Ablação de Endométrio Utilizando a Técnica de Balão Térmico

Transcrição

Ablação de Endométrio Utilizando a Técnica de Balão Térmico
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
Parecer do
Grupo de Avaliação de
Tecnologias em Saúde
GATS
39/07
Tema: Ablação de Endométrio por balão
térmico - Thermachoice
1
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
I – Data:
12/12/2007
II – Responsáveis Técnicos:
Izabel Cristina Alves Mendonça; Christiane Guilherme Bretas; Lélia Maria A
Carvalho; Mariza Cristina Torres Talim; Sandra de Oliveira Sapori Avelar;
Bretas; Silvana Márcia Bruschi Kelles.
III – Tema:
Ablação de endométrio utilizando a técnica de balão térmico - Thermachoice®
IV – Especialidade(s) envolvida(s):
Ginecologia
V – Códigos envolvidos:
Rol de procedimentos da ANS – Não consta
CBHPM – Não consta
Unimed-BH – Não consta
VI – Questão Clínica / Mérito:
Para mulheres na perimenopausa, com hemorragia disfuncional grave, o
tratamento pela técnica de ablação por balão térmico é custo efetiva e segura
em
comparação
às
técnicas
cirúrgicas
disponíveis:
histerectomia
ou
histeroscopia cirúrgica ou ao tratamento com dispositivo intra-uterino hormonal
de levonorgestrel?
VII – Enfoque:
Tratamento
2
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
VIII – Introdução:
Sangramento menstrual excessivo, também conhecido como menorragia, é a
queixa mais freqüente das mulheres na clínica ginecológica. Essa afecção
prejudica a qualidade de vida, pode levar a anemia e aumento na utilização dos
serviços de saúde. No Reino Unido, essa queixa afeta 22% das mulheres com
idade acima de 35 anos. As possíveis causa de sangramento uterino excessivo
são miomas, pólipos, adenomioses, infecção, tumores malignos, disfunções
endócrinas, hematológicas, utilização de dispositivo intra-uterino e fatores
associados à obesidade, ingestão excessiva de álcool, fumantes inveterados,
depressão e endometriose.
Sangramento uterino excessivo é definido como a perda sanguínea menstrual
de 80 ml por ciclo, ou sangramento prolongado por mais de 7 dias sobre vários
ciclos consecutivos, cuja etiologia se deve somente a um estímulo hormonal
inadequado sobre o endométrio. Esse sintoma não poderá estar relacionado a
gravidez, doença pélvica ou doença sistêmica conhecida (por exemplo mal
formação uterina ou câncer). As medidas propostas para avaliar a quantidade
de sangramento uterino não são práticas e são rejeitadas pelas mulheres.
Definiram-se dois métodos para medir a perda sanguínea: técnica da hematina
alcalina, que requer colecionar todos os absorventes usados pelas mulheres,
onde é extraída a hemoglobina e dosada para caracterizar a perda sanguínea;
Outro é o método de Higham que se baseia em uma tabela ilustrada em que a
percepção da perda sanguínea é medida através de figuras com a pontuação
definida em um escore. Quando a pontuação é maior ou igual a 100
caracteriza-se o sangramento uterino disfuncional. Escore de Higham maior
que 150 pontos sugere sangramento disfuncional grave.
O sangramento disfuncional uterino pode ser tratado com histerectomia, ressecção transcervical do endométrio, histeroscopia cirúrgica, ablação endometrial, térmica ou fria, implante intra-uterino de dispositivo de liberação hormonal
3
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
ou medicamentos orais. A cirurgia pode estar indicada para mulheres com prole definida, após falha ou intolerância terapêutica aos tratamentos orais ou implante de dispositivo de liberação lenta de hormônios.
Técnicas não histeroscópicas, de segunda geração, estão sendo desenvolvidas
e utilizam a aplicação controlada de calor, frio, microondas ou outras formas de
energia para destruir o endométrio. Exigem equipamento sofisticado, porém
menos habilidade cirúrgica que a histeroscopia cirúrgica, podem ser realizadas
sob anestesia local ou geral e permitem a permanência de curto prazo em hospital.1,2,3,4,5,6.
O sistema Thermachoice® é um dispositivo controlado por um software,
destinado a fazer a ablação do tecido uterino com utilização da energia térmica.
O sistema é composto por um balão de uso único, controlador reutilizável,
cabos de ligação e de força. O cateter balão Thermachoice® é indicado para
uso somente com o controlador Thermachoice®. O procedimento pode ser
realizado em ambiente ambulatorial, sob anestesia local e sedação. O tempo
médio de duração do procedimento é de 30 minutos10. A ablação por balão
destrói a fina camada do endométrio por transferência de calor do líquido de
dentro do balão para a cavidade uterina. A ablação por balão não pode ser
utilizada em úteros de cavidade ampla (maior que 12 cm) ou irregular porque o
balão deve estar em contato direto com a parede uterina. A ablação térmica é
uma opção de tratamento para o sangramento disfuncional uterino de causas
benignas nas mulheres com prole definida.
IX – Metodologia:
1. Bases de dados pesquisadas: Biblioteca Virtual em Saúde – BVS (LILACS,
MEDLINE e Biblioteca Cochrane ), PubMed.
2. Descritores (DeCS) e Palavras-chave utilizadas: Endométrio/cirurgia,
Endometrium/surgery,
Histerectomia-Hysterectomy,
Menorragia-
4
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
Menorrhagia,
Heavy
menstrual
bleeding,
Disfuncion
uterine
blood,
Thermachoice baloom, Ablação global endometrial.
3. Desenhos dos estudos procurados: revisão sistemática, ensaios clínicos randomizados.
4. População incluída e excluída: mulheres maiores de 35 anos com prole definida.
5. Período da pesquisa: 1995 até 2007
6. Resultados da seleção bibliográfica:
[ ] Estudos em animais
[ X ] Estudos clínicos em humanos:
[ ] estudos não randomizados:
[ ] estudos clínicos de bioequivalência*
[x] ensaios clínicos randomizados: 03
[x] revisão sistemática narrativa: 02
[x] metanálises e revisões sistemáticas: 02
[x] Estudos de custo-efetividade: 02
5
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
Nível de Evidência Científica por Tipo de Estudo - “Oxford Centre for
Evidence-based Medicine” - última atualização maio de 2001XX
Grau de
Nível de
Tratamento/
Recomendação
Evidência
Prevenção – Etiologia
1A
Diagnóstico
Revisão Sistemática (com
Revisão Sistemática (com homogeneidade)
homogeneidade)
de Estudos Diagnósticos nível 1 Critério
de Ensaios Clínicos Controlados e
Diagnóstico de estudos nível 1B, em diferentes
Randomizados
centros clínicos
Ensaio Clínico Controlado e
Coorte validada, com bom padrão de referência
Randomizado com Intervalo de
Critério Diagnóstico testado em um único centro
Confiança Estreito
Resultados Terapêuticos do tipo “tudo ou
clínico
A
1B
1C
2A
nada”
Revisão Sistemática (com
Revisão Sistemática (com homogeneidade)
homogeneidade)
de estudos diagnósticos de nível > 2
de Estudos de Coorte
Coorte Exploratória com bom padrão de
Estudo de Coorte (incluindo Ensaio
2B
Referência Critério Diagnóstico derivado ou
Clínico
validado em amostras fragmentadas
Randomizado de Menor Qualidade)
B
Sensibilidade e Especificidade próximas de 100%
ou banco de dados
Observação de Resultados Terapêuticos
2C
(outcomes research)
Estudo Ecológico
Revisão Sistemática (com
3A
Revisão Sistemática (com homogeneidade)
homogeneidade)
de estudos diagnósticos de nível > 3B
de Estudos Caso-Controle
Seleção não consecutiva de casos, ou
3B
C
4
D
5
Estudo Caso-Controle
padrão de referência aplicado de forma
Relato de Casos (incluindo Coorte ou
pouco consistente
Estudo caso-controle; ou padrão de referência
Caso-Controle de menor qualidade)
pobre ou não independente
Opinião desprovida de avaliação crítica ou baseada em matérias básicas (estudo fisiológico ou
estudo com animais)
X – Principais estudos encontrados:
Marjoribanks et al1. elaboraram revisão sistemática com o objetivo de comparar
a efetividade, segurança e aceitabilidade do tratamento cirúrgico versus
6
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
tratamento clínico na abordagem do sangramento uterino disfuncional. Oito
estudos foram incluídos, todos ensaios clínicos randomizados, somando um
total de 821 mulheres submetidas ao procedimento cirúrgico (411) e tratamento
clínico (410). Os estudos foram conduzidos pelo departamento de ginecologia
hospitalar de vários países. Três estudos incluídos nessa revisão referem-se ao
tratamento cirúrgico com ablação térmica com balão (Barrington, 2003; Soysal,
2002;
TALIS
2005).
Os
tratamentos
com
técnicas
cirúrgicas
não
histeroscópicas, de segunda geração, estão sendo desenvolvidos e utilizam a
aplicação controlada de calor, frio, microondas ou outras formas de destruir o
endométrio. Essas técnicas exigem equipamento sofisticado e menos
treinamento especializado que os métodos histeroscópicos, podem ser
realizadas em regime de hospital dia, sob anestesia local. Nessa revisão
sistemática, observa-se que as técnicas de segunda geração são simples e de
mais rápida realização que as técnicas de primeira geração (histeroscópicas).
Os resultados quanto ao índice de satisfação e redução do sangramento, são
semelhantes. Há ainda dados insuficientes sobre a segurança de tais técnicas
e sobre os equipamentos que necessitam de avaliação específica. Há
evidências de que a ablação por calor, microondas e sistema de balão eletrodo,
têm uma taxa mínima de complicações.
O estudo que avaliou a ablação por balão térmico (Barrington, 2003), não
descreveu o método de randomização, alocação e o poder da amostra. O
seguimento é de curto prazo, seis meses, com perda de quatro pacientes
tratadas e não foi descrito se a amostra populacional selecionada era
comparável ao grupo de intervenção. O estudo de Soysal, 2002, foi um ensaio
clínico randomizado comparando ablação cirúrgica por balão térmico e
implante de dispositivo intra-uterino de liberação lenta de hormônio
levonorgestrel. Os resultados avaliaram a redução do fluxo menstrual medido
através do escore Higham e dosagem da hemoglobina. Os casos de insucesso
terapêutico foram indicados para histerectomia. A medida do escore de Higham
definida foi maior de 150 pontos.
7
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
Talis3 2005, outro ensaio clínico randomizado elaborado para comparar
ablação cirúrgica por balão térmico e implante de dispositivo intra-uterino de
levonorgestrel, alocou 79 mulheres. Os grupos foram comparáveis, com 11
perdas no seguimento em 2 anos. Ambos os tratamentos obtiveram redução do
sangramento menstrual, avaliado através do método de Higham, melhora da
qualidade de vida (SF 36) e resultados semelhantes de satisfação e insucesso
terapêutico.
Os autores dessa revisão concluíram que os tratamentos cirúrgicos são mais
efetivos que os tratamentos clínicos, quando avaliados até um ano; após esse
período, não há diferença significativa. A histerectomia é um tratamento
definitivo para a menorragia, mas não é superior às técnicas não cirúrgicas em
melhoria de qualidade de vida e há maior probabilidade de complicações.
Lethaby et al2 realizaram revisão sistemática sobre técnicas de destruição do
endométrio visando o tratamento da hemorragia disfuncional uterina. O objetivo
foi comparar a eficácia, a segurança e aceitabilidade dos métodos utilizados
para destruir o endométrio com objetivo de reduzir a hemorragia disfuncional
uterina.
Foram selecionados 19 estudos, com 3.285 mulheres, pré-menopausa e com
idade de 30 a 50 anos. Em todos os estudos selecionados, as mulheres
relataram queixa de hemorragia uterina excessiva, em centros de referência
secundário ou terciário. Os resultados medidos foram a redução do
sangramento uterino, a melhoria da qualidade de vida, a satisfação pósoperatória, o tempo cirúrgico, a dificuldade de realização da técnica cirúrgica,
as complicações, necessidade de cirurgias adicionais ou a histerectomia. Após
avaliação dos trabalhos disponíveis, concluíram que as novas técnicas não
histeroscópicas (segunda geração), quando comparadas às técnicas ablativas
histeroscópicas (padrão ouro), têm um papel importante no tratamento da
hemorragia disfuncional uterina. O rápido desenvolvimento das novas técnicas
8
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
de destruição endometrial são difíceis de se comparar sistematicamente com
métodos histeroscópicos considerados como tratamento de referência. As
técnicas de segunda geração, que são realizadas sem visualização
histeroscópica, são igualmente efetivas e têm benefício semelhante às técnicas
convencionais de destruição endometrial com histeroscópio: quanto à melhoria
da qualidade de vida, redução objetiva e subjetiva do sangramento menstrual,
tempo de recuperação, taxa de complicação, taxa de satisfação e necessidade
de tratamento cirúrgico adicional ou até de histerectomia.
Loffer et al4 acompanharam os resultados de pacientes submetidas ao
tratamento ablativo com balão térmico e rollerball durante 5 anos. No protocolo
original, foram incluídas 255 mulheres, em ensaio clínico randomizado,
multicêntrico, envolvendo onze centros universitários americanos e centros
médicos privados. De 255 mulheres tratadas no protocolo original, 147 foram
entrevistadas e avaliadas 5 anos após o procedimento. Desse total, 25 haviam
sido submetidas à histerectomia, a ablações repetidas, dilatações e curetagens
permitindo que apenas 122 fossem avaliadas.
Do total avaliado, 59(95%)
foram submetidas ao tratamento com balão térmico e 59 (97%) foram
submetidas a ablação com rollerball e o resultado informado foi: ambas as
técnicas proporcionaram sangramento normal ou reduzido
térmica)
e
100%(ablação
por
rollerball)
estavam
e 93%(ablação
satisfeitas
com
os
procedimentos. Nos resultados da população de 255 mulheres, relatados nos
cinco anos de seguimento, 42 foram submetidas à histerectomia (21 no grupo
da ablação por balão térmico e 21 no grupo da ablação por rollerball; 5
repetiram a ablação (3 no grupo do balão e 2 no grupo rollerball) 1 repetiu a
dilatação e curetagem no grupo rollerball. Trinta e cinco mulheres foram
submetidas à histerectomia, 83% foram realizadas em função do sintoma de
dor pélvica ou sangramento e desse total um terço estava associado a miomas.
Aproximadamente 7 de cada 10 mulheres estavam assintomáticas em 5 anos,
e nenhuma intervenção adicional foi necessária. Assim esse trabalho conclui
9
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
que a ablação por balão térmico continua sendo um procedimento efetivo,
simples para o tratamento do sangramento disfuncional uterino, com desfechos
clínicos semelhantes àqueles do rollerball após 5 anos de ablação.
Van Zon-Rabelink et al5 utilizaram um mesmo ensaio clínico controlado e
randomizado para avaliar a taxa de eficácia e segurança em reduzir o
sangramento disfuncional uterino e a satisfação dos pacientes, utilizando a
técnica de eletrocoagulação com rollerball e ablação com balão térmico em um
hospital escola. Cento e trinta e sete mulheres foram divididas em dois grupos
de 60 para rollerball e 77 para o balão térmico e submetidas a ablação
endometrial. Os resultados da avaliação mostraram que o escore de medida
definido, bem como a taxa de sucesso para ambos os métodos, em 2 anos,
não foram estatisticamente diferentes. A conclusão desse ensaio clínico mostra
que a ablação por balão ou por eletrocoagulação por rollerball é igualmente
efetiva para tratar a hemorragia uterina disfuncional.
Brown et al6, realizaram análise de custo efetividade do implante uterino de
levonorgestrel e ablação por balão térmico. A amostra foi de 79 mulheres, 40
tratadas com implante intra-uterino de levonorgestrel e 39 com ablação por
balão térmico utilizando o modelo da árvore de decisão. Os desfechos
primários, para análise de custo efetividade, foram as alterações na qualidade
de vida, os custos diretos e indiretos dos tratamentos. O estudo concluiu que
os custos do tratamento com implante intra-uterino com levonorgestrel são
inferiores ao tratamento com ablação por balão térmico, dessa forma esse
tratamento é mais custo efetivo. Quanto à análise do questionário de qualidade
de vida, SF-36, não houve diferença estatisticamente significativa.
O Instituto de Excelência Clínica do Reino Unido (NICE- National Institute for
Clinical Excellence)7recomenda a ablação por balão térmico para tratar
hemorragia uterina disfuncional grave.
Segundo a NICE, as técnicas de
10
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
primeira geração (ressecção transcervical do endométrio, alça diatérmica e
rollerball)
requerem
a
visualização
direta
do
endométrio
usando
o
histeroscópio. Os possíveis eventos adversos com a técnica de primeira
geração são queimaduras, perfuração uterina, hemorragia, infecção e edema
(que pode causar insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, hemólise, coma e
morte). As técnicas de ablação de segunda geração têm sido introduzidas com
o objetivo de simplificar a técnica, tornando-a mais rápida e efetiva. Essa
técnica é menos operador-dependente e mais dependente do equipamento
(segurança e eficácia).
Os revisores concluem que a técnica de segunda
geração é semelhante à de primeira geração em termos de redução do
sangramento uterino grave, mas essa técnica é menos invasiva e pode ser
realizada sob anestesia local e ambulatorial. É um tratamento custo-efetivo
apesar
de
existirem
poucos
ensaios
randomizados
comparando
os
tratamentos.
Garside at al8, realizaram revisão sistemática e análise econômica sobre a
efetividade e custo efetividade da ablação endometrial por balão térmico e
microondas, no tratamento da hemorragia uterina grave. Os resultados dessa
revisão mostram que a ablação endometrial com as técnicas de primeira e
segunda geração são alternativas à histerectomia para o tratamento da
hemorragia uterina grave, com poucas complicações e rápido período de
recuperação. Os custos são mais baixos de início, mas desaparecem ao longo
do tempo. Embora nenhum ensaio clínico tenha sido realizado para comparar
técnicas de segunda geração e histerectomia, parece razoável assumir que as
técnicas de segunda geração são alternativas à histerectomia. Existem poucas
diferenças entre os resultados das técnicas de primeira e segunda geração,
incluindo sangramento, satisfação, medidas de qualidade de vida e
necessidade de repetir o procedimento. A histerectomia é mais cara e com
mais eventos adversos e mesmo se levar em conta a necessidade de repetir
os procedimentos realizados pelas técnicas de primeira ou segunda geração,
11
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
essa diferença de custos desaparece ao longo do tempo. A análise econômica
sugere que as técnicas de segunda geração são mais custo-efetivas que as de
primeira geração. As técnicas de primeira geração estão associadas a poucos
eventos adversos, quando comparados a histerectomia, e há evidências em
favor das técnicas de segunda geração de maior segurança que as de primeira
geração. O balão térmico parece ser adequado para poucas mulheres,
considerando as restrições ao procedimento, tais como tamanho do útero e
anormalidades patológicas. O custo utilidade para histerectomia versus
técnicas de ablação endometrial está dentro da média, considerada pelos
tomadores de decisão como aceitável.
JOHNSON & JOHNSON PRODUTOS PROFISSIONAIS LTDA
CNPJ:
54.516.661/0001-01
Autorização:
Produto:
8014590
CATETER BALAO PARA SISTEMA TERAPIA UTERINA THERMACHOICE*
Registro:
Processo:
10132590446
25000.026758/98-40
FABRICANTE : Gynecare, Inc. - ESTADOS UNIDOS
Origem do Produto
DISTRIBUIDOR : Gynecare, Inc. - ESTADOS UNIDOS
Vencimento do
30/3/2009
Registro:
XI – Considerações finais:
No tratamento da hemorragia uterina disfuncional grave, a ablação endometrial
por balão térmico é uma opção comparada às técnicas de primeira geração e
histerectomia. A ablação térmica por balão parece ser adequada para mulheres
com prole definida, cavidade uterina menor que 12 cm e sem anormalidades na
arquitetura do útero.
Os ensaios clínicos que avaliaram essa técnica apresentaram falhas
metodológicas tais como perda de seguimento, tamanho pequeno da amostra e
12
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
viés de seleção. Mesmo assim, na literatura pesquisada, essa técnica foi
considerada segura e efetiva.
Não houve superioridade quando comparada a outros procedimentos já
praticados. A análise de custo-efetividade desenvolvida em estudos no exterior,
talvez não se aplique à realidade brasileira, pelo alto custo do equipamento em
nosso meio.
O procedimento não faz parte do Rol da ANS, assim permanece sem cobertura
pelas operadoras de plano de saúde.
XII – Parecer do GATS:
[ ] Parecer favorável
[X] Parecer não favorável
[ ] Parecer inconclusivo – pendência de dados para análise
XIII – Referências Bibliográficas:
1. Marjoribanks J, Lethaby A, Farquhar C. Surgery versus medical therapy for
heavy menstrual bleeding. (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, n
4, 2007. Oxford: Update Software.
2. Lethaby A, Hickey M, Garry R. Técnicas de destrucción endometrial para la
menorragia.(Cochrane Review). In: La Biblioteca Cochrane Plus, n.4, 2007.
Oxford: Update Software.
3. Busfield RA, Farquhar CM, Sowter MC, Lethaby A, Sprecher M, Yu Y, et al.
A randomised trial comparing the levonorgestrel intrauterine system and
thermal balloon ablation for heavy menstrual bleeding. BJOG 2006;113(3):
257-63.
4. Loffer FD, Grainger D. Five-year follow-up of patients participating in a
randomized trial of uterine balloon therapy versus rollerball ablation for
treatment of menorrhagia. J Am Assoc Gynecol Laparosc 2002;9(4): 42935.
5. Van Zon-Rabelink IA, Vleugels MP,.Merkus HM, De Graaf R. Efficay and
satisfaction rate comparing endometrial ablation by rollerball
electrocoagulation to uterine balloon thermal ablation in a randomised
controlled trial. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2004;114(1): 97-103.
13
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
6. Brown PM, Farquhar CM, Lethaby A, Sadler LC, Johnson NP. Costeffectiveness analysis of levonorgestrel intrauterine system and thermal
balloon ablation for heavy menstrual bleeding. BJOG 2006;113(7):797-803.
7. National Institute for Clinical Excellence-NICE-. Heavy menstrual bleeding.
Jan.
2007.
Acesso
em:
4
out.
2007.
Disponível
em:
http://www.nice.org.uk/nicemedia/pdf/CG44FullGuideline.pdf
8. National Institute for Clinical Excellence-NICE. Fluid-filled thermal balloon
and microwave endometrial ablation techniques for heavy menstrual
bleeding. Abr. 2004. Acesso em: 4 out. 2007. Disponível em:
http://www.nice.org.uk/nicemedia/pdf/TA078fullguidance.pdf
9. Garside R, Stein K, Wyatt K, Round A, Price A. The effectiveness and costeffectiveness of microwave and thermal balloon endometrial ablation for
heavy menstrual bleeding: a systematic review and economic modelling.
Health Technol Assess 2004;8(3): 1-155.
10. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Gynecare Thermachoice® : instruções de utilização. Acesso em 4 out.
2007.
Disponível
em:
http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/REL/REL[12725-1-1].PDF
14
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
XIV – Anexos:
Anexo 1 – Resumo consolidado dos trabalhos selecionados
Autor
Desenho de estudo
J Majoribanks1 –
Revisão Sistemática
The Cochrane
Library; última
atualização
Dezembro 2005
“N”
e estratificação
do “N”
821
grupo Tratamento
cirúrgico:411
Tratamento
Medicamentoso:4
10
Tratamento
cirúrgico:
Histerectomia,
técnicas de
primeira geração
e segunda
geração versus
implante de
dispositivo intrauterino de
levonorgestrel
Desfechos
avaliados
Conclusão do estudo
Qualidade de
A ressecção endometrial é
vida;
mais efetiva que
índice de
tratamento oral e causa
satisfação com o poucos eventos adversos.
tratamento;
Implante de dispositivo
Taxa de redução intra-uterino, histerectomia
do sangramento
ou ablação endometrial
menstrual
por qualquer técnica em
um ano não mostram
diferença estatística na
taxa de satisfação ou
qualidade de vida, apesar
dos eventos adversos
serem estatisticamente
menores com as
técnicas de primeira e
segunda geração.
Técnicas de
primeira geração
versus técnicas de
segunda geração
Redução do
volume de
sangramento
(amenorreia),
taxa de
satisfação e de
complicações.
As taxas de satisfação e
redução da menorragia
foram semelhantes, porém
as técnicas de segunda
geração são mais simples
e mais rápidas de se
realizar.
N=79
Dispositivo intrauterino
levonorgestrel:40
versus Ablação
por balão
térmico;39
Implante do
dispositivo intrauterino e ablação
endometrial por
balão térmico
Em 12 e 24 meses de
seguimento, houve
redução no escore de
Higham com significado
estatístico para mulheres
submetidas ao tratamento
com dispositivo intrauterino com
levonorgestrel. Os
resultados das taxas de
satisfação ou qualidade de
vida foram semelhantes.
N=255
Balão Térmico:
131
rollerball:124
Ablação
endometrial por
balão térmico
versus ablação
por rollerball
Medidas da
perda
sanguínea
menstrual,
através do
escore de
Higham,
qualidade de
vida, taxa de
satisfação e
sintomas
menstruais, em
3,6,12 e 24
meses
Avaliação do
sangramento,
satisfação do
paciente, índice
de dor pélvica,
necessidade de
repetir o
procedimento,
taxa de sucesso
ou necessidade
de
histerectomias
A Lethaby - Revisão
Sistemática
The Cochrane
Library; última
atualização em
Agosto 2005
N=3285
RA Busfield
Ensaio Clínico
Randomizado
BJOG An
International Journal
of Obstetrics and
Gynaecology
Franklin D. Loffer
Ensaio Clínico
Randomizado
The Journal of
American
Association of
Gynecologic
Laparoscopists
Intervenção
Os resultados foram
comparáveis em todos os
desfechos avaliados em 5
anos.
15
Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde
Anexo2 - Análise do Impacto Financeiro:
Custo do Balão Térmico:
DESCRIÇÃO DOS PRODUTOS
Cateter Balão de silicone, geração III, para
Tratamento Definitivo da Menorragia – Thermachoice
CÓDIGO
PREÇO
TCO33
R$ 2.490,00
16

Documentos relacionados