Simplesmente aconteceu

Transcrição

Simplesmente aconteceu
Simplesmente
aconteceu...
O segredo
Leonardo de Cassio
Simplesmente
aconteceu...
O segredo
Livro 1
Para Joyce Teixeira
Que leu a história primeiro
Sumário
Dedicatória
Capítulo 1 – O começo..................................................5
Capítulo 2 – Proposta séria, mas muito tentadora........16
Capítulo 3 - Tentação eterna.........................................32
Capitulo 4 – Deus, o encontro e o destino!...................68
Capítulo 5 – Até agora o melhor capítulo!....................147
Capítulo 6 – Ele (a) que quis.........................................179
Capitulo 7 – O capítulo em que eu morri!.....................245
Capitulo 8 – Pacto quebrado, sonhos perdidos..............282
Capitulo 9 – O ultimo capitulo de nosso amor..............356
Narra Clara
O
dia estava calmo, no fundo os pássaros cantavam
e o calor estava intenso, e como se não bastasse
eu estava com soluço. As pedras da rua
palpitavam com o calor. Mesmo já anoitecendo,
eu esperava que o meu ar condicionado estivesse no máximo.
Era difícil de acostumar com o clima que Curitiba estava
tomando, calor, nada de chuva e frio. Bem, isso era bom.
Sentada no parapeito da janela do meu quarto observava
a rua, ninguém passava na mesma. Apenas um homem branco e
com olhar paciente que esperava o ônibus. Esperando o almoço
ficar pronto avistei uma velha senhora com uma cesta de frutas
indo em direção ao final da rua. Com ela estava vindo um
cachorro, por sinal era sem raça definida e ele tinha os pelos
avermelhados. Ele vinha caminhando na frente dela e parou em
frente a minha casa, ele olhou para cima e percebi que ele tinha
visto algo em cima, bem no alto, no telhado.
Ele ficou ali latindo para o nada, não fiquei com medo e
nem demonstrei nenhuma expressão em minha face, ele latia e
rosnava feramente. Eu estava realmente curiosa para saber o que
estava em cima do meu telhado.
Levantei-me da janela, e me esgueirei sobre a mesma de
madeira oca do meu quarto, o cachorro continuava latindo e o
medo que eu tinha de cair era intenso. Sentada na janela e
tentando observar o que tinha em cima do telhado vi um vulto
tentando se esconder. Segurando as laterais da janela, fiquei em
pé no parapeito e joguei meu corpo para trás, e vi um homem.
Ele tinha a pele branca e estava sem camisa. Ele tinha músculos
bem definidos e muito bem delineados. Um homem bonito.
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O cachorro não parava de rosnar e a senhora dizia:
- Toddy, faça o favor de calar a boca!
Estava fazendo de tudo para não chamar a atenção da
senhora, o homem virou e pulou do telhado. Quando ele pulou e
voou tomei um susto, e o mais rápido possível, tentei voltar para
dentro do meu quarto. Bati a cabeça na janela e escorreguei! O
meu coração saltou e o frio da emoção e do medo atacaram a
minha barriga e o cachorro havia parado de latir e estava longe
de mim, estava correndo para longe de encontro com a senhora
da cesta de frutas.
O meu sangue esfriou, o sangue que estava na minha
cabeça havia desaparecido, eu estava com a exata certeza que
tudo que já havia vivido acabaria ali agora, por apenas um
escorregão, mas para minha sorte eu havia escorregado para
dentro...
Para dentro do meu quarto!
A minha vida, ela era perfeita, tenho pais muito bem
sucedidos são casados há 19 anos e eu sei que realmente se
amam, eles tem uma fábrica de chocolates, muito conhecida
aqui na cidade de Curitiba e muito famosa, você já deve estar
pensando que eu sou uma gorda, claro que não, desde pequena
meus pais me davam chocolates de vários sabores e vários tipos
mesmo fora de épocas especiais e com o tempo fui me enjoando.
Era aniversário, natal, ano novo, e páscoa ganhando chocolates
diversificados. Hoje em dia como um bombom no mês e sinto
ânsias de vomito.
Minha mãe trabalha com meu pai, mas a única diferença
é que meu pai trabalha em um escritório na empresa, já minha
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mãe trabalha aqui em casa, ela é administradora da fábrica,
administra tudo daqui de casa, meu pai sempre disse “uma
mulher bem sucedida é uma mulher dentro de casa, honrando a
família”, essa frase passa de geração em geração na família e
espero que não escute ela num futuro próximo. Se um dia eu me
casar não a cristo que me segure dentro de casa, sonha que um
dia eu iria ficar esquentando a barriga no fogão e esfriando na
pia.
Mamãe tinha um computador só seu, e ai de quem
tocasse nesse computador. No inicio ela pedia para eu ajuda-la,
mas de longe. Não sei quem disse a ela que o computador
encheria de vírus se alguém desconhecido tocasse nele. Bom eu
me mantinha afastada dele, não queria ser atacada pela fera que
mamãe poderia se tornar.
Tenho a casa perfeita, além de achar o tamanho dela um
exagero, mas essa foi à casa que papai sempre sonhou, a casa
tem 27 cômodos e papai só visita três por dia e olhe lá. Na
maioria das vezes papai não tinha tempo para mim, muitas vezes
ele saia do trabalho e ia para uma reunião, depois voltava cheio
de problemas e com alguns curativos na mão, eu não descobriria
o que era se... Deixa quieto.
Eu também tinha muitos amigos, tirando o fato de muito
deles fumarem e irem para lugares desconfortáveis, isso era uma
coisa muito inadmissível, bom ninguém é perfeito. Hoje em dia
eu nem falo mais com eles, só por eu ter me tornado uma pessoa
rica eles acham que é motivo para eu mudar meu jeito de ser.
Mesmo assim os amava.
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Muitas amigas minha riam da minha cara só porque
tenho 22 anos de idade e ainda sou virgem, antigamente isso era
uma qualidade e hoje é motivo de piada, eu acho isso tão
ridículo. Além de me zoarem por ser virgem me zoavam
também porque eu fiquei com apenas quatro pessoas na minha
vida. E tive apenas um namorado. Somando assim cinco pessoas
na minha vida inteira.
Tenho que admitir que eu não sou o tipo de menina
insegura que fica em um lugar trancada por conto de uma paixão
adolescente que fico por alguém.
Eu tenho 22 anos e não cursei nenhuma faculdade ainda,
moro na casa dos meus pais e não tenho namorado isso sim e
pedir para ser zoada e ainda por cima não tirei minha
habilitação. Isso é um ato inadmissível para alguém da minha
idade, eu tinha um carro, Um Mustang 2013, e ele está encapado
por uma capa prata de couro. Ele estava na garagem e papai que
o dirigia de vez em quando para o carro não apodrecer na
garagem.
Ano passado tio Walker me ensinou a dirigir um carro
dele, um Corsa preto. Muito fácil dirigir, Mas a preguiça me
abraça me incapacitando de levantar da minha cama e ir até uma
autoescola.
Só estava faltando uma coisa para que minha vida se
tornasse perfeita, a nossa situação financeira, ela estava péssima
graças à mamãe que queria dar uma festa e gastaram 38 mil
reais, mesmo tendo uma fábrica muito famosa e conhecida nós
não éramos ricos, poderíamos nos classificar classe média alta,
e, além disso, havia outros problemas como doenças que os
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chocolates transmitiram (eu achava essa história meio
sobrenatural, como chocolates tão deliciosos transmitiriam
doença?) e também a demissão de muitos funcionários. Tudo
isso contribuiu para a queda de valores da família Villar.
Já eram 20h20 da noite e eu estava morrendo de fome.
Lisa estava fazendo os lanches. Lisa é nossa empregada (não
gosto de chama-la assim) prefiro chama-la de amiga, apesar de
ela ter 30 anos ela era um amor de pessoa.
Sai do meu quarto e notei a mudança de temperatura, o
meu quarto parecia mais quente. A sala estava em silencio e não
dava para escutar nada, apenas uns batuques, estranho! Eu fiquei
perplexa naquele momento, seria estranho eu me deparar com
algo que eu não estava preparada. Eu segui o som até onde dava
quando me deparei com papai e mamãe lanchando. Eu sentei e
chamei Lisa para comer, ela tinha certa mania de arrumar a
cozinha e comer depois de todo mundo. Ela recusou meu
convite de se assentar para lanchar, mas mesmo assim tentaria
na próxima vez, uma pessoa forte não desiste não. Estava
tirando o meu lanche da caixinha, Lisa era muito perfeccionista
até o lanche na caixinha ela coloca.
Papai parou de comer seu lanche e ficou olhando para
mim, não posso negar que fiquei com medo ele ficou mais ou
menos 1 minuto me olhando sem dizer nada, eu estava quase
pegando o meu lanche e indo comer no meu quarto, mesmo
estando incomodada com tal atitude do papai, não pude deixar
de reparar que o lanche que Lisa fizera estava uma delícia, com
tantas lanchonetes aqui em Curitiba nunca havia experimentado
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um lanche tão gostoso. Mamãe terminou seu lanche quando
disse:
- Lisa, parabéns, com licença. Tenho uns assuntos do
Buffet para resolver e não posso deixar para outra hora – mamãe
saiu da cozinha e me deu um beijo na testa me chamando de
querida.
- Lisa, você poderia dar licença para eu conversar com
Clara? – disse papai.
Lisa saiu sem pestanejar, não posse negar que fiquei com
certo medo quando papai queria falar comigo, e ainda mais a
sós.
- Clara o que eu vou lhe dizer agora é um segredo, eu
sempre guardei isso apenas para mim e hoje, você será a
primeira pessoa, a saber!
Eu comecei a arrepiar neste momento. Um segredo?
Porque ele contaria para mim e não para mamãe, pois marido e
mulher deve dividir os segredos? O que de tão grave estaria
acontecendo? Era muitas perguntas para pouca informação.
- Filha o que eu tenho para te dizer e de extrema
responsabilidade, nem sua mãe sabe.
O que seria agora? Que peso cairia nas minhas costas?
Não sei se teria forças suficientes para aguentar o que ele teria
para me falar.
Conta Daniel
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C
uritiba, a cidade perfeita, onde se encontra
meninas bonitas, amizades e muitos lugares para ir, desde
pequeno frequentando lugares fabulosos e que eu admiro muito,
tenho orgulho de abrir minha boca e dizer “eu sou Curitibano”.
Eu tinha uma festa para ir hoje à noite e precisava falar
com papai, tinha que pegar o seu cartão emprestado, pois,
precisava comprar umas roupas novas, havia perdido o meu no
carro ou dentro de casa, se estivesse dentro do carro mais cedo
ou mais tarde eu acharia, mas se estiver em casa “adeus cartão”
eu nunca mais veria esse cartão, eu já não andava, imagina
dentro de uma casa enorme como a minha. Só veria ele
novamente se Baltazar o achasse; Baltazar é o nosso escudeiro,
mas ele é muito mais do que um cara multiuso ele era o cara,
praticamente um irmão para mim. Apesar de ele ser 20 anos
mais velho.
Tinha 04h38 minutos para me arrumar, precisava ir
rápido para o escritório do papai. Entrei no carro e demorei mais
ou menos 15 minutos para chegar até o escritório. Papai tinha
uma concessionária de carros e semana que vem chegaria uns
modelos novos, e eu irei vir buscar um. Subi até o escritório e
bati na porta, ele estava em reunião com alguns advogados
envolvidos em uns casos de atrasos de entregas de carros. Fiquei
esperando mais 15 minutos do lado de fora. “caramba” pensei
comigo mesmo. E lá se vai o meu tempo precioso, durante esses
quinze minutos fiquei vendo um aquário muito bonito que papai
havia colocado no hall do RH, eu que havia dado a brilhante
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ideia de colocar aquele aquário ali, apesar de papai reclamar que
eu só tenho ideias caras.
Assim que a reunião acabou, entrei na sala e papai
parecia um pouco quanto mal-humorado. O silencio pairava
naquela sala, quando eu resolvi quebrar o gelo. Sentei em uma
cadeira muito confortável na qual eu também havia escolhido.
- Pai, eu tenho uma festa para ir hoje à noite e preciso
comprar uma roupas novas, e preciso do seu cartão de créditos
emprestado, perdi o meu dentro de casa e agora não tenho tempo
para procurar. – tentei ser bem convincente quando falei isto.
- Daniel, você só vem aqui para pedir dinheiro né? Você
só sabe gastar, não trabalha, nem uma faculdade você fez e me
aparece aqui para pedir dinheiro. Meu filho tente entender, você
tem 24 anos de idade, é novo, bonito e não trabalha – para
trabalhar precisa se novo e bonito pai? Pensei
- Se for para ficar me dando sermão, eu saio dessa sala
agora e você não fala mais comigo por hoje o.k.? E é claro que
trabalho, sou seu sócio, trabalho a noite toda no meu quarto –
agora eu já estava levantado meu tom de voz.
- Escuta aqui Daniel, a partir de hoje eu não te empresto
meus cartões de crédito, não te dou mais seus carros e não faço
mais seus mimos, o máximo que eu farei por você é pagar sua
faculdade e se é que você vai tomar rumo nesta vida – ele batia
o dedo indicador na mesa.
- Desgraçado – e sai do escritório um tanto quanto
alterado.
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Meu pai havia conseguido estragar o meu dia, e eu sabia
que aquela discussão não terminaria por ali, culpa do
“desgraçado” que soltei no final da discussão.
Estava me dirigindo ao shopping, eu tinha um cartão no
carro, o limite dele não era tão alto, mas dava para o gasto.
Escolher a loja que iria comprar as roupas estava difícil, aliás, eu
estava no maior shopping da América latina, o que atrai muitos
turistas de vários estados.
Entrei em uma loja cristã, nada contra, mas as músicas
que estavam tocando, só pela misericórdia. Comprei as roupas
ali mesmo, mesmo sabendo que teria que suportar aquelas
musica e que teria que vestir uma roupa cristã o preço lá estava
bom para mim que não tinha muito dinheiro.
Almocei ali mesmo, comi um bacalhau ao molho branco
que estava magnífico, nunca havia experimentado, nem Clotilde
a cozinheira lá de casa conseguia fazer um bacalhau tão bom
quanto aquele estava.
Já era 06h00 horas e eu ainda precisava me arrumar, sai
andando o mais de pressa que pude claro, sem ser vulgar, sem
perder o charme. Passei na frente de uma livraria e na vidraça
tinha um livro que me chamou muita atenção, o nome do livro
era “Temos todos os tipos de demônios” me interessei muito
com aquele livro, o que seria quinze minutos perdidos?
Entrei peguei o livro e fui direto para a fila, a mesma
estava enorme e a caixa registradora quebrou, veio um técnico
de uma loja vizinha arrumar e lá estava indo o meu precioso
tempinho. Sempre que estamos com pressa imprevistos
aparecem de todos os lados. Depois de vinte minutos esperando,
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finalmente consegui comprar o livro. A minha vontade era de
largar aquele livro ali mesmo, mas a capa me chamava tanta
atenção que eu não resisti.
Sai da livraria correndo, peguei meu carro e fui direto
para casa, não tinha ninguém em casa, mamãe estava em um
grupo de mulheres que ela sempre ia de terças-feiras, quintafeira e sexta-feira. Entrei no meu quarto joguei todas as minhas
compras em cima da cama e fui direto para o banho. Fiquei 30
minutos no banho, o suficiente para me manter limpo até o final
da festa, quando estava me secando o meu celular tocou:
- Porque as pessoas sempre ligam nas horas mais
inoportunas que existem. – falei para mim mesmo.
O número estava restrito e eu estava desconfiado, hoje
em dia as pessoas passam trote e fazem brincadeira de muito
mau gosto.
- Alo – disse eu com voz apressada para mostrar para a
pessoa que eu não estou a fim de papo no momento.
- Boa noite Daniel Andrade, você se comportou muito
mal comigo hoje, não importa a hora, o lugar, o dia ou o ano,
nós vamos conversar, de homem para homem, como dois
adultos comportados. Você entendeu?
- Sim, Dr. Roberto Andrade. – falei com todo o sarcasmo
que podia habitar em mim.
Passou-se 15 minutos e terminei de me arrumar, ainda
era 20h30 a festa começava apenas 21h00 horas, então não
precisava ter pressa, aliá, ninguém chega a uma festa no horário
marcado. Sentei-me na cama e peguei o meu livro novo, senti
um calafrio assim que o abri, o que seria isso?
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