uma análise funcionalista na perspectiva de figura e fundo em
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UMA ANÁLISE FUNCIONALISTA NA PERSPECTIVA DE FIGURA E FUNDO EM: LA SIESTA DEL MARTES 1 Alcilene Aguiar PIMENTA 2 Maria Camila Barros ALCÂNTARA 3 Resumo: Apresentamos neste artigo um estudo sobre Figura e Fundo a partir da perspectiva de análise hierárquica sugerida por Silveira (1990). Adotamos como objeto de estudo o conto La siesta del martes do escritor colombiano Gabriel García Márquez. Analisamos o texto em sua versão original, portanto, em língua espanhola. Durante o processo de análise subdividimos a narrativa com base na estrutura proposta por Adam (1992): situação inicial; compilação; (re) ações; resolução e situação final. Assim, procuramos identificar a frequência das ocorrências de orações figura e orações fundo em cada uma das partes que compõem o gênero conto. Além disso, investigamos o grau de fundidade das orações Fundo em relação às orações Figura. Desse modo, nosso objetivo neste trabalho foi verificar em que momento desse tipo de narração ocorre Figura ou Fundo com mais intensidade. Palavras-chave: Narrativa; Conto; Figura; Fundo. INTRODUÇÃO Quando vemos uma imagem, um texto, um livro, dentre outros, percebemos de imediato o que é mais relevante ou o que está se destacando no desenho ou no texto, dessa forma ativamos nossas competências linguísticas para inferir o que se destaca e fazer hipóteses. Nesse caso, estaríamos nos utilizando dos conceitos dos planos discursivos de Figura e Fundo, propostos Silveira (1990, apud, Conceição 2010), em que a Figura é o elemento de maior destaque dentro de determinado texto, que desencadeia papel fundamental dentro do campo inserido, à medida que Fundo é o elemento que dá suporte para a Figura, servindo como cenário e amplificando ou comentando o que é mais 1 Artigo apresentado como um dos critérios de avaliação da disciplina Linguística: Funcionalismo, ministrada pela profª Drª Claudete Lima. 2 Graduanda em Letras Português/Espanhol e suas respectivas literaturas pela Universidade Federal do Ceará. . E-mail: [email protected] 3 Graduanda em Letras Português/Espanhol e suas respectivas literaturas pela Universidade Federal do Ceará. . E-mail: [email protected] importante em um texto, no caso a Figura, e “que estaria elencado em mais de um nível, uns mais próximos da Figura e outros mais distantes. Os mais próximos da Figura são, assim como ela, mais objetivos, isto é, são mais icônicos.” (CONCEIÇÃO, 2010). Se analisássemos um anúncio, extrairíamos, a princípio, o objeto/coisa anunciado, isso seria Figura, posteriormente, visualizaríamos as informações complementares a respeito desse objeto/coisa, como valores, prazos e etc. Nesse caso, isso seria um exemplo de Fundo. Com base nas teorias de Figura e Fundo e no modelo de análise hierárquica de Silveira (1990), analisamos o conto La siesta del martes do escritor colombiano Gabriel García Márquez, publicado em 1962. Analisamos o texto em sua versão original, portanto, em língua espanhola. Durante o processo de análise subdividimos a narrativa com base na estrutura proposta por Adam (1992). Nosso objetivo maior foi identificar em que partes da narração apresentada através do gênero conto ocorrem Figura ou Fundo com mais intensidade. Apresentamos uma subdivisão da narrativa para, assim, analisarmos a frequência de orações figura e orações fundo existentes. O presente artigo foi composto por cinco seções, de modo que, além dessa breve Introdução, expomos a seguir os Pressupostos teóricos da pesquisa e, posteriormente, os Procedimentos metodológicos, a Análise e discussão dos resultados e, por fim, as Considerações finais. 1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS Conforme Bonini (2005), que trabalhou a noção de Sequência Textual na análise pragmático-textual proposta por Adam (1992), sequência narrativa é uma sucessão de fatos ou eventos, onde, por sua vez, ocorre uma sucessão de eventos, nesse aspecto um evento/fato será sempre a consequência de outro evento/fato; o texto é desenrolado por ter uma unidade temática, ou seja, deverá privilegiar um agente que desencadeará toda a função da narrativa. Aparecem, ainda, predicados transformados no qual um fato implicará na transformação das características do personagem; apresenta-se um processo, ou seja, a narrativa vai sempre conter um começo, um meio e um fim; uma intriga, onde o autor sustentará os fatos narrados e uma moral que, implícita ou não, trará reflexões sobre o tema da narrativa. A figura abaixo mostra os eventos da narrativa segundo a proposta de Adam apontada por Bonini (BONINE, 2005, apud, ADAM, 1952) onde o teórico subdivide a sequência narrativa em cinco momentos explícitos: situação inicial; compilação; (re) ações; resolução e situação final. Figura 1 Para Adam (ADAM, 1992, p. 28, apud, BENINE, 2005) sequência é um esquema de interação dentro de um gênero que explicita a organização das proposições em argumentos característicos que apresenta: 1) uma rede relacional hierárquica, ou seja, uma grandeza decomponível em partes ligadas entre si e ligadas ao todo que elas constituem, assim como o modelo de gráfico apresentado por Blancafort (2007) em seu trabalho e 2) uma entidade relativamente autônoma, dotada de uma organização interna que lhe é própria, como podemos perceber na figura abaixo. Figura 2 Por meio desse modelo, podemos fazer inferências sobre a análise a partir do recorte do corpus onde observamos os momentos de figuratividade, tendo como base os aspectos apresentados acima: situação inicial; complicação, desencadeamento 1; (Re) Ações ou avaliação; Resolução, desencadeamento 2; situação final e moral. Feita essa prévia teórica sobre sequência narrativa, apresentamos a seguir alguns pressupostos teóricos sobre Figura e Fundo. Levando em consideração a proposta teórica referente à Figura e Fundo de Chedier (2007, apud, Hopper, 1979), percebemos que a Figura pode ser comparada ao “esqueleto” de um texto, ou seja, à sua estrutura base, seu plano mais saliente, já para Fundo Hopper denominou como aquilo que serve de cenário, ajudando, amplificando ou comentando o que é mais importante em um texto, sendo um plano discursivo que dá suporte para o que está sendo transmitido pela figura. Conforme explica Conceição (2010), as orações figura se referem a um evento dinâmico e ativo e possuem verbos pontuais e perfectivos, diferentemente das orações fundo, que possuem durativos/estáticos e imperfectivos. Vejamos a tabela a seguir: verbos FIGURA Perfectum Sequência cronológica FUNDO Imperfectivo Simultaneidade e superposição cronológica de uma situação C com o evento A e/ou B Visão do evento como um todo, Visão de uma situação ou do qual a completude é um pré- acontecimento requisito necessário do qual a completude não é um para o evento subsequente. pré-requisito necessário para os eventos subsequentes. Identidade do sujeito com cada Frequentes mudanças de sujeito. episódio discreto. Distribuição não-marcada do foco Distribuição do foco marcada, na por exemplo, foco no sujeito, oração, com pressuposição do foco na sentença adverbial. sujeito e asserção no sujeito e seus complementos imediatos. Tópicos humanos Variedade de tópicos, incluindo fenômenos naturais. Eventos dinâmicos, cinéticos. Situações estáticas, descritivas. Realis Irrealis Figura 3 Percebemos na primeira coluna, referente a Figura, que as características tendem a afirmar a proposta de Hopper (1972), onde a oração Figura segue uma sequência cronológica, e apresenta eventos dinâmicos e cinéticos, já a segunda, referente a orações Fundo, apresenta características de Simultaneidade e superposição cronológica de uma situação referente a oração Figura e possuem uma situação estática. Conceição (2010) apresenta a proposta de Silveira (1990), onde esta propõe a ideia de uma hierarquia de fundidade, pois, como bem afirma a autora, as funções das cláusulas Fundo, que ampliam e comentam as afirmações feitas pela Figura são, por sua vez, muito amplas e poderiam ser mais bem especificadas. “Essa hierarquia está organizada em uma gradação que vai do nível mais relevante, ou seja, a Figura, até um Fundo com menor grau de Relevância. O Fundo, portanto, é que estaria elencado em mais de um nível, uns mais próximos da Figura e outros mais distantes. Os mais próximos da Figura são, assim como ela, mais objetivos, isto é, são mais icônicos... A outra característica foi o relacionamento funcional que se estabelece entre alguns tipos de Fundo.” (CONCEIÇÃO, 2010) Com base nessa ideia de hierarquia, a autora propõe cinco níveis de Fundidade: Grau de Categoria objetividade (do mais para o menos icônico) Fundo 1 Fundo 2 Fundo 3 Como são Tipo de cláusulasFundo (relação funcional entre as cláusulas) -Apresentação do Cláusulas-Fundo evento; Mais próximo do que -Apresentação do real, mais apresentam cenário; concreto. informações -Apresentação dos concretas participantes; sobre o evento. -Apresentação da fala dos participantes. Cláusulas-Fundo - Especificação do que tempo; Ainda mais através de - Especificação de próximo do real. circunstancias, modo; especificam o - Especificação de âmbito finalidade. em que os fatos se deram. Próximo da Cláusulas-Fundo -Especificação do estrutura que referente; do texto (mais especificam -Especificação de abstrato vocábulos processo/ação. e elaborado da cláusula linguisticamente) anterior. Próximo da Cláusulas-Fundo -Especificação de interpretação do que causa; Fundo 4 Fundo 5 falante ao assistir especificam ao relações evento inferidas dos fatos narrados. Cláusulas-Fundo Próximo do ato que de narração. apresentam interferências do falante no evento que está narrando. -Especificação de consequência; -Especificação de adversidade. - Apresentação opinião; -Apresentação resumo; -Apresentação duvida; -Apresentação conclusão; -Apresentação canal. de de de de de Figura 4 Na figura acima (CONCEIÇÃO 2010, p.33, apud, SILVEIRA, 1990), a autora do trabalho piloto, Silveira (1990), apresenta as categorias de fundo, sue grau de objetividade, como elas são, e quais Tipo de cláusulasFundo. Na primeira coluna observamos as categorias, sendo, Fundo 1, Fundo 2, Fundo 3, Fundo 4 e Fundo 5. Na segunda coluna observamos o grau de objetividade, referente a cada categoria de Fundo. Na terceira coluna a autora apresenta como são as categorias de Fundo. Por fim, na última coluna são expostos os tipos de Cláusulas-Fundo. Fazendo um paralelo entre a primeira e a última categoria, pudemos observar que o Fundo 1 é mais próximo do real, de modo que as Cláusulas-Fundo apresentam informações concretas sobre o evento, bem como, ilustram o evento, o cenário, os participantes e a fala dos participantes. Entretanto, diferentemente do Fundo 1, o Fundo 5 é mais próximo do ato de narração, as Cláusulas-Fundo mostram interferências do falante no evento que está sendo narrado, além de apresentar opinião, resumo, dúvida, conclusão e canal. Dessa forma, o último se distancia do ato real, ou seja, está mais distante da Figura. 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Realizamos uma investigação exploratória de cunho quali- quantitativo, que se delineou como bibliográfica, uma vez que para dar início à pesquisa nos debruçamos na leitura dos textos teóricos que embasaram nosso trabalho, e que nosso objeto de estudo é um texto oriundo de publicação oficial. Como mencionado anteriormente, fizemos uma análise funcionalista na perspectiva de Figura e Fundo do conto La siesta del martes, de Gabriel García Márquez. O referido conto é parte da coleção intitulada Los funerales de la Mamá Grande, escrita em 1962. Em La siesta del martes é mostrado um período da história colombiana chamado “La violencia”. Esse momento histórico iniciou-se em 1948 e durou até 1957. Entre os acontecimentos da época existia um conflito sangrento entre o partido conservador y o partido liberal, que terminou com a ditadura do general Gustavo Rojas Pinilla. As situações mostradas no conto são reflexos de momentos característicos de “La violencia”, vivenciados pelo próprio autor: opressão, medo e a perda da esperança por parte dos colombianos que sofreram por muitos anos, tanto durante, como depois desse fatídico período, ou seja, neste conto Márquez expõe exemplos de situações angustiantes vividas pelo seu povo. Trata-se de um conto relativamente curto, pois tem pouco mais de quatro páginas. É protagonizado por uma mulher que vai visitar o túmulo do filho, juntamente com sua filha mais nova. Para chegar à pequena cidade, as duas enfrentam uma longa viagem de trem, grande parte do enredo se desenvolve nesse percurso, contudo, os momentos esclarecedores da história se passam na cidadezinha. Analisamos o texto em sua versão original, ou seja, em língua espanhola. Durante o processo de análise subdividimos a narrativa com base na estrutura proposta por Adam (1992): situação inicial; compilação; (re) ações; resolução e situação final, gerando, assim cinco categorias de análise. De posse das categorias definidas, começamos o processo de análise dos dados. Primeiramente, identificamos dentro do texto todas as orações Figura e todas as orações Fundo. Em um segundo momento, procuramos visualizar a frequência das ocorrências dessas orações em cada uma das partes da narrativa e, posteriormente, analisamos os níveis de fundidade das orações Fundo, de acordo com o modelo hierárquico de Silveira (1990). Para ilustrar melhor os resultados obtidos, elaboramos gráficos e tabelas que serão expostos na análise. 3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nesta seção apresentamos a análise e discussão sobre os dados estudados no que diz respeito à questão Figura e Fundo. Ao lermos atentamente o conto La siesta del martes de Gabriel Garcia Márquez, fizemos uma categorização desse corpus, baseada na estrutura narrativa proposta por Adam (1992). Desse modo, o conto foi subdividido em cinco categorias de análise. Vejamos a seguir um panorama geral dessa subdivisão. Partes do conto Orações Figura Orações Fundo Total Situação inicial 25 40 65 Complicação 08 13 21 (Re) Ações 07 04 11 Resoluções 04 02 06 Situação final 08 12 20 Figura 5 Como mostra a tabela acima, na parte classificada como situação inicial havia 65 orações, sendo que 25 foram identificadas como orações Figura e 40 como orações Fundo. A existência de mais orações Fundo nesse momento da narrativa se deve ao fato de que ao apresentar a história o autor foi construindo o ambiente em que as ações aconteceriam. Somente na sétima oração é que ele começa a apresentar ações das personagens: uma mulher e uma menina viajantes. “—Es mejor que subas el vidrio—dijo la mujer—.” A partir de então as orações Figura aparecem com mais frequência, entretanto, ainda há um predomínio das orações Fundo. Na complicação, segunda categoria de análise, fase que pode ser denominada também de desencadeamento da situação inicial e que tem uma relação de causalidade com as partes subsequentes, contabilizamos um total de 21 orações, 8 Figura e 13 Fundo. Ainda que o percentual de orações Figura tenha aumentado, se comparado ao percentual da categoria anterior, as orações Fundo permanecem como maioria. Contudo, ao adentrarmos no próximo bloco de análise, percebemos uma inversão. Em (re) ações, há mais orações Figura e menos orações Fundo. De 11 orações no total, apenas 4 são Fundo. Este momento, provavelmente, seria classificado como clímax se estivéssemos utilizando outros teóricos, mas, conforme a proposta de Adam (1992), podemos classificar assim, pois é o momento da narrativa que ocorre maior unidade de ação. A partir desse momento ocorreu um segundo desencadeamento, ou seja, se desenvolveu a parte da narrativa nomeada como resoluções. Em resoluções visualizamos 6 orações, das quais apenas 2 eram Fundo: “—Se tuvo que sacar todos los dientes —intervino la niña. —Así es—confirmó la mujer—.” Na situação final as orações fundo voltam a aparecer com mais intensidade, das 20 orações desse trecho, 12 eram Fundo e apenas 8 Figura. Vejamos abaixo um gráfico que sintetiza os percentuais encontrados. Figura 6 Após essa breve análise estatística entre as orações Figura e orações Fundo dentro do conto La siesta del martes, passamos ao momento fundamental de nosso estudo, a análise dos níveis de fundidade das orações Fundo existentes nessa narrativa. Conforme dissemos na seção Fundamentos teóricos, utilizamos em nossa análise o modelo hierárquico postulado por Silveira (1990). A seguir, faremos a análise desses níveis em cada uma das categorias. Em nossa análise, buscamos identificar os níveis de Fundidade apontados por Silveira (1990) que se caracterizam como: Orações Fundo 1 - Apresentação do evento, apresentação do Cenário, apresentação dos participantes, apresentação Especificação do tempo, da fala dos especificação de participantes; modo, Fundo especificação 2 de finalidade; Fundo 3 - Especificação do referente, especificação de processo/ação; Fundo 4 - Especificação de causa, especificação de consequência, especificação de adversidade; e Fundo 5 - Apresentação de Opinião, apresentação de resumo, apresentação de dúvida, apresentação de conclusão; apresentação de canal. Em seguida, observemos trechos do nosso corpus. 1 – Descrição do Cenário: “Al otro lado del camino, en intempestivos espacios sin sembrar, habia oficinas con ventiladores eléctricos, campamentos de ladrillos rojos y residencias con sillas y mesitas blancas en las terrazas entre palmeras y rosales polvorientos.” 2 – Descrição de Tempo: “Eran las once de la mañana y todavia no había empezado el calor.” 3 – Descrição de Ação/Processo: “La mujer le dió la peineta” Nos planos discursivos (Re) Ação, Resolução e Situação Final percebemos que as orações Figura estão mais presentes na narrativa, pois notamos a presença de verbos perfectivos, eventos dinâmicos e ativos, ou seja, verbos que exprimem ação: 1 - Es el ladrón que mataron aquí la semana pasada —dijo la mujer en el mismo tono—. Yo soy su madre. 2 – La mujer contestó cuando acabó de firmar. 3 - La mujer garabateó su nombre, sosteniendo la cartera bajo la axila. 4 - La mujer continuó inalterable: —Yo le decía que nunca robara nada que le hiciera falta a alguien para comer, y él me hacía caso. Nos exemplos acima, percebemos nitidamente os elementos que constituem os planos das orações Figura e Fundo, sendo, essas informações, principais e secundárias. Ambas de fundamental importância para a narrativa. As orações Figura caracterizadas por ações concretas são mais perceptíveis, já e as orações Fundo caracterizadas por ações irreais estão mais para o plano da subjetividade fazendo com que dessa forma o leitor organize as informações referentes ao texto, de acordo com sua percepção ou sua intenção comunicativa. Após analisar todos os níveis de fundidade das orações Fundo encontradas no conto La siesta del martes, obtivemos os seguintes resultados: Estrutura/ Orações Orações Orações Orações Orações Orações Plano Figura Fundo 1 Fundo 2 Fundo 3 Fundo 4 Fundo 5 Discursivo Situação 25/65 22/40 8/40 4/40 4/40 2/40 Inicial (40,9%) (32,5%) (11,8%) (5,4%) (5,4%) (2,9%) Complicação 08/21 9/13 (38,9%) (42,3%) 0/13 (0%) 1/13 (4,7%) 0/13 (0%) 3/13 (14,1%) (Re) Ação 07/11 2/4 (63,6%) (18,2%) 0/4 (0%) 0/4 (0%) 0/4 (0%) 2/4 (18,2%) Resolução 04/06 (66,6%) 2/2 (33,4) 0/2 (0%) 0/2 (0%) 0/2 (0%) 0/2 (0%) Situação Final 08/20 (40%) 10/12 (50%) 0/12 (0%) 2/12 (10%) 0/12 (0%) 0/12 (0%) 52/119 (43,6%) 45/71 (63,3%) Total 8/71 (11,6%) 7/71 (9,8%) 4/71 (5,5%) 7/71 (9,8%) Figura 7 Com base nos números da tabela acima, podemos inferir que nos planos discursivos, situação inicial e Complicação há predomínio das orações Fundo, caracterizadas pela notoriedade de situações táticas, descritivas, como a descrição do cenário, dos personagens, especificação do tempo, dentre outras características. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, constatamos a ocorrência de orações Fundo em todos os momentos da subdivisão do texto, conforme o modelo de Adam (1992). Além disso, pudemos visualizar os cinco níveis de fundidade propostos por Silveira (1990), contudo, em percentuais distintos de acordo com o momento da narrativa. Assim, na Situação inicial e na complicação, observamos os cinco níveis de Fundidade, porém, o nível 1 está presente em maior quantidade, ou seja, 22 das 40 orações. Os demais níveis foram encontrados em número menor, nos mostrando que nessa parte do texto as ações são mais próximas do ato narrativo. Na (Re)Ação e Resolução, percebemos que os níveis 2, 3 e 4 não estão presentes, pois, trata-se de uma parte da enredo em que ocorre o desenvolvimento da trama e, nesse contexto, os personagens têm papel mais ativo. Na Situação final, observamos uma maior predominância do nível 1, sendo que os níveis de Fundidade 2, 4 e 5 não aparecem, devido ao fato dessa parte da sequência narrativa ser mais próxima do real. Em vista disso, verificamos a existência de orações principais e secundárias, sendo que estas representam as ações secundárias, as quais têm função importantíssima para a narrativa, pois são elementos que complementam as ações principais. REFERÊNCIAS ADAM, J-M. Le récit. Paris: Presses Universitaires de France, 1984. Le texte narratif. Paris: Nathan, 1985. ALVES; Gabriela Roberto do Vale, FERREIRA; Mayar de Souza. Planos discursivos nos contos de Clarice Lispecto: Uma análise funcionalista, In: Cadernos de estudos linguísticos da Universidade Federal do Ceará. Ed. nbº 3, Fortaleza, 2011. BLANCAFORT; Helena Calsamiglia y WALL; Amparo Tusóu. Las cosas del decir. Barcelona, Editora Ariel, 2007. BONINI, Adair. A noção de sequência textual na análise pragmáticotextual de Jean-Michel Adam. 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