Aprender depois treinar , treinar e treinar
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Aprender depois treinar , treinar e treinar
Competi~ao Devemos Aprender, De ois Treinar, Treinar, Treinar.... Os leitores assiduos da nossa publica~o tem podido constatar nas cronicas e pianos de treino por mim subscritos e anteriormente publicados, que a tecnica de disparo e muito simples e justamente por ser simples pouco evoluiu nos U1timos anos. Texto e imagens: Miguel Soares 16 Setembro 2008 I AEM ao consigo deixar de refe rir 0 Campeao OJimpico Rajmond Debevec (SLO) que em 1992 estabeleceu o recorde do Mundo na modalldade de carabina em 3 posi<;oes em 1186 pontos. Mais pOl"que este senhor que ainda hoje e detentor deste recorde participou eln mais uma Olimpiada, arrecadando 0 bronze. Este atleta que por l.nllmeras vezes live a oportunidade de vel' competir faz garantir que os pressupostos oa tecnj ca de tiro que rdim noutras cronicas pubLicadas na A&M sao acessiveis a qualquer entusiasta da modalidade de tiro com carabina ou pistola, e devem ser considerados como refe rencias inquestionaveis se desejamos aprender a disparar. Porque disparar e "siJnples". Esta conclusao torna-se mais perti nente na modalidade de Pistola Livre. Ora senao vejamos: tomando como referencia 0 Joao Costa que mais uma vez represen tou a nossa na~ao nas Olimpiadas de Pequim 2008 nesta modalidade. o Joao demonstrou que e possivel ganhar a Ta~ do Mundo de Munique www.calibre12.pt Competi~ao . " Nesta cr6nica tomarei como exemplo a modaJidade de Pistola Livre por que entendo ser 0 melhor exemplo para 0 que gostaria de transmitir a todos os leitares da A& If e par ser a (mica competic;ao que ainda mio sofreu alterap5es as regras de arma ou a dimensao do alvo motivo pelo qual se dispara hoie exactamente na mesmas condir;oes que Umarov disparou ha 50 anos. A tecnica de disparo e entao muito simples e pouco evoluiu. EnUio 0 que procuram os atiradares para s sagrarem campeoes? No meu en tender passa por ten tar perceber afinal qual e 0 diferencial competitivo do nosso desporto. Em que nos devemos concentrar para evoluir tecn.icamente? Volto a considerar que a nossa prin em 25 de Maio de 2006 na moclalidade de Pistola Livre com 567 pontos (com uma final de 100.2 pts) e revalidar esse titulo no ano seguinte a 1 de Junll0 2007 com 572 pontos (e uma final de 94.9 ptS). 0 resultado obtido em 1958 par Makllrnud Bedalovich Umarov (URSS), campeao do Mundo nessa modaJjdade com 565 pontos, depois de teI: sido medalhado com bronze nos Jogos Olimpicos de Melbourne de 1956, comprO\ am que os resultados que ainda hoje se praticam levam os melhores as finais da Tac:;:a do Mundo e a partidpar nos Jogos Olimpicos. ,OAO COSTA e felicitado pelo seu sucesso. . " cipa ddidencia e a falta de metodo de apre dizagem e de treino. Falta de It 10 i de aprcndiza d tTeino A ehave para uma evolw;ao passa por investir no estudo aprofunda do dos processos de aprendizagem e de treino utilizado pelos melho res procurando novas formas de organlza-Io, tendo como prindpio 0 a\canee rapido do objectivo principal pelo atleta. Dessa forma, nao 56 se possibilita ao atieta atingir ll1ais rapidamente melhores resultados competitivos, como se garante uma evoluc;ao COl1S ta11te do seu desempenho, evitando tanto quanta possivel a tao COOlurn estagnac;ao de resultados. Chamo continuamente a atenc;ao a este facto, pois e continuarnente des prezado pelos nossos atiradores. A grande malaria dos atiradores esta sempre "a ten tar aprender" e com isso, nunca chega a "treinar". Esta sempre "aprendendo" urna nova forma de obter urn dez, uma nova forma de empunhar, uma nova posi c;ao, uma nova farma de accionar 0 gatilho, etc., ou seja, a total desarga nizac;ao, sem destino, sem metodo, que mais cedo ou mais tarde leva 0 atirador a urn beco sem saida. Passa anos disparando como urn eter no principiante. E importante que 0 atleta entenda que ir para a Carreira de Tiro simples mente para atirar nao e nem aprender nem tao pouco treinar! ~ AEM I Setembro 2008 17 Competi~ao . . . .. . . . .. . .. o DISPARAR E UM PROCESSO COMPOSTO DE SEIS ELEMENTOS: POS/~AO, EMPUNHAMENTO, RESPIRA~AO, MIRAR, ACC/ONAR 0 GATILHO E UM BOM SECUIMENTO RAJMOND DEBEVEC. Posi~ao ajoelhado que Ihe garante ser sempre um dos primeiros. um maior dominio num dos elementos porque nao compensa, o euo neutraliza 0 elo seguinte. Sabe-se que 0 cerebro humano s6 e capaz de controlar consciente mente uma pequena quantidade de informac;ao das que se tornam necessarias de entre todas as que se nos apresentam quando deci dimos dtsparar. Por outrO lado, e perceptivel que somos capazes de reagir inconscientemente a milhares de outras coisas. Estudos demons tram que a nos sa con, if-ncia limita-se a cerca de sete (podem ser dois a mais ou dais a menos) segmentos de informac;ao, seja para urn chines, urn pOl·tugueS ou urn americano, Os pensamentos conscientes sobre o mundo exte.mo acima de sete seg mentos transformam-se em dificul dades de disUnc;ao absoluta entre uma informac;ao e outra, Todos os que forem realizados abaixo deste patamar sao tarefas capazes de ser exemtadas com maior facilidade pela maioria dos mortais. o nosso inconsciente, ao contr{uio, Devemo-nos concentrar nas infor que ajudarao a aprender e posterionnente a treinar. o disparar e lin processo composto de sets elementos: posic;ao, empunha mento, respirac;ao) mirar, accionar 0 gatilho e urn born seguimento. Sobrepostos e coordenados entre si, compoem uma s6 aCc;ao que deve fazer com que aconte~a com a maxima economia de tempo e da forma mais correcta possIve!. o sucesso depende da execuc;ao perfetta de todos os elem ntos. Eo que se pode denominar "uma cadeia de ao;:5es". Vma corrente que, quanta mais forte forero os seus elos (elemen tos), mais sucesso tent. Qualquer incorrecc;ao num dos elementos do processo de disparo neutraliza a predsao dos demais. VENCEDORES nao vale a pena ten tar obter 2006. ma~oes 18 Setembro 2008 I AEM DA TA~A do Mundo de Munique abrange todos os processos naturais do nosso organjsmo, tudo 0 que ja aprendemos, e tudo 0 que nos foi perceptive!. No entanto, somos capazes de 0 fazer no momenta presente em que o conscie.ncial.izamos. A maior parte das 110ssas ClCl;:5es (alias, aquelas que melhor fazemos) sao pro dundas de maneira inconscient . Conclui-se que 0 incons iente e 0 melhor aJiado da mente con 'aente (condicionamento), e que contro lamos me/hor as acc;oes conscientes quando reduzimos ao maxiJ.no 0 nLullE' ro delas (atraves da concentrac;ao). Melhor metodo de aprendizagem o melher metoda de aprendizagem sera aquele em que utilizannos estes prindpios basicos. A sectoriza\;ao e consequente segmentac;ao de urn processo de disparo nos seus elemen tos basicos ou segmentos de comportamento, que, depois de dominados (apreendidos) de forma consaente poderao ser unilicados em segl11entos cada vez matores, tomando-os como habituais e inconscien tes, atraves do treino. www.calibre12.pt . Competi~ao o momento em que ler esta cha mada de aten<;ao sobre eles. Obter 0 controle do que per manece no 110SS0 eonsciente e 0 que se pode entender por "dominio mental". Di P car de u autonuitico DEBEVEC - est.ilo unico. Queremos entao tIansformar os elementos do processo de dispa ro em habitos inconscientes e que conduzam a que, no instante que antecede 0 momento do disparo, pos samos manter a nossa total atenc;:ao, consciente daquilo que reaJmente importa: 0 enquadramento da figura alc;:a / nilla. A noc;:ao do que e consciente e do que e inconsciente e si.mplesmente fun damental para criar 0 nosso modele de aprendizagem. Quando algo nos e consciente, isso esta presente na nossa percep~o imediata, como por exemplo este par<lgrafo. Se nos e inconsciente e porque nao esta imediatamente presente na nossa percepc;:ao. As conversas de fundo, ou de segun do plano, provavelmente ficaram para sempre no seu inconsciente ate - ~ I. o Tiro Olimpico obter bons / altos resultados so e possivel quando 0 atirador for capaz de reallzar todos os disparos de um modo' automatieo", eorrecto e analogico a paltir do momento em qu der a ordem mental eu yOU / quero di parar). Isso eXige a construc;:ao e cons ciencializac;:ao de habitos moto res correctamente desenvol 'dos tanto quanto possive!. o grande problema do atirador eque noonalmente inicia 0 seu proces so de disparo de forma enada: este se for aprend.ido e interiorizado de forma errada torna-se muito dificil de cOlTigir, tomou-se urn habito, Oll seja, 0 atirador tern de desaprender para reaprender. Mesll10 que seja 0 caso do leiter, pede e de\ e utilizar 0 mesmo processo, como podera constatar. Ora senao vejamos: sabemos como fazer para interierizar um habito cor recto de cada elemento do proees so para posteriormente poder eriar um proeesso unico que culmine num tiro bem executado. Acho que muitos atiradores pensam que para se construlr urn habito cor recto nao basta repetir uma aec;ao de forma estereotipada. . .. --TOZ 35 - arma ainda hoje competitiva. modo PISTOLA LIVRE e Oculos de tiro. ZONA DE TESTE de Pistola livre na MORINI. Mas e a simples repeti<;ao que nos leva a automatizac;:ao. Para construlr habitos precisos, puros e simples, e necessario que 0 processo utilizado no seu desenvolvimento tenha como base modelos mentais claros, 0 mais proximo posslvel da aq:ao que se quer aprender, e com movimentos cirUrgicos que sejam fei tos de fonna absolutamente correcta e precisa, nWlCa de modo aproxlmado. o dois factores mais importantes para 0 snce do atir dor aprendiz 0 Em primeiro lugar e a imperatriz necessidade de ter urn born tecnlco junto de si, que Ihe transmita de uma forma clara as informac;:oes que necessita de modo 0 poder construir os seus modelos mentais de forma couecta para cada um dos elementos do processo. Em segw1do lugar, e de impertancia vital durante a sessao de aprendizagem e a capacidade do atira dor manter toda e total aten~ao no processo de ... execu<;ao conecto da - T0Z35M. AEM I Setembro 2008 19 Competi~ao aq:ao que pretende implementar. A utiliza<;:ao de modelos mentais incorrectos, tais como as distrac<;:oes ou desaten<;:oes durante 0 pracesso de aprendizagem, trara como con sequencia a constru<;:ao desatenta de ac<;:oes que criaram habitos impuros, contaminados por enos gerados pela imperfei<;:ao do modelo que se esta a construir, que de uma forma des percebida serao aceites pelo atirador como se de uma ac<;:ao COlTecta se tratasse. Fara toda a diferen<;:a e sera decisivo na sua evoluc;:ao tecnica se 0 Habito N° 1 de um atirador for a capacida de de se manter totalmente atento no que esta aprende.ndo ou que rendo treinar. Durante 0 proces 0 de aprendizageDl de nm.a aq:ao, 0 atirador tern de pas ar por quatro e tagios: 1° estagio, 0 candidato a atirador deve ter consciencia que nada sabe e tao pouco deve ter pretensoes de que j,a sabe qualquer coisa. A Incompetencia Inconsciente e a sua maior aliada nesta fase. Ao receber e entender as infonna<;:oes sobre a ac<;:ao que deve aprender, 0 atirador fica apto a montar 0 seu modelo mental da ac<;:ao de uma for ma propria e concentrada. 2° Estagio. Tem a informa<;:ao, mas nao a consegue dominar e executar 0 conecto processo de disparo. £ neste estagio de Incompetenda Consciente que a maior parte de nos se sente desconfortavel, mas e nele que mais aprendemos. £ imperativo manter a concentrac;:ao sobre 0 processo de execw;:ao corredo de cada movimento, comparando-o constantemente ao modelo mental construido que se fOlma no nosso consciente. Ao executar a ac<;:ao em conformida de com 0 nosso modelo mental, 0 atirador passa para 0 2° estagio, que podemos denominar de Competencia Consciente. o atirador ja aprendeu a tecnica cor recta para executar uma ac<;:ao, mas ainda nao a domina totalmente. A capacidade de autoaitica sera deter minante para 0 seu desenvolvimento. A utilizac;:ao de recursos como gra va<;:ao de imagens, fotos ou videos do processo que 0 atirador esta utili zando para obter urn disparo podera ser fundamental. A ac<;:ao e/ou 0 usa do simulador electronico de treino (SCAD, RlKA Home Trainer, etc..) tambern gerarn urn "feedback" poderoso. 3° Estagio, 0 objectivo passa a ser a repeti<;:ao correeta da acc;:ao. Predo mina a abordagem critica. Transformamos a ac<;:ao aprendida ,; NO TIRO OLIMPICO, OBTER BONS RESULTADOS s6 E POSS/VEL QUANDO o ATIRADOR FOR CAPAZ DE REALIZAR TOOOS OS DISPAROS DE UM MODO "AUTOMATICO", CORRECTO E ANALOC/CO 20 Setembro 2008 I AEM em um habito puro. Nesse estagio, termina 0 processo de aprendizagem e inida 0 de treino. Por fun, e esse e 0 objectivo e conse quencia do empenho·do atirador, che ga-se a Competencia Jnconsciente. o 4° Estagio. A ac<;:ao aprendida compoe-se pOl' uma unidade de comportamento, urn habito puro e simples. A nossa mente consciente estabe lece 0 objectivo (0 sonho, 0 "Oura Olfmpico") e deixa que a mente inconsciente cuide dele, liberando a aten<;:ao para todas as outras coisas. o processo de treino torna-se urn habito. As capacidades tornam-se inconscientes. Se 0 "HOMEM" esta pronto para ini ciar 0 processo de aprendizagem de um disparo, 0 "ATlRADOR" levara muito menos tempo para atingir a Competencia l11consciente como se urn habito puro se tratasse. So assim conseguira obter consequentemente o Centra do Visual. Como ja foi anteriormente publicado na A&M a constru<;:ao de um modela mental, sectorizado em elementos autonomos e fundidos numa (mica ac<;:ao e imperativo. Os leitores / atirador·s. se desejal11uffi dia atingir um lugar de topo tern de estar consciente'i de que tern de dar tempo a apr n izagem e so depais pensar em tr in, 1: w\vw.calibre12.pt
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