ESTILOS COGNITIVOS E TRAÇOS DA PERSONALIDADE DOS
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ESTILOS COGNITIVOS E TRAÇOS DA PERSONALIDADE DOS
ESTILOS COGNITIVOS E TRAÇOS DA PERSONALIDADE DOS ALUNOS DE EMPREENDEDORISMO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPENHO ESCOLAR Miguel Angel Verdinelli Suzete Antonieta Lizote Leonardo Santos Pereira Sabrina do Nascimento 1 Introdução Empreender pode significar transformação social, econômica e pessoal e um ambiente propício para constatação do desejo de empreender são as universidades, em especial cursos voltados para a gestão e aqueles que contemplam a disciplina de Empreendedorismo. Kickul et al. (2009) ressaltam que quando existe possibilidade de se tornar empreendedor e se avaliam as competências necessárias para criar um negócio, os estilos cognitivos podem ser determinantes. Os estilos que possuam os estudantes universitários podem ser decisivos para seu desempenho escolar, contudo outros aspectos de sua personalidade podem influenciar. No âmbito do ensino há dois comportamentos que tem sido alvo de preocupações na gestão escolar: o autoboicote e a autoeficácia acadêmica. No contexto descrito emerge o questionamento seguinte: Como se relacionam os estilos cognitivos dos discentes da disciplina de Empreendedorismo, do curso de Ciências Contábeis, com seu autoboicote e sua autoeficácia acadêmica e esses três constructos com o desempenho escolar individual e grupal? Para obter resposta foram elencados os seguintes objetivos específicos: 1) identificar os estilos cognitivos dos alunos; 2) mensurar as estratégias de autoboicote acadêmico; 3) aferir a autoeficácia acadêmica; 4) avaliar o desempenho escolar em um trabalho grupal e um individual; e, 5) relacionar os constructos estilos cognitivos, autoboicote e autoeficácia acadêmicos entre si e com o desempenho. 2 Marco Teórico 2.1 Estilo Cognitivo A partir do surgimento do termo “estilo cognitivo” no campo da psicologia, não se pode negar a proliferação de trabalhos em torno do assunto de forma que se apresenta como um campo consolidado dentro do paradigma cognitivo (CaberoAlmenara, 1990). Os estilos cognitivos se referem aos processos de pensamentos e aos padrões empregados pelas pessoas na gestão das informações. Eles podem ser utilizados para descrever e explicar a maneira única com que cada indivíduo processa mentalmente as informações na tomada de decisão e na solução de problemas (Ferreira & Ramos, 2004). Armstrong et al. (2012) mencionam que na literatura encontram-se vários instrumentos que podem ser utilizados para mensurar os estilos cognitivos no campo de negócios, mas para esta pesquisa foi adotado o Índice de Estilo Cognitivo (CSI) proposto por Allinson e Hayes (1996), uma vez que este modelo vem sendo utilizado com êxito para mensurar as capacidades cognitivas de estudantes e de gestores que ocupam cargos de gerência, além de ter sido validado em contextos culturais distintos. 2.2 Autoboicote (Self-handicapping) Um dos elementos impostos pela sociedade ocidental contemporânea reside no destaque concedido à realização e ao sucesso pessoal. Em geral, tal ênfase implica em que os indivíduos desenvolvam todos os seus esforços no sentido de garantir a posse dos recursos necessários para maximizar o seu desempenho, incluindo a eliminação de obstáculos ou deficiências individuais que possam interferir nesse processo (Reis & Peixoto, 2013). Com o intuito de compreender estes comportamentos e atitudes relacionadas ao autoboicote, várias pesquisas foram realizadas em diferentes contextos, tanto em laboratórios e estudos de campo, porém os esforços mais recentes têm-se centrado sobre as implicações destes comportamentos no contexto acadêmico (Thomas & Gadbois, 2007). Comportamentos de self-handicapping podem ocorrer em praticamente qualquer situação que envolva capacidade de diagnóstico de atividades, contudo, no ambiente acadêmico os alunos são continuamente confrontados com tarefas e situações em que a informação sobre a sua capacidade e inteligência poderá ser exibida em público. Além disso, o desempenho dos alunos nestas tarefas tem consequências diretas em seus resultados pessoais. 2.3 Autoeficácia Acadêmica A autoeficácia emerge no campo da psicologia a partir da teoria social cognitiva postulada por Bandura em 1977. Este conceito é tratado como um traço de personalidade que afeta a motivação do indivíduo para a realização da com sucesso das tarefas ou do grau de tolerância deste para enfrentar determinadas situações adversas, além da percepção individual em relação ao risco. Elias (2008) conceitua a autoeficácia acadêmica como a confiança de um aluno em sua habilidade para ter sucesso nas tarefas. Os estudos que versam sobre a temática, apontam que os estudantes com forte autoeficácia acadêmica demonstram maiores taxas de esforço, persistência, interesse e propósito para aprender, pois a intensidade da sua crença exerce impacto na qualidade do investimento dedicado à realização das tarefas de aprendizagem, ao desempenho e à memória, mesmo quando há obstáculos para a realização do objetivo fim (Azzi et al., 2010). 3 Material e Métodos Os dados foram levantados numa Instituição de Ensino Superior, junto aos alunos de Ciências Contábeis que participavam da disciplina de Empreendedorismo, a qual é ministrada anualmente em regime intensivo em fevereiro e julho. Para tanto foram utilizados questionários de autopreenchimento aplicados no início e fim do período de aulas de fevereiro de 2016. O instrumento utilizado esteve organizado em 3 blocos. No primeiro se dispuseram 38 afirmativas relativas ao estilo cognitivo da proposta de Allinson e Hayes (1996, 2012), que usa uma escala 0, 1 ou 2 segundo um sistema próprio criado pelos autores e a alocação aos 5 estilos por eles definidos (intuitivo, quase intuitivo, adaptativo, quase analítico e analítico) é feita pelo valor da somatória da pontuação. No segundo bloco se dispus a escala de autoboicote acadêmico, adaptada de Urdan e Midgley (2001). Ela é composta de 6 afirmativas que descrevem diferentes estratégias usadas pelos estudantes. Para serem respondidas se emprega uma graduação de 5 pontos, indo desde nada verdadeira até totalmente verdadeira. Por fim, no terceiro bloco, se adaptaram 9 afirmativas selecionadas do questionário de Pintrich e De Groot (1990) relativas à autoeficácia acadêmica, usando-se a mesma escala. Os dados levantados com os questionários se cruzaram com os empregados para avaliar o desempenho dos discentes. Nesse caso foram utilizadas as notas de um trabalho em grupo e os obtidos numa prova individual. Na disciplina inscreveramse 53 alunos, mas 3 deles desistiram, restando uma população de 50 alunos. Os métodos estatísticos empregados foram análise fatorial e testes para de comparação de proporções e de médias (teste t de Student e Anova). Prévio ao uso de cada técnica estatística se fez a verificação dos seus pressupostos. 4 Resultados e Conclusões Feita a conversão das respostas na escala dos estilos cognitivos e assignados os estudantes nas categorias propostas por Allinson e Hayes (2012) se contabilizaram 6 alunos com estilo analítico (A), 20 quase analíticos (QA), 16 adaptativos (Ad), 7 quase intuitivos (QI) e apenas 1 estudante do sexo masculino com estilo intuitivo (I). Na disciplina participaram 34 mulheres e 16 homens. Nas comparações efetuadas entre as proporções que há para cada estilo segundo o sexo se comprovou que não há diferenças significativas para os estilos A e Ad, mas sim há para QA (p= 0,036) com predominância em mulheres e para QI (p=0,011) com maior frequência em homens. Com relação ao estilo intuitivo, considerando o número de respondentes de cada sexo há diferença a 10% e somente deixaria de existir se o numero de mulheres fosse 26 ou menos. Para poder avaliar a relação do estilo cognitivo com o autoboicote (AB) e a autoeficácia (AE) acadêmica, depois de verificar a confiabilidade com o alfa de Cronbach, se fez a análise fatorial exploratória que permitiu constatar, com as escalas usadas, que AB é unidimensional e AE bidimensional. Os resultados mostraram que os estilos cognitivos não se associam significativamente com as estratégias de autoboicote nem com a autoeficácia dos discentes. Entretanto os desempenhos se podem vincular com os estilos cognitivos. No trabalho grupal o melhor desempenho se constatou para a equipe cujos membros possuíam os cinco estilos da escala empregada. Isto mostra que a diversidade de estilos potencializa o desempenho. Quanto ao autoboicote e à autoeficácia se constatou que os desempenhos médios melhores se verificam para os alunos que demostraram possuir esses comportamentos em menor medida. O primeiro resultado tem suporte na teoria enquanto o segundo pode ser consequência dos alunos estarem adiantados no seu curso, no último ano. Referências Allinson, C. W. & Hayes, J. (1996). The cognitive style index: a measure of intuitionanalysis for organizational research. Journal of Management Studies, 33(1), 119135. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.14676486.1996.tb00801.x/pdf>. Acesso em: 24 jan. 2016. Allinson, C. W. & Hayes, J. (2012). The cognitive style index: technical manual and user guide. Reino Unido: Pearson. Disponível em: <https://www.talentlens.co.uk/assets/legacydocuments/71874/csi%20technical%20manual%20and%20user%20guide.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2016 Cabero-Almenara, J. (1990). Estilos cognitivos e investigación en medios de enseñanza. Campo Abierto, 7: 26-40. Armstrong, S. J., Cools, E., & Sadler-Smith, E. (2012). Role of cognitive style in business and management: reviewing 40 years of research. International Journal of Management Review, 14 (3): 238-262. Azzi, R.G., Guerreiro-Casanova, D. C., & Dantas, M. A. (2010). Autoeficácia acadêmica: possibilidade para refletir sobre o ensino médio. EccoS – Revista Científica, 12 (1): 51-67. Bandura, A. (1977). Self-efficacy: toward a unifying theory of behavioral change. Psychological Review, 84 (2): 191-215. Elias, R. Z. (2008). Anti-intellectual attitudes and academic self-efficacy among business students. Journal of Education for Business, 84 (2): 110-117. Ferreira, J. M., & Ramos, S. C. (2004). 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