REDE PRÓ-MENINO ECTI - Escola no Combate ao Trabalho Infantil

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REDE PRÓ-MENINO ECTI - Escola no Combate ao Trabalho Infantil
REDE PRÓ-MENINO
ECTI - Escola no Combate ao Trabalho Infantil
CURSISTA: JACKELYNE RIBEIRO CINTRA MORAIS
CPF: 014275241-06
ATIVIDADE MÓDULO 2 (COLAGEM) EM INTEGRAÇÃO COM O MÓDULO 1B (ENTREVISTA)
Características do Público-Alvo: realizada a atividade na turma do 2º período
da Educação Infantil do Ensino Fundamental composta por 25 alunos.
Tempo de execução: 2 semanas.
Procedimento e análise das atividades:
Para iniciar a discussão da temática “Combate ao Trabalho Infantil” aproveitei o
momento da reunião do 3º bimestre realizada em setembro/2012 na escola
para divulgar e instigar os pais a refletirem um pouco sobre alguns tópicos da
legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente quanto a proibição do
trabalho infantil, bem como para explicitar a atividade dirigida em sala que iria
se realizada com as crianças sobre a conscientização do combate ao trabalho
infantil a ser realizado no mês das crianças (outubro). Assim, os pais foram
informados sobre a atividade de entrevista que as crianças iriam levar para
casa, e que a mesma deveria ser realizada com a participação da própria
criança do lado, onde a mesma estaria sendo, quando possível, o entrevistador
e os pais os entrevistados. Para isso as crianças estariam sendo preparadas
em sala de aula para o momento da entrevista.
Após a reunião de pais, as crianças levaram a atividade de pesquisa para
casa, onde deveriam procurar em revistas, jornais ou outros, “crianças em
momentos legais”. O objetivo de solicitar o recorte dessa atividade para casa
foi o tentar também envolver a família na reflexão sobre a imagem de infância
transmitida pela mídia.
Já em sala, as crianças trouxeram as fotos e imagens de “crianças em
momentos legais”. Em sala de aula, cada aluno foi mostrando sua pesquisa de
imagens e também foram sendo instigados a pensarem a partir das
perguntas: As crianças estão tristes ou felizes?/ As crianças estão sorrindo?/ É
divertido as crianças fazerem isso?Porque a revista só mostrou crianças
sorrindo? (etc.)
Após a exploração das imagens, as crianças foram convidadas a trocarem
algumas imagens com os próprios colegas da sala e a colarem em uma
folha de papel, para que coletivamente montasse um mural coletivo.
As fotos abaixo relatam os momentos de colagem no papel:
Após a colagem as crianças foram convidadas a montar um mural coletivo
intitulado:
“A ALEGRIA DE BRINCAR E SER CRIANÇA”
No dia seguinte, as crianças foram convidadas a apreciarem a leitura do
poema postado pelo professor Propércio Rezende no fórum da própria Rede
pró-menino:
Quadrinhas
AS MÃOZINHAS CALEJADAS
DO MARTELO SEGURAR
BATE, BATE, NOITE E DIA
MUITA PEDRA VAI QUEBRAR
O MENINO ESQUECEU
ESQUECEU O QUE É BRINCAR
PASSA SEMPRE O DIA TODO
COM O MARTELO A MARTELAR
PINGO DE ESPERANÇA
SEMPRE VALE ESPERANÇAR
DO MARTELO FEITO MÁGICA
NUMA BOLA SE TORNAR
UM BRINQUEDO, A ALEGRIA
O DIREITO A RETOMAR
CRIANÇA NÃO TRABALHA
CRIANÇA TEM QUE BRINCAR! CRIANÇA TEM QUE LER! CRIANÇA TEM QUE SONHAR! CRIANÇA TEM QUE APRENDER! CRIANÇA TEM QUE ESTUDAR! Após a leitura do poema pela professora, a turma foi convidada a refletir um
pouco sobre o que fala o poema, o que queria dizer com “mãos calejadas”,
martelo”, etc.
Foi um momento muito interessante, onde até mesmo um aluno (5 anos) da
turma relatou:
(Aluno) -“Eu as vezes trabalhei com o martelo com o meu pai!”
(professora) - “Como assim trabalhei?”
(Aluno) – “É, eu as vezes ajudava meu pai na marcenaria e ainda ganhava 10
reais!”.
Como professora, continuei instigando para saber se aquilo ocorrida como uma
forma de exploração ou se era somente uma “ajuda” em alguns momentos.
Entretanto, posteriormente conversei com a mãe da criança, já que “segurar
um martelo” não é uma coisa adequada para uma criança de 5 anos, além de
ser perigosa para sua saúde física.
Após essa conversa com o aluno, outras crianças foram instigadas para saber
se, por seus relatos, as mesmas exerciam alguma forma de trabalho infantil,
pela conversa pode-se constatar que o que mais ocorre é o momento de
“ajuda” nos afazeres domésticos, o que pelo relatado sobre a participação do
adulto não adquiri caráter de exploração do trabalho doméstico.
Após a sondagem sobre se as crianças da turma trabalham ou não,
retomamos o poema e começamos a conversar se é correto a criança
trabalhar, se a criança quando trabalha é feliz, se ela quando trabalha tem
tempo de brincar, estudar, etc.
As crianças, a partir dessa conversa, foram motivadas a nova pesquisa em
jornais e revistas na própria sala de aula sobre situações ou momentos em
que vemos crianças trabalhando.
Inicialmente foi difícil as crianças encontrarem sozinhas as imagens que
refletem o caráter do trabalho na infância, mas logo alguém achou um
menininho jogando futebol vestido a camisa de um time, aí as crianças
compreenderam que a criança poderia estar trabalhando num time de futebol.
Depois alguém encontrou uma imagem de criança triste, meio cinzenta e a
turma concluiu que trabalhar nesta idade não deixa a criança feliz. Como não
estavam encontrando muitas imagens de trabalho infantil, a turma foi motivada
a montar alguma situação onde a criança estivesse trabalhando, logo uma
criança achou uma faca e outra achou uma imagem de uma criança com as
mãos erguidas e os dois alunos juntaram as figuras dando idéia que a criança
estava trabalhando com faca... Outras imagens foram encontras como trabalho
na televisão, trabalho no esporte entre outros.
Após encontramos as imagens, os alunos colaram as imagens em um cartaz,
o qual, para também conscientizar, intitulamos de “Criança não trabalha”.
Em seguida passamos para o momento de discussão final onde as crianças,
ao visualizarem o mural das imagens das “crianças em momentos legais” em
maior proporção do que as imagens da “criança no trabalho infantil”, foram
estimuladas a pensar como a “mídia”, de forma geral, mostra mais o lado bom
e feliz, e esconde o lado negativo. Entretanto, existem muitas crianças com
seus direitos negados e sendo exploradas todos dos dias no Brasil.
Abaixo percebemos a disparidade entre as imagens da criança feliz e a
proporção menor de exploração infantil retratada pela mídia:
Para concluir as atividades do dia as crianças foram estimuladas a se alegrar
brincando livremente na sala.
DIRECIONANDO A ATIVIDADE DE ENTREVISTA COM A FAMÍLIA
Na sequência, após concluir as atividades de colagem, onde a partir daí as
crianças tiveram o primeiro contato com a abordagem do trabalho infantil, as
crianças foram estimuladas a como fazer a entrevista com os familiares. No
dia seguinte, as crianças levaram as fichas de entrevistas para realizarem com
a família e esta, como já anteriormente relatado, já estava previamente
preparada em como realizar a atividade participativa da entrevista com a
criança.
Por meio da análise dos dados respondidos pudemos perceber que:
(Obs: Total de alunos da turma:25 e total de entrevistas realizadas e entregues:
13)
1- 100% das entrevistas foram realizadas com pai ou mãe das crianças
2- Idade que começou a trabalhar:
3 pessoas afirmaram começar a trabalhar com menos de dez anos
1 pessoa afirmou começar a trabalhar entre doze a treze anos
4 pessoas afirmaram começar a trabalhar entre quatorze e quinze anos
5 pessoas afirmaram começar a trabalhar com dezesseis anos ou mais.
3- Opinião sobre se gostaram a trabalhar nestas idades:
10 pessoas afirmaram que sim
3 pessoas afirmaram que não
4 Percepção sobre a idade certa para iniciar o trabalho:
1 pessoa afirmou que seria bom começar a trabalhar entre 12 e 14 anos.
4 pessoas afirmaram que seria bom começar a trabalhar entre 14 e 16
anos.
8 pessoas afirmaram que seria bom começar a trabalhar com 16 ou mais.
Respostas pessoais:
Muitos pais consideraram bom trabalhar mais cedo, alguns afirmaram ser
bom trabalhar entre 10 e 11 anos para “ser independente”, outras que
começaram entre 14 e 15 anos afirmaram que o fizeram “para ajudar o
domicílio e aprender o esforço do trabalho”. Outro responsável considerou
que começou a trabalhar entre 14 e 15 anos para poder “aposentar mais
cedo”, entre outras. Mas a resposta que mais permeou esta questão de
forma geral foi a de que trabalhar mais cedo nos faz “aprender
responsabilidades”.
Quanto a idade ideal para iniciar a trabalhar percebemos que mesmo que
muito pais considerassem ser ideal começar a trabalhar com mais de 16
anos, trazendo inclusive consciência de que “é a idade certa para entrar no
mercado de trabalho”, ou ainda que é a “idade que se começa a fazer
estágios”, alguns ainda consideraram que o trabalho deve ser iniciar entre
14 e 16 anos pois “é através do trabalho que nós conseguimos ser bons
cidadãos”.
Outros ainda consideraram que “apesar de trabalhar mais cedo trazer mais
maturidade, não devemos pular fases importantes de nossas vidas”.
Refletindo sobre os resultados:
Fique muito feliz de saber sobre a percepção dos familiares da minha
turma, onde apesar de muitos pais começarem a trabalharem mais cedo, os
mesmo muitas vezes concluíram de certa forma que “trabalhar mais cedo
prejudica e faz pular fases importantes da vida”.
AVALIAÇÃO SOBRE AS ATIVIDADES DE COLAGEM E ENTREVISTA:
Acredito, de forma geral, que as atividades propostas e realizadas contribuíram
para um primeiro passo para se tratar de um assunto tão importante na
garantia dos direitos e deveres das nossas crianças.
Com a colagem as crianças puderam estimular sua criatividade artística e
compreender a pouca “cobertura” da mídia sobre o problema da exploração do
trabalho infantil.
Acredito que conseguimos alcançar o objetivo proposto pela Equipe da Rede
Pró-menino no Módulo II deste curso que era “ajudar meninos e meninas a
compreenderem a natureza “invisível” do trabalho infantil e demonstrar como é
difícil criar uma simples de imagem do trabalho infantil do material diário
normal”. Os alunos puderam então de forma simples, mas consistente “dar uma
face aos meninos e meninas que trabalham” em nosso país.
Considero também que o momento da Entrevista também foi fundamental para
o enriquecimento do trabalho, bem como para viabilizar propostas futuras de
trabalho específicos com os familiares das crianças sobre essa temática, bem
como sobre o aprofundamento da discussão do ECA.
Por fim, gostaria de agradecer a oportunidade de realização deste trabalho tão
bem elaborado pelos professores deste curso.

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