MINISTRO E DESPENSEIRO DOS MISTÉRIOS DE DEUS
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MINISTRO E DESPENSEIRO DOS MISTÉRIOS DE DEUS
ESTUDO 35 MINISTRO E DESPENSEIRO DOS MISTÉRIOS DE DEUS 1 Coríntios 4.1-4 INTRODUÇÃO Considerando que Jesus, ao comissionar seus discípulos, lhes recomendou que fizessem discípulos e lhes ensinassem todas as coisas que ele tinha ensinado (Mt 28.19), reflitamos sobre o desejo de Paulo, expresso em 1 Co 4.1-2, onde lemos: “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus”. Aplicação a sua vida: O que é um “ministro de Cristo” e o que significa ser despenseiro desses “mistérios divinos”? DISCÍPULO E MINISTRO DE CRISTO (1 Co 4.1-2) A palavra “ministro”, no grego υπερετης (huperetes), significa “aquele que serve, ajudante”. Ela substitui a palavra δουλος (doulos), que significa “servo”.6 Todo cristão deve ter a CONS- Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Leituras Diárias 1Co 4.1-2 2Rs 4.8-9 Hb 2.17-18 Gl 5.19-21 2Co 11.28-29 2Tm 4.7-8 1Co 4.9 CIÊNCIA, isto é, “estar com a ciência” de que é preciso servir ao “corpo de Cristo”, a Igreja. Deste modo, vemos de imediato que, na condição de ministro de Cristo, cada discípulo tem funções básicas, a fim de que desempenhe bem o seu ministério. Aurélio7 define “ministro” como “título genérico para qualquer empregado ou funcionário público de nível mais elevado: secretário de Estado; membro de Tribunal. Aquele que executa os desígnios de outrem: medianeiro, intermediário, executor, auxiliar; do evangelho (...) Membro de um ministério; (...) Categoria diplomática abaixo da de embaixador. Aquele que, em nome da Igreja, exerce certas funções sagradas, como pregar, administrar os sacramentos. Pastor protestante. Designação comum aos juízes do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal de Contas da União, do Tribunal Federal de Recursos, do Tribunal Superior do Trabalho e dos tribunais eleitorais”. RE FLE FLE XÕE XÕE SS BB ÍB ÍB LIC LIC AS AS II II RE 121 || 121 | MINISTRO E DESPENSEIRO DOS MISTÉRIOS DE DEUS O apóstolo Paulo espera que os homens nos considerem como “ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus”. A função do ministro é servir. O discípulo está a serviço de Cristo entre os homens, e é necessário que seja reconhecido por eles. Isso nos faz lembrar de Eliseu, que foi reconhecido como um santo homem de Deus (2 Rs 4.8-9). Lembremo-nos ainda que, em Antioquia, os discípulos foram chamados, pela primeira vez, de “cristãos” (At 11.26). Observe que eles não se denominaram cristãos, mas foram reconhecidos como tais em virtude de suas vidas refletirem o exemplo de Cristo. O que diferencia um discípulo de Cristo dos demais homens precisa ser o mesmo sentimento que houve em Cristo (Fp 2.58). Observe de que modo Jesus nos serve de exemplo: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”. a) “Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus”. Jesus era Deus, mas não reivindicou “seus direitos divinos”. Sendo rico, se fez pobre, a fim de nos enriquecer (2 Co 8.9). O discípulo de Cristo não busca o seu interesse pessoal; seu objetivo é o bem do próximo (1 Co 10.24). b) “Esvaziou-se a si mesmo”. O discípulo de Cristo não se ufana de nada. Ele se esvazia de si mesmo, e só deve gloriar-se na cruz de Cristo (Gl 6.14). c) “Tomou a forma de servo”. Jesus disse que basta ao discípulo ser igual ao seu Mestre (Lc 6.40). O discípulo é chamado para servir aos homens e a Deus (Cl 3.23). d) “Fez-se semelhante aos homens”. O discípulo somente entende o próximo quando procura se colocar “no seu lugar”. Jesus veio viver como homem, sentir como homem, ser tentado e morrer como homem. O escritor da Carta 122 | R EF L EXÕ E S B Í B L I C A S II aos Hebreus diz que, por assim viver, Ele pode nos compreender e nos ajudar (Hb 2.17-18; 4.15-16). Ponha-se no lugar do próximo e você se assemelhará ao mesmo que Jesus fez. Jesus tomou a iniciativa de humilhar-se a si mesmo. Ele não esperou ser humilhado. Aliás, Ele assegurou que, somente quem se humilhar, será exaltado (Mt 23.12). A Bíblia diz que Jesus “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.6-8). E porque Ele se humilhou, Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome” (Fp 2.9). Se você se humilhar, Deus o exaltará e honrará o seu nome. e) “Foi obediente até à morte”. A questão aqui não é ser obediente até quando morrer, mas até a ponto de morrer. Este também é o significado de Ap 2.10: “(...) Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida”. O discípulo, mesmo ante a ameaça e concretização da morte, permanece fiel. f ) “Teve morte de cruz”. Jesus nos chamou para, a cada dia, tomarmos a nossa cruz (Lc 9.23). Paulo disse que estava crucificado com Cristo (Gl 2.20). O verdadeiro discípulo de Cristo está crucificado com Ele, e é desta forma que serve o próximo e glorifica a Deus. Vida sem crucificação da carne e dos prazeres mundanos não é vida cristã. Em Gl 5.1921, Paulo lista quais são esses prazeres ou paixões da carne: “Adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas”. MINISTRO E DESPENSEIRO DOS MISTÉRIOS DE DEUS | g) “Veio para servir” (Mt 20.28). Quando o mundo enxergar essa predisposição em cada um de nós, teremos dado o primeiro passo de um despenseiro dos mistérios de Deus. Somos administradores da despensa divina aos homens, e eles mesmos é que devem nos considerar como discípulos e ministros, isto é, a serviço de Cristo neste mundo. Aplicação a sua vida: Ter o mesmo sentimento de Cristo é o que diferencia um discípulo de Cristo dos demais homens. Assim, as qualidades apresentadas no caráter de Cristo devem ser evidenciadas em nós. Identifique em seu viver diário quando você apresenta essas qualidades. DISCÍPULO E DESPENSEIRO DOS MISTÉRIOS DE DEUS Os “mistérios de Deus” não se referem a coisas “misteriosas”, mas tem a ver com o suprimento espiritual que Deus nos confia, como o discernimento e a pregação da Palavra, bem como a intercessão, o ensino, o cuidado recíproco, o amor não fingido e o ensino a respeito da própria pessoa de Jesus. Quando explicou o significado da “Parábola do Semeador”, Jesus disse que aquele era um mistério do Reino de Deus revelado aos discípulos (Mt 13.11). Paulo disse que a salvação estendida aos gentios era um mistério que foi revelado (Cl 1.27). É desta forma que o discípulo de Cristo é um despenseiro dos mistérios de Deus. Isto é, tem a incumbência de ministrar as verdades da Palavra a todas as pessoas. O que é um despenseiro? É o encarregado da despensa; ecônomo. “É a tradução do vocábulo grego οικονομος; oikonomos – que significa distribuir, determinar, dirigir”. O despenseiro “indica alguém que tinha por função contro- lar uma casa, determinando a cada um quais os seus deveres específicos (...). Essa palavra indicava também aquele que geria os negócios externos de uma casa”.8 O discípulo despenseiro é aquele que administra a despensa divina em benefício não somente à Igreja, como corpo de Cristo, mas também a todas as demais pessoas do mundo. Paulo, em 2 Co 11.28-29, diz: “Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas. Quem enfraquece, que também eu não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não me inflame?”. Na condição de despenseiros desses mistérios de Deus, o discípulo de Cristo é desafiado, diariamente, a exercer essa função. Desse modo, o discípulo está consciente de que cuida da despensa de Deus a favor dos homens. Exemplo: Daniel e o despenseiro de Babilônia (Dn 1.11): “Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias (...)”. Assim como o homem que cuidava dos amigos de Daniel tinha a responsabilidade de mantê-los bem alimentados e saudáveis, da mesma forma somos responsáveis pela alimentação e saúde espiritual daqueles que Deus nos tem confiado. a) O discípulo de Cristo é um despenseiro da Casa de Deus (Tito 1.7): “Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância. ” b) O discípulo de Cristo é um despenseiro dos mistérios de Deus. Aqui cabe uma pergunta: como ter acesso a esses mistérios? É através da Palavra de Deus, a chave da despensa divina (Sl 119.105; Jo 5.39; 2Tm 3.16-17). c) O discípulo de Cristo é um despenseiro da graça de Deus a corações feridos, RE FLE XÕE S B ÍB LIC AS II | 123 | MINISTRO E DESPENSEIRO DOS MISTÉRIOS DE DEUS vidas arruinadas e aprisionadas pelo inimigo (1 Pe 4.10): “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”. d) Quanto ao tema “mistérios de Deus”, não nos deteremos nele, mas lembremos que Paulo mesmo nos informa que esse “mistério” é o próprio Cristo em nós (Ef 3.9; 1Co 2.7; 1 Tm 3.16; Cl 4.3, 2.2, 1.29). Aplicação a sua vida: O despenseiro de Cristo é aquele que guarda a Palavra e a distribui ordenadamente àqueles que necessitam de alimento. Você tem sido fiel a essa verdade? FIDELIDADE DO DISPENSEIRO: DISCÍPULO E DESPENSEIRO FIEL (1 Co 4.2) Na condição de ministro e despenseiro dos mistérios de Cristo, o discípulo deve “ser achado fiel”. Todos havemos de “dar conta” da administração (mordomia), do que tivermos feito com o “estoque” da despensa divina (Lc 16.2; Mt 25.19). A despensa não é do discípulo, é de Deus. Ele deve administrá-la com fidelidade e segundo a expectativa divina (Mt 25.27). Todos vamos comparecer ante o tribunal divino para julgamento de nossas ações (2 Co 5.10). Nossa fidelidade será não apenas reconhecida pelos homens, mas 124 | R EF L EXÕ E S B Í B L I C A S II principalmente pelo Senhor (Mt 25.21 e 23). O discípulo fiel receberá a coroa da justiça, a coroa da vida (2 Tm 4.7-8; Ap 2.10). A questão de nossa fidelidade é tão significativa que Paulo diz que “somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens” (1 Co 4.9). A aprovação de nossa fidelidade é o maior diploma de um discípulo e despenseiro de Cristo. Aplicação a sua vida: como tem sido seu comportamento de um discípulo despenseiro? Quanto da Bíblia (versículos) você tem guardado em sua memória? CONCLUSÃO: O discípulo e despenseiro fiel precisa estar ciente de que não vive para si, e que deve olhar para Cristo, seu maior exemplo. Tudo o que fizer deverá ser na condição de servo, e para a glória de Deus. Tem que ser por amor a Jesus, sabendo que, tudo o que fizer a um dos seus pequeninos, é ao Senhor que está fazendo (Mt 25.40). ________________ 7 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Novo Aurélio o dicionário da língua portuguesa – Século XXI – Dicionário eletrônico. 8 CHAMPLIN, - Russell Norman - O novo testamento interpretado versículo por versículo. Vol. IV. Milênium. SP. Pag. 57.
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