2010 – FAERJ/SEBRAE – Diagnóstico da cadeia

Transcrição

2010 – FAERJ/SEBRAE – Diagnóstico da cadeia
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - 2010
CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FAERJ / SEBRAE
Rio de Janeiro 2010
instituições executoras
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E PESCA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Rodolfo Tavares - Presidente
SEBRAE-RJ - SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
Rodolfo Tavares - Presidente do Conselho Deliberativo
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INSTITUiçÕES parceiraS
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Prof. Dr. Nelson Jorge Moraes Matos - Coordenador Técnico
OUTROS AUTORES
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Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima - UFRRJ
Dr. Moacyr Fiorillo Bogado - FAERJ
Prof. Dr. Pedro Paulo de Oliveira e Silva - UFRRJ
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Agropecuária Alambari e Rancho Seridó
DIAGRAMAÇÃO, IMPRESSÃO e acabamento
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REVISÃO
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D526
Diagnóstico da cadeia produtiva da pecuária de corte do Estado do Rio de Janeiro: relatório de pesquisa / [elaboração Nelson Jorge
Moraes Matos]. - Rio de Janeiro: FAERJ: SEBRAE-RJ, 2010.
il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-87533-11-1
1. Pecuária - Rio de Janeiro (Estado). 2. Bovino de corte - Rio de Janeiro (Estado). 3. Bovino de corte - Aspectos econômicos - Rio
de Janeiro (Estado). I. Matos, Nelson Jorge Moraes. II. Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Estado do Rio de Janeiro. III.
SEBRAE/RJ.
10-5847.
11.11.10
CDD: 338.176213098153
CDU: 338.439.4:637.5’62(815.3)
23.11.10
022769
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
SUMÁRIO
1 Introdução ......................................................................................................................... 07
2 Panorama da pecuária de corte no mundo ................................................................................... 09
2.1 - Rebanho mundial ........................................................................................................... 09
2.2 - Principais países produtores de carne bovina .......................................................................... 10
2.3 - Principais países exportadores de carne bovina ....................................................................... 15
3 Panorama da pecuária de corte no Brasil ..................................................................................... 17
3.1 - Histórico ..................................................................................................................... 17
3.2 - Distribuição geográfica da pecuária de corte no Brasil ............................................................... 17
4 Aspectos econômicos da pecuária de corte brasileira ...................................................................... 21
4.1 - Balança comercial da carne brasileira .................................................................................. 21
4.2 - Mercados de carne Halal .................................................................................................. 26
4.3 - Mercado de carne Kosher .................................................................................................. 28
4.4 - Importações ................................................................................................................. 28
4.5 - Perspectivas ................................................................................................................ 28
4.6 - Ciclo da pecuária bovina de corte no Brasil ............................................................................ 29
4.7 - Principais índices da pecuária de corte brasileira ..................................................................... 31
4.7.1 - Taxa de abate .......................................................................................................... 31
4.7.2 - Consumo per capita de carne bovina .............................................................................. 32
4.7.3 - Custo de produção .................................................................................................... 33
5 Sistemas de Produção ............................................................................................................ 35
5.1 - Fases do sistema de criação .............................................................................................. 35
5.2 - Sistemas de acasalamento ................................................................................................ 37
5.3 - Grupamentos raciais criados no Brasil ................................................................................... 37
6 Boas práticas na bovinocultura de corte ...................................................................................... 39
6.1 - Manejo sanitário ............................................................................................................ 39
6.2 - Manejo nutricional ......................................................................................................... 40
6.3 - Índices zootécnicos ......................................................................................................... 42
6.4 - Cadeia produtiva da carne bovina no Brasil ............................................................................ 48
7 O setor de abate e processamento no Brasil ................................................................................. 51
7.1 - Histórico ..................................................................................................................... 51
8 Inspeção sanitária da cadeia da carne bovina no Brasil .................................................................... 57
9 Evolução e distribuição espacial do abate no Brasil ........................................................................ 63
10 Pesos e rendimentos médios da carcaça e dos subprodutos de bovinos .................................................. 65
10.1 - Padronização dos cortes da carne bovina ............................................................................... 67
10.2 - Subdivisão da meia carcaça em grandes peças e cortes .............................................................. 68
11 Rastreabilidade .................................................................................................................... 75
12 Universo da pesquisa e técnicas utilizadas .................................................................................... 77
13 Diagnóstico da bovinocultura de corte no Estado do Rio de Janeiro ...................................................... 79
14 Perfil do Produtor ................................................................................................................. 89
15 Administração da empresa rural ................................................................................................ 97
16 Assistência técnica e capacitação tecnológica .............................................................................. 103
17 Participação em instituições representativas dos produtores ............................................................ 107
18 Índices de manejo e tecnológico .............................................................................................. 111
19 Avaliação do pesquisador ....................................................................................................... 133
20 Abate e Processamento ......................................................................................................... 135
21 Considerações sobre a atividade de abate de bovinos ....................................................................... 143
21.1 - Concentração do setor .................................................................................................... 144
22 Propostas para o desenvolvimento da pecuária de corte no Estado do Rio de Janeiro ................................ 149
23 Legislação ......................................................................................................................... 151
24 Glossário .......................................................................................................................... 153
25 Bibliografia consultada .......................................................................................................... 157
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Apresentação
Este é o primeiro Diagnóstico da Bovinocultura de Corte do
Estado do Rio de Janeiro.
Devemos o feito ao apoio do Conselho Deliberativo do
Sebrae-RJ e ao Sistema Faerj/Senar-Rio, a Rede de
Tecnologia do Rio de Janeiro, a Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro, bem como aos técnicos e colaboradores
destas instituições.
Aqui, pesquisadores, produtores rurais, técnicos e
estudiosos, terão à disposição um conjunto de informações
da atividade, vista do mundo para o estado.
A bovinocultura é o ramo mais importante do agronegócio
fluminense e, portanto, deverá continuar a merecer grande
atenção no planejamento estratégico do setor para os
próximos anos.
Dedicamos o Diagnóstico ao maior líder rural da história
do Brasil: Antônio Ernesto de Salvo (1933/2007) - lá da
“currutela de Curvelo”, encravada nas montanhas das Minas
Gerais, que tanto amou. Presidente eterno da CNA-Brasil,
exemplo de ética, competência e sabedoria, valorizou todos
os líderes rurais e colocou nossa entidade maior na dianteira
do progresso das últimas décadas. Sem a sua heróica esposa
D. Jane e seus filhos, ele não teria conseguido manter suas
outras duas paixões, o guzerá e a CNA.
Vamos continuar lutando por nossos ideais. É o mínimo que
devemos ao Produtor Rural Fluminense.
Rodolfo Tavares
Presidente
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
1
Introdução
De acordo com dados da Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil, no mundo, o agronegócio representa
a geração de US$ 6,5 trilhões por ano. No Brasil, a
participação do agronegócio representa 26% do PIB,
com valores próximos a R$ 350 bilhões.
A bovinocultura de corte representa a maior fatia do
agronegócio brasileiro, gerando faturamento de mais de
R$ 50 bilhões/ano e oferecendo cerca de 7,5 milhões de
empregos.
Com o valor do comércio global de carne bovina
estimado em US$ 33 bilhões e com o crescimento das
exportações brasileiras, as possibilidades abertas
em mercados usualmente não atendidos pelo Brasil
mostram-se apropriadas à realização de estudos
mais amplos e ao levantamento das informações
disponíveis sobre a cadeia de carne bovina no Brasil
e sua inserção no mercado mundial (MAPA, 2006).
Este estudo tem por objetivo realizar, utilizando
linguagem de fácil compreensão ao público leigo, um
diagnóstico da cadeia produtiva da pecuária de corte no
Estado do Rio de Janeiro, identificando as características
principais da cadeia produtiva da bovinocultura de
corte no Estado e as limitações e barreiras observadas
no setor, estimular a mobilização dos agentes da cadeia
com visão de futuro, aumentar a competitividade e
apresentar informações que possam subsidiar tomadas
de decisões quanto ao desenvolvimento de políticas
públicas em nível federal, estadual e municipal.
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
2
Panorama da Pecuária
de Corte no Mundo
2.1 Rebanho Mundial
A taxa de crescimento do rebanho bovino
mundial nos últimos cinco anos foi da ordem
de 4,2%. De acordo com estudos divulgados
pela FAO (Food and Agriculture Organization)
em 2008, 69,7% deste rebanho estão
concentrados em quatro países e na União
Européia: na Índia, com aproximadamente
282 milhões de cabeças, Brasil, com o
segundo maior rebanho mundial, com
Tabela 1
aproximadamente 190 milhões de cabeças,
seguidos por China, com 140 milhões, EUA
com 96,9 milhões, e União Européia, com
87,8 milhões de cabeças. Dentre os maiores
produtores, somente o Brasil e a China
aumentaram os seus rebanhos neste período.
A Tabela 1 apresenta a distribuição dos rebanhos
bovinos no mundo no período de 2004 a 2008.
Evolução do rebanho bovino no mundo de 2004 a 2008.
Fonte: FAO, 2009.
9
2.2 Principais países
produtores de
carne bovína
A produção mundial de carne bovina
no período de 2004 a 2008 apresentou
crescimento da ordem de 6,6%, passando
de uma produção de 56.888 milhões de
toneladas de equivalente carcaça em 2004
para uma produção de 60.906 milhões de
toneladas de equivalente carcaça em 2008.
Destacam-se como maiores produtores os
Estados Unidos da América do Norte, com
Tabela 2
A Tabela 2 apresenta a evolução da produção
de carne de bovinos no mundo no período de
2004 a 2008.
Produção mundial de carne bovina (em mil toneladas equivalente carcaça).
Equivalente carcaça = venda de carne com osso (carcaça).
Fonte: CNA, 2008.
10
produção de 12,17 milhões de equivalente
carcaça, seguido do Brasil, com 9,2 milhões
de toneladas de equivalente carcaça, União
Européia e China com 8,12 e 7,30 milhões de
equivalentes carcaças, respectivamente.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A demanda mundial por carnes no mundo
crescerá graças ao aumento da população,
urbanização e aumento da renda per capita.
Segundo um relatório divulgado pela ONU
(Organização das Nações Unidas), a taxa
média de crescimento da população mundial
é estimada em 1,1% ao ano. A população
mundial chegará a mais de 9,2 bilhões
de habitantes em 2050. De acordo com a
pesquisa, o mundo terá um aumento de 2,5
bilhões de habitantes nos próximos 40 anos,
passando dos 6,7 bilhões a 9,2 bilhões em
2050. Segundo o informe, esse aumento será
absorvido, em sua maioria, pelos países em
desenvolvimento.
Sozinhos, esses países devem passar de
5,4 bilhões de habitantes em 2009 para
Figura 1
7,9 bilhões de habitantes em 2050. Em
contraste com o crescimento nos países em
desenvolvimento, a população das regiões
desenvolvidas deve sofrer poucas alterações
no período estudado, com uma média de
1,2 bilhão de habitantes. Para o Brasil, é
estimada uma taxa de crescimento na ordem
de 1% ao ano.
Em 2010, a população urbana mundial,
estimada em 3,3 bilhões de pessoas,
ultrapassará a população rural, indicando
que haverá mais pessoas vivendo em cidades
e menos no campo.
As Figuras 1 e 2 representam as projeções
realizadas pela ONU acerca da taxa de
crescimento e evolução da população rural e
urbana no mundo no período de 2005 a 2050.
Estimativa de crescimento populacional no período de 2005 a 2050.
Fonte: Souza, 2009.
11
Figura 2
Projeção da população rural e urbana no mundo.
Fonte: ONU, In: ABIEC, 2008.
O consumo de carne tenderá a aumentar onde isso mais ocorrer. Dessa maneira, pode-se esperar
crescimento de consumo em países emergentes, em crescimento e com aumento do percentual
da população que vive nas cidades.
Figura 3
Projeção da taxa de crescimento da renda per capita.
*Renda per capita - Valor em dólar que cada habitante receberia caso o PIB (Produto Interno Bruto**), fosse dividido igualmente por toda a
população.
**Produto Interno Bruto - indicador econômico que representa a soma dos valores de todos os bens produzidos por um país em determinado
período. Fonte: FAO, 2006, In: ABIEC, 2008 .
12
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
As projeções apontam para o crescimento da
renda per capita principalmente nos países
em desenvolvimento, o que certamente
influenciará no consumo de carne. Relatório
do USDA (2005) apresenta estimativas de
crescimento do PIB das principais regiões para
o período 2006-2014; neste período os países
em desenvolvimento terão crescimento
econômico de 5,1% ao ano.
A Figura 4 apresenta uma estimativa do
consumo per capita de carne de bovino em
diferentes regiões.
Figura 4
O país que melhor representa as mudanças
causadas por essas grandes tendências é
a China, que consome hoje 24% de toda
carne (suínos, aves e bovina) produzidas no
mundo; é o país onde o consumo mais vai
aumentar em volume absoluto até 2015.
O consumo de carne bovina no mundo
registrou aumento, no período de 2000
a 2008, de 1,7% ao ano, passando de um
consumo de 53 mil toneladas de equivalente
carcaça para aproximadamente 60 mil
toneladas. O crescimento observado foi
Projeção do consumo per capita de carnes em diferentes regiões.
Fonte: FAO, 2006, In: ABIEC, 2008.
13
fortemente influenciado pelo aumento de
consumo nos países em desenvolvimento:
3,1% ao ano, contra 0,5% ao ano observado
nos países desenvolvidos.
No ano de 2008, os principais mercados
consumidores de carne bovina foram os EUA,
com a absorção de 22% da produção mundial,
a União Européia, com 14%, seguidos da China
e Brasil, com 13 e 12% respectivamente. Estes
países foram responsáveis pelo consumo de
61% da carne produzida. A Figura 5 apresenta,
em valores percentuais, os principais países
consumidores de carne bovina em 2008.
Figura 5
Consumo mundial de carne bovina em 2008.
Fonte: OLIVEIRA, 2009.
14
Estudos publicados pela FAO, em 2009, com
projeção da produção de carne bovina até
2050 apresentados na Figura 4 mostram
que os países em desenvolvimento deverão
produzir cerca de 70% da produção
mundial. O aumento da demanda interna,
a limitação de oferta, custo de produção
maior do que outros países exportadores,
redução no rebanho levarão principalmente
a União Européia, a Rússia e os Estados
Unidos da América do Norte a aumentar
suas importações de carne bovina nos
próximos anos.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Figura 6
Produção mundial de carne de acordo com o estágio de desenvolvimento.
Fonte: FAO, 2009.
Os dois grandes aumentos da produção de carne bovina para os próximos 10 anos devem vir da
China e do Brasil. Contudo, a produção chinesa será quase toda voltada para o mercado interno.
2.3 Principais países
exportadores de
carne bovina
No mundo, a comercialização de carne
bovina é realizada em atendimento aos
mercados do Pacífico e aos do Atlântico.
No mercado do Pacífico, os principais
produtores são Austrália, com 18% das
exportações mundiais, Nova Zelândia, com
7% e Estados Unidos, com 11%, e os grandes
importadores são o Japão e a Coreia do
Sul. Os Estados Unidos, além de serem
grandes produtores, sempre foram grandes
importadores, principalmente da carne
proveniente do Canadá, da Austrália e da
Nova Zelândia.
No lado do Atlântico, dos países do
MERCOSUL, o Brasil é o maior exportador
mundial, respondendo por 24% da produção
mundial; Argentina, Uruguai e Brasil são os
principais fornecedores da Comunidade
Europeia. (IICA: MAPA/SPA, 2007).
Na Figura 7 são apresentados os valores
percentuais da quantidade exportada
pelos principais países produtores de carne
bovina.
15
Figura 7
Principais países exportadores de carne bovina em 2009 (valores em percentagem
da quantidade).
Fonte: Adaptado de Minerva Alimentos, 2009.
16
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
3
Panorama da Pecuária de
Corte no Brasil
3.1 Histórico
A pecuária foi trazida para o Brasil pelos
portugueses no século XVI, através da
introdução de gado crioulo da Península
Ibérica. Esta introdução foi realizada onde
hoje se localiza o Estado da Bahia. Já no
século XVII, outros animais teriam chegado à
capitania de São Vicente.
Posteriormente, no início do século XX,
foram importados animais zebuínos da Índia,
principalmente da raça nelore, que, por suas
características adaptativas ao clima tropical,
dominaram o setor de pecuária de corte
do país. Ainda no século XX, após as duas
grandes guerras mundiais, muitos programas
de incentivos, inclusive financeiros, foram
criados para levar o gado zebuíno e a
braquiária, numa expansão que se deu
nas regiões Norte e Centro-Oeste do país,
denominadas zonas de expansão da fronteira
agropecuária.
A bovinocultura nacional possui relevância
socioeconômica para o Brasil. Além de
movimentar a indústria e a distribuição
de uma gama variada de insumos que
utiliza no segmento produtivo, a cadeia da
pecuária bovina, incluindo produção, abate,
transformação, transporte e comercialização
de produtos e subprodutos fornecidos pela
exploração do rebanho, movimenta um
grande número de agentes e de estruturas,
da fazenda à indústria e ao comércio,
gerando renda e criando empregos em seus
diversos segmentos (CORRÊA, 2000, in PORTA
GRÜNDLING, et al. 2009).
3.2 Distribuição geográfica da
pecuária de corte no Brasil
O Brasil possui o maior rebanho bovino
comercial do mundo. Estimados, em 2009, em
207 milhões de cabeças, as características do
rebanho são de aproximadamente 75% para
corte, 20% leiteiro e o restante com dupla
aptidão.
A criação de gado de corte, desde o período
colonial brasileiro, tem ocupado áreas da
chamada fronteira agrícola, onde pouca
ou nenhuma tecnologia é adotada. Assim,
criou-se a ideia de que gado de corte deve
ser criado de forma extensiva e sem nenhum
investimento em equipamentos e insumos. Em
termos de localização geográfica, conforme
apresentado na Figura 8, a produção pecuária
encontra-se distribuída por todas as regiões,
com predominância para o Centro-Oeste,
com 34,8% do rebanho, seguido da região
Norte, com 20%, da região Sudeste, com
18,8%, da região Sul, com 13,4%, e da região
Nordeste, com13%.
17
Figura 8
Distribuição da pecuária de corte por região no Brasil.
Fonte: IBGE, 2009.
A bovinocultura de corte se distribui em
todos os estados da federação. Nos últimos
anos, na região Norte o destaque é para
expansão da pecuária de corte nos estados
do Pará, com 18,1 milhões de cabeças, e o
estado de Rondônia, com 11,3 milhões, que
representam 71% do rebanho da região.
18
Na região Sul, 87,8% do rebanho se localizam
no Estado do Rio Grande do Sul, com 14,2
milhões de cabeças, e no Estado do Paraná,
com 10,2 milhões de cabeças.
Na região Nordeste, nos últimos anos ocorreu
uma estabilização no rebanho, e a Bahia é
o estado que apresenta o maior rebanho
da região, com 10,5 milhões de cabeças,
seguido do Maranhão, com 6,4 milhões,
concentrando nestes dois estados 62,6% do
rebanho da região.
Na região Centro-Oeste, o rebanho do Distrito
Federal é de 100.000 cabeças. Os demais
estados destacam-se por concentrar o maior
rebanho de bovinos do País: Mato Grosso,
com 26,7 milhões de cabeças, seguido do
Mato Grosso do Sul, com 24,5 milhões de
cabeças, que é o segundo estado com maior
concentração nacional de bovinos, e Goiás
cujo rebanho ocupa a quarta colocação
nacional, com um rebanho de 20,7 milhões
de cabeças.
Na região Sudeste, 89,5% do rebanho se
concentram nos Estados de Minas Gerais e
São Paulo com 21,4 milhões de cabeças e
13,4 milhões de cabeças, respectivamente.
Na Tabela 3 pode ser observado, com
dados atualizados, como se comportam os
números dos rebanhos por estado, ou seja,
a importância de cada estado na atividade
pecuária nacional.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tabela 3
Distribuição do rebanho bovino por região e unidade da federação (em
milhões de cabeças).
Fonte: IBGE, 2007.
Com base no levantamento sistemático e
contínuo dos preços das terras brasileiras,
empreendido pelo Instituto FNP (IFNP),
de março de 2002 a fevereiro de 2008 a
valorização média das terras no Brasil chegou
a 131%, valores muito acima da inflação
do período (53,16%). As áreas apontadas
com maior crescimento em investimento
na pecuária de corte estão localizadas em
regiões onde o custo da terra comparado com
outras regiões é relativamente mais barato.
O aumento da atividade pecuária nessas
regiões pode ser interpretado como
efeito indireto da expulsão da atividade
em outras regiões. De acordo com dados
publicados pelo IBGE, em 2008, no Brasil
são ocupados com pastagens e campos
naturais aproximadamente 172 milhões de
ha, equivalentes a 20,2% do território. O
mesmo estudo mostra ainda que existe para
ser utilizada em atividades agropecuárias
área equivalente a 106 milhões de ha,
equivalentes a 12,5%.
A Figura 9 apresenta uma estimativa das áreas
ocupadas no Brasil com diferentes atividades
e disponíveis para uso na agropecuária, de
acordo com dados do IBGE e MAPA.
19
Figura 9
Distribuição territorial e utilização das terras no Brasil.
Fonte: CNA, 2009.
De acordo com dados publicados pelo IBGE,
em 2009, a maior parte do rebanho brasileiro
(38,74%) situa-se em áreas entre 100 e 1.000
ha, categoria em que se encontram apenas
9,35% dos estabelecimentos nacionais.
Em seguida, destacam-se áreas maiores de
1.000 ha, que englobam 27,19% do rebanho
nacional, distribuídos em apenas 0,94% dos
estabelecimentos.
20
Em áreas entre 10 e 100 ha, dispõem-se 24% do
rebanho, sendo 34,06% dos estabelecimentos
responsáveis por esse rebanho. Por último,
estão os estabelecimentos com menos de
10 ha, que representam somente 8,25% do
rebanho e 43,96% dos estabelecimentos.
Dessa forma, verifica-se que, apesar de a
maior parte dos estabelecimentos encontrarse em áreas com menos de 100 ha, a maior
parte do rebanho bovino encontra-se em
poucas e maiores propriedades.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
4
Aspectos Econômicos da Pecuária
de Corte Brasileira
4.1 Balança Comercial da
Carne Brasileira
O principal mercado da indústria de carne
bovina é o interno, que absorve cerca de
80% da produção nacional. A participação do
Brasil na comercialização de carne bovina
no mercado mundial não é um fenômeno de
curto prazo; desde 2005, o Brasil ocupa a
posição de maior exportador de carne bovina
do mundo.
Vários são os fatores que contribuíram para o
aumento das exportações brasileiras; dentre
eles se destacam o baixo custo de produção
no Brasil, comparado a outros países
exportadores, aumento das exportações
para países tradicionalmente compradores
de carne dos Estados Unidos, postura mais
agressiva na conquista a novos mercados
Figura 10
em razão das restrições à carne dos países
concorrentes em função da doença da
Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE)
também conhecida como doença da vaca
louca.
Em 2009, o Brasil produziu em torno de 9,18
milhões de toneladas de equivalente carcaça
de carne bovina, das quais aproximadamente
80% foram destinados ao mercado doméstico
e 20% à exportação, com 75% do volume
nas formas in natura, 13,5% na forma
industrializada, 6% de miúdos, 5% de tripas
e 0,2% salgadas. A Figura 10 apresenta as
percentagens referentes à exportação de
diferentes tipos de cortes realizada pelo
Brasil em 2009.
Participação dos tipos de corte nas exportações de carne bovina em 2009.
Fonte: ABIEC, 2010.
21
Embora o Brasil seja o primeiro em volume exportado, 75% do volume exportado é de carne
fresca ou congelada, com menor valor agregado. A Tabela 4 apresenta o preço médio em dólares
de comercialização da carne bovina brasileira em 2009, de acordo com o processamento.
Tabela 4
Preço médio de comercialização de acordo com o processamento em 2009.
Fonte: Adaptado de ABIEC, 2010.
A exportação de carne bovina brasileira é
realizada de maneira pulverizada para mais
de 150 países. No ano de 2009, as exportações
de carnes e derivados alcançaram volume de
aproximadamente 1,25 milhão de toneladas,
correspondendo a valores na ordem de US$
4,12 bilhões. As Tabelas 5 e 6 apresentam os
22
dados de volume em quilograma e valores
em dólares das exportações de carne e
derivados para diferentes regiões do mundo
e os diferentes tipos de carnes e derivados
exportados pelo Brasil em 2009, em que 68%
do volume exportado foi na forma de carne
congelada e desossada.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tabela 5
Destinos das exportações de carnes e derivados (janeiro/2009 a
dezembro/2009).
Fonte: ABRAFRIGO, 2010.
Para a América do Sul, as exportações foram
da ordem de 4,2% do volume total exportado,
sendo 76% deste volume absorvido pela
Venezuela. O volume comercializado para
a América do Norte foi da ordem de 3,8%,
sendo que 92% do volume comercializado
naquele continente foram direcionados aos
EUA na modalidade de carne industrializada.
O continente africano foi responsável pela
aquisição de 15% do volume total exportado
de carnes e derivados, onde a Argélia foi
o destaque, com importações em volume
equivalente a 57% do total enviados àquele
continente. Na Europa Ocidental, as
exportações equivaleram a 11,6% do total,
volume pulverizado por vários países.
Para os países do Leste Europeu, o volume
exportado foi equivalente a 27,4% do
volume total, sendo 97,8% deste volume
comercializados com a Rússia, que permanece
como maior comprador de carne in natura do
Brasil.
23
Para a Oceania, o Brasil exporta um volume
muito pequeno, 0,1% do total, pulverizado
pelos países daquele continente. Para o
continente asiático, o volume das exportações
de carnes e derivados foi de 36,9%, com 45%
Tabela 6
Exportação brasileira de carnes e derivados de bovinos (janeiro/2009 a
dezembro/2009).
Fonte: ABRAFRIGO, 2010.
24
deste volume comercializados no leste da
Ásia com Hong Kong; no Oriente Médio, os
maiores volumes exportados foram para o
Irã, com 7,1%, e o Egito com 6,5%.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
As Figuras 11, 12 e 13 apresentam um panorama, em 2009, dos principais países importadores,
de carne bovina in natura, industrializada e de miúdos, tripas e salgados exportados pelo Brasil.
Os países que compõem a União Européia, quando considerados conjuntamente, representam
o maior destino das exportações brasileiras de carne bovina. Vale ainda destacar o papel da
Rússia, do Egito e de Hong Kong nas importações do produto brasileiro. Esses destinos têm
aumentado sistematicamente o consumo do produto nacional.
Figura 11
Importadores de carne industrializada do Brasil em 2009.
Fonte: ABIEC, 2010.
Figura 12
Principais importadores de carne in natura fresca ou congelada do Brasil
em 2009.
Fonte: ABIEC, 2010.
25
Figura 13
Principais importadores de miúdos, tripas frescas e salgadas do Brasil, em
2009.
Fonte: ABIEC, 2010.
4.2 Mercado de Carne Halal
De acordo com a Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC),
esse mercado é composto, potencialmente,
por cerca de 1,5 bilhão de muçulmanos
que existem no mundo. O crescimento das
importações de carne brasileira pelo Egito,
Irã, Argélia e Indonésia, atesta esse potencial.
A Figura 14 apresenta a localização geográfica
dos principais países importadores de carne
Halal e potenciais mercados formados por
países onde mais de 50% da população é
muçulmana.
Figura 14
Segundo o Alcorão, livro sagrado da religião
islâmica, o alimento é considerado Halal
(permitido para consumo) quando obtido de
acordo com os preceitos e as normas ditadas
26
pelo Alcorão Sagrado e pela Jurisprudência
Islâmica. Esses alimentos não podem
conter ingredientes proibidos, tampouco
parte deles. De acordo com as exigências
das embaixadas dos países islâmicos, o
abate Halal deve ser realizado em separado
do não-Halal, sendo executado por um
mulçumano mentalmente sadio, conhecedor
dos fundamentos do abate de animais no Islã.
As normas básicas a serem seguidas para o
abate Halal, de acordo com a ABIEC, são:
• Serão abatidos somente animais
saudáveis, aprovados pelas autoridades
sanitárias e que estejam em perfeitas
condições físicas;
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
• A frase “Em nome de Alá, o mais
bondoso, o mais misericordioso” deve
ser dita antes do abate;
• Os equipamentos e utensílios utilizados
devem ser próprios para o abate Halal.
A faca utilizada deve ser bem afiada,
para permitir uma sangria única que
minimize o sofrimento do animal;
• O corte deve atingir a traquéia, o
esôfago, artérias e a veia jugular,
para que todo o sangue do animal
seja escoado e o animal morra sem
sofrimento;
• Inspetores mulçumanos acompanharão
todo o abate, uma vez que eles são
os responsáveis pela verificação dos
procedimentos determinados pela
Sharia.
Figura 14
É importante ressaltar que o abate e
processamento Halal vislumbra produzir
produtos seguros e que tragam benefícios à
saúde de quem os consome. Portanto, higiene
e sanidade são requisitos imprescindíveis
para os operadores e suas vestimentas,
equipamentos e utensílios empregados no
processo, evitando assim as contaminações
por substâncias não-Halal.
Por esta razão, todo o preparo, processamento, acondicionamento, armazenamento e
transporte devem ser exclusivos para os
produtos Halal, que obrigatoriamente são
certificados e rotulados conforme a lei da
Sharia.
Principais países importadores de carne Halal e potenciais mercados.
Fonte: MORATA, 2008.
27
O rótulo deve conter o nome do produto,
número do SIF, nome e endereço do
fabricante, do importador e do distribuidor,
marca de fábrica, ingredientes, código
numérico identificador de data, carimbo ou
etiqueta para identificação Halal e país de
origem.
importado ao longo dos últimos anos tem
sido inexpressivos; em 2009 os valores foram
de 1% em relação às exportações brasileiras.
No caso de produtos de carne primária,
também devem constar a data do abate, da
fabricação e do processamento.
De acordo com Projeções do Agronegócio
- Brasil - 2008/09 a 2018/19, realizadas
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, haverá expressiva mudança
de posição do Brasil no mercado mundial.
A relação entre exportações brasileiras e o
comércio mundial mostra que, em 2018/19,
as exportações de carne bovina brasileira
representarão 60,6% do comércio mundial de
carne bovina. Apesar de o Brasil apresentar
nos próximos anos forte potencial de
aumento das exportações, o mercado interno
terá forte fator de crescimento do consumo
de alimentos provocado pelo crescimento
populacional e do aumento de renda.
4.3 Mercado de Carne Kosher
É a definição dada aos alimentos preparados
de acordo com as Leis Judaicas de
alimentação. A Torá exige que bovinos
sejam abatidos de acordo com essas leis,
num ritual chamado Shechita. Apenas uma
pessoa treinada, denominada Shochet, é
apta a realizar esse ritual. Antes do Shechita
é realizada uma oração especial chamada
Beracha. O objetivo desse ritual é fazer a
degola do animal ainda vivo e assim provocar
uma morte instantânea, sem dor. É utilizada
uma faca especial bem afiada. O corte deve
atingir a traquéia, o esôfago e as principais
veias e artérias do pescoço. Deve haver
intensa sangria do animal. Em 2009, esse
mercado representou vendas do Brasil para o
Estado de Israel no valor de 91,3 milhões de
dólares (ABIEC, 2010).
4.4 Importações
As importações brasileiras totais de carne
bovina e outros animais vêm se reduzindo
acentuadamente a cada ano. As principais
importações são oriundas do Uruguai,
Paraguai e Argentina, mas o volume total
28
4.5 Perspectivas
Este cenário aponta para outra expectativa
importante para o setor, que será a contínua
evolução do modelo produtivo e do uso
intenso de novas tecnologias. Nos rebanhos
comerciais o desempenho econômico das
propriedades, ou seja, maior produção
carne/ha/ano está diretamente relacionado
com medidas a serem tomadas dentro da
porteira, como aumento da capacidade de
suporte das pastagens, aumento do peso
a desmama e o ganho de peso no período
das águas e da seca, aumento da eficiência
reprodutiva, intensificação do controle
sanitário, em particular da febre aftosa e
adoção da rastreabilidade no rebanho.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
4.6 Ciclo da pecuária bovina
de corte no Brasil
A pecuária de corte no Brasil possui um
ciclo econômico com duração entre três
e cinco anos, também referenciado como
ciclo do boi, que se inicia com um período
de abundância de matrizes, alta produção
de bezerros e, como consequência, alta
produção de carne. Com o aumento na oferta
de bezerros, o preço deste diminui e passa
a ser mais lógico economicamente abater a
matriz do que produzir mais bezerros. Com
o aumento no abate de vacas, a quantidade
de bezerros diminui e seu preço aumenta,
voltando a ser mais viável a retenção de
fêmeas para refazer os rebanhos.
Figura 15
O último ciclo da pecuária de corte brasileira
teve seu início em 2003, quando a baixa
rentabilidade do setor levou os pecuaristas
a aumentar o abate de matrizes. De acordo
com o comportamento do preço da arroba e
a oferta de boi gordo ao mercado, é estimado
que esse ciclo tenha se encerrado no final
do ano de 2007. Especialistas no mercado
estimam que a reversão desse ciclo seja mais
visível a partir de 2010, com o aumento de
boi gordo ao mercado.
As Figuras 15, 16 e 17 apresentam as variações
anuais dos abates de boi e vacas de 1998 a
2008, a evolução na produção de bezerros
no mesmo período e a variação no preço da
arroba do boi durante o período de 2006 a
2009, de acordo com Minerva Alimentos,
2009.
Variações anuais dos abates de bois e vacas.
Fonte: Minerva Alimentos, 2009.
29
Figura 16
Evolução da produção de bezerros.
Fonte: Minerva Alimentos, 2009.
Figura 17
Variação no preço da arroba dos bovinos.
Fonte: Minerva Alimentos, 2009.
30
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
4.7 Principais índices da pecuária de corte brasileira
4.7.1 - Taxa de abate
Por definição, é um valor em percentual que representa número de animais abatidos
por ano em relação ao número total de animais no rebanho. A taxa de abate brasileira é
baixa, em razão da idade tardia dos animais em condições de abate, quando comparada
com os demais países produtores e exportadores de carne. Essa variação nas taxas é
uma consequência da diferença do nível tecnológico na criação de bovinos para corte
adotado nos diferentes países. A Tabela 7 apresenta a taxa de abate de alguns países
produtores e exportadores de carne.
Tabela 7
Taxa de abate de bovinos em 2009 em países exportadores de carne bovina.
Fonte: ABIEC, 2010.
31
4.7.2 - Consumo per capita de carne bovina
A Argentina e o Uruguai são os países que apresentam maior consumo per capita
de carne bovina, com valores de 70 e 53 kg/habitante/ano, respectivamente. O
consumo no Canadá e na Austrália tem permanecido estável nos últimos anos,
com valores médios de 45 kg/habitante/ano. No mercado brasileiro, o consumo
ficou em 37,4 quilos no ano de 2009. A Figura 18 apresenta o comportamento
do consumo de carne bovina por habitante no período de 2003 a 2009.
Figura 18
Consumo per capita de carne bovina.
Fonte: ABIEC, 2010.
32
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
4.7.3 - Custo de produção
Entende-se por custo de produção a soma
dos valores de todos os recursos (insumos)
e operações (serviços) utilizados no
processo produtivo de uma atividade
agrícola (COELHO et al, 2008).
Como medida para aumentar a margem
de lucro na pecuária, pode-se contar com
o aumento na produtividade ou redução
dos custos. Para ambos os casos é preciso
que se tenha o valor de quanto custa
produzir o quilo de carne na propriedade
e, com base nesse dado, através de
simulações e comparações, definir
Figura 19
estratégias que nos próximos anos
venham aumentar a rentabilidade da
sua atividade (COELHO et al, 2008).
A Figura 19 apresenta os principais
componentes que representam o custo
para a produção do boi gordo no Brasil.
Na média nacional, os custos com mão
de obra representam 22% dos custos de
produção. Os custos da alimentação,
incluindo os preços do sal mineral e
pastagens, representam 41% do custo
total de produção.
Custo de produção do boi gordo (insumos do boi gordo).
Fonte: CEPEA, 2010.
33
A Tabela 8 apresenta uma síntese dos custos de produção dos principais países exportadores
de carne; Austrália e EUA apresentam custos de produção de 80 a 90% maiores em relação aos
obtidos no Brasil. Isto se deve principalmente aos elevados custos da alimentação, naqueles
países, onde predominam dietas ricas em grãos.
Tabela 8
Custo de produção de carne bovina em diferentes países produtores.
Fonte: Vários autores.
34
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
5
No Brasil, os sistemas de produção podem ser
classificados como:
Pecuária extensiva: é caracterizada pela
criação dos bovinos exclusivamente a pasto
de gramíneas nativas, principalmente
dos gêneros Brachiaria e Panicum, sem
suplementação alimentar; em geral, apenas
é fornecido periodicamente sal mineral.
Nas propriedades que adotam este sistema,
os animais ocupam grandes áreas e são
poucos eficientes, tanto produtiva, quanto
economicamente, com taxa de desfrute
muito baixa. Este sistema é o que predomina
na maioria dos estados brasileiros.
Sistema semi-intensivo: é praticado em
propriedades de menor extensão de terra.
Este sistema exige a formação de pastagens
de forrageiras melhoradas, suplementação
mineral constante no cocho, escrituração
zootécnica, separação do rebanho de acordo
com o sexo, idade e finalidade, adoção de
medidas sanitárias adequadas, alimentação
suplementar
durante
o período de
estacionalidade da produção de forragens.
Este sistema têm sido adotado pela
maioria dos produtores que trabalham com
melhoramento genético e têm como atividade
a produção de matrizes e reprodutores.
Contudo, este sistema também é adotado
em propriedades que têm como objetivo a
produção de animais precoces para o abate.
Sistema de Produção
Sistema intensivo ou confinamento: é o
sistema onde os animais destinados ao abate
são criados durante um período de 90 a
120 dias em lotes, em piquetes ou currais
com área restrita recebendo nesse local os
alimentos e água. No Brasil, essa prática é
realizada durante o período da seca, período
da entressafra de animais para o abate.
De acordo, com Associação Nacional dos
Confinadores (ASSOCON), a quantidade de
animais confinados em 2009 foi semelhante
à de 2008, estimada em 2,7 milhões de
cabeças, com destaque para os Estados de
Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato
Grosso e Minas Gerais.
5.1 Fases do sistema de
criação
A pecuária de corte no Brasil é caracterizada
por três fases:
Cria: é marcada pela propriedade que produz
animais até a desmama; nestas propriedades,
após a desmama, que ocorre de seis a sete
meses, os animais são comercializados. O
objetivo maior de quem se dedica à cria de
bovinos deve ser investir recursos financeiros
suficientes para aplicar tecnologias que
garantam o desmame de um bezerro pesado
e saudável, de cada vaca do rebanho por ano.
35
Recria: esta fase é caracterizada por
propriedades
que
adquirem
animais
desmamados e permanecem com eles criados
a pasto com ou sem suplementação até que
alcancem o peso próximo a 12 arrobas,
quando são comercializados.
Terminação ou engorda: são
que têm como atividade a
animais com peso próximo a
que a pasto ou confinados são
Figura 20
No Brasil, a distribuição das propriedades de
acordo com a fase do sistema de exploração
adotado é mostrada na Figura 20; 24% das
propriedades realizam a fase de cria, 21%
cria e recria e 18% o ciclo completo (cria,
recria e engorda).
Estrutura de produção de acordo com a fase de exploração.
Fonte: CORREA, 2009.
36
propriedades
aquisição de
12 arrobas e
mantidos até
que alcancem peso próximo a 16 arrobas. A
terminação de bovinos no Brasil é realizada
quase que exclusivamente a pasto, sendo
que 95% dos animais destinados ao abate
anualmente são terminados desta forma.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
5.2 Sistemas de acasalamento
(zebu) e originárias da Europa, do gênero Bos
taurus (taurinos) e seus cruzamentos.
Os principais sistemas de acasalamento são:
a monta a campo, a monta controlada ou
dirigida e a inseminação artificial.
Raças zebuíno-originárias na Índia
O sistema de acasalamento mais empregado
na pecuária de corte extensiva é a monta
em campo. Nesse regime de acasalamento,
os touros permanecem junto ao rebanho de
fêmeas na relação de um touro para 25 vacas.
Na monta controlada, o touro é mantido
separado das vacas; quando uma fêmea é
detectada em cio ela é trazida para junto do
touro, onde permanece até a cobrição.
Com relação à inseminação artificial, de
acordo com dados da Embrapa (Centro
Nacional de Pecuária de Gado de CorteCNPGC) somente de 3% a 5% do rebanho
bovino de corte utilizam a inseminação
artificial. Uma das grandes limitações à sua
expansão, está relacionada com o sistema
extensivo de exploração da pecuária de corte
brasileira.
5.3 Grupamentos raciais
criados no Brasil
As raças bovinas de interesse para produção
de carne, no Brasil, podem ser classificadas
do seguinte modo: raças Europeias da
subespécie Bos taurus taurus e raças indianas
da subespécie Bos taurus indicus.
O rebanho de corte brasileiro tem como
predominância a utilização de raças
originárias da Índia, do gênero Bos indicus
Representam cerca de 80% dos bovinos
criados, têm como característica a
rusticidade, destacando-se a adaptação ao
calor, umidade e radiação solar dos trópicos,
às grandes variações na disponibilidade
de alimentos e alta resistência à endo e
ectoparasitas. Dentre as representantes
deste grupo destacam-se as raças, Nelore,
Gir, Guzerá e Sindi. As raças formadas
no Brasil são a Indubrasil resultantes do
cruzamento entre raças Guzerá e Nelore, e a
Tabapuã, como resultado da fusão de animais
Mocho nacional com Guzerá e Nelore.
Nos EUA, a raça Brahmam, foi formada a
partir do cruzamento de animais das raças
Gir, Nelore e Guzerá.
Raças taurinas
São raças de origem do continente europeu,
podendo, de acordo com a origem ser
subdividas em dois ramos:
Taurinos europeus britânicos de Origem
Insular
Originárias das Ilhas Britânicas, sendo a
finalidade principal dessas raças, por muitos
séculos, produzir carne para o consumo
humano. Estas raças foram selecionadas para
velocidade de crescimento, precocidade
sexual,
fertilidade
e
qualidade
de
carne, resultando em raças de tamanho
37
intermediário. No Brasil, as mais criadas
são: Aberdeen Angus, Red Angus e Hereford,
Devon, Red Poll e Shortorn.
as características de qualidade de carne,
incluindo a maciez, estão mais próximas
daquelas das raças Européias do que das
raças indianas.
Taurinos Europeus de Origem Continental
Raças mais usadas no Brasil:
As raças deste ramo foram selecionadas
originalmente para tração na Europa
Continental. Essa seleção com menor ênfase
em outras características de produção
provocou o aumento da massa muscular e
do peso adulto. As raças continentais são
conhecidas pelo elevado peso ao nascimento,
grande potencial de crescimento (ganho
de peso), alto rendimento de carcaça com
menor porcentagem de gordura. As principais
raças criadas no Brasil são:
• De origem francesa: Limousin, Charolês
e Blonde d’Aquitaine;
• De origem suíça: Simental e PardoCapacitação da mão de obra
Suíço;
• De origem italiana: Marchigiana,
Piemontês e Chianina.
3.4
Taurinos Tropicais – Adaptados
As raças taurinas adaptadas também
evoluíram em regiões tropicais. Comparadas
com as Europeias, raças desse grupamento
têm maior resistência para calor e carrapatos
e ambiente com restrição alimentar.
Devido à sua maior rusticidade e
características de adaptação, as raças
adaptadas têm um potencial de crescimento
mais baixo e menores exigências de alimento
e de manutenção que outras raças taurinas.
Para todas as raças taurinas adaptadas,
38
1. Bonsmara e Senepol.
2. Bonsmara - Africander + Hereford +
Shorthorn
3. Senepol - N’Dama + Red Poll
Raças sintéticas
São formadas por duas ou mais raças com
grau de sangue fixado, visando manter
bons níveis de heterose e adaptabilidade.
Exemplos de raças sintéticas no Brasil são:
Canchim, Simbrasil, Stabilizer, Beefmaster e
Montana. Nos EUA, Brangus, Braford e Santa
Gertrudes.
No Brasil, o cruzamento entre indivíduos
de raças diferentes é uma ferramenta
utilizada para combinar o elevado potencial
de produção da raça de clima temperado
(origem europeia) com a adaptação da raça
tropical (origem indiana).
O cruzamento entre raças em rebanhos
comerciais (ou heterozigose) busca gerar
heterose, ou vigor híbrido, para um grupo de
características comercialmente importantes,
permitindo que a produtividade dos cruzados
exceda a produtividade de ambas as raçasbase. Vários programas com esta finalidade
são desenvolvidos no Brasil.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
6
Boas Práticas na Bovinocultura
de Corte
6.1 Manejo sanitário
O manejo sanitário é um conjunto de
atividades regularmente planejadas e
direcionadas para a prevenção e manutenção
da saúde dos rebanhos. Consiste em
vacinações, desverminação e controle de
ectoparasitas.
As ações de prevenção podem ser
classificadas em dois níveis: controle e
erradicação, de acordo com o objetivo em
questão. O controle visa reduzir a frequência
de ocorrência de uma doença já presente
na população, enquanto que a erradicação
busca eliminar totalmente a doença.
O estudo de programas de saúde animal
para a prevenção de enfermidades em
sistemas de produção de gado de corte em
nossas condições diz respeito às vacinações
e vermifugações que compõem o calendário
sanitário, para evitar o aparecimento
de doenças que possam comprometer os
resultados dos trabalhos, assim como o
combate aos vermes, bernes, moscas,
carrapatos e outros tantos que causam
inúmeros prejuízos que, muitas vezes, não
são contabilizados e, como consequência,
baixam os índices de produtividade.
No Brasil, existem vários tipos de vacinas
para uso em bovinos de corte, sendo algumas
contra enfermidades causadas por vírus,
bactérias e protozoários. As vacinações
devem ser encaradas como parte de um
programa de manejo sanitário e devem
ser planejadas para o atendimento das
necessidades específicas do rebanho.
Existem
vacinas
recomendadas
para
uso
rotineiro
e
as
utilizadas
em
condições específicas. As vacinas de uso
rotineiro são aquelas programadas para
controlar as doenças existentes na região
onde os animais estão sendo criados. Por outro
lado, as utilizadas em condições específicas
são aquelas necessárias somente quando for
detectada a possibilidade de ocorrência das
doenças no local de criação.
São adotadas as seguintes vacinações e
medidas profiláticas de rotina:
• Febre aftosa: é feita em todo o rebanho;
aplica-se a vacina oleosa, conforme o
calendário do órgão de defesa sanitária
estadual.
• Brucelose: aplica-se a vacina (dose
única) nas fêmeas por ocasião da
desmama. Deve-se fazer teste de
soroaglutinação em todos os animais em
idade reprodutiva uma vez ao ano.
39
• Carbúnculo sintomático e gangrena
gasosa: aplica-se a vacina polivalente
de seis em seis meses da desmama aos
dois anos de idade.
• Botulismo: proceder a vacinações
quando ocorrer surto da doença. Aplicase a vacina, anualmente, em todos os
animais com idade acima de um ano.
• Raiva bovina: vacinar todo o rebanho,
nas regiões endêmicas, uma vez por
ano. Nas regiões livres, somente quando
determinado pelas secretarias de
agricultura.
• Leptospirose: vacinar os animais de 4
a 6 meses de idade, com reforço quatro
semanas após. Vacinação em todo o
rebanho semestralmente.
• Tuberculose: fazer o teste de
tuberculinização, seguindo orientação
do PNCEBT (Programa Nacional de
Controle e Erradicação da Brucelose e
da Tuberculose).
• Desverminação: Controlar os vermes
gastrintestinais,
com
produtos
específicos e na dose recomendada
pelo fabricante, do desmame até os
dois anos e meio de vida, aplicando
vermífugos nos meses de maio, julho
e setembro. As vacas prenhes devem
ser dosificadas em julho ou agosto e os
animais em terminação, antes de entrar
na pastagem vedada para engorda ou no
confinamento.
• Controle de ectoparasitos: é adotado
o controle estratégico da mosca-doschifres.
O berne e o carrapato devem ser controlados
quando o nível de infestação exigir.
Um aspecto importante para o melhor
posicionamento da carne bovina no mercado
40
internacional é a questão sanitária, ainda
não plenamente equacionada. A erradicação
da febre aftosa é um grande desafio para o
Brasil. Dados atualizados pelo MAPA mostram
que 90% do rebanho brasileiro encontram-se
em áreas livre de febre aftosa.
6.2 Manejo nutricional
O clima tropical, com elevada quantidade
de iluminação solar e pluviosidade, é ideal
para a produtividade vegetal; por isso o
Brasil é abundante em pastagens naturais e
possui características ideais para pastagens
cultivadas. Estas características climáticas
proporcionam o desenvolvimento da pecuária
brasileira baseada na criação extensiva,
isto é, o gado é criado solto em pastagens,
alimentando-se apenas de capim, com
suplementação de sal mineral.
A base de qualquer sistema de produção
começa pela eficiente exploração das
pastagens. Do nascimento até a terminação,
a dieta predominante é a forragem, sendo
esta responsável por grande parte do ganho
de peso obtido até o abate. A terminação
de bovinos no Brasil é realizada quase que
exclusivamente a pasto, sendo que 85% dos
animais destinados ao abate anualmente são
terminados desta forma.
O problema da sazonalidade da produção
forrageira é conhecido e intensificado pelo
fato das forrageiras tropicais, mesmo no
período das chuvas, não serem capazes de
produzir, por muito tempo, alimento com
qualidade que possibilite o atendimento das
exigências para crescimento dos animais, em
especial aqueles de alto potencial genético.
Assim, as gramíneas mais cultivadas, apesar
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
de produzirem grande quantidade de
material forrageiro durante o período das
águas, apresentam um período muito curto
no qual a forragem por elas produzida possui
qualidade capaz de possibilitar desempenhos
compatíveis com a necessidade requerida
para manter sistemas competitivos de alta
produção. Uma estratégia adequada de suplementação
seria maximizar o uso de forragem através da
otimização de sua digestão, mas o suplemento
não deverá suprir os nutrientes além dos
requisitos
animais.
Tradicionalmente,
suplementos alimentares são fornecidos para
animais a pasto durante os meses de inverno
e períodos de dormência da planta no verão,
quando a qualidade da forragem é baixa. Sob
estas condições, a maioria do suplemento é
usada para mantença e, frequentemente,
proteína é o nutriente mais limitante.
Os animais em pastejo na época seca não
sofrem somente de carência de proteína, mas
também de carência de energia. Apesar de ser
de vital importância, a energia é considerada
um nutriente de natureza secundária, dandose maior ênfase à correção das deficiências
proteicas das pastagens. O fornecimento
de suplementação de energia apenas
não poderia por si só, eliminar tanto as
deficiências energéticas como as proteicas,
por não atender completamente esta última.
Por outro lado, tanto a deficiência em energia
como em proteína podem ser eliminadas
apenas pela correção na deficiência proteica.
Desta forma, a suplementação de energia
poderia ocorrer indiretamente através
do fornecimento de proteína. Assim, nos
períodos de estacionalidade de produção
de forragem, período da seca, ou criações
onde os animais são mantidos em pastagens
de baixo valor nutricional, o fornecimento
de sal proteinado se constitui em uma
alternativa de manejo nutricional para suprir
a deficiência de proteína para o gado criado
de maneira extensiva.
Enquanto o fato de se fundamentar em
pastagens resulta, por um lado, em
vantagem comparativa por viabilizar custos
de produção relativamente baixos, por
outro, a utilização exclusiva dessa fonte de
alimentação tem, neste momento, em que as
competitividades por preço e por qualidade
de produto impõem mudanças no setor, por
apresentar-se bioeconomicamente inviável
em muitas situações. Isso é agravado,
principalmente, pela forma como essas
pastagens são manejadas. Nos sistemas que utilizam a suplementação
com mistura de concentrados na seca
(semiconfinamento), há necessidade de
vedar áreas de pastagem para utilização.
Nos sistemas mais intensificados, a recria
e/ou a terminação podem ocorrer em
pastos com diferentes graus de correção e
fertilização dos solos. A correção e a adubação
das pastagens aumentam a produção e a
qualidade da forragem disponível para os
bovinos. Dessa maneira, é possível aumentar
a taxa de lotação e o ganho diário de peso
vivo, resultando em maiores produções por
unidade de área.
Aqueles que fazem uso do confinamento de
bovinos como técnica para reduzir a idade de
abate liberam áreas de pastagens para outras
categorias de animais e reduzem a taxa de
lotação das pastagens nos períodos críticos
(seca), obtendo, dessa maneira, melhor taxa
41
de abate, carcaças mais pesadas, com mais
qualidade de acabamento na entressafra
e maior produção de carne por unidade de
área.
O atendimento dessa demanda ampla de
melhoria de eficiência será alcançado
pelos sistemas de produção de gado de
corte de diversas maneiras, dentre elas o
desenvolvimento de sistemas especializados
nas diferentes fases até a produção de
carne, passando pelo uso de animais de
alto potencial genético em sistemas,
envolvendo pastagens adubadas com pastejo
rotacionado, suplementação alimentar em
pasto e confinamento.
6.3 Índices zootécnicos
É uma ferramenta que permite verificar o
desempenho produtivo e reprodutivo do
rebanho, permitindo ao produtor a avaliação
econômica do negócio. Esses índices
refletem em forma numérica o desempenho
dos diversos parâmetros da exploração
pecuária. Para tanto, há necessidade de que
os produtores realizem a marcação individual
dos animais, datas e pesos ao nascimento e
a desmama, ocorrência de mortes e abortos,
diagnóstico de gestação e o registro das
principais ocorrências e práticas de manejo
utilizadas na propriedade.
Os índices zootécnicos podem ser divididos
em índices reprodutivos e índices produtivos.
Índices reprodutivos
A maioria das características reprodutivas
é influenciada mais pelo meio ambiente,
42
destacando-se a alimentação, do que pela
herança genética.
A infertilidade ou a subfertilidade das
matrizes afeta diretamente a eficiência
reprodutiva do rebanho. A seguir serão
apresentados os parâmetros zootécnicos
reprodutivos de importância para a pecuária
de corte.
Índice de natalidade
É a forma de medir o resultado das fêmeas
em cobertura; pode ser calculado pela
seguinte fórmula:
% Índice de natalidade = Nº de bezerros nascidos x 100
Nº de fêmeas em cobertura
Eficiência reprodutiva
É o parâmetro mais importante na
reprodução. Representa o total de animais
desmamados em relação às vacas expostas
em reprodução dentro de determinado ano.
A eficiência reprodutiva do rebanho pode ser
calculada através da seguinte fórmula:
% Eficiência reprodutiva = Nº de bezerros desmamadosx100
Nº de fêmeas em cobertura
Na Tabela 9 são apresentados os resultados
de uma simulação com diferentes taxas de
natalidade para a produção de 100 crias por
ano. De acordo com os dados, à medida que
ocorre a redução nos valores natalidade,
há necessidade do aumento do número de
matrizes para produzir a mesma quantidade
de bezerros.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tabela 9
Efeito da eficiência reprodutiva na estrutura do rebanho.
Fonte: Adaptado de EL-MEMARI NETO, 2008.
Período de serviço: Período de tempo
em dias compreendido entre um parto e a
primeira cobertura fértil posterior a esse
parto, de uma mesma matriz.
Idade a primeira cria: Idade na qual a novilha
pariu pela primeira vez.
Para efeito ilustrativo, a Tabela 10 apresenta
uma simulação com idades ao primeiro parto
Tabela 10
de dois a quatro anos, mantido o número de
matrizes e a taxa de descarte anual. Observase, pelos dados da tabela, que, à medida
que a idade ao primeiro parto aumenta, há
necessidade de maior número de novilhas na
fase de recria para substituição, aumentando
desta maneira o custo de produção da
propriedade.
Efeito da idade da primeira cria na estrutura do rebanho.
43
Intervalo entre partos (IEP): Período compreendido entre dois partos consecutivos de uma
vaca.
Na Tabela 11 são apresentados os resultados da simulação do efeito de diferentes intervalos
entre partos sobre o número de crias produzidas em um rebanho estabilizado com 100 matrizes.
Nota-se que, à medida que aumenta o intervalo entre partos, há uma redução do número de
crias produzidas.
Tabela 11
Efeito do intervalo entre partos na produtividade de rebanhos considerando
100 matrizes por ano de produção.
Índices produtivos
São índices que afetam a estrutura do rebanho; dentre eles os mais importantes são:
Mortalidades
A mortalidade traduz a relação entre o número de mortes e o total do rebanho. Destaca-se que,
devido à suscetibilidade a agentes patogênicos e predadores, deve-se avaliar a mortalidade
separadamente para bezerros, animais jovens (desmame há 24 meses) e animais adultos (acima
de 24 meses).
Mortalidade em bezerros
Mede a percentagem de mortes de animais do nascimento a desmama.
% Mortalidade em bezerros = Nº de bezerros mortos até o desmame x 100
Nº de bezerros nascidos
44
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Mortalidade em animais jovens e adultos: Mede a percentagem de mortes de animais dentro
da categoria:
% Mortalidade dentro da categoria = Nº de animais da categoria mortos x 100
Nº de animais da categoria
Taxa de vendas: Mede a percentagem de animais vendidos dentro do período determinado (ano
agrícola ou civil):
Taxa de vendas = Animais vendidos x 100
Total de rebanho (inicial)
Taxa de desfrute: Este índice representa a produção do rebanho dentro do período avaliado.
Taxa de desfrute = Nº de animais abatidos x 100
Nº de animais do rebanho
45
Dentre os fatores que contribuem para o
baixo desfrute da bovinocultura de corte
no Brasil, destaca-se a idade elevada de
acasalamento das novilhas. Essa idade está
associada com a fase de recria, que envolve
o desenvolvimento do animal da desmama
ao início do processo produtivo, ou seja, o
estágio em que este atinge o peso ideal para
manifestar a puberdade. A puberdade e,
consequentemente, a idade ao primeiro parto
são reflexo direto da taxa de crescimento, que
é determinada pelo consumo de alimentos.
As novilhas que concebem cedo na estação
de monta desmamam bezerros maiores e têm
maior produtividade durante a vida.
A Tabela 12 apresenta os valores da taxa de
desfrute média observada nos EUA, com 37%,
Austrália, com 32%, Argentina, com 26% e
Brasil com 22%. Os valores baixos da pecuária
brasileira são quando comparados com os
demais países, como consequência da idade
tardia com que os animais são abatidos,
em razão do sistema extensivo de criação
predominante no Brasil.
Tabela 12 Taxa de desfrute em países exportadores de carne.
Lotação média anual
Mede a carga animal que a fazenda mantém por unidade de área em hectare durante o ano.
Deve ser avaliada em Unidade Animal (UA).
*Uma UA equivale a um animal com 450 kg de peso vivo
Lotação média UA/ha = rebanho médio
área de pastagem
No Brasil, com a característica de criação extensiva, a lotação média encontra-se próxima a
0,8 UA/ha.
46
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Produção de carne/ha: Mede a produção em kg de carcaça por unidade de área.
Produção de carne/ha = estoque final – estoque inicial – compras + vendas
área de pastagem
A Tabela 13 apresenta os indicadores zootécnicos que caracterizam a média brasileira observada
na maioria das propriedades que adotam o sistema extensivo de criação, em propriedades que
utilizam média tecnologia, caracterizado pelo fornecimento de suplementação alimentar e
melhoria das pastagens e os índices possíveis de serem obtidos em propriedades que utilizam
nível alto de tecnologia observado no sistema intensivo de criação.
Tabela 13
Índices zootécnicos médios do rebanho brasileiro e estimativa com uso
mais intensivo de tecnologia.
Fonte: Adaptado de Anualpec, 2006.
47
6.4 Cadeia produtiva da carne
bovina no Brasil
A cadeia produtiva da pecuária de corte
no Brasil compreende um conjunto de
agentes interativos, que são os fornecedores
de insumos, os sistemas produtivos, as
indústrias de transformação, a distribuição
e comercialização e os consumidores finais.
A cadeia produtiva da pecuária de corte
apresenta características particulares que
envolvem um reduzido nível de integração
dos agentes, o que leva a uma deficiência
na elaboração de estratégias entre os
agentes da cadeia. Esta desorganização tem
interferido no seu desempenho e faz com que
normalmente as transações sejam orientadas
pelo preço. Ela é composta por uma série de
elos que podem ser agrupados, segundo a
atividade que executam, em:
1 - Produção, distribuição e comercialização
de insumos;
2 - Produção de animais para abate
(pecuarista);
3 - Abate, processamento de carnes e
subprodutos (frigoríficos);
4 - Transporte de animais, carcaças e de
carne;
5 - Armazenamento e comercialização;
6 - Consumidor final.
O principal elo da cadeia é a produção de
animais para abate, que é caracterizada
por apresentar produtores capitalizados que
adotam conceitos tecnológicos avançados
de produção animal, produzindo animais de
48
qualidade superior, e pequenos produtores
que não dispõem de recursos para a
implantação de melhorias na propriedade,
como melhoramento genético, manejo
sanitário adequado, técnicas de manejo
nutricional durante o período de seca, entre
outras que levam a colocar no mercado
animais muitas vezes fora dos padrões de
qualidade.
Na outra ponta, o país dispõe de um parque
industrial com frigoríficos modernos e
bem equipados que atendem à legislação
internacional. Contudo, ainda há uma
parcela significativa de abates realizados
sem fiscalização pelo serviço de inspeção
sanitária. A literatura apresenta números
que apontam que de 45 até 60% da carne
consumida no mercado interno sejam
originários de abate clandestino, que, além
da sonegação de taxas e impostos, expõe
a população aos riscos de doenças, muitas
delas graves, como a neurocisticercose,
toxoplasmose e tuberculose.
A competitividade da cadeia da carne bovina
depende crucialmente do estabelecimento
de uma nova forma de coordenação, onde
as tradicionais relações de mercado sejam
substituídas ou, no mínimo, complementadas
por relações cooperativas, que garantam a
rastreabilidade dos produtos e assegurem seu
fornecimento nas quantidades e qualidades
requeridas pelos consumidores.
A Figura 21 apresenta uma configuração da
inter-relação dos diferentes segmentos que
compõem a cadeia produtiva da bovinocultura
de corte no Brasil.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Figura 21
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte.
49
50
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
7
O Setor de Abate e
Processamento no Brasil
7.1 Histórico
O setor de abate no Brasil passou por verdadeira revolução durante o século XX. A indústria frigorífica, que no início do século apenas fabricava charque, atualmente exporta
carnes in natura e processada para vários
países do mundo, estando tecnologicamente
tão avançada quanto às indústrias instaladas
nos países desenvolvidos.
O setor de abate iniciou suas atividades
no Brasil no começo do século XX, com
a entrada de grandes grupos econômicos
multinacionais, os quais exerceram a
liderança no mercado nacional até meados
da década de 1970. A partir desse período,
o entusiasmo exportador estimulou as
empresas nacionais à modernização e à
expansão da capacidade instalada.
A indústria frigorífica nacional teve seu
início com a produção de carnes congeladas
e enlatadas, por meio de investimentos
de origens norte-americana e inglesa.
Esses investidores queriam tornar o País a
base fornecedora de produtos de origem
animal para o mundo, atendendo à grande
demanda do mercado internacional durante
e após a Primeira Guerra Mundial. A vinda
dos frigoríficos estrangeiros para o Brasil,
com o objetivo de exportar, impunha a
necessidade de atender às exigências
sanitárias internacionais. Desse modo, em
27 de janeiro de 1915, por meio do Decreto
n. 11.460, entrou em operação o Serviço de
Inspeção Federal (SIF).
Com a nova legislação, predominaram os
objetivos de produção voltados ao exterior,
em detrimento dos objetivos voltados ao
mercado interno. Assim, o país, que até 1914
não lograva penetrar no mercado externo, a
partir de 1915 consegue exportar quantidades
substanciais tanto de carne, quanto de banha.
Em 1920, esses dois produtos igualam-se,
praticamente, em valor ao açúcar, principal
produto na pauta das exportações brasileiras
desde os primeiros anos do século XX.
O desenvolvimento dos processos de
conservação a frio e o transporte marítimo
refrigerado impulsionaram o mercado
internacional de carnes congeladas e
processadas. As grandes unidades industriais
de abate passaram a incluir todas as fases
do processo produtivo, desde o abate até
o congelamento e enlatamento das carnes,
com produção diversificada destinada
principalmente à exportação. Os maiores
grupos produtores de carne voltados à
exportação de carnes congeladas e enlatadas
do Brasil estavam sob o controle de quatro
grupos internacionais.
51
A multinacional norte-americana pioneira
a se instalar no Brasil foi a Wilson & Co.,
cujas operações iniciaram-se em 1914. Em
seguida, instalou-se a Swift & Co., em 1917,
localizando sua planta industrial na cidade
de Rio Grande (RS), enquanto a Armour &
Co. optou por instalar-se em Santana do
Livramento (RS). Além disso, esses grupos
multinacionais trouxeram dos seus países
de origem o know-how, a tecnologia e as
políticas de higiene e controle de carnes.
Desse modo, os anos 1920 se caracterizaram
como um período de predomínio de capitais
de origem externa, com plantas industriais
com elevada capacidade produtiva, produção
de carnes bovinas congeladas e processadas
com equipamentos de nível tecnológico
semelhante aos de uso internacional e
produção voltada para a exportação.
Brasil, o segmento da indústria voltado para
o abastecimento de carne fresca no mercado
local teve sua produção consideravelmente
ampliada. Ocorreram, então, alterações
na indústria frigorífica, com o crescimento
dos frigoríficos de médio porte, dotados de
tecnologia de refrigeração e equipamentos
mais eficientes para o abate, demonstrando
uma
diferenciação
tecnológica,
se
comparados aos antigos matadouros.
Os grandes frigoríficos instalados no país
conviviam com a grande quantidade de
pequenos matadouros que abasteciam
principalmente os mercados locais com
carne fresca e alguns produtos de salsicharia
e charque. Esses matadouros não eram
importantes no processo competitivo, o qual
se concentrava entre os grandes frigoríficos
exportadores, que adotaram como estratégia
a expansão da capacidade produtiva.
Os anos 70 se caracterizam pela expansão
do mercado interno, decorrente da
aceleração do processo de urbanização e
do desenvolvimento da infraestrutura de
transportes rodoviários, que criaram as
condições para a formação de mercados
regionais e de um mercado nacional
integrado. Essas condições viabilizaram
plantas industriais maiores voltadas ao
atendimento do mercado interno, com
processo produtivo integrado, produção mais
diversificada e com produtos de maior valor
agregado.
Na década de 30, verificou-se no país a
expansão do rebanho nacional e a acomodação
do setor de abate e processamento. Os
maiores grupos dedicaram-se à exportação,
principalmente com o início da Segunda
Guerra Mundial, e os frigoríficos menores,
de capital nacional, abasteciam o mercado
interno.
Durante os anos 40 e 50 do século passado,
devido ao processo de urbanização ocorrido no
52
Na década de 60, o setor industrial de carnes
voltado para o mercado interno desenvolveuse, passando a conviver com os já existentes
frigoríficos exportadores e os matadouros
de pequeno porte. Esses estabelecimentos
produziam, além de carnes frescas,
refrigeradas e congeladas, embutidos e,
posteriormente, enlatados.
A década de 70 foi marcada também por
profundas transformações que tiveram
impactos significativos no setor de abate,
como o início da migração dos pecuaristas
para o Centro-Oeste, em busca de terras
mais baratas, bem como diversas medidas
emitidas pelo governo visando assegurar o
abastecimento interno da carne bovina, que
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
se encontrava desequilibrado. Desse modo,
foi permitida apenas a exportação de carnes
industrializadas, devido ao seu maior valor
agregado.
No final dos anos 70 e início dos anos 80,
começam a surgir novas empresas, com
capacidades menores e instalação em locais
diferentes do habitual, isto é, Estado de São
Paulo e região Sul do Brasil. À medida que
o Centro-Oeste se desenvolveu e começou
a ganhar força como produtor de animais,
as empresas frigoríficas se deslocaram e
se instalaram nessa região, passando a
concorrer principalmente com as unidades
paulistas pela compra das matérias-primas e
venda de carnes.
A elevada capacidade ociosa e os altos custos
de transporte da matéria-prima resultaram
no fechamento de inúmeros frigoríficos,
principalmente entre a segunda metade
da década de 80 e o início da década de
90. Entretanto, mesmo com o fechamento
dos grandes frigoríficos líderes da década
de 80, o setor continua evoluindo em
termos logísticos, tecnológicos e estrutura
empresarial. Os frigoríficos médios e
grandes assumiram, de maneira geral, nova
estrutura empresarial, incorporando setores
laterais, como couro e sabão, além de se
especializarem no fornecimento de cortes
especiais e produtos industrializados.
No final da década de 80, grandes grupos
nacionais do segmento de carnes brancas
e oleaginosas entram para o segmento de
carne bovina.
Desse modo, o perfil da indústria frigorífica
vai se alterando na medida em que os
frigoríficos de carne bovina iam sendo
adquiridos pelos grandes grupos de segmento
de aves e suínos, concentrando cada vez
mais a indústria da carne e aproximando as
plantas industriais de abate da produção da
matéria-prima.
Entretanto, o surgimento desses grandes
grupos, que atuavam em diversas cadeias de
alimentos, e a crise da economia brasileira
levaram muitos empresários a não ter a real
percepção da situação da sua indústria. Nessa
época, os grupos do segmento de bovino que
se destacavam eram Bordon, Kaiowa e Anglo.
O grupo Kaiowa teve sua falência decretada
durante a década de 90; o grupo Anglo foi
vendido em 1993, determinando o fim do
capital estrangeiro no país, e as unidades do
grupo Bordon foram repassadas para o grupo
Bertin no segundo semestre de 2000. Assim,
prevalecem atualmente no Brasil frigoríficos
cuja origem do capital é nacional.
O abate de bovinos é realizado para obtenção
de carnes e derivados destinados ao consumo
humano. Contudo, como consequência das
operações de abate, originam-se vários
subprodutos e resíduos que devem sofrer
processamentos específicos em atendimento
às leis e normas sanitárias e ambientais
vigentes.
De acordo com a abrangência dos processos,
as unidades podem ser divididas em:
Abatedouros
São unidades industriais que realizam abate,
produzindo carcaças e vísceras comestíveis.
Em algumas unidades são realizadas desossa
e realizam os chamados cortes de açougue.
Estas unidades não industrializam a carne.
53
Frigoríficos
São unidades industriais que podem ser
divididas em dois tipos: os que abatem os
animais e realizam todas as atividades dos
abatedouros e industrializam a carne e os
que não abatem animais e compram produtos
de abatedouros e outros frigoríficos para
industrializar.
Graxaria
São unidades onde ocorre o processamento
dos subprodutos e resíduos dos abatedouros,
frigoríficos e açougues. Esta unidade
pode funcionar anexa aos abatedouros e
Tabela 14
Volume de abate de bovinos.
Fonte: JBS, 2010.
54
frigoríficos ou como uma unidade de negócio
independente.
A Figura 22 apresenta o fluxograma de abate
de bovinos.
Mais da metade do mercado mundial de
carne bovina, que movimenta 7 milhões
de toneladas por ano entre exportações e
importações, está nas mãos de empresas
brasileiras.
A Tabela 14 apresenta o volume médio de
abate de bovinos efetuados pelos maiores
grupos de frigoríficos brasileiros em 2005.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Figura 22
Fluxograma de abate de bovinos.
55
56
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
8
Inspeção sanitária da cadeia
da carne bovina no Brasil
Em 03/12/1971 foi criada a Lei de Federalização da Inspeção (Lei nº 5.760), que
estabeleceu que todos os frigoríficos paulatinamente passariam a ter fiscalização federal.
Assim, os serviços de inspeção federal foram
estendidos aos estabelecimentos voltados
ao comércio municipal e interestadual, de
forma mais rigorosa e estruturada, fiscalizando os aspectos higiênicos e sanitários do
processo de produção da carne bovina.
Consequentemente, muitos estabelecimen-
Tabela 15
tos, por não atenderem às novas exigências,
tiveram encerradas suas atividades.
No entanto, no final da década de 80, por
meio da Lei nº. 7.889, de 23/11/1989, reverte-se a obrigatoriedade da inspeção federal
em todos os níveis de comercialização (municipal, estadual e federal), de modo que o
sistema de inspeção sanitária para carnes no
Brasil passou a contemplar três diferentes níveis da administração pública, de acordo com
o tipo de comércio realizado (Tabela 15).
Sistemas de inspeção de carnes no Brasil.
Fonte: Adaptado de Azevedo, 2001.
57
O abate e o processamento em frigoríficos
com
SIF
devem
ser
acompanhados
permanentemente por um fiscal sanitário
federal, sob pena de a produção ser
paralisada. O selo do SIF passou a ser uma
referência de qualidade para o consumidor
brasileiro.
No Sistema de Inspeção Estadual, ao contrário do que ocorre com o SIF, não há necessidade da presença permanente de um fiscal
externo ao frigorífico na linha de abate. Em
alguns casos, os funcionários que fazem a
inspeção pertencem aos próprios quadros dos
frigoríficos.
Os serviços prestados pelos SIM são ainda mais
heterogêneos em qualidade do que aqueles
Tabela 16
58
Plantas por estado e município.
prestados pelos SIE. Na maioria das vezes, o
SIM se limita a exercer algum controle nos
chamados abatedouros municipais.
No Brasil existem 1,6 mil frigoríficos com algum tipo de inspeção (municipal, estadual ou
federal). Entretanto, apenas 18 respondem
por aproximadamente 98% das exportações.
Estima-se que os cinco maiores frigoríficos
são responsáveis por 65% das exportações de
carne bovina brasileira, sendo que os dois
maiores têm cerca de 40% de participação
nesse mercado. Desse modo, evidencia-se
elevado grau de concentração no setor de
abate voltado à exportação.
A Tabela 16 apresenta a relação dos
frigoríficos com Sistema de Inspeção Federal
por estado e município.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
59
60
Fonte: ABIEC, 2010.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
No mercado interno, embora açougues e pequenos varejistas ainda sejam capazes de competir
localmente, eles tendem a ser substituídos por grandes cadeias de supermercados, onde 70% da
carne bovina é comercializada.
A Figura 23 apresenta a participação dos diferentes segmentos na comercialização de carne
bovina no Brasil.
Figura 23
Participação dos diferentes segmentos na comercialização de carne
bovina no Brasil.
Fonte: ABRAFIGRO, 2009.
Nos supermercados, a carne bovina responde por 67% da comercialização de carnes realizada
nos açougues, como visto na Figura 24.
61
Figura 24
Participação nos açougues dos supermercados na comercialização de
carnes bovinas.
Fonte: ABRAFIGRO, 2009.
62
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
9
Evolução e distribuição
espacial de abate no Brasil
As estatísticas oficiais do abate de bovinos
são uma subestimativa da realidade do
setor de abate e processamento, uma vez
que não são contabilizadas as operações
realizadas clandestinamente. Entretanto,
essas estatísticas permitem um mapeamento
da concentração geográfica da capacidade
instalada de abate.
Em 2007, foram abatidas cerca de 30,5
milhões de cabeças no País. Evidencia-se
que, desde 1997, a região Centro-Oeste
apresenta relativamente maior capacidade
de abate, obtendo certa vantagem, em
2007, em relação às demais regiões. A região
Norte, em 2007, se aproxima da capacidade
de abate verificada na região Sudeste. Assim
como os últimos anos foram marcados pelo
avanço da pecuária de corte para as regiões
Centro-Oeste e Norte do País, as indústrias
de abate seguiram tendência similar.
Enquanto no Brasil o setor de abate cresceu
14,3% no período de 1995 a 2006, nas regiões
Centro-Oeste e Norte esse crescimento foi,
respectivamente, de 46,9% e 138,5%, no
mesmo período. Os respectivos crescimentos
para os estados do Nordeste, Sul e Sudeste
foram 22,2%,16,5% e -15,2% respectivamente.
Ademais, além de a inserção no mercado
externo propiciar maior concentração do
setor de abate, as exigências desse mercado
também promovem melhorias na gestão,
produção e qualidade, contribuindo com
o aumento na organização e formalidade
dos frigoríficos, pois somente as unidades
industriais mais eficientes tendem a se
manter no mercado, em virtude de sua
adequação às exigências internacionais.
À medida que a influência dos consumidores
cresce, os produtos cárneos têm se tornado
mais diversificados, a fim de atender às
preferências do consumidor. Atualmente,
os consumidores “puxam” os produtos da
cadeia de fornecimento com base em suas
necessidades específicas e preferências. Essa
mudança de um modelo “empurrão” para
um modelo “puxão” já é uma tendência,
sobretudo nos países desenvolvidos, e está
moldando a estrutura e a gestão das cadeias
de suprimentos de carne.
No mercado externo, a maior parte da
carne brasileira é vendida pelos traders,
responsáveis pela distribuição, ou pelos
importadores credenciados. A venda direta
aos supermercados, restaurantes ou outros
canais de distribuição também ocorre, mas
em menor grau. Consequentemente, se a
indústria da carne bovina brasileira atende aos
consumidores externos, pode ser classificada
como um modelo no qual os consumidores
ditam as ações que devem ser tomadas pela
cadeia de produção, estabelecendo, assim,
quais tipos de carne bovina desejam e a
qual preço. Por outro lado, à medida que
63
os consumidores domésticos tornam-se mais
exigentes, a indústria da carne bovina tende
a convergir para o modelo adotado para o
mercado externo. Assim, à medida que os
problemas de ordem logística e sanitários
vão sendo resolvidos, a cadeia agroindustrial
da carne bovina brasileira tornar-se-á ainda
mais competitiva.
Diante da demanda externa pela carne
bovina brasileira e do potencial de
crescimento do setor, levando em conta as
vantagens inerentes à pecuária de corte
64
nacional, o setor industrial de carnes investe
visando melhorar o processo produtivo e o
atendimento das exigências ambientais e
sanitárias dos mercados externos.
Entretanto, o setor de abate no Brasil
apresenta uma situação bastante diversificada
em termos de estrutura das indústrias, de
localização geográfica e de nível tecnológico
Desse modo, existe uma dicotomia no setor:
de um lado, indústrias modernas utilizando
tecnologia de ponta; de outro, abatedouros
clandestinos sem fiscalização.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
10
Pesos e rendimentos médios da carcaça
e dos subprodutos de bovinos
Em virtude da eficiência das operações de beneficiamento e devido à redução do preço da
carne em relação ao custo original do boi em pé, os lucros dos frigoríficos passaram a residir
na recuperação e utilização racional dos subprodutos, com uma infinidade de aplicações que
movimentam outras cadeias agroindustriais. Assim, com objetivo ilustrativo, serão apresentados
nas Tabelas 17 e 18 os pesos e rendimentos médios da carcaça e dos subprodutos de bovinos.
Tabela 17
Pesos e rendimentos médios da carcaça e dos subprodutos de bovinos
Fonte: Adaptado de Ledic et al., 2000.
Tabela 18 Pesos e rendimentos médios da carcaça e dos subprodutos de bovinos.
Fonte: Adaptado de Ledic et al., 2000.
Na Tabela 19 são apresentados para efeitos ilustrativos os rendimentos médios das partes da
carcaça e cortes de açougue de bovinos.
65
Tabela 19
Rendimentos médios das partes da carcaça e cortes de açougue.
Fonte: Adaptado de Ledic et al., 2000.
66
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
10.1 Padronização dos cortes da carne bovina
As exigências dos consumidores têm influenciado o desenvolvimento de alguns tipos de cortes
de carne, causando revisões nos conceitos de carcaças, com o objetivo de fornecer uma extensa
seleção de peças para açougue, variando em peso, preço e qualidade.
De acordo com a Portaria nº 5, de 8 de novembro de 1988, do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, os cortes da carne bovina são classificados como:
Carcaça: Entende-se por carcaça o bovino abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido
de cabeça, patas, rabada, glândula mamária (na fêmea), verga, exceto suas raízes, e testículos
(no macho). Após a sua divisão em meias carcaças, retiram-se ainda os rins, gorduras perirrenal
e inguinal, “feridade-sangria”, medula
espinhal, diafragma
e seus pilares.
A cabeça é separada
da carcaça entre o
osso occipital e a
primeira vértebra cervical (atlas). As patas dianteiras são seccionadas à altura da articulação
carpometacarpiana e as traseiras na tarsometatarsiana.
Meia carcaça: Resulta
do corte longitudinal da
carcaça, abrangendo a
sínfise
isquiopubiana,
a coluna vertebral e
externa.
VISTA LATERAL
INTERNA
VISTA DORSAL
VISTA LATERAL
EXTERNA
67
Quartos: Resulta da subdivisão da
meiacarcaça em traseiro e dianteiro,
por separação entre a quinta e a sexta
costelas. A incisão deverá ser feita a
igual distância das referidas costelas,
alcançando as regiões esternal (peito)
e da coluna vertebral, à altura do
quinto espaço intervertebral. O quarto
dianteiro corresponde à porção anterior
(cranial) da meia carcaça e o quarto
traseiro à posterior (caudal).
10.2 Subdivisão da meia carcaça em grandes peças e cortes
I. Quarto dianteiro
Resulta da subdivisão da meia carcaça, após a
retirada do quarto traseiro.
O quarto dianteiro é subdividido em grandes peças,
que são: a paleta e o dianteiro-sem-paleta.
A paleta é subdividida nos cortes: pá e músculo
dianteiro:
Pá: é o corte constituído de massas musculares e
bases ósseas correspondentes obtidas da paleta
por separação do músculo do dianteiro.
A pá pode ser subdividida em outros cortes, que
são: raquete, peixinho e coração da paleta.
Raquete: é o corte constituído de massas musculares
e bases ósseas correspondentes obtidas da paleta
por separação do músculo dianteiro. Pode ainda ser
chamado de marucha (espanhol), paleron (francês)
ou blade clod (inglês).
68
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Peixinho: também conhecido como coió, lagartinho-da-pá,
lombinho e tatuzinho-da-paleta. É o corte constituído da
massa muscular situada na porção anterior da espinha da
escápula (fossa supraespinhosa). Pode ainda ser chamado
de chingolo (espanhol), jumeau (francês) ou chuck tender
(inglês).
Coração da paleta: também conhecido como centro da
paleta, coração da paleta, pá, cruz machado, carne de sete,
posta gorda e posta de paleta. Pode ainda ser chamado de
corazón de paleta (espanhol), boule de macreuse (francês)
ou shoulder clod (inglês).
Músculo do dianteiro: é o corte constituído das massas
musculares que envolvem o rádio e a ulna, compreendido
entre o coração da paleta e o carpo.
O dianteiro sem paleta é dividido em:
Pescoço: é o corte constituído das massas musculares
compreendidas entre o acém e a face anterior do atlas.
Continuação do peito, tem formação muscular semelhante
ao mesmo. Também chamado de cogote (espanhol), collier
(francês) ou neck (inglês).
Acém: também conhecido como agulha, lombo de agulha,
alcatrinha, lombo de acém, lombinho de acém e tirante.
Pode, ainda, ser chamado de aguja (espanhol), basses côtes
(francês) ou chuck (inglês).
Costela do dianteiro: também conhecido como ripa de
costela e assado. É a parte superior da caixa torácica do
bovino, tendo ossos maiores e mais largos, e carne um
pouco mais seca do que a costela ponta de agulha ou
costela minga. Pode ainda ser chamado de asado ou asado
de tira (espanhol), plat-de-côtes (francês) ou short ribs
(inglês).
69
Peito: também conhecido como granito, podendo ainda ser
chamado de pecho (espanhol), poitrine (francês) ou brisket
(inglês).
Cupim: é também chamado de giba ou mamilo.
II. Quarto traseiro
Resulta da subdivisão da meia carcaça, após a retirada do
quarto dianteiro, sendo também conhecido como traseiro
comum.
Traseiro-serrote: é obtido do quarto traseiro após a retirada
da ponta-de-agulha. O traseiro-serrote é subdividido em
grandes peças, tais como: lombo, alcatra e coxão.
Lombo: é a grande peça, constituída das massas musculares
e bases ósseas correspondentes, obtida do traseiro-serrote,
após a retirada da alcatra e do coxão. O lombo é subdividido
nos cortes contrafilé, capa-de-filé e filé mignon.
Contrafilé: também conhecido como lombo, lombo
desossado, filé curto, filé de lombo e filé. É chamado de
contrafilé, pois na carcaça do bovino esse corte situa-se
“contra” o filé mignon, ou seja, estão apenas separados
pelas vértebras lombares. Pode ainda ser chamado de bife
angosto ou bife de chorizo (espanhol), faux-filet (francês)
ou striploin (inglês).
70
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Filé-de-costela: também denominado entrecote e charneira.
Filé-de-lombo: é o corte
constituído das massas
musculares compreendidas entre o filé de costela e a alcatra.
Capa-de-filé: é o corte constituído das massas musculares
sobrepostas ao filé-de-costela.
Filémignon: também conhecido como filé, pode ainda ser
chamado de lomo (espanhol), filet (francês) ou tenderloin
(inglês).
Variantes do lombo/bisteca: este é um corte especial de
lombo, feito através de secções transversais do músculo com
osso sem o filé mignon. É chamado de côte ou côte de boeuf
em francês.
Variantes do lombo/tibone: é um corte especial de lombo,
feito através de secções transversais do músculo com osso.
O tibone tem parte final do contrafilé de um lado do osso e
a parte central do filé mignon do outro. Também conhecido
como T-Bone.
Alcatra: também chamada de alcatra-grossa, coice e alcatre.
Em francês é chamada de rumsteck e em inglês, rump.
71
Coxão: também chamado de coxão completo e toco.
Coxão-mole: também conhecido como chã de dentro, chã,
coxão de dentro, polpa e polpão. Pode ainda ser chamado de
nalga de adentro (espanhol), tranche (francês) ou topside
(inglês).
Coxão-duro: também conhecido como coxão de fora,
chandanca, posta vermelha, perniquim, lagarto plano, lagarto
chato, lagarto vermelho, chã de fora e lagarto atravessado.
Pode ainda ser chamado de cuadrada (espanhol), gîte a la
noix (francês) ou flat (inglês).
Lagarto: também conhecido como lagarto redondo, lagarto
paulista, lagarto branco, posta branca, paulista e tatu.
Pode ainda ser chamado de peceto (espanhol), rond de gîte
(francês) ou eye of round (inglês).
Patinho: também conhecido como bochecha, caturnil,
cabeça de lombo e bola. Pode ainda ser chamado de bola de
lomo (espanhol), rond de tranche ou noix (francês), noce na
Itália, dió na Hungria ou knuckle (inglês).
Músculo-mole: também conhecido como músculo traseiro.
Pode ser chamado de tortuguita (espanhol), mouvant
(francês) ou heel (inglês).
Músculo-duro: também conhecido como músculo de segunda,
músculo da perna e canela. Quando cortado com osso, é
chamado de ossobuco. Pode ainda ser chamado de osobuco
(espanhol), gîte (francês) ou shank (inglês).
72
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Ponta-de-agulha: também conhecida como capa do bife, é a
parte inferior da caixa torácica do bovino, tendo, portanto,
ossos mais finos e bastante cartilagem entremeada com
gordura. Conhecida como tapa de bife (espanhol), flanchet
(francês) ou cuberoll cover (inglês).
Costela-do-traseiro: é o corte constituído das oito últimas
costelas e massas musculares correspondentes anteriores ao
vazio e resultante da divisão da ponta-de-agulha.
Vazio ou aba-de-filé: é o corte constituído das massas
musculares posteriores à costela-do-traseiro e resultante da
divisão da ponta-de-agulha.
Bife-do-vazio: é um corte do vazio, é chamado de bife de
vacio (espanhol), bavette de flanchet (francês) e flank steak
(inglês).
Fralda: é o corte constituído dá massa muscular obtida do
vazio, localizada posteriormente à costela-do-traseiro e na
parte lateral (flanco) da cavidade abdominal.
Diafragma: é também chamada de fraldinha e entranha-fina.
Fonte: http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/servlet/VisualizarAnexo em 02-03-2010.
73
74
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
11
O Programa Brasileiro de Rastreabilidade
Bovina e Bubalina (SISBOV) é um conjunto de
leis e instruções normativas publicadas pelo
governo federal que estabelece normas para
a produção de carne bovina com garantia de
origem e qualidade, de adesão voluntária,
permanecendo a obrigatoriedade de adesão
para as propriedades que comercializam com
mercados que exijam a rastreabilidade.
Em 14/07/2006, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou a
Instrução Normativa n° 17, que regulamenta
o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia
Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV),
ou novo SISBOV. De acordo com as novas
regras, todos os bovinos e bubalinos dos
estabelecimentos rurais aprovados no SISBOV
serão,
obrigatoriamente,
identificados
individualmente e cadastrados na base
Tabela 20
Rastreabilidade
nacional de dados, com o registro de todos
os insumos utilizados na propriedade durante
o processo produtivo.
Em 2009, o Brasil tinha 733 propriedades
habilitadas a produzir gado para atender á
exportação. Destaque para os Estados de
Minas Gerais, com 337 propriedades, Goiás,
com 146, Rio Grande do Sul, com 60, São
Paulo, com 33, Paraná, com 18, Espírito
Santo, com 17 e Mato Grosso do Sul, com
duas propriedades habilitadas. Em 2010, o
Estado do Rio de Janeiro não tem nenhuma
propriedade registrada na Coordenação de
Sistemas de Rastreabilidade – CSR - MAPA.
A Tabela 20 apresenta as tendências mundiais
de identificação e exigência da rastreabilidade
bovina em países importadores e exportadores
de carne bovina.
Comparação das tendências mundiais de identificação e rastreabilidade
bovina.
Fonte: Adaptado ABIEC, 2010.
75
76
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
12
Universo da pesquisa e
técnicas utilizadas
O processo de amostragem foi constituído de fases como mostrado a seguir:
1ª Fase: Os valores absolutos do número de propriedades de gado de corte do Estado do
Rio de Janeiro foram subdivididos e segundo as diferentes regiões administrativas por seus
municípios, considerando três estratos quanto ao número de cabeças de gado de corte: até
250 cabeças; de 251 a 500; acima de 501 cabeças.
Esses valores foram tabulados a fim de estabelecer a amostra para a aplicação dos 200
questionários.
2ª Fase: Tabulação do número de propriedades de gado de corte, considerando as três
estratos para todos os municípios que têm criação de gado de corte.
3ª Fase: Uma segunda tabela foi elaborada a fim de acumular os valores totais de cada
município, formando intervalos.
4ª Fase: O número de amostras para cada intervalo foi determinado com base na tabela de
números aleatórios para 200 formulários em um total de 41.559 propriedades.
5ª Fase: O número de amostra em cada intervalo foi individualmente sorteado entre os
três estratos, os quais foram distribuídos aleatoriamente (sorteio), excluindo-se os estratos
com valor zero.
6º Fase: Foi estabelecido o número de questionários por estrato de criadores a serem
aplicados por município dentro das respectivas regiões administrativas.
7º Fase: A distribuição da amostragem por região foi a seguinte: região Norte Fluminense,
29; Noroeste, 36; Serrana, 22; Baixadas Litorâneas, 34; Médio Paraíba, 28; Centro-Sul
Fluminense, 15; Metropolitana, 30 e Costa Verde, 6 questionários.
77
78
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
13
Diagnóstico da bovinocultura de
corte no Estado do Rio de Janeiro
O Estado do Rio de Janeiro, tem 43.766,6km² , distribuídos por 92 municípios agrupados em oito
regiões, conforme apresentado na Figura 25.
Figura 25
Participação percentual das regiões de governo na área total do estado.
Fonte: Adaptado de Fundação CIDE, 2008.
Seu território é constituído de terras altas (planaltos) e baixas (baixadas) que dispõem de
aproximadamente 2.600.000 hectares utilizados na agropecuária, dos quais um milhão e
seiscentos mil hectares são de pastagens naturais ou cultivadas que são utilizadas por atividade
pecuária, conforme apresentado na Figura 26 a seguir.
79
Figura 26
Percentual da área dos estabelecimentos agropecuários, por utilização
das terras em 2006.
Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - Censo Agropecuário, 2006.
A participação do Estado do Rio de Janeiro no rebanho brasileiro é de cerca de 1% do total,
em torno de 2,1 milhões de cabeças distribuídos por todas as oito regiões administrativas
(IBGE, 2009).
Tabela 21
Distribuição regional do rebanho bovino no Estado do Rio de Janeiro.
Notas:
1 - Os municípios sem informação para pelo menos um efetivo de rebanho não aparecem nas listas.
2 - Efetivos dos rebanhos em 31/12/2009.
Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal, 2009.
80
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Dentre as regiões, a Norte Fluminense é a que apresenta o maior número de bovinos do estado,
com 31,24% do rebanho total, seguido da região Noroeste, com 23,37%, da região do Médio
Paraíba, com 12,60%, região das Baixadas Litorâneas, com 10,90%, região Serrana, com 10,71%,
região Centro - Sul Fluminense, com 6,30%, região Metropolitana, com 3,26% e região da Costa
Verde, com 1,62%.
A Figura 27 apresenta a participação estadual, a participação regional, o número de rebanho e
a distribuição do rebanho nos municípios que compõem a Região Norte do Estado.
Figura 27
Região Norte Fluminense.
Fonte: SEAPPA-RJ - Defesa Sanitária Animal, 2010.
81
A Região Norte Fluminense é a que apresenta o maior rebanho bovino do estado, com 557.281
cabeças de bovinos. O município de Campos dos Goytacazes é o que apresenta o maior rebanho
da região e do estado, com 192 mil cabeças, seguido de Macaé,com 91 mil cabeças. Nesta
região, os demais municípios, com exceção, Carapebus, com rebanho bovino estimado em 22
mil cabeças, apresentam rebanhos com mais de 25 mil cabeças.
A Figura 28 apresenta a participação estadual, a participação regional, o número de rebanho e
a distribuição do rebanho nos municípios que compõem a Região Noroeste do Estado.
Figura 28
Região Noroeste Fluminense.
Fonte: SEAPPA-RJ - Defesa Sanitária Animal, 2010.
82
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A região Noroeste é a que apresenta o segundo maior rebanho de bovinos do estado, com
470.998 cabeças. Nesta região, o município de Itaperuna é o que concentra o maior número de
cabeças de bovinos, com 16,5% do rebanho da região.
A Figura 29 apresenta a participação estadual, a participação regional, o número de rebanho e
a distribuição do rebanho nos municípios que compõem a região do Médio Paraíba.
Figura 29
Região do Médio Paraíba.
Fonte: SEAPPA-RJ - Defesa Sanitária Animal, 2010.
83
Terceiro maior rebanho bovino do estado é a região do Médio Paraíba, com 274.672 bovinos. O
município de Valença tem o maior rebanho da região, com aproximadamente 64 mil cabeças,
representando 23% do rebanho regional. Nesta região, destacam-se, também, os rebanhos dos
municípios de Barra Mansa, Rio Claro, Piraí, Resende e Barra do Piraí.
A Figura 30 apresenta a participação estadual, a participação regional, o número de rebanho e
a distribuição do rebanho nos municípios que compõem a Região das Baixadas Litorâneas.
Figura 30
Região das Baixadas Litorâneas.
Fonte: SEAPPA-RJ - Defesa Sanitária Animal, 2010.
84
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Nesta região, o município de Silva Jardim, com cerca de 52.324 cabeças, Araruama, com
41.738 cabeças, Cachoeira de Macacu, com 30.072, e Casimiro de Abreu, com 27.031 cabeças,
representam a localização de cerca de 60% do rebanho regional.
A Figura 31 apresenta a participação estadual, a participação regional, o número de rebanho e
a distribuição do rebanho nos municípios que compõem a região Serrana.
Figura 31
Região Serrana.
Fonte: SEAPPA-RJ - Defesa Sanitária Animal, 2010.
85
Na região Serrana, os maiores rebanhos se encontram nos municípios de Cantagalo, com 16,27%,
Santa Maria Madalena, 12,35% , e São Sebastião do Alto, com 12,04%.
A Figura 32 apresenta a participação estadual, a participação regional, o número de rebanho e
a distribuição do rebanho nos municípios que compõem a região Centro-Sul.
Figura 32
Região Centro - Sul Fluminense.
Fonte: SEAPPA-RJ - Defesa Sanitária Animal, 2010.
Nesta região, os destaques são para os rebanhos encontrados nos municípios de Vassouras,
Paraíba do Sul e Sapucaia.
86
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A Figura 33 apresenta a participação estadual, participação regional, número de rebanho e
distribuição do rebanho nos municípios que compõe a região Metropolitana.
Figura 33
Região Metropolitana.
Fonte: SEAPPA-RJ - Defesa Sanitária Animal, 2010.
Nesta região, o maior rebanho é encontrado no município de Itaboraí, com aproximadamente
27 mil cabeças.
87
A Figura 34 apresenta a participação estadual, a participação regional, o número de rebanho e
a distribuição do rebanho nos municípios que compõem a região Costa Verde.
Figura 34
Região da Costa Verde.
Fonte: SEAPPA-RJ - Defesa Sanitária Animal, 2010.
Nesta região, no município de Itaguaí são encontrados aproximadamente 46% do rebanho bovino.
88
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
14
Perfil do Produtor
O nível de escolaridade dos produtores das diferentes regiões administrativas é apresentado na
tabela 22.
Tabela 22
Nível de escolaridade dos criadores nas diferentes regiões.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os dados da pesquisa evidenciam que, na média do estado, 33,4% dos criadores têm formação
em nível superior, 27,8% têm o segundo grau completo, 21,5% apresentam o primeiro grau
completo e 9% o primeiro grau incompleto.
A Tabela 23 apresenta a frequência referente à maneira pela qual o produtor iniciou suas
atividades na pecuária de corte.
Tabela 23
Frequência de produtores em relação ao início das atividades como
pecuarista de corte (%).
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
89
Os dados da pesquisa mostram que, nas propriedades com rebanhos acima de 501 cabeças,
os produtores tiveram acesso à sua propriedade de terra através de herança familiar,
correspondendo neste caso a 83,3% dos rebanhos pesquisados. Por outro lado, as aquisições de
propriedades foram maiores onde são encontrados rebanhos menores que 500 cabeças.
A Tabela 24 apresenta a frequência (%) do tempo médio em dias de permanência do pecuarista
na propriedade.
Tabela 24
Tempo de permanência média na fazenda (dias/mês), em percentual.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com a pesquisa, 34,9% dos criadores permanecem nas propriedades de 26 a 30
dias no mês, principalmente em propriedades com rebanhos menores que 250 cabeças, que
representam 45,4% deste segmento.
A Tabela 25 apresenta a frequência em relação à composição da renda dos produtores.
Tabela 25
Composição da renda do produtor.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
90
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Os dados da pesquisa mostram que 78% dos produtores possuem renda externa à fazenda. A
Tabela 26 apresenta a frequência das atividades que compõem as fontes de renda externa dos
produtores.
Tabela 26
Fonte de renda externa dos produtores.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os dados levantados pela pesquisa de campo, 52,4% dos produtores têm como
origem da sua renda externa o desenvolvimento de negócios próprios (comércio, indústrias
etc.).
A Tabela 27 apresenta a frequência das principais opções de investimento dos produtores com
recursos não orçamentários.
Tabela 27
Principais opções de investimento dos produtores com recursos não
orçamentários.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
91
De acordo com a pesquisa, em todos os extratos pesquisados a tendência observada foi a de
que os criadores aplicariam os recursos ‘extraorçamentários’ em melhorias nas propriedades
(62,9%) e como segunda opção a compra de animais (23,2%). Estas observações indicam o
comprometimento dos produtores com a atividade desenvolvida.
A Tabela 28 identifica a responsabilidade pela gestão da propriedade de acordo com os diferentes
níveis de criadores.
Tabela 28
Administração da produção de gado de corte da propriedade.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os dados da pesquisa, 44,8% das propriedades pesquisadas no estado são
administradas pelo proprietário e pelo administrador contratado. Contudo, nas propriedades
com menores rebanhos a tendência observada foi de uma participação maior na gestão da
propriedade apenas do proprietário.
A Figura 35 apresenta a frequência de participação da esposa do proprietário nas atividades de
gestão da fazenda.
92
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Figura 35
Participação das esposas na gestão da propriedade.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os dados, 69,9% das esposas não participam nas atividades de gestão das
fazendas. Esta tendência foi observada nos diferentes extratos pesquisados e nas diferentes
regiões administrativas.
A Figura 36 apresenta a frequência de participação dos criadores em parcerias dentro e fora da
propriedade.
Figura 36
Frequência (%) dos entrevistados que participam de parcerias.
93
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os resultados mostraram que nos diferentes extratos a tendência observada foi pela não
realização de parcerias.
A Tabela 29 apresenta a frequência de propriedades que recolhem Imposto Territorial Rural
(ITR).
Tabela 29
Frequência de propriedades que recolhem Imposto Territorial Rural (ITR).
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os resultados mostraram que a grande maioria das propriedades paga o ITR. Entretanto,
no extrato de criadores de até 250 cabeças foi observado que não há registro de 18,9% das
propriedades na Receita Federal. Estas propriedades estão localizadas nas regiões administrativas
Sul Fluminense, Baixadas Litorâneas e Metropolitana.
A Tabela 30 apresenta a frequência de propriedades nas diferentes regiões administrativas que
dispõem de áreas florestadas para reserva legal.
Tabela 30
Frequência de propriedades com áreas florestadas para reserva legal.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
94
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Os resultados mostraram que 76,4% acreditam possuir áreas florestadas a serem destinadas
para reserva legal. Entretanto, foi observado que 20,5% das propriedades não apresentam
áreas destinadas para reserva legal. Estas propriedades estão localizadas em todas as regiões
administrativas.
95
96
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
15
Administração da empresa rural
A Tabela 31 apresenta a frequência dos principais índices zootécnicos realizados nas propriedades.
Tabela 31
Escrituração zootécnica realizada nos extratos de produção pesquisados.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os resultados da pesquisa, menos de 30% dos criadores das diferentes regiões e
nos diferentes extratos realizam escrituração zootécnica. Esta falta de hábito do produtor em
gerar relatórios que comprovam o desempenho dos animais, auxiliando, portanto, na escolha
dos melhores animais do rebanho, pode comprometer a eficiência produtiva e reprodutiva das
propriedades.
A Tabela 32 apresenta a frequência do tipo de mão de obra utilizada em propriedades das
diferentes regiões administrativas do estado.
97
Tabela 32
Frequência do tipo de mão de obra utilizada em propriedades das
diferentes regiões administrativas do estado.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os resultados mostraram que nas propriedades há o predomínio de mão de obra terceirizada
em relação à mão de obra familiar. Em todas as regiões, foi identificado que a mão de obra
contratada permanente é com registro em carteira profissional.
A Tabela 33 indica o resultado da avaliação da qualidade da mão de obra contratada nas
propriedades.
Tabela 33
Avaliação da mão de obra contratada nas propriedades.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De maneira geral, os resultados indicam que a mão de obra contratada foi considerada boa
em todas as regiões. Entretanto, nas propriedades com até 250 cabeças a pesquisa indicou a
predominância de avaliação regular. Embora a pesquisa não tenha identificado as razões, é
possível que este resultado seja consequência dos níveis educacional e salarial dos contratados
deste extrato de rebanho.
98
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A Tabela 34 apresenta a frequência de participação familiar em programas de capacitação.
Tabela 34
Participação familiar em programas de capacitação, em percentual.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os resultados mostraram que 12,8% dos produtores participaram de programas de capacitação.
Esta baixa frequência foi uniforme nos extratos pesquisados.
A Tabela 35 apresenta a frequência de participação da mão de obra contratada em programas
de capacitação.
Tabela 35
Participação da mão de obra contratada em programas de capacitação.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os resultados mostraram uma frequência média de 20,9% na participação em programas
de qualificação por parte dos colaboradores. Nas propriedades com rebanhos acima de 500
cabeças, a frequência observada foi de 37,4%, evidenciando uma possível preocupação dos
grandes proprietários na qualificação da mão de obra contratada.
99
A Tabela 36 apresenta a frequência de participação das entidades que promovem mais
frequentemente programas de capacitação, segundo estratos de produção.
Tabela 36
Instituições que promoveram programas de capacitação.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
A pesquisa mostrou que, dentre as opções, o SENAR foi à entidade que mais promoveu programas
de capacitação para 46,4% dos entrevistados. Contudo, na análise individual por região
administrativa, foi observado que nas regiões Metropolitana e Costa Verde há necessidade de
uma maior ação das entidades na realização de programas de capacitação para os produtores
e colaboradores.
A Tabela 37 apresenta a frequência das avaliações das entidades que promoveram mais
frequentemente programas de capacitação, segundo estratos de produção.
100
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tabela 37
Avaliação das entidades que promovem programa de capacitação de
acordo com o estrato de produção.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Na avaliação dos produtores, o SENAR, dentre as entidades, foi a mais bem avaliada pelos
produtores consultados, tendo obtido na avaliação muito boa e boa 61,6% de média nos
diferentes estratos conforme dados da Tabela 37.
101
102
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
16
Assistência Técnica e Capacitação
Tecnológica
A Figura 37 apresenta a frequência da origem de recebimento de assistência técnica de acordo
com os estratos estudados.
Figura 37
Frequência da origem de recebimento de assistência técnica de acordo
com os estratos estudados.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os dados, 68,6% das propriedades pesquisadas recebem assistência técnica,
sendo 31,4% particular, 28,9% pública e 14,1% de outras entidades.
A Tabela 40 apresenta a frequência de recebimento de assistência técnica de acordo com os
estratos estudados.
103
Tabela 38
Frequência no recebimento de assistência técnica durante o ano (dias).
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com o resultado da pesquisa, em todos os estratos estudados, 44,6% das propriedades
receberam visita técnica mais de cinco vezes durante o ano.
A Figura 34 apresenta a frequência de recebimento de informação acerca de assuntos ligados à
pecuária de corte pelo produtor das diferentes regiões administrativas.
Figura 34
104
Fontes de informações em assuntos ligados à pecuária de corte.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Os programas de rádio e televisão com 30,8% e jornais e revistas com 31,4% foram os meios de comunicação
que mais se destacaram no fornecimento de informações acerca de assuntos ligados à pecuária de corte
aos produtores dos diferentes estratos pesquisados. Os dados também evidenciaram que os produtores,
independentemente dos estratos, já utilizam a internet como meio de comunicação.
A avaliação realizada pelos produtores em relação à qualidade das informações recebidas é
apresentada na Tabela 39.
Tabela 39
Avaliação da
produtores.
qualidade
das
informações
técnicas recebidas pelos
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
As informações técnicas recebidas dos diferentes meios de comunicação foram consideradas
muito boas por 64,2% dos produtores pesquisados e regulares por 27,1%.
As frequências observadas nos diferentes estratos pesquisados quanto ao grau de necessidade
de informações técnicas são apresentadas na Tabela 40.
Tabela 40
Frequência das necessidades acerca de informações identificadas pelos
produtores.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
105
Dentre as opções oferecidas aos produtores, informações relacionadas às áreas de manejo
nutricional e manejo reprodutivo foram identificadas por 30,8% e 21,1%, respectivamente,
como sendo as áreas do conhecimento que os produtores mais necessitam de informações.
Contudo, a pesquisa revelou, também, que no estrato acima de 501 cabeças foi identificada
por 20,5% dos produtores entrevistados a necessidade de informações na área de planejamento
da propriedade agropecuária.
106
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
17
Participação em instituições
representativas dos produtores
A Tabela 41 apresenta a frequência de participação dos produtores em instituições representativas
dos produtores.
Tabela 41
Participação dos produtores em instituições representativas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os dados da pesquisa identificaram que 65,6% dos produtores participam das instituições
representativas. As frequências referentes à identificação das instituições às quais os produtores
são vinculados e o grau de envolvimento são apresentados nas Tabelas 42 e 43.
Tabela 42
Participação dos produtores em instituições representativas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
107
Tabela 43
Participação dos produtores em instituições representativas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os dados da pesquisa evidenciaram que a maioria dos produtores (64,6%) está vinculada aos
sindicatos rurais (FAERJ). No entanto, a pesquisa revela, também, que 64,7%, dos produtores
pesquisados nos diferentes estratos afirmaram que são pouco participativos nas atividades
desenvolvidas pelas instituições representativas.
A Tabela 44 apresenta a frequência da opinião dos produtores entrevistados em relação à
qualidade dos serviços prestados pelas instituições que os representam.
Tabela 44
Frequência da opinião dos produtores em relação aos serviços prestados
pelas instituições representativas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
108
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A pesquisa de campo mostrou que, no estrato
de criadores com até 250 cabeças, 25,5% dos
produtores classificam os serviços prestados
pela FAERJ como muito bons, como bons os
valores observados foram de 37,4%, e para
13,5% dos produtores os serviços foram
considerados como regulares.
37,5%, bons para 31,2% e regulares para 26%
dos produtores entrevistados. Os serviços
prestados pelas associações de criadores
foram avaliados com muito bons por 10,5%,
e bons por 24,1% e regulares para 26,0% dos
criadores.
Para as associações de produtores, os serviços
são classificados como bons para 27,4% dos
produtores e como regulares para 25,9%.
Para as associações de criadores, os valores
observados foram de 19,9% como bons e
39,0% como regulares.
Os serviços prestados pelas cooperativas
foram avaliados como muito bons por 4,1% dos
entrevistados, bons para 34,8% dos criadores
e regulares para 29,9% dos produtores.
Para os produtores classificados no estrato
acima de 501 cabeças, a avaliação dos
serviços prestados pela FAERJ foi considerada
como muito boa por 50,6% e boa por 21,2%
dos produtores entrevistados.
Os serviços prestados pelas cooperativas
foram considerados por 15,2% dos criadores
como bons e para 24,9% dos produtores como
regulares. Um fato que chama a atenção na
análise das respostas é o número elevado
de produtores que não sabiam ou não se
propuseram a emitir sua opinião a respeito
do assunto.
Para os produtores do estrato de 251 a
500 cabeças, 43,8%, 23,8% e 6,9% dos
entrevistados consideraram os serviços
prestados pela FAERJ como muito bons, bons
e regulares, respectivamente.
As associações de produtores tiveram seus
serviços avaliados como muito bons por
Nas associações de produtores os serviços
foram avaliados como muito bons por 4,1%,
bons por 29,1% e regulares por 14,6% dos
produtores entrevistados.
As associações de criadores tiveram seus
serviços avaliados com muito bons por 6,0%,
bons para 34,8% e regulares por 16,1% dos
produtores.
Os serviços prestados pelas cooperativas
foram considerados como muito bons por
4,1% dos produtores, bons por 11,6% e como
regulares por 30,5% dos entrevistados.
109
110
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
18
Índice de manejo e tecnológico
A Tabela 45 mostra as principais atividades desenvolvidas nas propriedades pesquisadas.
Tabela 45
Principais atividades desenvolvidas nas propriedades.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Em 75% das propriedades avaliadas a principal atividade desenvolvida é a criação de gado
de corte. Nos diferentes segmentos, 19,6% exploram a produção de leite, 2,7% as atividades
agrícolas e 2,8% outras atividades.
A Tabela 46 apresenta as principais fases da criação desenvolvidas nas propriedades pesquisadas.
Tabela 46
Principais fases da criação desenvolvidas nas propriedades.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
111
Os dados da pesquisa evidenciaram que 28,6%, dos produtores desenvolvem as três fases de
criação. As fases de recria e engorda são desenvolvidas por 17,7% das propriedades. As fases
de cria e recria são realizadas por 17,3% dos entrevistados. A fase de cria é desenvolvida por
16,5% dos produtores. A fase de engorda, por 16,2%, e somente 3,6% dos produtores realizam
a fase de recria.
A Tabela 47 apresenta o local de aquisição de animais pelos produtores que realizam em suas
propriedades as fases de recria e engorda.
Tabela 47
Local de aquisição de animais pelos produtores que realizam as fases de
recria e engorda.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os resultados, 80,8% dos animais são adquiridos de produtores da própria região
onde estão localizadas as propriedades e 16,1% nas diferentes regiões do estado.
A Tabela 48 apresenta o sistema de criação adotado pelas diferentes propriedades nos diferentes
estratos de criação.
Tabela 48
Sistema de criação nos diferentes estratos de produção.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
112
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Em todos os estratos pesquisados os resultados mostraram que, em 70,6% das propriedades, os
animais são criados a pasto e suplementados apenas com sal mineral. Em 15,7% das criações,
além do sal mineral, os produtores fornecem aos animais outros suplementos, e em 13,1% das
propriedades os animais são criados apenas a pasto.
Os resultados permitem inferir que o sistema de criação predominante é o extensivo a base de
pasto e que um número expressivo de produtores, 39,4%, não mineralizam seus animais, o que
pode comprometer os desempenhos produtivos e reprodutivos dos animais.
As Tabelas 49 e 50 e 51 apresentam as frequências em relação à procedência dos animais nos
estratos pesquisados.
Tabela 49
Procedência dos animais para criadores com até 250 cabeças.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com o resultado da pesquisa de campo, para este estrato de produção os animais
para reposição e terminação são adquiridos de pequenos produtores. Os touros para reprodução
têm sua aquisição realizada preferencialmente nos médios produtores.
113
Tabela 50
Procedência dos animais para criadores com até 500 cabeças.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Para criadores com até 500 cabeças, a aquisição de animais de reposição são adquiridos de
pequenos e médios produtores. As matrizes e touros são comprados de grandes produtores.
Tabela 51
Procedência dos animais para criadores acima de 501 cabeças.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Neste estrato os produtores adquirem os animais para reposição em maior percentual dos
pequenos e médios criadores. Os produtores que realizam a fase de engorda adquirem os bois
de grandes produtores.
114
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A Tabela 52 apresenta a frequência de fornecimento de suplementação de acordo com os
estratos de criadores pesquisados.
Tabela 52
Fornecimento de suplementação alimentar de acordo com estrato
pesquisado.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
A prática do fornecimento de sal proteinado é adotada por 40,1% dos criadores pesquisados nos
diferentes estratos. O fornecimento de ureia, concentrado, sal proteinado e ureia é realizado
por menos de 7% dos produtores. A pesquisa mostra, também, que 43,1% dos produtores não
fornecem nenhuma suplementação adicional ao rebanho.
A Tabela 53 apresenta as frequências das razões apresentadas pelos produtores para o
fornecimento de suplementação alimentar.
Tabela 53
Razões apresentadas pelos produtores para o fornecimento de
suplementação alimentar.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
115
Os dados da pesquisa de campo revelam que 39,7% dos entrevistados fornecem suplementação
alimentar aos animais com o objetivo de evitar perda de peso. Para 35,4% dos produtores, a
razão para fornecimento do suplemento é a melhora do desempenho reprodutivo, e 24,9% dos
entrevistados apontam que o fornecimento da suplementação tem como objetivo aumentar o
ganho de peso.
A Tabela 54 apresenta a frequência do tipo de pastagem predominante nas propriedades.
Tabela 54
Tipos de pastagens predominantes nos diferentes estratos pesquisados.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os resultados, 82,8% das pastagens são formadas e 17,2% das áreas de pastos são
constituídas de pastagens naturais.
As forrageiras predominantes nas propriedades pesquisadas são apresentadas na Tabela 55.
Tabela 55
Forrageiras predominantes nas pastagens de acordo com o estrato de
produção.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
116
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Segundo dados da Tabela 56, as forrageiras do gênero Brachiaria são as que predominam nos
diferentes estratos. Neste estudo, foi constatada em várias propriedades, além dos citados
anteriormente, a presença dos capins colonião (Panicum máximum), pangola (Digitária
decumbens) e jaraguá (Hiparrhenia rufa).
O sistema de pastejo adotado pelas diferentes propriedades nos estratos selecionados são
apresentados na Tabela 56.
Tabela 56
Sistema de pastejo adotado
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os resultados, 59,5% das propriedades estudadas adotam o sistema rotacionado
de pastejo, evidenciando a preocupação do produtor em melhorar a eficiência de pastejo em
suas áreas. Contudo, um número significativo de produtores, 40,5% dos entrevistados, adota
como sistema o pastejo contínuo.
A Tabela 57 apresenta a frequência da utilização de forrageiras de corte pelas propriedades nos
estratos estudados.
Tabela 57
Utilização de forrageiras de corte.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
117
Os dados da pesquisa evidenciam que a baixa intensidade de uso de forrageiras para corte (79,9%
das observações) ocorre como consequência do sistema extensivo de criação adotada pelos
criadores de bovinos para corte. O uso de forrageiras para corte é adotado nas propriedades
que, além da produção de bovinos e corte exploram, também, a produção de leite.
A Tabela 58 apresenta a frequência em relação à presença de pragas nas pastagens.
Tabela 58
Presença de pragas nas pastagens.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os resultados, 63,7% dos produtores pesquisados informaram que na sua
propriedade há infestação de pragas nas pastagens. A principal praga das pastagens identificada
pela pesquisa foi a de cigarrinhas, que são insetos que infestam as pastagens comprometendo
sua produção e qualidade. Contudo, foi também citada pelos produtores a infestação das
pastagens por lagartas, que é considerada uma praga ocasional.
A Tabela 59 apresenta a frequência das respostas dos produtores quando questionados a respeito
da(s) ação(ões) que são realizadas na propriedade em relação ao excesso de forragem durante
a estação chuvosa.
Tabela 59
Estratégias adotadas pelos produtores durante a estação das águas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
118
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Os resultados obtidos mostram que 65,4% dos produtores pesquisados não adotam nenhuma
ação especifica durante o período de excesso de produção de forragens. Para 17,4% a adoção da
prática de diferimento de pastagens ou vedação das pastagens tem sido uma alternativa para
a oferta de forragem durante o período da seca e 13,5% adotam a prática de comprar gado ou
alugar o pasto excedente.
As Tabelas 60 e 61 apresentam os valores médios das frequências de respostas dos produtores
a respeito do conhecimento da capacidade de suporte das pastagens de sua propriedade, as
estratégias adotadas na taxa de lotação das pastagens e fatores considerados por ocasião da
tomada de decisão sobre a taxa de lotação a ser adotada na propriedade.
Tabela 60
Conhecimento da capacidade de suporte e estratégias de lotação das
pastagens.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Tabela 61
Fatores considerados na tomada decisão sobre a taxa de lotação das
pastagens.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
119
De acordo com os resultados, 74,2% dos produtores afirmam conhecer a taxa de suporte das
pastagens de sua propriedade e 56,6% usam com estratégia de lotação a colocação de animais na
capacidade de suporte estabelecida para as pastagens. Para 81,5% dos produtores, o principal
fator a ser levado em consideração no estabelecimento da taxa de lotação das pastagens é o
estado das pastagens por ocasião da tomada de decisão.
A Tabela 62 apresenta as atividades realizadas pelos produtores na recuperação das áreas de
pastagens das propriedades nos diferentes estratos.
Tabela 62
Operações utilizadas em processo de recuperação das pastagens.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Nos diferentes estratos estudados, os produtores têm como prática a aplicação de calcário e
semeadura após a aplicação de fertilizantes. No entanto, 50,1% dos produtores com até 250
cabeças utilizam como prática somente o preparo do solo; a mesma estratégia é utilizada por
39,2% dos criadores com até 500 cabeças e por 35,8% dos produtores acima de 501 cabeças.
A Tabela 63 apresenta a frequência de máquinas e equipamentos disponível nas propriedades
pesquisadas.
Tabela 63
Frequência de máquinas e equipamentos nas propriedades.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
120
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Nas propriedades pesquisadas 70,7% têm tratores, 45% dispõem de roçadeiras, 50,9% possuem
grade e 58,5%, arado.
A Tabela 64 apresenta a composição racial dos rebanhos das propriedades pesquisadas nos
diferentes estratos.
Tabela 64
Composição racial dos rebanhos nos diferentes estratos.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os resultados, nos diferentes
estratos pesquisados a maior frequência
tanto para animais machos como fêmeas são
de mestiços azebuados com predominância
de sangue nelore, denominados anelorados.
O segundo grupamento racial predominante
nas propriedades é de animais da raça
Nelore com 29,5% e 31% para machos e
fêmeas. Os mestiços leiteiros se destacam
como terceiro grupamento, com cerca de
20% e 13,5%; esta observação se deve ao
fato de algumas propriedades pesquisadas
desenvolverem a exploração de leite em
conjunto com a produção de animais para
corte com aproveitamento dos descartes
da exploração leiteira. Nesta pesquisa,
destacamos o crescimento de propriedades,
nos três estratos pesquisados, que têm como
principal grupamento racial a raça Brahman.
A Tabela 65 apresenta a frequência da opinião
dos produtores em relação à evolução do
rebanho nos diferentes estratos estudados.
121
Tabela 65
Evolução do rebanho.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os dados levantados na pesquisa mostram que em 44,7% das propriedades avaliadas os rebanhos
foram considerados estabilizados. No entanto, a pesquisa mostrou que em 42% das propriedades
o rebanho tem aumentado. Esse aumento no rebanho pode ser creditado a melhorias no manejo
adotado, o que tem proporcionado aos produtores a aquisição de animais.
A Tabela 66 mostra a frequência das respostas dos produtores dos estratos selecionados sobre
se estariam dispostos a aumentar o rebanho no caso de aumento das vendas ou do preço dos
animais e como este aumento poderia ser feito.
Tabela 66
Frequência das respostas em relação ao aumento do rebanho.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os resultados, 76,4% afirmam que estariam dispostos a aumentar o rebanho,
como consequência do aumento nas vendas. Para implementar o aumento do rebanho, de acordo
com 44,5% dos entrevistados, há necessidade de aquisição de novas áreas, principalmente nas
propriedades com rebanhos acima de 501 cabeças, em que 72,8% dos produtores entrevistados
manifestaram esta opção.
122
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Esta tendência mostra que as propriedades com maiores rebanhos evidenciam que o produtor
deste estrato pesquisado opta pela compra de terra ao invés de melhorar os índices de sua
propriedade. Nos demais estratos pesquisados, a tendência observada foi de que o aumento do
rebanho pode ser feito dentro da própria propriedade, contudo com recuperação das pastagens
degradadas.
A Tabela 67 apresenta os valores em percentuais correspondentes às respostas dos produtores
acerca do conhecimento e aplicação da prática de cruzamento industrial.
Tabela 67
Conhecimento e aplicação do cruzamento industrial.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
O método do cruzamento industrial é conhecido por 73,5% dos produtores entrevistados; 28,1%
afirmam que realizam esta técnica em suas propriedades, com maior frequência nos produtores
com rebanhos com mais de 501 cabeças. Para 78,2% dos produtores entrevistados a aplicação
desta técnica agrega maior valor à produção de bovinos de corte.
A Tabela 68 apresenta os valores em percentuais correspondentes às frequências de respostas
dos produtores acerca do conhecimento da existência de confinamento em sua região e à
frequência de respostas positivas em relação à concordância em participar de parcerias com
frigoríficos.
Tabela 68
Frequências das respostas dos produtores acerca da existência de
confinamento e possibilidade de parcerias com frigoríficos.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
123
Cerca de 25% dos pecuaristas entrevistados conhecem a existência de propriedades, em suas
regiões, que praticam a técnica de confinamento de bovinos; 63,9% afirmam que aceitam
participar de parcerias com frigoríficos no estabelecimento de confinamentos.
A Tabela 69 apresenta a frequência de respostas dos produtores em relação à prática de
castração nas propriedades.
Tabela 69
Produtores que realizam a prática da castração e idade média de
realização.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Em 77,7% das propriedades é realizada a prática da castração dos machos criados para a
produção de carne. A média da idade em que são realizadas as castrações variou de 2 anos,
com 50,5% das frequências, e 1,5 ano com 46,5% das propriedades avaliadas.
A Tabela 70 apresenta a frequência de resposta dos produtores em relação à aplicação de
deságio no valor da arroba do boi não castrado, bem como os valores médios do percentual
aplicado de deságio.
Tabela 70
Deságio no valor do boi não castrado.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
124
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Para 99,4% dos produtores entrevistados é cobrado deságio no preço da arroba de bovinos
não castrados. Os valores médios de deságio nas diferentes regiões estudadas variaram de 5%
para 65,9% dos entrevistados, 8% para 4,2% dos criadores e 10% de desconto para 26,4% dos
produtores.
A Tabela 71 apresenta os valores em percentuais correspondentes às frequências de respostas
dos produtores acerca do conhecimento do sistema de controle individual de animais,
(rastreabilidade) e sua opinião em relação às dificuldades de aplicação da técnica em sua
região.
Tabela 71
Rastreabilidade, conhecimento e dificuldades na aplicação.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
A rastreabilidade como ferramenta de controle individual dos animais é de conhecimento
de 67,5% dos produtores entrevistados. Para o segmento com produtores com mais de 501
cabeças a técnica é conhecida por 89,2% dos entrevistados. A pesquisa evidenciou que 92,9%
dos proprietários têm dificuldades para a implantação desta técnica.
A Tabela 72 identifica a opinião dos produtores, de acordo com os diferentes estratos pesquisados
em relação aos motivos que dificultam a implantação da rastreabilidade no rebanho.
Tabela 72
Opinião dos produtores em relação aos motivos que dificultam a
implantação da rastreabilidade.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
125
Dentre as razões apresentadas aos produtores, 78,7% atribuíram ao custo da implantação uma
das razões para a não implantação. A falta de técnicos no assunto na região foi apontada por
93,4% dos produtores. Para 95,4% dos entrevistados, a falta de informação sobre o assunto
também contribui para a não implantação da rastreabilidade e a falta de diferencial no preço
do bovino rastreado no Estado do Rio de Janeiro é indicada por 95,4% como a razão para a não
aplicação desta técnica nos rebanhos.
A Tabela 73 apresenta os valores médios das frequências de respostas dos produtores acerca da
variação para menos no preço do boi em relação a outras regiões do país e no estado.
Tabela 73
Variação do preço do boi em diferentes regiões do país e do estado.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Para 92,4% dos produtores entrevistados, os preços da arroba do boi praticados no Rio de
Janeiro são inferiores aos praticados em outras regiões do País. Por outro lado, somente 16,4%
apontaram diferenças regionais nos preços praticados no Estado do Rio de Janeiro.
A Tabela 74 apresenta os resultados obtidos referentes aos sistemas de acasalamento adotados
nas propriedades pesquisadas.
Tabela 74
Sistemas de acasalamento adotados nas propriedades.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
126
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Nos estratos pesquisados o sistema de acasalamento predominante é o de monta natural não
controlada, observada em 49,2% das propriedades. A adoção da monta natural controlada foi
observada em 38,6% das criações; quanto aos demais sistemas, a frequência é abaixo de 10%.
A Tabela 75 expressa a preferência do produtor para a aquisição de insumos para sua propriedade.
Tabela 75
Aquisição dos insumos.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
As casas de produtos agropecuários foram o local onde 30,8% dos produtores adquiriram seus
insumos. Entretanto, as compras de insumos nas cooperativas foram realizadas por 28% dos
produtores, já a aquisição diretamente dos representantes atendeu a 8,9% criadores.
As Tabelas 76 e 77 apresentam a frequência de respostas da relação entre pecuaristas e
fornecedores e os principais fatores que limitaram a aquisição de insumos.
Tabela 76
Relação entre pecuaristas e fornecedores.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
127
Tabela 77
Fatores que limitaram a aquisição de insumos.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
As relações entre pecuaristas e fornecedores foram consideradas muito boas por 47% dos
criadores nas diferentes regiões pesquisadas. Para 44,1%, são consideradas como regulares e
excelentes para 8,8% dos entrevistados.
Os principais fatores apontados que limitaram a aquisição de insumos foram os preços dos
produtos, para 46,6% dos produtores, as condições de pagamento com 39,6% das respostas,
11,8% e 2,1% para prazo de entrega e estocagem, respectivamente.
As Tabelas 78, 79 e 80 apresentam os resultados referentes aos agentes mais importantes
na comercialização da produção apontados pelos proprietários dos estratos de produção
selecionados.
Tabela 78
Principais agentes que atuaram na comercialização da produção no
estrato com até 250 cabeças.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
128
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Neste segmento de produtores o agente que se destacou na aquisição da produção foram
os açougues, com 39,1%. Foi identificado pela pesquisa que este agente predominou na
comercialização de vacas e novilhas nas regiões Serrana, Baixadas Litorâneas, Norte e Noroeste
Fluminense. Os marchantes ou atravessadores representaram 32,2% da comercialização de
produtos; este agente foi identificado como o principal comprador de bois e o segundo na
aquisição de novilhas. Os frigoríficos foram os responsáveis pela comercialização de 28,8% da
produção, ocupando a segunda colocação na aquisição de bovinos.
Tabela 79
Agentes que atuaram na comercialização da produção no estrato com até
500 cabeças.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Neste estrato de produtor, o principal agente de comercialização dos produtos foram os
frigoríficos, com valores médios de 47,5%, sendo o principal comprador de vacas com 47,9%,
novilhas com 50,3% do volume comercializado e bois com 44,2% do total. Neste segmento
as comercializações realizadas pelos açougues representaram um volume de 35,9%, e pelos
marchantes o volume observado foi de 16,5%.
Tabela 80
Principais agentes que atuaram na comercialização da produção no
estrato acima de 501 cabeças.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
129
Neste segmento os frigoríficos foram os responsáveis pela aquisição de praticamente a metade
do volume comercializado pelos produtores, com valores correspondentes a 49,4%, seguido
dos marchantes, com 25,7%. O açougue, neste segmento de produtor, teve sua atuação mais
destacada na aquisição de vacas e novilhas.
Para os três segmentos a forma de pagamento predominante foi a prazo. Foram apontados,
também, pelos produtores como os três principais fatores que mais influenciaram a venda dos
animais: o preço do boi gordo, a relação de troca ou reposição (boi vendido versus bezerro
adquirido) e a necessidade de fluxo de caixa.
As Tabelas 81 e 82 apresentam as frequências das avaliações realizadas pelos produtores
referentes às relações com os agentes compradores de seus produtos e o percentual de
inadimplência dos agentes.
Tabela 81
Avaliação dos agentes compradores pelos produtores.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Tabela 82
Percentual de inadimplência dos agentes compradores.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
130
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
As relações entre pecuarista e compradores dos animais foram consideradas como excelentes
por 10,7% dos produtores, muito boas por 58,4% e regulares para 29,2% dos entrevistados.
Quanto aos níveis de inadimplência, os açougueiros, com 55%, são os agentes que mais
foram citados pelos produtores, seguidos dos atravessadores ou marchantes com 27,3% e os
frigoríficos com 17,7%. No entanto, estes dois agentes de comercialização atuaram fortemente
na comercialização da produção.
A Tabela 83 apresenta os valores percentuais das respostas negativas dos produtores em relação
à disponibilidade de crédito.
Tabela 83
Frequência de respostas negativas em relação à disponibilidade de
crédito.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os resultados, 85,8% dos produtores declararam que não há disponibilidade de
créditos para a atividade de pecuária de corte. Dentre os principais problemas relacionados
ao crédito rural para a bovinocultura de corte foram citados: a burocracia enfrentada pelos
pecuaristas na obtenção dos recursos, dificuldades na prorrogação das dívidas quando o setor
passa por dificuldade de liquidez e recursos disponibilizados não suficientes.
131
132
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
19
Avaliação do pesquisador
Nesta seção, o pesquisador de campo assinalou na planilha o grau de confiança das respostas
que obteve junto ao pesquisado. Considerou aspectos como a empatia que foi estabelecida
com o respondente, contradições identificadas ao longo da entrevista, tempo e atenção que o
mesmo disponibilizou, entre outros.
Tabela 84
Avaliação dos entrevistados.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com os relatórios apresentados pelos pesquisadores de campo, 47,2% dos entrevistados
foram avaliados como muito bons, 39,8% como bons e 12,9% como regulares.
133
134
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
20
Abate e processamento
De acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Agricultura no Rio de Janeiro, são
cadastrados no Serviço de Inspeção Estadual os seguintes frigoríficos (Tabela 85):
Tabela 85
Relação e localização dos frigoríficos com registro no serviço de inspeção
estadual.
Fonte: Secretaria de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, 2010.
De acordo com a Tabela 85, as regiões do Médio Paraíba e Norte Fluminense, com quatro
frigoríficos cada, são as que concentram mais da metade dos estabelecimentos, seguidos da
região Centro-Sul com dois estabelecimentos e Noroeste e Serrana com um frigorífico cada.
135
Esta concentração de estabelecimentos de abate de bovinos em algumas regiões foi motivo de
críticas dos produtores das regiões Metropolitana, Baixadas Litorâneas e Costa Verde, que têm
dificuldades para negociar seus animais diretamente com os frigoríficos em razão das distâncias.
Para apresentação do diagnóstico do setor de abate e processamento, foi realizada uma pesquisa
consultiva a todos os estabelecimentos, cujos resultados serão apresentados a seguir.
De acordo com as informações coletadas nas entrevistas, todos os frigoríficos do estado têm na
sua constituição 100% de capital social nacional.
A Tabela 86 apresenta as atividades das empresas em relação a espécies abatidas nas regiões
administrativas do Estado do Rio de Janeiro.
Tabela 86 Atividades dos frigoríficos em relação a espécies abatidas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo com o levantamento de campo, 10 estabelecimentos abatem somente bovídeos, o
que representa 77% dos estabelecimentos do estado; dois abatem bovinos e suínos e um abate
bovinos e avestruzes.
A Tabela 87 apresenta a distribuição dos estabelecimentos quanto à planta da empresa.
Tabela 87
Distribuição dos estabelecimentos quanto à planta da empresa.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
136
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Dos estabelecimentos que apenas abatem e resfriam, três deles têm suas operações 100%
voltadas para atendimento a terceiros; os demais têm suas atividades direcionadas para abate
de animais próprios e de terceiros.
Daqueles estabelecimentos que abatem, resfriam e desossam, um tem suas atividades totalmente
voltadas para atendimento próprio; os demais, além de atendimento a sua demanda, atendem
a terceiros. Nos estabelecimentos com o setor de graxaria, os principais subprodutos são sebo
e farinha de carne e ossos. O sebo é o subproduto mais importante para dois estabelecimentos,
enquanto a farinha de carne e ossos é o principal subproduto para um deles.
Três graxarias autônomas inspecionadas pelo SIF, uma na Baixada Fluminense, outra na região
Serrana e uma terceira na região Norte Fluminense, realizam o processamento de resíduos
oriundos dos abatedouros que não possuem graxaria ativada e os ossos e sebos recolhidos de
açougues e supermercados.
A Tabela 88 apresenta a capacidade instalada para atendimento à produção dos estabelecimentos
pesquisados.
Tabela 88
Distribuição da capacidade instalada das empresas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os dados revelam que aproximadamente 47% dos frigoríficos apresentam a capacidade instalada
para abate de pouco mais de 100 animais por dia, aproximadamente 13% dos estabelecimentos
apresentam capacidade de abate para até 5.000 cabeças/mês e 40% capacidade de abate acima
de 5.000 cabeças/mês. As três plantas com capacidade acima de 10.000 cabeças/mês foram
construídas na década de 70 durante a campanha de federalização, que pretendia que todo
produto de origem animal processado no Brasil ocorresse em plantas com Serviço de Inspeção
Federal (SIF).
A Tabela 89 apresenta o quadro de colaboradores das empresas pesquisadas.
137
Tabela 89
Número de colaboradores das empresas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Em 10 empresas, o número de colaboradores é superior a 40 e em quatro empresas o número
de funcionários variou de 11 a 40 funcionários. Em todos os estabelecimentos, 100% dos
funcionários têm carteira assinada.
Na avaliação de desempenho da mão de obra contratada, 46,2% consideraram como boa, 38,5%
como regular e 7,7% como excelente e o mesmo percentual considerou a mão de obra ruim.
Apenas três frigoríficos proporcionaram aos colaboradores algum programa de capacitação, e
em dois este treinamento contribui para melhorar a qualidade da mão de obra.
A Tabela 90 apresenta a frequência da forma de aquisição pelos frigoríficos.
Tabela 90
Forma de aquisição dos animais vivos.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os resultados confirmam que no mercado de boi a prevalência é pela aquisição a prazo. Contudo,
nas transações realizadas à vista é realizado um desconto entre 2 a 3%. O sexo, a raça do animal
e a idade, por ordem de influência, foram os fatores apontados como sendo os que mais afetam
a composição do preço final do animal. De acordo com a oferta, tanto machos como fêmeas são
adquiridos na balança e no gancho.
138
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A Tabela 91 apresenta o valor percentual da procedência dos animais (machos e fêmeas)
adquiridos pelos frigoríficos para abate e processamento.
Tabela 91
Frequência dos locais de procedência dos animais adquiridos para abate
e processamento.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Os resultados da pesquisa demonstraram que as aquisições dos animais para abate são feitas
com maior frequência nos produtores localizados na região onde estão situadas as empresas e
são realizadas por compradores dos próprios frigoríficos em maior escala e por terceiros.
Aproximadamente 70% dos frigoríficos pesquisados não adotam programas que tenham como
objetivo a melhoria da qualidade do animal abatido, bem como programas para melhoria da
carne que sai da linha de produção.
De acordo com as informações fornecidas pelas empresas, 77% dos produtos são direcionados ao
mercado regional e 23% ao local. Os principais compradores são supermercados e atacadistas,
que representam aproximadamente 70% da comercialização, e em menor escala os açougues e
empresas voltadas para o ramo de cozinha industrial. Em todos os segmentos, de acordo com os
dados da pesquisa, 80% das vendas são realizadas a prazo.
A Tabela 92 apresenta informações referentes ao pagamento do couro aos pecuaristas, as
etapas de processamento do couro realizadas pelos frigoríficos dentro de suas instalações e a
sua comercialização.
139
Tabela 92
Remuneração, processamento e venda do couro.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
De acordo as informações coletadas, 73% dos frigoríficos remuneram indiretamente o couro do
gado abatido. Em 87% dos frigoríficos o couro é salgado antes da sua comercialização com os
curtumes e intermediários.
A Tabela 93 apresenta a opinião dos dirigentes dos frigoríficos sobre o efeito do abate clandestino
de bovinos nos negócios da empresa.
Tabela 93
Influência dos abates clandestinos nos negócios dos frigoríficos.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
140
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
De acordo com os frigoríficos, a prática do abate clandestino afeta seus negócios diretamente
na redução da oferta de animais e na composição do preço.
De acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, já
foram identificados 79 locais em todo o estado onde são realizados abates clandestinos.
Recentes ações de repressão ao abate clandestino efetuados pelo Batalhão Florestal têm
produzido uma corrida aos estabelecimentos oficiais na busca da legalização do abate. Ainda é
cedo para concluir se este tipo de ação, como seria desejado, terá continuidade.
A Tabela 94 apresenta os resultados referentes à gestão de qualidade e tecnologia da informação
adotada pelas empresas.
Tabela 94
Gestão de qualidade e tecnologia da informação adotada pelas empresas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Para 80% das empresas, não há acesso a crédito bancário, o que tem provocado dificuldades na
expansão e modernização das instalações, principalmente das câmaras frias e na renovação da
frota de caminhões frigorificados.
Quanto à participação em instituição que representa os frigoríficos, 85% das empresas
entrevistadas afirmaram que participam, e destas, 62% participam da AMAFERJ.
141
142
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
21
Considerações sobre a atividade
de abate de bovinos
A atividade de abate de bovinos, na maior
parte do tempo, tem como principal forma
de remuneração a venda do couro, a que
se somam outros subprodutos, tais como
farinha de carne, sebo etc., não sendo raros
os momentos em que o couro represente
mais de 80% da remuneração de uma planta
de abate.
Tratando o couro como uma commodity cuja
composição do preço independe do mercado
local, e com variações extremas, como as
que ocorreram nos últimos 2 anos, em que o
preço de couro oscilou de R$ 3,00 a R$ 0,30
por kg., a taxa de abate (TA), aparece como
complementação da remuneração do serviço
de matança.
A TA, dependendo principalmente do valor do
couro, ora é cobrada, ora não. Em momentos
de pique de preço do couro, o prestador de
serviço, chega até mesmo a pagar ao cliente
(marchante) pelo serviço prestado.
É natural que a variação nos preços dos
subprodutos principais - couro, sebo e
farinha de carne - interfira no preço do boi
pago ao produtor e no da carne cobrado do
consumidor, ainda que não explícitos nas
negociações. Estas constantes variações
geram uma relação conflituosa entre as
partes que atuam no processo, expondo-as
a um alto risco, numa atividade que atua
com margens bastante estreitas sob uma
base muito elevada. Qualquer tropeço gera
prejuízos de difícil reposição.
É importante reconhecer tratar-se de uma
cadeia extremamente enxuta, em que o preço
pago ao produtor chega ao consumidor final
com uma variação incrivelmente pequena.
Tomemos por base o preço praticado hoje
(maio de 2010) no RJ, de R$ 75,00/@ de boi
pago ao produtor (@=15 kg de carcaça). Ao
chegar ao açougue, essa carcaça é desossada
com perda de 27% (sebo e ossos), resultando
em 11 kg de carne. Dividindo-se o preço pago
ao produtor pelo produto obtido chegamos ao
valor de R$ 6,85/kg de carne. Hoje existem
promoções em que a carne de segunda
(dianteiro) é ofertada a R$ 5,99 o kg. A carne
de primeira, excetuando cortes especiais,
poderá ser adquirida entre oito e dez reais o
quilo. A diferença de 20 a 30% entre os preços
pagos ao produtor e o cobrado do consumidor
tem que remunerar toda a cadeia, cobrindo
os custos, os riscos e as remunerações das
partes, de um produto perecível que tem que
ser comercializado resfriado. Isto só acontece
somando-se a esta margem os valores obtidos
nos subprodutos gerados pela cadeia – “do boi
só perde o berro” – que se inicia na fazenda,
passa pela indústria chegando até a ponta do
varejo, que podem distar mais de dois mil
quilômetros um do outro.
“Do boi só se perde o berro”
Como já dissemos, todos os elos da cadeia
trabalham
com
margens
reduzidas,
envolvendo valores altos, o que os torna
143
vulneráveis e, em parte, explica o grande
número de tropeços no ramo.
21.1Concentração do setor
O surgimento de um mega grupo nacional, com
aquisições e incorporações internacionais,
estendendo suas atividades a outros ramos
da economia, que vai da liderança de
consórcio de engenharia de construção de
hidroelétricas a privatização de rodovias,
tendo como parceiro o BNDES, tem causado
apreensão nos produtores. Pecuarista de
estados grandes produtores têm assistido a
um espetacular estreitamento de opções para
comercializar sua produção. As atividades
dos grandes frigoríficos têm se verticalizado,
sendo hoje os grandes confinadores do país.
As consequências deste processo só serão
digeridas com o tempo.
Junte-se a isso a recentíssima revolução
que a cadeia da carne vem observando no
setor intermediário, o dos frigoríficos, já
citada, e as peculiaridades do mercado
fluminense, para tecer um quadro de causas
multifatoriais que compõem a realidade de
mercado da pecuária fluminense e que vão
além das possibilidades de investigação
deste trabalho.
Durante o trabalho de campo de levantamento
dos estabelecimentos de abate, procuramos
respostas ao grande questionamento dos
pecuaristas fluminenses:
Porque o nosso boi, que era o mais caro do
Brasil, passou a ter a cotação equivalente
aos mais baratos, se temos o segundo maior
mercado consumidor do país?
144
Na insuficiência de respostas conclusivas,
fomos buscar opiniões em outros agentes
da cadeia, entrevistando distribuidores
e donos
de supermercados do RJ que
adquirem carne de outros estados e,
sem pretender ter esgotado o assunto,
apresentamos algumas informações que,
de forma qualitativa, acrescentam algumas
pistas para a compreensão do fenômeno.
A definitiva compreensão do mesmo
necessitaria aprofundada pesquisa de
mercado, com coleta de dados de difícil
acesso que conseguissem abordar aspectos
quantitativos, o que excede as possibilidades
deste diagnóstico. A seguir apresento alguns
aspectos levantados.
A cotação do boi vivo x Qualidade do boi
As cotações do boi em pé apresentadas por
vários informativos apresentam, de um modo
geral, valores mais próximos do topo que
da média, o que acentua a diferença. O boi
comercializado no RJ, na média inferior ao
que foi cotado em outro estado, aparece
valendo menos, arrastando a cotação
daqueles de qualidade que produzimos.
A logística
O avanço da logística, apesar da notória
precariedade das nossas rodovias, permite
que carretas frigorificadas, transportando
28 toneladas de carcaças bovinas resfriadas,
a um custo de R$ 4,00/km (acrescentando
a cada 1.000 km R$ 0,14/kg de carcaça),
transportem animais abatidos no MT, PA, TO
etc. cheguem ao nosso mercado, que desta
forma deixa de ser “nosso”.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Aquisição de animais vivos X Aquisição de
carcaças
O RJ já possuiu, num passado não muito
distante, uma importante estrutura de abate,
com plantas que conseguiam abater algo em
torno de 95% do consumo estadual. A carne
fria, como era chamada a carne que vinha de
outros estados, não representava mais que 5%
do mercado fluminense. O boi vinha de outros
estados para ser abatido no RJ e distribuído
nos açougues da capital e da Baixada,
enquanto os do interior se abasteciam com o
rebanho local, notadamente com o descarte
do gado de leite. Os machos de melhor
conformação obtinham melhores preços e
eram garimpados para serem enviados aos
matadouros que abasteciam a capital.
A substituição do abate local pela “carne
fria”, oriunda dos outros estados, determinou
o fechamento de todas as plantas de abate
do Grande Rio, tais como: Gramacho, Santa
Cruz, São João de Meriti e Magé, entre
outras, e levou outras grandes plantas,
como o Uirapuru, de Volta Redonda (Sul do
Estado), o Fricampos, de Campos (Norte
Fluminense), e o Cantelmo, de Cantagalo
(Serrana) a operar em escala menor que o
projetado, comprometendo a viabilidade de
suas plantas. A opinião de diversos agentes
da cadeia é de que hoje 95% da carne bovina
consumida no estado venha de fora.
A concentração do varejo ou a morte dos
açougues
Conforme Caio Prado Junior referiu-se aos
engenhos independentes que resistiam ao
processo de concentração das usinas de
cana de açúcar, “resíduos anacrônicos
perpetuados pela inércia”, o mesmo
poderíamos dizer dos açougues que restaram.
Resíduos anacrônicos perpetuados
inercia. Caio Prado Junior
pela
A comercialização da carne bovina sofreu
profundas transformações nas últimas
três décadas. A concentração do varejo,
observada inicialmente nos grandes centros
urbanos, se aprofunda territorialmente,
chegando às cidades médias, estruturalmente
fundindo lojas em grupos para comprar
em conjunto, criando uma nova forma de
interferência no jogo da procura e da oferta.
A antiga e conhecida forma de abuso de
poder econômico, em que poucos produtores
detentores de grande parte da produção
se organizam em cartéis para estabelecer
preços abusivos, o conhecido oligopólio,
dá lugar ao mercado oligopsônico, nova
forma, também abusiva, em que poucos
compradores conseguem determinar os
preços, subjugando os muitos produtores que
passam a não dispor de outras alternativas de
comercialização.
A bolsa de mercadorias e a informação
instantânea
As aquisições de boi vivo no RJ se definem
após o conhecimento dos preços da Bolsa
de Mercadorias do Mercado São Sebastião
ou através dos vários informativos da rede.
Ainda que o comprador não se abasteça
na Bolsa, ele sabe que a concorrência ou
fará na Bolsa ou diretamente com outros
145
corretores de frigoríficos de outros estados,
e só aí sairá às compras, já tendo balizado o
que irá pagar. Não comprar carne do RJ em
nada afetará seu negócio, uma vez que este
possui massa crítica para comprar no atacado
carne de qualquer lugar que lhe é ofertada.
Já o mesmo não acontece com o pecuarista
fluminense, que acabará tendo que vender
por aqui mesmo.
A mágica da multiplicação da carne
A aquisição pode ser com osso (meia carcaça,
dianteiro, traseiro ou costela), geralmente
de bois não castrados com baixa cobertura
de tecido adiposo na carcaça (acabamento),
poderá também ser de cortes embalados,
de machos ou de fêmeas. A prática de se
injetar os cortes, recentemente proibida
na cadeia do frango, chega a incorporar até
20% de umidade ao corte, com produtos que
nem sempre podem ser detectados pelas
análises atuais. Evidentemente que isto
concorre para diminuir a competitividade de
quem não assumir esta prática. Indagando
aos empresários pesquisados a razão de
não investir na desossa como forma de
agregação de valor ao produto processado,
uma das alegações seria a impossibilidade de
concorrer com a carne injetada.
Baixar o preço no mercado do vizinho ou o
descarrego
Ainda que em linhas gerais a concentração
do varejo tenha ocorrido em todo o Brasil, o
tamanho do nosso mercado, o segundo maior
do país, e a importância que este representa
para os demais estados produtores o tornam
146
de certa forma único, com aspectos peculiares
capazes de influir na comercialização da
carne nacional e consequentemente na
produção dos estados exportadores.
Plantas exportadoras dos principais estados
produtores conseguem preços diferenciados
em cortes especiais, obtidos de animais com
padrão de acabamento, peso de carcaça
e idade bem definidos, tendo no mercado
fluminense a principal opção de escoamento
de tudo o que não consegue ser exportado,
ou por não atender o padrão exigido ou
por qualquer contratempo comercial. A
colocação dessa carne no mercado paulista
deterioraria o seu principal mercado
nacional; a preferência é, se necessário,
contaminar o mercado do RJ. Segundo
atacadistas esta seria a principal razão para
a carne ser sistematicamente mais barata no
RJ que em SP.
Alcatra e maminha sem picanha
Outro aspecto que nos diferencia do mercado
paulista, é a prática de os frigoríficos
colocarem no RJ a alcatra com a maminha
sem a picanha. De um lado, facilita ao
exportador apurar o máximo neste corte
(picanha), escoando o restante (alcatra
e maminha) para o fluminense; de outro,
permite às redes de supermercado fazer
constantes promoções de carne de primeira,
já que conseguem adquirir estes cortes por
preços menores.
Qualidade do processamento
Também foi detectado existir, independente
da qualidade do animal abatido, notada
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
diferença no melhor processamento das
carcaças oriundas dos grandes frigoríficos de
outros estados, se comparadas com as locais.
Ações como a toilette, lavagem da carcaça
e sobretudo a qualidade do frio foram as
causas apontadas.
Tributação
Recentemente, a antiga reivindicação do
setor, abraçada por sua representação
sindical, a FAERJ, e acolhida no Governo
do Estado no âmbito da Secretaria de
Agricultura, conseguiu a promulgação da Lei
nº 5.703, de 26/04/10, que isenta de ICMS
toda a cadeia das carnes no RJ.
Art. 4º Fica alterado o artigo 6º da Lei nº
4.177, de 2003, que passa a ter a seguinte
redação:
Artº 6º Fica isenta do ICMS a operação de
saída interna, realizada por produtor rural,
pecuarista, abate de animais em geral
ou de processamento de carnes, bovina,
suina, caprina, ovina, avícola, pescado ou
outros aquícolas, de produção nacional,
estabelecido no Estado do Rio de Janeiro,
de animais vivos ou abatidos, inteiros ou
em corte, em estado natural, resfriado,
congelado, temperado ou processado.
§ 1º A isenção a que se refere o caput deste
artigo aplica-se, também, às saídas das
mercadorias ali mencionadas realizadas
por varejistas e distribuidores atacadistas
estabelecidos no Estado do Rio de Janeiro.
A repercussão do efeito tributário desta lei,
certamente favorável à cadeia da carne
fluminense, não poderá ser avaliada até o
fechamento deste diagnóstico, mas deverá
ser o divisor de águas na competitividade
da pecuária de corte do RJ. A exemplo do
que assistimos com o leite, deixa de haver
vantagem em adquirir carne de outros
estados, simplesmente para recolher créditos
de ICMS, que muitas vezes sequer foram
gerados nos estados de origem.
Já há registro de pequenos distribuidores do
RJ que representam frigoríficos capixabas
tomando preço em estabelecimentos da
região Norte, e já se faz sentir a inversão
de fluxo de boi vivo na divisa dos estados. O
abate na região Norte, no primeiro mês de
vigência da lei já acusa esta mudança.
Outra mudança tributária que vem
crescendo a cada dia é que cada vez mais
o varejo de porte médio vem optando pelo
sistema tributário de Lucro Real, em que a
comprovação de despesa diminui o valor
tributado. Com isso o setor se vê obrigado
a trabalhar, cada vez mais, dentro da
formalidade; a prática informal de aquisição
de mercadoria sem nota fiscal (NF), ou
mesmo com NF “por baixo”, dá lugar à “nota
cheia”. A obrigação da nota fiscal eletrônica
já existe para o setor desde janeiro de 2009.
Importante registrar-se a considerável
melhora no padrão dos rebanhos fluminenses
especializados. Somos importadores de
carne, mas somos também exportadores de
genética, com a presença de reprodutores
geneticamente superiores.
Conclusão
As plantas existentes no RJ possuem
capacidade nominal para abater todo o
rebanho do estado. Ao observar a distribuição
geográfica das mesmas, encontramos
147
concentração de plantas em determinados
municípios, como Campos, Itaperuna e
Três Rios, e um enorme vazio na região
que vai da Baixadas Litorâneas, passando
pela Metropolitana até a Costa Verde. A
inexistência de abatedouro inspecionado
nessas regiões dificulta o combate ao abate
clandestino.
Quanto ao estado de funcionamento
das plantas existentes, na sua maioria
construídas há mais de 20 anos, muito se tem
a fazer para melhorá-las. Foi uma constante
no levantamento de campo as referências
positivas ao Serviço de Inspeção Estadual,
sendo atribuída à ação propositiva dele,
as significativas melhoras efetuadas pelos
empresários nos últimos anos, mediante
compromissos firmados com este Serviço.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido
para que se atinja um nível de excelência
desejado.
Melhoria e aumento das câmaras frias,
modernização da frota de distribuição,
dentre outros, foram os pontos mais citados
como aqueles que merecem investimento.
Uma questão recorrente, que de alguma
forma atinge todas as plantas, é a relação
conflituosa com os órgãos de fiscalização
e normatização ambiental. As queixas vão
desde a ausência de respostas a pedidos
de licenças protocoladas há muitos anos,
passando pela indefinição das atribuições
de competências, a imprecisão das medidas
exigidas etc.
A definitiva solução do problema, dado o
vultoso custo que a solução demandará,
merece ser considerada pelo governo
como um problema que vai além da
148
exclusiva responsabilidade dos empresários,
transbordando para a sociedade, pela
importância que o serviço de abate
inspecionado representa na preservação
do meio ambiente, no fechamento da
atividade econômica pecuária de corte e,
sobretudo, pelo fundamental aspecto de que
esta é responsável, qual seja, a segurança
alimentar.
A grande complexidade e o enorme montante
que envolve a cadeia de processamento e
comercialização de carne afastam qualquer
pretensão de soluções simples que possam
alterá-la. Porém, a ação polititica dos agentes
foi capaz de sensibilizar os governos e
conseguir a desoneração do setor tanto
em âmbito federal (PIS e COFINS) como no
estadual, a já citada isenção do ICMS, em
flagrante beneficio para a sociedade. Outras
ações poderão ser deflagradas.
Ações propositivas para o setor de abate e
comercialização
Convocação de uma conferência do setor,
onde todos os elos envolvidos, setor público,
produtores, empresários do abate, da
distribuição, varejistas, debatam ações
como:
• Solução definitiva para o passivo
ambiental da atividade, definindo o que
fazer, como fazer e as fontes de recursos.
• Articulação dos pecuaristas que produzem
gado com padrão de excelência, na busca
de obtenção de escala para um abate
diferenciado.
• Erradicação do abate clandestino.
• Fomento à instalação de plantas no vazio
detectado.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
22
Propostas para o desenvolvimento
da pecuária de corte no Estado do
Rio de Janeiro
Propostas para o desenvolvimento da
Pecuária de Corte no Estado do Rio de
Janeiro
Os resultados do primeiro diagnóstico da
bovinocultura de corte do Estado do Rio
de Janeiro, evidenciaram que existem
pontos críticos na cadeia da carne bovina
que precisam ser superados e minimizados.
Assim, sugere-se que este diagnóstico seja
avaliado como uma ferramenta ampla de
pesquisa a ser utilizada no desenvolvimento
de ações e de políticas específicas para a
bovinocultura de corte do estado. A análise
dos resultados permite-nos sugerir a adoção
das seguintes ações que permitirão ao Estado
do Rio de Janeiro ter uma pecuária de corte
de mercado com produtividade e qualidade
dos produtos assegurados:
• Implantação da Câmara Setorial
da Pecuária de Corte, que é
extremamente importante para a
organização da cadeia produtiva;
•
Melhorar a produtividade do rebanho
com redução de custos de produção;
•
Estimular o criador de gado de
corte a participar do Programa de
Rastreabilidade do Rebanho (SISBOV),
ferramenta importante e necessária
para viabilizar a exportação de carne;
•
Promover treinamento e capacitação
em temas ligados à bovinocultura de
corte para produtores, técnicos do
sistema público e privado;
•
Aumentar o investimento no controle
da qualidade da carne bovina, com
fiscalização e padronização de
produtos comercializados;
•
Criar um programa estadual de
profissionalização e desenvolvimento
de recursos humanos, voltados para
lideranças, produtores, trabalhadores
envolvidos na pecuária bovina;
•
Realização de seminários e workshops
envolvendo todos os elos da cadeia
produtiva;
•
Reforçar a sanidade do rebanho,
aumentando o investimento no
controle de doenças;
•
Estabelecer incentivos fiscais voltados
para a pecuária de corte;
•
Criação de uma linha de crédito
especial para os pecuaristas de corte;
•
Incentivar a adoção da escrituração
zootécnica nas propriedades;
•
Estabelecer sistema de premiação
pela produção de carne de qualidade
com ampla divulgação no Estado;
149
150
•
Implementar
campanhas
publicitárias
visando
o
aumento do consumo da
carne bovina produzida no
Estado;
•
Incentivar a adoção do
sistema de manejo intensivo
e rotacionado de pastagens
e a suplementação a pasto
no período de escassez de
forragens;
•
Incentivar a implantação
de projetos para produção
de carne com qualidade
assegurada, ou seja, em
que todos as fases da
produção são certificadas,
agregando desta maneira
valor e levando ao mercado
fluminense carne de melhor
qualidade;
•
Implementar programas de
incentivo à recuperação das
pastagens com a utilização
de corretivos e fertilizantes
de maneira correta;
•
Estimular a utilização do
cruzamento industrial com
a escolha das raças mais
apropriadas, objetivando o
melhor aproveitamento da
heterose ou vigor híbrido;
•
Implementar programas de
assistência técnica para os
produtores;
•
Incentivar a realização de
seminários para discutir
questões ambientais e o
bem-estar animal.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
23
Tabela 95
Legislação
Legislação.
151
Fonte: ABIEC, 2010.
152
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
24
Glossário
Aftosa – enfermidade causada pelo aflovírus que pode ser transmitida de um animal para outro pelo leite, carne e saliva.
A doença também é transmissível para animais pela água, ar e objetos e locais sujos. Caracteriza-se pelo aparecimento
de aftas na boca e na gengiva e feridas nas patas e mamas. O animal doente também fica febril, com dificuldade para
pastar, perde peso e produz menos leite. As espécies mais atacadas são bovinos, suínos, caprinos e ovinos.
Agronegócio – relações comerciais efetuadas com produtos agrícolas através de atividades de compra e venda.
Animal inteiro – termo utilizado para identificar machos não castrados de uma espécie, portando todos os órgãos do
aparelho reprodutor.
Arroba – antiga unidade de medida de peso equivalente a 32 arráteis, ou seja, 14,689 kg. No Brasil é utilizada como
medida de peso de produtos agropecuários e equivale a 15 kg.
Barreira sanitária – mecanismo legal utilizado por autoridades governamentais de um país ou região que impede ou
restringe a circulação de organismos vivos, parte deles ou seus derivados. Este mecanismo tem por objetivo evitar ou
prevenir riscos de contaminação e disseminação de pragas e doenças ou a introdução de espécies que possam ameaçar
a saúde de seres humanos, animais e vegetais que vivam nesses locais ou ainda comprometer o equilíbrio ecológico.
Normalmente este termo é usado no caso de animais e seus derivados, enquanto o termo barreira fitossanitária é usado
para vegetais e seus derivados. O termo genérico mais usado é barreira de biossegurança.
Barrigada – vísceras de animais abatidos; conjunto de filhotes nascidos de um parto do animal.
Bebedouro – implemento ou local utilizado para fornecimento de água aos animais.
Bezerro ou terneiro – bovino jovem entre o nascimento e o desmame, geralmente até sete meses de idade. Para
algumas espécies esse período vai até 12 meses.
Boi – macho castrado das espécies taurinas ou zebuínas com idade acima de 30 meses, geralmente destinado ao abate,
serviço no campo ou como meio de transporte.
Boi de pé – bovino de corte ainda vivo no pasto ou galpão de confinamento.
Bovinocultura – atividade pecuária destinada à criação de gado bovino. Divida em bovinocultura de corte, para
produção de carnes e peles, e bovinocultura de leite.
Brete – local de contenção ou imobilização de animais com objetivo de alguma prática de manejo como selação e
aplicação de vacinas e medicamentos.
Brinco – objeto pendente fixado no lóbulo da orelha de animais com a finalidade de identificá-lo.
Bubalino – relativo a búfalo.
Cadeia produtiva – conjunto formado por todas as ações e agentes interligados entre si (elos) que estão relacionados
com a produção e distribuição de um bem ou serviço, desde a produção da matéria-prima até a comercialização do
produto final.
Câmara fria ou câmara frigorífica – compartimento de temperatura mantida artificialmente baixa, para armazenamento
e conservação de gêneros perecíveis.
Capacidade de suporte – a máxima taxa de lotação que proporciona determinado nível de desempenho animal, dentro
de um sistema de pastejo, e que pode ser aplicada por determinado período de tempo sem causar a deterioração do
sistema.
Carcaça – parte comestível da carne bovina, ainda com osso, obtida após os procedimentos de abate.
Carne – qualquer tecido animal utilizado para alimentação, seja in natura ou processado.
CIF – o CIF (Cost Insurance Freight) - Custo, seguro e frete - o fornecedor se responsabiliza pelo frete, cabendo a este
fornecer uma guia para que o comprador possa resgatar o produto perante o courrier. Este custo consta no orçamento
do fornecedor. No CIF, toda a logística, desembaraços etc. ficam a encargo do fornecedor, que apenas deve fornecer a
guia de retirada para o cliente, a fim de que este possa retirar a encomenda junto ao courrier em questão.
Cobertura – cópula ou coito entre animais em que, ocorrendo no período de fertilidade da fêmea, acontece a
fecundação; também chamado de monta.
Cocho – equipamento muito utilizado para fornecer alimento a animais, podendo ser de vários tipos, dependendo do
animal que será alimentado e do alimento que será oferecido.
Confinamento – sistema de produção intensivo utilizado para criação de aves, bovinos, suínos, ovinos, caprinos e outras
espécies, no qual os animais são criados em galpões fechados e alimentados com ração e/ou material volumoso no
cocho.
Congelamento – técnica que consiste em submeter alimentos, organismos vivos ou parte de organismos vivos a
temperatura muito baixa em congelador a fim de conservá-lo em bom estado até sua utilização; método de conservação
de alimentos que utiliza temperaturas mais baixas que a refrigeração e, por isso, inibe o crescimento microbiano e
retarda praticamente todo o processo metabólico.
153
Controle de pragas – conjunto de ações tomadas com o objetivo de manter em níveis satisfatórios ou erradicar por
razões de sanidade as pragas que atacam culturas vegetais ou a criação de animais.
Conversão alimentar – medida de eficiência do processo de ganho de peso (crescimento, engorda), em termos de
quilograma de matéria seca de alimentos ingeridos por quilograma de ganho de peso.
Conversão de tonelada líquida para tonelada equivalente carcaça
Carne industrializada: O total processado deve ser multiplicado pelo fator 2,5.
Carne in natura:
• Carnes com osso: deve ser multiplicada pelo fator 1.
• Carnes desossadas: deve ser multiplicada pelo fator “1,4706”.
• Total equivalente carcaça = Carne desossada + Carne com osso.
Cota Hilton – A cota Hilton é constituída de cortes especiais do quarto traseiro de novilhos precoces, e seu preço no
mercado internacional corresponde de três a quatro vezes o preço da carne comum. A cota anual, de 34.000ton, é fixa,
e a ela somente têm acesso os países credenciados. Eventualmente, pode ser suplementada por uma cota variável, que
pode ser atendida por outros fornecedores, devidamente credenciados, inclusive pelo Brasil. Essas cotas possuem uma
taxa de importação de 20% ad valorem. A cota brasileira é de 5 mil toneladas anuais.
Couro – pele de animais curtida, imputrescível e utilizada como matéria-prima para diversos usos e finalidades.
Couro cru – couro sem tratamento, não curtido.
Creep feeding – suplementação com concentrado, em cocho privativo, para os bezerros durante a fase de amamentação.
Creep grazing – utilização de uma área de pasto de acesso exclusivo pelos bezerros, enquanto estão na fase de
amamentação.
Criadouro – área delimitada, preparada e dotada de instalações capazes de possibilitar a reprodução, cria e recria de
espécies da fauna silvestre.
Cruzamento rotacionado: sistema de cruzamento em que as fêmeas cruzadas de reposição são produzidas no próprio
sistema de produção.
Cruzamento terminal (cruzamento industrial): sistema de cruzamento em que todos os animais cruzados produzidos
são comercializados para abate.
Cruzamento: sistema de acasalamento entre animais de raças ou grupos genéticos diferentes.
Curral – instalação ou local fechado, geralmente coberto, onde se aloja e reúne o gado para uma série de operações
de manejo como apartação, marcação, pesagem, castração, inseminação, medicação, vacinação e embarque. Deve
ser construído de forma a permitir que essas operações sejam feitas de maneira tranquila e segura e com o mínimo de
esforço e estresse para os animais e o tratador.
Desinfecção – atividades que visam à eliminação ou ao controle de agentes patógenos que possam causar infecções
em seres vivos.
Desmamar – fazer perder o costume de mamar; apartar do leite; desleitar.
Desossar – atividade que consiste na retirada dos ossos de partes específicas de animais abatidos ou de carcaças
inteiras.
Disponibilidade de forragens - Porção da massa de forragem, expressa como massa por unidade de área, que está
acessível aos animais para consumo.
Disseminação – ato ou efeito de espalhar, difundir ou propagar em um meio uma doença ou praga através de um veículo
que pode ser vegetal, animal ou um meio físico.
Divisa – traço ou linha divisória entre estados; limite entre duas unidades da Federação. O termo também é utilizado
para designar a marca feita no gado a ferro quente para identificar propriedade.
Doença – denominação genérica dada a qualquer desvio do estado normal de saúde causada por um patógeno em
animais ou vegetais e que se manifesta por meio do funcionamento anormal de células e tecidos através de um
conjunto de sinais e/ou sintomas que têm uma só causa.
Ectoparasitos – parasitos externos.
Endoparasitos – parasitos internos.
Entressafra – período das secas (outono e inverno) no ano.
Equivalente carcaça – Tem como referência a venda de carne com osso. (carcaça)
Equivalente desossa – Se considerarmos a margem de comercialização dos frigoríficos que vendem os cortes de carne
sem osso, mais derivados e subprodutos, a diferença entre o preço recebido pelo pecuarista e o apurado pela indústria
é bem maior.
Erradicação – eliminação de animais, plantas ou outros organismos considerados patógenos em uma área ou região.
FAERJ - Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Estado do Rio de Janeiro.
FOB (Free On Board) – o fornecedor se responsabiliza (contratualmente) pela mercadoria até a hora em que ela é
entregue, na data e hora, ao courrier escolhido pelo comprador. Este preço não faz parte do orçamento do fornecedor,
deverá ser calculado pelo comprador de acordo com o serviço de frete que escolheu. No FOB, todos os custos e
desembaraços legais da carga são de responsabilidade do fornecedor, que cessa assim que o mesmo entregue a
154
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
mercadoria à empresa de courrier contratado pelo comprador, na hora e local combinados, em contrato. Veja, se o
fornecedor perder o prazo de entrega ao courrier, este prejuízo não é de responsabilidade do comprador. O custo FOB
não consta em orçamentos de fornecimento da mercadoria; este custo deve ser calculado à parte, pelo cliente.
Forrageira – qualquer espécie de vegetação, natural ou plantada, que cobre uma área e é utilizada para alimentação
de animais, seja ela formada por espécies de gramíneas, leguminosas ou plantas produtoras de grãos.
Frigorífico – denominação dada aos estabelecimentos destinados ao abate de gado, à desossa das carcaças e à
conservação do bom estado dos cortes de carne em câmaras frias; câmara fria.
Gado – denominação genérica dada aos animais domésticos que formam rebanhos e são explorados economicamente.
GATT – A Cota GATT é também uma cota de carne especial, estabelecida pelo GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio),
destinada à União Européia. Inclui outros cortes do quarto traseiro de qualidade não tão alta quanto os da cota Hilton,
e é menos valorizada do que aquela.
Heterose (vigor híbrido) – superioridade dos animais da primeira geração de cruzamento em relação à média das raças
paternas.
Imunidade – resistência que um organismo vivo apresenta às pragas e doenças, geralmente adquiridas após o
estabelecimento de uma infecção causada por microorganismo infeccioso ou após a inoculação de vacinas.
Indivíduo – exemplar representante de uma determinada espécie; ao seu conjunto denomina-se população.
Infecção – ataque agressivo a um ser vivo por agente patogênico. É o princípio ou origem de uma enfermidade ou
doença.
Infestação – ataque violento por um organismo de forma ampla e mais ou menos uniforme sobre uma área ou indivíduo.
Mal da vaca louca – cientificamente denominada Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), é uma doença que atinge
principalmente o gado bovino, mas já há registro de ocorrência em outras espécies como gato doméstico, pumas,
avestruzes, leopardos e antílopes. É uma doença de difícil diagnóstico, de longo período de incubação e que não tem
tratamento. É contraída pela ingestão de alimento contaminado. Caracteriza-se por infecção generalizada do cérebro
decorrente da multiplicação de infecções em outras partes do organismo causada por uma partícula protéica infecciosa
denominada príon, que faz com que o animal perca o controle dos movimentos e apresente hipersensibilidade ao toque
e ao som. Nas ovelhas a doença é chamada scrapie. É inexistente no Brasil e não tem nenhuma semelhança ou ligação
com a aftosa.
Manejo de animais – são operações e técnicas utilizadas no trato de animais que se evidenciam no tipo e na forma
de fornecimento de alimentação, na movimentação, nos tratamentos preventivos e terapêuticos de doenças, nas
instalações para permanência ou repousos, dentre outros.
Market share - (termo mais comum no Brasil) pela tradução literal do inglês, “quota de mercado”.
Medida protecionista – procedimento adotado pelos governos com o objetivo de favorecer a produção interna frente
à concorrência com outros países. As principais medidas protecionistas são as barreiras tarifárias e as não tarifárias.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – pasta do governo brasileiro responsável pela gestão política das
áreas de agricultura, pecuária e abastecimento.
Monitoramento – acompanhamento, avaliação e controle das condições ou de fenômenos, naturais ou artificiais, com o
objetivo de obter dados quantitativos e qualitativos que possibilitem maior conhecimento sobre eles, identificando assim
possíveis riscos ou oportunidades que possam ser controlados ou aproveitados para minimizar eventos indesejáveis.
NDT (nutrientes digestíveis totais) – medida do valor energético de determinado alimento ou dieta, geralmente
utilizada para definir a qualidade dos alimentos e adequá-los às exigências dos animais.
Nova raça – raça formada por meio de cruzamento entre animais de duas ou mais raças já existentes e reconhecida
pelos órgãos oficiais do país de origem.
Novilho ou garrote – macho dos bovinos com idade entre um e três anos.
Novilho precoce – macho dos bovinos com idade entre dois anos e dois anos e meio e que por meio de técnicas de
melhoramento genético, de manejo e de alimentação apresenta desenvolvimento de carcaça e pesos adequados para
abate. Nas espécies taurinas o animal geralmente está pronto para o abate em até 24 meses; nas zebuínas, em até 30
meses.
Oferta de forragem – relação entre a quantidade de forragem por unidade de área e o número de unidades animais.
Pastagem – vegetação própria para alimentação do gado, podendo ser natural ou plantada com espécies perenes ou
de ciclo anual.
Pastejo rotacionado – condução dos animais de forma a pastejar a forrageira por um a três dias, deixando a forrageira
recuperar suas raízes e folhas num período de 20 a 36 dias, conforme a forrageira e seu vigor de desenvolvimento.
Pasto – área ao ar livre, normalmente cercada, podendo ser plana ou acidentada, natural ou plantada, na qual existe
uma cobertura vegetal formada geralmente por espécies de gramíneas e/ou leguminosas que servem de alimento ao
gado.
Pecuária – atividade agrícola que tem por finalidade a criação de gado.
Pedilúvio – tanque raso que contém água ou substâncias terapêuticas e/ou curativas, geralmente construído na entrada
ou na saída dos currais e salas de ordenha com o objetivo de efetuar a higiene e/ou tratamento dos cascos dos animais;
155
pode ser usado em aeroportos, estradas e outros locais em caso de doenças provocadas por agentes patógenos que
podem ser carregados nos pés e patas de animais; o tanque utilizado para a desinfecção de veículos recebe o nome de
rodolúvio.
PIB (produto interno bruto) – expressão do total dos bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico
da nação, independentemente de quais sejam os proprietários dos recursos empregados.
Piquete – subdivisão do pasto normalmente por cerca destinada ao pastoreio ou separação de animais que necessitam
tratamentos ou cuidados especiais.
Plantel – conjunto de animais que formam um rebanho.
Política agrícola – conjunto de ações do governo destinado a influir nas decisões dos agentes responsáveis por
atividades agrícolas, visando à consecução de determinados objetivos como produção, comercialização e armazenagem
de produtos agrícolas através de mecanismos como fornecimento de infraestrutura, créditos, mecanismos fiscais,
armazenagem etc.
Probabilidade – medida baseada na relação entre o número de casos favoráveis e o número total dos casos possíveis.
Número positivo e menor que a unidade, que se associa a um evento aleatório, e que se mede pela frequência relativa
da sua ocorrência numa longa sucessão de eventos.
Produtividade – relação entre a quantidade ou valor produzido e a quantidade ou valor dos insumos aplicados à
produção; eficiência produtiva.
Profilaxia – parte da medicina que trata das medidas preventivas contra as enfermidades. Emprego dos meios para
evitar as doenças.
Programa sanitário – conjunto de medidas para prevenir e controlar as principais doenças dos animais.
Propagação – multiplicação dos seres vivos por meio de reprodução sexuada ou assexuada; proliferação.
Raça exótica – raça de bovinos originária de outro país.
Rastreabilidade – é a possibilidade de registrar, através de um conjunto de instrumentos, o caminho percorrido por um
indivíduo (animal ou vegetal) ou produto processado desde sua origem até sua colocação para o consumo final.
Rebanho – conjunto de animais.
Rês – qualquer quadrúpede utilizado na alimentação humana.
SEAPPA-RJ – Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro.
Segurança e qualidade dos alimentos – atributos referentes à inocuidade dos alimentos e seu valor nutritivo; garantir
a segurança e qualidade dos alimentos é atribuição da Vigilância Sanitária.
Seleção – escolha dos pais da próxima geração.
Semiconfinamento – método de engorda de bovinos, em área de pastagens, com suplementação de mistura de
concentrados.
SIE – Serviço de Inspeção Estadual.
SIF – serviço de Inspeção Federal.
SIM – Serviço de Inspeção Municipal.
SISBOV – O SISBOV é o serviço de rastreabilidade da cadeia produtiva de bovinos e bubalinos. É o conjunto de ações,
medidas e procedimentos adotados para caracterizar a origem, o estado sanitário, a produção e a produtividade da
pecuária nacional e a segurança dos alimentos provenientes dessa exploração econômica. Seu objetivo é identificar,
registrar e monitorar, individualmente, todos os bovinos e bubalinos nascidos no Brasil ou importados. Os procedimentos
adotados nesse sentido devem ser previamente aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –
MAPA.
Tatuagem – marca ou sinal feita geralmente a fogo na pele de um animal com a finalidade de identificá-lo.
Tratamento preventivo – conjunto de medidas adotadas antes do aparecimento ou constatação de uma doença, praga
ou deficiência que tem por objetivo impedir que um organismo seja atacado por seus agentes causadores.
Úbere – órgão formado pelo conjunto de glândula mamária, quartos mamários, tetas e pele das fêmeas.
Unidade animal (UA) - equivalente ao peso de um animal com 450 kg.
Vacina – substância de origem microbiana (micróbios mortos ou de virulência abrandada) que se ministra a um indivíduo
com fim preventivo, curativo ou paliativo. Qualquer espécie de vírus atenuado que, introduzido no organismo, determina
certas reações e a formação de anticorpos capazes de tornar esse organismo imune ao germe utilizado.
Virose – enfermidade causada por vírus.
Vírus – agente infeccioso microscópico que não tem capacidade metabólica autônoma e apenas se reproduz no interior
de células vivas. Assim como outros organismos, pode multiplicar-se com continuidade genética e é passível de mutação,
podendo apresentar formas diversas.
Zebu – grupo de raças de bovinos de origem indiana, cuja principal característica é apresentar giba ou cupim. Também
é afetado pela aftosa.
Zoonose – doença transmitida dos animais para o homem.
156
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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