Em Corumbá, Lideranças do Terceiro Setor se reuniram para refletir

Transcrição

Em Corumbá, Lideranças do Terceiro Setor se reuniram para refletir
Em Corumbá,
Lideranças do Terceiro Setor se reuniram para refletir sobre os Desafios das
comunidades pantaneiras ante as Mudanças climáticas.
28/07/2010
No dia 21 de Julho de 2010 a ONG PAZ e NATUREZA PANTANAL promoveu um Encontro de
Lideranças de Movimentos sociais, ONGs, associações, entidades, pastorais sociais e comunidades para
refletir sobre a realidade atual das populações da região frente às mudanças climáticas. Tema atual em
debate em todos os cenários internacionais, também chega as comunidades para a discussão a partir de
suas vivencias e experiências com o clima, a natureza e a vida cotidiana.
O evento se iniciou com uma visitação guiada no espaço da Estação Natureza Pantanal, compartilhando
informações sobre a ecologia do Pantanal e a necessidade da população em se envolver mais com os
problemas ambientais sentidos já, pelas próprias populações
pantaneiras.
Gustavo Gaertner, na sua orientação pelo passeio interativo
no Pantanal virtual, ajudou aos participantes uniformizar
informações sobre a região, preparando para a reflexão
posterior e motivando os pensamentos sobre o valor da
biodiversidade para a vida no planeta.
O Evento executado pela PNP, em parceria com a Fundação
Boticário, o CIMI-MS e com o Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, contou com o apoio da Rede
Pantanal e foi amplamente divulgado pelas redes sociais da região.
Na acolhida dos participantes a Diretora Institucional da ONG PNP agradeceu a presença de todos e
apresentou os movimentos e entidades presentes, agradecendo aos parceiros e informando a todos de
outras atividades que a Rede Pantanal apóia na defesa e preservação do Pantanal. A continuação, Debora
Calheiros, assessora técnica e voluntaria do Projeto Quem conhece, preserva da PNP, explicou a dinâmica
do Pantanal, a importância da pulsação das águas para a renovação da vida e falou sobre as ameaças atuais
aos esforços de preservação na bacia pantaneira. Sua exposição encerrou com dados técnicos sobre os
impactos já sentidos na região ante as mudanças climáticas e dados qualitativos, sentidos pela própria
população na sua vida cotidiana.
O momento mais esperado na noite foi o de escutar o convidado especial, Ivo Poletto. Graças a sua
generosidade e disposição para colaborar neste processo, a presença de Ivo Poletto, foi essencial para
entrar numa reflexão mais profunda sobre o tema, desde um enfoque menos técnico e mais humano, mais
comunitário, mais planetário. Ele, como Assessor do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, se
prontificou para colaborar neste processo de reflexão, iniciado por algumas
atividades pontuais e esporádicas promovidas pela ONG PNP e outras entidades na
região, surgindo assim a necessidade de um aprofundamento maior, que neste
momento, preparado especialmente para este objetivo, este evento vem a trazer
com mais clareza, as informações propondo uma via de reflexão socioambiental e
desde o foco da justiça social. Assim, Ivo Poletto, filósofo, teólogo, educador
popular e assessor de pastorais e movimentos sociais, com uma palestra reflexiva e
magistral, desde a ótica da ecologia profunda e desde os valores da mãe terra,
apresentou dados do IPCC para refletir sobre o movimento veloz do aquecimento
global e os indicadores e sinais de este grito crescente do planeta, que se expressa
em gráficos quase verticais, alertando a toda a humanidade do planeta sobre este
perigo eminente.
O espaço reservado para 30 pessoas lotou registrando a presença de 52
participantes numero que surpreendeu a organização e aos parceiros na realização do
Evento.
As
entidades
presentes,
do
Brasil
e
da
Bolívia,
representaram
assentamentos, comunidades indígenas Ayorea e Guato, ribeirinhas, do campo, movimentos envolvidos na
temática da Terra e da agricultura familiar, colônia de pescadores, artesões, associações de bairro e de
mulheres, grupos da terceira idade, pastorais da igreja católica, grupos de ação de igrejas evangélicas,
grupos de solidariedade da doutrina espírita e lideranças juvenis atuantes na região. A diversidade da
platéia dava a entender a importância do assunto: o que fazer? Nós, como comunidades identificamos quais
são estes desafios? Que impactos nosso Pantanal e seus povos já estão sentindo a causa das Mudanças
Climáticas?
A discussão provocada resultou de altíssima qualidade, envolvendo as lideranças de diferentes setores
da sociedade nas informações sobre as causas e conseqüências de este grande fenômeno planetário causado
pelo impacto das crises que a civilização atual esta passando, graças a seus modos de produzir, viver e
enxergar a vida.
O evento se prolongou 40 minutos a mais do projetado e, com gosto de “quero mais” as lideranças
presentes se prepararam para dar continuidade a programação do dia 22, divididas por grupos temáticos
nos Laboratórios Vivencias propostos pela Comissão organizadora. Antes da despedida do dia, se realizam
articulações importantes para a participação de outros eventos promovidos pelos parceiros envolvidos e se
efetuam contatos que irão favorecer no futuro o desenvolvimento dos próximos projetos para fortalecer as
ações existentes e ampliar a rede de contatos. No dia 21 o encontro se encerrou depois de acontecer as
trocas de informações entre as entidades e comunidades presentes, registrando por fotografia e vídeo ,nas
mãos de voluntários do projeto Que conhece, preserva!, os momentos mais significativos deste primeiro
momento.
No dia 22 de Julho se desenvolve a proposta de participar do encontro em três laboratórios vivenciais.
Estas abordagens didáticas, surgiram dentro da estratégia metodológica Em Nossas Mãos desenvolvida
pela PNP, para propiciar aos participantes, momentos de experiências, trocas de informações e reflexão da
realidade conhecendo mais o ambiente, as relações que se estabelece com ele, conhecendo mais as
comunidades e a gente pantaneira. As palestras cada dia mais estão sendo substituídas por oficinas
experimentais ou laboratórios vivenciais , onde se preparam uma serie de momentos para propiciar uma
reflexão critica , uma sensibilização previa antes de uma ação de educação ambiental e uma ampliação de
conhecimentos, que ao igual que os acadêmicos, ganham o mesmo patamar, os saberes tradicionais,
populares, os da cultura local, os nascidos da terra e de sua gente.
O primeiro Laboratório Vivencial : Elemento Água- “Nas águas do
Rio Paraguai”, contou com a orientação da especialista no tema,
Debora Calheiros, quem propiciou informações sobre a dinâmica do
Pantanal em quanto um grupo de 16 pessoas navegava pelas águas do
rio, conhecendo algumas realidades dos ribeirinhos da região. Nesta
oportunidade, ao visitar uma família colaboradora do Projeto, o grupo
fica sabendo do falecimento do senhor Manuel, quem sempre recebia
em seu sitio alunos e voluntários da ONG com suas historias, lendas e mitos do Pantanal. Nos despedimos de
Antonio, o filho de Manuel, a quem encomendamos nunca esquecer
essas historias de vida de mais de 78 anos vivendo no Pantanal das
águas, para serem transmitidas aos outros navegantes do Rio
Paraguai.O grupo refletiu também sobre o sentido da morte e da vida,
nestes
pulsos
pantaneiros
necessários
para
a
renovação
e
multiplicação da biodiversidade e rende homenagem a este Pantaneiro
Manuel, que em vida colaborou sempre na preservação do Pantanal com
sua sabedoria pantaneira, a qual, a sua falta será sentida para sempre pelos voluntários da PNP.
O segundo Laboratório Vivencial : Elemento Terra- “Nas terras pantaneiras sem fronteiras” é
orientado pela voluntaria da PNP na Bolívia, Maria Ester Coca. O grupo que chega do Rio Paraguai na
embarcação parceira do Zé Leôncio, agora embarca numa van rumo a
Puerto Quijarro para se unir ao grupo de lideranças já reunidas na Bolívia
junto a Defensora do Povo de Puerto Suarez, Elizabeth Martinez, que
acompanhará a visita a um assentamento provisório indígena do povo
Ayoreo, etnia também presente no Pantanal, de costume de vida nômade e itinerante. Esta população, não
conhecendo fronteiras políticas nem geográficas, desde sua cultura, fala de respeito pela terra, pelo
direito de ir e vir, e o direito de expressar se desde suas crenças e modos de vida. Esta experiência
permite conhecer, as atividades da comunidade, os artesanatos
produzidos e a planta do caraguatá, importantíssima neste tipo de
expressão cultural e as espécies de caraguatá comestíveis que já não
se encontram com facilidade na região. O grupo conversa de “terras’
mais que de “propriedades” ou “territórios”, e sim desde uma lógica
diferente, o grupo aprende a valorar uma planta , por eles sagrada,
para a transmissão e recriação de sua cultura. As lideranças
presentes trocam informações, propõem articulações e estreitam
laços em vistas de fortalecer a rede solidaria de esforços para o reconhecimento dos direitos deste povo e
se projetam linhas de ação em conjunto para dar visibilidade esta etnia desde as possibilidades de
divulgação na rede social das entidades presentes.
Este segundo laboratório vivencial, onde todo mundo aprende e todo mundo ensina, termina coroado
pelo canto de duas lideranças mulheres Ayoreos que presenteiam a visita energizando o movimento
socioambiental da região.O grupo se despede da comunidade, também cantando, em agradecimento pela
troca de conhecimentos.
O terceiro Laboratório Vivencial: Elementos: Ar e Fogo- “Juntos pela Mãe Terra” se programa
para ser realizado no morro do Cristo Redentor. Os grupos de lideranças se mobilizam desde Bolívia ate
Corumbá, Brasil, para reunir se na vista mais privilegiada do Pantanal. Outros grupos de Corumbá e Ladario
esperam por todos para fazer um lanche de confraternização
preparando a todos para a grande festa, ofertada para a Mãe Terra.
Este momento especial, é orientado nas mãos das Associações de
Mulheres Bartolinas , que , unidas a Associação 14 de Março, a
Prosalud, Fundesi, EcoBol e a ONG PNP , ajuda a preparar um
momento mistico-educativo sobre a “PACHA-MAMA”, segundo as
tradições
dos
povos
do
occidente
boliviano,
com
o
ritual
característico seguindo o rito incaico. As ministras deste momento especialíssimo, preparam ao grupo de
participantes em idioma aymara e inicia a explicação de cada elemento e de cada significado e do “como”
proceder para “honrar a Mãe Terra”. A continuação, convocam ao convidado especial Ivo Poletto, para
iniciar o rito que continuara com muitos ensinamentos explícitos e implícitos, construindo neste lugar, um
grande espaço de trocas de conhecimentos, experiências, sentimentos e sinergia. Depois deste precioso
momento, produzindo uma mística substancial que coroa toda a temática em questão sobre mudanças
climáticas na região, os participantes se expressam livremente sobre o acontecido, sobre os dados
compartilhados, sobre as realidades discutidas, gerando propostas e ânimos de continuidade nas lideranças
e perseverança nos movimentos. Para concluir, o grupo presente, agradece a Ivo Poletto pela colaboração na
reflexão e se agradece a participação de todos. O grupo se despede primeiramente do Pantanal,
estendendo seus braços ao horizonte de luzes acendidas desenhado por Bolívia, Corumbá e Ladario, e com
uma roda energizante no canto guiado pelo voluntario Ricardo, da ONG PNP, e abraços de despedida, cheios
de compromissos de ação.
No dia 23 as pessoas que participarão no dia 24 do Seminário Mudanças Climáticas no Cerrado: a vida do
planeta ameaçada!, partem para Campo Grande. Este evento e realizado pelo do Conselho Indigenista
Missionário de Campo Grande em parceira com a PNP e o Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social.
A proposta de articulação esta lançada: os esforços para atuar em rede e cada vez mais articulados é
o desafio descoberto para enfrentar os impactos das Mudanças Climáticas. Só com ações cada vez mais
comprometidas, atitudes mais responsáveis e ideias cada vez mais criativas, que envolvam múltiplas
linguagens e que gerem a mobilização e a adesão de outros setores, se estará realizando um movimento
mais efetivo para a recuperação do planeta.
As iniciativas locais, podem ser referencias regionais e por sua vez, repercutir na esfera nacional e
internacional. Visar este horizonte de responsabilidade planetária desde o próximo e o local, poderá ajudar
a sensibilizar também outros setores ainda dormidos no colo dos grandes interesses, e dos grandes capitais
em desmedro aos valores da Terra. A mobilização pelos direitos da Terra é urgente e necessário. Deve ser
contagiante e o suficientemente capaz de discernir, entre os sinais dos tempos, estes indicadores que os
povos do mundo gritam, em nome da mãe Terra.
Alicia Viviana Mendez de Rosales
Diretora Institucional Ong PNP
Relatório Final
www.pnp.org.br
Daniel Matias Rosales Mendez
Movimento Jovem da Ong PNP
Redação
http://ongpnp.spaces.live.com
Fotos: Ana Caroline, Mauricio, Clyber.
Vídeo: Ricardo e Erico.