Heitor dos Prazeres

Transcrição

Heitor dos Prazeres
Heitor dos Prazeres
Projeto Humanarte – Valores Humanos Através da Arte
João Ricaldes
Heitor dos Prazeres
 Personagem do samba carioca, Heitor dos Prazeres
nasceu no Rio (1898), foi engraxate, entregador de
jornais, fundou a escola Mangueira, participou da Portela,
foi exímio tocador de cavaquinho e fez sucesso com a
marchinha “Pierrô Apaixonado” em 1936, parceria com
Noel Rosa.
 Frequentou a boemia carioca ao lado de Donga, João
da Baiana, Pixinguinha, Cartola, Carlos Drumond de
Andrade.
 Somente aos 39 anos começou a pintar, após a morte da
segunda esposa. Seus temas são o samba, as festas
populares, o candomblé, os sonhos e as cenas urbanas.
Participou de Exposição em Londres, em 1943, quando a
própria rainha Elisabeth comprou uma tela sua.
1956
 Teve presença constante em mostras nacionais (nas
Bienais de São Paulo) e internacionais (América do Sul,
Paris, Dakar), sempre no estilo primitivo ou arte naif,
preconizada por Henri Rousseau e marcada pela
simplificação da perpespectiva, estilização das figuras,
formas livres, cores vibrantes. De origem autodidata, a
arte naif foi encorajada pelos modernistas, na luta contra
as tendências acadêmicas, principalmente nos anos 40,
quando Portinari alcançou fama mundial
“Bincadeiras de Crianças – Heitor dos Prazeres - 1961
“Samba Dos Arcos da Lapa” – Heitor dos Prazeres - 1964
Samba dos Arcos da Lapa
 “A obra é de 1964, portanto feita dois anos antes da morte do artista, que assim
comentava sua produção pictórica geral:
 “Eu pinto a cidade antiga que está dentro de mim. Eu tenho tudo aquilo do passado
ainda agora dentro da minha memória”
 “Nesta versão, tendo no fundo os arcos e à direita o bondinho que liga o centro da
cidade a Santa Tereza, estão dispostos oito sambistas com indumentária característica
apresentada em outras composições. No colorido intenso das roupas, predominam cores
quentes nas camisas listradas e nos vestidos de babados, destacando-se a figura central
toda de azul-claro: é o Pierrô, que segura com a mão enluvada um cavaquinho”
 “O ar desolado do personagem é fruto de suas desventuras no triângulo amoroso com
Colombina e Arlequim, narradas em “Pierrô Apaixonado” de Heitor dos Prazeres e Noel
Rosa, grande sucesso de Carnaval de 1936: “Um Pierrô apaixonado, que vivia só
cantando, por causa de uma Colombina, acabou chorando, acabou chorando”
 Dias, Elaine. Heitor dos Prazeres, SP, Folha de S Paulo, Instituto Itaú Cultural, 2013, página 78
“Samba de Roda No Terreiro
Heitor dos Prazeres
1960
Samba de Roda no Terreiro
 “De camisa clara, braços erguidos e passo largo, a figura masculina central capta o olhar
do espectador, rodeada por cinco mulheres e apenas um homem. Trata-se de um grupo
pequeno e compacto, pintado em primeiro plano em tons terrosos. Talvez essa paleta de
cores nada vibrantes se deva à poeira que obscurece a todos no terreiro, levantada pela
movimentação frenética dos dançantes.
 O samba de roda, originário do Recôncavo Baiano, é uma das muitas transformações
dos sons vindos de Angola. A percussão era originalmente realizada sem instrumentos
musicais, apenas com palmas e batidas de pés no chão, cadenciando a coreografia
que se desenvolve geralmente em um círculo de dançarinos. Um permanece sozinho no
centro e, em certo momento, convida outro, com uma umbigada ou uma reverência,
para substituí-lo. O samba de roda era dançado apenas por homens, escravizados na
África e trazidos para trabalhar nos canaviais do Nordeste.
 Hoje, o samba de roda do Recôncavo Baiano é registrado como bem imaterial inscrito no
livro de Registro das Formas de Expressão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (lphan) como "uma expressão musical, coreográfica, poética e festiva das mais
importantes e significativas da cultura brasileira. Exerceu influência no samba carioca e
até hoje é uma das referências do samba”
 Dias, Elaine. Heitor dos Prazeres, SP, Folha de S Paulo, Instituto Itaú Cultural, 2013, página 56
“Morro da Mangueira” (1965) Heitor dos Prazeres
 "Mas é triste, algumas coisas que eu faço, que é o destino, não me agradam.
Coisas que eu faço, que tenho amizade, que eu pretendia guardar pra mim.
Então, vem um, gosta, leva ... Vem outro, faço outra coisa; vem outro, gosta,
leva ... Então eu já me si acorrentado, obrigado a fazer comércio. De forma
que é desagradável. É um sofrimento do artista porque já me sinto
comercializado.
 Eu sinto que já estou fracassando. Por quê? Fracassando porque sou obrigado
a fazer coisas que não estão na minha vontade, por causa do comércio. Eu
faço uma coisa que inspiro, a pessoa vem, pede outra igual, depois vem outro,
pede outra igual, depois vem outro, pede outra igual. De forma que é uma
tristeza. O artista que é obrigado a se comercializar, a atender situações
monetárias, vive acorrentado, e acaba morrendo não fazendo aquilo que ele
quer“ (Heitor dos Prazeres, 1965)

Citado por Dias, Elaine. Heitor dos Prazeres, SP, Folha de S Paulo, Instituto Itaú Cultural, 2013, página 82

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