Artigo - CREA-ES

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Artigo - CREA-ES
REVISTA
Revista da Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Espírito Santo
Edição comemorativa dos 65 anos da Sociedade Espirito-Santense de Engenheiros e 55 anos do Crea-ES.
Ano 3, Nº 3, Dezembro|2015 - Vitória - ES
Revista da
Engenharia Capixaba
65 anos presente no desenvolvimento do ES
Apoio e Colaboração às Realizações da Soc
(Seminários, Simpósios, Workshops,
2
REVISTA DA SEE
iedade Espírito-Santense de Engenheiros
Revistas, Cursos e outros Eventos)
PIANNA
Copyline
FEBRAE
REVISTA DA SEE
3
Expediente
Revista da Engenharia do Espírito Santo - Edição Especial Comemorativa aos 65 Anos da SEE – Sociedade Espírito-Santense de
Engenheiros e aos 55 Anos do Crea-ES.
A SEE funciona contribuindo para o desenvolvimento do Estado,
agindo e interagindo com o poder público e a iniciativa privada
empenhando-se para o bem-estar, pela sustentabilidade dos nossos
profissionais e da Engenharia capixaba.
Proporciona o aprimoramento técnico, cultural e científico da classe
e da comunidade em geral. Esta publicação conta com um Conselho
Editorial formado por membros da SEE e profissionais de Comunicação, além de colaboradores e membros da SEE e Crea-ES, a saber:
Presidente da SEE, engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho,
João Carlos Meneses.
Presidente da SEE
Eng. Civil João Carlos Meneses
Foto de capa
Fred Loureiro / Secom-ES.
Fotos:
Gustavo Louzada, Danilo Zepellin, Márcio Scheppa,
Equipe de Comunicação do Crea-ES,
Governo do Estado
Apoio
Agradecimentos especiais à Comunicação do Crea-ES
pela cessão de fotografias que ilustram esta edição.
E a Comunicação do Governo do ES,
pelas fotografias da reportagem do Rio Doce
Conteúdo da Revista
Reportagens sob responsabilidade do Conselho e Artigos
técnicos sob responsabilidade de seus articulistas.
Conselho Editorial
Eng. Civil José Maria Cola dos Santos
Eng. Civil João Carlos Meneses
Eng. Civil José Antônio do Amaral Filho
Eng. Agr. Jorge Luiz e Silva
Jornalista Agnelo Neto
Eng. Eletricista Olavo Botelho de Almeida
Tiragem
20.000 exemplares
Jornalistas Responsáveis
Agnelo Neto - Registro Prof. MTb-ES/DRT 051/1979
André Tristão Aquino - Registro Prof. MTb-ES/DRT 01243/2002
Realização
Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros,
entidade de classe, sem fins lucrativos,
reconhecida de utilidade pública
pela Lei 668 de 10/12/1952, fundada em
25 de setembro de 1950,
sendo a origem do sistema CONFEA/CREA no Estado.
Também reconhecida como entidade precursora do sistema em 2015.
Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica
Adriano Uliana
Apoio
Sistema CONFEA/CREA-ES/MÚTUA
Design Gráfico Colaborador
Marcos Simonetti
DIRETORIA - GESTÃO 2014-2017
Presidente
Eng. Civil João Carlos Meneses
Diretoria Executiva
Eng. Civil José Maria Cola dos Santos
Eng. Civil Luis Fernando Fiorotti Mathias
Diretoria de Apoio a Valorização Profissional
Engº Civil Jaime Oliveira Veiga
Engº Agrônomo Jorge Luiz e Silva
Diretoria de Valorização a Engenharia Civil
Engº Civil José Antonio do Amaral Filho
Engº Civil Rodrigo Américo Pereira
Diretoria de Valorização a Engenharia Elétrica
Engº Eletricista Antonio Carlos Barbosa Coutinho
Engº Eletricista Paulo Cesar Tinelli
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REVISTA DA SEE
Diretoria de Valorização a Engenharia Industrial
Engº Mecânico Aristóteles Alves Lírio
Engº Mecânico Oswaldo Paiva Almeida Filho
Diretoria de Valorização a Engenharia de
Segurança do Trabalho
Engº Civil Marco Antonio de Oliveira
Engº Civil Afonso Celso de Souza Oliveira
Conselho Fiscal
Efetivos
Engº Lussemberg Machado
Engº Civil Marcos Motta
Engº Eletricista Olavo Botelho Almeida
Suplentes
Engº Civil Olomir Rimolo
Engº Civil Rogério Dias Queiroz Manga
Engº Civil Hudson Barcelos Reggiani
www.see.org.br | www.creaes.org.br
Índice
É preciso ter otimismo! - entrevista com Helder Carnielli
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Novos caminhos para o desenvolvimento - por Luiz Paulo Veloso Lucas
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Reis Magos: uma resposta à crise hídrica - por Pablo Ferraço Andreão
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SEE – 65 anos, uma epopeia! - por José Maria Cola dos Santos
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Informática x Inovação - por Afonso Celso de S. Oliveira
16
Planejamento estratégico 2015 – 2019 - Novos rumos para a SEE
18
Engenharia para salvar o Rio Doce
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Poesia - Tragédia de Mariana
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Especial - O uso de polímeros no asfalto
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Prêmio IEL de Estágio
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SEE 65 anos - SEE presta homenagens a engenheiros e empresas
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REVISTA DA SEE
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Editorial
Engenharia – presente!
Assumimos a presidência desta Casa em 15 de dezembro de 2014, tendo pela frente uma
bem construída agenda de trabalho para que chegássemos a este momento, um ano depois,
com um saldo positivo no primeiro ano da nossa gestão. Pudemos contar com a constante
boa vontade dos colegas da Diretoria, que inclui novos e antigos membros engenheiros que
se doam sem condições à causa da profissão e dos profissionais.
Com este pensamento e ações coordenadas, avançamos. Na condição de conselheiro federal, em Brasília, conquistamos o reconhecimento da SEE – Sociedade Espírito-Santense
de Engenheiros como entidade precursora do sistema Confea/Crea. Para se ter uma ideia da
importância disso, é como se a nossa entidade, aos 65 anos mudasse de “status” dentre as
demais, do Estado e do país – para melhor!
Fizemos mais: contando com uma valorosa equipe, realizamos o nosso Planejamento Estratégico, que agora norteia nossas ações no período de 2015 a 2019. Anualmente, o Plano
será rediscutido e adaptado ao momento e conjunturas estadual e nacional – e ao interesse
das nossas categorias. A questão imperativa é ter um instrumento eficaz, que nos permita
criar diretrizes enquanto instituição para navegar em meio às turbulências econômicas e
sociais do país.
Em outro momento de 2015, adotamos como dever de casa uma nova conceituação para
nossa SEE: agora assumimos a identidade de Clube da Engenharia do Espírito Santo, englobando todas as categorias profissionais das engenharias. A partir disso, vamos nos organizar
para esta nova etapa da vida da SEE, aos 65 anos – mais jovem do que nunca!
E, para 2016, temos como meta e dever de casa a aplicação do Plano Estratégico elaborado em 2015. Estamos animados para o novo desafio, e para concretizá-los esperamos e
precisamos contar com a boa vontade de todos. Aproveito para manifestar nossos votos de
boas festas e feliz ano novo.
Que venham novos desafios!
Eng. Civil e de Seg. do Trabalho João Carlos Meneses
Presidente da SEE
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REVISTA DA SEE
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Entrevista
É preciso ter otimismo!
Eng. Agrônomo Helder Carnielli
Presidente do Crea-ES
O presidente do Crea-ES, engenheiro agrônomo Helder Carnielli,
assumiu a segunda gestão à frente
da entidade este ano sendo reeleito
por mais de 80% dos votos da categoria. Nesta entrevista, ele ressalta
alguns fatos recentes que exigiram
a atuação dos engenheiros. Carnielli
destaca assuntos como as tragédias
com o rompimento da barragem em
Mariana e do acidente com o navio-plataforma FPSO Cidade São Mateus. O presidente também fala sobre
ações importantes da sua gestão e as
expectativas para 2016.
A crise econômica que o Brasil enfrenta tem afetado a cadeia produtiva da engenharia?
Sim, a crise que o país está passando tem afetado todos os segmentos
da sociedade, a Engenharia, os prestadores de serviços e até mesmo a rotina dentro das casas dos brasileiros.
O atual arranjo político com as crises
econômicas cada vez mais tomando
um volume maior tem acarretado
muitos problemas no cotidiano do capixaba e do brasileiro.
Apesar da crise, o número de registros de profissionais e empresas
continua apresentando crescimento
no Crea-ES. A que se deve esse fator?
Existe um ciclo programático dentro das instituições de ensino para os
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REVISTA DA SEE
estudantes se tornarem profissionais.
Quando esse profissional se forma, é
natural que ele se registre em nosso
Conselho, pois só assim ele recebe
suas atribuições e pode atuar em sua
área específica. Então esse aumento é normal. Já as empresas passam
pela mesma situação, pois quando
são criadas precisam se regulamentar
para prestarem serviços, mas isso não
quer dizer que os serviços estão chegando.
O atual arranjo político que está
construído no Brasil não está colaborando. Existe um entrave muito grande nos poderes legislativos, tanto municipais, estaduais, quanto Federal,
e nós temos que mudar o que está
construído para oferecer de verdade
o serviço que a sociedade merece ter.
Com a crise, as empresas estão cada
dia sofrendo mais desgaste e perdendo credibilidade. Essa crise espantou
os investidores, deixou o setor produtivo com o pé atrás e ainda não se
sabe o que vai ser do dia de amanhã.
O Crea-ES realizou de forma inédita
no Espírito Santo o 1º Fórum de Educação e Formação na Área Técnica e
Tecnológica. Quais os frutos deste
evento?
O que fizemos foi pioneiro. Os Creas, de uma maneira geral, estão muito longe das instituições de ensino,
que são responsáveis por formar os
profissionais, e a gente não consegue
entender o motivo. Por isso estamos
tentando mudar esse paradigma. Já
que hoje o aluno está na universidade, mas amanhã estará no Conselho.
Esse evento foi realizado justamente
para sabermos o que é necessário fazer para nos aproximarmos.
O mercado de trabalho da área
tecnológica é regulamentado e normatizado pelo Sistema Confea/Crea.
Todos os engenheiros, tecnólogos
e técnicos estão aqui, por isso precisamos dessa aproximação. É muito
comum ver as instituições de ensino
tomarem decisões sozinhas. Criam
novos cursos e novas modalidades
que lá na frente quem cursou corre
grande risco de ficar desempregado.
A educação não pode ser um balcão
de negócio. É muito importante que
as escolas criem cursos junto com o
Conselho. Outra coisa extremamente
necessária é a adequação do ensino
às normativas de controle, ou seja,
equilibrar e uniformizar os currículos
para que os profissionais saiam das
universidades com os mesmos conhecimentos.
Que experiência fica do acidente
com o navio-plataforma FPSO Cidade São Mateus, de responsabilidade
da PPB do Brasil Serviços Marítimos
(Grupo BW), terceirizada da Petrobras?
A principal função do Conselho é a
fiscalização do exercício profissional
e das empresas da área tecnológica,
que têm o dever de estarem registrados aqui no Crea-ES. A empresa que
não cumprir essa normatização está
fraudando a lei e deve ser punida, e é
nesse aspecto que temos que tocar.
O acidente do navio-plataforma,
controlado por uma empresa terceirizada da Petrobras, deixou isso muito
claro. Foi necessário acontecer um
acidente em que vidas foram perdidas para chegarmos ao debate de que é essencial estar regularizado no Crea-ES.
Após divulgarmos que a
empresa não tinha registro no Conselho, surpreendentemente o número de
registro de Anotação de
Responsabilidade Técnica
(ART) cresceu. Nós não queríamos que esse aumento
acontecesse por esse motivo, gostaríamos que todos
já estivessem registrados e
regulares, pois assim teríamos tido condições de fiscalizar e, quem sabe, evitar
que isso tivesse acontecido.
Hoje, a Petrobras é uma
grande parceira e exigiu que
todas as suas terceirizadas
cumprissem com a legalidade se registrando no Conselho.
Qual a opinião do Crea-ES
em relação ao rompimento
da barragem de rejeitos da mineradora Samarco? O que está sendo feito até o momento?
O acidente ocorrido na barragem
de rejeitos da mineradora Samarco
em Mariana (MG) foi o desastre que
causou o maior impacto ambiental
no país. A dimensão deste acidente é
gigantesca. O que precisamos aprender neste momento é que é necessário reaprender o processo de ex-
ploração de minério no país, ou seja,
temos que criar normativos e instituições/órgãos que possam realmente
ter acesso a esse tipo de atividade. A
lei não permite que o Conselho entre
nessas empresas, se fosse permitido
teria sido exigido as ARTs de manutenção e as de qualquer alteração no
empreendimento.
Acredito em três hipóteses para o
rompimento dessas barragens: um,
que foi sabotagem, porém descarto;
dois, falta de manutenção; três, falha
de construção do empreendimento.
Eu prefiro acreditar na falta de manutenção. Em Minas Gerais isso já vem
acontecendo desde a década de 90.
É necessário rediscutir com urgência esse tipo de exploração e investigar porque os órgãos ambientais e de
controle ainda não fizeram as devidas
fiscalizações, os devidos relatórios
para tomarem providências. Mais
duas barragens estão correndo o ris-
co de romper. O que está acontecendo? É sobrecarga demais? Isso tem
que ser observado, e pelo que vemos
a empresa extrapolou a capacidade
volumétrica da barragem.
O Crea-ES, junto com a OAB-ES e o
CRBio formaram parceria para oferecer apoio técnico às ações que serão
decorridas em função das perdas da
população ribeirinha, perdas econômicas, ambientais e morais.
O Crea-ES lançou um novo sistema de ART com a opção
inédito de “Filtro de ART
por Títulos Profissionais”.
Como funciona?
Quando entramos no
Conselho no primeiro
mandato, nós entendíamos que um dos grandes
desafios era consertar a
ART, na minha consciência
quem deveria normatizar
o exercício profissional é
o Confea, mas o Conselho
Federal abre mão desta
função e prefere deixar
com os Conselhos Regionais.
O filtro por títulos profissionais está preparado
para codificar atribuições
de cada modalidade, parecido com um Cadastro
Nacional de Atividade Profissional. Hoje, o Conselho
registra uma redução de
90% de exorbitância profissional. Se analisarmos, podemos ver que ganhou o profissional,
que não recebe multa; e ganhou o
Conselho, que não precisou locomover uma estrutura para ir ao local que
a exorbitância foi gerada.
Essa é uma forma de oferecer um
serviço de inteligência sem precisar
ter ganho. O retorno que teremos
será ao longo do tempo, principalmente se houver um entendimento
nacional de que é necessário cons-
REVISTA DA SEE
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truir um Cadastro Nacional de Atividade Profissional e distribuir para todas as modalidades.
Outro braço do Crea-ES, além das
instituições de ensino, são as entidades de classe. As Resoluções
apontam que o Crea pode repassar
recursos para essas entidades promoverem eventos, principalmente
para a capacitação profissional. Este
ano o Crea-ES repassou recursos
para diversas entidades. Como você
vê essa participação do Conselho estando cada vez mais perto do profissional?
O Conselho só funciona se houver
as entidades, institucionalmente, só
existe o Crea-ES se existirem as entidades. E as entidades não são reconhecidas de forma econômica, nem
possuem receita própria. Deveria ter
uma forma para isso e nós lutamos no
país para que isso acontecesse, cria-
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REVISTA DA SEE
mos uma forma de repasse para as
entidades na legalidade, por meio de
duas resoluções, a 1052 e a 1053, uma
para instituições de ensino e a outra
para as entidades de classe. Isso serviu para resgatar a autoestima dessas
entidades que possuem dificuldades
financeiras e é função do Conselho
ajudá-las.
Este ano houve um grande investimento para uma campanha de divulgação dos 55 anos do Crea-ES, que
coincidiu com a realização da milésima Plenária do Conselho. Qual foi a
repercussão da campanha?
O sentimento que ficou foi fantástico! Nós tivemos divulgação em vários veículos de comunicação e isso
nunca tinha sido feito na história do
Conselho. Valeu muito a pena, foi um
momento em que nós resgatamos a
dignidade e a valorização do profissional, mostrando também para a so-
ciedade o que é o Conselho.
O que está sendo traçado para
2016?
Vamos continuar fazendo o que
está sendo feito com o foco no mercado e nas questões políticas que o
país está vivendo. Acredito que será
um ano muito difícil, mas não podemos trabalhar com o pessimismo. O
mundo se remodela por meio das dificuldades. O engenheiro que estiver
preparado vai ter sucesso, o pessimista vai perder. Eu desejo um grande ano para todos, que continuem
cobrando o Conselho aquilo que é
necessário para que nós possamos
ajudar sempre. Vamos criar formas
de aprendizado, pois situações de
dificuldades não são o fim podemos
superar e melhorar.
Eu desejo um ótimo 2016 para todos, e que o Conselho continue cumprindo o seu verdadeiro papel!
Artigo
Novos caminhos
para o desenvolvimento
Eng. de Produção Luiz Paulo Veloso Lucas
Diretor-Presidente Bandes - Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A
A realidade da economia brasileira
nos próximos anos é desfavorável
ao desenvolvimento capixaba em
função das crises, econômica, moral e política, corolários do esgotamento do modelo macroeconômico
adotado pelo Governo Federal pós2008, da corrupção e do populismo.
As disfunções estruturais do Estado
brasileiro, refletidas no chamado
“custo Brasil”, agravaram-se a ponto de comprometer, não apenas a
competitividade e o crescimento da
economia em padrões internacionais,
como também a própria estabilidade,
senão veremos a inflação em dois dígitos novamente.
Hoje não há mais espaço para medidas anteriormente adotadas como
subsídios ou renúncia fiscal. As velhas
estradas serão incapazes de nos ajudar a atravessar a crise e conquistar
vitórias e avanços em nosso desenvolvimento. Daí, a urgência da colocarmos em pauta a agenda regional,
focada na descentralização de poder,
para que seja possível retomarmos o
caminho do crescimento.
O Bandes reformulou sua atuação
diante dos desafios inerentes para
contribuir com soluções de financiamento que viabilizem iniciativas e em-
preendimentos públicos e privados
estratégicos para o desenvolvimento
estadual. Cabe ao Bandes, por exemplo, potencializar sua ação financiadora em projetos de inovação, utilizando sua capacidade de mobilizar
recursos provenientes de instituições
como a Finep e BNDES.
Além disso, o banco busca alternativas para elevar a utilização de fontes externas de recursos, visando à
superação das limitações impostas
pelas atuais fontes governamentais.
Haja vista o Criatec III, fundo de investimentos em participações (FIP), por
meio do qual é possível identificar o
potencial de crescimento das em-
presas e adquirir um percentual de
participação no negócio. Os FIPs têm
um terreno fértil para se desenvolver
em solo capixaba pelo potencial de
startups e incubadoras existentes e a
cadeia de fornecedores das empresas
âncoras capixabas.
Com esse tipo de inciativa é possível fazer com que o Espírito Santo,
estruturalmente, atravesse este momento de crise e saia fortalecido. Só
a capacidade de agir diferente, de
mudar de estratégia, de aproveitar
a agenda colocada pela crise para fazer o novo e fazer girar a economia
do Estado geram desenvolvimento e
resultados duradouros.
REVISTA DA SEE
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Artigo
Reis Magos:
uma resposta à crise hídrica
Pablo Ferraço Andreão
Presidente da Cesan
O Sistema de Abastecimento de
Água de Reis Magos, cujo início da
obra foi em outubro, é um marco importante que o Espírito Santo dá ao
enfrentamento da crise hídrica – a
maior de que se tem notícia nos registros históricos estaduais.
Esse empreendimento, onde serão
investidos R$60 milhões, irá beneficiar diretamente 150 mil moradores de
Serra Sede e da área do Civit, no município de Serra, a partir de 2016. Além
de diminuir a necessidade de água do
Rio Santa Maria para aquelas áreas.
Prevista para iniciar apenas em 2020,
a obra foi antecipada face ao quadro
de seca que se instalou no estado. O
novo sistema produzirá 500 litros de
água por segundo e esse volume virá
até o Reservatório de Serra Sede, por
meio de uma tubulação (adutora) de
15 quilômetros de extensão com 700
milímetros de diâmetro.
Reis Magos mostra que o Estado
pode e deve ser ágil. O projeto foi elaborado em 28 dias e imediatamente
encaminhado para licitação. Cumpridos todos os prazos, contrato assinado, o empreendimento começa a sair
do papel.
Desde que tomou posse, o atual
Governo vem tomando diversas medidas, tudo sob a coordenação do Comitê Hídrico Estadual. Entre outras coisas, o próprio governador do Estado,
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REVISTA DA SEE
Paulo Hartung, em cadeia de rádio e
televisão, tornou público o problema
e pediu a colaboração de todos.
Duas campanhas mostraram que
o desperdício deveria ser riscado da
vida das pessoas e a resposta ao chamamento do governo foi positiva. De
janeiro a outubro deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado, os capixabas de 52 municípios em
que a Cesan opera, pouparam 11,6 bilhões de litros de água, volume capaz
de abastecer a Serra, por mais de três
meses.
Hoje é raro se ver empregados de
condomínios varrendo calçadas com
mangueira de borracha. Pisos passaram a ser limpos com a água usada nas
máquinas de lavar.
A verdade é que os hábitos mudaram, atitude parabenizada por autoridades e pela própria população.
Com uma certeza: nunca mais se deve
abandonar o uso racional, indispensável ao equilíbrio hídrico.
De sua parte o governo lançou mão
de uma série de projetos e atividades.
Um exemplo é a utilização da barragem de Rio Bonito para armazenamento de água destinada ao consumo
das pessoas atendidas pelo Sistema
Santa Maria. Essa parceria foi firmada
entre a Cesan e a EDP Escelsa sob a
coordenação da Agência Estadual de
Recursos Hídricos – Agerh.
Outra medida foi o estabelecimento
de um diálogo franco com as grandes
indústrias para que fossem buscadas
outras saídas que diminuam efetivamente a dependência delas da água
do Rio Santa Maria. Por exemplo, via
perfuração de poços em suas próprias
áreas, junto às suas plantas industriais.
Isso além dos estudos para que elas
passem a usar água de reúso, proveniente do efluente tratado das Estações de Tratamento de Esgoto.
Numa visão de mais longo prazo, o
Programa Integrado das Águas e da
Paisagem, assinado pelo Governo e
Bando Mundial, investirá cerca de 1,3
bilhão de reais em seis anos. Ele vai
plantar água.
É isso mesmo, já que com a recuperação de matas e a despoluição de cursos de água, protegeremos e aumentaremos a quantidade desse bem tão
precioso, tão vital e que, infelizmente,
até a pouco, vinha sendo tão maltratado.
Desde que cheguei ao setor de Saneamento Básico, há quinze anos,
aprendi que quem nele trabalha não o
faz somente porque gosta de água ou
de esgotamento sanitário.
Quem leva água tratada, coleta e
trata adequadamente o esgoto sanitário gosta mesmo é de gente. E nós, da
Cesan, temos o orgulho de fazer esse
trabalho.
Artigo
SEE – 65 anos, uma epopeia!
Eng. Civil José Maria Cola dos Santos
Ex-presidente da SEE e gerente de Atendimento do Crea-ES
No dia 25 de setembro de 1950,
nas dependências sociais do Clube
Álvares Cabral, vizinho do Teatro
Carlos Gomes, na Praça Costa Pereira em Vitória, os profissionais
de todas as modalidades da área
tecnológica do Espírito Santo se
reúnem para fundar a Sociedade
Espírito-Santense de Engenheiros
– SEE.
Por sua estreita colaboração
com os governantes da capital e
do Estado na solução de problemas técnicos de engenharia e o
reconhecimento da atuação da entidade em prol da comunidade, em
1952, a SEE foi declarada Entidade
de Utilidade Pública através da Lei
Estadual nº. 668, sancionada pelo
Governador Jones dos Santos Neves.
A SEE atuou junto ao Governo
do Estado participando ativamente nos projetos da Estação de Tratamento de Água de COBI para
atender, na época, toda a Grande
Vitória. E ainda, apoiou a criação
da Escola Politécnica do Espírito
Santo – EPES em 1954. A “Escola
de Engenharia” foi incorporada
pelo Governo Federal e passou a
ser a “Ecola Politécnica da Universidade Federal do Espírito Santo
- EPUFES”, com sede na Avenida
Maruípe, no prédio projetado pelo
14
REVISTA DA SEE
Engenheiro Arquiteto Elio Viana.
Hoje é o Centro Tecnológico da
UFES – CETUFES.
Com a necessidade do registro
profissional dos formandos da 1ª
turma de engenheiros da EPES e
a atuação da SEE, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
– CONFEA criou em 01 de julho de
1960 o Crea-ES, com a presidência
do Engenheiro Civil Harry de Freitas Barcelos.
Por ser a maior instância, todas
as decisões do Crea-ES são emanadas pelo Plenário do Conselho, que
é constituído por profissionais das
diversas modalidades da Engenharia, que prestam sua colaboração,
de forma voluntária (desta forma
prestam relevantes serviços à nação brasileira) por indicação das
entidades de classe e das instituições de ensino. Sem indicação
de conselheiros, o Plenário não é
composto e, por consequência, o
Crea perde a essência de sua existência.
A SEE desponta neste cenário
como “Entidade Precursora”, reconhecida pelo Confea por ser a
origem do Sistema Confea/Crea no
Espírito Santo, indicando conselheiros para atuar no Crea-ES desde 1960.
Em 1980, outro feito relevante
- oriundo da SEE, foi a criação do
Sindicato de Engenheiros do Espírito Santo – Senge-ES, que por já
se constituir numa “associação de
engenheiros” facilitou o processo
de registro do sindicato no Ministério do Trabalho.
Aos 65 ANOS de existência, a SEE
elabora o seu Planejamento Estratégico 2015-2019, e segue os eixos
estratégicos que fortalecem sua
atuação como entidade, a saber:
1) Aumento da representatividade e fortalecimento da Imagem;
2) Valorização e defesa da Engenharia, e
3) Integração profissional, social
e cultural, sempre com foco na sua
missão de “como entidade de utilidade pública e precursora do sistema Confea/Crea, promover o desenvolvimento profissional, social
e cultural dos engenheiros, implementando ações de valorização,
integração e defesa da Engenharia, contribuindo para a sociedade
do Espírito Santo”.
Nesse trabalho, de continuar
sempre atualizada e atender a legislação, a SEE atualizou o seu Estatuto Social incorporando uma
constatação que sempre desempenhou o papel de ser o “CLUBE DE
ENGENHARIA DO ESPÍRITO SANTO”.
Artigo
Informática x Inovação
Eng. Eletricista e de Segurança do Trabalho
Afonso Celso de S. Oliveira
Conselheiro do Crea-ES e diretor da SEE
Este artigo tem a finalidade de tentar atingir o bom senso dos gestores
de uma forma geral, mais especificamente os que atuam no campo da
Informática e no desenvolvimento
de produtos e continuidade de processos, das mais variadas indústrias,
organizações e empresas, públicas
ou privadas, de todos os portes e segmentos.
Segundo Steve Jobs: “Criatividade
é só conectar coisas. Quando você
pergunta às pessoas criativas como
elas fizeram algo, elas geralmente se
sentem um pouco culpadas porque
elas não fizeram aquilo realmente,
elas apenas viram alguma coisa”1. A
partir daí é que entramos no contexto desta matéria.
Com base na afirmativa acima, que
parte nada mais, nada menos de um
dos maiores inovadores de nossa história recente, podemos afirmar, sem
medo de errar, que a internet (maior
biblioteca de referência no mundo)
é uma das ferramentas que mais alavancam a INOVAÇÃO.
Empregados e funcionários de nossas empresas, possuem o mundo em
suas mãos.
De acordo com um estudo divulgado em 16/04/2015 em São Paulo pela
universidade Fundação Getúlio Vargas (FGV)2, o Brasil conta com 306
16
REVISTA DA SEE
milhões de dispositivos conectados,
a maioria (154 milhões), são telefones inteligentes. Portanto, afirmar
que nossos funcionários estão com o
mundo nas mãos não é nada despropositado.
Ocorre que, quando adentram nas
empresas em que trabalham, ao acessarem a internet, se deparam com as
mais variadas formas de “combate”
à invasão de vírus, spyware, malwares e por aí afora. Ou seja, sobra para
ele somente alguns poucos sites para
pesquisa. E aí, em nome da segurança
da informação, é bloqueada também
a inovação.
Portanto senhores gestores, sei
que esse assunto é polêmico, mas sei
também que existem várias formas
de controle do acesso dos usuários
da internet durante o expediente,
inclusive com muitas empresas especializadas nesse segmento. Dá um
trabalho danado! Mas em nome da
INOVAÇÃO, nossa mensagem é que
sempre vai valer a pena disponibilizar ferramentas que aumentem a
motivação em busca da inovação e
a internet é um dos caminhos mais
acessíveis para isso.
2) http://info.abril.com.br/noticias/
mercado/2015/04/numero-de-smartphones-supera-o-de-computadores-no-brasil.shtml
Planejamento estratégico 2015 – 2019
Novos rumos para a SEE
No ano em que completa os seus
65 anos, a Sociedade Espírito-santense de Engenheiros - SEE decidiu olhar
para o futuro e elaborar o seu “Planejamento Estratégico 2015-2019”.
Os dirigentes da entidade tomaram a
decisão de reunir suas inteligências e
competências com o objetivo de responder a três perguntas básicas:
- Onde estamos?
- Aonde queremos chegar?
- Como chegaremos lá?
Tal iniciativa se justifica, pois, apesar de toda a sua relevância para a
engenharia do Espírito Santo, sendo considerada como entidade precursora do sistema CONFEA/CREA
e tendo participação na criação das
principais entidades do ramo no Estado, tais como a Escola Politécnica da
UFES, o CREA-ES e o SENGE-ES, a SEE
vem sofrendo, nos últimos anos, com
dois fatores básicos: baixa representatividade e baixa atratividade. Tais
fatores dificultaram a associação de
novos membros e a renovação dos
dirigentes, gerando, dentre outros
efeitos, restrições financeiras que
impedem o desenvolvimento da entidade.
Diante disso, para garantir a sobrevivência e o desenvolvimento da entidade, as principais lideranças da SEE
decidiram contratar uma consultoria
para construção do seu planejamento estratégico. Ao longo do processo,
foram realizadas diversas reuniões
buscando-se sempre o consenso e a
definição de prioridades. A metodolo-
18
REVISTA DA SEE
gia contou com 02 fases, Formulação
Estratégica e Alinhamento Estratégico, sendo essa última desenvolvida
com base nos conceitos do Balanced
Scorecard - BSC.
O primeiro passo foi a definição
da identidade organizacional, onde
foram definidos a Missão, a Visão de
Futuro e os Valores da entidade.
Mirando a Visão de Futuro, as lideranças da SEE conduziram uma
análise de cenários utilizando a ferramenta SWOT e, buscando aproveitar
as oportunidades e se proteger das
ameaças, definiram os 03 Eixos Estratégicos para a entidade:
- Fortalecimento da Representatividade e Imagem;
- Valorização e Defesa da Engenharia;
- Integração Profissional, Social e
Cultural.
A fase de alinhamento estratégico
iniciou com a tradução dos eixos estratégicos em objetivos, que foram
distribuídos em um Mapa Estratégico
da SEE, um dos principais produtos
do BSC. Para cada um dos 09 objetivos inseridos no Mapa Estratégico,
foram definidos os Projetos e Indicadores Estratégicos.
A primeira grande iniciativa estratégica implantada foi a de tornar a SEE
o Clube de Engenharia do Espírito
Santo, o que altera positivamente a
sua imagem e aumenta a sua atratividade. Essa e outras ações foram definidas no Portfólio de Projetos Estratégicos da SEE.
Agora a entidade está prestes a
iniciar a fase mais importante do projeto, a Execução Estratégica, quando
os projetos estratégicos deverão ser
implantados com eficiência e a eficácia deverá ser comprovada através
do alcance das metas dos indicadores estratégicos. A sistemática de
monitoramento e controle do planejamento estratégico inclui reuniões
trimestrais para análise da execução
dos projetos e dos resultados dos indicadores.
REVISTA DA SEE
19
Entrevista
Engenharia para salvar o Rio Doce
O rompimento da barragem da Samarco em Mariana-MG, dia 5 de novembro último, que vazou pelo Rio
Doce, está sendo considerado como
o maior desastre ambiental do Brasil.
Em meio a tantos debates, críticas,
análises, acusações e ponderações
de todo tipo, permitimo-nos uma
constatação aparente e simples, mas
relevante. A questão fundamental
é que faltou engenharia para evitar
o rompimento da barragem. Ou, no
mínimo, os engenheiros não foram
ouvidos e considerados. Falharam os
governos com sua autoridade e mecanismos de fiscalização, as empresas responsáveis – dentre outros.
Agora todos sabem que era uma
tragédia anunciada. E assim, diante
do desastre, que deixa um rastro de
destruição ao longo de mais de 600
quilômetros indo para o mar, deparamo-nos com outra constatação:
virá das engenharias envolvidas na
questão as soluções, principalmente
para a recuperação do Rio Doce. As
autoridades apenas começaram a
juntar os cacos. Especialistas de toda
ordem comentam, fazem previsões e
definem rumos os mais diversos. Há
quem fale na morte do Rio Doce, ou
sua recuperação em décadas – e até
cinco anos!
Engenharia
Perito nas áreas agrária e ambiental, o engenheiro agrônomo Jorge
Luiz e Silva, com 40 anos de profissão, diz que nunca viu algo tão desastroso. “As futuras gerações vão nos
20
REVISTA DA SEE
condenar por não estarmos dando
o devido valor à causa. O que aconteceu no percurso de 600 km entre
Mariana-MG e a foz do Rio Doce em
Regência, Linhares-ES – é algo assustador em qualquer lugar do mundo.
É papel das engenharias salvar o rio,
recuperá-lo, custe o que custar, o
tempo que demorar” – afirma Jorge
Luiz, que prepara um laudo técnico
para as autoridades no prazo máximo
de 60 dias.
O engenheiro relata que morou na
região, em Linhares, sendo também
testemunha do histórico descaso das
autoridades para com o Rio Doce. Em
meio à tragédia, mostra-se otimista
como profissional, dizendo que “se a
Engenharia não foi considerada para
evitar o rompimento, agora deve ser
chamada à tarefa de conduzir a salvação do nosso Rio Doce” – ressalta.
Relatório
Dentre tantas missões que foram
investigar o problema in loco, o Conselho Regional de Engenharia – Crea-ES também enviou uma equipe à
região, tendo como observador responsável o engenheiro agrônomo
José Adilson de Oliveira, gerente de
Fiscalização do Conselho. De volta,
a equipe produziu relatório sobre o
que viu e sentiu da tragédia. O coordenador da equipe traduz o seu sentimento diante do desastre:
José Adilson, podemos afirmar que
faltou engenharia para evitar o rompimento da barragem?
- No meu entendimento, sem sombras de dúvidas faltou engenharia
para evitar o rompimento da barragem, sim! O que ainda não se sabe é
se faltou engenharia no diagnóstico
preventivo do problema, por parte da
empresa e/ou dos órgãos de controle
e fiscalização ou se as recomendações da engenharia de algum desses
setores não foram adequadamente
aplicadas.
E quanto ao futuro imediato, podemos dizer que a engenharia vai dar
soluções para a barragem e recuperação do Rio Doce?
- Tenho plena convicção de que a
recuperação do Rio Doce passa pela
engenharia, que saberá buscar ou desenvolverá tecnologia para sanar os
problemas e viabilizar sua aplicação
com segurança. O que preocupa é a
dimensão dos danos e o tempo disponível para as ações, tendo em vista
a chegada da temporada de chuvas
tradicional, que ocorre nesta região
e que poderá agravar ou dificultar os
trabalhos de recuperação.
Já é possível estabelecer a dimensão do estrago? Quais os dados conhecidos até agora em perda de vidas humanas?
- Na minha opinião, as dimensões
são catastróficas. A começar pelo volume de lama que desceu rio abaixo
como um tsunami de rejeitos, cujo
volume divulgado mais frequente
é de 62 milhões de m³ ou 62 bilhões
de litros, volume suficiente para en-
cher quase 25 mil piscinas olímpicas.
Passando pelo número de mortos,
cujos números disponíveis indicam
15 pessoas já identificadas e 4 ainda
desaparecidas. Alguns eram moradores dos pequenos vilarejos vizinhos à
barragem, outros eram funcionários
da empresa ou terceirizados a serviço
da mesma. Para uma empresa com altíssimo grau de qualificação nas áreas
de segurança, meio ambiente e gestão, o acontecimento se torna inaceitável pacificamente.
Diante disso, podemos dizer que
estamos vivendo uma verdadeira tragédia humana?
- Certamente! Segundo dados divulgados pela própria empresa, são
961 pessoas acomodadas em hotéis e
pousadas, mais 110 famílias morando
em casas alugadas e ainda 135 famílias em casas de familiares e amigos,
ou seja, estamos falando de cerca de
2 mil pessoas que estão vivendo desalojadas de suas casas e de sua rotina
habitual de vida, o que significa, que
foram atingidas naquilo que o ser humano tem de mais sagrado – sua dignidade.
Os prejuízos nas cadeias produtivas
das áreas afetadas são incalculáveis
e envolvem os ribeirinhos, os pescadores, a agropecuária, o comércio,
a indústria, o turismo, enfim todas
as atividades econômicas da região
envolvida sofrerão impactos significativos. E também existem as perdas
de cunho pessoal, que fogem à capacidade racional de interpretação de
quem analisa os fatos fora do contex-
to exato do desastre.
E em relação a outras espécies?
Não existe ainda uma estatística
confiável sobre a quantidade de espécies animais dizimadas ao longo
dos mais de 600 Km dos Rios Gualaxo
do Norte e Doce e também no mar,
porém, a quantidade de peixes mortos somam toneladas que foram recolhidas por empresas especializadas
contratadas e depositadas em local
adequado. Os especialistas em meio
ambiente informam que o maior problema no Rio Doce será a destruição
da cadeia alimentar, ou seja, a lama
de rejeitos de minério dizimará a flora
e a fauna menor que formam a base
da cadeia alimentar e isto afetará os
animais um pouco maiores, tipo camarões e sem estes morrem os peixes menores, que alimentam os maiores e assim sucessivamente.
No mar, estima-se que a lama de
rejeitos oriundos da mina da Samarco
atingiu uma área de 80 km² e agora
surgem informações dos órgãos de
acompanhamento que a mancha ora
avança, ora recua, regido pela incerteza dos ventos. Até quando este
concerto maquiavélico durará não se
sabe ao certo. De certo o que temos
é que será preciso reconstruir, com
competência, tudo isso!
A recuperação é uma utopia ou realidade? Há quem fale em cinco anos.
Há quem fale em décadas ou muitos
e muitos anos...
- Quanto à recuperação do Rio
Doce, será uma tarefa de grande
monta, demorada e multidisciplinar,
mas seguramente a Engenharia, a
Agronomia, a Biologia, a Advocacia,
entre outras profissões, terão destaque nesta empreitada que, dificilmente será concluída em 6 meses como
dizem alguns, mas que também não
levará tantas décadas como alardeiam outros.
Com tempo e sossego a natureza
se recupera dos desatinos do ser humano e existem vários exemplos disso, apesar de que nenhum nesta dimensão. Se forem disponibilizados os
recursos necessários, no tempo certo, aliados às modernas tecnologias,
certamente a recuperação será alcançada. É preciso resgatar as ações positivas de outros eventos divulgados
pela mídia como: Buffalo Creek, nos
Estados Unidos em 1972; Itabirito,
em MG em 1986; Cataguases também
em MG em 2003; Shanxi na China em
2008; Ajka na Hungria em 2010 e novamente Itabirito em MG em 2014.
Após um mês do acidente, não se
pode mais permanecer na letargia
do impasse das ações judiciais que
envolvem, de um lado, as acusações
capitaneadas pelos Ministérios Públicos Estaduais e Federal e, do outro, o
direito da empresa ao contraditório e
a ampla defesa.
A população afetada exige mais
rapidez pelo menos nas decisões de
cunho imediato.
Além disso, algumas ações podem
e devem ser desenvolvidas em paralelo, de forma independente, mas
sem perder a noção do todo, que é
a correta recuperação do Vale do Rio
REVISTA DA SEE
21
Doce e de sua população.
O senhor percorreu a região em
duas etapas distintas, pelo Crea.
Como foi organizado isso? Quem foi
e que aproveitamento o Conselho
fez de suas conclusões em benefício
da sociedade?
- A ação institucional do Crea-ES foi
idealizada pelo presidente Helder Carnielli que já no domingo à noite, dia
8 de novembro, me ligou e solicitou
que organizasse um grupo de profissionais para ir até Colatina, a fim de
hipotecar solidariedade às autoridades envolvidas e obter informações
reais considerando a Sessão Plenária
do dia 10 e as confusas e divergentes
informações que circulavam.
Assim, nos reunimos previamente
no Conselho e organizamos um grupo de 4 pessoas, composto pelo Gerente da Unidade de Relacionamento
Institucional, Eng Agrônomo Leonardo Coser Boynard, o subgerente da
Unidade de Atendimento, o administrador Aluyr Carlos Zon Júnior, a jornalista Lohanna e eu, como gerente
da Unidade de Fiscalização. Planejamos a missão na manhã de 2ª feira,
dia 9, e partimos para Colatina onde
participamos de um evento no auditório do Sanear, órgão ambiental da
Prefeitura de Colatina, transformado
numa Central de Gerenciamento da
Catástrofe. Ali, tivemos oportunidade de apresentar a solidariedade
de todo o Conselho, ao Governador
Paulo Hartung, ao Prefeito Leonardo
Deptulsk, aos secretários de Estado
João Coser e Rodrigo Júdice, e à toda
equipe do Sanear.
No dia seguinte, 10/11, seguimos Rio
22
REVISTA DA SEE
Doce acima, até a represa de Mascarenhas, onde fomos muito bem
recebidos pelo gerente da Usina, o
engenheiro eletricista Daniel Bozzi,
que nos colocou a par de todos os
procedimentos planejados, inclusive
o desligamento das turbinas na noite
anterior e o aumento da vazão das
comportas, a fim deixar a represa
com o volume técnico mínimo para
que pudesse receber a água com os
resíduos da barragem, procedimento também adotado nas represas a
montante – Aimorés e Baguari em
Minas Gerais. Na primeira represa em
Minas, Candongas, não houve tempo
para este procedimento preparatório.
Dali, seguimos até a represa de
Aimorés, onde, visualmente não observamos nada de anormal. Comunicamos os fatos ao presidente Helder
que nos autorizou a retornar e fazer
um relato na Sessão Plenária à noite
do mesmo dia 10 e assim fizemos. No
relato para os Conselheiros, apresentamos fotos de vários pontos desde
Colatina-ES até Aimorés-MG e sugerimos 3 providências:
1ª) Que o Crea-ES publicasse uma
nota de solidariedade ao governador,
aos três prefeitos capixabas e à população dos municípios envolvidos;
2ª) Que o Crea-ES montasse uma
Comissão de Acompanhamento e Colaboração para a busca de soluções,
comissão esta que, posteriormente,
se uniu às comissões também criadas
pela OAB-ES e o Conselho Regional
de Biologia – CRBio, afim de unificar
e otimizar as ações;
3ª) Que o Conselho fizesse gestão
para que as autoridades providencias-
sem análises físico-químicas da água
do Rio Doce, coletadas antes da chegada da lama, durante a passagem
da mesma e após a sua passagem, e
divulgassem os resultados para que a
população tivesse parâmetros seguros para a tomada de decisões sobre
o consumo da água.
Registre-se que estávamos com a
razão pois, esta questão ainda não foi
bem resolvida até hoje, um mês após
o acidente.
Com tantos profissionais envolvidos, pode-se falar em perspectivas
positivas daqui em diante?
A perspectiva é de que essas comissões acompanhem atentamente a
evolução dos fatos, cujas prioridades
estabelecidas pelas autoridades é,
primeiramente, cuidar da população
atingida desde o distrito de Bento
Rodrigues em Minas Gerais até a foz
do Rio Doce em Regência, no Espírito
Santo. Num segundo momento é preciso que as Comissões fiquem atentas
para a questão da disponibilização
adequada e correta dos recursos materiais e financeiros, as ações judiciais
cabíveis, preferencialmente, de maneira que não asfixie e inviabilize a
Samarco, fatos que somente trarão
mais problemas.
Posteriormente, é preciso observar
e opinar efetivamente sobre a regularidade e a qualificação dos profissionais e empresas a serem contratadas
para a remediação e recuperação da
Bacia do Rio Doce de forma exemplar, honesta, ética e no menor tempo possível. Afinal de contas, justiça
tardia, é injustiça!
(reportagem Agnelo Neto)
Poesia
Tragédia de Mariana
Rompe-se a barragem,
Derrama a lama,
Descendo a montanha
Como minério incandescente
Que sai dos alto-fornos e fornalhas.
Uma avalanche de escorias e argilas,
Destrói tudo, quebra e arrasta
Toras, vegetais, animais, bens e gente.
Não escolhe vítimas, nem resistências,
Prédios, pontes, casas, igrejas e escolas,
Arrasta crianças, gestantes e idosos
E com eles destrói, junto, a história.
Povoados, vilas, estradas e caminhos.
Onde havia nascentes, rios e córregos,
Um mar de lama, galhos, destroços.
Desce veloz, montanha abaixo,
Matando tudo, esterilizando tudo,
Extinguindo a vida, por onde passa.
Levando junto a esperança, a sobrevivência
De pessoas e comunidades do entorno.
A empresa e os governos ficam imóveis.
E os planos de contingência?
Se existem, porque não os acionaram?
Se não existe, quem se omitiu?
Será que nunca pensaram,
Eng. Agrônomo Helder Paulo Carnielli
Presidente do Crea-ES
Em tudo que estava a jusante?
Cidades, pessoas, rios, monumentos,
Pastos, cultivos, criações, lagos
Peixes... ah, e o mar. A vida do mar.
Mar das povoações e do povo capixaba,
Antes que dos brasileiros.
Tingidas suas águas de vermelho.
Não bastaram nos tirar do Rio Doce
A vida, a aura, o cheiro e o romance.
Querem nos tomar o mar. Matar o mar.
Turvar a Água, destruir a flora e a fauna.
Tudo o que é da essência capixaba.
Mas da tragédia, como fênix na mitologia,
Os capixabas farão ressurgir das cinzas,
Um novo Rio Doce, e um novo Mar.
Nunca como o originário, é verdade,
Até porque já vinham claudicantes,
Por histórico uso irregular.
Seguramente com muito esforço,
E com o duro aprendizado da tragédia,
Vamos fazer um mutirão permanente,
Governos, organizações civis e população,
Para deixar aos nossos filhos e netos.
O legado de uma história de superação.
Eng. Agrônomo Wolmar Roque Loss
Superintendente do Crea-ES
Artigo
Sistemas de Irrigação
e suas características
Eng. Agrônomo Geraldo Antonio Ferreguetti
Presidente da SEEA
Segundo dados da ANA (Agencia Nacional das Águas) de 2010, no relatório
de conjuntura de recursos hídricos,
61% da água disponível para a população são hoje utilizados na Agricultura.
Sendo os outros 12% na indústria e 27%
pelo consumo humano.
Devido à publicação desta informação de forma isolada, o uso da irrigação na produção agrícola tem sofrido
sérias críticas ultimamente, sendo
considerada uma das responsáveis
pelo problema de escassez de água e
de energia no país, imputando a esta
como vilã do desperdício de água.
As críticas sobre o uso desta técnica
baseadas simplesmente nos aspectos
mencionados, não tomando em consideração a importância da irrigação
para a produção de alimentos e, portanto, para a economia agrícola brasileira devem ser consideradas improcedentes ou irracionais.
Um dos aspectos não observados
nesses números é sobre o uso consuntivo da água pelos sistemas de irrigação. Todos se lembram da celebre
frase de Lavoisier que diz “ na natureza nada se perde e nada se cria, tudo
se transforma”, isto quer dizer que a
água que usamos hoje é a mesma que
os dinossauros usaram para se refres-
24
REVISTA DA SEE
car no passado. Pois assim funciona
o “ciclo da água”, matéria do ensino
fundamental, em que os alunos aprendem que a água apenas muda de estado - sólido, líquido e gasoso, mantendo a mesma quantidade existente no
planeta Terra.
Neste aspecto deve ser observado
que a Agricultura usa a água que passa
pelo sistema de produção, uma diminuta parte é usada pelas plantas em
seus processos bioquímicos e o restante retorna ao sistema em forma de
água, novamente disponível para ser
usada pela população. Mesmo onde
se adota técnicas de fertirrigação
usada de maneira racional, a água ao
passar pelo solo sofre um processo de
filtragem e retorna ao lençol sem qualquer contaminação.
Mas os 39% usados pela indústria e
pela população retornam em sua grande maioria sobre a forma de esgotos
ou contaminadas com resíduos tóxicos impossíveis de serem removidos a
ponto de permitir a reutilização desta
água pela população.
Esses aspectos a população precisa
entender evitando, assim, consequências que podem advir se o radicalismo
de uma única visão prevalecer, principalmente na visão dos planejadores e
legisladores capixabas.
Tecnicamente podemos afirmar que
dentre os recursos tecnológicos disponíveis, a técnica de irrigação, sempre que utilizada de forma racional,
tanto nos aspectos técnicos quanto
econômicos, pode contribuir de forma
importante para o eficiente desempenho da agricultura capixaba, garantindo a produção e a redução dos riscos
na produção de alimentos para a população.
Por entendermos a importância da
irrigação no cenário socioeconômico
do agronegócio estadual, e que o seu
fortalecimento pode contribuir indubitavelmente para que a Agricultura
participe mais efetivamente para o desenvolvimento do país, considera-se
imprescindível discutir alguns elementos essenciais em defesa da irrigação
e os principais benefícios originados
pela sua adoção.
Neste contexto, o presente documento tem o objetivo de, a partir de
informações técnicas, econômicas e
sociais, apresentar um panorama real
acerca do uso e da importância da irrigação para o agronegócio capixaba.
Os tópicos que discutiremos são os
seguintes:
•
Eficiência do uso da água pe-
los diferentes sistemas de irrigação;
•
Adaptabilidade agronômica
dos diferentes sistemas;
•
Sugestões de ações para minimizar os efeitos do déficit hídrico;
Eficiência do uso da água pelos
diferentes sistemas de irrigação
Os diferentes sistemas de irrigação
largamente utilizados atualmente pelos produtores capixabas são: aspersão convencional, aspersão via pivô
central, microaspersão e gotejamento.
A avaliação técnica dos diferentes
sistemas aponta os seguintes resultados:
Adaptabilidade agronômica dos
diferentes sistemas
Alem da eficiência do uso da água
devemos analisar a adaptação do sistema de irrigação às necessidades de
cultura, aos investimentos necessários
para sua implantação.
Apresentamos abaixo em forma
de tópicos todas as considerações
agronômicas a serem observadas na
seleção do sistema de irrigação a ser
adotado:
- Culturas como feijão, milho, hortaliças, pastagens, entre outras de
uma maneira geral cuja quantidade de
plantas/há é bastante elevada (acima
de 35.000 plantas) não apresentam
viabilidade econômica de serem irrigadas via gotejamento e tem o uso da
microaspersão inviabilizado pelo efeito guarda chuva que a presença das
plantas exerce no campo;
Sistemas de Irrigação
PAM (**)
- O uso de cultura intercalar (milho,
feijão, cucurbitáceas, mandioca etc)
em consórcio com lavouras perenes
no período de formação da lavoura,
prática muito comum entre agricultores de nosso Estado, é inviabilizado
pelo uso de irrigação localizada;
- O plantio de banana, que tem em
seu perfilhamento a continuidade da
lavoura, requer o uso de irrigação com
PAM – Porcentagem de Área Molhada
igual a 100%;
- O sistema de irrigação do tipo Pivô
Central pode ser intercambiado em
ate 03 áreas de mesmas características com investimentos em apenas 01
(um) equipamento de irrigação e bombeamento.
- Custos médios de investimentos
necessários para implantação dos diferentes sistemas de irrigação:
- Aspersão convencional - de R$
2.570,00 a R$ 4.500,00/ha
- Pivô Central – de R$ 4.500,00 a R$
6.000,00/ha
- Microaspersão – de R$ 6.500,00 a
R$ 8.000,00/ha
- Gotejamento – de R$ 7.000,00 a
8.000,00/há
Sugestões de ações para minimizar
os efeitos do déficit hídrico
Considerando a importância fundamental da água para a sobrevivência
da espécie humana, algumas medidas
precisam ser adotadas pelos poderes
públicos estadual e municipal, sindicatos de produtores e empresas voltadas para o setor de irrigação, tais
como:
Eficiência (***) Consumo de água -l/s/há
- Implementar maior oferta de infraestrutura hídrica, como armazenamento e redistribuição dos recursos
hídricos.
- Elaboração de um cadastro de todos os sistemas de irrigação no Estado. Este cadastramento seria efetuado
por microbacias hidrográficas e seriam
levantadas as seguintes informações:
Sistema de irrigação utilizado;
Cultura: (se perene, idade);
Área irrigada;
Conjunto motobomba - modelo,
marca, vazão e potência do motor elétrico;
Coordenadas UTM do ponto de captação;
Outorgado ou não;
- Elaboração de um cadastro de barragens existentes nos córregos/rios
levantados. As informações a serem
levantadas já constam no trabalho de
cadastramento que o IDAF/AGERH
está realizando em todos os barramentos existentes no Estado.
- Treinamentos de usuários, técnicos
elaboradores de projetos e responsáveis pela fiscalização, onde sugerimos
alguns temas:
- Técnicas de manejo de irrigação;
- Calculo dos coeficientes de uniformidade dos projetos;
- Técnicas de elaboração de projetos;
- Manejo do sistema de irrigação visando evitar o entupimento de gotejadores
- Elaboração de balanço hídrico, e
muitos outros que, com certeza, surgirão.
Relação (%)
Aspersão Convencional
100%
77.00%
1.92
100.00%
Pivô Central com Pendural
100%
91.46%
1.75
91.15%
Micoraspersão
100%
89.00%
1.45
75.52%
Gotejamento (*)
100%
95.00%
0.99
51.56%
(*) PAM medida em lavoura de café de 05 anos;
(**) Porcentagem de área molhada;
(***) Referencias de Eficiência:
Autores
Aspersão Convencional
SALASSIER, MANTOVANI., 2006
Pivô Central com Pendural
ZOCOLER et all.,2012
Micoraspersão
NETAFIM
Gotejamento
NETAFIM
REVISTA DA SEE
25
Artigo
Silvicultura capixaba e meio ambiente
Eng. Agrônomo, MSc. Genética e Melhoramento de Plantas
Pedro Arlindo Oliveira Galvêas
Pesquisador EMBRAPA / INCAPER - ES e Coordenador Projetos Silvicultura
O Estado do Espírito Santo é coberto em 100% do seu território pelo
Bioma da Mata Atlântica. Até o inicio
do século XX, a colonização das terras deu-se no litoral, enquanto que
as Regiões Norte e Centro Serrana
eram um imenso maciço florestal desconhecido. A ocupação deste espaço
territorial rural no Estado foi, historicamente, predatória dos recursos
florestais, caracterizando-se pelo desmatamento das áreas para implantação da cafeicultura e da pastagem.
A Região Norte, poupada da devastação no início da colonização, foi
ocupada a partir da construção da
ponte sobre o Rio Doce, em 1928 no
município de Colatina, permitindo o
acesso às áreas com densa floresta
de tabuleiro existente naquela região.
Essa região por um longo tempo foi
responsável pela exportação de madeiras nativas, cuja contribuição para
a geração de empregos e renda do Estado, era uma das mais importantes.
Com a redução da oferta de madeira em tora devido à exaustão dos recursos oriundos das florestas nativas,
a indústria madeireira deslocou-se
gradativamente do Estado do Espírito Santo para o Sul da Bahia e Região
Norte do Brasil. Como resultado deste processo, extensas áreas foram degradadas, abandonadas e posteriormente manejadas pelo uso do fogo,
para pastagens.
No entanto, o potencial florestal
do uso dessas áreas sempre se man-
26
REVISTA DA SEE
teve. Assim, a partir do final dos anos
sessenta do século XX, aproveitando-se da Lei de Incentivo Fiscal, iniciou-se o plantio de extensas áreas com
florestas de rápido crescimento, cujo
objetivo inicial era de produzir carvão
vegetal para produção de ferro gusa
e cavaco de madeira para exportação.
O estabelecimento de áreas de florestas plantadas fez com que o Estado
atendesse a sua demanda interna de
madeira, e também desse suporte às
indústrias exportadoras de produtos
de base florestal.
Hoje, o setor florestal capixaba, representa um importante instrumento
na alavancagem do desenvolvimento
social, econômico e ambiental, com
geração de empregos de qualidade,
distribuição de renda, proteção e recomposição do meio ambiente.
A produção de madeira de florestas
de rápido crescimento de pinus e eucalipto, se transformou no principal
agente de suprimento de matéria-prima para as propriedades rurais e
a sociedade urbana. Esta é largamente empregada para fornecimento de
energia, construções rural e urbana,
movelaria, cercas, postes e tutoramento de plantas contribuindo, desta
forma, para acabar com a pressão sobre as florestas nativas.
Com tudo isso o setor florestal capixaba é hoje constituído por um patrimônio florestal, remanescente do
Bioma Mata Atlântica, com cerca de
760 mil hectares ou 16,5 % da área es-
tadual) e por plantios de eucalipto e
pinus, que juntos somam outros 250
mil hectares de florestas de rápido
crescimento, sendo 30% livres para
qualquer uso, e pela base industrial,
representada pelos setores de serrarias (caixotaria, artefatos de uso na
construção civil, palets, cercamento
e moveleiro); indústria de celulose e,
ainda empresas produtoras de carvão
e lenha para consumo na indústria
de cerâmica, siderurgia, alimentação
e bebida. Na órbita do setor, encontra-se o segmento de prestação de
serviços e fornecimento de matérias-primas utilizadas nos processos florestais.
Este cenário positivo é focado pelo
“Programa de Extensão Florestal”,
que é praticado há mais de 30 anos
pela SEAG-ES/INCAPER, em parceria
com a FIBRIA e já fez distribuir mais
de 70 milhões de mudas de eucalipto
e 2 milhões de mudas de espécies nativas, sendo este o principal programa
ambiental/econômico, de proteção
ao meio ambiente desenvolvido no
estado do Espírito Santo. Acredita-se assim, que somente a partir do
momento em que as propriedades
agrícolas obtiveram uma alternativa
de produção de matéria prima florestal, foi possível diminuir e reverter o
quadro de desmatamento indiscriminado, para um cenário hoje positivo,
e ofertar produtos florestais e proteger os remanescentes da Floresta da
Mata Atlântica Capixaba.
REVISTA DA SEE
27
Artigo
Ser Pequeno Forte,
o desafio
Eng. Civil José Antonio do Amaral Filho
Diretor de Apoio a Engenharia Civil - SEE
Conselheiro Efetivo, Diretor Administrativo - Crea-ES
Até então o nosso querido Estado
do Espírito Santo desfruta por abrigar
as grandes corporações produtivas.
Desnecessário afirmar que esse status é extremamente importante ao
nosso desenvolvimento. Entretanto,
é necessário avanço, rumo a um futuro sustentado com base na vocação
e potencialidade da nossa economia,
na produção que gere emprego e distribuição de renda com independência.
É preciso acreditar e caminhar para
se firmar como pequeno grande Estado. Nessa visão, por indução de
lógica, como sistema matriz do conhecimento científico e tecnológico,
propulsor do crescimento, consubstanciado na definição consagrada
de que as profissões sob registro no
nosso Crea guardam responsabilidades, de forma constante, permanente e consequente tendo a missão de
transformar os recursos da natureza
em beneficios para a humanidade.
Logo, pressuposto intrínseco de ativação de um projeto exitoso.
Uma decisão a ser tomada, através
das entidades de classe, que são os
braços políticos do nosso Sistema.
Urge iniciar um movimento de substância, não por filantropia para com
28
REVISTA DA SEE
a sociedade, mas por ser da nossa
essência profissional. Nesse sentido
estar associado ao nosso Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia
- CREA, no apoio à criação de ambiente organizado de trabalho, através
dos quais está a parceira com a sociedade organizada, representante das
diversas cadeias produtivas e a da
formação, para juntos, associados de
forma solidária e interativa, influam,
contribuam na formatação de instrumentos e condições transformado-
ras voltadas ao desenvolvimento de
criação e a inovação em que atuam
nossos profissionais. Sob a forma
institucionalizada de um INSTITUTO,
questões poderiam ser equacionadas
com soluções e encaminhamentos
para diversas áreas de nossa economia.
Ser Pequeno Forte.
Ai está o desafio e pauta - a nós
profissionais, ao Colégio de Entidades
com ênfase à nossa SEE.
REVISTA DA SEE
29
Artigo
Pela valorização profissional
no setor público
Eng. Eletricista Ary Medina Sobrinho
Presidente do Senge-ES
A adesão dos órgãos públicos capixabas às normativas que pautam
direitos da categoria é uma conquista
para engenheiros, engenheiras e toda
a sociedade
O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Espírito Santo (Senge-ES) se
mobiliza junto ao Movimento de Valorização Profissional dos Profissionais
Tecnológicos Públicos e entidades de
classe no intuito de garantir direitos
constituídos da categoria no exercício
da profissão no setor público. O objetivo vai além de uma justa remuneração. Sobretudo trata-se de pleitear
condições de trabalho que permitam
oferecer um serviço de qualidade
para toda a população do Espírito
Santo. Ou seja, melhorar o funcionamento das cidades.
Nossa defesa inclui a efetivação do
Concurso Público para cargo de engenheiros e afins em todos os órgãos da
administração pública (direta e indireta), empresas públicas e de economia
mista, bem como a correta remuneração dos profissionais (Lei 4.950-A/
1966) e a fiscalização do exercício
ilegal de tais profissões. Tais medidas
são amparadas nas legislações federais regulamentadoras, resoluções
do Confea e no Termo de Cooperação
30
REVISTA DA SEE
Técnica (nº. 4.471/2012) firmado entre
o Crea-ES e o Tribunal de Contas do
Estado Espírito Santo (TC-ES).
Trabalhamos pela criação de uma
“Força Tarefa Fiscal” dos Conselhos
Profissionais e dos Órgãos de Controle Externo (Ministérios Públicos e Tribunais de Contas). O objetivo é que,
caso necessário, sejam notificados
órgãos públicos capixabas prestadores, direta e indiretamente, de obras
e serviços de agronomia, engenharia
e congêneres exigindo seus registros
imediatos, por exemplo, no Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia
do Espírito Santo (Crea-ES).
Tais órgãos não são registrados no
Conselho. A efetivação desse vínculo
permitirá que a realidade desses agrônomos, engenheiros (todas as modalidades), geógrafos, geólogos, meteorologistas, tecnólogos e técnicos de
nível médio seja pautada pelas normativas de qualidade e segurança que o
sistema Crea/Confea possui para as
atividades e obras que fazem parte
do dia a dia das pessoas. A luta passa
por fazer com que, por exemplo, uma
obra pública tenha a garantia de que
um profissional regularmente apto a
projetá-la e construí-la esteve envolvido no planejamento, fiscalização e
execução do serviço. Um passo importante tanto para a categoria profissional, quanto para toda sociedade.
A realidade é que diversos órgãos
públicos que exercem atividades na
área da Engenharia e Agronomia têm
que registrar-se no Crea-ES, conforme
os artigos 59 e 60 da Lei 5194/66 e da
Resolução 336/89 do Confea. Porém,
isto não vem ocorrendo. Além disso,
existem os leigos que exercem estas
atividades profissionais, descumprindo o artigo 76 da Lei 5194/66. Tal coisa
se caracteriza como exercício ilegal
dessas profissões, causando um enorme prejuízo aos profissionais legalmente habilitados, bem como para a
população.
Melhorar a qualidade dos serviços
tecnológicos públicos ofertados à
sociedade também implica em fortalecer as condições de trabalho de tais
servidores, incluindo a elevação dos
salários dos profissionais até valores
previstos legalmente (Lei Federal n°
4.950-A/1966). O intuito não é apenas
elevar a remuneração dos servidores
aos patamares hoje praticados no
mercado privado. Sobretudo, trata-se
de pleitear condições de trabalho que
permitam oferecer um serviço de qualidade para a população.
Artigo
A engenharia de olho no Sol
Eng. Eletricista Rogério do Nascimento Ramos
Secretário-Geral do Senge-ES
O aumento da conta de luz em
28,7% no Espírito Santo desde o começo do ano tem feito muita gente
olhar diferente para a possibilidade
de produzir energia no telhado de
casa. Trata-se de uma oportunidade
para toda a sociedade, o meio-ambiente e também para a engenharia
Os atores do mundo do trabalho
devem estar inseridos em seu tempo. O Sindicato dos Engenheiros do
Espírito Santo (Senge-ES) trabalha
para acompanhar e antecipar para
onde a engenharia vai. Tal decisão
aproxima as ações sindicais das tecnologias renováveis e de ações que
promovam a renovação de ideias e
quadros. O aumento da conta de luz
em 28,7% no Espírito Santo desde o
começo do ano tem feito muita gente olhar diferente para possibilidade
de produzir energia no telhado de
casa. Trata-se de uma oportunidade
para toda a sociedade, e também
para a engenharia. Se os capixabas
andam olhando diferente para a
conta de luz, os engenheiros deveriam fazer o mesmo com as possibilidades que o sol trouxe para a profissão.
Não por acaso, o curso de Projetista de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede realizado pelo Senge-
32
REVISTA DA SEE
-ES em parceria com o Conselho
Regional de Agronomia e Engenharia do Espírito Santo (Crea-ES) teve
adesão maciça de profissionais e
estudantes entre 18 e 20 de agosto.
A programação incluiu visita técnica
ao primeiro sistema de microgeração distribuída no Estado. O conteúdo foi ministrado por especialista
internacional na área e certificado
pela empresa que projetou e instalou o primeiro sistema fotovoltaico
conectado na rede do Brasil, o consultor em eficiência energética Hans
Rauschmayer.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estima que ate 2024 os
telhados brasileiros podem produzir
mais energia que as usinas de Angra
1 e 2 juntas. A energia atualmente
gerada pelas termelétricas brasileiras pode ser substituída pela energia solar em apenas três anos. Foi
justamente isso que fez a Alemanha
na década passada. O ponto é que,
frente ao atual dilema de escassez
de água, a energia solar distribuída
ganhou status de solução. Pesquisa
do Datafolha divulgada em maio de
2015 corrobora a ascensão da energia fotovoltaica. Segundo o levantamento, 62% dos entrevistados estão
dispostos a instalar um sistema de
microgeração de energia solar em
casa – equipamentos conhecidos
por 74% da amostra.
Os recentes aumentos de tarifas
de energia, de 29% médios no Sudeste / Centro-Oeste, chegando a
40% para algumas concessionárias,
devem impulsionar ainda mais a
procura dos brasileiros por alternativas como a instalação de painéis
fotovoltaicos em suas residências.
Não por acaso a redução nas despesas com eletricidade foi o principal
benefício enumerado por 82% entrevistados pelo Datafolha, que ouviu
2.100 pessoas em todas as regiões
do país. A pesquisa foi encomendada pelo Observatório do Clima e
pelo Greenpeace Brasil.
No Estado já existem linhas de
crédito disponíveis para quem quiser produzir energia em casa. O Banco de Desenvolvimento do Espírito
Santo (Bandes) acaba de abrir essa
possibilidade em sua carteira de financiamento. Porém, o marco legal
de desoneração de ICMS para quem
produz a própria energia ainda não é
realidade por aqui. As entidades da
área tecnológica começam a se organizar para que essa mudança seja
feita. Na Região Sudeste, apenas o
Espírito Santo não deu esse passo.
REVISTA DA SEE
33
Artigo
Construções alternativas
Eng. Civil Rogério Dias Queiroz Manga
O PVC deriva do petróleo (etileno
a 43%) e do sal comum (cloreto de
sódio a 57%) e é obtido pela técnica
de polimerização. É um material de
fácil aplicação, resistente, inerte,
não tóxico, auto-extinguível, impermeável, isolante térmico, elétrico e
acústico. É resistente à intempéries,
à salinidade e totalmente reciclável.
Suas propriedades físicas e mecânicas ultrapassam a dos materiais de
construção tradicionais proporcionando uma relação custo benefício
superior.
O composto de PVC utilizado para
os perfis da Royal resulta em um
polímero com características únicas,
uma vez que possui modificadores,
tais como: acrílico; ceras; lubrificantes; protetor de raios ultravioleta e
supressores de fumaça e chama.
Integralmente desenvolvido para a
construção de obras de arquitetura e
engenharia, o sistema trabalha com
painéis modulares de duplo encaixe,
que são montados verticalmente na
obra e agrega todos os perfis para a
montagem de paredes, tetos, marcos
e pré-marcos de janelas, condutores
elétricos, rodapés, molduras e acessórios de acabamento.
Estes perfis podem ser preenchidos com os mais diversos materiais,
outorgando assim uma grande resistência térmica, acústica e mecânica
34
REVISTA DA SEE
adaptável a todos os tipos de projetos. As paredes, tanto na face interna
como na externa, a priori não necessitam de revestimentos, pinturas ou
tratamentos. Ainda assim, aceitam
pinturas e revestimentos tais como:
azulejos, cerâmicas, papéis de parede
etc. O sistema proporciona também
maior facilidade na execução das instalações elétricas e hidrossanitárias.
Em projetos com painéis de 64mm
de espessura, pode suportar até 2
pavimentos, com o uso de concreto
estrutural e sem a necessidade de
estrutura resistente independente
(para número maior de pavimentos
pode-se aplicar os perfis de 100mm
ou 150mm). As lajes podem ser executadas em qualquer um dos sistemas convencionais.
Para mais informações acessar o
site www.ms-es.com.br ou entrar em
contato com o Eng. Civil Sr. Rogério
Manga – 27 99741-2928
Artigo
Inovação e sustentabilidade
com critérios agronômicos
Eng. Agrônomo e DSc. Solos e Nutrição de Plantas
Aureliano Nogueira Da Costa
Pesquisador do Incaper
Eng. Agrônoma e DSc. Fitotecnia
Adelaide de F. S. Da costa
Pesquisadora do Incaper
A inovação e a sustentabilidade são
os novos paradigmas para a promoção do desenvolvimento harmônico e
equilibrado no meio rural com a inserção do conhecimento para a exploração adequada dos recursos naturais,
do capital social e econômico.
As boas práticas para produção
agrícola sustentável passam, invariavelmente, pelos avanços na geração
de tecnologias e sua disponibilização, permitindo ao usuário o acesso
e apropriação dos resultados das pesquisas.
Os critérios estabelecidos para o
uso e disposição de lodo de esgoto na
agricultura e a definição de indicadores de qualidade de solos no Espírito
Santo são exemplos de pesquisas direcionadas para alavancar o desenvolvimento com foco na integração
do crescimento econômico, equidade
social e preservação dos recursos naturais.
O conhecimento agronômico é fundamental para atender à crescente
demanda por alimentos saudáveis
advinda do crescimento populacional.
A exploração dos recursos naturais
é outro fator de grande importância
pelos riscos que a geração de resíduos e sua disposição incorreta podem
exercer na contaminação do solo e da
água. Essa complexidade de fatores
destaca o papel do engenheiro agrônomo e sua participação como protagonista nas tomadas de decisões para
redução dos passivos ambientais.
As pesquisas realizadas no Estado
do Espírito Santo com o reuso de resíduo sólido oriundo do processo de
tratamento de esgoto e sua aplicação
como fonte de matéria orgânica e nutrientes no cultivo de abacaxi, banana,
café, cana-de-açúcar, goiaba, mamão,
milho, açaí, eucalipto, palmeira real
e seringueira foram inéditas pela sua
realização em campo e pela identificação da quantidade a ser recomendada
em função do tipo de solo e sua capacidade de suporte e das exigências da
culturas de forma sustentável.
Seguindo o mesmo conceito foi realizada uma pesquisa de campo para
identificar os valores de referência de
qualidade de solos para fins de identificação de contaminação no Espírito
Santo, pesquisa essa que atende, de
forma inédita, a uma demanda prioritária da área ambiental. Para tanto,
o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) reuniu uma equipe de profissionais qualificados para estabelecer
os valores orientadores de qualidade
de solos para a Bacia Hidrográfica de
Santa Maria da Vitória, os quais podem servir de referência enquanto o
trabalho não se estender a outras bacias hidrográficas do Estado. Os resultados estão disponibilizados no livro
Valores Orientadores de Qualidade de
Solos no Espírito Santo.
Esses trabalhos foram coordenados
pelos autores do presente artigo, que
sempre desenvolveram pesquisas
voltadas para a ampliação dos conhecimentos agronômicos, com grande
preocupação na interdisciplinaridade
exigida quando o foco é sustentabilidade.
REVISTA DA SEE
35
Artigo
Impactos do Código Florestal
no Rural Capixaba
Eng. Agrônomo Gilmar Gusmão Dadalto
Pesquisador do Incaper e Coordenador Técnico do Cedagro
Eng. Agrônomo Murilo Pedroni
Assessor da Faes e Diretor Executivo do Cedagro
Eng. Agrônomo Enio Bergoli da Costa
Extensionista do Incaper e Coordenador de Política Agrícola da SEEA
No Estado do Espírito Santo, todas
as 133 mil propriedades rurais deverão
se adequar ao Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651, de 25 de maio de
2012), inicialmente com a elaboração
do Cadastro Ambiental Rural (CAR),
com prazo até 05 de maio de 2016 e
em sequência, para as propriedades
rurais que apresentarem passivos ambientais identificados no CAR, os proprietários deverão aderir ao Programa
de Regularização Ambiental (PRA)
em até 01 ano, a partir de sua implantação. Quem não fizer esses procedimentos ficarão impedidos de vender
ou transferir os imóveis, de obter Licenciamento Ambiental e, até mesmo,
de ter acesso ao crédito rural.
A legislação tem inúmeros objetivos,
mas o principal é aumentar a cobertura florestal natural. Estudos recentes
demonstram que, no Espírito Santo,
a soma das florestas primárias com
aquelas em estágio médio e avançado
de regeneração natural, proibidas de
corte, aproxima-se a 16% da área estadual, ou seja 736,7 mil ha. Também
demonstram que o impacto da legislação florestal na ocupação de áreas rurais (área com obrigatoriedade de restauração em APP e RL) será de 6,4%, o
que equivale a um acréscimo de 294,7
mil ha na área atual. Desse percentual de acréscimo, 4,63% terão que ser
restaurados em área de preservação
36
REVISTA DA SEE
permanente (APP) e 1,77%, em área de
reserva legal (RL). Isso significa que no
prazo máximo de 20 anos chegaremos
a 22% de cobertura florestal nativa no
Espírito Santo, equivalente a 1 milhão
de ha, a partir do cumprimento da legislação.
Esse impacto ou acréscimo na cobertura florestal será bem diferenciada nas regiões capixabas. Por exemplo, a Central Serrana terá o menor
impacto, com cerca de 3%, e a região
Extremo Norte, o maior, com aproximadamente 12% de acréscimo de área
florestal natural. Somando-se a área
atual com a área que será acrescida, a
região Serrana terá cobertura florestal
nativa acima de 30%, com alguns municípios chegando a 40%, e a região
Norte deve alcançar o patamar de 15%.
A legislação vai além da cobertura
florestal pois trata também sobre estado de conservação das áreas agricultáveis. Essas áreas quando situadas
em APP’s só serão consolidadas se
não tiverem degradadas e nem sujeitas à erosão do solo que possam comprometer interesses coletivos, como
destruição de terras, assoreamento
de cursos de água, destruição de estradas e bens públicos, dentre outros.
Assim, abre-se um campo de oportunidades de trabalho para os profissionais do sistema Confea/Crea, uma vez
que a consolidação das áreas rurais
com fins agrícolas deverá ser feita por
meio de um Plano de Regularização
Ambiental (PRA), com necessidade de
elaboração e implantação de projetos
por profissionais habilitados
É importante destacar que na legislação consta a Cota de Reserva
Ambiental, que dá oportunidade para
aqueles produtores - que tenham
áreas florestais protegidas acima das
exigências legais de comercializar o
“excesso” com aqueles que necessitam recompor a Reserva Legal. Esse
novo ativo financeiro que pode ser negociado em todo o Estado, premia os
agricultores que conservaram remanescentes nativos e se constitui numa
opção para aqueles que precisam se
adequar à Lei e não querem “perder”
espaço de área produtiva. Cria-se um
novo mercado de florestas nativas.
No entanto, se por um lado a obrigatoriedade do cumprimento do Código Florestal nas propriedades rurais
traz uma série de benefícios para toda
a sociedade, como preservação da
biodiversidade, recuperação e preservação de recursos essenciais à vida,
como água e solo, por outro implica
em desembolso de novos custos para
os agricultores. Portanto, se o benefício é para todos, e não somente para
os agricultores, é justo que todos paguem essa conta e não só o produtor
rural.
REVISTA DA SEE
37
Especial
O uso de polímeros no asfalto
Militando em uma profissão onde
um dos grandes desafios é buscar soluções nas diversas áreas, construir, e
reinventar, um mundo em que se possa viver com qualidade e segurança, o
engenheiro civil Eudier Antonio da Silva Junior, consultor técnico da Consulpavi (empresa especializada em
Geotecnia e Consultoria de Pavimentos) e membro do The Pan American
Institute of Highways é um incansável
batalhador em busca das melhores
soluções para a sociedade.
Eudier, que é capixaba de Vila Velha,
esteve recentemente nos Estados
Unidos onde participou do Asphalt
School Miami, realizado pela Akzol
Nobel. Trata-se de uma organização
mundialmente respeitada na área da
engenharia, e que atua na fabricação
de ligantes asfálticos modificados
com polímeros.
O tema principal tratou de misturas
mornas e ligantes asfálticos com polímero em função das limitações dos
asfaltos convencionais. Outros temas
estiveram relacionados ao uso de ligantes asfálticos mais apropriados à
crescente demanda das solicitações
impostas pelo tráfego. Na ocasião,
também se debateu a busca pela conciliação de Técnica x Economia x Meio
Ambiente.
Segundo Eudier “Não se trata de
uma proposta particular, pois este
trabalho foi baseado em vários estudos de vários autores, onde estou
incluso, por ser um dos primeiros a
38
REVISTA DA SEE
usar ligante asfáltico com polímero
em obras aqui no Espírito Santo. No
Brasil, se usa em vários Estados, com
muita frequência. Mas, aqui no nosso
Estado, ainda está muito tímido. Nem
a obra do novo aeroporto utilizou-se
da técnica” - afirma o engenheiro.
A receptividade a essa proposta,
que tem importante contribuição de
Eudier foi muito positiva em níveis nacional e internacional. A técnica apresenta maiores flexibilidade e resistência à ação do tempo e das condições
do tráfego. Conheça mais sobre o trabalho de Eudier neste artigo técnico
elaborado por ele.
O incremento constante das solicitações impostas pelo tráfego, aliado à
necessidade de adoção de processos
de refino do petróleo que priorizem
a extração de derivados de maior valor agregado em função da evolução
dos volumes transportados em todo
o mundo, levando em consequência,
a uma limitação do desempenho oferecido pelos ligantes primários obtidos nas refinarias, levou nas últimas
décadas ao desenvolvimento dos
ligantes modificados, com ênfase especialmente aqueles com polímeros
do tipo SBS.
Esta necessidade de produção de
derivados mais leves e da utilização
de petróleos ou mistura de petróleos mais apropriados para a produção
desses derivados, em conjunto com
processos de refino mais severos;
implica que compostos polares pre-
sentes nos cimentos asfálticos de
petróleo (CAP), e que respondem pelas propriedades de adesão e coesão
dos asfaltos, sejam diminuídos na sua
composição.
A consequência é a disponibilização
de ligantes que apresentam fragilidade à ação da temperatura nos processos de produção da massa asfáltica e
também na resistência ao envelhecimento de longo prazo, quando estiver exposto às ações das intempéries
como sol, chuva, ar e radiações ultravioleta ao longo de sua vida de serviço. A evolução constante, porém, dos
volumes de cargas transportadas,
da tecnologia dos veículos de transporte, e das limitações dos materiais
disponíveis para a produção das misturas asfálticas, pede agora um maior
grau de detalhamento no momento
da seleção do ligante necessário para
cada situação.
Misturas produzidas com ligantes
convencionais não apresentam adequada resistência aos esforços oriundos do tráfego pesado, pois para
evitarmos a formação de trilhas de
roda necessitamos de um volume de
asfalto menor, o que nos leva as misturas de maior rigidez e consequentemente de menor resistência a fadiga.
Se buscarmos corrigir a condição de
flexibilidade da mistura, por sua vez,
com um maior conteúdo de asfalto,
sujeitamo-nos novamente aos problemas de deformação permanente.
Na análise dos problemas recen-
Comemorações
Homenagens marcam
1000ª Sessão Plenária e 55 anos do Crea-ES
Gratidão e reconhecimento marcaram a solenidade da 1000ª Plenária e
celebração dos 55 anos de instalação
do Crea no Espírito Santo, realizada
no dia 3 de junho, na sede do Clube
Ítalo, em Vitória. Em agradecimento
aos serviços prestados durante sua
história, o Conselho homenageou ex-presidentes e funcionários. Além dos
conselheiros e diretores, também
prestigiaram o evento representantes do Sistema Confea/Crea, do Governo do Estado e diversas autoridades políticas e empresariais.
Para o coordenador da Comissão de
55 anos, Eng. Civil José Antônio Amaral, os profissionais que ajudaram a
construir a história da Instituição não
poderiam deixar de ser homenageados. “Este foi um momento especial
para o Estado do Espírito Santo e por
isso não poderíamos deixar de reconhecer o trabalho dos profissionais
que ajudaram a construir este Conse-
lho. Todos fazem parte desta história”, disse.
Representando o Confea, a vice-presidente, Eng. Eletricista Ana
Constantina Sarmento, destacou e
parabenizou o Crea-ES pela atuação
e defesa dos interesses dos profissionais capixabas. “Temos um Conselho
atuante que atende aos anseios dos
profissionais e cumpre o seu papel
de fiscalizar o exercício profissional e
proteger a sociedade. Este é um momento ímpar para comemorar os resultados alcançados ao longo desses
55 anos de história construídos pelo
Conselho capixaba”, destaca.
As comemorações em alusão ao
aniversário de 55 anos do Conselho
continuarão até o final do ano nas
inspetorias. “Neste momento que o
Crea desenvolve ações de interiorização, vamos promover algumas atividades nas regionais para que os profissionais que vivem fora da Grande
Vitória também compartilhem desse
momento conosco”, adianta Amaral.
Exposição
Na noite do evento foi lançada a
exposição fotográfica “Crea em Imagens – 55 anos de história”, que retrata a história de 55 anos do Conselho
por meio dos registros de reuniões,
atividades de fiscalização, participação em eventos, entre outras. Além
disso, capas das 68 edições da Revista Tópicos, que completa 16 anos de
veiculação em dezembro deste ano,
foram projetadas em telas nos corredores do salão mostrando os principais assuntos debatidos pelo Crea
capixaba ao longo desses 15 anos.
Na solenidade aconteceu ainda o
descerramento da placa comemorativa em homenagem aos 55 anos da
Instituição e o lançamento oficial do
novo sistema de cadastramento de
ART.
REVISTA DA SEE
39A
Artigo
3ª Ponte de Vitória –
Monitoramento e Manutenção
Permanente
Eng. Civil, Doutor, Recuperação Engenharia
José Eduardo de Aguiar
A RODOSOL, empresa concessionária responsável pela 3ª Ponte de
Vitória, possui obrigação contratual
de monitorá-la durante todo o contrato, que tem duração de 25 anos
(dezembro de 1998 a dezembro de
2023). Para isto, foi desenvolvido
um plano permanente de inspeção,
monitoramento e manutenção preventiva e corretiva das suas estruturas que são de concreto e aço.
A RODOSOL desenvolveu seu plano de trabalho baseado nos estudos de previsão de vida útil das estruturas de concreto, metodologia
pioneira no Brasil, tornando-se uma
referência nacional neste tema.
Foto: Cacá Lima
O objetivo do trabalho é conhecer
a vida útil de cada elemento estrutural da Ponte, obtendo informações
necessárias para elaborar um planejamento de ações de curto, médio e
longo prazo, de forma a manter as
estruturas íntegras e duráveis por
um período mínimo de 100 anos,
que é a meta traçada pela RODOSOL.
São realizados inspeções e ensaios de forma sistemática em todos os elementos estruturais. Os
resultados obtidos são lançados em
um programa de previsão de vida
útil desenvolvido pela RODOSOL e
pela RECUPERAÇÃO ENGENHARIA,
consultoria contratada para este
fim.
O programa traça as curvas de envelhecimento do concreto, possibilitando antever o início do processo
corrosivo das barras de aço e programar manutenção preventiva e
corretiva, garantindo a durabilidade
das estruturas.
As inspeções e ensaios nas partes
mais altas da ponte são feitos utilizando “rappel”, onde técnicos conseguem acessar o topo dos pilares e
o tabuleiro da ponte. “Drones” também são utilizados para fotografar e
filmar as partes de mais difícil acesso, como os aparelhos de apoio.
Foto: Cacá Lima
As superfícies internas, conhecidas
como vigas-caixão ou caixão perdido, são também inspecionadas de
forma sistemática.
Vistorias nas fundações submersas também são feitas constantemente, por mergulhadores profissionais, que registram em filmes e
fotografias a situação dos tubulões
dentro do mar.
Para realizar os estudos de previsão de vida útil são necessários,
basicamente, dois tipos de ensaios:
caracterização e deterioração do
concreto.
Os ensaios de caracterização são
realizados com objetivo de conhecer e/ou confirmar as características
dos materiais da obra. Estes testes
são realizados uma única vez em
cada elemento estrutural, pois, em
geral, não se modificam com o tempo. Entre estes ensaios enquadram-se a espessura de cobrimento das
armaduras feita por pacômetro e a
compacidade do concreto feita por
ultrassom, que detecta também a
presença de fissuras e vazios.
Os ensaios de degradação são
realizados para avaliar o nível de
deterioração do concreto, gerando
informações que possibilitam traçar
as curvas de envelhecimento. Estes
ensaios são repetidos várias vezes
ao longo do período da concessão,
fazendo-se o acompanhamento da
evolução da deterioração de cada
elemento da Ponte.
Entre os ensaios de degradação
destacam-se a medição da profundidade de carbonatação e o teor de
cloretos incorporados ao concreto,
feitos em corpos-de-prova retirados
da estrutura.
É feito sistematicamente um monitoramento de todas as superfícies
externas e internas através de inspeção visual detalhada, que identifica as manifestações patológicas que
possam surgir. Todos os elementos
estruturais são fotografados e observados quanto à existência de
fissuras, destacamentos, sinais que
possam indicar corrosão das arma-
duras ou outras anomalias. Constatando algum problema, a equipe de
manutenção da RODOSOL realiza as
intervenções corretivas necessárias.
As informações obtidas formam
um banco de dados, permitindo
buscas rápidas e cruzamentos das
informações. Posteriormente, elas
são processadas e lançadas no programa de previsão de vida útil, desenvolvido com base em ensaios
acelerados de deterioração e em
experiências adquiridas ao longo
do próprio trabalho. Trata-se de
um estudo complexo, naturalmente probabilístico, necessitando de
um grande número de informações
e amostragem que seja bem representativa dos elementos analisados.
O programa gera curvas de envelhecimento com a previsão de vida
útil dos elementos investigados,
considerando-se que a vida útil termina no momento em que os agentes agressivos da atmosfera chegam
nas armaduras, iniciando, assim, o
processo corrosivo.
REVISTA DA SEE
39C
12 de outubro - Dia do Engenheiro Agrônomo
A Agricultura virou
a salvação da lavoura
Eng. Agrônomo Douglas Muniz Lyra
Diretor Geral da Mútua-ES
“Creio em mim mesmo e humildemente, mas com toda sinceridade,
ofereço-me para auxiliar os homens,
e as mulheres e as crianças do campo
a tornarem prósperas as suas terras,
confortáveis e belos os seus lares,
harmoniosos o ambiente da comunidade rural e assim, tornar útil a minha
própria vida. É por amor a todas estas
coisas e por crer em tudo isso que sou
agrônomo de campo”
(Trecho do decálogo Extensão agrícola, de Miguel Bechara, publicada
em 1945. Extraído de um relatório de
viagens de agrônomos portugueses).
Quando criança, escutei falar do
sacerdócio como dedicação a uma
Causa; como a mais sublime vocação!
Hoje entendo isto na prática!! Exercer
a missão de ser engenheiro Agrônomo requer vontade para vencer desafios. Creio que sempre foi assim!
Das origens da profissão aos tempos
atuais!
Tudo começou pela mais nobre das
atividades: plantar, criar!
Desde que o homem abandonou
sua vida nômade, procurou domesticar os animais e desenvolver os cultivos, passou a enfrentar e compreender a natureza! Chuva, sol, noite,
terra, frio, calor! Dizem que o agricultor é o homem que fala com Deus;
porque cotidianamente dialoga com
39D
REVISTA DA SEE
o tempo e o ambiente! Eis a origem
da agronomia!
Nesses últimos 40 anos, a expansão
da produção agropecuária ocorreu a
taxas mais elevadas do que o aumento nas taxas de consumo (doméstico
e internacional). Isso determinou a
queda acentuada nos preços de alimentos ao consumidor brasileiro nas
últimas quatro décadas.
Em 2013, o consumidor pagou pela
cesta básica cerca de metade do valor, em preços reais, que pagava na
década de 1970.
A elevação da renda agropecuária
contribui para o aumento de renda de
outros setores da economia.
Foi demonstrado que, em âmbito estadual, cada 1% do aumento da
renda agropecuária correspondeu a
0,93% do crescimento da renda não
agropecuária.
Em âmbito municipal, o efeito foi
maior, com a elevação de 1,07% na
renda não agropecuária para cada
unidade percentual de aumento da
renda agropecuária.
Como a forte associação entre o nível de renda agropecuária e o índice
de condição de vida, o crescimento
da agropecuária contribui positivamente para a inclusão social.
A agricultura virou salvação da lavoura e o responsável pelo atual estágio são esses abnegados brasileiros
e brasileiras Engenheiros (as) Agrônomas que com todas adversidades
(estruturais, salariais, falta de reconhecimento) levam em frente tão nobre Causa.
A frase do escritor português José
Saramago, traduz o caráter dessa
bela profissão quando afirma: “Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos, sem
memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos
existir”.
Que Deus abençoe os Engenheiros
e Engenheiras Agrônomos!
tes apresentados precocemente
por misturas asfálticas submetidas
a condições de solicitação severas,
constataram-se problemas devido à
alta sensibilidade à variação de temperatura, ao envelhecimento precoce
da massa asfáltica durante a usinagem, envelhecimento acelerado após
a execução em função da exposição
às radiações ultravioleta, questões
relacionadas ao tráfego e à utilização de revestimentos mais delgados
e combinados com granulometrias
contínuas; e todas essas ocorrências
agravadas pela piora na qualidade
dos agregados e pelas limitações de
performance dos ligantes primários.
O asfalto é um bom aglutinante,
não exige equipamentos de alta tecnologia para sua aplicação, tem custo
competitivo frente a outras técnicas
de pavimentação, mas como todo
material de construção apresenta
limitações de desempenho quando
utilizado na produção de concretos
asfálticos, tais como:
•Possibilidade de desagregação
por problemas de adesividade;
•Diminuição da resistência mecânica quando submetido a altas deflexões;
•Apresenta elevada rigidez em baixas temperaturas;
•Amolece e pode fluir em temperaturas ao redor de 50°C;
•É susceptível ao envelhecimento
precoce por oxidação.
Ligantes Modificados
A utilização de asfaltos modificados em pavimentação, possui um
histórico consolidado em termos de
pesquisa e utilização em obras onde
as condições de solicitação são severas. Na Europa e nos Estados Unidos
as aplicações ganharam vulto principalmente a partir da década de 90.
As razões que justificam a modificação dos asfaltos podem ser resumidas no seguinte:
•Seleção do asfalto convencional
ou modificado por polímeros em função do clima, volume e velocidade do
tráfego;
•Adequação às temperaturas do
pavimento;
•Avaliação das propriedades do
asfalto em relação à resistência a deformações em altas temperaturas,
trincamentos por fadiga e por baixas
temperaturas;
•Avaliação das propriedades ligadas a durabilidade (resistência ao
envelhecimento de curto e longo prazo).
As especificações do Superpave
para ligantes asfálticos usaram vários
testes de performance em múltiplas
temperaturas para sua caracterização. Seu comportamento por esses
testes, tem sido validado em numerosos estudos. A questão é que não determinam adequadamente o quanto
o tipo e grau de modificação afetam
sua performance. Em função disso,
vários (DOT´s ) - Órgãos Rodoviários
Estaduais dos Estados Unidos, estão
incluindo testes adicionais sobre os
ligantes. Estes testes ainda não estão perfeitamente relacionados com
sua performance, mas tem suficiente
sensibilidade para identificar tipos
particulares de modificadores. Como
exemplo, vários DOT´s tem adicionado testes de recuperação elástica
para assegurar-se de estar adquirindo um ligante modificado por SBS por
exemplo (Roque, 2005).
No Brasil os primeiros trechos experimentais com a utilização de ligantes modificados remontam ao final
da década de 80 e início da década
de 90. Sua utilização sistemática deu-se alguns anos mais tarde sobretudo
nas concessões rodoviárias que permitiram um incremento significativo
na sua produção e utilização e a aquisição com isso, de um “know-how”
compatível com as características e
necessidades das Rodovias do Brasil.
Em 1998 o IPR (Instituto de Pes-
quisas Rodoviárias) do DNER (Departamento de Estradas de Rodagem)
apresentou a “Pesquisa de Asfalto
Modificado por Polímeros” fruto de
um amplo estudo das características
desses ligantes. Com o aumento do
consumo desses materiais em obras
viárias, a Comissão de Asfalto do IBP
(Instituto Brasileiro de Petróleo e
Gás) constituiu um grupo de trabalho para criar uma especificação mais
abrangente, possibilitando a disseminação de seu uso dentro de critérios
e características que atendessem diversos níveis de performance, e atendendo aos requisitos propostos por
esta especificação do IBP constando
da tabela 1.
Percebe-se, assim, que em que
pese todo o desenvolvimento na área
de ligantes asfálticos acumulado até
aqui, os fatores críticos para o desempenho dos revestimentos asfálticos
continuam se transformando, pois o
tráfego é um fator que não se pode
limitar; o mesmo se aplica às condições de meio ambiente com relação
às temperaturas que atuam sobre o
revestimento asfáltico e as precipitações pluviométricas. A química do asfalto é extremamente complexa e a
produção de ligantes com características mais adequadas a cada tipo de
solicitação, impõe necessariamente a
um aprofundamento das análises referente ao equilíbrio dos grupos químicos constituintes desses ligantes,
para que haja uma perfeita determinação da formulação que proporcionará os requisitos necessários para a
obtenção da performance desejada
para a mistura asfáltica.
No desenvolvimento de um asfalto modificado busca-se uma boa
distribuição do peso molecular para
que tenhamos um comportamento
homogêneo e coesivo sob amplas
faixas de temperaturas e condições
de carga. É este equilíbrio nas frações
químicas que irá assegurar uma boa
distribuição entre os grupos maltê-
REVISTA DA SEE
43
Tabela 1. Especificação de Cimento Asfáltico Modificado por Polímero DNIT 1998
Grau (Pto de amolecimento mínimo e
Método
Recuperação Elástica mínima)
ABNT - NBR 50/65 55/75 60/85
Ensaios na amostra virgem:
Penetração 25ºC, 5s, 100g, dmm
Ponto de amolecimento mín. ºC
Ponto de Fulgor, mín. ºC
Visc. Brook. a 135ºC, spindle 21, 20 RPM, máx, cP
Visc. Brook. a 150ºC, spindle 21, 50 RPM, máx, cP
Visc. Brook. a 177ºC, spindle 21, 100 RPM, máx, cP
Estabilidade à Estocagem, máx., ºC
Recuperação Elástica a 25ºC, 20 cm, mín, %
Ensaios no resíduo do RTFOT
Variação de massa, máx. %
Aumento do PA, ºC, máx.
Redução do PA, ºC, máx.
Percentagem de Penetração Original, mín.
Percentagem de Rec. El. Original a 25ºC, mín.
nicos e asfaltenos para a obtenção
de propriedades físicas e reológicas
adequadas às altas e baixas temperaturas que solicitam o pavimento ao
longo da sua vida útil.
A modificação dos asfaltos possibilita então, a utilização de pavimentos flexíveis para qualquer condição
de tráfego e clima. Existem diversos
tipos de modificadores de asfalto e
cada tipo possui características específicas que podem ser calibradas para
as solicitações previstas em cada situação específica. De qualquer forma
as características que estarão sendo
buscadas serão:
•Obter ligantes mais viscosos em
altas temperaturas para reduzir a formação de trilhas de roda;
•Obter ligantes mais flexíveis em
baixas temperaturas para reduzir a
formação de trincas por fadiga;
•Obter ligantes com melhores características adesivas e coesivas.
O termo polímero refere-se a uma
extensa família de compostos químicos que não podem ser tomados genericamente para emprego em pavimentação. As propriedades que cada
família de polímeros pode conferir ao
44
REVISTA DA SEE
65/90
6576
6560
11341
15184
15184
15184
15166
15086
Limite da especificação
45-70 45-70 40-70 40-70
50
55
60
65
235
235
235
235
1500 3000 3000 3000
1000 2000 2000 2000
500
1000 1000 1000
5
5
5
5
65
75
85
90
15235
6560
6560
6576
15086
1
6
3
60
80
ligante asfáltico base variam entre si
e dependem não apenas do seu tipo,
mas também da quantidade utilizada
e da energia de dispersão utilizada
durante a sua produção.
Propriedades dos Ligantes Asfálticos Modificados
Já debatemos que a baixa susceptibilidade térmica dos ligantes modificados, constitui-se em uma das
propriedades mais importantes dos
asfaltos modificados pois teremos
um ligante com alta consistência sob
as mais diversas condições de temperatura ao longo de sua vida de serviço.
Em climas mais frios, sua flexibilidade aumenta a resistência ao aparecimento de trincas e fissuras na
superfície do revestimento. Já nos
climas mais quentes, o aumento do
ponto de amolecimento e da viscosidade do ligante diminui a possibilidade de ocorrência de deformações
permanentes, adensamento da mistura com consequente diminuição da
sua rugosidade e permitem também
o projeto de misturas asfálticas com
1
7
5
60
80
1
7
5
60
80
1
7
5
60
80
módulo de riqueza maior sem risco
de exsudação.
As propriedades adesivas e coesivas, que são responsáveis pela manutenção do esqueleto mineral unido
e resistente aos esforços do tráfego
apresentam comportamento visivelmente melhorado, sobretudo nos
ensaios que testam a ação da água
sobre o conjunto ligante-agregado e
sob condição de impacto.
No que se refere ao comportamento reológico dos asfaltos modificados
podemos observar que mesmo sob
condições de solicitação por esforços de tração de maior amplitude,
os revestimentos preservam sua
integridade, pois apresentam resistência coesiva representada por sua
capacidade de recuperação elástica,
fato que não se observa nos ligantes
convencionais, que apresentam comportamento dúctil.
Estabilidade E Manuseio Dos
Ligantes Modificados
A introdução de agentes químicos
no asfalto causa alterações no equilíbrio químico dos mesmos, gerando
consequências sobre o seu comportamento químico e mecânico, e alterando também a estabilidade do
sistema. Resultados em termos de
performance do produto dependerão da natureza do asfalto a ser modificado, de suas características físicas
e químicas e também do processo de
dispersão adotado.
A compatibilidade entre os compostos envolvidos é fundamental
para a obtenção dos resultados esperados para a mistura asfáltica confeccionada com o ligante modificado.
Durante os processos de transporte
e armazenamento, sobretudo, necessitamos ter a garantia das características originais apresentadas pelo
asfalto modificado, quando da sua
fabricação.
Ensaios de estabilidade ao transporte e ao armazenamento, já previstos nas especificações brasileiras
para esses materiais, devem ser realizados de forma a garantir um ciclo
operacional satisfatório e que envolverá desde a produção do material,
seu transporte até a usina, armazenamento, usinagem e finalmente a sua
compactação em campo já misturado
aos agregados.
Avaliação das propriedades das
misturas asfálticas e o efeito dos
ligantes modificados por polímero
nessas propriedades
Características e desempenho da
mistura asfáltica
as especificações brasileiras para
esse tipo de material, já apresentadas
na tabela 1, com relação a um ligante
convencional de forma a quantificar
o bônus de performance que efetivamente poderá ser obtido com a utilização do asfalto modificado em obra.
Há inúmeros tipos de polímeros que
também atendem às necessidades e
exigências das especificações vigentes no Brasil e utilizamos este estudo
para exemplificar a potencialidade
que esses materiais proporcionam
aos serviços de pavimentação.
Como já verificamos pelos índices
físicos de ductilidade e relações de
penetração, viscosidade e recuperação elástica antes e após os ensaios
de envelhecimento acelerado, pudemos constatar e considerar uma boa
performance de campo sob os aspectos de resistência ao trincamento e
resistência ao envelhecimento.
Vamos concentrar agora nossa
análise nas respostas que a mistura asfáltica apresentou com relação
a resistência à deformação em alta
temperatura e também a sua resistência à fadiga. Adotamos como granulometria referencial um material
de origem granítica de desempenho
conhecido e adotamos a faixa IV-b do
Instituto do Asfalto para a condução
dos ensaios comparativos entre os
ligantes modificados e convencional.
Resistência à Ação da Água e Propriedades Mecânicas
Danos por Umidade Induzida
Testes laboratoriais proporcionam
informações importantes sobre a
performance das misturas asfálticas
e são usados como indicadores para
determinar a expectativa de performance que poderá ser obtida em
campo. Procuramos então analisar
o desempenho comparativo de diferentes tipos de ligantes modificados
por polímero do tipo SBS, sendo que
esses ligantes modificados atendem
Esse ensaio foi feito atendendo
o que preconiza a norma AASHTO-T283/89 para os cinco tipos de ligantes estudados. Ele mede a eficiência
da aderência do ligante asfáltico à
superfície do agregado em misturas
asfálticas. Basicamente o ensaio consiste em medir a resistência à tração
por compressão diametral de dois
grupos de três corpos-de-prova cada
moldados com 7% +/- 1% de volume de
vazios, um dos grupos passa por um
processo de condicionamento, considerado de alta severidade e em seguida é submetido ao ensaio de ruptura.
Já o segundo grupo de corpos-de-prova é submetido à ruptura sem nenhum condicionamento. O resultado
é expresso como a relação do valor
de Resistência à Tração (RT) do conjunto de corpos-de-prova que sofreram o condicionamento pelo valor de
RT do conjunto de corpos-de-prova
sem condicionamento.
Estudos realizados por Lottman
(NCHRP-246) mostram que valores
de perda de resistência na ordem
de 30% são considerados satisfatórios. Kandhal (1992) aponta que em
vários trechos estudados quanto ao
comportamento da mistura asfáltica,
quanto a aderência ligante asfáltico/
agregado o limite de 30% de perda
está associado a um índice superior
a 70% de sucesso para um período
de 4 a 12 anos de vida de serviço dos
trechos analisados. Os resultados das
cinco misturas asfálticas estudadas
estão apresentados na Tabela 2.
Outro ensaio que tem sido recomendado é o desgaste Cantabro,
ensaio espanhol que procura simular
a desagregação por perda de massa
onde corpos-de-prova são colocados
dentro do tambor do Desgaste Los
Angeles e são dadas 300 rotações.
A porcentagem de massa perdida ou
desprendida do total do corpo-de-prova original é a perda Cantabro.
Portanto, quanto menor a perda em
porcentagem, menor a desagregação
potencial.
A Figura 1 mostra resultados de
Moura, onde pode-se verificar que os
asfaltos modificados por polímeros
conferem maior adesividade e menor
perda por desagregação.
Deformação Permanente em
Trilha de Roda
REVISTA DA SEE
45
Tabela 2. Danos por Umidade Induzida
RRT
Tipo de Ligante S/Condicionamento C/Condicionamento
RT (Mpa)
RT (Mpa)
(RTc/RTs)
1,18
1,12
0,95
CAP 50-70
1,23
1,17
0,95
50 - 65
1,02
1,00
0,98
55 - 75
1,24
1,14
0,92
60 - 85
1,34
1,23
0,92
65 - 90
Os ensaios de Deformação Permanente nas trilhas de roda foram realizados em simulador de tráfego tipo
LCPC francês (Laboratoire Central
des Ponts et Chaussées), com duas
placas com 50 cm de comprimento,
18 cm de largura e 5cm de espessura,
para cada tipo de mistura asfáltica
estudada, conforme especificação
francesa NF P 98-253-1 “Déformation
Permanente des Mélanges Hydrocarbonés”.
As placas de mistura asfáltica foram compactadas por amassamento,
simulando a compactação de campo,
por meio de um equipamento “mesa
compactadora tipo LCPC, conforme
especificação francesa NF P 98-250-2
“Preparation des Mélanges Hydrocarbonés” .
Com esse processo de compactação, obtiveram-se placas com densidade próxima à especificada, uma
vez que foram usinadas quantidades
exatas de misturas asfálticas que
compactadas ocuparam todo o volume do molde, obtendo a densidade
desejada e por consequência o volume de vazios esperado. Os ensaios de
deformação permanente em trilhas
de roda foram conduzidos a 60oC,
até 30.000 ciclos.
O processo de usinagem da mistura asfáltica teve o seguinte procedimento: pesagem das frações que
compõem as misturas, na quantidade
exata do traço. Primeiramente, os
agregados, brita 1”, pedrisco, pó de
pedra e também a cal, já pré-aquecidos com temperaturas na ordem de
10oC acima da temperatura de usi-
46
REVISTA DA SEE
Figura 1: Resultados de ensaios de Desgaste Cantabro para
avaliação de perda por desagregação ou stripping (Moura, 2000)
nagem dos ligantes asfálticos, foram
colocados dentro do tacho da misturadora, (tacho também já pré-aquecido). Em seguida a esses procedimentos foi adicionado o ligante asfáltico
e, novamente a mistura foi revolvida
até que a mesma apresentasse um aspecto de homogeneização. Todo esse
processo decorre num período de 5 a
8 minutos. Transfere-se a mistura asfáltica do tacho da misturadora para
uma bandeja, essa é colocada dentro
de uma estufa regulada com temperatura de moldagem, (temperatura
correspondente a compactação),
conforme mencionado acima.
A quantidade de massa usinada foi
suficiente para a moldagem de uma
placa de cada vez. Ou seja, pelo volume da placa (4500 cm3) e com a densidade fornecida, pode-se preparar a
quantidade de massa exata para moldagem das placas. A seguir na Tabela
3 são apresentados os valores, em
porcentagem, do afundamento na
trilha de roda de cada ligante.
Módulo de Resiliência e Resistência à Tração
Resistência à Tração
A resistência à tração pode ser medida facilmente utilizando uma prensa Marshall, com corpos-de-prova cilíndricos. Os corpos-de-prova sofrem
compressão diametral e rompem por
tração. A Figura 2 mostra um gráfico
com os resultados de resistência à
tração com asfalto comum convencional CAP 50/70 brasileiro e um gráfico com asfalto modificado por polímero SBS.
Observe-se que a carga para a ruptura da mistura com CAP 50/70 é cerca de 20% maior, denotando que a
mesma é um pouco mais resistente à
tração que a mistura com asfalto po-
são diametral estão apresentados na
Tabela 5.
Fadiga
Figura 2: Evolução da resistência à tração e ruptura de corpos-de-prova Marshall
sujeitos à compressão diametral.
límero. No entanto, a mistura com asfalto convencional rompe com menor
deslocamento imposto (mais frágil)
e a queda de resistência é acentuada após ruptura; já a executada com
asfalto modificado por polímero SBS
demanda um maior deslocamento
para romper (suporta maiores extensões antes da ruptura) e continuam
exibindo resistência após a ruptura, o
que é benéfico pois é sustentada parte da resistência, evitando grandes
aberturas de trincas.
Para a determinação do ensaio de
módulo de resiliência e resistência
à tração por compressão diametral
foram moldados 8 corpos-de-prova
para cada tipo de ligante asfáltico,
totalizando 40 corpos-de-prova. Os
corpos-de-prova foram submetidos
ao ensaio de módulo de resiliência
em número suficiente até se obter
quatro resultados que apresentassem a menor dispersão. Os ensaios
de módulo de resiliência das misturas
asfálticas para os cinco tipos de ligantes asfálticos foram determinados na
temperatura de 25ºC.
Nas determinações, primeiramente, os corpos-de-prova foram colocados em uma câmara de climatização
por no mínimo 4 horas, para atingir a
temperatura de ensaio, em seguida
foram feitos os ensaios com tempo
de aplicação de carga de 0,1 seg. e
tempo de repouso de 0,9 seg. a carga
aplicada foi da ordem de 15% da carga de resistência à tração por compressão diametral, esse procedimento atende o que preconiza a norma
ASTM D-4123-82 (95).
Após o término dos ensaios de módulo de resiliência para a temperatura de 25ºC, os corpos-de-prova foram
submetidos a ruptura por resistência
à tração por compressão diametral,
o ensaio atendeu o que preconiza a
norma DNER-ME-138/94 – Misturas
Betuminosas – Determinação da Resistência à Tração por Compressão
Diametral. Os resultados dos ensaios
de módulo de resiliência estão apresentados na Tabela 4 e os resultados
de resistência à tração por compres-
O ensaio de fadiga foi realizado
em corpos-de-prova tipo Marshall
por compressão diametral. Em linhas
gerais, o ensaio consiste em submeter os corpos-de-prova à compressão simples diametral cíclica, com as
mesmas características do ensaio de
módulo de resiliência. A tensão aplicada no corpo-de-prova é em função
da tensão de ruptura observada no
ensaio de resistência à tração e essa
tensão é aplicada até a ruptura do
corpo-de-prova, onde o número de
ciclos é registrado.
Para a realização do ensaio foram
moldados 9 corpos-de-prova para
cada tipo de ligante estudado, totalizando 45 corpos-de-prova. Três corpos-de-prova de cada conjunto foram
submetidos ao ensaio de resistência
à tração por compressão diametral,
que após calculada a média aritmética determinou-se a tensão referência
utilizada no ensaio de fadiga.
Os níveis de tensão foram 15%, 20%,
30%, 40% e 50% da tensão de resistência à tração por compressão diametral. O critério de parada do ensaio
adotado foi quando o corpo-de-prova
apresentasse uma deformação de 3,0
REVISTA DA SEE
47
Figura 3. Vida de Fadiga x Deformação Específica Resiliente
mm no diâmetro da direção da aplicação da carga. Esses resultados podem ser visualizados na figura 3.
Avaliação dos Resultados
e Conclusões
Danos por Umidade Induzida
Os ligantes CAP 50/70 e 50/65 apresentaram uma perda de resistência
à tração de 5%, os ligantes 60/85 e
65/90 apresentaram uma perda de
8%, já para o ligante 55/75 a perda foi
de apenas 2%. Essa perda de 8% para ligantes 60/85 e 65/90 comparada com
o ligante 55/75 que é um ligante de
menor consistência pode estar associada a variações do próprio ensaio,
uma vez que os valores de perda da
resistência à tração foram pequenos.
Observe-se que todos ligantes asfálticos apresentaram valores dentro
do limite aceitável. Conforme descrito
por Kennedy et al (1990) a absorção
do asfalto pela superfície do agregado é regida por um modelo seletivo,
onde a composição química superficial desse agregado, sua porosidade
e a interligação desses poros, levam
a que o ligante presente na interface
com o agregado possa apresentar
características distintas daquelas presentes no filme de ligante depositado
nos interstícios dos agregados.
É possível que o tipo de asfalto
base utilizado em todos os ligantes
48
REVISTA DA SEE
desse estudo ao interagir com a superfície do mesmo agregado em todas as situações, limite a visualização
da diferença de comportamento para
os ligantes estudados por consequência de uma boa afinidade entre
esses materiais neste caso. Variações
de tipos de agregado com ligantes
modificados em diversos graus podem apresentar maior sensibilidade
para os valores de resistência à tração conservada como verificado por
Furlan (2004).
Deformação Permanente em
Trilha de Roda
Conforme apresentado na Tabela
03 observa-se que os ligantes 65/90,
60/85 e 55/75 apresentaram valores
de deformação permanente para
30.000 ciclos de 3,74%, 3,96% 4,39%
respectivamente. Já as misturas usinadas com os ligantes CAP-20 e CAP50/65 apresentaram valores de deformação permanente para 30.000
ciclos de 10,46% e 7,60% respectivamente.
As diretrizes francesas para o problema de deformação permanente,
têm limitado o valor obtido no simulador de tráfego em 10% como sendo
o limite aceitável para camadas de
concreto asfáltico utilizadas como
revestimentos, com espessuras entre
6 a 8 cm (NF P 98 253-2). De acordo
com os resultados encontrados ne-
nhuma mistura asfáltica apresentou
valor superior ao recomendado pela
diretriz francesa.
Há ainda diretrizes de dimensionamento europeias do Grupo COST 333
que limitam as deformações permanentes em 5% no caso de misturas
asfálticas densas, utilizadas como
revestimento, para tráfego pesado
(fort) - acima de 2000 veículos comerciais diários, com semieixo traseiro
carregado de no mínimo 5 toneladas.
Por esta diretriz, bem mais severa
que a diretriz francesa, as misturas
asfálticas usinadas com os ligantes
CAP 50/70 e o ligante modificado tipo
50/65 apresentaram valores de deformação permanente acima do limite.
Pode-se observar também uma variação importante nos resultados de
deformação permanente para misturas com ligantes convencionais e
ligantes modificados. Mesmo para o
ligante com menor grau de modificação houve uma queda de praticamente 30% nas medidas de deformação
permanente após 30.000 ciclos.
Já para o ligante de maior grau de
modificação os resultados mostram
uma redução de praticamente dois
terços da deformação apresentada
pelo ligante convencional, e caracterizam bem o ganho de performance
das misturas à medida em que aumenta a resistência do ligante à ação
da temperatura.
Módulo de Resiliência
Os resultados apresentados na
tabela 4 mostraram-se sensíveis à
variação do grau de modificação do
ligante e, portanto, à variação de sua
consistência. O efeito da recuperação elástica ao submeter-se o corpo
de prova a carregamentos repetidos
é que a parcela de recuperação imediata do deslocamento provocado
por um dado carregamento seja proporcionalmente maior, restando uma
menor parcela de recuperação vis-
cosa que é aquela mais contributiva
para a deformação permanente. As
misturas tornaram-se sucessivamente mais flexíveis com o incremento de
polímero ao ligante, porém os resultados dos ligantes de maior grau de
modificação situam-se num mesmo
patamar mostrando que há possivelmente um limite de modificação, para
o qual o acréscimo de benefícios para
a performance da mistura asfáltica
não se justifica em termos de custo-benefício (Emery, 1999 ).
Resistência à Tração por Compressão Diametral
A tabela 5 mostra os valores de
resistência à tração por compressão
diametral encontrado para os cinco
ligantes asfálticos. A norma DNIT
031/2004–ES – Pavimentos Flexíveis
– Concreto Asfáltico – Especificação
de Serviço, recomenda que misturas
asfálticas a serem empregadas em
camadas de rolamento devem apresentar valores de resistência à tração
por compressão diametral superiores
à 0,65 MPa, o que foi obtido em todas as misturas estudadas. Não se observaram diferenças significativas na
determinação da resistência à tração
em relação aos asfaltos modificados
por polímero.
Neste ensaio, a aplicação da carga
é contínua e constante até a ruptura
do corpo-de-prova, não permitindo
que as características inerentes à modificação do ligante se manifestem.
No entanto, a figura 2 mostra que,
mesmo após a ruptura, os ligantes
modificados mantêm uma resistência residual o que pode proporcionar
uma maior vida útil para um mesmo
nível de deficiência apresentado por
um pavimento (Nascimento, 2004).
Fadiga
Os resultados de vida de fadiga obtidos mostram que o tipo de ligante
afeta a vida de fadiga do concreto asfáltico. Deve-se considerar também a
expectativa de que as misturas com
Asfalto Modificado por Polímero por
serem mais flexíveis devam trabalhar
num patamar de tensões e, consequentemente, de deformações menores na medida em que aumenta
o grau de modificação; o que ficou
evidenciado na relação entre módulos resilientes e a resistência à tração
para cada tipo de ligante, mostrada
na tabela 6.
Então se para um mesmo nível de
deformação já se caracteriza um diferencial de comportamento é provável
que este comportamento, em condições de solicitação reais, possa ser
amplificado.
Comentários Gerais
Pode-se observar pelos resultados
mostrados neste item que a modificação dos asfaltos por polímeros introduz as seguintes características:
• A resistência à tração pode ser
reduzida um pouco em comparação
ao convencional, porém a forma de
ruptura é totalmente alterada, demandando mais alongamento para
romper e, após ruptura, mantendo-se
ainda com uma resistência residual
mais elevada que as misturas com asfaltos convencionais;
• O valor de módulo de resiliência
das misturas asfálticas modificadas
é menor, demonstrando maior flexibilidade (menor rigidez) a 25°C ou
mesmo a temperaturas mais baixas.
As temperaturas mais elevadas, acima de 35°C, há uma tendência de as
misturas asfálticas modificadas por
polímeros manterem-se com certa
rigidez e elasticidade, enquanto as
convencionais tendem a perder no
valor do módulo de resiliência, não
por flexibilidade, mas por ser mais exposto à deformação permanente por
fluência;
• A vida de fadiga das misturas asfálticas modificadas por polímeros
ensaiadas, é cerca de 5 a
10 vezes maior que as convencionais;
• A resistência à deformação permanente com asfaltos modificados
é maior; os afundamentos em trilha
de roda são praticamente a metade
daqueles que podem surgir em revestimentos com asfaltos convencionais,
graças à componente elástica dos
asfaltos com polímeros, que reduz a
componente viscosa e, portanto, os
afundamentos permanentes;
• A desagregação, perda de agregados e problemas de stripping são
menores em misturas com asfaltos
modificados frente aos convencionais;
Assim, pode-se dizer, com esses
resultados, que a modificação por
SBS dos asfaltos introduz vantagens
de comportamento químico, físico e
mecânico. Acrescenta-se a isso, todo
um histórico de execução de obras
em todas as regiões do Brasil que
permitem garantir também a exequibilidade das obras com o parque de
equipamentos disponível, havendo,
porém, a necessidade de capacitação
da equipe envolvida na execução,
controle e fiscalização de cada obra.
REVISTA DA SEE
49
Aspectos Estruturais Relacionados
ao uso de Asfaltos Modificados por
Polímeros
O Instituto de Pesquisas Rodoviárias - IPR, órgão de pesquisa ligado
ao Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre DNIT, conduziu
uma pesquisa pioneira com diversos
asfaltos modificados por polímeros,
publicada em 1998.
Concluíram que as misturas densas
com asfaltos modificados apresentam uma vida de fadiga muito mais
elevada que aquela apresentada por
misturas convencionais. Os estudos
demonstraram que o tipo de material do sub-leito apresenta correlação
com as espessuras de capa de misturas convencionais ou modificadas por
polímeros diferentes para um mesmo número de solicitações do eixo-padrão de 8,2 ton. Significa que as
misturas com polímero possuem um
maior coeficiente estrutural.
Partindo de ensaios de fadiga com
misturas executadas com asfaltos
modificados por polímero do tipo
SBS, pôde-se determinar uma relação entre vida de fadiga de misturas
convencionais e misturas executadas
com asfaltos modificados com esses
polímeros. Foram modeladas diversas estruturas de pavimento com
variação na espessura do revestimento e suas variáveis mecânicas, bem
como diversos tipos de subleito com
suas respectivas características de suporte e granulometria.
Assim, a espessura de mistura asfáltica com polímero pode ser definida
como:
HCApol =
H CA β
HCApol - Espessura de Concreto
Asfáltico com Polímero em cm; H
CA
- Espessura de Concreto Asfáltico Convencional em cm; β -
50
REVISTA DA SEE
Coeficiente de redução de espessura
em função do tipo de sub-leito β 1,29 para sub-leito com solo tipo I; β - 1,26 para sub-leito com solo tipo II;
β - 1,21 para sub-leito com solo
tipo III;
De acordo com o método de dimensionamento DNER -PRO-269-94 a
classificação do tipo de subleito obedece às características constantes na
tabela 7.
Onde S é a quantidade de material
fino definido pela determinação da
granulometria por sedimentação e
determinado pela expressão:
S = 100 – P1 x 100
S = Silte em %
P2
P1 = porcentagem em peso, de material com partículas de diâmetro menores que 0,005 mm determinada na
distribuição granulométrica.
P2 = porcentagem em peso, de material com partículas de diâmetro menores que 0,075 mm determinada na
distribuição granulométrica.
Contribuição Estrutural das Camadas de Subleito, Base e Revestimento Asfáltico
A importância da resistência ou rigidez da fundação nas tensões de
tração que ocorrem nos revestimentos asfálticos se reflete da seguinte
forma:
• Quanto mais rígida (mais resis-
tente neste caso) a fundação – quanto maior o módulo de resiliência da
fundação, menores são as tensões
de tração na fibra inferior dos revestimentos asfálticos;
• As tensões de tração são mais
elevadas à medida que diminuem as
temperaturas pois a rigidez das misturas asfálticas varia em função da
maior ou menor susceptibilidade térmica do ligante asfáltico utilizado;
• Em consequência, nos revestimentos com asfalto modificado por
polímero as tensões de tração são
inferiores àquelas apresentadas pelas misturas executadas com ligante
convencional.
Com isso podemos entender que,
para uma dada condição de temperatura e de módulo de resiliência do
subleito, que as tensões de tração
no revestimento asfáltico são menores nas camadas asfálticas com asfalto modificado por polímero e que no
mecanismo de formação de trincas
por fadiga, a utilização desses revestimentos modificado por polímero
é vantajosa.
Sob o aspecto do comportamento
das bases granulares, e considerando que todos os aspectos ligados à
sua compactação, distribuição granulométrica e todos os cuidados de
acabamento foram obtidos no campo, as tensões de tração que vão
ocorrer no revestimento asfáltico
no momento de sua solicitação pelo
tráfego devem seguir a dinâmica
abaixo:
• Quanto mais resistente a base,
executada com a máxima compacidade possível e apresentando em
consequência as menores deformações possíveis e, podendo considerar nestas condições que teremos
o maior módulo de resiliência para
esta base, menores serão as tensões de tração na fibra inferior dos
revestimentos asfálticos;
• Nos revestimentos com asfalto
modificado por polímero as tensões
de tração são inferiores ao convencional em função das características
reológicas de recuperação elástica
apresentadas pelos asfaltos modificados por polímeros.
Assim novamente, para uma dada
condição de módulo de resiliência
da base fixado, verificamos que as
tensões de tração no revestimento
asfáltico são menores nas camadas
asfálticas com asfalto modificado
por polímero dada a sua menor rigidez tornando-o nestas condições
menos susceptível ao mecanismo
de fadiga do revestimento.
A flexibilidade da camada asfáltica no comportamento mecânico estrutural, será influenciada pelo módulo de resiliência que apresentar
e sua distribuição granulométrica,
teor de asfalto, bem como grau de
modificação por polímero influenciarão sobremaneira seu comportamento. Assim:
• Quanto maior o módulo de resiliência, maiores são as tensões de
tração na fibra inferior dos revestimentos asfálticos;
• As tensões de tração na flexão
variam com a espessura, passando
por um máximo e voltando a ser reduzida com a espessura.
A utilização de revestimento mais
flexível, mas nem por isso susceptíveis à fluência, às deformações
permanentes, mostra-se vantajosa,
pois desenvolvem-se tensões de
tração menores na camada asfáltica.
A possível redução de espessuras, porém, deve levar em conta
as características do tráfego, a capacidade estrutural do conjunto
do pavimento e devem ser compatíveis com o grau de modificação
desejado, havendo uma importante
correlação desse comportamento
flexível com a recuperação elástica
recomendada para cada situação.
Como parâmetro para a redução
da espessura do revestimento asfáltico utilizando asfaltos modificados
por polímeros o DNIT indica a Instrução de Serviço DG/DNER no. 007
de 15/04/1998 brasileira, utilizada há
7 anos no Brasil com sucesso e que
postula a redução de espessura de
camadas pelo uso de asfalto modificado por polímero:
H
carpeta pol SBS
=
H
carpeta comum
1.3
Ou seja, pode-se dividir a espessura calculada pelo método de dimensionamento considerado por 1.3 no
caso de uso de asfalto modificado
por polímero nos revestimentos
asfálticos e atentando para as condições de contorno de cada obra
como clima, tráfego, características
do subleito entre outras.
Referências
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oeuvre en enrobés. Études et recherches des laboratoires des ponts
et chaussés, 1991a.
- EMERY, S.J., O’CONNELL, J. Development of a high performance
SBS modified binder for production,
1999a.
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por umidade de misturas asfálticas
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- NASCIMENTO, H.R.C., Estudo
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- ROQUE, R., BIRGISSON, B.
DRAKOS, C. Guidelines for use of
modified binders. Departament of
Civil and Coastal Engineering University of Glorida, 2005a.
REVISTA DA SEE
51
Premiação
Prêmio IEL de Estágio
52
O Prêmio IEL de Estágio foi instituído em 2007 pelo Instituto Euvaldo
Lodi, IEL – Núcleo Central. A iniciativa
busca premiar boas práticas e experiências de estágio, realizadas por estagiários nas empresas concedentes
e em parceria com as instituições de
ensino.
IEL de Estágio 18 Núcleos Regionais,
sendo:
• 125 empresas (privadas, públicas
e o Sistema Indústria) e profissionais
liberais de nível superior, com programas de estágio intermediados
pelo IEL Núcleo Regional;
• 223 estagiários de cursos da edu-
vo impulsionar as áreas de produção
e logística com práticas inovadoras,
participando efetivamente na elaboração e implementação de projetos que visam alavancar a missão da
empresa, tais como Pedido Perfeito,
Gestão à Vista, Banco de Ideias, entre
outros.
Preparar estudantes de maneira
complementar ao ensino por meio
do estágio é, para o IEL, uma forma
altamente eficaz de atrair, desenvolver e reter talentos. Além disso, um
programa de estágio de qualidade
contribui para que as experiências
sejam realmente um instrumento de
aprendizagem, de confirmação da
escolha profissional, do estímulo às
práticas inovadoras nas empresas e
da formação de pessoas para o exercício de sua cidadania.
Em 2015, participaram do Prêmio
cação profissional de nível técnico
ou educação superior com Termo de
Compromisso de Estágio (TCE) firmado com o Sistema IEL;
• 79 instituições de ensino público
ou privado que ministram cursos da
educação profissional e/ou educação
superior que possuam convênio de
concessão de estágio firmado com o
Sistema IEL.
A vencedora dessa edição, a estudante de engenharia Fernanda Luiza
foi convidada a estagiar na empresa
CEDISA, tendo como principal objeti-
Seu primeiro grande desafio foi implantar o Projeto Pedido Perfeito a
fim de melhorar o atendimento aos
Clientes, satisfazendo as demandas
do mercado. Inicialmente, foi necessário estruturar os principais conceitos e procedimentos para aferição
dos indicadores relacionados ao Pedido Perfeito, discutir metas a curto,
médio e longo prazo, desenvolver
apresentações de treinamento, e, finalmente, definir um plano de ação
para implantação de um novo fluxo
na empresa. Depois de identifica-
REVISTA DA SEE
das as principais oportunidades de
melhoria, durante as etapas de processamento do pedido, foram realizadas monitorias de processos com
representantes de todas as áreas,
com o objetivo de redesenhar o ciclo
do pedido de venda, visando à otimização do fluxo, seguindo assim a
abordagem proposta por Deming de
atuar com melhorias contínuas nos
processos.
O projeto foi inicialmente dividido
em duas fases.
A primeira etapa do projeto teve
como desafio definir o procedimento
adequado para aferição do Pedido
Perfeito, indicador medido em porcentagem. Nesta fase, a estagiária ficava responsável por contabilizar os
registros de reclamação, devolução,
produtos não conformes e pedidos
entregues em atraso junto às áreas
de Gestão da Qualidade Total e Logística, com o intuito de apurar cada
um desses indicadores e fazer uma
análise crítica geral.
A segunda etapa consistia em
transmitir os conceitos do Pedido
Perfeito para todos os colaboradores
da empresa. Essa etapa ocorreu, principalmente, através de treinamentos
na sede da Cedisa, ministrados pelos
responsáveis do projeto, o Gerente
de Operações e a estagiária da mesma área. No decorrer da implantação
do Pedido Perfeito, foi verificado
que, dos três pilares do Pedido Perfeito, o índice com menor resultado
era o Índice de Pedidos entregues no
Prazo Acordado. Após uma análise
criteriosa desse indicador, chegou-se à conclusão de que seria necessário provocar uma mudança no
comportamento dos colaboradores
e, consequentemente, na cultura da
empresa. Várias rupturas e atrasos
eram causados por falta de confiança
entre as áreas e retrabalho.
Na terceira etapa, visando melhorar o relacionamento entre as áreas
e otimizar o fluxo do processamento
do pedido, a estagiária se deparou
com um novo desafio, passando a enviar relatórios diários para toda a empresa indicando as principais causas
responsáveis por atrasar os pedidos,
assim como quais foram as equipes
de vendas responsáveis pela emissão
dos pedidos em atraso. Com essa medida, em aproximadamente 45 dias
os resultados foram surpreendentes.
O índice de pedidos vencidos em carteira caiu de um valor absurdo de 53%
para 23%, tudo isso devido ao fato de
que os colaboradores passaram a se
preocupar mais com o fluxo dos pedidos, focando sempre em atender ao
cliente conforme o prometido, e estabelecendo prazos mais justos para
entrega.
Nesta fase, passaram a ser realizadas monitorias mensais envolvendo
representantes de todas as áreas
com a finalidade de redesenhar o
fluxo do processo e simplificar os formulários de pedidos. Com a contribuição de todas as áreas, foi possível
redesenhar um fluxo que fosse mais
produtivo e atendesse aos Clientes
de forma mais rápida, evitando retrabalho e reduzindo as divergências
durante as etapas de processamento.
O projeto Pedido Perfeito funciona
como um ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act), ou seja, está em processo de
melhoria contínua.
Principais Benefícios
Para Empresa
Para o Estagiário
• O indicador do Pedido Perfeito apresentou tendência de crescimento de 0,7% ao mês, saindo de 66% para
78%.
• O tempo médio para emissão de um orçamento caiu
de 15 para 4 minutos.
• A porcentagem de pedidos de beneficiamento que
precisaram ter datas renegociadas com o cliente caiu de
10% para 2%.
• A liberação dos pedidos de beneficiamento passou
a ser executada somente com o aval da equipe de Programação e Controle da Produção, evitando assim a liberação de pedidos com prazos utópicos de entrega.
• Drástica mudança de comportamento dos colaboradores, que passaram a focar no Cliente e no aumento
de produtividade.
• As pesquisas de satisfação ao cliente obtiveram um
melhor resultado.
• Habilidades de trabalho em equipe.
• A forma de apresentação de gráficos e resultados
foi significativamente sendo melhorada.
• Aprender a escutar e lidar com os feedbacks das
equipes.
• Desenvolveu habilidades de argumentação dos seus
pontos de vista.
REVISTA DA SEE
53
Artigo
Os insumos para controle
de pragas urbanas
Eng. Agrônomo José Ricardo Borges
Eng. Agrônomo Sócio-diretor da empresa Vetorial
Os raticidas, inseticidas, cupinicidas, larvicidas utilizados para o controle de pragas urbanas, compõem
um segmento de mercado que é
pequeno se comparado ao mercado
de produtos de uso veterinário e de
uso agrícola, nem por isso deixar de
ser importante, pois se trata de uma
aplicação direta no domicílio, nos
hospitais, nas escolas, indústrias, comércios e outros.
Em termos de valores, este mercado, apesar da crise econômica atual,
vem crescendo principalmente em
função da mudança de comportamento da população que passa cada
vez mais a contratar empresas de
desinsetização ou a fazer uso do autosserviço. Também tem contribuído
para esse crescimento a municipalização da saúde, com consequente
conscientização da necessidade do
controle das pragas urbanas pelos
municípios, seja para diminuir o incômodo causado pelas pragas, ou
seja, pela necessidade de controle
dos vetores de doenças importantes
causadas pelo Aedes aegypti como
a dengue, febre zica, chicungunha e
leptospirose causada pelos roedores.
No Espírito Santo, o período de
54
REVISTA DA SEE
crescimento econômico nos últimos
tempos, juntamente com a conscientização da população e dos órgãos
públicos, vêm contribuindo para o
aumento do consumo desse tipo de
insumo, principalmente através da
terceirização dos serviços de controle de pragas urbanas.
O mercado de produtos domissanitários para controle de pragas
urbanas se divide em dois principais
segmentos: o de uso profissional e o
doméstico, ambos são regulamentados pela Anvisa.
As prefeituras que dispõem de
Centros de Controle de Zoonoses e
possuem em seus quadros de funcionários profissionais habilitados, vem
ampliando os serviços de controle
desses animais sinantrópicos tais
como roedores, mosquitos, escorpiões, baratas, pombos etc, de forma
terceirizada ou não.
No nosso estado, as empresas
prestadoras de serviços de desinsetização, são representadas pela
Associação Capixaba das Empresas
Controladoras de Vetores e Pragas
(ACECOVEP), que vêm realizando
um excelente trabalho no sentido de
ampliação do número de empresas
associadas, e na qualificação dos pro-
fissionais controladores de pragas.
Toda empresa que atua neste setor, seja comerciante ou prestador
de serviço, deverá ter responsável
técnico, legalmente habilitado para
o exercício das funções relativas aos
aspectos técnicos do serviço de controle de vetores e pragas urbanas,
podendo ser os seguintes profissionais: biólogo, farmacêutico, químico, engenheiro químico, engenheiro
agrônomo, engenheiro florestal e
médico veterinário, além de seguir rigorosas exigências e procedimentos
relativos à legislação vigente para
instalação e funcionamento objetivando, sempre, a qualidade do serviço prestado, bem como a segurança
de todos os profissionais e clientes
envolvidos.
Distribuidores de produtos juntamente com a ACECOVEP e o CREA-ES, firmaram parceria que vem
resultando em palestras e cursos
sobre diversos temas relacionados
ao controle de pragas urbanas. Esses
treinamentos são realizados aqui no
Estado e visam a elevação do nível
de qualidade dos serviços prestados
pelas empresas, de modo que seja
oferecido ao contratante a garantia
de um serviço seguro e eficaz.
Cooperar é unir forças e chegar mais longe. É vencer obstáculos sem nunca estar sozinho.
É trabalhar na busca de um resultado para todos e construir para o futuro, o que se deseja hoje.
Cooperação envolve diálogo, doação, esforço e humildade.
O resultado disso tudo só pode ser o bem.
Eu coopero
Tu cooperas
Eles e Elas cooperam
Nós mudamos
o mundo
Hoje, no ES, existem 137 cooperativas nos ramos agropecuário,
saúde, crédito (serviços financeiros), trabalho, educacional, produção,
transporte, habitacional e consumo. Para cooperar você pode
associar-se a uma cooperativa ou consumir os diversos produtos e
serviços que elas disponibilizam no mercado. No site do Sistema
Cooperativo Capixaba (OCB-SESCOOP/ES) você encontra diversas
informações. Acesse e faça parte hoje.
REVISTA DA SEE
55
Artigo
O Engenheiro
e a Justiça do Trabalho
Eng. Mecânico e de Seg. do Trabalho Adelar Castiglioni Cazaroto
Perito da Justiça de Trabalho desde 1992.
Conselheiro do CREA-ES / Câmara de Especializada de Engenharia Industrial.
A Justiça do Trabalho integra o Poder Judiciário, processando e julgando as ações oriundas das relações de
trabalho, decidindo as “reclamatórias
trabalhistas” e os respectivos recursos.
Justiça do Trabalho no Brasil
A Justiça do Trabalho no Brasil foi
instalada em 1.º de maio de 1941. A
data é considerado um Dia histórico
para a Nação. É o Dia do Trabalhador.
Com as seguintes palavras, o então
Presidente Getúlio Vargas, o “Pai do
Povo”, dava início a uma nova fase da
vida brasileira:
A Justiça do Trabalho, que declaro instalada neste histórico 1.º de
maio, tem esta missão: cumpre-lhe
defender de todos os perigos nossa
modelar legislação social-trabalhista,
aprimorá-la pela jurisprudência coerente e pela retidão e firmeza das
sentenças.
Justiça do Trabalho no Espírito
Santo
Grande conquista do povo capixaba foi a criação do Tribunal do Tra-
56
REVISTA DA SEE
balho no Espírito Santo (17.ª Região),
desmembrado do Rio de Janeiro, em
8 de novembro de 1989, pela Lei n.º
7.872. O primeiro juiz a ser nomeado
foi José Carlos Rizk, em 23 de agosto
de 1990, representando a advocacia,
conforme determina a Constituição
da República. A instalação do Tribunal deu-se em 08 de janeiro de 1991.
A Juíza Maria de Lourdes Vanderlei e
Souza foi sua primeira Presidente.
A reclamatória trabalhista e iniciada com uma petição inicial protocolizada em uma das Varas do Trabalho.
Atualmente no primeiro grau no
Espírito Santo temos 24 (vinte e quatro) Varas do Trabalho distribuídos
em vários municípios, com jurisdição
estendendo nos municípios vizinhos,
sendo elas em:
Aracruz, Colatina, Linhares, Nova
Venecia, São Mateus e Venda Nova
do Imigrante (01 Vara em cada); Cachoeiro do Itapemirim e Guarapari
(02 Varas em cada); Vitória (14 Varas
de Trabalho).
Caso após a sentença em 1.º grau,
ocorra algum recurso o processo é
enviado a estância de Segundo Grau.
A prestação jurisdicional de segundo graus é realizada pelos vinte e
quatro Tribunais Regionais do Trabalho distribuídos pelo território nacional brasileiro.
O Tribunal Regional de Trabalho da
17.ª Região é o do Espírito Santo e é
composto por três Turmas. As Turmas do TRT-ES são compostas por 04
Desembargadores cada. As Turmas
proferem os Acórdãos. Caso haja recursos o processo é enviado a instância superior da Justiça do Trabalho.
Sobre o Tribunal Superior do
Trabalho
O Tribunal Superior do Trabalho TST, com sede em Brasília-DF e jurisdição em todo o território nacional,
é órgão de cúpula da Justiça do Trabalho, nos termos do artigo 111, inciso
I, da Constituição da República, cuja
função precípua consiste em uniformizar a jurisprudência trabalhista brasileira.
O TST é composto de vinte e sete
Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e
menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República
após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. Para desenvol-
ver as atribuições jurisdicionais o TST
atua por meio de seus órgãos:
Tribunal Pleno; Órgão Especial; Seção Especializada em Dissídios Coletivos; Seção Especializada em Dissídios
Individuais, dividida em duas subseções (Subseção I e Subseção II); e 8
(oito) Turmas.
O envolvimento do Engenheiro,
com a Justiça do Trabalho.
O Engenheiro pode estar envolvido
com a Justiça do Trabalho de varias
maneiras entre as quais citamos:
- RECLAMANTE: é o caso do profissional empregado e/ou desempregado propor uma causa trabalhista
contra a empresa para reivindicar alegados direitos trabalhistas;
- RECLAMADO: é caso do profissional ser empregador e ser acionado
por um dos seus empregados. No
caso em questão não é necessário ser
Empresário para ser acionado. Você
pode ser também por um empregado
domestico (secretária do lar, faxineira, governanta, motorista particular,
caseiro, vigia etc.).
- SUBSTITUÍDO: é o caso do profissional ser empregado e seu Sindicato
de Classe propor uma ação coletiva
ou individual incluindo você como reclamante.
- PREPOSTO: como empregado, ser
indicado pela Empresa para representá-la em Audiências, na Vara do Trabalho.
- PERITO JUDICIAL: ser nomeado
pelo Juiz do Trabalho para realizar
uma diligencia pericial e elaborar o
competente Laudo Técnico Pericial.
- ASSISTENTE TÉCNICO DA RDA:
prestar assistência técnica pericial a
Empresa Reclamada, como seu empregado ou como contratado, acompanhando o Perito Judicial na diligência e emitindo seu Parecer Técnico ou
Laudo Técnico.
- ASSISTENTE TÉCNICO DO RTE:
prestar assistência técnica pericial a
um Reclamante como contratado do
mesmo ou de seu Advogado, acompanhando o Perito Judicial na diligência e emitindo seu Parecer Técnico ou
Laudo Técnico.
- TESTEMUNHA: é o caso de você
ser indicado por uma das partes para
ser testemunha em Audiência.
- INFORMANTE: é caso em que você
presta informações ao Perito Judicial
durante a diligencia pericial.
Perito do Juízo
É como faço para ser Perito Judicial? Como são os honorários periciais? Isto é papo para outra matéria. Porem tenho a dizer aos meus
Colegas Engenheiros que o encargo
é gratificante. O labor é Justo e Perfeito.
REVISTA DA SEE
57
Artigo
Usina de compostagem
organobom
Fábio Junger
Administrador de Empresa Emec Obras e Serviços Ltda
Os restos de alimentos deixados
nos pratos à primeira vista parecem
ser inofensivos ao meio ambiente,
porém quando contabilizados somam grandes quantidades, ficando
em evidência o grande volume de
alimentos desperdiçados. Segundo a
Organização das Nações Unidas para
a Alimentação e a Agricultura, cerca
de um terço dos alimentos produzidos no planeta vai para o lixo. Além
dos restos alimentares outro tipo de
resíduo orgânico gerado em grande
quantidade nos centros urbanos são
os restos de jardinagem como podas
e varrição e os resíduos gerados nas
feiras livres.
Estes resíduos quando depositados nos lixões e aterros sanitários sofrem o processo de decomposição,
liberam um líquido chamado chorume, quando não tratados devidamente e liberados no meio ambiente
contaminam o solo.
Com a nova Lei 12.305/2010, também conhecida como a Lei do Resíduo Sólido, não é mais possível
descarta-los em lixões e aterros controlados, sendo assim as usinas de
REVISTA DA SEE
compostagem são uma alternativa
para a destinação deste tipo de resíduo. O processo de compostagem
visa a decomposição da matéria orgânica com o objetivo de se obter um
material estável, rico em nutrientes,
sendo uma das alternativas utilizá-la
como adubo.
Vislumbrando esse mercado em
ascensão a empresa Organobom
instalou uma usina de compostagem
no município de Serra/ES que fará o
processamento dos resíduos de podas de árvores das ruas e parques e
jardins das cidades geradoras, com
capacidade inicial para processar 600
toneladas de resíduos por mês.
Além dos resíduos de podas, o
adubo, também será composto de
resíduos alimentares provenientes
de refeitórios industriais, resíduos da
agroindústria e feiras livres.
Para o tratamento de uma parcela desses resíduos, a empresa Organobom, firmou parceria com a KMA
para utilizar o sistema de Alta Degradação Biológica (ADB) na degradação dos resíduos. O sistema ADB
implantado no local, tem capacidade
para receber inicialmente cerca de 10
toneladas por dia de resíduos orgânicos.
O Sistema ADB é uma alternativa
para o tratamento de resíduos orgânicos, principalmente, em lugares
que possuem poucos espaços e geram grandes quantidades de resíduos, como é o caso dos centros urbanos. Este processo tem capacidade
de decompor a matéria orgânica
num período de tempo de 24 a 72
horas, enquanto que uma compostagem tradicional leva em torno de 90
a 120 dias para finalizar seu processo.
Apesar do surgimento de novas
tecnologias para o tratamento dos
resíduos orgânicos é importante que
todos os cidadãos tenham consciência da quantidade de resíduo que
é gerado sem necessidade, como
os alimentos que são descartados e
que, no entanto, poderiam ser consumidos. Evitar o desperdício é uma
forma de cuidar do meio ambiente.
Para maiores informações e conhecimento do processo gostaríamos de
convidá-los a conhecer a Usina De
Compostagem ORGANOBOM.
Artigo
Aposentadoria Especial
dos Engenheiros
Dr. Christovam Ramos Pinto Neto
Advogado Trabalhista e Previdenciário
Inicialmente, gostaria de agradecer
ao engenheiro Fred Rosalém, Vice-presidente do CREA/ES, pelo apoio
e incentivo dispensado para que pudesse escrever este trabalho sobre
a aposentadoria dos profissionais da
Engenharia.
Ao regulamentar a aposentadoria
especial instituída pela Lei 3.807/60, o
Decreto 53.831/64 criou uma presunção de exercício profissional insalubre
para determinadas especialidades da
Engenharia. Assim, as atividades de
engenheiro de construção civil, minas, metalurgia e elétrico foram classificadas como insalubres, enquadrados no Código 2.0.0, item 2.1.1.
Entretanto, em 28/04/95, a Lei
9.032/95 deu nova redação ao artigo
57 da Lei 8.213/91, que passou a determinar: “A aposentadoria especial será
devida, uma vez cumprida a carência
exigida nesta Lei, ao segurado que
tiver trabalhado sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou
a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco)
anos, conforme dispuser a lei”.
Desta forma, ainda que tenha acabado a presunção legal de exposição
a agentes nocivos em relação às ocupações previstas no Anexo do De-
60
REVISTA DA SEE
creto 53.831/64 após a edição da Lei
9.032/95, o tempo anterior de serviço
em que o segurado desempenhou
tais atividades deve ser computado
como especial, para uma aposentadoria especial ou mesmo para se permitir sua conversão e soma ao tempo
comum para a obtenção do benefício
da aposentadoria por tempo de serviço/contribuição.
Em suma, o exercício da função
de engenheiro, até a edição da Lei
9.032/95, podia ser enquadrado como
especial pelo simples fato da categoria estar relacionada nos Decretos 53.831/64 e 83.080/79, pois havia
presunção legal do exercício de labor
em condições ambientais agressivas
ou perigosas, sendo, inclusive, até
28/04/1995, desnecessária a apresentação de laudo pericial e formulários
específicos para o reconhecimento da
atividade especial.
Assim, o período trabalhado em
condições prejudiciais à saúde ou à integridade física, em qualquer período,
pode ser convertido de especial para
comum, o que elevará o tempo de serviço, se homem, em 40% e, se mulher,
20%. Porém, após 28/04/95, o direito à
aposentadoria especial ou a conversão de tempo de serviço especial em
comum exige a efetiva exposição do
trabalhador a agente nocivo a sua
saúde ou a integridade física.
Quem já estiver aposentado, também tem o direito a pedir a conversão do tempo de serviço especial em
comum, inclusive com a revisão do
valor do benefício da aposentadoria,
respeitado o prazo decadencial de 10
(dez) do primeiro benefício.
O Dr. Christovam Ramos Pinto Neto
é advogado trabalhista e previdenciário ([email protected].
br. Tel 3211 1870, 3211 1871 e 99228
1849).
Artigo
Tecnologias aplicadas na
agricultura. Variedades
tolerantes a pragas e doenças
Técnico Agrícola Wilson Gravel
Diretor da Defagro Defensivos Agrícolas
Um dos grandes desafios da humanidade é acabar com a fome no
mundo. A partir deste ideal há uma
constante renovação de tecnologias
se modernizando a todo momento,
onde profissionais da agricultura
dedicam anos de estudo primando
pela qualidade e superando expectativas.
Podemos destacar entre as novas
tecnologias, o melhoramento genético visando dar às espécies agronômicas resistência contra as principais
pragas e doenças, disponibilizando
assim, um produto de qualidade para
a mesa da população.
Juntamente com os profissionais,
temos também, agricultores com
espírito inovador e dispostos a cultivar espécies de plantas melhoradas
como soja, milho, algodão, tomate,
que já se consolidaram no mercado,
tornando a atividade mais produtiva
e sustentável. Tais tecnologias promovem melhor aproveitamento da
área de plantio, menor uso de defensivos agrícolas, redução do consumo
de água nas aplicações, entre outras
ações e, consequentemente, redução
do custo de produção.
Esse trabalho de melhoramento
genético é desenvolvido por empresas públicas e privadas que dedicam
esforços e investimentos em busca
de variedades mais produtivas, tolerantes a determinadas pragas e doenças, e resistentes às adversidades
climáticas.
A ciência, aplicada com transparência para a sociedade e com respeito
ao Meio Ambiente promove um mundo mais equilibrado. Devemos usar os
recursos que temos com maior eficiência para alcançarmos a sustentabilidade.
REVISTA DA SEE
61
Artigo
A importância do
Responsável Técnico
nas propriedades rurais
Eng. Agrônomo José Roberto Silva Hernandes
Coordenador da CEAGRO
A Agricultura continua sendo a segurança para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, mesmo durante
a crise que se alastra pelo país. No
PIB capixaba, o setor contribui com
cerca de 30%, estando presente em
grande parte dos municípios do Estado. Temos como principal produto o café, com elevados índices de
produtividade e qualidade. Nos destacamos ainda na olericultura, na fruticultura, na pecuária e nos plantios
florestais.
São grandes as demandas em uma
propriedade rural, sejam elas de adequação e conformidade ambiental,
identificação das potencialidades
regionais, exploração da diversidade
cultural, regularidade fitossanitária,
manejo e manutenção de plantios
etc.
Somadas às demandas, as dificuldades pelas quais o setor passa, principalmente relacionadas à escassez
e ao racionamento dos recursos hídricos, desanimam ou desnorteiam o
pequeno, o médio e o grande produtor, que se veem, muita vezes, penalizados por órgãos de fiscalização e
com queda na produtividade.
62
REVISTA DA SEE
Estes e outros cenários podem ser
melhorados com a participação efetiva de profissionais habilitados na
assistência técnica. A presença desses profissionais nas propriedades
rurais é assunto de discussões da
Câmara Especializada de Agronomia
(CEAGRO) do Crea-ES, que trabalha
na elaboração de Norma de Fiscalização de Propriedades Rurais, que
exigirá a responsabilidade técnica de
profissional habilitado em toda a cadeia produtiva das atividades agropecuárias e florestais.
A fiscalização de propriedades ru-
rais já é prevista nas Leis 5.194/66 e
6.466/77, que permitem ao Conselho
fiscalizar a presença de responsáveis
técnicos habilitados frente às atividades agropecuárias.
O benefício maior da presença desses profissionais nas propriedades
será sentido pelos próprios produtores rurais, que, em médio prazo,
terão melhorias em suas receitas,
estarão em conformidade com a Legislação Ambiental e Fitossanitária e
poderão ver suas propriedades com
diversidade de culturas a fim de enfrentar os altos e baixos do mercado.
Artigo
Energia Solar Fotovoltaica:
investimento viável!
Eng. Eletricista Eduardo Armando Altoé
Subgerente de Relações Institucionais do Crea-ES
A Energia Elétrica Solar Fotovoltaica
vem, ano após ano, se consolidando
como uma das melhores opções na
matriz energética mundial. Em 2014
experimentou um crescimento muito
acentuado, fazendo com que, em países como a Alemanha, onde essa tecnologia é amplamente utilizada, a energia solar fotovoltaica responda por 7%
da matriz energética; chegando a 35%
em dias ensolarados.
O Brasil dispõe de condições extremamente favoráveis à utilização da
Energia Elétrica Solar Fotovoltaica.
Face à sua posição geográfica, apresenta IRRADIAÇÃO MÉDIA ANUAL (KWh/
m²/dia), na região com menor potencial, 40% superior à melhor região na
Alemanha.
Isso equivale a dizer que, utilizando
tão somente os telhados residenciais
existentes no Brasil, como ponto de
capitação dessa energia, poderíamos
produzir o dobro de toda a energia pro-
duzida atualmente.
A recente Resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANAEEL)
DE nº 484 de abril de 2012, criou o sistema de compensação. Isto é, a energia excedente gerada pela residência,
indústria, comércio etc, é injetada na
rede e, à noite, busca na rede da concessionária a energia “emprestada”; é
o chamado SISTEMA FOTOVOLTAICO
CONECTADO À REDE (SFCR).
Esse modelo apresenta muitas vantagens como: O cliente produz a energia onde ela será consumida; os preços
são bem mais baixos do que os valores
cobrados pelas concessionárias, preço
esse, que fica “congelado” pelos anos
de vida útil dos equipamentos (os melhores do mercado, contam com 10
anos de garantia e 25 anos de vida útil)
e o SFCR começa a produzir RENDA
para o proprietário no momento que é
dado o “start-up”.
Para as empresas/indústrias, além
das vantagens listadas acima, apresenta um ganho de competitividade e
as posiciona dentro da política de sustentabilidade, que conta com uma boa
reputação junto à sociedade.
Mas, se a energia solar fotovoltaica
traz todas essas vantagens, por que
ainda não assistimos um “boom” no
mercado brasileiro, apesar de tantas
e tantas matérias jornalísticas tratando dessas vantagens e que exaltam as
propriedades da sustentabilidade desse Sistema?
Por se tratar de um investimento de
alto custo, a grande maioria dos potenciais clientes necessita de financiamento, e as condições para se obter
um financiamento com prazos e juros
atrativos no mercado ainda estão muito limitadas, com juros altos e de curto
prazo e longos trâmites para liberação
desse crédito.
Entretanto, mesmo considerando os
altos custos dos investimentos e financiamentos, as simulações de Custo X
Beneficio, via de regra, apresentam resultado positivo, com o Pay-back ocorrendo entre o sétimo e o décimo ano de
operação (dependendo das condições
do financiamento), ainda dentro do período de garantia dos componentes, e
com um período de operação, livre de
custos de investimento, de até 15 anos.
REVISTA DA SEE
63
Artigo
Grupo Pianna:
Mais de meio século de história
Gilmar Largura
Gerente Geral da Pianna Rural
Com mais de meio século de história, o Grupo Pianna se destaca pela
capacidade de empreender, característica nata do saudoso Antenor Pianna, idealizador de um dos maiores
conglomerados empresariais do Espírito Santo. Presente em quatro estados, o Grupo Pianna atua em mais
de 10 segmentos de mercado, entre
eles veículos, máquinas para construção civil e terraplanagem, pneus,
distribuidora de cerveja, material de
construção e máquinas agrícolas.
Visionários e atentos às demandas
e necessidades dos produtores rurais, a Pianna Rural iniciou há 5 anos,
juntamente com um fabricante de
máquinas e implementos agrícolas,
o desenvolvimento de uma colheitadeira mecanizada de café conilon,
um dos carros-chefes do agronegócio capixaba.
Hoje, graças ao aparato tecnológico disponível, aliado ao crescimento
e avanço da engenharia na área de
desenvolvimento e melhoramento
de máquinas e implementos agrícolas, a colheitadeira já é uma reali-
64
REVISTA DA SEE
dade. Trabalho árduo, resultado de
muitas pesquisas e dedicação dos
engenheiros responsáveis pelo projeto.
Para o produtor rural, maior inte-
ressado, os benefícios são muitos,
entre eles diminuição dos custos de
produção em até 70%, o aumento da
rentabilidade e um produto de qualidade superior.
Estamos preparados para as próximas décadas com foco em novos parceiros e novas tecnologias para o homem do campo. Isso só é possível graças
aos esforços dos engenheiros que trabalham para facilitar a vida do homem
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47 ANOS
65
REVISTA DA SEE
SEE 65 anos
Os homenageados de 2015
Pelo sexto ano consecutivo, a SEE realiza esta importante homenagem de reconhecimento profissional e empresarial nas áreas das engenharias e agronegócio. São premiados aqueles que mais se destacaram. O critério é o de reconhecimento de quem mais
contribuiu para o desenvolvimento sustentável capixaba. O organizador deste certame
pela SEE é o Eng Agr Jorge Luiz e Silva, diretor de Valorização Profissional da Entidade
que é precursora do sistema Confea-Crea.
Jorge Silva explica que cada homenageado – profissional e empresa, foi devidamente analisado pelos últimos dez anos
por uma Comissão formada por pessoas altamente responsáveis. Portanto, para ele, o critério é mais que justo. Ele diz
ainda, orgulhoso, que este é o mais importante esforço de reconhecimento profissional das engenharias no Espírito Santo.
Prêmio destaque Profissional da Engenharia 2015
- Paulo Roberto Ferreira – Eng Mecânico / Secretário de Estado da Casa Civil /Governo ES // - Luiz Paulo Vellozo Lucas – Eng de
Produção / Presidente do Bandes// - Domingos Augusto Taufner - Eng Mecânico/Presidente do Tribunal de Contas// - Sérgio Manoel
Nader Borges-Eng Mecânico /Conselheiro do Tribunal de Contas do ES // - Fernando de Souza Ribeiro - Eng Civil/ Diretor Presidente
da Pelicano Construções// - Francisco Alfredo Lobo Junger - Eng Agrônomo / Diretor Presidente da EMEC// -Helder Paulo Carnielli
- Eng Agrônomo/Presidente do Crea-ES/Diretor Presidente da Ruralter// - José Antonio do Amaral Filho - Eng Civil/Diretor Administrativo Crea /Diretor da SEE// - Sergio Augusto de Magalhães e Souza - Eng Civil /Vereador de Vitória / Diretor da Benevix// - Antonio
Carlos Xausa Gonçalves - Eng Civil/Diretor Presidente da Duto Engenharia// - Olavo Botelho Almeida - Eng Eletricista/ Diretor SEE
/Conselheiro Crea// - Estherio Sebastião Colnago – Eng Agrônomo / Presidente da OCB-Ocees// - José Luiz Galvêas Loureiro – Eng
Civil/Diretor da Galwan Engenharia // - Valter José Matielo – Eng Agrônomo/Ex- presidente e ex-Conselheiro do Crea-ES// - Ary
Medina Sobrinho - Eng Eletricista/Presidente do Senge// - Eduardo Luiz Henriques - Eng Eletricista/ Diretor do Senge/Conselheiro
do Crea // - Geraldo Antonio Ferreguetti - Eng Agrônomo/Presidente da SEEA // - Rodrigo Américo Pereira - Eng Civil / Conselheiro
do Crea/ ex-Presidente da SEE// - Bernardino José Gomes - Téc Eletrotécnica/ Presidente do Sintec // - Kepler Daniel Sergio Eduardo
- Tec em Metalurgia // - Telmo Lopes Sodré Filho - Téc de Estradas/ Diretor do Sintec// - José Luiz Miotto – Tecnólogo/ Presidente
da Atecnólogos // - Dario Antonio de Almeida - Tecnólogo e Tec Agrônomo/ Diretor da Atecnólogos// - Rubio Antonio Freitas Vale
Marx - Eng Civil/ Presidente do IBAPE// - José Lemos Sobrinho - Eng Civil /IBAPE/ Conselheiro do Crea// - Flavio De La Rocca - Eng
Mecânico /IBAPE// - Antonio Carlos Balbino - Tec Agrônomo/ Presidente do Sintaes// - Vitalino Fermo - Tec Agrônomo /Presidente
da Ataes// - Aluyr Carlos Zon Junior – Téc em Mecânica/ Diretor do Sintec// - Pedro Arlindo de Oliveira Galvêas - Eng Agrônomo /Pesquisador do Incaper /Embrapa// - José Ricardo Borges - Eng Agrônomo/Diretor da Vetorial// - Wolmar Roque Loss – Eng Agrônomo/
Superintendente do Crea-ES// - Eudier Antonio da Silva - Eng Mecânico/Diretor da Consulpavi // - Sebastião da Silveira Carlos Neto
- Eng Mecânicoânico - Sub secretário de Obras da PMV// - Douglas Muniz Lyra Eng Agrônomo Diretor geral da Mutua // - Portugal
Sampaio Salles - Téc Eletrotécnica - Diretor da Mutua// - Juliano Curto de Barros Eng Civil/Coordenador Câmara Especializada de
Eng Civil Crea// - Fred Rosalém Heliodoro - Eng Mecânico/ Vice presidente do Crea // - Henrique Germano Zimmer - Eng Eletricista /
conselheiro Crea// - Delfin Francisco da Costa Filho - Eng Civil e de Seg Trab// - José Maria Colados Santos - Eng Civil/ Diretoria SEE/
Gerente de Atendimento do Crea-ES// - Lauro Faria Madeira - Eng Civil/Diretor da A Madeira // - Simone Coutinho Lacerda - Eng Florestal/Empresária/Conselheira e Diretora do Crea-ES// - Rosemberg Bragança - Eng Agrônomo/Professor CAUFES // - Elson Gatto
Filho Eng Civil/Inspetor do Crea em VV/Conselheiro do Crea-ES// - Davi dos Santos Martins - Eng Agrônomo/Pesquisador do Incaper
// - Álvaro João Bridi - Eng Agrônomo/IEMA/Diretor do Crea-ES e Conselheiro do Consema// - Ana Cristina Achá Estrada do Valle - Eng
Civil /Conselheira do Crea-ES// - Patrícia Brunow Diniz Ribeiro Barbosa – Eng Civil/Empresária/Conselheira do Crea-ES// - Arnaldo Antonino de Freitas Mauro - Eng Civil /Empresário/Inspetor chefe do Crea-ES em VV// - José Ricardo Borges - Eng Agrônomo/Diretor
da Vetorial// -Jaime Oliveira Veiga - Eng Civil/Empresário/Conselheiro do Crea-ES// - José Roberto Silva Hernandez - Eng Agrônomo/
Conselheiro Crea-ES/Diretor da SEEA// - Geraldo Rossoni Sisquini - Eng Mecânico/Diretor do Centro Tecnológico da Ufes // - Rogério
do Nascimento Ramos - Eng Eletricista/Diretor do Senge/Coord Câm Eng de Seg. Trab// - Wilson Gravel – Téc. Agrícola Diretor da
Defagro// -Julio da Silva Rocha Junior – Eng Agrônomo/ Presidente da FAES// - Rogério Dias Queiróz Manga - Eng Civil/Empresário/
Diretor da SEE// - Antonio Carlos Barbosa Coutinho – Eng Eletricista/Conselheiro do Crea-ES// - Moisés Covre - Eng Agrônomo/Empresário/Agropecuarista// - Marcos Antonio de Jesus – Eng Agrônomo /Consultor técnico
Prêmio destaque Empresarial Áreas de Engenharia e Agronegócio
Pianna Rural | Petrobrás | Vetorial | Fibria | Vale | IBAMA | A Madeira | Pelicano | EMEC | Cesan | DNIT | DER | Pretti Engenharia
| Marca Ambiental | Flexibrás | Bandes | Montenegro Engenharia | Duto Engenharia | Casa do Adubo | EDP Escelsa | IOPES |
IEMA | Consulpavi | Caixa Econômica Federal | Incaper | Arte Nova Engenharia | Netimóveis | Defagro | Incaper | IDAF | Acta
Engenharia | Rodosol | Banestes | Lorenge S/A | Construtora Arariboia | Arcelor Mittal | Galwan Engenharia | Ruralter
Premio destaque Ensino Superior de Engenharias
UFES | Faesa | CCA - UFES | UCL | IFES | CET FAESA | MULTIVIX
68
REVISTA DA SEE
13 anos
Atuamos desde 2002 com orientação jurídica competente, ética e responsável.
Assim, PRETTI & ALTOÉ ADVOGADOS ASSOCIADOS cumpre sua missão de
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Artigo
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.
Agrotóxicos são do mal?
Eng. Agrônomo Alfredo José Barreto Luiz
Pesquisador na Embrapa Meio Ambiente
É cada vez mais frequente encontrarmos textos satanizando os agrotóxicos, principalmente nas redes sociais. Todos procuram dar uma certa
aparência de “verdade científica” aos
argumentos, mas, na realidade, estão
quase sempre cheios de erros, preconceitos ou conceitos equivocados.
Se bem recomendados e aplicados,
os agrotóxicos são para as plantas
muito semelhantes ao que os medicamentos são para os humanos. Embora possam ter efeitos colaterais,
são pensados para curar os vegetais
cultivados e não para causar efeitos
colaterais. O Brasil é grande usuário
de agrotóxicos (que em outros países são chamados de pesticidas, pois
se destinam a matar as pestes e não
a serem tóxicos para o ‘agro’) por
causa do clima tropical e da grande
área plantada. Nos países de clima
frio, durante o inverno há um controle
natural das pragas, doenças e plantas
invasoras que prejudicam a produção
agrícola. Isso não ocorre no nosso clima tropical.
A afirmação de que nós brasileiros,
consumidores de produtos agrícolas,
ingerimos cinco litros de agrotóxicos
por ano, é totalmente falsa. Esse é o
volume total de agrotóxicos aplicado
sobre toda a área cultivada brasileira
ao longo do ano, simplesmente dividido pela população. Nesse cálculo entram todos os produtos aplicados na
70
REVISTA DA SEE
cana-de-açúcar destinada à produção
de álcool, por exemplo, produto que
não é ingerido por nós, humanos. E a
cana é a segunda cultura em área no
Brasil. Também entram todos os agrotóxicos aplicados na soja exportada,
que não é ingerida por nós, portanto.
E tudo que é aplicado nas seringueiras, cultivadas para produção de látex,
e nos eucaliptos e pinus destinados à
produção de celulose e papel, nas demais essências florestais etc.
Mais importante que isso é que os
agrotóxicos trazem no rótulo uma informação sobre o prazo de carência;
o que é isso? É o prazo que deve ser
respeitado entre a última aplicação do
produto e a data da colheita (especialmente importante no caso de produtos alimentícios). Esse prazo é calculado para que as substâncias químicas
ativas dos agrotóxicos já tenham se
transformado em outras (pela ação
da temperatura, luz, umidade etc.),
restando em quantidade tão reduzida e diluída que não oferece mais
perigo. Se essa instrução for seguida,
nenhuma quantidade significativa de
agrotóxico chegará às mesas dos consumidores.
Além disso, da quantidade aplicada
sobre uma área, apenas uma pequena
fração atinge a parte da planta que
vai ser ingerida. Por exemplo, um dos
agrotóxicos mais consumidos é um
herbicida aplicado na área de soja,
a cultura de maior área plantada no
Brasil. Os herbicidas são utilizados
para controlar as outras plantas que
surgem no meio do plantio da soja e
competem com ela por luz, espaço,
água e nutrientes, prejudicando o
desenvolvimento da cultura e atrapalhando enormemente o manejo da
mesma, principalmente a colheita.
Pois bem, boa parte dessa quantidade
enorme de agrotóxicos é aplicada no
período inicial do crescimento da soja,
bem distante no tempo da colheita
dos grãos.
Os herbicidas são usados nos plantios florestais, em cana e, mesmo os
aplicados em culturas de produtos
comestíveis, seguem o padrão de aplicação na soja, ou seja, a maior parte
é aplicada nos estágios iniciais das culturas, longe da época da colheita. E,
segundo os últimos oficiais dados disponíveis, de 2013, do total de agrotóxicos consumidos no Brasil, os três mais
vendidos eram herbicidas, que sozinhos representaram 50,7% do total comercializado no país naquele ano.
Muito do que se diz sobre agrotóxicos é mentira e prejudica o debate
saudável e necessário sobre o tema.
Realmente, existem problemas nessa
área, e graves.
O primeiro é o contrabando de produtos. Isso prejudica economicamente o país, além de moralmente todos
os envolvidos. Esse comércio ilegal
permite a ação de máfias, sempre ligadas a outras formas de crime e corrupção, além de ocorrer à margem de
todos os controles, facilitando a existência de produtos falsos, vencidos,
não eficientes etc.
Outro problema é a não observância das recomendações para aplicação
dos produtos. Dentre as inobservâncias, a mais perigosa é para as pessoas
que aplicam os produtos (muito mais
expostas que os consumidores). Os
trabalhadores envolvidos na aplicação
desses produtos devem usar rigorosamente os Equipamentos de Proteção
Individual (EPI’s), conforme indicado
nos rótulos dos produtos. Infelizmente isso não é cumprido em muitos casos, prejudicando a saúde dos aplicadores, chegando a causar a morte.
Outras ‘desobediências’ das normas
se dão quanto a quantidade aplicada,
o intervalo entre as aplicações, no prazo de carência antes da colheita (principalmente em algumas frutas e hor-
taliças, cuja colheita se estende pelo
tempo, como morango e tomate), na
regulagem do equipamento de aplicação, na mistura não recomendada de
produtos, na aplicação de produtos
não recomendados para a cultura em
questão etc.
Isso sim deveria ser muito mais
discutido pela sociedade. É como o
caso de medicamentos falsos, contrabandeados, vendidos sem receita,
utilizados na quantidade e frequência
erradas etc. O problema não está no
medicamento, mas no uso que é feito
dele. E não se vê uma campanha contra os medicamentos humanos por
causa dos problemas no seu uso. Também não são os agrotóxicos os vilões.
O problema é o seu mau uso.
Por fim, da mesma forma que existem problemas com a concentração
da produção de medicamentos humanos nas mãos de grandes multinacionais, que devem ser discutidos e
enfrentados com leis que facilitem o
acesso da população aos medicamentos essenciais, como o Brasil tem feito
de maneira exemplar para o mundo
(o caso dos remédios para a AIDS é o
melhor exemplo), os agrotóxicos têm
sua produção concentrada nas mãos
de algumas multinacionais e, nesse
caso, também deve haver um enfrentamento no interesse da população
para baratear os custos da utilização
(o preço alto está na raiz do contrabando, inclusive).
Mas, condenar o remédio não cura a
doença! Devemos esclarecer o assunto, e não confundi-lo, para realmente
enxergar os verdadeiros obstáculos
e ultrapassá-los. Enquanto ficarmos
produzindo mais calor e ruído, apenas
criando atrito e não resultando em
trabalho, estaremos fazendo o que
querem aqueles que são contra os
interesses da maioria da população e
nacionais (afinal somos um grande e
eficiente competidor internacional na
produção de matéria prima agrícola).
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para apoiar empresários de pequeno, médio e grande portes.
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rural, urbano ou corporativo.
Economia Verde, Economia Criativa, aproveitamento sustentável de recursos naturais e
exportações de produtos capixabas são algumas das oportunidades que serão apoiadas.
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REVISTA DA SEE
71
Artigo
Tendências corporativas Insersão da Mobilidade Digital
Eng. Eletricista Olavo Botelho Almeida
Conselheiro do Crea-ES e diretor da SEE
MsC em Eng. Elétrica, Eng. Eletricista Jorge Luiz Bitencourt da Rocha
Conselheiro do Crea-ES e diretor da SEE
Eng. Eletricista Ricardo Nascimento
Conselheiro do Crea-ES e diretor da SEE
Devido à alta utilização de dispositivos móveis, em particular smartphones, o Brasil é um dos países
onde os internautas, passam mais
tempo conectados à Nuvem. Mais
de 50% afirmam que permanecem o
dia inteiro na internet e outros 20%
se conectem de hora em hora, segundo pesquisa de consultoria AT
Kearney. Esses números indicam um
caminho sem volta rumo à mobilidade e à possibilidade de novos modelos de negócios e oportunidades
para as indústrias e concessionárias
de serviços.
Com aplicativos móveis, próprios
na maioria ou adquiridos, as empresas conseguem um maior relacionamento com seus clientes,
entendendo melhor seus anseios e
necessidades, otimizam processos
e monitoram de forma eficiente e
72
REVISTA DA SEE
em tempo real dados gerando informações sobre negócios e oportunidades. Entretanto, para muitos
ainda não é tangível enxergar os
benefícios da mobilidade dentro do
ambiente corporativo, seja pela maneira como a colaboração ocorre nas
empresas e instituições ou pela forma como a comunicação chega aos
funcionários e aos end user, a razão
de ser qualquer empreendimento ou
negócio.
Por que ainda não usufruímos
da mobilidade no ambiente de trabalho? Acesso a e-mails, contatos,
calendários, portfolios e profiles é
suficiente frente à potencialidade e
benefícios dos atuais aparelhos móveis e aplicativos aos quais temos
acesso diariamente?
A mobilidade fez com que os profissionais, especialmente os jovens
egressos dos cursos de formação,
criassem grandes expectativas com
relação às empresas e desejassem
ter, no ambiente de trabalho, sistemas, processo e ferramentas ágeis
e flexibilidade quanto ao exercício
de atividades, que um local fixo de
trabalho, muitas vezes, não oferece.
Esses são desafios para as empresas
que ainda não utilizam modelos de
negócios focados no mundo da mobilidade.
A indústria, através do desenvolvimento tecnológico, criou soluções para cada um dos aspectos da
mobilidade que mais preocupam os
profissionais de TI, como segurança, conectividade, gerenciamento
e compartilhamento. Desta forma,
a infraestrutura necessária para a
mobilidade está pronta e disponível
para as empresas.
Uma questão se coloca. O mundo
corporativo está pronto para intensificar a adoção da mobilidade, possibilitando ao exercício profissional
de seus funcionários, a liberdade de
trabalhar em qualquer lugar e utilizando dispositivos móveis?
Atualmente os dispositivos e aplicativos móveis são encarados como
parte da estratégia de negócio e
isso pode ser percebido não só no
discurso e postura das empresas,
destacando os setores de serviços.
De acordo com o IDC, 33,5 % dos funcionários das médias e grandes empresas já são móveis e utilizam dispositivos corporativos. Esta é uma
tendência que cresce a cada ano. As
empresas devem estar capacitadas
para recebê-la, ou melhor implementar a mobilidade.
Mais do que em termos de infraestrutura e aquisição de tecnologias, a
mudança precisa ocorrer na mentalidade dos gestores, que ainda vivem
a transformação digital de forma reativa.
Funcionários que possuem ferramentas de trabalho disponíveis também em dispositivos móveis têm a
possibilidade de interagir em tempo
real com seus colegas e com os seus
superiores, agilizando a tomada de
decisões. São mais produtivos, engajados, satisfeitos e criam formas
mais eficientes e adequadas à nova
realidade, para entregar os resultados esperados cumprindo as metas
das empresas.
Como viabilizar a mudança da mobilidade? Não ter medo de dar poder
e voz a colaboradores, valorizar o
compartilhamento das informações
e, mais do que tudo, estabelecer o
limite entre confiança e riscos, por
intermédio de políticas de segurança
e capacitação.
Com o exposto acima, parece que
o desenvolvimento de modelo de negócio focado numa estratégia móvel
é lento e difícil. A transformação digital começou fora das paredes dos
grandes escritórios e sua assimilação
no labor não é simples. No entanto,
acreditamos que mais do que possível é inevitável. O modelo de trabalho tradicional no setor de serviços
está com os dias contados. A velocidade de resposta das empresas e a
capacitação de seus colaboradores é
o que definirá o sucesso de sua inserção no mundo da mobilidade.
Empresa atuando no mercado há 18 anos, especializada em geotecnia e
consultoria de pavimentos, com modernos laboratórios de solos, asfalto e
concreto. Avaliação estrutural de pavimentos com uso de Viga Benkelman
e Falling Weight Deflectometer – FWD.
Av. Champagnat, 583, sala 311, Ed. Nilton de Barros,
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Opinião
Reflexões sobre os projetos
de leis e o Sistema Confea,
Crea e Mútua
Eng. Agrônomo José Adilson de Oliveira
Gerente de Fiscalização do Crea-ES
A Assessoria Parlamentar do Confea
identificou tempos atrás, cerca de 274
Projetos de Leis – PL’s, de várias modalidades (Projetos de Leis da Câmara –
PLC, Projetos de Leis do Senado –PLS’s,
Projetos de Leis Complementares –
PLC’s e Propostas de Emendas Constitucionais – PEC’s), com potencial de
impactar negativa ou positivamente os
profissionais do Sistema Confea, Crea e
Mútua. Com o passar do tempo, muitos
deles foram arquivados, por força política ou por determinação regimental em
face de mudança de legislatura, mas
alguns podem ser oportunamente reapresentados, como aconteceu recentemente com o PL dos Zootecnistas que
propõe a retirada de atribuições dos Engenheiros Agrônomos e dos Médicos
Veterinários.
Pelo último relatório daquela Assessoria Parlamentar, datado de junho deste ano de 2015, ainda temos 27 Projetos
de Leis impactantes tramitando. É uma
situação que merece atenção de todos
nós profissionais e, em especial, de nossas lideranças.
É preciso criar Grupos de Trabalho
nas Entidades de Classe e nos Creas do
Brasil para analisar, discutir e propor
linhas de ação sobre cada um desses
Projetos de Leis em tramitação, pois
existem propostas que terão impactos
tão avassaladores no Sistema que poderá expô-lo ao risco de desagregação
e desestabilização institucional.
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REVISTA DA SEE
A situação pode se agravar porque
ainda não se conseguiu harmonizar as
relações técnicas e político-institucionais entre os Sistemas Confea/Crea e o
Conselho de Arquitetura e Urbanismo.
As modalidades de Engenharia Civil e
Engenharia Elétrica andam às turras e
não conseguem compatibilizar suas respectivas áreas de competência.
A Agronomia perdeu mercado de trabalho significativo em face de decisões
judiciais equivocadas, que concederam
atribuições para profissionais sem a
devida formação acadêmica e continua
sofrendo constantes ameaças de perda
de atribuições para outras profissões
do próprio Sistema e, principalmente,
de outros conselhos. As demais profissões sofrem pela falta de espaço político real e reconhecimento de que não
são apenas afins.
Com todas essas mazelas internas
não será tarefa fácil suportar as demandas, conciliar e harmonizar os interesses
de mais de 300 profissões, que envolve
um exército crescente, que soma hoje,
mais de 1,2 milhões de profissionais no
Sistema Confea, Crea e Mútua.
Com a aprovação de determinados
PL’s com propostas de regulamentação de algumas novas profissões como
Tecnólogos, Paisagistas, Ecólogos, Gestores Ambientais, Cientistas de Alimentos, entre outros, que buscarão seus
espaços não claramente definidos nos
respectivos Projetos de Leis, a situação
tende a se agravar e muito.
Somente com a pressão política organizada das Entidades de Classe, parte
nobre do Sistema, e dos Conselhos Regionais, se conseguirá uma Assessoria
Parlamentar de envergadura, devidamente estruturada, bem equipada e
tempestivamente atuante, à semelhança do que ocorre na Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, ou seja, em condições de lutar
com efetividade em prol dos interesses
das diversas categorias profissionais.
Chega de desgaste e perda de tempo
com a judicialização generalizada das
divergências entre irmãos que impera
atualmente no Sistema, pois os inimigos de fato, estão lá fora e não estão
brincando não!
A estratégia adotada por alguns líderes nacionais e regionais, nos últimos
tempos, está transformando este Sistema gigante, num anão.
É preciso retomar o caminho idealista original, onde impere o bom senso e
o espírito coletivo acima do individual,
para reconstruirmos, com alma classista e amor às profissões, a política institucional do maior Sistema profissional
do mundo, responsável pela produção
de cerca de 70% do PIB nacional e, tendo como objetivo maior, o compromisso com a sociedade.
A hora é de um por todos e todos
pela Engenharia e a Agronomia do Brasil, pois, juntos, somos muito mais!
DUTO ENGENHARIA LTDA
Prestando serviços de qualidade há 36 anos na busca da satisfação de
seus clientes, a DUTO ENGENHARIA LTDA tem por objetivo atuar
na área de construção civil executando obras públicas de edificação,
saneamento, drenagem, pavimentação, urbanização, praças e jardins para
órgãos federais, municipais, autarquias e sociedades de economia mista.
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Artigo
As crises hídricas no estado
do Espírito Santo
Eng. Agrônomo Murilo Antonio Pedroni
Coordenador da Área de Meio Ambiente da FAES – Federação da Agricultura do Espírito Santo
O tema recursos hídricos, nos últimos anos, ganha cada vez mais destaque nos noticiários capixabas. O que
mais chama atenção é a diferença das
razões que levaram a esse destaque
em tão pouco tempo. Em dezembro
de 2013 o Estado era acometido pelas
piores enchentes dos últimos 40 anos,
e durante todo o ano de 2015 pela pior
seca de sua história, quando nos referimos a impactos diretos na sociedade.
Esta observação faz-se necessária
para analisarmos a atual, e gravíssima,
crise hídrica pela qual passamos, os
caminhos que nos levaram a tal e as
soluções para minimizar seus impactos. Nas cheias ocorridas no final de
2013, foram 24 mortos além de 44.577
desabrigados em mais de 50 municípios afetados, segundo dados da Defesa Civil em boletim datado de 31 de
dezembro de 2013.
Na agropecuária, por exemplo, os
prejuízos alcançaram R$ 150 milhões
com pastagens, lavouras, animais e
outros, sem contar R$ 50 milhões em
prejuízos com a infraestrutura, totalizando R$ 200 milhões em perdas, segundo dados do Governo do Estado.
Para a sua reconstrução foram estimados à época R$ 540 milhões.
76
REVISTA DA SEE
Pois bem, somados esses valores,
do prejuízo causado pelas enchentes
ao total de prejuízos que são estimados para 2015 devido à seca, aproximadamente R$ 1,2 bilhão - cálculo
baseado na produção e no rendimento médio esperado para este ano na
agropecuária, de acordo também com
o Governo do Estado, temos aí R$ 1,4
bilhão em perdas em pouco mais de 2
anos causados unicamente por eventos climáticos extremos e distintos.
Enquanto isso, o Governo Federal,
sensibilizado com a nossa situação,
reservou para o nosso Espírito Santo
0,41% dos recursos previstos no ano
de 2013 para a prevenção e recuperação de áreas atingidas por desastres
naturais, de um total de R$ 3,3 bilhões.
A convivência com esses eventos
tem trazido à tona diversas discussões
sobre o que se pode fazer para a minimização desses impactos. O Governo
do Estado criou no final do mês de janeiro o Comitê Hídrico Governamental com diversas atribuições que vão
desde monitoramento até a propositura de ações para priorizar o uso dos
recursos hídricos. O setor produtivo
também tem se mobilizado na busca
por alternativas, como na reunião que
agricultores capixabas tiveram com
representante do MAPA no dia 9 de
novembro para entregar uma série de
reinvindicações.
O nosso CREA-ES também deu a sua
contribuição quando, por exemplo,
realizou no dia 15 de maio o Fórum
de Recursos Hídricos e Adversidades
Climáticas que apresentou soluções e
inovações tecnológicas nas áreas de
previsão do tempo, reservação, uso
e reuso da água. A Engenharia tem
papel preponderante nesta questão
para apresentar à sociedade essas
possibilidades.
Não é necessário reinventar a roda.
As soluções que cabem à Engenharia
já são bem definidas e de conhecimento de seus executores. Mas, parece
que essas alternativas que se apresentam, ainda estão longe do alcance
da população capixaba. Tornar essas
práticas e ações mais acessíveis, seja
por meio de disponibilidade de recursos financeiros especialmente direcionados, assistência técnica específica
centrada na educação para um melhor uso do solo e uma desburocratização radical para a sua realização é o
grande desafio para uma melhor convivência com essas situações. A hora
é de sair dos escritórios e partir para a
ação efetiva.
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Com 29 anos de experiência no mercado da
construção civil, a Arte Nova Engenharia
desenvolve e executa projetos de imóveis
residenciais, com qualidade e pontualidade. Para
empresas ou pessoas físicas, temos as melhores
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77
Artigo
Setor de Petróleo no
Espírito Santo é promissor
para profissionais da área
Eng. Agrônomo Luiz Otávio da Cruz de Oliveira Castro
Geólogo, Mestre em Engenharia Civil e Especialista em Geologia Econômica,
Gestão Empresarial e Marketing
De acordo com o Catálogo Nacional
dos Cursos Superiores de Tecnologia,
publicado pelo MEC em 2010, o Curso
Superior de Tecnologia é uma graduação em 2 anos, que abrange métodos
e teorias orientadas a investigações,
avaliações e aperfeiçoamentos tecnológicos com foco nas aplicações dos
conhecimentos a processos, produtos e serviços.
Desta forma, os tecnólogos se posicionam como uma opção inovadora
para um mercado de trabalho que necessita absorver rapidamente esses
profissionais para conseguir suprir a
demanda por mão de obra qualificada, com a qualidade e excelência necessárias para desempenhar funções
correspondentes às vagas.
O cenário para atuação do Tecnólogo em Petróleo e Gás é bastante
otimista, considerando que sua formação acadêmica permite atuar em
várias áreas: gerenciar, monitorar e
executar a prospecção, extração, beneficiamento ou produção, armaze-
78
REVISTA DA SEE
nagem e comercialização do petróleo
e seus derivados. Em sua atuação,
este profissional aplica a legislação
do setor, afere a qualidade do produto, bem como gerencia situações de
emergência, com vistas ao controle
de acidentes de trabalho e ambientais.
A Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP),
órgão regulador, visando à descentralização do investimento exploratório, atua em 23 estados brasileiros,
com pesquisa exploratória de base,
no âmbito do seu plano plurianual de
geologia e geofísica. Além do pré-sal,
que demandará ao menos US$ 400 bilhões em bens e serviços até 2020, o
Brasil dispõe de uma enorme área sedimentar, até então pouco explorada,
a ser desenvolvida em prol da sua população. O potencial do Brasil vai bem
além do pré-sal!
Segundo a ANP, atualmente, o Brasil produz cerca de 2,3 milhões de barris por dia de óleo e Líquido de Gás
Natural (LGN) além de 65,9 milhões
de m³/dia de gás natural. Em relação
aos recursos fósseis não renováveis, o
país vive um momento especial para o
setor de óleo e gás e pretende, a partir daí, estimular o desenvolvimento
nacional.
Atualmente o Espírito Santo é o
segundo produtor nacional de petróleo, com 400 mil barris/dia e, decerto,
contribuirá com significativa parcela
na produção futura. A agência estima
que, em um futuro próximo, no Brasil,
as reservas provadas de Petróleo atinjam 30 bilhões de barris.
De acordo com a Resolução do Conselho Nacional do Petróleo 08/2003
(CNPE 08/2003), haverá priorização
de áreas de elevado potencial, com
foco no gás natural e no petróleo leve;
da licitação de áreas em bacias maduras, como oportunidade para pequenas e médias empresas; e da licitação
de áreas de novas fronteiras, com o
objetivo de propiciar o surgimento de
novas bacias produtoras.
ACME/2015
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