Janeiro 2006 - Instituto Politécnico de Tomar

Transcrição

Janeiro 2006 - Instituto Politécnico de Tomar
Esta Desporto
JORNAL LABORATÓRIO DO 5º ANO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Gilles Picard
e Luc Alphand
vencedores
do Dakar
Director: José Peixe
- Ano 2 - nº5 -
31Jan2006
Portugal passou
com nota positiva
no papel de
anfitrião do
Lisboa - Dakar
e agarra a
oportunidade
de organizar
esta prova, pelo
menos até 2008.
Basta que surjam
apoios para
tal. A presença
portuguesa
deste ano foi
fantástica.
Carlos Sousa
(Automóveis) e
Hélder Rodrigues
(Motos) deram
espectáculo.
p. 3 e Última
PORTUGAL
a caminho
do mundial
Angola, Irão e México vão ser as equipas que
a Selecção Nacional vai ter que defrontar
na primeira fase do Mundial 2006. O
gaúcho Luiz Felipe Scolari não embarca em
facilidades, prometendo apenas dedicação e
empenho. Portugal tem todas as hipótese de
se sagrar campeão do Mundo.
p. 10 e 11
ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006
ESTATUTO
EDITORIAL
E D ITO R IA L
ESTA DESPORTO é um jornal laboratório
da exclusiva responsabilidade dos/as
alunos/as da turma do 5.º ano, da
licenciatura de Comunicação Social,
da Escola Superior de Tecnologia de
Abrantes (ESTA), do Instituto Politécnico de Tomar (IPT), que optaram pela disciplina de “Jornalismo Desportivo”. No entanto, todos os professores
e alunos que queiram participar na
feitura do jornal poderão fazê-lo.
Um Ano de
Esperança
José Peixe
ESTA DESPORTO procurará afirmar-se como
uma oportunidade prática para todos/
as os/as alunos/as que tencionam enveredar pelo jornalismo desportivo.
ESTA DESPORTO relatará os factos jornalísti-
cos com rigor e exactidão e a distinção
entre notícia e opinião ficará sempre
clara aos olhos de quem ler o jornal
laboratório.
ESTA DESPORTO, apesar de ser um jornal
laboratório combaterá a censura, o
sensacionalismo, as acusações sem
provas e o plágio.
ESTA DESPORTO utilizará sempre os meios
leais para obter informações, imagens
ou documentos e jamais abusará da
boa fé de quem quer que seja.
ESTA DESPORTO, será publicado duas vezes
no segundo semestre académico e será
distribuído gratuitamente na Escola
Superior de Tecnologia de Abrantes
(ESTA) e na própria cidade.
ESTA DESPORTO poderá afirmar-se, no
futuro, como um jornal desportivo
na região norte do distrito de Santarém, nomeadamente no concelho de
Abrantes, apesar de ser feito e produzido pelos/as alunos/as do 5. ano da
licenciatura de Comunicação Social,
da Escola Superior de Tecnologia de
Abrantes (ESTA).
Ficha Técnica
DIREC TOR: JOSÉ PEIXE
REDACÇ ÃO: ANA LÚCIA, ANA LOBINHO, BRUNO
RIBEIRO, DANIELA COSTA, ELISABE TE SANTOS
FABIANA SOCORRO, FÁTIMA RODRIGUES,
FRANCISCO MENDES, GABRIEL MENDES, JOÃO
VIEIRA, LILIANA ROCHA, MARINA GUERRA,
NEUZA PAULO, PATRÍCIA LAVADINHO, PAULA
GONÇALVES, VERA AGOSTINHO
PAGINAÇ ÃO: JOÃO PEREIRA
O
ano de 2006 pode trazer
algumas alegrias desportivas
para os portugueses. A
Selecção Portuguesa de Futebol
vai estar no Campeonato do Mundo da
Alemanha, sob os comandos do gaúcho
Luiz Felipe Scolari e reúne todas as
condições para conseguir um excelente
resultado. Aliás, a Selecção Portuguesa
é considerada pelos especialistas em
futebol, como uma das mais fortes para
conquistar o Mundial da Alemanha.
Já em 2004, aquando do Campeonato da
Europa que se disputou no nosso país, a
Selecção das Quinas, conseguiu marcar
presença na final no Estádio da Luz,
em Lisboa, frente à Grécia. Infelizmente
a sorte não esteve do nosso lado e os
gregos sagraram-se campeões europeus.
Em termos de organização, o
Comité Executivo da UEFA decidiu
presentear Portugal, atribuindo-nos
a responsabilidade de organizar o
Campeonato da Europa de Futebol Sub21. Os jogos vão ter lugar no Norte do
país e disputam-se entre 21 de Maio e
4 de Junho de 2006. Ou seja, Portugal
tem todas as possibilidades de se sagrar
Campeão Europeu em Sub-21, antes
da saída da Selecção A para o Mundial
da Alemanha, que começa no dia 9 de
Junho.
É verdade que a crise está a minar
o nosso país. É verdade que os
portugueses estão desanimados,
descontentes com a política e cépticos
quanto ao futuro de Portugal. Se
os nossos jogadores se aplicarem
dentro das quatro linhas, pode ser que
voltemos a ver o país vestido de verde e
encarnado, como aconteceu em 2004.
A nível de organização desportiva,
Portugal terminou em beleza o ano de
2005, transformando Lisboa no epicentro
2
do mundo motorizado, com a saída do
Lisboa -Dakar. No que diz respeito à
participação dos pilotos portugueses,
Carlos Sousa terminou em sétimo nos
automóveis, enquanto o jovem Hélder
Rodrigues, deu espectáculo nas motos,
chegando a Dakar na nona posição da
geral.
No Campeonato do Mundo de
Fórmula 1, o piloto português Tiago
Monteiro também deu que falar a nível
internacional em 2005 e promete ser
mais competitivo em 2006, desde que
consiga reunir os apoios necessários.
Por aqui, a equipa de futebol do
A.F.C Abrantes continua a dar nas
vistas no Campeonato Nacional da II
Divisão B e ocupa o terceiro lugar da
tabela classificativa da Série C. Nas
eliminatórias da Taça de Portugal, a
equipa do Abrantes foi até ao Estádio
do Bessa (Porto), onde perdeu com o
Boavista por 3-0. Mesmo eliminados,
os abrantinos (jogadores, dirigentes e
adeptos) fizeram a festa na cidade Invicta.
Em poucos anos, o A.F.C de Abrantes
conseguiu fazer um percurso notável
até à II Divisão B, demonstrando
grande profissionalismo dentro e fora
do campo. Os jogadores são jovens e
ambiciosos. A equipa técnica é exigente
e teima em apresentar bons resultados.
A direcção do clube procura honrar os
seus compromissos financeiros e não só,
de modo a poder cativar a empatia dos
jogadores e adeptos. É caso para dizer,
que no futebol português também existem
bons exemplos. E a equipa do A.F.C de
Abrantes é um deles. Fica o registo.
Feitas as contas e analisando os
exemplos que demos, 2006 pode ser
encarado como o ano da esperança e
revitalização do desporto português. Só é
preciso ter fé e acreditar. Que assim seja.
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
LUIS FORRA/EPA
Dakar
Em busca do Lago Rosa
FOTOGRAFO
O português Carlos Sousa
mais uma vez deu espectáculo
até Dakar
Francisco Mendes
Foi a visão de um apaixonado
piloto francês pelo deserto que deu
vida à mais mítica prova de todoo-terreno. E foi também o deserto
que quase tirou a vida ao aficionado
Thierry Sabine, que então participava no Rali Abidjan-Nice, ao perder-se, ficando entregue a si próprio
cerca de 3 dias. Quando poucos
ainda acreditavam que estaria vivo,
um pequeno avião avistou-o nas
dunas, salvando-o de uma morte
quase certa. E foi dessa experiência
sofrida que surgiu a paixão. Sabine
quis transmitir as emoções fortes de
uma travessia do Sahara aos pilotos
de todo o mundo.
Contudo, poucos anos depois,
em 1986, a fatalidade concretizou-se ao pai do Paris-Dakar, num
acidente de helicóptero, enquanto
assistia ao desenrolar da prova que
idealizara. Diz a história que, na
hora do acidente, aconteceu uma
tempestade de areia. Gilbert Sabine,
pai de Thierry, assumiu o comando
do rali. As cinzas de Thierry Sabine
foram espalhadas no deserto.
A partida da primeira prova foi
a 26 de Dezembro de 1978. Os 170
participantes partiram da Place du
Trocadero, frente à Torre Eiffel, com
o objectivo de chegar ao Lago Rosa,
em Dakar, num percurso de 10 mil
quilómetros. E foi nesta data que se
imortalizou a prova, “Paris-Dakar”,
como é conhecida, por serem os
nomes das cidades de partida e de
chegada. Em competição de categoria única, foi o piloto Cyril Neveu
o primeiro campeão da história do
Dakar, aos comandos de uma moto
Yamaha XT500, quando apenas um
terço concluiu a prova.
Desde então, o Paris Dakar foi
um sucesso, aumentando a lista de
participantes a cada ano, e atraindo multidões. Esta aventura teve o
mesmo traçado durante 10 anos.
Em 1989, o Dakar visitou um novo país: a Líbia. Foi o Paris-TunisDakar, onde despontou uma nova
estrela: Stéphane Peterhansel, hoje
recordista de vitórias nas duas rodas, com seis triunfos.
Em 1992, assistiu-se à primeira
mudança de direcção do rali. A largada foi no Château de Vincennes, e
Gilbert Sabine, que queria dar uma
nova vida à competição, decidiu
mudar a chegada. O Paris-Dakar
tornou-se o “Paris-Cidade do Cabo” e forneceu aos participantes um
cenário de tirar o fôlego. Apesar da
mudança de direcção, muita coisa
não saiu como previsto: uma tempestade de areia, Chade em guerra,
um rio inundado na Namíbia: os
elementos naturais impuseram-se.
Assim, no ano seguinte, o rali voltou
ao traçado original.
O grupo Amaury Sport Organisation (ASO) passa então para a
direcção do Paris-Dakar, decorria
o ano de 1994. O percurso marca
a primeira inovação do grupo: um
A partida da
primeira prova foi
a 26 de Dezembro
de 1978
Paris-Dakar-Paris, numa difícil prova com quase 14 mil quilómetros
de extensão.
Em 1998, o Dakar completou
20 anos de sucesso. A prova saiu
de Versailles e cruzou a Espanha,
terminando em Dakar. O percurso
passava por muitas dunas e reencontrou nessa edição o espírito da
prova: dificuldades e maratona. Foi
também nesse ano que Stephane
Peterhansel se consagrou o piloto
com mais vitórias.
Desde então, o ponto de partida
3
da competição tem mudado sucessivamente de lugar: Granada e
Barcelona em Espanha; ou Arras,
Marselha e Clermont-Ferrand,
cidades francesas foram algumas
das cidades anfitriãs. Ao fim de 27
edições, o Dakar continua a ser o
maior espectáculo de “off-road”
do globo. Mas muitos episódios
têm marcado as várias edições.
Entre outras, encontram-se ameaças terroristas, ataques de grupos
armados aos acampamentos, guerras, o desaparecimento de vários
pilotos e assistentes por vias de
acidente ou perdidos no extenso
deserto africano, as armadilhas da
natureza, as terríveis tempestades
de areia, temperaturas extremas,
inundações. É toda esta adrenalina
que torna o Dakar numa aventura
mítica, num espectáculo mediático,
e numa paixão para muitos.
O Dakar é mais uma grande
competição desportiva que Portugal recebe, depois de ter perdido
outras no desporto motorizado, tais
como o Rali de Portugal, que contava para o Mundial de Ralis, ou a
Fórmula 1, a ver vamos se Portugal
passa com nota positiva no papel de
anfitrião e é capaz de agarrar esta
oportunidade que, pelo menos até
2008, parece estar garantida.
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
Radical
“Skate não é crime”
João Vieira e Gabriel Mendes
O dia ameaçava ser frio, gelado e
com chuva à mistura. O campeão
nacional de street skate – Nokia
Etnies Open 2005 – já estava encontrado, faltava saber quem vencia a última etapa. No entanto, em
Vila Franca de Xira, no Pavilhão do
Cevadeiro, após o aquecimento, o
frio que tolhia os movimentos dos
skaters rapidamente desapareceu
para dar lugar a uma autêntica demonstração de talento, juventude,
irreverência.
Enganam-se também os que
julgam o skate um desporto praticado exclusivamente por homens.
Embora não tenham competido,
foi possível vislumbrar duas jovens
raparigas a ensaiar corajosamente
algumas manobras no recinto da
prova.
O público, sobretudo jovens,
animava-se com as manobras,
os voos e as quedas, muitas quedas, dos skaters. A determinada
altura da prova, o apresentador
deste último circuito dirigiu-se
a um jovem participante (ainda
iniciado), acabado de cair, consolando-o: “Descansa, porque só se
é um verdadeiro skater quando se
cai a primeira vez”. Para executar
a manobra perfeita as quedas são,
por vezes, muito frequentes. Como
também são necessárias muitas
horas de treino diário, esforço e
uma inevitável dose de loucura.
Que o diga o actual campeão
nacional da modalidade, Ruben
Rodrigues, que dedica diariamente
seis horas de treino a praticar skate.
Ruben dedica
diariamente seis
horas de treino
a praticar skate
A dedicação é tal que, aos 20 anos de
idade, vai acumulando os estudos
com o trabalho que não é mais nem
menos do que vigiar um Skate Park.
Toda esta dedicação foi recompensada no final da etapa quando deu
um show de manobras que lhe valeram a vitória no último circuito
e os aplausos do público.
Algumas
Manobras
180
1/2 rotação para a direita ou
esquerda.
360
Uma rotação inteira.
540
Uma rotação de 540 graus,
ou seja, um 360 e mais um
180.
720
Dois 360, ou seja, uma
rotação de 720º.
900
Duas rotações e meia. O
primeiro foi realizado por
Tony Hawk, em 27 de Junho
de 1999, nos X Games
50/50 - Grind em que ambos
os trucks estão a grindar.
Frontside
Alley Oop
Quando uma manobra é feita
na direcção inversa daquela
em que o atleta está a andar.
Quando a volta ou a manobra
está a ser executada de forma
a que a frente do atleta está
virada para o exterior do arco
da manobra.
Backside
Goofy
Quando a volta ou a manobra
está a ser executada de forma
a que as costas do atleta
estão viradas para o arco da
manobra.
Dropar
Entrar numa rampa ou
obstáculo a partir do topo.
Fakie
Andar para trás.
Quando o skater anda com o
pé direito à frente.
Grab
Agarrar a prancha, com
uma ou as duas mãos, em
backside ou frontside.
Grind
Andar em cima de um
objecto como um corrimão
ou a aresta de um objecto
4
apenas com os trucks em
contacto.
Nose slide
Half Pipe
Rampa com a forma de U
usada para vert
Fazer a parte de baixo
do nose escorregar num
obstáculo com um corrimão,
aresta ou lip de uma rampa.
Kickflip
Ollie
O mesmo que um Heelflip
só que são os dedos que
empurram a prancha para
baixo fazendo-a rodar.
Nollie
O mesmo que um ollie só
que se bate o nose em vez do
tail, na mesma a andar para
a frente.
Nose
A frente do skate.
Um salto dado com o
skate batendo com o tail
da prancha no chão ou
na superfície da rampa,
fazendo-o elevar-se. Origem
do nome: Alan Gelfend.
Quarter pipe
Metade de um half pipe.
Tail
Parte de trás do skate.
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 Origem: Castelo Branco
PERFIL
 Palmarés: Vice-campeão
em 1995 e 1997
 Já participou em provas
na Espanha e na Alemanha.
 Concilia o skate com os
estudos. Aliás, em Portugal
são poucos os profissionais
de skate.
 Para ser praticante de
skate é necessário ter algum
dinheiro. Uma prancha de
skate ronda os 150 euros.
 Refere que a mentalidade
portuguesa é diferente da
do estrangeiro. Em Portugal
os skaters ainda não são
vistos como praticantes
de um desporto, mas, por
vezes, como marginais.
 Os skate parks de Portugal
têm evoluído e já quase
todas as cidades os têm.
Apesar disso em Castelo
Branco, onde reside, não
existe um espaço próprio e é
ele que tem de criar as suas
próprias estruturas para
treinar.
O Ruben pertence, no entanto, a
uma geração privilegiada. Os skaters veteranos não tiveram a mesma
sorte.
À entrada do pavilhão, uma tshirt reclamava atenção: “Skate
não é crime”. Para Marco Roque,
skater há mais de uma década, não
é apenas uma frase... É uma mensagem que ilustra o ressentimento
que os antigos skaters carregam
consigo. Praticar skate foi erradamente conotado com vandalismo,
marginalidade. Nunca houve muita
tolerância das pessoas para com
este desporto. “Se estivesse a fumar
droga as pessoas baixavam a cabeça,
mas como estava a praticar uma
manobra de skate vinha logo alguém dizer que não o podia fazer. É
estranho mas é verdade”, diz Marco
Roque sem encontrar explicação.
“Talvez seja a mentalidade portuguesa”, desabafa.
Para treinar era obrigado a deslocar-se frequentemente para fora
da sua cidade natal, Castelo Branco,
que ainda hoje não possui nenhum
recinto adequado para a prática da
modalidade. Quando tentava praticar na rua era sempre impedido,
o que lhe dificultava a vida.
Nesta matéria, as autarquias têm
alguma responsabilidade porque
através da sua iniciativa é possível
criar espaços próprios com condições adequadas para a prática
de uma modalidade, que afinal
de contas também é um desporto.
Com mais espaços desta natureza, talvez estes jovens deixassem
de procurar alternativas na rua.
Abrantes é um bom exemplo pois
possibilitou aos jovens que gostam
 Idade: 20
aderirem à modalidade.
 Origem: S. João da Talha
 Concilia os estudos e o
skate com algum esforço.
Estuda á noite e anda de
skate durante o dia.
 Palmarés: Campeão da
categoria amadora em 2004
 Campeão nacional da
categoria profissional em
2005
 Treina, em média, 6 horas
por dia.
 Garante que a categoria
amadora está em grande,
com cada vez mais jovens a
de skate um espaço adequado para
a prática da modalidade - junto
ao Castelo.
A etapa, que o ESTA DESPORTO
observou em Vila Franca de Xira,
Para treinar
era obrigado
a deslocar-se
para fora da sua
cidade natal
mostrou que o futuro do skate em
Portugal é risonho. Apesar do skate
ser, em Portugal, uma modalidade,
que em termos competitivos ainda
está a anos-luz dos níveis de países
como os Estados Unidos da América, Brasil, e até a nossa vizinha Es-
5
 Defende que hoje em
dia os skaters já não são
vistos como uns vândalos
que andam na rua. A
mentalidade está a mudar,
sobretudo através dos
campeonatos, que dão uma
imagem mais desportiva ao
skate.
PERFIL
Ruben Rodrigues
 Defende que as pessoas
dão demasiada importância
ao futebol, deviam olhar
mais para outros desportos,
como o skate.
Marco Roque
 Idade: 28
panha, onde este desporto radical já
está profundamente desenvolvido,
as competições nacionais já estão
longe do amadorismo. Os melhores
skaters portugueses já conseguem
ser parcialmente patrocinados por
marcas oficiais, embora raros são
os casos em que esse patrocínio
lhes permita viver exclusivamente
do skate.
A avaliar pela quantidade e
qualidade dos praticantes, pelo
contributo das autarquias e o
acompanhamento dos meios de
comunicação especializados em
Portugal – a revista “DIFERE”, o sítio na Internet www.skatebyte.com
e a representante portuguesa do
canal de televisão “EXTREME” –,
este desporto deverá ter nos próximos anos patamares cada vez mais
elevados de competitividade.
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Judo
Campeão no tapete e na vida
Patrícia Lavadinho
“O tempo passa mas eu não
quero parar. Pararei quando
morrer.”
Esta é a frase que melhor caracteriza Fernando Correia que
apesar de todas as adversidades
sempre lutou por uma “vida mais
simpática”.
Foi o sarampo que aos 6 anos
de idade o deixara com problemas de audição. Desde então foi
perdendo gradualmente o sentido
auditivo até deixar de ouvir por
completo aos 19 anos.
Fernando Correia então um
jovem revoltado encontra no
judo uma forma de ganhar auto-confiança e superar os seus
problemas.
“A falta de confiança que os
jovens por vezes sentem tentam
superá-la através do tabaco, da
bebida e comportamentos menos próprios, eu refugiei-me no
desporto”, afirmou.
Dedicou-se de tal forma ao desporto que “todo o tempo livre era
para estar no judo” o que lhe valeu
vários títulos entre os quais o 2.º
lugar nos Campeonatos Mundiais

PATRÍCIA LAVADINHO
Fernando Correia encontrou no Judo a sua felicidade
de Karaté e Judo silencioso (para
deficientes auditivos) em 1982 em
Dunquerque, França, assim como
o 3.º lugar, em 1989, no Japão.
Actualmente, o também Osteopata, Fernando Correia é Instrutor
Civil de Judo e Defesa Pessoal na
Escola de Tropas Aerotransportadas em Tancos, Praia do Ribatejo. O nosso entrevistado quer
manter-se no judo e na instrução
militar para sempre e afirma que
apesar dos seus 60 anos, ainda se
encontra em boa forma física.
“Viver não é algo difícil ou
impossível, o problema é que há
pessoas que se perturbam muito
com os seus próprios pensamentos”, esclarece.
Se não pensasse assim não te-
ria voltado aos campeonatos do
mundo de Karaté e Judo Silencioso em 1989 no Japão, 5 anos
depois de ter estado à beira da
morte em consequência de uma
acidente na véspera da sua participação nos Campeonatos do
Mundo em 1984 na Cidade do
México.
“Eu não vou para o mundial
mas se não morrer eu volto”, diz.
É com os olhos rasos de lágrimas num misto de frustração e
orgulho que fala no azar que teve
ao bater no fundo da piscina de
um amigo na véspera da sua ida
aos campeonatos do mundo de
1984, no México. Mas simultaneamente se orgulha de ser um
“Homem que honra os seus compromissos” e que mesmo com
múltiplas fracturas atendeu um
“homenzinho pobre” que vinha
do norte para uma consulta de
osteopatia.
“O surdo normalmente é uma
pessoa complexada e retraída, mas
eu não tenho esses problemas”,
clarifica.
A palavra deficiente é naturalmente depreciativa e uma pessoa
com uma deficiência, por vezes,
é vista pela sociedade com pena
e até desdém.
Força e vontade de viver são as
palavras adequadas para falar de
Fernando Correia. Deficiente auditivo que vive, trabalha e tem um
papel importante na sociedade.
Hidroginástica
“Para todas as idades”
As piscinas municipais de Abrantes, localizadas na zona da Cidade
Desportiva, estão em funcionamento desde Setembro de 2003. A
hidroginástica é uma das diversas actividades que ali se podem praticar.
Elisabete Santos
Tal como o nome indica, hidroginástica consiste em fazer ginástica
dentro de água. “É uma actividade
muito parecida com a aeróbica. Fazemos exercícios com coreografias,
sempre acompanhados por música.
Tudo isto dentro de água, claro!”,
explica Teresa Costa, professora
de hidroginástica. Para realizar este
desporto são utilizados vários materiais: halteres, flutuadores, step,
luvas, caneleiras e bastões. “Estes
instrumentos são fundamentais
para intensificar e motivar a actividade”, acrescenta Teresa Costa.
Ao aderir a esta actividade, pode
optar por hidroginástica I ou hidroginástica II. A única diferença entre
elas é que enquanto que a primeira
é praticada numa piscina em que os
alunos têm pé, e a segunda é praticada numa zona profunda.
A hidroginástica pode ser praticada por homens, mulheres, jovens
e idosos, basta quererem exercitarse. “É para todas as idades, qualquer
pessoa pode fazer hidroginástica.
Só têm de trazer uma declaração
médica e inscreverem-se”, diz Teresa Costa.
Actualmente, esta actividade
conta com oito turmas, sendo que
a média é de 18 / 20 alunos por turma, o que faz um total de 150 / 160
alunos.
Através desta modalidade é possível melhorar o sistema respiratório, cardio-respiratório e cardiovascular; a resistência e força muscular;
a flexibilidade das articulações e
diminuir o stress.
A hidroginástica é uma activida-
6
de divertida. Existe uma grande interacção entre professores e alunos
e mesmo os mais envergonhados
acabam por perder a timidez. “A
relação entre professores e alunos
é óptima. O convívio é saudável e
eles interagem muito”, afirma Teresa
Costa, professora de hidroginástica.
Esta actividade pode ser praticada todas as tardes de segunda a sexta-feira e ao sábado de manhã. Cabe
ao aluno definir o seu horário.
O preço varia consoante a idade e o número de aulas semanais.
Uma aula por semana custa 21.18€,
mas para maiores de 56 anos custa
15.89€. Se optarem por mais aulas
fica a 26.48€ e a maiores de 56 anos
pagam apenas 21.18€.
Localizadas numa zona de expansão da cidade, com boas acessibilidades e óptimas infra-estruturas,
as piscinas municipais de Abrantes
convidam a uma visita e, claro está,
a experimentar uma contagiante
aula de hidroginástica.
ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006
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Mundial 2006
Portugal no Mundial 2006
Angola, Irão e México vão ser as equipas que a Selecção Nacional vai defrontar na primeira fase do
Mundial de 2006. Luiz Felipe Scolari rejeita ondas de euforia e promete empenho e dedicação.
LUSA
Liliana Rocha
de saída será dado num jogo que vai
por frente a Alemanha – os anfitriões
da prova – e a selecção da Costa Rica.A
Selecção Nacional estreia-se no dia 11
de Junho contra a selecção angolana,
na cidade de Colónia.
Esperam-se 30 dias de competição
ao mais alto nível, em que as melhores
selecções do mundo vão poder mostrar o que valem e o que de melhor
tem o futebol.
Foi em Dezembro, em Leipzig, que
decorreu a cerimónia do sorteio para o
Mundial 2006. A Selecção das Quinas
viu, assim, ficar definido o grupo com
as selecções que terá de defrontar no
Mundial da Alemanha. O adversário mais difícil parece ser o México
– cabeça de série – mas, para que a
selecção passe aos oitavos de final, terá
que medir forças ainda com a Angola
e o Irão.
No final do sorteio, em declarações
ao jornal Record, o seleccionador
nacional Luiz Felipe Scolari afirmou
que o grupo não é o mais difícil, mas
precaveu: “Se alguém pensar que já
passamos antes de vencermos os jogos
vai dar-se mal”.
Apesar de ser considerado um
grupo equilibrado, em que a selecção
portuguesa tem boas perspectivas de
seguir em frente na competição, Scolari deixou o aviso aos mais eufóricos
de que facilidades é coisa que nunca
vai esperar, muito menos quando se
está num mundial. O seleccionador
nacional lembrou a ilusão que se criou
no Mundial 2002, com um grupo considerado “fácil” (EUA, Coreia do Sul
e Polónia), no qual, segundo ele, “se
tornou no maior pesadelo para os
portugueses”.
O Mundial de 2006 arranca a 9 de
Junho na Alemanha, abrindo assim a
18ª edição do campeonato. O pontapé
Balanço positivo da selecção portuguesa no campeonato do mundo
O Mundial de Futebol satisfaz os
amantes do futebol desde o ano de
1930. A primeira vez que Portugal
entrou na prova foi em 1934, tendo
falhado os mundiais de 1930, 1942 e
1946. Desde então que a Selecção Nacional tem mostrado a sua qualidade
e esforço nos mundiais de futebol. O
que é certo é que só a partir só a partir
de 1962 é que começou a alcançar os
melhores resultados.
O balanço que se faz da participação
da selecção das quinas, em campeonatos do mundo, é naturalmente
positivo. Em 114 jogos disputados,
a selecção lusa conseguiu reunir 58
vitórias, 24 empates e 32 derrotas. Não
é por acaso que a Selecção Nacional foi
cotada, no ranking da FIFA, no mês
de Novembro, como a 10ª melhor
selecção do mundo.
No apuramento para o Mundial, a
Selecção Portuguesa conseguiu em 12
jogos, nove vitórias e três empates.
GRUPOS DO MUNDIAL
Reacções de Luiz Felipe Scolari
SELECÇÃO DE ANGOLA
”Será o jogo de estreia
de Angola no Mundial
(…) Mas apesar da
amizade teremos de
estar concentrados
para fazer o nosso
trabalho e tentar
ganhar o jogo. É que
Angola vai tentar
certamente aproveitar
a oportunidade para
se mostrar, tentar
uma surpresa e se nós
não encararmos esse
jogo de forma séria e
profissional, corremos
o risco de ter um
amargo na boca.”
Jornal Record, 10 Dez 2005
SELECÇÃO DO MÉXICO
“O México tem um
passado no Mundial
muito importante e
nos últimos anos está
sempre entre os oito
primeiros do ’ranking’
da FIFA (…) teremos de
ter todos os cuidados
quando jogarmos
com o México, apesar
de acreditar que
Portugal poderá
já ter a passagem
garantida quando
tiver de defrontar os
mexicanos.”
Jornal Record, 10 Dez. 2005
SELECÇÃO DO IRÃO
“Trata-se de uma
boa selecção, com
jogadores experientes,
muitos deles a jogar
na Alemanha. Tem
um estilo de jogo
seguro, com boa
técnica individual e um
treinador que sabe o
que faz. Como será o
nosso segundo jogo,
as atenções terão de
ser redobradas da
nossa parte, pois não
podemos dar-lhes
possibilidades de
aproveitarem qualquer
deslize nosso.”
Jornal Record, 10 Dez. 2005
JOGOS (grupo D)
LOCAL
DATA
HORA
México – Irão
Nuremberga
11 de Junho/17h00
17h00
Angola - Portugal
Colónia
11 de Junho/20h00
20h00
México - Angola
Hanover
15 de Junho/20h00
20h00
Portugal - Irão
Frankfurt
17 de Junho/14h00
14h00
Portugal - México
Gelsenkirchen
21 de Junho/20h00
20h00
Irão - Angola
Leipzig
21 de Junho/20h00
20h00
QUADRO DE JOGOS DA SELECÇÃO NACIONAL
GRUPO A
1 – Alemanha
2 - Costa Rica
4 – Equador
GRUPO B
1 – Inglaterra
2 – Paraguai
3 - Trinidad
e Tobago
4 - Suécia
GRUPO C
1 - Argentina
2 - Costa do Marfim
3 - Sérvia
e Montenegro
4 - Holanda
GRUPO E
1 – Itália
2 – Gana
3 – EUA
4 - República Checa
GRUPO F
1 - Brasil
2 - Croácia
3 - Austrália
4 - Japão
GRUPO G
1 - França
2 - Suiça
3 - Coreia do Sul
4 - Togo
3 – Polónia
7
GRUPO D
1 – México
2 – Irão
3 – Portugal
4 – Angola
GRUPO H
1 - Espanha
2 - Ucrânia
3 - Tunísia
4 - Arábia Saudita
ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006

Futebol
CÉSAR SANTOS/JN
Força! Força!
Olé... Olé... Olé...
Reportagem
Ana Lobinho e Fabiana Socorro
A
s bandeiras, os cartazes, o fumo e
as vozes enchem o palco daquele
que vai ser mais um jogo. A bola
rola, a equipa está a jogar, e o que
importa é apoiá-la. Por isso, começam-se
a ouvir os cânticos... o importante é puxar
pela equipa. Não passa indiferente a ninguém... Todos olhamos para as claques
e, por vezes, até cantamos em uníssono.
Atribuímos definições e acreditamos nelas, mas o factor mais relevante é perceber
o que move uma claque.
Rúben Gil, membro da claque Diabos
Vermelhos, explica que “a paixão pelo
clube” é a base da existência das claques.
Já para Kiko, membro da Juventude Leonina, estar com a claque demonstra que
“tens orgulho naquilo que fazes, aquilo a
que pertences”.
A posição dos clubes em relação a estes
grupos é sempre controversa. O apoio
existe, mas vai sendo alterado com o tempo. Rúben Gil e Kiko estão de acordo no
que refere a este assunto. Actualmente,
ambos sentem que as respectivas cla-
ques são apoiadas principalmente no
que diz respeito à facilidade na compra
de bilhetes. Ainda assim, é complicado
fazer uma vida como muita gente faz lá
dentro: “Não tens posses para conseguir
acompanhar a claque para todo o lado”,
aponta Kiko.
Continuamos a vaguear neste mundo
que julgamos conhecer tão bem e encontramos mais uma palavra que nos faz
confusão: ULTRAS. É aqui que se marca a
diferença. Rúben Gil ajudou-nos a perceber a força deste termo: “É um elemento
da claque que vai sempre à bola, tem o
objectivo de apoiar o clube, quer este
ganhe ou perca”. O mundo dos ULTRAS
é associado à violência. Por isso, a cada
jogo, são estrategicamente colocadas nas
bancadas.
Parece unânime afirmar que as claques
são responsáveis por todos os distúrbios.
No entanto, percebemos que o fenómeno
não é tão geral. “É normal que existam pequenos grupos e que surja essa violência”,
explica o jovem benfiquista. Kiko

8
A primeira claque organizada portuguesa nasce no ano de 1976.
A Juventude leonina é fundada por João e Gonçalo Rocha – filhos
de João Rocha, então presidente do Sporting.
A claque tem o orgulho de ser a única a contar com quatro
troféus Gandula no seu palmarés. As transfertas sempre foram
um dos trunfos da Juve Leo, a claque pioneira na tradição dos
cortejos.
As bandeiras gigantes, as grandes fumaradas, os potes de fumo,
as tochas e o apoio incondicional à equipa foram desde sempre
a imagem de marca da Juventude Leonina. A partir dos anos 90
a claque viu-se obrigada a alterar as suas políticas coreográficas,
devido à proibição do uso de material pirotécnico.
Fernando Mendes é o actual líder da claque, que está no activo
acerca de 10 anos, e preside uma direcção constituída por 40
elementos. Este grupo prepara-se para a etapa da legalização que
considera fundamental no seu percurso.
A Juve Leo chegou a ter 8000 membros repartidos por centenas
de núcleos. Actualmente conta com 60 núcleos distribuídos por
todo o país.
A Juventude Leonina estabeleceu ao longo da sua história amizades oficiais com o grupo Grobari – do Partizan Belgrado – o grupo
B-Side – dos holandeses Go Ahead Eagles – e os Settebello – da
Fiorentina.
A claque sportinguista chegou a ter boas relações com os Super
Dragões mas estas têm vindo a deteriorar-se. Hoje em dia, a nível
nacional, estão mais próximos da Mancha Negra.
A claque sobreviveu nestas quase quatro décadas ultrapassando
alguns momentos infelizes. A 31 de Outubro vêem a sua sede
destruída pelas cinzas. Em Maio de 1995 a queda de um varandim rouba-lhes dois dos seus ultras.
É, no entanto, com esforço, dedicação, devoção e glória que os
primeiros na “curva” enfrentam o futuro.
Dos fracos não reza a história!
Primeiros a nascer, últimos a morrer!
Um dia Juve Leo, Juve Leo até morrrer!
A lenda continua!
ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006
acrescenta ainda que quando há
muita emoção, “eles são a gota de água
para iniciar uma guerra lá dentro”.
Alguns núcleos têm ligações estreitas a
ideologias de extrema-direita. É o caso do
Movimento 1143, apoiante do Sporting
Clube de Portugal.“O que eles estão a conseguir é apoderar-se do espírito das pessoas mais fracas lá dentro”, critica Kiko.
A visão de Rúben Gil mostra que afinal
não podemos ver as claques como as
culpadas deste tipo de atitudes: “Não
podemos deixar de tentar perceber este
fenómeno que acontece devido às diferentes personalidades existentes numa
claque.”
O Sport Lisboa e Benfica chegou
mesmo a cortar relações com os Diabos
Vermelhos devido à claque ter utilizado
bandeiras com cruzes suásticas. Muitos
dos seus membros são skinheads.
Fernando Mendes, líder da Juve Leo
há 10 anos, já foi conotado com rituais
nazis. No entanto, Kiko considera-o um
bom líder: “É uma pessoa que tem minimamente consciência, que sabe impor
algum respeito e ordem”.
“A política está de uma maneira geral
presente nas claques que, se estivermos
atentos a um jogo de futebol, podemos
ver claques com imagens de Che Guevara
e com algum simbolismo se calhar não
tão óbvio numa facção mais à direita.
Mas são pequenos focos porque, acima
de tudo, um elemento de uma claque
deve ter em atenção não a uma ideologia
política, mas sim a paixão pelo clube”,
enalteceu Rúben Gil.

Segundo Kiko existem membros capazes de se aproveitar um bocado da claque,
considerando ainda que “são muitos os
elementos que pretendem conquistar
alguma coisa para eles, mas as pessoas
também se apercebem disso”.
Não são só os confrontos de ordem política que põem em causa a segurança dos
adeptos. A própria utilização inadequada
de material pirotécnico já manchou de
sangue as bancadas dos estádios portugueses. O cenário que encontramos hoje
já não é o mesmo de há algum tempo
atrás. Agora as claques são controladas,
ganha-se segurança, mas perde-se em
espectáculo.
O controle na entrada dos adeptos
permite, agora, evitar a introdução de objectos contundentes no recinto. O jovem
sportinguista explica que “hoje em dia
são controladas com materiais metálicos.
Anteriormente introduziam armas que
serviam para grandes desacatos”.
A relação entre as claques sempre foi
um tema controverso. “Há sempre a rivalidade de peito”, admite Kiko, acrescentando que não gostam de ser visitados
quando lhes partem quase tudo o que
temos.
Todos querem ter a última palavra:
“Primeiros a nascer, últimos a morrer!
Um dia Juve Leo, Juve Leo até morrer”;
“Demasiado fiéis para desistir”, respondem os Diabos Vermelhos. Cada um com
as suas convicções e paixões, a questão
que se coloca, para muitos, é a de saber
se será difícil pôr um ponto final nesta
história das claques.
CÉSAR SANTOS/JN
9
Os Diabos Vermelhos, claque que apoia o Sport Lisboa e Benfica
(SLB), nasceram em 1982. A sua formação surgiu da união de um
grupo de sócios do SLB que habitualmente se reuniam na bancada
central do 2º anel do Estádio da Luz. Foi em Novembro de 1982
que apareceu a primeira faixa dos Diabos Vermelhos e também
algumas bandeiras. Incentivada pela boa prestação da equipa na
Taça U.E.F.A., a claque começa a formar-se. As características iniciais
eram as caras pintadas (às vezes também o cabelo), a utilização de
muitas bandeiras de cores predominantemente vermelha e branca. Com o decorrer do tempo foram criados os Diabos Vermelhos
Norte que permitia assegurar a presença de membros da claque
nos estádios nortenhos.
No final da década de 80, os Diabos Vermelhos já se situavam no 1º
anel da central do Estádio da Luz e utilizavam novas cores nas bandeiras, cores derivadas e ou conjugadas com as originais do clube.
A passar por uma boa fase de relações com a direcção do clube,
existe uma tentativa de renovar a direcção da claque que acaba
por falhar.
Desta forma, cria-se uma ruptura no seio do grupo que se reflecte
na existência de dois grupos, em sítios diferentes do estádio, com o
nome Diabos Vermelhos. Esta ruptura mostra resultados desastrosos com apenas 10 elementos na bancada em 1992/93.
São os núcleos de Almada e Olivais que impulsionaram a claque
a renascer. Surgem também problemas com a direcção do clube
que retira o seu apoio à claque por terem utilizado bandeiras com
cruzes suásticas e por muitos dos seus membros serem skinheads
e se conectarem com a extrema-direita. Com o tempo esta politização do grupo acalmou. É nesta altura que surge o lema “Connosco
Quem Quiser, Contra Nós Quem Puder”. As coreografias começam
a aparecer na época de 93/94, e os núcleos também.
Na época de 94/95 o número de elementos nos jogos em casa
aumentou tal como as coreografias começam a ter o apoio dos
restantes sócios do clube. A inovação surge na é poça 95/96 quando criam uma linha de artigos “On Tour” para os filiados nos jogos
fora. E já em 96, depois das obras na nova sede da claque, aproveitam o jogo de apresentação frente à Fiorentina para oferecer
aos jogadores alguma material da claque e assim relembrar o seu
apoio. Percorrendo todos os pontos do país e até no estrangeiro, os
Diabos Vermelhos continuam a apoiar o seu clube, à procura das
vitórias tão desejadas.
O seu pensamento: “Futuro? Não tememos o futuro…o futuro
somos nós!”
ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006

Futebol
Leis do futebol com novidades
para a presente época
A Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) já anunciou as
principais alterações às leis do jogo. A proibição do uso de adornos, mesmo tapados com adesivos, é
uma das novidades para a época 2005/2006
Bruno Sousa Ribeiro
A interpretação da aplicação do
fora de jogo, o lançamento lateral,
a violação da área de grande penalidade, durante a marcação de
um penalty, e o aquecimento dos
jogadores foram algumas das leis
abrangidas pelas alterações adiantadas pela Federação Portuguesa
de Futebol (FPF) e outras a implementar por imposição da FIFA.
Algumas das alterações anunciadas
prometem gerar alguma polémica
até ao seu total enraizamento. E
é no caso específico da aplicação
do fora de jogo que essa polémica
poderá vir ao de cima. Por aquilo que a lei confere, onde agora
o árbitro passa a ter que esperar
que o jogador atacante toque na
bola para considerar a sua posição de fora de jogo ou se este
interfere no lance, “poderá levar
a algum aproveitamento táctico
por parte dos treinadores”, como
preocupadamente referiu Hugo
Maia, treinador de camadas jovens,
advertindo que “esta situação vai
obrigar, ainda, a uma atenção redobrada por parte do árbitro assistente, a um trabalho suplementar
aos defesas mais lentos e duros
de rins e potenciar um aproveitamento estratégico dos treinadores”.
A substituição ao intervalo é outra
das novidades implementadas. Se
antes a substituição ao intervalo
se considerava como consumada
a partir do momento em que o
árbitro apitava para o início da
segunda parte, agora o jogador
terá que ir junto do árbitro assistente e do delegado da sua equipa,
na linha de meio campo, e esperar pela autorização do árbitro.
Quanto às marcações de grandes
penalidades, a partir de agora, a
violação da área por parte de um
colega do executante será punida
com a repetição do castigo máximo se a bola entrar. Se não entrar,
será concedido um pontapé livre
a favor da equipa defensora. Também a comemoração dos golos em
tronco nu ou parcialmente despido – excepção feita ao levantar
a camisola até ao pescoço sem a
retirar pela cabeça – será punida
com a exibição do respectivo cartão amarelo.
Os gestos que impliquem cotoveladas, mãos (agarrar), braços,
puxões e socos mereceram também por parte dos responsáveis da
arbitragem uma chamada especial
de atenção aos árbitros e árbitros
assistentes que agora terão que
estar mais atentos.
Brincos, pulseiras e fios
proibidos
Algumas das principais preocupações manifestadas pelos
árbitros à LPFP, até pela experiência das últimas épocas, dizem
respeito às agressões “camufladas”, às entradas de pés juntos, à
simulação por parte dos jogadores
e ao tempo útil de jogo. Por esse
motivo e por questões de segurança pessoal e a dos adversários,
os jogadores estão proibidos de
usar qualquer jóia de adorno,
quer sejam brincos, pulseiras ou
fios, mesmo protegidos por adesivo, como até agora acontecia.
No que toca ao lançamento da
linha lateral, deve ser respeitada
uma distância mínima de dois
metros ao elemento que está a repor a bola em jogo, contrariando
a actual medida em que os jogadores podiam estar “cara a cara”.
O processo de aquecimento dos
jogadores, durante os jogos, mereceu também uma ligeira correcção. Só poderão aquecer no
máximo três jogadores e terão
que fazê-lo, de preferência se houver condições para tal, atrás do
primeiro árbitro assistente. Não
sendo possível, o aquecimento
terá de ser feito atrás da linha de
baliza da própria equipa dos respectivos jogadores.
O Rei de África
Depois de José Mourinho conquistar a Europa e Inglaterra, é agora a vez de outro treinador português, Manuel José, exibir os seus
talentos pelos territórios Africanos.
Por razões óbvias - como os níveis
de exigência competitivos -, a conquista da Liga dos Campeões Africanos não tem o mesmo impacto
mediático que a Liga Europeia. No
entanto, não se pode tirar o mérito
ao treinador porque o título Africano nunca tinha sido conquistado
por um português. A primeira Liga
dos Campeões Africanos que o técnico luso conquistou pelo Al-Ahly,
do Egipto, foi em 2001. A segunda
foi em Novembro do ano transacto
sobre o Étoile du Sahel, da Tunísia,
no Estádio Militar, em plena cidade
do Cairo.
Manuel José percorreu um lon-
O percurso do treinador
A sua carreira é composta por momentos altos e baixos. Teve uma
passagem infeliz pelo Benfica que
resultou numa demissão litigiosa,
mas revelou o seu talento ao serviço
do Boavista. Durante estes momentos atribulados foi acrescentando
experiência à sua carreira profissional. É Algarvio, nasceu em Vila
Real de Santo António a 9 de Abril
de 1946.
Quando era jogador representou
clubes como o Benfica (foi campeão
nacional pelas águias, embora só
tenha feito um jogo), Sporting da
Covilhã, o Belenenses, o Beira-Mar, a
União de Tomar, Farense e o Sporting
de Espinho. Foi neste último que
iniciou a sua carreira de treinador,
funções que acumulava com as de
jogador. Treinou depois o Vitória de
Guimarães, Portimonense, Sporting, Sporting de Braga, Boavista,
Marítimo, Benfica, União de Leiria e
Belenenses.
Apesar de representar todos estes
clubes foi como técnico do Boavista
que se notabilizou. Ao serviço do
clube do Bessa conquistou, durante
os cinco anos que treinou a equipa,
a Taça de Portugal em 1991/92 e
a Supertaça Cândido de Oliveira
1992/1993. Foi com o trabalho de
Manuel José que o Boavista criou as
suas bases, transformando um clube
simpático e modesto num clube
que agora afronta os grandes de
Portugal.
10
go caminho com a equipa Egípcia
sem perder um único jogo ao mais
alto nível. O Al-Ahly foi mesmo
votado pela FIFA como a equipa
africana do século XX, coleccionando uma série impressionante de
vitórias – 55 partidas sem conhecer
o sabor da derrota em 16 meses de
competição. Não é de estranhar
que, deste modo, a equipa egípcia
seja conhecida como o Chelsea de
África.
Foi com esta performance que
os Egípcios se apresentaram no
Campeonato do Mundo de Clubes,
competição que definitivamente
vem substituir a Taça Intercontinental (O Futebol Clube do Porto
foi a última equipa a vencer esta
Taça). No entanto acabaram por
ser eliminados pelo Al Ittihad, da
Arábia Saudita. J.V.
ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006
“É o ponto mais alto
da história do AFC”
A vontade de jogar futebol e o espírito de equipa levou o Abrantes Futebol Clube a
atingir um momento histórico. Resta saber até onde pode chegar o clube abrantino.
ANTÓNIO SIMÕES / LUSA
Ana Lúcia
O AFC, uma equipa da segunda divisão
B, jogou no dia 11 de Janeiro para a Taça de
Portugal com o Boavista, campeão nacional
há quatro anos atrás. A equipa abrantina tem
sete anos de existência e conta já com muitas
vitórias. Marcar golos não é novidade… é
fruto de um trabalho de equipa e do gosto da
direcção, em conjunto com a Sede de Futebol,
de “fazer as coisas bem feitas”, como explicou
Alberto Lopes presidente do clube.
Para o Presidente do AFC, Alberto Lopes, o
sorteio da Taça de Portugal foi uma questão de
sorte: “Tivemos a felicidade de apanhar clubes
do nosso escalão, sem os menosprezar”. Mas
a intenção do clube é continuar a sua caminhada. “As nossas aspirações não acabam por
aqui”, referiu o dirigente, salientando ainda
a vontade de chegar o mais longe possível,
dentro das limitações do clube.
Defrontar o Boavista, na Taça de Portugal,
foi sem dúvida o ponto mais alto do AFC.
Nunca em jogos oficiais defrontaram uma
equipa da Superliga. Esta novidade foi um
factor de motivação para o clube, ainda mais
quando se trata de um jogo para a Taça de
Portugal disputado no Estádio do Bessa, que
foi palco do EURO 2004.
“Tinha esperança de jogar contra o Benfica,
o Porto ou o Sporting, e em casa”, desabafou o
avançado Nuno Curto. No entanto, o jogador
adianta que “mesmo assim contra o Boavista
foi um jogo especial para todos”, ficando também a garantia de que fizeram o máximo para
surpreender o adversário.
Expectativas para o jogo do Bessa pareciam elevadas. Mas a derrota não esmoreceu
ninguém. “Eles são do escalão máximo e nós
da Segunda Divisão B, por isso, foi um jogo
difícil para nós. Fomos eleiminados da Taça de
Portugal, mas continuamos em força”.
A equipa esteve sempre tranquila. Notou-se
uma certa ansiedade antes do jogo, mas ficou
tudo bem. Para o presidente do AFC, Alberto
Lopes, o importante foi organizar a ida ao
Bessa e fazer uma grande festa na cidade do
Porto. Os preparativos começaram no sentido
de tentar levar o maior número de pessoas
para o Estádio do Bessa, para que a equipa
se sentisse apoiada. Mas quando se fala dos
adeptos, o presidente afirma: “Não se pode
exigir mais deles. Em qualquer campo fora de
casa, a maioria dos apoiantes é do AFC. Eles
têm dado todo o apoio”. Talvez por isso o clube
tenha tanta dinâmica.
Carlos Fernandes do Boavista disputa o esférico com Luís Carlos (AFC), no Estádio do Bessa
Alberto Lopes acredita que se o jogo com o
Boavista fosse no Estádio do Abrantes haveria mais adeptos. Por isso, era mais favorável
psicológica e financeiramente. No entanto,
mesmo assim, o jogo do Bessa foi uma grande
festa para o futebol.
Financeiramente, o clube tem várias dificuldades. Devido à crise económica as empresas
que exploram a publicidade têm vindo a reduzir o apoio. O clube criou agora um cartão de
sócio, no valor de 36 euros, que dá descontos
em combustível, supermercados, dentistas...
Sabendo as limitações financeiras do clube,
11
o dirigente afirma que “a subida de divisão não
está nos horizontes. Era o pior cenário com que
o AFC se poderia deparar. Tornar-se-ia insuportável economicamente para o concelho ter
uma equipa na Segunda Liga”, desabafa. Com
uma postura firme, mas sorridente, o presidente
afirma que não vai chutar a bola para fora, mas
não passa pela ideia do clube, nos próximos
anos, subir de divisão. Se a equipa for para a
Segunda Liga, já que se encontra em primeiro
lugar, é um facto a ponderar. E se essa for a
vontade dos sócios “estamos de peito aberto
para encarar essa subida”, rematou.
ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006
“Patos” apostam na
continuidade e renovação
O Futsal é cada vez mais um desporto da região. Hélder Rodrigues,
presidente e treinador de futsal do Clube Desportivo d’ “Os Patos” (CDP),
explica o desenvolvimento de uma modalidade que foi desde início uma
aposta do clube.
Vera Agostinho
Como está a situação do C.D.
Patos?
Não está em grande crescimento,
mas também não está em regressão.
Estamos a apostar mais na vertente da
competição e menos na parte lúdica,
sobretudo nas três modalidades principais: o judo a canoagem e o futsal.
São estes os eixos fundamentais do clube, neste momento. Tínhamos outras
modalidades, mas por uma questão de
recursos humanos optámos por fazer
uma selecção. Esta questão também
está relacionada com a mudança de
critérios de atribuição de apoios da
câmara e das entidades oficiais.
E que tipos de apoios recebem?
Apoios que a Câmara Municipal
dispõe para as actividades desportivas, como o FINDESP. Recebemos
ainda um grande apoio da junta de
freguesia do Rossio ao Sul do Tejo
e de patrocinadores, sendo o futsal

e a canoagem as actividades mais
rentáveis a este nível.
Como surgiu a ideia de criar uma
equipa de futsal?
Surgiu com o próprio nascimento
do clube. Os fundadores dos Patos já
jogavam futsal nos torneios de Verão
e entenderam que era importante
criar e participar em campeonatos
organizados. No fundo, é uma modalidade que está no clube quase desde
o início, porque desde que começaram os campeonatos oficiais o clube
começou a participar.
Que balanço é que faz destes últimos anos?
O balanço é extremamente positivo. A direcção actual entrou em
1999 e estava tudo parado, mesmo
a nível de quadros competitivos. Na
Associação de Futebol de Santarém
não havia nenhuma competição de
futsal, mas logo no primeiro ano
conseguimos organizar um campeonato oficial com o número míni-
O futsal, frequentemente
referido como futebol de 5,
teve origem nos anos 30, em
Montevideu, no Uruguai. Juan
Carlos Ceriani desenvolveu
uma modalidade que tem vindo a crescer nos últimos anos.
O Clube Desportivo “Os Patos”
recolhe, desde 1987,
os prémios de uma aposta
ganha:
3 títulos de seniores
2 Taças do Ribatejo
1 Supertaça
2 títulos de juniores
1 título de juvenis
1 Taça de Portugal de Futebol
de Salão de Juvenis
mo de equipas exigido. No segundo
apareceram outras equipas. Depois
com o aparecimento dos escalões de
formação, há cerca de três anos, iniciámos um novo projecto com gente
nova e com a equipa de juniores. As
coisas têm corrido muito bem. Temos conseguido boas classificações,
fomos duas vezes vice-campeões e
ganhámos, também, duas vezes a
Taça do Ribatejo. Este ano estamos
novamente na disputa do primeiro
lugar. Pode ser que à terceira seja
de vez e este ano consigamos ser
campeões e subir de escalão para a
3ª divisão nacional.
Como se encontra o futsal no
distrito?
O futsal tem crescido, tem melhorado qualitativa e quantitativamente.
Há três anos havia seis equipas, agora
já há 26. Tem crescido bastante. Todos
os anos tem havido um aumento do
número de equipas e as coisas têm
progredido bastante. O que ainda não
está muito bem é o nível da formação.
Ainda existem poucas equipas de juniores. Por exemplo, este ano realizase pela primeira vez o campeonato
de juvenis mas, com apenas quatro
equipas e duas delas nem são do distrito de Santarém, são de Évora. E o
mesmo problema verifica-se também
no escalão de juniores. A esse nível
acho que ainda está tudo no início.
A formação é, portanto, uma das
vossas apostas?
Sim. Somos o único clube que tem
uma equipa em todos os escalões.
Essa é a base de sustentação de toda
a actividade, porque não havendo
formação torna-se difícil haver continuidade e renovação. E nós apostamos nisso.
Hóquei em Patins
Juvenis vencem campeonato da Europa
Neuza Paulo
Numa final muito disputada com
a Espanha (2-2), Portugal sagrouse campeão europeu de juvenis. O
campeonato teve lugar em Quimper, França, e a selecção das quinas
saiu vitoriosa de todos os jogos que
realizou.
Portugal reconquistou um título
que ambicionava desde 2000, interrompendo um ciclo de 4 anos de
vitórias espanholas.
Gonçalo Pestana e Diogo Oliveira foram os marcadores da equipa
lusa, enquanto que do lado espanhol a sorte calhou a Oriol Vives e
Gerard Teixidó.
A audiência média portuguesa
dos jogos do europeu foi de “200
pessoas por jogo, sendo o grosso
desses adeptos imigrantes”, referiu
o director técnico nacional, Luís
Sénica.
“Vivemos o “lobby” do desporto
negócio”, afirmou o director técnico
nacional, acerca da fraca visibilidade
INACIO ROSA / LUSA
Resultados do Campenato Europeu
O Hóquei em Patinsé um desporto com muitos adeptos em Portugal
que este desporto assume no nosso
país, e que leva a que existam graves
dificuldades para a prática desta modalidade. “A não existência de uma
cultura desportiva e de um programa desportivo nacional por parte
de que tem competências de gestão
nesta área em Portugal, reflecte-se
em várias áreas de intervenção, que
12
passam desde os factores económicos
até aos recursos físicos para a prática
da modalidade, e muito em particular
a ausência desses recursos nas Escolas
Públicas”, declara Luís Sénica.
Contudo, o hóquei em patins, é
um dos desportos que mais vitórias
internacionais tem dado a Portugal.
A selecção feminina, criada em 1991,
Portugal (4)
Suíça (1)
Portugal (6)
Alemanha (0)
Portugal (12)
Inglaterra (0)
Portugal (4)
França (0)
Portugal (2)
Itália (1)
Portugal (2)
Espanha (2)
foi campeã da Europa em 1997, 1999,
2001, e sagraram-se vice-campeãs do
Mundo em 1998 e 2000. Recentemente no campeonato europeu de
sub-19, que se realizou em Gijón
(Espanha), a selecção feminina conseguiu um honroso 2º lugar perdendo com a Espanha por 2-2, na final.
As marcadoras da equipa espanhola
foram Mompart, aos 8 minutos, e
Toner aos 29 minutos.
No campeonato europeu de
sub-19 feminino participaram 6
selecções, Portugal, Espanha, Itália,
França, Inglaterra e Alemanha.
ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006

Pesca Desportiva
APA: Cinquenta anos
de história e de convívio
“O Amador Pesca de Abrantes é um espaço para as pessoas poderem
conviver, jogar e se entreterem”, afirma Fernando Alpalhão.
Paula Gonçalves
O APA (Amador Pesca de Abrantes), situado na velha escadaria da
Igreja de S.Vicente, completa este ano
meio século de existência. Segundo
Fernando Alpalhão, um dos membros
da Direcção do Clube, o “O Amador
Pesca de Abrantes é um espaço de convívio, jogo e entertenimento”
Para Fernando Alpalhão, membro da direcção e sócio deste Clube
desde há oito anos, o clube oferece
uma variada gama de actividades
para os seus sócios: “No APA temos
bar, xadrez, uma sala só para se jo-

gar às cartas. Tivemos snooker, mas
depois tiramos para se jogar matraquilhos”.
Contudo, os jogos tradicionais
também não foram esquecidos.
Neste clube ainda se pratica “um
jogo muito antigo: o jogo do burro”.
Fernando Alpalhão explica que o
jogo se faz com uma série de fichas
que são lançadas sobre um tabuleiro.
Salienta ainda que o jogo do burro se
“vê nas aldeias muito antigas.”
Na verdade, e tendo em consideração o valor histórico e social
do Clube, está a ser feito um livro
que conta com os testemunhos dos
sócios, visto que o APA “é o clube
mais antigo de Portugal”, esclareceu
Fernando Alpalhão, considerando
ainda que o clube foi o pioneiro, no
que diz respeito à pesca, a ser constituído num cartão notarial.
Nesse sentido, a direcção do clube
está “a fazer um grande esforço para
ir buscar os sócios mais antigos”. A
ideia é “proteger as pessoas ligadas
à história do clube”. O livro vai ter
testemunhos escritos “de pessoas
com mais de 86 anos, assim como
dos sócios mais novos”.
Há, ainda, quem se impressione
não só com a diversidade de actividades do clube como também
com o número e a beleza das taças
ganhas. Para José Peixe, professor
da ESTA, o APA tem uma sala de
troféus que “nem clubes da segunda
divisão têm.”
Assim, quem quiser ser sócio do
APA, para apreciar centenas de taças
e poder passar um bom momento
com os amigos a ver Sport Tv ou
quaisquer outros canais desportivos,
basta pagar seis euros por ano, ou 50
cêntimos por mês.
Yôga
Trabalhar o corpo e a mente
Daniela Costa
Quem já não ouviu falar de Ióga,
Yôga ou Pilates? Ou até de Tai Chi
Chuan! Estas actividades físicas, que
são fundamentalmente treinos de
equilíbrio, estão a tornar-se cada vez
mais populares. É um fenómeno
promovido sobretudo por ginásios e health clubs, que procuram
seguir aquelas que são consideradas
as novas tendências do fitness do
século XXI.
Estas são actividades que apresentam soluções para problemas como
a tensão, stress e músculos destonificados, assim como têm efeitos na
correcção da postura corporal, respiração e conhecimento do corpo.
Provavelmente, muitas pessoas
que se sentem atraídas para este
tipo de exercícios não sabem, por
exemplo que o Yôga, diferentemente de Ióga, é uma filosofia que visa
o auto-conhecimento, resultante
de um conjunto de tradições, ensinamentos e filosofias ancestrais
desenvolvidas na Índia.
Mas porque têm este tipo de alternativas cada vez mais sucesso?
Rita Gonçalves está há 14 anos
envolvida na área do Swásthya Yôga
(um dos ramos do Yôga), sete dos
quais, até agora, como professora.
No seu relato sincero e pessoal deixou transparecer que esta filosofia
tem um poder mágico para mudar
as nossas vidas.
Rita desistiu de uma carreira de
20 anos como cabeleireira e dedicou-se completamente ao Yôga.
OS OITO FEIXES
DO SWÁSTHYA YÔGA
Mudrá: primeira técnica; gestos feitos com as
mãos; é coreografado, mas serve ao mesmo
tempo para o praticante se recolher na busca
de si mesmo para atingir o auto-conhecimento.
Pujá: é uma retribuição ética de energia, é
muito mental, é emocional, mas é muito forte
também.
Mantra: terceira técnica da parte ortodoxa:
vocalização de sons e ultra-sons; visa descruzar
as nadis que são as correntes energéticas que
passam no corpo. Então numa prática ortodoxa, o mantra é importantíssimo, porque ele vai
desobstruir os canais para vivenciar as técnicas
respiratórias que no yoga se chama e preparar
o corpo para a energia fluir mais à vontade e
mais rápida.
Pránáyáma: são exercícios respiratórios
Kirtan: limpezas orgânicas que ajudam a
purificar o corpo (até mesmo relativamente à
alimentação). Depois tem a parte física que é o
Ásana (parte física): movimento; é a técnica
mais evidente que se pode mostrar, por exemplo em show de coreografia
Yôganydra: técnicas de descontracção
Samyáma: técnicas de concentração, meditação e da consciência.
Porquê o Swásthya Yôga e não
outras modalidades?
Eu não gosto de outras modalidades de ginásio, porque não gosto
de me cansar (risos). Há 108 ramos
de yôga reconhecidos. Eu trabalho
com o próprio tronco do yôga, o
primeiro que surgiu no mundo há
mais de cinco mil anos e surgiu na
Índia. O Swásthya é uma filosofia,
com técnicas que vão sendo incorporadas. Vamos assimilando-as
e usa-las no dia-a-dia, como por
exemplo respirar correctamente.
Há uma reeducação e se é filosofia
vamos adoptá-la 24 horas por dia.
Como são os primeiros contactos com o Yôga para quem inicia?
As pessoas sentem resultados?
Sem dúvida! Claro que na primei-
13
ra fase tem que existir identificação.
A primeira identificação é realmente
com o professor, porque se isso não
existir dificilmente a pessoa vai ficar.
Se a pessoa tem muita predisposição a receptividade é de tal forma
intensa que logo na primeira aula
sente diferença só pelo simples acto
de mudar tudo na forma de respirar.
Depois têm exercícios orgânicos,
todo o trabalho físico é um trabalho
forte, mas ao mesmo tempo descontraído e trabalha o movimento
através do qual nós conseguimos realmente descontrair as articulações,
a musculatura e numa primeira aula
podem-se sentir efeitos.
Quem adere mais a esta filosofia?
O Swásthya Yôga é direccionado
para malta jovem. Quando nós falamos de malta jovem, é jovem de
cabeça, não é no B.I. Tenho turmas
fantásticas de pessoas com setenta
e tal anos e que fazem coisas fabulosas. Curiosamente no Ocidente
são mais mulheres que praticam.
No Oriente são pouquíssimas. A
razão é cultural, mas eu tenho bastantes homens a praticar yôga nas
minhas aulas.
ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006

Orientação
Florestas de mil caminhos
A andar ou a correr, a competir ou a passear, sozinho ou em grupo, a orientação guia-nos num
encontro com a natureza. Esta modalidade conta já com vários praticantes que, durante algumas horas,
com apenas um mapa e uma bússola, procuram “balizas” espalhadas pela floresta.
Ana Santos
Foi nos países nórdicos, onde ainda hoje tem um lugar de destaque,
que tudo começou. A orientação,
enquanto desporto organizado, é já
uma modalidade centenária.
Chegou a Portugal, nos finais da
década de 70, por intermédio dos
militares. No entanto só em 1990 se
conseguiu desvincular efectivamente
dos quartéis, com a criação da Federação Portuguesa de Orientação.
Desde essa altura a modalidade ultrapassou alguns obstáculos e atingiu
várias metas. A maior de todas foi alcançar o estatuto de alta-competição.
O próximo objectivo é a inserção deste desporto nos Jogos Olímpicos.
A orientação é praticada em quatro disciplinas diferentes: orientação pedestre, orientação em BTT,
orientação em ski e trail orienteering
(orientação para deficientes motores). Destas quatro, é a orientação
pedestre a que reúne mais adeptos
em Portugal, devido não só às condições do clima e do terreno, mas
também pela liberdade que esta
oferece. “Somos completamente
livres, é extraordinário. Vamos da
forma que quisermos. Não há traçados como em BTT e os pontos
podem estar por todo o lado. Existe
uma verdadeira comunhão com a
natureza”, revela com entusiasmo
Tiago Aires, praticante das vertentes
pedestre e BTT.
Corpo e mente
Segundo António Aires, atleta do
Clube Português de Orientação e
Corrida (CPOC), o segredo do sucesso da orientação relaciona-se com
o facto desta ser a única modalidade
que conjuga a corrida e a capacidade
de raciocínio com o contacto com a
natureza. São estas as características
que têm contribuído para uma ascensão deste desporto. Neste momento,
existem já 2000 praticantes federados
e cerca de 80 clubes em Portugal,
sendo o Ori-Estarreja, o Clube de
Orientação do Centro (COC), o
Grupo Desportivo Quatro Caminhos (GD4C) e o CPOC os mais representativos. Para este desportista a
orientação está a atrair cada vez mais
praticantes pois nenhuma outra actividade desportiva consegue oferecer
os mesmos ingredientes.
MARIA AMADOR
Devido à riqueza da modalidade, que alia a competição ao lazer,
pode-se dizer que a orientação é
um desporto para todos. Apenas a
distância e a dificuldade dos percursos variam em função da idade
e do nível técnico dos praticantes.
“Qualquer um pode participar na
mesma prova, no mesmo terreno,
no mesmo dia, desde o principiante
a um atleta de competição. Apenas
os percursos são diferentes. Desde os
dois anos aos noventa e cinco, todos
podem participar.” - Sublinha Tiago.
Este jovem atleta, praticante fiel da
modalidade acrescenta ainda: “Não
me imagino sem a orientação. Quero
fazer isto até ao fim da vida.”
A sintonia perfeita entre o esforço
físico e intelectual, o contacto com
a natureza, a solidão da prova e ao
mesmo tempo o convívio, são para
muitos, motivações mais do que suficientes para se fazerem ao caminho,
percorrendo as florestas do país de
norte a sul.
Em orientação, cada ponto transforma-se numa meta e em simultâneo, a partida para um novo desafio.
Desafio esse, traçado pelo praticante,
que tem a oportunidade de criar o
seu itinerário consoante os objectivos que delineou para si mesmo.
Cruzando prados, ribeiros e
14
PORTUGAL O’MEETING
EM ABRANTES
Abrantes vai receber, nos
dias 25 a 28 de Fevereiro, o
Portugal O’Meeting. Uma das
provas de orientação mais
importantes disputadas em
Portugal, que conta, não só
para o ranking da Taça de
Portugal, mas também para o
ranking internacional. Desta
forma, nomes sonantes
da modalidade, não só
nacionais como estrangeiros,
vêm até à cidade florida.
“É uma oportunidade única
para competir e aprender
com os nórdicos”, refere
Augusto Almeida, presidente
da federação.
Três dos percursos vão
realizar-se na floresta do
Pego, enquanto que o último
dia vai ser em pleno coração
de Abrantes, numa prova de
cidade.
O certame conta ainda
com um jantar oficial, no
Regimento de Infantaria Nº2,
onde actua a tuna da Escola
Superior de Tecnologia de
Abrantes, a Estatuna.
florestas, o praticante é obrigado
a pensar com rapidez, para poder
tomar as atitudes certas sem perder
tempo. “Se me desconcentro e passo
um carreiro ou uma outra referência
do terreno, posso perder minutos
preciosos”, confessa Tiago. Concentração, raciocínio e orientação no
espaço são algumas das características intelectuais necessárias para que
estes atletas venham a ser campeões.
Embora no início seja necessário começar devagar. “O mais importante
é começar por aprender a ler o mapa,
utilizar a bússola e desenvolver um
conjunto de outras técnicas. Não há
que ter pressa de bons resultados”,
aconselha o Tiago.
Como outras modalidades,
também a orientação tem o seu
calcanhar de Aquiles: o facto da
orientação ser ainda um desporto
amador. Isto faz com que não hajam
prémios monetários, o que se torna
complicado pois as deslocações e o
alojamento são sempre um encargo
pesado para os que continuam a ser
fiéis à modalidade.
Os clubes e os próprios praticantes desempenham um papel
activo na divulgação e promoção
deste desporto: trazer novas pessoas e dar a conhecer esta actividade
desportiva.
ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006
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Mérito Desportivo
Prémio “Personalidade do
Ano” entregue a Abrantes
Pelouro do Desporto da Câmara Municipal de Abrantes recebe o Prémio de Mérito desportivo
“Personalidade e Entidade do Ano” 2005. Abrantes vê desta forma reconhecida a sua cooperação
para o desenvolvimento e crescimento do desporto português.
Fátima Rodrigues
O Município de Abrantes recebeu no passado dia 10 de Novembro de 2005, numa cerimónia
realizada no Casino do Estoril
em Lisboa, o Prémio de Mérito desportivo “Personalidade e
Entidade do ano 2005”, na 10ª
gala do Desporto organizada pela
confederação Nacional de desportos, que prestigiou a expansão e
iniciativa da Câmara em apostar
no desporto e na sua diversidade.
Este prémio colocou lado a lado
o município com entidades desportivas de alto relevo.
Manuel Valamatos, vereador
do pelouro do desporto, sente-se
muito orgulhoso pelo destaque
atribuído a Abrantes, no prémio
que lhe foi entregue pela confederação, “ um Prémio que coloca a
cidade de Abrantes em destaque
pelos trabalhos desenvolvidos no
plano desportivo”.
Este Prémio que a cidade recebeu deve-se ao facto de ser a
pioneira na Europa da construção do primeiro campo oficial
de basebol. Esta iniciativa traz
à cidade de Abrantes um novo
futuro tanto a nível do turismo
como do comércio, uma vez que
a diversidade de actividades desportivas aumenta o número de
eventos disputados em Abrantes,
quer de carácter nacional como
internacional, que serão cada vez
mais no futuro.
A cidade desportiva segundo
Manuel Valamatos movimenta
o concelho pois os diversos campeonatos que se tem realizado no
município, como o campeonato
ibérico de basebol, são um contributo para o reconhecimento da
cidade e dos seus valores a nível
desportivo, segundo o vereador “o
basebol tem atraído muita gente,
o que tem um propósito extremamente positivo”.
FÁTIMA RODRIGUES
ganhar”, aliciando assim um conjunto imenso de atractivos.
Este desenvolvimento é para os
jovens, do município o nascimento
de mais uma actividade desportiva, que para é bastante aliciante, e
futuramente com a ampliação do
novo campo de basebol ao Rugby,
com a construção de duas tabelas
e um campo para treinos, tal como
construção de uma pista de atletismo. Um novo espaço que permite
aos jovens ocupar os seus tempos
livres, promovendo desta forma o
seu bem-estar e qualidade de vida.
Para o município de Abrantes
este prémio vem mostrar que
os objectivos foram cumpridos
sendo considerados “uma aposta
“O basebol tem
atraído muita
gente, o que tem
um propósito
extremamente
positivo”
O novo campo
da cidade desportiva no futuro será um local
de passagem de
equipas nacionais
e internacionais.
Neste momento segundo o vereador “temos em mãos a candidatura do campeonato europeu,
o qual temos esperança de vir a
15
ganha”, mas em que a obra “vai
a meio dos objectivos que o município tem”, salientou Manuel
Valamatos.
Esta Desporto
ÙLTIMA PÁGINA | 31 JANEIRO 2006

Opinião
Ninguém escapa à tempestade!
Marina Guerra
A notícia de mais uma fábrica que
fechou as portas e colocou dezenas
ou mesmo centenas de pessoas no
desemprego, ou de mais uma loja
que não conseguiu suportar as despesas no final do mês e teve que encerrar são cada vez mais frequentes
nos últimos meses em Portugal.
A verdade é que a “tempestade”, a
tão falada crise, também já começou
a atingir o desporto, nomeadamente
alguns clubes de futebol, outrora ao
nível dos “três grandes” e vencedores
de taças e títulos, que põem fim ao
futebol profissional.
A situação atinge casos preocupantes: clubes à beira da falência, jogadores a reclamar salários em atraso e
as dívidas tendem a acumular-se em
cima da mesa. O futebol nunca esteve
tão perto de bater no fundo.
O Farense foi o caso mais recente
entre os clubes que já passaram pela
primeira divisão. Dívidas superiores
a 500 mil euros levaram o clube a
acabar com o futebol profissional.
Mas o caso não é único! Os dedos

de uma mão não chegam para contar todos os clubes que nos últimos
dois anos passaram por dificuldades:
Salgueiros, Campomaiorense, Alverca, Académico de Viseu e Felgueiras.
Existem ainda os que estão agora na
Liga de Honra, depois de períodos
complicados: Portimonense, Desportivo de Chaves, Estoril-Praia, Sporting
da Covilhã, Leixões e Ovarense. Outros com algum currículo disputam
agora campeonatos amadores, como
é o caso do Elvas, Leça e Tirsense.
As explicações são diversas: má
gestão, sucessivas trocas de treinador,
demasiado dinheiro gasto em aquisições, bilheteira escassa e ausência
de receitas proveniente da venda de
jogadores.
Nos últimos 20 anos o panorama no futebol português alterou-se
radicalmente. O Estado apertou,
ano após ano, a vigilância e muitos
clubes foram vítimas da sua própria
ousadia.
A verdade é que existe uma grande
diferença entre as receitas da primeira e segunda divisões, onde a
televisão tem um papel crucial.
As receitas televisivas são responsáveis, nos clubes de menor
dimensão que estão na primeira
divisão, por cerca de 85 por cento
do orçamento. Quem não se lembra do jogo entre o Estoril-Praia e
o Benfica no Estádio do Algarve, na
temporada passada, com o objectivo
de conseguir uma maior receita de
bilheteira, para além da transmissão
televisiva.
Um plantel demasiado caro, com
jogadores com elevados salários e
com contratos de longa duração
pode tornar-se um pesadelo se a
despromoção acontecer. De resto, a
situação só não foi mais grave, mais
cedo, porque durante anos a Liga
Portuguesa de Futebol emprestou
dinheiro aos clubes para que pudessem inscrever-se.
Mais mediática foi a situação do
V. Setúbal, vencedor da Taça de Portugal, que chegou a participar na
Taça UEFA, onde a sorte não esteve
do lado dos sadinos. O clube esteve
quase a por termo a um plantel rico
em história, não fosse a boa vontade
dos sócios e empresários da região,
que mantiveram o Vitória de Setúbal de pé. Perante um cenário que
começou a ficar cada vez mais cinzento, os jogadores ameaçaram com
rescisões colectivas e o caso só não
ganhou proporções mais alarmantes
porque os responsáveis do V. Setúbal
acalmaram os ânimos com cheques
pré datados.
Curiosamente, os resultados desportivos até têm sido bastante interessantes para quem era apontado
como um candidato à descida face
aos problemas internos.
O Vitória de Setúbal parece ser o
único que consegue lutar contra a
maré, termo tão conhecido na cidade piscatória, e lá continua a vencer
os jogos do campeonato nacional,
encontrando-se nos primeiros oito
lugares da tabela classificativa.
Situações como estas devem de ser
revistas o mais rapidamente possível em nome do bom desempenho
profissional e desportivo, dos jogadores, dos adeptos e dos clubes de
menor dimensão que continuam
a construir estrelas no mundo do
futebol.
Lisboa - Dakar
Portugal ganhou a aposta
NUNO VEIGA/EPA
No final do Rali que durante três semanas
ocupou destaque nos Media de todo o mundo,
o ministro adjunto, Pedro Silva Pereira, fez
questão de sublinhar, em declarações aos jornalistas que «o apoio financeiro de três milhões
de euros concedido pelo Governo à Lagos Sport,
ajudando à viabilização do projecto Lisboa
– Dakar, foi uma aposta ganha». O governante
justificou as suas afirmações com as taxas de
ocupação hoteleiras que se registaram em Lisboa e no Algarve, em finais de Dezembro, que
«foram as maiores de sempre» e com «a fantástica projecção de Portugal além fronteiras».
É evidente que não temos nada contra a
organização do Lisboa – Dakar e muito menos
contra os apoios que foram concedidos pelo
Governo português a este evento mediático.
Gostávamos é que todos os eventos desportivos
em Portugal pudessem contar com os apoios
governamentais e não só apenas aqueles que
garantem uma projecção mediática internacional.
Já alguma vez o Governo se preocupou em
dar mais apoios aos atletas deficientes que
Hélder Rodrigues terminou em beleza o Dakar
representam o nosso país nos Jogos Olímpicos
e que por norma têm conseguido conquistar
excelentes resultados desportivos?
Já alguma vez o Governo se lembrou de canalizar mais verbas para o desporto escolar e
universitário?
É bom saber que o Governo disponibilizou
três milhões de euros para a organização do
Lisboa – Dakar, mas gostávamos que apoios
semelhantes fossem atribuídos a outros eventos
desportivos.
Neste Dakar que agora chegou ao fim ficou
assente que os portugueses reúnem todas as
condições para continuar a organizar a prova. Pelo menos, as críticas foram favoráveis à
organização.
Em relação à competição, também ficou
provado que Carlos Sousa (automóveis) e os
jovens Hélder Rodrigues, Paulo Gonçalves e
Ruben Faria (motos) podem conseguir melhores resultados nos próximos ralis. Para que isso
aconteça é necessário que tenham mais patrocínios. Caso contrário, os pilotos estrangeiros
vão continuar a vencer.

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