1 Relatório Biofórmula Leite Introdução O leite é principal

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1 Relatório Biofórmula Leite Introdução O leite é principal
Relatório Biofórmula Leite
Introdução
O leite é principal componente da dieta de animais na fase de cria, o que
caracteriza alto custo com alimentação nos rebanhos leiteiros. No entanto a atenção
nutricional para os animais dessa fase se faz importante uma vez que essa fase está
diretamente relacionada com o sucesso das fases subsequentes. Com isso, é
necessário buscar uma forma adequada para que os gastos nesta fase sejam
recompensados e refletidos no ganho de peso e saúde animal.
Outros custos além da alimentação são representativos na fase de cria, já que é
uma fase caracterizada por alta morbidade, em função da imaturidade metabólica dos
animais e alta susceptibilidade às doenças. Os prejuízos relacionados com a sanidade
de animais jovens normalmente são provenientes de enfermidades como tristeza
parasitária, pneumonia e, principalmente, a diarreia.
A diarreia, causada por alteração do equilíbrio do intestino e proliferação de
bactérias patogênicas leva, em muitos casos, à redução no desempenho, chegando à
morte do animal se não for tratado com rapidez. Assim, estratégias no manejo alimentar,
como inclusão de pré e probióticos na dieta, podem ser adotadas a fim de minimizar os
riscos
das
principais
enfermidades
buscando
manter
a
sanidade
animal
e
consequentemente aumentar o desempenho.
Probióticos são suplementos alimentares à base de microrganismos vivos, que
afetam beneficamente o animal hospedeiro, promovendo o balanço da microbiota
intestinal. Mudanças alimentares e estresse são condições chaves para o desequilíbrio
da microflora intestinal. Essas são ocasiões em que os probióticos podem reverter o
quadro, o que levará à restauração da microflora intestinal e permitirá o animal voltar ao
equilíbrio a partir de microrganismos benéficos.
Já os prebióticos são componentes de alimentos vegetais, que não são
digeríveis em qualquer das etapas do processo digestivo. Portanto, o consumo do
prebiótico é benéfico, pois estimula seletivamente o crescimento e a atividade de uma
ou mais espécies bacterianas no trato gastrointestinal, ou seja, atuará no intestino como
um ativador do sistema imune e manutenção da microflora intestinal. Para potencializar
a utilização desses produtos, é mais viável o fornecimento em conjunto, ou seja, um
composto múltiplo de microrganismos vivos e seu substrato necessário para o
desenvolvimento.
Ensaios publicados com pré e probióticos para bezerros ainda são escassos,
sendo necessário maior investigação sobre a influência desses produtos no
desempenho animal, tendo em vista a possibilidade de reduzir o uso de antibióticos e
1 também potencializar o desempenho animal, como ganho de peso e menor idade ao
desaleitamento.
O ensaio teve como objetivo avaliar o desempenho de bezerras da raça
Holandesa com adição de pré e probióticos na dieta sob diferentes níveis de
aleitamento, e avaliar o parâmetro de consistência fecal nas fases de aleitamento e pós
desaleitamento.
Metodologia
O experimento foi realizado na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão em Gado
de Leite (UEPE-GL) do Departamento de Zootecnia (DZO) da Universidade Federal de
Viçosa (UFV), localizada na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, posicionada a
20°45’20” de latitude sul e 42°52’40” de longitude oeste, altitude média de 651,00
metros, clima CWA, pela classificação de Köppen (verão úmido e inverno seco),
temperatura máxima de 26°C e mínima de 14°C, apresentando temperatura média
anual de 20,9°C, umidade relativa de 80% e precipitação pluviométrica de 1.203 mm.
Foram utilizadas 32 bezerras da raça Holandesa com peso médio ao nascimento
de 34 kg (±7), que permaneceram no experimento do sexto dia de vida até quinze dias
após à desmama. Após o nascimento, foi realizada a cura do umbigo, feita com solução
de iodo 10%. Os animais foram identificados, separados da mãe e alojados em baias
individuais. As baias possuem dimensão total 8,22 m² sendo piso em concreto e área
da cama de 2,60 m² com bagaço de cana-de-açúcar, providas de cochos para
concentrado e água. A colostragem foi feita durante os três primeiros dias de vida, sendo
fornecido 15% do peso vivo ao nascimento, divido em três refeições diárias. Do terceiro
até o quinto dia foi realizada a adaptação do aleitamento de mamadeira para baldes,
sendo iniciado o experimento no sexto dia de idade.
A partir do sexto dia de vida, os animais foram divididos em um delineamento em
blocos inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 2, sendo dois tipos de
aleitamento e presença ou não do BIOFÓRMULA LEITE (BF-LEITE - composto
comercial de enzimas e probióticos - Super Premium Tecnologia em Agropecuária Ltda,
de Goiânia-GO), com oito repetições.
Os tipos de aleitamento avaliados foram: (T1) 20% PVN para a 1a e 2a semana de
nascimento, 15% PVN para 3a e 4a semana de nascimento e 10% PVN para a 5a e 8a
semana de nascimento; (T2) 10% PVN da 1a até a 8a semana de nascimento.
Além do leite, foi ofertada dieta sólida. O concentrado apresenta composição na
Tabela 1 e foi formulado de acordo com as exigências no NRC 2001. O concentrado foi
2 ofertado em baldes, sempre pela manhã, com consumo diário medido pela diferença
entre a quantidade ofertada e as sobras.
Tabela 1. Teores dos ingredientes do concentrado e análise bromatológica dos
alimentos.
Proporção dos ingredientes no concentrado
Itens
g/kg
Farelo de Soja
324,9
Fubá de Milho
626,4
Farelo de Trigo
30,94
Fosfato Bicálcico
3,03
Calcário
11,23
Sal comum
2,37
Mistura Vitamínica
1,01
Mistura Mineral1
0,2
Análise Bromatológica
Concentrado
Leite Integral
MS (%)
86,82
12,45
PB²
20,08
3,55
EE²
2,89
3,39
Cinzas²
4,92
1,2
FDN²
19,99
Lactose²
4,5
1
Conteúdo (g/kg): Sulfato de Zinco – 180,0; Sulfato de Cobre – 150,0; Sulfato de
Cobalto – 10,0; Selenito de Sódio – 10,0 e Iodato de Potássio – 10,0. ²% da MS.
A idade ao desaleitamento foi avaliada considerando o consumo estável de 1.200
gramas de concentrado por dia. Após serem desaleitados, os animais passaram a
receber somente concentrado, ad libitum, por um período de 15 dias, durante este
período também foi avaliado o consumo.
A água foi disponibilizada ao consumo dos animais em baldes plásticos
específicos, sendo retirada no momento do aleitamento.
Os animais foram pesados ao início do período experimental, desaleitamento e 15
dias pós desmama, sendo calculado o ganho médio diário (GMD) para cada período.
A avaliação da intensidade de diarreia foi realizada, baseada nos seguintes
parâmetros de consistência fecal, com escores propostos por Lucci (1989): 1- Normal:
fezes firmes, mas não duras. Sua forma original é levemente distorcida quando caem
no chão e se assentam; 2- Mole: não apresenta forma; embora forme montes, se
espalha levemente; 3- Corrente: se esparrama rapidamente em lâmina de 6 mm de
profundidade; 4- Aquosa: consistência líquida. As incidências de escore 1, 2, 3 e 4 foram
determinados pelo número de dias com o respectivo escore em relação ao número de
dias até a desmama ou durante os 15 dias posteriores. Os escores 1 e 2 foram
considerados normais. A severidade da diarreia (duração e intensidade da diarreia)
3 (Lucci, 1989) foi reportada pelo número de dias consecutivos com o escore 4 de
consistência fecal, em relação ao número de dias até a desmama ou durante os 15 dias
posteriores. Foi ainda utilizado um índice de consistência fecal (ICF) proposto por
Passini (1997). O ICF indica que quanto maior o índice, mais intenso e duradouro foi o
amolecimento das fezes.
ICF= [(dE1 x 1) + (dE2 x 2) + (dE3 x 3) + (dE4 x 4)] x 100
Td x 4
Onde dE1, dE2, dE3, dE4 representam o número de dias com consistência fecal de
escore 1, 2, 3, 4, respectivamente e Td representa o total de dias até à desmama, ou os
15 dias após a desmama.
A avaliação da digestibilidade das dietas foi realizada em um período de 24 horas,
sendo que foram conduzidos três ensaios de digestibilidade: 56º±0,74 e 75º±2,13 dias
de vida dos animais. Durante os ensaios, foram realizadas coletas totais de fezes de 3
animais por cada tratamento. Fezes foram coletadas imediatamente após a defecação
e foram armazenadas em balde plástico com tampa durante o período de ensaio. Após
o termino do período de coleta, as fezes foram pesadas para estimar a excreção fecal
no período e homogeneizadas para amostragem. As amostras de fezes foram prédesidratadas em estufa ventilada a 55°C por 72h e moídas em moinho com peneira de
crivo de 1 mm, acondicionadas em frasco com tampa e armazenadas para posteriores
análises.
Foram coletadas amostras de leite no período dos ensaios e uma vez a cada trinta
dias, sendo as amostras analisadas pela Clínica do Leite, ESALQ - USP. As amostras
foram coletadas e armazenadas em tubos de plástico contendo conservante
(Bronopol®), e enviadas refrigeradas ao laboratório. Assim, foram utilizados os
resultados para os cálculos da digestibilidade.
Durante o período experimental era acompanhado o escore de consistência das
fezes dos animais, visualmente, para observação de eventual diarreia e, se necessário,
intervenção para tratamento. Realizou-se o tratamento com antibiótico, apenas, quando
os animais apresentavam sangue nas fezes, nos demais casos foram feitos antiinflamatório para combater a febre, quando a mesma era detectada.
As análises dos teores de MS foram realizadas segundo métodos descritos por
Detmann et al. (2012) [Método INCT-CA G-003/1 (2012)]. Para análises de PB
(nitrogênio total x 6,25), o método utilizado foi INCT-CA N001/1. Para análises da
concentração de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras foram analisadas
segundo o método INCT-CA F-001/1. Para análises de FDN foi realizada em analisador
4 de fibra (Ankon 220®), utilizando sacos de TNT (tecido não tecido), com dimensões de
5 x 5 cm, mantendo-se relação média de 20 mg de MS/cm2 de tecido e 100 mL de
detergente/g de amostra seca ao ar (Método INCT-CA F-003/1). As análises de Matéria
Mineral (MM) foram realizadas segundo o Método INCT-CA M-001/1, e extrato etéreo
(EE) segundo método Randall INCT-CA G005/1.
Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) das dietas foram calculados
adaptando-se o proposto por Hall (1992), sendo a equação final: CNF= 100 - %PB %FDN - %EE - %Cinzas]. Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados com
adaptações ao descrito por Weiss (1999), pela seguinte equação: NDT (%) = PBD +
FDND+ CNFd + 2,25 EED, em que: PBD = proteína bruta digestível; FDND = fibra em
detergente neutro digestível; CNFd = carboidratos não fibrosos digestíveis, EED =
extrato etéreo digestível.
Os dados de consumo e desempenho foram analisados através do procedimento
MIXED do SAS (9.2) segundo delineamento em blocos casualizados, em esquema
fatorial. Interpretou-se o efeito de época de nascimento como bloco, sendo este efeito
aleatório. Os fatores aleitamento e inclusão de produto, bem como suas interações
foram interpretados como efeitos fixos.
Para a digestibilidade, os dados foram analisados segundo um delineamento em
blocos casualizados, em esquema fatorial com medidas repetidas no tempo. Utilizou-se
o modelo misto com efeitos fixos de presença de BF- LEITE, nível de aleitamento,
período de digestibilidade como medida repetida dentro de animal e suas interações; e
o efeito aleatório de bloco e resíduo, utilizando-se o procedimento MIXED do SAS (9.2).
Foi utilizada a soma de quadrados tipo 3. Dentre todas as estruturas de erro
investigadas, a estrutura componente de variância (VC) obteve melhor ajuste segundo
o critério de informação bayesiano (BIC).
Todas as comparações entre as medias foram realizadas através de teste t,
utilizando-se a o cálculo de graus de liberdade do resíduo com a aproximação de
Kenward-Roger, adotando-se “α” igual a 0,10.
Resultados e discussão
Foi observado efeito para os diferentes níveis de aleitamento, 10% do peso vivo
ou 20% do peso vivo (P<0,10) (Tabela 2) para o peso final, ganho médio de peso pós
desaleitamento e ganho médio de peso final. Os animais aleitados com 10%PV e
20%PV apresentaram, respectivamente, os seguintes parâmetros: 77,8 e 85 kg; 547,69
e 787,54 g/dia; 549,3 e 646,37 g/dia. Ainda para efeito de aleitamento foi observada
5 diferença para os parâmetros consumo de concentrado durante o aleitamento, o total
do consumo de matéria seca durante o aleitamento, o consumo total de matéria seca
do período (Tabela 2), em que para os bezerros aleitados com 10%PV, os valores foram
de 290,53; 714,86 e 867,36 g/dia, respectivamente. Para os mesmos parâmetros
citados, os bezerros aleitados com 20%PV apresentaram consumos de 236,73;
1.672,44 e 1.016,48 g/dia, respectivamente. Por fim, os consumos em função do peso
vivo dos animais também apresentaram diferenças significativas entre os diferentes
níveis de aleitamento (Tabela 2). Os bezerros aleitados com 10%PV e 20%PV
apresentaram 0,566 e 0,435; 1,38 e 1,60; 1,54 e 1,71%, respectivamente, para os
consumos de matéria seca de concentrado por peso vivo no aleitamento, matéria seca
por peso vivo durante aleitamento e matéria seca total por peso vivo.
O maior desempenho observado para os animais aleitados com 20%PV se
apresenta como resultado bastante coerente, uma vez que houve maior aporte
energético, assim os resultados corroboram com os dados da literatura, que sugerem
que quanto maior nível de aleitamento, ou aleitamento ad libitum, maior o nível de ganho
e menor o consumo de concentrado durante o aleitamento, podendo ou não reduzir a
idade ao desaleitamento e consumo total de matéria seca (Jasper & Weary, 2002).
Observou-se que o nível de aleitamento e inclusão do produto, não tiveram
influência na idade à desmama (P>0,10). Esse fato pode ser explicado pelo maior CMS
de concentrado na fase de aleitamento pelo grupo de menor ingestão de leite, como
forma de compensar o consumo de energia. Assim, entende-se que o menor consumo
de leite nesta fase, sem perda de desempenho, é uma ferramenta positiva dentro do
sistema, reduzindo os gastos com o leite destinado ao aleitamento dos animais. Porém,
o aumento do fornecimento de leite tem sido uma prática comum em países
desenvolvidos e, recentemente, tomado grandes proporções entre os produtores
brasileiros. Trabalhos recentes comprovaram que o uso de maiores quantidades de leite
durante a fase de cria proporciona maior desenvolvimento de glândula mamária e,
consequentemente, maior potencial de produção de leite das futuras vacas (Foldager &
Krohn, 1994 e 1997; Pollard et al., 2003; Moallem et al., 2006; Davis Rincker et al.,
2011).
Não foi observada diferença significativa da inclusão do produto BF-LEITE
sobre o peso final e eficiência alimentar (P>0,10) (Error! Reference source not
found.). Pereira (2008) avaliou o desempenho de bezerras lactentes com inclusão ou
não de probiótico na dieta e não observou diferença nos resultados de desempenho em
função do uso ou não de probiótico. Em estudo semelhante, Morril et al. (1995) também
não observaram efeito significativo dos tratamentos, inclusão ou não de probiótico, no
desempenho animal, porém vale ressaltar que o mesmo foi realizado com sucedâneo e
6 não leite integral. Pode-se inferir que os resultados obtidos possam ter influência do
manejo sanitário que foi adotado no experimento. Os animais eram mantidos em baias
higienizadas duas vezes ao dia, o que reduzia o desafio sanitário e ambiental para os
animais.
A digestibilidade aparente dos nutrientes, bem como os valores de interação
entre as variáveis estão descritos na Tabela 3. Não houve efeito isolado das variáveis,
nível de aleitamento e inclusão de Biofórmula-Leite (P>0,10), apresentando valores de
digestibilidade média da matéria seca de 0,73 g/kg, da proteína bruta 0,69 g/kg, do
extrato etéreo 0,84 g/kg, de FDN 0,77 g/kg e de carboidratos não fibrosos 0,92 g/kg.
Foi verificado efeito significativo para período nos dados de digestibilidade de
extrato etéreo e de fibra em detergente neutro (FDN), bem como houve efeito de
interação entre período e nível de suplementação de leite (Tabela 3). O efeito de período
pode estar associado à dieta fornecida, pois os animais iniciaram o experimento
(período 1) apenas com leite e depois foram submetidos ao fornecimento de
concentrado, isso ocorrendo já próximo ao último período do experimento.
Houve efeito de interação entre o nível de aleitamento e o uso do BF-LEITE para
a digestibilidade de matéria seca e de FDN (P<0,10). Para a digestibilidade da matéria
seca (Figura 1) e da FDN (Figura 2) dos animais aleitados com 10%PV, não foi
observado efeito significativo da inclusão BF-LEITE, assim, a digestibilidade bem como
o menor aporte energético promovido pelo tratamento de 10%PV de leite, pode explicar
o menor desempenho apresentado pelos bezerros (Tabela 2). Por outro lado, nos
resultados observados para os animais aleitados com 20%PV (Figuras 1 e 2), foi
observado efeito significativo com a inclusão do BF-LEITE. Pode-se inferir que
aumentando o aporte de nutrientes, bem como o desafio para a digestão deste no trato,
a inclusão do BF-LEITE se mostrou importante ao auxiliar a digestão da FDN. Com isso
observamos a importância da inclusão do complexo enzimático de atuação em substrato
específico, que nesse caso é a fibra, o que aumentou a digestibilidade da FDN e
consequentemente a digestibilidade da matéria seca total.
Ensaio com bezerros bubalinos, também utilizando fórmula composta por
probióticos e enzimas fibrolíticas, apresentaram resultados como o aumento da
digestibilidade da FDN e matéria seca, bem como desempenho dos animais a partir da
inclusão do produto (Malik & Bandla, 2010). Acredita-se ainda que o efeito na
digestibilidade da fibra em detergente neutro (FDN) tenha sido provocada pela melhoria
das condições ambientais no trato gastrointestinal. Probióticos afetam beneficamente o
hospedeiro, por estimularem seletivamente o crescimento e a atividade de um número
limitado de bactérias no trato gastrointestinal (Newbold, 1996), e complexo enzimáticos
catalisam a digestão de fibra mais rapidamente (Wang & McAllister 2002).
7 Ao avaliar o escore fecal, podemos observar que houve diferença entre o escore
observado para os animais que receberam BF-LEITE e para os animais que não
receberam o probiótico (P<0,10). O escore fecal dos animais submetidos ao tratamento
com probiótico foi menor do que os animais que não receberam o produto (Figura 3),
assim podemos inferir que houve efeito sinérgico associado, tanto ao aumento de
digestibilidade, quanto a melhora das condições da flora do intestino, tornado assim os
animais mais saudáveis, coerente com a função principal dos probióticos, que, segundo
Batista et al. (2008), são alternativas no tratamento e na prevenção das diarreias, pois
contêm microrganismos benéficos que ajudam a suprimir os patogênicos. Esse
resultado se apresenta até mais importante, talvez, do que o desempenho de bezerros,
já que é um grande desafio alinhar o manejo sanitário e nutricional na fase de cria.
O presente estudo demonstrou resultados positivos para digestibilidade e
sanidade dos animais, no entanto há necessidade de mais pesquisas a fim de investigar
esses efeitos a longo prazo bem como resultados relacionados ao desempenho dos
bezerros. A literatura hoje se apresenta com escassez de trabalhos relacionando essas
respostas com o uso de probióticos associados a complexos enzimáticos, uma vez que
a maior parte dos trabalhos encontrados demonstram resultados em função desses
produtos separadamente.
8 69,42
77,79
545,60
547,70
CMS Conc. Aleitamento %PV
CMS Total Aleitamento %PV
CMS Total Desaleitamento %PV
CMS Total %PV
787,54
73,30
84,99
626,36
787,54
646,37
638,00
69,80
79,49
567,18
638,00
579,04
697,23
72,92
83,30
604,80
697,23
616,66
0,042
0,299
0,071
0,175
0,042
0,081
0,581
0,377
0,301
0,520
0,581
0,486
0,353
0,448
0,271
0,791
0,353
0,671
0,448
0,768
0,648
0,013
0,448
0,032
146,675
3,306
4,080
40,659
146,675
37,465
9 Eficiência Alimentar durante o Aleitamento
549,30
646,37
579,04
616,66
0,081 0,486 0,671 0,032
37,465
Eficiência Alimentar durante o Aleitamento
69,42
73,30
69,80
72,92
0,299 0,377 0,448 0,768
3,306
Eficiência Total do Período
77,79
84,99
79,49
83,30
0,071 0,301 0,271 0,648
4,080
MA - Manejo Alimentar. BFL – Biofórmula Leite. MA*BFL - Interação; EPM – Erro padrão da média. GMDA – Ganho médio diário no aleitamento;
GMDD – Ganho médio diário no desaleitamento; GMDT – Ganho médio diário total; ID – Idade desmama; CMS Conc. Aleitamento – Consumo
de matéria seca concentrado no aleitamento; CMSTA – Consumo de matéria seca total no aleitamento; CMS Conc. Desaleitamento – Consumo
de matéria seca concentrado no desaleitamento; CMST – Consumo de matéria seca total; CMS Conc. Aleitamento %PV – Consumo de matéria
seca concentrado no aleitamento % do PV; CMSTA %PV – Consumo de matéria seca total no aleitamento % do PV; CMSCA %PV – Consumo
de matéria seca total no desaleitamento % do PV; CMSCA %PV – Consumo de matéria seca total % do PV.
547,70
549,30
CMS Conc. Desaleitamento (g/dia)
CMS Total (g/dia)
Tabela 2. Desempenho de bezerras da raça Holandesa alimentadas com dois níveis de leite com ou sem inclusão do produto BF-LEITE.
Manejo de aleitamento
Inclusão BF-LEITE
Valor de P
MA*
Itens
10%PV
20%PV
Sem BFL Com BFL
MA
BFL
COV
EPM
BFL
Peso Desmama (Kg)
69,42
73,30
69,80
72,92
0,299 0,377 0,448 0,768
3,306
Peso Pós Desmama (Kg)
77,79
84,99
79,49
83,30
0,071 0,301 0,271 0,648
4,080
GMD Aleitamento (g/dia)
545,60
626,36
567,18
604,80
0,175 0,520 0,791 0,013
40,659
GMD Desmamado (g/dia)
547,70
787,54
638,00
697,23
0,042 0,581 0,353 0,448 146,675
GMD Total (g/dia)
549,30
646,37
579,04
616,66
0,081 0,486 0,671 0,032
37,465
Idade Desaleitamento (dias)
69,42
73,30
69,80
72,92
0,299 0,377 0,448 0,768
3,306
CMS Conc. Aleitamento (g/dia)
77,79
84,99
79,49
83,30
0,071 0,301 0,271 0,648
4,080
CMS Total Aleitamento (g/dia)
545,60
626,36
567,18
604,80
0,175 0,520 0,791 0,013
40,659
10%PV
20%PV
Sem BFL Com BFL
BFL
MA
Biof*MA
PER
BFL*PER MA*PER BFL*MA*PER
EPM
10 DMS
0,724
0,731
0,720
0,736
0,477 0,771
0,073
0,229
0,600
0,477
0,771
0,136
DPB
0,686
0,689
0,698
0,678
0,581 0,925
0,293
0,103
0,425
0,581
0,925
0,219
DEE
0,837
0,850
0,845
0,842
0,875 0,486
0,297
0,001
0,903
0,875
0,486
0,119
DFDN
0,762
0,779
0,758
0,783
0,478 0,651
0,008
0,064
0,681
0,478
0,651
0,073
DCNF
0,923
0,925
0,917
0,931
0,411 0,925
0,167
0,150
0,280
0,411
0,925
0,047
Linhas com letras sobrescritas diferentes dentro de cada digestibilidade diferem estatisticamente (p<0,10). B - Inclusão de Biofórmula; A - Manejo
Alimentar; P - Período; DMS - Digestibilidade da Matéria Seca; DMO - Digestibilidade da Matéria Orgânica; DPB - Digestibilidade da Proteína
Bruta; DEE - Digestibilidade do Extrato Etéreo; DFDN - Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro; DCHO - Digestibilidade do Carboidrato.
Itens
Tabela 3 – Digestibilidade e interações entre período, aleitamento e inclusão do Biofórmula.
Manejo de Aleitamento
Inclusão BF Leite
Valor de P
85%
80%
75%
A
a
a
B
BF-MILK
Control
70%
65%
60%
55%
50%
Control
10%BW
BF-MILK
20%BW
Figura 1. Interação entre Manejo de aleitamento (10 ou 20% do peso vivo) e uso ou
não de BF-leite na digestibilidade aparente da matéria seca de bezerros.
90%
A
85%
a
80%
75%
a
B
BF-Milk
Control
70%
65%
60%
55%
50%
Control
10%BW
BF-Milk
20%BW
Figura 2. Interação entre Manejo de aleitamento (10 ou 20% do peso vivo) e uso ou
não de BF-leite na digestibilidade aparente da FDN de bezerros.
11 0,45
0,42
0,41
Escore fecal (0 a 1)
0,40
0,39
0,37
0,35
0,35
0,34
0,34
0,30
0,30
0,33
0,32
0,31
0,29
0,25
0,20
1
2
3
4
5
6
Período de 10 dias em relação ao nascimento
Figura 3. Evolução do Escore de Fezes de bezerros recebendo (- -●- -) ou não pré e
probióticos (BF-LEITE; –■–).
Conclusão
O nível de aleitamento é um fator importante no desempenho dos animais, com
melhores resultados observados com bezerros aleitamento 20% do peso vivo.
O BF-LEITE não influencia no ganho de peso e na eficiência alimentar de
bezerros, dadas as condições do presente estudo. Entretanto foi verificado que ao maior
nível de aleitamento, a digestibilidade da MS e da FDN aumentaram, o que pode estar
associado ao complexo enzimático presente no produto, bem como às melhores
condições intestinais também promovidas pelo probiótico.
Por fim, foi observado que o BF-LEITE pode ser utilizado como aliado no controle
de diarreias.
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