Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città
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Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città
Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città “ecologiche” Laboratorio internazionale di cittadinanza Dibattito La terra come città di tutti: dal micro al macro, andata e ritorno – intervento di Franc Moura, vice-presidente Vice-Presidente Instituto Mundo Unido (Brasile) e Cristina De Souza Lira Gameleira Architetto ubanista, Direttrice progetti sociali Intituto Mundo Unido (Brasile) Moderatore: Andrea Conte, Astrofisico (Italia) Andrea Conte Sappiamo tutti che c’è stata un’enciclica del Papa sull’ambiente, che stiamo vivendo un periodo caldo per l’ecologia. Vorremmo sapere da voi, in Brasile, come state vivendo questa trasformazione negli stili di vita. Come state, in qualche modo, prendendo questo vento di novità. Raccontateci un pò la vostra esperienza. Franc Moura Nella città di Branquinha, a 70km da Maceió che è capoluogo dello stato di Alagoas, da più di quindici anni, si fa un lavoro in una comunità residente in una zona di produzione della canna da zucchero. Era un latifondo e lì abitavano anche le famiglie degli ex-schiavi: la terra è stata presa da quelle persone che oggi abitano lì, formando 123 famiglie, che hanno cambiato il sistema di lavoro e il modello di vita, producendo prodotti agricoli biologici. Per loro è uno stile di vita: lavorano la terra con la coscienza di una nuova relazione con la natura, con la vita e con la preservazione del fiume. Hanno cambiato il loro modo di pensare, la coscienza. Un pò si sente che la vita è in sintonia anche con questo momento del millennio, con la realtà della casa comune, perchè loro vivono questa reciprocità e trasmettono questa idea agli altri. Prima avevano una determinata concezione della terra e adesso hanno una mentalità per la quale la terra è la vita. C’è una relazione intima tra la loro fragilità e quella del pianeta. L’esperienza in questa comunità è nata nel 2010, da Cristina, grazie ad una ricerca che lei ha M o v i m e n t o d e i F o c o l a r i Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città “ecologiche” Laboratorio internazionale di cittadinanza fatto in questa città, considerata la più povera dello stato in quel periodo, colpita da una grande inondazione. Allora lei è andata lì per fare un lavoro dell’università e le hanno chiesto di rimanere, non soltanto in quel momento della investigazione, ma anche dopo, perchè potessero fare qualcosa per la gente. Cristina è andata, in questa popolazione e, ispirata dall’Economia di Comunione, ha incominciato a lavorare con le persone, con le donne. Ha fondato un’associazione delle donne contadine e queste ultime realizzano prodotti dolci, utilizzando la frutta, e prodotti artigianali fatti della fibra del banano, del platano. Sono riusciti a vendere anche i loro prodotti in una fiera dell’università e hanno ottenuto posti dove possono vendere i loro prodotti biologici. Andrea Conte Frank Moura è vicepresidente dell’Istituto Mondo unito in Brasile. Quali sono gli obiettivi di questa associazione. Franc Moura Tra gli obiettivi, c’è quello della trasformazione che comincia dal di dentro delle persone, tramite la formazione continua ai valori della fraternità, della condivisione, che genera anche la comunità e l’associazionismo. Altri obiettivi sono la produzione fatta in comunione, nell’armonia con l’ambiente, con la casa comune, e la promozione e l’autonomia della comunità, anche se ci sono gli aiuti di diverse istituzioni come l’università, l’AMU. A Branquinha si è generata un’esperienza pilota, che serve anche da esempio in altri posti dove si sta ripetendo, in altre comunità vicine. Essa chiama l’attenzione del potere pubblico, locale, su questa generosità, solidarietà, promuovendo una collaborazione contro la povertà. È una risposta alla povertà, che c’è abbastanza. Cristina De Souza Lira Gameleira Saudação a todos. Sou Cristina e venho do Brasil. A nossa experiência é decorrente de uma pesquisa de mestrado e se desenvolve em um assentamento concedido aos sem-terra que vieram de diversos municípios, como resultado da reforma agrária. Queremos demonstrar que é possível superar a pobreza inserindo nas estratégias de desenvolvimento local, o princípio da solidariedade, em colaboração com as instituições públicas. Os principais gestores deste projeto são a Universidade Federal de Alagoas e o Instituto Mundo Unido. O Estado de Alagoas, onde moro, no Nordeste do Brasil, geograficamente reflete a complexa M o v i m e n t o d e i F o c o l a r i Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città “ecologiche” Laboratorio internazionale di cittadinanza desigualdade regional, na qual se encontram municípios de grande debilidade econômica, ambientes caracterizados por uma constante migração de sua população para as regiões do centro e do sudeste do Brasil em busca de melhores condições de vida. O município de Branquinha é um dos mais pobres do país com os piores indicadores sociais. Embora rico de recursos naturais, o município é dominado por latifúndios de plantações de cana de açúcar, que mantém seus trabalhadores em estado de latente miséria. Em virtude da reestruturação do setor canavieiro, parte destes latifúndios tornou-se assentamentos, que surgiram da luta pela propriedade da terra: forte sinal de transformação do direito sócio-territorial que merece a atenção dos governos para a sustentabilidade destas famílias. O meu trabalho de pesquisa delineou um “outro” modelo de desenvolvimento fundamentado no suporte teórico da sustentabilidade do desenvolvimento, nos princípios da Economia de Comunhão e nas experiências de autodesenvolvimento surgidas no âmbito do Movimento dos Focolares, a saber: experiência de Magnificat, de Fontem, etc. delineando estratégias de um desenvolvimento com solidariedade para o município de Branquinha. Para promover o desenvolvimento, é necessário: 1. A transformação deve começar “dentro” de cada pessoa, mediante a formação contínua aos valores de fraternidade e de partilha; 2. assim gera-se comunidade e associações;nas comunidades circunvizinhas; 3. inicia-se o processo produtivo em comunhão e em harmonia com o meio ambiente; 4. promove-se a autonomia da comunidade que sai em busca de parceiros; 5. gera-se pequenas experiências-piloto que podem ser replicadas nas comunidades circunvizinhas; 6. chama-se a atenção do poder público local que intimidado pela força da solidariedade passa a colaborar dando início a desestruturação das armadilhas da pobreza. Uma vez concluída a pesquisa voltei para minha confortável sala de desenho na M o v i m e n t o d e i F o c o l a r i Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città “ecologiche” Laboratorio internazionale di cittadinanza universidade, mas não era mais a mesma pessoa. Impossível esquecer o relacionamento de solidariedade construído com o pequeno grupo de entrevistados. Impossível esquecer a pergunta do ex-vereador: “Depois da sua pesquisa vai nos deixar?” Assim como Chiara, senti uma ponte cair atrás de mim, não podia mais voltar atrás. Com um grupo do Movimento, começamos a visitar as comunidades e a semear o ideal da unidade. Quando contávamos a experiência da Economia de Comunhão, víamos brilhar os olhos de algumas pessoas cheias de esperança. Queriam mais! Confidenciava ao nosso “Sócio invisível”: “Por que não começar uma experiência de desenvolvimento com solidariedade?” Na universidade, com a pesquisa e o contato com a EdC, alguns professores ampliaram a própria visão de mundo e entenderam que era possível introduzir a dimensão ética solidária na superação da pobreza. O tema entrou nos trabalhos de conclusão de curso, em seminários e conferências, até ser introduzido como projeto de intervenção social. Deixei o meu trabalho como arquiteta e me dediquei integralmente ao desafio de implantar este projeto. Primeiro passo: atrair pessoas do Movimento Humanidade Nova, do Movimento dos Focolares, e depois começar uma experiência-piloto em Branquinha, com a condição, como diz Chiara, de colocar a fraternidade como base da nossa vida, para depois passar a um amor maior, aquele pela polis, pela cidade. Criamos uma ONG: Instituto Mundo Unido de desenvolvimento sócio ambiental solidário para sustentar e desenvolver a experiência. O objetivo principal é formar a pessoa como ser solidário e fraterno e promover a autonomia da comunidade através de atividades produtivas autosustentáveis, mantendo a base do sustento da vida: os recursos naturais. De acordo com as lideranças locais, decidimos começar a experiência no Assentamento Zumbi dos Palmares. Esse assentamento tem uma população de 1200 pessoas, que vivem em 124 lotes. 50% dos proprietários atualmente são idosos e sem condições de cultivar a terra. Entre os habitantes há um grupo de mulheres ativas no Movimento das Mulheres Camponesas - MMC e um grupo de jovens católicos e evangélicos. Pessoas que esperam e lutam por dias melhores. M o v i m e n t o d e i F o c o l a r i Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città “ecologiche” Laboratorio internazionale di cittadinanza A principal cultura da região é a laranja lima, uma das mais doces do mundo seguida de outras frutas locais. Embora seja uma região rica de recursos naturais, a pobreza é mantida dentro de um quadro problemático em várias dimensões: 1. Dimensão sócio-ambiental-territorial: isolamento dos habitantes em razão da topografia acidentada e da distância entre os lotes; baixo nível de instrução e coesão social. Exploração e marginalização da mulher; baixa organização e participação na associação geral dos moradores; baixo nível de conscientização ambiental com a consequente destruição dos recursos naturais. 2. Dimensão político-institucional: o poder político ainda baseado no coronelismo – centralização do poder nas mãos dos latifundiários, vinculado ao poder econômico que mantém a população na pobreza, na ignorância e na dependência do assistencialismo. Falta de apoio institucional à agricultura familiar. 3. Dimensão agro econômica: poucos produtores conseguem vender seus produtos dentro do mercado institucional; os atravessadores leva a produção por preços muito baixos; frutas apodrecem no pomar. Os jovens saem em busca de dias melhores e deixam sua terra, ficam nas periferias das cidades, muitos entram no sub mundo das drogas e da marginalidade. Quando chegamos ao assentamento fomos acolhidos por um grupo de mulheres e jovens, embora estivessem desconfiados. Uma das mulheres pensou: “Quem são esses vindos da capital? Um outro grupo que vai nos enganar e que, com o tempo, nos deixará? Ou será a resposta de Nossa Senhora Aparecida, nossa padroeira, às nossas súplicas por dias melhores? Resposta ao nosso sofrimento de ver as frutas apodrecendo no pomar depois de tanta luta para conseguirmos a posse da terra? Entendi que eram diferentes, falavam do amor, do Evangelho.” Após alguns anos, como resultado do esforço coletivo, podemos observar: 1. Na dimensão social: estimulamos a convivência comunitária onde juntos procuramos viver a dinâmica da fraternidade visando a superação de conflitos de relacionamento. Com este objetivo visitamos as famílias, uma a uma, convivemos com eles e os convidamos para os momentos mensais da Palavra de Vida, além de convida-los para participar das atividades M o v i m e n t o d e i F o c o l a r i Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città “ecologiche” Laboratorio internazionale di cittadinanza do projeto. Fizemos oficinas de Economia de Comunhão com mulheres, jovens e agricultores os quais estão aprendendo o valor da partilha e a trabalhar juntos em comunhão. É como expressa, Maria Lucilene, presidente da APROAGRO: “ Entre todos os cursos, o mais importante foi o da Economia de Comunhão, que nos levou a viver o homem novo dentro de nós (...) passar do capitalismo à partilha. Na escola rural, convidamos os professores a ampliar seus horizontes participando de congressos no âmbito da educação para a paz, promovidos por Humanidade Nova. Os professores recuperaram o ânimo e conquistaram o secretário da educação de Branquinha para instituir oficialmente o Projeto Educação para a Paz na escola municipal Zumbi dos Palmares, também como meio para difundir a cultura da partilha e despertar no adolescente o sentido de pertença à região. Hoje já se percebe alguma mudança no comportamento das crianças e de suas famílias, com a prática da arte de amar. O resultado positivo desta experiência levou o secretário da educação a querer introduzir o projeto em outras escolas do município. Para os jovens fizemos um curso de fabricação de bolsas de couro, com Bosco, da Dalla Strada, com a inserção de alguns jovens no mercado de trabalho. Para alcançar outros jovens fizemos um acordo com uma escola do ensino médio, estimulando os jovens ao empreendedorismo rural fundamentado na solidariedade. 2. Na dimensão agroeconômica ambiental: Motivadas pela cultura da partilha algumas mulheres colocaram em comum as poucas economias que tinham e criaram uma associação inovadora: uma associação de mulheres camponesas agroecológicas – a APROAGRO, onde parte do recurso arrecadado dos associados é destinado a formação do homem à solidariedade. Promovemos cursos de capacitação dando início à diversificação da produção, mirando produtos saudáveis e sustentáveis do ponto de vista ambiental como a substituição do cultivo com agrotóxico por cultivo agroecológico e o beneficiamento das frutas com a fabricação de doces e de polpas de frutas para sucos, além do reaproveitamento do tronco da bananeira para fabricação de artesanato em fibra da bananeira. M o v i m e n t o d e i F o c o l a r i Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città “ecologiche” Laboratorio internazionale di cittadinanza Na capacitação por uma agricultura orgânica envolvemos em torno de 100 agricultores distribuídos nos cinco assentamentos da região, destes, 11 já foram certificados pelo Ministério da Agricultura, como agricultores orgânicos da agricultura familiar; nos cursos de doces e polpas de frutas envolvemos 12 mulheres e no curso de artesanato envolvemos 15 pessoas entre jovens e adultos, sendo estes dois últimos grupos habitantes do Assentamento Zumbi dos Palmares. Para um pequeno grupo que decidiu seguir adiante no empreendedorismo rural, levamos cursos de associativismo e de gestão de pequenos negócios: nasceu a ARTE & FRUTO, uma pequena incubadora inspirada nos princípios da EdC,e que recebe apoio da AMU – Ação por um Mundo Unido, ONG italiana que promove projetos de desenvolvimento com base nos valores presentes no Carisma da Unidade. Mesmo se tudo ainda está na fase de investimento, percebe-se um novo dinamismo econômico no Assentamento Zumbi dos Palmares onde os produtos são vendidos nas feiras livres, por encomenda, na própria incubadora aos visitantes e aos estudantes universitários e no mercado institucional através da prefeitura local que recentemente implantou os programas do governo federal de fortalecimento da agricultura familiar. Com as atividades produtivas da ARTE & FRUTO e do cultivo orgânico 5 famílias envolvidas diretamente na produção tiveram um acréscimo na renda familiar em torno de 40%, cujo rendimento em breve aumentará para 80% com o aumento da produção e o fortalecimento do mercado institucional. Já o acesso ao mercado institucional abrange agricultores não só do assentamento Zumbi dos Palmares, mas também dos assentamentos circunvizinhos, totalizando em torno de 80 agricultores resultando num acréscimo na renda familiar em torno de 40%. 3. Na dimensão política institucional: a APROAGRO com o apoio dos órgãos parceiros trabalhou para a aplicação, no assentamento Zumbi dos palmares e em outros da região, das políticas públicas de apoio e desenvolvimento da agricultura familiar, abrindo o mercado institucional aos agricultores que fornecem seus produtos a escolas do município, a orfanatos e asilos da capital. M o v i m e n t o d e i F o c o l a r i Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città “ecologiche” Laboratorio internazionale di cittadinanza O projeto atraiu a atenção do poder público local que em diversas ocasiões colaborou com transporte, formação profissional, patrocinando eventos e adequando a legislação do município para que pudessem ser aplicadas as políticas públicas federais para o desenvolvimento da agricultura familiar. Além disso, o município de Branquinha foi integrado ao programa regional que apoia e promove a produção de laranja lima, do qual a APROAGRO, faz parte como parte protagonista da gestão. A APROAGRO tornou-se ponto de referência para a região, não só no aspecto econômico, mas também cultural, ao disseminar a cultura camponesa, o folclore e a literatura de cordel – típica desta região. Na universidade conseguimos dar início a uma feira semanal com os produtos agroecológicos favorecendo o pequeno agricultor e a partir daí se abriu o mercado para novas feiras. Atraímos o interesse da mídia local e nacional. Uma professora de nutrição adotou a sustentabilidade da feira como projeto de extensão do seu curso. Na faculdade de agronomia, um outro professor, adotou o estudo da utilização sustentável do solo e o mapeamento dos recursos naturais como objeto de seu projeto de extensão. Uma outra professora, no seu doutorado, observando a experiência de Branquinha, confirmou a teoria que também nos países emergentes e de baixo índice de desenvolvimento humano, podem surgir dinamismos econômicos por meio da interação estável de parceiros e que esta interação ajuda os membros da comunidade local a atuar e a modificar a própria realidade por meio da aprendizagem, superando os conflitos e buscando soluções aos problemas juntos, além de criar circuitos inovadores no assentamento Zumbi dos Palmares. Nestes 13 anos desta experiência piloto pudemos perceber que os princípios da edc tem sua incidência não só no âmbito empresarial, mas também pode ter incidência nas diretrizes do desenvolvimento local para determinada região, sempre partindo da interação criativa com a comunidade local para superação das necessidades matérias e imateriais. Outro aspecto fundamental na condução desta experiência coletiva é perceber a presença do “sócio invisível” (Deus) na condução dos processos, quando lhe damos espaço. Em um contexto de baixa coesão social vimos os sinais do que pode fazer a força criativa da solidariedade, do relacionamento entre estudantes, professores e técnicos do Instituto M o v i m e n t o d e i F o c o l a r i Reti di luci per abitare il pianeta Sabato, 2 aprile 2016 Seminario: Città “ecologiche” Laboratorio internazionale di cittadinanza Mundo Unido, atraindo também a comunidade local que revive o sonho de Zumbi dos Palmares – líder negro que lutou por dias melhores para seu povo. M o v i m e n t o d e i F o c o l a r i