Língua Portuguesa – 3ª série do Ensino Médio
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Língua Portuguesa – 3ª série do Ensino Médio
ISSN 2238-0086 SAEGO 2015 SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL DO ESTADO DE GOIÁS REVISTA PEDAGÓGICA LÍNGUA PORTUGUESA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO Governo do Estado de Goiás Marconi Perillo Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira Superintendência Executiva de Educação Marcos das Neves Superintendência de Acompanhamento dos Programas Institucionais Ralph Waldo Rangel Núcleo de Organização e Atendimento Educacional João Batista Peres Júnior Gerência de Avaliação da Rede de Ensino Weyne Maria Magalhães Carneiro Apresentação Prezados gestores e professores, Apresentamos a revista do Sistema de Avaliação Educacional do Estado de Goiás (SAEGO), edição 2015. A publicação, feita anualmente, busca difundir a metodologia e os resultados dessa importante avaliação, que fortalece o processo de diagnóstico do ensino e do aprendizado. Criado em 2011, o SAEGO avalia a proficiência dos alunos no 2º ano do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa (Leitura), e no 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e na 3ª série do Ensino Médio, em Língua Portuguesa e Matemática. É uma importante ferramenta de monitoramento das ações pedagógicas nas escolas, reunindo subsídios para intervenções e ajustes necessários, com foco na melhoria da qualidade da nossa educação. O trabalho executado pela equipe pedagógica, professores e servidores da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, que a cada ano se torna mais eficiente, apresentou avanços no ensino de Língua Portuguesa e de Matemática na última avaliação, com ênfase no 5° ano do Ensino Fundamental, que, nas duas disciplinas, apresentou um salto de quase 10 pontos de 2014 para 2015. Essa mesma série também registrou 93,9% de participação, o maior índice em todas as edições. Esse processo de avaliação contribui para aperfeiçoar o planejamento e execução de práticas pedagógicas no desenvolvimento da aprendizagem, sendo fundamental para conhecer nossos alunos e reconhecer os resultados que alcançamos, cientes da responsabilidade de influenciarmos políticas públicas e os caminhos para as conquistas sociais. Aferir com precisão a capacidade e habilidade de nossos alunos em sala de aula permite-nos fomentar mudanças na educação, sustentadas pela excelência e equidade, linhas norteadoras da educação na rede estadual. Somos agentes transformadores de vidas e é nossa responsabilidade o exercício de pensar o futuro e se antecipar a ele. Raquel Teixeira Secretária de Estado de Educação, Cultura e Esporte SUMÁRIO 11 16 51 1. POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO EM GOIÁS?? 3. COMO É A AVALIAÇÃO NO SAEGO? 5. COMO A ESCOLA PODE SE APROPRIAR DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO? 13 49 57 2. O QUE É AVALIADO NO SAEGO? 4. COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DO SAEGO? 6. QUE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PODEM SER UTILIZADAS PARA DESENVOLVER DETERMINADAS HABILIDADES? Prezado(a) educador(a), Apresentamos a Revista Pedagógica do SAEGO 2015. Esta publicação faz parte da coleção de divulgação dos resultados da avaliação realizada no final do ano de 2015. Para compreender os resultados dessa avaliação, é preciso responder aos seguintes questionamentos: POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO EM GOIÁS? O QUE É AVALIADO NO SAEGO? COMO É A AVALIAÇÃO NO SAEGO? COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DO SAEGO? COMO A ESCOLA PODE SE APROPRIAR DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO? QUE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PODEM SER UTILIZADAS PARA DESENVOLVER DETERMINADAS HABILIDADES? 1 POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO EM GOIÁS? Uma das dúvidas mais frequentes, quando se fala em avaliação externa em larga escala, é: por que avaliar um sistema de ensino, se já existem as avaliações internas, nas escolas? SAEGO 2015 Revista Pedagógica Para responder a essa pergunta, é dem envidar esforços no sentido de dos estudantes, e concentrem seus es- preciso, em primeiro lugar, diferenciar estabelecer políticas que contribuam forços em levá-los a vencer as dificul- avaliação externa de avaliação interna. para a melhoria do desempenho dos dades apontadas por esses resultados. Avaliação interna é aquela que estudantes de toda a rede, e também Essas estratégias passam por um ocorre no âmbito da escola. O edu- têm a possibilidade de atuar em casos estudo acurado dos materiais dispo- cador que elabora, aplica e corrige o pontuais, como escolas ou regiões es- nibilizados para as escolas: os conteú- teste para, em seguida, analisar seus pecíficas que apresentem o mesmo dos do site do programa, as revistas de resultados faz parte da unidade esco- tipo de dificuldade. divulgação de resultados, os encartes lar em que o processo educacional é levado a efeito. Além da dimensão da rede de contendo os resultados da escola, em ensino, as escolas, individualmente, cada disciplina e etapa avaliada for- A avaliação externa em larga es- podem e devem utilizar os resultados mam um conjunto robusto de informa- cala, por sua vez, constitui um procedi- da avaliação para verificar o desen- ções que merece atenção e análise. mento avaliativo baseado na aplicação volvimento, pelos estudantes, das ha- Esse conjunto foi pensado com a de testes e questionários padroniza- bilidades esperadas para a etapa de intenção de fornecer, aos gestores e dos, para um grande número de estu- escolaridade em que estão inseridos. professores, o máximo de elementos dantes. Esses testes são elaborados É relevante lembrar que esses resulta- para que possam avaliar, por meio de com tecnologias e metodologias bem dos precisam ser pensados à luz dos dados obtidos externamente à escola, definidas e específicas, por agentes conteúdos trabalhados como está o desempenho de seus es- externos à escola. A avaliação exter- pela escola: as Matrizes de Referên- tudantes, em comparação com as de- na possibilita verificar a qualidade e a cia, base para a elaboração dos testes, mais escolas da rede, e quais são os efetividade do ensino ofertado a uma devem estar relacionadas a esses con- pontos que demandam uma atenção determinada população (estado ou mu- teúdos, sem, no entanto, substituí-los. maior, no trabalho desenvolvido no in- nicípio, por exemplo). As unidades escolares têm a possibili- terior da escola. curriculares Mas como os dados obtidos por dade de observar se o currículo adota- Desse modo, fica evidente que as esse tipo de avaliação podem con- do contempla as habilidades conside- informações obtidas a partir dos testes tribuir para melhorar os processos radas mínimas para que os estudantes da avaliação externa em larga escala, educativos, no interior das escolas, e, consigam caminhar, a cada etapa ven- isoladamente, não solucionam os pro- consequentemente, os resultados das cida, rumo à aquisição dos conheci- blemas da educação brasileira, nem redes de ensino? Esse é um questio- mentos necessários para se tornarem têm essa pretensão. A trilha que pode- namento muito observado entre as cidadãos críticos e conscientes de seu rá levar a essa solução é a forma como equipes gestoras e pedagógicas das papel na sociedade. os dados serão utilizados. E, nesse escolas que recebem os resultados da Verificada a correlação Currículo X aspecto, somente os educadores en- Matriz de Referência, gestores e pro- volvidos com o processo educacional É necessário ter em mente que fessores podem atuar de diversas ma- poderão estabelecer o melhor cami- a avaliação externa em larga escala neiras. Algumas estão indicadas nesta nho a seguir. tem como objetivo oferecer, por meio publicação, nas seções 5 - Como a As próximas seções têm o objeti- de seus resultados, um importante escola pode se apropriar dos resulta- vo de auxiliá-los nessa trajetória, ofe- subsídio para as tomadas de decisão, dos da avaliação? e 6 - Que estraté- recendo informações relevantes para inicialmente na esfera das redes de gias pedagógicas podem ser utiliza- que a apropriação e a análise dos re- ensino. Os dados oriundos dos testes das para desenvolver determinadas sultados da avaliação externa em larga respondidos pelos estudantes formam habilidades? O importante é descobrir escala sejam produtivas para sua esco- um painel que ilustra o que está sen- as estratégias mais adequadas para la e para sua prática profissional. do ensinado e o que os estudantes que todos os membros da comunidade estão aprendendo, em cada discipli- escolar se apropriem dos resultados na e etapa avaliada. De posse dessas da avaliação, compreendendo sua im- informações, os gestores de rede po- portância e seu significado para a vida avaliação externa. 12 2 O QUE É AVALIADO NO SAEGO? Antes de iniciar a elaboração dos testes para a avaliação, é imprescindível determinar, com clareza, o que se deseja avaliar. SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Matriz de Referência MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA - SAEGO 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO I. PROCEDIMENTOS DE LEITURA O QUE É UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA? D1 Localizar informações explícitas em um texto. D3 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. D4 Inferir uma informação implícita em um texto. As Matrizes de Referência indicam as habilidades que No que diz respeito ao SAEGO, o que será avaliado se deseja avaliar nos testes do SAEGO. Importa registrar está indicado nas Matrizes de Referência desse programa. que as Matrizes de Referência são uma parte do Currículo, As Matrizes de Referência relacionam os conhecimentos e D6 Identificar o tema de um texto. ou Matriz Curricular: as avaliações em larga escala não pre- as habilidades para cada etapa de escolaridade avaliada, D14 Distinguir fato da opinião relativa a esse fato. tendem avaliar o desempenho dos estudantes em todos os ou seja, elas detalham o que será avaliado, tendo em vista conteúdos presentes no Currículo, mas, sim, nas habilidades as operações mentais desenvolvidas pelos estudantes em consideradas fundamentais para que os estudantes progri- relação aos conteúdos escolares que podem ser aferidos dam em sua trajetória escolar. pelos testes de proficiência. II. IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DE TEXTOS D5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.). D12 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. III. RELAÇÃO ENTRE TEXTOS D20 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e daquelas em que será recebido. D21 Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema. IV. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DE TEXTOS O Tópico agrupa um conjunto de habilidades, indicadas pelos descritores, D2 Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto. D7 Identificar a tese de um texto. D8 Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la. D9 Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto. D10 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. D11 Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto. D15 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, etc. que possuem afinidade entre si. Os Descritores descrevem as habilidades que serão avaliadas por meio V. RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO dos itens que compõem os testes de D16 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. D17 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. D18 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão. D19 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos. uma avaliação em larga escala. VI. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA D13 14 Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. 15 Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 3 1ª ETAPA – ELABORAÇÃO DOS ITENS QUE COMPORÃO OS TESTES. Item 1. Enunciado – estímulo para que o estudante mobilize recursos cognitivos, visando solucionar o problema apresentado. O que é um item? 2. Suporte – texto, imagem e/ou outros recursos que servem de base para a resolução do item. Os itens de Mate- O item é uma questão utilizada nos testes das mática e de Alfabetização podem não apresentar suporte. avaliações em larga escala 3. Comando – Como é elaborado um item? texto necessariamente relacionado à ha- bilidade que se deseja avaliar, delimitando com clareza a O item se caracteriza por avaliar uma única habilidade, indicada por um descritor da Matriz de Referência tarefa a ser realizada. 4. Distratores – alternativas incorretas, mas plausíveis – os distratores devem referir-se a raciocínios possíveis. do teste. O item, portanto, é unidimensional. 5. Gabarito – alternativa correta. Um item é composto pelas seguintes partes: Leia o texto abaixo. COMO É A AVALIAÇÃO NO SAEGO? Curaçao, um simpático e colorido paraíso 5 10 Para elaborar os testes do SAEGO, é necessário estabelecer como se dará esse processo, a partir das habilida- 15 des elencadas nas Matrizes de Referência, e como será o processamento dos resultados desses testes. Há uma lenda que explica a razão de Curaçao ser uma ilha tão colorida. Consta que um governador, há muitos anos, sentia dores de cabeça terríveis por todas as construções serem pintadas de branco e refletirem muito a luz do sol. Ele teria então sugerido algo a seus conterrâneos: colocar outras cores nas fachadas de suas residências e comércios; ele mesmo passaria a usar o amarelo em todas as construções que tivessem a ver com o governo. E assim nasceu o colorido dessa simpática e pequena ilha do Caribe. E quem se importa se a história é mesmo real? Todo o colorido de Punda e Otrobanda combina perfeitamente com os muitos tons de azul que você vai aprender a reconhecer no mar que banha Curaçao, nos de branco, presentes na areia de cada uma das praias de cartão-postal, ou nos verdes do corpo das iguanas, o animal símbolo da ilha. Acostume-se, aliás, a encontrar bichinhos pela ilha. Sejam grandes como os golfinhos e focas do Seaquarium, os lagartos que vivem livres perto das cavernas Hato, ou os muitos peixes que vão cercar você assim que entrar nas águas da lindíssima praia de Porto Mari. Tudo em Curaçao parece querer dar um “oi” para o visitante assim que o avista. A ilha, porém, tem mais do que belezas naturais. Descoberta apenas um ano antes do Brasil, Curaçao também teve um histórico [...] que rendeu ao destino uma série de atrações [...], como o museu Kura Hulanda, ou as Cavernas Hato. [...] Disponível em: <http://zip.net/bhq1CS>. Acesso em: 11 out. 2013. Fragmento. (P070104F5_SUP) (P070105F5) De acordo com esse texto, qual é o animal símbolo da ilha? A) A foca. B) A iguana. C) O golfinho. D) O lagarto. 17 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 2ª ETAPA – ORGANIZAÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE. Cadernos de Teste CADERNO DE TESTE VERIFIQUE A COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE DA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO: Língua Portuguesa Matemática Como é organizado um caderno de teste? A definição sobre o número de itens é crucial para a composição dos 91 x cadernos de teste. Por um lado, o teste deve conter muitos itens, pois um 91 x dos objetivos da avaliação em larga escala é medir de forma abrangente as habilidades essenciais à etapa de escolaridade que será avaliada, de forma a garantir a cobertura de toda a Matriz de Referência adotada. Por outro lado, o 91 itens divididos em: 7 blocos de Língua Portuguesa com 13 itens cada teste não pode ser longo, pois isso inviabiliza sua resolução pelo estudante. 91 itens divididos em: 7 blocos de Matemática com 13 itens cada Para solucionar essa dificuldade, é utilizado um tipo de planejamento de testes denominado Blocos Incompletos Balanceados – BIB . O que é um BIB – Bloco Incompleto Balanceado? 7x No BIB, os itens são organizados em blocos. Alguns desses blocos for- 7x mam um caderno de teste. Com o uso do BIB, é possível elaborar muitos cadernos de teste diferentes para serem aplicados a estudantes de uma mesma série. Podemos destacar duas vantagens na utilização desse modelo de montagem de teste: a disponibilização de um maior número de itens em 2 blocos (26 itens) de Língua Portuguesa circulação no teste, avaliando, assim, uma maior variedade de habilidades; e 2 blocos (26 itens) de Matemática o equilíbrio em relação à dificuldade dos cadernos de teste, uma vez que os blocos são inseridos em diferentes posições nos cadernos, evitando, dessa forma, que um caderno seja mais difícil que outro. Itens são organizados em blocos que são distribuídos em cadernos. formam um caderno com 4 blocos (52 itens) CADERNO DE TESTE CADERNO DE TESTE 21x Ao todo, são 21 modelos diferentes de cadernos. 18 19 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 3ª ETAPA – PROCESSAMENTO DOS RESULTADOS. Teoria de Resposta ao Item (TRI) e Teoria Clássica dos Testes (TCT) Existem, principalmente, duas formas de produzir a medida de desempenho dos alunos submetidos a uma avaliação externa em larga escala: (a) a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e (b) a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Ao desempenho do aluno nos testes paOs resultados analisados a partir da Teoria Clássica dos Testes (TCT) são dronizados é atribuída uma proficiência, calculados de uma forma muito próxima às avaliações realizadas pelo não uma nota. A proficiência relaciona o conhecimento do aluno com a probabilidade de acerto nos itens dos testes. professor em sala de aula. Consistem, basicamente, no percentual de acertos em relação ao total de itens do teste, apresentando, também, o percentual de acerto para cada descritor avaliado. Cada item possui um grau de difi- Teoria de Resposta ao Item (TRI) culdade próprio e parâmetros di- A Teoria de Resposta ao Item (TRI), por sua vez, permite a produção de uma ferenciados, atribuídos através do medida mais robusta do desempenho dos alunos, porque leva em considera- processo de calibração dos itens. ção um conjunto de modelos estatísticos capazes de determinar um valor/peso diferenciado para cada item que o aluno respondeu no teste de proficiência e, com isso, estimar o que o aluno é capaz de fazer, tendo em vista os itens respondidos corretamente. A proficiência é estimada considerando o padrão de respostas dos alunos, de acordo com o grau de dificuldade e com os demais parâmetros dos itens. Que parâmetros são esses? Parâmetro A Não podemos medir diretamente o conhecimento Parâmetro B Parâmetro C ou a aptidão de um aluno. Os modelos matemáticos Discriminação Dificuldade Acerto ao acaso Capacidade de um item de dis- Mensura o grau de dificuldade dos Análise das respostas do aluno criminar os alunos que desenvol- itens: fáceis, médios ou difíceis. para verificar o acerto ao acaso nas usados pela TRI permitem estimar esses traços não observáveis. veram as habilidades avaliadas e A TRI nos permite: Comparar resultados de diferentes avaliações, como o Saeb. aqueles que não as desenvolve- Os itens são distribuídos de forma respostas. equânime entre os diferentes ca- Ex.: O aluno errou muitos itens de dernos de testes, o que possibilita a baixo grau de dificuldade e acertou tre diferentes séries, como criação de diversos cadernos com outros de grau elevado (situação alunos em amplas áreas de o início e fim do Ensino Mé- o mesmo grau de dificuldade. estatisticamente improvável). conhecimento sem subme- dio. Avaliar com alto grau de precisão a proficiência de Comparar os resultados en- ram. O modelo deduz que ele respondeu aleatoriamente às questões e tê-los a longos testes. reestima a proficiência para um nível mais baixo. 20 21 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Escala de Proficiência - Língua Portuguesa O QUE É UMA ESCALA DE PROFICIÊNCIA? A Escala de Proficiência tem o objetivo de traduzir me- Os resultados dos estudantes nas avaliações em larga didas de proficiência em diagnósticos qualitativos do de- escala da Educação Básica realizadas no Brasil usualmente sempenho escolar. Ela orienta, por exemplo, o trabalho do são inseridos em uma mesma Escala de Proficiência, esta- professor com relação às competências que seus estudan- belecida pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação tes desenvolveram, apresentando os resultados em uma es- Básica (Saeb). Como permitem ordenar os resultados de pécie de régua em que os valores de proficiência obtidos desempenho, as Escalas são ferramentas muito importantes são ordenados e categorizados em intervalos, que indicam para a interpretação desses resultados. o grau de desenvolvimento das habilidades para os estu- A gradação das cores indica a complexidade da tarefa. Os professores e toda a equipe pedagógica da escola podem verificar as habilidades já desenvolvidas pelos estu- dantes, bem como aquelas que ainda precisam ser trabalhadas, em cada etapa de escolaridade avaliada, por meio da interpretação dos intervalos da Escala. Desse modo, os Abaixo do Básico educadores podem focalizar as dificuldades dos estudantes, planejando e executando novas estratégias para apri- Básico morar o processo de ensino e aprendizagem. Proficiente dantes que alcançaram determinado nível de desempenho. Avançado COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS DESCRITORES Identifica letras APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA Reconhece convenções gráficas * Manifesta consciência fonológica Lê palavras ESTRATÉGIAS DE LEITURA PROCESSAMENTO DO TEXTO Localiza informação D01 Identifica tema D06 Realiza inferência D04, D03, D05, D16, D17, D18 e D19 Identifica gênero, função e destinatário de um texto D12 Estabelece relações lógico-discursivas D11, D15, D02 e D09 Identifica elementos de um texto narrativo D10 Estabelece relações entre textos D20 Distingue posicionamentos D14, D07, D08 e D21 Identifica marcas linguísticas D13 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO * As habilidades relativas a essas competências não são avaliadas nessa etapa de escolaridade. 22 250 23 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 COMO É A ESTRUTURA DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA? Na primeira coluna da Escala, são apresentados As competências estão dispostas nas várias linhas Na primeira linha da Escala de Proficiência, podem ser observados, numa os grandes Domínios do conhecimento em Língua da Escala. Para cada competência, há diferentes graus escala numérica de 0 a 500, intervalos divididos em faixas de 25 pontos. Cada Portuguesa, para toda a Educação Básica. Esses Do- de complexidade, representados por uma gradação de intervalo corresponde a um nível e um conjunto de níveis forma um Padrão de mínios são agrupamentos de competências que, por cores, que vai do amarelo-claro ao vermelho. Assim, a Desempenho. Esses Padrões são definidos pela Secretaria de Educação, Cultura sua vez, agregam as habilidades presentes na Matriz cor mais clara indica o primeiro nível de complexidade da e Esportes (SEDUCE) e representados em tons de verde. Eles trazem, de forma de Referência. Nas colunas seguintes são apresenta- competência, passando pelas cores/níveis intermediá- sucinta, um quadro geral das tarefas que os estudantes são capazes de fazer, a das, respectivamente, as competências presentes na rios e chegando ao nível mais complexo, representado partir do conjunto de habilidades que desenvolveram. Escala de Proficiência e os descritores da Matriz de pela cor mais escura. Referência a elas relacionados. COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS ESTRATÉGIAS DE LEITURA DESCRITORES Localiza informação D01 Identifica tema D06 Realiza inferência D04, D03, D05, D16, D17, D18 e D19 Identifica gênero, função e destinatário de um texto D12 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO AS INFORMAÇÕES PRESENTES NA ESCALA DE PROFICIÊNCIA PODEM SER INTERPRETADAS DE TRÊS FORMAS: Primeira Segunda Terceira Perceber, a partir de um determinado Domínio, o grau de complexidade Ler a Escala por meio dos Padrões Interpretar a Escala de Proficiência das competências a ele associadas, através da gradação de cores ao longo da e Níveis de Desempenho, que apresen- a partir do desempenho de cada ins- Escala. Desse modo, é possível analisar como os estudantes desenvolvem as tam um panorama do desenvolvimento tância avaliada: estado, Subsecretaria habilidades relacionadas a cada competência e realizar uma interpretação que dos estudantes em determinados inter- Regional de Educação (SRE) e escola. oriente o planejamento do professor, bem como as práticas pedagógicas em valos. Assim, é possível relacionar as Desse modo, é possível relacionar o in- sala de aula. habilidades desenvolvidas com o per- tervalo em que a escola se encontra ao centual de estudantes situado em cada das demais instâncias. Padrão. 24 500 25 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Padrões de Desempenho Estudantil O QUE SÃO PADRÕES DE DESEMPENHO? Os Padrões de Desempenho constituem uma caracterização das competências e habilidades desenvolvidas pelos estudantes de determinada etapa de escolaridade, em uma disciplina / área de conhecimento específica. Essa caracterização corresponde a intervalos numéricos estabelecidos na Escala de Proficiência (vide p. 22). Esses intervalos são denominados Níveis de Desempenho, e um agrupamento de níveis consiste em um Padrão de Desempenho. Padrão de Desempenho muito abaixo do mínimo esperado para a eta- ABAIXO DO BÁSICO Até 225 pontos pa de escolaridade e área do conhecimento avaliadas. Para os estudantes que se encontram nesse padrão de desempenho, deve ser dada atenção especial, exigindo uma ação pedagógica intensiva por parte da instituição escolar. ABAIXO DO BÁSICO Padrão de Desempenho básico para a etapa e área do conhecimento BÁSICO De 225 até 275 pontos avaliadas. Os alunos que se encontram nesse padrão apresentam um processo inicial de desenvolvimento das competências e habilidades correspondentes a essa etapa. COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS 25 PROFICIENTE De 275 até 325 pontos cimento avaliadas. Os estudantes que se encontram nesse padrão APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA demonstram ter desenvolvido as habilidades essenciais referentes à Padrão de Desempenho desejável para a etapa e área de conheci- Acima de 325 pontos Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto mento avaliadas. Os estudantes que se encontram nesse padrão de- Estabelece relações lógico-discursivas monstram desempenho além do esperado para a etapa de escolaridade em que se encontram. Manifesta consciência fonológica Localiza informação ESTRATÉGIAS DE LEITURA AVANÇADO Reconhece convenções gráficas Lê palavras etapa de escolaridade em que se encontram. Identifica elementos de um texto narrativo PROCESSAMENTO DO TEXTO Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas Apresentaremos, a seguir, as descrições das habilidades relativas aos Níveis de Desempenho da 3ª série do Ensino Médio, em Língua Portuguesa, de acordo com 100 125 150 175 PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO a descrição pedagógica apresentada pelo Inep, nas Devolutivas Pedagógicas da Até 225 pontos Prova Brasil, e pelo CAEd, na análise dos resultados do SAEGO 2015. Esses Níveis estão agrupados por Padrão de Desempenho e vêm acompanhados por exemplos de itens. Assim, é possível observar em que Padrão a escola, a turma e o estudante estão situados e, de posse dessa informação, verificar quais são as habilidades já desenvolvidas e as que ainda precisam de atenção. 26 75 200 225 Identifica letras Padrão de Desempenho adequado para a etapa e área do conhe- 50 27 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Níveis de desempenho Nível 1 – Até 225 pontos Leia o texto abaixo. »» Localizar informação explícita a respeito da ação de personagem em crônica e em fragmento de romance. Lugar ao sol »» Reconhecer a causa de ação de personagem em fragmento de um romance. Que bom viver, como é bom sonhar E o que ficou pra trás passou e eu não me importei Foi até melhor, tive que pensar em algo novo que fizesse sentido »» Inferir características de personagem em fábulas. »» Inferir informação a respeito do eu lírico em letra de música. »» Inferir o sentido de palavra, o sentido de expressão em letra de música. »» Identificar o assunto principal em reportagens. »» Reconhecer expressões características da linguagem (científica, jorna- Ainda vejo o mundo com os olhos de criança Que só quer brincar e não tanta “responsa” Mas a vida cobra sério e realmente não dá pra fugir Livre pra poder sorrir, sim Livre pra poder buscar o meu lugar ao sol [...] lística, etc.) e a relação entre expressão e seu referente em reportagens e artigos de opinião. »» Inferir o efeito de sentido de expressão e opinião em crônicas e reportagens. »» Inferir o efeito do uso de notação na fala de personagem em tirinha. CHORÃO. Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/charlie-brown-jr/lugar-ao-sol.html>. Acesso em: 20 mar. 2014. Fragmento. (P090399F5_SUP) (P090400F5) Nesse texto, a expressão “lugar ao sol” significa que o eu lírico A) acorda cedo. B) busca uma vida melhor. C) mora em um lugar quente. D) sente calor. Esse item avalia a habilidade de inferir o significado de uma expressão a partir do contexto. Para avaliar essa tarefa, o suporte utilizado é um fragmento, composto por duas estrofes, de uma letra de música, que apresenta traços da linguagem informal, possivelmente acessível aos estudantes desta etapa de escolarização. Nesse caso, não se trata de verificar se o estudante conhece o sentido dicionarizado das palavras que compõem a expressão, mas se ele é capaz de reconhecer o significado da expressão no contexto em análise. Para realizar essa tarefa, os estudantes precisam compreender, pelo sentido global do texto, que o eu lírico passa por um momento de renovação e exalta o sentimento de positividade. Dessa forma, eles poderiam relacionar a expressão “lugar ao sol” a essa busca por uma vida melhor, informação presente na alternativa B, o gabarito. 28 29 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Nível 2 – 225 a 250 pontos »» Localizar informações explícitas em fragmentos de romances, crônicas e texto didático. »» Identificar tema e assunto em poemas e charges, relacionando elementos verbais e não verbais. »» Identificar elementos da narrativa em história em quadrinhos. »» Reconhecer a finalidade de recurso gráfico em artigos. »» Reconhecer o sentido estabelecido pelo uso de expressões, de pontuação, de conjunções em poemas, charges, fragmentos de romances e em anedota. »» Inferir o sentido de palavra em letras de música e reportagens. »» Reconhecer relações de causa e consequência e características de personagens em lendas e fábulas. »» Reconhecer recurso argumentativo em artigos de opinião. »» Inferir efeito de sentido da repetição de expressões em crônicas. »» Inferir causa da ação de um personagem em tirinha. »» Reconhecer o objetivo comunicativo de reportagem. BÁSICO COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS 225 Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação ESTRATÉGIAS DE LEITURA Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo PROCESSAMENTO DO TEXTO 275 Identifica letras APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA 250 Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO De 225 a 275 pontos 30 31 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Leia o texto abaixo. Piada A menina foi visitar a avó no campo. A avó tinha uma criação enorme de aves, e a menina, que morava na cidade, ficou encantada. E de repente, passeando pela fazenda da avó, ela viu um pavão. Voltou correndo para casa e, toda alegre, avisou à vovó: – Vovó! Vovó! Uma de suas galinhas está dando flor! Para você morrer de rir. Belo Horizonte: Leitura, 2001, p. 13. (P120784ES_SUP) Nível 3 – 250 a 275 pontos »» Localizar informações explícitas em crônicas, fábulas e em reportagem. »» Identificar os elementos da narrativa em letras de música e fábulas e o narrado em primeira pessoa em fragmento de romance. »» Reconhecer a finalidade de abaixo-assinado e verbetes. »» Reconhecer relação entre pronomes e seus referentes e relações de causa e consequência em fragmentos de romances, diários, crônicas, (P120785ES) No trecho “Uma de suas galinhas está dando flor!”, o ponto de exclamação reforça a ideia de A) crítica. B) espanto. C) impaciência. D) indignação. E) medo. reportagens e máximas (provérbios). »» Inferir tema e ideia principal em notícias, crônicas e poemas. »» Inferir o sentido de palavra ou expressão em história em quadrinhos, poemas e fragmentos de romances. »» Comparar textos de gêneros diferentes que abordem o mesmo tema. »» Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas. »» Interpretar o sentido de conjunções, de advérbios e as relações entre elementos verbais e não verbais em tirinhas, fragmentos de romances, reportagens e crônicas. Esse item avalia a habilidade de os estudantes reconhecerem o efeito do uso de determinado tipo de pontuação. A compreensão do texto é importante para a resposta »» Reconhecer relações de sentido estabelecidas por conjunções ou locuções conjuntivas em letras de música e crônicas. correta desse item, visto que os sinais de pontuação manifestam efeitos particulares, »» Reconhecer o uso de expressões características da linguagem (cientí- mas que dependerão dos objetivos comunicativos da escrita na qual eles estejam inse- fica, profissional etc.), marcas linguísticas que evidenciam o locutor em ridos. O texto eleito como suporte é uma anedota, na qual é descrito o encantamento reportagem e a relação entre pronome e seu referente em artigos e de uma menina da cidade ao visitar avó no campo. No comando, recorta-se a fala da reportagens. menina, que é finalizada pelo ponto de exclamação, ao admirar um pavão, animal que ela desconhecia, já que a mesma inferiu tratar-se de uma galinha com uma flor. A partir »» Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal em notícias e charges. desse contexto, pretende-se avaliar que os estudantes saibam qual ideia seria reforça- »» Reconhecer o trecho que caracteriza uma opinião em entrevista. da pelo uso de tal sinal de pontuação. »» Inferir efeito de humor em tirinha. Os estudantes que escolheram a alternativa B responderam satisfatoriamente à expectativa avaliativa do item em questão, compreendendo a sugestão implícita, promovida pela fala da menina e reforçada pelo ponto de exclamação. 32 33 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Leia o texto abaixo. A hora do planeta 5 10 Apagar a luz de casa pode ser um ato corriqueiro, mas, no dia 26 de março passado, a iniciativa tinha um significado maior. Ao todo, 123 cidades brasileiras ficaram às escuras por uma hora, solidárias à campanha A hora do planeta. Criada pela WWF-Austrália em 2007, a iniciativa foi uma maneira simbólica que a organização não governamental – comprometida com a conservação da natureza – encontrou para mobilizar a sociedade e seus governantes quanto ao aquecimento global. É um exemplo de que é possível trazer para a prática uma ideia que começou na internet, defende a superintendente do WWF-Brasil, Regina Cavini, coordenadora nacional da campanha. “As redes sociais hoje abrem espaço para as pessoas se mostrarem proativas e exercerem o ativismo nas redes. No entanto, a internet ainda é uma ferramenta nova e não aprendemos a usá-la em todo seu potencial”, diz Regina [...]. Apesar de investir nesse enfoque, a ativista não acredita que a internet seja o futuro do ativismo ambiental. “A ferramenta não vai substituir [...] a prática, mas fazer parte do dia a dia, como um importante aliado [...]”. No próximo ano, A hora do planeta está prevista para o dia 28 de março, das 20h às 21h. Fique ligado! Ou melhor, desligado. LEDÓ, Maria Júlia. Revista do Correio, 27 nov. 2011. (P100155E4_SUP) (P100158E4) Nesse texto, o trecho em que o autor estabelece contato direto com o leitor é: A) “Apagar a luz de casa pode ser um ato corriqueiro,...”. (ℓ. 1) B) “... a iniciativa tinha um significado maior.”. (ℓ. 1-2) C) “... 123 cidades brasileiras ficaram às escuras...”. (ℓ. 2) D) “‘A ferramenta não vai substituir [...] a prática,...’”. (ℓ. 12) E) “Fique ligado! Ou melhor, desligado.”. (ℓ. 14) PROFICIENTE COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS 275 Esse item avalia a habilidade de identificar, em um texto, as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor. Para avaliar essa habilidade, o Identifica letras suporte traz uma reportagem, na qual o autor discorre sobre uma ação de cons- Reconhece convenções gráficas cientização sobre o aquecimento global. APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA Para identificar, através das marcas linguísticas, em qual trecho do texto o au- hora do planeta”. Porém, no final do último parágrafo, o autor emprega o modo Manifesta consciência fonológica Localiza informação reconhecendo o caráter expositivo predominante na descrição da campanha “A ESTRATÉGIAS DE LEITURA verbal imperativo no trecho “Fique ligado!”, direcionando sua fala ao interlocutor. Identifica tema Realiza inferência Observando todos esses aspectos, o respondente deveria concluir que o gaba- Identifica gênero, função e destinatário de um texto rito é a alternativa E Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo PROCESSAMENTO DO TEXTO 325 Lê palavras tor se dirige diretamente ao leitor, o estudante deveria proceder à leitura do texto, 300 Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO De 275 a 325 pontos 34 35 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Leia o texto abaixo. Nível 4 – 275 a 300 pontos Helena – Capítulo XIII »» Localizar informações explícitas em artigos de opinião e crônicas. »» Identificar finalidade e elementos da narrativa em fábulas e contos. »» Identificar a finalidade de relatórios científicos. »» Determinar informação comum entre um artigo de opinião e uma tirinha. »» Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo assunto em reportagens, 5 contos e enquetes. »» Reconhecer opiniões divergentes sobre o mesmo tema em diferentes textos. »» Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e consequência e entre pronomes e seus referentes em fragmentos de romances, fábulas, crônicas, artigos de opinião e reportagens. 10 Dissolvida a reunião, Helena recolheu-se à pressa com o pretexto de que estava a cair de sono, mas realmente para dar à natureza o tributo de suas lágrimas. O desespero comprimido tumultuava no coração, prestes a irromper. Helena entrou no quarto, fechou a porta, soltou um grito e lançou-se de golpe à cama, a chorar e a soluçar. A beleza dolorida é dos mais patéticos espetáculos que a natureza e a fortuna podem oferecer à contemplação do homem. Helena torcia-se no leito como se todos os ventos do infortúnio se houvessem desencadeado sobre ela. Em vão tentava abafar os soluços, cravando os dentes no travesseiro. Gemia, entrecortava o pranto com exclamações soltas, enrolava no pescoço os cabelos deslaçados pela violência da aflição, buscando na morte o mais pronto dos remédios. Colérica, rompeu com as mãos o corpinho do vestido; e pôde à larga desafogar-se dos suspiros que o enchiam. Chorou muito; chorou todas as lágrimas poupadas durante aqueles meses plácidos e felizes, leite da alma com que fez calar a pouco e pouco os vagidos de sua dor. ASSIS, Machado. Helena. São Paulo: Ática, 1997. Fragmento. (P100159E4_SUP) »» Reconhecer o sentido de expressão e de variantes linguísticas em letras de música, tirinhas, poemas e fragmentos de romances. »» Inferir tema, tese e ideia principal em contos, letras de música, editoriais, reportagens, crônicas, artigos, em resenha e em entrevista. »» Reconhecer o tema de uma crônica e assunto em reportagem. »» Inferir o efeito de sentido de linguagem verbal e não verbal em charges e história em quadrinhos. (P100160E4) Nesse texto, no trecho “Helena entrou no quarto, fechou a porta, soltou um grito e lançou-se de golpe à cama,...” (ℓ. 3-4), as formas verbais destacadas indicam que as ações A) estão acontecendo. B) foram concluídas. C) podem acontecer. D) são contínuas. E) serão realizadas. »» Inferir informações em fragmentos de romance e ação de personagem em história em quadrinhos e em tirinha. »» Inferir o efeito de sentido da pontuação e da polissemia como recurso para estabelecer humor ou ironia em tirinhas, anedotas e contos. »» Reconhecer o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos morfossintáticos em contos, artigos, crônicas e em romance. »» Inferir informação e o efeito de sentido produzido por expressão em reportagens e tirinhas. »» Reconhecer variantes linguísticas em artigos. Esse item avalia a habilidade de os estudantes reconhecerem o efeito de sentido decorrente do uso de recursos ortográficos ou morfossintáticos. Essa habilidade consiste em perceber as intenções pretendidas com o uso de determinado recurso linguístico. No item em questão, o texto utilizado como suporte é o fragmento do romance Helena, de Machado de Assis, no qual o narrador descreve minuciosamente um momento de sofrimento da personagem título da obra. Para resolução do item, é necessário que os estudantes identifiquem as mudanças de sentido decorrentes das variações nos padrões gramaticais da língua. No contexto, especificamente, eles deveriam perceber a escolha das formas verbais no pretérito perfeito como recurso expressivo do autor para indicar um fato passado não habitual, com início e término no passado. Os estudantes que marcaram a alternativa B identificaram corretamente a intencionalidade do autor em empregar as formas verbais em destaque no comando para resposta: sugerir que as ações foram concluídas. 36 37 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Leia o texto abaixo. Nível 5 – 300 a 325 pontos A herança »» Localizar informações explícitas em infográficos, reportagens, crônicas e artigos. »» Localizar a informação principal em reportagens. »» Identificar ideia principal e finalidade em notícias, reportagens e resenhas. »» Identificar a finalidade e a informação principal em notícias. »» Reconhecer características da linguagem (científica, jornalística, etc.) em reportagens e marcas da oralidade em entrevista. »» Reconhecer variantes linguísticas em contos, notícias e reportagens. Tenho muito carinho pelo meu telefone fixo. E isso desde os tempos em que ele não era chamado de telefone fixo, mas apenas de telefone. Embora eu perceba que ele não seja lá tão fixo assim, já que circula com desenvoltura pela casa toda. Meu pai não foi homem de muitas posses [...] nunca comprou nada, com raras exceções, nada que pudesse ficar, por exemplo, como herança. Entre as exceções, havia um telefone. [...] Era isso que eu queria dizer. Ganhei de herança do meu pai um telefone. [...] E é essa linha que eu vejo agora vivendo seus últimos dias. De pouco me serve aquele telefone fixo. Amigos, colegas, parentes, propostas de trabalho, chateações de telemarketing – tudo chega a mim pelo telefone celular. XEXEO, Artur. Revista O Globo. n. 316, 15 ago. 2010. (P120356ES_SUP) »» Reconhecer elementos da narrativa em crônicas. »» Reconhecer argumentos e opiniões em notícias, artigos de opinião e fragmentos de romances. »» Identificar o argumento em contos. »» Diferenciar abordagem do mesmo tema em textos de gêneros distintos. »» Inferir informação em contos, crônicas, notícias e charges. (P120356ES) Nesse texto, sobre a mobilidade do telefone, há uma opinião do narrador em: A) “... ele não era chamado de telefone fixo,...”. B) “Embora eu perceba que ele não seja lá tão fixo assim,...”. C) “... nunca comprou nada, com raras exceções,...”. D) “Entre as exceções, havia um telefone.”. E) “De pouco me serve aquele telefone fixo.”. »» Inferir sentido de palavras, da repetição de palavras, de expressões, de linguagem verbal e não verbal e de pontuação em charges, tirinhas, contos, crônicas, fragmentos de romances e em artigo de opinião. »» Inferir informação, sentido de expressão e o efeito de sentido decorrente do uso de recursos morfossintáticos em crônicas. »» Inferir o sentido decorrente do uso de recursos gráficos em poemas. »» Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal e o efeito de humor em tirinhas. Esse item avalia a habilidade de distinguir um fato de uma opinião. Essa habilidade requer dos estudantes a identificação de marcas opinativas, de subjeti- »» Reconhecer a relação entre os pronomes e seus referentes em contos. vidade que revelam a presença, a “voz” do autor/locutor do texto, diferenciando »» Reconhecer elementos da narrativa em contos. essa opinião do que é uma ação objetiva. Para avaliar essa habilidade, foi utiliza- »» Reconhecer o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos mor- do como suporte para o item o fragmento de uma crônica, narrada em primeira fossintáticos e pelo uso de recurso estilístico da antítese em poemas. pessoa, na qual o narrador relata sua relação com o telefone fixo herdado do pai. »» Reconhecer ideia comum e opiniões divergentes sobre o mesmo tema na comparação entre diferentes textos. Nesse item, o estudante deveria, após realizar uma leitura global do texto, reconhecer a presença de um narrador-personagem, que, além de descrever »» Reconhecer ironia e efeito de humor em crônicas e entrevistas. as ações, também revela seus julgamentos e impressões pessoais acerca da »» Reconhecer a relação de causa e consequência em piadas e fragmen- história. Nesse sentido, o item destaca passagens do texto, dentre as quais, o tos de romance. estudante deveria reconhecer aquela que expressa uma opinião do narrador. »» Comparar poemas que abordem o mesmo tema. Portanto, os estudantes que assinalaram a alternativa B – o gabarito – de- »» Diferenciar fato de opinião em contos, artigos, reportagens e em crônica. monstraram ter reconhecido o trecho em que o narrador aponta sua percepção »» Diferenciar tese de argumentos em artigos, entrevistas e crônicas e re- a respeito do telefone. conhecer um argumento utilizado para defender uma ideia em entrevista. 38 39 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Nível 6 – 325 a 350 pontos »» Localizar informação explícita em resenhas. »» Identificar ideia principal e elementos da narrativa em reportagens e crônicas. »» Identificar a informação principal em reportagens. »» Identificar argumento em reportagens e crônicas e o trecho que comprova a tese defendida em artigo de opinião. »» Reconhecer o efeito de sentido da repetição de expressões e palavras, do uso de pontuação, de variantes linguísticas e de figuras de linguagem em poemas, contos e fragmentos de romances. »» Reconhecer variantes linguísticas e o efeito de sentido de recursos gráficos em crônicas e artigos. »» Reconhecer a relação de causa e consequência em contos. »» Reconhecer a relação de causa e consequência e relações de sentido marcadas por conjunções em reportagens, artigos, ensaios, crônicas, contos, cordéis e em poema. »» Reconhecer diferentes opiniões entre cartas de leitor que abordam o mesmo tema. AVANÇADO »» Reconhecer o tema comum entre textos de gêneros distintos. »» Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de figuras de linguagem e de recursos gráficos em poemas e fragmentos de romances. COMPETÊNCIAS DOMÍNIOS 325 Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Localiza informação Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo PROCESSAMENTO DO TEXTO 400 425 450 475 500 Lê palavras ESTRATÉGIAS DE LEITURA 375 »» Diferenciar fato de opinião em artigos, reportagens e resenhas. »» Inferir o efeito de sentido de linguagem verbal e não verbal em tirinhas. Identifica letras APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA 350 Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas »» Identificar elementos da narrativa e a relação entre argumento e ideia central em crônicas. »» Reconhecer o gênero reportagem e a finalidade de propagandas e de entrevista. »» Reconhecer o tema em poemas. »» Inferir o sentido de palavras e expressões em piadas e letras de música. »» Inferir informação em artigos. »» Inferir o sentido de expressão em fragmentos de romances. »» Recuperar o referente do pronome demonstrativo “lá” em reportagem. PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO Acima de 325 pontos 40 41 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Leia o texto abaixo. O segredo dos inovadores 5 10 15 Não é dinheiro, nem status, nem reconhecimento o que motiva, em primeiro lugar, os inovadores. Muito menos pressão. Mas o prazer da descoberta: a sensação de aprender e vencer desafios. Está aí a condição essencial para as empresas conseguirem atrair e reter talentos para gerar inovação dos negócios, segundo um estudo intitulado “O Princípio do Progresso”, que acaba de ser lançado pela editora da escola de negócios de Harvard. A forma como se chegou a essa conclusão foi “inusual”. Os pesquisadores conseguiram que centenas de empregados, todos envolvidos em processos de inovação em suas empresas, escrevessem diários sobre seus sentimentos no trabalho. Daí saíram 64 mil comentários. Com base nesse material, viu-se que quanto mais as empresas geravam em seus funcionários a sensação de progresso individual, mesmo em pequenas coisas, mais fácil era ter equipes engajadas para inovar e não cair na aposentadoria mental. Em poucas palavras, a empresa que inova é um misto de escola com laboratório, onde se mantém sempre o prazer de aprender. O que os pesquisadores de Harvard alertam é o seguinte: num mundo cada vez mais competitivo e veloz, quem não tiver um ambiente inovador – e, portanto, empregados engajados – está condenado. Não é à toa que as grandes empresas têm cada vez mais dificuldades de atrair talentos inovadores que, muitas vezes, preferem correr riscos e abrir seus próprios negócios. DIMENSTEIN, Gilberto. Disponível em: <http://portal.aprendiz.uol.com.br/2011/09/14/o-segredo-dos-inovadores/>. Acesso em: 22 nov. 2011. Fragmento. (P100110E4_SUP) O argumento que comprova a tese de que a motivação do profissional está na sensação de aprender e vencer desafios é: A) “Os pesquisadores conseguiram que centenas de empregados [...] escrevessem diários sobre seus sentimentos no trabalho.”. (ℓ. 7-9) B) “... quanto mais as empresas geravam em seus funcionários a sensação de progresso individual [...] mais fácil era ter equipes engajadas...”. (ℓ. 10-12) C) “... a empresa que inova é um misto de escola com laboratório, onde se mantém sempre o prazer de aprender.”. (ℓ. 13-14) D) “... num mundo cada vez mais competitivo e veloz, quem não tiver um ambiente inovador [...] está condenado.”. (ℓ. 15-17) E) “Não é à toa que as grandes empresas têm cada vez mais dificuldades de atrair talentos inovadores...”. (ℓ. 18-19) (P100111E4) Nível 7 – 350 a 375 pontos »» Localizar informações explícitas, ideia principal e expressão que causa humor em contos, crônicas e artigos de opinião. »» Identificar variantes linguísticas em letras de música. »» Reconhecer efeitos estilísticos em poemas. »» Reconhecer ironia e efeitos de sentido decorrentes da repetição de palavras em sinopses. »» Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo tema, na comparação entre diferentes textos. »» Reconhecer a finalidade e a relação de sentido estabelecida por conjunções em lendas e crônicas. »» Reconhecer finalidade e traços de humor em reportagens. »» Reconhecer o efeito de sentido do humor em tirinhas. »» Reconhecer o tema em contos e fragmentos de romances. »» Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em crônicas e circunstância de lugar marcada por adjunto adverbial de lugar em resenha. »» Inferir informação e tema em reportagens, poemas, histórias em quadrinhos e tirinhas. »» Inferir o sentido e o efeito de sentido de palavras ou de expressão em poemas, crônicas e fragmentos de romances. »» Reconhecer a ideia defendida em artigo de opinião. »» Inferir característica do eu lírico em letra de música. Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la é a habilidade aferida por meio desse item. Essa habilidade requer o reconhecimento, pelos estudantes, do embasamento apresentado no texto para apoiar a ideia defendida pelo autor. O suporte desse item apresenta um artigo de opinião veiculado em um portal eletrônico direcionado à discussão educacional, que apresenta a tese defendida resumidamente no primeiro parágrafo. Para resolver esse item, é essencial que os estudantes sejam hábeis na identificação da tese e na distinção do que são e para que servem os argumentos na dissertação. O texto “O segredo dos inovadores” tem como tese a ideia de que a sensação de aprender e vencer desafios é a principal motivação para os profissionais. E, para sustentar tal tese, um dos argumentos usados foi o resultado da pesquisa “O Princípio do Progresso”, na qual foi constatado que os colaboradores mais engajados eram aqueles mais envolvidos em processos de inovação em suas empresas. Essa informação está presente no trecho da alternativa B, a escolha dessa opção indica que os estudantes já desenvolveram a habilidade avaliada. 42 43 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Leia o texto abaixo. Amor Maior 5 10 15 20 25 Eu quero ficar só Mas comigo só Eu não consigo Eu quero ficar junto Mas sozinho só Não é possível... É preciso amar direito Um amor de qualquer jeito Ser amor a qualquer hora Ser amor de corpo inteiro Amor de dentro prá fora Amor que eu desconheço... Quero um amor maior Um amor maior que eu Quero um amor maior, yeah! Um amor maior que eu... [...] Então seguirei Meu coração até o fim Prá saber se é amor Magoarei mesmo assim Mesmo sem querer Prá saber se é amor Eu estarei mais feliz Mesmo morrendo de dor, yeah! Prá saber se é amor Se é amor [...]. Nível 8 – 375 a 400 pontos »» Diferenciar fatos de opiniões e opiniões diferentes em artigos e notícias. »» Inferir o sentido de palavras em poemas. »» Localizar ideia principal em manuais, reportagens, artigos e teses. »» Identificar a ideia central e o argumento em apresentações de livros, reportagens, editoriais, crônicas e artigo de opinião. »» Identificar elementos da narrativa em crônicas, contos e fragmentos de romances. »» Identificar ironia e tema em poemas e artigos. »» Inferir efeito de humor e ironia em tirinhas e charges. »» Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunção em artigos, reportagens e fragmentos de romances. »» Reconhecer a relação de causa e consequência em reportagens e fragmentos de romances. »» Reconhecer o efeito de sentido de recursos gráficos em artigos e do uso de expressão metafórica caracterizadora de personagem em fragmento de romance. »» Reconhecer variantes linguísticas em letras de música e piadas. »» Reconhecer a finalidade de reportagens, resenhas e artigos. FLAUSINO, Rogério. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/jota-quest/68366>. Acesso em: 26 mar. 2010. Fragmento. (P120139ES_SUP) (P120139ES) Nesse texto, em relação à procura por um amor intenso, o eu lírico se caracteriza como A) leviano. B) maravilhado. C) persistente. D) saudosista. E) solitário. Esse item avalia a habilidade de os estudantes inferirem informações que não se encontram na superfície textual, a partir do entendimento dos elementos dispostos na escrita do texto. O texto utilizado como suporte é uma letra de música de um grupo musical bastante popular no país, com um vocabulário acessível aos estudantes dessa etapa de escolarização. O texto aborda a busca obstada do eu lírico pelo amor romântico. Esse item requer que o respondente construa significados para o que lê, por meio de pistas oferecidas pelo corpo textual e da associação com seus conhecimentos prévios. Dessa forma, os estudantes que escolheram a alternativa C como resposta perceberam pelas passagens do texto que a voz que fala no texto confessa o desejo de viver uma relação amorosa intensa, já apontando essa ambição desde o título “Amor maior”. 44 45 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Leia o texto abaixo. Nível 9 – Acima de 400 pontos »» Reconhecer o efeito de sentido resultante do uso de recursos morfossintáticos e ortográficos em artigos e letras de música. »» Inferir efeito de ironia na fala do narrador em fragmento de romance. »» Inferir informação sobre o entrevistado em entrevista. »» Reconhecer o conflito gerador do enredo em fábula. »» Reconhecer a finalidade de cartas de leitor. Disponível em: <http://aescritanasentrelinhas.d3estudio.com.br/wp-content/uploads/2011/02/calvin0001.jpg>. Acesso em: 8 nov. 2011. (P120290C2_SUP) O humor desse texto está A) na confiança do menino em relação às suas habilidades. B) na expressão facial do menino no segundo quadrinho. C) na lembrança do menino do período em que era bebê. D) no alto valor cobrado pelo desenho de giz de cera. E) no desenvolvimento das habilidades motoras do menino. (P120290C2) A habilidade avaliada por esse item é a de reconhecer efeitos de humor em um texto. Essa competência está associada à quebra da expectativa criada pelo leitor, a qual está geralmente presente no final do texto. O suporte utilizado apresenta uma história em quadrinhos, gênero frequente no ambiente escolar, porém, nesse caso, o texto apresenta quatro quadrinhos e falas mais longas dos personagens, o que poderia contribuir para a dificuldade do item. Para chegar ao gabarito, os estudantes devem perceber que o menino de seis anos é persuasivo propondo ao pai que compre um desenho feito por ele, pois, em sua concepção, o trabalho é resultado de muito esforço. Nos três primeiros quadrinhos, o menino faz uma contextualização da forma como ele desenvolveu as habilidades necessárias para compor sua obra de arte. No último quadrinho, ao apresentar o desenho, o pai revela ao menino que não pagará o alto valor cobrado pelo seu desenho (500,00 dólares). Os estudantes que escolheram a alternativa D conseguiram inferir que o humor do texto é o fato de o menino demonstrar convicção de que seu desenho infantil feito com giz de cera tem alto valor. 46 47 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Leia os textos abaixo. Antena de celular faz mal à saúde? Texto 1 Texto 2 A exposição permanente às radiações eletromagnéticas pode causar cefaleia, insônia e até alterações cardiovasculares. A Organização Mundial da Saúde ainda não declarou qual a distância prudente entre uma casa e uma torre de telefonia celular, mas órgãos ambientalistas adotam 300 m como uma medida segura. Não há comprovação de que a radiação das antenas de telefonia celular cause dano à saúde. A única evidência se refere à tolerância humana aos níveis de radiação eletromagnética. O problema é que não há uma fiscalização dos órgãos competentes sobre esses níveis, produzidos também por outras fontes, como antenas de rádio e TV. José Carlos Virtuoso, professor de engenharia ambiental 4 Adroaldo Raizer, professor de eletromagnetismo Casa Claudia, mar. 2004, ano 28, n. 3. *Adaptado: Reforma Ortográfica. (P120102ES_SUP) (P120112ES) Esse dois textos têm por finalidade A) descrever uma pesquisa. B) ensinar um procedimento. C) expor uma opinião. D) relatar um fato. E) vender um produto. Esse item avalia a habilidade de os estudantes identificarem a finalidade de COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DO SAEGO? textos de diferentes gêneros. Identificar a finalidade de um texto é uma habilidade fundamental, pois possibilita aos estudantes dominar os diferentes propósitos comunicativos dos diversos gêneros textuais presentes nas esferas sociais de interação. Nesse caso, especificamente, busca-se avaliar se os estudantes conseguem perceber qual é o objetivo enunciativo de cartas de leitores de curta extensão, gênero que circula na comunidade escolar e que tem uma função específica: expor uma críticas e/ou comentários a respeito das matérias apresentadas em jornais ou revistas. Para realizar essa tarefa, os estudantes precisam analisar a estrutura dos textos, conjugando o seu conteúdo, e perceber o posicionamento dos autores dos Textos 1 e 2. Pautados nessas informações, podem concluir qual é o objetivo dos textos e chegar ao gabarito. Os estudantes que assinalaram a alternativa C conseguiram conjugar todos os elementos constitutivos dos textos (estrutura, linguagem, tipologia textual, referência bibliográfica), reconhecendo, dessa forma, que o objetivo comunicativo pretendido é expor uma opinião. 48 Realizado o processamento dos testes, ocorre a divulgação dos resultados obtidos pelos alunos. SAEGO 2015 Revista Pedagógica 5 Encarte Escola à Vista! O processo de avaliação em larga escala não acaba quando os resultados chegam à escola. Ao contrário, a partir desse momento toda a escola deve analisar as informações recebidas, para compreender o diagnóstico produzido sobre a aprendizagem dos estudantes. Em continuidade, é preciso elaborar estratégias que visem à garantia da melhoria da qualidade da educação ofertada pela escola, expressa na aprendizagem de todos os estudantes. Para tanto, todos os agentes envolvidos – gestores, professores, famílias – devem se apropriar dos resultados produzidos pelas avaliações, incorporando-os à discussão sobre as práticas desenvolvidas pela escola. O encarte de divulgação dos resultados da escola traz uma sugestão de roteiro para a leitura dos resultados obtidos pelas COMO A ESCOLA PODE SE APROPRIAR DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO? avaliações do SAEGO. Esse roteiro pode ser usado para interpretar os resultados divulgados no Portal da Avaliação http:// www.saego.caedufjf.net/ e no encarte Escola à vista! Apresentamos, a seguir, um Estudo de Caso de apropriação dos resultados da avaliação externa. Este estudo representa uma das diversas possibilidades de trabalho com os resultados, de acordo com a realidade vivida pela comunidade escolar. 50 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 Mudanças a partir da apropriação dos resultados da avaliação externa de seus colegas de trabalho, algu- sempenho dos professores? Além estava envolvida com o programa. mas um pouco desanimadoras, mas de seus próprios questionamentos, E foi abordando essa situação que outras bem estimulantes. Juliana começou a ouvir o questio- Rita iniciou a sua fala, demonstrando Juliana era professora das sé- orientá-la sobre como proceder em liar e que os responsáveis quase ries iniciais do Ensino Fundamental relação ao planejamento. Nesse pri- não apareciam na escola para saber Juliana era professora da turma namento de seus colegas que já es- preocupação com o pouco enga- na escola Silmara Rosa. Quando se meiro contato que a professora co- da vida escolar de seus filhos. Na do 3º ano do Ensino Fundamental e, tavam na rede desde o surgimento jamento de sua equipe com a ava- do programa de avaliação estadual, liação e, também, com a mudança formou em Pedagogia, Juliana esta- meçou a perceber que pertenceria verdade, por conta da pouca ade- apesar de todas as dificuldades en- va ciente do seu papel de alfabeti- a um universo bem diferente daque- são, a direção já não realizava mais contradas, julgou que o seu trabalho e a cada fala ficava mais apreensiva negativa nos resultados de um ano zadora e sabia que haveria muitos le que imaginava encontrar. reuniões de pais. Sem diálogo com estava sendo desenvolvido com com o objetivo daquela avaliação. para o outro. a família, a responsabilidade pela êxito, uma vez que estava cumprin- A preocupação de Juliana justifica- A coordenadora pedagógica va-se pelo fato de ela mesma saber sabia de todas as dificuldades en- desafios a serem enfrentados para Suas preocupações, enquanto garantir a aprendizagem de seus graduanda em Pedagogia, sempre educação dos alunos ficava exclusi- do o seu papel, independente das alunos. No entanto, a professora, foram voltadas para o saber ensinar vamente com a escola e, principal- barreiras no caminho. Mas ela tinha que seus alunos apresentavam difi- frentadas pela escola e pelos seus recém-formada, não imaginava que e para o saber alfabetizar. Durante mente, com os professores. Isso era consciência de que, mesmo com culdades e, portanto, não teriam, de- professores, principalmente as re- diversos fatores iriam influenciar em os momentos de formação, sua tur- uma queixa recorrente entre seus toda a sua dedicação e empenho, pendendo do teste, um rendimento lacionadas ao pouco envolvimento ma esteve em contato constante colegas de trabalho, que alegavam seus alunos ainda apresentavam satisfatório. Ela seria punida por familiar e às condições socioeconô- Ao ser efetivada em sua atual com aspectos relacionados à impor- não conseguir grandes avanços na muitas dificuldades, e estavam mui- isso? Seria vista pelos seus colegas micas da comunidade. Além disso, escola, a primeira ação de Julia- tância da utilização das orientações aprendizagem dos seus alunos por to aquém daquilo que era esperado como uma má profissional? existiam algumas dificuldades em na foi conhecer o Projeto Político curriculares e da construção de pla- conta dos fatores extraescolares e deles no 3º ano do Ensino Funda- pela falta de apoio familiar. mental. seu trabalho. Pedagógico, o PPP, como se refe- nos de aula, com foco no uso de riam seus professores formadores. diferentes metodologias e práticas Além disso, buscou com os novos pedagógicas. colegas, orientações sobre o plane- Além disso, algumas disciplinas Desde o início da faculdade, relação ao planejamento escolar. Juliana sempre se preocupou em O PPP, importante documento de Apesar de se sentir preparada Em abril, Juliana foi convidada informar-se sobre os assuntos rela- gestão dos resultados de apren- para enfrentar a vida docente, Ju- para participar de uma reunião so- cionados à educação, mas o tema dizagem, por meio da projeção e liana descobriu que, na prática, era bre o programa de avaliação esta- avaliação externa não havia sido dis- da organização, e do acompanha- cutido durante o curso, e ela pouco mento de todo o universo escolar, jamento e a proposta curricular da faziam referência constante ao PPP preciso saber ensinar, saber alfabe- dual que já existia há três anos na rede. Entretanto, ao chegar à escola e Juliana sabia que ele deveria ser tizar, saber planejar aulas, mas era rede. Ela conhecia pouco sobre tinha ouvido falar sobre esse assun- encontrava-se desatualizado. Os e solicitar o PPP, o acesso ao docu- consultado e atualizado periodica- preciso, também, saber lidar com as avaliação externa, sabia de algu- to. Por isso, apesar de não acreditar professores não tinham o costume mento não foi simples e fácil, pois mente pelos gestores e pela equipe diferenças encontradas em sua sala mas avaliações nacionais, como a que a reunião seria produtiva, pois, de consultar a proposta curricular na maior parte das vezes, as reu- da rede. Rita sabia que um trabalho grande ainda haveria de ser feito. estava desatualizado. Ao consultar pedagógica. Esse documento de- de aula, com as histórias que seus Avaliação Nacional da Alfabetização os colegas, poucos conseguiram veria apresentar detalhes da esco- alunos traziam e com a realidade (ANA), a Prova Brasil e a Provinha niões viravam grandes discussões, la, com os objetivos educacionais e que envolvia a comunidade em que Brasil, mas não conhecia qual era o Juliana resolveu participar, com a in- A coordenadora pedagógica os meios que seriam utilizados para sua escola estava inserida. E isso, objetivo dessas avaliações, nem a tenção de esclarecer suas dúvidas conhecia detalhadamente os resul- um rendimento adequado pelos es- inicialmente, foi um choque para a metodologia utilizada. Sua reação, iniciais, também, para conhecer me- tados de sua escola, que, nos dois tudantes. Assim, ao longo de sua professora novata, cheia de planos a princípio, foi questionar o porquê lhor o programa de avaliação. últimos anos mostravam uma defi- formação, considerando tantos ele- e idealizações. de mais uma prova, sendo que já Na reunião, conduzida pela ciência enorme na aprendizagem: Juliana sabia que não apenas existiam outras. Como essa avalia- coordenadora pedagógica Rita, foi os resultados do primeiro ano da sempre buscou aproveitar todas as a sua turma enfrentava essas difi- ção poderia ajudar, sendo que ela possível perceber que grande par- avaliação foram ruins, muito abaixo oportunidades para se aperfeiçoar, culdades, sendo essa uma situação já sabia a situação de seus alunos? te dos professores, apesar de estar do que ela e a equipe pedagógica fazendo com dedicação vários cur- vivenciada por toda a escola. Por Será que a intenção era avaliar o de- na escola havia bastante tempo, não esperavam, e os do segundo ano sos e estágios que julgava interes- isso, seu primeiro passo foi conver- santes para auxiliá-la nessas tarefas. sar com os outros professores mais “ [...] na prática, era preciso saber ensinar, saber alfabetizar, saber planejar aulas, mas era preciso, também, saber lidar com as diferenças encontradas em sala de aula [...] mentos do contexto escolar, Juliana A escola em que Juliana foi lo- experientes e com mais tempo na tada era mediana, possuía, em seus escola, para saber como lidavam três turnos, apenas 29 turmas. Na com esses fatores, sem que eles sala dos professores, Juliana sem- os desanimassem e atrapalhassem pre escutava que a maior parte dos seus trabalhos. Nesse percurso, ela alunos não possuía incentivo fami- ouviu diferentes histórias e opiniões 52 “ [...] sempre se preocupou em informar-se sobre os assuntos relacionados à educação, mas o tema avaliação externa não havia sido discutido [...] 53 SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 “ [...] a avaliação externa poderia ser mais um importante instrumento para o planejamento pedagógico e, por meio dela, era possível acompanhar em quais habilidades os alunos apresentavam dificuldade, em cada etapa de escolarização [...] de quebrar os tabus referentes à nadora capacitaria os professores, avaliação, e nem de fazer com que para que eles pudessem analisar os a equipe da escola a enxergasse resultados das avaliações e relacio- como um instrumento a favor do tra- ná-los ao trabalho realizado por to- balho docente. Então, como segun- dos. da estratégia, pensaram que seria Juliana saiu da reunião mais ali- importante organizar uma reunião viada e com mais interesse sobre o com os professores, mas seguindo tema. De acordo com os exemplos uma proposta diferenciada: antes de apresentados, a avaliação externa falar da importância da aplicação do poderia ser mais um importante ins- teste, que seria em outubro, e co- trumento para o planejamento peda- mentar o resultado do ano anterior, gógico e, por meio dela, era possível Rita começou a apresentar alguns acompanhar em quais habilidades exemplos de ações em diferentes os alunos apresentavam dificuldade, contextos escolares, mesmo que de em cada etapa de escolarização, e, outras redes de ensino, que tinham também, saber em quais habilidades conseguido aumentar a participação os alunos possuíam mais facilidade. dos alunos na avaliação e melhorar Juliana não estava mais preocupada os resultados obtidos a partir do com o julgamento que receberia por trabalho feito com base nos resulta- conta do resultado de seus alunos, dos e na consulta aos documentos mas ansiosa para poder diagnosti- oficiais da rede, como as propos- car as dificuldades e avanços e re- tas curriculares e o PPP. Para poder lacioná-los aos conteúdos apresen- foram ainda piores. Ela precisava re- apresentar tais exemplos, Rita fez tados nas orientações curriculares, verter essa situação, mas não conse- várias pesquisas e pediu apoio a sua apresentando, assim, um norte para guia pensar sozinha em estratégias Gerência Regional. Aquela reunião planejar seu trabalho. Ela sabia que, e projetos: seria necessário ter o já estava sendo preparada por Rita e provavelmente, as dificuldades apre- apoio dos professores e dividir com sua equipe havia muito tempo. sentadas por seus alunos seriam as Após a apresentação, Rita per- mesmas que eles já apresentavam cebeu que os professores come- em suas próprias avaliações inter- A primeira estratégia seria, en- çaram a conversar entre si e a fazer nas, mas seria possível ter essa con- tão, dado o relato de Juliana ao ini- perguntas sobre cada escola citada firmação e saber se essa era a rea- ciar o trabalho na escola, era atuali- como exemplo. Foi a primeira reu- lidade dos alunos de toda a escola zar o PPP da escola. Como estavam nião em que a coordenadora peda- ou, especificamente, de sua turma. trabalhando, naquele momento, com gógica enxergava algum interesse Seria possível, também, saber se as informações sobre o rendimento por parte de seus professores. De- seus alunos conseguiriam, em uma dos estudantes nas avaliações ex- pois de responder aos questiona- avaliação externa demonstrar as ha- ternas, foi esse o primeiro esforço mentos, Rita apresentou novamente, bilidades que ela julgava que eles já de atualização do documento. pois já o tinha feito em outra data, tinham consolidado. eles as angústias e as responsabilidades. Rita e sua equipe estavam en- os resultados de participação e Como combinado, na segun- volvidas com o programa de ava- proficiência dos anos anteriores, e da reunião sobre o programa de liação desde o início, mas ainda marcou uma reunião para a semana avaliação, Rita apresentou como a não tinham conseguido uma forma seguinte. Nessa reunião, a coorde- avaliação externa era pensada, sua 54 “ [...]ela solicitou que os professores analisassem os resultados obtidos nos anos anteriores e propusessem ações e projetos para melhorar o desempenho de seus estudantes. metodologia e seus instrumentos. A dades concentravam-se, também, ponibilizá-los em sua sala. Por isso, coordenadora não era especialista em questões ligadas à leitura e à resolveu conversar com Rita para no assunto, mas já o estava estudan- escrita. ver o que poderia ser feito. do havia um bom tempo, e sentiu-se Foi bem desanimador para Ju- Para Rita, a ideia de Juliana era segura para dividir com sua equipe liana conhecer a realidade da sua fácil de ser efetivada e muito inte- o que ela havia aprendido. Com o escola na avaliação, ver oficializado ressante, por isso resolveu compar- fim da segunda reunião, ela solicitou aquilo que ela presenciava todos os tilhá-la com os demais professores que os professores analisassem os dias. Mas o que mais a incomodava dos anos iniciais. Seria importante resultados obtidos nos anos ante- era o fato de alguns professores en- que todas as salas tivessem o seu riores e propusessem ações e pro- cararem aquela situação como nor- “Cantinho de Leitura” e, também, jetos para melhorar o desempenho mal, pois já haviam se acostumado que fosse criada uma agenda regu- de seus alunos. Rita passou o ende- e não acreditavam que era possível lar para a visita à biblioteca. Incenti- reço do site para que eles conhe- reverter o quadro e conseguir me- var e estimular a leitura com certeza cessem as revistas pedagógicas e lhorar o desempenho dos estudan- traria benefício para a aprendiza- a senha para que todos pudessem tes. Para ela, era impossível aceitar gem dos alunos, e a escola possuía acessar os resultados. trabalhar sem perspectiva de me- recursos (livros) para implementar tal Então, com o que havia apren- lhora, sem acreditar no seu trabalho projeto. dido na reunião pedagógica e de e no potencial de sua turma. Era posse das revistas e dos resultados, preciso ao menos tentar! Para apresentar a proposta do “Cantinho de Leitura” para os outros Juliana analisou os dados de anos Desde os seus primeiros dias professores, Rita convocou uma re- anteriores e tentou interpretá-los na escola, Juliana pensava em fazer união com os responsáveis pelos com o apoio da Matriz de Referên- algum trabalho com seus alunos uti- anos iniciais. Na reunião, ela pediu cia e da Escala de Proficiência. Ao lizando a biblioteca, que possuía um que Juliana falasse sobre a interpre- pesquisar em quais habilidades os bom número de livros infantis e era tação que tinha feito dos resultados, alunos do 3° ano apresentavam pouco frequentada. Como apresen- das conclusões a que chegou e so- mais dificuldade, nas duas últimas tado nas orientações curriculares, bre o “Cantinho de Leitura”. A fala edições da avaliação, percebeu ela sabia que trabalhar a leitura de de Juliana foi bem aceita pelos seus que elas giravam em torno dos gê- vários gêneros textuais iria melhorar colegas e, com o decorrer da reu- neros textuais e da produção escri- a interpretação textual e a escrita de nião, outras ideias complementares ta. Aqueles resultados não eram re- sua turma. Sua ideia inicial era mon- ao seu projeto foram surgindo. ferentes aos alunos de Juliana, mas tar um “Cantinho de Leitura” na sua Todos concordaram que incen- ela, através das suas avaliações sala de aula, para estimular o gosto tivar a leitura era um caminho essen- internas, sabia que aquelas eram pela leitura, e fazer visitas regulares cial para melhorar a aprendizagem as mesmas dificuldades que seus à biblioteca escolar, monitorando a dos alunos e que seria interessante alunos apresentavam. Por curiosi- escolha dos livros e a leitura dos conseguir o apoio das famílias nes- dade, Juliana resolveu conhecer os mesmos pelos alunos. Para a im- se trabalho. Sendo assim, tiveram, resultados das outras etapas (anos plementação da sua ideia, Juliana em conjunto, a ideia de fazer “O Dia iniciais), e descobriu que as dificul- precisaria de alguns livros, para dis- do Livro na Escola” para inaugurar o 55 SAEGO 2015 Revista Pedagógica “Cantinho de Leitura”: esse evento dos profissionais da escola e seu pedagógica tinha da avaliação ex- teria como principal foco sensibilizar enriquecimento profissional. A insis- terna. os responsáveis sobre a importân- tência da escola em buscar o incen- Quando apresentou o novo re- cia de incentivar a leitura dos estu- tivo dos responsáveis conseguiu o sultado, Rita parabenizou os profes- dantes e mostrar-lhes como pode- apoio de alguns, antes pouco en- sores por todo o empenho e pelo riam fazer isso. volvidos com a educação de seus aumento da proficiência. Como con- filhos. sequência do trabalho realizado ao Nas duas semanas seguintes, Juliana e os outros professores tra- Com todo o trabalho desenvol- longo do ano anterior, a escola teve balharam na elaboração do evento: vido, Juliana e os demais professo- um resultado satisfatório. A coor- ensaiaram um grupo de alunos para res perceberam melhora no desem- denadora pedagógica, nessa mes- uma apresentação teatral, elabora- penho de seus alunos, e estavam ma reunião, conversou com toda a ram os convites para os pais, organi- curiosos para conhecer o resultado equipe sobre as possibilidades de zaram um “Cantinho de Leitura” em da avaliação externa aplicada na- continuidade e adaptação do proje- cada sala e conseguiram doações quele ano. Foi a primeira vez que to para os próximos anos. Ela sabia de livros. No evento “O Dia do Livro a escola desenvolveu um trabalho que ainda havia um longo caminho na Escola”, cada aluno ganharia um pautado nos resultados da avalia- pela frente, mas o primeiro passo já livro de presente para ler em casa ção externa da rede estadual, por havia sido dado, quando os profes- e os responsáveis seriam incentiva- isso eles estavam ansiosos para ver sores entenderam que os resulta- dos a acompanhá-los na leitura. como esse trabalho havia impacta- dos poderiam ser utilizados para a do os resultados e para quais cami- melhoria do ensino da escola. Com nhos eles iriam apontar. o apoio de todos, Rita tratou de ofi- Apesar de muitos pais não terem participado do evento, o grupo 6 de professores à frente do projeto No começo do ano seguinte, cializá-lo no PPP, buscando conti- ficou satisfeito com a participação e Rita marcou uma reunião com os nuar a atualização dele para consul- com o envolvimento dos que esta- professores dos anos iniciais para ta dos profissionais da escola. vam presentes. A partir desse dia, apresentar os resultados do ano Juliana que, inicialmente, havia cada professor começaria a utilizar anterior e conversar sobre eles. Rita se assustado com a ideia da avalia- o “Cantinho de Leitura” de sua sala acompanhou o trabalho realizado ção externa, viu nela a possibilidade e a levar seus alunos à biblioteca. por Juliana e seus colegas, ela sabia de obter informações para trans- Foi combinado, também, que os que aquele resultado estava sendo formar a sua prática, melhorando a pais seriam sempre lembrados da esperado por todos e sentiu-se rea- aprendizagem de seus alunos. Para importância da leitura, através de lizada por ter conseguido que o re- o novo ano, a equipe pedagógica, bilhetes e de reuniões na escola. sultado das avaliações auxiliasse a que agora estava ciente do papel Além disso, os professores iriam se prática de seus professores e, con- dessa avaliação, planejou novas ca- reunir de 15 em 15 dias para com- sequentemente, a aprendizagem pacitações, para que todos pudes- partilhar seus trabalhos e trocar ex- dos alunos. O projeto “Cantinho de sem conhecer mais esse instrumen- O texto apresentado nesta seção oferece propostas para a periências. Leitura”, proposto por Juliana, surgiu to e implementar novas ações. abordagem, em sala de aula, de algumas habilidades verifica- Durante todo o ano, o projeto a partir da interpretação dos resul- foi levado a sério pela escola. O tra- tados da avaliação externa, e con- balho compartilhado contribuiu não seguiu mudar a relação dos alunos só para a aprendizagem dos alunos, com a leitura e a visão que a equipe mas também para o entrosamento 56 QUE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PODEM SER UTILIZADAS PARA DESENVOLVER DETERMINADAS HABILIDADES? das pelas avaliações externas em larga escala. SAEGO 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 O TRABALHO COM TEMA, TESE E ARGUMENTAÇÃO NO ENSINO MÉDIO Para ajudar os alunos a identificarem o tema, sobretudo Avaliando-se que os alunos apreenderam bem o con- os que tiverem mais dificuldade, pode-se orientá-los a ob- teúdo desse exercício, pode-se passar para uma atividade servar no texto palavras e expressões que tenham sentidos semelhante, mas trabalhando agora com um texto disser- próximos, tais como: terra ardendo, fogueira, braseiro, fornaia, tativo-argumentativo, que é o foco desta nossa reflexão. Em 2014, o principal motivo para a obtenção de nota zero didáticos e debates com educadores em atividade nas redes farta d’água, “Espero a chuva cair de novo”. Observa-se que, Apresentando aos alunos um texto como o que segue abai- na prova de redação do Enem foi fuga ao tema. Mais de 217 de ensino e especialistas em educação. Essas matrizes são na ordem em que tais termos vão aparecendo no texto, o xo, é produtivo solicitar-lhes, a princípio, a identificação do mil candidatos cometeram esse erro, demonstrando ter difi- formadas por um conjunto de habilidades que são esperadas sentido vai sendo formado da consequência para a causa: a tema, para reforçar essa habilidade. culdades de interpretação de texto. O tema da redação era dos alunos em diferentes etapas de escolarização e passíveis consequência é o calor extremo, sugerido pelas palavras ar- Leia o texto abaixo: “Publicidade infantil em questão no Brasil”, ou seja, esperava- de serem aferidas em testes padronizados de desempenho. dendo, braseiro, fornaia, e a causa, a seca, a farta d’água, falta Unesco quer que escola ensine a mediar conflitos de chuva. Adotado em países como Argentina, Espanha, França -se que os candidatos dissertassem sobre a manipulação que Os alunos que chegam ao 3º Ano do Ensino Médio sem a publicidade exerce sobre um público ainda inabilitado para ter desenvolvido bem as habilidades de identificar tema e ser exposto a ela, sem um pensamento crítico desenvolvido. gênero textuais terão mais dificuldades para identificar a tese No entanto, muitos comentaram a questão da participação de de um texto, estabelecer relações entre a tese e os argu- crianças em propagandas publicitárias, o que não era o caso. mentos que a sustentem e reconhecer diferentes estraté- A abrangência do tema pode ter feito com que muitos alunos gias de argumentação – habilidades esperadas para esse discutissem apenas a publicidade ou só a questão infantil, sen- estágio de aprendizagem. Desse modo, o professor precisa do que alguns apenas tangenciaram esses assuntos. reforçar o conhecimento de suas turmas sobre o que é tema: Demonstrado isso, os alunos podem fazer a seguinte atividade: curricular das escolas como uma forma de reduzir a violência. A Unesco tem dialogado com o Ministério da Educação Qual é o tema do texto? públicas adotaram a ideia e mantêm projetos que ajudam as crianças a mediar conflitos por meio de conversa. O ob- b. A fauna sertaneja. jetivo é atacar a cultura da hipermasculinidade que reforça o assunto, a matéria tratada no texto. Isso pode ser feito por mente leva à nota zero é não seguir o tipo de texto exigido: o meio de questões objetivas, acompanhadas de debate, so- c. A seca do sertão. dissertativo-argumentativo. Isso é sinal de que muitos candida- bre o que determinados textos abordam. Um exemplo de d. A vegetação do sertão. tos não dominam as características desse tipo de texto, o que atividade pode consistir em expor uma letra de música aos implica um grave problema: há um número considerável de alu- alunos, como “Asa branca”, de Luiz Gonzaga: Asa Branca temente algumas habilidades referentes à Língua Portuguesa, (Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira) que já são esperadas desde etapas anteriores, quais sejam: Quando oiei a terra ardendo identificar o tema ou o sentido global e o gênero dos textos. Qua fogueira de São João Tais habilidades integram Matrizes de Referência elabo- Eu perguntei a Deus do céu, uai radas a partir de estudos de diversas propostas curriculares Por que tamanha judiação? de ensino vigentes no país, além de pesquisas sobre livros Que braseiro, que fornaia Nem um pé de prantação Por farta d’água perdi meu gado “ Morreu de sede meu alazão Até mesmo a asa branca Bateu asas do sertão nesse sentido. No Rio de Janeiro, pelo menos 20 escolas a. A solidão dos sertanejos. Outro erro comumente cometido pelos alunos que igual- nos concluindo o Ensino Médio sem ter desenvolvido suficien- a ideia de que a solução para os conflitos é feita por meio da força. [...] [...] “É preciso conscientizar os alunos de que existem formas não-violentas de resolução de conflitos”, afirma o e. A festa de São João. sociólogo Jorge Werthein, da Unesco. Para ele, a cultura de mediação propicia a prática do diálogo, a resolução de “ conflitos, diminui o sentimento de insegurança dos alunos, interfere nos níveis de violência e pode contribuir para a melhoria na qualidade do ensino e da aprendizagem [...].” (COLLUCCI, Cláudia. Folha de S. Paulo, 25 jul, 2005. p. C 4. Fragmento.) Para ajudar os alunos a identificar o tema, sobretudo os que tiverem mais dificuldade, pode-se orientálos a observar no texto palavras e expressões que tenham sentidos próximos Os alunos que tiverem dificuldade devem ser auxiliados pelo professor ou por colegas. Após a classe ter compreendido que o tema é o ensino da mediação de conflitos na escola, o professor pode questionar como esse tema é tratado: de modo descritivo, narrativo ou dissertativo? Após ouvir algumas respostas, explicar o conceito de texto dis- Então eu disse a deus Rosinha Os alunos que chegam ao 3º Ano do Ensino Médio sem ter desenvolvido bem as habilidades de identificar tema e gênero textuais terão mais dificuldades para identificar a tese de um texto, estabelecer relações entre a tese e os argumentos que a sustentem e reconhecer diferentes estratégias de argumentação sertativo-argumentativo, cuja finalidade é defender um pon- Guarda contigo meu coração to de vista sobre determinado assunto, por meio de uma Hoje longe muitas léguas argumentação sólida e coerente. Trata-se, portanto, de um Numa triste solidão gênero textual que visa ao convencimento do leitor/inter- Espero a chuva cair de novo locutor. Por isso, ele sempre se baseia em uma tese: uma Para eu voltar pro meu sertão proposição teórica, isto é, uma sentença declarativa, de in- Quando o verde dos teus oio tenção persuasiva, apoiada em argumentos convincentes Se espalhar na prantação sobre o tema tratado. A tese é o elemento fundamental do Eu te asseguro não chore não, viu texto dissertativo-argumentativo. Que eu voltarei, viu Meu coração 58 e Austrália, a mediação dos conflitos pode entrar na grade 59 SAEGO 2015 Revista Pedagógica “ A tese defendida pelo autor do texto acima é a de que a mediação de conflitos propicia a prática do diálogo e diminui a violência. É produtivo induzir os alunos a chegar Para reforçar a habilidade de identificar a tese de um texto, o professor pode também apresentar aos alunos pequenos textos dissertativos, pedindo-lhes para identificar suas respectivas teses e argumentos a esse entendimento por meio de uma questão objetiva, como a seguinte: A tese defendida pelo autor desse texto é a de que a mediação de conflitos a. deve ser uma disciplina escolar das escolas públicas do Rio de Janeiro. b. melhora a aprendizagem nas escolas públicas. c. propicia a prática do diálogo e diminui a violência. d. reforça a ideia de que a resolução de desentendi- Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015 (argumento 2)./ Sem contar que nosso parque industrial é enquanto a argumentação por exemplos se desenvolve por um dos mais modernos do mundo (argumento 3)./ Definiti- meio de casos isolados em direção à regra (tese). vamente, somos o país do futuro (TESE). Para esclarecer melhor esses conceitos, vamos a um A letra (C) retoma a mesma estrutura de (A): Embora a exemplo prático de um conjunto de atividades que contemplam gente se ame muito, nosso namoro tem tudo para dar erra- as seguintes habilidades exigidas pelas matrizes de referência: do (TESE):/ nossa diferença de idade é grande (argumento 1. Identificar a tese de um texto. 1) e nossos gostos são quase que opostos (argumento 2). 2. Estabelecer relação entre a tese e os argumentos ofere- Além disso, a família dela é terrível (argumento 3). cidos para sustentá-la. E assim como (B), (D) parte de uma causa que funciona como justificativa a uma enunciação, que, por sua vez, é a consequência constatada: Como o Brasil é um país muito injusto (argumento),/ toda política social por aqui implemen- Identifique o sentido argumentativo dos seguintes textos, e separe, por meio de barras, a tese e o(s) argumento(s). mentos ocorre pela força. a. “Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para Avalia-se assim a habilidade de os estudantes reconhe- o que preciso. É econômico, nunca dá defeito e tem cerem a tese de um texto – tarefa que pode ser mais ou espaço suficiente para transportar toda a minha famí- menos complexa em função do nível de explicitude da tese. lia.” tada é vista como demagogia, paternalismo (TESE). Com esse exercício, o professor auxilia o desenvolvimento das habilidades de identificar a tese de um texto e a de estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la. Por fim, cabe pontuar algumas estratégias de argumentação, que são os recursos utilizados para convencer o leitor/ interlocutor, para persuadi-lo, transmitindo credibilidade. Uma das estratégias mais eficientes é o argumento de autoridade, Como vimos, nesse caso, a alternativa correta é a letra C, b. “Veja bem, o Brasil a cada ano exporta mais e mais; pois utiliza a citação para fortalecer a tese do argumentador. que apresenta a tese explicitada logo no primeiro parágrafo além disso, todo ano batemos recordes de produção Para reconhecer um argumento de autoridade, o aluno deve – como convém a textos dissertativo-argumentativos. agrícola. Sem contar que nosso parque industrial é identificar, no texto, alguma citação, direta ou indireta, de um dos mais modernos do mundo. Definitivamente, pessoa especializada no assunto tratado. No caso do texto somos o país do futuro.” sobre a mediação de conflitos, o segundo parágrafo do frag- Ao discutir a atividade, é produtivo o professor explicar, sobretudo aos alunos que assinalarem a alternativa A, que a informação de que 20 escolas do Rio de Janeiro já adotaram c. “Embora a gente se ame muito, nosso namoro tem a proposta da Unesco é um fato que compõe a argumenta- tudo para dar errado: nossa diferença de idade é ção que defende a tese, mas não a tese em si. Com isso, já grande e nossos gostos são quase que opostos. se delineia antecipadamente dois tópicos a serem tratados Além disso, a família dela é terrível.” em seguida: como estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la e reconhecer diferentes estratégias de argumentação. Antes disso, porém, importa ainda esclarecer que a escolha da alternativa B sugere uma leitura pouco acurada, que leva a uma inferência equivocada, e que a alternativa D apresenta uma informação que se contrapõe à tese, consistindo em uma contradição. Para reforçar a habilidade de identificar a tese de um texto, o professor pode também apresentar aos alunos pequenos textos dissertativos, pedindo-lhes para identificar seguir: Unesco, sobre o assunto. Além de apresentar formação acadêmica pertinente ao tema abordado, o referido profissional ainda trabalha na Unesco, instituição de reputação reconhecida internacionalmente. Caso o texto tratasse da epidemia d. “Como o Brasil é um país muito injusto, toda política de dengue no verão, um argumento de autoridade seria a social por aqui implementada é vista como demago- opinião de um médico, vinculado a alguma instituição de gia, paternalismo.” prestígio, como as universidades federais, hospitais-escola, Ao debater sobre esse exercício, o professor pode explicitar como os argumentos se relacionam com as teses que defendem: em (A), temos uma constatação (tese) seguida das motivações (argumentos) que a fundamentam: Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para o que preciso (TESE)./ É econômico (argumento 1), /nunca dá defeito (argumento 2)/ e tem espaço suficiente para transportar toda a minha família (argumento 3). suas respectivas teses e argumentos, conforme o modelo a mento apresenta a opinião do sociólogo Jorge Werthein, da Já em (B), o texto parte de exemplificações para, en- santas casas etc. Há também o argumento pelo exemplo e pela ilustração, que podem tornar o texto mais claro, auxiliando sua compreensão. Na letra B da atividade anterior, vimos a tese de que o Brasil é o país do futuro defendida por meio de exemplos, que são fatos citados para apoiar uma definição (a de que o Brasil é o país do futuro). É um tipo de argumento que fundamenta a tese. Já o argumento pela ilustração visa reforçar a adesão a uma regra reconhecida e aceita, fornecendo casos particulares que esclarecem o enunciado geral. Neste tão, enunciar uma proposição (tese): Veja bem (vocativo), o caso, a argumentação se desenvolve em sentido contrário: Brasil a cada ano exporta mais e mais (argumento 1);/ além da tese (regra geral) para os argumentos (casos isolados), disso, todo ano batemos recordes de produção agrícola 60 61 3. Reconhecer diferentes estratégias de argumentação. Leia o texto abaixo e responda as questões seguintes: A ciência que explica porque se deve gastar o dinheiro em experiências, e não em coisas A maioria das pessoas busca a felicidade. Há economistas que pensam que a felicidade é o melhor indicador para a saúde de uma sociedade. Sabemos que o dinheiro pode nos deixar mais felizes, ainda que depois das necessidades básicas serem atendidas, ele não incremente tanto assim nossa felicidade. Mas uma das grandes questões é como usar o dinheiro, que (para a maioria de nós) é um recurso limitado. Há uma pressuposição lógica que a maioria das pessoas faz quando gasta dinheiro: que já que um objeto físico dura mais, ele nos deixará felizes por mais tempo do que uma experiência temporária como ir a um show ou um pacote de viagem. Uma pesquisa recente revelou que essa pressuposição está completamente equivocada. “Um dos inimigos da felicidade é a adaptação”, disse o Dr. Thomas Gilovich, um professor de psicologia na Universidade de Cornell que tem estudado a questão do dinheiro e da felicidade por mais de duas décadas. “Compramos coisas para ficarmos felizes, e isso funciona. Mas só por um tempo. As coisas novas são excitantes no início, mas então nos adaptamos a elas.” Em vez de comprar o último iPhone ou um BMW novo, Gilovich sugere que obteremos mais felicidade gastando dinheiro em experiências tais como visitar exposições de arte, fazer atividades na natureza, aprender coisas novas ou viajar. Os resultados obtidos por Gilovich são a síntese de estudos psicológicos conduzidos por ele e outros cientistas quanto ao paradoxo de Easterlin, que descobriu que o dinheiro é capaz de comprar a felicidade, mas só até certo ponto. (ANDOLINI, Luciano. Papo de homem, 11 abr. 2015. Disponível em:<http://bit.ly/1PgjQSg>. Acesso em: 25 jan. 2016) SAEGO 2015 Revista Pedagógica 1. Assinale a alternativa que apresenta a tese defendida no texto: Gabarito: B. Neste caso, é importante que o professor explicite aos alunos que os argumentos contidos nas alternativas A e C, embora sejam embasados nos estudos do a. Dinheiro traz felicidade. professor Gilovich, não são estruturados como argumentos b. A felicidade é o melhor indicador da saúde de uma so- de autoridade, pois não apresentam – isolados do contexto ciedade. c. O inimigo da felicidade é a adaptação. d. Gastar o dinheiro em experiências, e não em coisas, é o – nenhum especialista no assunto tratado. Já a alternativa D apresenta um argumento fundamentado no senso comum e a E não apresenta um argumento, mas uma questão em aberto. que traz felicidade. e. O dinheiro é um recurso limitado para a maioria das pessoas. 3. Assinale a alternativa que apresenta um argumento ilustrativo: Gabarito: D. As demais alternativas apresentam argu- a. Dinheiro não traz felicidade. mentos contidos no texto, inclusive a alternativa A, que b. O dinheiro é ilimitado para algumas pessoas. apresenta apenas uma parte do argumento “o dinheiro é c. Teremos mais felicidade gastando dinheiro em expe- capaz de comprar a felicidade, mas só até certo ponto”. A riências. tese é sugerida logo no título, mas se torna explícita somente no quarto parágrafo. d. As pessoas ricas são mais felizes. e. “Uma viagem me deixa mais feliz do que um celular novo”, 2. Assinale a alternativa que apresenta um argumento de autoridade: disse uma pessoa entrevistada na pesquisa. Gabarito: E. Esta é a única alternativa que apresenta um a. Teremos mais felicidade gastando dinheiro em experiên- caso particular que reforça a tese defendida no texto. cias. b. Gilovich, um professor de psicologia na Universidade de Cornell que tem estudado a questão do dinheiro e da felicidade por mais de duas décadas, sugere que obteremos mais felicidade gastando dinheiro em experiências, tais como visitar exposições de arte, fazer atividades na natureza, aprender coisas novas ou viajar. c. O dinheiro é capaz de comprar a felicidade, mas só até certo ponto. d. A maioria das pessoas busca a felicidade. e. Uma das grandes questões é como usar o dinheiro. 62 Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora Marcus Vinicius David Coordenação Geral do CAEd Lina Kátia Mesquita de Oliveira Coordenação da Unidade de Pesquisa Tufi Machado Soares Coordenação de Análises e Publicações Wagner Silveira Rezende Coordenação de Design da Comunicação Rômulo Oliveira de Farias Coordenação de Gestão da Informação Roberta Palácios Carvalho da Cunha e Melo Coordenação de Instrumentos de Avaliação Renato Carnaúba Macedo Coordenação de Medidas Educacionais Wellington Silva Coordenação de Monitoramento e Indicadores Leonardo Augusto Campos Coordenação de Operações de Avaliação Rafael de Oliveira Coordenação de Processamento de Documentos Benito Delage Ficha catalográfica Goiás. Secretaria de Educação, Cultura e Esporte. SAEGO – 2015/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd. v. 1 ( jan./dez. 2015), Juiz de Fora, 2015 – Anual. Conteúdo: Revista Pedagógica - Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio. ISSN 2238-0086 CDU 373.3+373.5:371.26(05)