desolado, seco. Isso me lembra de outra fase de minha vida, anos mais tarde. Onde
estava localizada nossa Missão, havia um campo muito grande, o qual atravessávamos a pé,
para o centro da cidade. No inverno, a terra ficava batida e dura, com galhos secos e algumas
espécies de plantas que mais pareciam cactos, cheias de espinhos, sem beleza alguma.
Ao iniciarem as chuvas, logo se via o trator do agricultor trabalhando a terra, aproveitando a umidade para revolver o solo e preparar para o plantio. Eu gostava de ver aqueles trilhos
rasgando, fazendo sulcos na terra molhada.
Algumas semanas depois, o campo estava coberto de flores vermelhas. Um tipo de papoula
que cresce muito por aquelas bandas. Flores frágeis e delicadas, com pétalas de seda, inclinando-se docemente com o vento. As flores enfeitam qualquer lugar. O terreno mais desolado,
quando floresce fica cheio de cor e beleza.
Assim é a vida de muitas moças depois de seu encontro com o Senhor Jesus. A vida que fora
árida e triste, com a chuva da graça que é derramada em seu coração, torna propícia a terra
para ser trabalhada pelas mãos hábeis de nosso Criador. Dela brotam então as flores que adornam a sua vida e a de pessoas ao seu redor.
Já ouvi testemunhos de moças que sofreram tantas desilusões, abusos, experiências terríveis
que marcaram profundamente sua vida emocional, e foram totalmente transformadas pela ação
da graça de Deus. “A graça de Deus se manifesta trazendo salvação a todos os homens, e
ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas, para que vivamos neste
presente século sóbria, justa e piedosamente, aguardando a bem-aventurada esperança
e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tito 2: 11-13).
Tenho lido várias definições de graça: favor imerecido, dom gratuito, e muitas outras. Mas há
algumas que são mais claras. Como por exemplo: Graça é o poder divino que equipa o homem a
viver uma vida moral santa. Ou: Influência sustentadora de Deus que permite que a pessoa salva
continue fiel e firme na vida cristã. (Definições de Oswald Chambers, em seu livro Tudo para Ele
– Editora Betânia). Ou nas palavras de David Seamans em seu livro O Poder Curador da Graça.
“A graça nos liberta da culpa pelo pecado, nos ajuda a aceitar a responsabilidade pelos
pecados que cometemos, e a liberar os outros dos pecados que cometem contra nós”.
Foi essa graça sustentadora, curadora que operou na minha vida durante os meses que se seguiram ao afastamento do relacionamento que eu tinha com Sérgio. Foram meses difíceis, para
exercer muita disciplina sobre meu corpo, meus pensamentos, minhas emoções, para fortalecer
meu coração e meu espírito das feridas que eu mesma tinha me infligido.
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Havia vários hábitos negativos que eu desenvolvera que precisavam ser mudados, e quanto nos
custa modificar nossos hábitos! Alguns são, na realidade, pecados que Deus abomina, e enquanto não os vemos como tal, não há condições de nos livrarmos apenas pelo esforço próprio. Precisamos da ação purificadora do sangue de Jesus. Do arrependimento aliado ao temor do Senhor,
para que pela renovação da mente sejamos libertas.
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Capítulo 4
As Raposinhas
“Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, as nossas vinhas que
estão em flor” – Cantares 2:15.
Satanás sabe que para nos afastar de Deus, de Seu amor e sabedoria, precisa nos impedir de
crer em Sua Palavra. Ele fez isso desde o princípio quando enganou Eva, levando-a a distorcer
as palavras de instrução clara e específica que Deus dera, fazendo com que ela cresse que Deus
a tinha privado de algo que era seu direito.
Essa é uma de suas formas favoritas de atacar as mulheres. Fazendo-nos crer que estamos
perdendo algo muito precioso, que Deus não nos quer dar por capricho. Como se Ele fosse um
Deus caprichoso, e não o Deus justo, sábio e amoroso que Ele é.
Incredulidade
Essa raposinha da incredulidade, que entra em nossa vinha vem para destruir todos os brotos
tenros de fé e confiança em Deus que estiverem desabrochando em nossa vida. A incredulidade
é a raiz de muitos pecados relacionados à sensualidade. O não crer que Deus tem o melhor para
nós, que a seu tempo Ele nos dará tudo e além do que sonhamos, ou pedimos, ou pensamos leva-nos a lutar, a querer agora mesmo alguma coisa ou algum relacionamento.
Pela incredulidade somos levadas a uma forma enganosa de pensar, originada dessa semente
corruptível de maldade que Satanás semeia em nossa mente e coração.
Quando Satanás se aproximou de Eva no jardim do Éden e pretendendo citar as palavras de
Deus, torceu e acrescentou, Eva começou a pensar errado. Seu primeiro pensamento poderia
ter sido algo assim: “É mesmo?! Será que tem alguma coisa que Deus não me deu? Por que será?”
As palavras de Satanás podem chegar aos nossos ouvidos pelos seus emissários, tentando-nos
em nossos pensamentos, ou por pessoas que, mesmo sem o saber, são usadas para lançar maldição, ou palavras que pesam e ferem.
Esse hábito de incredulidade, de descrer que Deus disse o que queria dizer, e no que nos diz
respeito, disse tudo que precisávamos saber, leva a fantasias, a mal interpretar a realidade, as
ações, gestos e palavras de outras pessoas.
É interessante como podemos ver isso bem declarado em Romanos capítulo 1, quando a Bíblia
diz: “Seus raciocínios se tornaram fúteis, e seus corações insensatos se obscureceram” –
v.21. E a conseqüência foi ficarem entregues a vários pecados sexuais “às concupiscências de
seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si. ...Às paixões infames”
(versículo 24 e 26a).
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Poderia pegar de outras partes das Escrituras listas tão completas quanto esta de pecados,
com explicações sobre suas raízes, mas para efeito de algumas coisas que quero apontar nesse
capítulo essa é a mais adequada. Quero lembrar que esses subterfúgios da alma são evolutivos,
um conduzindo a outro, num processo cada vez mais perigoso e destrutivo.
Ilusão
O versículo 24 de Romanos 1 diz que Deus os entregou às concupiscências de seus corações,
ao desejo desenfreado gerado na alma de ter, possuir alguém ou alguma coisa. Eva, no jardim,
caiu na mesma armadilha de Satanás, porque “[viu] que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos” (Gênesis 1:6).
A ilusão produz isso: uma reação da pessoa que é enganada, levada a crer na mentira que
algo de bom ela está perdendo, e a faz desejar isso com muita intensidade.
No princípio desse livro, mencionei moças que desde cedo levaram pesadas cargas familiares, responsabilidades por irmãos pequenos, por pais enfermos ou problemáticos, assumiram
papéis que não lhes pertenciam; algumas foram abusadas emocional ou fisicamente por anos em
famílias desestruturadas, ou por vizinhos, outros parentes, sem jamais a família ter chegado ao
conhecimento de tais circunstâncias.
Essas situações de angústia emocional, espiritual e física, pode ter levado a compensar a
dor de forma não saudável, criando ilusões na mente e no coração. Qualquer coisa que pudesse
gerar esperança e produzir conforto. Algumas moças refugiaram-se em sonhos e fantasias imaginando-se em situações diferentes, nas quais suas necessidades fossem supridas, mesmo que por
um período curto.
Isso está bem mostrado na história da “Cinderela”. A menina órfã, cujo pai estava ausente,
criada pela madrasta e as irmãs de criação que a maltratavam. E, para a pobrezinha da “Cinderela” apareceu a “Fada Madrinha” que realizava todos os seus sonhos.
Esse processo de fuga, também conhecido por falso conforto, pode ser com alimentos, livros,
revistas, novelas, romances, brincadeiras, namoricos, e tantas outras coisas que tenho ouvido
durante esses anos de aconselhamento com moças sofridas.
Essa ilusão vai se enraizando, encobrindo a amargura, endurecendo o coração, gerando rebeldia. A pessoa se torna muito efetiva em criar truques e estratagemas para encobrir com
glamour o pecado, e brincar com ele.
Na história da “Cinderela”, a fada madrinha criou todo um equipamento para uma noite de
sonho e fantasia. Realizou com um toque da varinha de condão, os desejos mais profundos da
Cinderela: vestido, jóias, uma aparência encantadora, carruagem, e a possibilidade de divertir-se um pouco no baile, e dançar com o príncipe.
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Mas também estava condicionada às ordens da fada. Satanás trata aqueles que se deixam
seduzir por ele da mesma maneira. Como ao soar a meia-noite, a Cinderela perderia todas as
coisas que recebera, no momento em que mais gostaria de reter tudo aquilo. Assim acontece
com muitas moças.
A decepção da ilusão desfeita é a maior dor da alma. Algumas moças se enganam tanto que não
conseguem mais enxergar e voltar à realidade.
Idolatria
Jesus disse que “onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:21),
indicando com isso, que aquilo que valorizamos, o que é importante para nós, nisso concentramos nosso esforço, nossas emoções.
A ilusão conduz à idolatria, que é atribuir a algo ou alguém um elevado valor e prioridade,
a concentração emocional e espiritual que é devida apenas a Deus. Idolatrar significa cultuar,
adorar, homenagear, servir, render-se e o que temos àquilo que adoramos. A ilusão cria imagens
para a idolatria. Criando na mente e nas emoções uma pessoa fictícia que passa a centralizar
todas as emoções e sentimentos.
Como Marli, certa jovem que conheci há alguns anos. Ela era dedicada ao Senhor, moça cristã
com um chamado missionário para as nações. Mas tivera uma infância difícil. Com o falecimento
da mãe, Marli cresceu com o pai, uma pessoa sisuda, de pouca conversa. Antes de conhecer a
Jesus como seu Salvador, sua necessidade de ser amada fez com que devagar Marli enveredasse
por caminhos tortuosos, de relacionamentos intensos, sempre com pessoas de personalidade
forte, que a maltratavam em troca de algumas migalhas de amor. Marli tinha tal necessidade de
ser amada, que aceitava esses abusos de seus namorados, achando normal o preço que pagava
por um pouco de carinho.
Quando se converteu, ela deixou de lado esses relacionamentos, e passou a esperar que Deus
lhe enviasse alguém que a amasse e cuidasse como ela desejava. Foi quando conheceu um rapaz
que parecia preencher todos os requisitos que ela havia idealizado em seus sonhos. Marli orou
intensamente. Logo, a ilusão que ainda não fora curada em sua alma começou a manifestar-se,
dando-lhe indicações, que ela crendo serem de Deus, passou a guardar no coração. Marli cria
fortemente que Deus lhe dera palavras claras de que o tal rapaz seria seu esposo.
Ela contava para suas amigas mais íntimas as palavras que cria ter recebido de Deus, promessas em versículos bíblicos e não raros sonhos. Qualquer gesto ou atitude que o rapaz tivesse em
relação a ela, eram interpretados como confirmações daquilo que ela cria.
Marli começou a ficar agitada, dormia mal, alimentava-se pior ainda, e concentrava toda sua
energia física, emocional e espiritual na busca de concretizar esse sonho, inspirado por uma
ilusão.
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No início, o rapaz pensou que Marli, missionária dedicada a Deus poderia ser aquela com
quem compartilharia o resto de seus dias. Ele também orou ao Senhor, pedindo-Lhe que se ela
fosse a jovem que preparara para ele, que isso se confirmasse através da amizade crescente
entre eles.
Mas o rapaz não recebeu tal confirmação. Pelo contrário, ele percebeu as indiretas dela, de outras pessoas e seus esforços para juntá-los. Quanto mais ela se insinuava, mais ele se afastava.
Marli começou a perder o controle sobre suas emoções. De uma jovem cristã crescendo e
amadurecendo, tornou-se obstinada, dura, rebelde, com uma capa de religiosidade. Para ela, o
rapaz estava se tornando um ídolo. Já não o deixava em paz, buscando pretextos para conversar
com ele, estar onde ele estava.
Chegou até a dizer às outras moças que se afastassem dele, porque era prometido para ela.
Seu trabalho deixou de ser fonte de alegria, para ser uma carga pesada e indesejável. Seus relacionamentos passaram a ser orientada pelo ciúme, inveja e cobiça.
Marli ouvira a voz da serpente, sugerindo que Deus devia dar-lhe algo, que estava retendo dela.
Sua confiança em Deus, em Seu caráter ficou abalada. Ela estava dentro de um processo destrutivo de idolatria.
O Salmo 115:8 diz “Semelhantes a eles [os ídolos] se tornem os que os fazem, e todos os que
nele confiam”. Isso significa que nos tornamos semelhantes àquilo que adoramos. Marli estava se
tornando uma pessoa que ao invés de servir a Deus, estava servindo à criatura (Romanos 1:25),
no caso, ela mesma, seus desejos, e dando mais ênfase ao rapaz do que às coisas que antes
ocupavam seu tempo e seu pensamento.
Ao ler a palavra de Deus, seu entendimento compreendia apenas o que estivesse relacionado
com o que ela cria ser uma promessa. Quando conversava com seus líderes espirituais, tinha ouvidos, mas não ouvia os conselhos, as admoestações amorosas; tinha boca, mas não falava mais
as maravilhas de Deus, mas apenas sobre o seu amor, suas expectativas e seus sonhos. Tendo
olhos para ver, seus olhos espirituais não podiam enxergar aquilo que todos apontavam para ela.
Marli estava se tornando como o ídolo.
Por isso, Deus disse desde o princípio que não adorássemos a nada que estivesse na terra,
ou no céu, ou no mar, ou embaixo da terra. E nos diz para “Adorar ao Senhor na beleza da sua
santidade” porque ao adorá-lo, nos tornamos como Ele.
Felizmente para Marli, o discipulado amoroso de seus líderes, as orações incessantes por ela,
fizeram com que despertasse daquele estupor e vencesse a serpente. Ela arrependeu-se de sua
obstinação e cegueira, e hoje vive feliz ao lado de seu esposo, alguém que Deus realmente
preparou para ela anos depois.
O mais triste da idolatria é estar associada à feitiçaria e à manipulação. As pessoas que idolatram outras pessoas em relacionamentos, chegam a fazer orações que Deus não ouve. Orações
e jejuns fora da vontade de Deus, de um coração idólatra, são semelhantes à feitiçaria.
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Sensualidade
Geralmente, como nos cultos idólatras do Velho Testamento que eram acompanhados de orgias e práticas sexuais, a idolatria conduz à sensualidade.
Nesse processo de intensa concentração emocional na outra pessoa, inicia-se um jogo de sedução.
Um rapaz com pouca maturidade espiritual pode sentir-se tão lisonjeado por ser o alvo das
atenções da moça, que começa a responder e logo os dois se acham envolvidos num relacionamento de dependência um do outro.
Não uma dependência saudável, naquele sentido em que nós cristãos devemos, em amor,
escolher depender de outros irmãos no Corpo de Cristo. Mas uma dependência controladora,
manipuladora e de cobranças. Um relacionamento tenso, cheio de insegurança, que não traz
satisfação para nenhum dos envolvidos. Mas sobre isso falaremos em outro capítulo.
Não é difícil, nem incomum que pessoas envolvidas tão profundamente se deixem levar pela
luxúria e cheguem a envolvimentos físicos dos quais se arrependem mais tarde. Ficarem dominados pela sensualidade.
Sensualidade é indulgir, entregar-se a todo tipo de impureza mental, emocional e física com
um contínuo desejo lascivo e exagerado. É ser dado aos prazeres dos sentidos.
“Tendo-se tornado insensíveis, entregaram-se à dissolução para, com avidez, cometerem
toda a sorte de impureza” (Efésios 4:19).
A moça vai se sentir usada, porque por uma insistência de sua parte e um jogo de sedução, motivou o rapaz; ele por sua vez, sente-se diminuído em sua masculinidade, como se tivesse sido
caçado e age motivado quase pela raiva.
Ambos saem do relacionamento marcado por um sentimento de culpa, indignidade e vergonha não saudável. Provavelmente sentirão profundo desgosto um pelo outro. Repete-se a mesma história narrada em I Samuel 13:2-15:
“Angustiou-se Amnom, até adoecer, por Tamar, sua irmã, pois era virgem, e lhe parecia
impossível fazer coisa alguma com ela. Ora, Amnom tinha um amigo, cujo nome era Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi. Era Jonadabe homem muito sagaz.” Este lhe perguntou: Por que tu, filho do rei, cada manhã está tão abatido? Não me dirás por quê? Disse-lhe
Amnom: Amo a Tamar, irmã de Absalão, meu irmão.
Disse-lhe Jonadabe: Deita-te na tua cama, e finge-te doente. Quando teu pai te vier
visitar, dize-lhe: Peço-te que minha irmã Tamar venha e me dê de comer pão, preparando
a comida diante dos meus olhos, para que eu a veja e coma da sua mão.
Assim deitou-se Amnom, e fingiu-se doente. Vindo o rei visitá-lo, disse-lhe Amnom: Peçote que minha irmã Tamar venha, e prepare dois bolos diante dos meus olhos, para que eu
coma de sua mão.
Mandou então Davi a casa, a dizer a Tamar: Vai à casa de Amnom, teu irmão, e faze-lhe
comida.
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Foi Tamar à casa de Amnom, seu irmão, que estava deitado. Ela tomou massa e,
amassando-a, fez bolos e os cozeu diante dos seus olhos. Então tomou a panela, e os tirou diante dele, mas ele recusou comer. Disse Amnom: Fazei retirar a todos da minha presença. E todos se retiraram.
Então disse Amnom a Tamar: Traze a comida à câmara e comerei da tua mão. Tomou
Tamar os bolos que fizera, e os levou a Amnom seu irmão, à câmara. Quando os ofereceu a
Amnom, para que ele comesse, ele pegou dela, e disse: Vem, deita-te comigo, minha irmã.
Porém ela lhe disse: Não, meu irmão, não me forces. Não se faz assim em Israel. Não
faças tal loucura. Aonde iria eu com a minha vergonha? E tu serias como um dos loucos de
Israel. Agora te peço que fales ao rei; ele não me negará a ti.
Mas ele não quis dar ouvidos ao que ela dizia, e sendo mais forte do que ela forçou-a e se
deitou com ela.
Então Amnom sentiu grande aversão por ela. De fato, era a aversão que sentiu por ela
maior do que o amor com que a amara. “Disse-lhe Amnom: Levanta-te, e vai-te”.
As pessoas que pensam que a Bíblia é um livro ultrapassado não sabem o quanto essa e outras
histórias são verdadeiras e ilustram o que acontece ainda hoje.
“A sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento” (Oséias 4:11).
Como Amnom, os jovens que se deixam levar por seus ídolos do coração (Ezequiel 14:4) ficam
sem entendimento e cheios de sensualidade.
Uma vez que entra na vida de uma pessoa, a sensualidade que muitos discernem como um
espírito escraviza de várias maneiras.
Masturbação
Médicos, terapeutas e psicólogos têm recomendado a masturbação para os jovens, como
forma de aliviar a pressão sexual e evitar a gravidez e as doenças venéreas.
Muitos jovens perguntam ainda o que tem de errado com a masturbação. Chegam a argumentar
que se não cometem pecado de promiscuidade e prostituição, a masturbação é até saudável em
alguns aspectos.
Quero lembrar a meus queridos leitores que estamos tratando da masturbação exatamente
dentro do contexto de engano, ilusão, idolatria. Ou seja, de um processo diabólico para enfraquecer o cristão, mantê-lo algemado, impossibilitado de crer no que Deus diz, de ter vitória
sobre o pecado, de ser livre.
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A masturbação é um pecado que Deus abomina por várias razões:
1. Masturbação é um ato de egoísmo. Justamente por ser praticada sem a participação de um
parceiro ou parceira e pretender dar a satisfação sexual que no plano de Deus deve ser compartilhada a dois, o homem e sua mulher; “Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e
se unirá a sua mulher, e serão os dois uma só carne” (Efésios 5:31). Por ser praticado a sós,
é chamado de “pecado solitário” por C.S.Lewis em seu livro Cartas do Inferno;
2. Masturbação é uma armadilha para os pensamentos. A Bíblia diz que devemos pensar em
“tudo que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo tudo o que é puro tudo
o que é amável tudo o que é de boa fama”. No ato de masturbação, não cabem pensamentos
puros, nem honestos, muito pelo contrário. É um exercício de pensamentos impuros, de fantasias que levam à excitação sexual física. É o abuso da imaginação, dada por Deus para criar
coisas novas;
3. Masturbação é um hábito aprisionador. Assim como nosso corpo se acostuma com hábitos
alimentares, qualidade, quantidade de alimentos, horário de alimentação; com o descanso,
horário de dormir e acordar; das funções orgânicas e higiene, também se acostuma com satisfação sexual, ou com abstinência. Assim, se alguém indulge em masturbação, acabará fazendo
sempre mais, e terá grandes dificuldades para desvencilhar-se do hábito;
4. Masturbação é um ato de rebeldia. Deus designou a plenitude sexual para o casamento,
buscar satisfação sexual fora dele, é um ato de rebeldia contra Deus;
5. Masturbação é um ato de independência. É o grito da alma rebelde contra Deus, Seus
princípios, Suas leis morais, invalidando Suas declarações de amor e sabedoria, satisfazendo a
si mesmo, sem precisar entregar-se a outra pessoa, amar e submeter-se;
6. Masturbação leva a outros pecados. Num círculo vicioso no exato sentido da expressão:
masturbação, pensamentos impuros, pornografia, promiscuidade, prostituição. Essa é a cadeia
aprisionadora que ela inicia.
Essas raposinhas destroem a vinha.
“A sua vinha é a vinha de Sodoma, e provém dos campos de Gomorra. As suas uvas estão
cheias de veneno, e os seus cachos são amargos” (Deuteronômio 32:32). Todos sabem que o
principal pecado do povo de Sodoma e Gomorra era promiscuidade sexual. Não queremos que
nossas uvas estejam cheias de veneno e produzir cachos amargos.
Quero terminar esse capítulo com alguma esperança. Temos que apanhar as raposas que
fazem mal às vinhas. Apanhá-las do jeito que pudermos: com armadilhas, colocar vigia tampar
os buracos da cerca, guardar a nossa vinha.
“O meu amado é meu, e eu sou dele. Ele apascenta o seu rebanho entre os lírios” (Cantares 2:16).
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Esse versículo sugere alguns passos que podemos tomar para cuidar da nossa vinha:
1. Reconhecer que não pertencemos a nós mesmos. Estabelecer o senhorio de Cristo em nossas vidas. Se O reconhecermos como dono de nossa vinha, estamos dando o primeiro passo em
direção à proteção que Ele pode nos conceder. “Eu, o Senhor, a guardo; a cada momento a
rego. De noite e de dia eu a guardo para que ninguém lhe faça dano” (Isaias 27:3);
2. Renunciar ao engano, à ilusão, idolatria e sensualidade. Algumas vezes será necessário
fazer isso com outra pessoa num momento de confissão. Pedir ao Espírito Santo para ajudá-la
a lembrar de qual foi a artimanha que Satanás usou para entrar com o engano: corpo, através
de desejos pessoais; intelecto, através de coisas que você ouviu (palavras de maldição, duras,
abuso verbal), idéias que surgiram na mente através de leitura inapropriada, filmes, qualquer
sugestão que não proveio de uma fonte pura; emoções, através de atitudes baseadas apenas no
sentimento, ao invés de nos princípios de Deus. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é
fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça” – I João 1:9.
3. Declarar ao Senhor que Ele é a fonte de toda satisfação emocional, física e espiritual. “Todas as minhas fontes estão em ti”. Deus pode suprir nossas necessidades físicas, preencher todo
o vazio de nossa vida emocional, e nos dar a plenitude do Espírito Santo;
4. Apropriar-se da pureza que a redenção e a justificação operam em nossas vidas. “Purifiquemo-nos de toda impureza tanto da carne, como do espírito” (II Coríntios 7:1); que
só é realizada através do sangue que Jesus derramou por nós na cruz. “O sangue de Cristo...
purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hebreus
9:14);
5. Comprometer-se com Deus a um andar em novidade de vida, renunciando as obras da
carne. “Rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam” (II Coríntios 4:2);
Aqui, poderia ser acrescentado o sexto passo, para aquelas pessoas que através da porta do
engano, deixaram entrar em suas vidas influências demoníacas que se tornaram em fortalezas
do inimigo. Essas fortalezas na mente, na alma, no corpo e no espírito são aqueles pecados dos
quais a pessoa não consegue livrar-se mais, e se vê uma e outra vez caindo na mesma coisa.
Essas fortalezas podem ser reconhecidas, nomeadas e renunciadas verbalmente, negando-lhes
autoridade e espaço para continuarem a operar na vida da pessoa. Assim perdoadas, libertas e
restauradas seremos como o lírio do campo, entre os quais o Amado apascenta o seu rebanho.
De uma beleza pura e limpa.
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Sugestão de oração de confissão:
Querido Pai Celestial,
Reconheço hoje que me distanciei muito do Teu plano original, perfeito e ideal para minha vida.
Seduzida pelo engano, abri a porta de minhas emoções para incredulidade, ilusão, idolatria e
sensualidade.
Reconheço a incredulidade que em me impedido de crer em Teu constante amor por mim, e Teu
desejo de dar-me o melhor.
Reconheço a ilusão que criei em torno de ________________________________ (cite o
nome da pessoa com quem você está envolvida emocionalmente), levando-me à idolatria e à sensualidade. Reconheço que a sensualidade tem operado em minha vida através de
_______________________________ (nomeie como você vê a sensualidade operando em sua
vida: livros, revistas, novelas, maneira de vestir, de falar, comportamento, etc.).
Reconheço que meu relacionamento com esta pessoa tem ultrapassado os limites e que pequei
contra o temor do Senhor, violando teus princípios.
Eu renuncio a esses sentimentos, e pela fé tomo posse, da purificação de meus pecados pelo
Teu sangue. Também pela fé, tomo posse de todas as bênçãos de paz interior e amor que são
minhas em Cristo Jesus.
Amém.
43
Capítulo 5
Dependência Emocional
Antes de continuar no assunto, vou dedicar um capítulo especial para tratar do assunto de
dependência emocional, mencionada no capítulo anterior. Por muitos anos em meu ministério,
observei de longe algumas moças, e outras acompanhei bem de perto, na luta contra a dependência emocional. Dependência emocional é o desequilíbrio afetuoso de um relacionamento, no qual uma ou as duas pessoas envolvidas se tornam perigosamente dependentes uma da
outra. “Dependência emocional ocorre quando a presença e o cuidado de outra pessoa é crido
como necessário para a segurança pessoal” .
O perigo desse tipo de relacionamento é que ele é o primeiro passo para relacionamentos
homossexuais, adultério e prostituição, além de outros pecados como manipulação e ciúmes.
Podem ser várias as razões para que as pessoas se envolvam em relacionamentos desequilibrados. Essas razões explicam, mas não justificam suas escolhas.
Relacionamentos de dependência emocional têm a tendência de serem extremamente controladores e manipuladores. Ou seja, a pessoa enganada julga amar profundamente a outra, só
encontra equilíbrio quando está perto da outra, ou quando possa controlar onde ela está ou seus
atos.
Uma jovem a quem chamarei de Helena, tinha uma forte tendência de se envolver em relacionamentos de dependência emocional. Helena possuía uma personalidade difícil, não tinha
muitos amigos. Sempre que surgia alguém que ela não conhecia, não demorava para que mencionasse essa pessoa o tempo todo em suas conversas.
Com sua personalidade forte, Helena dominava seus relacionamentos, chegando ao ponto da
outra pessoa só fazer o que a agradasse. Para atingir esse nível, ela usava todo tipo de manipulação a que pudesse recorrer, como carinhos, presentes, choro ou acessos de raiva. Enviava
presentes por qualquer e todo motivo. Quando estavam juntas, as pessoas em volta tinham a
sensação de estar por fora de alguma coisa que só as duas sabiam; tratavam-se por apelidos
carinhosos cujo significado só elas conheciam; estavam sempre cochichando, piscando uma para
a outra e davam um jeitinho de sair do grupo para ficarem a sós.
Se não estavam juntas, Helena telefonava para saber se a outra já chegara a casa e se fizera
bem o trajeto de 15 minutos. Falavam uma à outra antes de dormir, e logo ao acordar.
Quando a amiga saía com outra pessoa ou com o namorado, Helena ficava com ciúmes. Se confrontada, dizia que a amiga agia da mesma forma em relação a ela, e que achava isso normal,
porque se gostavam muito. Para ela, o gostar justificava tudo.
Já conversei com rapazes também que sentiram o mesmo em relação a seu melhor amigo e há
até mulheres casadas que tiveram sentimentos semelhantes para com outra mulher ou homem.
6ºLori Rentzel – Dependência Emocional
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Reconhecimento também é importante para abrir caminho para o arrependimento. Mudança
de direção, corrigir o curso. Arrependimento é expresso através da confissão a Deus e a alguém
de sua confiança, pastor ou conselheiro espiritual. Para que esta pessoa continue um processo de
transparência e abertura, é importante também prestar contas regularmente de suas atitudes
nos relacionamentos. Compartilhar e avaliar periodicamente como se desenvolve seu relacionamento ajuda a manter uma perspectiva saudável, a corrigir pensamentos e padrões errados.
Através da Palavra de Deus, estabelecer na mente e no espírito os Seus princípios para relacionamentos: temor do Senhor, transparência, lealdade. Com a ajuda de seu conselheiro ou pastor,
aprenda a perspectiva de Deus para os relacionamentos interpessoais. “Transformai-vos pela
renovação da vossa mente” (Romanos 12:2b).
Relacionamentos de dependência emocional são difíceis de romper. Prepare-se para um tempo de sofrimento, com possível depressão. Lembre-se que não é apenas a sua força de vontade,
mas que Deus está ao seu lado para ajudá-la, e que Ele está operando em sua vida. E os processos de Deus algumas vezes são dolorosos.
É saudável e ajuda o processo de cura e restauração envolver-se com outras pessoas, fazer
novas amizades procurando aplicar os princípios aprendidos. Novos amigos num círculo de pessoas cristãs com princípios sólidos, e fé firme podem ser uma contribuição valiosa para sua vida.
Prepare-se para uma vitória em longo prazo. Não se desanime se ocorrerem alguns fracassos, ou
recaídas. Mantenha o alvo, e prossiga.
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Capítulo 6
Vida Emocional submetida ao senhorio de Cristo
Objetivos para este capítulo: Que a leitora perceba que Jesus tem exclusividade em sua vida
emocional. Como submeter nossa vida emocional ao senhorio de Jesus Cristo quando a sociedade coloca ênfase na mulher como senhora absoluta de seus sentimentos, como controladora
de suas emoções e reações, o que está muito longe da realidade?
Eu creio que nestes últimos dias da Igreja na face da terra, Deus buscará aqueles que se dispuser
a ser para Ele.
“Jardim fechado és tu, minha irmã, noiva minha, manancial fechado, fonte selada”.
(Cantares 4:12).
Um jardim, uma fonte ou um manancial de água fechado, dá a idéia de um lugar para o qual
o acesso não é livre. Um lugar particular, de alguém que não deseja entrada garantida a todos
os que desejarem.
Jardim Selado
Alguns comentaristas dizem que este versículo refere-se ao Jardim do Éden, o Jardim de
Luz que depois da Ueda do homem, foi fechado e guardado por querubins (Gênesis 4:24); ou o
Getsêmani, o jardim de escuridão no qual o Senhor Jesus entregou Sua vida a Deus pela nossa
redenção (Mateus 26:37-42).
Há também outro jardim, onde estava o túmulo no qual Jesus foi carinhosamente sepultado
por José de Arimatéia e Nicodemos. Este jardim também foi guardado por uma pedra.
Como podemos aplicar estes versículos à nossa vida? O que temos a ver com jardins, mananciais e fontes seladas? Como Deus pode esperar que sejamos tal coisa para Ele?
No capítulo anterior tratamos dos vários aspectos de coisas contaminadoras: relacionamentos
e maus hábitos, os quais causam poluição em nossas vidas. Mas para estas mesmas pessoas que
foram restauradas, regeneradas, redimidas, Jesus lhes oferece a escolha de serem para Ele fonte, manancial e jardim fechado.
7º - A Questão do Engano – Apostila Larry Coy – Conflitos da Vida
8º - Ver livro da mesma autora “Abuso Sexual – Prevenção e Cura” – Bom Pastor
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Um lugar escolhido, um lugar só para Ele e para Seu deleite pessoal e particular. Uma fonte de
água pura que jorre apenas para Ele, e um manancial de águas constantes, ininterruptas, jorrando continuamente para o Senhor Jesus.
Subir do Deserto
Antes desses versículos no capítulo 3, pergunta-se:
“Quem é esta que sobe do deserto, como colunas de fumaça, perfumada de mirra, de incenso e de toda a sorte de pós-aromáticos do mercador?” (versículo 6).
Ela sobe do deserto. De um lugar árido, poeirento, de difícil sobrevivência, tão visível como
uma coluna de fumaça, e está perfumada de mirra, de incenso e de toda a sorte de perfumes.
No deserto, nos lugares baixos, para os quais ela teve que descer, perdeu algumas particularidades e ganhou outras. Ela sobe do deserto e está irreconhecível.
Quem é esta? Esta pergunta indica também a mudança de uma fase para outra, uma vitória
recém-adquirida.
Como a minha querida leitora e tantas outras jovens de nossas igrejas, neste final de milênio, que sofreram muito, passaram por vários tipos de privação, de sofrimentos, maus tratos, e
sobreviveram ao deserto.
Ester também subiu do deserto da escravidão, da orfandade, reclinada no braço forte de
Mordecai, seu tio, para ser rainha. Mas antes disso, passou pelo tratamento de beleza. “Antes
que chegasse a vez de cada moça vir ao rei Assuero, tinha ela de completar doze meses de
tratamentos de beleza, segundo as prescrições para as mulheres, seis meses com óleo de
mirra e seis meses com especiarias e com perfumes” (Ester 2:12).
Tratamento de Beleza - Óleo de Mirra
Era costume naquela época de Ester, antes de uma jovem se apresentar ao rei fazer seu
embelezamento com óleo de mirra, uma planta aromática cuja resina era conseguida espremendo-se a planta, esmagando-a para extrair o óleo, que depois era esfregado na pele, para
conseguir os resultados de maciez, e suavidade.
É interessante que entre os presentes que foram trazidos a Jesus pelos Reis Magos, estavam incluídos a mirra e o incenso, que eram símbolos de sua vida e ministério.
O óleo de mirra é um símbolo de uma vida de sacrifício, de sofrimento e de renúncia. Não
como as freiras que vivem em clausura, mas da que é desfrutada em plena liberdade. As jovens
usavam por seis meses o óleo de mirra, até que ele ficasse impregnado na pele. Ester sabia o
que era um tratamento com óleo de mirra. Já passara por isso antes, com a perda dos pais, de
sua cidadania, de seu povo, de sua língua, seu nome e identidade.
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Quanto, no palácio do Rei Assuero, submeteu-se mais uma vez ao tratamento com mirra, Ester
o fez com paciência e humildade, porque era algo que já conhecia.
Muitas moças surpreendem-se com o tratamento com mirra. Esperam algo mais fácil e refrescante, como um banho de bolas perfumadas, fútil e passageiro. Mas as que se submetem à
sabedoria e ao cuidado de Deus, e deixam-se tratar da mesma maneira como foi tratado nosso
Senhor Jesus, com óleo de mirra, recebem “alegria muito maior do que seus companheiros”
(Hb 1:9).
Durante o tempo de seu tratamento especial, Ester contava com a presença e a orientação
de Mordecai que não se afastava das portas do palácio: “Passeava Mordecai cada dia diante
do palácio da casa das mulheres, a fim de se informar de como Ester passava, e do que lhe
acontecia” (Ester 2:11). Como Mordecai ilustra tão bem o cuidado do Espírito Santo em nossa
vida!
Ester não subiu sozinha do exílio, pois Mordecai a tomara por sua filha, e diariamente indagava o que se passava com ela. Ele sabia que na solidão do palácio do Rei Assuero, com outras
jovens em semelhante situação, recebendo um tratamento ao qual ela não estava acostumada,
Ester precisava saber do apoio que lhe prestava mesmo de longe, aquele a quem ela se acostumava a ver e a chamar de pai.
Que consolo! Que alegria! Que esperança!
Tratamento com Incenso
Quando terminasse o tratamento com a mirra, viria o tratamento com incenso. O incenso era
feito segundo as artes mais refinadas dos perfumistas e colocado para queimar em uma pequena
lamparina. A jovem devia esfregar um composto de óleo na pele e nos cabelos e logo sentar-se
diante da lamparina e, pacientemente, esperar que a fumaça de incenso lhe permeasse os cabelos e a pele.
Com certeza, sentar-se tão perto da fumaça, devia ser incômodo, ou arder os olhos. Seria necessária muita paciência e perseverança, seguindo cuidadosamente as ordens recebidas
daqueles que entendiam do que estavam fazendo, para que o perfume agradável fizesse seu
trabalho. Este processo não seria repetido muitas vezes, mas antes de ocasiões especiais, e
mantinha-se por algum tempo, mesmo com a higiene normal.
As jovens modernas levam uma vida agitada, têm muitas tarefas, desempenham vários papéis
e assumem muitas responsabilidades. Moças que trabalham, estudam e tentam conseguir uma
carreira não dispõem de muito tempo para ficarem diante de uma lamparina acesa, esperando
que o incenso penetre em seu cabelo ou na pele. Entretanto, se estas mesmas jovens gastassem
um pouco de seu tempo untando-se com o óleo do Espírito, e esperando diante do Senhor em
oração, mesmo por alguns momentos, diariamente, teriam uma vida mais equilibrada, seriam
mais seguras emocionalmente.
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Jovens que redimidas do cativeiro passam pelo tratamento de mirra e de incenso, logo entram
na presença do rei, e O contemplam.
“Saí, ó filhas de Sião, e contemplai o rei...” (Cantares 3:11).
Ser chamada de filha de Sião representa a recuperação da identidade. Com quem nos identificamos. Aquele cujo nome carregamos. Trazer sobre nós o nome de nosso Pai, aquele a quem pertencemos. Contemplar o rei, aquilo que Ele é. E aprender a prática na vida diária da presença
de Deus em nós, e nós na presença de Deus, em louvor e adoração. A concentração espiritual no
Rei e em sua formosura. O processo de ficar esperando que o incenso penetre na pele.
“Mel e leite estão debaixo da tua língua” (4:11).
Mel e leite eram alimentos dado às crianças. Quando se diz da jovem de Cantares que debaixo
de sua língua estava mel e leite, mostra que de sua boca saía à mesma inocência de uma criança. Nela não havia malícia, conversa torpe, palavras obscenas, vocabulário moderno de palavrões e termos vulgares. Indica a recuperação da inocência. Voltar à pureza, à inocência de ser
filha de Sião. A restauração foi completa!
Ao mesmo tempo em que ela se torna como uma criança, ela é
“poço das águas vivas, ribeiros que correm do Líbano”(4:15).
Está pronta para compartilhar com outros as experiências que teve a transformação e cura
operadas em sua vida. Águas que correm vivas. Jesus disse:
“Quem crê em mim, como diz a escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jô
7:38).
Águas que jorram vivas, profusas, impossíveis de se reter. Creio firmemente que o testemunho de moças transformadas pela graça de Deus será um dos fatores decisivos para “salgar” nossa
sociedade tão contaminada pelo modernismo.
Não haverá mais em nossas igrejas, moças comparando-se e sentindo-se menos que as outras
que não conhecem ao Senhor. Moças sendo tentadas por uma forma de relacionamento que na
verdade não supre as necessidades, mas deixa abismos profundos na alma.
Está pronta para compartilhar com outros as experiências que teve a transformação e cura
operadas em sua vida. Águas que correm vivas. Jesus disse:
“Quem crê em mim, como diz a escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jô
7:38).
Águas que jorram vivas, profusas, impossíveis de se reter. Creio firmemente que o testemunho de moças transformadas pela graça de Deus será um dos fatores decisivos para “salgar” nossa
sociedade tão contaminada pelo modernismo.
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Não haverá mais em nossas igrejas, moças comparando-se e sentindo-se menos que as outras
que não conhecem ao Senhor. Moças sendo tentadas por uma forma de relacionamento que na
verdade não supre as necessidades, mas deixa abismos profundos na alma.
Haverá mais moças puras, fortes, prontas para enfrentar os desafios do terceiro milênio.
Moças que serão a perfeita noiva para o Cordeiro: “sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efésios 5:27b).
Para resumir os princípios desse capítulo: as moças dever ter uma vida emocional como um jardim fechado, como um manancial de águas. Isso só se consegue:
1. Aceitando o tratamento de Deus em nossas vidas, no embelezamento da alma, num processo lento, mas cheio de terna sabedoria e compaixão de Deus;
2. Depender de Mordecai, uma figura do Espírito Santo, que velava às portas do palácio para
saber como passava Ester. Como ela deve ter se sentido sozinha, entre costumes, língua, coisas
às quais não estava acostumada. Mas que consolo saber que, diariamente, Mordecai, mesmo de
longe, estava tomando conta de sua querida filha. Saber que nas portas do palácio, o Espírito
Santo, nosso Consolador, está ao nosso lado, intercedendo para que tenhamos vitória.
3. Sermos diligentes em nos encher com o Espírito – esfregar o óleo (que é símbolo do Espírito) em nossa vida toda. Untar tudo com óleo, ungir, curar. Não nos esquecer do poder renovador,
restaurador, curador do óleo do Espírito. Deixar que Ele atue, tirando as marcas, as cicatrizes,
as caracas que ficaram apegadas em nossa pele, durante o tempo no deserto. Oh! Precioso, bendito Espírito Santo!
4. Ter uma vida incessante de oração, na presença do Senhor. Não permitir que nossos pensamentos vagueiem pelas fantasias, pelas lembranças do passado, pelos desejos intensos que a
carne nos sugeria antes. Mas, ignorando o barulho, as demandas da sociedade, nos aquietar aos
pés do Senhor, diariamente, e esperar em oração que o incenso e o óleo façam seu trabalho em
nossa alma.
Permitir que como perfume suave, subam diante do Senhor nossas orações, pela petição e
pelas súplicas, com ações de graça. Preparando nosso coração e nossa alma para as tarefas, o
trabalho, o estudo, seja o que for que precisamos fazer.
É desta maneira que nos tornamos para Jesus o Seu jardim particular, no qual Ele se pode
deleitar ter comunhão conosco. Ele sabe de onde viemos. Sabe que viemos do deserto, feridas,
machucadas e cansadas. Talvez da escravidão das drogas, de homossexualismo, de prostituição,
de abuso sexual, de fantasias.
Mas Ele não reconhece mais estas marcas. Pergunta:
“Quem é esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado?” (8:5).
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Capítulo 7
Para colher os lírios
Objetivos para este capítulo: A leitora é o lírio, que Jesus por sua graça e misericórdia pode
restaurar.
“O meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros de bálsamo, para se alimentar nos
jardins e para colher os lírios” (Cantares 6:2)
Estamos muito perto do cumprimento desses versículos. Com a entrada do Terceiro Milênio,
sabemos que estamos nos últimos dias da peregrinação da igreja na terra. Nunca antes houve
tanta corrupção, miséria, sensualidade, crimes, maldade e iniqüidade na terra como nestes dias
que estamos vivendo. Jesus disse que serão abreviados estes dias por causa dos eleitos.
Tem vindo ao meu coração e sido confirmado pela pregação de homens e mulheres de Deus
do mundo todo, que esta geração de crianças e jovens que está crescendo pode ser aquela que
verá a vinda de Jesus nos ares.
Ele descerá ao seu jardim para colher os seus lírios, Jesus virá buscar a sua igreja e a encontrará uma noiva falsa, impura, fingida e despudorada? Ou encontrará uma igreja gloriosa, sem
mácula, nem ruga, porém santa e sem defeito?
Para que a igreja toda de Jesus corresponda à definição do apóstolo Paulo, é necessário que
cada cristão, cada jovem, homem, mulher e criança estejam comprometidos com a santidade,
com a pureza.
Precisamos ensinar aos jovens o temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria. “O temor
do Senhor deve, primeiro, gerar em nós a mesma atitude que Deus tem para com o pecado:
aversão. Segundo, deve despertar em nós um profundo respeito pela santidade de Deus, pelo
seu poder e por sua plena capacidade de atender às necessidades humanas. Por ele, teremos
também uma compreensão melhor desses atributos divinos”.
Sem entendermos e pedirmos a Deus que coloque em nós o seu temor, não haverá santidade
nem pureza em nossas vidas.
A santificação é a decisão moral sobre o pecado, o pecado deve morrer em mim, não refrear,
ou suprimir, ou contrariar, mas crucificar, colocá-lo onde ele deve estar na cruz de Cristo. Quando fazemos esta decisão, definitivamente, então começamos a andar no temor do Senhor e a ter
intimidade com Deus.
51
Paulo advertia o jovem Timóteo a que fosse “o exemplo dos fiéis na palavra, no trato, no
amor, no espírito, na fé e na pureza” (I Tm 4:12).
Nesses últimos dias Deus vai usar com poder aqueles que se mantiverem incontaminados do
mundo. Aqueles que pela fé e pela graça de Deus, equipados com o poder de Deus, pela palavra
de Deus, por causa do amor de Deus, escudados pelo temor de Deus, resistirem às tentações e
vencerem o inimigo. Não será algo fácil. Terá que haver esforço, disciplina, e compromisso com
os ideais de Deus para suas vidas.
Quando Deus chamou Josué, exortou-o a que fosse muito corajoso. Não tem outro jeito para
enfrentar o terceiro milênio, se não forem corajosos. Jovens, homens e mulheres corajosos para
falar a verdade, para ser diferente, para falar de Jesus, para viver Jesus de uma forma que faça
a diferença no mundo.
A coragem para Josué viria através da meditação na palavra de Deus de dia e de noite tendo
o cuidado de fazer conforme a tudo que nela estava escrito. É uma coragem que precisa ser alimentada, desenvolvida. Não é a coragem dos heróis que cometem atos impulsivos. Mas é uma
coragem deliberada, premeditada para cada dia, para obedecer a Deus.
Obediência a Deus continuará a ser algo muito importante. Num mundo de pessoas egoístas, voltadas para si mesmas, agradar a Deus através da obediência, manterá acesa a chama
em cada coração. Jesus dizia só fazer o que ouvia de Seu Pai. E que como homem, aprendeu a
obediência pelas coisas que sofreu.
Excelentes frutos, Novos e Velhos.
Quando Jesus vem colher os lírios e se alimentar nos jardins, escolherá os frutos excelentes,
novos e velhos para se alimentar. Será necessário, nesta época pós-moderna que estamos vivendo, resgatar os frutos velhos. Os princípios que foram desprezados: do casamento, da família,
do respeito aos mais velhos, das tradições que foram esquecidas. Tudo isso terá que ser resgatado novamente.
Teremos que buscar em nossa lembrança, como nos orientávamos no passado pelos princípios
de Deus na maneira de vestir, no comportamento, nos relacionamentos e na maneira de falar.
Isso é mostrar os frutos excelentes.
“As mandrágoras exalam perfume, e ás nossas portas há toda a sorte de excelentes frutos novos e velhos que guardei para ti, ó amado meu” - Cantares 7:13.
9º - Joy Dawson – Intimidade com Deus no Temor do Senhor – Editora Betânia
52
Jesus deseja que voltemos a cultivar esses frutos, e assim expressaremos nosso amor por Ele!
Os frutos novos da revelação de Deus que está disponível para todo cristão. Coisas novas que o Espírito
Santo tem trazido ao povo de Deus na área de entendimento sobre o papel da igreja, intercessão, batalha espiritual, missões, povos não alcançados e como viver uma vida vitoriosa em pleno século XXI!
Selo sobre o teu coração.
A advertência do livro de Cantares é para que as jovens não acordem nem despertem o amor antes
que este o queira. Observe que desta vez não diz mais “pelas gazelas e corças do campo”. Entende-se
com isso que aquela fase de se comportar pelo instinto já passou. Houve liberação, houve cura, houve
libertação.
Agora, Jesus mostra como fazer isso de forma prática:
“Põe-me como selo sobre o teu coração” – Cantares 8:6a.
O selo sobre o coração é como aquela ordem judicial de se fechar um estabelecimento, cessar toda
atividade comercial. Na porta é colocado o selo da autoridade competente. Até que seja liberado por
quem deu a ordem de fechar, tal porta não pode ser aberta.
De uma maneira bem prática, é isso que Jesus está dizendo: Eu dou a ordem de fechar a porta do seu
coração, das suas emoções, para aquelas coisas antigas que a perturbavam antes, que a maltratavam.
Eu sou o selo sobre o teu coração. Mas não me coloco lá contra a sua vontade. É você quem escolhe colocar-me lá.
Você, jovem, tem que escolher fazer isso. Colocar Jesus como selo sobre o seu coração. Não permitir
mais que suas emoções sejam despertadas, que seus sentimentos sejam joguete nas mãos das pessoas.
Mas ter o selo que é o Senhor Jesus mesmo.
Um muro ou uma porta ?
Sem selo sobre o coração, sem proteção de Jesus, sua vida emocional será uma porta aberta.
“Temos uma irmã pequena, que ainda não tem seios. O que faremos a esta nossa irmã, no dia e
que for pedida em casamento?
Se ela for um muro, edificaremos sobre ela um palácio de prata. Se ela for uma porta, cercá-laemos com tábuas de cedro” – Cantares 8:8-9.
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Estes versículos expressam uma preocupação com alguém que ainda não tem seios. Uma menina na
puberdade, às portas da adolescência. O noivo está preocupado com ela. Que faremos a esta nossa irmã?
Gostaria tanto que as jovens, moças e senhoras de nossas igrejas se preocupassem com as nossas irmãzinhas que ainda não se desenvolveram completamente e já estão fascinadas com artistas mundanos,
vestindo-se e comportando-se como uma porta aberta para que toda concupiscência do mundo entre e
destrua sua inocência, sua pureza, encurte sua infância e faça com que saltem da adolescência para a
idade adulta, cheias de marcas e de amarguras.
Que as mães, as irmãs mais velhas no Corpo de Cristo se perguntassem: o que faremos a nossa irmã?
A sulamita de Cantares, no versículo 10 do capítulo 8 diz:
“Eu sou um muro,... assim tornei-me aos olhos dele”.
Ela se lembra do início de sua vida quando tinha que admitir não ter cuidado de sua vinha, ter sido
espancada na rua e tomada por prostituta. Mas lembra-se também de ter subido do deserto, recostada
no braço de seu Amado, lembra-se das palavras Dele para ela.
Por isso ela sabe o que fazer para sua irmã: se ela for um muro, com torres altas, que se guarda,
protege-se das contaminações, receberá um palácio de prata. A imagem do casamento seguro, do relacionamento tranqüilo, de uma vida preciosa.
Se ela for uma porta, a sulamita sabe que ela precisará ficar cercada com tábuas de cedro. Este
versículo sempre me sugere a imagem de uma corça, ou de uma gazela dentro de uma jaula de madeira.
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CONCLUSÃO
Foi advertido antes: “Filhas de Jerusalém, pelas gazelas e corças do campo, não acordeis nem desperteis o amor antes que este o queira”. Se o amor for desperto antes do tempo, se a irmã for desenfreada como uma corça ou uma gazela deverá ficar cercada por tábuas de cedro.
O cedro era uma madeira nobre. Fornecia valioso madeiramento para a construção de palácios e templos. Madeira odorífica, usada também na cerimônia das purificações.
Com cedro se revestiram as paredes do templo de Salomão. Uma figura bonita do cuidado dos pais,
da igreja, dos responsáveis por esta geração de crianças e adolescentes que teremos dentro de poucos
anos, para treinar nos caminhos do Senhor. Cercá-los de carinho, de amor e de firmeza.
Não deixar que fiquem entregues a si mesmos, abertos às influências negativas do mundo. Adornar
suas vidas com as tábuas de cedro do ensino, da disciplina, da correção, do confronto com os princípios
de Deus. Assegurarmo-nos que a palavra de Deus esteja fazendo seu efeito purificador em suas vidas,
para que seja uma geração de lírios entre espinhos.
Portanto, amadas, o chamado de Jesus é pessoal e íntimo ao mesmo tempo em que é coletivo, para
todo o Seu Corpo que é a igreja. É um chamado imperativo, insistente que não permite a não resposta.
De uma forma ou de outra, todos respondemos a ele.
O chamado é para andar cm Ele em intimidade, reverência, pureza e santidade. Nestes últimos dias,
parece haver um esforço generalizado global de ignorar a urgência de um andar em santidade. Não é
possível tão pouco substituir o chamado à santidade, por chamado missionário, nem por religiosidade.
Responder a ele significa renovar a aliança com Ele. Aliança de obediência, pureza, santidade e temor do Senhor. É por causa de aliança quebrada, de rompimentos com Deus, que há tantas feridas, dor,
sofrimento, falta de resultado efetivo no testemunhar, ausência de vitórias na vida dos cristãos e na vida
da igreja.
Faça uma avaliação sincera diante de Jesus, de tudo que você leu neste livro. Pense nas áreas específicas nas quais recebeu alguma revelação, correção ou inspiração do Espírito.
Dedique alguns minutos para uma oração curta de renovação do seu compromisso coma pureza e a santidade, com o elevado padrão de Jesus para as jovens cristãs.
10º - Dicionário da Bíblia – John D. Davis – 3ª edição – 1970 - Juerp
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Ore:
Querido Senhor Jesus, acabo de perceber pelo teu Espírito, o teu chamado específico para mim em
uma vida de pureza em pensamentos, palavras, atitudes, motivação e ação. Humildemente, arrependo-me de ter ignorado teu chamado.
Arrependo-me de ter quebrado tua aliança comigo. Em contrição, refaço minha aliança contigo e
retorno minha posição de ser um muro contra as investidas da sensualidade, das emoções desenfreadas,
do amor desperto fora do tempo e da Tua vontade.
Que o teu precioso sangue aspergido sobre a minha vida me limpe e renove. Quero fazer parte do Teu
mover e ser exemplo e inspiração para minhas queridas irmãs da geração emergente.
Quero ser um jardim selado, para Tua glória. Amém.
Uma última palavra: se você leu este livro, se fez a oração acima, procure alguém da liderança da
sua igreja e compartilhe o que Deus acabou de realizar em sua vida. Este é um princípio bíblico muito
importante, registrado em Tiago 5:16.
“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados.
A oração de um justo é poderosa e eficaz”.
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BIBLIOGRAFIA
1º - Enciclopédia Barsa
2º - Enciclopédia Britânica
3º - The Scarlet Cord ( Mary Ellen Keith & Deborah Elder Champagne)
4º - Emotional Dependency (Lori Rentzel)
5º - Conflitos da Vida (Larry Coy)
6º - Abuso Sexual - Prevenção e Cura (Isabel Zwahlen - Editora Bom Pastor)
7º - Intimidade com Deus no Temor do Senhor - (Joy Dawson - Editora Betânia)
8º - Dicionário da Bíblia - (John D. Davis - Juerp)
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