60 anos esta noite Como os fenômenos culturais ocorridos desde

Transcrição

60 anos esta noite Como os fenômenos culturais ocorridos desde
00
60 anos esta noite
e
Como os fenômenos culturais ocorridos
desde 1954 ajudaram a construir
esta realidade que vivemos
e precisamos mudar
00
Este é um projeto em construção, para ser desenvolvido em
colaboração com quem mais tenha interesse em entender
como se precipitou a decadência socioambiental que
vivemos, agravada drasticamente nas últimas seis décadas.
Todos que desejarem poderão contribuir com comentários
aos fenômenos culturais expostos, aprofundando,
divergindo, que ficarão disponíveis para o acesso dos demais
interessados, de modo a criarmos um “consenso” múltiplo e
complexo, abrangente e plural, do passado recente, que nos
permita entender mais o presente e ajudar melhor o futuro.
Contato
Presidente Getúlio Vargas
1950 a 1954
01
Getúlio Vargas
Dwight Eisenhower
USA: a potência emergente econômica, militar e culturalmente
Apenas nove anos desde o final da 2ª. Guerra Mundial, a esperança no porvir
dominava. Os EUA eram a potência a ser imitada (apesar de seus pontos fracos).
02
Baby-boom: os primeiros “baixinhos”
03
A explosão na taxa de natalidade nos EUA (e no ocidente em geral), após a 2ª. Grande
Guerra, logo fará essa imensa geração de baby-boomers aparecer no radar das agências de
publicidade e de seus clientes, indústrias de bens de consumo prontas para vender desde
fraldas descartáveis, leite em pó, papinhas industrializadas e sucrilhos até refrigerantes e
tênis e desenhos animados.
Abriu-se assim um novo, amplo, crescente, inesgotável e indefeso mercado consumidor
para artigos duvidosos produzidos em quantidades abusivas e crescentes por conta da
“economia de escala”.
A popularização da televisão
Ainda era em preto e branco numa telinha minúscula, ainda com horários limitados e
tudo ao vivo (antes da era do video-tape), mas todo o potencial já estava lá. Os babyboomers formam a última geração viva a lembrar de como era a vida e a infância antes
do advento da televisão.
04
Economia de guerra se converte em economia de consumo
Setor industrial vitaminado com fantasia, elegância e... energia nuclear.
05
Guerra fria, corrida armamentista
Testes nucleares ao ar livre (bombas de
hidrogênio de centenas de megatons), centenas
de bilhões de dólares (da época) gastos por ano
em produtos que esperamos nunca serão usados.
06
Encontro Ocidente-Oriente
Com o maior contato com o oriente após o fim da 2ª Grande Guerra, chegaram ao
ocidente as ideias mestras das filosofias e “religiões” do Japão e da Índia, principalmente.
07
Mestres indianos propõem o desapego
Paramahansa Yogananda e Krishnamurti,
principalmente, introduzem nos EUA e
no ocidente em geral, os ensinamentos
da Filosofia Perene em sua inspiradora
versão hindu.
08
Matéria plástica: a falsificação da Natureza
Primeiro, os objetos de “matéria plástica” foram
timidamente se introduzindo em nossas casas e locais de
trabalho, durante os anos 1950s.
Depois, multiplicados na forma de embalagens, sacolas,
vestuário, utilidades domésticas, produtos descartáveis e
gadgets eletrônicos, dominaram a paisagem, recobriram
a natureza, reinventaram os oceanos e ficarão por aí
pelos próximos séculos – mesmo se deixássemos de
produzi-los exatamente agora.
09
O existencialismo francês
Também desafinando o coro dos
contentes com o avanço industrial e o
aumento do PIB, os existencialistas,
liderados por Jean-Paul Sartre
recusavam os moldes pré-estabelecidos
e preferiam decidir por si-mesmos cada
passo de suas vidas. Ainda que isso
significasse enorme responsabilidade,
que os homens-robôs nem imaginam.
Sua companheira Simone de Beauvoir
foi a primeira feminista – e a melhor.
10
Sem destino
O existencialista francês se aproxima do beatnik americano no mesmo estranhamento
frente à realidade tão familiar para todos, menos para si mesmos, errantes desgarrados
do sistema socioeconômico e psicocultural dominante.
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American runaway of life
12
Para quebrar o molde, os beatniks
americanos sugeriam a aventura do
inesperado, a poesia, a meditação, as
drogas, misturando tudo isso com a
fenomenologia, a psicanálise e o
existencialismo, que no fundo são
maneiras diversas de ver ou falar a
mesma coisa
Allen Ginsberg
Allen Ginsberg e William Burroughs
Bob Dylan e Ginsberg
Burroughs e David Bowie
Estranhamento nem
tão novo assim no
ocidente
Na França, os
Devaneios de um
Caminhante Solitário,
de Jean J. Rousseau, a
poesia de Arthur
Rimbaud, e, nos
Estados Unidos, os
textos e exemplos de
Henry D. Thoreau e
Jack London
mostravam que todo
esse mal-estar, que
parece crescer sem
parar em nossa
civilização - uma ilusão
sem futuro - não é
nada recente.
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Modelos de Hollywood
Clark Gable
Então, o galã não precisava ter
cara de garoto ou traços
delicados.
Os homens usavam chapéu.
Humphrey
Bogart
14
Gary Cooper
Modelos de Hollywood
15
E as mulheres não queriam ter cabelo liso.
Elizabeth Taylor
Marilyn Monroer
Doris Day
Jane Russell
Música irresistível
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Na época, era preciso ser gênio ou
ao menos muito especial para
aparecer.
Ella
Fitzgerald
Billie
Holiday
Louis
Armstrong
Cole
Porter
Chet
Baker
Ambiente urbano no Rio de Janeiro
Poucos carros (importados), transporte
coletivo (meio apertado, mas ao ar livre),
ninguém de bermuda, camiseta ou
chinelo de dedo.
Na praia, pouca gente e pouco antes de
aparecer o maiô duas-peças - precursor
do biquini, porém cobria até o umbigo...
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Ambiente urbano em São Paulo
Poucos pedestres.
Todos já chegaram bem cedo,
estacionaram seus carrinhos
importados em baixo do Viaduto
do Chá, e foram trabalhar.
18
Jornais da época
Os leitores gostavam mais de ler, e os
jornais não se negavam a recolher notícias e
produzir artigos e matérias.
As fotos mal roubavam espaço aos textos,
que abundavam em páginas muito maiores
do que o formato hoje adotado por nossos
jornais.
Reduziram o tamanho e a densidade das
áreas textuais, e aumentaram as áreas para
fotos e anúncios. Mas quem liga?
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Cinema neo-realista italiano
Na Europa, os filmes buscavam
retratar as pessoas do ponto
de vista da realidade e da
poesia, apelando para a
sensibilidade, em vez de apelar
para a adrenalina, em filmes
de ação e pancadaria, como
crescentemente no cinema
hollywoodiano.
Os boas-vidas
Federico Fellini
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Roma, cidade aberta
Roberto Rossellini
Cjyll Farney
No Brasil, a ingenuidade
País periférico, consumíamos ou o folklore próprio ou filosofias
exóticas, fossem elas existencialista, marxista, positivista .
Os galãs tinham nome em inglês e as mulheres tinham que
fazer “permanente” no cabelo.
Virginia Lane
Marta Rocha
Eliane
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Era no humor que expressávamos melhor a nossa energia
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Ser notado como humorista, comediante, em tempos quando
ainda estavam ativos Charles Chaplin, Jerry Lewis e Jacques
Tati, não era para qualquer um.
Oscarito
Carequinha
Grande
Otelo
Brasileiro sempre foi musical...
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Também na música íamos
bem, e os cantores podiam
fumar no estúdio, mas tinham
de usar terno e bigode.
Luis Gonzaga teve que se
impor para quebrar esse
padrão e se apresentar vestido
de vaqueiro nordestino.
Nelson Gonçalves
Luis Gonzaga
Outras culturas também estavam presentes
No Brasil, graças ao rádio
e aos discos 78rpm, a
população urbana
conhecia sucessos nos
ritmos do tango, bolero,
fado, mambo, canções
francesas e italianas,
além dos sucessos
norteamericanos,
naturalmente..
Domenico Modugno
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Carlos Gardel
Maurice Chevalier
Ester de Abreu
Amália Rodrigues
Gatos, sexy e torturados
Baby-boomers à vista:
saem os galãs de terno,
bigode e chapéu e entram
os jovens rebeldes,
torturados e charmosos
“porém” talentosos.
James Dean
Paul Newman
25
Marlon Brando
Presidente Juscelino Kubitscheck
1956 a 1961
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John Kennedy
Rebeldia a 78, 45 e 78 RPM
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A fusão do rythm n’ blues do velho oeste com os ritmos dos negros americanos do leste,
turbinados com os novos instrumentos elétricos e recursos de gravação, gerou um
fenômeno musical que logo se tornou fenômeno cultural e muito comercial...
Caiu no gosto da juventude americana e mundial por se identificar com o espírito de
inconformismo em parte autêntico, em parte induzido pela indústria e propaganda.
Little Richard
Chuck Berry
Música para os baby-boomers
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Ritmo marcadamente basal, volume alto, músicos jovens
e bonitos, certa aparência de bagunça e excitação, e um
bom marketing bastaram para que um ritmo, uma
sonoridade e uma atitude se tornassem uma
característica de toda uma cultura geracional e além.
Bill Haley ainda se apresentava de terno, como qualquer
músico profissional; Elvis já surgiu de jeans e casaco de
couro.
Bill Haley
Elvis Presley
Enquanto isso, no Brasil
Ouvia-se rock por aqui,
como se ouviam outros
ritmos “jovens”, como o
cha-cha-cha e o calipso,
ambos ritmos latinos de
alcance mundial.
O rock nacional mal existia,
indo pouco além da Celi
Campelo. Dominavam os
ritmos dançantes e os
sambas-canções.
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Francisco
Carlos
Poesia intimista, música elaborada
A música popular brasileira que então
poderia ser identificada como “moderna”
na verdade era bem mais sofisticada em
letra, melodia e harmonia do que os rocks
que tanto barulho faziam.
Essa cena musical e poética, misturando o
samba-canção brasileiro, o jazz americano
e uma pitada de existencialismo francês,
já anunciava a bossa nova.
Dick
Farney
Maysa
Matarazzo
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Juventude transviada
E delinquência juvenil: eis aí dois conceitos
que adentraram o imaginário popular na
segunda metade da década de 1950.
Nunca ninguém tinha pensado nisso, nesses
dois termos conjugados; talvez por que nada
igual jamais tivesse ocorrido assim desse
modo, de fenômeno social, como aliás
ocorre até hoje, apenas diferentemente.
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Juventude transviada
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Hollywood fez questão de glamurizar a rebeldia sem
causa dos baby-boomers de todo o mundo.
Juventude transviada
James Dean
Amor, sublime amor
Marlon Brando
Elvis Presley
Um novo cinema para um novo Brasil
De repente vai surgindo uma nova geração
de jovens cineastas decididos a interferir
na história do país a partir da
sensibilização da sociedade para a sua
própria realidade, seus tesouros e
carências.
Nelson Pereira dos Santos
Rio 40 graus
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Sputinik: a humanidade entra em órbita
Num dia de outubro de 1957 o mundo acordou
sabendo que era possível pôr um satélite
artificial orbitando a Terra e permitindo a
transmissão intercontinental de dados e
precipitando ainda mais a globalização.
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Em 1957 W. Reich morria preso
nos EUA
Por pesquisar a felicidade e a
saúde fora dos padrões aceitos
pela comunidade médica e
científica, e por chocar os
vizinhos, Reich – que fugira do
nazismo alemão acabou vítima
do nazismo norteamericano.
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Sim, nós podemos!
A bossa nova foi o rock
dos baby-boomers
brasileiros, só que
contando com poetas e
compositores bem
nacionalistas, apesar de
se deixarem influenciar
pela mesma matriz que
influenciou o jazz.
Tom Jobim e Vinicius de Moraes
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Roberto
Menescal
Vinicius de Moraes e Tom Jobim
Cuba
Fotogenia dos protagonistas ajudou a encantar uma geração
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Pílula anticoncepcional
Libertação do medo de engravidar
e “medicalização” de um instinto
natural, que passa a depender de
um medicamento – de uso diário
e contínuo - para se manifestar.
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Nouvelle vague
39
Os filmes franceses vão muito mais longe do
que os americanos na abordagem de novas
formas de relacionamento, como triângulos
amorosos assumidos e o sexo sem culpa fora
do casamento.
Jules e Jim
de François Truffault
O acossado
de Jean Luc Goddart
Coincidentemente, e por sorte, a
nascente indústria da pílula
anticoncepcional encontrava o
mercado de seus sonhos
estimulado pela indústria
artístico-cultural.
Pop-art!
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A arte , a comunicação de massas e a
publicidade se dão as mãos...
A recém-batizada “sociedade de consumo” se
glamuriza pela arte, e poucos notam seu efeito.
Acima, obras de Roy Lichtenstein
Abaixo, obras de Andy Warhol
Presidente Jânio Quadros
1961 a 1961
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John Kennedy
Naturalidade inédita
Há milênios as mulheres ocidentais não
adotavam um look tão natural quanto a partir
dos anos 1960.
Agora, talvez, já não se possa dizer o mesmo
41
Cinema novo e muito bom
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O problema foi que a
maioria do público não
queria ir ao cinema para
ver o Brasil na tela.
Vidas Secas
de Nelson Pereira dos Santos
Cinco vezes favela
de Cacá Diegues
Presidente João Goulart
1962 a 1964
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No Brasil o presidente João Goulart, vice de Jânio, assume em circunstâncias
conturbadas. Nos EUA, Lindon Johson, vice de Kennedy, assume em circunstâncias
ainda mais dramáticas.
Lindon Johnson
LSD: iluminação geral
O maior vacilo de Timothy
Leary foi pensar que as
pessoas queriam se libertar
de suas armaduras, de seus
papéis sociais, de suas
histórias pessoais, de seus
traumas, com (ou sem) a
ajuda da psicodelia.
43
42
Tim Leary
Leary não estava só
Na cultura ocidental, o
caminho havia sido previsto
por William Blake, e
experimentado (e relatado)
por Aldous Huxley.
Também a cultura rock
estava atenta para essa
proposta.
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Presidente Castelo Branco
15/04/1964 a 15/03/1967
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NB: Os políticos ao lado NÃO
estavam interessados nas propostas
de Timothy Leary
Lindon Johnson
A juventude tinha o que mostrar
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A primeira geração de artistas jovens
que conquistaram o estrelato havia
crescido ouvindo músicos naturais e
espontâneos (não contaminados pelo
mercado), e seus grupos não tinham
sido “fabricados” por produtores
musicais, como se faz hoje em dia.
The Beatles
Rolling Stones
Barravento
O que Glauber pensaria hoje?
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O mesmo que pensa quem ama o
Brasil profundo, tão rico em tesouros
de todos os tipos, ao vê-lo sempre se
debatendo nas mãos dos oportunistas
e dos indiferentes.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
Barravento
Nara Leão e o show Opinião
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Valorização instantânea dos grandes artistas esquecidos.
Afrosambas
O Brasil moderno saúda
uma raiz sua.
Cartola
Nelson
Cavaquinho
Terapias corporais
A
. insatisfação difusa com o modelo urbanocapitalista criou o interesse por cuidar do
corpo para aliviar a mente
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Movimento hippie
Milhões de jovens se dispõem a
abandonar o falso conforto da vida
burguesa, alienada e doentia das
grandes cidades e criam novas formas
de conviver e educar as crianças.
Thoreau já havia dado o exemplo.
50
Black Power!!!
51
Martin Luther King Jr., Stokely
Carmichael, Muhammad Ali, Malcolm
X, Ângela Davis, Black Panthers...
Martin Luther King
Mohammed Ali
(Cassius Clay)
Malcom X
Presidente Artur Costa e Silva
15/03/1967 a 31/08/1969
52
A dúvida na época: quem venceria o confronto? A contracultura ou os “caretas”?
Lindon Johnson
Pouco antes de o sonho acabar, o tropicalismo
Ainda achávamos que seria fácil mudar o mundo,
na base do “all you need is love”.
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1968
Abbie Hoffmann
Toda a efervescência, a
insatisfação, todo o
sonho e a inocência se
manifestaram naquele
ano, e não só na França.
Daniel Cohn-Bendit
54
Nova onda de orientalismo
Desiludidos do mundo material, os
buscadores da Paz e do Amor se
dispõem a ir à Índia para trazê-los
até nós.
54
Marshall McLuhan
Este percebeu primeiro que todos que o mundo se
transformava em uma “aldeia global” e que “o meio é a
mensagem”
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A Rede Globo cria a Som Livre
Por que uma rede de televisão queria ter uma gravadora?
Para associar o poder televisivo, divulgar nas novelas os seus
artistas, e influenciar a evolução da música popular brasileira
até transformá-la na atual música populista brasileira.
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Presidente Emílio Médici
30/10/1969 a 15/03/1974
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Richard Nixon
Sociedade de consumo
A “economia” das nações passa a
depender do consumismo de seus
povos.
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Sociedade de consumo
Os produtos cada vez mais descartáveis vão criando
uma nova ordem moral, onde nada vale nada diante
da perspectiva de uma nova novidade.
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O sonho acabou
A chacina cometida
pela “família Manson”,
tipicamente hippie,
determinou o fim da
inocência do “paz e
amor”, do “flower
power”, e do “faça
amor, não faça a
guerra”...
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Ecologismo científico
Instituições de pesquisa
e a “academia”
começam a reconhecer
a insustentabilidade do
modelo industrialconsumista, onde a
economia de escala
gera bilhões de
produtos baratos à
custa da Natureza e das
gerações futuras.
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Presidente Ernesto Geisel
15/03/1974 a 15/03/1979
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Richard Nixon
Alimentação natural, agricultura orgânica, tecnologias alternativas
No final dos anos 1960, o ocidente foi defrontado com o fato de que seu sistema
agrícola-alimentar estava todo errado, e só poderia produzir pessoas obesas e
predispostas às doenças degenerativas. A macrobiótica deu a partida – em termos de
popularidade – para a crescente preocupação em buscar uma alimentação mais natural,
e saudável, predominantemente vegetariana.
A denúncia dos cereais refinados, da comida industrializada e do açúcar branco (Sois
todos Sanpaku) ajudou milhões de pessoas a protegerem sua saúde e energia. Hoje, a
crescente valorização da agroecologia, da permacultura, das ecovilas e da agricultura
urbana é um desdobramento do impulso inicial dado nessa época.
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Nova onda orientalista
Seitas indianas militantes, como Hare Krshna, Sikh e Ananda Marga empolgam
jovens do mundo inteiro com suas mensagens de devoção irrestrita e trabalho social.
64
Movimento Punk
Para desviar a juventude do
processo de esclarecimento
promovido por vários fenômenos
culturais recentes, inclusive a maior
consciência ecológica, era preciso
atingir os novos jovens, 20 anos
mais novos que aqueles babyboomers originais, de modo a
impedir que seguissem o caminho
de inconformismo e contestação de
seus irmãos mais velhos.
Então, era preciso algo que
parecesse muita rebeldia, mas que
fosse bem inócuo e impotente – e,
melhor ainda, que pudesse ser
comercializado, como uma moda,
tendência de uma tribo antenada.
Resumindo o movimento Punk: a
rebeldia que o “sistema” gosta.
65
Moda brega
O que começou como uma piada
para os críticos musicais e
gravadoras, acabou caindo no gosto
da imensa parte da população que
aprecia o sentimentalismo mais
piegas ou uma pornografiazinha
light.
Com o aumento da população,
principalmente nas camadas sociais
menos escolarizadas e com a
decadência do ensino público, a
música popular brasileira mergulhou
desde então num processo de
atender consumidores cada vez
menos exigentes, gerando artistas
cada vez mais simplórios, em vez de
nos revelar o que há de melhor nessa
arte, como era feito até então pelos
críticos e gravadoras.
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Falcão
Valdick
Soriano
Vando
Roberta Miranda
Rajneesh, ou Osho
O último guru ou
um farsante total?
67
Discoteca
A juventude mundial e
brasileira ainda seria
submetida a novos
modismos que a
distraíssem de suas
responsabilidades com o
futuro.
A “moda das discotecas”
(que nunca mais acabou,
apenas muda de nome)
introduziu o costume de
ter que pagar para se
divertir, dando início a
uma imensa indústria de
exploração comercial da
vida noturna dos jovens.
68
Presidente João Figueiredo
15/03/1979 a 15/03/1985
69
Jimmy Carter
Celebridades e mundo fashion
Outro fenômeno no início dos anos 1980: a
cultura da famosidade, que convida as pessoas
a investirem tempo e emoção em acompanhar
a vida notória de atrizes de novelas, top
models, drag queens, rainhas de bateria,
travestis e, mais recentemente, BBBs e
mulheres-frutas
70
Umberto Saade
Luiza Brunet
Izabelita
dos Patins
Viviane
Araújo
Monique
Evans
Roberta
Close
New Wave – Rock Brasil
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Mirando numa geração que
chegava ao mercado de consumo
sem conhecer Bob Dylan nem
Mutantes, para quem Beatles e
Raul Seixas já nada significavam,
surgiram grupos com o objetivo de
cativá-los, explorando o lado
teatral da música, e afastando-a de
sua sinceridade essencial.
Paulo Ricardo e RPM
AIDS
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De origem nebulosa, o virus da SIDA surgiu fazendo milhares de vítimas principalmente
entre os homossexuais masculinos, muitos deles famosíssimos.
Como principal resultado, uma maior medicalização - e artificialismo - do que seria um
aspecto natural da vida. Agora, além da pílula diária, na vida das mulheres, o preservativo
tornou-se obrigatório na vida dos homens, sejam homos ou héteros, solteiros ou
casados, e com o próprio governo comprando e promovendo as vendas.
Rock Hudson
Fred Mercury
Cazuza
A ordem é malhar e ficar brutão
De repente, é preciso pagar para ficar bem, bem forte, de preferência.
Nem que seja preciso tomar anabolizante de cavalo.
72
Saem de cena o intelectual magrinho e o forte normal
Substituídos pelo sensacionalismo físico-sexual.
Jean-Pierre Leaud
Brad Pitt
Kirk Douglas
73
Presidente José Sarney
15/03/1985 a 15/03/1990
74
Ronald Reagan
Infantilização da cultura
No que “infantil” tem de
pior - no sentido de
quase idiotia –, a tevê
passou então a formar a
geração seguinte de
consumidores e cidadãos.
75
Carnaval bahiano
Fenômeno turístico movido à juventude com
dinheiro, coca e cerveja.
76
Próteses para tudo e todos
Prossegue a falsificação da saúde e medicalização do corpo humano.
E a cultura absorve essas contrafações como se fosse tudo muito natural.
77
Adeus à U.R.S.S.
Em 1989, os países comunistas do leste europeu abandonaram seu sistema econômicopolítico, instaurado a partir de 1917 na Rússia e de 1945 nos seus satélites na Europa
oriental, e abraçaram o capitalismo.
Poucos lamentaram então a falência do “socialismo real”, mas hoje muitos lamentam a
hegemonia total do capitalismo que se seguiu.
78
Presidente Fernando Collor
15/03/1990 a 29/12/1992
Presidente Itamar Franco
29/12/1992 a 1/01/1995
79
George Bush1
Revogação da Lei da Informática
Até então era praticamente impossível
comprar um computador moderno, e os
“nacionais” eram obsoletos e caríssimos.
80
Internet
A princípio recurso militar dos EUA, depois aberto à
comunidade acadêmica e ONGs, e finalmente
tornada comercial, a internet mudou a vida de
quase todo mundo.
A globalização acelera, e cria um sistema nervoso
para o planeta, que talvez fosse o que faltava...
81
Cultura de megaeventos
Como massificar os jovens quase todos
de uma vez?
Com megaeventos, só possíveis graças à
tecnologia da indústria de equipamentos
de som e de imagem atuais.
82
Presidente Fernando Henrique Cardoso
1/01/1995 a 1/01/2003
83
Bill Clinton
Efeitos Pokemon
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Vulgarização da cultura
Ao buscar ampliar sua base
no segmento de novos
consumidores, frutos do
aumento demográfico e do
fim da inflação, mas sem
maiores referências
culturais, a indústria
cultural passou a apostar
nos instintos mais básicos.
85
Presidente Lula
1/01/2003 a 1/01/2011
86
George W. Bush
Alimentos geneticamente adulterados
Em 24/03/2005, a Lei da Bio(ins)segurança revelou que a
sociedade não é mais capaz de reagir a qualquer infâmia que
a indústria e o agronegócio decidam para nós.
87
Presidente Dilma Rousseff
1/01/2011
88
Barack Obama
Manifestações de Facebook
Com a facilidade de comunicação
entre desconhecidos propiciada
pelas redes sociais, os grupos mais
“antenados” aprenderam a
encaminhar suas demandas de modo
mais direto, para o bem e para o mal
(promovendo a democracia, onde
não existe, ou atentando contra ela,
onde existe).
89

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