Casa da Ciência da UFRJ Comissão Nacional de Energia Nuclear

Transcrição

Casa da Ciência da UFRJ Comissão Nacional de Energia Nuclear
Casa da Ciência da UFRJ
Comissão Nacional de Energia Nuclear/CNEN
Instituto Ciência Hoje
2010
Coordenação Geral
Fatima Brito / Casa da Ciência
Coordenação de Produção Exposição Energia Nuclear
Luciane Correia / Casa da Ciência
Coordenação Editorial
Simone Martins / Casa da Ciência
Coordenação Pedagógica
Adriana Vicente / Casa da Ciência
Consultoria Científica
Arnaldo Mezrahi / CNEN
Pesquisa de Conteúdo
Bianca Encarnação e Cathia Abreu / Instituto Ciência Hoje
Editoria de Arte, Capa e Diagramação
Paula Wienskoski / Casa da Ciência
Projeto Gráfico
Elisa Folly, Ivan Faria e Paula Wienskoski
Revisão
Fernanda Cupolillo / Casa da Ciência
Agradecimentos
Claudia Souza / CNEN
José Bonapace / Instituto de Química da UFRJ
________________________________________________
Q17
Quanta Energia! / editores Casa da Ciência. Centro Cultural
de Ciência e Tecnologia da UFRJ, Comissão Nacional de
Energia Nuclear, Instituto Ciência Hoje. ­— Rio de Janeiro:
UFRJ, Casa da Ciência, 2010.
56 p. : il. ; 21 cm
1. Energia Nuclear – Física. 3. Energia Nuclear – Estudo e ensino. I. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Casa da
Ciência. Centro Cultural de Ciência e Tecnologia. II. Comissão
Nacional de Energia Nuclear. III. Instituto Ciência Hoje.
CDD: 538.7
___________________________________________________
Ficha catalográfica elaborada pela Divisão de Processamento Técnico - SIBI/UFRJ
Editores
Casa da Ciência da UFRJ
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Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290.160
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Distribuição gratuita
Sumário
Apresentação
Energia nuclear 4
Despertando a curiosidade
Notável partícula 6
Bianca Encarnação e Cathia Abreu
Sobre o átomo e suas histórias... 8
Elika Takimoto
A energia que vem do átomo 13
Ivan Pedro Salati de Almeida
Precioso mineral 17
Arnaldo Mezrahi
A energia de Marie Curie 20
Carlos E. Bonacossa de Almeida
Múltipla energia 22
Jean Remy D. Guimarães
Como funciona uma usina nuclear? 24
Jefferson Borges Araújo e Paulo Adriano da Silva
Quando o mundo conheceu a energia atômica 28
Paulo Fagundes Visentini
O que você precisa saber sobre medicina nuclear 31
Berdj Meguerian
Ciência na escola
Abrindo o livro 36
Andreza Berti
Jornada entre o cinema e a ciência 39
Gabriel Cid Garcia
Energia em movimento
Corrida atômica 46
Paula Wienskoski
Atomóbile 48
Adriani Freire, Carmen Evelyn e Gustavo Lucena
Duplex 50
Monica Cristina de Moraes
Saiba mais...
Sugestões de pesquisa 53
Apresentação
Energia
Nuclear
As pesquisas e os investimentos realizados
no campo da energia nuclear e a sua aplicabilidade no mundo contemporâneo, de
uma forma geral, são pouco conhecidos
por todos nós. Os riscos e benefícios que
envolvem essas escolhas, também. Com
a falsa impressão de que “isso é coisa da
ciência”, atravessamos os dias em contato
com a utilização desse conhecimento das
mais variadas formas: seja na geração de
energia, na conservação de alimentos, na
guerra ou na medicina.
Sem acesso a informações básicas que
possibilitem uma reflexão sobre como a
ciência se organiza e interfere na vida de cada um nós, ficamos sem opção de escolha...
Seja para dizer não ao que discordamos ou
consideramos um risco para a sociedade,
seja para lutar pelo direito de acesso ao
que pode nos proporcionar maior qualidade
de vida. E só o conhecimento nos possibilita
fazer escolhas conscientes. A escola, como
espaço de democratização, torna-se um
lugar frutífero para essa discussão.
4
Esta publicação integra a exposição
Energia Nuclear, que pretende ser um
momento de encontro e debate entre
aqueles que produzem, usufruem e vivem
as consequências dos mais diferentes usos
criados a partir dessa grande força contida
em um mundo muito pequeno.
O material aqui reunido foi produzido
por profissionais e pesquisadores da área,
em estreita colaboração com a exposição e
suas atividades. Os textos apontam possíveis
caminhos para trabalhar o tema em sala de
aula, por meio de uma percepção crítica da
realidade. Jogos e atividades lúdicas movimentam ainda mais a vontade de conhecer
e aprender de diferentes maneiras. E para
estimular a pesquisa e o debate com os
alunos, esta edição também oferece um panorama de livros, revistas, quadrinhos, filmes
e sites.
Boa leitura!
Despertando
a curiosidade
Notável
partícula
Olhe em volta e perceba. Se estiver dentro de casa, poderá ver camas, sofás, televisão. Ao ar livre, é possível ver árvores,
pássaros, pessoas... Matéria — que pode estar ou não em movimento. Como tudo isso
se materializa? A resposta está contida em
algo muito pequeno, minúsculo, pequena
parte: o átomo.
A palavra tem origem na Grécia e, se a
dividirmos, obteremos o “significado”. Primeiro, o “a”, que, em grego, quer dizer
negação; depois, “tomo”, que é o mesmo
que divisível. Átomo, portanto, quer dizer
algo que não se pode dividir.
Era exatamente o que pensavam os estudiosos na Antiguidade. Mais tarde, os cientistas descobriram muito mais informações
sobre o átomo. Uma partícula que escondia
um mundo de possibilidades dentro dela.
6
Atomistas na
Antiguidade
Antigos filósofos, como Leucipo, na Grécia,
já desconfiavam da existência do átomo. Conhecidos como atomistas, em seus estudos, faziam
comparações interessantes para explicar aos
seus alunos o que poderia representar o átomo.
As areias da praia, por exemplo, serviram
de exemplo aos filósofos gregos em suas
aulas. Perceba. Vista de longe, a areia pode
parecer um imenso e homogêneo tapete
branco, até o observador chegar mais perto e
ver os inúmeros e minúsculos grãos. A areia,
nesse caso, pode ser comparada à matéria, e
o grão, ao átomo.
Embora fosse um exemplo interessante, na
verdade, estava longe de explicar o átomo.
Tarefa essa que precisaria de muitos estudos, feitos por cientistas do mundo todo, ao
longo dos séculos.
Apesar de as pesquisas evoluírem bastante, por muito tempo ainda, os pesquisadores
pensaram ser o átomo, de fato, indivisível.
Iam além: diziam ser uma partícula indestrutível, maciça, homogênea e neutra. Será?
Modelo
atômico
Somente nos séculos XIX
e XX, outras partes do átomo
foram descobertas. Primeiro, o elétron.
Mais tarde, um núcleo por onde os elétrons
orbitavam, davam voltas, como a Terra faz em
torno do Sol.
Dentro desse núcleo, por sua vez, outras
partículas foram descobertas: prótons e nêutrons. Estava traçada a estrutura atômica da
matéria, ou modelo atômico, que serviria de
base para inúmeros avanços da ciência.
A energia está
no núcleo
Era um fato, existia uma energia que
mantinham as partículas — prótons e nêutrons — juntas dentro do núcleo, e que garantia a estrutura do átomo. Constatada a
energia, como criar maneiras para liberá-la?
Uma das saídas para esse questionamento
estava na divisão do núcleo do átomo.
Por ser muito complicado explicar o
processo que acontece no núcleo do
átomo, alguns cientistas compararam o fenômeno com o que ocorre
no interior do Sol. A energia que
sentimos aqui da Terra, em forma de luz e calor, nada mais
seria do que milhares de divisões ou reações em cadeia que
acontecem no interior do Astro
Rei, nossa maior fonte de energia
nuclear. Apesar de alguns especialistas considerarem essa teoria incompleta, ela foi utilizada para explicar superficialmente as reações do átomo.
Porém, a força energética oriunda do
núcleo do átomo descoberta seria a fonte
para importantes pesquisas da física nuclear. Muitas delas mudariam a história da
humanidade.
Bianca Encarnação
Cathia Abreu
Instituto Ciência Hoje
7
Sobre o
átomo
e suas
histórias...
Se algum grande desastre com a Terra
acontecer, todo o conhecimento científico
for destruído e só uma frase puder ser passada para a próxima geração, qual seria a afirmação que conteria a maior
quantidade de informa“Todas as
ção na menor quancoisas são feitas
tidade de palavras?
de átomos ­— pequenas
Richard Feynman,
partículas que se movem
constantemente, atraindoum renomado físise umas às outras quando
co do século XX e
separadas por pequenas
um dos pioneiros
distâncias, mas repelindoda eletrodinâmica
se ao serem comprimidas
quântica, respondeu:
umas sobre as
outras”.
8
Feynamn acreditava que nessa única frase
havia uma enorme quantidade de informação
sobre o Universo. Quando olhamos ao redor
e nos deparamos com a incrível diversidade
do mundo natural, das múltiplas formas
que os objetos assumem, das texturas,
dos cheiros, da variedade de materiais e
substâncias, parece impossível imaginar que
exista uma ordem por trás disso tudo, que
todas as formas de matéria são compostas
por um mesmo bloco fundamental. E, pelo
que tudo indica, é assim não só aqui na
Terra: os planetas e suas luas, os cometas e
os asteroides, as estrelas, as nebulosas e as
galáxias, todos os objetos que encontramos
são feitos dos mesmos blocos fundamentais
que chamamos de átomos.
Esses átomos têm uma nobre história, que
começa nos primórdios da ciência, em torno
de 400 a.C., lá na Grécia antiga.
Leucipo e Demócrito foram contra as ideias
de Zenão e Parmênides, que concluíram, com
base em vários paradoxos, que todas as mudanças observadas no mundo não ocorriam e
que não adiantava afirmar que vemos algo se
mexendo, pois, diria Parmênides, “os nossos
sentidos nos enganam”.
Movimentar-se, por exemplo, seria uma
tarefa impossível, como afirmou Zenão, pois
o mundo verdadeiro seria uno e indivisível,
sem pluralidade ou evolução. Claro que muitos discordaram e se revoltaram com essas
ideias; afinal, as coisas vistas e tocadas
precisavam ser reais. O nascimento e a morte precisavam ser explicados! Leucipo e
Demócrito argumentaram que a matéria não
poderia ser dividida infinitamente, mas, partindo-a várias vezes, chegaríamos a uma partícula muito pequena, uma esfera impenetrável e invisível. E foi aí que toda essa história começou...
Eles postularam a existência do átomo, que
significa, em grego, indivisível. Afirmaram que
o Universo seria composto de uma infinidade
de átomos que se chocariam e recuariam em
um movimento eterno, através de um espaço
ilimitado. A grande variedade de materiais na
natureza provinha, assim, dos movimentos
desses átomos, que, ao colidirem, formavam
conjuntos maiores, gerando diferentes corpos
com características próprias. Dessa forma,
cor, cheiro, gosto e tudo o mais seriam
resultado das posições e dos movimentos
dos átomos, que não poderiam ser vistos ou
tocados.
Os átomos dos gregos, porém, são bem
diferentes dos átomos modernos. Para os
gregos, os átomos encaixavam-se como em
um jogo de lego, em estruturas. Já os átomos modernos existem devido à interação
entre seus componentes: os elétrons, os prótons, os nêutrons e várias outras partículas
subatômicas.
átomos de Dalton
Mas quando surgiu essa ideia tão fantástica?
Foi o inglês John Dalton (1766-1844),
que, no início do século XIX, deu o passo
definitivo para essa mudança, propondo que
todos os elementos químicos, do hidrogênio
à platina, eram feitos de átomos, e que
cada elemento tinha um átomo diferente
dos demais. Ele propôs a teoria atômica/
molecular da matéria, segundo a qual cada
substância seria constituída de pequenas
partículas, as moléculas. H2O, por exemplo, é a tão conhecida representação da
molécula da água, que tem dois átomos de
hidrogênio e um de oxigênio.
9
Vimos cair por terra a ilusão do átomo
indivisível, no final do século XIX e início
do século XX, quando o físico inglês J. J.
Thomson (1856-1940) descobriu o elétron,
partícula de carga negativa ainda menor do
que o átomo. Além disso, Thomson sugeriu
um modelo para o átomo, constituído de
uma “massa” positivamente carregada, na
qual os elétrons estariam grudados, como
ameixas em um pudim.
modelo atômico do pudim de ameixas
10
Experiências realizadas em 1911, por
Ernest Rutherford (1871-1937), levaram a
outra importante descoberta: as cargas positivas não se distribuem por todo o volume
do átomo. Como naquela época não se
dispunha de aceleradores capazes de produzir feixes de partículas de alta energia,
Rutherford fez incidir partículas alfa (α),
eletrizadas positivamente, sobre uma lâmina
metálica muito fina. Fazê-las atravessar diferentes materiais de diferentes espessuras
era um procedimento comum para avaliar
sua energia. Sendo a lâmina constituída de
átomos, esperava-se, com base no modelo
de Thomson, que a deflexão dessas partículas
fosse muito pequena.
No entanto, o resultado foi surpreendente.
Aproximadamente uma em cada dez mil
partículas α era rebatida para trás! Isso era
tão absurdo como alguém dar um tiro em
uma folha de papel e a bala ricochetear de
volta. Rutherford chegou à conclusão de que,
nesses casos, o espalhamento resultava da
colisão da partícula α com minúsculos centros
no interior do átomo, contendo praticamente
toda sua massa. Estava descoberto o núcleo
atômico. As cargas positivas denominadas
prótons estão, na verdade, concentradas no
núcleo, em torno do qual giram os elétrons,
tal como os planetas em torno do Sol.
Rutherford ficou surpreso com a descoberta, pois os átomos se tornaram essencialmente vazios com os prótons no núcleo
e os elétrons circulando em órbitas bem
distantes. Ou seja, se o Universo é feito de
átomos, estamos imersos praticamente no
vazio. Mesmo no mundo ao nosso redor, tudo está muito mais vazio do que pensamos.
Se o núcleo de um átomo fosse do tamanho
de uma bola de basquete, o elétron mais
próximo do núcleo estaria a 1,5km de distância! E nós? Somos feitos de células, e cada
célula feita de moléculas que são feitas de
átomos. Para ser mais exata, 10¹² átomos por
cada célula. Nós somos praticamente vazios!
De acordo com a física clássica, porém,
o modelo de Rutherford não poderia existir.
Em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr
(1885-1952) desenvolveu um novo modelo atômico que leva o seu nome.
Nele, um átomo é constituído de
prótons e nêutrons, localizados
no núcleo, e elétrons que se
distribuem em alguns níveis
permitidos de energia, formando a eletrosfera. O modelo de Bohr é mais do que
suficiente para estudos básicos em eletricidade e é
comum um jovem do século XXI terminar o ensino
médio acreditando que o
mundo é feito de átomos
simples como os de Bohr.
modelo de visualização dos quarks
Sabe-se hoje, no entanto, que o núcleo
do átomo é muito mais complexo. Experiências realizadas com raios cósmicos e
em laboratórios de altas energias mostraram a existência de muitas outras partículas no interior do núcleo atômico. A descoberta dessas partículas conduziu os físicos
a acreditarem na existência dos quarks como os constituintes básicos das partículas
nucleares.
11
Para termos uma ideia, já se conhecem
dezenas de outras partículas que fazem
parte do núcleo e que são elementares, isto
é, não possuem estrutura e são indivisíveis.
Ao contrário de qualquer átomo, que é um
grande espaço vazio, a matéria do núcleo é
altamente concentrada. A sua densidade é
enorme. A massa de 1cm3 de um material
com essa densidade seria de 240 milhões
de toneladas! Apesar dessa concentração,
admite-se que os núcleons, nome genérico
dado aos prótons e nêutrons contidos no
núcleo, também estejam distribuídos em
camadas, como os elétrons no átomo.
A grande proximidade entre os núcleons
implica a existência de uma força de interação nuclear atrativa muito intensa para
superar a repulsão eletrostática entre os
prótons, o que leva a consequências extraordinárias. Uma delas é a possibilidade de
obter energia do núcleo do átomo — a
energia nuclear.
Pode ser que dividam os quarks, e os
quarks dos quarks, e, assim, sempre um detalhe adicional se apresentará como novidade a ser explicada. Será que, enquanto
tivermos imaginação e, em alguns casos,
energia suficiente nos aceleradores de
partículas, sempre teremos um nível a mais
de complexidade ou será que existe um
elemento unificador de todo o Universo?
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Na filosofia grega, entidades elementares eram definidas como aquelas que não
poderiam ser divididas em constituintes ainda menores. Hoje, qualquer coisa da qual
não se veja a estrutura é elementar, com
a ressalva de que esta pode se revelar uma
conclusão provisória. Ou seja, aquilo que
não é visível a olho nu poderá ser visto ao
microscópio ou mesmo com um aparelho de
pesquisa muito mais sofisticado.
Bom, não importa se estamos longe de
responder a essa questão. Dizer que tudo é
feito de partículas elementares ou átomos,
que atuam de acordo com leis da física, é
uma hipótese tão tentadora que parece
impossível descartá-la. A ideia já tem mais
de 2.400 anos e os cientistas, longe de desanimarem, se enchem de entusiasmo ao encarar a paradoxal suposição de uma partícula
sem estrutura gerar outras com estruturas
definidas como tudo o que vemos.
É possível, acompanhando mesmo de longe
a complexidade do assunto, que Feynman não
tenha exagerado ao se imaginar vivendo um
grande desastre e, ainda assim, se esforçar
para que sobrevivesse, com os poucos que
restassem na Terra, a admirável ideia de que
todas as coisas são feitas de átomos.
Elika Takimoto
Professora do Ensino Médio de Física
Centro Federal de Educação Tecnológica
Celso Suckow da Fonseca/CEFET
A radioatividade existe na natureza, no
solo, no ar e na água, desde a formação da
Terra e como consequência da interação da
radiação que vem do espaço com a atmosfera.
Praticamente todos os animais têm algum
material radioativo em seu corpo, em função
da ingestão de alimentos e da respiração.
O nível da radioatividade na natureza é
geralmente bastante baixo e o uso de fontes
artificiais para aplicações em atividades de
interesse para os homens deve ser feito com
cuidado para não criar riscos adicionais. Por
isso, para evitar contaminação ou irradiação
desnecessária, as atividades que envolvem
o uso de radiações ionizantes, como as produzidas por fontes radioativas, são sempre
realizadas dentro de regras definidas, por
pessoas autorizadas e com proteção.
praia de Guarapari, ES
A que
energia
vem do
átomo
E os benefícios são muitos. Essa energia,
se utilizada com responsabilidade, pode produzir eletricidade; ajudar no diagnóstico e
na cura de doenças; esterilizar materiais
para uso médico; ajudar a controlar equipamentos usados na fabricação de muitos
materiais e produtos, como aço, papel ou
enchimento de vasilhames de bebida.
13
Na geração de energia, é utilizada largamente por países como Estados Unidos,
França e Japão.
A energia nuclear evita a liberação de
milhares de toneladas de gases do efeito
estufa, que contribui para o aumento da
temperatura do planeta e consequente destruição do meio ambiente. Outro exemplo
é o uso de técnicas de combate a pragas
da fruticultura, como a mosca da fruta, por
meio da esterilização de machos e soltura
no campo, diminuindo a população do inseto com menor uso de inseticidas, que
prejudicam a saúde dos consumidores e
causam danos ao homem e à natureza.
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Benefícios ampliados
Nos estudos com animais, por exemplo,
é possível acompanhar como algumas substâncias agem no interior do organismo. Para
isso, material radioativo é adicionado a rações
e a outros alimentos, permitindo que o processo de digestão e aproveitamento pelo organismo seja avaliado com maior eficácia pelos pesquisadores.
Em pesquisas com plantas, a melhor forma
de colocação de adubação pode ser observada pelo acompanhamento da absorção de
nutrientes, examinando como se distribui a
radioatividade no vegetal. Da mesma maneira, a radiação pode ser utilizada para analisar
características do solo, com informações úteis
para a agricultura e para a prospecção de
petróleo, por exemplo.
O uso de material radiativo é mesmo
amplo e o meio ambiente só tem a ganhar,
à medida que as pesquisas evoluem para o
uso consciente da natureza. É utilizado em
análises e medição de poluentes, para o
manejo em certas áreas; no mapeamento e
na origem de vazões de água, para o uso
racional do recurso. Além de interferências
ambientais positivas, como a esterilização de
lixo e dejetos orgânicos, no tratamento de
esgoto e de lixo hospitalar.
As pesquisas e as aplicações só aumentam. Aperfeiçoar a parceria e o uso racional
da energia nuclear e da radioatividade na
natureza é a meta.
Quando o assunto é energia nuclear, a segurança é o que mais cria polêmica. Um acidente pode causar muitos transtornos. Os reatores nucleares, entretanto, têm demonstrado que essa energia pode ser utilizada de forma segura.
Até hoje, houve um único acidente com
reator nuclear com vítimas: o de Chernobyl,
na Ucrânia, de um modelo de reator que não
dispunha de todos os sistemas de segurança
que hoje aparelham praticamente todos os
reatores em funcionamento no mundo. Esse
acidente, que causou muitas vítimas e afetou
grandes áreas com a contaminação, mostrou
a importância de possuir dispositivos de segurança que reatores como Angra 1 e Angra 2
já dispõem desde a sua construção.
A geração de eletricidade por reatores
nucleares é um fato em muitos países,
como no Brasil, que tem dois reatores em
funcionamento, e, sem dúvida, traz vantagens. Mas até que ponto essas vantagens
superam os riscos?
Os Estados Unidos dispõem de 104 reatores nucleares, que geram mais energia elétrica do que todo o sistema brasileiro de geração, incluindo as hidrelétricas. O Japão,
afetado de forma trágica pela energia nuclear, pois sofreu o bombardeio atômico na
Segunda Guerra Mundial, dispõe de 54 reatores nucleares, que geram 25% da energia
elétrica do país. Sem contar a França, que
tem mais de 75% de sua energia elétrica
gerada pelos 58 reatores nucleares em operação. Esses países optaram pela energia
nuclear e confiam nos sistemas de segurança
que têm mantido o funcionamento seguro
por mais de 40 anos.
usina de Chernobyl após o acidente e nos dias de hoje
É seguro?
15
sala de treinamento de controle de Angra 2
Segurança mundial
Para conviver com essa realidade, é bom
saber que a segurança nuclear é sempre revista. Ela é pauta de estudos conjuntos e
pesquisas feitas por vários países, que criam
projetos e aperfeiçoam sistemas. Atitudes
que reduzem, cada vez mais, os riscos de
acidentes com reatores nucleares.
É a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que trata da segurança mundial na utilização da energia nuclear. Por
meio dela, acordos internacionais são feitos,
normas e exigências de segurança são revistas. Dessa maneira, outros países ficam
cientes do que é preciso fazer para gerar
energia nuclear com segurança.
No Brasil, a Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN) tem o controle e a responsabilidade de licenciar e inspecionar as instalações que utilizam material nuclear. Esse
licenciamento inclui uma análise cuidadosa
16
de todos os procedimentos de segurança e
da qualificação do pessoal que irá operar as
instalações. Essa lista vai além das usinas nucleares e se estende por outras áreas que
utilizam produtos radioativos, como as instalações médicas e industriais. A CNEN também capacita os profissionais que lidam com
a segurança, que são credenciados e precisam
ser oficialmente aprovados pela instituição.
Criados para diminuir o risco de acidentes
e evitar tragédias, esses e outros órgãos mundiais existem para garantir o uso seguro dessa
forma de energia. Assim, a humanidade convive cada vez menos com os sobressaltos que
a hipótese de acidente nuclear poderia trazer,
desfrutando de uma fonte de energia cada
vez mais importante para a manutenção do
desenvolvimento da humanidade.
Ivan Pedro Salati de Almeida
Coordenação Geral de Assuntos Internacionais
Comissão Nacional de Energia Nuclear
Precioso
mineral
Um mineral relativamente raro e com propriedades, no mínimo, curiosas. O nome monazita (em alemão, monazit), criado pelo
mineralogista alemão Friedrich Breithaupt,
vem do verbo grego monádz, que significa
“ser solitário”, “estar só”, em uma alusão à
raridade do material. A razão de sua suposta
“solidão” foi a raridade com que ocorria na
natureza, distribuído como pequenos cristais
isolados.
A monazita é um mineral pesado composto
de fosfatos de terras raras (cério, lantânio,
neodímio, praseodímio, érbio etc.). O tório
e, algumas vezes, o urânio encontrados na
monazita a tornam radioativa. O urânio contido, quando devidamente preparado, é capaz de produzir, entre outras aplicações,
energia elétrica. Em geral, a monazita é
amarelada, castanho-avermelhada ou vermelha. Além do mais, é magnética.
Ela pode ser obtida em leitos de rios e depósitos de praias. As areias, ricas em minérios, são processadas na indústria por diversos tipos de equipamentos, para se obter
o concentrado de monazita. Processa-se quimicamente o concentrado e os compostos
de terras raras são alguns dos principais
produtos originados.
Os Estados Unidos foram os primeiros,
em 1893, a explorá-la comercialmente. Depois disso, outros países mostraram seu
potencial, como Índia, Austrália e Brasil.
São chamados de terras raras 17 elementos químicos considerados estratégicos e
17
praia de Marataízes, ES
de grande interesse mundial, pois têm diversas aplicações, da agricultura à tecnologia de ponta. Na indústria, são utilizados
como catalisadores; na metalurgia, em lâmpadas fluorescentes, refrigeradores, fibras
óticas, entre outros.
Terapêutica nas praias?
Vários elementos químicos com propriedades semelhantes são encontrados na areia
da praia. Com esse conceito, os elementos
químicos que constituem o grupo das terras
raras do Brasil são encontrados no litoral e
em alguns trechos de rios. Ricas, sobretudo,
em monazita e contendo, além das terras
raras, tório e urânio — o que as torna natural-
18
Terras raras no Brasil
Embora não sejam mais produzidas no
Brasil, as terras raras obtidas no país foram
provenientes da monazita, que, por sua vez,
é obtida de um concentrado natural de
minerais pesados que ocorre nas praias da
costa e em determinados trechos de rios.
É no estado do Rio de Janeiro, em São
Francisco de Itabapoana — uma cidade do
Norte Fluminense —, onde se encontra uma
quantidade bastante considerável de monazita. Mas há outros depósitos na região, como em Paraty, Angra dos Reis, Cabo Frio,
Campos dos Goytacazes e Guarapari.
No país, o beneficiamento das areias
monazíticas teve início no final do século
XIX. O mineral foi amplamente extraído,
passando a ser valorizado no exterior, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial, por suas características nucleares.
mente radioativas — essa areias monazíticas
ficaram famosas pelo seu uso em tratamentos
terapêuticos. Muitos afirmavam ter melhorado de dores ocasionadas por artrites e
inflamações depois de elamear-se com essas
areias.
Verdade ou crendice? Não importa a resposta, o certo é que muitas pessoas ainda
aproveitam as horas de lazer em algumas
praias do litoral do estado do Rio de Janeiro
para se divertir e cuidar da saúde.
Na indústria
Os bens minerais produzidos a partir da
monazita são voltados especialmente para
a indústria de transformação. Esse e outros
minerais pesados contidos em terras raras
são amplamente utilizados nos setores de
alta tecnologia eletrônica, ótica, nuclear,
petroquímica e automobilística.
Os compostos de terras raras obtidos da
monazita possuem as mais diversas aplicações, conforme o elemento químico utilizado, tais como: neodímio, em laser e na
fabricação de TV a cores; cério, na fabricação
de lentes fotográficas e na indústria ótica
corretiva; lantânio, em ótica de alta precisão
e em ligas especiais; óxido, no polimento de
vidros óticos e vidros de televisão; carbonato, na composição de vidros óticos; fluoreto,
na metalurgia para obtenção de aços e ligas
especiais.
Primeiros achados
Os primeiros estudos sobre
os recursos minerais do Brasil
foram patrocinados pelo imperador d. Pedro II. Ele convidou
o geólogo francês Claude Henri
Gorceix para instalar, em 1875,
a Escola de Minas, com sede em
Ouro Preto.
Gorceix é o responsável pelas primeiras pesquisas sobre as terras raras no país, como a descrição da monazita, entre outras descobertas
relevantes com elementos químicos.
hólmio
Grupo das terras raras
Conheça a etimologia de alguns elementos químicos
Lantânio - do grego lanthanon, escondido
Cério - da deusa romana da fertilidade Ceres
Praseodímio - do grego praso, verde, e didymos,
gêmeo
Neodímio - do grego neo, novo, e didymos, gêmeo
Promécio - do titã Prometheus, que deu o fogo aos
mortais
Samário - em homenagem a Vasili SamarskyBykhovets, descobridor do mineral samarskite
Európio - de Europa, o continente
Gadolínio - em homenagem a Johan Gadolin (17601852), um dos primeiros investigadores das terras
raras
Térbio, Érbio, Ítrio e Itérbio - de Ytterby,
localidade da Suécia onde se encontra a pedreira de
cujos minerais foram isolados
Disprósio - do grego dysprositos, difícil de obter
Hólmio - de Holmia, designação latinizada de
Estocolmo, cidade natal de um dos seus descobridores
Túlio - da cidade mítica de Thule
Lutécio - de Lutetia, nome latino da cidade de Paris
Escândio - em homenagem à Escandinávia
Arnaldo Mezrahi
Coordenação Geral do Ciclo do Combustível
Comissão Nacional de Energia Nuclear
19
A energia de
Marie
Curie
Mapa da radiação
Uma forma de energia nuclear, a radioatividade acontece por meio da instabilidade dos átomos, como os de
urânio e rádio, que emitem constantemente partículas e
ondas eletromagnéticas.
Marie Curie descobriu, com seus estudos, que são liberadas nesse processo três tipos diferentes de radiação:
as partículas alfa e beta, e a radiação gama.
Alfa - consiste em dois prótons e dois nêutrons, iguais
ao núcleo do átomo hélio.
Beta - são elétrons.
Gama - radiação gama, na realidade, são ondas eletromagnéticas. É o tipo mais penetrante de radiação.
20
Marie Curie foi a primeira mulher a
receber o Prêmio Nobel, a premiação mais
importante para a comunidade científica. Marie — que ganhou este nome
depois de seu casamento com o físico
Pierre Curie —, antes de ser uma famosa
cientista, chamava-se Marya Sklodowska
e vivia na Polônia, onde nasceu, em 1867.
Era filha de dois professores e tinha uma
família grande, com cinco irmãos, entre
meninos e meninas.
A aventura pelo mundo da ciência começou cedo. Com apenas 16 anos, ganhou
medalha de ouro por seu desempenho acadêmico no ginásio, equivalente ao
atual ensino médio.
Marie quis continuar os estudos, mas,
na Polônia do final do século XVII, as mulheres não podiam cursar a universidade.
Marie, porém, rompeu os padrões da época e fez um pacto com sua irmã mais
Revelação-chave
Formada na França, Marie Curie pesquisou
o urânio, com o físico Pierre Curie e outros
cientistas. Nele, conseguiu detectar um elemento químico, o rádio. Esse metal, com grande capacidade de emitir energia, foi isolado
e analisado em 1898. Foi Marie quem batizou a capacidade de emissão de energia de
alguns elementos químicos de “radioatividade”. A revelação seria a chave para muitas
descobertas no vasto campo da física nuclear.
Os estudos de Marie sobre a radioatividade foram além. Ela descobriu que a emissão
de energia seria capaz de atingir o corpo humano e que, em pequenas proporções, poderia servir para tratar doenças.
As conclusões de suas pesquisas lhe renderam dois prêmios Nobel, o reconhecimento máximo, até hoje, para um cientista.
Marie e Pierre Curie
velha, Bronia. O acordo é que uma ajudaria
a outra a estudar na França, onde as mulheres tinham permissão para fazer o curso
superior. Bronia foi primeiro estudar medicina, enquando Marie trabalhava e lhe enviava
dinheiro. Marie foi depois. Precisava mesmo
de mais tempo para ganhar o mundo e ser a
mais importante cientista de sua época.
Marie no Brasil
Famosa e reconhecida mundialmente,
Marie criou o Instituto do Rádio, em Paris,
na França, dedicado às pesquisas sobre a
radiotividade no tratamento do câncer.
Correu o mundo divulgando suas descobertas
e mostrando a outros cientistas a maneira
de utilizar a energia nuclear no tratamento
de doenças.
Em 1926, visitou o Brasil, onde esteve à
frente de várias conferências, em instituções
médicas e de formação de profissionais da
saúde no país, como nos estados do Rio de
Janeiro e de Minas Gerais.
Hoje, o Instituto do Rádio é o Instituto
Curie, uma fundação privada, sem fins lucrativos, dedicada às pesquisas oncológicas,
que atua em parceira com hospitais dedicados ao tratamento do câncer.
Carlos E. Bonacossa de Almeida
Divisão Geral de Ensino e Pesquisa
Instituto de Radioproteção e Dosimetria
21
pla
Múlti
energia
Realizar, agir, gerar. Todas essas palavras fazem parte do conceito de energia.
Em sua origem grega, quer dizer “trabalho”
ou a capacidade de realização. Mover ou
aquecer algo, atravessar ou transferir força
são atributos da energia.
Com as diferentes maneiras de obter
energia, os seres humanos desenvolveram
formas de produção e armazenamento dessa
força, para consumo e sobrevivência. Na
física e em outras áreas do conhecimento
humano, o conceito de energia é estudado
detalhadamente e suas funções, muito bem
pontuadas. A energia nuclear é sempre pesquisada profundamente e, cada vez mais,
surpreende por suas formas de aplicação.
No olhar da ciência, é percebida como
algo fascinante. No entanto, a lembrança
e as marcas da destruição em massa, os
segredos militares, a invisibilidade e a
percepção de perigo iminente relacionados
a ela geram polêmicas e desconfiança.
22
Natural ou artificialmente produzida por
reações no núcleo do átomo, a energia nuclear tem múltiplas funções e inúmeras
aplicações no dia a dia.
No dia a dia
As radiações emitidas por meio da energia
nuclear são aplicadas em inúmeros setores,
para o aproveitamento e o progresso das
sociedades.
Na agricultura
u para retardar a germinação de uma
planta, permitir melhor conservação de sementes, frutas e hortaliças, mesmo em temperatura ambiente, entre outras funções.
u para o controle de pragas. Nesse caso,
machos de insetos indesejáveis são coletados, irradiados com dose suficiente para esterilização e liberados na natureza. O resultado será visto depois: machos e fêmeas
cruzarão normalmente, mas os ovos serão
estéreis. Essa prática é chamada de “técnica
do macho estéril”.
Na indústria
u as radiografias in situ ­— que significa “no
lugar” — são realizadas em inúmeras máquinas e permitem verificar sua integridade interna, sem desmontagem, nem interrupção
da operação das mesmas. Trens de pouso de
aviões, gasodutos e grandes caldeiras são
exemplos de maquinários radiografados.
Na pesquisa
u a radiodatação é uma técnica utilizada
por arqueólogos. Trata-se da medição do nível do carbono-14 — átomo do elemento químico carbono, naturalmente radioativo —,
em restos mortais e objetos antigos, que
dá pistas quase exatas dos anos decorridos
desde a morte do organismo ou a fabricação
do objeto. Todo material que contenha carbono pode ser datado.
Radiação e radioatividade
A emissão de energia por meio de partículas ou ondas eletromagnéticas é a
chamada radiação. O calor, a luz visível e
ultravioleta, as ondas de radio, TV, celular e
micro-ondas são exemplos de radiações de
baixa energia. Os raios-X são um exemplo
de radiação de alta energia que não é de
origem nuclear. A radioatividade é a emissão
de partículas ou ondas eletromagnéticas
de alta energia por elementos químicos
naturais ou artificiais.
Jean Remy D. Guimarães
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho/UFRJ
e Instituto Ciência Hoje
Natural ou artificial?
A radioatividade é notada de duas formas: a natural, presente nos elementos da
natureza; e a artificial, que é induzida e ocorre pela transformação no núcleo do
átomo. Usinas nucleares são baseadas no aproveitamento da energia contida em
elementos radioativos naturais, como o urânio.
23
Como
?
funciona
usina
nuclear
uma
Você sabe o que é energia nuclear?
Os átomos de alguns elementos químicos
apresentam a propriedade de, através de
reações nucleares, transformar massa em
energia. Esse princípio foi demonstrado por
Albert Einstein. O processo ocorre espontaneamente em alguns elementos; porém, em
outros, precisa ser provocado por meio de
técnicas específicas.
Existem duas formas de aproveitar essa
energia para a produção de eletricidade:
na fissão nuclear, em que o núcleo atômico
se divide em duas ou mais partículas, e na
fusão nuclear, em que dois ou mais núcleos
se unem para produzir um novo elemento.
24
A fissão do átomo de urânio é a principal
técnica empregada para a geração de eletricidade em usinas nucleares. É usada em
mais de 400 centrais nucleares em todo o
mundo, principalmente em países como
França, Japão, Estados Unidos, Alemanha,
Suécia, Espanha, China, Rússia, Coreia do
Sul, Paquistão e Índia, entre outros.
Hoje, 17% da energia elétrica no mundo é
gerada por fonte nuclear e esse percentual
tende a crescer com a construção de novas
usinas, principalmente nos países em desenvolvimento (China, Índia etc.). Os Estados
Unidos, que possuem o maior parque nuclear,
com 103 usinas em operação, estão ampliando a capacidade de geração e aumentando a
vida útil de várias de suas centrais. A França,
com 58 reatores, e o Japão, com 56, também
são grandes produtores de energia nuclear,
seguidos pela Rússia (31) e Coreia do Sul (20).
A maior vantagem ambiental da geração
elétrica por meio de usinas nucleares é a não
utilização de combustíveis fósseis, evitando
o lançamento na atmosfera dos gases responsáveis pelo aumento do aquecimento global
e outros produtos tóxicos. Usinas nucleares
ocupam áreas relativamente pequenas; podem ser instaladas próximas aos centros consumidores e não dependem de fatores climáticos para o seu funcionamento.
Além disso, o urânio utilizado em usinas nucleares é um combustível de baixo custo, uma
vez que as quantidades mundiais exploráveis
são muito grandes e não oferecem risco de
escassez em médio prazo.
Pesquisas de opinião realizadas na Europa,
nos Estados Unidos e na Ásia demonstram que
a população aceita a construção de novas
usinas nucleares e a substituição de plantas
antigas. Ambientalistas prestigiados, como
James Lovelock (autor da Teoria de Gaia) e
Patrick Moore (fundador do Greenpeace),
são unânimes em declarar que não se pode
abdicar da energia nuclear se pretendemos
reduzir os riscos do aquecimento global e de
todos os problemas relacionados a ele.
Por dentro
da usina nuclear
A fissão dos átomos de urânio dentro das
varetas do elemento combustível aquece
a água, que passa pelo reator a uma temperatura de 320oC. Para que não entre em
ebulição — o que ocorreria normalmente
aos 100ºC —, a água é mantida sob uma
pressão 157 vezes maior do que a pressão
atmosférica.
O gerador de vapor realiza uma troca
de calor entre as águas desse primeiro
circuito e as do circuito secundário, que
são independentes entre si. Com essa troca
de calor, as águas do secundário se transformam em vapor e movimentam a turbina
— a uma velocidade de 1.800rpm —, que,
por sua vez, aciona o gerador elétrico.
Após mover a turbina, o vapor passa por
um condensador, onde é refrigerado pela
água do mar, trazida por um terceiro circuito independente. A existência desses três
circuitos impede o contato da água que passa pelo reator com as demais.
Uma usina nuclear oferece elevado grau
de proteção, pois funciona com sistemas
de segurança redundantes e independentes
(quando somente um é necessário).
25
26
ilustração: Manoel Magalhães
O que é defesa em profundidade?
É um conceito de projeto que envolve a criação de sucessivas barreiras
físicas que mantêm a radiação sob total
controle.
u as pastilhas de dióxido de urânio
possuem uma estrutura molecular
que retém a maior parte dos produtos
gerados na fissão;
u as varetas que contêm as pastilhas
são seladas e fabricadas com uma liga
metálica especial;
u o vaso do reator funciona como uma
barreira estanque;
u a blindagem radiológica permite que
os trabalhadores acessem áreas próximas ao reator;
u o envoltório de aço especial, com 3cm
de espessura, é projetado para resistir
ao mais sério acidente;
u o envoltório de concreto, com 70cm de
espessura, conterá qualquer material,
caso as demais barreiras falhem.
Jefferson Borges Araújo
Paulo Adriano da Silva
Divisão de Inspeção Residente
Comissão Nacional de Energia Nuclear
27
Quando o
conheceu
a energia
atômica
1939
Ano que entrou para a história como
o início da Segunda Guerra Mundial, episódio que envolveu 72 países. As nações participantes ficaram ao lado da Alemanha
ou dos Estados Unidos, e o conflito generalizou-se. As razões, ainda não muito bem
entendidas, eram, em resumo: a conquista
de territórios, a exploração de riquezas e
a força do trabalho dos países “conquistados”. No entanto, a guerra, em meio a tantos
28
explosão da bomba Fat Man sobre Nagasaki
mundo
danos causados à humanidade, trouxe conquistas, como o avanço nas pesquisas científicas que envolviam a energia nuclear.
Foram os ingleses que, em 1940, anunciaram pela primeira vez ser possível construir uma bomba usando energia atômica. Na
época, os alemães estavam atrasados nessa
área de pesquisa. Um dos motivos do atraso é
que muitos cientistas fugiram da Alemanha,
perseguidos por serem judeus ou por serem
contra o governo de Adolf Hitler.
primeiro teste de bomba nuclear detonada - deserto do Novo México, EUA
1942
Um projeto alemão de arma atômica era
o foco dos Estados Unidos. Em guerra com
a Alemanha, a nação americana criou uma
grande estrutura para a construção da bomba,
atraindo cientistas de vários pontos do mundo, além dos próprios norte-americanos. Essa
concentração de esforços foi batizada como
Projeto Manhattan.
A desculpa que os norte-americanos usaram para gastar tanto dinheiro em um projeto atômico — e para justificar a pressa em
terminá-lo — era a de que a pesquisa dos
alemães poderia estar mais adiantada.
Quando, finalmente, a bomba atômica ficou pronta, em 1945, a guerra já havia terminado na Europa. Os países vencedores (Estados Unidos, União Soviética e Inglaterra)
encontraram-se na cidade de Potsdam, na
Alemanha, para decidir o destino do mundo.
Esse encontro foi chamado de Conferência
de Potsdam.
Ficou decidido que a União Soviética ajudaria os Estados Unidos na guerra que os
norte-americanos mantinham desde 1941
contra o Japão, porque não se tinha certeza
de que a bomba funcionaria. Nessa época,
os japoneses já estavam exaustos, sem dinheiro e sem ânimo.
Assim, não existia uma situação que justificasse o bombardeio atômico. O que havia
eram militares que acreditavam poder ganhar a guerra com a destruição total do inimigo e o desejo dos Estados Unidos de testar
a nova arma e mostrar ao mundo sua força.
Estados Unidos e União Soviética — a
atual Rússia — eram grandes potências e
“dividiram” o mundo em duas partes, que
controlavam politicamente. Esses dois países iniciaram a Guerra Fria, uma “guerra”
de tensões e ameaças, na qual a principal
“arma” era a possibilidade de um usar o
arsenal atômico contra o outro.
29
Os norte-americanos lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas de
Hiroshima e Nagasaki. Esse tipo de bomba
era a arma mais poderosa que a humanidade
conhecia. Hoje, elas seriam fraquinhas perto das armas nucleares que os Estados Unidos, Rússia e outros países têm.
As duas cidades japonesas foram totalmente destruídas e cerca de 140 mil pessoas
(80 mil, em Hiroshima; 60 mil, em Nagasaki)
morreram na hora. Com o passar do tempo, os efeitos da radiação emitida pela
explosão das bombas mataram outras 120
mil pessoas e, até hoje, não desapareceram
totalmente.
Esses dois ataques mudaram os rumos
da história da humanidade e a forma como
os homens passaram a construir suas armas
de guerra, cada vez com mais poder de
destruição.
Hoje, alguns pesquisadores acreditam
que as bombas jogadas sobre os japoneses
foram uma demonstração de força diante
dos soviéticos. Os Estados Unidos desejavam
controlar boa parte da política mundial.
Para isso, precisavam mostrar aos outros
países que não aceitariam desafio algum ao
seu poder.
30
Nagasaki após o bombardeio
1945
Até agora, a única vez em que armas
atômicas foram usadas em uma guerra foi no
ano de 1945. Desde então, todos passaram a
viver sob a ameaça de o mundo acabar caso
algum país resolvesse usar seu arsenal atômico. Daí a importância das negociações de
paz e do bom entendimento entre as nações.
Paulo Fagundes Visentini
Comissão Coordenadora do
Núcleo de Relações Internacionais
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
O que você precisa saber sobre
medicina
nuclear
Quando o assunto é energia nuclear, a
associação com a bomba atômica, muitas vezes, é imediata. O que dizer, então, se o
tema for ampliado para procedimentos médicos? Por isso, a forma de investigação médica conhecida como medicina nuclear pode
causar dúvidas, na maior parte das pessoas,
sobre suas técnicas e aplicações.
Mas é preciso saber que suas atividades
são permanentemente monitoradas pela
Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN) e pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA), entidades que cuidam da
segurança nos procedimentos médicos com
o uso de radioatividade. Além disso, a irradiação que o paciente sofre nesse tipo de
exame está dentro dos níveis considerados
seguros, podendo ser aplicada em crianças,
inclusive em lactentes.
Há 60 anos...
A medicina nuclear é uma especialidade
que teve seu início marcado pela investigação
da glândula tireoide, nos anos 1950. Hoje,
além de ser considerada uma das principais
técnicas de diagnóstico por imagem, é útil
no tratamento de doenças graves, como o
câncer, e na redução de tumores. Por tudo
isso, vale a pena saber mais!
Conheça algumas das principais questões
sobre o tema e tire suas dúvidas.
31
O que é a medicina nuclear?
É uma técnica de diagnóstico por imagem
que reproduz os fenômenos fisiológicos e
funcionais dos órgãos por meio de imagens
conhecidas por cintilografia. Seus exames
consistem na introdução de radioisótopos
ou radioelementos — partículas radioativas
que, acopladas a uma substância com especial afinidade para determinados órgãos,
são chamadas de radiofármacos ou radiotraçadores.
Como se chama o equipamento que
permite a obtenção de cintilografias?
É conhecido por câmara a cintilações ou
SPECT (Single Photon Emission Computed
Tomography) e possui detectores que giram
em torno do paciente, captando as emissões
radioativas do órgão onde o radiofármaco
está alojado. Uma técnica mais recente é
a PET (Positron Emission Tomography), que
detecta tumores malignos, a partir da análise
do seu metabolismo de açúcar, já que muitos
apresentam intenso uso dessa substância.
Qual a diferença entre a medicina
nuclear e outros métodos de imagem?
A medicina nuclear estuda a função
dos órgãos. Já outros tipos de estudos por
imagem — radiografia simples, tomografia
computadorizada, ultrassonografia e ressonância magnética — reproduzem a forma e
o tamanho dos órgãos, sua densidade radiológica ou ultrassonográfica, embora a ressonância magnética realize também alguns
estudo funcionais.
cintilografia do esqueleto mostra acúmulo fisiológico normal
do radiotraçador nos ossos
aparelho de SPECT
32
tomografia computadorizada
de corte axial de fígado e baço
gerador de tecnécio
99 metaestável
Quais as aplicações terapêuticas
da medicina nuclear?
Essas aplicações vêm se expandindo
para o tratamento do câncer da tireoide,
tumores ósseos, lesões da suprarrenal e
muitas outras neoplasias.
Quais as principais aplicações no
diagnóstico de doenças?
endócrinas: tireoide, paratireoide e
glândula suprarrenal;
u cérebro: doenças degenerativas (Doença
de Alzheimer), algumas alterações psíquicas
e determinados tumores;
u coração: coronariopatias (isquemia ou
infarto);
u pulmões: embolia pulmonar e avaliação da
reserva pulmonar em doenças obstrutivas e
neoplasias;
u aparelho digestivo: esvaziamento gástrico
e refluxo esofágico;
u fígado e vias biliares: cirroses e hemangiomas (tumores sanguíneos benignos);
u esqueleto: certos tipos de fraturas, tumores, doença metabólicas, processos infecciosos, metástases;
u rins: determinadas
doenças.
u
Os exames de
medicina nuclear são
contrastados?
Sim, mas a forma de contraste é diferente da utilizada nos estudos radiológicos. Os exames são realizados a partir da administração de substâncias de
baixa radioatividade (radiofármacos) e, dependendo
do órgão e do contraste, a forma mais
comum é a intravenosa. Os raios são do
tipo gama, que atravessam rapidamente o
corpo, irradiando muito pouco o paciente.
Por isso, médicos e técnicos não são obrigados a usar avental de chumbo.
Qual a forma de medir a
atividade da substância radioativa
administrada?
Inicialmente, é “medida” em um equipamento conhecido por curiômetro. As atividades — doses de radiação injetadas, conforme preceitos nacionais e internacionais
— são lançadas em um livro de controle,
fiscalizado pela CNEN e ANVISA.
cortes sagital e axial do
cérebro - imagem de SPECT
33
Qual a duração dos exames?
Em torno de 20 minutos, mas nem todo
exame inicia-se logo após a administração
do radiofármaco. No estudo do esqueleto, é
preciso aguardar duas ou três horas; no exame do coração, 30 minutos; no estudo da
função renal, começa logo após.
Os exames podem ser
repetidos em curto prazo?
Considerando a baixa radiação que o
paciente sofre, podem ser repetidos quando
necessário, sem prejuízo à saúde, desde
que haja indicação médica.
A população em geral
tem acesso a esses exames?
As autoridades sanitárias têm colocado à
disposição da população em vários hospitais
públicos. Assim como as universidades, que
dispõem de modernas instalações na área.
Berdj Meguerian
Médico especialista em medicina nuclear
34
cintilografia da tireoide normal
O que é um radioelemento?
Todo elemento que apresenta “desequilíbrio” entre os elétrons, prótons e nêutrons
que o compõem e passa a emitir radiações.
Por exemplo, o iodo que é misturado no
sal da cozinha, para evitar as alterações
funcionais da tireoide, não é radioativo, é
estável, pois o número de prótons, elétrons
e nêutrons estão em equilíbrio. Quando
ocorre diferença entre esses números,
isto é, desequilíbrio entre as partículas,
o átomo passa emitir radioatividade e se
chama radioelemento.
Iodo radioativo
O iodo-127 (estável) compõe-se de 53
prótons e 74 nêutrons.
Já o iodo-123 (radioativo) compõe-se
de 53 prótons e 70 nêutrons.
O iodo-131, outro radioisótopo, mais
radioativo que o iodo-123, compõe-se
de 53 prótons e 78 nêutrons.
Ciência
na escola
Abrindo o livro
Dos recursos utilizados nas escolas brasileiras para auxiliar o processo de ensinoaprendizagem, o livro didático é o que ainda
possui maior destaque. Sua importância como
material de apoio é irrefutável e sua presença
é legitimada por uma política pública de
distribuição periódica, com reposição anual
dos livros.
Por meio do Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD), procura-se abastecer toda a
Educação Básica, a fim de promover a atualização dos conteúdos que são abordados
em cada fase do ensino, de acordo com as
indicações do Sistema Educacional Brasileiro.
Cabe ressaltar que esse programa de distribuição dos livros didáticos se restringe à
compra e à distribuição de livros impressos,
36
não admitindo a aquisição de outros materiais e suportes (tecnológicos e midiáticos,
por exemplo).
Nesse movimento, faz-se necessário aproximar as recomendações do Sistema Educacional dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs), na análise e seleção dos livros didáticos, pois representam uma proposta de
políticas públicas que pretende fundamentar
a prática pedagógica em âmbito nacional.
Os PCNs apontam como princípio didático
geral a formação de estudantes autônomos,
críticos e participativos, adotando um eixo
teórico-metodológico em prol da diversidade,
exigindo uma ressignificação dos conteúdos
escolares e reafirmando a responsabilidade
da escola com a formação contextualizada
dos alunos.
Mas não podemos esquecer também que a
legislação educacional e as diretrizes curriculares que norteiam a prática docente não
são projetos “preparados” para serem “aplicados” nas escolas. São apenas orientações
educacionais que servem de incentivo para a
elaboração do projeto político pedagógico de
cada unidade escolar.
Portanto, é importante problematizar a
forma pela qual o livro didático vem sendo
selecionado pelos educadores e utilizado em
sala de aula, bem como questionar a forma
pela qual os temas de ciência e tecnologia
vem sendo tratados nessas publicações.
Algumas temáticas já apontadas pelos
parâmetros como necessárias ao ensino de
ciência contemporâneo e pouco abordadas
nos livros necessitam ser incluídas e/ou
ampliadas no cotidiano escolar ­— como é o
caso da energia nuclear.
A presença da temática energia nuclear,
tanto no Ensino Fundamental quanto no
Ensino Médio, precisa ser atrelada ao mundo
dos alunos, pois os recursos tecnológicos
contemporâneos (rastreamento por satélite,
lasers, radiações, combustíveis nucleares
etc.) dialogam com os diferentes usos nas
usinas nucleares, nas indústrias, na agricultura e na medicina, por exemplo.
Muitas vezes, quando esse conteúdo é
abordado nos livros didáticos, há uma simplificação, parecendo que a única solução é
decorar fórmulas e modelos. Diante disso,
podemos (e devemos) interrogar: o tema
energia nuclear é abordado de forma contextualizada? O livro estimula a curiosidade
pelo assunto apresentado? A metodologia
utilizada é adequada e possibilita a construção do conhecimento científico? O livro
introduz elementos da história da ciência,
evitando figuras/ilustrações caricaturizadas? Provoca o debate, permitindo o trabalho interdisciplinar?
Nesse caso, por meio da interdisciplinaridade, os alunos podem lidar com situações reais e complexas de um mundo em
constante transformação: crises de energia,
problemas ambientais, avanços técnicocientíficos diários, qualidade de vida, mercado de trabalho etc. É importante destacar que a proposta interdisciplinar prevista nos parâmetros, que apresenta os
37
diferentes componentes curriculares de
forma integrada e inter-relacionada, atua
como mediadora do projeto político pedagógico da escola.
A produção do conhecimento constrói-se,
assim, a partir dos múltiplos diálogos entre
as diversas áreas. Ao incluir a história da
ciência nos currículos escolares por exemplo, podemos situar os estudantes em uma
realidade científica mais ampla. Desmistifica-se o estereótipo que há em torno dos
cientistas, além de revelar o processo não
linear ­— repleto de rupturas, disputas e
transformações — do “fazer ciência” e fortalecer o argumento da ciência como construção humana — repleta de objetividades
e subjetividades.
Nesse contexto, compreender a construção do conhecimento científico como um
processo histórico e cultural, em estreita
relação com as condições sociais, políticas
e econômicas de uma determinada época,
é um dos caminhos para a construção da
cidadania.
Alguns caminhos metodológicos são possíveis para mediar aulas de ciências para além
do livro didático: oficinas, círculos de debates/discussões, entrevistas, organização
de registros, esquemas, aulas-passeio, visitas
a planetários, museus e centros de ciência,
38
experimentação... A opção pela experimentação científica, por exemplo, não deve se
limitar às práticas convencionais em laboratórios, nos quais se executa uma lista de procedimentos previamente fixados. Por meio de
um processo de experimentação mais abrangente, os estudantes podem observar, descrever, deduzir, refletir, identificar e analisar
situações-problema presentes no dia a dia.
Reconhecemos, portanto, o papel fundamental do professor na popularização da
ciência, na formação de cidadãos críticos e
criativos, bem como no despertar do espírito
investigativo que valoriza aspectos históricoculturais, identificando a existência de um
conhecimento científico sistematizado e
produzido coletivamente.
Afinal, como apontam as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Médio, nosso
compromisso como educadores é a formação do “cidadão contemporâneo, atuante
e solidário, com instrumentos para compreender, intervir e participar na realidade”
(PCN + Ensino Médio, 2002, p. 75).
Andreza Berti
Núcleo de Educação
Casa da Ciência da UFRJ
ilustração de Folon para o cartaz do filme Stalker
Jornada
entre
ocinema
e
a ciência
39
A arte promovendo
o estranhamento
É um clichê inevitável afirmar que o
audiovisual está cada vez mais presente
em nossas vidas. Seja pelo crescente aumento dos conteúdos digitais, seja pela
popularização do acesso à internet e
dos computadores portáteis ou, ainda,
pela própria forma como a informação é
trabalhada e veiculada na mídia. O fato é
que existe um universo de imagem, som
e movimento que se permite modelar de
formas variadas e com objetivos diversos.
O cinema, no entanto, sendo uma forma de
expressão artística, permite a organização
de seu material audiovisual com vias a
despertar a atividade do pensamento.
Em nossa sociedade, a demanda por
acúmulo de informação e a especificidade
adquirida por diversas áreas do conhecimento se apresentam como fatores que tendem a limitar a atitude crítica e reflexiva.
Uma estratégia possível, que se aproveita
da conjuntura cada vez mais audiovisual da
realidade, seria estimular o aprendizado a
partir da arte cinematográfica.
Quando se assiste a um filme, algo acontece no espectador. Parte-se do pressuposto de que o cinema possui uma função
transformadora, e que ele pode ser pensado
não como mero instrumento pedagógico —
um exemplo ou ilustração de determinado
40
conteúdo, o que ampliaria a falsa ideia de
que o filme seria menos importante do que
aquilo a que se refere —, mas como forma
de expressão capaz de apresentar e suscitar
questões que ativam diálogos entre as mais
diversas áreas do conhecimento.
Ao criar um espaço-tempo, o cinema nos
permite ter acesso a um mundo à parte, no
qual nos perdemos em meio às leis e propriedades específicas, apresentando e tornando visíveis problemas e anseios que dizem respeito à vida de maneira geral, sem
se preocupar com a objetividade e/ou a
necessidade de obedecer a critérios estipulados. Esse deslocamento move o pensamento. Ele nos faz pensar na medida em
que nos permite o contato com afetos,
problemas e situações que não estão em nosso
mundo, mas, apesar disso, são capazes de
nos transformar. É através da ilusão do cinema que as questões nada ilusórias do nosso
mundo também podem ser pensadas.
A síndrome da China
Ao pensar em filmes que se relacionam com o tema da energia
nuclear, podemos lembrar de algumas produções que abordam diretamente o assunto. Nosso intento, em contrapartida, é pensar de
que forma pode-se provocar uma
reflexão específica, a partir do vasto
campo de questões que a discussão
abre, sem delimitá-la ou esgotá-la.
À medida que as pesquisas em
física nuclear avançavam, em especial a partir da Segunda Guerra
Mundial e, posteriormente, com
a Guerra Fria ­— quando a tensão
armamentista entre EUA e União
Soviética ameaçava a vida no planeta —, determinado tipo de cinema
emergiu se valendo de premissas
inspiradas por esse contexto.
O cinema de ficção científica
começava a refletir, por meio de
imagens em movimento e som, sobre a natureza e as consequências
da energia nuclear, enfatizando os
riscos de seu uso bélico. Nas décadas seguintes, o assunto passou a
não ser exclusividade da ficção científica, e, com o crescente aumento
Stalker
Energia nuclear
no cinema e
o caminho de
Tarkovsky
41
e disseminação da indústria nuclear, outros
temas emergiram, como no caso dos
filmes Césio 137 — pesadelo de Goiânia
e A síndrome da China. Ambos os filmes
pensam questões relativas ao perigo da
contaminação radioativa, tratando das consequências do uso da energia nuclear no
cotidiano. Quer seja em aparelhos para
uso hospitalar — no caso do Césio 137 — ou
como fonte de energia elétrica em usinas
— como em A síndrome da China —, o
assunto deixava o imaginário militar para
se disseminar na sociedade.
A atenção aos problemas relativos às
matrizes energéticas, aliada ao temor do
desconhecido — associado aos efeitos da
radiação —, impulsionava não só questões
éticas e políticas, como também outras
reflexões filosóficas sobre a vida, o meio
ambiente, o homem e a existência. Dar
conta de tudo isso não é tarefa simples. Foi
um cineasta russo — e poderíamos também
chamá-lo de pensador —, chamado Andrei
Tarkovsky, quem realizou, na década de
1970, um filme que se destaca até hoje
pela forma abrangente de lidar com essas
questões: Stalker.
É importante lembrar que esse filme
não possui uma narrativa ágil, comum em
produções que não oferecem tempo para o espectador respirar. Seus longos planos fazem com que o espectador consiga
direcionar sua atenção ao tempo que flui,
como se ainda não tivesse sido captado pelos
42
esquemas calculadores que o transformam
em algo quantificável. Tarkovsky faz com
que seus filmes escapem à lógica produtiva e
industrial do próprio cinema. Assistindo aos
seus filmes, o espectador não se configura
como um receptor passivo de estímulos, mas
tem sua experiência intensificada por meio
da temporalidade dos planos.
As questões que o filme nos abre são imensas, e sua capacidade de interseção com
diversas áreas do conhecimento se dá pelo fato de não tratar de um assunto específico, como as consequências do lixo radioativo ou de acidentes ambientais. Ao não
querer abordar diretamente tais questões,
consegue tratá-las de forma mais abrangente,
como nenhum outro. E por que isso se dá?
Uma compreensão adequada de problemas sobre a energia nuclear envolve aspectos que não são específicos do discurso
científico, já que ele mesmo está imerso em
uma sociedade que o produz. O filme, ao
apresentar os anseios de três personagens
a caminho de um lugar capaz de realizar
desejos (a “Zona”, como é chamada no filme), postula como conflituosa a relação que
eles mantêm com algo que não conseguem
— e nem podem — explicar ou ter acesso.
Há um deslocamento entre o que é próprio
do humano e o que é próprio da natureza,
na medida em que os homens acreditam-se
independentes e exteriores a ela. O que nos
faz supor que esse conflito diz respeito aos
anseios contemporâneos que questionam a
Stalker
atitude de domínio irrefreado da natureza,
há séculos vinculada à ciência.
A sociedade industrial ditou uma nova dinâmica para a vida, pautada pela produção
e pelo consumo, tendo como alicerce a
dominação técnica do mundo natural, com
vias à eficácia e ao progresso. O conhecimento técnico-científico, aliado à ideologia burguesa, foi capaz de adquirir autoridade, visto que suas aplicações se convertiam em
maior poder de dominação e, portanto, em
maior influência política e econômica.
No mundo da técnica, no entanto, compreender alguma coisa significa deixar para trás toda a carga de afetividade que
ela poderia admitir. Implica um processo
objetivo, purificado, em que o objeto a ser
conhecido está destacado de sua realidade
imediata. A crença em um saber universal,
que legitima o progresso, faz com que a
esfera do humano, do desejo, dos afetos,
seja relegada ao segundo plano.
43
Ao representar um mundo e uma natureza
decadentes, Tarkovsky situa seu filme em
um ambiente que sofre as consequências
e o esgotamento desse domínio técnicocientífico, onde o progresso se verifica,
ao fim, como incapaz de promover uma
resposta a todos os problemas humanos. A
“Zona” seria um lugar que permitiria aos
homens reencontrarem a si mesmos, afastando-os de suas falsas necessidades e
reconectando-os ao mundo.
Em outras palavras — evitando comprometer a experiência de quem ainda não
assistiu ao filme —, seria uma forma de
afirmar a impossibilidade de respostas que
contemplem a verdade última sobre as
coisas, priorizando, em seu lugar, a experiência existencial que une os homens nessa
busca, os afetos que os atravessam. O mais
interessante é como o filme não sugere isso
apenas pelo seu tema, mas, sobretudo, pela
sua linguagem, sua estética.
44
É desse modo que ele nos permite criar
uma reflexão capaz de situar o problema do
nuclear no contexto mais vasto do artístico,
do social e do humano. E essa é apenas uma
das diversas leituras possíveis para uma obra
que resiste ao tempo e às interpretações
fechadas.
Seu enredo e sua forma nos oferecem,
ainda, a possibilidade de pensar que se trata
também de um modo de falar do próprio
cinema, da própria arte. Afinal, não seria a
sala escura do cinema uma espécie de lugar
especial que nos permite realizar desejos,
viver outras vidas e potencializar nossas
próprias ações? O cinema, assim como a
“Zona”, nos transforma e faz pensar sobre
nós mesmos e o mundo.
Gabriel Cid Garcia
Núcleo de Educação
Casa da Ciência da UFRJ
Energia em
movimento
Corrida
atômica
Percorra as camadas eletrônicas de um átomo,
deslocando-se como um elétron e aproveite para conhecer mais sobre a história do átomo e as
descobertas em torno da radioatividade e da
energia nuclear!
Abra o encarte e recorte as cartas na linha
pontilhada, separando o tabuleiro. Para jogar, você
só vai precisar de um dado e peões de outro jogo
ou sementes (milho, feijão ou grão de bico).
Ganha quem conseguir desbravar os desafios e
atingir o elétron 36 em primeiro lugar.
Boa sorte!
Paula Wienskoski - criação e design
Monica Cristina de Moraes - pesquisa
Casa da Ciência da UFRJ
46
O tabuleiro representa o elemento químico
krípton, ou kriptônio, de
símbolo Kr e número atômico
36 na Tabela Periódica. Resultado
da fissão nuclear do urânio, é um
gás nobre, incolor e inodoro, raro na
atmosfera e extremamente volátil.
Pode ser empregado, isolado ou misturado com neon e argón, em lâmpadas fluorescentes ou nas incandescentes de filamento de tungstênio dos
projetores de cinema. O laser é usado
para a cirurgia da retina e o isótopo
Kr-81m, no estudo do pulmão.
Essa representação segue o modelo descrito pelo físico dinamarquês Niels Bohr, em 1913.
Segundo Bohr, cada átomo possui um núcleo pequeno carregado positivamente, cercado
por elétrons em órbita circular.
Cada camada sustenta um número exato de elétrons, no
caso do kriptônio, distribuídos
em quatro camadas: 2, 8, 18 e 8.
Assim como essas partículas
se deslocam pelas camadas, os
jogadores devem saltar pela trilha
do jogo, da casa 1 à 36.
Regras
1. Embaralhar as cartas e deixá-las agrupadas, de cabeça para baixo.
2. Os jogadores lançam o dado para decidir quem
começa; o jogo deve prosseguir em sentido horário.
3. Os peões andam a partir do centro do átomo.
4. Cada jogador lança o dado, na sua vez, e anda o mesmo número
de casas, seguindo a numeração dos elétrons no tabuleiro.
5. Em seguida, o jogador à direita retira uma carta e lê em voz alta o texto,
com as três opções de resposta (a correta está sublinhada).
6. Se o jogador acertar a resposta, lança o dado novamente e avança.
7. Se o jogador errar a resposta, lança o dado novamente e retrocede.
8. Se os jogadores pararem nos elétrons 10, 16, 21 ou 29, não devem pegar as cartas, mas proceder
conforme indicado no tabuleiro.
Vence quem chegar primeiro ao elétron 36!
47
Ato
mó
bile
Somente nos séculos XIX e XX as partes do átomo
foram descobertas. Primeiro, o elétron. Mais tarde, prótons e nêutrons. Assim, a estrutura atômica da matéria,
ou modelo atômico, foi traçada.
Modelo atômico de Bohr
Em 1913, o físico Niels Bohr propôs uma estrutura
atômica na qual o átomo seria constituído de prótons e
nêutrons, localizados no núcleo, e elétrons distribuídos
em níveis de energia, formando a eletrosfera.
Embora o modelo de Bohr ainda seja utilizado nos
estudos básicos sobre eletricidade, hoje sabemos que
o núcleo do átomo é muito mais complexo, e que os
elétrons giram ao redor do núcleo, mas não em órbita.
Adriani Freire, Carmen Evelyn e Gustavo Lucena
Núcleo de Educação
Casa da Ciência da UFRJ
48
Que tal você mesmo tentar
montar seu modelo atômico para
tentar entender como funciona a
energia nuclear?
Você vai precisar de:
- 6 pulseiras de neon verde com
conector transparente
- 1 miçanga de cristal ou esfera
de plástico de 2cm de diâmetro,
com furo
- 1 uma arruela para permitir a
fixação da miçanga/esfera
- 60cm de fio de náilon
- Tesoura
Como fazer:
3
1
Passe o fio de náilon pelo furo da
esfera e da miçanga. Dê um nó na
ponta para prender a estrutura e
corte o excesso de fio.
2
Marque a distância de um
dedo da esfera e dê um nó no
fio de náilon.
Encaixe o conector transparente
onde você fez o nó. Fixe a pulseira
de neon verde no conector.
4
Junte duas pulseiras para
fazer o círculo do meio (médio).
5
Marque a distância de dois dedos a
partir do círculo pequeno e dê um nó
no fio de náilon. Encaixe o conector
transparente onde você fez o nó.
6
Encaixe a pulseira média
no conector.
7
Junte três pulseiras para
fazer o círculo maior.
Repita o passo 5, a partir
da esfera média, e encaixe a
pulseira maior no conector.
9
8
Dê um laço na ponta do fio e o
móbile está pronto para decorar o
seu quarto!
49
DU
Preencha o quadro da página ao lado, com a palavra correspondente
à definição de cada linha. Transporte as letras para o quadro abaixo, de
acordo com a numeração. Ao final, forma-se a frase de um importante
cientista, cujo nome é revelado nos quadradinhos cinzas.
Monica Cristina de Moraes
Núcleo de Educação
Casa da Ciência da UFRJ
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Respostas: usina nuclear - elétron - lixo atômico - contador geiger - brasil - batata - câncer - hiroshima - contaminação
- urânio - formiga atômica Frase: A percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências Autor: Einstein
PLEX
Saiba mais...
Sugestões de pesquisa
Livros
Abdalla, M. C. B. Bohr: o arquiteto do átomo. Série
Imortais da Ciência. São Paulo: Odysseus, 2002.
Okuno, E. Radiação: efeitos, riscos e benefícios.
São Paulo: Harbra Ltda.,1988
Caulliraux, H. Hiroshima 45, o grande golpe: da
concepção do átomo à tragédia de Hiroshima. Rio
de Janeiro: Lucerna, 2005.
Parker, S. Marie Curie e a radioatividade. Coleção
Caminhos da Ciência. São Paulo: Scipione, 1999.
Drummond de Andrade, C. Poesia completa. Rio
de Janeiro: Nova Aguilar, 2001.
Eco, U. A bomba e o general. Lisboa: Quetzal
Editores, 1989
Feynmam, R. P. Lições de física de Feynman.
Porto Alegre: Bookman, 2008.
Gleiser, M. Mundos invisíveis: da alquimia à física
de partículas. São Paulo: Editora Globo, 2008.
Helene, M. E. M. A radioatividade e o lixo nuclear.
São Paulo: Scipione, 1999.
Kakalios, J. The physics of superheroes. USA:
Gotham Books, 2005.
Lucrécio, T. Da natureza. Os pensadores. São
Paulo: Editora Abril, 1973.
Martins, J. B. A história do átomo — de Demócrito
aos quarks. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2001.
Moraes, V. de. A rosa de Hiroshima. In: Poesia
completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1968.
Morais, M. et al. O acidente radioativo de Goiânia:
considerações da equipe médica. In: Lições do
acidente com o césio-137 em Goiânia. Goiânia:
Fundação Leide das Neves Ferreira, SUDS, 1990.
Quinn, S. Marie Curie: uma vida. São Paulo:
Scipione, 1997.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Lei n. 9394/96, de 20 de dezembro de
1996. Brasília, DF: Senado Federal, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
de Educação Básica. Parâmetros Curriculares
Nacionais: 1º e 2º ciclos do Ensino Fundamental.
Brasília, DF, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais. 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental.
Brasília, DF, 1998.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais. Ensino Médio. Brasília,
DF, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da
Educação Média e Tecnológica. PCN + Ensino
Médio: Orientações Educacionais Complementares
aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências
da Natureza, Matemática e suas tecnologias.
Brasília, DF, 2002.
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Revistas e artigos
Apostilas Educativas / Comissão Nacional de
Energia Nuclear
Aplicações; Energia Nuclear; História da Energia
Nuclear; Programa de Informação CNEN; Radiações Ionizantes; Radioatividade
www.cnen.gov.br/ensino/apostilas
Ciência Hoje
Gonçalves, O. D.; Almeida, I. P. S. A energia
nuclear e seus usos na sociedade. v. 37, n. 220.
São Paulo: Instituto Ciência Hoje, 2005.
Ciência Hoje das Crianças
A energia do átomo (n. 49); A ciência de Marie
Curie (n. 56); Neutrinos: as partículas fantasmas
(n. 171). São Paulo: Instituto Ciência Hoje,
1995; 1996; 2006.
Com Ciência — Revista Eletrônica de Jornalismo
Científico
Energia nuclear: custos de uma alternativa.
www.comciencia.br/reportagens/nuclear/nuclear01.htm
Fundação
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Biblioteca/Literatura/
Educação Pública
Moreira, I. C. Poesia na sala de aula de ciências?
A literatura poética e possíveis usos didáticos.
www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura/0005.html
Jornal da Ciência / SBPC
Gleiser, M. O elétron e o futebol.
www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=41407
54
Navigator
Acidente radioativo com o Césio137. A participação da Marinha no atendimento às vítimas
www.revistanavigator.com.br/navig_especial/cap/NE_cap9.pdf
Química Nova na Escola
Porto, P. A. Augusto dos Anjos: ciência e poesia.
n. 11, maio, 2000.
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc11/v11a07.pdf
Revista Eletrônica do Departamento de Química
da UFSC
O núcleo instável.
www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/nuclear/introducao.html
Personagens de Quadrinhos
Capitão Átomo (1960)
Dr. Manhattan (The Watchmen - 1986)
Formiga Atômica (1965)
Homem-Aranha (1962)
Hulk (1962)
Tartarugas Ninja (1984)
Ficção
A hora final (1959)
A síndrome da China (1978)
Black Rain — a coragem de uma raça (1989)
Césio 137 — pesadelo de Goiânia (1990)
Dr. Fantástico (1964)
Homem-Aranha (2002)
O dia seguinte (1983)
O incrível Hulk (2008)
O planeta dos macacos (1968)
Os senhores do holocausto (1989)
O início do fim (1989)
Rapsódia em agosto (1991)
Silkwood (1983)
Stalker (1979)
Tartarugas ninja (1990)
The Watchmen (2009)
Documentários
Átomo (BBC, 2007)
Hiroshima (BBC, 2005)
O Desastre de Chernobyl (Discovery Channel, 2006)
Reação nuclear (WGBH, 1997)
Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e
Controle de Materiais Nucleares
www.abacc.org
Agência Internacional de Energia Atômica
www.aiea.org
Agência Nacional de Energia Elétrica
www.aneel.gov.br
Associação Brasileira de Energia Nuclear
www.aben.com.br
Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear
www.cdtn.br
Centro de Energia Nuclear na Agricultura
www.cena.usp.br
Comissão Nacional de Energia Nuclear
www.cnen.gov.br
Eletronuclear - Eletrobrás Termonuclear S.A
www.eletronuclear.gov.br
Instituto de Engenharia Nuclear
www.ien.gov.br
Instituto de Estudos Japoneses
www.iej.uem.br
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
www.ipen.br
Instituto de Radioproteção e Dosimetria
www.ird.gov.br
Indústrias Nucleares do Brasil
www.inb.gov.br
Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A.
www.nuclep.gov.br
Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica
www.sbpr.gov.br
55
Publicação concebida especialmente para a exposição Energia Nuclear. Suas 56 páginas foram
compostas com fontes Barmeno, Albertus Medium e Trebuchet, em papel offset 90g, e a capa e o
encarte, em cartão supremo 250g. Impressão em abril de 2010, com tiragem de 3.000 exemplares.