Protocolo 497

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Protocolo 497
TEOR DE CLOROFILA EM PLANTAS DE BANANEIRA
CONSORCIADO COM LEGUMINOSAS SOB
DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO
F. E. L. Barbosa1; F. J. Ferreira2; F. L. de Andrade Filho2; G. C. Farias3; H. de O. Feitosa4; . C. F. de Lacerda5
RESUMO: A determinação da concentração de clorofila por meio de medidores portáteis como
o SPAD tem sido indicado para predizer o nível nutricional de nitrogênio em plantas. O presente
trabalho teve como objetivo, determinar os teores de clorofila da bananeira cv Prata Anã
adubada com N mineral (manejo convencional) e consorciada com leguminosas herbáceas
perenes e vegetação espontânea. O delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados, no esquema de parcelas subdivididas. Para a determinação do teor de clorofila foi
utilizado o medidor portátil de clorofila SPAD-502. As medições foram realizadas em cinco
plantas de cada tratamento, entre 9 e 11 h, na 3ª folha da bananeira a contar do ápice aos 190
(planta mãe) e 320 (planta filha) dias após transplantio (DAT). A maior concentração de
clorofila foi verificada nas plantas adubadas com N e sugerem que o SPAD-502 Minolta pode
ser eficaz na identificação de deficiências de N na bananeira.
PALAVRAS - CHAVE: Musa sp, Fruteiras, Adubações nitrogenadas.
SUMMARY: Determination of chlorophyll through the SPAD as portable meters have
been shown to predict the level of nitrogen in plant nutrition. This study aimed to
determine the chlorophyll content of banana cv Silver Dwarf fertilized with mineral N
(conventional management) and intercropped with perennial herbaceous legumes and
weeds. The experimental design was randomized blocks in split plots. To determine the
chlorophyll content was used portable chlorophyll meter SPAD-502. Measurements
were made on five plants of each treatment, between 9 and 11 h, the 3rd banana leaf
starting from the apex to 190 (mother plant) and 320 (daughter plant) days after
transplanting (DAT). The highest concentration of chlorophyll was found in plants
fertilized with N and suggest that the Minolta SPAD-502 can be effective in identifying
deficiencies of N in banana.
KEYWORDS: Musa sp, Fruit, Fertilization with nitrogen.
1
Mestranda em Solos e Nutrição de Plantas, Depto. de Ciências do Solo, Universidade Federal do Ceará, UFC, CEP
60021-970, Fortaleza,CE. Fone (85) 3366-9688 [email protected]
2
Graduado em Agronomia, UFC, Fortaleza, CE.
3
Mestrando, Depto de Engenharia Agrícola, UFC, Fortaleza- CE.
4
Doutorando, Depto de engenharia Agrícola, UFC,Fortaleza- CE.
5
Professor Adjunto, Departamento de Engenharia Agrícola, UFC, Fortaleza- CE.
F. E. L. Barbosa et al.
INTRODUÇÃO
A bananeira é uma cultura nutricionalmente bastante exigente, sendo o nitrogênio (N) o segundo
nutriente mais exigido (BORGES; OLIVEIRA, 2000). A deficiência desse elemento causa a redução
nos teores de clorofila e interfere significativamente nos processos de fotossíntese, absorção iônica,
respiração, multiplicação e diferenciação celular (FERNANDES, 2008).
A deficiência hídrica afeta a produção da cultura (COELHO et al., 2006) e também
promove a redução da clorofila das folhas, leva-as à morte prematura, retardando o
crescimento (CAYÓN SALINAS, 2001).
O medidor portátil, SPAD (Soil Plant Analisys Development) determina a quantidade
relativa de clorofila presente na folha medindo a absorbância em duas regiões de comprimento
de onda (vermelha e infravermelha), como no espectro infravermelho a absorbância de luz pela
clorofila não ocorre, o medidor o valor numérico proporcional a quantidade de clorofila presente
na folha. Nesse caso, uma pequena mudança na concentração de clorofila pode ter um grande
efeito sobre absorbância, refletância e transmitância da folha (BAUERLE et al., 2004).
As determinações da concentração de clorofila com o SPAD tem se mostrado eficazes para
estimar o conteúdo relativo de clorofila e de nitrogênio em várias culturas tal como (TORRES
NETO et al., 2005; ZOTARELLI et al., 2003), tendo grande potencial no sentido de otimização
de recomendações de adubações dessas espécies.
O presente trabalho teve como objetivo, determinar os teores de clorofila da bananeira cv
Prata Anã consorciada com leguminosas herbáceas perenes sob diferentes lâminas de irrigação.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi conduzida na Fazenda Experimental do Vale do Curu, (FEVC) pertencente à
Universidade Federal do Ceará, localizada no município de Pentecoste - CE, entre os paralelos
3º45’ e 3º50’ Sul e 39º15’ e 39º30’ Oeste, a uma altitude de 47 m. O clima da região, de acordo
com a classificação de Koppen, é do tipo BSw’h’. O solo da área é classificado como um
Neossolo Flúvico (EMBRAPA, 2006).
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, no esquema de parcelas
subdivididas. As parcelas foram formadas por quatro lâminas de irrigação: 50, 75, 100 e 125%
da evapotranspiração da cultura (ETc) e as subparcelas por três tipos de coberturas consorciadas
com a bananeira, mais um tratamento utilizando adubação nitrogenada: testemunha nitrogenada
(T), vegetação espontânea (VE), kudzu tropical (Pueraria phaseoloides) em sucessão à
crotalária (Crotalária juncea) (CK) e calopogônio (Calopogonium muconoides L) em sucessão
ao feijão-de-porco (Canavalia ensiformes) (FC), com cinco repetições.
As mudas de bananeira cv. Prata Anã foram cultivadas em sistema de fileiras simples,
espaçadas 3,0 x 2,0 m, sendo cada unidade experimental constituída de 20 plantas (12 m x 10
m) com 6 plantas úteis cada. As leguminosas foram espaçadas 0,25 m entre linhas totalizando
sete linhas entre as fileiras de bananeira. Utilizou-se 20 sementes por metro linear seguindo
recomendação do fornecedor das sementes.
Para a determinação do teor de clorofila das folhas da bananeira, foram efetuadas leituras
utilizando o medidor portátil de clorofila SPAD-502 (Minolta Camera Co. Ltd.). As medições
F. E. L. Barbosa et al.
foram realizadas aos 190 DAT (planta mãe) e 320 DAT (planta filha) entre 9 e 11 h, na
superfície abaxial e mediana da 3ª folha da bananeira a contar do ápice. A média das cinco
leituras de duas folhas em cada unidade experimental foi utilizada como uma repetição. Os
dados das variáveis foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o programa
ASSISTAT. Empregou-se o teste de comparação de TUKEY, para a análise da diferença entre
médias dos tratamentos, quando o valor de F foi significativo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise de variância (Tabela 1) evidenciaram o efeito apenas do consórcio e
épocas de avaliação na concentração de clorofila da folhas de bananeira. As maiores
concentrações de clorofila (Fig. 1) foram obtidas nas plantas da testemunha nas duas épocas de
avaliação comparado aos demais tratamentos, sendo que aos 310 DAT o teor de clorofila mostrouse superior aos 190 DAT, seguidos pelos tratamentos FC, CK e VE. Os menores valores de
clorofilas foram obtidos nas plantas de bananeiras consorsiadas com a vegetaão espontanea.
O teor de clorofila da folha prediz o nível nutricional de nitrogênio em plantas, devido
principalmente ao fato de que 50 a 70% do N total das folhas serem integrante de enzimas que
estão associadas aos cloroplastos (CHAPMAN; BARRETO, 1997) ou mesmo por fazer parte da
molécula de clorofila (TAIZ; ZEIGER, 2010). Torres Neto et al. (2005) utilizando um medidor
de clorofila semelhante, verificaram que a concentração de clorofila das folhas de café
aumentaram linearmente à medida em que o N total das folhas cresceu.
Segundo Chang e Robinson (2003), estimativas do estado do N, com base nos dados do
SPAD, são dependentes de mudanças morfofisiológicas das plantas, pelo menos nas espécies
arbóreas testadas em seu estudo.
CONCLUSÃO
Conclui-se que as plantas de bananeiras obtiveram teores de clorofila na seginte ordem:
Adubação nitrogenada, leguminosas e vegetação espontanea. E que aos 320 DAT os teores de
clorofila foram maiores.
AGRADECIMETOS
Agradecemos ao Banco do Nordeste (BNB) pelo apoio financeiro a esse trabalho.
REFERÊNCIAS
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Tecnologia, p.47-59, 2000.
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F. E. L. Barbosa et al.
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Revista Brasileira de Fruticultura 28, 3: 435-438.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (Embrapa). Sistema Brasileiro de
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TORRES NETTO, A.; CAMPOSTRINE, E.; OLIVEIRA, J.G. & BRESSAN SMITH, R.E.
Photosynthetic pigments, nitrogen, chlorophyll fluorescense and SPAD-502 readings in coffee leaves.
Sci. Hortic., 104:199-209, 2005.
ZOTARELLI, L.; CARDOSO, E.G.; PICCININ, J.L.; URQUIAGA, S.; BODDEY, R.M.; TORRES, E.;
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nitrogênio no milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.38, p.1117-1122, 2003.
Tabela 1 - Resumo da análise da variância para a concentração de clorofila das folhas da bananeira cv
Prata Anã (1º ciclo), cultivada em consórcio com as leguminosas calopogônio e kudzu tropical;
vegetação espontânea e testemunha (manejo convencional, com ausência de consórcio) sob
quatro lâminas de irrigação, aos 190 e 320 dias após transplantio (DAT).
**, * e ns, Significativo a 1, 5% e não significativo pelo teste F, respectivamente.
F. E. L. Barbosa et al.
Concentração de clorofila Unidade SPAD
90
a
190 DAT
320 DAT
80
70
60
b
a
b bc
b c
FC
CK
Consórcio
VE
b
50
40
30
20
10
0
T
Figura 1 - Valores médios da concentração de clorofila de folhas da bananeira cv Prata Anã (1º ciclo),
consorciada com: T- testemunha (manejo convencional com ausência de consórcio); FCcalopogônio em sucessão ao feijão-de-porco; CK- kudzu tropical em sucessão a crotalária; VEvegetação espontânea, aos 190 e 320 DAT. Médias seguidas pela mesma letra em cada
tratamento não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

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