Alcachofra (Cynara scolymus L.)

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Alcachofra (Cynara scolymus L.)
Alcachofra (Cynara scolymus L.) –
Importantes parâmetros de controle de qualidade
na escolha do extrato de Alcachofra
A Alcachofra
A Cynara scolymus L. têm sido citada desde o século 4 a.C. como
alimento e medicamento. Foi apreciada pelos antigos romanos
como um vegetal suculento com efeitos benéficos para a digestão.
Conhecida popularmente pelo nome de alcachofra é uma Asteraceae, trazida para o Brasil pelos imigrantes europeus. Possui um
importante papel da dieta mediterrânea, sendo utilizada na forma alimentar, medicinal e na indústria de bebidas (COSTA 2009;
NOLDIN 2003; SCHULTZ 2004).
Relata-se que a cinarina (ácido 1,3 dicafeoilquínico) é a principal
responsável pelas atividades colagoga e colerética da droga
(TESKE 2001, NEWAL, 1996, Blumenthal, 2000; ESCOP 2009),
entretanto, estudos também demonstraram a importância dos
flavonóides, não só na inibição da biossíntese e aumento da
excreção do colesterol hepático (Gebhardt, 1998) como também
na atividade anti-trombótica e anti-arterosclerótica da planta
(Li, 2004).
A parte da planta em que se têm interesse medicinal é a folha e
seus principais componentes químicos presentes são os derivados fenólicos incluindo os ácidos cafeoilquínicos (ácido clorogênico, ácido 1,5 dicafeoilquínico e cinarina), flavonóides (escolimosídeo e cinarosídeo), sesquiterpenos (Cynaroprikrin) em
menor quantidade e vários ácidos alifáticos especialmente os
hidroxiácidos (ác. láctico, glicólico, málico e hidroximetilacrílico)
(ESCOP, 2009; COSTA, 2009).
A literatura não apresenta toxicidade aguda, subaguda ou crônica para o extrato de alcachofra (ESCOP 2009). Pesquisas com o
extrato não mostraram efeitos teratogênicos, carcinogênicos ou
tóxicos para seres humanos, além de não mostrarem reações
dermatológicas ou oftálmicas na administração do extrato em
animais (HEIL 1995; WHO 2009).
As atividades farmacológicas da alcachofra são conhecidas desde
a antiguidade e foram testadas por uma infinidade de estudos
clínicos. O extrato de alcachofra é utilizado para tratar problemas
de dispepsia (gastrite, meteorismo e flatulência, gastropatia
nervosa, cólon irritável, doença do trato biliar funcional), especialmente aquelas causadas por problemas funcionais relacionados com o sistema biliar descendente. Suas folhas possuem
propriedades colerética, diurética, hipocolesterolêmica bem como
hepatoestimulante e hepatoregeneradora (ERNST 1995; LIETTI
1977; FINTELMANN, 1996; ADZET 1987).
No Brasil os medicamentos à base de alcachofra são enquadrados
na Instrução Normativa nº 5, de 11 de dezembro de 2008/“LISTA
DE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS DE REGISTRO SIMPLIFICADO“.
Destaca-se o marcador e a dose diária recomendada: 7,5 a 12,5
mg de derivados do ácido cafeoilquínico expressos em ácido
clorogênico (BRASIL 2008).
Importância do cuidado na escolha do extrato ideal
A Alcachofra (Cynara scolymus L.) é nativa do Mediterrâneo, norte
da África, sul da Europa e Ilhas Canárias. Embora seja originária
de regiões subtropicais, seu cultivo se dá mundialmente, já que
é utilizada para fins medicinais e alimentícios (WHO, 2009; BLUMENTHAL, 2000; COSTA 2009; NOLDIN 2003).
Apesar de ser encontrada globalmente, um estudo nacional
demonstrou que, embora a cinarina seja um dos principais constituintes citados na literatura como promotora da atividade farmacológica, a substância encontra-se em pouquíssima quantidade
na alcachofra cultivada no Brasil (NOLDIN 2003; COSTA 2009).
Ademais, a elevada instabilidade da cinarina (COSTA 2009) dificulta sua análise no produto final.
Esta informação juntamente com a dificuldade de obtenção da
folha de alcachofra em grande volume no Brasil é preocupante
pois abre precedente para falsificações do extrato com ácidos
cafeoilquínicos isolados de outras origens, como por exemplo a
partir do café (NOGUEIRA 2003).
A análise dos extratos da alcachofra é baseada na identificação
dos ácidos cafeoilquínicos e flavonóides por Cromatografia em
Camada Delgada (CCD) seguida de aplicação de luz UV 365nm e
na quantificação dos ácidos cafeoilquínicos por Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência (EP 2008).
Observamos na figura 1 e na tabela 1 que é necessária a presença
de ácidos cafeoilquínicos (demonstrados pela florescência azul)
e de flavonóides (de fluorescência amarela) em uma proporção e
intensidade semelhante à solução padrão. Além disso a análise
quantitativa por CLAE não deve conter níveis muito altos com
relação ao padrão analisado. Discrepâncias neste equilíbrio,
devem ser vistas com desconfiança pois não faz parte da natureza
da planta possuir altos níveis de ácidos cafeoilquínicos e baixos
níveis de flavonóides ou vice-versa.
Fig. 1: Resultado de teste de identificação por Cromatografia em Camada Delgada
de extrato de folhas de alcachofra (Cynara scolymus L.) observadas sob luz UV
365nm (Fonte: Finzelberg).
1. Folha de alcachofra
2. Extrato seco de alcachofra
3. Ref. 1: Substâncias de referência: ác. caféico, hiperosídeo, ác. clorogênico e rutina
Topo da placa
Solução referência
Solução Teste
Zona de luz fluorescente azul
Luteolina-7-glucosideo:
zona de fluorescência de cor laranja
Luteolina-7-glucosideo:
zona de fluorescência de cor laranja
Ácido clorogênico:
zona de luz fluorescente azul clara
Ácido clorogênico:
zona de luz fluorescente azul clara
Tab. 1: Demonstração da sequencia das zonas fluorescentes presentes nos cromatogramas da solução referência e da solução teste da análise de identificação por
Cromatografia em Camada Delgada de extrato de folhas de alcachofra (Cynara
scolymus L.) observadas sob luz UV 365nm segundo metodologia da Farmacopéia
Européia (Fonte: Farmacopéia Européia 2008).
Amostras de medicamentos à base de alcachofra comercializadas
em farmácias foram testadas e os resultados demonstrados na
figura 2 e na tabela 2.
Amostra 1: Esta amostra não possui fluorescência para flavonóides e também possui um teor altíssimo de ácidos cafeoilquinicos
totais. Esta é provavelmente uma amostra adulterada pois além
da ausência de flavonóides ser duvidosa, como indicamos anteriormente, o teor de ácido cafeoilquinico em abundância no extrato
indica adulteração já que naturalmente a planta não produz um
teor tão elevado deste composto.
Amostra 2: Perfil cromatográfico de CCD muito fraco, apresenta
apenas leves manchas dos respectivos marcadores. O CLAE apresentou teor de Ácido clorogênico e Ácido cafeoilquinico totais
muito baixo. Podemos concluir que para esta amostra o extrato
utilizado tem o teor de componentes da alcachofra abaixo do
normal e para atingir dose mínima preconizada pela ANVISA
(Brasil 2008) o paciente teria de administrar no mínimo 8 cápsulas-comprimidos/dia*.
Amostra 3: Amostra em concordância com o especificado em
literatura.
Amostra 4: Apesar do teor de ácidos cafeoilquínicos totais estarem de acordo, esta amostra não possui fluorescência para flavonóides. Esta amostra deve ser observada com atenção pois sequer
dá indícios que possui matéria vegetal em sua composição**.
Amostra 5: Idem à amostra anterior.
Estes resultados demonstram que devemos ser cautelosos na
escolha do extrato seco de alcachofra e que a escolha deve ser
baseada nas análises quantitativa e qualitativa juntas.
Fig. 2: Resultado de análise de amostras de medicamentos produzidos com extrato
de folhas de alcachofra (Cynara scolymus L.) por Cromatografia em Camada Delgada
observadas sob luz UV 365nm (Fonte: Finzelberg).
n.
Descrição
1
Amostra 1
2
Amostra 2
3
Amostra 3
4
Amostra 4
5
Amostra 5
6
Substâncias de referência: ác. caféico, hiperosideo, ác.
clorogênico e rutina
Extrato de referência Finzelberg (0135102) Extrato de folhas 10 01 3252
de alcachofra
Extrato de referência Finzelberg (0135121) Extrato de folhas 10 01 3354
de alcachofra 2-2.5% ác. cafeoilquínicos Finzelberg
7
* Neste teste não foram analisadas as bulas nem mesmo se a dose diária
recomendada pelo fabricante está de acordo com a determinação da ANVISA.
** Todo material vegetal possui flavonóides.
Amostra
Ácido Clorogênico (CLAE) [%]
1
2.96
Ácidos cafeoilquínicos totais
(CLAE) [%]
Lote
8
Quantidade de extrato/cap ou
comprimido [mg]
6.42
200
Peso médio das cápsulas ou
comprimidos [mg]
611.90
2
0.03
0.14
200
676.30
3
1.2
2.43
335
609.20
4
1.05
2.29
312.5
544.40
5
0.6
1.38
200
459.10
Tab. 2: Resultado de análise quantitativa de amostras de medicamentos produzidos com extrato de folhas de alcachofra (Cynara scolymus L.) por Cromatografia Líquida
de Alta Eficiência (CLAE) (Fonte: Finzelberg).
O Extrato Finzelberg
A Finzelberg produz extrato seco de folhas
da alcachofra com a experiência de mais
de 130 anos de história. Visando atender
a necessidade do mercado brasileiro o
Martin Bauer Group comercializa 3 padronizações conforme segue:
(Cod. 0135121) 2.0-2.5% Ácidos cafeoilquinicos (produzidos a partir da folha
seca)***
(Cod. 0135112) 2.5% Ácidos cafeoilquinicos
(produzidos a partir da folha fresca)***
(Cod. 0135124) >1% Ácido clorogênico e
> 7% polifenóis totais
Para maiores informações entre em
contato com nosso escritório no Brasil:
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Rua Campos Sales 303, Sala 610
06411-150 Barueri - SP
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*** A diferença entre os extratos obtidos a partir da planta fresca e seca é que o primeiro caso têm maior teor de ácidos cafeoilquínicos, sendo assim necessário para o
extrato a apartir da planta seca um volume maior de extrato nativo (90%) afim de alcançar a mesma a composição de ácidos cafeoilquínicos resultante do extrato
apartir da planta fresca (80% extrato nativo). IMPORTANTE: Não há diferença na qualidade e/ou resultado farmacológico entre os extratos.
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