Revista WE
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Study in Portugal já está em marcha com a chegada do primeiro grupo de estudantes dos EUA O primeiro Luso-American Legislator's Dialogue reuniu políticos nacionais com 12 luso-americanos Vencedores portugueses recebem Prémio FLAD Life Science no valor total de 800 mil euros Vice PrimeiroMinistro, Paulo Portas, escreve sobre Portugal e as relações transatlânticas P6 P20 P26 P30 WE flad Francis fukuyama na flad Inaugura ciclo de conferências '30 Anos FLAD' P12 A 18 #01 2015.01.S We start Study in Portugal já está em marcha com a chegada do primeiro grupo de estudantes dos EUA O primeiro Luso-American Legislator's Dialogue reuniu políticos nacionais com 12 luso-americanos Vencedores portugueses recebem Prémio FLAD Life Science no valor total de 800 mil euros Vice PrimeiroMinistro, Paulo Portas, escreve sobre Portugal e as relações transatlânticas. P6 P20 P26 P30 edit "A FLAD está de parabéns por mais esta iniciativa, a Luso-American Legislator's Dialogue" 12 12 caro leitor A democracia na Europa WE Flad #01 2015.01.S Francis Fukuyama veio a Portugal e foi orador na FLAD, na conferência de abertura do ciclo '30 Anos FLAD'. Inaugura ciclo de conferências '30 Anos FLAD' P12 A 18 Açores, presente e Futuro 22 Os Açores continuam a ser centrais para a FLAD e há novos projectos e protocolos de desenvolvimento a serem assinados. Fotografia de capa de Rui Ochôa 04 20 IV Fórum Franklin D. Roosevelt Luso-American Legislator's Especialistas nacionais e lusoamericanos encontram-se nos Açores para discutir novos projectos de desenvolvimento sustentável no arquipélago. 26 06 A Fundação foi palco do primeiro encontro entre políticos portugueses e luso-descendentes eleitos nos Estados Unidos. 22 Study in Portugal a cativar os EUA FLAD e técnico juntos pela energia Criado a 7 de Outubro de 2014, o programa Study in Portugal Network recebe estudantes norte-americanos. Criação de um sistema de energias alternativas na Ilha Terceira é o objetivo central do projecto Vulcano. 08 26 Segurança Energética Prémio FLAD Life Science 2020 Programa Segurança Energética aponta novos caminhos de reflexão estratégica para a energia em Portugal. Bolsas FLAD Life Science 2020 de 800 mil euros já foram entregues a cientistas nacionais que investigam em Portugal. 12 2 — we/flad — 1º Semestre 2015 “WE”. Este foi o nome que escolhemos para a revista que hoje lançamos. D 19 Francis Fukuyama na Flad Marc Pacheco www.flad.pt escreve o que somos e como o fazemos. “Nós”, Portugal e os EUA, “Nós” o Atlântico Norte, “Nós” a Aliança Atlântica, “We The People” como dizem, desde muito cedo, os norte-americanos. WE sintetiza o ADN da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. A FLAD cumpre este ano 30 anos de vida e, sem esquecer o passado e o contexto, projectamos com ambição e exigência o futuro com a nossa acção no dia-a-dia. A Administração a que tenho a honra de presidir tomou posse em Janeiro de 2014 com uma ideia muito clara sobre os pilares da nossa acção: Cooperação científica e tecnológica com entidades americanas; Programa de desenvolvimento para os Açores; Promoção da língua e cultura portuguesas nos EUA; e um último pilar que foi, por nós, introduzido – a Cooperação económica e empresarial entre Portugal e os Estados Unidos. De certa forma, ao longo das páginas que se seguem, poderão acompanhar o retrato daquela que foi a nossa actividade ao longo deste último ano e meio, assim como a forma como, para cada um dos pilares, foram lançados programas, desenvolvidas iniciativas e alcançados resultados. Uma das nossas prioridades, como não podia deixar de ser, é a investigação científica e o estreitar das pontes do conhecimento que ligam Portugal à academia e à investigação realizadas nos EUA. O lançamento do programa Life Science 2020 – que reúne a maior bolsa de sempre entregue à investigação em Portugal – é um marco do que consideramos ser o caminho para o sucesso: conhecimento português, desenvolvido (também) em Portugal, com cientistas portugueses e norte-americanos. Maria Manuel Mota como a presidente do júri do programa é motivo de orgulho e garantia de sucesso e independência (ver página 6). Os Açores estão, como não podia deixar de ser, no cerne da nossa acção e, além do Fórum Roosevelt, que promovemos este ano na Ilha de São Miguel, no Pico, foram www.flad.pt lançados um conjunto de projectos com um enfoque empresarial que, acreditamos, irão dar os seus frutos no médio prazo. O arquipélago que está a meio caminho entre EUA e Portugal Continental reúne condições únicas para ser um marco geodésico do nosso relacionamento (ver página 4). Poderia ainda chamar a vossa atenção para projectos tão simbólicos como o ‘A rte em Movimento’ que expõe a colecção de arte da FLAD em centros públicos de saúde (ver página 24), entre outras iniciativas, mas queria terminar com um evento que realizámos em Lisboa e que pretendemos repetir de forma periódica. Por tudo o que permite: a reunião dos legisladores luso-americanos para que, de forma informada Fundação Luso‑Americana para o Desenvolvimento CONSELHO DE CURADORES: José Luís Nogueira de Brito (Presidente) Mário Ferreira José Lamego Rui Ramos John Olson Elvira Fortunato CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO: Vasco Rato (Presidente) Jorge da Silva Gabriel Michael Alvin Baum Jr. Jorge Figueiredo Dias Mário Mesquita CONSELHO EXECUTIVO: Vasco Rato (Presidente) Jorge da Silva Gabriel Michael Alvin Baum Rua do Sacramento à Lapa, 21 1249‑090 Lisboa | Portugal Tel.: (+351) 21 393 5800 • Fax: (+351) 21 396 3358 Email: [email protected] • www.flad.pt www.facebook.com/ FundacaoLusoAmericana Revista WE DIRECTOR: Vasco Rato COORDENADOR: Bruno Ventura “Nós” o Atlântico Norte, “Nós” a Aliança do Atlântico Norte, “We The People” como dizem, desde muito cedo, os americanos. e cooperante, permanente e focada, possam acompanhar os desafios que enfrentam os portugueses e as oportunidades que se nos colocam (ver página 20). Contámos com a presença do primeiro-ministro e também do líder do Partido Socialista porque acreditamos que existem matérias à prova da cor partidária. E esta é uma delas. Hoje, como há 900 anos, Portugal é substancialmente maior do que as suas fronteiras físicas. Está nos quatro cantos do mundo com uma diáspora de cerca de 5 milhões de pessoas. Só nos EUA são 1.3 milhões de luso-descendentes que a FLAD pretende manter, cada vez mais, ligados a Portugal. WE, sim. WE, com convicção. EDITORES: Francisco Teixeira e Paulo Pinto Mascarenhas COLABORAM NESTE NÚMERO: Gonçalo Castelbranco, João Lemos Esteves, João Silvério, Jorge Gabriel, Maria Manuel Mota, Michael Baum, Miguel Vaz, Paulo Portas, Ruben Eiras, Rui Pereira e Vasco Rato DESIGN: Rute Coelho REVISÃO: Maria Athayde PERIODICIDADE: semestral [email protected] © Copyright: : Fundação Luso‑Americana para o Desenvolvimento Todos os direitos reservados 1º Semestre 2015 — we/flad — 3 We flash Nos €800 Mil Euros é o valor total dos dois prémios atribuídos pela FLAD Life Science 2020 5.389 Era o número de "Gostos" da página da FLAD a 22 de Julho de 2015 37% Das árvores de criptoméria existentes nos Açores têm mais de 30 anos breves IV Fórum Açoriano Franklin D. Roosevelt já está a ter desenvolvimentos Especialistas portugueses e norte-americanos reuniram-se para encontrar novas formas de desenvolvimento sustentável para os Açores. O arquitecto Jeremy Backlar apresentou uma das propostas que já estão a ser concretizadas. N os dias 9 e 10 de Abril, decorreu no Auditório do Museu dos Baleeiros, na Lajes do Pico, o IV Fórum Açoriano Franklin D. Roosevelt com o tema "Açores e EUA: Estratégias de Desenvolvimento Sustentável", organizado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Com a presença de representantes portugueses e norte-americanos discutiu-se a agenda transatlântica actual e os principais desafios para o desenvolvimento sustentado nas áreas do mar e seus recursos, agricultura e turismo no âmbito da TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership). Durante dois dias, a FLAD congregou empresários, engenheiros, responsáveis públicos e académicos para des- Michael Baum, administrador executivo da FLAD, organizou o IV Fórum Açoriano. 4 — we/flad — 1º Semestre 2015 cortinar Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para os Açores, surgindo algumas propostas e soluções originais para a região autónoma. No encerramento do IV Fórum Roosevelt, Michael Baum, administrador executivo da FLAD que organizou o evento de dois dias no Pico, assumiu a “esperança de que [a iniciativa] seja um primeiro passo” na nova estratégia de desenvolvimento. “Para não morrer na praia”, o fórum já está a ter seguimento. Um das propostas que passou pelo auditório do Museu dos Baleeiros das vila das Lajes do Pico e já está a ser posta em prática nos Açores, veio de Jeremy Backlar, do Atelier de Arquitectura Backlar, que expôs as potencialidades da exploração de um recursos natural que existe em abundância nos Açores mas é muito pouco aproveitado, a madeira de criptoméria. Jeremy Backlar sublinhou que 9% do território dos Açores está ocupado com floresta de criptoméria e que 37% dessas árvores têm mais de 30 anos, por os açorianos não verem as potencialidades da sua exploração. O Governo Regional lançou no ano passado os primeiros concursos públicos para corte e venda da madeira de criptoméria de matas públicas. A maioria foi exportada para fora das ilhas. Jeremy Backlar sublinhou, na sua intervenção, as mais-valias ambientais, económicas e outras da utilização, localmente, da madeira na construção de edifícios, por exemplo, em comparação com o betão. FLAD e a Universidade Brown abriram concurso para professor visitante Luso-americanos ‘Portuguese Kids’ deram espectáculo na FLAD O grupo luso-descendente Portugue‑ se Kids esteve presente no auditório da FLAD no dia 9 de Outubro para um espectáculo inesquecível. Derri‑ ck Demelo, Jason Casimiro, Brian Martins e Al Sardinha compõem o elenco dos “Portuguese Kids”, grupo de comediantes oriundos do estado de Massachusetts, EUA. Os “miúdos” de ascendência familiar portuguesa recorrem à sátira sobre os hábitos e os comportamentos dos portugue‑ ses que emigraram para o outro lado do Atlântico. Os “Portuguese Kids” têm vindo a definir um estilo muito próprio na forma de fazer humor, baseando-se nesta forma de estar muito peculiar da comunidade luso‑ -americana, radicada um pouco por todo os EUA, destacando sempre o lado engraçado “de ser Português”. Exposição nos Açores tem João Silvério, da FLAD, como curador A primeira exposição do Centro de Artes Contemporâneas dos Aço‑ res, dedicada ao Espírito Santo, foi inaugurada a 22 de maio, contando com as tradicionais sopas e a atua‑ ção da fadista Gisela João e DJ, foi hoje anunciado. A exposição “Pon‑ tos Colaterais – Coleção de Arte Contemporânea Arquipélago, uma selecção” teve a curadoria de João Silvério, através de um protocolo com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). www.flad.pt A Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e o Departa‑ mento de Estudos Portugueses, da Brown University (Providence, Rhode Island, EUA) abriram um concurso para o lugar de Profes‑ sor Visitante naquela Universidade. Os objectivos da iniciativa bem como o perfil dos candidatos e as habilitações profissionais reque‑ ridas são as de lecionação de um curso semestral em inglês sobre um tema de História Contempo‑ rânea de Portugal ou de Ciências Sociais (de preferência, Sociologia, Antropologia ou Ciências Políti‑ cas) relacionados com Portugal contemporâneo. A temática do curso pode ser alargada ao mundo lusófono, ou pode também ter uma dimensão comparativa internacio‑ nal. A apresentação de candidatu‑ ras decorreu com grande sucesso até ao dia 31 de Janeiro de 2015. Crossing the Atlantic da FLAD apoia patente açoriana nos EUA A Universidade dos Açores registou a patente de um biofilme comestível que pode ser utilizado para proteger o queijo. A inovação foi desenvolvida pelo Grupo de Ciência dos Alimentos e já há pequenas e médias empresas da Região interessadas em explorar a inovação. A universidade desenvolveu, também, outros produtos lácteos fermentados que permitem novos aproveitamentos do leite. A pesquisa começou já a ser apoiada pela FLAD na sua divulgação nos EUA através do programa Crossing the Atlantic. www.flad.pt FLAD apoia Women WinWin para o empreendorismo das mulheres G aby Marcon Clarke foi a “speaker” convidada do 2º programa Mentoring WomenWinWin, um evento promovido pela WomenWinWin, com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. O evento decorreu no dia 19 de junho, no Auditório da Fundação Luso-Americana, em Lisboa, com intervenção final do Administrador Executivo da FLAD, Jorge Gabriel. O objetivo do Programa de Mentoring é o de apoiar o empreendorismo feminino possibilitando o acompanhamento estruturado durante um ano por parte de um(a) empresário(a) com um outro nível de senioridade e com experiência e sucesso comprovados. Com mais de 20 anos de experiência em Gestão, Marketing e Relações Públicas, a britânica Gaby Marcon afirmou-se ao longo da sua carreira também como mentora empresarial, sendo cofundadora da Shine People and Places. Concebeu e implementou vários programas de desenvolvimento e de mentoring para PME’s. Em 2011, lançou os Women 1st Shine Awards. Está associada à Oxford School of Coaching & Mentoring e é membro da Association for Coaching. FLAD patrocina ‘Jangada de Pedra” de Souto Moura e Siza Vieira em Washington exposta em frente ao John F. Kennedy Center for the Performing Arts, o centro cultural nacional dos EUA. “É um grande orgulho para o Arte Institute ter o arquitecto Souto Moura e o arquitecto Siza a trabalharem nesta instalação, um desafio contrarelógio que demonstrou não só o seu talento e profissionalismo, como a sua generosidade e entrega”, disse a presidente do Arte Institute, Ana Ventura Miranda, à agência Lusa. Entre outras iniciativas, a FLAD apoiou os concertos de Carminho e Camané, acompanhados pela National Symphony Orchestra, assim como de Rodrigo Leão, Sofia Ribeiro, Luísa Sobral, The Gift e António Zambujo. Os arquitectos Eduardo Souto de Moura e Álvaro Siza Vieira são os autores da instalação chamada “Jangada de Pedra” que esteve em exibição durante uma mostra de criação contemporânea ibérica, em Washington, no mês de Março. A instalação partiu de uma iniciativa do Arte Institute, com o patrocínio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), e esteve 1º Semestre 2015 — we/flad — 5 we/zoom Study in Portugal Network sempre a crescer nos Estados Unidos Criado a 7 de Outubro de 2014, o Study in Portugal Network já começou a receber os primeiros estudantes norte-americanos em Portugal. Prosseguem os esforços da FLAD para tornar as universidades portugueses mais conhecidas nos Estados Unidos. 3 1 1 Um grupo de estudantes 2 norte-americanos do SiPN com Rui Pereira, Michael Baum, Vasco Rato e Miguel Vaz, na primeira visita à FLAD. Ricardo Pereira / Lisboa, Portugal/ Study in Portugal Network, On-site Coordinator / [email protected] S egundo o mais recente Open Doors Report do Institute for International Education (IIE), mais de 289 mil estudantes americanos participaram em 2013 em programas de mobilidade de curta duração no estrangeiro, o que representa cerca de 9% de alunos não licenciados nos Estados Unidos. Enquanto a Europa é escolhida por mais de metade destes estudantes, com apenas três países a somar 32% do total em todo o mundo (Reino Unido, Itália e Espanha, respectivamente, por ordem das instituições de ensino portuguesas, que a FLAD, em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos da América em Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, a Comissão Fulbright Portugal, a SATA, o AICEP, o Ministério da Educação e o Ministério dos Negócios Estrangeiros, criaram, a 7 de Outubro de 2015, o Study in Portugal Network (SiPN), que numa primeira fase estabeleceu entendimento com 4 universidades lisboetas, o ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, a Universidade Católica Portuguesa-Lisboa, a Universidade de Lisboa e a Universidade Nova de Lisboa. O programa terá uma base itinerante, tendo como suporte logístico uma dest a s universida des O website do SiPN foi lançado por semestre/programa de verão. É, por isso, um em finais de Fevereiro de programa académico (de 2015 e 30 de Abril foi a data estadias de curta duração, no mínimo de um limite para inscrições. mês de Verão, no máximo de preferência), Portugal continua, infeum ano letivo completo) em puro formalizmente, fora do radar da maioria dos to de consórcio com vista a potenciar e estudantes americanos. Embora cerca criar sinergias positivas entre as instide 10 mil estudantes do programa Erastuições envolvidas, acelerando o procesmus tenham escolhido Portugal como so de internacionalização das mesmas e destino académico o ano passado, foram aumentando as suas receitas próprias. menos de 200 os americanos que tomaPara o estudante norte-americano as ram essa mesma decisão. vantagens são óbvias na medida que terá Foi perante esta realidade, associaacesso a centenas de unidades curricuda à necessidade de internacionalização lares oferecidas regularmente em inglês, 6 — we/flad — 1º Semestre 2015 4 2 Fotografia de uma das apoiantes do programa da FLAD 3 O administrador executivo Michael Baum é também director do programa Study in Portugal Network. 4 Outra imagem do encontro na FLAD. sendo-lhe possível organizar o seu plano de estudo de forma livre, com plenitude de oportunidades, facto possibilitado também pela proximidade das instituições de ensino envolvidas. Para aqueles que mostrarem domínio da língua portuguesa, terão ao seu alcance ainda mais opções curriculares. Outro dos atributos distintivos do programa é a presente bolsa de estágios de Verão já disponível (e em larga expansão) para os alunos interessados neste aspecto, possibilitando assim a ideia de imersão em contexto laboral português e a conexão prática com os conteúdos leccionados em sala de aula. O website do SiPN (studyinportugalnetwork.com) foi lançado em finais de Fevereiro e a data limite de inscrições para os programas de Verão e primeiro semestre de 2015/2016 – ambos a terem sede operacional no ISCTE-IUL –, foi o dia 30 de Abril, dispondo-se assim de www.flad.pt uma janela de oportunidade de recrutamento relativamente curta para um programa que estava a dar os primeiros passos. Ainda assim, os resultados do recrutamento não podiam ser mais animadores: 23 estudantes admitidos para o programa de Verão (composto por 3 sessões, nos meses de Junho, Julho e Agosto), e outros 7 para o primeiro semestre do ano lectivo que se avizinha. Este número bastante satisfatório para a primeira edição do programa é fruto de diversos esforços desenvolvidos no sentido de difundir rapidamente a estrutura e atributos disponibilizados pelo SiPN, com as universidades e instituições que são parceiras do programa. Das acções de promoção desenvolvidas destacam-se o “SiPN Road Show 2014”, que passou por várias universidades nos EUA, consulados e embaixada portuguesa nesse país, perfazendo-se um www.flad.pt total de 49 apresentações realizadas entre 10 de Outubro e 19 de Novembro de 2014. De 24 a 29 de Maio de 2015, o SiPN (apoiado pela FLAD) participou em Boston, Massachusetts, na maior feira de educação internacional nos Estados Unidos, a NAFSA – Association of International Educators, com a colaboração e presença do embaixador dos EUA em Lisboa, Robert Sherman. Mais de 11 200 pessoas estiveram este ano no evento, o maior número de sempre, permitindo assim ao SiPN alcançar largos níveis de notoriedade e iniciar uma série de contactos que se podem concretizar na vinda de muitos mais estudantes provenientes das várias universidades com que se estabeleceu uma primeira aproximação. Já com estudantes SiPN em solo português, importa ressalvar o facto de os estudantes admitidos pertencerem a universidades localizadas em variadas zonas dos Estados Unidos. O SiPN acolheu e acolherá estudantes da Universidade de Brown (MA), Universidade da Califórnia – Berkeley (CA), Universidade de Wisconsin – Milwaukee (WI), Universidade do Massachusetts – Amherst (MA), Stanford University (CA), San Jose State (CA), Brigham Young (UT), Universidade de Notre Dame (IN), Universidade de Rhode Island (RI), Universidade de Indiana – Bloomington (IN), Wellesley College (MA) e Bentley University (MA). Para além disso, foi admitida no programa uma aluna da Escócia (Universidade de Aberdeen), facto que numa primeira instância permite acreditar que a proveniência de alunos pode e deve ser diversificada a vários estados dos EUA, não ficando circunscrito apenas aos que têm maior presença de estudantes luso-americanos. Os estágios de Verão merecem especial destaque pelo interesse demonstrado pelos estudantes e universidades americanas parceiras (ou em vias de o serem). De momento, o SiPN tem estudantes de Verão a colaborar com instituições tão variadas como a Fundação Champalimaud – Center for the Unknown, o Ministério do Negócios Estrangeiros, Banco BiG, Galeria de Arte Urbana (CML), StartUp Lisboa (CML), Hovione Pharmaceutical, Centro de Arqueologia de Lisboa (CML), entre outras. Entretanto, foram já adicionados ao portfólio de estágios SiPN uma série de novas vagas disponíveis para próximas edições, preparando-se desde já resposta para o que se espera ser um aumento muito considerável da procura por parte dos estudantes americanos no SiPN. Para enumerar algumas das instituições que estabeleceram colaboração com o SiPN neste sentido, podemos falar do Instituto de Medicina Molecular, da IBM Portugal, do Portugal Economy Probe, do INESC-ID (IST-UL), da FabLab Lisboa, do Fulbright Portugal, do Instituto Diplomático, entre outros. A grande novidade foi a inclusão de oportunidades de estágios no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (Universidade do Porto), aquele que pode, simbolicamente, representar o alargamento do Network a outras cidades do País, como é vontade do Conselho Académico do SiPN, composto por um representante de cada universidade parceira e um representante da FLAD, o Prof. Michael Baum, diretor do SiPN e membro do Conselho Executivo da FLAD. 1º Semestre 2015 — we/flad — 7 we/connect Segurança Energética 30% Reestruturação na Segurança Energética da Europa promovida pela FLAD Dependência da UE face à Rússia na importação de gás natural; Europa é o continente com maior dependência energética. 50% O primeiro documento do programa prevê a redução para metade do índice de Risco Geopolítico da Segurança Energética da União Europeia, bem como a substituição total de gás natural importado da Rússia. Uma das principais premissas da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento passa por promover a investigação e contribuir para a reflexão estratégica dos mais diversos intervenientes e decisores políticos europeus. O Programa FL AD Segurança Energética da Fundação Luso-A mericana para o Desenvolvimento tem atingido cada vez maior expressão no panorama de atuação internacional. Os dados provenientes destas análises pretendem enriquecer a informação pública sobre o tema e contribuir de forma positiva para a ref lexão estratégica dos decisores políticos intervenientes na segurança energética global. A assinatura do protocolo de cooperação com a Miranda Alliance ocorreu no dia 29 de setembro de 2014 e marcou o início de uma parceria com esta sociedade de advogados para a formulação de três 'research papers', sobre uma das temáticas mais urgentes na Europa e no Mundo. Os primeiros estudos produzidos pelo programa da FLAD surgiram com o título «Impacto no Risco Geopolítico da Segurança Energética da UE do ‘Shale Gas’ dos EUA e do Gás Natural Africano». A dependência da Europa perante a Rússia na importação de gás natural ascende os 30% e o velho continente apresenta-se ainda hoje como o menos independente em termos energéticos. Para contrariar esta tendência e aumentar os índices de auto-suficiência na Europa, as em- 8 — we/flad — 1º Semestre 2015 presas continentais têm procurado maior envolvimento nos consórcios de exploração de petróleo e de gás. E neste contexto, o circuito europeu tem executado estratégias de participação ativa nas novas áreas do eixo Atlântico e também da África subsaariana. No primeiro policy paper que foi dado a conhecer em 2014, os Estados Unidos da América são apontados como parte integrante e indispensável para o planeamento a longo prazo da segurança energética europeia. Na verdade, o território norte-americano em conjunto com a região africana apresentam-se como a mais significativa garantia de consistência: em conjunto, oferecem as condições e potencial necessários para substituir até 2020, caso seja necessário, a totalidade do fornecimento de gás natural à Europa, reduzindo em 50% o índice de Risco Geopolítico da Segurança Energética da União Europeia. Também a evolução tecnológica associada, entre outras explorações, ao petróleo, trouxe novos recursos em novas localizações geográficas, factualidade que acabou por revolucionar por completo o panorama energético mundial. Os países do AtlânticoSul ganharam um protagonismo acrescido – nomeadamente o Brasil, os Estados Unidos e o Canadá. Desta forma, Portugal assumiu por inerência uma importância assinalável na perspetiva de desenvolvimento da segurança Energética Europeia. Com uma 2020 É a data prevista pelos estudos da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, a fim de atingir os objetivos europeus a que se propõe. Os próximos 5 anos poderão vir a ser decisivos para ditar a centralidade portuguesa no futuro energético. Portugal pode ser um "player" fundamental. www.flad.pt posição geográfica privilegiada no Atlântico, muito próxima dos EUA, do Canadá e de África, e com uma frente marítima bastante extensa, apresenta argumentos suficientes para se tornar um «player» fundamental na reestruturação e diversificação das fontes de abastecimento. Assim, os próximos 5 anos serão decisivos para ditar a centralidade portuguesa no futuro energético europeu em matéria de gás natural. De acordo com Ruben Eiras, Diretor do Programa Segurança Energética FLAD, «recorremos à metodologia da Agência Internacional de Energia para tecer um cená- www.flad.pt rio sobre o impacto geopolítico na segurança energética europeia com a substituição das importações russas». A Sociedade que se tornou parceira central no projeto de research da FLAD reconhece que o setor energético corresponde a mais de 60% da atividade económica global. E por esta razão, Agostinho Pereira Miranda acrescenta: «A Miranda orgulha-se de ter sido escolhida como parceira exclusiva no Programa Segurança Energética FLAD. (…) Nunca como hoje a segurança energética – tanto para os países produtores como para os consumidores – foi tão essencial à paz e prosperidade mundiais». A assinatura do protocolo de cooperação com a Miranda Alliance ocorreu a 29 de Setembro de 2014 e marcou o início da parceria com a FLAD. 1º Semestre 2015 — we/flad — 9 we/think Opinião Segurança Energética: o novo pilar estratégico nas relações luso-americanas O porto de Sines é uma potencial oportunidade para maximizar a posição geoestratégica de Portugal face aos EUA. Criado em Julho de 2014, o Programa Segurança Energética da FLAD conseguiu já contribuir de forma bastante positiva para a concepção da política nacional neste domínio, com o Governo português a adoptar algumas das suas linhas estratégicas. Ruben Eiras ⁄ Director do PSE da FLAD O Atlântico será indubitavelmente um dos principais corredores energéticos da economia global do século XXI. A ascensão de novos produtores petrolíferos a Sul e o renascimento dos EUA como potência energética são os principais drivers desta profunda mudança geopolítica que impactará a segurança energética global, sobretudo no que diz respeito à disponibilidade física dos recursos energéticos fósseis e das dinâmicas industriais que a sua produção e comércio irão gerar. A grande mudança no Atlântico Norte provém dos EUA. A revolução tecnológica da fraturação hidráulica (vulgo ‘fracking’), combinada com um preço do petróleo estabilizado nos $60/barril e um custo médio de produção entre os $35 e os $42/barril (segundo o último Oil Market Report da Energy Information Administration), tornou possível que as reservas de hidrocarbonetos não convencionais ('shale gas' e 'shale oil') fossem exploradas e produzidas de forma competitiva. E o impacto desta mudança já se fez sentir presentemente (2014): 13973 milhões de barris equivalentes de petró- 10 — we/flad — 1º Semestre 2015 leo (boe) diários produzidos nos EUA, à frente da Arábia Saudita e 24508 biliões de pés cúbicos, à frente da Rússia. São estes os números geradores de colossais ondas de choque no equilíbrio mundial do poder energético. Além disso, a maioria das reservas de gás natural não-convencionais situam-se na faixa atlântica dos EUA. A análise levada a cabo pelo Potential Gas Commitee (PGC) , uma organização que reúne todos os stakeholders envolvidos na indústria do gás natural no mercado norte-americano (existente há 48 anos), revela ainda que as bacias na costa Atlântica são as que detêm a maior quantidade deste recurso (33%), tendo crescido 110% desde 2010. Para o gás norte-americano chegar a esses mercados, terá de ser transportado por via marítima, obrigando a investimentos não só em novos navios, mas também em infraestruturas de regaseificação e armazenamento nos países destino ou Estados parceiros. Portanto, um dos principais impactos do shale gas americano será a aceleração da crescente «maritimização» desta commodity em detrimento do seu comércio via terrestre, por gasoduto. Ou seja, surgem oportunidades industriais e comerciais para os países costeiros. www.flad.pt www.flad.pt Portanto, Portugal, com a sua inigualável posição geoestratégica face aos EUA, pode explorar a oportunidade de tornar os Açores num entreposto marítimo de reabastecimento e armazenamento de Gás Natural Liquefeito (GNL), como também estudar a viabilidade da criação de uma infra-estrutura de transformação do GNL em produtos refinados (gasolina e diesel). Outra potencial oportunidade para maximizar a posição geoestratégica de Portugal face aos EUA é Sines também operar como plataforma reexportadora do gás natural americano para o mercado europeu, por exemplo, tornando-se num ponto de apoio logístico e de aprovisionamento no extremo ocidental europeu ao grupo dos Aliados do GNL. Por sua vez, no Atlântico Sul e na África Lusófona, opera-se outra revolução petrolífera, desta vez em águas profundas e ultra profundas, liderada pelo Brasil e seguida de perto por Angola e Moçambique. Pela primeira vez, o mundo lusófono está prestes a desempenhar um papel estratégico na economia global do petróleo e do gás. Com efeito, cerca de 50% das novas descobertas mundiais de hidrocarbonetos realizadas desde 2010 estão localizadas em países lusófonos. Sem dúvida, este será um factor de transformação da importância geopolítica do português na economia global. Segundo as últimas análises das consultoras IHS e Bernstein Analysis, três países de língua oficial portuguesa lideram o ranking das 10 maiores descobertas de petróleo e gás do planeta na presente década. Isto significa que o espaço lusófono não só está a reforçar a sua importância geopolítica na economia global em função dos vastos recursos petrolíferos existentes, mas como também está a tornar-se um espaço com importância estratégica para a segurança energética mundial. Face a estas novas realidades, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento decidiu em Julho de 2014 criar o Programa Segurança Energética, um think tank com o principal objectivo de desenvolver actividades de investigação na perspectiva de política pública sobre as dinâmicas geopolíticas, económicas e tecnológicas com impacto na segurança energética do espaço Atlântico, com um especial enfoque nas interdependências no sector dos hidrocarbonetos entre os EUA e o espaço lusófono (Portugal, Brasil e África Lusófona) e o impacto potencial da extensão da Plataforma Continental Portuguesa a nível energético e de recursos minerais. O conhecimento produzido tem como objetivo enriquecer a informação pública sobre o tema, bem como contribuir para a reflexão estratégica dos decisores políticos intervenientes na segurança energética. Neste sentido, volvido um ano, o Programa Segurança Energética FLAD conseguiu contribuir de forma bastante positiva para a concepção da política nacional neste domínio. Entre outras iniciativas foi desenvolvida uma linha de investigação denominada «US Africa Natural Gas 4 Europe», composta por 3 policy papers, nos quais foi abordada de forma pioneira a viabilidade estratégica de Portugal atuar como parte integrante de um hub ibérico de distribuição de GNL (gás natural liquefeito), proveniente das futuras novas fontes dos EUA e da África subsaariana, para a Europa. A investigação desenvolvida pelo Programa Segurança Energética FLAD entre Setembro de 2014 e Abril de 2015 constatou que a produção adicional de gás natural norte-americana e africana em 2020 não só seria suficiente para substituir a totalidade das importações russas via Ucrânia, como também a infraestrutura de GNL da Península Ibérica tem capacidade para a rececionar, sendo necessário para a sua distribuição um reforço da rede de gás natural na Ibéria e das interligações na zona Espanha-França. Nesse sentido, foi muito satisfatório constatar que o Governo português adotou esta perspetiva no seu discurso e na sua política energética externa, como também a própria Comissão Europeia, na voz de Maros Sefcovic, vice-presidente da CE e responsável pela União da Energia, em declarações recentes: «Portugal tem um grande potencial e também tem capacidades impressionantes de GNL tal como Espanha». Com efeito, foi recentemente constituído o Grupo de Alto Nível para o Sudoeste Europeu, o qual tem como objetivo angariar financiamento junto da União Europeia para o reforço das interligações energéticas. Este Grupo é constituído por Portugal, França e Espanha. O Programa Segurança Energética FLAD ainda irá organizar neste ano uma conferência dedicada a esta temática, bem como serão lançadas outras publicações, iniciativas de debate e parcerias internacionais com o objetivo de ampliar a ação do Programa e a sua contribuição para a reflexão estratégica de tão importante tema para as relações luso-americanas. 1º Semestre 2015 — we/flad — 11 we/feature Conferências 30 Anos FLAD 1 2 3 1 O ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, com Francis Fukuyama e o embaixador dos Estados Unidos em Portugal, Robert Sherman. 4 4 2 O ministro da Saúde, Paulo Macedo, o ex-Presidente, Jorge Sampaio, com Vasco Rato, Fukuyama e o ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Luís Pedro Mota Soares. 3 Vasco Rato fez a intervenção inicial de boas-vindas aos convidados 4 O ministro da Defesa, Aguiar- Branco, em conversa com Francis Fukuyama e Vasco Rato 5 A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, com Fukuyama, durante o jantar que se seguiu à conferência A democracia na Europa e os desafios do Futuro O primeiro encontro do Ciclo de Conferências ’30 anos FLAD’ ocorreu a 21 de Maio com a presença de Francis Fukuyama, um dos grandes cientistas políticos da actualidade. O auditório da FLAD esteve cheio de interessados em ver e ouvir o autor do livro “O fim da História e o último homem”. O Ciclo de Conferências ’30 anos FLAD’, que celebra as três décadas da criação da Fundação Luso-A mer ic a na pa ra o Desenvolvimento, teve início a 21 de Maio, com a presença de Francis Fukuyama, filósofo e economista norte-americano, autor de obras marcantes como “O fim da história e o último 12 — we/flad — 1º Semestre 2015 homem”, “Confiança: as Virtudes Sociais e a Criação da Prosperidade”, ou “A Grande Ruptura”. Com o auditório da Fundação completamente cheio, incluindo muitas personalidades públicas, numa conferência subordinada ao tema "Democracia na Europa: Desafios do Futuro", Fukuyama defendeu que existem alguns motivos para preocupação com o futuro da democracia. Antes tinha sido o presi- dente da FLAD, Vasco Rato, a dar as boas-vindas ao convidado. "Penso que há algumas razões para nos preocuparmos com o futuro da democracia", sustentou o pensador, acrescentando que a primeira delas se prende com o facto de duas das atuais potências económicas internacionais serem regimes ditatoriais: a Rússia e a China. "Nos anos 1990 e na primeira metade dos anos 2000, os países mais indus- www.flad.pt trializados do mundo eram democracias, o que infelizmente já não acontece", observou. O cientista político alertou, todavia, que "o mau desempenho da democracia não tem ocorrido só nos países que querem operar uma transição democrática, mas também nos Estados Unidos e na União Europeia". "O que a União Europeia tem estado a fazer é a criar uma estrutura institucional que se parece muito com a dos Estados Unidos. Mas o federalismo norte-americano, pelo menos, delega os seus poderes de uma forma mais bem-sucedida e organizada, ao passo que à UE falta poder em termos macroeconómicos, de regulação do sistema", sublinhou. Como exemplo, apontou que "a Reserva Federal Norte-Americana tem muito mais poder que o Banco Central Europeu" e que foi "a ausência de um conjunto de regras fiscais uniformizadas que esteve na origem da crise financeira europeia". www.flad.pt Outro problema de que a UE padece e que pode afetar o seu futuro democrático é, na sua opinião, a ausência de uma identidade europeia, "a falta de investimento dos líderes políticos europeus na definição de uma identidade europeia", o que faz com que, sobretudo no mundo pós-11 de Setembro, "o senti- cia da evolução tecnológica. "E acho que ninguém no mundo tem solução para o que fazer a famílias em todo mundo que deixam de ter um rendimento que lhes permita sobreviver, sem se voltar ao modelo de Estado social que já se provou que não funciona", comentou. Por todas estas raz õ e s , e b a s e a ndo - s e "O que a União Europeia igualmente em índices apresentados pela Fretem estado a fazer é a criar edom House, organizauma estrutura institucional ção que colige informaque se parece muito com ção sobre a liberdade no mundo, segundo os a dos Estados Unidos" quais se registou, a parmento de se ser europeu seja mais fratir de 2005, um declínio de liberdade no mundo, Francis Fukuyama insistiu na co do que o de identidades nacionais e mesmo regionais". ideia que defende no seu mais recente A desigualdade no mundo ocidenlivro, "Ordem Política e Decadência Potal é outro dos problemas que poderá lítica: Da Revolução Industrial à Globapôr em causa o futuro da democracia, lização da Democracia", a ideia de que segundo Fukuyama, com o empobreci"um processo de democratização conmento da classe média em consequênsolidado pode, de facto, recuar". 1º Semestre 2015 — we/flad — 13 we/feature 18 pontos para compreender o pensamento de Fukuyama Registou-se um debate aberto entre Francis Fukuyama, Vasco Rato, e os convidados presentes na conferência O investigador norte-americano tem uma visão singular e estimulante sobre o Estado e a democracia. Veja qual é em 18 pontos. 1. Elogia-se frequentemente os pensadores dos fundamentos e vectores organizatórios do Estado e dos mecanismos de interacção entre os agentes políticos (que determinam, afinal, as “condições da política”) recorrendo aos adjectivos “brilhante”, “notável” ou “ genial”. No entanto, tais qualificações são manifestamente insuficientes para evidenciar a craveira intelectual e analítica de Francis Fukuyama. É que a genialidade ou o brilhantismo deste Professor de Ciência Política norte-americano (como de qualquer intelectual) resultam de juízos subjectivos – aqueles que discordarem das suas premissas cruciais ou desconfiarem das suas conclusões (ainda que movidos por preconceitos políticos ou convicções de ordem moral ou ideológica) tenderão a refutar ou a relativizar tal “genialidade” ou “brilhantismo”. Ora, Francis Fukuyama é credor de um encómio bem mais dignificante e recompensador para todos os estudiosos e cultores da História e da Ciência Política: o de ser um pensador original, com a capacidade de refractar verdades tidas como absolutas – e, por esta via, promover a reflexão do Homem sobre si próprio e sobre a sociedade em que se encontra inserido. Este é um juízo objectivo, apesar ou para além de qualquer subjectivismo. 2. Fukuyama é, pois, um pensador provocante e provocatório. Daí ser um autor de referência universal, gerando discussões, concitando admirações e incentivando o estudo de milhões de estudantes por centros universitários em todas as latitudes e longitudes. É um pensador global – que reflecte sobre o “mundo global” em que vivemos. E ao ler (e reler) a obra de Fukuyama perpassa a ideia (tão 14 — we/flad — 1º Semestre 2015 esquecida entre nós) de que a História explica as contingências das comunidades políticas actuais: a História da Humanidade é pautada mais pela continuidade e menos pela revolução, pela ruptura. 4. O novo livro de Francis Fukuyama, muito oportunamente editado em Portugal pelas Publicações Dom Quixote 2014, sob o título “Ordem Política e Decadência Política” (a edição original tem 7. Francis Fukuyama, atendendo à força e robustez do poder executivo, distingue os tipos históricos de Estado entre Estado Patrimonial, Estado Moderno e Estado neo-patrimonial. O Estado Patrimonial corresponde às formas iniciais de organização da comunidade em que avultavam os laços de parentesco, os laços familiares e/ou de amizade. Os membros da família ou de certos círculos sociais trocavam favores entre si para conquistar e manter o poder. Como a nação ainda não se tinha constituído – designadamente, por ainda não se ter gerado um sentimento de identidade nacional - , os indivíduos tendiam a privilegiar os seus mais próximos. A autoridade do Estado era, pois, inexistente. 8. 3. Mas não será a nossa asserção anterior incompatível com a obra mais mediática de Fukuyama intitulada “ O Fim da História e o Último Homem”? Julgamos que não: o “fim da História”, no pensamento do ilustre Professor de Standford, não significa que a evolução das sociedades tenha cessado, restando-nos um imobilismo inexpugnável. Não significa tão pouco que a democracia liberal seja uma fatalidade histórica: antes, o demo-liberalismo é uma ideia que se difundiu planetariamente como o melhor modelo de governo. Mais rigorosamente, a democracia liberal é uma ideia e um ideal: o mundo ocidental convencionou que é este o modelo de governo que deve ser aplicado na regulação de todas as comunidades políticas, independentemente da sua cultura, das suas circunstâncias específicas ou da sua geografia. Contudo, a História é protagonizada, em larga medida, pelos Estados - e os Estados não se esgotam ou se reconduzem apenas ao regime político vigente. O regime político é somente uma dos factores que poderá explicar o sucesso (ou insucesso) do Estado – ou, mais correctamente, que poderá assegurar a ordem política ou a decadência política. executivo consegue governar com qualidade, resolvendo os problemas colectivos. edição da Farrar, Strauss and Giroux, com o título “Political Order and Political Decay”) é a sequela do livro editado anteriormente (com publicação em Portugal também pelas Publicações Dom Quixote) intitulado “ As Origens da Ordem Política”. Qual o objecto deste denso e muito perspicaz estudo de Francis Fukuyama? É justamente o de analisar os factores ou padrões que influem na construção dos Estados e que determinam a sua viabilidade, isto é, a sua ordem política. A primeira ideia que importa deixar claro é que não há uma ligação inexorável e umbilical entre democracia e ordem política: podemos encontrar – analisando diversas experiências políticas, do passado e do presente – regimes não democráticos que logram garantir a ordem política; e casos de regime democráticos associados à decadência política, isto é, cujo processo de construção e manutenção do Estado claudicou. 5. Quais, então, as instituições de que depende a ordem política do Estado? Fukuyama socorre-se neste passo do conceito de instituição, já avançado anteriormente (tendo-se enraizado em diversas Escolas de Ciência Política, Relações Internacionais ou Sociologia) por Samuel Huntington: instituição corresponde a www.flad.pt um comportamento estabilizado, recorrente, dotado de uma certa perenidade. A ordem política é o resultado da interacção entre três instituições: o Estado, o primado do Direito e a responsabilização política. Note-se que Fukuyama não inclui a democracia entre as instituições que influenciam o desenvolvimento político: prefere, antes, incluir aqui os mecanismos de responsabilização política – a “accountability”. Isto porque, mesmo em regimes não democráticos (autoritários ou totalitários), podem funcionar certas formas de controlar a actuação dos decisores públicos: pense-se, por exemplo, na influência da corte no Estado Absolutista francês ou na necessidade de os líderes autoritários se confrontarem com a necessidade de negociar o apoio de algumas classes sociais ou sectores da população para perpetuar o seu poder. 6. Quanto à primeira instituição – o Estado – este surge, na obra de Fukuyama, essencialmente, segundo a terminologia corrente na Teoria do Estado e no Direito Constitucional, na sua acepção de Estado-Administração. Com o intuito de garantir o desenvolvimento político, impõe-se fixar mecanismos de decisão e de organização que promovam o desempenho eficiente do poder executi- www.flad.pt vo. O pensamento político e jurídico dos países ocidentais focou-se sempre mais em gizar uma arquitectura constitucional que contemplasse expedientes susceptíveis de controlar o poder executivo – sem diligenciarem pela concessão dos instrumentos materiais e jurídicos que permitam ao poder executivo impor a sua autoridade. As Constituições dos séculos XVIII e XIX – influenciadas pelos contributos teóricos de John Locke e Montesquieu – consagraram um sistema de freios e contrapesos (checks and balances) que visaram dificultar a acção do poder executivo em nome do governo limitado. De facto, na Europa e nos Estados Unidos da América, a discussão sobre o Estado centra-se excessivamente na delimitação das funções e dos poderes do Estado – e menos na questão de aferir se o poder administrativo pode efectivamente garantir e impor a autoridade política. Contudo, esta última questão precede logicamente a primeira: se o Estado se revelar inepto para exercer a sua autoridade política, se não se estabelecer uma relação de confiança entre o Estado e os cidadãos que reforce a sua legitimidade – então torna-se uma tarefa inútil saber como devem ser estruturados e articulados os poderes do Estado. Mais do que limitar os poderes do Estado, impõe-se garantir que o poder Com o feudalismo, regista-se um incremento – ténue e incipiente – da autoridade, mas em benefício dos suseranos. O Estado Moderno começa a afirmar-se gradualmente (desde o século XV), decorrente da afirmação do poder régio e da separação entre a esfera pública e a esfera privada. Este tipo de Estado implica uma administração impessoal, forte, que prossiga o bem público e não seja clientelista. 9. Com base nesta distinção entre Estado Patrimonial e Estado Moderno, Francis Fukuyama explica as diferenças actuais entre Estados como a Alemanha (economicamente pujante, financeiramente estável e uma potência internacional) e a Grécia (submetida a um programa de ajustamento financeiro, com uma dívida pública insustentável e níveis de desemprego alarmantes). Em que termos? No caso da Alemanha, a sua génese a partir da casa de Hohenzollern (que governou de forma autoritária) e o processo de reunificação liderado por Bismarck – ao que acresceu os conflitos militares em que interveio – possibilitou a criação de uma administração forte, impessoal (em ambiente de guerra, intensificam-se as hierarquias e o ingresso na administração tende a basear-se no mérito e não nas relações pessoais) e comprometida com o bem comum. Inversamente, no caso da Grécia, este país nunca conseguiu edificar um poder executivo forte, sujeitando-se a diversas intervenções externas, mantendo um Estado clientelar que gerou uma dívida pública galopante. Isto porque, segundo o ilustre Professor a 1º Semestre 2015 — we/flad — 15 we/feature de Standford, a Grécia avançou para a democracia em 1974, sem antes ter edificado um Estado com autoridade, isto é, com um poder executivo impessoal e meritocrático. Daí que acrescente que os EUA deveriam ter esboçado uma solução para o Afeganistão que incluísse uma coligação de forças políticas e classes sociais (religiosos, senhores de guerra, líderes das tribos….) diversas capazes de criar um poder executivo impessoal. Só depois se deveria avançar para a institucionalização de um regime democrático. 10. A segunda instituição crucial para o desenvolvimento político é o primado do Direito, entendido como a capacidade de o Estado fazer aplicar as suas leis. Na Europa, por via da influência do Direito Romano, recepcionado pelas autoridades religiosas , vertidos nos códigos que se fixaram na Europa na Idade Média ou invocados pelos senhores feudais sempre se verificou uma limitação – de maior ou menor intensidade – da administração. O legado mais duradouro da Revolução Francesa foi o Código Napoleónico que serviu de inspiração para outras codificações legislativas (europeias e não europeias) e intensificou a observância de regras jurídicas pela comunidade, facilitando a coesão nacional. Nos Estados Unidos, a influência da recepção do common law vigente na Inglaterra colonial e a desconfiança dos colonos face ao Estado, levando à aprovação de uma Constituição que protegesse os direitos individuais e limitasse o poder do Estado – conduziu à emergência de um Estado judicialista. Já a China é um exemplo de o Estado em que a limitação do poder pelo Direito e o respeito pela igualdade e igual dignidade dos cidadãos nunca se enraizou. Não obstante o período de crescimento económico que se verificou na China, a sua ordem política enfrentará um desafio complexo quando as novas forças sociais criadas em consequência do aumento da riqueza (designadamente a classe média ascendente) começarem a exigir a sua participação na vida política e a vinculação do poder político ao respeito pelos seus direitos patrimoniais. O mesmo se poderá suceder na Rússia, embora haja igualmente neste caso uma longa tradição de dependência ou submissão a um poder executivo forte e clientelar. 11. A t erc ei r a i n s t it u iç ã o que Fukuyama equaciona como força motriz do desenvolvimento político é a responsabilidade política. Os me- 16 — we/flad — 1º Semestre 2015 canismos institucionais – orgânicos ou não orgânicos – que possibilitam o escrutínio do desempenho dos governos. Ora, mesmo no Estado Patrimonial, é possível dilucidar formas de controlo do poder executivo. Efectivamente, numa fase ainda embrionária da instituição da autoridade política, em que os membros das famílias trocavam favores recíprocos para conquistar e manter o poder (patrocinato), os credores de tais favores exigiam o seu cumprimento aos titulares de cargos políticos: escrutinavam a sua actuação para retirar benefícios individuais. No Estado patrimonial clientelar – como o Estado Absolutista em que se vendiam títulos aristocráticos (venalidade) – a corte controlava o poder do rei absolutista para que este respeitasse os seus privilégios. Mesmo actualmente em países como o Afeganistão, os líderes tribais ou os “chefes de guerra” diminuem a discricionariedade de actuação dos líderes políticos. Daí – reiteramos – que Fukuyama prefira referir-se à responsabilidade política (accountability) e não à democracia como instituição condicionadora e promotora do desenvolvimento político. A democracia, por si só, não é condição suficiente, nem mesmo necessária, para assegurar a ordem política. Pelo contrário: comunidades (como, segundo Fukuyama, os do Sul da Europa) que avançaram para a democracia sem previamente procederem à edificação de uma administração impessoal, imparcial, meritocrática e com um forte sentido de responsabilidade na prossecução do interesse público (do bem comum) – geraram Estados débeis. Tais países, pese embora tenham instituído uma democracia em pleno século XX, construíram, não um Estado Moderno, mas um Estado patrimonial (ou neo-patrimonial) dominado pelo clientelismo, pelo favorecimento dos que detêm mais poder fáctico e, logo, que capturam os decisores políticos que lhes outorgam privilégios que prejudicam as restantes forças sociais (as quais não dispõem de idêntica, ou sequer equiparável, capacidade de mobilização política). Pense-se, mais uma vez, no exemplo da Grécia: neste país, a Constituição prevê um regime democrático, com controlos recíprocos dos poderes de Estado (checks and balances) , mas não fundou um Estado Moderno. A Grécia, como bem sabemos, é um país sob assistência financeira externa, confrontando-se actualmente com dificuldades gravíssimas de financiamento. O ex-presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, foi um dos convidados presentes na conferência de Francis Fukuyama. 12. A experiência da construção do Estado e da sua autoridade política nos Estados Unidos merece a atenção e o estudo atento de Fukuyama. Para este Autor, não obstante os ideais de liberdade e de igualdade que animaram a construção do novo Estado americano, a Constituição de 1787 preocupou-se mais em encontrar formas de limitação do poder executivo – do que em garantir um governo justo e eficiente. Os Federalistas –afiança Fukuyama – construíram um Estado de patrocinato, em que o poder político estava reservado aos “clubes de elite” formados em Yale ou Harvard e aos seus mais próximos, a comerciantes e a uma burguesia f lorescente que se dedicava aos negócios (acrescente-se que com uma forte componente religiosa protestante). Mais tarde, com o Presidente Andrew Jackson começa a notar-se na política americana a dicotomia “elites vs. povo”. Andrew Jackson, proveniente do Tennessee, apresenta um discurso forte contra as elites que dominavam Washington, que hoje qualificaríamos como “discurso populista”. Ora, esta divisão entre elites e populistas marcaria indelevelmente a política americana com reflexos na actualidade. 13. Ao contrário da opinião generalizada nos EUA, Fukuyama afirma que o governo limitado, o governo mínimo (small government) não é necessariamente mais forte e eficiente. Nos EUA, durante o século XIX, o governo era mínimo – mas o Estado era clientelar, o que inviabilizava a prossecução do interesse público e perpetuava os privilégios das coligações de forças que se mobilizavam para influenciar os Congressistas. Por outro lado, a incapacidade decisória do poder político teve como efeito a judicialização da política: os tribunais limitavam e substituíam as opções próprias da administração. 14. Contudo, os EUA conseguiram – sobretudo com o New Deal (para resolver os problemas económicos e sociais provocados pela Grande Depressão) e no período subsequente à 2.ª Guerra Mundial – instituir um Estado Moderno, o qual proporcionou um período de florescimento económico e a afirmação do país como uma potência mundial. 15. Pois bem, esta digressão histórica permitiu a Fukuyama concluir que actualmente assistimos a um www.flad.pt www.flad.pt fenómeno de repatrimonialização do Estado. O Estado Moderno (assente numa administração impessoal e centrada no bem público) está a ser substituído por um novo Estado Patrimonial: neste, o Estado é capturado por uma coligação de interesses fácticos que “negoceiam” com os decisores políticos os seus privilégios (pense-se nas deduções fiscais das grandes empresas ou os “perdões fiscais”), prejudicando o interesse público. Por outro lado, o poder executivo revela-se incapaz de reagir e de anular estas “coligações de interesses”, devido ao emaranhado de controlos, limitações, regras a que se encontra vinculado. 16. Por último, quais são, então, os factores futuros condicionantes da evolução da ordem política? A abertura do sistema político às novas classes sociais, com interesses diversos, criadas pelas mutações económicas, tecnológicas e comunicacionais; o impacto das evoluções tecnológicas no mercado de trabalho, mais concretamente na destruição e criação de emprego; o sistema educativo, capaz de dotar os indivíduos de formação cultural, intelectual e competências, condição essencial para o incremento da participação política dos cidadãos e para o surgimento de uma classe média robusta. 17. Formulamos novamente a nossa questão inicial: será que Francis Fukuyama abandonou a sua concepção acerca da democracia liberal como a meta ideal da evolução política das sociedades? A resposta é negativa. A democracia liberal é o regime que mais assegura a igualdade e a dignidade individual, pelo que é potencialmente mais idónea a promover o consenso social e a estabilidade política. Há uma direccionalidade histórico-política no sentido da democracia liberal. Não obstante, a ordem política dependerá da interacção entre o regime político, a eficiência da governação, do respeito do Direito por entidades públicas e privadas, a possibilidade real de intervenção política dos cidadãos e do crescimento económico. Se um destes factores claudicar, o risco de decadência política tornar-se-á bem real. 18. Retenhamos, à liça de conclusão, esta premissa bem presente na obra de Fukuyama: a História, o passado, explica e justifica o presente – e o presente determina o futuro. A História dos Estados é, essencialmente, continuidade – e não ruptura. 1º Semestre 2015 — we/flad — 17 we/feature we/do Francis Fukuyama, uma biografia F rancis Fukuyama nasceu na cidade de Chicago (Illnois, Estados Unidos da América) em 1952. É investigador-principal (Senior Fellow) Olivier Normellini no Freeman Spogli Institute for International Studies (FSI) da Universidade de Standford, desenvolvendo a sua investigação no Center on Democracy, Develpment and the Rule of Law daquele instituto universitário. Fukuyama é autor de numerosas obras nos domínios das Relações Internacionais, da Ciência Política, da Política Internacional e do Desenvolvimento. Francis Fukuyama estimulou a discussão sobre a História política da Humanidade e marcou o passo da evolução dos estudos de Ciência Política e Política Internacional com a sua obra “O Fim da História e o Último Homem”. Francis Fukuyama concluiu a sua licenciatura em Estudos Clássicos na UniFrancis Fukuyama nasceu na cidade de Chicago em 1952 e, apesar da sua imensa bibliografia, é sobretudo conhecido em Portugal pela sua obra "O fim da História e o último Homem" 18 — we/flad — 1º Semestre 2015 versidade de Cornell, tendo realizado o seu doutoramento em Ciência Política na Universidade de Harvard. Integra o Departamento de Ciência Política da RAND Corporation, tendo colaborado com a equipa de planeamento de políticas públicas do Departamento de Estado norte-americano. É chairman da comissão editorial da revista “The American Interest”, em cuja fundação interveio em 2005. Fukuyama ensinou anteriormente no Paul H.Nitze School of Advanced International Studies da Universidade John Hopkins e na School of Public Policy da Universidade George Mason. Já foi agraciado com doutoramentos honoris causa de diversas universidades internacionalmente prestigiadas, onde se incluem a Universidade de Doshisha (Japão) ou a Universidade Aarhus (Dinamarca). Francis Fukuyama vive na Califórnia, com a sua mulher Laura Holmgren. Tem três filhos. BIBLIOGRAFIA Political Order and Political Decay: From Industrial Revolution to the Globalization of Democracy (New York: Farrar, Straus and Giroux, 2014). Poverty, Inequality, and Democracy, ed., with Larry Diamond and Marc Plattner (Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2012). The Origins of Political Order: From Prehuman Times to the French Revolution (New York: Farrar, Straus and Giroux, 2011). New Ideas on Development Since the Financial Crisis, edited, with Nancy Birdsall (Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2011). Falling Behind: Explaining the Development Gap between the United States and Latin America (New York: Oxford University Press, 2008). Editor. East Asian Multilateralism: Prospects for Regional Stability (Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2008). Editor, with Kent E. Calder. Blindside: How to Anticipate Forcing Events and Wild Cards in Global Politics (Washington: Brookings Institution Press, 2007). Editor. Beyond Bioethics: A Proposal for Modernizing the Regulation of Human Biotechnologies (Washington, DC: School of Advanced International Studies, Johns Hopkins University, 2006). America at the Crossroads: Democracy, Power, and the Neoconservative Legacy (New Haven: Yale University Press, 2006). Nation-Building: Beyond Afghanistan and Iraq, editor (Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2006). Editor. Author of Introduction, "Nation-building and the failure of institutional memory," and Conclusion, "Guidelines for Future Nation-Builders." State-Building: Governance www.flad.pt and World Order in the 21stCentury (Ithaca, NY: Cornell University Press, 2004). Our Posthuman Future: Consequences of the Biotechnology Revolution (New York: Farrar,Straus, and Giroux, 2002). Information and Biological Revolutions: Global Governance ChallengesSummary of a Study Group, editor, with Caroline S. Wagner (RandMR-1139-DARPA, 1999). The Great Disruption: Human Nature and the Reconstitution of Social Order (New York: Free Press, 1999). The End of Order (London: The Social Market Foundation, 1997). The Virtual Corporation and Army Organization (with Abram Shulsky), Santa Monica: RAND Corporation MR-863-A, 1997. Trust: The Social Virtues and the Creation of Prosperity (New York: Free Press, 1995). The US-Japan Security Relationship After the Cold War (with Kongdan Oh), Santa Monica: RAND Corporation MR-283-USDP, 1993 (published also in a Japanese edition by Tokuma Shoten, 1994). The End of History and the Last Man (New York: Free Press, 1992). Also published in approximately 23 foreign language editions. 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As questões geopolíticas que a região sugere e o posicionamento privilegiado do arquipélago têm contribuído para a promoção de inúmeros encontros polí- ticos e debates académicos. Desde a sua fundação em 1985, a FLAD tem procurado – em profunda sintonia com o Governo Regional – canalizar todo o tipo de projetos de investigação e debate para os Açores, contribuindo ativamente para o desenvolvimento do arquipélago. Assinatura de Protocolo com a Universidade dos Açores Em Fevereiro de 2015, foi assinado um Protocolo entre a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e a Universidade dos Açores (UAc). A principal missão passa por promover a mobilidade entre o campus da Universidade e as várias instituições de ensino superior e centros de investigação norte-americanos. O intercâmbio permite a elegibilidade a membros docentes, professores, investigadores, e estudantes graduados ou pós-graduados. Os resultados da candidatura serão apresentados no final do Verão. NASA e ESA querem desenvolver projectos espaciais nos Açores Women WinWin Açores: a promover o empreendedorismo feminino O administrador executivo da FLAD, Jorge Gabriel, revelou que a NASA e a ESA, as agências espaciais norte-americana e europeia, respectivamente, estão interessadas em desenvolver projectos de natureza científica no arquipélago dos Açores: "Estabelecemos um conjunto de contactos com a NASA e a com ESA, que têm interesse em desenvolver programas de nastureza mais científica nos Açores", disse. O objectivo é aproveitar equipamentos já existentes, designadamente na ilha de Santa Maria (alguns deles já ligados à ESA). Em 2014, A Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores (SDEA) e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento promoveram um workshop com o intuito de impulsionar o empreendedorismo junto da comunidade feminina açoriana. O WomenWinWIn Açores contribuiu para o aumento das qualificações dos recursos humanos regionais e para atrair novos empreendedores para o arquipélago – objetivo que foi traçado no «Plano Estratégico Para o Fomento do Empreendedorismo na Região Autónoma dos Açores 2013-2016» 1º Semestre 2015 — we/flad — 19 we/welcome Opinião 1 Uma ponte chamada FLAD Reunião de lusodescendentes com os principais políticos portugueses Miguel Vaz Director da FLAD O A FLAD serviu de ponto de encontro de doze legisladores e eleitos luso-descendentes dos Estados Unidos com o primeiro-ministro, o vice-primeiro-ministro e o líder da oposição em Portugal. Um encontro de vontades e de personalidades em defesa do interesse nacional. Miguel Vaz / Director da FLAD ⁄ Fotografias de Rui Ochôa 1 O primeiro-ministro Passos Coelho numa fotografia de família com os convidados luso-descendentes, governantes e representantes da FLAD. 2 N os passados dia 19 e 20 de Fevereiro, a Fundação Luso-Americana organizou o encontro Luso-American Legislator’s Dialogue, com o maior número de legisladores americanos de descendência portuguesa alguma vez reunido em Lisboa. A iniciativa tem por objectivo contribuir para a criação de uma rede de políticos luso-descendentes oriundos de vários Estados americanos, despertando-os para a realidade do nosso país através de contactos ao mais alto nível. O grupo teve a oportunidade de ouvir e discutir assuntos nacionais e transatlânticos com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, a ministra das Finanças, Maria Lu- ta fechada” entre os políticos luso-americanos e as autoridades nacionais, de modo a encontrar “um rumo concertado”, com vantagens mútuas. O senador estadual de Massachusetts, Michael Rodrigues, que há muito tempo tem vindo a participar em reuniões deste tipo, sublinhou a grande importância deste encontro para entender as prioridades de Portugal, destacando o alto nível dos interlocutores e a oportunidade para estreitar laços com os colegas de outros estados. Pela primeira vez estiveram reunidos em Portugal todos os membros do Portuguese-American Legislative Caucus de Massachusetts, facto muito bem recebido pelas comunidades luso-americanas nesse Estado. Esteve também presente o congressista federal, Jim Costa, o senador do Estado de New York, Jack Martins, o senador Daniel da Ponte e Pela primeira vez estiveram o deputado Helio Melo de Rhode reunidos em Portugal todos Island, assim como a deputada os membros do Portuguese- Rosa Rebimbas de Connecticut. grupo de 12 legisladores ameAmerican Legislative Caucus Oricanos teve ainda a oportunidade Massachusetts. de de dialogar com o presidente da Agência para o Investimento ís Albuquerque, a ministra da Justiça, Paue Comércio Externo de Portugal (AICEP), la Teixeira da Cruz, bem como o secretárioMiguel Frasquilho, o ex-ministro dos Ne-geral do Partido Socialista, na altura ainda gócios Estrangeiros Luís Amado, o economista António Nogueira Leite e o investigapresidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, entre outros. dor Carlos Gaspar. De acordo com o deputado Tony CaEstas reuniões foram realizadas à porta fechada de modo a criar uma maior inbral, que ref lectiu o sentimento geral dos participantes, foram dois dias memoráveis, timidade e empatia entre os legisladores norte-americanos e os políticos portuguenão só porque teve a oportunidade de assises. Na altura, o presidente da Fundação, milar as linhas mestras seguidas por PortuVasco Rato, afirmou que o encontro visava gal, como também de aprofundar a relação proporcionar “uma discussão franca, à porcom os seus colegas. 20 — we/flad — 1º Semestre 2015 3 2 O vice-primeiro-ministro Paulo Portas, durante a sua intervenção. 3 O líder do PS, António Costa, em conversa com os eleitos norte-americanos, Jim Costa e Tony Cabral. Marc Pacheco Tony Cabral Jim Costa Senador Estadual de Massachusetts (Tauton) Deputado Estadual de Massachusetts (New Bedford) Congressista Federal (Fresno, California) “Foi uma das melhores conferências em que jamais participei… Foi um privilégio poder encontrar antigos amigos e conseguir fazer novos conhecimentos que podem vir a ser muito úteis. A FLAD está de parabéns por mais esta iniciativa." "Uma grande e única oportunidade para melhor reconhecer a realidade actual em Portugal e, ao mesmo tempo, aprofundar laços com os eleitos em Portugal e com os colegas dos Estados Unidos América.” “Apreciei muito discutir as relações bilaterais entre os Estados Unidos e Portugal. Foi uma grande experiência ter tido a oportunidade de aprender com todos os oradores convidados. Foi uma experiência memorável." www.flad.pt www.flad.pt novo conselho executivo da FLAD tem estado especialmente atento à acção desenvolvida pelas comunidades luso-americanas nos EUA assim como ao papel desempenhado pelos políticos eleitos americanos de ascendência portuguesa, trazendo esses agentes para o centro das suas preocupações estratégicas. Por essa razão decidiu promover o encontro Luso-American Legislators’ Dialogue, que marcou um ponto de viragem nas relações entre a FLAD e os políticos eleitos americanos de ascendência portuguesa. Todos reconheceram que nunca se sentiram tão perto da FLAD e de Portugal, tornando-se agora necessário capitalizar este entusiasmo, aproveitando para fazer um trabalho mais estreito com os próprios. Vários desafios estão na ordem do dia para ambos os lados do Atlântico, destacando-se as actividades decorrentes das negociações do novo acordo de comércio livre entre os Estados Unidos e a União Europeia (TTIP), a questão da base das Lajes e o cada vez maior interesse dos investidores norte-americanos pelo ambiente empresarial que actualmente se vive em Portugal. A passagem do Navio-Escola Sagres por New Bedford nos dia 8 e 9 de Julho, apoiada pela FLAD, mostrou o que de mais vibrante Portugal pode representar, acabando por constituir um pólo aglutinador de agentes políticos, empresariais, culturais, comunitários e associativos, entre outros. Resumindo, a FLAD tem todas as condições para desempenhar um papel determinante no relacionamento entre os vários legisladores americanos de ascendência portuguesa e rentabilizar as suas relações com Portugal. Assim será possível criar um trabalho permanente em rede e um espaço de partilha sistemático, não só de preocupações, como também de casos de sucesso. 1º Semestre 2015 — we/flad — 21 we/POINT Opinião Os empreendedores e o País Como podem os empreendedores beneficiar dos meios materiais, humanos e financeiros colocados à sua disposição? A Energia sustentável junta FLAD e Técnico nos Açores Projeto Vulcano tem como objetivo central da sua ação o desenvolvimento de Estratégias de Energia Sustentável para a Ilha Terceira nos Açores. O Projeto Vulcano, que reúne a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, o Instituto Superior Técnico (IST), o MIT Portugal e a Eletricidade dos Açores iniciou-se recentemente e tem como objetivo o desenvolvimento conjunto de soluções que promovam sistemas energéticos sustentáveis para a Ilha Terceira, nos Açores. Situada no grupo central do Arquipélago dos Açores, com 56 mil habitantes (Census 2011), esta ilha é confrontada, à semelhança do que acontece com muitas outras no mundo inteiro, com uma questão premente e incontornável: a limitada capacidade de geração e de administração de energia. Desafio esse que levou a Fundação Luso-Americana e os seus parceiros a lançarem este projeto que está a ser desenvolvido no âmbito da Iniciativa em Energia do IST, numa estrutura multidisciplinar que envolve professores, investi- 22 — we/flad — 1º Semestre 2015 Atividades a desenvolver: l Caracterização dos sistemas de energia da Ilha Terceira. l Desenvolvimento de cenários sobre as necessidades energéticas em 2030. l Análise de viabilidade dos sistemas de bombas hídricas. l Análise de viabilidade dos sistemas de acumuladores de energia. l Análise do desempenho da rede elétrica utilizando ferramentas de análise da rede de energia, com o objetivo de otimizar o uso dos recursos energéticos endógenos. l Projeto de configuração de sistemas de energia alternativa. gadores e estudantes na área da energia. Neste caso, o projeto envolve as equipas do Departamento de Engenharia Mecânica, Engenharia Electrotécnica e de Informática e Engenharia Civil que trabalham, respetivamente, na criação de sistemas de energia, análise da rede elétrica e baterias e sistema de armazenamento por bomba hidráulica (hídrica reversível). O projeto Vulcano prevê que seja feita, até ao final do mês de Agosto de 2015, a caracterização dos sistemas de energia da Ilha Terceira, a que se seguirá um estudo aprofundado sobre as necessidades de consumo de energia desta ilha. Após a realização deste estudo, assim como uma análise aprofundada de alternativas para a geração e administração de energia, prevê-se que durante o primeiro semestre de 2016 seja apresentado um documento final com o desenho de possíveis configurações alternativas ao atual sistema energético desta ilha. www.flad.pt edição de 2015 do “Innovation Union ScoreBoard”, publicada recentemente pela Comissão Europeia, revela que Portugal se mantêm como “inovador moderado”, subindo um lugar relativamente ao ano anterior e ocupando agora o 17º lugar entre os 28 países da União Europeia. Mas o desempenho de Portugal situa-se, apesar de tudo, em 73 % do da média Europeia. É curiosamente na dimensão da Inovação, em particular nas vertentes técnica e de negócio das pequenas e médias empresas, que Portugal está ao nível médio da UE. Mas não deixa de ser limitado o impacto do registo da propriedade intelectual e industrial e os níveis de investimento e despesa em I&D. No “Global Competitiveness Index 2014-15, publicado em Setembro no ano passado pelo World Economic Forum (WEF), Portugal avança 15 posições, do 51º para o 36º lugar, num total de 144 países. No 12º pilar, o da Inovação, onde ocupa o 28º lugar, isto é, ligeiramente acima da sua classificação geral, Portugal apresenta melhores resultados na disponibilidade de cientistas e engenheiros (8º lugar), na qualidade das instituições de investigação (18º), na colaboração entre Universidades e Empresas (23º) e no rácio de patentes per capita (31º) e piores na contratação pública de produtos de elevado conteúdo tecnológico (42º), no investimento das empresas em I&D (38º) e na capacidade de inovar (37º lugar). Enquanto o estudo da Comissão se orienta para a avaliação do estado da Investigação, Desenvolvimento e Inovação, avaliando indicadores de desempenho nestas actividades “per se”, o estudo do WEF procura aferir a contribuição de um elevado número de factores (pilares) para a competitividade de cada país. São trabalhos distintos, que comparam Portugal com diferentes Universos e que nem sempre coincidem na identificação das forças e fraquezas. Mas devem analisar-se em conjunto porque são, de alguma forma, duas faces da mesma realidade. O primeiro indicia maior robustez do lado da oferta e maiores fragilidades do lado da procura. À luz da di- www.flad.pt visão conceptual investigação/inovação, em termos relativos Portugal ainda apresenta melhor desempenho na criação de conhecimento do que na transformação deste conhecimento em valor económico para as empresas e para os cidadãos. O segundo revela que a contribuição da inovação (latu sensu) para a competitividade de Portugal é comparável às demais variáveis. Parece seguro que as circunstâncias espelhadas nestas publicações tenham contribuído para que Portugal tenha vivido nos últimos anos uma “vaga empreendedora”. Mas o impacto mediático de algumas incubadoras e novas empresas de sucesso e os exemplos de internacionalização não se traduzem ainda num significativos aumento de vendas, exportações ou criação e emprego. É por isso que essa vaga tem ainda uma enorme margem de progressão. E é também por isso que os nossos empreendedores devem tirar maior partido dos meios materiais, humanos e financeiros à sua dispo- Jorge Gabriel Administrador da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento A FLAD elegeu a ciência, a tecnologia e a economia como prioridades nas relações transatlânticas. sição para alavancar os seus resultados. Nos primeiros contamos com uma rede de infra-estruturas científicas e tecnológicas, que maioritariamente desenvolvem um trabalho meritório de suporte técnico e de investigação e que conhecem bem as empresas. E contamos com uma mão cheia de Universidades reconhecidas, em particular nas engenharias e nas ciências empresariais, justamente o que precisam as novas empresas de base tecnológica para crescer. Como comprova de forma muito clara a publicação do WEF é elevada a disponibilidade de cientistas e engenheiros qualificados. Muitos dos nossos recém-formados e jovens quadros de empresas acrescentam aos seus conhecimentos curriculares uma substantiva exposição a ambientes internacionais, quer académicos, quer empresariais. Falam bem inglês. E têm uma atitude menos avessa ao risco e mais aberta à mobilidade e à mudança. São de facto mais empreendedores. Por último, mas não necessariamente menos importante, as novas empresas dispõe hoje, provavelmente mais do que nunca, de um enorme conjunto de mecanismos que assegurem as suas necessidades financeiras. As empresas com boas ideias de negócio, adequada capacidade técnica e de gestão e um plano estratégico realista e robusto podem sustentar o desenvolvimento de novos produtos ou processos, dos seus canais de vendas ou da sua organização, com o suporte financeiro de programas Europeus ou nacionais e podem garantir os meios financeiros necessários ao crescimento, nas diferentes fases do ciclo de vida, através de uma miríade de instrumentos de capitais próprios ou alheios. Em síntese, Portugal dispõe hoje de condições objectivas para que possa prosperar uma cultura de empreendedorismo. E para que as novas boas empresas acrescentem valor à nossa economia e enriqueçam a nossa sociedade. Por isso a FLAD elegeu a ciência, a tecnologia e a economia como prioridades nas relações transatlânticas e concebeu um plano de estímulo à participação cruzada de empresas e grupos de investigação entre os dois lados do Atlântico. 1º Semestre 2015 — we/flad — 23 we/arts Arte em Movimento no Centro de Saúde de Sete Rios, em Lisboa Momento da intervenção do presidente da FLAD, com a presença do ministro da Saúde, Paulo Macedo, durante a inauguração do Arte em Movimento. A colecção de arte contemporânea da FLAD entrou em movimento de exposição pública no Centro de Saúde de Sete Rios no passado dia 11 de Maio. Este programa itinerante, de âmbito nacional, vai continuar em vários distritos e concelhos de Portugal. João Silvério / Curador da Colecção de Arte Contemporânea da FLAD ⁄ Fotografias de Rui Ochôa O programa FLAD Arte em Movimento é uma iniciativa conjunta da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e do Ministério da Saúde, que assinaram um protocolo no sentido de promover e divulgar a arte contemporânea a partir do acervo da colecção de arte da FLAD. A primeira exposição deste programa, inaugurada no Centro de Saúde de Sete Rios, em Lisboa, no dia 11 de Maio de 2015, intitula-se ‘LINHA E CÔR, (epi)centro da Saúde’. A exposição teve como ponto de partida a reunião de um conjunto significativo de obras sobre papel, tradicionalmente reconhecidas como desenhos, e que são a expressão mais importante da colecção da FLAD. A selecção dos doze artistas contemporâneos portugueses inclui um total de sessenta obras, entre as quais uma pintura da autoria do artista Pedro Calapez, que acentuou a relação visual com o espaço interior do Centro de Saúde de Sete Rios. Os artistas presentes na exposição, são Ângelo de Sousa, António Areal, Pedro Calapez, Fernando Calhau, Pedro Casqueiro, Luísa Correia Pereira, José Pedro Croft, Ana Hatherly, Ana Jotta, Jorge Martins, Rui Sanches e Xana. Estes artistas constituem o núcleo central da colecção de desenho, desde a década de 1980, cujo mérito e importância têm sido amplamente reconhecidos e objecto de inúmeras exposições em Portugal e no estrangeiro. 24 — we/flad — 1º Semestre 2015 O programa itinerante quer estar aberto a vários públicos, em exposições concebidas para um determinado espaço Alguns destes artistas são representados por séries de trabalhos bastante singulars, como é o caso da artista Ana Hatherly, que concentra o maior número de obras de um autor na colecção e da qual expomos um conjunto de dezassete desenhos, ocupando juntamente com o artista António Areal um piso do edifício. A arquitectura do Centro de Saúde de Sete Rios, um projeto do arquitecto Manuel Taínha (1922-2012), mostrou-se particularmente interessante, enquanto espaço, para que a escolha das obras tivesse em conta as suas diversas áreas funcionais e de comunicação. O espaço desenha-se verticalmente por cinco pisos, entre zonas de atendimento ao público e dois pisos reservados aos serviços administrativos, formação e outros. A área que tem maior número de obras expostas, desenvolve-se nos três pisos de atendimento público, que possibilitam ver as obras sobre o átrio central, dedicado aos serviços de cuidados de saúde, a todos os utentes e profissionais que dele usufruem e ali trabalham. Uma escada central, que acentua a estrutura orgânica do edifício, é pontuada por desenhos do pintor Ângelo de Sousa instalados em cada patamar intermédio construindo assim um epicentro da exposição que se desdobra no prolongamento dos cinco pisos. A exposição ‘LINHA E CÔR, (epi)centro da Saúde’ conta ainda com a produção de um marcador de livro, dedicado a cada um dos autores, que reproduz uma obra de arte exposta, comentada por um breve texto que introduz o trabalho de cada um dos artistas. Desta forma, a arte em movimento prossegue o seu caminho para além do contacto com a obra de arte no espaço, acompanhando cada um no seu quotidiano. E cria uma memória e uma relação mais próxima com a experiência estética das obras e a sua inscrição no lugar. Isto no sentido em que, se a arquitectura tem uma determinação imediata sobre a percepção do espaço e a sua condição funcional, a relação estabelecida com as obras de arte aí instaladas pode contribuir para transformar essa vivência. Contudo, a ideia central é potenciar uma outra relação do olhar que qualquer pessoa pode experimentar enquanto habitante transitório de uma sala de espera ou de um corredor central onde operam diversos serviços deste Centro de Saúde. Esta exposição é o início do programa Arte em Movimento que se desenvolverá sob uma perspectiva aberta a vários públicos. Não são apenas exposições concebidas para um determinado espaço, e um público específico de cada instituição, mas também uma oportunidade de dar a ver obras de arte contemporânea expostas de forma a que as pessoas possam apreciá-las à luz das necessidades diárias que cada espaço funcional organiza. O programa itinerante, de âmbito nacional, propõe-se mostrar conjuntos expositivos a mais públicos e a instituições diversas em vários distritos e concelhos do país. Opinião A escolha das obras tem como ponto de partida a constituição de uma colecção internacional, sediada no Arquipélago dos Açores, e que perspectiva um cruzamento de temas e práticas artísticas sem perder de vista o seu legado histórico e cultural. A centralidade geográfica das ilhas dos Açores corresponde-se com o trânsito de artistas contemporâneos, entre o Norte e o Sul do Atlântico, cujas obras propõem um encontro e uma ref lexão sobre culturas de diferentes quadrantes e processos artísticos presentes na diversidade e na descoberta que a diáspora, individual ou coletiva, desenha na amplitude do mundo de hoje. Sob esta geografia cultural, a referência ao Culto do Espírito Santo, representada por artefactos, obras de arte e documentos fotográficos, encontra ecos na espiritualidade e simbologia de algumas das obras expostas, como um elo de coesão da identidade açoriana no mundo, numa estreita relação de partilha com outras comunidades, próximas ou distantes, que hoje comunicam num universo global. Pontos Colaterais O ministro da Saúde, Paulo Macedo, assim como as restantes personalidades presentes, acompanharam com interesse a apresentação das obras expostas João Silvério A Curador da Colecção de Arte Contemporânea da FLAD exposição pública da Colecção de Arte Contemporânea Arquipélago tem lugar no novo espaço vocacionado para as práticas artísticas denominado “Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas”, situado na Ribeira Grande, S. Miguel, Açores. Esta exposição, inaugurada no dia 22 de Maio de 2015, dá continuidade ao protocolo firmado entre a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e a Direcção Regional da Cultura do Governo Regional dos Açores. É no âmbito deste protocolo que a curadoria da exposição está a cargo de João Silvério, Curador da Coleção de Arte da FLAD. www.flad.pt www.flad.pt 1º Semestre 2015 — we/flad — 25 we/study Opinião Investigação básica: os alicerces do desenvolvimento científico Maria Manuel Mota 1 2 3 4 FLAD dá prémio a cientistas a operar em Portugal O FLAD Life Science atribui duas bolsas no valor total de 800 mil euros divididos entre entre dois projectos de cientistas e investigadores portugueses a trabalharem em conjunto com norte-americanos. Os dois primeiros prémios foram para equipas lideradas por Ana Cristina Rego e Helder Maiato. A Fotografias de Rui Ochôa Fundação Luso-Americana lançou no dia 18 de Setembro de 2014, um prémio científico no valor total de 800 mil euros, durante três a quatro anos, ao serviço de dois projectos estruturantes no domínio da ciência e investigação. É um prémio para um projecto de investigação fundamental e outro orientado para investigação aplicada, ambos anunciados e já entregues. Os dois primeiros prémios de 400 mil euros foram atribuídos, a 7 de Janeiro, à equipa dos investigadores liderados por Helder Maiato, do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto, e à equipa dirigida por Ana Cristina Rego, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. O FLAD Life Science 2020 é diri- 26 — we/flad — 1º Semestre 2015 5 gido a investigadores a operar em território nacional e que colaboram com uma instituição portuguesa, não lucrativa, pública ou privada. O Comité de avaliação é liderado pela cientista Maria Manuel Mota, uma das maiores especialistas do mundo em malária, cujo trabalho foi distinguido recentemente com a atribuição do Prémio Pessoa 2013. O comité de avaliação e aconselhamento do FLAD Life Science 2020 é liderado por Maria Manuel Mota, cientista do Instituto de Medicina Molecular e uma das maiores especialistas do mundo em malária, cuja investigação lhe valeu o Prémio Pessoa 2013. A acompanhar Maria Manuel Mota no júri estão Rui Costa, investigador principal do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, e Sangeeta Bhatia, engenheira biomédica e pro- 1 A presidente do júri, Maria Manuel Mota, com o premiado Helder Maiato e o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que entregou os prémios aos vencedores. 2 Mais uma imagem de Helder Maiato, durante a intervenção em que explicou o seu projecto de investigação. 3 A cientista, Prémio Pessoa 2013 e presi- dente do júri, Maria Manuel Mota, explicou os critérios que estiveram na base da atribuição dos dois primeiros prémios, referindo a elevada qualidade dos trabalhos apresentados por todos os concorrentes. 4 Momento da intervenção da investigadora Ana Cristina Rego, que dirige a equipa vencedora do Centro de Neurocências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. 5 O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, acompanhado, entre outros, pelos dois vencedores do primeiro FLAD Life Science 2015, Ana Cristina Rego da Universidade de Coimbra e Helder Maiato da Universidade do Porto. www.flad.pt fessora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Segundo Vasco Rato, Presidente da FLAD, “este prémio ou bolsa tem a particularidade, face a outros, de se dirigir a investigadores exclusivamente a operar em Portugal em áreas que vão ao encontro dos problemas das pessoas. Fac- norte-americano, uma das matrizes da Fundação”. Sobre o comité de avaliação e aconselhamento do FLAD Life Science 2020, Vasco Rato salienta ainda que “é com muita honra que um prémio com a insígnia FLAD acolhe este grupo de investigadores como júri pois, não só farão parte de um profundo e rigoroso processo de avaliação "É com muita honra que sem quaisquer contraa FLAD acolhe este grupo partidas, como também de investigadores como júri renunciarão à candidatura dos seus próprios prodo Prémio Life Science" jectos que seriam, natuto é que são duas distinções, uma para ralmente, fortes proponentes.” Os critérios de avaliação passaram projectos com uma componente mais pela relevância para a saúde humana, teórica, e outra orientada para uma investigação aplicada. Isto contribui para mérito científico do desenho e do proa internacionalização do conhecimenjecto, a excelência dos investigadores e a qualidade da instituição associada ao to nacional, dos nossos investigadores projecto proponente. e cientistas, especialmente no mercado www.flad.pt U Presidente do Júri ma ideia recorrente, defendida por especialistas em economia e finanças durante a crise do sistema financeiro é a de que as poupanças devem ser repartidas por vários tipos de aplicações. Numa lógica de não colocar os ovos todos no mesmo cesto. A razão para esta estratégia é até bastante simples: se as cotações da bolsa descerem drasticamente (ou um dos cestos cair, na analogia dos ovos) sobram os depósitos a prazo. É curioso, no entanto, que esta estratégia, de bom senso afinal, não esteja a ser seguida para o financiamento da Ciência, em particular na área das Ciências da Vida. Assustados com o clima de austeridade, os principais financiadores têm vindo a dar cada vez mais importância à aplicabilidade da ciência, à dita investigação de translação: uma investigação direcionada para o tratamento de uma doença em particular. Identificado um problema específico, como a necessidade de prevenir o ébola, procura-se uma solução. No caso, a vacina. Do outro lado, temos a investigação básica ou fundamental, que tem como propósito pura e simplesmente descortinar os mistérios da existência, criar conhecimento, sem um propósito pré-definido. O problema é que esta exige tempo sem dar quaisquer garantias. É impossível prever o resultado final quando se inicia o estudo de um mecanismo celular totalmente desconhecido. Convencida de que ciência básica e ciência fundamental são as duas faces de uma mesma moeda, a FLAD lançou os prémios Life Science, que distinguem dois projetos, um em cada área – os primeiros vencedores serão anunciados amanhã, dia 7. O valor do prémio é de 400 mil euros, cada, e pretende estimular a competitividade e premiar a excelência – a única palavra-chave em Ciência. Para que se possa dar um passo de gigante, são necessários muitos passos de bebés. *Resumo de artigo publicado no diário i 1º Semestre 2015 — we/flad — 27 we/share www.flad.pt https://pt-pt.facebook.com/FundacaoLusoAmericana estatísticas 40 mil Mais de 40 mil pessoas visitaram o navio-escola Sagres nos Estados Unidos da América A viagem do Navio-Escola Sagres a New Bedford nos Estados Unidos, patrocinada pela FLAD, foi um absoluto sucesso. Só nesta cidade, recebeu 6239 visitantes. O comandante Paulo Alcobia Portugal, que agradeceu o apoio da Fundação, disse à Agência Lusa que “durante a visita aos portos, em especial junto da diáspora portuguesa, o navio é acolhido como um verdadeiro embaixador de Portugal no mar.” Foi comovente ver tantas famílias luso-descendentes a bordo da Sagres. A presença do navio em New Bedford contou com a colaboração da Fundação Luso- Americana para o Desenvolvimento (FLAD), que se associou este ano à Marinha para a viagem de instrução dos novos cadetes. Livro de Liam Brockey lançado pela FLAD Liam M. Brockey, professor catedrático na State University of Michigan, foi o convidado da FLAD para duas conferências, no Porto e em Lisboa, a 16 e 24 de Julho, respectivamente. Brockey recebeu o doutoramento em História pela Brown University em 2002. Durante os seus estudos viveu largas temporadas na Bélgica, França, China e em Portugal, tendo sido bolseiro da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da Fulbright. Ensinou antes História Moderna na Brown University e em Princeton University. A sua principal área de estudos abrange o Império Português e o catolicismo missionário na Ásia na época moderna. Ambos os seus livros, Journey to the East: The Jesuit Mission to China, 1579-1724 e The Visitor: André Palmeiro and the Jesuits in Asia, editados pela Harvard University Press, tratam da presença de missionários portugueses no Oriente. Brockey é Académico Correspondente da Academia Portuguesa da História e ainda Vice-Presidente da American Catholic Historical Association.Ora veja: Comentários no Facebook: 14 pessoas gostam disto. 2 comentários. Luisa Fortes da Cunha data para Lisboa? Vídeo da FLAD bate todos os recordes O Facebook da FLAD vai já a caminho dos 6000 gostos ou seguidores e a multiplicação de comentários positivos acentuou-se com a abertura do novo website, agora com uma nova imagem e novas funcionalidades. O vídeo institucional da Fundação teve 44.672 pessoas “alcançadas” no Facebook e, à hora do fecho desta página da WE, tinha 566 gostos, 34 partilhas e 10 comentários, todos a elogiar. Obrigado! Responder · 1 · 11/7 às 17:28 Liam Brockey Dia 24 na FLAD em Lisboa! Responder · 4 · 11/7 às 21:26 11 comentários Edite Mendes Temos que ficar updated com os nossos conterrâneos!!! Gosto · Responder · 1 · 3/7 às 14:17 António Marques Pinto Grande Fundação. Gosto · Responder · 2 · 3/7 às 16:56 Obrigado, cônsul Pedro Carneiro 28 — we/flad — 1º Semestre 2015 Os 30 anos da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento foram comemorados com a presença do politólogo Francis Fukuyama, na conferência de abertura do ‘Ciclo 30 Anos FLAD’. O evento além de bastante participado teve direito a bolo de aniversário. Consulado de Portugal em New Bedford O NRP Sagres visitou New Bedford e a nossa região nos passados dias 8 e 9 de julho. O Consulado agradece a toda a comunidade o excelente acolhimento que foi dado ao navio e as emocionantes manifestações de carinho e orgulho ao longo destes dois dias muito especiais. O Comandante Paulo Alcobia Portugal e toda a sua tripulação transmitiram ao Cônsul Pedro Carneiro o seu mais vivo agradecimento e a sua enorme alegria pelo entusiasmo e genuína simpatia que aqui sentiram. VIVA A "SAGRES" ........................... The Tall Ship Sagres visited New Bedford and the region last July 8 & 9. The Consulate thanks all the community for the excelent welcoming that was given to the ship and the manifestations of endearment and pride throughout these very special days. Captain Paulo Alcobia Portugal and his crew sent to Consul Pedro Carneiro their utmost recognition and their joy for the enthusiasm and kindness they felt during the stay. VIVA A "SAGRES" 568 pessoas gostam disto O cônsul de Portugal em New Bedford, Pedro Carneiro foi um dos grandes dinamizadores do programa agregado à estada do Navio-Escola Sagres na cidade do Estado norte-americano de Massachusetts. Sem nunca esquecer o papel das redes sociais na agregação da comunidade de lusodescendentes, o consulado, na sua página no Facebook, deixou uma mensagem de agradecimento a toda a tripulação. Razão mais do que suficiente para agradecermos, também, ao cônsul o seu papel incansável ao serviço de Portugal e dos portugueses. Bolo de 30 anos da FLAD Comentário no Facebook: 224 pessoas gostam disto. 8 comentários. www.flad.pt www.flad.pt 1º Semestre 2015 — we/flad — 29 we/think Opinião Opinião 'More is more' D o ponto de vista europeu, como escreveu Camões, Portugal é onde a terra acaba e o mar começa. Mas, qua se quinhentos anos depois da publicação dos Lusíadas, podemos pensar que, do ponto de vista de um americano a olhar para o mapa do mundo, o primeiro país do continente europeu que começa é, igualmente, Portugal. Somos, atravessando o Atlântico, o primeiro amigo, o primeiro aliado, o primeiro parceiro neste continente. Estamos, aliás, mesmo a meio caminho, gr aças aos Açores. Somos um país amigo desde o tempo em que José Francisco Correa da Serra visitava Jefferson em Monticello, somos fortes aliados desde a fundação do Tratado do Atlântico Norte e somos um parceiro nas trocas comerciais, que continuam a crescer. Mas esta relação, geográfica, geoestratégica e afectiva não nos chega. Queremos e podemos dar e ter mais. Ao contrário da frase minimalista “less is more”, do arquitecto Mies van der Rohe – que durante décadas escolheu os 30 — we/flad — 1º Semestre 2015 EUA para trabalhar -, o nosso projecto e a nossa construção da relação luso-americana tem de ter o sentido de querermos mais: maior crescimento e diversificação nas trocas comerciais, maior captação de investimento americano, melhores ligações aéreas e mais turismo do mercado norte-americano, mais Somos, atravessando o Atlântico, o primeiro amigo, o primeiro aliado, o primeiro parceiro neste continente. Paulo Portas Vice-primeiro-ministro estudantes americanos a estudar e a investigar em Portugal. Esta nossa ambição é o nosso desafio. Contamos com a capacidade dos nossos empresários, com a confiança que os portugueses souberam merecer, com o conhecimento e a experiência dos nossos diplomatas, com o trabalho da AICEP e da FLAD, com uma renovada expressão da nossa aliança de segurança, com as nossas universidades e, também, com a inestimável ajuda das comunidades portuguesas nos EUA e dos muitos luso-descendentes que – nas empresas, na academia e na política – são verdadeira vanguarda de Portugal por terras americanas. Com esta ajuda, a procura de crescimento é realista e possível. Como país base da relação transatlântica, dispensamos apresentações, mas é preciso darmo-nos a conhecer melhor: na cultura, na ciência, na tecnologia. Porque temos a confiança de que conseguimos dar e crescer mais. Portugal e os Estados Unidos já sabem um do outro, já é conhecido. Mas o que podemos dar a descobrir, o que podemos surpreender, é o que importa agora fazer. www.flad.pt
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