PREFÁCIO O presente documento descreve as ações que
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PREFÁCIO O presente documento descreve as ações que
PREFÁCIO O presente documento descreve as ações que compõem o Programa de Monitoramento Ambiental para o Canal de Acesso ao Porto de Rio Grande, Bacia de Evolução do Porto Novo e da Área de Descarte do Material Dragado, desenvolvidas pela Fundação Universidade Federal do Rio Grandes (FURG), em atendimento ao convênio firmado entre a Universidade, Superintendência do Porto de Rio Grande (SUPRG) e a Fundação de Apoio a Universidade de Rio Grande (FAURG). As ações desenvolvidas deram continuidade ao programa permanente de monitoramento ambiental portuário, e estão aqui relatadas como resultados referentes ao ano de 2007. O desenho amostral que deu base a estratégia do monitoramento baseou-se na amostragem de parâmetros ambientais em pontos fixos do estuário, representativos dos diferentes setores da área portuária. Os parâmetros monitorados (metodologia especificada mais a frente) foram: padrão de circulação (correntes), qualidade ambiental dos sedimentos, qualidade ambiental da água, avaliação do nível de microcontaminantes orgânicos, nível de toxicidade através de testes laboratoriais com organismos-teste (Kalliapseudes schubartii), composição e estrutura da comunidade de macroinvertebrados bentônicos, composição e padrões de comportamento das comunidades de vertebrados superiores, representados pela ictiofauna (peixes), ornitofauna (aves) e cetáceos (botos). As informações do monitoramento compuseram um Sistema de Informação Geográfico (SIG) representativo da qualidade ambiental da zona portuária e da zona de descarte da dragagem, em desenvolvimento no Laboratório de Gerenciamento Costeiro (LabGERCO) da FURG. No sentido de facilitar a consolidação dos dados obtidos e apresentados neste relatório, as figuras e tabelas aqui apresentadas não possuem numeração contínua crescente, e sim a numeração relativa apenas ao item que representam. I - OCEANOGRAFIA FÍSICA Equipe técnica: Responsável: Dra. Elisa Helena Fernandes Dr. Osmar Olinto Möller Jr. Oc. André Penteado Vitta 1 - INTRODUÇÃO Durante o primeiro ano do Programa de Monitoramento do Porto de Rio Grande (2006), estudos sobre a dinâmica da região com base em dados de campo e em experimentos de modelagem numérica foram extremamente importantes para o entendimento da dinâmica do sistema perante suas principais forçantes físicas (descarga, vento e maré), bem como para o entendimento do comportamento da dispersão da pluma de sedimentos durante eventos de dragagem. Os dados de campo e os experimentos numéricos destacaram ainda a importância do entendimento do comportamento do sistema no eixo vertical, seja através de equipamentos perfiladores ou instalados em várias profundidades, ou através de simulações em três dimensões. Neste segundo ano do Programa de Monitoramento foi dada continuidade ao monitoramento nas seguintes estações: no píer da Estação Naval da Marinha do Brasil, na 4a secção da Barra, onde são coletados os dados de temperatura e salinidade; e nas proximidade da Estação dos Práticos da Barra do Rio Grande onde são coletados os dados velocidade de corrente. No dia 10 de outubro foi instalado um fundeio de ADP com sistema de proteção contra redes de arrasto e liberador acústico na área do Parcel do Carpinteiro. Esta região foi escolhida em virtude de ser livre da atuação de barcos de arrasto. Este fundeio não representa custos adicionais ao programa de monitoramento e vem ao encontro das necessidades da área de modelagem numérica. 2 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS As atividades de campo realizadas durante 2007 envolveram a continuidade do monitoramento de parâmetros físicos da água no canal de acesso ao Porto de Rio Grande – RS. 2.1 - Monitoramento das Propriedades Físicas O monitoramento continuado das propriedades físicas da água foi realizado por equipamentos autônomos de coleta de dados, sendo eles: dois termosalinógrafos SBE MicroCat 37-SM, instalados no píer de atracação do 5° Distrito Naval da Marinha (Figura 01), um a profundidade de 1 m (“superfície”) e o outro a 9 m (“fundo”), e um ADP (Perfilador Acústico de Correntes) instalado no fundo do canal de navegação em frente à estação dos Práticos da Barra – (Tabela 01), a uma profundidade de aproximadamente 15m. Esses equipamentos fornecem dados de temperatura, salinidade, e direção e velocidade de corrente, respectivamente. Figura 01: Pontos de instalação dos equipamentos Tabela 01: Localização dos pontos de instalação dos equipamentos Equipamento Latitude Longitude Profundidade ADP 32° 8' 12” S 52° 6' 8 " W 15 m MicroCat 37-SM 32° 8' 19" S 52° 6' 8" W 10 m ADP-ZC 32º.25,177’S 052º12,313’’W 17 m 2.2 - Manutenção dos termo-salinógrafos Durante a segunda quinzena de março, os dois termo-salinógrafos fixados no píer da Estação Naval foram retirados para limpeza porque durante o período de verão o processo de incrustação é mais acentuado. A falta de limpeza pode chegar a comprometer a coleta de dados devido ao bloqueio dos sensores pelos organismos incrustados. Além disso, a tinta especial para evitar esse tipo de processo já estava gasta e necessitava de novas camadas tanto da tinta base como da camada anti-incrustante. Uma nova camada de tinta base e outras 4 camadas de tinta anti-incrustante foram aplicadas em cada termo-salinógrafo. Como um terceiro termo-salinógrafo foi disponibilizado pelo Laboratório de Oceanografia Física da FURG, foi possível fazer a manutenção dos equipamentos sem que houvesse a necessidade de interromper a coleta de dados. Durante o 2° semestre de 2007 os termo-salinógrafos apresentaram pouca incrustação, a qual pode ser associada à baixa salinidade média neste período e à maior eficiência da proteção incrustante realizada no semestre anterior. 2.3 – Manutenção ADP No dia 31 de janeiro o perfilador acústico fundeado nas proximidades da Estação dos Práticos da Barra de Rio Grande foi retirado para sua manutenção periódica e recuperação dos dados. Durante a retirada do equipamento, observou-se que o pino protetor do sensor de pressão fora arrancado. Os dados que foram recuperados do equipamento mostraram que o sensor de pressão havia parado de funcionar corretamente poucos dias após a sua manutenção anterior (12/06/2006). Como o equipamento não apresentava qualquer sinal de comprometimento na sua vedação, este recebeu nova camada de tinta anti-incrustante e foi recolocado em sua posição de fundeio. A recuperação do ADP foi feita em agosto e, durante esta atividade, ocorreu a reinstalação do cabo submarino, restabelecendo então a comunicação em tempo real. Um computador foi colocado na torre da estação dos Práticos da Barra para a aquisição e visualização dos dados (Fig. 02). Figura 02 para a aquisição e dados em tempo Computador visualização dos real do ADP. 3 – DADOS OCEANOGRÁFICOS 3.1 - Temperatura e Salinidade Os dados de temperatura (Fig. 03) mostram o ritmo sazonal das variações de temperatura esperadas para uma área subtropical. Até o final de abril a temperatura permaneceu próxima a 24ºC, decrescendo para os meses de inverno onde atinge temperaturas em torno dos 12ºC. A partir do final de agosto já podemos observar uma leve tendência ao aumento de temperatura, chegando a temperaturas próximas a 20ºC. Variações de curto período representam os efeitos de passagens de frente e posterior aquecimento. No primeiro semestre, na sua maior parte, a salinidade (Fig. 04) esteve alta (±30ups) mostrando uma predominância de fluxos de enchente. A partir do mês de junho observa-se uma tendência à diminuição da salinidade média das águas do canal de acesso. Esta diminuição pode ser associada ao período de chuvas acentuadas que ocorreram no segundo semestre. Neste período o que se verifica é uma forte diferença entre a salinidade de superfície e de fundo. Com raras exceções, onde a coluna de água está bem misturada, esta é a tendência geral que está relacionada com a intensificação da descarga fluvial. Mesmo a ação de ventos de sudoeste (SW) não pode ocasionar mescla em toda a coluna de água e o estuário apresenta forte estratificação nos perfis de velocidade de correntes conforme se verifica na figura 05. O vento de sudoeste (SW), que bombeia água salgada estuário acima, só consegue inverter a camada mais próxima do fundo. Figura 03: Temperatura medida na Estação Naval da Marinha. A linha azul representa os dados de superfície (1 m) e a vermelha os dados de fundo (9 m). Figura 04: Salinidade medida na Estação Naval da Marinha. A linha azul representa os dados de superfície (1 m) e a vermelha os dados de fundo (9 m). 3.2 - Perfilador de Correntes Os dados de corrente mostram alternância de períodos de enchente associados a elevações no nível e períodos de vazante associados a rebaixamento do nível. O período pode ser caracterizado como tendo um fluxo predominante de enchente no primeiro semestre e de vazante no segundo semestre. A média para todo o ano da velocidade da coluna de água é de -0.30 m/s (± 0,4), mostrando um regime de vazante. Alternadamente são observados picos de vazante com valores máximos integrados na vertical de -2,2 m/s, e picos de enchente com valores máximos de 1.65 m/s. A figura 06, que mostra a velocidade média integrada na coluna de água para o período de observação, permite que se verifiquem estas tendências anteriormente descritas. Figura 05: Perfil temporal de Velocidade de Corrente na Estação dos Práticos de Rio Grande. Os valores positivos são de enchente e os negativos de vazante. Na parte superior a linha cinza mostra as oscilações do nível. Figura 06 - Velocidade integrada verticalmente. A linha vermelha mostra a tendência linear da série. Valores negativos representam velocidade de vazante. 4 – Modelagem Numérica Conforme acordado entre o Laboratório de Oceanografia Física da FURG e a Superintendência do Porto de Rio Grande, os resultados referentes às atividades de modelagem numérica serão fornecidos de acordo com a demanda da SUPRG, conforme as condições acordadas entre as partes. 5 – Considerações Finais O conjunto de dados acumulados ao longo deste monitoramento da hidrodinâmica das propriedades físicas das águas é necessário para qualquer tipo de estudo, incluindo-se a modelagem numérica ou o manejo de um ecossistema. Os equipamentos autônomos que fazem os registros de dados, já completaram mais de dois anos em operação. Com isto, a vida útil dos mesmos começa a ser comprometida caso uma revisão intensa não seja realizada no próximo ano. II – HIDROQUÍMICA Equipe Técnica Responsável: Prof. Dr. Luis Felipe Hax Niencheski Profa. Dra. Maria da Graça Zepka Baumgarten Profa. Dra. Mônica Wallner – Kersanach M.Sc. Carlos F. Andrade M.Sc. Karina Kammer Attisano Téc. Quím. Denise Bigliardi Garcia Téc. Lab. Lúcia Helena Böhmer Téc. Lab. José Vanderlen Veigas Miranda 1 – INTRODUÇÃO O monitoramento das condições da qualidade da água nas áreas de influência direta/indireta das operações do Porto de Rio Grande deve ser efetuado porque várias atividades nesse tipo de ambiente apresentam alto potencial de impacto ao meio ambiente, destacando-se as operações de dragagem. Sendo assim, as estratégias de monitoramento necessitam ser baseadas em ações continuadas no tempo e esporádicas, devendo ser incrementadas por ocasião das atividades de dragagem. A qualidade e a hidroquímica das águas da área portuária foram monitoradas durante o ano de 2007 com base em três estratégias de amostragens diferenciadas: • Monitoramento Contínuo em estações de amostragens fixas (04 cruzeiros sazonais, visando avaliar as variações dos constituintes da água nas diferentes épocas do ano); • Monitoramento do Gradiente Salino no estuário e sua desembocadura, sem estações fixas, mas com amostragens de água de superfície em locais com diferentes e gradativas salinidades, desde a água doce até a salina (4 cruzeiros com freqüência sazonal); • Monitoramento de Organismos Bio-indicadores através da avaliação dos níveis de metais pesados bioacumulados em algumas espécies bioindicadoras de poluição ambiental. 2 – MATERIAL e MÉTODOS 2.1 – Monitoramento Contínuo em Estações Amostrais Fixas Durante o ano de 2007 foram efetuados quatro (04) cruzeiros sazonais para amostragens de água, os quais ocorreram no Verão (em Janeiro), Outono (em Abril), Inverno (em Julho) e Primavera (Outubro), nos três níveis representativos da coluna d’água (superfície, meio e fundo), em dez estações de amostragem distribuídas ao longo da área portuária. Conforme o desenho amostral, cada cruzeiro obteve 30 amostras. As amostragens de água foram realizadas nas 10 estações fixas de amostragem, distribuídas ao longo da área portuária (Figura 01), sendo nove (09) no Canal de Acesso do estuário (Canal do Rio Grande) e uma (01) no Porto Velho (Canal do Norte). As estações amostrais foram posicionadas nas coordenadas descritas na Tabela 01. Figura 1: Localizações das estações de coleta do Monitoramento Contínuo Tabela 01: Coordenadas das estações fixas de amostragem ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM LATITUDE LONGITUDE 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 – – – – – – – – – – Farol Diamante (norte estuário) Porto Velho Porto Novo Cocuruto Bóia 1 Pier petroquímico Bóia 13 Zona da praticagem Raiz dos molhes Ponta dos molhes 31º56’913” 32º01’730” 32º02’482” 32º02’600” 32º03’609” 32º04’491” 32º05’982” 32º08’173” 32º09’472” 52º04’207” 52º05’031” 52º04’447” 52º02’900” 52º04’277” 52º05’106” 52º06’026” 52º06’033” 52º05’459” 32º10’286” 52º05’150” 2.2 – Monitoramento Contínuo em Estações no Gradiente Salino No ano de 2007 foram efetuados quatro (04) cruzeiros sazonais para amostragens de água, os quais ocorreram sequencialmente às amostragens nos pontos fixos, visando o acompanhamento do gradiente salino da água no estuário e adjacências. Foram amostrados dez pontos com coletas de água de superfície, distribuídos ao longo do gradiente salino (Figura 02). As estações amostrais foram posicionadas nas coordenadas descritas na Tabela 02. • Primeiro Gradiente Salino (1º cruzeiro – Janeiro/2007): Todas as amostragens foram feitas dentro do estuário (exceção da amostra com salinidade 34,7 que foi na área costeira) e a rede amostral se estendeu até a região do Canal da Feitoria, no extremo norte do estuário (Figura 02A). • Segundo Gradiente Salino (2º cruzeiro – Abril/2007): Em uma situação exatamente oposta ao gradiente monitorado em Janeiro, as amostragens de água de baixa salinidade foram feitas dentro do estuário, mas aquelas de média e alta salinidade foram feitas na área costeira oceânica, adjacente ao deságüe da lagoa (Figura 02B). • Terceiro Gradiente Salino (3º cruzeiro – Julho/2007): Situação semelhante ao do segundo gradiente salino monitorado, quando apenas uma amostra de água doce (0,5 de salinidade) foi coletada dentro do estuário, e devido as chuvas neste mês, as águas mixohalinas e salinas foram coletadas junto a desembocadura e plataforma adjacente. Entretanto, esse gradiente destacou-se do segundo (Abril-2007) porque a amplitude da área da plataforma amostrada foi maior do que aquela amostrada no cruzeiro anterior (Figura 02C). • Quarto Gradiente 02A Salino (4º cruzeiro – Outubro/2007): Novamente foi registrada a situação do estuário dominado por água doce devido ao intenso regime de vazante, caracterizado pelos longos períodos de chuva ocorridos entre os meses de Julho e Outubro. Por isso, todas as amostras foram realizadas na desembocadura do estuário e plataforma adjacente (Figura 02D). Janeiro-2007 02B Abril-2007 02C Figura 02: Monitoramento dos Gradientes Salinos: sul do estuário e localização das estações de amostragem da água de superfície no gradiente salino monitorado em Janeiro (02A) e Abril (02B) de 2007. Estações de amostragem encontram-se representadas em círculos vermelhos. - 02D Figura 02 (Continuação): Monitoramento dos Gradientes Salinos: sul do estuário e localização das estações de amostragem da água de superfície no gradiente salino monitorado em Julho (02C) e Outubro (02D) de 2007. Estações de amostragem encontram-se representadas em círculos vermelhos. Tabela 02: Coordenadas das estações de amostragem nos cruzeiros dos Gradientes Salinos 1° Gradiente Salino (Verão – Janeiro/2007) ESTAÇÕES SALINIDADES LATITUDE LONGITUDE 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 5,2 10,8 13,7 17,0 23,3 25,6 28,9 32,0 32,5 33,4 34,7 34,7 31º41’332” 31º43’050” 31º43’235” 31º43’142” 31º43’130” 31º43’148” 31º43’169” 31º43’496” 31º48’350” 31º46’431” 32º10’499” 31º54’020” 51º55’155” 51º59’350” 52º59’674” 52º01’703” 52º02’543” 52º04’743” 52º06’345” 52º07’370” 52º10’572” 52º10’699” 52º03’411” 52º08’505” 2° Gradiente Salino (Outuno – Abril/2007) ESTAÇÕES SALINIDADES LATITUDE LONGITUDE 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 1,8 2,0 7,3 11,2 14,9 18,6 22,9 26,7 29,3 32,8 31º52’938” 31º56’072” 31º11’289” 32º11’226” 32º11’345” 32º11’276” 32º11’326” 32º11’226” 32º11’027” 32º10’714” 52º09’129” 52º04’330” 52º04’418” 52º04’305” 52º04’348” 52º04’183” 52º04’305” 52º03’553” 52º00’659” 51º56’718” 3° Gradiente Salino (Inverno – Julho/2007) ESTAÇÕES SALINIDADES LATITUDE LONGITUDE 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 0,5 3,5 7,1 8,3 13,1 15,5 16,5 18,7 22,2 24,5 31º57’026” 32º11’362” 32º11’402” 32º11’530” 32º11’225” 32º10’013” 32º10’100” 32º10’100” 32º11’726” 32º11’526” 52º04’866” 52º04’467” 52º04’036” 52º03’769” 52º02’525” 51º56’948” 51º54’012” 51º54’012” 51º44’014” 51º44’024” 4° Gradiente Salino (Primavera – Outubro/2007) ESTAÇÕES SALINIDADES LATITUDE LONGITUDE 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 0,0 3,4 5,8 8,8 11,4 16,9 18,0 19,0 32º10’994” 32º11’563” 32º11’523” 32º11’510” 32º11’608” 32º12’790” 32º10’757” 32º14’322” 52º04’723” 52º04’268” 52º04’568” 52º04’149” 52º03’509” 51º02’147” 52º02’453” 51º57’604” 2.3 – Monitoramento Contínuo em Organismos Bio-Indicadores Com o objetivo de avaliar a qualidade ambiental na área de monitoramento, foram selecionadas quatro (04) categorias de organismos bio-indicadores, cujas características específicas e distintos modos de vida permitissem representar os ambientes mais comuns na área abrangida pelo monitoramento. Dentro desta área foram definidas duas (02) estações amostrais, as quais representam áreas com características de ambiente não modificado e áreas com características de atividades portuárias, sendo denominadas respectivamente de locais Controle e Porto. As estações de coleta e suas coordenadas geográficas encontram-se na Tabela 03. As espécies selecionadas e metodologias de coleta encontram-se descritas abaixo. As coletas e análises de exemplares destes organismos bio-indicadores foram programadas para ocorrerem semestralmente. • Mexilhões (Perna perna): Encontram-se fixados em substratos duros (estruturas de concreto ou madeira) nas áreas das estações amostrais. Os organismos foram coletados manualmente, sendo necessários mais de 30 exemplares com tamanhos entre 3–4cm para permitir uma análise adequada (Furley 1993, Corradi 2002). As análises foram realizadas nos tecidos do manto (parte mole do corpo). • Cracas (Balanus improvisus): Também encontram-se fixados em substratos duros (estruturas de concreto ou madeira) nas áreas das estações amostrais. Os organismos foram coletados manualmente, sendo necessário centenas de organismos com tamanhos entre 1– 2mm para permitir uma análise adequada. As análises foram realizadas em extratos compostos pelos tecidos (partes moles) dos organismos coletados (quando possível), ou então composto pelas conchas dos mesmos. • Camarões (Farfantepenaeus paulensis): Estes organismos foram capturados com a utilização de uma rede de arrasto, sendo coletados manualmente 10 exemplares com tamanho aproximado de 7cm. As análises foram realizadas em extratos compostos pelos tecidos (partes moles) dos organismos coletados. Foram programadas três (03) séries de coletas, para representar os períodos de pré-safra, inter-safra e pós-safra. • Peixes: Foram analizadas as espécies de interesse comercial da região estuarina e típicas de verão que foram capturadas durante o período de amostragem. Os organismos foram capturados com a utilização de uma rede de arrasto e/ou linha de pesca. Para permitir uma análise adequada, foram coletados três (03) exemplares de cada espécie para compor cada amostra. As análises foram realizadas em extratos compostos pelos tecidos musculares dos organismos coletados. Tabela 03: Coordenadas das estações de coleta dos organismos bioindicadores ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM Mexilhões – local controle Mexilhões – porto Craca – local controle Craca – porto Peixes – porto Camarão – porto (Farol de Conceição) (raiz do Molhe Leste) (Farol Conceição) (píer - Porto Novo) (cais do Porto Novo) (cais do Porto Novo) LATITUDE LONGITUDE 31º43’834” 32º09’050” 31º43’834” 32º02’482” 32º02’482” 32º02’482” 51º28’932” 52º04’550” 51º28’932” 52º04’447” 52º04’447” 52º04’447” 3 – RESULTADOS As concentrações obtidas dos parâmetros físico-químicos, nutrientes e metais pesados, nos quatro (04) cruzeiros do Monitoramento Contínuo, estão apresentadas nas Tabelas de 04 a 09 e nas Figuras de 03 a 18. Os resultados referentes aos mesmos parâmetros obtidos na água de superfície ao longo dos gradientes salinos efetuados nos cruzeiros sazonais, encontram-se nas Tabelas de 10 a 15 e nas Figuras de 19 a 31. Os resultados referentes aos metais bioacumulados obtidos nas análises dos organismos bio-indicadores estão exibidos na Tabela 16. Para interpretação e avaliação dos resultados, as concentrações dos parâmetros físicoquímicos e nutrientes encontrados no Monitoramento Contínuo e no Gradiente Salino foram comparadas com os limites máximos de concentrações recomendados pela FEPAM, águas salobras Classe C (1995) e CONAMA, águas salobras Classe 2 (2005), nas quais as águas da área portuária encontram-se enquadradas. As concentrações de metais pesados foram comparadas com as mesmas legislações e suas classes citadas para os parâmetros físicoquímicos e nutrientes. 3.1 - Monitoramento Contínuo 3.1.1 - Parâmetros Físico-Químicos e Nutrientes 3.1.1.1 – Monitoramento do 1º Cruzeiro (Janeiro - 2007) Apesar do regime de vazante em superfície, toda a área estuarina amostrada se apresentou dominada por água marinha (salinidade >30), sem estratificação, indicando alta hidrodinâmica, a qual teve como conseqüência as elevações nas concentrações de MS, principalmente na área próxima à desembocadura do estuário, onde a turbidez também se elevou. Por outro lado, a diluição causada pela água marinha no estuário manteve baixa a maioria das concentrações dos nutrientes. Entretanto, comparando os resultados com os valores recomendados pela bibliografia referente a estuários naturais, alguns parâmetros se destacaram por não estarem conforme o recomendado: • Leves elevações do pH da água, principalmente em superfície, o que é típico de águas marinhas que estavam presentes no ambiente; • Decréscimos no oxigênio. Isso é esperado porque, no verão, a elevação da temperatura desfavorece a manutenção do oxigênio dissolvido na água. Essa justificativa foi corroborada pelo fato de que, nos valores da saturação desse gás, como a temperatura da amostra é compensada nos cálculos, esse decréscimo não se evidencia. • Importantes acréscimos nas concentrações de amônio em superfície das estações 5, 6 e 7 e em menor escala nas estações 1, 2, 3 e 10 no meio e no fundo da coluna d’água. No caso das estações 5, 6 e 7, elas se situam nas proximidades do Saco da Mangueira. É possível que essa contaminação por amônio venha a partir da água que estava vazando dessa enseada na direção do deságüe do estuário no oceano. Esta enseada recebe muitos efluentes clandestinos ricos em compostos amoniacais, de origem doméstica e industrial Por outro lado, os acréscimos de amônio nas estações 1, 2 e 3 estão relacionados com a liberação da água intersticial da coluna sedimentar perturbada pela movimentação da coluna d’água. Essa água intersticial está enriquecida com amônio devido ao depósito localizado de matéria orgânica em decomposição, o que libera e acumula amônio até essa água ser liberada para a coluna d’água. Portanto, a coluna sedimentar, quando acumula matéria orgânica é uma importante fonte adicional de amônio para a coluna d’água. Há atividades portuárias de cargas e descargas de grãos e farelos vegetais, os quais em casos de perdas para o ambiente, se acumulam na coluna sedimentar onde se decompõem, o que pode contribuir para os acréscimos de amônio. As concentrações de silicato foram muito baixas, o que é normal para ambientes dominados por águas salinas, que são pobres nesse nutriente. Todos os valores se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário, embora o nitrogênio amoniacal e o fosfato tenham se apresentado com concentrações maiores que as citadas como normais para estuários não contaminados por matéria orgânica (Tabela 04). 3.1.1.2 – Monitoramento do 2º Cruzeiro (Abril - 2007) Neste cruzeiro, através de um padrão diferenciado do monitoramento de janeiro, agora o estuário apresentou uma forte estratificação salina, inclusive na estação 1, bem ao norte do estuário. A hidrodinâmica estava fraca, o que fez com que os valores de MS, de turbidez, de fosfato e fósforo total, nitrito, nitrato e silicato e clorofila-a se apresentassem baixos. Para as concentrações de amônio, nessa amostragem não se manifestaram os picos observados anteriormente nas estações próximas ao Saco da Mangueira, devido ao enfraquecimento da contribuição do deságüe dessa enseada. Entretanto, as concentrações de amônio da coluna d’água se mantiveram predominantemente maiores que a citada como referência para estuários não contaminados, da mesma forma como evidenciado no monitoramento de Janeiro. Isso enfatiza que há fontes importantes de matéria orgânica para a área estuarina, possivelmente efluentes domésticos e industriais não tratados, cuja degradação libera nitrogênio amoniacal para a coluna d’água e gera eutrofização. Mais uma vez se destacam as águas junto ao Porto Velho e ao Porto Novo (estações 2 e 3) com elevações nas concentrações junto ao fundo, indicando que as atividades portuárias do Terminal Pesqueiro e de carga e descarga de grãos vegetais liberam detritos de matéria orgânica para as águas, que se depositam junto ao fundo e, quando se degradam favorecem a eutrofização da coluna d’água. À exemplo do monitoramento de Janeiro, apesar dos acréscimos de amônio, todos os valores se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário, embora essas águas tenham se apresentado sub-saturadas, conseqüência da menor aeração provocada pelo diminuição da hidrodinâmica e pela estratificação salina (Tabela 05). 3.1.1.3 – Monitoramento do 3º Cruzeiro (Julho - 2007) O estuário se apresentou dominado por águas mixohalinas em toda a coluna d’água, diferenciando das situações anteriormente monitoradas. Inclusive, mais ao norte do estuário o regime era de vazante da lagoa. No centro da lagoa o regime era de enchente e nas proximidades do Superporto, o regime era de estofa, com ventos predominantes do quadrante sul. Ou seja, uma intensa heterogeneidade da hidrodinâmica. Essa situação ambiental resultou aumentos em geral nas concentrações da DBO 5, principalmente em superfície, mas não de forma muito significativa, sendo que apenas em três ocasiões houve desconformidade com a legislação ambiental. A fonte seria matéria orgânica (possivelmente biológica) oriunda do norte da lagoa, vindos com a água que estava vazando e ficando acumulada no estuário por encontrar aqui um regime de enchente seguido de estofa. Corroborando com a hipótese dessa fonte, destacase a estação 1, onde a DBO apresentou o maior resultado. Em termos da concentrações dos parâmetros analisados, os resultados variaram em torno da normalidade, sem contaminações importantes a serem destacadas (Tabela 06). 3.1.1.4 – Monitoramento do 4º Cruzeiro (Outubro - 2007) Neste cruzeiro ocorreu uma situação ambiental bastante diversificada das anteriores, monitoradas em 2007. O estuário estava todo dominado por águas continentais (sal em torno de zero), conseqüência de que o regime foi de intensa vazante da Lagoa, o que foi favorecido pelo vento do quadrante leste. Como conseqüência houveram alterações significativas na qualidade da água. Destaque total para a elevadíssima turbidez e concentração de MS, principalmente junto ao fundo (Tabela 07). Isso mostrou que a correnteza ressuspendeu os sedimentos de fundo, além de carrear para o estuário partículas oriundos do norte da lagoa. Apesar disso, não se evidenciaram alterações significativas nos níveis de oxigênio, sal saturação e nem na DBO. Essa situação mostra que a matéria carreada para o estuário, devido a forte vazante estava migrando para a zona costeira, numa situação antagônica à constatada na amostragem anterior (Julho-2007) com relação aos resultados da DBO. Entretanto, a abundância dos sedimentos em suspensão e da ressuspensão dos mesmos resultou em acréscimos muito importantes nas concentrações de fósforo total no meio e no fundo da coluna d’água e fosfato na superfície. Além disso, ocorreram picos importantes nas concentrações de nitrito em algumas estações e acréscimos de amônio nas estações do fundo. As elevadíssimas concentrações de nitrato generalizadas na região resultaram em elevações na razão N/P (indicando excesso de nitrogênio na época) e evidenciaram que estava ocorrendo a nitrificação (oxidação) do amônio aportado para o estuário, seja da água intersticial liberada durante a ressuspensão, seja a partir dos efluentes lançados na região. Isso foi favorecido pela boa oxigenação da água, e é um processo favorável para o ambiente, pois o nitrato é menos tóxico e menos eutrofizante que o amônio. Outro destaque surpreendente foram as excessivas concentrações de silicatos em todo o estuário, acompanhando as elevações do nitrato. Esse composto não é tóxico e nem eutrofizante, não é poluente. Indica a influência do aporte continental de íons para o estuário. Portanto, com a hidrodinâmica ocorrente, estava havendo muita dissolução dos sedimentos silicosos abundantes na região e uma intensa exportação de nitrato e silicato para a área costeira ocênica, contribuindo para a fertilização da mesma, já que o fósforo também estava sendo exportado, embora em menor intensidade. As elevações nas concentrações de fosfato nas estações junto a desembocadura do estuário corroboram com o última idéia apresentada. A situação ambiental desse monitoramento mostrou que em regime de intensa vazante com a coluna d’água homogênea, há exportação dos compostos químicos aportados para o estuário, que então se diluem ao atingir o oceano. Tabela 04: Monitoramento Contínuo – 1° Cruzeiro (Janeiro-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul). Parâmetro Unidade Profundidade Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Hora Latitude Longitude Superfície Temp. água Temp. ar ºC ºC Direção Vento Regime Hid. Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Profund. m Meio Fundo Superfície Condutividade mS/cm Meio Fundo Superfície Sal. Meio Fundo Superfície pH Meio Fundo Superfície Oxig. mg/L Meio Fundo Superfície Sat. Oxig. % Meio Fundo Superfície DBO mg/L Meio Fundo Superfície MS mg/L Meio Fundo Superfície Turbidez NTU Transpar. cm Clorofila a µg/L Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Nit. Amoniacal µM Meio Fundo Superfície Fosfato µM Meio Fundo Superfície Fósforo Total mg/L Meio Fundo Superfície N/P Meio Fundo Superfície Nitrito µM Meio Fundo Superfície Nitrato µM Meio Fundo Superfície Silicato µM Meio Fundo est.1 est. 2 est. 3 est. 4 est. 5 est. 6 est. 7 est. 8 est. 9 14:22 15:39 15:16 0:00 0:00 11:36 11:09 10:41 10:33 est. 10 Referências 10:04 - 31 56,913 32 01,730 32 02,482 32 02,600 32 03,609 32 04,491 32 05,982 32 08,173 32 09,472 32 10 286 - 52 04,207 52 05,031 52 04,447 52 02,900 52 04,277 52 05,106 52 06,026 52 06,033 52 05,459 52 05,150 - 25,0 25,0 25,0 26,0 26,0 26,0 26,0 26,0 26,0 25,0 25,0 25,0 26,0 26,0 26,0 26,0 26,0 26,0 26,0 26,0 26,0 25,0 25,0 25,0 25,0 24,0 24,0 24,0 24,0 24,0 - 27,0 27,0 27,0 27,0 26,0 25,0 25,0 24,0 21,0 21,0 - leste leste leste leste leste leste vaz 0 5 9 52,1 52,1 52,6 34,5 34,4 34,5 8,2 8,1 8,3 6,0 6,1 6,6 87,7 90,1 97,1 0,00 0,16 0,18 42,2 55,2 54,0 7,1 5,3 6,9 vaz 0 4 6 52,3 52,5 49,6 34,5 34,5 34,8 8,0 8,1 8,1 6,1 5,8 6,4 90,7 86,8 95,9 0,11 0,20 0,25 52,6 50,0 49,6 6,1 6,5 10,5 vaz 0 5 10 51,8 50,5 51,1 32,4 33,9 33,2 8,2 8,1 8,1 7,1 7,7 7,2 104,7 114,1 106,6 4,49 4,66 5,14 59,0 49,4 55,0 5,9 5,4 5,5 vaz 0 4 10 51,8 51,8 52,1 33,4 34,0 34,3 8,1 8,1 8,1 6,5 6,3 6,6 95,7 93,4 96,7 2,92 3,96 3,88 54,4 56,4 51,0 6,1 6,4 7,6 vaz 0 5 10 47 52,3 52,5 30,6 34,4 34,5 8,1 8,1 8,1 6,6 6,7 6,1 96,5 97,2 87,9 4,62 4,05 3,62 48,8 69,8 52,2 5,6 8,6 10,2 vaz 0 8,5 11 52,4 52,7 52,6 34,4 34,7 34,7 8,1 8,1 8,1 6,5 52,0 70,8 61,4 8,2 14,1 11,8 51,2 56,0 90,8 9,8 15,0 15,1 88,4 104,8 127,4 13,2 26,5 32,0 101,0 156,8 150,2 24,8 66,0 67,0 84,8 119,8 66,2 24,1 29,8 28,4 122 90 90 110 100 70 70 50 70 50 - 0,68 0,42 1,88 3,20 8,28 11,94 0,61 0,57 0,64 0,037 0,024 0,018 7,2 23,6 31,6 0,36 0,31 0,32 0,85 4,92 8,03 9,3 10,9 9,3 0,94 0,00 0,00 3,30 6,80 9,26 1,22 0,86 0,79 0,021 0,021 0,023 4,6 17,1 18,3 0,36 0,35 0,29 1,99 7,65 4,84 11,8 11,0 11,4 0,00 0,00 0,00 3,41 6,42 7,79 1,13 0,88 1,06 0,027 0,023 0,027 5,1 15,4 9,5 0,29 0,40 0,31 2,11 6,74 2,00 15,3 11,4 14,6 0,00 0,68 0,00 6,42 4,40 0,00 0,92 0,90 0,88 0,024 0,009 0,027 9,9 11,8 2,2 0,35 0,31 0,34 2,40 5,97 1,59 15,3 13,8 11,1 1,88 1,71 0,00 19,04 0,00 7,84 1,46 0,91 0,92 0,016 0,008 0,023 15,0 11,0 10,7 0,31 0,33 0,37 2,59 9,74 1,67 21,9 9,9 9,4 1,20 0,00 0,26 17,13 0,00 7,02 0,83 0,82 0,79 0,009 0,032 0,027 25,5 5,2 11,4 0,42 0,37 0,33 3,52 3,89 1,64 11,7 9,4 11,2 nd nd 0,00 22,54 4,56 0,00 0,83 0,73 0,83 0,012 0,010 0,021 30,2 25,4 2,7 0,37 0,35 0,34 2,30 13,58 1,86 9,4 9,7 10,4 nd 0,00 0,00 5,16 5,11 4,56 0,83 0,98 0,96 0,015 0,030 0,032 16,4 18,0 7,8 0,32 0,34 0,37 8,05 12,24 2,52 11,0 10,1 9,8 nd 0,00 0,00 5,27 4,62 9,75 0,94 0,90 0,93 0,033 0,070 0,054 22,6 14,2 14,2 0,36 0,40 0,34 15,60 7,84 3,16 10,6 10,4 9,7 0,17 0,13 0,08 0,00 6,36 21,34 0,95 0,83 1,00 0,042 0,038 0,042 17,6 20,8 26,5 0,54 0,39 0,36 16,16 10,65 4,79 10,1 9,3 10,1 <30 ** água doce Classe 2 < 5 **** <50 ** (ou 0,7mg/L) * FEPAM, Classe C água salobra (1995) *** Aminot & Chaussepied (1983) sudeste sudeste sudeste sudeste vaz 0 8,5 17 52,4 52,4 52,2 34,5 34,6 34,6 8,1 8,1 8,1 vaz 0 8,5 17 52,3 52,9 52,7 34,7 34,7 34,5 8,1 8,1 8,1 vaz 0 7 14 53 52,3 52,7 34,8 34,7 34,8 8,1 8,1 8,1 vaz 0 6,5 15 52,9 52,7 52,8 34,8 34,2 34,9. 8,0 8,1 8,1 - - - - 6,5 a 8,5 * > 5 *, >4** 93,5 100 ** 4,23 < 5* ** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005) **** = Day et al. (1986) - - < 1 *** <0,186 ** 10 a 16**** < 1 *** <14** (ou 0,2mg/L) <10 a 15*** <50 ** (ou 0,7mg/L) < 150 *** Tabela 05: Monitoramento Contínuo – 2° Cruzeiro (Abril-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul). abr/07 Parâmetros Unidade Profundidades Estações de amostragem est.1 est. 2 est. 3 Superfície Hora 14:59 Meio Fundo 16:06 15:49 est. 4 est. 5 est. 6 est. 7 est. 8 est. 9 est. 10 Referências 14:06 14:00 13:47 11:52 11:25 11:00 10:22 - Latitude 31 56,913 32 01,730 32 02,482 32 02,600 32 03,609 32 04,491 32 05,982 32 08,173 32 09,472 32 10 286 - Longitude 52 04,207 52 05,031 52 04,447 52 02,900 52 04,277 52 05,106 52 06,026 52 06,033 52 05,459 52 05,150 - 23,1 22,8 22,9 24,2 23,5 23,2 24,0 23,1 23,1 23,4 23,0 23,0 23,4 23,0 23,1 23,0 23,0 23,1 23,1 23,2 23,1 22,7 23,2 22,8 22,8 23,1 23,1 22,9 23,2 23,7 26,0 SE 26,0 SE 26,0 SE 25,0 SE 25,0 SE 25,0 SE 25,0 SUL 25,0 SUL 25,0 SUL 25,0 SUL ENC VAZ VAZ ENC ENC ENC VAZ VAZ ENC ENC Superfície Temp. água ºC Meio Fundo Temp. ar ºC Direção Vento Superfície Regime Hid. - Meio Fundo 0 5 13 52,1 52,1 52,6 4,8 22,6 29,9 7,7 8,3 8,1 8,1 7,9 8,0 94,0 87,0 91,0 1,80 1,10 0,20 15,8 19,4 36,8 4,5 2,9 8,5 0 4 6 52,3 52,5 49,6 7,7 12,4 18,2 7,9 8,1 8,2 7,8 7,5 7,8 93,0 87,0 88,0 0,32 0,16 0,20 19,6 14,6 14,6 6,0 5,4 4,7 0 5 9 51,8 50,5 51,1 6,8 25,7 30,8 8,0 8,3 8,3 8,2 8,0 7,2 93,0 92,0 85,0 0,22 0,22 0,22 15,4 26,2 23,4 5,3 5,9 4,8 0 4 9 51,8 51,8 52,1 6,6 24,7 30,7 7,7 8,4 8,2 8,6 7,7 7,9 98,0 90,0 86,0 0,22 0,22 0,27 20,0 18,0 39,2 3,7 3,2 11,1 0 5 10 47 52,3 52,5 5,5 15,2 29,2 7,5 8,2 8,1 7,1 7,1 6,9 86,0 84,0 82,0 0,13 0,14 0,16 12,2 19,6 28,8 4,2 3,1 6,7 0 8,5 11 52,4 52,7 52,6 6,2 28,6 31,8 7,7 8,3 8,2 7,8 7,3 6,9 85,0 80,0 83,0 0,00 0,00 0,15 11,4 19,0 20,0 4,1 3,8 6,5 0 8,5 17 52,4 52,4 52,2 6,6 31,2 32,1 6,4 8,2 8,1 8,0 7,0 6,6 91,0 83,0 78,0 0,24 0,00 0,00 33,0 9,2 26,0 3,8 6,7 3,9 0 8,5 17 52,3 52,9 52,7 7,0 31,0 31,8 6,7 8,1 8,1 7,9 7,1 7,9 92,0 88,0 85,0 0,00 0,00 0,00 20,0 24,8 35,8 3,2 8,4 5,8 0 7 10 53 52,3 52,7 6,1 30,9 31,9 7,0 8,2 7,9 7,7 7,6 7,6 88,0 89,0 89,0 0,00 0,00 0,00 16,4 27,4 47,0 4,6 8,9 11,7 0 6,5 13 52,9 52,7 52,8 18,4 32,1 31,7 8,4 8,2 8,3 4,7 6,9 8,2 55,0 81,0 97,0 0,05 0,03 0,00 20,6 41,2 56,6 4,6 13,0 17,3 > 5 mg/L* ; >4mg/L** 130 110 140 100 100 130 130 130 130 120 - 1,34 0,00 0,00 5,56 3,15 5,38 0,46 0,53 0,66 0,045 0,028 0,021 17,9 9,4 11,2 0,22 0,22 0,26 2,54 1,61 1,69 79,3 39,9 24,4 0,22 0,00 0,00 8,50 6,27 10,99 0,63 1,19 0,85 0,024 0,024 0,027 21,8 9,6 17,5 0,29 0,32 0,28 4,89 4,83 3,51 97,9 95,7 87,7 0,00 0,00 0,00 6,54 5,56 7,87 0,51 0,71 0,63 0,032 0,027 0,032 21,7 12,1 15,9 0,26 0,29 0,31 4,31 2,76 1,81 74,4 35,7 20,1 0,00 0,00 0,00 5,20 6,09 0,00 0,46 0,70 0,61 0,029 0,009 0,032 18,9 11,5 2,0 0,24 0,19 0,23 3,35 1,81 0,99 66,1 35,1 17,8 2,23 1,78 1,78 6,89 0,00 5,82 0,53 0,69 0,66 0,018 0,008 0,027 21,6 4,3 11,5 0,32 0,26 0,27 4,25 2,75 1,52 68,0 48,1 23,0 1,56 1,11 1,56 5,29 0,00 6,54 0,41 0,49 0,51 0,009 0,038 0,032 25,8 4,4 17,0 0,24 0,26 0,20 4,97 1,92 1,98 68,1 23,6 18,0 nd nd 0,00 5,29 6,00 0,00 0,39 0,54 0,61 0,013 0,011 0,024 26,4 14,7 2,8 0,24 0,20 0,24 4,72 1,76 1,48 72,4 19,2 13,7 nd 5,56 0,67 5,38 4,58 5,91 0,42 0,49 0,50 0,017 0,035 0,039 23,0 16,6 15,2 0,22 0,22 0,22 4,00 3,40 1,49 73,1 20,0 17,8 nd 3,93 6,68 7,34 5,64 6,00 0,46 0,48 0,51 0,039 0,086 0,066 25,4 16,5 15,8 0,30 0,23 0,22 4,16 2,10 1,88 75,4 14,7 13,9 1,34 2,00 0,67 0,00 15,62 0,04 0,46 0,59 0,46 0,051 0,046 0,051 11,9 33,9 5,0 0,15 0,24 0,15 5,39 4,12 2,15 48,9 11,3 10,0 <30ug/L ** água doce Classe 2 < 5 uM**** <50uM ** (ou 0,7mg/L) Superfície Profund. m Meio Fundo Superfície Condutividade mS/cm Meio Fundo Superfície Sal. Meio Fundo Superfície pH Meio Fundo Superfície Oxigênio mg/L Meio Fundo Superfície Sat. Oxig. % Meio Fundo Superfície DBO5 mg/L Meio Fundo Superfície Mat. Susp. mg/L Meio Fundo Superfície Turbidez NTU Transpar. cm Clorofila a µg/L Nit. amoniacal µM Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Fosfato µM Meio Fundo Superfície Fósforo Total mg/L Meio Fundo Superfície N/P Meio Fundo Superfície Nitrito µM Meio Fundo Superfície Nitrato µM Meio Fundo Superfície Silicato µM Meio Fundo Tabela 06: - - - 6,5 a 8,5 * 100% ** < 5mg/L* - - < 1uM *** <0,186mg/L ** 10 a 16**** < 1uM *** <14uM** (ou 0,2mg/L) <10uM a 15uM*** <50 ** (ou 0,7mg/L) < 150 *** Monitoramento Contínuo – 3° Cruzeiro (Julho-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul). * FEPAM, Classe C água salobra (1995) *** Aminot & Chaussepied (1983) ** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005) **** = Day et al. (1986) 1/7/07 Estações de amostragem est. 2 est. 3 est. 4 Profundidades est. 1 est. 5 est. 6 est. 7 est. 8 est. 9 est. 10 Referências Superfície Meio Fundo 15:09 16:12 15:45 14:14 13:48 11:45 11:29 11:02 10:39 10:15 - Latitude 31 56,913 32 01,730 32 02,482 32 02,600 32 03,609 32 04,491 32 05,982 32 08,173 32 09,472 32 10 286 - Longitude 52 04,207 52 05,031 52 04,447 52 02,900 52 04,277 52 05,106 52 06,026 52 06,033 52 05,459 52 05,150 - 11,2 12,2 12,1 11,9 11,6 12,2 11,3 11,7 11,9 11,3 11,3 11,9 11,5 11,4 11,5 11,5 11,5 11,5 11,4 11,3 11,4 10,6 11,0 11,1 10,8 10,8 10,8 10,9 10,6 10,8 - Parâmetros Unidade Hora Temp. água ºC Temp. ar ºC Superfície Meio Fundo 10 11 11 9 9 8 9 9 9 7 SW VAZ VAZ VAZ 0 5 10 13,5 24,5 28,4 7,6 14,6 17,1 7,2 8,2 7,9 9,1 8,3 8,7 88,8 84,1 89,2 6,23 1,59 2,49 38,0 29,2 51,6 7,1 4,7 7,5 100 SW ENC ENC ENC 0 4 8 19,8 32,5 33,1 11,5 19,8 20,2 8,1 8,1 7,4 8,9 8,4 8,5 89,0 88,3 89,4 3,63 2,27 2,38 55,6 57,2 78,0 5,1 12,2 13,1 100 SW VAZ VAZ VAZ 0 5 10 21,9 29,9 33,6 12,9 18,1 20,6 7,5 8,2 7,9 9,0 8,8 9,5 88,0 91,4 99,9 4,53 2,27 3,29 28,4 36,4 93,6 4,8 5,4 18,4 200 SW ENC ENC ENC 0 4 8 21,7 21,7 33,2 12,8 12,8 20,3 7,9 8,0 8,1 9,5 8,8 8,9 92,9 86,1 93,6 3,51 2,72 2,83 32,4 42,8 47,2 4,6 3,4 6,8 100 SW ENC ENC ENC 0 5 10 26,3 26,4 33,7 15,7 16,1 20,6 7,0 8,1 8,0 9,0 8,6 9,0 90,3 86,3 92,6 3,06 4,19 3,06 51,2 31,6 48,8 5,1 4,2 6,7 100 SW estofa estofa estofa 0 8,5 17 30,9 33,5 34,2 18,8 20,5 21,0 6,5 8,3 8,2 8,9 9,3 9,0 90,5 95,6 92,6 3,40 5,10 4,08 56,4 40,4 57,2 4,7 6,9 10,4 100 W estofa estofa estofa 0 8,5 17 31,7 33,0 34,2 19,3 20,2 21,0 7,0 8,3 8,1 9,0 9,2 8,3 92,6 94,6 85,4 4,19 4,99 3,74 47,2 46,0 74,4 5,8 8,1 12,9 80 W estofa estofa estofa 0 8,5 17 31,7 33,6 33,7 19,3 20,5 20,6 7,8 8,4 8,0 8,6 8,5 9,5 88,4 87,4 97,7 4,19 4,08 2,49 60,4 58,4 74,0 7,8 15,1 21,9 60 W estofa estofa estofa 0 7 14 33,1 33,5 33,9 20,2 20,4 20,7 7,8 8,3 8,2 8,9 9,0 8,9 91,5 92,6 91,5 6,00 4,87 4,65 75,2 68,0 144,4 16,6 18,3 47,8 50 W estofa estofa estofa 0 6,5 12 33,7 33,7 33,9 20,5 20,6 20,6 7,7 8,2 8,0 9,2 9,1 9,0 94,6 93,6 92,6 5,33 4,76 0,00 66,4 80,0 62,6 15,8 21,5 35,5 50 Superfície Meio Fundo 1,78 0,00 0,00 0,51 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,40 0,00 0,89 0,64 1,02 0,00 0,25 1,27 nd nd 0,00 nd 0,00 0,25 nd 2,24 0,00 0,13 -0,13 0,38 Superfície 6,71 9,17 6,24 7,47 6,65 4,49 5,42 6,36 4,66 0,00 Meio 5,60 4,90 10,11 7,71 0,00 0,00 4,19 4,31 4,43 10,58 Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo 5,42 1,19 1,82 1,72 0,032 0,039 0,039 9,9 6,3 6,7 0,26 0,27 0,28 3,37 2,21 1,67 1,55 0,054 0,041 0,044 8,0 8,0 6,9 0,30 0,25 0,31 5,13 2,33 3,00 1,77 0,074 0,056 0,048 6,1 6,2 7,0 0,26 0,38 0,25 0,00 2,57 2,53 1,75 0,055 0,048 0,038 6,1 6,2 3,9 0,27 0,32 0,10 5,37 2,03 2,73 1,51 0,051 0,063 0,029 7,1 2,8 8,4 0,26 0,27 0,28 4,02 1,68 1,43 1,58 0,029 0,031 0,029 7,1 4,7 6,9 0,11 0,09 0,27 0,00 1,83 1,27 1,48 0,041 0,032 0,015 7,0 8,3 4,5 0,26 0,24 0,24 4,31 1,39 1,14 1,39 0,034 0,021 0,038 9,0 7,7 6,8 0,28 0,21 0,20 3,61 1,47 1,37 1,15 0,031 0,047 0,041 7,5 7,4 8,1 0,22 0,21 0,22 5,60 1,28 1,34 1,39 0,038 0,041 0,040 4,8 12,6 8,3 0,24 0,10 0,21 Superfície 4,78 8,10 7,84 7,80 7,59 7,30 7,04 5,91 6,22 5,84 Meio 5,63 8,15 8,02 7,52 7,26 6,59 6,15 4,24 5,47 6,20 Fundo Superfície Meio Fundo 5,79 131,8 124,5 118,1 6,94 127,1 121,4 107,0 6,93 106,4 113,1 100,6 6,68 126,6 130,4 102,0 6,97 133,7 94,7 100,3 6,64 106,6 110,6 102,6 6,39 126,0 119,5 138,0 4,93 114,1 106,2 120,8 5,54 109,1 103,7 115,6 5,81 113,3 103,1 110,8 Direção Vento Regime Hid. Profund. Condutividade Salinidade pH Oxigênio Sat. Oxig. DBO5 Mat. Susp. Turbidez Transpar. Superfície Meio Fundo Superfície m Meio Fundo Superfície mS/cm Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Superfície mg/L Meio Fundo Superfície % Meio Fundo Superfície mg/L Meio Fundo Superfície mg/L Meio Fundo Superfície NTU Meio Fundo Superfície cm Clorofila a µg/L Nit. Amoniacal µM Fosfato µM Fósforo Total mg/L razão N/P Nitrito µM Nitrato µM Silicato µM * FEPAM, Classe C água salobra (1995) *** Aminot & Chaussepied (1983) ** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005) **** = Day et al. (1986) 6,5 a 8,5 * > 5 mg/L*, >4mg/L** 100% ** < 5mg/L* <30ug/L ** água doce Classe 2 < 5 uM**** <50uM ** (ou 0,7mg/L) < 1uM *** <0,186mg/L ** 10 a 16**** < 1uM *** <14uM** (ou 0,2mg/L) <10 a 15uM*** <50uM ** (ou 0,7mg/L) < 150uM *** Tabela 07: Monitoramento Contínuo – 4° Cruzeiro (Outubro-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul). Parâmetros Hora Outubro de 2007 Profundidades Unidade Superfície Meio Fundo Latitude Est. 1 Est. 2 Estações de amostragem Est. 3 Est. 4 Est. 5 Est. 6 Est. 7 Est. 8 Est. 9 Est. 10 15:21 16:22 15:03 13:52 13:35 11:39 11:20 10:45 ºC 22 Superfície Meio Fundo Superfície Profund. m Meio Fundo Superfície Condutividade mS/cm Meio Fundo Superfície Sal. Meio Fundo Superfície pH Meio Fundo Superfície Oxigênio mg/L Meio Fundo Superfície Sat. Oxig. % Meio Fundo Superfície DBO5 mg/L Meio Fundo Superfície Mat. Susp. mg/L Meio Fundo Superfície Turbidez NTU Meio Fundo 2 3 4 5 6 Superfície 7 Transpar. cm Meio Estações de amostragem Fundo SuperfícieSuperfície Meio Clorofila a µg/L Fundo Superfície Meio Nit. Amoniacal µM Fundo Superfície Meio Fosfato µM Fundo Superfície Fósforo Total mg/L Meio Fundo Superfície N/P Meio Fundo Superfície Meio Nitrito µM Fundo Superfície Nitrato µM Meio Fundo Superfície Silicato µM Meio Fundo ºC Temperatura 8 SALINIDADE 20 22 21 21 21 Turbidez 3 4 5 6 7 8 desalobra amostragem * FEPAM,Estações Classe C água (1995) *** Aminot & Chaussepied (1983) Superfície 21 19 19 leste leste leste VAZ VAZ VAZ VAZ VAZ VAZ VAZ VAZ VAZ VAZ 0 7 14 0,42 0,41 0,41 0,0 0,0 0,0 7,6 7,8 7,6 8,3 8,6 8,6 96,6 88,2 90,6 3,5 3,2 2,7 165,3 259,0 149,3 117,0 114,0 114,0 0 3 6 0,48 0,48 0,47 0,0 0,0 0,0 7,6 7,7 7,9 8,1 7,6 7,8 89,0 82,7 84,3 2,9 1,5 1,8 191,3 185,3 543,3 85,7 85,6 88,6 0 5 11 0,50 30 0,50 0,52 27 0,0 0,0 24 0,0 7,4 21 7,9 7,5 8,0 18 8,1 7,7 15 88,6 84,8 12 87,3 2,4 1,9 9 1,7 174,06 238,0 134,73 86,3 86,60 90,3 0 6 12 0,46 0,45 0,43 0,0 0,0 0,0 7,5 7,8 7,7 7,9 7,9 7,7 85,3 79,8 84,9 3,7 2,0 1,5 92,0 208,0 163,3 95,0 98,2 112,0 0 4 9 0,70 0,79 0,82 0,1 0,1 0,2 7,8 7,9 7,2 7,7 7,2 8,3 84,0 82,9 79,0 2,6 1,3 2,4 123,3 162,7 182,0 80,1 73,0 71,7 0 6 12 0,48 0,47 0,47 0,0 0,0 0,0 7,7 7,8 7,9 8,1 7,5 7,5 80,5 79,2 81,8 2,7 1,5 1,2 232,7 256,7 161,3 98,9 100,0 105,0 0 7 15 0,52 0,52 0,52 0,0 0,0 0,0 7,6 7,0 7,8 7,7 7,7 7,6 83,5 76,1 81,0 2,4 1,4 1,5 217,3 176,7 264,0 102,0 105,0 107,0 0 8 16 0,65 0,65 0,65 0,1 0,1 0,1 7,7 7,9 7,8 7,4 9,5 7,0 80,2 81,0 79,0 2,0 3,8 1,1 169,3 206,0 148,0 85,2 94,0 95,8 0 4 8 0,51 0,49 0,49 0,0 0,0 0,0 7,9 7,9 7,7 7,6 8,0 7,6 81,3 87,0 82,0 3,4 2,0 2,6 197,3 275,3 236,7 108,0 109,0 113,0 0 7 15 0,66 0,63 13,13 0,1 0,0 7,6 8,3 8,2 8,2 7,2 8,0 7,4 77,3 85,7 78,6 2,5 2,0 0,0 374,0 244,0 269,3 102,0 102,0 87,6 nd 27,5 0,0 7,99 4,60 11,50 5,67 4,37 1,90 0,06 0,09 0,07 7,7 9,6 26,5 1,59 0,73 0,54 34,3 36,7 38,3 323 388 401 4,2 5,1 1,3 9,53 17,18 6,24 1,60 3,75 3,08 0,07 0,08 0,07 33,4 15,2 12,6 0,31 0,39 0,55 43,7 39,4 32,0 366 319 184 9 10 5,3 0,7 0,0 6,98 8,31 19,36 1,66 1,72 1,51 0,06 0,07 0,07 37,8 28,0 38,7 0,29 0,38 0,37 55,4 39,4 38,6 337 373 338 9 10 10 10 2,4 0,0 0,7 5,44 7,67 4,60 1,73 1,45 1,72 0,10 0,08 0,08 25,5 29,8 22,0 0,42 0,30 0,33 38,3 35,3 33,0 387 309 333 60 40 22 1 Controle 10 2 10 5,8 5,6 1,6 1,1 0,0 0,0 6,88 4,38 33 6,08 11,66 5,92 30 11,76 3,37 1,48 1,74 27 1,44 2,44 1,53 0,14 24 0,10 0,10 21 0,09 0,09 0,07 11,7 18 29,1 27,4 28,6 15 30,2 16,1 1,12 12 0,20 0,36 0,24 0,809 0,28 31,4 38,4 6 35,7 35,0 32,7 3120 34,1 335 278 3020 315 380 303 100 10 1,8 0,2 21,1 6,88 8,37 6,45 1,45 1,49 3,29 0,09 0,12 0,05 30,9 27,1 11,5 0,34 0,27 0,85 37,7 31,6 30,5 341 305 270 1 3 2 3 Temperatura 4 5 6 7 8 Estações 10 10 de amostragem 10 10 Meio 0,0 24,9 5,6 10,06 5,98 7,94 1,70 1,51 1,73 0,05 0,06 0,05 28,3 32,6 26,8 0,37 0,22 0,29 37,6 42,9 38,1 317 385 295 nd nd nd 4,2 SALINIDADE 9,1 2,7 8,31 10,75 4,97 5,76 7,57 8,31 1,78 1,44 1,92 3,72 4,63 2,96 0,08 0,06 0,06 0,04 0,03 0,07 29,3 33,0 20,7 10,7 9,4 13,8 0,47 0,25 0,39 1,00 1,15 0,98 43,4 36,7 34,3 33,2 34,9 31,6 358 315 359 317 377 359 Turbidez 4 5 6 7 8 Controle ** = CONAMA n° 357, Classe 2 água Estações salobra (2005) de amostragem **** = Day et al. (1986) Meio NTU NTU 80 22 nordeste nordeste nordeste nordeste nordeste nordeste nordeste 30 27 24 6,5 a 8,5 * 21 18 > 5mg/L *, >4mg/L** 15 100% ** 12 9 < 5mg/L* 6 3 0 Te ºC Temp. ar 52 04,207 52 05,031 52 04,447 52 02,900 52 04,277 52 05,106 52 06,026 52 06,033 52 05,459 52 05,150 19,5 19,9 19,6 19,8 19,8 20,0 19,8 19,3 19,0 19,3 19,3 19,7 19,8 19,5 19,6 19,4 19,4 19,1 19,0 19,4 19,3 20,1 19,7 19,3 19,6 19,6 19,7 19,1 19,1 18,4 Regime Hid. 33 30 27 24 21 18 15 12 9 6 3 120 0 2 1001 Controle Referências 9 1 2 Controle 10 3 4 Estaç 10 <30ug/L ** água doce Classe 2 < 5uM **** <50uM ** (ou 0,7mg/L) S 33 30 < 1uM*** 27 24 <0,186 mg/L** 21 18 10 a 16**** 15 < 1uM *** 12 <14uM** (ou 0,2mg/L) 9 <10 a 15uM*** 6 <50uM ** (ou 0,7mg/L) 3 120 0 < 150uM *** 9 1 10 100 Controle 80 80 60 60 NTU ºC ºC Temp. água Superfície Meio Fundo Superfície Meio Fundo Direção Vento 1 Controle 14:10 31 56,913 32 01,730 32 02,482 32 02,600 32 03,609 32 04,491 32 05,982 32 08,173 32 09,472 32 10 286 Longitude 30 27 24 21 18 15 12 9 6 3 0 14:30 2 3 4 Estaç 40SALINIDADE em superfície, meio e fundo da coluna d’água 40 Figura 03 – Resultados sazonais da TEMPERATURA e ao longo da área portuária (10 estações de amostragem). 20 20 0 1 Controle 2 3 9,0 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Superfície 9 0 10 0 1 Controle 2 3 9,0 pH 8,5 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Meio 9 10 1 Controle 8,5 8,0 8,0 8,0 7,5 7,5 7,5 7,0 7,0 6,5 6,5 1 2 Controle FEPAM (1995) (entre 6,5 a 8,5) 6,0 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Superfície 9 10 3 4 Esta 9,0 pH 8,5 6,0 2 7,0 6,5 6,0 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Meio 9 10 1 2 Controle 3 E Figura 04: Resultados sazonais da TURBIDEZ e do pH em superfície, meio e fundo da coluna d’água ao longo da área portuária, nas 10 estações de amostragem. 388 300 250 250 200 200 200 150 150 150 100 100 100 50 50 50 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Superfície 9 10 1 2 Controle 120 Saturação Oxigênio Oxigênioem dissolvido 100 % 20 0 44 55 6 6 7 7 8 8 9 9 10 10 Estações deamostragem amostragem Estações de Superfície Superfície 6 9 1 2 Controle 10 120 Oxigênio dissolvido Saturação em Oxigênio 100 80 FEPAM (1995) 60 40 20 0 12 23 1Controle Controle Demanda Bioquímica de Oxigênio 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Meio 34 45 56 67 7 8 8 9 Estações de amostragem Estações de amostragem MeioMeio 6 Demanda Bioquímica de Oxigênio FEPAM (1995) 5 3 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 4 Estações Oxigê Saturaçã 12 2 3 1 Controle Controle 9 10 10 3 4 4 5 Estaçõ Estações Demanda Bioqu 5 Figura 05: Resultados sazonais do Material em Suspensão e Oxigênio Dissolvido em superfície, meio e fundo da 4 4 coluna d’água ao longo da área portuária, nas 10 estações de amostragem. 3 mg/L mg/L 4 33 mg/L 5 60 40 11 22 Controle Controle 6 mg/L mg/L 80 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 3 mg/L 12011 10 1009 8 807 6 60 5 4 40 3 202 1 00 3 % 2 Materi 0 0 1 Controle % mg/L 250 0 543mg/L 300 Material em suspensão Material em suspensão mg/L mg/L 300 3 3 2 2 2 1 1 1 0 0 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 Estações de amostragem Superfície 8 9 10 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Meio 9 10 1 2 Controle 3 4 5 Estações F Figura 06: Resultados sazonais da Saturação em Oxigênio e da Demanda Bioquímica em Oxigênio (DBO 5) da água ao longo da área portuária, nas 10 estações de amostragem. 0,18 0,15 0,15 0,12 0,12 0,09 0,09 0,06 0,03 CONAM (2005) 0,186mg/L Fósforo total 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 9 Estações de amostragem Superfície 5,0 0,09 0,06 0,03 0,03 0,00 2 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Meio 9 1 2 Controle 10 3 4 F Fosfato 4,0 4,0 3,0 3,0 5 Estações 5,0 5,0 Fosfato 0,15 0,06 1 Controle 10 Fósfo 0,12 0,00 0,00 0,18 mg/L Fósforo total mg/L mg/L 0,18 3,0 2,0 uM P-PO4 uM P-PO4 uM P-PO4 4,0 2,0 1,0 1,0 1,0 0,0 0,0 0,0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 Estações de amostragem Superfície 8 9 10 1 Controle 2,0 2 3 4 5 6 7 Estações de amostragem Meio 8 9 10 1 2 Controle 3 4 Estaçõe Figura 07: Resultados sazonais do Fósforo Total e do Fosfato da água ao longo da área portuária, nas 10 estações de amostragem. 25 25 Amônio 10 20 15 15 10 5 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 9 1 2 Controle Nitrito 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Meio 0,6 9 1 Controle 10 0,6 0,3 0,0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 9 1 2 Controle Estações de amostragem Superfície 4 Estações 0,9 0,6 0,3 0,0 0,0 10 3 1,2 0,9 0,3 2 CONAMA (2005) 14uM ou 0,2 1,5 mg/L Nitrito 1,2 uM N-NO2 uM N-NO2 0,9 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Meio 9 1 Controle 10 2 3 E 60 CONAMA 60 Nitrato (2005) 55 55 (50uM ou 50 50 nas Figura 08: Resultados sazonais do Nitrogênio Amoniacal (amônio) e do Nitrito da água ao longo da o,7mg/L) área portuária, 45 45 10 estações de amostragem. 40 40 35 35 30 30 25 25 20 20 15 15 10 10 5 5 0 0 Nitrato 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Superfície 40 9 10 35 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 9 10 Estações de amostragem Meio 40 Razão N/P 1 2 Controle 30 30 25 25 25 20 20 20 15 15 15 10 10 10 5 5 5 3 4 5 6 7 Estações de amostragem Superfície 8 9 10 5 Ra 0 0 1 Controle 4 Estações d F 35 30 1 2 Controle 3 40 Razão N/P 35 0 Nitra uM N-NO3 uM N-NO3 uM N-NO3 3 1,5 1,2 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 0 0 10 Estações de amostragem Superfície 1,5 N/P 5 5 0 A 10 uM N-NO2 uM N-NH4 15 20 uM N-NH4 uM N-NH4 20 CONAMA (2005) - 50 uM25 ou 0,7mg/L. Amônio 2 3 4 5 de amostragem 6 7 8 Estações Meio 9 10 1 2 Controle 3 4 5 Estações 1 2 Controle 3 400 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Superfície 9 10 1 2 Controle silicato 3 300 CONAMA (2005) 4 5 6 7 8 9 10 350 350 250 200 200 200 uM Si 300 250 uM Si 300 150 100 100 50 50 50 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Superfície 9 10 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem Meio 4 5 6 7 Estações de amostr Fundo 9 10 Silicato 150 100 0 3 400 Silicato 250 150 Clorofila A 30 27 24 21 18 15 12 9 6 3 0 1 2 Controle Estações de amostragem Meio 400 350 uM Si Clorofila A 30 27 24 21 18 15 12 9 6 3 0 Ug/L Clorofila A 30 27 24 21 18 15 12 9 6 3 0 Ug/L Ug/L Figura 09: Resultados sazonais do Nitrato e da razão N/P da água ao longo da área portuária, nas 10 estações de amostragem. 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 Estações de amostrag Fundo Figura 10: Resultados sazonais da Clorofila-a e do Silicato da água ao longo da área portuária, nas 10 estações de amostragem. 3.1.2 – Metais Pesados na Água Os resultados do monitoramento contínuo aqui apresentados são relativos aos cruzeiros de Janeiro, Abril, Julho e Outubro (Tabelas 08 a 11, Figuras 11 a 18). A amostragem de abril (outono) foi caracterizada por apresentar uma salinidade baixa na superfície e alta no fundo do estuário, numa tansição de regime de maré vazante/enchente, mas melhor caracterizado como enchente nas estações de amostragem 6, 7, 8, 9 e 10 (área do SuperPorto até os Molhes da Barra), devido a alta salinidade nas águas do meio e fundo da coluna d´água. Nas amostragens de julho as águas do estuário apresentaram-se mixohalinas e um regime de vazante. Já na amostragem no mês de outubro, a água do estuário foi caracterizada por apresentar uma intensa vazante, indicando um aporte de água doce muito intenso devido a salinidade ter estado em geral próxima a zero, além de apresentar uma elevadíssima turbidez e concentração de material em suspensão, principalmente no fundo. Com esta elevadíssima turbidez na água em outubro, houve necessidade de centrifugar todas as águas coletadas antes da realização das análises para metais pesados. 3.1.2.1 – Monitoramento do 1º Cruzeiro (Janeiro - 2007) A alta salinidade variando de 32,4 a 34,8 entre os 10 pontos de amostragem, apesar do regime de vazante, resultaram em que algumas concentrações de metais, tais como o As, Hg e Ni apresentassem teores abaixo do limite de detecção do método de análise nas três profundidades (superfície, meio e fundo). Estas condições do estuário também refletiram na ocorrência de baixas concentrações de Cd, Cr, Cu, Mn, Pb e Zn com alguns teores também abaixo do limite de detecção do método. Com isto as concentrações dos metais, em geral nas diversas estações de amostragem, apresentaram um padrão de distribuição bastante variável, já que no regime de vazante e de alta salinidade no meio resultaram também baixos/médios teores de material particulado em suspensão (variação: 42,20 à 90,8 mg/L entre as estações 1 à 7 e 66,2 à 156,8 mg/L entre as estações 8 à 10). Embora as concentrações tenham sido baixas, alguns valores foram mais elevados para o As (5,43 µg/L) e Pb (0,79 µg/L) na água de fundo no Porto Novo. No Superporto os teores mais elevados foram nas águas de superfície para o cobre (2,94 µg/L) na estação 6 (Pier Petroquímico), para o zinco na estação 8 (7,33 µg/L), na estação 9 (6,93 µg/L) e na estação 10 (7,13 µg/L). No entanto, todas as concentrações encontram-se abaixo dos valores recomendados pela legislação vigente (Tabela 08). 3.1.2.2 – Monitoramento do 2º Cruzeiro (Abril - 2007) Este período de amostragem foi caracterizado por apresentar uma salinidade baixa na superfície e alta no fundo do estuário, numa transição de regime de maré vazante/enchente, mas melhor caracterizado como enchente nas estações de amostragem 6, 7, 8, 9 e 10 (área do Super Porto até os Molhes da Barra), devido a alta salinidade nas águas do meio e fundo da coluna d’água. Apesar destas condições do regime de maré, observou-se concentrações baixas de material particulado em suspensão (variação: 9,2 à 56,6 mg/L). Desta forma, as concentrações de metais em água foram em geral baixas, embora tenham apresentado algumas elevações em seus teores, como o Cr (7,8 µg/L) na água de superfície, o Cu (2,6 µg/L) e o Zn (10 µg/L) ambos na profundidade do meio da coluna d’água todos na estação 2 (Porto Velho), além do As (11,35 µg/L) ter se destacado em seu teor na estação 8 (Praticagem). Entretanto, todas as concentrações estão dentro dos valores recomendados pela legislação vigente. Exceção foi encontrada para o Cu (63,29 µg/L) na água de fundo da estação 9 (raíz dos Molhes), cujo teor foi um pouco mais elevado, do que a concentração de 50 µg/L indicada pela legislação do CONAMA (2005) (Tabela 09). Esta elevação pode ter relação com o aumento do material particulado em suspensão (47mg/L) na água de fundo, já que o regime de maré era enchente na ocasião da coleta. 3.1.2.3 – Metais Pesados no Monitoramento Contínuo (1º, 2º, 3° e 4° Cruzeiros) Arsênio (As): as concentrações na coluna d´água (superfície, meio e fundo) estiveram em geral muito baixas apresentando muitos valores abaixo do limite de detecção. Alguns aumentos nas concentrações foram mais evidentes no mês de abril na água de superfície na Estação 8 (Praticagem) com 11,35 µg/Le na água de fundo em ambos meses (em torno de 5,4 µg/L emjaneiro e abril) da Estação 3, relativa a área do Porto Novo. Aumento nas concentrações foram mais evidentes no mês de outubro, devido o aumento expressivo de material em suspensão, tendo apresentado uma concentração mais elevada de 7 µg/L na Estação 10 (Molhes) no meio da coluna d´água. No entanto, todos estes valores estão muito abaixo dos valores recomendados pela legislação (Figura 11). Cádmio (Cd): concentrações bastante baixas foram encontradas na coluna dágua em todos os meses. Embora fosse esperado encontrar maiores concentrações de Cd em abril e principalmente em outubro, devido a alta turbidez no estuário, o aumento no valor do limite de detecção do equipamento, não tornou possível determinar baixas concentrações nos referidos meses, como os obtido nos demais meses. Para os meses de janeiro e abril os valores analisados estão em concordância com os os teores obtidos na Estação 1, considerada como controle (fora da área de influência portuária) e dentro dos limites recomendados pela legislação (Figura 12). Cromo (Cr) (Figura 13): o cromo total mostrou maiores concentrações no mês de abril (7,8 µ/L) na Estação 2 (Porto Velho) na água de superfície, indicando algum aporte localizado no momento da amostragem. Entretanto, os resultados obtidos na Estação 1 (controle) indicaram ocorrer uma aporte proveniente da Lagoa dos Patos, atingindo a concentração de 2,5 µg/Lna água de fundo no mês de abril. Em geral as concentrações mais elevadas ocorreram em julho e principalmente em outubro relacionado com a própria condição do estuário no momento da amostragem, situação de vazante e aumento na quantidade de amterial em suspensão. A maior concentração de cromo (15 µg/L) foi obtida na Estação 10 (Molhes) no meio da coluna d ´água no mês de outubro. Entretanto, todos os resultados estão bem abaixo dos limites recomendados pela legislação vigente. Cobre (Cu) (Figura 14): da mesma forma que o cromo, o cobre apresentou algumas concentrações elevadas no mês de abril, mas podem ser consideradas concentrações bastante baixas. Mas, em geral, as concentrações foram mais elevadas em outubro na água de fundo, principalmente no ponto controle (4,3 µg/L) e na Estação 2 (Porto Velho) (3,9 µg/L). Neste último local houve a mais alta concentração de material em suspensão (543 mg/L) na água de fundo, portanto, podendo o cobre provir do processo de remobilização do sedimento. No conjunto dos dados, existe muita variabilidade nas concentrações de cobre na coluna d´água. Todos os teores encontrados mantiveram-se dentro do valor máximo recomendado pela legislação. Ferro (Fe) (Figura 15): trata-se de um elemento naturalmente presente no sedimento e conforme a sua oxidação irá regular a solubilidade dos metais no sedimento. Comparando as amostragens de janeiro e abril, as concentrações mais elevadas de Fe foram encontradas durante o período de janeiro no meio (1.962 µ/L) e no fundo (2.947 µ/L) da coluna d´água relativo a área do Porto Novo (Estação 3). Como a Classe 2 da legislação não contemplada o Fe, mas tomando como base a ocorrência média de 700 µg/L de Fe em água de rio e 0,1 µg/L na água superficial do mar (Azevedo & Chasin, 2003), espera-se que em estuários esta concentração esteja entre estes valores. No entanto, o estuário da Lagoa dos Patos é um ecossistema particular, devido ao volume de água proveniente da lagoa, pode indicar concentrações elevadas como as acima citadas na situação de vazante no estuário. Como a área do canal do Porto Novo é mais profunda, pode gerar uma velocidade de corrente maior nesta área, além de ser uma área que sofre constantes dragagens. O próprio local controle (Estação 1) indica que ocorre um aporte de Fe (máx. encontrado em torno de 1.400 ug/L em abril) proveniente da lagoa, devido a quantidade de material em suspensão gerada em sua coluna d´água. Entretanto, este teor de material em suspensão foi elevadíssimo no mês de outubro (Tabela 4), indicando também um aumento considerável de Fe na coluna d´água, tendo variado de 404 µ/L (Estação 10 no fundo) a 4.936 µ/L (Estação 3 na superfície). Neste mês houve intensificação das chuvas na região, contribuindo consideravelmente com o aumentando do aporte de água doce proveniente da lagoa. Mercúrio (Hg): as concentrações estiveram abaixo do limite de detecção do método (<0.19 ug/L) e portanto dentro do limite recomendado pela atual legislação do CONAMA. Manganês (Mn) (Figura 16): nos períodos do ano com poucas chuvas, as concentrações mais elevadas de Mn foram em abril (outono) com 12,3 µg/L no meio da coluna d´água na Estação 3 (Porto Novo), tendo ocorrido muitos valores abaixo do limite de detecção do método neste mesmo mês. Da mesma forma, que os demais elementos, o Mn teve suas maiores concentrações no período de maior intensidade de chuvas (outubro) com concentrações máximas no meio da coluna d´água de 14,7 µg/L na Estação 6 (Pier Petroquímico) e 22,7 µg/L na Estação 10 (Molhes). Embora inexistente em termos de concentração na Classe 2 da legislação (CONAMA, 2005), na Classe 1 seu limite é de 100 µg /L, indicando que as concentrações encontradas no estuário estão de acordo com o valor permissível. Níquel (Ni): pouquíssimas concentrações de Ni foram detectadas na água durante o mês de julho, enquanto, que nos demais meses do ano as concentrações estiveram abaixo do limite de detecção do método e, assim, também dentro dos teores recomendados pela legislação. Chumbo (Pb) (Figura 17): no período seco (janeiro e abril) as concentrações mostraram bastante baixas, mas no período de chuva em julho (inverno) os teores de Pb elevaram-se, indicando teores de 22,4 e 11,4 µg/L no meio e no fundo da coluna d´água da Estação 6 (Pier Petroquímico), ultrapassando, assim, o valor de 10 µg/L estabelecido pela FEPAM (1995), mas mantendo-se dentro do valor indicado pelo CONAMA (2005). Zinco (Zn) (Figura 18): a em janeiro a maior concentração de zinco foi em torno de 7 µg/L, não variando muito nas 3 profundidades na coluna d’água. Em abril os teores de Zn forma menores, mas mais variáveis, enquanto, que em julho foram observadas as mais baixas concentrações. As maiores concentrações durante todo o ano ocorreram no mês de outubro e na água de fundo, tendo como máxima concentração o valor de 14 µg/L na Estação 2 (Porto Velho). No entanto, os valores mantiveram-se dentro do recomendado pela legislação. Tabela 08: Monitoramento Contínuo – 1° Cruzeiro (Janeiro/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa). Parâmetro As Cd Cr Cu Fe Hg Mn Ni Pb Zn Unidade Profundidade Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo est. 1 < 2,57 < 2,57 < 2,57 0,020 0,039 0,066 0,66 0,58 < 0,39 <0,02 <0,02 0,07 211,67 111,67 446,67 < 0,19 < 0,19 < 0,19 0,34 < 0,03 < 0,03 < 0,34 < 0,34 < 0,34 <0,04 <0,04 0,36 <0,002 <0,002 0,41 est. 2 est. 3 est. 4 < 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57 5,43 < 2,57 0,050 0,028 0,024 0,021 0,055 0,055 0,029 <0,007 0,009 < 0,39 0,39 0,45 < 0,39 0,79 < 0,39 < 0,39 0,48 0,49 <0,02 0,17 0,09 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 0,04 0,18 296,67 301,67 351,67 351,67 1961,67 126,67 321,67 2946,67 496,67 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 0,26 0,23 0,05 0,48 0,91 0,20 1,31 0,41 0,75 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 <0,04 <0,04 <0,04 <0,04 <0,04 0,06 <0,04 0,79 <0,04 1,57 <0,002 4,68 1,60 <0,002 <0,002 0,83 <0,002 3,83 est. 5 est. 6 < 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57 0,016 0,011 <0,007 0,038 <0,007 0,027 < 0,39 0,45 < 0,39 < 0,39 0,52 0,48 <0,02 2,94 <0,02 0,58 <0,02 0,27 21,67 211,67 531,67 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,03 < 0,03 0,08 < 0,34 < 0,34 < 0,34 0,73 <0,04 <0,04 6,28 2,78 4,43 est. 7 < 2,57 < 2,57 < 2,57 <0,007 0,035 <0,007 0,50 < 0,39 < 0,39 <0,02 0,63 <0,02 126,67 est. 8 < 2,57 < 2,57 < 2,57 0,031 0,035 0,040 < 0,39 < 0,39 < 0,39 <0,02 0,31 0,18 46,67 46,67 56,67 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,03 < 0,03 0,30 < 0,03 < 0,03 0,06 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 <0,04 <0,04 <0,04 <0,04 <0,04 <0,04 5,23 4,93 6,28 <0,002 5,23 4,63 46,67 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,03 < 0,03 0,35 < 0,34 < 0,34 < 0,34 <0,04 <0,04 <0,04 7,33 5,78 6,03 est. 9 < 2,57 < 2,57 < 2,57 0,013 0,065 0,008 < 0,39 0,39 < 0,39 0,48 0,37 <0,02 71,67 66,67 56,67 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,03 0,31 < 0,03 < 0,34 < 0,34 < 0,34 <0,04 <0,04 <0,04 6,93 6,03 4,13 est. 10 Referência < 2,57 < 2,57 <50*, <69** < 2,57 0,063 <0,007 <5*, 40** 0,014 < 0,39 < 0,39 <50*, <1100** < 0,39 0,75 0,02 <50*, 7,8** (dissolv.) 0,05 6,67 156,67 6,67 < 0,19 < 0,19 <0,1*, <1,8** < 0,19 < 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,34 < 0,34 <100*, <74** < 0,34 <0,04 <0,04 <10*, 210** <0,04 7,13 5,68 <170*, <120** <0,002 * = FEPAM - Classe C águas salobras (1995) ** = CONAMA Classe 2 águas salobras (2005) Tabela 09: Monitoramento Contínuo – 2° Cruzeiro (Abril/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa). Parâmetro As Cd Cr Cu Fe Hg Mn Ni Pb Zn Unidade Profundidade Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo Superfície µg/L Meio Fundo est. 1 < 2,57 < 2,57 < 2,57 <0,007 <0,007 <0,007 3,34 1,01 2,53 <0,02 <0,02 0,33 300,93 1428,24 594,91 < 0,19 < 0,19 < 0,19 0,87 2,66 0,30 0,46 < 0,34 < 0,34 0,82 0,36 0,09 4,67 0,90 1,20 est. 2 < 2,57 < 2,57 < 2,57 0,007 0,007 <0,007 7,80 0,40 < 0,39 0,53 2,60 <0,02 303,24 261,58 240,16 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,03 0,94 < 0,03 < 0,34 < 0,34 < 0,34 0,09 0,32 <0,04 2,59 10,03 <0,002 est. 3 < 2,57 < 2,57 5,43 <0,007 <0,007 0,043 0,54 0,69 1,08 0,62 0,32 0,12 425,93 745,37 393,52 < 0,19 < 0,19 < 0,19 0,53 12,31 0,77 < 0,34 < 0,34 < 0,34 0,79 0,40 0,22 3,20 0,61 5,48 est. 4 est. 5 est. 6 est. 7 est. 8 est. 9 < 2,57 < 2,57 2,96 3,91 11,35 3,63 < 2,57 < 2,57 < 2,57 3,26 < 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57 < 2,57 2,83 < 2,57 <0,007 0,026 <0,007 <0,007 0,031 <0,007 <0,007 <0,007 <0,007 <0,007 <0,007 0,010 <0,007 <0,007 <0,007 0,034 0,024 <0,007 0,48 < 0,39 < 0,39 < 0,39 < 0,39 0,41 0,45 < 0,39 0,47 0,66 0,79 1,12 1,35 0,73 1,31 1,34 1,11 < 0,39 0,35 1,59 <0,02 0,93 0,96 0,32 0,06 0,09 0,59 <0,02 0,25 0,28 <0,02 <0,02 <0,02 1,68 2,35 212,96 94,91 108,80 74,08 122,69 143,52 171,30 60,19 122,69 296,30 212,96 358,80 622,69 296,30 296,30 462,96 372,69 67,13 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,03 < 0,03 0,28 < 0,03 < 0,03 0,10 < 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,03 0,58 < 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,03 0,18 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 0,40 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 < 0,34 0,19 0,24 <0,04 0,09 0,13 <0,04 <0,04 <0,04 <0,04 0,39 <0,04 0,07 <0,04 <0,04 <0,04 0,76 <0,04 0,24 0,58 1,00 2,54 2,39 2,66 1,26 0,61 0,23 1,86 <0,002 1,31 0,86 0,49 0,29 2,53 2,68 3,03 <0,002 est. 10 < 2,57 5,11 < 2,57 <0,007 <0,007 <0,007 0,51 0,63 0,69 <0,02 <0,02 0,80 74,08 143,52 199,08 < 0,19 < 0,19 < 0,19 1,72 0,13 < 0,03 < 0,34 < 0,34 < 0,34 0,44 <0,04 0,08 1,15 0,31 2,12 Referência <50*, <69** <5*, 40** <50*, <1100** <50*, 7,8** (dissolv.) <0,1*, <1,8** <100*, <74** <10*, 210** <170*, <120** Tabela 10: Monitoramento Contínuo – 3° Cruzeiro (Julho/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa). Parâmetro As Cd Cr Cu Fe Hg Mn Ni Pb Zn est. 1 est. 2 Unidade Profundidade Superfície < 0,167 < 0,167 µg/L Meio < 0,167 < 0,167 Fundo < 0,167 0,240 Superfície < 0,396 < 0,396 µg/L Meio < 0,396 < 0,396 Fundo < 0,396 < 0,396 Superfície 0,762 0,329 µg/L Meio 0,727 1,462 Fundo 4,506 0,963 Superfície 1,806 < 0,239 µg/L Meio < 0,239 < 0,239 Fundo < 0,239 < 0,239 Superfície 682,225 807,225 µg/L Meio 467,225 1402,225 Fundo 1187,225 1417,225 Superfície < 0,19 < 0,19 µg/L Meio < 0,19 < 0,19 Fundo < 0,19 < 0,19 Superfície 0,382 0,235 µg/L Meio 0,442 2,162 Fundo 0,437 2,522 Superfície < 0,807 < 0,807 µg/L Meio < 0,807 0,331 Fundo < 0,807 0,766 Superfície 1,400 < 0,600 µg/L Meio < 0,600 2,930 Fundo 7,980 3,830 Superfície < 0,002 < 0,002 µg/L Meio < 0,002 < 0,002 Fundo < 0,002 < 0,002 est. 3 0,203 < 0,167 < 0,167 < 0,396 < 0,396 < 0,396 0,473 0,386 2,876 0,881 < 0,239 < 0,239 472,225 173,225 646,225 < 0,19 < 0,19 < 0,19 0,867 < 0,029 1,447 1,001 < 0,807 < 0,807 4,730 < 0,600 < 0,600 < 0,002 < 0,002 < 0,002 est. 4 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,396 < 0,396 < 0,396 1,572 1,175 1,096 < 0,239 < 0,239 0,256 267,725 < 0,150 877,225 < 0,19 < 0,19 < 0,19 0,356 0,131 0,318 < 0,807 < 0,807 < 0,807 1,270 < 0,600 < 0,600 < 0,002 < 0,002 < 0,002 est. 5 est. 6 est. 7 est. 8 est. 9 est. 10 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 0,482 2,632 0,699 0,428 2,233 1,544 0,573 4,791 0,590 0,864 1,026 1,431 0,284 2,688 1,736 4,461 3,894 2,177 < 0,239 < 0,239 < 0,239 0,556 0,871 0,546 < 0,239 0,801 < 0,239 1,596 0,991 < 0,239 < 0,239 < 0,239 < 0,239 3,356 2,186 0,446 477,225 294,725 852,225 1337,225 1172,225 1522,225 487,225 582,225 997,225 1522,225 1402,225 1282,225 872,225 1177,225 1497,225 1226,225 632,225 1532,225 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 0,507 0,246 0,253 0,137 0,251 1,702 0,447 1,012 1,082 1,212 1,592 0,697 0,179 1,192 1,782 1,507 2,017 1,857 < 0,807 < 0,807 < 0,807 < 0,807 < 0,807 < 0,807 < 0,807 0,129 0,107 < 0,807 0,246 < 0,807 0,441 < 0,807 0,411 < 0,807 < 0,807 < 0,807 3,030 0,715 < 0,600 < 0,600 < 0,600 3,680 2,165 22,380 4,280 3,880 4,780 3,430 < 0,600 11,430 4,230 5,480 5,480 4,780 < 0,002 < 0,002 < 0,002 < 0,002 0,3261 1,2261 < 0,002 < 0,002 < 0,002 < 0,002 0,7761 1,3261 < 0,002 < 0,002 < 0,002 0,1428 0,9094 1,5463 Referência <50*, <69** <5*, 40** <50*, <1100** <50*, 7,8** (dissolv.) <0,1*, <1,8** - <100*, <74** <10*, 210** <170*, <120** * = FEPAM - Classe C águas salobras (1995) ** = CONAMA Classe 2 águas salobras (2005) Tabela 11: Monitoramento Contínuo – 4° Cruzeiro (Outubro/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água nas 10 estações de amostragem na área portuária e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa). Parâmetro As Cd Cr Cu Fe Hg Mn Ni Pb Zn est. 1 est. 2 est. 3 est. 4 est. 5 est. 6 est. 7 est. 8 est. 9 est. 10 Unidade Profundidade Superfície 2,301 3,654 5,906 6,506 5,406 5,756 1,971 6,706 6,006 6,366 µg/L Meio 3,716 3,141 0,761 3,101 1,781 1,276 4,961 1,646 5,806 7,056 Fundo 2,901 5,861 1,696 2,796 1,511 1,796 3,531 3,156 < 0,306 < 0,306 Superfície < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 µg/L Meio < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 Fundo < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 Superfície 1,183 4,644 4,386 4,535 4,487 5,024 1,063 5,099 5,134 10,714 µg/L Meio 2,339 1,677 0,427 1,647 1,532 1,362 8,219 0,798 2,515 14,909 Fundo 1,737 4,793 0,745 1,289 0,988 0,726 2,637 1,911 0,465 0,738 Superfície < 0,272 1,595 2,425 1,135 1,345 2,710 0,735 1,940 3,915 2,235 µg/L Meio 1,830 < 0,272 0,890 1,340 2,160 1,750 2,790 1,625 1,275 2,000 Fundo 4,295 3,885 0,585 2,295 < 0,272 2,865 2,455 0,795 0,610 0,460 Superfície 2646,097 2421,097 4936,097 2886,097 4806,097 4806,097 1450,097 1051,097 4506,097 4546,097 µg/L Meio 4026,097 3086,097 1280,097 1828,097 2146,097 1486,097 4658,597 1232,097 2346,097 4496,097 Fundo 2926,097 4666,097 1056,097 2546,097 1268,097 1050,097 3206,097 3186,097 446,097 404,097 Superfície < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 µg/L Meio < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 Fundo < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 Superfície 2,4960 5,6210 3,5260 5,8710 8,0210 7,4360 7,3210 1,6610 19,3710 0,4610 µg/L Meio 6,5210 4,1410 9,1710 9,5210 4,7510 14,7410 11,3710 6,1210 12,5010 22,7210 Fundo 11,1210 5,8260 3,2860 9,6010 2,9910 6,4210 18,4210 7,9210 4,7660 3,7810 Superfície < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 µg/L Meio < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 Fundo < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 < 1,017 Superfície < 0,233 < 0,233 < 0,233 < 0,233 0,282 0,592 1,187 1,387 1,577 2,167 µg/L Meio < 0,233 < 0,233 < 0,233 < 0,233 0,367 0,617 1,282 1,507 1,682 2,207 Fundo < 0,233 < 0,233 < 0,233 < 0,233 0,562 1,042 1,292 1,522 1,827 2,492 Superfície 1,515 0,881 1,931 2,173 3,981 < 0,002 6,165 6,506 2,440 0,240 µg/L Meio 7,848 1,090 < 0,002 0,898 < 0,002 < 0,002 4,381 < 0,002 1,798 6,631 Fundo 0,731 14,181 1,390 12,268 5,023 1,098 4,665 < 0,002 8,015 < 0,002 * = FEPAM - Classe C águ as salobras (1995) ** = CONAMA Classe 2 águas sal obras (2005) Referência <50*, <69** <5*, 40** <50*, <1100** <50*, 7,8** (dissolv.) <0,1*, <1,8** - <100*, <74** <10*, 210** <170*, <120** Limite máximo CONAMA (2005): 69 ug/L para estuário. 12 As 10 ug/L 8 6 4 2 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 9 Estações de amostragem - Superfície 10 Limite máximo CONAMA (2005): 69 ug/L para estuário. 8 As 7 6 ug/l 5 4 3 2 1 0 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Meio 9 10 Limite máximo CONAMA (2005): 69 ug/L para estuário. 7 As 6 ug/L 5 4 3 2 1 0 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Fundo 9 • Janeiro (verão) • Abril (outono) • Julho (inverno) • Outubro (primavera) 10 Figura 11: Concentrações (µg/L) de Arsênio em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007. Limite máximo CONAMA (2005): 40 ug/L para estuário. 0,07 Cd 0,06 ug/L 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0,00 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 9 Estações de Amostragem - Superfície 10 Limite máximo CONAMA (2005): 40 ug/L para estuário. 0,07 Cd 0,06 ug/L 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0,00 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Meio 9 10 Limite máximo CONAMA (2005): 40 ug/L para estuário. 0,07 Cd 0,06 ug/L 0,05 0,04 • Janeiro (verão) 0,03 • Abril (outono) • Julho (inverno) • Outubro (primavera) 0,02 0,01 0,00 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Fundo 9 10 Figura 12: Concentrações (µg/L) de Cádmio em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007. Limite máximo CONAMA (2005): 1100 ug/L para estuário. 10 Cr ug/L 8 6 4 2 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 9 10 Estações de amostragem - Superfície Limite máximo CONAMA (2005): 1100 ug/L estuário. 16,0 Cr 14,0 12,0 ug/L 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Meio 9 10 Limite máximo CONAMA (2005): 1100 ug/L para estuário. 6,0 Cr 5,0 ug/L 4,0 3,0 • Janeiro (verão) 2,0 • Abril (outono) • Julho (inverno) • Outubro (primavera) 1,0 0,0 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Fundo 9 10 Figura 13: Concentrações (µg/L) de Cromo em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007. Limite máximo CONAMA (2005): 7,8 ug/L para estuário - fração dissolvida. 4,0 Cu 3,5 3,0 ug/L 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 9 10 Estações de amostragem - Superfície Limite máximo CONAMA (2005): 7,8 ug/L estuário - fração dissolvida. 3,0 Cu 2,5 ug/L 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem - Meio 9 10 Limite máximo CONAMA (2005): 7,8 ug/L estuário - fração dissolvida. 5,0 Cu 4,5 4,0 ug/L 3,5 3,0 • Janeiro (verão) • Abril (outono) 1,0 • Julho (inverno) 0,5 • Outubro (primavera) 2,5 2,0 1,5 0,0 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Fundo 9 10 Figura 14: Concentrações (µg/L) de Cobre em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007. Limite máximo inexistente na Classe 2 (CONAMA, 2005). 5000 Fe ug/L 4000 3000 2000 1000 0 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 9 Estações de Amostragem - Superfície 10 Limite máximo inexistente na Classe 2 (CONAMA, 2005). 5000 Fe ug/L 4000 3000 2000 1000 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Meio 9 10 Limite máximo inexistente na Classe 2 (CONAMA, 2005). 5000 Fe ug/L 4000 3000 2000 1000 • Janeiro (verão) • Abril (outono) • Julho (inverno) • Outubro (primavera) 0 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 9 Estações de Amostragem - Fundo 10 Figura 15: Concentrações (µg/L) de Ferro em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007. Limite máximo inexitente na Classe 2 ( CONAMA, 2005). 20 Mn 18 16 ug/L 14 12 10 8 6 4 2 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 9 Estações de Amostragem - Superfície 10 Limite máximo inexistente na Classe 2 (CONAMA, 2005). 24 Mn 21 ug/L 18 15 12 9 6 3 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem - Meio 9 10 Limite máximo inexistente na Classe 2 (CONAMA, 2005). 20 18 Mn 16 ug/L 14 12 10 8 6 4 2 0 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem 9 • Janeiro (verão) • Abril (outono) • Julho (inverno) • Outubro (primavera) 10 Figura 16: Concentrações (µg/L) de Manganês em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007. Limite máximo CONAMA (2005): 210 ug/L para estuário. 5 Pb ug/L 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Estações de Amostragem - Superfície Controle 10 Limite máximo CONAMA (2005): 210 ug/L para estuário. 24 Pb ug/L 18 12 6 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 Estações de amostragem - Meio 9 10 Limite máximo CONAMA (2005): 210 ug/L para estuário. 12 Pb 10 ug/L 8 6 4 2 • Janeiro (verão) • Abril (outono) • Julho (inverno) • Outubro (primavera) 0 1 Controle 2 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Fundo 9 10 Figura 17: Concentrações (µg/L) de Chumbo em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (janeiro e abril) de 2007. Limite máximo CONAMA (2005): 120 ug/L para o estuário. 8 Zn ug/L 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Estações de Amostragem - Superfície Controle 10 Limite máximo CONAMA (2005): 120 ug/L para o estuário. 10 Zn ug/L 8 6 4 2 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Meio 9 10 Limite máximo CONAMA (2005): 120 ug/L para o estuário. 16 Zn 14 12 ug/L 10 • Janeiro (verão) • Abril (outono) 4 • Julho (inverno) 2 • Outubro (primavera) 8 6 0 1 2 Controle 3 4 5 6 7 8 Estações de Amostragem - Fundo 9 10 Figura 18: Concentrações (µg/L) de Zinco em superfície, meio e fundo na coluna d’água nas 10 estações de amostragem distribuídas ao longo da área portuária, em 2 períodos sazonais (Janeiro e Abril) de 2007. 3.2 - Monitoramento do Gradiente Salino 3.2.1 - Parâmetros Físico-Químicos e Nutrientes 3.2.1.1 – Monitoramento do 1º Gradiente Salino (Janeiro - 2007) A água marinha dominante no estuário permitiu que o gradiente fosse todo amostrado praticamente dentro do mesmo, mas as coletas de água de baixa salinidade foram realizadas obrigatoriamente muito ao norte, nas proximidades do Canal da Feitoria (Figura 02A). A diluição das águas do estuário pela água marinha, resultou nos decréscimos das concentrações em geral, apesar da predominante sub-saturação em oxigênio nas águas. Salientaram-se as baixas concentrações de material em suspensão (baixa turbidez), o que é típico de águas de superfície de ambientes dominados por águas marinhas. Para o nitrogênio amoniacal, a diluição causada pela água marinha não foi suficiente para que as concentrações ficassem abaixo do valor recomendado como máximo para estuários não contaminados por matéria orgânica. Isso sugeriu mais uma vez, que essa a área portuária recebe muitos efluentes, predominantemente urbanos, não suficientemente tratados. Novamente, apesar dos acréscimos de nitrogênio amoniacal, todos os valores se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário (Tabela 10). 3.2.1.2 – Monitoramento do 2º Gradiente Salino (Abril - 2007) A condição hidrológica foi oposta a do gradiente salino monitorado em Janeiro, ou seja, devido ao intenso regime de vazante em superfície, somente duas amostragens foram feitas dentro do estuário (salinidades <2), ao norte do mesmo. Todas as outras amostragens foram feitas nas águas costeiras adjacentes à desembocadura (Figura 02B). Isso justificou as baixas concentrações de MS, a baixíssima turbidez e a maior oxigenação das águas amostradas, assim como também os importantes decréscimos nas concentrações de nutrientes, embora mais uma vez para o nitrogênio amoniacal as concentrações tenham sido levemente superiores ao valor recomendado como normal. Portanto, fica evidenciado mais uma vez o aporte de efluentes ricos em matéria orgânica para o sul do estuário e, quando há regime de vazante intenso em superfície, há aporte de nitrogênio amoniacal para as águas costeiras (exportação). Todos os valores dos parâmetros físico-químicos e nutrientes se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário (Tabela 11). 3.2.1.3 – Monitoramento do 3º Gradiente Salino (Julho - 2007) A condição hidrológica foi semelhante a do gradiente salino monitorado em Abril. Um intenso regime de vazante em superfície ainda permanecia e somente duas amostragens foram feitas dentro do estuário, sendo o resto do gradiente monitorado na plataforma costeira (Figura 02C). Todos os valores dos parâmetros físico-químicos e dos nutrientes se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário (Tabela 12). 3.2.1.4 – Monitoramento do 4º Gradiente Salino (Outubro - 2007) No gradiente de Outubro, em virtude da forte vazante ocorrida em toda a coluna d’água, todo o gradiente foi amostrado a partir da desembocadura do estuário, se estendendo para a plataforma adjacente (Figura 02D). Nestas condições, devido ao aporte continental, as concentrações dos nutrientes estiveram acima dos valores recomendados nas legislações ambientais para o estuário (Tabela 13). 3.2.1.5 – Avaliação Geral dos Gradientes Salinos As amostragens foram predominantemente feitas em águas de zonas com alta hidrodinâmica, relativamente mais afastadas dos locais marginais mais submetidos aos lançamentos de rejeitos antrópicos. Somou-se a isso o fato de que as amostragens foram de água de superfície, e assim, não sofrendo de forma significativa a adição de constituintes oriundos da coluna sedimentar. Para permitir uma comparação geral da dispersão sazonal dos parâmetros físicoquímicos e dos nutrientes, as concentrações encontradas foram plotadas contra a Salinidade nos quatro (04) gradientes salinos analisados (Figuras 19 a 31). Nos gradientes monitorados em Janeiro, Abril e Julho, esses fatores associados fizeram com que as concentrações do MS, turbidez, DBO, saturação de oxigênio, nitrito, nitrato, amônio (nitrogênio amoniacal), fosfato, fósforo total, silicato e clorofila-a oscilassem em torno dos valores referidos como normais, desde a água doce até a salina, não sofrendo grandes modificações na amplitude das variações das concentrações em função do aumento da salinidade. Por outro lado, em curta amplitude pode-se observar que houve leve diluição (diminuição) das concentrações da água do estuário pela água marinha em termos da turbidez, do MS, do silicato, da clorofila-a, e ainda, da DBO em Janeiro, e do fósforo total em Julho. Com exceção para o pH e para a saturação de oxigênio em Julho (aumentaram com a presença da água marinha), a entrada da água marinha não proporcionou diluições significativas para os outros parâmetros. Entretanto, a influência da água marinha na composição da água estuarina se fez muito presente em Outubro, quando o estuário estava com intensa vazão (turbulência) com águas muito enriquecidas devido ao carreamento de material em suspensão (águas muitíssimos turvas), de muito nitrito, nitrato, fosfato, silicato e clorofila-a. Nesses casos, o deságüe do estuário no oceano proporcionou intensas diluições das concentrações, melhorando intensamente a qualidade da água exportada do estuário, embora aumentando a salinidade e pH da mesma. Para o amônio (nitrogênio amoniacal) a diluição não foi evidenciada, porque em águas bem oxigenadas e que recebem aportes desse fitonutriente, ocorre oxidação de nitrito a nitrato (nitrificação), não estando suas concentrações intensamente dependentes das variações da salinidade e das diluições causadas pela mistura com a água marinha (gradientes insignificantes entre amônio e salinidade). Tabela 10: Gradiente Salino – 1° Cruzeiro (Janeiro-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes nas estações de amostragem no estuário e adjacências e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul). * ** *** **** = FEPAM, Classe C água salobra (1995) = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005) = Aminot & Chaussepied (1983) = Day et al. (1986) Tabela 11: Gradiente Salino – 2° Cruzeiro (Abril-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes nas estações de amostragem no estuário e adjacências e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul). * = FEPAM, Classe C água salobra (1995) ** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005) *** = Aminot & Chaussepied (1983) **** = Day et al. (1986) Tabela 12: Gradiente Salino – 3° Cruzeiro (Julho-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes nas estações de amostragem no estuário e adjacências e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul). * = FEPAM, Classe C água salobra (1995) ** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005) *** = Aminot & Chaussepied (1983) **** = Day et al. (1986) Tabela 13: Gradiente Salino – 4° Cruzeiro (Outubro-2007). Concentrações dos parâmetros físico-químicos e nutrientes nas estações de amostragem no estuário e adjacências e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa) e com a bibliografia para estuários não contaminados (cor azul). * = FEPAM, Classe C água salobra (1995) ** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005) *** = Aminot & Chaussepied (1983) **** = Day et al. (1986) 102 102 Turbide z (jane iro) 82 62 62 NTU 82 42 22 42 22 2 0 3 6 2 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 Salinidade 102 Turbide z (abril) 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade 102 Turbide z (julho) 82 62 62 NTU 82 42 3 6 Turbide z (outubro) 42 22 22 2 2 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Figura 19: Dispersão sazonal dos resultados de Turbidez plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 8,4 pH (janeiro) 8,2 pH (abril) 8,4 8,2 8,0 8,0 7,8 7,8 7,6 7,6 7,4 7,4 0 3 6 0 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Salinidade 8,4 pH (julho) pH (outubro) 8,4 8,2 8,2 8,0 8,0 7,8 7,8 7,6 7,6 7,4 7,4 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Salinidade Figura 20: Dispersão sazonal dos resultados de pH plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 205 M ate rial e m s us pe ns ão (jane iro) 155 155 130 130 105 80 M ate rial em Suspensão (abril) 180 mg/L MS mg/L 180 205 105 80 55 55 30 30 5 5 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 3 6 Salinidade 205 205 M aterial e m Sus pe nsão (julho) 155 130 130 80 105 80 55 55 30 30 5 M aterial em Suspens ão (outubro) 180 155 105 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade mg/L MS mg/L 180 Figura 21: Dispersão sazonal dos resultados de Material em 5 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Suspensão plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). Figura 120 90 % 100 90 80 nos 4 Saturação de Oxigê nio (abril) 110 100 % de de 120 Saturação de Oxigê nio (jane iro) 110 80 70 70 60 60 50 50 0 3 6 0 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Salinidade em 120 Abril 120 Saturação de oxigê nio (julho) 110 110 90 % 100 90 % 100 80 70 10 0 6 De m anda 60 Bioquím ica de Oxigê nio (abril) 50 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 (jane iro) 50 3 6 8 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 6 Salinidade D.B.O mg/L D.B.O mg/L 8 4 80 70 10 60 De m anda Bioquím ica de oxigê nio Saturação de Oxigê nio (outubro) 22: Dispersão sazonal dos resultados Saturação Oxigênio plotados contra a Salinidade gradientes salinos analisados 2007 (Janeiro, e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). Salinidade 4 2 2 0 0 3 6 0 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 Salinidade 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade 10 De m anda Bioquím ica de Oxigê nio (julho) 6 4 Dem anda Bioquím ica de Oxigê nio (outubro) 8 D.B.O mg/L mg/L 8 D.B.O 10 2 6 4 2 0 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 3 Salinidade 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Figura 23: Dispersão sazonal dos resultados da Demanda Bioquímica de Oxigênio plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 2,5 Nitrito (janeiro) 2,0 2,0 1,5 1,5 N-NO2 UM N-NO2 UM 2,5 1,0 0,5 1,0 0,5 0,0 0,0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 3 Salinidade Salinidade Nitrito (julho) Nitrito (outubro) 2,0 2,0 1,5 1,5 1,0 0,5 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 2,5 N-NO2 UM N-NO2 UM 2,5 Nitrito (abril) 1,0 0,5 0,0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade 0,0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Figura 24: Dispersão sazonal dos resultados de Nitrito plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 18 Nitrogênio am oniacal (janeiro) 15 15 12 12 N-NH4 UM N-NH4 UM 18 9 6 3 Nitrogênio Am oniacal (abril) 9 6 3 0 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Salinidade 18 Nitrogê nio am oniacal (julho) 18 15 12 12 N-NH4 UM N-NH4 UM Nitrogê nio Am oniacal (outubro) 15 9 9 6 6 3 3 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Salinidade Figura 25: Dispersão sazonal dos resultados de Nitrogênio Amoniacal plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 70 70 Nitrato (jane iro) 60 50 N-NO3 UM 50 N-NO3 UM Nitrato (abril) 60 40 30 40 30 20 20 10 10 0 0 0 3 6 0 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 3 6 Salinidade Salinidade 70 70 Nitrato (julho) 60 N-NO3 UM UM N-NO3 50 40 30 40 30 20 20 10 10 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade estofa). Nitrato (outubro) 60 50 a 4 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Figura 26: Dispersão sazonal dos resultados de Nitrato plotados contra Salinidade nos gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: 6 Fosfato (jane iro) 5 5 4 4 P-PO4 UM P-PO4 UM 6 3 2 Fos fato (abril) 3 2 1 1 0 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 3 6 Salinidade Salinidade 6 Fos fato (julho) 5 5 4 4 P-PO4 UM P-PO4 UM 6 3 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Fos fato (outubro) 3 2 2 1 1 0 0 0 3 6 0 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Salinidade Figura 27: Dispersão sazonal dos resultados de Fosfato plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 0,15 0,15 Fós foro Total (jane iro) 0,10 Fós foro Total (abril) mg/L mg/L 0,10 0,05 0,05 0,00 0,00 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade 0,15 Salinidade 0,15 Fós foro Total (julho) 0,10 Fós foro Total (outubro) mg/L mg/L 0,10 0,05 0,05 0,00 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade 0,00 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Figura 28: Dispersão sazonal dos resultados de Fósforo Total plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 400 400 Silicato (janeiro) 300 300 250 250 200 Silicato (abril) 350 UM UM 350 200 150 150 100 100 50 50 0 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade 400 400 Silicato (julho) 350 300 300 250 250 200 150 Silicato (outubro) 350 UM UM Salinidade 200 150 100 100 50 50 0 0 3 0 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Salinidade Figura 29: Dispersão sazonal dos resultados de Silicato plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 4,5 4,0 3,5 Clorofila A (janeiro) 3,0 2,5 2,0 1,5 ug/L ug/L 4,5 4,0 3,5 1,0 0,5 0,0 0 3 6 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Clorofila A (julho) 0 3 4,5 4,0 3,5 ug/L ug/L Salinidade 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 Clorofila A (abril) Clorofila A (outubro) 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Figura 30: Dispersão sazonal dos resultados de Clorofila-a plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 70 Razão N/P (jane iro) 60 70 Razão N/P (abril) 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 0 0 3 6 Salinidade 70 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade 70 Razão N/ P (julho) 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Razão N / P (outubro) 60 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Salinidade Figura 31: Dispersão sazonal dos resultados da Razão N/P plotados contra a Salinidade nos 4 gradientes salinos analisados em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 3.2.2 – Metais Pesados na Água Os resultados do monitoramento dos gradientes salinos aqui apresentados são relativos aos cruzeiros de Janeiro e Abril (Tabelas 14 e 15), enquanto os cruzeiros de Julho e Outubro ainda estão sendo processados, devido aos problemas técnicos apresentados pelo equipamento de absorção atômica durante 2007. A fim de se obter uma interpretação mais integrada dos dados, os gráficos indicando a linha de tendência das concentrações ao longo dos gradientes salinos de Janeiro e Abril serão apresentadas conjuntamente com os dados referentes a Julho e Outubro, após a conclusão das análises e interpretação dos dados. 3.2.2.1 – Monitoramento do 1º Gradiente Salino (Janeiro - 2007) Durante a amostragem de água em Janeiro (verão), o estuário apresentou influência de água com alta salinidade até depois da cidade de Pelotas, indicando uma grande penetração de água salgada no estuário (Figura 02A). As concentrações de metais na água de superfície, amostrada no gradiente salino de 5,2 a 34,7 (Tabela 14) na condição de maré vazante e vento predominante norte/nordeste, indicaram baixas concentrações para o As, Cr, Cu, Hg e Zn, com muitos valores abaixo do limite de detecção do método de análise. Com isto, apenas as concentrações de cobre (Cu) apresentaram um decréscimo significativo (R2=0,89) com o aumento da salinidade, enquanto, que as concentrações de niquel (Ni) apresentaram um aumento significativo (R2=0,85) com o acréscimo da salinidade. Os demais elementos (Cd, Fe, Mn, Pb e Zn) não indicaram variações significativas ao longo do gradiente salino no estuário. Embora o Pb tenha apresentado em geral concentrações bastante baixas, na salinidade intermediária de 25,6 e 28,9 os teores de Pb foram respectivamente 6,97 µg/L e 12,97 µg/L. Este último teor encontra-se acima do valor recomendado pela legislação da FEPAM de 10 µg/L, mas está em acordo com a legislação do CONAMA (2005), que determina o valor máximo de 210 µg/L para águas salobras da Classe 2 (Tabela 14). Da mesma forma, os teores de Ni também se destacaram por apresentar suas maiores concentrações nas águas superficiais das duas salinidades intermediárias acima mencionadas, com teores de 35,8 e 63,25 µg/L. A ocorrência das concentrações de Pb e Ni mais elevadas nestas duas salinidades se deve, provavelmente, a influência do aporte de efluentes a partir da Praia do Laranjal, visto, que as amostragens de água foram realizadas próxima a esta área. 3.2.2.2 – Monitoramento do 2º Gradiente Salino (Abril - 2007) Durante a amostragem de água em Abril (outono), a água do estuário se encontrava mixohalina, com água superficial doce acima da cidade de Rio Grande e água com alta salinidade logo após a saída dos Molhes da Barra para o oceano. As concentrações dos metais na água de superfície, com salinidades variando de 1,8 a 32,8 (Tabela 15) durante a maré vazante e vento predominante leste, indicaram serem mais baixas do que no período de Janeiro. Apenas o Mn apresentou um decréscimo significativo das concentrações com o aumento da salinidade, visto que os locais de amostragem com alta salinidade já se encontravam no mar e as concentrações de Mn estiveram muito baixas neste tipo de água. Os elementos Cu, Mn, Pb e Zn exibiram tendências semelhantes frente a mudança de salinidade, conforme observado na amostragem de Outubro de 2006, quando o regime foi também vazante no estuário. Apenas o Fe apresentou uma tendência distinta, ou seja, de decréscimo frente ao aumento da salinidade em Outubro/2006, e de aumento frente à elevação da salinidade na presente amostragem (Abril/2007). Os demais metais, As, Cd, Cr, Hg e Ni indicaram concentrações muito baixas, com muitas abaixo do limite de detecção do método (Tabela 15). Portanto, nesta amostragem de Abril todos os resultados estiveram de acordo com as concentrações recomendadas pela legislação. 3.2.2.3 – Monitoramento do 3º Gradiente Salino (Julho - 2007) Na amostragem em Julho (inverno) ocorreu a situação intensa de vazante no estuário e a água mixohalina foi encontrada fora do estuário na área oceânica, mas bem mais afastada dos Molhes da Barra (Figura 2), com salinidades variando de 0,5 a 24,5. Alguns metais apresentaram concentrações um pouco mais elevadas, do que na amostragem de janeiro, como o Cr, Pb e Zn (Tabela 16). 3.2.2.4 – Monitoramento do 4º Gradiente Salino (Outubro - 2007) Durante as amostragens em Outubro (primavera), o vento intenso nordeste atuando vários dias, favoreceu a ocorrência de intensa vazante, com água totalmente doce no estuário, elevadíssima turbidez e deslocando a mistura da água do estuário com a do mar para fora dos Molhes da Barra (Figura 2). As águas amostradas apresentaram variações de salinidade de 0 a 19, indicando valores muito baixos e confirmando a intensa influência de água doce proveniente do estuário. Em geral todos os metais apresentaram concentrações mais elevadas na água superficial, do que os demais meses, em função desta intensa quantidade de material em suspensão (Tabela 17). Devido a concentração de alguns metais analisados estarem abaixo do limite de detecção do método, não foi possível avaliar a tendência do comportamento de todos elementos frente a variação da salinidade nos 4 meses amostrados. Entretanto os resultados obtidos indicaram ocorrer uma tendência geral não conservativa do metal frente ao aumento da salinidade, como é o caso do Cd (Figura 32) e o Cr (Figura 33), para dois meses distintos. Já o Fe foi o único elemento que não indicou nenhuma tendência significante nos 4 meses de estudo (Figura 38). Isto pode indicar, que o Fe ocorreu em grande quantidade no estuário e que existe Fe suficiente para ser utilizado em processos biológicos, possuindo assim um comportamento mais conservativo nas águas mixohalinas. O Mn apresentou uma variabilidade em seu comportamento frente ao aumento da salinidade (Figura 34), assim como o Ni (Figura 35), o Pb (Figura 36) e o Zn (Figura 37), provavelmente explicado pelas mais baixas concentrações obtidas destes elementos nos meses de Janeiro, Abril e Julho. Como no mês de Outubro as concentrações em geral foram mais elevadas, todos os elementos (Cd, Cr, Mn, Ni, Pb e Zn) apresentaram a mesma tendência de decréscimo na concentrações com o aumento da salinidade, indicando uma tendência não conservativa destes elementos no estuário, devido a intensa vazante existente neste período. Apesar desta variação bastante particular da condição do estuário, todos os resultados estiveram de acordo com as concentrações recomendadas pela legislação. Tabela 14: Gradiente Salino – 1° Cruzeiro (Janeiro/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água de superfície na área portuária e adjacências, e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa). * = FEPAM, Classe C água salobra (1995) ** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005) Tabela 15: Gradiente Salino – 2° Cruzeiro (Abril/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água de superfície na área portuária e adjacências, e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa). * = FEPAM, Classe C água salobra (1995) ** = CONAMA n° 357, Classe 2 água salobra (2005) Tabela 16: Gradiente Salino – 3° Cruzeiro (Julho/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água de superfície no terceiro cruzeiro anual (12/07/2007) realizado ao longo do gradiente salino (sal. desde 1,8 até 32,8) presente na área portuária e adjacências, e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa). Parâmetro Unidade SAL 0,5 SAL 3,5 SAL 7,1 SAL 8,9 SAL 13,1 SAL 15,5 SAL 16,5 SAL 18,7 SAL 22,2 SAL 24,5 Referências As µg/L < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 < 0,167 <50*, <69** Cd µg/L 0,466 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 < 0,396 <5*, 40** Cr µg/L 0,295 1,825 2,804 5,881 < 0,261 1,160 0,649 < 0,261 0,261 1,368 <50*, <1100** Cu µg/L < 0,239 0,391 0,611 1,401 < 0,239 < 0,239 2,056 0,331 0,376 < 0,239 <50*, 7,8** (dissolv.) Fe µg/L 532,225 712,225 424,725 415,725 318,725 14,725 13,225 < 0,150 279,225 1452,225 Hg µg/L < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 <0,1*, <1,8** Mn µg/L 0,862 0,407 0,137 0,208 0,257 0,283 0,286 < 0,029 1,522 < 0,029 Ni µg/L 2,026 0,551 < 0,807 2,111 < 0,807 < 0,807 < 0,807 < 0,807 0,456 0,441 <100*, <74** 0,860 < 0,600 < 0,600 5,130 1,495 2,930 4,480 < 0,600 2,380 < 0,600 <10*,210** Pb µg/L Zn µg/L 1,759 1,851 1,863 2,143 2,301 4,243 5,043 5,543 12,109 12,659 <170*, <120** * FEPAM (1995): Classe C águas salobras ** Conama (2005): Classe 2 águas salobras Tabela 17. Gradiente Salino – 4° Cruzeiro (Outubro/2007). Concentrações (µg/L) de metais em água de superfície no quarto cruzeiro anual (05/10/2007) realizado ao longo do gradiente salino (sal. desde 1,8 até 32,8) presente na área portuária e adjacências, e comparação com limites recomendados pela legislação ambiental (cor rosa). Parâmetro Unidade SAL 0,0 SAL 3,4 SAL 5,8 SAL 8,8 SAL 11,4 SAL 16,9 SAL 18,0 SAL 19,0 As µg/L 1,051 < 0,306 3,571 < 0,306 < 0,306 < 0,306 < 0,306 < 0,306 Cd µg/L 1,618 0,948 0,638 0,413 < 0,397 < 0,397 < 0,397 < 0,397 Cr µg/L 2,446 3,232 13,419 6,264 10,994 1,685 0,810 0,612 Cu µg/L 2,345 1,145 1,160 1,530 1,005 4,440 < 0,272 < 0,272 Fe µg/L 981,097 1186,097 1426,097 2046,097 2726,097 1356,097 561,097 159,097 Hg µg/L < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 < 0,19 Mn µg/L 4,791 3,741 5,571 3,926 3,096 1,536 1,631 0,251 Ni µg/L 16,963 5,563 3,473 2,663 2,488 1,348 < 1,017 1,223 Pb µg/L 7,512 4,862 4,612 4,212 3,767 3,367 2,677 3,242 Zn µg/L 1,390 < 0,002 < 0,002 13,598 0,506 < 0,002 < 0,002 < 0,002 Referências <50*, <69** <5*, 40** <50*, <1100** <50*, 7,8** (dissolv.) <0,1*, <1,8** <100*, <74** <10*,210** <170*, <120** * FEPAM (1995): Classe C águas salobras ** Conama (2005): Classe 2 águas salobras Cd (Janeiro) 0,4 0,3 1,5 ug/L ug/L Cd (Outubro) 2,0 0,2 0,1 1,0 0,5 0,0 0,0 0 10 20 30 40 0 5 10 Salinidade 15 20 Salinidade Cr (Julho) 7 6 5 4 3 2 1 0 Cr (Outubro) 15,0 10,0 ug/L ug/L Figura 32. Dispersão sazonal dos resultados de Cádmio plotados contra a Salinidade de 2 gradientes salinos em 2007 (Janeiro e Outubro: regime de vazante). 5,0 0,0 0 10 20 30 0 5 Salinidade 10 15 20 Salinidade Figura 33. Dispersão sazonal dos resultados de Cromo plotados contra a Salinidade de 2 gradientes salinos em 2007 Fe (Janeiro) (Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). Fe (Abril) 500 1000 ug/L ug/L 1500 500 0 0 10 20 30 400 300 200 100 0 0 40 10 Fe (Julho) 2000 20 30 40 Salinidade Salinidade Fe (Outubro) 3000 2000 1000 ug/L ug/L 1500 500 0 1000 0 0 10 20 Salinidade 30 0 5 10 Salinidade 15 20 1,0 ug/L ug/L Mn (Janeiro) Mn a(Abril) Figura 34. Dispersão sazonal dos resultados de Ferro plotados contra Salinidade de 4 gradientes salinos em 2007 1,5 1,0 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 0,8 0,5 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0 10 20 30 40 0 10 20 30 40 Salinidade Salinidade Mn (Outubro) Mn (Julho) 2,0 6 ug/L ug/L 1,5 1,0 0,5 0,0 4 2 0 0 10 20 0 30 5 10 15 20 Salinidade Salinidade Figura 35. Dispersão sazonal dos resultados de Manganês plotados contra a Salinidade de 4 gradientes salinos em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). Ni (Janeiro) Ni (Julho) ug/L ug/L 60 40 20 2 15 20 1 0 0 0 10 20 30 Ni (Outubro) 3 ug/L 80 10 5 0 40 0 10 Salinidade 20 30 0 5 Salinidade 10 15 20 Salinidade Figura 36. Dispersão sazonal dos resultados de Níquel plotados contra a Salinidade de 3 gradientes salinos em 2007 (Janeiro e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). Pb (Julho) Pb (Abril) 0,4 0,2 0,0 8 6 4 ug/L ug/L 0,6 ug/L Pb (Outubro) 6 0,8 2 2 0 0 10 20 30 40 4 0 0 10 Salinidade 20 30 0 5 10 Salinidade 15 20 Salinidade Figura 37. Dispersão sazonal dos resultados de Chumbo plotados contra a Salinidade de 4 gradientes salinos em 2007 (Janeiro, Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 1,1 0,0 Zn (Outubro) 15 15 10 10 ug/L 2,2 ug/L ug/L Zn (Julho) Zn (Abril) 3,3 5 0 0 10 20 Salinidade 30 40 5 0 0 10 20 Salinidade 30 0 5 10 Salinidade 15 20 Figura 38. Dispersão sazonal dos resultados de Zinco plotados contra a Salinidade de 3 gradientes salinos em 2007 (Abril e Outubro: regime de vazante. Julho: estofa). 3.3 – Monitoramento de organismos Bio-indicadores Todos os resultados (concentrações de metais nos organismos coletados) estão expressos em peso úmido, conforme considerado pela legislação brasileira. • Mexilhões (Perna perna): Os organismos obtidos no local Porto, junto a Raiz do Molhe Oeste (Tabela 03), eram de um tamanho bastante reduzido. Observou-se que a grande população desses organismos fixados as pedras dos molhes, apresentou uma considerável redução, em virtude do estuário ter sido dominado por um longo período de água doce. Conforme descrito por Furley (1993), os mexilhões não suportam viver por mais de 30 dias em ambiente dominado por água doce. Estes organismos apresentaram concentrações de metais em conformidade com a legislação (Tabela 18). No local denominado local Controle, no Farol da Conceição (Tabela 03) não foi possível efetuar coletas pois, em todas ocasiões de amostragem (03 vezes), a maré estava muito alta, impossibilitando o acesso ao local onde estes organismos estão fixados. Em função também das fortes tempestades que assolaram a costa sul do Brasil, muitos organismos foram arrancados do seu substrato rochoso, tendo sido encontrados mortos na praia, em locais até distante do seu hábitat, transportados pelas fortes correntes marinhas, impulsionadas pelos fortes ventos. • Cracas (Balanus improvisus): Não houve fixação abundante de cracas durante o período de inverno. O material coletado possuía muito mais carapaça do que partes moles. Isto não é um fato novo e já foi demonstrado por Baumgarten (1986) que a análise de metais bioacumulados nas carapaças é uma excelente ferramenta para biomonitoramento. Foi possível obter cracas somente junto ao Píer de atracação do Porto Novo (Tabela 03) e, mesmo assim, foram coletados poucos organismos, com tamanho bastante reduzido. Os organismos maiores, estavam mortos, restando somente a carapaça. O longo período a que o estuário esteve submetido a ação da água doce, foi o responsável pela baixa densidade da população e tamanho reduzido dos organismos. Pela primeira vez o zinco não esteve em conformidade com a legislação. Deve ser observado o comportamento do zinco nas próximas amostragens/análises. Os resultados encontram-se na Tabela 19. • Camarões (Farfantepenaeus paulensis): Não houve coleta desses organismos, por estarem fora do período de safra. As primeiras coletas referente a safra de 2008, serão efetuadas no mês de Janeiro, junto ao píer de atracação do Porto de Rio Grande. • Peixes: Foram encontradas e analizadas as seguintes espécies: ⇒ Bagre (Netuma planifrons) ⇒ Corvina (Micropogonias furnieri) ⇒ Mandi (Parapimelodus nigribarbis) ⇒ Pintado (Pimelodus maculatus) ⇒ Tainha (Mugil platanus) ⇒ Tambica (Hoplostermum littorale) Todas espécies analizadas apresentaram concentrações de metais em conformidade com a legislação. Tabela 18. Concentrações (µg/L) de metais em diferentes espécies de organismos indicadortes (Agosto de 2007 – Inverno). 4 – CONCLUSÕES 4.1 - Parâmetros Físico-Químicos e Nutrientes A estratégia adotada para avaliação da qualidade ambiental da água, através de cruzeiros sazonais para monitoramento contínuo do estuário (com amostragens em 10 estações fixas e em três profundidades da coluna d’água) simultaneamente com o acompanhamento do gradiente salino (com amostragens superficiais), permitiu uma avaliação da qualidade ambiental em quatro situações, abaixo descritas, muito distintas em termos de hidrodinâmica e conseqüências na qualidade da água da área portuária. • Situação 1: A dominância da água marinha oligotrófica no estuário ocorrida no monitoramento de Janeiro, embora em um fraco regime de vazante no canal, resultou em diluições dos contaminantes aportados via lançamento pontual nas margens de efluentes domésticos e industriais ricos em matéria orgânica, assim como via emissões de possíveis perdas de resíduos de grãos vegetais resultantes das atividades portuárias de carga e descarga. Essa diluição resultou em decréscimos das concentrações em geral dos compostos químicos aportados para o estuário. Mas, devido a que as águas do Saco da Mangueira estavam vazando para a área portuária com altas concentrações de nitrogênio amoniacal (amônio), nas estações junto à desembocadura dessa enseada, a diluição não foi suficiente para evitar o enriquecimento nesse fitonutriente nessa área. Para que isso não ocorresse, a hidrodinâmica do canal teria que ser maior nessa ocasião. A origem de amônio é a partir da degradação da matéria orgânica intensamente aportada para essa enseada. • Situação 2: Quando o estuário se encontrou estratificado, com a cunha salina penetrando pelo fundo e com fracos processos de mistura das camadas de água, como ocorreu em Abril, a contribuição da coluna sedimentar se concentrou no enriquecimento das águas do fundo do estuário e na sub-saturação em oxigênio. Quanto mais contaminada a coluna sedimentar, maior é o enriquecimento da coluna d’água, principalmente junto ao fundo. • Situação 3: Com a dominância da água mixohalina no estuário, como ocorrida em Julho, sem estratificação significativa, com regime hídrico heterogêneo, com vazante no norte do estuário, seguido de enchente e estofa no Superporto, os efluentes lançados tendem a ficarem retidos no estuário. Apesar disso, a água marinha presente no mesmo, embora diluída, proporcionou alguma diluição dos mesmos. Essa é uma condição ambiental bastante crítica para lançamento de efluentes ou realização de dragagens. Corrobora com isso os acréscimos de fosfato, evidenciando a presença na área portuária de emissões de indústrias de fertilizantes, sejam aéreas ou hídricas, as quais são ricas nesse composto. • Situação 4: A situação de intensa vazante e total dominância de água doce até a desembocadura do estuário, registrada em Outubro, resultou num intenso enriquecimento da água em nutrientes e suspensões. Isso foi conseqüência de um somatório de fontes naturais (ressuspensão de sedimentos e liberação de água intersticial enriquecida por processos de diagêneses ocorrentes na coluna sedimentar, típicos dos ciclos biogeoquímicos do nitrogênio e do fósforo) e antrópicas (efluentes, emissões aéreas industriais ou portuárias). Nessa situação, a contaminação e principalmente a fortíssima turbidez da água somente foi se dissipando a partir da desembocadura do estuário, à medida que a água se misturava com a água marinha oligotrófica. Isso pode ser constatado com o estudo silmultâneo do gradiente salino ocorrido somente na área junto ao deságüe do estuário. As análises dos Gradientes Salinos amostrados nestas diferentes condições de hidrodinâmica do estuário evidenciaram que a água marinha somente contribui de forma significativa para melhorar a qualidade química da água do estuário e adjacências quando essa água está contaminada por ter sofrido algum enriquecimento importante. Portanto, ficou evidente a importância em se adotar monitoramentos contínuos ao longo do tempo com estudos simultâneos dos Gradientes Salinos, pois a influência da água marinha no estuário diminui as concentrações dos poluentes e aumenta a capacidade do mesmo em receber efluentes e outros aportes, sem necessariamente se contaminar ou estar em desconformidade com a legislação ambiental. Apesar dos acréscimos de amônio e de alguns compostos registrados em todos os quatro monitoramentos realizados em 2007, as concentrações ainda se mantiveram em conformidade com a legislação ambiental do CONAMA (2005), embora as concentrações de amônio e as sub-saturações de oxigênio tenham se apresentado levemente fora dos padrões recomendados como normais pela bibliografia para estuários naturais. Isso enfatiza que na área portuária há aportes excessivos de compostos nitrogenados, seja de fontes naturais ou antrópicas, incluindo os deságües do Saco da Mangueira, além das próprias emissões pontuais locais. 4.2 - Metais Pesados na Água As concentrações de metais, em geral, se apresentaram bastante baixas nos períodos amostrados, indicando que o regime de vazante predominante nas amostragens foi importante no processo de diluição destes elementos. O aumento nas concentrações de certos elementos indicam, provavelmente, ocorrer devido a algum aporte proveniente do continente (como observado no monitoramento do Gradiente Salino em Janeiro-2007) ou da ressuspensão do sedimento de fundo (observado durante o monitoramento contínuo nos dos pontos fixos em Abril-2007). No entanto, todos os elementos apresentaram teores na água em conformidade com a legislação vigente. 4.3 - Metais Pesados em Organismos Bio-indicadores Nos dois períodos considerados, o cromo total foi o único elemento que apresentou concentrações no limite máximo ou levemente acima do recomendado pela legislação brasileira. No cenário nacional (Niencheski et al., 2005) e, especificamente no estuário da Lagoa dos Patos (Baraj et al., 2002 e 2003; Corradi, C. E., 2002, Corradi et al., 2001; 2002a, 2002b; 2003 e Rosa et al., 2002), resultados têm reportado que as concentrações de cromo bioacumulado, tanto em peixes quanto em camarões e cracas, estão acima do estipulado pela legislação brasileira (Portaria No. 34/1984 estabelecida pela DINAL – Divisão Nacional de Vigilância Sanitária) constituindo um importante fator sanitário. Embora a legislação fixe limites para a presença de cromo total em águas, deve ser dada especial atenção à presença da forma hexavalente daquele elemento (Cr VI) no ambiente, em virtude de seus efeitos teratogênico e mutagênico sobre os seres vivos. 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMINOT, A & CHAUSSEPIED, M. 1983. Manuel des analyses chimiques en milieu marin. CNEXO. Brest. 395 p. 143. BARAJ, B.; NIENCHESKI, L. F. & CORRADI, C. E. C., 2002. Tendência de metais traço bioacumulados no molusco Perna perna da costa sul brasileira. 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XIV Semana Nacional De Oceanografia, 2001, Rio Grande. Anais da XIV Semana Nacional de Oceanografia. Oceanografia e Sociedade: um desafio à teoria e à prática. 07 a 13 de Outubro de 2001. Rio Grande: Ed. Centro Acadêmico Livre de Oceanologia, 2001. 1 CD-ROM. Apresentado na forma de Painel. Resumo expandido: 029. CORRADI, C. E.; FRIEDRICH, A. C.; NIENCHESKI, L. F. & BAUMGARTEN, M. G. Z. 2002. Avaliação dos níveis de Hg, Cd, Cr e Pb no camarão rosa (Farfantepenaeus paulensis) da enseada Saco da Mangueira. Encontro de Qualidade dos Alimentos e Meio Ambiente (EQAMA 2002). 19 a 21 de junho de 2002. FURG. CORRADI, C. E. C.; NIENCHESKI, L. F.; ROSA, M. L.; BARAJ, B.;. & BENEDET, R. A. 2002. Avaliação do potencial bioindicador do camarão rosa (Farfantepenaeus paulensis) no estuário da Lagoa dos Patos. XXIV Congresso Brasileiro de Zoologia. 17 a 22 de fevereiro de 2002, Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina, Brasil. Resumo 7147. p.105. CORRADI, C. E. C.; FRIEDRICH, A. 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Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental. UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí – CTTMar – Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar - Curso de Engenharia Ambiental. 28/04 – 01/05/2002. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). 1989. Lead – Environmental Aspects. Geneva, pp.106. III - GEOQUÍMICA Equipe Técnica: Responsável: Dr. Paulo Baisch Dr. Nicolai Mirlean Prof. Gilberto Griep Téc. Dra. Maria Regina Casartelli Téc. Lab. Lutiane das Neves Affonso Téc. Lab. Neuza Teixeira Acadêmico Felipe Azevedo de Paula Garcia 1 – INTRODUÇÃO O presente relatório refere-se às atividades realizadas no ano de 2007, as quais abrangem três (03) cruzeiros de sondagem geológica e geoquímica para monitorar a qualidade dos sedimentos da região de acesso ao Porto do Rio Grande e bacia de evolução do porto novo. Estes trabalhos envolveram processos de amostragens, análises de laboratório e interpretação de resultados. O trabalho executado teve como objetivo investigar a qualidade dos sedimentos superficiais da região portuária estuarina do Porto do Rio Grande, com vistas ao monitoramento ambiental dessa região. Para tanto foram realizadas: medições de pH e Eh; análise granulométrica; análises para dosar os níveis dos metais pesados: Mercúrio e Arsênio; dosagem dos elementos metálicos: Zinco, Chumbo, Cobre, Níquel, Cromo, Cádmio e Alumínio; dos nutrientes: Carbono Orgânico Total; Nitrogênio Orgânico Total; Fósforo Total; e dos Óleos e Graxas. Os resultados encontrados foram avaliados quanto a conformidade dos teores em relação aos níveis exigidos pela Resolução CONAMA 344/2004. 2 - MATERIAL E MÉTODOS 2.1 – Área Amostral No decorrer de 2007, foram efetuados três (03) cruzeiros para amostragens na coluna do sedimento. Os cruzeiros foram realizados pela Lancha Larus da FURG, nos meses de Abril, Julho e Outubro, respectivamente. As amostragens foram realizadas em 10 pontos de coleta, nas coordenadas descritas na (Tabela 01), conforme definição da Superintendência do Porto de Rio Grande, onde foram coletadas as amostras superficiais de sedimentos. As localizações das estações amostrais encontram-se plotadas na Figura 01. Tabela 01: Localização espacial e temporal das estações de amostragem. Estações Descrição (nome) Latitude Longitude G0 São José do Norte 1 31° 58' 19"S 52° 04' 14"W G1 Porto Velho 32° 01 46"S 52° 03' 46"W G2 Porto Novo 32° 02' 04"S 52° 04' 36"W G3 Porto Novo 32° 02' 20"S 52° 04' 28"W G4 Bóia 4 32° 03' 20"S 52° 04' 12"W G5 S 386 32° 03' 54"S 52° 04' 32"W G6 Bóia 13 32° 05' 58"S 52° 06' 01"W G7 Praticagem 32° 08' 00"S 52° 06' 02"W G8 Raiz do Molhe 32° 09' 37"S 52° 05' 27"W G9 Ponta do Molhe 32° 11' 26"S 52° 04' 40"W Figura 01: Localização espacial das estações amostrais, à exceção do ponto controle (G0), situado a montante no estuário. 2.2 – Amostragem As análises geoquímicas foram realizadas em 30 amostras que foram coletadas utilizando-se um amostrador pontual do tipo “busca-fundo”, modelo Van-Veen, livre de contaminação metálica ou orgânica. As medidas de pH e Eh (potencial redox) foram realizadas durante as coletas. Após essas medidas, os sedimentos foram adequadamente acondicionados e transportados ao laboratório, onde se realizou o processamento das amostras. No laboratório cada uma das amostras foi divida em duas partes, uma parte destinada às análises granulométricas e outra para análises químicas. 2.3 – Análises Laboratoriais 2.3.1 – Granulometria dos Sedimentos Para a determinação da granulometria dos sedimentos foi empregado o método tradicional de peneiragem (sistema de vibração elétrica) da fração maior do que 0,062 mm de diâmetro (partículas grosseiras), enquanto que para as partículas finas (silte e argila) foi empregado o método da separação por decantação, seguido por pipetagens sucessivas. Os resultados de cada fração granulométrica analisada são apresentados em porcentagem de peso seco total da amostra. 2.3.2 - Medidas de pH e Eh As leituras de pH foram efetuadas pelo método potenciométrico, com pH-mêtro digital (+/- 0,01 pH) empregando-se um eletrôdo combinado de vidro tipo baioneta. O Eh (potencial redox) foi medido pelo método potenciométrico (+/- 1 mV) com pH-mêtro digital (1 mV) empregando-se um eletrôdo combinado de platina. 2.3.3 – Análise de Nutrientes e Contaminantes As amostras destinadas às análises químicas foram dessalinizadas, secas em estufa, peneiradas em malha de nylon (63 μm) e maceradas em graal da ágata. Nas amostras do 1° e 2° cruzeiros (Abril e Julho-2007, respectivamente), as análises químicas dos parâmetros geoquímicos foram realizadas na fração fina, sendo as concentrações posteriormente extrapoladas para fração total, afim de comparação com a legislação vigente (Tabelas 02 e 03). As análises químicas das amostras do 3° cruzeiro (Outubro-2007), no entanto, foram realizadas diretamente sobre a fração total (Tabela 04). Dentre estas apenas as análises de óleos e graxas não foram concluídas, e portanto, encontram-se ausentes do atual diagnóstico. Os teores na fração total do sedimento foram calculados pela multiplicação dos teores encontrados por um fator correspondente ao percentual da fração fina no sedimento total. Os dados de concentração total estão apresentados em tabelas (Tabelas 02, 03 e 04) e descritos por área de interesse. 2.3.3.1 - Análise do Carbono Orgânico Total O conteúdo de carbono orgânico total (COT) foi determinado pelo método de oxidação em via úmida segundo Strickland e Parsons (1972), modificado por Etcheber (1981). Os resultados são apresentados em porcentagem (%) do sedimento seco. 2.3.3.2 – Análise do Nitrogênio Orgânico Total A concentração de Nitrogênio Orgânico Total (NOT) foi efetuada de acordo com a metodologia micro-Kjeldahl, descrita por Bremner (1965). Os resultados do NOT são apresentados em mg/Kg do sedimento seco. 2.3.3.3 - Análise do Fósforo Total. A concentração de Fósforo total (P-Total) foi determinada através do método espectrofotométrico (APHA, 1992), e os resultados são apresentados em mg/Kg do sedimento seco. 2.3.3.4 - Análise de Óleos e Graxas A dosagem do teor de óleos e graxas dos sedimentos foi efetuada segundo metodologia de extração por solvente (APHA, 1992), sendo os resultados apresentados em porcentagem (%) de sedimento seco. 2.3.4 - Análise dos Metais Pesados 2.3.4.1 – Análise dos Elementos Metálicos As frações dos sedimentos destinadas às análises químicas (alguns metais e matéria orgânica) foram secas em estufa a 80°C, enquanto que para as análises de mercúrio e arsênio (Hg e As) os sedimentos foram secos a temperatura máxima de 30°C para evitar perdas por volatilização. As análises dos elementos metálicos Chumbo, Cobre, Zinco, Cádmio, Níquel, Cromo e Alumínio foram efetuadas segundo a metodologia descrita por Windom et al. (1989), a qual consiste na digestão ácida total (HNO3, HClO4, HF) a quente em recipientes de teflon, com a posterior eliminação dos fluoretos. A dosagem da concentração dos elementos metálicos foi efetuada segundo os procedimentos tradicionais de Espectrofotometria de Absorção Atômica por chama, com a utilização de um aparelho BCG de modelo 932 AA. 2.3.4.2 – Análise de Mercúrio O Mercúrio (Hg) dos sedimentos foi extraído através de um ataque com ácido sulfúrico e foi dosado pela técnica de vapor a frio com leitura por Espectrofotometria de Absorção Atômica. 2.3.4.3 – Análise de Arsênio As análises de Arsênio dos sedimentos foram realizadas através da metodologia de Espectrofotometria de Absorção Atômica por forno de grafite (Nham & Brodie, 1989). 2.4 - Controle de Qualidade Analítica As análises foram realizadas em triplicatas, sendo repetidas no caso de terem apresentado valores considerados não aceitáveis de Desvio Padrão Standard (RSD). Para o controle e monitoramento da qualidade analítica foram empregados sedimentos certificados de referência (PACS-1; PACS-2). 3 – RESULTADOS As concentrações dos parâmetros geoquímicos, resultantes das medições e das análises granulométrica e química das amostras dos cruzeiros de 2007, encontram-se nas tabelas 02, 03 e 04, assim como os níveis exigidos pela legislação vigente (Resolução CONAMA 344/2004). 3.1 – Granulometria dos Sedimentos Os percentuais em massa das frações granulométricas, para cada estação amostral estão ilustrados nas Figuras 02, 03 e 04. Em termos das principais frações granulométricas (areia, silte e argila) os resultados estatísticos mostram que, em média, os sedimentos da região portuária - estuarina não apresentam uma fração granulométrica efetivamente dominante sobre as demais, podendo ser classificados, globalmente, como fácies mistas. Os sedimentos do 1° cruzeiro amostral são classificados, em média, como Síltico-argiloarenosos, à exceção dos pontos G1, G5 (tendendo a Arenosos) e G9 (Areno-síltico-argiloso). Para os sedimentos do 2° cruzeiro amostral, os pontos G1 e G5 apresentam-se predominantemente compostos pela fração Areia (74,1% e 85,9%, respectivamente), sendo considerados arenosos. Os pontos G6 e G7 são bastante ricos em Argila (60,3% e 57,9%, respectivamente), associados a teores de silte, podendo ser classificados como Argilas-sílticas. Os demais sedimentos apresentaram teores relativamente próximos das três classes granulométricas, sendo uma mistura de Areia, Silte e Argila. No 3° cruzeiro (Outubro-2007), os pontos amostrais G1, G4, G8 e G9 podem se classificados como Areia-argilosa, enquanto os pontos G2, G6 e G7 apresentam uma distribuição granulométrica que permite classificá-los como Silte-argilosos. O sedimento do ponto G0 enquadra-se como Argila-siltica, e os pontos G3 e G5 apresentam teores relativamente próximos das três classes granulométricas, sendo uma mistura de Areia, Silte e Argila. As médias granulométricas por cruzeiro amostral não são valores estatísticos muito representativos, pois existe uma grande variação granulométrica ao longo da região (Figuras 02, 03 e 04), o que é comprovado pelos altos valores dos desvios-padrão das médias das diferentes frações em todos os cruzeiros. No entanto é possível observar uma uniformidade temporal no ponto G1 quanto a granulometria, sendo que este ponto apresentou a fração areia acima de 68% em todas as campanhas (Areia igual a 70,8% ±2,9%). Padrão semelhante, porém não tão expressivo, pode ser verificado para outros pontos estudados. Os pontos G5 (Areia = 66,9% ±22,4%) e G9 (Areia = 51,7% ±13,2%). Inversamente, quatro pontos apresentaram características lamosas ao longo dos cruzeiros amostrais. Para o somatório das frações Silte e Argila encontram-se o ponto G0 com teor de 91,4% (±11,0%), o ponto G2 com teor de 84,9% (±12,1%), o ponto G6 com teor de 87,6% (±11,7%), e o ponto G7 com teor de 94,5% (±2,2%). Os demais pontos (G3, G4 e G8) apresentaram uma ampla distribuição das classes granulométricas ao longo do tempo. Tabela 02: Resultados das análises geológicas e geoquímicas dos sedimentos superficiais da região portuária do G0 G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 Média Desvio padrão 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Areia (%) 2,12 68,57 27,46 2,99 25,73 72,69 24,46 3,02 8,63 41,19 27,68 26,10 Silte (%) 50,19 14,86 36,52 69,80 40,51 14,68 40,68 48,58 46,45 34,68 39,70 16,40 Argila (%) 47,69 16,58 36,02 27,21 33,76 12,63 34,85 48,40 44,93 24,13 32,62 12,49 pH (pH) 6,49 6,45 6,48 6,56 6,58 6,76 7,45 6,50 6,77 6,75 6,68 0,30 Eh (mV) 61 74 58 62 63 63 71 59 56 64 63,10 5,59 COT (%) 2,11 0,61 1,64 2,20 1,68 0,59 1,75 2,04 1,97 1,20 1,58 0,59 Óleos e Graxas (%) 0,70 0,09 0,15 nd nd nd 0,37 nd nd nd 0,13 0,23 NOT (mg/kg) 2377 723 2062 2867 1999 658 2243 2579 2534 1432 1950 763 P-Total (mg/kg) 6665 2169 6541 8058 5783 2260 7070 8500 8291 6179 6152 2264 Zn (mg/kg) 67,62 21,67 54,91 68,02 51,77 18,13 5473 67,42 63,67 40,56 50,85 18,49 Cu (mg/kg) 20,94 8,20 20,18 22,06 16,96 5,75 17,82 21,54 20,00 12,80 16,63 5,79 Cd (mg/kg) nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd XX Ni (mg/kg) 10,37 4,55 10,71 10,55 8,44 3,24 10,72 14,20 11,97 9,33 9,41 3,29 Cr (mg/kg) 41,83 21,20 49,92 61,92 46,66 11,11 54,17 64,00 60,97 38,01 44,98 17,70 Pb (mg/kg) 3,52 0,31 3,91 11,61 nd 2,34 2,94 4,35 6,21 nd 3,53 3,49 As (mg/kg) 16,18 6,13 7,16 9,40 11,51 4,49 Hg (mg/kg) 0,161 0,054 0,124 0,149 0,126 0,027 0,123 0,147 0,156 0,096 0,118 0,041 5,59 1,84 4,74 5,11 3,99 1,39 4,13 5,14 4,03 1,43 Granulo (%) Al (%) 15,06 14,71 12,76 3,88 14,11 15,72 4,99 3,38 estuário da Lagoa dos Patos, referente ao 1° cruzeiro amostral do monitoramento da qualidade do sedimento (Abril2007). Valores excedendo o Nível 1 do CONAMA encontram-se grifados de laranja, enquanto que o Nível 2 ou Alerta encontram-se em vermelho. Valores nd correspondem a “não detectados”. Tabela 03: Resultados das análises geológicas e geoquímicas dos sedimentos superficiais da região portuária do estuário da Lagoa dos Patos, referente ao 2° cruzeiro amostral do monitoramento da qualidade do sedimento (Julho2007). Valores excedendo o Nível 1 do CONAMA encontram-se grifados de laranja, enquanto que o Nível 2 ou Alerta encontram-se em vermelho. Valores nd correspondem a “não detectados”. G0 G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 Granulo (%) 0,0000 0,0000 0,0000 0,6220 0,0000 8,2619 0,0000 0,0000 0,0000 Areia (%) 21,2613 74,1489 14,6546 37,7974 40,8413 85,9591 11,6661 6,2395 31,525 Silte (%) 36,8701 13,0939 40,9482 18,2949 17,6886 4,2808 27,9664 35,8347 35,377 Argila (%) 41,8686 12,7572 44,3972 43,2857 41,4701 1,4982 60,3675 57,9258 33,097 pH (pH) 6,85 7,03 6,78 6,97 6,70 6,74 6,74 9,77 6,97 Eh (mV) 123 160 97 148 110 88 55 17 -20 COT (%) 1,69 0,50 1,94 1,40 1,34 0,12 2,04 1,97 1,48 Óleos e Graxas (%) 0,56 0,07 0,18 nd nd nd 0,43 nd nd NOT (mg/kg) 1912 595 2426 1820 1592 145 2623 2494 1899 P-Total (mg/kg) 5362 1784 7696 5115 4607 478 8268 8217 6213 Zn (mg/kg) 54,39 17,82 64,60 43,17 41,24 3,84 64,00 65,18 47,71 Cu (mg/kg) 16,85 6,74 23,75 14,00 13,51 1,22 20,83 20,83 14,99 Cd (mg/kg) <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 Ni (mg/kg) 8,34 3,74 12,60 6,69 6,73 0,69 12,54 13,73 8,97 Cr (mg/kg) 33,65 17,43 58,73 39,31 37,17 2,35 63,34 61,87 45,69 Pb (mg/kg) 2,83 0,26 4,60 7,37 <0,02 0,50 3,44 4,20 4,65 As (mg/kg) 13,02 5,04 17,72 9,34 10,16 0,82 16,51 15,20 5,37 Hg (mg/kg) 0,129 0,044 0,146 0,095 0,100 0,009 0,143 0,142 0,117 Al (%) 4,50 1,51 5,58 3,25 3,18 0,29 4,83 4,96 3,74 Tabela 04: Resultados das análises geológicas e geoquímicas dos sedimentos superficiais da região portuária do estuário da Lagoa dos Patos, referente ao 3° cruzeiro amostral do monitoramento da qualidade do sedimento (Outubro-2007). Valores excedendo o Nível 1 do CONAMA encontram-se grifados de laranja, enquanto que o Nível 2 ou Alerta encontram-se em vermelho. Valores nd correspondem a “não detectados”. G0 G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 Granulo (%) 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,2750 0,0000 Areia (%) 2,2745 69,7267 3,2033 32,1690 57,4534 42,1918 1,0980 6,9549 59,484 Silte (%) 39,9042 8,1599 50,1738 32,7510 17,1559 26,7277 56,7351 56,9745 12,674 Argila (%) 57,8213 22,1134 46,6229 35,0800 25,3907 31,0805 42,1669 35,7956 27,841 pH (pH) 6,31 7,51 7,35 7,20 7,28 7,22 7,00 7,12 7,39 Eh (mV) 163 228 153 146 142 155 162 153 134 COT (%) 1,35 0,29 1,14 0,98 0,56 0,90 1,26 1,12 0,67 NOT (mg/kg) 1136 916 1988 1643 1000 1507 2312 2226 1136 P-Total (mg/kg) 7664 2033 7884 5441 3324 5844 9144 8792 4416 Zn (mg/kg) 72,92 17,58 66,74 50,10 22,93 46,27 78,53 61,95 32,29 Cu (mg/kg) 21,85 5,54 18,38 14,54 7,62 13,73 22,38 18,85 10,61 Cd (mg/kg) <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 Ni (mg/kg) 15,71 3,86 14,62 10,81 4,95 10,01 18,22 15,21 8,12 Cr (mg/kg) 14,93 4,96 15,45 12,94 9,02 12,19 20,66 19,60 11,46 Pb (mg/kg) 15,16 4,71 14,40 9,59 4,37 9,16 14,01 11,04 5,27 As (mg/kg) 5,88 0,71 4,30 3,45 1,78 5,89 8,25 9,02 5,06 Hg (mg/kg) 0,061 0,046 0,046 0,058 0,071 0,120 0,045 0,060 0,035 4,85 1,26 4,84 3,37 32,16 3,23 5,14 4,28 5,07 Óleos e Graxas (%) Al (%) Figura 02: Distribuição granulométrica sedimentos coletados o 1° cruzeiro (Abril-2007). dos durante amostral Distribuição granulométrica dos sedimentos coletados durante o 2° cruzeiro amostral (Julho-2007). Figura 03: Figura 04: Distribuição granulométrica dos sedimentos coletados durante o 3° cruzeiro amostral (Outubro-2007). 3.2 – pH e Eh (potencial redox) O pH e o potencial redox (Eh) são parâmetros que fornecem importantes informações sobre as condições do ambiente geoquímico, e assim, dão indicações sobre a tendência do comportamento químico de elementos e compostos naturais e contaminantes. Os dados mostram que o pH dos sedimentos estudados apresentou uma variação pequena, com média de 6,68 (±0,30) para o primeiro cruzeiro, média de 6,87 (±0,14) para o segundo cruzeiro e média de 7,16 (±0,33) para o terceiro. O 1° e 2° cruzeiros podem ter os sedimentos classificados como levemente ácidos a neutros, enquanto que para o 3° cruzeiro apresentam-se neutros. A pequena variação de pH encontrada nos sedimentos da região portuária – estuarina do Rio Grande é uma característica natural desse sistema, pois a maior parte dos valores neste ambiente oscila entre 6,5 a 7,5. Os únicos a apresentar valor fora desta faixa (G0, G1 e G2), não excederam essa tendência além de 0,05 unidades. A estabilidade e homogeneidade dos valores do pH ao longo do tempo e entre as amostras, dentro de uma faixa neutra a fracamente alcalina, indica que esse parâmetro é pouco importante sobre o controle da mobilidade dos contaminantes metálicos dos sedimentos da região portuária - estuarina de Rio Grande. Os valores do potencial redox apresentaram média de 63,10 mV (±5,59 mV) para o 1° cruzeiro, 81 mV (±58,6 mV) para o 2° cruzeiro e 156 mV (±28,5 mV) para o 3° cruzeiro. Estes resultados demonstram que os sedimentos estudados nos cruzeiros de 2007 encontramse em condições mediamente oxidantes. Nas condições de Eh verificadas nesse estudo, é pouco provável que ocorram elevados teores de sulfetos metálicos associados aos sedimentos da coluna sedimentar. Portanto, podese inferir que haverá pouca liberação de contaminantes metálicos associados a esse substrato geoquímico, visto que os compostos provavelmente se encontram na forma oxidada, com uma maior propensão a redeposição. Ademais, considera-se muito pouco provável que ocorra algum tipo de impacto pela redução de oxigênio na coluna de água. Os valores de pH e de Eh encontrados nesse trabalho situam-se dentro da faixa de variação natural freqüentemente verificada nos sedimentos desse setor do estuário da Lagoa dos Patos (Baisch, 1987, Baisch, 1996, Baisch, 1997 Baisch, 2000a; Baisch & Mirlean, 2002; Baisch et al., 2004; Baisch et al., 2005). 3.3 – Nutrientes e Contaminantes 3.3.1- COT, NOT e P-Total Os sedimentos do estuário da Lagoa dos Patos caracterizam-se por apresentarem teores relativamente baixos em COT e NOT em comparação a outros sistemas estuarinos. Os teores orgânicos mais elevados encontrados no estuário localizam-se em torno da cidade de Rio Grande, que são as zonas mais afetadas por composto orgânicos da região estuarina (Baisch, 1987; Baisch, 1996, Baisch, 1997, Baisch, 2000a; Baisch & Mirlean, 2002; Baisch et al., 2004; Baisch et al., 2005; entre outros). Os teores de COT (Figuras 05, 06 e 07, linha azul) são fortemente influenciados pelas características granulométricas dos sedimentos. Os teores de COT são inversamente proporcionais aos teores da fração areia e diretamente relacionados com os teores das frações mais finas (silte e argila). Este fato é particularmente notável para as amostras G1 e G5 de todos cruzeiros e para os pontos G8 e G9 do 3° cruzeiro. Os valores de COT encontrados estão de acordo os teores habitualmente verificados nessa região portuária – estuarina da Lagoa dos Patos (Baisch, 1987; Baisch et al. 1988; Baisch, 1996; Baisch, 1997; Baisch, 2000a; Baisch, 2000b; Baisch e Mirlean, 2001; Baisch e Mirlean, 2002; Baisch et al., 2005; Baisch et al., 2006 entre outros). Para cada contaminante orgânico foram produzidos cartogramas representativos da situação dos “teores relativos” dos parâmetros geoquímicos. Os teores foram calculados para os três cruzeiros amostrais, segundo uma escala categórica de cores, em relação aos respectivos valores de alerta estabelecidos pela legislação CONAMA 344-2004. Assim, os teores relativos foram calculados pela divisão do teor encontrado de COT, NOT e P-Total pelo seu respectivo valor de alerta estabelecido pelo CONAMA 344-2004. Para uma melhor caracterização das situações ambientais, os teores relativos foram organizados em seis (06) diferentes categorias, representadas por diferentes cores, as quais estão descritas na tabela 05, abaixo: Tabela 05: Categorias de cores para teores relativos dos parâmetros geoquímicos. CORES - Cor roxa - Cor azul TEORES RELATIVOS - teores abaixo de 50 % do valor de alerta. - teores entre 50 e 100 % do valor de alerta. - Cor Cor Cor Cor verde amarela laranja vermelha - teores teores teores teores entre 100 e 150 % do valor de alerta. entre 150 e 200 % do valor de alerta. entre 200 e 250 % do valor de alerta. acima de 250 % do valor de alerta. Para cada estação os cruzeiros foram registrados de forma concêntrica, com o primeiro cruzeiro no interior, o segundo no meio e o terceiro no exterior dos discos. O cartograma do teor relativo do COT (Figura 08) indica que esse parâmetro não representa limitações em relação à qualidade dos sedimentos da região portuária estuarina de Rio Grande. Os teores encontrados estão muito abaixo dos valores de qualidade (valor de alerta) estabelecidos pela legislação CONAMA 344-2004. Os teores de Nitrogênio Orgânico Total (NOT) apresentaram no 1° cruzeiro um valor médio de 1.950 mg/kg (±762 mg/kg), 1.679 mg/kg (±811,6 mg/kg) para o 2° cruzeiro e 1.468 mg/kg (±544,4 mg/kg) no 3° cruzeiro, demonstrando que os sedimentos são pobres em nitrogenados. Assim como o verificado para o COT, Os valores de NOT encontrados nesse trabalho acompanham a distribuição granulométrica e estão de acordo com os teores comumente verificados nessa região portuária – estuarina da Lagoa dos Patos (Baisch, 1987; Baisch et al. 1988; Baisch, 1997; Baisch, 2000a; Baisch, 2000b; Baisch e Mirlean, 2001; Baisch e Mirlean, 2002; Baisch et al., 2005 entre outros). O cartograma do teor relativo do NOT (Figura 09) mostra que este nutriente tem pouca probabilidade de causar contaminação ao ambiente aquático circundante, visto que raramente se aproxima do valor de alerta. Quase a totalidade das amostras apresenta teores de P-total superiores ao valor de alerta (2.000 mg/kg) estabelecido pela resolução do CONAMA 344/2004, tendo apresentado um valor médio de 6.152 mg/kg (±2.264 mg/kg) para o 1° cruzeiro, 5.328 mg/kg (±2583,7 mg/kg) para o 2° cruzeiro e 5.878 mg/kg (±2419,8 mg/kg) para o 3° cruzeiro. As únicas estações amostrais a apresentarem valores abaixo do nível de alerta estabelecido pela legislação foram os pontos G1 e G5 no 2° cruzeiro, onde os teores de sedimentos finos foram muito reduzidos. Este fato diminui a probabilidade de se encontrar esse contaminante, pois suas concentrações, assim como para o COT e o NOT, são diretamente proporcionais ao percentual desta textura sedimentar. As concentrações de P-Total são comparadas com o valor de referência da legislação no cartograma da Figura 10. O enriquecimento de P-total nos sedimentos pode ser imputado a fatores naturais e antrópicos. As condições inerentes de o ambiente estuarino ter grandes variações físicoquímicas é um fator muito importante para o acúmulo de fósforo nos sedimentos, que se somam com os aportes resultantes dos efluentes urbanos e industriais, especialmente das indústrias de fertilizantes locais. Entretanto, os valores encontrados para os sedimentos portuários - estuarinos situamse dentro dos teores freqüentemente encontrados para esses ambientes (Baisch 1987, Baisch 1996, Baisch et al. 2005). O cartograma do teor relativo do P-Total (Figura 10) evidencia que os altos teores são constantes espacialmente e temporalmente sendo, portanto, uma característica histórica da região. Os trabalhos de monitoramento das dragagens pré-existentes do Porto de Rio Grande, dentre os efetuados até o momento pela FURG, não indicam o fósforo como um parâmetro importante de contaminação durante a execução das dragagens. Esse fato, associado ao comportamento geoquímico desse elemento, indica ser reduzida a probabilidade do P-total causar impacto ambiental na coluna de água. Os prováveis efeitos contaminantes devem ficar restritos aos organismos da coluna sedimentar. Considera-se pequena a probabilidade do P-total causar contaminação para a coluna de água durante a resuspensão natural ou forçada (dragagem ou navegação). Essa condição será ainda menor se as condições dominantes na região portuária - estuarina forem marinhas, pois reduziria a possibilidade da solubilização de fósforo a partir dos sedimentos. 3.3.2- Óleos e Graxas Os sedimentos dos sistemas aquáticos podem também apresentar compostos orgânicos, do tipo óleos e graxas, tanto de origem natural quanto de origem antrópica. Os teores são muito variáveis de acordo com as fontes naturais (ex: óleos e resinas vegetais) e antrópicas provenientes de esgotos cloacais e industriais. A média apresentada para este parâmetro foi de 0,13% (±0,23%) no 1° cruzeiro e 0,31% (±0,23%) no 2° cruzeiro. O elevado desvio padrão deve-se ao volume de valores abaixo do limite de detecção. Para o 3° cruzeiro as análises químicas de óleos e graxas não foram concluídas e, portanto, encontram-se ausentes do atual diagnóstico. Os teores encontrados para os óleos e graxas nos referidos cruzeiros amostrais estão representados nas figuras 05 e 06, juntamente com os demais parâmetros orgânicos dos sedimentos. Os valores mais elevados são encontrados nos sedimentos do Porto Novo e regiões adjacentes. A partir dessa região os teores diminuem ao longo do canal do Superporto. Esses valores estão de acordo com outros estudos nessa mesma região (Baisch, 2000a; Baisch, 2000b; Baisch & Mirlean, 2002; Baisch et al., 2004; Baisch et al., 2005). Com base nos dados disponíveis, pode-se concluir que existe um pequeno impacto por óleos e graxas na região do porto novo e áreas adjacentes, porém em termos globais, os sedimentos da região portuária estuarina tem uma contaminação considerada muito pequena por esse parâmetro. Figura 05: Perfil dos contaminantes orgânicos no 1° cruzeiro amostral (Abril-2007). Figura 06: Perfil dos contaminantes orgânicos no 2° cruzeiro amostral (Julho-2007). Figura 07: Perfil dos contaminantes orgânicos no 3° cruzeiro amostral (Outubro-2007). Figura 08 - Cartograma dos teores relativos de COT, de acordo com a legislação. Figura 09 - Cartograma dos teores relativos de NOT, de acordo com a legislação. F igura 10 - Cartograma dos teores relativos de P-Total, de acordo com a legislação. 3.4 – Elementos Metálicos O presente estudo envolveu análises dos elementos metálicos Zinco, Chumbo, Cobre, Níquel, Cromo, Cádmio, Mercúrio e o semimetal Arsênio, que apresentam limites legais de qualidade (CONAMA 344-2004), mais o Alumínio para ser utilizado como elemento de referência. Os teores dos metais pesados são apresentados em mg/kg de sedimento seco, com exceção do Alumínio, cujos resultados são apresentados em porcentagem (%). O perfil das distribuições dos diferentes elementos metálicos pode ser visualizado na Figuras 11, 12 e 13, para o 1°, 2° e 3° cruzeiros, respectivamente. Assim como os parâmetros orgânicos e nutrientes, os elementos metálicos são fortemente influenciados pela granulometria e, eventualmente, pode mascarar fontes de contaminação local. As dragagens apresentam aspectos ambientais positivos pois eliminam os sedimentos superficiais, removendo, assim, os sedimentos mais contaminados e, portanto, com maiores teores metálicos. Contudo, a ressuspensão de sedimentos e a perda durante as operações de dragagens, determinam a dispersão dos sedimentos e dos contaminantes metálicos associados que se depositam em outros setores da região portuária - estuarina ou na região adjacente. Deste modo, é possível que as dragagens efetuadas durante o ano de 2006 tenham causado alguma mudança na distribuição dos metais dos sedimentos investigados no atual monitoramento. Para cada contaminante metálico, assim como os orgânicos, foram produzidos cartogramas representativos da situação dos “teores relativos” de cada metal. Os teores foram calculados para cada cruzeiro amostral, segundo uma escala categórica de cores, em relação aos respectivos valores estabelecidos pela legislação CONAMA 344-2004. Assim, os teores relativos foram calculados pela divisão do teor dos metais e do Arsênio (As) pelos seus respectivos valores de nível 1 e nível 2, estabelecidos pela legislação CONAMA 344-2004. Procurando estabelecer uma melhor visualização das situações ambientais, os teores relativos foram organizados em 6 diferentes categorias, representadas por diferentes cores, as quais estão descritas na tabela 06, abaixo: Tabela 06: Categorias de cores para teores relativos dos parâmetros geoquímicos. CORES Cor roxa Cor azul Cor verde Cor amarela Cor laranja Cor vermelha TEORES RELATIVOS teores abaixo de 50% dos valores estabelecidos para o nível 1 teores entre 50 e 100% dos valores estabelecidos para o nível 1 teores acima dos valores estabelecidos no nível 1 mas abaixo de 50% dos valores estabelecidos para o nível 2 teores entre 50 e 100% dos valores estabelecidos para o nível 2 teores entre 100 e 150% dos valores estabelecidos para o nível 2 teores acima de 150% dos valores estabelecidos para o nível 2 Para cada estação os cruzeiros foram registrados de forma concêntrica, com o primeiro cruzeiro no interior, o segundo no meio e o terceiro no exterior dos discos. De acordo com os cartogramas do teor relativo, os teores de Cádmio, Cobre, Chumbo, Cromo, Níquel e Zinco (Figuras 14 a 19, respectivamente) demonstram que os sedimentos estudados estão livres de contaminação por estes metais, tendo em vista que, todas as concentrações observadas se situaram abaixo dos valores do nível 1 estipulados pela legislação vigente (CONAMA 344/2004). Figura 11: Perfil dos contaminantes metálicos no 1° cruzeiro (Abril-2007) de amostragem. Figura 12: Perfil dos contaminantes metálicos no 2° cruzeiro (Julho-2007) de amostragem. Figura 13: Perfil dos contaminantes metálicos no 3° cruzeiro (Outubro-2007) de amostragem. Figura 14: Cartograma dos teores relativos de Cádmio (Cd), de acordo com a legislação Figura 16: Cartograma dos teores relativos de Chumbo (Pb), de acordo com a legislação Figura 15: Cartograma dos teores relativos d Cobre (Cu), de acordo com a legislação Figura 17: Cartograma dos teores relativos de Cromo (Cr), de acordo com a legislação Figura 18: Cartograma dos teores relativos de Níquel (Ni), de acordo com a legislação Figura 19: Cartograma dos teores relativos de Cobre (Cu), de acordo com a legislação O Mercúrio ultrapassou o limite do nível 1 (0,15 mg/Kg) do CONAMA 344/2004 em apenas dois casos e somente no 1° cruzeiro amostral (Abril-2007). O nível 1 representa o limiar até onde se prevê baixa possibilidade de efeitos adversos a biota. O processo de contaminação por Mercúrio (Hg) na região estuarina da Lagoa dos Patos já foi indicada por alguns trabalhos (Baisch e Mirlean, 1998; Mirlean et al., 2003, Baisch & Mirlean, 2002, Baisch et al., 2004; Baisch et al., 2006). Levando em consideração os sedimentos coletados no 1° cruzeiro amostral, a maior concentração encontrada foi 0,161 mg/kg, pouco acima do limiar estabelecido para o nível 1 (0,150 mg/kg). Esses dados permitem classificar como pequeno o risco desse metal causar, efetivamente, algum impacto ambiental. Com relação aos valores médios, o 1° cruzeiro apresentou teores de 0,118 mg/kg (±0,041 mg/Kg), o 2° cruzeiro 0,101 mg/kg (±0,045 mg/Kg) e o 3° cruzeiro 0,058 mg/kg (±0,024 mg/Kg). A análise do Cartograma do teor relativo para o Mercúrio (Figura 20) permite verificar a presença de apenas uma concentração acima da legislação para este metal ao longo da região de estudo (G8). Contudo os pontos com concentrações inferiores a 50% do nível 1 da legislação no 1° cruzeiro são apenas aqueles pobres em silte e argila (G1 e G5). No 3° cruzeiro amostral a grande maioria dos pontos encontra-se muito abaixo do nível 1, com apenas um local apresentando teores maiores que 50% deste limite legal. Visto que o Mercúrio é um elemento de grande mobilidade ambiental, o decréscimo dos teores observados pode estar vinculado a transição para um período mais chuvoso no segundo semestre de 2007, que pode ter sido responsável por lixiviar o contaminante do sedimentos superficiais. O Arsênio ultrapassou o limite do nível 1 (8,2 mg/Kg) do CONAMA 344/2004 em 70% dos casos no 1° e 2° cruzeiros amostrais e em 20% no 3° cruzeiro. Este nível representa o limiar até onde se prevê baixa possibilidade de efeitos adversos a biota. O processo de contaminação por Arsênio na região portuária-estuarina da Lagoa dos Patos foi indicado em estudos pretéritos (Baisch & Mirlean, 2002; Baisch et al., 2004; Baisch, 2004; Baisch et al., 2005 e Baisch et al., 2006). Durante o 1° cruzeiro amostral, a média do total das amostras foi de 11,51 mg/kg (±4,49 mg/kg). A menor concentração encontrada foi de 3,88 mg/kg, 47% do limiar estabelecido para o nível 1. Ainda sim, metade dos teores (pontos G0, G2, G3, G6 e G7) encontram-se próximos de duas vezes o limite legal do nível 1. No entanto todos os valores se encontram muito aquém do nível 2 (70 mg/kg) estabelecido pelo CONAMA 344/2004. Para o 2° cruzeiro, os teores de Arsênio apresentaram média de 10,16 mg/kg (±5,49 mg/kg), pouco abaixo do cruzeiro anterior. No 3° cruzeiro, os valores que ultrapassaram o limiar legal estiveram muito próximos do mesmo, enquanto que a média dos teores encontrouse bastante distante (4,72 mg/kg ±2,66mg/kg). O Arsênio também é um elemento de grande mobilidade ambiental. A redução dos teores observados (especialmente no 3° cruzeiro) pode estar vinculado a transição para um período mais chuvoso no segundo semestre de 2007, que pode ter sido responsável por lixiviar o contaminante dos sedimentos superficiais. A análise do Cartograma do teor relativo para o Arsênio (Figura 21) permite verificar que duas regiões se destacam pela presença de concentrações significativas de Arsênio. A primeira região corresponde a região do Porto Novo e imediações, e a segunda e mais significativa corresponde a região média do Superporto, ao largo do centro industrial do município. A média global deste elemento em 2007 foi de 8,80 mg/kg (±5,17 mg/kg), impulsionada para cima principalmente por pontos presentes nas áreas acima descritas (G2, G6 e G7), sendo que os da área central do Superporto apresentaram teores acima do limite legal em todos os cruzeiros (G6 e G7). Com base nos dados obtidos, o Arsênio é o elemento que requer a maior atenção em termos de impacto ambiental nos sedimentos da região portuária - estuarina da Lagoa dos Patos. Figura 20: Cartograma dos teores relativos de Mercúrio (Hg), de acordo com a legislação Figura 21: Cartograma dos teores relativos de Arsênio (As), de acordo com a legislação. 3.5 - Relação da Granulometria e Teores em Metais A granulometria dos sedimentos é um dos mais importantes fatores controladores da distribuição dos elementos metálicos na região portuária - estuarina da Lagoa dos Patos. Esse fato pode ser visualizado pela forte correlação entre os teores de Alumínio em relação aos teores dos demais metais pesados. O Alumínio é um dos melhores parâmetros geoquímicos indicadores da abundância dos argilo-minerais que se acumulam na fração fina dois sedimentos (França, 1998). Esses minerais associados com a matéria orgânica e demais suportes geoquímicos é que determinam a fixação dos metais, e assim o aumento dos seus teores com o aumento da fração fina sedimentar. As concentrações encontradas dos contaminantes metálicos nesse estudo foram plotadas contra as concentrações do Alumínio (Figura 22). Nesta é possível identificar que os valores oscilam pouco em torno de uma tendência retilínea. Como exceções tem-se apenas o Cromo, que ocorreu com valores mais reduzidos no 3° cruzeiro amostral, o Chumbo, que apresentou muitos valores abaixo do nível de detecção, o Arsênio e o Mercúrio, que como característica possuem grande mobilidade no ambiente. Figura 22: Enriquecimento metálico conforme os teores de Alumínio encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° e 3° cruzeiros em 2007. As tendências do comportamento dos teores metálicos conforme a abundância de Alumínio nos sedimentos (Figura 23) mostra que o comportamento geral dos contaminantes metálicos é de aumento das concentrações conforme o aumento dos teores de Alumínio (com exceção do Chumbo, cujas curvas são tendenciosas devido a valores de concentração não detectáveis, podendo então ser desconsideradas). Figura 23: Tendências de enriquecimento metálico conforme os teores de Alumínio encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° e 3° cruzeiros em 2007. No presente trabalho também foi realizado estudo do enriquecimento legal. O procedimento para tal foi a comparação dos teores de Alumínio com a razão entre a concentração do contaminante metálico pelo valor estipulado como nível 1 da Resolução CONAMA 344-2004. O gráfico de dispersão (Figura 24) mostra que o Mercúrio (Hg) e o Arsênio (As) se encontram, em alguns casos, em concentrações acima do nível 1 estipulado pela legislação. Da mesma maneira é possível observar que o Cromo (Cr), Cobre (Cu) e Níquel (Ni) encontram-se frequentemente em concentrações oscilando entorno de 50% do valor deste mesmo nível. Figura 24: Enriquecimento relativo à legislação, conforme os teores de Alumínio encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° e 3° cruzeiros em 2007. As curvas de tendência (Figura 25) demonstram um aumento da razão das concentrações dos contaminantes metálicos conforme o aumento dos teores de Alumínio, novamente com exceção do Cádmio. A curva desse elemento é alterada devido a valores de concentração não detectáveis, podendo então ser desconsiderada. Quanto ao comportamento do Arsênio (As) é possível verificar que os teores tendem a ultrapassar o nível 1 estabelecido na legislação em condição de altos teores de Alumínio, ou seja, em sedimentos ricos na fração argila. Para o Mercúrio (Hg), os teores também tendem ao limite legal, porém com uma declividade muito menor que a do Arsênio. Também é possível observar que o mercúrio tende a apresentar valores relativos maiores que os demais quando em sedimentos mais pobres em Alumínio. Os demais contaminantes metálicos apresentam uma tendência de os valores permanecerem abaixo do teor limite estabelecido na legislação para o nível 1. Figura 25: Tendências de enriquecimento relativo à legislação, conforme os teores de Alumínio encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° e 3° cruzeiros em 2007. 3.6 – Estudo do Mercúrio A variabilidade dos valores de Mercúrio (Hg) dos sedimentos, assim como dos demais metais, depende de muitos fatores como a intensidade de seus aportes, das características granulométricas dos sedimentos, do teor em matéria orgânica, das condições físico-químicas da região estuarina (circulação, sedimentação, pH, Eh, etc.) E especialmente, da freqüência das atividades de dragagem. Trabalhos realizados na região estuarina (Cavalcante, 2002; Conceição, 2005; entre outros) mostraram que os solos antigos na região urbana da cidade de Rio Grande encontram-se fortemente contaminados por mercúrio. Esses solos evoluíram a partir de antigos aterros municipais de lixo urbano e industrial, formados para ganhar terreno em direção às áreas úmidas da lagoa. Portanto, os processos de erosão e de lixiviação desses solos, marginais à região estuarina, constituem-se na principal fonte de contaminação de Mercúrio (Hg) para o sistema aquático da Lagoa dos Patos. Esse fato pode explicar, em boa parte, a variabilidade dos teores desse metal nos sedimentos da região portuária ao longo do tempo. Quanto ao comportamento deste elemento nos cruzeiros de monitoramento em 2007 (Figura 26), verifica-se que os teores observados seguem uma tendência linear, com grande variabilidade em altos teores. Observa-se que apenas a parte terminal da curva, correspondente aos níveis mais elevados de Alumínio nos sedimentos, é que aproxima-se do nível 1 estabelecido pela legislação. Os resultados obtidos nos cruzeiros de 2007 mostram que os sedimentos da região portuária - estuarina de Rio Grande podem ser classificados como fracamente contaminados por esse metal. Figura 26: Tendências de enriquecimento do mercúrio (Hg) relativo à legislação, conforme os teores de Alumínio encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° e 3° cruzeiros em 2007. 3.7 – Estudo do Arsênio Em termos ambientais, o aspecto mais relevante dos resultados dos elementos estudados é o impacto por Arsênio (As) nos sedimentos da região de estudo. Nos cruzeiros amostrais de monitoramento em 2007, os teores observados ocorreram segundo uma tendência aproximadamente linear e com declividade maior que demais elementos (Figura 25). Esta tendência ocorre excedendo o nível 1 estabelecido pela legislação em teores superiores a 3,5% de Alumínio, e distante do nível 2 (Figura 27). Em relação ao monitoramento realizado em 2006, os teores de Arsênio (As) apresentaram um pequeno incremento. A distribuição e contaminação do Arsênio nos sedimentos da região portuária - estuarina de Rio Grande foram também investigadas em algumas publicações (Mirlean et al., 2003) e em estudos de monitoramento (Baisch & Mirlean, 2002; Baisch, 2004; Baisch et al., 2004; Baisch et al., 2005 e Baisch et al., 2006). Estudos anteriores (Baisch et al., 2005 e Baisch et al., 2006), onde se inclui o atual trabalho de monitoramento (2006), fazem referência a um processo de redução geral dos teores de Arsênio nos sedimentos da região portuária - estuarina da Lagoa dos Patos. O incremento de alguns teores deste elemento em relação ao ano anterior vem contradizer esta tendência do Arsênio. O incremento dos valores pode ter origem em processos locais e restritos ao longo do tempo. A continuidade do monitoramento nos anos seguintes permitirá estimar melhor a tendência temporal desse elemento nos sedimentos da região portuária – estuarina. A atividade das indústrias de fertilizantes aparece como uma provável fonte importante de contaminação dos sedimentos por Arsênio. Foram encontradas elevadas concentrações de Arsênio (> 300 mg/kg) na matéria-prima e produtos empregados por esse setor industrial. Análises mostram que a fosforita apresenta teor de 100 mg/kg e que os superfosfatos têm 390 mg/kg de Arsênio (As), especialmente na forma considerada mobilizável. Assim, as oscilações dos teores desse elemento devem ser imputadas à dominância dos processos, ora de aportes ora de remoção. Os dados do monitoramento de 2007 permitem classificar os sedimentos como pouco contaminados por Arsênio, apresentando um pequeno risco desse metalóide causar, efetivamente, algum impacto ambiental. Figura 27: Tendências de enriquecimento do Arsênio (As) relativo à legislação, conforme os teores de Alumínio encontrados nos sedimentos coletados durante o 1° cruzeiro de 2007. 3.8 – Aspectos do Ponto-Controle A estação G0 encontra-se distante da área portuária, a montante do Estuário, e foi tomada com o intuito de servir como ponto controle do atual monitoramento. Para o ponto-controle do 1° cruzeiro, se mostraram significativos os teores de P-Total, Arsênio (As) e Mercúrio (Hg), que excederam os valores limite estipulados pela legislação CONAMA 344/2004. Dentre os demais pontos analisados neste cruzeiro, não ocorreram classes de contaminação, com exceção da estação controle. Durante o 2° cruzeiro amostral, os parâmetros que excederam a legislação foram o Arsênio (As) e o P-Total, e nenhum dos demais pontos amostrais excedeu a classe de contaminação deste ponto controle. No 3° cruzeiro amostral, os teores no ponto-controle excedentes à legislação ocorreram somente para o P-Total. A classe de contaminação foi ultrapassada nas estações da região do Superporto (G6 e G7), somente para o metalóide Arsênio, que apresentou valores acima do limite legal. Em temos gerais verifica-se que os dados geoquímicos do ponto-controle são muito semelhantes aos verificados nos sedimentos da região portuária (Cartogramas das Figuras 28 e 29). Esses resultados não permitem conclusões mais detalhadas, pois podem indicar que o ponto-controle não está suficientemente distante da região portuária, ou que as variações geoquímicas dos sedimentos têm uma magnitude regional. Figura 28: Cartograma dos teores relativos dos metais e do metalóide Arsênio (As), de acordo com a legislação Figura 29: Cartograma dos teores relativos dos parâmetros orgânicos, de acordo com a legislação. 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa parte final serão destacados apenas alguns pontos considerados mais significativos para o âmbito desse trabalho de monitoramento, enfatizando as observações e considerações já expressas ao longo do texto. Os sedimentos dos pontos G1, G5 e G9 tendem a ser ricos na fração Areia, enquanto que os pontos G0, G2, G6 e G7 tendem a ser constituídos principalmente pelas frações granulométricas finas (Silte e Argila). Os valores do pH e Eh apresentaram valores dentro dos limites normalmente verificados nos sedimentos da região portuária - estuarina de Rio Grande. Os valores de COT, NOT e em Óleos e Graxas encontrados estão de acordo aos teores habitualmente verificados nessa região portuária – estuarina da Lagoa dos Patos. OBS: As análises de Óleos e Graxas e P-Total do 3° cruzeiro amostral encontram-se em estágio de conclusão. Em geral os teores de COT e NOT situam-se abaixo dos valores de referência do CONAMA 344/2004. Assim, verifica-se que os sedimentos da região portuária – estuarina não estão contaminados por esses compostos orgânicos e esses parâmetros não representam perigo ao meio ambiente e a biota. A maioria (93,3%) dos teores de P-total nos sedimentos excedeu o valor de alerta estabelecido pela resolução do CONAMA 344/2004. Esses valores indicam que os sedimentos da região portuária – estuarina estão contaminados por fósforo. Contudo, não se observou um processo de incremento dessa contaminação, e os valores encontrados nesse monitoramento situam-se dentro da faixa de variação frequentemente encontrada nessa região. Todos os teores dos elementos metálicos Zn, Cu, Cd, Ni, Cr e Pb dos sedimentos estudados situaram-se abaixo do Nível 1 referido no CONAMA 344/2004. Assim sendo, considera-se que os sedimentos da região portuária - estuarina de Rio Grande estão livres de contaminação por esses metais. O Mercúrio (Hg) apresenta baixo nível de contaminação nos sedimentos da região estuarina - portuária de Rio Grande. Indicando ser pouco efetivo para causar efeitos deletérios a biota. O Arsênio (As) apresenta pequeno nível de contaminação com alguns valores acima do nível 1 estabelecido pela resolução CONAMA344/2004, requerendo uma maior atenção em termos ambientais. Contudo essa contaminação é relativamente limitada, pois não atinge o nível 2 da mesma legislação. Os sedimentos de textura mais fina da região portuária - estuarina de Rio Grande são aqueles que requerem um maior cuidado em termos ambientais, pois são os mais contaminados por elementos metálicos.5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APHA, 1992. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 18th Edition. Greenberg, a.; Clesceri, l. s. & eaton (Eds). Amec. Pub. 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Caracterização da Qualidade dos Sedimentos e Recomendações Para Dragagem do Canal do Porto Novo. Relatório Técnico. SUPRGPorto de Rio Grande. 35p. BAISCH, P.; FILLMANN, G. & ASMUS, M. 2006. Relatório Técnico de Avaliação da qualidade dos sedimentos na área de influência direta (aid) da dragagem e descarte do Porto do Rio Grande, RS: Metais, HPAs e Organoclorados. (Trechos VI, V e IV). Relatório Técnico. Abril de 2006. 19 p. BAISCH, P.; MIRLEAN, N. & GRIEP, P. 2004. Monitoramento Ambiental da Operação de Dragagem para o Porto de Rio Grande. Geoquímica do Sedimento. Relatório Técnico. p 16 – 69. FAURG/SUPRG/FURG. 230p. BAISCH, P.; MIRLEAN, N.; GRIEP, P. & FILMANN, G. 2005. Relatório Geológico e Geoquímico. Bacia do Porto Novo. Laboratório de Oceanografia Geológica. Laboratório de Microcontaminantes Orgânicos e Ecotoxicologia Aquática. Relatório Técnico. FURG/FAURG. Rio Grande. junho 2005. 40 p. BAISCH, P. R.; NIENCHESKI, L. F. & LACERDA, L. 1988. Trace Metals Distribution in sediments of the Patos Lagoon Estuary, Brasil. Metals in Coast Environments of Latin America. (Seeliger U., de Lacerda L. et Patchinerlam S.R. (Orgs.). Springer- Verlag. Berlin. pp 59-64. BREMNER, J. M. 1965. Total Nitrogen. Agronomy, 9 : 1149-1178. CAVALCANTE, R. M. 2002. Estudo da distribuição de mercúrio nos componentes principais do meio ambiente da zona estuarina da Lagoa dos Patos e áreas adjacentes. 2002. 87 p. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Física, Química e Geológica) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande. RS. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA), 2004. Resolução nº 344. Diretrizes gerais e os procedimentos mínimos para a avaliação do material a ser dragado em águas jurisdicionais brasileiras. 25 de março de 2004. D.O.U. de 07/05/04. CONAMA. Ministério do Meio Ambiente (MMA). CONCEIÇÃO, C. O. 2005. Contaminação dos aterros urbanos por metais pesados no municipio de Rio Grande - RS. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Física, Química e Geológica) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande. RS. 115 p. ETCHEBER, H. 1981. Comparaison de diverses méthodes d'évaluation des teneurs en matières en suspension et en carbones organique particulaire des eaux marines du plateau continental aquitain. J. R.O. 6, pp.37-42. FRANÇA, R. G., 1998. Metais Pesados nos sedimentos do sul da Lagoa dos Patos: Identificação do melhor normalizador geoquímico. Dissertação (Mestrado em Engenharia Oceânica) Fundação Universidade Federal do Rio Grande. RS. MIRLEAN, N.; ANDRUS, V. & BAISCH P. 2003. Mercury pollution sources in sediments of Patos Lagoon Estuary, southern Brazil. Marine Pollution Bulletin. Vol.:46 (3), pp 331-334. MIRLEAN, N.; ANDRUS, V., BAISCH, P., GRIEP, G. & CASARTELLI, M. R. 2003. Arsenic Pollution in Patos Lagoon Estuarine Sediments, Brazil. Marine Pollution Bulletin. v. 46, n. 11, p. 1480-1484. NHAM, T. & BRODIE, K. 1989. Arsenic in soil and coal fly ash by Zeeman graphite furnace and vapor generation AAS. AA-87. pp 1-5. STRICKLAND, J. H. D. & PARSONS, T. 1972. A practical handbook of seawater analysis. 2nd edition. J. Fis. Res. Ed. Canada, Ottawa Bull (167). 310 p. WINDOW, H. L., SCHROPP, S. J., CALDER, F. D., RYAN, J. D., SMITH, R. G., BURNEY Jr., L. C., LEWIS F. G. & RAWLINSON, C. H. 1989. Nature trace metal concentration in estuarine and coastal marine sediments of the southeastern. Environmental Science and Technology. v. 23, (3), pp 314-324. IV - MICROCONTAMINANTES ORGÂNICOS Equipe Técnica Responsável: Dr. Gilberto Fillmann Téc. Quím. Nilson Maurente Dias MSc. Bianca Hartwig Seyffert Téc. Instr. Melissa dos Santos Oliveira Pesq. Gabriela Martinhão Ignácio Pesq. Renato S. Koike 1 – MATERIAL e MÉTODOS 1.1 - Coleta das amostras de sedimento As amostras de sedimento de fundo da região do canal do Porto de Rio Grande referentes ao 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) foram coletadas com o auxílio de uma draga de inox nos dias 24 de Abril, 18 de Julho e 10 de Outubro de 2007, respectivamente. Os cruzeiros foram realizados pela Lancha Larus da FURG, nas coordenadas descritas na Tabela 01. A camada superficial dos sedimentos (2-3cm) foi coletada, sendo imediatamente armazenados em potes de alumínio (aprox. 500 g) previamente limpos, rotulados e congelados. Tabela 01: Localização das estações amostrais na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande. ESTAÇÕES LOCAL #0 São José do Norte Porto Velho Porto Novo Porto Novo Bóia 4 S 386 Bóia 13 Praticagem Raíz do Molhe. Ponta do Molhe #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 COORDENADAS G.MM.SS,SS S 31° 58' 19" S 32° 01' 46" S 32° 02' 058" S 32° 02' 20" S 32° 03' 20" S 32° 03' 54" S 32° 05' 58" S 32° 08' 00" S 32° 09' 37" S 32° 11' 054" W 52° 04' 14" W 52° 03' 46" W 52° 04' 550" W 52° 04' 28" W 52° 04' 12" W 52° 04' 32" W 52° 06' 01" W 52° 06' 02" W 52° 05' 27" W 52° 04' 831" 1.2 - Análises químicas Após as coletas realizadas durante os cruzeiros de 2007, as 10 amostras de sedimento de cada cruzeiro (total de 30 amostras) foram analisadas quanto a sua contaminação por compostos organoclorados (pesticidas clorados e bifenilas policloradas (PCBs)) e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs). Os sedimentos foram processados conforme metodologia descrita em Lana et al. (2006). Aproximadamente 100g dos sedimentos foram secos em estufa de circulação forçada a 40°C, sendo posteriormente desagregado utilizando graal e pistilo de porcelana, homogeneizado e armazenado para posterior análise. Durante as análises, aproximadamente 25 gramas de sedimento seco recebeu 200µL de uma mistura de padrões internos (surrogates), sendo posteriormente extraído em aparato Soxhlet durante 12 horas com n-hexano e diclorometano (1:1). Os extratos foram concentrados a 10mL em evaporador rotatório e fluxo de nitrogênio e separados em duas frações de 5mL para as análises de organoclorados e hidrocarbonetos poliaromáticos (HPAs). As etapas de purificação, fracionamento, identificação e quantificação dos analitos seguiram metodologia específica para cada grupo de compostos, conforme descrito abaixo. 1.2.1 - Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA’s) O fracionamento dos extratos em hidrocarbonetos alifáticos (F1) e hidrocarbonetos poliaromáticos (F2) foi obtida por cromatografia líquida de adsorção em coluna de alumina/sílica. A identificação e quantificação dos HPA’s (F2) foi realizada em um cromatógrafo de fase gasosa Perkin-Elmer Clarus 500, equipado com detector de espectrometria de massas (GC/MS) e injetor automático de amostra. Foi utilizada uma coluna cromatográfica capilar (Elite-5MS - 5% Diphenil – 95% Dimetilsiloxane) de 30 metros, 0,25mm DI e 0,25µm de espessura de filme. A programação de temperatura iniciou em 40°C com aumento à taxa de 10°C.min -1 até 60°C, aumento da temperatura na razão 5°C.min-1 até 290°C, sendo mantida por 5 min. e aumento da temperatura na razão 10°C.min-1 até 300°C, sendo mantida por 10 minutos. A temperatura do injetor foi mantida a 280°C no modo splitless (fluxo do splitt 50:1 após 1 min.). A linha de transferência foi mantida a 250°C e a fonte do detector a 200°C com energia de 70ev. Foi utilizado He como gás carreador em um fluxo de 1,5 mL.min-1. Um volume de 1µL de amostra foi injetado no modo SIFI que permite o escaneamento simultâneo nos modos íons seletivo (SIM) e completo (Full Scan). As amostras de sedimento de superfície coletados nas áreas de influência do porto de Rio Grande foram analisadas para benzo(a)antraceno, benzo(a)pireno, criseno, dibenzo(a,h)antraceno, acenaftileno, acenafteno, antraceno, fenantreno, fluoranteno, fluoreno, 2-metilnaftaleno, naftaleno e pireno em sua fração total. A identificação dos 13 HPA’s foi baseada nos tempos de retenção de padrões autênticos (Figura 01) e nos espectros de massa de cada analito. A quantificação foi realizada contra padrões externos (Figura 01) através das curvas analíticas de cada analito e método de cálculo por padronização interna utilizando-se os padrões deuterados Naftaleno-D8, Acenafteno-D10, Fenantreno-D10, Criseno-D12 e PerilenoD12. A recuperação da metodologia foi avaliada utilizando o p-terfenil-D14 como padrão surrogate e o desempenho analítico através da análise de materiais de referência certificados e brancos analíticos (Figura 02). chpa500_27061 28-Jun-200609:03:25 chpa500_270615 1: Scan EI+ TIC 1.42e8 15.07 142 100 % 11.65 128 11.57 136 14.65 142 17.52 19.46 156 153 21.87 166 25.69 26.51 184 178 31.83 202 32.82 202 34.10 244 Figura 01: Cromatograma no modo Full Scan 0 Time 10.51 15.51 20.51 25.51 30.51 35.51 40.51 45.51 50.51 com os tempos de retenção e íons característicos representativos dos padrões externos de HPAs (500 ng mL-1). 38.55 228 44.30 43.26 252 252 44.83 252 49.55 276 A546D 11-Sep-200620:03:22 a546d 100 1: Scan EI+ TIC 2.14e7 9.98 84 30.67 57 % 11.59 136 17.22 55 19.32 164 26.20 188 34.12 244 12.26 14.81 73 57 19.09 73 38.61 240 27.97 149 22.03 22.95 25.60 149 256 73 Figura 40.99 207 02: Cromatograma no modo Full Scan com os tempos de retenção e íons 44.02 69 44.77 47.91 264 207 0 10.51 15.51 20.51 25.51 30.51 35.51 40.51 45.51 50.51 Time característicos dos padrões internos, padrão surrogate e interferentes representativos de um branco analítico. 1.2.2 - Pesticidas Organoclorados e PCB’s O fracionamento dos extratos em PCB’s (F1) e praguicidas organoclorados (F2) foi obtido por cromatografia líquida de adsorção em coluna de Florisil. A identificação e quantificação dos compostos organoclorados foi realizada em um cromatógrafo gasoso PerkinElmer Clarus 500, equipado com detector de captura de elétrons 63Ni (ECD) e injetor automático de amostra. Foi utilizada uma coluna cromatográfica capilar (Elite-5 - 5% Diphenil – 95% Dimetilsiloxane) de 60 metros, 0,25mm DI e 0,25µm de espessura de filme. A programação de temperatura iniciou em 40°C com aumento à taxa de 20°C.min-1 até 160°C, com 5 minutos de espera, e até 260°C numa razão de 2°C.min-1 sendo mantida por 15 minutos. A temperatura do injetor foi mantida a 280°C no modo splitless (fluxo do splitt 50:1 após 1 min.) e do detector a 3.000°C. Foi utilizado He e N2 como gás carreador em (1,5 mL.min-1) e gás de make-up (30 mL.min-1), respectivamente. O volume de amostra injetado foi de 1 µL. As amostras de sedimento de superfície coletados nas áreas de influência do porto de Rio Grande foram analisadas para alfa-HCH (BHC), beta-HCH (BHC), gama-HCH (BHC), deltaHCH (BHC), DDT (somatório dos isômeros p,p’- e o,p-), DDE (somatório dos isômeros p,p’- e o,p-), DDD (somatório dos isômeros p,p’- e o,p-), dieldrin, endrin, alfa-clordano, gamaclordano e o somatório de 44 congêneres de PCB’s em sua fração total. A identificação dos pesticidas clorados e PCB’s analisados foi baseada nos tempos de retenção de padrões autênticos (Figuras 03 e 04). A quantificação foi realizada contra padrões externos (Figuras 03 e 04) através das curvas analíticas de cada analito e método de cálculo por padronização interna utilizando-se os padrões 2,4,5,6-tetracloro-m-xyleno e PCB 209. A recuperação da metodologia foi avaliada utilizando o PCB 30 e 103 como padrão surrogate e o desempenho analítico através da análise de materiais de referência certificados e brancos analíticos (Figuras 05 e 06). A confirmação de alguns compostos encontrados foi feita empregando um cromatógrafo gasoso Perkin-Elmer Clarus 500, com detector de espectrometria de massa (GC/MS). Figura 03: Cromatograma com os tempos de retenção dos padrões externos de PCB’s. Figura 04: Cromatograma com os tempos de retenção dos padrões externos de pesticidas clorados. Figura 05: Cromatograma com os tempos de retenção representativos de um branco analítico da fração F1 (PCB’s). Figura 06: Cromatograma com os tempos de retenção representativos de um branco analítico da fração F2 (Pesticidas clorados). 2 - RESULTADOS 2.1 - Hidrocarbonetos Policíclicos aromáticos (HPA’s) Os resultados dos 13 HPAs analisados nas amostras de sedimento superficial, coletados no 1º, 2º e 3º cruzeiros (Abril, Julho e Outubro/2007), nas dez estações amostrais em áreas de influência do porto de Rio Grande, estão expressos em µg.kg-1 (peso seco de sedimento) (Tabelas 02, 03 e 04). Os dados de granulometria e carbono orgânico destas amostras de sedimento podem ser observados nas tabelas 02, 03 e 04 da secção de Geoquímica (págs. 66 a 68). Os resultados demonstraram que a totalidade dos HPA’s presentes nos sedimentos avaliados está abaixo dos valores estabelecidos na Legislação CONAMA 344/2004 para os Níveis 1 e 2 de águas salina-salobras (Tabelas 02, 03 e 04). Os resultados apresentados são consistentes uma vez que os limites de detecção do método estão na faixa de 0,04 µg.kg-1 (peso seco de sedimento), as recuperações estiveram entre 70 e 120% e a análise dos brancos não apresentou nenhum dos HPA’s estudados, aparecendo somente os quatro padrões internos empregados no método (Antraceno-D8, Fenantreno-D10, Pireno-D10 e Perileno-D12) (Figura 02). A qualidade do laboratório executor das análises pode ser comprovada através do certificado internacional de proficiência analítica emitido em agosto de 2006 pelo CAEAL (Canadian Association for Environmental Analytical Laboratories) do Canadá, certificando o Laboratório de Microcontaminantes Orgânicos e Ecotoxicologia Aquática (CONECO) da FURG para análises de HPAs em amostras ambientais de água e sedimento. 2.2 - Pesticidas Clorados e PCB’s Os resultados dos 11 pesticidas clorados e somatório de PCB’s (44 congêneros) analisados nas amostras de sedimento superficial coletados nas áreas de influência do porto de Rio Grande, durante o 1º, 2º e 3º cruzeiros (Abril, Julho e Outubro/2007), estão expressos em µg.kg-1 (peso seco de sedimento) (Tabelas 05, 06 e 07), sendo que os limites de detecção do método estão na faixa de 0,05 µg.kg-1 (peso seco de sedimento). Os dados de granulometria e carbono orgânico das amostras de sedimento podem ser observados nas tabelas 02, 03 e 04 da secção de Geoquímica (págs. 66 a 68). Os resultados indicam que a totalidade dos contaminantes organoclorados analisados nos sedimentos está abaixo dos valores estabelecidos na Legislação CONAMA 344/2004 para os Níveis 1 e 2 de águas salina-salobras (Tabelas 05, 06 e 07). 3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LANA, P. C.; BIANCHINI, A.; RIBEIRO, C. A. O.; NIENCHESKI, L. F. H.; FILLMANN, G. & SANTOS, C. S. G. 2006. Avaliação Ambiental de Estuários Brasileiros: Diretrizes Metodológicas. Série Livros 22, Museu Nacional, Rio de Janeiro, RJ. 156p. Tabela 02: Concentração de HPAs (µg kg -1 peso seco) nos sedimentos coletados no 1º cruzeiro (Abril/2007) na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) em comparação com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004 stação Diben 2 Benzo Benzo zo(a,h Somat Naftal Metil Acena Acena Fluore Fenant Antrac Fluora (a) Crisen Có Amostra Pireno (a) ) ório 13 eno Naftal ftileno fteno no reno eno nteno antrac o L pireno antrac HPAs eno eno eno #0 Superf 1,43 1,88 0,46 <LD 0,76 3,80 0,78 5,17 3,58 1,68 2,55 1,98 <LD 24,07 A7 #1 Superf 1,00 1,51 <LD 0,44 0,63 2,61 0,53 3,87 2,39 1,62 2,76 2,06 0,97 20,38 A7 #2 Superf 1,41 2,13 0,46 0,48 0,97 4,91 1,00 6,40 4,70 2,71 4,09 3,18 1,22 33,66 A7 #3 Superf 0,97 1,61 0,45 <LD 0,81 4,19 0,81 5,51 4,11 2,52 3,51 2,64 1,17 28,29 A7 #4 Superf 1,21 1,78 0,45 <LD 0,82 4,09 0,75 5,19 3,81 1,67 2,85 1,84 <LD 24,47 A7 #5 Superf 1,35 1,83 <LD <LD 0,66 2,39 0,58 3,13 2,41 1,51 2,38 1,69 <LD 17,94 A7 #6 Superf 1,06 1,62 0,51 <LD 0,80 4,57 0,98 7,80 5,77 3,47 4,78 3,52 1,24 36,12 A7 #7 Superf 0,91 1,25 0,39 <LD 0,68 2,62 0,70 3,97 3,06 1,46 2,14 1,68 <LD 18,86 A7 #8 Superf 0,91 1,47 0,45 <LD 0,78 3,11 0,78 4,51 3,43 1,86 2,44 1,98 <LD 21,73 A7 #9 Superf 2,73 3,20 0,48 0,48 1,08 5,34 1,05 6,37 4,80 2,72 3,60 2,69 1,11 35,66 A7 Nivel 1 160 70 44 16 19 240 85,3 600 665 74,8 108 88,8 6,22 3000 Nivel 2 2100 670 640 500 540 1500 1100 5100 2600 693 <LD – abaixo do limite de detecção do método 846 763 135 3000 onama 44/04 Tabela 03: Concentração de HPAs (µg kg-1 peso seco) nos sedimentos coletados no 2º cruzeiro (Julho/2007) na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) em comparação com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004 stação #0 Amostra Superf Benzo( Dibenz 2 Metil Benzo( Somató Naftale Acenaf Acenaf Fluore Fenant Antrac Fluoran a) Crisen o(a,h) Có Naftale Pireno a) rio 13 no tileno teno no reno eno teno antrace o antrace L no pireno HPAs no no 2,22 1,53 1,62 <LD 0,78 3,49 1,09 5,14 3,23 0,89 3,63 1,20 <LD 24,80 A8 #1 Superf 1,03 1,03 1,43 <LD 0,63 1,70 0,83 2,59 1,84 0,46 1,89 0,77 <LD 14,21 A8 #2 Superf 1,81 1,49 1,53 1,16 1,17 7,00 1,84 13,11 9,94 4,47 10,28 3,43 3,84 61,06 A8 #3 Superf 1,23 1,03 1,60 <LD 0,69 2,53 1,06 5,28 3,73 1,29 3,78 1,24 <LD 23,45 A8 #4 Superf 1,33 1,07 1,60 <LD 0,71 2,58 1,03 5,26 3,31 0,67 2,91 0,99 <LD 21,45 A8 #5 Superf 0,88 1,11 1,48 <LD 0,60 1,67 0,88 3,19 2,24 0,35 1,76 0,80 <LD 14,98 A8 #6 Superf 1,04 1,16 1,57 1,11 0,81 4,26 1,39 8,38 6,04 2,30 6,74 1,96 3,87 40,65 A8 #7 Superf 1,18 1,29 1,83 1,44 1,11 11,42 2,10 29,27 21,21 14,30 24,77 8,14 4,80 122,86 A8 #8 Superf 0,89 0,91 1,50 <LD 0,67 2,44 1,00 5,88 3,61 0,98 3,47 1,17 <LD 22,51 A8 #9 Superf 1,70 1,23 1,57 1,16 0,71 3,40 1,09 5,66 4,31 1,23 4,50 1,30 <LD 27,87 A8 Nivel 1 160 70 44 16 19 240 85,3 600 665 74,8 108 88,8 6,22 3000 Nivel 2 2100 670 640 500 540 1500 1100 5100 2600 693 <LD – abaixo do limite de detecção do método 846 763 135 3000 ma 344/04 Tabela 04: Concentração de HPAs (µg kg-1 peso seco) nos sedimentos coletados no 3º cruzeiro (Outubro/2007) na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) em comparação com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004 stação Amostra Benzo( Dibenz 2 Metil Benzo( Somató Naftale Acenaf Acenaf Fluore Fenant Antrac Fluoran a) Crisen o(a,h) Có Naftale Pireno a) rio 13 no tileno teno no reno eno teno antrace o antrace L no pireno HPAs no no #0 Superf 1,89 0,64 0,35 0,42 0,93 5,32 1,47 7,22 5,63 2,68 4,69 2,71 <LD 33,95 A #1 Superf 0,98 0,38 0,26 <LD 0,54 1,55 0,48 2,48 2,00 0,92 1,24 0,97 <LD 11,80 A #2 Superf 1,88 0,87 0,33 0,44 0,86 5,92 1,31 10,81 7,96 4,25 7,02 4,58 <LD 46,22 A #3 Superf 2,22 0,76 0,32 <LD 0,61 3,05 0,67 3,96 3,47 1,45 2,59 1,50 <LD 20,59 A #4 Superf 2,02 0,48 0,59 <LD 0,74 5,37 1,13 7,44 6,64 3,05 4,38 2,41 <LD 34,25 A #5 Superf 1,39 0,56 0,33 0,44 0,74 4,05 1,04 6,37 5,19 2,64 3,81 2,36 <LD 28,93 A #6 Superf 2,29 0,89 0,31 0,43 0,93 4,22 1,32 6,45 5,20 2,77 4,75 2,47 <LD 32,03 A #7 Superf 1,46 0,57 0,29 0,43 0,80 3,81 1,13 5,94 4,83 2,55 3,70 2,16 <LD 27,67 A #8 Superf 0,54 0,33 0,24 <LD 0,54 1,43 0,52 2,84 2,16 1,14 1,79 1,15 <LD 12,69 A #9 Superf 1,03 0,43 0,28 <LD 0,58 2,13 0,56 3,00 2,55 1,26 1,88 1,24 <LD 14,96 A Nivel 1 160 70 44 16 19 240 85,3 600 665 74,8 108 88,8 6,22 3000 Nivel 2 2100 670 640 500 540 1500 1100 5100 2600 693 <LD – abaixo do limite de detecção do método 846 763 135 3000 ma 344/04 Tabela 05: Concentração de pesticidas organoclorados e PCBs (µg kg-1 peso seco) nos sedimentos coletados no 1º cruzeiro (Abril/2007) na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) em comparação com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004. aclor dan e DDE DD D DDT diel drin end rin PCB s (Σ46 cong êner os) Código Lab Estação Amostra aBHC bBHC gBHC dBHC gclor dan e #0 Superf <LD 0,28 0,07 <LD 0,04 0,01 0,01 0,03 <LD <LD <LD 11,46 A724F #1 Superf <LD <LD <LD <LD 0,12 0,04 <LD <LD <LD <LD <LD 0,14 A725G #2 Superf <LD <LD 0,09 <LD 0,02 0,01 <LD 0,08 <LD <LD <LD 0,55 A726H #3 Superf <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD 0,69 A727I #4 Superf <LD <LD 0,12 <LD 0,05 0,01 0,01 <LD 0,02 <LD <LD 1,10 A728J #5 Superf <LD <LD 0,08 <LD 0,04 0,03 <LD 0,01 <LD <LD <LD 0,62 A729K #6 Superf <LD <LD <LD <LD 0,04 0,04 0,06 0,02 0,05 <LD <LD 0,36 A730L #7 Superf <LD <LD 0,06 <LD 0,02 0,01 <LD 0,02 <LD <LD <LD 0,36 A731M #8 Superf <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD 0,24 A732N #9 Superf <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD 3,71 A733O Conama 344/04 Nivel 1 0,32 0,32 0,32 0,32 2,26 2,26 2,07 1,22 1,19 0,71 2,67 22,7 Nivel 2 0,99 0,99 0,99 0,99 4,79 4,79 374 7,81 4,77 <LD – abaixo do limite de detecção do método 4,3 62,4 180 Tabela 06: Concentração de pesticidas organoclorados e PCBs (µg kg-1 peso seco) nos sedimentos coletados no 2º cruzeiro (Julho/2007) na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) em comparação com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004. Estação Amostra aBHC bBHC gBHC dBHC gclord ane aclord ane DDE DDD DDT dield rin endr in PCB s (Σ44 cong êner os) #0 Superf <LD <LD 0,13 <LD 0,03 <LD <LD <LD <LD <LD <LD 9,91 A813T #1 Superf <LD <LD 0,06 <LD 0,02 <LD 0,02 <LD <LD <LD <LD 6,16 A814U #2 Superf 0,01 <LD 0,07 <LD <LD 0,01 0,03 0,04 <LD <LD <LD 6,65 A815V #3 Superf <LD <LD 0,04 <LD 0,01 <LD <LD <LD <LD <LD <LD 4,62 A816X #4 Superf <LD <LD 0,05 <LD 0,02 0,01 <LD <LD <LD <LD <LD 12,71 A817Y #5 Superf <LD <LD 0,04 <LD <LD 0,01 <LD <LD <LD <LD <LD 3,23 A818Z #6 Superf <LD <LD 0,05 <LD 0,01 <LD 0,02 <LD <LD <LD <LD 4,92 A819A #7 Superf <LD <LD 0,03 <LD <LD <LD 0,02 0,10 <LD <LD <LD 3,83 A820B #8 Superf <LD <LD 0,06 <LD 0,02 <LD 0,04 <LD <LD <LD <LD 3,33 A821C Código Lab #9 Conama 344/04 Superf <LD <LD 0,04 <LD <LD <LD 0,02 <LD <LD <LD <LD 5,28 Nível 1 0,32 0,32 0,32 0,32 2,26 2,26 2,07 1,22 1,19 0,71 2,67 22,7 Nível 2 0,99 0,99 0,99 0,99 4,79 4,79 374 7,81 4,77 <LD – abaixo do limite de detecção do método 4,3 62,4 180 A822D Tabela 07: Concentração de pesticidas organoclorados e PCBs (µg kg-1 peso seco) nos sedimentos coletados no 3º cruzeiro (Outubro/2007) na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) em comparação com os valores para águas salina-salobras (Nível 1 e 2) da Legislação CONAMA 344/2004. Estação Amostra aBHC bBHC gBHC dBHC gclord ane aclord ane DDE DDD DDT dield rin endr in PCB s (Σ46 cong êner os) #0 Superf <LD <LD <LD <LD <LD <LD 0,28 0,78 <LD <LD <LD 0,16 A914-T #1 Superf <LD <LD <LD <LD 0,02 <LD <LD 0,05 <LD <LD <LD 8,29 A915-U #2 Superf <LD <LD <LD <LD 0,03 <LD 0,04 0,08 <LD <LD <LD 8,44 A916-V #3 Superf <LD <LD <LD <LD 0,02 <LD <LD 0,05 <LD <LD <LD 8,03 A917-X #4 Superf <LD <LD <LD <LD 0,02 <LD <LD <LD <LD <LD <LD 0,21 A918-Z #5 Superf <LD <LD <LD <LD 0,02 <LD <LD <LD <LD <LD <LD 0,38 A919-A #6 Superf 0,08 <LD <LD <LD 0,02 <LD 0,04 0,04 <LD <LD <LD 0,24 A920-B #7 Superf 0,01 <LD 0,05 <LD <LD <LD <LD <LD 0,01 <LD <LD 5,67 A921-C #8 Superf <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD 0,66 A922-D #9 Superf <LD <LD 0,01 <LD 0,03 <LD <LD 0,04 <LD <LD <LD 6,00 A923-E Nivel 1 0,32 0,32 0,32 0,32 2,26 2,26 2,07 1,22 1,19 0,71 2,67 22,7 Nivel 2 0,99 0,99 0,99 0,99 4,79 4,79 374 7,81 4,77 <LD – abaixo do limite de detecção do método 4,3 62,4 180 Conama 344/04 V - TESTES ECOTOXICOLÓGICOS Equipe Técnica: Responsável: Dr. Gilberto Fillmann MSc. Grasiela L. L. Pinho Téc. Quím. Nilson Maurente Dias Oc. Priscilla Mieko Ihara Acadêmica Gabriela Angonese Kolb Acadêmica Luciara Ibia dos Santos Machado 1 – MATERIAL e MÉTODOS 1.1 - Coleta e manutenção dos organismos-teste Exemplares do crustáceo tanaidáceo Kalliapseudes schubartii foram coletados numa marisma localizada dentro do estuário (Barra) e a aproximadamente 500 metros da zona de arrebentação da Praia do Cassino (Rio Grande, RS). Os organismos foram mantidos em béqueres de 2L, contendo sedimento e água (1:2) constantemente aerada, sob condições controladas de temperatura (20±2°C) e fotoperíodo (12/12h luz). Os organismos foram aclimatados gradualmente por 24 horas a uma salinidade equivalente a do ambiente onde foram coletadas as amostras de sedimento e água e, em seguida, utilizados nos testes. Este Código Lab procedimento de coleta e aclimatação foi repetido para todos os experimentos descritos abaixo (sedimento, elutriato e água). 2 – Testes de toxicidade com material de referência 2.1 - Metodologia do Teste As soluções padrão de dodecil sulfato de sódio (DSS) foram preparadas numa concentração entre 10 e 160 mg.L-1. Cada solução foi dividida em 5 réplicas de 125mL em frascos-teste de polietileno contendo 5 organismos adultos com tamanho entre 0,7 e 1,0cm. Os organismos foram expostos por 4 dias. Os valores de pH, salinidade e nitrogênio amoniacal foram monitorados no início e final do experimento. As “condições-teste” das avaliações ecotoxicológicas da substância de referência estão resumidas na Tabela 01, abaixo. Tabela 01: Procedimentos para os testes de toxicidade em fase líquida utilizando Kalliapseudes schubartii como organismos-teste. Condições-teste Substância de referência Coluna d’água Elutriato Mensal Quadrimestral Quadrimestral [ ]s DSS 10 10 N de réplicas 5 5 5 Réplicas controle 5 5 5 125 mL 125 mL 125 mL Aeração sem sem sem Tempo Estabilização 1h 1h 1h Salinidade 15 do local 15 Temperatura 22 ± 1°C 22 ± 1°C 22 ± 1°C Fotoperíodo 12 / 12h 12 / 12h 12 / 12h Alimentação Sem sem Sem Parâmetros Sal, OD, pH, NH4 Sal, OD, pH, NH4 Sal, OD, pH, NH4 4 dias 4 dias 4 dias Periodicidade Pontos estudados o Volume-teste Tempo exposição Efeito observado mortalidade mortalidade Mortalidade 2.2 – Resultados Os resultados apresentados para o teste com a substância de referência (DSS) demonstram a adequação do grupo de organismos coletados à execução dos testes de toxicidade, os quais foram realizados com todas as amostras coletadas. As CL50 obtidas com a substância de referência, calculadas pelo método Trimmed Spearman Karber, para todos os cruzeiros estão apresentadas na Tabela 02 (abaixo), estando dentro da variabilidade normal para a espécie, como pode ser observado pela Carta Controle (Figura 01). Tabela 02: Resultados das CL50 obtidas nos testes com a substância de referência (DSS) para os cruzeiros de 2007. CRUZEIROS TESTE - AGUA TESTE - ELUTRIATO TESTE - SEDIMENTO 1º (Abril/2007) 41,5 mg DSS/L 40,8 mg DSS/L 39,6 mg DSS/L 2º (Julho/2007) 43,8 mg DSS/L 37,0 mg DSS/L 38,4 mg DSS/L mg DSS/L 46,0 mg DSS/L 56,6 mg DSS/L 3º (Outubro/2007) Carta Controle - DSS (1°Semestre 2007) 60 CL50 (mg/L) LSE LSC 45 Média 30 LIC LIE 15 1 4 Sequência 7 de Resultados 10 n=15 13 Figura 01: Carta Controle do teste com Kalliapseudes schubartii indicando o intervalo de variação de CL50 considerado aceitável para exposição a DSS (Abril de 2007). 3 - Testes de toxicidade com sedimento integral 3.1 - Coleta quadrimestral das amostras Amostras de sedimento de fundo da região do canal do Porto de Rio Grande referentes ao 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) foram coletadas com o auxílio de uma draga de inox durante o dias 24 de Abril, 18 de Julho e 10 de Outubro de 2007, respectivamente. Os cruzeiros foram realizados pela Lancha Larus da FURG, nas coordenadas descritas na Tabela 03. Observa-se que Para alguns pontos, a coleta de água e sedimento não foram exatamente nas mesmas coordenadas. Tabela 03: Localização e profundidade de coleta das estações amostrais em Abril de 2007 na área de influência direta da dragagem do porto de Rio Grande. ESTAÇÃO LOCAL COORDENADAS - G.MM.SS,SS 0 São José do Norte S 31° 58' 19" W 52° 04' 14" 1 Porto Velho S 32° 01' 46" W 52° 03' 46" 2 Porto Novo S 32° 02' 058" W 52° 04' 550" 3 Porto Novo S 32° 02' 20" W 52° 04' 28" 4 Bóia 4 S 32° 03' 20" W 52° 04' 12" 5 S 386 S 32° 03' 54" W 52° 04' 32" 6 Bóia 13 S 32° 05' 58" W 52° 06' 01" 7 Praticagem S 32° 08' 00" W 52° 06' 02" 8 Raíz do Molhe. S 32° 09' 37" W 52° 05' 27" 9 Ponta do Molhe S 32° 11' 054" W 52° 04' 831" 3.2 - Metodologia do teste de toxicidade Foram realizados testes agudos e estáticos (sem renovação de água ou sedimento), onde 10 organismos adultos com tamanho entre 0,7 e 1,0cm foram expostos a cada réplica (n=5), contendo 150 mL de sedimento (aproximadamente 150g) e 350 mL de água sobrenadante. Após 10 dias de exposição, os sedimentos foram peneirados em malha de 500µ m e os organismos cuidadosamente triados em placas de Petri, sendo contados os exemplares sobreviventes. Os valores de pH, salinidade e nitrogênio amoniacal foram monitorados no início e final do experimento. As “condições-teste” das avaliações ecotoxicológicas dos sedimentos ao longo dos cruzeiros estão resumidas na Tabela 04. Tabela 04: Procedimentos para os testes de toxicidade com sedimento integral utilizando Kalliapseudes schubartii como organismos-teste. Condições-teste Periodicidade Pontos estudados o Testes com Kalliapseudes schubartii Trimestral 10 N de réplicas 5 Réplicas controle 5 Vol. de sedimento 150 mL Vol. Água 350 mL Aeração Constante Tempo Estabilização 24 h Salinidade 15-30 Temperatura 22 ± 1°C Fotoperíodo 12 / 12h Alimentação a cada 2 dias Parâmetros monitorados Salinidade, OD, pH, NH4 Tempo exposição 10 dias Efeito observado Mortalidade 3.3 – Resultados Os resultados dos testes de toxicidade com sedimentos da área de influência do porto do Rio Grande coletados durante o 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (Abril, Julho e Outubro/2007) estão apresentados na íntegra nas Tabelas 05, 07 e 09 e nas Figuras 02, 03 e 04, respectivamente. Os resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados durante os testes estão apresentados nas Tabelas 06, 08 e 10. Estes resultados demonstram que todas as amostras analisadas apresentaram valores médios de sobrevivência superiores a 80% e significativamente iguais ao Controle, podendo ser, portanto, consideradas não-tóxicas. As diferenças foram testadas através de um teste tStudent, bimodal considerando uma variância desigual entre as amostras e um nível de significância de 95%. Os parâmetros físico-químicos monitorados durante o teste indicam que não houve influência destes sobre a mortalidade dos organismos testados, mantendo-se as condições necessárias para a sobrevivência dos organismos (Tabelas 06, 08 e 10). Uma análise visual indicou que a granulometria de todos os pontos foi areno-lodosa, condição ideal para a sobrevivência dos organismos. Tabela 05: Resultados dos testes de toxicidade com sedimento integral do 1° cruzeiro (Abril-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5) % de sobrevivência %médio de Desvio Interv Conf. A B C D E sobrevivência Padrão (α = 0,05) Controle 100 80 90 90 100 92,00 8,37 7,33 #0 100 90 80 80 100 90,00 10,00 8,77 #1 70 70 100 70 100 82,00 16,43 14,40 #2 70 90 80 90 100 86,00 11,40 9,99 #3 90 80 90 80 80 84,00 5,48 4,80 #4 90 80 100 80 70 84,00 11,40 9,99 #5 80 90 100 80 90 88,00 8,37 7,33 #6 90 90 100 90 100 94,00 5,48 4,80 #7 90 90 90 80 80 86,00 5,48 4,80 #8 100 100 90 80 100 94,00 8,94 7,84 #9 70 90 90 90 85,00 10,00 9,80 - não houve amostra suficiente para a realização das 5 réplicas Amostra/Réplica % sobrevivência 100 80 60 40 20 intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com sedimento integral (n=5) do 1° cruzeiro (Abril-2007). Tabela 06: Resultados dos parâmetros físico-químicos medidos #9 #8 #7 #6 #5 #4 #3 #2 #1 #0 Controle 0 Figura 02: Média e durante o teste com sedimento integral do 1° cruzeiro (Abril-2007). O2 Diss.(mg/L) inicial final Controle * * #0 * * #1 * * #2 * * #3 * * #4 * * #5 * * #6 * * #7 * * #8 * * #9 * * Amostra pH inicial 7,77 8,04 7,81 8,07 7,98 8,03 7,97 7,92 8,00 7,87 7,89 final 8,20 8,09 7,99 8,10 8,10 8,20 8,10 8,10 8,10 8,10 8,10 Salinidade inicial final 18 22 19 20 18 20 19 21 17 22 18 20 18 22 20 24 19 23 20 22 19 22 Amônio(mg/L) inicial final 2,15 6,54 0,29 0,56 0,32 0,36 0,75 0,26 0,23 0,15 0,14 0,14 0,33 0,20 0,12 0,13 0,17 0,12 0,45 0,18 0,06 0,11 * = oxímetro não operacional Tabela 07: Resultados dos testes de toxicidade com sedimento integral do 2° cruzeiro (Julho-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5) % de sobrevivência %médio de Desvio sobrevivência Padrão A B C D E Controle 80 80 90 90 100 88,00 8,37 #0 90 90 100 80 90,00 8,16 #1 70 100 80 83,33 15,28 #2 90 70 90 83,33 11,55 #3 90 80 70 80 80,00 8,16 #4 80 100 90 80 87,50 9,57 #5 70 100 100 90 90 90,00 12,25 #6 80 90 100 80 80 86,00 8,94 #7 80 80 70 80 90 80,00 7,07 #8 90 100 70 80 85,00 12,91 #9 70 80 70 100 80,00 14,14 - não houve amostra suficiente para a realização das 5 réplicas Amostra/Réplica Interv Conf (alfa=0,05) 7,33 8,00 17,29 13,07 8,00 10,83 10,74 7,84 6,20 12,65 13,86 % sobrevivência 100 80 60 40 20 #9 #8 #7 #6 #5 #4 #3 #2 #1 #0 Controle 0 Figura 03: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com sedimento integral (n=5) do 2° cruzeiro (Julho-2007). Tabela 08: Resultados dos parâmetros físico-químicos medidos durante o teste com sedimento integral do 2° cruzeiro (Julho-2007). O2 Diss.(mg/L) inicial final Controle 8,20 8,41 #0 8,00 7,17 Amostra pH Inicial final 7,95 7,99 8,07 8,01 Salinidade inicial final 15 16 15 16 Amônio(mg/L) inicial final 1,49 1,19 1,08 0,78 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 7,40 7,90 8,20 8,30 8,30 8,10 8,10 8,20 8,30 7,17 7,99 8,04 8,21 7,99 8,69 8,14 8,31 8,11 8,14 8,10 8,17 8,10 8,08 8,19 8,13 8,02 8,14 8,20 8,07 8,41 8,14 8,02 8,23 8,21 7,91 8,21 15 16 16 16 16 18 20 18 16 17 17 16 18 16 17 18 17 18 1,98 1,42 2,28 2,38 1,49 1,72 1,42 0,78 0,32 1,89 1,99 3,35 3,18 1,19 1,70 1,62 1,07 0,96 Tabela 09: Resultados dos testes de toxicidade com sedimento integral do 3° cruzeiro (Outubro-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5) Amostra/Réplica Controle #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 A 100 90 90 90 70 90 80 100 100 70 90 % de sobrevivência B C D 80 80 90 100 100 80 100 80 80 90 100 90 90 90 100 100 90 100 70 90 90 90 90 100 100 100 100 70 70 90 80 80 90 E 90 80 100 100 100 80 90 80 100 100 100 %médio de sobrevivência Desvio Padrão Interv Conf (alfa=0,05) 88,00 90,00 90,00 94,00 90,00 92,00 84,00 92,00 100,00 80,00 88,00 8,37 10,00 10,00 5,48 12,25 8,37 8,94 8,37 0,00 14,14 8,37 7,33 8,77 8,77 4,80 10,74 7,33 7,84 7,33 12,40 7,33 120 Figura 04: intervalo confiança do % de 100 % sobrevivência Média e de (α=0,05) 80 60 40 20 #9 #8 #7 #6 #5 #4 #3 #2 #1 #0 Controle 0 sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com sedimento integral (n=5) do 3° cruzeiro (Outubro-2007). Tabela 10: Resultados dos parâmetros físico-químicos medidos durante o teste com sedimento integral do 3° cruzeiro (Outubro-2007). O2 Diss.(mg/L) inicial final Controle 6,75 7,01 #0 6,98 6,15 #1 6,95 6,57 #2 7,00 6,91 #3 7,02 6,88 Amostra pH Inicial 8,07 8,02 8,04 8,21 8,13 final 8,15 8,09 8,11 8,14 8,13 Salinidade inicial final 15 15 14 15 15 17 15 16 15 16 Amônio(mg/L) inicial final 1,33 1,11 1,01 1,16 0,23 0,65 3,26 1,82 0,97 1,11 #4 #5 #6 #7 #8 #9 6,90 6,99 7,00 6,80 7,04 7,25 7,14 6,54 7,14 6,99 7,51 7,14 7,96 8,12 8,12 8,39 8,10 8,12 8,01 8,04 8,09 8,31 8,05 8,09 15 15 15 15 15 15 16 15 16 16 17 18 0,77 1,39 2,18 2,85 0,65 0,33 1,34 1,39 1,59 4,47 0,97 0,45 4 - Testes de toxicidade com elutriatos 4.1 - Coleta A coleta dos sedimentos do 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (Abril-Julho-Outubro/2007) utilizados para os testes de toxicidade com elutriatos encontra-se descrita no item 3.1. 4.2 - Metodologia dos Testes A obtenção do elutriato seguiu o método descrito em US-EPA & ACE (1977), onde se promove uma agitação de ¼ de sedimento e ¾ de água, em uma mesa agitadora orbital a uma velocidade de 150 r.p.m. durante 30 minutos. Cessada a agitação e decantação do sedimento, a água sobrenadante foi distribuída em 5 réplicas de 125 mL em frascos-teste de polietileno. Os valores de pH, salinidade e nitrogênio amoniacal foram monitorados no início e final do experimento, enquanto que o oxigênio dissolvido não pôde ser monitorado em todos os cruzeiros uma vez que o oxímetro não estava operacional durante os testes realizados com amostras do 1º e parte do 2º cruzeiro. As “condições-teste” das avaliações ecotoxicológicas dos elutriatos ao longo dos cruzeiros estão resumidas na Tabela 01. 4.3 - Resultados Os resultados dos testes com elutriatos dos sedimentos da área de influência do porto do Rio Grande coletados durante o 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (Abril, Julho e Outubro/2007) demonstram que todas as amostras analisadas possuíram sobrevivência igual ou superior a 80% e significativamente igual ao Controle, podendo ser, portanto, consideradas não-tóxicas (Tabelas 11, 13 e 15 e Figuras 05, 06 e 07). As diferenças foram testadas através de um teste t-Student, bimodal considerando uma variância desigual entre as amostras e um nível de significância de 95%. Os parâmetros físicoquímicos monitorados indicam que não houve influência destes sobre a mortalidade dos organismos expostos ao elutriato, mantendo-se as condições necessárias para a sobrevivência dos organismos (Tabela 12, 14 e 16). Tabela 11: Resultados dos testes de toxicidade de elutriato do 1° cruzeiro (Abril-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5) Amostra/Réplica Controle #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 E 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 %médio de sobrevivência Desvio Padrão Interv Conf (α = 0,05) 92,00 100,00 100,00 96,00 92,00 88,00 100,00 92,00 92,00 100,00 100,00 17,89 0,00 0,00 8,94 10,95 10,95 0,00 10,95 10,95 0,00 0,00 15,68 7,84 9,60 9,60 9,60 9,60 - 100 % sobrevivência 100 80 60 40 80 60 40 20 20 0 #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 120 100 #9 #8 #7 #6 #5 #4 #3 #2 #1 #0 Controle 2 0 Controle 1 % sobrevivência % de sobrevivência B C D 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 100 100 80 80 100 100 100 100 80 100 100 80 100 100 100 100 100 100 100 100 A 60 100 100 80 80 80 100 80 80 100 100 60 40 20 0 Contro le #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Controle 1 Controle 2 % sobrevivência 80 Figura 05: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com elutriato (n=5) do 1° cruzeiro (Abril-2007). Tabela 12: Resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados no teste de elutriato do 1° cruzeiro (Abril de 2007). Amostra Controle #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 O2 Diss.(mg/L) inicial final * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * pH inicial final 7,50 7,38 7,75 7,55 7,66 7,32 7,77 7,46 7,68 7,55 7,73 7,44 7,74 7,46 7,75 7,51 7,53 7,76 7,70 7,48 7,76 7,44 Salinidade inicial final 15 15 15 16 15 15 15 15 15 16 15 15 15 15 15 16 15 16 15 16 15 16 Amônio(mg/L) inicial Final 0,96 0,26 1,65 0,52 1,01 0,30 1,01 0,43 1,65 0,73 0,97 0,54 0,89 0,41 1,58 0,37 1,01 0,45 1,06 0,28 0,81 0,26 * = oxímetro não operacional Tabela 13: Resultados dos testes de toxicidade de elutriato do 2° cruzeiro (Julho-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5) Amostra/Réplica Controle #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 % de sobrevivência B C D 80 80 100 100 100 100 80 100 80 100 100 100 100 100 100 80 70 100 100 100 100 100 100 80 80 100 100 80 80 100 100 80 80 A 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 E 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 80 %médio de sobrevivência Desvio Padrão Interv Conf (alfa=0,05) 92,00 100,00 92,00 100,00 100,00 90,00 100,00 96,00 96,00 88,00 88,00 10,95 0,00 10,95 0,00 0,00 14,14 0,00 8,94 8,94 10,95 10,95 9,60 9,60 12,40 7,84 7,84 9,60 9,60 % sobrevivência 100 80 60 40 20 % sobrevivência 60 40 20 Contro le #9 #8 #7 #6 #5 #4 #3 #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 0 #2 80 #1 100 #0 120 controle 0 Figura 06: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com elutriato (n=5) do 2° cruzeiro (Julho-2007). Tabela 14: Resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados no teste de elutriato do 2° cruzeiro (Julho de 2007). Amostra Controle #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 O2 Diss.(mg/L) inicial final * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * pH inicial final 7,58 7,71 7,57 7,6 7,93 7,84 7,49 7,48 7,78 7,91 7,67 7,68 7,74 7,71 7,67 7,61 7,57 7,69 7,71 7,69 7,58 7,71 Salinidade inicial final 12 12 11 11 13 13 13 13 12 12 11 12 12 12 12 11 11 11 12 12 12 12 Amônio(mg/L) inicial Final 0,41 0,46 0,68 0,68 0,32 0,37 1,18 0,75 0,46 0,68 0,30 0,41 1,31 1,12 0,75 0,62 0,56 0,46 1,86 1,12 0,41 0,46 * = oxímetro não operacional Tabela 15: Resultados dos testes de toxicidade de elutriato do 3° cruzeiro (Outubro-2007) utilizando Kalliapseudes schubartii (n=5) Amostra/Réplica Controle A 100 % de sobrevivência B C D 100 100 100 E 100 %médio de sobrevivência Desvio Padrão Interv Conf (alfa=0,05) 100,00 0,00 - #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 - 120 % sobrevivência 100 80 60 40 20 % sobrevivência 80 60 40 20 #9 #8 #7 #6 #5 #4 Contro le #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 0 #3 100 #2 120 #1 controle #0 0 Figura 07: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com elutriato (n=5) do 3° cruzeiro (Outubro-2007). Tabela 16: Resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados no teste de elutriato do 3° cruzeiro (Outubro-2007). Amostra Controle #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 O2 Diss.(mg/L) inicial final 7,24 7,02 7,17 6,90 7,80 7,14 7,38 7,01 7,31 6,88 7,72 6,89 7,25 7,01 7,30 6,91 7,51 6,82 7,42 7,07 7,63 6,66 pH inicial final 7,94 7,91 7,55 7,61 7,74 7,82 7,83 7,98 7,84 7,96 7,78 7,92 7,73 7,91 7,68 7,90 8,04 8,11 7,86 7,92 7,86 7,93 Salinidade inicial final 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 Amônio(mg/L) inicial Final 0,39 0,52 0,52 0,89 0,30 0,33 0,37 0,93 0,43 0,93 0,52 0,45 0,47 0,65 0,35 0,81 0,58 1,21 0,64 0,57 0,41 0,54 5 - Testes de toxicidade com água 5.1 - Coleta de amostra As amostras de água sub-superficial (30 cm profundidade) da região do canal do Porto de Rio Grande referentes aos 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (estações 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) foram obtidas com o auxílio de um amostrador específico equipado com uma garrafa de vidro previamente limpa de 2,7 L, nos dias 24 de Abril, 18 de Julho e 10 de Outubro de 2007, respectivamente. As amostras foram armazenadas nas próprias garrafas de vidro utilizadas na coleta, sendo posteriormente rotuladas e resfriadas. Os cruzeiros foram realizados pela Lancha Larus da FURG e as amostras de água foram obtidas nas mesmas coordenadas descritas nas coletas de sedimento (Tabela 03). 5.2 - Metodologia dos Testes As amostras de água foram estabilizadas à temperatura do teste. As concentrações dos testes foram definidas em: integral (100% volume-teste) e diluída em água limpa na mesma salinidade em proporções 1:1 e 1:2. As amostras de água (integral e diluídas) foram divididas em 5 réplicas em frascos-teste de polietileno de 125 mL, contendo 5 organismos adultos com tamanho entre 0,7 e 1,0 cm. Os valores de pH, salinidade e nitrogênio amoniacal foram monitorados no início e final do experimento, enquanto que oxigênio dissolvido não pode ser monitorado em todos os cruzeiros uma vez que o oxímetro não estava operacional durante os testes realizados com amostras do 1º e parte do 2º cruzeiro. As “condições-teste” das avaliações ecotoxicológicas com amostras de água estão resumidas na Tabela 01. 5.3 - Resultados Os resultados dos testes de toxicidade realizados com amostras de água sub-superficial (integral e diluídas) da área de influência do porto do Rio Grande coletados durante o 1º, 2º e 3º cruzeiros de 2007 (Abril, Julho e Outubro/2007) apresentaram todos percentuais de sobrevivência superiores ou iguais a 80% e iguais ao Controle (Tabelas 17, 19 e 21 e Figuras 08, 09 e 10), sendo, portanto, consideradas não-tóxicas. As diferenças foram testadas através de um teste t-Student, bimodal considerando uma variância desigual entre as amostras e um nível de significância de 95%. Os resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados (pH, salinidade e amônio) indicam que não houve influência destes sobre a mortalidade dos organismos expostos, mantendo-se as condições necessárias para a sobrevivência dos organismos (Tabelas 18, 20 e 22). Tabela 17: Resultados dos testes de toxicidade de água do 1° cruzeiro (Abril-2007) utilizando K. Schubartii (n=5). Amostra/Réplica Controle #0 – 100% #0 – 50% #0 – 33% A 100 100 100 80 % de sobrevivência B C D 80 100 100 100 100 100 100 100 80 80 80 100 E 100 100 80 100 %médio de sobrevivência Desvio Padrão Interv Conf (α = 0,05) 96,00 100,00 92,00 88,00 8,94 0,00 10,95 10,95 7,84 9,60 9,60 #1 – 100% #1 – 50% #1 – 33% #2 – 100% #2 – 50% #2 – 33% #3 – 100% #3 – 50% #3 - 33% #4 - 100% #4 - 50% #4 - 33% #5 - 100% #5 - 50% #5 - 33% #6 - 100% #6 - 50% #6 - 33% #7 - 100% #7 - 50% #7 - 33% #8 - 100% #8 - 50% #8 - 33% #9 - 100% #9 - 50% #9 - 33% 100 80 80 100 100 100 80 80 100 80 100 100 80 80 100 100 60 80 100 100 100 100 60 100 100 80 60 80 80 100 100 100 100 100 100 100 80 100 100 100 80 100 100 80 100 100 80 100 100 80 100 100 80 100 80 80 100 100 100 100 80 100 60 80 60 100 100 100 80 100 100 100 100 80 100 100 100 100 100 80 100 80 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 100 100 100 100 80 100 100 80 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 60 100 100 100 80 100 80 100 100 80 100 100 100 100 100 100 88,00 88,00 96,00 100,00 100,00 100,00 92,00 96,00 92,00 88,00 88,00 92,00 96,00 92,00 96,00 92,00 88,00 92,00 96,00 92,00 96,00 100,00 88,00 100,00 100,00 88,00 92,00 10,95 10,95 8,94 0,00 0,00 0,00 10,95 8,94 17,89 10,95 17,89 17,89 8,94 10,95 8,94 10,95 17,89 10,95 8,94 10,95 8,94 0,00 17,89 0,00 0,00 10,95 17,89 9,60 9,60 7,84 9,60 7,84 15,68 9,60 15,68 15,68 7,84 9,60 7,84 9,60 15,68 9,60 7,84 9,60 7,84 15,68 9,60 15,68 80 60 40 20 0 Controle #0 - 100% #0 - 50% #0 - 33% #1 - 100% #1 - 50% #1 - 33% #2 - 100% #2 - 50% #2 - 33% #3 - 100% #3 - 50% #3 - 33% #4 - 100% #4 - 50% #4 - 33% #5 - 100% #5 - 50% #5 - 33% #6 - 100% #6 - 50% #6 - 33% #7 - 100% #7 - 50% #7 - 33% #8 - 100% #8 - 50% #8 - 33% #9 - 100% #9 - 50% #9 - 33% % sobrevivência 100 Figura 08: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com água (n=5) do 1° cruzeiro (Abril/2007). Tabela 18: Resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados no teste de água do 1° cruzeiro (Abril/2007). Amostra Controle #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 O2 Diss.(mg/L) inicial final * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * pH inicial 7,31 7,67 7,59 7,56 7,66 7,66 7,73 7,70 7,70 7,69 7,79 Salinidade inicial final 15 15 12 12 9 9 17 17 16 16 14 14 15 15 14 14 16 16 19 19 24 24 final 7,25 7,60 7,70 7,40 7,61 7,30 7,60 7,70 7,78 7,59 7,68 Amônio(mg/L) inicial final 0,25 0,39 0,31 0,46 0,70 1,15 1,02 1,15 0,27 0,64 0,31 0,28 0,46 0,73 0,64 0,76 1,31 0,67 0,34 1,15 0,23 0,30 * - oxímetro não operacional Tabela 19: Resultados dos testes de toxicidade de água do 2° cruzeiro (Julho-2007) utilizando K. schubartii (n=5). Amostra/Réplica Controle #0 - 100% #0 - 50% #0 - 33% #1 - 100% #1 - 50% #1 - 33% #2 - 100% #2 - 50% #2 - 33% #3 - 100% #3 - 50% #3 - 33% #4 - 100% #4 - 50% #4 - 33% A 80 100 100 100 80 100 100 60 100 100 60 100 100 80 100 100 % de sobrevivência B C D 80 100 100 80 100 100 100 100 80 60 60 100 100 100 100 100 100 80 100 100 80 100 100 100 60 80 100 100 100 80 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 80 100 100 100 80 100 100 80 E 100 100 80 100 100 80 100 100 80 80 100 100 100 60 100 100 %médio de sobrevivência Desvio Padrão Interv Conf (alfa=0,05) 92,00 96,00 92,00 84,00 96,00 92,00 96,00 92,00 84,00 92,00 92,00 100,00 100,00 80,00 96,00 96,00 10,95 8,94 10,95 21,91 8,94 10,95 8,94 17,89 16,73 10,95 17,89 0,00 0,00 14,14 8,94 8,94 9,60 7,84 9,60 19,20 7,84 9,60 7,84 15,68 14,67 9,60 15,68 12,40 7,84 7,84 #5 - 100% #5 - 50% #5 - 33% #6 - 100% #6 - 50% #6 - 33% #7 - 100% #7 - 50% #7 - 33% #8 - 100% #8 - 50% #8 - 33% #9 - 100% #9 - 50% #9 - 33% 100 60 60 100 100 100 60 100 100 100 100 60 100 100 100 100 100 80 100 100 100 80 80 80 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 80 100 100 100 80 100 100 100 80 80 100 60 100 100 60 80 100 80 100 80 100 80 100 80 100 100 80 100 100 100 100 100 80 100 100 100 60 100 92,00 88,00 88,00 88,00 100,00 100,00 76,00 88,00 96,00 92,00 100,00 84,00 100,00 88,00 100,00 10,95 17,89 17,89 17,89 0,00 0,00 16,73 10,95 8,94 10,95 0,00 16,73 0,00 17,89 0,00 9,60 15,68 15,68 15,68 14,67 9,60 7,84 9,60 14,67 15,68 - Figura 09: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de % sobrevivência 100 80 60 40 0 Controle #0 - 100% #0 - 50% #0 - 33% #1 - 100% #1 - 50% #1 - 33% #2 - 100% #2 - 50% #2 - 33% #3 - 100% #3 - 50% #3 - 33% #4 - 100% #4 - 50% #4 - 33% #5 - 100% #5 - 50% #5 - 33% #6 - 100% #6 - 50% #6 - 33% #7 - 100% #7 - 50% #7 - 33% #8 - 100% #8 - 50% #8 - 33% #9 - 100% #9 - 50% #9 - 33% 20 sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com água (n=5) do 2° cruzeiro (Julho-2007). Tabela 20: Resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados no teste de água do 2° cruzeiro (Julho/2007). Amostra Controle #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 O2 Diss.(mg/L) inicial final * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * pH inicial 7,81 7,2 7,25 7,13 7,19 7,19 7,12 7,21 7,17 7,22 7,22 Salinidade** inicial final 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 final 7,81 7,29 7,19 7,21 7,17 7,3 7,19 7,22 7,21 7,17 7,27 Amônio(mg/L) inicial final 0,34 0,83 0,87 0,62 1,43 0,75 0,29 0,53 0,58 0,41 0,32 0,24 2,61 0,97 1,84 0,68 2,03 0,37 0,68 0,28 1,58 1,45 Tabela 21: Resultados dos testes de toxicidade de água do 3° cruzeiro (Outubro-2007) utilizando K. schubartii (n=5). Amostra/Réplica CONTROLE (água interna) CONTROLE (diluições) #0 - 100% #0 - 50% #0 - 33% #1 - 100% #1 - 50% #1 - 33% #2 - 100% #2 - 50% #2 - 33% #3 - 100% #3 - 50% #3 - 33% #4 - 100% #4 - 50% #4 - 33% #5 - 100% #5 - 50% #5 - 33% #6 - 100% #6 - 50% #6 - 33% #7 - 100% % de sobrevivência B C D E %médio de sobrevivência Desvio Padrão Interv Conf (alfa=0,05) 100 100 100 80 92,00 17,89 - 100 100 100 100,00 0,00 - 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 100 100 100 100 100 100 100 100 80 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 100 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 93,33 100,00 96,00 100,00 100,00 100,00 100,00 93,33 96,00 100,00 93,33 96,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,55 0,00 8,94 0,00 0,00 0,00 0,00 11,55 8,94 0,00 11,55 8,94 8,77 11,32 - A 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 100 100 #7 - 50% #7 - 33% #8 - 100% #8 - 50% #8 - 33% #9 - 100% #9 - 50% #9 - 33% 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 80 80 100 100 100,00 100,00 92,00 100,00 100,00 100,00 100,00 93,33 0,00 0,00 10,95 0,00 0,00 0,00 0,00 11,55 - Figura 10: Média e intervalo de confiança (α=0,05) do % de % sobrevivência 120 100 80 60 40 0 Contr. agua int. Contr.diluições #0 - 100% #0 - 50% #0 - 33% #1 - 100% #1 - 50% #1 - 33% #2 - 100% #2 - 50% #2 - 33% #3 - 100% #3 - 50% #3 - 33% #4 - 100% #4 - 50% #4 - 33% #5 - 100% #5 - 50% #5 - 33% #6 - 100% #6 - 50% #6 - 33% #7 - 100% #7 - 50% #7 - 33% #8 - 100% #8 - 50% #8 - 33% #9 - 100% #9 - 50% #9 - 33% 20 sobrevivência dos organismos nos testes de toxicidade com água (n=5) do 3° cruzeiro (Outubro-2007). Tabela 22: Resultados dos parâmetros físico-químicos monitorados no teste de água do 3° cruzeiro (Outubro-2007). Amostra Controle #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 O2 Diss.(mg/L) inicial final 8,10 6,30 8,80 6,60 8,24 6,45 8,32 6,25 7,94 6,60 7,95 6,50 7,75 6,84 7,56 6,62 8,01 5,95 8,27 6,54 7,66 6,05 pH inicial 7,82 7,10 7,03 7,04 7,06 7,01 7,01 7,00 7,01 7,14 7,07 final 7,75 7,78 7,84 7,84 7,91 7,88 7,85 7,84 7,70 7,96 7,68 Salinidade** inicial final 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 Amônio(mg/L) inicial final 0,89 0,24 1,27 0,97 1,11 1,63 1,28 1,26 0,81 0,38 0,57 0,24 1,39 0,58 0,74 0,42 0,93 0,28 0,89 0,34 0,77 0,38 6 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA US-EPA & US-ACE. 1977. Environmental Protection Agency and US Army Corps of Engineers. Ecological evaluation of proposed discharge of dredged material into ocean waters. Environmental Effects Laboratory, Experimental Waterways Experiment Station, Vicksburg, MS VI – MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS Equipe Técnica: Resposável: Dr. Carlos Emílio Bemvenuti Téc. Lab. Nilton Araújo de Abreu MSc. Leonir André Colling Acadêmico Raphael Mathias Pinotti 1 – INTRODUÇÃO Em estuários que possuem áreas portuárias, atividades de dragagens para manutenção dos canais de navegação são bastante comuns. De uma maneira geral, as dragagens removem grandes quantidades de sedimentos, podendo alterar suas características e influenciar inclusive na hidrodinâmica estuarina. Conseqüentemente, alteram a estrutura e a dinâmica das comunidades de macroinvertebrados bentônicos de fundos moles (Kenny & Rees, 1996; Lewis et al., 2001). O modo característico de vida dos macroinvertebrados bentônicos junto ao fundo e o predomínio de formas de pouca mobilidade favorecem amplamente sua utilização em programas de caracterização e monitoramento ambiental (UNESCO, 1980) pois alterações em suas comunidades e/ou em suas assembléias refletem as condições ambientais anteriores e posteriores ao momento das dragagens. Organismos bentônicos são freqüentemente utilizados como bio-indicadores de qualidade ambiental, indicando alterações nas condições ambientais com maior precisão quando em comparação com organismos que vivem na coluna d’água (Lana, 1994). 2 - MATERIAL E MÉTODOS 2.1 - Canal de Acesso e Bacia de Evolução do Porto de Rio Grande Dentro do cronograma proposto de cruzeiros sazonais para a coleta dos macroinvertebrados bentônicos, no canal de acesso ao porto de Rio Grande e bacia de evolução do porto novo na região estuarina da Lagoa dos Patos, durante o ano de 2007, a bordo da Lancha Oc. Larus da FURG, foram realizados cruzeiros nos meses de Janeiro, Abril, Julho e Outubro do corrente. Nestes cruzeiros foram efetuadas amostragens em 12 pontos de coleta que tiveram no seu extremo norte dois pontos controle (#0 e #00), localizados fora da área de operação das dragagens, um ponto (#12) como potencial local de descarte no interior da região estuarina e os 9 pontos restantes (#1 até #9) distribuídos entre as áreas do Porto Novo e do Superporto, tendo como limite sul a ponta dos molhes da barra de Rio Grande. Em cada um dos pontos de coleta, todos geo-referenciados com GPS portátil, foram efetuados registros de temperatura da água e do ar, de salinidade, da transparência da água, das características do substrato e tomadas amostras com pegador de fundo para a coleta dos macroinvertebrados bentônicos e de material para análise do sedimento. Para a caracterização e comparação da distribuição, abundância e diversidade dos macroinvertebrados bentônicos, em cada um dos pontos de coleta, foram tomadas quatro amostras com um pegador de fundo tipo van-Veen com 19x41cm de abertura (0,08m2). Desta forma, em cada cruzeiro foram coletadas 44 amostras para análise do macrozoobentos, distribuídas entre as áreas controle e as localizadas no Porto Novo e no Superporto de Rio Grande. Em cada uma das amostras tomadas com o pegador de fundo foi ainda retirada uma fração de sedimento, correspondente ao volume de material extraído com um tubo extrator de 5 cm de diâmetro e 10 cm de altura, que foi utilizada para análise granulométrica e do teor de matéria orgânica. A triagem das amostras, tanto a separação dos organismos do sedimento quanto identificação das espécies, foi realizada sob microscópio estereoscópico. Os organismos coletados nesses cruzeiros sazonais encontram-se nas tabelas 01, 02, 03 e 04, respectivamente. Os poliquetas que estão digitados como indeterminados ainda estão sob identificação. 2.2 - Local de Descarte das Dragagens No mesmo período também foram realizados cruzeiros para a coleta dos macroinvertebrados bentônicos nas áreas de descarte I (#10) e B (#11) na plataforma interna adjacente a desembocadura da região estuarina da Lagoa dos Patos. Para a caracterização e comparação da distribuição, abundância e diversidade dos macroinvertebrados bentônicos, em cada um dos pontos de coleta, foram tomadas quatro amostras com um pegador de fundo tipo van-Veen com 19x41cm de abertura (0,08m2). A temperatura da água e do ar, a salinidade, profundidade, o tipo de substrato foram registrados em cada um dos pontos de coleta. 3 - RESULTADOS 3.1 - Canal de Acesso e Bacia de Evolução do Porto de Rio Grande O gastrópode Heleobia australis foi a espécie dominante em todos os cruzeiros, com o menor valor de abundância correspondente a 66.981 ind. em Janeiro (Tabela 01), valores intermediários de 159.112 ind. em Abril (Tabela 02) e de 121.413 ind. em Outubro (Tabela 04) e uma elevada abundância com 422.638 ind. no cruzeiro de Julho (Tabela 03). É provável que no cruzeiro de Janeiro as menores densidades do gastrópode tenham sido decorrentes das dragagens efetuadas em 2006, as quais podem ter removido parte dos estoques da espécie do canal de acesso ao Porto de Rio Grande. Enquanto que os valores intermediários registrados em Abril, podem estar indicando a recuperação dos estoques populacionais do gastrópode. Já os elevados valores registrados em Julho concordam com o registrado em trabalhos anteriores, que apontam para uma ampla distribuição vertical de H. australis em fundos arenolodosos assim como para as marcadas flutuações espaço-temporais na abundância desta espécie na região estuarina da Lagoa dos Patos (Bemvenuti & Netto, 1998; Bemvenuti, 1998a). Em relação a distribuição espacial de Heleobia australis, verificou-se que é bastante pobre a ocorrência do gastrópode na região da desembocadura (#7, #8, #9) (Tabelas 01. 02. 03 e 04). É provável que a maior instabilidade do substrato na área da desembocadura da laguna, que está sob influência do longo e estreito canal de acesso na Barra de Rio Grande, determine condições menos favoráveis para H. australis. A este respeito Bemvenuti et al. (1992) também registraram menores densidades desta espécie na zona de desembocadura da laguna, atribuindo o fato a instabilidade do substrato e a presença de fundos arenosos ou de areia com biodetritos no local. Este tipo de fundo não é favorável para um organismo que se alimenta raspando a camada superficial (“filme superficial”) do substrato, tal como acontece com H. australis (Bemvenuti, 1998b). Este tipo de comportamento alimentar é favorecido pela ocorrência de fundos do tipo arenolodoso, que contenha um maior porcentual de sedimentos finos (silte e argila) (Bemvenuti et al. 1992, Bemvenuti, 1998a). Fundos com sedimentos arenolodosos foram mais comuns nas estações mais afastadas da desembocadura (#2, #3, #4, #5 e #6) devem ter influenciado para a maior ocorrência da espécie nestes locais. 3.2 - Local de Descarte das Dragagens No 1º cruzeiro, realizado no mês de Janeiro, na plataforma interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos, não foram elevadas as densidades dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas áreas de descarte I (#10) e B (#11). Na área de descarte I (#10), a presença do gastrópode estuarino Heleobia australis nas amostras, confirma a deposição dos sedimentos que foram dragados na área do Porto de Rio Grande (Tabela 05). Observa-se que H. australis nunca foi coletada no ambiente marinho adjacente a Barra de Rio Grande durante os distintos trabalhos que incluíram amostras de macrozoobentos nesta área (Bemvenuti et al. 1978; Absalão, 1986; Borzone, 1988). Observa-se que na área de descarte II (#11), onde não foi depositado o sedimento dragado na área do Porto de Rio Grande, não foram encontrados exemplares de Heleobia australis (Tabela 05). No 2º cruzeiro, realizado no mês de Abril, na plataforma interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos, as densidades dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas áreas de descarte I (#10) (Tabela 06) foram similares as registradas no mês de Janeiro (Tabela 05). Enquanto que na área de descarte II (#11), onde não foram efetuados depósitos de material dragado, foi detectado um aumento nas densidades do macrozoobentos no mês de Abril (Tabela 06). Este aumento foi devido a ocorrência em altas densidades do bivalvo do gênero Tellina e de espécies de poliquetas no período. No 3º cruzeiro, realizado no mês de Julho, na plataforma interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos, as densidades dos macroinvertebrados bentônicos coletados na área de descarte I foram baixas (#10) (Tabela 07). A espécie com a maior densidade foi H. australis (Tabela 07). Na área de descarte II (#11), onde não foram efetuados depósitos de material dragado, as densidades do macrozoobentos foram mais elevadas (Tabela 07). Da mesma forma que o registrado no outono, os maiores valores de abundância do macrozoobentos foram decorrentes da presença de Tellina sp e de espécies de poliquetas. No 4º cruzeiro, realizado no mês de outubro, na plataforma interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos, foram registradas baixas densidades dos macroinvertebrados bentônicos coletados na área de descarte I (#10) (Tabela 08). A espécie com a maior densidade foi o gastrópode estuarino H. australis (Tabela 08). Na área de descarte II (#11), onde não foram efetuados depósitos de material dragado, as densidades do macrozoobentos foram mais elevadas (Tabela 08). Porém, ao contrário do registrado no outono e no inverno, no cruzeiro de primavera a maior abundância entre o macrozoobentos foi devido aos bivalvos do gênero Mactra (Tabela 08) e também a espécies de poliquetas. 3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABSALÃO, R. S. 1986. Discriminação ambiental entre associações de moluscos macrobentônicos ao largo de Rio Grande, RS, Brasil. Situação inverno-primavera. 126p. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Biológica) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande. RS. BEMVENUTI, C. E. 1998a. Invertebrados Bentônicos. Capítulo 4.10. In: Seeliger, U.; Odebrecht, C. & Castello, J. P. (Orgs.). Os Ecossistemas Costeiro e Marinho do Extremo Sul do Brasil. Ecoscientia, Rio Grande, p. 46-51. BEMVENUTI, C. E. 1998b. Estrutura Trófica. Capítulo 5.2. In: Seeliger, U.; Odebrecht, C. & Castello, J. P. (Orgs.). Os Ecossistemas Costeiro e Marinho do Extremo Sul do Brasil. Ecoscientia, Rio Grande, p.79-82. BEMVENUTI, C. E.; CAPITOLI, R. R. & GIANUCA, N. M. 1978. Estudos de ecologia bentônica na região estuarial da Lagoa dos Patos. II. Distribuição quantitativa do macrobentos infralitoral. Atlântica, 3: 23-32. BEMVENUTI, C. E.; CATTANEO S. & NETTO S. A., 1992, Características estruturais da macrofauna bentônica em dois pontos da região estuarina da Lagoa dos Patos, RS., Brasil. Atlântica, 14: 5-28. BORZONE, C. A. 1988. Estudo da macrofauna bentônica infralitoral da região costeira adjacente à barra de Rio Grande. 112 p. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Biológica) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande. RS. KENNY, A J. & REES, H. L. 1996. The effects of marine gravel extraction on the macrobenthos: results 2 years post-dredging. Marine Pollution Bulletin. 32 (8/9), 615-622. Tabela 01: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Janeiro de 2007. #0 # 00 #1 #2 #3 #4 Latitude 31° 58' 380" 31° 59' 436" 32° 01' 769" 32° 02' 050" 32° 02' 505" 32° 03' 214" Longitude 052° 04' 156" 052° 03' 777" 052° 05' 163" 052° 04' 599" 052° 04' 460" 052° 04' 192" Temperatura 26 °C 26 °C 25 °C 25 °C 26 °C 26 °C Salinidade 10 10 10 12 10 11 Secchi 1,1m 1,5m 1,5m 1,5m 1,3m 1,6m Profundidade 7m 7m 5m 11m 10m 10m Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP Anachis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Bivalvo Indet. Erodona 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 Heleobia 686 149 1160 264 1474 487 5965 2611 6958 5312 36776 18979 Mactra Tagelus 0 0 0 0 0 0 0 0 10 10 0 0 0 0 0 0 13 9 0 0 0 0 0 0 MOLLUSCA POLYCHAETA Glycera Heteromastus 0 0 13 9 0 0 0 0 0 0 0 0 35 6 35 13 77 22 16 3 29 8 10 10 Neanthes Nephtys 0 0 0 0 9 4 0 0 0 0 6 4 90 36 26 9 144 31 147 28 58 12 96 37 Parandalia 0 0 0 0 10 3 0 0 0 0 0 0 Pherusa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Pol. Indeterminado CRUSTACEA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Anf. Indeterminado 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Arinaeus Cumacea 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 3 3 0 0 0 0 0 0 10 6 Cyrtograpsus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Hepatus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Isopoda Indet. Kalliapseudes 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 38 20 45 15 231 118 16 3 16 6 19 15 Mysidacea 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Paguro Pinnixa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Poti 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Pseudosphaeroma 0 0 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0 10 3 10 3 10 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 NEMERTINEA OPHIUROIDEA Tabela 01 (Continuação): Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Janeiro de 2007. # 12 #5 #6 #7 #8 #9 Latitude 32° 03' 577" 32° 03' 576" 32° 05' 987" 32° 08' 004" 32° 09' 653" 32° 11' 117" Longitude 052° 03' 416" 052° 04' 293" 052° 06' 014" 052° 06' 065" 052° 05' 555" 052° 04' 717" Temperatura 26 °C 26 °C 26 °C 26 °C 26 °C 26 °C Salinidade 11 11 15 13 12 14 Secchi 1,7m 1,7m 1,5m 1,8m 1,7m 1,7m Profundidade 9m 7m 16m 16m 20m ABUNDÂNCI DOMINÂNCIA A 16m Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP 10 3 0 0 0 0 0 0 3 3 3 3 16 0,0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 0 0 3 0,0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,0 Heleobia 1804 1257 4939 1441 5333 3058 955 405 929 904 0 0 66981 96,5 Mactra Tagelus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0,0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13 0,0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13 0,0 0 0 51 5 19 8 22 13 10 3 0 0 304 0,4 Neanthes Nephtys 141 45 6 6 87 25 87 22 6 4 13 5 355 0,5 0 0 163 22 3 3 3 3 0 0 3 3 734 1,1 Parandalia 0 0 0 0 6 4 35 8 6 4 16 12 74 0,1 Pherusa 0 0 0 0 3 3 6 6 3 3 0 0 13 0,0 Pol. Indeterminado CRUSTACEA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 26 10 26 0,0 Anf. Indeterminado 13 9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13 0,0 6 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0,0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 3 3 22 0,0 Cyrtograpsus 64 18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 64 0,1 Hepatus 10 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0,0 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,0 192 112 93 32 10 10 19 8 6 4 3 3 689 1,0 Mysidacea 0 0 0 0 0 0 10 3 0 0 0 0 10 0,0 Paguro Pinnixa 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,0 0 0 3 3 3 3 0 0 0 0 0 0 6 0,0 Poti 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,0 Pseudosphaeroma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,0 NEMERTINEA 6 4 3 3 6 4 6 4 0 0 3 3 54 0,1 OPHIUROIDEA 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,0 MOLLUSCA Anachis Bivalvo Indet. Erodona POLYCHAETA Glycera Heteromastus Arinaeus Cumacea Isopoda Indet. Kalliapseudes Tabela 02: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Abril de 2007. #0 # 00 #1 #2 #3 #4 Latitude 31° 58' 407" 31° 59' 443" 32° 01' 771" 32° 02' 130" 32° 02' 486" 32° 03' 189" Longitude 052° 04' 140" 052° 03' 744" 052° 05' 155" 052° 04' 567" 052° 04' 458" 052° 04' 190" Temperatura 22 °C 22 °C 22 °C 19,5 °C 22 °C 23 °C Salinidade 12 12 15 18 18 24 Secchi 2m 2,1m 0,3m 1,1m 0,9m 1m Profundidade 7m 6m 6m 9m 10m 8m Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP Anachis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Erodona 0 0 0 0 0 0 0 0 6 6 0 0 Heleobia 2446 1065 308 111 878 206 14478 2662 28054 4022 29256 5390 Mesodesma 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 Tellina POLYCHAETA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Capitelidae 0 0 6 6 0 0 0 0 0 0 0 0 Glycera 0 0 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0 Hemipodus 0 0 0 0 6 4 0 0 0 0 10 6 MOLLUSCA 0 0 13 13 0 0 3 3 13 7 0 0 Neanthes 13 9 3 3 3 3 10 6 10 3 26 13 Nephtys 16 6 54 18 6 4 16 8 19 8 0 0 Parandalia 10 6 0 0 6 4 0 0 0 0 0 0 Pol. Indeterminado CRUSTACEA 6 6 16 12 3 3 0 0 6 6 0 0 Anf. Indeterminado 0 0 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0 Callinectes 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 0 0 Cumacea 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Cyrtograpsus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Kalliapseudes 6 6 0 0 6 4 0 0 0 0 0 0 Mysidacea 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Pinnixa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Poti NEMERTINEA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 4 6 6 6 4 3 3 3 3 10 6 PHORONIDEA 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Heteromastus Tabela 02 (Continuação): Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Abril de 2007. # 12 #5 #6 #7 #8 #9 Latitude 32° 03' 415" 32° 04' 408" 32° 05' 970" 32° 07' 985" 32° 09' 415" 32° 11' 054" Longitude 052° 03' 527" 052° 05' 141" 052° 06' 040" 052° 06' 107" 052° 05' 234" 052° 04' 831" Temperatura 22 °C 22 °C 23 °C 23 °C 22 °C 23 °C Salinidade 10 19 30 31 31 27 1,5m Secchi 2m 1m 1m 1m 1m Profundidade 13m 12m 15m 16m 18m ABUNDÂNCI DOMINÂNCIA A 19m Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP Anachis 6 4 3 3 19 19 0 0 13 5 0 0 42 Erodona 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0,00 Heleobia 702 312 574 221 82381 33470 22 10 13 13 0 0 159112 99,10 Mesodesma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,00 Tellina POLYCHAETA 0 0 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0 3 0,00 Capitelidae 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0,00 Glycera 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,00 Hemipodus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 16 0,01 Heteromastus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 29 0,02 93 55 87 18 183 56 426 125 29 17 13 9 894 0,56 Nephtys 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 112 0,07 Parandalia 3 3 29 10 0 0 38 19 22 6 10 10 119 0,07 Pol. Indeterminado CRUSTACEA 6 4 6 6 0 0 26 16 10 10 16 6 96 0,06 Anf. Indeterminado 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 4 10 0,01 Callinectes 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 6 0,00 Cumacea 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 3 0,00 Cyrtograpsus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 16 12 16 0,01 Kalliapseudes 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 16 0,01 Mysidacea 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 3 0,00 Pinnixa 0 0 0 0 0 0 6 4 0 0 0 0 6 0,00 Poti NEMERTINEA 0 0 0 0 0 0 3 3 0 0 0 0 3 0,00 0 0 0 0 0 0 16 12 0 0 0 0 51 0,03 PHORONIDEA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,00 MOLLUSCA Neanthes 0,03 Tabela 03: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Julho de 2007. 16/07/2007 #0 # 00 #1 #2 #3 #4 Latitude 31° 59' 270" 31° 58' 195" 32° 01' 478" 32° 02' 079" 32° 02' 511" 32° 03' 170" Longitude 052° 03' 536" 052° 04' 158" 052° 03' 380" 052° 04' 574" 052° 04' 416" 052° 04' 155" Temperatura 11 °C 11 °C 11 °C 10 °C 10 °C 10 °C Salinidade 6 5 6 6 6 6 Secchi 1,5m 1,2m 0,7m 0,8m 0,8m 0,8m Profundidade 4m 5m 3m 10m 10m 11m Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP MOLLUSCA Anachis sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Erodona mactroides 16 12 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0 Heleobia australis 20048 7242 3833 1179 48503 9267 87 14 21391 5323 105503 34513 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Mesodesma mactroides Tagelus plebeius 10 6 0 0 32 4 0 0 0 0 0 0 POLYCHAETA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Glycera sp. 0 0 0 0 0 0 6 4 0 0 0 0 Hemipodus olivieri Heteromastus similis 6 6 51 5 29 17 144 42 67 19 71 49 22 13 0 0 26 17 10 6 0 0 26 26 Neanthes sp. Nephtys fluviatilis 115 27 96 8 154 23 45 15 189 10 109 8 Parandalia tricuspis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0 3 3 Polychaeta Indet. CRUSTACEA 6 6 0 0 3 3 0 0 6 4 6 6 Amphipoda Indet. 3 3 0 0 10 10 0 0 0 0 0 0 Copelonura Indet. Cumacea Indet. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Cyrtograpsus sp. Kalliapseudes schubartii 1308 739 16 3 708 144 3 3 3 3 154 67 Pseudosphaeroma mourei 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 NEMERTINEA 10 3 0 0 3 3 3 3 3 3 0 0 Tabela 03 (Continuação): Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Julho de 2007. 16/07/2007 Latitude Longitude Temperatura Salinidade Secchi Profundidade MOLLUSCA Anachis sp. Erodona mactroides Heleobia australis Mesodesma mactroides Tagelus plebeius POLYCHAETA Glycera sp. Hemipodus olivieri Heteromastus similis Neanthes sp. Nephtys fluviatilis Parandalia tricuspis Polychaeta Indet. CRUSTACEA Amphipoda Indet. Copelonura Indet. Cumacea Indet. Cyrtograpsus sp. Kalliapseudes schubartii Pseudosphaeroma mourei NEMERTINEA # 12 32° 03' 615" 052° 03' 223" 11 °C 6 0,9m 11m Média EP #5 32° 03' 551" 052° 04' 305" 11 °C 5 0,6m 7m Média EP 0 3 577 0 0 0 3 340 0 0 0 0 0 0 186192 168246 3 3 0 0 0 3 26 10 83 0 0 0 3 0 6 24 0 0 0 0 45 3 138 0 3 0 0 0 0 119 0 3 0 0 0 0 82 0 3 6 0 0 0 19 3 3 #6 32° 05' 765" 052° 06' 029" 11 °C 5 0,8m 17m Média EP #7 32° 08' 025" 052° 06' 045" 11 °C 5 1,0m 16m Média EP #8 32° 09' 370" 052° 05' 307" 11 °C 5 0,6m 9m Média EP #9 32° 11' 200" 052° 04' 804" 10 °C 6 0,4m 19m Média EP ABUNDÂNCI DOMINÂNCIA A 3 0 93 0 0 3 0 22 0 0 13 0 144 0 0 13 0 144 0 0 0 0 13446 0 0 0 0 3303 0 0 10 0 22821 3 0 6 0 15455 3 0 26 22 422638 6 42 0,01 0,01 98,91 0,00 0,01 0 0 15 3 18 0 3 0 0 80 6 3 0 22 0 0 36 4 3 0 13 3 3 38 125 6 10 10 3 3 22 69 6 6 6 0 0 16 13 64 3 3 0 0 10 5 5 3 3 0 6 0 64 64 0 16 0 6 0 14 10 0 10 3 19 574 304 1067 13 61 0,00 0,00 0,13 0,07 0,25 0,00 0,01 6 0 0 0 4 3 3 3 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 22 0 0 0 0 0 0 10 13 0 3 0 0 3 10 5 0 3 0 0 3 3 13 0 6 0 0 0 16 5 0 6 0 0 0 3 58 13 10 6 2330 10 74 0,01 0,00 0,00 0,00 0,55 0,00 0,02 Tabela 04: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Outubro de 2007. 08/10/2007 #0 # 00 #1 #2 #3 #4 Latitude Longitude Temperatura Salinidade Secchi 31° 59' 276" 052° 03' 586" 19 °C 2 0,05m Profundidade MOLLUSCA Anachis Erodona Heleobia POLYCHAETA Heteromastus Hemipodus Neanthes Nephtys Parandalia Pol. Indeterminado CRUSTACEA Anf. Indeterminado Cyrtograpsus Kalliapseudes Kupellonura Poti gaucho Pseudosphaeroma NEMERTINEA 08/10/2007 Latitude Longitude Temperatura Salinidade Secchi Profundidade MOLLUSCA 31° 59' 299" 052° 04' 203" 19 °C 1 0,05m 5m 32° 01' 412" 052° 03' 413" 19 °C 1 0,05m 8m 32° 02' 044" 052° 04' 557" 19 °C 2 0,05m 3m 32° 02' 468" 052° 04' 453" 18 2 0,1m 9m 32° 03' 192" 052° 04' 141" 18 2 0,1m 11m 12m Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP 0 32 4712 0 32 3973 0 0 2821 0 0 1565 0 0 65936 0 0 7651 0 0 253 0 0 102 0 0 90 0 0 32 0 0 256 0 0 181 32 0 0 48 0 0 24 0 0 27 0 0 71 0 0 74 6 0 24 0 0 21 6 0 42 0 10 115 0 0 15 0 6 9 0 0 64 0 6 135 0 0 34 0 4 36 0 0 157 0 0 58 0 0 57 0 0 19 0 0 71 0 0 42 0 0 24 0 0 17 0 0 0 0 35 6 0 0 6 0 0 16 6 0 0 6 0 0 26 0 0 0 6 0 0 14 0 0 0 6 0 0 1631 0 0 0 3 0 0 185 0 0 0 3 0 0 80 0 0 0 0 0 0 32 0 0 0 0 0 0 42 0 0 0 0 0 0 12 0 0 0 0 0 0 22 0 0 0 6 0 0 13 0 0 0 6 Tabela 04 (Continuação): Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas estações amostrais durante o cruzeiro de Outubro de 2007. # 12 #5 #6 #7 #8 #9 32° 03' 412" 052° 03' 223" 18 °C 1 0,5m 16m Média EP 32° 04' 374" 052° 05' 042" 18 °C 3 0,1m 12m Média EP 32° 05' 719" 052° 05' 996" 18 °C 3 0,1m 17m 32° 08' 002" 052° 06' 060" 18 °C 4 0,2 17m 32° 09' 349" 052° 05' 572" 18 °C 4 0,1m 9m 32° 11' 18" 052° 04' 695 18 °C 14 0,1m 20m Média Média Média Média EP EP EP EP ABUNDÂNCIA DOMINÂNCIA Anachis Erodona Heleobia POLYCHAETA Heteromastus Hemipodus Neanthes Nephtys Parandalia Pol. Indeterminado CRUSTACEA Anf. Indeterminado Cyrtograpsus Kalliapseudes Kupellonura Poti gaucho Pseudosphaeroma NEMERTINEA 0 0 439 0 0 228 3 0 46064 3 0 20523 0 0 96 0 0 46 0 0 250 0 0 95 0 0 474 0 0 106 0 0 22 0 0 10 3 32 121413 0,00 0,03 99,89 3 0 19 22 0 0 3 0 15 6 0 0 138 0 0 112 0 0 108 0 0 21 0 0 45 0 6 0 0 0 16 0 4 0 0 0 138 0 6 3 10 0 40 0 6 3 6 0 58 0 0 119 13 3 13 0 0 32 9 3 10 3 0 3 13 0 6 3 0 3 7 0 827 3 48 731 42 3 0,68 0,00 0,04 0,60 0,03 0,00 0 0 6 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 3 0 29 0 0 0 0 3 0 17 0 0 0 0 0 3 6 0 0 0 0 0 3 6 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 3 0 0 3 0 0 0 3 0 0 3 0 0 0 0 0 3 3 0 0 0 0 0 3 3 0 3 3 1885 6 3 6 22 0,00 0,00 1,55 0,01 0,00 0,01 0,02 Tabela 05: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados na estação 10 (descarte I) e na estação 11 (descarte II), efetuadas no cruzeiro de Janeiro de 2007 na plataforma interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos. # 10 (Descarte I) # 11 (Descarte II) Latitude 32° 15' 270" 32° 15' 790" Longitude 051° 59' 416" 051° 58' 888" Temperatura 25 °C 26 °C Salinidade 30 30 Secchi 1,5m 1m Profundidade 19m 20m Média EP 10 ABUNDÂNCI DOMINÂNCIA A Média EP MOLLUSCA Anachis 10 3 3 13 1,0 Gastropoda Indet. Heleobia 0 0 10 6 10 0,7 13 7 0 0 13 1,0 Natica 13 5 10 6 22 1,7 Tellina POLYCHAETA 3 3 0 0 3 0,2 Diopatra 0 0 128 32 128 9,9 Neanthes 0 0 80 15 80 6,2 Nephtys 3 3 0 0 3 0,2 Parandalia 54 25 29 13 83 6,4 Pherusa 32 19 58 19 90 6,9 Pol. Indeterminado CRUSTACEA 375 89 304 92 679 52,6 Amphipoda Indet. 6 6 26 5 32 2,5 Caridea 0 0 6 4 6 0,5 Cumacea 3 3 3 3 6 0,5 13 9 0 0 13 1,0 Hepatus 0 0 10 6 10 0,7 Isopoda Indet. 3 3 0 0 3 0,2 Paguridae 3 3 0 0 3 0,2 Pinnixa 0 0 13 9 13 1,0 Hemikalliapseudes NEMERTINEA 22 11 13 9 35 2,7 OFIUROIDEA 45 12 0 0 45 3,5 Tabela 06: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados na estação 10 (descarte I) e na estação 11 (descarte II), efetuadas no cruzeiro de Abril de 2007 na plataforma interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos. # 10 (Descarte I) # 11 (Descarte II) Latitude 32° 15' 318" 32° 15' 830" Longitude 051° 59' 403" 051° 58' 840" Temperatura 24 °C 25 °C Salinidade 34 34 Secchi 3m 3m Profundidade 18m 19m ABUNDÂNCI DOMINÂNCIA A Média EP Média EP Anachis 10 6 26 5 36 0,9 Mactra 3 3 0 0 3 0,1 Ostracoda 0 0 3 3 3 0,1 Gastropoda Indet. 0 0 19 19 19 0,5 45 8 131 21 176 4,3 163 84 2260 870 2423 58,7 Hemipodus 10 10 0 0 10 0,2 Parandalia 10 6 0 0 10 0,2 202 38 1199 97 1401 33,9 Poti 3 3 13 7 16 0,4 Caridea 0 0 13 9 13 0,3 Pinnixa NEMERTINEA 0 0 6 4 6 0,2 26 5 10 6 36 0,9 OFIUROIDEA 0 0 10 10 10 0,2 MOLLUSCA Natica Tellina POLYCHAETA Pol. Indeterminado CRUSTACEA Tabela 07: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados na estação 10 (descarte I) e na estação 11 (descarte II), efetuadas no cruzeiro de Julho de 2007 na plataforma interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos. 16/7/2007 # 10 (Descarte I) # 11 (Descarte II) Latitude 32° 15' 914" 32° 15' 491" Longitude 051° 59' 109" 052° 58' 478" Temperatura 11 °C 11 °C ABUNDÂNCIA DOMINÂNCIA Salinidade 18 21 Secchi 1,5m 2m Profundidade 19m 20m Média EP Média EP MOLLUSCA 0 0 13 5 13 0,6 Anachis sp. 10 6 38 14 48 2,4 Gastropoda Indet. 3 3 0 0 3 0,2 Hastula sp. 240 100 0 0 240 11,9 Heleobia australis 0 0 3 3 3 0,2 Mactra sp. 29 14 67 6 96 4,8 Natica sp. 42 13 587 73 628 31,1 Tellina sp. POLYCHAETA 272 48 529 106 801 39,7 Polychaeta Indet. CRUSTACEA 6 6 0 0 6 0,3 Amphipoda Indet. 0 0 3 3 3 0,2 Caridea Indet. 3 3 0 0 3 0,2 Crustacea Indet. 0 0 3 3 3 0,2 Cumacea Indet. 3 3 6 4 10 0,5 Isopoda Indet. 0 0 3 3 3 0,2 Pinnixa patagoniensis NEMERTINEA 29 3 6 6 35 1,7 OPHIUROIDEA 103 49 19 8 122 6,0 Tabela 08: Valores médios (Av) e desvio padrão (Sd) da densidade (ind./m2) dos macroinvertebrados bentônicos coletados na estação 10 (descarte I) e na estação 11 (descarte II), efetuadas no cruzeiro de Outubro de 2007 na plataforma interna adjacente a desembocadura da Lagoa dos Patos. 05/11/2007 # 10 (Descarte I) # 11 (Descarte II) Latitude 32° 15' 180" 32° 15' 490" Longitude 051° 59' 230" 051° 58' 510" Temperatura 20 °C 17 °C ABUNDÂNCIA DOMINÂNCIA Salinidade 26 34 Secchi 1,1m 2,1m Profundidade 19m 20m Média EP Média EP MOLLUSCA Anachis 3 3 0 0 3 0,1 Heleobia 705 293 19 15 724 20,3 Mactra 0 0 663 183 663 18,6 80 18 42 18 122 3,4 Natica POLYCHAETA 26 16 0 0 26 0,7 Parandalia 545 82 1317 213 1862 52,2 Pol. Indeterminado CRUSTACEA 10 6 6 4 16 0,4 Anf. Indeterminado 0 0 3 3 3 0,1 Isso. Indeterminado NEMERTINEA 3 3 6 6 10 0,3 OFIUROIDEA 128 50 10 6 138 3,9 VII – ICTIOFAUNA Equipe Técnica: Resposável: Dr. João Paes Vieira Sobrinho Dr. Alexandre Miranda Garcia Acadêmico Gilson Junior Cordeiro 1 - INTRODUÇÃO O Porto Organizado de Rio Grande está inserido na região inferior do estuário da Lagoa dos Patos e seu funcionamento gera um variado leque de alterações antrópicas (p.ex: dragagem, ocupação das margens, transbordo e lavagem de porões e tanques de navios). Essa mesma região representa um importante criadouro (berçário natural) para dezenas de espécies de peixes, dos quais várias, como a tainha, o peixe-rei e a corvina, são importantes na para a pesca artesanal do estuário (Chao et al. 1985). O monitoramento continuado dessas populações de peixes é crucial para que se possam avaliar eventuais impactos das atividades portuárias. Pesquisas sobre os peixes do estuário da Lagoa dos Patos tiveram início de modo incipiente em 1975. Foi em 1979 que o Laboratório de Ictiologia da FURG iniciou estudos sistemáticos sobre essa ictiofauna, através de coletas de campo mensais entre 1979 e 1984 em vários pontos da região. Essas pesquisas permitiram entender o ciclo de vida e os padrões de migração das espécies dominantes. Na década de 90, novos estudos ampliaram esses conhecimentos, especialmente a importância dos hábitats estuarinos para os peixes. A partir de 1996, o laboratório deu início ao monitoramento continuado da ictiofauna no estuário através de coletas mensais nas zonas rasas, o qual continua até os dias atuais. A partir de 1999 esse monitoramento foi integrado ao Programa de Estudos Ecológicos de Longa Duração (PELD). A partir da integração do banco de dados históricos (1979-1984) e do PELD (1996-2006) o laboratório tem realizado pesquisas que vem elucidando vários padrões ecológicos plurianuais e inter-decadais e alguns dos fatores ambientais (p.ex., hidrologia e padrão de salinização) que controlam a fauna de peixes, bem como seus reflexos sobre a produção pesqueira da região (Vieira et al. 1998; Garcia et al. 2004; Vieira et al., in press). O monitoramento da ictiofauna das zonas rasas, e da pesca na área de atuação e influência do Porto Organizado de Rio Grande, é um requisito obrigatório para que se de continuidade as atividades de gestão e operações portuárias (Renovação da Licença de Operação N 03/1997 - IBAMA). Um passo primordial de um monitoramento é o estabelecimento de “dados de referência”, obtidos a partir de estudos de médio e longo-prazo, para que se possa avaliar, de modo mais preciso, eventuais impactos de atividades antrópicas (Likens, 1989). 2 – MATERIAL E MÉTODOS 2.1 – Coletas de Campo As amostragens relativas ao monitoramento da ictiofauna seguiram com sucesso o plano de trabalho, estendendo-se de Janeiro a Dezembro de 2007. As amostragens foram realizadas nas seguintes estações de coleta, localizadas nas zonas rasas do estuário da Lagoa dos Patos e na região marinha adjacente: Prainha (32º09.047’ S, 52º06.133’ W), Franceses (32º03.649’ S, 52º05.272’ W), Marambaia (31º59.553’ S, 52º05.970’ W) e Torotama (31º54.865’ S, 52º09.138’ W). Em cada uma dessas estações de coleta (Figura 01) e em cada mês (Janeiro a Dezembro) foram realizados cinco arrastos de praia com rede tipo picaré (9m de comprimento, 13mm de malha nas asas e 5mm no centro), totalizando 240 amostras da ictiofauna estuarina. Conjuntamente, foram registradas a temperatura da água, salinidade e transparência da água (disco de secchi). Figura 01: Mapa com a localização das quatro estações de coleta de peixes no estuário da Lagoa dos Patos. 2.2 – Processamento das Amostras O total de amostras coletadas no período já foram completamente triadas e processadas (ou seja, os indivíduos foram identificados ao nível de espécie, medidos e pesados) uma proporção aproximada de 75%, restando apenas os meses de Outubro, Novembro e Dezembro, os quais ainda estão sendo processados. O grande volume de indivíduos coletados, especialmente nos meses de primavera e verão, e o pequeno porte (<30mm) da maioria dos indivíduos, demanda um tempo elevado na identificação taxonômica (muitas espécies requerem inspeção e contagem de caracteres merísticos sob lupa) e na obtenção de dados de biometria (tamanho individual e peso por espécie). Dado o volume de trabalho durante a coleta e, especialmente, na triagem e processamento das amostras, se faz necessário um outro bolsista para que todos as amostras sejam analisadas num menor intervalo de tempo. Em cada amostra analisada foram obtidos os seguintes dados biométricos por espécie de peixe: número total dos indivíduos, peso total dos indivíduos e comprimento total de cada indivíduo. Estes dados foram armazenados em planilhas de papel e eletrônica para posterior análise de dados. Nas amostras com um número muito elevado de indivíduos para a mesma espécie, como para as tainhas do gênero Mugil, foi realizado o quarteamento com o objetivo de reduzir o tempo de processamento da amostra. 3 – RESULTADOS 3.1 - Levantamento e Caracterização da Atividade Pesqueira 3.1.1 - Descrição e Breve Histórico da Pesca Local O estuário da Lagoa dos Patos é uma área importante de criação e crescimento para grande parte dos peixes comercialmente explorados pela pesca artesanal do litoral sul do Brasil. Esta região tem sido uma área de pesca importante desde o final do século passado e concentra a maior parte da pesca artesanal do Estado do Rio Grande do Sul (Reis, et al., 1994; Vieira et al., 1998). Segundo Haimovici (1998) a pesca na região sul do Brasil envolve cerca de 9.000 participantes, sendo dois terços destes na pesca artesanal ou de pequena escala. Mais de 90% dos registros de desembarque de teleósteos capturados pela pesca artesanal no Rio Grande do Sul provêm do estuário da Lagoa dos Patos (Reis et al., 1994), e seus valores históricos, para o estado, variaram entre 37.425 t. (1973) e 11.538 t. (1962) com uma média de 21.127 t. Dentre as espécies mais importantes para a pesca artesanal do estuário da Lagoa dos Patos destacam-se a corvina, o bagre-marinho e a tainha, que juntos perfazem cerca de 60% do total capturado. A análise dos dados gerais de desembarque (captura e esforço) indica uma redução atual nos estoques de diversas espécies que são exploradas em conjunto pela pesca artesanal e industrial, tais como a corvina, a pescadinha, a miraguaia, e os bagresmarinhos (Reis et al., 1994; Haimovici et al., 1989, 1997; Haimovici, 1998). Embora a pesca tradicionalmente seja multi-específica, cada uma das principais espécies tem um período de pico para sua captura, os quais constituem as safras (Chao et al., 1986; Haimovici et al., 1989; Reis et al., 1994), sendo estes períodos nitidamente associados as variações climáticas locais (i.e., frentes frias, etc.) e a hidrografia da Lagoa (penetração da água salgada). Até o início da década de 80 a pesca artesanal era uma atividade econômica rentável na Lagoa dos Patos, mas a partir de 1982 as capturas decresceram abruptamente (Reis 1993). Atualmente, apenas a pesca da tainha (M. platanus) e do camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis) resistem como atividades economicamente rentáveis para os pescadores artesanais (Reis & Dincao 2000). Dado a sua importância na pesca artesanal, segue abaixo uma descrição detalhada do ciclo de vida e padrões de uso do estuário pela tainha. A tainha Os peixes da família Mugilidae apresentam ampla distribuição em águas costeiras, nas regiões tropicais e sub-tropicais, sendo que muitas espécies vivem em lagoas costeiras e estuários, chegando até a penetrar em rios (Vieira, 1985). A espécie M. platanus é conhecida apenas no Atlântico Sul Ocidental, desde o Rio de Janeiro até a Argentina (Menezes & Figueiredo, 1985). Juvenis de M. platanus ocorrem durante todo o ano nas zonas rasas do estuário da Lagoa dos Patos e região costeira adjacente, porém são mais freqüentes na primavera e no inverno e menos freqüentes no outono, distribuindo-se independente da salinidade e da temperatura (Vieira, 1991). A tainha, como uma espécie catádroma, migra do estuário para o mar na época da reprodução, desovando entre o norte do Rio Grande do Sul e o norte de Santa Catarina, em mar aberto, do fim do outono até o início do inverno. Os ovos e larvas planctônicas são transportados para a costa sul do Brasil pela direção das correntes costeiras predominantes. Quando alcançam a desembocadura do estuário os pré-juvenis penetram juntamente com a cunha de água salgada. Os juvenis e adultos vivem em água rasas do estuário e alimentam-se de matéria orgânica e algas epífitas associadas ao sedimento (Vieira & Scalabrin 1991). Vieira & Scalabrin (1991) sugerem que as variações de temperatura e salinidade influenciam as variações anuais da captura total da espécie. Em mugilídeos o contato com a salinidade mais elevada, nos meses que antecedem a migração reprodutiva, acelera o processo de maturação gonadal (Bok, 1979; Blaber, 1987, Vieira & Scalabrin, 1991). Vieira & Scalabrin (1991) sugerem que em anos de menor salinização da Lagoa, o desenvolvimento gonadal e a migração da tainha seriam retardados, afetando o comportamento migratório da espécie e conseqüentemente sua captura pelos pescadores artesanais. Miranda (1971), registra para as águas oceânicas da plataforma do Rio Grande do Sul, uma queda da temperatura (aproximadamente 5°C) entre Abril e Junho, que corresponderia a um fluxo para o norte de águas frias de origem Sub-Antártica. O vento sudeste além de esfriar as águas da região adjacente à Lagoa dos Patos (Miranda, 1971), ocasiona o que os pescadores da região denominam “rebojo”, que é o represamento das águas da Lagoa dos Patos e a entrada de água salgada pela região profunda do canal. Esta conjunção de fatores (queda da temperatura e aumento da salinidade) seria o “gatilho ecológico” para a migração reprodutiva da tainha M. platanus (Vieira, 1985; Vieira & Scalabrin, 1991). Na costa do Rio Grande do Sul as atividades pesqueiras são oficialmente classificadas como pesca artesanal e industrial. A tainha adulta é capturada pela pesca artesanal na região estuarial da Lagoa dos Patos durante o ano todo, sendo pescada com tarrafas, redes de cerco e redes de emalhar. Cerca de 60% da captura ocorre entre Março e Maio, e a migração, do estuário para o mar, atinge o clímax no mês de Maio. O pico das capturas em Maio é resultante da intensificação da pesca artesanal sobre os cardumes reprodutivos que migram da Lagoa para o norte do estado (Vieira & Scalabrin, 1991). A variabilidade interanual na abundância da tainha no estuário da Lagoa dos Patos aparenta ser fortemente dependente de fatores ambientais naturais como precipitação pluviométrica e salinidade (Vieira & Scalabrin, 1991; Vieira 1991; Garcia et al., 2004, Vieira et al. No prelo). Estudos preliminares mostram que o acúmulo de chuva na bacia de drenagem, desde meados do segundo semestre do ano anterior à safra da tainha, pode representar um importante fator controlador da abundância dos juvenis e da safra da tainha no estuário (Silva 2003). Além disso, fortes anomalias de chuvas associadas a eventos El Niño de forte intensidade podem representar um significativo decréscimo na abundância dos juvenis e das capturas dos indivíduos adultos pela pesca artesanal (Vieira et al. No prelo). Vieira e colaboradores (no prelo) sugerem duas hipóteses para explicar de que modo as condições de vazante associadas a períodos de excesso de chuva podem afetar as fases do ciclo de vida da tainha no estuário. Em relação aos adultos a hipótese é de que, em períodos de muita chuva, há pouca intrusão de água salgada no estuário, conseqüentemente a tainha formaria cardumes reduzidos na sua migração reprodutiva para o mar, resultando em menor eficiência de captura pelos pescadores artesanais. Em relação aos juvenis, a hipótese é que caso o período de chuvas intensas coincida com a penetração dos juvenis no estuário, o recrutamento dos juvenis da tainha do mar para o estuário poderá diminuir, pois haverá pouca intrusão de água salgada, e dessa forma, um número menor de juvenis poderão realizar o transporte passivo para o interior da região estuarina. Dessa forma, considerando-se os fatores naturais como chuva e salinidade, podem ser sugeridos dois cenários básicos em relação aos padrões esperados de abundância da tainha no estuário. Durante períodos de elevado acúmulo de chuva na bacia de drenagem haverá uma maior tendência de decréscimo na abundância dos juvenis e na safra da tainha. Um padrão inverso seria mais provável durante períodos de estiagem ou menores níveis de chuva acumulada na bacia. 3.2 - Análise Temporal da Captura das principais espécies de peixes pela Pesca Artesanal no Estuário (Dados Do IBAMA) Essa atividade não pode ser realizada devido a ausência de repasse, por parte do IBAMA, dos dados referentes aos registros de desembarques pesqueiros na região, os quais são obtidos com os pescadores e armazenados por essa agência. Após diversas tentativas informais de obtenção dos dados, uma solicitação oficial dos dados foi encaminhada ao IBAMA, porém, o repasse da informação não foi realizado até o presente momento. Como mencionado na proposta de Monitoramento de 2007, “o repasse desses dados públicos por parte do IBAMA seria imprescindível para a realização dessa tarefa.” 3.3 - Monitoramento da Composição de Espécies, Abundância e Diversidade dos Peixes Os resultados apresentados a seguir são referentes aos 9 meses de amostragens (Janeiro a Setembro) que já foram processadas e digitalizadas em planilhas eletrônicas. Para avaliar os resultados obtidos durante o presente monitoramento, estes foram contrastados com um banco de dados de 10 anos (1997-2006) sobre a os peixes do estuário, obtido pelo Laboratório de Ictiologia (FURG) seguindo o mesmo procedimento de amostragem e processamento realizado no presente monitoramento. Um total de 12.208 indivíduos e 18 espécies de peixes foram capturados (Tabela 01). Um total de oito espécies (as tainhas Mugil platanus, M. gaimardianus e M. curema, os peixesrei Atherinella brasiliensis e Odontesthes argentinensis), a sardinha Brevoortia pectinata, o barrigudinho Jenynsia multidentata e a corvina Micropogonias furnieri) totalizou mais de 99% das capturas. Esse padrão de abundância foi bastante semelhante àquele que vem sendo observado em estudos anteriores para as zonas rasas do estuário da Lagoa dos Patos (Vieira et al. 1998). Por exemplo, de acordo com Chao et al. (1985), que estudou a região entre 1978 e 1984, a ictiofauna nas zonas rasas é dominada por pequenos peixes estuarinos residentes e de juvenis de espécies marinhas estuarinas dependentes. Os juvenis de tainha (Mugil platanus, M. curema, M. gaimardianus), os peixes-rei (Atherinella brasiliensis e Odontesthes argentinensis), três clupeídeos (Brevoortia pectinata, Platanichthys platana e Ramnogaster arcuata), o barrigudinho (Jenynsia multidentata) e a corvina (Micropogonias furnieri) constituem mais de 95% das capturas de peixes nas zonas rasas. Uma comparação da composição de espécies em cada mês, com o banco de dados de 10 anos (1997-2006), demonstram que os padrões observados para a ictiofauna durante o monitoramento de 2007 (Janeiro à Setembro) está dentro dos padrões comumente observados nos últimos 10 anos (Figura 02). Uma mesma conformidade com os dados históricos foi observada para os padrões de recrutamento e composição de tamanho da assembléia de peixes (Figura 03). Do mesmo modo, a amplitude da variação mensal da diversidade de peixes do estuário em 2007, incluindo os componentes riqueza de espécies e equitatividade, estão dentro dos limites observados nos últimos 10 anos (Figura 04). Tabela 1 - Número total de indivíduos (NTOT), número de indivíduos por arrasto (CPUE), número de indivíduos por arrasto em percentual (CPUE%) e frequência de ocorrência (FO%) dos peixes capturados nas 4 estações de coleta na região estuarina da Lagoa dos Patos (Prainha, Franceses, Marambaia e Torotama, vide mapa). Espécies ordenadas de acordo com sua dominância (CPUE*FO%), do maior para o menor. Nome científico Nome comum NTOT CPUE CPUE(%) FO(%) Mugil platanus tainha 2511 13.95 20.57 2D Stress: 0.18 63.33 Atherinella brasiliensis peixe-rei 1805 10.03 14.79 67.22 9707 Mugil gaimardianus tainha 1852 10.29 15.17 41.11 9702 Mugil curema tainha 1769 9.83 14.49 35.56 9701 9906 2313 Brevoortia pectinata sardinha 12.85 18.95 24.44 Jenynsia multidentata barrigudinho 1172 6.51 9.60 32.78 0709 601 07089806 3.34 0704 Odontesthes argentinensis 4.92 42.22 0007peixe-rei 0707 9704 Micropogonias furnieri corvina 121 0.67 0.99 15.56 0006 9808 9706 0205 Eucinostomus melanopterus9705 37 9802 0.21 0.30 4.44 0206 9703 0204 9801 0106 Lycengraulis grossidens manjuba 7 0.04 0.06 2.78 0605 0507 0505 0002 9905 9803 Trachinotus marginatus pampo 40105 0.02 0.03 1.67 0608 0703 9901 9908 0003 0004 0604 98050.03 Eucinostomus argenteus 4 0.02 1.11 0005 0504 0506 0706 0104 0001 9904 0103 0602 9807 1.4clupeola 9708 Harengula sardinha 6 0.03 0.05 0.56 0606 9907 9709 0603 0203 0702 Prainha Anchoa marinii 2 0.01 0.02 1.11 9903 0601 0009 0401 0705 1.2 01080.01 Ctenogobius shufeldti0404 0202 0701 0102 0.01 0.56 0208 1 0305 0408 0109 0502 Hyphessobrycon luetkenii lambari 1 0.01 0.01 0.56 0503 1 0405 0201 0107 0008 0101 9909 Sardinella janeiro sardinha 1 0.01 0.01 0.56 0402 04030406 0307 Stephanolepis 0.8 hispidus 10309 0.01 0.01 0.56 0304 0308 0607 peixe-porco 0501 02079804 TOTAL 12208 67.8 9809 0508 0.6 0306 0407 0409 0509 0303 0301 0.4 0.2 0209 0 um Os 0302 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165 170 175 180 185 190 195 200 205 210 215 220 225 Transform: Square root Resemblance: S17 Bray Curtis similarity Franceses 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 1.2 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165 170 175 180 185 190 195 200 205 210 215 220 225 da Indivíduos por arrasto (log CPUE+1) 1.4 Figura 02 – Análise da 0609 1 Marambaia 0.8 0.6 0.4 0.2 1.2 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165 170 175 180 185 190 195 200 205 210 215 220 225 0 1 Torotama 0.8 0.6 0.4 0.2 Comprimento total (classes de 5 mm) 225 215 205 195 185 175 165 155 145 135 125 115 105 95 85 75 65 55 45 35 25 15 0 5 2003). para períodos, entre composição de espécies através técnica de MDS (Non-metric MultiDimensional Scaling) entre os meses de monitoramento (em azul) e para período de 10 anos (1997-2006). dois primeiros números representam os anos, seguidos do mês (Ex.: 0302; Fevereiro de Foram incluídos, ambos os apenas os meses Janeiro e Setembro. Figura 03 – Abundância média (CPUE, indivíduos por arrasto) por classes de tamanho (5 em 5 mm de comprimento total) dos peixes capturados em cada estação de coleta no estuário (Prainha, Franceses, Marambaia e Torotama) para dois períodos: Janeiro à Setembro de 2007 (linha) e Janeiro de 1997 à Dezembro de 2006 (área cinza). Diversidade (H') 1 ago 1.5 jul jun 2 mai 2.5 1997-2006 2007 0.5 set abr mar fev 1 jan 0 Equitatividade (E5) 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 set ago jul Riqueza de espécies - E[S] fev 4 ago jan 8 jul 10 6 jun mai abr mar fev 12 jan 0.3 set jun mai abr mar 2 Meses Figura 04 – Variação mensal (janeiro à setembro) da diversidade (Shannon – H’ base e), riqueza esperada de espécies (rarefação, E[S]=50) e equitatividade (Hill, E4) da assembléia peixes coletada no estuário (Prainha, Franceses, Marambaia e Torotama) entre 1997 e 2007. O período referente ao monitoramento está demarcado em linha azul com círculos. 4 – COMENTÁRIOS GERAIS A composição das espécies, o padrão de abundância relativa, composição de tamanho e a diversidade da assembléia de peixes do estuário durante os meses analisados (Janeiro à Setembro de 2007), estão dentro dos limites observados nos dados históricos disponíveis (1997-2006) e também em conformidade com a literatura disponível sobre a ictiofauna estuarina da Lagoa dos Patos (Chao et al., 1982; Chao et al. 1985; Vieira et al. 1998; Garcia et al. 2003). Dados relativos a variação temporal dos peixes mais importantes na pesca artesanal no estuário (como a tainha) ainda estão sendo pleiteados junto ao órgão responsável por sua obtenção e armazenamento (IBAMA), e por isso não estão sendo apresentados no presente relatório. 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLABER, J. M., 1987. Factors affecting recruitment and survival of mugilids in estuaries and coastal waters of Southeastern Africa. American Fisheries Symposium. 1:507 – 518. BOK, A. H., 1979. The distribution and ecology of two mullets species in some freshwater rivers in the eastern Cape, South America. CHAO, L. N.; PEREIRA, L. E.; VIEIRA, J. P.; BEMVENUTI, M. A.; CUNHA, L. P. R. 1982. Relação preliminar dos peixes estuarinos e marinhos da Lagoa dos Patos e região costeira adjacente, Rio Grande do Sul, Brasil. Atlântica, Rio Grande, v. 5: 67-75. CHAO, L. H.; PEREIRA, L. E. & VIEIRA, J. P. 1985. Estuarine fish community of the dos Patos Lagoon, Brazil. A baseline study. pp. 429-450. In: A. Yanez-Arancibia (Org.) Fish Community Ecology in Estuaries and Coastal Lagoons: Towards an Ecoystem Integration, DR (R) UNAM Press, Mexico. 654p CHAO, N. L.; VIEIRA J. P. & BARBIERI, L. R. R. 1986. Lagoa dos Patos as a Nursery Ground for Shore Fishes off Southern Brazil. p. 144-150 GARCIA, A. M.; VIEIRA, J. P. & WINEMILLER, K. O. 2003. 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Migração reprodutiva da “tainha” (Mugil platanus Günther, 1880) no sul do Brasil. Atlântica. 13 (1): 131-141. VIII – ORNITOFAUNA Equipe Técnica: Resposável: MSc. Washington Luiz dos Santos Ferreira Biol. Antonio de Christo Furtado Gomes Júnior Acadêmica Michelle Santa Catarina Brodt Acadêmica Rossana Chiaffitelli Acadêmico Bruno Oliveira 1 – INTRODUÇÃO O diagnóstico da situação atual da avifauna na porção meridional do Estuário da Lagoa dos Patos, delimitada como Porto Organizado de Rio Grande (SUPRG, 2005), entre os municípios de Rio Grande e São José do Norte, revela que, em função da grande movimentação e intensidade das operações portuárias locais, as amostragens nas áreas sob jurisdição da SUPRG concentram-se primariamente na orla portuária de Rio Grande e, secundariamente, nas proximidades do Molhe Leste, em São José do Norte (Ferreira, 2006). No referido documento, recomenda-se uma mudança estratégica no acompanhamento da avifauna, devido à expressiva ocupação e supressão dos hábitats originais na maior parte da área, derivada do grande desenvolvimento portuário regional, e da atividade industrial associada. Estas mudanças são recomendadas por não existir coerência ecológica em se insistir no monitoramento da avifauna em um conjunto de áreas com reconhecido passivo ambiental, sob pena de mero formalismo institucionalizado, e da ausência de medidas concretas para que se possa garantir a conservação e manejo sustentável das áreas remanescentes, com real significado ambiental na região. Argumenta-se, neste documento, que os esforços e custos advindos do monitoramento da avifauna na área sob influência das atividades portuárias regionais seriam mais eficientemente alocados se fosse efetuada uma alteração no desenho amostral do mesmo, selecionando um conjunto de áreas com parcela de hábitats originais do estuário, não alteradas significativamente em sua estrutura e não comprometidas em seus processos, que pudessem oferecer uma amostragem representativa como sítios de descanso, alimentação e/ou reprodução para a avifauna. Propõem-se uma nova seleção de áreas, eliminando muitas das estações anteriores utilizadas nos monitoramentos prévios, por estarem situadas em áreas com hábitats totalmente degradados ou alterados (onde a avifauna é registrada normalmente apenas em trânsito, por sua grande capacidade de deslocamento), e foram inseridas outras estações com grande atratividade para a avifauna (por sua cobertura com hábitats remanescentes bem conservados) e potencial impacto ambiental, em decorrência da tendência de expansão das atividades portuárias. 2 – MATERIAL E MÉTODOS 2.1 – Coletas de Campo O monitoramento foi executado através de amostragem mensal em 17 estações ao longo das margens do canal de acesso portuário e entorno, com 10 estações no município de São José do Norte (A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9 e A10) e 07 em Rio Grande (A11, A12, A13, A14, A15, A16 e A17), discriminadas abaixo na Tabela 01 e localizadas no mapa da Figura 01. # A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 A15 A16 A17 LOCALIDADE Ponta do Cucuruto Sangradouro do Cucuruto Marisma Norte Baía Norte Baía Sul Pontal do Estaleiro Ponta dos Pescadores Pontal Sul Base do Molhe Leste Santa Casa Ilha da Pólvora Ponte Preta Terminal Automotivo Barra ZPE/Parque Eólico Balsa da Barra/Tecon Lagoinha da Barra Molhe Oeste Tabela 01: Estações de amostragem da ornitofauna. HÁBITATS LATITUDE Pontal arenoso 32º 03´ 01.93˝ S 52º Arroio, marismas 32º 03´ 25.65˝ S 52º Marismas 32º 04´ 46.53˝ S 52º Marismas 32º 05´ 52.12˝ S 52º Marismas 32º 06´ 48.29˝ S 52º Marismas 32º 07´ 09.55˝ S 52º Marismas 32º 07´ 41.51˝ S 52º Pontal arenoso 32º 07´ 55.49˝ S 52º Praia arenosa 32º 08´ 58.40˝ S 52º Praia arenosa 32º 08´ 43.10˝ S 52º Marismas 32º 01´ 17.95˝ S 52º Arroio, marismas 32º 06´ 45.38˝ S 52º Campos, banhados 32º 06´ 06.80˝ S 52º Campos, banhados 32º 08´ 34.56˝ S 52º Campos,marismas 32º 07´ 04.08˝ S 52º Marismas 32º 09´ 05.03˝ S 52º Enrocamento, praia 32º 09´ 32.62˝ S 52º LONGITUDE 02´ 36.99˝ W 02´ 42.77˝ W 03´ 06.68˝ W 03´ 41.9˝4 W 04´ 15.85˝ W 04´ 57.97˝ W 05´ 24.66˝ W 05´ 30.42˝ W 04´ 56.26˝ W 04´ 37.02˝ W 06´ 05.24˝ W 09´ 20.81˝ W 08´ 14.18˝ W 07´ 54.54˝ W 06´ 17.12˝ W 06´ 09.59˝ W 05´ 59.02˝ W Em cada estação de amostragem, procedeu-se o censo (quali-quantitativo) dos diferentes grupos de aves, através de uma série de perfis observacionais e auditivos (censos por pontos e por tempo), utilizando-se binóculos (8x20mm) e luneta (30x60mm) ornitológicos, bem como gravador de áudio, para registro das vocalizações e reprodução das mesmas, possibilitando a maior aproximação da equipe às aves (Figura 02). Para documentação das aves presentes, foram utilizadas câmeras fotográficas e teleobjetivas, bem como gravadores digitais de áudio para registro das vocalizações e reprodução das mesmas. A confirmação dos registros das espécies foi viabilizado através de comparações com livros-guias de campo e/ou CDs das suas respectivas vocalizações. Os registros de campo foram transcritos para planilhas eletrônicas, para processamento e posterior interpretação dos resultados. Os registros referentes aos censos mensais de 2007 da ornitofauna estão apresentados nas tabelas de 02 a 13, ao final deste relatório. Nestas tabelas foram listadas, na seqüência taxonômica, as espécies de aves (com seu nome científico e popular), e sua respectiva abundância, presentes em cada estação de amostragem. Figura 01: Mapa com a localização das estações de coleta (avistagem) de aves no estuário da Lagoa dos Patos. Figura 02: Exemplo de atividades de campo para censoreamento da avifauna nas estações de coleta (avistagem) ao longo do grade amostral. 3 – RESULTADOS 3.1 – Análise Temporal Em 2007, os resultados dos censos da avifauna mostraram expressiva variação ao longo dos doze meses, tanto na diversidade, através dos registros dos vários taxa, como suas ordens (entre 10 e 16), famílias (25 a 35), e espécies (37 a 68), quanto na abundância, através do número de indivíduos (369 a 1.111) (Tabela 14). Estes registros refletem os respectivos contextos ambientais associados com a sazonalidade regional, os quais podem ser mais bem compreendidos através de seu agrupamento em três períodos distintos: Janeiro-Maio, Junho-Agosto e Setembro-Dezembro. Nestes períodos observam-se tendências similares (com pequenas oscilações) de grande incremento nos meses iniciais e progressiva redução nos parâmetros medidos até o próximo pico do período subseqüente (Figura 03). Este desempenho provavelmente está correlacionado à diferente disponibilidade (abundância e/ou variedade) de fontes alimentares nos três períodos, em função da variação no foto-período e temperatura. 1200 1000 800 Ordens Famílias Espécies Indivíduos 600 400 200 Ja Fe n eir ve o re ir M o ar ço Ab r il M ai Ju o nh o Ju l Ag ho S e o st te o m O bro u N t ub ov ro e D mb ez ro em br o 0 Figura 03: Distribuição temporal da diversidade e abundância das aves. 3.2 – Análise Espacial Neste período de trabalho, a análise da distribuição espacial da avifauna entre os 17 pontos de amostragem registrou uma diversidade cumulativa (computando-se o conjunto de taxa não repetidos) de quarenta (40) famílias, englobando cento e dezessete (117) espécies distintas de aves (Tabela 14). Ao se espacialisar esta distribuição cumulativa da avifauna sobre os 17 pontos de amostragem, constata-se a correlação existente entre as características dos respectivos hábitats e da avifauna que deles se utilizam, evidenciando-se padrões muito distintos de distribuição espacial. Dentre estes padrões, percebem-se três grandes classes: A) Alguns grupos de aves têm um amplo espectro territorial, cobrindo todo o conjunto de hábitats e pontos de amostragem (como a garça-branca-pequena (Egretta thula), o chimango (Milvago chimango), o quero-quero (Vanellus chilensis), o João-de-barro (Furnarius rufus), e o bemtevi (Pitangus sulphuratus). B) Outros grupos de espécies mostram uma preferência estrita por determinado hábitat ou ponto de amostragem (como as espécies oceânicas Fulmarus glacialoides, Procellaria aequinoctialis e Pterodroma incerta, os passeriformes de banhados e várzeas Limnornis curvirostris e Xolmis dominicanus). C) A terceira classe congrega a grande maioria das espécies, que podem ocupar distintos hábitats ou hábitats similares nos diferentes pontos de amostragem, com situações intermediárias entre os dois extremos anteriores. Esta espacialização demonstra também a importância relativa dos diferentes pontos amostrais como hábitat para o conjunto da avifauna, e especialmente no que se refere aquelas espécies com status de reconhecida vulnerabilidade. Na mensuração desta importância relativa podem-se utilizar os registros de ocorrência das espécies vulneráveis, sua abundância e a diversidade de espécies nesta situação que utilizam determinados hábitats ou pontos de amostragem. 3.3 - Análise de Vulnerabilidade Na análise da vulnerabilidade das espécies, utilizaram-se os critérios adotados por Fontana, Benke & Reis (2003) e González (2001): SD (status desconhecido), NA (não ameaçada), QA (quase ameaçada), VU (vulnerável), EP (em perigo), CA (criticamente ameaçada), PE (provavelmente extinta), RE (regionalmente extinta). Com base nos critérios citados acima, elaborou-se um quadro ilustrativo da vulnerabilidade das espécies observadas no período, descritas abaixo (Figura 14). 4 – CONCLUSÕES A realização do monitoramento contínuo sobre a distribuição, diversidade e abundância da ornitofauna, ao longo de um conjunto de estações de amostragem na área sob influência direta do Porto Organizado de Rio Grande, envolvendo as margens e entornos do canal de navegação do Estuário da Lagoa dos Patos, entre os municípios de São José do Norte e Rio Grande, pode aportar informações significativas para os tomadores de decisão no âmbito do gerenciamento costeiro integrado desta região. Estas informações, além de garantirem o cumprimento das exigências específicas quanto à ornitofauna, inseridas na renovação da Licença de Operação do referido porto, podem contribuir para o aperfeiçoamento do próprio processo de gestão ambiental portuária e de ambos os municípios, por apontar alguns dos padrões detectados na ocorrência, distribuição, diversidade e abundância das espécies de aves, as quais se utilizam dos espaços e recursos naturais neste complexo portuário regional. Os parâmetros referidos, além de mostrarem as flutuações populacionais normais destas espécies, algumas com grandes variações sazonais, são ainda mais valiosos como instrumento de avaliação da importância ecológica relativa das diferentes estações de amostragem. No contexto do planejamento territorial regional, com a perspectiva de grande expansão da área e escala de operações do seu sistema portuário-industrial, uma das prioridades da pesquisa reside na hierarquização dos espaços naturais remanescentes, enquanto hábitats da vida silvestre, de modo a que esta função ecológica seja adequadamente resguardada na mediação dos potenciais conflitos de uso dos espaços e recursos naturais. Em decorrência, podem ser identificados os blocos de estações de amostragem de maior relevância para a ornitofauna, segundo uma série de critérios elencados a partir dos parâmetros monitorados. As estações de amostragem agrupam-se em combinações de pequenas manchas remanescentes de hábitats naturais (campos litorâneos, arroios, banhados, marismas, pontais arenosos, praias) e um hábitat resultante das atividades antrópicas, os enrocamentos (molhes). As características físicas e biológicas destes hábitats (substrato geológico, solo, topografia, orientação geográfica, cobertura vegetal e fauna acompanhante) são determinantes para a respectiva elegibilidade por parte dos diferentes grupos da ornitofauna, devido à sua capacidade de suporte, como áreas de repouso, alimentação e/ou reprodução, bem como refúgio em relação aos seus predadores naturais e a perturbação antrópica. No presente caso, os valores da diversidade acumulada oscilaram entre 19 e 67 espécies por estação de amostragem, sendo a Lagoinha da Barra (A16), o Pontal Sul (A8) e a ZPE (A14) aqueles pontos com maior riqueza de espécies, respectivamente 67, 60 e 51 registros. Dentre as estações de menor pontuação, por este critério, situam-se a Santa Casa (A10), a Balsa da Barra (A15), a Base do Molhe Leste (A9) e a Baía Norte (A4), respectivamente com diversidade acumulada de 31, 32, 32 e 33 registros de espécies diferentes. Note-se, contudo que, mesmo estações de amostragem de hábitats similares e/ou muito próximas entre si, podem apresentar valoração totalmente distinta, porque as suas características ambientais e/ou o estágio de conservação e disponibilidade de recursos efetivos para as aves não são homogêneos. Esta valoração das diferentes áreas, a partir de sua utilização pelas aves, pode ser incrementada, selecionando-se outros indicadores que expressem melhor a distribuição, diversidade, abundância, presença de espécies ameaçadas e a fidelidade ao hábitat. A próxima etapa do trabalho consistirá, além da continuidade do presente monitoramento, na análise de correlações de todos os parâmetros selecionados, sinergicamente, para a elaboração de um sistema de hierarquização das áreas de hábitats remanescentes em função de sua importância relativa para a ornitofauna, de modo a subsidiar estratégias de zoneamento e gestão ambiental portuária na região. Tabela 02: Censo da Ornitofauna - período: Janeiro-2007. Tabela 03: Censo da Ornitofauna - período: Fevereiro-2007. Tabela 04: Censo da Ornitofauna - período: Março -2007. Tabela Censo 05: da Ornitofauna - período: Abril -2007. Tabela 06: Censo da Ornitofauna - período: Maio -2007. Tabela 07: Censo da Ornitofauna - período: Junho -2007. Tabela 08: Censo da Ornitofauna - período: Julho -2007. Tabela 09: Censo da Ornitofauna - período: Agosto -2007. Tabela 10: Censo da Ornitofauna - período: Setembro -2007. Tabela 11: Censo da Ornitofauna - período: Outubro -2007. Tabela Censo 12: da Ornitofauna - período: Novembro -2007. Tabela 13: Censo da Ornitofauna - período: Dezembro -2007. Tabela 14: Distribuição Espacial da Diversidade e Vulnerabilidade de Aves (2007). Nome do Táxon CLASSE AVES VB 1 Procellariiformes Procellariidae Fulmarus glacialoides Procellaria a. aequinoctialis Pterodroma incerta Tinamiformes Tinamidae Nothura m. maculosa Anseriformes Anhimidae Chauna torquata Anatidae Anatinae Amazonetta brasiliensis Anas flavirostris Podicipediformes Podicipedidae Podicephorus major Pelecaniformes Phalacrocoracidae Phalacrocorax brasilianus Fregatidae Fregata magnificens Ciconiiformes Ardeidae Ardea alba Ardea cocoi Bubulcus ibis Butorides striata Egretta caerulea Egretta thula Syrigma sibilatrix Threskiornithidae Platalea ajaja Plegadis chihi Phimosus infuscatus Theristicus caerulescens Falconiformes Accipitridae Circus buffoni Circus cinereus Elanus leucurus Heterospizias meridionalis Rostrhamus sociabilis Rupornis magnirostris Falconidae Caracara plancus Falco sparverius Milvago chimachima Milvago chimango Gruiformes Rallidae Aramides cajanea Gallinula chloropus Pardirallus sanguinolentus 2 3 4 SD VU VU SD SD SD SD SD SD SD SD SD SD SD OC RA SD SD SD SD SD SD VU SD SD SD SD SD SD SD SD SD SD SD IX – MAMÍFEROS MARINHOS (CETÁCEOS) Equipe Técnica: Resposável: Dr. Eduardo Resende Secchi Oc. Pedro F. Fruet Oc. Juliana C. Di Túlio Acadêmico Mirthou Carla Della Giustina Acadêmico Rodrigo Genovês 5 Pontos de Amostragem 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1 – INTRODUÇÃO O boto, Tursiops truncatus, está distribuído em águas tropicais e temperadas de todo o mundo, habitando áreas costeiras e oceânicas (Kenney, 1990). No Brasil, existem registros de boto (T. truncatus) desde Jericoacoara, Ceará (Alves-Júnior et al., 1996) até o estuário da Lagoa dos Patos, Rio Grande do Sul (Dalla Rosa, 1999). Neste estado, a espécie forma pequenas populações associadas a desembocaduras de estuários e rios (Simões-Lopes, 1995). Uma pequena população de boto (Tursiops truncatus), com aproximadamente 82 indivíduos residentes, habita o estuário da Lagoa dos Patos (32º06’ S / 052º02’ W) e áreas costeiras adjacentes (Dalla Rosa, 1999), onde realiza suas atividades vitais como alimentação, descanso, socialização, reprodução e cria de filhotes (Moller, 1993). As primerias informações sobre a existência de uma pequena população residente do estuário são datadas da década de 1970 (Castello e Pinedo, 1977) porém, estudos sistemáticos começaram apenas no início da década de 1990 (Möller, 1993, Möller et al., 1995). A partir desse período vários estudos vêm sendo conduzidos desde então visando estimar abundância (e.g. Dalla Rosa, 1999; Fruet et al., 2006); efeitos das capturas acidentais na população (Fruet et al., 2005) e compreender os padrões de uso de hábitat (Di Tullio et al., 2007). O fato dessa população ser residente e de abundância reduzida a torna especialmente vulnerável às atividades antropogências, especialmente atividades de pesca (Figura 01). Elevados índices de mortalidade devido à pesca foram recentemente registrados (Fruet et al., 2005). Além da intensa atividade pesqueira (Figura 02), o tráfego de embarcações de carga (Figura 03) e outras atividades portuárias também podem afetar o padrão de distribuição e abundância dessa população. Através do Programa de Monitoramento Ambiental do Porto de Rio Grande, o subprojeto de Monitoramento dos Botos está dando continuidade a estes estudos visando ter um acompanhamento a longo-prazo dessa pequena população residente de botos, com os objetivos de descrever o padrão de distribuição dos botos ao longo da área portuária e adjacências e, também, fornecer estimativas de taxas reprodutivas e abundância da população no ano de 2007. Figura 01: Exemplos de lesões nos botos causadas por redes de pesca. Detalhe na foto maior: lesões nas axilas. Figura 01: Exemplos de lesões nos botos causadas por redes de pesca. Detalhe na foto maior: lesões nas axilas. Figura 02: Exemplos de esforço pesqueiro na área de estudo e o perigo oferecido pelas redes de pesca nas áreas onde os botos concentram-se diariamente. Figura 03: Interação dos botos com navios cargueiros 2 – MATERIAL E MÉTODOS 2.1 – Estimativas de Abundância 2.1.1- Área de Estudo As saídas de campo seguem uma rota pré-definida e monitoram uma área de aproximadamente 40km2. O desenho amostral adotado teve o intuito de cobrir uma área representativa da distribuição dos botos no estuário, visando diminuir a heterogeneidade nas probabilidades de captura (foto-identificação) caso existam áreas preferenciais dos botos (Figura 04). Figura 04: Desenho amostral utilizado durante as saídas de foto-identificação dos botos, Tursiops truncatus, no estuário da Lagoa dos Patos. 2.1.2 – Coleta de Dados Todas as saídas iniciaram-se no trapiche do Museu Oceanográfico e estenderam-se até a boca da barra. Deslocamentos em zigue-zague (navegando com auxílio de GPS) eram efetuados ao longo da área de estudo a bordo da lancha “Toninha”, um barco de alumínio de 5,3m equipado com um motor de popa de 60hp, a uma velocidade variando entre 18-20 km/h. Durante as saídas estiveram sempre presentes o piloto da embarcação e mais dois pesquisadores: o fotógrafo (sempre o mesmo) e uma pessoa encarregada de anotar os dados coletados durante a saída (“anotador”) (Figura 05). Os dois pesquisadores, com uma visão de 180º, sem o auxílio de binóculos, procuravam pelos botos. Quando um grupo de botos era avistado, deixava-se a rota, aproximava-se o barco cuidadosamente, o qual era conduzido paralelamente ao grupo para dar início à foto-identificação, a qual seguiu a metodologia descrita por Wursig e Jefferson (1990). Para isso, utilizou-se uma máquina fotográfica digital Nikon D70’s com uma lente de 300mm (f 2.1). Durante as amostragens, as fotos das nadadeiras dorsais foram tiradas aleatoriamente, ou seja, as fotografias eram tiradas independentemente se o animal possuía ou não marcas. Procurou-se tirar o máximo de fotos possível para aumentar a probabilidade de se obter ao menos uma foto de boa qualidade de cada indivíduo do grupo. Após assegurar-se que fotos suficientes de boa qualidade haviam sido tiradas, o grupo era abandonado, retornava-se para a rota e iniciava-se a busca por novos grupos. Para cada grupo de botos encontrado registrou-se a hora e duração do encontro, posição geográfica (utilizando GPS Garmin ETREX Legend), estimativa do tamanho do grupo (mínimo, máximo e melhor), comportamento e composição do grupo (número de filhotes, juvenis e/ou adultos). Para cada saída executada criou-se um arquivo digital contendo as fotografias relativas às avistagens, os dados tomados pelo GPS e a planilha de campo digitalizada com todas as informações coletadas. Figura Tomada 05: de fotografias dos botos. 2.1.3 – Análises dos dados de Foto-identificação Para a identificação individual dos botos foram utilizadas somente marcas evidentes de longa duração (Figura 06a), como cortes, depressões, arranhões profundos ou deformidades (Wursig & Wursig, 1977). A partir do momento em que as fotos começaram a ser analisadas e os botos marcados foram sendo identificados individualmente, deu-se início ao catálogo dos botos foto-identificados na Lagoa dos Patos (LP). Cada boto foto-identificado recebeu um código exclusivo contendo a localidade onde foi identificado, ano e seu número no catálogo (ex: LP07/001; LP= Lagoa dos Patos; ano de 2007; numeração no catálogo 001) (ex: Figura 06a). Sempre que um indivíduo marcado era detectado, comparava-se suas marcas com as dos botos previamente catalogados. Caso o boto marcado não houvesse sido fotografado anteriormente em uma determinada ocasião amostral ele recebia um código e era adicionado ao catálogo. Caso contrário, a ocorrência era considerado como uma re-avistagem. LP07/019 LP07/008 Figura 06a: Exemplo de marcas de longa-duração utilizadas para identificação individual dos botos no estuário da Lagoa dos Patos. Notar os exemplos de códigos utilizados na elaboração do catálogo. Adotou-se critérios para seleção das fotografias a serem utilizadas nas análises. Os critérios básicos para a escolha das fotografias foram a nitidez (foco, contraste e distância), o ângulo em relação ao animal, a ausência de brilho ou espuma e a quantidade de superfície dorsal exposta. A fim de se obter análises mais refinadas e confiáveis optou-se pela criação de 3 categorias de qualidade fotográfica: 1) Fotografia de excelente/boa qualidade (focada, próxima, ausência de espuma, nadadeira dorsal completamente exposta e perpendicular); 2) Fotografia de qualidade média (parcialmente focada, nadadeira dorsal um pouco distante, sem/pouca espuma, nadadeira dorsal exposta e levemente diagonal); 3) Fotografia de baixa qualidade (fora de foco, distante, presença de espuma no quadro fotográfico, nadadeira dorsal pouco exposta e na diagonal). (Ver exemplos de categorização de fotos na Figura 06b). Somente fotos de qualidade 1 foram consideradas neste trabalho. Fotos de qualidade 2 e 3 foram excluídas. A aplicação destas restrições na série de dados analisada visou reduzir as chances de identificações incorretas (falsos-positivos ou falsos-negativos), as qUais podem afetar as estimativas (Friday et al., 2000). Figura 06b: Exemplos das categorias criadas para a seleção de fotos a serem utilizadas nas análises. Categoria 1 (A,B); Categoria 2 (C,D); Categoria 3 (E,F). Após a seleção de fotos, as saídas foram analisadas separadamente em uma planilha específica. Cada saída teve todos os seus grupos analisados independentemente. Para cada grupo registraram-se os seguintes dados: • identificação dos animais marcados (tomando como referência o catálogo), • número total de indivíduos fotografados no grupo, • número de animais marcados, • número de animais sem marca, • número total de fotografias, • número de fotos de boa qualidade, • número de fotos de animais marcados e • número de fotos de animais sem marca. 2.1.4 – Estimativa do Número de Animais Marcados na População As estimativas de abundância deste trabalho foram baseadas em apenas um modelo de marcação – recaptura para populações fechadas: o estimador de Petersen com a modificação de Chapman (CH), o qual considera somente duas ocasiões amostrais e considera que a probabilidade de captura entre os indivíduos é igual. As primeiras seis (06) observações foram consideradas como período de marcação e as últimas como período de re-captura. A modificação de Chapman para o estimador de Petersen é dada por: onde, n1 = número de indivíduos com marcas permanentes capturados na ocasião 1; n2 = número de indivíduos com marcas permanentes capturados na ocasião 2; m2=número de indivíduos re-capturados na ocasião 2; Sua variância é dada por: O intervalo de confiança foi construído assumindo uma distribuição normal para os indivíduos não capturados. 2.1.5 – Estimativa do Tamanho Total da População Nem todos os botos apresentam marcas permanentes identificáveis. Entretanto a abundância pode ser estimada combinando a estimativa do número de animais que constituem a população com marcas permanentes com a estimativa da proporção dos que não possuem marcas (Seber, 1982; Willians et al., 1993; Wilson et al., 1999). A proporção dos indivíduos com marcas de longa duração na população (θ) foi utilizada para corrigir o tamanho total da população (NT), que é dado pela relação N/θ. Muitos pesquisadores estimam teta (θ) a partir da proporção do número de fotografias de animais com marcas permanentes durante o experimento (e.g. Dalla Rosa, 1999). Contudo, neste estudo, teta (θ) foi estimado a partir da média aritmética obtida pela soma das proporções de animais marcados estimadas para cada grupo divididas pelo número total de grupos analisados. Filhotes foram tratados como botos não marcados (caso não apresentassem marcas) e foram incorporados na estimativa do teta (Wilson et al., 1999). A variância foi calculada pelo método delta como: onde, n = número total de animais a partir do qual (θ) foi estimado; θ = proporção de animais marcados na população; Nˆ = estimativa do número de animais marcados na população; O intervalo de confiança de 95% foi obtido por E assumindo-se que a distribuição de erros é a mesma que para a estimativa do número de animais com marcas permanentes. 2.1.6 – Taxas Reprodutivas 2.1.6.1 – Intervalos de Nascimento O cálculo de intervalos de nascimento torna-se possível apenas através do acompanhamento individual de fêmeas conhecidas com seus filhotes ao longo do tempo. No caso de cetáceos, a foto-identificação é considerada uma ferramenta eficiente para este propósito. Entretanto, caso ocorra erro na identificação individual, vieses são introduzidos nas estimativas. Neste trabalho intervalos de nascimentos foram estimados apenas para fêmeas possuindo marcas de longa duração evidentes acompanhadas por filhotes com o ano de nascimento conhecido. Para estimar os intervalos de nascimento, dados coletados em saídas oportunísticas realizadas entre 2002-2004 também foram incluídos nas análises. 2.1.6.2 – Taxas de Nascimento A taxa bruta de nascimento foi calculada dividindo-se o número de nascimentos pelo tamanho total da população. 2.1.7 – Padrões de Distribuição Informações sobre a distribuição espacial foram investigadas a partir de 45 cruzeiros sistemáticos conduzidos de setembro de 2006 a dezembro de 2007. Neste relatório, os dados de 2006 serão incluídos para fins comparativos, em termos sazonais, já que ainda não houve tempo de analisar os dados após setembro de 2007. Então, aqui, estaremos apenas considerando 40 cruzeiros entre setembro de 2006 e setembro de 2007. Estes cruzeiros ocorreram dentro do estuário da Lagoa dos Patos (desde a boca da barra até, aproximadamente, 24Km para dentro); e nas áreas costeiras adjacentes (até 20Km para o norte e para o sul da boca da barra). As saídas seguem uma rota pré-definida em zigue-zague na região estuarial da Lagoa dos Patos, a qual cobre uma área de aproximadamente 40Km2. Na região costeira adjacente, 18 linhas (9 para o sul e 9 para o norte) perpendiculares à costa são percorridas mensalmente em busca de grupos de botos. Pontos para amostragem oceanográfica (salinidade, temperatura da água na superfície e fundo e transparência) foram estabelecidos a priori (Figura 07). Os grupos de botos encontrados são marcados no GPS e exportados para cartas náuticas digitalizadas. Os grupos são procurados a bordo da lancha “Toninha”, a mesma utilizada para o trabalho de estimativa de abundância com foto-identificação, utilizando também a mesma velocidade de deslocamento. A diferença é que apenas um pesquisador (sempre o mesmo) procura o grupo de botos. Para cada grupo de botos encontrado registrou-se a hora e duração do encontro, posição geográfica (utilizando GPS Garmin ETREX Legend) e estimativa do tamanho do grupo. Calculou-se a taxa de encontro (TE) para verificar se havia alguma área preferencial. Testes estatísticos (Kruskal-Wallis) foram usados para testar a hipótese de que não há diferença nas taxas de encontro entre as áreas monitoradas. As estações do ano foram agrupadas em “Meses Quentes” (Verão e Outono) e “Meses Frios” (Inverno e Primavera). Os meses quentes (MQ) foram os 6 meses mais quentes do período, os quais apresentavam temperatura média da superfície do mar acima de 16°C (Outubro-Abril) e os meses frios (MF) foram aqueles abaixo de 16°C (Maio – Setembro). Figura 07: Desenho amostral para determinação dos padrões de distribuição dos botos na região estuarial da Lagoa dos Patos e zona costeira adjacente. 3 – RESULTADOS 3.1 – Estimativa de Abundância Entre Janeiro e Dezembro de 2007 foram realizadas 17 saídas de campo para foto- identificar os botos no estuário da Lagoa dos Patos. Neste relatório, ainda não foi possível analisar os dados posteriores a setembro. As análises estão em andamento. Os botos foram encontrados em todas as saídas e um total de 132 grupos foram observados até Setembro (2007). O número de botos identificados em cada saída variou de 1 a 27 (média=20; DP=8,1). Embora em algumas ocasiões os botos tenham sido avistados adentrando o estuário, os encontros foram concentrados próximos à boca do estuário. Até o momento, 58 botos foram foto-identificados. Pode-se observar na curva de descobrimento (Figura 08), que a mesma se estabiliza quando o número de novos animais não muda com as novas saídas de campo. Figura 08: Curva de descobrimento na qual se registra novos indivíduos identificados a cada saída. A partir do modelo de Petersen, modificado por Chapman estimou-se o tamanho da população de animais com marcas de longa duração em 58 animais (IC 95% de 57-59). O valor de teta (θ)de 0.68 permitiu obter uma estimativa do tamanho total da população de botos do estuário da Lagoa dos Patos, a qual foi 86 indivíduos (IC 95% 80-92). Para verificar possíveis tendências no tamanho da população, os valores de 2005 e 2006 (Tabela 01) são utilizados para fins comparativos. O modelo de Chapman estimou em 54 (95% IC = 52-56) o número de indivíduos com marcas de longa duração na população para 2005 e 57 botos (95% IC =55-59) para 2006. O tamanho total da população, que leva em consideração a proporção de indivíduos marcados, foi estimada em 87 botos (95% IC = 80-94) em 2005 e em 85 botos (95% IC = 80-90 para CH) em 2006 (Tabela 01). O valor para 2007 é semelhante às estimativas para os dois anos anteriores sugerindo uma estabilidade da população. Tabela 01: Resultados das estimativas de abundância (NT) para os anos de 2005 e 2006. As estimativas de animais com marcas permanentes (Nˆ), estimados pelo modelo de Chapman, e da proporção de animais marcados na população (θ) também são mostrados na tabela. IC (95%) = Intervalo de confiança de 95% para as estimativas. Estimador Nˆ IC (95%) 2005 Chapman 54 52-56 2006 Chapman 57 55-59 NT IC (95%) 0,6208 87 80-94 0,6688 85 80-90 3.2 – Taxas Reprodutivas 3.2.1 – Intervalos de Nascimento Apenas seis (06) fêmeas foto-identificadas foram consideradas para o cálculo, totalizando o registro de oito intervalos de nascimentos (n=8). Para uma das fêmeas, LP009, foi registrado o nascimento de 4 filhotes (três intervalos de nascimento) enquanto que para as outras apenas 2 nascimentos foram registrados (um intervalo de nascimento). O intervalo de nascimento variou de 1 a 3 anos (média=1,9; SD= 0,7). Através deste resultado sugere-se uma fecundidade de aproximadamente 26%, a qual é relativamente alta para esta espécie. O intervalo de nascimento provavelmente esteja sub-estimado (e a fecundidade superestimada) devido a baixa representatividade de fêmeas com intervalos maiores na amostra causada pelo curto prazo de coleta de dados. Assim, esses resultados fornecem apenas uma estimativa grosseira sobre o tema abordado. A variabilidade individual nos intervalos de nascimentos estão muitas vezes relacionados a idade dos indivíduos e, consequentemente, a sua condição reprodutiva (Wells, 2000). De acordo com este autor, animais jovens tendem a reproduzirem-se em menores intervalos de tempo enquanto os mais velhos apresentam intervalos reprodutivos mais longos. Assim, uma boa estimativa de intervalo de nascimento necessita a implementação de projetos a longo-prazo. 3.2.2 – Taxa Bruta de Nascimento e Sazonalidade Em 2007 foram registrados 7 nascimentos, que representam uma taxa bruta de nascimento (i.e. o número de filhotes dividido pelo tamanho da população) de aproximadamente 8%. Essa taxa é similar a observada para os anos de 2005 e 2006, anos nos quais também nasceram 7 filhotes, indicando que a taxa de nascimento da população tem se mantido estável. Os nascimentos são bem definidos sazonalmente, ocorrendo entre Outubro e Março, com picos em Dezembro e Janeiro. A Figura 09 mostra alguns filhotes dessa população. Figura 09: Alguns filhotes da população de botos do estuário da Lagoa dos Patos. 3.3 – Padrões de Distribuição Tanto nos cruzeiros dos meses quentes (Figura 10) como nos dos meses frios (Figura 11) a maior densidade de botos ocorreu na área interna do estuário. A taxa de encontro (TE), porém não foi significativamente diferente entre as áreas (Kruskal-Wallis H=3,7; p=0,15). A TE média foi maior em áreas próximas (média=0,12; EP=0,14) do que nas áreas afastadas (média=0,03; EP=0,05) da boca da barra (H=20,3; p <0,05). Quando a TE foi comparada entre meses quentes (MQ) e meses frios (MF) não houve diferença significativa (H=0,23; p=0,6309). Porém, quando cada área foi comparada separadamente, a TE na área sul foi maior durante os MF (Figura 11) (H=4,22; p<0,05). Durante os MQ, os botos foram avistados apenas nas áreas norte e interna (Figura 10). As avistagens de botos diminuia com a distância da boca da barra (Tabela 02). Na área externa, as avistagens estão concentradas próximas à zona de rebentação (Figuras 10 e 11). É nesta área que se concentra um elevado esforço de pesca artesanal com redes de emalhes durante a primavera e verão. Isso resulta numa sobreposição entre a distribuição dos botos e pesca, o que tem causado uma mortalidade possivelmente insustentável para essa pequena população de botos (Fruet et al., 2005), caso os níveis de esforço pesqueiro sejam mantidos ou aumentem. Estas informações a respeito do padrão de distribuição podem contribuir com futuros planos de conservação (por exemplo, com a criação de áreas protegidas ou prioritárias) para os botos. Tabela 02: Taxas de Encontro (TE) de grupos de botos por quantidade de saídas e distâncias das áreas de amostragem. Figura 10: Padrão de distribuição dos botos durante os “meses quentes”. Figura 11: Padrão de distribuição dos botos durante os “meses frios”. 4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES-JÚNIOR, T. T.; ÁVILA, F. J. C.; De OLIVEIRA, J. A.; FURTADO-NETO, M. A. A. & MONTEIRO-NETO, C. 1996. Registros de cetáceos para o litoral do estado do Ceará, Brasil. Arq. Ciên. Mar, Fortaleza, 30 (1-2): 70-83. CASTELLO, H. P. & PINEDO, M. C. 1977. Botos na Lagoa dos Patos. Natureza em Revista. 2:46-49. DALLA ROSA, L. 1999. Estimativa do tamanho da população de botos, Tursiops truncatus, do estuário da Lagoa dos Patos, RS, a partir da foto-identificação de indivíduos com marcas naturais e da aplicação de modelos de marcação-recaptura. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Biológica) - Fundação Universidade do Rio Grande. RS. DI TULLIO, J.; FRUET, P.; DALLA ROSA, L.; MOLLER, L. & SECCHI, E. R. 2007. 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I Congreso Internacional para el Estudio de Mamíferos Acuáticos SOMEMMA-SOLAMAC. Mérida. México. Resumo. KENNEY, R. D. 1990. Bottlenose dolphins off northeastern United States. p: 369-386. In: The bottlenose dolphin. LEATHERWOOD, S. & REEVES, R. R. (Orgs). Academic Press, San Diego, CA. MOLLER, L. M. 1993. Observações sobre o comportamento e a ecologia do boto Tursiops truncatus no estuário da Lagoa dos Patos, RS, Brasil. Monografia (graduação em Oceanologia) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande, RS. MOLLER, L. M., SIMOES-LOPES, P. C., SECCHI, E. R. & ZERBINI, A. N. 1995. Uso de fotoidentificação no estudo do deslocamento de botos, Tursiops truncatus (Cetacea Delphinidae) na costa sul do Brasil. Actas da VI Reuniao de Trabalho de Especialistas em Mamiferos Aquaticos da America do Sul. Florianópolis. p.5 – 8. SEBER, G. A. F. 1982. The estimation of animal abundance and related parameters Macmillan, New York. 2nd Edition. 654p. SIMÕES-LOPES, P. C. 1995. Ecologia comportamental do delfim, Tursiops truncatus (Montagu, 1821), durante as interações com a pesca artesanal de tainhas (Mugil sp) no Sul do Brasil. Tese (Doutorado em Biociências) – PUC-RS, Porto Alegre, RS. WELLS, R. S. 2000. Reproduction in wild bottlenose dolphins: overview of patterns observed during a long-term study. Pages: 57-74. In: Bottlenose Dolphins Reproduction Workshop, June 3-6, Silver Springs, MD. WILLIANS, J. A.; DAWSON, S. M & SLOOTEN, E. 1993. The abundance and distribution of bottlenose dolphins (Tursiops truncatus) in Doubtful Sound, New Zeland. Can. J. Zool. 71: 2080-2088. WILSON, B.; HAMMOND, P.S. & THOMPSON, P.M. 1999. Estimating size and assessing trends in a coastal bottlenose dolphin population. Ecological Applicattions 9(1):288-300. WURSIG, B. & WURSIG, M. 1977. The photographic determination of group size, composition, and stability of coastal porpoises (Tursiops truncatus). Science. 198: 755-756 WURSIG, B. & JEFFERSON, A. 1990. Methods of photo-identification for small cetaceans. Reports of the International Whaling Commission (Special Issue 12): 43-52. X – GERENCIAMENTO COSTEIRO Equipe Técnica: Responsável: Prof. Dr. Paulo Roberto Tagliani Oc. Pedro Henrique W. Koehler Acadêmico Rafael Deon 1 - INTRODUÇÃO O monitoramento ambiental corresponde a um processo em que medições repetidas no tempo e no espaço são registradas para indicar variabilidade natural e modificações em determinados parâmetros. A mensuração destas mudanças contribui com a base de informações necessárias para os gestores avaliarem a efetividade de um plano, ao mesmo tempo em que pondera se as medidas de prevenção e controle sugeridas nos estudos ambientais mostraram-se adequadas durante a implantação e operacionalização de algum empreendimento (Nunes et al. 2006). A integração destes dados, por seu turno, é essencial na relação existente entre as informações de monitoramento e a tomada de decisão ou avaliação de um plano. O compartilhamento e integração de dados maximizam a sua utilidade e possibilitam maior acesso às informações, além de acarretar uma diminuição nos custos e maior qualidade nas avaliações ambientais (Jackson & Gant, 1998, Hale et al., 2000). Neste contexto, o Programa de Monitoramento Ambiental do Porto de Rio Grande vem desenvolvendo desde 2006 um sistema de informações capaz de armazenar e recuperar as informações técnico-científicas geradas pelos diferentes laboratórios da FURG envolvidos nesta tarefa. É interessante ressaltar que o Sistema de Informações do Monitoramento Ambiental Portuário (SIMAP) foi estruturado como um módulo integrado ao Sistema de Informações Ambientais (SIAM) em desenvolvimento pelo Laboratório de Gerenciamento Costeiro da FURG, no âmbito do Programa Costa Sul. Este SIAM pretende funcionar como uma base de informações de suporte à tomada de decisão e monitoramento dos avanços obtidos nos programas regionais de gestão ambiental, particularmente em relação ao Plano Ambiental Municipal de Rio Grande. Este relatório apresenta os avanços obtidos até o momento no tocante ao desenvolvimento e operacionalização do banco de dados do monitoramento ambiental portuário. 2 – MATERIAL e MÉTODOS A metodologia utilizada na construção do sistema segue a abordagem clássica (Elmasri & Navathe, 1994) para construção de bancos de dados, partindo da modelagem conceitual, passando pelo modelo lógico e finalmente chegando à implementação do banco propriamente dito. Este trabalho foi desenvolvido sob dois enfoques orientadores: α) Modelo Relacional, descrito por Codd (1970), que é resultante de estudos β) teóricos sobre um conjunto de funções apoiadas na álgebra relacional para o armazenamento e recuperação de dados. Este modelo é caracterizado basicamente por tabelas e relacionamentos específicos; Sistemas de Informações Geográficas, que correspondem a uma ferramenta também entendida como um modelo conceitual sobre sistemas físicos que representa espacialmente tais sistemas por parâmetros ou atributos de classificação, quantificação e qualificação. O processo de modelagem conceitual considerou como elementos essenciais as amostras e os valores dos parâmetros – pois ambos representam uma generalização de qualidade ambiental (ilustrada pelos parâmetros analisados) de determinada área do ambiente, num determinado tempo e espaço (o que caracteriza as amostras). A primeira etapa consistiu na determinação do conjunto de dados gerados pelo monitoramento do porto desde o seu início, no ano de 1998 (com o monitoramento realizado durante o acidente com o navio Bahamas). Este conjunto conta ainda com informações de relatórios de dragagem elaborados em 2000-2001 e 2003-2004 e de monitoramentos contínuos realizados nos anos de 2000, 2006 e 2007. A partir deste conjunto foi estruturado o modelo lógico, ou seja, a estrutura de tabelas e relacionamentos necessários para abranger as informações geradas pelos diferentes esforços de monitoramento já realizados. Neste ponto optou-se por trabalhar inicialmente com dados de qualidade de água e sedimento, sendo que as demais informações existentes serão incluídas futuramente. Os seguintes grupos envolvidos no monitoramento e respectivos parâmetros analisados foram incluídos no banco de dados: MONITORAMENTO ANÁLISES PARÂMETROS Temp. (água e ar), Salinidade, Oxigênio Dissolvido, Parâmetros físico-químicos Condutividade, Saturação de oxigênio, pH, Eh (mv) Material em Suspensão, Transparência, Turbidez, Hidroquímica Nutrientes e orgânicos Amônio, Amônia, Nitrito, Nitrato, Fosfato, Silicato, Óleos e graxas Metais pesados Pesticidas Organoclorados e PCBs Parâmetros estatísticos de Óleos e Graxas (mg/L) Al, As, Cd, Pb, Cu, Cr, Fe, Mn, Hg, Ni, Zn (µg/L) Microcontaminantes Orgânicos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) Granulometria Metais pesados Geoquímica dos Sedimentos p-total, DBO, Razão N/P a-BHC, b-BHC, g-BHC, d-BHC, a-clordane, g-clordane dde, ddd, ddt, dieldrin, eldrin, ∑ PCBs Naftaleno, 2-Metil Naftaleno, Acenaftileno, Acenafteno, Fluoreno, Fenantreno, Antraceno, Flouranteno, Pireno Benzo(a)antraceno, Benzo(a)pireno, Criseno, Dibenzo(a,h)antraceno, ∑ 13 HPAs Classificação, Percentagem: Grânulos, Areia, Silte, Argila Zn, Pb, Cd, Cu, Cr, Ni, Al, As, Hg (mg/kg) Percentagem Carbono Orgânico Particulado (COP) e Contaminação orgânica Nitrogênio Orgânico Particulado (NOP), p-total Carbono e Niotrogênio Orgânicos Totais (COT e NOT) Óleos e graxas pH e Potencial Redox Parâmetros estatísticos de Óleos e Graxas (mg/kg), Ph, Eh (mv) Ensaios ecotoxicológicos Sobrevivência média de K. schubartii, Desvio - padrão, Ecotoxicologia Condições dos ensaios Intervalo de confiança, Sobrevivência de H. Azteca pH inicial, pH final, salinidade inicial e final, OD inicial, OD final, Amônio inicial e final, testes com sedimento integral, elutriato e água a 33%, 50% e 100% A etapa de estruturação do banco de dados foi realizada por meio do software MS Access, utilizando as informações do monitoramento realizado no ano de 2006, sendo que foram realizados testes e correções até a definição de um formato adequado. Uma vez definido o modelo lógico (Figura 01), ocorreu o tratamento e reorganização dos dados dos relatórios em planilhas com formatos facilmente importáveis para o banco de dados. Na seqüência, o banco de dados relacional foi incorporado a um SIG, através da inclusão das tabelas ao modelo Geodatabase, disponibilizado pelo software ArcGIS 9.2, permitindo assim consultas por atributos espaciais. Tais atributos são representados pelo objeto geográfico Estações, cujas localizações são definidas por um par de coordenadas referenciadas ao sistema de projeção UTM e ao Datum WGS-84. Muitas outras informações geográficas como linha de costa, batimetria, trechos do canal, sítios de deposição de material dragado, áreas de fundeio, instalações das margens, imagens de satélite e mosaicos de fotos aéreas também estão disponíveis neste SIG. Paralelamente à implementação dos dados pretéritos, foi iniciado o desenvolvimento de um sistema de armazenamento, consulta e inserção de dados totalmente voltado para a internet. Esta plataforma se utiliza do mesmo modelo lógico (tabelas e relacionamentos) desenvolvido anteriormente, porém foi construído por meio da linguagem de programação Java e do sistema de gerenciamento de banco de dados conhecido como MySQL, ambos tecnologias de utilização gratuita. Para este sistema estão sendo desenvolvidas páginas para consultas interativas à base de informações, edição e inserção de registros e exportação de conjuntos de dados para usuários cadastrados. Foram criados também diferentes níveis de restrição para o acesso aos dados, definidos por um sistema de Login e senhas. 3 - RESULTADOS A seguir são apresentados alguns exemplos das possibilidades engendradas pelo banco de dados em desenvolvimento, assim como detalhes a respeito do modelo lógico concebido. O material inédito apresentado nas seções 3.1 e 3.2 faz parte do trabalho: “Sistematização dos dados de monitoramento como ferramenta de suporte ao gerenciamento ambiental do porto de Rio Grande -RS” (KOEHLER, em preparação). Já se encontram cadastradas no banco de dados 872 amostras de diferentes períodos, resultando em universo de mais de 27.000 registros, correspondentes à medições de variáveis ambientais. 3.1 - Modelo do Banco de Dados As tabelas e relacionamentos principais estabelecidos no banco de dados - que são comuns tanto ao SIG quanto ao sistema de informações da internet - encontram-se ilustrados no diagrama Entidade-Relacionamento apresentado na Figura 01. Figura 01: Diagrama de Entidade/Relacionamento representando as tabelas principais do banco de dados com suas respectivas colunas. Ao todo, estão inseridos quatro grupos envolvidos no monitoramento e 95 variáveis diferentes, que podem ser consultadas por: • • • • • • • Área do conhecimento (Hidroquímica, Geoquímica, Microcontaminantes, Ecotoxicologia); Período de tempo (ano, mês, estação do ano, etc.); Profundidade amostrada; Localização espacial; Esforço de amostragem (monitoramento contínuo/dragagem); Por tipo de coleta (pontos fixos, gradiente salino, pré ou pós-dragagem, ciclos de dragagem); Origem do dado (relatório onde o dado foi apresentado e interpretado). O modelo criado permite ainda a manipulação de consultas SQL combinando diversos destes critérios ou a seleção a partir dos valores dos parâmetros (por exemplo, valores que ultrapassam os limites estabelecidos em dispositivos legais). Desta forma é possível recuperar informações históricas e avaliar as tendências existentes e mesmo subsidiar novas abordagens para o processo de monitoramento. 3.2 - Banco de Dados Access e SIG As consultas mencionadas na seção anterior podem ser realizadas tanto pelo programa Access, quanto pelo software ArcGIS 9.2. Ambos dispõem de aplicativos que permitem a seleção dos critérios e parâmetros desejados por meios de menus e botões, ao mesmo tempo em que escrevem as instruções de consulta em linguagem de programação para banco de dados. A Figura 02 apresenta a construção e visualização de uma consulta unindo duas tabelas do banco de dados. Foi concebida para visualização dos valores de microcontaminantes analisados no ano de 2006 juntamente com as informações relativas a cada amostra (data, tipo de coleta, campanha e origem do dado). Figura 02a: Construção de consulta ao banco de dados no MS Access unindo duas tabelas e restringindo os registros Figura 02b: Visualização de consulta ao banco de dados relacionando os critérios das amostras com valores dos parâmetros amostrados (o código -99 representa valores abaixo do limite de detecção). A operação do banco de dados através do Sistema de Informações Geográficas ocorre de maneira semelhante, com a vantagem de possibilitar a seleção de amostras pela sua localização espacial. É possível clicar sobre uma estação e verificar quantas amostras foram tomadas naquele ponto e que tipo de parâmetro foi analisado. É possível encontrar os valores dos parâmetros acessando as tabelas de indicadores do monitoramento relacionadas com as amostras selecionadas (Figura 03). Outro exemplo seria a seleção de estações que se encontram dentro da área de influência de algum empreendimento em implantação, e cujos resultados pretéritos poderiam subsidiar uma decisão por parte do órgão ambiental ou ainda serem comparados com o monitoramento realizado durante a implantação ou operação do mesmo. Figura 03: Consulta por atributo espacial, visualizando os dados associados a uma determinada estação. É possível ainda realizar pesquisas para escolher determinadas amostras por suas características ou de acordo com as concentrações de algum contaminante e visualizar os resultados no mapa. O sistema permite ainda a utilização de diversas camadas (layers) de informação e elaboração de mapas de acordo com as mais diversas necessidades. 3.3 - Sistema de Banco de Dados para Internet Como citado anteriormente na secção 2, foi construída uma aplicação sobre o modelo lógico do banco de dados, possibilitando a operação e visualização dos dados pela internet. Este sistema está alojado no servidor do Laboratório de Gerenciamento Costeiro da FURG e pode ser acessado diretamente pelo endereço: www.costasul.furg.br/pt_br/no_visual.php?inc=login.htm. A tela inicial solicita um login e uma senha (Figura o4), que são disponibilizados para usuários cadastrados com três possíveis níveis de acesso: a) Administrador – utilizado pela equipe do Labgerco que trabalha diretamente com o banco de dados. Este nível possibilita o acesso completo e a possibilidade de alteração dos dados e inserção de novos registros. b) Portuário – que virá a ser utilizado pela comunidade portuária e órgãos de gestão ambiental envolvidos com o monitoramento e gestão ambiental da área de porto organizado. Este nível possibilita o acesso a dados ainda não publicados ou que porventura sejam mantidos restritos conforme interesses da SUPRG. c) Autor – idealizado para utilização por parte dos pesquisadores e acadêmicos envolvidos na geração das informações e que utilizam as mesmas com fins científicos. Possibilita a consulta e inserção de novas informações. Figura 04: Detalhe da página de acesso ao banco de dados de monitoramento portuário. Os registros do banco de dados podem ter o seu acesso classificado em qualquer um destes níveis conforme diretrizes que venham a ser estabelecidas pelas instituições envolvidas. Estas restrições podem ser modificadas e novas formas podem ser criadas, uma vez que o sistema se encontra em fase de testes. Após o login é possível selecionar a realização de consultas, manutenção/inserção de novos registros ou exportação das tabelas existentes. As consultas podem ser realizadas selecionando a área do conhecimento (Ecotoxicologia, Hidroquímica, Geoquímica, Microcontaminantes), e uma modalidade temporal - que compreende necessariamente o ano e o semestre ou sazonalidade (Figura 05). É possível selecionar ainda as informações obtidas no monitoramento contínuo, monitoramento da dragagem ou em ambas. As informações atualmente disponíveis referem-se aos dados do monitoramento de 2006 e 2007. Figura 05: Tela inicial de consulta ao banco de dados. Uma vez selecionada a área do conhecimento e o aspecto temporal, é possível escolher os parâmetros que se deseja visualizar e então recuperar os valores das variáveis selecionadas (Figura 06). Esta visualização apresenta automaticamente os padrões estabelecidos pela legislação e no caso de algum registro estar fora de conformidade, o sistema acusa por meio de cores. Figura 06a: Construção de pesquisa sobre microcontaminantes – seleção de alguns parâmetros (HPAs) para visualização. Figura 06b: Visualização do resultado de pesquisa para alguns HPAs no primeiro semestre de 2006 - monitoramento contínuo. É possível ainda visualizar detalhes dos registros clicando sobre eles, estes detalhes incluem as coordenadas (em UTM WGS-84), a data de amostragem e o tipo de coleta realizado. Outro aspecto importante de ser mencionado é a interface de inserção de novos dados no sistema. Assim como no caso da pesquisa, seleciona-se a área do conhecimento a partir de um menu que possibilita o entrada em um formulário de cadastramento (Figura 07). Por meio deste formulário as equipes dos laboratórios podem introduzir os resultados das últimas análises diretamente via internet, minimizando possíveis erros. Esta metodologia já vem sendo aplicada com sucesso pela equipe do Labgerco envolvida com o programa de monitoramento. As informações geradas em 2007 foram exclusivamente inseridas desta maneira. Figura 07: Detalhe do formulário de inserção de registros - Microcontaminantes 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Os sistemas em desenvolvimento apresentam grande utilidade prática, principalmente com relação à agilidade de disponibilização aos órgãos ambientais das informações geradas pelo programa de monitoramento. Outras possibilidades evidenciadas são a utilização destas informações em processos de licenciamento de terminais e obras portuárias e ainda trabalhos científicos analisando séries históricas de variáveis ambientais. É importante ressaltar que o banco de dados é uma ferramenta de auxílio que não substitui a necessidade de análise e interpretação detalhada dos resultados por parte dos pesquisadores responsáveis. Os sistemas ainda requerem uma série de ajustes e correções, assim como a ampliação do conjunto de metadados das informações já armazenadas. A inclusão das demais áreas de monitoramento - particularmente os dados biológicos - também faz parte do processo de desenvolvimento da ferramenta. Outro aspecto é a mudança gradual para o sistema ser alimentado diretamente pelos laboratórios, permitindo um acompanhamento e recuperação de informações em tempo quase-real. Outro aspecto importante diz respeito ao compartilhamento destas informações e integração com os bancos de dados organizados pelos órgãos governamentais de gestão ambiental. Um exemplo é o Sistema Compartilhado de Informações Ambientais (SisCom) do Centro de Sensoriamento Remoto do IBAMA. Futuramente será possível compatibilizar ou transformar os dados do Sistema de Informações do Monitoramento Ambiental Portuário para que os mesmos sejam incorporados ao SisCom, oferecendo uma melhor plataforma de divulgação dos dados e suporte às análises necessárias por parte dos órgãos competentes. 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COOD, E. F. 1970. A Relational model of data large shared data banks. San Jose: ACM Transactions on database systems, v.13, n.6, p.123-174. ELMASRI, R. & NAVATHE, S. B. 1994. Fundamentals of Database Systems. 2 ed. Menlo Park, CA: Addison-Wesley. HALE, S. S.; BAHNER, L. H. & PAUL, J. F. 2000. Finding common ground in managing data used for regional environmental assessments. Environmental Monitoring and Assesment. 63: 143-157. JACKSON, L. E. & GANT, M. P. An interactive, spatial inventory of environmental data in the Mid-Atlantic Region. Environmental Monitoring and Assessment. 51: 325-329. NUNES, L. M.; CAEIRO, S.; RAMOS, T.; CUNHA, M. C.; RIBEIRO, L. & COSTA, M. H. 2005. Monitoring programmes: the fundamental component of estuaries management: How to design one? Transactions on the built environment. 78: 31-48. Wiltpress. CONCLUSÕES GERAIS HIDROFÍSICA Os dados de temperatura mostraram o ritmo sazonal das variações de temperatura esperadas para uma área subtropical. Até o final de abril a temperatura permaneceu próxima a 24ºC, decrescendo para os meses de inverno onde atinge temperaturas em torno dos 12ºC. A partir do final de agosto pode-se observar uma leve tendência ao aumento de temperatura, chegando a temperaturas próximas a 20ºC. A salinidade esteve alta na maior parte do primeiro semestre, mostrando uma predominância de fluxos de enchente. A partir do mês de junho observa-se uma tendência à diminuição da salinidade média das águas do canal de acesso. Com relação aos dados de corrente, o período pode ser caracterizado como tendo um fluxo predominante de enchente no primeiro semestre e de vazante no segundo semestre. A média para todo o ano da velocidade da coluna de água foi de -0.30 m/s (± 0,4), o que representa um regime resultante de vazante. HIDROQUÍMICA Monitoramento Contínuo Parâmetros físico-químicos e nutrientes 1° cruzeiro (janeiro): foram constatados importantes acréscimos nas concentrações de amônio em superfície das estações 5, 6 e 7, pela proximidade do Saco da Mangueira, e em menor escala nas estações 1, 2, 3 e 10 no meio e no fundo da coluna d’água, pela liberação da água intersticial. Todos os valores se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário, embora o nitrogênio amoniacal e o fosfato tenham se apresentado com concentrações maiores que as citadas pela bibliografia como normais para estuários não contaminados por matéria orgânica. 2° cruzeiro (abril): todos os valores se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário, embora as concentrações de amônio da coluna d’água se mantiveram predominantemente maiores que a citada como referência para estuários não contaminados. Os picos nas concentrações de amônio próximo ao Saco da Mangueira ocorridos em janeiro não se manifestaram nesse cruzeiro. 3° cruzeiro (julho): a dominância de águas mixohalinas resultou em aumento nas concentrações de DBO5, não muito significativas, entrando em desconformidade com a legislação ambiental em apenas três ocasiões, tendo como causa a matéria orgânica oriunda no norte da lagoa. Os outros parâmetros analisados variaram em torno da normalidade, sem contaminações importantes a serem destacadas. 4° cruzeiro (outubro): a dominância de água doce elevou significativamente os níveis de turbidez e material em suspensão, principalmente junto ao fundo, resultando em um aumento significativo das concentrações de fósforo. Entretanto, não houve alterações significativas nos níveis de oxigênio, sal saturação e nem na DBO. Também houve picos importantes de nitrito em algumas estações e acréscimos de amônio nas estações de fundo, além de excessivas concentrações de silicato em todo o estuário (embora esse último não seja tóxico nem eutrofizante). Em termos gerais, as concentrações se mantiveram em conformidade com a legislação ambiental do CONAMA (2005), embora as concentrações de amônio e as sub-saturações de oxigênio tenham se apresentado levemente fora dos padrões recomendados como normais pela bibliografia para estuários naturais. Metais pesados na água 1° cruzeiro (janeiro): a alta salinidade variando de 32,4 a 34,8 entre os 10 pontos de amostragem, apesar do regime de vazante, condicionou os resultados dos teores de metais (como o As, Hg e Ni) abaixo do limite de detecção do método de análise nas três profundidades (superfície, meio e fundo). Estas condições do estuário também resultaram em baixas concentrações de Cd, Cr, Cu, Mn, Pb e Zn com alguns teores também abaixo do limite de detecção do método. Alguns valores foram mais elevados para o As (5,43 µg/L) e Pb (0,79 µg/L) na água de fundo no Porto Novo. Todas as concentrações encontram-se abaixo dos valores determinados pela legislação vigente. 2° cruzeiro (abril): caracterizado por baixa salinidade na superfície e alta no fundo do estuário. As baixas concentrações de material particulado em suspensão fez com que as concentrações de metais na água fossem em geral baixas, estando praticamente todas elas dentro dos valores determinados pela legislação vigente, com única exceção para o Cu (63,29 µg/L) na água de fundo da estação 9 (raíz dos Molhes), cujo teor foi um pouco mais elevado, do que a concentração de 50 µg/L indicada pela legislação do CONAMA (2005). 3° cruzeiro (julho) e 4° cruzeiro (outubro): todos os resultados estiveram de acordo com as concentrações recomendadas pela legislação. Nos resultados obtidos até o momento as concentrações de metais, em geral, se apresentaram bastante baixas. O regime de vazante predominante nas amostragens foi importante no processo de diluição destes elementos. O aumento nas concentrações de certos elementos provavelmente ocorre devido a algum aporte proveniente do continente (como observado no monitoramento do Gradiente Salino em Janeiro-2007) ou da ressuspensão do sedimento de fundo (observado durante o monitoramento contínuo nos dos pontos fixos em Abril-2007). No entanto, todos os elementos apresentaram teores na água em conformidade com a legislação vigente. Monitoramento do Gradiente Salino Parâmetros físico-químicos e nutrientes 1° gradiente salino (janeiro): dominância de água marinha levou a uma diluição das águas do estuário. Entretanto, a diluição causada pela água marinha não foi suficiente para que as concentrações ficassem abaixo do valor recomendado pela bibliografia como máximo para estuários não contaminados por matéria orgânica. Por outro lado, apesar dos acréscimos de nitrogênio amoniacal, todos os valores se apresentaram em conformidade com as legislações ambiental.. 2° gradiente salino (abril): apresentou uma intensa vazante em superfície com baixa turbidez e concentrações de material em suspensão. Observou-se uma maior oxigenação das águas amostradas, assim como importantes decréscimos nas concentrações de nutrientes, embora, mais uma vez, para o nitrogênio amoniacal as concentrações tenham sido levemente superiores ao valor recomendado pela bibliografia como normal. Houve um alto aporte de matéria orgânica para a zona costeira adjacente. Todos os valores dos parâmetros físicoquímicos e nutrientes se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário. 3° gradiente salino (julho): regime de forte vazante em superfície. Todos os valores dos parâmetros físico-químicos e dos nutrientes se apresentaram em conformidade com as legislações ambientais para o estuário. 4° gradiente salino (outubro): forte vazante em toda a coluna d’água, com elevado aporte continental levando a concentrações de nutrientes acima dos valores recomendados nas legislações ambientais para o estuário. Os gradientes monitorados em Janeiro, Abril e Julho apresentaram concentrações do MS, turbidez, DBO, saturação de oxigênio, nitrito, nitrato, amônio (nitrogênio amoniacal), fosfato, fósforo total, silicato e clorofila-a oscilando em torno dos valores referidos como normais. Entretanto em outubro, quando o estuário estava com intensa vazão, as águas apresentaram-se muito turvas e enriquecidas com nitrito, nitrato, fosfato, silicato e clorofila-a. O deságüe dessas águas no oceano proporcionou intensas diluições das concentrações, embora aumentando sua salinidade e pH. Para o amônio (nitrogênio amoniacal) a diluição não foi evidenciada, pois suas concentrações não dependem com a mesma intensidade das variações da salinidade e das diluições causadas pela mistura com a água marinha. Metais pesados na água 1° gradiente salino (janeiro): apresentou uma alta influência da água salgada, com baixas concentrações para o As, Cr, Cu, Hg e Zn, sendo muitos valores abaixo do limite de detecção do método de análise. Apenas as concentrações de cobre (Cu) apresentaram um decréscimo significativo (R2=0,89) com o aumento da salinidade, enquanto, que as concentrações de níquel (Ni) apresentaram um aumento significativo (R2=0,85) com o acréscimo da salinidade. Os demais elementos (Cd, Fe, Mn, Pb e Zn) não indicaram variações significativas ao longo do gradiente salino no estuário. Embora o Pb tenha apresentado em geral concentrações bastante baixas, na salinidade intermediária de 25,6 e 28,9 os teores de Pb foram respectivamente 6,97 µg/L e 12,97 µg/L. Este último teor encontra-se acima do valor recomendado pela legislação da FEPAM de 10 µg/L, mas está em acordo com a legislação do CONAMA (2005), que determina o valor máximo de 210 µg/L para águas salobras. 2° gradiente salino (abril): dominância de águas mixohalinas com concentrações de metais mais baixas do que no período de Janeiro. Todos os resultados estiveram de acordo com as concentrações recomendadas pela legislação. 3° cruzeiro (julho) e 4° cruzeiro (outubro): todos os resultados estiveram de acordo com as concentrações recomendadas pela legislação. Monitoramento de organismos bioindicadores Os mexilhões (Perna perna) e peixes apresentaram concentrações de metais em conformidade com a legislação. As cracas (Balanus improvisus) apresentaram, pela primeira vez, o zinco em não conformidade com a legislação. Deve ser melhor observado o comportamento do zinco nas próximas amostragens/análises. Não houve coleta de camarões (Farfantepenaeus paulensis), por estarem fora do período de safra. Nos dois períodos considerados, o cromo total foi o único elemento que apresentou concentrações no limite máximo ou levemente acima do recomendado pela legislação brasileira. GEOQUÍMICA Quanto à granulometria, os sedimentos dos pontos 1, 5 e 9 tendem a ser ricos na fração Areia, enquanto que os pontos 0, 2, 6 e 7 tendem a ser constituídos principalmente pelas frações granulométricas finas (Silte e Argila). Os dados mostram que o pH dos sedimentos estudados apresentou uma variação pequena, com média de 6,68 (±0,30) para o primeiro cruzeiro, média de 6,87 (±0,14) para o segundo cruzeiro e média de 7,16 (±0,33) para o terceiro. A pequena variação de pH encontrada nos sedimentos da região portuária – estuarina do Rio Grande é uma característica natural desse sistema. A estabilidade e homogeneidade indicam que esse parâmetro é pouco importante sobre o controle da mobilidade dos contaminantes metálicos dos sedimentos da região portuária - estuarina de Rio Grande. Os valores do potencial redox apresentaram média de 63,10 mV (±5,59 mV) para o 1° cruzeiro, 81 mV (±58,6 mV) para o 2° cruzeiro e 156 mV (±28,5 mV) para o 3° cruzeiro, demonstrando condições mediamente oxidantes. Com base nesses resultados, é pouco provável que ocorram elevados teores de sulfetos metálicos associados aos sedimentos da coluna sedimentar. Portanto, pode-se inferir que haverá pouca liberação de contaminantes metálicos associados a esse substrato geoquímico, visto que os compostos provavelmente se encontram na forma oxidada, com uma maior propensão a redeposição. Ademais, considera-se muito pouco provável que ocorra algum tipo de impacto pela redução de oxigênio na coluna de água. Os valores de COT, NOT e em Óleos e Graxas encontrados estão de acordo aos teores habitualmente verificados nessa região portuária – estuarina da Lagoa dos Patos. Em geral os teores de COT e NOT situam-se abaixo dos valores de referência do CONAMA 344/2004. Assim, verifica-se que os sedimentos da região portuária – estuarina não estão contaminados por esses compostos orgânicos e esses parâmetros não representam perigo aparente ao meio ambiente e a biota. A maioria (93,3%) dos teores de P-total nos sedimentos excedeu o valor de alerta estabelecido pela resolução do CONAMA 344/2004. Esses valores indicam que os sedimentos da região portuária – estuarina estão contaminados por fósforo. Contudo, não se observou um processo de incremento dessa contaminação, e os valores encontrados nesse monitoramento situam-se dentro da faixa de variação frequentemente encontrada nessa região. Os óleos e graxas do sedimento apresentaram uma média de 0,13% (±0,23%) no 1° cruzeiro e de 0,31% (±0,23%) no 2° cruzeiro. O elevado desvio padrão deve-se ao volume de valores abaixo do limite de detecção. Para o 3° cruzeiro as análises químicas de óleos e graxas não foram ainda concluídas e, portanto, encontram-se ausentes do atual diagnóstico. Com base nos dados disponíveis, pode-se inferir que existe um pequeno impacto por óleos e graxas na região do porto novo e áreas adjacentes. Em termos globais, os sedimentos da região portuária - estuarina têm uma contaminação considerada muito pequena por esse parâmetro. Todos os teores dos elementos metálicos Zn, Cu, Cd, Ni, Cr e Pb dos sedimentos estudados situaram-se abaixo do Nível 1 referido no CONAMA 344/2004. Assim sendo, considera-se que os sedimentos da região portuária - estuarina de Rio Grande estão livres de contaminação por esses metais. O Mercúrio ultrapassou o limite do nível 1 (0,15 mg/Kg) do CONAMA 344/2004 em apenas dois casos e somente no 1° cruzeiro amostral (Abril-2007). O nível 1 representa o limiar até onde se prevê baixa possibilidade de efeitos adversos a biota. O Arsênio ultrapassou o limite do nível 1 (8,2 mg/Kg) do CONAMA 344/2004 em 70% dos casos no 1° e 2° cruzeiros amostrais e em 20% no 3° cruzeiro. Este nível representa o limiar até onde se prevê baixa possibilidade de efeitos adversos a biota. Os sedimentos de textura mais fina da região portuária - estuarina de Rio Grande são aqueles que requerem um maior cuidado em termos ambientais, pois são os mais contaminados por elementos metálicos. MICROCONTAMINANTES ORGÂNICOS Todos os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e contaminantes organoclorados presentes nos sedimentos avaliados estão abaixo dos valores estabelecidos na Legislação CONAMA 344/2004 para os Níveis 1 e 2 de águas salina-salobras. TESTES ECOTOXICOLÓGICOS Todas as amostras de sedimento (integral e elutriatos) e as amostras de água subsuperficial (integral e diluída) analisadas apresentaram valores médios de sobrevivência nos testes realizados superiores a 80% e significativamente iguais ao controle, podendo ser, portanto, consideradas não-tóxicas. MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS Canal de Acesso e Bacia de Evolução do Porto de Rio Grande O gastrópode Heleobia australis foi a espécie dominante em todos os cruzeiros. Entretanto, no cruzeiro de Janeiro o gastrópode apresentou menores densidades, o que provavelmente tenha sido decorrente das dragagens efetuadas em 2006, removendo parte dos estoques da espécie do canal de acesso ao Porto de Rio Grande. Em relação à sua distribuição espacial, verificou-se que é bastante baixa a ocorrência do gastrópode na região da desembocadura, o que deve refletir a maior instabilidade do substrato. Fundos com sedimentos areno-lodosos foram mais comuns nas estações mais afastadas da desembocadura (#2, #3, #4, #5 e #6) e devem ter influenciado para a maior ocorrência da espécie nestes locais. Local de Descarte das Dragagens No 1º cruzeiro (Janeiro), não foram elevadas as densidades dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas áreas de descarte I (#10) e B (#11). Na área de descarte I (#10), a presença do gastrópode estuarino Heleobia australis nas amostras confirma a deposição dos sedimentos dragados, uma vez que essa espécie nunca foi encontrada em ambiente marinho. Na área de descarte II (#11), onde não foi depositado o sedimento dragado, não foram encontrados exemplares de Heleobia australis (Tabela 05). No 2º cruzeiro (Abril) e no 3° cruzeiro (Julho), as densidades dos macroinvertebrados bentônicos coletados nas áreas de descarte I (#10) foram baixas, enquanto que na área de descarte II (#11), onde não foi depositado material dragado, foi detectado um aumento nas densidades do macrozoobentos, representado pelo bivalvo do gênero Tellina e de espécies de poliquetas. No 4º cruzeiro (Outubro), foram registradas baixas densidades dos macroinvertebrados bentônicos coletados na área de descarte I (#10). A espécie com a maior densidade foi novamente o gastrópode estuarino H. australis. Na área de descarte II (#11), onde não foram efetuados depósitos de material dragado, as densidades do macrozoobentos foram mais elevadas. Porém, ao contrário do registrado no outono e no inverno, no cruzeiro de primavera a maior abundância entre o macrozoobentos foi devido aos bivalvos do gênero Mactra e também a espécies de poliquetas. Até o momento, os dados analisados não demonstram um eventual impacto significativo do descarte da dragagem sobre a macrofauna bentônica. Esse aspecto deverá ser mais bem elucidado com o avanço do Programa de Monitoramento. ICTIOFAUNA A composição das espécies, o padrão de abundância relativa, composição de tamanho e a diversidade da assembléia de peixes do estuário durante os meses analisados (Janeiro à Setembro de 2007) estão dentro dos limites observados nos dados históricos disponíveis (1997-2006). Também estão em conformidade com a literatura disponível sobre a ictiofauna estuarina da Lagoa dos Patos. Dados relativos à variação temporal dos peixes mais importantes na pesca artesanal no estuário (como a tainha) ainda estão sendo pleiteados junto ao órgão responsável por sua obtenção e armazenamento (IBAMA). ORNITOFAUNA A diversidade acumulada de aves oscilou entre 19 e 67 espécies por estação de amostragem, sendo a Lagoinha da Barra (A16), o Pontal Sul (A8) e a ZPE (A14) os pontos com maior riqueza de espécies, respectivamente com 67, 60 e 51 registros. Dentre as estações de menor pontuação, por este critério, situam-se a Santa Casa (A10), a Balsa da Barra (A15), a Base do Molhe Leste (A9) e a Baía Norte (A4), respectivamente com diversidade acumulada de 31, 32, 32 e 33 registros de espécies diferentes. MAMÍFEROS MARINHOS (CETÁCEOS) Com relação à abundância, até o momento 58 botos foram foto-identificados. A curva de descobrimento da espécie estabilizou nesse valor, ou seja, não tem mudado com novas saídas de campo. A partir das observações e do uso de modelos, obteve-se uma estimativa do tamanho total da população de botos do estuário da Lagoa dos Patos de 86 indivíduos em 2007, valor esse semelhante aos encontrados para os dois anos anteriores, o que sugere uma estabilidade da população. Com relação aos aspectos reprodutivos, os resultados obtidos sugerem uma fecundidade de 26%, o que é relativamente alto para a espécie. Em 2007 foram registrados 7 nascimentos, que representam uma taxa bruta de nascimento (i.e. o número de filhotes dividido pelo tamanho da população) de aproximadamente 8%. Os nascimentos são bem definidos sazonalmente, ocorrendo entre Outubro e Março, com picos em Dezembro e Janeiro. Com relação ao padrão de distribuição, a maior densidade de botos ocorreu na área interna do estuário, tanto nos meses quentes quanto nos frios. A taxa de encontro média foi maior em áreas próximas à desembocadura da barra, diminuindo com a distância desta. Na área externa, as avistagens estão concentradas próximas à zona de rebentação, onde se concentra um elevado esforço de pesca artesanal com redes de emalhe, o que tem causado uma mortalidade possivelmente insustentável para essa pequena população de botos. GERENCIAMENTO COSTEIRO O banco de dados associado ao sistema de informações geográficas criado abriga quatro grupos envolvidos no monitoramento e 95 variáveis diferentes, que podem ser consultadas por: área do conhecimento (Hidroquímica, Geoquímica, Microcontaminantes, Ecotoxicologia); período de tempo (ano, mês, estação do ano, etc.); profundidade amostrada; localização espacial; esforço de amostragem (monitoramento contínuo/dragagem); tipo de coleta (pontos fixos, gradiente salino, pré ou pós-dragagem, ciclos de dragagem); e origem do dado (relatório onde o dado foi apresentado e interpretado). O modelo criado permite ainda a manipulação de consultas SQL combinando diversos destes critérios ou a seleção a partir dos valores dos parâmetros (por exemplo, valores que ultrapassam os limites estabelecidos em dispositivos legais). Desta forma é possível recuperar informações históricas e avaliar as tendências existentes e mesmo subsidiar novas abordagens para o processo de monitoramento. COMENTÁRIOS FINAIS O Programa de Monitoramento Ambiental do Porto de Rio Grande avançou em 2007 de forma bastante satisfatória. Todas as coletas de informação previstas foram realizadas e a grande maioria das amostras foi analisada até o fechamento do período relatado. De forma geral, os resultados encontrados refletem um ambiente portuário estuarino sem a presença de contaminações, tendo como referência a legislação vigente. Os elementos que se apresentaram acima dos níveis legais de contaminação, ocorreram de forma pontual ou refletem uma característica historicamente normal para o sistema estudado. Não há, até o momento, qualquer relação definida entre a atividade portuária e a perda de qualidade ambiental do estuário. Por outro lado, a constatação de alguns elementos em níveis levemente acima ou próximos do limite aceitável de contaminação é uma forte razão para a continuação das observações realizadas nos anos por vir. Do ponto de vista operacional, existe a expectativa de que a continuação do Programa de Monitoramento e a obtenção de um conjunto substancial de informações ambientais irão permitir, num futuro próximo, um ajuste em seu plano amostral que, eventualmente, poderá ser concentrado apenas naqueles elementos e processos que se demonstrarem mais indicativos da qualidade ambiental (ou mais suscetíveis a ela). Um possível plano ajustado poderá aperfeiçoar a desejada eficiência e custos dos processos envolvidos.