A importância da revegetação

Transcrição

A importância da revegetação
14 de maio de 2013 – Belo Horizonte (MG)
Empresa: ArcelorMittal Mineração
Trabalho premiado: A importância da revegetação na
estabilidade de taludes na mineração: Estudo de caso e
alternativas para a Mina do Andrade (MG)
Categoria: Meio Ambiente
Autoras: Kellen Poliana Mendes de Medeiros
Tássia Camila Amorim Bicalho
Revista Minérios & Minerales
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www.revistaminerios.com.br
Tel.: (11) 3788-5500
1
KELLEN POLIANA MENDES DE MEDEIROS
TÁSSIA CAMILA AMORIM BICALHO
A IMPORTÂNCIA DA REVEGETAÇÃO NA ESTABILIDADE
DE TALUDES NA MINERAÇÃO:
Estudo de caso e alternativa para a Mina do Andrade (MG)
Trabalho de pesquisa apresentado ao 15º
Prêmio de Excelência da Indústria Minerometalúrgica Brasileira.
Categoria: Meio Ambiente
JOÃO MONLEVADE
MINAS GERAIS – BRASIL
2013
5
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à ArcelorMittal Mineração e seus representantes, Aércio Januzzi e
Paulo
Ribeiro
pela receptividade e
disponibilidade
em
contribuir para
o
desenvolvimento do projeto. À Vegetar, que esteve presente de forma ativa na
execução dos experimentos. Ao Veríssimo Gibran, não só pela excelente orientação,
mas também pela paciência, compreensão e amizade. À Gleicia e Elton pelo apoio.
Aos demais professores que durante a graduação contribuíram para nosso
crescimento profissional e pessoal. Agradecemos também a todos que de forma
indireta contribuíram para a efetivação do nosso projeto. Muito obrigada!
vii7
RESUMO
BICALHO, Tássia Camila Amorim; MEDEIROS, Kellen Poliana Mendes de. A
IMPORTÂNCIA DA REVEGETAÇÃO NA ESTABILIDADE DE TALUDES NA
MINERAÇÃO: Estudo de caso e alternativa para a Mina do Andrade. Orientador:
Veríssimo Gibran Mendes de Sá.
A revegetação de taludes apresenta-se como importante fator para a proteção e a
integridade dos mesmos. A Mina do Andrade – ArcelorMittal, localizada no município
de Bela Vista de Minas/MG, e atualmente em processo de expansão, realizou a
revegetação dos taludes gerados por suas obras utilizando o método e de
hidrossemeadura. Entretanto, a técnica não foi eficiente para promover a cobertura
vegetal do talude. Os objetivos do presente trabalho são investigar as causas desse
insucesso na cobertura do talude, uma vez que o método aplicado é considerado
eficaz e o capital investido no projeto foi de elevado valor, e propor uma possível
solução para o problema. Para essa investigação foram avaliados a geologia, a
hidrogeologia, a topografia, o clima da mina bem com o substrato do talude, fatores
que influenciam no plantio e que poderiam ser responsáveis pela causa do
insucesso da revegetação. Como alternativa para solucionar o problema foi
realizada revegetação em uma amostra denominada “talude-experimento” utilizandose os dados levantados na análise dos fatores investigativos e físico-química do solo
local. A solução empregada consiste no uso do recurso de manta biológica mista de
palha e fibra de coco e o mix de sementes composto por Canavalia ensiformi,
Calopogonium mucunoides, Crotalaria juncea, Raphunus sativus, Avena strigosa,
Lolium multiflorum, Brachiaria brizantha e Melinis multiflora. Apesar da busca de
sementes que se adaptassem ao tipo de solo do plantio, optou-se pelo emprego da
adubação a partir do esterco animal e do superfosfato simples, a fim de aumentar a
aderência e proteção das sementes ao solo e sua melhor nutrição. Os resultados
obtidos mostram que o insucesso da revegetação por meio de hidrossemeadura
está diretamente relacionado com a ausência de estudo prévio das características
locais, pois estes são fundamentais para correta seleção da técnica de revegetação
e das sementes a serem utilizadas. Todavia, o método alternativo proposto neste
trabalho da aplicação da biomanta mista de palha e fibra de coco e o uso de um mix
viii
8
de sementes demonstrou-se eficaz, garantindo e brotamento das sementes e
estabilização da vegetação no talude. Conclui-se que, abstraindo-se os resultados
práticos, é essencial, anteriormente a aplicação de quaisquer métodos, o prévio
estudo do ambiente e suas particularidades. Com base nos resultados a Mina do
Andrade está revendo suas ações de revegetação e adotando o modelo com
biomantas.
PALAVRAS-CHAVE: Talude. Revegetação. Hidrossemeadura. Biomanta.
ix
9
ABSTRACT
BICALHO, Tássia Camila Amorim; MEDEIROS, Kellen Poliana Mendes de. THE
IMPORTANCE OF REVEGETATION ON THE STABILITY OF SLOPES AT
MINING: case study and alternative for the Mina do Andrade (MG).
Adviser: Veríssimo Gibran Mendes de Sá.
The revegetation of slopes presents itself as an important factor for the protection
and integrity of themselves. The Mina do Andrade - ArcelorMittal located at the
municipality of Bela Vista de minas and currently in the process of expanding,
performed the slope revegetation generated due to their works by the bioengineering
method of hydroseeding. However there weren't many plants that sprouted. The
objective of this study aims to investigate the causes of this failure, since the applied
method is effective and the capital invested in the project was of high value, and
point out possible solution to the problem. For this research were evaluated
influencing factors at planting that may be causing the problem, as geology,
hydrogeology, topography and climate of the mine. As an alternative to solve the
problem, a revegetation was conducted in a sample called "talude-experimento"
using the data obtained in the analysis of the investigative and physico-chemical
factors of the local soil. The solution found was to use a biological plaid mix of straw
and coconut fiber and the seed mix composed of Canavalia ensiformi, Calopogonium
mucunoides,
Crotalaria
juncea,
Raphunus
sativus,
Avena
strigosa,
Lolium
multiflorum, Brachiaria brizantha e Melinis multiflora. Although the search for seeds
that would identify with the type of the planting soil, was chosen the use of fertilizer
from animal manure and simple superphosphate in order to increase adhesion and
seed protection to soil and its better nutrition. The results indicate that the failure of
revegetation through hydroseeding is directly related to the absence of prior study of
local features, as these are essential for correct selection of technical revegetation
and seeds. However, the method applied in this study proved to be effective,
generating sprouting seeds and the stabilization of the vegetation. It is concluded that
abstracting the practical results, it is essential to implement above any methods, the
prior study of the environment and its characteristics. Based on the results the Mina
x
10
do Andrade is reviewing its actions revegetation and adopting the model with
biodegradable biomantle.
KEYWORDS: Slopes. Revegetation . Hydroseeding . Biomantle.
xi
11
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Pluviometria por meses………………………………………..………..
43
Gráfico 2 - Pluviometria ao longo dos anos………………………………………
43
Gráfico 3 - Temperaturas ao longo dos meses…………………………..………..
45
Gráfico 4 - Umidade Relativa ao longo dos meses…………………………..…… 47
13
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Falha na vegetação de taludes........................................................
05
Figura 2 – Foto aérea da Mina do Andrade......................................................
19
Figura 3 – Close na área de expansão..............................................................
20
Figura 4 - Técnica de Hidrossemeadura...........................................................
21
Figura 5 - Modelo de caminhão utilizado para a hidrossemeadura...............
ESPAÇO………………………………………………............................................
Figura 6 - Close do "talude experimento". ......................................................
22
Figura 7 - Proximidade do talude com a esteira transportadora do britador.
26
Figura 8 - Coleta de amostras do solo. ..........................................................
27
Figura 09 - Local amostrado. ............................................................................
29
Figura 10 - Detalhe das variáveis "Pureza" e "Germinação" em uma
taludes.................
.
embalagem de sementes...............................................................
30
Figura 11 - Vegetação predominante na parte inferior do talude....................
31
Figura 12 - Perfil do Talude-experimento...........................................................
32
Figura 13- Abertura das covas. ..........................................................................
33
Figura 14 - Mix de sementes utilizado. ..............................................................
35
Figura 15 - Posicionamento da tela vegetal. .....................................................
35
Figura 16 - Grampeamento da tela vegetal. ......................................................
36
Figura 17 - Sucessão Estratifigráfica da Mina do Andrade...............................
38
Figura 18 - Diferenças visíveis de solo. ............................................................
britador....
Figura 19 – Aparecimento de “Surgências” nos taludes. ...............................
taludes...................................
Figura 20 - Vegetação ao longo das canaletas de água. ...................................
40
Figura 21 - Surgências em período de seca. ....................................................
chuvas.......................
Figura 22 - Exemplo de erosão causada pela ação das chuvas......................
42
Figura 23 - Especificações: Feijão de Porco.....................................................
56
Figura 24 - Especificações: Calopogônio .........................................................
56
Figura 25 - Especificações: Crotalária...............................................................
57
Figura 26 - Especificações: Nabo Forrageiro...................................................
57
Figura 27 - Especificações: Aveia Preta............................................................
58
25
41
41
49
14
Figura 28 - Especificações: Azevém..................................................................
58
Figura 29 - Especificações: Brachiarão.............................................................
59
Figura 30 - Especificações: Capim Gordura......................................................
59
Figura 31 – Primeiros brotos após 6 dias do plantio - comparação do
.
tamanho a uma semente de girassol............................................
Figura 32 - Vegetação após 12 dias do plantio.....................................................
61
Figura 33 – Close - Vegetação após 12 dias do plantio....................................
62
77
62
Figura 34 – Estabilidade da vegetação.............................................................
63
Figura 35 – Vegetação em menos de três meses de plantio............................
63
Figura 36 - Antes e depois do experimento.......................................................
64
Figura 37 - Revegetação de toda a extensão do talude-experimento.............
65
15
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1– Definição de indicativos para sementes............................................
29
Tabela 2 – Proporção de espécies por porção de mix........................................
33
Tabela 3 – Condições do solo e fatores de segurança.......................................
34
Tabela 4 – Temperaturas média das máximas ao longo dos anos....................... 45
Tabela 5 – Temperaturas médias das mínimas ao longo dos anos..................... 46
Tabela 6 – Umidade relativa ao longo dos anos.................................................
47
Tabela 7 - Taludes e ângulos de repouso de vários materiais………….………
50
Tabela 8 – A interpretação dos resultados da análise do solo..........................
51
Tabela 9 - Especificidade de espécies................................................................
55
Tabela 10 - Dados utilizados para cálculo de SPV.............................................
60
xvii17
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Al3+ - Alumínio trocável
APT - Análise preliminar de tarefa
ºC – Celsius
Ca2+ - Cálcio trocável
cm - Centímetros
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
CTC (t) - Capacidade de troca catiônica efetiva (t),
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
DILIC - Diretoria de Licenciamentos Ambientais
EIA - Estudo de Impacto Ambiental
EDTA - Ácido etilenodiamino tetra-acético
Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FaEnge – Faculdade de Engenharia
ha – hectare
HCl – Ácido clorídrico
H2SO4 – Ácido sulfúrico
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia
ITM – Instalação de tratamento de minério
K – Potássio
18xviii
KCl - Cloreto de potássio
Kg – Quilogramas
Km – Quilômetros
km² - Quilômetros quadrados
L – Litro
LI - Licença de Instalação
LO - Licença de Operação
LP - Licença Prévia
Ltda - Limitada
m – Metros
m. - Saturação de alumínio
mm – Milímetros
MG - Minas Gerais
Mg2+ - Magnésio trocável
Mtpa – Milhões de toneladas por ano
N - Nitrogênio
Na - Sódio
NaOH – Hidróxido de sódio
Na2Cr2O7 – Dicromato de sódio
P - Fósforo
PBA - Plano Básico Ambiental
PDE – Pilha de estéril
pH – potencial hidrogêniônico
xix
19
PIB – Produto Interno Bruto
PNM – Plano Nacional de Mineração
RIMA - Relatório de Impacto Ambiental
SA – Sociedade anônima
SB - Soma de bases
SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente
SPV – Sementes puras variáveis
Uemg - Universidade do Estado de Minas Gerais
V - Saturação de bases
VC - Valor cultural
21
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................. vii
ABSTRACT............................................................................................................. ix
LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................
xi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES.....................................................................................
xiii
LISTA DE TABELAS..............................................................................................
xv
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................ xii
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................
1
2. OBJETIVOS........................................................................................................
4
2.1 Objetivo Geral.................................................................................................. 4
2.2 Objetivos Específicos.....................................................................................
4
3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 4
4. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................
7
4.1. A atividade mineradora.................................................................................. 7
4.2. Degradação ambiental pela atividade de mineração..................................
8
4.3. O Licenciamento Ambiental e a mineração.................................................
9
4.4.
Revegetação de taludes................................................................................
......................
12
4.4.1 Técnica de bioengenharia...........................................................................
14
4.4.2 Hidrossemeadura........................................................................................
15
4.4.3 Biomanta.......................................................................................................
16
4.5. A Mina do Andrade – ArcelorMittal..............................................................
16
5. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................
19
5.1 Localização do Empreendimento..................................................................
19
22
5.2 Revegetação de taludes ................................................................................
20
5.3 Investigação da falha do processo de revegetação do talude...................
23
5.4 Proposta de Correção do Problema..............................................................
24
5.4.1 Seleção do talude........................................................................................
24
5.4.2 Topografia..................................................................................................... 25
5.4.3 Análise do solo............................................................................................. 26
5.4.3.1 Análises químicas do solo......................................................................
28
5.4.3.2 Análise física do solo...............................................................................
28
5.4.4 Escolha das sementes ................................................................................ 29
5.4.5 Adubação......................................................................................................
30
5.4.6 Seleção da Biomanta Antierosiva..............................................................
30
5.4.7 Método de plantio.......................................................................................
32
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 37
6.1 Avaliação dos fatores investigativos............................................................
37
6.1.1 Hidrogeologia e Geologia............................................................................ 37
6.1.1.1 Geologia.....................................................................................................
37
6.1.1.2 Hidrogeologia............................................................................................
38
7
6.1.1.3 Influencia da geologia e hidrogeologia no plantio................................
39
6.1.2 Clima ...........................................................................................................
43
6.1.2.1 Regime e Distribuição Pluviométrica.....................................................
43
6.1.2.2 Temperatura..............................................................................................
44
6.1.2.3 Umidade Relativa......................................................................................
46
6.1.2.4 Influencia do clima no plantio.................................................................. 48
6. 2 Topografia.....................................................................................................
50
23
6.3 Interpretação das análises do solo...............................................................
51
6.4 Adubação.........................................................................................................
53
6.5 Sementes selecionadas.................................................................................. 54
6.6 Germinação e brotamento das sementes.....................................................
56
6.7 Viabilidade e sucesso do emprego da biomanta.........................................
64
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 67
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 69
ANEXO 1................................................................................................................. 74
ANEXO 2................................................................................................................. 77
1
1. INTRODUÇÃO
O acelerado crescimento populacional aumentou a demanda de incrementos
agrícolas, minerais e inserção de obras que ampliem a melhoria da qualidade de
vida. Entretanto, o histórico dessas atividades demonstra que, muitas vezes, essas
resultam em modificações na paisagem e consequentemente na degradação do
solo. Entende-se degradação como a redução ou perda da produtividade biológica
ou econômica de uma área (MMA, 2004). Ou seja, um ecossistema degradado é
aquele que, após distúrbios, teve eliminado, com a vegetação, os seus meios de
regeneração biótica. Sendo que o seu retorno ao estado anterior pode não ocorrer
ou ser bastante lento. Nesse caso, a ação antrópica é necessária para a sua
regeneração em curto prazo.
As principais atividades responsáveis pela degradação de aspectos geomorfológicos
são as mineradoras e abertura de estradas, estas gerando quase sempre
modificações significativas na paisagem. Estas obras exigem a movimentação de
terras que, muitas vezes, originam taludes que estão sujeitos às intempéries e às
oscilações de temperatura e umidade, proporcionando dificuldades para o
estabelecimento
de
cobertura
vegetal,
comprometendo
assim
a
completa
recuperação ambiental do local afetado (COUTO, 2010).
Segundo CAPUTO (1988) o nome genérico de taludes compreende-se quaisquer
superfícies inclinadas que limitam um maciço de terra, de rocha ou de terra e rocha.
Podem ser naturais, casos das encostas, ou artificiais, como os taludes de cortes e
aterros.
De uma forma geral, os taludes, independente de serem de ordem natural ou
artificial,
estão
sujeitos
aos
movimentos
de
massa.
De
acordo
com
CHRISTOFOLLETTI (1979) movimentos de massa é o transporte de volumes de
solo, rochas e detritos (ou o conjunto desses), pela ação gravitacional, vertente
abaixo.
A ausência de vegetação nos taludes, além de possibilitar deslocamentos de massa,
também pode contribuir para outros danos provenientes da ação da chuva, como o
processo de erosão.
2
O desenvolvimento de técnicas capazes de auxiliar nesse processo de regeneração
de áreas degradadas é exponencial, uma vez que, há a necessidade de atendimento
às exigências legais e à pressão exercida pela sociedade. Assim, as empresas
públicas, privadas e as instituições de pesquisa empenham-se na execução de
projetos e no desenvolvimento de tecnologias e produtos para atender a esta
crescente demanda na área ambiental.
A bioengenharia, ou engenharia natural, é a área da ciência que se ocupa com a
perenização de cursos de água e estabilização de encostas, bem como o tratamento
de voçorocas e erosão do solo, através do emprego de material vivo combinado com
estruturas inertes como madeira, pedra, geotexteis e estruturas metálicas
FLORINRTH (2006). Esta técnica de estabilização utiliza as raízes e os caules como
elementos estruturais e mecânicos para contenção e proteção dos solos, em
diferentes arranjos geométricos. Dessa forma, ela atua no fortalecimento do solo, na
melhoria das condições de drenagem e na retenção das movimentações de terra
(PINTO, 2009).
O presente trabalho visa o estudo da revegetação de áreas degradadas na Mina do
Andrade, mineradora pertencente à ArcelorMittal e localizada no município de Bela
Vista de Minas/MG.
A Mina do Andrade (MG) produziu, em 2012, cerca de 1,4 milhões de toneladas por
ano de minério de ferro, através do processo de lavra a céu aberto com
beneficiamento a seco, e encontra-se em processo de expansão a fim de se obter
melhor infraestrutura e tecnologia para extração e beneficiamento de minério tendo
como estimativa um aumento da produção de 3,5 milhões de toneladas por ano de
minério de ferro.
As obras para a expansão englobam a ampliação da cava, implantação da pilha de
estéril PDE-08, nova Instalação de Tratamento “a seco” de Minério - ITM, novas
instalações de apoio administrativo e operacional e pátio de estocagem e embarque
de minério. Em várias etapas deste processo de expansão (implantação da nova
ITM e das instalações administrativas e de apoio) foram realizadas obras de
terraplanagem, corte de taludes e aterro para configuração dos platôs, construção
de acessos de interligação entre as diversas unidades da mina.
3
Dentro desse contexto, o principal objetivo deste estudo foi investigar as prováveis
causas da falha no processo de revegetação de taludes na área da expansão, onde
a técnica de plantio por hidrossemeadura não obteve sucesso. A fim de propor
resolução ao problema, também foi realizado um experimento propondo novo
modelo de revegetação.
4
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Avaliar as técnicas de revegetação de taludes utilizadas na área da Mina do
Andrade, Bela Vista/MG.
2.2 Objetivos Específicos

Investigação das causas do insucesso do plantio por hidrossemeadura;

Propor nova técnica para a revegetação dos taludes da mina, juntamente ao
uso de biomanta, visando o sucesso do plantio.
5
3. JUSTIFICATIVA
A revegetação de taludes em ambientes de mineração é extremamente importante,
pois ameniza a perda de solo por erosão e contribui para a estabilidade do talude.
Além disso, a revegetação é importante para a reconstituição paisagística local.
Assim, grande parte desses taludes exige o desenvolvimento de projetos de
recuperação de áreas degradadas, como por exemplo, a aplicação de técnicas de
bioengenharia, como por exemplo, hidrossemeadura.
A Mina do Andrade (MG) – ArcelorMittal optou pela revegetação dos taludes, na
área da expansão, pelo método de hidrossemeadura. Porém, não houve germinação
de grande parte das sementes que foram lançadas nos taludes e o estabelecimento
da vegetação foi comprometida (Figura 1).
Figura 1 - Falha na vegetação dos taludes.
É importante destacar que o uso de qualquer técnica de forma inadequada
compromete a segurança do talude, por isso é necessário obter todas as
informações antes da execução das atividades de plantio.
6
O presente projeto foi idealizado a fim de se avaliar as razões do não brotamento da
vegetação, uma vez que, a hidrossemeadura é um método reconhecido e apontado
como eficiente e amplamente. A alternativa neste projeto consiste no uso de
biomanta ou manta biológica como técnica de bioengenharia. Assim, à partir dos
resultados obtidos com a presente investigação, a mineradora o empreendimento
terá base de dados concreta para selecionar a técnica e as espécies vegetais mais
adequados para a revegetação de talude, evitando perda econômica, acidentes e
atendendo às exigências dos órgãos ambientais competentes.
7
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1. A atividade mineradora
Segundo ALVES (1973) a mineração pode ser definida como conjunto de atividades
que visam a descoberta, à avaliação, ao desenvolvimento e extração das
substâncias minerais úteis, presentes no interior ou na superfície da Terra.
O Brasil tem uma relação histórica com a busca incessante por recursos minerais.
Esta busca durante um longo período foi de forma desordenada, pois existem no
subsolo do país importantes depósitos minerais (LEMOS et al., 2010). No entanto,
há ainda pouco conhecimento geológico sobre as reservas, pois apenas cerca de
20% foram adequadamente mapeadas geologicamente.
Segundo IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração (2012) A mineração representa
de 3% a 5% do PIB (Produto Interno Bruto do Brasil). Tais dados apontam que a
mineração está entre os setores básicos da economia brasileira contribuindo
diretamente para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, pois
há geração de emprego, renda, pagamento de tributos e compensações financeiras,
muitas vezes em lugares inóspitos ou de difícil acesso. O Plano Nacional de
Mineração 2030 (PNM 2030) prevê US$ 270 bilhões em investimento em pesquisa
mineral, mineração e transformação mineral.
Entretanto a atividade mineradora está classificada entre as atividade que mais
geram impactos ambientais e dessa forma, para a efetivação dos benefícios dessa
atividade, é necessário indentificar e mitigar os impactos gerados ao meio,
atendendo às legislções vigentes, de forma que os interesses sociais, econômicos e
ambientais sejam englobados, uma vez que estes são o tripé da sustentabilidade 1
1
Tripé da sustentabilidade foi proposto por John Elkington (1998), sugerindo que as empresas
avaliem o sucesso não só com base no desempenho financeiro, mas também sob o ponto de vista de
seu impacto sobre a economia mais ampla, sobre o meio ambiente e sobre a sociedade em que
atuam.
8
4.2. Degradação ambiental pela atividade de mineração
Sabe-se que os minerais são utilizados como matéria-prima em diversos segmentos
do setor industrial, construção civil, além de serem aproveitados como fontes
energéticas. Entretanto, essa mesma atividade também é fonte de degradação
ambiental.
Segundo CPRM (2002), os principais problemas oriundos da mineração podem ser
englobados em cinco categorias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora,
subsidência do terreno, incêndios causados pelo carvão e rejeitos radioativos
Desde a fase de implantação até a de fechamento da mina podem ser observados
impactos no meio. A atividade mineradora altera intensamente não só a área
minerada, como as áreas vizinhas, onde são feitos os depósitos de estéril e de
rejeito e demais descartes dos resíduos gerados. Além do mais, quando há
presença de substâncias químicas nocivas na fase de beneficiamento do minério,
isto pode significar um problema sério do ponto de vista ambiental.
Dentre as áreas degradadas pela mineração, Guimarães (2011) destaca a formação
de taludes pela remoção e alocação de massa de solo, cujas condições de
estabilidade dependem de diversos fatores interferentes do meio, dentre eles, vento,
intervenções humanas (obras) e variáveis naturais que possuem inter-relações como
a formação geológica, o tipo e as características do solo, a inclinação do terreno e
do talude, a hidrologia, o clima, a cobertura vegetal, dentre outros.
Destaca-se que a execução de taludes de corte e de aterros ocasiona superfícies
suscetíveis à erosão tanto pela exposição do saprolito quanto pela utilização de
material inadequado ou práticas incorretas de compactação de aterros. A falta de
proteção superficial do solo e a ausência ou ineficiência dos sistemas de drenagem
superficial agrava essa situação (COUTO, 2010).
9
4.3. O licenciamento ambiental e a mineração
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer
empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio
ambiente e possui como uma de suas mais expressivas características a
participação social na tomada de decisão, por meio da realização de Audiências
Públicas2 como parte do processo.
Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e pelo
IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis),
como partes integrantes do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente).
O IBAMA atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de infraestrutura que envolvam impactos em mais de um estado, nas atividades do setor de
petróleo e gás na plataforma continental e em atividades desenvolvidas em unidades
de conservação federais e/ou seu entorno imediato (zona de amortização), não
sendo, portanto, compatíveis ao licenciamento ambiental da ArcelorMittal Mina do
Andrade.
Os processos de licenciamento conduzidos pelos Órgãos Estaduais de Meio
Ambiente devem seguir as mesmas regras dos processos conduzidos pelo IBAMA.
O acompanhamento desses processos é feito diretamente junto aos devidos órgãos
em cada estado.
As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental estão expressas
na Lei 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA Nº 001/86 e Nº 237/97. Além dessas, o
2
A Audiência Pública é uma das etapas da avaliação do impacto ambiental e o principal canal de
participação da comunidade nas decisões em nível local. Esse procedimento consiste em apresentar
aos interessados o conteúdo do estudo e do relatório ambiental, esclarecendo dúvidas e recolhendo
as críticas e sugestões sobre o empreendimento e as áreas a serem atingidas.
As audiências públicas poderão ser realizadas por determinação do IBAMA, sempre que julgar
necessário, ou por solicitação de entidade civil, do Ministério Público ou de 50 ou mais cidadãos. O
edital de realização da audiência é publicado no Diário Oficial da União e em jornal regional ou local
de grande circulação, rádios e faixas, com indicação de data, hora e local do evento.
O local escolhido para realização da audiência deve ser de fácil acesso aos interessados. Por isso,
devido à localização geográfica das comunidades e grupos interessados, poderá haver mais de um
evento sobre o mesmo projeto.
10
Ministério do Meio Ambiente emitiu recentemente o Parecer n° 312, que discorre
sobre a competência estadual e federal para o licenciamento, tendo como
fundamento a abrangência do impacto.
A
formalização
inicia-se
com
a
solicitação
de
abertura
de
processo
paralicenciamento, pelo empreendedor, junto à DILIC (Diretoria de Licenciamentos
Ambientais) .
O processo de licenciamento ambiental possui três etapas distintas: Licenciamento
Prévio, Licenciamento de Instalação e Licenciamento de Operação:

LP (Licença Prévia) - Deve ser solicitada ao IBAMA na fase de planejamento
daimplantação, alteração ou ampliação do empreendimento. Essa licença não
autoriza a instalação do projeto, e sim aprova a viabilidade ambiental do
projeto, bem como sua localização e concepção tecnológica. Além disso,
estabelece as condições a serem consideradas no desenvolvimento do
projeto executivo.

LI (Licença de Instalação) - Autoriza o início da obra ou instalação do
empreendimento. O prazo de validade dessa licença é estabelecido pelo
cronograma de instalação do projeto ou atividade, não podendo ser superior a
6 (seis) anos. Empreendimentos que impliquem desmatamento dependem,
também, de "Autorização de Supressão de Vegetação".

LO (Licença de Operação) - Deve ser solicitada antes de o empreendimento
entrar em operação, pois é essa licença que autoriza o início do
funcionamento da obra/ empreendimento. Sua concessão está condicionada
à vistoria a fim de verificar se todas as exigências e detalhes técnicos
descritos no projeto aprovado foram desenvolvidos e atendidos ao longo de
sua instalação e se estão de acordo com o previsto nas LP e LI. O prazo de
validade desta licença não pode ser inferior a 4 (quatro) anos e superior a dez
anos. Essa licença também tem que ser renovada periodicamente, inclusive
para se verificar se todos os condicionantes para a operação estão sendo
cumpridos.
11
No processo de licenciamento os estudos ambientais são elaborados pelo
empreendedor e entregues ao IBAMA para análise e aprovação. Para cada etapa do
licenciamento há estudos específicos a serem elaborados.
Na etapa de LP, sendo o empreendimento de significativo impacto ambiental, é
elaborado
o
EIA/RIMA.
Para
os
demais
empreendimentos
estudos mais
simplificados são requeridos. O EIA é um documento técnico-científico compostos
por: Diagnóstico ambiental dos meios físico, biótico e socioeconômico; Análise dos
impactos ambientais do projeto e de suas alternativas; Definição das medidas
mitigadoras dos impactos negativos e elaboração de medidas mitigadoras dos
impactos negativos; e Programas de
Acompanhamento e Monitoramento. O RIMA é o documento público que reflete as
informações e conclusões do EIA e é apresentado de forma objetiva e adequada a
compreensão de toda a população. Nessa etapa são realizadas Audiências Públicas
para que a comunidade interessada e/ou afetada pelo empreendimento seja
consultada.
Para a etapa de LI é elaborado o Plano Básico Ambiental (PBA) e se a obra implicar
em desmatamento é elaborado o Inventário Florestal, para subsidiar a emissão da
Autorização de Supressão de Vegetação.
Para a etapa de LO é elaborado um conjunto de relatórios descrevendo a
implantação dos programas ambientais e medidas mitigadoras previstas nas etapas
de LP e LI.
As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de
acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade, a
critério do órgão ambiental competente para o devido licenciamento. Geralmente, as
Licenças Ambientais vêm acompanhadas de condicionantes ambientais, que são
exigências feitas ao longo do processo de licenciamento, e ainda quando da
concessão da licença, voltados para a mitigação ou compensação dos impactos
ambientais decorrentes de um determinado empreendimento ou atividade. O
cumprimento de tais condicionantes é primordial para o mantimento da licença,
assim como para a sua evolução.
12
4.4. Revegetação de taludes
Considerando os impactos causados pela ação antrópica faz-se necessário o
planejamento e implantação de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
(PRAD)3. O PRAD tem como objetivo recuperar a área degradada para determinado
fim , de acordo com o pré-estabelecido para uso do solo, buscando a estabilidade do
meio.
A revegetação de taludes apresenta-se como um dos métodos mais eficientes para
amenizar a perda de solo, uma vez que, a vegetação atua como camada protetora
contra o desenvolvimento de processos erosivos. Segundo MAZZUCO (2008) isso
ocorre, porque as plantas impedem a ação direta da chuva sobre o solo evitando a
dissociação e o carreamento de partículas provocadas pelas gotas, reduzindo o
escoamento superficial e aumentando o tempo de infiltração da água no solo.
Esses fatores influenciam não só na redução dos riscos de erosão, mas também na
instabilidade que é provocada pela movimentação de massa. A atuação das raízes
das plantas, juntamente com a matéria orgânica adicionada ao sistema retém as
partículas do solo e, proporcionam a formação de uma cobertura de solo que diminui
a velocidade de escoamento superficial da água, reduzindo ou evitando processos
erosivos.
A vegetação ainda contribui para a conservação da umidade do solo e para reduzir a
temperatura do mesmo. Além dos benefícios citados anteriormente a vegetação
também pode ser utilizadana reconstituição paisagística do local.
A revegetação de áreas, principalmente taludes, emprega mixes de leguminosas4 e
gramíneas5 de pequeno porte, o que também garante maior estabilidade ao solo,
3
O PRAD foi regulamentado pelo Decreto Federal nº 97.632/89, que dispôs em seu artigo 1º que os
empreendimentos destinados à exploração de recursos minerais deveriam, quando da apresentação
do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, submeter à
aprovação do órgão ambiental competente um plano de recuperação de área degradada.
4
Segundo o GUIA DA HIDROSSEMEADURA DEFLOR (2ª Edição), as leguminosas apresentam alta
capacidade reprodutiva, baixa exigência em fertilidade e melhoram as características do substrato
através da fixação biológica de nitrogênio atmosférico. Devido às características de desenvolvimento
do sistema radicular, favorecem a estabilidade de camadas mais profundas do solo.
5
Segundo o GUIA DA HIDROSSEMEADURA DEFLOR (2ª Edição), as gramíneas apresentam
crescimento rápido, baixa exigência em fertilidade do substrato e alta capacidade de perfilhamento.
Contribuem para a sustentabilidade do sistema através do fornecimento de matéria orgânica, devido
à sua grande capacidade de produção de biomassa.
13
evitando deslizamentos por acúmulo de peso (PEREIRA et. al., 2006). Ressalta-se
que é necessária a investigação da aceitação de combinação das espécies, para
que não haja competição6 entre essas. Esse procedimento garante o sucesso do
processo de germinação vegetal no plantio.
É importante salientar que a vegetação exerce papel fundamental na estabilidade do
talude. Com a utilização de diferentes espécies, com sistemas radiculares de
diversos tamanhos, a proteção atinge diferentes profundidades no solo, garantindo
maior estabilidade (PEREIRA et. al., 2006).
Os projetos desenvolvidos para proteção dos taludes devem levar em consideração
fatores edáficos, temperatura, precipitação, pH e resistência ao fogo (COUTO,
2010). Pois é de extrema importância compreender o comportamento do solo e do
clima local para adequada seleção de sementes e verificar se há necessidade de
correção do solo e adubação.
Segundo a EMBRAPA (2006) os solos brasileiros são ácidos em sua maioria. A
acidez, representada basicamente pela presença de dois componentes - íons H+ e
Al+3 - tem origem pela intensa lavagem e lixiviação dos nutrientes do solo.
Os principais objetivos da calagem são: eliminar a acidez do solo, além de aumentar
a saturação de bases e capacidade de troca de cátions do solo a valores
adequados, de acordo com a cultura. O cálcio estimula o crescimento das raízes e,
portanto, com a calagem ocorre o aumento do sistema radicular e uma maior
exploração da água e dos nutrientes do solo, auxiliando a planta na tolerância à
seca.
A necessidade de adubação decorre do fato que muitas vezes o solo não é capaz de
fornecer os nutrientes necessários às plantas. Sendo assim, a adubação levará em
consideração a fertilidade do solo, obtida através da análise do solo, as
necessidades nutricionais das espécies, a eficiência do adubo e por fim de fatores
de ordem econômica.
6
A competição é uma relação ecológica desarmônica que pode tanto envolver indivíduos de espécies
diferentes (interespecíficas), promovendo a concorrência por um ou mais recursos do meio: água,
alimento, luminosidade e espaço físico, bem como entre indivíduos de uma mesma espécie
(intraespecíficas). ESCOLA, Brasil; 2012. Nesse caso, sempre haverá a desvantagem por uma
espécie, o que pode causar, a longo tempo, sua extinção.
14
Uma das formas de melhorar a fertilidade dos solos é a aplicação de matéria
orgânica, sendo muito usada em projetos de recuperação de áreas degradadas.
Dentre os materiais orgânicos, o esterco é um daqueles mais encontrados em
diferentes regiões do Brasil. Esse material é produzido por diferentes espécies de
animais, como bovinos, equinos, suínos e aves (TRANI et. Al, 2008)
4.4.1 Técnica de bioengenharia
A bioengenharia é uma técnicas em que plantas, ou partes destas, são usadas como
material vivo de construção. Sozinhas, ou combinadas com materiais inertes, tais
plantas devem proporcionar estabilidade às áreas em tratamento (SUTILI, 2009)
Dentre as vantagens do uso dessas técnicas pode-se citar o menor requerimento de
maquinário; utilização de materiais naturais e locais; melhor relação custo/benefício
e compatibilidade ambiental. Dentre as vantagens citadas anteriormente vale
ressaltar que:
“Ao contrário dos sistemas tradicionais, as técnicas de bioengenharia de
solos são mais resistentes, devido à habilidade da vegetação de
crescimento e regeneração. Estas são, portanto, na maioria dos casos, as
soluções de menor custo e de maior adequabilidade ambiental, que atende
à crescente demandam e ao interesse geral em benefício do meio
ambiente.” (DIAS, D. M. ; SANTOS, E. C.; GOMES. D. P. P. Bioengenharia
dos solos para a estabilização de taludes aplicada nas industrias nucleares
do Brasil – INB, São Paulo, 2012, p.6).
Os projetos de recuperação de áreas degradas em que se opta trabalhar com
bioengenharia fazem uso da conjunção dos seguintes recursos: geotêxteis e
geogrelhas, madeira, concreto, aço, polímeros sintéticos ou rochas, utilizando a
vegetação em todas as suas formas, de acordo com as necessidades de aplicação.
Embora essas técnicas sejam comumente utilizadas a maioria das empresas,
instituições e órgãos governamentais, não possuem técnicas específicas, ficando a
cargo da empresa contratada propor a alternativa mais viável ao problema
apresentado.
15
Contudo, deve-se salientar que a técnica de bioengenharia, se utilizada de forma
inadequada e sem critérios, pode comprometer a estabilidade do talude. Por isso,
antes de empregar a técnica é necessário obter todas as informações possíveis
antes da execução das atividades de plantio.
4.4.2 Hidrossemeadura
Hidrossemeadura é a aplicação hidromecânica de uma mistura composta por
fertilizantes, sementes, camada protetora, adesivos e matéria orgânica, cujo traço
característico é determinado pelas necessidades de correção do solo e nutrição da
vegetação introduzida (DEINFRA, 2010). O modo de lançamento deste composto ao
talude é feito por mangueiras de caminhões-pipa.
Segundo o DEINFRA (2010) a execução desse método deverá obedecer as
seguintes etapas:

Análise físico-química do solo a ser aplicado;

Picoteamento do solo;

Aplicação da massa com equipamentos adequados;

Fertilização de cobertura e replantios até a total formação da camada vegetal.
Dentre as demais vantagens apresentadas pelos métodos de bioengenharia a
hidrossemeadura é destacada pela capacidade de cobrir áreas inacessíveis, pela
agilidade e, principalmente, baixo custo. Sendo assim, esta técnica de revegetação
é comumente aplicada pelas mineradoras, e na maioria das vezes fazem consórcio
com gramíneas e leguminosas arbustivas (Guimarães, 2011).
Entretanto, também é possível verificar falhas nessa técnica, devido principalmente
ao número reduzido de plantas que se estabelecem no talude. Isso ocorre devido a
perdas de sementes pela ação das chuvas que promovem seu carreamento, uma
vez que não há devida proteção das sementes. Também pode ocorrer falhas devido
a problemas da germinação das sementes usadas no consórcio.
16
4.4.3 Biomanta
A tela de fibras vegetais ou biomantas são produzidas, a partir de fibras vegetais,
palha agrícola, fibra de coco e fibras sintéticas. As fibras são costuradas, formando
uma trama resistente, protegidas por redes de polipropileno ou juta, o que permite
programar sua degradabilidade. As biomantas antierosivas protegem imediatamente
o solo, até que a vegetação se estabeleça.
As biomantas contribuem para proteção do solo contra o processo erosivo, uma vez
que, reduzem a fluidez do escoamento superficial e o efeito de ventos no solo. Elas
também auxiliam na germinação das sementes, pois facilita a manutenção de
nutrientes do solo e permite fixar melhor as sementes e fertilizantes utilizadas no
processo de plantio.
Segundo o PEREIRA et.al. (2006), as especificações da biomanta variam a cada
empreendimento, dependendo de diversos fatores, como: inclinação do talude,
susceptibilidade à erosão, tipo de proteção desejada (definitiva ou temporária), altura
do talude, tipo de drenagem adotada, etc.
Para a cobertura do solo, são usadas mais comumente três alternativas de
biomantas: Biomanta Antierosiva de Palha, Biomanta Antierosiva de Fibra de Coco e
Biomanta Antierosiva Mista de Palha e Fibra de Coco. As especificações de cada
biomanta estão apresentas no Anexo 1.
4.5. A Mina do Andrade – ArcelorMittal
A Mina do Andrade localiza-se no município de Bela Vista de Minas/MG e esta
pertence à microrregião de Itabira.
Bela Vista de Minas é um município brasileiro do estado de Minas Gerais, situado às
margens do Córrego do Onça. A cidade encontra-se a 100 km de Ipatinga, a 120 km
da capital mineira, e possui como municípios limítrofes João Monlevade, Nova Era,
Itabira, São Domingos do Prata e Rio Piracicaba. O município de Bela Vista de
17
Minas está incluso no Quadrilátero Ferrífero7, uma das mais importantes províncias
minerais do Brasil, que abriga grandes mineradoras de ferro e ouro. A mineração,
principalmente no Quadrilátero, está diretamente relacionada à ocupação do Estado
de Minas Gerais. São inúmeros os aspectos que demonstram a influência dessa
atividade na colonização da região, dentre eles, estão a conquista de terras em
busca de bens minerais de valor elevado e uma urbanização típica das áreas
mineradoras que reflete a riqueza cultural e econômica do período.
A Mina do Andrade iniciou o seu processo de exploração de minério de ferro em
1947, pela Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, através da Samitri, fornecendo
matéria prima para a geração dos produtos de sua siderúrgica localizada na cidade
de João Monlevade. A lavra de minério de ferro da Mina do Andrade é delimitada
pelo polígono do processo DNPM no 2308/1935, já licenciada ambientalmente para
produção de 1,4 milhões de tonelada por ano (Mtpa).
Atualmente, pertencente à ArcelorMittal, a Mina do Andrade (MG) produz cerca de
1,4 milhões de toneladas por ano de minério de ferro, através do processo de lavra a
céu aberto com beneficiamento a seco, e apresenta 82 funcionários próprios e 276
funcionários terceirizados na rotina.
A mina encontra-se em processo de expansão para garantir melhor infraestrutura e
empregar tecnologias para extração e beneficiamento de minério de ferro, visando
um aumento de produção em torno de 3,5 milhões de toneladas por ano. Resultando
também em um aumento em torno de 1000 funcionários ao final da expansão.
Para o atendimento da nova demanda de produção do minério de ferro, foi essencial
o realocamento da atual planta para outra de área maior. Para tal, foi essencial a
7
O Quadrilátero Ferrífero está localizado na porção central do Estado de Minas Gerais e abrange uma
área de aproximadamente 7.200 km². A região do Quadrilátero Ferrífero engloba cerca de 35
municípios da região central de Minas Gerais, com uma população estimada de 3.673.491 (IBGE,
2005). De acordo com Scliar (1992, p.36), o Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais foi assim
denominado por Gonzaga de Campos, devido à configuração “planimétrica quadrangular” dos
maiores depósitos de minério de Ferro, que aparece nas principais elevações que delimitam a região.
18
obtenção de uma nova licença ambiental, de forma a atender a RESOLUÇÃO Nº
237, de 19 de dezembro de 1997, que dispõe sobre o licenciamento ambiental e
suas obrigações.
Em relação à licença ambiental referente à ampliação da Mina do Andrade (MG), foi
expedida uma licença nomeada “concomitante”, pois autoriza, concomitantemente, o
planejamento (Licença Prévia) e instalação (Licença de Instalação) da nova planta
de operação. Tal tipo de licença, raramente concedida, geralmente ocorre em
empreendimentos reconhecidos pelo cumprimento das normas ambientais ou que
propiciem bem público explicito à população local (projetos sociais, empregos, etc).
Durante o processo de expansão, devido às obras de terraplanagem, houve geração
de taludes de corte e de aterro. O projeto de expansão apresentava projetos que
visavam a condução adequada das águas precipitadas sobre os platôs e acessos,
bem como a revegetação dessas áreas para excelência dos mesmos. Entretanto, na
expedição da licença concomitante a revegetação de talude também foi apresentado
como condicionante.
19
5. MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Localização do Empreendimento
O projeto foi realizado na ArcelorMittal – Mina do Andrade (Figura 2 e 3), localizada
na Rua do Andrade, s/n – Zona Rural – CEP: 35.938-000 em Bela Vista de Minas Minas Gerais.
Coordenadas geográficas da Mina do Andrade:
-19.789117,
-43.186483
Coordenadas geográficas das novas instalações:
-19.790651,
-43.175375
Figura 2 - Foto aérea da Mina do Andrade.
Fonte: Google Maps
20
Figura 3 - Close na área de expansão (novas instalações).
Fonte: Google Maps
5.2 Revegetação de taludes
Para a revegetação dos taludes em questão, foi contratada uma empresa8,
prestadora
de
serviços
para
ArcelorMittal,
especializada
em
plantio
por
hidrossemeadura, e com sede no município de Betim – MG.
Como parte das políticas das empresas, ArcelorMittal - Mina do Andrade (MG) e
contratadas, todos os funcionários foram devidamente treinados em programas de
segurança voltados ao assunto e aperfeiçoamento da mão de obra.
Segundo a terceirizada, por procedimento, primeiramente foi realizado o serviço de
coveamento, que consiste do preparo de covas para o recebimento das sementes
e/ou demais insumos. A empresa realizou coveamentos com aproximadamente de
4cm de profundidade, com distância de 15cm x 15 cm uma das outras.
8
Não houve autorização para a divulgação do nome da empresa
21
Após
a
realização
do
coveamento
na
área
desejada,
foi
realizada
a
hidrossemeadura (Figura 4), a partir de um caminhão possuidor de uma bomba
hidráulica, próprio para esse fim (Figura 5), com as especificações técnicas e
insumos a seguir:
Mega Mulch ®, composto de fibras vegetais........................................3.000 kg/ha
Adubo NPK-04-14-08............................................................................750 kg/ha
Fosfato Natural......................................................................................750 kg/ha
Sementes de Gramíneas e Leguminosas.............................................250 kg/ha
Composto Orgânico...............................................................................500 kg/ha
Fixador Potenciado................................................................................50 kg/há
Figura 4 - Técnica de Hidrossemeadura.
Fonte: Google Imagens
22
Figura 5 - Modelo de caminhão utilizado para a hidrossemeadura.
Fonte: Google Imagens
Sendo as espécies de gramíneas e leguminosas citadas abaixo, sem proporção
definida:
- Braquiária (Brachiaria decumbens),
- Capim gordura (Panicum melinis),
- Feijão Guandu (Cajanus cajan),
- Crotalária (Crotalaria junce),
- Nabo Forrageiro (Raphanus sativus),
- Calopogonio (Calopogonium mucunoides),
- Aveia (Avena sativa),
- Stilosanthes (Stilosanthes guyanenesis),
- Milheto (Pennisetum glaucum).
Ainda segundo a empresa, O Mega Mulch ® é um composto rico em fibras vegetais e
matéria orgânica, formando uma manta sobre o solo, protegendo as sementes e
demais insumos da ação dos predadores e das intempéries.
23
Como dito anteriormente, todo o procedimento realizado foi feito com base na
experiência da empresa na área, não sendo realizada prévia análise ou estudo do
solo local ou demais fatores influenciadores de plantio. O trabalho foi realizado entre
os meses de novembro e dezembro de 2011 e janeiro de 2012.
5.3 Investigação da falha do processo de revegetação do talude
A fim de descobrir o insucesso do estabelecimento da vegetação empregada no
empreendimento, levou-se em consideração para a investigação alguns fatores
influenciadores do plantio.
Para tal investigação foram realizados trabalhos de campo que compreenderam
visitas de reconhecimento às áreas de estudo do empreendimento e pesquisa na
literatura para a coleta de informações de interesse para a caracterização dos
aspectos geológicos, hidrogeológicos e climáticos.
Foram consideradas fontes de dados secundários relevantes para a realização do
presente estudo o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) referente à expansão da Mina
do Andrade (MG) juntamente às seguintes referências:

Mapeamento litológico e estrutural da Mina de Andrade (MG) e arredores
próximos, realizado por Guilherme Gravina Peres, Prominas - Projetos e
Serviços de Mineração, 2005;

“Inventário dos Pontos D’água da Mina de Andrade e Área de Entorno”,
realizado pela empresa Golder, 2005;

Modelo
geomecânico,
dimensionamento
dos
taludes
e
análises
de
estabilidade geotécnica da ampliação da Mina de Andrade (MG) realizado
pela empresa Geoestrutural 2008;

Caracterização Hidrogeológica/Hidroquímica da Mina de Andrade (MG) e seu
entorno, realizado pela empresa MDGeo Serviços e Hidrogeologia Ltda, 2008;
24

A caracterização climática da Mina de Andrade (MG) foi realizada a partir de
dados disponíveis no relatório MDGEO 2008, pela Estação Meteorológica de
João Monlevade, localizada na cidade de João Monlevade - MG, na Av. do
Contorno, nº1962, Bairro Vila Tanque, operada pelo INMET (Instituto Nacional
de Meteorologia), e dados pluviométricos mensurados e disponíveis pela
própria empresa ArcelorMittal Brasil SA.
Os dados primários e secundários foram alvos de leitura e avaliação, sendo que as
informações relevantes passaram a compor o presente projeto.
5.4 Proposta de Correção do Problema
Considerando-se os tópicos investigativos, utilizados para a avaliação do insucesso
do plantio realizado na empresa ArcelorMittal - Mina do Andrade (MG), propôs-se
uma alternativa para a correção do problema.
Para a realização da investigação, e para a realização do experimento à nível de
campo buscou-se informações baseadas em PEREIRA (2002), que discorre sobre
seleção de plantas para áreas degradadas e controle de erosão.
5.4.1 Seleção do talude
Para início dos estudos de revegetação, foi necessário selecionar uma área dentro
do território da expansão da Mina do Andrade (MG) onde a revegetação de taludes
pudesse ser feita. Devido às instalações civis próximas que serviram de apoio como
depósito dos instrumentos e materiais utilizados durante o experimento, foi escolhido
o talude que circunda a atual sala de controle da nova instalação de beneficiamento
de minério (Figura 8).
25
Figura 6 - Close do "talude experimento".
Devido à ausência de vegetação e a ausência de canaletas para a drenagem da
água pluvial, o talude apresentava diversas fendas causadas pela erosão.
5.4.2 – Topografia
O primeiro ponto observado, não só no talude-experimento, quanto nos demais
taludes construídos na área de expansão da Mina do Andrade, foi o elevado grau
de inclinação das encostas.
Como parte do plano de investigação dos possíveis motivos do insucesso do
trabalho, foram realizadas medições dos taludes: foram mensurados altura,
comprimento e profundidade das encostas, para seleção da técnica de contenção,
quantificação e seleção de sementes.
26
5.4.3 Análise do Solo
Seguindo os procedimentos apresentados durante a investigação teórica das
possíveis causas do não brotamento das sementes, foi realizada a análise do soloe
interpretação da mesma, a fim de se obter as características físico-químicas locais.
Além das características naturais, também foi levada em consideração a
proximidade do talude ao britador da instalação, o que justifica a as altas taxas de
sílica e minério de ferro ( Figura 7).
Figura 7 - Proximidade do talude com a esteira transportadora do britador.
O talude-experimento está situado em área com grande diversidade geológica em
pequenos espaçamentos de terra, e como a análise segregada dos diferentes tipos
de solo existentes no local seria inviável, devido ao custo e à dificuldade presente
para a realização de tal tarefa, foram recolhidas amostras de solo por todo o talude,
coletadas da seguinte forma:
Foram coletadas 20 amostras (Figura 8) no talude retiradas em aberturas de,
aproximadamente, 15 cm de diâmetro por 15cm de profundidade (Figura 9), em
espaçamentos horizontais e verticais de aproximadamente 2 m.
.
27
Figura 8 - Coleta de amostras do solo.
Figura 9 - Local amostrado.
Estas amostras foram misturadas em um balde plástico para formar uma amostra
composta e homogênea e, posteriormente, foi retirado uma amostra de
aproximadamente 500 gramas. A amostra foi embalada e manuseada de forma a
preservar as condições de umidade natural, bem como evitar a contaminação por
outros materiais. Cabe ressaltar que foi devidamente identificada, com a data da
amostragem, locação e profundidade da amostra e características locais (vegetação
e presença de processo erosivo).
28
A amostra composta foi enviada para análise química e textural no Laboratório de
Análise de Solo Viçosa, em Viçosa/MG.
5.4.3.1 Análises químicas do solo
O potencial hidrogeniôco em água foi medido utilizando-se as proporções 1:2,5 (v/v)
de solo:solução. O valor das variáveis Fósforo (P), Potássio(K), Sódio(Na), Ferro
(Fe), Zinco (Zn), Manganês (Mn) e Cobre (Cu) foram obtidas à partir do Extrator
Mehlich 1(H2SO4 0,0125 mol L-1 + HCl 0,05 mol L-1). Os cátions Ca2+, Mg2+ e Al3+
trocáveis foram extraídos por solução de KCl 1 molL-1 e determinados no extrato os
teores de Ca2+e Mg2+ por titulação com EDTA 0,01 molc L-1, e os teores de Al3+ por
titulação com NaOH 0,025 mol L-1, conforme Silva et al. (1999). A acidez potencial9
(H + Al) foi extraída por solução de acetato de cálcio 0,5 mol L-1 em pH 7,0 e
determinada por titulação alcalimétrica do extrato (Silva et al.,1999). A soma de
bases (SB), Capacidade de Troca Catiônica efetiva (t)10, a saturação de alumínio (m)
e a saturação de bases (V) foram calculadas, respectivamente, segundo as
expressões: SB = (K + Ca2++ Mg2+ ) t = SB + Al3+; m = 100.Al/ t; V= 100.SB/ SB + (H
+ Al) (Alvarez Venegas et al., 1999). Capacidade de Troca Catiônica com pH igual a
711 foi calculado por SB+ (H+Al). A Matéria Orgânica (MO) foi calculada por Oxidação: Na2Cr2O7 + H2SO4 10N.
5.4.3.2 Análise física do solo
A análise granulométrica foi obtida pelo método da "Pipeta" (EMBRAPA, 1997) que
consiste na diferença da velocidade de sedimentação entre partículas de diferentes
dimensões.
9
A acidez potencial é a soma da acidez trocável e da não trocável
A CTC efetiva é a capacidade do solo em reter cátions próxima ao valor do pH natural.
11
A CTC a pH 7,0 reflete a quantidade de cátions adsorvida a pH 7,0. Seria o máximo de cargas
negativas liberadas a pH 7,0 e que seriam ocupadas por cátions.
10
29
5.4.4 Escolha das sementes
Para a seleção das sementes que foram utilizadas, foi necessário o conhecimento
prévio de alguns indicativos das sementes, como mostra a Tabela 1.
Tabela 1- Definição de indicativos para sementes
Indicativos
Descrição
Germinação
É a quantidade de sementes viáveis que germinarão e produzirão
plântulas normais, quando em condições normais de plantio.
Pureza
Quantidade de sementes viáveis (puras e granadas) encontradas
em determinado peso de sementes.
Impurezas
Sementes não viáveis, resíduos, pedras, torrões, areia, etc., que se
apresentam junto com as sementes viáveis. A separação das
impurezas com máquinas específicas oferece um padrão de
qualidade e segurança ao comprador.
Amostragem O tamanho de uma amostra é de aproximadamente 300 gramas,
devendo ser coletada em pontos diferente de embalagem, para
representar significativamente a população.
FONTE: PEREIRA, 2002.
A qualidade das sementes de uma espécie pode ser medida pelo seu valor cultural
(VC), pela fórmula:
( )
A quantidade de sementes a ser semeada por área é estabelecida a partir do cálculo
da taxa de semeadura:
(
)
(
)
( )
30
As variáveis “Pureza” e “Germinação” devem acompanhar detalhadamente as
embalagens das sementes, por legislação (Figura 12).
Figura 10 - Detalhe das variáveis "Pureza" e "Germinação" em uma embalagem de sementes.
Fonte: Google Imagens
5.4.5 Adubação
Devido à grande disponibilidade, baixo custo e eficiência, agregou-se ao mix de
sementes o esterco bovino e equino como fonte de adubação orgânica.
Devido ao baixo teor de nutrientes disponíveis no esterco, também foi utilizada a
adubação química com a fórmula NPK 10:20:10 e superfosfato simples.
5.4.6 Seleção da Biomanta Antierosiva
Durante a investigação da causa do insucesso no plantio inicial, realizada pela
análise visual do talude in loco (Figura 11). A partir dessa análise, optou-se pelo
emprego da biomanta, que é um mecanismo de proteção às sementes e do solo aos
fatores externos.
31
Figura 11 - Vegetação predominante na parte inferior do talude.
Considerando os cálculos de altura, profundidade e inclinação do taludeexperimento perante o regime de chuvas do período experimental, optou-se à
escolha da biomanta mista de palha e fibra de coco. Essa escolha pode ser
facilmente definida a partir das características de contenção de cada tipo de tela
vegetal, que vêm, obrigatoriamente, nos rótulos dos produtos (Anexo 1).
O cálculo da Inclinação pode ser obtido pela fórmula abaixo:
Onde, I é Inclinação (proporção), V é altura vertical do talude e H é a profundidade.
A Figura 12 apresenta o corte lateral do talude-experimento.
32
I = V:H
I = 5,5 : 4,0
~5,5 m
I = 1,4 : 1
.:.
54°
~4,0 m
Figura 12 - Perfil do Talude-experimento.
5.4.7 Método de plantio
Após a investigação, já definidos as espécies a serem plantadas e demais materiais
de apoio, deu-se a parte de revegetação.
Nos taludes foram abertas pequenas covas com o “bico da enxada” por toda a
superfície a revegetar (Figura 13), com cerca de 5,0cm de profundidade e
espaçadas de 10 em 10cm. Essas covas têm a finalidade de formar uma cavidade
nos taludes, de modo que possam reter as sementes em seu interior.
33
Figura 13- Abertura das covas.
A semeadura foi realizada manual a lanço, com um coquetel de sementes de
gramíneas e leguminosas, previamente preparado, nas seguintes espécies e
proporções mostradas na Tabela 2.
Tabela 2 - Proporção de espécies por porção de mix
Espécie
Proporção (Kg)
Capim Gordura
30
Brachiarão
16,6
Nabo Forrageiro
15
Calopogonia
16,6
Aveia
13,4
Azevém
14,4
Crotalária
17,2
Feijão de Porco
13,4
Ressalta-se que a quantidade de cada espécie foi estabelecida a partir do cálculo da
taxa de semeadura12.
12
(
)
(
)
( )
34
O fator de segurança também deve ser levado em conta ao se estabelecer a
quantidade (massa) de sementes que deverão ser semeadas por área. Segundo
PEREIRA (2002), o fator de segurança é o índice a ser acrescido na quantidade de
sementes a ser semeada, para equiparar às quantidades aplicadas em condições
normais. Para o cálculo desse índice, é necessário o preenchimento da Tabela 3.
Tabela 3 - Condições do solo e fator de segurança
Fator de Segurança (FS)
Item
1
2
3
4
5
6
7
Variável
Inclinação
da Área
Tipo de
Material
Preparo
do solo
Técnica
de
Proteção
Altura do
talude (m)
Drenagem
Época de
Plantio
1,00
1,25
1,50
1,75
2,00
Plana
Até 30°
30° - 45°
45° - 60°
> 60°
Solo
Areno/siltoso Estéril
Excelente
Razoável
Biomantas Biomantas
Reforçadas simples
Material
solto
Curvas de
Irregular
Sem
nível/ bermas
preparo
Hidrossemeio/ Hidrossemeio Semeio
mulching
Natural
Até 5,00
5–8
Sistema
Ok
OUT –
NOV –
DEZ
Crista e
Crista
bermas
JAN – FEV – ABR – MAIMAR
JUN
8 - 15
Pedregoso
15 – 30
>30
Bermas
Inexistente
JUN – JUL –
AGO
MAI – JUN
- JUL
FONTE: Adaptado de PEREIRA, 2002.
A quantidade de sementes aplicadas nas covas estabeleceu a proporção de
aproximadamente 30g por metro quadrado do mix.
Junto ao mix de sementes foram aplicados 250 kg/ha de adubo da fórmula NPK
10:20:10 e 150 kg/ha de superfosfato simples. A Figura 14 mostra o mix utilizado.
35
Figura 14 - Mix de sementes utilizado.
Após a semeadura, toda a superfície plantada foi coberta com a manta vegetal mista
de fibra de coco e palha (Figura 15).
Figura 15 - Posicionamento da tela vegetal.
36
No caso do plantio experimental, a biomanta foi presa com estacas de madeira de,
aproximadamente, 20cm. A Figura 16 mostra a fixação da biomanta.
Figura 16 - Grampeamento da tela vegetal.
Para a revegetação do talude utilizando a técnica de bioengenharia, a semeadura do
mix de sementes foi realizada manualmente, entre os meses de outubro e dezembro
de 2012, cerca de 8 meses após a aplicação da técnica de hidrossemeadura, que
não apresentou bons resultados.
37
6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Avaliação dos fatores investigativos
Devido ao período estratégico de chuvas, e também para se assemelhar ao máximo
possível do primeiro plantio (falho), o processo manual do experimento foi realizado
entre os meses de outubro e dezembro de 2012.
6.1.1 Hidrogeologia e Geologia
61.1.1 Geologia
Segundo ao documento de EIA referente à expansão do empreendimento, a Mina do
Andrade (MG) está inserida no Distrito Ferrífero de Rio Piracicaba e João
Monlevade, do Quadrilátero Ferrífero. Trata-se de um jazimento ferrífero, de direção
estrutural nordeste, cercado pelo embasamento granito-gnáissico do Complexo
Guanhães por meio de falhas de empurrão.
A ITM e as novas instalações administrativas e de apoio – local dos taludes
estudados - foram construídas numa área a leste da cava atual. O limite sul se dá
pela
linha
de
crista
predominantemente,
da
pelos
serra
do
litotipos do
Andrade.
Complexo
A
área
é
representada,
Guanhães formado
pela
alternância de gnaisses, anfibolitos e quartzitos.
A Figura 17 mostra a sucessão estratigráfica da Mina do Andrade, Bela vista de
Minas/MG.
38
Figura 17 - Sucessão Estratifigráfica da Mina do Andrade
Fonte: Peres, 2005
Gnaisse de composição granítica, variavelmente foliado e bandado é o litotipo mais
comum, apresenta-se com granulometria média, muito consistente e pouco
fraturado.
61.1.2 Hidrogeologia
Os estudos apontam que A ITM e as novas instalações administrativas e de apoio
estão localizadas sobre as unidades hidrogeológicas do sistema aquífero Moeda e,
principalmente,
do
aquífero
definido
pelas
rochas
granito-gnássicas
do
embasamento cristalino. O Aquífero Moeda, caracterizado por quartzitos e saprolitos
arenosos associados, corresponde a um aquífero do tipo fraturado, com circulação e
armazenamento restrito às descontinuidades da rocha, e fluxo intergranular,
respectivamente. As nascentes dessa unidade em geral são pouco expressivas,
disseminados ao longo das drenagens e em meio às coberturas. Por outro lado, a
unidade hidrogeológica do embasamento cristalino compreende um sistema com
dupla porosidade, em que a rocha sã apresenta porosidade por fraturas, e o manto
de intemperismo, por interstícios, i.e., fluxo intergranular (MDGEO 2008). De modo
39
geral apresenta baixa vocação hidrogeológica, se comportando como aquiclude ou
aquitardo nas zonas de contato litológico.
Os resultados hidroquímicos revelaram que a maioria das amostras dos diversos
aquíferos da área pode ser classificada como bicarbonatadas sódicas, cálcicas e
magnesianas (GOLDER, 2005; MDGEO, 2008), particularidades advindas da
geologia que podem vir a interferir na germinação, nutrição e crescimentos de
sementes.
6.1.1.3 Influencia da geologia e hidrogeologia no plantio
É importante verificar na preparação do plantio, sementes ou espécies vegetais que
sejam adaptadas às condições de solo quanto aos elementos disponíveis para
nutrição das plantas (PENTEADO, 1998). A investigação e o uso de espécies
resistentes às peculiaridades do solo quanto ao seu valor nutricional foi um
importante passo para o sucesso da revegetação.
A hidrogeologia, juntamente aos níveis de infiltração e escoamento das águas de
chuva no solo também devem ser levadas em consideração na determinação das
sementes e métodos de plantio adequados no empreendimento.
Por possuir variáveis visíveis na tipologia geológica formada por minerais que se
alteram em gnaisses, anfibolitos e quartzitos, o solo da Mina do Andrade possui
diferentes características de porosidade em curto espaço de área como mostra a
Figura 18.
40
Figura 18 - Diferenças visíveis de solo.
Gnaisse é uma rocha de origem metamórfica, resultante da deformação de
sedimentos. Sua composição é de diversos minerais, mais de 20% de feldspato
potássico, plagioclásio, e ainda quartzo e biotita, elementos que podem interferir
diretamente na nutrição da vegetação e, logo, sua germinação e crescimento
(BORGES, 1994).
Sua granulação situa-se frequentemente entre média e grossa; o que faz com seja
menos porosa e possua grande dificuldade de infiltração (BORGES, 1994).
Os anfibolitos são rochas metamórficas, geralmente em textura ásperas ou médias
(BORGES, 1994).
Com alta porosidade, o quartzito é uma rocha metamórfica cujo componente
principal é o quartzo. Sua composição química é de origem silicosa (BORGES,
1994). A alta porosidade do quartzito em relação aos gnaisses e anfibolitos faz com
que esse seja mais susceptível à infiltração e retenção de águas, principalmente de
origens pluviais.
A saturação de água nas porosidades dos quartzitos, elementos visíveis a olho nú
nos taludes da Mina do Andrade e de difícil revegetação pela formação silicosa, faz
com que em determinadas épocas do ano, geralmente após o período de chuvas,
apareçam ‘surgências’ de água pelas encostas (Figura 19).
41
Figura 19 – Aparecimento de “Surgências” nos taludes.
A água proveniente dessas surgências é responsável pelo carreamento de
sementes e mudas de raízes rasas ao longo do seu percurso de escoamento. Nos
taludes revegetados por meio de hidrossemeadura pode-se observar a existência de
grandes porções de vegetação ao longo das estradas à jusante destes taludes, e
nas partes mais baixas e próximas aos locais de semeadura (Figura 20), durante o
curso natural pluviométrico.
Figura 20 Vegetação ao longo das canaletas de água.
42
Essa água também é responsável por pequenas erosões ou sulcos esculpidas nos
taludes pela força das águas como mostra a Figura 21.
Figura 21 - Surgências em período de seca.
Fonte: Arquivo Pessoal
Deve-se levar em consideração que tais sulcos podem aumentar ao longo do tempo,
causando
diversos
problemas
futuramente,
como
desmoronamentos
e
deslizamentos.
Como possível solução para os problemas apresentados foi empregado o uso da
tela vegetal como forma de contenção das sementes no solo para germinação e
proteção das mudas até as raízes atingirem profundidade adequada, estabelecendose no solo., Esta tela vegetal promove uma cobertura orgânica protetora das
sementes e mantém a umidade
do solo, minimiza a temperatura do solo,
protegendo-o da forte insolação, fortes precipitação e predadores das sementes.
A tela vegetal, além de propiciar a passagem de água evitando deslizamentos de
terra dos taludes ou o carreamentos das sementes e mudas, também propicia a
escoamento livre das surgências, sem que seja necessário canalizá-las ou transpôlas.
43
6.1.2 Clima
6.1.2.1 Regime e Distribuição Pluviométrica
Para caracterizar a chuva na área do empreendimento, apresenta-se, os gráfico
abaixos, a distribuição da precipitação média mensal do ano de 2012 (Gráfico 1) e a
distribuição média de chuva ao longo dos anos de 2001 a 2012 (Gráfico 2).
Gráfico 1 - Pluviometria por meses
Fonte: Mina do Andrade
Gráfico 2 - Pluviometria ao Longo dos Anos
Fonte: Mina do Andrade
44
A partir da análise deste gráfico verifica-se que:

O período chuvoso localiza-se entre os meses de novembro a março, com um
trimestre mais chuvoso, abrangendo os meses de novembro a janeiro;

A estiagem inicia-se em abril e estende-se até outubro, com os meses mais
secos no trimestre junho a agosto.

A média anual pluviométrica nesses anos variou de 878 a 1617mm/ano.
A verificação dos períodos mais e menos chuvosos é essencial à determinação dos
meses de plantio.
6.1.2.2 Temperatura
As informações sobre as temperaturas na região da mina de Andrade foram
caracterizadas através das normais climatológicas da estação de João Monlevade.
O Gráfico 3 e as Tabelas 4 e 5 apresentam as variações das temperaturas médias
das máximas e das mínimas ao longo do ano para o período 1988/2002.
45
Gráfico 3 - Temperaturas ao longo dos meses
Fonte: Estação Climatológica de João Monlevade ALTERAR MARCAÇÃO DE MAXIMAS
Tabela 4 – Temperaturas médias máximas ao longo dos anos
Temperatura Média das Máximas (em °C) em João Monlevade
1988-2002
Ano
Mês
Jan
1988
28,9
1989
29,3
1990
1991
25,9
1992
1993
1994
27,1
1995
31,2
1996
29,4
1997
27,4
1998
28,8
1999
29,9
2000
28,4
2001
28,9
2002
27,9
Média 28,6
Média
Fev
29,0
29,7
27,7
30,5
30,8
28,3
30,6
29,7
28,4
31,5
26,5
29,3
Mar
28,0
30,0
26,8
25,8
28,4
29,5
25,4
29,4
28,4
26,6
29,0
28,4
28,0
Abr
26,7
28,2
25,6
26,8
25,7
26,8
26,9
26,4
28,2
27,1
26,5
28,9
28,1
27,1
Mai
26,9
24,5
24,3
25,5
25,2
24,6
23,6
25,5
25,3
25,7
26,3
25,2
Fonte: Estação Climatológica de João Monlevade
Jun
23,7
22,8
22,9
24,4
24,2
23,9
24,5
25,1
24,7
24,3
24,1
Jul
22,3
23,2
23,1
26,2
24,1
24,1
24,5
24,9
24,1
22,9
24,5
24,0
Ago
24,2
23,1
23,0
24,4
24,8
27,0
23,1
25,7
26,3
24,7
24,0
24,6
Set
27,9
26,3
23,8
24,6
28,1
26,2
26,5
24,8
28,1
27,7
26,7
23,1
25,0
26,1
Out
26,2
24,6
26,1
26,6
27,5
27,9
27,4
27,1
27,6
25,7
25,3
29,6
25,9
26,7
Nov
25,0
25,5
29,6
28,8
26,6
25,7
24,6
29,3
25,5
24,9
25,8
27,0
26,5
Dez
25,2
27,6
27,2
27,8
26,9
28,5
27,2
28,5
26,6
27,3
Anual
25,8
25,8
27,8
25,4
26,2
26,6
26,7
26,3
26,6
27,3
26,5
26,4
26,8
27,7
-
46
Tabela 5 – Temperaturas médias das mínimas dos meses ao longo dos anos
Temperatura Média das Mínimas (em °C) em João Monlevade 1988-2002
Ano
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Média
Jan
19,4
18,7
18,5
19,0
19,9
19,1
19,0
19,5
19,6
19,2
18,9
19,0
19,2
Fev
19,1
19,1
19,1
18,3
19,4
18,9
20,3
19,5
19,0
20,1
19,1
19,3
Mar
18,6
19,4
18,7
18,4
18,8
19,4
18,41
19,7
19,2
18,8
19,0
18,8
18,9
Abr
18,3
17,7
17,0
18,1
17,3
17,7
17,2
16,9
18,6
17,7
17,0
18,1
17,9
17,7
Mai
16,8
14,8
15,3
16,8
16,6
14,4
14,6
15,6
14,1
15,0
15,7
15,4
Mês
Jun Jul
13,7 11,4
13,8 12,3
13,5
13,7 14,7
13,9 13,6 15,0
13,7 13,2
12,9 13,4
13,5
14,3 14,6
13,8 13,1
14,9 14,1
13,8 13,5
Média
Ago
12,9
14,0
13,3
14,4
13,3
15,2
13,6
13,6
15,9
12,8
14,4
13,9
Set
15,7
16,1
14,7
14,5
16,7
14,9
15,8
15,7
17,1
16,5
15,2
14,7
15,8
15,6
Out
17,0
16,3
16,9
16,7
17,1
17,2
17,7
17,6
18,0
17,4
16,1
18,0
16,8
17,1
Nov
16,6
17,9
18,8
18,4
17,8
17,4
17,4
19,4
17,6
16,3
17,6
18,5
17,8
Dez
17,7
18,2
18,7
18,7
18,9
19,4
18,3
18,8
18,5
18,6
Fonte: Estação Climatológica de João Monlevade
Verifica-se a existência de um trimestre mais frio entre junho e agosto, com as
médias entre 12 e 15ºC.
O período mais quente ocorre no primeiro trimestre do ano, quando as temperaturas
médias máximas situam-se em torno de 25 a 31,5ºC.
A temperatura média anual na região é estimada em 20,8ºC, com médias máximas
de 27,5ºC e a média do mês mais frio inferior a 16,7ºC.
6.1.2.3 Umidade Relativa
O Grafico 4 e a Tabela 6 mostram os dados da variabilidade anual da umidade
relativa dentre os anos de 1988 a 2002, fornecidos pela da estação meteorológica
da cidade de João Monlevade; é apontada a variabilidade anual da umidade relativa
dentre os anos de 1988 a 2002, sendo, no gráfico, calculada a média de cada mês.
Anual
15,8
16,4
17,9
16,4
16,3
16,9
16,8
16,6
16,8
17,5
16,5
16,8
17,1
18,7
-
47
Gráfico 4 - Umidade Relativa ao longo dos meses
Fonte: Estação Climatológica de João Monlevade
Tabela 6 - Umidade Relativa ao longo dos anos
Umidade Relativa (em %) em João Monlevade 1988-2002
Ano
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Jan
77
76
84
83
71
74
85
80
76
79
74
82
Fev
77
73
80
67
71
79
77
71
76
65
82
Mar
78
72
81
82
75
75
84
78
78
81
72
75
Abr
83
74
78
77
80
81
74
80
79
76
75
66
74
Mai
08
76
79
81
83
74
81
78
71
72
82
-
Fonte: Estação Climatológica de João Monlevade
Mês
Jun Jul
75
71
80
74
78
78
76
67
76
76
75
71
68
79
72
75
74
70
69
74
72
09
-
Média
Ago
70
75
71
71
69
69
65
73
66
74
63
67
-
Set
71
75
75
75
66
65
66
77
76
68
63
78
68
-
Out
81
82
74
74
66
68
74
74
73
80
70
65
72
-
Nov
83
81
69
77
76
81
75
84
81
82
79
-
Dez
82
78
79
82
81
80
79
79
-
Anual
69
77
78
78
72
75
74
75
78
77
73
75
66
78
48
Do Gráfico 4 e da Tabela 6 verifica-se que:

Os valores extremos médios anuais da umidade relativa oscilam entre
máximos da ordem de 80% e mínimos superiores a 63%;

O período em que ocorrem os valores mínimos situa-se no bimestre agosto setembro, e os máximos nos meses de novembro, dezembro e janeiro;

A umidade relativa média é de 74,5%.
Tais características evidenciam um ambiente úmido, fator responsável pela
sensação térmica de calor aumentada nos meses mais quentes.
6.1.2.4 Influencia do clima no plantio
Segundo INMET (2010) clima refere-se ao conjunto das condições atmosféricas que
caracterizam
uma
região.
Estas
condições,
principalmente
temperatura
e
precipitação, influenciam na germinação de sementes, e por isso é de extrema
importância compreende-los para otimizar o plantio e minimizar gastos.
Considerando a classificação do clima da mina, tropical de altitude, pode-se afirmar
que é necessário que o plantio seja realizado nos meses entre novembro e janeiro,
meses reconhecidos pelo grande volume pluviométrico e temperaturas mais
elevadas, condicionantes elementares para a eclosão e germinação das sementes.
Segundo NASSIF et al. (1998) para maioria das espécies tropicais a temperatura
ótima de germinação encontra-se entre 15 e 30ºC. Sendo que as temperaturas
abaixo da ótima reduzem a velocidade de germinação e acima aumentam a
velocidade de germinação, entretanto apenas sementes mais vigorosas germinam.
A disponibilidade hídrica e o movimento de água para as sementes são de extrema
importância para a ocorrência da germinação, crescimento inicial do sistema
radicular e emergência das plântulas (DASBER & MENDEL, 1971). A absorção da
água, por embebição, reidrata os tecidos e intensifica a respiração e todas as outras
atividades metabólicas, que resultam com o fornecimento de energia e nutrientes
necessários para a retomada de crescimento por parte do eixo embrionário.
49
No caso do plantio realizado pela prestadora de serviços da ArcelorMittal Mina do
Andrade, foi atendido o período correto de plantio, no entanto, a característica
pluviométrica local não foi levada em consideração.
Os altos índices pluviométricos entre novembro e março, meses considerados ideais
para o plantio, interferem diretamente na falha ocorrida em questão. É comum
durante essa época que as sementes sejam carreadas pela força das chuvas,
estabelecendo fixação e germinação nas partes mais baixas das encostas e
caneletas ou outro tipo de caminho do escoamento da água pluvial. Essa ação, além
de causar as falhas ou ‘buracos’ na vegetação dos taludes, também propicia a
erosão como mostra a Figura 22.
Figura 22 - Exemplo de erosão causada pela ação das chuvas.
Fonte: Arquivo Pessoal
Junto à hipótese de esse ser mais um motivo da não vegetação dos taludes, optouse pelo emprego da biomanta, mecanismo de proteção às sementes e ao trato do
solo aos fatores externos.
Destaca-se que além do uso para contenção, a biomanta também auxilia no
processo de quebra de dormência, germinação das sementes e emissão de brotos,
bem como proteger as sementes e os brotos do carreamento pela ação da água.
50
6.2 Topografia
A análise topográfica do terreno é indispensável na investigação da probabilidade de
movimentos de massa, principalmente em áreas acidentadas e mais propícias ao
escorregamento de terra, como no caso em questão.
Além da tendência aos deslizamentos próprios da geologia local, deve-se avaliar a
inclinação dos taludes, que, em determinadas áreas, possui ângulos que
ultrapassam 30°, ou seja, que são mais susceptíveis ao escorregamento.
As declividades acima de 30º apresentam risco de deslizamentos mais frequente.
Acima de 60º o regolito é menos espesso e, teoricamente, diminuiria o risco de
escorregamentos, mas fenômenos desse tipo já foram verificados em áreas cujo
manto de regolito era pouco espesso (SMA, 1990).
A Tabela 7 apresenta o ângulo de repouso, ângulo mais inclinado de um relevo de
qual o material permanece sem deslizar.
Tabela 7 - Taludes e Ângulos de repouso de vários materiais
Natureza do material
Argila úmida plástica
Areia limpa
Areia e argila
Argila seca
Pedregulho limpo
Pedregulho e argila
Pedregulho, areia e argila
Terra
Rocha branda decomposta
Rocha dura decomposta
Cinzas betuminosas
Cinzas de antracita
Talude de repouso
2:1
1,5: 1
1,33: 1
1,33: 1
1,33: 1
1,33: 1
1,33: 1
1,33: 1
1,33: 1
1: 1
1: 1
1: 1
Ângulo de repouso
26° 36’
33° 41’
36° 53’
36° 53’
36° 53’
36° 53’
36° 53’
36° 53’
36° 53’
45° 00’
45° 00’
45° 00’
Fonte: Arquitetando (2012)
De acordo com o resultado da análise física do solo do talude, que será discutida
posteriormente, o mesmo é caracterizado como arenoso. Assim a inclinação máxima
para o talude seria de 36°, entretanto a maioria dos taludes da Mina do Andrade
apresentam inclinação superior. Esse fato evidencia a necessidade do uso de
51
alternativas que protejam o talude até o crescimento da vegetação. Destaca-se que
na hidrossemeadura não houve essa proteção do talude sendo esta mais uma causa
para o insucesso da revegetação.
6.3 Interpretação das análises do solo
A interpretação dos resultados da análise de solo (Anexo 2) foi feita com base nas
classes de interpretação de fertilidade do solo para a matéria orgânica e para o
complexo de troca catiônica, de RIBEIRO et al. (1999).
A Tabela 8 apresenta os dados obtidos a partir da interpretação.
Tabela 8 - A interpretação dos resultados da análise de solo
Variáveis
pH
Matéria Orgânica (MO)
Cálcio trocável (Ca2+)
Magnésio trocável (Mg2+)
Acidez trocável (Al³)
Soma de Bases (SB)
Acidez potencial (H + Al)
CTC efetiva
CTC pH 7
Saturação por Al3(m)
Saturação por bases (V)
Fósforo disponível (P)
Potássio disponível (K)
Resultados analíticos
6,9
1,1 dag/kg
2,4 cmolc/dm3
0,2 cmolc/dm3
0,0 cmolc/dm3
2,75 cmolc/dm3
0,00 cmolc/dm3
2,75 cmolc/dm3
2,75 cmolc/dm3
O%
100%
6,7 mg/dm3
43 mg/dm3
Classificação
Acidez fraca
Baixo
Médio
Baixo
Muito baixo
Médio
Muito baixo
Médio
Baixo
Muito baixo
Muito bom
Muito baixo
Médio
Fonte: Adaptado de RIBEIRO et. al. (1999)
Na avaliação da acidez do solo, deve-se levar em consideração as características
acidez ativa13 (pH ) e a trocável14, a saturação por alumínio e por bases, a acidez
potencial e o teor de matéria orgânica, que estão relacionadas entre si. Relacionada
também com a acidez do solo está a disponibilidade dos nutrientes cálcio e
magnésio e de micronutrientes.
13
+
A acidez ativa é resultado do hidrogênio dissociado, ou seja, na solução do solo, na forma de H , e
+
é expressa em valores de pH (H da solução do solo).
14
Acidez trocável refere-se ao alumínio e hidrogênio trocáveis e adsorvidos nas superfícies dos
colóides minerais ou orgânicos, por forças eletrostáticas.
52
Os resultados obtidos pela análise do solo demonstram que não há necessidade de
correção da acidez do solo.
O valor do pH do solo mesmo apresentando valor acima de 6,5 (valor ideal ao
crescimento das plantas) praticamente não interfere no desenvolvimento da
vegetação. O pH influencia direta e indiretamente na capacidade da planta absorver
nutrientes do solo. A maior parte dos nutrientes (K, Ca, Mg, N, S e P) estão mais
disponíveis em valores maiores de pH e alguns, como Fe, Cu, Mn e Zn mostram
comportamento inverso. Destaca-se que o valor ideal do pH é o ponto de equilíbrio
no qual a maioria dos nutrientes permanecem disponíveis às raízes.
Segundo LOPES (1989) quando saturado com H, um solo comporta-se como um
ácido fraco. Quanto mais H+ for retido no complexo de troca, maior será a acidez do
solo. Sendo que o alumínio também age como um elemento acidificante e ativa o H+.
RAIJ (1991) afirma que o alumínio é um dos responsáveis pelos efeitos
desfavoráveis da acidez sobre os vegetais, por ser um elemento fitotóxico.
De acordo com a classificação realizada pode-se afirmar que o muito baixo teor de
alumínio trocável, médio teor de bases, média soma de bases e muito baixo
percentagem de saturação de alumínio apontam que, neste caso, não haverá
prejuízos significativos às plantas.
A rodapé CTC efetiva15 considerada como média reflete que este solo, sob
condições naturais de acidez fraca, apresenta média capacidade de reter cátions.
Entretanto, a maior parte da CTC do solo está ocupada por cátions essenciais (Ca 2+,
Mg2+ e K+) e assim pode-se dizer que esse é um solo bom para a nutrição das
plantas.
Apesar da sua pequena proporção em relação à massa total do solo, a matéria
orgânica desempenha grande influência sobre as propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo e, além disso, possui ação tamponante. Em meio ácido, promove
a liberação de cátions e a mineralização de formas orgânicas de nitrogênio; e, em
meio básico, libera ácidos carbônicos, procurando manter o meio equilibrado para o
bom desenvolvimento das espécies vegetais. Essas características não só
15
CTC efetiva é capacidade de troca catiônica do solo considerando o pH no momento.
53
proporcionam ao solo os nutrientes necessários para o desenvolvimento de plantas,
mas também de forma disponível na solução do solo para serem absorvidos pelas
mesmas.
A deficiência de fósforo (P) exige a adubação, uma vez que esse nutriente é
indispensável
para
o
crescimento
e
produção
de
grãos
e
frutos.
As plantas jovens absorvem o fósforo mais rapidamente o que permite um
crescimento rápido e intenso das raízes em ambientes com níveis adequados do
nutriente. Isto explica porque deve haver um suprimento adequado de fósforo no
momento que as plantas começam a germinar, particularmente em plantas de ciclo
curto.
O resultado da análise granulométrica identificou que o solo amostrado apresenta
3% de argila, 15% de silte e 82% de areia, sendo sua classificação textural como
areia franca e tipo de solo, conforme capacidade de retenção de água, como
arenoso.
De acordo com a Embrapa os solos arenosos caracterizam-se por serem
permeáveis, leves, de baixa capacidade de retenção de água e de baixo teor de
matéria orgânica. Altamente susceptíveis à erosão, necessitando de cuidados
especiais na reposição de matéria orgânica, no preparo do solo e nas práticas
conservacionistas. São limitantes ao método de irrigação por sulcos, devido à baixa
capacidade de retenção de água o que ocasiona uma alta taxa de infiltração de água
no solo e consequentemente elevadas perdas por percolação.
Por se tratar de uma junção de vários tipos de solo compondo um único talude, viuse mais viável a escolha de espécies de vegetação e técnicas de plantio que
atendessem às características obtidas nas análises, ao tratamento individual de
cada porção de terra.
6.4Adubação
Apesar da busca de sementes que se adaptassem ao tipo de solo do plantio, optouse pelo emprego da adubação orgânica a partir de esterco bovino e adubação
54
química com NPK 10:20:10 e superfosfato simples, a fim de aumentar a aderência e
proteção das sementes ao solo e sua melhor nutrição.
A aplicação adequada de esterco de boa qualidade pode suprir as necessidades das
plantas em macronutrientes, devido a elevação nos teores de N, P e K disponível
(MACHADO et al., 1983), além de elevar o conteúdo de carbono orgânico no solo.
Uma das grandes vantagens da utilização de estercos e outros compostos
orgânicos, comparados aos adubos químicos, é que, ao ser aplicado ao solo, parte
desses tem efeito imediato e a maior parte efeito residual, ocorrendo um processo
mais lento de decomposição (RODRIGUES, 1990). Dessa forma, eles permitem a
liberação dos nutrientes à planta por mais tempo e, com isto, atende a sua exigência
durante o ciclo da cultura (KIEHL, 1985), reduzindo as perdas por lixiviação,
proporcionando economia no consumo de fertilizantes minerais (MELO et al., 2000)
e diminuindo as quantidades de fertilizantes químicos a serem aplicados (ALMEIDA
et al., 1982).
O esterco não é um bom fornecedor de nutrientes às plantas em curto prazo, pois
contem esses nutrientes em baixas concentrações. No entanto, a sua aplicação
contínua por vários anos, contribui para a melhoria das características químicas e
físicas do solo e aumento da produtividade das culturas (TRANI et. AL; 2008).
Assim,
a
utilização
do
superfosfato
se
fez
imprescindível
para
o
bom
desenvolvimento e germinação das sementes em um curto espaço de tempo.
6.5 Sementes selecionadas
Para a seleção das sementes utilizadas na revegetação do talude-experimento, além
do enfoque em sementes de procedência, foi realizado o estudo detalhado das
espécies que mais se identificavam com as características físicas e químicas do solo
local e fatores climáticos, com base nas informações descritas por por PEREIRA
(2002), mostradas na Tabela 9.
Deu-se preferência às espécies que possuíam características compatíveis a
precipitações entre 878 e 1294 mm/ano, temperaturas entre 12 e 31,5°C, como
55
características da região, solo de baixa fertilidade, tolerância às secas, e propagação
por meio de sementes.
Tabela 9 - Especificidade de espécies
Fonte: PEREIRA, 2002.
56
Considerando as condições impostas para a seleção das sementes e a necessidade
da composição formada a partir de um mix de, preferencialmente, gramíneas e
leguminosas, escolheu-se as seguintes espécies para serem trabalhadas –
juntamente às suas especificações:

Feijão de Porco (Canavalia ensiformi) – leguminosa (Figura 23)
Figura 23 - Especificações: Feijão de Porco
Fonte: PEREIRA (2002)

Calopogônio (Calopogonium mucunoides) – leguminosa (Figura 24)
Figura 24 - Especificações: Calopogônio
Fonte: PEREIRA (2002)
57

Crotalária (Crotalaria juncea) – leguminosa (Figura 25)
Figura 25 - Especificações: Crotalária
Fonte: PEREIRA (2002)

Nabo Forrageiro (Raphunus sativus) – leguminosa (Figura 26)
Figura 26 - Especificações: Nabo Forrageiro
Fonte: PEREIRA (2002)
58

Aveia Preta (Avena strigosa) – gramínea (Figura 27)
Figura 27 - Especificações: Aveia Preta
Fonte: PEREIRA (2002)

Azévem (Lolium multiflorum) – gramínea (Figura 28)
Figura 28 - Especificações: Azevém
Fonte: PEREIRA (2002)
59

Brachiarão (Brachiaria brizantha) – gramínea (Figura 29)
Figura 29 - Especificações: Brachiarão
Fonte: PEREIRA (2002)

Capim Gordura (Melinis multiflora) – gramínea (Figura 30)
Figura 30 - Especificações: Capim Gordura
Fonte: PEREIRA (2002)
60
Para a especificação da quantidade de sementes/ha a serem utilizadas, levou-se em
consideração a taxa de semeadura, calculada a partir dos dados de pureza (SPV) e
valor cultural (VC) fornecidos pelo representante das espécies adquiridas.
Tabela 10 - Dados utilizados para cálculo de SPV
Fonte: PEREIRA, 2002.
61
6.6 Germinação e brotamento das sementes
O semeio do “talude-experimento” foi realizado no dia 31 de outubro de 2012,
levando-se em consideração todas as características e estudos abordados. No dia
06 de novembro, seis dias após a semeadura, já era possível observar o início da
emergência das plântulas, como mostra a Figura 31.
Figura 31 – Primeiros brotos após 6 dias do plantio - comparação do tamanho a uma semente de
girassol.
Após 12 dias do plantio, dia 12 de novembro de 2012, grande parte das leguminosas
já alcançavam alturas de, aproximadamente, 5,0cm (Figura 32). As espécies
gramíneas, que possuem tempo de crescimento menos acelerado, já alcançavam
alturas de, aproximadamente 2,0 a 3,0cm.
A Figura 33 apresenta o close da vegetação.
62
Figura 32 - Vegetação após 12 dias do plantio.
Figura 33 – Close - Vegetação após 12 dias do plantio.
Em 25 de janeiro de 2013, 86 dias após a semeadura, a vegetação já encontrava-se
totalmente estabilizada, comprovando o sucesso do experimento. As Figuras 34 e 35
mostram o sucesso do experimento.
63
Figura 34 - Estabilidade da vegetação.
Figura 35 - Vegetação em menos de três meses do plantio.
64
6.7 Viabilidade e sucesso do emprego da biomanta
De acordo com o experimento realizado na Mina do Andrade, o emprego da tela
vegetal mostrou-se essencial para a estabilidade, proteção e representação de boas
condições para a germinação das sementes e estabelecimento das plantas
mantendo o calor e umidade necessários. A Figura 36 mostra a eficiência da técnica
utilizada.
Figura 36 - Antes e depois do experimento.
Destaca-se que mesmo apresentando maior valor de implantação, o uso da tela
vegetal demonstrou melhor custo-benefício, devido ao excelente resultado em curto
prazo.
Mediante sucesso da investigação e técnica empregada para resolução das falhas
iniciais, foi aderida pela empresa a proposta do trabalho e desenvolvida,
65
consequentemente, nova revegetação nos taludes com germinação falha, como
mostra a Figura 37.
Figura 37 - Revegetação de toda a extensão do talude-experimento.
66
67
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na maioria dos casos, as falhas de germinação nos plantios se devem a problemas
adquiridos nas sementes, como dormência ou morte por exposição direta a fatores
climáticos específicos (sombras, incidência direta de sol, elevada umidade e
temperatura), ou ataque de predadores, como pássaros e insetos que se alimentam
das sementes. No entanto, qualquer falha de plantio deve ser investigada a fim de
que sejam tomadas as devidas e corretas providencias em curto prazo, eliminando o
gasto desnecessário com técnicas e métodos ineficientes.
Considerando-se os resultados obtidos, a partir da investigação das causas do
insucesso na revegetação dos taludes da Mina do Andrade, juntamente ao
experimento realizado, pode-se afirmar que antes de se realizar o plantio é
imprescindível a análise prévia das características edafoclimáticas locais para a
adequada seleção da técnica de plantio, espécies vegetais, correção do solo e
adubação. Assim será possível garantir o sucesso do trabalho, sem perda de
material e, consequentemente, custos desnecessários.
O emprego da tela vegetal mostrou-se importante para a estabilidade e proteção dos
solos e das sementes, pois reduzem a fluidez do escoamento superficial e os efeitos
climáticos na superfície. Essa também forneceu boas condições para a germinação
das sementes e fixação das plantas, pois facilita a manutenção de nutrientes do solo
e permite fixar melhor as sementes e fertilizantes utilizadas no processo de plantio.
Como mostrado, a técnica de hidrossemeadura não é eficiente para todos os casos
de revegetação, porque não apresenta resultados satisfatórios em locais com alta
inclinação e elevada pluviometria, além de não oferecer proteção às sementes.
69
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73
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jan. 2013.
74
ANEXO 1
Composição
da
Tela Aplicações
Vegetal
Projetos
de
Bioengenharia,
áreas
degradadas,
polidutos, aeroportos, rodovias, ferrovias, projetos
Biomanta Antierosiva de residenciais e industriais, minerações, cursos d'água,
Palha
canais de baixa vazão, brejos, campos, gramados,
taludes de corte e aterro de média inclinação, solos de
natureza
siltosa
ou
arenosa
e
com
média
suscetibilidade à erosão.
Projetos
de
Bioengenharia,
áreas
degradadas,
polidutos, aeroportos, rodovias, ferrovias, projetos
Biomanta Antierosiva de residenciais e industriais, minerações, projetos com
Fibra de Côco
grande
efeito paisagístico,
taludes de
qualquer
inclinação, canais de vazão média a alta, margens de
cursos d’água e áreas muito suscetíveis à erosão.
75
Projetos
Biomanta
Antierosiva
Mista de Palha e Fibra de
Côco
de
Bioengenharia,
áreas
degradadas,
polidutos, aeroportos, rodovias, ferrovias, projetos
residenciais e industriais, minerações, cursos d'água,
canais de vazão média, taludes de grande inclinação,
campos e gramados, solos com média a alta
suscetibilidade à erosão.
76
77
ANEXO 2
78
Conheça as autoras do projeto
Kellen Medeiros - Engenheira ambiental graduada pela
Universidade do Estado de Minas Gerais, em João Monlevade. Estagiou
por um ano na ArcelorMittal, onde hoje faz parte do quadro efetivo da
empresa junto ao setor de meio ambiente.
Tássia Bicalho - Engenheira ambiental pela Universidade do Estado
de Minas Gerais, em João Monlevade. Estagiou na ArcelorMittal. É
membro fundadora da Sênior Consultoria Ambiental, empresa Júnior de
Engenharia Ambiental, onde foi diretora Presidente por duas gestões.