PREFÁCIO O presente documento descreve as ações que

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PREFÁCIO O presente documento descreve as ações que
PREFÁCIO
O presente documento descreve as ações que compõem o Programa de Monitoramento
Ambiental para o Canal de Acesso ao Porto de Rio Grande, Bacia de Evolução do Porto Novo e
da Área de Descarte do Material Dragado, desenvolvidas pela Fundação Universidade Federal
do Rio Grandes (FURG), em atendimento ao convênio firmado entre a Universidade,
Superintendência do Porto de Rio Grande (SUPRG) e a Fundação de Apoio a Universidade de
Rio Grande (FAURG). As ações desenvolvidas deram continuidade ao programa permanente de
monitoramento ambiental portuário, e estão aqui relatadas como resultados referentes ao ano
de 2007.
O desenho amostral que deu base a estratégia do monitoramento baseou-se na
amostragem de parâmetros ambientais em pontos fixos do estuário, representativos dos
diferentes setores da área portuária. Os parâmetros monitorados (metodologia especificada
mais a frente) foram: padrão de circulação (correntes), qualidade ambiental dos sedimentos,
qualidade ambiental da água, avaliação do nível de microcontaminantes orgânicos, nível de
toxicidade através de testes laboratoriais com organismos-teste (Kalliapseudes schubartii),
composição e estrutura da comunidade de macroinvertebrados bentônicos, composição e
padrões de comportamento das comunidades de vertebrados superiores, representados pela
ictiofauna (peixes), ornitofauna (aves) e cetáceos (botos). As informações do monitoramento
compuseram um Sistema de Informação Geográfico (SIG) representativo da qualidade
ambiental da zona portuária e da zona de descarte da dragagem, em desenvolvimento no
Laboratório de Gerenciamento Costeiro (LabGERCO) da FURG.
No sentido de facilitar a consolidação dos dados obtidos e apresentados neste relatório,
as figuras e tabelas aqui apresentadas não possuem numeração contínua crescente, e sim a
numeração relativa apenas ao item que representam.
I - OCEANOGRAFIA FÍSICA
Equipe técnica:
Responsável: Dra. Elisa Helena Fernandes
Dr. Osmar Olinto Möller Jr.
Oc. André Penteado Vitta
1 - INTRODUÇÃO
Durante o primeiro ano do Programa de Monitoramento do Porto de Rio Grande (2006),
estudos sobre a dinâmica da região com base em dados de campo e em experimentos de
modelagem numérica foram extremamente importantes para o entendimento da dinâmica do
sistema perante suas principais forçantes físicas (descarga, vento e maré), bem como para o
entendimento do comportamento da dispersão da pluma de sedimentos durante eventos de
dragagem. Os dados de campo e os experimentos numéricos destacaram ainda a importância
do entendimento do comportamento do sistema no eixo vertical, seja através de equipamentos
perfiladores ou instalados em várias profundidades, ou através de simulações em três
dimensões.
Neste segundo ano do Programa de Monitoramento foi dada continuidade ao
monitoramento nas seguintes estações: no píer da Estação Naval da Marinha do Brasil, na 4a
secção da Barra, onde são coletados os dados de temperatura e salinidade; e nas proximidade
da Estação dos Práticos da Barra do Rio Grande onde são coletados os dados velocidade de
corrente.
No dia 10 de outubro foi instalado um fundeio de ADP com sistema de proteção contra
redes de arrasto e liberador acústico na área do Parcel do Carpinteiro. Esta região foi escolhida
em virtude de ser livre da atuação de barcos de arrasto. Este fundeio não representa custos
adicionais ao programa de monitoramento e vem ao encontro das necessidades da área de
modelagem numérica.
2 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades de campo realizadas durante 2007 envolveram a continuidade do
monitoramento de parâmetros físicos da água no canal de acesso ao Porto de Rio Grande –
RS.
2.1 - Monitoramento das Propriedades Físicas
O monitoramento continuado das propriedades físicas da água foi realizado por
equipamentos autônomos de coleta de dados, sendo eles: dois termosalinógrafos SBE MicroCat
37-SM, instalados no píer de atracação do 5° Distrito Naval da Marinha (Figura 01), um a
profundidade de 1 m (“superfície”) e o outro a 9 m (“fundo”), e um ADP (Perfilador Acústico de
Correntes) instalado no fundo do canal de navegação em frente à estação dos Práticos da
Barra – (Tabela 01), a uma profundidade de aproximadamente 15m. Esses equipamentos
fornecem dados de temperatura, salinidade, e direção e velocidade de corrente,
respectivamente.
Figura 01: Pontos de instalação dos equipamentos
Tabela 01: Localização dos pontos de instalação dos equipamentos
Equipamento
Latitude
Longitude
Profundidade
ADP
32° 8' 12” S
52° 6' 8 " W
15 m
MicroCat 37-SM
32° 8' 19" S
52° 6' 8" W
10 m
ADP-ZC
32º.25,177’S
052º12,313’’W
17 m
2.2 - Manutenção dos termo-salinógrafos
Durante a segunda quinzena de março, os dois termo-salinógrafos fixados no píer da
Estação Naval foram retirados para limpeza porque durante o período de verão o processo de
incrustação é mais acentuado. A falta de limpeza pode chegar a comprometer a coleta de
dados devido ao bloqueio dos sensores pelos organismos incrustados. Além disso, a tinta
especial para evitar esse tipo de processo já estava gasta e necessitava de novas camadas
tanto da tinta base como da camada anti-incrustante. Uma nova camada de tinta base e
outras 4 camadas de tinta anti-incrustante foram aplicadas em cada termo-salinógrafo.
Como um terceiro termo-salinógrafo foi disponibilizado pelo Laboratório de
Oceanografia Física da FURG, foi possível fazer a manutenção dos equipamentos sem que
houvesse a necessidade de interromper a coleta de dados.
Durante o 2° semestre de 2007 os termo-salinógrafos apresentaram pouca incrustação,
a qual pode ser associada à baixa salinidade média neste período e à maior eficiência da
proteção incrustante realizada no semestre anterior.
2.3 – Manutenção ADP
No dia 31 de janeiro o perfilador acústico fundeado nas proximidades da Estação dos
Práticos da Barra de Rio Grande foi retirado para sua manutenção periódica e recuperação dos
dados. Durante a retirada do equipamento, observou-se que o pino protetor do sensor de
pressão fora arrancado. Os dados que foram recuperados do equipamento mostraram que o
sensor de pressão havia parado de funcionar corretamente poucos dias após a sua
manutenção anterior (12/06/2006).
Como o equipamento não apresentava qualquer sinal de comprometimento na sua
vedação, este recebeu nova camada de tinta anti-incrustante e foi recolocado em sua posição
de fundeio. A recuperação do ADP foi feita em agosto e, durante esta atividade, ocorreu a reinstalação do cabo submarino, restabelecendo então a comunicação em tempo real. Um
computador foi colocado na torre da estação dos Práticos da Barra para a aquisição e
visualização dos dados (Fig. 02).
Figura 02
para a aquisição e
dados em tempo
Computador
visualização dos
real do ADP.
3 – DADOS OCEANOGRÁFICOS
3.1 - Temperatura e Salinidade
Os dados de temperatura (Fig. 03) mostram o ritmo sazonal das variações de
temperatura esperadas para uma área subtropical. Até o final de abril a temperatura
permaneceu próxima a 24ºC, decrescendo para os meses de inverno onde atinge temperaturas
em torno dos 12ºC. A partir do final de agosto já podemos observar uma leve tendência ao
aumento de temperatura, chegando a temperaturas próximas a 20ºC. Variações de curto
período representam os efeitos de passagens de frente e posterior aquecimento.
No primeiro semestre, na sua maior parte, a salinidade (Fig. 04) esteve alta (±30ups)
mostrando uma predominância de fluxos de enchente. A partir do mês de junho observa-se
uma tendência à diminuição da salinidade média das águas do canal de acesso. Esta
diminuição pode ser associada ao período de chuvas acentuadas que ocorreram no segundo
semestre. Neste período o que se verifica é uma forte diferença entre a salinidade de superfície
e de fundo. Com raras exceções, onde a coluna de água está bem misturada, esta é a
tendência geral que está relacionada com a intensificação da descarga fluvial. Mesmo a ação
de ventos de sudoeste (SW) não pode ocasionar mescla em toda a coluna de água e o estuário
apresenta forte estratificação nos perfis de velocidade de correntes conforme se verifica na
figura 05. O vento de sudoeste (SW), que bombeia água salgada estuário acima, só consegue
inverter a camada mais próxima do fundo.
Figura 03: Temperatura medida na Estação Naval da Marinha. A linha azul
representa os dados de superfície (1 m) e a vermelha os dados de fundo (9 m).
Figura 04: Salinidade medida na Estação Naval da Marinha. A linha azul
representa os dados de superfície (1 m) e a vermelha os dados de fundo (9 m).
3.2 - Perfilador de Correntes
Os dados de corrente mostram alternância de períodos de enchente associados a
elevações no nível e períodos de vazante associados a rebaixamento do nível. O período pode
ser caracterizado como tendo um fluxo predominante de enchente no primeiro semestre e de
vazante no segundo semestre. A média para todo o ano da velocidade da coluna de água é de
-0.30 m/s (± 0,4), mostrando um regime de vazante. Alternadamente são observados picos
de vazante com valores máximos integrados na vertical de -2,2 m/s, e picos de enchente com
valores máximos de 1.65 m/s. A figura 06, que mostra a velocidade média integrada na coluna
de água para o período de observação, permite que se verifiquem estas tendências
anteriormente descritas.
Figura
05:
Perfil
temporal de Velocidade de Corrente na Estação dos Práticos de Rio Grande. Os valores positivos são de enchente e os
negativos de vazante. Na parte superior a linha cinza mostra as oscilações do nível.
Figura 06 - Velocidade integrada verticalmente. A linha vermelha mostra a tendência linear da série. Valores negativos
representam velocidade de vazante.
4 – Modelagem Numérica
Conforme acordado entre o Laboratório de Oceanografia Física da FURG e a
Superintendência do Porto de Rio Grande, os resultados referentes às atividades de
modelagem numérica serão fornecidos de acordo com a demanda da SUPRG, conforme as
condições acordadas entre as partes.
5 – Considerações Finais
O conjunto de dados acumulados ao longo deste monitoramento da hidrodinâmica das
propriedades físicas das águas é necessário para qualquer tipo de estudo, incluindo-se a
modelagem numérica ou o manejo de um ecossistema. Os equipamentos autônomos que
fazem os registros de dados, já completaram mais de dois anos em operação. Com isto, a vida
útil dos mesmos começa a ser comprometida caso uma revisão intensa não seja realizada no
próximo ano.
II – HIDROQUÍMICA
Equipe Técnica
Responsável: Prof. Dr. Luis Felipe Hax Niencheski
Profa. Dra. Maria da Graça Zepka Baumgarten
Profa. Dra. Mônica Wallner – Kersanach
M.Sc. Carlos F. Andrade
M.Sc. Karina Kammer Attisano
Téc. Quím. Denise Bigliardi Garcia
Téc. Lab. Lúcia Helena Böhmer
Téc. Lab. José Vanderlen Veigas Miranda
1 – INTRODUÇÃO
O monitoramento das condições da qualidade da água nas áreas de influência
direta/indireta das operações do Porto de Rio Grande deve ser efetuado porque várias
atividades nesse tipo de ambiente apresentam alto potencial de impacto ao meio ambiente,
destacando-se as operações de dragagem. Sendo assim, as estratégias de monitoramento
necessitam ser baseadas em ações continuadas no tempo e esporádicas, devendo ser
incrementadas por ocasião das atividades de dragagem.
A qualidade e a hidroquímica das águas da área portuária foram monitoradas durante o
ano de 2007 com base em três estratégias de amostragens diferenciadas:
•
Monitoramento Contínuo em estações de amostragens fixas (04 cruzeiros sazonais,
visando avaliar as variações dos constituintes da água nas diferentes épocas do ano);
•
Monitoramento do Gradiente Salino no estuário e sua desembocadura, sem estações
fixas, mas com amostragens de água de superfície em locais com diferentes e
gradativas salinidades, desde a água doce até a salina (4 cruzeiros com freqüência
sazonal);
•
Monitoramento de Organismos Bio-indicadores através da avaliação dos níveis de
metais pesados bioacumulados em algumas espécies bioindicadoras de poluição
ambiental.
2 – MATERIAL e MÉTODOS
2.1 – Monitoramento Contínuo em Estações Amostrais Fixas
Durante o ano de 2007 foram efetuados quatro (04) cruzeiros sazonais para
amostragens de água, os quais ocorreram no Verão (em Janeiro), Outono (em Abril), Inverno
(em Julho) e Primavera (Outubro), nos três níveis representativos da coluna d’água
(superfície, meio e fundo), em dez estações de amostragem distribuídas ao longo da área
portuária. Conforme o desenho amostral, cada cruzeiro obteve 30 amostras.
As amostragens de água foram realizadas nas 10 estações fixas de amostragem,
distribuídas ao longo da área portuária (Figura 01), sendo nove (09) no Canal de Acesso do
estuário (Canal do Rio Grande) e uma (01) no Porto Velho (Canal do Norte). As estações
amostrais foram posicionadas nas coordenadas descritas na Tabela 01.
Figura 1: Localizações das estações de coleta do Monitoramento Contínuo
Tabela 01: Coordenadas das estações fixas de amostragem
ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM
LATITUDE
LONGITUDE
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
Farol Diamante (norte estuário)
Porto Velho
Porto Novo
Cocuruto
Bóia 1
Pier petroquímico
Bóia 13
Zona da praticagem
Raiz dos molhes
Ponta dos molhes
31º56’913”
32º01’730”
32º02’482”
32º02’600”
32º03’609”
32º04’491”
32º05’982”
32º08’173”
32º09’472”
52º04’207”
52º05’031”
52º04’447”
52º02’900”
52º04’277”
52º05’106”
52º06’026”
52º06’033”
52º05’459”
32º10’286”
52º05’150”
2.2 – Monitoramento Contínuo em Estações no Gradiente Salino
No ano de 2007 foram efetuados quatro (04) cruzeiros sazonais para amostragens de
água, os quais ocorreram sequencialmente às amostragens nos pontos fixos, visando o
acompanhamento do gradiente salino da água no estuário e adjacências. Foram amostrados
dez pontos com coletas de água de superfície, distribuídos ao longo do gradiente salino (Figura
02). As estações amostrais foram posicionadas nas coordenadas descritas na Tabela 02.
•
Primeiro Gradiente Salino (1º cruzeiro – Janeiro/2007):
Todas as amostragens foram feitas dentro do estuário (exceção da amostra com
salinidade 34,7 que foi na área costeira) e a rede amostral se estendeu até a região do
Canal da Feitoria, no extremo norte do estuário (Figura 02A).
•
Segundo Gradiente Salino (2º cruzeiro – Abril/2007):
Em uma situação exatamente oposta ao gradiente monitorado em Janeiro, as
amostragens de água de baixa salinidade foram feitas dentro do estuário, mas aquelas
de média e alta salinidade foram feitas na área costeira oceânica, adjacente ao deságüe
da lagoa (Figura 02B).
•
Terceiro Gradiente Salino (3º cruzeiro – Julho/2007):
Situação semelhante ao do segundo gradiente salino monitorado, quando apenas uma
amostra de água doce (0,5 de salinidade) foi coletada dentro do estuário, e devido as
chuvas neste mês, as águas mixohalinas e salinas foram coletadas junto a
desembocadura e plataforma adjacente. Entretanto, esse gradiente destacou-se do
segundo (Abril-2007) porque a amplitude da área da plataforma amostrada foi maior do
que aquela amostrada no cruzeiro anterior (Figura 02C).
•
Quarto Gradiente 02A
Salino (4º cruzeiro – Outubro/2007):
Novamente foi registrada a situação do estuário dominado por água doce devido ao
intenso regime de vazante, caracterizado pelos longos períodos de chuva ocorridos
entre os meses de Julho e Outubro. Por isso, todas as amostras foram realizadas na
desembocadura do estuário e plataforma adjacente (Figura 02D).
Janeiro-2007
02B
Abril-2007
02C
Figura 02: Monitoramento dos Gradientes Salinos: sul do estuário e localização das estações de amostragem da água
de superfície no gradiente salino monitorado em Janeiro (02A) e Abril (02B) de 2007.
Estações de amostragem encontram-se representadas em círculos vermelhos.
-
02D
Figura 02 (Continuação): Monitoramento dos Gradientes Salinos: sul do estuário e localização das estações de
amostragem da água de superfície no gradiente salino monitorado em Julho (02C) e Outubro (02D) de 2007. Estações
de amostragem encontram-se representadas em círculos vermelhos.
Tabela 02: Coordenadas das estações de amostragem nos cruzeiros dos Gradientes Salinos
1° Gradiente Salino (Verão – Janeiro/2007)
ESTAÇÕES
SALINIDADES
LATITUDE
LONGITUDE
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
5,2
10,8
13,7
17,0
23,3
25,6
28,9
32,0
32,5
33,4
34,7
34,7
31º41’332”
31º43’050”
31º43’235”
31º43’142”
31º43’130”
31º43’148”
31º43’169”
31º43’496”
31º48’350”
31º46’431”
32º10’499”
31º54’020”
51º55’155”
51º59’350”
52º59’674”
52º01’703”
52º02’543”
52º04’743”
52º06’345”
52º07’370”
52º10’572”
52º10’699”
52º03’411”
52º08’505”
2° Gradiente Salino (Outuno – Abril/2007)
ESTAÇÕES
SALINIDADES
LATITUDE
LONGITUDE
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
1,8
2,0
7,3
11,2
14,9
18,6
22,9
26,7
29,3
32,8
31º52’938”
31º56’072”
31º11’289”
32º11’226”
32º11’345”
32º11’276”
32º11’326”
32º11’226”
32º11’027”
32º10’714”
52º09’129”
52º04’330”
52º04’418”
52º04’305”
52º04’348”
52º04’183”
52º04’305”
52º03’553”
52º00’659”
51º56’718”
3° Gradiente Salino (Inverno – Julho/2007)
ESTAÇÕES
SALINIDADES
LATITUDE
LONGITUDE
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
0,5
3,5
7,1
8,3
13,1
15,5
16,5
18,7
22,2
24,5
31º57’026”
32º11’362”
32º11’402”
32º11’530”
32º11’225”
32º10’013”
32º10’100”
32º10’100”
32º11’726”
32º11’526”
52º04’866”
52º04’467”
52º04’036”
52º03’769”
52º02’525”
51º56’948”
51º54’012”
51º54’012”
51º44’014”
51º44’024”
4° Gradiente Salino (Primavera – Outubro/2007)
ESTAÇÕES
SALINIDADES
LATITUDE
LONGITUDE
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
0,0
3,4
5,8
8,8
11,4
16,9
18,0
19,0
32º10’994”
32º11’563”
32º11’523”
32º11’510”
32º11’608”
32º12’790”
32º10’757”
32º14’322”
52º04’723”
52º04’268”
52º04’568”
52º04’149”
52º03’509”
51º02’147”
52º02’453”
51º57’604”
2.3 – Monitoramento Contínuo em Organismos Bio-Indicadores
Com o objetivo de avaliar a qualidade ambiental na área de monitoramento, foram
selecionadas quatro (04) categorias de organismos bio-indicadores, cujas características
específicas e distintos modos de vida permitissem representar os ambientes mais comuns na
área abrangida pelo monitoramento.
Dentro desta área foram definidas duas (02) estações amostrais, as quais representam
áreas com características de ambiente não modificado e áreas com características de
atividades portuárias, sendo denominadas respectivamente de locais Controle e Porto. As
estações de coleta e suas coordenadas geográficas encontram-se na Tabela 03.
As espécies selecionadas e metodologias de coleta encontram-se descritas abaixo. As
coletas e análises de exemplares destes organismos bio-indicadores foram programadas para
ocorrerem semestralmente.
• Mexilhões (Perna perna): Encontram-se fixados em substratos duros (estruturas de concreto
ou madeira) nas áreas das estações amostrais. Os organismos foram coletados manualmente,
sendo necessários mais de 30 exemplares com tamanhos entre 3–4cm para permitir uma
análise adequada (Furley 1993, Corradi 2002). As análises foram realizadas nos tecidos do
manto (parte mole do corpo).
• Cracas (Balanus improvisus): Também encontram-se fixados em substratos duros
(estruturas de concreto ou madeira) nas áreas das estações amostrais. Os organismos foram
coletados manualmente, sendo necessário centenas de organismos com tamanhos entre 1–
2mm para permitir uma análise adequada. As análises foram realizadas em extratos
compostos pelos tecidos (partes moles) dos organismos coletados (quando possível), ou então
composto pelas conchas dos mesmos.
• Camarões (Farfantepenaeus paulensis): Estes organismos foram capturados com a utilização
de uma rede de arrasto, sendo coletados manualmente 10 exemplares com tamanho
aproximado de 7cm. As análises foram realizadas em extratos compostos pelos tecidos (partes
moles) dos organismos coletados. Foram programadas três (03) séries de coletas, para
representar os períodos de pré-safra, inter-safra e pós-safra.
• Peixes: Foram analizadas as espécies de interesse comercial da região estuarina e típicas de
verão que foram capturadas durante o período de amostragem. Os organismos foram
capturados com a utilização de uma rede de arrasto e/ou linha de pesca. Para permitir uma
análise adequada, foram coletados três (03) exemplares de cada espécie para compor cada
amostra. As análises foram realizadas em extratos compostos pelos tecidos musculares dos
organismos coletados.
Tabela 03: Coordenadas das estações de coleta dos organismos bioindicadores
ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM
Mexilhões – local controle
Mexilhões – porto
Craca
– local controle
Craca
– porto
Peixes
– porto
Camarão – porto
(Farol de Conceição)
(raiz do Molhe Leste)
(Farol Conceição)
(píer - Porto Novo)
(cais do Porto Novo)
(cais do Porto Novo)
LATITUDE
LONGITUDE
31º43’834”
32º09’050”
31º43’834”
32º02’482”
32º02’482”
32º02’482”
51º28’932”
52º04’550”
51º28’932”
52º04’447”
52º04’447”
52º04’447”
3 – RESULTADOS
As concentrações obtidas dos parâmetros físico-químicos, nutrientes e metais pesados,
nos quatro (04) cruzeiros do Monitoramento Contínuo, estão apresentadas nas Tabelas de 04 a
09 e nas Figuras de 03 a 18.
Os resultados referentes aos mesmos parâmetros obtidos na água de superfície ao
longo dos gradientes salinos efetuados nos cruzeiros sazonais, encontram-se nas Tabelas de
10 a 15 e nas Figuras de 19 a 31.
Os resultados referentes aos metais bioacumulados obtidos nas análises dos
organismos bio-indicadores estão exibidos na Tabela 16.
Para interpretação e avaliação dos resultados, as concentrações dos parâmetros físicoquímicos e nutrientes encontrados no Monitoramento Contínuo e no Gradiente Salino foram
comparadas com os limites máximos de concentrações recomendados pela FEPAM, águas
salobras Classe C (1995) e CONAMA, águas salobras Classe 2 (2005), nas quais as águas da
área portuária encontram-se enquadradas. As concentrações de metais pesados foram
comparadas com as mesmas legislações e suas classes citadas para os parâmetros físicoquímicos e nutrientes.
3.1 - Monitoramento Contínuo
3.1.1 - Parâmetros Físico-Químicos e Nutrientes
3.1.1.1 – Monitoramento do 1º Cruzeiro (Janeiro - 2007)
Apesar do regime de vazante em superfície, toda a área estuarina amostrada se
apresentou dominada por água marinha (salinidade >30), sem estratificação, indicando alta
hidrodinâmica, a qual teve como conseqüência as elevações nas concentrações de MS,
principalmente na área próxima à desembocadura do estuário, onde a turbidez também se
elevou. Por outro lado, a diluição causada pela água marinha no estuário manteve baixa a
maioria das concentrações dos nutrientes.
Entretanto, comparando os resultados com os valores recomendados pela bibliografia
referente a estuários naturais, alguns parâmetros se destacaram por não estarem conforme o
recomendado:
• Leves elevações do pH da água, principalmente em superfície, o que é típico de
águas marinhas que estavam presentes no ambiente;
• Decréscimos no oxigênio. Isso é esperado porque, no verão, a elevação da
temperatura desfavorece a manutenção do oxigênio dissolvido na água. Essa
justificativa foi corroborada pelo fato de que, nos valores da saturação desse
gás, como a temperatura da amostra é compensada nos cálculos, esse
decréscimo não se evidencia.
• Importantes acréscimos nas concentrações de amônio em superfície das
estações 5, 6 e 7 e em menor escala nas estações 1, 2, 3 e 10 no meio e no
fundo da coluna d’água.
No caso das estações 5, 6 e 7, elas se situam nas proximidades do Saco da Mangueira.
É possível que essa contaminação por amônio venha a partir da água que estava vazando
dessa enseada na direção do deságüe do estuário no oceano. Esta enseada recebe muitos
efluentes clandestinos ricos em compostos amoniacais, de origem doméstica e industrial
Por outro lado, os acréscimos de amônio nas estações 1, 2 e 3 estão relacionados com
a liberação da água intersticial da coluna sedimentar perturbada pela movimentação da coluna
d’água. Essa água intersticial está enriquecida com amônio devido ao depósito localizado de
matéria orgânica em decomposição, o que libera e acumula amônio até essa água ser liberada
para a coluna d’água. Portanto, a coluna sedimentar, quando acumula matéria orgânica é uma
importante fonte adicional de amônio para a coluna d’água. Há atividades portuárias de cargas
e descargas de grãos e farelos vegetais, os quais em casos de perdas para o ambiente, se
acumulam na coluna sedimentar onde se decompõem, o que pode contribuir para os
acréscimos de amônio.
As concentrações de silicato foram muito baixas, o que é normal para ambientes
dominados por águas salinas, que são pobres nesse nutriente.
Todos os valores se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para
o estuário, embora o nitrogênio amoniacal e o fosfato tenham se apresentado com
concentrações maiores que as citadas como normais para estuários não contaminados por
matéria orgânica (Tabela 04).
3.1.1.2 – Monitoramento do 2º Cruzeiro (Abril - 2007)
Neste cruzeiro, através de um padrão diferenciado do monitoramento de janeiro, agora
o estuário apresentou uma forte estratificação salina, inclusive na estação 1, bem ao norte do
estuário. A hidrodinâmica estava fraca, o que fez com que os valores de MS, de turbidez, de
fosfato e fósforo total, nitrito, nitrato e silicato e clorofila-a se apresentassem baixos.
Para as concentrações de amônio, nessa amostragem não se manifestaram os picos
observados anteriormente nas estações próximas ao Saco da Mangueira, devido ao
enfraquecimento da contribuição do deságüe dessa enseada. Entretanto, as concentrações de
amônio da coluna d’água se mantiveram predominantemente maiores que a citada como
referência para estuários não contaminados, da mesma forma como evidenciado no
monitoramento de Janeiro.
Isso enfatiza que há fontes importantes de matéria orgânica para a área estuarina,
possivelmente efluentes domésticos e industriais não tratados, cuja degradação libera
nitrogênio amoniacal para a coluna d’água e gera eutrofização. Mais uma vez se destacam as
águas junto ao Porto Velho e ao Porto Novo (estações 2 e 3) com elevações nas concentrações
junto ao fundo, indicando que as atividades portuárias do Terminal Pesqueiro e de carga e
descarga de grãos vegetais liberam detritos de matéria orgânica para as águas, que se
depositam junto ao fundo e, quando se degradam favorecem a eutrofização da coluna d’água.
À exemplo do monitoramento de Janeiro, apesar dos acréscimos de amônio, todos os
valores se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário,
embora essas águas tenham se apresentado sub-saturadas, conseqüência da menor aeração
provocada pelo diminuição da hidrodinâmica e pela estratificação salina (Tabela 05).
3.1.1.3 – Monitoramento do 3º Cruzeiro (Julho - 2007)
O estuário se apresentou dominado por águas mixohalinas em toda a coluna d’água,
diferenciando das situações anteriormente monitoradas. Inclusive, mais ao norte do estuário o
regime era de vazante da lagoa. No centro da lagoa o regime era de enchente e nas
proximidades do Superporto, o regime era de estofa, com ventos predominantes do quadrante
sul. Ou seja, uma intensa heterogeneidade da hidrodinâmica.
Essa situação ambiental resultou aumentos em geral nas concentrações da DBO 5,
principalmente em superfície, mas não de forma muito significativa, sendo que apenas em três
ocasiões houve desconformidade com a legislação ambiental.
A fonte seria matéria orgânica (possivelmente biológica) oriunda do norte da lagoa,
vindos com a água que estava vazando e ficando acumulada no estuário por encontrar aqui
um regime de enchente seguido de estofa. Corroborando com a hipótese dessa fonte, destacase a estação 1, onde a DBO apresentou o maior resultado. Em termos da concentrações dos
parâmetros analisados, os resultados variaram em torno da normalidade, sem contaminações
importantes a serem destacadas (Tabela 06).
3.1.1.4 – Monitoramento do 4º Cruzeiro (Outubro - 2007)
Neste cruzeiro ocorreu uma situação ambiental bastante diversificada das anteriores,
monitoradas em 2007. O estuário estava todo dominado por águas continentais (sal em torno
de zero), conseqüência de que o regime foi de intensa vazante da Lagoa, o que foi favorecido
pelo vento do quadrante leste.
Como conseqüência houveram alterações significativas na qualidade da água. Destaque
total para a elevadíssima turbidez e concentração de MS, principalmente junto ao fundo
(Tabela 07).
Isso mostrou que a correnteza ressuspendeu os sedimentos de fundo, além de carrear
para o estuário partículas oriundos do norte da lagoa. Apesar disso, não se evidenciaram
alterações significativas nos níveis de oxigênio, sal saturação e nem na DBO. Essa situação
mostra que a matéria carreada para o estuário, devido a forte vazante estava migrando para a
zona costeira, numa situação antagônica à constatada na amostragem anterior (Julho-2007)
com relação aos resultados da DBO.
Entretanto, a abundância dos sedimentos em suspensão e da ressuspensão dos
mesmos resultou em acréscimos muito importantes nas concentrações de fósforo total no meio
e no fundo da coluna d’água e fosfato na superfície. Além disso, ocorreram picos importantes
nas concentrações de nitrito em algumas estações e acréscimos de amônio nas estações do
fundo.
As elevadíssimas concentrações de nitrato generalizadas na região resultaram em
elevações na razão N/P (indicando excesso de nitrogênio na época) e evidenciaram que estava
ocorrendo a nitrificação (oxidação) do amônio aportado para o estuário, seja da água
intersticial liberada durante a ressuspensão, seja a partir dos efluentes lançados na região.
Isso foi favorecido pela boa oxigenação da água, e é um processo favorável para o ambiente,
pois o nitrato é menos tóxico e menos eutrofizante que o amônio.
Outro destaque surpreendente foram as excessivas concentrações de silicatos em todo
o estuário, acompanhando as elevações do nitrato. Esse composto não é tóxico e nem
eutrofizante, não é poluente. Indica a influência do aporte continental de íons para o estuário.
Portanto, com a hidrodinâmica ocorrente, estava havendo muita dissolução dos sedimentos
silicosos abundantes na região e uma intensa exportação de nitrato e silicato para a área
costeira ocênica, contribuindo para a fertilização da mesma, já que o fósforo também estava
sendo exportado, embora em menor intensidade. As elevações nas concentrações de fosfato
nas estações junto a desembocadura do estuário corroboram com o última idéia apresentada.
A situação ambiental desse monitoramento mostrou que em regime de intensa vazante
com a coluna d’água homogênea, há exportação dos compostos químicos aportados para o
estuário, que então se diluem ao atingir o oceano.
Tabela 04: Monitoramento Contínuo – 1° Cruzeiro (Janeiro-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e
nutrientes nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação
ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul).
Parâmetro
Unidade
Profundidade
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Hora
Latitude
Longitude
Superfície
Temp. água
Temp. ar
ºC
ºC
Direção Vento
Regime Hid.
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Profund.
m
Meio
Fundo
Superfície
Condutividade
mS/cm
Meio
Fundo
Superfície
Sal.
Meio
Fundo
Superfície
pH
Meio
Fundo
Superfície
Oxig.
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
Sat. Oxig.
%
Meio
Fundo
Superfície
DBO
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
MS
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
Turbidez
NTU
Transpar.
cm
Clorofila a
µg/L
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Nit. Amoniacal
µM
Meio
Fundo
Superfície
Fosfato
µM
Meio
Fundo
Superfície
Fósforo Total
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
N/P
Meio
Fundo
Superfície
Nitrito
µM
Meio
Fundo
Superfície
Nitrato
µM
Meio
Fundo
Superfície
Silicato
µM
Meio
Fundo
est.1
est. 2
est. 3
est. 4
est. 5
est. 6
est. 7
est. 8
est. 9
14:22
15:39
15:16
0:00
0:00
11:36
11:09
10:41
10:33
est. 10 Referências
10:04
-
31 56,913 32 01,730 32 02,482 32 02,600 32 03,609 32 04,491 32 05,982 32 08,173 32 09,472 32 10 286
-
52 04,207 52 05,031 52 04,447 52 02,900 52 04,277 52 05,106 52 06,026 52 06,033 52 05,459 52 05,150
-
25,0
25,0
25,0
26,0
26,0
26,0
26,0
26,0
26,0
25,0
25,0
25,0
26,0
26,0
26,0
26,0
26,0
26,0
26,0
26,0
26,0
25,0
25,0
25,0
25,0
24,0
24,0
24,0
24,0
24,0
-
27,0
27,0
27,0
27,0
26,0
25,0
25,0
24,0
21,0
21,0
-
leste
leste
leste
leste
leste
leste
vaz
0
5
9
52,1
52,1
52,6
34,5
34,4
34,5
8,2
8,1
8,3
6,0
6,1
6,6
87,7
90,1
97,1
0,00
0,16
0,18
42,2
55,2
54,0
7,1
5,3
6,9
vaz
0
4
6
52,3
52,5
49,6
34,5
34,5
34,8
8,0
8,1
8,1
6,1
5,8
6,4
90,7
86,8
95,9
0,11
0,20
0,25
52,6
50,0
49,6
6,1
6,5
10,5
vaz
0
5
10
51,8
50,5
51,1
32,4
33,9
33,2
8,2
8,1
8,1
7,1
7,7
7,2
104,7
114,1
106,6
4,49
4,66
5,14
59,0
49,4
55,0
5,9
5,4
5,5
vaz
0
4
10
51,8
51,8
52,1
33,4
34,0
34,3
8,1
8,1
8,1
6,5
6,3
6,6
95,7
93,4
96,7
2,92
3,96
3,88
54,4
56,4
51,0
6,1
6,4
7,6
vaz
0
5
10
47
52,3
52,5
30,6
34,4
34,5
8,1
8,1
8,1
6,6
6,7
6,1
96,5
97,2
87,9
4,62
4,05
3,62
48,8
69,8
52,2
5,6
8,6
10,2
vaz
0
8,5
11
52,4
52,7
52,6
34,4
34,7
34,7
8,1
8,1
8,1
6,5
52,0
70,8
61,4
8,2
14,1
11,8
51,2
56,0
90,8
9,8
15,0
15,1
88,4
104,8
127,4
13,2
26,5
32,0
101,0
156,8
150,2
24,8
66,0
67,0
84,8
119,8
66,2
24,1
29,8
28,4
122
90
90
110
100
70
70
50
70
50
-
0,68
0,42
1,88
3,20
8,28
11,94
0,61
0,57
0,64
0,037
0,024
0,018
7,2
23,6
31,6
0,36
0,31
0,32
0,85
4,92
8,03
9,3
10,9
9,3
0,94
0,00
0,00
3,30
6,80
9,26
1,22
0,86
0,79
0,021
0,021
0,023
4,6
17,1
18,3
0,36
0,35
0,29
1,99
7,65
4,84
11,8
11,0
11,4
0,00
0,00
0,00
3,41
6,42
7,79
1,13
0,88
1,06
0,027
0,023
0,027
5,1
15,4
9,5
0,29
0,40
0,31
2,11
6,74
2,00
15,3
11,4
14,6
0,00
0,68
0,00
6,42
4,40
0,00
0,92
0,90
0,88
0,024
0,009
0,027
9,9
11,8
2,2
0,35
0,31
0,34
2,40
5,97
1,59
15,3
13,8
11,1
1,88
1,71
0,00
19,04
0,00
7,84
1,46
0,91
0,92
0,016
0,008
0,023
15,0
11,0
10,7
0,31
0,33
0,37
2,59
9,74
1,67
21,9
9,9
9,4
1,20
0,00
0,26
17,13
0,00
7,02
0,83
0,82
0,79
0,009
0,032
0,027
25,5
5,2
11,4
0,42
0,37
0,33
3,52
3,89
1,64
11,7
9,4
11,2
nd
nd
0,00
22,54
4,56
0,00
0,83
0,73
0,83
0,012
0,010
0,021
30,2
25,4
2,7
0,37
0,35
0,34
2,30
13,58
1,86
9,4
9,7
10,4
nd
0,00
0,00
5,16
5,11
4,56
0,83
0,98
0,96
0,015
0,030
0,032
16,4
18,0
7,8
0,32
0,34
0,37
8,05
12,24
2,52
11,0
10,1
9,8
nd
0,00
0,00
5,27
4,62
9,75
0,94
0,90
0,93
0,033
0,070
0,054
22,6
14,2
14,2
0,36
0,40
0,34
15,60
7,84
3,16
10,6
10,4
9,7
0,17
0,13
0,08
0,00
6,36
21,34
0,95
0,83
1,00
0,042
0,038
0,042
17,6
20,8
26,5
0,54
0,39
0,36
16,16
10,65
4,79
10,1
9,3
10,1
<30 **
água doce
Classe 2
< 5 ****
<50 **
(ou 0,7mg/L)
* FEPAM, Classe C água salobra (1995)
*** Aminot & Chaussepied (1983)
sudeste sudeste sudeste sudeste
vaz
0
8,5
17
52,4
52,4
52,2
34,5
34,6
34,6
8,1
8,1
8,1
vaz
0
8,5
17
52,3
52,9
52,7
34,7
34,7
34,5
8,1
8,1
8,1
vaz
0
7
14
53
52,3
52,7
34,8
34,7
34,8
8,1
8,1
8,1
vaz
0
6,5
15
52,9
52,7
52,8
34,8
34,2
34,9.
8,0
8,1
8,1
-
-
-
-
6,5 a 8,5 *
> 5 *, >4**
93,5
100 **
4,23
< 5*
** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005)
**** = Day et al. (1986)
-
-
< 1 ***
<0,186 **
10 a 16****
< 1 ***
<14**
(ou 0,2mg/L)
<10 a 15***
<50 **
(ou 0,7mg/L)
< 150 ***
Tabela 05: Monitoramento Contínuo – 2° Cruzeiro (Abril-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e
nutrientes nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação
ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul).
abr/07
Parâmetros
Unidade Profundidades
Estações de amostragem
est.1
est. 2
est. 3
Superfície
Hora
14:59
Meio
Fundo
16:06
15:49
est. 4
est. 5
est. 6
est. 7
est. 8
est. 9
est. 10
Referências
14:06
14:00
13:47
11:52
11:25
11:00
10:22
-
Latitude
31 56,913 32 01,730 32 02,482 32 02,600 32 03,609 32 04,491 32 05,982 32 08,173 32 09,472 32 10 286
-
Longitude
52 04,207 52 05,031 52 04,447 52 02,900 52 04,277 52 05,106 52 06,026 52 06,033 52 05,459 52 05,150
-
23,1
22,8
22,9
24,2
23,5
23,2
24,0
23,1
23,1
23,4
23,0
23,0
23,4
23,0
23,1
23,0
23,0
23,1
23,1
23,2
23,1
22,7
23,2
22,8
22,8
23,1
23,1
22,9
23,2
23,7
26,0
SE
26,0
SE
26,0
SE
25,0
SE
25,0
SE
25,0
SE
25,0
SUL
25,0
SUL
25,0
SUL
25,0
SUL
ENC
VAZ
VAZ
ENC
ENC
ENC
VAZ
VAZ
ENC
ENC
Superfície
Temp. água
ºC
Meio
Fundo
Temp. ar
ºC
Direção Vento
Superfície
Regime Hid.
-
Meio
Fundo
0
5
13
52,1
52,1
52,6
4,8
22,6
29,9
7,7
8,3
8,1
8,1
7,9
8,0
94,0
87,0
91,0
1,80
1,10
0,20
15,8
19,4
36,8
4,5
2,9
8,5
0
4
6
52,3
52,5
49,6
7,7
12,4
18,2
7,9
8,1
8,2
7,8
7,5
7,8
93,0
87,0
88,0
0,32
0,16
0,20
19,6
14,6
14,6
6,0
5,4
4,7
0
5
9
51,8
50,5
51,1
6,8
25,7
30,8
8,0
8,3
8,3
8,2
8,0
7,2
93,0
92,0
85,0
0,22
0,22
0,22
15,4
26,2
23,4
5,3
5,9
4,8
0
4
9
51,8
51,8
52,1
6,6
24,7
30,7
7,7
8,4
8,2
8,6
7,7
7,9
98,0
90,0
86,0
0,22
0,22
0,27
20,0
18,0
39,2
3,7
3,2
11,1
0
5
10
47
52,3
52,5
5,5
15,2
29,2
7,5
8,2
8,1
7,1
7,1
6,9
86,0
84,0
82,0
0,13
0,14
0,16
12,2
19,6
28,8
4,2
3,1
6,7
0
8,5
11
52,4
52,7
52,6
6,2
28,6
31,8
7,7
8,3
8,2
7,8
7,3
6,9
85,0
80,0
83,0
0,00
0,00
0,15
11,4
19,0
20,0
4,1
3,8
6,5
0
8,5
17
52,4
52,4
52,2
6,6
31,2
32,1
6,4
8,2
8,1
8,0
7,0
6,6
91,0
83,0
78,0
0,24
0,00
0,00
33,0
9,2
26,0
3,8
6,7
3,9
0
8,5
17
52,3
52,9
52,7
7,0
31,0
31,8
6,7
8,1
8,1
7,9
7,1
7,9
92,0
88,0
85,0
0,00
0,00
0,00
20,0
24,8
35,8
3,2
8,4
5,8
0
7
10
53
52,3
52,7
6,1
30,9
31,9
7,0
8,2
7,9
7,7
7,6
7,6
88,0
89,0
89,0
0,00
0,00
0,00
16,4
27,4
47,0
4,6
8,9
11,7
0
6,5
13
52,9
52,7
52,8
18,4
32,1
31,7
8,4
8,2
8,3
4,7
6,9
8,2
55,0
81,0
97,0
0,05
0,03
0,00
20,6
41,2
56,6
4,6
13,0
17,3
> 5 mg/L* ; >4mg/L**
130
110
140
100
100
130
130
130
130
120
-
1,34
0,00
0,00
5,56
3,15
5,38
0,46
0,53
0,66
0,045
0,028
0,021
17,9
9,4
11,2
0,22
0,22
0,26
2,54
1,61
1,69
79,3
39,9
24,4
0,22
0,00
0,00
8,50
6,27
10,99
0,63
1,19
0,85
0,024
0,024
0,027
21,8
9,6
17,5
0,29
0,32
0,28
4,89
4,83
3,51
97,9
95,7
87,7
0,00
0,00
0,00
6,54
5,56
7,87
0,51
0,71
0,63
0,032
0,027
0,032
21,7
12,1
15,9
0,26
0,29
0,31
4,31
2,76
1,81
74,4
35,7
20,1
0,00
0,00
0,00
5,20
6,09
0,00
0,46
0,70
0,61
0,029
0,009
0,032
18,9
11,5
2,0
0,24
0,19
0,23
3,35
1,81
0,99
66,1
35,1
17,8
2,23
1,78
1,78
6,89
0,00
5,82
0,53
0,69
0,66
0,018
0,008
0,027
21,6
4,3
11,5
0,32
0,26
0,27
4,25
2,75
1,52
68,0
48,1
23,0
1,56
1,11
1,56
5,29
0,00
6,54
0,41
0,49
0,51
0,009
0,038
0,032
25,8
4,4
17,0
0,24
0,26
0,20
4,97
1,92
1,98
68,1
23,6
18,0
nd
nd
0,00
5,29
6,00
0,00
0,39
0,54
0,61
0,013
0,011
0,024
26,4
14,7
2,8
0,24
0,20
0,24
4,72
1,76
1,48
72,4
19,2
13,7
nd
5,56
0,67
5,38
4,58
5,91
0,42
0,49
0,50
0,017
0,035
0,039
23,0
16,6
15,2
0,22
0,22
0,22
4,00
3,40
1,49
73,1
20,0
17,8
nd
3,93
6,68
7,34
5,64
6,00
0,46
0,48
0,51
0,039
0,086
0,066
25,4
16,5
15,8
0,30
0,23
0,22
4,16
2,10
1,88
75,4
14,7
13,9
1,34
2,00
0,67
0,00
15,62
0,04
0,46
0,59
0,46
0,051
0,046
0,051
11,9
33,9
5,0
0,15
0,24
0,15
5,39
4,12
2,15
48,9
11,3
10,0
<30ug/L **
água doce
Classe 2
< 5 uM****
<50uM **
(ou 0,7mg/L)
Superfície
Profund.
m
Meio
Fundo
Superfície
Condutividade
mS/cm
Meio
Fundo
Superfície
Sal.
Meio
Fundo
Superfície
pH
Meio
Fundo
Superfície
Oxigênio
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
Sat. Oxig.
%
Meio
Fundo
Superfície
DBO5
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
Mat. Susp.
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
Turbidez
NTU
Transpar.
cm
Clorofila a
µg/L
Nit. amoniacal
µM
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Fosfato
µM
Meio
Fundo
Superfície
Fósforo Total
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
N/P
Meio
Fundo
Superfície
Nitrito
µM
Meio
Fundo
Superfície
Nitrato
µM
Meio
Fundo
Superfície
Silicato
µM
Meio
Fundo
Tabela
06:
-
-
-
6,5 a 8,5 *
100% **
< 5mg/L*
-
-
< 1uM ***
<0,186mg/L **
10 a 16****
< 1uM ***
<14uM**
(ou 0,2mg/L)
<10uM a 15uM***
<50 **
(ou 0,7mg/L)
< 150 ***
Monitoramento
Contínuo
–
3°
Cruzeiro
(Julho-2007).
Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes nas 10 estações de amostragem na área portuária e
comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não
contaminados (cor azul).
* FEPAM, Classe C água salobra (1995)
*** Aminot & Chaussepied (1983)
** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005)
**** = Day et al. (1986)
1/7/07
Estações de amostragem
est. 2
est. 3
est. 4
Profundidades
est. 1
est. 5
est. 6
est. 7
est. 8
est. 9
est. 10
Referências
Superfície
Meio
Fundo
15:09
16:12
15:45
14:14
13:48
11:45
11:29
11:02
10:39
10:15
-
Latitude
31 56,913
32 01,730
32 02,482
32 02,600
32 03,609
32 04,491
32 05,982
32 08,173
32 09,472
32 10 286
-
Longitude
52 04,207
52 05,031
52 04,447
52 02,900
52 04,277
52 05,106
52 06,026
52 06,033
52 05,459
52 05,150
-
11,2
12,2
12,1
11,9
11,6
12,2
11,3
11,7
11,9
11,3
11,3
11,9
11,5
11,4
11,5
11,5
11,5
11,5
11,4
11,3
11,4
10,6
11,0
11,1
10,8
10,8
10,8
10,9
10,6
10,8
-
Parâmetros
Unidade
Hora
Temp. água
ºC
Temp. ar
ºC
Superfície
Meio
Fundo
10
11
11
9
9
8
9
9
9
7
SW
VAZ
VAZ
VAZ
0
5
10
13,5
24,5
28,4
7,6
14,6
17,1
7,2
8,2
7,9
9,1
8,3
8,7
88,8
84,1
89,2
6,23
1,59
2,49
38,0
29,2
51,6
7,1
4,7
7,5
100
SW
ENC
ENC
ENC
0
4
8
19,8
32,5
33,1
11,5
19,8
20,2
8,1
8,1
7,4
8,9
8,4
8,5
89,0
88,3
89,4
3,63
2,27
2,38
55,6
57,2
78,0
5,1
12,2
13,1
100
SW
VAZ
VAZ
VAZ
0
5
10
21,9
29,9
33,6
12,9
18,1
20,6
7,5
8,2
7,9
9,0
8,8
9,5
88,0
91,4
99,9
4,53
2,27
3,29
28,4
36,4
93,6
4,8
5,4
18,4
200
SW
ENC
ENC
ENC
0
4
8
21,7
21,7
33,2
12,8
12,8
20,3
7,9
8,0
8,1
9,5
8,8
8,9
92,9
86,1
93,6
3,51
2,72
2,83
32,4
42,8
47,2
4,6
3,4
6,8
100
SW
ENC
ENC
ENC
0
5
10
26,3
26,4
33,7
15,7
16,1
20,6
7,0
8,1
8,0
9,0
8,6
9,0
90,3
86,3
92,6
3,06
4,19
3,06
51,2
31,6
48,8
5,1
4,2
6,7
100
SW
estofa
estofa
estofa
0
8,5
17
30,9
33,5
34,2
18,8
20,5
21,0
6,5
8,3
8,2
8,9
9,3
9,0
90,5
95,6
92,6
3,40
5,10
4,08
56,4
40,4
57,2
4,7
6,9
10,4
100
W
estofa
estofa
estofa
0
8,5
17
31,7
33,0
34,2
19,3
20,2
21,0
7,0
8,3
8,1
9,0
9,2
8,3
92,6
94,6
85,4
4,19
4,99
3,74
47,2
46,0
74,4
5,8
8,1
12,9
80
W
estofa
estofa
estofa
0
8,5
17
31,7
33,6
33,7
19,3
20,5
20,6
7,8
8,4
8,0
8,6
8,5
9,5
88,4
87,4
97,7
4,19
4,08
2,49
60,4
58,4
74,0
7,8
15,1
21,9
60
W
estofa
estofa
estofa
0
7
14
33,1
33,5
33,9
20,2
20,4
20,7
7,8
8,3
8,2
8,9
9,0
8,9
91,5
92,6
91,5
6,00
4,87
4,65
75,2
68,0
144,4
16,6
18,3
47,8
50
W
estofa
estofa
estofa
0
6,5
12
33,7
33,7
33,9
20,5
20,6
20,6
7,7
8,2
8,0
9,2
9,1
9,0
94,6
93,6
92,6
5,33
4,76
0,00
66,4
80,0
62,6
15,8
21,5
35,5
50
Superfície
Meio
Fundo
1,78
0,00
0,00
0,51
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
1,40
0,00
0,89
0,64
1,02
0,00
0,25
1,27
nd
nd
0,00
nd
0,00
0,25
nd
2,24
0,00
0,13
-0,13
0,38
Superfície
6,71
9,17
6,24
7,47
6,65
4,49
5,42
6,36
4,66
0,00
Meio
5,60
4,90
10,11
7,71
0,00
0,00
4,19
4,31
4,43
10,58
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
5,42
1,19
1,82
1,72
0,032
0,039
0,039
9,9
6,3
6,7
0,26
0,27
0,28
3,37
2,21
1,67
1,55
0,054
0,041
0,044
8,0
8,0
6,9
0,30
0,25
0,31
5,13
2,33
3,00
1,77
0,074
0,056
0,048
6,1
6,2
7,0
0,26
0,38
0,25
0,00
2,57
2,53
1,75
0,055
0,048
0,038
6,1
6,2
3,9
0,27
0,32
0,10
5,37
2,03
2,73
1,51
0,051
0,063
0,029
7,1
2,8
8,4
0,26
0,27
0,28
4,02
1,68
1,43
1,58
0,029
0,031
0,029
7,1
4,7
6,9
0,11
0,09
0,27
0,00
1,83
1,27
1,48
0,041
0,032
0,015
7,0
8,3
4,5
0,26
0,24
0,24
4,31
1,39
1,14
1,39
0,034
0,021
0,038
9,0
7,7
6,8
0,28
0,21
0,20
3,61
1,47
1,37
1,15
0,031
0,047
0,041
7,5
7,4
8,1
0,22
0,21
0,22
5,60
1,28
1,34
1,39
0,038
0,041
0,040
4,8
12,6
8,3
0,24
0,10
0,21
Superfície
4,78
8,10
7,84
7,80
7,59
7,30
7,04
5,91
6,22
5,84
Meio
5,63
8,15
8,02
7,52
7,26
6,59
6,15
4,24
5,47
6,20
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
5,79
131,8
124,5
118,1
6,94
127,1
121,4
107,0
6,93
106,4
113,1
100,6
6,68
126,6
130,4
102,0
6,97
133,7
94,7
100,3
6,64
106,6
110,6
102,6
6,39
126,0
119,5
138,0
4,93
114,1
106,2
120,8
5,54
109,1
103,7
115,6
5,81
113,3
103,1
110,8
Direção Vento
Regime Hid.
Profund.
Condutividade
Salinidade
pH
Oxigênio
Sat. Oxig.
DBO5
Mat. Susp.
Turbidez
Transpar.
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
m
Meio
Fundo
Superfície
mS/cm
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
%
Meio
Fundo
Superfície
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
NTU
Meio
Fundo
Superfície
cm
Clorofila a
µg/L
Nit. Amoniacal
µM
Fosfato
µM
Fósforo Total
mg/L
razão N/P
Nitrito
µM
Nitrato
µM
Silicato
µM
* FEPAM, Classe C água salobra (1995)
*** Aminot & Chaussepied (1983)
** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005)
**** = Day et al. (1986)
6,5 a 8,5 *
> 5 mg/L*, >4mg/L**
100% **
< 5mg/L*
<30ug/L **
água doce
Classe 2
< 5 uM****
<50uM **
(ou 0,7mg/L)
< 1uM ***
<0,186mg/L **
10 a 16****
< 1uM ***
<14uM**
(ou 0,2mg/L)
<10 a 15uM***
<50uM **
(ou 0,7mg/L)
< 150uM ***
Tabela 07: Monitoramento Contínuo –
4° Cruzeiro (Outubro-2007). Concentrações dos
parâmetros físico-químicos e nutrientes nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites
recomendados pela legislação ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul).
Parâmetros
Hora
Outubro de 2007
Profundidades
Unidade
Superfície
Meio
Fundo
Latitude
Est. 1
Est. 2
Estações de amostragem
Est. 3
Est. 4
Est. 5
Est. 6
Est. 7
Est. 8
Est. 9
Est. 10
15:21
16:22
15:03
13:52
13:35
11:39
11:20
10:45
ºC
22
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Profund.
m
Meio
Fundo
Superfície
Condutividade mS/cm
Meio
Fundo
Superfície
Sal.
Meio
Fundo
Superfície
pH
Meio
Fundo
Superfície
Oxigênio
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
Sat. Oxig.
%
Meio
Fundo
Superfície
DBO5
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
Mat. Susp.
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
Turbidez
NTU
Meio
Fundo
2
3
4
5
6 Superfície
7
Transpar.
cm
Meio
Estações
de amostragem
Fundo
SuperfícieSuperfície
Meio
Clorofila a
µg/L
Fundo
Superfície
Meio
Nit. Amoniacal
µM
Fundo
Superfície
Meio
Fosfato
µM
Fundo
Superfície
Fósforo Total
mg/L
Meio
Fundo
Superfície
N/P
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Nitrito
µM
Fundo
Superfície
Nitrato
µM
Meio
Fundo
Superfície
Silicato
µM
Meio
Fundo
ºC
Temperatura
8
SALINIDADE
20
22
21
21
21
Turbidez
3
4
5
6
7
8
desalobra
amostragem
* FEPAM,Estações
Classe C água
(1995)
*** Aminot & Chaussepied
(1983)
Superfície
21
19
19
leste
leste
leste
VAZ
VAZ
VAZ
VAZ
VAZ
VAZ
VAZ
VAZ
VAZ
VAZ
0
7
14
0,42
0,41
0,41
0,0
0,0
0,0
7,6
7,8
7,6
8,3
8,6
8,6
96,6
88,2
90,6
3,5
3,2
2,7
165,3
259,0
149,3
117,0
114,0
114,0
0
3
6
0,48
0,48
0,47
0,0
0,0
0,0
7,6
7,7
7,9
8,1
7,6
7,8
89,0
82,7
84,3
2,9
1,5
1,8
191,3
185,3
543,3
85,7
85,6
88,6
0
5
11
0,50
30
0,50
0,52
27
0,0
0,0
24
0,0
7,4
21
7,9
7,5
8,0
18
8,1
7,7
15
88,6
84,8
12
87,3
2,4
1,9 9
1,7
174,06
238,0
134,73
86,3
86,60
90,3
0
6
12
0,46
0,45
0,43
0,0
0,0
0,0
7,5
7,8
7,7
7,9
7,9
7,7
85,3
79,8
84,9
3,7
2,0
1,5
92,0
208,0
163,3
95,0
98,2
112,0
0
4
9
0,70
0,79
0,82
0,1
0,1
0,2
7,8
7,9
7,2
7,7
7,2
8,3
84,0
82,9
79,0
2,6
1,3
2,4
123,3
162,7
182,0
80,1
73,0
71,7
0
6
12
0,48
0,47
0,47
0,0
0,0
0,0
7,7
7,8
7,9
8,1
7,5
7,5
80,5
79,2
81,8
2,7
1,5
1,2
232,7
256,7
161,3
98,9
100,0
105,0
0
7
15
0,52
0,52
0,52
0,0
0,0
0,0
7,6
7,0
7,8
7,7
7,7
7,6
83,5
76,1
81,0
2,4
1,4
1,5
217,3
176,7
264,0
102,0
105,0
107,0
0
8
16
0,65
0,65
0,65
0,1
0,1
0,1
7,7
7,9
7,8
7,4
9,5
7,0
80,2
81,0
79,0
2,0
3,8
1,1
169,3
206,0
148,0
85,2
94,0
95,8
0
4
8
0,51
0,49
0,49
0,0
0,0
0,0
7,9
7,9
7,7
7,6
8,0
7,6
81,3
87,0
82,0
3,4
2,0
2,6
197,3
275,3
236,7
108,0
109,0
113,0
0
7
15
0,66
0,63
13,13
0,1
0,0
7,6
8,3
8,2
8,2
7,2
8,0
7,4
77,3
85,7
78,6
2,5
2,0
0,0
374,0
244,0
269,3
102,0
102,0
87,6
nd
27,5
0,0
7,99
4,60
11,50
5,67
4,37
1,90
0,06
0,09
0,07
7,7
9,6
26,5
1,59
0,73
0,54
34,3
36,7
38,3
323
388
401
4,2
5,1
1,3
9,53
17,18
6,24
1,60
3,75
3,08
0,07
0,08
0,07
33,4
15,2
12,6
0,31
0,39
0,55
43,7
39,4
32,0
366
319
184
9
10
5,3
0,7
0,0
6,98
8,31
19,36
1,66
1,72
1,51
0,06
0,07
0,07
37,8
28,0
38,7
0,29
0,38
0,37
55,4
39,4
38,6
337
373
338
9
10
10
10
2,4
0,0
0,7
5,44
7,67
4,60
1,73
1,45
1,72
0,10
0,08
0,08
25,5
29,8
22,0
0,42
0,30
0,33
38,3
35,3
33,0
387
309
333
60
40
22
1
Controle
10
2
10
5,8
5,6
1,6
1,1
0,0
0,0
6,88
4,38
33 6,08
11,66
5,92
30 11,76
3,37
1,48
1,74
27 1,44
2,44
1,53
0,14
24 0,10
0,10
21 0,09
0,09
0,07
11,7
18 29,1
27,4
28,6
15 30,2
16,1
1,12
12 0,20
0,36
0,24
0,809
0,28
31,4
38,4
6
35,7
35,0
32,7
3120 34,1
335
278
3020
315
380
303
100
10
1,8
0,2
21,1
6,88
8,37
6,45
1,45
1,49
3,29
0,09
0,12
0,05
30,9
27,1
11,5
0,34
0,27
0,85
37,7
31,6
30,5
341
305
270
1
3
2
3
Temperatura
4
5
6
7
8
Estações
10
10 de amostragem
10
10
Meio
0,0
24,9
5,6
10,06
5,98
7,94
1,70
1,51
1,73
0,05
0,06
0,05
28,3
32,6
26,8
0,37
0,22
0,29
37,6
42,9
38,1
317
385
295
nd
nd
nd
4,2
SALINIDADE
9,1
2,7
8,31
10,75
4,97
5,76
7,57
8,31
1,78
1,44
1,92
3,72
4,63
2,96
0,08
0,06
0,06
0,04
0,03
0,07
29,3
33,0
20,7
10,7
9,4
13,8
0,47
0,25
0,39
1,00
1,15
0,98
43,4
36,7
34,3
33,2
34,9
31,6
358
315
359
317
377
359
Turbidez
4
5
6
7
8
Controle
** = CONAMA n° 357, Classe 2 água Estações
salobra (2005)
de amostragem
**** = Day et al. (1986)
Meio
NTU
NTU
80
22
nordeste nordeste nordeste nordeste nordeste nordeste nordeste
30
27
24
6,5 a 8,5 * 21
18
> 5mg/L *, >4mg/L**
15
100% ** 12
9
< 5mg/L*
6
3
0
Te
ºC
Temp. ar
52 04,207 52 05,031 52 04,447 52 02,900 52 04,277 52 05,106 52 06,026 52 06,033 52 05,459 52 05,150
19,5
19,9
19,6
19,8
19,8
20,0
19,8
19,3
19,0
19,3
19,3
19,7
19,8
19,5
19,6
19,4
19,4
19,1
19,0
19,4
19,3
20,1
19,7
19,3
19,6
19,6
19,7
19,1
19,1
18,4
Regime Hid.
33
30
27
24
21
18
15
12
9
6
3 120
0
2
1001
Controle
Referências
9
1
2
Controle
10
3
4
Estaç
10
<30ug/L **
água doce
Classe 2
< 5uM ****
<50uM **
(ou 0,7mg/L)
S
33
30
< 1uM***
27
24
<0,186 mg/L**
21
18
10 a 16****
15
< 1uM *** 12
<14uM**
(ou 0,2mg/L) 9
<10 a 15uM***
6
<50uM **
(ou 0,7mg/L) 3
120
0
< 150uM ***
9
1
10
100 Controle
80
80
60
60
NTU
ºC
ºC
Temp. água
Superfície
Meio
Fundo
Superfície
Meio
Fundo
Direção Vento
1
Controle
14:10
31 56,913 32 01,730 32 02,482 32 02,600 32 03,609 32 04,491 32 05,982 32 08,173 32 09,472 32 10 286
Longitude
30
27
24
21
18
15
12
9
6
3
0
14:30
2
3
4
Estaç
40SALINIDADE em superfície, meio e fundo da coluna d’água
40
Figura 03 – Resultados sazonais da TEMPERATURA e
ao
longo da área portuária (10 estações de amostragem).
20
20
0
1
Controle
2
3
9,0
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Superfície
9
0
10
0
1
Controle
2
3
9,0
pH
8,5
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Meio
9
10
1
Controle
8,5
8,0
8,0
8,0
7,5
7,5
7,5
7,0
7,0
6,5
6,5
1
2
Controle
FEPAM
(1995)
(entre 6,5 a
8,5)
6,0
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Superfície
9
10
3
4
Esta
9,0
pH
8,5
6,0
2
7,0
6,5
6,0
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Meio
9
10
1
2
Controle
3
E
Figura 04: Resultados sazonais da TURBIDEZ e do pH em superfície, meio e fundo da coluna d’água ao longo da área
portuária, nas 10 estações de amostragem.
388
300
250
250
200
200
200
150
150
150
100
100
100
50
50
50
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Superfície
9
10
1
2
Controle
120
Saturação
Oxigênio
Oxigênioem
dissolvido
100
%
20
0
44
55 6 6 7 7 8 8 9 9 10 10
Estações
deamostragem
amostragem
Estações de
Superfície
Superfície
6
9
1
2
Controle
10
120
Oxigênio
dissolvido
Saturação
em Oxigênio
100
80
FEPAM
(1995)
60
40
20
0
12
23
1Controle
Controle
Demanda Bioquímica de Oxigênio
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Meio
34
45
56
67 7 8 8 9
Estações
de amostragem
Estações
de amostragem
MeioMeio
6
Demanda Bioquímica de Oxigênio
FEPAM
(1995)
5
3
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
4
Estações
Oxigê
Saturaçã
12 2 3
1
Controle
Controle
9 10 10
3 4 4 5
Estaçõ
Estações
Demanda Bioqu
5
Figura 05: Resultados sazonais do Material em Suspensão e Oxigênio Dissolvido em superfície, meio e fundo da
4
4
coluna d’água ao longo da área portuária, nas 10 estações
de amostragem.
3
mg/L
mg/L
4
33
mg/L
5
60
40
11
22
Controle
Controle
6
mg/L
mg/L
80
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
3
mg/L
12011
10
1009
8
807
6
60
5
4
40
3
202
1
00
3
%
2
Materi
0
0
1
Controle
%
mg/L
250
0
543mg/L
300
Material em suspensão
Material em suspensão
mg/L
mg/L
300
3
3
2
2
2
1
1
1
0
0
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
Estações de amostragem
Superfície
8
9
10
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Meio
9
10
1
2
Controle
3
4
5
Estações
F
Figura 06: Resultados sazonais da Saturação em Oxigênio e da Demanda Bioquímica em Oxigênio (DBO 5) da água ao
longo da área portuária, nas 10 estações de amostragem.
0,18
0,15
0,15
0,12
0,12
0,09
0,09
0,06
0,03
CONAM
(2005)
0,186mg/L
Fósforo total
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
9
Estações de amostragem
Superfície
5,0
0,09
0,06
0,03
0,03
0,00
2
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Meio
9
1
2
Controle
10
3
4
F
Fosfato
4,0
4,0
3,0
3,0
5
Estações
5,0
5,0
Fosfato
0,15
0,06
1
Controle
10
Fósfo
0,12
0,00
0,00
0,18
mg/L
Fósforo total
mg/L
mg/L
0,18
3,0
2,0
uM P-PO4
uM P-PO4
uM P-PO4
4,0
2,0
1,0
1,0
1,0
0,0
0,0
0,0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
Estações de amostragem
Superfície
8
9
10
1
Controle
2,0
2
3
4
5
6
7
Estações de amostragem
Meio
8
9
10
1
2
Controle
3
4
Estaçõe
Figura 07: Resultados sazonais do Fósforo Total e do Fosfato da água ao longo da área portuária, nas 10 estações de
amostragem.
25
25
Amônio
10
20
15
15
10
5
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
9
1
2
Controle
Nitrito
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Meio
0,6
9
1
Controle
10
0,6
0,3
0,0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
9
1
2
Controle
Estações de amostragem
Superfície
4
Estações
0,9
0,6
0,3
0,0
0,0
10
3
1,2
0,9
0,3
2
CONAMA
(2005)
14uM ou 0,2 1,5
mg/L
Nitrito
1,2
uM N-NO2
uM N-NO2
0,9
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Meio
9
1
Controle
10
2
3
E
60
CONAMA
60
Nitrato
(2005)
55
55
(50uM ou
50
50 nas
Figura 08: Resultados sazonais do Nitrogênio Amoniacal
(amônio) e do Nitrito da água ao longo da o,7mg/L)
área portuária,
45
45
10 estações de amostragem.
40
40
35
35
30
30
25
25
20
20
15
15
10
10
5
5
0
0
Nitrato
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Superfície
40
9
10
35
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
9
10
Estações de amostragem
Meio
40
Razão N/P
1
2
Controle
30
30
25
25
25
20
20
20
15
15
15
10
10
10
5
5
5
3
4
5
6
7
Estações de amostragem
Superfície
8
9
10
5
Ra
0
0
1
Controle
4
Estações d
F
35
30
1
2
Controle
3
40
Razão N/P
35
0
Nitra
uM N-NO3
uM N-NO3
uM N-NO3
3
1,5
1,2
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0
0
10
Estações de amostragem
Superfície
1,5
N/P
5
5
0
A
10
uM N-NO2
uM N-NH4
15
20
uM N-NH4
uM N-NH4
20
CONAMA
(2005) - 50 uM25
ou 0,7mg/L.
Amônio
2
3
4
5 de amostragem
6
7
8
Estações
Meio
9
10
1
2
Controle
3
4
5
Estações
1
2
Controle
3
400
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Superfície
9
10
1
2
Controle
silicato
3
300
CONAMA
(2005)
4
5
6
7
8
9
10
350
350
250
200
200
200
uM Si
300
250
uM Si
300
150
100
100
50
50
50
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Superfície
9
10
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem
Meio
4
5
6
7
Estações de amostr
Fundo
9
10
Silicato
150
100
0
3
400
Silicato
250
150
Clorofila A
30
27
24
21
18
15
12
9
6
3
0
1
2
Controle
Estações de amostragem
Meio
400
350
uM Si
Clorofila A
30
27
24
21
18
15
12
9
6
3
0
Ug/L
Clorofila A
30
27
24
21
18
15
12
9
6
3
0
Ug/L
Ug/L
Figura 09: Resultados sazonais do Nitrato e da razão N/P da água ao longo da área portuária, nas 10 estações de
amostragem.
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
Estações de amostrag
Fundo
Figura 10: Resultados sazonais da Clorofila-a e do Silicato da água ao longo da área portuária, nas 10 estações de
amostragem.
3.1.2 – Metais Pesados na Água
Os resultados do monitoramento contínuo aqui apresentados são relativos aos cruzeiros
de Janeiro, Abril, Julho e Outubro (Tabelas 08 a 11, Figuras 11 a 18). A amostragem de abril
(outono) foi caracterizada por apresentar uma salinidade baixa na superfície e alta no fundo do
estuário, numa tansição de regime de maré vazante/enchente, mas melhor caracterizado como
enchente nas estações de amostragem 6, 7, 8, 9 e 10 (área do SuperPorto até os Molhes da
Barra), devido a alta salinidade nas águas do meio e fundo da coluna d´água.
Nas amostragens de julho as águas do estuário apresentaram-se mixohalinas e um
regime de vazante. Já na amostragem no mês de outubro, a água do estuário foi caracterizada
por apresentar uma intensa vazante, indicando um aporte de água doce muito intenso devido
a salinidade ter estado em geral próxima a zero, além de apresentar uma elevadíssima
turbidez e concentração de material em suspensão, principalmente no fundo. Com esta
elevadíssima turbidez na água em outubro, houve necessidade de centrifugar todas as águas
coletadas antes da realização das análises para metais pesados.
3.1.2.1 – Monitoramento do 1º Cruzeiro (Janeiro - 2007)
A alta salinidade variando de 32,4 a 34,8 entre os 10 pontos de amostragem, apesar do
regime de vazante, resultaram em que algumas concentrações de metais, tais como o As, Hg e
Ni apresentassem teores abaixo do limite de detecção do método de análise nas três
profundidades (superfície, meio e fundo). Estas condições do estuário também refletiram na
ocorrência de baixas concentrações de Cd, Cr, Cu, Mn, Pb e Zn com alguns teores também
abaixo do limite de detecção do método.
Com isto as concentrações dos metais, em geral nas diversas estações de amostragem,
apresentaram um padrão de distribuição bastante variável, já que no regime de vazante e de
alta salinidade no meio resultaram também baixos/médios teores de material particulado em
suspensão (variação: 42,20 à 90,8 mg/L entre as estações 1 à 7 e 66,2 à 156,8 mg/L entre as
estações 8 à 10).
Embora as concentrações tenham sido baixas, alguns valores foram mais elevados para
o As (5,43 µg/L) e Pb (0,79 µg/L) na água de fundo no Porto Novo. No Superporto os teores
mais elevados foram nas águas de superfície para o cobre (2,94 µg/L) na estação 6 (Pier
Petroquímico), para o zinco na estação 8 (7,33 µg/L), na estação 9 (6,93 µg/L) e na estação
10 (7,13 µg/L). No entanto, todas as concentrações encontram-se abaixo dos valores
recomendados pela legislação vigente (Tabela 08).
3.1.2.2 – Monitoramento do 2º Cruzeiro (Abril - 2007)
Este período de amostragem foi caracterizado por apresentar uma salinidade baixa na
superfície e alta no fundo do estuário, numa transição de regime de maré vazante/enchente,
mas melhor caracterizado como enchente nas estações de amostragem 6, 7, 8, 9 e 10 (área
do Super Porto até os Molhes da Barra), devido a alta salinidade nas águas do meio e fundo da
coluna d’água.
Apesar destas condições do regime de maré, observou-se concentrações baixas de
material particulado em suspensão (variação: 9,2 à 56,6 mg/L). Desta forma, as
concentrações de metais em água foram em geral baixas, embora tenham apresentado
algumas elevações em seus teores, como o Cr (7,8 µg/L) na água de superfície, o Cu (2,6
µg/L) e o Zn (10 µg/L) ambos na profundidade do meio da coluna d’água todos na estação 2
(Porto Velho), além do As (11,35 µg/L) ter se destacado em seu teor na estação 8
(Praticagem).
Entretanto, todas as concentrações estão dentro dos valores recomendados pela
legislação vigente. Exceção foi encontrada para o Cu (63,29 µg/L) na água de fundo da
estação 9 (raíz dos Molhes), cujo teor foi um pouco mais elevado, do que a concentração de
50 µg/L indicada pela legislação do CONAMA (2005) (Tabela 09).
Esta elevação pode ter relação com o aumento do material particulado em suspensão
(47mg/L) na água de fundo, já que o regime de maré era enchente na ocasião da coleta.
3.1.2.3 – Metais Pesados no Monitoramento Contínuo (1º, 2º, 3° e 4° Cruzeiros)
Arsênio (As): as concentrações na coluna d´água (superfície, meio e fundo) estiveram em
geral muito baixas apresentando muitos valores abaixo do limite de detecção. Alguns
aumentos nas concentrações foram mais evidentes no mês de abril na água de superfície na
Estação 8 (Praticagem) com 11,35 µg/Le na água de fundo em ambos meses (em torno de 5,4
µg/L emjaneiro e abril) da Estação 3, relativa a área do Porto Novo. Aumento nas
concentrações foram mais evidentes no mês de outubro, devido o aumento expressivo de
material em suspensão, tendo apresentado uma concentração mais elevada de 7 µg/L na
Estação 10 (Molhes) no meio da coluna d´água. No entanto, todos estes valores estão muito
abaixo dos valores recomendados pela legislação (Figura 11).
Cádmio (Cd): concentrações bastante baixas foram encontradas na coluna dágua em todos os
meses. Embora fosse esperado encontrar maiores concentrações de Cd em abril e
principalmente em outubro, devido a alta turbidez no estuário, o aumento no valor do limite de
detecção do equipamento, não tornou possível determinar baixas concentrações nos referidos
meses, como os obtido nos demais meses. Para os meses de janeiro e abril os valores
analisados estão em concordância com os os teores obtidos na Estação 1, considerada como
controle (fora da área de influência portuária) e dentro dos limites recomendados pela
legislação (Figura 12).
Cromo (Cr) (Figura 13): o cromo total mostrou maiores concentrações no mês de abril (7,8
µ/L) na Estação 2 (Porto Velho) na água de superfície, indicando algum aporte localizado no
momento da amostragem. Entretanto, os resultados obtidos na Estação 1 (controle) indicaram
ocorrer uma aporte proveniente da Lagoa dos Patos, atingindo a concentração de 2,5 µg/Lna
água de fundo no mês de abril. Em geral as concentrações mais elevadas ocorreram em julho
e principalmente em outubro relacionado com a própria condição do estuário no momento da
amostragem, situação de vazante e aumento na quantidade de amterial em suspensão. A
maior concentração de cromo (15 µg/L) foi obtida na Estação 10 (Molhes) no meio da coluna d
´água no mês de outubro. Entretanto, todos os resultados estão bem abaixo dos limites
recomendados pela legislação vigente.
Cobre (Cu) (Figura 14): da mesma forma que o cromo, o cobre apresentou algumas
concentrações elevadas no mês de abril, mas podem ser consideradas concentrações bastante
baixas. Mas, em geral, as concentrações foram mais elevadas em outubro na água de fundo,
principalmente no ponto controle (4,3 µg/L) e na Estação 2 (Porto Velho) (3,9 µg/L). Neste
último local houve a mais alta concentração de material em suspensão (543 mg/L) na água de
fundo, portanto, podendo o cobre provir do processo de remobilização do sedimento. No
conjunto dos dados, existe muita variabilidade nas concentrações de cobre na coluna d´água.
Todos os teores encontrados mantiveram-se dentro do valor máximo recomendado pela
legislação.
Ferro (Fe) (Figura 15): trata-se de um elemento naturalmente presente no sedimento e
conforme a sua oxidação irá regular a solubilidade dos metais no sedimento. Comparando as
amostragens de janeiro e abril, as concentrações mais elevadas de Fe foram encontradas
durante o período de janeiro no meio (1.962 µ/L) e no fundo (2.947 µ/L) da coluna d´água
relativo a área do Porto Novo (Estação 3). Como a Classe 2 da legislação não contemplada o
Fe, mas tomando como base a ocorrência média de 700 µg/L de Fe em água de rio e 0,1 µg/L
na água superficial do mar (Azevedo & Chasin, 2003), espera-se que em estuários esta
concentração esteja entre estes valores. No entanto, o estuário da Lagoa dos Patos é um
ecossistema particular, devido ao volume de água proveniente da lagoa, pode indicar
concentrações elevadas como as acima citadas na situação de vazante no estuário. Como a
área do canal do Porto Novo é mais profunda, pode gerar uma velocidade de corrente maior
nesta área, além de ser uma área que sofre constantes dragagens. O próprio local controle
(Estação 1) indica que ocorre um aporte de Fe (máx. encontrado em torno de 1.400 ug/L em
abril) proveniente da lagoa, devido a quantidade de material em suspensão gerada em sua
coluna d´água. Entretanto, este teor de material em suspensão foi elevadíssimo no mês de
outubro (Tabela 4), indicando também um aumento considerável de Fe na coluna d´água,
tendo variado de 404 µ/L (Estação 10 no fundo) a 4.936 µ/L (Estação 3 na superfície). Neste
mês houve intensificação das chuvas na região, contribuindo consideravelmente com o
aumentando do aporte de água doce proveniente da lagoa.
Mercúrio (Hg): as concentrações estiveram abaixo do limite de detecção do método (<0.19
ug/L) e portanto dentro do limite recomendado pela atual legislação do CONAMA.
Manganês (Mn) (Figura 16): nos períodos do ano com poucas chuvas, as concentrações mais
elevadas de Mn foram em abril (outono) com 12,3 µg/L no meio da coluna d´água na Estação
3 (Porto Novo), tendo ocorrido muitos valores abaixo do limite de detecção do método neste
mesmo mês. Da mesma forma, que os demais elementos, o Mn teve suas maiores
concentrações no período de maior intensidade de chuvas (outubro) com concentrações
máximas no meio da coluna d´água de 14,7 µg/L na Estação 6 (Pier Petroquímico) e 22,7 µg/L
na Estação 10 (Molhes). Embora inexistente em termos de concentração na Classe 2 da
legislação (CONAMA, 2005), na Classe 1 seu limite é de 100 µg /L, indicando que as
concentrações encontradas no estuário estão de acordo com o valor permissível.
Níquel (Ni): pouquíssimas concentrações de Ni foram detectadas na água durante o mês de
julho, enquanto, que nos demais meses do ano as concentrações estiveram abaixo do limite de
detecção do método e, assim, também dentro dos teores recomendados pela legislação.
Chumbo (Pb) (Figura 17): no período seco (janeiro e abril) as concentrações mostraram
bastante baixas, mas no período de chuva em julho (inverno) os teores de Pb elevaram-se,
indicando teores de 22,4 e 11,4 µg/L no meio e no fundo da coluna d´água da Estação 6 (Pier
Petroquímico), ultrapassando, assim, o valor de 10 µg/L estabelecido pela FEPAM (1995), mas
mantendo-se dentro do valor indicado pelo CONAMA (2005).
Zinco (Zn) (Figura 18): a em janeiro a maior concentração de zinco foi em torno de 7 µg/L,
não variando muito nas 3 profundidades na coluna d’água. Em abril os teores de Zn forma
menores, mas mais variáveis, enquanto, que em julho foram observadas as mais baixas
concentrações. As maiores concentrações durante todo o ano ocorreram no mês de outubro e
na água de fundo, tendo como máxima concentração o valor de 14 µg/L na Estação 2 (Porto
Velho). No entanto, os valores mantiveram-se dentro do recomendado pela legislação.
Tabela 08: Monitoramento Contínuo – 1° Cruzeiro (Janeiro/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água nas 10
estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor
rosa).
Parâmetro
As
Cd
Cr
Cu
Fe
Hg
Mn
Ni
Pb
Zn
Unidade Profundidade
Superfície
µg/L Meio
Fundo
Superfície
µg/L Meio
Fundo
Superfície
µg/L Meio
Fundo
Superfície
µg/L Meio
Fundo
Superfície
µg/L Meio
Fundo
Superfície
µg/L Meio
Fundo
Superfície
µg/L Meio
Fundo
Superfície
µg/L Meio
Fundo
Superfície
µg/L Meio
Fundo
Superfície
µg/L Meio
Fundo
est. 1
< 2,57
< 2,57
< 2,57
0,020
0,039
0,066
0,66
0,58
< 0,39
<0,02
<0,02
0,07
211,67
111,67
446,67
< 0,19
< 0,19
< 0,19
0,34
< 0,03
< 0,03
< 0,34
< 0,34
< 0,34
<0,04
<0,04
0,36
<0,002
<0,002
0,41
est. 2
est. 3
est. 4
< 2,57 < 2,57
< 2,57
< 2,57 < 2,57
< 2,57
< 2,57
5,43
< 2,57
0,050
0,028
0,024
0,021
0,055
0,055
0,029 <0,007
0,009
< 0,39
0,39
0,45
< 0,39
0,79
< 0,39
< 0,39
0,48
0,49
<0,02
0,17
0,09
<0,02
<0,02
<0,02
<0,02
0,04
0,18
296,67 301,67 351,67
351,67 1961,67 126,67
321,67 2946,67 496,67
< 0,19 < 0,19
< 0,19
< 0,19 < 0,19
< 0,19
< 0,19 < 0,19
< 0,19
0,26
0,23
0,05
0,48
0,91
0,20
1,31
0,41
0,75
< 0,34 < 0,34
< 0,34
< 0,34 < 0,34
< 0,34
< 0,34 < 0,34
< 0,34
<0,04
<0,04
<0,04
<0,04
<0,04
0,06
<0,04
0,79
<0,04
1,57
<0,002
4,68
1,60
<0,002 <0,002
0,83
<0,002
3,83
est. 5 est. 6
< 2,57 < 2,57
< 2,57 < 2,57
< 2,57 < 2,57
0,016 0,011
<0,007 0,038
<0,007 0,027
< 0,39
0,45
< 0,39 < 0,39
0,52
0,48
<0,02
2,94
<0,02
0,58
<0,02
0,27
21,67 211,67
531,67
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,03
< 0,03
0,08
< 0,34
< 0,34
< 0,34
0,73
<0,04
<0,04
6,28
2,78
4,43
est. 7
< 2,57
< 2,57
< 2,57
<0,007
0,035
<0,007
0,50
< 0,39
< 0,39
<0,02
0,63
<0,02
126,67
est. 8
< 2,57
< 2,57
< 2,57
0,031
0,035
0,040
< 0,39
< 0,39
< 0,39
<0,02
0,31
0,18
46,67
46,67 56,67
< 0,19 < 0,19
< 0,19 < 0,19
< 0,19 < 0,19
< 0,03 < 0,03
0,30
< 0,03
< 0,03 0,06
< 0,34 < 0,34
< 0,34 < 0,34
< 0,34 < 0,34
<0,04 <0,04
<0,04 <0,04
<0,04 <0,04
5,23
4,93
6,28 <0,002
5,23
4,63
46,67
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,03
< 0,03
0,35
< 0,34
< 0,34
< 0,34
<0,04
<0,04
<0,04
7,33
5,78
6,03
est. 9
< 2,57
< 2,57
< 2,57
0,013
0,065
0,008
< 0,39
0,39
< 0,39
0,48
0,37
<0,02
71,67
66,67
56,67
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,03
0,31
< 0,03
< 0,34
< 0,34
< 0,34
<0,04
<0,04
<0,04
6,93
6,03
4,13
est. 10
Referência
< 2,57
< 2,57
<50*, <69**
< 2,57
0,063
<0,007
<5*, 40**
0,014
< 0,39
< 0,39
<50*, <1100**
< 0,39
0,75
0,02 <50*, 7,8** (dissolv.)
0,05
6,67
156,67
6,67
< 0,19
< 0,19
<0,1*, <1,8**
< 0,19
< 0,03
< 0,03
< 0,03
< 0,34
< 0,34
<100*, <74**
< 0,34
<0,04
<0,04
<10*, 210**
<0,04
7,13
5,68
<170*, <120**
<0,002
* = FEPAM - Classe C águas salobras (1995)
** = CONAMA Classe 2 águas salobras (2005)
Tabela 09: Monitoramento Contínuo – 2° Cruzeiro (Abril/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água nas 10
estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor
rosa).
Parâmetro
As
Cd
Cr
Cu
Fe
Hg
Mn
Ni
Pb
Zn
Unidade Profundidade
Superfície
µg/L
Meio
Fundo
Superfície
µg/L
Meio
Fundo
Superfície
µg/L
Meio
Fundo
Superfície
µg/L
Meio
Fundo
Superfície
µg/L
Meio
Fundo
Superfície
µg/L
Meio
Fundo
Superfície
µg/L
Meio
Fundo
Superfície
µg/L
Meio
Fundo
Superfície
µg/L
Meio
Fundo
Superfície
µg/L
Meio
Fundo
est. 1
< 2,57
< 2,57
< 2,57
<0,007
<0,007
<0,007
3,34
1,01
2,53
<0,02
<0,02
0,33
300,93
1428,24
594,91
< 0,19
< 0,19
< 0,19
0,87
2,66
0,30
0,46
< 0,34
< 0,34
0,82
0,36
0,09
4,67
0,90
1,20
est. 2
< 2,57
< 2,57
< 2,57
0,007
0,007
<0,007
7,80
0,40
< 0,39
0,53
2,60
<0,02
303,24
261,58
240,16
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,03
0,94
< 0,03
< 0,34
< 0,34
< 0,34
0,09
0,32
<0,04
2,59
10,03
<0,002
est. 3
< 2,57
< 2,57
5,43
<0,007
<0,007
0,043
0,54
0,69
1,08
0,62
0,32
0,12
425,93
745,37
393,52
< 0,19
< 0,19
< 0,19
0,53
12,31
0,77
< 0,34
< 0,34
< 0,34
0,79
0,40
0,22
3,20
0,61
5,48
est. 4 est. 5 est. 6 est. 7 est. 8 est. 9
< 2,57 < 2,57
2,96
3,91
11,35
3,63
< 2,57 < 2,57 < 2,57
3,26
< 2,57 < 2,57
< 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57
2,83
< 2,57
<0,007 0,026 <0,007 <0,007 0,031 <0,007
<0,007 <0,007 <0,007 <0,007 <0,007 0,010
<0,007 <0,007 <0,007 0,034 0,024 <0,007
0,48
< 0,39 < 0,39 < 0,39 < 0,39
0,41
0,45
< 0,39
0,47
0,66
0,79
1,12
1,35
0,73
1,31
1,34
1,11
< 0,39
0,35
1,59
<0,02
0,93
0,96
0,32
0,06
0,09
0,59
<0,02
0,25
0,28
<0,02 <0,02 <0,02
1,68
2,35
212,96 94,91 108,80 74,08 122,69 143,52
171,30 60,19 122,69 296,30 212,96 358,80
622,69 296,30 296,30 462,96 372,69 67,13
< 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
< 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
< 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19
< 0,03 < 0,03
0,28
< 0,03 < 0,03
0,10
< 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,03
0,58
< 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,03
0,18
< 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34
0,40
< 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34
< 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34
0,19
0,24
<0,04
0,09
0,13
<0,04
<0,04 <0,04 <0,04
0,39
<0,04
0,07
<0,04 <0,04 <0,04
0,76
<0,04
0,24
0,58
1,00
2,54
2,39
2,66
1,26
0,61
0,23
1,86 <0,002 1,31
0,86
0,49
0,29
2,53
2,68
3,03 <0,002
est. 10
< 2,57
5,11
< 2,57
<0,007
<0,007
<0,007
0,51
0,63
0,69
<0,02
<0,02
0,80
74,08
143,52
199,08
< 0,19
< 0,19
< 0,19
1,72
0,13
< 0,03
< 0,34
< 0,34
< 0,34
0,44
<0,04
0,08
1,15
0,31
2,12
Referência
<50*, <69**
<5*, 40**
<50*, <1100**
<50*,
7,8** (dissolv.)
<0,1*, <1,8**
<100*, <74**
<10*, 210**
<170*, <120**
Tabela 10: Monitoramento Contínuo – 3° Cruzeiro (Julho/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água nas 10
estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor
rosa).
Parâmetro
As
Cd
Cr
Cu
Fe
Hg
Mn
Ni
Pb
Zn
est. 1
est. 2
Unidade Profundidade
Superfície
< 0,167 < 0,167
µg/L Meio
< 0,167 < 0,167
Fundo
< 0,167
0,240
Superfície
< 0,396 < 0,396
µg/L Meio
< 0,396 < 0,396
Fundo
< 0,396 < 0,396
Superfície
0,762
0,329
µg/L Meio
0,727
1,462
Fundo
4,506
0,963
Superfície
1,806
< 0,239
µg/L Meio
< 0,239 < 0,239
Fundo
< 0,239 < 0,239
Superfície
682,225 807,225
µg/L Meio
467,225 1402,225
Fundo
1187,225 1417,225
Superfície
< 0,19
< 0,19
µg/L Meio
< 0,19
< 0,19
Fundo
< 0,19
< 0,19
Superfície
0,382
0,235
µg/L Meio
0,442
2,162
Fundo
0,437
2,522
Superfície
< 0,807 < 0,807
µg/L Meio
< 0,807
0,331
Fundo
< 0,807
0,766
Superfície
1,400
< 0,600
µg/L Meio
< 0,600
2,930
Fundo
7,980
3,830
Superfície
< 0,002 < 0,002
µg/L Meio
< 0,002 < 0,002
Fundo
< 0,002 < 0,002
est. 3
0,203
< 0,167
< 0,167
< 0,396
< 0,396
< 0,396
0,473
0,386
2,876
0,881
< 0,239
< 0,239
472,225
173,225
646,225
< 0,19
< 0,19
< 0,19
0,867
< 0,029
1,447
1,001
< 0,807
< 0,807
4,730
< 0,600
< 0,600
< 0,002
< 0,002
< 0,002
est. 4
< 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,396
< 0,396
< 0,396
1,572
1,175
1,096
< 0,239
< 0,239
0,256
267,725
< 0,150
877,225
< 0,19
< 0,19
< 0,19
0,356
0,131
0,318
< 0,807
< 0,807
< 0,807
1,270
< 0,600
< 0,600
< 0,002
< 0,002
< 0,002
est. 5
est. 6
est. 7
est. 8
est. 9
est. 10
< 0,167 < 0,167
< 0,167 < 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,167 < 0,167
< 0,167 < 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,167 < 0,167
< 0,167 < 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,396 < 0,396
< 0,396 < 0,396
< 0,396
< 0,396
< 0,396 < 0,396
< 0,396 < 0,396
< 0,396
< 0,396
< 0,396 < 0,396
< 0,396 < 0,396
< 0,396
< 0,396
0,482
2,632
0,699
0,428
2,233
1,544
0,573
4,791
0,590
0,864
1,026
1,431
0,284
2,688
1,736
4,461
3,894
2,177
< 0,239 < 0,239
< 0,239
0,556
0,871
0,546
< 0,239
0,801
< 0,239
1,596
0,991
< 0,239
< 0,239 < 0,239
< 0,239
3,356
2,186
0,446
477,225 294,725 852,225 1337,225 1172,225 1522,225
487,225 582,225 997,225 1522,225 1402,225 1282,225
872,225 1177,225 1497,225 1226,225 632,225 1532,225
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
0,507
0,246
0,253
0,137
0,251
1,702
0,447
1,012
1,082
1,212
1,592
0,697
0,179
1,192
1,782
1,507
2,017
1,857
< 0,807 < 0,807
< 0,807 < 0,807
< 0,807
< 0,807
< 0,807
0,129
0,107
< 0,807
0,246
< 0,807
0,441
< 0,807
0,411
< 0,807
< 0,807
< 0,807
3,030
0,715
< 0,600 < 0,600
< 0,600
3,680
2,165
22,380
4,280
3,880
4,780
3,430
< 0,600 11,430
4,230
5,480
5,480
4,780
< 0,002 < 0,002
< 0,002 < 0,002
0,3261
1,2261
< 0,002 < 0,002
< 0,002 < 0,002
0,7761
1,3261
< 0,002 < 0,002
< 0,002
0,1428
0,9094
1,5463
Referência
<50*, <69**
<5*, 40**
<50*, <1100**
<50*,
7,8** (dissolv.)
<0,1*, <1,8**
-
<100*, <74**
<10*, 210**
<170*, <120**
* = FEPAM - Classe C águas salobras (1995)
** = CONAMA Classe 2 águas salobras (2005)
Tabela 11: Monitoramento Contínuo – 4° Cruzeiro (Outubro/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água nas 10
estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor
rosa).
Parâmetro
As
Cd
Cr
Cu
Fe
Hg
Mn
Ni
Pb
Zn
est. 1
est. 2
est. 3
est. 4
est. 5
est. 6
est. 7
est. 8
est. 9
est. 10
Unidade Profundidade
Superfície
2,301
3,654
5,906
6,506
5,406
5,756
1,971
6,706
6,006
6,366
µg/L Meio
3,716
3,141
0,761
3,101
1,781
1,276
4,961
1,646
5,806
7,056
Fundo
2,901
5,861
1,696
2,796
1,511
1,796
3,531
3,156
< 0,306 < 0,306
Superfície
< 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397
µg/L Meio
< 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397
Fundo
< 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397
Superfície
1,183
4,644
4,386
4,535
4,487
5,024
1,063
5,099
5,134
10,714
µg/L Meio
2,339
1,677
0,427
1,647
1,532
1,362
8,219
0,798
2,515
14,909
Fundo
1,737
4,793
0,745
1,289
0,988
0,726
2,637
1,911
0,465
0,738
Superfície
< 0,272
1,595
2,425
1,135
1,345
2,710
0,735
1,940
3,915
2,235
µg/L Meio
1,830
< 0,272
0,890
1,340
2,160
1,750
2,790
1,625
1,275
2,000
Fundo
4,295
3,885
0,585
2,295
< 0,272
2,865
2,455
0,795
0,610
0,460
Superfície
2646,097 2421,097 4936,097 2886,097 4806,097 4806,097 1450,097 1051,097 4506,097 4546,097
µg/L Meio
4026,097 3086,097 1280,097 1828,097 2146,097 1486,097 4658,597 1232,097 2346,097 4496,097
Fundo
2926,097 4666,097 1056,097 2546,097 1268,097 1050,097 3206,097 3186,097 446,097 404,097
Superfície
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
µg/L Meio
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
Fundo
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
Superfície
2,4960
5,6210
3,5260
5,8710
8,0210
7,4360
7,3210
1,6610 19,3710 0,4610
µg/L Meio
6,5210
4,1410
9,1710
9,5210
4,7510 14,7410 11,3710 6,1210 12,5010 22,7210
Fundo
11,1210 5,8260
3,2860
9,6010
2,9910
6,4210 18,4210 7,9210
4,7660
3,7810
Superfície
< 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017
µg/L Meio
< 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017
Fundo
< 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017
Superfície
< 0,233 < 0,233 < 0,233 < 0,233
0,282
0,592
1,187
1,387
1,577
2,167
µg/L Meio
< 0,233 < 0,233 < 0,233 < 0,233
0,367
0,617
1,282
1,507
1,682
2,207
Fundo
< 0,233 < 0,233 < 0,233 < 0,233
0,562
1,042
1,292
1,522
1,827
2,492
Superfície
1,515
0,881
1,931
2,173
3,981
< 0,002
6,165
6,506
2,440
0,240
µg/L Meio
7,848
1,090
< 0,002
0,898
< 0,002 < 0,002
4,381
< 0,002
1,798
6,631
Fundo
0,731
14,181
1,390
12,268
5,023
1,098
4,665
< 0,002
8,015
< 0,002
* = FEPAM - Classe C águ as salobras (1995)
** = CONAMA Classe 2 águas sal obras (2005)
Referência
<50*, <69**
<5*, 40**
<50*, <1100**
<50*,
7,8** (dissolv.)
<0,1*, <1,8**
-
<100*, <74**
<10*, 210**
<170*, <120**
Limite máximo CONAMA (2005): 69 ug/L para estuário.
12
As
10
ug/L
8
6
4
2
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
9
Estações de amostragem - Superfície
10
Limite máximo CONAMA (2005): 69 ug/L para estuário.
8
As
7
6
ug/l
5
4
3
2
1
0
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Meio
9
10
Limite máximo CONAMA (2005): 69 ug/L para estuário.
7
As
6
ug/L
5
4
3
2
1
0
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Fundo
9
•
Janeiro (verão)
•
Abril (outono)
•
Julho (inverno)
•
Outubro (primavera)
10
Figura 11: Concentrações (µg/L) de Arsênio em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de
amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007.
Limite máximo CONAMA (2005): 40 ug/L para estuário.
0,07
Cd
0,06
ug/L
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0,00
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
9
Estações de Amostragem - Superfície
10
Limite máximo CONAMA (2005): 40 ug/L para estuário.
0,07
Cd
0,06
ug/L
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0,00
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Meio
9
10
Limite máximo CONAMA (2005): 40 ug/L para estuário.
0,07
Cd
0,06
ug/L
0,05
0,04
•
Janeiro (verão)
0,03
•
Abril (outono)
•
Julho (inverno)
•
Outubro (primavera)
0,02
0,01
0,00
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Fundo
9
10
Figura 12: Concentrações (µg/L) de Cádmio em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de
amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007.
Limite máximo CONAMA (2005): 1100 ug/L para estuário.
10
Cr
ug/L
8
6
4
2
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
9
10
Estações de amostragem - Superfície
Limite máximo CONAMA (2005): 1100 ug/L estuário.
16,0
Cr
14,0
12,0
ug/L
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Meio
9
10
Limite máximo CONAMA (2005): 1100 ug/L para estuário.
6,0
Cr
5,0
ug/L
4,0
3,0
•
Janeiro (verão)
2,0
•
Abril (outono)
•
Julho (inverno)
•
Outubro (primavera)
1,0
0,0
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Fundo
9
10
Figura 13: Concentrações (µg/L) de Cromo em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de
amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007.
Limite máximo CONAMA (2005): 7,8 ug/L para estuário - fração dissolvida.
4,0
Cu
3,5
3,0
ug/L
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
9
10
Estações de amostragem - Superfície
Limite máximo CONAMA (2005): 7,8 ug/L estuário - fração dissolvida.
3,0
Cu
2,5
ug/L
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem - Meio
9
10
Limite máximo CONAMA (2005): 7,8 ug/L estuário - fração dissolvida.
5,0
Cu
4,5
4,0
ug/L
3,5
3,0
•
Janeiro (verão)
•
Abril (outono)
1,0
•
Julho (inverno)
0,5
•
Outubro (primavera)
2,5
2,0
1,5
0,0
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Fundo
9
10
Figura 14: Concentrações (µg/L) de Cobre em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de
amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007.
Limite máximo inexistente na Classe 2 (CONAMA, 2005).
5000
Fe
ug/L
4000
3000
2000
1000
0
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
9
Estações de Amostragem - Superfície
10
Limite máximo inexistente na Classe 2 (CONAMA, 2005).
5000
Fe
ug/L
4000
3000
2000
1000
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Meio
9
10
Limite máximo inexistente na Classe 2 (CONAMA, 2005).
5000
Fe
ug/L
4000
3000
2000
1000
•
Janeiro (verão)
•
Abril (outono)
•
Julho (inverno)
•
Outubro (primavera)
0
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
9
Estações de Amostragem - Fundo
10
Figura 15: Concentrações (µg/L) de Ferro em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de
amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007.
Limite máximo inexitente na Classe 2 ( CONAMA, 2005).
20
Mn
18
16
ug/L
14
12
10
8
6
4
2
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
9
Estações de Amostragem - Superfície
10
Limite máximo inexistente na Classe 2 (CONAMA, 2005).
24
Mn
21
ug/L
18
15
12
9
6
3
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem - Meio
9
10
Limite máximo inexistente na Classe 2 (CONAMA, 2005).
20
18
Mn
16
ug/L
14
12
10
8
6
4
2
0
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem
9
•
Janeiro (verão)
•
Abril (outono)
•
Julho (inverno)
•
Outubro (primavera)
10
Figura 16: Concentrações (µg/L) de Manganês em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de
amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007.
Limite máximo CONAMA (2005): 210 ug/L para
estuário.
5
Pb
ug/L
4
3
2
1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Estações de Amostragem - Superfície
Controle
10
Limite máximo CONAMA (2005): 210 ug/L para estuário.
24
Pb
ug/L
18
12
6
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
Estações de amostragem - Meio
9
10
Limite máximo CONAMA (2005): 210 ug/L para estuário.
12
Pb
10
ug/L
8
6
4
2
•
Janeiro (verão)
•
Abril (outono)
•
Julho (inverno)
•
Outubro (primavera)
0
1
Controle
2
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Fundo
9
10
Figura 17: Concentrações (µg/L) de Chumbo em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de
amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (janeiro e abril) de 2007.
Limite máximo CONAMA (2005): 120 ug/L para o estuário.
8
Zn
ug/L
6
4
2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Estações de Amostragem - Superfície
Controle
10
Limite máximo CONAMA (2005): 120 ug/L para o estuário.
10
Zn
ug/L
8
6
4
2
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Meio
9
10
Limite máximo CONAMA (2005): 120 ug/L para o estuário.
16
Zn
14
12
ug/L
10
•
Janeiro (verão)
•
Abril (outono)
4
•
Julho (inverno)
2
•
Outubro (primavera)
8
6
0
1
2
Controle
3
4
5
6
7
8
Estações de Amostragem - Fundo
9
10
Figura 18: Concentrações (µg/L) de Zinco em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de
amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007.
3.2 - Monitoramento do Gradiente Salino
3.2.1 - Parâmetros Físico-Químicos e Nutrientes
3.2.1.1 – Monitoramento do 1º Gradiente Salino (Janeiro - 2007)
A água marinha dominante no estuário permitiu que o gradiente fosse todo amostrado
praticamente dentro do mesmo, mas as coletas de água de baixa salinidade foram realizadas
obrigatoriamente muito ao norte, nas proximidades do Canal da Feitoria (Figura 02A).
A diluição das águas do estuário pela água marinha, resultou nos decréscimos das
concentrações em geral, apesar da predominante sub-saturação em oxigênio nas águas.
Salientaram-se as baixas concentrações de material em suspensão (baixa turbidez), o que é
típico de águas de superfície de ambientes dominados por águas marinhas.
Para o nitrogênio amoniacal, a diluição causada pela água marinha não foi suficiente
para que as concentrações ficassem abaixo do valor recomendado como máximo para
estuários não contaminados por matéria orgânica. Isso sugeriu mais uma vez, que essa a área
portuária recebe muitos efluentes, predominantemente urbanos, não suficientemente tratados.
Novamente, apesar dos acréscimos de nitrogênio amoniacal, todos os valores se
apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário (Tabela 10).
3.2.1.2 – Monitoramento do 2º Gradiente Salino (Abril - 2007)
A condição hidrológica foi oposta a do gradiente salino monitorado em Janeiro, ou seja,
devido ao intenso regime de vazante em superfície, somente duas amostragens foram feitas
dentro do estuário (salinidades <2), ao norte do mesmo.
Todas as outras amostragens
foram feitas nas águas costeiras adjacentes à desembocadura (Figura 02B). Isso justificou as
baixas concentrações de MS, a baixíssima turbidez e a maior oxigenação das águas
amostradas, assim como também os importantes decréscimos nas concentrações de
nutrientes, embora mais uma vez para o nitrogênio amoniacal as concentrações tenham sido
levemente superiores ao valor recomendado como normal.
Portanto, fica evidenciado mais uma vez o aporte de efluentes ricos em matéria
orgânica para o sul do estuário e, quando há regime de vazante intenso em superfície, há
aporte de nitrogênio amoniacal para as águas costeiras (exportação).
Todos os valores dos parâmetros físico-químicos e nutrientes se apresentaram em
conformidade com as legislações ambientais para o estuário (Tabela 11).
3.2.1.3 – Monitoramento do 3º Gradiente Salino (Julho - 2007)
A condição hidrológica foi semelhante a do gradiente salino monitorado em Abril. Um
intenso regime de vazante em superfície ainda permanecia e somente duas amostragens
foram feitas dentro do estuário, sendo o resto do gradiente monitorado na plataforma costeira
(Figura 02C). Todos os valores dos parâmetros físico-químicos e dos nutrientes se
apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário (Tabela 12).
3.2.1.4 – Monitoramento do 4º Gradiente Salino (Outubro - 2007)
No gradiente de Outubro, em virtude da forte vazante ocorrida em toda a coluna
d’água, todo o gradiente foi amostrado a partir da desembocadura do estuário, se estendendo
para a plataforma adjacente (Figura 02D). Nestas condições, devido ao aporte continental, as
concentrações dos nutrientes estiveram acima dos valores recomendados nas legislações
ambientais para o estuário (Tabela 13).
3.2.1.5 – Avaliação Geral dos Gradientes Salinos
As amostragens foram predominantemente feitas em águas de zonas com alta
hidrodinâmica, relativamente mais afastadas dos locais marginais mais submetidos aos
lançamentos de rejeitos antrópicos. Somou-se a isso o fato de que as amostragens foram de
água de superfície, e assim, não sofrendo de forma significativa a adição de constituintes
oriundos da coluna sedimentar.
Para permitir uma comparação geral da dispersão sazonal dos parâmetros físicoquímicos e dos nutrientes, as concentrações encontradas foram plotadas contra a Salinidade
nos quatro (04) gradientes salinos analisados (Figuras 19 a 31).
Nos gradientes monitorados em Janeiro, Abril e Julho, esses fatores associados fizeram
com que as concentrações do MS, turbidez, DBO, saturação de oxigênio, nitrito, nitrato,
amônio (nitrogênio amoniacal), fosfato, fósforo total, silicato e clorofila-a oscilassem em torno
dos valores referidos como normais, desde a água doce até a salina, não sofrendo grandes
modificações na amplitude das variações das concentrações em função do aumento da
salinidade.
Por outro lado, em curta amplitude pode-se observar que houve leve diluição
(diminuição) das concentrações da água do estuário pela água marinha em termos da
turbidez, do MS, do silicato, da clorofila-a, e ainda, da DBO em Janeiro, e do fósforo total em
Julho. Com exceção para o pH e para a saturação de oxigênio em Julho (aumentaram com a
presença da água marinha), a entrada da água marinha não proporcionou diluições
significativas para os outros parâmetros.
Entretanto, a influência da água marinha na composição da água estuarina se fez muito
presente em Outubro, quando o estuário estava com intensa vazão (turbulência) com águas
muito enriquecidas devido ao carreamento de material em suspensão (águas muitíssimos
turvas), de muito nitrito, nitrato, fosfato, silicato e clorofila-a.
Nesses casos, o deságüe do estuário no oceano proporcionou intensas diluições das
concentrações, melhorando intensamente a qualidade da água exportada do estuário, embora
aumentando a salinidade e pH da mesma. Para o amônio (nitrogênio amoniacal) a diluição não
foi evidenciada, porque em águas bem oxigenadas e que recebem aportes desse fitonutriente,
ocorre oxidação de nitrito a nitrato (nitrificação), não estando suas concentrações
intensamente dependentes das variações da salinidade e das diluições causadas pela mistura
com a água marinha (gradientes insignificantes entre amônio e salinidade).
Tabela 10: Gradiente Salino – 1° Cruzeiro (Janeiro-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes
nas estações de amostragem no estuário e adjacências e comparação com limites recomendados pela legislação
ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul).
*
**
***
****
= FEPAM, Classe C água salobra (1995)
= CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005)
= Aminot & Chaussepied (1983)
= Day et al. (1986)
Tabela 11: Gradiente Salino – 2° Cruzeiro (Abril-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes nas
estações de amostragem no estuário e adjacências e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental
(cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul).
*
= FEPAM, Classe C água salobra (1995)
**
= CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005)
*** = Aminot & Chaussepied (1983)
**** = Day et al. (1986)
Tabela 12: Gradiente Salino – 3° Cruzeiro (Julho-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes
nas estações de amostragem no estuário e adjacências e comparação com limites recomendados pela legislação
ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul).
*
= FEPAM, Classe C água salobra (1995)
**
= CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005)
*** = Aminot & Chaussepied (1983)
**** = Day et al. (1986)
Tabela 13: Gradiente Salino – 4° Cruzeiro (Outubro-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes
nas estações de amostragem no estuário e adjacências e comparação com limites recomendados pela legislação
ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul).
*
= FEPAM, Classe C água salobra (1995)
**
= CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005)
*** = Aminot & Chaussepied (1983)
**** = Day et al. (1986)
102
102
Turbide z (jane iro)
82
62
62
NTU
82
42
22
42
22
2
0
3
6
2
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
Salinidade
102
Turbide z (abril)
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
102
Turbide z (julho)
82
62
62
NTU
82
42
3 6
Turbide z (outubro)
42
22
22
2
2
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
0
3 6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Figura 19: Dispersão sazonal dos resultados de Turbidez plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos
analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
8,4
pH (janeiro)
8,2
pH (abril)
8,4
8,2
8,0
8,0
7,8
7,8
7,6
7,6
7,4
7,4
0
3
6
0
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Salinidade
8,4
pH (julho)
pH (outubro)
8,4
8,2
8,2
8,0
8,0
7,8
7,8
7,6
7,6
7,4
7,4
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Salinidade
Figura 20: Dispersão sazonal dos resultados de pH plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados
em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
205
M ate rial e m s us pe ns ão (jane iro)
155
155
130
130
105
80
M ate rial em Suspensão (abril)
180
mg/L
MS
mg/L
180
205
105
80
55
55
30
30
5
5
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
3 6
Salinidade
205
205
M aterial e m Sus pe nsão (julho)
155
130
130
80
105
80
55
55
30
30
5
M aterial em Suspens ão
(outubro)
180
155
105
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
mg/L
MS
mg/L
180
Figura 21:
Dispersão
sazonal
dos
resultados
de
Material
em
5
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
0
3 6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Suspensão plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro:
regime de vazante. Julho: estofa).
Figura
120
90
%
100
90
80
nos 4
Saturação de Oxigê nio (abril)
110
100
%
de
de
120
Saturação de Oxigê nio (jane iro)
110
80
70
70
60
60
50
50
0
3
6
0
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Salinidade
em
120
Abril
120
Saturação de oxigê nio (julho)
110
110
90
%
100
90
%
100
80
70
10
0
6
De m anda
60 Bioquím ica de Oxigê nio
(abril)
50
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
(jane iro)
50
3
6
8
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
6
Salinidade
D.B.O
mg/L
D.B.O
mg/L
8
4
80
70
10
60
De m anda Bioquím ica de oxigê nio
Saturação de Oxigê nio (outubro)
22:
Dispersão
sazonal dos
resultados
Saturação
Oxigênio
plotados
contra
a
Salinidade
gradientes
salinos
analisados
2007
(Janeiro,
e Outubro:
regime de
vazante.
Julho:
estofa).
Salinidade
4
2
2
0
0
3
6
0
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
Salinidade
3 6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
10
De m anda Bioquím ica de Oxigê nio
(julho)
6
4
Dem anda Bioquím ica de Oxigê nio
(outubro)
8
D.B.O
mg/L
mg/L
8
D.B.O
10
2
6
4
2
0
0
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
3
Salinidade
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Figura 23: Dispersão sazonal dos resultados da Demanda Bioquímica de Oxigênio plotados contra a Salinidade nos
4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
2,5
Nitrito (janeiro)
2,0
2,0
1,5
1,5
N-NO2
UM
N-NO2
UM
2,5
1,0
0,5
1,0
0,5
0,0
0,0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0 3
Salinidade
Salinidade
Nitrito (julho)
Nitrito (outubro)
2,0
2,0
1,5
1,5
1,0
0,5
6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
2,5
N-NO2
UM
N-NO2
UM
2,5
Nitrito (abril)
1,0
0,5
0,0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
0,0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Figura 24: Dispersão sazonal dos resultados de Nitrito plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos
analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
18
Nitrogênio am oniacal (janeiro)
15
15
12
12
N-NH4
UM
N-NH4
UM
18
9
6
3
Nitrogênio Am oniacal (abril)
9
6
3
0
0
0
3 6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
3 6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Salinidade
18
Nitrogê nio am oniacal (julho)
18
15
12
12
N-NH4
UM
N-NH4
UM
Nitrogê nio Am oniacal (outubro)
15
9
9
6
6
3
3
0
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
0
3 6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Salinidade
Figura 25: Dispersão sazonal dos resultados de Nitrogênio Amoniacal plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes
salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
70
70
Nitrato (jane iro)
60
50
N-NO3
UM
50
N-NO3
UM
Nitrato (abril)
60
40
30
40
30
20
20
10
10
0
0
0
3 6
0
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
3 6
Salinidade
Salinidade
70
70
Nitrato (julho)
60
N-NO3
UM
UM
N-NO3
50
40
30
40
30
20
20
10
10
0
0 3
6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
estofa).
Nitrato (outubro)
60
50
a
4
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
0
3 6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Figura
26:
Dispersão
sazonal
dos
resultados
de
Nitrato
plotados contra
Salinidade nos
gradientes
salinos
analisados em
2007 (Janeiro,
Abril
e
Outubro:
regime
de
vazante. Julho:
6
Fosfato (jane iro)
5
5
4
4
P-PO4
UM
P-PO4
UM
6
3
2
Fos fato (abril)
3
2
1
1
0
0
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
3
6
Salinidade
Salinidade
6
Fos fato (julho)
5
5
4
4
P-PO4
UM
P-PO4
UM
6
3
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Fos fato (outubro)
3
2
2
1
1
0
0
0
3
6
0
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Salinidade
Figura
27:
Dispersão sazonal dos resultados de Fosfato plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em
2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
0,15
0,15
Fós foro Total (jane iro)
0,10
Fós foro Total (abril)
mg/L
mg/L
0,10
0,05
0,05
0,00
0,00
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
0,15
Salinidade
0,15
Fós foro Total (julho)
0,10
Fós foro Total (outubro)
mg/L
mg/L
0,10
0,05
0,05
0,00
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
0,00
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Figura 28: Dispersão sazonal dos resultados de Fósforo Total plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos
analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
400
400
Silicato (janeiro)
300
300
250
250
200
Silicato (abril)
350
UM
UM
350
200
150
150
100
100
50
50
0
0
0 3
6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0 3
6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
400
400
Silicato (julho)
350
300
300
250
250
200
150
Silicato (outubro)
350
UM
UM
Salinidade
200
150
100
100
50
50
0
0 3
0
6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0 3
6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Salinidade
Figura 29: Dispersão sazonal dos resultados de Silicato plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos
analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
4,5
4,0
3,5
Clorofila A (janeiro)
3,0
2,5
2,0
1,5
ug/L
ug/L
4,5
4,0
3,5
1,0
0,5
0,0
0
3
6
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Clorofila A (julho)
0
3
4,5
4,0
3,5
ug/L
ug/L
Salinidade
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
Clorofila A (abril)
Clorofila A (outubro)
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Figura 30: Dispersão sazonal dos resultados de Clorofila-a plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos
analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
70
Razão N/P (jane iro)
60
70
Razão N/P (abril)
60
50
50
40
40
30
30
20
20
10
10
0
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
0
0
3
6
Salinidade
70
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
70
Razão N/ P (julho)
60
50
50
40
40
30
30
20
20
10
10
0
0
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Razão N / P (outubro)
60
0
3
6
9 12 15 18 21 24 27 30 33 36
Salinidade
Figura
31:
Dispersão
sazonal dos
resultados da
Razão N/P
plotados
contra
a
Salinidade
nos
4
gradientes
salinos
analisados
em
2007
(Janeiro,
Abril
e
Outubro:
regime
de
vazante.
Julho:
estofa).
3.2.2
–
Metais
Pesados
na Água
Os
resultados
do
monitoramento dos gradientes salinos aqui apresentados são relativos aos cruzeiros de Janeiro
e Abril (Tabelas 14 e 15), enquanto os cruzeiros de Julho e Outubro ainda estão sendo
processados, devido aos problemas técnicos apresentados pelo equipamento de absorção
atômica durante 2007.
A fim de se obter uma interpretação mais integrada dos dados, os gráficos indicando a
linha de tendência das concentrações ao longo dos gradientes salinos de Janeiro e Abril serão
apresentadas conjuntamente com os dados referentes a Julho e Outubro, após a conclusão das
análises e interpretação dos dados.
3.2.2.1 – Monitoramento do 1º Gradiente Salino (Janeiro - 2007)
Durante a amostragem de água em Janeiro (verão), o estuário apresentou influência de
água com alta salinidade até depois da cidade de Pelotas, indicando uma grande penetração de
água salgada no estuário (Figura 02A).
As concentrações de metais na água de superfície, amostrada no gradiente salino de
5,2 a 34,7 (Tabela 14) na condição de maré vazante e vento predominante norte/nordeste,
indicaram baixas concentrações para o As, Cr, Cu, Hg e Zn, com muitos valores abaixo do
limite de detecção do método de análise. Com isto, apenas as concentrações de cobre (Cu)
apresentaram um decréscimo significativo (R2=0,89) com o aumento da salinidade, enquanto,
que as concentrações de niquel (Ni) apresentaram um aumento significativo (R2=0,85) com o
acréscimo da salinidade. Os demais elementos (Cd, Fe, Mn, Pb e Zn) não indicaram variações
significativas ao longo do gradiente salino no estuário.
Embora o Pb tenha apresentado em geral concentrações bastante baixas, na salinidade
intermediária de 25,6 e 28,9 os teores de Pb foram respectivamente 6,97 µg/L e 12,97 µg/L.
Este último teor encontra-se acima do valor recomendado pela legislação da FEPAM de 10
µg/L, mas está em acordo com a legislação do CONAMA (2005), que determina o valor
máximo de 210 µg/L para águas salobras da Classe 2 (Tabela 14).
Da mesma forma, os teores de Ni também se destacaram por apresentar suas maiores
concentrações nas águas superficiais das duas salinidades intermediárias acima mencionadas,
com teores de 35,8 e 63,25 µg/L. A ocorrência das concentrações de Pb e Ni mais elevadas
nestas duas salinidades se deve, provavelmente, a influência do aporte de efluentes a partir da
Praia do Laranjal, visto, que as amostragens de água foram realizadas próxima a esta área.
3.2.2.2 – Monitoramento do 2º Gradiente Salino (Abril - 2007)
Durante a amostragem de água em Abril (outono), a água do estuário se encontrava
mixohalina, com água superficial doce acima da cidade de Rio Grande e água com alta
salinidade logo após a saída dos Molhes da Barra para o oceano.
As concentrações dos metais na água de superfície, com salinidades variando de 1,8 a
32,8 (Tabela 15) durante a maré vazante e vento predominante leste, indicaram serem mais
baixas do que no período de Janeiro.
Apenas o Mn apresentou um decréscimo significativo das concentrações com o aumento
da salinidade, visto que os locais de amostragem com alta salinidade já se encontravam no
mar e as concentrações de Mn estiveram muito baixas neste tipo de água.
Os elementos Cu, Mn, Pb e Zn exibiram tendências semelhantes frente a mudança de
salinidade, conforme observado na amostragem de Outubro de 2006, quando o regime foi
também vazante no estuário. Apenas o Fe apresentou uma tendência distinta, ou seja, de
decréscimo frente ao aumento da salinidade em Outubro/2006, e de aumento frente à
elevação da salinidade na presente amostragem (Abril/2007).
Os demais metais, As, Cd, Cr, Hg e Ni indicaram concentrações muito baixas, com
muitas abaixo do limite de detecção do método (Tabela 15). Portanto, nesta amostragem de
Abril todos os resultados estiveram de acordo com as concentrações recomendadas pela
legislação.
3.2.2.3 – Monitoramento do 3º Gradiente Salino (Julho - 2007)
Na amostragem em Julho (inverno) ocorreu a situação intensa de vazante no estuário e
a água mixohalina foi encontrada fora do estuário na área oceânica, mas bem mais afastada
dos Molhes da Barra (Figura 2), com salinidades variando de 0,5 a 24,5. Alguns metais
apresentaram concentrações um pouco mais elevadas, do que na amostragem de janeiro,
como o Cr, Pb e Zn (Tabela 16).
3.2.2.4 – Monitoramento do 4º Gradiente Salino (Outubro - 2007)
Durante as amostragens em Outubro (primavera), o vento intenso nordeste atuando
vários dias, favoreceu a ocorrência de intensa vazante, com água totalmente doce no estuário,
elevadíssima turbidez e deslocando a mistura da água do estuário com a do mar para fora dos
Molhes da Barra (Figura 2). As águas amostradas apresentaram variações de salinidade de 0 a
19, indicando valores muito baixos e confirmando a intensa influência de água doce
proveniente do estuário. Em geral todos os metais apresentaram concentrações mais elevadas
na água superficial, do que os demais meses, em função desta intensa quantidade de material
em suspensão (Tabela 17).
Devido a concentração de alguns metais analisados estarem abaixo do limite de
detecção do método, não foi possível avaliar a tendência do comportamento de todos
elementos frente a variação da salinidade nos 4 meses amostrados. Entretanto os resultados
obtidos indicaram ocorrer uma tendência geral não conservativa do metal frente ao aumento
da salinidade, como é o caso do Cd (Figura 32) e o Cr (Figura 33), para dois meses distintos.
Já o Fe foi o único elemento que não indicou nenhuma tendência significante nos 4 meses de
estudo (Figura 38). Isto pode indicar, que o Fe ocorreu em grande quantidade no estuário e
que existe Fe suficiente para ser utilizado em processos biológicos, possuindo assim um
comportamento mais conservativo nas águas mixohalinas. O Mn apresentou uma variabilidade
em seu comportamento frente ao aumento da salinidade (Figura 34), assim como o Ni (Figura
35), o Pb (Figura 36) e o Zn (Figura 37), provavelmente explicado pelas mais baixas
concentrações obtidas destes elementos nos meses de Janeiro, Abril e Julho. Como no mês de
Outubro as concentrações em geral foram mais elevadas, todos os elementos (Cd, Cr, Mn, Ni,
Pb e Zn) apresentaram a mesma tendência de decréscimo na concentrações com o aumento
da salinidade, indicando uma tendência não conservativa destes elementos no estuário, devido
a intensa vazante existente neste período. Apesar desta variação bastante particular da
condição do estuário, todos os resultados estiveram de acordo com as concentrações
recomendadas pela legislação.
Tabela 14: Gradiente Salino – 1° Cruzeiro (Janeiro/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água de superfície na
área portuária e adjacências, e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa).
* = FEPAM, Classe C água salobra (1995)
** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005)
Tabela 15: Gradiente Salino – 2° Cruzeiro (Abril/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água de superfície na área
portuária e adjacências, e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa).
* = FEPAM, Classe C água salobra (1995)
** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005)
Tabela 16: Gradiente Salino – 3° Cruzeiro (Julho/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água de superfície no
terceiro cruzeiro anual (12/07/2007) realizado ao longo do gradiente salino (sal. desde 1,8 até 32,8) presente na área
portuária e adjacências, e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa).
Parâmetro Unidade SAL 0,5 SAL 3,5 SAL 7,1 SAL 8,9 SAL 13,1 SAL 15,5 SAL 16,5 SAL 18,7 SAL 22,2 SAL 24,5
Referências
As
µg/L
< 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,167
< 0,167
<50*, <69**
Cd
µg/L
0,466
< 0,396
< 0,396
< 0,396
< 0,396
< 0,396
< 0,396
< 0,396
< 0,396
< 0,396
<5*, 40**
Cr
µg/L
0,295
1,825
2,804
5,881
< 0,261
1,160
0,649
< 0,261
0,261
1,368
<50*, <1100**
Cu
µg/L
< 0,239
0,391
0,611
1,401
< 0,239
< 0,239
2,056
0,331
0,376
< 0,239 <50*, 7,8** (dissolv.)
Fe
µg/L
532,225 712,225 424,725 415,725 318,725
14,725
13,225
< 0,150
279,225 1452,225
Hg
µg/L
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
<0,1*, <1,8**
Mn
µg/L
0,862
0,407
0,137
0,208
0,257
0,283
0,286
< 0,029
1,522
< 0,029
Ni
µg/L
2,026
0,551
< 0,807
2,111
< 0,807
< 0,807
< 0,807
< 0,807
0,456
0,441
<100*, <74**
0,860
< 0,600
< 0,600
5,130
1,495
2,930
4,480
< 0,600
2,380
< 0,600
<10*,210**
Pb
µg/L
Zn
µg/L
1,759
1,851
1,863
2,143
2,301
4,243
5,043
5,543
12,109
12,659
<170*, <120**
* FEPAM (1995): Classe C águas salobras
** Conama (2005): Classe 2 águas salobras
Tabela 17. Gradiente Salino – 4° Cruzeiro (Outubro/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água de superfície no
quarto cruzeiro anual (05/10/2007) realizado ao longo do gradiente salino (sal. desde 1,8 até 32,8) presente na área
portuária e adjacências, e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa).
Parâmetro Unidade SAL 0,0 SAL 3,4 SAL 5,8 SAL 8,8 SAL 11,4 SAL 16,9 SAL 18,0 SAL 19,0
As
µg/L
1,051
< 0,306
3,571
< 0,306
< 0,306
< 0,306
< 0,306
< 0,306
Cd
µg/L
1,618
0,948
0,638
0,413
< 0,397
< 0,397
< 0,397
< 0,397
Cr
µg/L
2,446
3,232
13,419
6,264
10,994
1,685
0,810
0,612
Cu
µg/L
2,345
1,145
1,160
1,530
1,005
4,440
< 0,272
< 0,272
Fe
µg/L
981,097 1186,097 1426,097 2046,097 2726,097 1356,097 561,097 159,097
Hg
µg/L
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
< 0,19
Mn
µg/L
4,791
3,741
5,571
3,926
3,096
1,536
1,631
0,251
Ni
µg/L
16,963
5,563
3,473
2,663
2,488
1,348
< 1,017
1,223
Pb
µg/L
7,512
4,862
4,612
4,212
3,767
3,367
2,677
3,242
Zn
µg/L
1,390
< 0,002
< 0,002
13,598
0,506
< 0,002
< 0,002
< 0,002
Referências
<50*, <69**
<5*, 40**
<50*, <1100**
<50*, 7,8** (dissolv.)
<0,1*, <1,8**
<100*, <74**
<10*,210**
<170*, <120**
* FEPAM (1995): Classe C águas salobras
** Conama (2005): Classe 2 águas salobras
Cd (Janeiro)
0,4
0,3
1,5
ug/L
ug/L
Cd (Outubro)
2,0
0,2
0,1
1,0
0,5
0,0
0,0
0
10
20
30
40
0
5
10
Salinidade
15
20
Salinidade
Cr (Julho)
7
6
5
4
3
2
1
0
Cr (Outubro)
15,0
10,0
ug/L
ug/L
Figura 32. Dispersão sazonal dos resultados de Cádmio plotados contra a Salinidade de 2 gradientes salinos em 2007
(Janeiro e Outubro: regime de vazante).
5,0
0,0
0
10
20
30
0
5
Salinidade
10
15
20
Salinidade
Figura 33. Dispersão sazonal dos resultados de Cromo plotados contra a Salinidade de 2 gradientes salinos em 2007
Fe (Janeiro)
(Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
Fe (Abril)
500
1000
ug/L
ug/L
1500
500
0
0
10
20
30
400
300
200
100
0
0
40
10
Fe (Julho)
2000
20
30
40
Salinidade
Salinidade
Fe (Outubro)
3000
2000
1000
ug/L
ug/L
1500
500
0
1000
0
0
10
20
Salinidade
30
0
5
10
Salinidade
15
20
1,0
ug/L
ug/L
Mn (Janeiro)
Mn a(Abril)
Figura 34. Dispersão sazonal dos resultados de Ferro plotados contra
Salinidade de 4 gradientes salinos em 2007
1,5
1,0
(Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
0,8
0,5
0,6
0,4
0,2
0,0
0,0
0
10
20
30
40
0
10
20
30
40
Salinidade
Salinidade
Mn (Outubro)
Mn (Julho)
2,0
6
ug/L
ug/L
1,5
1,0
0,5
0,0
4
2
0
0
10
20
0
30
5
10
15
20
Salinidade
Salinidade
Figura 35. Dispersão sazonal dos resultados de Manganês plotados contra a Salinidade de 4 gradientes salinos em
2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
Ni (Janeiro)
Ni (Julho)
ug/L
ug/L
60
40
20
2
15
20
1
0
0
0
10
20
30
Ni (Outubro)
3
ug/L
80
10
5
0
40
0
10
Salinidade
20
30
0
5
Salinidade
10
15
20
Salinidade
Figura 36. Dispersão sazonal dos resultados de Níquel plotados contra a Salinidade de 3 gradientes salinos em 2007
(Janeiro e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
Pb (Julho)
Pb (Abril)
0,4
0,2
0,0
8
6
4
ug/L
ug/L
0,6
ug/L
Pb (Outubro)
6
0,8
2
2
0
0
10
20
30
40
4
0
0
10
Salinidade
20
30
0
5
10
Salinidade
15
20
Salinidade
Figura 37. Dispersão sazonal dos resultados de Chumbo plotados contra a Salinidade de 4 gradientes salinos em 2007
(Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
1,1
0,0
Zn (Outubro)
15
15
10
10
ug/L
2,2
ug/L
ug/L
Zn (Julho)
Zn (Abril)
3,3
5
0
0
10
20
Salinidade
30
40
5
0
0
10
20
Salinidade
30
0
5
10
Salinidade
15
20
Figura 38. Dispersão sazonal dos resultados de Zinco plotados contra a Salinidade de 3 gradientes salinos em 2007
(Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa).
3.3 – Monitoramento de organismos Bio-indicadores
Todos os resultados (concentrações de metais nos organismos coletados) estão
expressos em peso úmido, conforme considerado pela legislação brasileira.
• Mexilhões (Perna perna):
Os organismos obtidos no local Porto, junto a Raiz do Molhe Oeste (Tabela 03), eram de
um tamanho bastante reduzido. Observou-se que a grande população desses organismos
fixados as pedras dos molhes, apresentou uma considerável redução, em virtude do estuário
ter sido dominado por um longo período de água doce. Conforme descrito por Furley (1993),
os mexilhões não suportam viver por mais de 30 dias em ambiente dominado por água doce.
Estes organismos apresentaram concentrações de metais em conformidade com a legislação
(Tabela 18).
No local denominado local Controle, no Farol da Conceição (Tabela 03) não foi possível
efetuar coletas pois, em todas ocasiões de amostragem (03 vezes), a maré estava muito alta,
impossibilitando o acesso ao local onde estes organismos estão fixados. Em função também
das fortes tempestades que assolaram a costa sul do Brasil, muitos organismos foram
arrancados do seu substrato rochoso, tendo sido encontrados mortos na praia, em locais até
distante do seu hábitat, transportados pelas fortes correntes marinhas, impulsionadas pelos
fortes ventos.
• Cracas (Balanus improvisus):
Não houve fixação abundante de cracas durante o período de inverno. O material
coletado possuía muito mais carapaça do que partes moles. Isto não é um fato novo e já foi
demonstrado por Baumgarten (1986) que a análise de metais bioacumulados nas carapaças é
uma excelente ferramenta para biomonitoramento.
Foi possível obter cracas somente junto ao Píer de atracação do Porto Novo (Tabela 03)
e, mesmo assim, foram coletados poucos organismos, com tamanho bastante reduzido. Os
organismos maiores, estavam mortos, restando somente a carapaça. O longo período a que o
estuário esteve submetido a ação da água doce, foi o responsável pela baixa densidade da
população e tamanho reduzido dos organismos.
Pela primeira vez o zinco não esteve em conformidade com a legislação. Deve ser
observado o comportamento do zinco nas próximas amostragens/análises. Os resultados
encontram-se na Tabela 19.
• Camarões (Farfantepenaeus paulensis):
Não houve coleta desses organismos, por estarem fora do período de safra. As
primeiras coletas referente a safra de 2008, serão efetuadas no mês de Janeiro, junto ao píer
de atracação do Porto de Rio Grande.
• Peixes:
Foram encontradas e analizadas as seguintes espécies:
⇒ Bagre
(Netuma planifrons)
⇒ Corvina
(Micropogonias furnieri)
⇒ Mandi
(Parapimelodus nigribarbis)
⇒ Pintado
(Pimelodus maculatus)
⇒ Tainha
(Mugil platanus)
⇒ Tambica
(Hoplostermum littorale)
Todas espécies analizadas apresentaram concentrações de metais em conformidade com a
legislação.
Tabela 18. Concentrações (µg/L) de metais em diferentes espécies de organismos indicadortes (Agosto de 2007 –
Inverno).
4 – CONCLUSÕES
4.1 - Parâmetros Físico-Químicos e Nutrientes
A estratégia adotada para avaliação da qualidade ambiental da água, através de
cruzeiros sazonais para monitoramento contínuo do estuário (com amostragens em 10
estações fixas e em três profundidades da coluna d’água) simultaneamente com o
acompanhamento do gradiente salino (com amostragens superficiais), permitiu uma avaliação
da qualidade ambiental em quatro situações, abaixo descritas, muito distintas em termos de
hidrodinâmica e conseqüências na qualidade da água da área portuária.
• Situação 1:
A dominância da água marinha oligotrófica no estuário ocorrida no monitoramento de
Janeiro, embora em um fraco regime de vazante no canal, resultou em diluições dos
contaminantes aportados via lançamento pontual nas margens de efluentes domésticos e
industriais ricos em matéria orgânica, assim como via emissões de possíveis perdas de
resíduos de grãos vegetais resultantes das atividades portuárias de carga e descarga. Essa
diluição resultou em decréscimos das concentrações em geral dos compostos químicos
aportados para o estuário.
Mas, devido a que as águas do Saco da Mangueira estavam vazando para a área
portuária com altas concentrações de nitrogênio amoniacal (amônio), nas estações junto à
desembocadura dessa enseada, a diluição não foi suficiente para evitar o enriquecimento
nesse fitonutriente nessa área. Para que isso não ocorresse, a hidrodinâmica do canal teria que
ser maior nessa ocasião. A origem de amônio é a partir da degradação da matéria orgânica
intensamente aportada para essa enseada.
• Situação 2:
Quando o estuário se encontrou estratificado, com a cunha salina penetrando pelo
fundo e com fracos processos de mistura das camadas de água, como ocorreu em Abril, a
contribuição da coluna sedimentar se concentrou no enriquecimento das águas do fundo do
estuário e na sub-saturação em oxigênio. Quanto mais contaminada a coluna sedimentar,
maior é o enriquecimento da coluna d’água, principalmente junto ao fundo.
• Situação 3:
Com a dominância da água mixohalina no estuário, como ocorrida em Julho, sem
estratificação significativa, com regime hídrico heterogêneo, com vazante no norte do estuário,
seguido de enchente e estofa no Superporto, os efluentes lançados tendem a ficarem retidos
no estuário. Apesar disso, a água marinha presente no mesmo, embora diluída, proporcionou
alguma diluição dos mesmos.
Essa é uma condição ambiental bastante crítica para lançamento de efluentes ou
realização de dragagens. Corrobora com isso os acréscimos de fosfato, evidenciando a
presença na área portuária de emissões de indústrias de fertilizantes, sejam aéreas ou
hídricas, as quais são ricas nesse composto.
• Situação 4:
A situação de intensa vazante e total dominância de água doce até a desembocadura do
estuário, registrada em Outubro, resultou num intenso enriquecimento da água em nutrientes
e suspensões. Isso foi conseqüência de um somatório de fontes naturais (ressuspensão de
sedimentos e liberação de água intersticial enriquecida por processos de diagêneses ocorrentes
na coluna sedimentar, típicos dos ciclos biogeoquímicos do nitrogênio e do fósforo) e
antrópicas (efluentes, emissões aéreas industriais ou portuárias). Nessa situação, a
contaminação e principalmente a fortíssima turbidez da água somente foi se dissipando a
partir da desembocadura do estuário, à medida que a água se misturava com a água marinha
oligotrófica. Isso pode ser constatado com o estudo silmultâneo do gradiente salino ocorrido
somente na área junto ao deságüe do estuário.
As análises dos Gradientes Salinos amostrados nestas diferentes condições de
hidrodinâmica do estuário evidenciaram que a água marinha somente contribui de forma
significativa para melhorar a qualidade química da água do estuário e adjacências quando essa
água está contaminada por ter sofrido algum enriquecimento importante.
Portanto, ficou evidente a importância em se adotar monitoramentos contínuos ao
longo do tempo com estudos simultâneos dos Gradientes Salinos, pois a influência da água
marinha no estuário diminui as concentrações dos poluentes e aumenta a capacidade do
mesmo em receber efluentes e outros aportes, sem necessariamente se contaminar ou estar
em desconformidade com a legislação ambiental.
Apesar dos acréscimos de amônio e de alguns compostos registrados em todos os
quatro monitoramentos realizados em 2007, as concentrações ainda se mantiveram em
conformidade com a legislação ambiental do CONAMA (2005), embora as concentrações de
amônio e as sub-saturações de oxigênio tenham se apresentado levemente fora dos padrões
recomendados como normais pela bibliografia para estuários naturais. Isso enfatiza que na
área portuária há aportes excessivos de compostos nitrogenados, seja de fontes naturais ou
antrópicas, incluindo os deságües do Saco da Mangueira, além das próprias emissões pontuais
locais.
4.2 - Metais Pesados na Água
As concentrações de metais, em geral, se apresentaram bastante baixas nos períodos
amostrados, indicando que o regime de vazante predominante nas amostragens foi importante
no processo de diluição destes elementos. O aumento nas concentrações de certos elementos
indicam, provavelmente, ocorrer devido a algum aporte proveniente do continente (como
observado no monitoramento do Gradiente Salino em Janeiro-2007) ou da ressuspensão do
sedimento de fundo (observado durante o monitoramento contínuo nos dos pontos fixos em
Abril-2007).
No entanto, todos os elementos apresentaram teores na água em conformidade com a
legislação vigente.
4.3 - Metais Pesados em Organismos Bio-indicadores
Nos dois períodos considerados, o cromo total foi o único elemento que apresentou
concentrações no limite máximo ou levemente acima do recomendado pela legislação
brasileira.
No cenário nacional (Niencheski et al., 2005) e, especificamente no estuário da Lagoa
dos Patos (Baraj et al., 2002 e 2003; Corradi, C. E., 2002, Corradi et al., 2001; 2002a, 2002b;
2003 e Rosa et al., 2002), resultados têm reportado que as concentrações de cromo
bioacumulado, tanto em peixes quanto em camarões e cracas, estão acima do estipulado pela
legislação brasileira (Portaria No. 34/1984 estabelecida pela DINAL – Divisão Nacional de
Vigilância Sanitária) constituindo um importante fator sanitário.
Embora a legislação fixe limites para a presença de cromo total em águas, deve ser
dada especial atenção à presença da forma hexavalente daquele elemento (Cr VI) no
ambiente, em virtude de seus efeitos teratogênico e mutagênico sobre os seres vivos.
5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMINOT, A & CHAUSSEPIED, M. 1983. Manuel des analyses chimiques en milieu marin.
CNEXO. Brest. 395 p. 143.
BARAJ, B.; NIENCHESKI, L. F. & CORRADI, C. E. C., 2002. Tendência de metais traço
bioacumulados no molusco Perna perna da costa sul brasileira. XXIV Congresso Brasileiro
de Zoologia. 17 a 22 de fevereiro de 2002, Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina,
Brasil. Resumo 6073. p.51.
BARAJ, B.; NIENCHESKI, L. F. & CORRADI, C. E. C. 2003. Trace metal content trend of mussel
Perna perna from the Atlantic coast of southern Brazil. Water, Air, and Soil Pollution. 145
(1-4), p. 205-214. ISSN 0049-6079
BAUMGARTEN, M. G. Z. & NIENCHESKI, L. F. 1986. Metals in solution and associated with
suspended matter in the Patos Lagoon Estuary, Brazil. Simpósio Internacional sobre Metais
em Ambientes Costeiros da América Latina. 04 a 08 de agosto. Niterói- RJ. Resumo de
Comunicação.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). 2005. Resolução n° 357 de 17 de
março de 2005. D.O.U. n° 53 de 30 de julho. Revoga da Resolução CONAMA n°20 de
1986.
CORRADI, C. E. C.; BAUMGARTEN, M. G .Z.; BARAJ, B.; NIENCHESKI, L. F. & PINHEIRO Jr., E.
M. 2001. Bioacumulação de metais por cracas no estuário da Lagoa dos Patos: situação
em 85-86 e atual. XIV Semana Nacional De Oceanografia, 2001, Rio Grande. Anais da
XIV Semana Nacional de Oceanografia. Oceanografia e Sociedade: um desafio à teoria
e à prática. 07 a 13 de Outubro de 2001. Rio Grande: Ed. Centro Acadêmico Livre de
Oceanologia, 2001. 1 CD-ROM. Apresentado na forma de Painel. Resumo expandido: 029.
CORRADI, C. E.; FRIEDRICH, A. C.; NIENCHESKI, L. F. & BAUMGARTEN, M. G. Z. 2002.
Avaliação dos níveis de Hg, Cd, Cr e Pb no camarão rosa (Farfantepenaeus paulensis) da
enseada Saco da Mangueira. Encontro de Qualidade dos Alimentos e Meio Ambiente
(EQAMA 2002). 19 a 21 de junho de 2002. FURG.
CORRADI, C. E. C.; NIENCHESKI, L. F.; ROSA, M. L.; BARAJ, B.;. & BENEDET, R. A. 2002.
Avaliação do potencial bioindicador do camarão rosa (Farfantepenaeus paulensis) no
estuário da Lagoa dos Patos. XXIV Congresso Brasileiro de Zoologia. 17 a 22 de fevereiro
de 2002, Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina, Brasil. Resumo 7147. p.105.
CORRADI, C. E. C.; FRIEDRICH, A. C.; NIENCHESKI, L. F.; BAUMGARTEN, M. G. Z.; De LA
ROCHA, S. B. & CABRERA, L. C. 2003. Avaliação dos níveis de Hg, Cd, Cr e Pb no camarão
rosa (Farfantepenaeus paulensis) da enseada Saco da Mangueira (RS). XLIII Congresso
Brasileiro de Química. Química: Conservação e Meio Ambiente. Realizado pela ABQ, Ouro
Preto, Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais.
22 a 26 de setembro de 2003. Livro de Resumos, IC – 150 – p. 684.
DAY Jr., J. W.; HALL, C. A. S.; KEMP, W. M & YANEZ-ARANCIBIA, A. 1987. Estuarine
chemistry. In: Estuarine Ecology. Cap. 3. Ed. Wiley. New York: 79-143.
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FURLEY, T. H. 1993. Utilização do mexilhão Perna perna (Linné, 1758) como bioindicador dos
metais pesados cádmio, chumbo, zinco, cobre e manganês do litoral do Rio Grande do Sul
(Brasil). 1993. 131 p. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Biológica) – Fundação
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LIMA, I. V. 2003. Ferro. In: Azevedo, F. A. & Chasin, A. A. M. (Orgs.). Metais,
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NIENCHESKI, L. F.; PINHEIRO Jr., E. M.; MACHADO, E. C.; SILVEIRA, I. M. O.; MONTES, M. F.
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brasileira (Projeto RECOS – Instituto do Milênio). Conferência Científica 19. Trabalho 334.
II Congresso Brasileiro de Oceanografia. Vitória - Espírito Santo. 09 a 12 de outubro.
Resumo expandido.
ROSA, M. L.; BARAJ, B. & NIENCHESKI, L. F. 2002. Avaliação das Concentrações de Metais
Pesados em Sedimentos Marginais a Marismas no Sul do Estuário da Lagoa dos Patos
(RS). Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental. UNIVALI – Universidade do Vale do
Itajaí – CTTMar – Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar - Curso de
Engenharia Ambiental. 28/04 – 01/05/2002.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). 1989. Lead – Environmental Aspects. Geneva,
pp.106.
III - GEOQUÍMICA
Equipe Técnica:
Responsável: Dr. Paulo Baisch
Dr. Nicolai Mirlean
Prof. Gilberto Griep
Téc. Dra. Maria Regina Casartelli
Téc. Lab. Lutiane das Neves Affonso
Téc. Lab. Neuza Teixeira
Acadêmico Felipe Azevedo de Paula Garcia
1 – INTRODUÇÃO
O presente relatório refere-se às atividades realizadas no ano de 2007, as quais
abrangem três (03) cruzeiros de sondagem geológica e geoquímica para monitorar a qualidade
dos sedimentos da região de acesso ao Porto do Rio Grande e bacia de evolução do porto
novo. Estes trabalhos envolveram processos de amostragens, análises de laboratório e
interpretação de resultados.
O trabalho executado teve como objetivo investigar a qualidade dos sedimentos
superficiais da região portuária estuarina do Porto do Rio Grande, com vistas ao
monitoramento ambiental dessa região. Para tanto foram realizadas: medições de pH e Eh;
análise granulométrica; análises para dosar os níveis dos metais pesados: Mercúrio e Arsênio;
dosagem dos elementos metálicos: Zinco, Chumbo, Cobre, Níquel, Cromo, Cádmio e Alumínio;
dos nutrientes: Carbono Orgânico Total; Nitrogênio Orgânico Total; Fósforo Total; e dos Óleos
e Graxas. Os resultados encontrados foram avaliados quanto a conformidade dos teores em
relação aos níveis exigidos pela Resolução CONAMA 344/2004.
2 - MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Área Amostral
No decorrer de 2007, foram efetuados três (03) cruzeiros para amostragens na coluna
do sedimento. Os cruzeiros foram realizados pela Lancha Larus da FURG, nos meses de Abril,
Julho e Outubro, respectivamente. As amostragens foram realizadas em 10 pontos de coleta,
nas coordenadas descritas na (Tabela 01), conforme definição da Superintendência do Porto de
Rio Grande, onde foram coletadas as amostras superficiais de sedimentos. As localizações das
estações amostrais encontram-se plotadas na Figura 01.
Tabela 01: Localização espacial e temporal das estações de amostragem.
Estações
Descrição (nome)
Latitude
Longitude
G0
São José do Norte 1
31° 58' 19"S
52° 04' 14"W
G1
Porto Velho
32° 01 46"S
52° 03' 46"W
G2
Porto Novo
32° 02' 04"S
52° 04' 36"W
G3
Porto Novo
32° 02' 20"S
52° 04' 28"W
G4
Bóia 4
32° 03' 20"S
52° 04' 12"W
G5
S 386
32° 03' 54"S
52° 04' 32"W
G6
Bóia 13
32° 05' 58"S
52° 06' 01"W
G7
Praticagem
32° 08' 00"S
52° 06' 02"W
G8
Raiz do Molhe
32° 09' 37"S
52° 05' 27"W
G9
Ponta do Molhe
32° 11' 26"S
52° 04' 40"W
Figura 01: Localização espacial das estações amostrais,
à exceção do ponto controle (G0), situado a montante no estuário.
2.2 – Amostragem
As análises geoquímicas foram realizadas em 30 amostras que foram coletadas
utilizando-se um amostrador pontual do tipo “busca-fundo”, modelo Van-Veen, livre de
contaminação metálica ou orgânica.
As medidas de pH e Eh (potencial redox) foram realizadas durante as coletas. Após
essas medidas, os sedimentos foram adequadamente acondicionados e transportados ao
laboratório, onde se realizou o processamento das amostras.
No laboratório cada uma das amostras foi divida em duas partes, uma parte destinada
às análises granulométricas e outra para análises químicas.
2.3 – Análises Laboratoriais
2.3.1 – Granulometria dos Sedimentos
Para a determinação da granulometria dos sedimentos foi empregado o método
tradicional de peneiragem (sistema de vibração elétrica) da fração maior do que 0,062 mm de
diâmetro (partículas grosseiras), enquanto que para as partículas finas (silte e argila) foi
empregado o método da separação por decantação, seguido por pipetagens sucessivas. Os
resultados de cada fração granulométrica analisada são apresentados em porcentagem de
peso seco total da amostra.
2.3.2 - Medidas de pH e Eh
As leituras de pH foram efetuadas pelo método potenciométrico, com pH-mêtro digital
(+/- 0,01 pH) empregando-se um eletrôdo combinado de vidro tipo baioneta. O Eh (potencial
redox) foi medido pelo método potenciométrico (+/- 1 mV) com pH-mêtro digital (1 mV)
empregando-se um eletrôdo combinado de platina.
2.3.3 – Análise de Nutrientes e Contaminantes
As amostras destinadas às análises químicas foram dessalinizadas, secas em estufa,
peneiradas em malha de nylon (63 μm) e maceradas em graal da ágata.
Nas amostras do 1° e 2° cruzeiros (Abril e Julho-2007, respectivamente), as análises
químicas dos parâmetros geoquímicos foram realizadas na fração fina, sendo as concentrações
posteriormente extrapoladas para fração total, afim de comparação com a legislação vigente
(Tabelas 02 e 03).
As análises químicas das amostras do 3° cruzeiro (Outubro-2007), no entanto, foram
realizadas diretamente sobre a fração total (Tabela 04). Dentre estas apenas as análises de
óleos e graxas não foram concluídas, e portanto, encontram-se ausentes do atual diagnóstico.
Os teores na fração total do sedimento foram calculados pela multiplicação dos teores
encontrados por um fator correspondente ao percentual da fração fina no sedimento total. Os
dados de concentração total estão apresentados em tabelas (Tabelas 02, 03 e 04) e descritos
por área de interesse.
2.3.3.1 - Análise do Carbono Orgânico Total
O conteúdo de carbono orgânico total (COT) foi determinado pelo método de oxidação
em via úmida segundo Strickland e Parsons (1972), modificado por Etcheber (1981). Os
resultados são apresentados em porcentagem (%) do sedimento seco.
2.3.3.2 – Análise do Nitrogênio Orgânico Total
A concentração de Nitrogênio Orgânico Total (NOT) foi efetuada de acordo com a
metodologia micro-Kjeldahl, descrita por Bremner (1965). Os resultados do NOT são
apresentados em mg/Kg do sedimento seco.
2.3.3.3 - Análise do Fósforo Total.
A concentração de Fósforo total (P-Total) foi determinada através do
método espectrofotométrico (APHA, 1992), e os resultados são apresentados
em mg/Kg do sedimento seco.
2.3.3.4 - Análise de Óleos e Graxas
A dosagem do teor de óleos e graxas dos sedimentos foi efetuada
segundo metodologia de extração por solvente (APHA, 1992), sendo os
resultados apresentados em porcentagem (%) de sedimento seco.
2.3.4 - Análise dos Metais Pesados
2.3.4.1 – Análise dos Elementos Metálicos
As frações dos sedimentos destinadas às análises químicas (alguns
metais e matéria orgânica) foram secas em estufa a 80°C, enquanto que para
as análises de mercúrio e arsênio (Hg e As) os sedimentos foram secos a
temperatura máxima de 30°C para evitar perdas por volatilização.
As análises dos elementos metálicos Chumbo, Cobre, Zinco, Cádmio,
Níquel, Cromo e Alumínio foram efetuadas segundo a metodologia descrita por
Windom et al. (1989), a qual consiste na digestão ácida total (HNO3, HClO4,
HF) a quente em recipientes de teflon, com a posterior eliminação dos
fluoretos.
A dosagem da concentração dos elementos metálicos foi efetuada segundo os
procedimentos tradicionais de Espectrofotometria de Absorção Atômica por chama, com a
utilização de um aparelho BCG de modelo 932 AA.
2.3.4.2 – Análise de Mercúrio
O Mercúrio (Hg) dos sedimentos foi extraído através de um ataque com ácido sulfúrico
e foi dosado pela técnica de vapor a frio com leitura por Espectrofotometria de Absorção
Atômica.
2.3.4.3 – Análise de Arsênio
As análises de Arsênio dos sedimentos foram realizadas através da
metodologia de Espectrofotometria de Absorção Atômica por forno de grafite
(Nham & Brodie, 1989).
2.4 - Controle de Qualidade Analítica
As análises foram realizadas em triplicatas, sendo repetidas no caso de terem
apresentado valores considerados não aceitáveis de Desvio Padrão Standard (RSD). Para o
controle e monitoramento da qualidade analítica foram empregados sedimentos certificados de
referência (PACS-1; PACS-2).
3 – RESULTADOS
As concentrações dos parâmetros geoquímicos, resultantes das medições e das análises
granulométrica e química das amostras dos cruzeiros de 2007, encontram-se nas tabelas 02,
03 e 04, assim como os níveis exigidos pela legislação vigente (Resolução CONAMA 344/2004).
3.1 – Granulometria dos Sedimentos
Os percentuais em massa das frações granulométricas, para cada estação amostral
estão ilustrados nas Figuras 02, 03 e 04.
Em termos das principais frações granulométricas (areia, silte e argila) os resultados
estatísticos mostram que, em média, os sedimentos da região portuária - estuarina não
apresentam uma fração granulométrica efetivamente dominante sobre as demais, podendo ser
classificados, globalmente, como fácies mistas.
Os sedimentos do 1° cruzeiro amostral são classificados, em média, como Síltico-argiloarenosos, à exceção dos pontos G1, G5 (tendendo a Arenosos) e G9 (Areno-síltico-argiloso).
Para os sedimentos do 2° cruzeiro amostral, os pontos G1 e G5 apresentam-se
predominantemente compostos pela fração Areia (74,1% e 85,9%, respectivamente), sendo
considerados arenosos. Os pontos G6 e G7 são bastante ricos em Argila (60,3% e 57,9%,
respectivamente), associados a teores de silte, podendo ser classificados como Argilas-sílticas.
Os demais sedimentos apresentaram teores relativamente próximos das três classes
granulométricas, sendo uma mistura de Areia, Silte e Argila.
No 3° cruzeiro (Outubro-2007), os pontos amostrais G1, G4, G8 e G9 podem se
classificados como Areia-argilosa, enquanto os pontos G2, G6 e G7 apresentam uma
distribuição granulométrica que permite classificá-los como Silte-argilosos. O sedimento do
ponto G0 enquadra-se como Argila-siltica, e os pontos G3 e G5 apresentam teores
relativamente próximos das três classes granulométricas, sendo uma mistura de Areia, Silte e
Argila.
As médias granulométricas por cruzeiro amostral não são valores estatísticos muito
representativos, pois existe uma grande variação granulométrica ao longo da região (Figuras
02, 03 e 04), o que é comprovado pelos altos valores dos desvios-padrão das médias das
diferentes frações em todos os cruzeiros.
No entanto é possível observar uma uniformidade temporal no ponto G1 quanto a
granulometria, sendo que este ponto apresentou a fração areia acima de 68% em todas as
campanhas (Areia igual a 70,8% ±2,9%). Padrão semelhante, porém não tão expressivo, pode
ser verificado para outros pontos estudados. Os pontos G5 (Areia = 66,9% ±22,4%) e G9
(Areia = 51,7% ±13,2%).
Inversamente, quatro pontos apresentaram características lamosas ao longo dos
cruzeiros amostrais. Para o somatório das frações Silte e Argila encontram-se o ponto G0 com
teor de 91,4% (±11,0%), o ponto G2 com teor de 84,9% (±12,1%), o ponto G6 com teor de
87,6% (±11,7%), e o ponto G7 com teor de 94,5% (±2,2%).
Os demais pontos (G3, G4 e G8) apresentaram uma ampla distribuição das classes
granulométricas ao longo do tempo.
Tabela 02: Resultados das análises geológicas e geoquímicas dos sedimentos superficiais da região portuária do
G0
G1
G2
G3
G4
G5
G6
G7
G8
G9
Média
Desvio
padrão
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Areia (%)
2,12
68,57
27,46
2,99
25,73
72,69
24,46
3,02
8,63
41,19
27,68
26,10
Silte (%)
50,19
14,86
36,52
69,80
40,51
14,68
40,68
48,58
46,45
34,68
39,70
16,40
Argila (%)
47,69
16,58
36,02
27,21
33,76
12,63
34,85
48,40
44,93
24,13
32,62
12,49
pH (pH)
6,49
6,45
6,48
6,56
6,58
6,76
7,45
6,50
6,77
6,75
6,68
0,30
Eh (mV)
61
74
58
62
63
63
71
59
56
64
63,10
5,59
COT (%)
2,11
0,61
1,64
2,20
1,68
0,59
1,75
2,04
1,97
1,20
1,58
0,59
Óleos e Graxas
(%)
0,70
0,09
0,15
nd
nd
nd
0,37
nd
nd
nd
0,13
0,23
NOT (mg/kg)
2377
723
2062
2867
1999
658
2243
2579
2534
1432
1950
763
P-Total (mg/kg)
6665
2169
6541
8058
5783
2260
7070
8500
8291
6179
6152
2264
Zn (mg/kg)
67,62
21,67
54,91
68,02
51,77
18,13
5473
67,42
63,67
40,56
50,85
18,49
Cu (mg/kg)
20,94
8,20
20,18
22,06
16,96
5,75
17,82
21,54
20,00
12,80
16,63
5,79
Cd (mg/kg)
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
XX
Ni (mg/kg)
10,37
4,55
10,71
10,55
8,44
3,24
10,72
14,20
11,97
9,33
9,41
3,29
Cr (mg/kg)
41,83
21,20
49,92
61,92
46,66
11,11
54,17
64,00
60,97
38,01
44,98
17,70
Pb (mg/kg)
3,52
0,31
3,91
11,61
nd
2,34
2,94
4,35
6,21
nd
3,53
3,49
As (mg/kg)
16,18
6,13
7,16
9,40
11,51
4,49
Hg (mg/kg)
0,161
0,054
0,124
0,149
0,126
0,027
0,123
0,147
0,156 0,096
0,118
0,041
5,59
1,84
4,74
5,11
3,99
1,39
4,13
5,14
4,03
1,43
Granulo (%)
Al (%)
15,06 14,71 12,76
3,88
14,11 15,72
4,99
3,38
estuário da Lagoa dos Patos, referente ao 1° cruzeiro amostral do monitoramento da qualidade do sedimento (Abril2007). Valores excedendo o Nível 1 do CONAMA encontram-se grifados de laranja, enquanto que o Nível 2 ou Alerta
encontram-se em vermelho. Valores nd correspondem a “não detectados”.
Tabela 03: Resultados das análises geológicas e geoquímicas dos sedimentos superficiais da região portuária do
estuário da Lagoa dos Patos, referente ao 2° cruzeiro amostral do monitoramento da qualidade do sedimento (Julho2007). Valores excedendo o Nível 1 do CONAMA encontram-se grifados de laranja, enquanto que o Nível 2 ou Alerta
encontram-se em vermelho. Valores nd correspondem a “não detectados”.
G0
G1
G2
G3
G4
G5
G6
G7
G8
Granulo (%)
0,0000
0,0000
0,0000
0,6220
0,0000
8,2619
0,0000
0,0000
0,0000
Areia (%)
21,2613
74,1489
14,6546
37,7974
40,8413
85,9591
11,6661
6,2395
31,525
Silte (%)
36,8701
13,0939
40,9482
18,2949
17,6886
4,2808
27,9664
35,8347
35,377
Argila (%)
41,8686
12,7572
44,3972
43,2857
41,4701
1,4982
60,3675
57,9258
33,097
pH (pH)
6,85
7,03
6,78
6,97
6,70
6,74
6,74
9,77
6,97
Eh (mV)
123
160
97
148
110
88
55
17
-20
COT (%)
1,69
0,50
1,94
1,40
1,34
0,12
2,04
1,97
1,48
Óleos e Graxas (%)
0,56
0,07
0,18
nd
nd
nd
0,43
nd
nd
NOT (mg/kg)
1912
595
2426
1820
1592
145
2623
2494
1899
P-Total (mg/kg)
5362
1784
7696
5115
4607
478
8268
8217
6213
Zn (mg/kg)
54,39
17,82
64,60
43,17
41,24
3,84
64,00
65,18
47,71
Cu (mg/kg)
16,85
6,74
23,75
14,00
13,51
1,22
20,83
20,83
14,99
Cd (mg/kg)
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
Ni (mg/kg)
8,34
3,74
12,60
6,69
6,73
0,69
12,54
13,73
8,97
Cr (mg/kg)
33,65
17,43
58,73
39,31
37,17
2,35
63,34
61,87
45,69
Pb (mg/kg)
2,83
0,26
4,60
7,37
<0,02
0,50
3,44
4,20
4,65
As (mg/kg)
13,02
5,04
17,72
9,34
10,16
0,82
16,51
15,20
5,37
Hg (mg/kg)
0,129
0,044
0,146
0,095
0,100
0,009
0,143
0,142
0,117
Al (%)
4,50
1,51
5,58
3,25
3,18
0,29
4,83
4,96
3,74
Tabela 04: Resultados das análises geológicas e geoquímicas dos sedimentos superficiais da região portuária do
estuário da Lagoa dos Patos, referente ao 3° cruzeiro amostral do monitoramento da qualidade do sedimento
(Outubro-2007). Valores excedendo o Nível 1 do CONAMA encontram-se grifados de laranja, enquanto que o Nível 2
ou Alerta encontram-se em vermelho. Valores nd correspondem a “não detectados”.
G0
G1
G2
G3
G4
G5
G6
G7
G8
Granulo (%)
0,0000
0,0000
0,0000
0,0000
0,0000
0,0000
0,0000
0,2750
0,0000
Areia (%)
2,2745
69,7267
3,2033
32,1690
57,4534
42,1918
1,0980
6,9549
59,484
Silte (%)
39,9042
8,1599
50,1738
32,7510
17,1559
26,7277
56,7351
56,9745
12,674
Argila (%)
57,8213
22,1134
46,6229
35,0800
25,3907
31,0805
42,1669
35,7956
27,841
pH (pH)
6,31
7,51
7,35
7,20
7,28
7,22
7,00
7,12
7,39
Eh (mV)
163
228
153
146
142
155
162
153
134
COT (%)
1,35
0,29
1,14
0,98
0,56
0,90
1,26
1,12
0,67
NOT (mg/kg)
1136
916
1988
1643
1000
1507
2312
2226
1136
P-Total (mg/kg)
7664
2033
7884
5441
3324
5844
9144
8792
4416
Zn (mg/kg)
72,92
17,58
66,74
50,10
22,93
46,27
78,53
61,95
32,29
Cu (mg/kg)
21,85
5,54
18,38
14,54
7,62
13,73
22,38
18,85
10,61
Cd (mg/kg)
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
Ni (mg/kg)
15,71
3,86
14,62
10,81
4,95
10,01
18,22
15,21
8,12
Cr (mg/kg)
14,93
4,96
15,45
12,94
9,02
12,19
20,66
19,60
11,46
Pb (mg/kg)
15,16
4,71
14,40
9,59
4,37
9,16
14,01
11,04
5,27
As (mg/kg)
5,88
0,71
4,30
3,45
1,78
5,89
8,25
9,02
5,06
Hg (mg/kg)
0,061
0,046
0,046
0,058
0,071
0,120
0,045
0,060
0,035
4,85
1,26
4,84
3,37
32,16
3,23
5,14
4,28
5,07
Óleos e Graxas (%)
Al (%)
Figura 02:
Distribuição
granulométrica
sedimentos
coletados
o 1° cruzeiro
(Abril-2007).
dos
durante
amostral
Distribuição granulométrica dos sedimentos
coletados durante o 2° cruzeiro amostral (Julho-2007).
Figura 03:
Figura 04: Distribuição granulométrica dos sedimentos
coletados durante o 3° cruzeiro amostral (Outubro-2007).
3.2 – pH e Eh (potencial redox)
O pH e o potencial redox (Eh) são parâmetros que fornecem importantes informações
sobre as condições do ambiente geoquímico, e assim, dão indicações sobre a tendência do
comportamento químico de elementos e compostos naturais e contaminantes.
Os dados mostram que o pH dos sedimentos estudados apresentou uma variação
pequena, com média de 6,68 (±0,30) para o primeiro cruzeiro, média de 6,87 (±0,14) para o
segundo cruzeiro e média de 7,16 (±0,33) para o terceiro. O 1° e 2° cruzeiros podem ter os
sedimentos classificados como levemente ácidos a neutros, enquanto que para o 3° cruzeiro
apresentam-se neutros.
A pequena variação de pH encontrada nos sedimentos da região portuária – estuarina
do Rio Grande é uma característica natural desse sistema, pois a maior parte dos valores neste
ambiente oscila entre 6,5 a 7,5. Os únicos a apresentar valor fora desta faixa (G0, G1 e G2),
não excederam essa tendência além de 0,05 unidades.
A estabilidade e homogeneidade dos valores do pH ao longo do tempo e entre as
amostras, dentro de uma faixa neutra a fracamente alcalina, indica que esse parâmetro é
pouco importante sobre o controle da mobilidade dos contaminantes metálicos dos sedimentos
da região portuária - estuarina de Rio Grande.
Os valores do potencial redox apresentaram média de 63,10 mV (±5,59 mV) para o 1°
cruzeiro, 81 mV (±58,6 mV) para o 2° cruzeiro e 156 mV (±28,5 mV) para o 3° cruzeiro.
Estes resultados demonstram que os sedimentos estudados nos cruzeiros de 2007 encontramse em condições mediamente oxidantes.
Nas condições de Eh verificadas nesse estudo, é pouco provável que ocorram elevados
teores de sulfetos metálicos associados aos sedimentos da coluna sedimentar. Portanto, podese inferir que haverá pouca liberação de contaminantes metálicos associados a esse substrato
geoquímico, visto que os compostos provavelmente se encontram na forma oxidada, com uma
maior propensão a redeposição. Ademais, considera-se muito pouco provável que ocorra
algum tipo de impacto pela redução de oxigênio na coluna de água.
Os valores de pH e de Eh encontrados nesse trabalho situam-se dentro da faixa de
variação natural freqüentemente verificada nos sedimentos desse setor do estuário da Lagoa
dos Patos (Baisch, 1987, Baisch, 1996, Baisch, 1997 Baisch, 2000a; Baisch & Mirlean, 2002;
Baisch et al., 2004; Baisch et al., 2005).
3.3 – Nutrientes e Contaminantes
3.3.1- COT, NOT e P-Total
Os sedimentos do estuário da Lagoa dos Patos caracterizam-se por
apresentarem teores relativamente baixos em COT e NOT em comparação a
outros sistemas estuarinos. Os teores orgânicos mais elevados encontrados no
estuário localizam-se em torno da cidade de Rio Grande, que são as zonas
mais afetadas por composto orgânicos da região estuarina (Baisch, 1987;
Baisch, 1996, Baisch, 1997, Baisch, 2000a; Baisch & Mirlean, 2002; Baisch et
al., 2004; Baisch et al., 2005; entre outros).
Os teores de COT (Figuras 05, 06 e 07, linha azul) são fortemente influenciados pelas
características granulométricas dos sedimentos. Os teores de COT são inversamente
proporcionais aos teores da fração areia e diretamente relacionados com os teores das frações
mais finas (silte e argila). Este fato é particularmente notável para as amostras G1 e G5 de
todos cruzeiros e para os pontos G8 e G9 do 3° cruzeiro.
Os valores de COT encontrados estão de acordo os teores habitualmente
verificados nessa região portuária – estuarina da Lagoa dos Patos (Baisch,
1987; Baisch et al. 1988; Baisch, 1996; Baisch, 1997; Baisch, 2000a; Baisch,
2000b; Baisch e Mirlean, 2001; Baisch e Mirlean, 2002; Baisch et al., 2005;
Baisch et al., 2006 entre outros).
Para cada contaminante orgânico foram produzidos cartogramas representativos da
situação dos “teores relativos” dos parâmetros geoquímicos. Os teores foram calculados para
os três cruzeiros amostrais, segundo uma escala categórica de cores, em relação aos
respectivos valores de alerta estabelecidos pela legislação CONAMA 344-2004. Assim, os
teores relativos foram calculados pela divisão do teor encontrado de COT, NOT e P-Total pelo
seu respectivo valor de alerta estabelecido pelo CONAMA 344-2004.
Para uma melhor caracterização das situações ambientais, os teores relativos foram
organizados em seis (06) diferentes categorias, representadas por diferentes cores, as quais
estão descritas na tabela 05, abaixo:
Tabela 05: Categorias de cores para teores relativos dos parâmetros geoquímicos.
CORES
- Cor roxa
- Cor azul
TEORES RELATIVOS
- teores abaixo de 50 % do valor de alerta.
- teores entre 50 e 100 % do valor de alerta.
-
Cor
Cor
Cor
Cor
verde
amarela
laranja
vermelha
-
teores
teores
teores
teores
entre 100 e 150 % do valor de alerta.
entre 150 e 200 % do valor de alerta.
entre 200 e 250 % do valor de alerta.
acima de 250 % do valor de alerta.
Para cada estação os cruzeiros foram registrados de forma concêntrica, com o primeiro
cruzeiro no interior, o segundo no meio e o terceiro no exterior dos discos.
O cartograma do teor relativo do COT (Figura 08) indica que esse parâmetro não
representa limitações em relação à qualidade dos sedimentos da região portuária estuarina de
Rio Grande. Os teores encontrados estão muito abaixo dos valores de qualidade (valor de
alerta) estabelecidos pela legislação CONAMA 344-2004.
Os teores de Nitrogênio Orgânico Total (NOT) apresentaram no 1° cruzeiro um valor
médio de 1.950 mg/kg (±762 mg/kg), 1.679 mg/kg (±811,6 mg/kg) para o 2° cruzeiro e
1.468 mg/kg (±544,4 mg/kg) no 3° cruzeiro, demonstrando que os sedimentos são pobres em
nitrogenados.
Assim como o verificado para o COT, Os valores de NOT encontrados nesse trabalho
acompanham a distribuição granulométrica e estão de acordo com os teores comumente
verificados nessa região portuária – estuarina da Lagoa dos Patos (Baisch, 1987; Baisch et al.
1988; Baisch, 1997; Baisch, 2000a; Baisch, 2000b; Baisch e Mirlean, 2001; Baisch e Mirlean,
2002; Baisch et al., 2005 entre outros).
O cartograma do teor relativo do NOT (Figura 09) mostra que este nutriente tem pouca
probabilidade de causar contaminação ao ambiente aquático circundante, visto que raramente
se aproxima do valor de alerta.
Quase a totalidade das amostras apresenta teores de P-total superiores ao valor de
alerta (2.000 mg/kg) estabelecido pela resolução do CONAMA 344/2004, tendo apresentado
um valor médio de 6.152 mg/kg (±2.264 mg/kg) para o 1° cruzeiro, 5.328 mg/kg (±2583,7
mg/kg) para o 2° cruzeiro e 5.878 mg/kg (±2419,8 mg/kg) para o 3° cruzeiro.
As únicas estações amostrais a apresentarem valores abaixo do nível de alerta
estabelecido pela legislação foram os pontos G1 e G5 no 2° cruzeiro, onde os teores de
sedimentos finos foram muito reduzidos. Este fato diminui a probabilidade de se encontrar
esse contaminante, pois suas concentrações, assim como para o COT e o NOT, são
diretamente proporcionais ao percentual desta textura sedimentar.
As concentrações de P-Total são comparadas com o valor de referência da legislação no
cartograma da Figura 10.
O enriquecimento de P-total nos sedimentos pode ser imputado a fatores naturais e
antrópicos. As condições inerentes de o ambiente estuarino ter grandes variações físicoquímicas é um fator muito importante para o acúmulo de fósforo nos sedimentos, que se
somam com os aportes resultantes dos efluentes urbanos e industriais, especialmente das
indústrias de fertilizantes locais.
Entretanto, os valores encontrados para os sedimentos portuários - estuarinos situamse dentro dos teores freqüentemente encontrados para esses ambientes (Baisch 1987, Baisch
1996, Baisch et al. 2005). O cartograma do teor relativo do P-Total (Figura 10) evidencia que
os altos teores são constantes espacialmente e temporalmente sendo, portanto, uma
característica histórica da região.
Os trabalhos de monitoramento das dragagens pré-existentes do Porto de Rio Grande,
dentre os efetuados até o momento pela FURG, não indicam o fósforo como um parâmetro
importante de contaminação durante a execução das dragagens. Esse fato, associado ao
comportamento geoquímico desse elemento, indica ser reduzida a probabilidade do P-total
causar impacto ambiental na coluna de água. Os prováveis efeitos contaminantes devem ficar
restritos aos organismos da coluna sedimentar.
Considera-se pequena a probabilidade do P-total causar contaminação para a coluna de
água durante a resuspensão natural ou forçada (dragagem ou navegação). Essa condição será
ainda menor se as condições dominantes na região portuária - estuarina forem marinhas, pois
reduziria a possibilidade da solubilização de fósforo a partir dos sedimentos.
3.3.2- Óleos e Graxas
Os sedimentos dos sistemas aquáticos podem também apresentar compostos
orgânicos, do tipo óleos e graxas, tanto de origem natural quanto de origem antrópica. Os
teores são muito variáveis de acordo com as fontes naturais (ex: óleos e resinas vegetais) e
antrópicas provenientes de esgotos cloacais e industriais.
A média apresentada para este parâmetro foi de 0,13% (±0,23%) no 1° cruzeiro e
0,31% (±0,23%) no 2° cruzeiro. O elevado desvio padrão deve-se ao volume de valores
abaixo do limite de detecção. Para o 3° cruzeiro as análises químicas de óleos e graxas não
foram concluídas e, portanto, encontram-se ausentes do atual diagnóstico.
Os teores encontrados para os óleos e graxas nos referidos cruzeiros amostrais estão
representados nas figuras 05 e 06, juntamente com os demais parâmetros orgânicos dos
sedimentos.
Os valores mais elevados são encontrados nos sedimentos do Porto Novo
e regiões adjacentes. A partir dessa região os teores diminuem ao longo do
canal do Superporto. Esses valores estão de acordo com outros estudos nessa
mesma região (Baisch, 2000a; Baisch, 2000b; Baisch & Mirlean, 2002; Baisch
et al., 2004; Baisch et al., 2005).
Com base nos dados disponíveis, pode-se concluir que existe um
pequeno impacto por óleos e graxas na região do porto novo e áreas
adjacentes, porém em termos globais, os sedimentos da região portuária estuarina tem uma contaminação considerada muito pequena por esse
parâmetro.
Figura 05: Perfil dos contaminantes orgânicos no 1° cruzeiro amostral (Abril-2007).
Figura 06: Perfil dos contaminantes orgânicos no 2° cruzeiro amostral (Julho-2007).
Figura 07:
Perfil dos
contaminantes orgânicos no 3° cruzeiro amostral (Outubro-2007).
Figura 08 - Cartograma dos teores relativos
de COT, de acordo com a legislação.
Figura 09 - Cartograma dos teores relativos
de NOT, de acordo com a legislação.
F igura 10 - Cartograma dos teores relativos
de P-Total, de acordo com a legislação.
3.4 – Elementos Metálicos
O presente estudo envolveu análises dos elementos metálicos Zinco, Chumbo, Cobre,
Níquel, Cromo, Cádmio, Mercúrio e o semimetal Arsênio, que apresentam limites legais de
qualidade (CONAMA 344-2004), mais o Alumínio para ser utilizado como elemento de
referência. Os teores dos metais pesados são apresentados em mg/kg de sedimento seco, com
exceção do Alumínio, cujos resultados são apresentados em porcentagem (%). O perfil das
distribuições dos diferentes elementos metálicos pode ser visualizado na Figuras 11, 12 e 13,
para o 1°, 2° e 3° cruzeiros, respectivamente.
Assim como os parâmetros orgânicos e nutrientes, os elementos metálicos são
fortemente influenciados pela granulometria e, eventualmente, pode mascarar fontes de
contaminação local.
As dragagens apresentam aspectos ambientais positivos pois eliminam os sedimentos
superficiais, removendo, assim, os sedimentos mais contaminados e, portanto, com maiores
teores metálicos. Contudo, a ressuspensão de sedimentos e a perda durante as operações de
dragagens, determinam a dispersão dos sedimentos e dos contaminantes metálicos associados
que se depositam em outros setores da região portuária - estuarina ou na região adjacente.
Deste modo, é possível que as dragagens efetuadas durante o ano de
2006 tenham causado alguma mudança na distribuição dos metais dos
sedimentos investigados no atual monitoramento.
Para cada contaminante metálico, assim como os orgânicos, foram produzidos
cartogramas representativos da situação dos “teores relativos” de cada metal. Os teores foram
calculados para cada cruzeiro amostral, segundo uma escala categórica de cores, em relação
aos respectivos valores estabelecidos pela legislação CONAMA 344-2004.
Assim, os teores relativos foram calculados pela divisão do teor dos metais e do Arsênio
(As) pelos seus respectivos valores de nível 1 e nível 2, estabelecidos pela legislação CONAMA
344-2004.
Procurando estabelecer uma melhor visualização das situações ambientais, os teores
relativos foram organizados em 6 diferentes categorias, representadas por diferentes cores, as
quais estão descritas na tabela 06, abaixo:
Tabela 06: Categorias de cores para teores relativos dos parâmetros geoquímicos.
CORES
Cor roxa
Cor azul
Cor verde
Cor amarela
Cor laranja
Cor vermelha
TEORES RELATIVOS
teores abaixo de 50% dos valores estabelecidos para o nível 1
teores entre 50 e 100% dos valores estabelecidos para o nível 1
teores acima dos valores estabelecidos no nível 1 mas
abaixo de 50% dos valores estabelecidos para o nível 2
teores entre 50 e 100% dos valores estabelecidos para o nível 2
teores entre 100 e 150% dos valores estabelecidos para o nível 2
teores acima de 150% dos valores estabelecidos para o nível 2
Para cada estação os cruzeiros foram registrados de forma concêntrica, com o primeiro
cruzeiro no interior, o segundo no meio e o terceiro no exterior dos discos.
De acordo com os cartogramas do teor relativo, os teores de Cádmio, Cobre, Chumbo,
Cromo, Níquel e Zinco (Figuras 14 a 19, respectivamente) demonstram que os sedimentos
estudados estão livres de contaminação por estes metais, tendo em vista que, todas as
concentrações observadas se situaram abaixo dos valores do nível 1 estipulados pela
legislação vigente (CONAMA 344/2004).
Figura 11: Perfil dos contaminantes metálicos no 1° cruzeiro (Abril-2007) de amostragem.
Figura 12: Perfil dos contaminantes metálicos no 2° cruzeiro (Julho-2007) de amostragem.
Figura 13: Perfil dos contaminantes metálicos no 3° cruzeiro (Outubro-2007) de amostragem.
Figura 14: Cartograma dos teores relativos de
Cádmio (Cd), de acordo com a legislação
Figura 16: Cartograma dos teores relativos de
Chumbo (Pb), de acordo com a legislação
Figura 15: Cartograma dos teores relativos d
Cobre (Cu), de acordo com a legislação
Figura 17: Cartograma dos teores relativos de
Cromo (Cr), de acordo com a legislação
Figura 18: Cartograma dos teores relativos de
Níquel (Ni), de acordo com a legislação
Figura 19: Cartograma dos teores relativos de
Cobre (Cu), de acordo com a legislação
O Mercúrio ultrapassou o limite do nível 1 (0,15 mg/Kg) do CONAMA 344/2004 em
apenas dois casos e somente no 1° cruzeiro amostral (Abril-2007). O nível 1 representa o
limiar até onde se prevê baixa possibilidade de efeitos adversos a biota.
O processo de contaminação por Mercúrio (Hg) na região estuarina da Lagoa dos Patos
já foi indicada por alguns trabalhos (Baisch e Mirlean, 1998; Mirlean et al., 2003, Baisch &
Mirlean, 2002, Baisch et al., 2004; Baisch et al., 2006).
Levando em consideração os sedimentos coletados no 1° cruzeiro amostral, a maior
concentração encontrada foi 0,161 mg/kg, pouco acima do limiar estabelecido para o nível 1
(0,150 mg/kg). Esses dados permitem classificar como pequeno o risco desse metal causar,
efetivamente, algum impacto ambiental.
Com relação aos valores médios, o 1° cruzeiro apresentou teores de 0,118 mg/kg
(±0,041 mg/Kg), o 2° cruzeiro 0,101 mg/kg (±0,045 mg/Kg) e o 3° cruzeiro 0,058 mg/kg
(±0,024 mg/Kg).
A análise do Cartograma do teor relativo para o Mercúrio (Figura 20) permite verificar a
presença de apenas uma concentração acima da legislação para este metal ao longo da região
de estudo (G8). Contudo os pontos com concentrações inferiores a 50% do nível 1 da
legislação no 1° cruzeiro são apenas aqueles pobres em silte e argila (G1 e G5). No 3° cruzeiro
amostral a grande maioria dos pontos encontra-se muito abaixo do nível 1, com apenas um
local apresentando teores maiores que 50% deste limite legal.
Visto que o Mercúrio é um elemento de grande mobilidade ambiental, o decréscimo dos
teores observados pode estar vinculado a transição para um período mais chuvoso no segundo
semestre de 2007, que pode ter sido responsável por lixiviar o contaminante do sedimentos
superficiais.
O Arsênio ultrapassou o limite do nível 1 (8,2 mg/Kg) do CONAMA 344/2004 em 70%
dos casos no 1° e 2° cruzeiros amostrais e em 20% no 3° cruzeiro. Este nível representa o
limiar até onde se prevê baixa possibilidade de efeitos adversos a biota.
O processo de contaminação por Arsênio na região portuária-estuarina da Lagoa dos
Patos foi indicado em estudos pretéritos (Baisch & Mirlean, 2002; Baisch et al., 2004; Baisch,
2004; Baisch et al., 2005 e Baisch et al., 2006).
Durante o 1° cruzeiro amostral, a média do total das amostras foi de 11,51 mg/kg
(±4,49 mg/kg). A menor concentração encontrada foi de 3,88 mg/kg, 47% do limiar
estabelecido para o nível 1. Ainda sim, metade dos teores (pontos G0, G2, G3, G6 e G7)
encontram-se próximos de duas vezes o limite legal do nível 1. No entanto todos os valores se
encontram muito aquém do nível 2 (70 mg/kg) estabelecido pelo CONAMA 344/2004.
Para o 2° cruzeiro, os teores de Arsênio apresentaram média de 10,16 mg/kg (±5,49
mg/kg), pouco abaixo do cruzeiro anterior. No 3° cruzeiro, os valores que ultrapassaram o
limiar legal estiveram muito próximos do mesmo, enquanto que a média dos teores encontrouse bastante distante (4,72 mg/kg ±2,66mg/kg).
O Arsênio também é um elemento de grande mobilidade ambiental. A redução dos
teores observados (especialmente no 3° cruzeiro) pode estar vinculado a transição para um
período mais chuvoso no segundo semestre de 2007, que pode ter sido responsável por lixiviar
o contaminante dos sedimentos superficiais.
A análise do Cartograma do teor relativo para o Arsênio (Figura 21) permite verificar
que duas regiões se destacam pela presença de concentrações significativas de Arsênio. A
primeira região corresponde a região do Porto Novo e imediações, e a segunda e mais
significativa corresponde a região média do Superporto, ao largo do centro industrial do
município.
A média global deste elemento em 2007 foi de 8,80 mg/kg (±5,17 mg/kg),
impulsionada para cima principalmente por pontos presentes nas áreas acima descritas (G2,
G6 e G7), sendo que os da área central do Superporto apresentaram teores acima do limite
legal em todos os cruzeiros (G6 e G7). Com base nos dados obtidos, o Arsênio é o elemento
que requer a maior atenção em termos de impacto ambiental nos sedimentos da região
portuária - estuarina da Lagoa dos Patos.
Figura 20: Cartograma dos teores relativos de
Mercúrio (Hg), de acordo com a legislação
Figura 21: Cartograma dos teores relativos de
Arsênio (As), de acordo com a legislação.
3.5 - Relação da Granulometria e Teores em Metais
A granulometria dos sedimentos é um dos mais importantes fatores controladores da
distribuição dos elementos metálicos na região portuária - estuarina da Lagoa dos Patos. Esse
fato pode ser visualizado pela forte correlação entre os teores de Alumínio em relação aos
teores dos demais metais pesados. O Alumínio é um dos melhores parâmetros geoquímicos
indicadores da abundância dos argilo-minerais que se acumulam na fração fina dois
sedimentos (França, 1998). Esses minerais associados com a matéria orgânica e demais
suportes geoquímicos é que determinam a fixação dos metais, e assim o aumento dos seus
teores com o aumento da fração fina sedimentar.
As concentrações encontradas dos contaminantes metálicos nesse estudo foram
plotadas contra as concentrações do Alumínio (Figura 22). Nesta é possível identificar que os
valores oscilam pouco em torno de uma tendência retilínea. Como exceções tem-se apenas o
Cromo,
que
ocorreu
com
valores
mais
reduzidos
no
3°
cruzeiro
amostral,
o
Chumbo,
que
apresentou muitos valores abaixo do nível de detecção, o Arsênio e o Mercúrio, que como
característica possuem grande mobilidade no ambiente.
Figura 22: Enriquecimento metálico conforme os teores de Alumínio
encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° e 3° cruzeiros em 2007.
As tendências do comportamento dos teores metálicos conforme a abundância de
Alumínio nos sedimentos (Figura 23) mostra que o comportamento geral dos contaminantes
metálicos é de aumento das concentrações conforme o aumento dos teores de Alumínio (com
exceção do Chumbo, cujas curvas são tendenciosas devido a valores de concentração não
detectáveis, podendo então ser desconsideradas).
Figura
23:
Tendências de enriquecimento metálico conforme os teores de Alumínio
encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° e 3° cruzeiros em 2007.
No presente trabalho também foi realizado estudo do enriquecimento legal. O
procedimento para tal foi a comparação dos teores de Alumínio com a razão entre a
concentração do contaminante metálico pelo valor estipulado como nível 1 da Resolução
CONAMA 344-2004.
O gráfico de dispersão (Figura 24) mostra que o Mercúrio (Hg) e o Arsênio (As) se
encontram, em alguns casos, em concentrações acima do nível 1 estipulado pela legislação. Da
mesma maneira é possível observar que o Cromo (Cr), Cobre (Cu) e Níquel (Ni) encontram-se
frequentemente em concentrações oscilando entorno de 50% do valor deste mesmo nível.
Figura
24:
Enriquecimento relativo à legislação, conforme os teores de Alumínio
encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° e 3° cruzeiros em 2007.
As curvas de tendência (Figura 25) demonstram um aumento da razão das
concentrações dos contaminantes metálicos conforme o aumento dos teores de Alumínio,
novamente com exceção do Cádmio. A curva desse elemento é alterada devido a valores de
concentração não detectáveis, podendo então ser desconsiderada.
Quanto ao comportamento do Arsênio (As) é possível verificar que os teores tendem a
ultrapassar o nível 1 estabelecido na legislação em condição de altos teores de Alumínio, ou
seja, em sedimentos ricos na fração argila.
Para o Mercúrio (Hg), os teores também tendem ao limite legal, porém com uma
declividade muito menor que a do Arsênio. Também é possível observar que o mercúrio tende
a apresentar valores relativos maiores que os demais quando em sedimentos mais pobres em
Alumínio.
Os demais contaminantes metálicos apresentam uma tendência de os valores
permanecerem abaixo do teor limite estabelecido na legislação para o nível 1.
Figura
25:
Tendências de
enriquecimento
relativo à
legislação,
conforme os teores de Alumínio
encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° e 3° cruzeiros em 2007.
3.6 – Estudo do Mercúrio
A variabilidade dos valores de Mercúrio (Hg) dos sedimentos, assim
como dos demais metais, depende de muitos fatores como a intensidade de
seus aportes, das características granulométricas dos sedimentos, do teor em
matéria orgânica, das condições físico-químicas da região estuarina
(circulação, sedimentação, pH, Eh, etc.) E especialmente, da freqüência das
atividades de dragagem.
Trabalhos realizados na região estuarina (Cavalcante, 2002; Conceição,
2005; entre outros) mostraram que os solos antigos na região urbana da
cidade de Rio Grande encontram-se fortemente contaminados por mercúrio.
Esses solos evoluíram a partir de antigos aterros municipais de lixo urbano e
industrial, formados para ganhar terreno em direção às áreas úmidas da lagoa.
Portanto, os processos de erosão e de lixiviação desses solos, marginais
à região estuarina, constituem-se na principal fonte de contaminação de
Mercúrio (Hg) para o sistema aquático da Lagoa dos Patos. Esse fato pode
explicar, em boa parte, a variabilidade dos teores desse metal nos sedimentos
da região portuária ao longo do tempo.
Quanto ao comportamento deste elemento nos cruzeiros de monitoramento em 2007
(Figura 26), verifica-se que os teores observados seguem uma tendência linear, com grande
variabilidade em altos teores. Observa-se que apenas a parte terminal da curva,
correspondente aos níveis mais elevados de Alumínio nos sedimentos, é que aproxima-se do
nível 1 estabelecido pela legislação.
Os resultados obtidos nos cruzeiros de 2007 mostram que os sedimentos da região
portuária - estuarina de Rio Grande podem ser classificados como fracamente contaminados
por esse metal.
Figura 26:
Tendências de enriquecimento do mercúrio (Hg) relativo à legislação, conforme
os teores de Alumínio encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° e 3° cruzeiros em 2007.
3.7 – Estudo do Arsênio
Em termos ambientais, o aspecto mais relevante dos resultados dos elementos
estudados é o impacto por Arsênio (As) nos sedimentos da região de estudo.
Nos cruzeiros amostrais de monitoramento em 2007, os teores observados ocorreram
segundo uma tendência aproximadamente linear e com declividade maior que demais
elementos (Figura 25). Esta tendência ocorre excedendo o nível 1 estabelecido pela legislação
em teores superiores a 3,5% de Alumínio, e distante do nível 2 (Figura 27). Em relação ao
monitoramento realizado em 2006, os teores de Arsênio (As) apresentaram um pequeno
incremento.
A distribuição e contaminação do Arsênio nos sedimentos da região
portuária - estuarina de Rio Grande foram também investigadas em algumas
publicações (Mirlean et al., 2003) e em estudos de monitoramento (Baisch &
Mirlean, 2002; Baisch, 2004; Baisch et al., 2004; Baisch et al., 2005 e Baisch
et al., 2006).
Estudos anteriores (Baisch et al., 2005 e Baisch et al., 2006), onde se
inclui o atual trabalho de monitoramento (2006), fazem referência a um
processo de redução geral dos teores de Arsênio nos sedimentos da região
portuária - estuarina da Lagoa dos Patos. O incremento de alguns teores deste
elemento em relação ao ano anterior vem contradizer esta tendência do
Arsênio.
O incremento dos valores pode ter origem em processos locais e restritos
ao longo do tempo. A continuidade do monitoramento nos anos seguintes
permitirá estimar melhor a tendência temporal desse elemento nos sedimentos
da região portuária – estuarina.
A atividade das indústrias de fertilizantes aparece como uma provável fonte importante
de contaminação dos sedimentos por Arsênio. Foram encontradas elevadas concentrações de
Arsênio (> 300 mg/kg) na matéria-prima e produtos empregados por esse setor industrial.
Análises mostram que a fosforita apresenta teor de 100 mg/kg e que os superfosfatos têm 390
mg/kg de Arsênio (As), especialmente na forma considerada mobilizável.
Assim, as oscilações dos teores desse elemento devem ser imputadas à dominância dos
processos, ora de aportes ora de remoção.
Os dados do monitoramento de 2007 permitem classificar os sedimentos como pouco
contaminados por Arsênio, apresentando um pequeno risco desse metalóide causar,
efetivamente, algum impacto ambiental.
Figura 27: Tendências de enriquecimento do Arsênio (As) relativo à legislação, conforme
os teores de Alumínio encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° cruzeiro de 2007.
3.8 – Aspectos do Ponto-Controle
A estação G0 encontra-se distante da área portuária, a montante do Estuário, e foi
tomada com o intuito de servir como ponto controle do atual monitoramento.
Para o ponto-controle do 1° cruzeiro, se mostraram significativos os teores de P-Total,
Arsênio (As) e Mercúrio (Hg), que excederam os valores limite estipulados pela legislação
CONAMA 344/2004. Dentre os demais pontos analisados neste cruzeiro, não ocorreram classes
de contaminação, com exceção da estação controle.
Durante o 2° cruzeiro amostral, os parâmetros que excederam a legislação foram o
Arsênio (As) e o P-Total, e nenhum dos demais pontos amostrais excedeu a classe de
contaminação deste ponto controle.
No 3° cruzeiro amostral, os teores no ponto-controle excedentes à legislação ocorreram
somente para o P-Total.
A classe de contaminação foi ultrapassada nas estações da região do Superporto (G6 e
G7), somente para o metalóide Arsênio, que apresentou valores acima do limite legal.
Em temos gerais verifica-se que os dados geoquímicos do ponto-controle são muito
semelhantes aos verificados nos sedimentos da região portuária (Cartogramas das Figuras 28
e 29). Esses resultados não permitem conclusões mais detalhadas, pois podem indicar que o
ponto-controle não está suficientemente distante da região portuária, ou que as variações
geoquímicas dos sedimentos têm uma magnitude regional.
Figura 28: Cartograma dos teores relativos dos metais
e do metalóide Arsênio (As), de acordo com a legislação
Figura 29: Cartograma dos teores relativos dos
parâmetros orgânicos, de acordo com a legislação.
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa parte final serão destacados apenas alguns pontos considerados mais
significativos para o âmbito desse trabalho de monitoramento, enfatizando as observações e
considerações já expressas ao longo do texto.

Os sedimentos dos pontos G1, G5 e G9 tendem a ser ricos na fração Areia, enquanto que
os pontos G0, G2, G6 e G7 tendem a ser constituídos principalmente pelas frações
granulométricas finas (Silte e Argila).

Os valores do pH e Eh apresentaram valores dentro dos limites normalmente verificados
nos sedimentos da região portuária - estuarina de Rio Grande.

Os valores de COT, NOT e em Óleos e Graxas encontrados estão de acordo aos teores
habitualmente verificados nessa região portuária – estuarina da Lagoa dos Patos. OBS: As
análises de Óleos e Graxas e P-Total do 3° cruzeiro amostral encontram-se em estágio de
conclusão.

Em geral os teores de COT e NOT situam-se abaixo dos valores de referência do CONAMA
344/2004. Assim, verifica-se que os sedimentos da região portuária – estuarina não estão
contaminados por esses compostos orgânicos e esses parâmetros não representam perigo
ao meio ambiente e a biota.

A maioria (93,3%) dos teores de P-total nos sedimentos excedeu o valor de alerta
estabelecido pela resolução do CONAMA 344/2004. Esses valores indicam que os
sedimentos da região portuária – estuarina estão contaminados por fósforo. Contudo, não
se observou um processo de incremento dessa contaminação, e os valores encontrados
nesse monitoramento situam-se dentro da faixa de variação frequentemente encontrada
nessa região.

Todos os teores dos elementos metálicos Zn, Cu, Cd, Ni, Cr e Pb dos sedimentos estudados
situaram-se abaixo do Nível 1 referido no CONAMA 344/2004. Assim sendo, considera-se
que os sedimentos da região portuária - estuarina de Rio Grande estão livres de
contaminação por esses metais.

O Mercúrio (Hg) apresenta baixo nível de contaminação nos sedimentos da região estuarina
- portuária de Rio Grande. Indicando ser pouco efetivo para causar efeitos deletérios a
biota.

O Arsênio (As) apresenta pequeno nível de contaminação com alguns valores acima do
nível 1 estabelecido pela resolução CONAMA344/2004, requerendo uma maior atenção em
termos ambientais. Contudo essa contaminação é relativamente limitada, pois não atinge o
nível 2 da mesma legislação.
Os sedimentos de textura mais fina da região portuária - estuarina de Rio Grande são aqueles
que requerem um maior cuidado em termos ambientais, pois são os mais contaminados por
elementos metálicos.5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APHA, 1992. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 18th
Edition. Greenberg, a.; Clesceri, l. s. & eaton (Eds). Amec. Pub. Health Assoc. 1200 p.
BAISCH, P. 1987. Les oligo-éléments métalliques dans les sédiments de la Lagune dos Patos Brésil. D.E.A. Université de Bordeaux. 62 p.
BAISCH, P. 1996. Geoquímica dos sedimentos do estuário da Lagoa dos Patos - Elementos
metálicos e matéria orgânica (cop, nop, p-total). Relatório Técnico - Área Geoquímica.
EIA/RIMA DEPRC/FURG. FURG - laboratório de Oceanografia Geológica. 23p.
BAISCH, P. 1997. Geoquímica dos Sedimentos do Estuário da Lagoa dos Patos - ELEMENTOS
METÁLICOS E MATÉRIA ORGÂNICA. Relatório Técnico. Setor de Geoquímica. EIA/RIMA
DEPRC. 52p., 10 fotos.
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Despejo. SUPRG Superintendência do Porto da Cidade de Rio Grande - DRAGAPORT.
LOG/DEGEO/SeGeq/FURG. 54 p.
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Porto da Cidade de Rio Grande. Porto Novo, Canal de Acesso, Superporto e Molhes.
Relatório Técnico. Superintendência do Porto da Cidade de Rio Grande (SUPRG).
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da região do Porto Novo, Ilha do terrapleno e Coroa do Boi. Relatório Técnico.
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compostos orgânicos) da Região de impacto do Despejo de ácido no Estuário da lagoa dos
patos. Região Portuária da Cidade de Rio Grande. Relatório Técnico. Contrato
FEPAM/FURG. 17 p, 19 fig., 5 tab.
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Convênio: FURG-SUPRG. LOG/DEGEO/SeGeq. 85 p.
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sedimentos na área de influência direta (aid) da dragagem e descarte do Porto do Rio
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Dragagem para o Porto de Rio Grande. Geoquímica do Sedimento. Relatório Técnico. p
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Microcontaminantes Orgânicos e Ecotoxicologia Aquática. Relatório Técnico.
FURG/FAURG. Rio Grande. junho 2005. 40 p.
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sediments of the Patos Lagoon Estuary, Brasil. Metals in Coast Environments of Latin
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Berlin. pp 59-64.
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meio ambiente da zona estuarina da Lagoa dos Patos e áreas adjacentes. 2002. 87 p.
Dissertação (Mestrado em Oceanografia Física, Química e Geológica) – Fundação
Universidade Federal do Rio Grande. RS.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA), 2004. Resolução nº 344. Diretrizes
gerais e os procedimentos mínimos para a avaliação do material a ser dragado em águas
jurisdicionais brasileiras. 25 de março de 2004. D.O.U. de 07/05/04. CONAMA. Ministério
do Meio Ambiente (MMA).
CONCEIÇÃO, C. O. 2005. Contaminação dos aterros urbanos por metais pesados no municipio
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– Fundação Universidade Federal do Rio Grande. RS. 115 p.
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en suspension et en carbones organique particulaire des eaux marines du plateau
continental aquitain. J. R.O. 6, pp.37-42.
FRANÇA, R. G., 1998. Metais Pesados nos sedimentos do sul da Lagoa dos Patos: Identificação
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coastal marine sediments of the southeastern. Environmental Science and
Technology. v. 23, (3), pp 314-324.
IV - MICROCONTAMINANTES ORGÂNICOS
Equipe Técnica
Responsável: Dr. Gilberto Fillmann
Téc. Quím. Nilson Maurente Dias
MSc. Bianca Hartwig Seyffert
Téc. Instr. Melissa dos Santos Oliveira
Pesq. Gabriela Martinhão Ignácio
Pesq. Renato S. Koike
1 – MATERIAL e MÉTODOS
1.1 - Coleta das amostras de sedimento
As amostras de sedimento de fundo da região do canal do Porto de Rio Grande
referentes ao 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) foram
coletadas com o auxílio de uma draga de inox nos dias 24 de Abril, 18 de Julho e 10 de
Outubro de 2007, respectivamente. Os cruzeiros foram realizados pela Lancha Larus da FURG,
nas coordenadas descritas na Tabela 01. A camada superficial dos sedimentos (2-3cm) foi
coletada, sendo imediatamente armazenados em potes de alumínio (aprox. 500 g)
previamente limpos, rotulados e congelados.
Tabela 01: Localização das estações amostrais na área de influência
direta da dragagem do porto de Rio Grande.
ESTAÇÕES
LOCAL
#0
São José do Norte
Porto Velho
Porto Novo
Porto Novo
Bóia 4
S 386
Bóia 13
Praticagem
Raíz do Molhe.
Ponta do Molhe
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
COORDENADAS G.MM.SS,SS
S 31° 58' 19"
S 32° 01' 46"
S 32° 02' 058"
S 32° 02' 20"
S 32° 03' 20"
S 32° 03' 54"
S 32° 05' 58"
S 32° 08' 00"
S 32° 09' 37"
S 32° 11' 054"
W 52° 04' 14"
W 52° 03' 46"
W 52° 04' 550"
W 52° 04' 28"
W 52° 04' 12"
W 52° 04' 32"
W 52° 06' 01"
W 52° 06' 02"
W 52° 05' 27"
W 52° 04' 831"
1.2 - Análises químicas
Após as coletas realizadas durante os cruzeiros de 2007, as 10 amostras de sedimento
de cada cruzeiro (total de 30 amostras) foram analisadas quanto a sua contaminação por
compostos organoclorados (pesticidas clorados e bifenilas policloradas (PCBs)) e
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs). Os sedimentos foram processados conforme
metodologia descrita em Lana et al. (2006). Aproximadamente 100g dos sedimentos foram
secos em estufa de circulação forçada a 40°C, sendo posteriormente desagregado utilizando
graal e pistilo de porcelana, homogeneizado e armazenado para posterior análise.
Durante as análises, aproximadamente 25 gramas de sedimento seco recebeu 200µL de
uma mistura de padrões internos (surrogates), sendo posteriormente extraído em aparato
Soxhlet durante 12 horas com n-hexano e diclorometano (1:1). Os extratos foram
concentrados a 10mL em evaporador rotatório e fluxo de nitrogênio e separados em duas
frações de 5mL para as análises de organoclorados e hidrocarbonetos poliaromáticos (HPAs).
As etapas de purificação, fracionamento, identificação e quantificação dos analitos seguiram
metodologia específica para cada grupo de compostos, conforme descrito abaixo.
1.2.1 - Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA’s)
O fracionamento dos extratos em hidrocarbonetos alifáticos (F1) e hidrocarbonetos
poliaromáticos (F2) foi obtida por cromatografia líquida de adsorção em coluna de
alumina/sílica. A identificação e quantificação dos HPA’s (F2) foi realizada em um cromatógrafo
de fase gasosa Perkin-Elmer Clarus 500, equipado com detector de espectrometria de massas
(GC/MS) e injetor automático de amostra. Foi utilizada uma coluna cromatográfica capilar
(Elite-5MS - 5% Diphenil – 95% Dimetilsiloxane) de 30 metros, 0,25mm DI e 0,25µm de
espessura de filme.
A programação de temperatura iniciou em 40°C com aumento à taxa de 10°C.min -1 até
60°C, aumento da temperatura na razão 5°C.min-1 até 290°C, sendo mantida por 5 min. e
aumento da temperatura na razão 10°C.min-1 até 300°C, sendo mantida por 10 minutos. A
temperatura do injetor foi mantida a 280°C no modo splitless (fluxo do splitt 50:1 após 1
min.). A linha de transferência foi mantida a 250°C e a fonte do detector a 200°C com energia
de 70ev. Foi utilizado He como gás carreador em um fluxo de 1,5 mL.min-1. Um volume de 1µL
de amostra foi injetado no modo SIFI que permite o escaneamento simultâneo nos modos íons
seletivo (SIM) e completo (Full Scan).
As amostras de sedimento de superfície coletados nas áreas de influência do porto de
Rio
Grande
foram
analisadas
para
benzo(a)antraceno,
benzo(a)pireno,
criseno,
dibenzo(a,h)antraceno, acenaftileno, acenafteno, antraceno, fenantreno, fluoranteno, fluoreno,
2-metilnaftaleno, naftaleno e pireno em sua fração total. A identificação dos 13 HPA’s foi
baseada nos tempos de retenção de padrões autênticos (Figura 01) e nos espectros de massa
de cada analito.
A quantificação foi realizada contra padrões externos (Figura 01) através das curvas
analíticas de cada analito e método de cálculo por padronização interna utilizando-se os
padrões deuterados Naftaleno-D8, Acenafteno-D10, Fenantreno-D10, Criseno-D12 e PerilenoD12. A recuperação da metodologia foi avaliada utilizando o p-terfenil-D14 como padrão
surrogate e o desempenho analítico através da análise de materiais de referência certificados e
brancos analíticos (Figura 02).
chpa500_27061
28-Jun-200609:03:25
chpa500_270615
1: Scan EI+
TIC
1.42e8
15.07
142
100
%
11.65
128
11.57
136
14.65
142
17.52
19.46
156
153
21.87
166
25.69 26.51
184 178
31.83
202
32.82
202
34.10
244
Figura
01:
Cromatograma
no modo Full
Scan
0
Time
10.51
15.51
20.51
25.51
30.51
35.51
40.51
45.51
50.51
com os
tempos de retenção e íons característicos representativos dos padrões externos de HPAs (500 ng mL-1).
38.55
228
44.30
43.26
252
252
44.83
252
49.55
276
A546D
11-Sep-200620:03:22
a546d
100
1: Scan EI+
TIC
2.14e7
9.98
84
30.67
57
%
11.59
136
17.22
55
19.32
164
26.20
188
34.12
244
12.26 14.81
73
57
19.09
73
38.61
240
27.97
149
22.03
22.95 25.60
149
256
73
Figura
40.99
207
02: Cromatograma no
modo Full Scan com
os
tempos
de
retenção e íons
44.02
69 44.77 47.91
264
207
0
10.51
15.51
20.51
25.51
30.51
35.51
40.51
45.51
50.51
Time
característicos dos padrões internos, padrão surrogate e interferentes representativos de um branco analítico.
1.2.2 - Pesticidas Organoclorados e PCB’s
O fracionamento dos extratos em PCB’s (F1) e praguicidas organoclorados (F2) foi
obtido por cromatografia líquida de adsorção em coluna de Florisil. A identificação e
quantificação dos compostos organoclorados foi realizada em um cromatógrafo gasoso PerkinElmer Clarus 500, equipado com detector de captura de elétrons 63Ni (ECD) e injetor
automático de amostra. Foi utilizada uma coluna cromatográfica capilar (Elite-5 - 5% Diphenil
– 95% Dimetilsiloxane) de 60 metros, 0,25mm DI e 0,25µm de espessura de filme.
A programação de temperatura iniciou em 40°C com aumento à taxa de 20°C.min-1 até
160°C, com 5 minutos de espera, e até 260°C numa razão de 2°C.min-1 sendo mantida por 15
minutos. A temperatura do injetor foi mantida a 280°C no modo splitless (fluxo do splitt 50:1
após 1 min.) e do detector a 3.000°C. Foi utilizado He e N2 como gás carreador em (1,5
mL.min-1) e gás de make-up (30 mL.min-1), respectivamente. O volume de amostra injetado
foi de 1 µL.
As amostras de sedimento de superfície coletados nas áreas de influência do porto de
Rio Grande foram analisadas para alfa-HCH (BHC), beta-HCH (BHC), gama-HCH (BHC), deltaHCH (BHC), DDT (somatório dos isômeros p,p’- e o,p-), DDE (somatório dos isômeros p,p’- e
o,p-), DDD (somatório dos isômeros p,p’- e o,p-), dieldrin, endrin, alfa-clordano, gamaclordano e o somatório de 44 congêneres de PCB’s em sua fração total.
A identificação dos pesticidas clorados e PCB’s analisados foi baseada nos tempos de
retenção de padrões autênticos (Figuras 03 e 04). A quantificação foi realizada contra padrões
externos (Figuras 03 e 04) através das curvas analíticas de cada analito e método de cálculo
por padronização interna utilizando-se os padrões 2,4,5,6-tetracloro-m-xyleno e PCB 209. A
recuperação da metodologia foi avaliada utilizando o PCB 30 e 103 como padrão surrogate e o
desempenho analítico através da análise de materiais de referência certificados e brancos
analíticos (Figuras 05 e 06). A confirmação de alguns compostos encontrados foi feita
empregando um cromatógrafo gasoso Perkin-Elmer Clarus 500, com detector de
espectrometria de massa (GC/MS).
Figura 03:
Cromatograma com os tempos de retenção dos padrões externos de PCB’s.
Figura
04:
Cromatograma com os tempos de retenção dos padrões externos de pesticidas clorados.
Figura
05:
Cromatograma com os tempos de retenção representativos
de um branco analítico da fração F1 (PCB’s).
Figura
06:
Cromatograma com os tempos de retenção representativos
de um branco analítico da fração F2 (Pesticidas clorados).
2 - RESULTADOS
2.1 - Hidrocarbonetos Policíclicos aromáticos (HPA’s)
Os resultados dos 13 HPAs analisados nas amostras de sedimento superficial, coletados
no 1º, 2º e 3º cruzeiros (Abril, Julho e Outubro/2007), nas dez estações amostrais em áreas
de influência do porto de Rio Grande, estão expressos em µg.kg-1 (peso seco de sedimento)
(Tabelas 02, 03 e 04). Os dados de granulometria e carbono orgânico destas amostras de
sedimento podem ser observados nas tabelas 02, 03 e 04 da secção de Geoquímica (págs. 66
a 68).
Os resultados demonstraram que a totalidade dos HPA’s presentes nos sedimentos
avaliados está abaixo dos valores estabelecidos na Legislação CONAMA 344/2004 para os
Níveis 1 e 2 de águas salina-salobras (Tabelas 02, 03 e 04).
Os resultados apresentados são consistentes uma vez que os limites de detecção do
método estão na faixa de 0,04 µg.kg-1 (peso seco de sedimento), as recuperações estiveram
entre 70 e 120% e a análise dos brancos não apresentou nenhum dos HPA’s estudados,
aparecendo somente os quatro padrões internos empregados no método (Antraceno-D8,
Fenantreno-D10, Pireno-D10 e Perileno-D12) (Figura 02).
A qualidade do laboratório executor das análises pode ser comprovada através do
certificado internacional de proficiência analítica emitido em agosto de 2006 pelo CAEAL
(Canadian Association for Environmental Analytical Laboratories) do Canadá, certificando o
Laboratório de Microcontaminantes Orgânicos e Ecotoxicologia Aquática (CONECO) da FURG
para análises de HPAs em amostras ambientais de água e sedimento.
2.2 - Pesticidas Clorados e PCB’s
Os resultados dos 11 pesticidas clorados e somatório de PCB’s (44 congêneros)
analisados nas amostras de sedimento superficial coletados nas áreas de influência do porto de
Rio Grande, durante o 1º, 2º e 3º cruzeiros (Abril, Julho e Outubro/2007), estão expressos em
µg.kg-1 (peso seco de sedimento) (Tabelas 05, 06 e 07), sendo que os limites de detecção do
método estão na faixa de 0,05 µg.kg-1 (peso seco de sedimento). Os dados de granulometria e
carbono orgânico das amostras de sedimento podem ser observados nas tabelas 02, 03 e 04
da secção de Geoquímica (págs. 66 a 68).
Os resultados indicam que a totalidade dos contaminantes organoclorados analisados
nos sedimentos está abaixo dos valores estabelecidos na Legislação CONAMA 344/2004 para
os Níveis 1 e 2 de águas salina-salobras (Tabelas 05, 06 e 07).
3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LANA, P. C.; BIANCHINI, A.; RIBEIRO, C. A. O.; NIENCHESKI, L. F. H.; FILLMANN, G. & SANTOS,
C. S. G. 2006. Avaliação Ambiental de Estuários Brasileiros: Diretrizes Metodológicas.
Série Livros 22, Museu Nacional, Rio de Janeiro, RJ. 156p.
Tabela 02: Concentração de HPAs (µg kg -1 peso seco) nos sedimentos coletados no 1º cruzeiro (Abril/2007) na área de
influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) em comparação com
os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004
stação
Diben
2
Benzo
Benzo zo(a,h Somat
Naftal Metil Acena Acena Fluore Fenant Antrac Fluora
(a) Crisen
Có
Amostra
Pireno
(a)
)
ório 13
eno Naftal ftileno fteno no
reno eno nteno
antrac o
L
pireno antrac HPAs
eno
eno
eno
#0
Superf
1,43
1,88
0,46
<LD
0,76
3,80
0,78
5,17
3,58
1,68
2,55
1,98
<LD
24,07
A7
#1
Superf
1,00
1,51
<LD
0,44
0,63
2,61
0,53
3,87
2,39
1,62
2,76
2,06
0,97 20,38
A7
#2
Superf
1,41
2,13
0,46
0,48
0,97
4,91
1,00
6,40
4,70
2,71
4,09
3,18
1,22 33,66
A7
#3
Superf
0,97
1,61
0,45
<LD
0,81
4,19
0,81
5,51
4,11
2,52
3,51
2,64
1,17 28,29
A7
#4
Superf
1,21
1,78
0,45
<LD
0,82
4,09
0,75
5,19
3,81
1,67
2,85
1,84
<LD
24,47
A7
#5
Superf
1,35
1,83
<LD
<LD
0,66
2,39
0,58
3,13
2,41
1,51
2,38
1,69
<LD
17,94
A7
#6
Superf
1,06
1,62
0,51
<LD
0,80
4,57
0,98
7,80
5,77
3,47
4,78
3,52
1,24 36,12
A7
#7
Superf
0,91
1,25
0,39
<LD
0,68
2,62
0,70
3,97
3,06
1,46
2,14
1,68
<LD
18,86
A7
#8
Superf
0,91
1,47
0,45
<LD
0,78
3,11
0,78
4,51
3,43
1,86
2,44
1,98
<LD
21,73
A7
#9
Superf
2,73
3,20
0,48
0,48
1,08
5,34
1,05
6,37
4,80
2,72
3,60
2,69
1,11 35,66
A7
Nivel 1
160
70
44
16
19
240
85,3
600
665
74,8
108
88,8
6,22
3000
Nivel 2
2100
670
640 500 540 1500 1100 5100 2600 693
<LD – abaixo do limite de detecção do método
846
763
135
3000
onama
44/04
Tabela 03: Concentração de HPAs (µg kg-1 peso seco) nos sedimentos coletados no 2º cruzeiro (Julho/2007) na área
de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) em comparação
com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004
stação
#0
Amostra
Superf
Benzo(
Dibenz
2 Metil
Benzo(
Somató
Naftale
Acenaf Acenaf Fluore Fenant Antrac Fluoran
a) Crisen
o(a,h)
Có
Naftale
Pireno
a)
rio 13
no
tileno teno
no
reno
eno
teno
antrace o
antrace
L
no
pireno
HPAs
no
no
2,22
1,53
1,62
<LD
0,78
3,49
1,09
5,14
3,23
0,89
3,63
1,20
<LD
24,80
A8
#1
Superf
1,03
1,03
1,43
<LD
0,63
1,70
0,83
2,59
1,84
0,46
1,89
0,77
<LD
14,21
A8
#2
Superf
1,81
1,49
1,53
1,16
1,17
7,00
1,84
13,11
9,94
4,47
10,28
3,43
3,84
61,06
A8
#3
Superf
1,23
1,03
1,60
<LD
0,69
2,53
1,06
5,28
3,73
1,29
3,78
1,24
<LD
23,45
A8
#4
Superf
1,33
1,07
1,60
<LD
0,71
2,58
1,03
5,26
3,31
0,67
2,91
0,99
<LD
21,45
A8
#5
Superf
0,88
1,11
1,48
<LD
0,60
1,67
0,88
3,19
2,24
0,35
1,76
0,80
<LD
14,98
A8
#6
Superf
1,04
1,16
1,57
1,11
0,81
4,26
1,39
8,38
6,04
2,30
6,74
1,96
3,87
40,65
A8
#7
Superf
1,18
1,29
1,83
1,44
1,11
11,42
2,10
29,27 21,21 14,30 24,77
8,14
4,80
122,86
A8
#8
Superf
0,89
0,91
1,50
<LD
0,67
2,44
1,00
5,88
3,61
0,98
3,47
1,17
<LD
22,51
A8
#9
Superf
1,70
1,23
1,57
1,16
0,71
3,40
1,09
5,66
4,31
1,23
4,50
1,30
<LD
27,87
A8
Nivel 1
160
70
44
16
19
240
85,3
600
665
74,8
108
88,8
6,22
3000
Nivel 2
2100
670
640
500
540 1500 1100 5100 2600 693
<LD – abaixo do limite de detecção do método
846
763
135
3000
ma 344/04
Tabela 04: Concentração de HPAs (µg kg-1 peso seco) nos sedimentos coletados no 3º cruzeiro (Outubro/2007) na
área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) em
comparação com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004
stação
Amostra
Benzo(
Dibenz
2 Metil
Benzo(
Somató
Naftale
Acenaf Acenaf Fluore Fenant Antrac Fluoran
a) Crisen
o(a,h)
Có
Naftale
Pireno
a)
rio 13
no
tileno teno
no
reno
eno
teno
antrace o
antrace
L
no
pireno
HPAs
no
no
#0
Superf
1,89
0,64
0,35
0,42
0,93
5,32
1,47
7,22
5,63
2,68
4,69
2,71
<LD
33,95
A
#1
Superf
0,98
0,38
0,26
<LD
0,54
1,55
0,48
2,48
2,00
0,92
1,24
0,97
<LD
11,80
A
#2
Superf
1,88
0,87
0,33
0,44
0,86
5,92
1,31
10,81
7,96
4,25
7,02
4,58
<LD
46,22
A
#3
Superf
2,22
0,76
0,32
<LD
0,61
3,05
0,67
3,96
3,47
1,45
2,59
1,50
<LD
20,59
A
#4
Superf
2,02
0,48
0,59
<LD
0,74
5,37
1,13
7,44
6,64
3,05
4,38
2,41
<LD
34,25
A
#5
Superf
1,39
0,56
0,33
0,44
0,74
4,05
1,04
6,37
5,19
2,64
3,81
2,36
<LD
28,93
A
#6
Superf
2,29
0,89
0,31
0,43
0,93
4,22
1,32
6,45
5,20
2,77
4,75
2,47
<LD
32,03
A
#7
Superf
1,46
0,57
0,29
0,43
0,80
3,81
1,13
5,94
4,83
2,55
3,70
2,16
<LD
27,67
A
#8
Superf
0,54
0,33
0,24
<LD
0,54
1,43
0,52
2,84
2,16
1,14
1,79
1,15
<LD
12,69
A
#9
Superf
1,03
0,43
0,28
<LD
0,58
2,13
0,56
3,00
2,55
1,26
1,88
1,24
<LD
14,96
A
Nivel 1
160
70
44
16
19
240
85,3
600
665
74,8
108
88,8
6,22
3000
Nivel 2
2100
670
640
500
540 1500 1100 5100 2600 693
<LD – abaixo do limite de detecção do método
846
763
135
3000
ma 344/04
Tabela 05: Concentração de pesticidas organoclorados e PCBs (µg kg-1 peso seco) nos sedimentos coletados no 1º
cruzeiro (Abril/2007) na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6,
7, 8 e 9) em comparação com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004.
aclor
dan
e
DDE
DD
D
DDT
diel
drin
end
rin
PCB
s
(Σ46
cong
êner
os)
Código
Lab
Estação
Amostra
aBHC
bBHC
gBHC
dBHC
gclor
dan
e
#0
Superf
<LD
0,28
0,07
<LD
0,04
0,01
0,01
0,03
<LD
<LD
<LD 11,46
A724F
#1
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
0,12
0,04
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
0,14
A725G
#2
Superf
<LD
<LD
0,09
<LD
0,02
0,01
<LD
0,08
<LD
<LD
<LD
0,55
A726H
#3
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
0,69
A727I
#4
Superf
<LD
<LD
0,12
<LD
0,05
0,01
0,01
<LD
0,02
<LD
<LD
1,10
A728J
#5
Superf
<LD
<LD
0,08
<LD
0,04
0,03
<LD
0,01
<LD
<LD
<LD
0,62
A729K
#6
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
0,04
0,04
0,06
0,02
0,05
<LD
<LD
0,36
A730L
#7
Superf
<LD
<LD
0,06
<LD
0,02
0,01
<LD
0,02
<LD
<LD
<LD
0,36
A731M
#8
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
0,24
A732N
#9
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
3,71
A733O
Conama
344/04
Nivel 1
0,32
0,32
0,32
0,32
2,26
2,26
2,07
1,22
1,19
0,71
2,67
22,7
Nivel 2
0,99
0,99 0,99 0,99 4,79 4,79 374 7,81 4,77
<LD – abaixo do limite de detecção do método
4,3
62,4
180
Tabela 06: Concentração de pesticidas organoclorados e PCBs (µg kg-1 peso seco) nos sedimentos coletados no 2º
cruzeiro (Julho/2007) na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e
9) em comparação com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004.
Estação
Amostra
aBHC
bBHC
gBHC
dBHC
gclord
ane
aclord
ane
DDE
DDD
DDT
dield
rin
endr
in
PCB
s
(Σ44
cong
êner
os)
#0
Superf
<LD
<LD
0,13
<LD
0,03
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
9,91
A813T
#1
Superf
<LD
<LD
0,06
<LD
0,02
<LD
0,02
<LD
<LD
<LD
<LD
6,16
A814U
#2
Superf
0,01
<LD
0,07
<LD
<LD
0,01
0,03
0,04
<LD
<LD
<LD
6,65
A815V
#3
Superf
<LD
<LD
0,04
<LD
0,01
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
4,62
A816X
#4
Superf
<LD
<LD
0,05
<LD
0,02
0,01
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
12,71
A817Y
#5
Superf
<LD
<LD
0,04
<LD
<LD
0,01
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
3,23
A818Z
#6
Superf
<LD
<LD
0,05
<LD
0,01
<LD
0,02
<LD
<LD
<LD
<LD
4,92
A819A
#7
Superf
<LD
<LD
0,03
<LD
<LD
<LD
0,02
0,10
<LD
<LD
<LD
3,83
A820B
#8
Superf
<LD
<LD
0,06
<LD
0,02
<LD
0,04
<LD
<LD
<LD
<LD
3,33
A821C
Código
Lab
#9
Conama 344/04
Superf
<LD
<LD
0,04
<LD
<LD
<LD
0,02
<LD
<LD
<LD
<LD
5,28
Nível 1
0,32
0,32
0,32
0,32
2,26
2,26
2,07
1,22
1,19
0,71
2,67
22,7
Nível 2
0,99
0,99 0,99 0,99 4,79 4,79
374
7,81 4,77
<LD – abaixo do limite de detecção do método
4,3
62,4
180
A822D
Tabela 07: Concentração de pesticidas organoclorados e PCBs (µg kg-1 peso seco) nos sedimentos coletados no 3º
cruzeiro (Outubro/2007) na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7,
8 e 9) em comparação com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004.
Estação
Amostra
aBHC
bBHC
gBHC
dBHC
gclord
ane
aclord
ane
DDE
DDD
DDT
dield
rin
endr
in
PCB
s
(Σ46
cong
êner
os)
#0
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
0,28
0,78
<LD
<LD
<LD
0,16
A914-T
#1
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
0,02
<LD
<LD
0,05
<LD
<LD
<LD
8,29
A915-U
#2
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
0,03
<LD
0,04
0,08
<LD
<LD
<LD
8,44
A916-V
#3
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
0,02
<LD
<LD
0,05
<LD
<LD
<LD
8,03
A917-X
#4
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
0,02
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
0,21
A918-Z
#5
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
0,02
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
0,38
A919-A
#6
Superf
0,08
<LD
<LD
<LD
0,02
<LD
0,04
0,04
<LD
<LD
<LD
0,24
A920-B
#7
Superf
0,01
<LD
0,05
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
0,01
<LD
<LD
5,67
A921-C
#8
Superf
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
<LD
0,66
A922-D
#9
Superf
<LD
<LD
0,01
<LD
0,03
<LD
<LD
0,04
<LD
<LD
<LD
6,00
A923-E
Nivel 1
0,32
0,32
0,32
0,32
2,26
2,26
2,07
1,22
1,19
0,71
2,67
22,7
Nivel 2
0,99
0,99 0,99 0,99 4,79 4,79
374
7,81 4,77
<LD – abaixo do limite de detecção do método
4,3
62,4
180
Conama 344/04
V - TESTES ECOTOXICOLÓGICOS
Equipe Técnica:
Responsável: Dr. Gilberto Fillmann
MSc. Grasiela L. L. Pinho
Téc. Quím. Nilson Maurente Dias
Oc. Priscilla Mieko Ihara
Acadêmica Gabriela Angonese Kolb
Acadêmica Luciara Ibia dos Santos Machado
1 – MATERIAL e MÉTODOS
1.1 - Coleta e manutenção dos organismos-teste
Exemplares do crustáceo tanaidáceo Kalliapseudes schubartii foram coletados numa
marisma localizada dentro do estuário (Barra) e a aproximadamente 500 metros da zona de
arrebentação da Praia do Cassino (Rio Grande, RS). Os organismos foram mantidos em
béqueres de 2L, contendo sedimento e água (1:2) constantemente aerada, sob condições
controladas de temperatura (20±2°C) e fotoperíodo (12/12h luz). Os organismos foram
aclimatados gradualmente por 24 horas a uma salinidade equivalente a do ambiente onde
foram coletadas as amostras de sedimento e água e, em seguida, utilizados nos testes. Este
Código
Lab
procedimento de coleta e aclimatação foi repetido para todos os experimentos descritos abaixo
(sedimento, elutriato e água).
2 – Testes de toxicidade com material de referência
2.1 - Metodologia do Teste
As soluções padrão de dodecil sulfato de sódio (DSS) foram preparadas numa concentração
entre 10 e 160 mg.L-1. Cada solução foi dividida em 5 réplicas de 125mL em frascos-teste de
polietileno contendo 5 organismos adultos com tamanho entre 0,7 e 1,0cm. Os organismos
foram expostos por 4 dias. Os valores de pH, salinidade e nitrogênio amoniacal foram
monitorados no início e final do experimento. As “condições-teste” das avaliações
ecotoxicológicas da substância de referência estão resumidas na Tabela 01, abaixo.
Tabela 01: Procedimentos para os testes de toxicidade em fase líquida
utilizando Kalliapseudes schubartii como organismos-teste.
Condições-teste
Substância de referência
Coluna d’água
Elutriato
Mensal
Quadrimestral
Quadrimestral
[ ]s DSS
10
10
N de réplicas
5
5
5
Réplicas controle
5
5
5
125 mL
125 mL
125 mL
Aeração
sem
sem
sem
Tempo Estabilização
1h
1h
1h
Salinidade
15
do local
15
Temperatura
22 ± 1°C
22 ± 1°C
22 ± 1°C
Fotoperíodo
12 / 12h
12 / 12h
12 / 12h
Alimentação
Sem
sem
Sem
Parâmetros
Sal, OD, pH, NH4
Sal, OD, pH, NH4
Sal, OD, pH, NH4
4 dias
4 dias
4 dias
Periodicidade
Pontos estudados
o
Volume-teste
Tempo exposição
Efeito observado
mortalidade
mortalidade
Mortalidade
2.2 – Resultados
Os resultados apresentados para o teste com a substância de referência (DSS)
demonstram a adequação do grupo de organismos coletados à execução dos testes de
toxicidade, os quais foram realizados com todas as amostras coletadas.
As CL50 obtidas com a substância de referência, calculadas pelo método Trimmed
Spearman Karber, para todos os cruzeiros estão apresentadas na Tabela 02 (abaixo), estando
dentro da variabilidade normal para a espécie, como pode ser observado pela Carta Controle
(Figura 01).
Tabela 02: Resultados das CL50 obtidas nos testes com a
substância de referência (DSS) para os cruzeiros de 2007.
CRUZEIROS
TESTE - AGUA
TESTE - ELUTRIATO TESTE - SEDIMENTO
1º (Abril/2007)
41,5 mg DSS/L
40,8 mg DSS/L
39,6 mg DSS/L
2º (Julho/2007)
43,8 mg DSS/L
37,0 mg DSS/L
38,4 mg DSS/L
mg DSS/L
46,0 mg DSS/L
56,6 mg DSS/L
3º (Outubro/2007)
Carta Controle - DSS (1°Semestre 2007)
60
CL50 (mg/L)
LSE
LSC
45
Média
30
LIC
LIE
15
1
4
Sequência
7 de Resultados
10 n=15 13
Figura 01: Carta Controle do teste com Kalliapseudes schubartii indicando o intervalo
de variação de CL50 considerado aceitável para exposição a DSS (Abril de 2007).
3 - Testes de toxicidade com sedimento integral
3.1 - Coleta quadrimestral das amostras
Amostras de sedimento de fundo da região do canal do Porto de Rio Grande referentes
ao 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) foram coletadas com o
auxílio de uma draga de inox durante o dias 24 de Abril, 18 de Julho e 10 de Outubro de 2007,
respectivamente. Os cruzeiros foram realizados pela Lancha Larus da FURG, nas coordenadas
descritas na Tabela 03. Observa-se que Para alguns pontos, a coleta de água e sedimento não
foram exatamente nas mesmas coordenadas.
Tabela 03: Localização e profundidade de coleta das estações amostrais
em Abril de 2007 na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande.
ESTAÇÃO
LOCAL
COORDENADAS - G.MM.SS,SS
0
São José do Norte
S 31° 58' 19"
W 52° 04' 14"
1
Porto Velho
S 32° 01' 46"
W 52° 03' 46"
2
Porto Novo
S 32° 02' 058"
W 52° 04' 550"
3
Porto Novo
S 32° 02' 20"
W 52° 04' 28"
4
Bóia 4
S 32° 03' 20"
W 52° 04' 12"
5
S 386
S 32° 03' 54"
W 52° 04' 32"
6
Bóia 13
S 32° 05' 58"
W 52° 06' 01"
7
Praticagem
S 32° 08' 00"
W 52° 06' 02"
8
Raíz do Molhe.
S 32° 09' 37"
W 52° 05' 27"
9
Ponta do Molhe
S 32° 11' 054"
W 52° 04' 831"
3.2 - Metodologia do teste de toxicidade
Foram realizados testes agudos e estáticos (sem renovação de água ou sedimento),
onde 10 organismos adultos com tamanho entre 0,7 e 1,0cm foram expostos a cada réplica
(n=5), contendo 150 mL de sedimento (aproximadamente 150g) e 350 mL de água
sobrenadante. Após 10 dias de exposição, os sedimentos foram peneirados em malha de 500µ
m e os organismos cuidadosamente triados em placas de Petri, sendo contados os exemplares
sobreviventes. Os valores de pH, salinidade e nitrogênio amoniacal foram monitorados no
início e final do experimento. As “condições-teste” das avaliações ecotoxicológicas dos
sedimentos ao longo dos cruzeiros estão resumidas na Tabela 04.
Tabela 04: Procedimentos para os testes de toxicidade com sedimento integral
utilizando Kalliapseudes schubartii como organismos-teste.
Condições-teste
Periodicidade
Pontos estudados
o
Testes com Kalliapseudes schubartii
Trimestral
10
N de réplicas
5
Réplicas controle
5
Vol. de sedimento
150 mL
Vol. Água
350 mL
Aeração
Constante
Tempo Estabilização
24 h
Salinidade
15-30
Temperatura
22 ± 1°C
Fotoperíodo
12 / 12h
Alimentação
a cada 2 dias
Parâmetros monitorados
Salinidade, OD, pH, NH4
Tempo exposição
10 dias
Efeito observado
Mortalidade
3.3 – Resultados
Os resultados dos testes de toxicidade com sedimentos da área de influência do porto
do Rio Grande coletados durante o 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (Abril, Julho e Outubro/2007)
estão apresentados na íntegra nas Tabelas 05, 07 e 09 e nas Figuras 02, 03 e 04,
respectivamente. Os resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados durante os testes
estão apresentados nas Tabelas 06, 08 e 10.
Estes resultados demonstram que todas as amostras analisadas apresentaram valores
médios de sobrevivência superiores a 80% e significativamente iguais ao Controle, podendo
ser, portanto, consideradas não-tóxicas. As diferenças foram testadas através de um teste tStudent, bimodal considerando uma variância desigual entre as amostras e um nível de
significância de 95%. Os parâmetros físico-químicos monitorados durante o teste indicam que
não houve influência destes sobre a mortalidade dos organismos testados, mantendo-se as
condições necessárias para a sobrevivência dos organismos (Tabelas 06, 08 e 10). Uma
análise visual indicou que a granulometria de todos os pontos foi areno-lodosa, condição ideal
para a sobrevivência dos organismos.
Tabela 05: Resultados dos testes de toxicidade com sedimento integral
do 1° cruzeiro (Abril-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5)
% de sobrevivência
%médio de Desvio Interv Conf.
A
B
C
D
E
sobrevivência Padrão (α = 0,05)
Controle
100
80
90
90
100
92,00
8,37
7,33
#0
100
90
80
80
100
90,00
10,00
8,77
#1
70
70
100
70
100
82,00
16,43
14,40
#2
70
90
80
90
100
86,00
11,40
9,99
#3
90
80
90
80
80
84,00
5,48
4,80
#4
90
80
100
80
70
84,00
11,40
9,99
#5
80
90
100
80
90
88,00
8,37
7,33
#6
90
90
100
90
100
94,00
5,48
4,80
#7
90
90
90
80
80
86,00
5,48
4,80
#8
100
100
90
80
100
94,00
8,94
7,84
#9
70
90
90
90
85,00
10,00
9,80
- não houve amostra suficiente para a realização das 5 réplicas
Amostra/Réplica
% sobrevivência
100
80
60
40
20
intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos
nos testes de toxicidade com sedimento integral (n=5) do 1° cruzeiro (Abril-2007).
Tabela 06: Resultados dos parâmetros físico-químicos medidos
#9
#8
#7
#6
#5
#4
#3
#2
#1
#0
Controle
0
Figura 02: Média e
durante o teste com sedimento integral do 1° cruzeiro (Abril-2007).
O2 Diss.(mg/L)
inicial
final
Controle
*
*
#0
*
*
#1
*
*
#2
*
*
#3
*
*
#4
*
*
#5
*
*
#6
*
*
#7
*
*
#8
*
*
#9
*
*
Amostra
pH
inicial
7,77
8,04
7,81
8,07
7,98
8,03
7,97
7,92
8,00
7,87
7,89
final
8,20
8,09
7,99
8,10
8,10
8,20
8,10
8,10
8,10
8,10
8,10
Salinidade
inicial final
18
22
19
20
18
20
19
21
17
22
18
20
18
22
20
24
19
23
20
22
19
22
Amônio(mg/L)
inicial
final
2,15
6,54
0,29
0,56
0,32
0,36
0,75
0,26
0,23
0,15
0,14
0,14
0,33
0,20
0,12
0,13
0,17
0,12
0,45
0,18
0,06
0,11
* = oxímetro não operacional
Tabela 07: Resultados dos testes de toxicidade com sedimento integral
do 2° cruzeiro (Julho-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5)
% de sobrevivência
%médio de
Desvio
sobrevivência
Padrão
A
B
C
D
E
Controle
80
80
90
90
100
88,00
8,37
#0
90
90
100
80
90,00
8,16
#1
70
100
80
83,33
15,28
#2
90
70
90
83,33
11,55
#3
90
80
70
80
80,00
8,16
#4
80
100
90
80
87,50
9,57
#5
70
100 100
90
90
90,00
12,25
#6
80
90
100
80
80
86,00
8,94
#7
80
80
70
80
90
80,00
7,07
#8
90
100
70
80
85,00
12,91
#9
70
80
70
100
80,00
14,14
- não houve amostra suficiente para a realização das 5 réplicas
Amostra/Réplica
Interv Conf
(alfa=0,05)
7,33
8,00
17,29
13,07
8,00
10,83
10,74
7,84
6,20
12,65
13,86
% sobrevivência
100
80
60
40
20
#9
#8
#7
#6
#5
#4
#3
#2
#1
#0
Controle
0
Figura 03: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos
nos testes de toxicidade com sedimento integral (n=5) do 2° cruzeiro (Julho-2007).
Tabela 08: Resultados dos parâmetros físico-químicos medidos
durante o teste com sedimento integral do 2° cruzeiro (Julho-2007).
O2 Diss.(mg/L)
inicial
final
Controle
8,20
8,41
#0
8,00
7,17
Amostra
pH
Inicial
final
7,95
7,99
8,07
8,01
Salinidade
inicial final
15
16
15
16
Amônio(mg/L)
inicial
final
1,49
1,19
1,08
0,78
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
7,40
7,90
8,20
8,30
8,30
8,10
8,10
8,20
8,30
7,17
7,99
8,04
8,21
7,99
8,69
8,14
8,31
8,11
8,14
8,10
8,17
8,10
8,08
8,19
8,13
8,02
8,14
8,20
8,07
8,41
8,14
8,02
8,23
8,21
7,91
8,21
15
16
16
16
16
18
20
18
16
17
17
16
18
16
17
18
17
18
1,98
1,42
2,28
2,38
1,49
1,72
1,42
0,78
0,32
1,89
1,99
3,35
3,18
1,19
1,70
1,62
1,07
0,96
Tabela 09: Resultados dos testes de toxicidade com sedimento integral
do 3° cruzeiro (Outubro-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5)
Amostra/Réplica
Controle
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
A
100
90
90
90
70
90
80
100
100
70
90
% de sobrevivência
B
C
D
80
80
90
100 100
80
100
80
80
90
100
90
90
90
100
100
90
100
70
90
90
90
90
100
100 100 100
70
70
90
80
80
90
E
90
80
100
100
100
80
90
80
100
100
100
%médio de
sobrevivência
Desvio
Padrão
Interv Conf
(alfa=0,05)
88,00
90,00
90,00
94,00
90,00
92,00
84,00
92,00
100,00
80,00
88,00
8,37
10,00
10,00
5,48
12,25
8,37
8,94
8,37
0,00
14,14
8,37
7,33
8,77
8,77
4,80
10,74
7,33
7,84
7,33
12,40
7,33
120
Figura 04:
intervalo
confiança
do % de
100
% sobrevivência
Média
e
de
(α=0,05)
80
60
40
20
#9
#8
#7
#6
#5
#4
#3
#2
#1
#0
Controle
0
sobrevivência dos organismos
nos testes de toxicidade com sedimento integral (n=5) do 3° cruzeiro (Outubro-2007).
Tabela 10: Resultados dos parâmetros físico-químicos medidos
durante o teste com sedimento integral do 3° cruzeiro (Outubro-2007).
O2 Diss.(mg/L)
inicial
final
Controle
6,75
7,01
#0
6,98
6,15
#1
6,95
6,57
#2
7,00
6,91
#3
7,02
6,88
Amostra
pH
Inicial
8,07
8,02
8,04
8,21
8,13
final
8,15
8,09
8,11
8,14
8,13
Salinidade
inicial final
15
15
14
15
15
17
15
16
15
16
Amônio(mg/L)
inicial
final
1,33
1,11
1,01
1,16
0,23
0,65
3,26
1,82
0,97
1,11
#4
#5
#6
#7
#8
#9
6,90
6,99
7,00
6,80
7,04
7,25
7,14
6,54
7,14
6,99
7,51
7,14
7,96
8,12
8,12
8,39
8,10
8,12
8,01
8,04
8,09
8,31
8,05
8,09
15
15
15
15
15
15
16
15
16
16
17
18
0,77
1,39
2,18
2,85
0,65
0,33
1,34
1,39
1,59
4,47
0,97
0,45
4 - Testes de toxicidade com elutriatos
4.1 - Coleta
A coleta dos sedimentos do 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (Abril-Julho-Outubro/2007)
utilizados para os testes de toxicidade com elutriatos encontra-se descrita no item 3.1.
4.2 - Metodologia dos Testes
A obtenção do elutriato seguiu o método descrito em US-EPA & ACE (1977), onde se
promove uma agitação de ¼ de sedimento e ¾ de água, em uma mesa agitadora orbital a
uma velocidade de 150 r.p.m. durante 30 minutos. Cessada a agitação e decantação do
sedimento, a água sobrenadante foi distribuída em 5 réplicas de 125 mL em frascos-teste de
polietileno. Os valores de pH, salinidade e nitrogênio amoniacal foram monitorados no início e
final do experimento, enquanto que o oxigênio dissolvido não pôde ser monitorado em todos
os cruzeiros uma vez que o oxímetro não estava operacional durante os testes realizados com
amostras do 1º e parte do 2º cruzeiro. As “condições-teste” das avaliações ecotoxicológicas
dos elutriatos ao longo dos cruzeiros estão resumidas na Tabela 01.
4.3 - Resultados
Os resultados dos testes com elutriatos dos sedimentos da área de influência do porto
do Rio Grande coletados durante o 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (Abril, Julho e Outubro/2007)
demonstram que todas as amostras analisadas possuíram sobrevivência igual ou superior a
80% e significativamente igual ao Controle, podendo ser, portanto, consideradas não-tóxicas
(Tabelas 11, 13 e 15 e Figuras 05, 06 e 07).
As diferenças foram testadas através de um teste t-Student, bimodal considerando uma
variância desigual entre as amostras e um nível de significância de 95%. Os parâmetros físicoquímicos monitorados indicam que não houve influência destes sobre a mortalidade dos
organismos expostos ao elutriato, mantendo-se as condições necessárias para a sobrevivência
dos organismos (Tabela 12, 14 e 16).
Tabela 11: Resultados dos testes de toxicidade de elutriato do
1° cruzeiro (Abril-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5)
Amostra/Réplica
Controle
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
E
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
%médio de
sobrevivência
Desvio
Padrão
Interv Conf
(α = 0,05)
92,00
100,00
100,00
96,00
92,00
88,00
100,00
92,00
92,00
100,00
100,00
17,89
0,00
0,00
8,94
10,95
10,95
0,00
10,95
10,95
0,00
0,00
15,68
7,84
9,60
9,60
9,60
9,60
-
100
% sobrevivência
100
80
60
40
80
60
40
20
20
0
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
120
100
#9
#8
#7
#6
#5
#4
#3
#2
#1
#0
Controle 2
0
Controle 1
% sobrevivência
% de sobrevivência
B
C
D
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
100
100
80
80
100
100
100
100
80
100
100
80
100
100
100
100
100
100
100
100
A
60
100
100
80
80
80
100
80
80
100
100
60
40
20
0
Contro le
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
Controle 1
Controle 2
% sobrevivência
80
Figura 05: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos
nos testes de toxicidade com elutriato (n=5) do 1° cruzeiro (Abril-2007).
Tabela 12: Resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados
no teste de elutriato do 1° cruzeiro (Abril de 2007).
Amostra
Controle
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
O2 Diss.(mg/L)
inicial
final
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
pH
inicial
final
7,50
7,38
7,75
7,55
7,66
7,32
7,77
7,46
7,68
7,55
7,73
7,44
7,74
7,46
7,75
7,51
7,53
7,76
7,70
7,48
7,76
7,44
Salinidade
inicial
final
15
15
15
16
15
15
15
15
15
16
15
15
15
15
15
16
15
16
15
16
15
16
Amônio(mg/L)
inicial Final
0,96
0,26
1,65
0,52
1,01
0,30
1,01
0,43
1,65
0,73
0,97
0,54
0,89
0,41
1,58
0,37
1,01
0,45
1,06
0,28
0,81
0,26
* = oxímetro não operacional
Tabela 13: Resultados dos testes de toxicidade de elutriato do
2° cruzeiro (Julho-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5)
Amostra/Réplica
Controle
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
% de sobrevivência
B
C
D
80
80
100
100
100
100
80
100
80
100
100
100
100
100
100
80
70
100
100
100
100
100
100
80
80
100
100
80
80
100
100
80
80
A
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
E
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
80
%médio de
sobrevivência
Desvio
Padrão
Interv Conf
(alfa=0,05)
92,00
100,00
92,00
100,00
100,00
90,00
100,00
96,00
96,00
88,00
88,00
10,95
0,00
10,95
0,00
0,00
14,14
0,00
8,94
8,94
10,95
10,95
9,60
9,60
12,40
7,84
7,84
9,60
9,60
% sobrevivência
100
80
60
40
20
% sobrevivência
60
40
20
Contro le
#9
#8
#7
#6
#5
#4
#3
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
0
#2
80
#1
100
#0
120
controle
0
Figura 06: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos
nos testes de toxicidade com elutriato (n=5) do 2° cruzeiro (Julho-2007).
Tabela 14: Resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados
no teste de elutriato do 2° cruzeiro (Julho de 2007).
Amostra
Controle
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
O2 Diss.(mg/L)
inicial
final
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
pH
inicial
final
7,58
7,71
7,57
7,6
7,93
7,84
7,49
7,48
7,78
7,91
7,67
7,68
7,74
7,71
7,67
7,61
7,57
7,69
7,71
7,69
7,58
7,71
Salinidade
inicial
final
12
12
11
11
13
13
13
13
12
12
11
12
12
12
12
11
11
11
12
12
12
12
Amônio(mg/L)
inicial Final
0,41
0,46
0,68
0,68
0,32
0,37
1,18
0,75
0,46
0,68
0,30
0,41
1,31
1,12
0,75
0,62
0,56
0,46
1,86
1,12
0,41
0,46
* = oxímetro não operacional
Tabela 15: Resultados dos testes de toxicidade de elutriato do
3° cruzeiro (Outubro-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5)
Amostra/Réplica
Controle
A
100
% de sobrevivência
B
C
D
100
100
100
E
100
%médio de
sobrevivência
Desvio
Padrão
Interv Conf
(alfa=0,05)
100,00
0,00
-
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
-
120
% sobrevivência
100
80
60
40
20
% sobrevivência
80
60
40
20
#9
#8
#7
#6
#5
#4
Contro le
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
0
#3
100
#2
120
#1
controle
#0
0
Figura 07: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos
nos testes de toxicidade com elutriato (n=5) do 3° cruzeiro (Outubro-2007).
Tabela 16: Resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados
no teste de elutriato do 3° cruzeiro (Outubro-2007).
Amostra
Controle
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
O2 Diss.(mg/L)
inicial
final
7,24
7,02
7,17
6,90
7,80
7,14
7,38
7,01
7,31
6,88
7,72
6,89
7,25
7,01
7,30
6,91
7,51
6,82
7,42
7,07
7,63
6,66
pH
inicial
final
7,94
7,91
7,55
7,61
7,74
7,82
7,83
7,98
7,84
7,96
7,78
7,92
7,73
7,91
7,68
7,90
8,04
8,11
7,86
7,92
7,86
7,93
Salinidade
inicial
final
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
Amônio(mg/L)
inicial Final
0,39
0,52
0,52
0,89
0,30
0,33
0,37
0,93
0,43
0,93
0,52
0,45
0,47
0,65
0,35
0,81
0,58
1,21
0,64
0,57
0,41
0,54
5 - Testes de toxicidade com água
5.1 - Coleta de amostra
As amostras de água sub-superficial (30 cm profundidade) da região do canal do Porto
de Rio Grande referentes aos 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e
9) foram obtidas com o auxílio de um amostrador específico equipado com uma garrafa de
vidro previamente limpa de 2,7 L, nos dias 24 de Abril, 18 de Julho e 10 de Outubro de 2007,
respectivamente. As amostras foram armazenadas nas próprias garrafas de vidro utilizadas na
coleta, sendo posteriormente rotuladas e resfriadas. Os cruzeiros foram realizados pela Lancha
Larus da FURG e as amostras de água foram obtidas nas mesmas coordenadas descritas nas
coletas de sedimento (Tabela 03).
5.2 - Metodologia dos Testes
As amostras de água foram estabilizadas à temperatura do teste. As concentrações dos
testes foram definidas em: integral (100% volume-teste) e diluída em água limpa na mesma
salinidade em proporções 1:1 e 1:2. As amostras de água (integral e diluídas) foram divididas
em 5 réplicas em frascos-teste de polietileno de 125 mL, contendo 5 organismos adultos com
tamanho entre 0,7 e 1,0 cm. Os valores de pH, salinidade e nitrogênio amoniacal foram
monitorados no início e final do experimento, enquanto que oxigênio dissolvido não pode ser
monitorado em todos os cruzeiros uma vez que o oxímetro não estava operacional durante os
testes realizados com amostras do 1º e parte do 2º cruzeiro. As “condições-teste” das
avaliações ecotoxicológicas com amostras de água estão resumidas na Tabela 01.
5.3 - Resultados
Os resultados dos testes de toxicidade realizados com amostras de água sub-superficial
(integral e diluídas) da área de influência do porto do Rio Grande coletados durante o 1º, 2º e
3º cruzeiros de 2007 (Abril, Julho e Outubro/2007) apresentaram todos percentuais de
sobrevivência superiores ou iguais a 80% e iguais ao Controle (Tabelas 17, 19 e 21 e Figuras
08, 09 e 10), sendo, portanto, consideradas não-tóxicas. As diferenças foram testadas através
de um teste t-Student, bimodal considerando uma variância desigual entre as amostras e um
nível de significância de 95%.
Os resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados (pH, salinidade e amônio)
indicam que não houve influência destes sobre a mortalidade dos organismos expostos,
mantendo-se as condições necessárias para a sobrevivência dos organismos (Tabelas 18, 20 e
22).
Tabela 17: Resultados dos testes de toxicidade de água
do 1° cruzeiro (Abril-2007) utilizando K. Schubartii (n=5).
Amostra/Réplica
Controle
#0 – 100%
#0 – 50%
#0 – 33%
A
100
100
100
80
% de sobrevivência
B
C
D
80
100
100
100
100
100
100
100
80
80
80
100
E
100
100
80
100
%médio de
sobrevivência
Desvio
Padrão
Interv Conf
(α = 0,05)
96,00
100,00
92,00
88,00
8,94
0,00
10,95
10,95
7,84
9,60
9,60
#1 – 100%
#1 – 50%
#1 – 33%
#2 – 100%
#2 – 50%
#2 – 33%
#3 – 100%
#3 – 50%
#3 - 33%
#4 - 100%
#4 - 50%
#4 - 33%
#5 - 100%
#5 - 50%
#5 - 33%
#6 - 100%
#6 - 50%
#6 - 33%
#7 - 100%
#7 - 50%
#7 - 33%
#8 - 100%
#8 - 50%
#8 - 33%
#9 - 100%
#9 - 50%
#9 - 33%
100
80
80
100
100
100
80
80
100
80
100
100
80
80
100
100
60
80
100
100
100
100
60
100
100
80
60
80
80
100
100
100
100
100
100
100
80
100
100
100
80
100
100
80
100
100
80
100
100
80
100
100
80
100
80
80
100
100
100
100
80
100
60
80
60
100
100
100
80
100
100
100
100
80
100
100
100
100
100
80
100
80
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
100
100
100
100
80
100
100
80
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
60
100
100
100
80
100
80
100
100
80
100
100
100
100
100
100
88,00
88,00
96,00
100,00
100,00
100,00
92,00
96,00
92,00
88,00
88,00
92,00
96,00
92,00
96,00
92,00
88,00
92,00
96,00
92,00
96,00
100,00
88,00
100,00
100,00
88,00
92,00
10,95
10,95
8,94
0,00
0,00
0,00
10,95
8,94
17,89
10,95
17,89
17,89
8,94
10,95
8,94
10,95
17,89
10,95
8,94
10,95
8,94
0,00
17,89
0,00
0,00
10,95
17,89
9,60
9,60
7,84
9,60
7,84
15,68
9,60
15,68
15,68
7,84
9,60
7,84
9,60
15,68
9,60
7,84
9,60
7,84
15,68
9,60
15,68
80
60
40
20
0
Controle
#0 - 100%
#0 - 50%
#0 - 33%
#1 - 100%
#1 - 50%
#1 - 33%
#2 - 100%
#2 - 50%
#2 - 33%
#3 - 100%
#3 - 50%
#3 - 33%
#4 - 100%
#4 - 50%
#4 - 33%
#5 - 100%
#5 - 50%
#5 - 33%
#6 - 100%
#6 - 50%
#6 - 33%
#7 - 100%
#7 - 50%
#7 - 33%
#8 - 100%
#8 - 50%
#8 - 33%
#9 - 100%
#9 - 50%
#9 - 33%
% sobrevivência
100
Figura 08: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade
com água (n=5) do 1° cruzeiro (Abril/2007).
Tabela 18: Resultados dos parâmetros físico-químicos
monitorados no teste de água do 1° cruzeiro (Abril/2007).
Amostra
Controle
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
O2 Diss.(mg/L)
inicial
final
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
pH
inicial
7,31
7,67
7,59
7,56
7,66
7,66
7,73
7,70
7,70
7,69
7,79
Salinidade
inicial
final
15
15
12
12
9
9
17
17
16
16
14
14
15
15
14
14
16
16
19
19
24
24
final
7,25
7,60
7,70
7,40
7,61
7,30
7,60
7,70
7,78
7,59
7,68
Amônio(mg/L)
inicial final
0,25
0,39
0,31
0,46
0,70
1,15
1,02
1,15
0,27
0,64
0,31
0,28
0,46
0,73
0,64
0,76
1,31
0,67
0,34
1,15
0,23
0,30
* - oxímetro não operacional
Tabela 19: Resultados dos testes de toxicidade de água
do 2° cruzeiro (Julho-2007) utilizando K. schubartii (n=5).
Amostra/Réplica
Controle
#0 - 100%
#0 - 50%
#0 - 33%
#1 - 100%
#1 - 50%
#1 - 33%
#2 - 100%
#2 - 50%
#2 - 33%
#3 - 100%
#3 - 50%
#3 - 33%
#4 - 100%
#4 - 50%
#4 - 33%
A
80
100
100
100
80
100
100
60
100
100
60
100
100
80
100
100
% de sobrevivência
B
C
D
80
100
100
80
100
100
100
100
80
60
60
100
100
100
100
100
100
80
100
100
80
100
100
100
60
80
100
100
100
80
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
80
100
100
100
80
100
100
80
E
100
100
80
100
100
80
100
100
80
80
100
100
100
60
100
100
%médio de
sobrevivência
Desvio
Padrão
Interv Conf
(alfa=0,05)
92,00
96,00
92,00
84,00
96,00
92,00
96,00
92,00
84,00
92,00
92,00
100,00
100,00
80,00
96,00
96,00
10,95
8,94
10,95
21,91
8,94
10,95
8,94
17,89
16,73
10,95
17,89
0,00
0,00
14,14
8,94
8,94
9,60
7,84
9,60
19,20
7,84
9,60
7,84
15,68
14,67
9,60
15,68
12,40
7,84
7,84
#5 - 100%
#5 - 50%
#5 - 33%
#6 - 100%
#6 - 50%
#6 - 33%
#7 - 100%
#7 - 50%
#7 - 33%
#8 - 100%
#8 - 50%
#8 - 33%
#9 - 100%
#9 - 50%
#9 - 33%
100
60
60
100
100
100
60
100
100
100
100
60
100
100
100
100
100
80
100
100
100
80
80
80
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
80
100
100
100
80
100
100
100
80
80
100
60
100
100
60
80
100
80
100
80
100
80
100
80
100
100
80
100
100
100
100
100
80
100
100
100
60
100
92,00
88,00
88,00
88,00
100,00
100,00
76,00
88,00
96,00
92,00
100,00
84,00
100,00
88,00
100,00
10,95
17,89
17,89
17,89
0,00
0,00
16,73
10,95
8,94
10,95
0,00
16,73
0,00
17,89
0,00
9,60
15,68
15,68
15,68
14,67
9,60
7,84
9,60
14,67
15,68
-
Figura
09: Média
e
intervalo
de
confiança
(α=0,05)
do % de
% sobrevivência
100
80
60
40
0
Controle
#0 - 100%
#0 - 50%
#0 - 33%
#1 - 100%
#1 - 50%
#1 - 33%
#2 - 100%
#2 - 50%
#2 - 33%
#3 - 100%
#3 - 50%
#3 - 33%
#4 - 100%
#4 - 50%
#4 - 33%
#5 - 100%
#5 - 50%
#5 - 33%
#6 - 100%
#6 - 50%
#6 - 33%
#7 - 100%
#7 - 50%
#7 - 33%
#8 - 100%
#8 - 50%
#8 - 33%
#9 - 100%
#9 - 50%
#9 - 33%
20
sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com água (n=5) do 2° cruzeiro (Julho-2007).
Tabela 20: Resultados dos parâmetros físico-químicos
monitorados no teste de água do 2° cruzeiro (Julho/2007).
Amostra
Controle
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
O2 Diss.(mg/L)
inicial
final
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
pH
inicial
7,81
7,2
7,25
7,13
7,19
7,19
7,12
7,21
7,17
7,22
7,22
Salinidade**
inicial
final
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
final
7,81
7,29
7,19
7,21
7,17
7,3
7,19
7,22
7,21
7,17
7,27
Amônio(mg/L)
inicial final
0,34
0,83
0,87
0,62
1,43
0,75
0,29
0,53
0,58
0,41
0,32
0,24
2,61
0,97
1,84
0,68
2,03
0,37
0,68
0,28
1,58
1,45
Tabela 21: Resultados dos testes de toxicidade de água
do 3° cruzeiro (Outubro-2007) utilizando K. schubartii (n=5).
Amostra/Réplica
CONTROLE
(água interna)
CONTROLE
(diluições)
#0 - 100%
#0 - 50%
#0 - 33%
#1 - 100%
#1 - 50%
#1 - 33%
#2 - 100%
#2 - 50%
#2 - 33%
#3 - 100%
#3 - 50%
#3 - 33%
#4 - 100%
#4 - 50%
#4 - 33%
#5 - 100%
#5 - 50%
#5 - 33%
#6 - 100%
#6 - 50%
#6 - 33%
#7 - 100%
% de sobrevivência
B
C
D
E
%médio de
sobrevivência
Desvio
Padrão
Interv Conf
(alfa=0,05)
100
100
100
80
92,00
17,89
-
100
100
100
100,00
0,00
-
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
100
100
100
100
100
100
100
100
80
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
100
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
93,33
100,00
96,00
100,00
100,00
100,00
100,00
93,33
96,00
100,00
93,33
96,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
11,55
0,00
8,94
0,00
0,00
0,00
0,00
11,55
8,94
0,00
11,55
8,94
8,77
11,32
-
A
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
100
100
#7 - 50%
#7 - 33%
#8 - 100%
#8 - 50%
#8 - 33%
#9 - 100%
#9 - 50%
#9 - 33%
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
80
80
80
100
100
100,00
100,00
92,00
100,00
100,00
100,00
100,00
93,33
0,00
0,00
10,95
0,00
0,00
0,00
0,00
11,55
-
Figura
10: Média
e
intervalo
de
confiança
(α=0,05)
do % de
% sobrevivência
120
100
80
60
40
0
Contr. agua int.
Contr.diluições
#0 - 100%
#0 - 50%
#0 - 33%
#1 - 100%
#1 - 50%
#1 - 33%
#2 - 100%
#2 - 50%
#2 - 33%
#3 - 100%
#3 - 50%
#3 - 33%
#4 - 100%
#4 - 50%
#4 - 33%
#5 - 100%
#5 - 50%
#5 - 33%
#6 - 100%
#6 - 50%
#6 - 33%
#7 - 100%
#7 - 50%
#7 - 33%
#8 - 100%
#8 - 50%
#8 - 33%
#9 - 100%
#9 - 50%
#9 - 33%
20
sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com água (n=5) do 3° cruzeiro (Outubro-2007).
Tabela 22: Resultados dos parâmetros físico-químicos
monitorados no teste de água do 3° cruzeiro (Outubro-2007).
Amostra
Controle
#0
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
O2 Diss.(mg/L)
inicial
final
8,10
6,30
8,80
6,60
8,24
6,45
8,32
6,25
7,94
6,60
7,95
6,50
7,75
6,84
7,56
6,62
8,01
5,95
8,27
6,54
7,66
6,05
pH
inicial
7,82
7,10
7,03
7,04
7,06
7,01
7,01
7,00
7,01
7,14
7,07
final
7,75
7,78
7,84
7,84
7,91
7,88
7,85
7,84
7,70
7,96
7,68
Salinidade**
inicial
final
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
Amônio(mg/L)
inicial final
0,89
0,24
1,27
0,97
1,11
1,63
1,28
1,26
0,81
0,38
0,57
0,24
1,39
0,58
0,74
0,42
0,93
0,28
0,89
0,34
0,77
0,38
6 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
US-EPA & US-ACE. 1977. Environmental Protection Agency and US Army Corps of Engineers.
Ecological evaluation of proposed discharge of dredged material into ocean waters.
Environmental Effects Laboratory, Experimental Waterways Experiment Station, Vicksburg,
MS
VI – MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS
Equipe Técnica:
Resposável: Dr. Carlos Emílio Bemvenuti
Téc. Lab. Nilton Araújo de Abreu
MSc. Leonir André Colling
Acadêmico Raphael Mathias Pinotti
1 – INTRODUÇÃO
Em estuários que possuem áreas portuárias, atividades de dragagens para manutenção
dos canais de navegação são bastante comuns. De uma maneira geral, as dragagens removem
grandes quantidades de sedimentos, podendo alterar suas características e influenciar
inclusive na hidrodinâmica estuarina. Conseqüentemente, alteram a estrutura e a dinâmica das
comunidades de macroinvertebrados bentônicos de fundos moles (Kenny & Rees, 1996; Lewis
et al., 2001).
O modo característico de vida dos macroinvertebrados bentônicos junto ao fundo e o
predomínio de formas de pouca mobilidade favorecem amplamente sua utilização em
programas de caracterização e monitoramento ambiental (UNESCO, 1980) pois alterações em
suas comunidades e/ou em suas assembléias refletem as condições ambientais anteriores e
posteriores ao momento das dragagens. Organismos bentônicos são freqüentemente utilizados
como bio-indicadores de qualidade ambiental, indicando alterações nas condições ambientais
com maior precisão quando em comparação com organismos que vivem na coluna d’água
(Lana, 1994).
2 - MATERIAL E MÉTODOS
2.1 - Canal de Acesso e Bacia de Evolução do Porto de Rio Grande
Dentro do cronograma proposto de cruzeiros sazonais para a coleta dos
macroinvertebrados bentônicos, no canal de acesso ao porto de Rio Grande e bacia de evolução
do porto novo na região estuarina da Lagoa dos Patos, durante o ano de 2007, a bordo da
Lancha Oc. Larus da FURG, foram realizados cruzeiros nos meses de Janeiro, Abril, Julho e
Outubro do corrente. Nestes cruzeiros foram efetuadas amostragens em 12 pontos de coleta
que tiveram no seu extremo norte dois pontos controle (#0 e #00), localizados fora da área de
operação das dragagens, um ponto (#12) como potencial local de descarte no interior da
região estuarina e os 9 pontos restantes (#1 até #9) distribuídos entre as áreas do Porto Novo
e do Superporto, tendo como limite sul a ponta dos molhes da barra de Rio Grande.
Em cada um dos pontos de coleta, todos geo-referenciados com GPS portátil, foram
efetuados registros de temperatura da água e do ar, de salinidade, da transparência da água,
das características do substrato e tomadas amostras com pegador de fundo para a coleta dos
macroinvertebrados bentônicos e de material para análise do sedimento.
Para a caracterização e comparação da distribuição, abundância e diversidade dos
macroinvertebrados bentônicos, em cada um dos pontos de coleta, foram tomadas quatro
amostras com um pegador de fundo tipo van-Veen com 19x41cm de abertura (0,08m2). Desta
forma, em cada cruzeiro foram coletadas 44 amostras para análise do macrozoobentos,
distribuídas entre as áreas controle e as localizadas no Porto Novo e no Superporto de Rio
Grande. Em cada uma das amostras tomadas com o pegador de fundo foi ainda retirada uma
fração de sedimento, correspondente ao volume de material extraído com um tubo extrator de
5 cm de diâmetro e 10 cm de altura, que foi utilizada para análise granulométrica e do teor de
matéria orgânica.
A triagem das amostras, tanto a separação dos organismos do sedimento quanto
identificação das espécies, foi realizada sob microscópio estereoscópico. Os organismos
coletados nesses cruzeiros sazonais encontram-se nas tabelas 01, 02, 03 e 04,
respectivamente. Os poliquetas que estão digitados como indeterminados ainda estão sob
identificação.
2.2 - Local de Descarte das Dragagens
No mesmo período também foram realizados cruzeiros para a coleta dos
macroinvertebrados bentônicos nas áreas de descarte I (#10) e B (#11) na plataforma interna
adjacente a desembocadura da região estuarina da Lagoa dos Patos.
Para a caracterização e comparação da distribuição, abundância e diversidade dos
macroinvertebrados bentônicos, em cada um dos pontos de coleta, foram tomadas quatro
amostras com um pegador de fundo tipo van-Veen com 19x41cm de abertura (0,08m2). A
temperatura da água e do ar, a salinidade, profundidade, o tipo de substrato foram registrados
em cada um dos pontos de coleta.
3 - RESULTADOS
3.1 - Canal de Acesso e Bacia de Evolução do Porto de Rio Grande
O gastrópode Heleobia australis foi a espécie dominante em todos os cruzeiros, com o
menor valor de abundância correspondente a 66.981 ind. em Janeiro (Tabela 01), valores
intermediários de 159.112 ind. em Abril (Tabela 02) e de 121.413 ind. em Outubro (Tabela 04)
e uma elevada abundância com 422.638 ind. no cruzeiro de Julho (Tabela 03).
É provável que no cruzeiro de Janeiro as menores densidades do gastrópode tenham
sido decorrentes das dragagens efetuadas em 2006, as quais podem ter removido parte dos
estoques da espécie do canal de acesso ao Porto de Rio Grande. Enquanto que os valores
intermediários registrados em Abril, podem estar indicando a recuperação dos estoques
populacionais do gastrópode. Já os elevados valores registrados em Julho concordam com o
registrado em trabalhos anteriores, que apontam para uma ampla distribuição vertical de H.
australis em fundos arenolodosos assim como para as marcadas flutuações espaço-temporais
na abundância desta espécie na região estuarina da Lagoa dos Patos (Bemvenuti & Netto,
1998; Bemvenuti, 1998a).
Em relação a distribuição espacial de Heleobia australis, verificou-se que é bastante
pobre a ocorrência do gastrópode na região da desembocadura (#7, #8, #9) (Tabelas 01. 02.
03 e 04). É provável que a maior instabilidade do substrato na área da desembocadura da
laguna, que está sob influência do longo e estreito canal de acesso na Barra de Rio Grande,
determine condições menos favoráveis para H. australis. A este respeito Bemvenuti et al.
(1992) também registraram menores densidades desta espécie na zona de desembocadura da
laguna, atribuindo o fato a instabilidade do substrato e a presença de fundos arenosos ou de
areia com biodetritos no local.
Este tipo de fundo não é favorável para um organismo que se alimenta raspando a
camada superficial (“filme superficial”) do substrato, tal como acontece com H. australis
(Bemvenuti, 1998b). Este tipo de comportamento alimentar é favorecido pela ocorrência de
fundos do tipo arenolodoso, que contenha um maior porcentual de sedimentos finos (silte e
argila) (Bemvenuti et al. 1992, Bemvenuti, 1998a). Fundos com sedimentos arenolodosos
foram mais comuns nas estações mais afastadas da desembocadura (#2, #3, #4, #5 e #6)
devem ter influenciado para a maior ocorrência da espécie nestes locais.
3.2 - Local de Descarte das Dragagens
No 1º cruzeiro, realizado no mês de Janeiro, na plataforma interna adjacente a
desembocadura da Lagoa dos Patos, não foram elevadas as densidades dos
macroinvertebrados bentônicos coletados nas áreas de descarte I (#10) e B (#11). Na área de
descarte I (#10), a presença do gastrópode estuarino Heleobia australis nas amostras,
confirma a deposição dos sedimentos que foram dragados na área do Porto de Rio Grande
(Tabela 05). Observa-se que H. australis nunca foi coletada no ambiente marinho adjacente a
Barra de Rio Grande durante os distintos trabalhos que incluíram amostras de macrozoobentos
nesta área (Bemvenuti et al. 1978; Absalão, 1986; Borzone, 1988). Observa-se que na área
de descarte II (#11), onde não foi depositado o sedimento dragado na área do Porto de Rio
Grande, não foram encontrados exemplares de Heleobia australis (Tabela 05).
No 2º cruzeiro, realizado no mês de Abril, na plataforma interna adjacente a
desembocadura da Lagoa dos Patos, as densidades dos macroinvertebrados bentônicos
coletados nas áreas de descarte I (#10) (Tabela 06) foram similares as registradas no mês de
Janeiro (Tabela 05). Enquanto que na área de descarte II (#11), onde não foram efetuados
depósitos de material dragado, foi detectado um aumento nas densidades do macrozoobentos
no mês de Abril (Tabela 06). Este aumento foi devido a ocorrência em altas densidades do
bivalvo do gênero Tellina e de espécies de poliquetas no período.
No 3º cruzeiro, realizado no mês de Julho, na plataforma interna adjacente a
desembocadura da Lagoa dos Patos, as densidades dos macroinvertebrados bentônicos
coletados na área de descarte I foram baixas (#10) (Tabela 07). A espécie com a maior
densidade foi H. australis (Tabela 07). Na área de descarte II (#11), onde não foram
efetuados depósitos de material dragado, as densidades do macrozoobentos foram mais
elevadas (Tabela 07). Da mesma forma que o registrado no outono, os maiores valores de
abundância do macrozoobentos foram decorrentes da presença de Tellina sp e de espécies de
poliquetas.
No 4º cruzeiro, realizado no mês de outubro, na plataforma interna adjacente a
desembocadura da Lagoa dos Patos, foram registradas baixas densidades dos
macroinvertebrados bentônicos coletados na área de descarte I (#10) (Tabela 08). A espécie
com a maior densidade foi o gastrópode estuarino H. australis (Tabela 08). Na área de
descarte II (#11), onde não foram efetuados depósitos de material dragado, as densidades do
macrozoobentos foram mais elevadas (Tabela 08). Porém, ao contrário do registrado no
outono e no inverno, no cruzeiro de primavera a maior abundância entre o macrozoobentos foi
devido aos bivalvos do gênero Mactra (Tabela 08) e também a espécies de poliquetas.
3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABSALÃO, R. S. 1986. Discriminação ambiental entre associações de moluscos macrobentônicos
ao largo de Rio Grande, RS, Brasil. Situação inverno-primavera. 126p. Dissertação (Mestrado
em Oceanografia Biológica) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande. RS.
BEMVENUTI, C. E. 1998a. Invertebrados Bentônicos. Capítulo 4.10. In: Seeliger, U.; Odebrecht,
C. & Castello, J. P. (Orgs.). Os Ecossistemas Costeiro e Marinho do Extremo Sul do
Brasil. Ecoscientia, Rio Grande, p. 46-51.
BEMVENUTI, C. E. 1998b. Estrutura Trófica. Capítulo 5.2. In: Seeliger, U.; Odebrecht, C. &
Castello, J. P. (Orgs.). Os Ecossistemas Costeiro e Marinho do Extremo Sul do Brasil.
Ecoscientia, Rio Grande, p.79-82.
BEMVENUTI, C. E.; CAPITOLI, R. R. & GIANUCA, N. M. 1978. Estudos de ecologia bentônica na
região estuarial da Lagoa dos Patos. II. Distribuição quantitativa do macrobentos infralitoral.
Atlântica, 3: 23-32.
BEMVENUTI, C. E.; CATTANEO S. & NETTO S. A., 1992, Características estruturais da
macrofauna bentônica em dois pontos da região estuarina da Lagoa dos Patos, RS., Brasil.
Atlântica, 14: 5-28.
BORZONE, C. A. 1988. Estudo da macrofauna bentônica infralitoral da região costeira
adjacente à barra de Rio Grande. 112 p. Dissertação (Mestrado em Oceanografia
Biológica) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande. RS.
KENNY, A J. & REES, H. L. 1996. The effects of marine gravel extraction on the macrobenthos:
results 2 years post-dredging. Marine Pollution Bulletin. 32 (8/9), 615-622.
Tabela 01: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados
bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Janeiro de 2007.
#0
# 00
#1
#2
#3
#4
Latitude
31° 58' 380"
31° 59' 436"
32° 01' 769"
32° 02' 050"
32° 02' 505"
32° 03' 214"
Longitude
052° 04' 156"
052° 03' 777"
052° 05' 163"
052° 04' 599"
052° 04' 460"
052° 04' 192"
Temperatura
26 °C
26 °C
25 °C
25 °C
26 °C
26 °C
Salinidade
10
10
10
12
10
11
Secchi
1,1m
1,5m
1,5m
1,5m
1,3m
1,6m
Profundidade
7m
7m
5m
11m
10m
10m
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Anachis
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Bivalvo Indet.
Erodona
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
3
Heleobia
686
149
1160
264
1474
487
5965
2611
6958
5312
36776
18979
Mactra
Tagelus
0
0
0
0
0
0
0
0
10
10
0
0
0
0
0
0
13
9
0
0
0
0
0
0
MOLLUSCA
POLYCHAETA
Glycera
Heteromastus
0
0
13
9
0
0
0
0
0
0
0
0
35
6
35
13
77
22
16
3
29
8
10
10
Neanthes
Nephtys
0
0
0
0
9
4
0
0
0
0
6
4
90
36
26
9
144
31
147
28
58
12
96
37
Parandalia
0
0
0
0
10
3
0
0
0
0
0
0
Pherusa
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Pol. Indeterminado
CRUSTACEA
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Anf. Indeterminado
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Arinaeus
Cumacea
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
3
3
3
0
0
0
0
0
0
10
6
Cyrtograpsus
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Hepatus
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Isopoda Indet.
Kalliapseudes
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
38
20
45
15
231
118
16
3
16
6
19
15
Mysidacea
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Paguro
Pinnixa
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Poti
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Pseudosphaeroma
0
0
0
0
3
3
0
0
0
0
0
0
10
3
10
3
10
6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
NEMERTINEA
OPHIUROIDEA
Tabela 01 (Continuação): Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos
macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Janeiro de 2007.
# 12
#5
#6
#7
#8
#9
Latitude
32° 03' 577"
32° 03' 576"
32° 05' 987"
32° 08' 004"
32° 09' 653"
32° 11' 117"
Longitude
052° 03' 416"
052° 04' 293"
052° 06' 014"
052° 06' 065"
052° 05' 555"
052° 04' 717"
Temperatura
26 °C
26 °C
26 °C
26 °C
26 °C
26 °C
Salinidade
11
11
15
13
12
14
Secchi
1,7m
1,7m
1,5m
1,8m
1,7m
1,7m
Profundidade
9m
7m
16m
16m
20m
ABUNDÂNCI
DOMINÂNCIA
A
16m
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
10
3
0
0
0
0
0
0
3
3
3
3
16
0,0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
3
0
0
3
0,0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
0,0
Heleobia
1804
1257
4939
1441
5333
3058
955
405
929
904
0
0
66981
96,5
Mactra
Tagelus
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
10
0,0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
13
0,0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
13
0,0
0
0
51
5
19
8
22
13
10
3
0
0
304
0,4
Neanthes
Nephtys
141
45
6
6
87
25
87
22
6
4
13
5
355
0,5
0
0
163
22
3
3
3
3
0
0
3
3
734
1,1
Parandalia
0
0
0
0
6
4
35
8
6
4
16
12
74
0,1
Pherusa
0
0
0
0
3
3
6
6
3
3
0
0
13
0,0
Pol. Indeterminado
CRUSTACEA
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
26
10
26
0,0
Anf. Indeterminado
13
9
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
13
0,0
6
6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
6
0,0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
3
3
3
22
0,0
Cyrtograpsus
64
18
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
64
0,1
Hepatus
10
6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
10
0,0
3
3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
0,0
192
112
93
32
10
10
19
8
6
4
3
3
689
1,0
Mysidacea
0
0
0
0
0
0
10
3
0
0
0
0
10
0,0
Paguro
Pinnixa
3
3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
0,0
0
0
3
3
3
3
0
0
0
0
0
0
6
0,0
Poti
0
0
3
3
0
0
0
0
0
0
0
0
3
0,0
Pseudosphaeroma
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
0,0
NEMERTINEA
6
4
3
3
6
4
6
4
0
0
3
3
54
0,1
OPHIUROIDEA
3
3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
0,0
MOLLUSCA
Anachis
Bivalvo Indet.
Erodona
POLYCHAETA
Glycera
Heteromastus
Arinaeus
Cumacea
Isopoda Indet.
Kalliapseudes
Tabela 02: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados
bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Abril de 2007.
#0
# 00
#1
#2
#3
#4
Latitude
31° 58' 407"
31° 59' 443"
32° 01' 771"
32° 02' 130"
32° 02' 486"
32° 03' 189"
Longitude
052° 04' 140"
052° 03' 744"
052° 05' 155"
052° 04' 567"
052° 04' 458"
052° 04' 190"
Temperatura
22 °C
22 °C
22 °C
19,5 °C
22 °C
23 °C
Salinidade
12
12
15
18
18
24
Secchi
2m
2,1m
0,3m
1,1m
0,9m
1m
Profundidade
7m
6m
6m
9m
10m
8m
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Anachis
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Erodona
0
0
0
0
0
0
0
0
6
6
0
0
Heleobia
2446
1065
308
111
878
206
14478
2662
28054
4022
29256
5390
Mesodesma
0
0
3
3
0
0
0
0
0
0
0
0
Tellina
POLYCHAETA
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Capitelidae
0
0
6
6
0
0
0
0
0
0
0
0
Glycera
0
0
0
0
3
3
0
0
0
0
0
0
Hemipodus
0
0
0
0
6
4
0
0
0
0
10
6
MOLLUSCA
0
0
13
13
0
0
3
3
13
7
0
0
Neanthes
13
9
3
3
3
3
10
6
10
3
26
13
Nephtys
16
6
54
18
6
4
16
8
19
8
0
0
Parandalia
10
6
0
0
6
4
0
0
0
0
0
0
Pol. Indeterminado
CRUSTACEA
6
6
16
12
3
3
0
0
6
6
0
0
Anf. Indeterminado
0
0
0
0
3
3
0
0
0
0
0
0
Callinectes
0
0
0
0
0
0
0
0
3
3
0
0
Cumacea
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Cyrtograpsus
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Kalliapseudes
6
6
0
0
6
4
0
0
0
0
0
0
Mysidacea
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Pinnixa
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Poti
NEMERTINEA
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
6
4
6
6
6
4
3
3
3
3
10
6
PHORONIDEA
3
3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Heteromastus
Tabela 02 (Continuação): Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos
macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Abril de 2007.
# 12
#5
#6
#7
#8
#9
Latitude
32° 03' 415"
32° 04' 408"
32° 05' 970"
32° 07' 985"
32° 09' 415"
32° 11' 054"
Longitude
052° 03' 527"
052° 05' 141"
052° 06' 040"
052° 06' 107"
052° 05' 234"
052° 04' 831"
Temperatura
22 °C
22 °C
23 °C
23 °C
22 °C
23 °C
Salinidade
10
19
30
31
31
27
1,5m
Secchi
2m
1m
1m
1m
1m
Profundidade
13m
12m
15m
16m
18m
ABUNDÂNCI
DOMINÂNCIA
A
19m
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Anachis
6
4
3
3
19
19
0
0
13
5
0
0
42
Erodona
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
6
0,00
Heleobia
702
312
574
221
82381
33470
22
10
13
13
0
0
159112
99,10
Mesodesma
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
0,00
Tellina
POLYCHAETA
0
0
0
0
3
3
0
0
0
0
0
0
3
0,00
Capitelidae
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
6
0,00
Glycera
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
0,00
Hemipodus
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
16
0,01
Heteromastus
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
29
0,02
93
55
87
18
183
56
426
125
29
17
13
9
894
0,56
Nephtys
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
112
0,07
Parandalia
3
3
29
10
0
0
38
19
22
6
10
10
119
0,07
Pol. Indeterminado
CRUSTACEA
6
4
6
6
0
0
26
16
10
10
16
6
96
0,06
Anf. Indeterminado
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
6
4
10
0,01
Callinectes
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
3
6
0,00
Cumacea
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
3
3
0,00
Cyrtograpsus
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
16
12
16
0,01
Kalliapseudes
0
0
3
3
0
0
0
0
0
0
0
0
16
0,01
Mysidacea
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
3
3
0,00
Pinnixa
0
0
0
0
0
0
6
4
0
0
0
0
6
0,00
Poti
NEMERTINEA
0
0
0
0
0
0
3
3
0
0
0
0
3
0,00
0
0
0
0
0
0
16
12
0
0
0
0
51
0,03
PHORONIDEA
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
0,00
MOLLUSCA
Neanthes
0,03
Tabela 03: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados
bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Julho de 2007.
16/07/2007
#0
# 00
#1
#2
#3
#4
Latitude
31° 59' 270"
31° 58' 195"
32° 01' 478"
32° 02' 079"
32° 02' 511"
32° 03' 170"
Longitude
052° 03' 536"
052° 04' 158"
052° 03' 380"
052° 04' 574"
052° 04' 416"
052° 04' 155"
Temperatura
11 °C
11 °C
11 °C
10 °C
10 °C
10 °C
Salinidade
6
5
6
6
6
6
Secchi
1,5m
1,2m
0,7m
0,8m
0,8m
0,8m
Profundidade
4m
5m
3m
10m
10m
11m
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
MOLLUSCA
Anachis sp.
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Erodona mactroides
16
12
0
0
3
3
0
0
0
0
0
0
Heleobia australis
20048
7242
3833
1179
48503
9267
87
14
21391
5323
105503
34513
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Mesodesma mactroides
Tagelus plebeius
10
6
0
0
32
4
0
0
0
0
0
0
POLYCHAETA
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Glycera sp.
0
0
0
0
0
0
6
4
0
0
0
0
Hemipodus olivieri
Heteromastus similis
6
6
51
5
29
17
144
42
67
19
71
49
22
13
0
0
26
17
10
6
0
0
26
26
Neanthes sp.
Nephtys fluviatilis
115
27
96
8
154
23
45
15
189
10
109
8
Parandalia tricuspis
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
3
0
0
0
0
0
0
3
3
Polychaeta Indet.
CRUSTACEA
6
6
0
0
3
3
0
0
6
4
6
6
Amphipoda Indet.
3
3
0
0
10
10
0
0
0
0
0
0
Copelonura Indet.
Cumacea Indet.
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
6
6
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Cyrtograpsus sp.
Kalliapseudes schubartii
1308
739
16
3
708
144
3
3
3
3
154
67
Pseudosphaeroma mourei
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
3
NEMERTINEA
10
3
0
0
3
3
3
3
3
3
0
0
Tabela 03 (Continuação): Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos
macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Julho de 2007.
16/07/2007
Latitude
Longitude
Temperatura
Salinidade
Secchi
Profundidade
MOLLUSCA
Anachis sp.
Erodona mactroides
Heleobia australis
Mesodesma mactroides
Tagelus plebeius
POLYCHAETA
Glycera sp.
Hemipodus olivieri
Heteromastus similis
Neanthes sp.
Nephtys fluviatilis
Parandalia tricuspis
Polychaeta Indet.
CRUSTACEA
Amphipoda Indet.
Copelonura Indet.
Cumacea Indet.
Cyrtograpsus sp.
Kalliapseudes schubartii
Pseudosphaeroma mourei
NEMERTINEA
# 12
32° 03' 615"
052° 03' 223"
11 °C
6
0,9m
11m
Média
EP
#5
32° 03' 551"
052° 04' 305"
11 °C
5
0,6m
7m
Média
EP
0
3
577
0
0
0
3
340
0
0
0
0
0
0
186192 168246
3
3
0
0
0
3
26
10
83
0
0
0
3
0
6
24
0
0
0
0
45
3
138
0
3
0
0
0
0
119
0
3
0
0
0
0
82
0
3
6
0
0
0
19
3
3
#6
32° 05' 765"
052° 06' 029"
11 °C
5
0,8m
17m
Média
EP
#7
32° 08' 025"
052° 06' 045"
11 °C
5
1,0m
16m
Média
EP
#8
32° 09' 370"
052° 05' 307"
11 °C
5
0,6m
9m
Média
EP
#9
32° 11' 200"
052° 04' 804"
10 °C
6
0,4m
19m
Média
EP
ABUNDÂNCI
DOMINÂNCIA
A
3
0
93
0
0
3
0
22
0
0
13
0
144
0
0
13
0
144
0
0
0
0
13446
0
0
0
0
3303
0
0
10
0
22821
3
0
6
0
15455
3
0
26
22
422638
6
42
0,01
0,01
98,91
0,00
0,01
0
0
15
3
18
0
3
0
0
80
6
3
0
22
0
0
36
4
3
0
13
3
3
38
125
6
10
10
3
3
22
69
6
6
6
0
0
16
13
64
3
3
0
0
10
5
5
3
3
0
6
0
64
64
0
16
0
6
0
14
10
0
10
3
19
574
304
1067
13
61
0,00
0,00
0,13
0,07
0,25
0,00
0,01
6
0
0
0
4
3
3
3
0
0
0
0
0
0
3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
22
0
0
0
0
0
0
10
13
0
3
0
0
3
10
5
0
3
0
0
3
3
13
0
6
0
0
0
16
5
0
6
0
0
0
3
58
13
10
6
2330
10
74
0,01
0,00
0,00
0,00
0,55
0,00
0,02
Tabela 04: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados
bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Outubro de 2007.
08/10/2007
#0
# 00
#1
#2
#3
#4
Latitude
Longitude
Temperatura
Salinidade
Secchi
31° 59' 276"
052° 03' 586"
19 °C
2
0,05m
Profundidade
MOLLUSCA
Anachis
Erodona
Heleobia
POLYCHAETA
Heteromastus
Hemipodus
Neanthes
Nephtys
Parandalia
Pol. Indeterminado
CRUSTACEA
Anf. Indeterminado
Cyrtograpsus
Kalliapseudes
Kupellonura
Poti gaucho
Pseudosphaeroma
NEMERTINEA
08/10/2007
Latitude
Longitude
Temperatura
Salinidade
Secchi
Profundidade
MOLLUSCA
31° 59' 299"
052° 04' 203"
19 °C
1
0,05m
5m
32° 01' 412"
052° 03' 413"
19 °C
1
0,05m
8m
32° 02' 044"
052° 04' 557"
19 °C
2
0,05m
3m
32° 02' 468"
052° 04' 453"
18
2
0,1m
9m
32° 03' 192"
052° 04' 141"
18
2
0,1m
11m
12m
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
Média
EP
0
32
4712
0
32
3973
0
0
2821
0
0
1565
0
0
65936
0
0
7651
0
0
253
0
0
102
0
0
90
0
0
32
0
0
256
0
0
181
32
0
0
48
0
0
24
0
0
27
0
0
71
0
0
74
6
0
24
0
0
21
6
0
42
0
10
115
0
0
15
0
6
9
0
0
64
0
6
135
0
0
34
0
4
36
0
0
157
0
0
58
0
0
57
0
0
19
0
0
71
0
0
42
0
0
24
0
0
17
0
0
0
0
35
6
0
0
6
0
0
16
6
0
0
6
0
0
26
0
0
0
6
0
0
14
0
0
0
6
0
0
1631
0
0
0
3
0
0
185
0
0
0
3
0
0
80
0
0
0
0
0
0
32
0
0
0
0
0
0
42
0
0
0
0
0
0
12
0
0
0
0
0
0
22
0
0
0
6
0
0
13
0
0
0
6
Tabela 04 (Continuação): Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos
macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Outubro de 2007.
# 12
#5
#6
#7
#8
#9
32° 03' 412"
052° 03' 223"
18 °C
1
0,5m
16m
Média
EP
32° 04' 374"
052° 05' 042"
18 °C
3
0,1m
12m
Média
EP
32° 05' 719"
052° 05' 996"
18 °C
3
0,1m
17m
32° 08' 002"
052° 06' 060"
18 °C
4
0,2
17m
32° 09' 349"
052° 05' 572"
18 °C
4
0,1m
9m
32° 11' 18"
052° 04' 695
18 °C
14
0,1m
20m
Média
Média
Média
Média
EP
EP
EP
EP
ABUNDÂNCIA DOMINÂNCIA
Anachis
Erodona
Heleobia
POLYCHAETA
Heteromastus
Hemipodus
Neanthes
Nephtys
Parandalia
Pol. Indeterminado
CRUSTACEA
Anf. Indeterminado
Cyrtograpsus
Kalliapseudes
Kupellonura
Poti gaucho
Pseudosphaeroma
NEMERTINEA
0
0
439
0
0
228
3
0
46064
3
0
20523
0
0
96
0
0
46
0
0
250
0
0
95
0
0
474
0
0
106
0
0
22
0
0
10
3
32
121413
0,00
0,03
99,89
3
0
19
22
0
0
3
0
15
6
0
0
138
0
0
112
0
0
108
0
0
21
0
0
45
0
6
0
0
0
16
0
4
0
0
0
138
0
6
3
10
0
40
0
6
3
6
0
58
0
0
119
13
3
13
0
0
32
9
3
10
3
0
3
13
0
6
3
0
3
7
0
827
3
48
731
42
3
0,68
0,00
0,04
0,60
0,03
0,00
0
0
6
0
0
0
0
0
0
4
0
0
0
0
3
0
29
0
0
0
0
3
0
17
0
0
0
0
0
3
6
0
0
0
0
0
3
6
0
0
0
0
0
0
3
0
0
0
0
0
0
3
0
0
0
0
0
0
3
0
0
3
0
0
0
3
0
0
3
0
0
0
0
0
3
3
0
0
0
0
0
3
3
0
3
3
1885
6
3
6
22
0,00
0,00
1,55
0,01
0,00
0,01
0,02
Tabela 05: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2)
dos macroinvertebrados bentônicos coletados na estação 10 (descarte I) e na
estação 11 (descarte II), efetuadas no cruzeiro de Janeiro de 2007 na plataforma
interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos.
# 10 (Descarte I)
# 11 (Descarte II)
Latitude
32° 15' 270"
32° 15' 790"
Longitude
051° 59' 416"
051° 58' 888"
Temperatura
25 °C
26 °C
Salinidade
30
30
Secchi
1,5m
1m
Profundidade
19m
20m
Média
EP
10
ABUNDÂNCI
DOMINÂNCIA
A
Média
EP
MOLLUSCA
Anachis
10
3
3
13
1,0
Gastropoda Indet.
Heleobia
0
0
10
6
10
0,7
13
7
0
0
13
1,0
Natica
13
5
10
6
22
1,7
Tellina
POLYCHAETA
3
3
0
0
3
0,2
Diopatra
0
0
128
32
128
9,9
Neanthes
0
0
80
15
80
6,2
Nephtys
3
3
0
0
3
0,2
Parandalia
54
25
29
13
83
6,4
Pherusa
32
19
58
19
90
6,9
Pol. Indeterminado
CRUSTACEA
375
89
304
92
679
52,6
Amphipoda Indet.
6
6
26
5
32
2,5
Caridea
0
0
6
4
6
0,5
Cumacea
3
3
3
3
6
0,5
13
9
0
0
13
1,0
Hepatus
0
0
10
6
10
0,7
Isopoda Indet.
3
3
0
0
3
0,2
Paguridae
3
3
0
0
3
0,2
Pinnixa
0
0
13
9
13
1,0
Hemikalliapseudes
NEMERTINEA
22
11
13
9
35
2,7
OFIUROIDEA
45
12
0
0
45
3,5
Tabela 06: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2)
dos macroinvertebrados bentônicos coletados na estação 10 (descarte I) e na
estação 11 (descarte II), efetuadas no cruzeiro de Abril de 2007 na plataforma
interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos.
# 10 (Descarte I)
# 11 (Descarte II)
Latitude
32° 15' 318"
32° 15' 830"
Longitude
051° 59' 403"
051° 58' 840"
Temperatura
24 °C
25 °C
Salinidade
34
34
Secchi
3m
3m
Profundidade
18m
19m
ABUNDÂNCI
DOMINÂNCIA
A
Média
EP
Média
EP
Anachis
10
6
26
5
36
0,9
Mactra
3
3
0
0
3
0,1
Ostracoda
0
0
3
3
3
0,1
Gastropoda Indet.
0
0
19
19
19
0,5
45
8
131
21
176
4,3
163
84
2260
870
2423
58,7
Hemipodus
10
10
0
0
10
0,2
Parandalia
10
6
0
0
10
0,2
202
38
1199
97
1401
33,9
Poti
3
3
13
7
16
0,4
Caridea
0
0
13
9
13
0,3
Pinnixa
NEMERTINEA
0
0
6
4
6
0,2
26
5
10
6
36
0,9
OFIUROIDEA
0
0
10
10
10
0,2
MOLLUSCA
Natica
Tellina
POLYCHAETA
Pol. Indeterminado
CRUSTACEA
Tabela 07: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos
coletados na estação 10 (descarte I) e na estação 11 (descarte II), efetuadas no cruzeiro de Julho de 2007 na
plataforma interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos.
16/7/2007
# 10 (Descarte I)
# 11 (Descarte II)
Latitude
32° 15' 914"
32° 15' 491"
Longitude
051° 59' 109"
052° 58' 478"
Temperatura
11 °C
11 °C
ABUNDÂNCIA DOMINÂNCIA
Salinidade
18
21
Secchi
1,5m
2m
Profundidade
19m
20m
Média
EP
Média
EP
MOLLUSCA
0
0
13
5
13
0,6
Anachis sp.
10
6
38
14
48
2,4
Gastropoda Indet.
3
3
0
0
3
0,2
Hastula sp.
240
100
0
0
240
11,9
Heleobia australis
0
0
3
3
3
0,2
Mactra sp.
29
14
67
6
96
4,8
Natica sp.
42
13
587
73
628
31,1
Tellina sp.
POLYCHAETA
272
48
529
106
801
39,7
Polychaeta Indet.
CRUSTACEA
6
6
0
0
6
0,3
Amphipoda Indet.
0
0
3
3
3
0,2
Caridea Indet.
3
3
0
0
3
0,2
Crustacea Indet.
0
0
3
3
3
0,2
Cumacea Indet.
3
3
6
4
10
0,5
Isopoda Indet.
0
0
3
3
3
0,2
Pinnixa patagoniensis
NEMERTINEA
29
3
6
6
35
1,7
OPHIUROIDEA
103
49
19
8
122
6,0
Tabela 08: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos
coletados na estação 10 (descarte I) e na estação 11 (descarte II), efetuadas no cruzeiro de Outubro de 2007 na
plataforma interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos.
05/11/2007
# 10 (Descarte I)
# 11 (Descarte II)
Latitude
32° 15' 180"
32° 15' 490"
Longitude
051° 59' 230"
051° 58' 510"
Temperatura
20 °C
17 °C
ABUNDÂNCIA DOMINÂNCIA
Salinidade
26
34
Secchi
1,1m
2,1m
Profundidade
19m
20m
Média
EP
Média
EP
MOLLUSCA
Anachis
3
3
0
0
3
0,1
Heleobia
705
293
19
15
724
20,3
Mactra
0
0
663
183
663
18,6
80
18
42
18
122
3,4
Natica
POLYCHAETA
26
16
0
0
26
0,7
Parandalia
545
82
1317
213
1862
52,2
Pol. Indeterminado
CRUSTACEA
10
6
6
4
16
0,4
Anf. Indeterminado
0
0
3
3
3
0,1
Isso. Indeterminado
NEMERTINEA
3
3
6
6
10
0,3
OFIUROIDEA
128
50
10
6
138
3,9
VII – ICTIOFAUNA
Equipe Técnica:
Resposável: Dr. João Paes Vieira Sobrinho
Dr. Alexandre Miranda Garcia
Acadêmico Gilson Junior Cordeiro
1 - INTRODUÇÃO
O Porto Organizado de Rio Grande está inserido na região inferior do estuário da Lagoa
dos Patos e seu funcionamento gera um variado leque de alterações antrópicas (p.ex:
dragagem, ocupação das margens, transbordo e lavagem de porões e tanques de navios).
Essa mesma região representa um importante criadouro (berçário natural) para dezenas de
espécies de peixes, dos quais várias, como a tainha, o peixe-rei e a corvina, são importantes
na para a pesca artesanal do estuário (Chao et al. 1985). O monitoramento continuado dessas
populações de peixes é crucial para que se possam avaliar eventuais impactos das atividades
portuárias.
Pesquisas sobre os peixes do estuário da Lagoa dos Patos tiveram início de modo
incipiente em 1975. Foi em 1979 que o Laboratório de Ictiologia da FURG iniciou estudos
sistemáticos sobre essa ictiofauna, através de coletas de campo mensais entre 1979 e 1984
em vários pontos da região. Essas pesquisas permitiram entender o ciclo de vida e os padrões
de migração das espécies dominantes. Na década de 90, novos estudos ampliaram esses
conhecimentos, especialmente a importância dos hábitats estuarinos para os peixes.
A partir de 1996, o laboratório deu início ao monitoramento continuado da ictiofauna no
estuário através de coletas mensais nas zonas rasas, o qual continua até os dias atuais. A
partir de 1999 esse monitoramento foi integrado ao Programa de Estudos Ecológicos de Longa
Duração (PELD). A partir da integração do banco de dados históricos (1979-1984) e do PELD
(1996-2006) o laboratório tem realizado pesquisas que vem elucidando vários padrões
ecológicos plurianuais e inter-decadais e alguns dos fatores ambientais (p.ex., hidrologia e
padrão de salinização) que controlam a fauna de peixes, bem como seus reflexos sobre a
produção pesqueira da região (Vieira et al. 1998; Garcia et al. 2004; Vieira et al., in press).
O monitoramento da ictiofauna das zonas rasas, e da pesca na área de atuação e
influência do Porto Organizado de Rio Grande, é um requisito obrigatório para que se de
continuidade as atividades de gestão e operações portuárias (Renovação da Licença de
Operação N 03/1997 - IBAMA). Um passo primordial de um monitoramento é o
estabelecimento de “dados de referência”, obtidos a partir de estudos de médio e longo-prazo,
para que se possa avaliar, de modo mais preciso, eventuais impactos de atividades antrópicas
(Likens, 1989).
2 – MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Coletas de Campo
As amostragens relativas ao monitoramento da ictiofauna seguiram com sucesso o
plano de trabalho, estendendo-se de Janeiro a Dezembro de 2007. As amostragens foram
realizadas nas seguintes estações de coleta, localizadas nas zonas rasas do estuário da Lagoa
dos Patos e na região marinha adjacente: Prainha (32º09.047’ S, 52º06.133’ W), Franceses
(32º03.649’ S, 52º05.272’ W), Marambaia (31º59.553’ S, 52º05.970’ W) e Torotama
(31º54.865’ S, 52º09.138’ W).
Em cada uma dessas estações de coleta (Figura 01) e em cada mês (Janeiro a
Dezembro) foram realizados cinco arrastos de praia com rede tipo picaré (9m de comprimento,
13mm de malha nas asas e 5mm no centro), totalizando 240 amostras da ictiofauna estuarina.
Conjuntamente, foram registradas a temperatura da água, salinidade e transparência da água
(disco de secchi).
Figura 01: Mapa com a localização das quatro estações de coleta de peixes no estuário da Lagoa dos Patos.
2.2 – Processamento das Amostras
O total de amostras coletadas no período já foram completamente triadas e
processadas (ou seja, os indivíduos foram identificados ao nível de espécie, medidos e
pesados) uma proporção aproximada de 75%, restando apenas os meses de Outubro,
Novembro e Dezembro, os quais ainda estão sendo processados.
O grande volume de indivíduos coletados, especialmente nos meses de primavera e
verão, e o pequeno porte (<30mm) da maioria dos indivíduos, demanda um tempo elevado na
identificação taxonômica (muitas espécies requerem inspeção e contagem de caracteres
merísticos sob lupa) e na obtenção de dados de biometria (tamanho individual e peso por
espécie). Dado o volume de trabalho durante a coleta e, especialmente, na triagem e
processamento das amostras, se faz necessário um outro bolsista para que todos as amostras
sejam analisadas num menor intervalo de tempo.
Em cada amostra analisada foram obtidos os seguintes dados biométricos por espécie
de peixe: número total dos indivíduos, peso total dos indivíduos e comprimento total de cada
indivíduo. Estes dados foram armazenados em planilhas de papel e eletrônica para posterior
análise de dados. Nas amostras com um número muito elevado de indivíduos para a mesma
espécie, como para as tainhas do gênero Mugil, foi realizado o quarteamento com o objetivo
de reduzir o tempo de processamento da amostra.
3 – RESULTADOS
3.1 - Levantamento e Caracterização da Atividade Pesqueira
3.1.1 - Descrição e Breve Histórico da Pesca Local
O estuário da Lagoa dos Patos é uma área importante de criação e crescimento para
grande parte dos peixes comercialmente explorados pela pesca artesanal do litoral sul do
Brasil. Esta região tem sido uma área de pesca importante desde o final do século passado e
concentra a maior parte da pesca artesanal do Estado do Rio Grande do Sul (Reis, et al., 1994;
Vieira et al., 1998).
Segundo Haimovici (1998) a pesca na região sul do Brasil envolve cerca de 9.000
participantes, sendo dois terços destes na pesca artesanal ou de pequena escala. Mais de 90%
dos registros de desembarque de teleósteos capturados pela pesca artesanal no Rio Grande do
Sul provêm do estuário da Lagoa dos Patos (Reis et al., 1994), e seus valores históricos, para
o estado, variaram entre 37.425 t. (1973) e 11.538 t. (1962) com uma média de 21.127 t.
Dentre as espécies mais importantes para a pesca artesanal do estuário da Lagoa dos
Patos destacam-se a corvina, o bagre-marinho e a tainha, que juntos perfazem cerca de 60%
do total capturado. A análise dos dados gerais de desembarque (captura e esforço) indica
uma redução atual nos estoques de diversas espécies que são exploradas em conjunto pela
pesca artesanal e industrial, tais como a corvina, a pescadinha, a miraguaia, e os bagresmarinhos (Reis et al., 1994; Haimovici et al., 1989, 1997; Haimovici, 1998).
Embora a pesca tradicionalmente seja multi-específica, cada uma das principais
espécies tem um período de pico para sua captura, os quais constituem as safras (Chao et al.,
1986; Haimovici et al., 1989; Reis et al., 1994), sendo estes períodos nitidamente associados
as variações climáticas locais (i.e., frentes frias, etc.) e a hidrografia da Lagoa (penetração da
água salgada).
Até o início da década de 80 a pesca artesanal era uma atividade econômica rentável na
Lagoa dos Patos, mas a partir de 1982 as capturas decresceram abruptamente (Reis 1993).
Atualmente, apenas a pesca da tainha (M. platanus) e do camarão-rosa (Farfantepenaeus
paulensis) resistem como atividades economicamente rentáveis para os pescadores artesanais
(Reis & Dincao 2000). Dado a sua importância na pesca artesanal, segue abaixo uma descrição
detalhada do ciclo de vida e padrões de uso do estuário pela tainha.
A tainha
Os peixes da família Mugilidae apresentam ampla distribuição em águas costeiras, nas
regiões tropicais e sub-tropicais, sendo que muitas espécies vivem em lagoas costeiras e
estuários, chegando até a penetrar em rios (Vieira, 1985). A espécie M. platanus é conhecida
apenas no Atlântico Sul Ocidental, desde o Rio de Janeiro até a Argentina (Menezes &
Figueiredo, 1985). Juvenis de M. platanus ocorrem durante todo o ano nas zonas rasas do
estuário da Lagoa dos Patos e região costeira adjacente, porém são mais freqüentes na
primavera e no inverno e menos freqüentes no outono, distribuindo-se independente da
salinidade e da temperatura (Vieira, 1991).
A tainha, como uma espécie catádroma, migra do estuário para o mar na época da
reprodução, desovando entre o norte do Rio Grande do Sul e o norte de Santa Catarina, em
mar aberto, do fim do outono até o início do inverno. Os ovos e larvas planctônicas são
transportados para a costa sul do Brasil pela direção das correntes costeiras predominantes.
Quando alcançam a desembocadura do estuário os pré-juvenis penetram juntamente com a
cunha de água salgada. Os juvenis e adultos vivem em água rasas do estuário e alimentam-se
de matéria orgânica e algas epífitas associadas ao sedimento (Vieira & Scalabrin 1991).
Vieira & Scalabrin (1991) sugerem que as variações de temperatura e salinidade
influenciam as variações anuais da captura total da espécie. Em mugilídeos o contato com a
salinidade mais elevada, nos meses que antecedem a migração reprodutiva, acelera o
processo de maturação gonadal (Bok, 1979; Blaber, 1987, Vieira & Scalabrin, 1991). Vieira &
Scalabrin (1991) sugerem que em anos de menor salinização da Lagoa, o desenvolvimento
gonadal e a migração da tainha seriam retardados, afetando o comportamento migratório da
espécie e conseqüentemente sua captura pelos pescadores artesanais.
Miranda (1971), registra para as águas oceânicas da plataforma do Rio Grande do Sul,
uma queda da temperatura (aproximadamente 5°C) entre Abril e Junho, que corresponderia a
um fluxo para o norte de águas frias de origem Sub-Antártica. O vento sudeste além de esfriar
as águas da região adjacente à Lagoa dos Patos (Miranda, 1971), ocasiona o que os
pescadores da região denominam “rebojo”, que é o represamento das águas da Lagoa dos
Patos e a entrada de água salgada pela região profunda do canal. Esta conjunção de fatores
(queda da temperatura e aumento da salinidade) seria o “gatilho ecológico” para a migração
reprodutiva da tainha M. platanus (Vieira, 1985; Vieira & Scalabrin, 1991).
Na costa do Rio Grande do Sul as atividades pesqueiras são oficialmente classificadas
como pesca artesanal e industrial. A tainha adulta é capturada pela pesca artesanal na região
estuarial da Lagoa dos Patos durante o ano todo, sendo pescada com tarrafas, redes de cerco
e redes de emalhar. Cerca de 60% da captura ocorre entre Março e Maio, e a migração, do
estuário para o mar, atinge o clímax no mês de Maio. O pico das capturas em Maio é
resultante da intensificação da pesca artesanal sobre os cardumes reprodutivos que migram da
Lagoa para o norte do estado (Vieira & Scalabrin, 1991).
A variabilidade interanual na abundância da tainha no estuário da Lagoa dos Patos
aparenta ser fortemente dependente de fatores ambientais naturais como precipitação
pluviométrica e salinidade (Vieira & Scalabrin, 1991; Vieira 1991; Garcia et al., 2004, Vieira et
al. No prelo). Estudos preliminares mostram que o acúmulo de chuva na bacia de drenagem,
desde meados do segundo semestre do ano anterior à safra da tainha, pode representar um
importante fator controlador da abundância dos juvenis e da safra da tainha no estuário (Silva
2003). Além disso, fortes anomalias de chuvas associadas a eventos El Niño de forte
intensidade podem representar um significativo decréscimo na abundância dos juvenis e das
capturas dos indivíduos adultos pela pesca artesanal (Vieira et al. No prelo).
Vieira e colaboradores (no prelo) sugerem duas hipóteses para explicar de que modo as
condições de vazante associadas a períodos de excesso de chuva podem afetar as fases do
ciclo de vida da tainha no estuário. Em relação aos adultos a hipótese é de que, em períodos
de muita chuva, há pouca intrusão de água salgada no estuário, conseqüentemente a tainha
formaria cardumes reduzidos na sua migração reprodutiva para o mar, resultando em menor
eficiência de captura pelos pescadores artesanais. Em relação aos juvenis, a hipótese é que
caso o período de chuvas intensas coincida com a penetração dos juvenis no estuário, o
recrutamento dos juvenis da tainha do mar para o estuário poderá diminuir, pois haverá pouca
intrusão de água salgada, e dessa forma, um número menor de juvenis poderão realizar o
transporte passivo para o interior da região estuarina.
Dessa forma, considerando-se os fatores naturais como chuva e salinidade, podem ser
sugeridos dois cenários básicos em relação aos padrões esperados de abundância da tainha no
estuário. Durante períodos de elevado acúmulo de chuva na bacia de drenagem haverá uma
maior tendência de decréscimo na abundância dos juvenis e na safra da tainha. Um padrão
inverso seria mais provável durante períodos de estiagem ou menores níveis de chuva
acumulada na bacia.
3.2 - Análise Temporal da Captura das principais espécies de peixes pela Pesca
Artesanal no Estuário (Dados Do IBAMA)
Essa atividade não pode ser realizada devido a ausência de repasse, por parte do
IBAMA, dos dados referentes aos registros de desembarques pesqueiros na região, os quais
são obtidos com os pescadores e armazenados por essa agência. Após diversas tentativas
informais de obtenção dos dados, uma solicitação oficial dos dados foi encaminhada ao IBAMA,
porém, o repasse da informação não foi realizado até o presente momento. Como mencionado
na proposta de Monitoramento de 2007, “o repasse desses dados públicos por parte do IBAMA
seria imprescindível para a realização dessa tarefa.”
3.3 - Monitoramento da Composição de Espécies, Abundância e Diversidade dos
Peixes
Os resultados apresentados a seguir são referentes aos 9 meses de amostragens
(Janeiro a Setembro) que já foram processadas e digitalizadas em planilhas eletrônicas. Para
avaliar os resultados obtidos durante o presente monitoramento, estes foram contrastados
com um banco de dados de 10 anos (1997-2006) sobre a os peixes do estuário, obtido pelo
Laboratório de Ictiologia (FURG) seguindo o mesmo procedimento de amostragem e
processamento realizado no presente monitoramento.
Um total de 12.208 indivíduos e 18 espécies de peixes foram capturados (Tabela 01).
Um total de oito espécies (as tainhas Mugil platanus, M. gaimardianus e M. curema, os peixesrei Atherinella brasiliensis e Odontesthes argentinensis), a sardinha Brevoortia pectinata, o
barrigudinho Jenynsia multidentata e a corvina Micropogonias furnieri) totalizou mais de 99%
das capturas. Esse padrão de abundância foi bastante semelhante àquele que vem sendo
observado em estudos anteriores para as zonas rasas do estuário da Lagoa dos Patos (Vieira
et al. 1998).
Por exemplo, de acordo com Chao et al. (1985), que estudou a região entre 1978 e
1984, a ictiofauna nas zonas rasas é dominada por pequenos peixes estuarinos residentes e de
juvenis de espécies marinhas estuarinas dependentes. Os juvenis de tainha (Mugil platanus,
M. curema, M. gaimardianus), os peixes-rei (Atherinella brasiliensis e Odontesthes
argentinensis), três clupeídeos (Brevoortia pectinata, Platanichthys platana e Ramnogaster
arcuata), o barrigudinho (Jenynsia multidentata) e a corvina (Micropogonias furnieri)
constituem mais de 95% das capturas de peixes nas zonas rasas.
Uma comparação da composição de espécies em cada mês, com o banco de dados de
10 anos (1997-2006), demonstram que os padrões observados para a ictiofauna durante o
monitoramento de 2007 (Janeiro à Setembro) está dentro dos padrões comumente observados
nos últimos 10 anos (Figura 02). Uma mesma conformidade com os dados históricos foi
observada para os padrões de recrutamento e composição de tamanho da assembléia de
peixes (Figura 03). Do mesmo modo, a amplitude da variação mensal da diversidade de peixes
do estuário em 2007, incluindo os componentes riqueza de espécies e equitatividade, estão
dentro dos limites observados nos últimos 10 anos (Figura 04).
Tabela 1 - Número total de indivíduos (NTOT), número de indivíduos por arrasto (CPUE), número de indivíduos por
arrasto em percentual (CPUE%) e frequência de ocorrência (FO%) dos peixes capturados nas 4 estações de coleta
na região estuarina da Lagoa dos Patos (Prainha, Franceses, Marambaia e Torotama, vide mapa). Espécies
ordenadas de acordo com sua dominância (CPUE*FO%), do maior para o menor.
Nome científico
Nome comum
NTOT
CPUE
CPUE(%)
FO(%)
Mugil platanus
tainha
2511
13.95
20.57
2D Stress: 0.18 63.33
Atherinella brasiliensis
peixe-rei
1805
10.03
14.79
67.22
9707
Mugil gaimardianus
tainha
1852
10.29
15.17
41.11
9702
Mugil curema
tainha
1769
9.83
14.49
35.56
9701
9906 2313
Brevoortia pectinata
sardinha
12.85
18.95
24.44
Jenynsia multidentata
barrigudinho
1172
6.51
9.60
32.78
0709 601
07089806 3.34
0704
Odontesthes argentinensis
4.92
42.22
0007peixe-rei
0707
9704
Micropogonias furnieri
corvina
121
0.67
0.99
15.56
0006
9808
9706
0205
Eucinostomus melanopterus9705
37 9802 0.21
0.30
4.44
0206
9703
0204
9801
0106
Lycengraulis grossidens
manjuba
7
0.04
0.06
2.78
0605
0507
0505
0002 9905
9803
Trachinotus marginatus
pampo
40105
0.02
0.03
1.67
0608
0703 9901
9908
0003
0004
0604
98050.03
Eucinostomus
argenteus
4
0.02
1.11
0005
0504
0506
0706
0104
0001
9904
0103
0602
9807
1.4clupeola
9708
Harengula
sardinha
6
0.03
0.05
0.56
0606
9907
9709
0603
0203 0702
Prainha
Anchoa marinii
2
0.01
0.02
1.11
9903
0601
0009
0401
0705
1.2
01080.01
Ctenogobius shufeldti0404 0202 0701 0102
0.01
0.56
0208 1
0305
0408
0109
0502
Hyphessobrycon
luetkenii
lambari
1
0.01
0.01
0.56
0503
1
0405
0201
0107
0008
0101
9909
Sardinella janeiro
sardinha
1
0.01
0.01
0.56
0402
04030406
0307
Stephanolepis
0.8 hispidus
10309
0.01
0.01
0.56
0304
0308
0607 peixe-porco
0501
02079804
TOTAL
12208
67.8
9809
0508
0.6
0306
0407
0409 0509 0303
0301
0.4
0.2
0209
0
um
Os
0302
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
105
110
115
120
125
130
135
140
145
150
155
160
165
170
175
180
185
190
195
200
205
210
215
220
225
Transform: Square root
Resemblance: S17 Bray Curtis similarity
Franceses
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0
1.2
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
105
110
115
120
125
130
135
140
145
150
155
160
165
170
175
180
185
190
195
200
205
210
215
220
225
da
Indivíduos por arrasto (log CPUE+1)
1.4
Figura
02
–
Análise
da
0609
1
Marambaia
0.8
0.6
0.4
0.2
1.2
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
105
110
115
120
125
130
135
140
145
150
155
160
165
170
175
180
185
190
195
200
205
210
215
220
225
0
1
Torotama
0.8
0.6
0.4
0.2
Comprimento total (classes de 5 mm)
225
215
205
195
185
175
165
155
145
135
125
115
105
95
85
75
65
55
45
35
25
15
0
5
2003).
para
períodos,
entre
composição
de
espécies
através
técnica de MDS
(Non-metric MultiDimensional
Scaling) entre os
meses
de
monitoramento
(em azul) e para
período
de
10
anos (1997-2006).
dois
primeiros
números
representam
os
anos, seguidos do
mês (Ex.: 0302;
Fevereiro
de
Foram
incluídos,
ambos
os
apenas os meses
Janeiro
e
Setembro.
Figura 03 – Abundância média (CPUE, indivíduos por arrasto) por classes de tamanho (5 em 5 mm de comprimento
total) dos peixes capturados em cada estação de coleta no estuário (Prainha, Franceses, Marambaia e Torotama) para
dois períodos: Janeiro à Setembro de 2007 (linha) e Janeiro de 1997 à Dezembro de 2006 (área cinza).
Diversidade (H')




1



ago

1.5
jul

jun
2
mai
2.5
1997-2006
2007
0.5
set
abr
mar
fev
1
jan
0
Equitatividade (E5)

0.9

0.8


0.7


0.6

0.5


0.4
set
ago
jul
Riqueza de espécies - E[S]

fev




4


ago

jan
8
jul
10
6
jun
mai
abr
mar
fev
12
jan
0.3

set
jun
mai
abr
mar
2
Meses
Figura 04 – Variação mensal (janeiro à setembro) da diversidade (Shannon – H’ base e), riqueza esperada de espécies
(rarefação, E[S]=50) e equitatividade (Hill, E4) da assembléia peixes coletada no estuário (Prainha, Franceses,
Marambaia e Torotama) entre 1997 e 2007. O período referente ao monitoramento está demarcado em linha azul com
círculos.
4 – COMENTÁRIOS GERAIS
A composição das espécies, o padrão de abundância relativa, composição de tamanho e
a diversidade da assembléia de peixes do estuário durante os meses analisados (Janeiro à
Setembro de 2007), estão dentro dos limites observados nos dados históricos disponíveis
(1997-2006) e também em conformidade com a literatura disponível sobre a ictiofauna
estuarina da Lagoa dos Patos (Chao et al., 1982; Chao et al. 1985; Vieira et al. 1998; Garcia
et al. 2003).
Dados relativos a variação temporal dos peixes mais importantes na pesca artesanal no
estuário (como a tainha) ainda estão sendo pleiteados junto ao órgão responsável por sua
obtenção e armazenamento (IBAMA), e por isso não estão sendo apresentados no presente
relatório.
5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLABER, J. M., 1987. Factors affecting recruitment and survival of mugilids in estuaries and
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1880) no sul do Brasil. Atlântica. 13 (1): 131-141.
VIII – ORNITOFAUNA
Equipe Técnica:
Resposável: MSc. Washington Luiz dos Santos Ferreira
Biol. Antonio de Christo Furtado Gomes Júnior
Acadêmica Michelle Santa Catarina Brodt
Acadêmica Rossana Chiaffitelli
Acadêmico Bruno Oliveira
1 – INTRODUÇÃO
O diagnóstico da situação atual da avifauna na porção meridional do Estuário da Lagoa
dos Patos, delimitada como Porto Organizado de Rio Grande (SUPRG, 2005), entre os
municípios de Rio Grande e São José do Norte, revela que, em função da grande
movimentação e intensidade das operações portuárias locais, as amostragens nas áreas sob
jurisdição da SUPRG concentram-se primariamente na orla portuária de Rio Grande e,
secundariamente, nas proximidades do Molhe Leste, em São José do Norte (Ferreira, 2006).
No referido documento, recomenda-se uma mudança estratégica no acompanhamento
da avifauna, devido à expressiva ocupação e supressão dos hábitats originais na maior parte
da área, derivada do grande desenvolvimento portuário regional, e da atividade industrial
associada. Estas mudanças são recomendadas por não existir coerência ecológica em se
insistir no monitoramento da avifauna em um conjunto de áreas com reconhecido passivo
ambiental, sob pena de mero formalismo institucionalizado, e da ausência de medidas
concretas para que se possa garantir a conservação e manejo sustentável das áreas
remanescentes, com real significado ambiental na região.
Argumenta-se, neste documento, que os esforços e custos advindos do monitoramento
da avifauna na área sob influência das atividades portuárias regionais seriam mais
eficientemente alocados se fosse efetuada uma alteração no desenho amostral do mesmo,
selecionando um conjunto de áreas com parcela de hábitats originais do estuário, não
alteradas significativamente em sua estrutura e não comprometidas em seus processos, que
pudessem oferecer uma amostragem representativa como sítios de descanso, alimentação
e/ou reprodução para a avifauna.
Propõem-se uma nova seleção de áreas, eliminando muitas das estações anteriores
utilizadas nos monitoramentos prévios, por estarem situadas em áreas com hábitats
totalmente degradados ou alterados (onde a avifauna é registrada normalmente apenas em
trânsito, por sua grande capacidade de deslocamento), e foram inseridas outras estações com
grande atratividade para a avifauna (por sua cobertura com hábitats remanescentes bem
conservados) e potencial impacto ambiental, em decorrência da tendência de expansão das
atividades portuárias.
2 – MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Coletas de Campo
O monitoramento foi executado através de amostragem mensal em 17 estações ao
longo das margens do canal de acesso portuário e entorno, com 10 estações no município de
São José do Norte (A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9 e A10) e 07 em Rio Grande (A11, A12,
A13, A14, A15, A16 e A17), discriminadas abaixo na Tabela 01 e localizadas no mapa da
Figura 01.
#
A1
A2
A3
A4
A5
A6
A7
A8
A9
A10
A11
A12
A13
A14
A15
A16
A17
LOCALIDADE
Ponta do Cucuruto
Sangradouro do Cucuruto
Marisma Norte
Baía Norte
Baía Sul
Pontal do Estaleiro
Ponta dos Pescadores
Pontal Sul
Base do Molhe Leste
Santa Casa
Ilha da Pólvora
Ponte Preta
Terminal Automotivo Barra
ZPE/Parque Eólico
Balsa da Barra/Tecon
Lagoinha da Barra
Molhe Oeste
Tabela 01: Estações de amostragem da ornitofauna.
HÁBITATS
LATITUDE
Pontal arenoso
32º 03´ 01.93˝ S
52º
Arroio, marismas
32º 03´ 25.65˝ S
52º
Marismas
32º 04´ 46.53˝ S
52º
Marismas
32º 05´ 52.12˝ S
52º
Marismas
32º 06´ 48.29˝ S
52º
Marismas
32º 07´ 09.55˝ S
52º
Marismas
32º 07´ 41.51˝ S
52º
Pontal arenoso
32º 07´ 55.49˝ S
52º
Praia arenosa
32º 08´ 58.40˝ S
52º
Praia arenosa
32º 08´ 43.10˝ S
52º
Marismas
32º 01´ 17.95˝ S
52º
Arroio, marismas
32º 06´ 45.38˝ S
52º
Campos, banhados
32º 06´ 06.80˝ S
52º
Campos, banhados
32º 08´ 34.56˝ S
52º
Campos,marismas
32º 07´ 04.08˝ S
52º
Marismas
32º 09´ 05.03˝ S
52º
Enrocamento, praia
32º 09´ 32.62˝ S
52º
LONGITUDE
02´ 36.99˝ W
02´ 42.77˝ W
03´ 06.68˝ W
03´ 41.9˝4 W
04´ 15.85˝ W
04´ 57.97˝ W
05´ 24.66˝ W
05´ 30.42˝ W
04´ 56.26˝ W
04´ 37.02˝ W
06´ 05.24˝ W
09´ 20.81˝ W
08´ 14.18˝ W
07´ 54.54˝ W
06´ 17.12˝ W
06´ 09.59˝ W
05´ 59.02˝ W
Em cada estação de amostragem, procedeu-se o censo (quali-quantitativo) dos
diferentes grupos de aves, através de uma série de perfis observacionais e auditivos (censos
por pontos e por tempo), utilizando-se binóculos (8x20mm) e luneta (30x60mm) ornitológicos,
bem como gravador de áudio, para registro das vocalizações e reprodução das mesmas,
possibilitando a maior aproximação da equipe às aves (Figura 02).
Para documentação das aves presentes, foram utilizadas câmeras fotográficas e
teleobjetivas, bem como gravadores digitais de áudio para registro das vocalizações e
reprodução das mesmas. A confirmação dos registros das espécies foi viabilizado através de
comparações com livros-guias de campo e/ou CDs das suas respectivas vocalizações. Os
registros de campo foram transcritos para planilhas eletrônicas, para processamento e
posterior interpretação dos resultados.
Os registros referentes aos censos mensais de 2007 da ornitofauna estão apresentados
nas tabelas de 02 a 13, ao final deste relatório. Nestas tabelas foram listadas, na seqüência
taxonômica, as espécies de aves (com seu nome científico e popular), e sua respectiva
abundância, presentes em cada estação de amostragem.
Figura 01: Mapa com a localização das estações de coleta (avistagem)
de aves no estuário da Lagoa dos Patos.
Figura 02: Exemplo de atividades de campo para censoreamento da avifauna
nas estações de coleta (avistagem) ao longo do grade amostral.
3 – RESULTADOS
3.1 – Análise Temporal
Em 2007, os resultados dos censos da avifauna mostraram expressiva variação ao
longo dos doze meses, tanto na diversidade, através dos registros dos vários taxa, como suas
ordens (entre 10 e 16), famílias (25 a 35), e espécies (37 a 68), quanto na abundância,
através do número de indivíduos (369 a 1.111) (Tabela 14).
Estes registros refletem os respectivos contextos ambientais associados com a
sazonalidade regional, os quais podem ser mais bem compreendidos através de seu
agrupamento em três períodos distintos: Janeiro-Maio, Junho-Agosto e Setembro-Dezembro.
Nestes períodos observam-se tendências similares (com pequenas oscilações) de
grande incremento nos meses iniciais e progressiva redução nos parâmetros medidos até o
próximo pico do período subseqüente (Figura 03). Este desempenho provavelmente está
correlacionado à diferente disponibilidade (abundância e/ou variedade) de fontes alimentares
nos três períodos, em função da variação no foto-período e temperatura.
1200
1000
800
Ordens
Famílias
Espécies
Indivíduos
600
400
200
Ja
Fe n eir
ve o
re
ir
M o
ar
ço
Ab
r il
M
ai
Ju o
nh
o
Ju
l
Ag ho
S e o st
te o
m
O bro
u
N t ub
ov ro
e
D mb
ez ro
em
br
o
0
Figura 03: Distribuição temporal da diversidade e abundância das aves.
3.2 – Análise Espacial
Neste período de trabalho, a análise da distribuição espacial da avifauna entre os 17
pontos de amostragem registrou uma diversidade cumulativa (computando-se o conjunto de
taxa não repetidos) de quarenta (40) famílias, englobando cento e dezessete (117) espécies
distintas de aves (Tabela 14).
Ao se espacialisar esta distribuição cumulativa da avifauna sobre os 17 pontos de
amostragem, constata-se a correlação existente entre as características dos respectivos
hábitats e da avifauna que deles se utilizam, evidenciando-se padrões muito distintos de
distribuição espacial. Dentre estes padrões, percebem-se três grandes classes:
A) Alguns grupos de aves têm um amplo espectro territorial, cobrindo todo o
conjunto de hábitats e pontos de amostragem (como a garça-branca-pequena
(Egretta thula), o chimango (Milvago chimango), o quero-quero (Vanellus
chilensis), o João-de-barro (Furnarius rufus), e o bemtevi (Pitangus
sulphuratus).
B) Outros grupos de espécies mostram uma preferência estrita por determinado
hábitat ou ponto de amostragem (como as espécies oceânicas Fulmarus
glacialoides, Procellaria aequinoctialis e Pterodroma incerta, os passeriformes de
banhados e várzeas Limnornis curvirostris e Xolmis dominicanus).
C) A terceira classe congrega a grande maioria das espécies, que podem ocupar
distintos hábitats ou hábitats similares nos diferentes pontos de amostragem,
com situações intermediárias entre os dois extremos anteriores.
Esta espacialização demonstra também a importância relativa dos diferentes pontos
amostrais como hábitat para o conjunto da avifauna, e especialmente no que se refere aquelas
espécies com status de reconhecida vulnerabilidade. Na mensuração desta importância relativa
podem-se utilizar os registros de ocorrência das espécies vulneráveis, sua abundância e a
diversidade de espécies nesta situação que utilizam determinados hábitats ou pontos de
amostragem.
3.3 - Análise de Vulnerabilidade
Na análise da vulnerabilidade das espécies, utilizaram-se os critérios adotados por
Fontana, Benke & Reis (2003) e González (2001): SD (status desconhecido), NA (não
ameaçada), QA (quase ameaçada), VU (vulnerável), EP (em perigo), CA (criticamente
ameaçada), PE (provavelmente extinta), RE (regionalmente extinta).
Com base nos critérios citados acima, elaborou-se um quadro ilustrativo da vulnerabilidade das
espécies observadas no período, descritas abaixo (Figura 14).
4 – CONCLUSÕES
A realização do monitoramento contínuo sobre a distribuição, diversidade e abundância
da ornitofauna, ao longo de um conjunto de estações de amostragem na área sob influência
direta do Porto Organizado de Rio Grande, envolvendo as margens e entornos do canal de
navegação do Estuário da Lagoa dos Patos, entre os municípios de São José do Norte e Rio
Grande, pode aportar informações significativas para os tomadores de decisão no âmbito do
gerenciamento costeiro integrado desta região.
Estas informações, além de garantirem o cumprimento das exigências específicas
quanto à ornitofauna, inseridas na renovação da Licença de Operação do referido porto, podem
contribuir para o aperfeiçoamento do próprio processo de gestão ambiental portuária e de
ambos os municípios, por apontar alguns dos padrões detectados na ocorrência, distribuição,
diversidade e abundância das espécies de aves, as quais se utilizam dos espaços e recursos
naturais neste complexo portuário regional.
Os parâmetros referidos, além de mostrarem as flutuações populacionais normais
destas espécies, algumas com grandes variações sazonais, são ainda mais valiosos como
instrumento de avaliação da importância ecológica relativa das diferentes estações de
amostragem.
No contexto do planejamento territorial regional, com a perspectiva de grande
expansão da área e escala de operações do seu sistema portuário-industrial, uma das
prioridades da pesquisa reside na hierarquização dos espaços naturais remanescentes,
enquanto hábitats da vida silvestre, de modo a que esta função ecológica seja adequadamente
resguardada na mediação dos potenciais conflitos de uso dos espaços e recursos naturais.
Em decorrência, podem ser identificados os blocos de estações de amostragem de
maior relevância para a ornitofauna, segundo uma série de critérios elencados a partir dos
parâmetros monitorados. As estações de amostragem agrupam-se em combinações de
pequenas manchas remanescentes de hábitats naturais (campos litorâneos, arroios, banhados,
marismas, pontais arenosos, praias) e um hábitat resultante das atividades antrópicas, os
enrocamentos (molhes). As características físicas e biológicas destes hábitats (substrato
geológico, solo, topografia, orientação geográfica, cobertura vegetal e fauna acompanhante)
são determinantes para a respectiva elegibilidade por parte dos diferentes grupos da
ornitofauna, devido à sua capacidade de suporte, como áreas de repouso, alimentação e/ou
reprodução, bem como refúgio em relação aos seus predadores naturais e a perturbação
antrópica.
No presente caso, os valores da diversidade acumulada oscilaram entre 19 e 67
espécies por estação de amostragem, sendo a Lagoinha da Barra (A16), o Pontal Sul (A8) e a
ZPE (A14) aqueles pontos com maior riqueza de espécies, respectivamente 67, 60 e 51
registros.
Dentre as estações de menor pontuação, por este critério, situam-se a Santa Casa
(A10), a Balsa da Barra (A15), a Base do Molhe Leste (A9) e a Baía Norte (A4),
respectivamente com diversidade acumulada de 31, 32, 32 e 33 registros de espécies
diferentes. Note-se, contudo que, mesmo estações de amostragem de hábitats similares e/ou
muito próximas entre si, podem apresentar valoração totalmente distinta, porque as suas
características ambientais e/ou o estágio de conservação e disponibilidade de recursos efetivos
para as aves não são homogêneos.
Esta valoração das diferentes áreas, a partir de sua utilização pelas aves, pode ser
incrementada, selecionando-se outros indicadores que expressem melhor a distribuição,
diversidade, abundância, presença de espécies ameaçadas e a fidelidade ao hábitat. A próxima
etapa do trabalho consistirá, além da continuidade do presente monitoramento, na análise de
correlações de todos os parâmetros selecionados, sinergicamente, para a elaboração de um
sistema de hierarquização das áreas de hábitats remanescentes em função de sua importância
relativa para a ornitofauna, de modo a subsidiar estratégias de zoneamento e gestão
ambiental portuária na região.
Tabela 02: Censo da Ornitofauna - período: Janeiro-2007.
Tabela 03: Censo da Ornitofauna - período: Fevereiro-2007.
Tabela 04: Censo da Ornitofauna - período: Março -2007.
Tabela
Censo
05:
da
Ornitofauna - período: Abril -2007.
Tabela 06:
Censo da
Ornitofauna -
período: Maio -2007.
Tabela 07: Censo da Ornitofauna - período: Junho -2007.
Tabela 08: Censo da Ornitofauna - período: Julho -2007.
Tabela 09: Censo da Ornitofauna - período: Agosto -2007.
Tabela 10: Censo da Ornitofauna - período: Setembro -2007.
Tabela 11: Censo da Ornitofauna - período: Outubro -2007.
Tabela
Censo
12:
da
Ornitofauna - período: Novembro -2007.
Tabela 13: Censo da Ornitofauna - período: Dezembro -2007.
Tabela 14: Distribuição Espacial da Diversidade e Vulnerabilidade de Aves (2007).
Nome do Táxon
CLASSE AVES
VB
1
Procellariiformes
Procellariidae
Fulmarus glacialoides
Procellaria a. aequinoctialis
Pterodroma incerta
Tinamiformes
Tinamidae
Nothura m. maculosa
Anseriformes
Anhimidae
Chauna torquata
Anatidae
Anatinae
Amazonetta brasiliensis
Anas flavirostris
Podicipediformes
Podicipedidae
Podicephorus major
Pelecaniformes
Phalacrocoracidae
Phalacrocorax brasilianus
Fregatidae
Fregata magnificens
Ciconiiformes
Ardeidae
Ardea alba
Ardea cocoi
Bubulcus ibis
Butorides striata
Egretta caerulea
Egretta thula
Syrigma sibilatrix
Threskiornithidae
Platalea ajaja
Plegadis chihi
Phimosus infuscatus
Theristicus caerulescens
Falconiformes
Accipitridae
Circus buffoni
Circus cinereus
Elanus leucurus
Heterospizias meridionalis
Rostrhamus sociabilis
Rupornis magnirostris
Falconidae
Caracara plancus
Falco sparverius
Milvago chimachima
Milvago chimango
Gruiformes
Rallidae
Aramides cajanea
Gallinula chloropus
Pardirallus sanguinolentus
2
3
4
SD
VU
VU
SD
SD
SD
SD
SD
SD
SD
SD
SD
SD
SD
OC
RA
SD
SD
SD
SD
SD
SD
VU
SD
SD
SD
SD
SD
SD
SD
SD
SD
SD
SD
IX – MAMÍFEROS MARINHOS (CETÁCEOS)
Equipe Técnica:
Resposável: Dr. Eduardo Resende Secchi
Oc. Pedro F. Fruet
Oc. Juliana C. Di Túlio
Acadêmico Mirthou Carla Della Giustina
Acadêmico Rodrigo Genovês
5
Pontos de Amostragem
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
1 – INTRODUÇÃO
O boto, Tursiops truncatus, está distribuído em águas tropicais e temperadas de todo o
mundo, habitando áreas costeiras e oceânicas (Kenney, 1990). No Brasil, existem registros de
boto (T. truncatus) desde Jericoacoara, Ceará (Alves-Júnior et al., 1996) até o estuário da
Lagoa dos Patos, Rio Grande do Sul (Dalla Rosa, 1999).
Neste estado, a espécie forma pequenas populações associadas a desembocaduras de
estuários e rios (Simões-Lopes, 1995). Uma pequena população de boto (Tursiops truncatus),
com aproximadamente 82 indivíduos residentes, habita o estuário da Lagoa dos Patos (32º06’
S / 052º02’ W) e áreas costeiras adjacentes (Dalla Rosa, 1999), onde realiza suas atividades
vitais como alimentação, descanso, socialização, reprodução e cria de filhotes (Moller, 1993).
As primerias informações sobre a existência de uma pequena população residente do
estuário são datadas da década de 1970 (Castello e Pinedo, 1977) porém, estudos
sistemáticos começaram apenas no início da década de 1990 (Möller, 1993, Möller et al.,
1995). A partir desse período vários estudos vêm sendo conduzidos desde então visando
estimar abundância (e.g. Dalla Rosa, 1999; Fruet et al., 2006); efeitos das capturas acidentais
na população (Fruet et al., 2005) e compreender os padrões de uso de hábitat (Di Tullio et al.,
2007).
O fato dessa população ser residente e de abundância reduzida a torna especialmente
vulnerável às atividades antropogências, especialmente atividades de pesca (Figura 01).
Elevados índices de mortalidade devido à pesca foram recentemente registrados (Fruet et al.,
2005). Além da intensa atividade pesqueira (Figura 02), o tráfego de embarcações de carga
(Figura 03) e outras atividades portuárias também podem afetar o padrão de distribuição e
abundância dessa população.
Através do Programa de Monitoramento Ambiental do Porto de Rio Grande, o subprojeto de Monitoramento dos Botos está dando continuidade a estes estudos visando ter um
acompanhamento a longo-prazo dessa pequena população residente de botos, com os
objetivos de descrever o padrão de distribuição dos botos ao longo da área portuária e
adjacências e, também, fornecer estimativas de taxas reprodutivas e abundância da população
no ano de 2007.
Figura 01: Exemplos de lesões nos botos causadas por redes de pesca. Detalhe na foto maior: lesões nas axilas.
Figura 01: Exemplos de lesões nos botos causadas por redes de pesca. Detalhe na foto maior: lesões nas axilas.
Figura 02: Exemplos de esforço pesqueiro na área de estudo e o perigo oferecido
pelas redes de pesca nas áreas onde os botos concentram-se diariamente.
Figura 03: Interação dos botos com navios cargueiros
2 – MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Estimativas de Abundância
2.1.1- Área de Estudo
As saídas de campo seguem uma rota pré-definida e monitoram uma área de
aproximadamente 40km2. O desenho amostral adotado teve o intuito de cobrir uma área
representativa da distribuição dos botos no estuário, visando diminuir a heterogeneidade nas
probabilidades de captura (foto-identificação) caso existam áreas preferenciais dos botos
(Figura 04).
Figura 04: Desenho amostral utilizado durante as saídas de foto-identificação
dos botos, Tursiops truncatus, no estuário da Lagoa dos Patos.
2.1.2 – Coleta de Dados
Todas as saídas iniciaram-se no trapiche do Museu Oceanográfico e estenderam-se até
a boca da barra. Deslocamentos em zigue-zague (navegando com auxílio de GPS) eram
efetuados ao longo da área de estudo a bordo da lancha “Toninha”, um barco de alumínio de
5,3m equipado com um motor de popa de 60hp, a uma velocidade variando entre 18-20 km/h.
Durante as saídas estiveram sempre presentes o piloto da embarcação e mais dois
pesquisadores: o fotógrafo (sempre o mesmo) e uma pessoa encarregada de anotar os dados
coletados durante a saída (“anotador”) (Figura 05). Os dois pesquisadores, com uma visão de
180º, sem o auxílio de binóculos, procuravam pelos botos. Quando um grupo de botos era
avistado, deixava-se a rota, aproximava-se o barco cuidadosamente, o qual era conduzido
paralelamente ao grupo para dar início à foto-identificação, a qual seguiu a metodologia
descrita por Wursig e Jefferson (1990).
Para isso, utilizou-se uma máquina fotográfica digital Nikon D70’s com uma lente de
300mm (f 2.1). Durante as amostragens, as fotos das nadadeiras dorsais foram tiradas
aleatoriamente, ou seja, as fotografias eram tiradas independentemente se o animal possuía
ou não marcas.
Procurou-se tirar o máximo de fotos possível para aumentar a probabilidade de se obter
ao menos uma foto de boa qualidade de cada indivíduo do grupo. Após assegurar-se que fotos
suficientes de boa qualidade haviam sido tiradas, o grupo era abandonado, retornava-se para
a rota e iniciava-se a busca por novos grupos.
Para cada grupo de botos encontrado registrou-se a hora e duração do encontro,
posição geográfica (utilizando GPS Garmin ETREX Legend), estimativa do tamanho do grupo
(mínimo, máximo e melhor), comportamento e composição do grupo (número de filhotes,
juvenis e/ou adultos). Para cada saída executada criou-se um arquivo digital contendo as
fotografias relativas às avistagens, os dados tomados pelo GPS e a planilha de campo
digitalizada com todas as informações coletadas.
Figura
Tomada
05:
de
fotografias dos botos.
2.1.3 – Análises dos dados de Foto-identificação
Para a identificação individual dos botos foram utilizadas somente marcas evidentes de
longa duração (Figura 06a), como cortes, depressões, arranhões profundos ou deformidades
(Wursig & Wursig, 1977). A partir do momento em que as fotos começaram a ser analisadas e
os botos marcados foram sendo identificados individualmente, deu-se início ao catálogo dos
botos foto-identificados na Lagoa dos Patos (LP).
Cada boto foto-identificado recebeu um código exclusivo contendo a localidade onde foi
identificado, ano e seu número no catálogo (ex: LP07/001; LP= Lagoa dos Patos; ano de
2007; numeração no catálogo 001) (ex: Figura 06a). Sempre que um indivíduo marcado era
detectado, comparava-se suas marcas com as dos botos previamente catalogados. Caso o
boto marcado não houvesse sido fotografado anteriormente em uma determinada ocasião
amostral ele recebia um código e era adicionado ao catálogo. Caso contrário, a ocorrência era
considerado como uma re-avistagem.
LP07/019
LP07/008
Figura 06a: Exemplo de marcas de longa-duração utilizadas para identificação individual dos botos no estuário da
Lagoa dos Patos. Notar os exemplos de códigos utilizados na elaboração do catálogo.
Adotou-se critérios para seleção das fotografias a serem utilizadas nas análises. Os
critérios básicos para a escolha das fotografias foram a nitidez (foco, contraste e distância), o
ângulo em relação ao animal, a ausência de brilho ou espuma e a quantidade de superfície
dorsal exposta. A fim de se obter análises mais refinadas e confiáveis optou-se pela criação de
3 categorias de qualidade fotográfica:
1) Fotografia de excelente/boa qualidade (focada, próxima, ausência de espuma,
nadadeira dorsal completamente exposta e perpendicular);
2) Fotografia de qualidade média (parcialmente focada, nadadeira dorsal um pouco
distante, sem/pouca espuma, nadadeira dorsal exposta e levemente diagonal);
3) Fotografia de baixa qualidade (fora de foco, distante, presença de espuma no
quadro fotográfico, nadadeira dorsal pouco exposta e na diagonal). (Ver
exemplos de categorização de fotos na Figura 06b).
Somente fotos de qualidade 1 foram consideradas neste trabalho. Fotos de qualidade 2
e 3 foram excluídas. A aplicação destas restrições na série de dados analisada visou reduzir as
chances de identificações incorretas (falsos-positivos ou falsos-negativos), as qUais podem
afetar as estimativas (Friday et al., 2000).
Figura 06b: Exemplos das categorias criadas para a seleção de fotos a serem utilizadas nas análises.
Categoria 1 (A,B); Categoria 2 (C,D); Categoria 3 (E,F).
Após a seleção de fotos, as saídas foram analisadas separadamente em uma planilha
específica. Cada saída teve todos os seus grupos analisados independentemente. Para cada
grupo registraram-se os seguintes dados:
• identificação dos animais marcados (tomando como referência o catálogo),
• número total de indivíduos fotografados no grupo,
• número de animais marcados,
• número de animais sem marca,
• número total de fotografias,
• número de fotos de boa qualidade,
• número de fotos de animais marcados e
• número de fotos de animais sem marca.
2.1.4 – Estimativa do Número de Animais Marcados na População
As estimativas de abundância deste trabalho foram baseadas em apenas um modelo de
marcação – recaptura para populações fechadas: o estimador de Petersen com a modificação
de Chapman (CH), o qual considera somente duas ocasiões amostrais e considera que a
probabilidade de captura entre os indivíduos é igual. As primeiras seis (06) observações foram
consideradas como período de marcação e as últimas como período de re-captura. A
modificação de Chapman para o estimador de Petersen é dada por:
onde,
n1 = número de indivíduos com marcas permanentes capturados na ocasião 1;
n2 = número de indivíduos com marcas permanentes capturados na ocasião 2;
m2=número de indivíduos re-capturados na ocasião 2;
Sua variância é dada por:
O intervalo de confiança foi construído assumindo uma distribuição normal para os
indivíduos não capturados.
2.1.5 – Estimativa do Tamanho Total da População
Nem todos os botos apresentam marcas permanentes identificáveis. Entretanto a
abundância pode ser estimada combinando a estimativa do número de animais que constituem
a população com marcas permanentes com a estimativa da proporção dos que não possuem
marcas (Seber, 1982; Willians et al., 1993; Wilson et al., 1999). A proporção dos indivíduos
com marcas de longa duração na população (θ) foi utilizada para corrigir o tamanho total da
população (NT), que é dado pela relação N/θ.
Muitos pesquisadores estimam teta (θ) a partir da proporção do número de fotografias
de animais com marcas permanentes durante o experimento (e.g. Dalla Rosa, 1999). Contudo,
neste estudo, teta (θ) foi estimado a partir da média aritmética obtida pela soma das
proporções de animais marcados estimadas para cada grupo divididas pelo número total de
grupos analisados. Filhotes foram tratados como botos não marcados (caso não
apresentassem marcas) e foram incorporados na estimativa do teta (Wilson et al., 1999).
A variância foi calculada pelo método delta como:
onde,
n = número total de animais a partir do qual (θ) foi estimado;
θ = proporção de animais marcados na população;
Nˆ = estimativa do número de animais marcados na população;
O intervalo de confiança de 95% foi obtido por
E assumindo-se que a distribuição de erros é a mesma que para a estimativa do
número de animais com marcas permanentes.
2.1.6 – Taxas Reprodutivas
2.1.6.1 – Intervalos de Nascimento
O cálculo de intervalos de nascimento torna-se possível apenas através do
acompanhamento individual de fêmeas conhecidas com seus filhotes ao longo do tempo. No
caso de cetáceos, a foto-identificação é considerada uma ferramenta eficiente para este
propósito. Entretanto, caso ocorra erro na identificação individual, vieses são introduzidos nas
estimativas.
Neste trabalho intervalos de nascimentos foram estimados apenas para fêmeas
possuindo marcas de longa duração evidentes acompanhadas por filhotes com o ano de
nascimento conhecido. Para estimar os intervalos de nascimento, dados coletados em saídas
oportunísticas realizadas entre 2002-2004 também foram incluídos nas análises.
2.1.6.2 – Taxas de Nascimento
A taxa bruta de nascimento foi calculada dividindo-se o número de nascimentos pelo
tamanho total da população.
2.1.7 – Padrões de Distribuição
Informações sobre a distribuição espacial foram investigadas a partir de 45 cruzeiros
sistemáticos conduzidos de setembro de 2006 a dezembro de 2007.
Neste relatório, os dados de 2006 serão incluídos para fins comparativos, em termos
sazonais, já que ainda não houve tempo de analisar os dados após setembro de 2007. Então,
aqui, estaremos apenas considerando 40 cruzeiros entre setembro de 2006 e setembro de
2007.
Estes cruzeiros ocorreram dentro do estuário da Lagoa dos Patos (desde a boca da
barra até, aproximadamente, 24Km para dentro); e nas áreas costeiras adjacentes (até 20Km
para o norte e para o sul da boca da barra). As saídas seguem uma rota pré-definida em
zigue-zague na região estuarial da Lagoa dos Patos, a qual cobre uma área de
aproximadamente 40Km2. Na região costeira adjacente, 18 linhas (9 para o sul e 9 para o
norte) perpendiculares à costa são percorridas mensalmente em busca de grupos de botos.
Pontos para amostragem oceanográfica (salinidade, temperatura da água na superfície
e fundo e transparência) foram estabelecidos a priori (Figura 07). Os grupos de botos
encontrados são marcados no GPS e exportados para cartas náuticas digitalizadas. Os grupos
são procurados a bordo da lancha “Toninha”, a mesma utilizada para o trabalho de estimativa
de abundância com foto-identificação, utilizando também a mesma velocidade de
deslocamento. A diferença é que apenas um pesquisador (sempre o mesmo) procura o grupo
de botos. Para cada grupo de botos encontrado registrou-se a hora e duração do encontro,
posição geográfica (utilizando GPS Garmin ETREX Legend) e estimativa do tamanho do grupo.
Calculou-se a taxa de encontro (TE) para verificar se havia alguma área preferencial.
Testes estatísticos (Kruskal-Wallis) foram usados para testar a hipótese de que não há
diferença nas taxas de encontro entre as áreas monitoradas. As estações do ano foram
agrupadas em “Meses Quentes” (Verão e Outono) e “Meses Frios” (Inverno e Primavera). Os
meses quentes (MQ) foram os 6 meses mais quentes do período, os quais apresentavam
temperatura média da superfície do mar acima de 16°C (Outubro-Abril) e os meses frios (MF)
foram aqueles abaixo de 16°C (Maio – Setembro).
Figura 07: Desenho amostral para determinação dos padrões de distribuição
dos botos na região estuarial da Lagoa dos Patos e zona costeira adjacente.
3 – RESULTADOS
3.1 – Estimativa de Abundância
Entre Janeiro e Dezembro de 2007 foram realizadas 17 saídas de campo para foto-
identificar os botos no estuário da Lagoa dos Patos. Neste relatório, ainda não foi possível
analisar os dados posteriores a setembro. As análises estão em andamento.
Os botos foram encontrados em todas as saídas e um total de 132 grupos foram
observados até Setembro (2007). O número de botos identificados em cada saída variou de 1
a 27 (média=20; DP=8,1). Embora em algumas ocasiões os botos tenham sido avistados
adentrando o estuário, os encontros foram concentrados próximos à boca do estuário. Até o
momento, 58 botos foram foto-identificados. Pode-se observar na curva de descobrimento
(Figura 08), que a mesma se estabiliza quando o número de novos animais não muda com as
novas saídas de campo.
Figura 08: Curva de descobrimento na qual se registra novos indivíduos identificados a cada saída.
A partir do modelo de Petersen, modificado por Chapman estimou-se o tamanho da
população de animais com marcas de longa duração em 58 animais (IC 95% de 57-59). O
valor de teta (θ)de 0.68 permitiu obter uma estimativa do tamanho total da população de
botos do estuário da Lagoa dos Patos, a qual foi 86 indivíduos (IC 95% 80-92). Para verificar
possíveis tendências no tamanho da população, os valores de 2005 e 2006 (Tabela 01) são
utilizados para fins comparativos.
O modelo de Chapman estimou em 54 (95% IC = 52-56) o número de indivíduos com
marcas de longa duração na população para 2005 e 57 botos (95% IC =55-59) para 2006. O
tamanho total da população, que leva em consideração a proporção de indivíduos marcados,
foi estimada em 87 botos (95% IC = 80-94) em 2005 e em 85 botos (95% IC = 80-90 para
CH) em 2006 (Tabela 01). O valor para 2007 é semelhante às estimativas para os dois anos
anteriores sugerindo uma estabilidade da população.
Tabela 01: Resultados das estimativas de abundância (NT) para os anos de 2005 e 2006. As estimativas de animais
com marcas permanentes (Nˆ), estimados pelo modelo de Chapman, e da proporção de animais marcados na
população (θ) também são mostrados na tabela. IC (95%) = Intervalo de confiança de 95% para as estimativas.
Estimador
Nˆ
IC (95%)
2005
Chapman
54
52-56
2006
Chapman
57
55-59
NT
IC (95%)
0,6208
87
80-94
0,6688
85
80-90
3.2 – Taxas Reprodutivas
3.2.1 – Intervalos de Nascimento
Apenas seis (06) fêmeas foto-identificadas foram consideradas para o cálculo,
totalizando o registro de oito intervalos de nascimentos (n=8). Para uma das fêmeas, LP009,
foi registrado o nascimento de 4 filhotes (três intervalos de nascimento) enquanto que para as
outras apenas 2 nascimentos foram registrados (um intervalo de nascimento). O intervalo de
nascimento variou de 1 a 3 anos (média=1,9; SD= 0,7). Através deste resultado sugere-se
uma fecundidade de aproximadamente 26%, a qual é relativamente alta para esta espécie.
O intervalo de nascimento provavelmente esteja sub-estimado (e a fecundidade superestimada) devido a baixa representatividade de fêmeas com intervalos maiores na amostra
causada pelo curto prazo de coleta de dados. Assim, esses resultados fornecem apenas uma
estimativa grosseira sobre o tema abordado. A variabilidade individual nos intervalos de
nascimentos estão muitas vezes relacionados a idade dos indivíduos e, consequentemente, a
sua condição reprodutiva (Wells, 2000). De acordo com este autor, animais jovens tendem a
reproduzirem-se em menores intervalos de tempo enquanto os mais velhos apresentam
intervalos reprodutivos mais longos. Assim, uma boa estimativa de intervalo de nascimento
necessita a implementação de projetos a longo-prazo.
3.2.2 – Taxa Bruta de Nascimento e Sazonalidade
Em 2007 foram registrados 7 nascimentos, que representam uma taxa bruta de
nascimento (i.e. o número de filhotes dividido pelo tamanho da população) de
aproximadamente 8%. Essa taxa é similar a observada para os anos de 2005 e 2006, anos
nos quais também nasceram 7 filhotes, indicando que a taxa de nascimento da população tem
se mantido estável. Os nascimentos são bem definidos sazonalmente, ocorrendo entre Outubro
e Março, com picos em Dezembro e Janeiro. A Figura 09 mostra alguns filhotes dessa
população.
Figura 09: Alguns filhotes da população de botos do estuário da Lagoa dos Patos.
3.3 – Padrões de Distribuição
Tanto nos cruzeiros dos meses quentes (Figura 10) como nos dos meses frios (Figura
11) a maior densidade de botos ocorreu na área interna do estuário. A taxa de encontro (TE),
porém não foi significativamente diferente entre as áreas (Kruskal-Wallis H=3,7; p=0,15). A
TE média foi maior em áreas próximas (média=0,12; EP=0,14) do que nas áreas afastadas
(média=0,03; EP=0,05) da boca da barra (H=20,3; p <0,05).
Quando a TE foi comparada entre meses quentes (MQ) e meses frios (MF) não houve
diferença significativa (H=0,23; p=0,6309). Porém, quando cada área foi comparada
separadamente, a TE na área sul foi maior durante os MF (Figura 11) (H=4,22; p<0,05).
Durante os MQ, os botos foram avistados apenas nas áreas norte e interna (Figura 10).
As avistagens de botos diminuia com a distância da boca da barra (Tabela 02). Na área
externa, as avistagens estão concentradas próximas à zona de rebentação (Figuras 10 e 11). É
nesta área que se concentra um elevado esforço de pesca artesanal com redes de emalhes
durante a primavera e verão. Isso resulta numa sobreposição entre a distribuição dos botos e
pesca, o que tem causado uma mortalidade possivelmente insustentável para essa pequena
população de botos (Fruet et al., 2005), caso os níveis de esforço pesqueiro sejam mantidos
ou aumentem.
Estas informações a respeito do padrão de distribuição podem contribuir com futuros
planos de conservação (por exemplo, com a criação de áreas protegidas ou prioritárias) para
os botos.
Tabela 02: Taxas de Encontro (TE) de grupos de botos por
quantidade de saídas e distâncias das áreas de amostragem.
Figura 10: Padrão de distribuição dos botos durante os “meses quentes”.
Figura 11: Padrão de distribuição dos botos durante os “meses frios”.
4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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of the International Whaling Commission (Special Issue 12): 43-52.
X – GERENCIAMENTO COSTEIRO
Equipe Técnica:
Responsável: Prof. Dr. Paulo Roberto Tagliani
Oc. Pedro Henrique W. Koehler
Acadêmico Rafael Deon
1 - INTRODUÇÃO
O monitoramento ambiental corresponde a um processo em que medições repetidas no
tempo e no espaço são registradas para indicar variabilidade natural e modificações em
determinados parâmetros. A mensuração destas mudanças contribui com a base de
informações necessárias para os gestores avaliarem a efetividade de um plano, ao mesmo
tempo em que pondera se as medidas de prevenção e controle sugeridas nos estudos
ambientais mostraram-se adequadas durante a implantação e operacionalização de algum
empreendimento (Nunes et al. 2006). A integração destes dados, por seu turno, é essencial na
relação existente entre as informações de monitoramento e a tomada de decisão ou avaliação
de um plano. O compartilhamento e integração de dados maximizam a sua utilidade e
possibilitam maior acesso às informações, além de acarretar uma diminuição nos custos e
maior qualidade nas avaliações ambientais (Jackson & Gant, 1998, Hale et al., 2000).
Neste contexto, o Programa de Monitoramento Ambiental do Porto de Rio Grande vem
desenvolvendo desde 2006 um sistema de informações capaz de armazenar e recuperar as
informações técnico-científicas geradas pelos diferentes laboratórios da FURG envolvidos nesta
tarefa. É interessante ressaltar que o Sistema de Informações do Monitoramento Ambiental
Portuário (SIMAP) foi estruturado como um módulo integrado ao Sistema de Informações
Ambientais (SIAM) em desenvolvimento pelo Laboratório de Gerenciamento Costeiro da FURG,
no âmbito do Programa Costa Sul. Este SIAM pretende funcionar como uma base de
informações de suporte à tomada de decisão e monitoramento dos avanços obtidos nos
programas regionais de gestão ambiental, particularmente em relação ao Plano Ambiental
Municipal de Rio Grande.
Este relatório apresenta os avanços obtidos até o momento no tocante ao
desenvolvimento e operacionalização do banco de dados do monitoramento ambiental
portuário.
2 – MATERIAL e MÉTODOS
A metodologia utilizada na construção do sistema segue a abordagem clássica (Elmasri
& Navathe, 1994) para construção de bancos de dados, partindo da modelagem conceitual,
passando pelo modelo lógico e finalmente chegando à implementação do banco propriamente
dito. Este trabalho foi desenvolvido sob dois enfoques orientadores:
α) Modelo Relacional, descrito por Codd (1970), que é resultante de estudos
β)
teóricos sobre um conjunto de funções apoiadas na álgebra relacional para o
armazenamento e recuperação de dados. Este modelo é caracterizado
basicamente por tabelas e relacionamentos específicos;
Sistemas de Informações Geográficas, que correspondem a uma ferramenta
também entendida como um modelo conceitual sobre sistemas físicos que
representa espacialmente tais sistemas por parâmetros ou atributos de
classificação, quantificação e qualificação.
O processo de modelagem conceitual considerou como elementos essenciais as
amostras e os valores dos parâmetros – pois ambos representam uma generalização de
qualidade ambiental (ilustrada pelos parâmetros analisados) de determinada área do
ambiente, num determinado tempo e espaço (o que caracteriza as amostras). A primeira etapa
consistiu na determinação do conjunto de dados gerados pelo monitoramento do porto desde o
seu início, no ano de 1998 (com o monitoramento realizado durante o acidente com o navio
Bahamas). Este conjunto conta ainda com informações de relatórios de dragagem elaborados
em 2000-2001 e 2003-2004 e de monitoramentos contínuos realizados nos anos de 2000,
2006 e 2007.
A partir deste conjunto foi estruturado o modelo lógico, ou seja, a estrutura de tabelas
e relacionamentos necessários para abranger as informações geradas pelos diferentes esforços
de monitoramento já realizados. Neste ponto optou-se por trabalhar inicialmente com dados
de qualidade de água e sedimento, sendo que as demais informações existentes serão
incluídas futuramente. Os seguintes grupos envolvidos no monitoramento e respectivos
parâmetros analisados foram incluídos no banco de dados:
MONITORAMENTO
ANÁLISES
PARÂMETROS
Temp. (água e ar), Salinidade, Oxigênio Dissolvido,
Parâmetros físico-químicos
Condutividade, Saturação de oxigênio, pH, Eh (mv)
Material em Suspensão, Transparência, Turbidez,
Hidroquímica
Nutrientes e orgânicos
Amônio, Amônia, Nitrito, Nitrato, Fosfato, Silicato,
Óleos e graxas
Metais pesados
Pesticidas Organoclorados e
PCBs
Parâmetros estatísticos de Óleos e Graxas (mg/L)
Al, As, Cd, Pb, Cu, Cr, Fe, Mn, Hg, Ni, Zn (µg/L)
Microcontaminantes
Orgânicos
Hidrocarbonetos Policíclicos
Aromáticos (HPAs)
Granulometria
Metais pesados
Geoquímica dos
Sedimentos
p-total, DBO, Razão N/P
a-BHC, b-BHC, g-BHC, d-BHC, a-clordane, g-clordane
dde, ddd, ddt, dieldrin, eldrin, ∑ PCBs
Naftaleno, 2-Metil Naftaleno, Acenaftileno, Acenafteno,
Fluoreno, Fenantreno, Antraceno, Flouranteno, Pireno
Benzo(a)antraceno, Benzo(a)pireno, Criseno,
Dibenzo(a,h)antraceno, ∑ 13 HPAs
Classificação, Percentagem: Grânulos, Areia, Silte, Argila
Zn, Pb, Cd, Cu, Cr, Ni, Al, As, Hg (mg/kg)
Percentagem Carbono Orgânico Particulado (COP) e
Contaminação orgânica
Nitrogênio Orgânico Particulado (NOP), p-total
Carbono e Niotrogênio Orgânicos Totais (COT e NOT)
Óleos e graxas
pH e Potencial Redox
Parâmetros estatísticos de Óleos e Graxas (mg/kg),
Ph, Eh (mv)
Ensaios ecotoxicológicos
Sobrevivência média de K. schubartii, Desvio - padrão,
Ecotoxicologia
Condições dos ensaios
Intervalo de confiança, Sobrevivência de H. Azteca
pH inicial, pH final, salinidade inicial e final, OD inicial,
OD final, Amônio inicial e final, testes com sedimento
integral, elutriato e água a 33%, 50% e 100%
A etapa de estruturação do banco de dados foi realizada por meio do software MS
Access, utilizando as informações do monitoramento realizado no ano de 2006, sendo que
foram realizados testes e correções até a definição de um formato adequado. Uma vez definido
o modelo lógico (Figura 01), ocorreu o tratamento e reorganização dos dados dos relatórios
em planilhas com formatos facilmente importáveis para o banco de dados.
Na seqüência, o banco de dados relacional foi incorporado a um SIG, através da
inclusão das tabelas ao modelo Geodatabase, disponibilizado pelo software ArcGIS 9.2,
permitindo assim consultas por atributos espaciais. Tais atributos são representados pelo
objeto geográfico Estações, cujas localizações são definidas por um par de coordenadas
referenciadas ao sistema de projeção UTM e ao Datum WGS-84. Muitas outras informações
geográficas como linha de costa, batimetria, trechos do canal, sítios de deposição de material
dragado, áreas de fundeio, instalações das margens, imagens de satélite e mosaicos de fotos
aéreas também estão disponíveis neste SIG.
Paralelamente à implementação dos dados pretéritos, foi iniciado o desenvolvimento de
um sistema de armazenamento, consulta e inserção de dados totalmente voltado para a
internet. Esta plataforma se utiliza do mesmo modelo lógico (tabelas e relacionamentos)
desenvolvido anteriormente, porém foi construído por meio da linguagem de programação
Java e do sistema de gerenciamento de banco de dados conhecido como MySQL, ambos
tecnologias de utilização gratuita. Para este sistema estão sendo desenvolvidas páginas para
consultas interativas à base de informações, edição e inserção de registros e exportação de
conjuntos de dados para usuários cadastrados. Foram criados também diferentes níveis de
restrição para o acesso aos dados, definidos por um sistema de Login e senhas.
3 - RESULTADOS
A seguir são apresentados alguns exemplos das possibilidades engendradas pelo banco
de dados em desenvolvimento, assim como detalhes a respeito do modelo lógico concebido. O
material inédito apresentado nas seções 3.1 e 3.2 faz parte do trabalho: “Sistematização dos
dados de monitoramento como ferramenta de suporte ao gerenciamento ambiental do porto
de Rio Grande -RS” (KOEHLER, em preparação).
Já se encontram cadastradas no banco de dados 872 amostras de diferentes períodos,
resultando em universo de mais de 27.000 registros, correspondentes à medições de variáveis
ambientais.
3.1 - Modelo do Banco de Dados
As tabelas e relacionamentos principais estabelecidos no banco de dados - que são
comuns tanto ao SIG quanto ao sistema de informações da internet - encontram-se ilustrados
no diagrama Entidade-Relacionamento apresentado na Figura 01.
Figura 01: Diagrama de Entidade/Relacionamento representando
as tabelas principais do banco de dados com suas respectivas colunas.
Ao todo, estão inseridos quatro grupos envolvidos no monitoramento e 95 variáveis
diferentes, que podem ser consultadas por:
•
•
•
•
•
•
•
Área do conhecimento (Hidroquímica, Geoquímica, Microcontaminantes,
Ecotoxicologia);
Período de tempo (ano, mês, estação do ano, etc.);
Profundidade amostrada;
Localização espacial;
Esforço de amostragem (monitoramento contínuo/dragagem);
Por tipo de coleta (pontos fixos, gradiente salino, pré ou pós-dragagem, ciclos de
dragagem);
Origem do dado (relatório onde o dado foi apresentado e interpretado).
O modelo criado permite ainda a manipulação de consultas SQL combinando diversos
destes critérios ou a seleção a partir dos valores dos parâmetros (por exemplo, valores que
ultrapassam os limites estabelecidos em dispositivos legais).
Desta forma é possível recuperar informações históricas e avaliar as tendências
existentes e mesmo subsidiar novas abordagens para o processo de monitoramento.
3.2 - Banco de Dados Access e SIG
As consultas mencionadas na seção anterior podem ser realizadas tanto pelo programa
Access, quanto pelo software ArcGIS 9.2. Ambos dispõem de aplicativos que permitem a
seleção dos critérios e parâmetros desejados por meios de menus e botões, ao mesmo tempo
em que escrevem as instruções de consulta em linguagem de programação para banco de
dados. A Figura 02 apresenta a construção e visualização de uma consulta unindo duas tabelas
do banco de dados. Foi concebida para visualização dos valores de microcontaminantes
analisados no ano de 2006 juntamente com as informações relativas a cada amostra (data,
tipo de coleta, campanha e origem do dado).
Figura 02a: Construção de consulta ao banco de dados
no MS Access unindo duas tabelas e restringindo os registros
Figura 02b: Visualização de consulta ao banco de dados relacionando os critérios das amostras com
valores dos parâmetros amostrados (o código -99 representa valores abaixo do limite de detecção).
A operação do banco de dados através do Sistema de Informações Geográficas ocorre
de maneira semelhante, com a vantagem de possibilitar a seleção de amostras pela sua
localização espacial. É possível clicar sobre uma estação e verificar quantas amostras foram
tomadas naquele ponto e que tipo de parâmetro foi analisado. É possível encontrar os valores
dos parâmetros acessando as tabelas de indicadores do monitoramento relacionadas com as
amostras selecionadas (Figura 03).
Outro exemplo seria a seleção de estações que se encontram dentro da área de
influência de algum empreendimento em implantação, e cujos resultados pretéritos poderiam
subsidiar uma decisão por parte do órgão ambiental ou ainda serem comparados com o
monitoramento realizado durante a implantação ou operação do mesmo.
Figura 03: Consulta por atributo espacial, visualizando os dados associados a uma determinada estação.
É possível ainda realizar pesquisas para escolher determinadas amostras por suas
características ou de acordo com as concentrações de algum contaminante e visualizar os
resultados no mapa. O sistema permite ainda a utilização de diversas camadas (layers) de
informação e elaboração de mapas de acordo com as mais diversas necessidades.
3.3 - Sistema de Banco de Dados para Internet
Como citado anteriormente na secção 2, foi construída uma aplicação sobre o modelo
lógico do banco de dados, possibilitando a operação e visualização dos dados pela internet.
Este sistema está alojado no servidor do Laboratório de Gerenciamento Costeiro da FURG e
pode ser acessado diretamente pelo endereço:
www.costasul.furg.br/pt_br/no_visual.php?inc=login.htm.
A tela inicial solicita um login e uma senha (Figura o4), que são disponibilizados para
usuários cadastrados com três possíveis níveis de acesso:
a) Administrador – utilizado pela equipe do Labgerco que trabalha diretamente com o
banco de dados. Este nível possibilita o acesso completo e a possibilidade de alteração
dos dados e inserção de novos registros.
b) Portuário – que virá a ser utilizado pela comunidade portuária e órgãos de gestão
ambiental envolvidos com o monitoramento e gestão ambiental da área de porto
organizado. Este nível possibilita o acesso a dados ainda não publicados ou que
porventura sejam mantidos restritos conforme interesses da SUPRG.
c) Autor – idealizado para utilização por parte dos pesquisadores e acadêmicos
envolvidos na geração das informações e que utilizam as mesmas com fins científicos.
Possibilita a consulta e inserção de novas informações.
Figura 04: Detalhe da página de acesso ao banco de dados de monitoramento portuário.
Os registros do banco de dados podem ter o seu acesso classificado em qualquer um
destes níveis conforme diretrizes que venham a ser estabelecidas pelas instituições envolvidas.
Estas restrições podem ser modificadas e novas formas podem ser criadas, uma vez que o
sistema se encontra em fase de testes.
Após o login é possível selecionar a realização de consultas, manutenção/inserção de
novos registros ou exportação das tabelas existentes. As consultas podem ser realizadas
selecionando a área do conhecimento (Ecotoxicologia, Hidroquímica, Geoquímica,
Microcontaminantes), e uma modalidade temporal - que compreende necessariamente o ano e
o semestre ou sazonalidade (Figura 05). É possível selecionar ainda as informações obtidas no
monitoramento contínuo, monitoramento da dragagem ou em ambas. As informações
atualmente disponíveis referem-se aos dados do monitoramento de 2006 e 2007.
Figura 05: Tela inicial de consulta ao banco de dados.
Uma vez selecionada a área do conhecimento e o aspecto temporal, é possível escolher
os parâmetros que se deseja visualizar e então recuperar os valores das variáveis selecionadas
(Figura 06). Esta visualização apresenta automaticamente os padrões estabelecidos pela
legislação e no caso de algum registro estar fora de conformidade, o sistema acusa por meio
de cores.
Figura 06a: Construção de pesquisa sobre microcontaminantes –
seleção de alguns parâmetros (HPAs) para visualização.
Figura 06b: Visualização do resultado de pesquisa para alguns HPAs
no primeiro semestre de 2006 - monitoramento contínuo.
É possível ainda visualizar detalhes dos registros clicando sobre eles, estes detalhes
incluem as coordenadas (em UTM WGS-84), a data de amostragem e o tipo de coleta
realizado. Outro aspecto importante de ser mencionado é a interface de inserção de novos
dados no sistema. Assim como no caso da pesquisa, seleciona-se a área do conhecimento a
partir de um menu que possibilita o entrada em um formulário de cadastramento (Figura 07).
Por meio deste formulário as equipes dos laboratórios podem introduzir os resultados das
últimas análises diretamente via internet, minimizando possíveis erros. Esta metodologia já
vem sendo aplicada com sucesso pela equipe do Labgerco envolvida com o programa de
monitoramento. As informações geradas em 2007 foram exclusivamente inseridas desta
maneira.
Figura 07: Detalhe do formulário de inserção de registros - Microcontaminantes
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os sistemas em desenvolvimento apresentam grande utilidade prática, principalmente
com relação à agilidade de disponibilização aos órgãos ambientais das informações geradas
pelo programa de monitoramento. Outras possibilidades evidenciadas são a utilização destas
informações em processos de licenciamento de terminais e obras portuárias e ainda trabalhos
científicos analisando séries históricas de variáveis ambientais. É importante ressaltar que o
banco de dados é uma ferramenta de auxílio que não substitui a necessidade de análise e
interpretação detalhada dos resultados por parte dos pesquisadores responsáveis.
Os sistemas ainda requerem uma série de ajustes e correções, assim como a ampliação
do conjunto de metadados das informações já armazenadas. A inclusão das demais áreas de
monitoramento - particularmente os dados biológicos - também faz parte do processo de
desenvolvimento da ferramenta. Outro aspecto é a mudança gradual para o sistema ser
alimentado diretamente pelos laboratórios, permitindo um acompanhamento e recuperação de
informações em tempo quase-real.
Outro aspecto importante diz respeito ao compartilhamento destas informações e
integração com os bancos de dados organizados pelos órgãos governamentais de gestão
ambiental. Um exemplo é o Sistema Compartilhado de Informações Ambientais (SisCom) do
Centro de Sensoriamento Remoto do IBAMA. Futuramente será possível compatibilizar ou
transformar os dados do Sistema de Informações do Monitoramento Ambiental Portuário para
que os mesmos sejam incorporados ao SisCom, oferecendo uma melhor plataforma de
divulgação dos dados e suporte às análises necessárias por parte dos órgãos competentes.
5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COOD, E. F. 1970. A Relational model of data large shared data banks. San Jose: ACM
Transactions on database systems, v.13, n.6, p.123-174.
ELMASRI, R. & NAVATHE, S. B. 1994. Fundamentals of Database Systems. 2 ed. Menlo
Park, CA: Addison-Wesley.
HALE, S. S.; BAHNER, L. H. & PAUL, J. F. 2000. Finding common ground in managing data
used for regional environmental assessments. Environmental Monitoring and
Assesment. 63: 143-157.
JACKSON, L. E. & GANT, M. P. An interactive, spatial inventory of environmental data in the
Mid-Atlantic Region. Environmental Monitoring and Assessment. 51: 325-329.
NUNES, L. M.; CAEIRO, S.; RAMOS, T.; CUNHA, M. C.; RIBEIRO, L. & COSTA, M. H. 2005.
Monitoring programmes: the fundamental component of estuaries management: How to
design one? Transactions on the built environment. 78: 31-48. Wiltpress.
CONCLUSÕES GERAIS
HIDROFÍSICA
Os dados de temperatura mostraram o ritmo sazonal das variações de temperatura
esperadas para uma área subtropical. Até o final de abril a temperatura permaneceu próxima a
24ºC, decrescendo para os meses de inverno onde atinge temperaturas em torno dos 12ºC. A
partir do final de agosto pode-se observar uma leve tendência ao aumento de temperatura,
chegando a temperaturas próximas a 20ºC. A salinidade esteve alta na maior parte do
primeiro semestre, mostrando uma predominância de fluxos de enchente. A partir do mês de
junho observa-se uma tendência à diminuição da salinidade média das águas do canal de
acesso. Com relação aos dados de corrente, o período pode ser caracterizado como tendo um
fluxo predominante de enchente no primeiro semestre e de vazante no segundo semestre. A
média para todo o ano da velocidade da coluna de água foi de -0.30 m/s (± 0,4), o que
representa um regime resultante de vazante.
HIDROQUÍMICA
Monitoramento Contínuo
Parâmetros físico-químicos e nutrientes
1° cruzeiro (janeiro): foram constatados importantes acréscimos nas concentrações de
amônio em superfície das estações 5, 6 e 7, pela proximidade do Saco da Mangueira, e em
menor escala nas estações 1, 2, 3 e 10 no meio e no fundo da coluna d’água, pela liberação da
água intersticial. Todos os valores se apresentaram em conformidade com as legislações
ambientais para o estuário, embora o nitrogênio amoniacal e o fosfato tenham se apresentado
com concentrações maiores que as citadas pela bibliografia como normais para estuários não
contaminados por matéria orgânica.
2° cruzeiro (abril): todos os valores se apresentaram em conformidade com as
legislações ambientais para o estuário, embora as concentrações de amônio da coluna d’água
se mantiveram predominantemente maiores que a citada como referência para estuários não
contaminados. Os picos nas concentrações de amônio próximo ao Saco da Mangueira ocorridos
em janeiro não se manifestaram nesse cruzeiro.
3° cruzeiro (julho): a dominância de águas mixohalinas resultou em aumento nas
concentrações de DBO5, não muito significativas, entrando em desconformidade com a
legislação ambiental em apenas três ocasiões, tendo como causa a matéria orgânica oriunda
no norte da lagoa. Os outros parâmetros analisados variaram em torno da normalidade, sem
contaminações importantes a serem destacadas.
4° cruzeiro (outubro): a dominância de água doce elevou significativamente os níveis
de turbidez e material em suspensão, principalmente junto ao fundo, resultando em um
aumento significativo das concentrações de fósforo. Entretanto, não houve alterações
significativas nos níveis de oxigênio, sal saturação e nem na DBO. Também houve picos
importantes de nitrito em algumas estações e acréscimos de amônio nas estações de fundo,
além de excessivas concentrações de silicato em todo o estuário (embora esse último não seja
tóxico nem eutrofizante).
Em termos gerais, as concentrações se mantiveram em conformidade com a legislação
ambiental do CONAMA (2005), embora as concentrações de amônio e as sub-saturações de
oxigênio tenham se apresentado levemente fora dos padrões recomendados como normais
pela bibliografia para estuários naturais.
Metais pesados na água
1° cruzeiro (janeiro): a alta salinidade variando de 32,4 a 34,8 entre os 10 pontos de
amostragem, apesar do regime de vazante, condicionou os resultados dos teores de metais
(como o As, Hg e Ni) abaixo do limite de detecção do método de análise nas três
profundidades (superfície, meio e fundo). Estas condições do estuário também resultaram em
baixas concentrações de Cd, Cr, Cu, Mn, Pb e Zn com alguns teores também abaixo do limite
de detecção do método. Alguns valores foram mais elevados para o As (5,43 µg/L) e Pb (0,79
µg/L) na água de fundo no Porto Novo. Todas as concentrações encontram-se abaixo dos
valores determinados pela legislação vigente.
2° cruzeiro (abril): caracterizado por baixa salinidade na superfície e alta no fundo do
estuário. As baixas concentrações de material particulado em suspensão fez com que as
concentrações de metais na água fossem em geral baixas, estando praticamente todas elas
dentro dos valores determinados pela legislação vigente, com única exceção para o Cu (63,29
µg/L) na água de fundo da estação 9 (raíz dos Molhes), cujo teor foi um pouco mais elevado,
do que a concentração de 50 µg/L indicada pela legislação do CONAMA (2005).
3° cruzeiro (julho) e 4° cruzeiro (outubro): todos os resultados estiveram de acordo
com as concentrações recomendadas pela legislação.
Nos resultados obtidos até o momento as concentrações de metais, em geral, se
apresentaram bastante baixas. O regime de vazante predominante nas amostragens foi
importante no processo de diluição destes elementos. O aumento nas concentrações de certos
elementos provavelmente ocorre devido a algum aporte proveniente do continente (como
observado no monitoramento do Gradiente Salino em Janeiro-2007) ou da ressuspensão do
sedimento de fundo (observado durante o monitoramento contínuo nos dos pontos fixos em
Abril-2007). No entanto, todos os elementos apresentaram teores na água em conformidade
com a legislação vigente.
Monitoramento do Gradiente Salino
Parâmetros físico-químicos e nutrientes
1° gradiente salino (janeiro): dominância de água marinha levou a uma diluição das
águas do estuário. Entretanto, a diluição causada pela água marinha não foi suficiente para
que as concentrações ficassem abaixo do valor recomendado pela bibliografia como máximo
para estuários não contaminados por matéria orgânica. Por outro lado, apesar dos acréscimos
de nitrogênio amoniacal, todos os valores se apresentaram em conformidade com as
legislações ambiental..
2° gradiente salino (abril): apresentou uma intensa vazante em superfície com baixa
turbidez e concentrações de material em suspensão. Observou-se uma maior oxigenação das
águas amostradas, assim como importantes decréscimos nas concentrações de nutrientes,
embora, mais uma vez, para o nitrogênio amoniacal as concentrações tenham sido levemente
superiores ao valor recomendado pela bibliografia como normal. Houve um alto aporte de
matéria orgânica para a zona costeira adjacente. Todos os valores dos parâmetros físicoquímicos e nutrientes se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o
estuário.
3° gradiente salino (julho): regime de forte vazante em superfície. Todos os valores dos
parâmetros físico-químicos e dos nutrientes se apresentaram em conformidade com as
legislações ambientais para o estuário.
4° gradiente salino (outubro): forte vazante em toda a coluna d’água, com elevado
aporte continental levando a concentrações de nutrientes acima dos valores recomendados nas
legislações ambientais para o estuário.
Os gradientes monitorados em Janeiro, Abril e Julho apresentaram concentrações do
MS, turbidez, DBO, saturação de oxigênio, nitrito, nitrato, amônio (nitrogênio amoniacal),
fosfato, fósforo total, silicato e clorofila-a oscilando em torno dos valores referidos como
normais. Entretanto em outubro, quando o estuário estava com intensa vazão, as águas
apresentaram-se muito turvas e enriquecidas com nitrito, nitrato, fosfato, silicato e clorofila-a.
O deságüe dessas águas no oceano proporcionou intensas diluições das concentrações,
embora aumentando sua salinidade e pH. Para o amônio (nitrogênio amoniacal) a diluição não
foi evidenciada, pois suas concentrações não dependem com a mesma intensidade das
variações da salinidade e das diluições causadas pela mistura com a água marinha.
Metais pesados na água
1° gradiente salino (janeiro): apresentou uma alta influência da água salgada, com
baixas concentrações para o As, Cr, Cu, Hg e Zn, sendo muitos valores abaixo do limite de
detecção do método de análise. Apenas as concentrações de cobre (Cu) apresentaram um
decréscimo significativo (R2=0,89) com o aumento da salinidade, enquanto, que as
concentrações de níquel (Ni) apresentaram um aumento significativo (R2=0,85) com o
acréscimo da salinidade. Os demais elementos (Cd, Fe, Mn, Pb e Zn) não indicaram variações
significativas ao longo do gradiente salino no estuário. Embora o Pb tenha apresentado em
geral concentrações bastante baixas, na salinidade intermediária de 25,6 e 28,9 os teores de
Pb foram respectivamente 6,97 µg/L e 12,97 µg/L. Este último teor encontra-se acima do valor
recomendado pela legislação da FEPAM de 10 µg/L, mas está em acordo com a legislação do
CONAMA (2005), que determina o valor máximo de 210 µg/L para águas salobras.
2° gradiente salino (abril): dominância de águas mixohalinas com concentrações de
metais mais baixas do que no período de Janeiro. Todos os resultados estiveram de acordo
com as concentrações recomendadas pela legislação.
3° cruzeiro (julho) e 4° cruzeiro (outubro): todos os resultados estiveram de acordo
com as concentrações recomendadas pela legislação.
Monitoramento de organismos bioindicadores
Os mexilhões (Perna perna) e peixes apresentaram concentrações de metais em
conformidade com a legislação. As cracas (Balanus improvisus) apresentaram, pela primeira
vez, o zinco em não conformidade com a legislação. Deve ser melhor observado o
comportamento do zinco nas próximas amostragens/análises. Não houve coleta de camarões
(Farfantepenaeus paulensis), por estarem fora do período de safra.
Nos dois períodos considerados, o cromo total foi o único elemento que apresentou
concentrações no limite máximo ou levemente acima do recomendado pela legislação
brasileira.
GEOQUÍMICA
Quanto à granulometria, os sedimentos dos pontos 1, 5 e 9 tendem a ser ricos na
fração Areia, enquanto que os pontos 0, 2, 6 e 7 tendem a ser constituídos principalmente
pelas frações granulométricas finas (Silte e Argila).
Os dados mostram que o pH dos sedimentos estudados apresentou uma variação
pequena, com média de 6,68 (±0,30) para o primeiro cruzeiro, média de 6,87 (±0,14) para o
segundo cruzeiro e média de 7,16 (±0,33) para o terceiro. A pequena variação de pH
encontrada nos sedimentos da região portuária – estuarina do Rio Grande é uma característica
natural desse sistema. A estabilidade e homogeneidade indicam que esse parâmetro é pouco
importante sobre o controle da mobilidade dos contaminantes metálicos dos sedimentos da
região portuária - estuarina de Rio Grande.
Os valores do potencial redox apresentaram média de 63,10 mV (±5,59 mV) para o 1°
cruzeiro, 81 mV (±58,6 mV) para o 2° cruzeiro e 156 mV (±28,5 mV) para o 3° cruzeiro,
demonstrando condições mediamente oxidantes. Com base nesses resultados, é pouco
provável que ocorram elevados teores de sulfetos metálicos associados aos sedimentos da
coluna sedimentar. Portanto, pode-se inferir que haverá pouca liberação de contaminantes
metálicos associados a esse substrato geoquímico, visto que os compostos provavelmente se
encontram na forma oxidada, com uma maior propensão a redeposição. Ademais, considera-se
muito pouco provável que ocorra algum tipo de impacto pela redução de oxigênio na coluna de
água.
Os valores de COT, NOT e em Óleos e Graxas encontrados estão de acordo aos teores
habitualmente verificados nessa região portuária – estuarina da Lagoa dos Patos. Em geral os
teores de COT e NOT situam-se abaixo dos valores de referência do CONAMA 344/2004.
Assim, verifica-se que os sedimentos da região portuária – estuarina não estão contaminados
por esses compostos orgânicos e esses parâmetros não representam perigo aparente ao meio
ambiente e a biota.
A maioria (93,3%) dos teores de P-total nos sedimentos excedeu o valor de alerta
estabelecido pela resolução do CONAMA 344/2004. Esses valores indicam que os sedimentos
da região portuária – estuarina estão contaminados por fósforo. Contudo, não se observou um
processo de incremento dessa contaminação, e os valores encontrados nesse monitoramento
situam-se dentro da faixa de variação frequentemente encontrada nessa região.
Os óleos e graxas do sedimento apresentaram uma média de 0,13% (±0,23%) no 1°
cruzeiro e de 0,31% (±0,23%) no 2° cruzeiro. O elevado desvio padrão deve-se ao volume de
valores abaixo do limite de detecção. Para o 3° cruzeiro as análises químicas de óleos e graxas
não foram ainda concluídas e, portanto, encontram-se ausentes do atual diagnóstico. Com
base nos dados disponíveis, pode-se inferir que existe um pequeno impacto por óleos e graxas
na região do porto novo e áreas adjacentes. Em termos globais, os sedimentos da região
portuária - estuarina têm uma contaminação considerada muito pequena por esse parâmetro.
Todos os teores dos elementos metálicos Zn, Cu, Cd, Ni, Cr e Pb dos sedimentos
estudados situaram-se abaixo do Nível 1 referido no CONAMA 344/2004. Assim sendo,
considera-se que os sedimentos da região portuária - estuarina de Rio Grande estão livres de
contaminação por esses metais.
O Mercúrio ultrapassou o limite do nível 1 (0,15 mg/Kg) do CONAMA 344/2004 em
apenas dois casos e somente no 1° cruzeiro amostral (Abril-2007). O nível 1 representa o
limiar até onde se prevê baixa possibilidade de efeitos adversos a biota.
O Arsênio ultrapassou o limite do nível 1 (8,2 mg/Kg) do CONAMA 344/2004 em 70%
dos casos no 1° e 2° cruzeiros amostrais e em 20% no 3° cruzeiro. Este nível representa o
limiar até onde se prevê baixa possibilidade de efeitos adversos a biota.
Os sedimentos de textura mais fina da região portuária - estuarina de Rio Grande são aqueles
que requerem um maior cuidado em termos ambientais, pois são os mais contaminados por
elementos metálicos.
MICROCONTAMINANTES ORGÂNICOS
Todos os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e contaminantes organoclorados
presentes nos sedimentos avaliados estão abaixo dos valores estabelecidos na Legislação
CONAMA 344/2004 para os Níveis 1 e 2 de águas salina-salobras.
TESTES ECOTOXICOLÓGICOS
Todas as amostras de sedimento (integral e elutriatos) e as amostras de água
subsuperficial (integral e diluída) analisadas apresentaram valores médios de sobrevivência
nos testes realizados superiores a 80% e significativamente iguais ao controle, podendo ser,
portanto, consideradas não-tóxicas.
MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS
Canal de Acesso e Bacia de Evolução do Porto de Rio Grande
O gastrópode Heleobia australis foi a espécie dominante em todos os cruzeiros.
Entretanto, no cruzeiro de Janeiro o gastrópode apresentou menores densidades, o que
provavelmente tenha sido decorrente das dragagens efetuadas em 2006, removendo parte dos
estoques da espécie do canal de acesso ao Porto de Rio Grande. Em relação à sua distribuição
espacial, verificou-se que é bastante baixa a ocorrência do gastrópode na região da
desembocadura, o que deve refletir a maior instabilidade do substrato. Fundos com
sedimentos areno-lodosos foram mais comuns nas estações mais afastadas da desembocadura
(#2, #3, #4, #5 e #6) e devem ter influenciado para a maior ocorrência da espécie nestes
locais.
Local de Descarte das Dragagens
No 1º cruzeiro (Janeiro), não foram elevadas as densidades dos macroinvertebrados
bentônicos coletados nas áreas de descarte I (#10) e B (#11). Na área de descarte I (#10), a
presença do gastrópode estuarino Heleobia australis nas amostras confirma a deposição dos
sedimentos dragados, uma vez que essa espécie nunca foi encontrada em ambiente marinho.
Na área de descarte II (#11), onde não foi depositado o sedimento dragado, não foram
encontrados exemplares de Heleobia australis (Tabela 05).
No 2º cruzeiro (Abril) e no 3° cruzeiro (Julho), as densidades dos macroinvertebrados
bentônicos coletados nas áreas de descarte I (#10) foram baixas, enquanto que na área de
descarte II (#11), onde não foi depositado material dragado, foi detectado um aumento nas
densidades do macrozoobentos, representado pelo bivalvo do gênero Tellina e de espécies de
poliquetas.
No 4º cruzeiro (Outubro), foram registradas baixas densidades dos macroinvertebrados
bentônicos coletados na área de descarte I (#10). A espécie com a maior densidade foi
novamente o gastrópode estuarino H. australis. Na área de descarte II (#11), onde não foram
efetuados depósitos de material dragado, as densidades do macrozoobentos foram mais
elevadas. Porém, ao contrário do registrado no outono e no inverno, no cruzeiro de primavera
a maior abundância entre o macrozoobentos foi devido aos bivalvos do gênero Mactra e
também a espécies de poliquetas.
Até o momento, os dados analisados não demonstram um eventual impacto
significativo do descarte da dragagem sobre a macrofauna bentônica. Esse aspecto deverá ser
mais bem elucidado com o avanço do Programa de Monitoramento.
ICTIOFAUNA
A composição das espécies, o padrão de abundância relativa, composição de tamanho e
a diversidade da assembléia de peixes do estuário durante os meses analisados (Janeiro à
Setembro de 2007) estão dentro dos limites observados nos dados históricos disponíveis
(1997-2006). Também estão em conformidade com a literatura disponível sobre a ictiofauna
estuarina da Lagoa dos Patos. Dados relativos à variação temporal dos peixes mais
importantes na pesca artesanal no estuário (como a tainha) ainda estão sendo pleiteados junto
ao órgão responsável por sua obtenção e armazenamento (IBAMA).
ORNITOFAUNA
A diversidade acumulada de aves oscilou entre 19 e 67 espécies por estação de
amostragem, sendo a Lagoinha da Barra (A16), o Pontal Sul (A8) e a ZPE (A14) os pontos com
maior riqueza de espécies, respectivamente com 67, 60 e 51 registros. Dentre as estações de
menor pontuação, por este critério, situam-se a Santa Casa (A10), a Balsa da Barra (A15), a
Base do Molhe Leste (A9) e a Baía Norte (A4), respectivamente com diversidade acumulada de
31, 32, 32 e 33 registros de espécies diferentes.
MAMÍFEROS MARINHOS (CETÁCEOS)
Com relação à abundância, até o momento 58 botos foram foto-identificados. A curva
de descobrimento da espécie estabilizou nesse valor, ou seja, não tem mudado com novas
saídas de campo. A partir das observações e do uso de modelos, obteve-se uma estimativa do
tamanho total da população de botos do estuário da Lagoa dos Patos de 86 indivíduos em
2007, valor esse semelhante aos encontrados para os dois anos anteriores, o que sugere uma
estabilidade da população.
Com relação aos aspectos reprodutivos, os resultados obtidos sugerem uma
fecundidade de 26%, o que é relativamente alto para a espécie. Em 2007 foram registrados 7
nascimentos, que representam uma taxa bruta de nascimento (i.e. o número de filhotes
dividido pelo tamanho da população) de aproximadamente 8%. Os nascimentos são bem
definidos sazonalmente, ocorrendo entre Outubro e Março, com picos em Dezembro e Janeiro.
Com relação ao padrão de distribuição, a maior densidade de botos ocorreu na área
interna do estuário, tanto nos meses quentes quanto nos frios. A taxa de encontro média foi
maior em áreas próximas à desembocadura da barra, diminuindo com a distância desta. Na
área externa, as avistagens estão concentradas próximas à zona de rebentação, onde se
concentra um elevado esforço de pesca artesanal com redes de emalhe, o que tem causado
uma mortalidade possivelmente insustentável para essa pequena população de botos.
GERENCIAMENTO COSTEIRO
O banco de dados associado ao sistema de informações geográficas criado abriga
quatro grupos envolvidos no monitoramento e 95 variáveis diferentes, que podem ser
consultadas por: área do conhecimento (Hidroquímica, Geoquímica, Microcontaminantes,
Ecotoxicologia); período de tempo (ano, mês, estação do ano, etc.); profundidade amostrada;
localização espacial; esforço de amostragem (monitoramento contínuo/dragagem); tipo de
coleta (pontos fixos, gradiente salino, pré ou pós-dragagem, ciclos de dragagem); e origem do
dado (relatório onde o dado foi apresentado e interpretado).
O modelo criado permite ainda a manipulação de consultas SQL combinando diversos
destes critérios ou a seleção a partir dos valores dos parâmetros (por exemplo, valores que
ultrapassam os limites estabelecidos em dispositivos legais).
Desta forma é possível recuperar informações históricas e avaliar as tendências existentes e
mesmo subsidiar novas abordagens para o processo de monitoramento.
COMENTÁRIOS FINAIS
O Programa de Monitoramento Ambiental do Porto de Rio Grande avançou em 2007 de
forma bastante satisfatória. Todas as coletas de informação previstas foram realizadas e a
grande maioria das amostras foi analisada até o fechamento do período relatado. De forma
geral, os resultados encontrados refletem um ambiente portuário estuarino sem a presença de
contaminações, tendo como referência a legislação vigente. Os elementos que se
apresentaram acima dos níveis legais de contaminação, ocorreram de forma pontual ou
refletem uma característica historicamente normal para o sistema estudado. Não há, até o
momento, qualquer relação definida entre a atividade portuária e a perda de qualidade
ambiental do estuário. Por outro lado, a constatação de alguns elementos em níveis levemente
acima ou próximos do limite aceitável de contaminação é uma forte razão para a continuação
das observações realizadas nos anos por vir.
Do ponto de vista operacional, existe a expectativa de que a continuação do Programa
de Monitoramento e a obtenção de um conjunto substancial de informações ambientais irão
permitir, num futuro próximo, um ajuste em seu plano amostral que, eventualmente, poderá
ser concentrado apenas naqueles elementos e processos que se demonstrarem mais
indicativos da qualidade ambiental (ou mais suscetíveis a ela). Um possível plano ajustado
poderá aperfeiçoar a desejada eficiência e custos dos processos envolvidos.

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