Maïmouna

Transcrição

Maïmouna
VÄRLDSOMRÖSTNING
VOTAÇÃO MUNDIAL VOTE MONDIAL
VOTACIÓN MUNDIAL
EL GLOBO • LE GLOBE • THE GLOBE
O GLOBO •
•
•
2
1 Omslag43.indd 2
GLOBAL VOTE
# 43 • 2006
05-11-15 06.25.30
Maïmouna luta pelo
TEXTO : ANDRÉ MK ANDAWIRE FOTO : TOR A MÅRTENS
– Meus amigos costumam dizer
que eu só penso nos direitos da
criança, que esta é a única coisa
com a qual me importo – diz
Maïmouna.
Maïmouna trabalha no Clube
dos Direitos da Criança. Ela
ensina as famílias a registrarem
seus filhos e organiza a Votação
Mundial do Prêmio dos
Amigos Mundiais. Ela
também integra o júri
das crianças
do WCPRC.
M
aïmouna está sentada
na praia e conta como
começou seu interesse pelos
direitos da criança. Apesar
do calor, não há nenhuma
criança na água.
– A correnteza é muito forte, você pode facilmente ser
levado pela água – explica
Maïmouna. Há alguns anos,
dez crianças se afogaram
aqui, em apenas uma semana.
No bairro onde moro, muitas
crianças frequentam a praia
para jogar futebol, tomar chá
e nadar nas férias de verão.
Mas, depois dos afogamentos, ninguém quer mais nadar
nessa época do ano.
Após, os afogamentos,
algumas pessoas do bairro
de Maïmuona fundaram a
organização Éden, para
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promover boas atividades
para as crianças.
– Eu tinha oito anos quando
entrei para a Éden. No início,
fazíamos passeios e outras
atividades divertidas. Depois
aprendemos sobre os direitos
da criança. Hoje, eu passo a
maior parte do tempo trabalhando com isto. Faço isto
para o meu próprio bem e
para o bem de muitas crian-
Maïmouna Diouf, 15
Mora: Guédiawaye, na capital
do Senegal, Dakar.
Hobbies: Caratê, handebol e
acima de tudo os direitos da
criança.
Adora: Minha família, chá e
roupas bonitas.
Melhor página da web:
www.childrensworld.org,
lá há muito para ler
sobre as crianças do
mundo inteiro.
Orgulhosa de:
Participar do júri das
crianças do WCPRC.
ças que não conhecem os
seus direitos.
– O mais importante é que
as crianças possam participar
e serem ouvidas. Isto também
significa ser responsável por
suas ações. Minha mãe e meu
pai estão orgulhosos de mim.
Eu sempre digo o que penso
e sinto que minha voz é importante na família. Três copos
de chá
A irmã de Maïmouna, Binta,
é a especialista em chá da
família. No Senegal, quase
todos bebem chá e o fazem
em companhia de outros.
Binta ferve a água num
pequeno pote e coloca:
05-11-17 13.49.26
los direitos da criança
Reunião do clube dos
direitos da criança
O bem mais
precioso de
Maïmouna
Todos os documentos
sobre os direitos
da criança!
Registre suas crianças !
Maïmouna participou de uma
campanha, que encorajava os
pais a registrarem suas crianças
recém-nascidas.
– Eu não me impressionaria se
uma, para cada duas crianças
nascidas em Guédiawaye, não
fosse registrada. Sem a certidão
de nascimento, você não pode ir
à escola, não pode ter passaporte
e viajar para o exterior e nem ser
cidadão em seu próprio país –
ensina Maïmouna.
Ela e seus amigos percorrem o
bairro e perguntam aos pais se
já registraram seus filhos. Muitos
não sabiam que deveriam fazê-lo.
– Em apenas uma tarde, em
um único quarteirão, eu registrei
54 crianças, e eu visitei apenas
uma pequena parte dos que
moram lá – relata Maïmouna.
– Algumas vezes, crianças não
são registradas por pura preguiça, outras vezes por ignorância
ou pela falta de dinheiro dos
pais – diz Maïmouna.
e açúcar
chá
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hortelã
O Clube dos Direitos da Criança,
do qual Maïmouna faz parte, se
encontra para discutir os direitos
da criança e realizar diferentes
ações no bairro onde eles moram.
– Hoje vamos falar sobre quais
direitos da criança são respeitados no local onde moramos e
quais direitos não são respeitados. Depois falaremos sobre o
que podemos fazer, para que os
adultos respeitem estes direitos –
diz Maïmouna, enquanto escreve
esses dois pontos num bloco de
papel.
– Eu acho que a paz e o direito
à educação são os direitos das
crianças mais respeitados no
Senegal – opina Ousmane
Ndoye.
Todos no grupo concordam
com ele.
– A espuma é importante – explica Maïmouna.
É preciso despejar o
chá de um copo para o
outro muitas vezes, até obter
uma boa espuma. Este foi o
primeiro copo – diz Maïmouna.
Agora vamos tomar mais dois
copos. Em cada um deles, vamos
colocar mais açúcar.
– Na minha escola, alguns
alunos trazem consigo uma
chaleira e copos para fazer o
chá no recreio, mas eu costumo
beber apenas quando estou
em casa – diz Maïmouna.
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Cacto contra fraude
TEXTO : ANDRÉ MK ANDAWIRE FOTO : TOR A MÅRTENS
Esta é a história do cacto
que impede a fraude
eleitoral, mas não com
seus espinhos...
D
Hoje é dia da Votação
Mundial na escola de
Maïmouna, a Pikine Est
B. Os alunos responsáveis
pela atividade, conferem
como tudo irá funcionar.
As urnas ficaram prontas na
noite anterior. As listas com
o nome dos alunos votantes
também está pronta. Porém,
como garantir que ninguém
vote duas vezes?
– Eu sei o que podemos
fazer- diz Migui. Aqueles que
votarem, devem molhar o
dedo na tinta.
– Mas nós não temos tinta –
afirma Maïmouna.
– É claro que
temos! Mas eu
tenho de ir
buscar – diz
Migui, com ar
de mistério.
Maïmouna
decide ir com ele.
Língua com a
tinta secreta.
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Em busca
de tinta
Depois de algum
tempo, eles encon-
tram crianças
sorrindo.
– De quê vocês estão rindo?
– pergunta Maïmouna. As
crianças exibem suas línguas
coloridas de vermelho, como
resposta.
– Esta é a tinta sobre a qual
eu falei – diz Migui e aponta
para língua das crianças.
Nós já estamos próximos.
Quando eles chegam diante
de uma moita de cactos na
areia, Migui diz:
– É daqui que iremos extrair
a tinta.
Milhares de espinhos saem
do cacto e parece impossível
alcançar as frutinhas.
Com muito cuidado, Migui
estica o braço em direção à
moita. Em sua mão, ele tem
uma faca e consegue pegar
Nada de fraudes aqui.
Contagem dos votos.
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uma fruta. Ele abre a fruta
com sua faca.
– Olha quanta tinta! Se
nós pegarmos duas frutas
como esta, é o suficiente
para pintar os dedos de
toda a escola.
Depois de colherem as
frutas, eles se apressam em
direção à escola. A votação
ainda não começou. Migui e
Maïmouna cortam as frutas
e as espremem, com um
pouco de água, numa bacia.
Parece sangue.
– Agora a Votação
Mundial pode começar –
avisa Migui à todos que
estão na fila. Não se esqueçam de molhar o dedo na
tinta vermelha depois de
votarem! Visite sempre o
www.childrensworld.org
– Eu costumo entrar no www.childrensworld.org, porque lá
há muito o que ler sobre crianças de outros países – afirma
Maïmouna.
As visitas ao cybercafé se tornaram mais freqüentes, desde
que ela se tornou membro do júri infantil do WCPRC.
– Mal posso acreditar que seja verdade, que eu sou membro do júri. Esta é uma grande chance de levar adiante minhas
idéias sobre os direitos da criança, muito além do meu bairro
em Dakar. A questão dos direitos das crianças afeta crianças
de todo o mundo, por isso nosso trabalho é muito importante.
Ora todas
as manhãs
Maïmouna é muçulmana.
Todos os dias, ela se levanta
às seis da manhã para orar.
Antes das orações, ela se
lava de uma maneira especial:
1. As mãos, três vezes
2.
A boca, três vezes
➼
5
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TEXTO : ANDRÉ MK ANDAWIRE FOTO : TOR A MÅRTENS
Meu direito de
escolher o vestido!
Doces favoritos de
Maïmouna
Há dois anos, Maïmouna
ganhou um tecido para fazer
um vestido que seria usado
na mais importante data religiosa dos muçulmanos,o
Tabaski (ou Aïd-el-Kébir).
– Quando eu voltei da
escola, para levar o tecido
para a costureira, meu pai já o
tinha feito sem tirar as medidas e nem me perguntar
sobre o modelo que eu gostaria. Eu sei que ele não fez por
mal, mas eu lhe disse que ele
havia violado meus direitos.
Afinal de contas, o tecido era
meu e eu deveria decidir o
que fazer com ele.
Quando o pai de Maïmouna
voltou com o vestido pronto,
ela se recusou a vesti-lo.
– Eu queria mostrar a eles,
que devem me consultar
sobre o que eu quero e o que
eu gosto – explica Maïmouna.
O guarda-roupa d
O uniforme
do handebol
Roupas de
inverno
Bebida
favorita de
Maïmouna
O vestido que Maïmouna
se recusa a usar
Xales legais
O traje do caratê
5.
...cospe
três vezes
3. Gargareja e...
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A face,
três vezes
4.
O nariz,
três vezes
6.
Os braços,
três vezes
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a de Maïmouna
Traje de festa
Roupa para orar
Os sapatos
favoritos
O pai de Maïmouna costura
seu vestido para a cerimônia
do prêmio na Suécia.
Uniforme escolar
Com o vestido da cerimônia
e suas colegas de júri Laury
da Colômbia e Svetlana da
República Tcheca. Leia mais
sobre as colegas de júri de
Maïmouna nas páginas 28–31
e no www.childrensworld.org.
9.
7. A cabeça,
Os pés,
três vezes
três vezes
8.
Os ouvidos,
três vezes
Depois, ela diz três vezes:
– Bismillahi (Obrigado Deus)!
➼
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Quer um ministro
para as crianças
“
Eu gostaria que houvesse
um ministro para nós crianças. Um ministro das crianças
para garantir que nossos
direitos sejam respeitados.
Se eu fosse ministra, explicaria à todos os pais do
Senegal quais são os direitos
dos seus filhos. Agora, quem
freqüenta a escola, aprende
quais são nossos direitos,
mas quando conversamos
sobre eles em casa, nossos
pais dizem que somos maleducados. Aqui no Senegal,
as crianças não têm direito
de expressão.
Há uma grande diferença
na forma como os direitos da
criança são respeitados na
cidade e no interior. Nas áreas rurais, a vida é mais difícil
para as crianças, especialmente em termos de saúde.
O direito à educação também
não é respeitado. Existe também muitas diferenças entre
meninos e meninas. Muitos
crêem que as meninas devem
permanecer em casa e ajudar
com os afazeres domésticos.
Os direitos dos meninos são
mais respeitados, o que é
estranho, pois nossos direitos
são iguais.
Todas as pessoas sobre
as quais nós lemos na revista
O Globo são minha fonte de
inspiração. É assim que eu
quero trabalhar. Quero trabalhar ajudando as crianças ou
fazer com que os adultos
entendam o que significam os
Direitos da Criança. Por isso,
acho que o WCPRC é bom,
pois nos ensina os Direitos da
Criança e o que podemos
fazer para melhorar a vida
das crianças .”
Coumba Niang, 16
Punam o
adulto!
“
Quando um adulto não
respeita os Direitos da
Criança, por exemplo quem
agride uma criança, deve
receber um alerta. Se o fato
acontecer outra vez, a pessoa
deve ser colocada atrás das
grades em um ou dois dias.
Se um professor bate numa
criança, ele deve ser ameaçado de demissão. Assim, o
professor não agrediria a
criança de novo. Quase todos
no Senegal, já apanharam de
seus professores durante
algum momento da sua vida
escolar. E não estou falando
de uma palmada apenas,
podem ser quatro, cinco ou
seis vezes, diante de toda a
classe.
Deveria ser proibido aos
adultos baterem nas crianças.
Eles o fazem, porque sabem
que as crianças não podem
revidar.”
Migui Harame Ndiaye, 17
➼
Maïmouna ora
contando as
contas do
rosário
8
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Não engravide!
“Primeiro nós estudamos a revista do prêmio
em grupos. Depois tivemos um debate e
cada um de nós deu sua opinião. A menina
da Bolívia que teve uma filha me fez entender
que devemos pensar em nosso futuro
antes de engravidar. No Brasil,
muitas meninas engravidam
cedo demais, quando
ainda não sabem como
tomar conta de uma
criança.”
Somos
semelhantes
Os adultos não
acreditam em nós
“É importante que votemos.
Através de meu voto eu posso
ajudar outras crianças e
tenho a chance de dizer o que
penso. Muitos adultos não
acreditam que nós, crianças,
tenhamos opiniões sobre assuntos como a sociedade e a
escola. Na escola, por exemplo, quando alguém faz alguma
coisa contra uma criança e ela reclama, os professores dizem
que a criança está mentindo e que deve procurar um adulto
que possa dizer o que realmente aconteceu.
Todas as crianças têm o direito de estudar, não precisar trabalhar e ter uma família. Quando comemoramos o dia dos pais
na escola, muitas crianças choram por não terem um pai.
No Brasil não se respeita o direito das crianças à educação.
Temos um problema enorme com crianças que usam drogas
e armas.”
“É interessante poder tomar
suas próprias decisões na
Votação Mundial. Algo que
aprendi com o WCPRC foi que
nós, crianças, não somos tão
diferentes, a não ser pelas oportunidades que temos na vida.
Somos crianças, mas temos os
mesmos direitos dos adultos.
Eles devem entender que as
crianças têm suas próprias
opiniões. Aqui o trabalho infantil
é a violação mais comum dos
direitos da criança.”
Rawiporn Rangponsumrit, 11,
Tailândia
Respeitem os direitos
dos negros!
Lucas
votando.
“Eu adorei participar da Votação
Mundial. Fiquei muito feliz quando
Mandela e Graça ganharam nosso
prêmio. Aqui no Brasil os direitos dos
negros nem sempre são respeitados. Isto
tem de mudar! Crianças com menos de 16
anos não podem trabalhar, mas eu vejo muitas crianças prostituídas ou vendendo
coisas nos sinais de trânsito. A coisa
mais importante para
uma criança é ter uma
educação.”
Lucas da Silva, 11,
Brasil
9 Brasilien.indd 9
TEXTO : CHRISTIANE SAMPAIO FOTO : CARLOS FR ANÇA
Samanta Neli Rosa, 12, Brasil
As crianças podem
tomar suas próprias
decisões!
“Me sinto orgulhoso pelo fato de
nós, crianças, termos direitos e
feliz de poder votar. Nós vamos
ajudar a divulgar os Direitos da
Criança, pois as crianças podem
tomar suas próprias decisões.
Quero ajudar tantas crianças
quanto puder.”
Thanadhol Pharnusopon, 12,
Tailândia
TEXTO : MONWARIN BOONTANG & SAIRUNG R AKSACHORB FOTO : SATHIT SITIRIKIT
Carine Garcia dos
Reis, 12, Brasil
9
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Votando na ilha prisão de
Mandela
Nelson
Mandela
A Ilha Robben é uma pequena ilha a
10 km de distância da Cidade do
Cabo, na África do Sul. Ali dormiu
Nelson Mandela, em um cobertor
A caneca e o prato
no chão de sua cela, durante 16 de de Mandela.
seus 27 anos na prisão. A Ilha Robben era uma
ilha-prisão da qual era impossível escapar. Hoje
muitos dos que foram presos políticos na ilha
estão trabalhando lá. Quando não há tempestades, seus filhos viajam de barco para a pequena
escola da ilha todos os dias. Em 2005 eles participaram, pela primeira vez, da Votação Mundial.
TEXTO : MARLENE WINBERG FOTO : MARIUS VAN NIEKERK & BO ÖHLÉN
Para todas as crianças
A cela de Nelson
Mandela na Ilha
Robben.
“O WCPRC defende todos os Direitos
da Criança. Todos nós temos os mesmos
direitos e o fato do prêmio nos pertencer
significa que somos todos iguais.
Eu odeio ver pessoas morrendo de
AIDS e de fome. Estes são os dois piores
problemas que temos na África. Eu não sei como
pôr um fim nisso. Mas sei que se soubermos quais
são os nossos direitos, seremos mais fortes.”
Bulewa Booi, 13
Eu era uma das muitas
“Eu me sentia como uma das
muitas crianças do mundo
que participam de uma votação secreta. Eu aprendi que,
mesmo sendo pobre, você
pode ajudar muito. Se os
adultos conhecessem os
Direitos da Criança e paras-
sem de abusar delas, suas
vidas seriam mais seguras e
felizes. Há muita criminalidade
e violência na África do Sul.
Existem gângsters que maltratam as crianças.
Eu quero dizer a esses adultos que eles devem me tratar
WCPRC mostra o valor das crianças
como eles gostariam de ser tratados quando eram crianças.
Eu adoro jogar futebol com
meus amigos. Também gosto
de um bife bem grande com
molho branco e de galinha com
batatas e arroz.”
Ayanda Ndika, 12
A urna da Votação Mundial
da Ilha Robben.
“Eu gostei de fazer a urna com conchinhas da praia e
também a cabine secreta de votação. Eu acho que o
WCPRC tanto mostra como prova o valor das crianças. O prêmio mostra que, se você sabe quais são
seus direitos como criança, irá sabê-los também quando crescer. E nós podemos mudar o mundo se nenhum
adulto cometer crimes e abusos. Se você não sabe quais
são seus direitos, tampouco saberá lutar por eles.
Os adultos não devem assustar as crianças.
Crianças se assustam com a violência e quando os
adultos gritam uns com os outros. Eu odeio o crime e
os gângsters e gostaria de morar em um lugar onde
não há crimes.”
Lefa Kawa, 14
10
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o
O helicóptero da ONU aterrisa
Sabe dizer NÃO!
“O WCPRC me ensinou que eu
tenho direito e uma escolha.
Eu não preciso fazer aquilo que
acho ruim, mesmo que um
adulto me mande fazê-lo.
Se você conhece seus direitos
pode se defender do trabalho
infantil ilegal. No lugar onde
moro, algumas crianças cuidam
do gado ao invés de irem à escola. Os pais delas vão trabalhar e
não há ninguém para cuidar do
gado. Eu quero mudar isto, de
maneira que as crianças possam
ir à escola pela manhã e cuidar
do gado quando voltarem para
casa.
Alguns adultos acreditam que
as crianças existem para servílos. Eles se esquecem que já
foram crianças. Os adultos nos
assustam. Eles não
querem que
tenhamos um
futuro melhor!”
Msawandile
Zungu, 12
“Votando para um mundo novo”, escreveu o jornal The
Zululand Observer quando a escola Holy Childhood teve
sua Votação Mundial. Os alunos tinham trabalhado muito com o WCPRC e preparado sua votação. Uma pista de
pouso foi marcada para –“o helicóptero humano” das
Nações Unidas que trouxe os fiscais da eleição. O material para a votação foi emprestado pela Comissão
Eleitoral do país e todas as coisas necessárias para uma
eleição estavam no local.
Msawandili Zungu, da imprensa,
entrevista Travis Frank e Khulu
Gama.
Me ensinou a
importância das
crianças
“O WCPRC me ensinou a importância das crianças do
mundo inteiro e o quanto é grave oprimir-nos ou maltratarnos. Na verdade isto é ilegal. Crianças também são pessoas
e o WCPRC também me ensinou que sem crianças não
haverá futuro.
É importante que conheçamos nossos direitos; se uma
criança é forçada a fazer algo que não quer, como trabalhar,
ela deve saber que tem direito de dizer não.
Eu gostaria de dizer aos adultos que nossos direitos são
tão importantes quanto os deles. Por isso não façam conosco aquilo que vocês não gostariam que
as pessoas
fizessem
com vocês.”
Travis Bamford,
12
Nthando
Mlambo
Quer iniciar campanha contra o
“O WCPRC me ensinou que
as crianças do mundo inteiro
têm os mesmos direitos. Eu
também aprendi que muitas
delas não têm seus direitos
respeitados.
A maioria das crianças apanha de seus pais sem motivo.
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Eu gostaria de perguntar às
crianças se os pais delas ou
outros adultos as maltratam.
Se a resposta for sim, eu iniciaria uma campanha para ajudar essas crianças a contarem
os abusos feitos contra elas à
polícia.
abuso
Gostaria de dizer aos adultos o quanto meus direitos são
valiosos. Gostaria de dizer
também que eles devem sempre respeitar meus direitos.”
Khulu Gama, 11
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A maior escola do mund
A City Montessori School (Escola montessori da
Cidade) em Lucknow na Índia é, com seus cerca
de 30 000 alunos em 700 classes, a maior escola
do mundo. Todos os anos os alunos participam
da Votação Mundial.
Ouçam-nos!
TEXTO & FOTO: EVA BENDZ, BAREFOOT COLLEGE & CMS
“Eu me senti forte e
orgulhosa de poder
participar da Votação
Mundial pois o nosso
prêmio tem um significado enorme. Toda criança deve ter seus direitos honrados,
como poder ir à escola, ter uma boa
moradia e não ser tratada com
brutalidade. Muitas crianças aqui
têm de trabalhar em condições
sub-humanas, perdendo, assim, a
infância. Os adultos devem aceitar
que nós, crianças, temos uma mente
própria e nossas idéias merecem
ser ouvidas! Eles devem deixar de
acreditar que “crianças devem ser
vistas mas não ouvidas.”
Aradhna Wal, 16
Dêem uma chance
às crianças!
“Participar da Votação Mundial foi
como um sonho que se tornou realidade; uma grande responsabilidade
nos foi dada. As crianças não são
apenas uma parte da sociedade de hoje,
elas são a esperança para o futuro e devem participar e
tomar decisões. O pior de tudo é que os adultos nos subestimam. Nós deveríamos ter uma plataforma de onde pudéssemos expressar nossas opiniões, assim como o WCPRC
nos permite. As crianças possuem a melhor possibilidade
de desenvolvimento para o mundo e devem ter a chance de
dizer o que pensam.” Aishwarya Chaturvedi, 14
A primeira-ministra das cr
Milhares de crianças da
“Escola dos Pés descalços”
e suas centenas de escolas
noturnas no Rajastão,
deserto da Índia, participam
todos os anos da Votação
Mundial. A maioria das
crianças trabalha desde
cedo pela manhã e vai à
escola à noite. As crianças
das escolas elegem o seu
próprio “Parlamento Infantil”
e seu governo, que ajudam
nas decisões nas escolas e
vilas. Todo o Parlamento
participa e vota na Votação
Mundial (encontre-os no
www.childrensworld.org).
Brincadeiras e pintura
12
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ndo votou...
... e a menor
escola vai votar!
Talvez a escola
French Pass, na Nova
Zelândia, seja a menor
escola do mundo.
Lá existem apenas
quatro alunos. Agora
ela é uma Escola
Amiga Mundial.
Os alunos da escola atrás da placa com o texto
central na língua Maori. Os Maoris foram os primeiros a habitar a Nova Zelândia. Eles vieram
da Polinésia há 1000 anos.
Não discrimine
as meninas!
“É fantástico poder participar da Votação Mundial.
Eu acho que a pior coisa é a
discriminação das meninas.
Os adultos deveriam tratar
meninos e meninas como
iguais e dar às meninas as
mesmas oportunidades que
os meninos. Os adultos
também deveriam tratar as
crianças com amor e não
com autoritarismo. Quando
criancas votou
A primeira-ministra
Santosh, 13 anos, conta:
“Os Direitos da Criança
são importantes para que
as crianças possam
se expressar. O direito
mais importante é o da
educação. O WCPRC
ressalta o trabalho das
A escola da mágica
Kruti votou
eu crescer quero trabalhar para melhorar as
coisas para as crianças
do nosso planeta.”
Shweta Srivastava, 13
pessoas pelos
Direitos da Criança
e nos ensina, os mais
pobres entre os pobres, a
importância do voto. Durante
o dia eu levo as cabras para
pastar, busco água, ajunto
esterco, cozinho,
lavo a louça e limpo
a casa. À noite, entre
18:30 e 21:30, vou
à escola.”
Santosh
Kruti Parekh foi o primeiro bebê de
proveta da Índia e sua mais jovem
mágica. Ela fez parte do júri do
WCPRC e hoje é uma Amiga Adulta
de Honra. Kruti, hoje com 21 anos,
apadrinhou, durante muitos
anos uma escola para
crianças pobres com
o cachê que ganhava
fazendo mágicas.
A escola se chama
Sharada Mandir High
School e fica em
Mumbai. Este é o quarto
ano que a escola participa da
Votação Mundial. Muitos de seus
alunos trabalham.
Fiquei
feliz
“Fiquei feliz quando soube que
poderia participar da Votação
Mundial. Mas me entristeço
quando vejo as crianças da
Índia que não podem ir à
escola e moram nas ruas.”
Nandini Shirke, 12
Votação Mundial
Mais sobre Kruti no
www.childrensworld.org
13
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05-11-18 12.12.43
Jogo de futebol pelos direitos d
No Congo Brazzaville,
a escola de futebol do
Centro Gothia Cups
participou, pela primeira
vez, da Votação Mundial.
A votação ajuda
as crianças
“Crianças devem se sentir
amadas e queridas. Se a
Votação Mundial envolvesse
todas as crianças em todo o
mundo, isto poderia ajudá-las
a reinvidicarem seus direitos.
Eu gostaria de receber um
exemplar da revista “O Globo”
todos os anos para saber o
que está acontecendo no
mundo e, especialmente, com
as crianças. Quando votamos, eu escolhi a Ana Maria,
pois eu gosto muito de seu
trabalho com as crianças de
rua. Eu gostaria de fazer o
mesmo, pois em países em
guerra, há muitas crianças
que não têm família.”
Goma Makela Emente, 16
Todas as crianças do mundo
deveriam participar
“Graças à revista “O Globo”, eu tenho
aprendido meus direitos como criança.
Eu gostaria que todas as crianças do mundo participassem da
Votação Mundial todos os anos. Eu conheço muitos adultos
em meu país que não conhecem os direitos da criança.
Durante o período da Guerra do Congo (1993, 1997, 1998 e
1999), eu conhecia mulheres e crianças que sofreram abusos
dos militares. Essas pessoas devem ser punidas pelos crimes
que cometeram contra as crianças e nossas mães.”
Massala Chanelle, 17
Ah, papai Mandela!
“Eu gostaria que houvessem pelo menos
dez exemplares do “O Globo” na minha
escola. Eu votei em Mandela, ele era um
bom pai e sabe como tratar as crianças.
Ah, se ele fosse o meu pai!“
Nkoussou Cherita, 13
Boumina
Apavorada com a tortura
“Eu não sabia que, em um canto do mundo, existiam pessoas
que lutavam para que meninas pudessem ir à escola. Eu gostaria de ser como Graça Machel, ela defende os direitos da
criança, principalmente os das meninas. Eu espero que o prêmio continue a encorajar pessoas como ela. Eu tenho muito
medo de adultos que torturam crianças, como nós, durante a
guerra e usam vários tipos de violência. Todos os dias surgem
mais crianças de rua em meu país e eu me pergunto o por quê?
Eu tenho medo de me tornar como eles. Eles moram em garagens, debaixo de pontes, nas salas de aula...”
Boumina Marina, 13
14
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da criança
A escolha das
crianças
“Eu faço parte de uma
escola de futebol e, pela
primeira vez em minha vida,
participei de uma Votação
Mundial pelos direitos da
criança. Eu não sabia que
podia votar e fazer uma
escolha. Eu acho importante que, de um lado, existam
adultos que defendam os
direitos da criança e que
do outro, nós, crianças,
possamos fazer escolhas.”
Mounkala Essema, 15
Torta pelos direitos
da criança
Na escola de Vänge, em
Uppsala, Suécia, fazem-se
sempre tortas WCPRC para
comemorar, depois de muitas
semanas de trabalho, a
Votação Mundial do WCPRC.
Significa muito para mim
“Trabalhar com o prêmio significa muito para
mim. Eu posso aprender sobre a situação de
outras crianças e também que existem pessoas que se importam com as crianças e
seus direitos. Esta é uma boa maneira de trabalhar com a Convenção dos Direitos da
Criança. Eu posso participar de uma votação de verdade, sinto que meu voto tem realmente significado! Eu gostaria que todas as
crianças pudessem participar deste trabalho
tão importante.” Tine Sundberg, 12, Suécia
Sigam os direitos da criança!
“Antes eu não tinha idéia do que fosse o Prêmio das
Crianças do Mundo. Mas agora eu tenho aprendido
bastante, pois trabalhamos com “O Globo”. É divertido. Também é divertido votar. É importante que
digamos o que sentimos. Todos devem seguir os
direitos das crianças. Quando votamos, comemos
bolinhos ou algo gostoso.”
Zainab Khamis, 11, Suécia
Não desista!
Nós existimos!
“Esta é a primeira vez
na minha vida que eu
participo de uma votação.
Para nós, esta é uma
oportunidade de mostrar
aos adultos que nós
existimos e que queremos realmente que
nossos direitos sejam
respeitados por eles.
Eu odeio pais que
mandam seus filhos
morarem nas ruas.”
Boukangou Bauzouzi, 17
“É uma pena que crianças devam ser tornar
soldados. Nós podemos ajudá-las bastante.
Eu aprendi muito com o Prêmio das Crianças
do Mundo. Muitos se importam com os
pobres e jamais devemos desistir. O Prêmio
das Crianças é muito importante.”
Pavel Kerim, 10, Suécia
Que legal que as crianças votam!
“É muito bom que as crianças possam votar e tenham
um prêmio. É bom que as crianças do mundo inteiro
votem e decidam juntas. Eu acho que é melhor do que
quando os adultos votam. Todas as crianças do mundo
devem ter os mesmo direitos e o
direito mais importante é o de ir à
escola, mas nem todas as crianças
podem ter essa chance.”
Emma Gottfridsson, 10, Suécia
15
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Meena adora a escola e
Os afazares matinais de Meena parecem
mais leves hoje. Enquanto ela varre, em
frente à casa de sua família, ela pensa
sobre a votação em sua escola, no deserto
do Paquistão.
M
TEXTO : BRIT T-MARIE KL ANG FOTO : PAUL BLOMGREN
A urna, uma lata de metal
velha, que é carregada
pelo camelo pelo deserto.
eena faz chá, lava a louça,
cozinha, busca água, limpa,
costura e muito mais. Mesmo
assim, ela se sente bem e acha
que tem sorte.
– Eu posso ir à escola. Minha
irmã mais velha não teve a mesma
oportunidade, mas sempre me
apoiou. Eu quero ter a melhor educação possível.
– Não parece que os Direitos da
Criança se aplicam à nós. Aqui, as
Os xales de Meena para uso cotidiano
e para festas.
crianças são enviadas ao trabalho
o tempo todo. Existem regras diferentes para meninos e meninas.
Minha melhor amiga, Sasvi, freqüentou a escola por apenas dois
anos.
Meena e seus colegas de escola
estão bem preparados para a votação de hoje.
– Nossa professora nos explicou
como ela funciona e nós lemos e
aprendemos através da revista do
Quando sua irmã mais velha
casou, Meena ganhou uma linda
roupa azul...
16
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05-11-16 17.54.05
a e a Votação Mundial
Meena Bai, 12
Mora: Vila Taryano, no deserto
de Thar, no Paquistão.
Os direitos mais importante:
Educação, descansar e brincar.
Importante: Que as meninas
recebam educação. Minha melhor
amiga não pode ir à escola.
Quer ser: Professora ou médica.
prêmio e suas traduções. Todos
os candidatos trabalharam bem
pelos Direitos da Criança.
Aí vem o camelo!
No final da tarde, alguém grita:
– Lá vem ele! Lá vem ele!
Meena e seus amigos correm
até Shiv Lal, seu camelo e a urna
de lata. Meena recebe a urna da
eleição e a leva até a escola,
onde tudo está pronto para a
Votação Mundial. Quanta água
busca Meena?
...e um xale vermelho.
➼
Aí vem o
camelo com
a urna das
crianças.
16-21 Pakistan.indd 17
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As crianças folheiam a revista
“O Globo” e lêem os textos traduzidos para o Sindhi. Elas discutem os Direitos da Criança e
o trabalho dos candidatos em
prol destes direitos
Meena vota na cabine composta por duas
camas charpay colocadas de pé.
Depois da contagem
dos votos, o resultado é registrado
cuidadosamente e
enviado à Suécia.
A Votação Mundial é
celebrada com chá,
biscoitos e dança.
TEXTO : BRIT T-MARIE KL ANG FOTO : PAUL BLOMGREN, BRIT T-MARIE KL ANG & BRIC
Crianças votantes ajudam senhora de idade
Quando Aisha e seus amigos, em
Mardan, no Paquistão, foram à
escola participar da Votação
Mundial, eles tinham tomado
banho, vestiam roupas bem
passadas e estavam cheios de
expectativa. A maioria deles tem
pais que são escravos por dívidas e trabalham fazendo tijolos.
cer, quero ajudar os doentes.
Meu sonho é que pudéssemos
ter um hospital para os pobres,
bem aqui, na nossa região.
Há um tempo atrás, nós ajudamos uma senhora de idade
que estava em pé, do lado de
fora da escola. Nós vimos que
ela era pobre e estava preocu”O dia estava lindo. Eu fazia
pada. Ela vinha do
parte do comitê da votação. O Afeganistão e morava aqui
voto é secreto, assim ninguém com seus parentes, mas ela não
pode me forçar a votar por
se lembrava do endereço e não
alguém que não seja de minha sabia como voltar para casa.
escolha. Somos livres para
Nós crianças decidimos que
decidirmos por nós mesmos.
ela poderia morar na escola.
Os candidatos ao prêmio são Os vizinhos trouxeram uma
um bom exemplo para nós e
cama e lhe deram chá e cominos mostram que, mesmo sen- da. Todos os dias organizávado pobres, podemos fazer algo mos suas refeições e todos ajupara mudar. Quando eu cresdavam, inclusive os professo-
res. Nós coletamos 1 rupi ( 2
centavos de dólar) de todos que
podiam contribuir e a ajudamos a abrir uma lojinha, onde
ela podia nos vender biscoitos e
doces no recreio. Ela sentia
dores nas pernas e nós a acompanhamos até o médico e compramos seu remédio com o
dinheiro das coletas.
Um garoto sugeriu que nós
colocássemos um anúncio em
um jornal, depois de algum
tempo um homem apareceu
com o jornal na mão. Aquela
senhora era sua mãe. Ela
morou em nossa escola durante
um mês. Antes de ir embora,
ela deu adeus a cada um de nós,
um de cade vez. 18
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05-11-16 17.54.32
Meena cuidadosa com água
cinco bolsas de couro cheios
de água do poço. Em cada
bolsa, cabem seis jarras e em
cada jarra cabem 14,6 litros
– A água é vida. Sem água
(L) de água.
não sobreviveríamos aqui
Meena é cuidadosa com a
no deserto – diz Meena.
água.
Todos os dias, ela usa :
Sem o camelo da família,
2L
de
água para lavar o rosto,
Meena e seu irmão não podea
boca,
mãos, braços e pés,
riam trazer toda a água do
todas
as
manhãs. Para o
poço que a família precisa. Por
banho
diário,
8L. Cinco copos
causa da seca, três famílias
d’água,
1,5L.
Sua quota semapobres da vila, que não
nal
para
lavar
roupas, 17,5
tinham camelo nem burro,
litros
ou
2,5
l
por
dia. Quatro
foram forçadas a deixar o
copos
de
chá,
0,6L.
Sua parte
deserto e procurar emprego.
para
cozinhar
e
lavar
louça,
Elas poderiam ser facilmen2,7L.
Lavar
as
mãos,
0,1L.
te vítimas da escravidão por
Depois
de
ir
ao
dívidas. Foi o que aconteceu
banheiro, 1,5L.
com a família do membro do
júri , Mangha Ram, que se torNa jarra se
coloca até
nou escrava de um -fazendeiro.
14,6 litros (L).
O camelo carrega
Cinco canecas de água.
Concha para o chá.
Ganhe a camiseta
do prêmio!
Quanta água Meena consome em um dia, em uma
semana, em um mês (30 dias) e no ano (365
dias)? Envie a resposta. Conte-nos também quanta
água você usa, para quê – para seu uso e no total e também como você consegue obter água. Vamos
sortear camisetas do WCPRC.
Use o formulário do www.childrensworld.org
ou mande por fax ou pelo correio.
Crianças trabalhadoras votam
Um grupo de jovens do
Paquistão começou a organização BRIC. Suas famílias
haviam sido escravas por dívidas e quando crianças, foram
forçadas a trabalhar fazendo
tijolos. Em 2005, a BRIC ajudou crianças de 31 centros de
leitura e escolas a participarem da Votação Mundial.
Khuram, 13 anos, trabalha
fazendo tijolos. É um trabalho
pesado. Ele ficou feliz quando
lhe perguntaram se gostaria
de participar da votação do
WCPRC. Ele conta:
”Eu gostaria que todos os
que trabalham fazendo tijolos
recebessem uma educação. Eu
aprendi a ler no centro de lei-
Khuram
participa
da votação
e trabalha
fazendo
tijolos.
16-21 Pakistan.indd 19
tura e sonho com mais lugares
como aquele”.
“Eu aprendi sobre o trabalho
dos candidatos para ajudar as
crianças. Nós fi zemos urnas e
fomos até às escolas. Explicamos
tudo cuidadosamente. Todos
puderam ver que as urnas estavam vazias antes da votação e
que não havia fraude. Estamos
muito felizes, pois sentimos que
fi zemos algo de bom”. Local da votação
para as crianças
trabalhadoras.
05-11-16 17.54.43
Khaliq foi tratado
como terrorista
”Eu desejo mudar as coisas,
de tal forma que todos nós,
meninos e meninas, do povo
Marritribe tenhamos educação.
Eu espero que a escola jamais
acabe e que eu possa continuar a estudar por muito, muito
tempo...”
“Neste ano, nós aprendemos
dos candidatos ao prêmio- sobre
a existência de uma séria doença. Quando os pais contraem
esta doença, a situação se torna muito difícil para seus filhos.
Às vezes os pais morrem, então
os candidatos ao prêmio ajudam as crianças.”
“Nós decidimos em quem
votar e ninguém pode ver quando votamos.”
TEXTO : BRIT T-MARIE KL ANG FOTO : PAUL BLOMGREN & BRIT T-MARIE KL ANG
Nabi Jahn, 11 anos, Quetta,
Paquistão
”Eu quero deixar minha vila limpa e remover o lixo espalhado
por toda parte. Eu gosto da
votação secreta. Ninguém
sabe em quem você vota. Os
candidatos ao prêmio fazem
boas coisas pelas crianças,
eles são exemplos para nós”
Suleiman, 13 anos, Mardan,
Distrito de Frontier, Paquistão
Khaliq Dad, 12 anos, de
Quetta, no Paquistão, está
morrendo de medo. A polícia
veio à região pobre onde sua
família mora e destruiu tudo.
Os moradores foram acusados de serem terroristas.
– A polícia ainda vem aqui
todas as noites. Eu estou com
tanto medo que não ouso dormir, mas não quero fi car acordado – conta Khaliq.
O melhor que aconteceu a
Khaliq, desde o ataque da
polícia, foi a Votação
Mundial.
–
T
odos nós que frequentamos a escola do campo
Marri, em Quetta, nos
encontramos para votarmos
juntos. Foi um dia divertido
e maravilhoso.
– Meu maior desejo é poder
continuar minha educação e
que todos do povo Marritribe
possamos ter água potável e
eletricidade – diz Khaliq.
O povo Marritribe veio do
Afeganistão para o Paquistão
há quinze anos atrás.
Lá vem a polícia!
”Era noite quando a polícia
veio. Eles estavam em maior
número do que nós. Eu acordei, quando dois policiais
armados e dois cachorros
barulhentos entraram em
nossa casa. Eles reviraram
nossas coisas, pegaram meus
livros escolares e os rasgaram.
Nós moramos ao lado da
escola e eu escutei quando
eles arrombaram a porta.
Eles jogaram nossos livros
no chão, pegaram o aparelho de audio que nós usamos
para aprender inglês, despejaram a bolsa da biblioteca e
jogaram todos os livros no
andar térreo. Depois tocaram fogo na escola. Eles
também jogaram o quadro
negro no fogo.
– Não temos mais uma porta
para trancar à noite. A polícia a
destruiu. Eu tenho tanto medo,
que nao ouso dormir – explica Khaliq.
Haviam policiais por toda
a parte. Eles disseram que
estavam procurando uma
fábrica de armas e nos acusaram de terroristas. Mas
nós não temos eletricidade,
como poderíamos ter uma
fábrica de armas?
Eles mandaram as mulheres trazerem suas coisas de
valor. Estava frio naquela
noite e chovia muito.
Quando as mulheres voltaram, a polícia levou suas coisas e o pouco dinheiro que
tinham.
Os homens haviam fugido
para as montanhas, para
não serem presos. Um deles
não conseguiu fugir a tempo. Ele tinha oitenta anos e
estava doente. Ele foi preso.
A polícia se comportava
como bandidos. Eles não
encontraram arma nenhuma, então puseram suas próprias armas em uma pilha e
as fotografaram. Mostraram
as fotos aos jornais, que
escreveram que elas eram
nossas armas.
Jamais poderei esquecer
aqueles dias terríveis. Não
existe justiça. Nós protestamos, mas a polícia destruiu
nossos cartazes. Nós ainda
não recebemos nada daquilo
que nos tiraram”. 20
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Samina é escrava
– Eu trabalho todos os dias da semana tecendo tapetes. Não tenho tempo livre. Eu vou trabalhar quando o
sol nasce e só volto quando ele se
põe – conta Samina, que mora no
deserto de Thar, no Paquistão.
A família de Samina pediu dinheiro
emprestado ao dono de uma tapeçaria. Isto a faz uma escrava para pagar
a dívida, ela não pode se negar a
trabalhar para ele.
Nihal votou
Nihal, 12 anos, da vila de Vakrio,
no deserto de Thar, no Paquistão,
era forçado a tecer tapetes como
escravo por dívida. Hoje, ele freqüenta a segunda série e participa da
Votação Mundial.
Nihal se sentava todos os
dias, quando trabalhava.
“
Q
uando estávamos prontos
para votar, construímos
um posto de votação e enfi leiramos algumas camas charpay para serem usadas como
cabine. Eu gosto de todos os
candidatos ao prêmio, pois
eles trabalham bem pelos
Direitos da Criança. Nós,
crianças, precisamos de amor
e de nossos direitos. Devemos
conhecer nossos direitos!”
“Eu comecei a trabalhar
ainda pequeno, tão pequeno
que nem sabia onde minhas
roupas estavam guardadas...
Tecer tapetes era muito difícil. Eu tinha dores nas costas
e cortava meus dedos. Eu não
queria trabalhar mas nós
tínhamos que pedir dinheiro
emprestado ao dono da tapeçaria, pois minha mãe estava
doente. Eu queria ir à escola,
mas eu não podia porque eu
era escravo para o pagamento
da dívida.”
“Durante todo este período, eu sempre sonhava em ser
livre. Há três anos, eu fui
libertado e hoje vou à escola.”
“Se eu pudesse mudar uma
coisa, eu acabaria com a
escravidão por dívidas na
indústria de tapetes daqui e
deixaria todas as crianças
livres para irem à escola.”
“Quando eu crescer, eu vou
trabalhar pelos Direitos da
Criança, especialmente pelas
crianças escravas por dívida e
trabalhadoras . Eu quero me
Estilete.
encontrar com aqueles
que decidem sobre as
vidas das crianças,
e dizer que eles devem respeitar os direitos delas.
Eu também quero me
encontrar com os pais. Temos
de encontrar um sistema que
liberte as crianças.”
“As crianças têm direito de
ter pais, amor, um lar, liberdade, direito de terem sua
opinião respeitada e de serem
ouvidas de forma apropriada.“
“Quando elegemos nosso
conselho estudantil, fi zemos
como na Votação Mundial.
Tínhamos três candidatos
para cada vaga, nos quais
podíamos votar.” Pente de tear.
16-21 Pakistan.indd 21
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TEXTO E FOTO : BET T Y OKERO
Órfãos são
discriminados
O governo tem
que ajudar
”Eu sou órfã e moro com
meus irmãos. Muitos órfãos
são discriminados por aqui e
eu me identifico com eles.
Eles têm muitos afazeres
domésticos e apanham com
frequência. Eles não têm roupas. Se eu pudesse, iria construir uma casa bem grande
para eles e fazer com que
recebessem comida, roupas
e que pudessem ir à escola.
Eu gostei de ler a revista do
prêmio. A votação foi boa,
foi a primeira vez que fizemos
algo semelhante – e o voto
era secreto! Vou votar de
novo no próximo ano.”
“A maioria dos órfãos têm
seus direitos violados.
Quando os órfãos de minha
escola vão para a casa, não
têm nada para comer e
quando eles voltam para a
escola, dormem na classe
por estarem tão famintos e
cansados. O governo tem
de ajudar os órfãos. O
Globo nos mostra que é
importante cuidar dos
órfãos. É muito bom que as
crianças possam se expressar livremente sobre suas
vidas e como receberam
ajuda. Foi ótimo ver como as
crianças fazem para melhorar suas vidas.”
Amina Mwashamu, 14,
Quênia
Nenhuma
propina em
nossa eleição!
“Eu gostei muito de ler O
Globo e mais ainda de participar de uma eleição onde
nenhum suborno ou propina
foram distribuídos. As histórias da revista tocaram meu
coração e me deram a esperança de que, se um dia eu me
tornar órfão, alguém tomará
conta de mim. Ler sobre pessoas que fazem algo para ajudar as crianças foi bastante
encorajador. As pessoas
podem realmente ajudar as
crianças a ter uma vida
melhor.”
Mwanaisha Yusuf, 15, Quênia
Brian Ouma, 14, Quênia
Crianças são mais importantes!
TEXTO E FOTO : MAGNUS NORDGREN
“É importante que os adultos
saibam como as crianças
devem ser tratadas, assim eles
podem respeitar melhor nossos direitos. Nós somos mais
importantes que tudo! As
crianças devem ser consultadas por seus pais quando a
família tem problemas ou
quando vão decidir algo
importante. Sem respeito
pelos Direitos da Criança, teríamos um mundo que elas
jamais poderiam influenciar.
É bom que possamos trabalhar com o WCPRC. Nós
crianças devemos lutar para
termos nossos direitos respeitados. Eu aprendi muito. Nós
lemos O Globo, escrevemos
nossos próprios textos e conversamos muito sobre os
Direitos da Criança. Sinto que
agora podemos fazer algo
para melhorar nossa situação
e eu posso me defender e
reinvidicar meus direitos.
A votação mundial é importante para que as pessoas do
mundo inteiro possam melho-
rar em seu
respeito pelos
Direitos da
Criança. Já espero ansiosa
pelo WCPRC do próximo ano!
Eu quero ser professora e
ensinar as crianças sobre
seus direitos e como
defendê-los. Assim
vou poder ajudar
outras crianças que
são mais pobres
que eu.”
Ludis Troya Fonseca,
11, Colômbia
22
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05-11-18 08.55.49
Direitos
da Criança
Bom para o
país!
Fila da Votação Mundial na Costa do Marfim.
Levem o WPCRC aos
países em guerra
“Eu gostaria de ver uma revolução de crianças. Nós crianças temos de lutar por nossos
direitos, eles não são gratuitos. Não entendo porquê os
adultos não respeitam os
Direitos da Criança. Ainda
que as crianças sejam menores
do que os adultos em tamanho, dizem que elas aprendem
coisas novas mais rápido do
que eles. Os adultos deviam
saber que podem aprender
conosco.
WCPRC é uma boa maneira
de mostrar o valor dos
Direitos da Criança. Nós
crianças temos uma chance de
expressar o que pensamos
sobre nossos direitos. Por isso,
seria bom levar o prêmio aos
países em guerra. A guerra é a
maior ameaça aos Direitos
da Criança. Ao invés de
enviar crianças à guerra, os
adultos deveriam dar-lhes
uma educação. As crianças
são o futuro e se alguém
maltrata aquilo que vai ser
futuro, o que restará?”
Wilfried Koffi Blaise, 14
Costa do Marfim
“Eu creio que o
WCPRC é uma
boa maneira de
aprendermos o que
as pessoas têm feito para defender
os Direitos da
Criança. Eu não
tinha idéia que
haviam pobres na
América do Sul. A
revista O Globo me
ensinou sobre lugares e crianças que, talvez, de outra
maneira, eu jamais conhecesse .
Nós usamos o Globo em
trabalhos de equipe. Nós
aprendemos como uma eleição funciona e o que a democracia realmente significa.
Aprendemos bastante!
Eu creio que muitas pessoas
não têm idéia do que sejam os
Direitos da Criança. É uma
pena, pois se as pessoas os
conhecessem, seria bom para
o país. As crianças não são
respeitadas. Os adultos nos
batem sem pestanejar. É o que
acontece na Costa do Marfi m.
Os adultos batem em suas
crianças, por acharem que
esta é a melhor maneira de
educá-los. Para mim, os
Direitos da Criança significam poder ir à escola. É
importante ir à escola, pois lá
as crianças podem aprender
sobre seus direitos, senão ninguém lhes ensinaria.
Os adultos deviam aprender
a colocar as crianças em primeiro lugar. Meu sonho é trabalhar pela justiça, principalmente a das crianças, como
advogada ou juíza.”
Ester D’urbal, 14
Costa do Marfim
23
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“As crianças do mundo têm direito
TEXTO : ANDRÉ MK ANDAWIRE FOTO : TOR A MÅRTENS
A menina de touca
laranja sobe na mesa,
no pátio da escola. Com
uma voz forte e clara
ela começa:
– Meus amigos, nós
estamos reunidos aqui,
nesta manhã, para
votar. Vocês sabiam
que nós, crianças do
mundo, temos o direito
de votar?
“Muitas crianças realizam
trabalhos pesados na Costa
do Marfi m. Os adultos têm de
aprender que não podem bater
nas crianças, é proibido. A vida
é muito difícil para as crianças
aqui, pois não temos paz.
As crianças devem poder
brincar e ler ao invés de trabalhar. Eu adoro ler. Meu livro
favorito é “Roots” (Raízes),
que fala de um garoto capturado por brancos caçadores de
escravos. Eles o levam pelo
Atlântico. O livro trata da justiça e injustiça. É terrível
quando pessoas são maltratadas. Imagine, se Nelson
Mandela existisse naquele
tempo, ele poderia salvar
pessoas da escravidão.”
Carimbo
contra a
fraude.
Djénéba se registra e apanha a cédula de voto.
Djénéba Quattara Mougpou, 10
Oi amiga!
3
4
1
2
24
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05-11-17 13.33.11
to de votar!”
Djénéba Quattara
Mougpou, 10
Mora: Em Yopougon,
Costa do Marfim.
Se eu fosse presidente:
Djénéba na
cabine de
votação.
Os adultos deviam conhecer
nossos direitos
Seria proibido bater nas crianças. Nenhuma criança teria de
trabalhar.
Sonha: Ser médico e ajudar
aos doentes e aos que
sofrem.
Brincadeira favorita: Pular
corda. Eu consigo pular cem
vezes.
Coisa favorita: Minha mochila da escola e meus livros.
“Eu moro com meu tio. Ele
precisa aprender mais sobre
os Direitos da Criança. Ele não
é mau, mas eu tenho que ajudar
muito em casa. Tenho de limpar,
dar banho em minha irmãzinha e
ficar em casa. Nós lemos sobre
os Direitos da Criança na escola e
eu sei que temos direito à algumas coisas. Gostaria que mais
adultos conhecessem os Direitos
da Criança.
O Globo é legal. Eu aprendi
sobre a situação das crianças em
outros países e a votar. Em todo
o mundo, as crianças votam da
mesma forma. É
bom que as
crianças saibam
votar. Muitos não
sabem.”
Se eu fosse
Presidente...
“Se eu fosse presidente, meu
primeiro ato seria criar um fundo para crianças. Metade do
salário de todos iria para este
fundo. Depois, eu construiria
escolas para as crianças,
especialmente os órfãos e
crianças com AIDS/HIV.
Também faria com que as
crianças atingidas pela guerra
e violência, bem como aquelas
que vivem nas ruas, pudessem
ir à escola. Como presidente,
eu fiscalizaria o respeito pelos
Direitos da
Criança.”
Ismael
Karaboue, 15
Costa do
Marfim
6
Rébéca Kablan
Gnima, 11
Costa do Marfim
7
5
25
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05-11-20 10.56.55
O Globo despertou meu interesse p
Quando Adou Rodrigue Nguetta,12 anos, da
Costa do Marfim, leu a revista O Globo, se interessou pelos Direitos da Criança. Ele queria saber
mais e foi de ministério a ministério...
E
“
u gostaria de viajar
para a Guiné, Congo,
Libéria e Somália, onde
existem crianças soldados ,
pois creio que se fala pouco
sobre os Direitos das Crianças
nestes países. É necessário,
que isto seja feito assim como
em meu país. Estou orgulhoso
do meu trabalho, é o que há
de mais importante. Eu falo
sobre os Direitos da Criança.
Tudo começou há pouco
mais de um ano, quando meu
pai, que é vendedor de jornais, voltou para casa uma
noite com uma revista. Era O
Globo, que despertou meu
interesse pelos Direitos da
Criança. Eu li sobre crianças
Favoritos
Banana e bolinhos de mandioca.
26
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05-11-17 13.33.38
que moram nas ruas, sem pais
e crianças que eram tão
pobres que não tinham nada.
Eu reconheci muitas realidades que também existem na
Costa do Marfi m, crianças
que têm uma uma vida difícil,
pior do que a minha. Foi
então que decidi fazer o possível para ajudá-las.
Quem sabe algo?
Primeiro, fui ao Ministério da
Criança e Assuntos da Família
para descobrir quais direitos
as crianças têm. Foi difícil
entrar no ministério. Eles me
perguntavam porque eu tinha
ido até ali e ficaram surpresos
ao saberem que eu queria conversar com alguém, que soubesse algo sobre os Direitos
da Criança. Não queriam me
deixar entrar. Mas eu fui
insistente e disse que tinha de
falar com alguém.
O homem que me recebeu
não tinha resposta alguma.
Eu fui aconselhado a visitar
um outro ministério, mas lá
também não encontrei respostas para minhas perguntas. Fui enviado para o escritório da OIT (Organização
Internacional do Trabalho) da
ONU. Lá, me perguntaram
por que eu estava tão interessado em ler mais sobre os
Direitos da Criança. Eu disse
que muitas crianças são maltratadas e eu queria saber o que
está escrito sobre crianças que
são forçadas a trabalhar.
Eu recebi muitos papéis.
Quando eu li sobre as organizações que trabalham pelos
Direitos da Criança na Costa
do Marfi m, decidi entrar em
contato com uma delas. Agora
eu sou seu colaborador. Eu
percorro as escolas e falo
sobre os Direitos da Criança,
o Globo e o WCPRC.
Eu tenho um crachá com
minha foto e nome. Isto faz
com que os adultos me respeitem mais, quando estou
falando dos Direitos da
Criança.
Hoje eu posso fazer aquilo
que quero: trabalhar para que
as crianças tenham uma vida
melhor. Todos devemos fazer
o possível para que as crianças conheçam seus direitos.
Mas também devemos informar os adultos, para que eles
também saibam quais direitos, as crianças têm.” TEXTO : ANDRÉ MK ANDAWIRE FOTO : TOR A MÅRTENS
e pelos Direitos da Criança
Contagem dos
votos na Votação
Mundial.
Oi amigo!
3
4
1
2
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As crianças do júri são especialistas em direitos da criança
O júri infantil internacional decide qual pessoa ou organização deverá receber o The World’s
Children’s Prize (Prêmio das Crianças do Mundo) por seus esforços pelos direitos da criança. E
essas crianças são – por suas experiências pessoais – verdadeiros especialistas em seus direitos!
O júri infantil representa, em primeiro lugar, todas as crianças do mundo com experiências
semelhantes. Também representa as crianças de seus países ou continentes de origem.
Na medida do possível, as crianças de todos os continentes e principais religiões do mundo
estão representadas no júri. Ainda serão nomeadas uma ou mais crianças para o júri, antes
da premiação do WCPRC 2006.
Maïmouna Diouf, 15
SENEGAL
Veja as páginas 2–8.
Maïmouna representa as
crianças que lutam pelos
direitos da criança.
Railander Pablo Freitas
de Souza, 12, BRASIL
”Meu padrasto deixou de trabalhar e começou a usar drogas. Ele
e minha mãe discutiam muito e ele
nos espancava. Nós também éramos ameaçados porque o meu
padrasto tinha dívidas com traficantes. Às vezes minha mãe tinha
que pagar as dívidas com seu
salário em vez de comprar comida
para nós.
Não agüentei mais e quando
tinha oito anos fugi de casa e fui
viver na rua. Roubava o que podia
e vendia para comprar comida e
outras coisas de que precisava. De
noite eu dormia em frente de um
banco no centro da
cidade, coberto com
um pedaço de lona.
Muitas vezes eu
tinha medo de noite.
O meu amigo
Washington me
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Hasana Hamid Hafed, 15
SAARA OCIDENTAL
Hasana nasceu em um campo de
refugiados no meio do deserto,
na Argélia, onde passou toda a
sua vida. Os pais dele são do
Saara Ocidental, que foi invadido
pelo Marrocos há quase trinta
anos. Desde então, 170 mil saarianos ocidentais vivem em campos de refugiados no deserto do
Saara.
“Eu nunca vi o meu país, mas
espero poder conhecê-lo um dia.
Acho que todas as crianças refugiadas têm que ter o direito de
voltar para seus países.”
Todas as crianças que vivem no
campo de refugiados no deserto
vão à escola. Hasana está na sétima série. Porém, é impossível continuar estudando no campo de
refugiados.
“Mas eu espero continuar meus
estudos em uma escola argelina,
pois quero me formar. Todos que
moram no campo de refugiados
têm dentes escuros e estragados.
É por causa da água ruim que
tomamos. Quando eu crescer
quero ser dentista e ajudar o meu
povo a ter dentes brancos e saudáveis.”
Hasana representa as crianças
refugiadas.
ensinou a fumar maconha. Eu
fumava cada vez mais e também
usava outras drogas. Roubava
relógios, jóias, óculos e outras
coisas no centro. Pedi e consegui
uma pistola do intermediário que
comprava os meus roubos. Nunca
a usei contra pessoas mas atirava
para cima. E uma vez atirei em
um rato.
Voltei para casa, mas lá continuava a violência. Uma noite minha
mãe me perguntou se eu queria
ficar com ela ou com meu padrasto. Respondi que queria ficar com
ela. Ela me disse para esperar.
Ouvi um tiro no quarto onde meu
padrasto dormia e vi minha mãe
sair do quarto. Depois disto fugi
de novo. Minha mãe me achou e
me bateu para me castigar. Ela não
sabia o que fazer comigo.
Minha mãe me levou ao Circo
de Todo Mundo onde crianças
como eu podem aprender as artes
do circo. Moro na casa deles e vou
à escola. A situação é boa para
mim agora. O que as crianças de
rua mais precisam é de amor.”
Railander representa crianças
que vivem ou trabalham na rua.
Isabel Mathé, 14
MOÇAMBIQUE
Isabel nasceu um ano antes da
paz ser firmada em Moçambique.
Seus pais, que haviam fugido da
zona da guerra, decidiram voltar
para sua aldeia natal. Mas as
marcas da guerra ainda estavam
presentes. Havia pelo menos um
milhão de minas espalhadas por
todo o país. Quando Isabel tinha
quatro anos, pisou em uma delas.
A explosão foi intensa e a perna direita de Isabel não pôde ser
salva. Ela foi levada ao hospital
de Maputo. Lá, recebeu uma prótese, feita de plástico, que pesava quase oito quilos. Isabel não
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Veronica Liberzon, 17, ISRAEL
”O conflito no meu país viola os
direitos das crianças. Todas as
crianças que moram aqui, tanto
israelenses como palestinas, são
afetadas e vivem com medo
constante de serem mortas ou de
perderem um ente querido. Eu, por
exemplo, já não tenho mais coragem de ir de ônibus para a escola,
com medo de que algum homembomba palestino possa atacar.
No ano passado, duas meninas
da minha escola morreram em um
ônibus-bomba. Elas eram totalmente inocentes e eu me senti
muito mal com o que aconteceu.
Muitas crianças palestinas perderam seus parentes mais próximos ou tiveram suas casas destruídas pelo exército de Israel. Por
causa do conflito, muitas vezes as
crianças palestinas não podem ir
à escola.
Tudo isso é muito injusto com
as crianças! Não fomos nós que
criamos esses problemas. São os
adultos que nunca conseguem
entrar em acordo. Tanto as crianças palestinas quanto as israelenses estão cansadas deste conflito. Nós queremos a paz! No ano
passado, entrei para uma organização pela paz para israelenses e
Xola Dubula, 16
ÁFRICA DO SUL
Xola luta para que as crianças
portadoras do HIV/AIDS, e
aquelas cujos pais são portadores da doença, sejam respeitadas e bem tratadas. A mãe dele é
portadora do vírus.
“As pessoas têm medo da Aids
e, por isso, agem de forma injusta. Quando minha mãe, que é
professora, contou na tevê que
era portadora do vírus, foi demitida pelo diretor da escola.
Tivemos que nos mudar para um
barraco e não tínhamos dinheiro
nem para a comida. Mas ela ago-
ra trabalha como conselheira,
informando sobre a Aids e nós
conseguimos nos mudar para
uma casa de tijolos.
Quero que as pessoas portadoras do HIV sejam tratadas
para que possam sobreviver e
que as crianças órfãs tenham um
lar digno.”
Xola participa de um grupo de
crianças que dá apoio a outras
crianças cujos familiares foram
atingidos pela Aids. Elas fazem
campanhas nas escolas para
ensinar às outras crianças que
não devem ter medo nem tratar
mal as pessoas doentes.
agüentava sequer levantar sua
nova perna e levou seis meses
para aprender a andar novamente.
No ano passado, depois de oito
anos de uso, a prótese começou
a machucar a pele da menina,
dificultando cada vez mais sua
mobilidade.
– Tinha ouvido falar sobre um
lugar onde se fazem pernas novas.
Fica para os lados de lá, ela diz
apontando na direção das montanhas.
Isabel acordou
de manhã cedinho e caminhou
um dia inteiro
até chegar à
Clínica Ortopédica da
Cruz
Vermelha,
instantes
antes de
o sol
se pôr. Sua nova prótese é feita de
alumínio e pesa muito menos do
que a antiga. Agora, ela pode andar
rápido, mas ainda assim, a escola ‘de verdade’ fica muito longe.
Na escola primária em que estuda não há paredes nem telhado.
Hoje Moçambique está oficialmente livre de minas, mas Isabel
sabe que ainda existem muitas
delas na região em que vive.
– Há lugares aonde não se pode
ir ainda. Ninguém pode ter absoluta certeza. Se chove muito, as
minas podem escorregar na lama e
vão parar em qualquer lugar, diz ela.
Isabel representa as crianças
com deficiências físicas e as
crianças feridas em minas
terrestres.
Sukumaya Magar, 14, NEPAL
”Quando eu tinha 11 anos, meus
pais não podiam mais pagar meus
estudos. Uma vez, quando eu
buscava feno para os animais,
um homem se aproximou de mim
e me perguntou se eu queria tra-
palestinos. Chama-se Seeds of
Peace (Sementes de Paz). Nós visitamos escolas e contamos às crianças que, na verdade, todos somos
muito semelhantes e que é possível
ser amigo das pessoas ”do outro
lado” do conflito. Também fazemos
peças de teatro sobre como podemos viver em paz, todos juntos.”
Veronica representa crianças em
áreas de conflito e crianças que
participam do diálogo para a paz.
“Quando ouvi falar em Nkosi
Johnson e no que ele fez pelas crianças vítimas da Aids, tomei coragem.
Quando conversei com os professores e alunos da minha escola, ninguém me tratou mal, como fizeram
com a minha mãe.”
Xola representa e luta pelos direitos das crianças que tiveram suas
vidas, de alguma maneira, modificadas pelo HIV/AIDS.
balhar em um hotel, na cidade.
Contei aos meus pais sobre o convite, mas eles disseram que não. Por
isso, fugi com o homem. Primeiro,
viajamos de ônibus e quando
entramos em um trem para Mumbai,
na Índia, comecei a desconfiar. Fui
levada a um bordel. No começo,
me puseram em um curso de dança. Mas, depois de um tempo, me
disseram que tinha que começar a
trabalhar no bordel. Recusei e eles
me torturaram. Vivia como uma
escrava e era forçada a ficar com
homens. Dois meses depois, em
um dia maravilhoso, fui libertada e
pude voltar para o Nepal. Agora vou
à escola de Maiti Nepal. Quando
me formar, quero ajudar Maiti a
lutar contra o contrabando de
meninas e alertá-las para que não
sejam enganadas como eu fui.”
Sukumaya representa e luta
pelas meninas escravas em
bordéis e por todas as meninas
vítimas de abuso sexual.
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Mangha Ram
Mehajar, 17
PAQUISTÃO
Mangha Ram
nasceu em uma
família de escravos por causa
de dívidas, em
Sindh, no
Paquistão. O
proprietário e
seu irmão eram
políticos que trabalhavam no
Câmara Legislativa da província
de Sindh. O pai do menino teve
que pedir um adiantamento de
salário ao patrão e essa dívida
forçou a família toda a ser escraThomas Opio, 16, UGANDA
”Os rebeldes chegaram uma noite, quando eu tinha 12 anos, e
me raptaram junto com minha
irmã e meus dois irmãos. Nos
amarraram e nos forçaram a ir
com eles. Depois de uma semana, um dos meus irmãos ainda
estava amarrado. Uma noite, meu
outro irmão pediu para fazer xixi
eu o vi ser torturado até a morte,
enquanto pedia desculpas por
ter feito aquela pergunta. Em
outra, fomos atingidos por um
fogo cerrado entre os rebeldes e
os helicópteros do governo. Três
das nossas crianças morreram.
Duas meninas que não agüentaram mais andar, pois seus pés
estavam inchados, foram mortas.
Fui forçado a fazer coisas horríveis, tanto contra outras crianças
como contra adultos. Nós
seqüestrávamos suas crianças,
saqueávamos e queimávamos
suas casas. Depois de 14
meses, consegui fugir. Agora
voltei à escola. Estudar é muito
importante para mim, pois tenho
que sustentar minha mãe
e minha irmã.”
Thomas representa
os soldados-crianças e as crianças
vítimas da
guerra.
va até hoje. Atualmente, nove
membros da família precisam trabalhar para ajudar no pagamento
da dívida, que nunca diminui. Eles
não são pagos em dinheiro, mas
recebem 180 kg de trigo por mês.
Eles têm que vender o trigo para
comprar outras coisas.
Freqüentemente, o proprietário e
seu capataz gritam, insultam e
batem nos membros da família.
“Quando eu era pequeno soube que as crianças iam a um lugar
chamado ‘escola’. Quando vi, na
tevê e nos jornais do patrão, que
as crianças iam à escola bem vestidas e limpas, disse ao meu pai
que queria estudar também.
Svetlana Krošténova, 17
REPÚBLICA TCHECA
Svetlana é uma cigana. Quando
entrou para a escola, ela foi obrigada, assim como muitos outros
ciganos, a estudar em uma classe para crianças com necessidades especiais, mesmo obtendo
bons resultados. Quando as
autoridades da cidade de
Ustinad Labem decidiram levantar um muro em volta das residências dos ciganos – sob o pretexto de que estes perturbavam
os outros moradores – Svetlana
e outras crianças ciganas foram
até a cidade plantar flores no lugar
onde o muro seria construído.
Mesmo assim o muro foi erguido,
mas foi demolido mais tarde.
– Na Suécia, ninguém achou
que eu era mal-criada ou tola,
contou Svetlana a um jornal tcheco, quando voltou para casa
depois de participar do júri e da
cerimônia de premiaçãode 2001,
seu primeiro ano como jurada.
– Quando eu crescer quero
ser médica e ajudar as crianças,
diz Svetlana.
Svetlana representa as crianças
menosprezadas e discriminadas por pertencerem a
minorias étnicas.
Quando papai perguntou ao
patrão se eu poderia ir à escola,
de início ele não permitiu. Mas
depois ele acabou aceitando,
com a condição de que eu trabalhasse depois da escola. Eu trabalhava na plantação todos os dias,
incluindo domingos e feriados,
até o sol se pôr. Eu e minha irmã
mais nova somos os primeiros em
nossa família a ir à escola junto
com outras crianças de famílias
escravas.”
Mangha Ram representa as
crianças trabalhadoras, as
escravas por causa de dívidas e
as crianças que ‘não existem’,
já que ninguém as registrou.
Omar Bandak, 15
PALESTINA
“Minha vida tem sido um pesadelo desde a idade de onze anos.
Uma noite, quando assistíamos
tevê, ouvimos um helicóptero
voando em círculos sobre nós.
Depois disso um míssil foi disparado contra a casa vizinha à nossa, quartel general da polícia
palestina e patrulhas da fronteira.
Eles lançaram muitos mísseis e
parecia que havia um terremoto.
Na noite seguinte, um avião F-16
disparou míssil após míssil.
Nossa casa inteira chacoalhou e
todas as janelas quebraram. Eu
chorei e caí em cima dos pedaços de vidro. O quarto míssil foi
o mais forte de todos, eu voei por
cima do nosso vizinho,o qual nos
dava refúgio.
Antes podíamos passear em
Jerusalém e Jericó. Hoje só
podemos sair de casa para ir à
escola em Belém. Às vezes nem
podemos ir à escola, mesmo tendo o direito à educação. Quando
temos toque de recolher não
podemos deixar nossas casas.
Um dos direitos da criança é
poder sentir-se em segurança,
mas isto é algo que nós, crianças
palestinas, jamais teremos .
Queremos apenas ter paz e viver
sem tanques de guerra e soldados. Eu quero poder me sentir
como outras crianças do mundo.”
Omar representa as crianças
em áreas de conflito e sob
ocupação.
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Idalmin Santana, 16, EUA
Idalmin tinha nove anos, quando
seus pais foram presos pela polícia. Um dia, quando ela chegou
em casa, depois da escola, o
apartamento estava ocupado por
policiais. Idalmin, assustada,
começou a chorar.
”O que vocês estão fazendo?”,
ela perguntou.
“Você é pequena demais para
entender”, respondeu um oficial.
“Para onde vocês vão levar a
minha mãe?”, perguntou. “Eu
amo a minha mãe, soltem-na.”
No começo, Idalmin e suas três
irmãs mais novas foram morar
com a avó. Todos os dias ela perguntava quando os pais voltariam
para casa. A avó sempre respondia: “Amanhã, amanhã...”. Eles,
porém, nunca mais voltaram.
Laury Cristina Hernández
Petano, 15, COLÔMBIA
Laury vivia com a mãe e a avó em
Carmen de Bolívar, norte da
Colômbia, quando um estranho
começou a deixar abacates e
cocos diante da porta da casa da
família. Elas vendiam as frutas na
feira, mas sentiam-se ao mesmo
tempo ameaçadas. É comum que
grupos armados na guerra civil
colombiana dêem presentes às
famílias pobres para comprar sua
fidelidade. No povoado onde
Laury morava, havia
conflitos entre facções e
muito crime
organizado.
Laury e sua
família fugiram
dali para o
assentamento
“Era como se meus pais tivessem morrido.”
Os pais de Idalmin foram condenados a penas longas. A penitenciária onde está o pai fica muito longe, por isso ela quase nunca o visita.
“A primeira vez que visitei mamãe
na prisão, o horário de visita terminou após uma hora apenas.
Imagine só, você não vê sua mãe
há muito tempo e tem apenas
uma hora para ficar com ela. Eu
chorava todas as manhãs, durante o primeiro ano.
Nos primeiros anos, Idalmin e
as irmãs se mudaram para a casa
de vários parentes e amigos. Foi
uma época muito difícil. Idalmin
ficou doente e começou a matar
aulas. Tudo começou a melhorar
quando ela e as quatro irmãs
foram parar na casa da mesma
família adotiva. Agora, ela se sai
melhor na escola. Uma vez por
semana, Idalmin se encontra com
outras meninas, cujos pais estão
na prisão. Juntas, elas se divertem
e, freqüentemente, fazem palestras sobre suas experiências em
eventos relacionados à questão
dos filhos de presidiários.
A mãe de Idalmin foi libertada
em 2005, depois de ficar seis
anos presa.
Idalmin representa os filhos de
presidiários.
“Nelson Mandela”, como refugiadas internas. Elas construíram
um barraco de tábuas, chapas
de zinco e papelão. Sempre que
chovia elas tinham que construir
um novo barraco. Atualmente
elas moram em uma casa de concreto situada no sopé de um morro. Todas as vezes que uma chuva forte cai, a casa fica alagada.
Laury trabalha muito na escola
e pertence a vários grupos de
crianças que lutam pela paz. Ela
vende diariamente os “Deditos”
(salgadinhos de milho) feitos
pela mãe na escola, para contribuir na economia da família.
“Nós somos pobres e já passamos por muitas dificuldades,
mas eu não me envergonho por
isso, tenho muito orgulho!”
Laury representa as crianças
que vivem em áreas de conflitos, refugiadas e as que lutam
pelos direitos da criança.
Thai Thi Nga, 15
VIETNÃ
Nga sempre se sentiu marginalizada.
“As outras crianças olhavam
para mim como se eu fosse um
monstro”, ela conta.
“Todos tinham medo e fugiam
de mim na escola. Eu tinha tanta
vergonha que não queria ir a
lugar nenhum. Ficava em casa
observando as outras crianças
que iam à escola. Sem a força do
meu único amigo, Huong, eu
nunca teria voltado à escola.”
“Certa vez, o professor disse
que teríamos uma festa da classe. Eu tinha dinheiro economizado e contribuí mais do que todas
as outras crianças para a festa.
Estava cheia de expectativas,
sonhava em ser compreendida
pelos meus colegas e poder me
divertir com eles. Mas quando a
festa começou, todos se apressaram em pegar os bolos e frutas
e trataram de ficar bem longe de
mim. Foi o pior momento da
minha vida.”
Nga mora no interior. Seu pai
foi vítima do Agente Laranja, um
forte inseticida químico que os
EUA usaram como arma na longa
guerra do Vietnã. Embora Nga
não tenha nascido durante a
guerra, também sofreu suas conseqüências. Ela e a irmã foram
contaminadas pelo Agente
Laranja usado contra o pai. Nga
sofreu mutações em seu cromossomo e tem manchas escuras
por todo o rosto e corpo.
Nga representa crianças com
deficiências motoras, crianças
vítimas de agentes químicos
venenosos utilizados na guerra
e crianças maltratadas.
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Votação Mundial 2006 PRÊMIO DOS AMIGOS MUNDIAIS
1
2
JETSUN PEMA TIBETE
3
AOCM RUANDA
CRAIG KIELBURGER
CANADÁ
THE WORLD’S CHILDREN’S PRIZE FOR THE RIGHTS OF THE CHILD
Votação Mundial 2006 PRÊMIO DOS AMIGOS MUNDIAIS
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JETSUN PEMA TIBETE
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CRAIG KIELBURGER
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THE WORLD’S CHILDREN’S PRIZE FOR THE RIGHTS OF THE CHILD
Votação Mundial 2006 PRÊMIO DOS AMIGOS MUNDIAIS
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CRAIG KIELBURGER
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THE WORLD’S CHILDREN’S PRIZE FOR THE RIGHTS OF THE CHILD
Votação Mundial 2006 PRÊMIO DOS AMIGOS MUNDIAIS
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CRAIG KIELBURGER
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THE WORLD’S CHILDREN’S PRIZE FOR THE RIGHTS OF THE CHILD
Votação Mundial 2006 PRÊMIO DOS AMIGOS MUNDIAIS
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CRAIG KIELBURGER
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THE WORLD’S CHILDREN’S PRIZE FOR THE RIGHTS OF THE CHILD
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