Versão PDF - CanaOnline
Transcrição
Versão PDF - CanaOnline
Capa Cá entre nós Ambiental Lucrar com o ambiental não é pecado Expediente Agenda Sustentabilidade Do social à sustentabilidade Mulher, água e alimento JULHO DE 2012 EDIÇÃO Nº 1 Bate-papo Neire Colman Tecnologias Sustentáveis Lubrificação Inteligente Holofote A luz da palha da cana Mais Plene nos canaviais Economia Os gargalos do setor Tecnologia premiada sucroenergético Distribuidor de vinhaça concentrada Havendo ganha Prêmio Gerdau rentabilidade o setor volta a investir Campo A falta de estímulos As mulheres desbravam o campo inibe os investimentos Transformers chegam ao campo Quando é bom o tempo voa Política Setorial Parceria e Máquina parada por pouco tempo Para alimentar o mundo Comunicação Legislação Código Florestal Indústria Mulheres conquistam espaço na área industrial Matéria de capa Artigo Os 25 anos da luz que Qualidade de vida e vem da cana sustentabilidade Gestão de Pessoas Caderno Relax Consumo As asiáticas se rendem ao flex Nordeste Mulheres no mercado de Um refresco para o Nordeste trabalho O nordeste investe para O mercado de trabalho garantir vaga no futuro do A premiada mandioca para as mulheres no setor amarelinha setor sucroenergético Profissões Batendo Perna Especial A cana no Rio + 20 O caminho para sair da crise Espaço Gourmet Os Bastidores do setor Por trás das cortinas Os sabores da Serra Gaúcha Cantinho da Cultura A China desperta paixões Expediente - Cana substantivo feminino Editora: Editor gráfico: Luciana Paiva Fernando Almeida [email protected] Entre em contato: Marketing: Opiniões , dúvidas e sugestões sobre a revista Cana substantivo Regina Baldin feminino serão muito bem-vindas: [email protected] Redação: Rua João Pasqualin, 248, cj 22 – Cep 14090-420 – Comercial: Ribeirão Preto, SP - Telefones: (16) 36274602 – 34219074 Marcos Renato Silva E-mail: [email protected] [email protected] Jornalismo: Cana substantivo feminino é uma Jaqueline Stamato publicação digital da Paiva& Baldin [email protected] Editora O jeito feminino de fazer jornalismo De 27 de julho a 12 de agosto acontecem os XXX Jogos Olímpicos, que serão sediados na cidade de Londres. Esta edição das Olimpíadas reunirá 10,5 mil atletas, de 192 países e 13 territórios. O Brasil levará mais de 230 esportistas que participarão de 30 modalidades. Já estamos às portas das Olimpíadas, no entanto, as coberturas esportivas da Rede Globo nem citam este importante evento. O motivo: os direitos de transmissão das Olimpíadas 2012 para a TV aberta pertencem à Record. Para a Globo não importa a notícia e os telespectadores, mas sim “queimar” o concorrente. Esta é uma forma masculina de fazer jornalismo, é o jeito mais comum adotado por veículos de comunicação e também por outros segmentos, que se preocupam mais com a concorrência do que com seu público-alvo. Este não é o perfil editorial da revista Cana substantivo feminino. Focamos a notícia, o leitor, o que é bom para o setor sucroenergético, por isso, as ações que os demais veículos de comunicação fizerem em prol do setor também terão espaço em nossa publicação. Viemos para somar, engrossar o coro de vozes em favor do setor e, aproveitando a democratização da internet vamos abrir as porteiras e levar o dia a dia da agroindústria sucroenergética não só para o habitante do mundo da cana. Afinal, conquistar a opinião pública, a sociedade, os consumidores é essencial para a continuidade do negócio. Entre as características femininas estão a preservação, a harmonia e a comunicação. Dizem que as mulheres falam demais, então vamos aproveitar esse aspecto feminino para nos comunicar com o mundo, de forma interativa, charmosa, moderna e gerando menos impacto ambiental, já que a revista é digital e não impressa, podendo ser vista nas telonas dos PCs e nas telinhas dos tablets nos quatro cantos do planeta. Vamos botar a boca no mundo, compartilhar e curtir a canade-açúcar nas redes sociais, nos grupos de notícias e de profissionais. Esse jeito feminino não só de fazer jornalismo, mas de conduzir o mundo, é a forma mais inteligente para conquistarmos o almejado e necessário desenvolvimento sustentável. Então, convido vocês, homens e mulheres, para compartilharem esse movimento. Vamos? Luciana Paiva Editora [email protected] MACEIÓ SEDIA A 9ª FERSUCRO De 11 a 13 de julho no Centro de Convenções de Maceió, AL, acontece a 9ª edição da Fersucro. Durante os três dias do evento serão montados mais de 50 estandes e cerca de 60 empresas expositoras. A Fersucro acontece em parceria com o XXIX Simpósio da Agroindústria da Cana-deAçúcar de Alagoas, que será realizado de 10 a 13 de julho. Os eventos são realizados pela Stab Leste. Mais informações no site: www.fersucro. com.br INSCRIÇÕES PARA O MASTERCANA SOCIAL VÃO ATÉ 20 DE JULHO o Prêmio Mastercana Social promovido pelo Gerhai - Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria -, em parceria com a ProCana Brasil, está com inscrições abertas até 20 de julho. O Prêmio tem por objetivo incentivar, reconhecer e premiar práticas de gestão de pessoas e responsabilidade socioambiental das usinas sucroenergéticas do Brasil, como também das entidades representativas e das empresas fornecedoras de produtos e serviços ao setor, que contribuam para a promoção do bem-estar social e do desenvolvimento sustentável. Mais informações e inscrições no site: www.gerhai.org.br 8º INSECTSHOW De 25 a 26 de julho, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto,SP, acontece o 8º Insectshow – Seminário Nacional sobe Controle de Pragas da Cana-de-Açúcar. Mais informações e inscrições no site: www.ideaonline.com.br Aconteceu FENASUCRO&AGROCANA De 28 a 31 de agosto, o Centro de Eventos Zanini, localizado no polo regional da cana-deaçúcar em Sertãozinho, SP, sedia a Fenasucro & Agrocana – 20º Feira Internacional da Indústria Sucroenergética e 10º Feira de Negócios e Tecnologia da Agricultura da Cana-de-Açúcar. Considerado o mais importante evento de negócios da indústria sucroenergética do mundo. Mais informações no site: www. fenasucroagrocana.com.br GLOBAL AGRIBUSINESS FORUM A Datagro e XYZ Live promovem o primeiro Global Agribusiness Forum, encontro que reunirá líderes, especialistas e representantes da cadeia produtiva agrícola para discutir o tema “Agricultura Globalizada e Sustentável, o Desafio do Crescimento”. O objetivo é debater estratégias e propor soluções de longo prazo para a agricultura mundial. Al Gore, ganhador do Nobel da Paz, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e ativista ambiental será um dos palestrantes, analisando o impacto das mudanças climáticas para a agricultura em todo o mundo. Data: 25 e 26 de Setembro, 2012 Local: Hotel Grand Hyatt, São Paulo. Mais informações no site: www. globalagribusinessforum.com.br/ XI CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DATAGRO SOBRE AÇÚCAR E ETANOL Acontece nos dias 15 e 16 de outubro de 2012, no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, XI Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol. Mais informações e inscrições no site: www. datagrosonferences.com MBF AGRIBUSINESS INAUGURA NOVA SEDE Em 24 de maio aconteceu a inauguração da nova sede da MBF Agribusiness localizada a Rua Guerino Giovanini, 255, em Sertãozinho, SP. Para marcar o evento aconteceram palestras de Luciano Rodrigues (Unica), Dr. Mairun Junqueira (Makestrat) e Dr. Décio Gazzoni (Embrapa Agroenergia). Segundo o sócio diretor da MBF, Marcos Françóia, a decisão de construir uma nova sede veio por conta do aumento da equipe, da necessidade de atender atividades mais burocráticas e de ter um espaço mais adequado para receber os clientes. O novo prédio conta com uma moderna infraestrutura e sistemas avançados que garantem a segurança da informação no nível exigido pelos clientes. Uma das principais características do projeto é a reunião de novas técnicas de prestação de serviços, treinamentos e um espaço para criação, destinado a reflexões, relaxamento e desenvolvimento de ideias. Entre os destaques do prédio está o anfiteatro, equipado com sistema áudio visual 3D e videoconferência, e que tem capacidade para 60 pessoas, e a biblioteca, com um rico acervo de livros, periódicos, vídeos e documentos relacionados ao agronegócio, especialmente o setor canavieiro. Mais informações no site: www.mbfagribusiness.com bate papo N Luciana Paiva Nos últimos anos, uma nova personagem passou a compor o cenário do setor sucroenergético, é Neire Colman, secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Município de Dourados, MS. Em sua missão de expandir a agroindústria canavieira para a região de Dourados, Neire participa, de forma atenta e bastante simpática, de diversos eventos do setor, visita entidades, empresários e faz parcerias, enfim, muni-se de informações e experiência para colocar em prática o Projeto Polo de Serviços do Setor Sucroenergético de Dourados e Região. A cidade conta com aproximadamente 200 mil moradores, em seu entorno estão 38 municípios, com um total de 800 mil habitantes. Responsável por 60% da cana no Estado, Dourados se apresenta como a capital sucroenergética de Mato Grosso do Sul, seria como Sertãozinho no interior paulista. Mas para que esse título faça justiça, além de terra para o cultivo da cana, os administradores de Dourados querem oferecer infraestrutura e benefícios fiscais, como isenção de ICMS, para que novas unidades produtoras e também empresas fornecedoras de produtos e serviços para usinas se instalem na cidade e região. A Associação dos Produtores de Bionergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) e o Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (CeiseBr) já são parceiros do Projeto Polo de Serviços do Setor Sucroenergético bate papo O presidente da Copercana, Toninho Tonielo, durante a Fenasucro&Agrocana 2011 recebeu a visita de Neire e do prefeito de Dourados, Murilo Zauith de Dourados e Região. E Neire, cada vez mais, estreita laços com a prefeitura de Sertãozinho, a Secretaria quer aprender com eles os erros e acertos para o melhor desenvolvimento do Projeto, um ponto importante ela já sabe: é fundamental que haja mão de obra qualificada. Formada em Ciências Econômicas, Neire diz que não é econômica, mas sim economista, também cursou MBA em Gestão de Negócios e MBA na FGV em Gestão de Projetos. Para completar o pacote de conquista da agroindústria canavieira para a região, a Secretaria também trabalha no sentido de aumentar a troca de informações e exposição de tecnologia. Para isso, investe na realização do 6º Congresso da Cana de Açúcar de Mato Grosso do Sul, o Canasul 2012, que acontecerá em Dourados no próximo mês de outubro. Neire, que participou do Encontro Cana substantivo feminino, realizado em Ribeirão Preto, pela Paiva & Baldin Editora, é a convidada deste primeiro Bate-Papo com a nossa revista. Quais funções ocupou antes de ser Secretaria de Desenvolvimento de Dourados? Fui gestora de projetos no Sebrae em Campo Grande, onde auxiliei o desenvolvimento de um polo industrial do setor de têxtil e confecção. E nos quatro últimos anos, sou gerente da Regional Sul do Sebrae onde atendemos 38 municípios da região do sul em projetos e ações focadas no desenvolvimento das micro e pequenas empresas nos diversos setores da economia, principalmente na cadeia de madeira e móveis, têxtil e confecção, comercio varejista, metal mecânico, além do setor do agronegócios voltados para bate papo trabalho de estruturação tanto na área agrícola como na indústria e serviços no município. Neire, no Encontro Cana substantivo feminino, em companhia de Carlos Reze, diretor da Personality Consultoria e de Cláudia Maranhão, gerente ambiental da Usina Santo Antonio, AL pequenos negócios rurais, alimentos orgânicos, leite, café e hortifrúti. Atualmente, o que representa o setor sucroenergético para Dourados e região? O governo de Mato Grosso do Sul fez um zoneamento ecológico econômico no Estado e mapeou as potencialidades vocacionadas para cada região, ou seja: região norte: potencialidade para o turismo, região oeste: potencialidade no setor minero siderúrgico, região leste: papel e celulose, e , região sul, setor: sucroenergético. Com foco nestas estratégias de desenvolvimento do Estado, focamos o setor como propulsor da economia local, podendo alavancar renda e ocupações ainda inexploradas pelo município. Como no caso do setor metal mecânico, onde constam um numero considerável de empresas representadas pela federação das indústrias do Estado, as 14 unidades sucroenergéticas instaladas na região, num raio de 100 km de Dourados, podem ser propulsoras da economia, desde que seja realizado um Qual o potencial de Dourados e região para a cultura canavieira? A região de Dourados tem um potencial climático, geográfico e boa diversificação de culturas que podem agregar a canade-açúcar com excelentes resultados, existe grande parte de áreas que ainda não são cultiváveis ou que possam haver a integração de culturas. O que estamos trabalhando nesse momento é levar até o produtor tradicional as informações relevantes do setor da cana-deaçúcar, quais as potencialidades, os ganhos da produção da cana, para que o produtor possa escolher quais as culturas e onde pode obter um lucro maior. Qual a reação da população com o crescimento da cultura canavieira na região? Entendemos que os ciclos econômicos fazem parte da historia dos municípios, e a chegada de um novo ciclo pode num primeiro momento causar alguns desconfortos, que são normais. Com o passar do tempo, com a implementação de políticas de desenvolvimento para o setor, com as parcerias realizadas, com a implantação de ações voltadas para mercado e produção, os resultados bate papo começam a aparecer. Como é o caso da implantação do Projeto do Polo de Serviços do Setor sucroenergético de Dourados e Região que tem por objetivo a qualificação de empresas do setor metal mecânico para fornecimento às usinas da região. Como surgiu e quais as metas deste Projeto? Foi realizada uma pesquisa com as usinas da região e constatamos que 60% do que é comprado pelas grandes usinas são de fora do Estado, os serviços e produtos necessários para atender as reposições e manutenções ainda são feitas fora daqui. Vendo essa oportunidade de mercado, montamos um projeto com a finalidade de apoiar as empresas de Dourados para que possam ter qualidade e custos semelhantes as empresas de fora do Estado, e também captar novas empresas para apoiar o setor no município. A meta é qualificar 50 indústrias do setor metal mecânico de Dourados para que nos próximos meses possam ser futuros fornecedores das usinas. O grande objetivo é fomentar esse setor fazer com que nosso empresário possa obter Secretaria de Desenvolvimento Sustentável de Dourados, se empenha para o sucesso do Polo de Serviços do Setor Sucroenergético um lucro maior nos seus negócios, empregando mais, gerando a economia local. Quais ações vocês têm promovido para que o Projeto se concretize? E como está a receptividade do investidor? A promoção de abertura de mercado como rodadas de negócios entre os empresários de Dourados e as usinas são ações contínuas realizadas, que já movimentaram mais de 15 milhões em negócios para o setor metal mecânico. A capacitação e qualificação também estão sendo realizadas para que o empresário possa se qualificar em gestão e custos, além da qualificação de mão de obra do setor. A próxima etapa é a certificação em ISO 9001 nos processos industriais das empresas do setor metal mecânico e a realização do 6º Canasul, em outubro de 2012. O setor vive mais uma crise, isso tem atrapalhado o desenvolvimento do projeto? Essa inconstância assusta? O setor vive crise o tempo todo, conversando com alguns usineiros eles me disseram que não se lembram de ciclos sem crise, ou por falta de matéria-prima, ou por politicas públicas, ou por preços no mercado, enfim, vemos que o trabalho a ser realizado nas empresas colabora com o crescimento das mesmas, independente das crises do setor. Porque uma vez qualificadas elas podem fornecer para outros mercados, como a indústria de alimentos ou agrícola que também necessita desse tipo de serviço. holofote holofote A A 64ª edição do banquete do Sugar Dinner, realizada em Nova York em 16 de maio, teve público recorde de 1.117 empresários e executivos do setor sucroenergético. O mais tradicional e prestigiado jantar dos executivos da cadeia açucareira contou como orador o presidente da Datagro Consultoria, o economista Plínio Nastari. Para Nastari, a honra de poder discursar e ser homenageado no principal evento do setor no mundo é de suma importância, principalmente por ter sido o quarto brasileiro a ter esta deferência, tendo sido precedido por nomes como o do ex-Ministro da Agricultura Pratini de Moraes, o Embaixador Rubens Barbosa, e o ex-presidente da Unica, Eduardo Pereira de Carvalho. Os presentes elogiaram a homenagem a Nastari, resultado de seu grande conhecimento e dedicação ao setor. Disseram também que Plínio era o “cara” do Sugar Dinner Nova York de 2012, ou seja, a personagem mais importante da festa. Em seu discurso, Plínio Nastari enalteceu a história secular do açúcar no Brasil e sua relação com Nova York, que em sua visão «tem sido o centro do comércio mundial de açúcar por um longo tempo. 6ª EDIÇÃO DO ISO/DATAGRO NEW YORK SUGAR CONFERENCE Antes do jantar aconteceu no Waldorf Astoria Hotel a 6ª edição do ISO/Datagro New York Sugar Conference com o tema “O desafio de atender a demanda global de açúcar e etanol”. O encontro abordou os principais desafios e atualidades sobre os principais fundamentos da cadeia produtiva do açúcar, etanol e bioenergia no mundo. A Conferência reuniu 320 pessoas de 24 países, empresários, autoridades e ministros de vários países, e líderes do setor de açúcar e etanol de todo o mundo, com destaque à presença maciça de brasileiros e centro-americanos. As palestras abordaram a situação atual no Brasil, Tailândia, Índia, e Leste Europeu. O evento contou também com um painel formado por CEOs, participaram o presidente do Conselho da Copersucar, Luis Roberto Pogetti, o presidente da São Martinho, Fábio Venturelli, o presidente da ETH Bionergia, Luiz de Mendonça, e o presidente do Grupo Tereos International, Alexis Duval. E um painel formado por traders, participaram Jeff Bauml, da R.J.O ‘ Brien, Michael McDougall, da Newedge, e Patrice Bougault, da Cargill. Plínio Nastari foi o orador da 64ª edição do Sugar Dinner holofote Foco na sustentabilidade Quando Marcos Jank deixou a presidência da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) disse que não desejava um evento de homenagem, mas gostaria muito de ser o paraninfo de alguma turma de formandos do programa RenoVação. E foi o que ocorreu em 25 de maio na cidade de Rio Preto, no interior paulista, em uma formatura de 250 alunos das usinas do Grupo Colombo, Noble Bioenergia, Virgolino de Oliveira, Bunge e Usina São Domingos. A razão do pedido, segundo Marcos, deveu-se ao fato de que ele valoriza muito o trabalho da Unica destinado à área de qualificação profissional. Em dois anos, 4.550 profissionais foram requalificados pelo RenovAção. Marcos salientou que o programa incentivou e abriu caminho para as associadas da entidade desenvolverem seus próprios projetos de qualificação, o que eleva o número de trabalhadores qualificados em mais de 16 mil. Um exemplo citado, foi a Umoe Bioenergy que de uma turma de 400 formandos, 45 eram do programa RenoVação, os demais se formaram graças a iniciativa da própria empresa. Marcos também ressaltou as ações pioneiras desenvolvidas pela Unica como o Relatório de Sustentabilidade seguindo os critérios da Global Reporting Initiative (GRI) e o protocolo Agroambiental. “O promotor do meio ambiente de Ribeirão Preto, Marcelo Goulart, pela primeira vez admitiu que o problema da queima não é mais em decorrência da cana, mas sim das queimadas urbanas. Isso representa um grande vitória, é o coroamento do protocolo Agroambiental”, diz. A gestão de Jank com ações pioneiras focando a sustentabilidade chamou a atenção de vários segmentos, assim, o ex-presidente da Unica tem recebido propostas de trabalho não só de empresas e entidades ligadas ao agronegócio. Até o momento, Marcos estuda as propostas. Marcos Jank: “ ... o promotor Marcelo Goulart admitiu que agora o problema não é mais com a queima da cana e sim com as queimadas urbanas” Ele é TOP José Paulo Stupiello recebe o prêmio de Mônika Bergamaschi, secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo José Paulo Stupiello recebeu o prêmio Top Etanol como personalidade acadêmica. O evento aconteceu em Brasília, em 30 de maio, e é uma das ações do Projeto Agora, iniciativa de comunicação realizada por entidades e empresas ligadas ao setor sucroenergético. Engenheiro agrônomo e doutor em tecnologia do açúcar e do álcool pela Universidade de São Paulo (Esalq-USP), Stupiello se destaca por sua liderança à frente da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (STAB), entidade que promove o intercâmbio científico, técnico e cultural entre as diversas regiões produtoras de cana-de-açúcar do Brasil e do exterior. Pesquisas em novas variedades, na área industrial e de fermentação de cana são algumas das atividades desenvolvidas pela STAB. Na década de 70, quando o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) dava os seus primeiros passos, foi um grande incentivador de pesquisa e desenvolvimento no setor sucroenergético Maior histórico de base de dados do setor sucroenergético Mundial Independência total nas analises 10.000 séries históricas de dados Única fonte de dados primário do setor Since 1979 Planting data Harvesting solutions www.datagro.com economia Os gargalos do setor sucroenergético Seminário em comemoração ao Dia da Indústria apresentou a pesquisa “Gargalos da Cadeia Produtiva Sucroenergética” e debateu a Conjuntura Econômica Brasileira Rubens Okamoto Aproximadamente 300 empresários do setor compareceram ao seminário que teve como encerramento um almoço de confraternização economia D estudo foi realizado entre os meses de março a maio deste ano, foram ouvidas 120 pessoas e entre os Dia 25 de maio, Dia da Indústria, participantes da pesquisa, 66% são sempre foi uma data festiva para tomadores de decisão, ou seja, atuam o Centro Nacional das Indústrias em posições de gerência. Embora do Setor Sucroenergético e pareça um número pequeno, disse Biocombustíveis (Ceise Br), a Conejero, os entrevistados compõem comemoração era a base de jantares um segmento representativo memoráveis, mas este ano, segundo da cadeia, como empresários e Adézio José Marques, a situação dirigentes de usinas, indústrias de não está para grandes festas, por base e fornecedores de cana. “É uma isso, preferiu realizar um seminário pesquisa relevante por causa do perfil para discutir o cenário do setor das pessoas que responderam e os sucroenergético. A programação do resultados obtidos foram divididos evento contou com a divulgação nos segmentos agrícola, industrial e da pesquisa inédita “Gargalos da de mercado”, informou. Cadeia Produtiva Sucroenergética”, realizada pelo Centro de Pesquisas do Análise da pesquisa – os itens Agronegócio da PwC (Pricewaterhouse que chamaram a atenção na parte agrícola, segundo Conejero, foram Coopers), em parceria com o Ceise produtividade, renovação dos Br e o portal Sucrotrends. “Com essa canaviais e capacitação de mão de pesquisa, conseguimos traçar mais obra. “Entre os fatores responsáveis fielmente o cenário do setor, pois ela pelo desempenho negativo das representa o sentimento dos vários duas últimas safras, está a baixa elos da cadeia”, salientou Adézio. qualificação dos trabalhadores, Marco Antonio Conejero, gerente do desde tratoristas e operadores de Research & Knowledge Center no colhedoras até cargos mais altos como Centro de Serviços em Agribusiness gerente agrícola. Houve mudança no da PwC Brasil, esclareceu que o quadro de funcionários das usinas, trocou-se profissionais experientes “Entre os fatores responsáveis pelo desempenho negativo das duas últimas safras, por outros sem conhecimento da está a baixa qualificação dos trabalhadores”, diz Conejero área, isso refletiu com redução de produtividade”, ressaltou. Na parte industrial o que chamou a atenção foi o endividamento no setor. “O Itau BBA tem um trabalho muito interessante nesse sentido, aponta que o setor tem um endividamento de R$ 42 bilhões, um valor considerado alto. Ao mesmo tempo que precisa reduzir as dividas, o setor enfrenta o desafio de precisar investir para aumentar a produção”, observou Conejero. Luciana Paiva economia Já na área de mercado, houve surpresa, as usinas mostraram preocupação em desenvolver estratégias para vender bem os seus produtos. “É uma mudança de paradigma, pois o setor sempre deixou a cargo de agências comercializadoras, de tradings, agora pensa em um atendimento personalizado, em manter um relacionamento forte com os compradores, mesmo eles estando na Ásia e Europa”, comentou Conejero. Ainda no tema mercado, segundo ele, na parte de açúcar o gargalo está na logística (o porto de Santos é o maior problema), outra preocupação diz respeito ao mercado mundial de açúcar que não deve crescer muito. Já em relação ao etanol, o problema é que não há isonomia tributária, que não há valorização do etanol como produto renovável. No caso da bioeletricidade, a preocupação está com os baixos preços e com a concorrência com a energia eólica. É PRECISO CUIDAR DO NEGÓCIO Conejero disse que é bastante otimista com o setor, mesmo com esse cenário. “Não vejo mais problemas que soluções, porém é preciso cuidar do negócio. Um exemplo é Sertãozinho. Fala-se muito que “O governo precisa pensar o setor como cadeia produtiva, não apenas como usineiros”, salienta Adézio a cidade precisa diversificar suas atividades, mas também é necessário cuidar de sua vaca leiteira, que é o setor sucroenergético”, observou, completando que Ceise Br vem trabalhando muito bem nesse sentido. Ser um dos interlocutores do setor junto ao governo é uma das metas do Ceise Br. Adézio Marques salienta que o que está ocorrendo é uma crise de confiança, o governo quer saber se o setor vai investir, e empresário quer saber se o investimento lhe dará retorno no médio ou longo prazo. “Tenho ouvido nos bastidores que a presidente Dilma está chateada com o setor, que deu as costas para nós. Ela tem as suas razões, não a culpo. Mas acho que é o momento de deixar a emoção de lado e trabalhar de forma racional, em favor do Brasil. O setor tem de fazer a minha culpa, ver onde errou, corrigir a rota e dar segurança ao governo federal. Por outro lado, o governo precisa também reconhecer onde está errando e possibilitar ao setor mecanismos para que volte a crescer”, diz o presidente do Ceise Br. Para Adézio o governo precisa pensar o setor como cadeia produtiva, não apenas como usineiros. Perceber que o setor não se resume a 450 unidades, que são quatro mil indústrias, 88 mil fornecedores de cana e 2,5 milhões de empregos. Ver o quanto o setor é grande e estratégico. O Presidente do Ceise Br observa que é preciso agir já, pois a indefinição está provocando estragos, as usinas pararam de comprar, as indústrias para cortar custos, nos últimos três meses, já demitiram centenas de funcionários em Sertãozinho e quando o corte chega aos trabalhadores a luz vermelha da crise se acende. economia “O setor deveria ter dito NÃO, à presidente Dilma” O ex-ministro, economista e professor emérito da USP, Antonio Delfim Netto encerrou o Seminário do Dia da Indústria. Delfim falou que o Brasil vive seu melhor momento econômico, que existe equilíbrio monetário e, por causa dessa base mais sólida, sentirá menos a crise mundial. Salientou a importância do papel do Estado para o bom desempenho da iniciativa privada. Disse que não pode existir mercado sem um Estado regulado e forte. “O mercado precisa do Estado para garantir o direito a propriedade. Precisa do Estado para garantir o contrato que é a garantia de fazer negócio hoje e receber amanhã. O Estado pode e deve trabalhar no sentido de reduzir crises. O Estado precisa estimular o instinto animal do empresário. A competição é fundamental, cada vez que ela é reduzida, é menor a eficiência”, afirmou. Em decorrência dessa atuação do Estado, é fundamental para qualquer setor Rubens Okamoto Delfim defende um programa de estímulos para o setor voltar a crescer econômico contar com a simpatia dos governos para prevenir crises ou ajudálo a sair delas. Na visão do ex-ministro, o governo federal não tem agido com boa vontade para o setor sucroenergético, isso porque o próprio setor construiu os obstáculos ao gerar um clima de falta de credibilidade. “Quando houve a reunião com o governo para saber se o setor teria condições de abastecer o mercado interno com etanol. O setor deveria ter dito: não dá, teremos de importar. Deveria ter passado suas as reais condições de produção para a Presidente. Mas, disseram que dariam um jeitinho. Houve uma promessa que não foi cumprida. Dilma é uma tecnocrata, quer respostas certas.” Apesar da má vontade do governo para ajudar o setor a sair da crise, Delfim, acha que a situação começa a ser superada, mas o diálogo deve ser mandito de forma elegante. Além disso, na opinião do ex-ministro, o governo necessita rever algumas de suas ações, como a de segurar o preço da gasolina (já há sete anos), o que tem gerado mais inflação, pois tem aumentado o valor do diesel, do gás e de outros produtos do petróleo. “O governo deverá rever sua postura em relação ao setor, afinal o Brasil precisa dele e o segmento necessita de investimentos gigantes para sua recuperação. Para isso, vai precisar de um programa de estímulos para colocar em marcha esse processo.” economia Havendo rentabilidade o setor volta a investir EMPRESÁRIOS E ENTIDADES TENTAM CONSEGUIR UM ESPAÇO NA AGENDA DO GOVERNO DILMA PARA RETOMAR AS DISCUSSÕES SOBRE O FUTURO DA CANA A Luciana Paiva A edição da revista Exame de 15 de maio trouxe como matéria de capa “A nova vida do usineiro”, enfatizando que Rubens Ometto, presidente do Conselho da Cosan, estava cansado da “montanha-russa” do setor de açúcar e álcool e após investir 7 bilhões de reais está criando um novo conglomerado em que cana não entra. A notícia assustou o setor sucroenergético, afinal, se o maior produtor do mundo de cana, açúcar e etanol pretende abandonar o barco é porque o cenário não é bom. “O Rubens diz isso porque está cansado da instabilidade do setor. Ele tem razão”, afirma Carmen Aparecida Ruete, diretora do Grupo Virgolino de Oliveira. Carminha lembra que nos últimos 30 anos, a agroindústria canavieira passou por três grandes crises: em 1985, o preço do petróleo baixou e derrubou o preço do etanol. Com menos investimentos, em 1989 houve quebra de safra e redução da produção de etanol, o que praticamente decretou o fim do carro a álcool. Em 2008, a crise de crédito atingiu feio o setor e ainda causa estragos. Calejado com a história de crises no setor, o empresário Cícero Junqueira Franco diz que a atual é passageira e que as usinas não acabam, podem mudar de dono. Segundo ele,as usinas que estão a venda é em função de deficiência administrativa e gerencial, não por causa do setor. Apesar da crise internacional, o empresário acredita que o Brasil dentro da economia do mundo está em melhor situação e, por isso, não sofreremos muito. E o setor sairá fortalecido, mostrando que tem muita lenha para queimar. Rubens Ometto: cansado da instabilidade do mundo da cana economia Carminha salienta que é impossível o etanol competir com o preço artificialmente baixo da gasolina O diretor da MBF Consultoria, Marcos Françóia, concorda com Cícero Junqueira Franco e diz que o setor não está passando por uma crise e na verdade, faltou, por parte do governo e do setor produtivo, um planejamento adequado. “Estamos em momento complicado, mas temos capacidade de sair. Há uma crise mundial que está nos afetando e ira nos afetar mais, porém o Brasil tem capacidade para superar, tem margem tanto na indústria de bens de capital, como nas usinas. Precisamos enxergar as oportunidades que são criadas, por exemplo, o mercado de energia crescente”, observa. Para Jacyr Costa, presidente da Guarani SA, existe a expectativa Ismael Perina está preocupado com a situação do setor Padua: “o problema é pontual, mas a solução é estrutural” de produção maior do que os anos anteriores, isso é importante porque acaba reduzindo custos. Na visão do executivo, o que é necessário neste momento é ter uma perspectiva em relação ao etanol. “Não podemos contar com o açúcar nos próximos anos, então essa maior produção de cana, deverá ser direcionada ao etanol, por isso, precisamos abrir mais mercado, aumentar e incentivar o consumo de etanol”, salientou Jacyr, complementando que também é fundamental criar a viabilidade econômica para a bioeletricidade. Já Ismael Perina, presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana), vê a situação do setor com muita preocupação. Observou que os três anos de preços baixos reduziu a capacidade de investimentos, por isso, a renovação dos canais e áreas de expansão estão muito abaixo do necessário. Ismael diz que esse cenário de usinas que deixam de moer e vendem suas canas para outras unidades economia “Estamos em momento complicado, mas temos capacidade de sair”, afima Marcos Françóia cria instabilidade entre os fornecedores de cana, que correm o risco de não receberem pela cana comercializada. POLÍTICA TRIBUTÁRIA Antonio de Padua Rodrigues, o diretor técnico e presidente interino da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), não considera que a crise chegou ao setor. “Enfrentamos um problema pontual, que começou com a crise financeira mundial em 2008, depois tivemos problemas climáticos, tudo isso resultou em baixa produtividade agrícola de até 15 toneladas e menos por hectare, mas que será recuperada nos próximos três ou quatro anos. Com essa política de renovação de canavial voltaremos a ter um canavial produtivo.” Para Padua, essa fase vai passar, mas tudo também depende de uma boa gestão, pois o preço do açúcar e etanol é dado pelo mercado, mas a gestão de custo de produção depende da empresa. Sobre as unidades que não processarem cana este ano, o Presidente interino da Unica diz que trata-se de empresas que apresentam deficiência a mais de 10 anos e não economia Pedro Parente não vê insensibilidade por parte do governo para com o setor, apenas agenda lotada “O setor tem muita lenha para queimar”, diz Junqueira Franco vítimas da crise de 2008. Lembrou que o setor no início do Proálcool produzia 2600 litros de etanol por hectare de cana, chegou a 7100 litros e nesta safra passada caiu para 5600. Padua explica que se consideramos as novas tecnologias, o melhoramento genético de variedades de cana, o etanol de segunda geração e a biorrefinaria poderemos triplicar esses 7 mil, passando para mais de 20 mil litros por hectare. “O que precisamos é de grandes investimentos, de pesquisa e desenvolvimento, de gestão, e de uma visão de longo prazo sobre qual a política pública do setor. Não podemos viver ciclotimias, ora etanol, ora GNP, depois gasolina, diesel, isso não dá mais, precisamos de regras claras para que a retomada aconteça. É preciso valorizar as externalidades do etanol, se o processo produtivo é sustentável, o uso é sustentável, mas o mercado não precifica o lado ambiental e social, precisa ser precificado através de política pública e isso significa uma política tributária diferenciada entre o combustível que polui daquele que não polui.” DIÁLOGO COM O GOVERNO Carminha lembra que o setor está atrelado ao governo e aos seus humores. A falta de uma política pública de longo prazo sobre a real participação da cana na matriz energética brasileira é a grande responsável por essa instabilidade. Em um momento, o etanol aparece como salvador da pátria, a melhor alternativa de combustível verde para o mundo, logo depois é esquecido, a ponto de ser mais tributado que o combustível fóssil. O governo vem reduzindo a tributação da gasolina por meio da Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide). O tributo que representava 15% do preço da gasolina em meados da década passada, hoje tem um peso de apenas 2%. A empresária salienta que é impossível o etanol competir com o preço artificialmente baixo da gasolina e, sem remuneração sua produção tornase inviável. Para Carminha, falta boa vontade do governo para com o setor sucroenergético. “Dizem que economia Para Jacyr, a importância do setor na geração de renda e empregos deve ser um estímulo para o setor conseguir um espaço na agendo do governo traímos o governo, mas na verdade fomos o setor econômico que mais realizou transformações, aderimos ao compromisso nacional de boas práticas do trabalho, firmamos o protocolo agroambiental, fomos o primeiro setor a lançar relatório de sustentabilidade e investimos em programas de capacitação profissional”, observa. Mesmo com esse momento conturbado, Carminha não defende o fim do etanol hidratado – uma corrente no setor acredita que a saída será aumentar a adição de anidro na gasolina, um porcentual por volta de 40%, e abandonar a produção de hidratado. “O hidratado precisa continuar. Para mudar a situação do setor precisamos reabrir o diálogo com o governo”, ressalta. Segundo Padua, o problema do setor é pontual, mas a solução precisa ser estrutural. E com a vinda do Pedro Parente para a presidência do conselho da Unica, o diálogo com o governo foi retomado. “Se isso acontece é porque o governo quer a volta do etanol, mas ainda não dá para dizer como vamos construir essa agenda, quais serão as políticas públicas que serão construídas ao longo do tempo e os trabalho entre o setor e o governo”, diz o Presidente executivo da Unica, salientando que os investimentos só voltaram quando tiver essa clareza. “Até lá vamos trabalhar com o parque industrial que temos no momento.” Marcos Françóia defende essa retomada do diálogo e ressalta que o governo precisa agir de forma mais rápida e com menos burocracia, sobre isso, citou o exemplo da linha do BNDES que liberou 4 bilhões de reais pra o plantio de cana. “Além de a liberação chegar tarde, o dinheiro ainda não foi captado”, diz. Para o consultor, o governo precisa deixar e olhar o passado e agir para garantir o futuro do setor. Enquanto muitos empresários dizem que o governo está insensível as causas do setor, o ex-ministro Pedro Parente e atual presidente do Conselho da Unica, diz não achar que seja uma questão de insensibilidade. “Já estive no governo e a quantidade de problemas que um governo, principalmente federal, tem de resolver é muito grande. Inúmeros assuntos estão em sua pauta. O que precisamos fazer é mostrar a relevância desse setor e, com isso, conseguir um espaço na agenda do governo e dizer a ele que se houver rentabilidade e expectativa de futuro, os empresários vão investir”, afirma Parente. Segundo Jacyr, o setor é muito importante em termos de geração de renda e de empregos e, isso, com certeza, vai ser um estímulo para o setor conseguir um espaço na agenda do governo. economia A falta de estímulos inibe os investimentos ATUALMENTE, O SETOR SUCROENERGÉTICO RESPONDE POR 5% DA CARTEIRA TOTAL DO BNDES, ESSA PARTICIPAÇÃO JÁ FOI DE7% em 2008, chegou a responder por 7% do Luciana Paiva C volume total do BNDES. Como não poderia ser diferente, a falta de “É fato que o volume de investimentos garantia de remuneração e a instabilidade do tem sido reduzido em decorrência da setor reduziram o apetite dos empresários. conjuntura. Não vejo o setor tão endividado Em 2008, foram direcionados 28 bilhões quanto três anos atrás, o que tem havido de reais para novos projetos, em 2012, o na verdade é um conjunto de fatores que montante será de 5 bilhões de reais. Também não estimulam os investimentos”, diz em 2008, os investimentos do setor em Cavalcanti, ressaltando que pelo lado de canavial, equipamentos, e renovação no financiamento do BNDES as condições das parque industrial chegaram a 10,3 bilhões linhas atuais atendem as necessidades do de reais, em 2011, caiu para 3,8 bilhões de setor. No entanto, para haver a decisão de reais. Segundo o chefe do Departamento de investir não depende das linhas de crédito, Biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo mas de sinais de que haverá retorno no Cavalcanti, a estimativa do banco o volume negócio. total de desembolso do setor para este ano deve ficar entre 5,5 bilhões a 6 bilhões de reais. Em 2011, o volume foi 6,5 bilhões Linhas de crédito para o setor – Cavalcanti salienta que o governo está tomando uma séria de medidas graduais que tendem a de reais. Cavalcanti considera um induzir estímulos para novos investimentos. volume razoável, levando em conta que “Nesse aspecto, desde o início do ano o total do desembolso do BNDES por ano é de 120 bilhões de reais, o setor representa quase 5% da carteira, criamos uma linha que historicamente não faz parte da tradição do BNDES, mas que favorece a parte agrícola que é o ProRenova, que está começando a gerar demanda maior para renovação ou expansão de canavial”, “O BNDES enxerga o setor de forma positiva”, diz Carlos Eduardo diz. Em breve, observa Cavalcanti, o banco vai lançar a linha para estocagem de etanol, que na verdade é uma reedição de uma linha lançada há três anos. economia “O setor sempre apresenta uma resposta rápida quando tem condições favoráveis, responde mais rápido que os demais setores” Segundo o chefe do Departamento de responde mais rápido que os demais setores”, Biocombustíveis do BNDES, o banco tem conta Cavalcanti. Este ano, o BNDES está estimulado a inovação tecnológica no setor colocando a linha de aquisição de máquinas o que o induz a buscar novos índices de e equipamentos, a PSI, com taxa de 5,5,% produção, e isso para um setor que vem fixo ao ano, e acredita que isso vai gerar uma experimentando margens cada vez mais demanda muito grande por parte do setor. comprimidas é importante procurar novos “Enxergamos sempre o setor sucroenergético de patamares de produtividade, mas isso vai forma muito positivo, são mais de 20 bilhões gerar retorno no médio e longo prazo. de reais em financiamento no longo prazo em “O setor sempre apresenta uma resposta carteira, nossa tendência é sempre enxergar rápida quando tem condições favoráveis, positivamente.” política setorial Parceria e comunicação NA VISÃO DAS MULHERES O SETOR PRECISA SE UNIR E SE COMUNICAR COM A SOCIEDADE, SÓ ASSIM TERÁ FORÇAS PARA NEGOCIAR COM O GOVERNO Jaqueline Stamato O “Nós fornecedores de cana, detemos 20% da parte da cana no setor CentroSul, queremos ser parceiros na sua integralidade”, disse Maria Christina O agronegócio brasileiro, a cada ano, vem se consolidando como um dos setores mais dinâmicos da economia, possuindo condições de atender necessidades adicionais de consumo mundial, já que temos, além do clima privilegiado, solo fértil e disponibilidade de água. Estes fatores dotam o Brasil de uma condição especial para o desenvolvimento dos negócios relacionados às suas cadeias produtivas por ser um grande provedor da balança comercial brasileira. Mas, como diz a expressão popular ‘nem tudo são flores’, o setor já enfrentou e ainda vem enfrentando muitos obstáculos implicando perder sua notoriedade. E um dos principais motivos é a falta de parceria e comunicação. Maria Christina Pacheco, vice-presidente da Organização dos Plantadores de Cana na região CentroSul, Orplana, e presidente da Associação dos Plantadores e Cana da Região de Capivari, SP, em sua participação no encontro Cana substantivo feminino – o setor sucroenergético na visão das mulheres, realizado em Ribeirão Preto pela Paiva & Baldin Editora, disse, categoricamente, que o setor precisa usar a palavra parceria no seu sentido integral. “Nós fornecedores de cana, detemos 20% da parte da cana no setor Centro-Sul, queremos ser parceiros na sua integralidade. Está na hora de juntos, usineiros, política setorial Leila Alencar: “mostramos que a indústria da cana é sustentável” fornecedores, trabalhadores, montarmos uma estratégia e juntos pedir mudanças. Se continuarmos cada parte do setor gritando sozinho, não vamos ser ouvidos”, alertou. Segundo Christina, a cadeia produtiva tem toda a força de mudar a realidade, mas não adianta reclamar sozinho e falar mal do governo, pois se toda a cadeia tiver a capacidade de trabalhar unida, garanto que mudaremos a situação e, além disso, se tirarmos o ‘s’ da palavra crise significa crie. “Temos que ser humilde, pensar no todo para conseguirmos essa mudança”. TRABALHO CORPORATIVO Sabendo que o setor de bioenergia é um dos principais motores da economia brasileira por se destacar na balança comercial, sendo responsável por mais de um terço das exportações brasileiras, Leila Alencar Monteiro de Souza, presidente da Biocana, desde que assumiu o desafio na área de comunicação social na entidade descobriu uma vocação de administradora de desafios e conflitos. Leila estabeleceu um canal de comunicação com a sociedade levando a imprensa para dentro da empresa e também a empresa para dentro da imprensa porque sabia que o setor sucroenergético sempre realizou tantos feitos e pouco era divulgado. Comlink. Agilidade para sua equipe. Resultados para sua empresa. A Comlink oferece ferramentas de relacionamento digitais que visam integrar as relações comerciais de compra e venda e otimizar a sua empresa. Muito mais agilidade e comodidade para você e para a sua equipe. • Cadastro de materiais • Cotação de materiais e serviços • Pedidos de compra • Cotação reversa www.comlink.com.br • 16 2101 4000 política setorial Depois de sete anos de intenso trabalho com muita respeitabilidade por parte dos associados e diretores, Leila chegou à presidência e sempre carregou em seu conceito ‘dar continuidade naquilo que acredita’. Atualmente, diretoriapresidente da Biocana, Leila disse que não tem feito nada de inédito em sua gestão, mas dá continuidade ao trabalho de forma corporativa defendendo os interesses dos empresários. “Ponho em prática essa defesa incansável dos meus representados sobre a questão ambiental, ações sociais, a questão de que a indústria da cana é sustentável, afinal, ela é responsável por milhares de empregos e dá alimento para o mundo”, explicou. “Inteligência agrícola é o maior desafio do Brasil ligado à pesquisa e desenvolvimento. Precisamos investir nisso”, afirmou Cíntia INTELIGÊNCIA AGRÍCOLA economista por formação, filha de engenheiro florestal apaixonado pela agricultura, Cíntia Cristina Ticianelli, trabalhou na Bolsa de Commodities de Chicago, mas deixou sua carreira de lado para assumir os projetos do pai que estavam desativados por acreditar que o setor sucroenergético emprega, exporta divisas e é ambientalmente e sustentavelmente correto. Com sua força e instinto de mulher, Cíntia acreditou no conceito e nas suas visões de futuro e se tornou diretorafinanceira-Administrativa da Usina Agro Serra e presidente do Sindicato dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Maranhão e do Pará. Para ela, é difícil ser mulher no setor, mas segue um modelo de concepção pessoal que é ter equilíbrio. “O meu equilíbrio vem de um tripé. Tenho que ter uma conciliação perfeita entre a minha profissão, minha família e o meu lado espiritual. E no meu caso ainda tenho que separar o lado profissional executivo do profissional sindical”, ponderou. De uma natureza familiar para uma gestão profissional, Cintia disse que não se vê como sucessora familiar e sim como uma executiva que trabalhou, se preparou e sempre esteve nos negócios conquistados por ter muito interesse. “Como dizia meu pai, se sair mais do que entra ‘nóis’ quebra’”. Para ela, essa é uma verdade absoluta, pois os negócios têm que ser encarados com rigor, com profissionalismo e saber desenvolver novos horizontes em zonas de fronteiras como forma de expansão. Na concepção da economista, o setor apresenta um grave erro por não ter política agrícola e uma política de crédito e sim uma visão política com uma visão empresarial. “Inteligência agrícola é o maior desafio do Brasil ligado à pesquisa e desenvolvimento. Precisamos investir nisso”, finalizou Cíntia. PARCERIA E COMUNICAÇÃO Aliada à inteligência agrícola, mencionada pela Cíntia, bem disse a secretária de Agricultura do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, que o setor depende de ter parceiros e de comunicação. “A importância do setor sucroenergético para o Estado de São Paulo, do ponto de vista econômico, é extraordinário. Do ponto de vista pioneirismo, o setor é política setorial Segundo Mônika, a sociedade e a população urbana desconhecem o bom trabalho do setor e isso, quando colocado em discussão, é quase impossível conseguir qualquer aprovação de política pública 19.12.11 19:19 Page 1 política pública”, explicou Mônika se referindo que temos que trabalhar a comunicação não só entre os elos da cadeia, mas, principalmente, com o governo e com a sociedade que não enxerga o setor como realmente é. No intuito de aproximar os elos, a secretária, em reunião na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, sugeriu ao presidente da Comissão de Agricultura, o deputado Itamar Borges, convidar a Unica e a Orplana para apresentar para aqueles que fazem as leis uma visão diferente do setor. mcason nambei-anuncio2012_205x140:Layout 1 fronteira de conhecimento, de tecnologia, é renovável, emprega e é capaz de fazer com que o Estado se desenvolva tendo uma matriz energética limpa”, descreveu. A secretária colocou uma preocupação atual quanto a queda de produção agrícola e os problemas do ponto de vista ambiental. “Por mais que o setor seja ambientalmente correto, existe tamanha falta de conhecimento da sociedade e da população urbana. E isso, quando colocado em discussão, é quase impossível conseguir qualquer aprovação de Uma História de Qualidade. A Nambei tem orgulho da sua história. São mais de 40 anos produzindo fios e cabos elétricos de alta qualidade, investindo cada vez mais em tecnologia, proporcionando segurança e tranquilidade e atendendo às necessidades de um mercado exigente e qualificado. Nambei. Qualidade anos a fio. www.nambei.com.br VENDAS 0800 161819 [email protected] Avenida Ibirapuera, 2033 – 14º andar – São Paulo, SP • Tel (11) 5056.8900 • Fax (11) 5051.0067 / 5051.4122 legislação Código Florestal VETO PRESIDENCIAL E MP CRIAM EXPECTATIVAS E PREOCUPAÇÕES EM AMBOS OS SETORES * Helena Pinheiro Della Torre A A Lei n. 12.651/12 – que substituiu a Lei n. 4.771/65 – possui 84 artigos, sendo que 12 foram vetados e outros 32 sofreram modificações, através da Medida Provisória n. 571/12. Em algum momento, criou-se uma expectativa de que o Novo Código Florestal pudesse agradar um ou aquele setor específico. Ledo engano, sabe-se da grande campanha dos ecoxiitas por vetos ao texto, bem como, a esperança dos produtores rurais pelo reconhecimento de seu trabalho em prol do País, seja na valoração e pagamento por serviços ambientais ou ainda na manutenção das atividades agrícolas sustentáveis e que fomentam o desenvolvimento e suplantam a fome do País e do mundo. Os vetos ocorreram e não foram satisfatório a nenhuma das classes envolvidas na “discussão”, é da ciência de todos a existência de cerca de 690 emendas apresentadas na Comissão Mista que hoje discute a Medida Provisória editada pelo Governo na tentativa de suprir adequações vislumbradas pelo Executivo. O resultado disto é o Código Florestal em vigência, que poderá sofrer novamente modificações significativas nos próximos dias. Caberá ao Congresso Nacional novamente resgatar as verdadeiras necessidades do País. CONFIRA AS ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE CÓDIGO FLORESTAL Tornou-se evidente esta necessidade no evento ocorrido na Frente Parlamentar da Agropecuária, ocorrido em 14/06, onde encontravam-se representantes do Governo, o Ministro da Agricultura Mendes Ribeiro, o Ministro legislação dos Esportes Aldo Rebelo, os líderes do PT, do Governo e do PMDB entre outros partidos, além de quinze deputados e senadores. Foi unânime ressaltar a importância do reconhecimento do trabalho realizado pelo setor produtivo no âmbito da preservação ambiental concomitante à produção de alimentos, já que essa é uma questão fundamental tanto do ponto de vista social quanto econômico. De fato a nova legislação encampou o estimulo a proteção ambiental por meio de instrumentos econômicos capazes de incentivar a adoção de práticas sustentáveis, conciliando a produção econômica com a preservação do meio ambiente. Diante disso, a necessidade de ponderação e aplicação da sustentabilidade no novo texto, que deverá ser votado pelo Congresso, pode ser um grande passo neste sentido, no intuito de * Helena Pinheiro Della Torre – Conselho de Produtores Rurais – Brasil Verde que Alimenta - helena@ trovarelipinheiro.com.br “É IMPRESCINDÍVEL QUE A NOVA LEGISLAÇÃO POSSA SE PAUTAR TAMBÉM NA REALIDADE GLOBAL, POSSIBILITANDO CRESCIMENTO ECONÔMICO/SOCIAL EM NOSSO PAÍS ALIADA A SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO” regulamentar uma lei aplicável, segura e justa. Justa tanto ao meio ambiente quanto ao ser humano que precisa do alimento que provém do campo e de um meio ambiente equilibrada. As discussões em torno do desenvolvimento sustentável na Rio +20 já demonstram a dificuldade mundial em custear tal desenvolvimento, em contra partida evidenciarão a eficiência do Brasil apresentando seu alto índice de preservação de mata nativa assim como, índices de produção nas áreas agricultáveis tão elevados aliados à preservação. A razoabilidade e a busca pelo reconhecimento do Brasil Real, é o dever do Congresso e da sociedade civil, que deve participar desta nova etapa da discussão, que ainda resultará em regulamentações Estaduais e Federais, como a implementação do Cadastro Ambiental e Programa de Regulamentação Ambiental. O breve futuro deve ser encarado livre de discursos utópicos, possibilitando assim o resgate do brio desta potência, que produz e preserva, sanando principalmente a deficiência de políticas de incentivo e instaurando o pagamento por serviços ambientais. É imprescindível que a nova legislação possa se pautar também na realidade global, possibilitando crescimento econômico/social em nosso País aliada a sustentabilidade na produção, para que assim o Brasil se consolide como uma potência ambiental agrícola, auxiliando no crescimento interno da Nação e alimentando o mundo. ambiental Lago e quiosque na RPPN da Usina Santo Antonio: 300 hectares de preservação Lucrar com o ambiental não é pecado A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL É UMA DAS PERNAS DO TRIPÉ DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, AS OUTRAS SÃO O SOCIAL E A VIABILIDADE ECONÔMICA. É ESSA ÚLTIMA PERNINHA QUE MANTÉM AS OUTRAS DUAS Luciana Paiva O mundo pode não saber, mas o setor sucroenergético tem muito a comemorar em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente: propicia ao Brasil o maior programa de combustível renovável do mundo, com o etanol de cana-de-açúcar, e ainda oferece muitos produtos ambientalmente corretos como a energia elétrica gerada por meio da biomassa e o plástico biodegradável. Além de seus produtos verdes, o setor investe em tecnologias sustentáveis e se empenha em desenvolver práticas ambientais corretas. Quando se fala em ambiental, a primeira imagem que ambiental vem a cabeça das pessoas é composta por florestas e animais. Pois é, nesse quesito as unidades sucroenergéticas também aparecem bem no filme, a sociedade pode até ignorar, mas as usinas não plantam apenas cana, também cultivam milhões de mudas de plantas nativas e frutíferas,para o plantio em matas ciliares, áreas de nascente e reservar florestais em suas propriedades e de seus fornecedores de cana e também para doação à comunidade, deixando as ruas, parques e quintais mais verdes, bonitos e acolhedores para pássaros e pequenos animais. Cada vez mais, as unidades sucroenergéticas investem em projetos que visam a sustentabilidade, onde o ambiental é uma das três pernas do tripé dessa economia verde, as outras duas são responsabilidade social e viabilidade econômica. Esses projetos não se resumem a implantar viveiros de mudas, replantá-las e cultivá-las para que se tornem florestas, eles inserem as pessoas nesse contexto. Elas serão os agentes da preservação ambiental, mas para isso, precisam ser motivadas por meio da geração de renda. Precisam saber que ao preservar terão a fibra para produzir Cláudia Maranhão. “o ambiental não é um setor que só gasta dinheiro” artesanatos, colmeias para retirarem o mel, enfim, poderão ganhar dinheiro com as florestas. Isso também acontece com as unidades sucroenergéticas, preservar é vital, mas a preservação será permanente e ampliada se a empresa puder lucrar com isso – seja por meio direto como o aumento de água nas nascentes, conservação do solo, menor custo com captação de água, ou indiretamente com a melhoria da imagem, conquista de selos, prêmios o que gera mais mercado para seus produtos e apoio da opinião pública. Não se trata de um pensamento capitalista, é apenas a realidade: sem lucro não há social e nem ambiental. CORRIGINDO PRÁTICAS ANTIGAS A cana-de-açúcar é a primeira atividade econômica do Brasil, por isso, vícios antigos – hoje considerados não preservacionistas marcaram seu desenvolvimento. “Exigir do setor práticas ambientalmente responsáveis em curto prazo é uma postura difícil, afinal, o Brasil, desde a sua descoberta, a cultura é a de desmatar áreas para abrir novas frentes para produção e ganho de dinheiro”, comentou Cláudia Maranhão, gerente ambiental da Usina Santo Antônio, Alagoas, em sua participação no Encontro Cana substantivo feminino. Em Alagoas, segundo Cláudia, a área ambiental realmente avançou a partir de 2000, graças a uma mulher chamada Alessandra Menezes que, atualmente, trabalha no IBAMA e revolucionou o conceito e as ações ambientais. “Até esse ano, as usinas de cana, etanol e energia eram vistas como potenciais poluidoras, fama negativa para o setor e de muitas críticas da sociedade”, contou Cláudia. Desde 2002, o Grupo Maranhão, com suas duas unidades – Açucareira São Antonio e Usina Camaragibe – desenvolve diversos projetos de gestão ambiental com a participação não só da empresa, mas também dos funcionários e da comunidade local. A Usina Santo Antonio destinou 20% de sua área e implantou uma Reserva ambiental O Centro Ambiental na reserva da Usina Santo Antonio recebe a visita de mais de cinco mil estudantes por ano Particular do Patrimônio Natural (RPPN). São 300 hectares de área que estão registrados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sendo que destes, 298 hectares são de Mata Atlântica. Já a Usina Camaragibe possui 1055 hectares de mata preservada, em 2003, foi criada a RPPN Serra D’Água, em uma área de 160 hectares. Na reserva florestal da Camaragibe existe uma área de recreação no meio da mata, com piscinas com água natural. Por ano, mais de cinco mil alunos das escolas da região visitam a reserva e participam de trabalhos educativos, de preservação e reflorestamento. Recebem aulas de conscientização ambiental ministradas por professores que integram a equipe ambiental do Grupo. Na Usina Santo Antonio, a empresa mantém um viveiro de mudas de plantas nativas, utilizadas na recomposição e recuperação ambiental e da mata ciliar, onde mais de 80 espécies, como Ipê Rosa e Amarelo, Sapucaia e Visgueiro, foram plantadas, principalmente às margens dos rios. Desde 2002, já foram plantadas mais de 150 mil mudas, entre nativas e exóticas, e cerca de 190 hectares já foram recuperados, seja nas áreas da Usina ou circunvizinhas. É ali, próxima ao viveiro de mudas e bem pertinho dessa reserva da Santo Antonio que foi construído o Centro Ambiental, um espaço para a realização de atividades científicas, culturais, educacionais, recreativas e de lazer PROJETOS SUSTENTÁVEIS A empresa periodicamente recebe uma equipe de biólogos e botânicos que prestam assistência técnica e acompanham o andamento das atividades em preservação ambiental, para melhoria da qualidade do solo, água, ar, vegetação e fauna. Há também pesquisa para catalogar animais e plantas existentes na reserva. Uma dessas plantas é o cipó Titara, fino, ambiental Artesanatos feitos com cipó titara: preservação ambiental e geração de renda escuro e espinhoso, é a matéria-prima para a produção de materiais para o lar e decoração. Uma arte em extinção, devido a dificuldade em se trabalhar com essa fibra. Em São Luiz do Quitunde só existe uma família que se dedica a transformar o cipó titara em belos artigos para o lar, como mesas, cadeias, sofás, cestas, entre outras. Em uma tentativa de manter a arte viva, a Santo Antonio desenvolveu um projeto onde essa família de mestres no cipó titara produz peças artesanais e também ensina pessoas da comunidade a confeccionar o cipó e, com isso, gerar renda utilizando recursos da natureza, mas sem degradar o ambiente. Esse projeto beneficia a comunidade de São Luiz do Quitunde. “É preciso ver todos os vieses formadores da sustentabilidade, inclusive o econômico”, salientou Alessandra Outro projeto sustentável desenvolvido pelo Grupo acontece no povoado de Porto de Pedras com a Associação Sol Nascente, lá os artesãos fabricam com a palha de ouricuri, coqueiro e dendê artigos como suplá, jogos americanos, abajour, entre outros. As matériasprimas são retiradas pelos artesãos em áreas reflorestas pelas usinas do Grupo. Para estimular a produção e proporcionar trabalho e rend,a a usina leva os artesãos a participarem de feiras e eventos para exposição e comercialização das peças produzidas. Cláudia contou que, hoje a visão dos diretores do Grupo é que a área ambiental virou parte do negócio, as certificações facilitam a comercialização dos produtos. “As usinas estão reconhecendo essa importância ambiental, inclusive no começo de março, a administração da Usina Santo Antônio solicitou a certificação ambiental para fornecer produtos, devidamente habilitados, para os EUA. É prazeroso colaborar dessa forma para a indústria e ver que não somos um setor que só gasta dinheiro”, disse. A DIFUSÃO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE ENTRE AS EMPRESAS Esse mesmo conceito sobre a importância ambiental adotado por muitos empresários do setor sucroenergético, é que Alessandra Bernuzzi Andrade trabalha para difundir em empresas e entidades. Alessandra é diretoria de Responsabilidade Ambiental da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e diretoria da Equipálcool, empresa de Sertãozinho, SP. Em sua participação no Encontro Cana substantivo feminino, Alessandra explicou que promove ações para que o empresariado ambiental Pavilhão da Agrishow Sustentável expôs produtos e tecnologias verdes na maior feira de agronegócio da América Latina passe a ter uma visão estratégica sobre o tema, saber que o ambiental faz parte da nova economia baseada no desenvolvimento sustentável que promove o equilíbrio entre as boas práticas e a geração de negócios. “É preciso ver todos os vieses formadores da sustentabilidade, inclusive o econômico”, salienta. Na Agrishow 2012, em Ribeirão Preto, Alessandra conseguiu dar um grande passo no sentido de fazer com que o grande evento técnico-comercial da Abimaq ganhasse uma roupagem ambientalmente correta. Colocou em prática a Agrishow Sustentável. Além de um pavilhão com a apresentação de tecnologias e produtos ligados a economia verde, promoveu também a descarbonização da feira. Toda emissão de carbono produzida durante os dias foi medida, e como ação compensatória foi realizado o plantio de mudas de árvores, pós-feira. Durante o Encontro Cana substantivo feminino, Alessandra também adiantou a participação da Abimaq na Confederação Nacional das Indústrias (CNI) para a elaboração de documento inédito com os avanços de 16 setores da indústria na conservação do meio ambiente e na busca da sustentabilidade. O documento foi elaborado para ser discutido durante a maior reunião de empresários brasileiros da Rio+20, em 14 de junho. O Encontro da Indústria para a Sustentabilidade reuniu cerca de 800 industriais, além de ministros brasileiros e de outros países e especialistas nacionais e internacionais. Entre os debatedores desse importante evento estavam Alessandra e também um líder sucroenergético, Luiz Custódio, Cotta Martins, coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS). Com eles, a nossa cana foi muito bem representada. sustentabilidade Do social à sustentabilidade O DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS SOCIAIS NO SETOR SUCROENERGÉTICO Jaqueline Stamato H Há 25 anos, a norueguesa Gro Brundtland, na época presidenta da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU), publicou um livreto intitulado ‘Nosso futuro comum’, e nele escreveu, pela primeira vez, o conceito de sustentabilidade que muitos conhecem. “Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades”, definiu. Conceito esse bem lembrado por Maria Luiza Barbosa, gerente de Responsabilidade Corporativa da Especialistas debatem o tema Unica, durante o evento ‘Cana substantivo feminino’. Segundo Iza, como é carinhosamente chamada, falar de movimento sustentável não é só ecologia, mas também tem a ver com ganhar dinheiro. SUSTENTABILIDADE NAS USINAS Há 11 anos, quando entrou na Unica, Iza começou a fazer um levantamento sobre o que os grupos tinham na área do meio ambiente, no social para entender e fazer uma fotografia do cenário. “Visitei todas as usinas durante 70 dias. Percebi que não havia nenhuma participação em conselho, nenhuma capacitação, sensibilização, e aculturamento, sustentabilidade nada seria positivo se eu não mostrasse a realidade, a importância econômica da sustentabilidade e a importância de que a adequação é muito mais barata que as multas e autuações. Muitas vezes a empresa leva uma multa no valor de R$ 700 mil e a adequação sairia por R$ 150 mil”, relatou Iza dizendo que quando a consciência da gestão for direcionada a essa adequação do meio ambiente, do social e em tudo que tiver amarrado, aí sim é sustentabilidade. Tanto no Brasil como no mundo não existe uma empresa 100% sustentável. Estamos em um processo de mudanças e adequações. A gerente de Responsabilidade Corporativa da Unica disse ainda que sustentabilidade veio como modismo, mas é uma melhoria contínua na vida, nas relações de trabalho, dentro de casa, ou seja, sempre temos que buscar o melhor e mais adequado que o dia passado. “É jargão, mas tem que ser economicamente viável, ecologicamente correto, culturalmente aceito e, principalmente, socialmente justo”, resumiu Iza. Naquela época, o papel da assistente social era elaborar e implementar o Plano de Assistência Social (PAS), do qual o setor é um dos únicos a cumprir a legislação. Na opinião da consultora de Recursos Humanos do Grupo São Martinho, Silvia Regina Cuaglio, era uma época de paternalismo e assistencialismo, pois havia a obrigatoriedade de implantar na área social 1% da arrecadação do preço da cana, 2% do álcool e 1% do açúcar, em valores de vendas do produto. “Há 30 anos, a área social tinha a obrigatoriedade de aplicar uma porcentagem na saúde, na educação, no lazer, moradia e transporte. Embora fosse uma época de paternalismo e assistencialismo marcou o início do social e da sustentabilidade”, enfatiza. Isso implica em avanço histórico, afinal, muitos projetos existentes nas usinas nasceram nessa época e com a evolução o papel das mulheres no setor como operadoras de máquinas, cortadoras de cana, zeladoria e outras funções também sofreram mudanças, principalmente, nas áreas técnicas. EVOLUÇÃO NA ÁREA SOCIAL SOCIALMENTE RESPONSÁVEL Ainda contextualizando a questão social, nos anos 80, a figura predominante na área social da usina é a assistente social – 100% mulher. Para Silvia Regina Cuaglio, na área social, comparativamente com os anos 80, houve uma globalização, um novo cenário econômico e social Tanto no Brasil como no mundo não existe uma empresa 100% sustentável”, disse Iza Barbosa Silvia Regina Cuaglio: a empresa não pode mais escolher se quer ser socialmente responsável sustentabilidade para acompanhar todo o processo de modernização. “O papel do social nesse contexto precisou se reinventar, recriar novas posturas, novos espaços, mas com profissionais capacitados”. Por isso, a mulher, muitas vezes, precisa abdicar do papel de mãe para buscar capacitação, se aperfeiçoar em grupos de trabalhos multidisciplinares para ter conhecimento técnico e amplo da empresa no mercado interno e externo. Ser socialmente responsável ou não, a empresa não pode mais escolher. Terá que optar como praticar a responsabilidade social, um braço da sustentabilidade. E isso a mulher tem grande espaço e particularidades de ocupar pela sensibilidade de perceber que é economicamente vantajoso. O SALTO DA DIFERENÇA É MAIOR EM PERNAMBUCO A assistente social do Sindicato da Indústria do Açúcar e Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar PE), Mabel de Carvalho, está desde 1980 no setor sucroenergético. Logo que se formou em Serviço Social saiu de casa para viver dentro de uma usina sem a mínima noção do que era cana-de-açúcar. Não enfrentou dificuldades no trabalho por ser mulher, sempre foi tratada de maneira igual por estar em uma função Para Mabel de Carvalho o salto do social à sustentabilidade é muito maior, em decorrência do peso da tradição, da história ASSISTA O VÍDEO: DO SOCIAL À SUSTENTABILIDADE com afeições diferentes, mas sabe que o mundo do trabalho apresenta diferenças entre os gêneros. “Podemos até ter o mesmo salário que os homens, mas não temos a igualdade assegurada. Podemos ter o rendimento, a condição, mas existe outra coisa que é o ser mulher que faz a diferença de sermos e que somos capazes de muito mais”, confidenciou. Para ela, viver a cultura da cana-deaçúcar em Pernambuco é diferente de viver em uma usina de cana em outro lugar do País, até mesmo em Alagoas. A história entre outras coisas traz o peso do preconceito. Por isso, em sua opinião em Pernambuco o salto do social à sustentabilidade é muito maior, em decorrência do peso da tradição, da história. O setor sucroenergético pernambucano vive sob a influência cultural da região, mas não deixa de receber as influências da globalização. “Isso porque existe a comunicação, a tecnologia, a troca de informações. Apesar de termos uma cultura diferente estamos no meio do mundo, também somos exportadores, recebemos as mesmas exigências, então temos o desafio de nos adequar as mudanças”, disse. No cenário social, Mabel salientou o corte manual. “No ponto e vista da legislação do trabalho, o corte de cana manual é sempre visto como um trabalho penoso, um trabalho a ser extinto. Não podemos recorrer o erro de que trabalho rural precisa ser extinto. Parece que o trabalho agrícola sustentabilidade precisa ser eliminado porque é um trabalho menor. Da região de onde venho o trabalhador rural não será eliminado, porque lá a topografia não permite a mecanização em 100%. Não posso entender que a sustentabilidade do setor passe pela mecanização”, observou. Para Mabel, o setor pernambucano precisa ser criativo para superar a adversidade para se alcançar o lucro, com o desafio de que a mecanização não é possível. A assistente social do Sindaçúcar PE, disse que quando cita corte manual, ela precisa falar sobre gente, que são homens e mulheres. Mabel observou que em Pernambuco a mulher voltou a ocupar maior espaço no corte de cana. “E as mulheres cortam muita cana, em várias usinas são as mulheres que recebem os prêmios de produção”, disse. Sobre a atividade do corte manual, Mabel destacou ser uma relação de trabalho, que só é injusta, quando sonega direitos. “O lucro só é ruim quando o buscamos de forma antiética, mas se for de forma justa, não é preciso ter vergonha de falar nele. Nós trabalhamos em um setor que tem alguns riscos na imagem, alguns percalços a enfrentar e quando falamos em lucro parece que estamos falando do perverso”, salientou. “O desafio era levar às empresas as duas lógicas resultado e valor”, disse Ana Lúcia Jeito feminino com linguagem masculina - A gerente de sustentabilidade da Renuka do Brasil, Ana Lúcia Suzuki Araújo, concorda com a Mabel que as mulheres conseguiram avançar bastante no mercado de trabalho. Embora o homem esteja há mais tempo no setor sucroenergético, principalmente nas áreas técnicas, os departamentos de Recursos Humanos evoluíram em termos de política de gestão por competência e gestão de política de remuneração e benefícios. Com uma longa experiência e participação no movimento de implementação da sustentabilidade em várias empresas, Ana Lúcia disse que o maior desafio era incorporar na cultura organizacional o valor e a importância de um novo paradigma na gestão, antes direcionado para o resultado puro e simples. “O desafio era levar às empresas as duas lógicas - resultado e valor, falar a linguagem do executivo e fazer entendêlo que isso era estratégia de gestão”, disse Ana Lúcia explicando que daí entra o fator feminino porque faz parte da natureza feminina ter uma visão mais agregadora, cuidadosa e conciliadora de forma que a empresa tenha lucro através de seus resultados e ainda proteger o meio ambiente. Implementar a sustentabilidade de forma legítima é transformar todos os procedimentos e processos da empresa em agente de desenvolvimento sustentável com planejamento estratégico, com mapeamento de riscos sociais e ambientais, quantificar e dar ferramentas de gestão. E para isso, o desafio é fazer do jeito feminino e empregar em linguagem masculina. “As empresas são masculinas, masculinizadas e masculinizantes, por isso temos que continuar mulheres, fazer nossas leituras e entregar na linguagem que eles entendam”, explicou. sustentabilidade Mulher, água e alimento Mata ciliar ao redor da representa Milhã, que abastece 50% de Capivari CHRISTINA PACHECO, VICE-PRESIDENTA DA ORPLANA, FOI DEBATEDORA EM CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE A ÁGUA PARA OS ALIMENTOS, E DESTACOU COMO O BRASIL VEM GERINDO SEUS RECURSOS HÍDRICOS Da redação A convite do Instituto Robert Daugherh, Christina Pacheco, vicepresidenta da Organização dos Plantadores de Cana da Região CentroSul (Orplana) e presidenta da Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari, SP, participou da 4ª. Conferência Water for Food (Água para os Alimentos), realizada de 30 de Maio a 2 de Junho, em Lincoln, Nebrasca, nos Estados Unidos. Christina salienta que o convite chegou através do Consorcio da Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiai (PCJ), que desde 1991, trabalha com a Prefeitura, Associação e Cooperativa dos Fornecedores de Cana de Capivari, reflorestando toda as matas ciliares (APPs) da Bacia dos Córregos da Forquilha e Água Choca, que abastecem a população da cidade de Capivari. Nossa produtora rural e representante de classe participou do painel Inovações na Governança dos Recursos Hídricos no Brasil e Nebrasca, coordenado por Ann Bleed , da Universidade de Nebrasca. Entre os palestrantes brasileiros estavam: o professor. Marcos Folegatti, da sustentabilidade pioneiros ao aderirem em 1991 ao projeto do Consorcio do PCJ para reflorestar a Bacia do Ribeirão da Forquilha. A Fazenda Milhã, de propriedade de Christina e suas irmãs Elisabeth e Renata Pacheco, aderiu voluntariamente e foi o projeto pioneiro do PCJ, iniciando em 1992 o reflorestamento das APPs da represa Milhã que tem 19,7 hectares de lamina de água e abastece 50% Capivari. As APPs foram reflorestadas com árvores nativas ocupando uma área ao redor de 40 hectares. MULHERES E ÁGUA PARA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS Integrantes do painel – Inovação em Governança de Recursos Hídricos: Marcos Folegatti, Christina Pacheco,Ann Bleed – Univ. Nebrasca – Coordenadora e Oscar Cordeiro Netto, UnB Esalq de Piracicaba. Folegatti abordou porque e como foram formados os Comitês das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiai CBH-PCJ, e como a governança da água está ocorrendo. Destacou a importância do PCJ que abriga 5.5 milhões de habitantes e tem destacada importância – 7% do PIB do Brasil. Discutiu a elevada pressão pelos usos múltiplos dos recursos hídricos e ferramentas utilizadas para gerir os conflitos pelo uso da água. Salientou ainda que o CBH-PCJ tem sido emblemático em suas ações para a implantação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos de acordo com a Lei 9433/97. O CBH-PCJ tem todos os instrumentos implantados, inclusive a cobrança pelo uso da água. O professor Oscar Cordeiro Netto, da Universidade de Brasília (UnB) e ex-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA) Apresentou uma visão global sobre a Gestão dos Recursos Hídricos no Brasil, incluindo o balanço da disponibilidade de água e a demanda, a base legal, o quadro institucional e terminou mostrando os grandes desafios do Brasil em especialmente no que tange ao tratamento de esgoto, e levar água às populações rural e urbana em centros mais pobres. Já Christina Pacheco mostrou que prefeitura de Capivari, a Associação e Cooperativa dos Fornecedores de Cana de Capivari foram os Como parte da programação da conferência havia também um painel especial de Mulheres de diferentes continentes discutindo a questão de Água para Alimento na visão delas. Christina representou o Brasil e falou como o País vem gerindo seus recursos hídricos, como acontece a governança entre os diferentes “players” e, como produtora rural o que vem fazendo desde 1991 para reflorestar com espécies nativas as Matas Ciliares da Represa Milhã. O painel foi coordenado por Simi Kamal, do Paquistão e contou com a presença de April Hemmes que descreveu a sua vida como produtora nas terras maravilhosas de Iowa, nos EUA e sua experiência como mulher num setor considerado essencialmente como sendo “um mundo dos homens”. April descreveu os desafios encontrados em termos do uso da água na produção de alimentos e como os tem superado. April, uma mulher determinada declara que ser uma produtora tem lhe trazido auto-realização, independência econômica. April é casada e seu marido não é do ramo, e a questão mais freqüente é “Como seu marido não é produtor? Você não é a mulher do fazendeiro!!!”. A sociedade de Iowa ainda espera encontrar um homem trabalhando na colhedora de grãos, mas sem duvida April carrega esta bandeira de mudança de paradigma. A representa da África do Sul foi Mma Tshepo Khumbane, ativista há 40 anos, descreveu a sua luta focando em pobreza, água, segurança alimentar e movimentos em busca dos direitos das mulheres. Segundo Christina, Mma deu um ênfase especial na luta das mulheres no meio rural africano e como ela desenvolveu, na sua sustentabilidade Mata Ciliar ao redor da Represa Milhã e cursos de água pequena propriedade, um modelo de agropecuária para mostrar a outras mulheres que é possível produzir comida para família, gerar excedentes para o mercado com sustentabilidade. Um grande exemplo de força e coragem num país que recentemente aboliu o “Apartheid”, mas ainda batalha para diminuir as diferenças sócioeconômicas entre os vários grupos étnicos. Para Mma Tshepo a maneira produtiva de reduzir as diferenças é uma mesa de negociação, muito diálogo, calma, paciência, perseverança e objetividade, ou seja, ação. Pooja Bhattarai, do Nepal, apresentou a visão da mulher no Sul da Ásia com relação ao uso da água e a produção de alimentos num contexto de uma sociedade patriarcal. No Nepal a mulher tem uma participação importante na agricultura familiar, mas é sempre o homem o chefe da família que recebe o dinheiro dos produtos por ela produzido. As mulheres nepalenses muito recentemente iniciaram um processo de busca de seus direitos, há um longo caminho a ser percorrido. O BRASIL, A MULHER, A ÁGUA E O ALIMENTO Em sua apresentação Christina falou sobre as leis que regem os recursos hídricos brasileiros, como anda o processo de governança entre os diferentes “players”: governos (federal - estadual e municipal) - usuário de água (indústria, produtores, e serviços de água) - Organizações não governamentais, Universidades, entidades de classe, etc, e explicou ao público, como a ANA tem buscado resolver os conflitos sobre o uso da água e os grandes desafios brasileiros para os próximos anos: - levar água potável para os 5-10% dos lares brasileiros que ainda não recebem este serviço Programa Água para Todos; - tratar o esgoto, infelizmente só 40% é tratado, isto demandará muitos recursos, mas a população vem exigindo de seus governantes ações nesta direção. - reciclagem de lixo, coleta seletiva, etc. Após dizer que o Brasil tem muitos desafios e questionar se o País tem legislação e vontade política para resolver estes problemas, Christina mostrou o trabalho ambiental que desenvolve desde 1985 na Fazenda Minhã. A propriedade está sob os cuidados da 4ª geração de sua família. Christina falou sobre as mudanças em sua vida para passar de analista de sistema a produtora rural. E como é difícil lidar com a Mãe Natureza, que as vezes manda chuva demais, outras de menos, as vezes geadas, outras chuva de pedra, mas que deve ser respeitada e cuidada por todos. Sobre a área ambiental, Christina salientou que a Fazenda Milhã faz a sua parte, desde 1991, com a colaboração do Consorcio PCJ, da Associação, Cooperativa dos Plantadores de Cana e Prefeitura de Capivari, reflorestou, voluntariamente, com mudas de árvores nativas, as matas ciliares da propriedade. O projeto pioneiro foi às margens da Represa Milhã, com quase 20 hectares de espelho de água. A dirigente de classe demonstrou também como o novo Código Florestal afeta os produtores rurais, e como o Brasil vem cuidando de suas florestas. Comentou que o mundo não deve se preocupar com a Amazônia, enfatizando que a Floresta pertence ao Brasil e “temos demonstrado nosso cuidado por ela, pois ela esta lá, cobrindo mais da metade de nosso País”. Christina, com seu jeito enfático e explanação envolvente, questionou os presentes: - Onde estão as matas de seus países? - Vocês reflorestam as margens de seus cursos de Água? - Reserva legal vocês sabem do que se trata? “Acho muito irônico os americanos falarem de preservação do meio ambiente, poluição, aquecimento global, mudanças climáticas, etc... Mas vocês não assinaram o Protocolo de Kioto, pois as medidas iriam impactar a economia dos Estados Unidos, valendo lembrar que este país é o segundo maior poluidor do mundo, atrás somente da China. sustentabilidade Sede Fazenda Milhã Nós brasileiros, estamos fazendo a nossa parte e a Amazônia é nossa”, ressaltou. Christina, disse que o Brasil é hoje a 6 ª economia do mundo. “Cresci com meu pai dizendo que o Brasil seria o celeiro do mundo... Temos terra, clima, tecnologia para agricultura tropical e um agronegócio que sem subsídios gera superavit na balança comercial do Brasil. Somos o maior produtor de açúcar, café, suco de laranja, o segundo em soja, carne de frango e carne de boi e o terceiro em milho e carne de porco.” A MULHER NO BRASIL Para uma plateia com mulheres de vários países, Christina passou um perfil sobre as mulheres no Brasil. Disse que as mulheres estão em alta no País, que tem uma mulher como presidente da República - Dilma Roussef. O ministério do Meio Ambiente está nas mãos de Isabela Teixeira. Maria das Graças Foster é presidente da Petrobras. A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) tem como presidente a senadora Kátia Abreu, e a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo está a cargo de Mônica Bergamaschi. Informou também que mais de 50% da população e dos eleitores são mulheres; que 35% dos lares brasileiros têm a mulher como chefe de família e que 58% dos universitários são mulheres. “Somos 42,5% da força de trabalho, temos mais escolaridade que os homens, no entanto, somente entre 20 a 30% das chefias na esfera pública ou privada são exercidas por mulheres. Em relação a liderança somos minoria, porém, mesmo com a mesma qualificação que os homens ganhamos 30% a menos. Caminhamos muito, enfrentamos varias jornadas de trabalho mas ainda temos muitos desafios pela frente. O que importa é o caminhar sempre buscando um mundo melhor para todos os seres viventes”, disse. Finalizando sua apresentação, Christina salientou que A Mãe Natureza tem nos enviado vários sinais de que é preciso mudar. “Para encontrarmos a solução é hora de agirmos globalmente, hoje estes desafios não tem fronteiras são para serem enfrentados conjuntamente se quisermos deixar um mundo mais saudável para nossos descendentes.” VEJA NA INTEGRA O PAINEL WOMEN, WATER FOR FOOD - LINCOLN, NEBRASCA, COM A PARTICIPAÇÃO DE CHRISTINA PACHECO Apoiar o esporte já fez mais de 15 milhões de pessoas felizes. Allianz Arena. Um estádio feito para ser inesquecível. O futebol é uma paixão nacional e internacional. E também é uma paixão da Allianz. Construído em 2005, a moderna instalação deu novos ares a Munique, na Alemanha, já recebeu mais de 300 jogos e a vibração de mais de 15 milhões de torcedores. Um grande projeto que reforça nosso compromisso social e com o esporte. Acesse www.allianz.com.br Com você de A a Z tecnologias sustentáveis Lubrificação inteligente CADA ÁREA DA USINA PRECISA SE ADEQUAR PARA A SUSTENTABILIDADE DA EMPRESA, INCLUSIVE A OFICINA DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA DE MÁQUINAS E VEÍCULOS LEVES E PESADOS Luciana Paiva O Oficinas com tecnologias como a “Troca Inteligente” fazem parte do cenário de uma usina sustentável para a menor captação de água pelas usinas. Processo que nos últimos 30 O fogo da queima da cana cada vez anos, as unidades sucroenergéticas menos arde nos canaviais brasileiros. derrubaram dos quase 20 metros Já há unidades sucroenergéticas em cúbicos para processar uma tonelada que a cana crua cortada com máquina de cana moída para menos de 1metro beira os 100%. Na hora do corte, a cúbico nos dias de hoje. palha cuspida pelas colhedoras fica na São muito bem-vindos tecnologias lavoura nutrindo o solo e possibilitando e mecanismos que permitam à a prática do plantio direto, ou ainda, agroindústria canavieira reduzir parte dela segue para a indústria para custos, desperdícios e ainda preservar se unir ao bagaço na produção de o ambiente e desenvolver boas energia elétrica. práticas de trabalho. Para alcançar o Ao chegar à indústria, a cana picada e status de empresa sustentável, cada crua dispensa a lavagem, contribuindo parte, cada setor, cada engrenagem dessa grande máquina precisa passar por transformações, receber investimentos, inovações e qualificação dos profissionais para não emperrar o processo. GESTÃO DE LUBRIFICAÇÃO Nada pode ser esquecido, um exemplo é a oficina de manutenção preventiva de máquinas e veículos leves e pesados. As oficinas das usinas atendem carros de apoio, pás carregadoras, tratores, tecnologias sustentáveis exemplo, uma colhedora de cana utiliza de 25 a 30 litros de óleo, depende da marca, e a troca do óleo deve ocorrer a cada 250 horas trabalhadas. O custo de uma hora de trabalho da colhedora fica em torno de R$ 270,00, como o óleo lubrificante responde por apenas 1% desse custo, o mais sensato é trocar o óleo a cada 250 horas trabalhadas. “Há quem troque o óleo da colhedora a cada 400 horas trabalhadas, achando que está economizando, é uma economia enganosa, pois é uma prática danosa, prejudica a máquina e corre o risco de Wilson Agapito: uso racional de lubrificantes ter que abrir o motor”, explica. OFICINAS SUSTENTÁVEIS caminhões, colhedoras de cana e o abastecimento no campo também até avião agrícola. Segundo Wilson evoluiu, aquele caminhão de Agapito, gerente de motomecanização lubrificação todo sujo de óleo que da Della Colleta Bioenergia, de ganhou o nome de “meloso”, não reflete Bariri, SP, e integrante do Grupo de mais a realidade das usinas. “Hoje Motomecanização (Gmec), a dimensão são os comboios de lubrificação”, diz da frota varia de acordo com o tamanho Agapito, lembrando que antigamente, da unidade e também se a empresa o motorista menos hábil era colocado adota o sistema de terceirização, por para dirigir o “meloso”, agora é o isso, o contingente poder ir de algumas contrário. “É preciso que tenha grande dezenas até centenas de veículos. habilidade para fazer manobras que Agapito diz que a área de abastecimento permitam um abastecimento perfeito, e lubrificação das máquinas também sem vazamentos”, salienta. As práticas tem evoluído, existem unidades nas oficinas de manutenção preventiva que desenvolveram gestão na área também mudaram, aquela imagem do de lubrificação com indicadores de piso cheio de óleo, paredes enegrecidas desempenho para o uso racional, por e descarte de resíduos em qualquer Não há mais espaço para o “meloso” nas usinas, agora é comboio de lubrificação, comboio de abastecimento lugar, não pode existir em uma empresa que tem como meta a sustentabilidade. As oficinas de manutenção de veículos precisam seguir normas de boas práticas estabelecidas, por exemplo, pelo Ibama e pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), como a colocação de caixas decantadoras para separar o óleo da água. Agapito conta que a Cetesb está fiscalizando e autuando as usinas. “Inclusive já alertei que esse tema sobre práticas corretas com o tecnologias sustentáveis mini-tanques com mangueira, filtro e medidor de vazão nas fazendas, cooperativas, usinas e frotistas, para reabastecimento do lubrificante dos motores conforme a necessidade. O produto vem da fábrica de lubrificantes da Cosan com procedência garantida, os processos de transporte e armazenagem são monitorados e certificados e os minitanques são protegidos com lacres, garantindo a qualidade do produto. “O sistema de Troca Inteligente permite aos clientes um melhor controle do estoque de lubrificantes, otimiza o espaço de armazenagem Andréa ao lado de um mini-tanque do programa “Troca Inteligente”: traz praticidade e sustentabilidade ao negócio dos clientes e evita o descarte de embalagens no meio ambiente”, explica Andrea Alves, que cita como exemplo do uso de lubrificantes deve ser pauta sucesso do Programa e seu benefício das reuniões do Gmec, pois mesmo ecológico, o case dos clientes da com a evolução nesta área, ainda há West Brasil, distribuidor exclusivo da o que melhorar, também é preciso marca Mobil no interior do Estado de disseminar essas boas práticas para São Paulo que, de agosto de 2005 a todo o setor e não ser exclusividade julho de 2011, deixaram de descartar de algumas unidades”, observa 5,3 milhões de frascos através da Agapito. adesão ao Troca Inteligente. Andrea salienta que este modelo TROCA INTELIGENTE de revenda, pioneiro no País, traz um mecanismo que vem ao praticidade e sustentabilidade ao encontro dessa necessidade negócio dos clientes e sua utilização do setor é o Programa Troca é muito fácil, para saber mais, confira Inteligente, desenvolvido pela Cosan o vídeo que inserimos nesta matéria. Lubrificantes e Especialidades, O vídeo apresenta o controle de detentora do direito de uso da marca qualidade envolvido no programa, Mobil no Brasil, que permite que o desde a Fábrica de Lubrificantes da consumidor compre lubrificantes Cosan até o consumidor final. No para veículos de passeio ou pesados filme, clientes e parceiros falam das direto de mini-tanques nos postos vantagens percebidas na adoção do de abastecimento, na quantidade Troca Inteligente. necessária e com a garantia da qualidade Mobil. Para a área de agropecuária, segundo Andrea Alves, coordenadora de marketing da Cosan Lubrificantes e Especialidades, a empresa instala ASSISTA O VÍDEO TROCA INTELIGENTE tecnologias sustentáveis CTC E NEW HOLLAND FAZEM PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE PROJETO PARA TORNAR ECONOMICAMENTE VIÁVEL A UTILIZAÇÃO DA PALHA DA CANA PARA A PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA D Da Redação Das três usinas hidroelétricas de Belo Monte que estão adormecidas nos canaviais, segundo Zilmar de Souza, especialista da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) na área de bioeletricidade, uma e meia terá o bagaço como matéria-prima para a geração de energia elétrica, a outra uma e meia Divulgação Divulgação tecnologias sustentáveis O canavial ganha equipamentos específicos para o recolhimento da palha para a produção de energia Quando o material estiver com cerca de 10% de umidade é feito o aleiramento terá como matéria-prima a palha e as pontas da cana. Zilmar diz que o setor, empresas e entidades de pesquisa e tecnologia estão aperfeiçoando métodos para tornar o processo de utilização do palhiço da cana economicamente viável. Um desses caminhos está sendo feito em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a New Holland, o projeto busca utilizar a palha da cana-de-açúcar (gerada na colheita mecanizada) para produção de energia. A pesquisa, baseada na aplicação da enfardadora BB9000 da New Holland, está sendo desenvolvida desde maio de 2010 e já apresenta resultados favoráveis. A utilização de biomassa na geração de energia por sistemas de cogeração vem crescendo ano após ano. Um dos principais fins deste tipo de energia é o suprimento de eletricidade para demandas isoladas da rede elétrica. “Se fizermos uma análise podemos constatar que ¼ de toda a força energética nacional é gerada através da cana-de-açúcar. Isso quer dizer que, mais do que nunca, o agronegócio já está ligado à sustentabilidade”, afirma Samir de Azevedo Fagundes, responsável pelos projetos de biomassa desenvolvidos pela New Holland. O projeto tem um viés de grande importância econômica dentro das usinas, já que se trata de uma matriz com menor custo por geração de MW/h. “O usineiro completa o ciclo produtivo da cadeia, pois tem aproveitamento de resíduos, podendo inclusive tornar-se autossuficiente em energia elétrica e até mesmo lucrar com o excedente”, afirma Fagundes, que destaca os incentivos políticos do Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica) e da Lei 10.762. Fagundes ressalta que a bioeletricidade tem uma série de vantagens: é um recurso renovável, que polui menos, tem risco e prazo de execução menor, maior facilidade em estimar a energia a ser gerada, além de diversificar, mais ainda, a matriz energética nacional. O processo possibilita ainda as perdas de transmissão, pois muitas vezes a geração é feita próxima aos centros consumidores. “Estamos caminhando para um cenário de colheita 100% mecanizada, sem queima, então é fundamental o aproveitamento da biomassa na geração de energia”, afirma Fagundes. Segundo dados Divulgação Divulgação tecnologias sustentáveis Após o acúmulo da palha em leiras, uma enfardadora BB9000 acoplada ao trator passa recolhendo o material e fazendo os fardos A carreta recolhedora de fardos encaminha o material para o ponto de carregamento da - Unica, a estimativa é que em aproximadamente dez anos a bioeletricidade gere energia equivalente a três usinas Belo Monte. Os investimentos para produção de bioeletricidade também são mais baixos: de acordo com a ANEEL, o processo de geração de bioeletridade é R$16,65/MWh mais barato do que a produção energia hidrelétrica. Como funciona - o processo se divide em uma série de etapas, começando pelo acúmulo da palha gerada após a colheita mecanizada da cana-deaçúcar. Após a colheita, a palha permanece exposta ao tempo por um período de até dez dias para que seque. Quando o material estiver com cerca de 10% de umidade é feito o aleiramento, que reúne a palha em linhas (leiras). Em média, há cerca de 150 quilos de palha seca para cada tonelada colhida, o que totaliza, aproximadamente, 15 toneladas de palha por hectare por ano, dos quais são retirados do campo de 5060%, de acordo com as condições edafoclimáticas do local. Após o acúmulo da palha em leiras, uma enfardadora BB9000 acoplada ao trator passa recolhendo o material e fazendo os fardos. Chamados de “gigantes”, cada um tem cerca de 2 metros de comprimento e 450 quilos. Por último, a carreta recolhedora de fardos encaminha o material para o ponto de carregamento, de onde seguem para a usina. De acordo com Fagundes, este processo possibilita um custo menor em relação a outros métodos, trazendo maiores vantagens ao produtor. Durante Agrishow 2012 o cliente teve a primeira oportunidade para conhecer de perto todas as máquinas que compõe a solução agrícola do recolhimento de palha: o Aleirador H5980, a enfardadora BB9080 e a carreta acumuladora de fardos PT2010. “É interessante destacar que, por termos como parceiro para este projeto o CTC, todos os aspectos relacionados ao recolhimento foram observados, seja do ponto de vista agronômico, agrícola ou industrial. Hoje temos condições de ofertar a solução como um todo e o que é mais importante, orientar nosso cliente a melhor maneira de processar este fardo para queima em caldeiras e consequente cogeração”, destaca Fagundes. tecnologias sustentáveis Mais P lene nos canaviais Fábrica da Syngenta em Itápolis: capacidade de produção de 3,5 milhões de mudas A SYNGENTA INAUGUROU SUA PRIMEIRA UNIDADE NO MUNDO PARA A PRODUÇÃO DE PLENE E JÁ ANUNCIOU A DUPLICAÇÃO DA ESTRUTURA E CAPACIDADE PRODUTIVA DA FÁBRICA Luciana Paiva menos oneroso e ainda aumentar a produtividade da cana, chamou A mecanização do plantio da canamuito a atenção da agroindústria de-açúcar ainda é uma pedra no canavieira. sapato do setor sucroenergético, Várias unidades sucroenergéticas responsável por grande parte do custo do processo. Por isso, em 2008, passaram a ser campo de quando a Syngenta iniciou os testes prova para o aperfeiçoamento da nova tecnologia. Como é com a tecnologia de mudas Plene e anunciou se tratar de uma revolução de praxe, a inovação causou na cultura canavieira, ao simplificar certas desconfianças sobre seu desempenho, por exemplo, o o plantio, tornando o mais rápido, tecnologias sustentáveis pequeno tolete de cinco centímetros gerou dúvidas no pessoal da cana, acostumado com toletes de 40 centímetros – até então, esse tamanho maior era importante, pois oferece alimento para a muda em seu começo de vida. A proposta de utilizar de 1,5 a 2 toneladas de mudas de cana por hectare, enquanto que o plantio mecanizado varia de 12 a 25 toneladas de cana, também não foi levado muito a sério. E quando Plene apresentou falhas de brotação nas linhas de cana em terrenos com pouca umidade, choveram críticas. Mas Plene estava na fase de experimentação, em que é possível promover mudanças para afinar o projeto. E foi que ocorreu, os pontos fracos nem eram tão gritantes, por isso, a rota foi corrigida rapidamente. E, em 2010, tiveram início os primeiros contratos comerciais, após a comprovação pelas usinas, por meio das áreas plantadas em unidades no Estado de São Paulo, da proposta de valor do Plene: simplificação operacional, sustentabilidade ambiental e social, além de aumento do retorno sobre investimento. Segundo a Syngenta, esses toletes de cana de apenas 5 centímetros são tratados contra doenças e pragas, garantindo sanidade, pureza e rastreabilidade no plantio. Além disso, a adoção de Plene viabiliza menor compactação do solo ao possibilitar o uso de equipamentos menores e mais leves. “Unindo tecnologia, serviços e conhecimento, Plene exemplifica o conceito de soluções integradas da Syngenta, no qual vamos além de um único produto, pensando na melhor resposta para as reais necessidades do produtor” diz Antonio Carlos Guimarães, diretor-geral da Syngenta para a América Latina. A FÁBRICA QUE PRODUZ PLENE Quando os críticos de plantão perceberam tratar de uma boa alternativa, o comentário Produção de mudas na biofábrica Divulgação Divulgação tecnologias sustentáveis As mudas produzidas na biofábrica são multiplicada Autoridades lançam a placa comemorativa da inauguração passou a ser: “É bom, mas falta produto. A Syngenta vai ter de aumentar a produção e espalhar fábricas próximas as regiões produtoras, pois o tempo de validade para cinco centímetros, nos quais a gema é preservada, passa por secagem e tratamento, recebendo três produtos desenvolvidos pela Syngenta que o plantio da muda é muito curto (três dias).” Em 2009, a Syngenta iniciou a construção da primeira fábrica de Plene, na cidade de Itápolis, SP. A fábrica já vem produzindo as mudas para os principais grupos do setor sucroenergético do Brasil, mas no último dia 13 de junho, ela foi oficialmente inaugurada. Foram investidos 100 milhões de dólares na fábrica, que ocupa uma área de 480 mil metros quadrados, é totalmente automatizada, produz 400 toletes de cana por segundo e tem capacidade de produção 3,5 milhões de unidades de muda. Trata-se de um dos principais projetos da Syngenta no mundo, e o mais importante em toda a América Latina. Amarildo Ament, gerente de desenvolvido de produtos da Syngenta, explicou que as mudas apresentam alta pureza, elas são produzidas na biofábrica, depois cultivadas em viveiros, aí a cana é colhida, despalhada e retorna para a fábrica, segue para a unidade de corte que a transforma em colmos de garantem o aumento de produtividade e maior facilidade no plantio por meio de plantadora específica para as mudas Plene. Segundo Amarildo, o tempo gasto entre a criação da muda até ser transformada em Plene é de três anos, o processo na fábrica leva um dia e após liberada a muda Plene precisa ser plantada em um prazo de até três dias. A inauguração atraiu autoridades como, o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, José Geraldo Fonteles e a secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado, Mônika Bergamaschi, além de empresários e representantes do setor e produtores de cana. Para José Geraldo Fonteles, esse tipo de iniciativa é fundamental para o desenvolvimento do País. “Tecnologia é desenvolvimento. A cana já é um instrumento de alavancagem de progresso do País e com esse tipo de iniciativa, o Brasil será ainda mais respeitado na atividade agrícola.” De acordo com Antonio Carlos Divulgação tecnologias sustentáveis de forma sustentável e eficiente. Para isso, investimos 1,2 bilhões de dólares em pesquisa no mundo. Nosso time de pesquisadores, aqui do Brasil, descobriu essa nova tecnologia através da Plene, que está revolucionando o setor”, disse Guimarães, durante a inauguração da fábrica. DEMANDA CRESCENTE Antonio Carlos Guimarães, diretor-geral da Syngenta para a América Latina: “união de tecnologia, serviços e conhecimento” Guimarães, desde o início do cultivo de cana no País, em 1532, pouco se investiu em tecnologia e seu plantio continua sendo feito basicamente da mesma forma. “A Syngenta lançou o desafio de encontrar soluções que aumentassem a produtividade Atualmente, 50 grupos sucroenergéticos assinaram acordo com a Syngenta para a aquisição de Plene. De acordo com Daniel Bachner, diretor Global de Cana-de-açúcar da Syngenta, esses acordos equivalem a 380 milhões de dólares e os pedidos deverão ser realizados ao longo de quatro anos. Muitas dessas empresas são parceiras da Syngenta desde o início dos testes com a tecnologia, em 2008. A Usina Guaíra, instalada no município de Guaíra, tecnologias sustentáveis a Syngenta para o uso da Plene, em 2010. Segundo Eduardo Junqueira da Motta Luiz, diretor da usina Guaíra, a nova tecnologia permite redução de 15% do custo. “É bem mais vantajoso porque proporciona mais economia”, afirmou. Outro grupo parceiro da Syngenta desde 2008 é a Bunge, na opinião de Renato Ferreira de Castro, gerente de desenvolvimento da empresa, Plene é uma tecnologia que veio simplificar o plantio, possibilitando maior agilidade, o uso de menor quantidade de mudas e promovendo redução de custos. Por isso, vai revolucionar o plantio mecanizado com a utilização de plantadora mais leve, que, inclusive, compacta menos o solo. “Nossas áreas ainda são experimentais, mas o resultado até o momento foi bastante produtivo. Acredito que em dois ou três anos as mudas Plene responderão por boa parte de nosso plantio”, salientou. Em função da excelente receptividade e crescente demanda pela tecnologia, a Syngenta anunciou que planeja investir mas com a evolução das pesquisas, Plene será um canal de entrega de tecnologia, pois serão agregados a ela vários outros produtos que possibilitarão ganhos de produtividade. Com Plene, segundo a Syngenta, a produtividade por hectare sobe, enquanto as despesas diminuem, permitindo menor investimento em máquinas, equipamentos e mão de obra. Plene gera ainda plantas mais saudáveis e livres de pragas. Daniel Bachner ressaltou que o sistema poderá representar queda de preço de produtos fabricados a partir da cana, como açúcar e etanol. A elevação do custo de produção é um dos principais motivos dessa situação complicada do setor, sobre isso, Daniel disse que Plene vai contribuir para a redução de custo, mas o volume de produção das mudas não é suficiente para tirar o setor da crise, mas a continuidade do desenvolvimento de pesquisas e o conjunto de tecnologias levarão a um cenário bastante promissor para a cana-deaçúcar. Divulgação SP, está entre elas, e também foi a primeira unidade a fechar contrato comercial com na duplicação da estrutura e capacidade produtiva da fábrica. Segundo Daniel Bachner, a expectativa é comercializar 500 milhões de dólares para o fornecimento dessa nova tecnologia até 2020. A meta é triplicar a produção e, até 2015, passar a responder por 1/3 da cana plantada no Brasil. Mas as pesquisas não param, observou o, diretor Global de Cana-de-açúcar da Syngenta, no momento, Plene está na fase de ajuste fino, estão sendo aperfeiçoados fatores como: quais os tipos de solo mais adequado para receber as mudas, o nível de umidade e o tempo de validade. Daniel observou que no momento, Plene apenas entrega aos clientes uma muda de cana, Daniel Bachner, diretor global de Cana da Syngenta, observa os toletes de mudas Plene