Parque Estadual Jaraguá oferece trilha especial para pessoas com

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Parque Estadual Jaraguá oferece trilha especial para pessoas com
IV – São Paulo, 118 (2)
Diário Oficial Poder Executivo - Seção II
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Além do percurso adaptado,
visitante encontra
galpão de convivência
e banheiros especiais
FOTOS: PAULO CESAR DA SILVA
Parque Estadual Jaraguá oferece trilha
especial para pessoas com deficiência
G
rupo de 60 pessoas com deficiência
visitou o Parque Estadual do Jaraguá
para conhecer uma trilha especialmente adaptada para eles. O percurso de 400
metros já existia, mas passou por reformas para
ser utilizado por quem anda em cadeira de
rodas, deficientes visuais, pessoas com pouca
mobilidade e idosos. Chamada de Trilha do
Silêncio, foi inaugurada no Dia Mundial da
Pessoa com Deficiência (3 de dezembro).
O diretor do parque, Vladimir Arraes,
recorda que a idéia surgiu há quatro anos,
quando 20 peruas apareceram de surpresa
no parque. Eram dezenas de deficientes dispostos a aproveitar a natureza nesse pedaço
de Mata Atlântica na zona oeste, onde também está o ponto mais alto da capital, o Pico
Trilha do Silêncio no Parque Estadual do Jaraguá: uma opção especial de lazer para pessoas portadoras de deficiência
Pé na trilha
Jô e o diretor do parque, Vladimir Arraes: todos podem dispor do convívio com a natureza
Jô, a perseverante
As 20 peruas que apareceram no
parque, há quatro anos, foram levadas por Juvelina Nunes, a Jô, presidente da Associação Brasileira da Síndrome
de Williams. Na época, Jô pertencia ao
Conselho Municipal da Pessoa Deficiente.
No domingo, ela levou sua turma para
percorrer a trilha.
No passado, ela visitou vários parques
e verificou que nenhum tinha instalação adequada a deficiente. No Jaraguá,
encontrou gente disposta a procurar soluções. “Pedi à diretoria a criação de infraestrutura”, recorda.
Jô fundou a associação em 2002. Sua
filha Jéssica, de 17 anos, nasceu com a
síndrome de Williams-Beuren. “Demorei
sete anos para saber e desde então minha
vida mudou”, recorda-se Jô, que se dedica totalmente à sua e a outras entidades.
Ela recebe ajuda de empresários e organiza bazares beneficentes e almoços.
O portador da síndrome apresenta
características faciais típicas, cardiopatia congênita, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência mental
leve, déficit no crescimento, anormalidades oculares e urinárias e personalidade
marcante, alegre e amigável. Existe tratamento de fisioterapia, fonoaudiologia e
estimulação psicomotora. Não há cura.
do Jaraguá. “Notei, então, que não havia
estrutura adequada para atender aquelas
pessoas”, lembra.
Começou então a idealizar adaptações
com apoio de entidades especializadas e do
Conselho Municipal da Pessoa Deficiente.
Vladimir percebeu que a empreitada exigiria
mais que trilha. Era preciso criar espaço de
convivência, banheiros especiais e cursos de
capacitação para os funcionários.
As madeiras vieram gratuitamente de uma
estação experimental da Secretaria de Meio
Ambiente e a mão-de-obra do próprio parque.
Alcione (esquerda), conhecendo a trilha
Antônia Moreira da Silva percorreu
parte da trilha empurrando a cadeira
de rodas de seu filho Anderson, de 18
anos, que nasceu com paralisia cerebral.
Antônia, que veio com a turma de Jô, elogiou o trajeto: “Nunca vi nada igual”.
A deficiente visual Alcione Maria
Lourenço estava ansiosa para percorrer a
trilha, após ouvir as boas-vindas do diretor
Vladimir. Ela perdeu a visão num acidente
de trânsito. “Disseram-me que não encontrarei obstáculos.”
O jovem Leandro Araújo, de 21 anos,
já conhecia a Trilha do Silêncio, antes da
adaptação. “Gosto do contato com a
natureza e de conversar com amigos.” Ele
tem a Síndrome de Williams-Beuren.
Embora não fosse deficiente nem fizesse parte da turma alegre da Jô, o vendedor
Ronei Gomes Cecam levou a família e aprovou a reforma na trilha. “Freqüento o parque
desde criança”, diz Ronei, hoje com 46 anos.
Além da trilha, foi erguido um galpão de madeira (Espaço Conviver) e construídos novos banheiros. “É um parque onde o deficiente tem sexo”,
brinca Vladimir, porque os banheiros especiais
são divididos em masculino e feminino.
Na Trilha do Silêncio, acidentada por causa
da topografia natural, foram montadas pontes
de madeira nos pontos íngremes, para tornálos mais planos. O solo é de terra batida e
há corrimão de madeira num lado para guiar
deficientes visuais. Do outro, madeiras rentes
ao chão auxiliam quem anda em cadeira de
rodas. Em tocos de madeira há placas de metal
com textos em braile. São informações sobre
árvores, animais e outras a respeito do parque.
Figurinhas carimbadas – O vigilante
Paulo Sérgio da Silva explica que, à medida
que se avança no percurso, a temperatura
cai e o barulho da Rodovia dos Bandeirantes
some aos poucos. Escuta-se apenas o vento
nas árvores e o canto dos pássaros. “Por
isso, chama-se Trilha do Silêncio”, desvenda
Paulo. No final do percurso, há uma pracinha com bancos, onde o visitante descansa
antes voltar. Com sorte, observam-se quatis,
serelepes, pequenos veados, porco-espinho,
macacos, cutias, tucanos e lagartos.
Paulo Sérgio conta que durante a semana a trilha atrai idosos, de bairros próximos,
como Jaraguá, Pirituba, Sol Nascente, Perus.
Alguns tão assíduos que se tornaram figurinhas carimbadas do parque. Além de entrada e estacionamento gratuitos, há ponto de
ônibus perto do portão principal.
A trilha fica na parte baixa do parque. Para
chegar ao pico de carro, o caminho é outro,
pela Estrada Turística do Jaraguá, num trajeto
que se assemelha à subida da Serra do Mar.
Otávio Nunes
Da Imprensa Oficial
Everest paulistano
Quem subir ao Pico do Jaraguá, a
1.135 metros de altura, terá a capital a
seus pés e área verde de 4,5 mil hectares. Há outras duas trilhas, além da do
Silêncio. A Trilha da Bica tem um quilômetro com dificuldade média. Na do Paizé,
mais dificultosa, a pessoa percorre 1,8 mil
metros de subida até o Pico.
Vladimir Arraes informa que até
setembro de 2008 estará concluído o
Plano de Manejo do parque, com dados
sobre fauna e flora, proteção, fiscalização
e normas para uso público.
A escalada do pico foi proibida há
dois anos. Ele conta que muitas pessoas
se aventuravam sem habilidade ou equipamento de segurança. “Com o Plano de
Manejo, poderemos autorizar a escalada,
desde que supervisionada por entidades
do ramo”, adianta Vladimir.
O parque recebe escolas e entidades
o ano inteiro. Mas quem tiver interesse
em marcar passeio monitorado tem de se
apressar, pois o agendamento é disputado. O telefone é (11) 3945-4532.
O parque fica na Estrada Turística do
Jaraguá, entre esse bairro e Pirituba. De
carro, deve-se acessar a Avenida jornalista Paulo Zingg, no quilômetro 18 da Via
Anhangüera (Trevo do Jaraguá) e pegar a
Turística. De ônibus, as linhas são 8040
(Lapa-Sol Nascente), 8048 (Lapa-Jaraguá)
e 8696 (Praça Ramos-Jaraguá).

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