Síntese de atualidade econômica e empresarial Brasil
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Síntese de atualidade econômica e empresarial Brasil
Síntese de atualidade econômica e empresarial Brasil-Asia-Pacífico Junho/Julho de 2007 Henrique Altemani de Oliveira, Grupo de Estudos Ásia-Pacífico – PUC/SP www.pucsp.br/geap Temas: - Destaque: Brasil amplia proteção de mercado em relação a produtos chineses - Aeronaves: Embraer fecha venda com Japão e com Índia - Petrobrás vai explorar petróleo na Índia - Primeira venda de etanol para o Japão - Parceria Sino-brasileira em Etanol - Lobby do Etanol nos EUA, Europa e Ásia - Cooperação Técnica Brasil-China: Três Gargantas - Empresa brasileira realizará mapeamento geográfico na Indonésia - Asian Pulp & Paper instala-se no Brasil - Remédios genéricos: primeiro lote de produto com patente quebrada - Perspectiva do IBAS avançar para um Acordo Comercial - Calçadistas transferem produção para a Ásia - Esforço para colocação de ações brasileiras na Ásia - Embaixadores da ASEAN visitam o Rio Grande do Sul - Tata assume controle total da TCS do Brasil - Siderúrgica Gerdau investe na Índia e demonstra intenção de investimento na China - Estatísticas do Comércio Exterior Destaque - Brasil amplia proteção de mercado em relação a produtos chineses O Brasil decidiu aumentar impostos incidentes sobre diferentes produtos importados da China, atendendo a interesses de produtores nacionais, que alegam perdas com a concorrência dos itens chineses, que entram no país com valores muito baixos: Alto-falantes Aplicação de direito antidumping provisório, ou seja, por seis meses, contra a importação de alto-falantes montados ou desmontados originários da China. Com a publicação, a importação desses produtos estará sujeita à cobrança de uma alíquota fixa de US$ 2,75/kg. Escovas para Cabelos Resolução que regulamenta a aplicação de antidumping contra a importação de escovas para cabelo chinesas. A importação desse produto passa a ter a cobrança de alíquota específica de US$ 14,49/kg . A resolução terá valor por seis meses, Ferros Elétricos Resolução que regulamenta a aplicação do direito antidumping contra a importação de ferros elétricos a seco e a vapor oriundos da China. Com a publicação, a importação desses produtos estará sujeita, a partir de hoje, a uma cobrança de US$ 4,25 por unidade. A aplicação do direito vale por cinco anos. 1 Ventiladores de Mesa Resolução que permite a manutenção do direito antidumping contra a importação de ventiladores de mesa chineses. Essa importação passará a ter alíquota ad valorem de 45,24%. A resolução entrará em vigor a partir de 7 de agosto de 2007, quando termina a vigência do direito atual, e terá valor por cinco anos. (Mais informações em www.mdic.gov.br) Tecidos e Tapetes A Câmara de Comércio Exterior (Camex) também concordou com um pleito do governo argentino de elevar a Tarifa Externa Comum (TEC), aplicada pelos quatro sócios originais do Mercosul, para tecidos e tapetes de qualquer origem (tecidos, hoje em 20%, para 30% e no caso dos tapetes para 35%). Essa iniciativa atende às queixas dos produtores argentinos contra a escalada de importações de concorrentes chineses. Mas veio a calhar ao Brasil, que pleiteará o aumento da TEC a 35% para calçados e confecções pelo mesmo motivo. O aumento da tarifa comum precisa ser aprovado pelos presidentes do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina, países integrantes do Mercosul, para só então entrar em vigor. Em 11/07/2007, o Paraguai aceitou a proposta de aumentar de 20% para 35% a Tarifa Externa Comum (TEC) de importação de calçados e confecções de países fora do Mercosul. No decorrer deste mês de julho, o governo brasileiro vai tentar convencer o Uruguai a também apoiar a reivindicação e ter o apoio do Paraguai para o aumento das tarifas de tecidos. (Camex aplica sobretaxa a artigos chineses, O Estado de S. Paulo, 20/06/2007) Ida à OMC contra barreiras a Carne Bovina Carnes Além dessas regulamentações, o governo brasileiro irá se queixar à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as barreiras impostas pela China sobre as exportações do País de carne bovina. A queixa se refere à recusa chinesa de reconhecer áreas no território brasileiro como livres de febre aftosa. Os chineses não separam os estados brasileiros em termos fitossanitários e aplicam restrições generalizadas. O Brasil quer que áreas livres de aftosa possam exportar carne para o mercado chinês. (Brasil na OMC contra embargo chinês, O Estado de S. Paulo, 27/06/2007) Aeronaves Embraer fecha venda com Japão A Embraer, terceira maior fabricante mundial de aeronaves para vôos comerciais, recebeu encomendas no valor de aproximadamente US$ 3,1 bilhões da Lufthansa e da Japan Airlines (JAL). A alemã Lufthansa, a segunda maior companhia aérea da Europa, encomendou 30 aviões modelo E-Jet 190 da Embraer, e a JAL solicitou dez aeronaves E-Jet 170, com opções para mais cinco aviões, afirmou a empresa, durante a feira Paris Air Show, a principal do setor. As entregas dos aviões para a JAL começarão em 2008 e, para a Lufthansa, em 2009. O pedido da companhia alemã é o maior feito para a linha E-Jet 190 desde que o grupo chinês HNA comprou 50 aeronaves desse mesmo modelo em agosto do ano passado. A empresa, que é a quarta maior do setor na China, adquiriu ainda 50 aviões ERJ 145 em um negócio de US$ 2,7 bilhões. (Embraer vende US$ 3,1 bi para Lufthansa e JAL, Folha de São Paulo, 19/06/2007) 2 Embraer fecha venda com Índia A Embraer conquistou um cliente de peso na Índia, que comprará, neste ano, 40 jatos ER-175 com gasto estimado de US$ 1 bilhão, segundo informou ontem o diretorgerente da Paramount Airways, M. Thiagarajan. No ano passado a Paramount, que só oferece assentos de classe executiva e primeira classe, a preços equivalentes aos das classes imediatamente inferiores, comprou cinco jatos ER-170/175 da Embraer e hoje transporta, segundo o executivo, cerca de cem mil passageiros por mês. A Embraer fornece engenheiros e pilotos para as aeronaves, mas, segundo Thiagarajan, treina pessoal da própria Paramount para assumir as operações, a partir do próximo ano. O executivo disse que pensa em ampliar a frota, com aviões maiores, ER-190 da Embraer. O setor de aviação indiano é um dos clientes potenciais do Brasil, identificados pelo Itamaraty como candidatos a elevar o comércio bilateral de US$ 2,4 bilhões. O setor registra crescimento médio anual de 25% no tráfego aéreo, hoje de cerca de 17 milhões de passageiros/ano. (Embraer fecha negócio de US$ 1 bi com indianos, Valor Econômico, Sérgio Leo, 06/06/2007) Energia Petrobrás vai explorar petróleo na Índia Duas missões comerciais da Petrobras à Índia e uma visita da estatal indiana Oil and Natural Gás Corporation (ONGC) ao Brasil, em abril, bastaram para que as duas gigantes petrolíferas selassem, ontem, em Nova Delhi, um acordo inédito para exploração de gás natural e petróleo. (os blocos a serem explorados ficam nas bacias de Krishna Godavari, Mahanadi e Cauvery). A reconhecida excelência da estatal brasileira em exploração em águas profundas e ultraprofundas foi mais que o suficiente para atrair o interesse da indiana, que pelo acordo vai atuar em parceria com a empresa brasileira em três blocos (os blocos a serem explorados ficam nas bacias de Krishna Godavari, Mahanadi e Cauvery). Para se ter uma idéia do tamanho das reservas, em apenas um dos blocos o potencial de descoberta de gás gira em torno de 112 bilhões de metros cúbicos - o equivalente a um terço das jazidas da bacia de Santos, a maior reserva do País. A estréia da Petrobras na Índia prevê investimento inicial de US$ 150 milhões, direcionado à perfuração dos poços. No bloco com reservas já estimadas (de 112 bilhões de m³), a Petrobras terá fatia de 15%, podendo chegar a 30%, conforme o andamento do processo exploratório. Nos outros dois, participará com 40% e 25%. O acordo também prevê a exploração, pela ONGC, de três blocos no Brasil - no Maranhão, bacia de Sergipe-Alagoas e bacia de Santos. A ONGC produz cerca de 600 mil barris de petróleo e 70 milhões de metros cúbicos de gás por dia e tem procurado diversificar sua atuação com investimentos em outros países. Recentemente, adquiriu 15% de participação nos campos de Ostra, Abalone, Argonauta e Nautilus, na Bacia de Campos, operados pela Shell, nos quais a Petrobras participa com 35%. (Petrobras vai em busca do gás natural indiano, Gazeta Mercantil, Sabrina Lorenzi, 05/06/2007) Primeira venda de etanol para o Japão A Petrobrás informou ontem que completou, em 7 de junho, a primeira operação de exportação de álcool para o Japão. Segundo a estatal, foram 73 mil litros de etanol para consumo industrial, que foram desembarcados na cidade de Kobe. A operação foi realizada pela Brazil-Japan Ethanol, fruto de uma parceria entre a Petrobrás e a estatal japonesa Nippon Alcohol Hanbai. 'Apesar do volume envolvido não ser expressivo, essa exportação é importante para avaliar todas as etapas do processo da 3 logística envolvida e o seu impacto na qualidade final do produto, que vai desde a origem no Brasil até o cliente final no Japão', disse a Petrobrás. (Petrobrás faz primeira venda de etanol ao Japão, O Estado de S. Paulo, 12/06/2007) Parceria Sino-brasileira em Etanol Uma parceria entre a empresa estatal chinesa BBCA Bioquímica, da província de Anhui, e o Grupo Farias (estado de Pernambuco) vai abrir duas usinas de álcool no Brasil previstas para estarem entre as maiores do País. As duas usinas deverão ser construídas no Maranhão e devem entrar em funcionamento entre 2009 e 2010. A produção inicial será de 800 milhões de litros de etanol por safra, podendo chegar a 1 bilhão de litros por safra. O custo das usinas será de aproximadamente US$200 milhões (R$390 milhões). A produção será totalmente dedicada à exportação para a China. Cada usina terá capacidade de processamento de 5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, com produção de 400 a 500 milhões de litro de etanol por safra. Esses números colocam as duas unidades como as segundas maiores do Brasil. Atualmente a maior usina de etanol do País é a San Martin, que está localizada na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e tem capacidade para processar 7,3 milhões de toneladas de cana por ano. O Grupo Farias deve ter parte majoritária na parceria sino-brasileira e ainda avalia a melhor estratégia para conseguir uma redução nas taxas de importação sobre etanol na China. Segundo dados da embaixada brasileira em Pequim, pela tabela tarifária do governo chinês, os impostos sobre importações de álcool podem variar entre 30% e 40%. Há pouco mais de uma semana a China anunciou que vai parar de produzir álcool a partir de milho, por questões de segurança alimentar. O aumento no preço do grão, que serve como base de ração para animais, contribuiu para a inflação dos preços da carne de porco, principal fonte de proteína na dieta dos chineses. (Parceria sino-brasileira criará 2ª maior usina de etanol do Brasil, BBC Brasil, 26/06/2007) Lobby do Etanol nos EUA, Europa e Ásia A União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) montará ainda este ano os três primeiros escritórios de representação institucional do setor sucroalcooleiro brasileiro nos principais mercados mundiais. A entidade instalará representações em Washington D.C., em Bruxelas e na Ásia. Ainda não está definido se a base ficará no Japão, na Índia ou na China. O objetivo é se aproximar dos centros de decisão, ampliar as informações sobre o álcool combustível e tentar a partir disso influenciar medidas que favoreçam a quebra de barreiras para exportação do etanol brasileiro. (Lobby do álcool irá para EUA, Europa e Ásia, O Estado de São Paulo, 26/06/2007) Cooperação Técnica Brasil-China: Três Gargantas Técnicos brasileiros seguem ao país asiático para dar assistência ao projeto de Três Gargantas. No mês de junho, uma equipe de nove técnicos brasileiros da usina de Itaipu seguirá para aquele país para iniciar o processo de venda e transferência de tecnologia para as áreas de operação e manutenção da hidrelétrica de Três Gargantas. A megausina tirou de Itaipu o título de maior do mundo com suas 32 turbinas de 700 MW e geração de 22,4 mil MW, ante 20 turbinas da binacional, que geram 14 mil MW. O pedido para contratação de técnicos foi feito há uma semana à Eletrobrás. O interesse chinês é decorrente do fato das turbinas de Três Gargantas serem similares às de Itaipu, construídas pelos mesmos consórcios. Segundo o diretor técnico de Itaipu, Antônio Otelo Cardoso, "foram executadas nada menos do que 167 mudanças no projeto das máquinas e muitas delas os chineses querem conhecer, principalmente a dos nossos ganhos de eficiência na maneira de observar a máquina para saber se ela necessita ou não de manutenção. Mas eles querem saber até a quantidade de peças de reposições necessárias em estoque", explica Cardoso. 4 As subsidiárias brasileiras da Alstom Power e da Voith Siemens Hidro Power Generation também estão participando do projeto de Três Gargantas. A Voith Siemens fez um contrato de fornecimento de seis grupos geradores firmado em consórcio com a General Electric, num valor de US$ 320 milhões. A participação brasileira foi de US$ 47 milhões, o equivalente ao projeto e componentes para três turbinas. A Alstom fez um contrato € 163 milhões para o fornecimento de quatro turbinas, das quais uma produzida na fábrica de Taubaté (SP) (Itaipu vende tecnologia à megausina da China, Gazeta Mercantil, Norberto Staviski, 15/05/2007) Diversos Empresa brasileira realizará mapeamento geográfico na Indonésia A OrbiSat, empresa de base tecnológica totalmente nacional, assinou nesta semana um contrato de US$ 2 milhões com o governo da Indonésia. A empresa será responsável pelo mapeamento geográfico da região de Kalimantan, ex-Bornéu, que ocupa uma extensão de 30 mil quilômetros quadrados e é detentora de uma vasta floresta tropical, alvo de um intenso processo de devastação. A OrbiSat participou de uma licitação internacional concorrendo com outras três empresas de países distintos. O governo indonésio manteve sigilo sobre o nome dos concorrentes, entretanto escolheu a companhia brasileira por melhor preço e qualificação para o serviço de levantamento geomorfológico desta região do país. Segundo a direção da empresa, as operações terão início em julho e o trabalho será realizado em duas etapas. A primeira será para coleta de imagens e durará dois meses. A segunda, estipulada para seis meses, realizará o processamento do material recolhido pelo radar. (OrbiSat fornece sistema à Indonésia, Gazeta Mercantil, Júlio Ottoboni, 18/05/2007) Asian Pulp & Paper instala-se no Brasil A Asian Pulp & Paper (APP), que produz 4 milhões de toneladas de celulose e 14 milhões de toneladas de papel ao ano, acaba de instalar uma subsidiária no Brasil, seu primeiro escritório na América Latina, com o objetivo de ampliar a sua venda de papéis no País, o que até agora era feito por distribuidores.A APP já vende ao Brasil desde 2002 e hoje comercializa 32 mil toneladas ao ano de papel para grandes editoras e outros clientes de peso. A APP Brasil pretende dobrar este volume em 5 cinco anos. A APP opera no Brasil apenas com papel isento de impostos de importação. São produtos usados no mercado chamado didático (livros, publicações, jornais). Não há planos de entrada no setor de papéis comerciais. O escritório brasileiro traz consigo a filosofia asiática de atuar horizontalmente, focando apenas a qualidade de seu produto e trazendo parceiros para as outras funções, tais como distribuição, importação, armazenamento e inclusive cessão de crédito. O papel virá das 17 fábricas que a APP tem no mundo. A empresa asiática possui cinco fábricas de celulose na China e Indonésia e anunciou recentemente uma nova fábrica de celulose de mais 1 milhão de toneladas ao ano, que iniciará operações em 2009, no Sul da Indonésia. As fábricas da APP possuem todas as certificações do tipo ISO e também a Forest Stewardship Council (FSC). (Gigante asiática APP abre escritório no Brasil para cativar cliente, Gazeta Mercantil, Juan Velásquez, 21/05/2007) Primeiro lote de produto com patente quebrada Em 26/06/2007 chegou ao país a encomenda de remédios genéricos do Efavirenz produzidos por laboratórios indianos e destinados a pacientes com aids. A encomenda foi entregue quase dois meses após o governo brasileiro ter decretado a licença compulsória do medicamento produzido pelo laboratório americano Merck, detentor da patente do Efavirenz. O laboratório Merck cobrava US$ 1,59 por pílula do remédio. O 5 governo brasileiro informou que a pílula do genérico está sendo comprada agora por cerca de US$ 0,45. A compra do produto vindo da Índia está sendo feita com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O Brasil solicitou ao organismo internacional a intermediação no negócio por ser uma forma de garantir a qualidade do produto e o preço mais baixo, além de ter a chancela de um órgão ligado às Nações Unidas. No pedido feito com o Unicef, o Brasil espera receber dos laboratórios indianos aproximadamente 13,5 milhões de unidades do Efavirenz genérico. Além do Unicef, o governo brasileiro fará a compra do produto genérico com a intermediação da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Serão mais 13,5 milhões de unidades até atender à necessidade do País, considerado modelo mundial no programa de combate e tratamento da aids. Em maio, logo após decretar a licença compulsória, o governo havia anunciado que pagaria à Merck 1,5% do valor que será destinado para a compra dos lotes de remédios genéricos devido aos royalties - uma espécie de compensação pelo direito do uso da patente. Isso significa que, a cada US$ 100 pagos para produtores indianos, outro US$ 1,50 deve ser pago para a Merck. Pelas regras internacionais, esse porcentual pode variar entre 0,5% até 4%. De outro lado, pressionado pelo governo brasileiro, o laboratório Rambaxi, que passou a exportar ao Brasil genéricos para tratamento da aids, também se comprometeu a construir uma fábrica em um terreno que já comprou no Rio de Janeiro. (Brasil recebe lote de genérico do Efavirenz, O Estado de S. Paulo, Leonencio Nossa, 27/06/2007) Perspectiva do IBAS avançar para um Acordo Comercial Em decorrência do agravamento do impasse na Rodada Doha, a Índia não quer esperar um acordo na Organização Mundial do Comércio para reduzir as barreiras comerciais com o Brasil e a África do Sul. Em declaração ao jornal O Estado de S. Paulo, o Ministro do Comércio, Kamal Nath, defendeu a ampliação dos acordos entre os três países e mesmo com outros países emergentes. Esta iniciativa corresponde, de um lado, a uma tendência de busca de uma maior integração entre os países que formam o grupo IBAS (Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul) e, de outro, ampliação do atual acordo com o Mercosul. No que se refere ao Mercosul, há a necessidade prévia do Congresso brasileiro ratificar o entendimento que prevê cortes limitados de tarifas e inclui apenas parte do fluxo de comércio entre a Índia e o Mercosul. Os indianos estariam dispostos a oferecer um corte até 50% em algumas tarifas de importação para bens industriais exportados pelo Brasil, sendo que o atual acordo prevê um corte de apenas 20%. O objetivo dos dois países é passar de um comércio de aproximadamente US$ 2.5 bilhões para mais de US$ 10 bilhões em poucos anos. (Índia quer negociar acordo fora da OMC, O Estado de S. Paulo, Jamil Chade, 13/07/2007) Calçadistas transferem produção para a Ásia Sentindo-se prejudicados pela valorização do real, calçadistas brasileiros estão transferindo fábricas para China, Índia e Argentina. A lista das que estão de saída ou já transferiram-se para outro país, pelo menos em parte, é grande: Azaléia, Paquetá, Paramont, São Paulo Alpargatas, West Coast, Vulcabrás, só para citar algumas. A Formas Kunz, maior exportadora brasileira de fôrmas para calçados, fundada em Nova Hamburgo (RS), em 1927, conclui mil metros quadrados de uma nova fábrica em Chennai, sul da Índia, com investimentos de U$ 2,5 milhões. As operações devem ser iniciadas em julho, com 50 funcionários e produção diária de mil pares - um quarto do que a empresa produz no Brasil e quase o dobro das exportações. Até o final do ano, as instalações serão ampliadas para 4 mil metros quadrados. A fábrica na Índia 6 produzirá para mercados próximos como China, Paquistão, Afeganistão e norte da África. Também atenderá à crescente demanda no mercado interno. A Índia já é o segundo maior produtor de calçados do mundo, com 2 bilhões de pares produzidos em 2006, pouco mais de 10% para exportação. Perde apenas para a China, que chegou a 10 bilhões de pares no ano passado, 70% com destino a outros países. O Brasil vem em seguida, mas, em números, está distante dos concorrentes, com 725 milhões de pares, sendo 189 milhões para o exterior - menos de 3% do dragão chinês. Desde outubro, a Azaléia abastece 25% do seu mercado externo com calçados produzidos por fábricas terceirizadas na China. Foi o primeiro país a atrair empresas calçadistas brasileiras, nos anos 1990, quando desembarcou por lá a Paramont, que hoje produz 25 milhões de pares por ano em mais de 30 fábricas terceirizadas na região de Cantão, sudoeste do país, que concentra 80% da produção de calçados chineses. China e Índia estão nos planos da West Coast, que estuda transferir parte de sua produção de exportação - 30% dos 2,4 milhões de pares fabricados anualmente - para a Ásia ou América Latina. (Fabricantes de calçados deixam o País para não perder mercado, O Estado de S. Paulo, Adriana Carranca, 04/06/2007) Esforço para colocação de ações brasileiras na Ásia Depois de vender suas ações maciçamente a investidores dos Estados Unidos e Europa, as empresas brasileiras que fazem ofertas de ações começam a avançar sobre novas porções do globo. Países da Ásia e do Oriente Médio são os mais novos pontos de parada das companhias em busca de demanda por suas ações. Os investidores estrangeiros têm sido o grande motor das ofertas públicas de ações brasileiras e já despejaram R$ 50 bilhões nessas operações de 2004 até agora (total de compras, sem considerar vendas). O que quer dizer que, em média, responderam por 70% de todo o volume comprado nas mais de 100 ofertas realizadas no período. Até agora, os protagonistas desse movimento foram fundos dos Estados Unidos e Europa. Mas, desde o fim do ano passado, investidores asiáticos têm participado das ofertas públicas iniciais de companhias brasileiras de maneira crescente. E não é só. Vêm adquirindo participações em empresas já negociadas no pregão da Bovespa. Estimativas conservadoras apontam para mais de US$ 1 bilhão investidos até agora em ofertas iniciais e na bolsa. Em busca de uma base mais diversificada de compradores para os papéis de empresas, os bancos de investimento têm levado os clientes para fazer "road shows" por China, Hong Kong, Cingapura e Japão. E Dubai, nos Emirados Árabes, também começa a entrar no programa. O Itaú começa agora em julho a fazer as primeiras apresentações de IPOs (oferta pública inicial, na sigla em inglês) pela Ásia. "Há uma grande liquidez na região e eles são exportadores de capital", diz Roberto Nishikawa, diretor da Itaú Corretora, que abriu uma corretora em Hong Kong em setembro. Na sua avaliação, o Brasil disputa recursos com outros dois Brics asiáticos - China e Índia - e leva vantagem em termos de preço. "As ações brasileiras ainda estão mais baratas." De acordo com ele, o índice preço/lucro médio da bolsa brasileira está em 9,2 vezes, enquanto na Índia é de 17 e na China, de 16,2. O p/l indica o número de anos de lucro para se obter retorno com o investimento, dado o preço atual da ação; quanto maior o índice, em tese, mais caro o papel. A busca por diversificar a base de potenciais compradores para os papéis brasileiros é importante para dar sustentação ao crescente volume de IPOs de companhias brasileiras e de alta da bolsa como um todo. Mas a via é de mão dupla. Em boa medida, foram os investidores asiáticos e do Oriente Médio que provocaram a ida das empresas brasileiras até eles, ao demonstrar interesse diante dos avanços macroeconômicos do esperado "investment grade". 7 (Ásia é nova fronteira nas ofertas de ações, Valor Econômico, Vanessa Adachi e Raquel Balarin, 06/07/2007) Embaixadores da ASEAN visitam o Rio Grande do Sul Embaixadores de seis dos 10 membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) apresentaram, em 05/07/2007, a empresários gaúchos o que têm para vender e desejam comprar: carne, soja, calçados de couro, além da tecnologia de produção de biocombustíveis. Essa é a primeira vez que representantes do bloco visitam o Estado do Rio Grande do Sul, conhecendo as regiões produtoras de vinho e de móveis e fazendo contatos com universidades. “Nossos empresários estão habituados a fazer negócios em São Paulo. Ficamos muito contentes em saber que o Rio Grande do Sul tem produtos complementares a nossa economia, como carne, fumo e soja”, disse o embaixador da Indonésia, Bali Moniaga. Uma das descobertas foi a de que a indústria de aves local exporta cortes especiais produzidos segundo especificações religiosas determinadas. Alguns desses países têm grande número de muçulmanos, por exemplo. Os asiáticos mostraram surpresa com o churrasco gaúcho, mas, de acordo com a embaixadora das Filipinas, Teresita Barsana, seus compatriotas gostam é da carne enlatada importada do Brasil. As trocas comerciais entre os membros da Asean e o Rio Grande do Sul não chegam 5% do comércio exterior brasileiro. A visita dos embaixadores, organizada pelo recémcriado grupo parlamentar Brasil-Asean, da Câmara Federal, deverá evoluir para uma missão empresarial do Estado aos países da associação. (Ásia em busca de acordo comercial no RS, Zero Hora, 06/07/2007) Tata assume controle total da TCS do Brasil A indiana Tata Consultancy Services assumiu o controle total da TCS do Brasil, jointventure criada com o Grupo TBA. Maior empresa indiana e uma das maiores do mundo na prestação de serviços de software, a Tata, que tinha 51% de participação na sua subsidiária brasileira, pagou US$ 33,4 milhões de dólares ao Grupo TBA pela fatia restante. No acordo de criação da subsidiária local em 2002 pelas duas empresas já era previsto a indiana assumir 100% de participação ao fim de cinco anos. A TCS Brasil faturou US$ 66,5 milhões ao fim do ano fiscal 2007, em março, e tem 1,7 mil funcionários, que atendem clientes como ABN Amro, Renault e Brasil Telecom. Uma das maiores revendedoras de produtos da Microsoft no Brasil, a TBA é a holding dona da B2Br e da True Access Consulting. (TCS Brasil é 100% da Tata, Gazeta Mercantil, 28/05/2007) Siderúrgica Gerdau investe na Índia e demonstra intenção de investimento na China O grupo siderúrgico brasileiro Gerdau está interessado em instalar uma siderurgia na China com a capacidade de um milhão de toneladas por ano em parceria com uma estatal chinesa. O presidente do Conselho de Administração, Jorge Gerdau Johannpeter, disse ainda que como primeiro passo para a entrada do grupo na Ásia, a Gerdau adquiriu 45 por cento da siderúrgica SJK Steel Plant, do grupo Kalyani, na Índia. O contrato de compra foi assinado em 22 de junho, depois de quase seis meses de conversações com os parceiros indianos, por cerca de 71 milhões de dólares. A unidade tem uma capacidade de 275 mil toneladas de aço líquido por ano e será ampliada para 1,6 milhão de toneladas "nos próximos anos" com investimentos de 250 milhões a 300 milhões de dólares. (Gerdau anuncia que vai entrar na China e estabelece parceria com empresa indiana, MacauHub, 25/06/2007) 8 Estatísticas do Comércio Exterior Os dados do pimeiro semestre confirmam a previsão de que o Brasil vai fechar o ano com o primeiro déficit comercial com a China desde 2000. A projeção, da Fundação do Centro de Estudos do Comércio Exterior, estima que o valor negativo nas transações comerciais pode chegar à faixa de US$ 1 bilhão. A valorização do real funciona como estímulo adicional aos produtos chineses (enquanto em outubro de 2002 a moeda americana chegou a ser cotada a R$ 4,00, em 13 de julho de 2007 fechou em R$ 1,87). Dessa forma, os consumidores têm acesso facilitado a produtos eletrônicos e a indústria de bens de capital encontra uma oferta a custos mais baratos que internamente. De janeiro a maio as importações de aparelhos eletromecânicos de uso doméstico cresceram 98%, máquinas automáticas para processamento de dados (78%) e motores, geradores e transformadores (67%). De outro lado, no semestre em relação ao mesmo semestre do ano anterior, as exportações brasileiras para a China cresceram 34.3%, enquanto a pauta total brasileira apresentou crescimento de 19.9%. (Brasil deve ter o primeiro déficit comercial com a China em 7 anos. O Estado de S. Paulo, Nilson Brandão Junior, 13/07/2007) Entretanto, não de deve deixar de considerar que a tendência de déficit no relacionamento comercial com a Ásia não se restringe à China, englobando também os demais principais mercados, sendo que com o Japão a balança apresenta-se relativamente mais equilibrada. Em termos de padrão de relacionamento, persiste a elevada importância dos produtos básicos. O agronegócio brasileiro, no total Brasil, fechou o primeiro semestre do ano com exportações de US$ 26,75 bilhões, 25,3% acima dos US$ 21,35 bilhões registrados no mesmo período de 2006. Em moeda local, porém, o crescimento foi menor. Com a desvalorização do dólar, as vendas aumentaram 16,8% em reais - de R$ 54,7 bilhões para R$ 46,8 bilhões, segundo a cotação média do dólar nos dois primeiros semestres do ano. Houve forte crescimento dos embarques do complexo carnes (38,8%), soja (27,2%), café (27,3%), sucroalcooleiro (20,9%), produtos florestais (12,3%), couros (11,8%) e sucos de frutas (83,5%). As vendas do complexo soja evoluíram para US$ 5,39 bilhões, e os embarques de açúcar e álcool passaram a US$ 3,05 bilhões. O país exportou US$ 1,83 bilhão em café e vendeu US$ 4,24 bilhões em produtos florestais. A maior expansão se deu, porém, nas exportações de suco de frutas, que saltaram de US$ 685,3 milhões para US$ 1,25 bilhão na comparação entre os primeiros semestres de 2006 e 2007. No entanto, na análise por regiões ou blocos econômicos de destino, as vendas do agronegócio para a Ásia cresceram bem menos as demais regiões: Oriente Médio (48%), União Européia (34,5%), África (24,5%) e Ásia (19,3%). (Exportação do agronegócio sobe 16,8% em reais, Valor Econômico, Mauro Zanatta, 09/07/2007) 2006 Ásia 15.2 Coréia do Sul 1.5 China 6.0 Japão 3.0 Índia 0.6 Total Brasil US$ 1000 FOB 61.056.904 Fonte: MDIC, Brasil PARTICIPAÇÃO NA BALANÇA COMERCIAL – PRIMEIRO SEMESTRE EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO EM % EM % 2007 Variação 2006 2007 Variação 15.7 23.8 25.6 24.8 23.4 1.3 4.9 3.9 2.9 (5.2) 6.7 34.3 8.4 9.9 49.1 2.8 14.8 4.6 4.0 10.1 0.6 27.6 1.4 1.4 29.7 73.213.866 19.9 41.524.064 52.575.566 26.6 SALDO EM US$ 1000 FOB 2006 2007 (1.318.649) (1.582.191) (706.106) (577.954) (166.399) (295.299) (88.187) (13.216) (231.436) (307.552) 19.532.840 20.638.300 9 Básicos Semi-manufaturados Manufaturados Fonte: MDIC, Brasil Exportação por Fator Agregado (Primeiro Semestre de 2007) - Em % ÁSIA JAPÃO CHINA 57.6 53.1 72.4 23.6 28.1 18.1 18.5 18.7 9.2 CORÉIA DO SUL 61.3 26.3 12.3 EXPORTAÇÃO BRASILEIRA POR PRODUTOS SELECIONADOS PRIMEIRO SEMESTRE - (EM % DO TOTAL EXPORTADO PARA CADA PAÍS) CHINA CORÉIA DO SUL JAPÃO 2006 2007 Variação 2006 2007 Variação 2006 2007 24.1 27.4 53.1 12.7 14.7 21.1 18.0 17.8 Minérios Não Aglomerados Minérios 4.7 Aglomerados Soja 34.9 Pedaços de 0.4 Frango Óleo Bruto 9.1 de Petróleo Aluminio não Ligado Café não Torrado Outros Produtos Ferro/Aço Fonte: MDIC, Brasil Variação 13.9 6.9 96.4 9.8 4.1 (55.6) 7.8 9.1 34.4 32.1 0.2 23.4 (40.7) 9.9 1.1 15.0 2.4 59.9 131.7 1.3 16.3 3.8 11.7 228.5 (17.6) 5.5 (19.3) 15.1 8.7 (39.1) - - - - - - - - 16.6 14.6 0.8 - - 1.6 1.5 - 7.0 6.6 7.6 - - 8.8 10.9 29.6 - - - 10