Revista WE

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Revista WE
Study in Portugal
já está em marcha
com a chegada
do primeiro grupo
de estudantes
dos EUA
O primeiro
Luso-American
Legislator's Dialogue
reuniu políticos
nacionais com 12
luso-americanos
Vencedores
portugueses
recebem Prémio
FLAD Life Science
no valor total
de 800 mil euros
Vice PrimeiroMinistro, Paulo
Portas, escreve
sobre Portugal
e as relações
transatlânticas
P6
P20
P26
P30
WE flad
Francis
fukuyama
na flad
Inaugura ciclo de conferências
'30 Anos FLAD' P12 A 18
#01
2015.01.S
We start
Study in Portugal
já está em marcha
com a chegada
do primeiro grupo
de estudantes
dos EUA
O primeiro
Luso-American
Legislator's Dialogue
reuniu políticos
nacionais com 12
luso-americanos
Vencedores
portugueses
recebem Prémio
FLAD Life Science
no valor total
de 800 mil euros
Vice PrimeiroMinistro, Paulo
Portas, escreve
sobre Portugal
e as relações
transatlânticas.
P6
P20
P26
P30
edit
"A FLAD está de parabéns por mais esta iniciativa,
a Luso-American Legislator's Dialogue"
12
12
caro leitor
A democracia
na Europa
WE Flad #01
2015.01.S
Francis Fukuyama veio a Portugal e
foi orador na FLAD, na conferência de
abertura do ciclo '30 Anos FLAD'.
Inaugura ciclo de conferências
'30 Anos FLAD' P12 A 18
Açores,
presente
e Futuro
22
Os Açores continuam a ser centrais
para a FLAD e há novos projectos
e protocolos de desenvolvimento
a serem assinados.
Fotografia de capa de Rui Ochôa
04
20
IV Fórum
Franklin D.
Roosevelt
Luso-American
Legislator's
Especialistas nacionais e lusoamericanos encontram-se nos
Açores para discutir novos projectos
de desenvolvimento sustentável no
arquipélago.
26
06
A Fundação foi palco do primeiro
encontro entre políticos portugueses
e luso-descendentes eleitos
nos Estados Unidos.
22
Study in
Portugal a
cativar os EUA
FLAD e técnico
juntos pela
energia
Criado a 7 de Outubro de 2014, o
programa Study in Portugal Network
recebe estudantes norte-americanos.
Criação de um sistema de energias
alternativas na Ilha Terceira é o objetivo
central do projecto Vulcano.
08
26
Segurança
Energética
Prémio FLAD
Life Science
2020
Programa Segurança Energética aponta
novos caminhos de reflexão estratégica
para a energia em Portugal.
Bolsas FLAD Life Science
2020 de 800 mil euros já foram
entregues a cientistas nacionais
que investigam em Portugal.
12
2 — we/flad — 1º Semestre 2015
“WE”. Este foi o nome que
escolhemos para a revista
que hoje lançamos.
D
19
Francis
Fukuyama
na Flad
Marc Pacheco
www.flad.pt
escreve o que somos e como o
fazemos. “Nós”, Portugal e os
EUA, “Nós” o Atlântico Norte,
“Nós” a Aliança Atlântica, “We
The People” como dizem, desde muito cedo, os norte-americanos. WE sintetiza o
ADN da Fundação Luso-Americana para
o Desenvolvimento.
A FLAD cumpre este ano 30 anos de vida e, sem esquecer o passado e o contexto,
projectamos com ambição e exigência o futuro com a nossa acção no dia-a-dia.
A Administração a que tenho a honra de presidir tomou posse em Janeiro de
2014 com uma ideia muito clara sobre os
pilares da nossa acção: Cooperação científica e tecnológica com entidades americanas; Programa de desenvolvimento para
os Açores; Promoção da língua e cultura
portuguesas nos EUA; e um último pilar
que foi, por nós, introduzido – a Cooperação económica e empresarial entre Portugal e os Estados Unidos.
De certa forma, ao longo das páginas
que se seguem, poderão acompanhar o retrato daquela que foi a nossa actividade ao
longo deste último ano e meio, assim como
a forma como, para cada um dos pilares, foram lançados programas, desenvolvidas iniciativas e alcançados resultados.
Uma das nossas prioridades, como não
podia deixar de ser, é a investigação científica e o estreitar das pontes do conhecimento
que ligam Portugal à academia e à investigação realizadas nos EUA. O lançamento
do programa Life Science 2020 – que reúne
a maior bolsa de sempre entregue à investigação em Portugal – é um marco do que
consideramos ser o caminho para o sucesso: conhecimento português, desenvolvido
(também) em Portugal, com cientistas portugueses e norte-americanos. Maria Manuel Mota como a presidente do júri do programa é motivo de orgulho e garantia de sucesso e independência (ver página 6).
Os Açores estão, como não podia deixar de ser, no cerne da nossa acção e, além
do Fórum Roosevelt, que promovemos este
ano na Ilha de São Miguel, no Pico, foram
www.flad.pt
lançados um conjunto de projectos com um
enfoque empresarial que, acreditamos, irão
dar os seus frutos no médio prazo. O arquipélago que está a meio caminho entre EUA
e Portugal Continental reúne condições únicas para ser um marco geodésico do nosso
relacionamento (ver página 4).
Poderia ainda chamar a vossa atenção
para projectos tão simbólicos como o ‘A rte em Movimento’ que expõe a colecção de
arte da FLAD em centros públicos de saúde (ver página 24), entre outras iniciativas,
mas queria terminar com um evento que
realizámos em Lisboa e que pretendemos
repetir de forma periódica. Por tudo o que
permite: a reunião dos legisladores luso-americanos para que, de forma informada
Fundação Luso‑Americana
para o Desenvolvimento
CONSELHO DE CURADORES:
José Luís Nogueira de Brito (Presidente)
Mário Ferreira
José Lamego
Rui Ramos
John Olson
Elvira Fortunato
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO:
Vasco Rato (Presidente)
Jorge da Silva Gabriel
Michael Alvin Baum Jr.
Jorge Figueiredo Dias
Mário Mesquita
CONSELHO EXECUTIVO:
Vasco Rato (Presidente)
Jorge da Silva Gabriel
Michael Alvin Baum
Rua do Sacramento à Lapa, 21
1249‑090
Lisboa | Portugal
Tel.: (+351) 21 393 5800 • Fax: (+351) 21
396 3358
Email: [email protected] • www.flad.pt
www.facebook.com/
FundacaoLusoAmericana
Revista WE
DIRECTOR:
Vasco Rato
COORDENADOR: Bruno Ventura
“Nós” o Atlântico Norte,
“Nós” a Aliança do Atlântico
Norte, “We The People”
como dizem, desde muito
cedo, os americanos.
e cooperante, permanente e focada, possam
acompanhar os desafios que enfrentam os
portugueses e as oportunidades que se nos
colocam (ver página 20). Contámos com a
presença do primeiro-ministro e também
do líder do Partido Socialista porque acreditamos que existem matérias à prova da
cor partidária. E esta é uma delas.
Hoje, como há 900 anos, Portugal é
substancialmente maior do que as suas
fronteiras físicas. Está nos quatro cantos
do mundo com uma diáspora de cerca de
5 milhões de pessoas. Só nos EUA são 1.3
milhões de luso-descendentes que a FLAD
pretende manter, cada vez mais, ligados a
Portugal. WE, sim. WE, com convicção.
EDITORES: Francisco Teixeira
e Paulo Pinto Mascarenhas
COLABORAM NESTE NÚMERO:
Gonçalo Castelbranco, João Lemos
Esteves, João Silvério, Jorge Gabriel,
Maria Manuel Mota, Michael Baum,
Miguel Vaz, Paulo Portas, Ruben Eiras,
Rui Pereira e Vasco Rato
DESIGN: Rute Coelho
REVISÃO: Maria Athayde
PERIODICIDADE: semestral
[email protected]
© Copyright: : Fundação
Luso‑Americana para o
Desenvolvimento
Todos os direitos reservados
1º Semestre 2015 — we/flad — 3
We flash
Nos
€800
Mil Euros é o valor total dos dois prémios
atribuídos pela FLAD Life Science 2020
5.389
Era o número de "Gostos" da página da FLAD a 22 de Julho de 2015
37%
Das árvores de criptoméria existentes nos Açores têm mais de 30 anos
breves
IV Fórum
Açoriano Franklin
D. Roosevelt
já está a ter
desenvolvimentos
Especialistas portugueses e norte-americanos reuniram-se para
encontrar novas formas de desenvolvimento sustentável para os Açores.
O arquitecto Jeremy Backlar apresentou uma das propostas que já estão
a ser concretizadas.
N
os dias 9 e 10 de Abril, decorreu no Auditório do Museu dos Baleeiros, na Lajes
do Pico, o IV Fórum Açoriano Franklin D. Roosevelt com o tema "Açores e EUA: Estratégias de Desenvolvimento Sustentável", organizado
pela Fundação Luso-Americana para o
Desenvolvimento. Com a presença de representantes portugueses e norte-americanos discutiu-se a agenda transatlântica actual e os principais desafios para
o desenvolvimento sustentado nas áreas
do mar e seus recursos, agricultura e turismo no âmbito da TTIP (Transatlantic
Trade and Investment Partnership).
Durante dois dias, a FLAD congregou empresários, engenheiros, responsáveis públicos e académicos para des-
Michael Baum,
administrador
executivo da FLAD,
organizou o IV
Fórum Açoriano.
4 — we/flad — 1º Semestre 2015
cortinar Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para os Açores, surgindo
algumas propostas e soluções originais
para a região autónoma.
No encerramento do IV Fórum Roosevelt, Michael Baum, administrador
executivo da FLAD que organizou o
evento de dois dias no Pico, assumiu a
“esperança de que [a iniciativa] seja um
primeiro passo” na nova estratégia de
desenvolvimento. “Para não morrer na
praia”, o fórum já está a ter seguimento.
Um das propostas que passou pelo
auditório do Museu dos Baleeiros das
vila das Lajes do Pico e já está a ser posta em prática nos Açores, veio de Jeremy Backlar, do Atelier de Arquitectura
Backlar, que expôs as potencialidades da
exploração de um recursos natural que
existe em abundância nos Açores mas é
muito pouco aproveitado, a madeira de
criptoméria.
Jeremy Backlar sublinhou que 9% do
território dos Açores está ocupado com
floresta de criptoméria e que 37% dessas
árvores têm mais de 30 anos, por os açorianos não verem as potencialidades da
sua exploração. O Governo Regional lançou no ano passado os primeiros concursos públicos para corte e venda da madeira de criptoméria de matas públicas.
A maioria foi exportada para fora
das ilhas. Jeremy Backlar sublinhou, na
sua intervenção, as mais-valias ambientais, económicas e outras da utilização,
localmente, da madeira na construção
de edifícios, por exemplo, em comparação com o betão.
FLAD e a Universidade
Brown abriram
concurso para
professor visitante
Luso-americanos
‘Portuguese Kids’
deram espectáculo
na FLAD
O grupo luso-descendente Portugue‑
se Kids esteve presente no auditório
da FLAD no dia 9 de Outubro para um
espectáculo inesquecível. Derri‑
ck Demelo, Jason Casimiro, Brian
Martins e Al Sardinha compõem o
elenco dos “Portuguese Kids”, grupo
de comediantes oriundos do estado
de Massachusetts, EUA. Os “miúdos”
de ascendência familiar portuguesa
recorrem à sátira sobre os hábitos e
os comportamentos dos portugue‑
ses que emigraram para o outro lado
do Atlântico. Os “Portuguese Kids”
têm vindo a definir um estilo muito
próprio na forma de fazer humor,
baseando-se nesta forma de estar
muito peculiar da comunidade luso‑
-americana, radicada um pouco por
todo os EUA, destacando sempre o
lado engraçado “de ser Português”.
Exposição nos
Açores tem João
Silvério, da FLAD,
como curador
A primeira exposição do Centro de
Artes Contemporâneas dos Aço‑
res, dedicada ao Espírito Santo, foi
inaugurada a 22 de maio, contando
com as tradicionais sopas e a atua‑
ção da fadista Gisela João e DJ, foi
hoje anunciado. A exposição “Pon‑
tos Colaterais – Coleção de Arte
Contemporânea Arquipélago, uma
selecção” teve a curadoria de João
Silvério, através de um protocolo
com a Fundação Luso-Americana
para o Desenvolvimento (FLAD).
www.flad.pt
A Fundação Luso-Americana para
o Desenvolvimento e o Departa‑
mento de Estudos Portugueses,
da Brown University (Providence,
Rhode Island, EUA) abriram um
concurso para o lugar de Profes‑
sor Visitante naquela Universidade.
Os objectivos da iniciativa bem
como o perfil dos candidatos e as
habilitações profissionais reque‑
ridas são as de lecionação de um
curso semestral em inglês sobre
um tema de História Contempo‑
rânea de Portugal ou de Ciências
Sociais (de preferência, Sociologia,
Antropologia ou Ciências Políti‑
cas) relacionados com Portugal
contemporâneo. A temática do
curso pode ser alargada ao mundo
lusófono, ou pode também ter uma
dimensão comparativa internacio‑
nal. A apresentação de candidatu‑
ras decorreu com grande sucesso
até ao dia 31 de Janeiro de 2015.
Crossing the
Atlantic da FLAD
apoia patente
açoriana nos EUA
A Universidade dos Açores
registou a patente de um biofilme
comestível que pode ser utilizado
para proteger o queijo.
A inovação foi desenvolvida pelo
Grupo de Ciência dos Alimentos
e já há pequenas e médias
empresas da Região interessadas
em explorar a inovação. A
universidade desenvolveu,
também, outros produtos lácteos
fermentados que permitem novos
aproveitamentos do leite.
A pesquisa começou já a ser
apoiada pela FLAD na sua
divulgação nos EUA através do
programa Crossing the Atlantic.
www.flad.pt
FLAD apoia Women WinWin para
o empreendorismo das mulheres
G
aby Marcon Clarke foi a “speaker” convidada do 2º programa
Mentoring WomenWinWin, um
evento promovido pela WomenWinWin,
com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. O evento
decorreu no dia 19 de junho, no Auditório da Fundação Luso-Americana, em
Lisboa, com intervenção final do Administrador Executivo da FLAD, Jorge
Gabriel.
O objetivo do Programa de Mentoring é o de apoiar o empreendorismo
feminino possibilitando o acompanhamento estruturado durante um ano por
parte de um(a) empresário(a) com um
outro nível de senioridade e com experiência e sucesso comprovados.
Com mais de 20 anos de experiência
em Gestão, Marketing e Relações Públicas, a britânica Gaby Marcon afirmou-se
ao longo da sua carreira também como
mentora empresarial, sendo cofundadora da Shine People and Places. Concebeu e implementou vários programas
de desenvolvimento e de mentoring para
PME’s. Em 2011, lançou os Women 1st
Shine Awards. Está associada à Oxford
School of Coaching & Mentoring e é
membro da Association for Coaching.
FLAD patrocina
‘Jangada de Pedra”
de Souto Moura
e Siza Vieira em
Washington
exposta em frente ao John F. Kennedy
Center for the Performing Arts, o
centro cultural nacional dos EUA.
“É um grande orgulho para o Arte
Institute ter o arquitecto Souto Moura
e o arquitecto Siza a trabalharem
nesta instalação, um desafio contrarelógio que demonstrou não só o seu
talento e profissionalismo, como a
sua generosidade e entrega”, disse
a presidente do Arte Institute, Ana
Ventura Miranda, à agência Lusa.
Entre outras iniciativas, a FLAD
apoiou os concertos de Carminho e
Camané, acompanhados pela National
Symphony Orchestra, assim como
de Rodrigo Leão, Sofia Ribeiro, Luísa
Sobral, The Gift e António Zambujo.
Os arquitectos Eduardo Souto de
Moura e Álvaro Siza Vieira são os
autores da instalação chamada
“Jangada de Pedra” que esteve em
exibição durante uma mostra de
criação contemporânea ibérica, em
Washington, no mês de Março. A
instalação partiu de uma iniciativa
do Arte Institute, com o patrocínio
da Fundação Luso-Americana para
o Desenvolvimento (FLAD), e esteve
1º Semestre 2015 — we/flad — 5
we/zoom
Study in
Portugal
Network sempre
a crescer nos
Estados Unidos
Criado a 7 de Outubro de 2014, o Study in Portugal
Network já começou a receber os primeiros estudantes
norte-americanos em Portugal. Prosseguem os
esforços da FLAD para tornar as universidades
portugueses mais conhecidas nos Estados Unidos.
3
1
1 Um grupo de estudantes
2
norte-americanos do SiPN
com Rui Pereira, Michael
Baum, Vasco Rato e Miguel
Vaz, na primeira visita à
FLAD.
Ricardo Pereira / Lisboa, Portugal/ Study in Portugal Network,
On-site Coordinator / [email protected]
S
egundo o mais recente Open Doors Report
do Institute for International Education
(IIE), mais de 289 mil
estudantes americanos participaram em
2013 em programas
de mobilidade de curta duração no estrangeiro, o que representa cerca de 9%
de alunos não licenciados nos Estados
Unidos.
Enquanto a Europa é escolhida por
mais de metade destes estudantes, com
apenas três países a somar 32% do total
em todo o mundo (Reino Unido, Itália
e Espanha, respectivamente, por ordem
das instituições de ensino portuguesas,
que a FLAD, em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos da América em
Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, a
Comissão Fulbright Portugal, a SATA,
o AICEP, o Ministério da Educação e
o Ministério dos Negócios Estrangeiros, criaram, a 7 de Outubro de 2015, o
Study in Portugal Network (SiPN), que
numa primeira fase estabeleceu entendimento com 4 universidades lisboetas,
o ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, a Universidade Católica Portuguesa-Lisboa, a Universidade de Lisboa e a
Universidade Nova de Lisboa.
O programa terá uma base itinerante, tendo como suporte logístico uma
dest a s universida des
O website do SiPN foi lançado por semestre/programa
de verão. É, por isso, um
em finais de Fevereiro de
programa académico (de
2015 e 30 de Abril foi a data
estadias de curta duração, no mínimo de um
limite para inscrições.
mês de Verão, no máximo
de preferência), Portugal continua, infeum ano letivo completo) em puro formalizmente, fora do radar da maioria dos
to de consórcio com vista a potenciar e
estudantes americanos. Embora cerca
criar sinergias positivas entre as instide 10 mil estudantes do programa Erastuições envolvidas, acelerando o procesmus tenham escolhido Portugal como
so de internacionalização das mesmas e
destino académico o ano passado, foram
aumentando as suas receitas próprias.
menos de 200 os americanos que tomaPara o estudante norte-americano as
ram essa mesma decisão.
vantagens são óbvias na medida que terá
Foi perante esta realidade, associaacesso a centenas de unidades curricuda à necessidade de internacionalização
lares oferecidas regularmente em inglês,
6 — we/flad — 1º Semestre 2015
4
2 Fotografia de uma das
apoiantes
do programa da FLAD
3 O administrador executivo
Michael Baum é também
director do programa Study
in Portugal Network.
4 Outra imagem do encontro
na FLAD.
sendo-lhe possível organizar o seu plano
de estudo de forma livre, com plenitude
de oportunidades, facto possibilitado
também pela proximidade das instituições de ensino envolvidas. Para aqueles
que mostrarem domínio da língua portuguesa, terão ao seu alcance ainda mais
opções curriculares.
Outro dos atributos distintivos do
programa é a presente bolsa de estágios
de Verão já disponível (e em larga expansão) para os alunos interessados neste
aspecto, possibilitando assim a ideia de
imersão em contexto laboral português e
a conexão prática com os conteúdos leccionados em sala de aula.
O website do SiPN (studyinportugalnetwork.com) foi lançado em finais
de Fevereiro e a data limite de inscrições
para os programas de Verão e primeiro
semestre de 2015/2016 – ambos a terem
sede operacional no ISCTE-IUL –, foi o
dia 30 de Abril, dispondo-se assim de
www.flad.pt
uma janela de oportunidade de recrutamento relativamente curta para um
programa que estava a dar os primeiros
passos.
Ainda assim, os resultados do recrutamento não podiam ser mais animadores: 23 estudantes admitidos para o programa de Verão (composto por 3 sessões,
nos meses de Junho, Julho e Agosto), e
outros 7 para o primeiro semestre do ano
lectivo que se avizinha.
Este número bastante satisfatório
para a primeira edição do programa é
fruto de diversos esforços desenvolvidos no sentido de difundir rapidamente
a estrutura e atributos disponibilizados
pelo SiPN, com as universidades e instituições que são parceiras do programa.
Das acções de promoção desenvolvidas destacam-se o “SiPN Road Show
2014”, que passou por várias universidades nos EUA, consulados e embaixada
portuguesa nesse país, perfazendo-se um
www.flad.pt
total de 49 apresentações realizadas entre
10 de Outubro e 19 de Novembro de 2014.
De 24 a 29 de Maio de 2015, o SiPN
(apoiado pela FLAD) participou em
Boston, Massachusetts, na maior feira
de educação internacional nos Estados
Unidos, a NAFSA – Association of International Educators, com a colaboração e presença do embaixador dos EUA
em Lisboa, Robert Sherman. Mais de 11
200 pessoas estiveram este ano no evento, o maior número de sempre, permitindo assim ao SiPN alcançar largos níveis de notoriedade e iniciar uma série
de contactos que se podem concretizar
na vinda de muitos mais estudantes provenientes das várias universidades com
que se estabeleceu uma primeira aproximação.
Já com estudantes SiPN em solo português, importa ressalvar o facto de os
estudantes admitidos pertencerem a
universidades localizadas em variadas
zonas dos Estados Unidos. O SiPN acolheu e acolherá estudantes da Universidade de Brown (MA), Universidade da
Califórnia – Berkeley (CA), Universidade de Wisconsin – Milwaukee (WI), Universidade do Massachusetts – Amherst
(MA), Stanford University (CA), San
Jose State (CA), Brigham Young (UT),
Universidade de Notre Dame (IN), Universidade de Rhode Island (RI), Universidade de Indiana – Bloomington (IN),
Wellesley College (MA) e Bentley University (MA). Para além disso, foi admitida no programa uma aluna da Escócia
(Universidade de Aberdeen), facto que
numa primeira instância permite acreditar que a proveniência de alunos pode
e deve ser diversificada a vários estados
dos EUA, não ficando circunscrito apenas aos que têm maior presença de estudantes luso-americanos.
Os estágios de Verão merecem especial destaque pelo interesse demonstrado pelos estudantes e universidades
americanas parceiras (ou em vias de o
serem). De momento, o SiPN tem estudantes de Verão a colaborar com instituições tão variadas como a Fundação
Champalimaud – Center for the Unknown, o Ministério do Negócios Estrangeiros, Banco BiG, Galeria de Arte
Urbana (CML), StartUp Lisboa (CML),
Hovione Pharmaceutical, Centro de
Arqueologia de Lisboa (CML), entre
outras.
Entretanto, foram já adicionados ao
portfólio de estágios SiPN uma série de
novas vagas disponíveis para próximas
edições, preparando-se desde já resposta para o que se espera ser um aumento
muito considerável da procura por parte
dos estudantes americanos no SiPN.
Para enumerar algumas das instituições que estabeleceram colaboração
com o SiPN neste sentido, podemos falar do Instituto de Medicina Molecular,
da IBM Portugal, do Portugal Economy
Probe, do INESC-ID (IST-UL), da FabLab Lisboa, do Fulbright Portugal, do
Instituto Diplomático, entre outros.
A grande novidade foi a inclusão
de oportunidades de estágios no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (Universidade do Porto), aquele
que pode, simbolicamente, representar
o alargamento do Network a outras cidades do País, como é vontade do Conselho Académico do SiPN, composto
por um representante de cada universidade parceira e um representante da
FLAD, o Prof. Michael Baum, diretor
do SiPN e membro do Conselho Executivo da FLAD.
1º Semestre 2015 — we/flad — 7
we/connect
Segurança Energética
30%
Reestruturação
na Segurança
Energética da
Europa promovida
pela FLAD
Dependência da UE face à Rússia na importação de gás natural; Europa é o continente com
maior dependência energética.
50%
O primeiro documento do
programa prevê a redução
para metade do índice
de Risco Geopolítico da
Segurança Energética da
União Europeia, bem como
a substituição total de gás
natural importado da Rússia.
Uma das principais premissas da Fundação
Luso-Americana para o Desenvolvimento passa
por promover a investigação e contribuir para a
reflexão estratégica dos mais diversos intervenientes
e decisores políticos europeus.
O
Programa FL AD
Segurança Energética da Fundação
Luso-A mericana
para o Desenvolvimento tem atingido cada vez maior
expressão no panorama de atuação internacional. Os dados provenientes destas análises pretendem enriquecer a informação pública sobre
o tema e contribuir de forma positiva para
a ref lexão estratégica dos decisores políticos intervenientes na segurança energética global.
A assinatura do protocolo de cooperação com a Miranda Alliance ocorreu
no dia 29 de setembro de 2014 e marcou
o início de uma parceria com esta sociedade de advogados para a formulação de
três 'research papers', sobre uma das temáticas mais urgentes na Europa e no
Mundo.
Os primeiros estudos produzidos pelo
programa da FLAD surgiram com o título
«Impacto no Risco Geopolítico da Segurança Energética da UE do ‘Shale Gas’ dos EUA
e do Gás Natural Africano».
A dependência da Europa perante a
Rússia na importação de gás natural ascende os 30% e o velho continente apresenta-se ainda hoje como o menos independente em termos energéticos. Para contrariar esta tendência e aumentar os índices de auto-suficiência na Europa, as em-
8 — we/flad — 1º Semestre 2015
presas continentais têm procurado maior
envolvimento nos consórcios de exploração de petróleo e de gás. E neste contexto,
o circuito europeu tem executado estratégias de participação ativa nas novas áreas
do eixo Atlântico e também da África subsaariana.
No primeiro policy paper que foi dado
a conhecer em 2014, os Estados Unidos da
América são apontados como parte integrante e indispensável para o planeamento
a longo prazo da segurança energética europeia. Na verdade, o território norte-americano em conjunto com a região africana
apresentam-se como a mais significativa
garantia de consistência: em conjunto, oferecem as condições e potencial necessários
para substituir até 2020, caso seja necessário, a totalidade do fornecimento de gás natural à Europa, reduzindo em 50% o índice
de Risco Geopolítico da Segurança Energética da União Europeia.
Também a evolução tecnológica associada, entre outras explorações, ao petróleo,
trouxe novos recursos em novas localizações geográficas, factualidade que acabou
por revolucionar por completo o panorama
energético mundial. Os países do AtlânticoSul ganharam um protagonismo acrescido
– nomeadamente o Brasil, os Estados Unidos e o Canadá.
Desta forma, Portugal assumiu por
inerência uma importância assinalável
na perspetiva de desenvolvimento da segurança Energética Europeia. Com uma
2020
É a data prevista pelos
estudos da Fundação
Luso-americana para o
Desenvolvimento, a fim de
atingir os objetivos europeus
a que se propõe.
Os próximos
5 anos poderão
vir a ser decisivos
para ditar a
centralidade
portuguesa no
futuro energético.
Portugal pode
ser um "player"
fundamental.
www.flad.pt
posição geográfica privilegiada no Atlântico, muito próxima dos EUA, do Canadá
e de África, e com uma frente marítima
bastante extensa, apresenta argumentos
suficientes para se tornar um «player»
fundamental na reestruturação e diversificação das fontes de abastecimento. Assim, os próximos 5 anos serão decisivos
para ditar a centralidade portuguesa no
futuro energético europeu em matéria de
gás natural.
De acordo com Ruben Eiras, Diretor do
Programa Segurança Energética FLAD,
«recorremos à metodologia da Agência Internacional de Energia para tecer um cená-
www.flad.pt
rio sobre o impacto geopolítico na segurança energética europeia com a substituição
das importações russas». A Sociedade que
se tornou parceira central no projeto de
research da FLAD reconhece que o setor
energético corresponde a mais de 60% da
atividade económica global. E por esta razão, Agostinho Pereira Miranda acrescenta:
«A Miranda orgulha-se de ter sido escolhida como parceira exclusiva no Programa Segurança Energética FLAD. (…) Nunca como
hoje a segurança energética – tanto para os
países produtores como para os consumidores – foi tão essencial à paz e prosperidade
mundiais».
A assinatura
do protocolo
de cooperação
com a Miranda
Alliance ocorreu
a 29 de Setembro
de 2014 e marcou
o início da
parceria
com a FLAD.
1º Semestre 2015 — we/flad — 9
we/think
Opinião
Segurança
Energética:
o novo pilar
estratégico
nas relações
luso-americanas
O porto de Sines é uma potencial
oportunidade para maximizar
a posição geoestratégica de
Portugal face aos EUA.
Criado em Julho de 2014, o Programa Segurança Energética
da FLAD conseguiu já contribuir de forma bastante positiva para
a concepção da política nacional neste domínio, com o Governo
português a adoptar algumas das suas linhas estratégicas.
Ruben Eiras ⁄ Director do PSE da FLAD
O
Atlântico será indubitavelmente um dos
principais corredores
energéticos da economia global do século
XXI. A ascensão de
novos produtores petrolíferos a Sul e o
renascimento dos EUA como potência
energética são os principais drivers desta
profunda mudança geopolítica que impactará a segurança energética global,
sobretudo no que diz respeito à disponibilidade física dos recursos energéticos
fósseis e das dinâmicas industriais que a
sua produção e comércio irão gerar.
A grande mudança no Atlântico
Norte provém dos EUA. A revolução tecnológica da fraturação hidráulica (vulgo
‘fracking’), combinada com um preço
do petróleo estabilizado nos $60/barril e um custo médio de produção entre
os $35 e os $42/barril (segundo o último Oil Market Report da Energy Information Administration), tornou possível
que as reservas de hidrocarbonetos não
convencionais ('shale gas' e 'shale oil')
fossem exploradas e produzidas de forma competitiva.
E o impacto desta mudança já se fez
sentir presentemente (2014): 13973 milhões de barris equivalentes de petró-
10 — we/flad — 1º Semestre 2015
leo (boe) diários produzidos nos EUA, à
frente da Arábia Saudita e 24508 biliões
de pés cúbicos, à frente da Rússia. São
estes os números geradores de colossais
ondas de choque no equilíbrio mundial
do poder energético.
Além disso, a maioria das reservas de
gás natural não-convencionais situam-se
na faixa atlântica dos EUA. A análise levada a cabo pelo Potential Gas Commitee
(PGC) , uma organização que reúne todos
os stakeholders envolvidos na indústria do
gás natural no mercado norte-americano
(existente há 48 anos), revela ainda que
as bacias na costa Atlântica são as que
detêm a maior quantidade deste recurso
(33%), tendo crescido 110% desde 2010.
Para o gás norte-americano chegar a
esses mercados, terá de ser transportado por via marítima, obrigando a investimentos não só em novos navios, mas
também em infraestruturas de regaseificação e armazenamento nos países destino ou Estados parceiros.
Portanto, um dos principais impactos do shale gas americano será a aceleração da crescente «maritimização»
desta commodity em detrimento do seu
comércio via terrestre, por gasoduto. Ou
seja, surgem oportunidades industriais e
comerciais para os países costeiros.
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Portanto, Portugal, com a sua inigualável posição geoestratégica face aos EUA,
pode explorar a oportunidade de tornar os
Açores num entreposto marítimo de reabastecimento e armazenamento de Gás
Natural Liquefeito (GNL), como também
estudar a viabilidade da criação de uma
infra-estrutura de transformação do GNL
em produtos refinados (gasolina e diesel).
Outra potencial oportunidade para
maximizar a posição geoestratégica de
Portugal face aos EUA é Sines também
operar como plataforma reexportadora
do gás natural americano para o mercado europeu, por exemplo, tornando-se
num ponto de apoio logístico e de aprovisionamento no extremo ocidental europeu ao grupo dos Aliados do GNL.
Por sua vez, no Atlântico Sul e na
África Lusófona, opera-se outra revolução petrolífera, desta vez em águas profundas e ultra profundas, liderada pelo
Brasil e seguida de perto por Angola e
Moçambique. Pela primeira vez, o mundo lusófono está prestes a desempenhar
um papel estratégico na economia global
do petróleo e do gás.
Com efeito, cerca de 50% das novas
descobertas mundiais de hidrocarbonetos realizadas desde 2010 estão localizadas em países lusófonos. Sem dúvida,
este será um factor de transformação da
importância geopolítica do português
na economia global. Segundo as últimas
análises das consultoras IHS e Bernstein Analysis, três países de língua oficial portuguesa lideram o ranking das 10
maiores descobertas de petróleo e gás do
planeta na presente década.
Isto significa que o espaço lusófono
não só está a reforçar a sua importância
geopolítica na economia global em função
dos vastos recursos petrolíferos existentes, mas como também está a tornar-se
um espaço com importância estratégica
para a segurança energética mundial.
Face a estas novas realidades, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento decidiu em Julho de 2014 criar
o Programa Segurança Energética, um
think tank com o principal objectivo de
desenvolver actividades de investigação
na perspectiva de política pública sobre
as dinâmicas geopolíticas, económicas e
tecnológicas com impacto na segurança
energética do espaço Atlântico, com um
especial enfoque nas interdependências
no sector dos hidrocarbonetos entre os
EUA e o espaço lusófono (Portugal, Brasil e África Lusófona) e o impacto potencial da extensão da Plataforma Continental Portuguesa a nível energético e
de recursos minerais.
O conhecimento produzido tem como objetivo enriquecer a informação pública sobre o tema, bem como contribuir
para a reflexão estratégica dos decisores
políticos intervenientes na segurança
energética.
Neste sentido, volvido um ano, o
Programa Segurança Energética FLAD
conseguiu contribuir de forma bastante
positiva para a concepção da política nacional neste domínio. Entre outras iniciativas foi desenvolvida uma linha de
investigação denominada «US Africa
Natural Gas 4 Europe», composta por 3
policy papers, nos quais foi abordada de
forma pioneira a viabilidade estratégica
de Portugal atuar como parte integrante de um hub ibérico de distribuição de
GNL (gás natural liquefeito), proveniente das futuras novas fontes dos EUA e da
África subsaariana, para a Europa.
A investigação desenvolvida pelo
Programa Segurança Energética FLAD
entre Setembro de 2014 e Abril de 2015
constatou que a produção adicional de
gás natural norte-americana e africana em 2020 não só seria suficiente para substituir a totalidade das importações russas via Ucrânia, como também
a infraestrutura de GNL da Península
Ibérica tem capacidade para a rececionar, sendo necessário para a sua distribuição um reforço da rede de gás natural na Ibéria e das interligações na zona
Espanha-França.
Nesse sentido, foi muito satisfatório constatar que o Governo português
adotou esta perspetiva no seu discurso e
na sua política energética externa, como
também a própria Comissão Europeia,
na voz de Maros Sefcovic, vice-presidente da CE e responsável pela União da
Energia, em declarações recentes: «Portugal tem um grande potencial e também tem capacidades impressionantes
de GNL tal como Espanha».
Com efeito, foi recentemente constituído o Grupo de Alto Nível para o Sudoeste Europeu, o qual tem como objetivo
angariar financiamento junto da União
Europeia para o reforço das interligações energéticas. Este Grupo é constituído por Portugal, França e Espanha.
O Programa Segurança Energética FLAD ainda irá organizar neste ano
uma conferência dedicada a esta temática, bem como serão lançadas outras
publicações, iniciativas de debate e parcerias internacionais com o objetivo de
ampliar a ação do Programa e a sua contribuição para a reflexão estratégica de
tão importante tema para as relações
luso-americanas.
1º Semestre 2015 — we/flad — 11
we/feature
Conferências 30 Anos FLAD
1
2
3
1 O ex-Presidente da República, Jorge
Sampaio, com Francis Fukuyama e o
embaixador dos Estados Unidos em
Portugal, Robert Sherman.
4
4
2 O ministro da Saúde, Paulo Macedo,
o ex-Presidente, Jorge Sampaio, com
Vasco Rato, Fukuyama e o ministro da
Solidariedade, Emprego e Segurança
Social, Luís Pedro Mota Soares.
3 Vasco Rato fez a intervenção inicial
de boas-vindas aos convidados
4 O ministro da Defesa, Aguiar-
Branco, em conversa com Francis
Fukuyama e Vasco Rato
5 A ministra das Finanças, Maria
Luís Albuquerque, com Fukuyama,
durante o jantar que se seguiu à
conferência
A democracia na Europa
e os desafios do Futuro
O primeiro encontro do Ciclo de Conferências ’30 anos FLAD’ ocorreu a 21 de Maio com a presença
de Francis Fukuyama, um dos grandes cientistas políticos da actualidade. O auditório da FLAD
esteve cheio de interessados em ver e ouvir o autor do livro “O fim da História e o último homem”.
O
Ciclo de Conferências ’30 anos FLAD’,
que celebra as três
décadas da criação
da Fundação Luso-A mer ic a na pa ra
o Desenvolvimento, teve início a 21
de Maio, com a presença de Francis
Fukuyama, filósofo e economista norte-americano, autor de obras marcantes como “O fim da história e o último
12 — we/flad — 1º Semestre 2015
homem”, “Confiança: as Virtudes Sociais e a Criação da Prosperidade”, ou
“A Grande Ruptura”.
Com o auditório da Fundação completamente cheio, incluindo muitas personalidades públicas, numa conferência
subordinada ao tema "Democracia na
Europa: Desafios do Futuro", Fukuyama defendeu que existem alguns motivos para preocupação com o futuro da
democracia. Antes tinha sido o presi-
dente da FLAD, Vasco Rato, a dar as
boas-vindas ao convidado.
"Penso que há algumas razões para
nos preocuparmos com o futuro da democracia", sustentou o pensador, acrescentando que a primeira delas se prende
com o facto de duas das atuais potências económicas internacionais serem
regimes ditatoriais: a Rússia e a China.
"Nos anos 1990 e na primeira metade
dos anos 2000, os países mais indus-
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trializados do mundo eram democracias, o que infelizmente já não acontece", observou.
O cientista político alertou, todavia,
que "o mau desempenho da democracia
não tem ocorrido só nos países que querem operar uma transição democrática,
mas também nos Estados Unidos e na
União Europeia".
"O que a União Europeia tem estado
a fazer é a criar uma estrutura institucional que se parece muito com a dos Estados Unidos. Mas o federalismo norte-americano, pelo menos, delega os seus
poderes de uma forma mais bem-sucedida e organizada, ao passo que à UE falta
poder em termos macroeconómicos, de
regulação do sistema", sublinhou.
Como exemplo, apontou que "a Reserva Federal Norte-Americana tem
muito mais poder que o Banco Central
Europeu" e que foi "a ausência de um
conjunto de regras fiscais uniformizadas que esteve na origem da crise financeira europeia".
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Outro problema de que a UE padece e que pode afetar o seu futuro democrático é, na sua opinião, a ausência de
uma identidade europeia, "a falta de
investimento dos líderes políticos europeus na definição de uma identidade
europeia", o que faz com que, sobretudo
no mundo pós-11 de Setembro, "o senti-
cia da evolução tecnológica.
"E acho que ninguém no mundo
tem solução para o que fazer a famílias em todo mundo que deixam de ter
um rendimento que lhes permita sobreviver, sem se voltar ao modelo de
Estado social que já se provou que não
funciona", comentou.
Por todas estas raz õ e s , e b a s e a ndo - s e
"O que a União Europeia
igualmente em índices
apresentados pela Fretem estado a fazer é a criar
edom House, organizauma estrutura institucional
ção que colige informaque se parece muito com
ção sobre a liberdade
no mundo, segundo os
a dos Estados Unidos"
quais se registou, a parmento de se ser europeu seja mais fratir de 2005, um declínio de liberdade no
mundo, Francis Fukuyama insistiu na
co do que o de identidades nacionais e
mesmo regionais".
ideia que defende no seu mais recente
A desigualdade no mundo ocidenlivro, "Ordem Política e Decadência Potal é outro dos problemas que poderá
lítica: Da Revolução Industrial à Globapôr em causa o futuro da democracia,
lização da Democracia", a ideia de que
segundo Fukuyama, com o empobreci"um processo de democratização conmento da classe média em consequênsolidado pode, de facto, recuar".
1º Semestre 2015 — we/flad — 13
we/feature
18 pontos para
compreender
o pensamento
de Fukuyama
Registou-se um debate aberto
entre Francis Fukuyama,
Vasco Rato, e os convidados
presentes na conferência
O investigador norte-americano tem uma visão singular e estimulante sobre o Estado e a democracia. Veja qual é em 18 pontos.
1.
Elogia-se frequentemente os pensadores dos fundamentos e vectores organizatórios do Estado e dos mecanismos
de interacção entre os agentes políticos
(que determinam, afinal, as “condições da
política”) recorrendo aos adjectivos “brilhante”, “notável” ou “ genial”. No entanto, tais qualificações são manifestamente insuficientes para evidenciar a craveira
intelectual e analítica de Francis Fukuyama. É que a genialidade ou o brilhantismo
deste Professor de Ciência Política norte-americano (como de qualquer intelectual) resultam de juízos subjectivos – aqueles que discordarem das suas premissas
cruciais ou desconfiarem das suas conclusões (ainda que movidos por preconceitos
políticos ou convicções de ordem moral ou
ideológica) tenderão a refutar ou a relativizar tal “genialidade” ou “brilhantismo”.
Ora, Francis Fukuyama é credor de um
encómio bem mais dignificante e recompensador para todos os estudiosos e cultores da História e da Ciência Política: o
de ser um pensador original, com a capacidade de refractar verdades tidas como
absolutas – e, por esta via, promover a reflexão do Homem sobre si próprio e sobre
a sociedade em que se encontra inserido.
Este é um juízo objectivo, apesar ou para
além de qualquer subjectivismo.
2.
Fukuyama é, pois, um pensador
provocante e provocatório. Daí ser
um autor de referência universal, gerando discussões, concitando admirações e
incentivando o estudo de milhões de estudantes por centros universitários em todas as latitudes e longitudes. É um pensador global – que reflecte sobre o “mundo
global” em que vivemos. E ao ler (e reler)
a obra de Fukuyama perpassa a ideia (tão
14 — we/flad — 1º Semestre 2015
esquecida entre nós) de que a História explica as contingências das comunidades
políticas actuais: a História da Humanidade é pautada mais pela continuidade e
menos pela revolução, pela ruptura.
4.
O novo livro de Francis Fukuyama,
muito oportunamente editado em
Portugal pelas Publicações Dom Quixote
2014, sob o título “Ordem Política e Decadência Política” (a edição original tem
7.
Francis Fukuyama, atendendo à
força e robustez do poder executivo,
distingue os tipos históricos de Estado
entre Estado Patrimonial, Estado Moderno e Estado neo-patrimonial. O Estado Patrimonial corresponde às formas
iniciais de organização da comunidade
em que avultavam os laços de parentesco, os laços familiares e/ou de amizade.
Os membros da família ou de certos círculos sociais trocavam favores entre si
para conquistar e manter o poder. Como
a nação ainda não se tinha constituído
– designadamente, por ainda não se ter
gerado um sentimento de identidade nacional - , os indivíduos tendiam a privilegiar os seus mais próximos. A autoridade
do Estado era, pois, inexistente.
8.
3.
Mas não será a nossa asserção anterior incompatível com a obra
mais mediática de Fukuyama intitulada “ O Fim da História e o Último Homem”? Julgamos que não: o “fim da História”, no pensamento do ilustre Professor de Standford, não significa que a
evolução das sociedades tenha cessado,
restando-nos um imobilismo inexpugnável. Não significa tão pouco que a democracia liberal seja uma fatalidade histórica: antes, o demo-liberalismo é uma
ideia que se difundiu planetariamente
como o melhor modelo de governo. Mais
rigorosamente, a democracia liberal é
uma ideia e um ideal: o mundo ocidental
convencionou que é este o modelo de governo que deve ser aplicado na regulação
de todas as comunidades políticas, independentemente da sua cultura, das suas
circunstâncias específicas ou da sua geografia. Contudo, a História é protagonizada, em larga medida, pelos Estados
- e os Estados não se esgotam ou se reconduzem apenas ao regime político vigente. O regime político é somente uma
dos factores que poderá explicar o sucesso (ou insucesso) do Estado – ou, mais
correctamente, que poderá assegurar a
ordem política ou a decadência política.
executivo consegue governar com qualidade, resolvendo os problemas colectivos.
edição da Farrar, Strauss and Giroux,
com o título “Political Order and Political
Decay”) é a sequela do livro editado anteriormente (com publicação em Portugal
também pelas Publicações Dom Quixote) intitulado “ As Origens da Ordem Política”. Qual o objecto deste denso e muito
perspicaz estudo de Francis Fukuyama?
É justamente o de analisar os factores ou
padrões que influem na construção dos
Estados e que determinam a sua viabilidade, isto é, a sua ordem política. A primeira ideia que importa deixar claro é
que não há uma ligação inexorável e umbilical entre democracia e ordem política: podemos encontrar – analisando diversas experiências políticas, do passado
e do presente – regimes não democráticos que logram garantir a ordem política; e casos de regime democráticos associados à decadência política, isto é, cujo
processo de construção e manutenção do
Estado claudicou.
5.
Quais, então, as instituições de que
depende a ordem política do Estado? Fukuyama socorre-se neste passo do
conceito de instituição, já avançado anteriormente (tendo-se enraizado em diversas Escolas de Ciência Política, Relações
Internacionais ou Sociologia) por Samuel
Huntington: instituição corresponde a
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um comportamento estabilizado, recorrente, dotado de uma certa perenidade.
A ordem política é o resultado da interacção entre três instituições: o Estado,
o primado do Direito e a responsabilização política. Note-se que Fukuyama não
inclui a democracia entre as instituições
que influenciam o desenvolvimento político: prefere, antes, incluir aqui os mecanismos de responsabilização política – a
“accountability”. Isto porque, mesmo em
regimes não democráticos (autoritários
ou totalitários), podem funcionar certas
formas de controlar a actuação dos decisores públicos: pense-se, por exemplo, na
influência da corte no Estado Absolutista francês ou na necessidade de os líderes
autoritários se confrontarem com a necessidade de negociar o apoio de algumas
classes sociais ou sectores da população
para perpetuar o seu poder.
6.
Quanto à primeira instituição –
o Estado – este surge, na obra de
Fukuyama, essencialmente, segundo a
terminologia corrente na Teoria do Estado e no Direito Constitucional, na sua
acepção de Estado-Administração. Com
o intuito de garantir o desenvolvimento
político, impõe-se fixar mecanismos de
decisão e de organização que promovam
o desempenho eficiente do poder executi-
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vo. O pensamento político e jurídico dos
países ocidentais focou-se sempre mais
em gizar uma arquitectura constitucional que contemplasse expedientes susceptíveis de controlar o poder executivo
– sem diligenciarem pela concessão dos
instrumentos materiais e jurídicos que
permitam ao poder executivo impor a sua
autoridade. As Constituições dos séculos
XVIII e XIX – influenciadas pelos contributos teóricos de John Locke e Montesquieu – consagraram um sistema de
freios e contrapesos (checks and balances)
que visaram dificultar a acção do poder
executivo em nome do governo limitado.
De facto, na Europa e nos Estados Unidos
da América, a discussão sobre o Estado
centra-se excessivamente na delimitação
das funções e dos poderes do Estado – e
menos na questão de aferir se o poder administrativo pode efectivamente garantir
e impor a autoridade política. Contudo,
esta última questão precede logicamente
a primeira: se o Estado se revelar inepto
para exercer a sua autoridade política, se
não se estabelecer uma relação de confiança entre o Estado e os cidadãos que
reforce a sua legitimidade – então torna-se uma tarefa inútil saber como devem
ser estruturados e articulados os poderes
do Estado. Mais do que limitar os poderes
do Estado, impõe-se garantir que o poder
Com o feudalismo, regista-se um
incremento – ténue e incipiente
– da autoridade, mas em benefício dos
suseranos. O Estado Moderno começa a
afirmar-se gradualmente (desde o século
XV), decorrente da afirmação do poder
régio e da separação entre a esfera pública e a esfera privada. Este tipo de Estado
implica uma administração impessoal,
forte, que prossiga o bem público e não
seja clientelista.
9.
Com base nesta distinção entre Estado Patrimonial e Estado Moderno, Francis Fukuyama explica as diferenças actuais entre Estados como a Alemanha (economicamente pujante, financeiramente estável e uma potência internacional) e a Grécia (submetida a um programa de ajustamento financeiro, com
uma dívida pública insustentável e níveis
de desemprego alarmantes). Em que termos? No caso da Alemanha, a sua génese
a partir da casa de Hohenzollern (que governou de forma autoritária) e o processo de reunificação liderado por Bismarck
– ao que acresceu os conflitos militares
em que interveio – possibilitou a criação
de uma administração forte, impessoal
(em ambiente de guerra, intensificam-se as hierarquias e o ingresso na administração tende a basear-se no mérito e
não nas relações pessoais) e comprometida com o bem comum. Inversamente,
no caso da Grécia, este país nunca conseguiu edificar um poder executivo forte, sujeitando-se a diversas intervenções
externas, mantendo um Estado clientelar
que gerou uma dívida pública galopante.
Isto porque, segundo o ilustre Professor
a
1º Semestre 2015 — we/flad — 15
we/feature
de Standford, a Grécia avançou para a
democracia em 1974, sem antes ter edificado um Estado com autoridade, isto é, com um poder executivo impessoal
e meritocrático. Daí que acrescente que
os EUA deveriam ter esboçado uma solução para o Afeganistão que incluísse uma
coligação de forças políticas e classes sociais (religiosos, senhores de guerra, líderes das tribos….) diversas capazes de criar
um poder executivo impessoal. Só depois
se deveria avançar para a institucionalização de um regime democrático.
10.
A segunda instituição crucial
para o desenvolvimento político
é o primado do Direito, entendido como
a capacidade de o Estado fazer aplicar
as suas leis. Na Europa, por via da influência do Direito Romano, recepcionado pelas autoridades religiosas , vertidos
nos códigos que se fixaram na Europa na
Idade Média ou invocados pelos senhores feudais sempre se verificou uma limitação – de maior ou menor intensidade
– da administração. O legado mais duradouro da Revolução Francesa foi o Código Napoleónico que serviu de inspiração
para outras codificações legislativas (europeias e não europeias) e intensificou a
observância de regras jurídicas pela comunidade, facilitando a coesão nacional.
Nos Estados Unidos, a influência da recepção do common law vigente na Inglaterra colonial e a desconfiança dos colonos face ao Estado, levando à aprovação
de uma Constituição que protegesse os
direitos individuais e limitasse o poder
do Estado – conduziu à emergência de
um Estado judicialista. Já a China é um
exemplo de o Estado em que a limitação
do poder pelo Direito e o respeito pela
igualdade e igual dignidade dos cidadãos nunca se enraizou. Não obstante o
período de crescimento económico que
se verificou na China, a sua ordem política enfrentará um desafio complexo
quando as novas forças sociais criadas
em consequência do aumento da riqueza (designadamente a classe média ascendente) começarem a exigir a sua participação na vida política e a vinculação
do poder político ao respeito pelos seus
direitos patrimoniais. O mesmo se poderá suceder na Rússia, embora haja igualmente neste caso uma longa tradição de
dependência ou submissão a um poder
executivo forte e clientelar.
11.
A t erc ei r a i n s t it u iç ã o que
Fukuyama equaciona como força motriz do desenvolvimento político
é a responsabilidade política. Os me-
16 — we/flad — 1º Semestre 2015
canismos institucionais – orgânicos ou
não orgânicos – que possibilitam o escrutínio do desempenho dos governos.
Ora, mesmo no Estado Patrimonial, é
possível dilucidar formas de controlo do
poder executivo. Efectivamente, numa
fase ainda embrionária da instituição
da autoridade política, em que os membros das famílias trocavam favores recíprocos para conquistar e manter o
poder (patrocinato), os credores de tais
favores exigiam o seu cumprimento aos
titulares de cargos políticos: escrutinavam a sua actuação para retirar benefícios individuais. No Estado patrimonial
clientelar – como o Estado Absolutista
em que se vendiam títulos aristocráticos (venalidade) – a corte controlava o
poder do rei absolutista para que este
respeitasse os seus privilégios. Mesmo
actualmente em países como o Afeganistão, os líderes tribais ou os “chefes
de guerra” diminuem a discricionariedade de actuação dos líderes políticos.
Daí – reiteramos – que Fukuyama prefira referir-se à responsabilidade política (accountability) e não à democracia como instituição condicionadora e
promotora do desenvolvimento político. A democracia, por si só, não é condição suficiente, nem mesmo necessária,
para assegurar a ordem política. Pelo
contrário: comunidades (como, segundo Fukuyama, os do Sul da Europa) que
avançaram para a democracia sem previamente procederem à edificação de
uma administração impessoal, imparcial, meritocrática e com um forte sentido de responsabilidade na prossecução
do interesse público (do bem comum)
– geraram Estados débeis. Tais países,
pese embora tenham instituído uma
democracia em pleno século XX, construíram, não um Estado Moderno, mas
um Estado patrimonial (ou neo-patrimonial) dominado pelo clientelismo,
pelo favorecimento dos que detêm mais
poder fáctico e, logo, que capturam os
decisores políticos que lhes outorgam
privilégios que prejudicam as restantes
forças sociais (as quais não dispõem de
idêntica, ou sequer equiparável, capacidade de mobilização política). Pense-se, mais uma vez, no exemplo da Grécia: neste país, a Constituição prevê um
regime democrático, com controlos recíprocos dos poderes de Estado (checks
and balances) , mas não fundou um Estado Moderno. A Grécia, como bem sabemos, é um país sob assistência financeira externa, confrontando-se actualmente com dificuldades gravíssimas de
financiamento.
O ex-presidente da Assembleia
da República, Jaime Gama, foi um
dos convidados presentes
na conferência de Francis
Fukuyama.
12.
A experiência da construção
do Estado e da sua autoridade
política nos Estados Unidos merece a
atenção e o estudo atento de Fukuyama. Para este Autor, não obstante os
ideais de liberdade e de igualdade que
animaram a construção do novo Estado americano, a Constituição de 1787
preocupou-se mais em encontrar formas de limitação do poder executivo
– do que em garantir um governo justo e eficiente. Os Federalistas –afiança
Fukuyama – construíram um Estado de
patrocinato, em que o poder político estava reservado aos “clubes de elite” formados em Yale ou Harvard e aos seus
mais próximos, a comerciantes e a uma
burguesia f lorescente que se dedicava
aos negócios (acrescente-se que com
uma forte componente religiosa protestante). Mais tarde, com o Presidente
Andrew Jackson começa a notar-se na
política americana a dicotomia “elites
vs. povo”. Andrew Jackson, proveniente do Tennessee, apresenta um discurso forte contra as elites que dominavam
Washington, que hoje qualificaríamos
como “discurso populista”. Ora, esta divisão entre elites e populistas marcaria
indelevelmente a política americana
com reflexos na actualidade.
13.
Ao contrário da opinião generalizada nos EUA, Fukuyama
afirma que o governo limitado, o governo mínimo (small government) não é necessariamente mais forte e eficiente. Nos
EUA, durante o século XIX, o governo
era mínimo – mas o Estado era clientelar, o que inviabilizava a prossecução do
interesse público e perpetuava os privilégios das coligações de forças que se mobilizavam para influenciar os Congressistas. Por outro lado, a incapacidade decisória do poder político teve como efeito
a judicialização da política: os tribunais
limitavam e substituíam as opções próprias da administração.
14.
Contudo, os EUA conseguiram
– sobretudo com o New Deal
(para resolver os problemas económicos e sociais provocados pela Grande
Depressão) e no período subsequente à
2.ª Guerra Mundial – instituir um Estado Moderno, o qual proporcionou um
período de florescimento económico e a
afirmação do país como uma potência
mundial.
15.
Pois bem, esta digressão histórica permitiu a Fukuyama concluir que actualmente assistimos a um
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fenómeno de repatrimonialização do Estado. O Estado Moderno (assente numa
administração impessoal e centrada no
bem público) está a ser substituído por
um novo Estado Patrimonial: neste, o
Estado é capturado por uma coligação
de interesses fácticos que “negoceiam”
com os decisores políticos os seus privilégios (pense-se nas deduções fiscais
das grandes empresas ou os “perdões
fiscais”), prejudicando o interesse público. Por outro lado, o poder executivo
revela-se incapaz de reagir e de anular
estas “coligações de interesses”, devido
ao emaranhado de controlos, limitações,
regras a que se encontra vinculado.
16.
Por último, quais são, então, os
factores futuros condicionantes
da evolução da ordem política? A abertura do sistema político às novas classes
sociais, com interesses diversos, criadas
pelas mutações económicas, tecnológicas e comunicacionais; o impacto das
evoluções tecnológicas no mercado de
trabalho, mais concretamente na destruição e criação de emprego; o sistema
educativo, capaz de dotar os indivíduos
de formação cultural, intelectual e competências, condição essencial para o incremento da participação política dos cidadãos e para o surgimento de uma classe média robusta.
17.
Formulamos novamente a nossa
questão inicial: será que Francis
Fukuyama abandonou a sua concepção
acerca da democracia liberal como a meta ideal da evolução política das sociedades? A resposta é negativa. A democracia
liberal é o regime que mais assegura a
igualdade e a dignidade individual, pelo que é potencialmente mais idónea a
promover o consenso social e a estabilidade política. Há uma direccionalidade
histórico-política no sentido da democracia liberal. Não obstante, a ordem
política dependerá da interacção entre o
regime político, a eficiência da governação, do respeito do Direito por entidades
públicas e privadas, a possibilidade real de intervenção política dos cidadãos e
do crescimento económico. Se um destes
factores claudicar, o risco de decadência
política tornar-se-á bem real.
18.
Retenhamos, à liça de conclusão, esta premissa bem presente
na obra de Fukuyama: a História, o passado, explica e justifica o presente – e o
presente determina o futuro. A História
dos Estados é, essencialmente, continuidade – e não ruptura.
1º Semestre 2015 — we/flad — 17
we/feature
we/do
Francis
Fukuyama,
uma biografia
F
rancis Fukuyama nasceu
na cidade de Chicago (Illnois, Estados Unidos da
América) em 1952. É investigador-principal (Senior Fellow) Olivier Normellini no Freeman Spogli Institute for
International Studies (FSI) da Universidade de Standford, desenvolvendo a sua
investigação no Center on Democracy,
Develpment and the Rule of Law daquele
instituto universitário. Fukuyama é autor de numerosas obras nos domínios das
Relações Internacionais, da Ciência Política, da Política Internacional e do Desenvolvimento. Francis Fukuyama estimulou a discussão sobre a História política da Humanidade e marcou o passo da
evolução dos estudos de Ciência Política
e Política Internacional com a sua obra
“O Fim da História e o Último Homem”.
Francis Fukuyama concluiu a sua licenciatura em Estudos Clássicos na UniFrancis Fukuyama nasceu
na cidade de Chicago em
1952 e, apesar da sua
imensa bibliografia, é
sobretudo conhecido em
Portugal pela sua obra
"O fim da História e o
último Homem"
18 — we/flad — 1º Semestre 2015
versidade de Cornell, tendo realizado o
seu doutoramento em Ciência Política na
Universidade de Harvard. Integra o Departamento de Ciência Política da RAND
Corporation, tendo colaborado com a
equipa de planeamento de políticas públicas do Departamento de Estado norte-americano. É chairman da comissão editorial da revista “The American Interest”,
em cuja fundação interveio em 2005.
Fukuyama ensinou anteriormente no
Paul H.Nitze School of Advanced International Studies da Universidade John
Hopkins e na School of Public Policy da
Universidade George Mason. Já foi agraciado com doutoramentos honoris causa de diversas universidades internacionalmente prestigiadas, onde se incluem
a Universidade de Doshisha (Japão) ou a
Universidade Aarhus (Dinamarca).
Francis Fukuyama vive na Califórnia, com a sua mulher Laura Holmgren.
Tem três filhos.
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www.flad.pt
Açores, presente e futuro
A FLAD tem desempenhado um papel organizacional relevante no
âmbito do financiamento a diversas iniciativas nos Açores, promovendo
a partilha e difusão de conteúdos científicos e culturais entre Portugal
e os Estados Unidos da América.
O
s Açores permanecem como uma for te aposta na
forma de atuação da Fundação Luso-Americana. As
questões geopolíticas que a região sugere e o posicionamento privilegiado
do arquipélago têm contribuído para a
promoção de inúmeros encontros polí-
ticos e debates académicos.
Desde a sua fundação em 1985, a
FLAD tem procurado – em profunda
sintonia com o Governo Regional – canalizar todo o tipo de projetos de investigação e debate para os Açores, contribuindo ativamente para o desenvolvimento do arquipélago.
Assinatura de Protocolo
com a Universidade dos Açores
Em Fevereiro de 2015, foi assinado um Protocolo entre a Fundação
Luso-Americana para o Desenvolvimento e a Universidade dos Açores (UAc).
A principal missão passa por promover a mobilidade entre o campus da
Universidade e as várias instituições de ensino superior e centros de investigação norte-americanos. O intercâmbio permite a elegibilidade a membros
docentes, professores, investigadores, e estudantes graduados ou pós-graduados. Os resultados da candidatura serão apresentados no final do Verão.
NASA e ESA querem
desenvolver projectos
espaciais nos Açores
Women WinWin Açores:
a promover o empreendedorismo feminino
O administrador executivo da FLAD,
Jorge Gabriel, revelou que a NASA e
a ESA, as agências espaciais norte-americana e europeia, respectivamente, estão interessadas em desenvolver projectos de natureza científica
no arquipélago dos Açores: "Estabelecemos um conjunto de contactos com
a NASA e a com ESA, que têm interesse em desenvolver programas de
nastureza mais científica nos Açores",
disse. O objectivo é aproveitar equipamentos já existentes, designadamente
na ilha de Santa Maria (alguns deles já
ligados à ESA).
Em 2014, A Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores
(SDEA) e a Fundação Luso-Americana
para o Desenvolvimento promoveram
um workshop com o intuito de impulsionar o empreendedorismo junto
da comunidade feminina açoriana.
O WomenWinWIn Açores contribuiu
para o aumento das qualificações dos
recursos humanos regionais e para
atrair novos empreendedores para o
arquipélago – objetivo que foi traçado
no «Plano Estratégico Para o Fomento do Empreendedorismo na Região
Autónoma dos Açores 2013-2016»
1º Semestre 2015 — we/flad — 19
we/welcome
Opinião
1
Uma ponte
chamada
FLAD
Reunião de lusodescendentes com os
principais políticos
portugueses
Miguel Vaz
Director
da FLAD
O
A FLAD serviu de ponto de encontro de doze legisladores
e eleitos luso-descendentes dos Estados Unidos
com o primeiro-ministro, o vice-primeiro-ministro e o líder
da oposição em Portugal. Um encontro de vontades
e de personalidades em defesa do interesse nacional.
Miguel Vaz / Director da FLAD ⁄ Fotografias de Rui Ochôa
1 O primeiro-ministro Passos
Coelho numa fotografia de
família com os convidados
luso-descendentes,
governantes e representantes
da FLAD.
2
N
os passados dia 19 e 20 de
Fevereiro, a Fundação Luso-Americana organizou
o encontro Luso-American Legislator’s Dialogue,
com o maior número de
legisladores americanos de descendência
portuguesa alguma vez reunido em Lisboa.
A iniciativa tem por objectivo contribuir para a criação de uma rede de políticos luso-descendentes oriundos de vários
Estados americanos, despertando-os para
a realidade do nosso país através de contactos ao mais alto nível.
O grupo teve a oportunidade de ouvir
e discutir assuntos nacionais e transatlânticos com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o vice-primeiro-ministro, Paulo
Portas, a ministra das Finanças, Maria Lu-
ta fechada” entre os políticos luso-americanos e as autoridades nacionais, de modo
a encontrar “um rumo concertado”, com
vantagens mútuas.
O senador estadual de Massachusetts,
Michael Rodrigues, que há muito tempo
tem vindo a participar em reuniões deste
tipo, sublinhou a grande importância deste
encontro para entender as prioridades de
Portugal, destacando o alto nível dos interlocutores e a oportunidade para estreitar
laços com os colegas de outros estados.
Pela primeira vez estiveram reunidos
em Portugal todos os membros do Portuguese-American Legislative Caucus de
Massachusetts, facto muito bem recebido
pelas comunidades luso-americanas nesse Estado. Esteve também presente o congressista federal, Jim Costa, o senador do
Estado de New York, Jack Martins, o senador Daniel da Ponte e
Pela primeira vez estiveram
o deputado Helio Melo de Rhode
reunidos em Portugal todos
Island, assim como a deputada
os membros do Portuguese- Rosa Rebimbas de Connecticut.
grupo de 12 legisladores ameAmerican Legislative Caucus Oricanos
teve ainda a oportunidade Massachusetts.
de de dialogar com o presidente
da Agência para o Investimento
ís Albuquerque, a ministra da Justiça, Paue Comércio Externo de Portugal (AICEP),
la Teixeira da Cruz, bem como o secretárioMiguel Frasquilho, o ex-ministro dos Ne-geral do Partido Socialista, na altura ainda
gócios Estrangeiros Luís Amado, o economista António Nogueira Leite e o investigapresidente da Câmara Municipal de Lisboa,
António Costa, entre outros.
dor Carlos Gaspar.
De acordo com o deputado Tony CaEstas reuniões foram realizadas à porta fechada de modo a criar uma maior inbral, que ref lectiu o sentimento geral dos
participantes, foram dois dias memoráveis,
timidade e empatia entre os legisladores
norte-americanos e os políticos portuguenão só porque teve a oportunidade de assises. Na altura, o presidente da Fundação,
milar as linhas mestras seguidas por PortuVasco Rato, afirmou que o encontro visava
gal, como também de aprofundar a relação
proporcionar “uma discussão franca, à porcom os seus colegas.
20 — we/flad — 1º Semestre 2015
3
2 O vice-primeiro-ministro
Paulo Portas, durante a sua
intervenção.
3 O líder do PS, António Costa,
em conversa com os eleitos
norte-americanos, Jim Costa e
Tony Cabral.
Marc Pacheco
Tony Cabral
Jim Costa
Senador Estadual de
Massachusetts (Tauton)
Deputado Estadual de
Massachusetts (New Bedford)
Congressista Federal (Fresno,
California)
“Foi uma das
melhores
conferências
em que jamais
participei… Foi um
privilégio poder
encontrar antigos
amigos e conseguir
fazer novos
conhecimentos que
podem vir a ser
muito úteis. A FLAD
está de parabéns por
mais esta iniciativa."
"Uma grande
e única
oportunidade
para melhor
reconhecer a
realidade actual
em Portugal e, ao
mesmo tempo,
aprofundar laços
com os eleitos em
Portugal e com
os colegas dos
Estados Unidos
América.”
“Apreciei muito
discutir as relações
bilaterais entre os
Estados Unidos
e Portugal.
Foi uma grande
experiência
ter tido a
oportunidade
de aprender com
todos os oradores
convidados. Foi
uma experiência
memorável."
www.flad.pt
www.flad.pt
novo conselho executivo
da FLAD tem estado especialmente atento à acção
desenvolvida pelas comunidades luso-americanas nos EUA assim como ao papel desempenhado pelos políticos eleitos americanos de ascendência portuguesa, trazendo esses
agentes para o centro das suas preocupações estratégicas.
Por essa razão decidiu promover o
encontro Luso-American Legislators’
Dialogue, que marcou um ponto de viragem nas relações entre a FLAD e os
políticos eleitos americanos de ascendência portuguesa.
Todos reconheceram que nunca se
sentiram tão perto da FLAD e de Portugal, tornando-se agora necessário
capitalizar este entusiasmo, aproveitando para fazer um trabalho mais estreito com os próprios.
Vários desafios estão na ordem do
dia para ambos os lados do Atlântico,
destacando-se as actividades decorrentes das negociações do novo acordo de comércio livre entre os Estados
Unidos e a União Europeia (TTIP),
a questão da base das Lajes e o cada
vez maior interesse dos investidores
norte-americanos pelo ambiente empresarial que actualmente se vive em
Portugal.
A passagem do Navio-Escola Sagres por New Bedford nos dia 8 e 9 de
Julho, apoiada pela FLAD, mostrou o
que de mais vibrante Portugal pode representar, acabando por constituir um
pólo aglutinador de agentes políticos,
empresariais, culturais, comunitários
e associativos, entre outros.
Resumindo, a FLAD tem todas as
condições para desempenhar um papel determinante no relacionamento
entre os vários legisladores americanos de ascendência portuguesa e rentabilizar as suas relações com Portugal. Assim será possível criar um trabalho permanente em rede e um espaço de partilha sistemático, não só de
preocupações, como também de casos
de sucesso.
1º Semestre 2015 — we/flad — 21
we/POINT
Opinião
Os empreendedores e o País
Como podem os empreendedores beneficiar dos meios materiais, humanos
e financeiros colocados à sua disposição?
A
Energia sustentável junta
FLAD e Técnico nos Açores
Projeto Vulcano tem como objetivo central da sua ação o desenvolvimento
de Estratégias de Energia Sustentável para a Ilha Terceira nos Açores.
O
Projeto Vulcano, que
reúne a Fundação Luso-Americana para o
Desenvolvimento, o
Instituto Superior Técnico (IST), o MIT Portugal e a Eletricidade dos Açores iniciou-se recentemente e tem como objetivo o
desenvolvimento conjunto de soluções
que promovam sistemas energéticos sustentáveis para a Ilha Terceira, nos Açores.
Situada no grupo central do Arquipélago dos Açores, com 56 mil habitantes
(Census 2011), esta ilha é confrontada, à
semelhança do que acontece com muitas
outras no mundo inteiro, com uma questão premente e incontornável: a limitada
capacidade de geração e de administração
de energia. Desafio esse que levou a Fundação Luso-Americana e os seus parceiros a lançarem este projeto que está a ser
desenvolvido no âmbito da Iniciativa em
Energia do IST, numa estrutura multidisciplinar que envolve professores, investi-
22 — we/flad — 1º Semestre 2015
Atividades a desenvolver:
l Caracterização dos sistemas de
energia da Ilha Terceira.
l Desenvolvimento de cenários
sobre as necessidades energéticas
em 2030.
l Análise de viabilidade dos
sistemas de bombas hídricas.
l Análise de viabilidade dos
sistemas de acumuladores de
energia.
l Análise do desempenho da rede
elétrica utilizando ferramentas de
análise da rede de energia, com
o objetivo de otimizar o uso dos
recursos energéticos endógenos.
l Projeto de configuração de
sistemas de energia alternativa.
gadores e estudantes na área da energia.
Neste caso, o projeto envolve as
equipas do Departamento de Engenharia Mecânica, Engenharia Electrotécnica e de Informática e Engenharia Civil que trabalham, respetivamente, na
criação de sistemas de energia, análise
da rede elétrica e baterias e sistema de
armazenamento por bomba hidráulica
(hídrica reversível).
O projeto Vulcano prevê que seja feita, até ao final do mês de Agosto de 2015,
a caracterização dos sistemas de energia
da Ilha Terceira, a que se seguirá um estudo aprofundado sobre as necessidades
de consumo de energia desta ilha. Após
a realização deste estudo, assim como
uma análise aprofundada de alternativas para a geração e administração de
energia, prevê-se que durante o primeiro semestre de 2016 seja apresentado um
documento final com o desenho de possíveis configurações alternativas ao atual sistema energético desta ilha.
www.flad.pt
edição de 2015 do “Innovation
Union ScoreBoard”, publicada recentemente pela Comissão Europeia, revela que Portugal se mantêm como “inovador moderado”, subindo um lugar relativamente
ao ano anterior e ocupando agora o 17º
lugar entre os 28 países da União Europeia. Mas o desempenho de Portugal
situa-se, apesar de tudo, em 73 % do
da média Europeia. É curiosamente na
dimensão da Inovação, em particular
nas vertentes técnica e de negócio das
pequenas e médias empresas, que Portugal está ao nível médio da UE. Mas
não deixa de ser limitado o impacto do
registo da propriedade intelectual e industrial e os níveis de investimento e
despesa em I&D.
No “Global Competitiveness Index
2014-15, publicado em Setembro no
ano passado pelo World Economic Forum (WEF), Portugal avança 15 posições, do 51º para o 36º lugar, num total
de 144 países. No 12º pilar, o da Inovação, onde ocupa o 28º lugar, isto é, ligeiramente acima da sua classificação geral, Portugal apresenta melhores resultados na disponibilidade de cientistas e
engenheiros (8º lugar), na qualidade das
instituições de investigação (18º), na colaboração entre Universidades e Empresas (23º) e no rácio de patentes per
capita (31º) e piores na contratação pública de produtos de elevado conteúdo
tecnológico (42º), no investimento das
empresas em I&D (38º) e na capacidade
de inovar (37º lugar).
Enquanto o estudo da Comissão se
orienta para a avaliação do estado da
Investigação, Desenvolvimento e Inovação, avaliando indicadores de desempenho nestas actividades “per se”, o estudo
do WEF procura aferir a contribuição
de um elevado número de factores (pilares) para a competitividade de cada país. São trabalhos distintos, que comparam Portugal com diferentes Universos
e que nem sempre coincidem na identificação das forças e fraquezas. Mas devem analisar-se em conjunto porque são,
de alguma forma, duas faces da mesma
realidade. O primeiro indicia maior robustez do lado da oferta e maiores fragilidades do lado da procura. À luz da di-
www.flad.pt
visão conceptual investigação/inovação,
em termos relativos Portugal ainda apresenta melhor desempenho na criação de
conhecimento do que na transformação
deste conhecimento em valor económico para as empresas e para os cidadãos.
O segundo revela que a contribuição da
inovação (latu sensu) para a competitividade de Portugal é comparável às demais variáveis.
Parece seguro que as circunstâncias
espelhadas nestas publicações tenham
contribuído para que Portugal tenha vivido nos últimos anos uma “vaga empreendedora”. Mas o impacto mediático de
algumas incubadoras e novas empresas
de sucesso e os exemplos de internacionalização não se traduzem ainda num
significativos aumento de vendas, exportações ou criação e emprego. É por isso
que essa vaga tem ainda uma enorme
margem de progressão. E é também por
isso que os nossos empreendedores devem tirar maior partido dos meios materiais, humanos e financeiros à sua dispo-
Jorge Gabriel
Administrador da Fundação
Luso-Americana para
o Desenvolvimento
A FLAD elegeu a
ciência, a tecnologia
e a economia
como prioridades
nas relações
transatlânticas.
sição para alavancar os seus resultados.
Nos primeiros contamos com uma
rede de infra-estruturas científicas e tecnológicas, que maioritariamente desenvolvem um trabalho meritório de suporte técnico e de investigação e que conhecem bem as empresas. E contamos com
uma mão cheia de Universidades reconhecidas, em particular nas engenharias
e nas ciências empresariais, justamente
o que precisam as novas empresas de base tecnológica para crescer.
Como comprova de forma muito clara a publicação do WEF é elevada a disponibilidade de cientistas e engenheiros
qualificados. Muitos dos nossos recém-formados e jovens quadros de empresas acrescentam aos seus conhecimentos curriculares uma substantiva exposição a ambientes internacionais, quer
académicos, quer empresariais. Falam
bem inglês. E têm uma atitude menos
avessa ao risco e mais aberta à mobilidade e à mudança. São de facto mais
empreendedores.
Por último, mas não necessariamente menos importante, as novas empresas
dispõe hoje, provavelmente mais do que
nunca, de um enorme conjunto de mecanismos que assegurem as suas necessidades financeiras. As empresas com
boas ideias de negócio, adequada capacidade técnica e de gestão e um plano estratégico realista e robusto podem sustentar o desenvolvimento de novos produtos ou processos, dos seus canais de
vendas ou da sua organização, com o suporte financeiro de programas Europeus
ou nacionais e podem garantir os meios
financeiros necessários ao crescimento, nas diferentes fases do ciclo de vida,
através de uma miríade de instrumentos
de capitais próprios ou alheios.
Em síntese, Portugal dispõe hoje
de condições objectivas para que possa
prosperar uma cultura de empreendedorismo. E para que as novas boas empresas acrescentem valor à nossa economia
e enriqueçam a nossa sociedade. Por isso a FLAD elegeu a ciência, a tecnologia
e a economia como prioridades nas relações transatlânticas e concebeu um plano de estímulo à participação cruzada de
empresas e grupos de investigação entre
os dois lados do Atlântico.
1º Semestre 2015 — we/flad — 23
we/arts
Arte em
Movimento
no Centro de
Saúde de Sete
Rios, em Lisboa
Momento da intervenção do presidente
da FLAD, com a presença do ministro
da Saúde, Paulo Macedo, durante a
inauguração do Arte em Movimento.
A colecção de arte contemporânea da FLAD entrou
em movimento de exposição pública no Centro de
Saúde de Sete Rios no passado dia 11 de Maio. Este
programa itinerante, de âmbito nacional, vai continuar em vários distritos e concelhos de Portugal.
João Silvério / Curador da Colecção de Arte Contemporânea
da FLAD ⁄ Fotografias de Rui Ochôa
O
programa FLAD Arte em
Movimento é uma iniciativa conjunta da Fundação
Luso-Americana para o
Desenvolvimento (FLAD) e
do Ministério da Saúde, que
assinaram um protocolo no sentido de promover e divulgar a arte contemporânea a partir
do acervo da colecção de arte da FLAD. A primeira exposição deste programa, inaugurada
no Centro de Saúde de Sete Rios, em Lisboa,
no dia 11 de Maio de 2015, intitula-se ‘LINHA
E CÔR, (epi)centro da Saúde’.
A exposição teve como ponto de partida a reunião de um conjunto significativo
de obras sobre papel, tradicionalmente reconhecidas como desenhos, e que são a expressão mais importante da colecção da FLAD.
A selecção dos doze artistas contemporâneos portugueses inclui um total de sessenta
obras, entre as quais uma pintura da autoria
do artista Pedro Calapez, que acentuou a relação visual com o espaço interior do Centro
de Saúde de Sete Rios.
Os artistas presentes na exposição, são
Ângelo de Sousa, António Areal, Pedro Calapez, Fernando Calhau, Pedro Casqueiro, Luísa Correia Pereira, José Pedro Croft,
Ana Hatherly, Ana Jotta, Jorge Martins, Rui
Sanches e Xana. Estes artistas constituem o
núcleo central da colecção de desenho, desde
a década de 1980, cujo mérito e importância
têm sido amplamente reconhecidos e objecto de inúmeras exposições em Portugal e no
estrangeiro.
24 — we/flad — 1º Semestre 2015
O programa
itinerante quer
estar aberto a
vários públicos,
em exposições
concebidas para
um determinado
espaço
Alguns destes artistas são representados por séries de trabalhos bastante singulars, como é o caso da artista Ana Hatherly,
que concentra o maior número de obras de
um autor na colecção e da qual expomos um
conjunto de dezassete desenhos, ocupando
juntamente com o artista António Areal um
piso do edifício.
A arquitectura do Centro de Saúde de
Sete Rios, um projeto do arquitecto Manuel
Taínha (1922-2012), mostrou-se particularmente interessante, enquanto espaço, para
que a escolha das obras tivesse em conta as
suas diversas áreas funcionais e de comunicação. O espaço desenha-se verticalmente
por cinco pisos, entre zonas de atendimento
ao público e dois pisos reservados aos serviços administrativos, formação e outros.
A área que tem maior número de obras
expostas, desenvolve-se nos três pisos de
atendimento público, que possibilitam ver as
obras sobre o átrio central, dedicado aos serviços de cuidados de saúde, a todos os utentes
e profissionais que dele usufruem e ali trabalham. Uma escada central, que acentua a estrutura orgânica do edifício, é pontuada por
desenhos do pintor Ângelo de Sousa instalados em cada patamar intermédio construindo assim um epicentro da exposição que se
desdobra no prolongamento dos cinco pisos.
A exposição ‘LINHA E CÔR, (epi)centro da Saúde’ conta ainda com a produção de
um marcador de livro, dedicado a cada um
dos autores, que reproduz uma obra de arte
exposta, comentada por um breve texto que
introduz o trabalho de cada um dos artistas.
Desta forma, a arte em movimento prossegue
o seu caminho para além do contacto com a
obra de arte no espaço, acompanhando cada
um no seu quotidiano. E cria uma memória e
uma relação mais próxima com a experiência
estética das obras e a sua inscrição no lugar.
Isto no sentido em que, se a arquitectura tem
uma determinação imediata sobre a percepção do espaço e a sua condição funcional, a
relação estabelecida com as obras de arte aí
instaladas pode contribuir para transformar
essa vivência. Contudo, a ideia central é potenciar uma outra relação do olhar que qualquer pessoa pode experimentar enquanto habitante transitório de uma sala de espera ou
de um corredor central onde operam diversos
serviços deste Centro de Saúde.
Esta exposição é o início do programa
Arte em Movimento que se desenvolverá
sob uma perspectiva aberta a vários públicos. Não são apenas exposições concebidas
para um determinado espaço, e um público
específico de cada instituição, mas também
uma oportunidade de dar a ver obras de arte contemporânea expostas de forma a que
as pessoas possam apreciá-las à luz das necessidades diárias que cada espaço funcional organiza.
O programa itinerante, de âmbito nacional, propõe-se mostrar conjuntos expositivos a mais públicos e a instituições diversas
em vários distritos e concelhos do país.
Opinião
A escolha das obras tem como ponto de
partida a constituição de uma colecção internacional, sediada no Arquipélago dos
Açores, e que perspectiva um cruzamento
de temas e práticas artísticas sem perder de
vista o seu legado histórico e cultural.
A centralidade geográfica das ilhas dos
Açores corresponde-se com o trânsito de
artistas contemporâneos, entre o Norte e
o Sul do Atlântico, cujas obras propõem
um encontro e uma ref lexão sobre culturas de diferentes quadrantes e processos
artísticos presentes na diversidade e na
descoberta que a diáspora, individual ou
coletiva, desenha na amplitude do mundo
de hoje.
Sob esta geografia cultural, a referência ao Culto do Espírito Santo, representada por artefactos, obras de arte e documentos fotográficos, encontra ecos na espiritualidade e simbologia de algumas das obras
expostas, como um elo de coesão da identidade açoriana no mundo, numa estreita
relação de partilha com outras comunidades, próximas ou distantes, que hoje comunicam num universo global.
Pontos Colaterais
O ministro da Saúde, Paulo
Macedo, assim como as restantes
personalidades presentes,
acompanharam com interesse
a apresentação das obras
expostas
João Silvério
A
Curador da Colecção
de Arte Contemporânea
da FLAD
exposição pública da Colecção de
Arte Contemporânea Arquipélago tem lugar no novo espaço vocacionado para as práticas artísticas
denominado “Arquipélago - Centro de Artes
Contemporâneas”, situado na Ribeira Grande, S. Miguel, Açores.
Esta exposição, inaugurada no dia 22 de
Maio de 2015, dá continuidade ao protocolo
firmado entre a Fundação Luso-Americana
para o Desenvolvimento (FLAD) e a Direcção Regional da Cultura do Governo Regional
dos Açores. É no âmbito deste protocolo que
a curadoria da exposição está a cargo de João
Silvério, Curador da Coleção de Arte da FLAD.
www.flad.pt
www.flad.pt
1º Semestre 2015 — we/flad — 25
we/study
Opinião
Investigação
básica: os
alicerces do
desenvolvimento
científico
Maria
Manuel
Mota
1
2
3
4
FLAD dá prémio
a cientistas a operar
em Portugal
O FLAD Life Science atribui duas bolsas no valor total de 800 mil euros divididos
entre entre dois projectos de cientistas e investigadores portugueses
a trabalharem em conjunto com norte-americanos. Os dois primeiros prémios
foram para equipas lideradas por Ana Cristina Rego e Helder Maiato.
A
Fotografias de Rui Ochôa
Fundação Luso-Americana lançou no dia 18
de Setembro de 2014,
um prémio científico
no valor total de 800
mil euros, durante três
a quatro anos, ao serviço de dois projectos estruturantes no domínio da ciência
e investigação. É um prémio para um
projecto de investigação fundamental e
outro orientado para investigação aplicada, ambos anunciados e já entregues.
Os dois primeiros prémios de 400
mil euros foram atribuídos, a 7 de Janeiro, à equipa dos investigadores liderados
por Helder Maiato, do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto, e à equipa dirigida por Ana
Cristina Rego, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade
de Coimbra.
O FLAD Life Science 2020 é diri-
26 — we/flad — 1º Semestre 2015
5
gido a investigadores a operar em território nacional e que colaboram com
uma instituição portuguesa, não lucrativa, pública ou privada. O Comité
de avaliação é liderado pela cientista
Maria Manuel Mota, uma das maiores
especialistas do mundo em malária,
cujo trabalho foi distinguido recentemente com a atribuição do Prémio Pessoa 2013.
O comité de avaliação e aconselhamento do FLAD Life Science 2020 é liderado por Maria Manuel Mota, cientista do Instituto de Medicina Molecular e
uma das maiores especialistas do mundo
em malária, cuja investigação lhe valeu o
Prémio Pessoa 2013.
A acompanhar Maria Manuel Mota no júri estão Rui Costa, investigador
principal do Programa de Neurociências
da Fundação Champalimaud, e Sangeeta Bhatia, engenheira biomédica e pro-
1 A presidente do júri, Maria Manuel Mota,
com o premiado Helder Maiato e o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que entregou os prémios aos vencedores.
2 Mais uma imagem de Helder Maiato,
durante a intervenção em que explicou o seu
projecto de investigação.
3 A cientista, Prémio Pessoa 2013 e presi-
dente do júri, Maria Manuel Mota, explicou os
critérios que estiveram na base da atribuição dos dois primeiros prémios, referindo a
elevada qualidade dos trabalhos apresentados por todos os concorrentes.
4 Momento da intervenção da investigadora
Ana Cristina Rego, que dirige a equipa vencedora do Centro de Neurocências e Biologia
Celular da Universidade de Coimbra.
5 O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho,
acompanhado, entre outros, pelos
dois vencedores do primeiro FLAD Life
Science 2015, Ana Cristina Rego
da Universidade de Coimbra e Helder Maiato
da Universidade do Porto.
www.flad.pt
fessora do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT).
Segundo Vasco Rato, Presidente da
FLAD, “este prémio ou bolsa tem a particularidade, face a outros, de se dirigir
a investigadores exclusivamente a operar em Portugal em áreas que vão ao encontro dos problemas das pessoas. Fac-
norte-americano, uma das matrizes da
Fundação”.
Sobre o comité de avaliação e aconselhamento do FLAD Life Science 2020,
Vasco Rato salienta ainda que “é com
muita honra que um prémio com a insígnia FLAD acolhe este grupo de investigadores como júri pois, não só farão parte
de um profundo e rigoroso processo de avaliação
"É com muita honra que
sem quaisquer contraa FLAD acolhe este grupo
partidas, como também
de investigadores como júri
renunciarão à candidatura dos seus próprios prodo Prémio Life Science"
jectos que seriam, natuto é que são duas distinções, uma para
ralmente, fortes proponentes.”
Os critérios de avaliação passaram
projectos com uma componente mais
pela relevância para a saúde humana,
teórica, e outra orientada para uma investigação aplicada. Isto contribui para
mérito científico do desenho e do proa internacionalização do conhecimenjecto, a excelência dos investigadores e
a qualidade da instituição associada ao
to nacional, dos nossos investigadores
projecto proponente.
e cientistas, especialmente no mercado
www.flad.pt
U
Presidente do Júri
ma ideia recorrente, defendida por especialistas em economia e finanças durante a
crise do sistema financeiro é
a de que as poupanças devem ser repartidas por vários tipos de aplicações. Numa lógica de não colocar os ovos todos no
mesmo cesto. A razão para esta estratégia é até bastante simples: se as cotações
da bolsa descerem drasticamente (ou um
dos cestos cair, na analogia dos ovos) sobram os depósitos a prazo. É curioso, no
entanto, que esta estratégia, de bom senso afinal, não esteja a ser seguida para o
financiamento da Ciência, em particular
na área das Ciências da Vida.
Assustados com o clima de austeridade, os principais financiadores têm
vindo a dar cada vez mais importância
à aplicabilidade da ciência, à dita investigação de translação: uma investigação
direcionada para o tratamento de uma
doença em particular. Identificado um
problema específico, como a necessidade de prevenir o ébola, procura-se uma
solução. No caso, a vacina.
Do outro lado, temos a investigação
básica ou fundamental, que tem como
propósito pura e simplesmente descortinar os mistérios da existência, criar conhecimento, sem um propósito pré-definido. O problema é que esta exige tempo
sem dar quaisquer garantias. É impossível prever o resultado final quando se
inicia o estudo de um mecanismo celular
totalmente desconhecido.
Convencida de que ciência básica e
ciência fundamental são as duas faces
de uma mesma moeda, a FLAD lançou
os prémios Life Science, que distinguem
dois projetos, um em cada área – os primeiros vencedores serão anunciados
amanhã, dia 7. O valor do prémio é de
400 mil euros, cada, e pretende estimular
a competitividade e premiar a excelência
– a única palavra-chave em Ciência. Para
que se possa dar um passo de gigante, são
necessários muitos passos de bebés.
*Resumo de artigo publicado no diário i
1º Semestre 2015 — we/flad — 27
we/share
www.flad.pt
https://pt-pt.facebook.com/FundacaoLusoAmericana
estatísticas
40 mil
Mais de 40 mil pessoas visitaram
o navio-escola Sagres nos
Estados Unidos da América
A viagem do Navio-Escola Sagres
a New Bedford nos Estados
Unidos, patrocinada pela FLAD,
foi um absoluto sucesso. Só nesta
cidade, recebeu 6239 visitantes.
O comandante Paulo Alcobia
Portugal, que agradeceu o apoio
da Fundação, disse à Agência
Lusa que “durante a visita aos
portos, em especial junto da
diáspora portuguesa, o navio é
acolhido como um verdadeiro
embaixador de Portugal no
mar.” Foi comovente ver tantas
famílias luso-descendentes a
bordo da Sagres. A presença
do navio em New Bedford
contou com a colaboração da
Fundação Luso- Americana para
o Desenvolvimento (FLAD), que se
associou este ano à Marinha para
a viagem de instrução dos novos
cadetes.
Livro de Liam Brockey
lançado pela FLAD
Liam M. Brockey, professor catedrático na State University of Michigan, foi o convidado
da FLAD para duas conferências, no Porto e em Lisboa, a 16 e 24 de Julho, respectivamente. Brockey recebeu o doutoramento em História pela Brown University em 2002.
Durante os seus estudos viveu largas temporadas na Bélgica, França, China e em
Portugal, tendo sido bolseiro da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento
e da Fulbright. Ensinou antes História Moderna na Brown University e em Princeton
University. A sua principal área de estudos abrange o Império Português e o catolicismo
missionário na Ásia na época moderna. Ambos os seus livros, Journey to the East: The
Jesuit Mission to China, 1579-1724 e The Visitor: André Palmeiro and the Jesuits in Asia,
editados pela Harvard University Press, tratam da presença de missionários portugueses no Oriente. Brockey é Académico Correspondente da Academia Portuguesa da
História e ainda Vice-Presidente da American Catholic Historical Association.Ora veja:
Comentários no
Facebook:
14 pessoas gostam disto.
2 comentários.
Luisa Fortes da Cunha data para Lisboa?
Vídeo da FLAD bate
todos os recordes
O Facebook da FLAD vai
já a caminho dos 6000
gostos ou seguidores
e a multiplicação de
comentários positivos
acentuou-se com a abertura
do novo website, agora
com uma nova imagem e
novas funcionalidades.
O vídeo institucional da
Fundação teve 44.672
pessoas “alcançadas” no
Facebook e, à hora do fecho
desta página da WE, tinha
566 gostos, 34 partilhas
e 10 comentários, todos a
elogiar. Obrigado!
Responder · 1 · 11/7 às 17:28
Liam Brockey Dia 24 na FLAD em Lisboa!
Responder · 4 · 11/7 às 21:26
11 comentários
Edite Mendes Temos que ficar updated com os
nossos conterrâneos!!!
Gosto · Responder · 1 · 3/7 às 14:17
António Marques Pinto Grande Fundação.
Gosto · Responder · 2 · 3/7 às 16:56
Obrigado, cônsul Pedro Carneiro
28 — we/flad — 1º Semestre 2015
Os 30 anos da Fundação Luso-Americana para
o Desenvolvimento foram comemorados com a
presença do politólogo Francis Fukuyama, na
conferência de abertura do ‘Ciclo 30 Anos
FLAD’. O evento além de bastante participado
teve direito a bolo de aniversário.
Consulado de Portugal em New Bedford
O NRP Sagres visitou New Bedford e a nossa
região nos passados dias 8 e 9 de julho.
O Consulado agradece a toda a comunidade
o excelente acolhimento que foi dado ao
navio e as emocionantes manifestações de
carinho e orgulho ao longo destes dois dias
muito especiais.
O Comandante Paulo Alcobia Portugal
e toda a sua tripulação transmitiram ao
Cônsul Pedro Carneiro o seu mais vivo
agradecimento e a sua enorme alegria pelo
entusiasmo e genuína simpatia que aqui
sentiram.
VIVA A "SAGRES"
...........................
The Tall Ship Sagres visited New Bedford
and the region last July 8 & 9.
The Consulate thanks all the community for
the excelent welcoming that was given to the
ship and the manifestations of endearment
and pride throughout these very special days.
Captain Paulo Alcobia Portugal and his crew
sent to Consul Pedro Carneiro their utmost
recognition and their joy for the enthusiasm
and kindness they felt during the stay.
VIVA A "SAGRES"
568 pessoas gostam disto
O cônsul de Portugal em New Bedford, Pedro Carneiro foi um dos grandes
dinamizadores do programa agregado à estada do Navio-Escola Sagres
na cidade do Estado norte-americano de Massachusetts. Sem nunca
esquecer o papel das redes sociais na agregação da comunidade de lusodescendentes, o consulado, na sua página no Facebook, deixou uma mensagem
de agradecimento a toda a tripulação. Razão mais do que suficiente para
agradecermos, também, ao cônsul o seu papel incansável ao serviço de
Portugal e dos portugueses.
Bolo de 30 anos
da FLAD
Comentário no
Facebook:
224 pessoas gostam disto.
8 comentários.
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1º Semestre 2015 — we/flad — 29
we/think
Opinião
Opinião
'More is more'
D
o ponto de vista europeu, como escreveu
Camões, Portugal é
onde a terra acaba e
o mar começa. Mas,
qua se quinhentos
anos depois da publicação dos Lusíadas, podemos pensar que, do ponto
de vista de um americano a olhar para o mapa do mundo, o primeiro país
do continente europeu que começa é,
igualmente, Portugal. Somos, atravessando o Atlântico, o primeiro amigo, o
primeiro aliado, o primeiro parceiro
neste continente.
Estamos, aliás, mesmo a meio caminho, gr aças aos Açores. Somos um país
amigo desde o tempo em que José Francisco Correa da Serra visitava Jefferson
em Monticello, somos fortes aliados
desde a fundação do Tratado do Atlântico Norte e somos um parceiro nas trocas comerciais, que continuam a crescer.
Mas esta relação, geográfica, geoestratégica e afectiva não nos chega.
Queremos e podemos dar e ter mais. Ao
contrário da frase minimalista “less is
more”, do arquitecto Mies van der Rohe – que durante décadas escolheu os
30 — we/flad — 1º Semestre 2015
EUA para trabalhar -, o nosso projecto e
a nossa construção da relação luso-americana tem de ter o sentido de querermos mais: maior crescimento e diversificação nas trocas comerciais, maior
captação de investimento americano,
melhores ligações aéreas e mais turismo do mercado norte-americano, mais
Somos,
atravessando o
Atlântico, o primeiro
amigo, o primeiro
aliado, o primeiro
parceiro neste
continente.
Paulo Portas
Vice-primeiro-ministro
estudantes americanos a estudar e a investigar em Portugal.
Esta nossa ambição é o nosso desafio. Contamos com a capacidade dos
nossos empresários, com a confiança
que os portugueses souberam merecer,
com o conhecimento e a experiência dos
nossos diplomatas, com o trabalho da
AICEP e da FLAD, com uma renovada
expressão da nossa aliança de segurança, com as nossas universidades e, também, com a inestimável ajuda das comunidades portuguesas nos EUA e dos
muitos luso-descendentes que – nas
empresas, na academia e na política –
são verdadeira vanguarda de Portugal
por terras americanas. Com esta ajuda, a procura de crescimento é realista
e possível.
Como país base da relação transatlântica, dispensamos apresentações,
mas é preciso darmo-nos a conhecer
melhor: na cultura, na ciência, na tecnologia. Porque temos a confiança de que
conseguimos dar e crescer mais. Portugal e os Estados Unidos já sabem um do
outro, já é conhecido. Mas o que podemos dar a descobrir, o que podemos surpreender, é o que importa agora fazer.
www.flad.pt

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