Edição 318 - Folha do Fazendeiro

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Edição 318 - Folha do Fazendeiro
FOLHA DO
HEXA
BRASIL
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FAZENDEIRO
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|
Mais rural do que nunca
MAIO DE 2010 • ANO XIII – Nº 318 – DISTRIBUIÇÃO REGIONAL E DIRIGIDA
Seleção natural?
Por falta de informação e assistência técnica
algumas raças não sobreviveram na pecuária
brasileira. Outras, simplesmente não vingaram
por mau uso em programas de cruzamento.
PÁGINAS 11 a 14
Acrissul propõe à
Ouvidoria criação
de cooperativas
de mão-de-obra
A Acrissul propôs à Ouvidoria Agrária Nacional a criação de cooperativas de
mão-de-obra para absorver os trabalhadores dos acampamentos de sem-terra,
abrindo frentes de trabalho e ocupando
uma mão-de-obra disponível. A proposta foi feita durante reunião nacional da
Comissão de Combate à Violência no
Campo. PÁGINA 3
UFMS e Acrissul
iniciam trabalhos
de equoterapia
Através de uma parceria com Acrissul (Associação dos Criadores de Mato
Grosso do Sul) e a UFMS (Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul), a entidade passou a oferecer a equoterapia. O
projeto tem como objetivo atender pacientes com problemas psicológicos, ortopédicos, mentais e neurológicos e que sejam de baixa renda. PÁGINA 29
Valor da arroba
patina em maio
No intervalo de 26 de abril a 26
de maio, a arroba do boi gordo viveu
altos e baixos, mas ao fim do período fechou o mês como começou, ou
seja, sendo negociada a R$ 76,00,
preço para pagamento em dois dias,
livre do Funrural. A vaca acompanhou o sobe-e-desce, no entanto o
mesmo ritmo, e fechando o período
valendo R$ 1,00 a menos, comercializada a R$ R$ 70,00. No mercado
de reposição, os invernistas se mostram insatisfeitos com a atual relação
de troca. PÁGINA 8
2
MAIO 2010
Carta do Presidente
A Acrissul é azul
Francisco Maia,
presidente da
Acrissul
Há um ano assumimos
a Acrissul, uma entidade tradicional, que representa há 80 anos os valores maiores
de Mato Grosso do Sul. Junto com ela,
assumimos também um grande desafio:
uma dívida próxima dos R$ 3 milhões,
além de um déficit operacional mensal
que só fazia aumentar essa dívida.
Na primeira reunião da nossa diretoria, alguns membros – diante de ta-
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manho passivo financeiro – sugeriram que
desmembrássemos uma área do Parque de
Exposições Laucídio Coelho, e que fosse
vendida para pagar a dívida. Como se essa
fosse a única forma de quitá-la.
Imediatamente fomos atrás de nossos
credores. Entre eles, bancos, órgãos públicos, factorings, fornecedores, enfim.
Procuramos cada um e com cada um deles conversamos sobre o problema e sobre o desejo da Acrissul de acertar os
débitos relativos. Realizamos então a 1ª
Expo MS. Com esta feira, apesar das dificuldades, investimos na infra-estrutura do Parque, já corroída pelo tempo,
pavimentamos as ruas, resolvemos o problema da falta d’água com a construção
de um reservatório, fizemos um trabalho
de paisagismo, conseguindoos então já
negociar algumas dívidas, etc.
Após um ano de gestão temos a felicidade de dizer aos associados da Acrissul,
que estamos finalmente no azul. Isso mesmo, não devemos nada a ninguém, a nenhum banco, a nenhum fornecedor, a nenhum órgão público, e estamos com todas
as certidões negativas. Só temos a agradecer a todos os que estenderam as mãos nos
momentos em que mais precisamos.
Ao longo desse primeiro ano de nova
gestão, a Acrissul manteve-se atuante firme na defesa dos interesses do setor produtivo do Estado, e em alguns casos até
no interesse nacional do setor. A Acrissul
foi a primeira entidade no País a conseguir
derrubar na Justiça a predatória cobrança
do Funrural nas operações da pecuária,
exemplo seguido depois por inúmeras
outras associações. De forma independen-
te e apartidária estamos atuando firmemente no combate à carga tributária insuportável sobre os produtos primários e na defesa, sempre alerta, do sagrado direito de propriedade.
Agora, com os ombros mais aliviados podemos planejar o futuro. Vamos realizar em setembro mais uma
edição da Expo MS, de 9 a 19, desta
vez voltada para o esporte equestre,
com provas de laço, hipismo, tambor, rodeios, leilões de reprodutores,
enfim, tudo envolvendo o mundo do
cavalo, na maior feira que o CentroOeste já viu, voltada para o setor.
E assim, olhando para frente, pensando grande, mas com os pés no
chão, que estamos construindo uma
entidade à altura de sua história e tradição. Hoje, respondendo aos questionamentos de alguns durante a Expogrande – feira que bateu todos os
recordes – podemos dizer que a cor
da Acrissul é o azul.
CRÔNICA DO MÊS | Por Osvaldo Piccinin
Estação de trem
Guardo tão boas lembranças das estações de trem do interior, que resolvi prestar-lhes uma nostálgica homenagem antes que acabem de vez.
Há pelo menos quarenta anos, viajar
de trem era algo rotineiro, devido serem
os carros e jardineiras poucos e rudimentares. Ônibus, era meio escasso de transporte. Seus vagões eram sempre bem
cuidados, existia: Ordem, educação, zelo
pelo bem público e disciplina entre os
usuários, por isso a preferência por este
meio de locomoção.
Nos trens de passageiros existiam
duas classes: luxo (primeira) com poltronas macias forradas em couro e a classe popular, menos sofisticada - mas nem
por isso mal cuidada.
Na minha cidade um belo programa
era ver o trem das 9 horas da noite passar. Não se usava falar 21 horas -, era
nove da manhã ou nove da noite.
Quando o sinaleiro da estação ficava
verde era o prenuncio de sua chegada.
Nós ficávamos na plataforma rente aos
trilhos para sentir o ventinho de seu veloz deslocamento.
Aquele cheiro da frenagem – rodas de
aço sobre os trilhos - era para mim um
verdadeiro perfume.
Eu também ficava de queixo caído, ao
ver o chefe da estação próximo aos trilhos de forma estática com o “Staff” (um
arco arredondado) entre as mãos, logo
acima da cabeça, aguardando o maquinis-
ta apanhá-lo com um único braço e num
golpe certeiro - com o trem em movimento. Que show! Confesso que até hoje não
sei para que servia o tal malabarismo e
torci muitas vezes para o maquinista errar
o bote, mas isso nunca aconteceu.
Ficávamos boquiabertos ao ver os “ricos” comendo, bebendo, fumando charutos, cachimbos e conversando alegremente nos vagões restaurantes. A iluminação suave, a toalha de linho nas mesas e um vaso de metal contendo rosas
artificiais davam um toque especial e refinado no ambiente. Os passageiros eram
elegantes e bem vestidos, afinal somente
quem tinha “posses” viajava neste tipo
de vagão.
Era muita gente chegando e também
muitos partindo, alguns quem sabe, para
nunca mais voltar. A estação se transformava numa praça de grandes acontecimentos e emoções. Era gente chegando
para matar a saudade dos entes queridos, outros que chegavam chorando de
emoção pela alegria de voltar, enfim como
dizia meu amigo “Conde” imitando um
matuto: “De um tudo, um pouco dotô”.
Lembro-me que numa dessas vezes,
enquanto eu admirava uma elegante senhora jantando com seu marido, a mesma abriu delicadamente a janela e me
ofereceu uma maçã - que delícia! Foi a
primeira vez que provei desta fruta, e sinto um gostinho de estação de trem até
hoje todas as vezes que as saboreio.
A minha maior emoção foi ao retornar à minha casa de trem, após trinta dias
de internação num hospital. Foi um prazer indescritível ver a charrete do meu
velho pai a nos esperar no estacionamento da estação debaixo de um florido flamboyant. “Quando o trem parar na estação sentirei no coração a alegria de voltar, quero encontrar a sorrir para mim, o
meu amor na estação a me esperar”.
Alguns dos meus primos fizeram
questão de aguardar a minha chegada,
tamanha era a saudade e o laço de carinho que nos unia. Foi gratificante vê-los
correndo felizes atrás da charrete até nosso destino - o sítio. Quanta pureza na
alma! “Nersão”, você foi para mim um
exemplo de amizade verdadeira e solidariedade, obrigado primo querido.
Velha estação, palco do saudosismo
e do tempo longínquo que passou. Quando a vejo abandonada meus olhos lacrimejam e melancolicamente me pergunto: Porque o progresso tem uma índole
tão maldosa assim? Seria uma ponta de
ciúmes? Ou seria inveja das obras bonitas construídas com tanta dificuldade e
carinho no passado?
Francamente senhor progresso, se eu
pudesse lhe dizer algo como reprimenda, eu lhe diria: Vá baixar em outra estação e pare de destruir minhas doces lembranças de menino do interior!
E VIVA A PÁTRIA!
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MAIO 2010
Ruralismo
Acrissul sugere cooperativas
para reduzir desemprego em
acampamentos rurais de MS
Sugestão foi dirigida ao Ouvidor Agrário Nacional
A
Acrissul participou durante todo
o dia de quinta-feira (20.05) da
100ª Reunião da Comissão Nacional de
Combate à Violência no Campo, no auditório do Incra-MS, em Campo Grande.
Durante o evento, que debateu uma série
de fatos que vêm criando instabilidade
no campo, o presidente da Acrissul,
Francisco Maia, sugeriu ao Ouvidor Agrário Nacional, desembargador Gercino José
da Silva Filho (foto), a criação de cooperativas de mão-de-obra para absorver os
trabalhadores dos acampamentos de sem-
terra, abrindo frentes de trabalho e ocupando uma mão-de-obra disponível.
Segundo o presidente da associação,
hoje existem no Estado, segundo números da própria CPT (Comissão Pastoral
da Terra) existem 25 mil acampados. E
esse número pode chegar a 40 mil com o
regresso dos brasiguaios (brasileiros semterra que ocupavam fazendas no vizinho
Paraguai), o que pode deixar o Mato Grosso do Sul à beira de uma convulsão social no campo, uma vez que aumentarão
significativamente o número de invasões
e acampados
no Estado,
alerta Maia.
A criação
de cooperativas de mãode-obra resolveria dois
problemas:
primeiro de
empregabilidade, criando oportunidade de trabalho para centenas de trabalhadores, já
que existe uma demanda muito grande
no Estado no setor rural, que registra crescimento astronômico em alguns setores,
como em silvicultura e no setor canavieiro. Segundo, que as cooperativas substituem a figura do empreiteiro (do gato
como é conhecido), o que dá mais segurança para as propriedades rurais em
questão de garantias trabalhistas e legais
na relação de trabalho.
Durante a reunião da comissão ficou
decidido que a Polícia Federal daria mais
um prazo de 10 ou 15 dias para que as
55 famílias da Fetagri-MS (Federação dos
Trabalhadores na Agricultura de Mato Grosso do Sul) e FAF (Federação da Agricultura Familiar) deixem uma área em conflito
no município de Amambai, a fazenda Piquenique. A área é alvo de uma briga judicial envolvendo o próprio Incra-MS e arrendatários da fazenda. O caso foi parar
no STF (Supremo Tribunal Federal), e o
ouvidor Agrário Nacional, desembargador
Gercino José da Silva Filho, prometeu fazer diligências à Justiça Federal e ao próprio STF para tentar solucionar o problema judicial criado. A área chegou a ser
demarcada para os assentados.
Na reunião foi assinado um termo de
acordo, onde as lideranças dos acampados prometem uma saída pacífica, caso
persista a ordem de reintegração de posse. O presidente da Acrissul, Francisco
Maia, colocou a entidade à disposição
da Ouvidoria Agrária. Atulmente a associação trabalha numa frente interessada em acabar de vez com os conflitos
agrários envolvendo fazendeiros e indígenas em Mato Grosso do Sul. Em abril
a Acrissul entregou à Presidência da
República uma lista de área vizinhas à
reservas, aptas à venda para a União
assentar indígenas.
A ACRISSUL É AZUL
Criatividade, ousadia, determinação,
entendimento e muito trabalho foram
os ingredientes usados pela nova
diretoria da Acrissul para atingir
algo tido como impossível:
ZERAR AS CONTAS DA ACRISSUL
Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul
1º Ano, da nova Diretoria
5
MAIO 2010
Eleições 2010
Acrissul recebe visita
de pré-candidato do PT
ao Governo de MS
Entidade está aberta para receber todos os pré-candidatos
ao governo do Estado, afirma o presidente Francisco Maia
N
a manhã do dia 18 de maio, o
presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do
Sul), Francisco Maia, recebeu a visita do
pré-candidato ao governo do Estado José
Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do
PT. O encontro foi uma oportunidade
para que a entidade apresentasse alguns
gargalos da produção no Estado. “Nós,
da Acrissul, não vamos dar apoio ao um
partido, vamos apoiar um programa de
governo que atenda as reivindicações do
agronegócio”, disse Maia logo de início,
frisando que a entidade está aberta para
receber todos os pré-candidatos.
O presidente disse ainda que um documento – que está sendo elaborado em
parceria com a Famasul (Federação da
Agricultura e Pecuária de Mato Grosso
do Sul) e sindicatos rurais – contendo todos os anseios da classe produtora será entregue aos candida-
tos ao governo do Estado e à Presidência
da República.
Zeca do PT, que já foi governador por
dois mandatos, disse que, se eleito, vai
dividir a atual Seprotur (Secretaria de
Estado de Desenvolvimento Agrário, da
Produção, da Indústria, do Comércio e
do Turismo) em três outras: Indústria e
Comércio, Turismo e Agronegócio. “Dada
à dimensão do Estado a Seprotur não
atende mais as necessidades que temos.
Está assoberbada de trabalho. Essas três
secretarias formarão o tripé de um Estado novo, moderno e maduro”.
Maia lembrou que questões tributárias têm impedindo o desenvolvimento em
certas regiões e destacou a cobrança
do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
sobre o óleo diesel e a pauta
fiscal dos produtos agropecuários. Em resposta, Zeca
Diretores da Acrissul debatem propostas com pré-candidato Zeca do PT
questionou se não há alternativa à cobrança presumida do imposto, e defendeu uma pauta fiscal de acordo com a
realidade de mercado.
O vice-presidente da Acrissul, Jonathan Barbosa, lembrou que foi um dos
fundadores do PSDB (Partido da Social
Democracia Brasileira), mas ressaltou que
a entidade é apartidária e que o debate
tem de ser feito com todos os que têm
pretensões de ser governador. “Aqui nós
temos um partido, o agronegócio”, resumiu. Ele destacou que questões da esfera federal, como disputas de terras com
indígenas e restrições ambientais inviabilizam a produção. Em resposta, o deputado federal Vander Loubet (PT), presente na ocasião, sugeriu que
a Acrissul tenha um representante na
equipe que vai preparar o programa de
governo para o agronegócio da futura
candidata à Presidência da República, a
ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. “Nas questões indígenas o Estado
tem de ser o mediador e não colocar fazendeiro e indígenas uns contra os outros”, atentou Zeca.
A planície
Toni Moura, produtor no Pantanal,
disse que a região está abandonada, com
estradas e pontes estragadas. O pré-candidato respondeu a Moura que, atualmente, falta mais participação dos produtores na utilização do Fudersul (Fundo de
Desenvolvimento do Sistema Rodoviário
de Mato Grosso do Sul), e que em sua
gestão os recursos do Fundo eram desti-
w w w. a c r i s s u l . c o m . b r
6
MAIO 2010
nados conforme a decisão de um conselho, o qual tinha forte participação da
classe produtora.
Uma novidade apresentada por Zeca
durante a reunião foi a proposta de criação de uma Secretaria, ou Sub-secretaria, especialmente para a região do Pantanal. Segundo ele, a ideia surgiu durante uma reunião com produtores de Corumbá que disseram que a planície tem
virado área livre para a prática de crimes:
roubo de gado e narcotráfico. “O Pantanal ocupa um quarto do território de Mato
Grosso do Sul. Por tanto, por que não
criar uma secretaria especializada para
cuidar dos problemas da região e da gente que vive lá?”, questionou Zeca.
Sérgio Dias Campos (o Jacaré), produtor e empresário, disse que a classe
necessita de apoio e que devido a divergências algumas regiões do Estado não
se desenvolveram como poderiam.
O tesoureiro da Acrissul, Luiz da
Costa Vieira Neto, afirmou que os produtores estão dispostos a apoiar o programa de Zeca. Mas querem participação
na elaboração de um projeto de desenvolvimento do setor rural do Estado. Pediu ainda – caso Zeca seja eleito – a volta do antigo regime de recuperação tributária, que viabilizava a criação e engorda
de animais vindos de Mato Grosso, algo
comum já que muitos pecuaristas têm
propriedades nos dois estados.
Acrissul promoverá debate entre candidatos ao governo
A Acrissul vai promover um debate entre os candidatos ao governo do
Estado nas eleições deste ano. A proposta surgiu na manhã de 18.05 durante a visita do pré-candidato a governador Zeca do PT à sede da entidade. Até o momento, além de Zeca, o
atual governador, André Puccinelli
(PMDB), já declarou que vai disputar
as eleições em outubro, outros nomes
ainda podem surgir até a data final
para registro das candidaturas no TRE
(Tribunal Regional Eleitoral).
A ideia foi sugerida pelo presiden-
te da Acrissul, Francisco Maia quando o
pré-candidato disse que está pronto para
discutir suas propostas e comparar os governos – Zeca já foi governador de Mato
Grosso do Sul por dois mandatos. Segundo Maia, assim que as candidaturas estiverem registradas a entidade vai fazer o
convite aos candidatos.
Por aclamação foi escolhido o nome
do vice-presidente da entidade, Jonathan Pereira Barbosa, para ser o mediador do debate. A data vai ser marcada de acordo com a disponibilidade de
agenda dos futuros candidatos.
Mapa suspende exportações de carne bovina aos EUA
As exportações de carne bovina brasileira para os Estados Unidos estão suspensas. Na quinta-feira, 27.05, o Ministério da Agricultura interrompeu os embarques de carne bovina processada para
o mercado americano, após um recall de
produtos do frigorífico JBS, na qual identificaram a presença acima do permitido
de Ivermectina.
O bloqueio dos embarques ocorre em
um momento delicado nas relações entre os dois países. Os Estados Unidos
estão preocupados com a interferência do
Brasil em um acordo nuclear com o Irã.
E o Brasil, por sua vez, ameaça elevar as
tarifas de importação de produtos ameri-
canos por causa dos subsídios dados aos
produtores de algodão.
Em função do incidente com o JBS, o
Brasil suspendeu todas as exportações
de carne bovina para os EUA, a fim de
evitar prejuízos maiores. Mas a decisão
foi tomada de comum acordo com os
americanos, que se comprometeram a não
pedir novos recalls. Ao interromper unilateralmente os embarques, o Brasil pode
retomar as exportações mais rápido
quando o problema for resolvido. Os frigoríficos que mais exportam para o mercado americano são o JBS, o Marfrig e o
Minerva.
Nos dias sete e oito de junho, uma
Exportações fracas e competição com
outras carnes forçam boi para baixo
Os estoques de carne bovina continuam baixo, contudo, os preços no mercado seguiram sob de baixo na primeira
quinzena de maio. Isso se deveu a pequena quantidade de carne exportada em
abril, o que fez com que os produtos
destinados a exportação fossem despejados no mercado interno, é o que diz a
análise quinzenal do Cepea (Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada). Além disso, o baixo preço da carne suína e, especialmente de frango, contribuíram para a tendência de baixa do
preço da carne bovina.
No atacado em São Paulo, o preço da
carne sofreu uma pressão de baixa desde a primeira semana de maio. O preço
da carcaça caiu abaixo dos R$ 5,00 o
quilo, a R$ 4,99, ou US$ 2,76, em 14 de
maio. Nas primeiras duas semanas do
mês a queda foi de 3,1%.
Durante 30 de abril a 14 de maio, a o
indicador Esalq/BM&FBovespa para a
arroba do boi, no Estado de São Paulo,
depreciou 1,64% chegando a R$ 79,56,
ou US$ 44,08 a arroba.
No que diz respeito ao atacado de carne suína no mercado de São Paulo, o
preço da carcaça deve uma queda de 2%
nas duas primeiras semanas e fechou a
R$ 3,99, ou US$ 2,21 por quilo (14/05).
A respeito do frango, a carne congelada desvalorizou 1,5% na primeira quinzena, fechando a R$ 2,47, ou US$ 1,37.
A carne de frango resfriada também teve
um movimento de baixa, 2,5% no mesmo período, e foi negociada a R$ 2,27,
ou US$ 1,26.
missão do governo brasileiro vai se reunir em Washington com os americanos
para discutir o assunto. Segundo o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do
Ministério da Agricultura, Nelmon Oliveira da Costa, os EUA fizeram uma
mudança repentina em seus critérios técnicos para identificar o vermífugo.
Testes
No Brasil, os testes são feitos no fígado dos animais e a concentração da
Ivermectina não pode ultrapassar 100
partes por bilhão. Agora, os EUA pedem
testes no músculo e aceitam uma con-
Rússia suspende
importação da
Marfrig e da JBS
A Rússia suspendeu temporariamente
as importações de carne bovina de oito
unidades frigoríficas do Brasil, sendo três
pertencentes à JBS-Friboi e três da Marfrig Alimentos. A informação foi publicada dia 27 de maio na página da Internet do Serviço Federal Veterinário e Fitossanitário da Rússia na internet e confirmada pelo Ministério da Agricultura
do Brasil, que recebeu também ontem notificação da medida tomada pelas autoridades russas.
De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, a Rússia não aponta
problemas sanitários para a restrição, mas
informa apenas que os frigoríficos não
estão completamente adequados às exigências impostas por aquele país para
importação de carne bovina, sem deta-
centração de apenas 10 partes por bilhão. Segundo Costa, o critério utilizado no Brasil é recomendado pelo Codex Alimentarius da Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
“Nós vamos até lá para esclarecer esse
assunto. Queremos saber se os Estados
Unidos estão adotando esse mesmo critério internamente e porque tiveram uma
mudança de postura tão intransigente
com o Brasil”, disse Costa. O problema
vem sendo discutido há quatro semanas
entre autoridades brasileiras e americanas, mas só agora as exportações foram
interrompidas. Fonte: Estadão
lhar quais seriam essas especificações.
Ainda segundo a assessoria do ministério, o comunicado do governo russo informa que, das 29 unidades visitadas durante a última missão ao País, oito
tiveram as compras suspensas.
As unidades da JBS que integram a
lista estão localizadas em Andradina (SP),
Maringá (PR) e Pedra Preta (MT). Já as
unidades da Marfrig estão em Capão do
Leão (RS), Paranatinga (MT) e Promissão (SP). Também foram interrompidas
as importações dos frigoríficos Rodopa,
em Santa Fé do Sul (SP), e do Riosulense, em Rio do Sul (SC). O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), Otávio Cançado, reclamou da falta
de clareza do governo russo na interrupção das compras de alguns frigoríficos
brasileiros. “Essa falta de transparência
nos remete imediatamente a uma medida protecionista sem embasamento sanitário técnico”, disse Otávio Cançado.
Fonte: DCI
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MAIO 2010
2º leilão eletrônico de gado da BBM negocia 209 mil
Serviço pode ser utilizado por agricultores e pecuaristas; basta procurar uma corretora filiada à BBM e fazer o cadastro
N
a terça-feira (25/05), a BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) realizou o seu segundo leilão de carne bovina através da Compra e Venda Eletrônica de Carne Bovina. Foram negociadas
216 vacas do município de Brasilândia,
um total de R$ 209.952,00. Na verdade
essa foi a primeira negociação desde o
lançamento oficial do novo sistema de
comercialização de gado, que aconteceu
mo dia 12 de abril, em uma cerimônia na
Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). A venda
do primeiro lote de gado através da Bol-
sa aconteceu no dia 6 de abril, o ofertante também era do município de Brasilândia.
Além do leilão, também foram realizadas duas operações de registro de balcão (operação casada, com preços ajustados entre as partes que não entram em
leilão, mas registrados a Bolsa). O valor
total dos negócios foi de R$ 39.480 para
dois lotes: um contendo 20 vacas e outras 22 novilhas.
Para garantir o pagamento aos produtores, o sistema da BBM exige dos compradores um depósito de 90% do valor
do negócio três dias antes de irem buscar os animais na fazenda. Os outros 10%
são acertados entre as partes, sem a intervenção da Bolsa. O novo modelo tem
FALE CONOSCO: (67) 3388-5000
como objetivo trazer mais transparência
e segurança aos produtores na hora da
vender o gado. Os leilões podem ocorrer
de segunda à sexta, das 13h às 16h, dependendo da oferta de novos lotes ou da
demanda do mercado.
“Acreditamos muito no sistema da
Bolsa e na região de Mato Grosso do
Sul”, comentou Marco Antonio Ribeiro
que montou, nesta semana, o escritório
da Skill no Estado.
O serviço pode ser utilizado por agricultores e pecuaristas de todo o Brasil,
basta procurar a corretora filiada à BBM
mais próxima e fazer um cadastro.
8
MAIO 2010
Agronegócio S/A
Na capital, arroba do boi só patinou em maio
Média do preço da arroba do boi ficou em R$ 76,00; arroba da vaca foi negociada em média por R$ 70
N
o intervalo de 26 de abril a 26
de maio, a arroba do boi gordo
viveu altos e baixos, mas ao fim do período fechou o mês como começou, ou seja,
sendo negociada a R$ 76,00, preço para
pagamento em dois dias, livre do Funrural. A vaca acompanhou o sobe-e-desce,
no entanto o mesmo ritmo, e fechando o
período valendo R$ 1,00 a menos, comercializada a R$ R$ 70,00, queda de
1,4%.
O valor da arroba reflete uma situação que ocorre entre produtores e frigoríficos, a disputa pelo melhor negócio.
Enquanto os pecuaristas querem receber
mais por seus animais, a indústria quer
pagar menos. E, nesse jogo para ver quem
resiste mais tempo com a sua oferta, acontece o desaquecimento do mercado.
A arroba atingiu R$ 76,00 depois de
um período de muita relutância por parte dos produtores, com isso as vendas
começaram a ser feitas em um ritmo mais
acelerado. Na ocasião, os frigoríficos começaram a trabalhar com escala de seis,
até sete dias com boi agendado para duas
semanas à frente.
Com o mercado irrigado e as escalas
completíssimas, sobrou espaço para uma
queda. A primeira veio no dia 5 de maio,
a arroba desceu um degrau, foi para R$
75,00, e a última foi no dia 21, quando
chegou a R$ 74,00, queda de 2,63%.
Contudo, no dia 25, a arroba do boi
reagiu, foi para R$ 75,00 e, no dia seguinte, voltou para os R$ 76,00. Mesmo
que tenha alcançado o preço em que a
comercialização foi aquecida, para o próximo mês, uma escalada não é provável,
desde o início do ano os produtores têm
represado boi no pasto, agora, quando
as chuvas acabaram, está chegando a hora
de se livrar desses animais. Nesse cenário uma alta expressiva da arroba não é
provável, apesar da aproximação do inverno.
Na capital alguns frigoríficos de pequeno porte chegaram a inovar na compra, estavam oferecendo R$ 1,00 a mais
para pagamento em cinco dias, tal bonificação o JBS só oferece para pagamento
com trinta dias. Outra inovação ainda
está em prática, o “boi de perto” – aquele
que se encontra a até 150 quilômetros de
Campo Grande – se bem negociado, pode
ser melhor remunerado.
Churrasco e futebol
Com relação ao consumo de carne,
muitos esperam que junho seja um mês
de muitas vendas, é o mês da Copa do
Mundo de Futebol, e a expectativa é de
que se venda mais, especialmente cortes nobres. A aposta é de que a reunião
para assistir os jogos da seleção brasileira seja uma ocasião para se fazer um
churrasco com os amigos. Talvez não
aconteça assim. Um olhar para as recentes datas comemorativas pode indicar o
que vem pela frente.
No fim do ano passado, os pecuaristas viam as festas de fim de ano como
uma salvação para o preço da arroba, no
entanto, ao contrário do que sempre
acontece nessa época, o consumo de car-
Frialto paralisa abate e busca saída para crise
Com dificuldades de pagar pecuaristas, o frigorífico Frialto suspendeu
os abates de bovinos em suas cinco
unidades na sexta-feira, 29.05, e devolveu aos proprietários 3.700 animais
que já estavam nos currais das plantas para abate. Há cerca de um mês,
a companhia, que tem sede em Sinop
(MT), negocia a venda de ativos para
superar dificuldades decorrentes de
um endividamento elevado e do crédito escasso.
De acordo com fontes de setor de
carnes, o Frialto estava em negociações avançadas nesse sentido com a
Marfrig Alimentos, mas, no fim da
semana passada, divergências com um
dos bancos credores do Frialto teriam
emperrado a operação. Procurados
ontem, os diretores do Frialto não res-
ponderam aos pedidos de entrevista. A
Marfrig voltou a negar a operação por
meio de sua assessoria, como já o fizera
no fim de semana.
Conforme apurou o Valor com fontes
dos setores de carnes e financeiro, a operação entre Frialto e Marfrig envolveria
arrendamento com opção de compra, um
modelo semelhante ao que a Marfrig fechou com o gaúcho Mercosul em 2009.
No ano passado, o Frialto contratou
a Iposeira Partners para reestruturar sua
dívida de R$ 360 milhões. Mas o frigorífico, que fatura cerca de R$ 1,2 bilhão por
ano, continuava com dificuldade para
obter novas linhas com bancos credores.
Além do crédito restrito, diz uma fonte
do setor financeiro, parte dos fornecedores de bovinos passou a exigir pagamento
à vista - o que afetou o fluxo de caixa do
Frialto -, depois do episódio do frigorífico Independência, que surpreendeu o
mercado pedindo recuperação judicial
em 2009.
O Frialto também investiu no aumento da capacidade de abate num período de
escassez de bovinos no mercado. Hoje, tem
capacidade instalada de 4.040 animais em
cinco plantas - Sinop, Nova Canaã, Matupá, todas em Mato Grosso, Iguatemi (MS)
e Ji-Paraná (RO). Duas novas plantas, uma
em Tabaporã (MT) e outra em Itaberaí (GO),
estão em construção, mas as obras tiveram de ser suspensas por conta das dificuldades financeiras.
Agora, a empresa avalia o tamanho
do problema para saber se a recuperação judicial poderá ser evitada, afirmam
fontes do setor.
Fonte: Valor Econômico
ne não cresceu e a arroba patinou, em
Campo Grande passou mais de três meses a R$ 68,00.
No último Dia das Mães, como em todos os anos a expectativa era de mais venda de carne para festejar a data. Não aconteceu. O que dá para se deduzir do comportamento dos consumidores é de que,
se nem o Dia das Mães motivou um consumo a mais de carne, a seleção de Dunga também não o fará. Até porque, muitos já estão frustrados com a escalação dos
jogadores e duvidam que a sexta estrela
do hexa seja bordada agora na camiseta
canarinho.
Da redação
Efeito dominó
Como aponta o analista de pecuária do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) - órgão vinculado à Federação da Agricultura e
Pecuária de Mato Grosso (Famato) -,
Otávio Celidônio, 42 municípios do
norte do Estado tinham como opção
ao abate uma das três plantas do Frialto, porém 15 destes terão agora apenas um grupo para negociar o gado,
que em alguns casos será ou o Pantanal ou o JBS/Friboi. “No entanto, a capacidade de abate do médio norte
mato-grossense, que escoava os bovinos para Sinop, ficou 100% comprometida, e para piorar houve um reflexo imediato após a paralisação dos
abates. A arroba do boi naquela região
desvalorizou R$ 1,60, tanto no norte
como no médio norte.
9
MAIO 2010
Agronegócio S/A
Em abril, pecuarista também perdeu na queda de
braço com a indústria
Diferenciais de Preços - BOI GORDO
No mercado de reposição, os invernistas também se
mostraram insatisfeitos com atual relação de troca
F
rigoríficos em pecuaristas disputaram nova queda de braço no mês
de abril, é o que índios dados do Cepea
(Centro de Estudos Avançados em Economia Aplica). E mais uma vez os pecuaristas perderam. No início do mês parecia que eles estavam em vantagem, a arroba do boi gordo foi cotada a R$ 81,99
(em São Paulo), no decorre de abril a situação inverteu, e a arroba foi fechada a
R$ 80,93, queda de 1,3% no em um mês.
No início de abril, o aumento nos
preços da arroba esteve atrelado à forte
resistência de pecuaristas para novas
vendas. Na segunda quinzena do período, no entanto, os negócios efetivados
nos valores maiores dos intervalos registrados pelo Cepea proporcionaram relativo aumento das escalas de abate e, com
isso, alguma pressão sobre as cotações.
Com a valorização da arroba até houve
uma folga nas escalas, mas o fenômeno
não foi generalizado, sendo obtido basicamente por aqueles frigoríficos que reajustaram os preços antes dos outros. O
recuo de pecuaristas e também de frigoríficos no final do mês resultou em baixa
movimentação do mercado pecuário.
Atacado da carne
Para a carne negociada no mercado
atacadista da Grande São Paulo, o valor
médio da carcaça casada de boi seguiu
caminho inverso ao da arroba e teve alta
de 0,39% no acumulado de abril, fechando o mês negociada a R$ 5,15/kg. A carcaça casada de boi foi sustentada, principalmente, pela valorização de 6,95% da
ponta de agulha, que fechou o mês a R$
4,00/kg.
O valor médio do dianteiro caiu
2,35% no acumulado de abril, com o corte
negociado a R$ 4,15/kg no final do mês.
O traseiro valorizou 0,8%, a R$ 6,28/kg.
Agentes esperavam valorização nas cotações da carne, especialmente dos cortes
nobres do traseiro, para o fim de abril –
devido à expectativa de aumento das vendas para o Dia das Mães – o que não foi
constatado.
Quanto às exportações, em abril, o
Brasil embarcou 78,4 mil toneladas de
carne bovina in natura, volume 2,2%
menor que o de março passado e 7,87%
inferior ao de abril de 2009, conforme
dados da Secex (Secretaria de Comércio
Exterior).
No mercado de reposição, os invernistas se mostraram insatisfeitos com a
atual relação de troca. Assim, muitos
preferiram postergar a efetivação de novas vendas de animais ao frigorífico, na
Relações de Troca - BOI GORDO/ BEZERRO
Diferenciais de Preços - BEZERRO
espera,
principalmente, de
preços maiores para a
arroba.
E
m
abril, o animal nelore
de 8 a 12
meses foi
comercializado por
volta dos
R$ 750,00,
tanto em
Mato Grosso do Sul São Paulo. Já os negócios de boi magro continuam por volta dos R$
como em 1.000,00.
10
MAIO 2010
Agronegócio S/A
Maior leilão do Pantanal acontece dia 12 de junho
II Leilão da Marca 15, no Corixão, leva 8 mil animais para a pista, entre bezerros, vacas, bois e tourunos
N
o dia 12 de junho acontece o II
Leilão da Marca 15, realizado
pelo Taquari Leilões. O evento vai trazer
para o tatersal da Fazenda Corixão, em
Rio Verde, a maior quantidade de animais em um só leilão no Pantanal – serão 8 mil cabeças, entre bezerros, vacas,
bois e tourunos de corte.
“Espero que vendedores e compradores fiquem satisfeitos, porque o gado é
de boa qualidade e estão em excelente
estado. Negócio bom é quando as duas
partes ficam contentes. E tenho certeza
de quem comprar ficará satisfeito, pois o
gado está bonito, bem alimentado, como
acontece nessa época do ano no Pantanal”, comenta Pantaleão Flores, mas conhecido com Panta, diretor da Taquari
Leilões.
A última edição do Marca 15, em
2009, reuniu cerca de 400 pessoas, entre compradores e convidados, na Fazenda Corixão. “A liquidação foi de
100%”, revela Panta. “As vendas são
boas porque hoje em dia no Pantanal o
gado é de excelente qualidade. Não perde em nada para os animais do Planalto. Se você colocar os animais das duas
regiões lado a lado não vai notar nenhuma diferença, especialmente entre
esses que estarão no Leilão da Marca
15”, frisa.
Juntar tantos animais em uma região como o Pantanal não é tarefa
fácil, por isso mesmo as comitivas
que levam as boiadas até a fazenda
já estão trabalhando desde o fim de
maio.
machos com algo entre 180 e 210 quilos,
já as fêmeas chegam à mesma idade entre 160 e 180 quilos. “E todos tem alimentação a pasto sem nenhum tratamento
especial”, comenta.
Um dos fatores para esse ganho em
produtividade é a melhor da genética
do rebanho. Uma prova disso é a quantidade de touros POs (Puro de Origem),
da raça Nelore, que a Taquari vende
para trabalho no Pantanal. Anualmente, são realizados três leilões somente
de venda de touros. Os deste ano já
estão agendados: dia 21 de agosto acontece o Leilão Jerson Domingos, com 50
animais; no dia 11 setembro o Leilão
LS, com 80 touros e no dia 9 outubro o
Leilão Melhoradores também com 80
animais.
Panta lembra que a Taquari Leilões
realiza leilões todos os primeiros sábados de cada mês na fazenda Corixão.
Gado é tocado de comitiva até o local do leilão; imagem feita ano passado no Corixão
O Corixão
Panta destaca ainda que novos compradores devem participar do leilão, ele
já observa que isso vem acontecendo nos
eventos que realiza, isso foi percebido no
último leilão que fez, no dia 15 de maio,
também no Corixão. Além de compradores de Mato Grosso do Sul, também compareceram alguns vindo de São Paulo.
Isso fez com os mil animais colocados
em disputa fossem todos arrematados por
bons preços.
As médias foram altas, com vacas
boiadeiras arrematadas a R$ 715,00, bezerras de 12 a 15 meses a R$ 550 e as de
10 meses a R$ 470. Entre os machos os
preços foram o seguinte: boi de 24 a 30
meses média de R$ 900,00, bezerros de
18 meses R$ 750,00 e os de 10 a 12 meses R$ 650,00.
Médias boas com essas têm uma explicação: a qualidade dos animais do
Pantanal. Conforme Panta, a maioria das
fazendas da região desmama os bezerros
COMO CHEGAR AO LOCAL:
Coordenadas da pista de pouso para
o Leilão do Corixão: UTM Unidade | N
(Norte) 7884478.406 | E (LESTE)
674189.454
De carro | Saindo de Campo Grande,
o melhor caminho é por Rochedo, passando por Corguinho e Rio Negro, seguindo até o Posto do Braulino e virando para a esquerda, andando mais 45
km, chega-se ao Leilão do Corixão. A
estrada está muito boa; de Campo Grande até Rio Negro é asfalto; daí para frente
são 60 km de estrada cascalhada, em perfeito estado.
11
MAIO 2010
Reprodução
Capa
Seleção natural?
Por falta de informação e assistência técnica
algumas raças não sobreviveram na pecuária
Jeferson da Luz, da redação
M
archigiana, Belgian Blue, Charolês
Mocho,
Blonde
D’aquitaine, Piemontês, Pitangueiras,
Beefalo. Caso ultimamente você não esteja vendo muitos exemplares dessas raças nas fazendas brasileiras, não há motivos para se preocupar, você não é o
único. Essas raças são as que não “vingaram” no Brasil. Algumas chegaram prometendo ser a solução para os problemas da pecuária, mas não cumpriram a
promessa. São muitos os fatores que fizeram, e fazem, com que raças desapareçam ou tenham sua população diminuída a níveis não comerciais. A equipe da
Folha do Fazendeiro foi atrás para saber
as respostas para tal fenômeno.
“A principal razão para o declínio de
uma raça é o mau uso dela”, afirma Luiz
Otávio Campos da Silva, pesquisador de
melhoramento genético da Embrapa Gado
de Corte em Campo Grande. “O criador
está com a pastagem ruim, o Nelore já não
responde mais. Aí ele ouve que tal raça
tem um ganho de peso fantástico que é
precoce, de fato a raça é. Mas ele coloca
os animais em um pasto que não estava
engordando nem Nelore. Como ele espera ter resultado?”, questiona.
Roberto Torres Júnior, também pesquisador de melhoramento genético da Embrapa lembra que muitas raças foram apre-
BELGIAN
BLUE
sentadas sendo ideais para qualquer situação. “Faltou informação”. Ele frisa que o
resultado de cada uma delas está diretamente ligado ao sistema de produção. E,
uma vez os animais não respondendo as
expectativas o mercado deixa de usar.
“O Belgian Blue tem uma produção
excelente na Bélgica, seu país de origem,
mesmo que tenha problemas de parto,
por ter um bezerro muito grande. Mas lá
as fazendas são pequenas e 40% dos nascimentos são assistidos por veterinários.
Lá dá para fazer isso porque eles vendem vitelo, portanto é interessante um
animal grande ao nascer – remunera-se
melhor –, logo, é possível se manter o
veterinário para fazer os partos”, exem-
12
Luiz Otávio Campos da Silva (CNPGC)
plifica. No sistema de produção brasileiro é inviável e impensável ter um número tão alto de partos assistidos. “Aqui
morreriam a vaca e o bezerro no pasto”.
População e seleção
Outro problema na “sobrevivência” de
uma raça é o tamanho de sua população.
Na década de 40 teve início um trabalho
que tinha como objetivo desenvolver uma
raça capaz de produzir boa quantidade
de leite em condições duras, daí fizeram
o cruzamento entre o Guzerá (indiano) e
o Red Poll (britânico), dando origem ao
MAIO 2010
Pitangueiras – homenagem ao município
do interior de São Paulo onde foi desenvolvido. A nova raça produzia três quilos de leite por dia, pouco, mas para a
época era um resultado fantástico.
No entanto, o Pitangueiras não sobreviveu porque tinha uma pequena população, o que reduz a viabilidade genética
ocasionando problemas de consanguinidade. “Além disso, o Girolando foi muito mais difundido. Isso porque na época
havia muito gado Gir e Holandês no Brasil, dessa forma a seleção do Girolando
foi mais fácil do que a do Pitangueiras”,
detalha Silva.
Modismo também acontece na pecuária. Essa é a terceira razão pela qual algumas raças sumiram. Muitos fizeram
propaganda enganosa, e quem comprou
ficou frustrado e abateu seu plantel. “O
mercado de carne faz com que o produtor fique imprensado em um sistema de
baixo custo. Aí ele escolhe uma raça com
grande ganho de peso, os animais chegam ao peso de abate mas não têm carcaça desejada, falta gordura. O frigorífico
paga preço de vaca e o produtor desiste
daqueles animais”, explica Torres. “Os
vendedores não disseram que o animal
tinha acabamento tardio”.
Outro fator que pode ser incluído
nessa lista é a falta de foco na seleção
Roberto Torres Júnior (CNPGC)
para aquilo que os pecuaristas mais precisam, produção de carne ou de leite. Ao
invés disso, escolhem os animais que
mais vão impressionar nas pistas. “Deixam de fazer um trabalho para criação a
pasto, quem compra esses exemplares
não tem resultado”, atenta Torres. “Seleção não significa dar ração para o bicho
participar de exposições”, completa.
Um dos exemplos de seleção com o
foco errado é o Shorthorn, uma raça quase
extinta nos dias de hoje, mas que no
passado foi a mais importante para a pecuária de corte mundial. “Os principais
responsáveis pelo fim do Shorthorn foram os próprios donos que não fizeram
um trabalho de seleção voltado para os
clientes. Sem dar lucro, a raça se acabou”,
comenta.
Uma forma de observar se a população de uma determinada raça está evoluindo ou não no país é verificar os dados
da ASBIA (Associação Brasileira de Inseminação Artificial). O relatório de comercialização de doses de sêmen por raça
de 2005 a 2009 mostra as raças que estão
perdendo espaço no Brasil. Em 2005 a
Associação registrou a venda de 4.374
dose de sêmen de Blonde D’aquitaine,
em 2009 foram vendidas só 2.326, o Belgian Blue passou de 1.073 dose em 2005
para 204 em 2009. Em 2005 vendeu-se
8.569 doses de sêmen de Charolês Mocho, em 2009, 841. A procura pelo Marchigiana caiu, mas não foi muito de 9.216
doses para 5.742; e a do Piemontês de
2.235 para 826 doses. No mesmo período, a Associação não registrou venda de
sêmen do Pitangueiras, já o Shorthoern
e o Beefalo apenas números insignificantes: 50 e 371 doses respectivamente. O
que não representa uma procura comercial. Na lista da ASBIA há outras raças
que indicam que estão em declínio, umas
em ritmo mais acelerado do que as citadas na reportagem.
ABCBA reconhece redução na população do Blonde
A ABCBA (Associação Brasileira dos
Criadores de Blonde D’aquitaine) reconhece que houve uma diminuição pelo
interesse da raça. “Mas isso aconteceu
com todas as raças de origem europeia”,
frisa Mário Fernandes, secretário executivo da ABCBA. E um dos motivos citado por ele para o desinteresse pela raça é
a falta de informação que ocorreu quando na introdução desses animais na pecuária brasileira.
“O que aconteceu foi que, devido à
falta de informação, os pecuaristas fizeram cruzamentos errados, sem orientação técnica e tiveram perdas, depois disso a queda foi generalizada”, conta. “Foi
falta de profissionalismo, tinha muita
gente fazendo cruzamento industrial porque era moda, se você não fizesse, estava fora do negócio, fora de moda” acrescenta.
Ele lembra que até 2002 o cruzamento industrial no Brasil estava indo bem
de uma forma geral. Outras raças europeias tiveram destaque como Marchigiana, Limousin, Piemontês, mas foi só os
problemas técnicos aparecerem para que
os cruzadores desistissem. Um deles foi
o tempo de acabamento de carcaça. O boi
chegava ao peso de abate, mas não tinha
a quantidade de gordura exigida pelo
mercado.
“Outra dificuldade foi a falta de adaptação dos frigoríficos. Como os animais
tinham menos gordura, as carcaças precisavam ser resfriada mais lentamente, o
que não aconteceu. Com isso tinha muita carne queimada pelo frio das câmara
de resfriamento e por isso a indústria
começou a rejeitar esses animais”, acrescenta. Em 2007, com a baixa procura por
raças europeias, a ABCBA, então sediada em São Paulo capital, entrou em
“stand by”, parou de funcionar. Hoje,
depois de três anos, ela retoma as atividades em Curitiba (Paraná) com a missão de tornar a raça novamente usada em
cruzamentos.
“Nós vamos dar toda a assistência aos
pecuaristas para evitar os erros de manejo que aconteceram no passado”, adianta Fernandes. “Também vamos iniciar um
programa para desenvolver um animal
mais precoce”, disse sem revelar o quan-
to mais precoce, mas abaixo dos atuais
24 meses para acabamento.
Um dos motivos para o ressurgimento da Associação, segundo Fernandes, é
a grande procura pelo Blonde D’aquitaine
nos últimos anos. O impedimento para
sua expansão agora é o atual número de
animais existentes no país atualmente,
que não atende a demanda. “Precisamos
de mais pecuaristas dispostos a criar a
raça com o objetivo de ampliar a população”, finaliza.
13
MAIO 2010
POR OUTRO LADO
Angus foi introduzido
com sucesso no Brasil
O crescimento da raça, diz presidente da
associação, não é exclusividade do Brasil
A variedade de raças presentes no
Brasil é muito grande, e é claro que nem
todas estão em declínio. O Aberdeen
Angus e o Red Angus – animais de origem escocesa – foram introduzidos no
país em 1906, em Bajé (Rio Grande do
Sul), através de um touro que veio do
Uruguai. Mas foi somente na década de
70 que a raça começou a se popularizar
e, uma das razões para isso é a qualidade da carne. “Pela sua genética o Angus
tem uma carne marmorizada que lhe confere maciez e sabor, o que é muito apreciado pelos mercados internacionais e agrega valor ao produto final”, argumenta
Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, diretor-presidente da
ABA (Associação Brasileira de Angus),
em entrevista por telefone à Folha do Fazendeiro.
Dados da comercialização de sêmen
nacional registrados pela ASBIA (Associação Brasileira de Inseminação Artificial) mostram que nos últimos cinco anos
a venda de sêmen de Angus cresceu
232%, passou de 96.861 doses em 2005
para 321.619 doses em 2009. Com relação ao Red Angus, a comercialização do
sêmen foi estável com uma média de
282,8 mil doses por ano. Mas é quando
se presta atenção à quantidade de doses
importadas é que os números são realmente impressionantes, de 2005 a 2009
a venda dose de sêmen de Angus pas-
sou de 111.121 para 639.823, crescimento
de 475,7% em cinco anos. O sêmen de
Red Angus importado também aumentou significativamente, 299,4%, saindo
de 54.515 doses para 217.773. Na soma
de doses de sêmen importado e nacional
chega a 961.442, o que coloca o Angus
como a segunda raça mais procurada no
país, perdendo apenas para o Nelore Padrão – que comercializou 2,2 milhões de
doses em 2009.
O crescimento da raça, diz Mello, não
é exclusividade do Brasil, em países exportadores de carne como Uruguai, Nova
Zelândia e Austrália o Angus tem tomado conta da paisagem. Isso sem falar na
Argentina onde é criado há muito mais
tempo.
“No Brasil a curva de crescimento é
mais acentuada porque fora do Rio Grande do Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, a raça tem mostrado grande adaptação e vantagem comerciais no cruzamento com o Nelore, que gera animais preco-
14
ces sexualmente e em ganho de peso, com
acabamento de carcaça aos 18 meses”,
garante Mello. Esses aspectos, aliado a
um carne de gordura entremeada, fazem
esse cruzamento industrial ser cobiçado
pelos frigoríficos. “Animal jovem com
carne macia é o que eles querem”.
No Rio Grande do Sul a raça é criada
sem mistura, mas, apesar de lá ter o maior rebanho de Angus e Red Angus, de
acordo com o ruralista, apenas 10% do
total de sêmen comercializado no país
fica no Rio Grande do Sul, o resto vem
para as regiões com temperaturas mais
elevadas.
Outro fator que pode explicar o sucesso da raça entre os pecuaristas é o
esclarecimento técnico para quem está
comprando touros Angus ou formando
plantel. O presidente da ABA disse que
a Associação tem oito técnicos em dife-
MAIO 2010
Joaquim Francisco Bordagorry, da ABA
rentes cidades da região Sul os quais são
especializados no manejo da raça e que
prestam assessoria para os iniciantes.
“Eles também realizam dias de campo e
palestras em sindicatos e associações.
Sem dúvida, ter um braço técnico ajudou na propagação da raça”.
Mas, talvez, o que mais tenha contribuído para a expansão do Angus seja o
trabalho de certificação da carne. Trocando em miúdos, marketing. Isso é feito
através do Programa Carne Angus Certificada, o objetivo maior é a valorização
da carne de animais da raça, uma parceria entre os produtores – através da Associação – e alguns frigoríficos, com isso
os pecuaristas conseguiram um diferencial por arroba. E não tem incentivo maior do que dinheiro no bolso se propagar
uma raça. Atualmente, os frigoríficos
Marfrig, VPJBeef e Silva recebem a certificação da ABA. A rede de supermercados Zaffari e diversos restaurantes também estampam o selo de origem da carne. Desde de 2006, produtores dos esta-
dos do Paraná, São Paulo, Goiás e Mato
Grosso do Sul também já contam com o
bônus na hora de vender seus animais
ao frigorífico.
Enfim, até aqui, a raça Aberdeen Angus tem sem mostrado uma excelente
opção para a pecuária brasileira, atende
os objetivos de produtores e frigoríficos
e ainda o gosto do consumidor. Outras
raças com as mesmas características poderiam estar competindo com mais força
nesse mercado, mas a pressa em vender
touros e a falta de informação levou muitos a frustrações que até hoje doem, principalmente no bolso. Alguns produtores
abandonaram o cruzamento industrial e
voltaram às velhas práticas. O que pode
ser ruim para as ambições do setor, consolidar a posição do Brasil como principal provedor de proteína animal do mundo. (J.L.)
MAIS TECNOLOGIA
Associação do
Blonde D’aquitaine
inicia nova fase
A ABCBA (Associação Brasileira dos Criadores do Blonde
D’aquitaine) está voltando a atividade, depois de uma período de
três anos em stand by – durante o
qual mudou-se de São Paulo para
Curitiba – a nova diretoria tem a
missão de fomentar a criação da
raça no país.
O recém eleito presidente, Sr.
Rubens Buchmann, acredita na retomada do interesse pelas raças européias, em especial do Blonde
D’aquitaine, em razão da forte demanda por reprodutores, destinados ao cruzamento industrial.
Uma das metas da atual diretoria e congregar os diversos criadores com objetivo de aumentar a
oferta de reprodutores e assim
abastecer o mercado, atualmente
em grande procura por touros da
raça.
Para dar início a esta nova fase,
a Fazenda Padrão, uma das pioneiras na criação de Blonde, realizaria no dia 3 de junho, na cidade
de Chapadão do Sul (MS) durante
a 18ª. Exposul, o 5º Leilão da Fazenda Padrão e Convidados, no
qual, estará ofertando 20 reprodutores da raça.
Agro-Pecuária CFM cria sistema próprio para identificação do
rebanho, etapa importante no sucesso do programa de seleção
A busca por maior transparência nas
relações comerciais dentro do mercado
tem impulsionado de maneira irreversível o setor da produção animal rumo à
profissionalização. Entre as conseqüências desta tendência estão não só o investimento maior do pecuarista em tecnologias para aumento da eficiência do
rebanho, mas também em modelos de
gestão para coleta e armazenagem das
informações que são geradas no campo.
Tamires Miranda Neto, veterinário da
Agro-Pecuária CFM, explica que é preciso traçar planos objetivos e mensurar
todos os resultados a fim de obter informações precisas sobre a performance produtiva e reprodutiva dos animais, pois é
desta maneira que se torna possível medir se os ganhos de produtividade estão
dentro dos parâmetros estipulados.
O primeiro passo na condução desse
processo de registro das informações
passa pela identificação individual dos
animais, etapa considerada de grande
importância no manejo de campo da
Agro-Pecuária CFM. Na CFM, o rebanho
é 100% identificado. Devido à complexidade do sistema de produção, que inclui cria e recria de animais para o programa de seleção genética e engorda de
animais para corte, com fazendas em diferentes regiões do país, a CFM criou um
sistema próprio para identificação de
seus rebanhos.
Assim, a padronização se dá pela
identificação por letras e números que
permitem saber a origem do animal e o
ano de nascimento, além do número do
animal propriamente dito. Inicialmente,
cada propriedade do grupo é identificada por uma sigla de 2 dígitos que dá início ao código de identificação do animal.
Em seguida, o indivíduo recebe um número de 4 dígitos, que identifica a ordem seqüencial de seu nascimento. E,
finalizando, os 2 dígitos do ano de nascimento (safra) do animal.
A identificação é a seguinte:
“sigla da fazenda” + “número do animal” + “safra”
No campo, o controle é feito da seguinte forma: o campeiro carrega uma
caderneta onde ele inicia a coleta de informações e identificação do animal desde o parto. Nesta constam os números
seqüenciais de nascimento dos animais,
e outras informações como: número da
mãe, data do parto, peso do bezerro,
sexo, raça e lote.
A caderneta de nascimentos, como é
chamada, é carbonada, sendo que uma
via é enviada para o escritório da fazenda e a outra via permanece com o campeiro até a desmama dos bezerros para
eventuais consultas e anotações.
Feito o preenchimento das informações sobre o nascimento, o campeiro tatua as duas orelhas do bezerro com os
números de 4 dígitos. Este será o ‘RG’ do
bezerro, número que ele vai carregar para
o resto da vida.
Este processo, apesar de simples, é
muito importante e deve ser feito sempre de forma criteriosa, pois, a partir dele
é que o animal ingressa no programa de
seleção. “A correta identificação é essencial não apenas para o bezerro em questão, mas também para o bom desempenho do programa de seleção, que se baseia numa boa coleta de dados, esclarece
Tamires Miranda Neto, veterinário da
Agro-Pecuária CFM.
A fim de facilitar o manejo, os bezerros recebem um pequeno picote na orelha que sinaliza o mês de nascimento.
Este método é vantajoso, pois o picote
pode ser facilmente visualizado e o animal jovem ainda não precisa passar pelo
processo de marcação do couro a fogo. O
interessante é que cada mês do ano corresponde a uma posição única do picote
da orelha do animal, conforme esquema
abaixo.
Por ocasião do desmame, os animais
recebem a marca da CFM (&) na face esquerda, e, entre os 8 e 12 meses de idade, são marcados com seu número de 4
dígitos na anca do lado direito.
Antes de qualquer transferência ou
venda, o animal ainda é marcado no cupim (lado direito) com as duas siglas de
identificação da fazenda. Desta forma,
todo animal produzido pela CFM apresenta uma identificação única que é utilizada de forma prática tanto no campo
como no programa de melhoramento.
Com isso, a informações de cada animal
do banco de dados da CFM compõem
uma informação limpa e de alta confiança o que ajuda na qualidade da avaliação
genética de todo o rebanho e os seus clientes têm a certeza de adquirir animais
com máxima confiança e transparência.
15
MAIO 2010
MÉDIAS PREÇOS GADO MAGRO
Mercado
Com o boi magro caro
confinamento cai 5,9%
E
ste ano a quantidade de animais em
confinamento deve ser 5,9% menor
do que em 2009, é o que prevê a Assocon
(Associação Brasileira de Confinadores),
entidades que reúne 50 confinamentos no
país. E o principal motivo para isso é o
valor do boi magro, que hoje está por volta
de R$ 1.000,00, ou R$ 79,00 por arroba
(valores de São Paulo). Segundo estimativas da entidade, no ano passado foram confinados 2,2 milhões de animais, para este
ano deve passar de 2 milhões.
Pesquisa feita entre os associados mostra que entres os confinamentos de pequeno e grande porte há um crescimento de
7%, mas quando se trata dos grandes confinadores a projeção cai 14% com relação a
2009.
Bruno de Jesus Andrade, técnico da
Assocon, aponta outro motivo para a queda no confinamento no Brasil, as incerte-
zas quanto ao preço futuro da arroba do
boi gordo. “A relação de troca boi magro/
boi gordo não está clara, mas o mercado
indica que vai ser apertada”, comenta.
Para quem vai fazer confinamento este
ano a dica é ser cuidadoso na hora de
fazer as contas do negócio, pois mesmo
que o custo da ração tenha caído bastante com relação a 2009, não há previsão
de quanto vai estar a arroba em outubro,
e um dos motivos para isso é o fato de
não haver dados sobre a quantidade de
animais colocados em confinamento pelos frigoríficos. “No Brasil é complicado
fazer uma previsão, porque a maioria os
dados não é oficial e os poucos oficiais
que há não são confiáveis. Há muito abate clandestino”, comenta. “Para garantir
um preço mínimo é bom que o pecuarista trave o boi na BM&F/Bovespa [faça
contratos de Opção de Venda]. Assim ele
Fonte: Assocon
fica protegido das oscilações do mercado”, aconselha Andrade.
Para ele, o confinamento se mantém
como uma boa opção de sistema de engorda para a região Centro Oeste do país,
onde há uma forte produção de grão, especialmente de milho, que é um excelente ingrediente da ração, acelera a engorda.
No Mato Grosso o preço desse grão tem
caído nos últimos meses e chegou a custar R$ 9,00, o que viabiliza seu uso em
quantidades maiores na hora de fazer o
concentrado. “Com isso, o produtor pode
terminar seus animais mais cedo e ganhar
no giro. Mas tudo tem de ser feito na ponta
do lápis”.
Como fica
No ano passado, aconteceu um fenômeno inesperado, a baixo do preço do boi
gordo em plena entressafra. Um dos fatores para isso se deveu a surpresas da natureza, quanto era esperado um período de
seca choveu como se fosse verão, isso acelerou a engorda dos animais que estavam
no pasto que foram para o abate praticamente no mesmo período em que os animais de confinamento.
Este ano pode o desestimulo ao sistema vem do preço do boi magro – que representa 75% do custo de um confinamento – que está quase igual ao do boi gordo.
“Fatores emocionais do pecuarista podem levar a uma queda no confinamento.
Ele pensa; ‘no ano passado eu levei prejuízo, não vou arriscar novamente’”, explica
Andrade. “Mas vai da pessoa avaliar bem
os seus custo e planejar cuidadosamente
o que vai fazer”, ressalva.
Em MT
Mato Grosso é um dos principais confinadores do país, ao lado der Mato Grosso do Sul e Goiás, e os números do Imea
(Instituto Mato-grossense de Economia
Agropecuária) também apontam para uma
diminuição na atividade, 7,03% em relação ao ano passado. Lá 200 das 221 unidades confinadoras cadastradas (90%) foram contatadas. Caso a intenção dos produtores se concretize, serão produzidas 593
mil cabeças, exclusivamente nos cochos,
que deve responder por 20% a 30% dos
bovinos produzidos para abate no período
da entressafra.
16
MAIO 2010
TAG Ativo eletrônico para gado reduz fraudes e custos
Sistema de baixo custo automatiza o processo de fiscalização nos postos de fiscalização da sanidade
A
Embrapa Pecuária Sudeste (São
Carlos, SP) acaba de lançar o
“TAG Ativo”, um dispositivo para identificação e monitoramento do trânsito de
animais. Este dispositivo eletrônico substitui os documentos em papel exigidos
no transporte de gado, como atestados
de vacina e dados sobre o animal. O novo
produto ajudará a reduzir fraudes e baixará custos. O aparelho tem memória
para gravar e transmitir dados coletados
por radiofreqüência - similar aos utilizados nos pedágios das rodovias paulistas
e do Sul do Brasil (“sem parar” ou “passe fácil”) -, de animais rastreados e identificados com brincos eletrônicos. “A
nova tecnologia consolida os processos
de rastreabilidade, contribuindo assim
para a melhoria da eficiência e competitividade da pecuária brasileira nos mercados interno e externo”, diz o pesquisador Waldomiro Barioni Jr, da Embrapa
Pecuária Sudeste.
Com tecnologia totalmente brasileira,
a Embrapa Pecuária Sudeste e a empresa
parceira AnimallTAG, de São Carlos, tiveram participação na concepção do produto. Agora a Embrapa Pecuária Sudeste
e a AnimallTAG estão validando o dis-
tificação Animal – DIA e a identificação
do motorista do caminhão, responsável
pela carga de animais.
O sistema é composto por um Tag Ativo,
um leitor fixo para leitura do Tag Ativo,
brincos eletrônicos para identificação dos
animais e um leitor portátil
positivo a campo para transporte de bovinos. O direito de fabricação do TAGAtivo é de exclusividade da empresa
parceira por tempo determinado, cabendo à Embrapa Pecuária Sudeste os royalties sobre a comercialização do produto.
É um sistema de baixo custo, que
automatiza o processo de fiscalização nos
postos de fiscalização da sanidade animal, mesmo em regiões afastadas, sem
infra-estrutura; reduz o tempo de fiscalização para poucos segundos, permite a
inspeção de 100% dos veículos; permite
saber quantos e quais animais passaram
pelas barreiras, proporcionando um monitoramento total do trânsito animal; proporciona boa capacidade de resposta frente ao surgimento de eventuais emergências sanitárias; permite integração com a
Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrôni-
ca e com o SISBOV. Com adoção do novo
produto, o camioneiro levará o Tag Ativo fixado ao caminhão de transporte de
animais, do lado externo, ao invés das
dezenas de documentos em papel, hoje
ainda necessários.
No novo equipamento estão ainda
gravados os dados da Guia de Trânsito
Animal – GTA, do Documento de Iden-
Como funciona
O sistema proposto é composto por
um Tag Ativo, um leitor fixo para leitura
do Tag Ativo, brincos eletrônicos para
identificação dos animais e um leitor
portátil para leitura do brinco Eletrônico.
1) O Tag Ativo é um pequeno dispositivo de rádio freqüência similar aos utilizados nos pedágios das rodovias paulistas e do Sul do Brasil. Sua distância
de leitura é maior que a do Brinco Eletrônico.
2) O leitor portátil é um equipamento
dotado de uma antena que ao ser acionado faz a leitura do brinco eletrônico.
3) O leitor fixo é um equipamento no
formato de painel, dotado de uma grande
antena, e com alcance de leitura maior,
possibilitando a leitura dos Tags Ativos.
4) O brinco eletrônico é um identificador fixado a orelha do animal, sem
bateria, que transmite o número do animal quando excitado por um sinal de
rádio freqüência. Sua função é identificar o animal e não localizar o animal. A
distância de leitura de um brinco eletrônico é pequena pelo fato de não possuir
bateria. Normalmente um brinco eletrônico é usado em conjunto com um brinco plástico visual, fixado na outra orelha
do animal.
Vem ai a Expo MS
DE 9 A 19 DE SETEMBRO
Parque Laucídio Coelho
Campo Grande. Promoção: Acrissul
MAIO 2010
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MAIO 2010
Cooperativismo
Celso Régis: “De qualquer forma
as cooperativas em geral estão
mais profissionalizadas, em
termos de administração
Celso Régis, da OCB-MS:
“Cooperativas precisam de
gestão profissionalizada”
isso até hoje não há uma cooperativa de
carne bovina”, completa. Contudo, ressalta ele, há uma movimentação forte do
Sindicato Rural de Campo Grande para
mudar essa situação.
Segundo o presidente reeleito da OCB-MS, desafio
atual é buscar capacitação para as lideranças
O
cooperativismo é algo já consolidado no Brasil. União, objetivos em comum, ganhos econômicos e
sociais são os elementos que movem as
pessoas a se unirem e formar cooperativas. Mas é preciso mais do que boa vontade e saber produzir para que uma dessas entidades vá bem, é preciso saber gerenciá-las. A falta de uma gestão profissionalizada é um dos principais problemas enfrentados hoje dentro das cooperativas, é o que aponta Celso Ramos Régis, presidente da OCB-MS (Sindicato e
Organização das Cooperativas Brasileiras
em Mato Grosso do Sul).
Um exemplo de como a falta de profissionalismo pode acabar mal, segundo
ele, foi a Cooagri (Cooperativa Agropecuária e Industrial), que no ano passado
teve seus bens liquidados para pagar uma
dívida que passava dos R$ 240 milhões.
“É como dizem: ‘o produtor é muito eficiente da porteira para dentro’. Se fosse
questões de mercado todas as outras teriam tido o mesmo destino. E os culpados são os próprios associados, que são
os donos do negócio. Sem um gerencia-
mento profissional da cooperativa a desativação realmente pode acontecer”, diz.
Mas, apesar do aviso, Régis avalia que
as cooperativas em Mato Grosso do Sul
vão muito bem. Atualmente são 105, divididas nos setores de saúde, crédito,
infra-estrutura e agricultura, sendo que
este último é a que tem mais expressão.
Ao todo, elas representam 9% do PIB
(Produto Interno Bruto) estadual. “Isso é
muito dinheiro, daí você pode perceber
a importância que as cooperativas têm”,
comenta.
Conforme Régis, o desafio no momento é buscar capacitação para todos os responsáveis pela condução das cooperativas. “Através da Sescoop [Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo] estamos em buscado o aperfeiçoamento dos gestores. Para isso oferecemos
MBA [Master Business Administration]
voltado para a gestão de cooperativas,
ministrado pela Fundação Getúlio Vargas. A melhor é que se possa achar bons
administradores entre o corpo de cooperados, mas, se não for possível, tem de
se ir atrás dos melhores profissionais do
mercado para prestar assessoria”, aconselha.
De uma forma geral, para Régis, a classe que produtores que é mais fácil de
mobilizar para formação de uma cooperativa são os que trabalham com pecuária de leite, pois já praticam os princípios espontaneamente. “Em uma linha de
leite o laticínio passa por lá para pegar o
leite de todos. Mas se um decide que não
vai mais entregar leite, o laticínio ameaça
parar de fazer a linha e todos se unem
para saber o que está acontecendo com
quem quer parar e ajudá-lo a resolver o
problema. Eles não podem parar de vender”, ilustra.
Mas o mesmo não acontece com a
pecuária de corte. O presidente lembra
que em todos os tipos de carne há alguma cooperativa atuando, menos na carne de bovinos. “O pecuarista tem o privilégio de ter o seu produto transportado à custa da indústria e não importa se
o frigorífico está fazendo a viagem para
pegar os animais só de uma fazenda”,
compara. “Quem trabalha com gado de
corte tendem a ser independente, por
OCB-MS lança prêmio de jornalismo
Durante um café da manhã no dia 25
de maio, a OCB-MS (Organização das
Cooperativas Brasileira em Mato Grosso
do Sul) fez o lançamento do II Prêmio
OCB-MS de Jornalismo. Na ocasião, presidente da entidade, Celso Ramos Régis,
disse que o objetivo do Prêmio é de mobilizar e reconhecer os jornalistas dedicados a divulgar os projetos, ações econômicas e sociais realizadas pelo cooperativismo.
Nesta edição duas categorias serão
premiadas: telejornalismo e jornalismo
impresso. “Queremos promover um parceria com a imprensa, para disseminar o
cooperativismo e mostrar que esta forma
de organização econômica e sólida e forte para enfrentar as crises”, disse Régis.
Falando especificamente do cooperativismo no agronegócio, o presidente
lembrou que no Estado ainda há muitas áreas em que a atividade pode estender muito, um exemplo a iniciativa
de criar uma cooperativa de pecuaristas para evitar a venda para os frigoríficos e ainda melhorar a remuneração dos
associados. Há ainda o início de outras duas relacionadas a produção de
cernes, uma de peixe e a outras de ovinos.
“Os produtores querem diversificar
sua produção, daí estão partindo para
uma cooperativa de abate de ovinos. Nós
incentivamos a diversificação, porque se
a soja não estiver dando dinheiro ele tem
uma alternativa de renda e não vai passar apertado”, disse.
Serão distribuídos R$ 12.000,00 em
prêmios, os vencedores serão conhecidos no dia 3 de dezembro durante o Encontro Estadual do Cooperativismo.
SERVIÇO:
Para mais informações basta acessar
o site da OCB-MS: www.ocbms.org.br
Briga com gigantes
Régis tem uma resposta para os recentes questionamentos que surgiram
entre os pecuaristas do país nos últimos
tempos: será que dá manter o poder de
barganha frente à diminuição da concorrência entre os frigoríficos? Ele responde que sim: centrais de cooperativas.
A centrais, como o nome já sugere,
foca a atuação de diversas cooperativas
em um só nicho de mercado. Dessa forma elas ganham projeção nacional, diminuem ainda mais os custos e ampliam
a atuação entrando, inclusive, em espaços que as gigantes de capital aberto atual com igual competitividade.
Tal estratégia, de acordo com Régis,
já foi testa e aprovada – é a Aurora (Cooperativa Central Oeste Catarinense), que
na realidade congrega outras quinze cooperativas. “E a marca esta aí, competindo de igual para igual com outros grandes nomes como Sadia, Perdigão e outras”, comenta.
Finalizando o presidente da OCB-MS
disse que de uma forma geral as cooperativas do Estado estão mais profissionais em termos de administração, mas
que ainda há muito para ser melhorado
nesse sentido.
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MAIO 2010
Agende-se
ExpoBonito acontece em agosto
Abertas as inscrições para seleção
de chefe-geral da Embrapa Pantanal
Estão abertas até dia 22 de junho as
inscrições de candidatos ao cargo de chefe-geral da Embrapa Pantanal, Unidade
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada em Corumbá (MS).
Podem participar da seleção empregados da Embrapa ou profissionais de
outras instituições que atendam aos requisitos mínimos previstos na norma de
recrutamento e avaliação de candidatos,
disponível na página da internet:
www.embrapa.br/selecaochefe.
O mandato é de três anos, prorrogável por mais três. A Embrapa Pantanal é
uma unidade ecorregional, ou seja, atua
em função de demandas do bioma. Foi
criada em 1975 e tem atualmente 130
empregados.
Mais informações pelo telefone (61)
3448-1727 ou 3448-4393 ou ainda pelo
e-mail [email protected].
Feicorte 2010: confirmados 12 leilões de elite
Animais de genética apurada, provenientes de rebanhos top de várias raças, com
aptidão para produção de carne ou para disputar pista, estarão à disposição dos
interessados nos leilões da Feicorte 2010 – 16ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne. O evento será realizado de 15 a 19 de junho, no Centro de Exposições
Imigrantes, na capital paulista e, também terá um remate de cavalos da raça Árabe.
Como ocorre tradicionalmente, a agenda de leilões da Feicorte será bastante diversificada. Até o momento, foram confirmados 12 leilões, com ofertas de animais
das raças Angus, Brahman, Simental, Simbrasil, Guzerá, Hereford, Braford, Nelore,
Guzerá e Senepol, além de equinos da raça Árabe.
Após o grande sucesso da primeira edição, realizada no ano passado,
o Sindicato Rural de Bonito-MS já
definiu a data da ExpoBonito 2010,
uma das maiores exposições agropecuárias do Mato Grosso do Sul. A feira acontece entre os dias 02 e 08 de
agosto, na cidade que é um dos mais
belos cartões postais do Brasil, em
meio a um verdadeiro santuário ecológico, a 280 kms da capital Campo
Grande.
Os organizadores pretendem superar os números de 2009, quando
reuniram no Parque de Exposições
Leôncio de Souza Brito mais de 10
mil pessoas, entre empresários, criadores e público em geral, e movimentaram através de leilões, shows, rodeio, linha de financiamento, entre
outros, mais de R$ 5 milhões.
Para os julgamentos, a expectativa
também não é diferente. “Queremos
contar com mais de 500 animais e al-
cançar um lugar de destaque no cenário de MS”, afirma o presidente do
Sindicato Rural de Bonito, Denílson
Augusto da Silva, que ressalta. “Serão 11 leilões com a qualidade do gado
sul-mato-grossense”.
Em 2010, a ExpoBonito pretende
atrair o público da região e demonstrar que é possível a perfeita harmonia entre pecuária e meio ambiente.
“Convidamos a todos para conhecer
a feira, É uma mostra de desenvolvimento sustentável”, completa Denílson.
Serviço:
Evento: ExpoBonito 2010 - 2ª Exposição Agropecuária de Bonito-MS
Data: 02 a 08 de agosto
Local: Parque de Exposições Leôncio de Souza Brito
Informações sobre o evento:
www.expobonito.com.br / (67) 32551615
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MAIO 2010
Pesquisadores criam
o Purunã, nova raça
brasileira de bovino
Meta é um animal com precocidade sexual, rápido
ganho de peso e bom acabamento de carcaça
N
a pecuária brasileira a busca por
melhor produtividade, maior
lucro e qualidade da carne nunca pára.
Um exemplo disso é o trabalho que foi
desenvolvido pelo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), lá eles criaram uma
nova raça de bovino, o Purunã, que tem
como objetivo atender as principais metas dos criadores: precocidade sexual,
rápido ganho de peso e bom acabamento de carcaça.
A nova raça foi desenvolvida a partir
de quatro outras Charolês (41%), Angus
(25%), Caracu (25%) e Canchin (9%). “O
Purunã, em sua composição tem raças
que complementam as características desejáveis”, comenta o zootecnista José Luiz
Moletta, pesquisador da Iapar e adminis-
trador da fazenda experimental em Ponta Grossa, onde o projeto foi desenvolvido. “A maturidade sexual é atingida com
cerca de 14 meses com alta fertilidade”,
completa.
Quanto à terminação do animal para
o abate, isso vai depender do sistema de
produção usado. Segundo Moletta, no
pasto para chegar a 17 arrobas os animais levam 28 meses. Quando submetido ao confinamento este tempo cai para
21 meses, e para animais super precoces
o peso ideal exigido pelo mercado é alcançado aos 15 meses, em confinamento.
Conforme o pesquisador, no cruzamento industrial o Purunã apresenta alta
heterose quando usado usados em ani-
Nova raça tem sangue Charolês (41%), Angus (25%), Caracu (25%) e Canchin (9%)
mais de origem zebuína como o Nelore,
por exemplo. Isso deve-se à alta quantidade de raças de sangue taurino em sua
composição. Ele ressalta ainda que a raça
tem grande habilidade na monta a campo.
“Do Angus ele herdou a precocidade, o acabamento de carcaça, ainda uma
carne marmoreada, muito macia e saborosa”, afirma. Tais características são
muito apreciadas por mercados consumidores de outros países, principalmente o europeu. Do Caracu o Purunã carrega a capacidade de suportar altas temperaturas, o que o viabiliza para outras regiões do país.
Outro ponto que Moletta destaca na
nova raça é o aproveitamento de carcaça,
de acordo com o que disse, pode chegar
a 58% em animais super precoces e 56%
no precoce.
Disseminação
Depois de comprovadas das qualidades da raça, agora o desafio da Iapar é
aumentar a população desses animais –
hoje, a fazenda experimental tem cerca
de 1.700 indivíduos, sendo que mil são
machos – e para fazer isso o órgão aposta
na parceria com produtores .
“Atualmente, temos feito isso com a
venda do sêmen. Mas estamos incentivando os criadores a fazerem seus próprios cruzamentos, já que o número de
animais é insuficiente para atender a todos. Nós damos o suporte técnico necessário para que ele possa fazer esse trabalho dentro de suas fazendas, pois as
raças que dão origem ao Purunã são facilmente encontradas no Brasil”.
Nascimento
Segundo José Luiz Moletta, o Purunã
foi desenvolvido em um programa que
tinha como objetivo chegar a um animal
de grande produção de carne adaptado à
região central do Paraná. O trabalho teve
início em 1981, em 1995 já se tinha o
primeiro resultado positivo. “Nesse ponto
tínhamos de tomar uma decisão”, conta
o pesquisador. “Daí decidimos partir para
a reprodução dos indivíduos até chegarmos a uma população confortável numericamente”.
O Purunã ainda não é uma raça reconhecida pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), mas
a Iapar já deu entrada no processo de
registro, contudo, um dos empecilhos é
justamente a pouca baixa quantidade de
animais, o que deve ser superado em
breve.
“O trabalho de desenvolvimento de
novas raças é de fundamental importância para a pecuária brasileira, porque com
isso persegue-se ganho de produtividade, agrega valor à carne e maximiza o potencial da atividade”, finaliza Moletta.
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MAIO 2010
Manejo racional
Confinamento: Homeopatia apresenta excelentes
resultados no controle da sodomia bovina
No Brasil, no período da entressafra,
que vai de maio a novembro, o número
de confinamentos ou semi-confinamentos aumenta significativamente. Muitos
pecuaristas optam pelo sistema por ser a
melhor forma de engordar os animas que
posteriormente serão destinados para o
abate.
“Se no período da seca os bois permanecerem no pasto somente com a suplementação mineral, eles deixam de ganhar peso, e com isso o produtor acaba
tendo prejuízos, uma vez que o abate será
feito mais tarde”, explicou o médico-veterinário e supervisor de vendas da Real
H, Luciano Silvestre.
A qualidade da carcaça produzida no
confinamento está relacionada ao bom
desempenho obtido na fase de cria e recria. Visando uma maior lucratividade na
hora do abate, o pecuarista geralmente
opta por mandar para a fase de terminação, os animais mais fortes, sadios, com
ossatura robusta, bom desenvolvimento
muscular, e gordura suficiente para proporcionar boa cobertura da carcaça e dar
mais sabor a carne.
Os confinamentos são encontrados
com maior frequência no Sudeste e Centro-Oeste do país, e podem abrigar de cem
a 60 mil bois, conforme a capacidade e o
interesse do produtor. Atualmente, grande parte dos criadores tem optado por
manter os animais inteiros no confinamento, sem proceder à castração, recorrendo a estudos que comprovam que
dessa maneira consegue-se obter melhores resultados no manejo, no ganho de
Luciano Silvestre, veterinário da Real H
peso e na qualidade final do produto.
Porém, nesses casos, a lotação, aliada
a outros fatores externos, como temperatura, poeira e barro, acaba gerando estresse nos animais, que logo passam a
apresentar a sodomia bovina, um distúrbio comportamental que se caracteriza
quando um animal é repetidamente montado por outro, maior e mais forte, que
acaba por feri-lo ou até mesmo levá-lo a
morte, acarretando prejuízos.
No controle da sodomia, o pecuarista
tem a homeopatia populacional como
uma importante ferramenta. A terapêutica foi criada em meados da década de
80, pelo dr. Claudio Martins Real, e é
voltada justamente para o tratamento de
determinados rebanhos que estão sujei-
Centro de Performance avalia 430 animais
Já foram iniciados os trabalhos na edição 2010 do Centro de Performance
CRV Lagoa, teste de performance realizado pela central. O evento que completa
quatro edições este ano reúne 430 machos de nove raças: Brahman, Guzerá,
Nelore, Nelore Mocho, Tabapuã, Angus, Canchim, Bonsmara e Senepol e 130
criadores de onze estados: BA,GO, MG, MT, MS, PA, PR, RJ, RS, SP e TO.
Após pesagem de entrada no confinamento, realizada no final de Abril, chegou a hora dos animais iniciarem a fase de adaptação que vai durar 42 dias. A
avaliação acontece na sede do Confinamento Savegnago, localizado a poucos
quilômetros da CRV Lagoa, em Sertãozinho (SP). A pesagem inicial acontece no
dia 08 de Junho, etapa que antecede a pesagem intermediária e a primeira mensuração de perímetro escrotal (PE), que acontece dia 03 de agosto. As avaliações
finais fecham o CP CRV Lagoa 2010, no dia 28 de setembro.
tos às mesmas condições de estresse,
manejo, alimentação, entre outros, e por
isso sofrem dos mesmos problemas.
De acordo com Luciano Silvestre, no
caso da sodomia, a homeopatia atua de
forma natural no tratamento do rebanho,
reduzindo o estresse dos animais, proporcionando o bem-estar e equilibrando
as funções do organismo, inclusive a
produção do hormônio testosterona.
No País existem muitas propriedades
rurais em que o uso do Homeo Bovis
Sodomia vem proporcionando excelentes resultados. “Este produto homeopático age no sistema nervoso central, diretamente no centro sexual do macho,
equilibrando os níveis de testosterona e
inibindo a libido. Desta forma os animais
ficam mais calmos, favorecendo o ganho
de peso. Além disso, diminuem-se as
montas, o manejo, os custos com as ins-
talações e os prejuízos pelas perdas de
animais por óbitos ou fraturas”, esclarece Luciano.
O médico-veterinário comenta também
que, visando potencializar ainda mais a
ação do produto e obter um maior ganho
de peso, muitos produtores utilizam o
Homeo Bovis Sodomia juntamente com
o Homeo Base Convert H.
Outro ponto positivo da Homeopatia
destacado pelo profissional é a facilidade de manejo. “Os produtos são de fácil
manuseio, fornecidos diretamente no
cocho, misturados a alimentação da boiada, e o que é melhor, por ser 100 %
natural não deixa resíduos na carne”.
O produtor rural ou profissional da
área que tiver interesse em saber mais
sobre as vantagens da terapêutica ou a
eficácia dos produtos, pode acessar o site
www.realh.com.br
22
MAIO 2010
Fazenda deixa a criação
de corte para se tornar uma
das líderes em reprodução
Segundo York Correa, quarta geração da fazenda
São Thomáz, foco é a criação de reprodutores Nelore
PO, com animais que trabalhem bem a campo
H
á cerca de cem anos quando o
município de Maracaju era apenas uma pequena vila de casas, foi quando Manuel Olegário de Lima chegou à
região vindo de Minas Gerais para desbravar o então Mato Grosso. A topografia plana e abundância de pasto nativo o
fez optar pela pecuária, e lá formou a fa-
zenda São Thomáz, que até hoje pertence a seus descendentes. Atualmente,
quem administra a propriedade é seu
bisneto, York da Silva Correa.
“Inicialmente, era uma fazenda de criação de gado comercial. Mas, há cerca de
16 anos, decidi diversificar e comecei com
a agricultura, que é predominante na re-
Seda da Fazenda São Thomáz (1921), construída por Olegário de Lima
gião, por isso tive de diminuir a área
destinada ao gado”, conta York. “E, para
agregar valor a pecuária, parei de trabalhar com gado de corte e hoje somos focados na produção de reprodutores e
gado de elite”.
Para isso ele iniciou o plantel comprando animais de produtores que já tinham mais tempo de seleção, aliado as
mais novas técnicas de reprodução animal os resultados tem sido excelentes.
A fazenda São Thomáz hoje é conhecida
como um referência em gado de elite em
Mato Gross do Sul e também no país,
com exemplares premiados nas mais importantes feiras do Brasil.
“Nós usamos o que há de mais moderno no mercado. Se surge alguma novidade nós a adotamos e observamos os
resultados se forem positivos continuamos. Cem porcento nos nossos animais
são frutos de inseminação artificial. Está
em andamento um programa com150 prenhezes fruto de FIV [Fertilização In Vitro]. Temos critérios rigorosos de seleção,
só permanecem os animais com avaliação genética positiva e com histórico reprodutivo confirmado, só ficam vacas que
parem todos os anos”, detalha. “Hoje,
possuímos 400 matrizes a campo, muitas delas oriundas das melhores famílias
da raça, com produtividade comprova-
Maracaju é a Capital da Integração Lavoura-Pecuária
O governador André Puccinelli
sancionou a lei de número 3.908/
2010, que concede ao município de
Maracaju o título de “Capital da Integração Lavoura Pecuária”. A lei foi
publicada no Diário Oficial de terçafeira (1º). O projeto foi aprovado na
Assembleia Legislativa no dia 25 de
maio. Maracaju é hoje o maior produtor de soja do Estado, cultura essa
de extrema importância para Mato
Grosso do Sul e para o Brasil. Os
produtores maracajuenses já vem a
muitos anos implementando a tec-
nologia da integração lavoura/pecuária com sucesso absoluto, não deixando qualquer dúvida com relação
à eficiência do sistema tanto na estabilidade da produção agrícola,
quanto na alta produtividade da pecuária e na conservação do meio
ambiente. O município de Maracaju
fica a 160 quilômetros da capital. Com
uma população de 30.924 habitantes,
a cidade também é conhecida como
Capital da linguiça – pela realização,
desde 1994, da tradicional Festa da
Linguiça.
23
MAIO 2010
da, as quais são a base do
nosso plantel. Temos ainda
dez doadoras irmãs de campeãs nacionais, elas são o
top da fazenda com as quais
trabalhamos as FIVs”, completa.
Como não poderia deixar
de ser, o controle sanitário
dos animais também é muito rigoroso, exames de brucelose e tuberculose são feitos rotineiramente, além de
vacinas para todos os tipos
de doenças. “Não tem lógica você trabalhar com gado
de elite e ter animais doentes na fazenda. Por isso a
sanidade é levada muito a
sério lá. Isso é garantia mínima que os compradores
exigem”.
Na pista
Todo esse trabalho tem Rima FIV Calapur, um exemplar da espécie
dado resultados excelentes.
“Montamos um time de pista consisten- o reservado júnior maior, o campeão júte”, ressalta York. Os animais dele vêm nior menor e as progênies de pai e mãe.
ganhando muitos prêmios. Em Campo O que nos deixa entre os três primeiros
Grande, durante a Expogrande, ele fez a expositores e criadores do ranking estagrande campeã, a campeã novilha maior dual e entre os vinte do ranking nacio– essa teve 50% arrematado por R$ nal de novos criadores”, acrescenta.
200.000,00 em Londrina – o campeão júCitando nome de animais de destanior menor – que também ganhou na ci- que de sua propriedade, York se lembra
dade paranaense e foi vendido por R$ de Fairany-YC, que é a segunda novilha
280.000,00. Em Londrina ele teve ani- do ranking nacional, ganhadora de dimais vencedores nas seguintes categori- versos títulos inclusive em Uberaba, Araas: progênie de pai, reservado júnior çatuba, Londrina, Bauru e Campo Granmaior e touro – o animal que levou esse de, na Expoinel MS; e Filara-YC, que se
título já havia vencido em Campo Gran- encontra entre as lideres do ranking de
de é foi contratado por uma central de matrizes, sendo tricampeã de progênie no
venda de sêmen.
Estado.
“Na Expoagro, em Dourados, fizemos
a grande campeã, a campeã fêmea jovem,
É para o trabalho
Contudo, embora York tenha excelentes resultados com o gado de elite, ele
ressalta que seu foco é a criação de reprodutores Nelore PO, animais que trabalhem bem a campo. Ele disse que quer
continuar produzindo reprodutores que
tenham capacidade de trabalhar bem nas
condições duras de clima e pastagem do
que há no Estado. Para isso o processo
de seleção passa pelo manejo dos exemplares.
Na São Thomáz os animais são criados a pasto, a integração entre lavoura e
pecuária garante pastagens sempre viçosas e com alta qualidade nutricional. Para
aqueles que estão em vias de ir a leilão
há uma complementação na dieta, os
animais recebem ração especial, mas nada
de silagem. “Isso aumenta a rusticidade
do produto, se ele sai de lá e passa a
comer uma Braquiária mais ruinzinha,
não vai sentir muito a diferença”, atenta.
Questionado sobre o que lhe dá mais
orgulho na São Thomáz, York não teve
O bisneto, York da Silva Correa
dúvidas: “tenho orgulho da seleção do
nosso gado. Há 16 anos começamos a
mudança, e, apesar de ter sido uma mudança radical, a transição foi tranquila.
Acho que o motivo é por que tudo foi feito
com amor. É uma coisa que eu gosto fazer,
por isso acho que dá tão certo”.
Vushala FIV da CB, consagrada grande campeã da Expogrande 2010
24
MAIO 2010
Nutrição
Inverno põe pecuária
em alerta em MS
Falta de preparação pode levar o produtor
a ter de vender gado para ajustar lotação
O
inverno é um período difícil para
a pecuária, especialmente para a
de corte. As pastagens secam, o boi emagrece e o lucro da atividade diminui.
Quem se preparou para esta época está
tranquilo pode até ganhar mais dinheiro
do que no nas águas, mas quem não vedou as pastagens no verão e tem muito
gado nos pastos há motivos para preocupação. Além de prejuízo no bolso, se
mal planejado a estratégia de inverno, isso
também pode representar degradação da
pastagem, e ao longo dos anos até a inviabilidade da atividade.
O pesquisador em nutrição animal da
Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Sérgio Raposo de Medeiros, dá algumas informações preciosas para se passar o inverno e também
de como evitar prejuízos para quem não
se preparou adequadamente.
“Se o pecuarista não vedou os pastos
no verão, agora a única alternativa é ven-
der os animais para ajustar a lotação dos
piquetes. Dessa forma, os animais que ficarem terão alimento suficiente para passarem o inverno sem perder peso”, diz.
Segundo ele, o principal problema
que acontece em pastos super lotados é
a sua degradação, aliado a isso está o fato
que, com a falta de alimento os animais
perdem peso. “Aí e prejuízo dos dois lados”, comenta, lembrando que o produtor sempre é resistente em vender seus
animais por conta da falta de pasto.
Como o capim perde qualidade, ou
seja, a quantidade de proteína baixa,
mesmo em pastagens vedadas é preciso
se suplementar a alimentação com uma
fonte de proteína, que pode ser um sal
com uréia. Isso tem de ser feito porque
com a diminuição de proteína do capim
as bactérias do rúmen do animal não digerem tão rapidamente as fibras, sendo
assim o alimento circula mais devagar no
organismo, o animal não sente a necessi-
Sérgio Raposa, pesquisador da Embrapa
dade de comer e perde peso.
“É muito comum o pecuarista dar sal
no inverno. O boi precisa do sal mineral
é no verão, no inverno ele precisa de proteína”, adverte. Contudo, tem de se observar se há massa vegetal suficiente para
atender as necessidades do boi quando
suplementados. “Porque aí o animal vai
comer mesmo”.
Outra alternativa é a suplementação
correcional. O pasto está fraco então administra-se um suplemento. Medeiros destaca que nesse sistema o pecuarista tem de
fazer bem as contas porque é caro e pode
dar prejuízo. “Se no fim, ele empatar dinheiro já vai estar bom. Porque ele vai estar preservando o pasto da propriedade”.
A última alternativa é o boitel. No sistema os animais mais pesados são levados para o confinamento, mas isso vai
depender da disponibilidade de fazendas desse tipo na área onde o pecuarista
tem propriedade.
Pode vir
Para aqueles que fizeram o dever de
casa e vedaram as pastagens durante as
águas, só resta administrar bem a massa
vegetal que tem. Algumas regras se repetem aqui, ajuste de lotação – mesmo que
haja bastante pasto, ele vai estar com
menor qualidade, panicum, mombaça,
tanzânia, colonião e elefantes são alguns
em que a perda nutricional é mais acentuada; as braquiárias são as mais indicadas para a vedação – e suplementação
com um proteinado energético, o que
pode fazer com que o animal ganhe até
400 g por dia, o que é muito interessante
para o período.
Algumas opções para baixar a lotação
ainda são o confinamento e o semi-confinamento. Nesse último a fonte de volumoso vem do pasto e da ração. “Para as duas
opções é importante que se escolha os animais mais pesados, dessa forma eles chagaram ao ponto de abate mais rápido. Se
demorar mais de 60 dias pode não ser interessante pelo custo do sistema”, avisa.
Medeiros lembra que mesmo que no
período o pecuarista só empate dinheiro adotando todas essa medidas, isso é
importante e vai significar mais dinheiro futuro. Pois ele vai estar preservando
sua pastagem de uma degradação. “Sem
as precauções para o inverno, ao longo
de sucessivas safras o pasto vai estar tão
degradado que nem adubação vai funcionar, pois as raízes diminuem e não consegue absorver mais os nutrientes da terra”, explica. Nesse caso somente uma
reforma completa do pasto pode tornar
a fazenda produtiva novamente.
De 7 a 9 de junho Capital sedia Congresso Florestal
O 2º Congresso Florestal de Mato
Grosso do Sul, que acontecerá entre
os dias 7 e 9 de junho, em Campo
Grande, reunirá empresários, produtores rurais, pesquisadores, profissionais liberais, consultores e outros
segmentos da sociedade com a proposta de discutir a expansão do setor, seu desenvolvimento sustentável,
sensibilizando e esclarecendo sobre
as oportunidades representadas por
este novo cenário sócio-econômico,
além de mostrar a tecnologia de ponta disponível para a produção do setor e estimular o incremento da produção.
No dia 8, às 10h, o governador
André Puccinelli realizará a palestra
“Aposta do Governo do Estado de MS
no Setor de Silvicultura”. O evento, no
Centro de Convenções Arquiteto Rubens
Gil de Camillo, contará ainda com consultores e pesquisadores renomados de
outros Estados brasileiros. No dia 07, o
diretor de Desenvolvimento do Instituto
de Meio Ambiente de Mato Grosso do
Sul (Imasul), realizará uma palestra, às
17h, cujo tema é “Legislação Florestal de
MS”.
A intenção do Congresso Florestal é
mostrar que o aquecimento desta atividade pode gerar grandes oportunidades
de negócios a todos os segmentos, e proporcionar um espaço de discussões sobre o tema, onde as mais conceituadas
empresas vão ter a oportunidade de ex-
por seus produtos aos participantes do
evento, um público qualificado em busca de novidades tecnológicas e oportunidades de novos negócios.
A posição geográfica privilegiada do
Mato Grosso do Sul, a disponibilidade
de terras, solos de topografia e clima adequados, boa logística em hidrovias, portos, ferrovias, rodovias fazem do MS uma
das regiões com maior potencial de crescimento.
Entro os objetivos do evento estão:
esclarecer e informar a produtores e empresários, o que é a silvicultura, suas
possibilidades, os mercados potenciais
e as formas de viabilizar estas culturas;
diversificação das atividades, elevar a
produtividade e a renda dos estabeleci-
mentos rurais do Estado; consolidar
a oferta de material energético, de
construção, moveleiro, alimentício e
extrativo; diversificar a matriz produtiva dos setores primário e secundário; possibilitar a ampliação do parque industrial; promover a recuperação de áreas degradadas; contribuir
para a preservação das florestas nativas e ecossistemas remanescentes e
estimular a discussão e construção de
políticas públicas para o agronegócio
sul-mato-grossense.
As inscrições poderão ser feitas até
7 de junho, na abertura do evento.
Informações e ficha de inscrição no
site www.opec-eventos.com.br/msflorestal
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MAIO 2010
Alternativa
Indústria transforma
resíduos vegetais em
fertilizante orgânico
É UTILIZADO ATÉ RESÍDUO COMO TABACO, A PARTIR DA
DESTRUIÇÃO DE CIGARROS APREENDIDOS PELA RECEITA
A
dubação orgânica é algo que há
muitos séculos é praticado pela
humanidade. Uso de esterco para melhorar a produtividade de oliveiras é
encontrado em escritos do Oriente Médio que são anteriores a vinda de Cristo. No entanto, a agricultura moderna
foi seduzida pelos efeitos rápidos dos
adubos químicos. Mas a pressão por
produtos ecologicamente corretos e
mais saudáveis está fazendo com que a
procura por fertilizantes orgânicos aumente. Em Campo Grande há uma fábrica desse tipo de adubo, mas o produto vendido por ele é diferente daquele que nossos avôs preparavam no
fundo do curral da fazenda. O uso de
tecnologia potencializa a eficiência da
adubação e diminui o tempo de decomposição da matéria-prima em estado
bruto.
“O adubo orgânico industrializado
tem extrato biotecnológico que contém
cepas de sessenta tipos diferentes de
bactérias”, explica Flávio Sérgio Arantes Pereira, proprietário e diretor da
única fábrica de adubo orgânico em
Campo Grande, a Organoeste. “Essas
bactérias reduzem de 120 para 15 dias
o tempo de compostagem e aumenta a
solubilidade da matéria orgânica em de
40 para até 90% [isso aumenta a capacidade da planta absorver os nutrientes]. Tais benefícios só são encontrados
em fertilizantes orgânicos industrializados”, detalha.
O adubo orgânico é feito basicamente de resíduos vegetais, que vão desde
poda de árvores urbanas até tabaco –
no dia que a reportagem da Folha do
Fazendeiro esteve na fábrica havia agentes da Receita Federal triturando cigarros apreendidos. Tudo é misturado em
proporções que potencialize a liberação
de nitrogênio para a planta. Depois de
15 dias está pronto para ser usado em
qualquer tipo de cultura, desde hortas
domésticas até plantações de florestas.
Caminhão da Receita descarrega resíduos de cigarros apreendidos e triturados
Elisângela (engenheira agroônoma) e Flávio Sérgio (proprietário da indústria)
“Temos um cliente que vai plantar
mil hectares usando adubo orgânico
combinado com o químico”, revela. O
uso do NPK convencional não pode
ser abandonado de uma única vez,
pois a recomposição dos agentes biológicos, físicos e químicos do solo
com o uso do orgânico é mais lenta e
não atende as necessidades imediatas
de culturas de ciclo curto. Mas, depois da recuperação do solo, o uso
de adubação química pode ser abandonado.
Capacidade instalada
A fábrica em Campo Grande tem capacidade para processar 2.500 toneladas de matéria orgânica bruta/mês, o que
resulta em cerca de 1.500 toneladas de
adubo, parte do que chega se perde com
a evaporação de líquidos. Uma tonelada de adubo a granel sai por cerca de
R$ 150,00, um saco com 40 quilos por
cerca de R$ 15,00 (valores na porta da
indústria).
“Nós temos de ser competitivos com
os produtos químicos que estão aí o
mercado, pois há só um argumento que
convence o agricultor a comprá-lo, o
preço. Não adianta eu dizer é bom para
o solo, que é bom para o meio ambiente se ele não sentir no bolso”, diz Pereira.
Para fechar as contas do custo de
produção, e vender um fertilizante a
preços competitivos, a empresa cobra
para dar destinação aos resíduos provenientes das indústrias e da cidade.
“Cada boi que se abate gera 25 quilos
de lixo que não tem serventia para o
frigorífico”, diz. “Logo, o uso de adubo orgânico ajuda na preservação do
meio ambiente nas duas pontas, quando se trata os rejeitos e quando vai para
o chão”, completa.
A responsável técnica da empresa,
a engenheira agrônoma Elisângela Alves Oliveira, explica que o uso deste
tipo de adubo aumenta as características de um solo fértil como: aeração, cria
condições para o desenvolvimento da
vida microbiana, retém mais água, e aumenta a capacidade de troca catiônica.
“Além disso, no adubo orgânico os
nutrientes não são volatilizados ou lixiviados como acontece com o químico”, atenta ela.
Elisângela lembra ainda que o equilíbrio entre a quantidade de matéria orgânica de origem vegetal e animal é fundamental na hora de se fazer uma compostagem.
Segundo ela, tem de se respeitar a relação de carbono e nitrogênio da origem
de cada matéria-prima. “Essa relação está
ligada a capacidade de fornecer nitrogênio à planta que cada matéria orgânica tem.
Em vegetais com a serragem de madeira,
por exemplo, a porcentagem é de 800/1,
isso significa para decompor a madeira as
bactérias vão retirar nitrogênio do solo e a
decomposição será muito lenta, e prejudicará a planta. Já no esterco, a porcentagem de nitrogênio é de menos de 15/1,
muito baixa, isso vai tornar a decomposição muito rápida. No adubo industrializado nós equilibramos essas proporções”,
conclui.
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História de Sucesso
Vem ai o azeite do Brasil
Hotéis brasileiros devem ser os primeiros a
receber o produto nacional ainda este ano
Ariosto Mesquita
Colaborador
U
m dos líderes na produção de
alimentos no mundo, o Brasil
ainda é 100% dependente da exportação
de azeite para abastecer seu mercado interno. No entanto, os primeiros passos
estão sendo dados para que dentro dos
próximos anos o consumidor tenha disponível nas prateleiras dos supermercados o azeite extravirgem brasileiro, com
qualidade semelhante aos bons produtos europeus.
2010 está sendo considerado como o
ano divisor de águas neste sentido no
país. Em 12 de fevereiro, no município
de Maria da Fé, MG, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) proporcionou a primeira extração de
azeite em “escala comercial” no Brasil,
disponibilizando a produtores de 26
municípios do Sul de Minas uma máquina, de origem italiana, com capacidade de processar 100 quilos de azeitonas/
hora. As pesquisas da Epamig com a olivicultura já existem há três décadas e
foram intensificadas nos últimos cinco
anos.
A região conta com 300 hectares em
cultivo – terras de produtores - com plantas em diferentes idades. Nesta primeira
safra deverá produzir perto de cinco toneladas de azeitona que devem render
até mil litros de azeite extravirgem. O
cálculo é do engenheiro agrônomo e pesquisador da Epamig, João Vieira Neto,
que está otimista quanto à disponibilidade do produto para o consumidor brasileiro: “em um mínimo de dois anos este
Epamig pesquisa olivicultura na região no sul de Minas Gerais já três décadas já
azeite poderá ser encontrado nas prateleiras”. Por enquanto, o resultado das
extrações está ficando com os próprios
produtores.
Apesar do Brasil ainda não contar
com uma produção em escala para qualquer previsão mais segura, este otimismo do pesquisador tem fundamento. Iniciativas concretas pelo país apontam para
esta realidade. Em Minas Gerais a tecnologia oferecida pela Epamig vem fazendo
com que a área plantada com oliveiras
aumente cerca de 50% ao ano e, no ano
passado, os produtores já se organizaram para a criação da Associação dos
Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira.
Na Região Sul, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) também já disponibiliza tecnologia aos produtores e há uma
tendência em se criar um Programa Estadual de Olivicultura. No Rio Grande do
Sul, a Associação Rio-Grandense de Oli-
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MAIO 2010
vicultores (Argos), criada em 2008 em
Ijuí, RS, vai oferecer, ainda este ano, perto
de mil litros de azeite nacional para hotéis brasileiros. Quer também ampliar
sua ação até o Paraná, integrando produtores de três estados.
De acordo com João Vieira Neto, da
Epamig, seriam necessários aproximadamente 65 mil hectares plantados com oliveiras para que o Brasil pudesse se tornar auto-suficiente em azeite. Pelos seus
cálculos, o Brasil importou 45 mil toneladas do produto em 2009. No entanto,
além de políticas de financiamento e assistência técnica, o produtor interessado
terá de ter paciência. “São necessários
seis anos para que a planta atinja o pico
de produção, mas com aproximadamente três a quatro anos de vida já começa a
oferecer azeitonas”, explica Neto. Por
outro lado, a aposta no cultivo pode se
revelar uma excelente poupança para a
família. “Uma planta produz, no mínimo, durante 100 anos”, revela.
Mas nem todo agricultor brasileiro
poderá apostar na olivicultura. Seu cultivo exige regiões com inverno bem definido, solos profundos e drenados e área
com bastante insolação para garantir o
desenvolvimento vegetativo da planta. A
Epamig já desenvolveu mais de uma dezena de cultivares adaptadas para a re-
consumidor brasileiro. Quase mil litros
de extravirgem gaúcho serão destinados
aos chefes de cozinha das principais redes hoteleiras do país. É o que fará ainda este ano o produtor Guajará de Jesus
Oliveira, que até dezembro vai processar
azeitonas de três mil pés de Oliveira de
um total de 7.400 plantas que cultiva no
Rio Grande do Sul desde 2002.
Oliveira – ele garante que o sobrenome é apenas coincidência – preside a Associação Rio-Grandense de Olivicultores
(Argos) que reúne 25 produtores, 38 mil
plantas e 100 hectares cultivados. Até
dezembro deste ano a meta da associação
é ambiciosa. “Queremos atingir 400 hectares plantados”, revela. A Argos também
está se expandindo para os outros estados da Região Sul. “Em Araucária, no
Paraná, um associado está investindo no
plantio de 12 mil pés”, conta.
O presidente da associação compactua com a opinião de que nos próximos
anos o brasileiro já vai começar a encontrar o azeite nacional nas prateleiras de
supermercados: “meu cálculo é que em
três anos isso começe a acontecer”. A
Argos adquiriu uma máquina em Milão,
na Itália, que tem capacidade para processar 80 quilos de azeitonas/hora (que
rendem, em média, 16 litros de azeite).
Santa Catarina
gião do Sul de Minas e produz perto de
50 mil mudas/ano. Além disso, atende
produtores interessados de outras regiões. “Recebemos aqui agricultores de
outros estados e até de países vizinhos”,
conta Neto.
Para hotéis
Alguns hotéis brasileiros serão os
primeiros estabelecimentos comerciais a
disponibilizar o azeite nacional para o
A Epagri, em Santa Catarina, também
importou uma máquina processadora da
Itália, mas de menor capacidade. Consegue extrair azeite de 10 quilos de azeitonas em 45 minutos. Pesquisadores garantem que é o suficiente, no momento, para
confirmar a qualidade do produto desenvolvido atualmente em 12 unidades de
pesquisa – 12 hectares plantados. “Não
se tem mais dúvidas sobre cultivares
Cultura exige regiões com inverno bem definido e solos profundos e drenados
adequadas para a produção de azeite e
conservas”, garante o engenheiro florestal da empresa, Dorli Mário da Croce.
De acordo com o técnico da Epagri,
as regiões catarinenses que apresentam
as melhores condições de desenvolvimento das oliveiras são o meio oeste e o
extremo oeste do Estado. Em outros pontos, a empresa investiu em unidades de
pesquisa, mas os resultados não foram
satisfatórios, sobretudo em função da
incidência de geadas.
Croce é mais conservador do que o
presidente da Argos e também em relação ao pesquisador da Epamig, no que
se refere à previsão do azeite brasileiro
chegar ao consumidor: “calculo que isso
acontecerá entre cinco e 10 anos”. Para o
produtor que quer investir na olivicultura, o técnico da Epagri sugere: “primeiro
deve buscar orientação técnica, em seguida promover a correção do solo, pois a
cultura exige um PH quase neutro, e, em
seguida, fazer a adaptação de variedades
para a sua propriedade”.
Fonte: Revista Panorama Rural - ed.
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Justa Homenagem
CRMV homenageia
Audenir pelos 25 anos
como Zootecnista
Pantaneiro, nascido em Corumbá, é um dos
mais antigos funcionários da Acrissul
D
ia 13 de maio foi comemorado o
dia do zootecnista, e neste ano o
CRMV (Conselho Regional de Medicina
Veterinária) preparou uma homenagem
especial para os profissionais que estão
atuando na área há mais tempo. Em uma
cerimônia na Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul)
quatro zootecnistas receberamm a Medalha de Prata, deferida àqueles que completaram 25 anos de carreira. Entre eles
estava Audenir Paré Ortelhado, responsável técnico de animais da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso
do Sul). Em entrevista à Folha do Fazendeiro ele contou um pouco de sua história em MS e como profissional.
“Quando eu escolhi fazer Zootecnia,
não havia mais do que oito universidades que ofereciam o curso em todo Brasil”, lembra. “E no Estado não havia nenhuma, fui o Rio Grande do Sul estudar
na Universidade Federal de Santa Maria”, conta.
Pantaneiro, nascido em Corumbá e
criado na Fazenda Alegre, na região do
Paiaguás, ele veio para Aquidauana ainda na adolescência para servir o Exército
Cristiano Leal Alves, zootecnista, coloca o boton na lapela de Audenir
e estudar. Nessa época, ele recebeu o
apoio dos tios Sebastião Rocha e Oliva
Paré Rocha para continuar os estudos.
Um convite do primo Nezio Nery de Andrade, que estava terminando o curso de
Direito o fez deixar Mato Grosso do Sul
e ir para Santa Maria (RS).
“Lá, uma família gaúcha foi muito importante para que eu persistisse nos estudos, os irmãos Bruno Brondani, engenheiro civil, e sua irmã, Irma Brondani
Bianccini, bioquímica. Com os quais até
hoje mantenho contato por telefone, a
amizade continua”, diz.
Depois de formado, em 1985, já de
volta a Mato Grosso do Sul, ele trabalhou por um ano na fazenda Jacutinga,
em Dois Irmãos do Buriti, depois veio
para a Acrissul como responsável técnico. “Dos funcionários que entraram aqui
na mesma época em que eu só restam a
Marlei Costa e o Catarino Ajala, meus
amigos, pelos quais tenho muita consideração”, revela. Na entidade, ele é quem
recebe todos os animais que chegam ao
Parque de Exposições Laucídio Coelho,
sejam para exposição, competições ou
comercialização. “Cuido do bem-estar dos
animais e de suas acomodações aqui”. O
trabalho é constante, pois, além de haver leilões de animais todas as semanas
o Parque abriga uma escola de equitação
e um programa de equoterapia.
Em momentos de crise para a pecuária nacional, com os casos de febre aftosa registrados em 1998, em Porto Murtinho, e 1999, em Naviraí, ele esteve presente ajudando na erradicação do foco.
“Nas duas ocasiões fui avaliador do abate dos animais infectados”.
Atualmente, Audenir também é membro da Comissão Especial do Ministério
da Agricultura que avalia animais importados e faz a prevenção contra a contaminação por Encefalopatia Espongiforme
Bovina, mais conhecida como o “Mal da
Vaca Louca”. “Todo animal importado de
países onde tem a doença tem de passar
por certos procedimentos quanto chega
a hora do descarte. Não pode ser usado
na alimentação de humanos nem de animais. E nós somos os responsáveis por
verificar se tudo está sendo feito da maneira correta”, detalha.
A profissão
Com 44 anos de existência no Brasil,
boa parte da população ainda não sabe
qual é o trabalho de um zootecnista. Mas
é fácil, ele é responsável pelo estudo da
reprodução , desenvolvimento genético
e acompanhamento da nutrição dos animais. São administradores rurais em fazendas. Estudam maneiras de prevenir e
combater doenças que venham comprometer a saúde de animais usados em atividades como a pecuária. Mas, sobretudo, é o responsável por melhorar a eficiência da produção animal minimizando
o custo de produção, de forma a oferecer
alimento barato a população.
“Se eu tivesse a oportunidade de escolher novamente o que eu seria, mais
uma vez escolheria ser zootecnista. Eu
sou apaixonado pela minha profissão”,
finaliza Audenir.
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Foto: Divulgação/Leiloboi
Ação Social
Acrissul e UFMS iniciam
trabalhos de equoterapia
Através de uma parceria com Acrissul (Associação dos Criadores de Mato
Grosso do Sul) e a UFMS (Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul), a entidade passou a oferecer a equoterapia. O
projeto tem como objetivo atender pacientes com problemas psicológicos, ortopédicos, mentais e neurológicos e que sejam de baixa renda.
Equoterapia é um tratamento terapêutico e educacional que utiliza o cavalo
dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência ou com necessidades especiais.
Segundo Sidamaiá Figueiredo Pedroso Lima, coordenadora do projeto, os resultados desse tipo de terapia são “excelentes”, pois as pessoas são colocadas em
um ambiente ao ar livre onde têm contato com o cavalo, um animal grande que
sempre está relacionado a poder.
“Quando um praticante de equoterapia – porque aqui os pacientes são chamados de praticantes – com deficiência
mental, por exemplo, monta em um cavalo ele sente que está tendo o domínio,
sente-se impressionado com ele mesmo
e acaba por melhorar a auto-estima e outros aspectos de sua saúde”, explica.
Nesta fase serão usados quatro cavalos cedidos pela Acrissul, com isso dá
para se atender até 48 pacientes por semana. A UFMS entra com estagiários do
curso de Fisioterapia. “Quanto temos pacientes com problemas mentais ou físicos, que não conseguem se equilibrar
bem no cavalo, uma pessoa guia o animal e outras duas ficam ao lado”, detalha Sidamaiá.
Entre as diferenças desse tipo de tratamento está o próprio ambiente. Conforme a coordenadora, vários fatores influenciam na recuperação, e não apenas
o animal. “Nós trabalhamos com tudo, o
vento, os sons os odores. Aqui é muito
diferente das terapias tradicionais onde
o paciente vai de sala em sala. Aqui eles
estão ao ar livre. Revelamos a eles um
mundo que não conheciam”.
A equoterapia é bastante recomendada para pessoas portadoras de síndrome
de Down, com problemas mentais, psicológicos, ortopédicos e até para crianças hiperativas com problemas de comportamento na escola ou em casa – como
no caso dos dois garotos que foram atendidos hoje (07/05).
“Nesse caso, para eles que têm dificuldade de prestar atenção em sala de
aula, montar o animal é muito eficiente
para ajudá-los a manter o foco. Porque
em cima do cavalo eles têm muitas coisas para prestar atenção ao mesmo tempo”.
A Equoterapia da Acrissul vai atender todas as semanas de terça a sextafeira. Para o praticante iniciar o tratamento
é necessário que haja a recomendação de
um médico e, em alguns casos, como os
portadores de síndrome de Dow, exames
complementares também são exigidos.
SERVIÇO:
Para mais informações basta ligar para
3345-4200.
Lotes à disposição dos compradores no Confinamento Malibu, em C. Grande
Mega-leilão marca os
25 anos da Leiloboi
Mato Grosso do Sul está cada vez
mais perto de ser palco de um evento
histórico para a pecuária de corte brasileira, trata-se do Mega Leilão de
Corte Leiloboi 25 anos, que acontece
no próximo dia 5 de Junho, sábado,
a partir das 8 horas, no Confinamento Malibu, em Campo Grande/MS,
com transmissão pelo Canal do Boi.
No local já conta com 10.000 animais,
para cria, recria e engorda e deve receber mais o contingente de 10 a 15
mil animais.
“Nossa expectativa é muito grande, contamos com o apoio de várias
empresas, vendedores, um número
fantástico de animais, entre machos,
novilhas, bezerras, bezerros, vacas
prenhes e paridas, uma grande oferta”, afirma Carlos Guaritá, titular da
Leiloboi.
Guaritá ressalta sua confiança no
sucesso do certame. “Temos uma
grande estrutura planejada no Confinamento Malibu, uma equipe fantástica que trabalha conosco, além da
transmissão do Canal do Boi. É um
trabalho arrojado que depende da integração desta equipe e muito gratificante com participação de pecuaristas e empresas de todo Mato Grosso
do Sul e Brasil”.
O titular da Leiloboi destacou ainda o começo do trabalho com a Leiloboi, ainda sediada em Dourados. “Durante os primeiros 15 anos de atividades realizamos leilões de gado de
corte todos os domingos, foram mais
de 800” disse, ressaltando os avanços e crescimento da qualidade dos
leilões. “Participamos ativamente do
crescimento dos leilões em Mato Grosso do Sul” ressaltou ao destacar que
a atuação da Leiloboi contribuiu para
que a Expogrande se tornasse uma das
principais feiras do país, já que é a
empresa que realiza a maior parte dos
leilões.
Chama a atenção no Mega Leilão
Leiloboi 25 anos a estrutura organizada para receber os animais, vendedores e clientes. Com foco na excelência e no atendimento a leiloeira
montou uma organização que vai desde reserva de hotel, atendimento e
apresentação da cidade, aeroporto
para pouso das aeronaves (Aeroporto Teruel), heliponto dentro do Confinamento Malibu, além de translado
para o transporte entre os aeroportos
e hoteis, até o local do leilão.
A organização da estrutura do Confinamento Malibu, passa pelos últimos ajustes para receber o Mega Leilão Leiloboi 25 anos. A área utilizada
alcança 180 hectares, com grande estacionamento, heliponto, segurança e
dois circos, totalizando 2.200 metros
quadrados de convivência. Um deles
vai funcionar para demonstração de
produtos e serviços dos patrocinadores e como praça de alimentação. No
outro circo acontecerá o leilão, com
uma pista para demonstração dos lotes, contando ainda com telões e tv’s
de plasma.
SERVIÇO
Mais informações pelo telefone
(67) 3342-4113 ou ainda pelo e-mail
[email protected] ou no portal
www.leiloboi.com
30
MAIO 2010
Cooperativa muda a
vida de produtores de
ovelhas em Cascavel
trar em funcionamento no fim deste ano.
A central de confinamento vai receber os
cordeiros recém nascidos e criá-los até a
hora do abate. A intenção é reduzir os
custos, melhorar a qualidade da carne e
ainda padronizar mais a carcaça dos cordeiros.
Conforme Peitsh, a intenção da cooperativa é abater 1.500 cordeiros por semana. “Demanda há. Só temos de organizar a produção. E para tudo sair certinho nós vamos crescendo devagar”. (JL)
São 62 membros que abatem 200 animais por mês
U
ma cooperativa em Cascavel, no
norte do Paraná, está mudando
a vida de muitos pequenos produtores
de ovelha da região. A C-Victa Agroindustrial tem dado uma nova alternativa
de comercialização dos criadores de ovinos. “Hoje, o trabalho deles mudou
muito, está mais fácil, porque antes tinham de vender a produção toda picada. Era um cordeiro para um, dois para
outro e assim ia”, explica Valmor Peitsh,
membro do conselho administrativo da
cooperativa, por telefone à reportagem da
Folha.
Além disso, ele faz questão de reforçar outro aspecto importante, muitas vezes negligenciado pelo consumidos, a
segurança alimentar. “Nós queremos acabar com o abate clandestino, que, além
de ser um perigo para a população, não
é interessante para o produtor que vende os animais aos poucos. O nosso cooperado tem a oportunidade de comercializar toda sua produção de uma única
vez, e dessa forma pode planejar melhor
sua atividade”, comenta.
A C-Victa teve inicio em 2005, na época nem era uma cooperativa e sim uma
associação. Segundo Peitsh, esse tempo
foi importante para estruturar o negócio.
Diversas palestras firam ministradas e os
associados receberam orientação técnica
de como produzir um cordeiro que atendesse as exigências do mercado. Depois
de tudo afinado, eles decidiram dar início à nova fase e abriram a cooperativa.
Hoje são 62 membros que abatem 200
animais por mês.
“Nós terceirizamos o abate. Um veze
por semana, o frigorífico trabalha com nos-
sos animais. No dia seguinte pegamos as
carnes, já separadas em seis diferentes
tipos de cortes, e resfriadas”, conta.
Daí o caminhão da C-Victa sai para
entregar as carnes aos clientes, supermercados, restaurantes e açougues. A grande vantagem do sistema também é o preço que se alcança pela carne, se o produtor vendesse o animal na fazenda receberia muito pouco; pela cooperativa recebe
R$ 3,50 pelo quilo vivo e a cooperativa
vende a carne a R$ 11,50, em média.
Falta produto
De acordo com Peitsh, clientela não
falta. Os consumidores dão preferência
para a carne brasileira porque tem mais
qualidade. Setenta por cento da carne de
ovinos consumida no Brasil vêm do Uruguai, mas esta carne não é tão boa quanto a que temos aqui, isso porque nosso
cordeiros são abatidos aos cinco meses,
no país vizinho só se mata a ovelha depois que se tira a lã, no mínimo, por dois
anos, isso quer dizer que é carne de um
animal velho.
“Aqui nós usaremos os animais mais
velho somente para a fabricação de embutidos. Ainda não fabricamos nenhum,
mas até o fim do ano, quando as ovelhas
velhas forem para o descarte tudo vai ser
industrializado, nada será consumido in
natura”, reforça.
A cooperativa segue ampliando seus
planos. No ano que vem pretende construir uma câmara frigorífica de congelamento, dessa forma pode armazenar a
carne e ainda dar mais uma opção aos
clientes. Outra novidade é o confinamento, esse já é mais a curto prazo, deve en-
Lançado o livro “Carne Ovina,
Turismo e Gastronomia”
Acaba de ser lançado
o livro CARNE OVINA,
TURISMO E GASTRONOMIA – a culinária
sul-matogrossense de
origem pantaneira, síriolibanesa, gaúcha e nordestina. O livro foi escrito em co-autoria com
Milton Mariani e Carolina Palhares, que são pessoas ligadas diretamente
à área de turismo, da
UFMS e da FIEMS.
Os autores procuraram demonstrar como a ovinocultura pode servir
para ampliar as experiências de viagem oferecidas aos visitantes e para a
valorização de novos atrativos, através de embasamento teórico e de pesquisas realizadas nas principais cidades turísticas de Mato Grosso do Sul.
Isto tudo visto através da ótica de entrelaçamento da carne ovina com o
turismo e a gastronomia local. A ênfase recai sobre as ações necessárias
para a inserção da carne ovina dentro
dos roteiros turísticos de Mato Grosso do Sul, o que pode trazer novas
possibilidades de desenvolvimento
para as localidades receptoras de turistas e para as comunidades em seu
entorno.
Foram feitas pesquisas específicas, para determinar a demanda por
carne ovina nos restaurantes e churrascarias
de Campo Grande; a percepção da carne ovina
por turistas e moradores
de Bonito, Campo Grande, Corumbá, Dourados
e Ponta Porã; e a descrição dos pratos típicos
com carne ovina servidos no Mato Grosso do Sul. Os capítulos do livro são:
1) Carne ovina, turismo e gastronomia
2) Análise da demanda por carne
ovina nos restaurantes e churrascarias de Campo Grande
3) Percepção do consumidor de
carne ovina nas principais cidades turísticas de Mato Grosso do Sul
4) Carne ovina em Mato Grosso do
Sul – pratos típicos
5) Sugestões para o sistema agroindustrial da carne ovina
O livro está disponível para aquisição na página sistemavoisin.com.br,
com as facilidades do sistema Pagseguro, por R$ 40 com o frete grátis. Se
preferir, é possível fazer o download
gratuito do livro no mesmo local.
31
MAIO 2010
Bioenergia
Universidade da Capital
pesquisa adaptabilidade das
variedades de cana em MS
Maioria das variedades foram desenvolvidas
para cultivo nos estados de São Paulo e Paraná
M
ato Grosso do Sul, nos últimos
quatro anos, tem vivido uma
expansão muito rápida da indústria sucroalcooleira. Segundo dados do governo do Estado, já são 23 usinas em funcionamento e outras 14 devem ser implantadas nos próximos anos. Tal crescimento da atividade tem movimentado também as pesquisas. Na Uniderp/Anhanguera o professor José Antônio Maior
Bono coordena uma delas, o objetivo é
saber a adaptabilidade das variedades
mais usadas no país as regiões de solo
arenoso de Mato Grosso do Sul.
Todas as variedades de cana-de-açúcar existentes hoje no país foram desenvolvidas para os estados de São Paulo e
do Paraná, e pode ser que o que funciona lá não funcione tão bem aqui, argumenta o professor. Daí a importância dos
estudos.
“Estamos no meio da pesquisa, que
deve durar cerca de seis anos, e já temos
alguns resultados preliminares”, revela.
“As variedades SP-85.5536 e SP-80.3280
se mostraram muito produtivas, com uma
média de 105 toneladas por hectare, e
alto teor de sacarose. Os da dos iniciais
são animadores, já que a média nacional
é de 90 toneladas por hectare. Mas é bom
lembrar que temos de observar isso por
mais tempo, pois pode ser que nos próximos anos as variedades não produzam
tão bem assim. Como a cultura é perene
temos de ter um amplo período de estudos para chegarmos a uma conclusão”,
atenta.
Se com as SPs está indo tudo bem, o
mesmo não foi observado nas RBs
86.7615 e 92.5211. Elas tiveram um baixo rendimento se comparado com a média nacional e alta produção de palha, o
que não é algo interessante. “Mas apesar
disso não houve alteração na quantidade de açúcar da planta”, complementa.
Outro estudo de fundamental importância para a indústria sucroalcooleira
trato da época de corte da cana. Assim
como na soja e no milho há variedade
precoce, que maduram antes do ciclo
normal, e tardias que são aptas para colher depois do esperado, há variedades
cana que “maduram” em diferentes épocas do ano. Na cana há alguns meses do
José Antônio Maior Bono coordena as pesquisa sobre as adaptação na Uniderp
ano em que o teor de sacarose da planta
está mais elevado que em outros, em
Mato Grosso do Sul a cultura chega a seu
pico de açúcar nos meses de junho, julho e agosto.
Esse conhecimento é fundamental para
o planejamento estratégico da empresa que
vai poder saber em que época do ano pode
contar com o pico da produção, ou ainda
alternar entre diferentes variedades para
que sempre consiga ao logo da safra – que
vai de março a outubro – extrair o máximo de sacarose dos campos.
Os estudos na Uniderp/Anhanguera
também são focados na resistência que
as variedades têm as doenças como as
causadas por fungos e pragas com a broca, responsáveis por grandes prejuízos
na cultura.
O solo também tem recebido especial
atenção. Como a região estuda – Campo
Grande e o corredor até Água Clara – é
formada por areia quartzosa, saber de sua
capacidade, seu uso correto e de como
melhorá-lo tem sido uma busca no estudo.
“Estamos vendo os efeitos do uso do
vinhoto na fertirrigação e também da torta de filtro [rejeito sólido proveniente da
decantação do mosto já destilado]. Observamos que nas o vinhoto, mesmo sendo líquido, tem maior capacidade para
melhorar as qualidades físicas do solo
do que a torta”, destaca Bono.
Conforme o professor, Mato Grosso
do Sul tem potencial para ter uma produtividade superior as de São Paulo e
do Paraná. “Nós já temos clima perfeito
para a cultura e ainda uma topografia
adequada para a colheita mecanizada.
Falta apenas fazer alguns ajustes tecnológicos [como a escolha de variedades
certas para a região], que em pouco tempo vamos alcançar isso”, conclui.
CTC tem maior banco mundial de variedades de cana
Com mais de 5.000 variedades de
cana-de-açúcar, o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) tem o maior banco
de germoplasma do mundo (unidade de
conservação de material genético da
cana), que fica no município de Camamu (BA). Por ano são lançadas quatro
variedades, o que significa que 80% da
cana moída do país sai desse centro.
A quantidade do patrimônio genético do CTC fica à frente dos bancos de
variedades da Austrália (aproximadamente 2.500 unidades) e da África do Sul.
Os técnicos do CTC pensam em uma
forma de valorizar esse ‘arquivo da cana´
da instituição, até porque há a possibili-
dade do centro, que é mantido com recursos da iniciativa privada, se transformar numa sociedade anônima, o que
permitiria a
venda da unidade.
O grande
problema é
dar valor para algo que é único. “Valorar
é uma coisa complicadíssima. Eu tam-
bém me pergunto: quanto
custa cada variedade que se
lança? Nós estamos tentando
achar um meio
de calcular”,
disse Tadeu
Andrade, diretor de pesquisa
e desenvolvimento do CTC.
As variedades primitivas não tem nenhuma utilidade hoje, mas estão no banco da cana
porque são fontes de material genético e
podem fornecer características para uma
nova variedade que venham a atender às
necessidades de uma determinada região.
“Nós temos variedades que vieram
da África do Sul em regiões que ocorrem geadas. Jamais vão ser comerciais, mas por exemplo agora está se
falando em plantar cana no Rio Grande do Sul em área onde ocorrem geadas e se tiver que desenvolver variedade para essa região, tem que usar
variedades que têm algum padrão genético de tolerância a frio”, declarou
Andrade.
Fonte: Canal da Cana
32
MAIO 2010
Allimenta: Tecnologia que produz campeões
RAÇÕES PROMOVEM CRESCIMENTO COM ACABAMENTO DE GORDURA IDEAL E AINDA MELHORAM REPRODUÇÃO
A
Allimenta, empresa que produz
rações para animais, está no mercado há apenas três anos. Tão pouco tempo no mercado e já coleciona títulos. Os
criadores de nelore York Correa, Paulo
Prandini, Gustavo Andrade entre outros
colecionam troféus com animais de pista
(MS, Londrina/PR e Uberaba/MG) arraçoados pela Allimenta. Em Expogrande, nos
últimos três anos, os animais vencedores
do Torneio Leiteiro Girolando também
foram tratados com rações da empresa. “A
alimentação promove a expressão da genética dos animais”, resume Oswaldo de
Souza Garcia, doutor em Medicina Veterinária e diretor-presidente da Allimenta.
No torneio leiteiro de 2008 da Expogrande, que é a mais importante feira agropecuária do Centro-Oeste e uma das principais da pecuária brasileira, as vacas vencedoras de 2 categorias eram tratadas com
uma ração especial, desenvolvida para a
produção de leite. Depois dessas vitórias, a maioria dos participantes começou a
usar o mesmo produto. O resultado foi
mais vencedores em outras categorias da
competição em 2009 e 2010. “Isso demonstra que a Allimenta tem tecnologia para
atuar em qualquer ramo da nutrição animal, porque quem entende de nutrição
sabe que é extremamente complexo desenvolver uma ração que dê resultados em
gado leiteiro. Essas vitórias mostram nossa capacidade em fabricar rações para dietas especiais”, destaca.
Segundo Oswaldo Garcia a Allimenta apresentou para o mercado uma tecnologia que até então não existia – as rações funcionais. São produtos que além
de engordar promovem o crescimento na
hora certa, o acabamento de gordura de-
banho comercial a empresa
também traz uma novidade
– rações que melhoram a
fertilidade das fêmeas. Em
Mato Grosso do Sul estudos mostram que, entre as
primíparas, apenas 40%
das que pariram voltam a
dar cria no ano seguinte. De
acordo com Oswaldo, esse
índice pode chegar a 80%
com uma suplementação
adequada. “Dessa forma, o
aumento no número de bezerros paga o custo da suplementação e ainda dá lucro para o pecuarista”, atenta ele.
Como o ciclo da pecuária comercial se fecha com
a venda da carne o objetivo
Dr. Oswaldo Garcia: “Alimentação promove
final da criação de gado é
a expressão genética dos animais”
fazer com que os animais
sejado e ainda melhoram aspectos repro- ganhem peso no menor tempo possível,
dutivos. “Cada tipo de ração vai atuar o que nem sempre acontece nas fazenem uma determinada função do animal, das do País. É comum o pecuarista manotimizando-a”.
ter os animais no pasto por quatro, cinOutro exemplo da qualidade das ra- co anos, até chegarem ao peso de abate.
ções Allimenta é a capacidade que tem Isso, de acordo com a Allimenta, é prede fazer com que animais de elite, cria- juízo, pois o custo de alojamento de um
dos em cocheira, tenham sua habilidade animal no pasto é de R$ 25,00 por mês
reprodutiva preservada. “Normalmente e, ao fim de quatro anos o produtor já
esse tipo de animal é obeso que faz com vai ter gasto R$ 1.200,00, quase a mesma
que tenha problemas de reprodução. Com coisa que recebe pela venda do animal.
a nossa ração os animais ficam com peso “A maioria dos produtores não enxerga
e acabamento e tem mostrado melhora isso porque não contabiliza o custo de
nos índices reprodutivos, pois equilibra manutenção do animal no pasto, afirma.
a liberação dos hormônios”, detalha.
“Ele pensa: ‘o pasto é meu, não tenho
Para gado de corte
Em se tratando de reprodução em re-
Indústria inovou no mercado
A Allimenta Nutrição Animal trouxe para o mercado o que há de mais
novo em termos de nutrição animal.
Floculação de milho e extrusão de grãos
são os grandes diferenciais no tratamento dos ingredientes básicos das rações, o que os tornam mais fáceis de
serem absorvidos pelos animais.
Na floculação o milho passa por
um processo igual ao que é usado
para fazer salgadinhos do tipo ‘fandangos’ – “Com isso aumentamos a
superfície de contato entre o grão e as
enzimas digestivas, que faz com que
os animais absorvam de forma mais
eficiente todos os nutrientes do milho”, detalha o zootecnista Rui Men-
donça, responsável técnico da empresa.
Além disso, também é usada a tecnologia de Proteína By Pass que preserva a
qualidade da proteína ingerida pelos ruminantes. Isso acontece porque a proteína é tratada de forma a passar pelo rúmen sem ser degradada, e é absorvida no
intestino em sua forma mais rica e nutritiva.
Somado a essas técnicas que otimizam
a absorção do alimento ingerido, as rações da Allimenta ainda recebem macro
e micro nutrientes essenciais para o desenvolvimento dos animais em suas diferentes fases: cria, recria e engorda, que
completam o ciclo de sucesso no manejo
nutricional do rebanho.
Rui mostra
milho após
processo de
floculação
esse custo’. Mas, se ele arrendasse a área
ele iria receber de R$12,00 a R$24,00 por
cabeça sem as despesas de mão de obra,
sal mineral, vacinas etc. Logo o produtor tem de fazer com que o boi pague esse
custo. Ele só vai ver que levou prejuízo
na hora de reformar o pasto, daí não vai
ter o dinheiro e a terra vai sofrendo degradação”.
Para evitar essa situação o pecuarista tem de girar o gado rápido na fazenda. A Allimenta tem um programa especial de dieta para animais de corte.
Com ele os animais vão para o abate com
uma média de 500 kg aos dois anos de
idade ou menos. “Com a nossa suplementação estratégica o bezerro entra no
sistema creep-feeding e ao desmame estará entre 60 e 80 quilos mais pesado,
do que se fosse tratado no sistema convencional”, detalha.
Equinos
A Allimenta também tem uma ração
especial para equinos. Como todos os produtos da empresa, esse também faz mais
do que simplesmente engordar – é uma
ração anti-estresse que promove a rápida
recuperação física dos cavalos. Segundo
Oswaldo Garcia, animais de hipismo e de
provas de laço têm tido um resultado excelente tanto em títulos nos campeonatos
quanto em bem-estar. “Nossos clientes
relatam que os animais se recuperam muito mais rápido depois de praticarem o esporte. Com a recuperação rápida pós-trabalho temos a otimização funcional do animal. Uma resposta espetacular”, analisa.