Dezembro de 2011 - Suplemento
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Dezembro de 2011 - Suplemento
ISSN 2177-5761 ISSN 2177-5761 9 772177 576008 revista bimestral dezembro/2011 Suplemento do Natal O PRESÉPIO – ARTE E HISTÓRIA Por Carmo Vasconcelos A palavra Presépio deriva do latim praesepium, que quer dizer curral, estábulo ou lugar de recolha de gado. A cena da Natividade é a junção das descrições do Nascimento no Evangelho de São Lucas (2: 7 e 12) e São Mateus (2: 11), enriquecida com o burro e a vaca (Isaias 1:3), com a representação dos Reis Magos, e claro com os Pastores que avisados pelos Anjos têm conhecimento do nascimento do Salvador. Além de uma multiplicidade de “figurantes” que pontuam o Presépio. Reza a história que a tradição desta tipologia de representação nasceu a partir de um Presépio realizado por S. Francisco de Assis, em Greccio (Itália), no Natal de 1223. Nesse ano, em vez de festejar a noite de Natal na Igreja, como era seu hábito, o Santo fê-lo na floresta de Greccio, para onde mandou transportar uma manjedoura, um boi e um burro, para melhor explicar o Natal às pessoas comuns, camponeses que não conseguiam entender a história do nascimento de Jesus. O costume espalhou-se por entre as principais Catedrais, Igrejas e Mosteiros da Europa durante a Idade Média começando a ser montado também nas casas de Reis e Nobres já durante o Renascimento. Em 1567, a Duquesa de Amalfi mandou montar um presépio que tinha 116 figuras para representar o nascimento de Jesus, a adoração dos Reis Magos e dos pastores e o cantar dos anjos. Foi já no Século XVIII que o costume de montar o presépio nas casas comuns se disseminou pela Europa e depois pelo mundo. O Presépio em Portugal Em Portugal, o presépio tem tradições muito antigas e enraizadas nos costumes populares. Este é montado no início do Advento sem a figura do Menino Jesus que só é colocada na noite de Natal, depois da Missa do Galo. Tradicionalmente, é perto do presépio que são colocados os presentes que são distribuídos depois de se colocar a imagem do Menino Jesus. O presépio é desmontado a seguir ao Dia de Reis. Na maioria das cidades o presépio é montado pelas autarquias e em algumas tenta-se ter o maior presépio. No entanto, foi Alenquer que ganhou o epíteto de Vila Presépio depois de, em 1968, ter iniciado a tradição de montar um gigantesco presépio elaborado pelo pintor Álvaro Duarte de Almeida numa das colinas da cidade. Por sua vez, no Alentejo, o Presépio mais característico é o de Estremoz. As cenas da Natividade modeladas ao modo de Estremoz, resultam do trabalho das barristas, de adaptação ao gosto e tradição local, dos grandes Presépios realizados em barro por artistas como Joaquim Machado de Castro. A primeira cena da Natividade portuguesa está representada num capitel do Mosteiro de Celas (Coimbra) e é do séc. XIII/XIV. No séc. XVI surgem como hoje os conhecemos, sendo de influência flamenga e napolitana. Em seiscentos diminuem de tamanho e são colocados dentro de uma maquineta. No séc. XVIII atingem um elevado grau de aparato devido a D. João V, que chamou ao país a elite dos artistas europeus, que trabalhando com artistas portugueses, lhes terão renovado o gosto. Alguns dos artistas tornaram-se presepistas, referimo-nos a João Policarpo da Silva, Joaquim Machado de Castro, António Ferreira, Faustino Rodrigues e Joaquim Laborão, os quais não temeram embarcar pelo barro, dando ao Presépio um gosto popular, tão bem aproveitado pelos centros cerâmicos nacionais, como Estremoz. Na centúria seguinte a tradição decaiu. Apontam-se como principais causas, o fim das ordens religiosas (1834) e a nova moda introduzida pelo Rei de origem alemã D. Fernando II, que traz para Portugal a Árvore de Natal. No princípio do séc. XX, o Presépio estava em desuso. Durante o Estado Novo (1933 a 1974), procurou-se incentivar a utilização do Presépio, em detrimento da “estrangeira” Árvore de Natal. A tradição conhece um novo alento. Quanto ao Presépio em Estremoz, destaca-se o da tradição cerâmica. Tendo em conta a tradição presepista franciscana, acreditamos que foram estes que o introduziram em Estremoz. Não se conhecem exemplares anteriores ao séc. XVIII. As cenas da Natividade de setecentos feitos ao modo de Estremoz, resultam do trabalho das barristas de adaptação ao gosto e tradição local, , dos grandes Presépios realizados em barro pela chamada “Escola de Mafra”.A cena era composta pela “Sagrada Família” (o “Menino” não estava uma Manjedoura e o “S. José” a “Virgem” estavam ajoelhados), por três “Reis Magos” a pé (surgem a cavalo por inovação de Mariano). Na cena observavam-se vários ofertantes. Múltiplas figurinhas que representavam cenas da vida real, como o “Pastor a Dormir”, 02 | eisFluências Suplemento de Natal 2011 a “Mulher a Fiar”, a “Mulher a fazer chouriços”, “Mulher a assar castanhas”, “Mulher com Galinhas”, “Mulher com Perus”, “Pastor com Carneiro às costas”, “Pastor a fazer as migas”, entre outras, que eram colocadas sobre a enorme mesa onde se explanava o vasto presépio, que podia ser anualmente “completado” com mais uma série de peças pedidas por encomenda às barristas. Em novecentos assiste-se à estilização e popularização na modelação dos presépios locais. No século seguinte estavam praticamente em desuso. Eram raras as encomendas. Entretanto, durante o Estado Novo a barrística conhece um novo alento, e conhece também uma inovação nos Presépios que substituiu a antiga tradição. O Presépio de Estremoz é actualmente muito solicitado aos barristas, sendo uma peça realizada por todos eles. Também os artesãos que trabalham outras matérias-primas, como cortiça, madeira ou metal, têm nos últimos anos iniciado um trabalho de grande interesse na representação da Natividade. No ano de 2007 o Museu Municipal de Estremoz organizou a representação portuguesa na cidade italiana de Grottaglie. Em 2008 e 2009 este mesmo Museu Municipal realizou exposições colectivas de artesanato sobre a temática, tendo a primeira sido no Centro Cultural e a seguinte no Salão Nobre da Câmara Municipal. Actualmente, a tradição mantém-se mais viva do que nunca, e muitas autarquias por todo o país, concorrem anualmente entre elas pela apresentação do maior e mais bonito Presépio de Natal. Veja-se o Presépio Gigante de Vila Real de Santo António (Algarve) neste ano de 2011, que comporta mais de 16 toneladas de areia, cerca de dois mil quilos de pó de pedra e 1500 quilos de cortiça; uma estrutura de madeira de 170 metros quadrados, em parte coberta por 100 metros quadrados de musgo e mais de quatro mil figuras que lhe dão vida: http://www.lux.iol.pt/nacionais/conheca-o-presepio-gigante-do-algarve-presepio-algarve/1307237-4996.html (subsídios Wikipédia) Pesquisa e composição de Carmo Vasconcelos Lisboa/Portugal/Natal 2011 OS NATAIS DA MINHA INFÂNCIA Por Carmo Vasconcelos ... Ah! E os Natais?... Esses, não esqueci! Havia o presépio que nós próprios armávamos: uma montanha feita de cartão amolgado e forrado de papel de seda, onde colávamos erva e areia e onde não faltava o rio onde bebiam as ovelhinhas, imitado toscamente por um velho caco de espelho; e na gruta (uma caixa de sapatos bem disfarçada), o burro, a vaquinha e os três reis magos, majestosos nos seus camelos de barro. Tudo se nos afigurava tão real, que até o Menino Jesus nas palhinhas, entre o S. José e a Virgem Maria, parecia sorrir para nós. Depois, o grande pinheiro natural colocado a um canto da sala, que enfeitávamos de bolas e fitas multicores, e pequeninas lâmpadas que ora acendiam ora apagavam, num piscar ininterrupto. E na hora das prendas, as bonecas, umas de celulóide, outras de pano com cabecinhas de porcelana; os miniaturais serviços de chá, os pianos, os xilofones – brinquedos que o padrinho escolhia pessoalmente na “Quermesse de Paris”, junto à Praça dos Restauradores, hoje desaparecida, trucidada pelos grandes Centros Comerciais. Ainda me recordo do meu primeiro desgosto, quando o meu irmão Eduardo arrancou as pernas e os braços à minha boneca preferida. Sabe que ainda a tenho?... Mandei consertá-la no “Hospital das Bonecas”. Mais tarde, vieram os livros de histórias de fadas e princesas, os puzzles, as ardósias com giz de cores... Era uma festa! Ainda retenho no nariz o cheiro que vinha da cozinha, uma mistura de bacalhau cozido com grelos, peru assado, filhoses e rabanadas. E que dizer da ingenuidade com que colocávamos o sapatinho na chaminé, duvidando infantilmente se o Menino Jesus se lembraria de nós?... Só o saberíamos depois da ceia, que se iniciava, impreterivelmente, à meia-noite! Entretanto, preparávamos pequenas trouxas de roupas usadas, embrulhos com doces acabados de fazer e alguns brinquedos já postos de lado, e descíamos à rua, onde, fazendo nós próprios de “meninos-Jesus”, os ofertávamos às crianças menos afortunadas. Mas, mais do que a ceia e todas as guloseimas que ela implicava, mais do que os brinquedos, o pinheiro e o presépio, o que ficou gravado em mim até hoje, foi a alegria, o calor humano, o espírito de família e de solidariedade, a campainha da porta que não parava de tocar, trazendo sempre mais um. E para que ninguém ficasse sem a sua prenda (alguns chegavam de surpresa) nós, que não tínhamos mesada como as crianças de hoje, recolhíamos os tostões dos nossos mealheiros e corríamos à rua para comprar à pressa mais um cartão de Natal, uma caixinha, uma caneta, uma bugiganga qualquer, que embrulhávamos e atávamos com papéis e laços coloridos, como se fosse a prenda mais valiosa do mundo. Não era o valor do conteúdo que contava, mas a alegria de dar, distribuir... Isso nos fora ensinado pelo exemplo. Excerto do Romance "O Vértice Luminoso da Pirâmide" In: http://www.delnerobookstore.com/bibliotecas_virtuais/carmo_vasconcelos Carmo Vasconcelos Lisboa/Portugal FICHA TÉCNICA Conselho de Redacção Director Victor Jerónimo (Portugal/Brasil) Abilio Pacheco (Brasil) Carlos Lúcio Gontijo (Brasil) Humberto Rodrigues Neto (Brasil) Luiz Gilberto de Barros (Brasil) Marco Bastos (Brasil) Petrônio de Souza Gonçalves (Brasil) Rosa Pena (Brasil) Directora Cultural Carmo Vasconcelos (Portugal) Responsável pela Redacção Mercêdes Pordeus (Brasil) Design Gráfico e Composição Victor Jerónimo Nosso sítio http://www.eisfluencias.ecosdapoesia.org/ Contacto [email protected] Dois Anos 2009-2011 Correspondentes Alemanha - António da Cunha Duarte Justo Argentina - María Cristina Garay Andrade Bielorussia - Oleg Almeida Brasil - Elizabeth Misciasci Cabo Verde - Nuno Rebocho Espanha - María Sánchez Fernández Revista de eventos, actualidades, notícias culturais, político/sociais, e outras, mas sempre virada à directriz cultural, nas suas várias facetas. Propriedade de Mercêdes Batista Pordeus Barroqueiro Recife/PE/Brasil Tiragem: 100 ex Distribuição Gratuíta Divulgação via internet Depósito legal LEI DO DEPÓSITO LEGAL LEI N° 10.994, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2004 Biblioteca Nacional Brasil ISNN 2177-5761 eisFluências Suplemento de Natal 2011 | 03 NATAIS E ANOS REALMENTE NOVOS Por Carlos Lúcio Gontijo Não é fácil introduzir, nos poucos jornais que ainda mantêm página destinada à publicação de opiniões, qualquer assunto relativo à promoção da cultura defensora de valores, que é tratada como se não fosse assunto inerente à política, uma atividade tomada apenas como sinônimo de exposição radical de crítica ferrenha a favor ou contra o governo. A grande realidade é que, se nossos representantes congressuais são ruins, relapsos, descompromissados e corruptos com os que se dizem bons e honestos, se nos apresentando incapazes de quebrar o corporativismo e expurgar a parte podre com que se misturam promiscuamente, a responsabilidade e ônus recaem exatamente sobre a inexistência de apoio mais efetivo à educação e à cultura, que são as ferramentas capazes de ampliar o nível educacional, o grau de conhecimento e, ao mesmo tempo, através da arte, da poesia e da literatura, sensibilizar o cidadão no tocante à ética e à necessidade de praticar a gentileza e o amor ao próximo na convivência social. Escrevemos artigos há mais de trinta anos, fomos editorialistas de jornal durante muito tempo e editamos livros desde 1977, levando sempre em conta que o mal, o bem, a violência e o descompromisso social são fenômenos que não se dão por geração espontânea. Ou seja, eles são o fruto de sementes cultivadas pela própria sociedade, que anda descuidando até da educação de suas crianças, hoje presas em seus apartamentos e estimuladas a crescerem antes da hora, queimando etapas e alcançando a sexualidade antes do momento marcado pelo relógio biológico. Vivemos a era da competitividade desmedida e da pressa, na qual a vida é levada como se fosse uma espécie de fast-food, que deve ser comido numa só bocada, sem a paciência de saborear nem degustar. Até mesmo a literatura experimenta o afogadilho do imediatismo, com os seus agentes e autores pretendendo sucesso retumbante mesmo antes de construir obra consistente, que muitas vezes se reveste de restrito e pequeno reconhecimento. A sofreguidão e o açodamento com que buscamos nossa realização como pessoa e seres humanos estão nos extirpando a capacidade de ver a vida como uma bênção divina e assim, mesmo com a ciência nos propiciando o esperado alongamento da longevidade, a sensação que temos é de que jamais nos daremos por satisfeitos, jamais nos veremos como pessoas realizadas, uma vez que, além de não estabelecermos metas e nem nos contentarmos com coisa alguma, ainda nos especializamos em caminhar de olho no quintal do vizinho, onde a grama sempre nos parece mais verde. Somente por intermédio da democratização do acesso ao ensino de qualidade e a ampla oferta de boa cultura para todos é que poderemos assistir à construção de uma sociedade em que o sucesso individual seja entendido como materialização da possibilidade de conhecermos o nosso propósito na vida, crescermos para atingir o nosso potencial máximo e lançarmos sementes que beneficiem outras pessoas. Aí sim, caro leitor e cara leitora, Cristo renascerá para sempre no Natal e todos os anos serão definitivamente novos. Carlos Lúcio Gontijo Poeta, escritor e jornalista www.carlosluciogontijo.jor.br FACES NATALINAS Carlos Lúcio Gontijo No Natal a humanidade se vê a salvo Alvo de mais um milagre do Criador Que oferece o filho ao vinagre do sacrifício Transformado em seu eterno ofício De morrer crucificado pelo ser humano Envolvido nos panos frios do desamor Para tristeza dos rios de dor do Cristo Rei Que num misto de entrega e consternação Não se nega a ter duas faces natalinas: Um Cristo que renasce em boa-nova de criança Outro que prova a sina da cruz mortal Ao lado do Jesus-Menino, os da primeira hora O pai São José, a mãe Nossa Senhora Enquanto no cortejo do enterro penitente Um punhado de gente em erro e desvelos Agradece a Cristo pela remissão dos pecados Sob a certeza de que irá recometê-los Conforme lhe aponta a cultura da ceia pagã Gestora de um Cristo pagador de conta alheia. JESUS SALVADOR Carlos Lúcio Gontijo Do Menino-Jesus todos se sentem donos Assentados no trono frio do egoísmo humano Fazem-No patrono da eterna crucificação Depositário fiel de repetida salvação Relicário dos Céus à disposição do pecador Pincel miraculoso a nos renovar a cor Apontando-nos o amor como iluminada prece Oração da qual jamais se esquece o Criador! www.carlosluciogontijo.jor.br 04 | eisFluências Suplemento de Natal 2011 Da nossa Correspondente María Sánchez Fernández Úbeda - Espanha Los Gozos de la Virgen Niña María Sánchez Fernández ¿Qué le ocurre a mi ser que se estremece? ¿Por qué mi corazón se ha enternecido? Me siento tan feliz, que ya he sentido una aurora de amores que se mece en mi alma, y de gozo la adormece con los trinos de un canto enaltecido que se inflama y se inflama enardecido y en dulzores de mieles crece... y crece. ¡Rosada primavera de mi vida!, ¿qué divinos amores te enajenan que iluminan tus risas de templanza? ¡Dulcísimos anhelos que me llenan de tiernas inquietudes y esperanza y colman mi existencia nunca herida! Un Lucerillo que Sueña Un Lucero se ha caído María Sánchez Fernández María Sánchez Fernández Una estrella se ha vestido con blanco traje de cola y está cantando una nana a un lucerillo que llora. Un lucero se ha caído de los jardines del cielo y cansado de su vuelo sobre paja se ha dormido. “Duerme lucero chiquito; duerme en brazos de la aurora; la noche te ha regalado susurros de plata y sombra”. El lucero ha despertado en los brazos de una estrella envuelto en canción tan bella que a su sueño se ha tornado. Y el lucero se ha dormido y sueña con caracolas; con risas blancas de nieve; con susurros de palomas. El lucero ha sonreído al ver un rayo de luna y la estrella que lo acuna con sus rayos lo ha dormido. Y sueña que en un pesebre un pastorcillo le adora. *** María Sánchez Fernández Del libro infantil “Retablo de Navidad” Dibujos: Emilio Sánchez Fernández Os mando un montaje de fotos muy bonito de Úbeda en la noche de esta Navidad http://photopeach.com/album/ibnd87 eisFluências Suplemento de Natal 2011 | 05 AS GALINHAS Por José Geraldo Martinez Eu não gostava muito do Natal, não podia ser diferente! Nessa data era comum encontrar mamãe chorando. O motivo? Imagino que seriam vários! A falta de dinheiro para a compra de presente para os sete filhos, o trabalho braçal de papai na roça e a pobreza que nos acompanhava desde sempre. Uma fileira de filhos em escadinha não era fácil de cuidar e mamãe, para controlar a algazarra e traquinagens, decidiu doar a cada um deles uma galinha. Sim! Uma galinha! Apenas um detalhe: cada um deveria cuidar da sua, com muito zelo e cuidado, buscar os ovos, cuidar dos pintinhos, enfim... Cada qual seria responsável pelo futuro do galináceo ou uma boa surra com varinha de marmelo ou um chicote rabo de tatu resolveria a questão facilmente. O objetivo de mamãe era deixar os filhos ocupados com alguma coisa após o retorno escolar. Não precisava tanto, com certeza, caminhávamos mais ou menos oito quilômetros todos os dias antes mesmo do sol nascer para chegarmos à tímida escolinha na beira da estrada. Difícil seria imaginar que algum garoto(a) teria energia para brincadeiras, tão pouco cuidar de galinhas. Porém o castigo nos esperava e não havia outra alternativa. Assim, elas foram ganhando nomes: Carijó, Neguinha, Dourada, Curiosa, Cinzenta (botava ovos azuis), Chitada e Preguiçosa (nunca botou um ovo) ou pelo menos o seu ninho nunca foi encontrado. É claro que uma criança sem brinquedo e pobre acabava se afeiçoando aos bichinhos e sua ninhada de pintinhos, pois, além de tratá-los, era uma oportunidade para uma escapadinha à procura dos ovos pelo terreiro e até degustar algumas frutas perdidas no pomar. Cada filho teria que trazer o seu ovo! Todos os dias - claro! - a tal Preguiçosa não poupava meu irmão de muitas surras e eu chegava ao ponto de dividir a minha colheita com ele e as surras também. Não demorou para mamãe condená-la à panela e apesar dos gritos do meu irmão, que ainda gostava da bichinha, seu destino foi terrível. Morreu degolada no dia de Natal! Como a gente podia gostar dessa data? Como seria o próximo Natal? Quem morreria outra vez? Carijó? Dourada? Curiosa? Cinzenta? Chitada? Como se não bastasse morreu no Natal passado o Guloso, um porquinho piau criado na mamadeira por papai e nós. A gente o coçava e ele deitava fogoso em nossos pés... Enquanto as crianças exibiam seus brinquedos nos arredores da fazenda, filhos dos grandes latifundiários, restava-nos espiar e por algumas vezes até questionar Papai Noel. - Por que ele nos esquecia? Seria tão difícil poupar os nossos bichinhos? A cada Natal uma ia embora e no outro ano foi a vez da Dourada... Mamãe dizia que ela estava velha. E daí? Não viu que Maria chorava a morte da bichinha? Pediu até para morrer em seu lugar! O fato é que naquela pobreza papai nos surpreendeu um dia. Chegado o Natal, fora condenada à morte a Carijó! Água fervendo no fogão à lenha e a galinha amarrada pelos pés. Zenaide já gritava ao redor da bichinha e pedia clemência! Foi quando apareceu um Papai Noel desarrumado, com barbas visíveis de algodão mal colocadas, um saco vermelho e remendado e com a voz cansada foi se aproximando de Carijó. Soltou a galinha no terreiro para a alegria de Zenaide e de todos nós. Sentou-se à mesa da cozinha e tirou do seu saco uma tubaína, uma garrafa de vinho e uma lata de sardinha. Não demorou e o macarrão estava pronto! Aquelas mãos ásperas não conseguiam esconder os calos. Um porquinho fora tirado do saco e de mão em mão fora acariciado pelos pequeninos. - Pitoco será o nome dele! - gritou Aparecido. - Palhaço! É todo cheio de graça! - gritou Lourdes. - Rabicó? Não é legal? - sugeriu Maria. - Esse ninguém vai matar, Papai Noel? perguntou Zenaide. No rádio tocava "Noite Feliz" e nossa pequena árvore de Natal feita com goiabinhas verdes e seriguelas vermelhas, amarradas a uma folha de palmeira, guardava um só pedido: Papai Noel! Salve as nossas galinhas! Pena que papai perdeu tudo, foi receber o pagamento na sede da fazenda. Depois de algum tempo ele retornou e ainda teve o cuidado de nos beijar no rosto, escutar a nossa cantoria e risos! Mamãe parecia abraçá-lo aliviada. José Geraldo Martinez Poeta, escritor, cronista, contista www.josegeraldomartinez.blogspot.com NOEL Abilio Pacheco Nunca entendera direito o porquê de seu nome. Na escola, as brincadeiras e gozações duravam o ano todo, mas pioravam em dezembro. Na idade adulta, uniam nome e homem, punham-lhe barba, gorro e roupas vermelhas. Nos anos em que as finanças estavam complicadas, para ganhar um extra, a solução era incorporar o bom velhinho em lojas de brinquedo e de departamento. Nesses anos, o ano novo mais lhe trazia melancolia que esperança renovada. No último natal, não era necessário faturar um extra. Mesmo assim vestiu-se de vermelho, pôs gorro, barba, barriga, gargalhada e voz rouca. Com um saco de pano nas costas partiu rumo à carruagem com renas e anões que o esperava em frente ao shopping. Sentou-se às rédeas, disse os nomes das renas e uma por uma moveu orelhas e abriu olhos. Aí soltou a inconfundível gargalhada, brandiu a brida e adejou pelos céus de dezembro. www.abiliopacheco.com.br 06 | eisFluências Suplemento de Natal 2011 Da nossa Correspondente Maria Cristina Garay Andrade Buenos Aires - Argentina AL NIÑO JESÚS María Cristina Garay andrade A MI NIÑO Maria Cristina Garay de Andrade Que ternura eres mi niño y renacerás eternamente Sin espacio y sin tiempo inmortalmente Futura formación de familias sujetas al pasado De tu paso por la tierra jamás será olvidado Llevare en la noche mi mano extendida La Creación en guerras ronda aturdida El niño busca afanoso el amor en la tierra En soledad muy triste a la esperanza entierra A venerarte con devoción me inclino Ante tus ojos piadosos que irradian albor divino En mi pasaje efímero por la tierra continúo La tradición del Mesías que contando perpetúo Al escuchar su llanto en doliente letanía ¿Despertará la conciencia que dormida vivía? ¿Vestirá sus galas la voluntad envuelta en sedas? ¿Acudirá la humildad para que tu amistad le concedas? En la historia del mundo no hay otro niño Por el cual linajes con insondable cariño Festejemos en contemplación tu cumpleaños Consagrando los hogares reunidos todos los años Diademas de luces acicala la vida coqueta Un pino frondoso adorna orgulloso el planeta Regalos y dulces preparan sin cargo las fiestas Y todo nos dice la navidad de los pobres esta cerca En la noche de suplicas cuando suenen las doce Mi niño adorado te acunaremos con goce Cadena de plegarias, bienaventuranzas con serenidad Anhela misericordia y bonanza toda la sociedad Y mi niño olvidado nuevamente a ciegas Deambulando por calles totalmente desiertas Esperando las doce que anuncie la cometa bella Y destellen lumbres iluminando estrellas Trovadoras campanas cortejan tu nombre Anuncian de Dios a su hijo hecho hombre Cortando el silencio un coro de ángeles Entonan seráficos el Adestes Fideles Montaré en un trineo de besos cargado Ángeles disfrazados de renos viajaran a mi lado El Dios de los pobres acompañará mi trayecto A quien no le sobra en el alma un poco de afecto Del reloj las agujas giran afanosas por saludar A un país hermano un mail con júbilo mandar Al amigo querido vínculo del mundo virtual A pesar de la diferencia horaria prodigio a la net actual Incansable la vuelta que daré por el mundo Fantasear que a muchos la idea transfundo Repartiendo a los humildes abrazos fecundos En constante lluvia de “te quieros” segundo a segundo Y el niñito Jesusito de casa en casa renacerá Y en su humilde pesebre como simiente nos legará Para recordarlo siempre que dio su vida con benignidad Por la misericordiosa salvación de toda la humanidad Monte Grande – Buenos Aires - Argentina QUEM DERA Astir*Carr Quem dera Que do mundo acabassem Todas as guerras A destruição Quem dera Que o mundo acordasse E encontrasse no outro O olhar de um irmão. Quem dera Que a fome acabasse E todos tivessem ao menos um pão. O mundo seria mais justo e humano Mais forte e unido Sem discriminação. Quem dera Que os povos soubessem Que não existem fronteiras Para um coração. A paz então reinaria Entre todos os seres Pois somos irmãos. Quem dera Que todos soubessem Que nada se leva desse rincão. Estamos só de passagem Entenda isso agora... Ainda há tempo, meu irmão! FELIZ NATAL! Araraquara/SP/BR Quem dera Que todos soubessem Que nada existe Sem o amor e o perdão. Os fortes seriam Amigos dos fracos Auxiliando nas lutas Pela paz e união. eisFluências Suplemento de Natal 2011 | 07 DEVANEIOS NATALINOS Conto de Ary Franco Durante a noite sou despertado por uma luz intensa que invadiu o quarto em que dormia. O relógio digital sobre a mesinha de cabeceira marcava 2:34h. Assusto-me ao ver um homem, estranhamente vestido, envolto em um manto, sentado ao pé da minha cama e um menino de uns quatorze anos, em pé atrás dele. Sinto que aquela figura me é familiar, muito embora, nunca tenha sido bom fisionomista. Faço menção de sentarme mas não consigo e, ao mesmo tempo, quero indagar, quem é você? O que o senhor faz aqui no meu quarto? Mas minha voz não sai. Para surpresa minha, a pessoa responde-me, sem pronunciar uma única palavra: – Nada temas. Vim em paz, para visitar-te. Chamo-me Jesus, sou teu irmão, portanto, não me trates por senhor. Atônito, paralisado, ouço ao lado minha esposa ressonando, alheia ao que estava se passando. – Jesus... Cristo? E quem é este menino atrás do senh.. de você? – Este é o teu protetor. Acompanha-te desde que nascestes e costumas chamá-lo de anjo da guarda, em tuas orações. – Mas ele não tem asas! Ambos sorriem e continuamos falando-nos, sem palavras proferidas, apenas em pensamentos transmitidos telepaticamente. – Já que não voas, para acompanhar-te ele não necessita de asas! – A que devo sua sublime visita, se és realmente quem dizes ser? – Como já expliquei, vim visitar-te. Aproveito para pedir que intensifiques as ajudas que prestas ao próximo. Sei que podes fazer mais do que tens feito. Quando fores chamado pelo Nosso Pai é preciso que carregues em tua bagagem apenas coisas leves, importantes e essenciais que facilitem tua subida até Ele. Enche-a de amor, benevolência, perdão, caridade, carinho, solidariedade, humildade, bondade, auxilia teus irmãos mais carentes e necessitados. Não leves contigo rancor, ambição, ódio, vingança, revolta, egoísmo, desprezo, ingratidão, orgulho, indiferença. Livra-te de todos esses sentimentos pesados, negativos e pecaminosos, que só servirão para dificultar tua última viagem em ascensão a Deus Nosso Pai. – Prometo, doravante, proceder como você diz e quero aproveitar para dar-lhe parabéns pelo seu aniversário que será comemorado, agora neste dia 25 de dezembro. – Que ele seja por ti comemorado mas dividindo tuas alegrias com os nossos irmãos enfermos e carentes. Agora terei que ir para fazer outras visitas. Contigo permanecerá teu Anjo da Guarda, como costumas chamar. A escuridão voltou ao quarto e eu corri para trancar-me no banheiro e chorar profusamente. Foi um pranto silencioso abafado pela emoção e afogado em lágrimas que adoçaram minha boca ao por ela passarem. Para não fazer barulho, algum tempo depois, recomposto, voltei descalço para a cama, deixando meus chinelos no banheiro. Virando a cabeça no travesseiro, vi que o relógio digital mostrava-me as mesmas 2:34h que tinha visto, quando da aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Então, entendi que nada daquilo havia acontecido, a prova evidente era a hora indicada no relógio. Virei-me para o lado e consegui conciliar meu sono, embalado pelo lindo sonho que acabara de ter e que havia me despertado, mas que nem da cama havia eu me levantado. Só que um arrepio percorreu meu corpo, ao acordar no raiar do dia: MEUS CHINELOS ESTAVAM NO BANHEIRO! Prostrei-me de joelhos em fervorosa oração! Ary Franco Poeta e contista RJ/BR TRAZ A PAZ AO NOSSO MUNDO Maria da Fonseca O Menino vai nascer Da Virgem cheia de Graça, Para o Mundo proteger. A todos ama e abraça. Debruça-te sobre nós Ó Menino encantador, Roga a Deus com Tua voz, Que pra sempre afaste a dor. Pra salvar os irmãos Teus, Nosso Pai Te enviou, Mandou-Te descer dos Céus, Teu Viver sacrificou. Menino da Salvação Fortalece nossa prece, Que o Amor no coração Pra todos seja benesse. Traz a Paz ao nosso Mundo Sem querelas, sem rancor, Neste espírito profundo Que é o de Deus Nosso Senhor. NATAL DE LUZ ZZ COUTO No silêncio da manjedoura quando os anjos disserem amém e as estrelas iluminarem o planeta é Jesus chegando com Sua Luz para salvar o mundo. Tudo fica tão calmo porque a sua serenidade nos ensina a cultivar a fé, quando nos sentimos longe da Luz e da Paz… Jesus, a Luz do mundo! Penetra em nossa vida como a luz da manhã penetra a neblina da noite, Iluminando todas as coisas. Natal de Luz! Iluminando nosso espírito para que possamos nascer e crescer em todos os corações… FELIZ NATAL! Lisboa/Portugal http://poesiadanatureza.blogspot.com/ Niterói/BR http://zezecoutoslides.com 08 | eisFluências Suplemento de Natal 2011 E O MENINO SORRIU "UMA NOITE SUPER FELIZ!" Victor Jerónimo Rosa Pena Era um Natal de retalhos Daqueles cheios de baralhos Onde só havia atalhos Enredados em escolhos. A casa pode ficar suja, a geladeira vazia, a louça toda na pia. Que venham... Os palpites da titia, a vizinha da coluna do meio a prima não muito querida, o vovô que tem azia a menor desconhecida. Não quero a mesa vazia! Que ceiem sem rodeios. Podem comer tudo. Do peru até a torta. Dizer que faltou a ricota. Deixar os copos atrás da porta, o papel de presente sobre o sofá. Que fique o tapete todo manchado! Eu e meu amado, juntinhos lado a lado. Meu corpo fica cansado! Meu coração? Ah!Renovado! Que seja uma noite super feliz. Exatamente como Jesus sempre quis. A divisão do pão, a verdadeira união. O frio cortava a seiva que teimava em correr, Naquele corpo cheio de eiva que parecia querer morrer. Procurava uma côdea de pão que um dia o diabo amassou, Mas nem o pão da tentação ofereceram quando passou. E o frio teimava em roer os ossos já retalhados, Do homem que queria morrer por nem ter pães ázimos. E roía, roía o estômago por uma côdea de pão, E o homem caiu vágado no negro e duro alcatrão. E quem passava comentava: -Noite de Natal e está bêbado E ninguém o tocava ou chamava com repulsa pelo seu andrajo. Então a bendita morte o chamou terminando com suas dores, o retirou dos baralhos e atalhos, o levou entregando a alma a quem sempre o amou. No céu brilhou uma estrela cadente, A trombeta tocou e um anjo dormiu, O céu abriu-se para mais um pobre no paraíso entrar, e o Menino sorriu! http://victorjeronimo.blogspot.com/ BENÇÃO DE NATAL Efigênia Coutinho Nesta noite que se festeja o Natal, Comemoramos com o Menino Jesus Uma Aliança muito especial... Sua chegada ao mundo de Luz. É a festa que traz muita esperança Numa reverência que marca a união De Deus Filho, feito criança, E os homens com grande emoção. É Natal e com alegria os sinos dobram, Numa canção feita de Amor que Reluz, Onde os nossos votos se renovam Diante da bênção do Menino Jesus. A plantar nos corações a Esperança, O Pai Eterno o Seu Filho enviou, Para marcar da vida a bonança, Deixando seu Amor, nos abençoou!. Natal 2011 http://www.avspe.eti.br/ RJ/BR www.rosapena.com GOTAS DO NATAL Rodrigo Poeta A chuva cai... Na janela os sonhos São gotas de esperança A cada Natal. Um menino brinca Na véspera da Missa do Galo Aos olhos da imaginação... Faz um pedido simples... - Papai do Céu me proteja, Projeta meus pais e meus amigos. Não quero chorar mais de fome E imaginar que o homem do saco Não seja o Papai Noel. Amém... Uma estrela suspira entre a chuva Como um sinal, Que as preces do menino Enfim serão atendidas Aos olhos de Deus. Uma gota se transforma numa árvore linda, Outra gota em presentes e comida... Outras gotas são a solidariedade De pessoas ainda bem distintas De coração e vida! O menino agradece enfim... Terá um Natal e não gotas feitas da dor Das lágrimas, mas sim gotas de amor... Estampada nas faces de pessoas que ainda Acreditam num Natal de verdade. Rodrigo Octavio Pereira de Andrade Arraial do Cabo - RJ eisFluências Suplemento de Natal 2011 | 09 SONHOS DE ACORDAR O DIA (Para Oiliam José, meu amigo) Petrônio Souza Gonçalves Os anos se passaram. As histórias dos sonhos divinos da bisavó Andina, não; continuavam na família, nos diários das avós, nos relatos das tias, no eterno desejo de conhecer as coisas que se perderam no tempo e não existem mais. Sempre que a família se reunia, ficava faltando um pedaço, um cheiro de história, um sabor de memória. Eram os sonhos da bisavó Andina, que muito se sabia, e pouco se conhecia. Tia Maria, que virou estrela bem novinha, brincava com as meninas, dizendo que 'para fazer o sonho de vovó Andina, tem que ter um tempero muito especial, que só a vida ensina'. As outras, nem arriscavam, temendo não alcançar a divindade das mãos de Tia Maria. Por anos a receita ela guardou, para não perder a primazia de enfeitiçar a família. Até que um dia, se encantou e, com ela, o segredo da família, levou. Nas datas especiais, nas festas de final de ano, sempre a mesma história e o desejo de saborear os sonhos da bisavó Andina pairava sobre toda a família. Naquele fim de ano, depois do blog criado pela bisneta e chef de cozinha Mariana, com receitas resgatando a mais tradicional culinária mineira, ficou decidido que enquanto não encontrassem a receita dos sonhos da vovó Andina, nada mais seria publicado no blog. Todas, naqueles dias de chuva e ventania, vasculharam cada canto da casa velha, cada livro, cada estante, todas as anotações. Já era noite, quando na caixa de sapato cheia de cartas, no fundo do centenário baú, a meninazinha encontrou uma endereçada à irmã da bisavó Andina, que não chegou. Lá dentro, entre notícias que não se sabia, o tesouro encontrado, o segredo revelado, ao lado de uma dica de chá. Festas, choros, e muita alegria. Elas se arrumando, programando quem iria fazer os primeiros sonhos, se iriam divulgar a receita ou se permaneceria como relíquia da família, um tesouro herdado. Para o último dia das férias, depois de guardarem a receita em local escondido, ficou acordado que os sonhos seriam feitos. Na última noite, depois do jantar e do sarau improvisado, com casos, histórias e músicas de outrora, a receita seria lida, como um soneto, alimentando a imaginação de todos. Era uma noite mineira, uma família novamente reunida ao redor das melhores tradições de um povo. Estavam felizes, tendo a presença tranqüila da vovó Andina, viva em cada um, bem dentro. Quando a cantoria parou, Mariana, herdeira natural do avental da tia Maria, no fogão a lenha, mantendo a velha chama acesa, subiu, com a carta nas mãos. Foi uma comoção. Uma súbita emoção tomou a todos, quando ela ponderou que “vovó Andina guardou de uma forma muito especial sua melhor receita para nós”. Mostrou a carta com sua letra bordada. Todos choraram, sentindo a falta do que não viveram, a saudade do que não existiu... Foi aí que ela começou a ler a receita, que trazia o nome de Sonhos de Acordar o Dia... A voz tremia enquanto ela dizia: Irmã Iva, para fazer o Sonho de Acordar o Dia é preciso três ingredientes principais: muito carinho, pitadinhas de amor de mãe, e um pedacinho de uma tarde de chuva. Depois, misture com 6 réis de trigo; 2 réis de sal; 3 réis de fermento natural; 4 réis de canela; 2 réis de cravo; seis ovos frescos e uma colher de manteiga. Misture bem e frite em gordura bem quente! Assim, todos ouviram e saborearam o gosto indecifrável, inenarrável e irrevelável dos Sonhos de Acordar o Dia, a receita da bisavó Andina, que se tornou, naquele dia, o verdadeiro gosto da poesia, um beijo do tempo, um carinho da eternidade, que alimenta a vida e os sonhos de uma família inteira, até os dias de hoje... Petrônio Souza Gonçalves Jornalista e Escritor http://petroniosouzagoncalves.blogspot.com/ NESTE NATAL EU QUERO SER Socorro Lima Dantas A árvore que enfeitará a sua casa Com bolas coloridas para pintar o seu dia. O mensageiro para unir as famílias Com os ensinamentos de Deus. Os sinos para replicar pausadamente a sua melodia E anunciar o nascimento do menino Jesus. A PAZ para depositar no coração de cada um E falar sobre o verdadeiro significado do amor. A luz para iluminar a sua noite de Natal, O sol para penetrar em sua face os raios do dia. O anjo para cantar a melodia do amor em cristo E fazer com que você sinta a minha vontade de amar O abraço caloroso que você ainda não recebeu Para fazer você sentir o calor da verdadeira amizade. SONHOS DE NATAL. Malu Mourão Quisera eu dar presentes, Neste Natal de meu Senhor, Ver em rostinhos carentes, Um doce sorriso de amor. Mas de recursos sou pobre, Não posso fazer oferenda, Guardo minha vontade nobre, Só peço a Deus que os defenda. Mas, no natal cantarão Anjos, Farão festa para as crianças, E as trombetas dos Arcanjos Trarão novas esperanças, Que um dia eu possa ver Todos as crianças contentes. Seria tão bom poder dizer: - Todos ganharam presentes. Ceará/BR O papai Noel para distribuir os presentes Que você sonhou em receber em toda a sua vida. A alegria para fazer você feliz E deixar o seu coração entusiasmado. A fé, a esperança, a paz, a harmonia A compreensão, a luz, a força e a união. Tudo isso, neste Natal eu quero ser... Recife/BR www.fragmentosdosmeussonhos.com.br 10 | eisFluências Suplemento de Natal 2011 BERÇOS VERBO DIVINO Humberto Rodrigues Neto Carmo Vasconcelos Os que nascem fadados a ser reis, já têm por berço, da fortuna os louros, pois Luiz quinze e também Luiz dezesseis tinham por berço autênticos tesouros! Eram de angústia os tempos tenebrosos, quando os senhores da heresia opressora, reinavam neste mundo, poderosos, semeando a morte injusta, aterradora! Dormiu Augusto sobre iguais abrigos de que Alexandre já haurira o esplendor... E assim foi com os monarcas mais antigos, de Ramsés a Nabucodonosor! Talvez pensassem que a felicidade trouxesse ao infante aquela aura inata dos linhos, dos dosséis, e a alacridade das cambraias rendadas a ouro e prata! No entanto, o rei maior da Humanidade, alheio aos ouropéis que o orgulho doura foi nascer, como exemplo de humildade, no capim seco de uma manjedoura! São Paulo/BR UMA RENA, UM CARNEIRINHO... UM NATAL Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros – às 10 h e 33 min do dia 19 de novembro de 2011 do Rio de Janeiro – Brasil Uma rena desgarrada do trenó, Encontrou, na solidão do seu caminho, Deprimido, abandonado, triste e só, Silencioso e pensativo, um carneirinho... Por notá-lo – mais que ela – tão sozinho, Perguntou ao cabisbaixo animal: - Aonde vais, tão infeliz, pobre bichinho? E ele disse: - Procurar o meu Natal. - Teu Natal? ...mas que Natal que tu procuras ? - Ora... aquele que celebra o nascimento De Jesus... levando amor às criaturas Que perderam sua fé por um momento. - Sabe, amigo, eu busco o Papai Noel – Disse a rena – tu aceitas um presente? E o carneiro: - Nesse mundo tão cruel, Só o amor é que me faz ficar contente. - Mas é isto que te dou: o meu amor ! - Teu amor? de que amor que tu me falas ? O que tem um envoltório sedutor? ...ou aquele onde me amas quando calas? - Como assim? ...o meu presente é mais concreto... - Mas se um dia o teu presente se quebrar? - Lembrarás o teu amigo predileto: Uma rena preocupada em ajudar. - Puxa...rena, eu já te guardo no meu peito, Vendo a tua mais fiel preocupação, Entretanto, só te guardarei direito, Se instalar o teu amor no coração. E o amor que eu conheço não tem forma; É essência cristalina, ele é composto Da alegria que irmana e que transforma Cada dor num riso solto em cada rosto. Quando estavam conversando, eles notaram Uma estrela que indicava um só caminho, E a seguir, mais dois bichinhos se juntaram Ao passeio: uma vaquinha e um burrinho. Luiz Poeta www.luizpoeta.com.br Mas contra a treva vil dos portentosos, emerge a Luz por dentre a palha loura, e erguem-se aos céus os hinos jubilosos, a venerar Jesus na manjedoura! C'o Deus-Menino nascem sóis radiosos e nova fé na ansiada Paz vindoura, que há-de brotar dos ramos amorosos, da Sua Palavra Santa, imorredoura! Que o Seu Verbo Divino contra o mal floresça, vivo em nós, cada Natal! Lisboa/Portugal Natal 2011 SONETO DE NATAL. José Antonio Jacob Essa mulher, que sonha, sofre e chora, E o escasso seio estende, e o acaricia, Ao filho magro, que seu leite implora, Podia se chamar Virgem Maria. O que lhe importa se essa noite é fria E além da porta é Natal lá fora, Se Jesus Cristo nasce todo dia E está dormindo no seu colo agora? Ela é Nossa Senhora da Pureza, Cuida da nossa vida de pobreza E ora por nós que somos filhos seus... Essa Mulher, que sonha, sofre e chora, Só pode ser então Nossa Senhora, A Mãe de todos nós... A Mãe de Deus! José António Jacob/MG SANTA BÍBLIA DE DEUS Por Renã Leite Pontes Santa Bíblia de Deus, oh Livro de ouro, levai neste Natal, por caridade, a fé, a consciência e a humildade a todo coração, de orgulho mouro. Dizei o quanto amou a Humanidade, o Deus omnipotente e imorredouro, ao dar Deus Filho, o seu maior Tesouro, a bem que o mundo fosse de igualdade. Lembrai que é natal entre os cristãos, mas que além disto... todos são irmãos! porque nascemos deste amor profundo. Pedi ao mundo guerrilheiro a paz. dizei que os céus já não suportam mais tanta injustiça neste aflito mundo. Rio Branco/AC/BR eisFluências Suplemento de Natal 2011 | 11 FRUTAS E FRUTOS DO NATAL Por Faustino Vicente Final de ano é a época em que as empresas se preparam para fechar a contabilidade e apurar o saldo numérico de todas as transações comerciais realizadas, analisando se as estratégias planejadas atingiram as metas pré-estabelecidas. As causas dos efeitos não desejados serão rastreadas com a devida abrangência, para que não voltem a desagradar acionistas, clientes e funcionários. A imprensa mostrará, na retrospectiva anual, os acontecimentos políticos, sociais, esportivos, econômicos e religiosos que abalaram o mundo e transformaram as novas vidas. Merecerão destaque especial as descobertas científicas e as inovações tecnológicas que tornaram o homem capaz de destruir o planeta. Mas o mantiveram incompetente para assegurar qualidade de vida, mínima e digna, à população mundial. Esta constatação nos faz crer “que apesar de todos viverem sob o mesmo céu, nem todos desfrutem do mesmo horizonte”. A classe política divulgará suas realizações e justificará as promessas de campanha não cumpridas. O restrito acesso aos serviços de educação e saúde, de excelente qualidade, é o fator inibidor mais significativo para que as condições de igualdade do desenvolvimento humano sejam, ainda, apenas, retóricas. Também as organizações do chamado Terceiro Setor, ou voluntariado de responsabilidade social, cujo movimento tem apresentado impressionante expansão, prestarão contas, aos seus parceiros e colaboradores. O voluntário tem a nobreza de partilhar o mais precioso tesouro da nossa era, o conhecimento – certidão de nascimento de cidadania. De forma idêntica cada um de nós deve fazer a sua reflexão, analisando o seu desempenho pessoal na abrangência dos seis fatores motivacionais, que são: saúde física, espiritualidade, família, saúde mental, relacionamento social, carreira profissional e condição financeira. A harmonia entre esses indicadores evidenciará se as metas que planejamos, os sonhos que acalentamos e as ações que empreendemos foram desenvolvidas rumo à meta maior de todo ser humano: a felicidade. Interiormente, devemos verificar se nos tornamos menos arrogantes e mais tolerantes, menos professor e mais aprendiz, menos teólogo e mais apóstolo. Enfim, se estamos conscientizados de que os votos de – Feliz Natal – não deva ser, apenas, uma manifestação episódica de amor ao próximo, mas contínuas práticas de fraternidade. A própria transformação da “paisagem” nos contagia, pois as ruas, as fachadas das casas, as vitrines das lojas e, até árvores, ganham decorações especiais, luzes multicoloridas e enfeites criativos. As ornamentações dos interiores das residências, e dos templos religiosos, simbolizam o nascimento do homem que dividiu a história da humanidade em antes e depois dele – Jesus Cristo. Os especialistas em marketing disputam cada centímetro, e cada segundo da mídia, principalmente da irresistível telinha da TV. O simpático velhinho, com suas tradicionais barbas brancas e roupagem vermelha, continua sendo a grande esperança da criançada. Para os trabalhadores, a chance de conseguir emprego, mesmo que temporário, para os empresários, a oportunidade de maior faturamento e para o país, o crescimento do PIB – o qual deve ter como missão a melhoria da distribuição de renda. Até as frutas que serão consumidas no Natal fazem parte das estimativas dos especialistas em gestão. Porém, se não colhermos os frutos da espiritualidade, a morte na cruz terá sido em vão. Com a esperança de que o espírito natalino sensibilize os nossos corações erradicando a discriminação, o preconceito e todas as formas de exclusão social – chagas ainda vivas na sociedade – entendemos que a arquitetura de um mundo mais justo economicamente e mais igualitário socialmente é condição essencial á conquista da tão sonhada Paz, nesta maravilhoso planeta azul. Faustino Vicente Advogado, Professor e Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos Jundiaí (Terra da Uva) – São Paulo - Brasil O CORDEIRO E O PUNHAL Por Ariovaldo Cavarzan Dava para ouvir, ao longe, um triste canto de ave noturna, no quase escuro da noite, que começava a chegar. A biquinha ficava na parte mais baixa da gleba, chamada pastinho, e seu olho d'água escorria de um cano fincado em pequena parede, fazendo transbordar um tanque e seguindo serpenteando, em gravidade, na direção da rua de terra batida. Uma pequena horta circundava a nascente e era toda cercada, para impedir eventuais incursões das poedeiras, carijós e vermelhas, e de outros bichos criados soltos, entre arvoredos, terreiros e primitivas construções, sobre um tapete de folhas caídas. Entre o pastinho e o chiqueiro, quase tocava o céu um enorme jaracatiá, de tronco grosso e recoberto de espinhos, enfeitado lá em cima por cachos desabrochados de uma espécie de paina, cuja alvura lhe outorgava ares encanecidos de espécime anciã. Para a manhã seguinte daquele meio de semana, o Patriarca havia programado sacrificar um cordeiro, seguindo à risca antigo ritual, semelhante a execução consumada em requintes de crueldade. O brilho intenso das estrelas espalhava manchas brancas no céu, contrastando com o negrume da noite postada, convocando vagalumes e grilos para um balé coreografado entre árvores, ao embalo de coaxares e cricrilares, que compunham o cenário e a trilha sonora do sono, que já se impunha aos corpos cansados. Logo ao amanhecer, o cordeiro escolhido foi emboscado, tendo as patas traseiras firmemente amarradas, para facilitar que fosse dependurado num galho, de ponta cabeça, até a hora do martírio final. Após a caneca de café com leite, o pedaço de pão amanhecido e a fatia de polenta, assada em chapa de fogão a lenha, o Patriarca afiou a fina lâmina de um punhal numa pedra guardada, arregaçou as mangas da camisa, ajeitou o chapéu, cuspiu para o lado o toco de cigarro de palha, que fazia rolar de um canto ao outro da boca e se aproximou, decisivo, da presa, que se agitava em esgares de estertor e pavor, pressentindo o instante fatal. Pequena e curiosa platéia aguardava o esguicho do sangue, pela fenda a ser aberta na jugular. Foi quando dos olhos do pobre cordeiro escorreram lágrimas de desespero, fazendo frustrar a consumação da degola. Por um átimo, o Patriarca estancou, afagou com a mão a cabeça do condenado, olhou para o céu de um sol recém apontado, e ordenou a soltura da presa, ensejando a que desabasse no chão e, aos pulos, desaparecesse por entre a vegetação. Bem próximo dali, ouviam-se grunhidos entrecortando a respiração escandalosa dos porcos, segregados no chiqueiro da pequena propriedade, ex-sentenciados ao mesmo fim. A partir desse dia, nunca mais se viu função alguma ser outorgada à lâmina fina e afiada daquele punhal. Estava chegando mais um Dia de Natal. Ariovaldo Cavarzan 18/11/2009 12 | eisFluências Suplemento de Natal 2011 NATAL DEZEMBRO MÁGICO António Barroso (Tiago) Alfredo Mendes É Natal, altura para recomeçar uma união perdida, para juntar os elos duma corrente quebrada, para olhar para trás e reconhecer que a vida é bem diferente da risonha e florida estrada, que povoava os nossos sonhos de criança. Dezembro é um mês fenomenal, Em que na noite fria há mais calor. Há troca de sorrisos, mais amor, Pois vem chegando a noite de Natal! É Natal, dia em que o pensamento cria a esperança de que, em cada coração, floresça uma flor, e que se erga um sublime hino de louvor que, num frémito, se espalhe por toda a terra para fazer acreditar na tão desejada paz. Esquecemos agruras, todo o mal, Tudo ganha mais vida, mais alor. Damos a um pinheiro muita cor. E luzes cintilantes, por final! O lume é atiçado na lareira. Baixinho faz-se ouvir a chiadeira… Do crepitar da lenha, feita brasa. É Natal, para anunciar, ao mundo, o fim da guerra e que a última batalha já ficou para trás, os homens se envolvem num abraço fraternal e paira, em todo o lado, uma alegria sem igual, para louvar, nas palhas, o menino sorridente. O calor emanado nos conforta. A magia de um sonho nos transporta… E traz o Deus menino a nossa casa! É Natal, na larga cozinha, a azáfama está bem presente, é o preparar do gordo peru, depois recheá-lo, as filhós, arroz doce, leite creme e rabanada para, em farta mesa, compor a consoada, apenas interrompida para a missa do galo. NATAL FELIZ... É Natal, tempo para meditar, por alguns momentos, olhar aquelas estrelas a brilhar, nos céus, que parecem traduzir os nossos sentimentos, tempo para lançar nossa palavra aos vento. e, por tudo isso agradecer e louvar a Deus. Parede - Portugal (02/12/2011) TROVAS NATALÍCIAS Ademar Macedo Natal é festa... Emoção; Natal é tempo de luz... Tempo de paz e oração para o Menino Jesus. *** Tal qual num conto de fadas, quem sabe eu possa ver isto: todas nações de mãos dadas no aniversário de Cristo! *** Neste Natal, que o Senhor, num ritual de orações, plante uma árvore de amor em todos os corações. *** Peço a Noel que ele faça com toda bondade sua, um grande Natal na praça para as crianças de rua. *** Ademar Macedo/RJ/BR (In Mensagens Poéticas) Lagos/Portugal, 01/12/2011 Maria Tomasia Quando vai se aproximando o Natal a tristeza invade todo meu ser, de tanto que ouço o povo dizer que é uma época muito especial. Natal é um dia de muita alegria, por ser o aniversário de Jesus. Porém, muitos o veem com nostalgia porque diariamente carregam sua cruz. Gente triste e sem nenhuma esperança de possuir um emprego e dignidade, e sonhar um dia conseguir a bonança, de ser respeitado pela ingrata sociedade. Isso sim, seria um Natal de verdade: ter uma família bem alimentada, enxergar novamente a claridade e possuir uma vida reestruturada. Se assim fosse, seria um feliz Natal; a alegria atingiria a todos em geral. Reinaria muita paz nos corações e não haveria tantas discriminações. RJ/BR ADVENTO Amilton M.Monteiro Bem mais que de repente a vida se transforma... Parece que ficamos todos mais felizes... Meu proceder tacanho muda sua norma... E a própria Natureza altera seus matizes... As aves cantam mais! E há até bela reforma Em todos os jardins perto dos quais tu pises! A caridade aumenta! E ninguém se conforma Com pobres; e os socorrem embaixo das marquises! - O que anda acontecendo? Quer saber alguém Que nunca ouviu dizer que existe vida além, Ou que sequer existe a Verdadeira Luz... Então, cabe aos cristãos dizer-lhe em segurança: O mundo se prepara amigo! Uma Criança Vem para nos salvar! E o seu nome é Jesus! Amilton-SJC/BR eisFluências Suplemento de Natal 2011 | 13 NATAL, 2000 ANOS DE HISTÓRIA Por Alma Lusa Estava serena a noite, nos campos, o gado estava quieto e junto, silencioso, nem um balido, como que à espera de algo. Diante do tremular das labaredas da fogueira os pastores reuniam-se em amena conversa, diferente das outras, mais alegres e despreocupadas, esta era mais calma e expetante, algo se passava e eles pressentiam-no com a sensibilidade de quem está ligado à natureza e da natureza colhe os seus ensinamentos e sinais. O céu estrelado não denunciava o evento que estava a acontecer, no entanto, os pastores estavam calmos e o seu olhar fixava-se na estrela que se distinguia de entre as muitas pelo seu brilho intenso, azul, e aspeto diferente. Os seus sentidos, sensíveis e simples como os das crianças, captavam a mensagem que lhes era transmitida: O Messias, Salvador do Mundo, nasceu! * “Natal! Jubiloso cantar em radiante agradecimento perfluiu outrora todos os planos da Criação quando o Filho de Deus, Jesus, nasceu num estábulo em Belém e os pastores dos campos - aos quais foi tirada a venda dos olhos espirituais durante aquele estremeção alegre do Universo para que pudessem testemunhar o grande acontecimento imensurável e chamar a atenção dos homens – caíram de joelhos, cheios de temor, pois estavam dominados por aquilo que para eles era novo e incompreensível. Houve medo nos pastores que por momentos foram tornados clarividentes e também ouviram coisas extra terrenas, para esse fim. Medo ante a grandeza do acontecimento, ante a omnipotência de Deus que naquilo se mostrava! Por isso lhes falou das alturas luminosas o mensageiro, a fim de acalmá-los: Nada temais! ” Lentamente levantaram-se e dirigiram-se para onde as irradiações da estrela indicavam, um estábulo, simples no seu interior e iluminado por essa luz. Aos poucos juntaram-se aos pastores, crianças e mulheres, que atraídos pela luz fixavam em silêncio o recémnascido. Nasceu o Messias. Impelidos por um sentimento estranho passou de boca em boca a mensagem, o Messias, aquele que haveria de trazer a paz e o amor ao mundo, tinha nascido, no seu meio, eles que nada possuíam, tinham-no a ele. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei a vós!”, Jesus disse-nos, muito claramente; entendei-vos, não vos hostilizeis, não façam mal ao vosso próximo deliberadamente, procurai caminhos de convergência e respeito nas vossas relações, entendei que a evolução espiritual de cada ser humano está conforme a sua maturidade. A Palavra de Jesus é uma Mensagem de Amor e Concórdia, de convergência de vontades e respeito. Quem tiver ouvidos que oiça! Do entulho dogmático da História ressuscita a Palavra viva de Jesus, na Mensagem do Graal, Na Luz da Verdade, repleta de sabedoria e conhecimento das leis da Criação, expandida para o tempo presente e para esta Humanidade mais conhecedora e formada. E assim se revela a Palavra de Jesus, em toda a sua beleza e força, revelando a magnificência da Criação e o Amor de Deus que Ele, Jesus, é! Ouvi de espírito aberto e livre de constrangimentos, sede livres nesta Criação maravilhosa de nosso Deus! *Dissertação Natal da obra Na Luz da Verdade, Mensagem do Graal. Alma Lusa Olhão/Portugal http://www.circulodograal.com http://www.graalrik.blogspot.com JESUS DE NAZARÉ por Jorge Cortás Sader Filho Uma figura que confunde a humanidade, Jesus de Nazaré. Não pretendo explicar nada. Mas muitas ideias, minhas e adquiridas, tenho sim. Jesus existiu realmente. Não se pode duvidar da sua existência. Nos Anais Romanos, o historiador Tácito fala que em Israel “foi crucificado um certo Jesus, oriundo da cidade de Nazaré, quando era governador Pôncio Pilatos.” Ou seja, não podemos negar a sua existência. Além de estar registrada, a causa da crucificação teria sido política. Era contra os judeus ortodoxos e os romanos dominadores, que adaptaram os antigos deuses gregos à religião de Roma imperialista. Afinal, quem teria sido este homem? Ninguém sabe dizer com segurança, mas muitos o consideram o maior dos Profetas, o único que sabia ser Filho de Deus. Por sua vez, aqui o problema aumenta. Não existe Deus fora de nós, dos nossos corações e mentes. Aquele que encontrou Deus dentro de si mesmo faz parte da comunidade divina. Se este fato está de lado, ou seja, você não conhece o Deus que no seu ser habita, não creia. Ele não existe, na verdade. Jesus entendeu bem toda a Vida, e pelo que narram os Evangelhos, deu seguidas aulas de bondade, fraternidade e caridade. Nenhum profeta percebeu isto tão claramente. Pregou sua doutrina e nada escreveu. Esta doutrina foi considerada tão perigosa pelo judaísmo que pediram sua cabeça. Foi dada. Estamos na época que se comemora o seu nascimento. Pelo calendário gregoriano, vinte e cinco de dezembro. O calendário Juliano, que não tem data, difere poucos dias. Comemoremos a vinda do Profeta Maior. Com respeito e união. Caso você não o tenha dentro do coração, junto com Deus, esqueça. Coma e beba à vontade. Feliz Natal. ____________________ Jorge Cortás Sader Filho http://aduraregradojogo24x7.blogspot.com/ 14 | eisFluências Suplemento de Natal 2011 NATAL É… PEDIDO EXTREMO Joaquim Marques Raimundo Salles Brasil Natividade de Jesus! O Messias Que veio ao mundo semear alegrias… Mas os homens, de maneira egoísta Jamais essas benesses tiveram em vista! Eu vou pedir a Deus neste Natal, Que sobre os homens maus, estenda a mão, Opere a sua graça divinal, Derrame a benção da transformação. Ele, fomentou o bem, combateu o mal; Desejou que todos os dias fosse Natal… Mas os homens sempre foram os algozes De si próprios, em lutas vãs e ferozes… Que, de Jesus, aquela dor crucial, Abra-lhes n'alma o dom da compaixão, E que eles possam ver um mundo ideal, Olhando o semelhante como irmão. Por isso, o mundo tomou outro rumo… O Natal de hoje, já não é o de Jesus É, simplesmente, um dia de consumo… Transforma em barro, o' Deus, corações duros! O mundo todo, o' Pai, anda em apuros, Querendo se salvar, buscando atalho! Vamos todos dar as mãos porque afinal Todos irmanados no bem seremos unos Com paz, pão, amor, todos os dias é Natal Peço-te, o' Pai, se não bastar a cruz, E a bondade infinita de Jesus, Coloca-os na bigorna e usa o malho. Porto/Portugal http://jepmarques.blogspot.com 2/12/2011 Salvador-BA/BR QUADRINHAS MANJEDOURA Regina Coeli Sá de Freitas Ao ouvir o garnizé, senti chegado o Natal com o Cristo bem de pé no meio do meu quintal. Nasceu o Rei dos reis nas palhas... Que humildade! Maria - a Mãe das mães - contempla-O embevecida, Pois sabe que está ali, à humanidade, O Caminho, a Verdade, a Salvação e a Vida. Ao redor a natureza entoava sem igual hinos de pura beleza que chegado era o Natal. Trouxeram-Lhe presentes, Magos do Oriente; Os Anjos entoaram cantos de louvor; A Estrela-Guia fez-se bem mais reluzente, E o mundo recebeu o hálito do Amor. Acordavam os passarinhos por entre as folhas cantavam; e os rebentos, nos seus ninhos, sentindo o Natal, piavam. Neste Natal, depois de dois milênios idos, Vibram-se os corações em preces, comovidos, E o amor, em cada alma, vigoroso cresce. A brisa levava ao ar notas pintadas de flores em um cântico a espalhar o Natal em mil olores. No alto a lua a se encantar fez do luar passarela onde o Natal a raiar raiava no brilho dela. E todos deram-se as mãos na emoção celestial de que a Vida é mãe de irmãos renascidos no Natal! Rio de Janeiro/BR Pois se não temos mais Incenso, Mirra e Ouro, Podemos Lhe ofertar outro maior tesouro, Que é o nosso auxílio aquele que perece. Avaré/SP/BR QUADRINHAS Humberto Rodrigues Neto Pra que as tuas mágoas esqueças, desejo falar contigo: convidar-te a que conheças o meu mais dileto amigo! E digo o que estou dizendo mesmo àquele que se omite, pois a todos eu estendo a oferta deste convite. Esse amigo tem valor e é de ti uma alma irmã; se lhe pedes um favor, nunca deixa pra amanhã! Mesmo aos que têm muita luz estendo a convocação, pra que mantenham Jesus na alma e no coração! SãoPaulo/BR eisFluências Suplemento de Natal 2011 | 15 A NOITE DE NATAL (1) Guy de Maupassant — O réveillon! O réveillon! Ah! Não, não quero fazer um réveillon (2). O gordo Henri Templier disse isto num tom furioso, como se lhe tivessem proposto uma infâmia. Os outros, rindo, exclamaram: “ Porque estás tão zangado?” Ele respondeu: “Porque o réveillon pregou-me a mais suja partida do mundo e passei a ter horror a essa noite estúpida de alegria imbecil.” — O quê, afinal? — O quê? Querem mesmo saber: pois bem, escutem: recordam-se como estava frio, há dois anos atrás, nessa época do ano; um frio de matar os pobres na rua. O Sena estava congelado; os passeios gelavam os pés através das solas das botinas; o mundo parecia estar prestes a perecer. Na altura tinha entre mãos um grande trabalho e recusei todos os convites para o réveillon, preferindo passar a noite à frente da minha mesa. Jantei sozinho e depois pus-me ao trabalho. Mais eis que, cerca das dez horas, o sentimento de alegria que inundava Paris, o frenesim que me chegava das ruas, os preparativos da ceia dos meus vizinhos que atravessavam as paredes, acabaram por inquietar-me. Já não sabia o que estava a fazer; escrevia disparates, e compreendi que tinha de renunciar à esperança de produzir algo de bom naquela noite. Andava pelo quarto de um lado para o outro. Sentei-me, levantei-me. Sentia, certamente, a misteriosa influência da alegria da rua, e resignei-me. Chamei a minha empregada e disse-lhe: “Angèle, vá comprar algo para uma ceia a dois: ostras, uma perdiz fria, lagostins, fiambre, bolos. Traga duas garrafas de champanhe, ponha a mesa e vá deitar-se. Ela obedeceu, um pouco surpresa. Quando tudo estava pronto, vesti o casaco e saí. Uma grande questão ficara por resolver: com quem iria fazer o réveillon? As minhas amigas tinham todas compromissos. Deveria ter-me antecipado a convidá-las. Então, pensei aproveitar para fazer uma boa acção. Disse para comigo: Paris está cheia de pobres e belas raparigas que não têm uma ceia na mesa, e que vagueiam em busca de um rapaz generoso. Quero ser a Providência de Natal de uma dessas raparigas sem abrigo. Vou dar uma volta pelas casas de prazer, questionar, caçar, escolher ao meu gosto. E pus-me a percorrer a cidade. Na verdade encontrei muitas pobres raparigas que procuravam aventura, mas eram tão feias que poderiam provocar uma indigestão, ou tão magras que poderiam congelar se ficassem muito tempo paradas. Como sabem, tenho um fraquinho pelas mulheres bem nutridas. Quanto mais carne tiverem, mais gosto delas. Um colosso faz-me perder a razão. Subitamente, defronte ao Teatro de Variedades, vislumbrei um perfil ao meu gosto. Uma cabeça, em seguida dois altos, o do peito, belíssimo, o de baixo, surpreendente: uma barriga de ganso gordo. Estremeci, murmurando: Santo Cristo, que bela rapariga! Faltava esclarecer um pormenor: o rosto. O rosto é a sobremesa; o resto é … o assado. Apressei o passo, aproximei-me dessa mulher errante, e, debaixo de um candeeiro a gás, voltei-me bruscamente. Era adorável, muito jovem, morena, com grandes olhos negros. Fiz-lhe a minha proposta e ela aceitou sem hesitar. Um quarto de hora mais tarde, estávamos no meu apartamento. Ao entrar, exclamou: “Ah! Está-se bem aqui.” E olhou ao redor com a satisfação visível de ter descoberto uma mesa e uma cama naquela noite glacial. Estava soberba, tão bonita que me comovia, e tão gorda que poderia enfeitiçar o meu coração para todo o sempre. Tirou o casaco e o chapéu; sentou-se e começou a comer; mas não parecia estar bem, e por vezes a sua figura um pouco pálida estremecia como se tentasse esconder alguma amargura. Perguntei-lhe: “Tens algum problema?” Ela respondeu: “Oh! Esqueçamos tudo.” E pôs-se a beber. Esvaziava de um trago o copo de champanhe, enchia-o e voltava a esvaziá-lo uma vez mais, ininterruptamente. Em breve, começou a ficar com as maçãs do rosto rosadas e desatou a rir. Eu, que já a adorava, beijando-a na boca, descobri que não era nem parva, nem vulgar, nem grosseira como as raparigas da rua. Pedi-lhe pormenores sobre a sua vida. Respondeu: “Meu pequeno, não tens nada a ver com isso!” Infelizmente, uma hora mais tarde… Chegada enfim a hora de ir para a cama, e, enquanto eu retirava a mesa posta à frente do lume, ela despiu-se num ápice e esgueirou-se para debaixo dos lençóis. Os meus vizinhos estavam a fazer um barulho infernal, rindo e cantando como loucos, e disse para mim mesmo: “Fiz bem em ir buscar esta bela rapariga: nunca teria conseguido trabalhar.” Um gemido profundo fez-me virar. Perguntei: “O que tens, gatinha?” Ela não respondeu, mas continuou a soltar suspiros dolorosos, como se estivesse a sofrer horrivelmente. Retomei: “Estás maldisposta?” E, subitamente, soltou um grito, um grito lancinante. Precipitei-me para ela, com uma vela na mão. O seu rosto estava transfigurado pela dor, e torcia as mãos, arquejante, lançando do fundo da garganta umas espécies de gemidos surdos que mais pareciam um estertor e que faziam estremecer o coração. Perguntei, aturdido: “ Mas o que tens? Diz-me.” Ela não me respondeu e desatou aos berros. De repente os vizinhos calaram-se, escutando o que se passava em minha casa. Repeti: “O que te dói, diz-me, o que te dói?” Ela balbuciou: “Oh! A minha barriga! A minha barriga!” Dum só golpe levantei o cobertor, e vislumbrei… Ela estava a dar à luz, meus amigos. Então perdi a cabeça; precipitei-me para a parede e desatei aos murros, com toda a força, vociferando: “Socorro, socorro!” A minha porta abriu-se; uma multidão precipitou-se em direcção a mim, homens de fato, mulheres de decote, Pierrots, Turcos, Mosqueteiros. Esta invasão deixou-se tão transtornado que não consegui sequer explicar-me. Pensavam que tinha havido um acidente, um crime talvez, e não percebiam nada. Disse por fim: “É… é… esta… esta mulher está a dar à luz.” 16 | eisFluências Suplemento de Natal 2011 Então toda a gente a examinou, deu a sua opinião. Um capuchinho, em particular, pretendia perceber do assunto e queria ajudar a natureza. Estavam cinzentos como burros. Pensei que iam matá-la, e precipitei-me, de cabeça destapada, pelas escadas, para ir buscar um velho médico que morava numa rua vizinha. Quando regressei com o doutor, a minha casa estava em pé de guerra; tinham acendido o gás das escadas; os vizinhos dos outros andares tinham ocupado o meu apartamento, quatro carregadores estavam sentados à mesa a acabar o meu champanhe e os lagostins. Ao avistarem-me, soltaram um grito formidável, e uma leiteira apresentou-me numa toalha um horrível pequeno pedaço de carne, enrugado, amachucado, gemendo, miando como um gato, e disse-me “ É uma menina.” O médico examinou a parturiente, declarou o seu estado duvidoso, tendo o acidente ocorrido imediatamente após uma ceia, e partiu anunciando que iria imediatamente enviar-me uma enfermeira e uma ama. As duas mulheres chegaram uma hora depois, trazendo um saco de medicamentos. Passei a noite num sofá, demasiado atordoado para pensar no que se iria seguir. Logo de manhãzinha, o médico voltou. Achou a doente bastante mal. Disse-me:” A sua esposa, senhor…” Interrompi-o:” Não é a minha esposa.” Retomou: “A sua amante, pouco importa.” E enumerou os cuidados de que precisava, a dieta, os remédios. O que fazer? Enviar esta desgraçada para o hospital? Passaria a ser visto como um grosseirão pelos da casa, e por todo o bairro. Ficaria com ela. Permaneceu na minha cama durante seis semanas. E a criança? Enviei-a para casa de uns camponeses em Poissy. Ainda me custa cinquenta francos por mês. Tendo pago no início, eis forçado a pagar até à minha morte. E mais tarde, pensará que sou pai dela. Mas, para cúmulo das desgraças, quando a rapariga ficou curada… amava-me… amava-me perdidamente, a meretriz. — Pois bem? — Pois bem, tinha-se tornado magra como um gato de esgoto, e pus na rua essa carcaça que ainda hoje me espia na rua, esconde-se para me ver passar, aborda-me à noite, quando saio, para me beijar a mão, enfim aborrece-me a ponto de me enlouquecer. Eis porque nunca mais farei um réveillon. _____________________ Biografia — Guy de Maupassant (1850-1893) Descendente de uma antiga família estabelecida na Normandia por via paterna, Guy de Maupassant abandona a Normandia da sua infância para partir para Paris onde, depois de uma curta experiência no Ministério da Marinha e do seu encontro com Flaubert, começa a colaborar com diversos jornais. Daqui para a frente, afirma-se nos meios artísticos de Paris como um escritor da moda, sendo uma das figuras mais solicitadas nos salões. Apesar de já então demonstrar fortes tendências para o isolamento e reclusão, só mais tarde Maupassant começa a demonstrar sinais da loucura que o faria sucumbir à morte. Muitas vezes negligenciado para um lugar de segundo plano na literatura realista francesa, e tido por muitos como um dos mestres menores do realismo, Maupassant deixou no entanto uma obra em que se faz sentir uma fúria de viver, uma força sensual inusitada. Tendo como um dos seus mestres Flaubert, Maupassant foi, sem dúvida, um dos grandes novelistas do realismo literário, professando que “cada um de nós constrói uma ilusão do mundo […] E o escritor não tem outra missão que a de reproduzir fidedignamente essa ilusão”. (Traduzido por Sandra Silva) ________________________ 1) In Gil-Blas. 2) N. T: Segundo o Littré, o Réveillon é “uma refeição extraordinária que se faz a meio da noite. Particularmente a que se faz na noite de Natal”. Nas famílias católicas, vai-se à missa da meia-noite e, no regresso, ceia-se. A atribuição do termo Réveillon à ceia de Ano Novo é, pois, muito mais recente. Tradução© 101 Noites Editora – Lisboa http://www.101noites.com/ “As autorias das obras aqui presentes são de inteira e exclusiva responsabilidade dos seus autores e dos colaboradores que no-las enviam para publicação, tal como a sua revisão literária. A aderência, ou não, ao Novo Acordo Ortográfico, fica também ao critério dos autores.”